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FACULDADE DE FARMÁCIA

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FARMÁCIA GALÉNICA
Aulas Laboratoriais
2019/20

Docentes:
Luís Pleno de Gouveia (Responsável)
António J. Almeida
Paulo J. Salústio
Eduardo Faustino
José Matos
Farmácia Galénica. Aulas Laboratoriais 2019/20

AULAS LABORATORIAIS

1 Âmbito e Objectivos
O principal objectivo das aulas laboratoriais de Farmácia Galénica é proporcionar
aos alunos uma formação prática na preparação de medicamentos à escala labora-
torial. Deste modo, o programa incide sobre a formulação de formas farmacêuticas
magistrais e oficinais, isto é, medicamentos manipulados. Para além da aplicabili-
dade prática dos conhecimentos leccionados, estes servirão de base para a poste-
rior aprendizagem dos processos industriais de preparação de medicamentos que
terá lugar nas disciplinas de Tecnologia Farmacêutica. Ao efectuar a escolha das
preparações a realizar no laboratório, procura-se mostrar aos alunos, sempre que
possível, exemplos de preparações actuais correntemente prescritas e solicitadas
nas farmácias e hospitais sem, contudo, descurar o interesse prático e a evolução
de muitas das operações farmacêuticas actualmente praticadas.
Em casos considerados relevantes, as aulas de preparação de fórmulas magistrais
e oficinais são precedidas por aulas que abordam os fundamentos em que se ba-
seia a respectiva formulação. Os diversos aspectos cobertos pela matéria lecciona-
da incluem a avaliação inicial das matérias-primas, a investigação de algumas das
propriedades físico-químicas relevantes para a formulação e avaliação das
formulações durante e após a produção. A Farmacopeia Portuguesa (FP), a
Farmacopeia Europeia (Ph.Eur) e o Formulário Galénico Português (FGP) são os
documentos base para o trabalho laboratorial, não só como fonte de informação,
mas também sob a perspectiva pedagógica da sua importância na actividade
farmacêutica.

Pretende-se que os alunos com aproveitamento às aulas laboratoriais saibam:


a. Interpretar prescrições médicas contendo fórmulas oficinais e magistrais;
b. Utilizar as fontes de informação científica aplicáveis à execução de tal
trabalho e, especificamente, que se habituem a consultar as Farmacopeias;
c. Compreender os fundamentos e a utilidade prática das operações que vi-
sam a transformação da substância activa na forma farmacêutica;
d. Preparar medicamentos magistrais e oficinais, tendo em conta os seus
fundamentos farmacotécnicos e, aplicando correctamente as operações
farmacêuticas e os procedimentos necessários;
e. Preparar medicamentos magistrais e oficinais, tendo em conta a legisla-
ção vigente, nomeadamente, as boas práticas de fabrico (BPF) a observar
na preparação de medicamentos magistrais e oficinais;
f. Aplicar as normas gerais e específicas de rotulagem de formas oficinais e
magistrais.

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2 FORMAS MAGISTRAIS E OFICINAIS

2.1 Introdução

A formulação magistral é, talvez, a expressão mais genuína do exercício profis-


sional do farmacêutico. Os farmacêuticos são os únicos profissionais especial-
mente treinados na ciência da formulação de medicamentos. Consequentemente,
deverão estar aptos a realizar o trabalho básico da profissão, o qual inclui não só
a formulação e o desenvolvimento galénico, mas também a produção, o controlo de
qualidade e a dispensa de medicamentos. Além disso, deverão possuir a capaci-
dade e os conhecimentos necessários à sua realização, independentemente das
áreas de trabalho em causa, dado o facto da sua orientação profissional
específica estar sempre virada para o medicamento.
A evolução científica que deu origem ao enorme desenvolvimento da indústria
farmacêutica no século XX, e inundou o mercado com especialidades farmacêu-
ticas produzidas por técnicas impraticáveis na farmácia de oficina (comunitária),
provocou o quase desaparecimento dos medicamentos oficinais e magistrais.
Actualmente, a sua prescrição está, quase exclusivamente, limitada à
dermatologia e à pediatria, embora a solicitação deste tipo de medicamentos seja
ainda relativamente frequente. No entanto, na actualidade, é observável um
ressurgimento nos EUA e nalguns países europeus dos medicamentos obtidos
por manipulação, sendo isto comprovado pela quantidade de trabalhos
publicados nesta área durante os últimos anos. Recentemente, tem-se
observado um esforço crescente, no sentido da dinamização desta prática ao
nível da farmácia de oficina (comunitária), para o qual contribuiu,
significativamente, a publicação do Formulário Galénico Português (FGP). Este
formulário constitui um instrumento actualizado para a padronização da
qualidade dos medicamentos manipulados, dando simultaneamente apoio à
dispensa deste tipo de preparações farmacêuticas. Nos últimos anos, foi
publicada, para esta área, legislação relevante, que regulamenta a prescrição e
preparação de medicamentos manipulados (Dec.-Lei nº90/2004 e Dec.-Lei
nº95/2004) e estabelece oficialmente as boas práticas a observar na sua
preparação (Portaria nº594/2004).

As formas magistrais apresentam algumas vantagens reais (Allen, 1998), entre


as quais se citam a seguir:
a. Preenchimento de vazios terapêuticos, pois permitem a obtenção de
medicamentos de consumo reduzido, não rentáveis para a indústria
farmacêutica, assim como a associação no mesmo medicamento de
substâncias activas não associadas nas especialidades farmacêuticas
disponíveis no mercado;
b. Formulação e dosagem específica para cada paciente, permitindo
sempre que necessário uma terapêutica individualizada;
c. Adequação da forma galénica as necessidades específicas do paciente;
d. Preparação extemporânea para contornar problemas associados à
instabilidade do medicamento, permitindo a redução ou não
utilização de conservantes;
e. Redução da automedicação, pois os manipulados são produzidos em
quantidades específicas para um determinado tratamento.

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Todas estas vantagens indicam uma utilidade real e prática para estes
medicamentos, que não são menos importantes do que qualquer especialidade
farmacêutica.
De facto, a legislação (Dec.-Lei nº176/2006; Dec.-Lei nº20/2013 e Dec.-Lei
nº90/2004) define em pé de igualdade:

Especialidade Farmacêutica: Todo o medicamento preparado antecipa-


damente e introduzido no mercado com denominação e acondiciona-
mento próprios;
Medicamento Manipulado: Qualquer fórmula magistral ou preparado
oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um
farmacêutico.
Preparado Oficinal: qualquer medicamento preparado segundo as
indicações qualquer medicamento preparado segundo as indicações
compendiais de uma farmacopeia ou de um formulário oficial, numa
farmácia de oficina ou em serviços farmacêuticos hospitalares,
destinado a ser dispensado directamente aos doentes assistidos por essa
farmácia ou serviço; De acordo com o disposto na Deliberação
nº1504/2004 do INFARMED, são considerados para o efeito a FP, a
Ph.Eur. e o FGP, sendo ainda reconhecidos, como tal, os formulários
dos Estados membros da União Europeia e o National Formulary (NF)
da United States Pharmacopoeia (USP).
Fórmula Magistral: qualquer medicamento preparado numa farmácia de
oficina ou serviço farmacêutico hospitalar, segundo uma receita médica
e destinado a um doente determinado.

2.2 Preparação de Fórmulas Magistrais

Em Portugal, a preparação de manipulados é alvo de legislação específica que


pretende regulamentar a sua produção, de acordo com as boas práticas de
fabrico (Dec.-Lei nº90/2004; Dec.-Lei nº95/2004; Portaria nº 594/2004). Esta
legislação obriga o farmacêutico de oficina a estar consciente da sua responsa-
bilidade legal como profissional de saúde e agir em conformidade. Para além
disso, segundo as Boas Práticas de Farmácia (BPF), os farmacêuticos têm o dever
de assegurar a máxima qualidade dos serviços que prestam, sendo a missão da
prática de farmácia dispensar medicamentos, outros produtos e serviços de
saúde, bem como ajudar cada pessoa, individualmente, e a comunidade, em
geral, a utilizá-los da melhor forma. Com efeito, a Norma 4 das BPF estabelece
que: “todas as farmácias devem ter instalações adequadas para a dispensa de
manipulados; o método de preparação deve ser devidamente documentado; todos
os procedimentos devem respeitar as BPF; deve ser elaborado um formulário,
tendo em consideração a qualidade e o prazo de validade; deve ser definido um
prazo de validade para cada medicamento”. Por conseguinte, dever-se-ão ter em
consideração os seguintes requisitos para a dispensa de manipulados:
a) A dispensa de medicamentos é um acto farmacêutico, que não pode ser
recusado pelo farmacêutico de oficina (comunitária), salvo sob razões de
natureza ética;
b) A formulação individualizada das preparações magistrais implica a
necessidade da recolha de dados do paciente;

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c) Estudo prévio da fórmula antes da sua preparação, de modo a garantir a


qualidade do medicamento. Para isso, e tal como em qualquer processo de
formulação galénica, é necessário realizar um estudo das substâncias e do
material de embalagem a utilizar, no qual deve constar as características
físico-químicas, incompatibilidades, estabilidade da formulação, etc.;
d) Preparar o medicamento segundo as boas práticas de fabrico, o que obriga à
existência de um local apropriado para o efeito e do equipamento mínimo,
descrito na legislação nacional. As operações de fabrico deverão ser
padronizadas, de modo a garantir a reprodutibilidade dos resultados (Portaria
nº 594/2004). Certos autores defendem mesmo a validação dessas operações;
e) Cumprir as normas de rotulagem em vigor, designadamente aquelas que são
impostas pela Portaria nº 594/2004, pela FP e pelo FGP;
f) Sempre que possível, deverá ser o farmacêutico a executar a preparação e a faz-
er o aconselhamento ao doente. O aconselhamento torna-se particularmente
importante pois, como foi referido, estes medicamentos não são acompanha-
dos de folheto informativo.

2.2.1 Documentação
Para além do exposto nas alíneas a) a f) anteriores, a aplicação de normas de
boas práticas de fabrico, nos mais diversos ramos de actividade, implica geral-
mente a implementação de sistemas de registo e documentação. Este constitui
uma parte essencial de qualquer sistema de garantia de qualidade, permitindo
evitar erros, que possam advir de uma má comunicação oral, e estabelecer, com
segurança, a história de um medicamento.
Tal como na indústria farmacêutica, é fundamental que as especificações, a
fórmula de fabrico, as instruções, os procedimentos e os registos sejam escritos
de forma clara e isentos de erros. Vários autores propõem o estabelecimento de
registos de fabrico de manipulados com base em simples fichas de produção,
onde se descrevem todos os passos de preparação e todas as observações julga-
das pertinentes para a execução desta tarefa. A legislação nacional tornou
obrigatória a sua implementação (Portaria nº 594/2004), sendo encontrados
diversos modelos destas fichas na literatura, designadamente no FGP.

2.2.2 Controlo/verificação da Qualidade


De modo a satisfazerem os requisitos de estabilidade, segurança e eficácia, na
preparação dos manipulados deverá existir um controlo de qualidade apropria-
do quer na farmácia de oficina (comunitária) quer na farmácia hospitalar.
Porém, a lista de material de laboratório cuja existência é exigida nas farmá-
cias, não contempla qualquer tipo de equipamento analítico ou de farmacotecnia
(Deliberação nº 1500/2004 do INFARMED). Se bem que os meios disponíveis pode-
rão permitir um maior controlo das preparações na farmácia hospitalar, a grande
maioria das farmácias de oficina (comunitária), em Portugal, têm possibilidade
de dar cumprimento a alguns dos artigos da lei, quanto a este aspecto.
A maioria das formas galénicas preparadas por manipulação permitem a realiza-
ção de simples testes ou ensaios de controlo de certos parâmetros farmacotéc-
nicos ou físicos, o que possibilita a existência de um determinado grau de
qualidade nos medicamentos formulados. Novamente, a literatura é rica em
indicações e conselhos práticos que facilitam ao farmacêutico de oficina (comuni-
tária) a implementação de um número de normas básicas para o controlo de
qualidade das fórmulas magistrais e oficinais (FGP; Prista et al., 2003).

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Outro aspecto importante para o controlo de qualidade dos manipulados será a


exigência aos fornecedores, dos boletins analíticos correspondentes às matérias-
primas, que comprovem a conformidade destas com as especificações, o que, de
resto, é uma das exigências da lei (Portaria nº 594/2004).

2.3 PROGRAMA LABORATORIAL

Nas aulas práticas de Farmácia Galénica, os alunos serão instruídos sobre os


seguintes aspectos fundamentais das aulas laboratoriais:
• Laboratório, equipamento e regras gerais de segurança e funcionamento;
• Noções sobre preparação e controlo dos medicamentos;
• Boas práticas de fabrico de medicamentos manipulados e outra legislação
aplicável;
• Fichas de preparação de medicamentos manipulados;
• Normas de acondicionamento e rotulagem de medicamentos manipulados.

2.3.1 Calendário das Aulas Laboratoriais

1. Pós e formas complementares (30-Set a 3-Out)


• Pó de mentol composto (FGN)
• Pó de ácido tartárico composto, efervescente (FGN)
• Papéis de fenobarbital

2. Soluções (14 a 17-Out)


• Diluição do álcool, utilizando as tabelas alcoométricas de Gay-Lussac
• Solução alcoólica de iodo a 1% (FGP)
• Solução de captopril a 1% (FGP)

3. Sistemas dispersos e Medicamentos de uso veterinário (28 a 31-Out)


• Loção de tintura de alcatrão mineral a 5% e óxido de zinco a 20% (FGP)
• Suspensão oral de trimetoprim a 1% (FGP)
• Champô de cetoconazol a 2%

4. Formas semi-sólidas (11 a 14-Nov)


• Pomada de mentol e salicilato de metilo (FP IV)
• Pasta de óxido de zinco a 25% e amido a 25% (FGP)
• Pomada hidrófila (FP IV).

5. Supositórios (25 a 28-Nov)


• Supositórios de paracetamol
• Supositórios de glicerina (FP)

6. Avaliação laboratorial (9 a 12-Dez)

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1 PÓS SIMPLES E COMPOSTOS
1.1 Pó de Mentol Composto (FGN)

1. Fórmula

Mentol 0,3 g
Cânfora 0,6 g
Óxido de zinco 4,5 g
Amido 12,0 g
Talco q.b.p 30,0 g

2. Modo de Preparação
Todos os constituintes devem ser reduzidos a pó fino, sendo imprescindível que o
amido e o óxido de zinco sejam passados por um tamis nº 125 (FP 9).
Misturar, em almofariz, a cânfora e o mentol, e adicionar, a pouco e pouco, os restantes
componentes.
Passar por um tamis nº 180.

3. Verificação e Controlo da Qualidade


Determinar a quantidade dispensada; calcular o rendimento, isto é, a quantidade
efectiva de pó dispensado relativamente à quantidade solicitada.

4. Acção Farmacológica
Apresenta propriedades sicativas, adstringentes e refrescantes. Antipruriginoso.

5. Documentação a apresentar
• Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento
• Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo

6. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa.

Nota: Fórmula oficinal de um pó para uso externo, proposta pelo FGN. As misturas de pós para
uso externo são normalmente embaladas em caixas e os de uso interno em papéis, carteiras ou
saquetas.

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1.2 Pó de Ácido Tartárico Composto, Efervescente (FGN)

1. Fundamento
Trata-se de um pó destinado a provocar efervescência quando adicionado a água.

2. Fórmula

Ácido tartárico em pó 9,0 g


Bicarbonato de sódio 10,5 g
Tartarato de potássio e sódio em pó 0,5 g

3. Modo de Preparação
Secar as substâncias separadamente e misturá-las por trituração. A temperatura de
secagem d a s m a t é r i a s - p r i m a s não deverá exceder 50oC, devido ao facto de o
bicarbonato de sódio ser instável acima dessa temperatura.
É aconselhável que o grau de divisão não ultrapasse o do tamis nº 250 (FP), ou
equivalente.

4. Controlo da Qualidade
• Determinar a quantidade dispensada; calcular o rendimento, isto é, a quantidade
efectiva de pó dispensado relativamente à quantidade solicitada
• Verificar a efervescência do pó preparado após a preparação.

5. Acção Farmacológica
É um pó digestivo e/ou laxativo semelhante aos vulgares sais de fruto.
O dióxido de carbono libertado tem uma função calmante sobre a mucosa gástrica.

6. Documentação a apresentar
• Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento
• Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo

7. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.

Questão: O entende por efervescência? Escreva a reacção que origina a


efervescência deste medicamento.

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1.3 Papéis de Fenobarbital

1. Fundamento
Trata-se de uma fórmula magistral preparada a partir de uma especialidade farma-
cêutica. Pretende-se obter uma diluição do fenobarbital que permita a utilização deste
fármaco na população pediátrica, evitando-se a pesagem de quantidades muito pequenas.

2. Fórmula
Fenobarbital x mg
Amido q.b.p. 200 mg
Em um papel nº 10 iguais

3. Modo de Preparação
• Em almofariz de vidro, reduzir a pó o número de comprimidos necessário.
• Calcular a quantidade de amido necessário para a preparação de 10 papéis.

• Pesar o amido e misturar com a massa de pó


correspondente à massa de substância activa
necessária.
• Proceder à divisão, por pesagem, do pó composto
obtido pelos 10 papéis.
• Dobrar os papéis, de acordo com o modelo da Fig. 1.
• Acondicionar e rotular.
Figura 1 – Preparação de papéis
medicamentosos (FGP).
Como a proporção relativa fenobarbital/excipiente é substancialmente pequena, a adição do amido
deverá ser efectuada por diluição geométrica. Como indicador de homogeneização, junta-se uma
porção mínima de carmim (que deverá apresentar maior tenuidade que os restantes constituintes
da fórmula) e, só depois, a pouco e pouco, se adiciona o amido.

4. Verificação e Controlo da Qualidade


A massa individual dos papéis preparados deverá cumprir os limites indicados no ensaio
de ”Uniformidade de massa das preparações farmacêuticas apresentadas em formas farmacêuticas
unitárias”, [monografia 2.9.5. da FP9].

5. Acção Farmacológica
Hipnótico, sedativo.

6. Documentação a apresentar
• Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento
• Ficha de preparação incluindo cópia de rótulo

7. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Lupi Nogueira A (1987). Formulação em Pediatria. Edição do Laboratório Militar de
Produtos Químicos e Farmacêuticos, Lisboa.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.

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2 SOLUÇÕES
2.1 Preparação de um Álcool de determinada graduação por diluição de outro mais
concentrado, utilizando as Tabelas Alcoométricas de Gay-Lussac

1. Introdução
Para preparar um álcool de uma determinada graduação é necessário, antes de mais,
saber o grau alcoólico do álcool de que dispomos, para depois ser diluído. Para tal, utiliza-
se o Alcoómetro Centesimal de Gay-Lussac, o qual é um instrumento destinado a
determinar o grau alcoólico ou ‘força real’ das misturas de água e etanol. Está graduado
de modo a indicar directamente o número de volumes de álcool etílico absoluto contidos
em 100 volumes de uma mistura exclusivamente formada por etanol e água. Trata-se, na
realidade, de um densímetro (Fig. 2a).
A 15 ºC e em álcool absoluto, o alcoómetro mergulha quase completamente no líquido e
o afloramento à superfície deste tem lugar na extremidade superior de haste,
correspondendo a 100° (não confundir Graus Alcoólicos, representados apenas por o,
com Graus Celsius representados por ºC). O zero da escala encontra-se na base da haste
e corresponde à água pura, também a 15 ºC.
É sabido que as misturas álcool/água se contraem quando estas substâncias se
dissolvem reciprocamente, e que esta contracção varia segundo a proporção dos líquidos
misturados. Por isso, as divisões da escala do alcoómetro centesimal não são
equidistantes nem regulares quanto às variações dos seus intervalos.
A tabela VII da FP IV (pp. 723) apresenta as quantidades, em peso, de álcool e de água
para obter a mistura de grau conveniente. Nela encontram-se as relações entre os graus
do alcoómetro (isto é, o número de volumes de etanol contidos em 100 volumes da mistura
hidroalcoólica) a 15 ºC e o peso de etanol e água contidos em 100 partes da mistura. Esta
tabela pode também ser consultada no FGP (Cap. 4, Tabela II).
Actualmente, na Ph.Eur. e na FP 9, a concentração das soluções etanol-água é expressa
em % (V/V), sendo, também, reportada a densidade correspondente, determinada a
20 ºC, o que torna possível uma determinação alcoométrica com alcoómetros de Gay-
Lussac, calibrados a esta temperatura.
Finalmente, importa referir que o alcoómetro de Gay-Lussac consta da lista de
equipamento mínimo obrigatório que permite a realização das operações de preparação,
acondicionamento e controlo de medicamentos manipulados na farmácia de oficina
(comunitária) e hospitalar1.

2. Procedimento
1. Colocar a solução alcoólica numa proveta larga, até 5 cm do bocal.
2. Mergulhar o termómetro e fixá-lo no bordo da proveta com o auxílio de um gancho.
Medir e anotar a temperatura. Antes de o introduzir no líquido, deve certificar-se de
que ele se encontra limpo. Caso seja necessário proceda à sua lavagem.
3. Mergulhar, com cuidado, o alcoómetro na proveta. Esta operação deve ser feita
cautelosamente, para que o alcoómetro não bata no fundo da proveta, e a sua subida
deve ser acompanhada, com a mão, de modo a evitar a sua projecção, caso se trate de
uma solução de muito baixo grau alcoólico.
4. Depois de se certificar que o alcoómetro pode flutuar, imprima-lhe um ligeiro movi-
mento de rotação para que ele flutue livremente. Quando o alcoómetro ficar imóvel,

1 Deliberação 1500/2004 do INFARMED.

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sem tocar nas paredes da proveta ou do termómetro, proceder à leitura da graduação,
a que corresponde o afloramento à superfície do líquido (Fig. 2b).

a b

Figura 2 – a) Alcoómetro centesimal de Gay-Lussac; b) Leitura da


graduação alcoólica no alcoómetro.

5. Se a temperatura lida e anotada for igual a 15 ºC, o valor lido no alcoómetro correspon-
derá à percentagem real, em volume, de álcool absoluto na mistura. No entanto, se a
temperatura for superior a 15 ºC, a densidade do líquido, sendo menor, permitirá uma
maior penetração do densímetro. Neste caso, o ponto de afloramento situar-se-á mais
acima e a graduação alcoólica indicada (aparente) será superior ao seu valor real. A
situação inversa terá lugar se a temperatura for inferior a 15 ºC.
Torna-se, assim, necessário corrigir, de acordo com a temperatura registada, as
leituras efectuadas com o alcoómetro, ou seja, transformar os valores aparentes em
valores reais. Para esse efeito, aplicar as fórmulas de correcção que constam na Tabela
VIII da FP IV (pp. 725-726).

3. Notas
● Ter presente que a graduação do alcoómetro de Gay-Lussac se reportam a volumes.
● A tabela VII da FP IV indica a massa de água e de álcool de determinada graduação
para obter 1000 g de mistura hidroalcoólica de uma graduação inferior pretendida.

4. Verificação e Controlo da Qualidade


Determinação final da massa e graduação do álcool preparado.

5. Exemplo de Preparação
É-nos solicitada a preparação de 500 g de álcool de 65°, a partir de um álcool em frasco
rotulado ‘Álcool a 90°’.
Temos de conhecer a graduação exacta do álcool que possuímos. Para isso usamos a
fórmula abaixo:
Grau(a 15°) = GLeit + (15°C - TLeit) x 
na qual GLeit e TLeit são, respectivamente, a graduação indicada pelo alcoómetro e a
temperatura indicada pelo termómetro.  é o factor de correcção (Tabela VIII)

Por exemplo, se a temperatura do álcool (medida com um termómetro) for 18ºC e a leitura
no alcoómetro for 89°, então pela Tabela VIII:  =0,36 e teremos:
Grau(a 15°) = 89o + (15 oC - 18 oC) x 0,36 = 87,9o

Este valor não existe na Tabela VII e há que fazer uma aproximação tendo em consi-
deração os valores imediatamente superior e inferior (85 e 90, no presente exemplo).
Assim, a tabela indica-nos que é necessário misturar as seguintes quantidades para
preparar 1000 g de álcool de 65o:

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Álcool a
Álcool (g) Água (g)
diluir
85° 708 292
90° 658 342

Recorrendo à interpolação linear, teremos:


Málcool= (87.9°-85°) * (658g-708g)/(90°-85°) + 708g = 678.8g

Deste modo, para preparar 500 g de


álcool de 65o, bastará misturar 339,4 g do
álcool a diluir com 160,6 g de água.

No final, deve sempre verificar-se a


graduação exacta da mistura obtida. Para
isso aplica-se, novamente, uma das
fórmulas de correcção da Tabela VIII:

Por exemplo:
Temperatura = 21°C, Leitura do alcoómetro (a 21ºC) = 68o
Leitura corrigida (para 15 ºC) = 68o +(15 ºC – 21ºC) * 0,39 = 65,7o

6. Documentação a apresentar
• Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento.
• Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo.

7. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Formulário Galénico Português (2001). CETMED/ANF, Lisboa.
• Marques Leal A (1999). O álcool a 96% da Farmacopeia e o álcool “destinado a fins
sanitários”.
• CEDIME Informação. Nº 56 (Nov.-Dez.), pp. 2.

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8. Tabelas

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2.2 Solução Alcoólica de Iodo a 1% (FGP)

1. Fórmula

Iodo 1,0 g
Iodeto de potássio 2,0 g
Água purificada 27,0 g
Álcool a 96% (v/v) q.b.p. 100 ml

2. Modo de Preparação
Siga a monografia FGP A.I.10.

3. Nota
O iodo deve ser pesado em vidro de relógio, utilizando uma espátula de material
inerte. A mistura é efectuada em almofariz de vidro.
Filtrar por algodão de vidro.

4. Acondicionamento
Deverá acondicionar a solução em recipiente adequado (verifique eventuais
incompatibilidades entre os componentes do medicamento e os materiais
normalmente utilizados no acondicionamento primário).
Rotular, de acordo com as regras em vigor.

5. Acção Farmacológica
A solução alcoólica de iodo apresenta uma actividade antisséptica contra bactérias,
fungos, vírus, protozoários, etc.

6. Documentação a apresentar
• Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento.
• Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo.

7. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Formulário Galénico Português (2001, 2005). CETMED/ANF, Lisboa.
• Martindale - The Complete Drug Reference (2014). Pharmaceutical Press, London.
Disponível em: http://www.medicinescomplete.com/mc/martindale/current/
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.

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2.3 Solução de Captopril a 0,1% (FGP)

1. Fundamento
Muitos dos fármacos de utilização hospitalar, em pediatria, não se encontram
comercializados em concentrações e formas farmacêuticas adequadas à idade pediátrica.
Neste contexto, é preparada uma formulação líquida de captopril a 1 mg/ml preparada a
partir de comprimidos de uma especialidade farmacêutica.

2. Fórmula
Captopril 0,05 g
Ácido ascórbico 0,25 g
Edetato de sódio 0,025 g
Água purificada 3g
Veículo para preparação de soluções e
q.b.p. 50 ml
suspensões orais (FGP B.40)

3. Modo de Preparação
Siga a monografia FGP A.VII.7., utilizando a técnica de preparação b) Preparação a partir
de comprimidos de captopril.

4. Acção Farmacológica
O captopril é usado no tratamento da hipertensão.

5. Documentação a apresentar
Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento.
Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo.

6. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Formulário Galénico Português (2001, 2005). CETMED/ANF, Lisboa.
• Salgado AC et al (2002). Estabilidade do captopril em formulação magistral líquida para
uso pediátrico obtida a partir de comprimidos. Boletim da APFH, nº 52 (Fev.): 2-4.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
• Martindale - The Complete Drug Reference (2014). Pharmaceutical Press, London.
Disponível em: http://www.medicinescomplete.com/mc/martindale/current/

Qual a função do ácido ascórbico neste medicamento?


E do Edetato de sódio?

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3 SISTEMAS DISPERSOS e Medicamentos de uso veterinário
3.1 Loção de Tintura de Alcatrão Mineral a 5% e Óxido de Zinco a 20% (FGP)

1. Fórmula
Tintura de alcatrão mineral FP 9 2,5 g
Óxido de zinco (pó fino) 10,0 g
Talco 10,0 g
Glicerina a 85% 15,0 g
Água purificada 12,5 g

2. Procedimento
Siga a monografia FGP A.I.7., utilizando a técnica de preparação b) Preparação a partir dos
componentes individuais, Técnica A (manual).

3. Acondicionamento
Acondicionar a suspensão em recipiente adequado e rotulado, de acordo com as regras
em vigor.

4. Acção Farmacológica
Preparação, para uso externo, prescrita para o tratamento de certas doenças de pele, tais
como: eczemas subagudos de etiologia variada, particularmente de natureza seborreica, e
psoríase.

5. Documentação a apresentar
Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento.
Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo.

6. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Formulário Galénico Português (2001, 2005). CETMED/ANF, Lisboa.
• Fonseca A, Prista L (1984). Manual de Terapêutica Dermatológica e Cosmetologia. Livraria
Roca Ltda. S. Paulo.
• Martindale - The Complete Drug Reference (2014). Pharmaceutical Press, London.
Disponível em: http://www.medicinescomplete.com/mc/martindale/current/

Questão: Quais as substâncias activas deste medicamento? Qual a função de cada um


dos constituintes deste medicamento? Como é exercida a acção da glicerina?

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1.1. Suspensão Oral de Trimetoprim a 1% (FGP)

1. Fórmula

Trimetoprim 0,3 g
Solução aquosa de essência de banana a 10% 0,3 ml
Xarope Simples (FGP B.7) q.b.p. 30 ml

2. Procedimento
Siga a monografia FGP A.III.2, preparando o medicamento segundo a Técnica A (manual).

3. Acondicionamento
Acondicionar em recipiente adequado, rotulado de acordo com as regras em vigor.

4. Verificação e Controlo da Qualidade


Adequação do acondicionamento e conformidade da rotulagem. Outros ensaios
considerados pertinentes.

5. Acção Farmacológica
in Martindale:
Trimethoprim is a diaminopyrimidine antibacterial that is used for the treatment of
infections due to sensitive organisms, including gastro-enteritis and respiratory-tract
infections, and in particular for the treatment and prophylaxis of urinary-tract
infections.
Children may be given 6 to 8 mg/kg daily of trimethoprim in 2 divided doses: regimens
for children are:
6 weeks to 5 months, 25 mg twice daily;
6 months to 5 years, 50 mg twice daily;
6 to 12 years, 100 mg twice daily.

6. Documentação a apresentar
Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento.
Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo.

7. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Formulário Galénico Português (2001, 2005). CETMED/ANF, Lisboa.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.
• Martindale - The Complete Drug Reference (2014). Pharmaceutical Press, London.
Disponível em: http://www.medicinescomplete.com/mc/martindale/current/

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3.2 Champô de cetoconazol a 2%

1. Fundamento
A medicina veterinária constitui uma das mais importantes áreas de aplicação da
manipulação galénica. No caso presente, pretende-se preparar um champô contendo 2%
de cetoconazol. De acordo com a FP, os champôs são uma forma farmacêutica incluída
nas preparações líquidas cutâneas, sendo definidos como “preparações líquidas, ou por
vezes semi-sólidas, destinadas a serem aplicadas no couro cabeludo, sendo em seguida
enxaguadas e eliminadas com água. Por fricção com água, formam geralmente espuma. Os
champôs são emulsões, suspensões ou soluções. Contêm habitualmente agentes
tensioactivos”.

2. Fórmula
Cetoconazol 2,00 g
Propilenoglicol 5,00 g
Hidroxietil celulose 1,00 g
Lauriléter sulfato de sódio 12,50 g
Polisorbato 80 4,00 g
Ácido clorídrico diluído q.b.p. pH 5,5
Água purificada q.b.p 100,0 g
FSA

3. Procedimento
Apresentar diagrama de fluxo dos passos de preparação deste medicamento.

4. Verificação e Controlo da Qualidade


Acondicionamento adequado e rótulo de acordo com as normas vigentes. Outros ensaios
considerados pertinentes.

5. Acção Farmacológica
Antimicótico de uso externo.

6. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
th
• Martindale - The Complete Drug Reference (2007). 35 Ed., Pharmaceutical Press,
London
• Mattei AS et al (2005). Esporotricose felina: contribuição para o estudo de
características epidemiológicas e prognóstico da enfermidade. XIV Congresso de
Iniciação Científica, Brasil. Disponível em
http://www.ufpel.edu.br/xivcic/arquivos/CA_00906.rtf.

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4 FORMAS SEMI-SÓLIDAS
4.1 Pomada de Mentol e Salicilato de Metilo (FP IV)

1. Fórmula
Mentol 5,0 g
Salicilato de metilo 7,5 g
Lanolina 37,5 g

2. Procedimento
Dissolver o mentol no salicilato de metilo.
Misturar com a lanolina previamente fundida a 35-40 ºC.
Acondicionar, a quente, em bisnaga metálica.
Deixar arrefecer e fechar a bisnaga.
Rotular, de acordo com as regras vigentes.

A B

Figura 3 – Alicates para fecho (A) e selagem (B) de bisnagas metálicas.

3. Verificação e Controlo da Qualidade


Adequação do acondicionamento e conformidade do rótulo. Outros ensaios pertinentes
(ex. rendimento da preparação).

4. Acção
Usada como anti-reumatismal, pelo seu efeito analgésico.

5. Documentação a apresentar
Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento
Ficha de preparação incluindo cópia de rótulo

6. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.

Questão: Fundamente cada um dos passos deste método de preparação.

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4.2 Pasta de Óxido de Zinco a 25% e Amido a 25% (FGP)

1. Fundamento
Conhecida pelo nome de Pasta de Lassar, esta pomada é obtida por incorporação directa
dos pós, previamente misturados, no excipiente sólido. Como o próprio nome indica, esta
pomada é uma pasta, devido à grande quantidade de pós que entra na sua composição.
De modo a facilitar a sua homogeneização, os pós deverão ser tamisados em partículas
finas. A sua incorporação no excipiente sólido é feita por espatulação.
Uma variante do método de preparação consiste em incorporar os pós na vaselina fundida,
agitando até arrefecer e, só depois, proceder à homogeneização por espatulação, agitador
mecânico (FGP A.I.3) ou moinho de rolos. Esta última será a metodologia utilizada nesta
aula laboratorial.

2. Fórmula

Óxido de zinco em pó fino 7,5 g


Amido em pó fino 7,5 g
Vaselina 15,0 g

3. Procedimento
Proceder, de acordo com as Boas Práticas de Fabrico relativamente à mistura de pós.
Incorporar directamente, por espatulação, a mistura de sólidos na vaselina. Acondicionar
em recipiente apropriado e rotular, de acordo com as regras vigentes.

4. Acção
Pela grande quantidade de pós, actua como cicatrizante, secando feridas. O óxido de
zinco é também um agente com propriedades antissépticas.

5. Documentação a apresentar
• Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento.
• Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo.

6. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Fonseca A, Prista L (1984). Manual de Terapêutica Dermatológica e Cosmetologia. Livraria
Roca Ltda. S. Paulo.
• Formulário Galénico Português (2001, 2005). CETMED/ANF, Lisboa.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.

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1.2. Pomada Hidrófila (FP IV)

1. Fundamento
Creme descrito em várias farmacopeias com a designação de Pomada Hidrófila. A técnica
de preparação consiste na obtenção da emulsão a partir da emulsificação da fase oleosa,
resultante da fusão e mistura dos componentes oleosos a 70-75 ºC, e da fase aquosa,
resultante da dissolução dos componentes hidrossolúveis em água. As fases, à mesma
temperatura (±70ºC), são adicionadas lentamente sob agitação constante.
Este creme não deve ser confundido com a Pomada Hidrófila (FGP.B.14), cuja
composição é diferente.

2. Fórmula
Álcool cetílico 4,5 g
Vaselina 2,5 g
Parafina líquida 5,0 g
Glicerina 5,0 g
Sulfato de laurilo e sódio 0,5 g
p-Hidroxibenzoato de metilo 0,05 g
Água purificada 32,5 g

3. Procedimento
Fundir a calor brando a mistura do álcool com a vaselina e a parafina líquida.
Dissolver com o auxílio do calor o p-hidroxibenzoato de metilo e o sulfato de laurilo e
sódio na mistura da glicerina com a água purificada.
Deixar arrefecer até 70 ºC, adicionar esta solução à fase oleosa e agitar até arrefecer.
Acondicionar em recipiente fechado.

4. Acondicionamento
Acondicionar em recipiente adequado, rotulado de acordo com as regras em vigor.

5. Aplicação
É um creme com aplicação em cosmética, servindo também de excipiente para a
veiculação de substâncias activas.

6. Documentação a apresentar
• Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento
• Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo

7. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
• Formulário Galénico Português (2001, 2005). CETMED/ANF, Lisboa.
• Fonseca A, Prista L (1984). Manual de Terapêutica Dermatológica e Cosmetologia. Livraria
Roca Ltda. S. Paulo.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.

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1.3. Creme de Ácido Salicílico e Enxofre a 2% (m/m)

1. Fórmula
Ácido salicílico 1,00 g
Enxofre precipitado 1,00 g
Cera Lanette N 6,0 g
Óleo de amêndoas 3,00 g
Água purificada 38,5 g

Esta fórmula é semelhante à indicada na monografia Salicylic Acid and Sulphur Ointment
(BPC 1973).

2. Procedimento
• Aquecer a cera e o óleo de amêndoas a 70 ºC, em cápsula inox.
• Aquecer a água purificada a 70 ºC.
• Verter, lentamente, a fase aquosa sobre a oleosa, agitando com vareta de vidro até
atingir a temperatura ambiente.
• Num almofariz, preparar uma pasta de ácido salicílico com, aproximadamente, 0,5 ml
de glicerina.
• Incorporar a pasta a frio no veículo.
• Adicionar aproximadamente 0,5 ml de glicerina ao enxofre e incorporar esta mistura a
frio no veículo.

3. Nota
O ácido salicílico é incompatível com os metais. A preparação do medicamento deverá ser
efectuada em cápsula de porcelana.

4. Acondicionamento
Acondicionar em recipiente adequado, rotulado de acordo com as regras em vigor.

5. Verificação e Controlo da Qualidade


Adequação do acondicionamento e conformidade da rotulagem. Outros ensaios descritos
em compêndios oficiais.

6. Acção farmacológica
Utilizado no tratamento da dermatite seborreica.

7. Documentação a apresentar
• Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento.
• Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo.

8. Bibliografia
• British Pharmaceutical Codex (1973). The Pharmaceutical Press. London.
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.
• Martindale - The Complete Drug Reference (2014). Pharmaceutical Press, London.
Disponível em: http://www.medicinescomplete.com/mc/martindale/current/

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5 SUPOSITÓRIOS
5.1 Supositórios de Paracetamol a 250mg

1. Fundamento
Um aspecto importante na formulação de supositórios é o factor de deslocamento, que é
a quantidade de excipiente correspondente ao volume ocupado por um grama de substân-
cia activa (quantidade de excipiente, em g, que é deslocado por 1 g de substância activa).
Como a massa dos supositórios é função do volume dos moldes, torna-se fundamental
conhecer a densidade quer do(s) excipiente(s) quer da substância activa.
I. Calibração dos moldes ou contentores: consiste em determinar a capacidade dos moldes
ou contentores, procedendo ao seu enchimento apenas com excipiente. Para tal, pesar,
individualmente, 20 supositórios, calcular a massa-média e o respectivo desvio padrão.
O coeficiente de variação deverá ser ≤ 4,5%.
II. Cálculo do factor de deslocamento.
III. Cálculo da quantidade de excipiente a utilizar usando a fórmula seguinte
M - quantidade de excipiente necessário por supositório (g)
F - massa média do supositório (g)
M=F–fxS f - factor de deslocamento da substância activa/excipiente
S - quantidade de substância activa por supositório (g)

2. Fórmula
Paracetamol 250 mg
Massa estearínica FP 9 q.b.p. 1 supositório
FSA

b
Figura 4 – a) Moldes de supositórios; b) Enchimento dos moldes.

3. Procedimento
Cálculo do factor de deslocamento
a) Determinar a massa média dos supositórios preparados apenas com excipiente.
b) Determinar a massa média dos supositórios preparados com 25% de substância
activa e 75% de excipiente.
c) Calcular o factor de deslocamento.
d) Calcular a fórmula unitária (quantidades de substância activa e de excipiente (tendo
em conta o factor de deslocamento) por supositório).
e) Calcular a fórmula do lote a preparar.

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4. Preparação dos supositórios
Fundir o excipiente em banho-maria a 40 ºC.
Dispersar o paracetamol no excipiente fundido, homogeneizar com misturador
adequado, evitando a incorporação de ar.
Arrefecer a mistura a 34 ºC, agitando com frequência.
Encher os moldes ou contentores com a massa preparada.
Deixar solidificar à temperatura ambiente.
Abrir os moldes e retirar os supositórios.
Acondicionar e rotular, de acordo com as normas vigentes.

5. Verificação e Controlo da Qualidade


Efectuar o teste de uniformidade de massa de preparações farmacêuticas apresentadas
em formas farmacêuticas unitárias, segundo técnica da FP 9 (2.9.5).
Outros ensaios considerados pertinentes.

6. Acção
Propriedades antipiréticas e analgésicas semelhantes às da aspirina, mas destituído de
actividade anti-inflamatória.

7. Documentação a apresentar
• Fluxograma da preparação laboratorial do medicamento.
• Ficha de preparação, incluindo cópia de rótulo.

8. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.

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5.2 Supositórios de glicerina (FP)

1. Fórmula
Glicerina 22,5 g
Estearato de sódio 2,5 g

2. Preparação dos supositórios


Siga a monografia FP 9 Supositórios de glicerina.

• De acordo com os moldes disponíveis, calcular a massa de cada constituinte


necessária para preparar 6 supositórios.
• Dissolver o estearato na glicerina, previamente aquecida em banho de água;
• Verter o líquido em alvéolos apropriados, de material plástico, de modo a obter
supositórios com cerca de 2,5 g. Encher os moldes ou contentores com a massa
preparada.
• Deixar solidificar à temperatura ambiente.
• Abrir os moldes e retirar os supositórios.
• Acondicionar e rotular, de acordo com as normas vigentes.

3. Verificação e Controlo da Qualidade


• Efectuar o teste de uniformidade de massa de preparações farmacêuticas apresentadas
em formas farmacêuticas unitárias, segundo técnica da FP 9 (2.9.5).
• Efectuar outros ensaios considerados pertinentes.

4. Bibliografia
• Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa.
• Prista L et al (2008). Tecnologia Farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.

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6 BIBLIOGRAFIA GERAL

A bibliografia específica de cada trabalho prático encontra-se descrita ao longo do


texto. Muitas das obras aqui citadas são de consulta facultativa.

1. Allen Jr LV (1995). Secundum Artem: current and practical compounding information for
the pharmacist. Disponível em:
http://www.paddocklabs.com/publications/secundum/secindex.html.
rd
2. Allen Jr LV (2008). The Art, Science and Technology of Pharmaceutical Compounding. 3
Edition. American Pharmaceutical Association. Washington.
nd
3. Allen Jr LV (2013). Remington: The Science and Practice of Pharmacy. 22 Edition,
Pharmaceutical Press, London.
4. Ansel HC, Allen Jr LV, Popovich NG (2011). Pharmaceutical Dosage Forms and Drug
Delivery Systems. 9th Edition. Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia.
rd
5. Aulton ME (2013). Pharmaceutics: Design and Manufacture of Medicines. 3 Edition.
Churchill Livingstone, Elsevier. Edinburgh.
6. Boas práticas de fabrico a observar na preparação de medicamentos manipulados em
farmácia de oficina e hospitalar. Portaria nº 594/2004
7. Boas Práticas de Farmácia (1995). Edição da Ordem dos Farmacêuticos e da Associação
Nacional das Farmácias.
8. British Pharmaceutical Codex (1973). The Pharmaceutical Press. London.
9. Collet DM, Aulton ME (1990). Pharmaceutical Practice. Churchill Livingstone, Edinburgh.
10. European Pharmacopoeia (2017). 9 th Edition, Council of Europe, Strasbourg.
11. Farmacopeia Portuguesa 9 (2009). INFARMED – Ministério da Saúde, Lisboa.
12. Fonseca A, Nogueira Prista L (1984). Manual de Terapêutica Dermatológica e
Cosmetologia, Livraria Roca Ltd. S. Paulo.
13. Formulário Galénico Português (2001, 2005, 2007). CETMED/ANF, Lisboa.
14. Lupi Nogueira A (1987). Formulação em Pediatria. Edição do Laboratório Militar de
Produtos Químicos e Farmacêuticos.
15. Martindale - The Complete Drug Reference (2014). Pharmaceutical Press, London.
Disponível em: http://www.medicinescomplete.com/mc/martindale/current/.
16. Prista LN, Correia Alves A, Morgado RMR, Sousa Lobo JM (2008). Tecnologia
Farmacêutica. Edição da Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.
17. Protocolo celebrado entre a DGCSP e a DGAF (1991). DR, 2ª, 164, de 19-6-1991.
18. Rowe RC, Sheskey PJ, Cook WG, Fenton ME (2014). Handbook of Pharmaceutical
Excipients. Disponível em: http://www.medicinescomplete.com/mc/excipients/current/
19. United States Pharmacopeia 39/NF34 (2016). United States Pharmacopeial Convention Inc.
Rockville, MD.

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