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Uma das alunas levantou a mão e afirmou, naquela manhã, que já havia visto no sítio
da sua família um tijolo com aquele mesmo símbolo.
Sidney Aguilar (o professor) não sabia que em sua pesquisa iria descobrir uma
história tão triste e assustadora que daria origem a um documentário, o “Menino
23”.
O sítio pertence a família Rocha Miranda, uma das famílias mais importantes da
história do Rio de Janeiro e de origem escravocrata. Em sua pesquisa, Sidney
descobriu que a família Rocha Miranda tinha um integrante que era membro do partido
nazista aqui no Brasil, que era o maior partido nazista fora da Alemanha e que
outras pessoas da família eram ligados ao Partido Integralista Brasileiro, um
partido com uma essência de “fascismo tupiniquim”.
Em sua pesquisa, Sidney descobriu que a família Rocha Miranda adotou 50 crianças de
um orfanato para escravizá-las no trabalho rural e lucrar com elas. Todas eram
negras.
No documentário, um homem conhecido como Aloísio, que foi uma das vítimas, disse
que as crianças não eram chamadas por nomes, mas sim por números, e o seu era o
número 23.
Os meninos só foram libertados quando o governo Vargas rompeu suas relações com
Hitler.
Nos anos em que os garotos foram escravos dos nazistas Rocha Miranda, o Brasil
vivia o ápice da política de superioridade racial e de “branqueamento” da raça. E
esses fatos não aconteceram há 200 anos.
Não.
Passaram- se pouco mais de 80 anos e a família Rocha Miranda ainda hoje dá nome a
um imenso bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, a cidade em que vivo e que amo
profundamente.
É vergonhoso e cruel