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Sumário
Introdução ................................................................................................ 3
É fundamental seguir as orientações do Manual para a execução dos trabalhos. Para seu estudo
pessoal, você tem toda a liberdade de transcrever à sua maneira, eliminando trechos de aula,
reorganizando o texto, variando as fontes, as cores etc. Porém, para colaborar com o Grupo
Online, é necessário observar as regras. O transcritor que a elas não se ativer dará ao revisor
um trabalho extra; o revisor que não as observar produzirá uma aula fora do padrão de
qualidade necessário para publicação.
A leitura deste manual é obrigatória aos candidatos a transcritores ou revisores, além de dois
outros textos fundamentais, sem os quais não é possível compreender nem os fins nem os
meios de se fazer uma transcrição: “Sobre a arte de Estudar” 1 e “Considerações sobre o
Seminário de Filosofia” 2.
As dicas e regras deste manual surgiram do esforço de todo o grupo, em especial das
recomendações e discussões de Eduardo Dipp, Moreno Garcia, Tiago Capanema, Daniel
Berça, Wilson Castro, Juliana Rodrigues, Marcela Andrade, Mariana Belmonte, Jussara Reis
etc. Caso tenhamos esquecido de mencionar o seu nome, eis aí uma primeira oportunidade
para nos escrever.
É preciso ficar bem claro que a participação nos trabalhos de transcrição ou revisão de aulas é
dever de todo aluno do prof. Olavo de Carvalho. Não lhe fazemos com isso nenhum favor:
trata-se de um dever do aluno dedicado e comprometido com o seu próprio crescimento e
com a preservação da obra do prof. Olavo. Por isso, é um trabalho da maior seriedade, e como
tal deve ser encarado por todos e cada um.
Não permita que o excesso de escrúpulos o impeça de colaborar: ainda que você reconheça
certas deficiências no manejo da língua, esforce-se por melhorar e “pegar o estilo” do
professor. Se você não lê semanalmente os artigos dele publicados no Diário do Comércio,
bem, o que está esperando?
O grupo foi criado não apenas para a organização dos trabalhos, mas para a ajuda
mútua. Estudar as transcrições uns dos outros, propor alternativas, discutir trechos, não
1
[http://www.seminariodefilosofia.org/node/5]
2
[http://www.seminariodefilosofia.org/node/62]
4
esperar ser perguntado para corrigir erros, fazer perguntas, submeter trechos mais complicados
às opiniões do grupo, pedir sugestões, dar sugestões (mesmo que elas não tenham sido
pedidas) etc. Enfim: fazer com que cada pequeno trecho da aula seja de responsabilidade de
todos, e não apenas dos oficialmente designados para a tarefa. A idéia é que os membros do
grupo ensinem e aprendam uns com os outros; no fim das contas, é só por isso que estão
reunidos aqui. A proposta é que cada membro ativo do grupo tome para si a responsabilidade
de, a cada semana, melhorar algo do trabalho dos colegas, quer sejam apenas alguns
parágrafos, quer sejam partes inteiras de alguma aula. As vantagens de trabalhar assim são
evidentes:
(a) Estudar alternativas para trechos complicados é uma das melhores formas de se
aperfeiçoar nas transcrições.
(c) Quanto mais erros forem corrigidos, menor será o trabalho de revisão final, e mais
rápida será a postagem no site do Seminário.
(d) Quanto mais desses exercícios forem feitos, mais consciente da quantidade de
decisões envolvidas em uma transcrição torna-se o transcritor. Uma transcrição, a não
ser que seja uma “transcrição de grampo”, tal como o professor Olavo menciona na
aula 08, não é uma atividade mecânica, mas uma atividade intelectual em sentido
estrito, e quanto mais presentes nós estivermos no momento em que estamos
trabalhando, melhor será o resultado final.
(e) Utilize o Google Groups como espaço para interagir com outros transcritores e
revisores e tirar dúvidas.
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Nomeação do arquivo:
1. Se trecho de transcrição: Aula 130 (Parte 01 – 0h00 a 0h30) [Transcrição].doc
2. Se revisão: Aula 130 [Revisão].doc
Não utilize nenhum outro tipo de formatação, como highlight, sublinhado etc.
Edição de trechos por parte do transcritor: o trecho editado deve estar em azul,
colocando-se a marcação exata do tempo entre colchetes. No caso dos revisores, não há
necessidade de deixar o trecho revisado em azul.
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Aluno: Quero dizer ao senhor que, infelizmente, já não existe o curso por correspondência que ele manteve por
tantos anos (...)
Aluno: (...) Parece que uma filha dele e alguns auxiliares tentaram dar prosseguimento àquele
importantíssimo trabalho por algum tempo, mas abandonaram a tarefa por motivos que desconheço.
Leitura de textos em aula: os trechos devem vir em parágrafo separado, entre aspas,
tamanho 11, com um recuo de 1,25 cm em relação à formatação normal do restante do
documento (veja exemplo na página 10).
Muito importante!
Importantíssimo:
Trabalhe sempre em cima do arquivo de áudio, e não de vídeo, disponibilizado no site
do Seminário, pois há significativas diferenças de timming entre os dois tipos de
arquivo. Tome essa providência para evitar conflitos de marcação de tempo.
Não se sobrecarregue: pegue apenas um trecho por vez para transcrever, ou uma aula
por vez para revisar.
Para não misturar alhos com bugalhos, utilize um bom fone de ouvido.
Embora não seja sua tarefa principal, em alguns casos o transcritor deverá editar determinados
trechos de modo a torná-los mais claros – ou seja, alterando o como o Olavo fala. Nestes casos
pedimos muita moderação aos transcritores, pois uma alteração excessiva pode acabar
dificultando o trabalho dos revisores. Os trechos assim editados devem ser destacados com a fonte
AZUL, para facilitar o trabalho do revisor.
Na verdade, se alguém se compromete a transcrever uma aula, deve fazer isso com zelo e
dedicação. Todos — do processo de transcrição até a revisão final — devem prezar pelo
aperfeiçoamento das transcrições.
É importante, por isso, que todo transcritor tenha algumas noções de revisão. Vejam bem,
ainda não é a revisão em si. Essas noções, na verdade, são adquiridas naturalmente por aqueles
transcritores que dão o melhor no seu trabalho.
O transcritor que prima pelo seu trabalho deve, primeiramente, prestar atenção à formatação
do documento, observando com atenção as orientações passadas neste manual. Depois da aula
transcrita, deve ouvi-la novamente, identificando os erros de distração e corrigindo-os. Esses
erros podem ser, por exemplo, de ortografia, formatação, pontuação etc.
Eu queria começar esta aula comentando uma mensagem colocada no fórum do Seminário pelo
Mário Chainho, de Portugal. Ele fez uma espécie de status quaestionis, mostrando até onde nós
chegamos neste curso, e mostrando quais foram os vários exercícios e práticas sugeridos aos
alunos até agora. Essa mensagem é muito importante e oportuna. Eu agradeço ao Mário, e
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sugiro que todos dêem uma olhada na mensagem, colocada no fórum no dia 1º de julho. Eu vou
ler a mensagem e comentá-la — e esse, na verdade, será o assunto da nossa aula de hoje:
Recuo
[-----------]
1,25cm
“Senti necessidade de fazer um ponto de situação sobre o Curso de Filosofia na óptica dos deveres
do aluno. Elaboro aqui uma lista comentada de “deveres”, pois talvez isto possa servir de alguma
coisa para mais alguém, ao mesmo tempo que poderei receber comentários que me ajudem a
elucidar vários pontos.”
*não se preocupe excessivamente com casos como este, pois não acontecem com freqüência.
11
Isso não quer dizer, porém, que alguém que nunca tenha revisado uma transcrição não possa
ajudar. Este manual visa, justamente, dar algumas orientações para todos que desejem começar
a revisar. Não há mistérios: se não tem experiência, começará a ver a evolução depois da
revisão de algumas aulas.
É recomendável que, além do manual, os revisores tenham sempre uma gramática por perto,
mesmo que seja online. Recorram também ao Grupo, peçam sugestões e conselhos — sempre
tem alguém mais experiente para ajudar.
Sugerimos aos revisores que utilizem uma ferramenta auxiliar chamada Express Scribe: um
software que possibilita a diminuição/aceleração do áudio, mantendo a afinação, a freqüência
ou timbre do registro sonoro. O programa pode ser baixado gratuitamente — Baixaki ou
Superdownloads — para Windows, Mac e Linux.
No mais, quando sentar para trabalhar, faça-o sempre com muito zelo e dedicação. A
excelência é um hábito, e o hábito é uma decisão reiterada. Decida fazer o melhor e mãos à
obra.
Como trabalhar
Naturalmente, cada um desenvolve seu próprio estilo de trabalho, mas há algumas exigências
incontornáveis, cujo desatendimento fatalmente comprometerá a qualidade da revisão. São
elas:
Na quase totalidade das transcrições que recebo, noto, por exemplo, o despreparo dos
alunos para lidar com a questão de como usar a pontuação para dar uma idéia
aproximada de encadeamento das sentenças na exposição oral. (...) O uso de
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No fim da revisão, assine com seu nome e sobrenome, data em que enviou o arquivo e o e-
mail para contato:
Problemas comuns
I. Oralidade e escrita: cacoetes, giros verbais e formas de
simplificar o texto.
Há uma série de coisas que são permitidas, ou ao menos toleradas, na oralidade, mas que
ficam esquisitas ou erradas se passadas sem correção para a linguagem escrita. Isso significa
que, muitas vezes, simplesmente não dá para transcrever literalmente.
“Tem que”
Um exemplo muito comum é o “tem que”. O Olavo fala inúmeras vezes, durante as aulas, que
os alunos “têm que” fazer isso ou aquilo, que o filósofo “tem que” agir assim ou assado, e isso
é perfeitamente aceitável na linguagem oral. Na escrita, porém, o certo é “tem de”: o filósofo
tem de agir assim ou assado, e alunos têm de fazer isso ou aquilo. Se vocês observarem os
escritos do Olavo, verão que ele jamais se desvia dessa norma.
Tempos verbais
Há certas coisas que fazem parte do jeito que o Olavo fala, mas que na maioria das vezes não
soam direito quando escritas. São muitos “quer dizer”, “então”, “você pega”. Muitas dessas
coisas podem ser alteradas — e algumas delas devem ser alteradas, para o bem da clareza e da
correção do texto.
Cuidado, contudo. Algumas vezes esses mesmos cacoetes e jeitos de falar soam perfeitamente
bem quando escritos, e é preciso também não se esquecer de que algumas das coisas têm mais a
ver com o meu estilo pessoal de lidar com as transcrições do que com uma “forma certa” de
transcrever. Mais uma vez, vale o conselho: testem, escrevam e reescrevam, pratiquem, até que
cada um vá encontrando o seu jeito próprio de solucionar cada um dos problemas.
Revisado:
Mesmo os experimentos científicos, que em princípio podem ser indefinidamente repetíveis,
dependem da testemunha solitária...
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“Vamos supor”
Original:
Vamos supor, em uma certa batalha o seu exército perdeu, e depois há uma investigação e
querem saber quem foi o culpado.
Revisado:
Digamos que o seu exército perdeu uma certa batalha, e que há uma investigação para saber
quem foi o culpado.
Revisado:
Quando você emite uma opinião, em resposta a uma pergunta dentro de um diálogo filosófico,
supõe-se que você está reproduzindo fidedignamente o que pensou e percebeu — mas você tem
certeza de que fez isso?
Notem duas coisas: primeiro, só foram eliminados os “você(s)”, cuja ausência não
prejudica a compreensão. Se começarmos a cortar coisas demais ou nos preocupar
demais com a repetição de certas palavras, corremos o risco de deixar o texto mais
confuso do que na transcrição literal. Segundo, não se trata apenas de “eliminar
pronomes”, mas de redigir a frase da forma mais clara e natural possível, mesmo que
para isso a ordem de certos elementos precise ser trocada.
Algumas coisas soam mal quando escritas. No caso abaixo, por exemplo, o verbo "realizar"
simplesmente não combina com o objeto "conclusões" — ninguém "realiza conclusões".
Original Revisado
“Para você compreender, por exemplo, a história “Para você compreender, por exemplo, a história
da biologia, você não precisa ser um biólogo de da biologia, você não precisa ser um biólogo de
maneira alguma, pois as investigações e as maneira alguma, pois as investigações e
conclusões que a biologia e os biólogos realizaram conclusões dos biólogos ao longo do tempo
ao longo do tempo compõem um estado de coisas compõem um estado de coisas na ciência atual
na ciência atual que pode ser assimilado por mera que pode ser assimilado por mera informação.”
informação.”
No caso, só foi preciso cortar o verbo "realizaram", que pode ser omitido sem prejuízo
nenhum à compreensão do trecho.
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II. Pontuação
Ver anexo sobre pontuação.
Travessão:
Cuidado com os sinais de pontuação. Não se esqueçam, principalmente, de que o hífen (-), a
chamada meia-risca (–) e o travessão (—) são sinais distintos. Ao colocarmos períodos “entre
traços”, é o travessão que devemos usar. Normalmente usaremos apenas travessões, mas se, ao
excluirmos mentalmente o trecho entre travessões, constatamos que uma vírgula é exigida
entre os trechos que os travessões separaram, incluímos então a vírgula imediatamente após o
segundo travessão. Há quem seja contra essa prática, mas é forma adotada consistentemente
pelo Olavo em seus escritos.
Exemplos:
Aqui nos EUA, o sujeito que é vidente se anuncia como “metafísico”, e a atividade de uma
cartomante — cuja profissão é absolutamente respeitável, mas não tem nada a ver com a filosofia
— é também chamada de “metafísica”.
Ou:
Um curso de literatura visa dar ao aluno uma cultura literária — ensinar quais são os poetas do
período romântico, quais são as obras completas de Machado de Assis etc. —, e não é disso que
estou falando.
Enumeração:
Um recurso que pode ser usado, com moderação, é o de enumerar elementos que o Olavo está
listando. Às vezes, será preciso modificar um pouco o texto, mas não há problema em fazer
isso se for para deixar a leitura mais fácil e organizada, e se nenhum elemento fundamental for
omitido ou o sentido da frase modificado. Por convenção, propomos que aqueles que forem
usar este recurso o façam da forma demonstrada abaixo, com letras minúsculas entre
parênteses, ponto-e-vírgula entre os elementos, e sem quebrar parágrafos:
Eu assinalaria três períodos memoráveis da história das universidades: (a) logo na sua fundação,
por volta do século XIII, em que a universidade medieval alcança um período de florescimento
extraordinário; (b) no tempo do idealismo alemão, entre o fim do século XVIII e as primeiras
décadas do século XIX, até mais ou menos a morte de Schelling; e (c) a universidade austríaca
nas primeiras décadas do século XX, justamente no período em que ali estudavam o Eric
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Eu assinalaria três períodos memoráveis da história das universidades: o primeiro logo na sua
fundação, a universidade medieval alcança um período de florescimento extraordinário no século
XIII; depois você tem um outro episódio semelhante no tempo do idealismo alemão, entre o fim
do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX, até a morte de Schelling (Friedrich
Wilhelm Joseph Von Schelling, 1775-1854),digamos; e, terceiro, a universidade austríaca. Esse
fenômeno aconteceu justamente no período em que ali estudavam o Eric Voegelin (1901-1985)
e o nosso Otto Maria Carpeaux (1900-1978), mais ou menos na mesma época, ou seja, seriam as
primeiras décadas do século XX.
Vírgula:
Original Revisado
Essa seria a primeira pergunta que eu faço, quer Esta seria a primeira pergunta que eu faria: “Se eu
dizer: — Se eu gosto de apanhar, porque eu gosto tanto de apanhar, por que eu reclamo que
reclamo que as pessoas batem umas nas outras? É as pessoas batem umas nas outras?” É um tema
um tema óbvio, no entanto, você não verá em óbvio, mas você não verá em toda a obra do
toda a obra do Michel Foucault uma meditação Michel Foucault uma única meditação séria sobre
séria sobre este ponto. esse ponto.
Original Revisado
Quantas vezes nos acontece que nós queremos Quantas vezes nos acontece de querer dizer uma
dizer uma coisa, mas não conseguimos dizer, coisa, não conseguir, e então dizer outra parecida?
então dizemos outra parecida?
Às vezes, pequenas mudanças provocam grandes efeitos. Percebam que o “do que tinham
antes” fica muito melhor se for reincorporado ao corpo da frase, antes da enumeração:
Original:
Eu já apliquei esse exercício inúmeras vezes e sempre funcionou, e acredito que todas as pessoas
que o fizeram adquiriram uma clareza muito maior sobre suas vidas, sobre suas personalidades,
sobre seus valores, do que tinham antes.
Revisada:
Eu já apliquei esse exercício inúmeras vezes e sempre funcionou, e acredito que todas as pessoas
que o fizeram adquiriram uma clareza muito maior do que tinham antes sobre suas vidas, suas
personalidades e seus valores.
18
Nota: não é preciso dizer que os exemplos selecionados abaixo não têm qualquer intuito de
menosprezar o trabalho de ninguém. Tais observações pretendem contribuir para acender em
todos o desejo de realizar um trabalho cada vez melhor.
Então, antes do pensamento, você precisa desenvolver uma atividade do tipo expressiva. Se você
não sabe expressar a sua experiência, não adianta pensar sobre ela. Um tópico absolutamente
fundamental do nosso curso é a sinceridade e seriedade na busca do conhecimento, sobretudo na
busca do seu conhecimento interior, da evidência, da experiência intuitiva. Isso se baseia muito
no domínio que você tenha da linguagem.
Original Revisada
Então, antes do pensamento, você precisa Antes do pensamento, portanto, é preciso
desenvolver uma atividade do tipo expressiva. Se desenvolver uma atividade do tipo expressiva,
você não sabe expressar a sua experiência, não porque se você não sabe expressar a sua
adianta pensar sobre ela. Um tópico experiência, de nada adianta pensar sobre ela.
absolutamente fundamental do nosso curso é a Aliás, esse é um tópico absolutamente
sinceridade e seriedade na busca do fundamental do nosso curso: a sinceridade e
conhecimento, sobretudo na busca do seu seriedade na busca do conhecimento —
conhecimento interior, da evidência, da sobretudo na busca do conhecimento interior, da
experiência intuitiva. Isso se baseia muito no evidência, da experiência intuitiva — se baseia
domínio que você tenha da linguagem. muito no seu domínio da linguagem.
19
No caso da consciência, aqui nos Estados Unidos, tem duas correntes que vivem discutindo o
problema da consciência...
Acontece que o Olavo fala claramente, ao dar essa resposta, que há poucos dias escreveu
um artigo sobre isso. Este é o típico caso em que não só essa frase não poderia ter sido
omitida, como ainda seria recomendável dar a referência ao leitor citando o título do
artigo e veículo onde foi publicado.
Original Revisada
No caso da consciência, aqui nos Estados Unidos, No caso da consciência, há poucos dias eu escrevi
tem duas correntes que vivem discutindo o um artigo sobre isso. [“A consciência sem
problema da consciência... consciência”, Diário do Comércio]. Há duas
correntes aqui nos EUA que vivem discutindo o
assunto. . .
Percebem que há algo errado aí? Na verdade, o aluno pergunta se a busca filosófica é
compatível com a vaidade intelectual — e só assim a resposta tão veemente do Olavo
passa a fazer algum sentido (Aula 01, arquivo 08, [00:16:15]).
Vejam aqui outro exemplo em que o problema é puramente de escuta, e cujo resultado, se
vocês pensarem bem, também não faz muito sentido:
Se para prover a necessidade dessa moeda você usa a moeda que a mídia e a chamada “cultura
popular” estão colocando em circulação, o que você está fazendo é trocar papel pintado por papel
pintado com inflação, o dinheiro não vale.”
Se para prover a necessidade dessa moeda você usa a moeda que a mídia e a chamada “cultura
popular” estão colocando em circulação, o que você está fazendo é trocar papel pintado por papel
pintado. É como inflação: o dinheiro não vale.
20
VI. Pronomes
Importantíssimo!
Ver anexo sobre pronomes
To begin with, two verbal persons simply disappeared from use, first in popular intercourse, then
in literary usage, and finally in grammar compendiums. Those gramatical persons are — or were
— precisely the ones Rosenstock would consider essential to the clarifying of social relations, and
the very forming of human consciousness itself. They are the second persons, singular and plural
— tu and vós — corresponding to the English you. They were substituted by verbal
compromises using the third person, derived from old respectful forms of treatment having lost
all respectful content in modern usage.
Now, how is it possible to speak with a person without saying you? How to distinguish the
property of one or the other, if we only have the possessive pronouns of the third person? The
difficulties in the construction of certain sentences of modern Portuguese are astounding, what
makes the learning of the language so hard a task that even the literate classes would tend to
write and speak in an obscure and incorrect way. (“The health of language and social disease: On
translating Rosenstock-Huessy into Brazilian Portuguese” — Olavo de Carvalho 3)
O problema, na verdade, não tem solução: exceto em alta literatura, ou quando a intenção é
deliberadamente a de criar certos efeitos (V. epílogo de O Jardim das Aflições), todo e qualquer
uso consistente das segundas pessoas soa pedante e esquisito. E, por outro lado, usar apenas as
terceiras pessoas é fonte certa de inumeráveis problemas e ambigüidades. Não é horrível ter de
se dirigir aos destinatários de cartas ou e-mails, por exemplo, apenas na terceira pessoa? É um
problema não poder sequer usar os possessivos da segunda pessoa (teu, tua etc.), tão comuns
na linguagem falada. E pior ainda é volta e meia ter de substituir o "seu" e o "sua" por "dele" e
"dela", uma vez que o "seu" e o "sua" já foram praticamente "roubados" pela segunda pessoa e
vivem gerando confusão.
Mas infelizmente é essa a nossa situação: não dá para usar, na maior parte dos casos, os
pronomes da segunda pessoa quando o Olavo se dirige aos alunos. Vai dar trabalho, os
transcritores e revisores terão de suar a camisa para que o texto não fique confuso, mas essa é a
única forma de o serviço sair bem feito.
3
http://www.olavodecarvalho.org/english/texts/confer_rosenst_en.htm
21
Atenção! Pedimos a todos os revisores que prestem atenção às regras de colocação dos
pronomes oblíquos. Se precisarem, recorram a uma gramática e vejam as regras mais
importantes.
Exemplo 1:
Original:
"Sem um plano de vida você não tem um ideal que te norteie, você não sabe quem você quer
chegar a ser, e portanto você não tem sequer como julgar as suas próprias ações."
Sugestão:
"Sem um plano de vida você não tem um ideal que o norteie, você não sabe quem você quer
chegar a ser, e portanto você não tem sequer como julgar as suas próprias ações."
Exemplo 2:
Original:
"Você será julgado, por exemplo, pelos teus medos, pelos teus preconceitos, pelo falatório de
um grupo de referência incorporado no teu subconsciente pela audição contínua;"
Exemplo 3:
Original:
"De todas as vozes que falam dentro de você, você só pode permitir que uma te julgue, uma te
corrija e uma te oriente (...)"
Exemplo 4:
Original:
"Se você entrar na faculdade de filosofia e disser que está lá buscando autoconhecimento, todos
vão rir da sua cara e te mandar procurar um grupo de auto-ajuda, de psicoterapia, ou um padre,
um rabino, ou algo assim."
Sugestão: "mandá-lo". Notem que neste caso, o "sua" está correto, concordando com o
sujeito.
Exemplo 5:
Original:
"São alguns livros que vão te acompanhar até o fim do curso."
Sugestão: "acompanhá-lo".
Exemplo 6:
Original:
"Agora, se o sujeito é uma pessoa boa — um amigo leal, que te ajuda — e você ainda assim o
trai com a mulher dele,(...)"
Exemplo 7:
Original:
"Eu não vou te responder nada; você vai descobrir. Eu vou te dar as dicas, mas é você que vai
encontrar a resposta."
Sugestão: "lhe responder", "lhe dar". Dois casos de transitivos indiretos: responder nada a
você; dar as dicas a você.
Exemplo 8:
Original:
"(...) e cada palavra que você disser vai te revelar mais coisas do que você havia percebido antes..."
Muito cuidado! Isso não significa sair cortando todos os pronomes pessoais que
aparecerem, mas somente os necessários para deixar o texto mais leve, isto é, menos
truncado. Atenção também para não deixarem alguma ambigüidade passar.
Exemplo 1, “você”:
Original Sugestão
"Sem um plano de vida você não tem um ideal ''Sem um plano de vida você não tem um ideal
que te norteie, você não sabe quem você quer que o norteie, não sabe quem quer chegar a ser,
chegar a ser, e portanto você não tem sequer e, portanto, não tem sequer como julgar as suas
como julgar as suas próprias ações." próprias ações.''
Observações: o verbo “saber” já está conjugado na 3a. pessoa de acordo com o pronome
de tratamento “você”, assim como o verbo “ter” e o pronome possessivo “suas”.
Exemplo 2:
Original Sugestão
"(...) quando você comete um pecado, você sente ''(...) quando comete um pecado, você sente
dentro de si uma voz acusadora que te reduz a dentro de si uma voz acusadora que o reduz a
zero, te faz ficar revoltado com o Universo, e te zero, o faz ficar revoltado com o Universo e leva-
leva a cometer um pecado maior ainda." o a cometer um pecado maior ainda.''
4
É a parte de uma palavra que indica a classe a qual esta pertence, ou a função da mesma, dentre outras
informações.
24
Havia lá um sociólogo alemão muito famoso — mas cujo nome não me ocorre agora —, e
quando Voegelin terminou sua conferência o sujeito estava absolutamente perplexo! Ele disse:
“Mas que raio de filosofia política é essa? Ele não falou de legitimidade, não falou de democracia,
não falou de direitos humanos... Eu não sei do que ele está falando, é outro assunto!”
Porém, muitas vezes não se trata de uma narrativa, mas simplesmente de um cacoete verbal,
que o Olavo costuma usar com bastante freqüência, que é o de começar uma frase com
expressões do tipo “eu digo”, ou “eu pergunto”.
Original:
Qual é a norma moral desde a qual você se julga? Você pode dizer que é o Código Penal, os Dez
Mandamentos, o Código de Hamurabi, as Leis de Noé, pode ser qualquer outra coisa, mas tudo
isto é externo em relação a você. Se você leu os Dez Mandamentos, eu pergunto: “Quem dentro
de você compreendeu os Dez Mandamentos? Como que você os interpreta? Como você os
entende?”
Esse é um caso típico — e muito comum, nestas nossas transcrições — em que as aspas são
desnecessárias, e o trecho pode ser levemente alterado para fluir melhor:
Revisado:
Qual é a norma moral desde a qual você se julga? O Código Penal, os Dez Mandamentos, o
Código de Hamurabi, as Leis de Noé? Pode ser qualquer outra coisa, mas tudo isso é externo em
relação a você. Se você leu os Dez Mandamentos, por exemplo, quem, dentro de você, os
compreendeu? Como você os entende e os interpreta?
25
Anexo I
Estudo de caso, aula 02 do COF
O parágrafo abaixo é extremamente difícil, e eu não creio ainda ter encontrado uma solução
muito adequada para ele. Na transcrição original está assim:
Isto aqui é a prática desse esforço permanente de expressar a experiência na sua singularidade,
sem transformá-la em outra coisa, mas, ao mesmo tempo, tornando-a suficientemente
reconhecível para que ela possa ser dita na linguagem coletiva. Isto é a ocupação fundamental não
dos filósofos, mas dos escritores, ficcionistas, poetas etc. A transposição da experiência em
memória, linguagem e expressão de forma culturalmente reconhecível - sem isso, não há
Filosofia.
O que o Olavo está dizendo é que, apesar de essas coisas serem a função específica dos
poetas, sem isso não há filosofia. Ele fala um “porém”, em certo ponto da sua fala, que
foi omitido da transcrição, mas que é fundamental. Além disso, a entonação da sua voz
mostram que “a prática desse esforço...” é uma expressão parentética, uma explicação do
“isto aqui”, e que portanto o “é” precisa ser eliminado.
Após a revisão:
Isto aqui — a prática desse esforço permanente de expressar a experiência na sua singularidade,
sem transformá-la em outra coisa, mas ao mesmo tempo tornando-a suficientemente reconhecível
para que ela possa ser dita na linguagem coletiva — não é a ocupação fundamental dos filósofos,
mas sim dos escritores, ficcionistas e poetas. Porém, sem essa transposição da experiência em
memória, linguagem e expressão culturalmente reconhecível, não há filosofia.
Não fosse uma frase tão comprida, o ideal seria usar simplesmente um "ou seja" entre o
"Isto aqui" e o "a prática desse esforço". Ademais, sinto em ter perdido o travessão que
separava o resto do parágrafo do "sem isso, não há Filosofia". Esse travessão dava força
ao trecho, mas eu não consegui mantê-lo sem que a coisa ficasse esquisita.
Aqui temos um exemplo bem claro de repetições desnecessárias que, na minha opinião, podem
e devem ser cortados já na primeira etapa da transcrição. A transcrição chegou assim:
Mas se você não tem em toda a literatura brasileira, você não tem um personagem que tenha a
complexidade do Frei Berto como personagem real. A nossa literatura está muito abaixo da
situação. Você pega, por exemplo, um personagem mais simples que o Frei Berto, você pega o
próprio Lula. Ele é o homem que foi na mesma semana homenageado no Fórum Econômico
Mundial pela sua conversão ao capitalismo e no Foro de São Paulo por sua fidelidade ao
comunismo. Tem na literatura brasileira um personagem assim?
26
Mas você não tem, em toda a literatura brasileira, um personagem que tenha a complexidade do
Frei Beto como personagem real. A nossa literatura está muito abaixo da situação. Você pega,
por exemplo, um personagem mais simples que o Frei Beto — o próprio Lula. Ele é o homem
que foi na mesma semana homenageado no Fórum Econômico Mundial pela sua conversão ao
capitalismo e no Foro de São Paulo por sua fidelidade ao comunismo. Tem na literatura
brasileira um personagem assim?”
Melhorou bastante (apesar de “Betto” estar errado nas duas versões). As repetições mais
grosseiras foram cortadas, o texto ficou mais limpo, e eu diria que este é o padrão mínimo que
todos devem buscar já na primeira versão. Na revisão, porém, dá para ir um pouco além, e
tentar — na medida do possível, sem forçar muito a barra — eliminar as coisas que ficam
estranhas quando escritas, como os “você pega” e “você tem”. Nem sempre será possível (e
muitas vezes simplesmente não dará tempo de tratar o texto todo como ele deveria), mas nesse
caso não foi muito difícil deixar o texto assim:
Mas não há, em toda a literatura brasileira, um personagem que tenha a complexidade do Frei
Betto como personagem real. A nossa literatura está muito abaixo da situação. E mesmo um
personagem mais simples que o Frei Betto, como o próprio Lula: há na literatura brasileira
algum personagem com a complexidade do Lula, que na mesma semana foi homenageado no
Fórum Econômico Mundial pela sua conversão ao capitalismo e no Foro de São Paulo por sua
fidelidade ao comunismo?
Aqui há um exemplo interessante de como a pontuação pode alterar o sentido daquilo que foi
dito. No caso abaixo, o “você está falando uma coisa e não percebe que aquilo soa mal” é uma
explicação de “perder a música do idioma”. O Olavo usa inclusive um “quer dizer” nesse
ponto, e fala assim: “Se você perdeu a música, quer dizer, você está falando a coisa mas você
não percebe que aquilo soa mal...” Na transcrição, contudo, o “você está falando uma coisa”
entrou como conseqüência de "perder a música do idioma":
Se você perde a música do idioma, você perde um dos principais elementos expressivos, e quando
acontece isso, você está falando uma coisa e não percebe que aquilo soa mal. É claro que você
está encobrindo as suas experiências reais, você está encobrindo a experiência real da qual você
está falando porque você está encobrindo a experiência real de estar falando.
O correto seria:
Se você perde a música do idioma, você perde um dos principais elementos expressivos. E
quando acontece isso — ou seja, quando você está falando uma coisa mas não percebe que aquilo
soa mal — é claro que você está encobrindo as suas experiências reais. Você está encobrindo a
experiência real da qual você está falando porque você está encobrindo a experiência real de estar
falando.
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Anexo II
Estudo de caso: Deus, os pronomes relacionados a Ele, o “eu” e o “ser”
(a) Deus, e os pronomes relacionados a Ele, são todos escritos com inicial maiúscula.
Exemplo:
Quanto às composições de pronomes e preposições (d'Ele, n'Ele etc.), o jeito certo é esse
mesmo, com o apóstrofo e a primeira letra do pronome em maiúscula.
[http://www.olavodecarvalho.org/semana/051031dc.htm]:
“O Apóstolo Paulo expressa isso de maneira exemplar, dizendo: “N'Ele [em Deus, no infinito, no
eterno] vivemos, nos movemos e somos [agimos e existimos historicamente, isto é, no tempo].”
[http://www.olavodecarvalho.org/semana/000302jt.htm]:
"(...) tanto mais se aprofundam na compreensão da mensagem de Jesus Cristo quanto mais se
afastam d'Ele no tempo e mais se esquecem do que os santos disseram d'Ele no século 12, (...)"
(b) Deus, em minúscula: Escrevemos "deus", com inicial minúscula, quando não estamos
falando de Deus, mas de "algum" deus (os deuses da mitologia, o "deus dos palpiteiros", o deus
Sol, o deus dos esquerdistas etc. O Marcelo e o Daniel já deram vários exemplos:
Notem, por outro lado, que "deus" não vai em minúscula simplesmente por ser precedido do
artigo "o". A distinção não é gramatical, mas semântica: referências a falsos deuses vão em
minúscula, e referências ao Deus verdadeiro em maiúscula (como em "o Deus da Bíblia", por
exemplo).
[http://www.olavodecarvalho.org/semana/090318dc.html]:
“Se você não ‘acredita’ no Deus da Bíblia, isso não faz a mínima diferença lógica ou
metodológica na sua tentativa de investigar a
existência ou inexistência d’Ele, quando essa
tentativa é honesta.”
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Atenção! Recorrer aos textos do próprio Olavo é, sem dúvida, a melhor opção para
resolver as dúvidas. Mas cuidado: há textos no site dele que não são "textos do próprio
Olavo", mas transcrições feitas por alunos, em geral não revisadas ou revisadas muito
rapidamente. Falo isso porque um exemplo desse tópico foi recolhido de "Kant e o
primado crítico", por exemplo, que é, na verdade, apenas uma transcrição. Dessa vez
funcionou, mas nem sempre irá funcionar. Para tirar dúvidas sugiro consultar sobretudo
O Jardim das Aflições — que é o texto
mais bem trabalhado literariamente pelo Olavo —
e, não sendo possível recorrer ao livro, os artigos de jornal.
(c) Sobre pronomes ou verbos substantivados: o que fazer quando o Olavo cita, por
exemplo, "entes universais", universais abstratos, como: "eu", "ser" etc.? O melhor é colocá-las
entre aspas?
Na maioria dos casos não é preciso fazer nada, e aspas são desnecessárias. Mas o caso do "eu" é
um abacaxi, porque sempre fica esquisito, não importando o que a gente faça. Eu já até pensei
em usar "ego" para diferenciar o "eu" substantivo do "eu" pronome, mas não é certo fazer isso.
Se fosse para estabelecer uma regra, eu diria que o melhor é mesmo usar aspas.