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ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS

E A ABORDAGEM
POR COMPONENTES
NO CONTEXTO
DO SNC

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Isabel Maria Pereira Faustino DOCENTE DA ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO DO I.P.C A.

mas poderão também mudar a forma como o negócio é gerido, ao


1. Enquadramento requerer alterações nos sistemas informáticos, sistemas de reporting
e nos processos de recolha de dados e consolidação de informação
1.1 NORMATIVO CONTABILÍSTICO financeira.
Com vista à primeira apresentação das demonstrações financeiras
Com a entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilístico de acordo com as Normas de Contabilidade e Relato Financeiro,
para os exercícios contabilísticos iniciados em ou após 1 de Janeiro aplica-se a NCRF 3 – Adopção pela Primeira Vez das Normas
de 20101 procurou-se adaptar os princípios contabilísticos geralmente Contabilísticas e de Relato Financeiro. É uma norma transitória, que
aceites em Portugal às Normas Internacionais de Relato Financeiro apenas tem aplicabilidade na data de transição para as NCRF.
(IFRS) o que se tem traduzido num processo crítico para as empresas, A NCRF 3 requer que a entidade efectue relativamente ao balanço
uma vez que introduziu um conjunto de conceitos que diferem de abertura, preparado de acordo com as NCRF, o seguinte:
substancialmente dos princípios contabilísticos geralmente aceites · identificar a data de elaboração das demonstrações financeiras
em Portugal que vigoraram até 31 de Dezembro de 2009 através NCRF;
do Plano Oficial de Contabilidade (POC). · seleccionar as políticas contabilísticas a serem utilizadas pela
As IFRS/IAS eram no entanto de aplicação obrigatória para as entidade;
entidades cujos valores mobiliários estivessem admitidos à · decidir sobre a aplicação das isenções facultativas à aplicação
negociação em bolsa para a apresentação das demonstrações retrospectiva das NCRF;
financeiras consolidadas, para os exercícios contabilísticos iniciados · seguir as excepções obrigatórias à aplicação retrospectiva das
em, ou após 1 de Janeiro de 2005, ou, no caso de serem entidades NCRF;
que apenas apresentassem demonstrações financeiras individuais, · preparar um balanço de abertura de acordo com as NCRF; e,
para os exercícios contabilísticos iniciados em, ou após 1 de Janeiro · explicar os efeitos da transição.
de 2007. As demais entidades poderiam aplicar as IFRS/IAS de
forma voluntária, conforme previsto no DL 35/2005. 1.3 LIGAÇÃO ENTRE O SNC E O CÓDIGO DO IRC
A revogação do POC e legislação complementar e a criação do
Sistema de Normalização Contabilístico, vem na linha da Com a aprovação do Sistema de Normalização Contabilístico, mais
modernização contabilística ocorrida na UE. A estrutura conceptual, próximo das Normas Internacionais de Contabilidade, o Código do
as bases de apresentação, os modelos das Demonstrações Financeiras IRC e legislação complementar foram alterados de forma a adaptar
e as Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF) têm por as regras de determinação do lucro tributável a essas alterações
base as IAS/IFRS emitidas pelo IASB e assumidas e publicadas pela contabilísticas.
UE. Apesar de continuarem a existir diferenças entre os critérios
Assim, os princípios contabilísticos geralmente aceites nos quais se contabilísticos definidos no novo normativo e os critérios fiscais
baseia o SNC, tal como expresso no ponto 1.4 do anexo do SNC, estabelecidos no Código do IRC, estas foram minimizadas.
devem subordinar-se, sempre que este não contemple aspectos Uma área onde permanecem diferenças entre o tratamento
particulares de transacções ou situações em matéria de contabilização contabilístico e o tratamento fiscal é na área dos Activos Fixos
ou de relato financeiro, supletivamente e pela ordem indicada: Tangíveis. Assim, mantêm-se as características essenciais no regime
1 às IAS/IFRS, adoptadas ao abrigo do Regulamento (CE) n.º das depreciações, pelo que as diferenças entre os critérios
1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho; contabilísticos e os fiscais se manterão, o que pode implicar a origem
e, 2 às IFRS/IAS, emitidas pelo IASB, e respectivas interpretações de significativas diferenças.
SIC/IFRIC.

1.2 EFEITOS DA ADOPÇÃO DO SNC


2.NCRF-Activos Fixos Tangíveis
Os efeitos da adopção do SNC, e consequentemente das NCRF são
diversos e amplos, com implicações muitas vezes entendidas, de Esta Norma Contabilística e de Relato Financeiro tem por base a
forma simplista, como restritos aos efeitos nas demonstrações Norma Internacional de Contabilidade IAS 16 – Activos Fixos
financeiras da adopção do novo normativo contabilístico. Tangíveis, adoptada pelo texto original do Regulamento (CE) nº
A implementação das novas Normas exige, uma familiarização com 1126/2008 da Comissão, de 3 de Novembro.
uma terminologia contabilística diferente e requer também uma O objectivo desta NCRF é o de prescrever o tratamento contabilístico
alteração de entendimento no que diz respeito aos objectivos para activos fixos tangíveis, para que os utentes das demonstrações
essenciais da informação financeira. Todas estas vertentes financeiras possam discernir a informação acerca do investimento
pressupõem seguramente um período de adaptação, por parte de de uma entidade nos seus activos fixos tangíveis, bem como as
todas as pessoas-chave das entidades envolvidas ao longo do alterações nesse investimento. Os principais aspectos a considerar
processo de elaboração, supervisão e divulgação. na contabilização dos activos fixos tangíveis são o seu
O SNC e as NCRF não terão apenas impacto na função financeira, reconhecimento e mensuração.

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CONTABILIDADE

Os activos fixos tangíveis são os activos detidos para o uso na 2.2 MENSURAÇÃO NO RECONHECIMENTO
produção ou fornecimento de bens ou serviços, para arrendamento
a outros, ou para fins administrativos, e que se espera sejam usados Os bens do activo fixo tangível são inicialmente mensurados ao seu
durante mais do que um período. custo. Se o seu pagamento for diferido, a diferença entre o equivalente
Muitas questões nesta área podem ser colocadas aos responsáveis ao preço a dinheiro e o pagamento total é reconhecida como juro.
pelas demonstrações financeiras e aos revisores/auditores que Contudo, o custo de um activo pode incluir o valor relativo a juros
emitem uma opinião sobre se essas demonstrações financeiras (aquisição com recurso a crédito), de acordo com o tratamento
apresentam de forma verdadeira e apropriada, em todos os aspectos alternativo permitido na NCRF 10 – Custos de Empréstimos Obtidos4.
materialmente relevantes, a posição financeira da Entidade, O custo de um determinado bem deve incluir:
nomeadamente: · o preço de compra, incluindo direitos de importação e impostos
· Deve capitalizar-se um determinado dispêndio, ou deve ser registado não reembolsáveis e excluindo descontos comerciais e abatimentos;
directamente a resultados do período? · dispêndios necessários para colocar o activo na localização e condição
· O que deve ser incluído no custo de um activo fixo tangível? necessárias para operar da forma pretendida; e,
· Como deve ser mensurado um bem após o seu reconhecimento · estimativa do custo de desmantelamento e remoção do bem e de
inicial? restauração do local onde está localizado.
· A mensuração subsequente de um activo fixo tangível deve Os custos a incluir para a colocação do bem em funcionamento
considerar o valor residual do bem no fim da sua vida útil? cessam a partir do momento em que o mesmo esteja em condições
· No cálculo das depreciações dos activos fixos tangíveis, qual o de poder operar.
critério mais adequado? Qual a vida útil de um bem?
· Um determinado activo fixo tangível pode ser subdividido? Diferenças entre o SNC e o POC
Corresponde essa divisão aos componentes de um determinado Não existem diferenças significativas entre o SNC e POC no que
bem? Deve ser separado nos seus diversos componentes? Esses respeita ao reconhecimento inicial de um activo fixo tangível.
componentes podem ter vidas úteis diferentes?
· Como devem ser tratadas as perdas por imparidade? Implicações fiscais
· Existem diferenças entre os critérios contabilísticos e os critérios Fiscalmente, passa a ser possível a capitalização dos custos dos
fiscais? empréstimos obtidos directamente associados a elementos
· Quando e em que condições se deve proceder ao desreconhecimento depreciáveis, por via da sua inclusão no seu custo de aquisição ou
de um activo fixo tangível? produção, quando os mesmos respeitarem ao período anterior à
Vejamos então, os principais aspectos relativos à NCRF 7 – Activos entrada em funcionamento ou utilização desses activos, e desde
Fixos Tangíveis, incluindo uma breve comparação com o POC e as que tal período seja superior a 1 ano (no regime anterior, o período
principais diferenças e implicações a nível fiscal, decorrentes da mínimo era de 2 anos).
aplicação do novo regime contabilístico, nomeadamente a nível do No entanto, poderão subsistir diferenças entre o critério contabilístico
Código do IRC2 e no que respeita ao Decreto Regulamentar 25/20093. e fiscal, se a entidade capitalizar custos dos empréstimos obtidos
por um período inferior a 1 ano.
2.1 RECONHECIMENTO DE UM ACTIVO FIXO TANGÍVEL Elimina-se a obrigação de evidenciar separadamente na contabilidade
a parte do valor dos imóveis correspondente ao terreno, transferindo
essa exigência para o processo de documentação fiscal.
Quando se decide se um determinado dispêndio deve ser capitalizado
ou, alternativamente registado directamente em resultados de um
período, isto está relacionado com a definição de activo constante
2.3 MENSURAÇÃO APÓS RECONHECIMENTO
na estrutura conceptual das normas, nomeadamente no conceito
Os activos fixos tangíveis podem ser contabilizados usando o modelo
subjacente à definição de Activo a qual corresponde a um recurso
do custo ou o modelo de revalorização:
controlado pela entidade, proveniente de acontecimentos passados,
· Modelo do custo – o activo é escriturado pelo seu custo menos
do qual se espera que fluam para a entidade benefícios económicos
qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas por imparidade
futuros.
acumuladas;
De acordo com a NRCF 7, um custo de um item de activo fixo deve
· Modelo de revalorização (justo valor) – o activo é escriturado pela
ser reconhecido se, e apenas se:
quantia revalorizada, a qual corresponde ao seu justo valor à data
a) For provável que futuros benefícios económicos associados ao
da revalorização, deduzida de depreciações e perdas de imparidade
item fluam para a entidade; e,
acumuladas.
b) O custo do item puder ser mensurado fiavelmente. De acordo com o modelo de revalorização, esta contabilização deve
Assim, a questão principal a ter em consideração na tomada de ter por base a política contabilística seleccionada pela entidade,
decisão sobre a capitalização ou o registo em custos do período, podendo optar por diferentes modelos, para diferentes classes de
prende-se com a questão de saber se o activo irá proporcionar activos fixos. Isto significa que se um elemento do activo fixo tangível
benefícios económicos futuros à entidade, nomeadamente pela sua for revalorizado, então toda a classe à qual pertença esse activo
utilização na produção de bens e/ou serviços para serem vendidos também deve ser revalorizada.
e/ou prestados pela entidade. Devem ser efectuadas revalorizações regulares, de modo a que a
Adicionalmente, sempre que um determinado activo seja composto quantia escriturada não difira materialmente daquele que seria o
por diversas partes que representem um montante significativo justo valor à data do balanço. Assim, a sua frequência dependerá da
face ao montante total do bem, tenham vida útil diferente ou variação ocorrida nos justos valores.
proporcionem um benefício distinto, a sua contabilização deve ser Os aumentos na quantia escriturada por revalorização devem ser
efectuada por componentes, o que é diferente face à prática seguida creditados directamente no capital próprio. No entanto, o aumento
pela maioria das entidades por via da utilização do POC. deve ser reconhecido nos resultados até ao ponto em que reverta
um decréscimo de revalorização do mesmo activo previamente
reconhecido nos resultados.

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CONTABILIDADE

As diminuições de um activo por revalorização são levadas ao capital balanceamento entre os rendimentos que gera e os gastos
próprio, até ao montante dos excedentes de revalorização existentes, decorrentes do seu uso.
sendo o remanescente considerado gasto do período. Para o apuramento da depreciação a registar nas demonstrações
financeiras, há que atender aos seguintes aspectos:
Diferenças entre o SNC e o POC
A NCRF 7 permite o justo valor como critério valorimétrico dos Depreciação por componentes
activos fixos tangíveis, desde que as revalorizações sejam efectuadas A NCRF 7 requer a depreciação por componentes para os activos
de forma regular, o que por norma não acontecia no POC. No POC que sejam compostos por várias partes, designadas componentes.
A depreciação deve ser efectuada separadamente para os
o reconhecimento inicial era efectuado pelo custo de aquisição ou
componentes identificados como significativos em relação ao custo
produção, sendo pontualmente registadas reavaliações legais e
total do bem.
eventualmente reavaliações livres, que reflectiam o justo valor num Esta abordagem deve ser utilizada tendo em conta o custo/benefício
determinado momento, mas que não eram normalmente realizadas na determinação dos componentes e respectiva vida útil, isto é, só
de forma regular, de modo a reflectir o justo valor dos activos em faz sentido segui-la quando o seu valor é significativo e quando a
cada período de relato. vida útil de cada um dos componentes for significativamente
diferente.
Implicações fiscais
Na mensuração dos elementos do activo há possibilidade de opção Quantia depreciável
entre o modelo do custo e o modelo de revalorização; porém, os A quantia depreciável de um activo fixo tangível deve ser imputada
ajustamentos de revalorização não assumem relevância fiscal, pelo numa base sistemática durante a sua vida útil, após a dedução do
que desta forma, devem ser registados impostos diferidos passivos, valor residual do activo.
os quais são deduzidos à rubrica de excedentes de revalorização do O valor residual de um activo é a quantia estimada que uma entidade
capital próprio. obteria correntemente pela alienação de um activo, após a dedução
No momento da transição para as NCRF, caso a entidade tenha dos custos de alienação estimados, se o activo já tivesse a idade e
anteriormente registado reavaliações legais e opte pelo modelo do as condições esperadas no final da sua vida útil.
O valor residual é estimado em função de activos similares que
custo, a reserva de reavaliação que estava registada nos capitais
chegaram ao final da sua vida útil. Em muitos casos, o valor residual
próprios da entidade é transferida para reservas (indisponíveis
de um activo é muitas vezes insignificante, porque é abatido, e por
enquanto não se encontrarem realizadas), mantendo-se no entanto
isso imaterial no cálculo da quantia depreciável.
para efeitos fiscais o procedimento que existia até então, isto é, 60% Por exemplo, consideremos que uma determinada entidade adquiriu
do seu valor continua a não ser aceite para dedução fiscal, pelo que uma máquina que custou 20.000 euros. A entidade pretende utilizar
para o efeito a empresa deverá manter o registo de impostos diferidos a máquina por um período de três anos e depois alienar a máquina
passivos. para o mercado de segunda-mão pelo montante de 5.000 euros
(deduzido dos respectivos custos de venda). Assim, o seu valor
2.3.1 DEPRECIAÇÃO residual é de 5.000 euros, e a quantia depreciável de 15.000 euros,
a qual será depreciada por um período de três anos.
Os activos fixos tangíveis possuem normalmente uma vida útil O valor residual de um bem deve, de acordo com a NCRF 7, ser revisto
limitada, e como tal devem ser depreciados em função da sua pelo menos no final de cada período de relato, sendo, se for caso
utilização por parte de cada entidade, efectuando-se um disso, registado como uma alteração de estimativa5 .

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CONTABILIDADE

política de utilização dos seus activos distinta de outras entidades


e como tal atribuir vidas úteis diferentes aos seus activos.
Desta forma, cada entidade deve efectuar uma estimativa da vida
útil dos seus bens, a qual resulta do seu julgamento, baseado na sua
experiência com activos semelhantes. Nessa estimativa, a entidade
deve ter em consideração:
· o uso esperado do activo. O uso é avaliado por referência à capacidade
ou produção física esperada do activo;
· os limites legais (ou outros) de utilização do bem;
· a obsolescência técnica ou comercial;
· o desgaste de utilização do bem (por exemplo considerando o
número de turnos durante os quais o bem é utilizado).
Em função de diversos factores que contribuem para a determinação
da vida útil de cada bem, a mesma entidade pode igualmente atribuir
vidas úteis diferentes para o mesmo tipo de bem e seus componentes,
tendo em consideração a utilização específica que faz de cada um
deles.
No final de cada exercício, a NCRF 7 requer que seja efectuada uma
revisão das vidas úteis dos activos fixos tangíveis, efectuando a sua
alteração caso se considere essa a estimativa mais adequada, e
efectuando uma alteração na vida útil remanescente dos bens em
causa7 .

Diferenças entre o SNC e o POC


Uma das principais diferenças que decorre da introdução do novo
sistema de normalização contabilística respeita à abordagem por
componentes e à definição das respectivas vidas úteis dos bens,
uma vez que a prática em Portugal diz-nos que as depreciações são
calculadas com base nas taxas máximas previstas no DR 2/90 e não
nas suas vidas úteis, e que os bens do activo fixo tangível não são
depreciados por componentes.

Implicações fiscais
Mantém-se a obrigatoriedade de reconhecer contabilisticamente
os gastos com as depreciações dos activos, não obstante se permitir
que esse reconhecimento seja efectuado nos exercícios anteriores.
A dedutibilidade fiscal das depreciações que não sejam consideradas
gastos fiscais no período de tributação em que são contabilizadas,
por excederem as importâncias máximas permitidas, deixa de
depender da regularização contabilística nos períodos seguintes,
bastando que anualmente não seja ultrapassada a depreciação fiscal
máxima permitida.
Métodos de depreciação
Isto significa, que caso uma entidade atribua uma vida útil superior
O método de depreciação seleccionado por cada entidade deve
e deprecie contabilisticamente o activo tendo em consideração essa
reflectir o modelo por que se espera que os futuros benefícios
taxa, não necessita de efectuar qualquer movimentação contabilística,
económicos do activo sejam consumidos pela entidade, devendo
no(s) período(s) subsequente(s) para deduzir fiscalmente o excesso
ser revisto pelo menos no final de cada exercício, uma vez que
do valor depreciado face à taxa máxima fiscalmente dedutível.
poderão ocorrer alterações no modelo de consumo dos benefícios
Efectivamente, basta que para o efeito efectue a correcção no quadro
económicos futuros6. 7 do Modelo 22 e mantenha essa informação no dossier fiscal,
A norma define diversos métodos de depreciação que podem ser nomeadamente nos mapas de amortizações/depreciações fiscais,
utilizados, como por exemplo o método das quotas constantes, o devendo para o efeito efectuar o registo do respectivo imposto
método do saldo crescente e o método das unidades de produção, diferido activo.
devendo o método adoptado reflectir o modelo pelo qual os benefícios Passa ainda a prever-se expressamente a possibilidade de, mediante
económicos do bem são consumidos pela entidade e ser aplicado autorização da DGCI, serem praticadas e aceites para efeitos fiscais
de forma consistente, a menos que haja alterações no modelo depreciações inferiores às quotas mínimas que decorrem da aplicação
esperado de consumo de benefícios económicos provenientes do das taxas das tabelas anexas ao DR 25/2009.
bem. Caso a entidade utilize taxas de depreciação inferiores às quotas
mínimas que decorrem da aplicação das taxas das tabelas anexas
Vida útil ao DR 25/2009 e não efectuar o procedimento acima referido ou
A vida útil, de acordo com a NCRF 7, é o período durante o qual uma não venha a obter a autorização por parte da DGCI, deve considerar
entidade espera que o bem esteja disponível para sua utilização. o efeito da perda fiscal que irá incorrer, mediante o registo do
A vida útil de um bem pode ser diferente da sua vida económica, respectivo imposto diferido passivo.
uma vez que esta última corresponde à utilização do bem por uma Salvo por razões devidamente justificadas e aceites pela DGCI, as
ou mais entidades. Assim, uma determinada entidade pode ter uma depreciações só são consideradas para efeitos fiscais a partir da sua

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CONTABILIDADE

data de início de início de funcionamento ou utilização8. indicador que indicie a possibilidade de algum dos seus activos fixos
Para além dos métodos das quotas constantes e das quotas se encontrar sobrevalorizado, devendo em caso afirmativo estimar
decrescentes, passa a ser possível adoptar outros métodos de a perda potencial e proceder ao seu registo15.
depreciação sem necessidade de autorização da DGCI, desde que a
quota anual não exceda a que resultaria da aplicação daqueles Diferenças entre o SNC e o POC
métodos. No que se refere à imparidade dos activos fixos tangíveis, esta é
O limite máximo do custo unitário (produção ou aquisição) dos uma área onde não deveriam existir especiais diferenças face ao
activos fixos tangíveis que pode ser integralmente reconhecido POC, uma vez que tal já estava previsto nos critérios valorimétricos
como gasto fiscal num período de tributação passa para 1.000 euros das imobilizações. Esta não era todavia uma prática frequente e
(anteriormente este limite ascendia a 199,52 euros), desde que os usual, nomeadamente pelo facto de os ajustamentos decorrentes
mesmos não estejam integrados num conjunto de elementos que de perdas de imparidade não serem aceites fiscalmente. Desta forma,
devam ser depreciados como um todo. e atendendo à crise generalizada que se vive actualmente em
Não são aceites para efeitos fiscais os gastos com depreciações de diversos sectores, esta é uma área onde as entidades e os seus
viaturas ligeiras ou mistas, na parte correspondente ao custo de revisores/auditores devem observar com alguma atenção no final
aquisição superior a 40.000 euros (anteriormente o limite era de de cada período de relato, verificando a existência de indícios que
29.927,87 euros), bem como barcos de recreio e aviões de turismo possam denunciar que determinado activo fixo tangível possa estar
e todos os gastos com estes relacionados9 . sobreavaliado, o que a acontecer deve ser objecto de estimativa
sobre o potencial valor recuperável e reconhecida a respectiva perda
2.4 DESRECONHECIMENTO de valor.

O desreconhecimento de um activo fixo tangível realiza-se: Implicações fiscais


· no momento da alienação; ou As perdas por imparidade a reconhecer relativamente a activos fixos
· quando não se espere futuros benefícios económicos futuros do tangíveis podem relevar fiscalmente no exercício em que são
seu uso ou alienação. contabilizadas, desde que as mesmas sejam reconhecidas como
Quando um activo fixo tangível é alienado ou deixa desvalorizações excepcionais aceites pela DGCI. As perdas por
permanentemente de ser utilizado, deve ser reconhecido um ganho imparidade reconhecidas em activos tangíveis que não sejam
ou uma perda resultante da diferença entre o valor recebido e a dedutíveis como desvalorizações excepcionais, podem, ainda assim,
quantia escriturada do bem, a menos que se aplique outra norma, ser consideradas como gasto fiscal, em partes iguais, durante o
nomeadamente quando a entidade efectua uma venda seguida de período de vida útil remanescente desse activo ou até ao exercício
locação10. Se o recebimento for diferido, a diferença entre o equivalente da sua transmissão/abate.
ao preço a dinheiro e o reconhecimento total é reconhecida como
rédito de juros, reflectindo o rendimento efectivo sobre a conta a 2.6 DIVULGAÇÕES
receber11.
Quando um activo revalorizado é desreconhecido, o excedente de A NCRF 7 exige um conjunto de divulgações associadas aos activos
revalorização não é reconhecido em resultados, permanecendo em fixos tangíveis, as quais devem ser desenvolvidas com respeito a
capitais próprios pela transferência para resultados transitados. cada classe de activos fixos tangíveis. Para além da decomposição
Sempre que a quantia escriturada de um bem seja recuperável, dos montantes que constem das notas identificadas na face do
principalmente através de uma transacção de venda ao invés de Balanço, Demonstração dos Resultados, Demonstração das
um uso continuado, esse activo deve ser classificado como um activo Alterações no Capital Próprio e Demonstração de Fluxos de Caixa,
não corrente (ou um grupo para alienação) detido para venda12. Esse devem ainda, entre outras, ser efectuadas divulgações sobre: activos
activo deixa de ser depreciado e passa a ser mensurado pelo menor fixos tangíveis que possam ter sido dados como garantia de passivos
dos valores entre: (i) a sua quantia escriturada e (ii) o justo valor e restrições de titularidade, sobre compromissos contratuais para
menos os custos de vender. a sua aquisição ou ainda a quantia de dispêndios reconhecida na
quantia escriturada de um item do activo fixo tangível no decurso
Diferenças entre o SNC e o POC da sua construção.
Nesta aérea também não se verificam diferenças significativas face
ao POC.

Implicações fiscais 3. Abordagem por componentes


O DL 159/09 não introduz alterações à forma de apuramento de
mais e menos-valias fiscais, com as seguintes excepções: Como vimos anteriormente, sempre que um determinado activo é
Para efeitos do apuramento das mais e menos-valias fiscais de composto por um conjunto de componentes, que representem um
viaturas ligeiras de passageiros ou mistas13, as depreciações a montante significativo face ao montante total do bem e tenham
considerar são as praticadas sobre o valor de aquisição fiscalmente uma vida útil diferente ou proporcionem um benefício distinto, a
relevante (40.000 euros). sua contabilização deve ser efectuada por componentes. Esta
Não são aceites para efeitos fiscais as menos-valias decorrentes da abordagem implica que no caso de os componentes terem vidas
alienação de barcos de recreio, aviões de turismo e viaturas ligeiras úteis distintas, a sua depreciação se faça em função da vida útil
de passageiros ou mistas14, excepto na parte correspondente à estimada para cada um desses componentes.
depreciação fiscalmente aceite ainda não reconhecida como gasto A NCRF 7 não determina a unidade de medida para reconhecimento
do exercício. de um determinado item do activo fixo e dos seus componentes.
Assim, é necessário exercer juízos de valor para aplicar os critérios
2.5 IMPARIDADE DE ACTIVOS de reconhecimento às circunstâncias específicas de uma entidade.
Pode ser apropriado agregar itens individualmente insignificantes,
As entidades devem em cada período de relato, de acordo com a e aplicar os critérios aos valores agregados.
NCRF 12 – Imparidade de Activos, verificar a existência de algum Igualmente, a NCRF 7 refere que cada parte de um item do activo

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CONTABILIDADE

fixo tangível, com um custo que seja significativo em relação ao 3.1 COMPONENTES FÍSICOS
custo total do item, deve ser depreciada separadamente.
Assim, embora não seja definido o que é considerado significativo, Quando um dos componentes é um componente físico (por exemplo
ao contrário do que sucedia no POC, foi introduzida no actual um motor numa máquina) o valor atribuído ao componente deve
normativo, nomeadamente nas bases para a apresentação de ser determinado em relação ao seu custo.
demonstrações financeiras e na estrutura conceptual, a definição Mas que deve uma entidade fazer quando adquire um activo fixo
de materialidade, onde se refere que a relevância da informação é tangível por um determinado valor e não tem informação sobre o
afectada pela sua natureza e materialidade, sendo a informação valor dos diversos componentes que o integram?
material se a sua omissão ou inexactidão influenciarem as decisões Nessas circunstâncias o custo individual de cada componente deve
económicas dos utentes, tomadas tendo por base as demonstrações ser solicitado ou à entidade que efectuou a venda do activo, ou
financeiras. A materialidade depende da dimensão do item ou do calculando através do recurso a preços correntes de mercado (se
erro julgado nas circunstâncias particulares da sua omissão ou possível), ou determinado através de algum método que permita a
distorção. Por conseguinte, a materialidade proporciona um patamar sua estimativa (exemplo: avaliação).
ou ponto de corte, não sendo uma característica qualitativa primária
que a informação tenha de ter para ser útil. Um dos exemplos onde esta situação ocorre frequentemente é na
Desta forma, cabe aos responsáveis pela entidade a preparação de aquisição de edifícios: em muitas situações uma entidade adquire
demonstrações financeiras que apresentem de forma verdadeira e um edifício sem contudo ter informação acerca dos seus
apropriada a posição financeira da Entidade, nomeadamente através componentes (exemplos: terreno, estrutura do edifício, instalações
da sua correcta apresentação, selecção e aplicação de políticas eléctricas, de água, de esgotos, de ar condicionado ou elevadores,
contabilísticas adequadas e a obtenção de estimativas contabilísticas janelas/fachadas, etc.), as quais podem ter vidas úteis distintas.
razoáveis, tendo em conta as circunstâncias, cabendo ao Nessas circunstâncias, algumas opções podem ser consideradas,
revisor/auditor a responsabilidade de expressar uma opinião nomeadamente:
profissional e independente, baseada no seu exame sobre as referidas · A entidade compradora consegue obter junto da entidade que
demonstrações financeiras. efectuou a construção do edifício o detalhe do custo afecto a cada
Isto significa que embora a norma preveja a contabilização por um dos componentes (pode obter para o efeito o orçamento que
componentes, tal não significa que esta divida os bens num número serviu de base à adjudicação da construção e/ou aos respectivos
significativo de componentes, se o seu efeito nas demonstrações autos de medição da obra);
financeiras for considerado imaterial. Esta é uma abordagem que · A entidade compradora não consegue obter o detalhe do valor da
requer bom senso, pois deve avaliar-se a relação custo/benefício construção, devendo para esse efeito da determinação dos
para a sua aplicação prática. Só deve ser individualizado um componentes obter uma avaliação com o detalhe da estimativa de
determinado componente quando a sua vida útil é substancialmente cada um dos componentes e respectivos valores;
diferente dos restantes componentes e se o seu valor é significativo. Adicionalmente, e para efeitos da depreciação (no modelo do custo),
a entidade deve estimar as vidas úteis dos componentes
Vejamos pois um exemplo: identificados. Mais uma vez, poderá ter que recorrer para o efeito a
Uma entidade adquire uma máquina para as suas instalações fabris uma avaliação de um perito para determinação das respectivas
por 200 mil euros. Essa máquina possui 4 componentes, dos quais vidas úteis dos diversos componentes do activo.
2 deles representam 80% do total do seu valor, correspondente a Adicionalmente, adiante veremos as implicações fiscais decorrentes
160 mil euros, com uma vida útil de 8 anos. Os restantes 2 desta situação.
componentes representam cada um deles, 10% do total do custo,
o que não é considerado significativo, tendo uma vida útil de 4 e 6 3.2 INCLUSÃO DE CUSTOS NA MENSURAÇÃO DOS
anos, respectivamente. ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS
Atendendo ao facto de os 2 últimos componentes não serem
considerados significativos, os mesmos serão considerados
3.2.1 CUSTOS INICIAIS
conjuntamente para efeitos de cálculo da sua depreciação. Considera-
Vimos anteriormente que na mensuração inicial dos activos fixos
se que o item deve ser registado considerando 2 componentes:
tangíveis são incluídos todos os custos necessários para colocar o
· Componente A – compreende os dois primeiros componentes, que
activo na localização e condição de funcionamento. Tais custos são
perfazem o montante de 160 mil euros, com uma vida útil de 8 anos;
por exemplo, custos de benefícios de empregados16, custos de
· Componente B – compreende os restantes 2 componentes, num
preparação do local, instalação e montagem e honorários.
valor total de 40 mil euros, com uma vida útil de 5 anos, que respeita
O valor inicial de um bem pode ainda resultar da realização de
à combinação das vidas úteis dos 2 componentes considerados.
trabalhos para a própria empresa, para os bens produzidos
A entidade deve considerar que este item se subdivide em 2
internamente. O custo de produção deve incluir os materiais directos
componentes, que terão de ser depreciados em função da sua vida
incorporados, a mão-de-obra directa e os encargos gerais de fabrico.
útil. Assim, a sua aplicação informática deve permitir identificar esta
Podem ainda ser incluídos como parte do seu custo, os custos de
máquina como um único item que por sua vez possui diversos
empréstimos obtidos17, incorridos na aquisição, construção ou
componentes, os quais possuem vidas úteis diferentes e como tal produção de activos que se qualifiquem, isto é, activos fixos tangíveis
utilizar taxas de depreciação diferentes. em curso.
Adicionalmente, embora os componentes de um activo fixo tangível Então, como devem ser capitalizados no valor inicial os diversos
devam ser contabilizados separadamente, as demonstrações dispêndios em que a entidade possa incorrer relativamente a um
financeiras continuam a apresentar esse activo como um único bem. activo fixo tangível? Devem esses custos capitalizados ser
Por exemplo, um avião é composto por diversos componentes, considerados componentes?
nomeadamente, fuselagem, motor, sistema hidráulico, assentos, Na medida em que os custos acima referidos devem integrar o valor
etc., embora seja apresentado globalmente na classe – “Aviões” e do bem, e serem depreciados pela mesma vida útil (modelo do custo),
numa rubrica específica – “Equipamento básico”. a entidade não deverá proceder à sua contabilização em contas

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CONTABILIDADE

distintas do activo. Esses custos devem ser integrados como parte correspondentes aos encargos financeiros do empréstimo contraído
do custo do bem, repartidos pelos vários componentes que o integram para o efeito da construção do Estádio, a qual decorreu por um
e ser depreciados em função das respectivas vidas úteis. período de 2 anos. Tendo por base a NCRF 10 – Custo de Empréstimos
Obtidos, a entidade concluiu sobre a possibilidade de capitalizar os
Vejamos um exemplo que pretende ilustrar o referido: encargos financeiros relativos ao empréstimo obtido.
Uma determinada entidade procedeu à construção de um Estádio Tendo por base o orçamento da obra e o auto de medição final da
de Futebol, num valor total de 95 milhões de euros (excluindo o obra foram determinados, os diversos componentes que fazem parte
valor do terreno), aos quais acresceram 2,6 milhões de euros, do activo, e as respectivas vidas úteis, como se pode verificar no
quadro seguinte:
mEuros

COMPONENTES VALOR VIDA ÚTIL


(anos)
EDIFÍCIO (estrutura) 28.120 50
ASCENSORES, MONTA CARGAS E ESCADAS MECÂNICAS 4.750 15
INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS, ÁGUA, GÁS 17.100 15
OBRAS DE PAVIMENTAÇÃO 5.225 20
EQUIPAMENTOS ACESSOS 4.275 10
INSTALAÇÃO AR CONDICIONADO 5.415 15
VEDAÇÕES E ARRANJOS EXTERIORES 1.235 15
FACHADAS (caixilharia) 3.800 15
DECORAÇÃO CAMAROTES 1.900 8
LUGARES ESTÁDIO 2.850 10
DIVERSOS 20.330 10
TOTAL 95.000

No componente “Edifício (estrutura)” foram ainda incluídos os No que se refere aos encargos financeiros incorridos, e uma vez que
seguintes dispêndios necessários à realização da obra: custos de o empréstimo associado à construção foi utilizado de forma global
preparação do terreno, incluindo custos de demolição de construções para toda esta construção, estes foram repartidos pelos vários
existentes, projecto de arquitectura, consultoria e fiscalização da componentes do activo fixo tangível, tendo em conta o peso de cada
obra, uma vez que estes custos foram necessários para iniciar e um deles relativamente ao valor total da obra, sendo os mesmos
colocar o activo apto a funcionar. reconhecidos pelo período de vida útil dos componentes a que foram
imputados:
mEuros

COMPONENTES VALOR VIDA ÚTIL PESO IMPUTAÇÃO


(anos) JUROS JUROS
EDIFÍCIO (estrutura) 28.120 50 29,6% 770
ASCENSORES, MONTA CARGAS E ESCADAS MECÂNICAS 4.750 15 5,0% 130
INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS, ÁGUA, GÁS 17.100 15 18,0% 468
OBRAS DE PAVIMENTAÇÃO 5.225 20 5,5% 143
EQUIPAMENTOS ACESSOS 4.275 10 4,5% 117
INSTALAÇÃO AR CONDICIONADO 5.415 15 5,7% 148
VEDAÇÕES E ARRANJOS EXTERIORES 1.235 15 1,3% 34
FACHADAS (caixilharia) 3.800 15 4,0% 104
DECORAÇÃO CAMAROTES 1.900 8 2,0% 52
LUGARES ESTÁDIO 2.850 10 3,0% 78
DIVERSOS 20.330 10 21,4% 556
TOTAL 95.000 100,0% 2.600

Adicionalmente, refira-se que foram considerados como parte do a que exista um balanceamento entre os benefícios e gastos de
custo de construção deste activo os custos estimados de utilização do bem ao longo da sua vida útil. O registo desta estimativa
desmantelamento e remoção do bem e de restauro, muito embora no custo de aquisição do bem fez-se por contrapartida do registo
venham a ser incorridos apenas no final da sua utilização, por forma para uma provisão18.

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CONTABILIDADE

Vejamos um exemplo de um activo que requer desmantelamento Vejamos pois um exemplo de um activo que requer substituições
e remoção no final da sua utilização: periódicas:
Consideremos uma entidade que se dedica à exploração suinícola Consideremos uma entidade que adquiriu uma nova fábrica com
tendo construído uma fábrica que inclui uma estação de tratamento um custo de 1 milhão de euros e que tem um valor residual de
de águas residuais, a qual terá de ser desmantelada após 18 anos 100.000 euros. Adicionalmente, esta fábrica tem telhado horizontal,
de utilização. O custo de construção da fábrica foi de 1,4 milhões de que precisa de ser substituído a cada 10 anos, a um custo de 100.000
euros e o custo actual estimado para o desmantelamento é de 100 euros.
mil euros. Adicionalmente, a taxa de desconto utilizada é de 5,5%. A entidade encontra-se a estudar duas alternativas:
· Alternativa 1: Considerar a nova fábrica como um único bem, e
Qual deverá ser o custo da fábrica? Quais os registos contabilísticos como tal, depreciar toda a fábrica pelo seu período de vida útil (30
que devem ser efectuados? anos), a que corresponde 30.000 euros de dotação anual de
O custo da fábrica corresponde ao seu valor de aquisição/produção, depreciação (900.00021 euros / 30 anos);
acrescidos dos custos de desmantelamento a incorrer no final da · Alternativa 2: Considerar o telhado como uma parte significativa
sua utilização. Uma vez que a estimativa desse custo é obtido para do item e depreciar o custo do telhado por um período de 10 anos,
a data presente, o mesmo deve ser descontado para o momento do correspondendo a 10.000 euros por ano.
seu pagamento, que ocorrerá no final dos 18 anos. Seja qual for a alternativa adoptada, no ano 10 - quando o telhado
Assim, teremos: for substituído - o valor líquido contabilístico atribuível ao valor do
Valor actual do custo de desmantelamento telhado substituído deve ser anulado.
= 100.000/(1+0,055)^18 = 38.147 euros Na alternativa 1 o valor do custo do telhado antigo e as suas
Valor do custo da fábrica depreciações acumuladas são 100.000 euros e 33.333 euros,
= 1.438.147 euros (1.400.000 + 38.147) respectivamente. Assim, terá de ser registado um gasto relativo ao
Adicionalmente, consideramos que esta entidade preenche os abate, no valor de 66.667 euros (o custo de substituição do novo
requisitos previstos no Código do IRC, relativamente à aceitação telhado de 100.000 euros é usado como valor aproximado para
para efeitos fiscais da provisão19 constituída, caso contrário, deveria determinar o valor do telhado antigo, uma vez que este não é
ser efectuado o correspondente registo de impostos diferidos determinável. Não é assumido qualquer valor residual para o cálculo
activos20, os quais seriam revertidos no momento da sua utilização. das amortizações acumuladas do telhado antigo).
Se a alternativa 2 for adoptada, o valor líquido contabilístico no ano
Registos contabilísticos: 10 será nulo e o custo e as depreciações acumuladas de 100.000
Ano n: Euros euros serão anulados, sem impacto em resultados.
Débito: Conta 432 - Edifícios e outras construções 1.438.147 As alternativas apresentadas pretendem ilustrar o princípio.
Crédito: Conta 12 - Depósitos à ordem 1.400.000 A alternativa 2 corresponde ao método mais correcto. Claramente,
Crédito: Conta 298 - Outras provisões 38.147 reflecte mais adequadamente os benefícios económicos da fábrica,
Ano n+1 a n+18 resultando num registo regular em resultados, de 36.667 euros por
Débito: Conta 6918 - Outros juros ano ao longo dos 30 anos de vida útil da fábrica. Como o componente
Crédito: Conta 298 - Outras provisões neste caso é significativo, a alternativa 2 é a requerida na NCRF 7.
Através do exemplo acima, verificámos que, quando no momento
O valor a registar em cada um dos anos será diferente e corresponderá inicial não tenha sido identificado um determinado componente de
ao valor constante em cada um dos anos na conta 298 – Outras um activo fixo tangível, se ao longo da sua utilização tiver de ser
provisões x taxa de desconto. substituído, então o valor correspondente ao seu valor líquido
(n+1: 38.147x5,5%=2.098; n+2: (38.147+2.098)x5,5%=2.213, e contabilístico deve ser desreconhecido, registando-se nas
assim sucessivamente) demonstrações financeiras o respectivo impacto.
No final do ano n+18, o valor registado na conta 298 – Outras
provisões, corresponderá ao custo de desmantelamento, ou seja Então e as renovações ou remodelações de activos fixos tangíveis
100.000 euros, caso a estimativa inicial não venha a ser corrigida. podem ser capitalizadas? São um componente?
Não existe qualquer orientação a esse respeito nas NCRF ou nas
3.2.2 BENFEITORIAS E GRANDES REPARAÇÕES IFRS. No entanto, nada obstará a que um bem que se encontre a
ser renovado/remodelado possa ser classificado como um activo se
De acordo com a NCRF 7, partes de alguns itens do activo fixo tangível esses custos se qualificarem para reconhecimento nos termos
poderão necessitar de substituições a intervalos regulares. A enunciados na NCRF 722. Esta é uma situação recorrente em Hotéis,
manutenção ou restauro dos activos fixos tangíveis é realizada para onde por vezes são realizadas obras significativas de renovação e
os manter num nível de desempenho idêntico e de forma a garantir de remodelação do imóvel.
os benefícios económicos futuros dos mesmos, devendo esses
dispêndios ser considerados custos do período em que são incorridos. Então e relativamente a benfeitorias e grandes reparações ou
Os montantes dispendidos posteriormente relacionados com activos renovações, podem os encargos financeiros correspondentes ser
fixos tangíveis que tenham já sido reconhecidos, devem ser capitalizados?
incrementados ao valor do activo quando for expectável que resultem Mais uma vez teremos de avaliar previamente se estes tipos de
num acréscimo de benefícios económicos futuros, casos das trabalhos se qualificam como activo e se têm uma duração
benfeitorias e grandes reparações. significativa. Se sim e mediante as condições previstas na NCRF 10,
Por outro lado, os dispêndios em reparações ou manutenção e a então os encargos financeiros associados a empréstimos obtidos
assistência ou revisão corrente de activos fixos tangíveis que não para o efeito, podem ser capitalizados no valor desses bens.
tenham reflexo ao nível dos benefícios económicos, são reconhecidos Mais uma vez, podemos referir o exemplo que frequentemente
como um gasto no período em que são incorridos. Caso existam ocorre num Hotel onde existe a política de capitalização de encargos
dúvidas sobre a existência de benefícios económicos futuros financeiros. Consideremos que o Hotel encerra para trabalhos de
adicionais, os dispêndios com benfeitorias devem reconhecer-se remodelação e renovação que serão capitalizados, por um período
como gasto. de 18 meses. Os custos com empréstimos obtidos relacionados com

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CONTABILIDADE

a renovação devem ser capitalizados, uma vez que os trabalhos vão Tal facto significa que caso a entidade opte por aplicar critérios
ocorrer por um período significativo e a capitalização é consistente contabilísticos para o cálculo das depreciações diferentes dos critérios
com a política seguida pela entidade. A forma de repartição dos fiscais, não é penalizada fiscalmente, desde que efectue os
encargos financeiros segue a mesma abordagem da exemplificada procedimentos previstos na legislação para o efeito.
no exemplo anterior, sempre que tenham sido identificados Assim, no caso de a entidade utilizar para o cálculo das depreciações
componentes da renovação. a registar contabilisticamente taxas de depreciação mais aceleradas
do que as previstas no DR 25/2009, tal dará origem ao
3.3 AS IMPLICAÇÕES FISCAIS DECORRENTES reconhecimento de um imposto diferido activo. Inversamente, se
DA APLICAÇÃO DO NOVO REGIME APLICADAS as taxas de depreciação contabilísticas forem inferiores às previstas
À ABORDAGEM POR COMPONENTES no DR 25/2009, tal dará origem ao reconhecimento de um imposto
diferido passivo.
Uma das principais diferenças que decorre da introdução do novo
sistema de normalização contabilística respeita à abordagem por
componentes e a definição das respectivas vidas úteis dos bens. A
prática em Portugal diz-nos que as depreciações são calculadas com
4. Efeitos da aplicação
base nas taxas máximas previstas no DR 2/90 e não objectivamente, da NCRF 3 nos activos fixos
de acordo com a sua vida útil, ao contrário do preconizado no POC,
e que os bens do activo fixo tangíveis não são depreciados por
tangíveis
componentes.
Uma das alterações incorporadas no DR 25/2009 tem a ver com a 4.1 ACTIVO BRUTO
dedutibilidade fiscal das depreciações, a qual deixa de estar
dependente da respectiva contabilização como gasto no mesmo A NCRF 7 aceita como critério de mensuração dos activos fixos
período de tributação, passando a permitir-se que as mesmas sejam tangíveis o custo ou o justo valor, sendo que neste último caso, as
também aceites quando tenham sido contabilizadas como gastos revalorizações têm que ser regularmente efectuadas.
nos períodos de tributação anteriores, desde que, naturalmente, não Em Portugal, muitas entidades valorizavam os seus activos fixos
excedessem as quotas máximas admitidas. Prevê-se ainda tangíveis ao custo histórico, acrescido de reavaliações legais que
expressamente a possibilidade de, mediante autorização da DGCI, foram realizando quando a legislação o permitia, ou, acrescido de
serem praticadas e aceites para efeitos fiscais depreciações inferiores reavaliações livres que efectuavam pontualmente.
às quotas mínimas que decorram da aplicação das taxas das tabelas No balanço de abertura em NCRF as entidades têm, relativamente
anexas ao DR 25/2009. aos activos fixos tangíveis, a opção de os mensurar ao custo ou ao

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CONTABILIDADE

justo valor. No entanto, a NCRF 3 – Adopção pela primeira vez das financeiras um imóvel em que a única subdivisão existente é entre
NCRF estabelece que uma entidade que apresente pela primeira o terreno e o edifício? No entanto, com certeza que esse edifício
vez demonstrações financeiras de acordo com as NCRF 23 pode optar possui componentes com valor significativo e com vidas úteis
por usar uma revalorização anterior, antes ou na data de transição distintas, não se encontrando os mesmos individualizados e sendo
para as NCRF, como custo a ser considerado na data da transição, efectuadas as depreciações dessa forma.
se a revalorização fosse, à data da mesma, amplamente comparável Então o que devem as entidades fazer?
ao: A IFRS 1 - Adopção pela Primeira vez das Normas Internacionais de
a) justo valor; Relato Financeiro refere que se no caso de as estimativas de uma
b) custo, ou custo menos depreciações, de acordo com as IFRS entidade segundo os PCGA anteriores fossem aceitáveis, então à
(NCRF), ajustado para reflectir, por exemplo, alterações num índice data da transição para as IFRS (NCFR) deveriam ser consistentes
geral ou específico de preços. com as estimativas feitas anteriormente, salvo se existir prova
Isto significa que caso a entidade opte pelo modelo do custo, o valor objectiva de que essas estimativas estavam erradas. Mudanças na
registado anteriormente, ainda que revalorizado, passa a ser vida útil estimada ou método de depreciação utilizado deverão ser
considerado como o valor do custo24, desde que cumpra com o acima aplicados prospectivamente, ou seja, para a vida útil remanescentes
referido. do activo. No entanto, se os métodos e taxas adoptadas
Desta forma, a reserva de reavaliação que estava registada nos anteriormente foram de tal forma diferentes das NCRF, o saldo inicial
capitais próprios da entidade é transferida para resultados transitados, das depreciações acumuladas deverá ser objecto de ajustamento.
mantendo-se no entanto para efeitos fiscais o procedimento que Uma avaliação sobre a existência de erros na determinação das
existia até então, isto é, no caso de a reserva ter resultado de uma estimativas utilizadas nos anteriores PCGA, requer mais uma vez
reavaliação legal, 60% do valor seu valor continua a não ser aceite bom senso e uma avaliação prévia do custo/benefício dos impactos
para dedução fiscal. que se espera que daí decorram. Assim, se se concluir que deve ser
efectuada uma avaliação sobre os diversos activos fixos tangíveis,
4.2 DEPRECIAÇÃO DOS ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS de forma a identificar os seus componentes mais significativos e
respectivas vidas úteis, a entidade poderá recorrer a uma entidade
Como vimos anteriormente, é prática habitual em Portugal a utilização especializada e com experiência na matéria, como forma de suportar
de critérios fiscais para o cálculo das depreciações, normalmente na perante terceiros as alterações daí decorrentes.
utilização das taxas máximas previstas no DR 2/90, mas também Desta forma, e com base na avaliação efectuada na data de transição,
ao nível do método de depreciação (utilização de quotas degressivas), se existem situações em que as vidas úteis dos bens e seus
o que leva, normalmente, a uma aceleração no reconhecimento das componentes sejam de tal forma diferentes face ao que se encontrava
depreciações praticadas pela entidade. registado de acordo com os anteriores PCGA, devem as depreciações
Adicionalmente, o conceito de componentes também não era acumuladas ser reexpressas em contrapartida de resultados
aplicado. Quantas vezes se encontra registado nas demonstrações transitados.

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CONTABILIDADE

Em função das diferenças entre os critérios contabilísticos e critérios Vejamos o exemplo de uma entidade que à data de conversão para
fiscais daí decorrentes, devem ser reconhecidos impostos diferidos as NCFR, possuía um Hotel, adquirido em anos anteriores, o qual se
sobre a diferença apurada25. encontrava registado da seguinte forma:

mEuros

COMPONENTES VALOR VIDA ÚTIL DEPRECIAÇÕES


(anos) ACUMULADAS
TERRENO 7.500 Indeterm. -
EDIFÍCIO AFECTO A EXPLORAÇÃO HOTELEIRA 17.500 40 4.375
TOTAL 25.000 4.375

À data de conversão para as NCFR, a entidade solicitou uma avaliação a ser depreciado de uma forma global, sem ter em consideração a
a uma entidade independente especializada em avaliações de vida útil dos diversos componentes significativos, que possuíam
unidades hoteleiras, que determinou que o activo fixo tangível estava vidas úteis distintas, tendo apresentado o seguinte detalhe:

mEuros

COMPONENTES VALOR VIDA ÚTIL DEPRECIAÇÕES


(anos) ACUMULADAS
TERRENO 7.500 Indeterm. -
EDIFÍCIO AFECTO A EXPLORAÇÃO HOTELEIRA 17.500 26 6.740
EDIFÍCIO (estrutura) 4.375 50 875
ASCENSORES, MONTA CARGAS 1.050 20 525
INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS, ÁGUA, GÁS 2.625 30 875
INSTALAÇÃO AR CONDICIONADO 998 20 499
FACHADAS (caixilharia) 1.750 20 875
PAREDES, TECTOS FALSOS E PORTAS INTERIORES 2.625 25 1.050
PAVIMENTAÇÃO 963 40 241
VEDAÇÕES E ARRANJOS EXTERIORES 350 15 233
DIVERSOS 2.695 18 1.497
INSPECÇÃO GERAL (10 ANOS) 70 10 70
TOTAL 25.000 6.740

Desta forma, podemos verificar que existe uma diferença significativa Activos, devendo esse ajustamento ser realizado por contrapartida
entre o montante das depreciações acumuladas consideradas na de resultados transitados. Igualmente, nestas circunstâncias devem
primeira situação e aquelas que foram determinadas para efeitos ser reconhecidos impostos diferidos sobre a diferença apurada27.
de conversão, o que leva a concluir que este activo fixo tangível
deveria ter sido decomposto pelos diversos componentes que o 4.4 EFEITOS FISCAIS DA APLICAÇÃO DA NCRF 3 NOS
integrem, de forma a que estes fossem depreciados em função da ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS
respectiva vida útil. A vida útil deste activo passa de 40 anos para
cerca de 26 anos. Os efeitos nos capitais próprios decorrentes da adopção, pela primeira
Desta forma, determinou-se para efeitos de transição que as vez, das NCRF, relativos ao reconhecimento ou não reconhecimento
depreciações acumuladas deveriam ser acrescidas do montante de de activos fixos tangíveis, ou alterações na respectiva mensuração,
2.365 mil euros, em contrapartida de resultados transitados26. quando sejam considerados fiscalmente relevantes nos termos do
No entanto, o ajustamento a efectuar pode ainda ter de incluir o Código do IRC e respectiva legislação complementar, concorrem,
registo de impostos diferidos, em função dos impactos fiscais em partes iguais, para a formação do lucro tributável do primeiro
decorrentes deste ajustamento, os quais serão analisados no ponto período de tributação em que se apliquem as normas e nos quatro
5.4. períodos de tributação seguintes.
Vejamos um exemplo da situação acima descrita:
4.3 IMPARIDADE DOS ACTIVOS FIXOS TANGÍVEIS Os impactos decorrentes da Perda de imparidade de um activo fixo
tangível identificada na data de transição serão reconhecidos em
Na data de conversão devem ser avaliados os activos fixos tangíveis termos fiscais no período remanescente de amortização aceite
(incluindo os seus componentes) de modo a identificar possíveis fiscalmente, ou seja tendo em consideração as taxas fiscais, pelo
perdas de imparidade, de acordo com a NCRF 12 – Imparidade de que deverão ser reconhecidos impostos diferidos activos.

61
CONTABILIDADE

Consideremos que à data de transição determinada entidade tinha obtenha, o valor que resulte da diferença face às quotas mínimas
registado uma máquina utilizada na produção pelo valor líquido não podem ser deduzidas nos rendimentos de períodos futuros.
contabilístico de 50.000 euros, tendo sido determinado que o seu Deve a entidade nestas circunstâncias proceder ao registo de
valor recuperável era de 40.000 euros. Que registos contabilísticos impostos diferidos passivos, relativamente ao valor que não será
devem ser efectuados na data de transição, considerando uma taxa aceite fiscalmente.
de IRC de 25% acrescida de derrama de 1,5%?

Euros
Débito: Conta 56
Resultados transitados 10.000
5. Conclusão
As alterações decorrentes da introdução do SNC, afectam não só as
Crédito: Conta 433
Equipamento básico 10.000 entidades que o vão aplicar, mas também o revisor/auditor, que
expressa uma opinião sobre as Demonstrações Financeiras.
Débito: Conta 2741 Na actualidade, recorre-se cada vez mais à utilização de estimativas,
Impostos diferidos activos (10.000x26,5%) 2.650 nomeadamente a nível dos activos fixos tangíveis, no que respeita
Crédito: Conta 56 à determinação de reconhecimento de activos fixos tangíveis e
Resultados transitados 2.650 respectivos componentes, imparidade dos mesmos, na determinação
da sua vida útil, métodos de depreciação ou cálculo dos seus justos
No ano da transição e nos 4 anos seguintes: valores.
As entidades têm cada vez mais de estar preparadas para responder
Débito: Conta 8122
Imposto diferido (2.650x26,5%) 530 da melhor forma a estas exigências, sendo a formação um factor
fundamental para adaptar os profissionais envolvidos nas matérias
Crédito: Conta 2741 contabilísticas e fiscais. No entanto, formação financeira pode não
Impostos diferidos activos 530 ser o suficiente, pois tarefas que anteriormente eram na maioria das
vezes realizadas pelos Técnicos Oficiais de Contas (exemplo
Vimos anteriormente em termos contabilísticos, o que deve acontecer determinação das taxas de depreciação), exigem actualmente
na data de transição se existirem alterações a nível dos componentes conhecimentos técnicos em áreas especializadas de avaliação.
de um bem e das suas vidas. Assim, a decomposição de um activo fixo tangível por componentes,
Mas o que acontece a nível fiscal? a estimativa da vida útil, método de depreciação a praticar ou a
Continuando o exemplo do ponto 5.2, relativamente à determinação determinação do justo valor. Desta forma, verifica-se que as entidades
dos componentes e respectivas vidas úteis do Hotel, à data de podem ter que envolver especialistas na matéria, quer na transição
transição houve uma decomposição dos componentes que para as NCRF quer em períodos futuros.
compunham o Edifício, tendo sido atribuída a respectiva vida útil a No decurso do seu trabalho, o revisor/auditor deve avaliar as principais
cada um deles. alterações ocorridas na entidade para dar resposta às alterações
A nível fiscal, verificamos que antes da conversão o edifício se decorrentes desta mudança. Deverá analisar as actividades que a
encontrava a ser depreciado tendo por base uma vida útil de 40 Gestão realiza para monitorizar o controlo interno do relato financeiro
anos, o que resultava numa taxa anual de 2,5%. De acordo com o DR (incluindo sistemas de informação), actividades essas, que deverão
2/90, essa taxa corresponde à quota mínima que pode ser aplicada28. cobrir os aspectos relacionados com os activos fixos tangíveis,
Desta forma, não existia qualquer correcção a efectuar entre o critério nomeadamente no que se refere aos respectivos componentes, à
contabilístico e o critério fiscal. estimativa da sua vida útil, métodos de depreciação, imparidades
Na data de transição, e uma vez que se verificou uma revisão da ou revalorizações efectuadas, incluindo as divulgações a efectuar.
vida útil do Edifício (por vida da sua decomposição em componentes), A nova abordagem por componentes pode ter efeitos significativos
a vida útil média de depreciação do Edifício é de 26 anos, a que nas demonstrações financeiras das entidades, que poderão ter de
corresponde uma taxa de depreciação de 3,85%. Esta taxa situa-se recorrer a especialistas. Nestas circunstâncias deverá o revisor/auditor
igualmente no intervalo entre a taxa mínima e taxa máxima do considerar o impacto das conclusões do trabalho do perito nas
Código 2025 – Edifícios afectos a Hotéis da Tabela de Taxas Genéricas demonstrações financeiras e efectuar os procedimentos adequados
previstas no DR 25/2009, pelo que a utilização desta taxa para com vista à utilização desse trabalho para suportar as conclusões
depreciação do Edifício, não acarreta correcções fiscais, apesar de de auditoria29.
existirem diferenças entre o valor das depreciações consideradas
para efeitos contabilísticos e fiscais, as quais devem originar o registo
de impostos diferidos.
Admitamos agora para o exemplo referido, que o resultado do
trabalho realizado para o apuramento dos ajustamentos de transição, LISTA DE ABREVIATURAS
conduzia a uma vida útil do activo inferior à resultante da aplicação CE Comissão Europeia
das taxas máximas previstas no DR 25/2009, por exemplo 18 anos. CIRC Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas
Nesse caso, a entidade deveria efectuar a depreciação contabilística DRA Directriz de Revisão/Auditoria
DL Decreto Lei
utilizando essa vida útil, devendo no entanto continuar a considerar DR Decreto Regulamentar
nos mapas fiscais de depreciações a taxa máxima prevista no DR IASB International Accounting Standards Board
IAS International Accounting Standard
25/2009 (5% - 20 anos). Anualmente, deverá proceder à correcção IFRIC International Financial Reporting Interpretations Committee
do excesso de depreciação para efeitos fiscais no quadro 7 do Modelo IFRS International Financial Reporting Standards
22, reconhecendo para o efeito, o respectivo imposto diferido activo. IRC Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas
NIR Normas Internacionais de Revisão/Auditoria
Inversamente se a vida útil apurada for inferior à resultante das NCRF Norma Contabilística e de Relato Financeiro
quotas mínimas que decorrem da aplicação das taxas das tabelas PCGA Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites
POC Plano Oficial de Contabilidade
anexas ao DR 25/2009, a entidade deve solicitar autorização da RT Recomendação Técnica
DGCI a utilizar dessa taxa. Caso não solicite a autorização ou não a SNC Sistema de Normalização Contabilística

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CONTABILIDADE

BIBLIOGRAFIA

Plano Oficial de Contabilidade (POC)


Directrizes Contabilísticas
SNC (pacote legislativo completo aprovado em Diário da República)
Decreto-Lei nº 159/2009, de 13 de Julho – Alterações ao Código do Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas Colectivas
Decreto-Lei n.º 442-B/88 - Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Colectivas
Decreto Regulamentar 25/2009 - Regime de Reintegrações e Amortizações
Decreto Regulamentar 2/1990 - Regime de Reintegrações e Amortizações
Norma Internacional de Relato Financeiro (IFRS) 1
Norma Internacional de Contabilidade (IAS) 16
Normas Técnicas de Revisão/Auditoria
Directriz de Revisão / Auditoria (DRA) 300 – Planeamento
Directriz de Revisão / Auditoria (DRA) 310 – Conhecimento do negócio
Directriz de Revisão / Auditoria (DRA) 400 – Avaliação do Risco de Revisão/Auditoria
Directriz de Revisão / Auditoria (DRA) 410 – Controlo Interno
Directriz de Revisão / Auditoria (DRA) 510 – Prova de Revisão/Auditoria
Norma Internacional de Revisão (NIR) 620 – Usar o trabalho de um perito
RT n.º 19 – A Utilização do Trabalho de Outros Revisores/Auditores e de Técnicos ou
Peritos
“Insights into IFRS”, KPMG
Audit Manual, KPMG

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Conforme disposto no Decreto-Lei n.º 158/2009 de 13 de Julho que aprova o SNC.
2
Decreto Lei n 159/2009, de 13 de Julho
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Substitui o anterior Decreto Regulamentar 2/90
4
Apenas podem ser qualificados encargos financeiros relacionados com activos fixos
que se qualifiquem, isto é, activos fixos tangíveis em curso.
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Alterações de estimativas contabilísticas devem ser tratadas de acordo com a NCRF
4 – Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros
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Alterações de estimativas contabilísticas devem ser tratadas de acordo com a NCRF
4 – Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros
7
Alterações de estimativas contabilísticas devem ser tratadas de acordo com a NCRF
4 – Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros
8
A NCFR 7 considera que a depreciação de um activo começa quando esteja disponível
para uso, isto é, quando estiver na localização e condição necessária para que esteja
capaz de operar da forma pretendida
9
Excepto quando afectos à exploração de serviço público de transportes ou alugadas
no exercício da actividade normal do sujeito passivo
10
A NCRF 9 – Locações, aplica-se à alienação por venda seguida por locação, definido
a contabilização a efectuar em função do tipo de locação efectuada
11
De acordo com a NCRF 20 - Rédito
12
De acordo com a NCRF 8 – Activos Não Correntes Detidos Para Venda e Unidades
Operacionais Descontinuadas
13
Não afectas à exploração de serviço público de transportes nem destinadas a ser
alugadas no exercício da actividade normal do sujeito passivo
14
Não afectas à exploração de serviço público de transportes ou se destinem a ser
alugados no exercício da actividade normal do sujeito passivo
15
As Imparidades dos Activos são tratadas de acordo com a NCRF 12 – Imparidade de
Activos.
16
Custos directos da construção ou da aquisição de um item de activo fixo tangível –
NCRF 28 – Benefícios de Empregados
17
Mediante e de acordo com as condições previstas na NCRF 10 – Custos de
Empréstimos Obtidos
18
As estimativas são reconhecidas e mensuradas de acordo com a NCRF 21 – Provisões,
Passivos Contingentes e Activos Contingentes
19
A alínea d) do nº 1 do Art.º 36 do DL 159/2009, refere que podem ser deduzidas para
efeitos fiscais as provisões constituídas pelas empresas pertencentes ao sector das
indústrias extractivas ou de tratamento e eliminação de resíduos, se destinem a fazer
face aos encargos com a reparação dos danos de carácter ambiental dos locais afectos
à exploração, sempre que tal seja obrigatório e após a cessão desta, nos termos da
legislação aplicável.
20
De acordo com a NCRF 25 – Impostos sobre o Rendimento
21
Corresponde ao Valor aquisição deduzido do Valor residual
22
Se for provável a existência de benefícios económicos futuros associados à
renovação/remodelação que fluam para a entidade e que o seu custo possa ser
seguramente determinado
23
De acordo com a IFRS 1 – Adopção Pela Primeira Vez das Normas Internacionais de
Relato Financeiro, parágrafo 16 e 17
24
Na versão original em inglês “deemed cost”
25
De acordo com a NCRF 25 – Impostos sobre o Rendimento
26
As implicações fiscais decorrentes deste ajustamento serão descritas no ponto 6.3
27
De acordo com a NCRF 25 – Impostos sobre o Rendimento
28
A taxa máxima prevista no DR 2/90 afecta ao Código 2025 - Edifício afecto a
exploração hoteleira da Tabela de Taxas Genéricas é de 5%
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Deve proceder de acordo com a NIR 620 – Usar o trabalho de um perito e a RT n.º
19 – A utilização do trabalho de outros revisores/auditores e de técnicos ou peritos

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