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REVISÃO

Infecção pelo citomegalovírus na gestação:


uma visão atual
Cytomegalovirus infection in pregnancy: a current view

Resumo
Felipe Ladeira de Oliveira1
Antonio Braga2
A infecção pelo citomegalovírus representa a mais prevalente infecção
Alessandra Caputo3
Jorge Fonte de Rezende-Filho4 correlacionada com deficiência neurológica congênita. Apesar da ocorrência da transmissão vertical em
Carlos Antonio Barbosa Montenegro5 taxas consideravelmente elevadas, nem sempre o feto é atingido. O risco de danos ao concepto é maior
quando a infecção materna se desenvolve no primeiro trimestre ou no início do segundo trimestre. O recente
Palavras-chave desenvolvimento de testes sorológicos que visam a detecção de IgM e IgG específico, além do teste de avidez
Citomegalovírus pelo IgG, representam os métodos mais confiáveis de diagnóstico da infecção materna, enquanto a amniocentese
Gestação (PCR no líquido amniótico), em conjunto com exames de imagem possuem um papel significativo na detecção
Testes sorológicos da infecção fetal. Apesar dos promissores estudos envolvendo novas técnicas de tratamento, a prevenção da
Keywords doença continua sendo fundamental, por meio dos bons hábitos de higiene pessoal. O presente artigo busca
Cytomegalovirus revisar os aspectos mais atuais da infecção congênita pelo citomegalovírus, assim como técnicas de diagnóstico,
Pregnancy tratamento e prevenção.
Serologic tests

Abstract Cytomegalovirus infection represents the most prevalent infection


correlated with congenital neurological deficit. Despite the high occurrence of vertical transmission rates, the
fetus is not always committed. The risk of fetal damage is higher when maternal infection develops in the first
trimester or early second trimester. The recent development of serological tests to detect specific IgM and IgG, as
well as by IgG avidity testing, represents the most reliable methods for diagnosis of maternal infection, whereas
amniocentesis (amniotic fluid PCR) associated with imaging methods have significant role in the detection of
fetal infection. Despite the promising new techniques for studies involving treatment, prevention remains crucial
through the good personal hygiene habits. The aim of this article is to review the most current aspects about the
cytomegalovirus congenital infection, as well as techniques for diagnosis, treatment and prevention.

1
Acadêmico de Medicina da Universidade Gama Filho (UGF) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
2
Professor-Adjunto Doutor de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) – Niterói (RJ), Brasil; Assistente Consultor
da 33ª Enfermaria (Maternidade) da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
3
Professora de Obstetrícia da UGF – Rio de Janeiro (RJ), Brasil; Médica do Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
4
Professor-Titular de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da UGF – Rio de Janeiro (RJ), Brasil;
Chefe da 33ª Enfermaria (Maternidade) da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
5
Professor-Titular de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFRJ e da UGF – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
Endereço para correspondência: Antonio Braga – Rua Alzira Brandão, 355 – apto. 106 – Tijuca – CEP: 20520-070 – Rio de Janeiro (RJ), Brasil –
E-mail: bragamed@yahoo.com.br
Oliveira FL, Braga A, Caputo A, Rezende-Filho JF, Montenegro CAB

Introdução pré-natal, avaliação da vitabilidade fetal e perspectivas terapêu-


ticas, além de medidas profiláticas e tratamento pós-natal dos
O citomegalovírus (CMV) humano é um beta-herpes vírus, conceptos acometidos.
isolado pela primeira vez em 19571 (C), sendo composto por dupla
fita de DNA linear2 (A). Assim como outros vírus pertencentes à Metodologia
família herpesviridae, o CMV compartilha propriedades de latência
e reativação3 (A). Trata-se de infecção cosmopolita, podendo ser Realizou-se revisão bibliográfica em bases de dados
transmitido através do contato interpessoal próximo com fluidos (PubMed e LILACS) utilizando-se as palavras-chave: “con-
corporais infectados, geralmente saliva, como também sangue, genital cytomegalovirus infection” e “neonatal screening
urina ou secreções genitais4 (D). for congenital cytomegalovirus” entre outubro de 2006 e
Dessa forma, a infecção durante a gravidez ocorre frequen- dezembro de 2011. Foram encontrados 446 artigos na base
temente devido ao contato próximo da prenhe com crianças de dados Pubmed e 63 estudos na base de dados LILACS,
jovens ou pela transmissão sexual. Importante ressaltar ainda a dos quais foram selecionados 51 trabalhos com metodolo-
sua característica endêmica, sem variações sazonais4 (D). gia adequada, consoante critério de relevância e nível de
A infecção primária em pacientes imunocompetentes é geral- recomendação. A despeito de privilegiar referências recen-
mente assintomática. Todavia, alguns hospedeiros desenvolvem tes com grau de evidência A e B, foram incluídas entre as
uma síndrome semelhante à mononucleose, com a presença de referências guidelines de sociedades médicas de reconhecida
vários sintomas: febre persistente, mialgia, astenia, linfadenopatia importância no cenário tocoginecológico.
cervical, sendo menos comum hepatite e pneumonia5 (D). Entre
aqueles com status imunológico deficiente (HIV positivo, trans- Discussão
plantados, pacientes sob uso de medicamentos imunosupressores
e fetos) repercussões clínicas mais graves são esperadas3 (A). Diagnóstico da infecção materna
No que tange à gravidez, transmissão transplacentária do Atualmente, técnicas laboratoriais representam decisivo
CMV pode determinar infecção congênita; que pode ocorrer método de detecção da infecção materna pelo CMV, já que
devido à infecção materna primária ou secundária, esta última apenas o diagnóstico clínico não denota confiabilidade plena,
causada pela reativação endógena do vírus ou exposição à nova devido à presença de sintomas inespecíficos e leves em forma de
cepa viral de origem exógena5 (D). síndrome mononucleose like4,5 (D). Contudo, o exame pré-natal
É o CMV a causa mais comum de infecção congênita viral, de rotina para CMV nunca foi recomendado de forma universal
ocorrendo em, aproximadamente, 1% de todos os recém- pelas autoridades de saúde pública; desse modo, o diagnóstico
nascidos6 (B). Tais taxas são mais elevadas nos Estados Unidos através da soroconversão materna, à mercê do aparecimento
e mais baixas na Europa, onde se situam entre 0,3 e 0,6% dos de anticorpos IgG CMV-específico em gestante previamente
recém-nascidos7 (D). De suma importância salientar que se espera soronegativa, é apenas ocasionalmente alcançado5 (D).
maior acometimento de fetos por CMV congênito que por qual- A demonstração da soroconversão materna, assim como a
quer outra desordem teratogênica, como, por exemplo síndrome detecção do anticorpo IgM específico, representam o padrão-
de Down, síndrome fetal alcoólica e espinha bífida8 (D). ouro no diagnóstico sorológico da primoinfecção pelo CMV,
A primo-infecção materna durante a gestação está associada sendo o último o mais adequado procedimento para o rastreio
a um maior risco de transmissão intrauterina, podendo alcançar em gestantes. O título de IgM eleva-se, em geral, entre um
até 40%. Nesses casos, é grave o comprometimento fetal, que e três meses após o início da doença (fase aguda); declinando
exibe icterícia, hepatoesplenomegalia, anomalias no sistema posteriormente (fase de convalescência)10 (B). No entanto, tal
nervoso central e crescimento intrauterino restrito5,9 (D, A). titulação pode permanecer em pacientes imunocomprometidos e
Felizmente, 85–90% das infecções congênitas são oriundas de até mesmo em imunocompetentes, já que níveis baixos podem ser
infecções maternas recorrentes, mais brandas que as repercussões detectados por mais de 12 meses10 (B). Fundamental mencionar
neonatais; não obstante, 5–15% desses conceptos irão apresentar a probabilidade de produção de IgM durante a reativação ou
sequelas, como surdez neurossensorial, atraso no desenvolvimento reinfecção, especialmente em imunocomprometidos10 (B), poden-
psicomotor e disacuidade visual5,6 (D, B). do ser detectado em até 10% das recorrências5 (D). Resultados
É objetivo desse estudo rever a citomegolovirose à luz da falso-positivos são comuns e podem surgir em pacientes que
gravidez, enfatizando aspectos clínicos, oportunidade de rastreio apresentam outras infecções virais (parvovírus B-19, Epstein-

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Infecção pelo citomegalovírus na gestação: uma visão atual

Barr vírus) ou por interferência do fator reumatoide da classe propedêutica ultrassonográfica elevara o valor preditivo positivo
IgM (comum nas doenças autoimunes)10,11 (B). do diagnóstico de anomalias cerebrais em fetos infectados pelo
Devido às limitações já descritas na detecção do anticorpo CMV. Assim, concluem os autores que as duas técnicas devem
IgM específico, pacientes com resultado positivo devem seguir a ser complementares.
investigação por meio do teste de avidez de IgG, frequentemen- Não obstante louvar-se da possibilidade de seguimento
te usado para a distinção entre infecção primária e recorrente, radiológico de fetos acometidos por CMV, o padrão-ouro do
notadamente nos casos de sorologias positivas para IgM e IgG. diagnóstico de infecção fetal pelo CMV é a análise do LA ob-
Durante as primeiras semanas que se seguem à infecção primária, tido por amniocentese. Com o objetivo de alcançar a mais alta
anticorpos IgG mostram baixa avidez pelo antígeno, porém pos- sensibilidade, a amniocentese deve ser realizada até 6–7 semanas
suem a capacidade progressiva e lenta de maturação, adquirindo, após o início da infecção materna e após 21 semanas de gestação,
inicialmente, média e, posteriormente, alta avidez. Dessa forma, já que uma quantidade detectável do vírus não é secretada no
anticorpos IgG específicos de baixa avidez são encontrados apenas LA após sete semanas de infecção fetal5,17 (D, B).
após a estimulação antigênica primária e, geralmente, duram Obtido o LA, inicia-se a procura direta pelo CMV em cultura
aproximadamente por 16–18 semanas após o início da infecção ou mediante pesquisa do genoma viral pela técnica da reação
pelo CMV10 (B). Assim, baixo índice de avidez, <30%, sugere da cadeia da polimerase (PCR). Caso ambos os métodos sejam
infecção primária recente por CMV12 (B); enquanto elevado índice negativos, a infecção fetal pode ser descartada com alto nível de
de avidez, >60%, denota infecção passada13 (B). certeza (especificidade=100% e valor preditivo negativo=94.2%).
No entanto, deve-se ressaltar a probabilidade de haver resultado
Diagnóstico da infecção fetal falso-negativo devido ao tempo inadequado de amniocentese,
Comprovada a infecção materna, é essencial verificar a pos- inapropriado transporte ou processamento da amostra, inibição
sibilidade de comprometimento fetal, mediante investigação da PCR por compostos do próprio LA e sensibilidade insatisfa-
diagnóstica, utilizando-se de técnicas não invasivas ou invasivas. tória intrínseca da PCR17 (B).
A vantagem da ultrassonografia nessa investigação, ademais por Não se recomenda o diagnóstico da infecção fetal pelo teste
ser um procedimento indene, repousa na capacidade de o método do IgM do sangue do cordão umbilical, um vez que se onera o
revelar anomalias estruturais ou de crescimento causadas pelo CMV. concepto com o risco imanente à cordocentese, bem como o fato
Todavia, à mercê de sua deficiente sensibilidade, malformações de muitos fetos infectados pelo CMV demorarem para produzir
são detectadas em não mais de 20% dos conceptos infectados, IgM específico, fazendo-o apenas em gestação avançada, o que
mesmo em investigações de populações selecionadas14,15 (B), fa- resulta em baixa sensibilidade desse método5 (D).
zendo com que essa ferramenta seja considerada apenas estratégia,
adjuvante para seguimento, não se prestando para diagnóstico Prognóstico
de infecção fetal. Ademais, anormalidades estruturais podem ser Não é dos desafios mais fáceis antever as repercussões perina-
diagnosticadas após longos períodos de testes negativos iniciais e tais da citomegalovirose congênita. Isso se deve às limitações do
alterações estruturais boderline, detectadas em estágios iniciais da diagnóstico de infecção fetal pelo CMV, uma vez que resultados
gestação, podem ser de caráter temporário14,15 (B). Os achados ul- positivos nas provas realizadas utilizando-se o LA, como isola-
trassonográficos mais comuns na infecção fetal pelo CMV incluem mento viral e PCR, não possuem a capacidade de discriminar
restrição do crescimento fetal, ventriculomegalia cerebral, ascite, conceptos que apresentarão sintomas ao nascimento daqueles
calcificações intracranianas periventriculares, alteração no volume saudáveis. Vital mencionar que ainda estão sendo estudados os
do líquido amniótico (LA) (sendo mais comum a oligodramnia), valores da carga viral no LA e sua possível função como marcadores
efusão pleural, calcificações hepáticas e rim hiperecogênico5 (D). prognósticos da infecção em neonatos. Até o momento, apenas
Não se pode olvidar do papel alviçareiro da ressonância nuclear o estudo conduzido por Guerra et al.18 (B) reportou que níveis
magnética (RNM) como um instrumento a mais de investigação de DNA acima de 1000 cópias/mL são preditivos de infecção
das repercussões da infecção fetal pelo CMV, notadamente se usada fetal; salientando-se que valores acima de 100 mil cópias/mL
em conjunto com a ultrassonografia. Com o objetivo de avaliar as são possivelmente preditivos de infecção congênita sintomática.
contribuições relativas à ultrassonografia e à RNM no diagnóstico Outro estudo mais recente revelou que os valores da carga viral
de anormalidades cerebrais em fetos infectados pelo CMV, Benoist em amostras de LA foram significativamente maiores no grupo
et al.16 (C) estudaram de forma retrospectiva 49 fetos infectados de fetos sintomáticos, em comparação aos não sintomáticos19 (B),
pelo CMV e concluíram que a incorporação da RNM junto à o que vem a corroborar essa estratégia propedêutica.

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Ademais da avaliação da carga viral, a investigação14 (B) su- tes infectadas e com amniocentese positiva para CMV foram
gere que a avaliação da contagem de plaquetas fetal, pela análise alocadas em dois grupos: tratamento (31 pacientes receberam
de sangue obtida por cordocentese, possui valor prognóstico 1–3 infusões de 200 UI da GIH), controle (14 pacientes foram
independente para desfecho desfavorável (que inclui infecção randomizadas para não receber o medicamento). No grupo de
disseminada quando a gestação é interrompida ou doença sin- mulheres tratadas, apenas uma originou um concepto infectado,
tomática em recém-nascidos) nos casos de plaquetopenia. Essa enquanto sete das 14 mulheres não tratadas conceberam infantes
avaliação, todavia, deve ser considerada apenas prognóstica, não com comprometimento neurológico grave. Um outro braço do
sendo recomendada com finalidade diagnóstica, ficando reservada mesmo estudo considerou o tratamento de mulheres infectadas,
nos casos de infecção fetal comprovada. mas sem sinal de comprometimento fetal, para as quais a GHI
Diagnosticada infecção fetal por CMV, ultrassonografias seria- teria efeito preventivo. Dessas, 37 pacientes foram tratadas com
das devem ser realizadas a cada 2–4 semanas, com o objetivo de 100 UI de GHI mensal até o parto (com 16% de infecção fetal
procurar sinais da infecção pelo CMV, os quais podem auxiliar na subsequente), enquanto 65 pacientes na mesma condição não
previsão do desfecho. Recentemente, estudo de coorte analisando- receberam tratamento (com 40% de infecção fetal)19 (A).
se 154 fetos infectados por CMV, reportou valor ultrassonográfico A publicação mais recente do mesmo grupo do estudo
preditivo de recém-nascidos sintomáticos de 78%15 (B). anterior relatou a regressão de anormalidades fetais cerebrais
Achados intracranianos inequívocos de infecção antenatal devido à infecção primária por CMV após terapia com GHI em
pelo CMV (como, por exemplo: ventriculomegalia, calcificações três pacientes. O desenvolvimento sensorial, motor e mental
periventriculares, microcefalia, polimicrogiria e hipoplasia cere- desses pacientes, durante o seguimento clínico, foi normal aos
belar) são geralmente associados a prognóstico clínico negativo, quatro e sete anos de idade. Em contraste ao achado anterior,
levando muitas gestantes à interrupção da gravidez20 (B). sintomatologia de grave comprometimento cerebral foram
diagnosticados em infantos nascidos de pacientes que não re-
Prevenção da infecção congênita e tratamento ceberam GIH23 (C).
Não obstante, os avanços nas técnicas de diagnóstico da Sobre o tratamento pós-natal, há evidências que sugerem o
infecção fetal pelo CMV e o tratamento ainda representam um benefício do ganciclovir no tratamento de infecção congênita
desafio, não havendo método padronizado e totalmente efetivo. pelo CMV em neonatos. Estudo recente sugere que seis semanas
Dessa forma, a prevenção ainda representa importante ferramenta de ganciclovir intravenoso para infantes com infecção sinto-
no sentido de minimizar o risco de infecção congênita. mática pelo CMV, que envolva o sistema nervoso central, pode
Sendo assim, algumas das recomendações para gestantes melhorar o desenvolvimento neurológico aos 6 e aos 12 meses
CMV-soronegativas não devem ser esquecidas: lavar as mãos de idade, quando comparados aos infantos que não receberam
após a troca de fraldas ou limpeza de secreções, não utilizar os esse tratamento24 (A).
mesmos utensílios de cozinha ou o mesmo copo que as crianças,
não beijar crianças muito jovens na bochecha ou boca; demais Considerações finais
das medidas de higiene geral. Recentemente, Vauloup-Fellous
et al.21 (B) reportaram que aconselhamento acerca de higiene Por ocupar o pináculo das causas infecciosas com morbimor-
administrado durante a gravidez reduz a taxa de soroconversão, talidade perinatal, é a citomegalovirose na gravidez a doença
motivando a equipe obstétrica nesse cuidado. das mais importantes na especialidade. De tal sorte, devem os
O desenvolvimento de vacina contra o vírus representa uma obstetras adestrarem-se em seu rastreio, antevendo a infecção
das prioridades no cenário atual dessa doença. Em 2009, foram fetal, já que em estudo nacional realizado no Mato Grosso do
publicados os primeiros resultados de estudo sobre vacina que Sul observou-se 0,05% de casos IgM reagentes para CMV, sendo
contém glicoproteína B recombinante do envelope do CMV 17,9% das gestantes susceptíveis e 82% previamente expostas,
com o adjuvante MF59. Concluíram os autores que essa vacina demonstrando a prevalência do CMV no rastreio pré-natal25 (C).
apresenta potencial de reduzir a incidência de casos de infecção Demais disso, a pesquisa de drogas para o tratamento e vacinas
materna e congênita pelo CMV; todavia, estudos futuros (de preventivas constituem-se o grande desafio para os pesquisa-
estudo fase III) são necessários para confirmar a eficácia22 (A). dores do tema. Enquanto não se progride nessa seara, medidas
Sobre o tratamento da infecção congênita pelo CMV, traba- educativas de prevenção devem ser estimuladas e difundidas
lhos demonstram a eficácia da globulina hiperimune (GIH) na entre mulheres em idade fértil, inclusive gestantes, no sentido
infecção primária materna. Em uma das pesquisas, 45 pacien- de evitar a infecção pelo CMV.

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Leituras suplementares
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