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DIREITO CIVIL
Lei de introdução ao Código Civil – Decreto-Lei n° 4.657/42
1. Nota introdutória - A LICC mudou em 2003? Não, não houve alteração com o novo
CC.
Prevaleceu a tese de haver uma lei autônoma, pela maior facilidade de fazer uma
mudança, se necessário. Não é parte integrante do CC.
Deveria chamar “Lei de introdução às leis” porque é uma lei geral, que se aplica a todos
os ramos do Direito.
3. Conteúdo e Função
a) obrigatoriedade da lei – art. 3°, LICC – ninguém pode descumprir a lei alegando a
sua ignorância. Trata-se de ficção ou presunção? É uma ficção legal, que corresponde a
um fato que é sabidamente falso, mas que a lei transforma em verdadeiro.
Presunção – é estudada na prova do negócio jurídico. Como regra, quem alega deve
provar. Art. 333, I, CC. Com a presunção inverte-se o ônus da prova. As presunções de
direito sequer permitirão prova em contrário;
4. Fontes do Direito - O termo é utilizado como metáfora. Fonte é o lugar de onde surge
o direito.
O professor Limongi França entende que o termo mais adequado é “Formas de
expressão do Direito”.
4.1. Lei – norma geral e abstrata emanada de autoridade competente, que deve ser
obedecida por todos. Lei cogente – normas de ordem pública, que não podem ser
afastadas pelas partes. Ex: art. 51 do Código de Defesa do Consumidor.
Uma norma cogente pode ser identificada quando a punição legal imposta é a nulidade.
Leis supletivas ou de direito dispositivo – aquelas que podem ser afastadas por vontade
das partes. Ex: vícios do CC.
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APOSTILA DE DIREITO CIVIL Professor Affonso Pernet Júnior
Cláusulas comuns nos contratos de locação são aquelas em que o fiador renuncia ao
direito de pedir exoneração da fiança. Art. 835 do CC. O STJ tem debatido se essa
renúncia fere ou não a ordem pública, se isso é direito dispositivo ou não. Art. 2035,
parágrafo único, CC – o professor entende que essa renúncia fere a ordem pública e, caso
os particulares afastem o art. 835, o contrato será nulo.
4.3. Princípios Gerais de Direito – são mandamentos que não necessariamente estão
convertidos em texto de lei. Formam a base do ordenamento jurídico. São princípios de
justiça. Ex: vedação do enriquecimento sem causa; o juiz sempre julga com base na boa-
fé (privilegiando a boa-fé).
4.4. Eqüidade - art. 127, CPC. - É a justiça no caso concreto. Utilizar a equidade
significa suavizar os rigores da lei. O CC/16 não trazia nenhum artigo que possibilitasse a
equidade.
No CC/02 devemos estudar os seguintes artigos: 944, parágrafo único; 928 e 413.
6. Vigência – é um critério puramente temporal. Uma norma está em vigência até que
ocorra sua revogação.
Vigência é diferente de vigor. Vigor é a força vinculante da norma.
Uma norma pode estar em vigor mesmo tendo sido revogada? Sim. Ver o art. 2.038 do
CC/02. O CC/16 está revogado, mas a regra que trata da enfiteuse está em vigor.
7. Eficácia – aptidão para a produção de efeitos.
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A norma produz efeitos a partir de sua vigência? Depende. Se entrar em vigor a partir de
sua publicação, sim, porém há leis que possuem “vacatio legis”.
O brocardo “in claris cessat interpretatio”, que significa que, sendo a lei clara, não pode
haver interpretação, deve ser visto com reservas porque não é verdade que a norma possa
ter essa clareza absoluta.
Espécies de interpretação:
Quanto à origem:
a) intepretação autêntica – emana do próprio legislador;
10. Integração do Direito – ocorre por razões de lacuna na lei (e não no direito), e
decorre da indeclinabilidade da jurisdição.art. 4°, LICC. As três formas de integração são:
analogia, costumes e princípios gerais de direito.
Na analogia usa-se uma lei que trata de um caso semelhante, ao caso concreto, para o
qual não há lei específica. É a analogia legis. Pode haver a analogia júris, em que se
busca a solução não em outra lei, pois esta não existe, mas nas outras fontes do direito.
Se antes da entrada em vigor da lei houver modificação do seu texto por lei nova,
reinicia-se a “vacatio legis”.
O professor Nelson Nery entende, baseado na Lei Complementar 95/98, que o CC entrou
em vigor no dia 12/01/03.
A lei produz efeitos até que ocorra a sua revogação. Art. 2º, LICC.
13. Revogação - Revogar é tornar sem efeito uma norma, retirando sua obrigatoriedade.
Uma lei só é revogada por outra lei. Os usos e costumes e o tempo não têm o condão de
revogar a lei.
Ver art. 2045, NCC. O NCC ab-rogou o CC/16 e derrogou a 1ª parte do Código
Comercial.
Formas de revogação:
1. revogação expressa – art. 2045, NCC.
Art. 1711 do CC, parte final: “mantidas as regras sobre a impenhorabilidade sobre a
impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial”. A lei nº. 8.009/90
– também trata do bem de família. O Código não revogou totalmente esta lei.
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Questões Polêmicas
1. União estável
No CC tratam desse assunto os arts. 1.723 e 1.790. Antes da vigência do CC tínhamos as
leis nº. 9.278/96 e nº. 8.971/94. Essas leis foram revogadas ou ainda são aplicadas?
Se entendermos que o Código revogou tais leis, como o professor Francisco José Cahali,
as companheira não tem o direito real de habitação. Se entendermos que foram
derrogadas, como Euclides de Oliveira, haverá direito real de habitação do companheiro.
O professor entende que, tecnicamente, Cahali está com a razão.
2. Condomínio edilício – era regido pela Lei nº. 4.591/64. O Código também trata desse
assunto hoje. A lei foi revogada totalmente? O professor Sílvio Venosa entende que se
aplica a lei no que não for contrária ao NCC.
Ex: sobre o inquilinato temos a Lei nº. 8.245/91, que é especial e o Código Civil de 2002,
que é lei geral posterior. O professor entende que o critério da especialidade se sobrepõe
ao da posteridade.
Maria Helena Diniz entende que, neste caso, buscar a suprema justiça – entre duas
normas incompatíveis deve-se buscar a mais justa.
14. Repristinação – é o fenômeno da volta da vigência de uma lei revogada por meio da
revogação da lei revogadora. Pode existir no Brasil, desde que prevista expressamente.
15. Irretroatividade da lei – a lei em vigor tem eficácia imediata e só poderá alcançar
fatos futuros. Não retroage.
Tanto a CF quanto a LICC dizem que a nova lei não poderá prejudicar o direito
adquirido, o ato jurídico e perfeito e a coisa julgada.
1) art. 977, NCC – sociedade entre cônjuges. Evita a fraude ao regime da separação
obrigatória de bens.
Alguns entendem que sim, mas que o problema são os efeitos do ato produzidos no
tempo, que são fatos pendentes produzidos sucessivamente.
O Registro de Comércio de Brasília, que cuida das Juntas Comerciais no Brasil todo,
soltou uma portaria dizendo que “todas as sociedades de cônjuges que já existiam antes
da vigência do NCC são sociedades regulares, perfeitas e que não precisam ser alteradas,
pelo Princípio da preservação do ato jurídico perfeito”.
2) art. 1336, §1º do CC – multa condominial. A lei do condomínio (Lei nº. 4.591/64) dizia
que a multa podia chegar até 20% (cláusula penal). O NCC diz que não pode ser superior
a 2%. Os condomínios que já existiam e possuem seus estatutos de acordo com a lei
precisam alterá-los para adequação ao NCC? Os primeiros julgados em São Paulo
entenderam que não, que tais convenções de condomínio são atos jurídicos perfeitos e
não precisam ser alterados.
É o poder, aptidão para praticar atos da vida civil. Só podem praticá-los quem é
dotado de personalidade (os dois atos da vida civil são contrair direitos e obrigações).
Nascituro : já foi concebido mas ainda não nasceu com vida (logo, ainda não é
uma pessoa TEORIA NATALISTA – (FALAR DA TEORIA
CONCEPTUALISTA).
1 - doação ; 4 - adoção ;
2 - reconhecimento de paternidade ; 5 - alimentos ;
3 - herança ; 6 - investigação de paternidade.
CAPACIDADE
1 - REGRA
2 - EXCEÇÃO (quem não detém esta espécie de competência é incapaz).
A Lei dividiu a incapacidade em 2 espécies:
a - absoluta;
b - relativa
Ex.: art. 1.860, parágrafo único CC » os pais não podem ajudar o filho a
fazer o seu testamento, apenas ele o pode.
Art. 3º :
I - menores impúberes
Representantes : pais (art. 1.634,V e 1.690; art. 21 da Lei nº 8.069/90)
tutor, no caso dos órfãos ou filhos de pais destituídos do pátrio
poder (art. 1.747)
II - representados pelo curador (art. 1.767, I), nomeado por sentença oriunda da
Ação de Interdição.
III - representado pelo curador (art. 1.767, I), que é alguém da família ou da
confiança do juiz.
Curador - arts. 22 ; 23 e 24. Neste caso, a curatela é sui generis porque não
curatela de pessoas (como nos demais casos), mas sim de bens.
Art. 4º :
I - menores púberes (art. 1.634, IV CC e art. 21 da Lei nº 8.069/90)
Tutor (art. 1.747)
Art. 4º par. Úni. tratam-se somente daqueles que não estão inseridos na vida
civilizada, i.e., apenas os índios selvagens.
O silvícola é assistido por um tutor (art. 6º, parágrafo único), o qual será a
FUNAI (Lei nº 6.001/73).
- capaz
1)* coletivo » art. 129 CF - J.F. - Procur. da República
- incapaz (MP federal)
- capaz
2)* individual » art. 89 CPC - J.Est. - Promotor de Justiça
- incapaz** (MP Estadual)
18 anos » maior
» capaz (de fato)
emancipado » menor
» capaz
Quando os pais registrarem a emancipação de seu filho, esta não precisa ser
mediante instrumento público, pelo o que se entende da própria redação do art. 90 da
Lei nº 6.015/73 (... se for de escritura pública ...). Todavia, afirma CAIO MÁRIO que
o instrumento tem que ser público. Portanto, cuidado na hora da prova (verifique
antes o entendimento da banca).
Obs : nem é preciso dizer que quando o artigo diz “sentença”, ele se refere ao
tutor; quando utiliza a palavra “instrumento”, refere-se aos pais.
II - casamento
art. 1.521 e 1.517 - Salvo os casos de casamento nulo ou de má-fé (atenção: não
se falou em putativo).
Comoriência - São pessoas que falecem na mesma ocasião sem que se possa
determinar qual pré-morreu à outra. Art. 8º CC
Premoriência Comoriência
PESSOA JURÍDICA (ou Pessoa Moral ou de Existência Corpórea)
Pessoa Jurídica
- associações
- Direito Privado (art. 44) - sociedades
- fundações
Art. 16, III CC/16 (acrescentado pela Lei nº 9.096/95) : incluiu os partidos
políticos no rol das pessoas jurídicas de Direito privado. NÃO TEM
EQUIVALENTE NO CC/2002, MAS ESTÁ EM VIGOR ESSE ENTENDIMENTO.
Obs : este último dispositivo legal vem do princípio geral de direito que impede
o enriquecimento ilícito.
Condomínio - - autor
Massa Falida - pessoa formal - art. 12 CPC
Espólio - - réu
Então, na forma o art. 45, caput, a pessoa jurídica, para o Direito brasileiro, é
uma realidade.
TEORIA DE DISREGARD
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(ou da Desconsideração da Pessoa Jurídica)
Resposta : criar uma sociedade de fachada (ele tem 98% das cotas e sua esposa
2%), pois sabe que a pessoa jurídica tem personalidade conferida por lei e,
conseqüentemente, patrimônio próprio.
2º PONTO : D O M I C Í L I O
» Morada - local onde a pessoa se encontra sem ser de modo estável (passando
dias).
IMPORTÂNCIA DO DOMICÍLIO :
Ex: filho de pais separados; mora uns dias com a mãe e outros com o pai; tem
seu próprio quarto em cada residência » qualquer dos dois endereços será o seu
domicílio.
1) art. 76, caput : atenção, apesar da lei somente se referir aos absolutamente
incapazes (pela expressão “representante”), ela também é aplicada aos relativamente
incapazes.
Há 2 correntes :
Existem 2 entendimentos :
3º PONTO : B EN S J U R Í D I C O S
O conceito de bens é obtido por exclusão; é o que não for ente físico ou moral a
que a lei confere personalidade.
CLASSIFICAÇÃO :
II - por acessão física (termo doutrinário) - era móvel até o homem unir ao solo
de forma permanente.
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ART. 93 - PERTENÇAS (por acessão intelectual) - por natureza, é bem
móvel; porém, foi inserido no imóvel com ânimo permanente (por comodidade,
aformoseamento, por trabalho).
Ex: gado » por natureza, é bem móvel; por lei, é imóvel (acessão intelectual).
A mesma coisa é o ar-condicionado.
Art. 80 : direitos que a lei classifica como bens imóveis - da mesma forma que
os móveis, é importante quanto à aquisição e transferência.
Ex: porco ... vaca são bens INDIVISÍVEIS ; carne suína ou bovina é que são
bens DIVISÍVEIS.
O que acontece com o bem principal ocorre com o acessório (“... o bem
acessório segue a sorte do principal”).
Pendentes Percipiendos
Percebidos Consumidos
Estantes
São PENDENTES, quando ainda unidos à árvore que os produziu, tanto pelos ramos
como pelas raizes. Depois de colhidos, denominam-se PERCEBIDOS. Armazenados ou
acondicionados para venda são ESTANTES. Os que deviam ter sido, mas ainda não foram
colhidos, chamam-se PERCIPIENDOS. Os que já não existem, por utilizados pelo
possuidor, são CONSUMIDOS
Bens Indisponíveis :
BEM DE FAMÍLIA
(Art. 1.711 e 1.715 CC / Lei nº 8.009/90)
No caso de alguém ser proprietário de vários imóveis, a lei diz que o bem de
família será aquele de menor valor e que serve de sua residência.
» ANTES DA LEI Nº 8.009/90 : somente havia o Código Civil, pelo que o bem
de família necessitava, para ser como tal considerado, de escritura pública e o registro
competente.
Crimes
Penal
Contravenções
Ato ilícito
Ilícito contratual
Civil
Ato ilícito (stricto sensu)
Ex.: Idade, nascimento com vida, a morte, o simples decurso do tempo, tempestade,
terremoto, geada, seca.
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Ato jurídico - ...é toda a declaração de vontade feita por um particular e
dirigida a um fim protegido pela norma jurídica. De Ruggiero
Fato Jurídico ( jurígeno) = Todo fato a que a Lei atribui efeitos jurídicos, ou seja, todo
acontecimento relevante para o direito, ainda que ilícito.
Dividem-se em:
Ordinários- nascimento, morte, maioridade, decurso do tempo.
Extraordinários- terremoto, tempestade, raio, e outros fatos que se encaixam na
categoria do caso fortuito e força maior.
OBS: Ato meramente lícito = É um ato humano com intuito não negocial, sem
intenção imediata de alcançar um efeito jurídico . Ex: mudança de domicílio, um
encontro casual de um tesouro, ocupação de uma coisa sem dono.
Ex.: alguém que se muda de São Gonçalo para o Rio; em decorrência, várias
são as conseqüência jurídicas, tais como a modificação do lugar da abertura da
sucessão, a modificação da competência territorial nas ações que lhe forem movidas
etc sem que estejam na esfera da finalidade almejada por esta pessoa. Ato lícito,
efeitos jurídicos mera conseqüência.
O ato jurídico existe quando estão presentes os seus elementos essenciais (art.
82 CC). Quando ausentes, ato jurídico inexistente.
- AGENTE
ELEMENTOS ESSENCIAIS - OBJETO
- FORMA
FORMA = é o modo, meio pelo qual a vontade será exposta; não há ato se a
vontade não é manifestada, se é apenas um pensamento.
2º aspecto : VALIDADE
substantivo adjetivos
AGENTE » CAPAZ
OBJETO » LÍCITO
FORMA » PREVISTA OU NÃO DEFESA EM LEI
Assim, o ato jurídico válido é aquele que apresenta todos os seus reqisitos, sem
exceção. Quando tal não ocorre, a lei está sendo desobedecida, i.e., não está sendo
observado o seu preceito primário. Destarte, nestes casos, a lei prevê sanção: a
invalidade do ato.
- A) NULIDADE
INVALIDADE
- B) ANULABILIDADE
(gênero) (espécies)
3º aspecto : EFICÁCIA
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» É a aptidão que tem o ato jurídico de gerar efeitos.
A) Não admite ratificação (um ato que não gerou efeito não pode ser
confirmado)
Ex.: alguém, aos 12 anos de idade (absolutamente incapaz), praticou um ato
jurídico com outrém; aos 21 anos, não poderá ratificá-lo » será como tivesse
praticado o ato pela 1ª vez.
B) Admite ratificação.
Ex.: o mesmo caso, sendo que, porém, o menor é relativamente incapaz (18
anos) » o ato poderá ser ratificado quando atingir a maioridade.
Existem 4 correntes :
Se a pessoa que realiza o ato com o louco estava de má-fé, i.e., ciente do seu
estado psíquico, o ATO é NULO.
Os elementos acidentais mexem com os efeitos do ato jurídico de tal forma que
atos válidos, muitas vezes, permanecerão ineficazes. Atos jurídicos válidos »
ineficazes.
Classificação de termo :
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- Certo e Incerto
- Inicial e Final
O mesmo ato jurídicopode ter termo inicial e final. O lapso temporal entre
ambos é denominado PRAZO.
A contagem do prazo no Direito Civil (art. 132 CC) exclui o termo inicial e
inclui o termo final.
prazo
x-----------------------------------------------x
termo inicial termo final
C oação
D olo
E rro
L esão
E stado de perigo
F raude contra credores
S imulação
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O ato jurídico somente será anulado quando o erro for substancial (= essencial
= principal) » arts. 139, I e II CC.
Erro acidental (aquele que não é essencial)não é anulável por ser irrelevante
para o Direito.
Art. 139, I :
- Natureza do ato : pessoa acredita estar praticando um ato jurídico, mas, na
realidade, pratica outro.
Ex.: esposa pede ao marido R$ 50,00 para almoçar no sábado; uma semana
depois, ele cobra a dívida e ela se faz de desentendida; ele insiste e ela diz que ele não
emprestou, porque o dinheiro também pertence a ela (pensou ele que se tratava de
contrato de empréstimo, mas, devido à sociedade conjugal, a renda do casal pertencem
a ambos).
Como o dolo ocorre a todo instante, o legislador limitou os casos que são
passíveis de anulação, isto é, o dolo juridicamente relevante : dolo substancial = dolo
essencial = dolo principal » dolo anulável
Art. 146 : dolo acidental » não deu causa ao ato jurídico, i.e., o ato teria sido
praticado, porém de outro modo.
Classificação doutrinária :
Dolo bonus não enseja qualquer punição, nem quando se tratar de dolo
substancial (anulação) nem quando se tratar de dolo acidental (perdas e danos).
Dolo malus, devido ao ardil empregado pelo agente, pela má-fé, pela torpeza, o
dolo é passível de punição.
Ex. : ou você me vende o seu relógio (mal injusto) ou eu furo os quatro pneus
do seu carro (mal injusto)
VIS ABSOLUTA : não há a menor possibilidade margem para escolha (ou você
me vende o seu filho ou eu o mato)
2ª - ATO JURÍDICO NULO » o ato existe, bem como o agente, que atua para
a sua produção. Contudo, a pessoa sob coação física está incapacidade de expressar a
sua vontade, equiparando-se ao absolutamente incapazes. Ato jurídico realizado por
absolutamente incapaz é um ato inválido, fulminado de nulidade » CORRENTE
MAJORITÁRIA.
Art. 152 : coação deverá ser apreciada de acordo com cada caso concreto, pois
o que amedronta uns passa desapercebido por outros.
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Art. 153 : Temor reverencial » ainda assim é necessário apreciar o caso
concreto, pois pode o temor reverencial tomar proporções tão grandes que se
constituem em verdadeira coação.
Não basta que o caso concreto, ato praticado pelas partes, seja um daqueles
previstos no art. 167§ 1º CC. É preciso que a simulação seja um ato jurídico defeso
em lei.
Ex.: a lei proíbe a doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice; para burlar a
proibição legal, forja um contrato fictício de compra-e-venda » típico caso de
simulação maliciosa : além de desrespeitar a lei, causam prejuízo a terceiros (cônjuge
inocente e os herdeiros).
Há dois casos em que a lei presume a má-fé, a malícia do devedor : arts. 158 e
159.
Art. 158 : ato gratuito » somente gera vantagem para uma das partes que
praticou o ato jurídico.
- o devedor é insolvente
Art. 158
- tornou-se insolvente devido à prática do ato
- a insolvência é notória
Art. 159
- a insolvência não era notória, mas o outro contratante
estava ciente da insolvência do devedor
3 - Fraude a Credores pode ocorrer mesmo sem má-fé (casos em que a fraude
não é maliciosa); quando se tratar de Fraude à Execução, sempre haverá má-fé.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Único ponto em comum entre os dois institutos : são sempre efeitos do
transcurso do tempo » TEMPO + INÉRCIA (o Direito não socorre quem dorme).
PRESCRIÇÃO :
100,00
Credor ----------------------- devedor
empréstimo
DECADÊNCIA
Direito Potestativo » sempre ligado à submissão, sujeição de alguém ao direito
de outrem.
Ex.: direito de anular ato jurídico
Ex.: contrato de Mandato » direito do mandante de revogar o contrato é um
direito potestativo (mandatário simplesmente submete-se à vontade do mandante, não
lhe cabendo qualquer direito a postular).
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Anular ato jurídico somente pode ser anulado por meio de ação. Por tal razão,
quando a lei cria um direito potestativo, simultaneamente nasce o direito de ação. Este
assegurará a própria existência do direito potestativo.
RAZÃO DE EXISTÊNCIA DE
AMBOS INSTITUTOS
1. Considerações Gerais: O Direito pode ser dividido em dois grandes ramos: direitos
não patrimoniais (que tratam dos direitos da personalidade, direito à vida, à liberdade, à
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honra etc.) e direitos patrimoniais (que tratam dos direitos que envolvem valores
econômicos).
1.2. Fontes das Obrigações: Pode-se dizer que a obrigação resulta da vontade do
Estado, por intermédio da lei (exemplo: obrigação de prestar alimentos, obrigação do
patrão responder pelo ato do empregado, obrigação do pai responder pelo ato do filho
etc) ou da vontade humana, por meio dos contratos (obrigação de dar, fazer ou não
fazer), das declarações unilaterais da vontade (promessa de recompensa e título ao
portador) e dos atos ilícitos (obrigação de reparar o prejuízo causado a terceiro– ato
ilícito civil, previsto na Parte Geral do Código Civil).
1.3.2. Elemento objetivo: Toda obrigação tem o seu objeto. O objeto da obrigação é
sempre uma conduta humana que se chama prestação (dar, fazer ou não fazer). A
prestação também tem o seu objeto, que se descobre com a pergunta: o quê? (alguém se
obriga a fazer – fazer O QUÊ?)
Pode-se dizer que o objeto imediato da obrigação é a prestação, e o objeto
mediato da obrigação é aquele que se descobre com a pergunta o quê?.
Obrigação simples é aquela que tem um único sujeito ativo, um único sujeito passivo
e um só objeto. Basta que um desses elementos seja em número de dois para que a
obrigação seja composta.
Nas obrigações cumulativas, os vários objetos ligados pela conjunção “e” (exemplo: o
devedor obriga-se a entregar ao credor um automóvel e um animal).
São divisíveis quando o objeto da prestação pode ser dividido entre os vários credores ou
os vários devedores. São indivisíveis quando o objeto da prestação não pode ser dividido
entre os vários credores ou os vários devedores.
Obrigações civis: aquelas cujo cumprimento pode ser exigido porque encontra
amparo no direito positivo (a todo direito corresponde uma ação que o assegura). O
ordenamento jurídico dá apoio ao credor.
d) Obrigações de prestações sucessivas: são cumpridas em vários atos, como ocorre com
as prestações periódicas.
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e) Obrigações puras e simples: são aquelas sob as quais não pesa nenhum ônus
(exemplo: doação).
g) Obrigações a termo: aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento futuro e certo.
2. OBRIGAÇÕES EM GERAL
2.1. Obrigação de Dar Coisa Certa: Na obrigação de dar coisa certa, o credor não pode
ser compelido a aceitar coisa diversa, ainda que mais valiosa. A dação em pagamento
(dar coisa diversa) depende da concordância do credor e extingue a obrigação (artigo 313
do Código Civil).
Perecimento e deterioração da coisa: Prevalece a regra res perit domino, ou seja, a coisa
perece para o dono. Portanto, se a coisa desapareceu antes da alienação, quem perde é o
alienante.
Deterioração: é a perda parcial da coisa; também nesse caso deve-se observar se houve
ou não a culpa do devedor. Não havendo culpa, o credor poderá optar por desfazer o
negócio, ou ficar com a coisa mediante abatimento do preço avençado. Se houve
culpa do devedor, as opções continuam as mesmas, acrescidas do pedido de perdas e
danos, desde que provado o prejuízo.
2.2. Obrigação de Dar Coisa Incerta: A coisa incerta não deve ser entendida como
coisa totalmente indeterminada. Ao menos, deve ser determinada pelo gênero e
quantidade (artigo 243 do Código Civil). Há coisa incerta quando alguém se obriga a
entregar coisa sem determinar sua qualidade. Faltando, porém, a determinação do
gênero ou da quantidade, não existe obrigação.
Antes da escolha o devedor não poderá alegar caso fortuito ou força maior
(artigo 246 do Código Civil), porque antes da escolha não existe coisa certa. Tem-se
apenas o gênero e esse nunca perece (genus nunquam perit).
2.3. Obrigação de fazer infungível e fungível: Obrigação infungível é aquela que não
pode ser substituída por outra de mesmo gênero, quantidade ou qualidade.
b) Recusa: o devedor não cumpre a obrigação porque não quer. Será sempre
culposa e, por este motivo, o devedor responderá por perdas e danos. Às vezes o credor
não exige indenização, querendo que o devedor cumpra a obrigação.
2.4. Obrigação de Não Fazer: O contratante lesado pode exigir o desfazimento do que
foi feito, sob pena de desfazer-se às suas custas, mais perdas e danos. Há casos de
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obrigação de não fazer em que a única saída que resta ao lesado é perdas e danos porque,
se foi feito, não poderá ser desfeito.
Para que haja solidariedade é preciso que essa resulte da lei ou da vontade das
partes (artigo 265 do Código Civil), não podendo ser presumida. Se não existir lei ou
contrato dispondo que a dívida é solidária, a mesma será divisível (cada credor somente
poderá cobrar a sua parte, e cada devedor responderá somente pela sua cota).
2.7. Obrigações Naturais: Como já vimos, as obrigações são civis ou naturais, conforme
o fundamento.
O nosso Código Civil não trata da matéria, havendo uma definição sobre o
tema no artigo 2.º do Código Libanês. Ali está estabelecido: "A obrigação natural é
um dever jurídico cujo cumprimento não pode ser exigido, mas cuja execução
voluntária tem o mesmo valor e produz os mesmos efeitos de uma obrigação civil".
ARTIGO 402º
(Noção)
A obrigação diz-se natural, quando se funda num
mero dever de ordem moral ou social, cujo
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cumprimento não é judicialmente exigível, mas
corresponde a um dever de justiça.
ARTIGO 403º
(Não repetição do indevido)
1. Não pode ser repetido o que for prestado
espontaneamente em cumprimento de obrigação
natural, excepto se o devedor não tiver capacidade
para efectuar a prestação.
ARTIGO 404º
(Regime)
As obrigações naturais estão sujeitas ao regime das
obrigações civis em tudo o que não se relacione com a
realização coactiva da prestação, salvas as disposições
especiais da lei.
O artigo 564, inciso III, do Código Civil, ao tratar da doação, diz que não
se revogam por ingratidão as doações que se fizerem em cumprimento de obrigação
natural.
d) “Pro soluto” e “pro solvendo”: cessão pro soluto é aquela em que há quitação plena
do débito do cedente para com o cessionário, operando-se a transferência do crédito,
que inclui a exoneração do cedente. O cedente transfere o seu crédito com a intenção
de extinguir imediatamente uma obrigação preexistente, liberando-se dela,
independentemente do resgate da obrigação cedida. O cessionário corre o risco de
insolvência do devedor (cedido), desde que o crédito exista e pertença ao cedente,
considerando-se extinta a dívida antiga desde o instante da cessão.
Requisitos: De acordo com o artigo 104 do Código Civil, temos como requisitos a
capacidade das partes, o objeto lícito e a forma legal.
Objeto da cessão: qualquer crédito pode ser cedido (artigo 286 do Código
Civil). São incedíveis: a) direitos personalíssimos. Exemplo: créditos alimentícios,
salários;
Forma da cessão: o sistema legal não exige forma específica para a cessão de
crédito. A cessão é um negócio não solene, podendo ser aperfeiçoado com a simples
declaração de vontade do cedente e do cessionário. Para surtir efeitos em relação a
terceiros, de acordo com o artigo 288 do Código Civil, a mesma deve ser celebrada por
instrumento público ou particular. Se efetuada por instrumento particular, deverá ser
subscrita por duas testemunhas e transcrita no registro competente (arts. 127 e seguintes
da Lei de Registros Públicos).
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
O acordo pode ser entre o credor e o novo devedor ou entre o devedor originário e
o novo credor. Na primeira hipótese tem-se aquilo que a doutrina denomina de
expromissão, enquanto que na segunda hipótese tem-se o denominado delegação( nesse
caso o devedor tem que ser notificado e aceitar expressamente).
Doutrina: As duas modalidades são admitidas pelo 299, já que este não especifica
nenhuma delas.
PAGAMENTO DIRETO
Art. 930 : terceiro não é devedor, mas pode pagar a dívida desde que a
obrigação não seja personalíssima.
E quando o accipiens for um terceiro ? (“quem paga mal, paga duas vezes”)
Exceções :
Exceções :
CUIDADO !!! Existem casos concretos em que a regra não poderá ser aplicada,
i.e., nos casos em que for impossível cumprir a obrigação imediatamente.
- Objetivo : solvente pensa que deve, mas, na verdade, não deve, e, por
conseqüência, paga ao falso credor.
Art. 965 CC : ERRO ; falsa apreciação da realidade tem que ser provada.
Quando alguém paga o que não deve, a lei presume relativamente que foi feita
uma liberalidade, uma doação. Logo, para postular e conseguir a repetição do
indébito, o mal pagador deverá que provar o erro, i.e., que não houve doação, que
inexistia o animus para a prática da aparente liberalidade.
PAGAMENTO INDIRETO
CUIDADO !!! A maior parte das regras do Código Civil sobre o pagamento em
consignação está revogada pelo atual Código de Processo Civil.
O pagamento por consignação cabe apenas nos casos que a lei expressamente
prever. Em outras palavras, somente existe hipóteses legais de consignação em
pagamento.
Consignação bem feita : devedor pagou o que realmente devia, crédito pago,
credor satisfeito.
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Consignação mal feita : juiz manda complementar o restante para perfazer o
montante devido (R$ 0,30 + R$ 299,70) ou, em alguns casos, nem mesmo recebe a
ação.
Consignação : obrigação de dar.
Ex.: o credor alega que o pintor que contratara (devedor) não pintou o quandro
da forma que deveria e decide não aceitá-lo. Este, afirmando que a prestação está
realizada devidamente, consigna a tela, que fica em depósito judicial, para discussão
quanto ao cumprimento da obrigação.
Ex.: art. 986, II : devedor não tem meios para saldar uma dívida e rocorre a um
amigo; este realiza a prestação e, conseqüentemente, assume o lugar do antigo credor,
ou seja, sub-roga-se nos direitos do antigo credor.
A escolha de qual prestação está sendo paga cabe ao devedor. caso este não a
realize, caberá então ao credor determinar qual está quitada.
Art. 994 : devedor não escolheu prestação que pagou e o credor, por sua vez,
não especificou qual delas foi quitada. Nesta hipótese, a lei presume que estão
quitadas as prestações que venceram primeiro.
Art. 995 : é a entrega de coisa diversa da dívida, que não seja dinheiro, com a
concordância do devedor.
Credor não pode ser compelido a receber coisa diversa quando se tratar de
obrigação de dar coisa certa, mesmo que mais valiosa (art. 964). Todavia, o credor não
está impedido de aceitar a coisa diversa. caso o faça, a obrigação estará extinta de
modo indireito.
IMPORTANTE : “que não seja dinheiro ...” (art. 995) - se a coisa perde-se ou é
deteriorada por culpa do devedor, a lei já estipula o pagamento de perdas e danos, ou
seja, o pagamento em dinheiro. portanto, não é conferido ao credor aceitar ou não a
entrega de dinheiro porque a lei já prevé que esta é a maneira de ressarcir o não-
pagamento da obrigação, i.e., será o que receberá o credor no lugar da coisa que se
perdeu ou se deteriorou.
Outrossim, a obrigação nova deve ser diferente da anterior, sob pena de mera
repetição.
CUIDADO - 1 :
devia : peixe
credor ------------------------------ devedor
ofereceu : anel
CUIDADO - 2 :
R$ 100.000,00
credor -------------------------------- devedor
hipoteca
2 fiadores
Sub-Rogação : o fiador pagou ao credor o débito, pelo que o substituiu em
todos os direitos que detinha, i.e., permanecem os direitos acessórios que garantem a
dívida. Não houve uma nova obrigação firmada, e sim uma mera substituição de
credores.
Novação Subjetiva Ativa : a obrigação principal foi extinta por uma nova
obrigação firmada entre um terceiro e o devedor, em que fica estipulado que aquele
paga a totalmente a dívida ao credor, pelo que passa a Ter direito sobre o objeto da
obrigação extinta. Logo, como os direitos acessórios seguem a sorte do principal,
também foram extintos. Resultado, o novo credor não terá direito às garantias da
obrigação anterior (hipoteca e fiador), e sim somente ao objeto da nova obrigação.
REQUISITOS :
1 - ambas as dívidas devem estar vencidas, sob pena de não serem exigíveis;
Ex.: dívida de Cr$ 100,00 contraída em 1979 : certa quanto à existência, mas
não está determina da quanto ao valor - dívida ilíquida.
- art. 1.015 CC
Casos em que expressamente exclui a compensação - art. 1.024 CC
- art. 1.017 CC
- 1 pessoa é credor
Obrigação
- outra pessoa é o devedor
Ex.: filho único R$ 100.000,00 ao pai viúvo. Este falece, recebendo o filho
todos os seus bens em herança, inclusive tal o crédito de R$ 100.000,00. Resultado,
credor e devedor encontram-se na mesma pessoa, o que extingue a dívida.
2ª Corrente : entendem na forma do artigo 1.052 CC, pelo que não consideram
a confusão causa extintiva da obrigação, mas uma causa de neutralização da obrigação.
Ora, se a obrigação fosse extinta, os acessórios necessariamente deveriam
também sê-lo, haja vista que seguem a sorte do principal. Portanto, se os acessórios
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não são fulminados é porque a obrigação principal não é extinta, e sim somente
neutralizada.
- tácita
Remissão
- expressa
- ato bilateral
Perdão
- dependem da aceitação do devedor
Em outras palavras, a mora do devedor requer a incidência dos arts. 955 + 963
CC.
Tal fato é importantíssimo para o Direito, pois caso, p.ex., o devedor deixa de
cumprir a obrigação porque foi vítima de bala perdida, não estará em mora, não
podendo ser-lhe aplicadas as sanções legais daí advindas.
- Credor deve ressarcir as despesas que o devedor tiver para conservar suas
coisas.
CONFIGURAÇÃO DA MORA
Art. 960 CC : obrigações positivas = obrigações realizadas por uma ação (dar
e fazer).
Obrigação sem termo (art. 952 CC) : é aquela que não tem data determinada
para o seu vencimento, ocorrendo este imediatamente. Destarte, configurar-se-á a
mora apenas se houver notificação, interpelação ou protesto - mora ex personae
(nasce com o ato do credor).
Portanto, toda vez que a obrigação descumprida for negativa, não se tratará de
mora, e sim de inexecução.
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Delito = ato ilícito (art. 159 CC); faz surgir obrigação de ressarcir o dano
(perdas e danos).
CONSEQÜÊNCIAS DA INEXECUÇÃO
ATENÇÃO : cláusula penal é uma obrigação acessória (art. 920 CC); logo,
precisa estar ligada a uma obrigação principal, i.e., não tem vida própria.
RAZÕES
- Antecipa o arbitramento das perdas e danos (ou seja, faz as vezes das perdas e
danos)
EXCEÇÕES :
- Lei nº 8.078/90, art. 52 : nas relações de consumo, a cláusula penal não pode exceder a
2% (dois por cento) do valor da obrigação principal.
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CONTRATOS
REQUISITOS
A) LICITUDE : o objeto do contrato não pode ser contrário à lei, à moral, aos
princípios de ordem pública e aos bons costumes (ex.: contrato que firme
pagamento por homicídio; que trate de usura; exercício ilegal de uma profissão; que
excluam direitos de família).
Ex.: "herdeiro de pessoa viva" (pessoa obriga quinhão hereditário antes da abertura da
sucessão).
Ex.: não é possível o contrato sobre um grão de arroz ou de areia ou qualquer outra
coisa que não tenha o condão de compor o patrimônio de alguém por não ter valor
econômico.
OBS: as normas que tratam das provas relativas aos contratos são as mesmas que
tratam das provas do ato jurídico (arts. 212 a 232 CC).
ATENÇÃO : se o ato jurídico for livre de formas, qualquer meio de prova em Direito
admitido poderá ser empregado para prová-lo.
DOS CONTRATOS
» INVALIDADE # INEFICÁCIA
- Prescrição
INEFICÁCIA
A - TRANSITÓRIA e PERMANENTE
B - ABSOLUTA e RELATIVA
- absoluta : contrato não gera efeitos a ninguém
- relativa : gera efeitos entre as partes, mas não gera perante terceiros (ex.: contrato
de gaveta)
C - TOTAL e PARCIAL
- total : se atingir todo o conteúdo do contrato
D - ORIGINÁRIA e SUPERVENIENTE
- originária : quando presente no contrato desde a sua celebração
PRINCÍPIOS CONTRATUAIS
POR FIM, existem dirigismos contratuais que, por muitas vezes, são impostos aos
contratos pelo Poder Público, quando o Estado, p. ex., cria indexadores financeiros
obrigatórios para correção de valores ou fixa juros máximos a ser adotados nas relações
contratuais.
OBS: a maioria dos autores que não determinam diferença entre a Cláusula Rebus Sic
Stantibus e a Teoria da Imprevisão. Aliás, entendem que aquela decorre desta.
Ex.: Fato Príncipe (fato do governo); são sempre externos aos contratos e imprevisíveis
ao homem médio. Aliás, a previsão do homem médio é sempre no sentido de que o Fato
Príncipe lhe será benéfico; o prejuízo é que lhe é sempre imprevisível.
- fato externo
TEORIA DA IMPREVISÃO - imprevisível
- revisão sub judice
IMPORTANTE: tal princípio já encontra-se positivado no Código Civil (art. 422), além
dos preceitos no CDC.
6 - FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS : o contrato não pode ser usado como
instrumento de empobrecimento de um sujeito em benefício exclusivo da outra parte,
tampouco pode ser meio de enriquecimento dos contratantes em prejuízo da sociedade »
art. 421
Em suma, contrato é um ato jurídico bilateral que nasce pela aceitação de uma
proposta.
- oblato anui : contrato formado
PROPOSTA
- oblato não anui : não se formou o contrato
Art. 538 CC : doação é contrato; destarte, somente será um ato jurídico perfeito
quando houver aceitação da liberalidade.
Ex.: pesquisa para compra do carro novo » reflexões sobre a oferta até se encontrar
solução satisfatória.
PROPOSTA: vontade definitiva de formação do contrato, sendo que uma das partes
solicita a manifestação de vontade da outra em aceitá-la ou não. Caso a aceitação
contenha alterações, importar-se-á em nova policitação.
CARACATERÍSTICAS
e) BOA FÉ DO PROPONENTE : proposta deve ser clara, precisa, inequívoca, sob pena
de levar o oblato à falsa apreciação da realidade.
- proposta deve ser mantida por tempo necessário para que o oblato possa
manifestar aceitação;
IMPORTANTE: força vinculante não é absoluta, prevendo o art. 428 casos em que
perde da obrigatoriedade.
OBS.: o rol legal é exemplificativo, porque há outras hipóteses em que a proposta não
tem força vinculante :
ART. 428 :
III - PRAZO ARBITRÁRIO : difere do caso anterior porque o proponente está fixando
prazo certo.
IV - já tratada
a) é dispensada obediência à forma, salvo nos casos de contratos solenes (vide art. 432
CC e 39, parágrafo único CDC);
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b) somente terá força vinculante se manifestada tempestivamente, pois a aceitação tardia
não produz qualquer conseqüência jurídica, já que extinta estará a proposta (art. 434,
III).
OBS: nos casos de aceitação tácita, se foi a proposta que tornou tardia a aceitação, o
oblato deverá comunicar o fato ao proponente se não quiser que o contrato seja
concluído » ex. art. 539.
c) Caso a aceitação imponha condição ou qualquer outro elemento, bem como realizada
fora do prazo, importará em nova proposta » art. 431 » não haverá aceitação, mas
duas propostas, sendo invertidos os papéis, assumindo então o policitante a
posição de oblato.
EXCEÇÕES:
ART. 433: não constitui exceção !!! somente dispõe de regra para retratação válida da
aceitação já postada ou transmitida (ex.: aceitação pelo correio e retratação via fax)
Existe uma dificuldade extra para o hermeneuta dos contratos, haja vista dever buscar a
intenção das partes contratantes quando firmaram o acordo de vontades.
b) ART. 114 : não poderá ser ampliado o sentido do contrato, sendo vedada a
interpretação com dados alheios ao seu texto - ex.: art. 819,
OBS: como o mais importante para interpretação dos contratos é a vontade das partes,
ainda que o CONTRATO seja SOLENE, servirá de prova para o ato o negócio firmado
sem a formalidade que lhe é inerente
Ex.: contrato de compra e venda - prova : escritura pública. Sebastião firmou contrato
com Raimundo, sendo que este pagou o preço de R$10.000,00 pelo imóvel; não há
escritura pública, mas sim instrumento particular, em que o vendedor declara ter recebido
o preço e sua firma está autenticada; este nega-se a transferir a propriedade e tampouco
devolver o valor.
CLASSIFICAÇÃO
2 – QUANTO À VANTAGEM :
CONTRATO GRATUITO : gera vantagens apenas para uma das partes. Ex.:
mandato, doação.
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Ex.: contrato de seguro (pode-se pagar uma vida inteira e nunca obter a vantagem pela
qual se obriga a seguradora – há mera expectativa de obtê-la)
3 – QUANTO À FORMA :
CONTRATO SOLENE ou FORMAL : lei exige a observância de normas formais
para a formação válida do contrato. Ex.: contrato de compra e venda de bens imóveis.
CONTRATO ATÍPICO ou INOMINADO : não está previsto e regulado pela lei, mas,
desde que não sendo defeso em lei, é juridicamente possível. Ex.: factoring, franquia, de
crédito etc.
5 – QUANTO À FORMAÇÃO CONTRATUAL
CONTRATO CONSENSUAL : o contrato é formado pela aceitação de uma
proposta (proposta + aceitação) - REGRA.
CONTRATO REAL : não são suficientes apenas os elementos proposta e anuência para
a formação do contrato. É necessária a entrega da coisa como um terceiro elemento.
Esta não ocorrendo, não há contrato, não há obrigação (formação do contrato =
proposta + aceitação + entrega da coisa) - EXCEÇÃO.
IMPORTANTE : quando a lei cria uma regra, apenas a lei pode excepcioná-la.
OBS. : contratos standart são contratos de adesão que permitem uma certa
flexibilidade (“preencha as lacunas”). São classificados entre os contratos de adesão.
IMPORTANTE: enquanto não encerrado o contrato, não haverá ato jurídico perfeito.
Logo, será atingido pela lei nova que entrar em vigência ao tempo em que estiver em
vigor o contrato.
EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (EXCEPTIO NON ADIMPLETI
CONTRACTUS) ART. 476 / 477 CC
É uma defesa do contratante demandado contra o co-contratante inadimplente, em
que o demandado se recusa a cumprir sua obrigação sob alegação de não ter havido
cumprimento pelo demandante, pois cada contratante está sujeito ao estrito
adimplemento do contrato.
Assim, cada contraente pode negar-se a cumprir sua prestação se o outro não o
fizer; caso também não o tenha cumprido, não poderá opor a exceptio non adimpleti
contractus.
EXCEÇÃO : a parte que deve cumprir a obrigação primeiro poderá exigir que a outra
parte realize sua prestação primeiro ou ofereça garantia se, depois de concluído o ato
negocial, sobrevenha diminuição patrimonial a ponto de tornar duvidosa ou
comprometer a realização da prestação.
Art. 472 : não pode ser interpretado literalmente. Somente quando a lei determina
solenidade para a realização de um determinado contrato, o distrato tem de seguir a
mesma formalidade.
Ex.: contrato de compra e venda de imóvel » distrato também tem de ser realizado por
escritura pública.
OBS.: a força vinculante não é relativa somente no que tange às pessoas, mas também
ao objeto. Logo, é eficaz apenas nos limites do que os contratantes quiseram obrigar-se
(dar, fazer ou não fazer).
FIGURAS :
- ESTIPULANTE : é o sujeito que determina a vantagem patrimonial em
favor de alguém;
- BENEFICIÁRIO
ART. 436, parágrafo único : somente se não for alterada a pessoa do beneficiário pelo
estipulante.
ARRAS = SINAL
CARACTERÍSTICAS:
- somente cabível nos contratos bilaterais que tem por fim a transferência de
patrimônio;
ESPÉCIES :
A – ARRAS CONFIRMATÓRIAS (art. 417 CC) : é a regra; o contrato está firmado
e confirmado. Consubstancia triplo objetivo : confirmar o contrato, antecipar o
pagamento do preço (se início de pagamento) e determinar previamente as perdas e danos
(art. 418).
IMPORTANTE 1 : a indenização pode ser superior ao valor das arras se a parte inocente
provar que o dano que soma quantia maior, seja a título de dano emergente, lucro
cessante ou mesmo dano moral.
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IMPORTANTE 2 : parte final do art. 419 refere-se às obrigações de fazer, as quais, em
caso de descumprimento de execução judicial, podem ser convertidas em dinheiro (CPC).
REQUISITOS :
- coisa adquirida em razão de contrato comutativo ou doação mediante
encargo (art. 1101, parágrafo único);
OBS: adquirente pode exigir que o alienante responda pelo vício redibitório, mesmo
quando este não era sabedor da existência do vício (art. 443).
AÇÃO EDILÍCIA (gênero) : ação que tem por objeto a reparação de vício redibitório
» não poderá ser proposta nos casos de renúncia da garantia.
ESPÉCIES :
AÇÃO REDIBITÓRIA (art. 441) : quando houver rejeição da coisa, pelo que se
postula ou a devolução do preço ou outra coisa do mesmo gênero, espécie e
quantidade (redibir o contrato » rejeição da coisa).
AÇÃO ESTIMATÓRIA (art. 442) : quando a coisa for aceita, porém é postulado o
abatimento do seu preço (devolução parcial do preço).
REGRA : 30 dias para coisas móveis e 1 ano para coisas imóveis, a contar da aquisição
do domínio da coisa.
EXCEÇÕES :
- metade do tempo se o adquirente já tinha a posse da coisa ao tempo em que
se tornou proprietário;
- 180 dias para bens móveis e 1 ano para imóveis se, pela natureza da coisa ou
da relação, somente for possível conhecer o vício após o uso da coisa »
termo a quo : quando o adquirente tem ciência do defeito oculto.
OBS : em caso de animais, deve ser observada a seguinte regra, nesta ordem » 1º lei
especial / 2º costume / 3º art. 445, § 1º CC
EVICÇÃO (art. 447 CC): É a perda da coisa por força da sentença que declara ser o
domínio pertencente a um terceiro, desde antes da realização do negócio jurídico,
i.e., da venda da coisa.
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Ex.: TÍCIO vende à MÉVIA, demonstrando ser o dono do imóvel pela certidão do RGI
(antiga) / CAIO já tinha realizado o contrato antes e registrara a escritura no RGI
competente, enquanto MÉVIA toma posse da coisa / CAIO propõe AÇÃO
REIVINDICATÓRIA para que tenha posse do imóvel.
REQUISITOS :
- aquisição decorrente de contrato oneroso;
- decisão judicial definitiva que reconheça a evicção;
- anterioridade do direito do evictor
- perda total ou parcial da posse ou propriedade da coisa adquirida;
O que deve ela fazer para se proteger de sofrer a evicção do seu bem (o que deve
fazer o adquirente evicto para garantir que o alienante responda pela evicção) ?
OBS.: este é o único caso que a denunciação da lide é obrigatória, sob pena de
presunção de renúncia do direito de regresso ao alienante.
Ex.: TÍCIO anuncia alienação de um imóvel em Vargem Grande, evidenciando que não
é o proprietário da coisa, mas somente possuidor. CAIO, já alertado do risco de sofrer
futuramente evicção, mas fascinado pelo preço mais barato devido ao risco da evicção,
resolve assumi-lo. Assim, reza o contrato de compra e venda a Cláusula de
Irresponsabilidade perante evicção.
OBS : nos casos de evicção, a perda somente ocorre por força de decisão judicial.
CUIDADO : existe risco de evicção mesmo se a coisa foi adquirida em alienação judicial
(art. 447, 2ª parte).
IMPORTANTE !!!! Há um único caso que os tribunais têm entendido, por analogia,
tratar-se de evicção : APREENSÃO DE VEÍCULO POR AUTORIDADE POLICIAL.
Nosso heroí ficou sem carro, mas faminto de justiça » O tribunal do Rio de Janeiro
acolhe a pretensão de reconhecer a evicção causada pela concessionária, a qual
deverá denunciar à lide aquele que lhe vendeu o veículo para ter, ao final, direito de
regresso.
CUIDADO : se as benfeitorias tiverem sido realizadas pelo alienante, este terá direito de
compensar o valor equivalente às despesas na indenização que terá de pagar pela evicção.
- perceber o valor das vantagens , desde que não tenha sido condenado a
indenizá-las (art. 1111).
OBS.: o preço da evicção é relativo ao valor do tempo em que o dano ocorreu ou, se
parcial, proporcional ao desfalque sofrido (art. 450, parágrafo único).
Ex.: quando adquirido, não havia favela perto do imóvel; quando ocorrida a evicção,
existia uma favela perigosíssima vizinha ao prédio.
IMPORTANTE : o risco de perder ou ganhar pode sujeitar somente uma das partes,
porém a incerteza tem de ser de ambas as partes, sob pena de nulidade da obrigação.
ESPÉCIES :
- ALEATÓRIOS PELA PRÓPRIA NATUREZA : o risco é inerente ao
próprio contrato. Ex.: loteria, seguro, constituição de renda vitalícia etc.
- o instituto da lesão (art. 157) não tem lugar nos contratos aleatórios.
- devedor, embora queira, não pode satisfazer a prestação a que se obrigou por
razão intransponível e superveniente
CUIDADO !!! a dificuldade não pode ser confundida com impossibilidade, sob pena
de se caracterizar resolução por inexecução involuntária.
b.1) CONTRATOS POR TEMPO INDETERMINADO : lei presume que as partes não
pretendem obrigar-se perpetuamente. Assim, reservam-se a faculdade de, a
qualquer tempo, resilir o contrato (ex.: contrato de conta bancária, plano de saúde etc)
» declaração receptícia da vontade.
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b.2) CONTRATOS FIDUCIÁRIOS : seu elemento é a fidúcia, ou seja, a confiança.
Resilição pode ser declarada pela parte que perdeu a confiança na outra (ex.:
mandato)
JUS POENITENDI » qualquer das partes poderá resilir o contrato por arrependimento,
desde que haja cláusula expressa que autorize. Todavia, é comum a estipulação de
multa penitencial a ser paga pela parte que se arrepende como forma de compensar
a resilição contratual como compensação pecuniária pela perda da vantagem contratual
perdida.
OBS : multa penitencial não se confunde com cláusula penal, pois esta pressupõe a
inexecução culposa do contrato. Aquela é devida pela compensação do direito
potestativo de resilir acordado entre as partes.
EFEITOS DA RESILIÇÃO
- não opera efeitos ex tunc » somente ex nunc
OBS : doação » poder de revogação não pode ser exercido livremente, mas tão
somente nos casos expressos previstos em lei » neste caso, confunde-se com
resolução (direito subjetivo stricto sensu)
RENÚNCIA : ato unilateral destinado a extinguir uma relação jurídica pela auto-
eliminação de um dos seus sujeitos - ativo. Ex.: remissão de dívida; mandatário que
resile contrato.
Assim, é o típico caso de exploração de vantagem excessiva por uma parte, aproveitando-
se da inexperiência da outra.
REQUISITOS :
- exposição de um direito do qual uma das partes é titular;
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- iniqüidade de condições nas quais as obrigações são contraídas
D – CESSAÇÃO: REGRA : a morte não pode ser elencada entre as formas de dissolução
de contrato, não tendo aplicação no direito contratual.
» TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE :
- MÓVEL : simples tradição – obrigação de dar
CARACTERÍSTICAS
OBJETO CONTRATUAL :
- suscetível de individuação ao tempo do cumprimento do contrato quanto ao
gênero e quantidade (obrigação incerta) » art. 485 a 488 CC;
DISPOSIÇÕES GERAIS
1 - FIXAÇÃO DO LUGAR DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO (art. 493) : as
partes podem determinar lugar diverso do preceito legal (norma dispositiva).
OBS.: se o comprador exigir a entrega da coisa em lugar diverso, o risco correrá por sua
conta, salvo se o vendedor não observar suas orientações.
2 - RISCOS ANTES DA TRADIÇÃO (art. 491, 492 e 494) : em regra, correm por conta
do vendedor os riscos de entrega e o comprador assume os riscos relativos ao preço.
OBS.: a compra e venda, em regra, não é contrato sinalagmático de execução
simultânea, ou seja, o vendedor não é obrigado a efetuar a entrega antes de perceber o
preço.
3 - ART. 500 :
- COMPRA E VENDA AD CORPUS : a metragem é meramente enunciativa, em
nada influenciando no preço da coisa ou no interesse do comprador
OBS.: o vendedor somente terá direito de exigir devolução do preço ou da área excessiva
se provar que havia justificativas escusáveis para ignorar a área exata que alienou.
PRAZO : decai os direitos das partes se não for exercida a ação competente no prazo de 1
ano a contar da data da tradição.
OBS.: se, apesar de registrado o título no RGI competente, o comprador não for imitido
na posse, o prazo decadencial corre somente quando o adquirente for também possuidor
da coisa.
4 - CUSTOS (art. 490) : COISA MÓVEL » as despesas referentes ao frete correm por
conta do vendedor.
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COISA IMÓVEL : o vendedor arca com os ônus de expedição das certidões necessárias
para elaboração da escritura de compra e venda, enquanto o comprador deve pagar ao
tabelião de notas, imposto de transmissão e registro no RGI.
CUIDADO !!! Caso a escritura de compra e venda contenha cláusula que isente o
comprador de dívidas relativas ao imóvel, à despeito do conteúdo das certidões,
somente gerará efeitos entre as partes contratantes. Portanto, no caso de eventual
evicção ou execução futura, o comprador responderá perante o titular do crédito,
cabendo-lhe direito a regresso em face do vendedor, desde que o denuncie à lide (art. 70,
III CPC)
6 - NULIDADES :
- ART. 489 : sendo um contrato paritário, não pode uma das partes se
sobrepor à outra.
OBS.: a hipótese do art. 497, III pode gerar contrato válido, desde que seja realizado na
forma do art. 498 (exceção).
OBS. : como o preceito não fixa prazo para propositura da ação anulatória, aplica-se a
norma genérica do art. 205 - 10 anos.
OBS: a lei não prevê expressamente, porém, apesar da lei poder ser lacunosa, o direito
nunca é. Portanto, como a lei não é a única fonte de direito, sendo a analogia a
primeira fonte subsidiária à ausência de texto normativo, aplica-se o instituto tal
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como é aplicado nos casos em que o cônjuge não concede ao outro outorga uxória
sem justa causa.
CLÁUSULAS ESPECIAIS
OBS.: o direito de retrovenda incide apenas à compra e venda de bens imóveis, pois
a publicidade da cláusula estará assegurada pelo registro. Ademais, os bens imóveis
não estão sujeitos à grande rotatividade dos bens móveis.
Caio comprou um imóvel de Tício. Caso um dia pretenda revendê-lo, deverá oferecê-lo
ao Tício que deverá comprá-lo pelo preço e nas condições ajustadas para aquisição por
terceiros. Se o titular do direito (Tício) não se interessar, poderá, então, oferecê-lo a
terceiros.
PRELAÇÃO POR FORÇA DE LEI (art. 519) : caso em que o Estado terá de conferir
preferência ao expropriado.
OBS.: o preço não será referente à indenização paga ao tempo da expropriação, mas sim
relativo ao tempo do exercício da preferência.
PRAZO (art. 516) : se as partes não estipularem tempo para exercício da preferência,
o direito decai em 60 dias para as coisa imóveis e 3 dias para as coisas móveis, a contar
da data da ciência do titular do direito.
IMPORTANTE : se as partes convencionarem prazo, este não poderá ser superior a 180
dias para coisas móveis e 2 anos para coisas imóveis (art. 513, parágrafo único).
RETROVENDA :
- condição resolutiva;
PREEMPÇÃO :
- propriedade plena, contrato despedido de condições acidentais;
- é nova venda; logo o novo proprietário não está adstrito a vendê-lo por um
preço pré-detrminado – preço e condições livres.
IMPORTANTE : atua tal cláusula como relevante garantia para o vendedor na medida
em que pode optar, em caso de inadimplemento do comprador, em reclamar pelo
pagamento do preço ou pela restituição da coisa (ação de reintegração de posse para
bens imóveis ou busca e apreensão para bens móveis).
SEQÜELA : somente pode ser oponível erga omnes se houver publicidade (art. 522) »
Cartório de Registro de Títulos e Documentos (art. 127, I, da Lei 6015/73)
ATENÇÃO : não pode ser objeto de reserva bens que não podem se tornar infungíveis,
pois não haveria como exercer sobre os mesmos direito de seqüela.
CUIDADO !!! Os riscos do negócio são assumidos pelo comprador desde a data da
tradição, pois, apesar de não ter se tornado senhor, mantém o bem sob seu poder
jurídico direto.
- cabe ao vendedor optar pela medida judicial que julgar lhe ser mais
conveniente : ação de cobrança ou ação possessória
» Admite-se promessa de compra e venda para bens móveis e imóveis, sendo, porém,
mais comum para esta modalidade de bens. É chamado contrato preliminar, enquanto
que o contrato de compra e venda é denominado contrato definitivo.
Compromitente = promitente-vendedor
Compromissário = promitente-comprador
» DESCUMPRIMENTO DO PROMITENTE-COMPRADOR :
- ainda persiste interesse em realizar o contrato : descumprimento relativo »
MORA » promitente-comprador cumpre a obrigação + perdas e
danos
III – DOAÇÃO CONCEITO : art. 538 CC.: CUIDADO !!! O ART. 538 CC O
INDUZ A ERRO !!! Doação é contrato; todo contrato é fonte de direito
obrigacional; logo, não cria direito real, e sim somente direito pessoal » portanto,
obriga o doador a transferir a propriedade do imóvel, não incluindo a transferência
em si, o que constitui mero exaurimento do contrato.
OBS: para que seja um ato perfeito, ou seja, a sua formação requer apenas proposta
(do doador) e aceitação (do donatário) » art. 539
CACTERÍSTICAS
1 – UNITERALIDADE : a obrigação recai somente sobre o doador, i.e., a
transferência da propriedade da coisa.
- IMÓVEL : registro
TRANSFERÊNCIA DO BEM
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- MÓVEL : simples tradição
4 – FORMAL : em regra, a doação é um contrato escrito (art. 541 CC), sob pena de
nulidade (art. 166, IV).
PORTANTO, caso não queira receber um bem em doação, seja educado : diga
“obrigado, não”, sob pena de aceitação.
3) NASCITURO (art. 542 CC) : o contrato é celebrado com a aceitação dos pais do
nascituro. Contudo, o contrato não é puro, ou seja, possui condição suspensiva : o
nascimento com vida.
IMPORTANTE : o incapaz pode praticar todos os atos da vida civil, desde que esteja
representado ou assistido. Contudo, o único ato que o incapaz, seja a incapacidade
absoluta ou relativa, pode praticar sozinho é a aceitação de doação PURA.
Ex.: doei um par de sapatinhos a um bebê; não manifestou ele oposição ao meu ato, logo
aceitou a coisa : ato jurídico perfeito, doação celebrada.
OBS. : ÚNICO ato que é válido se praticado pelo absolutamente incapaz sem a devida
representação.
ATENÇÃO : apenas no caso do nascituro é que caberá aos pais aceitar ou não a
doação, sob a condição suspensiva do nascimento com vida.
CUIDADO !!! Não se confundir com as regras do art. 496 !!! Não é necessária a
concordância expressa dos demais herdeiros ou cônjuges para que o ato seja válido.
RATIO LEGIS : evitar que a pessoa, que doa tudo o que tem sem reservar-lhe o mínimo
para subsistência, se torne um estorvo para a família e para o Estado.
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Ex.: pai que tem todo o seu patrimônio expresso em apenas uma casa; resolve doá-
la para o seu único filho, porém reserva para si o direito de usufruto sobre o imóvel
» a doação foi universal, haja vista que houve transferência total dos bens de alguém
para outrem, sendo que, contudo, o doador reservou para si meios para garantir a sua
sobrevivência (o direito de usar e explorar os frutos civis advindos do imóvel doado).
D) DOAÇÃO INOFICIOSA (art. 549): o ato da doação somente pode ter como
objeto a parte disponível do patrimônio do doador.
E) DOAÇÃO CONJUNTIVA (art. 551 CC) : lei presume ser vontade do doador
favorecer os donatários de forma eqüitativa » interpretação do ato jurídico pela
norma jurídica.
ESPÉCIES DE DOAÇÃO
2 – REMUNERATÓRIA (art. 540 CC) : ocorre nos casos em que a pessoa que presta
um serviço não cobra pelo mesmo quando poderia tê-lo feito (poderia cobrar, mas não
cobrou).
» O doador realiza a doação como forma de pagamento pela prestação do serviço, o qual
poderia ter sido cobrado, mas não foi.
3 – REVERSÃO (art. 547 CC) : a doação é personalíssima (art. 548), haja vista que o
doador pretende beneficiar apenas o donatário : DOAÇÃO COM CONDIÇÃO
RESOLUTIVA.
RATIO LEGIS : o doador transfere a coisa sob a condição de que esta permaneça
apenas sob a propriedade do donatário. Assim, caso este venha a falecer antes
daquele, resolver-se-á a doação, retornando o bem a integrar o patrimônio do
doador.
Ex.: triângulo amoroso / Tício, Mévia e Caio (participação da sogra) / doação de fazenda
de Tício para Mévia com cláusula de reversão / o que ocorre se Mévia vende o imóvel ?
1ª Corrente : SIM, por analogia ao que ocorre com a doação por ato mortis causa.
Neste caso, seria a hipótese de, por exemplo, estabelecer cláusula obrigando a donatária a
transferir a propriedade do bem a seus filhos.
ENCARGO : restrição feita pelo autor de uma liberalidade, ou seja, a doação com
encargo restringe a liberdade de disposição da coisa.
Ex.: alguém doa a outrem um cão raríssimo, sob o encargo de adestrá-lo (pior se o
cachorro fosse um vira-lata safado).
REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO
ATO DE REVOGAÇÃO : somente pode ser exercido através de ação própria para
exercer o direito de revogação (Ação de Revocatória).
ROL EXAUSTIVO : somente há duas hipóteses em que a doação pode ser revogada
(art. 555) :
EXCEÇÃO (art. 561) : homicídio doloso consumado, devendo a ação ser promovida
pelo herdeiro.
EMPRÉSTIMO : GÊNERO
ESPÉCIES :
- COMODATO (art. 579) : bens infungíveis
- MÚTUO (art. 586) : bens fungíveis
» CARACTERÍSTICAS :
Art. 1219 : comodatário é possuidor de boa fé; possui, portanto, direito de reter as
benfeitorias necessárias e úteis e de levantar a benfeitoria voluptuária.
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1ª CORRENTE (majoritária) : art. 584 refere-se às despesas ordinárias, que são as
benfeitorias necessárias. As benfeitorias úteis e voluptuosas são extraordinárias,
logo incide a regra do art. 1219, que se refere aos casos gerais » a norma específica
afasta a vigência da norma genérica.
EX.: o comodatário que resolve instalar uma pia de ouro no banheiro (benfeitoria
voluptuosa), terá ele o direito de levantá-la caso não seja ressarcido.
OBRIGAÇÕES DO COMODATÁRIO
- guardar e conservar a coisa como se sua fosse (art. 582, 1ª parte)
- limitar o uso da coisa ao firmado em contrato ou, caso este silente, de acordo
com a natureza do bem
- responder pela mora, bem como pagar aluguel pelo tempo em atraso (art.
582, 2ª parte)
- responder pelos riscos da coisa, salvo isenção de culpa (lembrar : não cabe
isenção de culpa se estiver em mora)
MÚTUO : contrato de consumo (direito de consumir coisa alheia; dever de restituir por
outra do mesmo gênero, quantidade e qualidade)
Ex.: diarréia em uma noite de Domingo, após o fantástico, e não há papel higiênico »
será dado ou emprestado ? Por uma questão de boa educação, pede-se emprestado.
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Então, o contrato pode ser de uso ? Bem , se for, o objeto deverá ser restituído da forma
como foi entregue. Todavia, quem vai devolver papel higiênico usado ?
CONCLUSÃO :
- CONTRATO DE COMODATO : a entrega da coisa não transfere a
propriedade, e sim somente a posse
- CONTRATO DE MÚTUO : a entrega da coisa transfere a propriedade
da coisa, tornando o mutuário dono da mesma
REGRA : contrato de empréstimo é gratuito
EXCEÇÃO : contrato de mútuo oneroso » gera vantagens para ambas as partes (art.
591)
PRAZO
1 – COMODATO :
- HAVENDO ACORDO : será o prazo convencionado entre as partes
2 – MÚTUO :
- HAVENDO ACORDO : data prevista
CARACTERÍSTICAS
COMODATO :
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- além da infungibilidade, o objeto do contrato também não é consumível
porque tem de ser restituído;
MÚTUO
- também temporário, pelas mesmas razões do comodato (art. 592, I a III)
REQUISITOS
COMODATO
- SUBJETIVO : restrições legais (incapacidade específica) » art. 1249 »
impedimento a representantes por força de lei e por força de vontade
- FORMA : livre
MÚTUO
» SUBJETIVOS : quando o mutuário é menor e realiza o contrato sem a devida
autorização » OBRIGAÇÃO NATURAL (art. 588)
ATENÇÃO :
- MENOR tanto pode ser absoluta quanto relativamente incapaz, pois
ambos são mantidos sob a posse e guarda de um responsável;
- art. 589 : exceções em que a obrigação será civil, ainda que realizada
conforme preceitua o art. 588.
V - CONTRATO DE DEPÓSITO (art. 627 CC) É o contrato pelo qual uma pessoa
(depositante) entrega a outra (depositário) coisa móvel para guardá-la e, depois,
restituí-la quando exigida.
Ex.: Maria passou a ter aulas aos sábados / não sabia com quem deixar seus dois
ratinhos (Mickey e Jerry); resolveu pedir ao vizinho que tem pavor de rato / aceitou a
proposta porque Maria é maravilhosa / pediu para que Maria aguardasse um minuto para
que se vestisse / Após mais de 20 minutos esperando no corredor, Maria voltou a tocar a
campainha insistentemente e ninguém respondia / Encaminhou-se para a portaria e
indagou ao porteiro e descobriu que o vizinho deixara o apartamento pela outra porta e
informou ao porteiro que não voltaria naquele dia.
MORAL DA HISTÓRIA : não tenho como exigir perdas e danos ou o que quer que
seja, pois não foi formado o contrato.
- guardar
Obrigações do depositário - a coisa
(art. 629) - devolver
CUIDADO !!! Entrega não é obrigação, mas elemento formador do contrato. A sua
ausência significa inexistência de contrato, não havendo que se falar em obrigação.
OBRIGAÇÕES DO DEPOSITÁRIO :
- art. 630: responderá por perdas e danos o depositário que macular a coisa
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- art. 631 : é norma dispositiva, que pode ser alterada segundo a vontade das
partes (ratio legis : depositante arca com as despesas porque,
presumidamente, é quem aufere vantagem).
- art. 637 : herdeiro do depositário causa evicção por boa-fé (achou que a
coisa pertencesse ao autor da herança)
EXCEÇÃO (art. 643) : às vezes, quando o depositário efetua gastos necessários para
a conservação da coisa, o depositante tem o dever de indenizá-los.
Ex.: Fabiana deseja viajar, mas não tem com quem deixar Ada (um cachorro vira-latas) /
procura Kíssila (sua amiga) e pede, aos prantos, para que esta tome conta do seu lindo
bichinho / Comovida com as lágrimas da amiga, Kíssila aceita a proposta / o animal foi
acostumado a comer apenas filé mignon, sob pena de morrer de anorexia / como sua
dona não deixara qualquer quantia em dinheiro, a detentora temporária a gastar uma soma
considerável na alimentação do animal.
MORAL DA HISTÓRIA: Fabiana terá que indenizar Kíssila por todos os prejuízos
sofridos para a conservação da coisa.
Ex.: Tício é surfista / sua mãe, considerando o fato do filho ser bacharel em direito e
estar se preparando para a avaliação em concursos públicos, resolve que não há mais
espaço para aquela enorme “tábua de passar”, além dela não mais convir à nova realidade
do seu filhinho futuro - doutor autoridade / Tício, por não querer livrar-se do símbolo da
sua juventude, procura Caio e pede para que este guarde o objeto que tanto ama até
passar num concurso qualquer, pois tal fato fará sua mãe esquecer o incômodo causado
pela sua amada prancha de surf.
MORAL DA HISTÓRIA: não haverá qualquer gasto a ser efetuado por Caio para
guardar a prancha do amigo. Logo, não haverá que se falar em indenização.
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IMPORTANTE : alguns doutrinadores classificam o contrato de depósito como
bilateral imperfeito, pela razão de que, às vezes, adquire a bilateralidade.
REMUNERAÇÃO (art. 628, parágrafo único) : se não for ajustada por lei ou por contrato
expressamente, aplica-se a fonte subsidiária (costume) ou, por fim, arbitramento
judicial.
CUIDADO !!! A bilateralidade, neste caso, é perfeita, haja vista que assim será em
todos os casos, e não apenas às vezes.
REGRA : atender à solenidade especial que o ato requer, sob pena de nulidade do ato
jurídico (art. 166, IV) » forma ad solemnitatem
EXCEÇÃO : serve como prova legal, ou seja, é o único caso previsto pelo Código
Civil em que a forma é o único meio em direito admitido como elemento probatório
no processo judicial, sob pena de ser impossível provar em juízo a existência do direito
» PROVA PROCESSUAL ou forma ad probationem.
VENCIMENTO
ART. 633 : ainda que exista prazo para restituição da coisa, é lícito ao depositante
requerer a devolução da coisa em prazo inferior ao estipulado.
Ex.: deixei o meu cachorro num canil e vou buscá-lo antes do tempo.
MODALIDADES
1 – VOLUNTÁRIO (art. 627 a 646) : advém da livre convenção entre as partes (tudo
acima exposto)
Ex.: Lei nº 8866/94 (ler art. 1º e exemplificar), Lei 9605/99 (animais apreendidos podem
ser confiados a depositários se houver impossibilidade de atendimento imediato)
OBS.: Código Civil somente é utilizado subsidiariamente, ou seja, quando não houver lei
específica regulando o contrato de depósito necessário legal (art. 648)
OBS.: ademais, este não tem direito a livre acesso aos aposentos dos hóspedes, tanto que
se for pedido que ninguém adentre ao quarto, sob qualquer argumento, não poderá o
ambiente ser ocupado por quem quer que seja, pelo tempo que for.
RATIO LEGIS : cria-se a ficção para que o depositário por equiparação tenha a
obrigação de responder pelo pertences do hóspede, bem como de vigiar para que
não sejam os mesmos extraviados da propriedade do legítimo dono.
RESPONSABILIDADE CIVIL :
- art. 649, parágrafo único » vide art. 1521, III e IV
3 – BILATERAL : ora, como o art. 651 afirma ser o contrato de depósito necessário
oneroso, conclui-se que existem obrigações a ser cumpridas por ambas as partes.
- Depositante : remunerar
OBS.: não poderá o depositário exigir taxa adicional pelo depósito, pois o preço do
contrato, pelo óbvio, o inclui (art. 651, 2ª parte).
OBS: tanto assim é que, devolvida a coisa, cumprida a obrigação inobservada pelo
réu, ele é imediatamente posto em liberdade. Não existe pena a ser cumprida, o que há
é um meio de coagi-lo a cumprir a obrigação desrespeitada.
PRAZO máximo para a prisão civil para o depositário infiel: 1 ano (art. 659).
CARACTERÍSTICAS
1 - CONSENSUAL : basta a manifestação de vontade de ambas as partes contratuais para
sua formação.
CUIDADO !!! Art. 675 é casca de banana !!! A obrigação do mandante em honrar as
obrigações contraídas pelo procurador não importa em obrigações perante o
mandatário, e sim perante terceiros !!!
ATENÇÃO (art. 675 a 681) : como o contrato é gratuito, não cabe ao mandatário
arcar com as despesas da representação, sob pena de enriquecimento sem causa.
OBS: atos de administração são aqueles que não importam em disposição, ou seja,
alteração da situação patrimonial.
6 – NÃO-FORMAL : em regra, o contrato pode ser firmado livremente (art. 656). Tanto
que, caso o mandatário inicie a execução do mandato, ainda que não manifeste sua
vontade ou que tenha firmado instrumento por escrito, presumir-se-á celebrado o
contrato entre as partes (art. 659).
REQUISITOS SUBJETIVOS
» não podem ser mandantes por instrumento particular (art. 654) :
- o menor púbere poderá ser procurador, sendo que o mandante deverá arcar
com as conseqüências em caso de má escolha (culpa in eligendo) - art. 666;
- o cônjuge pode ser procurador independente da autorização do outro.
REQUISITOS OBJETIVOS
- não podem ser objeto do mandato os atos personalíssimos (além dos
demais defesos por lei)
- o mandatário tem de manter-se nos estritos limites dos poderes que lhe
foram outorgados (art. 662), sob pena de ineficácia (salvo ratificação
posterior).
ESPÉCIES
a) COM RESERVAS : mandatário mantém para si os poderes que transferiu para
terceiros, podendo ainda praticá-los em conjuntivamente.
OBS: neste caso, os atos praticados pelo substabelecido não obrigam o mandante
(art. 667, § 3º)
OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO
Além das previsões expressas em lei, decorre da própria natureza do contrato as seguintes
obrigações :
a) agir dentro dos limites dos poderes que lhe são conferidos : caso venha a exorbitá-
los, estará agindo como gestor de negócios » se houver ratificação, a validade
retroage até a data da celebração do negócio, como se tivesse havido mandato regular.
OBS.: caso ocorra qualquer fato que implique em extinção contratual alheio à vontade do
mandante (morte, interdição etc), o mandato está extinto, salvo se houver risco imediato
de perecimento.
OBS.: caso o terceiro saiba que o negócio jurídico firmado com o mandatário exorbita ou
contraria os poderes da procuração, não terá o mandante qualquer responsabilidade (art.
675 » 673)
GESTÃO DE NEGÓCIOS
NEGÓCIO UNILATERAL : não tem o caráter de contrato porque não encerra a
manifestação de uma proposta e uma aceitação.
DEVERES DO GESTOR :
- comunicar o dono do negócio sobre sua gestão o quanto antes;
- velar pelo negócios geridos até seu termo final ou até receber instruções do
dono ou dos seus herdeiros (caso aquele faleça)
» ART. 872 : gestor assume a posição de credor perante a pessoa obrigada a arcar
com os ônus descritos no preceito legal.
CARACTERÍSTICAS
1) ACESSORIEDADE : o contrato de fiança é sempre acessório ao outro negócio ao
qual serve de garantia. Logo, seguirá a sorte daquele.
LEMBRAR : negócio acessório somente existe se houver um principal e segue a sua
sorte - a recíproca NÃO é verdadeira.
REQUISITOS SUBJETIVOS
- Nem todos estão livres para afiançar » existem impedimentos legais.
Ex.: os cônjuges, pois precisam da autorização do outro; o mandatário
necessita de poderes expressos etc.
- Não é obrigatória a anuência do devedor para a celebração do contrato
de fiança » bastam o credor e o fiador (art. 820)
REQUISITOS OBJETIVOS
- Pode a fiança garantir tanto uma obrigação presente quanto futura;
- Não poderá a fiança ultrapassar o valor do débito principal, nem ser mais
onerosa
ESPÉCIES
- FIANÇA CONVENCIONAL : tem por fonte um contrato;
- FIANÇA LEGAL : nasce por força de lei (ex.: art. 260, II; 495)
BENEFÍCIO DE ORDEM
- CONCEITO E PROCEDIMENTO : art. 827
INSOLVÊNCIA DO FIADOR : credor poderá exigir sua imediata substituição (art. 826)
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INSOLVÊNCIA DO CO-FIADOR : sua responsabilidade é distribuída entre os demais
(art. 831, parágrafo único)
EFEITOS DO PAGAMENTO
- REALIZADO PELO FIADOR : sub-rogação nos direitos do credor +
reembolso sobre tudo o que pagou + perdas e danos pelo que sofrer +
juros convencionais (na sua falta, legais)
OBS.: é a mesma regra » não existe solidariedade entre credores e entre devedores.
OBS.: a prescrição interrompida por ato contra o devedor prejudica o fiador também (art.
204, § 3º)
1. DIREITOS REAIS
1.2. Características
SA SB SA SB
Credor Devedor Proprietário Indeterminado
Relação de Relação
Objeto Objeto
Poder Jurídica
Relação Dívida
Jurídica }Responsabilidade
1.2.1. Eficácia “erga omnes”: O direito real pode gerar efeitos contra todos, tendo em
vista ser o sujeito passivo indeterminado e haver publicidade dos atos processuais.
princípio da aderência: é o princípio segundo o qual o titular do direito real pode ir atrás
do bem aonde quer que ele se encontre (princípio positivo);
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princípio da ambulatoriedade: é o princípio segundo o qual todos os ônus da coisa–
como tributos, despesas condôminas etc.– acompanham a coisa, aonde quer que ela vá
(princípio negativo).
1.2.3. Ação real: Os direitos reais e a posse têm uma tutela diferenciada pela
Teoria do Processo, tendo em vista a garantia da celeridade dentro do sistema. As duas
principais características da ação possessória são:
1.2.4. Exclusividade
Não existem dois titulares com direitos reais análogos, ou seja, duas pessoas não
podem exercer o mesmo direito real sobre a mesma coisa. No caso de condomínios, esses
não ferem a exclusividade, tendo em vista que cada condômino exerce o seu direito real
sobre parte ideal.
1.2.5. Privilégio
O crédito real não se submete à divisão, tendo em vista a existência de uma ordem
entre os credores, estabelecida por meio do princípio cronológico, ou seja, aquele que
primeiro apresentar o crédito em cartório será o credor privilegiado.
Somente no direito real a passagem do tempo poderá gerar aquisição de direitos. Não
basta, no entanto, somente a passagem do tempo, deverá haver um ato da outra parte (por
exemplo: um sujeito possui um imóvel e passa 20 anos sem ir até ele; a simples passagem do
tempo não prescreve o direito de propriedade; no entanto, se terceira pessoa toma posse do
imóvel, a passagem do tempo, combinada com o ato de posse dessa pessoa, faz com que o
sujeito “perca” o seu direito à propriedade).
1.3. Classificação
O direito real, segundo o disposto no artigo 1.225 do Código Civil, classifica-se em:
O único direito real sobre coisa própria é a propriedade, que confere o título de
dono ou domínio. Normalmente, a propriedade é ilimitada ou plena, conferindo poderes
de uso, gozo, posse, reivindicação e disposição.
Esse rol do artigo 1.225 é taxativo, mas é rol não exaustivo, visto que os
direitos reais de aquisição foram criados por normas especiais, adotando-se o
princípio da taxatividade.
2. POSSE
2.1. Conceito
Para o Prof. WALD, posse é “uma situação de fato que gera conseqüências
jurídicas”. Protege-se essa situação de fato, visto que há uma hipótese de que, naquela
situação de fato, exista um proprietário.
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2.2. Teorias
SAVIGNY afirmava que a posse é um direito real, tendo em vista os efeitos serem
reais.IHERING afirmou que não se pode dizer que a posse é um direito real, visto que não
existe registro, sendo, então, um direito pessoal.
2.4. Efeitos
2.5. Espécies
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2.5.1. Posse direta e posse indireta
A posse direta decorre da efetiva relação material entre a pessoa e a coisa. A posse
indireta nasce por meio de uma ficção, pela qualidade jurídica do titular do direito. Essa
classificação somente será possível no jus possidendi, e poderá acontecer tanto nos
contratos (consensuais ou reais) quanto nos direitos reais limitados (exemplo: usufruto).
precária: obtida por meio de uma relação de confiança entre as partes, mas retida
indevidamente.
A posse injusta poderá tornar-se justa quando o vício for sanável. Esse vício será
sanado após um ano e um dia, cessada a violência ou a clandestinidade. A precariedade,
entretanto, não convalesce jamais, ou seja, o vício não poderá ser sanado.
Trata-se aqui do elemento subjetivo da posse. A posse de boa-fé é aquela cujo titular
desconhece qualquer vício que macule a posse. A posse de má-fé se dá quando o titular sabe
do vício. No nosso sistema, prevalece a presunção da posse de boa-fé, tendo o titular direito a
frutos, benfeitorias e à retenção e notificação.
É a questão temporal da posse. A posse nova é aquela cujo prazo não excede um
ano e um dia. A posse velha é aquela superior a um ano e um dia. A importância dessa
distinção é que um dos requisitos, para que seja concedida a liminar na ação
possessória, é que o possuidor não tenha deixado ultrapassar um ano e um dia.
Traditio brevi manu: é aquela situação em que o possuidor direto passa a ser possuidor
pleno da coisa.
Traditio longa manu: o possuidor da coisa, apesar de não ter tido disponibilidade
material plena, por ficção, passa a tê-la (ex.: adquire-se uma fazenda de vários
hectares; presume-se que, se o adquirente tomar posse de apenas uma pequena área,
estará tomando posse de toda a área, ficticiamente).
Posse quase-posse é aquela que decorre dos direitos reais limitados sobre
coisa alheia (exemplo: posse do usufrutuário, posse do usuário etc.).
Composse é a posse comum, exercida por duas ou mais pessoas, sobre parte
ideal da coisa. A composse gera dois efeitos:
Posse pro diviso é aquela exercida sobre parte específica da coisa. Posse pro
indiviso é aquela exercida sobre parte ideal.
O atual Código Civil, no seu artigo 1.204, por adotar a teoria de Ihering apenas
estabelece: "Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o
exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade".
Unilateral:
disposição;
Bilateral:
constituto possessório: não ocorre a entrega efetiva da coisa e, sim, uma mera ficção.
Pode se dar inter vivos ou causa mortis (legado). A transmissão do legado pode se
dar tanto pelo modo originário quanto pelo modo derivado, dependendo da vontade do
legatário (artigo 1.207 do Código Civil), ou seja, o legatário irá escolher se a
transmissão se fará pelo modo derivado ou pelo modo originário.
2.7. Sujeitos
2.7.1. Parte
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É aquele que tem a relação material com a coisa. É o chamado titular. O
incapaz, para adquirir posse, não precisa estar representado ou assistido, tendo em
vista ser a posse uma relação material e não jurídica.
2.7.2. Procurador
É aquele que recebe, numa relação contratual, o poder de exercer a posse em nome
de outrem.
Perde-se a posse por meio de três vias: perda do corpus, perda do animus, ou
perda do corpus e do animus.
a) Perecimento
c) Afastamento
Perde-se o corpus e o animus pela tradição ou pelo abandono, tendo em vista que
eles cessam os efeitos decorrentes da relação material com a coisa.
O possuidor de boa-fé terá direito aos frutos percebidos e colhidos, direito aos
frutos pendentes, e direito à indenização pela produção e custeio (todos os aparatos
da coisa).
b) Em relação às benfeitorias
c) Em relação à deterioração
b) Em relação às benfeitorias
c) Em relação à deterioração
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O possuidor de má-fé tem responsabilidade objetiva. Será responsável por
qualquer perecimento, só podendo se eximir se demonstrar que a deterioração ocorreria em
qualquer hipótese. Há a inversão do ônus da prova.
Constitucional: trata de imóvel. Trabalha com duas hipóteses: pro labore e pro misero.
Ambas tem prazo de cinco anos.
Legal (Código Civil): trata de móvel e imóvel. Trabalha com cinco hipóteses– nos
móveis: extraordinário (5 anos) e ordinário (3 anos); nos imóveis: extraordinário
(15 anos) e ordinário (10 ou 5 anos). Menciona ainda as duas modalidades
constitucionais e usucapião coletivo (artigo 1228, § 4.º, do Código Civil).
Típicas: são aquelas que tratam da relação material da pessoa com a coisa. Podem ser:
reintegração de posse, em caso de esbulho; manutenção de posse, em caso de
turbação, ou interdito proibitório, em caso de ameaça.
Atípicas: são aquelas que tratam, além da relação material, da relação jurídica e suas
conseqüências no sistema jurídico. Podem ser: embargos de terceiros possuidores,
nunciação de obra nova, ou imissão de posse (necessita de título).
Artigo 505 do Código Civil de 1916: “Não obsta à manutenção, ou reintegração na posse, a
alegação de domínio ou de outro direito sobre a coisa. Não se deve, entretanto, julgar a
posse em favor daquele a quem evidentemente não pertencer o domínio”. O artigo 505,
em sua primeira parte, dispõe que não se pode alegar domínio sobre a coisa; entretanto, na
segunda parte, dispõe que não se deve julgar em favor daquele que não tem o domínio.
Julga-se pelo domínio quando não se prova posse, ou seja, se nenhuma das partes provar
a posse, o juiz julgará pelo domínio.
O Novo Código Civil sepulta todo o problema no seu artigo 1.210, § 2.º, pois
determina: "Não obsta a manutenção ou reintegração na posse a alegação de
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa". Portanto, pelo novo sistema
não existe "exceptio proprietatis", não podendo ser adotada a Súmula 487 do
Supremo Tribunal Federal.
a) Duplicidade
b) Fungibilidade
A ação possessória pode ter seu pedido alterado no curso da demanda possessória,
entretanto, somente no que diz respeito à tutela possessória. É a mutabilidade do pedido
no curso da demanda.
c) Cumulatividade
d) Rito próprio
É um rito especial para a demanda possessória. Começa com uma petição inicial,
que possui os requisitos gerais do artigo 282 e requisitos específicos de ação possessória:
existência da posse;
indeferir a inicial;
O réu deve ser citado para a audiência de justificação. Nessa audiência, o réu não
pode apresentar suas testemunhas; não precisa apresentar resposta e não pode apresentar
alegações no termo de audiência. O réu pode contraditar testemunhas do autor e
reperguntar às testemunhas. A partir da audiência de justificação começa a fluir o prazo
para resposta, que será de 5 dias. No mais, segue o rito ordinário da Parte Geral do
Código de Processo Civil.
Não existe essa tutela no sistema jurídico brasileiro. Era prevista no Código de
Processo Civil de 1939, entretanto, no Código de Processo Civil de 1970 não foi incluída.
É a tutela que garante ao terceiro, que não é parte nem terceiro interveniente em
processo de conhecimento ou de execução, a prerrogativa de obter tutela possessória, a fim
de resguardar a relação material de constrição judicial. O prazo para a interposição desses
embargos, na ação de conhecimento, corre até o trânsito em julgado da sentença; e, na ação
de execução, é de 5 dias contados da hasta pública positiva, ou cinco dias antes da assinatura
da carta.
É a tutela que tem o possuidor ou proprietário contra risco futuro, que possa
incidir em sua propriedade, proveniente de futura obra de terceiro. É uma preliminar
de nunciação de obra nova. Não há obra nova, serve para resguardar-se de futuro
prejuízo que aquela futura obra possa causar. É uma ação ordinária.
O possuidor tem posse justa, prazo próximo para usucapião e justo título, e requer
que seja mantido na posse até que seja completado o prazo. Não se pode propor ação
publiciana contra o proprietário, visto que não há prazo e, em regra, o direito possessório
é imprescritível.
a servidão deve ser contínua (práticas constantes desses atos materiais possessórios).
A propriedade é vista como direito privado, por isso foi colocada no Código
Civil. O Estado não intervém na propriedade, sendo essa absoluta e ilimitada (poder
pleno da pessoa sobre a coisa).
1.1.3. Neoliberalismo
A propriedade volta a ser direito privado, porém, desde que seja cumprida a
função suprameta-individual. É uma proteção da coletividade e não do Estado.
Surgem os interesses difusos e coletivos, com o controle desses interesses.
1.2.1. Externa
1.3.1. Absoluta
Visto que é um direito pleno, possuindo uma relação de poder, de usar, fruir e
dispor.
1.3.2. Exclusiva
1.3.3. Perpétua
Observação: Herdeiro aparente é aquele que se apresenta aos olhos de todos como
se herdeiro fosse, no entanto, nunca foi herdeiro legal. Acontece nos casos da
indignidade.
1.3.4. Aderente
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É a prerrogativa do titular de trazer para si a coisa, independentemente de
onde ela esteja, por meio de ação reivindicatória. Têm-se 3 ações decorrentes dessa
ação :
1.3.5. Limitada
a) Limitações voluntárias
Podem ser:
Bem de família (artigo 1.715 e ss. do Código Civil), que poderá ser
compulsório (Lei n. 8009) e voluntário (artigo 1.715 do Código Civil). A vantagem do
bem de família voluntário sobre o compulsório é que, no primeiro, pode-se gravar
qualquer bem como sendo de família.
b) Limitações legais
Podem ser:
O direito hereditário é uma forma de aquisição que somente existe para os bens
imóveis, visto que o sistema brasileiro estabeleceu um critério de imobilidade para os
bens de herança, para que não haja o dissipamento do patrimônio. Então, após a morte do
de cujus, todos os bens, móveis ou imóveis, serão considerados legalmente imóveis, a fim
de que se possa fazer um controle dos bens deixados pelo de cujus.
O rol do artigo 1.245 do Código Civil, que trata das formas de aquisição de
bem imóvel, é taxativo: há somente 4 formas de aquisição de bem imóvel. A
aquisição de bem imóvel pode ser classificada quanto ao modo e quanto ao título.
1.4.2. Transcrição
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Regulada nos artigos 197 e seguintes da Lei n. 6.015/73, é uma forma derivada de
aquisição da propriedade imobiliária, formal, por meio da publicidade do contrato
translativo junto ao Registro de Imóveis. O princípio da publicidade estabelece uma
presunção absoluta: “o ato passa a ser de conhecimento geral, não havendo possibilidade
de alegação em contrário”.
4.º) Na fase da prenotação têm-se três atitudes que poderão ser tomadas pelo
oficial:
poderá registrar;
1.4.3. Acessão
naturais: vem da força da natureza, sem intervenção humana. Regulada pelo Código de
Águas (Decreto n. 24.643/34), são as formações de ilhas, os aluviões, avulsão e álveos
abandonados;
b) Quanto ao objeto
Ilhas: o Código de Águas dispõe que as ilhas podem ser bens públicos
ou bens particulares, dependendo da natureza da água (ilha em água
pública é bem público; ilha em água particular é bem particular). A
incorporação de ilha particular ocorre na proporção da testada do
imóvel ribeirinho, através de uma linha perpendicular até o meio do
álveo.
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No caso de leito abandonado, haverá a incorporação da área seca na proporção da
testada. Ainda que o rio seja público, havendo leito abandonado, poderá a área seca
incorporar bem particular. Não haverá indenização para os particulares que tiverem seus
imóveis atingidos pelo novo curso do rio.
1.5. Usucapião
a) Usucapião imóvel
A área do imóvel urbano, para ser objeto desse usucapião, deverá possuir até
250m . Caso o imóvel possua mais de 250m2, deve-se adotar o usucapião legal– aguardar
2
o tempo previsto na lei para após, se for o caso, usucapir. Para todas as modalidades de
usucapião, a posse deve, obrigatoriamente, ser justa (não violenta, não clandestina e não
precária).
O imóvel deve ser rural e com até 50 hectares, devendo haver posse justa. Exige-se,
ainda, a produtividade do imóvel. Para o sistema constitucional, produtividade significa a
subsistência do possuidor, não havendo necessidade de lucro. Deve haver a produção por
cinco anos, no mínimo, e o imóvel deve servir de moradia, sendo o único bem da família.
Res habilis (coisa): todos os bens poderão ser usucapidos, salvo aqueles
que o sistema legal veda expressamente. Não podem ser
usucapidos: bens públicos, fora do comércio, servidões não
aparentes ou descontínuas, áreas de proteção difusa ou coletiva e
toda área que decorre de posse precária (suspensão ou interrupção
do prazo prescricional – relação contratual).
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Observação: Não existe relação de simetria entre a prescrição extintiva e a
prescrição aquisitiva. Quando se trata de prescrição extintiva, o objeto é o direito de ação,
permanecendo o direito material. Na prescrição aquisitiva é necessário um terceiro que
venha exercer a posse.
2. RELAÇÃO DE VIZINHANÇA
2.1. Considerações Gerais
árvores limítrofes;
passagem forçada.
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As relações de vizinhança são obrigações propter rem (obrigações da própria
coisa). A obrigação propter rem é aquela que vincula a pessoa enquanto titular da coisa.
Tem uma grande característica: está sujeita à figura do abandono, ou seja, não acompanha
a pessoa.
É então uma obrigação que acompanha a pessoa somente enquanto essa está na
propriedade da coisa (exemplos: obrigação de silêncio, despesas de condomínio). A
obrigação não recai sobre a pessoa,mas sim sobre a coisa. A obrigação propter rem nasce
de norma legal, nunca podendo nascer da vontade das partes. Não cabe, portanto,
aplicação de analogia.
O ato praticado pelo titular pode ser lícito ou ilícito. Se é um exercício ilícito, ele
não precisará da tutela da actio damni infecti, visto que tem sua própria responsabilidade
no artigo 186 do Código Civil (ação ou omissão, nexo de causalidade, dano e culpa), que
é a tutela genérica, não havendo necessidade de uma tutela especial. O exercício se dá em
duas ordens: regular e irregular.
São aquelas que se estabelecem entre, pelo menos, dois imóveis contíguos. A
árvore limítrofe é um condomínio especial, chamado de condomínio pro diviso. O
condomínio pro diviso é aquele em que cada um dos titulares exerce posse e propriedade
sobre parte certa da coisa.
2.3.1. Regras
Não existe direito hereditário sobre bens móveis, visto que, com a abertura da
sucessão, todos os bens são legalmente considerados imóveis.
3. CONDOMÍNIO
3.1. Classificação
a) Ordinário
b) Especial
Tal modalidade de condomínio não era prevista pelo Código Civil de 1916,
porém, hoje está estabelecido nos artigos 1.331 a 1.358. A Lei n. 4.591/64 é
recepcionada naquilo que obviamente não contraria o novo Código Civil.
3.2.1. Propriedade
3.2.2. Posse
3.2.3. Responsabilidade
Bem indivisível: pode ser indivisível pela sua natureza, quando a fração se tornar pequena
demais, tornando o bem economicamente inviável, por exemplo: um diamante. Pode
ser indivisível por determinação legal, por exemplo: hipoteca. Pode ainda ser
indivisível por vontade das partes, por exemplo: doação com cláusula de
indivisibilidade, que tem duração máxima de cinco anos.
Se o bem for divisível, cada condômino pode alienar sua cota parte,
independentemente do direito de preferência, que somente deverá ser observado quando o
bem for indivisível (preempção).
Se o bem for alienado sem que se outorgue o direito de preferência aos demais
condôminos, estes poderão ingressar com uma ação anulatória no prazo de seis meses da
data da ciência da venda, com o objetivo de anular o contrato e exercer o direito de
preferência.
O locatário também terá direito à ação anulatória no prazo de seis meses, caso o
bem seja alienado sem sua notificação, para o exercício do seu direito de preferência.
1. PROPRIEDADE RESOLÚVEL
1.1. Introdução
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A propriedade é absoluta, perpétua, não tendo termo final nem condição resolutiva
(irrevogável).
Condição Resolutiva
P. Irrevogabilidade P. Temporária
(ad tempus) Termo final
1.2. Conceito
1.4. Efeitos
Prop. Aparente
- Boa-fé
+
- Erro invencível
Casos:
transcrição indevida;
herdeiro aparente.
2. DIREITOS DE AUTOR
O atual Código Civil nem fez menção aos Direitos de Autor pois,
independentemente de sua natureza jurídica, a matéria é tratada e deve continuar a sê-lo
por lei especial, em virtude de autonomia que ganhou o tema dentro do rol dos Direitos
Reais.
Temos outros autores que verificam uma natureza jurídica desse direito:
A Lei n. 9.610/98, em seu artigo 7.º, conceitua a obra intelectual protegida – “as
criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte,
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tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: I - os textos de
obras literárias, artísticas ou científicas; (...) V - as composições musicais, tenham ou não
letra; (...) XII - os programas de computador”.
A Lei dos Direitos Autorais, no inciso XIII, inclui ainda “as coletâneas ou
compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que,
por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação
intelectual”. O § 2.º faz uma ressalva, não protegendo os dados ou materiais em si
mesmos e, entende-se, sem prejuízo de quaisquer direitos autorais que subsistam a
respeito dos dados ou materiais contidos na obra.
O artigo 8.º informa que não são objetos de proteção como direitos autorais:
2.2.2. Titularidade
2.2.3. Tradução
De acordo com o artigo 29, inciso IV, da Lei dos Direitos Autorais, para que se
possa traduzir uma obra é imprescindível a anuência do autor, salvo se a obra já for de
domínio público. A primazia na tradução não confere exclusividade a nenhum tradutor de
modo a impedir que outra pessoa traduza a mesma obra. O primeiro tradutor só pode
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reclamar as perdas e danos quando houver tradução que não passe de mera reprodução da
sua. O mesmo ocorre quanto às adaptações, arranjos e orquestrações, que só serão livres
desde que a obra já tenha caído no domínio público, caso contrário, dependerá de
autorização do autor. O texto traduzido ou adaptado é que constitui Direito de Autor do
tradutor ou daquele que fez o arranjo musical.
Acrescenta o artigo 9.º que, à cópia de arte plástica feita pelo próprio autor, é
assegurada a mesma proteção de que goza seu original.
O artigo 10 e seu par. ún. também protegem o título das obras e ainda o de
publicações periódicas, inclusive jornais, durante um ano após a saída do último número,
salvo se forem anuais, caso em que esse prazo se elevará a dois anos.
O artigo 12 da Lei dos Direitos Autorais determina que “para identificar-se como
autor, poderá o criador da obra intelectual usar de seu nome civil, completo ou abreviado,
até de suas iniciais, de pseudônimo ou de qualquer sinal convencional”.
ter acesso a exemplar único e raro da obra que se encontre legitimamente com
terceiros.
Não tem direito de autor o titular cuja obra foi retirada de circulação em virtude de
sentença judicial, por ser tida como imoral, pornográfica, obscena ou que fira os artigos
61 a 64 da Lei de Imprensa (n. 5.250/67).
Como já dissemos, o artigo 27 da Lei dos Direitos Autorais diz que os direitos
morais do autor são absolutos, inalienáveis, irrenunciáveis e perpétuos. O autor pode
manter a obra inédita ou arrepender-se de tê-la publicado e retirá-la de circulação. A obra
é intangível e impenhorável.
O autor pode, por ser proprietário, usar, fruir e dispor de sua obra, bem como
autorizar que terceiro o faça (artigos 28 e 29).
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2.4.1. Incomunicabilidade
edição;
distribuição generalizada, via satélite, por exemplo, ou por outro meio equivalente;
É necessária a autorização do autor para reproduzir qualquer obra que não esteja
em domínio público, para comentá-la ou melhorá-la (artigo 30 da Lei dos Direitos
Autorais).
Também será de 70 anos o prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras
anônimas ou pseudônimas, contados a partir de 1.º de janeiro do ano imediatamente
posterior ao da primeira publicação (artigo 43). Se o autor, todavia, antes do decurso
desse prazo, se der a conhecer, aplicar-se-á o disposto no par. ún. do artigo 41.
Além das obras em relação às quais transcorreu o prazo de proteção dos direitos
patrimoniais, pertencem ao domínio comum: as de autores falecidos que não tenham
deixado sucessores; as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos
conhecimentos étnicos e tradicionais (artigo 45).
Não serão de domínio público da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios as obras por eles simplesmente subvencionadas (artigo 6.º).
Não há, portanto, é bom frisar uma vez mais, nenhuma contradição entre a
imposição legal desse interregno de 70 anos para o direito autoral e o caráter de
perpetuidade peculiar do domínio porque, na propriedade literária, artística e científica,
há aquelas duas relações distintas, que já mencionamos antes, em que uma, concernente à
paternidade da obra, é perene ou perpétua, e outra, relativa à exploração econômica
exclusiva, é temporária. O legislador pretendeu apenas disseminar a arte e a cultura,
permitindo amplamente a reprodução ou execução dessas obras a preço inferior. O
domínio público permitirá, ao mesmo tempo, a divulgação da cultura e o barateamento da
obra pela livre exploração.
Direito real sobre coisa alheia é aquele em que o titular (ou proprietário) confere a
terceiro fração ou prerrogativas de poder que lhe eram inerentes, ou seja, o titular
transfere parcela do direito que tem a um terceiro (exemplo: usufrutuário). Fala-se em
direitos reais sobre coisa alheia, tendo em vista que se enxerga o direito sob a ótica do
terceiro.
O artigo 1.225 do Código Civil traz um rol taxativo dos direitos reais sobre coisa
alheia. O rol é taxativo, tendo em vista a reserva legal, pois não é possível que o
particular crie direitos erga omnes.
O terceiro, nesse caso, tem uma única prerrogativa: execução da coisa; levar o bem
à hasta pública.
O rol do artigo 1.225 do Código Civil ampliou o velho artigo 674 do Código Civil
de 1916 e, entre outras novidades tratou do compromisso irretratável de compra e venda
que anteriormente era tratado por lei especial. O direito real limitado sui generis é aquele
que permite ao titular transmitir a propriedade para terceiro, remanescendo, também,
como titular da coisa até o pagamento integral do preço pelo terceiro.
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4. SERVIDÃO: É a hipótese em que o titular confere a um terceiro o direito de
usar ou o direito de usar e fruir da coisa. Há dois tipos de servidão:
4.1.2. Princípios
Necessidade de se ter dois imóveis com dois titulares diferentes. Não basta os
dois imóveis diferentes, deve haver uma titularidade diferente. Se houver dois
titulares em condomínio, não há servidão.
Implica sempre numa obrigação propter rem. Aplica-se o princípio da
ambulatoriedade, ou seja, aonde quer que a coisa vá, a limitação a
acompanhará em seu destino.
5. USUFRUTO
5.1. Conceito
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É o direito real limitado pelo qual o titular da coisa transfere a terceiro o direito de
usar e fruir ou o direito de dispor de forma temporária, remanescendo o titular com
prerrogativa real sobre a coisa.
5.2. Natureza Jurídica e Princípios
Há um direito real limitado de fruição, mas, ao mesmo tempo, é um direito
pessoal, personalíssimo.
O usufruto é um direito inalienável (artigo 1.393 do Código Civil). O usufrutuário
não poderá alienar o usufruto, entretanto poderá devolvê-lo ao nu-proprietário ou ceder o
direito de usufruto para terceiros. O que não se pode fazer é transferir legalmente o
usufruto para terceiros. Sendo um direito inalienável, o usufruto é impenhorável.
O usufruto é um direito divisível, ou seja, pode-se estabelecer um condomínio de
usufrutuários. O usufruto é também um direito temporário, visto que, uma vez falecendo
o usufrutuário, extingue-se o usufruto. Se o usufruto for feito com pessoa jurídica,
vigorará por 30 anos (o Código Civil de 1916 estabelecia o prazo de 100 anos). O uso é
ilimitado. A diferença entre usufruto, uso e habitação está no exercício por parte do
titular. No usufruto, o exercício é amplo; no uso, o exercício é restrito; na habitação, o
exercício é muito restrito.
5.3. Espécies
5.3.1. Quanto à origem
Por lei: há um usufruto legal no direito de família e um usufruto legal no direito
das sucessões. No direto de família (artigo 1.689, inciso I, do Código Civil), o
pai é usufrutuário do bem do filho menor (o usufruto serve para proteger o
filho, nascendo do pátrio poder). Há somente uma hipótese em que o pai não se
torna usufrutuário do bem do filho: quando houver disposição penal em matéria
de casamento (sanções de natureza civil e administrativa quando a pessoa se
casa, infringindo impedimento impediente ou proibitivo).
No direito de sucessão sob a ótica do Código Civil de 1916, o cônjuge ou
companheiro sobrevivente era usufrutuário quando concorria com descendentes
ou ascendentes do de cujus (artigo 1.611, § 3.º, do Código Civil e artigo 2.º,
incisos I e II, da Lei n. 8.971/94). Esse usufruto somente era concedido se o
regime de casamento fosse diferente da comunhão universal de bens. Era o
usufruto vidual, visto que somente o viúvo teria o direito, ou seja, havendo
segundo casamento ou união estável, extinguir-se-ia o usufruto vidual. Se
concorresse com descendentes, o sobrevivente teria usufruto de 25% dos bens;
se concorresse com ascendentes, teria usufruto de 50% dos bens. O atual
Código Civil coloca o cônjuge viúvo como herdeiro necessário e revogou o
instituto do usufruto vidual para todas as sucessões que abrisse a partir do dia
12 de janeiro de 2003 por entender que o instituto é antieconômico.
Por vontade das partes: estabelece-se por ato unilateral (testamento etc.) ou por
ato bilateral (contrato). O usufruto por ato bilateral pode ser gratuito ou
oneroso.
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5.3.2. Quanto ao objeto
Universal: é aquele que recai sobre todos os bens ou sobre uma fração
indeterminada deles.
Singular ou Particular: é aquele que recai sobre um objeto certo e determinado.
5.5.2. Nu-proprietário
São direitos do nu-proprietário:
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administrar a coisa (quando o usufrutuário se recusar a prestar a caução pelo
usufruto). Como essa administração implica num custo, o nu-proprietário
poderá, por ela, retirar uma porcentagem do rendimento da coisa;
alienar a coisa (o nu-proprietário poderá alienar a coisa quando e para quem ele
quiser);
tem todos os direitos de um possuidor indireto, ou seja, tem todos os direitos de
proteção possessória, não exercida pelo usufrutuário, em relação a terceiros;
requerer a extinção do usufruto por culpa do usufrutuário (quando o usufrutuário
descumprir algo pactuado entre as partes ou quando der destino diverso à coisa.
Exemplo: imóvel com destino residencial, o usufrutuário o utiliza para
comércio).
São obrigações do nu-proprietário:
sujeição: o nu-proprietário é obrigado a deixar o usufrutuário usar e fruir, sem ser
incomodado;
arcar com as despesas extraordinárias;
assumir a sub-rogação da coisa segurada.
6.3. Espécies
6.5. Requisitos
Caso falte um dos requisitos, a relação jurídica passa de obrigação real para
somente relação obrigacional.
6.5.1. Irretratabilidade
Resilição bilateral é a hipótese em que nenhuma das partes quer continuar com o
contrato (distrato). Tem eficácia ex nunc. O distrato deve ter a mesma forma do contrato
6.5.6. Registro
Deve haver o registro, visto que sem ele não há direito real. Todo direito real sobre
coisa alheia necessita de registro.
O compromissário comprador pode ir atrás do bem onde quer que ele esteja.
6.6.5. Cessibilidade
Apesar de o compromisso de compra e venda não poder ser alienado, ele pode
ser cedido. Tanto o compromissário comprador quanto o promitente vendedor podem
ceder seus direitos.
7.4.1. Capacidade
Capacidade genérica tem o proprietário (aquele que tem o jus disponendi da
coisa). A lei estabelece uma capacidade específica quando o proprietário for casado,
devendo, necessariamente, haver a outorga do cônjuge, independentemente do regime de
bens.
No direito de sucessão, somente por alvará um bem poderá ser gravado em
garantia, independentemente da anuência de todos os herdeiros.
7.4.2. Objeto
O bem deverá estar no comércio.
Não será possível hipotecar bem de família voluntário, entretanto, bem de família
compulsório poderá ser objeto de hipoteca (artigo 3.º da Lei n. 8.009/90). Nos casos de
bens compulsórios, se o bem for divisível, cada condômino pode gravar a sua parte; se
for indivisível, todos os condôminos devem dar o bem em garantia.
DIREITO DE FAMÍLIA
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CONCEITO : ramo do Direito Civil que disciplina a formação da família, tanto pelo casamento
quanto pela união estável, a proteção à prole e as relações de parentesco, tanto no aspecto
pessoal quanto patrimonial
- em sentido estrito
FAMÍLIA
- em sentido amplo
- EM SENTIDO ESTRITO : união de pessoas cuja intenção é gerar prole. Logo, pode ser
instituída pelo casamento, união estável ou mesmo pela monoparentalidade
A situação da mulher tem sido alterada desde 1916, sendo iniciada no âmbito das leis
trabalhistas. A primeira grande vitória legislativa no ramo do Direito Civil foi o Estatuto da
Mulher, nos idos anos 60, o qual, dentre outras importantes conquistas, conferiu à mulher casada
plena capacidade civil (antes, era relativamente incapaz, devendo ser assistida por seu marido).
Hoje, a lei já absorveu o princípio mesmo em lei ordinária, pois o CC de 2002 eliminou todos os
resquícios de discriminação.
3 - PRINCÍPIO DA IGUALDADE DOS FILHOS : proíbe qualquer espécie de tratamento
diferenciado entre os filhos, não havendo mais sequer nomenclatura para adjetivar a filiação
como outrora - art. 226, § 6º CF/88.
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4 - PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR : aponta as soluções a serem
impostas pelo Poder Judiciário quando estão envolvidos interesses de menores. Está presente no
ordenamento jurídico, ainda que implicitamente, nas mais diversas naturezas de normas jurídicas
e, por vezes, explícitas (art. 1584 a 1589 CC).
RELAÇÃO DE PARENTESCO
É vínculo que reúne pessoas naturais que gera direitos e deveres recíprocos (logo, pelo
óbvio, ninguém é parente de cachorro, periquito, papagaio etc. - “ah não, minha pepezinha é
como se fosse minha filha”; “meu cachorro é como se fosse da família”, "cachorro também é
gente”).
OBS.: a lei civil restringe a figura do parente. Assim, o parentesco é limitado civilmente, o
que possibilita obstar aquele que gosta de se aproveitar de uma relação para obter favores (“oi !
eu sou a prima da sobrinha da irmã da tia da sua bisavó ! Tudo bem ?”).
Assim, por ser o parentesco o vínculo que une pessoas, sua natureza dependerá justamente da
natureza do próprio vínculo :
1 - o parentesco civil surge entre pessoas quando se procede a adoção, ou seja, é a adoção que
vinculará as pessoas pelo parentesco civil.
ADOÇÃO : o vínculo é uma ficção jurídica porque não existiria se a lei assim não
determinasse (entre os pais e os filhos adotados existe um vínculo ficto, que determina, por sua
vez, o parentesco meramente civil).
2 - Parentesco por afinidade : existem autores (principalmente paulistas) que sustentam que a
afinidade é uma espécie de relação de parentesco, meramente porque está sendo tratada na parte
geral do título, juntamente com a relação de parentesco consangüíneo e civil.
CONSEQÜENCIA : a possibilidade de suceder o cônjuge quando da sua morte, i.e., herdar seus
bens, bem como pleitear alimentos.
ATENÇÃO : o cônjuge é unido aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
- Cônjuge-Varão (homem)
CÔNJUGE
- Cônjuge-Virago (mulher)
Um cônjuge está vinculado ao outro pelo matrimônio, e não pela consangüinidade (por isso,
cônjuge não é parente).
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Se o cônjuge não é parente, por que os seus parentes seriam ? Entende a maioria da doutrina
no Rio de Janeiro, principalmente, que a afinidade não é uma espécie de parentesco (uma coisa é
ser afim, outra é ser parente).
- AFINIDADE : vínculo que une o cônjuge aos parentes do outro (e não ao outro cônjuge).
Ex.: o cunhado é afim da cunhada, a sogra do genro etc (cuidado com a frase !!!
brincadeirinha); os sogros são afins de 1º grau do genro/nora; os cunhados são afins de 2º
grau em linha transversal.
CASAMENTO
- admite resilição pelo distrato em quaisquer das suas espécies, bem como incidência da Teoria
da Imprevisão;
Ex.: alguém quer casar com a sogra » impossível porque contraria a vontade do Estado
(vedação legal); eleição do regime de bens etc.
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REQUISITOS PARA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
- expressa manifestação de vontade dos nubentes, tanto por ato próprio quanto por mandatário;
HABILITAÇÃO MATRIMONIAL
I - no caso de solteiros
IV - necessário para firmar o cartório de registro competente e evitar problemas com homonímia
PROCLAMAS : são editais que devem ser fixados por 15 dias nas circunscrições de
domicílio de ambos os nubentes a fim de conferir publicidade ao casamento a ser realizado ,
o que somente ocorre se não for verificado qualquer impedimento pela documentação
apresentada.
Regra : proclamas.
Exceção : casos em que há urgência para celebração do casamento (art. 1527, parágrafo único e
art. 1540) » proclamas são dispensados.
Relevância : permitir que a sociedade saiba do casamento a ser realizado e, assim, possa
apresentar impedimentos ou causas suspensivas.
OBS.: a oposição ao casamento é ato solene, que deve ser realizado por escrito e assinado,
devidamente instruído.
CAPACIDADE MATRIMONIAL
IDADE NÚBIL : 16 anos, mediante autorização dos pais ou de seus representantes legais
(tutores).
PAIS SEPARADOS : não se altera o poder familiar daquele que não tem os filhos sob sua guarda
(art. 1632)
ATENÇÃO : pode ser validado o casamento religioso realizado sem as formalidades legais,
desde que se proceda à habilitação e, havendo autorização, se requeira o registro no prazo de 90
dias da expedição do certificado.
OBS.: apesar de não haver qualquer exigência quanto ao sexo do procurador, sugere-se que seja
do mesmo sexo do outorgante.
EFICÁCIA DA PROCURAÇÃO : 90 dias » podendo ser revogada, desde que o distrato atenda
às mesmas formalidades do mandato.
3) MOLÉSTIA GRAVE (art. 1539) : o casamento pode ser celebrado no local onde estiver o
nubente impedido, devendo o ato ser presenciado por duas testemunhas que saibam ler e
escrever.
» Após todos os trâmites, sendo definitiva a decisão, será efetuado o registro do casamento,
retroagindo seus efeitos até a data da celebração.
PROVAS DO CASAMENTO
PRAZO : 180 dias, a contar da data em que qualquer dos cônjuges retornou ao país.
ESTADO DE CASADO : caso daquelas pessoas que sempre declararam ser casadas e viveram
como se realmente fossem.
- pessoas que não portam registro de casamento, por uma razão qualquer, mas sempre foram
casadas perante a sociedade
- não pode ser contestado em prejuízo da prole comum, salvo se restar provado ser um dos pais
já casado quando contraiu o casamento impugnado
OBS.: muito comum nos sertões do Brasil; caso das pessoas que surgem do nada em determinada
localidade etc.
IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS
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São fatos que causam a invalidade do casamento, os quais podem ser opostos a fim de
impedir sua realização.
OBS.: como qualquer pessoa capaz pode opô-los até a conclusão da celebração, o casamento tem
de ser realizado em local público ou, se particular, às portas abertas.
IMPEDIMENTO # INCAPACIDADE
» Impedimento : tem caráter especial, atingindo apenas determinadas pessoas. Há autores que
usam o termo "ilegitimidade", outros "inaptidão" e, ainda, "incapacidade especial".
ART. 1521 : apresenta rol exaustivo de causa de NULIDADE do casamento » eis a razão de
poderem ser opostos por qualquer pessoa - ofensa ao interesse público.
I - ASCENDENTES : parentes os quais são ancestrais (pais, avós, bisavós etc.) - art. 1591.
- NATURAL : consangüíneos
PARENTESCO
- CIVIL : por força de lei (adoção)
Afinidade em linha reta : análogo aos parentes ascendentes e descendentes (sogros com genro
e nora / enteados com padrastos) » a afinidade não se extingue com a extinção do casamento
ou da união estável (portanto, sogros jamais poderão desposar nora/genro).
Ex.: como é possível que cunhados venham a contrair matrimônio após a extinção do
casamento... lembrar daquele irmão que perdeu a disputa para o divino maravilhoso » este era
tão porcaria que divorciaram-se » aí surgiu a grande chance OU casos em que o cunhado
consola a viúva histérica no dia do enterro do seu irmão (para o desespero da sua mãe, pois
matou um, vai matar o outro também) » descobre, meses mais tarde, uma enorme paixão
retraída » melhor ficar com esse mesmo porque se sogra é para a vida inteira, melhor ter só uma
(uma vez sogra, sempre sogra).
III - pela redação, depreende-se que há uma ordem permanente, ou seja, proibição que não se
encerra pelo fim do casamento dos pais com o cônjuge e vice-versa.
OBS.: este inciso seria desnecessário porque se insere na hipótese anterior (fim da discriminação
da filiação).
VI - no Brasil, somente se admite casamento somente monogâmico, sob pena de bigamia (ainda
é crime) » daí a necessidade de se provar o estado civil ao tempo da habilitação para o
casamento.
VII - não é preciso co-autoria ou participação, pois é entendido que a cumplicidade é implícita.
OBS.: prevalece o entendimento de que o crime tem de ser doloso, tendo havido condenação
transitada em julgado (Princípio de Presunção da Inocência).
IMPORTANTE : nem mesmo a adoção, que extingue todos os vínculo com os parentes da
família antiga, desliga o adotado dos impedimento matrimoniais.
CAUSAS SUSPENSIVAS
Não são causas de impedimento porque as pessoas relacionadas no art. 1523 podem se
casar livremente, desde que ultrapassada a situação temporária que lhe gera embaraços.
IMPORTANTE : ao contrário das causas impeditivas, não podem ser argüidas por qualquer
pessoa, e sim somente pelos parentes em linha reta ou colaterais até o 2º grau.
SANÇÃO : o regime de bens será, obrigatoriamente, separação de bens (art. 1641, I). NESTE
CASO, o novo cônjuge não será seu herdeiro em 1ª vocação (regime da separação obrigatória de
bens) - art. 1829, I.
I - a razão é evitar que ocorram prejuízos dos bens dos filhos em decorrência do novo
patrimônio » cônjuge é herdeiro concorrente com os descendentes.
II - o fim é evitar a confusão quanto à filiação, haja vista a presunção do art. 1597, I e II »
impede-se que o filho do casamento anterior seja reconhecido pelo cônjuge atual
OBS.: se a mulher provar que não está grávida ou que já nascera o filho da relação anterior,
poderá ser pleiteado ao juiz que o afastamento da causa suspensiva.
III - o casamento somente é extinto pela morte ou pelo divórcio : como o morto não pode casar,
enquanto não for decretado o divórcio, não se pode casar, sob pena de bigamia.
ART. 1523, III, parte final : impedir a confusão de bens de sociedades conjugais distintos, ou
seja, confusão patrimonial do casamento anterior com o atual.
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IV : enquanto não...
- encerrada a tutela : o tutelado é menor ! Ainda que púbere, somente os pais poderiam
autorizar o casamento e estes não mais existem ou foram destituídos do poder familiar.
OBS.: a lei determina que tenha sido encerrada a prestação de contas para que não exista
qualquer prejuízo patrimonial ao tutelado ou curatelado » sua proteção é de interesse público.
INVALIDADE DO CASAMENTO
Ex. : pessoas do mesmo sexo; ausência de celebração, o que impede o registro (casamento de
novela).
OBS.: erro técnico do art. 1549, pois o ato nulo JAMAIS gera efeitos jurídicos !!! Logo, a
nulidade não é decretada, mas declarada, pois não é a sentença que tem o condão de tornar o
ato válido em nulo.
ANULABILIDADE
São fatos que podem convalescer se não forem impugnados judicialmente nos prazos
legalmente fixados. Nesses casos, a sentença é que terá o condão de desconstituir o casamento.
I - menores impúberes (aqueles que ainda não completaram 16 anos), salvo se a menor estiver
grávida do seu nubente » legislador entende ser melhor que o recém-nascido tenha uma
família constituída.
ATENÇÃO : como o sujeito sequer tem capacidade para casar porque não atingiu a idade núbil,
o casamento é anulável ainda que tenha havido autorização dos pais.
IMPORTANTE : o casamento pode ser validado se houver autorização dos pais ou suprimento
judicial quando o menor atingir idade núbil.
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OBS.: entende a jurisprudência que o menor pode ratificar o casamento quando atingir a
maioridade.
- seus ascendentes, ainda que sejam os pais destituídos de pátrio poder (questão controvertida).
OBS.: o MP não está elencado porque se trata de interesses privados » daí ser ANULÁVEL o
casamento.
OBS.: este último tem legitimidade ativa para propor a ação se sucederia ao menor à época.
CUIDADO : se o herdeiro que suceder o menor não for considerado por lei, ao tempo da morte,
necessário, não terá legitimidade para propor a ação » a razão da lei é que o NÃO HÁ
PREJUÍZO porque este somente sucederia na ausência de cônjuge, descendente e ascendente.
ERRO EM SENTIDO AMPLO : inclui o dolo !!! Logo, pode anular o casamento a falsa
apreciação da realidade quanto à pessoa do outro consorte tendo havido ou não induzimento.
ERRO QUANTO À :
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- identidade : tanto física ("achei que casava com Rômulo, mas casei com Remo") quanto
civil (filiação, profissão, estado)
- fama (mulher fácil; homem que já engravidou várias mulheres e nunca assumiu a
paternidade; homossexualidade)
OBS.: os casos acima somente anulam o casamento se a vida em comum tornar-se insuportável
em decorrência dos mesmos.
- defeito físico (homem impotente; cônjuge com fobia ao sexo; infertilidade) ou moléstia grave
e transmissível, a ponto de por em risco a vida do cônjuge ou de herdeiro (ex.: AIDS)
COAÇÃO : não está incluído o temor reverencial ("meu pai me mandou casar com ele; tenho
medo do papai etc."), salvo situações justificáveis (verdadeiras fobias) » "fundado temor".
- ERRO : 3 anos.
PRAZO » sempre a contar da celebração
- COAÇÃO : 4 anos
COVALESCIMENTO : coabitação + ciência do vício, salvo se o erro incidir sobre defeito
físico, moléstia grave ou doença mental.
IV - é o caso das pessoas do art. 4º , II e III, bem como daqueles que estão em tratamento
médico, sedados, enfim, transitoriamente alheios de percepção real do mundo ou de manifestar
vontade.
PRAZO : 180 dias a contar da data em que o mandante soube da celebração do casamento (causa
impeditiva).
VI - o casamento será válido por aquele que exerce publicamente a função de juiz de paz e,
nesta qualidade, tenha registrado o casamento » Teoria da Aparência.
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PRAZO : 2 anos, a contar da data da clebração.
EFEITOS DA INVALIDAÇÃO
- se anulado, o cônjuge culpado perderá as vantagens a favor do outro, bem como terá de
cumprir o que prometeu em contrato antenupcial.
OBS.: havendo urgência, sob pena de grave risco, poderá ser pleiteada separação de corpos para
afastamento de um dos cônjuges ou resguardar patrimônio.
Ex.: Cláudio Luiz casa-se com Consuela Maria, sendo que ambos desconhecem o fato de que são
filhos do mesmo pai.
ATENÇÃO : se somente um dos cônjuges estava de boa-fé, o casamento somente surtem efeitos
a seu benefício e seus filhos.
OBS.: se ambos estavam de má-fé, surtem efeitos somente em relação aos filhos.
EFEITOS :
c) doações propter nupciais permanecem válidas ainda que declarada a nulidade do casamento
(vide art. 546)
IMPORTANTE : a boa-fé é sempre presumida juris tantum !!! A má-fé tem de ser provada !!!
- adultério
1º) FIDELIDADE - injúria grave
- adultério casto (ou puro ou quase adultério)
» Adultério : é a prova que um dos consortes manteve conjunção carnal com outra pessoa de
sexo oposto. Logo, beijos, abraços, relações homossexuais etc. não configuram adultério.
» Injúria grave : o cônjuge tem relação amorosa com outra pessoa, sendo dispensada a
conjunção carnal. Portanto, inclui-se relações homossexuais, cartas de amor, beijos, carícias etc.
OBS.: qualquer ato que ofenda a honra do cônjuge inocente pode configurar injúria grave,
tais como maus tratos, violência física e moral, existência de filho em relação extraconjugal etc.
» Adultério casto : inseminação artificial heteróloga (sêmen de homem que não o marido)
sem a autorização do cônjuge (vide art. 1597, V)
VIVER NO MESMO DOMICÍLIO : antigamente, este dever conjugal somente era considerado
descumprido quando o cônjuge abandonava o lar por mais de 2 anos.
HOJE : a lei não fixa tempo, mas estipula as causas toleradas para ausência (art. 1569)
3º) MÚTUA ASSISTÊNCIA : tanto material (alimentos entre os cônjuges) quanto moral
(apoio, carinho, atenção).
4º) SUSTENTO, GUARDA E EDUCAÇÃO : são os deveres do casamento que dizem respeito à
prole, conseqüência imediata do poder familiar.
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- Sustento : refere-se ao dever de prestar alimentos aos filhos, o que implica supri-lhes as
necessidades materiais
- Guarda : é dever dos pais, o que será exercido segundo o melhor interesse do menor
- Educação : segundo a atual Carta Política, trata-se de dever comum dos pais e do Estado.
5º) RESPEITO E CONSIDERAÇÃO MÚTUOS : este dever é novidade do atual CC, o qual
deixou inequívoco o que antes era entendido como assistência moral.
DIREITOS : estão elencados no art. 1642 (que é sinalagmático aos deveres e compila os
direitos que espalhados pelo CC) e art. 1643 (segundo o artigo subseqüente, a lei cria a
solidariedade de devedores).
LEGITIMIDADE : as ações referentes aos casos descritos nos incisos III, IV e V, do art. 1642
não são de autoria exclusiva do cônjuge => o herdeiro poderá também propô-la.
OBS.: caso seja julgada procedente a pretensão da ação, nos casos dos incisos III e IV, o terceiro
prejudicado de boa-fé terá direito de ser indenizado pelo cônjuge com quem firmou contrato =>
denunciação da lide (art. 70, III CPC).
VÊNIA MARITAL e OUTORGA UXÓRIA : não pode o cônjuge praticar os atos do art. 1647
sem a autorização do outro, sob pena de anulação do negócio jurídico.
ART. 1647, PARÁGRAFO ÚNICO : exceção ao inciso IV.
ATENÇÃO : "exceto no regime da separação absoluta" => trata-se de novidade legislativa !!!
A intenção da lei não mais é proteger a família, o que denota maior incidência da natureza
contratual dos regimes de bens (não prejudicar economicamente o cônjuge).
SUPRIMENTO JUDICIAL : para os casos em que o cônjuge não confere autorização sem
motivo justificável (ex.: ciúmes, vingança etc.) ou não lhe seja possível manifestar autorização
solenemente.
REGIME DE BENS
(art. 1639)
- autorização judicial;
- ressalva a direito de terceiros (ex.: se ao tempo em que uma obrigação for contraída os bens
se comunicavam, para todos os efeitos, permanece a comunicabilidade para esta obrigação
até a sua extinção)
- Comunhão Parcial;
- Comunhão Universal;
- Participação Final nos Aqüestos
- Separação
PACTO ANTENUPCIAL
É o conjunto das normas convencionais que fixam as regras econômicas do casamento, tal qual
um contrato solene, haja vista ser eficaz somente se :
- para gerar efeitos erga omnes, depende de registro junto ao RGI (art. 1657 CC e art. 167, I,
12, da Lei 6015/73)
Se os cônjuges não fixarem um regime de bens através de pacto antenupcial válido, vigorará o
regime da comunhão parcial de bens.
OBS.: introduzido pela Lei 6515, de 26/12/77, a qual entrou em vigor na data da publicação (não
houve vacatio legis) a fim de acabar com o "golpe do baú", pois, antes, o regime legal era o da
comunhão parcial (atenção às certidões de casamento)
CONCEITO : é o regime de bens pelo qual se comunicam apenas os bens que sobrevierem
ao casal após o casamento, até a dissolução da sociedade conjugal, inclusive os bens descritos
nos :
- art. 1660 :
III - para que se comunique, é preciso disposição expressa em contrato ou testamento de que
ambos os cônjuges são sucessores.
IV - desde que as benfeitorias tenham sido realizadas após o casamento, o que implica que as
despesas correram às custas da sociedade conjugal.
CUIDADO !!! Ainda que tenha sido contraída dívida sem autorização do outro cônjuge,
será comunicada, atingindo a meação de ambos, nos casos do art. 1664 (3 hipóteses) e art. 1663,
§ 1º.
- ambos os cônjuges : bens comuns, sendo que pode haver destituição por ordem judicial em
caso de comprovada má administração;
OBS.: as dívidas contraídas na administração dos bens particulares ou em seu benefício não
comunica com o outro cônjuge (art. 1666).
SEPARAÇÃO DE BENS
CONCEITO : é o regime pelo qual os bens de cada um dos cônjuges não se comunicam,
ainda que adquiridos após o casamento. Logo, NÃO É CONSTITUÍDA MEAÇÃO !!!
STF, Súmula 380 : o patrimônio foi constituído comprovadamente por esforço comum
pertencerá a ambos os cônjuges em condomínio.
Ex.: mulher trabalha na loja do marido desde que se casaram (jamais foi assalariada).
ATENÇÃO : jurisprudência NÃO é fonte de Direito !!! Logo, o juiz não é obrigado a
acompanhar o entendimento do STF.
Existem duas causas para fixação deste regime : lei e o pacto antenupcial.
SEPARAÇÃO LEGAL ou OBRIGATÓRIA : não é fruto da vontade dos sujeitos, mas imposição
da lei (art. 1641) => exceção ao art. 1640.
OBS.: não concorrem com os descendentes na herança do cônjuge (art. 1829, I).
SÚMULA 377 STF : anterior à criação do regime da comunhão parcial de bens => não está
mais sendo aplicado, sob pena de constituir o regime da comunhão parcial de bens.
SUSTENTO DA FAMÍLIA : cada cônjuge contribui segundo sua possibilidade, salvo estipulação
contrária em pacto antenupcial.
COMUNHÃO UNIVERSAL
III - dívidas contraídas para o enxoval, compra do lar do casal (aprestar = aprontar - ex.:
despesas da igreja, viagem de lua de mel, festa etc).
Ex.: mulher recebeu em herança uma casa com cláusula de incomunicabilidade / casa é alugada /
a renda dos aluguéis é patrimônio comum de ambos os cônjuges.
OBS.: antes da Lei 6515/77, este era o regime legal para as hipóteses em que a lei não impunha o
regime da separação.
OBS.: é a normatização da Súmula 380 STF, a qual garante condomínio sobre os bens adquiridos
pelo esforço comum.
Obs.: perante terceiros credores, os bens móveis presumem-se pertencer ao cônjuge devedor,
salvo se de uso pessoal do outro (ex.: calcinhas, cuecas etc.) => (art. 1680)
b) os bens imóveis presumem ser exclusivos daquele cujo nome a coisa está registrada.
NÃO HÁ MEAÇÃO (art. 1679) : cônjuges são condôminos do patrimônio adquirido pelo
esforço comum em quotas iguais.
ART. 1676 : espécie análoga à colação => cônjuge poderá ter descontada da sua parte na
partilha a quantia relativa ao bem que não poderia ter alienado sem a autorização do outro
cônjuge, salvo se a intenção do lesado for outra.
UNIÃO ESTÁVEL
ANTES DA CRFB/88
Não existia a união estável, somente o concubinato, que era o homem e a mulher vivendo como
se casados fossem.
OBS.: concubinato não era uma relação legítima, pois a família somente legitima-se pelo
casamento, ou seja, apenas o casamento poderia criar a família.
OBS.: coabitação » era um indício de existência do concubinato, ou seja, não era um requisito
para a constituição do concubinato, mas fazia surgir um indício da sua existência.
CLASSIFICAÇÃO
SÚMULA 380 STF : constituição de uma sociedade de fato (reunião de esforços para atingir
fins comuns sem a constituição na forma da lei).
PATRIMÔNIO : resultado da união dos esforços dos sócios da sociedade de fato => deverá ser
partilhado quando da extinção da sociedade se for reconhecida judicialmente.
IMPORTANTE : é possível tanto a existência de concubinato sem que seja formada uma
sociedade de fato e vice-versa (sociedade de fato sem concubinato).
Ex.: concubinato existe, porém não foi adquiridos quaisquer bens a título oneroso (há
concubinato, mas não sociedade de fato).
Findo o concubinato, um dos concubinos (em regra, a mulher) terá direito a uma indenização
pelos serviços domésticos prestados, na medida que a lei não prevê obrigação de alimentos entre
concubinos.
OBS.: a jurisprudência concede tal direito porque, muitas vezes, cabe à mulher as tarefas do lar,
as quais não são remuneradas. Assim, ela se torna dependente do homem, que a sustentava para
que ela cuidasse dele e dos afazeres domésticos => os tribunais lhe concediam direito à
indenização por todos os anos que serviu ao homem sem remuneração para que não ficasse
desamparada.
CUIDADO !!! Este direito somente pode ser postulado caso não exista sociedade de fato
decorrente do concubinato, haja vista que, nesta hipótese, a mulher não estará financeiramente
desamparada.
ATENÇÃO : nada obsta que sejam propostos pedidos alternativos, ou seja, o reconhecimento da
sociedade de fato, conseqüentemente a partilha dos bens, ou, caso não seja este o entendimento
do juiz, que seja condenado o homem a pagar à mulher uma indenização pelos serviços que lhe
foram prestados gratuitamente.
IMPORTANTE : as regras concernentes ao concubinato ainda estão sendo aplicadas até os dias
atuais nos casos que não constituem união estável (aplicação residual).
Art. 226, § 3º : entidade familiar significa família. Portanto, desde então, a união estável passou
também a criar a família.
Art. 226, § 3º, in fine : “... devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”. Portanto, união
estável = concubinato puro.
OBS.: a partir de então, concubinato passou a se referir o que antes era impuro; concubinato
puro passou a ser denominado união estável.
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Ex.: durante a vigência da união estável, não corre prescrição entre os companheiros.
Art. 1.787 CC : somente é aplicada a lei que estiver em vigor quando aberta a sucessão, e não
quando da abertura do inventário.
REQUISITOS :
Art. 1º : 5 anos de união ou prole comum + ambos os companheiros devem ser solteiros,
divorciados, viúvos ou separados judicialmente.
OBS.: antes, a união do separado judicialmente constituía concubinato impuro, haja vista que o
mesmo estava impedido de casar-se.
RAZÕES DA INCLUSÃO :
- a separação judicial podia ser convertida em divórcio pelo mero transcurso do tempo de 1
ano (não haveria porquê exigir a espera para legitimar a união)
DIREITOS :
- Art. 1º : alimentos
- Art. 2º : sucessório, tal qual como se cônjuge fosse
- Art. 3º : partilha dos bens adquiridos a título oneroso
Existem várias controvérsias a respeito do novo diploma legal, que instituiu a regulamentação
entre os conviventes :
1 – a lei nova (Lei nº 9.278/96) revogou, total ou parcialmente, a lei anterior (Lei nº
8.971/94) ?
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1ª CORRENTE (enunciado pela magistratura do TJRJ) : a vigência de uma lei posterior
automaticamente ab-roga a lei posterior.
2ª CORRENTE (doutrina) : derrogação, haja vista que ocorre revogação implícita se lei
posterior + mesma matéria + modo diferente + incompatível.
Aliás, há lacunas da lei nova que podem ser preenchidas pelas disposições da lei anterior.
1ª CORRENTE: a lei nova é lacunosa; portanto, aplica-se a lei anterior para suprir a
omissão. Aliás, existe a lacuna porque a matéria já tinha sido regulada pela lei antiga (5 anos ou
prole comum).
2ª CORRENTE: como a lei nova ab-rogou a lei antiga, aplica-se o período clássico, ou seja,
aquele que tradicionalmente é entendido como necessário para constituir uma relação estável »
5 anos.
3ª CORRENTE: ab-rogação; 2 anos, na medida que a separação de fato por tal período enseja a
extinção do vínculo conjugal (art. 40 da Lei nº 6.515/77), também é o suficiente para constituir a
convivência.
4ª CORRENTE: a lei não fixou o tempo porque não o quis. Cabe ao juiz, de acordo com o
caso concreto, verificar se formou-se entre o homem e a mulher a convivência regulada por lei.
Segundo este entendimento, o que importa apreciar é relação contínua + duradoura + com intuito
de constituir família.
1ª CORRENTE: NÃO, porque a lei não exige. Logo, também aplica-se a Súmula 382 STF.
2ª CORRENTE: a lei exige tacitamente – tanto que o seu nomem juris é convivência (o que
significa “viver com”).
Ademais, é dever de ambos, de acordo com o art. 2º, III, a guarda dos filhos. Ora, se a lei diz
que a guarda cabe a ambos os conviventes, não haverá outro modo de manter a guarda em
conjunto senão pela coabitação.
Outrossim, o art. 7º, parágrafo único, reza que o imóvel é a residência da família. Em outras
palavras, residência da família implica em coabitação.
Por fim, o art. 8º, a despeito de ainda necessitar de regulamentação, trata da conversão da
convivência em casamento. A lei usa o termo sua residência, i.e., domicílio da residência dos
conviventes, i.e., de ambos. Logo, coabitação.
RESULTADO : depreende-se que a coabitação é desejo da lei, ou seja, a lei espera que os
conviventes vivam juntos, e todos os demais deveres decorrentes da coabitação.
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4 – qual deve ser estado civil do homem e da mulher para serem conviventes ?
1ª CORRENTE (doutrinariamente dominante) : a lei nova não trata da matéria porque a lei
antiga já se pronunciara a respeito (derrogação).
2ª CORRENTE: a lei atual não diz, mas a anterior está ab-rogada. Assim, o estado civil é
clássico, tradicionalmente aceito pelo direito civil : solteiro, viúvo e divorciado.
3ª CORRENTE (enunciado da magistratura) : a lei anterior está ab-rogada, porém entende que o
separado judicialmente pode ser convivente, sob pena de gerar insegurança nas relações sociais,
haja vista que a lei anterior, apenas 2 anos mais antiga que a outra, incluía o separado
judicialmente entre os passíveis de constituir união estável. O contrário constitui um retrocesso.
4ª CORRENTE: a lei não disse, mas a lei antiga está ab-rogada. Portanto, se a ordem jurídica
não veda, todos os estados civis estão autorizados a estabelecer convivência, mesmo o casado.
CUIDADO !!! Esta corrente não inclui qualquer pessoa casada, mas apenas quem se
encontra separada de fato por mais de 2 anos, tempo suficiente para ensejar o divórcio
direto. Transcorrido tal lapso temporal, inicia-se o período de convivência » CASADO
DIVORCIADO DE FATO.
1 – direito a alimentos (art. 2º), tanto na constância da convivência quanto após sua extinção
(art. 7º).
CONTROVÉRSIA
2 – direito à sucessão
1ª CORRENTE: lei anterior foi ab-rogada pela lei nova. Portanto, aplica-se tão somente o art.
7º, parágrafo único (direito real de habitação).
2ª CORRENTE: lei nova apenas derrogou a lei antiga. Assim, o convivente tem os mesmos
direitos sucessórios do cônjuge (art. 1.611, caput e §§ 1º e 2º CC), haja vista que as normas não
são incompatíveis.
3 – direito à estipulação de um regime de bens : o art. 5º reza que haverá condomínio sobre os
bens adquiridos a título oneroso durante a convivência.
OBS.: o art. 226, § 3º CF diz sobre facilitar a conversão em casamento. Logo, o casamento é
maior do que a convivência.
IMPORTANTE : a lei teria tornado a situação dos conviventes melhor do que a dos casados, pois
o condomínio confere aos condôminos direito potestativo sobre a propriedade do seu quinhão,
enquanto que a meação segue o casamento até a sua extinção => inconstitucionalidade.
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ATENÇÃO : apesar da lei ter equiparado a convivência ao regime da comunhão parcial de bens,
não existe vedação quanto à livre disposição do regime de bens a ser estipulado em contrato
civil.
2ª CORRENTE: a qualquer tempo da convivência, pode o contrato ser firmado, porém será
apenas realizado uma vez e de forma irretratável.
3ª CORRENTE: depende da vontade das partes. Assim, pode ser firmado a qualquer
momento e quantas vezes desejarem.
Ex.: carro não comunica; as panelas comunicam; carro velho comunica; apartamento no
Golden Green não etc.
ATUAL CC
SUJEITOS : pessoas de sexo oposto que não sejam impedidas para se casarem, salvo os
separados judicialmente.
IMPORTANTE : as pessoas de sexo oposto que não podem constituir união estável, mas que
atendem ao conceito do art. 1723, constituem CONCUBINATO.
RELAÇÃO ENTRE UNIÃO ESTÁVEL E CASAMENTO :
OBS.: a lei afirma que a relação entre os impedidos de se casar constitui concubinato » art.
1727 nada diz sobre as causas suspensivas, tampouco ressalva o art. 1725.
RESULTADO : a pessoa que se casa sob causa suspensiva tem de constituir o regime da
separação obrigatória, o que afasta o cônjuge da sucessão e impede a meação » melhor formar
união estável.
ATENÇÃO : a lei repete o incentivo constitucional de facilitar a conversão da união estável (art.
1726). Todavia, para todos os fins, o tempo em que o casal viveu em união estável é
considerado legalmente.
Ex.: os companheiros não sucedem mortis causa igual ao cônjuges, como outrora (art. 1790 e
1829).
DIREITOS E DEVERES
OBS.: há juízes que somente autorizam o uso do nome após sentença que reconheça a união
estável.
BEM DE FAMÍLIA
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É o bem impenhorável por servir de residência para a família, urbano ou rural, estendida a
proteção aos móveis que o guarnecem e seus bens acessórios (frutos, produtos e benfeitorias).
RESIDÊNCIA OU DOMICÍLIO ?
A Lei 8009/90 diz residência, assim como o art. 1711 CC. Todavia, o art. 1712 CC reza
domicílio » assunto a ser pacificado pela jurisprudência e pela doutrina.
LEI 8009/90 : não foi revogada, conforme a parte final do art. 1711 » aplicação
subsidiária.
INSTITUIÇÃO
OBS.: se constituído sobre o único bem, entende-se que poderá ser penhorado até 2/3 do valor do
imóvel.
b) somente pode ser instituído por escritura pública ou testamento, devendo ser registrado
junto à matrícula do imóvel no RGI competente.
OBS.: pode ser instituído por terceiro, tanto por doação quanto por terceiro, condicionada à
aceitação pelos chefes da entidade familiar.
c) Pode atingir a valores mobiliários que tenham por fim a conservação do imóvel e a
manutenção da família, desde que não excedam o valor do prédio que servirá de
residência (ao tempo da instituição) » logo, instituição acessória.
OBS.: devem ser individualizados no ato constitutivo do bem de família (instrumento público ou
testamento), assim como estar registrados se forem título nominativos.
IMPORTANTE : se 3º constituir valores mobiliários como bem de família, poderá confiar sua
administração a instituição financeira, que assumirá a qualidade de depositária » útil quando
o beneficiário não sabem lidar com os títulos.
Ex.: o capital excedente é mínimo; família precisa do dinheiro para se alimentar ou custear
tratamento médico.
EXTINÇÃO
OBS.: ao invés de simplesmente extingui-lo, poderá haver sub-rogação em outros bens que
poderão ser mantidos.
b) Morte de um dos cônjuges : o sobrevivente pode pleitear a extinção, se o bem de família for
o único patrimônio.
OBS.: a morte de ambos os cônjuges não extingue o bem de família, salvo se encerrada a
entidade monoparamental.
c) Extinção da família : dissolvido o casamento, a união estável ou a entidade
monoparamental.
CONTROVÉRSIA
ART. 1721 : a dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família » mas a
dissolução do casamento extingue o bem de família ?
1ª CORRENTE : sim, porque não haverá mais família a ser protegida, salvo se mantida entidade
monoparamental » perece do objeto da ratio legis.
2ª CORRENTE : não, haja vista a inteligência do art. 1721, parágrafo único » morte extingue
o casamento, mas não acarreta o fim da proteção legal.
A sociedade conjugal finda por uma das hipóteses do art. 1571 CC.
R.: o entendimento dominante é que a Lei 6515/77 ainda está em vigor no que não contraria a
lei atual.
SEPARAÇÃO JUDICIAL
EFEITOS DO DIVÓRCIO
1 - ALIMENTOS : pode ser pleiteado por qualquer um dos cônjuges, desde que prove que é
necessitado e que o outro tem possibilidade de pagá-los.
IMPORTANTE : nada obsta ao cônjuge pleitear alimentos enquanto coabita, desde que prove
não estar sendo cumprido o dever de mútua assistência.
Ex.: a família passa fome porque o varão gasta todo o dinheiro em bebida; o homem sustenta a
família sozinho porque a mulher se nega (a despeito do seu salário invejável).
CAUSAS DE EXCLUSÃO :
a) cônjuge credor contrai novo casamento, união estável ou concubinato (art. 1708);
c) credor perde direito aos alimentos se proceder indignamente perante o devedor (art. 1708,
parágrafo único)
e) abandono do lar conjugal : não está previsto no CC, mas na Lei 6515/77. Todavia, o
abandono tem de ser voluntário para que cause a perda do direito (mulher abandonada não
deixa o lar voluntariamente).
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RENÚNCIA : a questão era controvertida, o que parece ter sido sanada pelo atual CC » mesmo
entre os cônjuges, os alimentos são irrenunciáveis !!!
OBS.: os alimentos podem ser dispensados, ou seja, pode o cônjuge exonerar o outro do
pagamento de alimentos no momento. Todavia, sempre que se configurar a previsão do art.
1694, poderão ser postulados.
CUIDADO : a pretensão de alimentos constitui interesse jurídico dos filhos !!! Logo, não
podem os pais pleitearem alimentos em nome próprio para os filhos !!!
OBS.: em nada interessa ser culpado ou inocente quanto à separação, pois, neste caso, importa
atender ao melhor interesse do menor.
- deve ser calculado o valor dos aqüestos para partilha, podendo-se converter os bens em
dinheiro ou um dos cônjuges pode pagar ao outro pela sua meação
- dívidas pessoais não ultrapassam a meação a fim de não prejudicar o outro cônjuge
ATENÇÃO : os cônjuges não precisam alienar todos os bens porque formar condomínio
também é partilhar.
OBS.: não é obrigatória (entendimento do art. 1581 CC e art. 43 da Lei 6515/77), até porque o
vínculo conjugal não é atingido. A lei, então, autoriza que a partilha seja realizada após a
separação o divórcio (Lei 6515/77).
Ex.: mulher separada arranjou um namorado e foi morar com ele. Após um certo tempo,
engravidou (cabeça de homem é uma droga : “será que ela já não estava me traindo com esse
cara quando éramos casados ?”).
OBS.: o ex-marido da Luíza Brunet tentou compeli-la a deixar de usar o seu nome porque
julgava que a sua conduta social não era ilibada (fotos nuas, poses sensuais, namoros famosos
etc).
SEPARAÇÃO DE CORPOS
A separação de corpos permite ao cônjuge a ruptura da vida em comum sem que ocorra
incidência da sanção do art. 1572, caput. Como é medida cautelar, sendo esta concedida, a parte
suplicante tem de propor a ação principal (DIVÓRCIO).
OBS.: por se tratar de medida cautelar, precisam ser satisfeitos os pressupostos da cautela :
periculum in mora e fumus boni iuris.
Ex.: mulher apanha do marido » procura a Defensoria Pública » imagina o que vai acontecer
com esta senhora no momento em que seu marido receber a citação de que está sendo requerido
o divórcio ... coitada.
DIVÓRCIO
CASAMENTO VÁLIDO : somente é extinto pela morte ou pelo divórcio (este proporcionou o
fim do casamento em vida).
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"ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE" : não era possível a extinção do casamento por outra forma
que não a morte até 1977 (ainda é assim pelo Direito Canônico).
IMPORTANTE : como o divórcio extingue o casamento, cessam também todos os seus efeitos.
Portanto, não comporta reconciliação, na medida que o vínculo conjugal já estava extinto (se
quiserem, casem-se novamente).
CURIOSIDADE : inicialmente, a lei fixava limite para o número de divórcios. Todavia, após o
advento da Lei 7.841/89, não mais existe limite para se divorciar (é possível casar-se quanto
vezes for desejar o interessado).
RAZÃO : a morte extingue o vínculo matrimonial, fazendo surgir novo estado civil. Se alguém
é separado judicialmente, ainda permanece o casamento. Portanto, como a morte o fulmina, faz
também nascer um novo estado civil.
Não ocorre o mesmo quando o ex-cônjuge estava divorciado porque o casamento já havia sido
extinto pelo divórcio. Portanto, a morte nada alterou.
EFEITOS DO DIVÓRCIO
A coabitação e a fidelidade cessam tanto devido ao divórcio, assim como a assistência mútua
moral.
SÚMULA 197 STJ : o juiz pode apreciar posteriormente a partilha dos bens do casal e decretar
o divórcio de plano.
4 – Uso do nome
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DIVÓCIO DIRETO CONSENSUAL : o acordo estabelecerá se a mulher manterá o nome de
casada ou se voltará a usar o nome de solteira.
OBS.: se a parte optar por manter o apelido, poderá, a qualquer momento, voltar a usar o nome
de solteiro.
PODER FAMILIAR
DIVERGÊNCIA : não havendo acordo entre os pais que exercem o poder familiar, deve-se
recorrer ao juiz para composição do conflito.
O art. 1634 CC elenca rol meramente exemplificativo, haja vista se restringir a deveres
extrapatrimoniais (vide art. 1689 e ss. CC).
» art. 1634, V e art. 1690.
USUFRUTO : direito real dos pais sobre coisa dos filhos, enquanto aqueles forem titulares do
poder familiar.
Atenção : direito real sobre coisa alheia constituído alheio à vontade dos sujeitos.
Obs.: os pais imbuídos de poder familiar são os únicos representantes legais titulares de usufruto
(tutores e curados não são usufrutuários).
ADMINISTRAÇÃO : não basta ser genitor e estar no exercício do poder familiar; é preciso ter
os filhos sob sua autoridade para ter o direito de administrar seus bens.
Cuidado !!! A administração implica em gerenciar os bens dos filhos !!! Logo, lhes é proibido
subtrair seus bens, transferindo-os ou oferecendo-os em garantia a terceiros para garantir
pagamento de dívidas (o que expõe a risco de alienação também), sendo o ato nulo de pleno
direito.
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Exceção : se provada necessidade ou relevante interesse da prole, o que será apreciado por juiz,
após ouvir o Ministério Público (curador de incapazes).
EXCLUSÃO :
II - todavia, devem assisti-los ainda assim porque são incapazes, sob pena de anulação;
III - neste caso, se ambos os pais forem excluídos, deve ser nomeado um curador até que o
menor adquira capacidade civil;
IV - os pais são os herdeiros, porém foram julgados indignos ou foram deserdados » a lei os
presume pré-mortos para todos os fins, juris et juris.
OBS.: nessa hipótese, a supensão é medida excepcional, a ser examinada no caso concreto,
segundo os princípios do melhor interesse do menor quanto à sua segurança e pertences.
b) CONDENAÇÃO POR CRIME : trânsito em julgado de sentença condenatória que fixe a pena
em, ao menos, 2 anos.
Reabilitação : estudada em Direito Penal, sendo a restituição do poder familiar um dos seus
efeitos.
Constitui sanção aplica pelo juiz aos pais que se mostram inaptos ao exercício dos deveres do
poder familiar.
I, II e III : constituem infração perante o ECA. Logo, a pena da perda do direito não prejudica
outras previstas em lei, como prisão - abandono de menor é crime.
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EXTINÇÃO : além dos casos de perda do poder familiar, são casos de aquisição da capacidade
civil, perda da personalidade ou mudança do estado filiação.
OBS.: neste último caso, extingue-se o poder familiar somente em relação àqueles pais =>
substituição.
OBS.: os pais nunca deixam de ser pais, mas o Estado tem de confiar a outrem os deveres
relativos ao poder familiar, os quais foram renegados.
RESULTADO : o menor estaria disponível para adoção, na medida que está desamparada
de poder familiar.
IMPORTANTE : na prática, a criança que não está amparada pelo poder familiar não é
conduzida à adoção » é concedida tutela parentes idôneos (geralmente os seus avós).
ECA : os avós não podem adotar, mesmo nos casos em que os pais perderam o poder familiar.
FILIAÇÃO
ART. 226, § 6º CF; ART. 1596 CC e ART. 5º e 6º LEI 8560 : proibida qualquer discriminação
entre os filhos.
MATERNIDADE
Se a criança nasceu numa maternidade, esta é obrigada a fornecer uma certidão de que a
criança nasceu com vida (em tal dia e hora, uma determinada mulher deu a luz a uma
determinada criança, de tal sexo etc).
REGRA : quem leva a certidão ao cartório de registro civil de pessoas naturais para registro é o
pai da criança (como diz a lei), até porque a maternidade já está comprovada pelo documento
expedido pela maternidade (qualquer pessoa pode provar quem é a mãe da criança através da
certidão da casa de saúde).
CONCLUSÃO : a mãe é sempre certa, sempre conhecida porque sempre é possível saber
quem deu à luz.
PATERNIDADE
Ex.: quando ela nasce uma criança, todos correm para afirmar que é igual ao pai (o pobre, é,
desde então, induzido a erro, já que todo recém-nascido não se parece com ninguém), para não
haver dúvida que o filho é dele » ele levará a certidão da criança a registro » a paternidade
será declarada perante o oficial do cartório de registro de pessoas naturais e maternidade está
comprovada.
IMPORTANTE : estas são as únicas hipóteses em que a mãe pode registrar o filho e declarar a
paternidade do marido sem precisar prová-la.
V - utilização de sêmen de homem que não o marido ou mesmo embriões de outros » somente
se este autorizar expressamente, sob pena de conduta desonrosa.
PROVA EM CONTRÁRIO :
- mulher evidencia não estar grávida no período (art. 1523, parágrafo único, parte final);
RECONHECIMENTO DA FILIAÇÃO
Importante para os casos em que os pais não são casados, não vigorando, portanto, as
presunções do art. 1597.
Ex.: uma pessoa reconhece a filiação por testamento; posteriormente, realiza outro em que deixa
de reconhecê-la » poderá o filho reconhecido usar o testamento revogado para provar seu
estado.
NULIDADE : reconhecimento de filho maior sem o seu consentimento (art. 1614 CC e art. 4º da
Lei 8560/92).
ADOÇÃO
É o ato jurídico pelo qual se estabelece relação de filiação entre adotante e adotado, apesar da
inexistência dos laços de sangue.
CONTROVÉRSIA : ECA estaria revogado ? Não totalmente, mas apenas nos pontos em que a
lei mais nova tratasse a mesma matéria de forma contrária.
a) qualquer pessoa maior de 18 anos e, ao menos, 16 anos mais velho que o adotado;
OBS.: neste caso, tem de ser provada a estabilidade familiar, o que ocorre durante o
procedimento de habilitação.
IMPORTANTE : único caso em que duas pessoas podem ser adotantes de um adotado apenas
(dois adotantes; um adotado).
ART. 1626, PARÁGRAFO ÚNICO : adoção supérstite pelo cônjuge do adotante » mesmos
efeitos se tivessem procedido ao procedimento de adoção juntos.
c) Tutor e curador podem adotar o representado, desde que tenham procedido à prestação de
contas.
ANUÊNCIA
1 - DOS PAIS BIOLÓGICOS : é necessária para adoção (regra), salvo se :
- pais desconstituídos de poder familiar, sem que tenha havido nomeação de tutor;
- menor órfão sem que qualquer parente tenha lhe reclamado por mais de 1 ano.
EFEITOS
- adotado assume a situação de filho do adotante para todos os fins, sem qualquer
discriminação em relação aos consangüíneos, sendo estabelecida relação de parentesco com
todos os parentes do adotante como se consangüíneo fosse;
EXCEÇÃO : a quebra de vínculo com a família atinge somente não atinge os impedimentos
matrimoniais (eternos)
- o prenome pode ser alterado, a pedido do adotante ou do adotado, desde que este seja menor
(finalidade : evitar fraudes);
ESPÉCIES :
- Direito de Família : decorrente do poder familiar, constitui dever dos pais ou, se melhor
interesse do menor, outro parente que apresente melhores condições (avós, tios, irmãos mais
velhos etc.)
- ECA : medida que visa conferir ao menor desamparado família substituta sem desconstituir
os vínculos com a família biológica (caso dos meus avós), sendo os processos julgados nos
Juizados da Infância e Juventude.
OBS.: nas hipóteses do ECA, pode tanto ser concedida liminarmente nos processos de tutela
ou adoção (art. 33, § 1º) quanto como medida autônoma (art. 33, § 2º) - caso dos meus avós.
REGRA : pais, pois decorre do poder familiar o dever de conferir guarda aos filhos menores ou
maiores incapazes.
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Dissolvida a união dos pais : revogada a preferência legal conferida à mãe » hoje, o que deve
ser averiguado pelo juiz é o melhor interesse do menor, ou seja, analisar quem tem condições
mais adequadas que prover o bem-estar do incapaz.
OBS.: não é aferido critério financeiro, pois este é sanado pelos alimentos.
EXCEÇÕES :
a) filho havido de relação extraconjugal não estará sob a guarda do cônjuge infiel se o
outro assim não consentir (art. 1611) » a razão da lei é proteger o menor da torpeza do
cônjuge traído ou discriminações face aos filhos havidos no casamento.
b) FILHO RECONHECIDO : por ato dos genitores, aplica-se a regra do art. 1584; mediante
sentença de investigação, poderá não ficar sob a guarda daquele que não o reconhecera (art.
1616, parte final), sempre pelo critério do art. 1584 ("por que o filho ficaria com o pai que
lhe rejeitou ?").
c) Se nenhum dos pais puderem atender o melhor interesse do menor, a guarda pode ser
conferida a outrem, segundo os critérios do parágrafo único do art. 1584 (aferidos por
assistentes sociais e psicólogos no curso do processo).
SENTENÇA DA AÇÃO DE GUARDA : não faz coisa julgada material (art. 1586).
ALIMENTOS
Não englobam apenas a alimentação, mas também vestuário, educação, sustento, moradia etc.
Existem dois grandes grupos de obrigação alimentar :
2 – VARIABILIDADE DOS ALIMENTOS (art. 1699 CC) : toda vez que houver alteração no
binômio necessidade x possibilidade, o que a lei denomina mudança de fortuna do devedor,
ensejará a revisão dos alimentos.
- majoração (aumento)
REVISÃO poderá resultar em - redução (diminuição)
- exoneração (podendo haver nova
fixação no futuro)
OBS.: sentença da ação de alimentos não comporta coisa julgada material (apenas formal).
Caso o credor requeira, o juiz pode decretar, em sentença de execução de alimentos, prisão de
caráter coercitivo, sendo que : não pode ser superior a 3 meses e tem de ser libertado se
pagar a dívida.
HIPÓTESES DE PREVISÃO LEGAL DE ALIMENTOS
Culpado : terá direito apenas ao indispensável à sua subsistência, ainda assim somente se não
houver parentes que possam prestá-lo.
- sustentar
Deveres dos pais para com os filhos menores - guardar
- educar
ATENÇÃO : há presunção legal absoluta de necessidade, ou seja, o filho menor não precisa
provar a necessidade aos alimentos devidos pelos pais, mas tão somente o quantum postulado.
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EXCEÇÃO : CONTROVÉRSIA
2ª Corrente : não há prorrogação automática; o filho deve ingressar com ação judicial para
requerê-la, inclusive para provar que está cursando.
No caso do direito de visitação dos avós, este deve ou não ser regulamentado, na medida
que os mesmos tem, eventualmente, obrigação alimentar ? o entendimento majoritário acolhe
a regulamentação do direito de visitação dos avós para assegurar a formação do vínculo afetivo
» até porque é inconcebível que alguém que tenha eventual obrigação alimentar não tenha
vínculos com o titular do direito aos alimentos.
NATUREZA JURÍDICA : ação pessoal porque gera obrigação pecuniária, apesar de ser
decorrente de relação de parentesco.
OBS.: há entendimento de alguns que se trataria de ação de estado porque sua origem decorre
diretamente do estado das pessoas envolvidas (parentesco, casamento).
RITO : especial, sendo o procedimento descrito por lei especial (Lei 5478/68)
PETIÇÃO INICIAL : causa de pedir » ser titular do direito de alimentos (casamento / união
estável / poder familiar / parentesco) + necessidade + possibilidade do réu.
ACIJ : momento processual em que todos os atos são praticados (contestação; provas; sentença)
ALIMENTOS :
- provisórios : sua fonte é a Lei 5478/68 (art. 4º e 13), tendo natureza de tutela antecipada »
não podem ser revogados (aliás, podem ser concedidos ex officio - interesse público)
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- provisionais : sua fonte é o CPC (art. 852), sendo medida cautelar típica, a qual poderá
assegurar certa situação jurídica até a composição de a ação principal (investigação de
paternidade, nulidade do casamento etc.)
OBS.: pode perder seus efeitos se for medida cautelar preparatória e não for observado o
trintídio.
Natureza jurídica : não constitui pena, medida satisfativa, mas sim medida coercitiva, ou seja,
meio de compelir o devedor a saldar a dívida alimentar (tanto que, uma vez paga, lavra-se o
alvará de soltura).
CONTROVÉRSIA : qual o tempo máximo de prisão civil ? 60 dias (Lei 5478/68) ou 3 meses
(art. 733 CPC) ?
3ª corrente : o tempo menor, porque » Princípio da Especialidade + benefício ao réu + não tem
a prisão natureza satisfativa.
STJ :
b) há quem entenda ser cabível prisão para o pagamento dos três últimos meses apenas, ao invés
do total devido (no caso da exceção acima)
TUTELA
TEMPO DE SERVIÇO : 2 anos, que podem ser estendidos indefinidamente, caso seja o melhor
interesse do menor (art. 1765 e parágrafo único).
IMPORTANTE : a adoção também é cabível no caso do menor cujos pais morreram ou que
foram destituídos do pátrio poder. Todavia, quando sob tutela, o menor mantém todos os
vínculos com sua família natural.
TUTELA : menor também é posto em família substituta à sua, porém não há perda dos vínculos
de parentela.
OBS.: o tutor não pode conceder a emancipação ao menor, mas o juiz pode, ouvindo o tutor.
Ex.: pais de um menor de 8 anos falecem : avô paterno pode pleitear a tutela da criança (menor
+ incapaz) ou o vizinho pode pleitear a adoção » o que é o melhor para o menor é o que deve
ser concedido.
ESPÉCIES
NULIDADE :
- pais que estivessem destituídos do poder familiar ao tempo da nomeação;
- testamento de um dos pais, nomeando tutor, e, ao tempo da sua morte, o outro genitor é
sobrevivente.
2 - LEGÍTIMA (art. 1731) : na falta de tutor nomeado pelos pais, o juiz nomeará tutor um dos
parentes consangüíneos do menor, conforme art. 1731 » tem caráter subsidiário.
Ex.: irmã mais nova temporã vive há anos com a irmã mais velha, quem, na verdade, a criou,
educou etc. Por outra via, a menor nunca teve contato com seus vós, não havendo qualquer laço
afetivo (aliás, bastante remorso).
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3 - DATIVA (ou judicial) : critério residual, ou seja, quando falharem os anteriores. Trata-se
alguém de confiança do juiz, que pode ser parente civil ou afim, bem como consangüíneo além
do 3º grau colateral.
JURISPRUDÊNCIA : o caráter residual comporta exceção, pois o juiz pode nomear um tutor
dativo, mesmo que exista ascendente ou parente consangüíneo até o terceiro grau »
depende da apreciação do melhor interesse do menor.
OBS.: esta é a espécie de tutela protetiva destinada aos menores abandonados (art. 1734), da
qual também trata o ECA.
OBSERVAÇÕES À NOMEÇÃO
- irmãos órfãos devem ter o mesmo tutor a fim de que não sejam criados separados;
- ainda que seja noemado tutor ou ainda seja exercido poder familiar, o testador pode nomear
curador especial para administrar bens deixados a menor enquanto perdurar sua
incapacidade » não confia nos representantes legais.
ACEITAÇÃO DA TUTELA
É concedido àquele que não é parente declinar à tutela se : existir parente vivo + domiciliado
na mesma localidade + possa exercer o encargo.
CONTROVÉRSIA : art. 1736, I (mulher casada) afronta a igualdade constitucional entre homens
e mulheres ? Dominante o entendimento positivo.
RECUSA OBRIGATÓRIA : as pessoas descritas no art. 1735 não podem ser tutoras, nem
mesmo se nomeadas em testamento.
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DEVERES DO TUTOR
ART. 1740 : os incisos II e III evidenciam a diferença entre os pais e o tutor, haja vista os limites
do seu poder sobre o menor.
OBS.: dever de alimentar o menor pode ser excepcionado quando este possuir bens suficientes
para suprir todas as suas necessidades.
EXCEDENTE : deve ser depositado em favor do menor, pois o tutor não é usufrutuário dos
seus bens (art. 1753).
ART. 1747 : em hipótese alguma, pode usufruir do patrimônio do menor » dever restringe-
se à mera administração, guardando-lhe os frutos, salvo as despesas para sua subsistência e
educação.
OBS.: tanto assim é que os atos de disposição que tenham de ser realizados pelo tutor
dependem de autorização judicial para serem válidos (art. 1748, 1750 e 1754).
EXCEÇÃO : quando o gerenciamento exigir conhecimentos técnicos além do vulgo ou deve ser
realizado em lugar distante » pode ser concedido pelo juiz administração por outra pessoa
(física ou jurídica).
RESPONSABILIDADE :
a) Direta e pessoal :
c) Subsidiária : juiz, quando o tutor tornou-se suspeito e não foi removido ou se deixou de
exigir garantia legal.
ATENÇÃO : rara hipótese em que o juiz é responsabilizado pelo mau exercício das funções
jurisdicionais (poucos conhecem o fato)
PROTUTOR : pessoa a quem o juiz pode nomear para delegar a função de fiscalizar o tutor »
terá direito à remuneração, ainda que pequena (o que é "gratificação módica ?")
INDENIZAÇÃO : o tutor tem direito de reaver todas as despesas realizadas, bem como
remuneração pela administração em proporção ao tamanho do patrimônio, podendo
compensar com as rendas do menor (art. 1760 e 1761)
OBS.: o tutor não poderá cobrar do tutelado qualquer dívida enquanto perdurar a tutela se não
relacionar ao juiz os débitos (matéria de prova), que deverá reconhecê-los.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
Tutores são obrigados a prestar contas da sua administração, as quais devem ser apreciadas e
julgadas pelo juiz competente, sendo consideradas inexistentes as cláusulas em contrário em
testamento.
- a cada 2 anos;
- quando o tutor deixar a tutela;
- sempre que o juiz entender conveniente
SALDO : deve ser utilizado para aquisição de imóveis, títulos (entendimento jurisprudencial :
títulos da dívida pública) ou depósito em banco oficial.
EXTINÇÃO :
- Funções do Tutor : permanece a condição de tutelado, mas o tutor deixa de exercer seus
encargos (art. 1764 e 1766)
RITO DA AÇÃO DE TUTELA : especial de jurisdição voluntária (art. 1187 e ss. CPC)
CURATELA
Também trata-se de múnus público que consubstancia medida assistencial visando à proteção
do maior incapaz, assumindo o curador a qualidade de único representante legal do
incapaz.
ART. 1774 e 1781 : instituto análogo à tutela.
INTERDIÇÃO
PESSOAS SUJEITAS À INTERDIÇÃO (art. 1767) : em geral, são pessoas que não podem
praticar sozinhas os atos da vida civil.
LIMITES DA CURATELA : serão fixados por juiz (em quê o curatelado terá de ser representado
ou assistido), pois o nível de interdição depende do grau de incapacidade aferida.
OBS.: interdição do pródigo somente o priva de atos de disposição, que extrapolam a mera
administração (art. 1782)
CURADOR : a nomeação apresenta uma ordem, a qual poderá não ser observada segundo as
conveniências do caso concreto (art. 1775)
- cônjuge ou companheiro, desde que não seja separado (de fato ou judicialmente)
OBS.: se os cônjuges forem casados pelo regime da comunhão universal, estará o curador
dispensado de prestar caução.
- por fim, qualquer pessoa idônea (irmão, tio, primo, sobrinho etc.)
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APOSTILA DE DIREITO CIVIL Professor Affonso Pernet Júnior
DEVERES :
- salvo os pródigos e as pessoas que não podem expressar vontade por razão diversa de
doença, os interditos podem ser recolhidos em estabelecimento adequado, caso não seja
aconselhável a permanência em ambiente doméstico;
AÇÃO DE INTERDIÇÃO :
OBS.: MP somente poderá ser autor em três hipóteses » doença mental grave (a ponto de
recolher a pessoa a manicômio público) OU inexistir parentes, cônjuges ou tutor OU se
existirem, forem incapazes também.
DEFENSOR : se a ação for promovida pelo MP, será dativo (em regra, Defensor Público); caso
contrário, o próprio MP.
c) Audiência de impressões pessoais : está prevista em lei para que o próprio juiz possa
perceber por si mesmo a incapacidade do interditando.
d) Prova técnica : fundamental até para que se possa saber não só a existência de incapacidade
ou mesmo a extensão da incapacidade.
CURATELA DE NASCITURO
OBS.: se a mãe ou ambos os pais forem incapazes, seu curador também será curador do
nascituro (art. 1778 e parágrafo único do art. 1779)
CURADOR DE CAPAZES
Há pessoas que são lúcidas, entendem a realidade e podem expressar vontade » todavia, são
portadoras de enfermidade ou defeito físico que os impedem de praticar os atos da vida
civil.