Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
o tarô baralhos arcanos maiores arcanos menores aplicações simbologia artes serviços ... proposta contato busca »
E-1: Misero E-2: Fameio E-3: Artixan E-4: Merchadante E-5: Zintolomo
Mendigo
Servidor
Artesão
Mercador
Fidalgo
http://www.clubedotaro.com.br/site/h23_15_mantegna.asp?source=post_page-----6d1f021485dc----------------------[29/09/2019 13:24:59]
Clube do Tarô - Tarot e linguagens simbólicas
Esta seqüência de estampas da Renascença italiana, que aqui reproduzimos, foi retirada
de um exemplar conservado na Biblioteca Nacional da França, sob a forma de Mutus Liber,
um Livro Mudo, ou seja, um livro sem texto, com cinqüenta buris realçados a ouro.
O título de Tarot, comumente dado a esse conjunto, é compreensível. A forma retangular
das estampas, sua borda idêntica e regular, a representação de uma figura isolada que se
destaca sobre um fundo liso, sem ornamentos, correspondem à figuração dos jogos de
cartas. No entanto, entre a quinzena de exemplares conservados, dos quais nove estão
completos, nenhum chegou colado a um papel forte ou cartolina. Por outro lado, quatro deles
estão montados sob a forma de livro. O propósito do criador desse conjunto não era, por
certo, a manipulação freqüente das imagens.
Qual seria, então, a origem, o sentido e o destino desse "jogo"?
Trata-se, de fato, de um álbum de imagens que precisa ser decifrado. É necessário um
conhecimento aprofundado da cultura medieval e humanista para descobrir a chave dessa
mensagem desenhada, traduzida em alegorias, símbolos e atributos de diversas origens. A
linguagem da Antiguidade pagã, redescoberta no período da criação desse jogo, mistura-se à
linguagem cristã da Idade Média.
http://www.clubedotaro.com.br/site/h23_15_mantegna.asp?source=post_page-----6d1f021485dc----------------------[29/09/2019 13:24:59]
Clube do Tarô - Tarot e linguagens simbólicas
D-11: Caliope D-12: Urania D-13: Terpsicore D-14: Erato D-15: Polimnia
Calíope
Urânia
Terpsícore
Érato
Polímnia
Publicidade Google
D-16: Talia D-17: Melpomene D-18: Euterpe D-19: Clio D-20: Apollo
Tália
Melpônema
Euterpe
Clio
Apolo
As Musas, em número de nove, eram filhas de Júpiter e Mnemósina, deusa da memória.
Divindades das montanhas, das folhagens e das águas, elas regulavam a harmonia do mundo.
Na origem, as Musas não tinham uma atribuição individual bem definida. Só no período romano
um papel preciso foi atribuído a cada uma delas. Já no século 15, toda cultura se referia a elas e os
humanistas as tornaram figuras familiares na arte. É em Florença, por volta de 1460, que as Musas
são representadas pela primeira vez, ao que se sabe, na Biblioteca da Abadia beneditina de Fiesole.
A seguir aparecem nos Tarots de Mantegna começando por Calíope, a mais poderosa dentre elas,
colocadas sob a dependência de Apolo, o condutor do coro das musas.
Dois atributos as acompanham (exceto em Tália): um instrumento de música e uma esfera. Eles
evocam o conceito pitagórico da música cósmica, que associa as Musas aos coros dos anjos, e os
escritos de Plutarco, que localiza as Musas nas esferas planetárias.
A iconografia do Tarot de Mantegna se difundiu, a seguir, entre os artistas do Renascimento.
Muitos jogos desse período consistiam em ensinamentos cuja revelação era reservada
àqueles que se dispusessem a trabalhar sobre os temas. Muitos níveis de leitura podiam ser
percebidos de acordo com o grau de conhecimento de cada um.
Os quatro significados da Escritura, segundo Dante Alighieri, podem ser aplicados como
regras fundamentais do jogo: a primeira é literal, a segunda é alegórica, a terceira moral,
a quarta anagógica, ou seja, passagem do literal ao místico. Os habituados a esses
exercícios do intelecto descobririam todas as sutilezas ocultas. Isso correspondia aos
propósitos dos humanistas que pretendiam utilizar uma linguagem visual para transmitir os
conhecimentos.
Vários jogos educativos e edificantes existiam nesse época e alguns deles foram
conservados. É provável que o Tarot de Mantegna expresse a visão de um artista com o
http://www.clubedotaro.com.br/site/h23_15_mantegna.asp?source=post_page-----6d1f021485dc----------------------[29/09/2019 13:24:59]
Clube do Tarô - Tarot e linguagens simbólicas
propósito de traduzir o pensamento de um ou de vários humanistas.
C-21: Grammatica C-22: Loica C-23: Rhetorica C-24: Geometria C-25: Aritmetricha
Gramática
Lógica
Retórica
Geometria
Aritmética
C-26: Musicha C-27: Poesia C-28: Philosofia C-29: Astrologia E-30: Theologia
Música
Poesia
Filosofia
Astrologia
Teologia
Na Renascença, a instrução era considerada como iniciação pessoal a uma vida superior. Ela era
estruturada de acordo com as Artes liberais, que compreendiam o Trivium, com a Gramática, a
Dialética, a Retórica, e o Quadrivium, com a Geometria, a Aritmética, a Música e a Astronomia.
No Tarot de Mantegna, a série das Artes liberais começa pela Gramática, fundadora dessas
disciplinas. Ela se enriquece com a Poesia, exaltada pelos humanistas da Renanscença, com a
Filosofia e a Teologia. A Astrologia substitui a Astronomia. Ela constituía, na Idade Média, o
fundamento de todas as ciências. O Humanismo lhe deu importância crescente ao afirmar que toda
existência dependia do Cosmo.
A Teologia fecha a série. Ela engloba todas as ciências em razão de sua qualidade divina.
B-31: Iliaco B-32: Chronico B-33: Cosmico B-34: Temperancia B-35: Prudencia
Gênio da Luz
Gênio do Tempo Gênio do Mundo Temperança
Prudência
B-36: Forteza B-37: Justicia B-38: Charita B-39: Speranza B-40: Fede
Força
Justiça
Caridade
Esperança
Fé
Esta série associa três Gênios (da Luz, do Tempo e do Mundo) às sete Virtudes tradicionais.
As alegorias dos Gênios são inteiramente novas e sua iconografia não é encontrada em outras
obras. São personagens alados, vestidos de túnicas curtas, num cenário com floresta em miniatura,
que ocupa a parte inferior da estampa. As posições dos braços esquerdos e de suas mãos parecem
rebuscadas.
Eles dominam a série das sete Virtudes e lembram a forma simbólica da "Trindade e da corrente
dos seres".
As virtudes Cardinais, a Temperança, a Prudência, a Força e a Justiça têm uma origem muito
antiga. A partir do século 14, os artistas incluíram os cânones morais e representaram, igualmente,
as virtudes Teologais, a Caridade, a Esperança e a Fé. São conceitos cristãos, citados por São Paulo
na primeira Espístola aos Coríntios.
Três das virtudes cardinais, a Justiça, a Força e a Temperança correspondêm, por designação e
semelhança, aos trunfos (arcanos maiores) de mesmo nome do jogo do tarot.
As três virtudes teologais, a Fé, a Esperança e a Caridade, fazem parte de trunfos preservados
do jogo de tarot pintado para Filippo Maria Visconti (+ 1447), em meados do século 15. Elas
aparecerão no Minchiate, jogo de tarot florentino de 96 cartas, cuja origem remonta ao início do
século 16 e que inclui todas as virtudes.
http://www.clubedotaro.com.br/site/h23_15_mantegna.asp?source=post_page-----6d1f021485dc----------------------[29/09/2019 13:24:59]
Clube do Tarô - Tarot e linguagens simbólicas
Desde o século 11 eram estabelecidas relações entre os sete Planetas e as sete Virtudes.
Dante Alighieri (1265-1321), por sua vez, colocou os Planetas em correspondência com as
Artes liberais, o que significa que o saber corresponde ao sistema astrológico.
Marsile Ficin, assim escreveu em seu tratado De Vita: "Do mesmo modo que as virtudes
de nossa alma são aplicadas a todos os membros do corpo pelo espírito vital, assim também
a virtude da alma do mundo – por meio da quinta-essência, que é ativa no corpo do mundo,
tal como um espírito vital – estende-se por todos os seres e suas virtudes penetram
principalmente naqueles que mais aspiraram por esse espírito"
A-41: Luna A-42: Mercurio A-43: Venus A-44: Sol A-45: Marte
Lua
Mercúrio
Vênus
Sol
Marte
A-46: Jupiter A-47: Saturno A-48: Octava Spera A-49: Primo Mobile A-50: Prima Causa
Júpiter
Saturno
Oitava Esfera
Primeiro Móbil Causa Primeira
Os planetas, no mundo ocidental, são identificados com os deuses do panteão greco-romano.
Essa identificação se fez lentamente e sua evolução pode ser acompanhada percorrendo Homero,
Platão, Cícero, etc.
A iconografia dos planetas nos Tarots de Mantegna provém de um tratado latino De deorum
imaginibus libellus, escrito por um autor anônimo, por volta de 1400, do qual se conservou um
exemplar ilustrado com desenhos à pena. Esse manuscrito se inspira em muitas outras obras, entre
as quais o Liber imaginum deorom, atribuída ao monge inglês Albericus, que viveu no século 12.
Tais imagens dos deuses, compiladas de diversas fontes, ilustram manuscritos franceses,
flamengos e italianos e serviram de modelo aos artistas da Renascença.
Esses deuses, cujos tipos clássicos são alterados, vão pouco a pouco reencontrar alguns
aspectos de sua originalidade antiga. O Tarot de Mantegna se inspira em miniaturas e marca uma
http://www.clubedotaro.com.br/site/h23_15_mantegna.asp?source=post_page-----6d1f021485dc----------------------[29/09/2019 13:24:59]
Clube do Tarô - Tarot e linguagens simbólicas
etapa estilística para o classicismo pelo equilíbrio da composição, o movimento, a elegância das
formas, a harmonia das figuras e às vezes pela iconografia.
As tradicionais séries de alegorias de sete figuras – as Sete Virtudes, os Sete Vícios, os
Sete Planetas, as Sete Artes liberais, etc – estão presentes em todas as séries do Tarot de
Mantegna. Estas, porém, foram ampliadas até dez. Às Artes liberais foram adicionadas a
Poesia, a Filosofia e a Teologia; as Virtudes foram associadas aos princípios Cósmicos e, os
Planetas, às Esferas. Podemos lembrar que o número 10 é a representação da perfeição,
entre os pitagóricas que, aliás, eram numerosos entre os humanistas.
Um quadro poderá deixar mais claras essas correspondências:
Misero Caliope Grammatica Iliaco Luna
Fameio Urania Loica Chronico Mercurio
Artixan Terpsicore Rhetorica Cosmico Venus
Merchadante Erato Geometria Temperencia Sol
Zintilomo Polimnia Aritmetricha Prudencia Marte
Chavalier Talia Musicha Forteza Jupiter
Doxe Melpomene Poesia Justicia Saturno
- - - - -
Re Euterpe Philosofia Charita Octava Spera
Imperator Clio Astrologia Speranza Primo Mobile
Papa Apollo Theologia Fede Prima Causa
Cada série termina por uma figura divina.
O quadro pode ser lido em muitos sentidos.
Dentre as cinqüenta figuras do Tarot de Mantegna, vinte e duas delas evocam as cartas
dos tarôs clássicos, tanto pelos nomes, como pela semelhança iconográfica ou significado.
O Imperador, o Papa, as três Virtudes Cardeais (Justiça, Força e Temperança), a Lua e o Sol
correspondem aos trunfos (arcanos maiores) de mesmo nome. O Rei, o Cavaleiro, o Valete
têm a ver com as figuras dos naipes (arcanos menores). Misero, Venus, Marte e Saturno
lembram a representação do Louco, da Estrela, do Carro, do Eremita. As gravuras da Prima
Causa e de Jupiter ligam-se por significados comuns à carta do Mundo no tarô clássico. Por
fim, a quarta Virtude cardinal, a Prudência, e as três teologais – Fé, Esperança e Caridade –
aparecem no Minchiate de Florença. Podemos ainda acrescentar a todas essa analogias uma
iconografia de certas figuras muito próximas à do jogo de tarô executado para a família
Visconti, em 1450: o Rei, o Imperador, o Papa e o Valete.
Numa visão de conjunto das cinqüenta cartas do Tarot de Mantegna podemos identificar
dois percursos possíveis. Um deles é ascendente, que conduz a criatura humana por
degraus sucessivos, de um estado mais inferior (Misero) até Deus (Prima Causa). O outro
percurso se efetua pela transmissão do poder divino, etapa por etapa, até o homem. É uma
realização, um acesso ao sobrenatural mediante a iniciativa individual e o conhecimento.
Um programa é proposto ao homem. Ele vincula o mundo social ao saber, à religião, à
Antiguidade, ao Universo, à Deus. Oferece uma síntese de conhecimentos e de crenças, uma
reconciliação das filosofia e das religiões. Integra o Homem nessa rede complexa. O cosmo é
representado como um todo animado e coerente, no qual cada parte está em relação com a
seguinte e o homem se apresenta como microcosmo do universo. Leonardo da Vinci diria "o
homem é o assim modelo do cosmo".
Fonte
As gravuras e informações sobre o Tarot de Mantegna foram retiradas de:
Suite d'Estampes de la Renaissance Italiene dite Tarots de Mantegna
ou Jeu du Gouvernement du Monde au Quatrocento, vers 1465.
Garches-França, Éditions Arnaud Seydoux, 1985.
Posfácio de Laure Beumont-Maillet, Diretora do
Dep. Estampas da Biblioteca Nacional da França.
Apresentação de História da Arte por Gisèle Lambert, do Conselho de Estampas da BNF.
http://www.clubedotaro.com.br/site/h23_15_mantegna.asp?source=post_page-----6d1f021485dc----------------------[29/09/2019 13:24:59]
Clube do Tarô - Tarot e linguagens simbólicas
Homenagem a Maria F. de Mello
O Clube do Tarô toma a apresentação deste estudo como oportunidade para registrar um duplo
agradecimento à Maria F. de Mello, membro do Centro de Educação Transdisciplinar (CETRANS). A
Profª colocou à nossa disposição seu exemplar da obra já esgotada, que serviu de base para a
presente matéria. Além disso, neste ano de 2007, completam-se 20 anos do primeiro curso aberto,
para aprofundamento dos arcanos maiores, oferecido na Capital pela parceria de Maria F. de Mello e
Constantino K. Riemma, ela encarregada da bibliografia em inglês e ele, dos estudos em francês.
Daquele evento, com encontros semanais que se estenderam por um ano, participaram também
convidados experientes nos estudos de linguagens simbólicas, como foi o caso de Júlia Gottschalk,
Maria Cristina Goes, Lúcia Lee, Rodrigo Araes Caldas Farias, Sulamita Tabakoff e Valéria de Lima
Menezes entre outros.
fev.07
[ < voltar]
Todos os direitos reservados © 2005-2019 por Constantino K. Riemma - São Paulo, Brasil
http://www.clubedotaro.com.br/site/h23_15_mantegna.asp?source=post_page-----6d1f021485dc----------------------[29/09/2019 13:24:59]