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Nos últimos anos o mundo foi se deparando com uma tendência antipolítica, uma
forte recusa ao que se consideram de esquerda ou direita, nascendo uma terceira via da
política, enquadrados a aumentar a rejeição da figura do político ou do espectro político,
e segundo Daniel Innerarity, o antipolítico faz crescer o convencimento do sentimento de
que alguém irá salvar a sociedade e até mesmo libertá-la dos políticos ou de algum sistema
ideológico, referindo-se aos que exercem o poder, mas que atuam como se não o tivessem.
Um exemplo dessa produção de indignação pela política foi a eleição brasileira de 2018,
no qual desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016, vinha crescendo o
forte sentimento de que a população tinha que ser salva das mãos do Partido dos
Trabalhadores (PT), surgindo uma terceira via da política e o mal-estar do funcionamento
dos sistemas políticos.
Muitos argumentam que limitar o poder seria a melhor forma de resolver os nossos
problemas, porém ao contrário do que traz Daniel Innerarity, isto não seria a solução
central, tomando outros caminhos que poderiam colocar em risco a democracia. Colocar
as nossas visões para o campo da corrupção, segundo o autor, seria esquecer o
funcionamento da má política, “minha impressão é que não conseguimos acertar com a
terapia porque enganamos no diagnóstico” (p.23), portanto, a indignação é um momento
que sobressai a desorientação, surgindo neste ponto, o papel midiático, o laço que é feito
com o objetivo de endereçar os indivíduos para fora da realidade, sem nos darmos conta
dos verdadeiros interesses por trás. O avanço das redes sociais foi o momento em que
para muitos significou um espaço de fala, de manifestações e principalmente as
declarações de indignações, mas também foi marcado como o espaço em que não
conseguimos ter o controle das situações.
Vivemos uma crise cíclica da política, mas a cada ano isto tem agravado e entender
o que seria a política e como ela funciona seria a melhor maneira, para depois formular
as críticas, como ressalta Innerarity, e na medida de que essa crise acelera não temos
espaços para se aprofundar e fazer os questionamentos necessários, ocorrendo tempos de
confusão política sobre a sociedade. Concluindo que para o autor existem três tipos de
‘idiotés’, o que nega a política e a sua importância, o que é indiferente, e o que convive
com a política como observador externo ou como falsos clientes interessados pela
política.