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Nós, Os Congregacionais!

(Osmar de Lima Carneiro)

Nós, Os Congregacionais, somos o primeiro segmento evangélico que se organizou no Brasil. Outros
grupos evangélicos chegaram antes de nós, entretanto, nunca ousaram realizar cultos na língua pátria.
Houve imigrantes evangélicos cultuando em inglês, alemão, francês, mas em português, o primeiro trabalho
foi realizado por dona Sara Poulton Kalley em 19/08/1855.

· Os primeiros protestantes a chegar ao Brasil foram os luteranos Heliodoro Eobano, Ulrico


Shmidel e Hans Staden, exercendo atividades profissionais na capitania de São Vicente, de
1549 a 1554, sem registro histórico a respeito de culto ou música evangélica em português.
· A primeira tentativa protestante na terra de Santa Cruz se deu com a intermediação de
Nicolas Durand de Villegaignon, que em carta encaminhada ao seu amigo João Calvino,
conseguiu que esse enviasse alguns protestantes para o Brasil com o objetivo de aqui
iniciar o seu culto e, conseqüentemente, a evangelização. A igreja de Genebra enviou os
pastores Pierre Richier e Guilherme Chartier, na companhia de catorze seminaristas.
Apesar desse grupo vir ao Brasil, a implantação do presbiterianismo dentro do país só
aconteceu no século XIX. Várias foram as tentativas de criar igrejas dentro do país,
sobretudo no Rio de Janeiro, no séc. XVI e a dos holandeses, no Nordeste, no séc. XVII,
através dos calvinistas franceses conhecidos como "huguenotes", mas Villegaignon mudou
de posição, voltando a professar a fé católica, quando os franceses foram expulsos pela
Coroa portuguesa. O final dos huguenotes foi trágico; foram executados pelo próprio
Villegaignon, a mando da Coroa, devido às pressões da Igreja Romana.
· Outro nome digno de nota é de Jean Jacques Le Balleur (ou Jean de Bolés). Ele
conseguiu escapar da perseguição de Villegaignon e se bandeou para São Vicente. Esse
calvinista "herege" perturbou a paz por onde passou, o que fez com que fosse perseguido e
enviado à Bahia, onde era governador Mem de Sá. O clero católico condenou Le Balleur. A
sua prisão se deu em 1559 e a sua execução no Rio de Janeiro aconteceu em 1567. Nesse
ínterim, ele ficou enclausurado em uma das masmorras da coroa portuguesa. O pontífice D.
Pedro Leitão influenciou sobremaneira na decisão da pena que culminou com sua morte.
· Os primeiros cultos ocorreram na Bahia da Guanabara, onde Villegaignon, em sua
tentativa de estabelecer a França Antártica, em 1555, com os huguenotes. Todos os cultos
da época eram em francês, até a expulsão dos mesmos, em 1567, por Mem de Sá.
· Por outro lado, os holandeses, na primeira ocupação na Bahia (1624-1625) e na segunda,
em Pernambuco (1630-1654), dedicaram-se à catequese e obra educacional, imprimindo
inclusive um catecismo trilingüe em holandês-português-tupi. Seus cultos apresentavam
salmos cantados, não havendo indicação histórica de tradução de hinos para o português.
· Abro aqui um parênteses para registrar declaração do Reverendo Geraldo Batista dos
Santos, sertanejo de Aparecida (antigo Canto), professor e historiador dos mais renomados
da nossa seleção evangélica:
"Não quero biografar a vida pregressa do aventureiro, facínora e desumano
NICOLAS DURAND DE VILLEGAIGNON, mas tão-somente, mostrar ao
povo evangélico, a crueldade sem limite, praticada por esse elemento,
quando fez executar três ministros evangélicos – JEAN DU BOURDEL,
MATTHIEU VERNEUIL E PIERRA BOURDON – na sexta-feira trágica,
nove de fevereiro de 1558, na Baía de Guanabara, e o sangue dos quais foi
a semente da igreja Evangélica em terras da América!
"Assim foi Villegaignon, quem primeiro derramou sangue dos filhos de Deus
nesse país recém-descoberto e por isso, mui, justamente, alguém o
apelidou o CAIM DA AMÉRICA".
Acrescenta o Professor Geraldo Batista dos Santos: "Muito antes de
NICOLAS DURAND DE VILLEGAIGNON, os franceses visitaram costas
brasileiras. Em junho de 1503, o capitão BINOT PAULMIER DE
GONNEVILLE, zarpava de Honfleur para "uma expedição às Índias
Ocidentais". Seis meses depois chega Bonot ao Brasil "em um ponto que
se julga ser, com fundamento, o porto de S. Francisco, no litoral norte-
catarinense – Binot levantou uma grande cruz de madeira, realizando
cerimônias que muito encantaram o cacique AROSCA, "de porte grave e de
olhar bondoso".
Registram-se, a seguir, a viagem "atribuída em 1521, a Huges Roger, e em
1525, a "a realizada por JEAN PARMENTIER, piloto do visconde de
DIEPPE".
Salvo melhores pesquisas, a expedição de VILLEGAIGNON foi a quarta
que das terras da França procurou as costas do Brasil.
Veremos, neste trabalho, alguns historiadores dissecando sobre o congregacionalismo; teremos, também,
um relato que fazemos sobre a criação da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.

Os Congregacionais – Quem somos?


(Manoel Bernandino de Santana Filho – UIECB)

INTRODUÇÃO - As igrejas congregacionalistas eram originalmente chamadas independentes, na Inglaterra,


no final do século XVI e início do século XVII. O nome congregacional veio depois. Pode-se entender o
significado desse nome quando se observa o caráter dos grupos eclesiásticos que ali se definiram desde
Eduardo VI e Isabel. A igreja nacional Anglicana, mantinha a mesma estrutura eclesiástica de Roma,
apenas nacionalizada, tendo o Rei como seu chefe.
De outro lado estava o movimento puritano que cedo se manifestou e assumiu tendências diferentes. As
primeiras manifestações históricas das comunidades congregacionalistas se verificaram em Londres entre
1567 e 1568.
Ü Richard Fytz é considerado como o mais antigo pastor de uma Igreja desse tipo. Em 1570 ele publicou
um manifesto sobre "As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo".
Ü Robert Browne, clérigo anglicano, adotou tais idéias em 1580 e com Robert Harrison organizou em
Norwich uma congregação independente cujo sistema era substancialmente congregacionalista. Browne foi
o primeiro teórico do movimento e logo as comunidades independentes passaram a receber o nome de
Brownistas.
Ü Chegando, porém, à América, onde os de Endicott se uniram a eles, e antes que buscassem paragens
mais propícias para o estabelecimento definitivo, como em Charleston e Boston, que vieram a fundar, uma
importante questão os novos colonos tiveram que resolver, ao organizar em Salém a primeira igreja
evangélica em solo americano. Pelo Ato de conformidade vigente na pátria e pelos processos tirânicos com
que o arcebispo Laud tratava os puritanos, não receberiam nenhum apoio da Igreja Inglesa, nem também
do Rei. A ordenação episcopal com que os ministros haviam sido investidos pela Igreja, não seria revalidada
por ela para a Igreja de Salém. Longe da Inglaterra e com essas dificuldades para o apoio que receberiam
do Rei e da Igreja, verificaram que o sistema eclesiástico mais indicado naquela terra do Novo Mundo, onde
muito seria requerido do espírito criativo e pioneiro das igrejas que fundassem, era não o sistema compacto
da Igreja Anglicana, cuja sede de decisões estava na Inglaterra, mas o sistema flexível e congregacional da
vizinha colônia de Plymouth. Apesar de anglicanos, a influência das idéias calvinistas e algumas doutrinas
de Browne e de Barrowe sobre a "teologia do povo de Deus" gozavam de simpatia e aceitação em muitos
grupos e líderes puritanos e nenhuma dificuldade houve para que os novos colonos escolhessem como
sistema das igrejas que fundassem o sistema congregacionalista da colônia de Plymouth. Assim, a igreja de
Salém, organizada em agosto de 1629, tomou o nome de Igreja Congregacional, sendo imitada pelas
igrejas seguintes.
Ü A generalização do nome congregacional por essas igrejas e a importância histórica que elas e a nova
colônia, mais próspera que a de Plymouth, alcançaram no desenvolvimento dos Estados Unidos, veio a criar
a imagem de que aqueles colonos de Massachussetts foram os representantes e os introdutores do
congregacionalismo na América.
Na verdade, o congregacionalismo foi adotado, ali, não por convicção nem por conversão doutrinária, mas
por expediente político e administrativo. Tanto que aquela colônia, formada por igrejas que se diziam
congregacionais, teve uma organização peculiar, conhecida como "a teocracia da Nova Inglaterra", onde os
direitos civis e políticos dos colonos dependiam de sua filiação às igrejas. Isso conflitava frontalmente com o
espírito e a doutrina congregacional, em que os batistas e os independentes pugnavam por absoluta
separação entre a Igreja e o Estado. O clima de intolerância da Igreja estatal tornou-se denso e cruel, tanto
no policiamento dos costumes, quanto no problema da liberdade religiosa. Roger William teve que
abandonar Boston, expulso dali, e ir para Rhode Island, onde fundou uma igreja batista. Outros aspectos e
processos administrativos da colônia, cedo derramando-se por Massachussetts, Maine e Connecticutt,
como o Pacto de Maio-Caminho, o desenvolvimento de uma quase "união orgânica" entre as igrejas dos
vários distritos com centralização cada vez maior de poder governativo das assembléias distritais sobre as
comunidades locais, assim como uniões sucessivas com outros grupos eclesiásticos permitiriam que se
introdudissem práticas não compatíveis com a política tipicamente congregacional. A união com os
presbiterianos, na marcha para o oeste, celebrada em 1801, fez com que se perdessem, em 50 anos, cerca
de 2.000 congregações, que se fizeram presbiterianas. O movimento unitariano, introduzido em Boston por
volta de 1776, em 1815 separava da denominação 12 das 14 igrejas da cidade, com todos os seus bens
patrimoniais. O mesmo aconteceu no resto de Massachusssetts, onde 96 igrejas se passaram para o novo
credo e muitas outras, diminuídas de seus membros, tiveram que reiniciar suas atividades com os poucos
que restaram.
Ü Só depois do Segundo Grande Avivamento, a partir de 1796 e durante a primeira metade dos anos mil e
oitocentos, a denominação se pôde recompor, graças ao melhor preparo teológico de seus líderes nos
cursos de Yale e Andover, aos movimentos em prol da libertação dos escravos e da moralização dos
costumes públicos, principalmente contra a embriaguez, e, mais precisamente, através dos estudos bíblicos
nas Escolas Dominicais e no engajamento denominacional na obra de Missões Estrangeiras e
Denominacionais.
Ü Contudo, a política ecumênica, impondo-se às naturais reservas denominacionais internas, levaram os
congregacionais americanos a se unirem à Igreja Cristã, em 1871, para formarem o Concílio das Igrejas
Cristãs Congregacionais e, recentemente, em 1958, sua fusão com a Igreja Reformada produziu a atual
igreja Unida de Cristo, nome corporativo estranho ao conceito eclesiástico do congregacionalismo. Na
Inglaterra, a transformação foi mais lenta, pelos motivos óbvios de ali ser a pátria do espírito eclesiástico
independente. No entanto, em 1972, a União das Igrejas Congregacionais da Inglaterra e do País de Gales,
fundindo-se com a Igreja Presbiteriana da Inglaterra, passou a formar com esta a United Reformed Church,
à semelhança dos Estados Unidos.
Apesar dessas fusões e descaracterização congregacionalista, muitas comunidades isoladas, através dos
tempos e ainda agora, se têm procurado manter fiéis às suas origens, tanto na América como na Europa.

Os Congregacionais no Mundo
(Amaury de Sousa jardim – UIECB)

Havia na Inglaterra um grande servo de Deus chamado John Wycliffe. Viveu ele de 1320 a 1384. Foi ele
acusado de haver instigado alguns cristãos que estavam sob sua liderança, contra as doutrinas da igreja
Católica. Isto tudo ocorreu 140 anos antes da publicação das noventa e cinco teses de Lutero.
É ele conhecido como um dos últimos escolásticos de Oxford e bisavô da Reforma. As opiniões
reformativas de Wycliffe, muito influenciado pelas idéias de Santo Agostinho, eram à base do princípio da
Igreja Congregacional na Inglaterra, como também da Boêmia.
João Huss seguiu-lhe os passos 50 anos depois, mas foi condenado por heresia e executado, morto numa
fogueira, depois de lançar as bases de uma Igreja protestante nacional.
Mais tarde, na Alemanha, Martinho Lutero liderou a Reforma da Igreja, sendo apelidado então de
"protestante". Foi assim que essas idéias atravessaram vários países, sem necessária vinculação de umas
das outras. Suécia, Dinamarca e Noruega seguiram os passos reformistas.
Na Inglaterra, algo diferente aconteceu no reinado de Henrique VIII. Separou ele a Igreja inglesa do papado
e de Roma e tornou-se chefe dela. Os adeptos de Wycliffe lastimaram a situação e, não estando de acordo
com a doutrina de uma Igreja vertical, fundaram novas igrejas e foram então perseguidos. Foram apelidados
de "Puritanos" ou mesmo, em algumas regiões, de "Pietistas", porque exigiram uma vida casta e pia e
porque adoravam só Jesus como cabeça da igreja. Por causa das perseguições, muitos destes crentes de
idéias congregacionais deixaram a sua terra natal e dirigiram-se para a Holanda. Em 1620, emigrou um
grupo deles para a América do Norte, esperando ter ali mais liberdade. Um grande grupo desses
congregacionais partiram para os Estados Unidos e ali se estabeleceram, mais precisamente em Plymouth.
Outro grupo foi para Massachussetts e ainda outro para Connecticut. Tornaram-se os famosos "Colonos
Puritanos". Na história norte-americana a influência deles foi decisiva e operante.
As idéias de independência e liberdade que proclamavam, lançaram o lastro da Constituição dos Estados
Unidos. Não há outro grupo que tenha contribuído tanto para as instituições educacionais livres, na
América, quanto os congregacionais. Assim, fundaram os Colonos Puritanos, animados pelo Espírito e
firmados nos ideais de liberdade, colégios que mais tarde se transformaram em famosas universidades,
como, por exemplo, a de Harvard e a de Yale. O primeiro Seminário Teológico na América do Norte foi
congregacional. A primeira Missão na América do Norte foi fundada pela Igreja Congregacional, em 1810.
Os seus missionários ainda estão trabalhando em todos os países da terra.
Hoje há no mundo duas organizações congregacionais:
1ª) International Congregational Fellowship (ICF)
2ª) World Evangelical Congregational Fellowship (WECF)
A ICF é a mais antiga organização internacional de congregacionais. A primeira convenção de
congregacionais no mundo aconteceu em Londres em 1891. Foi uma grande, bela e linda tentativa, mas
não prosperou. Muitas igrejas congregacionais foram absorvidas pela Igreja Presbiteriana, como ocorreu em
Nova Zelândia. Foram feitas uniões com outras denominações e o nome congregacional desapareceu: foi o
que ocorreu nos Estados Unidos, onde a maioria das Igrejas congregacionais se juntou à Igreja Reformada,
formando o que hoje lá se conhece como United Church.
Somente em 1973, a ICF voltou a se reunir. Isto aconteceu na Inglaterra, em Londres, num lugar chamado
Chizelhurst, quando líderes, com ideais congregacionais, se reuniram e, sob a liderança do Dr. Harry
Butman, aprovaram a famosa "Chizelhurst Declaration" e a ICF voltou a existir. Tem-se reunido, desde
então, de quatro em quatro anos. O Dr. Henry David Gray, recentemente falecido, foi um grande líder neste
período. Outro líder muito importante é o Dr Manfred Khol, que também foi presidente da World Vision. Em
1949, foi fundada a organização C-WAY, dos jovens congregacionais do mundo. Já participaram da diretoria
dela o Reverendo Carlos Roberto Martins dos Santos, Cláudia Jardim da Trindade, Daniele Vanzan e
Carine Vanzan, todos jovens congregacionais brasileiros. Em 1997 ocorreu o último encontro.
A segunda instituição, a World Evangelical Congregational Fellowship (WECF) foi fundada em outubro de
1986, em Pilgrim Hall, perto de Uckfield, Sussex, Inglaterra. Lá esteve na sua fundação, o Reverendo Álvaro
José Cortes da Trindade e sua esposa Damaris, como visitantes e observadores do Brasil.
O primeiro presidente foi o Reverendo Clifford Christensen, atual Conference Minister da Conservative
Congregational Christian Conference que reúne os congregacionais conservadores dos Estados Unidos.
Em 1998, a WECF promoveu um encontro de líderes em CAPE TOWN, África do Sul, com representantes
da Austrália (4), Brasil (7), Canadá (2), Índia (2), Macedônia (1), Nova Zelândia (2), Inglaterra (9), Estados
Unidos (8) e África do Sul (8).
Como representantes do Brasil tivemos, o Reverendo Josué Cordeiro (União), Reverendo Amaury Jardim
(União), Ruth Jardim (União), Reverendo José Remígio Braga (União), Ruth Braga (União), Reverendo
Antônio Alberto Matos (Aliança) e o Reverendo Marcone de Carvalho Santana (Aliança).
Mais história dos congregacionais
Os congregacionais são geralmente calvinistas em doutrina e mantém um sistema de governo eclesiástico
baseado em dois princípios fundamentais:
1. Cada congregação de fiéis, unida pela adoração, observação das ordenanças e disciplina
cristã, é uma Igreja completa, não subordinada em sua administração a qualquer outra
autoridade eclesiástica senão a de sua própria assembléia;
2. Tais igrejas locais estão em comunhão umas com as outras e intercomprometidas no
cumprimento de todos os deveres resultantes dessa comunhão.

O Congregacionalismo no Brasil

1. Kalley, o fundador

Robert Reid Kalley (1809-1888) médico escorcês, natural de Mount Florida, nos arredores de Glasgow,
nasceu no dia oito de setembro de 1809. Pouco se sabe acerca de sua infância. Era filho de Robert Kalley,
abastado negociante, e Jane Reid Kalley, que pertencia à Igreja Presbiteriana da Escócia. Em 1829 tirou o
diploma de farmacêutico e dois anos depois, o de cirurgião pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de
Glasgow, tendo feito os seus estudos práticos no Hospital Real dessa cidade. Era ateu mas graças ao
testemunho de uma cliente foi conduzido a estudar cuidadosamente as Escrituras Sagradas. Esses estudos
o conduziram à conversão.
Douglas Nassif Cardoso, em Práticas Pastorais – do Pioneiro na Evangelização do Brasil e de Portugal,
ousa afirmar:

"Robert Reid Kalley não estava restrito a confissões de fé, a tradições


eclesiásticas ou teologias oficiais. Sua teologia era realizada fora dos
ambientes sujeitos a controles normativos (igrejas e universidades). Como
missionário independente possuía leveza no teologizar – seus
pensamentos e posições anteriores não eram dogmáticos – se encontrasse
fundamentação na Bíblia, na experiência de fé e na razão, rompia com
tradição anterior (própria ou de terceiros). Respeitava o momento histórico
(tempo) e a situação (espaço) em que vivia. Ao respeitar tempo e espaço,
sua reflexão era contextualizada e não mera repetição de conceitos
antigos. Enfatizava a evangelização, o discipulado, o culto, a comunhão e o
serviço cristão. Sua teologia prática pode servir de referencial teórico não
somente às igrejas kalleyanas, mas também às igrejas novas, fruto dos
ministérios independentes em nossos dias.
O mundo da língua portuguesa deve a Kalley sua inserção no universo
protestante. É impossível tentar compreender o protestantismo no Brasil
sem passar pelo médico e missionário escocês que influenciou a
evangelização, o culto e a hinologia da maior parte das denominações do
país.
Sua missão foi marcada por três vocações: a de médico, que priorizava a o
atendimento aos pobres; a de missionário, que atuava na zona de fronteira
entre a fé e a incredulidade; e a de profeta, que desfiava o monopólio
religioso do catolicismo romano."

2. Kalley e a Ilha da Madeira

Kalley pretendia evangelizar a China, mas, em conseqüência do grave estado de saúde de sua esposa,
resolveu ir para a Ilha da Madeira, na costa portuguesa, aonde chegou em 1838. No ano seguinte foi
ordenado ao ministério pastoral, no dia 8 de julho. Em 1840 fundou um hospital. Em 1843 foi preso acusado
de apostasia, heresia e blasfêmia, crime considerado inafiançável e permaneceu preso por 5 (cinco) meses.
Em agosto daquele mesmo ano teve início uma terrível perseguição. Kalley saiu de casa disfarçado de
camponês. Sua esposa e parentes se refugiaram no consulado britânico. Sua casa foi invadida e destruída
por homens que tinham ido eliminá-lo. Sem outras alternativas, foi deitado em uma rede disfarçado de
velhinha enferma e transportado para bordo de um navio inglês que partiria para as Índias Ocidentais.

3. Kalley no Brasil
Kalley era casado com Mrs. Margareth Kalley, mas esta veio a falecer em 1851.
Em dezembro de 1852 casou-se, em segundas núpcias, com D. Sarah Poulton Kalley e logo partiu para os
Estados Unidos onde foi visitar aos madeirenses que ali se haviam refugiado por causa das perseguições.
Passou com eles o inverno de 1853/54. Em 9 de abril de 1855 partiu com destino ao Brasil. Ele ficara
impressionado com este país por conta da leitura de um livro publicado em 1845 pelo Rev. Daniel P. Kidder
"Reminiscências de viagens e Permanências nas Províncias do Sul e Norte do Brasil" . Enquanto esteve em
Ilinnois Kalley leu esta obra e ficou impressionado com a descrição da cidade do Rio de Janeiro e outros
lugares. Em 10 de maio de 1855 aportava no Rio de Janeiro o vapor Great Western da mala real inglesa.
Nele vinham, entre outros passageiros, o Dr. Kalley e sua esposa, D. Sarah, para iniciarem nessa terra um
trabalho que duraria 21 anos e 57 dias. O Rio de janeiro de 1855 era uma cidade com cerca de 300 mil
habitantes. Haviam cerca de 50 igrejas e capelas espalhadas pela cidade. A religião do império era a
católica.
Kalley, chegando no Rio foi instala-se em Petrópolis, numa mansão conhecida como GERNHEIM, que
significa, "Lar muito amado", antes habitada pelo embaixador dos EUA, Mr. Webb.
Em 19 de agosto de 1855, um domingo à tarde, Kalley e sua esposa instalaram em sua residência a
primeira classe de Escola Bíblica Dominical, contando com cinco crianças, filhos dos Webbs e do sr.
Carpenter. Foi contada a história do profeta Jonas. Com o desenvolvimento do trabalho, Kalley escreveu
para amigos e antigos companheiros de Ilinnois, convidando-os a virem auxiliá-lo no Brasil. O primeiro a
chegar foi William Pitt, inglês que fora aluno de D. Sarah na Madeira. Pouco depois vieram Francisco da
Gama e sua mulher, D. Francisca, Francisco de Souza Jardim e família. O primeiro crente batizado pelo Dr.
Kalley foi o sr. José Pereira de Souza Louro (era português), em 8 de novembro de 1857. Mas foi em 11 de
julho de 1858 que ele organizou a primeira igreja evangélica de regime congregacionalista no Brasil: A
Igreja Evangélica Fluminense. Foi organizada com 14 membros tendo sido batizado naquele dia o sr. Pedro
Nolasco de Andrade, primeiro brasileiro batizado por Kalley.

4. Kalley e o Congregacionalismo

Sua origem era presbiteriana, tendo sido batizado na Igreja Presbiteriana da Escócia. Particularmente, era
avesso a organizações legalistas e centralizadas. Seu espírito pastoral – e ele se caracterizava exatamente
por seu ministério pastoral junto ao rebanho – o aproximava extraordinariamente de John Robinson, o
celebrado pastor de Scrooby, igreja-mater do congregacionalismo, em sua concepção do "povo de Deus",
da Igreja, e na aversão a contendas e dissensões entre cristãos.
Mas no Brasil ele não organizou uma igreja nos moldes presbiterianos. Kalley não se converteu ao
congregacionalismo. Foi aos poucos que ele foi assumindo o jeito de ser congregacional. Lentamente
desenvolveu um conceito de povo de Deus - Igreja - diferente do conceito calvinista. Quando veio para o
Brasil depois de passar algum tempo nos Estados Unidos, sua convicção congregacionalista em matéria de
organização e caráter da igreja local, já estava bem definida: não batizava mais crianças, organizou igrejas
autônomas - Igreja Evangélica Fluminense, 1858 e, Igreja Evangélica Pernambucana, 1873 - independentes
entre si e estabeleceu presbíteros e diáconos.

5. A Primeira Convenção

Em 6 de julho de 1913 o Rev. Francisco Antônio de Souza liderou a organização da primeira convenção das
igrejas de governo congregacional, estando presentes 13 igrejas: Fluminense, Pernambucana, Niterói,
Passa três, Caçador, Encantado, Vitória de Santo Antão, Jaboatão, Monte Alegre, Paranaguá, Paracambi,
Paulistana e Santista. Nessa Convenção decidiu-se fundar um Seminário para evitar que os vocacionados
continuassem a ter necessidade de estudar no exterior. A fundação do Seminário Teológico Congregacional
do Rio de Janeiro se deu em 3 de março de 1914.

6. Nomes da nova entidade

1913 - União das Igrejas Evangélica Indenominacionais


1916 - Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais Brasileiras e Portuguesas
1919 - União das Igrejas Evangélicas que aceitam os 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas
Fundamentais do Cristianismo
1921 - União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil e Portugal
1923 - União das Igrejas Evangélicas Congregacionais Independentes
1924 - União Evangélica Congregacional Brasileira
1934 - Federação Evangélica Congregacional do Brasil e Portugal
1934 - União Evangélica Congregacional do Brasil e Portugal
1941 - União de Igrejas Evangélicas do Brasil
1942 - União das Igrejas Evangélicas Congregacionais e Cristãs do Brasil
1968 - Igreja Evangélica Congregacional do Brasil
1969 - União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil
7. Princípios Congregacionais

7.1 Falemos sobre governo


Desde os primórdios que se nota duas tendências no campo eclesiástico no concernente a estrutura de
uma igreja:
· Uma trabalha por uma Igreja organizada, hierarquizada e administrativa. Neste grupo, em
que o homem, embora necessário na comunidade, é simples acidente na economia geral
da igreja;
· Um outro segmento procurando criar uma comunidade humana flexível que se acomode a
todas as diferenças locais e pessoais. Aqui o homem é a base, o motivo e o fim dessa
comunidade;
· Estas duas tendências desembocam nos regimes eclesiásticos que temos estruturado as
igrejas nos mais diversos naipes denominacionais, a saber:

- o episcopal, que pugna por uma administração centralizada e de caráter totalitário. Nesta
forma de governo há uma igreja, da qual a comunidade que a forma, embora possa usar
esse nome, funciona estrutural e administrativamente como paróquia.

- o presbiterianismo, tem um governo de gabinete, liderado pelos delegados das


comunidades unidas entre si pelo laço federal de conselhos superpostos: presbitérios,
sínodos e Supremo Concílio. Este grupo trabalha com uma Igreja cooperativa, que legisla
pelos canais e conselhos competentes, sobre as igrejas ou comunidades incorporadas.

- o congregacionalista, que, reconhecendo a autonomia da cada comunidade, deixa o


governo a cargo de seus membros em assembléias democráticas; aqui, o caráter, as
atribuições e os poderes eclesiásticos pertencem às congregações locais, autônomas, que
se podem inter-relacionar em Associações, Convenções ou entidades de outros nomes que
promovam a confraternização e a coordenação de seus interesses e trabalhos comuns.
Este sistema de governo aqui no Brasil se amolda plenamente ao preconizado na Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002, que redundou no Novo Código Civil Brasileiro.

Como vimos acima, o congregacionalismo como sistema de governo eclesiástico está baseado em dois
princípios fundamentais:
1. Autonomia da Igreja local. É uma comunidade local formada de crentes unidos para
adoração e obediência a Deus, no testemunho público e privado do evangelho,
constituindo-se em uma igreja completa e autônoma, não sujeita em termos eclesial a
qualquer outra entidade senão à sua própria assembléia e assim tornada representação e
sinal visível e localizado da realidade espiritual da Igreja de Cristo em toda a terra. Desse
princípio se derivam todos os outros.
2. A sede da autoridade decisória final do governo eclesiástico está colocada na
Assembléia dos membros da Igreja local. Quem possui as prerrogativas eclesiásticas é a
igreja local e esta não pode ser sacrificada em favor de qualquer outro princípio.

"O caráter democrático do sistema de governo congregacional se


verifica tanto nas assembléias locais da Igreja, em relação a seus
membros (crentes que a compõem) como nas assembléias e
administração da entidade associativa denominacional de que elas
participam como membros formadores e corporativos, guardando-se
para cada uma dessas assembléias os limites decisórios que, por sua
natureza, lhes competem.
Conquanto, na prática expressional de seu governo local, cada
comunidade seja uma democracia religiosa, na teoria motivadora
dessa democracia, sendo igreja, ela representa, nessa prática, a mais
imediata forma de teocracia, em que Deus mesmo é o Senhor e
Dirigente de seu povo através de Cristo, Cabeça da Igreja, de seu
Espírito e de sua Palavra.
Isso faz com que as assembléias locais, para a legitimidade espiritual
de suas decisões, não a procurem somente no critério quantitativo de
maioria ou minoria das opiniões de seus participantes, mas na
harmonia e concordância das decisões tomadas em relação à vontade
e aos propósitos de Deus". (Rev. Manoel Porto Silveira Filho)
2.1 A Igreja local – Se caracteriza por ser dirigida por Cristo, viver na dependência do Espírito Santo e
preocupar-se em ganhar almas para o Senhor Jesus. Assim, neste sentimento de unidade e de comunhão,
cada igreja congregacional, por sua natureza, se obriga: (1) a respeitar o caráter e os atos eclesiásticos de
suas co-irmãs; (2) a promover o bem-estar e a integridade delas; (3) a fortalecer, em colaboração com elas,
as tarefas comuns que a todas incumbe na causa do Evangelho.
Nada impede que as igrejas locais, sem pressão e sem constrangimento, constituam entre si federações ou
associações pelas quais expressem, cooperativamente, seu espírito de fraternidade e companheirismo.

2.2 O seu corpo diretivo – O corpo diretivo de uma Igreja Congregacional é comumente denominado de
Corpo de Oficiais, que se constitui de pastor, presbítero e diácono.
O pastor, na linha hierárquica, exerce a função de presidente da igreja, com a responsabilidade de sua
doutrinação, à luz da Bíblia, em todos os aspectos de sua vida como instituição divina. Os presbíteros e
diáconos são oficiais de função restrita à igreja que os elegeu e ordenou.

2.3 As Ordenações Eclesiásticas – As Igrejas Congregacionais, quais outras igrejas evangélicas, não são
sacramentalistas. O batismo do crente, para sua filiação a igreja local e a ministração da Ceia do Senhor,
como símbolo da continuidade da comunhão dos crentes com seu Deus e com seus irmãos, não são
considerados como sacramentos, no sentido de conferirem, por si mesmo, qualquer graça ao batizando e
aos comungantes. São aceitas como ordenanças de Jesus Cristo para a sua Igreja, ainda que, pelo
reverente temor e obediência daqueles que se beneficiam dessas cerimônias, possam, e por causa desse
temor e reverente obediência, se tornar ocasião e motivo de bênçãos pessoais.
A Igreja Congregacional, embora reconheça a validade do batismo por imersão e por afusão, e receba por
transferência membros de outras igrejas assim batizados, pratica, por motivo de ordem, a forma de batismo
por aspersão e não aceita o batismo de crianças, porquanto acredita que o batismo significa um sinal de fé
adulta e consciente.

2.4 Falemos de Teologia - A confissão religiosa não se restringe apenas à forma de governo, embora, no
nosso caso, seja o que resta, e o congregacionalismo seja eminentemente uma forma de governo. Mas
mesmo isto está ameaçado de desaparecer, se nada for feito. Quando olhamos as diversas confissões de fé
do cristianismo, vemos nelas, por meio de credos e documentos, explicações das origens e do caráter de
suas origens históricas e teológicas.
· Os católicos, que se dizem cristãos, vemos em suas confissões, sua identidade. São
semi-pelagianos (É semipelagiano dizer que Cristo morreu ou derramou o seu sangue por
todos os homens sem exceção". "Pelagianos" e "Semipelagianos" foram hereges dos séc.
V/VI que acentuaram exageradamente as possibilidades da natureza humana no tocante à
salvação eterna.) na doutrina do pecado e da graça, crêem na efetividade dos sacramentos,
reconhecem a primazia do bispo de Roma e da importância normativa da tradição
eclesiástica. Isto é uma identidade.
· Os luteranos crêem na justificação pela fé somente, na exaltação da Palavra de Deus
como principal meio de graça e na afirmação do sacerdócio universal de todos os crentes.
· Os calvinistas marcam sua posição no reconhecimento da depravação total da raça
humana, na expiação limitada, na graça irresistível, na dupla eleição e na perseverança dos
santos. Além disso, destacam o aspecto do caráter legal da Bíblia e da disciplina da igreja.
· Os batistas são membros de sua denominação porque são convencidos de que o batismo
por imersão é o único justificável.
· Os metodistas são o que são porque temperam certo calvinismo com modificações
arminianas.
· A Iurd – No conceito iurdiano, salvação praticamente se identifica com libertação de males
particulares, enquanto que conceitos bíblicos-reformados como justificação, propiciação,
expiação e reconciliação com Deus estão, via de regra, ausentes, tanto na pregação quanto
na práxis religiosa deles.
A Iurd, à semelhança dos arminianos (evangélicos) e semi-pelagianos (entre os católicos),
crê na doutrina da graça preveniente, ou seja, que existe uma capacidade latente nas
pessoas, sem exceção, de crer na mensagem do Evangelho. Diz Macedo:

"Em todos os seres humanos, quer religiosos ou não,


existe no mais profundo de suas almas uma pequena
chama de fé, a qual focalizada no Deus Vivo,
certamente fará fluir uma vida sadia sob todos os
aspectos. Essa pequena chama de fé é colocada pelo
próprio Espírito Santo".

Aparentemente, na teologia Iurdiana, o termo salvação é usado como sinônimo de


libertação das drogas, dos problemas, das doenças e da opressão causada pelos
demônios.
Por fim, ensina a Iurd que há dez passos a serem dados que levarão os sinceros ao
caminho da salvação:
1. Aceitar de fato o Senhor Jesus como
único Salvador;
2. Participar das reuniões de libertação da
Iurd;
3. Buscar o batismo com o Espírito Santo;
4. Andar em santidade;
5. Ler a Bíblia diariamente;
6. Evitar as más companhias;
7. Ser batizado;
8. Freqüentar reuniões de membros da
Iurd;
9. Ser fiel nos dízimos e nas ofertas;
10. Orar sem cessar e vigiar.

· Os congregacionais – Os congregacionais não têm manuais de teologia, nem


catecismos. O que nos une, além do sistema simples de governar, é o desejo de servir a
Deus, proclamando o Seu Evangelho de Poder, seguindo a orientação do Espírito Santo e
vivendo em santidade de vida. Há uma dezena de coisas simples que nos unem e nos
contagiam, a saber:
1. O governo eclesiástico congregacional,
sistema plenamente democrático e direto;
2. A autoridade decisória das assembléias-
gerais da igreja;
3. Uma das bandeiras do
congregacionalismo - autonomia e
soberania da igreja local, através das suas
assembléias, com submissão somente a
Deus;
4. Para efeito de ordem, a função
orientadora e executiva da igreja é
confiada pelo seu poder temporal –
assembléia geral – ao pastor e ao seu
corpo de oficiais;
5. Admissão de membros por pública
profissão de fé, seguido do ato de batismo
com água; e esse batismo, na forma do
artigo 25 da Breve Exposição,
implicitamente estabelece a forma batismal
por aspersão;
6. Somos uma igreja fundamentalista,
professando a teologia tradicional
sustentada pelas igrejas genuinamente
cristãs, tendo a Bíblia Sagrada como única
regra de fé, conduta e fonte de autoridade;
7. É uma igreja que não adota o batismo
infantil, defende à segurança eterna, na
forma ensinada na Bíblia Sagrada, é uma
igreja conciliar;
8. Nós ministramos a Ceia do Senhor como
uma ordenança, memorial, na sua
simplicidade neo-testamentária e não como
um sacramento;
9. Aceitamos os Vinte e Oito Artigos da
Breve Exposição das Doutrinas
Fundamentais do Cristianismo (de autoria
do Dr. Robert Reid Kalley , que recebeu a
sua aprovação pela Igreja Fluminense em
02.07.1876);
10. Resumindo, somos um povo que crê:
ü na
existência
de Deus;
ü na
inspiração
total e
plena da
Bíblia
Sagrada;
ü que
Jesus
Cristo é
Deus, que
o Espírito
Santo é
Deus;
ü na
Salvação
pela graça
mediante a
fé;
ü que o
Céu é
eterno e
na
eternidade
do inferno.

8. O Congregacionalismo no Brasil - desdobramentos

Na cidade de Santos, em 1942, numa Convenção Geral (13ª Convenção) houve a fusão de duas
denominações evangélicas brasileiras: a Igreja Cristã Evangélica do Brasil (ICEB) e a União das Igrejas
Evangélicas do Brasil, de governo congregacional, se fundiram numa denominação que veio a se chamar
União das Igrejas Evangélicas Congregacionais e Cristãs do Brasil (UIECCB).
Com essa organização, somavam-se, na União, 89 igrejas (sendo 67 da ala congregacional e 22 da ala
cristã), com 54 ministros em atividade e 15 em disponibilidade. Dos 54 ministros, 16 eram missionários
estrangeiros e 38 nacionais. As igrejas tinham uma membresia aproximada de 8.000 crentes.
Dez anos depois, em 1952, foi reconhecida a Brazil Mission da Igreja Evangélica Irmãos Unidos (United
Brethren Church), com sede em Dayton, Estados Unidos, como entidade missionária cooperante com a
União, através de convênio semelhante ao que regia a cooperação com a União Evangélica Sul Amaricana.
Esta, fundadora das Igrejas Cristãs, resultara da união da HELP FOR BRAZIL, em 1911, com duas outras
missões britânicas que operavam na América Latina: A Regions Beyond Missionary Union, com trabalhos
na Argentina e no Peru, e a South American Evangelization Mission, com trabalhos em São Paulo e Goiás.
Diferentemente da U.E.S.A., a missão dos Irmãos Unidos não se ligou à denominação através de Igrejas
que fundara. Era trabalho recente no Brasil, focalizando sua cooperação através de colégios, como o Couto
Magalhães e o Instituto Bíblico Goiano, em Anápolis, o Álvaro de Melo em Ceres e o Nilza Rizzo, em
Cristianópolis.
Em 1944 criou-se o Instituto Bíblico da Pedra, onde mais tarde passou a funcionar o internato do Seminário
Congregacional, que funcionava apenas em regime de externato noturno na rua do Costa, 60, desde 1932.
Uma nova dimensão se apresentou no campo missionário da União que alcançava os Estados da
Guanabara, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco
e Paraíba.
Surge, em 1945, o primeiro órgão oficial da Mocidade, O EXEMPLO.
Em 1953, cria-se a revista VIDA CRISTÃ, órgão da Confederação das Uniões Auxiliadoras Femininas.
Em 1950, começam a ser publicadas as Revistas para a Escola Dominical.

9. O Movimento Restaurador provoca uma cisão

Em 1960, com a adesão de 51 igrejas, na sua grande maioria do nordeste brasileiro, constitui-se uma ala
dissidente da União, que se organizou sob o nome de União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do
Brasil, em discordância com:
· Os dois modos de batismo praticados na União (imersão e aspersão)
· Diversidade no modo de governo entre as igrejas cristãs e as Congregacionais
· Tolerância de opiniões díspares quanto à segurança da salvação.
Ao movimento restaurador, como foi batizado a campanha de restauração denominacional, importava em
sustentar as tradições e o patrimônio histórico do congregacionalismo no Brasil. Pretendia a continuidade da
defesa honrosa dos nomes dos valorosos servos de Deus do passado que lutaram consagradamente pelo
estabelecimento orgânico de uma entidade representativa das igrejas evangélicas que professavam as
mesmas doutrinas, uma só forma de batismo e um governo eclesiástico definido.
Em seguidas convenções, tivemos pronunciamentos calorosos e conscientizadores da conveniência do
retorno dos evangélicos congregacionais à forma denominacional condizente com o sentido delineado na
primeira convenção geral, em julho de 1913.
As igrejas do nordeste, representadas pelo Rev.erendo Artur Pereira Barros (Pastor da Igreja
Pernambucana), em visita muito cordial e fraterna às igrejas do sul, compartilhou, notoriamente, do
movimento de restauração denominacional já deflagrado.
Não foi possível aos dirigentes gerais e regionais da UIECCB conter a efervescência da reação
restauradora.
A Convenção em Vitória de Santo Antão, PE – Dar-se-ía, nessa cidade, nos dias 26 a 31 de janeiro de
1960, a XVII Convenção Regional das Igrejas Congregacionais do Nordeste, ainda sob a sigla da UIECCB e
a presença de muitos obreiros do sul do país era aguardada para entendimentos sobre a situação geral da
denominação.
Compareceram a histórica e expressiva Convenção de Vitória de Santo Antão, os pastores Salustiano
Pereira César (Igreja de Piedade), Ivan Espínola de Ávila (Igreja de São Vicente), Raul de Sousa Costa
(Igreja do Encantado), todos de igrejas do sul do país, além de 46 igrejas do nordeste.
Iniciados, com pleno sucesso, os primeiros contatos dos obreiros nordeste/sul, a Convenção que era
Regional foi transformada em Concílio Geral das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil segundo o
plano do Movimento Restauração Denominacional, em plena execução.
Foram arrolados como membros do Concílio os ministros: Salustiano Pereira César, Ivan Espínola de Ávila,
Raul de Sousa Costa, Ibany Cardoso Soares, Augusto Paes d’Avila e Elmir Lemos. Foram também inscritas
as igrejas representadas por esses pastores, a saber, as igrejas evangélicas congregacionais de Piedade,
Ramos e encantado, do Rio de Janeiro e as igrejas de São Vicente e Camilópolis, de São Paulo. Entre os
pastores nordestinos, estavam presentes Artur Pereira Barros (Igreja Pernambucana), Roberto Augusto de
Sousa (Igreja de Casa Amarela), Antônio Sales (Igreja de Afogados), João Laurentino (Igreja de Jaboatão),
Edgard de Albuquerque Leitão (Igreja de Caruaru), Ezequiel Fragoso Vieira (Igreja de Boa Viagem/CE),
Arão Teodomiro de Sousa (Macaparana), Antônio Hilário Bezerra (Nazaré da Mata), João Barbosa de
Lucena (Ingá), João Clímaco Ximenes (Campina Grande), Jônatas Ferreira Catão (João Pessoa), Antônio
Francisco Neto (Catolé do Rocha e Brejo dos Santos), Benício Servilio de Sales (Aracajú), Francisco Souto
Maior (Machados), Inácio Cavalcanti Ribeiro (Patos), Djalma Araújo (Guarabira), Geraldo Batista dos Santos
(Pirauá e Sirigi), Isaías Correia dos Santos (Tejipió), Lidônio Fragozo de Almeida (Vitória de Santo Antão),
Davi Nunes, entre outros.
Compuseram a denominação restaurada: 46 igrejas do Nordeste, 2 do Estado de São Paulo e 3 do Estado
do Rio, mediante a representação conciliar de 58 delegados, 26 ministros e uma missionária.
Coube ao Reverendo Salustiano Pereira César a iniciativa da elaboração do diploma constitucional da
UIECB, aprovado pelos representantes conciliares.
Do mesmo redator foi à autoria da "SÚMULA DE PRINCÍPIOS" (1) que fixou em 17 itens um resumo dos
conceitos doutrinários inalienáveis do congregacionalismo no Brasil.
Com o restabelecimento da forma denominacional em termos tradicionais, foi vencida a primeira jornada da
grande campanha pró reagrupamento dos evangélicos congregacionais de um todo único e uniforme.
Como órgão oficial da nova Denominação (UIECB) foi fundado o BRASIL CONGREGACIONAL.

(1) Súmula de princípios sustentados pelos Evangélicos


Congregacionais

1. O sistema de governo congregacional caracteriza-se pela prática da


democracia pura, isto é, aquela que é exercida diretamente pelas
assembléias administrativas regulares das igrejas locais representadas
pelos seus membros.
2. A autoridade administrativa das assembléias eclesiásticas é inerente às
mesmas e por isso é intransferível.
3. Democracia direta, ou governo direto, é aquele em que o povo, no pleno
gozo de sua soberania, resolve sem intermediários, os problemas
fundamentais da sua vida coletiva. Esta é a democracia cristã que
corresponde ao sistema congregacional.
4. O direito de autonomia e soberania das igrejas é relativo tendo-se em
vista a soberania absoluta da vontade de Deus. Cada igreja sob a direção
do Espírito Santo expressa a vontade de Deus através das suas
assembléias.
5. Nenhuma igreja pode usar o seu direito de autonomia e soberania para
alienar os seus poderes administrativos conferindo-os a comissões ou a
órgãos eclesiásticos.
6. A responsabilidade legislativa e judiciária de uma igreja é inalienável por
ser imanente à comunidade congregacional.
7. Toda prática eclesiástica contrária à essência doutrinária do regime de
governo congregacional, constitui-se em um abuso de liberdade.
8. Para efeito de ordem, a função orientativa e executiva da administração
eclesiástica é confiada pelas assembléias ao Pastor e Oficiais na parte
espiritual e temporal e à Diretoria do Patrimônio na parte civil.
9. Qualquer comissão nomeada ou eleita em uma igreja tem função
específica e transitória, independentemente do nome próprio que adotem.
10. Todos os órgãos internos de uma igreja são subordinados diretamente
à mesma, embora funcionem sob prescrições estatutárias ou regimentais
particulares.
11. Nenhum estatuto ou regimento interno pode estabelecer artigos que
deformem a característica democrática direta do sistema eclesiástico
congregacional.
12. A admissão de membros em uma igreja congregacional é feita
mediante pública profissão de fé seguida do ato do batismo com água.
13. O batismo cristão com água, conforme determina o Artigo 25 da Breve
Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo, implicitamente
estabelece a forma batismal por aspersão.
14. As igrejas evangélicas congregacionais no Brasil são fundamentalistas
por natureza, pois professam a teologia tradicional sustentada pelas igrejas
realmente cristãs, tendo a Bíblia como única regra de fé, conduta e fonte de
autoridade.
15. Em hipótese alguma uma pessoa pode tornar-se membro de uma igreja
congregacional batizando-se na idade infantil.
16. Cabe à União das igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, por
intermédio dos seus concílios, zelar pela manutenção da uniformidade dos
princípios e práticas denominacionais.
17. As igrejas evangélicas congregacionais no que se refere à segurança
eterna, conforme eterna, conforme ensina a Bíblia Sagrada.

"Publicação feita no "Brasil Congregacional", em março de 1960.

10. Renovação Espiritual provoca nova cisão – surge a ALIANÇA

Num Concílio Geral Extraordinário realizado em Feira de Santana, nos dias 20 e 21 de julho de 1967,
presidido pelo Reverendo Inácio Cavalcanti Ribeiro (pastor da 3ª Igreja Evangélica Congregacional de
Campina Grande), Presidente da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, algumas igrejas
do nordeste, por abraçar a Obra de Renovação Espiritual, foram excluídas do rol de Igrejas da UIECB,
sendo:
Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa
Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande
Igreja Evangélica Congregacional de Casa Amarela
Igreja Evangélica Congregacional de Patos
II Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande
Igreja Evangélica Congregacional de Tejipió
Igreja Evangélica Congregacional do Pina
Neste mesmo Concílio, foram expulsos do Quadro de Ministros da UIECB, os Reverendos Jônatas Ferreira
Catão, Raul de Sousa Costa, Roberto Augusto de Sousa, José Quaresma de Mendonça, João Barbosa de
Lucena, Isaías Correia dos Santos e Moisés Francisco de Melo.
Veremos, noutra parte deste documento, detalhamento da Cisão em Feira de Santana e o surgimento da
Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.

10. Reagrupamento das Igrejas

Restaurada a Denominação sob a sigla UIECB prosseguiu a campanha no sentido do reagrupamento de


todas as igrejas ainda subordinadas à contestada UIECCB.
Através de pronunciamentos constantes em reuniões públicas e em artigos publicados no órgão oficial –
BRASIL CONGREGACIONAL, teve eficiente continuidade a segunda etapa da campanha de restauração
denominacional, objetivando a conscientização dos evangélicos congregacionais que continuavam fora da
novel União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil – UIECB – entidade preservadora do
patrimônio histórico e espiritual da Igreja Congregacional, como denominação histórica.
Graças à permanência da direção divina, a fervorosa campanha restauradora registrou, em janeiro de 1968,
notável fato: A UIECB em assembléia geral extraordinária optou por sua dissolução, voltando a existir a
antiga IGREJA CRISTÃ EVANGÉLICA, na sua forma anterior, ao ano de 1942.
As igrejas evangélicas congregacionais que participavam da organização dissolvida, ficaram agrupadas
denominacionalmente sob a designação, ilógica, de IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL DO
BRASIL. Este nome foi adotado em caráter provisório e perdurou, apenas, doze meses.
Em agosto de 1968 a direção da vigente entidade representativa da Denominação Evangélica
Congregacional, a UIECB, oficiou ao grupo isolado de igrejas componentes da IECB, resultante da
dissolução da UIECCB, propondo um encontro para entendimentos, tendo em vista o reagrupamento total
das igrejas congregacionais.
Aceita a proposta, duas comissões funcionaram para os necessários entendimentos. A primeira comissão
representando a UIECB teve como relator o Reverendo Salustiano Pereira César e a segunda, designada
pela IECB, tendo como relator o Reverendo Manoel da Silveira Porto Filho.
Acordaram essas comissões que os entendimentos eram de procedência divina e consideraram oportuna a
reunificação das igrejas evangélicas congregacionais do Brasil.
Para a efetivação do reagrupamento total as entidades em ajuste foram convocadas para se reunirem
separadamente em assembléia geral, nos dias 26 a 31 de janeiro de 1969, na área da sede do Seminário
Teológico do Rio de Janeiro, na Pedra de Guaratiba, no Rio de Janeiro.
Após intensa discussão e aprovação dos pontos básicos para a oficialização do reagrupamento, os
componentes dos conclaves dos dois grupos de igrejas congregacionais se integraram em uma única
assembléia para a apreciação da nova Constituição e Regimento Interno da entidade representativa das
igrejas que passaram a constituir o todo denominacional.
Nessa magna solenidade foi lida, de modo audível, uma mensagem subscrita pelos reverendos Salustiano
Pereira César e Manoel da Silveira Porto Filho, proclamando o reagrupamento dos dois ramos
congregacionais representados pela UNIÃO DAS IGREJAS EVANGELICAS CONGREGACIONAIS DO
BRASIL e pela IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL DO BRASIL.
Em decorrência desse majestoso feito, em humilde submissão à vocação de fraternidade em Cristo,
continuou a existir a Denominação Evangélica Congregacional sob a sigla UIECB.
Encerrou-se, assim, a segunda e última etapa do Movimento de Restauração Denominacional e iniciou-se a
5ª fase histórica dos evangélicos congregacionais do Brasil.
Começou então um período de consolidação nacional. Foram remodelados os quadros administrativos da
UIECB que contava com 177 igrejas espalhadas por vários estados do Brasil. Estas igrejas foram divididas
em 15 regiões administrativas Foi adquirida uma sede própria Adquire-se uma gráfica para impressão da
literatura denominacional Começa-se um despertamento missionário com abertura de campos em vários
lugares. Reorganizam-se os seminários da denominação em Recife e Rio de Janeiro.
De 1969 até o presente exerceram a presidência da UIECB os seguintes pastores:
-Rev. Theodoro José dos Santos - 1969-1973
-Rev. Daniel Gonçalves Lima - 1973-1977,
-Rev. Deneci Gonçalves da Rocha - 1977-1983
-Rev. Jair Álvares Pintor - 1983-1985
-Rev. Vanderli Lima Carreiro - 1985-1989
-Rev. Amaury de Souza Jardim - 1989-1991
-Rev. Paulo Leite da Costa - 1991 até os nossos dias
A partir de 1992 a Sede da União passou a funcionar à sua Visconde de Inhaúma, 134, Salas 1307-1309,
Centro, Rio de Janeiro.

10.1 Fases do Congregacionalismo Brasileiro

· Kalley, o pioneiro (1855 a 1876) – Compreende o tempo em que Robert


Reid Kalley esteve no Brasil implantando o trabalho, com registro dos
seguintes destaques:
1. Fundação da Escola Dominical em Petrópolis, em
língua portuguesa, com a presença de cinco crianças, no
dia 19 de agosto de 1855;
2. Kalley convida aos madeirenses de Illinois para virem
auxiliá-lo na pregação do Evangelho.
3. Francisco Gama um dos seus convidados, se instala no
Rio de Janeiro, no bairro da Saúde, onde abre uma escola
e instala serviços de culto. A evangelização é realizada
através da colportagem, venda de tratados evangélicos e
livros, visitações e evangelismo pessoal.
4. Kalley colabora intensamente na imprensa, focalizando
assuntos religiosos; trava relações com figuras influentes
do Império, inclusive o próprio Imperador.
5. Em 8 de novembro de 1857 é batizado o português
José Pereira de Sousa Louro, em Petrópolis.
6. Em 11 de julho de 1858, Kalley batiza o primeiro
crente brasileiro (Pedro Nolasco de Andrade e organiza a
Igreja Evangélica fluminense, com a seguinte membresia: o
casal Kalley, os três casais madeirenses, William Pitt e
senhora, Maria Fernandes, prima de Manoel, Mariana, irmã
de Pitt, José Pereira de Souza Louro e Pedro Nolasco de
Andrade.
7. Em 1860, Kalley elaborou um contrato para casamento
dos acatólicos; esse contrato foi reconhecido pelo
Governo Imperial, com a aprovação da LEI nº 1144 de 11
de setembro de 1861 – reconhecimento dos casamentos
de pessoas que não professavam a religião do Estado.
(Proclamada a República, instituiu-se o Casamento Civil
como o único válido, nos termos do Dec 181 de 24 de
janeiro de 1890.)
8. Registro Civil – promulgação da Lei nº 1829 de 9 de
setembro de 1870 e respectivo regulamento nº 5604 de 25
de abril de 1874. Registro civil de nascimentos,
casamentos e óbitos, de pessoas de qualquer religião.
9. Liberdade para a venda de Bíblias – 22 de abril de
1868.
10. Sepultamento em Cemitérios Públicos – Lei nº 1879,
regulamentada em 1874.
11. Salmos e Hinos – em 17 de novembro de 1867, é
publicado Salmos e Hinos, com 50 hinos. Em 1868 vem a
publicação da primeira edição com música, a quatro vozes.
12. Aprovação da Breve Exposição das Doutrinas
Fundamentais do Cristianismo, em 2 de julho de 1876, de
autoria de Robert Reid Kalley.
13. Instalação de uma Escola Primária, para crianças, em
15 de outubro de 1874.
14. Ordenação do Reverendo João Manoel Gonçalves dos
Santos, em 1º de janeiro de 1876, como primeiro ministro
evangélico congregacional brasileiro.
15. O trabalho prosseguiu fora do Rio de Janeiro, sendo
beneficiados Magé, Cantagalo, Porto das Caixas,
Vassouras, Rodeio, fazendas do sul de Minas.
16. Em 19 de outubro de 1873 o Dr. Kalley instala, em
Pernambuco, a Igreja Evangélica Pernambucana, com 12
membros batizados na ocasião.
17. Em 31 de dezembro de 1875, foi eleito co-pastor da
Igreja Fluminense o Reverendo João Manoel Gonçalves
dos Santos, sendo ordenado e empossado no dia seguinte.
18. Em 10 de julho de 1876, o casal Kalley retira-se
definitivamente para a Escócia, oito dias depois de haver
sido aceito pela igreja o texto dos 28 artigos da Breve
Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo.
· Segundo Período – 1876 a 1913 – Este período marca a partida definitiva
de Kalley e D. Sara, para a Escócia, à instalação da Convenção das igrejas
do Brasil e Portugal e, como a Igreja ficou bem estruturada, se dá o
Desenvolvimento Eclesiástico das igrejas. Registramos, abaixo, alguns
fatos relevantes:
1. Falecimento do Dr. Robert Reid Kalley, em 17 de janeiro de 1888.
2. Fundação da Sociedade de Evangelização, mais tarde chamada do Rio
de Janeiro e depois Missão Evangelizadora do Brasil e Portugal.
3. Criação do jornal "O CRISTÃO", em 1892, por iniciativa do irmão José
Luiz Fernandes Braga Júnior e de Nicolau Ricardo Soares do Couto Esher.
4. Em 1892 fundação da Help for Bazil Mission, por D. Sarah e o Dr. João
Gomes da rocha, filho adotivo do casal, em companhia do Reverendo
James Fanstone, da Igreja Pernambucana e mais 13 companheiros, em
Edimburgo.
5. Obreiros da Missão Evangelizadora e da HELP FOR BRAZIL, estendem
o campo das igrejas nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,
Pernambuco. Em Portugal, os trabalhos se estabelecem e prosperam em
algumas cidades.
· Terceiro Período – 1913 a 1942 – Em 6 de julho de 1913, no templo da
Igreja Evangélica Fluminense, na liderança firme do Reverendo Francisco
Antônio de Sousa e do Reverendo Alexandre Telford (obreiro missionário)
instala-se a primeira Convenção das Igrejas Evangélicas
Indenominacionais, com 13 Igrejas: Fluminense, Pernambucana, Niterói,
Passa Três, Caçador, Encantado, Vitória de Santo Antão, Jaboatão, Monte
Alegre, Paranaguá, Paracambi, Paulistana e Santista. As igrejas existentes
em Portugal ficaram impossibilitadas de comparecer, mas se inscreveram
na organização, na seguinte ordem: Lisbonense, Chelense, Figueirense,
Ajudense e Rossiense.
Estavam presentes os ministros brasileiros: Francisco Antônio de Sousa,
Alexandre Telford, Pedro Campelo, Leônidas Silva, Manoel Marques, Elias
José Tavares, e os representantes leigos das igrejas: presbíteros José Luiz
Fernandes Braga, Israel Galart, Manoel Palmeira, José Elias Tavares e
José Elias Martins, e os Srs. Manoel Batista, Domingos Correia Lage,
Antônio da Silva Oliveira. Presidiu a Convenção, com méritos, o Reverendo
Alexandre Telford.
Fatos notórios, relevantes:
1. Em 3 de março de 1914 é instalado o Seminário Evangélico
Congregacional.
2. O jornal O CRISTÃO , sob a direção do presbítero José Luiz Fernandes
Braga, torna-se o órgão oficial da denominação.
3. Em 1934, a Federação Evangélica Congregacional do Brasil, na sua 10ª
Convenção, para conservar a cooperação das igrejas do nordeste, que se
haviam constituído em União, divide o campo congregacional em três
Uniões federadas: a do Norte, a do Sul e a de Portugal, com as quais
coopera a Missão Evangelizadora do Brasil e Portugal.
4. Os que faleceram nesta fase:
- 1919 – Reverendo Leônidas P. da Silva;
- 1920 – Presbítero José Luiz Fernandes Braga (batizado por Kalley em
6/12/1863);
- 1924 – Reverendo Francisco Antônio de Sousa;
- 1928 – Reverendo João Manoel Gonçalves dos Santos;
- 1931 – Reverendo Manoel Marques.
· Quarto período – 1942 a 1969 – Houve a 13ª Convenção em Santos,
quando a União das Igrejas Evangélicas do Brasil (que adotava o governo
congregacional) e a Igreja Cristã Evangélica do Brasil se uniram com o
nome de União das Igrejas Evangélicas Congregacionais e Cristãs do
Brasil. Essa organização contou com 67 igrejas congregacionais e 22
cristãs, com 54 ministros em atividades e 15 em disponibilidade. Destes, 16
eram missionários e 38 eram nacionais. Nas igrejas, havia uma membresia
de 8.000 irmãos.
1. Em 1952 foi reconhecida a BRAZIL MISSION da Igreja Evangélica
Irmãos Unidos (Unied Brethren Church), com sede em Dayton, Estados
Unidos, como entidade missionária, cooperante com a União, através de
convênio semelhante ao que regia a cooperação com a UESA – União
Evangélica Sul Americana. Esta, fundadora das Igrejas Cristãs, resultara da
união da HELP FOR BRAZIL, em 1911, com duas outras missões britânicas
que operavam na América Latina: a Regions Beyond Missionary Union
(trabalhava na Argentina e Peru) e a South American Evangelization
Mission (com atuação em São Paulo e Goiás). A Missão dos Irmãos Unidos
não se ligou à denominação através de Igrejas, mas focalizou a sua
cooperação através de colégios, como o Couto Magalhães e o Instituto
Bíblico Goiano, em Anápolis, o Álvaro de Melo em Ceres e o Nilza Rizzo,
em Cristianópolis.
2. Em 1944 foi criado o Instituto Bíblico da Pedra, onde funciona hoje o
Seminário Congregacional.
3. O campo missionário cresce e alcança os estados da Guanabara, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas,
Pernambuco e Paraíba. Como conseqüência desse crescimento, em 1958
a Missão Evangelizadora toma uma nova estrutura e cada uma das suas
Delegações Regionais fica responsável pelo campo missionário em sua
respectiva região administrativa das Juntas Regionais.
4. Em 1945, um grupo de jovens, à frente Salustiano Pereira César, cria o
primeiro órgão oficial da Mocidade, O EXEMPLO.
5. Em 1953, sob a liderança da Dra. Donina Andrade, cria-se a revista VIDA
CRISTÃ, órgão da Confederação das Uniões Auxiliadoras Femininas.
6. Em 1950, começam a ser publicadas as Revistas para a Escola
Dominical.
7. Em 1960, uma cisão, surge a UIECB (detalhamos esse fato histórico em
outro local desse trabalho).
8. Em 1967, em Feira de Santana, num Concílio Extraordinário, algumas
igrejas do nordeste são excluídas da UIECB – noutro tópico falaremos
sobre a criação da Aliança.
9. Em 1967 encerra-se o convênio de cooperação com a Brazil Mission dos
Irmãos Unidos, cuja Igreja se fundiu com a Igreja Metodista dos Estados
Unidos.
10. Em janeiro de 1968 desfaz-se a União das igrejas Cristãs e
Congregacionais, passando estas a ser representadas, em caráter
provisório, pela entidade nomeada Igreja Evangélica Congregacional do
Brasil.
11. Em 1969 dois ramos congregacionais se reagrupam e formam a atual
UNIIÃO DA IGREJAS EVANGÉLICAS CONGREGACIONAIS DO BRASIL.
12. Em Portugal, algumas igrejas se passaram para o grupo presbiteriano e
outras para o metodista. Três igrejas permanecem fiéis ao
congregacionalismo: Chelense, Ponte do Sor e a de Paio Pires.
· Quinto Período – O atual – Temos a UIECB, a Aliança e outros grupos.

11. Os Grupos Congregacionais

Atualmente registramos vários grupos congregacionais no Brasil, entre eles, citamos:

· UIECB (União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil), é o maior grupo, tem
sede no Rio de Janeiro e carrega esse nome desde 1969.
Síntese Doutrinária:
1. Dons de Curar e Cura Divina - Cremos na contemporaneidade dos dons
de curar; tais dons são concedidos à Igreja hoje pelo Espírito Santo,
segundo a Sua soberana vontade, sem limitação de tempo e definição de
circunstâncias (conf. I Co 12:7-9).
2. Dom de Profecia - Cremos na contemporaneidade do dom de profecia,
que pode ser manifesto no sentido querigmático e preditivo.
3. Dom de variedade de línguas – Cremos na contemporaneidade do dom
de variedade de línguas, as quais podem ser de natureza idiomática ou
inteligível (estrangeira) e ininteligível (estranha).
4. Visões ou revelações – Cremos que visões ou revelações ainda ocorrem
hoje. Nossa aceitação da ocorrência das visões ou revelações na
atualidade está baseada nos fundamentos descritos na Síntese Doutrinária
da UIECB.
5. Unção com Óleo – Cremos que a unção com óleo sobre enfermos, como
símbolo do poder curador de Deus, pode também ser praticada na presente
época da Igreja.
6. Expulsão de Demônios ou Exorcismo – Cremos que os crentes em Cristo
têm autoridade para expulsar demônios, em nome dEle.
7. Quebra de Maldição – Cremos que o sacrifício de Cristo, realizado na
cruz do Calvário, é suficientemente eficaz para livrar o homem que nEle crê
de qualquer maldição que lhe tenha sido imposto por Deus, em
conseqüência da sua desobediência e, portando, é desnecessária qualquer
palavra ou ritual para quebrar maldições.
8. Sinais e Prodígios – Cremos que Deus, no exercício de Sua soberania,
pode se manifestar, ainda hoje, por meio de sinais e prodígios.
9. Batismo com o (do) Espírito Santo - Cremos que o batismo com o
Espírito Santo é o ato mediante o qual o crente em Cristo é identificado
com o Seu Corpo, a Igreja, ou incorporado na família de Deus.
10. Cura Interior – Cremos que todos os homens têm feridas interiores, em
maior ou menor escala, das quais precisam ser curados.
11. O Jejum – Cremos que a prática do jejum não é exclusiva dos tempos
vétero e neotestamentários e que, portanto, é lícito a Igreja utilizar-se dela
nos dias atuais.
(As justificativas pormenorizadas, vamos encontrar na SÍNTESE
DOUTRINÁRIA da UIECB – RJ 1995)
· A ALIANÇA (Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil), é o segundo
maior grupo, conta com uma centena de igrejas e tem sede em João Pessoa – PB, foi
fundada em 1967, após um grupo de igrejas serem excluídas da UIECB, num Concílio
Geral Extraordinário realizado em Feira de Santana/Ba.
· Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, que não veio das mesmas origens destes
dois primeiros grupos. Sua sede está na cidade de Ijuí, no Rio Grande do Sul, onde também
se situa o Instituto Bíblico e Seminário. Publica uma excelente revista mensal, em português
e alemão: "O Mensageiro". Eis um pequeno resumo da sua história: Quando os alemães do
Sul ouviram falar da grande obra que os congregacionais faziam nos Estados Unidos,
"pediram que a Igreja Congregacional viesse também junto deles. Isto aconteceu em 1924.
No Brasil havia comunidades evangélicas no município de Panambi, independentes de
quaisquer igrejas, as quais se reuniram para formar uma paróquia sob a presidência do
reverendo Pastor Apittler, falecido em 1958. Depois de ele ter conhecido a Igreja
Congregacional, associou-se, no ano de 1938, com a sua paróquia à Igreja da Argentina.
Reuniram-se mais tarde as paróquias de Três Passos, guarani, Sarandi, Linha 28, Ijuí,
Paraíso do Sul e Linha Boêmia, com a de Panambi e são estas consideradas como sócias
fundadoras da Igreja Congregacional do Brasil, ligada à da Argentina, no ano de 1942. Por
ter crescido a "Igreja Evangélica Congregacional do Brasil", resolveu a Igreja Matriz da
América do Norte, a pedido, admitir um superintendente para o Brasil, e foi nomeado, em
1949, para este cargo o Reverendo Pastor R. Knerr. Até 1958, o Reverendo Knerr trabalhou
com grande êxito para os interesses da Igreja. Como seu sucessor, foi encarregado de
assumir a presidência da igreja Evangélica Congregacional do Brasil o Reverendo Pastor V.
Schultz, que exerceu o cargo de 1959 até 1970. Desde fins de 1970 a direção da igreja está
em mãos dos próprios pastores da Igreja Brasileira, sendo que estes foram eleitos pela
Conferência, em Assembléia Geral, como seus representantes. (copiado de
ADMINISTRANDO A IGREJA, pg 96/97 de Amaury Jardim).

· Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais Brasileiras, organizada em


12/4/1974, com sede no Rio de Janeiro, tendo mais de duas dezenas de Igrejas filiadas,
com cerca de 5.000 membros. A maior destas igrejas é a Igreja Evangélica Congregacional
de Porto de Rosa, na liderança do Pastor Isaías da Rocha Azevedo.

· Igrejas Congregacionais Conservadoras – Um pequeno grupo dissidente da União, na


liderança dos pastores Deneci Gonçalves da Rocha e Armando Torres de Vasconcelos,

· Outras Igrejas – Existem outras igrejas congregacionais não filiadas a nenhuma dessas
denominações congregacionais, quando existem também outros pequenos grupos cuja
identidade não é possível identificar.

12. O Congregacionalismo no Mundo

A AUTONOMIA DA IGREJA - O Novo Testamento criou Igrejas livres, auto-responsáveis e, por isso
mesmo, algumas vezes admoestadas pelos apóstolos e, no Apocalipse, até diretamente por Jesus. Se não
fossem livres, bastaria determinar-lhes e obrigar até por constrangimento o comportamento adequado. Esta
liberdade é, no sistema congregacional, inalienável e consiste na substância de nossos princípios.
Há um pacto entre as igrejas. Elas se juntam e trabalham uma ao lado da outra, porque querem, porque é
bom, porque disto resultam mais experiências e porque, em cooperação, é possível obter um melhor
rendimento.
A Igreja congregacional é autônoma, como eram as igrejas do Novo Testamento. É ela uma união de
crentes no Pai, no filho e no Espírito Santo, todos unidos pelo desejo de servir a Deus e de caminhar pelas
vias que a bíblia aponta. Tudo isto é conseqüência do princípio bíblico, o Senhor Jesus diz que onde houver
dois ou três reunidos em Seu nome, ali Ele está.
Se o que as une é um pacto voluntário, estarão elas dentro dele enquanto quiserem ou durante o tempo que
desejar. Nesse pacto, ou, no nosso caso, nessa Constituição, são por elas fixadas as características
essenciais necessárias para a conveniência. Isto certamente inclui o intercâmbio de ministros, presbíteros,
diáconos, membros, tanto quanto inclui todos os princípios associativos, a maneira de Agir em cooperação.
O Dr. Henry Gray fixa cinco pontos típicos de uma Igreja congregacional:
é autônoma, associada a outras Igrejas através de um pacto mútuo e desejável;
ela só tem um cabeça, que é Cristo;
adota sus próprias regras, ordens de serviço, programas educacionais, planos missionários, enfim adota os
princípios de trabalho e de testemunho cristão que deseja espontaneamente;
escolhe livremente seus pastores, seus oficiais, seus líderes, aprovando o seu estatuto e estabelece a suas
regras internas;
a ação da igreja congregacional é por si mesma livre e suficiente e deve ser respeitada pelas demais igrejas
e prestigiada pela Associação ou Junta.

13. Da União à Aliança – uma viagem histórica!


(Osmar de Lima Carneiro - Aliança)
a) Divagando sobre o trabalho Congregacional

Estávamos vivendo bons momentos, com a igreja envolvida em oração e muito trabalho. Um despertamento
espiritual alcançou a Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa nos primeiros dias do ano de 1959,
quando Deus usou o Pastor Dorival Rodrigues Bewlke, da Igreja Metodista de Espinheiro (Recife), numa
série de trabalhos especiais promovidos pela Auxiliadora Feminina, que somou às conversões, mudança de
hábito em muitos membros da igreja. A Mocidade era ativa, a Auxiliadora atuante, a Escola Dominical
dinâmica, o Evangelho sendo pregado com autoridade, almas sendo salvas e o Reino de Deus se
expandindo. Mas, como nem tudo são flores, em 7 de novembro de 1962, houve uma divisão no seio da
comunidade congregacional pessoense, com o desligamento de 83 irmãos que preferiram acorrer aos
métodos e governo da Assembléia de Deus. Este grupo que saiu fez muita falta, porquanto temos de
reconhecer o valor de cada um na oração, no evangelismo, no testemunho, no envolvimento de um modo
pleno com a Obra de Deus.
Mas o grupo remanescente, na liderança do pastor Jônatas Ferreira Catão, não desanimou, nem
tergiversou, pelo contrário, continuou exercendo o ministério da oração, a prática de uma vida à disposição
do Senhor da Obra: evangelizando e servindo. Deus honrou, abençoou e triplicou a membresia da igreja,
tornando-a forte numérica e espiritualmente. Muitos desses irmãos tiveram vidas renovadas, com a bênção
do Batismo com o Espírito - inclusive o Pastor Catão -, exercendo dons, ganhando almas, vivendo
plenamente o Evangelho. Louvado seja o nome do Senhor!
Nos idos de 1964, surgiu no seio dos Batistas, o movimento de Renovação Espiritual e muitas Igrejas foram
sacudidas pelo Poder do Espírito Santo para a realização de uma grande Obra. A nossa igreja se identificou
muito bem com a linha de Renovação Espiritual, porque liderada por homens de Deus de muito conceito e
de bom testemunho, a exemplo dos pastores José do Rego Nascimento, Enéas Tognini, Rosivaldo de
Araújo, Josué Santana, René Feitosa, Wilson Régis, entre muitos outros.
Nesse tempo, foi realizado o Primeiro Encontro Nacional de Renovação Espiritual, no Centro de
Convenções da Secretaria de Saúde, em Belo Horizonte (MG); o nosso líder, O Reverendo Jônatas Ferreira
Catão, convidado, compareceu e foi poderosamente abençoado pelo Espírito Santo de Deus, que além de
renovar as suas forças, ampliou a sua visão sobre a Obra de Avivamento Espiritual. Voltou disposto a
continuar perseguindo uma vida santa, pia e justa e disposto a levar a igreja a buscar e viver esse mesmo
desiderato.
Havia alegria no meio do povo de Deus e as Igrejas promoviam encontros de Renovação, com o
envolvimento de muitos pastores, líderes, cantores e igrejas. Era uma festa constante, com o povo
arregimentado, orando, cantando e vivendo o evangelho com muita intensidade. Como dissemos, o volume
maior de igrejas era do segmento batista, entretanto, na Paraíba, tínhamos na Igreja Congregacional de
João Pessoa o seu maior expoente, o epicentro do movimento, com uma atuação marcante na capital, com
reflexos em toda a região.
Não demorou muito, e veio a adesão da Igreja Congregacional de Campina Grande (pastoreada por Raul
de Souza Costa), da II Igreja Congregacional de Campina Grande (pastoreada por João Barbosa de
Lucena), da Igreja Congregacional de Patos (pastoreada por José Quaresma de Mendonça), da Igreja
Congregacional de Alagoa Grande (liderada pelo Presbítero Dr. Guimarim Toledo Sales), da igreja
Congregacional do Totó (pastoreada por Isaias Correia dos Santos) da Igreja Congregacional de Casa
Amarela (pastoreada por Roberto Augusto de Souza) e da Igreja Congregacional do Pina (pastoreada por
Moisés Francisco de Melo) e de uma Congregação na cidade de Caruaru, denominada de Vale da Bênção
(que recebia orientação pastoral de Jônatas Ferreira Catão, da Igreja Congregacional de João Pessoa).
Tínhamos, também, como uma chama ardendo de Campina Grande para o Brasil, a figura dinâmica e
abençoada do missionário Gerson Barbosa de Menezes, membro da Igreja Evangélica Congregacional de
Campina Grande. Gerson, em 1960, em pleno estádio do Maracanã, numa das poderosas mensagens de
Billy Graham na Convenção Batista Mundial, fora abrasado pelo poder de Deus. Daquela tarde do
Maracanã, Gerson Barbosa de Menezes, carregava no coração uma determinação de pregar o Evangelho
aos não crentes e promover Avivamento entre o povo de Deus. Realizou esse trabalho de forma poderosa,
proveitosa e abençoadora, por mais de três décadas, pelo Brasil e noutros rincões.
O trabalho de Renovação Espiritual, no nosso meio, não foi muito do agrado de algumas lideranças da
Denominação Congregacional, sobretudo do seu Presidente, o Reverendo Inácio Cavalcanti Ribeiro, então
pastor da III Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande.
Na nossa estrutura denominacional, tínhamos no Nordeste, duas Regiões Administrativas: Nordeste
Meridional (estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe) e Nordeste Setentrional (Paraíba, Ceará e Rio
Grande do Norte). Em 1967, a Junta Administrativa do Nordeste Setentrional era presidida pelo Pastor José
Quaresma de Mendonça (Igreja Congregacional de Patos) e as Federações de Mocidade e da Auxiliadora
Feminina eram presididas por Osmar de Lima Carneiro (Igreja Congregacional de João Pessoa) e Augusta
Lins (III Igreja Congregacional de Campina Grande), respectivamente.
No mês de junho de 1967, tivemos na cidade de Patos, a realização dos Congressos Feminino e da
Mocidade, contando como pregador oficial o Missionário Gerson Barbosa de Menezes. Os Congressos
foram muito abençoados, impactando a igreja local e todos os congressistas; a repercussão das bênçãos
desses Conclaves ultrapassou as fronteiras da nossa Região Administrativa. Sim, nesses dias em Patos
vimos confissão de pecados, renovação de votos para uma vida nova em Cristo; muitos irmãos foram
batizados com o Espírito Santo e dezenas de almas foram salvas.
As incontáveis bênçãos, desses dois Congressos provocaram irritação na nossa liderança maior, que logo
convocou um Concílio Geral Extraordinário da UIECB, para os dias 20 a 21 de julho de 1967, na Igreja
Evangélica Congregacional de Feira de Santana (BA) – para as Igrejas que não defendiam a Obra de
Renovação Espiritual e para os dias 21 a 22 do mesmo mês, na mesma igreja e cidade, para as igrejas
Renovadas. Pasmem com esta falta de ética cristã!

b) Viagem à Feira de Santana

Convocados para o Concílio, os líderes das Igrejas do Nordeste Setentrional, se movimentaram para
atender o chamamento e enviarem delegados. À época, não era uma viagem fácil. De João Pessoa à Feira
de Santana, mais de mil quilômetros (estrada de barro e em péssima conservação), sem linha regular de
ônibus, tudo era muito difícil. Mas alguns irmãos locaram um jeep toyota do Missionário Gerson Barbosa de
Menezes, e na terça-feira, dia 18/7/67, ao cair da tarde, saía da Paraíba (Reverendo Jônatas Ferreira Catão
e Osmar de Lima Carneiro, representando a Igreja Congregacional de João Pessoa; Reverendo José
Quaresma de Mendonça e o Presbítero Eloy Enéas de Souza, representando a Igreja Congregacional de
Patos; Reverendo Antônio Francisco Neto, representando a Igreja Congregacional de Catolé do Rocha;
Presbítero Calistrato Hypólito Soares, representando a Igreja Congregacional de Natal; Presbítero Euclides
Cavalcanti Ribeiro, representando a Igreja Congregacional de Campina Grande e o Presbítero José
Severino de Araújo, representando a Segunda Igreja Congregacional de Campina Grande) com destino ao
Concílio Geral Extraordinário da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, que se realizaria
em terras baianas.
Foi uma viagem penosa, desconfortável, muita gente para pouco espaço no transporte; calor, poeira,
desinformação. Mas na quinta-feira, dia 21, no início da manhã, aportamos em Feira de Santana. Não
demoramos localizar a Igreja hospedeira (que não nos hospedou, nem ofereceu qualquer gentileza, fugindo
às regras do amor cristão – sequer tivemos acesso às inscrições e as costumeiras boas-vindas!), que para a
nossa surpresa, já estava servindo de palco para uma reunião administrativa do Concílio.

c) Não nos pareceu uma reunião evangélica

Repetimos, não fomos bem recebidos. Fomos cumprimentados, naquele primeiro momento, apenas pelos
Pastores Isaías Correia dos Santos, que representava a Igreja Congregacional do Totó e Moisés Francisco
de Melo, que representava a Igreja Congregacional do Pina, do Recife (PE), ambos de Igrejas envolvidas
com o movimento de Renovação Espiritual e que já estavam isolados nas dependências e comissões do
Concílio.
Da forma como chegamos, sem um banho, sem um cumprimento, sem trocar de roupa, sem uma saudação
da Mesa Moderadora sinalizando a nossa presença no recinto, tomamos assento na bancada, dispersos e
os trabalhos convencionais sendo seqüenciados.
Não demorou uma dezena de minutos, o Moderador do Concilio (que em todo o desenrolar da reunião não
demonstrou qualquer habilidade moderada, sóbria, pia e justa) convocou a Comissão de Exame de
Documentos e de Pareceres, para relatar o primeiro e principal documento do Evento. O documento era
um verdadeiro libelo acusatório às Igrejas que estavam trabalhando de forma avivada e dependente de
Deus: tacharam-nos de pentecostais de última hora, de xangozeiros, de embusteiros, de promotores de
baixo espiritismo, de hereges, de anátemas, provocadores da desordem no culto, de profetas falsos, entre
outros adjetivos. O documento só não nos denominava de crentes e, ao final, recomendava a exclusão
dessas igrejas (Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa, Igreja Evangélica Congregacional de
Campina Grande, Igreja Evangélica Congregacional de Patos, II Igreja Evangélica Congregacional de
Campina Grande, Igreja Evangélica Congregacional de Natal, Igreja Evangélica Congregacional de Totó,
Igreja Evangélica Congregacional do Pina) do rol de Igrejas da UIECB e que os seus pastores (desordeiros
e falsos profetas - Jônatas Ferreira Catão, José Quaresma de Mendonça, Isaías Correia dos Santos, Moisés
Francisco de Melo, Raul de Souza Costa, João Barbosa de Lucena e Roberto Augusto de Souza) fossem
eliminados do seu quadro de Ministros.
O convencional que lia o documento, era enfático, demonstrando raiva, com semblante pesado e logo ao
final do documento, leu o Parecer da Comissão, que não foi circunstanciado, todavia, foi imparcial e
impiedoso: "excluamos a Igrejas, eliminemos os pastores, extirpemos esse mal que nos incomoda e
nos ameaça".
O Moderador, o Reverendo Inácio Cavalcanti Ribeiro (que era Presidente da Junta Geral e Pastor da III
Igreja Congregacional de Campina Grande), após a leitura do PARECER DA COMISSÃO, sentia-se
realizado e colocava o DOCUMENTO E O SEU PARECER à submissão da douta Assembléia.
Após esse anúncio, o Pastor Jônatas Ferreira Catão, por uma questão de ordem, pediu a palavra, mas o
Moderador, tocando de forma abusiva, deselegante e imoderada a campainha que estava à sua frente (agiu
assim por uns quatro minutos) negou-lhe a vez da voz. Em seguida, o Pastor Isaías Correia dos Santos, por
uma questão de ordem, pediu a palavra, mas foi tratado com a mesma deselegância. O Pastor Moisés
Francisco de Melo, seguindo o exemplo dos seus pares, também pediu a palavra, mas foi contido pelo
Moderador, que mais parecia um Leão de Chácara do que um Ministro Evangélico, nas suas abordagens.
Encerrando esse círculo de solicitações, ficou de pé o jovem Osmar de Lima Carneiro, pedindo a palavra,
oportunidade que lhe foi negada pelo presidente dos trabalhos, usando da mesma arrogância e métodos
impróprios aos ambientes cristãos.
Sem qualquer manifestação de solidariedade dos demais convencionais, deixamos de insistir em falar; foi
quando se ensejou o Presidente para induzir os delegados presentes a aclamar aprovada a propositura em
pauta, sem qualquer apoio, discussão ou comentário.
Logo após as palmas aclamatórias - foram muitas e demoradas – o Moderador suspendeu os trabalhos por
trinta minutos e só aí, tivemos ocasião de expor a grupos ou a pessoas isoladas, as nossas razões, os
nossos propósitos e sentimentos.
A Assembléia foi reiniciada, muito tempo depois, sem a presença da nossa comitiva, e como segunda
propositura foi aprovada a extinção da Federação de Mocidade do Nordeste Setentrional, como forma de
subtrair a condição de vogal do seu Presidente, Osmar de Lima Carneiro, nas reuniões administrativas e
conciliares da denominação.

d) Voltando com idéias novas

Não tivemos o direito e o privilégio da inscrição. Sequer tomamos um cafezinho. Não tiramos a nossa
bagagem do carro. Voltamos à Paraíba logo após essa reunião tão tumultuada, triste e presidida com tanto
desequilíbrio emocional e espiritual.
A volta foi mais confortável, o Pastor Antônio Francisco Neto ficou em Feira, pois no dia seguinte seguiria
viagem ao Rio de Janeiro, para visitar a sua filha Queila. Almoçamos num Restaurante típico, à saída da
cidade, onde o irmão Eloy passou por maus momentos, pensando que tinha almoçado carne de cobra,
numa brincadeira do Pastor Quaresma, com a aquiescência do garçom que nos serviu.
Ainda nesse Restaurante confabulamos sobre a possibilidade de reunir os excluídos num grupo
organizado, com características denominacionais, com estatuto, regimento interno, diretorias. Era uma
sugestão do Pastor Catão, no pressuposto de que não deveríamos nos abater com o resultado do Concílio.
Após o almoço, já saímos com o nome da Aliança, com as propostas de trabalho, com divisões de tarefas
para arregimentar Igrejas e Pastores e com uma data prevista para a primeira reunião formal: 10 de agosto,
na Igreja Congregacional de Campina Grande.

e) Visita ao Pastor Benício, em Aracajú

Aproveitando a viagem de volta, a caravana dos excluídos fez uma visita ao Pastor Benício Servilho Sales,
da Igreja do Dezoito do Forte, em Aracajú. O Pastor Benício estava seguindo com a sua igreja a mesma
linha de Renovação Espiritual, sim que de forma incipiente; entretanto, após ouvir o relatório sobre as
decisões do Concílio Geral Extraordinário, encampou a idéia da criação da Aliança, demonstrou interesse
em fazer parte da sua membresia e logo agendou com a sua Igreja uma reunião extraordinária para
oficializar o seu desmembramento da U.I.E.C.B.
Após esse contato, o entusiasmo dominou ainda mais o grupo, que se propunha visitar outras igrejas e
pastores objetivando levar um grande número de líderes à Campina Grande.

f) Pastor Catão, o maior entusiasta

Continuamos com a viagem, mesmo cansados, mas o Pastor Catão não parava de falar: sugeria nomes,
pedia sugestões, dividia tarefas, coordenava momentos de oração, arrolava nomes de Pastores e de Igrejas
para futuras visitas e nesse ambiente chegamos a João Pessoa. As igrejas excluídas receberam as
decisões do Concilio com moderação, entretanto, já autorizavam o Pastor Catão a continuar os seus
contatos com vistas à formação da Aliança. E o trabalho desse servo de Deus foi valoroso, eficiente e
oportuno.
E no dia aprazado, 10 de agosto de 1967, num domingo ensolarado, a igreja Evangélica Congregacional de
Campina Grande, recebia a delegação das seguintes igrejas, que convocadas, estavam dispostas a
seqüenciarem o trabalho de Deus de forma harmônica, organizada e no Poder do Espírito: Igreja Evangélica
Congregacional de João Pessoa, Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande, II Igreja
Evangélica Congregacional de Campina Grande, Igreja Evangélica Congregacional de Patos, Igreja
Evangélica Congregacional de Alagoa Grande, Igreja Evangélica Congregacional de Alagoa Nova, Igreja
Evangélica Congregacional de Natal, Igreja Evangélica Congregacional de Tegipió, Igreja Evangélica
Congregacional de Guarabira, Igreja Evangélica Congregacional de Pirauá, Igreja Evangélica
Congregacional de Ingá, Igreja Evangélica Congregacional de Juá, Igreja Evangélica Congregacional de 18
do Forte (Aracajú) – representada pelo Presbítero Euclides Cavalcanti Ribeiro (exibia um telegrama do
Pastor Benício Servilho de Sales, autorizando a representá-lo) e Igreja Evangélica Congregacional –
Congregação de Caruaru.

g) A Assembléia histórica – Aliança, sim!


A Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande estava vivendo dias históricos, de muita alegria e
comunhão no Senhor. No domingo, dia 10, realizou uma festa apoteótica, hiper lotada, recebendo já os
delegados à Convenção e tendo como pregador o jovem judeu FAHED DE ABBUL AKKEL, interpretado
maestralmente pelo Pastor Natanael Betemüller da Igreja Evangélica Assembléia de Campina Grande. A
reunião foi coroada de bênçãos e, como parte vertical dos trabalhos, o Pastor Raul de Souza Costa fez a
apresentação dos convencionais já presentes para o Concílio da denominação que surgiria no dia seguinte,
tendo, na mesma ocasião, proclamado "Instalado oficialmente o primeiro Concilio Geral Extraordinário
para a criação da Aliança de Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil".
No dia seguinte, 11 de agosto de 1967, às 9h, o Reverendo Raul de Souza Costa, como anfitrião, apresenta
em nome da Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande, as saudações costumeiras aos
convencionais e declara aberta a primeira reunião Administrativa, que logo escolhe como seu Moderador: o
Reverendo José Quaresma de Mendonça (Ex-Presidente da Junta Administrativa do Nordeste Setentrional)
e Euclides Cavalcanti Ribeiro e Euclides Gomes da Costa como secretários.
Há seqüência dos trabalhos, com a apresentação das delegações, registrando-se a presença dos seguintes
irmãos responsáveis pela fundação da Aliança de Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil –
A.I.E.C.B.: Pastor Raul de Souza Costa, Presbítero Euclides Cavalcanti Ribeiro e Presbítero Euclides
Gomes da Costa – Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande; Pastor Jônatas Ferreira Catão,
Missionária Olívia Lopes Catão, Presbítero Manoel Trajano de Farias, Diácono Otacílio de Brito, Osmar de
Lima Carneiro e Glicéria de Melo Borba – Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa; Pastor José
Quaresma de Mendonça e Presbítero Eloy Enéas de Souza – Igreja Congregacional de Patos; Pastor João
Barbosa de Lucena, Presbíteros José Severino de Araújo e Manoel Quaresma de Mendonça – II Igreja
Congregacional de Campina Grande; Presbítero Caitano Antônio da Silva, Diácono José Galindo Torres,
Maria Peixoto da Silva e Maria do Carmo Peixoto Galindo – Congregação de Caruaru; Presbítero Calistrato
Hypólito Soares – Igreja Evangélica Congregacional de Natal; Presbítero Israel de Oliveira Nóbrega – Igreja
Evangélica Congregacional de Alagoa Nova; Evangelista José Barbosa Veríssimo Sobrinho – Igreja
Congregacional do Ingá; Pastor Moisés Francisco de Melo – Igreja Evangélica Congregacional do Pina;
Presbítero Dr. Guimarim Toledo Sales e Pedro de Macedo Alves – Igreja Congregacional de Alagoa
Grande; Pastor Severino Tavares da Silva – Igreja Evangélica Congregacional de Guarabira; Pastor Geraldo
Batista dos Santos - Igreja Evangélica Congregacional de Pirauá; Ivoneide Nunes de Lima, Manoel Pinheiro
de Oliveira, Francisca de Oliveira e Euclides Alves de Souza.
Depois de declarada a criação da Aliança de Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, é criada
uma comissão para elaboração do Estatuto, do Regimento Interno e do Organograma da novel
denominação. A Assembléia é suspensa por algum tempo e reiniciada no princípio da tarde, quando é eleita
por aclamação a primeira diretoria da A.I.E.C.B.:
Presidente: Reverendo Raul de Souza Costa
1º Vice-Presidente: Reverendo Jônatas Ferreira Catão
2º Vice-Presidente: Reverendo Geraldo Batista dos Santos (afastou-se voluntariamente da UIECB)
1º Secretário: Presbítero Euclides Cavalcanti Ribeiro
2º Secretário: Presbítero Euclides Gomes da Costa
1º Tesoureiro: Osmar de Lima Carneiro
2º Tesoureiro: Presbítero Caitano Antônio da Silva
Como medidas complementares, foram nomeados os irmãos Osmar de Lima Carneiro e Augusta Lins, para
coordenarem a criação e instalação do Departamento de Mocidade e Departamento Feminino; a
designação de Osmar de Lima Carneiro para visitar a Igreja Congregacional do Ingá, em nome da Aliança, e
ali apresentar as decisões tomadas em Concílio e sobre os novos e nobres propósitos da organização
nascente; a instalação da Igreja Congregacional do Vale da Bênção, em Caruaru, nessa mesma semana,
no sábado dia 19 de agosto, em homenagem ao dia da Denominação, bem como da Primeira Escola
Dominical no Brasil.
Com muita euforia e renovadas esperanças, os presentes de mãos dadas, encerram a reunião, votando
muito trabalho, dedicação à causa congregacional, e devotamento ao Senhor da Obra.

h) Vale da Bênção – o primeiro fruto

No dia 19 de agosto de 1967, numa festa sem precedentes na Capital do Agreste, o Reverendo Raul de
Souza Costa, usando das atribuições de presidente da Aliança de Igrejas Evangélicas Congregacionais do
Brasil, instala a Igreja Evangélica Congregacional do "Vale da Bênção", empossando o Reverendo Jônatas
Ferreira Catão, como pastor visitante. O Culto festivo de instalação da Igreja, contou com uma grande
caravana de João Pessoa, coordenada por Osmar de Lima Carneiro e outra de Campina Grande, liderada
por Divaldo Fernandes da Silva.
A igreja já começa com União de Mocidade, Auxiliadora Feminina, Conjunto Coral, Departamento de Escola
Dominical, cujas diretorias foram empossadas pelo pastor da Igreja.

i) Conclusão:
O nosso sonho era de um crescimento maior da nossa querida Aliança, entretanto, louvamos a Deus pela
sua postura doutrinária. O fundamento inicial continua incólume, quando muitos segmentos evangélicos se
distanciam da verdade bíblica. Auguramos, que os nossos líderes, despertos, estimulem as igrejas a um
trabalho contínuo e eficiente, buscando um crescimento em todas as direções, com salvação de almas,
santificação de vidas e implantação de novas igrejas!

14. Vultos da nossa história

Citaremos o nome de alguns expoentes do congregacionalismo pátrio, já falecidos:

· Dr. Robert Reid Kalley


· Reverendo João Manoel Gonçalves dos Santos
· Reverendo Leônidas Filadelfo Gomes da Silva
· Reverendo Antônio Marques
· Reverendo Alexander Telford
· Reverendo Francisco Antônio de Souza
· Reverendo Antônio Mello de Carvalho
· Reverendo João Clímaco Ximenes
· Reverendo Júlio Leitão de Melo
· Reverendo Ismael da Silva Júnior
· Reverendo Synésio Pereira Lira
· Reverendo Artur Pereira Barros
· Reverendo Antônio Francisco Neto
· Reverendo Jônathas Thomaz de Aquino
· Reverendo Pedro de Sá Rodrigues Campelo
· Reverendo Antônio Augusto Varizzo Júnior
· Reverendo Augusto Paes d’Avila
· Reverendo Manoel da Silveira Porto Filho
· Reverendo Salustiano Pereira César
· Reverendo Roberto Augusto de Souza
· Reverendo João Laurentino de Figueiredo
· Reverendo Lidônio Fragozo de Almeida
· Reverendo Antônio Sales

Igrejas pioneiras, no nordeste, pela ordem de instalação:

1. Igreja Evangélica Pernambucana – 19 de outubro de 1873


2. Igreja Evangélica Congregacional de Jaboatão – outubro de 1900
3. Igreja Evangélica Congregacional de Caruaru – dezembro de 1901
4. Igreja Evangélica Congregacional de Vitória de Santo Antão – 25 de
março de 1902
5. Igreja Evangélica Congregacional de Monte Alegre (hoje Pirauá) – 4 de
agosto de 1912
6. Igreja Evangélica Congregacional de Serra Verde – 1916
7. Igreja Evangélica Congregacional de Afogados – 1917
8. Igreja Evangélica Congregacional de Campina Grande – 15 de novembro
de 1920
9. Igreja Evangélica Congregacional de Aracajú – 29 de dezembro de 1926
10. Igreja Evangélica Congregacional de Catolé do Rocha – 1926 –Iniciou o
trabalho
11. Igreja Evangélica Congregacional de Brejo dos Santos – 1926 – iniciou
o trabalho
12. Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa – 16 de junho de
1932
13. Igreja Evangélica Congregacional de Patos – 17 de janeiro de 1933
14. Igreja Evangélica Congregacional do Marinho – 20 de novembro de
1933
15. Igreja Evangélica Congregacional de Timbaúba – 13 de fevereiro de
1934
16. Igreja Evangélica Congregacional de Belo Jardim – 1935
17. Igreja Evangélica Congregacional de Guarabira – 21 de abril de 1937
18. Igreja Evangélica Congregacional de Mamanguape – nesta ordem, mas
não temos a data certa
19. Igreja Evangélica Congregacional do Ingá – 26 de março de 1939
20. Igreja Evangélica Congregacional de Cachoeira – 12 de dezembro de
1942
21. Igreja Evangélica Congregacional de Tejipió – 31 de janeiro de 1947.

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Breve histórico do Congregacionalismo

O Congregacionalismo surgiu no século XVI (1501 - 1600), na Inglaterra, ao tempo da implantação da


Reforma Religiosa Inglesa, em contraposição a tendência da época de uma Igreja estatal, centralizada,
hierarquizada e ditatorial. Um grupo de irmãos insatisfeitos com os rumos tomados pela reforma religiosa
inglesa promovida pelo rei Henrique VIII, que se afastou da Igreja Romana por questões pessoais e
políticas e não por convicções de natureza religiosa, separou-se da Igreja Anglicana e se organizou como
comunidades autônomas, conhecidas pelo nome de Independente, nome esse que antecedeu ao nome
Congregacional.

Na época em que reinava Eduardo VI, filho e sucessor de Henrique VIII (1553-1558), o movimento
puritano, que surgira na Europa, começou a ter influência no seio da Igreja Anglicana, buscando a
simplicidade de culto e pureza dos costumes no seio dela. Perseguidos na Inglaterra por Maria, a
Sanguinária, católica fanática, e por Isabel, filha de Henrique VIII, cujo interesse maior era fortalecer o
Estado Inglês, os irmãos separatistas ou independentes estabeleceram-se na Holanda e dali partiram para o
Estados Unidos, no famoso navio MAYFLOWER, estabelecendo-se em PLYMOUTH, onde organizaram a
primeira comunidade Congregacional no novo continente, como extensão da Igreja de Scrooby na Holanda.
Enquanto isso, muitos irmãos independentes ficaram na Inglaterra e continuaram crescendo, mesmo
sofrendo perseguições movidas pelas autoridades políticas e religiosas daquela nação.

Principalmente através das Igrejas de governo Congregacional nos Estados Unidos o


Congregacionalismo espalhou-se pelo mundo.

Breve histórico do Congregacionalismo no Brasil

O trabalho Congregacional chegou ao Brasil graças aos esforços missionários do Rev. Robert
Kalley (foto), missionário inglês, que se dispôs a pregar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo em
terras brasileiras. Kalley, que era de origem Presbiteriana, partiu da Inglaterra, no século XIX, para a Ilha da
Madeira, possessão portuguesa na época, localizada no norte da África, onde pregou o Evangelho durante
alguns anos. Depois da experiência missionária na Ilha da Madeira, Kalley voltou para a Escócia, viajando
pouco depois para o Oriente em companhia de sua esposa Margarida que veio a falecer naquela viagem.
Depois de ler o livro Reminiscência de Viagem e Residência no Brasil de Daniel P. Kidder e um apelo que o
autor fazia à Sociedade Bíblica Americana para o envio de missionário para as terras brasileiras, o Dr.
Kalley sentiu arder em seu coração o desejo de vir trabalhar em nosso País. Agora já acompanhado de sua
segunda esposa Sara Kalley, Dr. Robert Kalley desembarca no Brasil onde estabeleceu-se no Rio de
Janeiro, por volta do ano de 1855, onde realizou a primeira Escola Dominical em 19 de agosto, em
Petrópolis, sendo esta data considerada como da fundação do trabalho Congregacional em nosso País. No
Rio de Janeiro em 1858, Robert Kalley organizou a primeira Igreja de governo Congregacional no nosso
País, que chamou-se pelo nome de Igreja Evangélica Fluminense, ainda hoje existente naquele cidade.
Detentor de uma visão expansionista, o Missionário Kalley abriu um trabalho em Recife, Capital do Estado
de Pernambuco, que nos idos de 1873 foi organizado como Igreja, recebendo o nome de Igreja Evangélica
Pernambucana, ambas moldadas no sistema de governo Congregacional.
OS PIONEIROS DO CONGREGACIONALISMO NO BRASIL
O Casal Kalley (por Charles Bacon)

O Dr. Robert Reid Kalley (1809-1888) está entre as figuras mais destacadas dos inícios do protestantismo
no Brasil. De origem presbiteriana, tornou-se o fundador das primeiras igrejas protestantes de fala
portuguesa em nosso País, onde conquistou o respeito de autoridades e desempenhou um papel decisivo
no reconhecimento do direito de reunião para o culto protestante e o casamento efetuado por ministros
protestantes.
Nascido em1809, em Mount Floridan, na Escócia, Kalley era filho de pais presbiterianos. Seu pai, descrito
como “homem de grandes recursos materiais”, faleceu deixando o filho com menos de um ano de idade.
Dois anos mais tarde, sua mãe se casou com Daniel Kay, que educou Robert e sua irmã Jane como seus
próprios filhos. Apesar do desejo do padrasto de ver seu enteado ingressar no ministério, Kalley afastou-se
do evangelho. Formou-se em1829, como cirurgião e farmacêutico, pela Escola de Medicina e Cirurgia de
Glasgow e, em 1838, recebeu o diploma de Doutor em Medicina pela mesma escola. Médico bem sucedido,
montou sua clínica em Kilmarnock, onde estabeleceu grande clientela.
Uma paciente idosa, acometida de doença Incurável, foi o instrumento de Deus para a conversão do
médico. Apesar da dor fortíssima que sentia, aquela senhora dava sempre graças a Deus. Kalley passou a
ler o livro de Deuteronômio e, finalmente, veio a crer em Deus.
Logo após a sua conversão, Kalley sentiu o chamado para a obra missionária e se ofereceu à Junta
Missionária da Igreja Livre da Escócia; contudo, só foi aceito para o trabalho missionário pela Sociedade
Missionária Londrina, que pretendia envia-lo à China em 1839. O seu casamento com a jovem Margareth
Crawford impediu-o de partir para a China e o seu compromisso com a Missão foi cancelado. Kalley e sua
esposa partiram para a Ilha da Madeira, onde as condições climáticas beneficiavam a saúde frágil de
Margareth.
A história de sua vida na Ilha da Madeira nos esclarece sobre o seu envolvimento posterior com as
autoridades e a Igreja Católica no Brasil. Também a sua preocupação com questões sociais, tão manifesta
em seu ministério em nossa pátria, se fez notar logo após a sua chegada naquela estação de saúde e
repouso.
Diante da extrema pobreza e ignorância do povo simples, ele formou classes para crianças e adultos e
fundou um hospital. Sua dedicação e carinho para com o povo da ilha lhe trouxeram admiração e
reconhecimento no nome popular que lhe deram: “o santo inglês”.
Ordenado em 1839 pela Igreja Livre na Escócia, retornou à Madeira, onde continuou seu trabalho de
ensino e atendimento médico, acompanhado de evangelização e esclarecimento das Escrituras. Devido ao
enorme crescimento do número de convertidos à Reforma Calvinista, resultado do trabalho de Kalley, logo
começaram a aparecer as primeiras perseguições contra ele e sua família. Até a sua reputação como
médico foi atacada e posta em descrédito. Kalley chegou a passar vários meses na prisão e também os
madeirenses convertidos foram aprisionados e sofreram espancamentos brutais da polícia ou de turbas
amotinadas com a aquiescência das autoridades. Famílias inteiras foram submetidas a violências de todo
tipo, incluindo pilhagens e estupros. Em 1846 ocorreu o ataque decisivo contra os calvinistas, que obrigou a
fuga de Kalley através de um navio inglês.
Em viagem ao Oriente Médio em 1851, Kalley perdeu sua esposa, companheira de tantas lutas, e a
sepultou na cidade de Beirute. Ao dar assistência médica a um jovem enfermo, ficou conhecendo a irmã
deste, Sarah Poulton. Ela ouvira falar das perseguições na Madeira e tinha uma profunda preocupação
missionária. Casaram-se em dezembro de 1852.
Em visita aos madeirenses nos Estados Unidos, o Dr. Kalley leu a obra do Rev. Daniel Parrish Kidder,
“Sketches of Residence and Travel in Brasil”. (Ensaios sobre Residência e Viagens no Brasil). Comovido
pelas necessidades do povo brasileiro, convidou os madeirenses a se empenharem junto com ele na obra
missionária no Brasil. Partiu para o Brasil com o objetivo específico de realizar, em suas palavras “trabalhos
de evangelização”.
Em abril de 1855, o Dr. Robert e sua esposa rumaram para o Brasil, aonde chegaram no dia 10 de maio.
Em visita a Petrópolis decidiram radicar-se lá, por acharem a cidade de clima mais ameno, como também
por ser mais próxima à Corte Brasileira. Foi na mansão alugada de Gernheim que se estabeleceu a primeira
Escola Dominical em português e em caráter permanente.
Atenderam ao convite do Dr. Kalley, para virem assisti-lo em seu esforço missionário, três famílias
madeirenses: a de Francisco da Gama, a de Souza Jardim e a de Manoel Fernandes, além de uma família
inglesa cujo chefe era o Sr. William D. Pitt. Três anos mais tarde, eles vieram a constituir o núcleo
organizado com o nome de Igreja Evangélica, posteriormente Igreja Fluminense, em 1858.
Ministro ordenado da Igreja Escocesa Livre, a mesma denominada Presbiteriana em outros países, o Dr.
Kalley fundou no Brasil igrejas de governo Congregacional e sem o batismo de crianças. Seu empenho era
para que a Igreja no Brasil fosse somente ‘evangélica”. Logo, porém, tornou-se necessário acrescentar
“Fluminense” ao título para distingui-la da Igreja Presbiteriana que se organizou na mesma época. Foi o
início das divisões herdadas do mundo protestante europeu e norte-americano. O batismo do primeiro
brasileiro, Pedro Nolasco de Andrade, no dia da fundação da Igreja Evangélica Fluminense, não atraiu
muito a atenção pública. Logo depois, porém, se converteram ao protestantismo duas mulheres nobres, D.
Gabriela Augusta Carneiro Leão e sua filha, Henriqueta. Estas conversões resultaram em manobras por
parte dos ultramontanos: o Internúncio Falcinelli queixou-se ao Imperador e, em 1859, Kalley recebeu aviso
do chefe de polícia de que estava proibido de exercer a Medicina. A alegação era de que seus diplomas não
tinham validade no Brasil. O Ministro dos Negócios Estrangeiros informou a Kalley, através de terceiros, que
“a tolerância religiosa garantida pela Constituição Brasileira não é tão plena que admita a propaganda de
doutrinas à religião do Estado”.
Kalley se submeteu à defesa de tese na Escola de Medicina do Rio de Janeiro naquele mesmo ano de
1859 e, aprovado a 1º de setembro, foi reconhecido como médico e autorizado a exercer a Medicina em
todo o território brasileiro.
Em resposta às queixas de que estava exercendo atividades ilegais, como a pregação do Protestantismo
ao povo, aos doentes e suas famílias, Kalley disse que convertera ninguém em Petrópolis, nem pregava em
português. Era verdade que ele não pregava sermão formal, porém, não escondia o fato de manter reuniões
informais em sua casa para protestantes estrangeiros. Kalley consultou então três dos mais notáveis juristas
brasileiros e citou seus pareceres em sua defesa.
Apesar do parecer dos juristas, continuavam as perseguições contra os protestantes. A Constituição era
interpretada como somente permitindo o culto católico desde que em família, no lar e em língua estrangeira.
Agora reuniam-se famílias protestantes portuguesas que, para realizarem seu culto familiar na língua nativa
estariam usando a língua oficial da nação. Como resolver a questão? Proibir-lhes o culto ou permitir que
tivessem o mesmo direito dos demais estrangeiros?
O Diário do Rio de Janeiro era propriedade de um líder maçônico e tomou partido dos protestantes.
Atacava as autoridades em suas atitudes de perseguição ou indiferença diante das perseguições.
Em outubro e novembro de 1864, Kalley encontrava-se em visita a uma congregação protestante que se
reunia na casa de um huguenote francês, em Niterói. Diante dos constantes atentados contra ele e os
demais protestantes Kalley procurou a proteção das autoridades. Mais uma vez um jornal liberal o
“Fluminense”, sustentava o direito de reunião dos protestantes. Outros, porém, passaram aplicar a posição
dos ultramontanos de que, diante da falta de tomada de atitude do governo, o povo precisava fazer “justiça
com as próprias mãos”.
As conquistas do Dr. Kalley para o culto protestante foram efetuadas mediante perigos pessoais
imediatos, grande presença de espírito, persistência ferrenha diante de inimigos hábeis e implacáveis. Mas
sua contribuição se fez sentir também no reconhecimento dos casamentos protestantes. Antes só existia
casamento católico. Os demais resumiam-se a uniões dentro das colônias alemãs, onde se contentavam
com uma cerimônia religiosa sem valor legal. Para efeitos legais, os filhos eram ilegítimos. Havia também a
possibilidade de um contrato, que era assinado na presença de testemunhas e de um escrivão de paz.
Varias tentativas de implantação do casamento civil fracassaram diante da oposição do partido clerical. Em
1859 foi aprovado o reconhecimento de casamentos protestantes, mas somente de protestantes
estrangeiros. Em 17 de abril de 1863, através dos esforços do Dr. Kalley e de Pedro Nolasco de Andrade,
foi aprovado o decreto nº 3.069, em que os ministros das “religiões toleradas” poderiam efetuar casamentos
que seriam válidos desde que registrados na Secretaria do Império e as certidões de casamentos
registradas na Câmara Municipal.
Uma outra contribuição importante do casal Kalley foi o hinário “Salmos e Hinos”, que passou a ser usado
a 17 de novembro de 1861. Este hinário, ainda utilizado por amplos setores da igreja evangélica no Brasil,
já foi o principal no Brasil e Portugal, e ainda é um instrumento importante na disseminação da mensagem
do Evangelho como na edificação da igreja.
O Dr. Kalley encontrava-se ameaçado de expulsão quando chegou ao Brasil o primeiro missionário
enviado pelos presbiterianos norte-americanos, o Rev. Ashbel Green Simonton, em 1859. Houve uma
diferença de visão entre os dois, logo de imediato. O missionário norte-americano era jovem, com apenas
26 anos, ousado e cheio de entusiasmo, enquanto Kalley achava que devia se guiar pela moderação. O
presbiteriano entendia que deveria trabalhar abertamente; o ancião escocês, veterano de muitas
perseguições, insistia na discreção. O professor Julio Andrade Ferreira discorda do uso do termo
“concorrente”, usado por Leonard para descrever o primeiro presbiteriano em relação ao Dr. Kalley.
Simonton se beneficiou das conquistas legais, dos hinos e da atmosfera evangélica que Kalley havia
implantando em solo brasileiro. Houve uma colaboração, um apoio mútuo, apesar de indícios de um
momento de ciúmes da parte de Kalley, que foi prontamente resolvido por iniciativa do Rev. Simonton.O
próprio Leonard relata o apoio prestado pelos crentes seguidores de Kalley ao se iniciar o trabalho
presbiteriano em 1861, na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro.

Extraído do livro “... ATÉ AOS CONFINS DA TERRA” – Uma História Biográfica das Missões Cristãs. Ruth
A . Tucker
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BREVE HISTÓRICO SOBRE OS CONGREGACIONAIS

O nome “Congregacional” não veio desde o princípio. As igrejas ou comunidades do tipo


congregacionalistas (SISTEMA DEMOCRÁTICO DE GOVERNO) eram originalmente chamadas
“independentes” na Inglaterra, no final do século XVI (1501-1600) e princípio do século XVII (1600 – 1700).
À luz da Reforma Inglesa poderemos compreender o significado dessa denominação, observando-se o
caráter dos grupos eclesiásticos que ali se definiram. De um lado: a Igreja Nacional Anglicana, que era a
estrutura eclesiástica católico romana nacionalizada, tendo o rei como a cabeça da Igreja; e de outro lado: o
movimento Puritano (pureza, santidade) que cedo se manifestou e assumiu tendências diferentes.
O movimento puritano buscava uma simplicidade de culto e de pureza dos costumes no seio da
Igreja Anglicana. A observância exigida pela Igreja Anglicana estava cheia do ritualismo da Igreja Romana.
Isso fez com que começassem a surgir os primeiros dissidentes separatistas da doutrina calvinista
chamados de puritanos. Alguns deles com idéias presbiterianas pregavam o modelo de genebra, como
religião nacional, e outros desejavam uma Igreja formada de congregações independentes e autônomas.
Nestes últimos estava a origem do sistema eclesiástico congregacionalista. Essa estrutura é a resultante
prática dos seguintes princípios teológicos redescobertos pela Reforma: Sacerdócio Universal dos crentes,
aceitação da doutrina da justificação pela fé e do seguro e constante acesso a Deus, através da exclusiva
mediação de CRISTO.
As primeiras manifestações históricas de tais comunidades se verificaram em Londres na Inglaterra,
na prisão e condenação de grupos que se reuniam naquela cidade, em 1567 e 68. John Robinson foi um
pastor de uma comunidade congregacionalista na Inglaterra que devida a perseguições transferiu sua
congregação para a cidade de Leyden ao sul da Holanda em 1609. Posteriormente uma parte desta
congregação resolveu voltar para Londres e outra parte decidiu emigrar para o “Novo Mundo” (Estados
Unidos) em 1620 onde fundaram a primeira comunidade congregacionalista da América. Em 1629, nova
onda de emigrantes anglicanos chegaram a Salém, costa de Massachussetts, e em agosto de 1629 foi
organizada a igreja de Salém assumindo o nome de “Igreja Congregacional”.
O congregacionalismo em nossa pátria se originou em 1855 no Rio de Janeiro com o missionário
escocês Dr. Robert Kalley, o qual era originário da Igreja Presbiteriana Livre da Escócia. Seu espírito
pastoral se caracterizava exatamente por seu ministério junto ao rebanho e isso o aproximava muito de
John Robinson, pastor da Igreja-mãe do congregacionalismo. O Propósito do Dr. Kalley era de fundar uma
igreja com princípios congregacionais, com a missão de evangelizar o Brasil na língua portuguesa. Nesta
época as comunidades protestantes existentes no solo brasileiro não evangelizavam o nosso povo, pois o
propósito das mesmas era de manter apenas as tradições religiosas de seus países de origem.
Por causa do liberalismo das Igrejas americanas, no último quarto de século XIX (1876 – 1900) e
princípios do séc. XX o nome Congregacional, não gozava de boa reputação. Por isso, as Igrejas que o Dr.
Kalley fundou, no Rio de Janeiro em 1858, e em 1873, no Recife, passou a ser chamadas simplesmente de
“IGREJA EVANGÉLICA FLUMINENSE no Rio de Janeiro e PERNAMBUCANA no Recife”. Em 06 de junho
de 1913 se reuniram 13 Igrejas evangélicas brasileiras e 5 portuguesas para formarem uma entidade
denominacional, que recebeu o nome de “ALIANÇA DAS IGREJAS EVANGÉLICAS CONGREGACIONAIS
BRASILEIRAS E PORTUGUESAS”. Daí por diante, o designativo de congregacionais estaria sempre
presente no nome denominacional.
Atualmente a Igreja Evangélica Congregacional no Brasil se divide em duas vertentes: UNIÃO DAS
IGREJAS EVANGÉLICAS CONGREGACIONAIS DO BRASIL, pertence ao grupo denominado
“TRADICIONAIS” e ALIANÇA DAS IGREJAS EVANGÉLICAS CONGREGACIONAIS DO BRASIL, pertence
ao grupo denominado “RENOVADOS”, a qual surgiu na década de 1960, com o movimento de renovação
espiritual. A região de maior atuação da ALIANÇA, se encontra no nordeste brasileiro e com presença no
estado de Minas Gerais e Região Centro-Oeste. A região de maior atuação da UNIÃO é no estado do Rio
de Janeiro.
A IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL obteve um papel fundamental em nossa nação, pois
foi a pioneira na evangelização do Brasil em língua portuguesa, gerando condições favoráveis para a vinda
de outras denominações para o Brasil, como as batistas, presbiterianas e outros. Os Congregacionais
contribuíram grandemente para maior facilidade da propagação do evangelho no Brasil pelas denominações
futuras. Vejamos quais são elas:

*CASAMENTO – Na época imperial somente os casamentos católicos eram registrados nas câmaras
municipais. O casamento de evangélicos feitos por pastores, foram reconhecidos pelo império em
17/04/1863 pelo decreto imperial N.º 3069.

*REGISTRO CIVIL – Nesta mesma época foi conseguido, o estabelecimento de registros civis, como,
casamento, óbitos e nascimentos para as pessoas de todas as religiões, pela lei N.º 1829 de 09/09/1870
que foi regulamentada em 25/04/1874.

*DIREITOS POLÍTICOS E CIVIS – Em 29/01/1881 sob lei N.º 7981, todos os brasileiros passaram a gozar
de todos os direitos políticos e civis, independente da religião professada.

*LIBERDADE PARA A VENDA DE BÍBLIAS

*REGISTRO DE IGREJA COMO PESSOA JURÍDICA

*SEPULTAMENTO DOS EVANGÉLICOS NOS CEMITÉRIOS PÚBLICOS – Somente os católicos tinham o


direito de serem enterrados nos cemitérios públicos, Lei N.º 1879 de 22/09/1874.
*INSTITUIÇÃO DOS “SALMOS E HINOS”. A primeira coletânea de hinos em língua Portuguesa (deste se
originou todos os hinários existentes). A Sra. Sara Kalley, esposa do Dr. Robert Kalley, organizou o “Salmos
e Hinos” bem como compôs grande parte de seus hinos.

*INSTITUIÇÃO DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL – Em 19 de agosto de 1855 iniciou-se a 1ª Escola


Bíblica Dominical no Brasil, marcando o começo do Evangelismo Nacional Pioneiro em caráter permanente.

Agradecemos a Deus por sermos congregacionais e por termos a certeza que Ele irá realizar ainda
uma grande obra em nossa denominação. Querido(a) irmão(ã) ame a sua igreja, ame a sua denominação e
erga a bandeira do evangelho, pois desta forma Deus irá nos abençoar poderosamente como denominação
e como cristãos autênticos.

Pr. Robson Sathler Batista.

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