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cultura,

currículo,
escola
Projetos e experiências de professores
com temas transversais

Organizadoras
Jusamara Souza
Ana Cláudia Specht

Scientific/SciBooks
ORGANIZADORAS
Jusamara Souza
Ana Cláudia Specht

CULTURA, CURRÍCULO, ESCOLA


Projetos e experiências de professores com temas transversais

Porto Alegre
Scibooks
2014
C968
Cultura, currículo, escola: projetos e experiências de professores com temas transversais /
organizadoras Jusamara Souza, Ana Cláudia Specht; [autores Adalberto de Oliveira
Bernardes... et al.]. - Porto Alegre: Scientific/Scibooks, 2014.
102 f. : il.

Inclui referências ao final de cada capítulo.

ISBN: 978-85-99706-07-7

1. Educação infantil 2. Meio ambiente 3. Trânsito 4. Sexualidade 5. Música 6.


Educação fiscal I. Souza, Jusamara, org. II. Specht, Ana Cláudia, org. III. Título.


CDD 372.21
Créditos

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS


Reitor
Carlos Alexandre Netto

Pró-Reitora de Extensão
Sandra de Deus

Curso: Cultura, Currículo, Escola: um programa de formação para


educadores da Rede Municipal de Salvador do Sul e Região

Coordenação
Jusamara Souza
Ana Cláudia Specht

Prefeitura Municipal de Salvador do Sul – RS


Prefeita
Carla Maria Specht

Secretária Municipal de Educação


Rejane Maria Graf Käfer

Prefeitura Municipal de São Pedro da Serra - RS


Prefeito
Ari Miguel Weschenfelder

Secretária Municipal de Educação


Maria Neuza Weschenfelder

Prefeitura Municipal de Maratá - RS


Prefeito
Fernando Schrammel

Secretária Municipal de Educação


Mirtes Sost
Autores
Adalberto de Oliveira Bernardes Cristiani Haupt
Adriana Valandro Daiana Cristine Knob
Alexandra Medeiros Lemes Viegas Dalva Regina Artus
Alice Maria Kuhn Daniela T. da Motta Rommel
Aline Kerber Bruniczak Daniele Deuner Girotto
Aline Klein Édela Maria Forneck Werner
Ana Claudia Orth Elaine Ebeling
Ana Maria Lermen Elário Graff
Ana Mariane Hoffmann Elizabeth Dalcin do Olival Schneider
Andréia Cristiana de Brito Schossler Eliziane Thums
Aneli Klein Stein Enir Maria Phillipsen
Anelise Maria Cornelius Escher Erno Inácio Kirch
Anelise Neumann Etiane Thums
Anelise Schmitt Pittelkow Eva Cabrera
Ange Aline Kerber Fabiana Schmitz
Ângela Mara de Vargas Fabiane Feyh
Angeléia Berenice Schmitz Meurer Fabiane Klein
Anisete Elisabete Schreiner Fabiane Simon
Beatriz de Vargas Fabricia Büttenbender
Caren Cristine Heck Gabriela Schneider
Cárin Daniele Schmitz Wojahn Geni Liani Scherer Arnhold
Carine Haupt Gerusa Iriete Coltro
Carine Reidel Glades Lauermann
Carla da Cruz Graciele Maria Zimmer Hensel
Carla Janaína Rocha Rick Graciele Orth
Carlos Adriano Schlindwein Helen Camillo
Casiane Lopes Mendes de Almeida Ivania Terezinha Thums
Catiane Dalcin Jamile Walter Roesler
Cecília Pech Selau Jeane Maria de Freitas da Conceição
Cinara Moreno Joanete Maria Kerkhoven
Cintia Magali Schuster Joaquim Inácio Lunckes
Clarine Sebastiana Pittelkow Luft Jussara Henriques Dutra
Cláudia Belizario da Silva Ritter Jussara Maria Luft
Claudiane Braum Jussara Valmorbida
Cleonice Forcelini Zanon Jussiani de Araújo Bergold
Cristiane Löff Karine Muller
Katie da Silveira Brum Melasia Krindges Ludwig
Ladi Maria Renner Meri Sidônia Camillo Weschenfelder
Leda Denicol Andrioli Mônica Matusa da Silveira Andrade
Leila Brumelhaus Zagonel Naídes Specht Käfer
Liamara Rodrigues Nunes Neiva Fernades Grÿtzmann
Liane Maria Brummelhaus Nelsi Maldaner
Lidiane Gabriela Paes Noele Hoffmann
Lisandra Maria Malmann Odete Ritter
Lisiane Ramos Kirsten Patrícia Chassot Pertile
Luana da Silva Paulo Cesar Mombach
Luana Felin Paulo Isaias Joner
Luana Rech Renati Eliza Weschenfelder
Lucia Maria Marques Vrielink Reni Metz
Luciane Beatris Ritter Mossmann Rogeli Neuhaus
Luciano Henrique Scherer Salete Carneiro
Lucimar Alberti Sandra Gehring
Luzia da Silveira Rech Sandra Schu
Maira Nonnemacher Sandrina Klein Kerber
Márcia Carine Kerber Reidel Scheila Margane Schneider
Márcia Gälzer Sibele Maria Dessbesel
Marcia Schu Silvane M. B. Simmi
Marciane Suzete Zaro Willvvock Silvane Nogueira da Silva
Marcieli Zaro Hoff Simone Daniela Pittelkow Vogt
Maria Cleonice Roesler Sirlei Maria Spohn Stein
Maria Fabiane de Souza Sueli Camillo Reichert
Maria Inês Schütz Sueli Santos dos Santos
Maria Inês Weber Tatiane Röpke Carvalho
Maria Juracy Artus Migot Tiago Luiz Weschenfelder
Maria Margarete Tonietto Tiane Forneck
Mariane Marques Valquíria de Mello Rossi
Mariani Weschenfelder Vanessa Maria Werner
Maristela Gasperin Veranice Maria Wolf
Maristela Janete Mallmann Verenice Adriana Guntzel
Marlice Teresinha da Silva Viviane Fagundes da Silva
Marnice Weschenfelder Viviane Sauthier
Apresentação
Este livro traz uma coletânea de textos que resultaram do curso
Cultura, Currículo, Escola: um programa de formação para educadores da
Rede Municipal de Salvador do Sul e Região, proposto como atividade de
extensão pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O curso integrou a Jornada Pedagógica realizada pela Secretaria de


Educação do Município de Salvador do Sul com a parceria dos municípios
de São Pedro da Serra e Maratá, localizados no Rio Grande do Sul, e visou
oferecer formação continuada para professores das Redes Municipais
dos referidos municípios, buscando uma qualificação para o trabalho
nas escolas a partir de uma visão sociocultural de currículo.

Para esta proposta foram previstas três etapas com uma carga
horária total de 60 horas desenvolvidas no período de fevereiro a julho
de 2013. A primeira etapa, com a duração de 32 horas, foi estruturada
em oito módulos de 4 horas, abordando os seguintes temas: Educação
Musical, Educação Sexual, Educação para o Trânsito, Educação Ambiental,
Educação Fiscal, Relações Étnico-Raciais, Educação para as Mídias, Projeto
Político Pedagógico (PPP).

Na segunda etapa foram dedicadas 20 horas para o aprofundamento


nas temáticas propostas e a preparação de projetos interdisciplinares que
pudessem ser implantados nas escolas. Nessa etapa os projetos contaram
com apoio dos professores-formadores. A terceira etapa, com um total de
8 horas, visou a realização de um seminário com apresentação pública
dos resultados parciais dos projetos em desenvolvimento nas escolas.

O curso atingiu 130 professores que atuam na educação infantil,


ensino fundamental, médio, EJA e turno integral bem como diretores e
supervisores dos municípios participantes. Indiretamente foram bene-
ficiadas as comunidades escolares compostas de mais de 20 escolas e
1400 estudantes.

Acreditamos que o sucesso da formação continuada de professo-


res em serviço deve ancorar no esforço colaborativo para desenvolver
propostas, em que as demandas concretas dos municípios expressadas
por professores, diretores, alunos, pais e dirigentes orientem o traba-
lho de formação. Daí a relevância de ter os projetos e ações na escola
como parte integrante da formação. A temática Cultura, Currículo, Escola
mostrou-se adequada para a elaboração de conceitos e reflexões dos
professores sobre a relação da escola com a comunidade e com a cultura
local. Procuramos com esse curso transformar o espaço dos municípios
em espaços de aprendizagem, nos quais todos podem ser envolvidos
nas diversas formas de parcerias e trocas de conhecimento, permitindo
a interação entre os educadores participantes do curso e a comunidade.
Assim, o curso nos moldes propostos pretendeu superar um modelo de
formação continuada de professores concebida de forma homogênea,
fragmentada e descontínua.

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Os cursos de formação continuada de professores também devem
criar condições efetivas, em cada escola, para o debate e promoção de
espaços para a construção coletiva de saberes e propostas curriculares.
A divulgação dos textos desenvolvidos pelos professores a respeito de
suas experiências com projetos nas escolas serve como ferramenta para
consolidar espaços para discussões teóricas e práticas.

O processo de escrita iniciou-se ainda na segunda etapa do curso,


quando uma primeira versão dos projetos foi apresentada e discutida
em grupos, separados por temáticas. Revisados e reformulados os textos,
estes agora ganham o formato de livro como um registro e resultado
do que foi apresentado no seminário final. Cabe ressaltar que naquele
momento os projetos não estavam concluídos e, por isso, nos textos são
descritas várias etapas ainda a serem desenvolvidas.

Os textos estão disponibilizados de acordo com as temáticas de-


senvolvidas durante o curso, divididos em seis partes. Embora em muitos
dos relatos várias outras áreas apareçam interligadas, optamos por consi-
derar os temas focos, para dar uma organização ao livro. A primeira parte
engloba os relatos de experiências na área de educação ambiental. Na
segunda parte estão reunidos os trabalhos que se dedicam à educação no
trânsito. A terceira parte apresenta projetos sobre a educação sexual. Na
quarta parte são relatadas experiências no campo da educação musical.
A quinta parte traz relatos de projetos desenvolvidos sobre educação
fiscal. A última parte agrupa projetos que por sua natureza são interdis-
ciplinares, abrangendo diversas temáticas.

No momento atual, o debate sobre a qualidade da educação ganha


cada vez mais espaço nas discussões e na pauta de reivindicações da
população brasileira. Vivemos o momento da implantação da educação
integral e a proposição de programas governamentais, como Mais Edu-
cação e Mais Cultura. Essas ações sinalizam para um desejo de trans-
formação da educação básica indo além dos indicadores do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB.

Ou seja, faz-se necessário ampliar o número de horas-aula para as


crianças e jovens, mas também oferecer uma educação de qualidade,
garantindo o acesso e o direito a diversas atividades, como arte, espor-
te, lazer, cultura, conteúdos científicos, dentre outros elementos, que
conduzam a uma profissionalização, à construção de valores, cidadania
e ética e à valorização das identidades étnicas de cada região.

Também precisamos de uma educação que trabalhe as diversidades


e diversas dimensões do ser humano: cognitivas, afetivas, espirituais,
físicas, artísticas, esportivas/ recreativas. As crianças e jovens em idade
escolar estão em fase de desenvolvimento; portanto, quanto mais se
investir e inovar, mais criativas, curiosas e abertas para o mundo estarão.

Por isso, as formas de ensinar e aprender e as metodologias que


utilizamos são tão importantes. O que é apresentado nesta coletânea de
textos revela como as experiências e atividades organizadas em projetos
podem contribuir para esse debate. O registro escrito e a divulgação
desses relatos podem colaborar para a construção de políticas públicas,
mostrando que ainda é preciso investir mais na infraestrutura, nos espa-

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ços para arte e cultura, nas quadras de esporte, nos laboratórios, assim
como na capacitação de professores para que as escolas possam avançar
em seus projetos políticos pedagógicos.

Agradecemos aos professores e às professoras participantes do


curso e àqueles que se envolveram na elaboração deste livro e em suas
atividades, mostrando o quão estão empenhados em construir uma so-
ciedade mais solidária, mais humana, mais justa, mais ética.

Um agradecimento especial às Secretarias de Educação dos Mu-


nicípios de Salvador do Sul, São Pedro da Serra e Maratá, bem como às
suas equipes técnicas pelo apoio e colaboração recebidas.

Também somos muito gratas a todos os professores ministrantes


do curso que aqui gostaríamos de nomear: Agnes Schmeling, Cristina
Rolim Wolffenbüttel, Elaine Beatriz Ferreira Dulac, Helena Edilamar Ri-
beiro Buch, Juciane Araldi Beltrame, Lygia Maria Portugal Oliveira, Silvia
Nunes Ramos (Ministrantes da primeira etapa); Denise Blanco Sant’An-
na, Lúcia Helena Pereira Teixeira, Michelle Girardi, Jaqueline Marques,
Rosalia Trejo, Cristina Rolim Wolffenbüttel, Nedli Magalhães Valmorbida
(Participantes da segunda etapa) e Elaine Beatriz Ferreira Dulac, Cristina
Rolim Wolffenbüttel, Maria de Fátima Quintal de Freitas e Nedli Maga-
lhães Valmorbida (Debatedoras no Seminário Final, na terceira etapa). Em
todas as etapas foram feitos registros fotográficos e audiovisuais pelos
professores Graciano Lorenzi e Matheus Carvalho Leite, a quem também
agradecemos. Um agradecimento especial à RNK Assessoria, na pessoa
de Renita Klüsener, pela parceria e apoio administrativo.

Finalmente, cabe destacar o apoio da Universidade Federal do


Rio Grande do Sul através da Pró-Reitoria de Extensão, sem o qual este Jusamara Souza
projeto não teria sido possível. Ana Cláudia Specht

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Sumário

07| Apresentação
Parte 1

13| Meio ambiente:


conhecer para preservar

16| ainda tem salvação?


O meio ambiente

20| meio ambiente preservado


Resíduos destinados,

24| Despertando uma consciência ecológica


28| melhor do nosso ambiente
Aprendendo valores para cuidar

32| enfocando valores


O meio ambiente e suas relações,

36| Todos pelo meio ambiente


40| pelo planeta
Todos juntos se apaixonando

44| harmonia e de maneira saudável


Eu e o meio ambiente vivendo em

47| como uma inspiração para uma vida saudável


Hábitos saudáveis: a arte de amar o mundo
Parte 2

52| Trânsito na Educação -


Educação no Trânsito

56| No trânsito, dê preferência à vida!


61| - Uma questão de consciência
Trânsito e cidadania

Parte 3

65| E a nossa sexualidade como está?


69| reflexão sobre o seu corpo
Sexualidade e seus valores:

Parte 4

74| A criança faz música brincando


(EMEI Vó Assunta)

77| (EMEI Margaridinha)


A criança faz música brincando

Parte 5

81| Educação fiscal e educação infantil:


trilhando caminhos para uma sociedade melhor

85| Nota fiscal: direito de todos


Parte 6

90| Educar é tudo:


arte de saber tecer fios

94| borboletas ao vento...


Crianças são como

98| quanto todos nós juntos!


Nenhum de nós é tão bom
Parte 1
Meio ambiente: conhecer para
preservar
Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre
Antônio Feijó - Salvador do Sul

Liane Maria Brummelhaus


Maria Juracy Artus Migot
Simone Daniela Pittelkow Vogt
Sirlei Maria Spohn Stein
Sueli Camillo Reichert

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Meio ambiente: conhecer para preservar

A saúde de uma população está fundamentalmente ligada à qua-


lidade de vida e à qualidade ambiental. Nossos desejos e necessidades
são satisfeitos pelo nosso poder de compra. Como consumidores, somos
indiretamente responsáveis pelos impactos causados no meio ambiente,
desde a extração da matéria prima da natureza até seu descarte final.

A ação do homem é perigosa e gera muitos impactos para o am-


biente. Nenhuma outra espécie que habita a terra é capaz de poluir o
meio ambiente com tamanha habilidade. Como diz Albert Schweitzer: “O
mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a dominar a
natureza antes de se dominarem a si mesmos.”

Durante toda a nossa vida, nos beneficiamos


do meio ambiente sem preocupação de preservar
os recursos que ele nos oferece. Devido a esse uso
indiscriminado, muito já foi destruído, causando sé-
rios danos e diminuindo a qualidade de vida do ser
humano. Segundo Leonardo Boff (2006) “damo-nos
conta de que podemos ser destruídos. Não por algum
meteoro rasante nem por algum cataclismo natural
de proporções inimagináveis. Mas por causa da irres-
ponsável atividade humana”. Faz-se necessário que
a escola proponha novos caminhos que levem a uma
nova relação com o meio ambiente.

O mundo está enfrentando uma crise ambiental;


consumimos mais recursos naturais do que a natureza
tem condições de produzir; geramos mais resíduos do
que a Terra tem capacidade de reciclar. Já é tempo de de-
senvolver consciências que adotem atitudes de crescer
de forma sustentável para a satisfação de necessidades
das gerações futuras. A escola, através da educação, é o
caminho mais seguro de proporcionar aos educandos
vivencias de preservação do meio ambiente.

Para garantir o bem-estar da humanidade, são


necessárias novas maneiras de pensar e agir para que
o mundo seja mais justo e o meio ambiente equili-
brado. Segundo Dorothy Nolte (2003): “As crianças
aprendem o que vivenciam”. O exemplo dos adultos,
dos educadores, dos pais e das comunidades em geral
é de fundamental importância nesse processo.

O termo sustentabilidade tem se tornado cada vez mais popular e


os preceitos básicos estão na relação entre as coisas. As ações de cada
um repercutem na família, na escola, na cidade, no país e no mundo.
Devemos considerar que cada um de nós é participante de um sistema
e deve fazer o que estiver ao seu alcance para o seu equilíbrio.

Como diz o físico austríaco Fritjof Capra, autor do livro O Ponto de


Mutação, “a sustentabilidade não é uma propriedade individual, mas uma
teia completa de relacionamentos”.

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Meio ambiente: conhecer para preservar

O redimensionamento dos princípios ou valores


humanos é essencial para que mais pessoas vivam
num ambiente harmonioso e respeitoso. Ter a sensibi-
lidade de observar a realidade, pensar na relação entre
as pessoas, compartilhar oportunidades de conheci-
mento e discutir sobre tudo aquilo que nos cercam.

Diante disso, observamos a necessidade de tra-


balhar com a educação ambiental no âmbito escolar,
por acreditar que a escola é um veículo com grandes
poderes de transmissão de pensamento e também au-
xiliadora no processo de construção de conhecimento.

O Projeto Meio Ambiente: conhecer para Pre-


servar será realizado na escola pelo fato de termos
em nosso entorno tantas riquezas e farturas. Levar a
comunidade escolar a compreender a importância da
preservação do meio ambiente, contribuindo com a
mudança de postura diante da nossa realidade.

Preocupados com essas questões e com o futuro


do nosso planeta, montamos o projeto com o objetivo
de mobilizar a comunidade escolar e nos engajarmos
na necessidade de um trabalho vinculado aos princí-
pios da dignidade do ser humano, da participação e da
corresponsabilidade. Desenvolvendo atitudes simples
no nosso dia a dia, colaboramos para a preservação
do meio ambiente.

Pensando nessas questões, concluímos que a escola tem um papel


fundamental na formação de novos hábitos e atitudes, desenvolvendo
uma consciência ecológica nos educandos e na comunidade escolar. Se
observarmos e nos questionarmos sobre o que a natureza nos ensina,
veremos, assim como Leonardo Boff (2006), que ela nos ensina que a Bibliografia
lei básica do universo e da vida não é a competição que divide e exclui,
mas a cooperação que soma e inclui. AMARAL, Josiane Carolina Soares Ramos do
(org). A arte de ensinar e aprender. Bento
Gonçalves: IFRS Campus Bento Gonçalves,
Espera-se que, durante o desenvolvimento da prática pedagógica 2011.
aplicada à educação ambiental, ocorra a relativa mudança de comporta-
mento dos educandos da comunidade e o pleno exercício da cidadania, BOFF, Leonardo. A força da ternura. Rio de
da solidariedade e da cooperação entre escola e comunidade. Segundo Janeiro: Sextante, 2006.
Sara Pain (1999), “é legitimo e útil buscar que os saberes populares sejam
NOLTE, Dorothy. As crianças aprendem o que
cada vez mais ricos, mais profundos e mais estruturantes. Que as leis ge- vivenciam. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
rais (sem esquecer que a especificidade é necessária ao progresso) sejam
conhecidas de maneira que uma atitude crítica possa ser exercida”. PAIN, Sara. Corpo, pensamento e
aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1999.
No entanto, ainda estamos muito aquém do que podemos alcan-
POLUIÇÃO ameaça a sustentabilidade do
çar, pois, para isso, é preciso educar-se. E aí nasce uma outra esperança: planeta. Revista Amigos da Natureza, n. 16,
quando uma consciência desperta, ela se torna educadora, uma luz, uma ago. 2012.
referência, uma fonte de significado.
SUSTENTABILIDADE. Revista Nova Escola, n.
252, maio 2012.

WERNECK, Hamilton. Ousadia de pensar. Rio


de Janeiro: DP&A, 2000.

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O meio ambiente ainda tem salvação?
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Selma Wallauer - Salvador do Sul

Erno Inácio Kirch


Paulo Cesar Mombach
Tiago Luiz Weschenfelder

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O meio ambiente ainda tem salvação?

O rápido desmatamento,
as queimadas desnecessárias, o
uso cada vez mais frequente de
inseticidas, o depósito de lixo
em lugares indevidos, a poluição
das vertentes, a poluição sonora,
a poluição visual e, além disso, a
poluição provinda de chaminés
de indústrias, carros em excesso,
dando assim, a porção da poluição
que deixa a camada de ozônio em
perigo são exemplos da agressão
do homem ao meio ambiente.

O desmatamento excessivo
sem planejamento causa um de-
sequilíbrio total da nossa mãe na-
tureza, porque acaba com o habitat
natural de todos os seres existen-
tes em qualquer recanto do planeta
Terra. Acaba rapidamente com as
espécies de animais e plantas, árvores que deram origem a nomes de
muitas localidades. Por exemplo: Linha Canjerana (árvore chamada can-
jerana), Morro do Cedro (que se originou da árvore chamada cedro), bairro
Timbaúva (que se originou da árvore chamada timbaúva) e a localidade de
Linha Guabiroba. Mas o grande resultado do desmatamento é a destrui-
ção da semente dessas preciosas raridades de árvores nativas que deram
origem aos nomes de tantas localidades expressivas acima mencionadas.

A localidade de Linha Canjerana deu origem ao início do nosso


projeto em defesa do meio ambiente. Nessa localidade, durante a visita
a um sítio1 com a turma do 6º ano, com grande surpresa, pudemos ob-
servar e constatar, graças a pessoas conscientes, que ainda há meia dúzia
de árvores que deram origem ao nome da localidade Linha Canjerana.

Com a vinda do progresso, ou seja, com a chegada do trem “Maria


Fumaça”, mais espécies de árvores foram derrubadas para fazer dormen-
tes que deveriam servir para colocar os trilhos. As árvores usadas eram a
canjerana, que deu origem ao nome da localidade Linha Canjerana, e o
angico. Na entrada de Linha Canjerana, hoje ocupada pela Vila Canjerana,
havia, como cartão de visitas, duas canjeranas enormes que deram o belo
nome à comunidade. A Linha Canjerana era uma vasta mata principalmente
composta por angicos e canjeranas. Atualmente, graças a pessoas cons-
cientes, ainda preserva-se a árvore que deu origem ao nome da localidade.

Atualmente, preservam-se, no sítio, todas as espécies de árvores


nativas existentes antes da chegada do trem. Se mais pessoas tivessem
consciência, respeitassem mais a natureza e plantassem algumas árvores,
com certeza, se salvaria o planeta azul.

1Trata-se do sítio do professor Erno Inácio Kirch, uma propriedade particular localizada na
linha Canjerana, no município de Salvador do Sul. Diversas espécies de árvores nativas são
preservadas nessa área, que também apresenta algumas ações ecologicamente corretas em
relação ao lixo produzido na propriedade (sistema de compostagem do lixo orgânico e sua
utilização no plantio de verduras). [Nota das Organizadoras]

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O meio ambiente ainda tem salvação?

As queimadas criminosas que ocorrem em nos-


so meio rural acabam, principalmente, com os mi-
croorganismos existentes no solo, encarregados do
arejamento da terra. Mas, também, afastam outros
animais do habitat natural, que muitas vezes acabam
morrendo. Essas queimadas também contribuem para
a destruição da camada de ozônio, responsável pela
filtração dos raios solares. Os dois fatores, desmata-
mento e queimadas, interferem na fotossíntese. Com
poucas matas, haverá naturalmente grande influência
e desequilíbrio nesse fenômeno natural.

O uso cada vez mais abusivo de inseticidas,


venenos em geral, aos poucos acaba com todos os
seres (como pássaros e sapos), responsáveis pelo
equilíbrio da cadeia alimentar. As águas da chuva
levam esse veneno para os córregos, matando os
únicos peixinhos que talvez ainda possam existir.
Assim o borrachudo agradece...

E as pequenas cacimbas, vertentes que ainda


brotam da terra, como ficam com tanto veneno que
os agricultores jogam na natureza?

Assim, o próprio homem, que se diz racional,


acaba matando a si próprio. As vertentes que ain-
da existem acabam sendo destruídas pelo próprio
homem, sem dó, pois este pensa ser o dono da mãe
natureza. Deveria, como ser humano, agradecer à natureza, mas jamais
destruí-la através de venenos cada vez mais potentes. As vertentes
poluídas entram nos córregos e estes, por sua vez, desaguam nos rios,
promovendo prejuízos incalculáveis.

Outro fator cada vez mais presente na nossa natureza é a poluição


sonora causada pelos carros, cujo número está crescendo desordenada-
mente. Além de sons altíssimos, nos bailes e festas, a ponto de estourar os
tímpanos. E também nas salas de aula, as quais deveriam ser locais sagrados
de silêncio, para que todos pudessem ter um ambiente propício e agradável
para estudar. Portanto, a poluição sonora, talvez seja uma das poluições
mais perigosas para o próprio homem, porque atinge o cérebro deixando o
ser humano nervoso e com a terrível doença do século chamada estresse.

Outro mal que atinge a visão do ser humano é a poluição visual


através de depósitos de lixo em lugares impróprios. Com o lixo não selecio-
nado depositado em tonéis à beira das ruas e, principalmente, nos fins de
semana, o vento ou os cachorros derrubam os tonéis e os ratos avançam.
As moscas varejeiras completam a festa, espalhando mau cheiro e até
transmitindo doenças perigosas pelos bairros da cidade. Isso é muito grave.

As pessoas deveriam se conscientizar, separar o lixo orgânico e


enterrá-lo no fundo do terreno e jamais misturá-lo com o plástico. Mas,
um dos piores lixos visuais são as carcaças de veículos velhos e, às vezes,
até novos, depositadas na entrada da cidade à beira do arroio Salvador, as
quais, em dias de chuva, certamente liberam restos de gasolina e óleo no

18
O meio ambiente ainda tem salvação?

córrego, poluindo-o. E, logo abaixo,


as pessoas tomam banho. O cór-
rego poluído passa por potreiros
onde animais bebem a água suja.

Carros abandonados formam


um belo cemitério, no qual os ro-
edores, responsáveis por diversas
doenças perigosas e contagiosas,
podem instalar-se, criar um dos
melhores habitats que os ratos
querem para sobreviver e fazer a
sua multiplicação.

A camada de ozônio precisa


ser preservada, mas o que fazer
para salvá-la? Nós, professores do
projeto “Educação Ambiental”, es-
tamos plenamente conscientes e
também conscientizando o grupo
de alunos do 6º ano de que a saída
para salvarmos a camada de ozônio
e o meio ambiente é seguirmos os fatores acima mencionados. Isto é,
não desmatar tanto, não queimar desnecessariamente, evitar o uso de
inseticidas em excesso, cuidar mais do lixo e das nossas vertentes, evitar
sons de alta potência, aproveitar mais e melhor as oportunidades em sala
de aula, não desmatar a beira dos córregos e preservar as árvores nativas
que ainda existem a exemplo do sítio que foi visitado e observado.

Nós, grupo de professores, levamos, no dia 9 de maio, o grupo de


alunos do 6º ano ao sítio localizado na Linha Canjerana, no qual os alunos
e os professores puderam observar um grande número de vertentes de
água cristalina descendo de um lado do córrego e, no outro lado, ainda
a mata nativa em plena preservação.

Pudemos observar também grandes queimadas próximo ao sítio,


enquanto, no sítio, não se queima nada. Observamos ainda que no sítio
existe um grande número de árvores nativas emplacadas, tais como: cedro,
canjerana, timbaúva, caroba, louro, etc. Com isso, constatamos que ainda
há pessoas dando bom exemplo, cuidando e preservando a natureza.

Observamos, ao longo do caminho, a formação de uma vila formada


por um grande número de casas sem rede de esgoto e cujo esgoto atinge
uma vertente cuja água entra no córrego posteriormente.

Portanto, nós e os nossos alunos estamos cientes pelo que foi ob-
servado e prontos para lutar em favor da natureza. O trabalho do projeto
até o momento foi avaliado como positivo. Pretende-se continuar a lutar
em prol da nossa mãe natureza.

Em virtude dos fatores relacionados anteriormente, ficam evidentes


os males causados pela destruição do meio ambiente. Seria importante
que o homem, ser racional, buscasse fórmulas efetivas de restabelecer
a harmonia existente outrora.

19
Resíduos destinados, meio ambiente
preservado
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Carlos Klein - Salvador do Sul

Caren Cristine Heck


Meri Sidônia Camillo Weschenfelder
Sibele Maria Dessbesel

20
Resíduos destinados, meio ambiente preservado

Ao iniciar as atividades do-


centes em fevereiro, participamos
da jornada pedagógica, em Salvador
do Sul, que teve como tema: “NE-
NHUM DE NÓS É TÃO BOM QUANTO
TODOS NÓS JUNTOS”. Houve a par-
ceria dos municípios de São Pedro
da Serra e Maratá, e a jornada foi
ministrada pela UFRGS. Foram abor-
dados vários temas transversais,
como: Educação Musical, Etnias, Sexualidade, Trânsito, Meio Ambiente
e Mídias. Observando todos os assuntos, e sendo todos de muita re-
levância, consideramos que a nossa escola se enquadrou melhor no
tema Educação Ambiental. Levamos isso ao conhecimento dos pais, e o
tema foi debatido. Os pais concordaram conosco, e levamos essa ideia
adiante. A Escola tem como Projeto Anual: RESÍDUOS DESTINADOS, MEIO
AMBIENTE PRESERVADO.

O meio ambiente tornou-se um tema de extrema relevância nas


últimas décadas, não só para a política como para a educação. A educação
ambiental surgiu na década de 1970 e era considerada uma espécie de
aula de ciências, na qual temas relacionados à ecologia eram inseridos
no currículo escolar e nos livros didáticos.

Hoje, já se sabe que o assunto é muito mais amplo e tem que ser
apresentado a toda a sociedade. A temática do meio ambiente não se
refere só a plantas, animais e as-
pectos da natureza, mas também
a questões sociais.

Queremos tornar a educação


ambiental um processo participa-
tivo, em que o educando assume
o papel de elemento central do
processo de ensino/aprendizagem
que pretendemos, participando
ativamente no diagnóstico dos pro-
blemas ambientais e na busca de
soluções, sendo preparado como
agente transformador, através do
desenvolvimento de habilidades
e formação de atitudes, por meio
de uma conduta ética, condizentes
com o exercício da cidadania.

21
Resíduos destinados, meio ambiente preservado

A educação ambiental deve buscar valores que conduzam a uma


convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que ha-
bitam o planeta, auxiliando o aluno a analisar criticamente o princípio
antropocêntrico, que tem levado à destruição inconsequente dos recursos
naturais e de várias espécies.

Cuidar do meio ambiente


é responsabilidade de todos, e a
escola é um local favorável a esse
processo. Sabendo que as escolas
são grandes geradoras de resídu-
os sólidos, é importante que tra-
balhemos no sentido de envolver
nossos alunos e educadores para
que essa situação seja modificada,
formando novos hábitos.

Para tanto, nosso projeto


objetiva alertar sobre o problema
da grande produção de lixo pelos
seres humanos e estudar conceitos
importantes como: Coleta Seletiva,
Reciclagem do Lixo, Horta Escolar,
Compostagem, Reflorestamento e
outros que se fazem necessários.
Também objetivamos possibilitar a alunos, pais, comunidade e educa-
dores a aquisição de conhecimentos, desenvolvendo habilidades para
resolver problemas, implementar mudanças na prática de valores e adotar
atitudes ambientalmente adequadas em seu cotidiano.

Queremos também fazer com


que o educando desenvolva habi-
lidades de trabalho em equipe, or-
ganização e planejamento de uma
horta escolar, para enriquecer a
merenda escolar, sem agrotóxicos.

Entre tantas atividades, já


foram realizadas as seguintes:
reunião de pais juntamente com
os alunos da escola, recolhimento
de embalagens (salgadinhos, suco,
chocolate, shampoo, condiciona-
dor, tintura de cabelo e creme
dental), que são encaminhados à
Mega Embalagens2 e depois a uma
empresa de reciclagem.

2A Mega Embalagens é uma empresa fabricante de embalagens flexíveis localizada no Distrito


Industrial de Salvador do Sul e emprega aproximadamente 250 pessoas de Salvador do Sul e
região. http://cidademegaconsciente.wordpress.com/a-mega-embalagens/

22
Resíduos destinados, meio ambiente preservado

Também assistimos a vídeos


no YouTube sobre água, visitamos
e tivemos palestra na Corsan (es-
tação de tratamento), analisamos a
nossa água e descobrimos que ela
não contém flúor nem cloro. Juntos
elaboramos um ofício à Secretaria
da Saúde solicitando um laudo da
qualidade da água por nós consu-
mida e montamos uma linha do
tempo dessa atividade.

Presenteamos nossos alunos


com a Sacola Ecológica na Páscoa,
evitando o uso da sacola plástica.

Por várias vezes desenvolvemos atividades na horta, como limpeza,


plantio e colheita de hortaliças, confeccionamos o Sr. Alpiste (boneco
ecológico) e criamos uma composteira.

Realizamos o concurso de desenho para escolher o logo do projeto,


confeccionamos a camiseta do projeto com este logo.

Utilizamos vários livros referentes ao meio ambiente para fazer


a hora do conto, realizamos um passeio pela comunidade, recolhemos
restos deixados pelo homem e restos deixados pela natureza, criamos os
caminhos ecológicos, confeccionamos lixeiras coloridas de acordo com
o tipo de lixo, assistimos ao filme Tainá I, que mostra a preservação da
natureza, organizamos painéis fotográficos, fazendo o paralelo das boas
e más atitudes com suas consequências e estamos organizando uma
coletânea de músicas sobre o meio ambiente.

Promovendo essas práticas de valores e atitudes ambientalmente


adequadas ao nosso cotidiano, lançamos as primeiras sementinhas, que
serão a base do nosso futuro.

Bibliografia

BARBIERI, José Carlos. Desenvolver ou


preservar o ambiente?. São Paulo: Cidade
Nova, 1996.

CARVALHO, Luiz Marcelo. A temática


ambiental e a escola de primeiro grau.
São Paulo: USP, 1989. Tese (Doutorado) -
Faculdade de Educação, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 1989.

CASCINO, Fábio; JACOBI, Pedro; OLIVEIRA,


José Flávio. Educação, meio ambiente e
cidadania: reflexões e experiências. São
Paulo: SEMA, 1998, 122 p.

23
Despertando uma consciência
ecológica
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Albino Cassel - Maratá

Anisete Elisabete Schreiner


Anelise Schmitt Pittelkow

24
Despertando uma consciência ecológica

A principal função do nosso


trabalho com o tema “Despertando
uma consciência ecológica” é con-
tribuir para a formação de cidadãos
conscientes, comprometidos com a
vida, com o bem-estar de cada um,
com a sociedade local e global.

Nos tempos atuais, é impres-


cindível que a educação aborde
o meio ambiente de forma inter-
disciplinar, para que as crianças
conheçam e valorizem as leis da
natureza e, acima de tudo, apren-
dam a cuidar dos nossos recursos
naturais, promovendo o desenvol-
vimento sustentável.

Para atingirmos esses objeti-


vos, trabalhamos com a formação
de valores e atitudes, resgatando
o plantio da horta doméstica, com
a finalidade de mudar hábitos e gostos alimentares. Colocamos o aluno
em contato com a terra, para que valorize a importância do trabalho e a
cultura do homem do campo.

Nessa perspectiva, tivemos como objetivo despertar nos alunos a


necessidade da preservação do meio ambiente, como também conscien-
tizá-los da importância de uma alimentação saudável em benefício de
sua saúde e bem-estar. Estimulamos a mudança de atitudes e a formação
de novos hábitos com relação à utilização dos recursos naturais, favo-
recendo a reflexão sobre a responsabilidade ética de nossa espécie e o
próprio planeta como um todo, auxiliando para que a sociedade possua
um ambiente sustentável, garantindo a vida no planeta.

Implantamos a horta escolar de forma interdisciplinar e vivenciada,


onde a natureza possa ser compreendida com um todo dinâmico, e o ser
humano, como parte integrante e agente de transformação do ambiente
em que vive. Dessa forma, conscientizamos nosso aluno para a necessi-
dade de pensar no problema do lixo, nas formas de coleta e destino, na
reciclagem, nos responsáveis pela produção e pelo destino na escola,
em casa e em espaços comuns, e que venha se tirar proveito e lucro da
coleta e reciclagem, trazendo retorno para a escola e para o município
ao mesmo tempo. Sendo assim, buscamos parcerias que envolvam em-
presas e setor público. Queremos que percebam que o lixo pode ser
uma fonte importante de recursos financeiros através da reciclagem.
Confeccionamos, com materiais recicláveis, brinquedos, instrumentos
musicais e objetos que possam ser utilizados no seu dia a dia. Enten-
demos que através do canto e da dança conseguimos, de uma maneira
lúdica, conscientizar os alunos sobre a importância da preservação do
meio ambiente para evitar doenças.

25
Despertando uma consciência ecológica

Através dessa conscientização e da implantação da horta escolar


em nossa escola, incentivamos os alunos a degustar os diferentes tipos de
alimentos, estabelecendo relações entre o valor nutritivo dos alimentos
cultivados, compreendendo a importância de uma alimentação saudável
e nutritiva, sem agrotóxico, para a saúde.

Despertamos o interesse da criança para o cultivo da horta e o co-


nhecimento do processo de germinação. Acreditamos que um alimento
semeado, cultivado e colhido pelos próprios alunos despertará o inte-
resse por degustar esses alimentos. Juntamente com a nutricionista da
prefeitura, elaboramos receitas nas quais as verduras plantadas pelos
alunos foram os ingredientes básicos. Os alunos foram incentivados a
criar personagens com a massa preparada com esses ingredientes sau-
dáveis por eles colhidos em nossa horta escolar.

Estimulamos os alunos a fa-


zerem a separação e a reciclagem
do lixo, percebendo a necessidade
dessa atitude para a preservação
do meio ambiente. Para trabalhar
essa questão, a escola mobilizou
várias estratégias, entre elas: pa-
lestras, discussões em grupos,
montagem de painéis, decoração
das latas de lixos, preparamos um
espaço apropriado para a horta es-
colar usando materiais recicláveis,
confeccionamos um mascote, par-
ticipamos da gincana da alimenta-
ção saudável, reaproveitamos as
sobras da merenda escolar, folhas
velhas de hortaliças em forma de
compostagem, que será usada
como adubo na horta escolar.

A avaliação aconteceu ao longo do desenvolvimento do projeto


através da observação do desempenho e do interesse dos alunos no
desenvolvimento das tarefas propostas.

No primeiro momento, funcionários da prefeitura e pais nos auxi-


liaram na construção de escadas usadas para a montagem da horta es-
colar. Os alunos trouxeram embalagens de produtos de limpeza, esterco,
sementes e mudas. Preparamos os canteiros, semeamos e plantamos. A
expectativa foi grande! Todos os dias, os alunos, ao chegaram na escola,
iam correndo observar a germinação das sementes e o crescimento das
mudas. A aluna Dienefer, do 4º ano, adorou a ideia de implantar uma
horta, segundo relato, ela falou: “Na minha casa, fiz uma horta só para
mim. Plantei alface, brócolis e beterraba. Alface que eu adoro comer,
beterraba que eu não gosto, mas que vou comer!”

Assistimos ao vídeo Um mundinho para todos, confeccionamos


um painel representando que o mundo é de todos e que ninguém tem
o direito de destruir esta maravilhosa obra por Deus criada. Cada aluno
representou algo sobre o que compreendeu referente à história. O aluno

26
Despertando uma consciência ecológica

Cristian, do 5º ano, explicou o que


ele representou em seu trabalho,
dizendo: “Todos precisam cuidar do
planeta Terra, mesmo cada um sen-
do diferente, o cego, o que está na
cadeira de rodas, o surdo, o mudo,
nós que achamos que somos per-
feitos, os bichinhos, também as
plantas, todos precisam da mesma
coisa, que é o meio ambiente.”

Foi colhido o primeiro pé de


alface e utilizado para incrementar
a merenda escolar.

Todos demonstraram muito


interesse pela salada, valorizando
o alimento que foi plantado e cul-
tivado por eles.

É importante lembrar que,


entre a alimentação adequada, sua
aceitação e o entendimento de que esta é a melhor opção, há uma
grande distância, que certamente é diminuída quando a criança tem a
oportunidade de acompanhar o desenvolvimento do próprio alimento.

Este projeto promove mudanças de valores, hábitos e atitudes


com a implantação da horta e por meio da educação ambiental, usando
a sensibilização com a participação dos alunos.

Conhecer o meio ambiente em que vivemos faz com que desen-


volvamos um vínculo positivo com a natureza, fazendo da escola e do
lar exemplos dessas mudanças. Entende-se que, para se trabalhar essa
educação permanente e dinâmica como deve ser, é preciso criar na escola
um ambiente capaz de envolver os professores de todas as disciplinas,
discentes, funcionários em geral e também a comunidade.

Entende-se que a merenda escolar assume um papel importante na


formação da criança, desde que elaborada por meio de cardápios ricos e
nutritivos, contribui para uma vida saudável e uma aprendizagem mais
eficiente e acarreta em uma melhor qualidade de vida e saúde.

Bibliografia

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente.


Programa Nacional de Educação Ambiental:
lei 9795/99. Brasília: MMA, 1999.

SILVA, Marina. Encontros e caminhos:


formação de educadoras(res) ambientais e
coletivos educadores. Brasília, MMA, 2005.

SATO, Michèle. Educação ambiental. São


Carlos: Rima, 2002.

27
Aprendendo valores para cuidar
melhor do nosso ambiente
Escola Municipal de Educação Infantil
Descobrindo a Vida - Maratá

Clarine Sebastiana Pittelkow Luft


Maria Fabiane de Souza
Katie da Silveira Brum
Beatriz de Vargas
Graciele Orth
Maira Nonnemacher
Mariani Weschenfelder
Luana da Silva
Aline Kerber Bruniczak
Fabiane Feyh
Ângela Mara de Vargas
Carine Reidel
Cinara Moreno
Marcia Schu
Valquíria de Mello Rossi
Glades Lauermann
Carla da Cruz
Daniela T. da Motta Rommel
Mariane Marques
Sandra Schu
Claudiane Braum
Helen Camillo
Luana Felin

28
Aprendendo valores para cuidar melhor do nosso ambiente

A realidade dos nossos edu-


candos, bem como seus interesses
e anseios foram os pontos rele-
vantes que nos levaram a definir
o tema do projeto anual de 2013.
Percebendo diariamente o interes-
se pela leitura e a apreciação por
livros infantis desde as turmas de
Berçário, do Maternal e do Jardim,
decidimos desenvolver o tema Edu-
cação Ambiental através do contato
com as histórias infantis, conside-
rando esta a melhor maneira de en-
volver as crianças de todas as faixas
etárias num assunto que deve ser
discutido desde a infância.
Canteiro e latas
decoradas na cerca
Julgamos imprescindível, nos tempos atuais, que a educação in- Turma: Maternal B
fantil, de forma lúdica e dinâmica, aborde a questão ambiental, para que
as crianças conheçam e valorizem as leis da natureza desde pequenas e,
acima de tudo, aprendam a cuidar dos nossos recursos naturais, promo-
vendo o desenvolvimento sustentável. A educação ambiental não deve
ser tratada como algo distante do cotidiano dos nossos alunos, mas como
parte de suas vidas. A conscientização da preservação do meio ambiente
é de suma importância para a nossa vida e a de todos os seres vivos.

Também, através do convívio diário nas tur-


mas da nossa EMEI, observou-se a dificuldade de
relacionamento, a falta de limites, a dificuldade de
concentração e atenção nas atividades realizadas, a
inexistência de valores e a ausência familiar no pro-
cesso ensino-aprendizagem. Portanto, diante desse
contexto, abordaremos o tema Educação Ambiental:
“Aprendendo valores para cuidar melhor do nosso am-
biente”. Enfatizaremos, através da literatura infantil,
o resgate de valores, visando um ambiente escolar,
familiar e social mais saudável.

Os objetivos do nosso projeto são: preservar os


recursos naturais; perceber os cuidados necessários
à preservação da vida e do ambiente; mostrar que a
reciclagem pode trazer inúmeros benefícios; traba- Conhecendo as
partes da planta
lhar o respeito para com a natureza e para consigo mesmo; trabalhar as
Turma: Berçário B
diversas formas de vida existentes no meio ambiente: fauna, flora, vida
marinha; identificar-se como parte integrante do meio ambiente; man-
ter o meio ambiente limpo; confeccionar objetos através de materiais
recicláveis; desenvolver o hábito da leitura; estimular a criatividade;
desenvolver a atenção e a concentração; reproduzir histórias através da
dramatização; estimular a desinibição; desenvolver a oralidade, resgatar
valores e estimular a participação da família. Espera-se que no decorrer
do projeto as crianças aprendam os valores através das histórias infantis,
sensibilizando-as a preservarem o meio no qual estão inseridas, seja ele
escolar, familiar ou social.

29
Aprendendo valores para cuidar melhor do nosso ambiente

Os recursos e procedimentos metodológicos utilizados são diversifi-


cados, pois o trabalho com educação infantil exige criatividade, diversidade
e ludicidade, para que consigamos prender a atenção dos nossos alunos
num determinado espaço e tempo. Desenvolvemos o projeto principal-
mente através da contação de histórias, brincadeiras, dinâmicas de grupo,
filmes, encenações, com fantoches, confecção de painéis, criação de livros,
maquetes, dobraduras, desenho livre, criação de objetos e bonecos com
materiais recicláveis, horta escolar, plantio de flores, passeios, músicas,
experiências, atividades de recorte, montagem e colagem.

Definimos também um cronograma de temas/


assuntos que serão abordados durante o ano: março
– município (história, cultura, música, comidas típicas,
pontos turísticos) e Páscoa (sentido/significado); abril
– índio (respeito às diferenças/diversidade), literatura
infantil; maio – família, amor, afeto; junho – meio am-
biente (reciclagem), festas juninas (música, brincadei-
ras); julho – amizade e Dia da Vovó; agosto – folclore e
Dia dos Pais; setembro – Revolução Farroupilha; outu-
bro – Oktoberfest (cultura alemã) e Dia das Crianças;
novembro – amor à Pátria; dezembro – significado do
Natal. Os temas e assuntos acima apresentados são
focados principalmente no resgate de valores, bus-
cando a participação familiar no processo de ensino
-aprendizagem. Afinal, família e valores são alicerces
para a construção de um mundo melhor, tornando o
meio em que vivemos mais agradável de viver.
Bolo confeccionado com
Uma das atividades, consideradas destaque pelo grupo de educado- bandejas de isopor
ras da turma do Berçário B, foi o trabalho com a história “Cadê Clarisse?” Turma: Jardim
Através dessa história, as educadoras trabalharam o convívio e o relacio-
namento familiar. O trabalho foi iniciado na escola, através de contação
da história e discussão com as crianças. No decorrer da semana, cada
aluno levou a história para casa para ser lida e discutida com os seus pais.
A tarefa exigida foi um desenho livre da criança e um relato por escrito
dos pais, descrevendo como foi a atividade. Todos os pais participaram e
se envolveram com a tarefa, elogiando a iniciativa das docentes. Muitos
pais enviaram fotos para a escola, mostrando a realização da atividade.
Alguns até fizeram a divulgação nas redes sociais (facebook). Após o
recebimento dos trabalhos das crianças, foi confeccionado um painel,
utilizando papel pardo, com as fotos e trabalhos. “É gratificante ver o
envolvimento da família!” Destacou uma das educadoras.

A turma do Maternal A desenvolveu a atividade Meine Kleine Fishe


(Meu pequeno peixe). O título foi dado em alemão devido à cultura alemã,
uma das mais fortes descendências do município de Maratá. Explicação
dada pela professora da turma, professora Aline. A atividade ocorreu da
seguinte maneira: durante cada dia da semana, um dos alunos levava o
aquário para sua casa, para cuidar do peixinho durante um dia. A tarefa
do dia seguinte era relatar como foi a permanência do peixe na sua casa.
As crianças, numa conversa inicial em sala de aula, nomearam o peixe de
“Nino”, conversaram sobre a alimentação e sobre o habitat dos peixes. A
professora relata que a base do trabalho ocorreu através da contação de
histórias infantis sobre peixes. “Foi maravilhoso ver a euforia das crianças

30
Aprendendo valores para cuidar melhor do nosso ambiente

quando chegava o momento de levar peixe para casa!”, relatou a profes-


sora. De acordo com o levantamento realizado na turma, nenhuma das
crianças tinha em casa um peixinho como animal de estimação.

Houve muita diversão na


turma do Maternal B no dia em
que a professora anunciou a ati-
vidade que seria realizada. A ta-
refa foi organizar um canteiro, no
portão de entrada da escola. Para
a concretização do canteiro foram
utilizadas taquaras de bambu, ma-
deiras, terra, flores e plantas ver-
des. Cada aluno pôde contribuir,
ajudando no plantio das flores e
plantas verdes. “Foi uma ativida-
de muito legal!”, relatou um dos
alunos. A turma também decorou
a cerca da escola, confeccionando
latas decoradas, para, em seguida,
plantar a muda de flor que trouxe
de casa. Os alunos se sentiram ma-
ravilhados com a atividade.
Ninhos de páscoa feitos
A turma do Jardim também com potes de sorvete
realizou uma atividade supercriativa. Na semana de aniversário do mu- Turma: Maternal A
nicípio, após conhecerem um pouco da história e da cultura de Maratá,
os alunos confeccionaram um lindo bolo com bandejas de isopor. Após
a conclusão da atividade, os alunos fizeram uma visita ao prefeito, levan-
do o bolo confeccionado. O bolo ficou exposto no gabinete do prefeito
durante o mês de aniversário do município. O prefeito parabenizou as
educadoras pelo belo trabalho realizado.

Assim como as atividades acima citadas, muitas outras foram de-


senvolvidas, sempre baseadas no tema central do projeto, que vem
sendo um sucesso.

A avaliação do projeto aconteceu continuamente através de de-


bates, análises e discussões nas reuniões pedagógicas das educadoras
na escola. Refletindo periodicamente sobre o trabalho pedagógico que Bibliografia
vem sendo desenvolvido, observando, também, diariamente o envol-
DORNELES, Valdeci Antonio Pahins.
vimento dos alunos nas atividades realizadas, bem como o interesse, a
Recreação, arte mágica e a música, como
participação, a responsabilidade, a atenção e a criatividade. O fechamento instrumento pedagógico. São Leopoldo:
do projeto acontecerá em novembro, junto à II Mostra Educacional do Oikos, 2003.
Município, onde serão expostos os trabalhos realizados pelos alunos.
HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de
didática geral. São Paulo: Ática, 2000.

KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais.


São Paulo: Perspectiva, 1992.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed.


Porto Alegre: Artmed, 1998.

KLEIMANN, Angela. Oficina de leitura: teoria


e prática. 9. ed. São Paulo: Pontes, 2002.

31
O meio ambiente e suas relações,
enfocando valores
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Estação Vitória - Maratá

Jussara Henriques Dutra


Jussiani de Araújo Bergold

32
O meio ambiente e suas relações, enfocando valores

Introdução
Este artigo parte do projeto que está sendo desenvolvido na escola,
com o tema: O meio ambiente e suas relações, enfocando valores.

Nossa escola situa-se na localidade de Vitória, em Maratá, e per-


tence à zona rural. Possui duas turmas multiseriadas com 18 alunos ao
todo, distribuídos em: 1º e 2º anos; 4º e 5º anos.

Como diz a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 225, cabe ao


Poder Público “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino”.

A Educação Ambiental deve ser trabalhada na escola desde as séries


iniciais, pois é o período em que desenvolvemos as atitudes e os valo-
res que formam a base da personalidade de nossos alunos. As crianças
devem interagir com a natureza e aprender a respeitá-la.

É por isso que a escola deve oportunizar situações nas quais as


crianças consigam experimentar e explorar materiais que irão estimulá-los,
tornando assim a aprendizagem mais significativa e preparando-os para
o exercício da cidadania.

A valorização do ambiente escolar é fundamental para que os alu-


nos consigam ressignificar a importância das boas relações, do respeito
e do diálogo em todos os contextos, estabelecendo relações com trocas
de saberes e vivências e explorando novos conhecimentos.

Desenvolvendo a autonomia e proporcionando situações de apren-


dizagem em que seja possível formar conceitos básicos, que auxiliem na
preservação do meio ambiente, estaremos estimulando a capacidade
de pensar e agir de forma crítica e consciente, visando a melhoria das
condições de vida junto ao meio.

33
O meio ambiente e suas relações, enfocando valores

A proposta do projeto
Nossa proposta de atuação docente parte do princípio de que é pela
prática constante do diálogo que acontecem as trocas, os confrontos, as
construções e reconstruções de práticas sociais. E é nessa prática de diá-
logo que o professor abre caminhos para articular um projeto pedagógico.

É fundamental que o professor esteja comprometido com o seu fa-


zer, desenvolvendo o seu trabalho com compromisso social, planejamento
participativo, ação e reflexão, responsabilidade e autonomia. Acreditamos
que assim o professor irá possibilitar condições para que, gradativamente,
a criança possa desenvolver capacidades ligadas a tomada de decisões,
construção de regras, cooperação, solidariedade, respeito por si mesmo
e pelo outro. Sabemos que é preciso preparar o aluno para a vida e não
para o acúmulo de informações.

Numa perspectiva interdisciplinar, todas as áreas do conhecimento


precisam estar relacionadas, buscando desenvolver o aluno como um
todo, no seu lado afetivo, moral e intelectual. Como diz Sayão:

“O professor que olha seus alunos e os percebe para além da mera


presença física, vê não mais crianças, adolescentes ou adultos de
uma ou de outra série, não mais alunos que devem ser ensinados,
formatados, domesticados e, sim cidadãos capazes de transformar
uma realidade.” (SAYÃO, 2005, p. 127)

Nossa proposta pedagógica visa oportunizar situações em que as


crianças consigam explorar locais e materiais, respeitando o meio em que
se está inserido e se comprometendo com as ações do projeto.

Essas ações serão fundamentadas em estudos, pesquisas sobre ques-


tões ambientais, confecções de painéis, livros, folders, palestras e oficinas,
através dos quais resgataremos os valores e a relação com o meio ambiente.

O aluno precisa ser motivado a desenvolver e expressar seu pensa-


mento. Devemos oportunizar a ele situações que o conduzam ao levanta-
mento de hipóteses, à coleta de dados e à reflexão do seu conhecimento
prévio. Essa reflexão parte da produção individual para a coletiva, na qual
é valorizado o debate, a discussão, a troca de ideias e informações, pois
assim estaremos contribuindo para que o aluno desenvolva conceitos
que o ajudarão a ler e analisar o mundo e o seu tempo, adquirindo au-
tonomia e consciência crítica.

Considerações finais
A escola deve ser o lugar onde o aluno aprende a pensar por conta
própria, preparando-o para a vida e ensinando-o a ter senso crítico, noção
de valores e virtudes. Os alunos aprendem pelo exemplo e por isso, nós
professores precisamos estar em constante aperfeiçoamento, buscando
uma educação integral.

34
O meio ambiente e suas relações, enfocando valores

A avaliação, portanto, será durante todo o projeto, pois ela é um


processo que deve respeitar as individualidades de cada um, estimulando,
promovendo, gerando avanço e crescimento dos alunos. Segundo Stecanela:

“A avaliação é um processo que auxilia o aluno no seu processo de


construção do conhecimento, sendo um instrumento auxiliar da
aprendizagem que não pode ser visto isoladamente do planejamento
do professor, em especial de sua postura metodológica. Ampliando
essa ideia, podemos afirmar ainda que a avaliação tem fins de
diagnóstico e mediação no processo de construção do conhecimento,
devendo ser processual e permanente. Nessa perspectiva, assume uma
nova concepção, diferente do paradigma em que foi criada, passando a
ter um caráter emancipatório, libertador, dialético e dialógico. “
(STECANELA, 2006, p. 243)

Ao longo do projeto os alunos deverão relacionar atitudes que


consideram importantes para que tenhamos um mundo melhor e um
ambiente mais harmonioso, onde a consciência ambiental seja primor-
dial no seu relacionamento com o meio, tornando-se assim um cidadão
comprometido com o seu fazer social.

Bibliografia

PEREIRA, Luciana Teixeira. Projetos


Telecoteco. Uchoa, SP: Sapienti, 2010.

SAYÃO, Sandro Cozza. Fundamentos da


educação: sociologia, filosofia. Caxias do
Sul: Educs, 2005.

ZUBEN, Fernando Von. Meio ambiente,


cidadania e educação. Campinas: Horizonte
Geográfico, 2003.

STECANELA, Nilda. Fundamentos da práxis


pedagógica: volume 2: pedagogia.Caxias do
Sul: Educs, 2006.

35
Todos pelo meio ambiente
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Arthur Martins - Maratá

Aline Kerber Bruniczak


Daniela Terezinha da Motta Rommel

36
Todos pelo meio ambiente

Introdução
O meio ambiente está sofrendo com o desrespeito, a exploração
desenfreada, a poluição, enfim, com o descaso do ser humano para com
ele. O consumismo do mundo moderno leva a uma produção exagerada
de lixo e o meio ambiente sofre. A natureza tudo nos dá, e é nosso dever
preservá-la, a fim de garantirmos nossa sobrevivência.

A Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999, através de artigo 2°,


diz: “A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente
da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em
todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal
e não formal”.

Assim, a escola deve promover atividades e estudos que propor-


cionem, a toda a comunidade escolar, condições de refletir sobre a sua
forma de agir e repensar os cuidados com o meio ambiente.

“(...) Todas as coisas são interligadas como o sangue que une uma
família. O que acontecer com a Terra, acontecerá com seus filhos. O
homem não pode tecer a trama da vida; ele é meramente um dos fios.
Seja o que for que ele faça à trama, estará fazendo consigo mesmo.”
(Chefe Indígena Seattle).

Nosso desafio é envolver toda a comunidade escolar na luta por


um mundo melhor de se viver.

Objetivos
• Desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas à
sustentabilidade e à preservação do meio ambiente;
• Enriquecer o currículo escolar com a exploração do tema edu-
cação ambiental;
• Levar os participantes a repensar atitudes e assim diminuir o
consumismo e os desperdícios da atualidade;
• Conscientizar os alunos quanto à necessidade de cuidar do
meio ambiente como forma de garantir a sua sobrevivência e a
das gerações futuras;
• Incentivar a reciclagem e/ou reaproveitamento do lixo;
• Reforçar valores e posturas de bom cidadão, indispensáveis a
uma boa convivência em sociedade;
• Conscientizar de que o lixo é mais um problema que o ser hu-
mano vem causando ao planeta;
• Ampliar os conhecimentos dos alunos sobre questões e pro-
blemas ambientais;
• Contribuir, significativamente, para a formação de sujeitos crí-
ticos e reflexivos que contribuem para a melhoria da qualidade
de vida do planeta.
• Aplicar no dia a dia a filosofia dos 4 Rs = Reduzir, Reciclar, Re-
aproveitar e Repensar.

37
Todos pelo meio ambiente

Atividades/Ações
Decidimos iniciar o projeto com a sensibilização dos alunos atra-
vés do filme “Wall-e” que trata do assunto Lixo X Meio Ambiente. Após,
foi feita uma reflexão sobre a atual situação do nosso planeta e o que
podemos fazer para salvá-lo.

Para tornar o projeto estimulante aos alunos, desafiamos cada alu-


no a confeccionar um mascote com materiais recicláveis e, em seguida,
promovemos um concurso em que os alunos e a comunidade puderam
votar para escolher o mascote do projeto.

Ao longo do ano, estão sendo realizadas diversas atividades em


torno do projeto, as quais levam os alunos a refletir sobre os cuidados
com o meio ambiente e a mudar suas atitudes em prol de um mundo
melhor. Dentre as atividades, destacam-se: confecção de horta suspensa;
coleta seletiva de lixo; desenhos livres; oficina de fuxico; criação de textos
e poesias; assistir e analisar vídeos e filmes; manipular jogo eletrônico;
jogar trilha da reciclagem; jogar dominó do bom cidadão; entrevistar
familiares e comunidade, verificando como estão cuidando do meio
ambiente; participar da palestra com o gestor ambiental Ronei Rommel
“Cuidando do Meio Ambiente”; confecção de maquetes; acompanhar,
nos meios de comunicação, através de pesquisas, notícias relacionadas
ao tema; brincar e aprender através de jogos de tabuleiro e da memória;
representação de conteúdos através de atividades com massa de modelar;
confecção de jornal informativo com distribuição às famílias, retratando as
principais atividades desenvolvidas no projeto ao longo do ano; gráficos
e tabelas; confecção de brinquedos com sucata; painel para mostra dos
trabalhos (Mostra Pedagógica do Município); coleta de sobras de óleo
de cozinha para trocar por barras de sabão; músicas e clipes musicais;
estudos de campo; distribuição de folders informativos; dinâmicas de
grupo; Semana do Meio Ambiente (cartaz, textos, palestra, desenhos e
oficina da reciclagem); confecção de presentes ecologicamente corretos
para o Dia das Mães e o Dia dos Pais.

A proposta é desenvolver o projeto utilizando materiais diversos


que levem cada indivíduo envolvido no projeto a tornar-se mais crítico e
ativo na resolução dos problemas atuais relacionados ao meio ambiente.

A forma de análise de textos, filmes, reportagens, estudos de campo,


trabalhos em grupos etc. tem como objetivo oportunizar aos alunos a
construção do conhecimento e a formação de sua identidade de forma
prazerosa e eficaz.

Para tal, serão utilizados materiais recicláveis, cola quente, caneti-


nhas, lápis de cor, giz de cera, guache, pincel, folhas, EVA, TNT, livros, DVDs,
massa de modelar, máquina fotográfica, cola, tesoura, computador, jogos
pedagógicos, rádio, televisão, aparelho de DVD, Data Show, mudas/semen-
tes, terra, adubo orgânico, ferramentas de jardinagem, arame e demais
materiais que ao longo da aplicação do projeto se fizerem necessários.

38
Todos pelo meio ambiente

Fotos ilustrando o concurso dos


Avaliação mascotes, oficina de material
reciclado, palestra “Cuidando do
Meio Ambiente” e confecção de
A avaliação será feita de forma contínua, observando a participa- cartazes sobre o tema.
ção, o comprometimento, a criatividade dos alunos e a elaboração das
atividades propostas, bem como a mudança de atitudes dos envolvidos
em relação ao próximo e ao meio ambiente.

De acordo com Luck (2003):

“(...) A avaliação, embora associada ao monitoramento, corresponde ao


processo de medida e de julgamento dos resultados parciais e finais
obtidos pelo projeto e seu impacto sobre a realidade. Corresponde,
portanto, a uma verificação de eficácia do projeto.” (p. 129)

Está previsto para a etapa final do projeto uma exposição à comu-


nidade na 2ª Mostra Pedagógica do Município de Maratá.

Bibliografia

ASSOCIAÇÃO DOS FUMICULTORES DO


BRASIL. Levando a sério a natureza. Brasil:
Vision, 2003. (Coleção Projeto Verde Vida).

GIL, Ângela; FANIZZI, Sueli. Porta aberta:


Ciências, quarto ano. São Paulo: FTD, 2008.

LUCK, Heloísa. Metodologia de projetos:


uma ferramenta de planejamento e gestão.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

MARQUES, Cristina; BUTZKE, Ivani;


NASCIMENTO, Sandra. Coleção Meio
Ambiente.

PANZA, Sylvio Luiz. Coleção Ecologia. São


Paulo: Ciranda Cultural, 2010.

SANTOS, Maria Helena Araújo. Caderno de


ensino e aprendizagem: Ciências 4. Brasília:
MEC, 2010.

39
Todos juntos se apaixonando pelo
planeta
Escola Municipal de Educação Infantil MIMO -
São Pedro da Serra

Anelise Maria Cornelius Escher


Reni Metz
Silvane Nogueira da Silva

40
Todos juntos se apaixonando pelo planeta

O presente projeto surgiu


de uma pesquisa realizada com
as famílias, na qual as famílias su-
geriram o tema. Percebemos então
a necessidade de formarmos ci-
dadãos conscientes, a importân-
cia de cuidarmos do meio em que
vivemos, bem como as mudanças
de hábitos, a fim de garantirmos
nossa sobrevivência e um mundo
melhor a partir de nossas vivências
e mudança de postura.

Temos como objetivo opor-


tunizar à criança a compreensão
de assuntos importantes para a
sua vida, do mundo que a cerca,
da importância dos nossos atos em
relação ao planeta, analisando o
modo de estar no mundo. Observar as transformações da sociedade e do
comportamento humano quanto à alimentação, à saúde, ao meio em que
está inserida, ao consumo consciente, propondo uma prática responsável
ética, cooperativista e respeitosa a todas as formas de vida, trabalhando
de forma interdisciplinar, criativa, investigativa e lúdica para que também
aprendam através do brincar. Oportunizar aos alunos o contato com di-
ferentes tipos de linguagens para favorecer o desenvolvimento motor,
cognitivo, oral, matemático, estético e expressivo. Com isso, pretendemos
resgatar a história de vida do aluno, da família, da escola, do município
em que vive, o cuidado com as plantas e animais, bem como a utilização
da água, os cuidados com a saúde, a alimentação, o corpo e a mente e
a importância da coleta seletiva do lixo que produzimos, a fim de que
perceba os prejuízos causados por ele no meio ambiente.

O projeto está sendo desenvolvido de forma conjunta, no período


de fevereiro a dezembro de 2013, envolvendo professores, monitores,
direção, funcionários, pais e alunos. Contamos com a parceria da Secre-
taria Municipal de Educação, Esporte e Lazer (SMEEL), do Posto de Saúde
e da Prefeitura Municipal de São Pedro da Serra.

O presente projeto foi dividido em quatro focos:


• Eu e o ambiente (meu corpo, minha saúde, alimentação, plantas,
água, lixo e consumo consciente)
• Família e ambiente (água, animais, plantas, consumo)
• Escola e ambiente (histórico da escola, pessoas que nela traba-
lham, lixo, consumo)
• Comunidade e ambiente (município, nota fiscal, coleta seletiva)

41
Todos juntos se apaixonando pelo planeta

A divulgação inicial do pro-


jeto foi feita em todas as salas de
aula, através da apresentação do
globo, via exploração e conversa
informal com as crianças, como
também por meio de um vídeo
musical sobre os cuidados e a pre-
servação do Mundinho, intitulado
Um novo Lugar (Xuxa 11).

A partir dessa música, foi reali-


zada uma apresentação às famílias,
envolvendo as turmas de Berçário,
Maternais I, II e III, Jardins A e B, com
o objetivo de sensibilizar as famílias,
fazendo-as pertencentes ao meio
escolar, integrando-as ao projeto.

Dando continuidade, as ati-


vidades foram direcionadas às tur-
mas e cada professor pôde usar
sua criatividade. Foi trabalhado o corpo, a higiene, através de ginásticas
historiadas, modelagem, contação de histórias, músicas, pinturas, amostra
da caixa de lembranças (identidade da criança), utilização do estetoscópio
(ouvir o coração), dobradura da casinha, pesquisa da origem do nome e
da composição das famílias, confecção de fantoches dos membros da
família, como também brincadeiras envolvendo o assunto.

Prosseguindo, envolvemos a alimentação em nosso Projeto, pois


ela também faz parte do cuidado com o meio, uma vez que descartamos
muitos materiais, embalagens que, se não forem destinadas corretamen-
te, podem prejudicar a nós mesmos, bem como a questão do consumo
consciente e da importância da alimentação saudável e balanceada.
Foram realizadas atividades de visita ao Mercado das Frutas, elaboração
de gráficos, construção da pirâmide dos alimentos, confecção do livrinho
da alimentação, cupcakes de cenouras (colhidas na horta de uma aluna),
acompanhamento do desenvolvimento dos feijões, construção de hortas
em garrafas pet e caixas de leite. A partir da história “Próxima parada:
estação barriga!”, de Anna Russelmann, foi confeccionado um trem com
sucatas, classificação dos alimentos com embalagens, visitação do boneco
“Barriguinha” às famílias, com o registro escrito e fotográfico. Também,
durante a Páscoa, produzimos ovos de chocolate com auxílio das crianças
e construímos cestas com material reciclável. Por fim, tivemos a visita da
nutricionista, que fez a pesagem, mediu as crianças e realizou palestra
com os pais, com o objetivo de obter uma parceria com os mesmos no
acompanhamento de uma alimentação saudável.

Num terceiro momento, vimos a necessidade de falar sobre a água,


que não é um bem durável, necessitando ser economizada e preservada.
A partir daí, realizamos diversas atividades, como: confecção de fanto-
ches do “Bob Gota” de TNT, contação de histórias sobre o ciclo da água,
confecção do livro sanfonado, teatro com a história Rogério Salva o Rio,
elaboração de painéis, vídeo Planetinha Água (Guilherme Arantes), dra-
matização da música A Sementinha, conversas informais e observações

42
Todos juntos se apaixonando pelo planeta

de nossas atitudes. Realizou-se também pesquisas


enviadas para os pais sobre o consumo de água em
suas casas e se praticam ações voltadas à preservação
do meio ambiente.

Para dar continuidade ao projeto, trabalhamos


com as questões do lixo, reciclagem e separação. Fo-
ram realizadas atividades como confecção de lixeiras,
separação do lixo, visita ao local do destino do lixo
orgânico da escola, coleta de lixo nos arredores da
escola, visita a usina de reciclagem e confecção de al-
gum brinquedo com material alternativo previamente
solicitado aos pais através de bilhete. A exposição dos
brinquedos confeccionados foram escolhas das crian-
ças conforme suas vivências e experiências durante o
processo do projeto.

A avaliação se dará no decorrer do projeto, levando em conta os


objetivos alcançados e os resultados, tanto na perspectiva de ensino
quanto de aprendizagem. Sendo que, até o momento, pudemos perceber
que conseguimos desenvolver, em nossa prática pedagógica, habilida-
des variadas, representadas pelos diferentes sentidos, envolvendo as
artes visuais e cênicas, a oralidade e os aspectos corporais, gerando nas
crianças valorização de si mesmas e do meio, como a integração social
em seus diferentes níveis: na escola, na família e na comunidade.

Bibliografia

MANDINE, Selma. Beijinhos. São Paulo:


Ciranda Cultural, 2011.

EMORINE, Marie-Pierre; GACHET, Fabrice.


Meu coraçãozinho. São Paulo: Ciranda
Cultural, 2011.

FERNANDES, Paulo Dias. Rogério salva o rio.


Erechim: Edelbra, 2009.

RUSSELMANN, Anna. Próxima parada:


estação Barriga. São Paulo: Ática, 1996.

YOGI, Chizuki. Aprendendo e brincando


com músicas e jogos. São Paulo: Todolivro,
2012. (Coleção Sustentabilidade).

BELLINGHAUSEN, Ingrid. Coleção Mundinho.


São Paulo: Ciranda Cultural, 1998.

ROCHA, Ruth. Coleção “Os Sentidos”. DVD 11.

MORAES, Vinicius de. A casa. Disponível


em: <http://www.youtube.com/
watch?v=ipjly96rzxA>. Acesso em:
20/08/2013.

ARANTES, Guilherme. Planetinha Água.


Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=oPwnAq2xMUg>. Acesso em:
20/08/2013.

43
Eu e o meio ambiente: vivendo em
harmonia e de maneira saudável
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Saldanha Marinho - São Pedro da Serra

Fabiane Simon
Marnice Weschenfelder
Karine Muller

44
Eu e o meio ambiente: vivendo em harmonia e de maneira saudável

O estudo do meio ambiente tem um contexto muito amplo, englo-


bando temas diversificados, cada um com suas peculiaridades. Porém, são
temas que possuem uma situação de interdependência, já que o estudo
do meio ambiente se refere às relações entre os seres vivos. No entanto,
esse tema se torna complexo e de uma difícil assimilação coerente com
a realidade do educando quando tentamos trabalhá-lo de forma global.

Entendemos que, para haver essa assimilação, é necessário partir de


um estudo específico sobre determinado tema. Neste caso, o limitamos
ao âmbito escolar.

Abordar temas relacionados ao meio ambiente de forma globalizada


e esperar dos educandos resultados positivos sem que estes vivenciem
isso no seu cotidiano familiar e escolar é no mínimo um paradoxo.

É essencial a elaboração de um projeto que articule ações voltadas


à realidade do aluno, em que ele possa ter oportunidade de conhecer, re-
fletir, sensibilizar-se e atuar dentro do seu próprio ambiente. Começando
no seu universo, que é um tanto “limitado” em função de sua visão de
mundo estar perpassando por nível de aprendizagem e ainda se restringir
ao espaço em que vive, o aluno precisará vivenciar situações concretas
para compreender os conhecimentos em estudo.

Compreendemos que de nada adianta abordarmos temas como aque-


cimento global, preservação dos recursos naturais etc. sem partir de ques-
tões conhecidas e vivenciadas pelos nossos alunos como: jogar papel no
chão, cuidados com o meio ambiente no dia a dia familiar e escolar, cuidados
com a higiene e a saúde, desperdícios de água nas torneiras e bebedouros,
merenda desperdiçada etc. Enfim, o grande desafio que a sociedade atual-
mente enfrenta em conscientizar as pessoas sobre a preservação ambiental
está inteiramente ligado à educação familiar e escolar. Já que a família não
trabalha o assunto com a preocupação específica com o meio ambiente e
a escola geralmente enfatiza o tema num contexto muito amplo.

Cabe a nós, educadores, conscientizar nossos alunos de que o mau


uso do espaço e dos recursos que o meio ambiente oferece acarreta
prejuízos a ele e ao meio em que ele vive. Evidentemente, a educação
sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente
é condição necessária para tanto.

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
(Constituição Federal de 1988, Art. 225.)

Diante disso, pensou-se em como fazer para despertar nos educan-


dos e, consequentemente, na comunidade escolar a reflexão para a ação,
para a mudança de postura e hábitos adotados e os valores básicos como
o amor e o respeito, principalmente, que permitam viver numa relação
construtiva consigo mesmo e com o seu meio, preocupando-se com as
questões ambientais, buscando sobretudo a transformação de atitudes
que remetam à proteção e à valorização do meio ambiente.

45
Eu e o meio ambiente: vivendo em harmonia e de maneira saudável

Para isso, é preciso fazer com que o aluno identifique-se como


parte integrante da natureza, percebendo-se como responsável pelos
seus atos e como agente transformador do meio ambiente, estimulando
novos hábitos, atitudes e comportamentos que conduzam a um rela-
cionamento mais harmônico entre nossa espécie, as outras espécies, o
meio ambiente e o planeta como um todo, por meio de ações práticas
no cotidiano familiar e escolar.

Primeiramente, levamos os alunos para o pátio para analisarmos


o que poderia ser feito para melhorar o entorno da escola. Foi sugerido
plantar flores, árvores frutíferas e criarmos canteiros para cultivo de
chás, temperos e algumas hortaliças. Após, providenciarmos o material
necessário, levamos os alunos para o pátio para prepararmos os canteiros
para o plantio. Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo ficou
responsável por regar as plantas e cuidar das mesmas. Estamos usando o
que colhemos na merenda escolar. Também foi realizado um passeio ao
sítio do Professor Erno Kirch para observar espécies de árvores nativas em
extinção que são preservadas em sua propriedade, bem como observar
um pequeno riacho que passa costeando a propriedade, que é resultado
do encontro de duas nascentes ali próximas. Aproveitamos também para
conhecer o sistema de compostagem que é realizado com o lixo orgânico
produzido em sua propriedade e depois aproveitado na horta.

Também visitamos as famílias para incentivarmos a implantar a


horta em suas residências, já que no levantamento feito com os alunos,
verificou-se que a maioria não tem horta e que compra as verduras. Per-
cebeu-se que muitos alunos desconhecem as verduras e árvores frutí-
feras que podem ser cultivadas, a maneira que cada espécie é cultivada
(sementes, mudas...), pois não possuem o hábito de cultivá-las. Levamos
os alunos ao cinema para assistir ao filme: Tainá, a origem. No filme pu-
deram observar os cuidados que se deve ter com o meio ambiente e que
é possível viver em harmonia com o mesmo.

Através de palestras, os alunos aprenderão a importância de desen-


volver hábitos de alimentação saudável, bem como manter a higiene física Bibliografia
e mental, tomar pequenos cuidados para evitar acidentes domésticos e
COMO elaborar projetos escolares com
aplicar primeiros socorros.
garrafas pet. Disponível em: <http://www.
assimsefaz.com.br/sabercomo/como-
Também analisamos questões relacionadas ao lixo produzido, ao elaborar-projetos-escolares>. Acesso em:
destino correto desse lixo e ao seu reaproveitamento em trabalhos com 20/08/2013.
reciclagem e trabalhos artísticos, os quais foram expostos.
CONSUMIDOR consciente. Disponível em:
<http://consumidorconsciente.eco.br/>.
Durante a realização do projeto, já foram verificadas mudanças sig- Acesso em: 20/08/2013.
nificativas de hábitos e atitudes em relação ao objetivo do projeto. Nos
relatos, nos textos produzidos, nos desenhos ou mesmo em conversas MEIO ambiente e sustentabilidade.
dirigidas, é possível verificar como os alunos estão entusiasmados com Disponível em: <http://revistaescola.abril.
com.br/meio-ambiente/>. Acesso em:
os trabalhos que estão sendo realizados.
20/08/2013.

RIO GRANDE DO SUL. Fundação de Proteção


Ambiental Henrique Luiz Roessler. Disponível
em: <www.fepam.rs.gov.br/>. Acesso em:
20/08/2013.

TAINÁ, a origem. Direção: Rosane Svartman. São


Paulo: Sony Pictures, 2010. 1 DVD (83 min).

46
Hábitos saudáveis: a arte de amar
o mundo como uma inspiração para
uma vida saudável
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Imaculado Coração de Maria - São Pedro da Serra

Aline Klein
Anelise Neumann
Édela Maria Forneck Werner
Fabricia Büttenbender
Jamile Walter Roesler
Leda Denicol Andrioli
Lucia Maria Marques Vrielink
Luzia da Silveira Rech
Maria Cleonice Roesler
Marciane Suzete Zaro Willvvock
Marciele Zaro Hoff
Maria Inês Schütz

47
Hábitos saudáveis: a arte de amar o mundo como uma inspiração para uma vida saudável

Iniciamos nosso artigo com Augusto Cury (2003, p. 79), que nos fala
que “bons professores educam para uma profissão, professores fascinan-
tes educam para a vida”, pois acreditamos que trabalhar com projetos é
de extrema importância e que os alunos levarão para toda a vida esses
conhecimentos. São atividades diferentes, muito práticas, muitas delas
realizadas fora da sala de aula, pelas quais os alunos demonstram bas-
tante empolgação e interesse. Por isso, nossa escola realiza um projeto
diferente todos os anos.

Para sensibilizar nossos alunos, este ano, os levamos para uma


saída de campo no Sítio da família do Prof. Erno Inácio Kirch, em Linha
Canjerana, Salvador do Sul, para observar, conservar, preservar e lutar pela
qualificação do meio ambiente. Esse é o significado maior da educação
para um projeto de vida sustentável.

Depois da sensibilização, foram criadas floreiras, e cada turma de-


cidiu o que plantar ou semear. Alguns plantaram chás, outros verduras, e
uma turma fez semeadura e posteriormente os alunos levaram as mudas
para plantar em casa. Como nossos alunos têm o hábito de trazer flores
para os professores, criamos também as Ikebanas.

Içami Tiba (2006, p. 183) nos diz que “quando a escola e a família
falam a mesma língua e têm valores semelhantes, a criança aprende
sem grandes conflitos”. Por isso, no dia 13 de abril, a escola realizou a
IV Festa da Família Imaculado, com a integração de todos os pais e da
comunidade em geral. Todos os alunos apresentaram a música Imaginem
do cantor Toquinho, relatando a importância de todos juntos cuidarmos e
preservarmos a natureza. No final da apresentação, cada família recebeu
o refrão da música com um bombom de licor representando muita paz
e um meio ambiente repleto de amor.

Dentro do projeto, ocorreram atividades diárias, como a hora da


leitura, em que os primeiros 15 minutos de aula eram destinados a lei-
turas com foco no assunto do projeto. Semanalmente, fizemos ginástica
laboral em grande grupo, ou seja, todos os alunos fizeram alongamentos
com a professora de Educação Física no pátio da escola com o objetivo
de desenvolver esse hábito saudável.

No decorrer de todo o ano, os alunos receberão folders e selinhos


ecológicos com informações sobre como ajudar o nosso planeta e que
atitudes devemos ter para ajudá-lo. Esses itens serão colocados na ge-
ladeira de casa como um lembrete diário.

Foram feitas publicações no jornal local sobre as atividades de-


senvolvidas no projeto.

48
Hábitos saudáveis: a arte de amar o mundo como uma inspiração para uma vida saudável

Também ocorre semanalmente a coleta de reciclagem, durante a


qual pais, alunos, funcionários e comunidade em geral trazem material
reciclado para a escola. À medida que os alunos trazem o material recicla-
do, marcam pontos (por família), e, no encerramento do ano letivo, as 35
famílias que mais trouxerem material serão premiadas. O valor arrecada-
do é bastante significativo para a escola, sendo revertido para os alunos
através da compra de materiais esportivos e pedagógicos, além de mimos
para as datas comemorativas do ano. Este ano, por exemplo, o coelhinho
da Páscoa presenteou os alunos com uma regata do uniforme da escola.

Continuando o projeto, ocorreu, no mês de maio, o “Dia do Talento”


na escola, com apresentações artísticas dos alunos, conforme o talento
de cada um. As apresentações envolveram músicas, maquetes, confec-
ções com material de sucata, painéis, atividades esportivas, etc. Enfim,
um grande número de apresentações diferenciadas, pois procuramos
trabalhar na escola pensando na Teoria das Múltiplas Inteligências de
Howard Gardner (1994, p.7), segundo o qual: “existem evidências persu-
asivas para a existência de diversas competências intelectuais humanas
relativamente autônomas com inteligências humanas”. É exatamente
esse o objetivo do Dia do Talento: valorizar todos os conhecimentos e
oportunizar aos alunos que demonstrem, muitas vezes, a sua realidade.

Nossa escola também participou com a comunidade do dia de


Corpus Christi. Fizemos a coleta de alimentos não perecíveis, que foram
colocados dentro de cestos e expostos no altar da igreja. Os alimentos
foram doados para a Clínica de Recuperação de Dependentes deste mu-
nicípio. Essa doação foi acompanhada pelo Padre Ademar, pela Direção,
pelos professores e alunos da escola. Ao invés de fazermos tapetes com
serragem, foi realizada essa campanha.

Na semana de São João, ensinamos todos os alunos da escola a


fazer o refrigerante caseiro para ser degustado no dia da festa de São
João. A festa ocorrerá no dia 24 de junho para todos os alunos da esco-
la. A receita contém gengibre, que é um antibiótico natural. Essa planta
será estudada com mais detalhes em sala de aula, e será realizada uma
pesquisa no laboratório de informática. A receita do refrigerante caseiro
constará do livro de receitas, que incluirá uma coletânea de receitas ca-
seiras enviadas pelos pais. Esse livro será encaminhado para as famílias
no final do ano letivo. Vygostsky (2007, p. 166) nos diz que “tanto as
estruturas sociais como as estruturas mentais têm de fato raízes históricas
muito definidas, sendo produtos bem específicos de níveis determinados
do desenvolvimento dos instrumentos”. Acreditamos ser de extrema im-
portância resgatar os hábitos saudáveis dos nossos antepassados para
termos uma vida mais saudável.

Como nosso projeto é planejado para o ano inteiro, ainda no se-


gundo semestre, realizaremos um soletrando3, jogos de interséries,
apresentação de uma história em slides para todos os alunos e, após a
pesagem dos alunos, será feito um estudo sobre a pirâmide alimentar
com a nutricionista e posteriores estudos em sala de aula.
3Soletrando (também chamado de Campeonato Nacional de Soletração) é um concurso
brasileiro de soletração realizado anualmente pelo programa de televisão Caldeirão do
Huck, da Rede Globo, com a participação de alunos da Rede Pública de Ensino do Brasil.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Soletrando

49
Hábitos saudáveis: a arte de amar o mundo como uma inspiração para uma vida saudável

Para o Dia das Crianças, também faremos uma Gincana Ambiental.


E o projeto culminará com um Piquenique Ecológico, para o qual todos
os alunos, os professores, a direção e os funcionários irão trazer somente
alimentos saudáveis. O piquenique ocorrerá na Área do Esporte Clube
Veteranos, na qual existe bastante natureza para ser apreciada. Além dis-
so, serão exibidos slides de fotos sobre o desenvolvimento do projeto na
Praça Municipal de São Pedro da Serra para os pais e a comunidade em
geral. Isso ocorrerá juntamente com o encerramento do ano letivo de 2013.

Para concluir, queremos dizer que não é fácil ser sustentável num
mundo de altíssimo consumo, onde as pessoas valem pelo que podem
consumir e pelo que têm. Porém, muito em breve, ser sustentável será
uma questão de sobrevivência, porque o ser humano está colocando sua
própria existência em risco.

Nos resta torcer para que a conscientização ocorra a tempo; que


não seja necessário o planeta chegar aos seus limites de sustentabili-
dade, o que vai fazer com que esse modo de vida seja aceito por toda
a sociedade como a única forma realmente possível de prolongarmos a
nossa existência no planeta.

Referências

CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes,


professores fascinantes. Rio de Janeiro:
Sextante, 2003.

GARDNER, Howard. Estruturas da mente:


a Teoria das Múltiplas Inteligências. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1994.

TIBA, Içami. Quem ama, educa. 6. ed. São


Paulo: Gente, 2002.

VYGOTSKY, Lev. Formação social da mente.


São Paulo: Martins Fontes, 2007.

50
Parte 2
Trânsito na Educação – Educação
no Trânsito
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Selma Wallauer - Salvador do Sul

Viviane Fagundes da Silva


Cecília Pech Selau
Liane Maria Brummelhaus
Catiane Dalcin
Tiane Forneck
Elário Graff
Sibele Maria Dessbesel

52
Trânsito na Educação – Educação no Trânsito

Para a humanidade, sempre


foi indispensável deslocar-se de
um lugar a outro em busca de suas
necessidades. Porém, o que come-
çou com meia dúzia de pessoas
disputando o espaço com animais,
transformou-se em milhares de pes-
soas se acotovelando diariamente
em busca desse espaço, além de o
disputarem com variados tipos de
meios de transporte. Atualmente, o
trânsito representa um dilema para
a vida das pessoas, pois, assim como
permite acesso a inúmeros locais,
também é fonte de males como
congestionamentos, problemas de
convivência e acidentes.

O trânsito reflete o que e quem somos. A educação, como instru-


mento de transformação da sociedade, configura-se como uma possi-
bilidade, se não a maior de todas, de organizar o bem viver através da
conscientização. Nos últimos anos, políticas educacionais vêm tentando
construir um trânsito seguro, desenvolvidas através da prevenção e da
orientação nas escolas para a formação de cidadãos mais conscientes e
responsáveis, investindo na “(...) aquisição de valores, posturas e atitudes
na conquista de um ambiente solidário e pacífico entre os indivíduos, uma
vez que o trânsito não necessita somente de leis e normas, mas também
de amor à vida, solidariedade, respeito e amor ao próximo” (OLIVEIRA,
2010), resultando assim na solução desses problemas.

A frase do filósofo Pitágoras “Educai as crianças e não será preciso


punir os homens” fundamenta o trabalho educativo da escola. No coti-
diano da E.M.E.F. Selma Wallauer, eram comuns incidentes resultantes da
falta de cuidado dos alunos ao trafegar pela escola, além de problemas no
uso do transporte escolar, tornando evidente que a conduta das crianças
reflete o caos que a sociedade vive no trânsito. Dessa forma, o Projeto
“Trânsito na Educação - Educação no Trânsito”, tomando como exemplo
práticas já existentes em todo o País, pretende desenvolver os valores
e virtudes importantes para a vida em sociedade, para a convivência
socialmente saudável, contribuir efetivamente na redução de acidentes
e auxiliar no conhecimento e conscientização quanto à proteção da vida,
para a paz no cotidiano em todos os espaços.

53
Trânsito na Educação – Educação no Trânsito

Segundo Soares (2013), a


criança é considerada pedestre as-
sim que começa a andar e, para cres-
cer com consciência, precisa receber
informações sobre seus direitos e
deveres como tal, pois trânsito não
se resume às responsabilidades dos
condutores, mas de todos que se
movimentam em ruas e estradas, a
pé ou de bicicleta. Com essa finali-
dade, os educandos serão instiga-
dos a reconhecer a educação para
o trânsito como fator de segurança
pessoal e coletiva, intervindo na re-
alidade para transformá-la.

Partindo da análise de com-


portamentos de motoristas e pe-
destres, comparando-os com nor-
mas estabelecidas no Código de
Trânsito Brasileiro, da observação
de atitudes positivas e negativas,
tanto no trânsito das ruas como no movimento de pessoas dentro da
escola, os alunos serão levados a identificar regras de circulação, a res-
peitar formas de sinalização, interiorizando atitudes corretas frente ao
tráfego de pessoas e veículos.

Para Oliveira (2010), um dos aspectos mais relevantes para a con-


quista da paz e da segurança no trânsito é que os agentes envolvidos
consigam conviver consigo e com o próximo. Para tanto, “a conquista
de valores referentes às relações humanas, já que não é viável apenas
exibir dados de acidentes e mortes no trânsito, mas elaborar ações de
prevenção aos acidentes envolvendo motoristas, motociclistas, ciclistas,
passageiros e pedestres” se faz através da educação.

A visualização de vídeos referentes a condutas no trânsito servi-


ram de sensibilização, abrindo o diálogo sobre o tema. Em consonância,
houve uma palestra com um representante da Brigada Militar, na qual os
alunos foram orientados do ponto de vista da legalidade. Dessa maneira,
a discussão sobre o tema, intermediada pelos professores, resultou na
construção de maquetes e na confecção de placas de orientação, sinali-
zação e sensibilização, que foram colocadas no espaço escolar.

A música, como forma de expressão e experimentação de situações


através da encenação, permeia o projeto com canções cuja mensagem
positiva reforça o que é discutido em sala de aula.

Dentre as ações ainda previstas no projeto, destacam-se uma saída


de campo até o centro da cidade com o intuito de observar comporta-
mentos de motoristas e pedestres, a visita a uma pista de trânsito infantil,
onde será oportunizado vivenciar situações concretas como motorista e
como pedestre, e a confecção de um folder informativo sobre cuidados
no trânsito, que servirá de ponte entre escola e comunidade, ampliando
assim a abrangência do projeto.

54
Trânsito na Educação – Educação no Trânsito

Espera-se, com a efetiva


realização do projeto, que todos
os envolvidos tenham compre-
endido e sejam multiplicadores
da proposta apresentada, expe-
rimentando uma nova postura ao
desempenhar os diferentes papéis
na sociedade ligados ao trânsito
e à convivência em geral, dando
preferência à preservação da vida.
Além da observação constante das
atitudes dos educandos, intervin-
do sempre que necessário, será
construído um portfólio como for-
ma de registro de textos orienta-
dores e canções trabalhadas.
Apresentação e encenação de
Com os trabalhos realizados até o momento, observa-se uma me- canção sobre “Trânsito”
lhora satisfatória na conduta dos educandos no que diz respeito aos
deslocamentos dentro da escola. No entanto, percebe-se quão insistente
deve ser um trabalho para obter os resultados almejados, tornando a
função do educador cada vez mais imprescindível, sendo que valores
como respeito, cordialidade, tolerância, paciência, que antes eram trans-
mitidos pela família, agora também se agregam à função escolar. Portanto,
ações educativas instruindo os alunos em relação aos riscos no trânsito,
promovem a formação de atitudes corretas, contribuem para um trânsito
mais humano e para a melhoria da qualidade de vida.

Referências

MARIA, Selma (et al). Educação para o


trânsito: compartilhando responsabilidades.
Disponível em: <http://serex2012.proec.
ufg.br/uploads/399/origina_SELMA_MARIA.
pdf>. Acesso em: 10/08/2013.

OLIVEIRA, Soraya Freire de. Educação para o


trânsito na escola: uma questão de direitos
humanos. 2010. Disponível em: <http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/
materiais/0000016233.pdf>. Acesso em:
12/07/2013.

SOARES, Carla. Sinal verde: educação no


trânsito. Revista Nova Escola. Disponível
em: <http://revistaescola.abril.com.br/
geografia/pratica-pedagogica/sinal-verde-
educacaotransito-426548.shtml>. Acesso
em: 10/07/2013.

55
No trânsito, dê preferência à vida!
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Augusto Ambrósio Rücker - Maratá

Caren Cristine Heck


Lisiane Ramos Kirsten
Viviane Fagundes da Silva

56
No trânsito, dê preferência à vida!

Palestra com a Brigada Militar

Confecção da maquete (zona rural)

Sabendo do importante papel transformador da sociedade que


a escola e a educação possuem, nos últimos anos, dentro das Políticas
Educacionais, o “trânsito” tem sido abordado como um tema transversal
para colaborar na formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis,
contribuindo assim para a solução desses problemas.

Assim, propomos o projeto “No trânsito, dê preferência à vida”, se-


guindo diversos exemplos positivos existente em todo País, que trata da
inclusão desse tema nas práticas educativas das escolas, servindo como um
canal de informações e formação para as nossas crianças e adolescentes. Construção dos carrinhos com sucata

57
No trânsito, dê preferência à vida!

O projeto busca “contribuir efetivamente na


preservação, na redução dos acidentes e auxiliar na
conscientização e conhecimento quanto à proteção da
vida, para a paz no cotidiano dos espaços rurais e urba-
nos. Também tem como meta levar ao entendimento
dos alunos, a importância e a relevante prática que
se faz necessária no bom relacionamento de todos
os cidadãos que fazem parte do trânsito, bem como
a devida e indispensável atenção e o respeito, para
que haja a harmonia tão almejada, os bons hábitos e
as atitudes adequadas”, e mudar hábitos e atitudes
no transporte escolar, pois, como pedestre, o aluno
consciente e informado sobre o trânsito pode influen-
ciar os pais e a comunidade sobre o uso correto de
itens de segurança no trânsito. O projeto objetiva a
identificação da educação para o trânsito como fator
de segurança pessoal e coletiva; a colaboração para
a formação de comportamentos, tanto dos motoristas
como dos pedestres, que proporcionem segurança no
trânsito; a análise de atitudes positivas e negativas,
comparando-as com as normas estabelecidas no Có-
digo Nacional de Trânsito; e o acesso à informação de
forma didática e lúdica. Ainda temos como objetivo o
desenvolvimento da atenção e percepção como ele-
mentos indispensáveis para a segurança no trânsito.
Confecção da maquete (zona urbana)
Através do lúdico, as mensagens educativas vêm sendo transmitidas
e inseridas no processo ensino-aprendizagem, com atividades individuais,
atividades interativas, e também atividades representativas da escola. As-
sim sendo, o projeto iniciou com um longo debate sobre o que é trânsito;
realizamos pesquisa sobre a história do trânsito no Brasil; resumimos essa
história, criando uma linha do tempo; montamos um livrinho com essas
informações; criamos desenhos e cartazes; participamos da palestra com
a Brigada Militar de Maratá; elabo-
ramos um ofício solicitando placas
de trânsito em frente a escola ao
Prefeito Municipal; fizemos a es-
colha do logo do projeto através
de eleição e confeccionamos uma
camiseta do projeto, com o logo
escolhido. Confeccionamos tam-
bém duas maquetes com os alu-
nos, uma que mostra o trânsito na
zona rural e outra, na zona urbana;
construímos carrinhos de papelão
e ornamentamos, para fazermos
um circuito de trânsito com a Bri-
gada Militar. Para os próximos me-
ses, temos previstas as seguintes
atividades: BRIGADA MIRIM POR
UM DIA, durante o qual os alunos
realizarão abordagens junto com a Eleições: escolha do logo do projeto
BM no centro da cidade; entrevista
na Rádio Brochier, dando dicas de

58
No trânsito, dê preferência à vida!

segurança aos motoristas; e, para a culminância do


projeto, está previsto um Pedágio da Vida, durante o
qual os alunos entregarão os panfletos confecciona-
dos e darão dicas de segurança aos motoristas.

Para que esse projeto seja executado com êxi-


to, a escola está orientando os alunos a descrever o
vivenciado e aprendido diariamente, em forma de
textos, cartazes, placas, etc. O projeto tem como pro-
pósito envolver a família e a comunidade, solucionan-
do dúvidas frequentes sobre o trânsito, o tráfego de
pedestres e as leis do Código de Trânsito.

Podemos justificar como essência desse projeto,


o fato de as crianças estarem habituadas a percorrer
diariamente longos trajetos e durante longos períodos
de tempo, como pedestre ou passageiro, no trânsito.
Essas nossas crianças são transportadas de casa para
o colégio, do colégio para casa, para a aula extraclasse,
para o médico, para o mercado e muitas vezes brincam
inocentemente na rua, por desconhecerem os perigos
que as rondam e, o que é o pior, a negligência dos adul-
tos, que não lhe oferecem a proteção necessária. Desse
modo, as atividades do cronograma do projeto seguem
Confecção do livrinho sobre trânsito
uma aplicação na educação para o trânsito, através da
qual é possível fazer perceber diferentes fases do trân-
sito, tornando o veículo menos im-
perativo neste cenário, mostrando
o transitar humano em toda a sua
complexidade. Por outro lado, pre-
tendemos conceituar o trânsito não
apenas como um amontoado de car-
ros, regras, normas e sinalização, e,
sem dúvida, minimizar a importância
do trânsito na vida do ser humano.

O desenvolvimento de cada
atividade educativa respeitou o
nível de ensino dos alunos, bem
como, seus processos de apren-
dizagem e as peculiaridades da
comunidade na qual nossa escola
está inserida. Houve também um
período em que foi analisado o
Aprendendo a usar o cinto de segurança

59
No trânsito, dê preferência à vida!

grau de exposição ao risco e a in-


tervenção necessária e adequada à
proteção de nossos alunos nesses
eventos perigosos.

O risco é sem dúvida, um dos


conceitos mais complexos que a
criança precisa compreender e
manipular durante seu desenvol-
vimento e construção, dentro de
um processo longo e contínuo, no
qual conceitos familiares já foram
construídos em seu comportamen-
to como, por exemplo, o uso do
cinto de segurança. Por isso, a ne-
cessidade de uma educação para
o trânsito permanente e lúdica se
fez necessária!

Camiseta com o logo do projeto e nosso


amigo da escola, patrocinador

Bibliografia

BOGUE, E. A. T.; FERREIRA, M. A. S.; SILVA, M.


H. G. Trânsito: “Educação, Participação e
Consciência”. Campo Grande: UFMS, 2008. 7 p.

FARIA, E. O. F.; ASSOCIAÇÃO PREVENTIVA


DE ACIDENTES E ASSISTÊNCIA ÀS VÍTIMAS
DO TRÂNSITO. Desenvolvendo um projeto
com o tema trânsito. Disponível em:
<http://www.transitocomvida.ufrj.br/
DesenvolvendoProjetoComTemaTransito.
asp>. Acesso em: 20/08/2013.

LOBO, Bruna Leão. Projeto trânsito.


Disponível em: <http://brunaleaolobo.
blogspot.com/2008/08/projeto-transito.
html>. Acesso em: 20/08/2013.

SANTOS, W. B. Trânsito nas escolas.


Disponível em: <http://www.transitobrasil.
com.br/asp/noticia.asp?codigo=4377>.
Acesso em: 20/08/2013.

VIEIRA, R. A. (coord. et al.). Projeto Trânsito


na Escola: Escola Lóide Bonfim. Disponível
em: <http://cidadeeducadora.dourados.
ms.gov.br/index.php?option=com_
content&task=view&id=81&Itemid=2>.
Acesso em: 20/08/2013.

60
Trânsito e cidadania – Uma questão
de consciência
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Imaculado Coração de Maria - São Pedro da Serra

Maria Inês Weber


Melasia Krindges Ludwig
Sirlei Maria Spohn Stein
Sibele Maria Dessbesel
Catiane Dalcin

61
Trânsito e cidadania – Uma questão de consciência

As Atividades Contra Turno constituem um es-


paço diferente da escola, pois não são trabalhados
conteúdos específicos: trabalha-se de forma lúdica e
criativa, e as vivências concretas são fontes de apren-
dizagem. Nesse sentido, pensou-se em trabalhar nes-
te ano o tema “Trânsito e cidadania – Uma questão
de consciência”. O tema surgiu da necessidade e da
importância de trabalhar valores que desenvolvam
nas crianças habilidades e competências favoráveis
à formação de cidadãos conscientes e críticos, com-
prometidos com a mudança positiva, capazes de criar
expectativas em um novo mundo.

Conforme Boff (2006, p. 97), “o universo das


relações com as coisas é internalizado sob a forma
de emoções e sentimentos, da aceitação ou da re-
jeição, da indiferença ou de encantamento – diante
de pessoas, culturas, animais, plantas, paisagens e
ecossistemas”. Esse universo de relações nos remete
a uma educação em que o coletivo deve ser trabalha-
do desde a infância, para que o educando perceba
que a sociedade somos todos nós, com nossas seme-
lhanças e diferenças.

Sendo a educação um dos principais instru-


mentos capaz de formar cidadãos mais conscientes
e preparados para enfrentar as incertezas da vida, a
interiorização de valores e atitudes de convivência
social saudável é o caminho para termos futuros ci-
dadãos conscientes em relação à responsabilidade e
ao comprometimento com um trânsito mais seguro.
Valores como respeito, paciência, tolerância, ajuda Alunos participam de pedágio
mútua, responsabilidade, coletividade, regras e limites,
coleguismo e humildade devem ser trabalhados para que a criança,
ao interiorizá-los, torne-se um cidadão cada vez mais comprometido e
consciente de seu papel na sociedade.

Através da educação para valores, nossos alunos aprenderão a lidar


com as emoções e os sentimentos, aceitando as diferenças, transforman-
do-se em multiplicadores de ideias e sentimentos de respeito para com
o trânsito, pois este nada mais faz do que explicitar quem somos e o que
fazemos em nosso dia a dia.

Percebe-se que nos dias atuais as pessoas vivem seu “eu”, sem
importar-se, na maioria das vezes, com quem vive ao seu lado. Muitas
crianças apresentam comportamentos agressivos, são intolerantes, impa-
cientes e, quando indagadas a respeito de suas atitudes, consideram-nas
como brincadeiras. Os meios de comunicação apresentam programas
infantis com cenas onde o desrespeito, a competição sobressaem-se aos
demais valores, levando as crianças a interiorizar esses comportamentos,
incorporando-os como oriundos de seus ídolos.

62
Trânsito e cidadania – Uma questão de consciência

Gadotti (2007, p. 62) defende a educação sus-


tentável, salientando que “educar para uma cultura
de sustentabilidade é educar para encontrar nosso
lugar na história, no universo. É educar para a paz,
para os direitos humanos, para a justiça social, para
a diversidade cultural, contra os preconceitos (...).”
Nesse contexto, Boff (2006, p. 95) ainda ressalta que
“a realidade que nos cerca e da qual somos parte não
deve ser pensada como uma máquina, mas como um
organismo vivo, não como constituída de partes es-
tanques, mas como sistemas abertos, formando redes
entrelaçadas de relações”.

O projeto será desenvolvido durante o ano letivo


de 2013, através da realização de atividades lúdicas,
com saídas de campo, palestras, conversação sobre o
tema proposto, histórias, vídeos, confecção e distri-
buição de panfletos. Também, partindo do ambiente
escolar, serão confeccionadas, com os alunos, placas
de deslocamento dentro da própria escola (entrada,
saída, escada etc.). Como culminância, será realizado
um pedágio de conscientização sobre trânsito seguro.

Assim, espera-se contribuir para a preservação


de vidas e a redução de acidentes, colaborar para
a formação e identificação de regras de circulação
como fator importante na segurança escolar, desen-
volver valores essenciais à vida e à convivência social,
contribuindo para a formação de comportamentos
que proporcionem segurança e levem o educando a
adotar atitudes que assegurem segurança individual
e coletiva, não somente no trânsito, mas em todos os Alunos aprendem como usar
faixa de segurança na rua
ambientes que frequenta.

A avaliação acontecerá de forma simultânea, através da observação


das atitudes das crianças. Cada professor fará anotações individuais sobre
sua turma, e serão realizadas reuniões avaliativas durante e ao final do
projeto. Nessa oportunidade, serão analisados os resultados obtidos e
repensadas as atividades complementares, se forem necessárias. A ava-
liação será considerada satisfatória se, no decorrer do processo, nosso
educando estiver engajado e apresentando melhoras no comportamento
e se houver envolvimento da comunidade escolar no tema.
Referências

Para Werneck (2000, p. 24), “se avaliarmos além do cognitivo, BOFF, Leonardo. A força da ternura. Rio de
estaremos dando oportunidades para se viver um período de cresci- Janeiro: Sextante, 2006.
mento pessoal. A escola será um centro de vida, não um mero centro de
NÓVOA, Antônio. O regresso dos
aprendizado frio de conteúdos desligados da realidade.” Dessa forma,
professores. Pinhais: Editora Melo, 2011.
os relatos dos alunos, bem como a mudança no comportamento serão
muito importantes para podermos analisar o quanto o projeto contribuiu WERNECK, Hamilton. Ousadia de pensar. 2.
e contribuirá para a formação de uma sociedade mais cidadã e compro- ed. Rio de Janeiro: DPZA. 2000.
metida com a segurança em todos os ambientes.
GADOTTI, Moacir. A vida que a gente quer
depende do que a gente faz: propostas
de sustentabilidade. São Paulo: Instituto
ECOFUTURO, 2007.

63
Parte 3
E a nossa sexualidade como está?
Escola Municipal de Ensino Fundamental Selma
Wallauer - Salvador do Sul

Jussara Valmórbida
Marnice Weschenfelder
Eva Cabrera
Paulo Isaias Joner

65
E a nossa sexualidade como está?

A adolescência é uma fase de muitas mudanças, tanto no aspecto


físico quanto no aspecto emocional ou psicológico. Parece que a vida
se torna um drama nessa fase. O mundo parece distante e a realidade
sempre é cruel, onde o adolescente sempre é a vítima.

O corpo sofre um bombardeio hormonal. As mudanças no corpo


são visíveis e se tornam misteriosas, e os adolescentes se perguntam: o
que eu faço com isso? E é então que eles mais precisam de ajuda, mas
não conseguem dizer isso diretamente aos seus pais ou a alguém de sua
inteira confiança. Então, dão sinais através de suas atitudes de rebeldia,
linguagem, mudanças radicais em seu visual, comentários durante um
filme, dúvidas sobre os métodos anticoncepcionais, higiene e autocui-
dado. Tudo isso chamou a atenção dos educadores para o fato de que
se deveria trabalhar esse tema com seriedade, maturidade e profissio-
nalismo. Os adolescentes pedem ajuda e esclarecimentos para encarar
toda essa realidade pessoal com maior tranquilidade.

As dúvidas são as mais diversas e, nestes encontros de diálogo e


esclarecimentos, poderão compreender o verdadeiro sentido do que é
sexualidade, fazendo com que fiquem seguros nos momentos de decisão.

Os adolescentes precisam de informações de pessoas que sai-


bam discutir o assunto, pois, nas suas casas, nem sempre encontram
respostas que satisfaçam sua curiosidade. Informações que os tornem
atentos aos cuidados com a saúde e a inconvenientes ou surpresas,
como uma gravidez indesejada no caso das adolescentes. Esse tema,
no mundo do experimentar, torna o jovem frágil, pois acreditam que
“essas coisas acontecem com os outros e nunca comigo”, frase que
muito escutamos nos encontros.

Analisando tudo isso, pensamos que o objetivo seria despertar nos


alunos a consciência de que é de fundamental importância a passagem
pela adolescência com responsabilidade, para gozarem de uma vida
saudável e feliz.

Com tal propósito, para discutir com os adolescentes, era preciso


falar abertamente sobre os métodos preventivos para se evitar uma gra-
videz e as posições das mais diversas instituições ou posicionamentos
éticos. Posições que também entram em discussão quando falamos sobre
as DSTs, deixando claro o nome dessas doenças, como são transmitidas e
sua gravidade, sua forma dolorosa de tratamento e as feridas que abrem
em relação às outras pessoas, principalmente a família e consigo mesmo.
Evidenciando também os locais de risco ou grupos de risco, para assim
fazer com que os adolescentes consigam ver as realidades em que vivem
com um maior cuidado e conhecimento.

66
E a nossa sexualidade como está?

Uma boa conversa sobre o fator higiene e quais doenças podemos


evitar com uma simples e correta higiene do corpo; afinal, o corpo não
é uma parte, mas um todo. Deixando claro também o porquê ocorrem
tantas mudanças no corpo e com qual finalidade isso acontece. O apa-
recimento dos pelos pubianos, o crescimento dos seios nas meninas, as
mudanças na voz dos meninos. A menstruação sempre foi assunto de
menina, mas é importante deixar claro que os meninos precisam saber
como e por que isso ocorre, para também conseguirem compreender e
entender como é maravilhoso e importante respeitar esse período de
extrema sensibilidade da menina, já que atinge diretamente o seu estado
emocional e físico.

Durante todo o projeto, sempre será trabalhado o tema e suas


dimensões, deixando claro que tudo ocorre no íntimo, mas que o ser
humano está sempre se relacionando com os outros, tanto na família
como com velhos e novos amigos. Nessas relações, deixamos trans-
parecer, por meio da nossa linguagem oral ou corporal, quem somos e
quais são os reais valores cultivados, pois estamos a todo o momento
fazendo a sexualidade acontecer. Deixamos a mensagem de que falar
de sexualidade não é falar de sexo, mas que sexualidade é todo gesto
que fazemos com os outros.

Nas conversas informais, as curiosidades sobre sexo são na ver-


dade um grande ponto de interrogação em cada uma das mentes que
estão à nossa frente, e esse ponto de interrogação aumenta ainda
mais em nós após cada pergunta que surge num meio tão ávido por
respostas. É com tantos questionamentos, tanto por parte dos adoles-
centes como da nossa parte, os professores, que pensamos nas ações
para tranquilizar os jovens da melhor forma possível. Buscamos então
algumas respostas nos profissionais da área da saúde, em psicólogos
e nos bate-papos com os adolescentes.

O programa foi planejado primeiramente com o filme Juno, que rela-


ta a vida de uma adolescente que sempre quis ser diferente das demais,
mas que engravida e tenta dar conta sozinha de sua vida, mostrando a
falta de cuidado, o individualismo, dando pouca importância à gravidez e
tentando resolver friamente o problema através de saídas, como arrumar
uma família que adote o bebê e até mesmo fazer aborto.

Após o filme, foi elaborado um questionário para os alunos para


termos uma melhor visão das suas dúvidas e do que pensam sobre as
atitudes da adolescente no filme.

Num outro momento, será realizada uma palestra sobre a higiene do


corpo, durante a qual, o profissional de saúde abordará o tema, alertando
a todos sobre os cuidados a tomar e como faz bem não só para a saúde
do corpo, mas como eleva a autoestima de cada um e dá segurança nas
relações com os outros.

Os alunos farão uma pesquisa sobre as doenças sexualmente trans-


missíveis, preparando relatórios e cartazes e apresentando aos demais
colegas os resultados de suas pesquisas, sempre que necessário, com a
intervenção de um dos professores do projeto.

67
E a nossa sexualidade como está?

Contaremos também com a presença da psicóloga que desenvolverá


um diálogo muito aberto com os adolescentes sobre sexualidade, relacio-
namentos, valores, limites e amizade, abordando também o Dia do Amigo.

Após toda essa atividade, serão coletadas as dúvidas que ainda


ficaram. Os alunos receberão alguns papéis, escreverão as suas dúvidas
e depositarão na caixinha das dúvidas. Será feita a coleta das dúvidas,
e os professores responderão as dúvidas para atingir a todos da melhor
maneira possível.

Porteriormente à realização de cada etapa do projeto, serão ava-


liados o grau de engajamento dos alunos e o envolvimento sobre os
assuntos que mais interessaram. Vários questionamentos serão realizados
com o recolhimento das respostas para que a cada etapa saibamos como
fazer melhor para enriquecer o encontro seguinte. Também serão feitos
cartazes com desenhos sobre as DSTs.

No final, será realizada uma autoavaliação escrita individual, e os


professores avaliarão os resultados para constatar se houve o êxito dos
objetivos propostos.

Referências

JUNO. Direção: Jason Reitman. [S.l.]: Paris


Filmes, 2005. 1 DVD (96 min).

68
Sexualidade e seus valores: reflexão
sobre o seu corpo
Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro
Cristiano Hoher - Maratá

Meri Sidônia Camillo Weschenfelder


Anelise Schmitt Pittelkow
Anisete Elisabete Schreiner
Sandrina Klein Kerber
Fabiane Klein
Luana Rech
Ana Maria Lermen
Lucimar Alberti
Luciano Henrique Scherer

69
Sexualidade e seus valores: reflexão sobre o seu corpo

Em fevereiro, participamos da primeira etapa


da Jornada Pedagógica ocorrida em Salvador do Sul,
que teve a parceria dos municípios de Maratá e São
Pedro da Serra.

Naquele momento, foram trabalhados vários te-


mas transversais, como: Educação Sexual, Educação
para as Mídias, Educação no Trânsito, Educação Am-
biental, Educação Fiscal, sendo que nossa escola se
reuniu e pensamos em desenvolver o projeto relacio-
nado à educação sexual, pelo fato da nossa clientela
ser formada por adolescentes entre 11 a 17 anos com
muita curiosidade sobre o tema e que recebem pou-
cos esclarecimentos dos pais. Levamos a questão ao
conhecimento dos pais, que gostaram muito da ideia.

A sexualidade é um aspecto natural do ser humano,


sendo despertada comumente na adolescência. Entretanto, tendo em
vista os estímulos externos (contexto social, mídia, etc.) e internos (bio-
lógicos), esses aspectos têm conduzido os nossos alunos a apresentarem
o florescimento da sexualidade mais precocemente a cada ano.

Diante desse contexto, percebemos a necessidade de abordar esse


tema, objetivando esclarecê-lo aos alunos, para que construam uma base
que possibilite a reflexão e a tomada de atitudes ao se confrontarem com
essa nova fase em suas vidas.

Queremos contribuir para a criação de um espaço de reflexão e


discussão do tema sexualidade e adolescência, estimulando a autono-
mia e a responsabilidade dos adolescentes para com a saúde do próprio
corpo e de sua sexualidade.

Temos como objetivos do nosso projeto conhecer o sistema repro-


dutor feminino e masculino, perceber a higiene pessoal como particu-
laridade necessária à saúde do corpo, reconhecer as mudanças físicas e
psicológicas que ocorrem na adolescência, esclarecer mitos e tabus sobre
sexualidade, conhecer as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs),
suas manifestações e consequências para o ser humano, identificar os
métodos contraceptivos comuns em nossa sociedade, identificar o papel
da mídia nas relações ligadas à sexualidade e aos valores e sensibilizar
os estudantes sobre como suas ações requerem responsabilidades.

O procedimento metodológico deste projeto tem como critérios o


avanço da aprendizagem, ampliando sua visão de mundo dos alunos, pos-
sibilitando a construção de uma nova postura frente aos novos saberes.

Para atingir tais objetivos, utilizamos como instrumentos didáticos:


vídeos, palestras com profissionais, leitura compartilhada e individual,
interpretações artísticas, estatísticas de gravidez na adolescência, painel,
cartazes, história em quadrinhos, debates, práticas e pesquisas.

70
Sexualidade e seus valores: reflexão sobre o seu corpo

Montamos, juntamente com


os alunos, um painel que mostra as
realidades das diferentes opções
sexuais da sociedade, com o objeti-
vo de conscientizar nosso alunado
a respeitar as diferentes opções. Ao
fazermos a análise do painel, per-
cebemos diferentes reações, tanto
de aceitação quanto de resistência
frente à realidade observada.

Os vídeos assistidos com


os alunos: “Qual a diferença en-
tre meninos e meninas?”; “Os
anos dourados”; “Conversa ínti-
ma (métodos contraceptivos)”; “O
milagre da vida”; e “Como nascem
os bebês?” foram bem aceitos e,
segundo relatos, sanaram várias
dúvidas e curiosidades.

A palestra e as dinâmicas desenvolvidas pela professora Elaine


Dulac tiveram grande aceitação e participação dos alunos, pois eles pu-
derem expor suas dúvidas através de um personagem que criaram. Cada
personagem foi apresentado e suas dúvidas esclarecidas de maneira
lúdica. Outra atividade muito interessante desenvolvida foi a dinâmica da
troca de fluídos, na qual o objetivo principal foi conscientizar os alunos
sobre a importância deles se valorizarem.

Confeccionamos uma caixinha dos questiona-


mentos que foi deixada num lugar bem discreto para
que cada aluno pudesse se sentir bem à vontade
para ali deixar as suas dúvidas. As dúvidas foram res-
pondidas pela Dra. Thais durante a palestra por ela
ministrada.

Os microorganismos foram estudados e, a partir


disso, os alunos conheceram algumas doenças sexu-
almente transmissíveis que são causadas por vírus,
bactérias e fungos. Cada aluno ficou responsável por
uma doença e recebeu uma folha de papel em que
deveria inserir os seguintes dados: nome da doença,
agente transmissor, transmissão e prevenção. Com
isso, montou-se um painel das DSTs, e a questão da
prevenção (uso da camisinha) foi reforçada.

Após o estudo dos sistemas reprodutores mas-


culino e feminino, da gravidez e do desenvolvimento
embrionário, cada dupla recebeu o nome de um mé-
todo contraceptivo (camisinha masculina e feminina,
DIU, diafragma, pílulas anticoncepcionais, injetáveis
e métodos cirúrgicos), pesquisou sobre o método e
montou um folheto com as seguintes informações:
nome do método, índice de falha, indicações e curio-

71
Sexualidade e seus valores: reflexão sobre o seu corpo

sidades. Montou-se um mural com os métodos. Cada aluno recebeu um


exemplar do método para conhecê-lo melhor. O método foi mostrado ao
grande grupo, ressaltando-se características, curiosidades e dúvidas dos
alunos. Percebeu-se uma grande ansiedade por parte dos alunos para
ver e “pegar” os métodos. A questão do uso da camisinha foi abordada,
questionando-se sobre a discriminação em relação à camisinha feminina,
que não é distribuída pelo Ministério da Saúde.

Outra atividade, talvez a mais


marcante, foi a decoração de uma
casca de ovo que representa um
bebê. A partir do momento da en-
trega da casca, cada aluno criou o
seu bebê e confeccionou um bebê
conforto para acolhê-lo e transpor-
tá-lo de uma maneira mais segura.
A cada dia, o bebê foi levado para
casa e trazido para a escola, onde
ficava na creche (biblioteca) en-
quanto os “pais” estudavam. Dia-
riamente, cada um fazia um rela-
tório (diário do bebê). Isso ocorreu
durante uma semana, inclusive no
final de semana. Com essa ativi-
dade, conseguimos desenvolver o
espírito de responsabilidade e re-
flexões sobre o que é ter um filho
na adolescência.

Bibliografia

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de


Vigilância em Saúde. Manual de Controle
das doenças sexualmente transmissíveis.
Brasília: Ministério da Saúde. 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria


de Vigilância em Saúde. Diretrizes para
o controle da sífilis congênita. Brasília:
Ministério da Saúde. 2006.

ABECHE, A.M. Métodos anticoncepcionais.


[S. l. : s. n.], 2002.

VIEIRA, E. M. Anticoncepção em tempos de


AIDS. In: GALVÃO, L., DÍAZ, J. (org). Saúde
sexual e reprodutiva no Brasil: dilemas e
desafios. São Paulo: Hucitec Population
Council, 1999.

COLEÇÃO de Vídeos Reader’s Digest:


Maravilhas do Corpo Humano.

72
Parte 4
A criança faz música brincando
Escola Municipal de Educação Infantil
Vó Assunta - Salvador do Sul

Tiane Forneck
Eliziane Thums
Andréia Schossler
Odete Ritter
Gerusa Iriete Coltro
Casiane Lopes Mendes de Almeida
Cláudia Belizario da Silva Ritter
Cleonice Forcelini Zanon
Etiane Thums

74
A criança faz música brincando

A música é uma linguagem feita de ritmos e sons, capaz de despertar


e exprimir sentimentos. No contexto escolar, a música tem a finalidade
de ampliar e facilitar a aprendizagem do educando, pois ensina a criança
a se desinibir, ouvir, ampliar o vocabulário, desenvolver a fala, a coor-
denação motora, a concentração, a memória, a socialização, os gestos, a
expressão facial e corpora. Dessa forma, proporciona à criança a mesma
alegria que sente ao brincar fora da escola. De acordo com o Referencial
Curricular Nacional (1998, p. 45):

“A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e


cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação
social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das
formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica
sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na
educação infantil, particularmente.”

A partir da música, a criança desenvolve sua criatividade ao pro-


duzir sons e movimentos, além de expor suas emoções e superar seus
próprios limites.

Pensou-se no tema música tendo em vista que as crianças iniciam


o conhecimento sobre o mundo através dos sentidos, do movimento, da
curiosidade em relação ao que está à sua volta, da repetição, da imitação,
da brincadeira e do jogo simbólico, ou seja, a música nos desafia a tudo
isso. Brito (2004, p. 35) complementa dizendo:

“O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa ainda


antes do nascimento, pois na fase intrauterina os bebês já convivem
com um ambiente de sons provocados pelo corpo da mãe, como
o sangue que flui nas veias, a respiração e a movimentação dos
intestinos. A voz materna também constitui material sonoro especial
e referência afetiva para eles.”

O projeto tem por finalidade reconhecer e utili-


zar a música como linguagem expressiva e forma de
conhecimento do mundo, assumir uma atitude posi-
tiva diante da manifestação musical, sendo capaz de
expressar sentimentos, percepções e pensamentos por
meio dela, expressar-se musicalmente por meio da voz,
do corpo, de instrumentos musicais e materiais sonoros
diversos, e ainda resgatar objetos antigos que possam
ser utilizados para emitir sons, como forma de ampliar
os recursos sonoros já conhecidos pelos alunos.

Inicialmente foram escritas sugestões de hinos pelas professoras.


Nessas sugestões, levou-se em conta a história da escola, especialmente
o porquê do nome Vó Assunta. Logo após, em conjunto, foi elaborada
uma letra de hino ilustrativo, que foi exposta na escola, para visualização
de todos que por lá transitam.

Em seguida, em conversa informal com os pais, foi indicada uma pes-


soa, de conhecimento deles, que pudesse produzir um ritmo para o nosso
hino. Essa música, segundo o gosto dos pais, deveria ser animada, em um
ritmo estilo gauchesco. Entrou-se em contato com a pessoa responsável
pela elaboração da música, que prontamente aceitou o convite da escola.

75
A criança faz música brincando

Durante o mês de junho, a escola tem como tema principal a pre-


servação da natureza, sendo assim, será solicitado aos pais que tragam
um apito que represente o som de algum pássaro. Será realizada uma
apresentação dos apitos para todos os alunos da escola, que, a partir do
som, deverão procurar identificar a ave que o produz.

Para dar continuidade, optou-se por produzir instrumentos musicais a


partir de materiais reciclados. Sendo que cada turma ficou responsável por
produzir um instrumento musical para cada aluno. Cada turma apresentará
uma música utilizando os instrumentos musicais. No decorrer do ano, os
alunos têm a oportunidade de participar do projeto “Musicalização na
Educação Infantil”, que tem por finalidade apresentar aos alunos diferentes
estilos musicais, bem como envolver o ato de cantar com o movimento.

A música faz parte das atividades diárias da escola, seja nas ativi-
dades dirigidas, como rodas cantadas, seja nas brincadeiras espontâneas
dos alunos, e até mesmo no corredor quando é hora de se alimentar. A
música ainda aparece no brincar livre do pátio. Também se faz música nas
apresentações de datas comemorativas. Para Brito (2004, p. 35):

“A criança é um ser 'brincante' e, brincando, faz música, pois assim


se relaciona com o mundo que descobre a cada dia. Fazendo música,
ela, metaforicamente, 'transforma-se em sons', num permanente
exercício: receptiva e curiosa, a criança pesquisa materiais sonoros,
'descobre instrumentos', inventa e imita motivos melódicos e rítmicos
e ouve com prazer a música de todos os povos.”

Durante as atividades musicais desenvolvidas, percebeu-se o quão


Referências
significativa a música é para os alunos. Eles demonstraram interesse pelo
fazer musical, realizando as atividades propostas com alegria. BRASIL. Ministério da Educação e do
Desporto. Secretaria de Educação
Por fim, para os alunos, a maior alegria é fazer música, especialmente Fundamental. Referencial curricular
nacional para a educação infantil. Brasília:
utilizando objetos sonoros, seja instrumentos de plástico, seja o próprio
MEC/SEF, 1998.
corpo ou aqueles confeccionados por eles utilizando material alternativo.
BRITO, Teca Alencar de. Música na educação
infantil. São Paulo: Peirópolis, 2004.

CUNHA. Susana Rangel Vieira da. Cor, som


e movimento: a expressão plástica, musical
e dramática no cotidiano da criança. Porto
Alegre: Mediação, 1999.

76
A criança faz música brincando
Escola Municipal de Educação Infantil
Margaridinha - Salvador do Sul

Direção
Patrícia Chassot Pertile

Apoio Pedagógico
Alexandra Medeiros Lemes Viegas
Silvane Medianeira Battaglin Simmi

Professores e Educadores
Ladi Maria Renner
Cintia Magali Schuster
Scheila Margane Schneider
Maristela Janete Mallmann
Salete Carneiro
Rogeli Neuhaus
Luciane Beatris Ritter Mossmann
Marlice Teresinha da Silva
Naídes Specht Käfer
Alice Maria Kuhn
Neiva Fernades Grÿtzmann
Mônica Matusa da Silveira Andrade
Márcia Gälzer
Sueli Santos dos Santos
Lisandra Maria Malmann
Noele Hoffmann
Verenice Adriana Guntzel
Jussara Maria Luft
Ana Claudia Orth
Daniele Deuner Girotto
Tatiane Röpke Carvalho
Graciele Maria Zimmer Hensel
Carla Janaína Rocha Rick
Enir Maria Phillipsen
Viviane Sauthier
Andréia Cristiana de Brito Schossler
Jeane Maria de Freitas da Conceição
Veranice Maria Wolf
Vanessa Maria Werner
Odete Ritter
Ange Aline Kerber
Liamara Rodrigues Nunes

77
A criança faz música brincando

Por que trabalhar a educação musical na


educação infantil?

Eles vieram ao mundo embalados por can-


ções. Das de ninar para as de roda foi um pulo. Mais
um pouco e estavam cantando, mesmo que desafi-
nados. E agora estão na educação infantil... Fazendo
uma tremenda algazarra. Mas basta que você inicie
alguns compassos, seja que música for, para que
suas atenções estejam voltadas ao imaginário.

Não é para formar músicos que a iniciação


musical vem ganhando espaço nas escolas, sendo
incluída até no Referencial Curricular Nacional. A
música ajuda a afinar a sensibilidade de seus alunos,
aumenta a capacidade de concentração, desenvolve
o raciocínio lógico-matemático e a memória, além de
ser um forte desencadeador de emoções. Os benefícios de uma boa iniciação
musical se estenderão para todas as áreas da aprendizagem.

Os primeiros anos de aprendizagem são propícios para que a criança


comece a entender o que é a linguagem musical, aprenda a ouvir sons e
a reconhecer a diferença entre eles. Todo trabalho a ser desenvolvido na
educação infantil deve buscar a brincadeira musical, aproveitando que
existe uma identificação natural da criança com a música. A atividade
deve estar muito ligada à descoberta e à criatividade; brincando os alu-
nos exercitam habilidades que serão exigidas durante os anos seguintes.
Uma das questões fundamentais a ser abordada com as crianças é o
que vem a ser essa coisa chamada música. A música é a linguagem que
organiza som e silêncio, não tem sentido forçar a criança a entender
teoricamente que a música acontece no tempo e no espaço. Ela vai to-
mar consciência da linguagem musical se conseguir ouvir e diferenciar
sons, ritmos, alturas, saber que um som pode ser grave ou agudo, curto
ou longo, forte ou suave.

O desafio de ensinar música na educação infantil está em transmitir


noções básicas a respeito da linguagem sem ser monótono ou mecânico.
A criança se solta ao perceber que é capaz de fazer música. Schafer (1991)
propõe uma discussão sobre a definição de música. Qual seria a mais
interessante? Qual seria a mais convincente? Muitas definições foram
dadas no decorrer dos anos, em dicionários e cadernos de apreciação
musical, qual seria a mais útil? Essas questões foram levantadas para que
nossos educadores estabelecessem uma definição aceitável. E, a partir
desses questionamentos, surgiu a vontade de explorar o aniversário do
município de Salvador do Sul, que comemora no ano de 2013 seu cin-
quentenário. Sendo assim, a EMEI Margaridinha, que também faz parte
desta história, decidiu realizar um trabalho envolvendo os pais, os quais
elaboraram sugestões para a composição do Hino da Escola. Ainda traba-
lhando o resgate da nossa cultura, lembramo-nos dos apitos utilizados
pelos mais antigos quando realizavam pequenas caçadas. Esses apitos
eram feitos de madeira e tinham o som de vários tipos de pássaros. Essa
atividade trouxe à tona uma canção chamada Formoso Canário, que tam-
bém trará algumas estrofes na língua materna - a alemã. Todo o processo
envolveu toda a escola, pois foram surgindo muitas ideias e as crianças

78
A criança faz música brincando

formaram um grande coral e a canção deu origem


a uma encenação musical, na qual todos interli-
gados serão atores para expressar uma atividade
que envolve resgate, cultura, linguagem, música,
encenação, enfim um conjunto que a vivência do
trabalho educacional pode proporcionar. Nesse
sentido, também será trabalhada a questão da
preservação das espécies e também o som que
poderá ser retirado dos apitos para a realização
de melodias com letras que falem de pássaros,
algo que precisa ser cultivado em nossa região,
pois ainda temos o privilégio de acordar ao som
dos passarinhos.

Inicialmente o projeto foi apresentado aos


pais com o intuito deles estarem inteirados so-
bre a proposta, pois haveria envolvimento deles
também. As professoras e educadoras, juntamente com a professora de
música Ladi Maria Renner, iniciaram a introdução à iniciação musical, na
qual as crianças tiveram oportunidade de manusear e conhecer os ins-
trumentos musicais, para depois montar um grande coral, no qual, cada
turma dentro da sua idade será parte integrante numa linda encenação
musical. As atividades acontecem na sala das crianças, coordenados
pela Professora Ladi Maria Renner e com apoio das demais professoras
e educadoras. As crianças utilizam a expressão musical através do canto,
da dança, do som dos instrumentos, construindo sua musicalização e
cada atividade dura em torno de 45 minutos.

Pais e ou responsáveis serão convidados a trazer sugestões para


construir o hino para a escola do seu filho. Após a escolha, que será
realizada pelas professoras e educadoras, será iniciado o trabalho de
composição da melodia, que terá o auxílio de pessoas da comunidade
escolar, para depois realizar-se o trabalho do canto, enfatizando todo o
amor e o respeito que será repassado na letra do hino. As crianças também
deverão expressar através de diferentes linguagens – pinturas, colagens,
desenhos, etc. – os valores desenvolvidos e supostamente apreendidos
durante a atividade.

A avaliação, durante o processo de execução da oficina musical,


foi contínua, através de observação diária em relação à participação, ao
envolvimento e ao desenvolvimento de cada criança nas atividades pro-
postas. Mediante observação e análise avaliativa, podemos afirmar que
os resultados obtidos foram positivos, pois já que a música faz parte do
cotidiano das crianças, elas demonstraram bastante entusiasmo, alegria
e prazer na realização das atividades musicais. Também em relação ao
Referências
trabalho que envolveu os pais obtivemos resultados positivos, pois as
manifestações escritas para compor o hino da escola trouxeram informa-
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
ções relevantes em relação ao trabalho realizado pela EMEI Margaridinha. de Educação Fundamental. Referencial
curricular nacional para a educação infantil.
O aniversário de fundação de nossa escola é em nove de outubro Brasília: MEC/SEF, 2001. 3 v.
e, nessa data, será lançado o hino da EMEI Margaridinha para toda a
SCHAFER, Raymond Murray. O ouvido
comunidade escolar.
pensante. Tradução de Marisa T. O.
Fonterrada, Magda R. G. Silva e Maria Lúcia
Pascoal, São Paulo: UNESP, 1991.

79
Parte 5
Educação fiscal e educação infantil:
trilhando caminhos para uma
sociedade melhor
Escola Municipal de Educação Infantil
Margaridinha - Salvador do Sul

Silvane M. B. Simmi
Vanessa Maria Werner
Viviane Sauthier
Jeane Maria de Freitas da Conceição

81
Educação fiscal e educação infantil: trilhando caminhos para uma sociedade melhor

Introdução
Observando o patrimônio público, podemos perceber que muitos
itens desse patrimônio são depredados constantemente por atos de
vandalismo, inclusive as escolas públicas. São pichações, quebra de equi-
pamentos, destruição de instalações, vidros, etc. Muitos adolescentes,
jovens e adultos não têm a consciência de que todo bem coletivo público
é custeado pelos inúmeros impostos que pagamos e, muitas vezes, esses
atos têm como objetivo protestar contra as fraudes e desvios de dinheiro
público, mas também por não saber que todos nós pagamos por cada
um desses bens. Diante desse quadro, se faz necessário trabalhar com
as nossas crianças, desde muito cedo, o conhecimento sobre os recur-
sos públicos, a origem e o destino destes, mas também despertar uma
consciência cidadã participativa.

Desenvolver um projeto de educação fiscal com alunos da Educação


Infantil é proporcionar às crianças uma nova perspectiva de conheci-
mentos que valorize o lúdico, a imaginação e a compreensão da efetiva
participação do cidadão na comunidade. Sendo assim, o despertar da
consciência ética, a honestidade, a cobrança de direitos e deveres, a
convivência harmônica em sociedade são pontos importantes a serem
desenvolvidos com os pequenos desde a mais tenra idade, possibilitan-
do, assim, a participação e a contribuição para o desenvolvimento e o
aperfeiçoamento da sociedade.

Quando falamos em educação fiscal, lembramo-nos de tributos, e


tributos implicam em direitos e deveres. A arrecadação de tributos pro-
duz receita aos cofres públicos, e, dessa forma, a administração pública
tem a obrigação de manter e gerar qualidade de vida à população numa
perspectiva de melhores oportunidades, viabilizando um futuro melhor.
No caderno 1 encontramos o conceito de educação fiscal:

“Educação Fiscal deve ser compreendida como uma abordagem


didático-pedagógica capaz de interpretar as vertentes financeiras
da arrecadação e dos gastos públicos, estimulando o cidadão a
compreender o seu dever de contribuir solidariamente em benefício
do conjunto da sociedade e, por outro lado, estar consciente da
importância de sua participação no acompanhamento da aplicação
dos recursos arrecadados, com justiça, transparência, honestidade
e eficiência, minimizando o conflito de relação entre o cidadão
contribuinte e o Estado arrecadador.” (BRASIL, 2009, p. 27)

A educação fiscal deve tratar da compreensão do que é o Estado,


suas origens, seus propósitos e da importância do controle da sociedade
sobre o gasto público, através da participação de cada cidadão, concorren-
do para o fortalecimento do ambiente democrático (BRASIL, 2009, p. 27).

A participação do cidadão é de fundamental importância para o desen-


volvimento de uma sociedade, portanto a educação fiscal na educação infantil
é um caminho para despertarmos a consciência social desde pequenos. Esti-
mular a mudança de valores, crenças e culturas dos indivíduos, na perspectiva
da formação de um ser humano integral, como meio de possibilitar o efetivo
exercício de cidadania e propiciar a transformação social. Nessa perspectiva,
este projeto será implementado com alunos da educação infantil.

82
Educação fiscal e educação infantil: trilhando caminhos para uma sociedade melhor

Objetivo Geral
Despertar nos alunos a consciência social, da importância dos tribu-
tos para a manutenção do Estado e a necessidade de nossa contribuição
para uma sociedade mais justa e igualitária.

Objetivos Específicos
• Propiciar aos alunos situações de aprendizagem que despertem o
senso crítico e a reflexão sobre a necessidade de uma sociedade justa,
honesta, transparente, adotando diariamente atitudes de solidariedade
e cooperação, respeitando os outros e exigindo respeito a si próprio;

• Identificar o valor socioeconômico do recolhimento do tributo, o exer-


cício da cidadania e o controle social da aplicação dos recursos públicos.

Atividades Desenvolvidas
• Introdução do assunto educação fiscal: assistir ao vídeo da história A
semente que não germinou. Participação das crianças discutindo sobre o
entendimento da história e desenhos da história;

• Visita ao laboratório de informática para pesquisa no site leãozinho.


receita.fazenda.gov.br. Acesso ao vídeo Mundo mágico da cidadania.

• Contação da história do site: O leãozinho e o menino. Discussão sobre:


Quais eram as preocupações do leãozinho? E do menino? Quais alterna-
tivas a comunidade encontrou para melhorar a cidade?

• Desenho no Paint sobre a história.

• Jogo da memória com os personagens da história.

• Discussão sobre a função social dos tributos, sobre o fato de pagarmos


impostos para garantir que teremos escola, saúde, saneamento básico,
etc., com qualidade e que devemos exigir nossos direitos dos órgãos
públicos. Enfatizar a importância de pedir a nota fiscal para evitar a so-
negação dos impostos.

• Pesquisa em casa sobre notas fiscais. Cada aluno trará de casa notas
fiscais, nas quais verificaremos os valores dos tributos, analisaremos como
estão sendo oferecidos os serviços públicos na região, ruas, saneamento
básico, saúde, escolas. Montaremos um painel com notas fiscais e recortes
de jornais e revistas de imagens do que se transformam nossos tributos.

• Pesquisa, reflexão, montagem do painel.

• Passeio pela cidade para observar os bens públicos.

83
Educação fiscal e educação infantil: trilhando caminhos para uma sociedade melhor

Avaliação
Com o desenvolvimento deste projeto, pretendíamos alcançar os
objetivos traçados, possibilitando uma compreensão significativa dos
envolvidos, proporcionando, dessa forma, a formação de cidadãos cons-
cientes de sua participação na sociedade atual.

Podemos constatar que as crianças desenvolveram conceitos sobre


o que é cidadania, sobre deveres e direitos.

As crianças aprenderam que a arrecadação dos tributos e o seu


destino revertem em benefício para a comunidade (construção de es-
colas, postos de saúde e na melhoria do patrimônio das escolas), re-
percutindo na vivência dos familiares quanto ao controle social desse
investimento público. Com este projeto, houve a conscientização das
crianças, favoreceu-se o desenvolvimento da criança de forma global,
colaborando para a reflexão individual e coletiva, de seu papel na so-
ciedade, transformando-as em verdadeiros seres humanos capazes de
contribuir incondicionalmente com o bem-estar social e o processo de
humanização. A humanidade em geral está à procura de bons valores e
tenta criar condições propícias para a integridade da pessoa como um
ser social no mundo da inclusão.

Assim sendo, conclui-se que a educação fiscal é veículo de mu-


dança, capaz de recolocar o País nos trilhos de desenvolvimento. Tendo
a escola como espaço de construção de conhecimento e reflexão crítica
para a situação vigente da sua comunidade. Possibilitando que a apren-
dizagem sobre seus direitos e deveres como cidadão, sobre a função
social do tributo e dos benefícios públicos ocorra de forma prazerosa.

Portanto, a sensibilização sobre a educação fiscal é de fundamental


importância e busca a melhoria da qualidade da educação, pois é o único
caminho que viabiliza o desenvolvimento econômico.
Bibliografia

BRASIL. Ministério da Fazenda. Programa


Nacional de Educação Fiscal. 4. ed. atual.
Brasília: [s. n.], 2009. 4 v.

JOGO da memória da Independência.


Disponível em: <http://www.leaozinho.
receita.fazenda.gov.br/parquinho/jogos/
memoria_especial/memoria.html>. Acesso
em: 20/08/2013.

O LEÃOZINHO e o menino. Disponível em:


<http://www.leaozinho.receita.fazenda.
gov.br/cantinho/leaozinho_menino/default.
htm>. Acesso em: 20/08/2013.

MUNDO mágico da cidadania. Disponível


em: <http://www.leaozinho.receita.fazenda.
gov.br/cineteatro/filmes/mundo_magico/
default.htm>. Acesso em: 20/08/2013.

TRINDADE, Kátia. O que cabe no meu


mundo: honestidade. 1. ed. Belo Horizonte:
Cedic, 2011.

84
Nota fiscal: direito de todos
Escola Municipal de Ensino Fundamental
Selma Wallauer - Salvador do Sul

Daiana Cristine Knob


Gabriela Schneider

85
Nota fiscal: direito de todos

O projeto Educação Fiscal está


sendo desenvolvido nas turmas do
9º ano e EJA. Esse projeto foi esco-
lhido com o objetivo de despertar
nos alunos uma reflexão sobre o
contexto em que estão inseridos,
oferecendo informações sobre no-
tas fiscais e o problema causado
pela não emissão de notas fiscais,
assim como conhecimentos sobre
tributos e exercício da cidadania.

Constatamos a necessidade
de trabalharmos a educação fiscal
para a conscientização e a valoriza-
ção de diferentes patrimônios, para
uma atuação consciente e de con-
tribuição, mesmo que futura, para a
melhoria das condições sociais na
escola, no bairro, no município e nos
demais locais que estão envolvidos.

Ao introduzir o assunto em sala de aula, partimos dos conhecimen-


tos dos alunos: o que de fato sabiam sobre o tema; se já tinham ouvido
falar sobre educação fiscal; se possuíam o hábito de pedir nota fiscal ao
realizar uma compra; e se isso fazia parte da sua rotina.

Alguns relataram que, ao realizar uma compra, costumam solicitar


a nota fiscal, mas que muitas vezes a nota não tem serventia e, na maio-
ria das vezes, é descartada. Outros costumam guardar as notas fiscais
como forma de controle. Percebemos e constatamos, a partir disso, que
a maioria não sabia a verdadeira importância e serventia da nota fiscal.

No mês de abril, como primeira atividade proposta, após explanação


e sondagem com os alunos, a professora Gabriela, professora da discipli-
na de matemática, realizou uma atividade de leitura e interpretação de
texto durante a qual os alunos puderam identificar siglas referentes aos
impostos municipais, estaduais e federais, se inteirando e conhecendo
o assunto a ser trabalho no respectivo projeto.

No mês de maio, as duas professoras envolvidas no projeto, jun-


tamente com os alunos, realizaram uma visita à Prefeitura Municipal de
Salvador do Sul, onde dois responsáveis pelo setor de fiscalização de
tributos municipais esclareceram assuntos relevantes ao tema, como
levantamento do número de estabelecimentos comerciais e industriais
no município, importância da educação fiscal e dos recursos obtidos com
as notas fiscais, que permitem ao município realizar obras e melhorias
necessárias, evitando a sonegação. Houve especial interesse pelos talões
de produtores rurais, até porque a maioria dos nossos alunos mora no
interior e os pais possuem o talão. Os alunos tiveram oportunidade de
esclarecer dúvidas e questões relevantes, realizando apontamentos e
fazendo suas anotações.

86
Nota fiscal: direito de todos

Ainda no mês de maio, na dis-


ciplina de história ministrada pela
professora Daiana, assistiram a um
vídeo dividido em duas partes e
intitulado: “Tributos: que história
é essa?”. O vídeo narra, de forma
bem-humorada, a criação dos tri-
butos sob a perspectiva histórica.
Da pré-história aos dias atuais, o
programa faz um resumo da his-
tória dos nossos impostos: Líderes
de Tribos, Faraós, Reis, Imperado-
res, Presidentes. Como o dinheiro
surgiu? Como eram as tributações?
Para que serviam os impostos? E
como chegamos ao conceito de
educação fiscal ligada à cidadania
e à democracia nos dias atuais.

Após assistir o vídeo e discuti-lo, os alunos criaram dizeres sobre o


tema educação fiscal na forma de cartazes espalhados pela escola para
conscientizar os demais alunos da escola a pedir a nota fiscal ao reali-
zarem uma compra e ter consciência da preservação do espaço escolar,
demonstrando cidadania e boa conduta.

Também realizaram um trabalho de pesquisa sobre educação fiscal


em sites da receita, inteirando-se e aprofundando o assunto.

Durante os próximos meses, os alunos, juntamente com as pro-


fessoras envolvidas no projeto, irão interpretar os dados contidos nas
notas fiscais, como CNPJ, valor, peso, quantidade, descrição, destino e
valor do ICMS. Essa análise será feita através de notas ou cupons fiscais
fornecidos por estabelecimentos comerciais do município de Salvador
do Sul. Os alunos irão fazer anotações e questionamentos sobre as di-
ferentes notas fiscais.

Com a utilização dos computadores do laboratório de informática


da escola Selma Wallauer, os alunos irão verificar e interpretar o Código
de Defesa do Consumidor no site do Procon-RS. Posteriormente, apre-
sentarão uma pesquisa escrita sobre o que aprenderam com a verificação
das informações do site.

As professoras envolvidas irão convidar um comerciante do mu-


nicípio de Salvador do Sul para conversar com os alunos sobre as vanta-
gens e desvantagens de emitir nota fiscal. Os alunos poderão participar
ativamente formulando perguntas para o comerciante.

Os alunos pesquisarão em casa junto aos pais quais os comércios


em que costumam comprar e se têm o costume de comprar fora do
município e por quê. Após essa pesquisa, os alunos irão debater com
as professoras sobre os resultados e comentar sobre os free shops e as
compras em Rivera, onde muitas pessoas vão para comprar produtos mais
baratos, e por que fora do Brasil há uma grande diferença de valores.

87
Nota fiscal: direito de todos

As professoras responsáveis
pelo projeto irão focar também
nos tributos dos produtores ru-
rais, pois muitos alunos têm pais
que utilizam o talão do produtor,
mas seus filhos muitas vezes não
sabem para que realmente serve
esse talão e qual a importância de
preenchê-los corretamente. Por
esse motivo, os alunos irão apren-
der com as professoras a preen-
cher de forma correta os recibos, as
notas promissórias e a nota fiscal
de produtor rural.

Como última atividade do


projeto, iremos conhecer o funcio-
namento da indústria alimentícia
do município de Salvador do Sul,
a qual trabalha com o mercado in-
terno e externo, assim como sua
produção e sua expedição.

Como ainda não finalizamos as atividades e as tarefas do projeto,


esperamos que todos os alunos participem de forma ativa, assim como já
estão participando, conversando e refletindo sobre suas ações. Esperamos
também que os alunos se sintam valorizados como futuros contribuintes,
exercendo o seu papel de cidadão e garantindo assim os seus direitos. Bibliografia

Conscientizando-se de suas ações, procurando evitar conflitos, ARAÚJO, Cleucimar. Tributos: que história é
esperamos que haja uma mudança de comportamento da comunidade essa: parte 1. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=mhZHKwmV7w4>.
escolar através de hábitos, atitudes e valores condizentes com o papel
Acesso em: 20/08/2013.
que o cidadão deve desempenhar, no sentido de exigir o documento
fiscal, recolher corretamente os tributos devidos e desenvolver o espírito ARAÚJO, Cleucimar. Tributos: que história
crítico e participativo com relação às obrigações tributárias e à correta é essa: parte 2. Disponível em: <http://
aplicação dos recursos advindos em benefício de todos. www.youtube.com/watch?v=unhLq3gJthE>.
Acesso em: 20/08/2013.

No final do projeto será realizado um portfólio contendo todas as BRASIL. Ministério da Fazenda. Escola de
atividades realizadas como forma de registro. Administração Fazendária. Educação fiscal
no contexto social. 4. ed. Brasília: ESAF,
2009. (Série Educação Fiscal ; cad. 1).

BRASIL. Ministério da Fazenda. Escola de


Administração Fazendária. Relação Estado-
sociedade. 4. ed. Brasília: ESAF, 2009. (Série
Educação Fiscal ; cad. 2).

BRASIL. Ministério da Fazenda. Escola de


Administração Fazendária. Função social
dos tributos. 4. ed. Brasília: ESAF, 2009.
(Série Educação Fiscal ; cad. 3).

BRASIL. Ministério da Fazenda. Escola


de Administração Fazendária. Gestão
democrática e controle social dos recursos
públicos. 4. ed. Brasília: ESAF, 2009. (Série
Educação Fiscal ; cad. 4).

88
Parte 6
Educar é tudo: arte de saber tecer fios
Escola Municipal de Ensino Fundamental Rui
Barbosa - Salvador do Sul

Fabiana Schmitz
Geni Liani Scherer Arnhold

90
Educar é tudo: arte de saber tecer fios

Este é um projeto de cunho socioeducativo, fundamentado na “fi-


losofia” socioconstrutiva, primazia do desenvolvimento das capacidades
intelectuais e da subjetividade dos discentes através da assimilação
consciente e ativa das aprendizagens. Nosso projeto está alicerçado no
resgate e na afirmação da nossa comunidade de Linha Júlio de Castilhos
como agente de participação e efetiva construção de uma Salvador do
Sul desejável, com vida harmônica e salutar.

A abordagem geral do projeto “Educar é tudo: arte de saber tecer


fios” é perceber que a problemática do contexto, suas soluções, profi-
cuidades e expectativas estão, basicamente, relacionados com nossas
atitudes e nossos pensamentos, reconhecendo que as possibilidades
permeiam a aprendizagem/conhecimento e suas respectivas comple-
mentações. Buscamos ter sabedoria e consciência para fazer coisas que
transcendam e para continuar a plantar as sementes que possibilitam
fazer a diferença. Em contato direto com o meio, a criança aprende a
conhecer e analisar a realidade, desencadeando um crescimento nas re-
lações entre as pessoas e a natureza, permitindo que ela atue no mundo
em que vive, no âmbito social, cultural, ambiental e educacional.

Essas propostas são pensadas e desenvolvidas para serem efetiva-


mente colocadas em prática, pois partem do princípio de transformação
pessoal. Todas as propostas planejadas destinam-se a conduzir o par-
ticipante à descoberta e ao desenvolvimento dos valores que existem
neles próprios e naqueles do seu convívio, fazendo com que se sintam
estimulados a conhecer, amar e superar.

Enseja-se resgatar, conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio


sociopolítico, educacional, cultural e ambiental Salvadorense. No exer-
cício do despertar da consciência original do ser, bem como da criação
do ambiente propício para o seu desenvolvimento.

O Projeto está organizado em três módulos distintos, porém


interligados:
• “Sabedoria – visão global, ação global”; foco: arroio São Salvador.
• “Cultura – saberes e sabores”; foco: valorização do patrimônio
cultural intangível vinculado à Cultura e ao Turismo.
• “Educação – do toffel ao tablet”; foco: aprendendo com e ao
longo da vida.

Na ousadia de desenvolver a capacidade de discernir as possibi-


lidades, tendo por metas conduzir os educandos, de forma sinestésica,
a uma exploração dos significados mais íntimos que influenciam nossa
atitude pessoal, valendo-se de cada denotação como uma lanterna para
descobrir o que se encontra dentro do eu, almejando uma definição mais
significativa do nosso propósito superior na vida, realizaram-se ações
e propostas que sensibilizassem o educando e consequentemente a
comunidade, pois somos frutos de um todo.

91
Educar é tudo: arte de saber tecer fios

Desencadeou-se uma sucessão de propostas, de forma a conhe-


cermos o que pensa nosso grupo. O ponta pé inicial foi uma pesquisa de
campo na qual se elencou os motivos que levam as famílias a morarem
nessa comunidade. Críticas, elogios e sugestões brotaram para dar rumo
à nossa proposta.

O principal ponto salientado foi o arroio São Salvador, divisa natural


de nosso município, cuja importância é incontestavelmente presente e que
hoje sofre com problemas de grande amplitude. Seu manancial não é pre-
servado, o esgoto das residências tem como destino seu leito. Justamente
esse espaço, que recebeu, nas suas margens, o primeiro morador e que
gentilmente “batizou” nosso município, precisa de ação da municipalidade.

Para sensibilizar a comunidade, as crianças realizaram coleta de


água do arroio e análise comparativa da amostra. Além disso, houve
uma palestra de conscientização com profissional da Corsan abordando
a temática e elencando possibilidades.

Partindo da fração da comunidade e construindo a unidade (de-


senvolvimento de Salvador do Sul), valendo-se de variados elementos:
narrativas, fotografias, desenhos, organizou-se uma linha do tempo, para
que houvesse a percepção das ações e pensamentos dos antepassados,
conscientizando a comunidade como agente ativo nesse processo. Uma
narrativa muito repetida referiu-se ao lixo que o arroio traz em seu leito
e, como se diz popularmente, “o que os olhos não veem o coração não
sente”. Então, montou-se uma pequena “barragem”, para represar esse
material. Após a coleta, produziu-se uma escultura com os objetos. Essa
ação simples resultou num novo olhar para o ambiente que nos circunda.
Essa comunidade também descortinou potencialidades turísticas, seja no
leito de seu arroio, seja em outros pontos exuberantes descobertos ou
compartilhados através de um concurso fotográfico, revelando o poten-
cial que a comunidade tem como ponto turístico, originando mais uma
opção para que a municipalidade amplie os Caminhos Turísticos. Cientes
que primeiro é preciso fazer os moradores se “amarrarem” nessa ideia,
organizamos uma Mostra Itinerante das fotos (do concurso) e releitura
com técnicas variadas em pontos estratégicos da própria comunidade.

A horta, atividade comum nas famílias de Linha Júlio de Castilhos,


entrou no cotidiano escolar. A atividade foi coordenada pelo Sr. Décio
Arnhold, pai de uma aluna e filho da comunidade, que orientou nossos
discentes nessa proposta. Uma prática que vai para o prato dos alunos na
merenda escolar, desde o preparo da terra até a escolha das sementes,
o plantio na sementeira e posteriormente nos canteiros, as informações,
como o melhor período para plantio, e a prática da composteira. Um mem-
bro da comunidade contribui com seu conhecimento, que é ampliado
na proposta pedagógica. Um conhecimento que parte da realidade e é
ampliado no crédito da significatividade para a vida.

Além das hortaliças livres de agrotóxico, também se tem presente os


pomares. As suculentas frutas e um folder educativo levaram as crianças
da escola para a rua, num “Pedágio Educativo”. Uma oportunidade para
exporem à comunidade o que estão fazendo em sua práxis cotidiana.
Além disso, realizou-se uma parceria com a Secretaria da Cultura, Turismo,
Desporto e Lazer, na qual foram doados edules naturais (frutos colhidos

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Educar é tudo: arte de saber tecer fios

nos quintais da casa dos alunos) e levados para dentro das empresas e
centros terapêuticos. Na premissa da conscientização do legado sócio
-histórico-cultural deixado por cada um.

A conjectura atual exige que a escola tenha uma proposta que


articule conhecimentos e resgate ideias relevantes, proporcionando
condições para que os questionamentos sejam pautados em contexto,
pensados e repensados a luz dos questionamentos e ideais. Mais ainda,
põe os sujeitos da educação no centro do processo educativo, na tenta-
tiva de dar respostas aos problemas sociais e ambientais. Uma educação
que aproveita todas as chances em que a própria vida se torna uma lição.
Ainda temos muitas ações a acontecer: o Bike tour, para descortinar as
potencialidades turísticas e conscientizar que a atividade física é ecoló-
gica e faz bem para a saúde; o resgate de edules, que tenham ovos como
principal ingrediente, com o conhecimento perpassado por gerações, vis-
to que somos o segundo maior produtor de ovos do território brasileiro;
a criação do blog com as receitas e divulgação de lugares possíveis de
visitação turística; o Café Colonial - preparo de alimentos à moda alemã
dos primórdios, tendo como ingrediente primordial o ovo; a realização
de um curso ou até um concurso gastronômico (ovo) em nossa comuni-
dade; a realização de um sarau com os artistas da nossa comunidade em
parceria com outras comunidades da unidade municipal.

Devido ao cinquentenário de emancipação política do município,


pesquisou-se sobre a flor símbolo de nossa cidade, e, para nossa surpresa,
descobriu-se que não temos uma flor símbolo fixada em lei. Na cronologia
e pelo relato dos antigos moradores, no período de separação de nossa
cidade-mãe trazemos de legado a flor crista de galo, que, na adminis-
tração de 1983 a 1988, foi alterada para a margarida e, em 2001, teve
nova modificação para o plátano; porém, nenhuma tem registro escrito,
apenas oral dos antigos moradores. Percebe-se que o gosto popular recai
sobre a margarida, visto que é contemplada em nosso hino municipal. A
EMEF Rui Barbosa quer propor à Câmara de Vereadores que se efetive a
margarida como flor símbolo, almejando participar efetivamente desse
momento, presenciando a sessão.

Os resultados dessas ações e reflexões serão percebidos a longo


prazo, no “Enade” da vida, quando cada elemento agente e participativo
avaliar a construção e a evolução, analisando o presente e tornando-se
disposto a aprender, na busca incansável do amadurecimento intelectual,
ético e emocional. Esse ensejo almejamos com a proposta, ciente que é
uma semente plantada que necessita ser “regada”.

A educação é um lento processo de aprender, o que é significativo


para a vida, de discernir, de escolher, de obter informações, de produzir
conhecimento, concretizando autonomia e realização. O maior desafio
escolar é ensinar os alunos a se tornarem mais humanos e realizados, pois
de nada adianta saber se o conhecimento não é aplicado nas nossas vidas.

Convictos da importância do pressuposto acima ponderado, nossa


escola tem como uma de suas atribuições essenciais valorizar o conhe-
cimento como instrumento para realizações futuras e fonte de reflexão
para promoção de ações em prol do bem. “Toda a ação que fazemos
retornará em dobro para nós!” (Marquês de Maricá).

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Crianças são como borboletas ao
vento...
Centro Ocupacional CRIARTE - Salvador do Sul

Adalberto De Oliveira Bernardes


Angeléia Berenice Schmitz Meurer
Carlos Adriano Schlindwein
Cristiane Löff
Cristiani Haupt
Elizabeth Dalcin do Olival Schneider
Jamile Walter Roesler
Jussara Valmorbida
Lidiane Gabriela Paes
Maristela Gasperin
Nelsi Maldaner
Renati Eliza Weschenfelder
Sandra Gehring

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Crianças são como borboletas ao vento...

Crianças são como borboletas ao vento...


algumas voam rápido... algumas voam pausadamente...
Mas todas voam do seu melhor jeito.
Cada uma é diferente, cada uma é linda, cada uma é especial.

Acreditando que a educação é um processo contínuo, que faz parte


da vida social do ser humano nos mais diversificados meios, podendo ser
em espaços formais e não formais, os ambientes escolares devem estar
preparados e organizados para a aprendizagem, por serem considerados
esses espaços formais. Na escola, essa educação vai além de conteúdos
programáticos, mas uma educação sobre as potencialidades para o de-
senvolvimento e a formação integral do ser humano. O Turno Integral é
uma proposta pensada para as crianças realizarem suas tarefas escolares,
para participarem das oficinas oferecidas e para conviverem e brincarem,
construindo momentos prazerosos e troca de experiências. Buscando
sempre qualificar nossas ações e propostas, objetivamos proporcionar
um espaço prazeroso e alegre, que contemple as necessidades de todos:
estudantes, escola e família.

O turno integral do Centro Ocupacional Criarte está sendo implan-


tado em 2013, com o objetivo de desenvolver a formação integral do
aluno, por meio da educação humana, solidária e participativa. Para tal, a
escola vem aperfeiçoando um espaço diferente e inovador, que propor-
ciona aos estudantes momentos de lazer, aprendizado e convivência. O
turno integral atende alunos desde a Educação Infantil de 4 e 5 anos ao
5º ano do Ensino Fundamental da rede municipal de educação, sempre
no turno inverso ao das aulas.

O turno integral ainda tem


como princípio desenvolver a au-
tonomia e promover integração,
socialização e respeito às dife-
renças e às regras estabelecidas.
Nesse espaço, os alunos recebem
o lanche e o almoço; dispõe de mo-
mentos de descanso, acompanha-
mento para a realização das tarefas
escolares e orientação de hábitos
de higiene adequados. Os alunos
também participam de atividades
extras, oferecidas pela Oficina Mu-
nicipal de Artes (OMA), conforme
disponibilidade de matrículas e
interesse dos alunos, dentre elas
estão: escolinha de futebol, teatro,
pintura, fuxico, instrumentos musi-
cais, canto coral e danças.

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Crianças são como borboletas ao vento...

Temos por objetivo geral do projeto oportunizar um ambiente


saudável de integração, socialização e conhecimento assegurando a
permanência da criança na escola, assistindo-a integralmente em suas
necessidades básicas e educacionais, ampliando o aproveitamento es-
colar e capacitando-a para atingir, efetivamente, a aprendizagem.

Sendo assim, queremos, através das oficinas, buscar o desenvol-


vimento integral do educando, com atividades prazerosas e recreativas,
complementares ao currículo escolar nas áreas de tecnologia, esporte,
artes, matemática e línguas; proporcionar aos alunos espaço para a re-
alização de temas, atividades lúdicas e de raciocínio, informativas e de
orientação adequadas nas áreas de saúde, higiene e meio ambiente;
valorizar as vivências pedagógicas, contribuindo para a melhoria da qua-
lidade do ensino, agindo de forma a beneficiar as atividades nos níveis
psicológico, social, afetivo e cognitivo, gerando satisfação e prazer.

A proposta educativa contempla oficinas como Português, Matemá-


tica, Horta, Taekwondo, Informática, Artes, Espanhol, Jogos e Recreação.
Também são desenvolvidas atividades que privilegiam a formação multi-
disciplinar, com ênfase na criação, na construção e no aprendizado, além
de incentivar hábitos de estudo, higiene, alimentação saudável e variada.

"Entendemos Educação Integral dentro de uma concepção crítico-


emancipadora em educação. Na prática, ela eclode como um amplo
conjunto de atividades diversificadas que, integrando o e integradas ao
currículo escolar, possibilitam uma formação mais completa ao ser humano.
Nesse sentido, essas atividades constituem-se por práticas que incluem
os conhecimentos gerais; a cultura; as artes; a saúde; os esportes e o
trabalho. Contudo, para que se complete essa formação de modo crítico
emancipador, é necessário que essas práticas sejam trabalhadas em uma
perspectiva político-filosófica igualmente crítica e emancipadora" (HORA;
COELHO, 2004, p. 9).

Organizados em turmas separadas por faixa etária, os alunos de-


senvolvem diferentes áreas em atividades lúdicas e de conhecimento
através das oficinas.

O turno integral é oferecido durante a manhã e a tarde e organiza-


do por oficinas ministradas por professores, que buscam inserir práticas
diferenciadas na rotina dos estudantes.

A oficina de Informática busca promover o uso pedagógico da in-


formática na educação, integrando-a com o ensino pedagógico, a fim de
desenvolver diversas habilidades com o uso do computador e contribuir
com a educação do aluno, estimulando o aprendizado, contemplando as
diversas áreas do conhecimento de forma interdisciplinar.

A oficina de Espanhol tem como objetivo estimular nos alunos um


processo de descoberta de um novo idioma, uma vez que fazemos parte
do Mercosul, proporcionando atividades lúdicas e desafiadoras, para que
estes estejam integrados a um idioma que poderá fazer parte de suas vidas.

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Crianças são como borboletas ao vento...

O objetivo geral da oficina de


Horta é implantar a horta, de forma
interdisciplinar e vivenciada, onde
a natureza possa ser compreendida
como um todo dinâmico, e o ser
humano como parte integrante e
agente de transformação do am-
biente em que vive, além de promo-
ver a educação para alimentação
saudável, saborosa, nutritiva e am-
bientalmente sustentável por meio
de instrumentos pedagógicos tra-
zidos por gastronomia, ambiente,
horta, áreas de nutrição e currículo.

A oficina de Artes busca am-


pliar o conhecimento de mundo
que os alunos possuem, manipu-
lando diferentes objetos e materiais, explorando suas características,
propriedades e possibilidades de manuseio e entrando em contato com
formas diversas de expressão artística; comunicar e expressar pensamen-
tos e sentimentos por meio de todas as expressões das artes visuais:
recortes, colagem, pintura, desenho e escultura.

O grande objetivo através das atividades físicas, recreativas e jogos


é estimular a consciência da importância da preservação e manutenção
constante do corpo físico, motor e lúdico, respeitando as individualidades
e fases de desenvolvimento de cada sujeito. O Índice de Massa Corporal
(IMC) será medido individualmente para cada sujeito acompanhar o seu
desenvolvimento corporal e coletivamente para compor um mapa do Criarte.

A oficina de Português vai estimular nos alunos um processo de


leitura permanente para estarem continuamente atualizados frente aos
desafios e perspectivas do mundo moderno, ajudando-os a se tornarem
leitores e escritores.

O objetivo geral da oficina de Matemática é compreender que a mate-


mática se encontra em todos os lugares, fazendo parte do nosso cotidiano.

A avaliação será constante, durante o decorrer do ano letivo e será


considerada satisfatória se os objetivos propostos forem alcançados, se
houver mudança nos valores, respeito às diferenças e às regras de to-
dos os envolvidos e resposta da comunidade. A aprendizagem torna-se
significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas
de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da
relação com seu conhecimento prévio partindo da realidade da criança.

No turno integral, os alunos participam ativamente de todas as


atividades e isso resulta também em uma maior aprendizagem em sala Referências
de aula. Tudo isso, porque os alunos envolvem-se por inteiro em todas
as atividades proporcionadas. HORA, D. M.; COELHO, L. M. Diversificação
curricular e educação integral.
Disponível em: <http://www.unirio.br/cch/
neephi/arquivos/divercurriceducint.doc>.
Acesso em: 16/08/2013.

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Nenhum de nós é tão bom quanto
todos nós juntos!

“Família e Escola: uma parceria que


dá certo”
Escola Municipal de Ensino Fundamental Santo
Inácio de Loyola - Salvador do Sul

Adriana Valandro
Aline Klein
Ana Mariane Hoffmann
Aneli Klein Stein
Angeléia Berenice Schmitz Meurer
Cárin Daniele Schmitz Wojahn
Carine Haupt
Dalva Regina Artus
Elaine Ebeling
Gerusa Iriete Coltro
Ivania TerezinhaThums
Joanete Maria Kerkhoven
Joaquim Inácio Lunckes
Leila Brumelhaus Zagonel
Márcia Carine Kerber Reidel
Marcieli Zaro Hoff
Maria Margarete Tonietto

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Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos!

O esgotamento dos recursos naturais tem suas raízes históricas e


culturais na concepção dos povos inspirados na ideologia de expansão
rumo ao “progresso”. Desde a expansão do Império Romano, séculos III
e II a.C., passando pela Revolução Industrial, século XVIII, a humanidade
sentiu-se dominadora da natureza e passou a crer que seus recursos
eram ilimitados. Em decorrência disso, já na contemporaneidade, a crise
ambiental tem gerado preocupações globais e locais. Assim, as escolas
têm tomado para si parte da responsabilidade de desenvolver nos alunos
a conscientização para a necessidade da preservação e recuperação do
meio ambiente e, consequentemente, levar até as famílias essas propostas.

“A Educação Ambiental se realizará de forma diferenciada em cada


meio para que se adapte às respectivas realidades, trabalhando com
seus problemas específicos e soluções próprias em respeito à cultura,
aos hábitos, aos aspectos psicológicos, às características biofísicas
e socioeconômicas de cada localidade. Entretanto, deve-se buscar
compreender as relações que aquele ecossistema local estabelece
com os ecossistemas vizinhos e com o planeta Terra como um todo, e
também as relações políticas e econômicas daquele local com o exterior.”
(GUIMARÃES, 1995, p. 37)

Dessa forma, se faz necessária a discussão sobre a importância


do resgate histórico cultural, juntamente com os elementos sobre
mudança de paisagem, como estratégia de valorização cultural e de
sensibilização ambiental.

O projeto desenvolvido pela


nossa Escola Municipal de Ensi-
no Fundamental Santo Inácio de
Loyola visa trabalhar questões
ambientais e desenvolver um res-
gate histórico cultural referente
ao município de Salvador do Sul
em homenagem ao seu cinquen-
tenário de emancipação. As ações
do projeto buscam estabelecer
um novo relacionamento entre a
escola e a comunidade em geral,
atingir o maior número de crianças
e famílias na conscientização pelo
bem estar de todos, ultrapassando
as dependências da escola, incen-
tivar a participação organizada da
comunidade escolar e da socieda-
de em geral na melhoria do meio
ambiente, realizar atividades res-
gatando a história da flor símbolo
do município.

99
Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos!

Dentre as atividades de-


senvolvidas, podemos destacar a
sensibilização do projeto, quando
todos os alunos da escola, acompa-
nhados pelos professores, equipe
diretiva e assessoria pedagógica,
organizados em grupos e em dife-
rentes datas, estiveram visitando a
empresa Oderich em São Sebas-
tião do Caí, onde observaram como
funciona o projeto de Educação
Ambiental: “Oderich – Uma His-
tória de Responsabilidade”, que
preza pelo desenvolvimento sus-
tentável como um compromisso.
Segundo divulgação da própria
empresa “o equilíbrio da ativida-
de produtiva com a preservação
e a melhoria das condições am-
bientais está incorporado às suas
estratégias e diretrizes, onde os
produtos e processos são revistos,
planejados e produzidos com esse objetivo. O modelo e a abordagem
da Gestão Ambiental são abrangentes e o gerenciamento das atividades
acontece de forma multidisciplinar e integral. A unidade industrial de
São Sebastião do Caí possui sistemas dimensionados para atender às
necessidades específicas de sua planta, com o tratamento de águas de
abastecimento, complexo de tratamento de efluentes e gerenciamento
de resíduos sólidos através da coleta seletiva, reciclagem, tratamento,
disposição e destinação final. Os investimentos em tecnologia ambiental
tornaram a Oderich autossuficiente em tratamento de água e efluente.
A Estação de Tratamento de Água trata aproximadamente 2,15 milhões
de litros de água por dia. O tratamento do efluentes da indústria devolve
a água para o reuso nos processos produtivos e para o meio ambiente
mais limpa do que quando foi captada no Rio Caí. Dessa forma, além de
atender aos requisitos legais e agregar valor, preserva a água, um bem
finito da natureza. Essa atitude pró-ativa da Conservas Oderich, visa a
harmonia entre todas as facetas que compõe o ser humano e o meio
ambiente onde ele vive.”

Essa atividade foi desenvolvida pela escola com o objetivo de


conscientizar os educandos para a necessidade do desenvolvimento
sustentável, tendo em vista a formação para o exercício da cidadania.
Segundo o aluno A: “Gostei de ir para a Oderich, porque conheci a coleta
de água e a forma com que eles limpam ela e reutilizam.” E o aluno B:
“Gostei de ir para a Oderich, porque gostei de conhecer de onde vêm as
comidas enlatadas que a gente come, conheci coisas novas, vi muitas
paisagens bonitas no caminho durante a viagem.”

Para integrar a família e a escola, aconteceu no Centro de Tradições


Gaúchas - Querência da Serra, o sábado em família, envolvendo pais e alunos,
e se faz necessário escrever que a atividade deixou as crianças extasiadas.
Na data, foram desenvolvidos trabalhos sobre tradicionalismo gaúcho. Na
primeira parte da manhã, as atividades foram teóricas e, após, todos foram

100
Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos!

convidados a preparar e tomar chi-


marrão, aprenderam a fazer nó do
lenço do gaúcho, assistiram apre-
sentações dos grupos de dança do
CTG, dançaram, andaram a cavalo e
praticaram o laço à vaca parada.

Um grande evento ocorrido


em nossa escola e que envolveu
toda a comunidade foi o jantar em
homenagem às mães. As crianças
fizeram uma linda apresentação,
que foi organizada e ensaiada pe-
los professores e a equipe direti-
va. A comida estava deliciosa. Um
grande público se fez presente.
O resultado do jantar foi muito
bom, e isso se deve à colabora-
ção de todos. Foi gratificante ver
o envolvimento de todos os pais,
professores, funcionárias e alunos
nos preparativos. De acordo com a mãe A: “Gostaria de dizer o quanto é
importante a participação da sociedade na comunidade escolar. No dia
4 de maio de 2013, foi realizado, no CTG Querência da Serra, um jantar
organizado por professores, pais, alunos e comunidade, que se mostraram
inteiramente comprometidos e preocupados com o sucesso do evento
em homenagem ao Dia das Mães. Foram vendidos cartões para a janta,
votos para escolha do príncipe e da princesa e rifas, tudo com o intuito
de arrecadar verba para poder realizar melhorias na nossa escola. Estou
muito feliz e satisfeita com o empenho do grupo docente, pois, através
deles, meu filho está completamente alfabetizado e comprometido
com as atividades da escola.” Segundo o aluno C: “Gostei da janta em
homenagem às mães, porque nos apresentamos para nossa mãe querida,
e estavam lá toda minha família e meus vizinhos.” E a aluna D: “Achei
importante a festa da escola, porque envolveu muitas pessoas, gostei
muito da pescaria, da música, e estava tudo muito bom e bonito.”

Dentre outras atividades desenvolvidas, podemos descrever a


produção de sementeiras, observando profundidade do solo, irrigação,
tempo de germinação, fases da lua e sua influência no desenvolvimento
da planta; a hora do conto, ouvindo a história da Margarida Friorenta e
o desenvolvimento de atividades referentes a esta, com o objetivo de
incentivar o resgate cultural da flor símbolo do município. Durante os
meses de abril e maio, as crianças e os professores plantaram margari-
das, à medida que os pais foram enviando as flores. Segundo a mãe B:
“Reviver as margaridas em Salvador do Sul transmite respeito em relação
à história da cidade”.

Assembleia Escolar com pais, professores e direção: nesse dia, cada


família recebeu uma folha branca com os contornos de uma margarida
e nela escreveu bons motivos para morar em Salvador do Sul referentes
à saúde, à educação, à agricultura, à segurança pública, ao comércio, à
indústria, ao transporte, à cultura e às obras. Algumas dessas frases serão
expostas em cartazes durante a Feira do Livro e a Mostra Pedagógica.

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Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos!

Na semana do meio ambiente, os alunos e os professores parti-


ciparam de palestra sobre o meio ambiente com um técnico da Corsan
e exploraram o ambiente em torno do prédio da escola, demonstrando
muita alegria, e, ao chegar em casa, relataram a atividade com entusiasmo,
convidando os pais para, no final de semana, fazerem o mesmo trajeto,
segundo falas dos próprios pais.

Segundo o aluno E: “Gostei de caminhar em volta da escola, a na-


tureza preservada, muitas árvores grandes, nenhuma queimada, achei
muito divertido, porque conheci o local em volta da minha escola e muitos
tipos de árvores, foi legal andar com os amigos.”

Atividades previstas no projeto que ainda serão desenvolvidas este


ano: preparar horta escolar com pais e alunos, desenvolvendo o croqui
em forma de uma margarida; fazer uma composteira usando materiais
mais secos como cascas e folhas, reconhecendo a importância da reuti-
lização dos produtos e da necessidade disso para a sustentabilidade do
meio ambiente; confeccionar espantalho e sombrite para a horta escolar;
participar das atividades da gincana estudantil coletando materiais de
reciclagem que, após, serão vendidos, arrecadando fundos para o CPM
da escola; realizar apresentação e confraternização em homenagem
aos pais. Durante a caminhada cívica, em setembro, serão distribuídas à
comunidade em geral as mudas de margaridas que foram anteriormente
plantadas pelos professores e alunos. No mês de outubro, em homenagem
ao Dia das Crianças, será realizado um piquenique com a participação dos
pais. No mês de novembro, estaremos participando da FESTUR – Festa do
Turismo e da Gastronomia – e da Recrearte. Também será confeccionada
uma revista divulgando os trabalhos desenvolvidos durante todo o ano
letivo na escola e distribuída durante a festa. E, para o encerramento
do ano letivo, participaremos das apresentações no “Natal das Escolas”.

“Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a natureza,


um processo em que o homem, por sua própria ação, medeia, regula e
controla seu metabolismo com a natureza. (...) Ao atuar, por meio deste
movimento, sobre a natureza externa a ele e ao modifica-la, ele modifica,
ao mesmo tempo, sua própria natureza.” (MARX, 1996, p. 297).

Referências

GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental


na educação. Campinas: Papirus, 1995.

MARX, Karl. Processo de trabalho e processo


de valorização. In:_______. Capital: crítica
da economia política. São Paulo: Nova
Cultural, 1996.

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