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REGIONAL CATALÃO
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL DE BIOTECNOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA
CATALÃO (GO)
2018
RENATA FIORESE FERNANDES
CATALÃO (GO)
2018
A CONSTRUÇÃO DE UMA ECOIDENTIDADE COMO AMPLIAÇÃO DO
SINTAGMA IDENTIDADE-METAMORFOSE-EMANCIPAÇÃO
___________________________________________________
Prof. Dr. Fernando César Paulino-Pereira - UFG/ RC
Presidente da Banca
__________________________________________________
Prof. Dr. Daniel Alves - UFG/ RC
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Prof. Me. Vitor Luiz Neto - UFG/ RC
RESUMO
Aos meus pais, que sempre me auxiliaram nessa jornada, a eles sou extremamente grata
pelas oportunidades oferecidas e pela força desempenhada para que eu pudesse concluir mais
esse ciclo, tão esperado e almejado.
Ao meu irmão, que sempre foi uma grande inspiração para mim, graças a ele que
desenvolvi a capacidade de reflexão e de sempre questionar a mim e à vida.
Ao meu querido orientador, Fernando César Paulino-Pereira, nada do que eu pudesse
escrever aqui seria capaz de exprimir a importância que você teve nesse percurso da graduação
e a importância que você tem na minha vida. Com absoluta certeza você é um dos seres
humanos mais sensacionais que já tive o prazer de conhecer e conviver, não sei nem descrever
a imensidão da saudade que sentirei das suas supervisões, que mais são lições de vida e reunião
de família regadas à muitas risadas e causos! Te admiro demais! Você é um exemplo de
profissional e de ser para mim, através de suas disciplinas pude me reconhecer e me perceber e
esse é um dos presentes mais belos que alguém pode oferecer para outrem: conhecimento. Te
amo! E carrego a calma da certeza que te carregarei comigo para a vida inteira e que nossa
relação se estenderá por muitos e muitos anos amigo. Muito obrigada por existir e resistir!
Às minhas amigas, Luiza Costa, Olívia Maciel, Milena Martins, Gabriela Sousa, por
incontáveis momentos de amor, admiração, força e conexão, com vocês aprendi o verdadeiro
significado do sagrado feminino e descobri deusas escondidas a compartilhar suas magias;
grande parte de minha formação foi em conjunto com vocês minhas amadas e, por isso, vocês
têm meu coração.
E, por último, agradeço a meus mentores espirituais, a todos os espíritos de luz que
acredito terem me guiado por todo caminho e que me trouxeram até a Psicologia como forma
de manifestar minha missão nessa Terra. Sou grata, estou atenta e confio. Que todos meus
desejos e aspirações estejam alinhados com a vontade do todo, que eu possa sempre ser um
canal de manifestação da magia do universo e que eu nunca me esqueça de continuar nutrindo
minha conexão com o cosmos divino.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 7
2 REVISÃO TEÓRICA ....................................................................................................... 10
3 ANÁLISE ......................................................................................................................... 16
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 21
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 25
6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 26
7
1 INTRODUÇÃO
Isto sabemos.
Todas as coisas estão ligadas como o sangue
que une uma família...
Tudo o que acontece com a Terra,
acontece com os filhos e filhas da Terra.
O homem não tece a teia da vida;
ele é apenas um fio.
Tudo o que faz à teia,
ele faz a si mesmo.
- Ted Perry, inspirado no chefe Seattle.
se como potencial para novos sentidos de vida, entendendo o homem como mais um organismo
inserido na “Teia da Vida” (CAPRA, 1997) e quando integrado 2 ao movimento natural dos
sistemas vivos tem possibilidade de superação das contradições impostas pela dialética do
social em busca de uma realidade cotidiana mais harmônica, reavaliando valores e resgatando
afetos há muito perdidos em nome do desenvolvimento destrutivista da economia capitalista
perversa.
Com isso, busco contribuir para a ampliação da visão e discussão sobre esta temática,
abordando o assunto de forma transdisciplinar, por entender que problemáticas complexas
como esta apenas possuem potencial esclarecedor se transpassarmos barreiras limitantes de
divisões do conhecimento. Para isso, proponho-me a estabelecer um diálogo entre autores de
áreas bastante distintas, como Fritjof Capra (A Teia da Vida), Antonio Ciampa (A Estória do
Severino e a História da Severina) e John Bellamy Foster (A ecologia de Marx: materialismo e
natureza), investigando as raízes da alienação deste elo mais fundamental do homem com o
natural, na tentativa de configurar uma visão sistêmica e integrada de homem e de nosso modo
de vida atual no e com o planeta.
Sendo assim, estabeleci como objetivo geral investigar sobre o momento de ruptura
descrito por Marx como Raubbau3 capitalista a fim de elucidar sobre o potencial de resgate da
relação homem e natureza na construção de uma EcoIdentidade. A partir deste objetivo mais
geral, defini como objetivos específicos : a) identificar e conhecer o momento que Marx
descreve como raubbau capitalista; b) problematizar e refletir sobre as consequências destes
valores sociais separatistas e sua disseminação; c) verificar de que maneira essa separação
influencia na constituição de políticas de identidades regulatórias; e d) apresentar o contraponto
de uma visão de mundo sistêmica e seu potencial emancipatório rumo à construção de uma
EcoIdentidade.
Em relação ao método, neste trabalho utilizo a abordagem qualitativa em pesquisa,
entendendo a especificidade do tema, por se tratar de uma tentativa de aprofundamento da
compreensão da relação homem e natureza, e que, portanto, investiga aspectos da realidade
social que não podem ser quantificados, centrando-se em delinear parte da complexa dinâmica
dessa relação a fim de ilustrar seu possível desenvolvimento para uma EcoIdentidade.
2
Termo utilizado no sentido de uma compreensão sistêmica de saúde, que considera o homem inteiro, sendo que
para a realização de uma análise mais aprofundada é preciso considerar soma, psique e sociedade como três
aspectos em constante interação. (SEGRE, M.; FERRAZ, F. C. O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública. São
Paulo, 31 (5): 538-42, 1997.)
3
Palavra alemã que significa “superexploração”. Utilizada por Foster em seu artigo “A ecologia da economia
política marxista”. Tradução de Pedro Paulo Bocca. (p.88. Lutas Sociais. São Paulo, n.28, p.87-104, 1º sem.
2012.)
10
2 REVISÃO TEÓRICA
fruto da ruptura estrategicamente criada pela economia capitalista do camponês com a terra, e
de uma ciência que possui como método o pensamento analítico, que se restringe ao estudo dos
fenômenos medidos e quantificados. Concepção esta que modela a visão da sociedade
ocidental, em que se dissemina uma compreensão do universo material:
prima sem a qual o capital não acontece, torna-se também alienado do processo produtivo
como um todo, sendo incentivado a se especializar em etapas específicas do processo e, como
consequência, torna-se cada vez mais distante do produto final, o que aumenta a dificuldade de
qualquer reconhecimento de si na atividade de produção.
Com isso, sem o reconhecimento de si com seu meio natural e sem o reconhecimento de
si na sua atividade/trabalho, o homem também se torna fragmentado, desenvolvendo-se como
portador de múltiplos papéis sociais representantes de políticas de identidades determinadas,
que, na grande maioria das vezes, possuem sentido regulatório. Isto porque, nesta configuração,
sugere-se que o reconhecimento social dos papéis “possibilita a identidade como uma forma de
se perceber como ser humano, através de identidades pressupostas pelo discurso social e pela
cultura”, que constitui seu significado através da atividade, a prática. (CIAMPA, 1987 apud
VISSOCI, 2015)
Dessa forma, reforçada por um discurso social de progresso que implicaria na ruptura
com o campo e na fragmentação da vida como reflexo da nova economia e cadeia de produção,
culturalmente e cientificamente essa reprodução da nova ordem social ocorre no sentido da
construção de uma identidade coletiva em que o homem se compreende à parte da natureza,
agora entendida como propriedade dos donos dos meios de produção, dando origem a políticas
de identidades que “são utilizadas de forma ideológica para a manutenção de uma determina
realidade instituída, não possibilitando a expressão da subjetividade individual.”
(GUARESCHI, 2000 apud VISSOCI, 2015)
A proposta de construção de uma EcoIdentidade se dá no sentido de configuração de
uma identidade política com potencial de superação desse paradigma impregnado na vida
cotidiana, favorecendo o processo de metamorfose e emancipação; política na medida em que
transpassa o que é estabelecido pela ordem vigente de concepção fragmentada/cartesiana de
realidade, constituindo-se a partir da perspectiva do pensamento sistêmico caracterizado como
uma forma de percepção que entende a vida como um movimento entre rede de relações,
interligadas e interdependentes. Neste sentido, ela favorece, citando as palavras de Ciampa
(2002 apud VISSOCI, 2015, p. 22),
Tendo em vista que esta concepção sugere a adoção de um novo paradigma, que pode
15
ser denominado como visão ecológica, baseada numa percepção ecológica profunda como base
filosófica, que “reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos, e o fato de
que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos todos encaixados nos processos cíclicos da
natureza (e, em última análise, somos dependentes desses processos).” (CAPRA, 1997, p.25).
O que implica uma reflexão sobre o próprio fenômeno da vida como um dos
pressupostos fundamentais de uma nova organização sustentável no que se refere aos processos
cíclicos dos fenômenos naturais, partindo do pressuposto de que para a compreensão da
interdependência de todos estes processos, para a configuração de uma EcoIdentidade, é
necessário fomentar questionamentos sobre todo um arsenal de práticas reproduzidas desde a
era industrial, que se caracterizam como comportamentos ambientalmente disfuncionais.
A origem de nosso dilema reside na nossa tendência para criar abstrações de objetos
separados, inclusive de um eu separado, e em seguida acreditar que elas pertencem a
uma realidade objetiva, que existe independentemente de nós. Para superar nossa
ansiedade cartesiana, precisamos pensar sistematicamente, mudando nosso foco
conceitual de objetos para relações. Somente então poderemos entender que a
identidade, a individualidade e a autonomia não implicam separatividade e
independência. (CAPRA, 1997, p. 230)
3 ANÁLISE
Marx, da condição da interação metabólica entre homem e natureza, que é mediada pela
atividade do trabalho. Transformando a natureza de acordo com suas necessidades, o homem
também se torna produto e expressão de sua realidade social e de suas relações sociais.
5
Referência ao pensamento sistêmico, abordado por Fritjof Capra em seu livro A Teia da Vida, 1997.
18
6
Termo utilizado por Marx (apud FOSTER, 2005).
19
sociais a que está sujeito, num projeto de coexistência com outros, como realização de um vir-
a-ser, definindo-se também como metamorfose constante rumo à emancipação. (HABERMAN;
CIAMPA, 1991 apud ÉSTHER, 2014, p. 2).
Assim como o estudo do homem não pode ser feito de forma dissociada do estudo da
sociedade, o estudo da sociedade não pode ser feito de modo amplo e esclarecedor sem o
estudo da relação sociedade-natureza, pois, sem a segunda, a primeira não existiria, já que as
condições materiais da vida social dependem desta relação metabólica.
Para Lane, “apenas quando o ser humano for capaz de encontrar as razões históricas da
sociedade e do grupo social que explicam porque o mesmo age desta forma e como o faz, é que
ele estará desenvolvendo a consciência de si mesmo.” (LANE, 1984/1999 apud PAULINO-
PEREIRA, 2014, p. 60).
Assumo aqui que uma das razões históricas de nível superestrutural da sociedade seja a
falha articulada pelo capital na interação homem-natureza, reproduzido, a nível ideológico,
através de políticas de identidade, a compreensão de um homem alienado de seu meio natural,
e que apenas quando este metabolismo for revisto e considerado como uma das razões do
comportamento ambientalmente disfuncional exercido pelo homem pós-moderno, é que o ser
humano poderá atingir a consciência de si mesmo e “dos conflitos existentes no plano da
produção de sua vida material.” (LANE, 1983, p.41).
considerados relevantes para dar sentido à atividade de cada um. Assim, uma
identidade coletiva pode ser considerada como um conjunto de significados
compartilhados por muitas pessoas que interfere de modo significativo na formação
pessoal de cada um. (ÉSTHER, 2014, p. 3)
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Identidade então é formulada como uma questão política, uma vez que o homem é
histórico e, como tal, é produto do desenvolvimento de toda a espécie que está intrincada com
o desenvolvimento do concreto, que, por sua vez, trata-se da relação estabelecida com o meio
natural através da atividade (trabalho), em um progressivo e infindável movimento do vir-a-ser
humano, “que se dá sempre como superação das limitações das condições objetivas existentes”
em busca de “uma utopia emancipatória que surge, seja como meta visada, seja como falta
sentida.” (CIAMPA, 1997, mimeo).
A construção de uma EcoIdentidade configura-se como identidade política de cunho
transformador, tendo em vista que propõe o resgate do reconhecimento do homem dos
processos naturais, recuperando nossa experiência de conexidade com a teia da vida,
produzindo novos sentidos de vida, baseados na construção e nutrição de comunidades
sustentáveis, o que significa que para isso se torna necessária uma educação ecológica,
chamada por Capra de alfabetização ecológica, por meio da qual, a partir da compreensão dos
princípios de organização de ecossistemas, podemos conseguir estabelecer a satisfação das
nossas aspirações e necessidades enquanto espécie, sem diminuir as chances das gerações
futuras. (CAPRA, 1997, p. 231)
Tal construção permite que o sujeito identifique-se em sua particularidade com o
humano-genérico e com a história natural, remetendo à pertinência não a um grupo de
“personagem coletiva” determinada, mas como membro da espécie humana e, enquanto tal,
produto do desenvolvimento de toda a teia da vida; o homem enquanto totalidade, o que fará
com que haja um avanço no processo de conscientização, já que supõe uma reflexão sobre as
contradições impostas pela ideologia dominante de separação cartesiana através de
questionamentos que se estabelecem em confronto direto com a realidade objetiva. (HELLER,
24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Isto porque, a partir da reflexão sobre estes atravessamentos, torna-se claro o caráter de
interdependência do homem ao seu meio natural e que a falha deste metabolismo é estruturada
devido a interesses econômicos e de controle social, impedindo o homem de sua autonomia e
consciência quanto à produção objetiva e subjetiva advinda desta relação, alienando-o de seu
potencial de transformação.
A proposta de uma EcoIdentidade é apresentada, portanto, como uma possibilidade de
resgate do reconhecimento do homem enquanto membro pertencente à teia da vida, em que a
diversidade e a flexibilidade como princípios ecológicos se articulam com o caráter da
multiplicidade e mutabilidade próprios da Identidade enquanto Metamorfose e Emancipação,
considerando o pensamento sistêmico como uma concepção na qual é contemplado o método
de investigação dialético, já que compreende os sistemas como rede de relações indissociáveis,
assim como se estabelece o processo identitário concebido por Ciampa, constituído por rede de
relações sociais e institucionais, desenvolvido historicamente, em um constante movimento de
devir-a-ser.
Todo o contexto traçado até aqui busca mostrar a imprescendência da recapitulação
histórica da relação e contato do homem com a natureza para que surjam possibilidades de
autonomia e consequente conscientização do mesmo sobre si mesmo a fim de que se torne
concebível um contexto no qual o sujeito se emancipe, reconhecendo-se como metamorfose no
resgate de sua pertinência a teia da vida.
Concluindo, julgo que tanto o método dialético quanto o pensamento sistêmico
auxiliaram na fundamentação teórica do trabalho, trazendo elementos primordiais para o
desenvolvimento deste e o consequente atingimento dos objetivos iniciais propostos por meio
do materialismo-histórico, que permitiu contextualizar a relação homem-natureza a partir da
qual o homem se constitui e os princípios ecológicos que oferecem uma nova perspectiva de
organização dos sistemas humanos, assim como acredito que o objeto de pesquisa, a
EcoIdentidade, possui um amplo espectro de investigação ainda a ser explorado, facilitando a
expansão da área de atuação da Psicologia e construindo novas formas de compreensão do
homem e da abordagem terapêutica, contribuindo para uma vivência mais harmônica com
nosso meio.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
27
CAPRA, F. A Teia da Vida: Uma Nova Compreensão Científica dos Sistemas Vivos. 1. ed. 10.
reimpr. São Paulo: Cultrix, 2006. (Originalmente publicado em 1997).
CIAMPA, A. C. Linha de Pesquisa: Identidade Social como Metamorfose Humana. In: ______.
Anotações sobre “fundamentos filosóficos” da Linha de Pesquisa, para sistematização da
abordagem teórica adotada. Março, 2005. p. 1-9 (Mimeo)
______. Identidade. In: LANE, S. T. M.; CODO, W. (Orgs.) Psicologia Social: o homem em
movimento. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 58-75.
CODO, W. O fazer e a consciência. In: LANE, S. T. M.; CODO, W. Codo (Orgs.) Psicologia
Social: o homem em movimento. 4. ed., pp. 48-57). São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 48-57.
______. A ecologia da economia política marxista. Lutas Sociais, São Paulo, n. 28, p. 87-104,
1º sem., 2012.
HELLER, A. Estrutura da Vida Cotidiana. In: ______ O Cotidiano e a História 3. ed. pp. 17-
42). Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra S/A, 1989. p. 17-42.