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3 Produtos Notáveis 23
3.1 O quadrado de uma soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2 O quadrado de uma diferença . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3 A diferença de quadrados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.4 O cubo de uma soma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4 Fatoração 31
4.1 Fatoração de um número . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.2 Fatoração de um número em fatores primos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.3 Fatoração de Monômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2
4.4 Fatoração de Binômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.5 Fatoração de Trinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5 Equações Quadráticas 42
5.1 Equações quadráticas incompletas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.2 Equações quadráticas completas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2.1 Casos em que o trinômio ax2 + bx + c é um quadrado perfeito. . . . . 44
5.2.2 Casos em que o trinômio ax2 + bx + c não é um quadrado perfeito
(completamento de quadrado) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.3 Fatoração de trinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
6 Frações Algébricas 51
6.1 Frações numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.2 Frações algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
6.3 Simplificação de frações algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.4 Adição de frações algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
7 Polinômios 60
7.1 Conceito de polinômio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
7.2 Operações com polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
7.2.1 Adição de polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
7.2.2 O produto de um número e de um polinômio . . . . . . . . . . . . . . 62
7.2.3 A diferença de polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
7.2.4 O produto de dois polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
7.2.5 O polinômio identicamente nulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
7.2.6 Quociente de polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
7.3 Raiz ou zero de um polinômio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
7.4 Divisibilidade de polinômios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
7.5 O resto da divisão de um polinômio por X – r . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
7.6 Determinação das raı́zes racionais de um polinômio . . . . . . . . . . . . . . 71
7.7 Relações entre coeficientes e raı́zes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
8 Conjuntos Numéricos 80
8.1 Conjuntos: algumas noções preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
8.2 O conjunto dos números naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
8.2.1 Propriedades operatórias dos números naturais . . . . . . . . . . . . . 82
8.3 O conjunto dos números inteiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
8.3.1 O valor absoluto de um número . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
8.3.2 Propriedades operatórias dos números inteiros . . . . . . . . . . . . . 85
8.4 O conjunto dos números racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
8.4.1 Operações com os números racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
8.4.2 Decimais periódicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
8.5 O conjunto dos números irracionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
8.6 O conjunto dos números reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
8.6.1 A reta real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
8.6.2 Intervalos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
8.6.3 Valor absoluto ou módulo de um número real . . . . . . . . . . . . . 94
8.7 Produto cartesiano de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
9 Função Afim 96
9.1 Conceitos de Função e de Função Afim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
9.2 Definição de Função e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
9.3 Gráfico de uma Função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
9.4 Função Afim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
9.5 Gráfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
9.6 Crescimento e Decrescimento da Função Afim . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
9.7 Estudo do Sinal e Inequações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
10 Funções Quadráticas 112
10.1 Definições e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
10.2 Forma Canônica e Zeros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
10.3 Valor Máximio ou Mı́nimo e Vértice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
10.4 Conjunto Imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
10.5 Eixo de Simetria da Parábola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
10.6 Gráfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
10.7 Estudo do Sinal e Inequações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Solução:
a) Represente por x o número mencionado no enunciado. Podemos reescrever o
enunciado do item (a) na forma seguinte:
x + 42 = 103.
6
b) Represente por x o número mencionado nesse enunciado. Podemos reescrevê-lo na
forma:
3x − 2x = 80,
onde 3x significa o triplo de x (isto é, 3 vezes x) e 2x significa o dobro de x (isto é, 2 vezes
x).
c) Represente por x o número mencionado nesta frase. Então, podemos reescrevê-la da
seguinte maneira:
x x
+ = 116,
2 3
x x
onde 2
designa a metade do número x e 3
designa a terça parte de x.
Atividade-proposta 1.1
Escreva as frases seguintes em linguagem simbólica:
a) o triplo de um determinado número é igual ao seu dobro mais 4;
b) um determinado número menos 17 é igual ao dobro desse número mais 4.
c) A quarta parte de um número mais a sua quinta parte é igual a 115.
Situação-problema
João tinha uma certa quantia em sua conta bancária. Após um depósito de R$ 412,00
reais seu saldo bancário passou para R$ 2.311,00. Quanto João tinha inicialmente,
antes do depósito, em sua conta bancária?
Solução:
7
Embora esse problema possa ser resolvido sem auxı́lio de uma equação, nós a utilizaremos
para ilustrar como ele pode ser escrito simbolicamente na forma de uma equação.
Represente por x a quantia que João tinha em sua conta bancária antes do depósito.
Como diz o enunciado do problema, após um acréscimo de R$ 412,00, seu saldo passou
para R$ 2.311,00. Então podemos escrever:
Desse modo, a solução do problema fica reduzida a descobrir-se qual é o número x que torna
verdadeira a frase simbólica
x + 412, 00 = 2.311, 00.
Uma das maneiras de descobrir esse x é através do método da inspeção direta (ou das
tentativas): vai-se atribuindo valores a x e testando qual deles ”funciona”(ou seja, torna
verdadeira a frase simbólica acima).
Se você substituir x pelo número 1.800,00, a igualdade acima não se verifica:
observe agora que o valor obtido foi maior do que 2.311,00, diferindo deste por uma unidade.
Portanto, se você substituir x por 1.899,00, a igualdade acima vai se verificar:
8
Portanto, João dispunha inicialmente de R$ 1.899,00 reais em sua conta bancária.
Situação-problema
Subtraindo-se 32 unidades de uma certa quantidade de objetos obtemos 11. Que
quantidade de objetos é essa?
Solução:
Pelo método da inspeção direta, é fácil concluir que a solução dessa equação é x = 43.
Situação-problema
Sabe-se que o dobro de um número mais o triplo desse número é igual a 80. Que
número é esse?
Solução
Represente o número mencionado no enunciado por x. Então, pelo enunciado do
problema podemos concluir que
2x + 3x = 80.
2 · 20 + 3 · 20 = 40 + 60 = 100.
2 · 18 + 3 · 18 = 36 + 54 = 90.
2 · 16 + 3 · 16 = 32 + 48 = 80.
9
Atividade-proposta 1.2
Sabe-se que a metade de um número mais nove é igual ao dobro desse número. Que
número é esse?
Vimos na seção anterior uma técnica de resolução de equações: o método das tentativas
(ou da inspeção direta).
Passemos, agora, a abordar um outro método de resolução de equações chamado método
operatório. Para apresentar esse método, começaremos relembrando três propriedades
Aritméticas dos números reais:
1 1
a∗ · a = · 2 = 1 e a · a∗ = 2 · = 1.
2 2
a + a∗ = a∗ + a = 0.
10
Exemplo: O inverso aditivo de a = 3 é o número a∗ = −3 porque
a + a∗ = 3 + (−3) = 0 e a∗ + a = −3 + 3 = 0.
Observação: Note que estamos admitindo a existência do 0 (isto é, o elemento neutro
da adição) e do 1 (isto é, o elemento neutro da multiplicação).
Atividade-proposta 1.3
Determine os inversos aditivo e multiplicativo dos números 7, 108, −5 e −21.
multiplicação.
Propriedade associativas:
Valem para quaisquer números reais a, b e c as seguintes igualdades:
a + (b + c) = (a + b) + c
a · (b · c) = (a · b) · c.
Exemplo
Verifique as igualdades seguintes:
a) 5 + (7 + 9) = (5 + 7) + 9,
b) 2 · (3 · 5) = (2 · 3) · 5.
Solução
11
a) Basta observar que
5 + (7 + 9) = 5 + 16 = 21
(5 + 7) + 9 = 12 + 9 = 21.
2 · (3 · 5) = 2 · 15 = 30
(2 · 3) · 5 = 6 · 5 = 30.
se a = b, então a + c = b + c,
Exemplo: Se 2 + 3 = 3 + 2. então (2 + 3) + 6 = (3 + 2) + 6.
se a = b, então c · a = c · b,
12
Situação-problema
Resolva a equação 3x = 1044, pelo método operativo.
Solução:
Precisamos determinar o valor de x para o qual esta igualdade é verdadeira. Para isso,
multiplique ambos os membros dessa igualdade pelo inverso multiplicativo de 3, então, pelo
princı́pio multiplicativo, obtemos
1 1
· (3x) = · 1044.
3 3
Então
1 · x = 348.
Logo,
x = 348.
Atividade-proposta 1.4
Resolva a equação 5x = 350 pelo método operatório.
Atividade-proposta 1.5
Resolva a equação x + 12 = 304 pelo método operatório.
Situação-problema
Mostre que se x + b = c, então x = c − b, para quaisquer números reais c e b.
Solução:
Adicione o inverso aditivo de b a ambos os membros da igualdade. Então, pelo princı́pio
aditivo, obtemos
(x + b) + (−b) = c + (−b) .
13
Pela associatividade dos números reais, obtemos
x + [b + (−b)] = c − b.
Logo, x + 0 = c − b. Donde x = c − b.
Situação-problema
Seja a um número real diferente de zero. Mostre que se
ax = c, com a 6= 0,
então
c
x= .
a
Solução:
Multiplique ambos os membros da equação pelo inverso multiplicativo de a, para obter,
pelo princı́pio multiplicativo, a igualdade seguinte:
1 1
· (ax) = · c.
a a
Logo,
c
x = .
a
Situação-problema
Resolva a equação x + 7 = 121 pelo método operatório.
Solução:
Adicione o inverso aditivo de 7 a ambos os membros dessa equação. Então, pelo princı́pio
aditivo, obtemos
x + 7 + (−7) = 121 + (−7) .
14
Pela associatividade da adição, teremos
x + [7 + (−7)] = 114.
Logo,
x + 0 = 114.
Donde, x = 144.
Atividade-proposta 1.6
A equação geral do 1o grau a uma incógnita é a equação
ax + b = 0,
onde a,e b são números reais, com a 6= 0. Mostre que a solução desta equação é dada
por
b
x=− .
a
15
Capı́tulo 2
Nosso objetivo principal nesta aula é mostrar, na seção 2.1, como a utilização de
incógnitas pode ser utilizada na resolução de alguns problemas, e conceituar, na seção 2.2,
solução de uma equação a uma incógnita.
Situação-problema:
O dobro da idade de João adicionado ao seu triplo é igual a 85. Qual a idade de
João?
Solução:
Representaremos por x a idade de João. Pelo enunciado do problema sabemos que
3x + 2x = 85.
15
Note que adicionando 2x a 3x obtemos no primeiro membro da equação o número 5x.
Então podemos reescrever essa equação na forma
5x = 85.
Multiplicando ambos os membros dessa equação por 1/5 obtemos a seguinte igualdade:
85
x= .
5
Atividade-proposta 2.1
A soma do dobro da idade de Pedro e do triplo da idade de Maria é igual a 132
anos. Sabendo-se que a idade de Maria é um terço da idade de Pedro, determine as
idades de Pedro e de Maria.
Situação-problema
Três irmãos nasceram em anos consecutivos. Sabendo que a soma de suas idades é
159, qual a idade de cada um deles?
Solução:
Suponha que a idade do mais novo é x. Então as idades dos outros dois são x + 1 e
x + 2. Pelo enunciado do problema, sabemos que
x + (x + 1) + (x + 2) = 159.
3x + 3 = 159.
3x = 156.
16
Multiplicando cada membro dessa última equação por 1/3, concluı́mos
156
x= .
3
52, 53 e 54.
Atividade-proposta 2.2
Achar quatro números consecutivos cuja soma é 174.
Situação-problema
Resolva a equação 3x + 4 = 2x − 3.
Solução:
Adicionando-se −2x a ambos os membros dessa equação, obtemos, pelo Princı́pio
Aditivo,
−2x + (3x + 4) = −2x + (2x − 3) . (2.1)
x = −7.
Atividade-proposta 2.3
Resolva a equação 2x + 5 = 4x − 3, pelo método operatório.
17
Situação-problema
Resolva a equação
2 (3x + 8) = 3 (x + 1) .
Solução:
Usaremos na resolução deste problema a propriedade distributiva dos números reais, a
qual afirma que a igualdade
a (b + c) = ab + ac,
vale para todos os números reais a, b e c. Desse modo, por essa propriedade de
distributividade, podemos reescrever o primeiro membro da equação na forma
2 (3x + 8) = 2 · 3x + 2 · 8 = 6x + 16,
3 (x + 1) = 3x + 3 · 1 = 3x + 3.
6x + 16 = 3x + 3.
Donde, pelo método operatório já descrito anteriormente, chegamos à seguinte equação:
6x − 3x = 3 − 16.
Finalmente, obtemos
13
x=− ,
3
que é a solução da equação dada.
18
Atividade-proposta 2.4
Resolva a equação 6 (x + 2) = 4 (3x + 1) , pelo método operatório.
Situação-problema
João viveu a metade de sua vida em Maceió, quando mudou-se para São Paulo. Em
São Paulo, faleceu após 23 anos. Quantos anos João viveu?
Solução:
Seja x o número de anos vividos por João. Então, pelo enunciado, temos a igualdade:
x
+ 23 = x.
2
x + 46 = 2x.
x = 46.
Situação-problema
Resolva a equação
x x
+ 11 = .
3 4
Solução:
Multiplicando ambos os membros dessa equação por 12, que é o mı́nimo múltiplo comum
dos denominadores 3 e 4, obtemos que
x x
12 · + 11 = 12 · .
3 4
4x + 132 = 3x.
19
Adicionando −3x a ambos os membros dessa equação, obtemos
x + 132 = 0.
x = −132.
Atividade-proposta 2.5
Ache a solução da equação
x x
+ 13 = ,
4 8
pelo método operatório.
Situação-problema
Um expresso gasta 4 horas, em média, de Maceió a Recife, enquanto um pinga-pinga
gasta 6 horas, em média. Se o pinga-pinga partiu às 9 horas e o expresso partiu às
10 horas, a que horas o expresso alcançará o pinga-pinga?
Solução:
Observe que as velocidades médias do expresso e do pinga-pinga são, respectivamente,
d d
ve = e vpp = ,
4 6
onde d representa a distância que os ônibus percorrerão de Maceió a Recife. Suponha, agora,
que os dois ônibus se encontram num momento t, depois do pinga-pinga partir.
Como o pinga-pinga viajou t horas e o expresso viajou t − 1 horas, então os espaços
percorridos pelo expresso e pelo pinga-pinga são, respectivamente;
d
spp = vpp · t = · t,
6
d
se = ve · (t − 1) = (t − 1) .
4
Desse modo, no momento do encontro, temos que
spp = se ,
20
donde
d d
t = (t − 1) .
6 4
1
Então, multiplicando ambos os membros por d
, obtemos
t t−1
= .
6 4
4t = 6 (t − 1)
x − 4 = 1.
Situação-problema
Resolva a equação x − 4 = 1 no conjunto dos números naturais N
Solução:
Você vai encontrar facilmente, tanto pelo método das tentativas quanto pelo método
operatório, que x = 5 é o único número que torna verdadeira a frase simbólica x − 4 = 1.
Portanto, x = 5 é a solução da equação dada.
O conjunto N, no qual procuramos a solução da equação dada, é denominado conjunto
universo da equação. O elemento 5 do conjunto N que torna verdadeira a equação dada é
denominado solução dessa equação no conjunto universo N.
21
Temos, então, em suma:
Equação dada: x − 4 = 1
Conjunto universo: N
Solução: x = 5.
Conjunto solução: {5}
Situação-problema
Considere agora a equação x + 4 = 0. Resolva essa equação:
a) tendo o conjunto N dos números naturais como conjunto universo.
b) tendo o conjunto Z dos números inteiros como conjunto universo;
Solução:
a) É fácil se convencer através do método das tentativas de que em N a equação dada
não admite solução. Logo, o conjunto solução dessa equação em N é o conjunto vazio.
b) Em Z, a equação dada admite uma solução: x = −4 . Logo, o conjunto solução
dessa equação em Z é o conjunto {−4};
Situação-problema
Resolva a equação 2x + 3 = 0:
a) tendo o conjunto Q dos números racionais como conjunto universo;
b) tendo o conjunto N dos números naturais como conjunto universo.
Solução:
22
a) É fácil verificar, pelo método operatório, que é solução em Q da equação dada.
b) É fácil verificar, pelo método das tentativas, que essa equação não tem solução no
conjunto universo N.
Situação-problema
Considere agora a equação x2 − 4 = 0. Resolva essa equação:
a) tendo Z como conjunto universo;
b) tendo N como conjunto universo;
c) tendo A = {1, 3, 5} como conjunto universo.
Solução:
a) Em Z, a equação dada admite duas soluções:x = 2 e x = −2. Em Z, o conjunto
solução da equação dada é o conjunto {2, −2}.
b) Em N, a equação dada admite uma única solução: x = 2. Em N, o conjunto solução
dessa equação é {2}.
c) No conjunto A = {1, 3, 5}, a equação dada não admite solução.
Atividade-proposta 2.8
Considere agora a equação x2 − 9 = 0. Resolva essa equação:
a) tendo Z como conjunto universo;
b) tendo N como conjunto universo;
c) tendo A = {1, 3, 5} como conjunto universo.
23
Capı́tulo 3
Produtos Notáveis
onde a, b, c e d são números reais quaisquer. Veremos que alguns produtos desse tipo
apresentam algumas regularidades (isto é, algumas propriedades que se repetem) e cujo
aprendizado permite um cálculo mais rápido ou mais direto dessas expressões. Tais produtos
que apresentam essas regularidades são chamados de produtos notáveis.
Situação-problema
Mostre que se a, b, c e d são números reais quaisquer, então
(a + b) (c + d) = ac + ad + bc + bd.
Solução:
Podemos mostrar essa igualdade através da aplicação da propriedade distributiva dos
números reais. Para ver isso, observe que a soma de dois números reais é ainda um número
real. Então, podemos interpretar o fator (a + b) como um número real. Desse modo, pela
23
propriedade de distributividade dos números reais, podemos escrever
(a + b) (c + d) = (a + b) c + (a + b) d.
(a + b) c = ac + bc
e
(a + b) d = ad + bd.
Observação:
Quando a, b, c e d são números reais positivos, o produto (a + b) (c + d) pode ser
interpretado como a relação entre a área do retângulo de lados (a + b) e (c + d) e as
áreas dos retângulos nele contidos:
ad bd d
ac bc c
a b
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2 .
24
Solução:
Note que
(a + b)2 = (a + b) (a + b) .
(a + b) (a + b) = (a + b) a + (a + b) b
= a2 + ab + ba + b2
= a2 + 2ab + b2 .
Portanto,
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2 .
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2
pode ser interpretado como a relação entre a área do quadrado de lados a + b e as áreas dos
retângulos nele contido, indicados na seguinte figura:
Situação-problema
Calcule o seguinte produto
(4x + y)2 ,
Solução:
25
ab b2 b
a2 ab a
a b
= 16x2 + 8xy + y 2 .
Solução:
Para obter este resultado, basta observar que a diferença de dois números pode ser vista
como uma soma. Para ver isso, basta notar que
a − b = a + (−b) .
26
Desse modo, recaı́mos no caso anterior, podendo aplicar assim a fórmula obtida na situação-
problema anterior:
= a2 − 2ab + b2 .
b(a-b) b2 b
a-b b
a
a2 = (a − b)2 + 2b (a − b) − b2 .
27
Daı́, concluı́mos que
(a − b)2 = a2 − 2b (a − b) − b2 .
Logo,
(a − b)2 = a2 − 2ab + b2 .
Situação-problema
Calcule o produto (3m − 2n)2 .
Solução:
Pela fórmula vista na situação-problema anterior,
Solução:
Para ver isso, observe que
(a + b) (a − b) = (a + b) [a + (−b)] .
28
Aplique agora a propriedade distributiva dos números reais para obter
(a + b) [a + (−b)] = (a + b) a + (a + b) (−b)
= a2 + ba + a (−b) + b (−b)
= a2 + ba − ab − b2
= a2 − b2 .
Logo,
(a + b) (a − b) = a2 − b2 .
Situação-problema
Determine o produto (2m + 5n) (2m − 5n) .
Solução:
Pela fórmula vista na situação-problema anterior,
= 4m2 − 25n2 .
29
3.4 O cubo de uma soma
Situação-problema
Mostre que
(a + b)3 = a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3 ,
Solução:
Para ver isso, basta observar que
(a + b)3 = (a + b) (a + b)2
= (a + b) a2 + 2ab + b2 .
(a + b) a2 + 2ab + b2
= a a2 + 2ab + b2 + b a2 + 2ab + b2
= a3 + 3a2 b + 3ab2 + b3 .
30
Atividade proposta 3.8
Dê uma interpretação geométrica para a fórmula
31
Capı́tulo 4
Fatoração
Como você deve se lembrar, fatorar um número natural é escrevê-lo como um produto
de números naturais. Desse modo, todo número natural n admite duas fatorações triviais,
as quais consistem em escrevê-lo nas formas
n = n · 1 e n = 1 · n.
N = {1, 2, 3, . . .}
Exemplo:
31
O número 12 pode ser fatorado de várias maneiras:
12 = 12 · 1
12 = 1 · 12
12 = 2 · 6
12 = 3 · 4
12 = 4 · 3
12 = 2 · 2 · 3
12 = 3 · 2 · 2
12 = 2 · 3 · 2.
12 = 6 · 2,
O nosso objetivo nessa seção é aprender (ou recordar) alguns fatos básicos sobre a
fatoração de um número em fatores primos.
Para entender o que é um número primo, lembremos o conceito da divisibilidade de um
número natural. Dizemos que um número natural a é divisivel por um número b diferente
de zero quando podemos escrever a da seguinte maneira:
a = b · c,
para algum número natural c. Neste caso, dizemos também que b é divisor de a ou que a é
um múltiplo de b
32
Exemplo:
8 é divisı́vel por 2, porque 8 = 2 · 4; neste caso, dizemos também que 2 é divisor de 8.
8 é divisı́vel por 4, porque 8 = 4 · 2; neste caso, dizemos que 4 é divisor de 8.
8 não é divisivel por 3, porque não existe nenhum número inteiro c para o qual 8 = 3 · c.
Exemplo:
Todo número natural n é divisı́vel por 1, porque sempre podemos escrever
n = 1 · n.
Todo número natural n também é divisı́vel por ele mesmo, porque sempre temos a
igualdade seguinte:
n = n · 1.
Situação-problema:
Determine todos os divisores de 12.
Solução:
Os divisores de 12 são os números 1,2,3,4,6 e 12, como você facilmente pode constatar.
Exemplo:
33
Os números 2,3,5 e 7 são números primos. Agora, o número 6 não é um número primo,
porque ele admite outros divisores além de 1 e 6:
6= 2·3
6 = 3 · 2.
Se você observar bem, vai notar que números que não são primos podem ser escritos
como um produto de números primos; por exemplo,
4=2·2
6=2·3
8= 2·2·2
9 = 3 · 3.
Pode-se mostrar que isso é sempre verdade, ou seja, que todo número inteiro maior do
que 1 é um produto de números primos. Esse fato é conhecido em Matemática como o
Teorema Fundamental da Aritmética, cuja demonstração será vista em um curso posterior
sobre teoria dos números.
Em outras palavras, o Teorema Fundamental da Aritmética afirma que todo número
inteiro n maior do que 1 que não é primo pode ser escrito como um produto de números
primos. Cada número primo que aparece nesse produto é chamado fator do número inteiro
n.
Situação problema:
Fatore 24 e 36 como um produto de fatores primos.
34
Solução:
24 2
12 2
6 2 Então podemos escrever 24 = 2 · 2 · 2 · 3 = 23 · 3.
3 3
1
36 2
18 2
9 3 Então podemos escrever 36 = 2 · 2 · 3 · 3 = 22 · 32 .
3 3
1
x2 + 2x2 y + x + 3
cujas parcelas envolvem apenas incógnitas (como é o caso de x2 e x), produtos de número
e incógnitas (como é o caso de 2 · x2 · y ) ou ainda números isolados (como é o caso de 3).
Essas expressões que envolvem apenas números isolados ou incógnitas isoladas, ou
potências de incógnitas, ou ainda produtos de número e potências de incógnitas são
chamadas monômios.
Situação-problema
Quais das expressões abaixo são monômios? Justifique.
a) 2xy
b) 2xy + x2
c) x + 2
d) 4a2 b.
35
Solução:
a) A expressão 2xy é um monômio, porque é constituı́da apenas por produtos de um
número ( o 2) e incógnitas (x e y).
b) A expressão 2xy + x2 não é um monômio, porque envolve uma adição.
c) A expressão x + 2 não é um monômio, porque envolve uma soma.
d) A expressão 4a2 b é um monômio, porque é constituı́do apenas por produtos de número
e incógnitas.
Situação-problema
Fatore o monômio 4x3 de várias maneiras.
Solução:
4x3 = 4x · x2
4x3 = 2x · 2x2
4x3 = 4x2 · x
4x3 = x · 4x2
4x3 = x · x2 · 4
4x3 = 4 · x · x · x.
36
Atividade proposta 4.6
Fatore o monômio 8x3 y de cinco maneiras distintas.
Exemplo:
As expressões x2 +2xy, x−2 e A2 −B 2 são binômios, porque são constituı́dos pela adição
de dois monômios:
Situação-problema
Fatore o binômio 4a2 b + 8ab.
Solução:
37
A fatoração de um binômio pela técnica do fator comum consiste em se destacar em
cada uma de suas parcelas um fator comum investigando cada uma delas:
1a parcela: 4a2 b = 4 · a · a · b
2a parcela: 8ab = 2 · 4 · a · b.
Note que 4ab aparece em ambas as parcelas, constituindo-se assim em um fator comum.
Então, podemos colocar esse fator comum 4ab em evidência fazendo uso da propriedade
distributiva dos números reais:
Passaremos, agora, a uma outra técnica de fatoração, a dos produtos notáveis, a qual se
aplica a expressões do tipo,
A2 − B 2 ,
A2 − B 2 = (A − B) (A + B) .
Situação problema
Fatore o binômio 4x2 − 9.
Solução:
38
Para fazer essa fatoração, basta abservar que
4x2 − 9 = (2x)2 − 32 .
Aqui A = 2x e B = 3.
Situação-problema
Fatore o trinômio 2x3 + 4x2 + 6x.
Solução:
Analogamente ao caso dos binômios, podemos fatorar esse trinômio buscando destacar
em cada uma de suas parcelas um termo comum:
39
Note que 2x é um fator comum às três parcelas. Então, podemos escrever
2x3 + 4x2 + 6x = 2x · x2 + 2x · 2x + 2x · 3
= 2x x2 + 2x + 3 .
Passemos agora à técnica dos produtos notáveis. Essa técnica se baseia na utilização
dos produtos notáveis
(A + B)2 = A2 + 2AB + B 2
(A − B)2 = A2 − 2AB + B 2 .
Situação-problema
Decida para quais dos trinômios abaixo é válida a fórmula A2 + 2AB + B 2 =
(A + B)2 :
a) x2 + 6x + 9
b) x2 + 6x + 6
c) 4x2 + 12x + 16.
Solução:
a) É válida neste caso, porque
x2 + 6x + 9 = x2 + 2 · 3x + 32
x2 + 6x + 9 = (x + 3)2 .
40
Aqui A = x e B = 3.
b) Não é válida. Porque
x2 + 6x + 6 6= x2 + 2 · 3 · x + 32 .
c) É válida. Porque
Situação-problema
Decida para quais dos trinômios abaixo a fórmula A2 − 2AB + B 2 = (A − B)2 é
válida:
a) x2 − 6x + 9
b) x2 − 6x + 5.
Solução:
a) x2 − 6x + 9 = x2 − 2 · 3x + 32 = (x − 3)2 .
b) Não é válida, porque x2 − 6x + 5 6= x2 − 2 · 3x + 32 .
41
Atividade proposta 4.13
Fatore as seguintes expressões:
a) x2 + 6x + 9
b) x2 − 4x + 4
c) x4 + 8x2 + 16
d) 4x2 − 12x + 9.
42
Capı́tulo 5
Equações Quadráticas
Nosso objetivo principal nesta aula é aprender a identificar e resolver uma equação
quadrática reconhecendo as condições sobre as quais ela admite nenhuma, uma ou duas
soluções reais.
Vamos iniciar esta aula aprendendo a identificar uma equação quadrática a uma incógnita
em sua forma geral.
Em linguagem simbólica, a equação quadrática geral a uma incógnita e a
coeficientes reais é uma expressão do tipo
ax2 + bx + c = 0,
a) 2x2 − 3x + 1 = 0, (aqui a = 2, b = −3 e c = 1)
b) x2 + 4 = 0 (aqui a = 1, b = 0 e c = 4);
42
Atividade proposta 5.1
Determine os coeficientes (a, b e c) das equações quadráticas abaixo:
a) 3x2 + x + 3 = 0
b) x2 − 2x = 0
c) x2 − 4 = 0.
Situação-problema
Determine a aresta de um quadrado cujo dobro da área é igual a 32 m2 .
Solução:
Seja x a aresta do quadrado. Pelo enunciado do problema, sabemos que
2x2 = 32.
Então,
x2 = 16.
Donde,
x = −4 ou x = 4.
Situação-problema
Determine x, sabendo que
4x2 + 16x = 0.
Solução:
43
Observe que 4x é um fator comum do binômio que aparece no primeiro membro da
equação dada. Então, fatorando o primeiro membro da equação, obtemos
4x (x + 4) = 0. (5.1)
Para resolver esta equação, utilizaremos o seguinte fato: se A e B são números reais tais
que A · B = 0, então A = 0 ou B = 0. (Veja a atividade proposta 5.3 adiante) Desse modo
da igualdade (5.1) acima podemos concluir que
4x = 0 ou x + 4 = 0.
Atividade-proposta 5.2
Determine x, sabendo que:
a) x2 − 18x = 0
b) 4x2 + 8x = 0
Solução:
44
Note que o trinômio do primeiro membro da equação pode ser fatorado por intermédio
do produto notável
(A + B)2 = A2 + 2AB + B 2 .
(x + 2)2 = 0.
O único número cujo quadrado é igual a zero é o próprio zero, logo x + 2 = 0. Donde,
x = −2.
Situação-problema
Resolva a equação
x2 − 8x + 16 = 0.
Solução:
Basta notar que
x2 − 8x + 16 = x2 − 2 · 4x + 42 .
(x − 4)2 = 0.
Logo,
x − 4 = 0.
Donde, x = 4.
45
5.2.2 Casos em que o trinômio ax2 + bx + c não é um quadrado
perfeito (completamento de quadrado)
Situação-problema
Determine x, sabendo que
x2 + 6x + 5 = 0.
Solução:
Neste caso não podemos utilizar nenhum produto notável, porque
x2 + 6x + 5 6= x2 + 2 · 3x + 32 .
Embora o primeiro membro da equação não seja um quadrado perfeito, podemos ”aproximá-
lo”de um quadrado perfeito escrevendo-o do seguinte modo:
x2 + 6x + 5 = x2 + 2 · 3x + 5
= x2 + 2 · 3x + 32 − 32 + 5.
x2 + 2 · 3x + 32 − 9 + 5 = 0.
(x + 3)2 − 4 = 0.
Donde,
(x + 3)2 = 4.
Logo,
x + 3 = 2 ou x + 3 = −2.
46
Portanto, x = −1 ou x = −5.
Situação-problema
Considere a equação quadrática
x2 + Bx + C = 0,
onde B e C são números reais quaisquer. Mostre que se as soluções dessa equação
existirem, então elas serão dadas por
√ √
−B + B 2 − 4C −B − B 2 − 4C
x1 = e x2 = .
2 2
Solução:
Por completamento de quadrados, obtemos
" 2 # 2
2 2 B B B
x + Bx + C = 0 =⇒ x + 2 · x + +C − =0
2 2 2
47
Logo, se B 2 − 4C ≥ 0, então r
B B 2 − 4C
x+ =±
2 4
Donde √
−B ± B 2 − 4C
x= .
2
Observação: A resolução da situação-problema acima mostra que se B 2 − 4C ≥ 0,
então existe pelo menos uma solução real para a equação x2 + Bx + C = 0.
Situação-problema:
Determine as soluções da equação x2 − 3x + 2 = 0, caso existam.
Solução:
Usando as fórmulas dadas na situação-problema anterior, e notando que B = −3 e
C = 2, obtemos
√
q
− (−3) + (−3)2 − 4 (2) 3+ 1
x1 = = =2
2 2
e
√
q
− (−3) − (−3)2 − 4 (2) 3− 1
x2 = = = 1.
2 2
Situação-problema
Considere a equação quadrática
ax2 + bx + c = 0, a 6= 0.
Mostre que se as soluções dessa equação existirem elas serão dadas por
√
−b ± ∆
x= ,
2a
onde ∆ = b2 − 4ac.
Solução:
48
Basta observar que se ax 2 + bx + c = 0, então a x2 + ab x + c
a
= 0. Deste modo obtemos
b c
x2 + x + = 0.
a a
Aplicando a situação-problema anterior, com B = ab e C = ac , obtemos
√
−b ± ∆
x= .
2a
ax2 + bx + c = 0
Observação 1:
A expressão ∆ = b2 − 4ac é chamada de discriminante da equação ax2 + bx + c = 0,
a 6= 0.
Observação 2:
O número de soluções reais da equação ax2 + bx + c = 0, a 6= 0 é dado pelo sinal do
discriminante:
a) Se ∆ > 0, essa equação tem duas soluções reais;
b) Se ∆ = 0, essa equação tem uma única solução real;
c) Se ∆ < 0, essa equação não tem solução real.
49
5.3 Fatoração de trinômios
Situação-problema
Mostre que se x1 e x2 são as duas soluções de ax2 + bx + c = 0, então
a (x − x1 ) (x − x2 ) = ax2 + bx + c.
Solução:
√ √
−b+ ∆ −b− ∆
Sejam x1 = 2a
e x2 = 2a
as duas soluções da equação ax2 + bx + c = 0.
Note inicialmente que
(x − x1 ) (x − x2 ) = x2 − (x1 + x2 ) x + x1 x2 .
Mas
√ √
−b + ∆ −b − ∆ b
x1 + x2 = + =− .
2a 2a a
√ ! √ !
−b + ∆ −b − ∆ 1
= 2 b2 − ∆
x1 · x2 = ·
2a 2a 4a
1 2 2
4ac
= b − b − 4ac = 2
4a2 4a
c
= .
a
Logo,
b c
(x − x1 ) (x − x2 ) = x2 − x + .
a a
Portanto,
a (x − x1 ) (x − x2 ) = ax2 + bx + c.
Para obter uma fatoração desse trinômio, basta determinar duas soluções x1 e x2 da equação
ax2 + bx + c = 0 e escrever
ax2 + bx + c = a (x − x1 ) (x − x2 ) .
50
Note que se ∆ ≥ 0, então o trinômio ax2 + bx + c pode ser fatorado e dizemos então que
ele é redutı́vel. Contudo se ∆ < 0 então a equação ax2 + bx + c = 0 não admite solução real.
Donde segue-se que o trinômio ax2 + bx + c não pode ser fatorado. Neste caso dizemos que
ele é irredutı́vel no conjunto dos números reais.
Situação-problema
Fatore o trinômio
3x2 − 3x − 6 = 0.
Solução:
Determinemos as soluções da equação 3x2 − 3x − 6 = 0:
√ √
q
−b + ∆ − (−3) + (−3)2 − 4 · 3 · (−6) 3 + 81
x1 = = = =2
2a 2·3 6
√ √
q
−b − ∆ − (−3) − (−3)2 − 4 · 3 · (−6) 3− 81
x2 = = = = −1.
2a 2·3 6
Logo 3x2 − 3x − 6 = 3 (x − 2) (x + 1) .
51
Capı́tulo 6
Frações Algébricas
Antes de começarmos a trabalhar com as frações algébricas, vamos recordar alguns fatos
básicos acerca das frações numéricas.
Como você ainda se lembra, uma fração numérica é um quociente do tipo
A
(lê-se: A sobre B ou A dividido por B),
B
A
Uma fração numérica B
é redutı́vel quando os números A e B apresentam pelo menos
um divisor comum maior do que 1; quando A e B não apresentam pelo menos um divisor
A
comum maior do que 1 diz-se que a fração B
é irredutı́vel.
Exemplos:
4
a) A fração numérica 8
é redutı́vel, porque 4 e 8 têm um divisor comum: o número 2.
51
b) A fração 2/3 é irredutı́vel, porque o numerador e o denominador não possuem nenhum
divisor comum maior do que 1.
5 3 9 2 1 4
, , , , , .
25 27 1 5 8 50
Simplificar uma fração numérica redutı́vel é dividir o seu numerador e o seu denominador
por seus divisores comuns. A fração irredutı́vel que se obtém após a simplificação de uma
fração redutı́vel chama-se forma simplificada da fração redutı́vel.
Situação-problema
36 25
Simplifique as frações 30
e 45
.
52
A C
Duas frações redutı́veis B
e D
são equivalentes quando têm a mesma forma simplificada.
Situação-problema
Estude a equivalência das seguintes frações:
2
a) 3
e 65 ;
4
b) 8
e 12 ;
4 16
c) 8
e 32
.
Solução:
2 5 2
a) Note que 3
e 6
são frações irredutı́veis. Como 3
6= 56 , então essas frações não são
equivalentes.
1 4
b) Note que 2
é irredutı́vel e que 8
é redutı́vel. Observe também que
4 6 2· 6 2 1
= = .
8 6 2· 6 2 · 2 2
4
Como a forma simplificada de 8
é igual a 12 , então 4
8
e 1
2
são equivalentes.
4 16
c) Note que as duas frações 8
e 32
são redutı́veis.
Observe que
4 2·2 1
= =
8 2·2·2 2
e
16 2·2·2·2 1
= = .
32 2·2·2·2·2 2
Logo, como as frações dadas possuem a mesma forma simplificada, elas são equivalentes.
53
6.2 Frações algébricas
Exemplo: Os quocientes
7x2 + 3x 5a (x + 1) (x − 2)
2
, 2
e
x + x 4ab + ba x2 − 2x + 4
Situação-problema
3x3 + 4xy
A fração algébrica 2 é redutı́vel?
x + 2xy
54
6.3 Simplificação de frações algébricas
Simplificar uma fração algébrica redutı́vel é dividir o seu numerador e o seu denominador
por todos os seus fatores comuns.
Situação-problema
Simplificar as frações abaixo:
3x3 + 4xy
a) 2 , x 6= 0;
x + 2x
(a + h)2 − a2
b) , h 6= 0;
h
(x + 1) (x − 2)
c) , x 6= 0;
x2 − 4x + 4
(x − 3)2
d) , x 6= 2 e x 6= 3.
x2 − 5x + 6
Solução:
a) Para simplificar a primeira fração, fatora-se o seu numerador e o seu denominador, e
em seguida divide-se o numerador e o denominador por seus fatores comuns:
3x3 + 4xy x (3x2 + 4y) (3x2 + 4y)
= = .
x2 + 2x x (x + 2) (x + 2)
Paramos aqui, porque o numerador e o denominador dessa última fração não têm mais
nenhum fator comum.
b) Antes de fatorar o numerador, podemos efetuar algumas operações preliminares:
(a + h)2 − a2 6 a2 + 2ah + h2 − 6 a2 2ah + h2
= = .
h h h
Podemos, agora, fatorar essa última fração algébrica:
2ah + h2 6 h (2a + h)
= = 2a + h.
h 6h
Portanto,
(a + h)2 − a2
= 2a + h, para h 6= 0.
h
c) O numerador já está fatorado. O denominador pode ser fatorado por intermédio de
uma das fórmulas dos produtos notáveis que você já sabe:
55
x2 − 4x + 4 = (x − 2)2 = (x − 2) (x − 2) .
Então,
(x + 1) (x − 2) (x + 1) (x − 2) x+1
2
= = .
x − 4x + 4 (x − 2) (x − 2) x−2
d) O numerador já está fatorado. Fatoremos então o denominador:
x2 − 5x + 6 = (x − 2) (x − 3) .
x2 − 5x + 6 = 0.)
Então,
(x − 3)2 (x − 3) (x − 3) x−3
2
= = .
x − 5x + 6 (x − 2) (x − 3) x−2
Observação: Não cometa o erro:
6x+3 3
= .
6x+5 5
Esta simplicação está errada, porque x não é um fator comum ao numerador nem ao
denominador. E só podemos simplificar fatores comuns.
Atividade proposta 6.5
Simplifique as frações abaixo:
2x2 + 4xy 2
a) 2 3 , x 6= 0 e y 6= 0;
x y + xy
(a + h)3 − a3
b) , h 6= 0;
h
(x − 3) (x + 4)
c) , x 6= 3;
x2 − 6x + 9
(x + 1) (x − 2)2
d) , x 6= 2 e x 6= 3.
x2 − 5x + 6
56
6.4 Adição de frações algébricas
Situação- problema
Adicione:
1 1
a) 8
+ 12
;
2 3
b) 45
+ 15
.
8 = 23
12 = 22 · 3.
Lembre-se que o mmc de 8 e 12 é obtido fazendo-se o produto dos fatores comuns e não
comuns a esses dois números de maiores expoentes.
Então o mmc de 8 e 12 é igual a
23 .3 = 8 · 3 = 24.
Escreve-se, então,
mmc (8, 12) = 24
57
Desse modo,
1 1 3 2 5
+ = + = .
8 12 24 24 24
b) Determinemos o mmc de 15 e 45:
15 = 3 · 5
45 = 32 · 5.
32 .5 = 45.
Idéias análogas são utilizadas para a soma de frações algébricas: a) se as frações têm
o mesmo denominador, então soma-se os numeradores e mantém-se o denominador; b) se
as frações tem denominadores diferentes, então determina-se o mmc dos denominadores e
reescreve-se as frações como frações equivalentes de mesmos denominadores e efetua-se a
soma.
Situação-problema
6x 3 + 2x
Calcule: −
2x + 1 2x + 1
58
Solução: Note que as frações têm o mesmo denominador. Então
6x 3 + 2x 6x − (3 + 2x) 6x − 3 − 2x
− = =
2x + 1 2x + 1 2x + 1 2x + 1
4x − 3
= .
2x + 1
Situação-problema
Adicione as seguintes frações algébricas:
6x 3 + 2x
a) e ;
2x + 1 2x + 1
8 2x
b) 3 e 2 .
(x + 1) x +x
Solução: a) Observe que as frações algébricas dadas têm o mesmo dnominador, então
6x 3 + 2x 3 + 8x
+ = .
2x + 1 2x + 1 2x + 1
b) Note que os denominadores das frações algébricas dadas são distintos. Determinemos,
então o mmc dos denominadores (x + 1)3 e x2 + x :
o primeiro denominador: (x + 1)3
o segundo denominador: x2 + x = x (x + 1) .
Logo, o mmc de (x + 1)3 e x2 + x é obtido multiplicando-se os fatores comuns e não
comuns de ambos os denominadores de maiores expoentes:
x (x + 1)3 .
Então
8 2x 8x 2x (x + 1)2 8x + 2x (x + 1)2
+ = + =
(x + 1)3 x2 + x x (x + 1)3 x (x + 1)3 x (x + 1)3
Situação-problema
4x 3
Adicione 2 3 e .
(x + 2) (x + 1) (x + 2) (x + 1)2
3
59
primeiro denominador: (x + 2)2 (x + 1)3
segundo denominador: (x + 2)3 (x + 1)2 .
Logo, o mmc desses dois denominadores é igual a
(x + 2)3 (x + 1)3 .
Desse modo,
4x 3 4x (x + 2) 3 (x + 1)
2 3 + 3 2 = 3 3 +
(x + 2) (x + 1) (x + 2) (x + 1) (x + 2) (x + 1) (x + 2)3 (x + 1)3
4x (x + 2) + 3 (x + 1)
= .
(x + 2)3 (x + 1)3
60
Capı́tulo 7
Polinômios
Vamos iniciar esta aula definindo o que entendemos por polinômio. Esse conceito é
de fundamental importância em toda matemática. Ao longo do seu curso de Licenciatura
em Matemática você verá que a solução de muitos problemas matemáticos depende da
determinação de raı́zes de um polinômio ou da aplicação de suas propriedades.
60
Quando an = 1, dizemos que o polinômio P (X) é mônico. O número a0 é chamado termo
independente do polinômio P (X).
Exemplos:
a) P (X) = 5X 4 + 2X 3 − 5X + 1 é um polinômio de grau 4 em uma incógnita X a
coeficientes em R que não é mônico, porque a4 6= 1.
√
b) D (X) = X 2 − 2X + 3é um polinômio mônico de grau 2 a coeficientes reais.
P (X) = 2X 3 − 4X 2 + 2X + 1
Q (X) = X 3 − 2X 2 − 3X + 2
61
7.2.2 O produto de um número e de um polinômio
= X 5 + X 4 − X + 1 − X 3 + 2X + 3
= X 5 + X 4 − X 3 + X + 4.
62
Exemplo: Se P (X) = X 3 + X + 2 e Q (X) = X + 3, então
P (X) · Q (X) = X 3 + X + 2 · (X + 3)
= X3 + X + 2 · X + X3 + X + 2 · 3
= X 4 + X 2 + 2X + 3X 3 + 3X + 6
= X 4 + 3X 3 + X 2 + 5X + 6
Ou seja
X3 + X + 2
X +3
X 4 + X 2 + 2X (obtido multiplicando-se X por X 3 + X + 2)
3X 3 + 3X + 6 (obtido multiplicando-se 3 por X 3 + X + 2)
Observação:
Sejam P e Q dois polinômios tais que gr (P ) = m e gr (Q) = n. Então o grau do produto
P · Q é igual a m + n, ou seja,
gr (P · Q) = gr (P ) + gr (Q) .
63
Situação-problema
Seja P (X) = (m2 − 4) X 3 +(n + 3) X +(p3 + 8). Sabendo que P (X) é um polinômio
identicamente nulo, calcule m, n e p.
Solução:
Para que o polinômio dado seja identicamente nulo seus coeficientes devem ser nulos,
Então devemos ter
m2 − 4 = 0, n + 3 = 0 e p3 + 8 = 0.
Donde concluı́mos que m = ±2, n = −3 e p = −2.
Dados dois polinômios quaisquer P (X) e D(X) sempre é possı́vel determinar-se dois
polinômios Q(X) e R(X) de modo que
Observação:
Costuma-se dispor esses polinômios da seguinte maneira:
P (X) D (X)
R (X) Q (X)
64
Situação-problema
Determine o quociente e o resto do quociente dos polinômios P (X) = 3X 5 + X 3 −
4X 2 + 7X − 5 e D (X) = X 3 − 4X 2 + 7X − 5.
Solução:
1a etapa: Divide-se o monômio de maior grau do dividendo P (X) pelo monômio de
maior grau do divisor (Neste caso, divide-se 3X 5 por X 3 obtendo-se 3X 2 ):
3 2 2
3X 5 +X − 4X + 7X − 5 X 3 −4X + 7X − 5
3X 2
3a etapa: Divide-se o monômio de maior grau do primeiro resto parcial pelo monômio
de maior grau do divisor (neste caso divide-se 12X 4 por X 3 obtendo-se 12X) :
3X 5 + X 3 − 4X 2 + 7X − 5 2
X 3 −4X + 7X − 5
−3X 5 + 12X 4 − 21X 3 + 15X 2 3X 2 + 12X
3 2
12X 4 −20X + 11X − 5 (primeiro resto parcial)
4a etapa: Subtrai-se do primeiro resto parcial o produto de 12X pelo divisor D (X) =
X 3 − 4X 2 + 7X − 5 :
3X 5 + X 3 − 4X 2 + 7X − 5 X 3 − 4X 2 + 7X − 5
−3X 5 + 12X 4 − 21X 3 + 15X 2 3X 2 + 12X
12X 4 − 20X 3 + 11X 2 + 7X − 5 (primeiro resto parcial)
−12X 4 + 48X 3 − 84X 2 + 60X (produto de 12X pelo divisor)
28X 3 − 73X 2 + 67X − 5 (segundo resto parcial)
5a etapa: Divide-se o monômio de maior grau do segundo resto parcial pelo monômio
de maior grau do divisor (neste caso divide-se 28X 3 por X 3 obtendo-se 28) :
65
3X 5 + X 3 − 4X 2 + 7X − 5 2
X 3 −4X + 7X − 5
−3X 5 + 12X 4 − 21X 3 + 15X 2 3X 2 + 12X + 28
12X 4 − 20X 3 + 11X 2 + 7X − 5
−12X 4 + 48X 3 − 84X 2 + 60X
2
28X 3 −73X + 67X − 5(segundo resto parcial)
3X 5 + X 3 − 4X 2 + 7X − 5 X 3 − 4X 2 + 7X − 5 (divisor)
−3X 5 + 12X 4 − 21X 3 + 15X 2 3X 2 + 12X + 28 (quociente)
12X 4 − 20X 3 + 11X 2 + 7X − 5 (primeiro resto parcial)
−12X 4 + 48X 3 − 84X 2 + 60X
28X 3 − 73X 2 + 67X − 5 (segundo resto parcial)
−28X 3 + 112X 2 − 196X + 140 (produto de 28 pelo divisor)
59X 2 + 129X − 135 (resto)
Observe que o grau do resto R (X) = 59X 2 + 129X − 135 é igual a 2, portanto menor
do que o grau do divisor, o qual é igual 3.
66
Exemplo: Os valores do polinômio P (X) = X 3 + 2X + 1 nos números r = −1, r = 0
e r = 1 são dados por:
P (−1) = (−1)3 + 2 (−1) + 1 = −2;
P (0) = 03 + 2 · 0 + 1 = 1 = 1;
P (1) = 13 + 2 · 1 + 1 = 4.
Dizemos que um número real r é um zero ou uma raiz de um polinômio P (X) quando
P (r) = 0, ou seja, quando o valor de P em r é igual a zero.
Situação-problema
Dado o polinômio P (X) = X 3 − 5X 2 + 10X − 6 , pergunta-se:
a) x0 = 2 é um zero (uma raiz) de P (X)?
b) x0 = 1 é um zero (uma raiz) de P (X)?
Solução:
a) Calculemos P(2):
P (2) = 23 − 5 · 22 + 10 · 2 − 6 = 2.
Como P (2) 6= 0, concluı́mos que 2 não é um zero (uma raiz) de P (X).
b) Calculemos P (1):
P (1) = 13 − 5 · 12 + 10 · 1 − 6 = 0.
Como P (1) = 0, concluı́mos que X = 1 é um zero (uma raiz) de P (X).
Dizemos que um polinômio P (X) é divisı́vel por um polinômio D(X) quando o resto
da divisão de P (X) por Q(X) é igual a zero. Desse modo, P (X) é divisı́vel pelo polinômio
D(X) quando P (X) = Q (X) · D (X) para algum polinômio Q(X). Neste caso dizemos que
P (X)
= Q (X) ,
D (X)
67
Situação-problema
Mostre que o polinômio X 4 − a4 é divisı́vel pelo polinômio X − a e que
X 4 − a4
= X 3 + aX 2 + a2 X = a3 .
X −a
Solução:
X 4 − a4 X −a
−X 4 + aX 3 X 3 + aX 2 + a2 X + a3
aX 3 − a4
−aX 3 + a2 X 2
a2 X 2 − a4
−a2 X 2 + a3 X
a3 X − a4
−a3 X + a4
0
X 5 − a5
= X 4 + aX 3 + a2 X 2 + a3 X + a4 .
X −a
X n − an
= X n−1 + X n−2a + X n−3 a2 + . . . + Xan−2 + an−1 .
X−a
Situação-problema
Mostre que se um polinômio P (X) é divisı́vel por X − r, então P (r) = 0.
68
Solução:
Se P (X) é divisı́vel por X − r, então
P (X) = Q (X) (X − r)
Situação-problema:
Mostre que se para algum polinômio P (X) tivermos P (r) = 0 para algum número
real r, então P (X) é divisı́vel por X − r.
Solução:
Pelo Algoritmo da Divisão, sabemos que
onde R(X) é um polinômio constante, porque o divisor D(X) = X − r tem grau 1 e o grau
do resto é menor do que o grau do divisor ou R (X) ≡ 0.
Por hipótese, sabemos que P (r) = 0, então
Como P (r) = 0, concluı́mos da igualdade ( 7.1) acima que R(r) = 0. Como R(X) é
constante, e R(X) se anula em X = r, então R(X) = 0 para todo X. Daı́ segue-se que
P (X) = Q (X) (X − r) ,
Situação-problema
Mostre que o polinômio P (X) = X 100 − 5X 32 + 10X − 6 é divisı́vel pelo polinômio
X − 1.
Solução:
Basta observar que
69
7.5 O resto da divisão de um polinômio por X – r
Situação-problema
Seja r um número real qualquer. Mostre que o resto da divisão de P (X) por X − r
é igual a P (r).
Solução:
Seja D(X) = X − r. Então pelo Algoritmo da Divisão temos que
onde R(X) é identicamente nulo ou o grau de R(X) satisfaz a desigualdade 0 ≤ gr (R) <
gr (D)
Então, como o grau do polinômio D(X) é igual a 1, concluı́mos que R (X) ≡ 0 ou o grau
de R(X) é igual a zero. Se o grau de R(X) for igual a zero, então R(X) é um polinômio
constante, isto é, R(X) = k, onde k é uma constante.
Na hipótese de R (X) ≡ 0, obtemos da igualdade ( 7.2) acima, a seguinte igualdade:
P (X) = Q (X) (X − r) .
Daı́ segue-se que P (r) = Q (r) (r − r) = Q (r) · 0 = 0. Como P (r) = 0 e R(X) =0,
concluı́mos que R(X) = P (r). Ou seja, que o resto da divisão de P (X) por X − r é igual
a P (r).
Na hipótese de o grau de R(X) ser igual a k, segue-se da igualdade ( 7.2) acima a
seguinte identidade:
P (X) = Q (X) (X − r) + k
Desse modo,
P (r) = Q (r) (r − r) + k = Q (r) · 0 + k.
Donde segue-se que P (r) = k. Como R(X) = k, concluı́mos que R(X) = P (r).
Mostrando assim que o resto R(X) da divisão de P (X) por X − r é igual a P (r).
70
Atividade proposta 7.5
a) Seja P (X) = 3X 4 − 5X 3 + 10X − 6. Aplicando a situação-problema anterior,
determine o resto da divisão de P (X) pelo polinômio D(X) = X + 2.
b) Dividindo-se P (X) = X 2 + kX + 2 por X + 1 e X − 1 são encontrados restos
iguais. Ache o valor de k.
polinômio
(A prova desse resultado será feita em um curso de Teoria dos Números posteriormente).
Situação-problema
Seja P (X) = an X n +an−1 X n−1 +. . .+a1 X +a0 um polinômio em uma indeterminada
X e a coeficientes inteiros
p
Mostre que se P (X) tem uma raiz racional do tipo r = q
com p e q primos entre si,
então p é um divisor de e q é um divisor de.
(Lembre-se: dois números naturais p e q são primos entre si quando eles não têm fator
comum maior do que 1, ou seja, quando o mdc de p e q é igual a 1).
Solução:
71
p
Suponha que r =é uma raiz de P (X), com p e m primos entre si. Como m é raiz de
q
P (X), devemos ter P (r) = 0, ou seja, P pq = 0.
Daı́ segue-se que
n n−1
p p p p
P = an + an−1 + . . . + a1 + a0 = 0.
q q q q
Logo, sabemos que
pn pn−1 p
an n
+ an−1 n−1
+ . . . + a1 + a0 = 0.
q q q
Multiplicando ambos os membros desta última equação por q n , obtemos
Donde,
Como p divide o primeiro membro desta última equação, então p também divide o seu
segundo membro. Mas p não divide q n (porque se p dividisse uma potência de q, então p
dividiria q, o que contrariaria a hipótese de p e q serem primos entre si). Assim, p divide
a0 .
Para mostrar, agora, que o número q deve dividir an , reescrevamos a equação (7.3)
acima do seguinte modo:
72
Coloquemos q em evidência no primeiro membro da equação pelo método de fatoração
do fator comum:
Observe, agora, que q divide o primeiro membro desta última equação. Então, q também
divide o seu segundo membro. Mas como q não divide pn , concluı́mos que q divide o fator
an . Isso conclui a solução da situação-problema proposta.
Situação-problema
Determine as raı́zes racionais do polinômio P (X) = 2X 3 − 6X 2 − X + 3 caso elas
existam.
Solução:
Pelo que vimos na situação-problema anterior, se existirem raı́zes racionais de P (X)
p
elas serão do tipo r = q
com p e q primos entre si e q 6= 0, onde p é um divisor de 3 e q
é um divisor de 2. Então p ∈ {±1, ±3} e q ∈ {±1, ±2} Logo, as possı́veis raı́zes de P (X)
pertencem ao conjunto ±1, ± 12 , ±3 ± 32 .
É fácil verificar que P (X) só se anula para X = 3. Portanto, a única raiz racional de
P (X) é X = 3.
Observação: Vale observar que, como P (3) = 0, então P (X) é divisı́vel por X − 3. Isso
permite a fatoração de P (X) na forma.
P (X) = Q (X) (X − 3)
2X 3 − 6X 2 − X + 3 X −3
−2X 3 + 6X 2 2X 2 − 1
−X + 3
X −3
0
73
Portanto, Q (x) = 2X 2 − 1 . Assim P (X) pode ser fatorado na forma
P (X) = 2X 2 − 1 (X − 3) .
Situação-problema
Seja .X 4 − 5X 3 + X 2 + 5X − 2;
a) Determine todas as raı́zes racionais de P (X) ;
b) fatore P (X) em Z[X], isto é, no conjunto dos polinômios em uma indeterminada
X e a coeficientes inteiros;
c) fatore P (X) em R[X], isto é, no conjunto dos polinômios em uma indeterminada
X e a coeficientes reais.
Solução:
p
a) Observe inicialmente que os coeficientes de P (X) são inteiros. Desse modo, se r = q
é uma raiz racional de P (X), com p e q inteiros primos entre si, com q não nulo, então
p
p ∈ {−1, 1, −2, 2} e p ∈ {−1, 1}. Logo, q
∈ {±1, ±2}. É fácil verificar que
74
X 4 − 5X 3 + X 2 + 5X − 2 X −1
−X 4 + X 3 X 3 − 4X 2 − 3X + 2
−4X 3 + X 2 + 5X − 2
4X 3 − 4X 2
−3X 2 + 5X − 2
3X 2 − 3X
2X − 2
−2X + 2
0
Logo, Q1 (X) = X 3 − 4X 2 − 3X + 2. Desse modo, obtemos a seguinte igualdade:
P (x) = Q1 (X) (X − 1) = X 3 − 4X 2 − 3X + 2 (X − 1) .
Note agora que Q1 (−1) = (−1)3 − 4 (−1)2 − 3 (−1) + 2 = 0. Então Q1 (X) é divisı́vel
por X + 1. Aplicando novamente o Algoritmo da divisão obtemos:
X 3 − 4X 2 − 3X + 2 X +1
−X 3 − X 2 X 2 − 5X + 2
−5X 2 − 3X + 2
5X 2 + 5X
2X + 2
−2X − 2
0
Daı́ segue-se que
X 3 − 4X 2 − 3X + 2 = X 2 − 5X + 2 (X + 1) .
X 4 − 5X 3 + X 2 + 5X − 2 = X 2 − 5X + 2 (X + 1) (X − 1) .
75
√ √
q
−b ± ∆ 5± (−5)2 − 4 · 1 · 2 5± 17
X= = = .
2a 2·1 2
Então em R[X], o polinômio X 4 − 5X 3 + X 2 + 5X − 2 se fatora da seguinte maneira:
√ ! √ !
5 + 17 5 − 17
X 4 − 5X 3 + X 2 + 5X − 2 = X − X− (X + 1) (X − 1)
2 2
então
ax2 + bx + c = a (x − r1 ) (x − r2 ) .
Situação-problema
√ √
Sejam r1 e r2 as raı́zes da equação 2x2 + 3x + 2 = 0. Calcule:
a) r1 + r2 ;
b) r1 · r2 .
Solução:
76
Pelas relações de Girard, obtemos
√
r1 + r2 =
− 3
√ 2
r r = 2.
1 2
2
Na situação-problema seguinte, veremos que existem relações análogas entre os
coeficientes e as raı́zes de um polinômio de grau 3.
Situação-problema
Seja P (X) = aX 3 + bX 2 + cX + d um polinômio de grau 3 (a 6= 0) Suponha que
P (X) pode ser fatorado do seguinte modo:
aX 3 + bX 2 + cX + d = a (X − r1 ) (X − r2 ) (X − r3 ) .
−b
r1 + r2 + r3 =
a
c
r1 r2 + r1 r3 + r2 r3 =
a
d
r1 r2 r3 = .
a
Solução:
Para ver que r1 é raiz de P (X), basta observar que
P (r1 ) = P (r3 ) = 0.
77
Note, agora, que o primeiro membro da equação dada no enunciado da situação-problema
pode ser reescrito na forma
b c d
aX + bX + cX + d = a X + X 2 + X +
3 2 3
.
a a a
Por outro lado, o segundo membro da equação dada no enunciado da situação-problema
pode ser reescrito como
Situação-problema
√ √
Determine as raı́zes do polinômio P (X) = X 3 − 2X 2 − 3X + 3 2, sabendo que
ele tem duas raı́zes simétricas (isto é, sabendo que duas raı́zes de P (X) são do tipo
r e −r, onde r é um número real)
.
Solução:
Sejam r, −r e s as raı́zes de P (X). Então, pelas relações de Girard, temos que
√
r + (−r) + s = 2
r · (−r) + r · s + s · r = −3
√
r · (−r) · s = −3 2.
√ √
Da primeira equação, obtemos s = 2. Da segunda equação, obtemos s = ± 3.
Basta verificar agora que
√ √ √ √ √
X − 2 X − 3 X + 3 = X 3 − 2X 2 − 3X + 3 2.
78
O resultado desejado decorre, agora, da situação-problema anterior.
Observação:
Para um polinômio de grau n também existem relações entre as raı́zes e os coeficientes
de um polinômio, as quais são dadas a seguir.
Seja P (X) = an X n + an−1 X n−1 + . . . + a1 X + a0 um polinômio de grau n (an 6= 0) .
Suponha que P (X) pode ser fatorado do seguinte modo:
an X n + an−1 X n−1 + . . . + a1 X + a0 = an (X − r1 ) (X − r2 ) · . . . · (X − rn ) .
Situação-problema
Aplicando as relações de Girard, encontre um polinômio de grau 3 cujas raı́zes são
1, 2 e 3.
Solução:
Seja P (X) = aX 3 + bX 2 + cX + d o polinômio de grau 3 que queremos determinar. As
três raı́zes do polinômio devem satisfazer as seguintes relações:
b
1 + 2 + 3 = − ∴ b = −6a
a
c
1 · 2 + 1 · 3 + 2 · 3 = ∴ c = 11a
a
d
1 · 2 · 3 = ∴ d = 6a.
a
Logo, qualquer polinômio do tipo
79
P (X) = aX 3 − 6aX 2 + 11aX + 6a,
P (X) = X 3 − 6X 2 + 11X + 6.
80
Aula 8
Conjuntos Numéricos
Nosso objetivo central nesta aula é apresentar os conjuntos de números que aparecerão
com frequência em aulas posteriores e que se notabilizaram pela sua relevância social ao
longo da história cultural da humanidade.
Iniciaremos introduzindo, na primeira seção, a noção de conjuntos. Nas seções seguintes
introduziremos os conceitos de conjuntos naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais.
Comecemos pela noção de conjunto. Um conjunto é uma noção primitiva, isto é, uma
palavra cujo significado é admitido intuitivamente, sem a necessidade de traduzirmos o seu
significado por intermédio de outras palavras. Em nosso cotidiano, a palavra coleção é a
que mais se aproxima do significado matemático da palavra conjunto.
Por exemplo, o conjunto de torcedores do CSA é a coleção de todas as pessoas que
torcem pelo CSA; o conjunto dos planetas do Sistema Solar é a coleção constituı́da pelos
seguintes corpos celestes que orbitam em torno do Sol: Mercúrio, Marte, Vênus, Júpiter,
Saturno, Urano, Netuno, Terra, Plutão.
Há basicamente dois modos de apresentarmos um conjunto: (1) listando-se todos os
seus elementos; (2) enunciando um critério através do qual se possa decidir se um elemento
80
pertence ou não pertence ao conjunto, como no exemplo planetas citado no parágrafo
anterior.
Classicamente, utilizam-se as seguintes notações para designar um conjunto:
(1) o conjunto T dos torcedores do CSA, é representado simbolicamente da seguinte
maneira:
T = {x | x é torcedor do CSA}
Atividade:
Quais são os elementos dos conjuntos S = {x / x é dia de uma semana}, T =
{x / x é um satélite da Terra} e V = {x / x é um ser humano imortal}
Passemos, agora, ao conceito do conjunto dos números naturais. Nosso objetivo nessa
seção é descrever o conjunto dos números naturais, fixar a notação que utilizaremos no
restante desse curso e mencionar as suas principais propriedades operatórias.
Nestas notas de aula, o conjunto dos números naturais é denotado pelo sı́mbolo N e é
constituı́do pelos números que no sistema de numeração indo-arábico são representados por
0, 1, 2, 3, . . . , n, . . .
81
Na linguagem de conjuntos, N = {0, 1, 2, 3, . . .}. Dado qualquer número n no conjunto
N∗ = {1, 2, 3, . . .}, o número n − 1 é chamado antecessor de n e o número n + 1 é chamado
sucessor de n. Desse modo, por exemplo, 5 é sucessor de 4 e 3 é antecessor de 4.
A cada par (a, b) de números naturais podemos associar dois outros números naturais:
a + b (a adição de a e b) e a · b (o produto de a e b) que têm as seguintes propriedades:
a + b = b + a (comutatividade)
82
(a + b) + c = a + (b + c) (associatividade)
a + 0 = a (existência do elemento neutro da adição)
a · b = b · a (comutatividade)
a · (b · c) = (a · b) · c (associatividade)
a · 1 = a (existência do elementro neutro do produto)
a · (b + c) = a · b + a · c (distributividade)
Passemos, agora, ao conceito do conjunto dos números inteiros. O conjunto dos números
inteiros será representado pelo sı́mbolo Z e é constituı́do de todos os números que no sistema
indo-arábico são representados por
0, ±1, ±2, ±3 . . .
83
Observação: Historicamente, os números negativos apareceram em registros contábeis
como sı́mbolos indicativos de dı́vidas ou faltas. Sua consagração na Matemática se deve
ao fato de permitirem a ampliação do conjunto dos números naturais de modo a tornar a
operação de subtração sempre possı́vel (cf. Boyer,...).
b b b
O
b
U
b b b
−3 −2 −1 0 1 2 3
Desse modo, a cada número inteiro corresponderá um ponto da reta. Ao número 2, por
exemplo, corresponderá o ponto obtido partindo-se da origem e andando-se duas unidades
para a direita, isto é, no sentido de percurso escolhido como crescente. Ao número −3
corresponderá o ponto que se obtém partindo-se da origem e andando-se três unidades para
a esquerda, ou seja, no sentido oposto ao sentido de percurso escolhido como crescente.
Desse modo, cada número inteiro x determina um ponto X sobre a reta orientada.
O b
U b
X b
0 1 x
O U
b b b
x 0 1
Definimos o valor absoluto |x| de um número inteiro x como sendo o comprimento do
segmento OX quando adotamos como unidade de medida o comprimento do segmento OU
. Desse modo, |+3| = 3 e |−3| = 3; |+4| = 4 ;|−4| = 4;|−5| = 5.
84
8.3.2 Propriedades operatórias dos números inteiros
(−3) × 4 = −12
5 × (−3) = −15
85
comutatividade, associatividade e de distributividade dos números naturais possam ser
estendidas para o conjunto dos números inteiros.
Observação: O conjunto Z dos números inteiros é fechado com relação à adição, à
multiplicação e à subtração, mas não é fechada com relação à divisão:
a = 5 e b = 7, então a ÷ b ∈ Z.
A B
p p p p
C D
p p p p p p
E F
p p
86
AB
Exemplo: Na figura acima AB = 3EF e CD = 5EF . Logo CD
= 53 .
Solução:
Cada número racional corresponde a um ponto de uma reta:
− 53 − 13 13
2b 4b
7
5b
b b b b b b b b b
−3 −2 −1 0 1 2 3
2
Situação problema: Determine o valor da expressão numérica 5
+ 43 − 12 .
87
2
Atividade: Determine o valor da expressão numérica 5
− 43 + 1
2
Solução:
a c
Sejam b
e d
, dois números racionais quaisquer. Então,
a c ab + cb
+ =
b d bd
Como o conjunto dos inteiros é fechado com relação ao produto e à adição, concluı́mos
que ab + cb ∈ Z e que bd ∈ Z; como b 6= 0 e d 6= 0 , concluı́mos também que bd 6= 0.
ab+cb
Portanto, bd
é um número racional, mostrando assim o resultado que querı́amos.
Atividade:
a) Mostre que o produto de dois números racionais é um número racional;
b) Mostre que o quociente de dois números racionais é um número racional.
1
Situação-problema: Encontre um número racional entre os números 3
e 12 .
Atividade: Mostre que entre dois números racionais sempre existe um outro
racional.
88
8.4.2 Decimais periódicos
Números decimais, tais como 0, 444. . . e 0, 252525 . . ., que após a vı́rgula apresentam
algarismos que se repetem periodicamente são chamados dı́zimas periódicas. Veremos nesta
seção que tais dı́zimas são números racionais.
Situação-problema:
Mostre que:
(a) 0, 444 . . . = 49 ;
25
(b) 0, 252525 . . . = 99
;
35
(c) 3, 888 . . . = 9
.
Solução:
(a) Faça x = 0, 444 . . .Então
25
Daı́ obtemos 99x = 25, donde se segue que x = 99
, que é o resultado que querı́amos.
10x = 8, 888 = 8 + x.
Atividade:
(a) Mostre que 0, 999 . . . = 1;
(b) Mostre que 2, 999 . . . = 3.
89
8.5 O conjunto dos números irracionais
Passemos agora ao conceito de números irracionais. Para falar sobre esses números,
vamos precisar da noção de segmentos incomensuráveis. Dizemos que dois segmentos AB e
CD são incomensuráveis se não existe nenhum segmento EF que cabe um número inteiro
de vezes em AB e um número inteiro de vezes em CD.
Um número irracional é um número que representa o comprimento de um segmento de
reta que é incomensurável com relação a qualquer outro segmento de reta.
Situação-problema:
√
(a) Mostre que a diagonal de um quadrado de lado unitário mede 2.
√
(b) Mostre que 2 é um número irracional.
Solução:
(a) O comprimento da diagonal do quadrado pode ser obtido por intermédio do teorema
de Pitágoras: se os lados do triângulo têm comprimento 1, então o comprimento d da
diagonal do quadrado é dado por
d = 12 + 12 ,
√
Donde concluı́mos que d = 2.
√
(b) Suponha que 2 é um número racional pq , q 6= 0, com p e q números primos entre
√
si (isto é, 1 é o máximo divisor comum de p e q). Ou seja, estamos supondo que 2 = pq .
√ 2 2
Daı́ segue-se que 2 = pq2 . Então, p2 = 2q 2 . Concluı́mos daı́ que p2 é um número par,
donde obtemos também que q é um número par (veja a observação abaixo). Desse modo,
p = 2k , para algum número natural k. Da igualdade p2 = 2q 2 , segue-se que (2k)2 = 2q 2 .
Logo, q 2 = 2k 2 . Donde segue-se que o número q é também um número par. Desse modo, 2
seria um divisor comum de p e q , contrariando o fato de p e qserem primos entre si. Essa
√ √
contradição proveio da hipótese de 2 ser um número racional. Como 2 não pode ser
racional, só resta uma alternativa: é irracional.
Observação: Um número natural n é par quando pode ser escrito na forma n = 2k,
90
com k ∈ N , e ı́mpar quando pode ser escrito na forma n = 2k + 1 , com k ∈ N. Mostremos
que se o quadrado de um número natural é par, então ele não pode ser ı́mpar. De fato,
suponha que p2 é par e que p = 2m + 1, com m ∈ N . Então,
donde concluı́mos que se p é ı́mpar, então p2 também é ı́mpar. Obterı́amos, assim, uma
contradição: p2 seria par e ı́mpar. Portanto, se p2 for par, então p não pode ser ı́mpar.
Passemos agora ao conceito de números reais. O conjunto dos números reais é denotado
pelo sı́mbolo R e é constituı́do pela reunião dos números racionais e dos números irracionais.
Ou seja,
Observação: N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R.
91
Exemplo: Considere os dois segmentos abaixo:
O T U P X Q
p p p • p • p
1
0 2 1 2 3
Atividade:
Determine seis números entre os números:
(a) 0, 5 e 0, 7;
3
(b) 4
e 34 .
8.6.2 Intervalos
[a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b}
92
(−∞, b) = {x ∈ R | x < b} ,
(−∞, ∞) = R.
[a, b) = {x ∈ R | a ≤ x < b} ,
[a, +∞) = {x ∈ R | x ≥ a} .
(a, b] = {x ∈ R | a < x ≤ b} ,
(−∞, b] = {x ∈ R | x ≤ b} .
Situação-problema:
Determine os seguintes subconjuntos da reta:
(a) (−1, 2) ∩ [0, 4]
(b) (−4, 3] ∪ [0, ∞)
Solução:
(a) Sabemos que (−1, 2) = {x ∈ R | −1 < x < 2} e [0, 4] =.{x ∈ R | 0 ≤ x ≤ 4}
Donde, a interseção desses dois intervalos, a qual é o conjunto de todos os números que
estão simultaneamente em ambos os conjuntos, é dada por
(−1, 2) : bc ppppppppppppppppppppppppppp bc
−1 2
[0, 4] : b pppppppppppppppppppppppppppppppppppp b
0 4
93
T
(−1, 2) [0, 4] = [0, 2) : bcpppppppppppppppppp bc
0 2
(−4, 3] : bc pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp bc
−4 3
[0, +∞) : b pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp
0
(−4, 3] ∪ [0, +∞) := (−4, +∞) : bc ppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp
−4
Seja x um número real. O valor absoluto de x é definido como sendo o número real
x, se x ≥ 0
|x| =
−x, se x < 0
√ √ √
Desse modo, |3| = 3, |−7| = − (−7) , − 2 = − − 2 = − 2.
Observação:
Geometricamente, |x| é a distância da origem O ao ponto X determinado por x sobre a
reta real, conforme mostra a figura:
b
O b
U
b
X b
−1 0 1 x
|x|
94
Se x = a e x = b são as abscissas de dois pontos A e B da reta real, respectivamente,
então |b − a| é igual a distância entre os pontos A e B, conforme mostra a figura:
Ab
B
b
|b − a|
distância entre A e B
A × B = {(a, b) | a ∈ A e b ∈ B}
Então,
A × B = {(1, 2) , (1, 4) , (2, 2) , (2, 4) , (3, 2) , (3, 4)}
95
4
• • •
3
2
• • •
1
0
0 1 2 3
Atividade proposta:
Determine o produto cartesiano dos conjuntos A = {2, 5} e B = {2, 4, 6} e
represente-o graficamente como um subconjunto do plano.
bc
2 bc bc
bc bc
−1 3
96
Aula 9
Função Afim
Objetivos
96
9.2 Definição de Função e Exemplos
Um dos mais importantes conceitos do Ensino Básico é o de função, pois a partir deste
conceito conseguimos desenvolver praticamente todos os demais conteúdos do Ensino Médio.
Tal conceito está presente em várias situações do nosso dia-a-dia tendo em vista que
sempre que estamos com duas grandezas onde uma varia em função da outra podemos pensar
em modelar (equacionar) este problema através de uma função, de uma lei matemática que
represente tal situação. Formalmente falando temos a seguinte definição:
f: A → B
x 7→ y = f (x).
Neste caso, o sı́mbolo y = f (x) nos diz que y é uma função que depende de x .A letra x é
chamada variável independente e a letra y que é a variável dependente é chamada de
função. Vale observar que trabalhar com x como sendo a variável independente e y como
sendo a variável dependente (função) é pura opção, podemos escolher quaisquer outras duas
letras.
Exemplo 1. .
a e a e
b f b •f
c g c g
d h d•
A B A B
É uma Função Não é uma Função
a e −1 0
b f 0 1
c g 1 •2
2 4
A B A y = x2 B
Não é uma Função É uma Função
97
Definição 2. Quando f : A → B é uma função o conjunto de partida A é chamado
de domı́nio (ou campo de existência) da função f e o conjunto de chegada B é chamado
de contra-domı́nio da função f. Escrevemos D (f ) = A e CD (f ) = B para representar o
domı́nio e o contradomı́nio de f, respectivamente.
Em geral, uma função é dada por uma lei matemática que precisamos determinar.
Vejamos alguns exemplos.
(i) A função que fornece a diagonal d de um quadrado em função do lado l é dada por
√
d (l) = l 2.
(ii) A função que fornece a área A de um quadrado em função do lado l é dada por A (l) = l2 .
(iii) A função que fornece o custo C de uma corrida de Táxi cuja bandeirada custa R$ 3, 00
e por cada quilômetro rodado R$ 2, 50 é dada por C (x) = 2, 50 · x + 3, 00.
98
(i) f (x) = 3x − 1. Claramente, esta função está bem definida (existe) para qualquer valor
real de x. Portanto, D (f ) = R.
(ii) f (x) = x2 − 2x + 3. Claramente, esta função também está bem definida (existe) para
qualquer valor real de x. Portanto, D (f ) = R.
√
(iii) g (x) = x. Como bem sabemos não existe raiz quadrada real de um número negativo.
Portanto, D (f ) = R+ = {x ∈ R; x ≥ 0} .
1
(iv) h (t) = .Como bem sabemos não existe divisão por zero, isto é, o denominador de
t
uma fração nunca pode ser zero. Portanto, D (f ) = R∗ = {t ∈ R; t =6 0} .
x3 + x2 + x − 1
(v) p (x) = . Pelo mesmo argumento do item anterior não é permitido
x2 − 1
que o denominador de uma fração seja zero. O numerador pode ser qualquer
valor. Assim, devemos ter x2 − 1 6= 0, isto é, x 6= ±1. Verifique isso! Logo
D (f ) = {x ∈ R; x 6= ±1} .
99
Exemplo 4. Construa o gráfico da função f (x) = x + 1. Inicialmente notamos que
D (f ) = R.
x −1 − 21 0 1
3
1
1 4
y = x+1 0 2
1 3
2
Localizando esses pontos num mesmo plano cartesiano notamos que os mesmos estão
alinhados. Ligando-os, percebemos que estes pontos formam uma reta.
y
3
2
1
x
−2 −1 1 2 3 4
−1
−2
√ √
x − 2 −1 − 12 0 1
2
1 2
1 1
y = x2 2 1 4
0 4
1 2
Localizando esses pontos num mesmo plano cartesiano percebemos que os mesmos não
estão alinhados. Ligando-os vamos formar uma curva aberta (parábola), que tem como
ponto mais baixo a origem O (0, 0) . Além disso, o gráfico desta função é simétrico com
relação ao eixo dos y.
100
y
• 2 • •
• 1 • •
• • •
√
−2 −1 O(0, 0) 1 2 2x
x −1 − 21 − 13 0 1
3
1
2
1
y = x3 −1 − 18 1
− 27 0 1
27
1
8
1
Localizando esses pontos num mesmo plano cartesiano notamos que os mesmos não
estão alinhados. Ligando-os percebemos que vamos formar uma curva que passa pela
origem e é simétrica com relação a origem.
y
3 •
1 •
• • √•
−1 133 2 x
• −1
−2
• −3
101
Vale observar que o conjunto imagem da função f é um subconjunto do contradomı́nio,
isto é, Im (f ) ⊆ CD (f ) . Desta forma, a imagem das funções dos exemplos 3 e 5 é o conjunto
dos números reais (Im (f ) = R) e do exemplo 4 o conjunto dos números reais não negativos
(Im (f ) = R+ ) .
f: R → R
x 7→ f (x) = c
é chamada função constante. Observe que o domı́nio desta função é sempre o conjunto dos
números reais, isto é, D (f ) = R. Já sua imagem é o conjunto unitário formado pelo
valor real c, isto é, Im (f ) = {c} . O gráfico desta função é uma reta horizontal (paralela ao
eixo dos x) passando pela ordenada c (y = c) .
102
y
•5 y=5
0 x
Passemos agora ao estudo de um tipo especial de função: a função afim. Existem vários
modelos na natureza que podem ser representados por este tipo de função ou de seus casos
particulares.
f: R → R
x 7→ f (x) = ax + b
é uma função afim para a 6= 0. Da definição fica claro que o domı́nio da função afim é o
conjunto dos números reais, isto é, D (f ) = R.
103
(ii) f (x) = −x + 32 , a = −1 e b = 23 .
x 1
(iii) f (x) = 3
+ π, a = 3
e b = π.
(iv) f (x) = x, a = 1 e b = 0.
Estas duas últimas funções são casos particulares da funçaõ afim. A função do item (iv)
é chamada função identidade e a função do item (v) é chamada função linear. Mais
precisamente, qualquer função real do tipo f (x) = ax, com a 6= 0 é uma função linear.
O nome linear decorre do fato de a função f (x) = ax ser ”bem comportada” com
relação à soma de objetos x e multiplicação de um objeto x por um número real k, no
seguinte sentido:
9.5 Gráfico
No que faremos a seguir a intuição nos diz que o gráfico de uma função, f (x) = ax + b
(a 6= 0) , é sempre uma reta. - Este resultado será comprovado posteriormente. Passamos
agora a exibir exemplos de gráficos destas funções.
x −1 − 31 0 1
3
2
y = 3x − 1 −4 −2 −1 0 5
104
1
Observe que o gráfico dessa função corta o eixo dos x no ponto P 3
,0 e o eixo dos y
no ponto Q (0, −1) .
Exemplo 10. Idem para a função f (x) = −x + 23 . Utilizando a tabela abaixo e localizando
os pontos no plano cartesiano obtemos o gráfico.
x −1 − 21 0 3
2
2
3 5 3
y = −x + 2 2
2 2
0 − 21
y
3
3
y = −x +
2 2
0 x
−2 −1 1 2
−1
3
Observe que o gráfico dessa função corta o eixo dos x no ponto P 2
,0 e o eixo dos y
no ponto Q 0, 23 .
Exemplo 11. Idem para a função f (x) = x. Utilizando a tabela abaixo e localizando os
pontos no plano cartesiano obtemos o gráfico.
x −1 − 21 0 3
2
2
y = x −1 − 12 0 3
2
2
105
y
3
y=x
2
0 x
−2 −1 1 2
−1
Note que o gráfico dessa função é a bissetriz do primeiro e terceiro quadrantes, portanto
passa pela origem.
Exemplo 12. Idem para a função f (x) = 3x. Utilizando a tabela abaixo e localizando os
pontos no plano cartesiano obtemos o gráfico.
x −1 − 21 0 3
2
2
y = 3x −3 − 23 0 9
2
6
y
3
y = 3x
2
0 x
−1 1
−1
−2
106
P2 Esta reta sempre corta o eixo dos y no ponto Q (0, b) quando b 6= 0 pois f (0) = a·0+b =
b. Veja o exemplo 8 (i) e (ii) .
P3 O gráfico da função f (x) = ax é uma reta que passa pela origem. Veja o exemplo 8
(iv) e (v) .
−b
x a
0
y = ax + b 0 b
Exemplo 13. Esboce o gráfico de f (x) = x + 1. Vamos recorrer a tabela dada acima
x −1 0
y = x+1 0 1
107
y
3
y = x+1
2
0 x
−1 1
−1
−2
Exercı́cio 5. Esboce o gráfico das funções abaixo utilizando apenas os dois pontos
de intersecção com os eixos coordenados.
(i) f (x) = −x + 1,
(ii) f (x) = x + 2,
(iii) f (x) = 3x − 1,
(iv) f (x) = − x2 + 1,
(v) f (x) = 2x.
108
Definição 6. Uma função f é dita crescente quando dados quaisquer x1 e x2
pertencentes ao seu domı́nio, com x1 < x2 , tivermos y1 = f (x1 ) < y2 = f (x2 ) .
Ou seja, quando os valores de x crescem os valores de y também crescem. Se ocorrer
y1 = f (x1 ) > y2 = f (x2 ) para x1 < x2 a função f é dita decrescente.
Exemplo 14. A função f (x) = 3x + 1 é crescente pois a = 3 > 0 e a função f (x) = −2x
é decrescente pois a = −2 < 0.
109
Neste caso,
−b
f (x) > 0 ⇔ ax + b > 0 ⇔ ax > −b ⇔ x > e
a
−b
f (x) < 0 ⇔ ax + b < 0 ⇔ ax < −b ⇔ x < .
a
−b
Isto significa que, quando a > 0, a função é positiva à direita de x = a
e negativa à
−b
esquerda de x = a
.
−−− b
+++
−b/a
20 Caso: a < 0.
Neste caso,
−b
f (x) > 0 ⇔ ax + b > 0 ⇔ ax > −b ⇔ x < e
a
−b
f (x) < 0 ⇔ ax + b < 0 ⇔ ax < −b ⇔ x > .
a
−b
Isto significa que, quando a < 0, a função é positiva à esquerda de x = a
e negativa à
−b
direita de x = a
.
+++ −−−
b
−b/a
1
Exemplo 15. Dada a função f (x) = 3x − 1, temos que a = 3 < 0 e que x = 3
é seu zero.
1
Portanto, f (x) > 0 para x > 3
e f (x) < 0 para x < 13 . Represente graficamente!
110
afim e conseqüentemente das operações com intervalos. Nosso estudo será apresentado
através de exemplos.
Solução: Vamos separar a desigualdade dupla e resolver cada inequação. Temos que
(1) x + 1 < 2x − 1
(2) 2x − 1 < −x + 8.
Logo, S1 = {x ∈ R/ x > 2 }.
Seja S2 o conjunto solução da inequação (2). Resolvendo (2) temos que
pppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp bc
S2 : x < 3 :
3
S1 : x > 2 : bc
ppppppppppppppppppppppppp
2
bc ppppppp bc
S:2<x<3:
2 3
111
Solução: Tal inequação é chamada produto porque temos um produto entre duas
funções. Vamos chamar a primeira função de f e a segunda de g.Em seguida, fazemos o
estudo de sinal de cada uma delas localizamos na reta real e numa terceira reta real fazemos
o produto dos sinais, nos intervalos determinados pelos zeros de cada função. Temos então.
1. f (x) = x + 1 temos que a = 1 > 0 e x = −1 é o zero de f . Portanto, f (x) ≤ 0 para
x ≤ −1 e f (x) ≥ 0 para x ≥ −1.
1
2. Para g (x) = −2x + 1 temos que a = −2 < 0 e x = 2
é o seu zero de g. Portanto,
g (x) ≤ 0 para x ≥ 12 e g (x) ≥ 0 para x ≤ 21 .
Após fazer o produto dos sinais obtemos o conjunto solução S = x ∈ R; − 1 ≤ x ≤ 21 .
− + +
f (x) : | |
−1 1/2
+ + −
g(x) :
− + −
f (x) · g(x) :
−1 1/2
Vale observar que como as regras de sinais são as mesmas para produto e quociente
as inequações quociente podem ser resolvidas de maneira análoga as inequações produto,
tomando apenas o cuidado que o denominador não pode ser zero.
112
Aula 10
Funções Quadráticas
Objetivos
1. Definir e identificar uma função quadrática
2. Esboçar com eficiência o gráfico de funções quadráticas
3. Investigar as principais propriedades das funções quadráticas (domı́nio, imagem,
gráfico, vértice, valor extremo, etc)
4. Estudar o sinal da função quadrática
5. Resolver inequações quadráticas
6. Resolver problemas que envolvem funções quadráticas.
112
Exemplo 1 Identique os coeficientes das seguintes funções quadráticas:
f (x) = ax2 + bx + c
Exemplo 2 y = x2 .
x −2 −1 0 1 2
y = x2 4 1 0 1 4
b
5 b
b
4 b
b
3 b
b
2 b
b
1 b
−2 −1 1
O(0, 0) 2
−1
113
Exemplo 3 y = −x2 + 1.
x −3 −2 −1 0 1 2 3
y = −x2 + 1 −8 −3 0 1 0 −3 −8
1 b
b
O(0, 0) b
−3 −2 −1
−1 1 2 3
−2
b
−3 b
−4
−5
−6
−7
b
−8 b
Exemplo 4 y = x2 − 2x.
x −2 −1 0 1 2 3 4
y = x2 − 2x 8 3 0 −1 0 3 8
b
8 b
7
6
5
4
b
3 b
2
1
O(0, 0)
b b
−3 −2 −1
−1 1 b 2 3 4
Exemplo 5 y = x2 − 3x + 2.
114
x −1 0 1 2 3 4
y = x2 − 3x + 2 6 2 0 0 2 6
b
6 b
2 b b
1
O(0, 0)
b b
−1 1 2 3 4
−1
Exemplo 6 y = x2 − 2x + 3.
x −1 0 1 2 3
y = x2 − 2x + 3 6 3 2 3 6
115
7
b
6 b
3 b b
2 b
1
O(0, 0)
−1 1 2 3 4
Exemplo 7 y = −x2 + 2x − 1.
x −1 0 1 2 3
y = −x2 + 2x − 1 −4 −1 0 −1 −4
1
O(0, 0)
b
−1 1 2 3
−1 b b
−2
−3
b
−4 b
Dos exemplos acima vimos que o gráfico da função quadrática é uma curva aberta. Tal
curva é chamada de parábola e será estudada com mais detalhes no curso de Geometria
Analı́tica. Também podemos observar (deduzir) desses exemplos as seguintes propriedades
para a função f (x) = ax2 + bx + c:
116
Exercı́cio 1. Construa o gráfico das funções abaixo tomando como referência as
tabelas dos exemplos 2 a 7 acima. Em seguida discuta (identifique) as propriedades
P1-P4.
(i) y = −x2 ;
(ii) y = x2 − 4;
(iii) y = −x2 + 3x;
(iv) y = x2 + x − 6;
(v) y = x2 − 2x + 2;
(vi) y = x2 − 2x + 1.
117
f (x) = ax2 + bx + c
2 b c
=a x + x+
a a
b2 b2
2 b c
=a x + x+ 2 − 2 +
a 4a 4a a
" 2 2 #
b b − 4ac
=a x+ − .
2a 4a2
Portanto, para obter os zeros ou raı́zes da função f (x) = ax2 + bx + c devemos fazer
f (x) = 0 e com isso precisamos resolver a equação quadrática ax2 + bx + c = 0. Ou seja,
devemos resolver a equação
" 2 2 #
b b − 4ac
a x+ − = 0.
2a 4a2
b 2 b2 −4ac b 2 b2 −4ac
Como a 6= 0 devemos ter x + 2a
− 4a2
= 0. Ou ainda, x + 2a
= 4a2
e com
q
b 2 −4ac
isso x + 2a = ± b 4a 2 . Logo,
r √
−b b2 − 4ac −b ± b2 − 4ac
x= ± = .
2a 4a2 2a
Conforme já foi discutido no estudo da equação quadrática, o termo b2 − 4ac é o famoso
discriminante, da equação, que é representado pelo letra grega delta (maiúscula), isto é,
∆ := b2 − 4ac. As raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0, quando existem, são dadas por
√ √
−b ± b2 −4ac −b ± ∆
x= 2a
= 2a
.
A discussão sobre a quantidade de raı́zes da equação quadrática e suas propriedades já
foi apresentada na disciplina Álgebra Elementar. Contudo, relembramos que:
1. Quando ∆ > 0 esta equação possui duas raı́zes reais e distintas, dadas por
√ √
−b − ∆ −b + ∆
x1 = 2a
e x2 = 2a
.
−b
2. Quando ∆ = 0 esta equação possui uma única raiz real, dada por x1 = x2 = 2a
(por
quê?).
3. Quando ∆ < 0 esta equação não possui raı́zes reais. Por quê?
118
Exemplo 8. Construa o gráfico da função y = x2 − 4x + 3 e identifique suas intersecções
com os eixos coordenados.
Solução: Vamos utilizar a tabela
x −1 0 1 2 3 4 5
y = x2 − 4x + 3 8 3 0 −1 0 3 8
1
O(0, 0)
−1 1 2 3 4
−1
119
(m − 2) tenha dois zeros reais e distintos.
Solução: Como bem sabemos a função acima possui dois zeros reais e distintos quando
o discriminante da equação f (x) = 0 ⇔ mx2 + (2m − 1) x + (m − 2) = 0 é positivo.
Nesta equação temos a = m, b = (2m − 1) e c = m − 2. Portanto ∆ := b2 − 4ac =
(2m − 1)2 − 4 · m · (m − 2) = 4m + 1. Agora , ∆ = 4m + 1 > 0 implica 4m > −1.Ou seja,
devemos ter m > −1/4.
120
Definio 10.3. Dizemos que o número ym ∈ Im (f ) é o valor mı́nimo da função y = f (x)
quando ym ≤ y para qualquer y ∈ Im (f ) . O valor xm ∈ D (f ) tal que ym = f (xm ) é chamado
ponto de mı́nimo da função.
b 2 ∆
Tendo em vista que x + 2a
≥ 0 para qualquer x real e − 4a é um valor constante
para cada função dada, então y assumirá um valor máximo quando a < 0 e a diferença
n o
b 2 ∆ b 2
x + 2a − 4a for a menor possı́vel, isto é, quando x + 2a = 0, que implica x = −b
2a
.
−b
Agora, substituindo x = 2a
em (∗) obtemos
" 2 #
−b b ∆ 2∆ −∆
y=a + − 2 =a 0 − 2 = .
2a 2a 4a 4a 4a
Exemplo 10. Na função real f (x) = 4x2 − 4x − 8 temos que a = 4, b = −4 e c = −8,
portanto ∆ = (−4)2 − 4.4. (−8) = 144. Como a = 4 > 0 a função admite um valor mı́nimo.
A saber
−(−4)
ym = −∆
4a
= −144
4·4
= −9. Tal valor mı́nimo ocorre em xm = −b
2a
= 2·4
= 12 .
Exercı́cio 6. Obtenha o valor extremo (máximo ou mı́nimo) da função f (x) =
−x2 + x + 34 .
−b −∆
Definio 10.4. O ponto V ,
2a 4a
é chamado vértice da parábola dada pela função
y = ax2 + bx + c.
121
Exemplo 11. Dentre todos os números de reais de soma 8 determine aqueles cujo
produto é máximo.
x + z = 8 e y = x · z.
Agora, precisamos isolar uma das variáveis x ou z. Vamos fazer opção de tirar o valor
de z na primeira equação e substituir na segunda. Portanto, z = 8 − x e com isso
y = x · z = x (8 − x) = −x2 + 8x, ou seja, f (x) = −x2 + 8x. Como a = −1 < 0 esta
−b −8
função assume um valor máximo que é atingido no ponto de máximo x = 2a
= −2
= 4.
Substituindo este valor em z = 8 − x obtemos z = 4. Logo os números procurados são 4 e 4.
f (x) = ax2 + bx + c
" 2 #
−b b ∆
=a + − 2 ,
2a 2a 4a
122
ou seja,
2
−b b ∆
f (x) = a + − .
2a 2a 4a
−b b 2
Observamos agora que 2a
+ 2a
≥ 0 para qualquer x real. Então temos dois casos a
considerar:
b 2 b 2 ∆ ∆
10 Caso. Quando a > 0, a −b
−b
2a
+ 2a
≥ 0 e portanto y = a 2a
+ 2a
− 4a
≥ − 4a .
b 2 b 2 ∆ ∆
20 Caso. Quando a < 0, a −b −b
2a
+ 2a
≤ 0 e portanto y = a 2a
+ 2a
− 4a
≤ − 4a .
Resumindo temos:
∆
a>0⇒y≥− , ∀x ∈ R
4a
∆
a < 0 ⇒ y ≤ − , ∀x ∈ R.
4a
∆
Im (f ) = y ∈ R; y ≥ − , para a > 0 e
4a
∆
Im (f ) = y ∈ R; y ≤ − , para a < 0.
4a
∆ = b2 − 4ac = (−8)2 − 4 · 2 · 6 = 16
∆ −16
e com isso − 4a = 4·2
= −2. Como a = 2 > 0, temos pela propriedade acima que
Im (f ) = {y ∈ R; y ≥ −2} .
123
10.5 Eixo de Simetria da Parábola
Pela experiência adquirida até agora, no tocante ao esboço de gráficos, podemos concluir
que a parábola possui certas regularidades e uma notável é a existência de um eixo de
simetria. ”A grosso modo falando existe uma reta vertical (perpendicular ao eixo dos x)
que divide a parábola ao meio”. Tal reta passa sempre pelo vértice V −b , −∆ da parábola
2a 4a
−b
e portanto é dada pela equação x = 2a
.
Para provarmos que a parábola tem eixo de simetria na reta x = −b2a
, devemos mostrar
que dado um ponto A −b
2a
− r, y , com r ∈ R, pertencente ao gráfico da função, existe
B −b
2a
+ r, y também pertencente ao gráfico da função.
h i
b 2 ∆
De fato, tomando a função quadrática na forma canônica f (x) = a −b
2a
+ 2a
− 4a2
−b
e usando o fato que A 2a − r, y pertence ao gráfico da parábola temos:
−b
y=f −r
2a
" 2 #
−b b ∆
=a −r+ − 2
2a 2a 4a
∆
= a (−r)2 − 2
4a
2 ∆
= a (r) − 2
4a
" 2 #
−b b ∆
=a +r+ − 2
2a 2a 4a
−b
=f +r .
2a
Portanto está provado que B −b
2a
+ r, y também pertence ao gráfico da função.
10.6 Gráfico
Com base no estudo feito até agora, das propriedades da função f (x) = ax2 + bx + c,
vamos fazer um resumo com o objetivo de facilicitar o esboço, com eficiência, da parábola
que representa a função quadrática y = f (x) .
124
Relembramos, da aula anterior, que para esboçar com eficiência o grafico da função
afim f (x) = ax + b (a 6= 0) basta escolhermos dois pontos, pois neste caso o gráfico é uma
reta. Além disso, para simplificar as contas e o desenho, podemos sempre escolher os pontos
de intersecção desta reta com os eixos coordenados. A saber, A −b
a
, 0 e B (0, b) .Temos
então com a ”tabelinha esperta” para a função f (x) = ax + b (a 6= 0)
−b
x 0 a
y = ax + b b 0.
x x1 xv x2
y = f (x) y1 yv y2 .
A escolha dos pontos x1 e x2 dependem fortemente do valor de ∆ = b2 − 4ac.
125
Esta tabela ajuda consideravelmente no esboço do gráfico pois quando ∆ ≥ 0, com estas
escolhas, estamos identificando as intersecções do gráfico com o eixo dos x.
x x1 xv x2
y = f (x) 0 yv 0.
Um ponto importante que deve ser escolhido sempre é o ponto P (0, f (0)) , que fornece
a intersecção do gráfico com o eixo dos y.
Para concluir nossa abordagem sobre a função quadrática vamos fazer o estudo do sinal
e resolver algumas inequações.
Inicialmente informamos que estudar o sinal da função quadrática f (x) = ax2 + bx + c
(a 6= 0) significa identificar os valores de x ∈ R para os quais ocorre:
(iii) f (x) = 0.
(i) ∆ < 0,
126
(ii) ∆ = 0,
(iii) ∆ > 0.
10 Caso: ∆ < 0
b 2
e portanto a · f (x) > 0, ∀x ∈ R, pois a2 > 0, x + ≥ 0 e − 4a∆2 > 0. Portanto, a função
2a
Exemplo 14. Para a função f (x) = x2 −2x+2 temos que ∆ = (−2)2 −4·1·2 = −4 < 0
e, como a = 1 > 0, concluı́mos que f (x) > 0, ∀x ∈ R.
20 Caso: ∆ = 0
Da forma canônica, temos:
" 2 # 2
2 b 0 2 b
a · f (x) = a x+ − 2 =a x+ ≥ 0, ∀x ∈ R,
2a 4a 2a
b 2
pois a2 > 0 e x + ≥ 0. Isto significa que a função f (x) = ax2 + bx + c, quando ∆ = 0,
2a
−b
tem o sinal de a para todo x ∈ R com excessão do valor x = 2a
que é o zero real duplo de
f (x) ,ou melhor:
a > 0 ⇒ f (x) ≥ 0, ∀x ∈ R
a < 0 ⇒ f (x) ≤ 0, ∀x ∈ R.
127
Exercı́cio 14. Estude o sinal das funções f (x) = x2 −2x+1 e g (x) = −2x2 +8x−8.
30 Caso: ∆ > 0
Neste caso, a função f (x) = ax2 + bx + c possui dois zeros reais e distintos, x1 e x2 ,
dados por
√
−b − ∆
x1 =
2a√
−b + ∆
x2 = .
2a
Com isso,
" 2 #
b ∆
a · f (x) = a2 x+ − 2
2a 4a
" √ ! √ !#
−b − ∆ −b + ∆
= a2 x− x−
2a 2a
= a2 (x − x1 ) (x − x2 )
e o estudo do sinal é bem mais interessante. Deixamos como exercı́cio para o leitor, verificar
que:
1. O sinal de f (x) é o sinal de a para todo x, tal que x < x1 ou x > x2 . Ou seja, é o
sinal de a fora do intervalo compreendido entre as raı́zes x1 e x2 .
2. O sinal de f (x) é o sinal de −a para todo x, tal que x1 < x < x2 , isto é, entre as
raı́zes x1 e x2 .
128
Finalmente, vamos concluir nosso estudo preliminar sobre a função quadrática
resolvendo inequações do tipo ax2 + bx + c > 0, ax2 + bx + c < 0, ax2 + bx + c ≤ 0 ou
ax2 + bx + c ≥ 0 (a 6= 0) , que são denominadas inequações do segundo grau.
Tal estudo depende essencialmente do sinal da função quadrática, que fizemos acima. A
tı́tulo de ilustração vamos tratar dois exemplos:
Deixamos como exercı́cio para o leitor, fazer o estudo do sinal das funções f e g acima.
Em seguida, fazer o produto dos sinais em cada intervalo determinado pelas raı́zes para
confirmar o conjunto solução S acima.
129
Aula 11
Função Modular
Objetivos
1. Definir o módulo ou valor absoluto de um número real
2. Estabelecer as principais propriedades do módulo de um número real
3. Definir função modular
4. Identificar as principais propriedades da função modular (domı́nio, imagem, gráfico,
etc)
5. Resolver equações e inequações modulares
6. Estudar a função cúbica f (x) = x3 (domı́nio, imagem, gráfico e propriedades)
1
7. Estudar a função recı́proca f (x) = (domı́nio, imagem, gráfico e propriedades)
x
8. Estudar a função máximo inteiro f (x) = [[x]]
9. Estudar funções definidas por várias sentenças (domı́nio, imagem, gráfico e
propriedades)
129
11.1 Módulo ou Valor Absoluto de um Número Real
Exemplo 11.1.
Dos exemplos acima concluimos que a única função da operação módulo é transformar
um número real noutro positivo. Quando este já é positivo nada mais a fazer.
(i) |x| ≥ 0,
(ii) |x| = 0 ⇔ x = 0,
(iv) |x|2 = x2 ,
130
(v) x ≤ |x| ,
f: R → R
x 7→ y = |x|
Ou ainda,
f1 (x) = x, se x ≥ 0
f (x) = .
f (x) = −x, se x < 0
1
Como podemos ver a função f (x) = |x| é definida por duas leis (sentenças) y = f1 (x) e
.y = f2 (x) . Uma delas funciona para x ≥ 0 e a outra para x < 0.Portanto, D (f1 ) = R+ e
D (f1 ) = R∗− . Como R+ ∪ R∗− = R temos que D (f ) = R.
131
Pela definição da função modular concluimos que seu gráfico é a união de duas semi-
retas, bissetrizes do primeiro e segundo quadrantes, que se encontram na origem.
Fazendo uma simples tabela e respeitando o domı́nio de y = f1 (x) e y = f2 (x) temos o
gráfico de f (x) = |x| .
x −1 0 1
y = |x| 1 0 1
2
y = |x|
1
P (0, 0)
−3 −2 −1 1 2 3
Portanto,
f1 (x) = x + 1, se x ≥ −1
f (x) = |x + 1| = .
f (x) = −x − 1, se x < −1
2
132
a tabela
x −2 −1 0
y = |x + 1| 1 0 1
3
y = |x + 1|
2
1 P (0, 1)
−4 −3 −2 −1 1 2
|x|
Exemplo 11.3. Esboce o gráfico da função f (x) = .
x
Solução 11.2. Inicialmente observamos que x não pode assumir o valor 0 (zero). Portanto
D (f ) = R∗ .Usando a definição de módulo temos que
x
|x| x = 1, se x > 0
= −x .
x
= −1, se x < 0
x
Portanto,
f1 (x) = 1, se x > 0
f (x) = .
f (x) = −1, se x < 0
2
Como as funções y = f1 (x) e y = f2 (x) são constantes, em seus domı́nios, o gráfico de cada
uma delas é uma semi-reta paralela ao eixo dos x.Observe que existe um salto entre estas
duas semi-retas pois uma está no primeiro quandrante partindo do ponto P (0, 1) e a outra
está no quarto quadrante partindo do ponto Q (0, −1) . -Os pontos P e Q não pertencem ao
133
gráfico pois não podemos ter x = 0.Podemos utilizar a tabela
x −2 −1 1 2
|x|
f (x) = −1 −1 1 1
x
2
|x|
y=
x
1 bc
P (0, 0)
−2 −1 1 2
−1 bc
−2
Para resolver equações modulares utilizamos a propriedade (viii) acima, isto é, se a > 0
(a ∈ R) , |x| = a ⇔ x = ±a.
b b
−a a R
134
Solução 11.4. Novamente pela propriedade (viii) temos |3x − 1|
= |2x + 3| ⇒
3x − 1 = 2x + 3 ⇒ x = 4 ou
Logo S = −2
5
, 4 .
3x − 1 = −2x − 3 ⇒ x = −2 .
5
−2
Solução 11.5. Inicialmente observe que precisamos ter 3x + 2 ≥ 0 ⇒ x ≥ 3
para que a
igualdade faça sentido. Agora, usando a propriedade (viii) temos que
x + 1 = 3x + 2 ⇒ x = −1 ou
2
|x + 1| = 3x + 2 ⇒
x + 1 = −3x − 2 ⇒ x = −3 .
4
−3 −2
Observe que x = 4
não satisfaz pois devemos ter x ≥ 3
pela condição inicial. Logo
S = −1
2
.
Passamos agora ao estudo das inequações modulares. Tal estudo decorre das
propriedades (ix) e (x) vistas anteriormente, isto é,
ppppppppppppppppp
b b
−a a R
pppppppp ppppppppppppp
b
ppppppppppppppppppppp
b
−a a R
135
Exemplo 11.7. . Resolva a inequação |2x + 1| < 3 em R.
|2x + 1| < 3 ⇒ −3 < 2x + 1 < 3 ⇒ −3 − 1 < 2x < 3 − 1 ⇒ −4 < 2x < 2 ⇒ −2 < x < 1.
136
Aula 12
Funções Exponenciais
Iniciaremos esta aula recordando, na seção 5.1, alguns fatos básicos acerca da operação de
potenciação. Esse conhecimento é essencial para compreendermos as funções exponenciais,
assunto que será abordado na seção 5.2. Não temos a intenção de exaurir o tema das
funções exponenciais e das funções logarı́tmicas (aula 6), mas sim de dar a ele uma primeira
aproximação. O leitor interessado em saber mais sobre o tema pode consultar a bibliografia
sugerida no fim das aulas 5 e 6. Os livros aı́ citados podem ser acessados na biblioteca ou
adquiridos no Instituto de Matemática da UFAL.
1
a−n =
an
Exemplos: (a) a4 = a · a · a · a;
138
√ 2 √ √
(b) 3 = 3 · 3;
1
(c) 2−3 = 3 .
2
√
n
a = b, quando bn = a
√
O número n
a é chamado raiz n-ésima de a.
√
Exemplo: 3
8 = 2, porque 23 = 8.
139
√
n √ √
(a) a · b = n a · n b;
r √
a n
a
(b) n
= √ , para b 6= 0.
√ b n
√b
(c) n am = np amp , para todo inteiro positivo p.
√ √ √ n √ n
Demonstração: (a) Seja c = n a · b. Então cn = ( n a) ·
n n
b . Daı́ segue-se que
√ √
c = n a · n b . Donde obtemos o resultado desejado.
√ √ n
n
a n ( n a) a
(b) Seja c = √ . Então c = √ n = . Daı́ segue-se o resultado desejado.
n
b n
b b
√ √ n
(c) Seja c = n am . Então cn = n am = am . Donde obtemos cnp = amp . Ou seja,
√
c = np amp .
140
12.3 Potência de expoente irracional
√
Consideremos o seguinte problema: como definir a potência 3 2 ? A solução desse
problema, nos dará inspiração para o caso geral de definir a potência aα , onde a é um
número real positivo e α é um número irracional qualquer.
√ √
Para definir 3 2 , observamos que o número irracional 2 = 1.4142 . . . pode ser
aproximado por duas sequências de números: a primeira S1 constituı́da de números racionais
1.4
1.41
1.414
1.4142
..
.
√ √
que vão se aproximando do expoente 2 por valores menores do que 2; e a segunda
S2 constituı́da de números racionais
1.5
1.42
1.415
1.4143
..
.
√ √
que vão se aproximando do expoente 2 por valores maiores do que 2. Definimos então
√
2
3 como sendo o número para o qual qualquer uma das sequências numéricas
ou
31 , 3154 , 31.42 , 31.415 , 31,4143 , . . .
141
convergem. (De fato, pode ser mostrado que essas sequências convergem; isso você verá
num curso de cálculo, num tópico sobre sequências numéricas).
Generalizando, dados um número real a > 0 e um número irracional α, podemos definir
aα do seguinte modo: consideramos uma sequência de números racionais
r1 , r2 , r3,...
que vão se aproximando cada vez mais do expoente α por valores menores do que α e
definimos aα como sendo o número para o qual a sequência
Converge.
Definição: Dado um número real a tal que a > 0 e a 6= 1 , chamamos função exponencial
de base a a função f : R →R, f (x) = ax .
Exemplos:
1 x
√ x
(a) f (x) = 3x ; (b) f (x) =
4
; (c) f (x) = 5 .
Exemplo: Determine o domı́nio da função f (x) = (x + 1)2x .
142
Solução: A base da função exponencial deve ser positiva e diferente de 1; o expoente,
por sua vez, pode ser qualquer número real. Então, concluı́mos que x + 1 > 0 e x + 1 6= 1
. Daı́ segue-se que x > −1 e x 6= 0. Levando-se em consideração essas duas restrições,
concluı́mos que o domı́nio da função dada é o conjunto {x ∈ R | x > −1 e x 6= 0} .
Solução:
x −1 0 1 2 3
(a)
y = 2x 0.5 1 2 4 8
2
y = 2x
1
x
−2 −1 1 2
x −2 −1 0 1 2 3
(b)
y = (1/2)x 4 2 1 0.5 1/4 1/8
143
y
2
y = ( 21 )x
1
x
−1 1 2
144
2 +3x+3
Exemplo: Resolva a equação 3x = 27x+4 .
2 +3x+3
Solução: Fatorando 27, podemos reescrever a equação dada na forma 3x =
x+4 2 +3x+3
(33 ) . Desse modo, 3x = 33x+12 . Donde obtemos x2 + 3x + 3 = 3x + 12. Então,
x2 = 9. Logo, x = ±3.
Solução: Note que podemos reescrever o primeiro membro da equação acima da seguinte
maneira: 2x + 2x+2 = 2x + 2x · 22 = 2x (1 + 4) = 2x · 5. Desse modo, a equação dada pode
ser reescrita na forma 2x · 5 = 10. Logo, 2x = 2, Donde, x = 1.
Atividade proposta 1.4: Encontre as soluções das equações abaixo, caso existam:
(a) 25x+1 = 5x−4 ;
(b) 4x+1 = 16x−3;
(c) 3x−1 + 3x+1 + 3x+2 = 111.
12.6 O número e
O número e é atualmente muito utilizado nas ciências aplicadas, como Economia e Fı́sica.
Sua origem se encontra estreitamente vinculada, na Matemática Financeira, ao cálculo dos
juros compostos (Veja ÁVILA, para mais informações). O número e é o número definido
n
como o número limn→∞ 1 + n1 ; ou seja,
n
1
e = lim 1 + .
n→∞ n
n
(Lê-se: o número e é o limite de 1 + n1 quando n tende ao infinito).
Vamos entender melhor essa definição. Ela está dizendo que o número e é o número para
n
o qual os valores das potências 1 + n1 se aproximam de e quando os números inteiros n
crescem ilimitadamente, tendendo ao infinito.
Vamos, então, fazer algumas contas para tentar ter uma noção do valor desse número e:
n 1
Para n = 1, o valor de 1 + n1 é 1 + 11 = 2;
145
1 n 1 2 9
para n = 2, o valor de 1 + n
é 1 + 2
=
= 2.25; 4
1 n 1 3
3
para n = 3, o valor de 1 + n é 1 + 3 = 43 = 64
27
= 2, 3704 . . . ;
n 1 10 10
para n = 10, o valor de 1 + n1 é 1 + 10 = 11
10
= 2, 5937424601 . . . ;
1 100 1 100 101 100
para n = 100, o valor de 1 + 100 é 1 + 100 = 100
=
2, 7048138294215260932671080753 . . . .
Poderı́amos continuar esses cálculos atribuindo valores cada vez maiores a n, contudo
essa não seria uma boa estratégia para a determinação das propriedades do número e. Em
vez disso, passaremos a fazer algumas observações mais produtivas:
1 n
(1) Para cada valor inteiro que atribuirmos a n, o valor correspondente 1 + n
de será
um número racional;
1 n
(2) As contas feitas acima não garantem que os números 1 + n
irão se aproximar de
algum número ou não;
(3) As contas feitas acima não revelam se o número e é racional ou irracional.
Contudo, em alguns livros de cálculo diferencial você pode encontrar a demonstração de
que o número e é um número irracional cujo valor é, aproximadamente, 2, 718 (Veja, por
exemplo, GUIDORIZZI, Hamilton. Um Curso de Cálculo).
Recomendo que você leia também o breve artigo de Elon Lages encontrado no site
http://meusite.mackenzie.com.br/giselahgomes/arquivos/numero e.pdf
no qual você encontrará mais informações acerca do número e e sua relação com os
logaritmos, assunto da nossa próxima aula.
146
negativo. Note que nesse produto o fator 3−x é sempre positivo. Então o sinal do produto
coincidirá com o sinal do fator (x − 4). Mas a função afim é negativa para x < 4 e positiva
para x > 4 . Portanto, o produto (x − 4) 3−x será negativo, para x < 4; e será positivo para
x > 4.
(b) O problema dado consiste em determinar x de modo que o produto (x2 − 1) ex−2 seja
positivo. Note que nesse produto o fator ex−2 é sempre positivo. Então o sinal do produto
(x2 − 1) ex−2 coincidirá com o sinal do fator (x2 − 1). Mas a função x2 − 1 quadrática
é negativa para −1 < x < 1 e positiva para x < −1 ou x > 1. Logo o produto dado
(x2 − 1) ex−2 será positivo para e negativo para x < −1 ou x > 1.
Atividade proposta:
Estude o sinal das seguintes funções:
(a) f (x) = (x + 5) 4x−1 ;
(b) f (x) = (x2 − 2x + 3) e−(x−1) .
147
Aula 13
Função Logarı́tmica
Definição: Dados dois números reais a e b, tais que a > 0, a 6= 1 e b > 0, chama-se
logaritmo de b na base a à solução x da equação exponencial ax = b . Ou seja,
148
13.2 Algumas conseqüências importantes da definição
de logaritmo
(i) loga 1 = 0 para todo número real a > 0 e a 6= 1; ou seja, o logaritmo do número 1
em qualquer base a é igual a 0. Para ver isso, basta fazer loga 1 = x. Daı́ obtemos ax = 1.
Logo, x = 0.
(ii) loga a = 1, ou seja, o logaritmo da base na própria base é igual a 1.
b
(iii) aloga = b, ou seja, a potência de base a e expoente loga b é igual a b. Essa afirmação
decorre imediatamente da definição de logaritmo, haja vista que o logaritmo de b na base a
é o expoente que se deve dar à base a para que a potência obtida seja igual a b.
(iv) loga b = loga c, então aloga c = b. Para ver isso, suponha que loga b = loga c . Então,
pela definição de um logaritmo, concluı́mos que aloga c = b . Dessa última igualdade e da
propriedade anterior (iii) segue-se que c = b.
az = b · c = ax · ay = ax+y .
149
Atividade proposta:
Sabendo que loga b = 3, loga c = 2 calcule:
10
(a) loga (b2 c3 ) ; (b) loga bc (c) log a2 b3 c4 .
que a cada número real positivo x associa o número real loga x, o logaritmo de x na base
a.
Solução:
150
x 1/8 1/4 1/2 1 2 4 8
(a)
y = log2 x −3 −2 −1 0 1 2 3
y
y = log2 x
1
x
1 2 3
−1
−2
2
y = log 1 x
1 2
x
1 2 3
−1
−2
13.5 Propriedades:
151
donde segue-se que . Como 0 < a < 1, concluı́mos que loga x2 − loga x1 < 0. Logo,
loga x2 < loga x1 , o que mostra o que querı́amos.
13.6 Gráficos
(i) Se a > 1 o gráfico de y = f (x) = loga x é crescente e corta o eixo dos x no ponto de
abscissa x = 1, tendo o aspecto indicado na figura abaixo:
y = log2 x
1
x
1 2 3
−1
−2
(ii) Se 0 < a < 1 o gráfico de y = f (x) = loga x é decrescente e corta o eixo dos x no
ponto de abscissa x = 1, tendo o aspecto indicado na figura abaixo:
2
y = log 1 x
1 2
x
1 2 3
−1
−2
152
13.7 Logaritmos decimal e natural
153
Bibliografia
[3] LIMA, Elon et al. Exame de textos: análise de livros de matemática para o Ensino
Médio SBM.
154