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Projeto de Arqueologia Subaquática

A Turfeira de Peralto como elemento intrínseco da


Paisagem Cultural Marítima de Esposende: Study-
Case

Pós-Graduação em Arqueologia Subaquática

Ivone Magalhães

2018

(Aluno 20906)

1
Índice

3. Nota Prévia

4. Introdução

6. A Turfeira de Peralto

9. Designação do Projecto, Categoria e Tipo de trabalhos arqueológicos propostos

10. Implantação da área a intervencionar

13. Designação, Tipo e período cronológico da área a intervencionar

13. Indicação da Carta Militar, Localização geográfica, administrativa, toponímica da


área a intervencionar

16. Indicação da constituição da equipa e CV´s

16. Plano dos trabalhos a realizar

18. Problemática do Study-case

20. Plano de Classificação da Turfeira de Peralto como Paisagem Cultural Marítima

23. Definição dos objectivos, descrição e fundamentação da metodologia escolhida

24. Plano de divulgação publica dos trabalhos arqueológicos

26. Bibliografia

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Nota Prévia

Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Projeto de Arqueologia Subaquática, no


âmbito do Curso 3467, Pós-Graduação de Arqueologia Subaquática, do Instituto Politécnico de
Tomar (IPT) e foi executado com recurso ao projeto de investigação de arqueologia da paisagem
e paleoarqueologia, que recorre ao cruzamento de metodologias da geologia, biologia,
antropologia, história e arqueologia, que o Autor desenvolve no Município de Esposende desde
1998, intitulado Inventário do Património Arqueológico Relacionado com o Meio Aquático do
Litoral de Esposende – IPARMALE.

Partiu particularmente da necessidade de estudar, interpretar, valorizar e conservar in situ um


sector deste inventário, o sector 17 do IPARMALE, correspondente a uma turfeira pré-histórica,
designada por Turfeira de Peralto, localizada na zona intertidal da foz do Ribeiro de Peralto, na
freguesia de Marinhas (Esposende). Ficando descoberta regularmente a cada baixa-mar (grosso
modo de 12 em 12 horas), ocorre numa extensão de praia atlântica com quase 2 km, na qual
pontuam alguns sítios particularmente bem conservados desta turfeira e onde por sua vez ela
própria conserva vária informação de interesse geológico para a Carta do Património Natural, e
particularmente de interesse antrópico para a Carta Arqueológica Subaquática, ambas cartas de
pormenor da Carta Arqueológica do Concelho de Esposende1.

A metodologia usada neste projeto seguiu as regras enunciadas da própria Convenção UNESCO
2001 (http://www.unesco.org/new/pt/culture/themes/underwater-cultural-heritage/about-
the-heritage/protection/underwater-archaeology/), que para além da prospeção, a escavação e
a preservação dos sítios, no processo de investigação arqueológico subaquático, indica como
fonte de pesquisa o estudo da história local e a revisão da literatura publicada sobre o sítio, que
de alguma forma possam contribuir para o melhor desempenho da Carta arqueológica.

Utilizou-se como matriz (layout) para este estudo o cruzamento dos pontos de preenchimento
obrigatório de uma candidatura a PATA (Dec.Lei nº164/2014 de 4 de novembro) com a Regra
nº 34 da Convenção UNESCO 2001, por serem intuitivas e se complementarem, tornando
exequível o projeto A Turfeira de Peralto como elemento intrínseco da Paisagem
Cultural Marítima de Esposende: Study-Case.

1
Cumpre-me um agradecimento especial a Ana Almeida, arqueóloga do Município de Esposende e
coordenadora da Carta Arqueológica do Concelho de Esposende, pelo apoio e incentivo.

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Fig. 1 - Mapa das freguesias do concelho de Esposende. A vermelho a União de Freguesias de Marinhas, Esposende
e Gandra, território administrativo a que pertence a estação arqueológica “Turfeira de Peralto”.

Introdução
O concelho de Esposende é um concelho atlântico, com cerca de 4km de largura por 16 de
comprimento e forma um retângulo orientado norte-sul, paralelo ao mar, com quem faz
fronteira a oeste. A costa é baixa e a norte faz fronteira com Viana do Castelo delimitada pelo
rio Neiva, e a sul faz fronteira com Póvoa de Varzim, delimitada pelo ribeiro da Ramalha em
Apúlia. A sul do Cávado o território é plano caracterizado pela planície litoral e a norte o
território é montanhoso com cotas de 70 a 200 metros de altitude, que descem em anfiteatro
para o mar desde o Monte de S. Lourenço, afinal a arriba fóssil que foi o batente do mar,
testemunho da regressão marinha na última glaciação (Wurm, 30-20 mil anos a.C.
http://www.lneg.pt/download/1521). Na base da arriba, as cotas vão dos 22 aos 3 metros,
permitindo facilmente a erosão marinha com o galgamento das dunas mais baixas, afinal as
únicas proteções da planície litoral adjacente à arriba, aqui dita “veiga litoral”.

O litoral de Esposende motivado pela erosão marinha tornou-se a primeira Área de Paisagem
Protegida de Portugal em 1987 (http://www.natural.pt/portal/pt/AreaProtegida/Item/3). Diz
Gaspar de Carvalho que “no litoral de Esposende, as dunas fixas situadas para lá do cordão dunar
frontal são pouco abundantes e em mau estado de conservação. A pressão humana via
empreendimentos urbanísticos, construção de acessos rodoviários às praias e a utilização dos
terrenos para fins agrícolas levaram à sua quase completa destruição. Nos locais onde a
influência directa do Homem não foi tão destrutiva, a acção do mar tem completado o cenário
de degradação e tem avançado para o interior com destruição do sistema dunar frontal”
(CARVALHO, 2002, p. 24).

A Área de Paisagem Protegida em 2005 evoluiu para Parque Natural Litoral Norte-PNLN
integrando então a Reserva Biológica Marinha (http://www2.icnf.pt/portal/ap/p-nat/pnln). Em
2017 passa a integrar o Sítio Litoral Norte da Rede Natura 2000 e o Observatório do Mar de
Esposende-OMARE (https://geoatributo.com/resources/3.pdf). O OMARE é um projeto de
parceria entre o Município de Esposende e o ICN-PNLN (http://www.omare.pt/pt/ ). Tem como

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objetivo desenvolver um Sistema de Informação, Monitorização e Gestão da Biodiversidade
Marinha das Áreas Classificadas do Litoral Norte como “Ferramenta de Promoção da
Sustentabilidade da Utilização dos seus Recursos, de Divulgação e Sensibilização da
Comunidade”. O Município de Esposende pretende alimentar esta plataforma cruzando
informação entre o OMARE e outros projetos no interface marinho, disponibilizando essa
ferramenta também futuramente para a Carta Arqueológica Subaquática de Esposende.

O desenvolvimento da Arqueologia Subaquática em Portugal é relativamente recente. Desde


2012 que o património cultural subaquático e a fiscalização de todos os trabalhos nesta área da
arqueologia, são geridos diretamente pela DGPC.
(http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/patrimonio-
arqueologico/gestao-da-atividade-arqueologica/arqueologia-nautica-e-subaquatica/ )

Esta vertente da arqueologia, por depender de tecnologia diferente da usada na arqueologia


tradicional (terrestre), para vencer o ambiente submerso hostil, careceu de um salto de
qualidade tecnológica. Este está agora finalmente conseguido pelas novas tecnologias de
investigação com recurso a instrumentos tão diferentes como drones, sonares, submarinos e
veículos por acesso remoto (Remotely Operated Vehicle), a par de novos processos de registo
arqueológico como a fotogrametria para a reconstrução 3D digital.

Somam-se a estas conquistas tecnológicas a novas formas de divulgação do património cultural


subaquático e, principalmente, as novas formas de conservação de espólios e sítios
arqueológicos submersos, nomeadamente mantendo in situ seguindo a Convenção UNESCO
2001 (http://www.unesco.org/new/pt/culture/themes/underwater-cultural-heritage/about-
the-heritage/protection/underwater-archaeology/). É com estas vantagens que se conta para o
êxito deste study-case, cuja interdisciplinaridade garantirá a interpretação desta estação
arqueológica.
É ainda neste enquadramento que centramos a nossa atenção, particularmente a norte do
Cávado pois é aqui que surgem nas novas zonas, postas a descoberto pelos recentes
galgamentos marinhos, as maiores manchas de turfeiras pré-históricas submersas na zona
intertidal (zona entremarés). Nestas destaca-se a Turfeira da Praia de Peralto em Marinhas, que
pela sua diversidade patrimonial e pela sua extensão física, em conexão direta com um conjunto
de testemunhos de ocupação humana, pré e proto-histórica, torna este segmento costeiro na
mais valiosa paisagem cultural marítima presente no concelho de Esposende e eventualmente
uma das mais importantes a nível nacional.

Apesar disso, motivado pela difícil integração de estudos tão díspares debaixo de um mesmo
“chapéu” orientador, ainda não está dotada de qualquer medida de estudo de pormenor, de
uma tentativa de reconstituição arqueológica, e não goza tão pouco de medidas preventivas
para a sua conservação arqueológica. Não se sabe exatamente o que é este sítio, ou se
estaremos perante diferentes sítios, dado a sua disparidade cronológica.

De acordo com os primeiros estudos, a turfeira e os materiais arqueológicos associados direta


ou indiretamente, estão balizados por datas que recuam aos últimos 5 mil anos antes de Cristo
(a turfa e os materiais líticos de talhe, núcleos, lascas e “picos”), passando pela romanização
(cerâmicas anfóricas, salinas de gamela, poitas e pesos de rede), saltando à Idade Média (salinas
de eirado e pesqueiras do tipo Camboas), terminando com o cordão dunar atual, carregado na
sequência do maremoto de 1755.

Para além destes episódios com grandes lacunas cronológicas entre si, acresce ter sido também
palco de naufrágios, assinalados pelos fragmentos anfóricos de época romana (cerca 38 d.C.)

5
https://www.academia.edu/29031976/O_Irado_Mar_Atl%C3%A2ntico._O_naufr%C3%A1gio_
b%C3%A9tico_augustano_de_Esposende_Norte_de_Portugal_?auto=download ) e da fivela de
cobre, datável do século XVIII, por comparação com o catálogo Machault, no Canadá (SULLIVAN,
1986, pp. 75, https://www.torontopubliclibrary.ca/detail.jsp?Entt=RDM1602400&R=1602400).

A arqueologia será capaz de apresentar e justificar uma proposta que permita o estudo
integrado deste território, simultaneamente artefacto e ecofacto, objecto e ecossistema,
promovendo a sua identidade como estação arqueológica composta por vários sítios, e criando
conteúdo científico capaz de classificar esta turfeira como Paisagem Cultural Marítima
concelhia, objetivo que norteou este caso de estudo.

Fig. 2 – Vista aérea da freguesia de Marinhas com as três praias. De sul para norte: Praia das Marinhas, Praia de
Barrelas e Praia de rio de Moinhos ou Praia da foz do Ribeiro de Peralto, popularmente conhecida por Praia de
Peralta. Corresponde ao sector 17 do IPARMALE - Projeto de Inventário do Património Arqueológico Relacionado
com o Meio Aquático do Litoral de Esposende. Fonte: Carta Arqueológica de Esposende. Acedido em 23.09. 2018.
(https://www.google.pt/maps/place/Praia+de+Rio+de+Moinhos/@41.5664647,8.8031825,1143m/data=!3m1!1e3!
4m5!3m4!1s0xd244ade89142a0d:0xa5e73ed83)

A Turfeira de Peralto
As turfeiras são habitats húmidos, como lameiros, ou muito húmidos, do tipo pantanoso, com
biodiversidade vegetal e animal muito rica, e frequentemente rara, pelo que as turfeiras estão
protegidas por lei pela importância de habitats e espécies que conservam.

“(…) Uma turfeira, por definição ecológica, é um ecossistema onde a taxa de acumulação da
matéria orgânica é superior à sua taxa de decomposição, formando-se um substrato pedológico
em condições de falta de oxigénio (anóxia) e encharcamento chamado turfa, que se acumula em
profundidade. Sobre este substrato desenvolvem-se mosaicos de vegetação muito dependentes

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dos níveis elevados de encharcamento e da manutenção de um pH ácido. Estes habitats têm
papéis vitais nos ciclos dos nutrientes e da água. (…) Graças às baixas taxas de decomposição,
os vestígios de actividade humana e outros registos fósseis ficam muito conservados, fazendo
com que as turfeiras também sejam um “arquivo” paleontológico importante” (VIEIRA, 2012,
p.11).

Tal como as turfeiras vivas, a Turfeira de Peralto datada de mais de 5 mil anos (GRANJA, 2014,
pp.61) carece urgentemente de medidas de proteção e conservação arqueológica, pois o risco
de extinção é eminente.

Conhecida localmente por “tijuca” ou “terra negra” situa-se na zona intertidal onde ocorrem
as marés, ficando diariamente exposta durante a baixa-mar, e exposta à ação humana,
principalmente no verão, época do ano em que a própria Praia é mais visitada e que
inadvertidamente a Turfeira, que tem uma extensão generosa de quase 2km paralelos à linha
de costa, é usada quer pela comunidade balnear quer pela comunidade agrícola local, que
tradicionalmente aí abastece de sargaço (algas marinhas), implicando pisoteio humano e
manobras com tratores agrícolas, ambos destruindo o “chão da praia”, contribuindo para o
acelerar do seu processo de destruição.

(…) os depósitos estudados no litoral de Esposende e Apúlia, os mais antigos datados de há cerca
de 5000 anos e que indiciam a presença de um sistema lagunar previsivelmente afastado da
zona de rebentação e que (…) estaria nas imediações de uma floresta de elementos vegetais do
género Pinus e Alnus” (CARVALHIDO, 2009, p.302).

Apesar da importância deste sítio arqueológico, ele tem vindo a ser estudado de forma
fragmentada e pontual, carecendo de uma investigação multidisciplinar organizada de forma a
reunir várias ciências e a potenciar num curto espaço de tempo o máximo de conhecimento
sobre este sítio.

“Do cruzamento da informação geológica e arqueológica pode obter-se uma informação


muito mais profunda e esclarecida sobre a inter-relação Homem-ambiente, ou seja, acerca
do modo como os seres humanos lidaram com, ou mudaram, a natureza. Entra-se no
domínio de uma nova ciência – a geoarqueologia (…). Um importante contributo para a
compreensão do que foram os ambientes do passado (paleoambientes), representados pelos
estratos, é a procura de indicadores nos sedimentos que os compõem. Esses indicadores
podem ser de carácter geológico – geoindicadores – ou biológico- bioindicadores (…) Tanto
os geo como os bioindicadores, como a combinação de ambos, são ferramentas preciosas
na reconstituição paleoambiental, ou seja, na reconstrução das condições físicas e biológicas
que caracterizaram um determinado ambiente e na identificação de acontecimentos
responsáveis por mudanças (graduais e bruscas) eventualmente operadas ao longo do
tempo (…) A aplicação destes indicadores na interpretação dos ambientes (paleoambientes)
representados pelos sedimentos ou pelo substrato rochoso nos quais se encontram
artefactos ou estruturas erigidas pelo Homem, constitui um auxiliar precioso em
arqueologia” (GRANJA,2014, pp.62 e 63).

“Sendo a análise regional a estrutura apropriada para investigar sistemas de fixação do passado
a adopção de uma bacia hidrográfica, por razões teóricas, poderá traduzir um certo
determinismo geográfico, sobretudo porque as barreiras naturais não são um total impedimento
de contactos, algumas sociedades primitivas atuais não se compartimentam necessariamente
por áreas culturais e ainda porque este tipo de aproximação tem mostrado que os habitantes se
situam frequentemente na intersecção de zonas naturais diferentes, para permitir o acesso

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simultâneo a vários recursos. No entanto, para além das razões praticas do estudo de uma área
delimitada geograficamente, a análise do “catchment”, termo que designa a bacia de
alimentação de um rio, tem sido cada vez mais usada em trabalhos de investigação, em que a
estação arqueológica individualmente considerada deixa de ser a única fonte de interesse, para
permitir uma visão mais alargada da realidade das épocas de estudo (Maciel, 2003, pp.9)”.
A problemática das formas e padrões de assentamento do povoamento desde a Pré-História
tem sido uma constante da Carta Arqueológica, que tem por base tem um trabalho no território
terrestre com mais de 35 anos. Agora pretende-se ensaiar outros modelos de pesquisa,
procurando outras marcas na paisagem, desta feita a marítima, pretendendo a recuperação de
informação sobre o território do mar, ainda o grande desconhecido, através de uma ação de
prospeção arqueológica para o levantamento e inventário de todo o património presente nesta
estação arqueológica.

Mas a “tijuca”, como aqui a população local designa a turfeira, desfaz-se irremediavelmente a
cada maré mais batida pelo vento e ondulação, a cada preia mar e a cada temporal, que lhe
arrancam diariamente pedaços da turfa (ação mecânica do mar). Em simultâneo a areia e o
cascalho (seixos rolados) ao correrem soltos ao sabor da maré sobre a tijuca vão também
laminando a turfeira, destruindo-a maré após maré.

A dinâmica de deterioração é rápida e uma vez iniciada é irreversível. Como forma de mitigação
iniciou-se o levantamento da informação arqueológica da turfeira. A informação arqueológica
da turfeira apresenta-se como um gigantesco quebra-cabeças. Para resolver esta constatação
realizou-se o inventário dos “bens” de interesse, com um relatório preliminar sucinto
(levantamento), e com informação sobre o estado atual de conservação de cada evidencia
arqueológica. Procedeu-se também à marcação topográfica com estação total.

O estudo detalhado do local permitiu confirmar que não é possível a conservação em laboratório
em relação á maioria do material que constitui esta Estação arqueológica, pois estes bens são
imóveis, foram produzidos diretamente nos afloramentos rochosos e ficam afogados durante a
preia-mar, não sendo possível a sua preservação no estado atual da questão. Quanto à turfeira
propriamente dita, como é matéria orgânica proveniente de turfa conservada em ambiente
marinho, o que por si já dificultaria a preservação fora de um ambiente de laboratório, agrava-
se esta dificuldade pela grande extensão em área ao ar livre e pela natureza da matéria prima
em que são feitos os demais elementos presentes na própria turfa, como o material lítico
resultado de oficina de talhe pré-histórico que tem de ser estudado ainda in situ, ou as raízes de
árvore em posição de vida, ou ainda as folhas e ramagens que se encontram preservadas
debaixo de algumas raízes de grande dimensão, para além das salinas escavadas nas rochas em
conexão com a turfeira e que devem, igualmente, beneficiar das mesmas medidas de proteção
e valorização.

Por outro lado, todos estes trabalhos carecem de uniformização no processamento dos registos
e na criação de conteúdos científicos para, do ponto de vista das diferentes metodologias de
investigação, permitir conhecer a Turfeira da Praia de Peralto como um território antigo, objeto
central dos recentes estudos da paleoarqueologia. Território antigo partilhado por milhares de
outras populações biológicas, domésticas e selvagens, espacialmente estruturado por tipos de
fisiografias de paisagem naturais e artificiais (biótopos) cuja natureza “cultural” desta macro-
entidade é a turfeira de Peralto, ela própria um artefacto afeiçoado pelo ecossistema e pelo
Homem, no devir da história e assim um objeto de valor arqueológico intrínseco que tem de ser
preservado, estudado, divulgado e, principalmente valorizado como Paisagem Cultural
Marítima.

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Fig.3 - Praia de Peralto em 2001. Turfeira exposta apenas na zona da foz do Peralto.
Fig.4 - Praia de Peralto vista de parapente motorizado em baixa-mar. A turfeira ainda se encontrava protegida pela
areia, encaixada entre o afloramento rochoso (bed-rock de xisto) e a duna. Fotografia cedida pelo Gabinete da
Proteção Civil de Esposende. 2009. Fotos autor.

Fig.5 e 6 – A turfeira em 2018 totalmente exposta. Desmonte mecânico do mar sobre os pisos de salina em eirado
(placas de eirado) (fevereiro de 2018). Fotos autor.

Designação do Projecto, Categoria e Tipo de trabalhos arqueológicos


propostos

O projeto tem como título A Turfeira de Peralto como elemento intrínseco da


Paisagem Cultural Marítima de Esposende: Study-Case.

Insere-se na tipologia de trabalhos Arqueológicos anuais, para um PATA de Categoria C –


“com ações preventivas e de minimização de impactes integradas em estudos, planos, projetos
e obras com impacto sobre o território em meio rural, urbano e subaquático e ações de
manutenção e conservação regular de sítios, estruturas e outros contextos arqueológicos,
conservados a descoberto, valorizados museologicamente ou não” (lei 164/2014 de 4 de
novembro, https://dre.pt/application/conteudo/58728911).

O tipo de trabalhos privilegiarão a sondagem e a prospeção no território emerso e imerso da


turfeira, desde a a foz do ribeiro das Barrelas à foz do ribeiro da Sebe (toda a extensão
administrativa da Praia de Rio de Moinhos), de forma a delimitar a área total a afectar a este
estudo pois atualmente ainda só estão delimitadas pequenas “bolsas de interesse
arqueológico”. A sondagem será realizada em meio imerso através da fotogrametria e em
meio emerso através da topografia com estação total (teodolito).

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Pretende-se a revisão da literatura sobre este sitio (ou sitios) para orientar a equipa
multidisciplinar, cruzando conhecimento das diferentes ciencias e rentabilizando os estudos
anteriores.
Pretende-se preparar a conservação in situ de um pequeno sector da turfeira de forma a
preservá-lo para as gerações futuras, para investigação e para fruição deste bem arqueológico.

Pretende-se demonstrar o valor intrínseco da turfeira Pré-histórica de Peralto como Estação


Arqueológica exemplar, através de uma investigação pluridisciplinar na forma de um PATA de
categoria C (anual).

O Study-case terá como missão propor a sua classificação como Paisagem Cultural Marítima.

Implantação da área a intervencionar


A Praia de Rio de Moinhos, localmente dita Praia de Peralta, deve o nome à foz do ribeiro de
Peralto (aliteração de pedra alta) ribeiro que nasce no planalto de Vila Chã (Monte de São
Lourenço, concelho de Esposende) e que desde o século XVII carregava bastante água,
originando um complexo sistema de distribuição de engenhos de água para moagem, pisões de
linho e serração de madeiras, e que alimentou uma bacia hidrográfica (agora quase extinta) que
sustentava uma zona lagunar e que desaguava no mar, de que faz hoje testemunho junto com
o ribeiro da Sebe a norte e o ribeiro de Barrelas a sul.

A turfeira foi detetada pela primeira vez em 20052, e foi sempre acompanhada regularmente
por investigadores sendo pontualmente objeto de projetos de arqueologia de emergência, na
sequência de arrojamentos provocados por fortes tempestades marinhas.

Fig. 7 – Praia de Rio de Moinhos ou Praia de Peralto, vistas a norte, baixa mar. Turfeira exposta. 2018. Foto do autor.

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Constituíram-se achadores Ricardo Abreu, José Capitão Abreu e Frederico Burmester.

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Fig. 8 – Praia de Peralto, indústria lítica (Sérgio Rodrigues). Contexto estratigráfico dos artefactos líticos da praia
de Rio de Moinhos. L) Depósito lagunar. M) Conglomerado marinho (conglomerado B). A) Seixo talhado unifacial in
situ na base do sedimento lagunar. B) Termoclastos in situ na base do depósito lagunar. C). Conglomerado ferruginoso
sobre o bedrock (conglomerado A). D) Conglomerado sob o depósito lagunar (conglomerado B). E) Seixo talhado
unifacial rolado do conglomerado B. F) Troncos de árvore em posição de vida, aparentemente sobre os depósitos
marinhos e sob os sedimentos lagunares datados de 5590±80 yr BP (4614-4319 cal BC 20) e 5480±30 yr BP (4433-
4260 cal BC 20).
(https://www.researchgate.net/figure/Contexto-estratigrafico-dos-artefactos-liticos-da-praia-
de-Rio-de-Moinhos-L-Deposito_fig7_305237212)

O potencial desta turfeira e paisagem marinha associada é intrinseco. Todos estes “sítios”
continuam desconhecidos do grande publico.

Pretende-se fazer sondagens, prospeção e levantamento (inventário e registo) em toda a


turfeira, o mais exaustivo possível, bem como nos afloramentos em conexão.

Para este sítio estão sumariamente identificados na Carta Arqueológica e são conhecidos apenas
em estudos parcelares, nomeadamente teses de mestrado, doutoramento e pós-
doutoramento, da responsabilidade de investigadores que buscam respostas especificas para a
sua área de investigação e que não estão acessíveis, muito menos a todos os públicos.

“O património, passado ou presente, será sempre factor de integração da memória colectiva,


será sempre a consciência aglutinadora da identidade nacional e terá sempre, como objectivo
prioritário, a contemplação e a fruição dos testemunhos de uma herança, que se poderá definir,
grosso modo, de histórico-cultural” (ALMEIDA, 1998, p.129)

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Fig. 9 – Praia de Peralto, indústria lítica (Sérgio Rodrigues). Rio de Moinhos beach location. Position of the
ST cores and lithic artefacts (red oval: area with the highest concentration of lithics) (Ortophoto extracted
from Google Earth 7.1.5.1557).
https://www.researchgate.net/figure/Rio-de-Moinhos-beach-location-Position-of-the-ST-cores-and-lithic-
artefacts-red-oval_fig1_305237212

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Designação, Tipo e período cronológico da área a intervencionar

O projeto tem como título A Turfeira de Peralto como elemento intrínseco da


Paisagem Cultural Marítima de Esposende: Study-Case.

Insere-se na tipologia de trabalhos Arqueológicos anuais, para um PATA de Categoria C –


“com ações preventivas e de minimização de impactes integradas em estudos, planos, projetos
e obras com impacto sobre o território em meio rural, urbano e subaquático e ações de
manutenção e conservação regular de sítios, estruturas e outros contextos arqueológicos,
conservados a descoberto, valorizados museologicamente ou não” (lei 164/2014 de 4 de
novembro, https://dre.pt/application/conteudo/58728911).

Nas tipologias de sítios que a estação arqueológica da Turfeira de Peralto apresenta várias
épocas, desde pelo menos os 5 mil a.C. até ao século XX.

“…No sítio da foz da ribeira do Peralto (Marinhas, Esposende, Norte de Portugal) têm sido
encontrados achados arqueológicos que evidenciam a presença e a ocupação romanas ao longo
da costa atlântica. De entre eles, destaca-se um número elevado de fragmentos de cerâmica
Bética (antiga província Romana na Hispânia sob a influência da bacia do rio Guadalquivir,
aproximadamente a Andaluzia dos nossos dias) provenientes de um naufrágio datado da época
de Augusto e recolhidos, em 2005, na faixa da baixa mar de Rio de Moinhos, em Esposende. Na
grande maioria predominam as ânforas da tipologia Haltern 70 , alguns fragmentos de ânforas
de produção gaditana do tipo Dressel 7-11 e de ânforas do Guadalquivir de tipo Urceus…”
(OLIVEIRA, 2014, pp. 38) (http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/12980.pdf)

Indicação da Carta Militar, Localização geográfica, administrativa,


toponímica da área a intervencionar

A Praia de Peralto localiza-se em Marinhas, Esposende, e é também conhecida por Praia de Rio
de Moinhos ou Praia da Foz do Peralto.
Marinhas é extinta freguesia do Concelho de Esposende, Distrito de Braga, agora reorganizada
em União de Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra. Faz fronteira a norte com a freguesia
de S. Bartolomeu do Mar, representada pelo ribeiro da Sebe, que corre na base da única duna
primária existente. A sul faz fronteira com o ribeiro de Barrelas (também conhecido como Carda)
que pertence à mesma freguesia de Marinhas.

A área de estudo está sob a tutela da Capitania do Porto de Viana do Castelo3 através da
Delegação Marítima de Esposende e integra também o Parque Natural Litoral Norte 4.

O acesso a esta praia é feito pela Estrada Nacional nº 13, cruzamento do Moinho do Estado,
virar á praia pelo caminho municipal do Moinho do Peralto.

O ponto de acesso tem as coordenadas: N 41º33.95292' e O 8º 47.8125'.


(https://www.playocean.net/d/portugal/esposende/praia-de-rio-de-moinhos_plano-de-
praia.pdf)

3
Capitania de Viana do Castelo, Rua do Marquês, 4900-319 Viana do Castelo.
4
PNLN, Rua 1º Dezembro, nº 65, 4740-226 Esposende

13
Fig. 10 –Carta Arqueológica 2014. Ocorrências de arrojamentos. De sul para norte: Praia de Peralto, Praia
de São Bartolomeu e Praia de Belinho.

14
Fig. 11, 12 e 13 – Praia de Peralto. Turfeira. Material descoberto e abandonado à ação do mar.2005

Fig. 14,15 e 16 – Praia de Peralto. Baliza de navio (Idade Moderna) recuperado e em estudo (IPT).
Beachrock (ferruginoso, cerca de 5 mil a.C.). Poita e peso de rede (Proto-história-Romanização). 2006

Fig. 17,18 e 19 – Praia de Peralto. Turfeira. Material resgatado para estudo e conservação. Fivela, poste
de armadilha, fragmentos anfóricos. 2016.

Fig. 20, 21 e 22 – Praia de Peralto. Salinas escavadas no afloramento. Amarração antropomorfa. 2017.

Fig. 23,24 e 25– Praia de Peralto. Turfeira. Placas de salina de eirado dispersas sobre a turfeira. 2018.

15
Indicação da constituição da equipa e CV´s
A equipa científica é constituída pelo arqueólogo Náutico e Subaquático Luis Filipe Vieira de
Castro (TAMU e UNL), pelo arqueólogo Náutico e Subaquático Paulo Alexandre Paiva Monteiro
(IAP-UNL), pela arqueóloga Ana Paula Almeida (CME) e pelo autor, a arqueóloga Ivone
Magalhães (CME).

Os CV’S constam no Portal do arqueólogo.

Plano dos trabalhos a realizar


-Documentar a criação de um modelo de estudo para o inventário e a interpretação de
uma área tão grande e tão fora do comum em arqueologia subaquática, usando ferramentas da
Arqueologia da Paisagem como a geomorfologia, a sedimentologia e a geologia.
-Registar com fotogrametria a turfeira (e o seu interface) para a reconstituição 3D do
sítio;
-Classificar na sequência deste estudo esta estação como Paisagem Cultural Marítima;
-Permitir o acesso e o usufruto da sociedade civil e científica a este bem arqueológico
através da sua interpretação e classificação como Paisagem Cultural Marítima;
-Criar medidas de mitigação do impacto quer da Natureza quer do Homem,
considerando-se que a praia é muito visitada na época balnear;

Calendarização
1 de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2019.
-Os trabalhos de prospeção subaquática decorrerão de acordo com as condições de mar, e
após autorização das tutelas (capitania e DGPC) entre maio e setembro de 2019.
-Os trabalhos de topografia decorrerão entre maio e setembro de 2019.
-Os trabalhos de recensão e revisão de literatura decorrerão entre janeiro e março de 2019.
-Os trabalhos de relatório, interpretação, avaliação e validação do projeto decorrerão em
novembro e dezembro.
-Os trabalhos de alteração ou continuidade ao projecto com novas medidas corretivas
decorrentes das surpresas que o território apresente do ponto de vista da investigação serão
apresentados em dezembro.

Bibliografia de referência, estado atual dos conhecimentos e caracterização


sumária do património-histórico arqueológico da área em estudo e envolvente

A bibliografia de referência vai no final (ponto 9. Bibliografia)

Quanto ao estado de conhecimentos, pelo tipo de sítios de interesse patrimonial que compõem
o mosaico desta estação arqueológica, pelo tipo de matéria prima dos seus bens, pela grandeza
do espaço que ocupa no território e pela mais valia que seria a sua valorização local, permite-se
ponderar neste projeto uma futura intervenção no sentido de conservar pelo menos um sector
de turfeira o mais possível in situ5.

Como metodologia para aferir o tipo e o grau de necessidades de conservação dos “sítios” desta
estação (fragilidades dos bens arqueológicos) e de acordo com o conhecimento sobre esta

5
Intenção extra a este projeto, mas ainda assim pertinente para o mesmo pois se não se preservar a
turfeira não haverá nada para classificar como Paisagem Cultural Marítima no futuro.

16
estação e os seus sítios, respondendo a situações de arqueologia de emergência de resgate de
material arrojado pelo mar estabeleceu-se um quadro de distribuição.

Quadro 1 - Informação por ordem cronológica

Natureza da matéria prima Tipo de bem arqueológico Grau de


risco
Material orgânico da turfeira de Turfa (lamas), Folhas de árvores e pequenos
pequeno porte troncos;

Material orgânico da turfeira de Árvores em posição de vida


grande porte (raízes)
Material lítico móvel Núcleos, lascas e seixos talhados de tipologias
datáveis entre o Paleolítico superior e o
Neolítico
Material lítico imóvel - Salinas Salinas de eirado sobre a turfeira, salinas
escavadas em talhos nos afloramentos
rochosos vizinhos e salinas em gamelas
amovíveis;
Material orgânico móvel - Tramo de mais de 25 metros de postes de
Armadilha de pesca madeira madeira cravados na turfa e alinhados com
proto-histórica cerca de 30 cm de distância entre si, no que
aparenta ser uma armadilha de pesca;
Material cerâmico móvel – Centenas de fragmentos anfóricos (na
fragmentos anfóricos romanos maioria Haltern 70 Bética-Augustana)
Amarração embarcação ou gado Prisão antropomorfa
Material lítico imóvel - Camboas Pesqueiros medievais que sobreviveram até
1934, altura em que a lei obrigou as
Capitanias a desmontá-las
Material lítico móvel - Pedras lastro de embarcação ou o muro antigo como
exógenas amarelas (pedras diz a tradição local
“seixas”)
Achado isolado - Pesos de pesca Poitas e pesos
Achado isolado – Fivela Fivela cobre (Séc. XVIII)

A mancha de cores, torna evidente um sector da Turfeira em melhor estado de conservação,


atendendo à dinâmica destruidora das marés ano após ano. Permitiu criar a expectativa de que
pelo menos um sector pode ser preservado in situ pelo facto de beneficiar da restinga rochosa
e do abrigo da duna da Sebe, pelo que ganhou o nome de Sector “Peralto - Duna da Sebe” e
pode beneficiar de um projeto especial para a sua conservação futuramente6.

Estão entre os principais fatores de risco de origem antrópica o pisoteio humano, com a
“despesca7” nas poças de maré, e a circulação de veículos, estes muito perturbadores da
turfeira, pois o acesso às praias a sul e a norte do Peralto é feito exclusivamente pela entrada

6
Objeto de um estudo prévio para a criação de um projeto de proteção especial, com a conservação in
situ de duas sanjas, uma emersa e outra imersa, num futuro projeto de musealização, que pretende a
criação de edifício de apoio na tipologia de Núcleo museológico e Centro Interpretativo da Paisagem
Cultural Marítima da Praia de Peralto.
7
Despesca- Marisqueio, pesca a pé aos polvos e camarões nas poças de maré. Apesar de proibido por
ser Parque Natural Litoral Norte.

17
de Peralto8 e por aqui circulam os tratores agrícolas, que na época da apanha do sargaço visitam
esta praia. Em simultâneo as obras de engenharia agrícola a montante do ribeiro de Peralta, que
vão empurrando a linha de água do ribeiro, ora para norte ora para sul, desviando a foz de um
lado a outro, expõem partes novas partes da turfeira contribuindo extraordinariamente para a
sua destruição também na parte emersa.

Na fase preliminar a este Plano identificaram-se as principais naturezas de materiais, os fatores


de risco internos pela natureza da sua matéria prima e os fatores de risco externos pela ação do
mar, meteorização ou antrópicos.

Quadro 2 - Fatores de risco


Matéria Bens Risco interno Risco externo
Orgânicos Turfa, raízes de árvores, madeiras, Sim Sim
outros vegetais Reação química e Transporte e
mecânica destruição pelo
mar ou o homem
Pétreos Salinas escavadas no afloramento, não Sim
amarração, camboas, Destruição pelo
mar ou o homem
Lascas, núcleos e Picos, Salinas de não Sim
gamela, Placas de salina de eirado, Transporte e
Pesos de rede, pedras seixas destruição pelo
mar ou o homem
Cerâmicos Fragmentos de Ânfora Sim Sim
Reações mecânicas Transporte e
(quebra) destruição pelo
mar ou o homem
Metálicos Achado isolado de uma fivela Sim Sim
seiscentista Reação química Transporte e
(corrosão) e destruição pelo
mecânica (quebra) mar ou o homem

Selecionado o sector, por ter menos materiais de grande risco e servir ao propósito deste
projeto, permitirá futuramente elaborar um modelo científico para a preservação de um troço
da turfeira para fins pedagógicos e académicos.

Problemática do Study-case

A problemática do Projeto de Study-case para Classificar a Turfeira de Peralto como elemento


intrínseco da Paisagem Cultural Marítima de Esposende passa pelo reconhecimento do seu valor
patrimonial e observa a Convenção Unesco 2001, que reconheceu a importância do património
cultural subaquático enquanto parte integrante do património cultural da humanidade e
elemento particularmente importante na história dos povos, informando claramente o que é o
Património Cultural Subaquático:

8
Peralto é a única entrada de veículos para as praias, inclusive para assistência em caso de um sinistro
ou salvamento no mar.

18
«Património cultural subaquático» significa todos os vestígios da existência do homem de
carácter cultural, histórico ou arqueológico que se encontrem parcial ou totalmente, periódica
ou continuamente, submersos há, pelo menos, 100 anos, nomeadamente:
a) Sítios, estruturas, edifícios, artefactos e restos humanos, bem como o respectivo
contexto arqueológico natural;

A Convenção propõe o fim publico e democrático de todo o conhecimento produzido, científica


ou popularmente, a partir dos bens arqueológicos, aconselhando sempre que possível a sua
conservação in situ e a sua obrigatória divulgação junto do grande publico como forma de
preservação, na ótica de que a melhor forma de proteger é conhecer. Neste entendimento, o
resumo dos estudos prévios que motivaram o presente study-case indica a sua problemática.

Fig.26 e 27– Praia de Peralto. Registo das raízes de árvore em posição de vida. Fotos do Autor.

Estão apenas inventariadas e registadas, mas ainda por estudar na especialidade as salinas pré-
históricas, as salinas medievais, as camboas medievais, e na zona de marés, o que parecem ser
amarrações para embarcações, tudo bons motivos para considerar que esta praia de Peralto é
provavelmente a mais interessante paisagem marítima do norte de Portugal, do ponto de vista
da arqueologia subaquática.

O potencial desta praia é imenso. Para a Arqueologia em geral, mas também para outras ciências
que permitem a reconstituição da atividade humana neste segmento costeiro do noroeste de
Portugal. Esta praia foi usada como modelo de investigação para o estudo, sobre indicadores
geomorfológicos e sedimentológicos na avaliação da tendência evolutiva da zona costeira de
Esposende, criado por Eduardo Loureiro sob orientação de Helena Granja.
(https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/.../1/Tese%20Final%20v621.pdf).

19
Plano de Classificação da Turfeira de Peralto como Paisagem Cultural
Marítima

Sobre a Problemática:
A informação presente nos estudos sobre esta praia e em particular sobre a sua turfeira e os
bens arqueológicos que esta contem, foi sempre dispersa, apenas acompanhada pelos diversos
especialistas de forma parcelar, muitas vezes a publicar resultados no meio académico, de forma
restrita ao grande publico que assim ignora o valor patrimonial desta praia. Do ponto de vista
do Município de Esposende, também nunca foi objeto de um projeto de investigação exclusivo
e orientado para conhecer e interpretar este sítio como um todo.

Sobre os objetivos
-O primeiro desafio deste study-case foi organizar o conhecimento científico já produzido,
através da revisão da literatura, para saber sobre o que estávamos perante, cruzando a
metodologia da Arqueologia da Paisagem com a da Arqueologia Subaquática para interpretar
esse conhecimento cientifico produzido por várias fontes e orientar os objetivos da
problemática para permitir a reconstituição desta estação arqueológica com os seus diferentes
“sítios” e assim encontrar respostas nas questões dos paleoambientes da turfeira, procurando
chegar a conclusões sobre as ocupações humanas que habitaram este local, através da
informação de caracter cultural (estratigrafia, arqueologia, antropologia) mas também natural
(climatologia, geologia, sedimentologia, geomorfologia, topografia submarina e biologia).

-O segundo desafio, decorrente do primeiro, foi reunir numa única plataforma toda a
informação, proveniente de todas as fontes e com ela demonstrar estarmos perante uma
estação arqueológica com vários sítios e que no conjunto integram uma Paisagem Cultural
Marítima que importa classificar como forma de a proteger, divulgar e valorizar.

-O terceiro desafio, decorrente dos anteriores, será o de apresentar na forma de um Plano


de Classificação da Turfeira de Peralto como Paisagem Cultural Marítima.

Sobre a metodologia
Seguiu-se a metodologia da Carta Arqueológica num programa bipartido, com uma vertente
arqueológica com recurso às disciplinas e ferramentas metodológicas da Arqueologia da
Paisagem (geologia, geomorfologia e topografia) e outra às ferramentas da Histórica
(cronologia), que tem como meta o recenseamento dos sítios arqueológicos subaquáticos em
forma de inventário.
Assume-se o conceito de estação arqueológica composta de diversos sítios de interesse
individual, categorizados pela acessibilidade em 4 tipos: sítios submersos, emersos, intertidais e
achados de objetos isolados na praia. Pretendeu-se a localização e a identificação de cada um
dos sítios.

Como principais ferramentas da metodologia:


-Revisão da literatura (publicações científicas no geral) cruzando informação em tabelas
simples;
-Localização dos sítios com Estação Total e georreferenciação (carta topográfica);
-Registo de fotogrametria tendo em vista a reconstituição digital 3D da estação;
-Visitas regulares ao terreno para estabelecer padrões de comportamento da dinâmica
dos sedimentos marinhos;

20
-Propor a classificação como Paisagem Cultural Marítima;
-Propor a conservação in situ de um sector.

Sobre o modelo

Estão georreferenciados os bens de interesse arqueológico e geológico com recurso a


Estação Total e constam da Carta Arqueológica. No entanto estes estudos são isolados e
insuficientes. Propõe-se o Levantamento Arqueológico exaustivo da Turfeira ao longo dos 2Km
da praia incluindo todos os elementos patrimoniais associados. Esta medida permitirá o acesso
a informação privilegiada antes do mar a fazer desaparecer e permitirá criar um modelo virtual
do sítio como um todo, ferramenta para a sua futura gestão. Medidas a aplicar:

a) Criação de um PATA para esta estação arqueológica com a duração de 12 meses


(categoria C);
b) Prospeção e sondagens (recurso a Sonar de varrimento lateral por causa da restinga;
Rov, Auv’s, magnetómetro e drone aéreo)
c) Inventário;
d) Georreferenciação;
e) Reconstituição 3D da Turfeira;
a) Resgate dos elementos passiveis de se perderem (cerâmica anfórica, pesos de rede
e embarcação em xisto, salinas de gamela em xisto, arvores em posição de vida,
lascas e núcleos líticos) através de escavação de emergência sectorial (PATA);
b) Retirada de todas as placas de salina soltas (PATA) impedindo a deslocação de placas
de salina sobre o piso (a turfa) que funcionam como cascalho agressivo;
f) Tratamento laboratorial dos materiais exumados no resgate (diagnóstico, divisão
por tipologias quanto à natureza das matérias primas como madeiras, cerâmicas,
líticos e metálicos e providenciar os tratamentos preventivos e curativos);
g) Tratamento laboratorial das madeiras exumadas (secagem da madeira por
desidratação controlada e sem perda do volume e forma);
h) Disponibilização dos materiais exumados no final dos tratamentos em laboratório
para exposições temporárias no Museu Municipal e no Centro Interpretativo de S.
Lourenço, devolvendo este património à comunidade;

Sobre as Medidas de valorização


a) Interdição aos veraneantes e caminhantes deste sector da praia com a criação de
uma área de paliçada (igual á que já se usa para a captura de areias), permitindo o
reforço da própria duna de forma natural;
b) Criar um trilho de passagem alternativo;
c) Interditação da circulação de veículos motorizados sobre este sector.
d) Criação de sinalética informativa no local a explicar o sítio e a servir de ponto de
encontro para as atividades a desenvolver com públicos.
e) No futuro pode ser criado um pequeno edifício escondido por detrás da duna a
servir de Centro Interpretativo e a permitir o acolhimento de grupos no Inverno.
f) Criar e editar um desdobrável sobre este sítio em edição trilingue (português, Inglês
e Francês)
g) O projeto pode evoluir para um futuro núcleo museológico.

Sobre o Plano de financiamento


O sítio será gerido pela tutela e logo assim pela Divisão de Recursos Humanos e Financeiros da
Câmara Municipal de Esposende, pelo que a dotação orçamental é inclusa naquela. O Município

21
concorre no entanto com projetos a financiamento externo no âmbito cultural (investigação,
publicação de resultados, musealização in situ, construção de equipamento ou edifício para
museu ou centro interpretativo), onde se incluem parte ou o todo deste conteúdo, através de
candidaturas no âmbito do Horizonte 2020, diretamente através dos serviços culturais
(Municipal e Centro Interpretativo de São Lourenço) ou através da Comunidade Intermunicipal
do Cávado.

Sobre a manutenção do sítio durante a execução do projeto


O sítio será gerido de acordo com a estratégia cultural do município e a sua política de gestão e
manutenção.

Sobre o programa de documentação


O sítio será gerido de acordo com a estratégia cultural do município para a documentação e
arquivo de informação (considerando-se a obrigatoriedade de manter documentação em
arquivo durante os 5 anos imediatos à conclusão de projetos com financiamento publico, ao
abrigo do POCAL, Plano de Orçamento e Contabilidade das Autarquias locais).

Sobre o programa de divulgação


O sítio será gerido de acordo com a estratégia cultural do município para comunicação e
imagem, incluindo todas as formas autárquicas de divulgação de acordo com a sua política de
gestão de divulgação cultural e valorização (Gabinete da Vereação da Cultura e Gabinete de
Imagem e Comunicação)

Sobre o programa de segurança


O sítio será gerido de acordo com a estratégia cultural e laboral do município durante a fase de
intervenção e execução de trabalhos.
Os trabalhos subaquáticos de mergulho obedecerão à lei geral para as atividades científicas
com mergulhadores, pretendendo-se uma equipa de mar e de terra para um trabalho com a
duração de 7 dias (1 semana) constituída por 16 pessoas:
Mestre de embarcação (skiper) - 1
Lider de projeto -1
Arqueólogo -5 (2 em terra)
Conservador -2 (1 em terra)
Oficial de segurança de mergulho - 1
Mergulhadores -4
Equipa de suporte de superfície -2

O plano de segurança implica:


- Diário de tarefas (o que é para fazer)
- Breffings e rebreffings (quem faz o quê, quando e onde e com quem)
- Logística de transportes em terra
- Logística de barco e enchimento de garrafas
- Outras logísticas (alojamento, refeições, descanso)

Sobre o programa de incidência ambiental


Todas as atividades deixarão o mínimo de pegada ecológica (cuidados acrescidos com a recolha
dos lixos da equipa).
Será valorizada a turfeira com interdição de circulação sobre a mesma sempre que possível e
será executada a conservação in situ de duas sanjas da turfeira no sector norte (Peralto -Duna
da Sebe) assim que possível, dando resposta à necessidade de reduzir o impacto negativo do
mar sobre a mesma.

22
Sobre o programa de colaboração científica
As modalidades de colaboração com museus e outras instituições, em particular instituições
científicas académicas, será incentivado junto da tutela para estabelecimento de protocolos.
Será incentivado a apresentação regular de relatórios (parcelar e final)
Será incentivado a criação de protocolos para estudos em arquivos e bibliotecas

Sobre o programa de conservação científica e musealização

Será acautelado o depósito para tratamento no laboratório de conservação do Museu e do


Centro Interpretativo de S.Lourenço para a preservação e a conservação de todo o mobiliário
(património cultural subaquático recuperado).

Fig. 28 e 29 – Praia de Peralto, vista para norte (baixa mar) - Turfeira e placas de salina in situ. Tipologia
de salinas ditas de eirado, uma “eira” ou piso de placas a impermeabilizar o solo, de época proto-histórica.
Fotos do autor.

Definição dos objectivos, descrição e fundamentação da metodologia


escolhida

Esta turfeira tem vindo a ser estudada por diversos investigadores, cada uma focado para
responder a questões de causa-efeito, sem haver uma interpretação do sítio como um todo do

23
ponto de vista da Arqueologia, e em particular da Arqueologia Subaquática, lacuna que se
pretende preencher com a realização deste caso de estudo.

Dada a inevitabilidade da ação das marés sobre a turfeira e risco da sua destruição, bem como
a desestabilidade do sítio desde a ocorrência da tempestade Hercules (2014) e sendo expectável
a ocorrência de outras tempestades, importa uma estratégia de salvaguarda deste sítio, seja
pelo seu estudo multidisciplinar seja pela possibilidade de preservar partes da turfeira )amostras
em laboratório e as duas sanjas que se prevê conservar in situ, uma na zona imersa junto da foz
do ribeiro da Sebe e outra emersa junto da duna da Sebe (sector norte), concretizando os
objectivos preconizados pela Convenção Unesco 2011 para o património cultural subaquático,
que se cristalizam com a classificação deste sítio como uma Paisagem Cultural Marítima.

Objectivos:
-Realizar os registos e o inventário da estação;
-Realizar os registos inerentes ao posicionamento dos bens móveis subaquáticos (caso surjam);
-Realizar os Registos de fofogrametria dos conjuntos de salinas e camboas;
-Remoção dos bens móveis de superfície;
- Registo arqueográfico das diferentes áreas de maior concentração de bens paleoambientais
(árvores em posição de vida e outros);

Trabalho de Campo:
-Realizar os registos (topografia, fotogrametria, colheita de amostras da turfa);
-Recolher e registar arqueograficamente o património móvel presente na área (tudo o que fica
solto perde-se) e iniciar os tratamentos de laboratório para dessalinização e o catálogo;
-Proceder ao transporte para laboratório dos materiais exumados;
-Realizar a reportagem fotográfica destes trabalhos (programa de documentação e divulgação);

Trabalho de Gabinete:
-Processamento e interpretação dos dados (registo, fotografias, amostras, artefactos)
-Mapeamento e topografia
-Elaboração de cartografia para relatório
-Elaboração de Relatório indicando interpretação e conclusões.

Paralelamente a estes trabalhos mantem-se em aberto a possibilidade de responder sempre


que necessário a necessidades imprevistas que surjam no trabalho de campo.

Plano de divulgação pública dos trabalhos arqueológicos


A divulgação dos trabalhos será de acordo com a política de comunicação e imagem do
município e dos investigadores e ocorrerá pelas comuns vias: comunicação social (Noticias de
imprensa e página do município), publicação de relatórios e comunicações científicas,
participação em jornadas académicas e na comunidade escolar local.

Inclui-se neste compromisso futuramente a musealização de um sector da turfeira.

24
Fig. 30 e 31 – Praia de Peralto, Pedra Seixa. As Pedras Seixas, são amarelas e não endógenas ao afloramento de xisto
ainda que se apresentem algumas em posição original como na fig. 14. Localizam-se apenas num sítio a sul da camboa.
Os inventariantes referem que para eles estas pedras fizeram parte de um muro cais que existiu na água quando eram
crianças e que sempre ali esteve e que era do tempo dos próprios avós. A topografia registou o alinhamento W-E. Foi
inserido na Carta Arqueológica. Fotos do autor.

Bibliografia
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