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INDICE

1. CONCEITO DE ARMAS DE FOGO .................................................................... 04


1.1 CALIBRES MAIS UTILIZADOS .................................................................... 05
1.2 TIPOS DE ARMAS ....................................................................................... 06

2. AQUISIÇÃO ....................................................................................................... 11

3. PORTE ......................................................................................................... 12

4. LEGÍTIMA DEFESA ............................................................................................ 13

5. DECÁLOGO DO TIRO DE DEFESA ................................................................... 15

6. REGRAS DE SEGURANÇA ............................................................................... 16


6.1 DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA DAS PISTOLAS .................................... 19
6.1.1 NOMENCLATURA DAS PARTES DE UMA PISTOLA ........................... 19
6.2 MECANISMOS DE SEGURANÇA DOS REVÓLVERES .............................. 21
6.2.1 NOMENCLATURA DAS PARTES DE UM REVÓLVER ......................... 21
6.2.2 DESARMANDO O CÃO ......................................................................... 24

7. CARREGAMENTO E DESCARREGAMENTO DA ARMA .................................. 25


7.1 PISTOLAS .................................................................................................... 25
7.2 REVÓLVERES ............................................................................................. 27

8. O TREINAMENTO DE TIRO ............................................................................... 29


TIRO POLICIAL E DE DEFESA ............................................................. 29
TIRO ESPORTIVO ................................................................................. 29
8.1 BASES PARA O TIRO DE PRECISÃO ........................................................ 30
8.1.1 A CAPACIDADE FÍSICA ........................................................................ 31
8.1.2 TREINO TÉCNICO ................................................................................. 32
ASPECTOS NÃO FUNDAMENTAIS ............................................... 32
POSIÇÃO .................................................................................. 32
RESPIRAÇÃO ........................................................................... 34
ASPECTOS FUNDAMENTAIS ........................................................ 35
A PONTARIA ............................................................................. 35
A UTILIZAÇÃO DAS MIRAS ..................................................... 36
O AJUSTE DAS MIRAS ............................................................ 37
O DISPARO............................................................................... 38
O SEGMENTO DO TIRO .......................................................... 39
8.1.3 O TIRO EM SECO ................................................................................. 40
8.1.4 A GATILHADA ...................................................................................... 41
8.1.5 AÇÃO PARA O TREINO / PROVA ......................................................... 43
8.1.6 REGRAS DE SEGURANÇA ................................................................... 43

9. POSIÇÕES PARA O TIRO POLICIAL – ARMAS CURTAS ................................ 44


9.1 TIRO VISADO ............................................................................................... 45
9.1.1 TÉCNICAS DE TIRO VISADO ............................................................... 45
9.2 TIRO NO ESCURO....................................................................................... 48
9.3 TIRO INSTINTIVO ........................................................................................ 50
9.3.1 TÉCNICAS DE TIRO INSTINTIVO ......................................................... 50
9.4 COMBATE EM AMBIENTES FECHADOS ................................................... 51
9.4.1 OPERAÇÕES DE BUSCA ..................................................................... 51
9.5 TIRO ATRAVÉS DE OBSTÁCULOS ............................................................ 53

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10. CONDUÇÃO E SAQUE DE ARMAS CURTAS A PAISANA ............................... 54
REGRAS GERAIS ........................................................................................ 54
SEGURANÇA ............................................................................................... 55
10.1 SAQUE DA ARMA COLOCADA NA CINTURA ............................................ 56
10.2 SAQUE DA ARMA EM COLDRE AXILAR .................................................... 57
10.3 SAQUE DA ARMA EM COLDRE DE TORNOZELO .................................... 58

11. MANUTENÇÃO DA ARMA - ESCALÕES ........................................................... 59


11.1 CUIDADOS E DICAS DE LIMPEZA ARMA .................................................. 60
11.2 KIT PARA LIMPEZA DE ARMAS ................................................................. 62
11.3 LIMPEZA PASSO A PASSO – REVÓLVER ................................................. 63
11.4 LIMPEZA PASSO A PASSO – PISTOLA ..................................................... 69
11.5 O DISPARO – PROBLEMAS, CAUSAS E SOLUÇÕES ............................... 74

12. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE MUNIÇÃO ....................................................... 75


12.1 CALIBRE ...................................................................................................... 83
12.2 CARTUCHOS DE FOGO CENTRAL PARA DEFESA PESSOAL ................ 87
12.3 CUIDADOS COM A MUNIÇÃO .................................................................... 88

13. BALÍSTICA ......................................................................................................... 89


13.1 BALÍSTICA INTERNA ................................................................................... 90
13.2 BALÍSTICA EXTERNA.................................................................................. 93
13.3 BALÍSTICA TERMINAL ................................................................................ 100
13.3.1 STOPPING POWER – PODER DE PARADA ........................................ 102
13.4 BALÍSTICA FORENSE ................................................................................. 110

14. RECARGA DE MUNIÇÃO ................................................................................... 111


14.1 FERRAMENTAS PARA A RECARGA DE MUNIÇÃO ......................................... 112
14.2 PASSOS PARA RECARGA DE CARTUCHOS DE MUNIÇÃO ........................... 112
14.3 SEGURANÇA DA RECARGA ............................................................................. 113

15. COLETES A PROVA DE BALAS ........................................................................ 114

16. SILENCIADORES ............................................................................................... 121

17. LUNETAS (MIRAS ÓPTICAS) ............................................................................ 122

18. PERGUNTAS E DÚVIDAS MAIS FREQUENTES .............................................. 123

19. GLOSSÁRIO ....................................................................................................... 132

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1. CONCEITO

ARMAS DE FOGO
ARMA é todo instrumento destinado ao ataque e defesa. ARMA DE FOGO é engenho
destinado a lançar um projétil no espaço, por meio de uma força de propulsão.
Armas de fogo são classificadas pelos seguintes critérios: dimensões, funcionamento,
modo de carregamento, modo de percussão e calibre.

1 - DIMENSÕES:
Sob este aspecto, as armas de fogo podem ser portáteis ou não portáteis.

a) Armas Portáteis - são aquelas que podem ser transportadas e acionadas por uma única
pessoa. EX.: revólver, fuzil, etc.

b) Armas não portáteis - são as que não podem ser transportadas ou acionadas por uma
pessoa. EX.: peça de artilharia, metralhadora pesada, fuzil-metralhadora.

2 - FUNCIONAMENTO:
Quanto ao funcionamento, as armas podem ser automáticas, semi-automáticas, de repetição.

a) Automáticas - são aquelas que tem o funcionamento e o disparo automáticos.


EX: metralhadora, fuzil.

b) Semi-automáticas - são as que tem o funcionamento automático, porém o disparo é


manual.
EX: revólver, pistola.

c) Repetição - são armas que exigem manejo completo para cada disparo.
EX: garrucha, fuzil ordinário (Mauser).

3 - MODO DE CARREGAR:
Quanto ao modo de carregar, as armas podem ser de: antecarga ou de retrocarga.

Ante-carga - são as armas que recebem a munição pela boca, isto é, pela parte anterior do
cano. Pertencem a este tipo, algumas espingardas de caça.

Retro-carga – são as armas que possuem compartimentos para munição, como tambor e
pente. São armas como revólveres, pistolas etc.

4 - MODO DE PERCUSSÃO:
Quanto ao modo de percussão, as armas podem ser pederneira, de espoleta, de percussão
direta no cartucho.

a) Pederneira - foi o sistema empregado nos primeiros tipos de armas de fogo. Hoje, está
completamente abolido.

b) Espoleta - a pederneira foi substituída, em muitas armas, pela espoleta.


Estas armas receberam a denominação de “armas de ouvido” porque a espoleta (contendo
uma carga de fulminato de mercúrio) era colocada na parte superior de um canal que se
comunicava com o fundo de cano, onde se encontrava a carga de pólvora. A espoleta explodia
ao choque do “cão”, produzindo a ignição da pólvora. Ainda existem algumas espingardas de
caça deste tipo.

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c) Percussão - direta do cartucho. Com o aparecimento das armas providas de percussor,
iniciou-se uma nova fase no sistema de disparo.

Estas armas são de 3 tipos: central, circular e Lafucheux.

Na percussão central, a ponta do percussor fere o centro do fundo do estojo.


Na percussão circular, a ponta do percussor fere o fundo do estojo fora do centro.
No sistema Lafucheux , a munição é provida de um pino, na base do qual se encontrava a
carga de “fulminato de mercúrio”, o pino recebia o choque do “cão”, produzindo-se assim o
disparo. Este sistema já foi abolido.

5 - CALIBRE:
Calibre é o diâmetro interno do cano, tomando a boca da arma . O calibre pode ser nominal ou
real.

a) Calibre Nominal - é a espécie de convenção da fábrica, para identificar o tipo de arma. As


armas de fabricação inglesa tem o calibre nominal em milésimos de polegadas. EX: 320.
As armas de fabricação norte-americana, tem o calibre em centésimo de polegadas. EX: 32
As armas de fabricação belga, alemã, francesa, tem o calibre nominal em milímetros. EX: 7
mm, 7,65 mm, 9 mm, etc...

b) Calibre Real - é a medida exata do diâmetro interno do cano. É tomado na boca da arma,
entre dois cheios com auxílio do “paquímetro”.

Cheios

Calibre Real Diâmetro entre fundos


ou Diâmetro Calibre do Projétil
entre cheios

O calibre das armas de caça é dado pelo número de balins esféricos do diâmetro real do cano,
contidos numa fibra (peso). EX: 16, 20, etc...

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CALIBRE
TIPOS DE ARMAS
Sistema Métrico Sistema Norte-Americano
Pistolas 6.35 Browning .25 AUTO
ARMAS CURTAS RAIADAS
7.65 Browning .32 AUTO
9 mm curto .380 AUTO
9 mm Luger 9 mm Luger
11.43 mm Colt .45 AUTO
7.65 mm Luger .30 Luger
7.63 mm Mauser .30 Mauser
Revólveres .32 Smith & Wesson Long .32 Smith & Wesson Long
.38 SPL .38 SPL
.357 Magnum .357 Magnum
RAIADAS

Carabinas/Fuzis .30 M1 .30 M1


ARMAS LONGAS

7 x 57 mm 7 mm Mauser
7,62 x 51 mm .308 Winchester
Espingardas 12 12
LISAS

20 20
36 .410

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PISTOLA
Arma curta, de construção mais moderna que o revólver, acondiciona sua munição em
carregadores (pentes). É arma semi-automática por ter capacidade de extrair a munição
disparada e colocar outra na câmara sem interferência do atirador. Executa disparos em
cadência mais rápida e tem maior capacidade de munição que o revólver, mas a munição de
ambos tem potência semelhante. Podem ser encontradas pistolas automáticas, ou seja, podem
dar rajadas (tiros consecutivos), mas são raras.

TIPOS DE PISTOLAS
PISTOLAS DE AÇÃO SIMPLES & PISTOLAS DE AÇÃO DUPLA
Pistolas de ação simples são aquelas que somente podem disparar se o cão estiver totalmente
armado, antes que o gatilho seja pressionado.

Pistolas de ação dupla são aquelas que podem ser disparadas mesmo que o cão esteja em
repouso (batido), já que elas são capazes de automaticamente armar o cão enquanto o gatilho
é pressionado. O tempo necessário para se disparar e o peso do gatilho em ação dupla são
consideravelmente maiores do que o necessário para disparar em ação simples, o que torna o
disparo menos preciso.

As pistolas de ação dupla geralmente podem ser disparadas também em ação simples, o que é
útil caso se deseje uma precisão maior no primeiro tiro, e haja tempo suficiente para armar o
cão manualmente. Caso uma reação imediata se faça necessária, é preferível que o tiro seja
disparado em ação dupla.
Esta opção somente se aplica ao primeiro tiro, já que a maioria das pistolas semi-automáticas
são armadas automaticamente após o primeiro tiro.

PISTOLAS DE AÇÃO SEGURA


Ação segura é um conceito relativamente novo no mercado, introduzido pela revolucionária
linha de pistolas Glock.
São pistolas sem o cão aparente (mochas), o que impede que sejam operadas em ação
simples. No entanto, não se tratam de pistolas de ação dupla somente, já que o pino percussor
mantém-se seguramente travado pela trava do pino percussor em uma posição de semi-
armado, cada vez que o ferrolho é movimentado. Quando o gatilho é pressionado, o
mecanismo do gatilho somente tem que puxar o pino percussor 50% do caminho, antes que ele
seja liberado para disparar o tiro.

Entre os disparos, o pino percussor nunca entra em contato com os cartuchos, enquanto estes
se encontram na câmara, a não ser evidentemente que o gatilho seja pressionado, tornando o
mecanismo muito seguro em relação a disparos acidentais ocasionados pela queda da arma.

O peso do gatilho mantém-se o mesmo tanto no primeiro tiro quanto nos subseqüentes, sendo
bem mais leve e possuindo um curso bem menor do que o encontrado nas pistolas de ação
dupla.

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REVÓLVER
Arma curta (de pequenas dimensões) que possui um tambor com diversas câmaras
onde são colocados os cartuchos. É a mais comum das armas encontradas e muito utilizada
pelas polícias do Brasil.

REVÓLVERES DE AÇÃO SIMPLES & REVÓLVERES DE AÇÃO


DUPLA
Revólveres de ação simples são aqueles que somente podem disparar se o cão estiver
totalmente armado, antes que o gatilho seja pressionado.

Revólveres de ação dupla são aqueles que podem ser disparados mesmo que o cão esteja em
repouso (batido), já que eles são capazes de automaticamente armar o cão enquanto o gatilho
é pressionado. O tempo necessário para se disparar e o peso do gatilho em ação dupla são
consideravelmente maiores do que o necessário para disparar em ação simples, o que torna o
disparo menos preciso.

Os revólveres de ação dupla geralmente podem ser disparados também em ação simples, o
que é útil caso se deseje uma precisão maior no primeiro tiro, e haja tempo suficiente para
armar o cão manualmente. Caso uma reação imediata se faça necessária, é preferível que o
tiro seja disparado em ação dupla.

Esta escolha é aplicável a todos os tiros, já que caso se deseje atirar sempre em ação simples,
é necessário armar o cão manualmente para cada disparo. Dessa forma, se torna difícil a
precisão e o tiro de velocidade ao mesmo tempo quando se usa um revólver.

CLASSIFICAÇÃO DOS REVÓLVERES


A classificação dos revólveres aqui disposta foi feita de acordo com uma escala criada
pela Smith&Wesson que utilizou as letras "J", "K", "L" e "N", baseada no tamanho do chassi da
arma (o menor é o de letra "J").

1) Revólveres Pequenos

Deixamos de lado os revólveres de calibre


inferior ao .32 por ser este o mínimo a ser aceito nos
meios policiais (mínimo do mínimo).
Os revólveres pequenos são aqueles que têm
um cano de 2 a 3 polegadas e geralmente um tambor
com capacidade para 5 cartuchos; geralmente,
porque existem os pequenos com tambor para 6 ou 7
cartuchos.
Por sua portabilidade esses revólveres são
considerados excepcionais backup guns (armas de
apoio ou segundas armas), dependendo do calibre a
ser adotado. Podem ter sua performance aumentada
se quem os usar escolher a munição adequada.
São armas que não possuem precisão de disparo, sendo assim recomendadas para
combates em curtas distâncias, comumente corpo a corpo; uma vez que possuem um cano
extremamente curto, não permitem que o projétil alcance uma grande velocidade. Faltam-lhe,
portanto, precisão e velocidade devido às raias internas do cano serem de pequena dimensão.

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Dotadas de tais características, a munição aconselhável para esse tipo de
armas é a .38 Special canto-vivo de baixa velocidade (ver Tipos de Munição).
Também podem ser utilizadas, com bons resultados, as munições de tipo Hydra-
Shock, Glaser e semi-canto-vivo. Além do calibre .38 Special, encontramos também
revólveres pequenos de calibre .357 Magnum, um pequeno gigante onde a potência
supera qualquer debilidade física da arma.
Indiscutivelmente a grande e inexorável vantagem de se carregar um arma dessas diz
respeito à portabilidade, podendo inclusive ser portadas em coldres de canela, de fácil
dissimulação.
A maior desvantagem dos revólveres pequenos está no impacto psicológico que eles
causam. Dificilmente um policial armado apenas com uma arma dessas fará uma detenção
sem oposição. Desvantagem ? Para quem ?

2) Revólveres Médios

Esses revólveres são os que têm o tambor com


capacidade para 6 cartuchos e cano de 4 polegadas. São os mais
usados e apropriados para o serviço policial.
Existem revólveres com cano de 6 polegadas que
possuem o chassi com as mesmas dimensões dos de 4
polegadas. Não são classificados como médios, apesar do
mesmo tamanho de chassi, porque o bom senso e a visão não
nos permitem tal classificação. Ora, um revólver com cano de 6
polegadas não pode ser classificado, pelo tamanho, como um de
4 polegadas, pois a diferença é aparente.

Como são os mais utilizados em serviço policial, o calibre adequado


para esses revólveres é o .357 Magnum, um calibre altamente eficiente que
aumenta as chances de sobrevivência de quem o usa. Revólveres de calibre
.357 Magnum têm enorme vantagem, além da potência, pois podem disparar
sem qualquer restrição todos os tipos de munição .38 Special, .38 Special+P
e .38 Special+P+, tornando-se uma arma extremamente versátil. Outra
vantagem desse calibre é que existem variados tipos de munições, cada qual
para um determinado fim, p. ex., munição ponta oca de alta velocidade, ou
Glaser, para uso em áreas urbanas (expansiva e fragmentária) e munição
Black Talon de Teflon para uso em perseguições a automóveis (perfurante).

3) Revólveres Grandes

Todo e qualquer revólver, mesmo os de


chassi médio, que tenha o cano de 6 polegadas ou
mais deve ser considerado grande para o uso
policial. Da mesma forma os verdadeiramente
grandes, como os .41 e .44 Magnum, revólveres
que não têm uma grande aceitação no meio policial,
pois possuem forte recuo e estampido, tornando
difícil o seu manejo.
São revólveres muito grandes para serem
portados com conforto, por isso pouco utilizados por
policiais.
Porém são armas que possuem vantagens,
como a precisão e alcance do disparo, devido a
maior dimensão das raias internas do cano e a
distância entre alça e massa de mira, sendo que o alinhamento entre as miras em um revólver
com cano de 6 polegadas permite ao atirador a certeza de atingir certos alvos os quais com
revólveres menores não atingiria.

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O calibre adequado não poderia ser diferente, .357 Magnum, por tudo o que já foi dito
no tópico anterior e porque não faz sentido algum carregar um revólver de cano longo se ele
não puder disparar, em caso de necessidade, munições de maior penetração e alcance.
São armas que por suas características devem ser utilizadas apenas em situações
especiais e não como arma diária.

CARABINA

Arma longa (com cano mais comprido), que utiliza munição de menor potência, como
as utilizadas por revólveres. Mais encontrada na zona rural, destina-se a tiros a maior distância,
principalmente na caça e na defesa de propriedades.

ESPINGARDA

Arma longa com cano de alma lisa (sem as ranhuras no interior do cano, comuns nos
outros tipos de armas). Utiliza munição própria, na grande maioria capaz de disparar várias
esferas de chumbo. Destina-se à caça ou defesa de propriedade. Nesse grupo inclui-se um
número vasto de modelos, com as armas de carregar pela boca (antecarga) e as espingardas
"pump" em calibre 12, também conhecidas por escopetas.

Choke
O "Choke" é uma ligeira constrição do diâmetro do cano de uma espingarda próximo à sua
boca. A finalidade do "choke" é melhorar o agrupamento (rosada) do chumbo e/ou aumentar
seu alcance útil. Assim, um disparo em um alvo com 30" (762 mm) de diâmetro colocado a 40
jardas (36,6 m) de distância da boca da arma, deverá conter cerca de 65/75% do número de
bagos do cartucho original se o "choke" for pleno, 45/55% se modificado, e 25/ 35% se
cilíndrico. O gráfico desta folha mostra os melhores intervalos de utilização para cada tipo de
"choke".

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FUZIL

Arma longa de grande potência, de uso militar ou para caça grande. No Brasil os fuzis
militares são os mais conhecidos, muitos podem executar rajadas e utilizam munição de grande
capacidade de perfuração, capazes de perfurar placas de aço e vidros à prova de balas.

SUBMETRALHADORA

Arma capaz de executar tiros em rajadas. Utiliza munição típica de pistolas. Apesar de
sua grande cadência de tiros e maior capacidade do carregador (em geral, seu carregador
comporta mais de 30 cartuchos), seu uso requer muito treinamento pois tende a desviar e
espalhar os tiros durante a rajada.

OUTROS TIPOS:

Alguns modelos não podem ser incluídos no grupo acima. São menos comuns por serem de
uso exclusivamente militar, como as metralhadoras pesadas, ou por serem fabricadas em muito
pequeno número, como as garruchas e pistolões.

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2. AQUISIÇÃO
Qualquer cidadão idôneo, maior de 25 anos poderá adquirir como proprietário, até três
armas diferentes por ano, totalizando no máximo seis armas de uso permitido. Uma arma de
porte ( arma curta ou de esporte) revólver, pistola ou garrucha. Uma arma de caça ( arma longa
ou de esporte) carabina, rifle, pistolete, arma longa para competição de tiro ou rifle-espingarda.
Uma arma de caça de alma lisa (arma longa) espingarda ou toda arma congênere de alma lisa
de qualquer modelo, calibre e sistema.

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3 3. PORTE DE ARMA CIVIL
REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DE PORTE FEDERAL DE ARMA

✓ Idade mínima de 25 anos;


✓ Requerimento SINARM, preenchido e assinado pelo requerente;
✓ O Porte Federal de Arma será requerido junto à Superintendência Regional do DPF, na
Unidade de Federação em que reside ou possui domicílio fiscal o requerente,
ressalvada a competência da DOPS/CCP.
✓ O formulário REQ. SINARM será fornecido gratuitamente pela DELOPS nas
Superintendências Regionais e pela DOPS/CCP no EDIFÍCIO SEDE/DPF.
✓ O preenchimento será manual ou mecânico, sempre de forma legível e sem rasura.
✓ No ato da apresentação é indispensável a presença do requerente em razão da
colheita de impressão digital que constará do porte.
✓ Apresentação do Certificado do Registro de Arma de fogo, cadastrada no SINARM;
✓ O requerente no momento da apresentação entregará uma cópia xerográfica do
certificado

Apresentação de original e cópia:


- Cédula de Identidade;
- - Título de eleitor;
- - CPF.
- Duas (02) fotos 3x4, recentes e fundo azul.
- Apresentação de documento comprobatório de comportamento social produtivo.
- O documento atestará atividade desenvolvida pelo requerente, não é necessário que seja
remunerada.
- Comprovação da efetiva necessidade, em razão de sua atividade profissional, cuja
natureza o exponha a risco, seja pela condução de bens, valores e documentos sob sua
guarda ou por quaisquer outros fatores.
- O documento comprobatório será firmado pelo requerente se autônomo, não sendo pelo
Órgão ou Empresa em que trabalhe Comprovação de idoneidade, com apresentação de
certidões de antecedentes criminais fornecidos pela Justiça Federal, Estadual, Militar e
Eleitoral, e de não estar o interessado, por ocasião do requerimento, respondendo a
inquérito policial ou a processo criminal por infrações penais cometidas com violência,
grave ameaça ou contra a incolumidade pública.
- As certidões serão requeridas junto aos Cartórios Distribuidores das Justiças. Serão
realizadas averiguações com relação a inquérito policial ou processo criminal, quanto as
infrações acima citadas.
- Aptidão psicológica para manuseio de arma de fogo, atestada em laudo conclusivo
fornecido por psicólogo servidor da Polícia Federal inscrito no Conselho Regional de
Psicologia, ou credenciado por esta. Quando for realizado por pessoa credenciada a
despesa decorrente será de responsabilidade do examinando.
- O exame será marcado quando do ato do requerimento do Porte.
- Comprovação de capacidade técnica para manuseio de arma de fogo, atestada por
instrutor de armamento e tiro do quadro da Polícia Federal, ou habilitado por esta.
-
- O exame de comprovação de capacidade técnica consistirá em:
- - Conhecimento do conceito de arma de fogo e das normas de segurança;
- - Conhecimento básico das partes e componentes de arma de fogo;
- - Demonstração, em estande, do uso correto da arma de fogo.
-
- O exame somente será realizado após o requerente ser aprovado na aferição de aptidão
psicológica para manuseio de arma de fogo.
- Os militares e os policiais, ao requererem o Porte Federal, ficam dispensados do exame.
- Comprovante de taxa paga.
- Somente será autorizado o recolhimento da taxa estipulada para o Porte Federal de
Arma após a aprovação do requerente.
- A GAR/FUNAPOL será adquirida na livrarias e papelarias.
- O Recolhimento da taxa deverá ser paga nas agências do Banco do Brasil S/A.

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4. LEGÍTIMA DEFESA

Os artigos 23, inciso II e 25 do Código Penal Brasileiro dispõe, in verbis: "Art. 23. Não
há crime quando o agente pratica o fato:... II - em legítima defesa;... Art. 25 Entende-se em
legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem".
Trata-se de uma das chamadas causas excludentes da antijuridicidade, em que o autor
de uma conduta prevista na lei como sendo “prima facie” criminosa (p. ex. matar alguém) está
amparado pelo próprio Direito, não podendo ser responsabilizado criminalmente por seu
comportamento.
No dia-a-dia do serviço de segurança pública é uma circunstância que deve ser levada
em consideração, uma vez que hodiernamente o policial vem encontrando, quase que em
todas as ocasiões, uma resistência violenta por parte daqueles que são surpreendidos
praticando infrações penais, sendo necessária uma reação a tais agressões. Esta reação é
legítima, desde que respeite os requisitos legais da excludente.

REQUISITOS DA LEGÍTIMA DEFESA

Para que se verifique a legítima defesa, é necessário que haja:

Uma reação a uma agressão injusta, atual ou iminente - O primeiro requisito para
que ocorra a legítima defesa é que o agente esteja reagindo a uma agressão, que deve possuir
as características de ser injusta e atual ou iminente. Uma agressão injusta é aquela que não
tem qualquer fundamento amparado no Direito; uma agressão atual é aquela que está sendo
praticada e uma agressão iminente é aquela que está em vias de desencadear-se. Não existe
legítima defesa contra uma agressão futura e não atua em legítima defesa aquele que pratica o
fato típico após uma agressão que já cessou. É de se salientar que a agressão é um ato
humano que lesa ou expõe a risco um direito alheio e, sendo um ato humano, nunca se poderá
falar em legítima defesa a um ataque de um animal bravio, p. ex., no caso haverá o estado de
necessidade, uma outra causa excludente. Essa agressão poderá, ainda, ser praticada
culposamente por aquele que expõe o direito a perigo, o que não excluirá a exculpante. A
reação por parte do agente deverá ser imediata à agressão, qualquer demora na repulsa
desconfigura a causa excludente da antijuridicidade e esta reação deverá ser exercida contra o
agressor, mas se por erro justificável o agente atingir um bem de terceiro, nem por isso restará
excluída a justificadora.

A defesa de um direito próprio ou alheio - O agente poderá defender um bem


jurídico seu ou de qualquer outra pessoa que esteja sendo injustamente agredida, inclusive o
Estado. Para o policial, há, ainda, o dever de proteger o cidadão, podendo assim agir em
legítima defesa de qualquer pessoa que se veja agredida injustamente, como ocorre em
situações envolvendo reféns.

O uso moderado dos meios necessário à reação - Quando da reação, o sujeito


deverá usar moderadamente os meios necessários para repelir a agressão injusta.
Consideram-se meios necessários aqueles que o agente dispõe no momento da reação,
podendo, inclusive, ser desproporcionais em relação aos utilizados para a agressão, p. ex.,
utilizar um revólver contra uma agressão levada a efeito por três pessoas desarmadas. No
entanto, mesmo havendo a desigualdade entre os meios usados para agredir e os meios
utilizados para a defesa, estes últimos deverão ser empregados de forma moderada, ou seja, o
suficiente para afastar a ofensiva, p. ex., se a agressão puder ser estancada com apenas um
tiro, o sujeito não poderá efetuar mais disparos, o que, se ocorrer, dará ensejo à
responsabilidade penal pelo excesso, quer doloso, quer culposo.

O elemento subjetivo por parte de quem se defende - Para estar amparado pela
exculpante da legítima defesa, o sujeito deve ter a consciência de que está sendo agredido
injustamente e mais, deverá, ainda, ter em mente apenas o intuito de defender-se, ou de
defender terceiro, não podendo utilizar a excludente para agredir alguém.

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O Direito Brasileiro não exige que o sujeito evite a agressão a que esteja prestes a
sofrer. Ao agente não é exigida a fuga, quando esta se mostrar desonrosa. Tem ele o direito de
exercitar sua defesa quando for atacado injustamente, mesmo em se tratando de um policial.

EXCESSO NA CAUSA JUSTIFICANTE


Poderá o agente, ao repelir a agressão, atuar com excesso, quando utilizar imoderadamente
dos meios necessários à reação. Nesse caso, será ela responsabilizado pelo evento, causado
de forma dolosa – intencional, ou culposa. O agressor poderá defender-se do excesso do
agredido, atuando legitimamente, dando ocorrência à denominada legítima defesa sucessiva.

15
5. DECÁLOGO DO TIRO DE
DEFESA
1. Saber manusear com segurança uma arma de fogo;

2. Todos os movimentos do saque e do tiro devem estar automatizados e capazes de serem


realizados reflexivamente;

3. Usar sempre a mesma arma ou arma de desenho e ângulo corpo-cabo muito semelhante;

4. As placas ou cabo da empunhadura da arma devem se adaptar à anatomia da mão, de


modo que o cano fique sempre paralelo ao solo quando o braço estiver em posição de
atirar;

5. Usar sempre o mesmo coldre e sempre a mesma posição, para que a mão encontre a
arma no movimento reflexo, evitando não encontrá-la no lugar onde deveria estar;

6. Usar sempre a arma pronta para atirar, apenas pelo acionamento do gatilho. Preferir armas
que permitam o uso de bala na câmara sem precisar estar travada

7. Adaptar o coldre e a posição da arma ao tipo de vestimenta que é usada no dia-a-dia;

8. O modelo do coldre, a posição da arma, o modo de empunhá-la e a posição de tiro são


inteiramente individuais, adaptadas à anatomia e a fisiologia de quem se defende;

9. Nunca dar tiro de advertência; só sacar se for para atirar no agressor;

10. Estar preparado psicologicamente para reagir instantaneamente, não dando tempo a que a
mente seja ocupada com qualquer tipo de sentimento.

16
6. REGRAS DE SEGURANÇA
1. Jamais aponte uma arma para alguém, mesmo que por
brincadeira, carregada ou não, a não ser em legítima
defesa ou em estrito cumprimento de um dever legal;

2. A arma jamais deverá ser apontada em direção que não


ofereça segurança quanto a um disparo acidental;

3. Nunca pergunte se uma arma está carregada, verifique


você mesmo;

4. Ao sacar ou coldrear uma arma, faça-o sempre com o


dedo fora da tecla do gatilho;

5. Jamais transporte ou coldreie sua arma com o cão armado;

6. Obtenha informações sobre o manuseio de sua arma com um competente instrutor,


antes de utilizá-la;

7. Trate uma arma de fogo como se ela estivesse permanentemente carregada;

8. As travas de segurança de uma arma são apenas dispositivos mecânicos e não um


substituto do bom senso;

9. Mantenha seu dedo fora da tecla do gatilho até que você esteja realmente apontando
para o objetivo e pronto para o disparo;

10. Certifique-se de que a arma esteja descarregada antes de qualquer limpeza;

11. Nunca deixe de forma descuidada uma arma carregada;

12. Ao guardar uma arma por longo tempo, guarde separadamente arma e munição,
sempre longe do alcance de crianças;

13. Certifique-se de que seu alvo e a zona que o circunda é capaz de receber os impactos
com toda segurança;

14. Drogas, álcool e armas não se misturam;

15. Carregue e descarregue uma arma com o cano apontado para uma direção segura;

16. Nunca atire em superfícies planas e duras, ou em água, pois as balas podem
ricochetear;

17. Quando estiver atirando, jamais coloque a mão sobre o cano da arma;

18. Controle a munição a fim de verificar se corresponde ao calibre e tamanho da arma;

19. A arma deve sempre ser transportada no coldre, salvo quando houver a consciente
necessidade de utilizá-la;

20. Nunca engatilhe a arma quando não houver a intenção de atirar;

21. Quando a arma estiver fora do coldre, empunhada para o tiro, esteja absolutamente
certo de que não está apontada para qualquer parte de seu corpo ou de pessoas de
sua vizinhança;

22. A munição velha ou recarregada pode ser perigosa, não sendo recomendado o seu
uso;

17
23. Tome cuidado com obstruções no cano quando estiver atirando, caso ouça ou sinta
algo de anormal com o recuo ou a detonação, interrompa imediatamente os disparos e
verifique cuidadosamente se há ou não a presença de obstruções no cano;

24. Sempre trate sua arma como instrumento de precisão, o que ela realmente é;

25. Nunca transporte uma arma no bolso, bolsa ou pochete, use a embalagem ou um
coldre apropriado;

26. Armas de fogo desprendem lateralmente gases e alguns resíduos de chumbo,


mantenha as pessoas afastadas de sua vizinhança, bem como as mãos distantes
dessas zonas quando em um disparo;

27. Não tente modificar o peso do gatilho de sua arma sem a ajuda de um armeiro
qualificado, uma vez que isso afeta o engajamento da armadilha do cão, facilitando o
disparo acidental;

28. Nunca compre uma arma feita em casa;

29. Mande a arma pelo menos uma vez ao ano para a revisão;

30. Guarde a arma em um lugar escondido e seguro, fora do alcance de crianças ou de


pessoas desabilitadas;

31. Não deixe que seus filhos brinquem com armas e nem com a munição .

32. Se sua arma é um revolver, jamais acontecerá um disparo acidental, se sua arma é
uma pistola, nunca deixe munição na câmara (a não ser no momento do disparo, é
óbvio) mesmo que esteja com a trava acionada.

33. Quando for praticar tiro, tenha certeza absoluta de que o alvo esta colocado em local
adequado, evitando desta maneira que o projétil (bala) venha a ricochetear. Deve
haver atrás do alvo um amontoado de terra (ou um barranco), o qual irá absorver os
projéteis. Não esqueça que o projétil Cal. 38 pode produzir danos até uma distância de
500 metros e o Cal. 22 até 1000 metros (munição nacional).

34. Se for executado um tiro e você notar que o som da explosão da carga de projeção não
foi normal (mais alto ou mais baixo), verifique sua arma antes de executar outro
disparo. É possível que o excesso de carga da projeção tenha danificado o cano ou o
tambor. A carga de projeção insuficiente, muitas vezes não expulsa o projétil ficando o
mesmo no interior do cano. Neste caso, leve a sua arma para o armeiro.

35. Use sempre a posição correta para a mão que irá apoiar a arma. Se deixar a mão em
apoio junto ao tambor, a mesma pode ser atingida por resíduos de chumbo.

36. Quando for entregar uma arma para alguém, abra-a antes de fazer isso e retire os
cartuchos se a mesma estiver carregada.

37. Mesmo que você esteja certo de que a sua arma esteja descarregada, nunca aponte
para algo que não deseje acertar.

38. Reexamine sua arma quando for fazer prática simulada de tiro e verifique se está
descarregada. Execute os exercícios sempre de frente para o alvo.

39. No stand de tiro, quando estiver em posição para a execução de tiro sua arma deve
estar sobre o banco, mesa ou coldre, caso seja a partir daí que você vai empunhá-la, e
na mão, somente no momento de fazer pontaria para fogo.

40. No stand de tiro, a arma, na linha de fogo, estando fora do coldre ou sobre o banco
(mesa do box), deve permanecer descarregada e aberta.

41. As armas que são levadas aos locais de exercícios ou retiradas dos mesmos, deverão
estar descarregadas.

18
42. Jamais tente atirar se você desconhece o manejo e o funcionamento de uma arma.
Procure alguém que tenha condições de ensiná-lo.

43. Quando estiver executando o tiro, se houver alguma pessoa nas imediações, esta
deverá ficar sempre atrás do atiradores e não ao lado do mesmo.

44. Só dispare contra alvos próprios para o tiro. Atirar em latas. árvores garrafas, etc. é
perigoso e pode causar ricochetes e sérios acidentes.

45. Quando sacar a arma do coldre o faça com o dedo indicador fora do guarda-mato. No
movimento seu dedo pode acionar o gatilho antes da arma estar apontada para o alvo.

46. Quando você quiser baixar o cão de sua arma, proceda da seguinte maneira: Se for
revólver coloque o polegar esquerdo entre o cão e a armação ou corpo e com o
polegar da mão direita controle o movimento do cão enquanto aciona lentamente o
gatilho, com o indicador da mão direita.

47. Quando for fazer tiro seco como treinamento, assegure-se que sua arma está apontada
para um lugar seguro.

48. Quando você estiver em um estande de tiro, obedeça as ordens vigentes. Os iniciantes
só efetuarão o manuseio das armas sob comando da instrutor.

49. Não queira executar reparos em sua arma, para tal procure um armeiro especializado.

50. Quando no posto de tiro, carregue sua arma com o pé esquerdo à frente. Caso
contrário você estará apontando sua arma para os boxes vizinhos.

51. Só limpe a sua arma em lugar próprio. Em casa feche-se em uma sala e não permita
que crianças e curiosos participem desta operação.

52. Utilize sempre a munição adequada ao tipo de arma que irá usar.

53. Sempre que descarregar sua arma conte a munição e verifique as câmaras.

54. Nunca brinque com sua arma imitando os artistas de filmes policiais ou de vaqueiros do
velho oeste.

55. A arma deve ser sempre manejada com firmeza, o mau uso pode causar a morte de
alguém.

56. Quando der sua arma para outra pessoa, entregue-a aberta, descarregada e com o
cano voltado para baixo, de maneira que a pessoa segure pelo cabo.

57. Nunca dispare a arma correndo - pare a atire.

58. Cuide e conserve em bom estado não só a sua arma, mas todos os equipamentos que
usar na prática de tiro.

59. Sempre que estiver com a arma concentre-se no que esta fazendo e pense em
segurança, antes, durante e depois.

60. Após ser percutida a cápsula, se houver nega, conte até vinte antes de abrir a arma ou
detonar o tiro seguinte.

61. Segurança é prevenção e prevenção é treinamento. Antecipe-se sempre ao


inesperado, caso contrário só restará o arrependimento.

19
Visando dar maior garantia contra o tiro acidental, foram introduzidas modificações em
peças e no próprio dispositivo de segurança :

1 - A trava do percussor fica permanentemente bloqueando o percussor impedindo o


seu deslocamento à frente, o que poderia ocasionar tiros acidentais, caso ocorresse uma
queda da arma.

2 - A trava do percussor somente é liberada no estágio do acionamento do gatilho,


permitindo que o percussor desloque-se à frente, tão logo receba a energia proveniente do
impacto do cão. A liberação se faz através da cadeia de movimentos constituída pelo gatilho,
tirante do gatilho, impulsor da trava do percussor e trava do percussor.

3- O registro de segurança, ao ser acionado para cima,


trava simultaneamente o cão e a armadilha. Foi projetado para
permitir o uso ambidestro e possibilita uma rápida passagem da
posição de segurança para a posição de disparo.

4 - Quando um cartucho está alojado na câmara, a


extremidade do extrator fica saliente, revelando uma marca
vermelha. Assim é possível controlar visualmente ou pelo tato, a
existência de cartucho na câmara, sem necessidade de recuar o
ferrolho.

5 - Ao mover a tecla de segurança para baixo o cão desconectará o tirante do gatilho,


então a conexão entre o gatilho e a armadilha será interrompida. O movimento de avanço do
cão será parado pelo retém do cão.

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Trava de segurança manual instalada no cabo ou no ferrolho
Para ativar a trava, é necessário inserir a chave no pino localizado no cabo ou no ferrolho
da pistola e girar no sentido horário, até que seja ouvido um click.
Para desativar a trava, é necessário inserir a chave no pino localizado no cabo ou no
ferrolho da pistola e girar no sentido anti-horário, até que seja ouvido um click.

As pistolas Glock possuem outro dispositivo revolucionário, que é um dispositivo de segurança


no gatilho (um pequeno gatilho secundário no gatilho principal). Esta trava é automaticamente
desativada quando o gatilho é pressionado, e automaticamente armada quando o gatilho é
liberado. Este dispositivo trava o gatilho e reduz o risco de que ele seja acidentalmente
pressionado por algum objeto, por exemplo. Outra vantagem desse mecanismo é que não é
necessário se lembrar de ativá-lo e desativá-lo, já que todo o processo acontece
automaticamente.

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NOMENCLATURA DAS PARTES DE UM REVÓLVER

1. Maça de mira
2. Cano
3. Vareta de ejeção / haste de extração
4. Tambor
5. Guarda mato
6. Gatilho
7. Tecla do tambor (liberador do tambor)
8. Cabo / Empunhadura
9. Alça de mira
10. Cão / Martelo
11. Armação / Chassis
12. Culatra

22
O Cilindro do revólver gira na direção indicada pelos
entalhes encontrados próximos ao raiamento do tambor.
Neste exemplo, o tambor gira no sentido anti-horário.

A evolução dos mecanismos de segurança, ocorrida nos revólveres TAURUS, bem


demonstra o cuidado dessa indústria em dotar armas de eficiente e comprovada segurança
contra tiro acidental.
É bom lembrar que os revólveres TAURUS, calibre .38, bem como os de calibre .357
Magnum e os modelos Tiro ao Alvo, sempre apresentaram mecanismos de segurança.
Entretanto, os de calibre .32 Longo passaram a apresentar mecanismo de segurança a partir
de outubro de 1966, enquanto que os revólveres de calibre .22 L.R., só apresentaram seu
mecanismo de segurança a partir de novembro de 1977.
No primeiro mecanismo de segurança, a trava (o termo trava é usado pela Forjas
Taurus S.A . para designar o calço de interposição) estava alojada na face interna da placa ou
tampa da caixa do mecanismo. O movimento da trava era controlado por um pino que se
deslocava mediante pressão sofrida pelo impulsor do tambor, quando este era acionado pelo
gatilho. O sistema proporcionava uma interferência entre cão e batente, na armação, de
apenas cerca da metade da superfície de contato.
O segundo tipo de mecanismo de segurança apresentava uma trava articulada com o
impulsor do gatilho, através de um pino existente nessa última peça, localizado na face externa
da mesma. O movimento da trava processava- se ao ocorrer o deslocamento do impulsor do
gatilho.
O terceiro tipo de mecanismo de segurança era composto de duas peças, sendo uma
acionada pelo impulsor do gatilho e a outra, trava propriamente dita, acionada pela primeira
peça.
Esses três primeiros tipos de mecanismo de segurança apresentavam inconveniente
de não serem acionados pelo gatilho, que é a peça primordial para que se faça o acionamento
da arma.
O quarto tipo de mecanismo de segurança foi introduzido a partir de 1977. A trava,
nesse mecanismo, possui três reentrâncias em sua região inferior, nas quais se encaixam os
três dentes da cremalheira da trava. Essa peça não se articula mais com o impulsor do gatilho,
mas diretamente com o gatilho, através do impulsor do tambor. O fato de a cremalheira
apresentar três dentes dá mais segurança ao correto funcionamento, pois mesmo que ocorra a
quebra de um dos dentes, o mecanismo de segurança continua funcionando. Em novembro de
1988 foi fabricado o último revólver com este tipo de mecanismo, tendo recebido o número
2159326.

Calibre Data do início do quarto Mecanismo de segurança Número em que iniciou

.357 Magnum Agosto de 1977 1008


.38 Special Outubro de 1977 1147323
.32 Longo Outubro de 1977 759670
.22 L.R. Novembro de 1977 111450

23
O quinto tipo de mecanismo de segurança foi introduzido em 1981 e é utilizado nos
revólveres de modelo .38-5 tiros e todos os seus derivados de calibre .22 e .32 com 6 tiros.
Este sistema de travamento é automático e diferente do introduzido em 1977, sendo ainda mais
aperfeiçoado e eficiente. Utilizou-se, nesses modelos, o sistema de barra de transferência ou
de percussão, acionada diretamente pelo gatilho. Neste sistema, quando a arma está em
repouso o cão está em permanente contato com a armação e devidamente distanciado do
percussor. Somente através do acionamento do gatilho é que a barra de transferência se
interpõe entre o cão e o percussor, possibilitando a detonação e a deflagração do cartucho. A
partir do início de 1989, todos os modelos de revólveres Taurus possuem esse tipo de
mecanismo de segurança. Os revólveres de 6 tiros, com barra de percussão, possuem, com
raras exceções, o número de série alfanumérica e os de 5 tiros, todos tem o número
alfanumérico.

Trava de segurança manual instalada no cão.

Para ativar a trava, é necessário inserir a chave no pino localizado no cão do revólver e girar no
sentido horário, até que seja ouvido um click.
Para desativar a trava, é necessário inserir a chave no pino localizado no cão do revólver e
girar no sentido anti-horário, até que seja ouvido um click.

24
6.2.2 DESARMANDO O CÃO

Caso seja necessário desarmar o cão sem disparar a arma, isso deve ser feito
cuidadosamente. Em primeiro lugar, assegure-se de que a arma esteja apontada para um local
seguro. Com o polegar, pressione firmemente a parte serrilhada do cão, mantendo pressionado
enquanto pressiona o gatilho, até sentir que o cão foi liberado. Em seguida, vagarosamente e
cuidadosamente retorne o cão para a posição de descanso. Lembre-se de que o cão armado
encontra-se sobre forte tensão. Este procedimento, antes de ser executado, deve ser
exaustivamente treinado em um revólver descarregado, até que o atirador se sinta confortável
e seguro durante o processo. O gatilho nunca deve ser armado a não ser que se esteja pronto
para atirar.
O mesmo procedimento pode ser utilizado para as pistolas.

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7. CARREGAMENTO E
DESCARREGAMENTO DA ARMA

A pistola acondiciona sua munição em um carregador (pente), colocado no cabo da arma.


Após cada disparo os estojos vazios são arremessados para fora da arma, através da janela de
ejeção.
Para se carregar novamente basta se apertar um botão que solta o carregador vazio (retém do
carregador), sendo comum se possuir mais de um carregador, o que torna bem rápido o
remuniciamento.

PARA CARREGAR UMA PISTOLA DE AÇÃO SIMPLES

Pressione o retém do carregador para remover o carregador da pistola;


Insira a munição no carregador até que ele esteja totalmente carregado;
Reinsira o carregador no cabo da pistola;
Desative a trava manual da pistola, caso ela possua uma e a mesma esteja ativada;
Manobre o ferrolho (puxe-o para trás até o fim e solte-o) para que uma cápsula seja carregada
na câmara e o cão seja armado.
Acione a trava manual, caso exista uma.
A pistola encontra-se agora na posição “Armada e travada”
Um dos cartuchos foi transferido do carregador para a câmara da pistola, então :
Remova o carregador, adicione outro cartucho e insira-o novamente no cabo da pistola, para
que a mesma esteja totalmente carregada.

PARA CARREGAR UMA PISTOLA DE AÇÃO DUPLA

Pressione o retém do carregador para remover o carregador da pistola;


Insira a munição no carregador até que ele esteja totalmente carregado;
Reinsira o carregador no cabo da pistola;
Desative a trava manual da pistola, caso ela possua uma;
Manobre o ferrolho (puxe-o para trás até o fim e solte-o) para que uma cápsula seja carregada
na câmara e o cão seja armado.
Caso a pistola possua uma alavanca de desarme do cão, acione-a para que o cão seja
desarmado sem golpear o cartucho que está na câmara.
Caso ela não possua, desarme o cão manualmente e com muito cuidado : verifique no item
6.2.2
Acione a trava manual, caso exista uma.
Um dos cartuchos foi transferido do carregador para a câmara da pistola, então :
Remova o carregador, adicione outro cartucho e insira-o novamente no cabo da pistola, para
que a mesma esteja totalmente carregada.

PARA CARREGAR UMA PISTOLA DE AÇÃO SEGURA

Pressione o retém do carregador para remover o carregador da pistola;


Insira a munição no carregador até que ele esteja totalmente carregado;
Reinsira o carregador no cabo da pistola;
Manobre o ferrolho (puxe-o para trás até o fim e solte-o) para que uma cápsula seja carregada
na câmara.
Quando o ferrolho retornar, o pino de percussão estará automaticamente travado na posição
de semi armado, através da trava do pino de percussão
Um dos cartuchos foi transferido do carregador para a câmara da pistola, então :
Remova o carregador, adicione outro cartucho e insira-o novamente no cabo da pistola, para
que a mesma esteja totalmente carregada.

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CONDIÇÕES DE CARREGAMENTO DE UMA PISTOLA
Condição 3: Pistola com o cão batido e sem bala na agulha.
Condição 2: Pistola com o cão batido e com bala na agulha.
Condição 1: Pistola com o cão engatilhado, com bala na agulha e trava externa aplicada.
Condição 0: Pistola com o cão engatilhado, com bala na agulha e sem a trava externa
aplicada.

PARA RECARREGAR UMA PISTOLA

Quando o último cartucho é disparado a trava do ferrolho é empurrada para cima, e o ferrolho é
mantido aberto.

Remova o carregador vazio


Insira o carregador reserva previamente carregado ou recarregue o carregador vazio
Feche o ferrolho pressionando a trava do ferrolho para baixo ou puxando o ferrolho para trás e
soltando, como se o estivesse manobrando
Assim que o ferrolho é fechado, ele alimenta a câmara com o primeiro cartucho do carregador.
A arma está pronta para ser disparada novamente

Sugestão para alimentar o carregador:

Após introduzir o primeiro cartucho, proceda da seguinte maneira:


Com o polegar da mão que segura o carregador, comprima o cartucho
para baixo, para que proporcione espaço para acomodar um outro;

O segundo cartucho deverá ser "apoiado" no anterior pelo "culote" (parte


posterior do estojo onde atua o "extrator" da arma) a 90°, para que não
"role" para um ou para outro lado;

A seguir, gire o cartucho e o encaixe no carregador;


Repita a operação até o último cartucho.

PARA DESCARREGAR UMA PISTOLA

Existem três passos que DEVEM ser realizados na seguinte seqüência :


Remova o carregador (corte o suprimento de munição);
Manobre o ferrolho para ejetar a cápsula que se encontra na câmara (caso exista uma);
Abra o ferrolho novamente e trave-o aberto manualmente, para inspecionar se a câmara está
realmente vazia (use uma mão para puxar o ferrolho para trás e o polegar da outra mão para
empurrar a trava do ferrolho para cima)

27
O cartucho correto para uso em sua arma está impresso no lado direito do cano. USE
SOMENTE AQUELE CARTUCHO E NENHUM OUTRO!
Caso você possua um revólver calibre .357 magnum, você pode utilizar munição calibre .38
Special.
COMO CARREGAR :
Se o cão estiver armado, o cilindro
não poderá ser aberto. Desarme o
cão manualmente, conforme
descrito no item 6.2.2 –
Desarmando o cão.

Para carregar, aponte o cano para


uma direção segura e empurre com
o polegar a tecla do tambor que se
encontra do lado esquerdo da
armação para a frente, em direção
a boca do cano, enquanto
simultaneamente empurra o cilindro
para fora da armação,
pressionando-o pelo lado direito
com a outra mão, de modo que o
cilindro se abra. Com o cilindro
aberto, vire a boca do cano para baixo e insira os cartuchos no cilindro suavemente, um em
cada câmara do cilindro, e firmemente retorne-o para a posição fechada até que ele trave. Não
trave ou destrave o tambor com movimentos bruscos, pois isso pode danificar a arma.
O revólver está agora pronto para disparar.

Para acelerar o remuniciamento do revólver,


pode ser utilizado o Speed loader ou Jet
Loader, que é um dispositivo que permite
o rápido carregamento dos tambores dos
revólveres, colocando todos os cartuchos
nas câmaras ao mesmo tempo

PARA CARREGAR PARCIALMENTE UM REVÓLVER

Caso você não tenha munição ou tempo suficiente para carregar o cilindro :
Carregue a munição em câmaras consecutivas. Todas as câmaras vazias devem estar antes
ou depois das carregadas, e não intercaladas. Verifique para qual lado o cilindro desse tipo
especifico de revólver gira, se no sentido horário ou anti-horário. (Cap. 6 – Nomenclatura das
partes do Revólver).
Seja qual for o sentido de giro do cilindro, feche-o de forma que a câmara alinhada com o cano
esteja vazia, e a próxima, no sentido de giro do cilindro, seja a primeira câmara que contém a
munição.
Existem instrutores que afirmam ser melhor não disparar todos os seis cartuchos de
uma só vez em meio a um tiroteio, mas sim remuniciar o revólver a cada dois disparos
efetuados. Após haver disparado dois tiros, vire a boca do cano para baixo, abra o cilindro e
aperte um pouco o extrator, isso fará com que as cápsulas deflagradas se sobressaiam sobre
as outras, porque quando você cessar a pressão sobre o extrator os cartuchos ainda cheios
voltarão a descansar contra o tambor, devido ao peso de seus projéteis, e os dois deflagrados
tendem a permanecer meio extraídos, o que facilita retirá-los do tambor e jogá-los fora.

28
PARA ATIRAR
Selecione o alvo
Se estiver utilizando um revólver de ação dupla, basta pressionar o gatilho, então :
O cão é movido para trás e simultaneamente o cilindro gira e alinha a próxima câmara
com o cano e o cão;
Quando o cão tiver se movido suficientemente para trás, ele cai e golpeia o pino de
percussão, o qual percute a espoleta do cartucho alinhado, produzindo o tiro.
Se estiver utilizando um revólver de ação simples, primeiro deve-se manualmente armar o cão,
e então pressionar o gatilho;
Conforme o cão é armado, o cilindro gira e alinha o próximo cartucho sob o cão, e o
gatilho move-se para bem próximo da parte traseira do guarda-mato.;
Somente uma leve pressão no gatilho é suficiente para disparar a arma.
Como pode ser observado em ambos os casos, a câmara vazia inicialmente alinhada com o
cano antes do tiro em um revólver parcialmente carregado não é golpeada, e sim, a próxima no
sentido de giro do cilindro.

PARA ATIRAR NOVAMENTE


Libere o gatilho
Mire o alvo novamente e :

Se for um revólver de ação dupla, simplesmente pressione o gatilho novamente


O cão move-se para trás novamente e o cilindro gira novamente, para alinhar o
próximo cartucho com o cão
Quando o martelo cai, outro tiro é produzido
Para atirar em ação simples novamente, arme manualmente o cão novamente e pressione o
gatilho novamente
Conforme o cão é armado, o cilindro gira novamente para alinhar a próxima câmara
sob o martelo, e o gatilho move-se para perto da parte traseira do guarda-mato novamente.
Quando o gatilho é pressionado, o martelo cai e outro tiro é disparado.

PARA RECARREGAR UM REVÓLVER


Retire os cartuchos vazios, conforme descrito no item acima, e carregue-o novamente,
conforme descrito no item “COMO CARREGAR”, observando sempre o fato de que o momento
mais crítico para se remuniciar um revólver é o de tirar as cápsulas deflagradas do tambor. Isso
deve ser feito corretamente, pois há a possibilidade de uma ou duas dessas cápsulas entrarem
embaixo da estrela do extrator, o que torna o remuniciamento lento e trabalhoso. Para evitar
isso, devemos virar a boca do cano para cima, abrir o tambor e fazer com que as cápsulas
sejam ejetadas com um movimento rápido e forte com a mão esquerda sobre o extrator.

PARA DESCARREGAR UM REVÓLVER


Cuidado, sempre mantenha a arma
apontada para um local seguro ao
descarregá-la.
Para ejetar os cartuchos vazios,
devemos liberar o cilindro pelo
mesmo processo utilizado no
carregamento, empurrando a tecla do
tambor para a frente e aplicando uma
leve pressão no lado direito do
cilindro. Em seguida deve-se virar a
boca do cano para cima e pressionar
a haste de extração, fazendo com que
os cartuchos vazios sejam ejetados
pela parte de trás das câmaras do
cilindro, de modo que eles cairão na
palma da mão ou poderão ser
retirados com os dedos.

29
8. TREINAMENTO DE TIRO
"TREINAR PARA ATIRAR", E NÃO "ATIRAR PARA TREINAR"

TIRO POLICIAL E DE DEFESA


Um dos grandes desafios encontrados no treinamento de tiro policial e de defesa é o de
fazer com que os instruendos diferenciem as diversas situações a que serão submetidos.
É importante criar situações realistas, que possibilitem ao homem uma experiência o
mais próximo possível da realidade que será enfrentada.
Despontam aí maneiras cada vez melhores de preparar-se o aluno, mas não se pode
esquecer a importância dos fundamentos do tiro. Muito antes de obter um bom resultado nos
treinamentos, é essencial que, por exemplo, o manejo da arma esteja automatizado, de forma
que não haja a preocupação do aluno nas tarefas mais simples, como recarregar a arma
durante um confronto armado.
O instrutor deve empenhar-se em fazer com que os princípios do tiro estejam
solidamente presentes no proceder do atirador.
A tendência do aluno é dirigir-se para o local do treinamento com a idéia que apenas irá
atirar para treinar. No entanto, seguramente pode ser afirmado que mais de 80 % do tempo
dedicado ao treinamento (inclusive diário) deve ser reservado à prática da empunhadura,
pressão de gatilho, visada, segurança e demais fundamentos.
Além de representar economia de meios, quase sempre escassos, treinar os
fundamentos do tiro policial e de defesa pode representar a diferença entre a vida e a morte
numa situação real de emprego da arma de fogo.

TIRO ESPORTIVO
O tiro esportivo compreende várias disciplinas, em espingarda e pistola. Todas elas têm
uma característica comum: trata-se de alinhar duas referências, a mira anterior e a mira
posterior, colocá-las sobre determinada zona do alvo e pressionar o gatilho de forma a que o
projétil atinja o centro desse alvo.
A maior parte das disciplinas compreende 60 segundos como tempo limite para a
totalidade da prova, para cada série de 5 tiros, ou para cada tiro, dependendo da disciplina.
Existem algumas disciplinas menos clássicas em que se atira sobre silhuetas metálicas
fixas ou sobre alvos em movimento. Todas são consideradas como tiro esportivo, mas nem
todas integram o calendário olímpico – como é o caso do “ar comprimido”.
O tiro com armas de ar comprimido é considerado o “tiro de formação” por excelência,
dada a sua característica de baixa velocidade do projétil (mais tempo no cano durante a
execução do que tiro) que implica um grande rigor no alinhamento das miras e na estabilização
da arma durante a produção do tiro.

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8.1.1 A Capacidade Física

Treino Intervalado
Exercícios Respiratórios

8.1.2 Treino Técnico

Aspectos não fundamentais


Posição
A Respiração

Aspectos Fundamentais
A Pontaria
Utilização das Miras
Ajuste da Mira
O Disparo
Segmento do Tiro

8.1.3 O Tiro em seco

8.1.4 A Gatilhada

8.1.5 Ação para o Treino/Prova

8.1.6 Regras de Segurança

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8.1.1 A Capacidade Física
Para se obter um bom rendimento no Tiro é necessário que se alcance uma certa
capacidade física que se adquire através de:

-condição física geral


A Condição Física Geral obtém-se basicamente através do exercício físico. Por um
lado, são particularmente indicados os seguintes exercícios físicos: flexões do tronco, flexões
de pernas, rotações do tronco, extensões de braços, rotações de cabeça, dorsais, abdominais.
Por outro, esportes como a corrida, ciclismo, natação, caminhada, tênis de mesa, futebol,
basquetebol, voleibol, funcionam como complementos para o bem estar físico.

-condição física específica


A Condição Física Específica adquire-se treinando os grupos musculares utilizados
nas posições e movimentos próprios de cada disciplina de tiro.
O melhor aparelho que o atirador possui é a sua própria arma. Agarre-a firmemente,
levantado-a freqüentemente/sucessivamente para a posição de tiro e mantendo-a parada na
zona de pontaria (zp). Um peso adicional no braço de 300 a 500 gramas aumenta o valor deste
exercício.
Contribuem igualmente para esta condição os exercícios para os dedos (para a
pistola), como abrir e fechar as mãos ou apertar uma bola de borracha tal como as extensões
de braços na ponta dos dedos ou a rotação das mãos em torno dos pulsos.
Os exercícios que selecionar devem ser feitos contínua e progressivamente ao longo
do tempo.

...Treino Intervalado
Trata-se de um treino perfeitamente indicado para o desenvolvimento da força, da
velocidade e da resistência. A sua característica principal é a alternância do esforço; não se
descansa totalmente.
Todos os exercícios que obrigam a um grande esforço dos órgãos são particularmente
indicados para o Treino Indicado, como é o caso da corrida, natação, subir e descer escadas, e
outros.
Por exemplo, correr em esforço 150-250 metros, de forma a que a pulsação suba
aproximadamente para 180 pulsações por minuto. Regressar andando lentamente ao ponto de
partida de forma a que a pulsação baixe para cerca de 120 p.p.m.
O exercício deve ter, no mínimo, 5 repetições.
Estes exercícios proporcionam uma melhor oxigenação dos músculos e do sistema
nervoso, resultando numa maior concentração por parte do atirador e igualmente numa melhor
recuperação dos esforços físicos despendidos.

...Exercícios Respiratórios
Inspire o mais profundamente possível e solte o ar gradualmente;
Depois de expirar, mantenha a respiração suspensa. Aumente gradualmente os
intervalos entre os ciclos respiratórios;
Coloque as mãos nas axilas opostas e inspire o mais profundamente possível;
Inspire e expire o mais profundamente possível sem fazer o menor ruído.
Atenção: se sentir tonturas, pare com o exercício.
Os exercícios anteriormente descritos devem ser feitos de manhã diante de uma janela
aberta.
Estes exercícios respiratórios aumentam a capacidade dos pulmões, e, conjuntamente
com o Treino Intervalado e/ou outros exercícios para desenvolver os órgãos, possibilitam o
aumento do ciclo respiratório sem efeitos nocivos que normalmente ocorrem (deixar descair o
ponto de mira durante uma pontaria prolongada) e, sobretudo, contribuem para a saúde dos
pulmões.
Juntamente com os exercícios musculares e o treino dos órgãos aumentam a fase
estática até ao nível desejado.

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8.1.2 Treino Técnico
Através deste treino adquire-se a técnica básica do Tiro de Precisão sem limites de
tempo. (Ar comprimido e Pistola Livre).

ASPECTOS NÃO FUNDAMENTAIS


...Posição
Para que o processo de tiro dê resultado, há aspectos não fundamentais, mas nem por
isso menos importantes, que devem ser aprendidos, treinados e interiorizados, de forma a não
resultarem num esforço consciente. È o caso da posição, que deve permitir que o tiro seja
executado nas melhores condições, com o menor esforço possível.
Há várias opiniões sobre a posição, desde o conceito de “posição interior”, que será
aquela em que o atirador se imagina e em que se sente bem, até às posições com
bloqueamento forçado das articulações, mais de frente ou mais de lado para o alvo.
Estudos de caráter cientifico demonstraram que a posição lateral (de lado para o alvo),
seja em pistola ou em espingarda, é a que garante uma maior estabilidade. No caso particular
da pistola, com vantagem adicional de apenas o deltóide estar em tensão, não havendo outros
músculos ou grupos musculares envolvidos (peitorais ou dorsais em estiramento ou
encurtamento).
Claro que o pescoço tem de rodar, de forma a que o rosto fique voltado de frente para
o alvo, pelo que os atiradores com o pescoço curto poderão ter necessidade de rodar
ligeiramente o corpo, ficando um pouco mais de frente para o alvo. As pernas ficarão afastadas
sensivelmente à largura dos ombros, numa postura natural e cômoda que permita agüentar
todo o tempo de prova sem forçar os músculos ou as articulações. Os joelhos devem ficar
bloqueados, ou seja, “para trás”, contudo sem forçar essas articulações.
O centro de gravidade deve cair no centro do trapézio desenhado pelos pés do
atirador, sendo o peso da pistola / espingarda compensado com um ligeiro avanço da bacia
(mas não inclinando as costas para trás).
No caso da pistola, o conjunto braço / antebraço de suporte ficará esticado, com o
cotovelo bloqueado. O outro braço ficará para baixo, com a mão no bolso ou “pendurada” no
cinto pelo polegar, sem balançar.
No caso da espingarda, no tiro de pé (o único que vamos considerar nestas noções
elementares) o braço de suporte ficará encostado ao corpo, de preferência com o cotovelo
apoiado na crista ilíaca, o antebraço fazendo com o braço o ângulo necessário ao apoio da
espingarda, que deve ficar horizontal. A mão ficará (1) semi-aberta, apoiando o fuste entre o
polegar e os restantes dedos, (2) em ângulo reto, com os dedos virados para fora, ou (3) com o
indicador e o médio em “V” e o polegar em posição (como um tripé), o que permite variar a
altura a que as miras ficam dos olhos.
O braço da mão que dispara ficará quase à horizontal, proporcionando um bom apoio
do ombro à chapa de coice. O rosto fica encostado à coronha, de forma a que o olho que
aponta fique em linha com as miras.
A posição deve ser ensaiada com a ajuda do treinador no sentido de encontrar aquela
que se ajuste mais às características físicas do atirador e à concepção da sua arma, se esta
não permitir a variação da sua geometria. È essencial que , numa primeira fase, seja
memorizada e mais tarde interiorizada, de forma a que o atirador seja levado a assumi-la
automaticamente e sempre da mesma forma, deixando de ser um fator de preocupação.
Convém referir que os músculos e as articulações “têm memória”, isto é, a musculatura
esquelética é capaz de desempenhar algumas funções sem intervenção consciente: é assim
que conseguimos estar parados (em equilíbrio estático) ou que caminhamos (equilíbrio
dinâmico) sem que para isso tenhamos de fazer um esforço consciente.
Da mesma forma, os músculos e as articulações vão-se habituar à posição de tiro de
tal forma que, instintivamente, iremos assumir sempre a mesma posição.
O empunhamento, com particular incidência no tiro com pistola, pois o braço de
suporte é também o braço da mão que dispara (ao contrário do que acontece no tiro com
espingarda) é também um fator importante.
A pistola deve ficar com o cano no prolongamento do antebraço, com a parte de trás do
punho apoiada na maçã do polegar a as segundas falanges do dedo médio e do anelar
perpendiculares ao eixo do cano. O dedo mínimo, mais curto, fica por vezes “atrasado”, mas

33
não é importante. A Segunda falange do dedo médio fica sob o guarda-mato (ou apoio próprio,
em alguns modelos de competição), sendo responsável pelo suporte vertical da pistola.
O dedo indicador fica apoiado no gatilho, com a terceira falange perpendicular ao eixo
do cano, a Segunda falange paralela ao cano, de forma a que a pressão seja, como já se
disse, feita “para trás”.
O pulso ficará mais ou menos inclinado no sentido vertical conforme o desenho da
pistola. Nas pistolas de competição, os punhos são normalmente inclinados a 30º de fábrica,
nas armas de defesa quase verticais. Se o punho for muito “direito” (pouca inclinação) pode
baixar ligeiramente a cabeça, o que faz com que a mira da frente “baixe”, não tendo de forçar o
pulso para baixo.
A força de aperto é outro fator a considerar. Em principio, o aperto está relacionado
com a pressão do gatilho: numa pistola grosso calibre, cujo gatilho tem um peso mínimo de
1360grs, o punho terá de ser apertado com mais força do que numa pistola de ar comprimido,
cujo peso mínimo é de 500 grs. Como regra geral, não deve ser apertado com demasiada
força, para não provocar vibrações, nem com força a menos, para que a pistola não fique solta
na mão e não rode ao pressionar o gatilho. Mais importante ainda é que a força de aperto do
punho seja constante. De fato, há muitos atiradores que, na tentativa de “parar” a arma, vão
aumentando a pressão sobre o punho, quando deveriam fazer exatamente o contrário...
Aperte o punho no sentido antero - posterior, sem pressão do polegar nem das pontas
dos dedos, para evitar movimentos laterais.
No caso da espingarda, as recomendações são idênticas, mas há alguns pormenores
diferentes: o punho das espingardas de competição é quase vertical, com um furo por onde
passa o polegar ou sem furo mas com uma zona plana onde este pode ser apoiado, ficando
“atrás em vez de rodear o punho. Mais uma vez, é importante que não sejam exercidas
pressões laterais, mas que o gatilho seja pressionado para trás (nos punhos com furo para o
polegar) ou em “pinça” nos punhos com apoio posterior para o polegar, sendo a pressão feita,
neste caso, entre o indicador e o polegar.
No tiro com espingarda há um maior número de pontos de apoio: o ombro, o braço de
suporte, o punho e o rosto. É essencial que não se crie um sistemas de forças antagônicas,
muito difíceis de equilibrar, mas sim que se proporcione um apoio a espingarda tão semelhante
a um cavalete de tiro quanto possível, isto é, que a arma fique apoiada na mão de suporte,
tracionada para trás pela mão do punho, de encontro ao ombro. Todas as outras pressões (do
rosto, empurrando a arma para fora ou para baixo ou da mão que dispara, empurrando para os
lados) são indesejáveis.
A zona de pontaria é outro aspecto a Ter em conta. No caso da espingarda, há duas
possibilidades a considerar: miras abertas ou miras em diopter.
As espingardas de iniciação (e as utilizadas nalgumas formulas em que esse sistema é
obrigatório) usam miras abertas, também chamadas metálicas ou convencionais, um sistema
idêntico ao utilizado nas pistolas. Neste caso trata-se de alinhar as miras, centrando o ponto de
mira na janela da ranhura de mira e nivelando-o horizontalmente com esta. A zona de pontaria
pode ser (1) o centro do alvo, sobre a zona a negro ou (2) abaixo do centro do alvo, sobre a
zona branca. Se optar por apontar à zona branca, deve deixar uma margem de branco, sempre
constante, entre as miras e a zona a negro. È claro que a zona branca do alvo proporciona
melhor contraste.
Utilizando miras de diopter, a pontaria é feita por concentricidade dos dois diopters e da
zona a negro do alvo.
Considerando que a nossa vista só foca um plano de cada vez, embora com alguma
profundidade de campo que permite que as distâncias vizinhas fiquem também focadas, não é
possível manter os três planos focados. Na espingarda, as opções são (1) a focagem exclusiva
da mira anterior (miras abertas) ou (2) o sistema de vai – vem, em que os planos da mira
posterior, da mira anterior e do alvo são alternadamente focados (sistemas de diopters).
No caso da pistola, em que as miras, sempre abertas, estão a curta distância uma da
outra é “quase” possível focá-las em simultâneo. Nas pistolas de competição, com distâncias
grandes entre miras, a opção é sempre a focagem do ponto de mira.
Quanto à zona de pontaria, será abaixo da zona a negro nas disciplinas de precisão ou
no centro do alvo nas disciplinas de velocidade.

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...A Respiração
No tiro de precisão (as outras modalidades têm outros métodos de respiração) deve
utilizar-se a seguinte técnica:

• inspirar e expirar repetidas vezes, mas não prolongadamente que altere o pulso
desnecessariamente.

Método Aconselhado

• inspirar em 4 tempos rápidos, reter a respiração durante cerca de 2 segundos, expirar


em 4 tempos rápidos - 2 vezes
• inspirar em 4 tempos lentos, reter a respiração durante cerca de 2 segundos, expirar
em 4 tempos lentos – 2 vezes
• inspirar pela última vez levantando o braço para a zona de pontaria e expirar
rapidamente, sem esvaziar completamente os pulmões, enquanto aponta
• cessar completamente a respiração durante o processo de pontaria e de disparo
• se o disparo não "sair" no período de 10 segundos, deve interromper o processo e
recomeçar depois de ter repetido a respiração
• lembre-se: o disparo deve ser "inconsciente", por isso nunca o deve forçar para caber
no espaço de tempo em que devia ser feito
• não tenha medo de baixar o braço, o disparo seguinte resulta sempre num bom tiro.

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ASPECTOS FUNDAMENTAIS
...A Pontaria
Nenhum atirador consegue parar a arma completamente.
Assim, ele próprio deve definir uma Zona de Pontaria onde aceitará que o ponto de
mira se movimente durante o processo de disparo. Como é evidente, as dimensões dessa zona
de pontaria variam de um atirador treinado para um principiante; no primeiro terá uma área
reduzida, no segundo, será maior. Mas, irá diminuindo com o treino específico para o braço e
com o treino geral.
A escolha da posição da zona de pontaria deve ser feita por forma a permitir que o
atirador veja bem o ponto de mira e as "janelas", e evitar que ele deixe atrair o olhar para a bola
preta do alvo.
O atirador deve fixar muito bem o ponto de mira e não tirar os olhos de lá enquanto não
baixar a arma para novo disparo.
Um bom treino para conseguir reduzir a zona de pontaria consiste em, apontando a
arma, tentar controlar os movimentos das miras para fora dessa zona com cuidadosos contra-
movimentos.

Quanto ao alinhamento das miras, vale observar ainda que, se estas estiverem
alinhadas entre si, mesmo que o conjunto esteja relativamente fora da zona de pontaria, os
erros resultantes (chamados erros paralelos) são relativamente pequenos. Se, pelo contrário,
as miras estiverem desalinhadas entre si, mesmo que dentro da zona de pontaria, os erros
resultantes (chamados erros angulares) são mais graves.

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...COMO UTILIZAR AS MIRAS DA ARMA
Todas as armas possuem um conjunto de miras, composto pela maça e pela alça de mira,
sendo que a maça de mira se localiza próxima a boca do cano, e a alça de mira se localiza na
outra extremidade do cano, próxima ao cão.

Alinhe a maça e a alça de mira cuidadosamente, de modo que o topo da maça de mira fique
nivelado com o topo da alça de mira, e centralizado entre o entalhe da alça de mira. O alvo
deve estar posicionado no centro, sobre a maça de mira.

Como não é possível manter o foco ao mesmo tempo nas miras da arma e no alvo, o correto é
que se mantenha o foco nas miras da arma durante todo o processo do tiro.

37
...COMO AJUSTAR AS MIRAS DA ARMA
(SOMENTE PARA OS MODELOS COM MIRA AJUSTÁVEL)
Para elevar a alça de mira, gire o parafuso de ajuste de elevação na posição horária, e para
abaixá-la, gire-o na posição anti-horária.
Quando a mira é elevada, o ponto de impacto do tiro também é elevado, e vice versa.
A alça de mira também pode ser ajustada horizontalmente, gire o parafuso de ajuste horizontal
no sentido horário para mover o entalhe para a direita, e no sentido anti-horário para movê-la
para a esquerda.

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...O DISPARO
O gatilho deve ser pressionado cuidadosamente com o dedo indicador, mantendo a
mira alinhada com o alvo.
O dedo deve ser apoiado ao gatilho com a almofada constituída pela terceira falange
do dedo indicador (a ponta do dedo indicador) ou com a articulação entre a segunda e terceira
falanges do indicador..
O gatilho deve ser apertado da frente para trás em direção ao olho que aponta,
segundo o eixo do cano, sem qualquer pressão lateral ou vertical.
O movimento do indicador não pode ser irregular (parar, voltar a pressionar, parar,
voltar a pressionar) devendo ser uniforme a partir do momento em que o dedo é encostado ao
gatilho. Se o gatilho for puxado bruscamente, o alvo provavelmente será perdido, devido ao
movimento da arma.
Esta ação é a mais difícil que o atirador tem de aprender. Por isso, deve ser praticada e
melhorada constantemente.
Inicialmente, pressione devagar e com cuidado, mais velocidade será adquirida com a
prática.
Deve-se aumentar gradualmente a pressão do dedo até o tiro surgir, surpreendendo o
atirador. A tentação de acionar o gatilho rapidamente quando as miras estão alinhadas resulta
sempre em erro. Se, na fase final da pontaria, quando já está a pressionar o gatilho, as miras
de desalinharem, o processo deve ser interrompido e reiniciado. Estamos obviamente a falar de
tiro de precisão: nas provas de velocidade (apenas existem em pistola), o tiro tem de ser
produzido dentro do limite de tempo regulamentar, o que não permite “voltar ao principio”. Mas,
embora por vezes num curtíssimo espaço de tempo, a pressão sobre o gatilho deve ser
gradual, nunca de esticão.
No caso da velocidade é ainda mais importante que o gatilho seja acionado “para trás”
e que o empunhamento seja perfeito, pois só assim se garante que as miras não se
desalinham em conseqüência da pressão exercida sobre o gatilho, pois todo o processo é mais
rápido. Repare-se que em V.º (velocidade olímpica) as séries de 5 tiros mais rápidas são
executadas sobre 5 alvos, com um tiro por alvo, em apenas 4 segundos, partindo de uma
posição em que o braço está apontado a 45º para baixo!
Com o progresso do treino, os atiradores de alto rendimento conseguem disparar por
um reflexo condicionado, que se traduz pelo acionamento do gatilho como resposta automática
a um sinal visual, que é a imagem das miras alinhadas sobre a zona de pontaria, um pouco
como um condutor que trava instintivamente o carro quando surge um obstáculo, sem que
precise de pensar que o vai fazer ou como o vai fazer.

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Coordenação entre a Pontaria e Disparo
Dado que só podemos eleger um ato consciente de cada vez, o alinhamento das miras
deve ser o ato consciente eleito, sendo o acionamento do gatilho progressivamente
automatizado, como resposta mecânica à imagem visual das miras alinhadas sobre a zona de
pontaria.
Iniciado o processo de pontaria na zona de pontaria deve ser iniciada também a
pressão sobre o gatilho, enquanto a concentração se aplica totalmente na focagem das miras e
se procura manter o ponto de mira no meio da ranhura de mira, como se aprendeu.
O disparo deve surpreender o atirador e não ser feito conscientemente. Deve sair entre
os 5 e os 8 segundos e não ultrapassar os 10 segundos.
O principal problema do atirador com pistola é ter de coordenar 2 ações contrárias:
manter a arma imóvel (ação estática) enquanto procede ao disparo (ação dinâmica).
Por isso estas ações têm de ser praticadas com o maior cuidado, procurando manter
sempre as miras sob o mais apertado controle da vista (concentração).
Cuidado com os tiros conscientes. Se a arma "parou" e o disparo não saiu, alivie
imediatamente a precisão do indicador e baixe a arma, embora isso lhe custe. O disparo que se
seguisse seria executado conscientemente, e por isso, seria mau.
Se isto suceder freqüentemente quer apenas dizer que o atirador terá de futuro de
exercer mais força sobre o gatilho logo no início da ação de disparar. Isto consegue-se
apertando o punho com mais força.

...O SEGUIMENTO DO TIRO


A maior parte dos atiradores quando se iniciam no tiro quer ver o resultado dos seus
disparos o mais depressa possível. Para isso baixam as suas armas imediatamente após o
disparo.
O atirador experimentado, após ter disparado, continuará com a arma empunhada,
olhando para as miras enquanto a arma é levantada para cima e para a esquerda pelo recuo;
guarda na memória a posição relativa das miras no momento do disparo e saberá dizer se o
impacto corresponde a um 10, a um 9 alto e direito ou a um 8 baixo e esquerdo.
Chama-se a esta operação o seguimento do tiro em inglês “follow through”, e serve
para garantir que a pontaria esteja corretamente feita no momento em que se dá a finalização
do disparo: a saída do projétil do cano da arma, e permite ainda “anunciar” o tiro, isto é, ter uma
idéia do ponto de impacto ainda antes de o verificar, procurando reter a imagem das miras e da
zona de pontaria no momento do tiro. È particularmente importante em competição, pois vai
permitir uma correção das miras, ajustando-as (se for o caso) para atingir o centro do alvo,
tendo o atirador a noção de que o erro foi seu e não da arma ou vice – versa.

O seguimento feito com a maior concentração nas miras, no momento do disparo,


ajuda a concentrar o tiro. E não nos esqueçamos que não se pode manter a concentração nas
miras durante muito tempo; dispare entre os 5 e os 8 segundos. Se demorar muito mais, baixe
o braço; pode ter a certeza que a partir de certa altura o que tem na mente é uma imagem das
miras que não corresponde já ao que vê. Este fato é o culpado de muitos tiros ruins para os
quais atiradores não encontram explicação.

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8.1.3 O TIRO EM SECO

Ação de disparar uma arma sabidamente descarregada, com o objetivo de melhor


controle do gatilho ou exame funcional da arma. É também um dos melhores métodos para
treinar o disparo inconsciente, evitando o que ocorra a gatilhada.

O disparo em "seco" é recomendado por alguns especialistas tais como o famoso


Atirador John Saw e o articulista Dick Metcalf, da conceituada revista norte-americana
"Shooting Times". De acordo com essas abalizadas opiniões, o tiro em "seco" é indicado como
a forma mais racional de "acomodar" o mecanismo de disparo em armas novas além de servir
como excelente treino para o Atirador ao habituá-lo com o "peso" e curso de acionamento do
gatilho. Mesmo assim, deve-se recomendar parcimônia nesse tipo de atividade, pois o
mecanismo de disparo e a estrutura da arma estarão sendo exigidos de uma forma para a qual
não foram necessariamente preparados.

Houve épocas em que o cão de um revólver tinha o pino de percussão como uma
extensão fixa de seu corpo. Assim, o impacto da percussão era transferido diretamente para a
espoleta da munição, garantindo mais confiabilidade de sua ignição. Isso também significava
que, sem munição na câmara, o cão e seu pino percussor batiam por inteiro no chassi da arma,
muitas vezes quebrando-se em partes devido as precárias técnicas de têmpera daquelas
épocas. As técnicas de têmpera e a qualidade dos materiais mudaram muito durante os quase
160 anos de desenvolvimento do revólver, mas o medo de se disparar em "seco" e ter uma
arma danificada permaneceu até os dias de hoje.

Com os excelentes sistemas de disparo e a qualidade dos materiais encontrados nos


dias de hoje na maioria das armas, revólveres ou mesmo pistolas, é plenamente seguro o
disparo em "seco" sem o comprometimento da integridade do mecanismo. O único senão é
feito quanto as armas em calibre .22 de fogo lateral (rimfire) pois nesse tipo de munição a
forma de ignição da espoleta se dá na lateral do estojo e o pino percussor deve "picotar" a
borda do mesmo tendo a beirada da câmara como anteparo. Repetidos disparos em "seco"
com armas em .22 "Rimfire", nos tradicionais calibres .22 Short, .22 Long Rifle ou .22 Magnum,
resultarão, invariavelmente, em deformação da lateral da câmara pela "batida" direta do
percussor sem o amortecimento da borda do estojo.

41
8.1.4 A GATILHADA

O quê acontece quando se dispara uma arma?

Esta explanação se aplica à imensa maioria das pessoas que tentam utilizar uma arma
de fogo pela primeira vez e os que já atiram mas não conseguem agrupamentos aceitáveis.
Na grande maioria das vezes, é decepcionante para o atirador inexperiente o seu
primeiro contato com uma arma de fogo. A verdade é que segurar uma arma de fogo é uma
tarefa difícil, estragamos um belo disparo de maneira totalmente involuntária, e o pior é que a
“macheza” nos impede de localizarmos a falha e pioramos cada vez mais sem sabermos como
consertar o problema, culpa-se a arma, o cano de duas polegadas, a munição, o vento, a
guerra fria, alta do dólar, e até; eventualmente, o atirador...

Se você é um dos muitos que não conseguem acertar uma geladeira à vinte metros
com cem por cento de êxito, gaste uns poucos minutos da sua vida assimilando uma rápida
teoria.

Como funciona o tiro:

1) ao enquadrar o alvo e apertar o gatilho, seu organismo antecipa dois fenômenos; o


tranco da arma contra sua mão e o estampido.

2) no fugaz momento do tiro, você, inconscientemente, empurra a arma para frente e


para baixo na vã tentativa de defender-se do tranco e fecha seus olhos prevendo o
estampido; e o quê acontece?

3) O disparo sai totalmente desalinhado em relação ao ponto desejado.


Chamamos este fenômeno de “gatilhada”, uma coisa comum praticamente a todos os
seres humanos não habituados ao armamento leve. E aí você dirá- “eu sou macho; não
tenho medo de arma...” bobagem, você é normal, e não é normal apreciar golpes
violentos e estampidos

Uma evidência da "gatilhada" é o susto que alguns atiradores iniciantes notam quando
a munição falha, sobretudo quando usam armas em calibre 22, um calibre famoso pela sua
maior incidência de falhas.

E agora: como evitar a “gatilhada”:

O segredo está em realizar disparos sem saber o que virá, se um tiro ou um mero
clique. Para isto você precisará de um revólver, algumas cápsulas deflagradas e munição real.
A técnica consiste em carregar a arma com uma munição real (com espoleta, pólvora e
projétil) e as câmaras restantes com cápsulas deflagradas.

A razão para utilizarmos cápsulas deflagradas nas câmaras restantes é simples; com o
hábito, mesmo o mais inexperiente atirador torna-se capaz de visualizar ou a luz ambiente, ou
os culotes das munições, através do cilindro, sendo então, capaz de dizer se o que virá na
seqüência será um clique mecânico ou um bang de disparo, as cápsulas evitam isto.

1) tome posição diante do alvo.

2) coloque uma munição real no cilindro do seu revólver e complete o cilindro com
cápsulas deflagradas

3) com a arma aberta, gire o cilindro do revólver e pare-o com a mão fraca (aquela que
não empunha a arma no disparo) de maneira que você não seja capaz de dizer onde
está a munição real

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4) uma vez parado o cilindro, feche-o sem saber onde está a munição real (se você
tentar fechá-lo enquanto ele gira existirá a possibilidade de quebrar o retém do cilindro,
por isto nunca feche o cilindro girando).

5) aponte a arma para o alvo e aperte o gatilho procurando manter a arma alinhada
com o alvo, neste momento vem a dúvida: Ouvirei um clique ou um bang?

6) ouvindo um clique aperte mais uma vez, se obtiver mais um clique abra a arma, gire
o cilindro novamente , feche-o e repita tudo de novo; ao ouvir um bang, abra a arma e
remova a cápsula diretamente à direita da cápsula recém disparada (esta prática serve
para assegurar que o desgaste na arma ocorrerá por igual, promove um “rodízio” entre
as câmaras); coloque uma nova munição na câmara vazia e repita o processo

Obviamente, se a revólver possui seis câmaras e você já deu cinco cliques, duas
coisas podem acontecer, ou o próximo exercício resultará em bang, ou a munição falhou, é por
isso que eu recomendo só duas tentativas.

Como o leitor já deve ter notado, o exercício é uma espécie de “roleta russa” contra o
alvo. O atirador deve atentar para sua mão, deve verificar a cada tentativa se sua mão temeu,
se seus olhos se fecharam de maneira indesejável ao controle da arma e se seu coração
disparou com a ansiedade.

O objetivo desta técnica é permitir ao atirador que aprenda a controlar seu medo,
desafiá-lo e medi-lo. Com o tempo a confiança cresce e os disparos tornam-se mais precisos.
Acredito que umas poucas dezenas de tiros neste sistema dão melhor resultado que várias
centenas queimadas levianamente.

Suspeito que seja pelo desconhecimento da existência de munição real na arma que
muitos tiros acidentais acabam por serem fatais, o atirador ou curioso não treme por crer que a
arma está descarregada.

Lembre-se que aquela máxima do tiro de precisão "aperte o gatilho lentamente e


espere o tiro como uma surpresa” é válida no começo, mas o tiro de combate tem como
premissa o momento, é o atirador que aproveita o melhor momento para liberar o tiro, por isto,
após um certo tempo, o atirador deve apertar o gatilho mais rapidamente, escolhendo o
momento do tiro.

Esta técnica é descrita, embora com menos pormenores, num manual do exército
brasileiro chamado "ARMAS CURTAS”, da década de setenta, porém é uma técnica ignorada
pelos assim chamados “instrutores de tiro” que iludem civis comuns e vigilantes por este país
afora.

Sem controle não há o que fazer, seja no tiro de precisão, seja no tiro instintivo, é
lógico que deveríamos disparar milhares e milhares de tiros até nos considerarmos bons
atiradores, mas não estamos nos EUA, onde mil tiros de 7,62X39 chegam a custar cem
dólares, estamos no Brasil e aqui a munição é cara, até mesmo a recarregada, sendo assim,
faça valer cada tiro.

Para um ensino baseado na relação custo/benefício, é imperativo que um modelo de


treinamento básico seja desenvolvido a fim de permitir que aqueles que não podem comprar
caminhões de munição também dominem suas armas. Até onde me permite a memória, creio
que levei umas seis semanas e uns cento e oitenta tiros para atingir uma silhueta humanóide
no "garrafão" colocada na linha de 25 metros com cem por cento de acertos. Devo ter apertado
o gatilho umas mil vezes, logo, levei uns oitocentos e vinte sustos, e estes sustos resolveram
uma pontaria que até então, parecia um caso perdido.

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8.1.5 Ação para o Treino/Prova

Convém lembrar que os treinos devem ser feitos nas mesmas condições das provas e
vice-versa. O atirador deve procurar fazer as mesmas coisas, pela mesma ordem.
Assim cria uma rotina de ações e sentir-se-á mais calmo.

Exemplo:

• chegado à carreira de tiro, dispõe a arma e as munições na bancada


• determina a posição – 5 a 10 minutos
• tiro em seco para aquecimento – 5 a 10 minutos
• começar o treino
• 15 tiros para regular a arma, pelo menos

Entre cada disparo

• respirar
• recuperar a vista
• descansar a vista olhando para o meio da carreira de tiro
• levantar o braço para a zona de pontaria, expirar
• apontar, começar a ação do gatilho
• disparo
• seguimento (2 a 3 segundos)
• observar o impacto (se for menos bom tentar determinar porquê e corrigir)
• se arma mexer muito, baixar o braço e recomeçar tudo de novo

8.1.6 Regras de Segurança


• Nunca se aponta uma arma para ninguém mesmo que se saiba que está descarregada
• Na bancada só se deixa a arma descarregada e de culatra aberta
• Manter sempre a arma apontada para a zona dos alvos e nunca para trás ou para os
lados, mesmo quando se carrega
• Nunca mexer na arma de outro atirador sem a sua permissão
• Terminado o tiro certificar-se que a arma fica descarregada e só depois guardá-la

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9. POSIÇÕES PARA O TIRO
POLICIAL - ARMAS CURTAS

As posições utilizadas pelo policial para disparar sua arma de fogo, curta ou longa,
podem ser resumidas naquelas válidas para o tiro de combate visado e para o instintivo. No
primeiro, faz-se uso das miras da arma, enquanto no segundo se dispara sem a utilização do
aparelho de pontaria.

Na verdade, a situação prática irá determinar qual a melhor posição a ser adotada. O
policial tem de ter em mente que uma boa posição de tiro deve, obrigatoriamente, atender aos
seguintes requisitos:

a. permitir firme empunhadura da arma;

b. permitir equilíbrio do corpo e uma boa base;

c. diminuir o alvo oferecido ao oponente;

d. possibilitar o uso de abrigos ou barricadas pelo policial;

e. permitir giro do corpo para repelir agressões vindas de qualquer direção.

Observando estas premissas, toda a posição de tiro será considerada aceitável.

Como foi dito, as posições que serão apresentadas a seguir foram exaustivamente
testadas em forças policiais de todo o mundo, e representam o que de mais atual existe sobre
o assunto, devendo fazer parte do treinamento do policial, para que este possa reagir de forma
rápida e eficiente a uma agressão à sua vida ou à de terceiros.

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9.1 TIRO VISADO

O tiro visado, também conhecido como tiro mirado, é aquele


em que o atirador dispara fazendo uso das miras da arma.
Este tipo de tiro é muito eficiente quando o oponente se
encontra a uma distância maior ou em situações mais delicadas, como
quando existem reféns em poder do oponente.
Porém, para que o tiro seja realmente eficaz é necessário que
seja feito um cuidadoso alinhamento entre a alça e a massa de mira e
o alvo.

9.1.1 Técnicas de tiro visado


1) Posição Weaver
Em 1950, um xerife californiano de nome Jack Weaver
desenvolveu uma técnica que até os dias de hoje é a mais usada para se
efetuar disparos visados. Essa técnica está incorporada ao treinamento
de policiais em todo o mundo. Está presente inclusive em Hollywood,
sendo a técnica mais utilizada pelos atores de filmes de ação.
A posição Weaver permite que se efetue disparos com muita
rapidez e precisão.
Eis a técnica: a) posicione seu pé esquerdo à frente do direito uns
20 a 30 cm, fazendo com que seu corpo naturalmente assuma uma
posição lateral em relação ao alvo, ficando seu ombro esquerdo
ligeiramente à frente do direito; b) segure a arma com a mão direita e a
apóie com a esquerda, sendo que a mão esquerda deve fazer uma leve
pressão para trás e a direita resistir; c) mantenha o corpo ereto e os
braços um pouco dobrados; e d) use as miras. Essa posição faz com que
mesmo armas de grosso calibre sejam mais facilmente dominadas,
apesar de seu maior recuo.

2) Weaver modificada
Em 1975, Ray Chapman, campeão de tiro prático, modificou ligeiramente a posição
Weaver original, mantendo o braço direito totalmente esticado e o esquerdo dobrado.
Trata-se de outra técnica que traz excelentes resultados, dependendo apenas da
melhor adaptação do atirador a esta, ou a genuína Weaver.

3) Posição isósceles
Esta posição de tiro visado tem seu nome derivado da posição tomada pelos
braços do atirador, que formam um triângulo isósceles com o peito do mesmo.
O corpo fica semi-flexionado (para diminuição do alvo), pés na mesma linha,
ambos os braços estendidos; a mão direita empunha a arma, e a esquerda
apóia em firme dupla empunhadura.
Os dois braços são impelidos fortemente para frente, enquanto os joelhos semi
flexionados permitem a já citada diminuição no alvo oferecido ao agressor.
A posição isósceles permite que os braços fiquem completamente esticados, o
que é preferível para alguns atiradores, em detrimento da flexão determinada
pela posição Weaver.
Sob stress, é tendência natural que o atirador diminua o alvo, flexionando as
pernas levemente.
O corpo fica bem equilibrado, e com os joelhos flexionados o peso do corpo e seu centro de
gravidade, são jogados para baixo.

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4) Isósceles Ayoob
Posição oriunda da isósceles, adaptada por Massad Ayoob, policial norte-americano.
Ayoob apenas alterou a posição das pernas, flexionando a esquerda mais à frente,
enquanto que a direita permanece esticada para trás.
O corpo adquire uma maior inclinação frontal, fazendo com que o atirador obtenha um maior
controle da arma.

5) Tiro visado com uma só mão - Técnica "Punch-Ayoob"


Também desenvolvido por Massad Ayoob, para se efetuar esse tipo de disparo, o
atirador deve manter a perna esquerda mais à frente do corpo, meio flexionada e a direita para
trás, assim como na posição Isósceles Ayoob.
Porém, o braço esquerdo fica com o punho fechado, dobrado contra o peito e o braço
direito, quem empunha a arma permanece estendido enquanto aponta e dispara.
Com essa posição, o atirador sente mais firmeza na mão que empunha a arma.

6) Ajoelhado
O FBI norte americano apregoou, durante muito tempo, a
necessidade de que os policiais, em combate, efetuassem a diminuição
do alvo através de agachamento, em qualquer posição de tiro que
adotassem, mesmo nas de tiro instintivo.
Defendiam esta tese com base nas experiências em
treinamento, que demonstravam que os alunos, quando aprendiam o tiro
instintivo, ao se agacharem, evitavam tomar a posição errada, e não
estendiam o braço à frente na posição de tiro instintivo à altura dos quadris. Outro fato era a
diminuição do alvo que o agachamento proporcionava. Por último, afirmavam que um policial,
se atingido, cairia para frente, e não para trás.
Estas afirmações foram, com o passar do tempo, demonstradas como não verdadeiras:
na prática, o tiro instintivo à altura da cintura não é necessariamente mais rápido que o com
semi visada; o reflexo de curvar-se para frente pode determinar em uma demora crítica no
disparo do policial; por último, os confrontos demonstraram que é preferível cair para trás, pela
facilidade de resposta ao fogo do oponente, apenas com o levantar da arma alguns poucos
graus.
Entretanto, o que ficou também demonstrado pelo tempo foi que, em situação de stress
elevado, o agachamento é a tendência natural do ser humano, devendo, portanto, o policial ser
treinado neste sentido.
A posição de joelhos oferece a possibilidade de trabalhar-se em cima de um reflexo
natural do homem, ao invés de tentar treiná-lo em posições que não permitam esta flexão.
De joelhos, o policial pode ter grande mobilidade e alto grau de acerto em seus
disparos.
Na posição clássica “de joelhos”, além da empunhadura dupla, há o apoio do cotovelo
no joelho, o que fixa quase que totalmente a arma. Para adotá-la, o atirador coloca o pé
esquerdo à frente, voltado para o alvo. O joelho direito apoia-se no solo, e o policial senta
sobre o calcanhar direito, tendo o cuidado de passar um pouco o cotovelo de apoio do joelho,
para não oscilar este braço de apoio.
A posição “de joelhos”, tradicional apresenta um inconveniente também clássico:
presta-se apenas para os disparos frontais, especialmente naquelas situações em que o
policial está perfeitamente protegido por uma barricada. Não permite que o policial gire o corpo
para os lados e possa defender-se de disparos vindos das laterais.
As novas técnicas de tiro ajoelhado preenchem esta lacuna, possibilitando maior
mobilidade com a necessária diminuição do alvo.
Observe que a posição das pernas permite o agachamento e o giro, não prendendo o
tronco do policial.
Acreditamos ser esta uma das melhores posições para o tiro de combate. As mãos e
braços se portam como nas demais posições de pé já mencionadas, como a Weaver
modificada.

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7) Deitado
Nesta posição (chamada “prone position” pelos norte
americanos), o braço que empunha a arma deve ficar totalmente reto e
apoiado ao solo. O rosto do policial deve deitar sobre o braço que
empunha a arma, o mais comodamente possível, enquanto a mão
esquerda envolve a direita em uma firme dupla empunhadura. As pernas
ficam à vontade: a esquerda flexiona-se sobre a direita, forçando o corpo
a rolar, deslocando-o do chão, o que permite a livre respiração, sem afetar a visada, o que é
importante quando o policial estiver ofegante, como, por exemplo, depois de correr.
Antigamente os policiais adotavam a posição deitado, de bruços, que se mostrou, com
o passar dos anos, instável e sem os benefícios da total diminuição do alvo oferecido ao
agressor proporcionado pela nova posição.
Para assumir a moderna posição deitado, o policial se ajoelha, sem perder o oponente
de vista, rolando para o lado da mão forte; se for necessário elevar a arma, pode-se partir para
a empunhadura simples, colocando-se a mão esquerda, com o punho cerrado, sob a direita.
É uma posição extremamente sólida, que permite apoio total da arma e diminuição do
alvo. Talvez seu único inconveniente seja o tempo necessário para adotá-la, que pode retardar
os disparos do policial.

8) Sentado
Esta posição fornece bom apoio ao tiro. Com o policial sentado,
os braços estendidos à frente, apoiam-se sobre os joelhos. A maior ou
menor flexão dos joelhos é que leva a arma à altura ideal do tiro. A arma
é trazida aos olhos, sem que o policial force a cabeça.
A perna esquerda (para os destros) pode ser estendida, o que
facilita o equilíbrio.

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9.2 TIRO NO ESCURO

Extremamente importantes são as técnicas e táticas


empregadas em perseguições a indivíduos armados e em troca
de tiros em locais pouco iluminados e de terreno irregular. A
tensão do atirador é ampliada pelo escuro, já que as sombras
parecem aumentar e diminuir adquirindo formas irreais. O
silêncio e a escuridão nos trazem estranhas sensações. Além do
que precisamos ter em mente a possibilidade de se balear, por
engano, algum colega, ou de ser baleado por ele; ou mais, de se
balear, também por engano, um inocente.
Por todos esses motivos e também porque é
extremamente complicado correr no escuro em terrenos baldios,
com seus buracos, pedras e mato, ou em quintais com garrafas,
baldes e outros obstáculos que podem atrapalhar a ação policial
é que é recomendável o uso de lanternas.

As lanternas, segundo Massad Ayoob, servem a 5 funções principais:


a) achar o caminho no escuro;
b) identificar o alvo antes do disparo;
c) cegar momentaneamente o opositor;
d) uso como instrumento de autodefesa (cassetete), se for resistente;
e) iluminar o alvo para um disparo de precisão

Foram criadas algumas técnicas de tiro, onde o uso de arma é combinado com o
emprego da lanterna.

1) Método F.B.I.
Consiste em manter a mão que segura a lanterna longe do corpo. O atirador deve manter o
braço esticado lateralmente enquanto empunha a arma com a outra mão.
Trata-se de um método eficaz, no entanto, segurar a lanterna nessa posição, além de ser
cansativo, não permite que se efetue um disparo com precisão.
Atualmente não é mais adotado no treinamento dos futuros agentes da Polícia Federal norte-
americana.

2) Método Harries
Criado pelo instrutor norte-americano Mike Harries, baseado na posição de tiro criada por Jack
Weaver (ver Tiro Visado).
O atirador mantém-se virado em direção ao alvo, com os braços um tanto dobrados. As costas
das mãos se encontram e se apóiam mutuamente, criando pelo sistema de pressões contrárias
a inércia e a firmeza, necessárias para um disparo preciso. A mão que segura a lanterna passa
por baixo do braço que empunha a arma e se encontram firmemente apoiando-se uma mão à
outra.
Esse método fornece grande precisão no disparo e imprime muita confiança.

3) Método Chapman
Método desenvolvido pelo ex-campeão mundial de tiro prático Ray Chapman, baseado na
posição de tiro Weaver modificada (ver Tiro Visado).
O atirador empunha a lanterna, segurando-a com apenas os dedos polegar e indicador. Os três
dedos restantes seguram firmemente a mão que empunha a arma. Dessa forma os braços não
se cruzam, como no Método Harries, nem as mãos ficam encostadas, mas sim a mão da
lanterna procura envolver a da arma.
Muito eficaz para quem tem mãos grandes ou possui uma lanterna muito fina.

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4) Método Ayoob
Massad Ayoob criou essa posição baseando-se na posição isósceles de tiro visado (ver Tiro
Visado).
Nesse método, tanto a mão que segura a lanterna quanto a mão que empunha a arma são
mantidas juntas, polegar ao lado de polegar, e ambos os braços esticados retos são levantados
juntos em direção ao alvo.
Além de permitir um disparo preciso, é possível cegar o oponente com a luz da lanterna.
Ao levantar os braços, o facho de luz tende a ter uma inclinação para cima, portanto é uma
técnica recomendada para curtas distâncias.

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9.3 TIRO INSTINTIVO
O tiro instintivo é aquele que é disparado sem o auxílio das miras da arma. Pode ser
feito usando-se a arma na altura da cintura ou dos ombros, onde o atirador está com sua
atenção voltada inteiramente para o alvo e a arma é disparada como quem aponta com o dedo,
instintivamente.
Trata-se de um tipo de tiro que deve ser usado em curtas distâncias, que dificultam o
uso das miras.
É um tiro normalmente efetuado quando o atirador está sob pressão, em que a ameaça
é próxima e iminente, sendo comum o não uso das miras, uma vez que o atirador está com sua
atenção voltada para o que o ameaça.
Deve ser praticado por todos que estão preocupados em desenvolver uma eficiente
forma de defesa armada.

9.3.1 Técnicas de tiro instintivo


1) Sykes e Fayrbain
Técnica desenvolvida pelo sargento Willem Ewart Fayrbain, instrutor de tiro da polícia de
Shangai e pelo instrutor do Exército Britânico Eric Anthony Sykes, em meados de 1910.
O método desenvolvido por Fayrbain e Sykes consiste em efetuar o disparo com uma mão
empunhando a arma e levando-a até a altura do ombro, com o braço estendido, corpo reto e
pernas semi-dobradas. A Arma é disparada rapidamente sem o auxílio das miras.
Essa posição é adotada com as pernas e o corpo semi-curvados, porque Fayrbain e Sykes
sentiam que essa é uma reação natural do corpo em situação de ameaça iminente.

2) D.B. (Déuxième Bureau)


Técnica desenvolvida pela elite da polícia francesa, semelhante ao de Sykes e Fayrbain, sendo
que a mais notável diferença é que o braço esquerdo, no caso de um atirador destro, é
estendido com o dedo indicador da mão esquerda também apontando para o alvo.
A precisão do disparo pode ser maior já que ambas as mãos apontam na mesma direção.

3) F.B.I.
Técnica adotada pela polícia federal norte-americana, onde a arma é disparada à altura dos
quadris com o corpo e as pernas semi-curvados e o braço esquerdo cruzado sobre o peito, na
forma de "proteger" o coração.

4) Bill Jordan
O famoso policial e escritor de arma norte-americano Bill Jordan divulgou seu próprio método
de tiro instintivo.
Jordan atira com o corpo e as pernas retas, empunhando a arma e a disparando à altura dos
quadris, movimentando, portanto, apenas os braços e o resultado dessa economia de
movimentos é uma maior rapidez no disparo.

51
9.4 COMBATE EM AMBIENTES FECHADOS

Os internacionalmente conhecidos "Close Quarter Battle" (CQB ou Confrontos em


Ambientes Fechados) são responsáveis por um grande número de policiais mortos em serviço,
sendo certo que quase sempre essas baixas têm como causa o descaso do próprio policial,
que não dá a devida importância para esse tipo de situação, uma vez que tem o conhecimento
de que grande parte de seus colegas chegou à aposentadoria sem maiores problemas. Esses
acabam surpreendidos quando menos esperam.
Para evitar que isso ocorra é extremamente importante atentarmos para algumas
táticas que freqüentemente são utilizadas com êxito na vida real.

9.4.1 OPERAÇÃO DE BUSCA

É com grande freqüência que policiais acabam tendo que realizar buscas e
localizações de marginais em áreas internas, sendo que em quase todas essas oportunidades
os delinqüentes têm em seu favor inúmeros fatores que os favorecem. Questões como a falta
de cobertura ao policial, o pequeno espaço dos cômodos, a ignorância acerca da planta do
local, a possibilidade de emboscada e tantas outras adversidades tornam o trabalho de busca
uma das mais arriscadas atividades policiais.

1) Postura
O primeiro ponto a ser abordado é o que diz respeito à
postura do policial quando em meio a uma busca interna.
Comumente toma-se uma postura defensiva, p.ex. deixando a arma
dentro do coldre ou, quando fora deste, mantendo-a apontada para
baixo aguardando o momento certo de reagir. Adotando uma postura
como esta, dificilmente o policial terá tempo para reagir a uma
agressão armada. Assim sendo, o correto é adotar uma postura
ofensiva que permita uma reação imediata. O policial deve manter a
arma fora do coldre, na altura dos ombros e direcionada à frente, na
posição Weaver ou Isósceles, de acordo com a melhor adaptação
(ver Tiro Visado). Utilizando esta postura, o policial poderá aplicar a
tática chamada "Terceiro Olho", que lhe permite olhar para todos os
lados com a certeza de que sua reação será imediata, uma vez que
a arma acompanha o foco de visão do policial.
É importante salientar, que ao passar por vãos e aberturas, o policial deve recolher a
arma junto ao corpo para que ela não lhe seja arrancada das mãos por um oponente escondido
do outro lado.

2) Movimentação
Quando no interior de um prédio, o policial deve movimentar-se com extrema cautela e
silêncio, pois um ruído qualquer poderá denunciá-lo a seu oponente.
Ao atravessar corredores e salões poderão ser encontradas inúmeras portas. Abri-las
sem se certificar do que existe por trás é extremamente perigoso.
Se possível, o policial deve manter-se constantemente protegido por qualquer tipo de
escudo ou barricada, não se movimentando de forma que cruze as pernas, pois isso poderá
fazê-lo perder o equilíbrio.
Existem locais dotados de vigas e alçapões, onde o delinqüente pode se espreitar e
armar uma emboscada. Por isso, deve-se evitar usar bonés ou chapéus de abas largas, que
impossibilitem a visão superior.
Um dos momentos mais críticos em uma varredura interna é aquele que antecede a
entrada em algum aposento, sem que se saiba o que há lá dentro. Não é aconselhável que se
façam às conhecidas "entradas dinâmicas", usualmente empregadas por forças policiais
especializadas como a SWAT (Special Weapons And Tatics) norte-americana ou o COT
(Comando de Operações Táticas) da Polícia Federal Brasileira.

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Existem técnicas que melhor se adaptam ao serviço policial de rotina, como a "Quick
Peek" (Rápida Espiada) e a "Israeli Sweep" (Varredura Israelense). A primeira é uma técnica
onde o policial deve se posicionar atrás de uma parede que ladeie a entrada; olhar
rapidamente para dentro do aposento jogando parte da cabeça para fora da proteção (parede)
e retornar o mais depressa possível. Trata-se de uma técnica que possibilita a obtenção de
uma visão completa da área a ser adentrada, sem dar tempo de reação ao oponente. É bom
salientar que o policial deve aplicar essa técnica agachado, pois em caso de um eventual
disparo por parte do delinqüente, o tiro passará por cima da cabeça do policial. Se for
necessário repetir a operação, deve-se mudar de posição (se em um primeiro momento o
policial esteve agachado, num próximo deverá ficar de pé).
A tática "Israeli Sweep", também conhecido como "Slicing the Pie" (Fatiando a Torta),
também é muito eficaz para se obter uma visualização do local a ser penetrado. De acordo com
ela, o policial deve se utilizar o "Terceiro Olho", aproximando-se lentamente, rente à parede,
até cerca de um metro do local a ser vistoriado. Em seguida, o policial deve afastar-se da
parede e procurar visualizar, passo a passo, a área interna do aposento, aumentando seu
ângulo de visão até obter a completa varredura do local. É um processo mais lento, que
permite ao policial retornar à sua posição de origem em caso de um sinal de perigo.

3) Entrada

Após obter a completa visualização do local, o


próximo passo é entrar no aposento.
Existem dois métodos comumente utilizados pelas
polícias internacionais: o "Israeli Limited Entry" (Entrada
Limitada Israelense) e o "Crisscross" (Entrada Cruzada).
Pela primeira tática, a entrada se assemelha à
"Quick Peek", uma vez que expõe muito pouco o corpo do
policial. No entanto, depois que se projeta o corpo para
dentro, não deve haver a mudança de posicionamento,
como na técnica de "Rápida Espiada".
Já a técnica "Crisscross", mais utilizada e eficaz,
deve ser realizada em dupla, de modo que cada um dos
integrantes se aproxime até a abertura, por lados
diferentes e execute uma busca visual por qualquer dos
métodos antes descritos. Após a varredura visual, ambos
entram no recinto rapidamente, cruzando-se entre si e
assumindo uma postura ofensiva com as costas junto à
parede do aposento invadido. É necessário frisar que esta
não é uma técnica adequada para quem deseja entrar em
corredores ou outros locais que não possuam paredes
internas, ladeando a abertura.

4) Corredores e Escadas
Corredores e escadas certamente são os locais que representam maior perigo aos
policiais em um combate em ambiente fechado, pela falta de uma rota segura de fuga. É
possível apenas movimentar-se para frente e para trás, criando o chamado "funil fatal", que
propicia um excelente palco para uma emboscada.
Quando se faz necessário entrar por um corredor, deve-se fazê-lo o mais
silenciosamente possível e com toda rapidez até alcançar o seu final.
Em escadas, é sempre mais fácil combater de cima para baixo, pois se perde muito
menos tempo descendo uma escada do que ao subi-la. Além do mais, o policial poderá fazer
com que o marginal tenha uma via de escape, proporcionando a sua captura por outros
policiais que eventualmente estejam do lado de fora do prédio. Subindo, o policial irá encurralar
o oponente, forçando-o a enfrentá-lo. Assim sendo, em havendo opção, o policial deve realizar
a busca descendo a escadaria.
É importante salientar que muitas escadas possuem cortes de ângulos retos, o que
dificulta a visualização do que está por trás. Desta forma, faz-se mister utilizar as técnicas já
descritas para se operar com maior segurança, devendo-se sempre manter a arma como o seu
"Terceiro Olho".

53
9.5 Tiro através de obstáculos

Quando se atira através de obstáculos, desejando atingir um alvo humano que se


encontre por detrás dele, deve-se levar em conta uma série de variáveis, para atingi-lo com
sucesso.
Deve-se ter em mente que o tipo de ponta do projétil determina sua maior ou menor
penetração; um projétil ogival sólido encamisado terá coeficiente de penetração sempre maior
do que um ponta oca, transpondo mais facilmente um obstáculo leve.
O projétil, também, sofre desvios quando transfixa um obstáculo, por mais fino que
possa parecer. Mesmo um pára-brisas de veículo faz com que se altere a trajetória, tanto mais
pronunciadamente quanto maior for a inclinação com relação ao alvo, e tanto menor quanto
mais potente o conjunto arma/munição.
O projétil, incidindo sobre a superfície de um obstáculo, tende a ser repelido com igual
força e em sentido contrário, pelo princípio da ação e reação já estudado; esta força é a
responsável pelo ricochete do mesmo. Dependendo do ângulo de incidência, o projétil pode
ricochetear, mesmo ao incidir em obstáculos que, de outro modo, seriam facilmente
transpostos. Até mesmo o tiro sobre a água pode ricochetear, dependendo do citado ângulo de
incidência. Isto se dá porque a força viva do mesmo é decomposta quando ele se choca com o
obstáculo, basicamente em duas outras, uma paralela ao dito obstáculo, e outra perpendicular
ao mesmo. Esta última terá intensidade maior, quanto maior for a obliqüidade, a ponto de se
reduzir a um valor menor que o oferecido pela resistência do alvo, ao mesmo tempo em que
cresce, proporcionalmente, a energia do projétil na direção e no sentido da concorrente
paralela ao plano do alvo.
Nos tiros sobre superfícies de metal, como carroceria de veículos ou portas, o policial
deve ter em mente que, se a chapa for rígida demais, em comparação com o projétil e sua
energia cinética, poderá praticamente não sofrer deformações. No caso de ser menos
resistente, mas não o suficiente para absorver a energia do projétil, produzir-se-á uma
depressão característica, podendo haver perfuração incompleta, ou ruptura do metal. O metal
deforma-se com o impacto, até que, vencido o limite de sua resistência, se rompe. Os projéteis
encamisados são os ideais para a perfuração de obstáculos leves, como carroceria de veículos
e portas.
Os projéteis de chumbo, ogivais ou com outra configuração qualquer, pela natureza do
material com que são feitos, não se prestam à perfuração de obstáculos; até mesmo roupas
grossas, como casacos de lã, podem detê-los, dependendo do calibre.

Alguns mitos também devem ser esclarecidos:


a. Portas e carrocerias de veículos são transpostas com 100% de certeza, e em
condições de incapacitar um agressor colocado por detrás delas, por munições tipo Magnum a
partir do .357, e munições de fuzis de assalto (.308 WCF. p.ex.);
b. Motores de veículos somente são perfurados por munições de calibre .50 Browning.
Outras munições, desde que perfurem a lataria, podem atingir partes vitais para o
funcionamento do motor, como o carburador, parando o veículo, mas não perfuram o bloco do
motor;
c. Um projétil somente transfixará um pneu em movimento, se incidir
perpendicularmente à roda;
d. Portas de madeira e outros obstáculos leves são facilmente transpostos por um bom
projétil encamisado, devendo o policial considerar o desvio sofrido pelo mesmo;
Por último, o policial deve lembrar-se de que, mesmo pequenos obstáculos, como
vegetação, vidros de janelas, e outros, desviam em alguns centímetros o projétil de sua
trajetória. Isto é especialmente importante naqueles tiros em que se deseje máxima precisão, e
a deflexão do projétil deve ser levada em conta.

54
10. CONDUÇÃO E SAQUE DE
ARMAS DE FOGO CURTAS À
PAISANA
Neste artigo, pretendemos abordar rapidamente alguns aspectos da condução de arma
de porte (arma de coldre) pelo policial, em trajes civis. Sem a pretensão de tratar senão de
algumas noções básicas, recomendamos gastar algum tempo na pesquisa sobre o tema,
debatendo com colegas e, principalmente, treinando o saque da arma nestas condições.
Apesar de o policial militar conduzir normalmente sua arma de coldre quando fardado,
há situações em que o uso da arma à paisana é necessário, não só em serviço, mas também
quando de folga. Algumas atividades policiais, também, não prescindem da condução da arma
à paisana, como é o caso da polícia civil ou mesmo da polícia federal.
Nestes casos, o policial deve ter em mente a facilidade do saque e a possibilidade de
conduzir a arma sem que ela seja vista. O elemento surpresa é um grande aliado quando se
conduz uma arma de fogo à paisana, mas a arma não deve estar tão dissimulada que
impossibilite o saque quando necessário. Também é preciso conduzir a arma de forma segura,
sem que a mesma caia ou seja rapidamente tomada por um oponente no caso de luta corporal.

Regras gerais
Aqui vale o mesmo lembrete que sempre fazemos com relação ao saque da arma de
coldre quando fardado: sempre que possível, evita-se sacar a arma no chamado saque
cruzado. Alguns colegas ainda portam a arma no lado contrário ao da mão forte, fazendo com
que a arma cruze em frente ao corpo quando sacada. Esta manobra pode ser fatal, uma vez
que o oponente pode, facilmente, bloquear o saque, se o policial estiver muito próximo.

Na condução de arma curta trajando à civil, atenção especial deve ser dedicada ao
coldre e sua fixação. Prefira sempre coldres de boa qualidade.

Note que a arma está fixa junto ao corpo, em um


coldre com nível de retenção de um ponto, em condições de
ser facilmente acessada e sacada. Porém, esta é uma
situação excepcional, quase sempre restrita a operações com
grande número de policiais envolvidos, onde a ostensividade
da arma não é fator que comprometa a segurança.

Normalmente, a arma de coldre vai estar colocada


em condições de não ser vista por um provável oponente.
Isto implica em Conduzi-la junto ao corpo, mas sob as vestes.

Dentre as formas possíveis de condução da arma à


paisana junto ao corpo do policial, destacam-se o porte em
coldre ao nível da cintura, em coldre axilar ou mesmo em
coldre colocado no tornozelo. Cada tipo de coldre demanda
um tipo especial de técnica de saque, para que a arma seja
acessada de maneira rápida e sacada de forma segura (para
o policial ou para terceiros).

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Segurança
Lembramos as regras de ouro de segurança, também válidas aqui: o policial manterá o
dedo indicador fora do gatilho da arma até o momento do disparo, observará o campo de tiro, e
manterá o cano da arma apontado sempre para uma direção segura até o disparo.

As regras de observação, proteção e condições de tiro também não devem ser


esquecidas, assim como a atenção do policial deve ser redobrada, vez que é possível ter de
passar rapidamente de uma situação de alerta para a de confronto armado, em frações de
segundo ...
Jeff Cooper, autor de vários trabalhos sobre tiro policial, popularizou um código de
cores para identificação dos vários níveis de alerta do policial, e de como aplicá-los à sua rotina
defensiva. No final da escala do código de cores, encontramos a condição branca (que alguns
autores a substituem pela amarela), onde o policial está relaxado e distraído, e onde a
possibilidade de um confronto armado é praticamente nula. Se ocorrer, será muito difícil uma
reação por parte dele. A seguir, encontramos a condição laranja, onde o policial encontra-se
relaxado, porém alerta. Esta é a condição típica do policial em serviço.
Por último, a condição vermelha, na qual o policial se depara com a ocorrência, agindo
da forma mais conveniente. Nesta condição, o uso da arma de fogo é bastante provável.
Aprender a identificar estas situações e estar sempre, no mínimo, na condição laranja,
é obrigação do policial e, ao mesmo tempo, seu maior seguro de vida.

O que fazer?
- mantenha a arma o mais próximo possível do corpo. Conduzir a arma em pochetes, pastas,
valises, etc, é sinônimo de acidente;

- saque a arma sempre com o dedo fora do gatilho, e em condições de acertar o oponente, se
necessário;

- não tire os olhos do oponente quando sacar a arma. Lembre-se de observar as mãos do
oponente;

- sempre que possível, busque abrigo ao fogo do oponente;

- tenha sempre consigo uma boa quantidade de munição suplementar, mas não conduza
cartuchos soltos nos bolsos. Prefira os remuniciadores rápidos ou carregadores (no caso de
utilizar pistola);

Exemplos e técnicas de saque


Saque da arma colocada na cintura (10.1)
Saque da arma em coldre axilar (10.2)
Saque da arma em coldre de tornozelo (10.3)

Conclusão
O importante é treinar cada um dos movimentos descritos, automatizando as ações de
forma a sacar a arma sem olhar para o coldre em nenhuma circunstância. Os olhos devem
observar as mão do oponente!
Por fim, lembramos que nunca devemos conduzir a arma em contato direto com o
corpo, sem coldre. Além de comprometer o saque, há a possibilidade de dano na arma devido
ao suor, especialmente em locais de clima quente.
Esperamos que as dicas básicas expostas aqui possam auxiliar os colegas em seu dia
a dia no serviço, ou mesmo na condução da arma quando de folga.

56
10.1 SAQUE DA ARMA COLOCADA NA CINTURA

( 1 ) O policial inicia o saque da arma, que está colocada em coldre junto à cintura, tocando
com a ponta dos dedos da mão forte junto ao corpo, de forma a poder abrir rapidamente o
casaco. A mão fraca sobe para a posição de apoio.

( 2 ) Em seguida, a mão forte alcança facilmente o coldre, através do deslocamento do casaco.


A arma é empunhada e as travas são soltas, os olhos permanecem fixos no alvo.

( 3 ) Com um rápido movimento, a arma é sacada do coldre, sendo trazida para o centro do
corpo, de forma a evitar o saque cruzado. A mão fraca aguarda.

( 4 ) As duas mão se encontram, a arma é empunhada na posição de segurança (apontada


para os pés do abordado). Dedo fora do gatilho, olhos nas mãos do oponente.

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10.2 SAQUE DE COLDRE AXILAR

( 1 ) Para sacar a arma colocada em coldre axilar, inicialmente o policial ...

( 2 )... recua a perna direita (da mão forte), ao mesmo tempo em que a mão de apoio sobe. Isto
protege de um ataque frontal do oponente, e facilita a subida da mão de apoio, ao mesmo
tempo que abre caminho para o acesso à arma sob a axila.

( 3 ) A arma é empunhada junto ao corpo, de forma a reduzir a varredura realizada pelo cano
da arma em frente aos corpo. O cano da arma é direcionado, em ângulo, para baixo, voltado
para o oponente. Os olhos permanecem no alvo. A mão de apoio está bem erguida, facilitando
a defesa contra ataque corporal do oponente, caso esteja muito perto, liberando, também, o
acesso à arma.

( 4 ) A arma é totalmente empunhada, com ambas as mãos, e o oponente é enquadrado na


posição isósceles. O dedo vai ao gatilho se for necessário disparar.

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10.3 SAQUE DE COLDRE NO TORNOZELO

( 1 ) Partindo da posição acima, com os braços distendidos e o casaco aberto ...

( 2 )... enquanto o policial dá um passo largo para trás com a perna da mão forte (no caso, a
direita). A perna esquerda flexiona ao mesmo tempo em que a mão de apoio segura o tecido
da calça, movimento que expõe a arma para o saque.

( 3 ) A arma é empunhada. A pernas permanecem na mesma posição. Dedo for do gatilho,


olhos no oponente. O policial pode atirar com uma mão ...

( 4 )... se necessário, ou finalizar o movimento com a dupla empunhadura padrão vista na foto
acima. Observe a excelente diminuição da silhueta do policial que esta posição proporciona.

59
11. MANUTENÇÃO DA ARMA -
ESCALÕES

Todas as armas de fogo necessitam de um mínimo de manutenção para conservar-se em


perfeitas condições de uso, e esta necessidade irá variar segundo o tipo da arma, o uso
intenso a que for submetida e o tipo de munição utilizada.
É impressionante ver armas com cem anos de fabricação conservando seu acabamento
original como se recém saída de fábrica, e mantendo a precisão e confiabilidade como no
primeiro dia. Isso não é fato do acaso, e sim o resultado de cuidado e esmero.

Quando uma arma é desmontada para limpeza, lubrificação ou reparos, podemos dividir o
processo em Escalões de Manutenção. São em total de 5, sendo eles:

1. Manutenção de 1º Escalão:
É aquela de natureza preventiva, executada pelo próprio usuário, que consiste , principalmente,
na desmontagem sem uso de ferramentas, de inspeção visual, de limpeza e lubrificação da
arma.

2. Manutenção de 2º Escalão:
É aquela de natureza preventiva, executada por pessoal especializado e que consiste em
pequenas ajustagens, regulagens, substituições e reparos compatíveis com as ferramentas
disponíveis, além da limpeza e lubrificação da arma. Se você tiver ferramentas e conhecimento
suficiente, pode fazer em casa a manutenção de uma arma até o 2º Escalão.

3. Manutenção de 3º Escalão:
É aquela de natureza corretiva, executada por oficinas de manutenção (armeiros), que consiste
na substituição e reparos de peças ou subconjuntos e na confecção de peças simples,
compatíveis com os equipamentos de oficina e testes disponíveis.

4. Manutenção de 4º Escalão:
É aquela de natureza corretiva, executada em oficinas especializadas de manutenção, que
consiste na substituição e reparo de peças, compatíveis com o pessoal, ferramentas e
equipamentos de oficina e teste que possui.

5. Manutenção de 5º Escalão:
É aquela de natureza corretiva, executada em oficinas especializadas de manutenção, que
consiste em recuperar todo o material ou parte dele, incluindo a reparação, substituição ou
fabricação de peças, subconjuntos e conjuntos, que permite o retorno da arma ao estado de
novo.

60
✓ Procure não usar a arma na cintura. O melhor é mantê-la dentro de um coldre feito em
couro de boa qualidade ou nylon.

✓ A arma não deve ser guardada em ambientes com grande variação de temperatura e
nem ficar em contato com materiais que atraiam umidade ou que possuam um certo
grau de acidez.

✓ Se você for guardar a arma por longos períodos, tome um cuidado especial com as
superfícies metálicas. Para protegê-las da corrosão, use um óleo lubrificante que tenha
maior durabilidade e deixe uma camada protetora mais espessa que a usada na
limpeza normal

✓ Sempre que usada, a arma deve ser limpa e lubrificada, pois os resíduos de pólvora,
bem como o ácido úrico proveniente da transpiração comprometem a oxidação,
causando, às vezes, danos profundos no raiamento do cano e chegando a inutilizar a
arma com o passar dos anos.

✓ A arma deve ser limpa com solvente de pólvora ou querosene e um bastão com escova
de pêlo ou de latão, que retira os depósitos de chumbo no cano. Este material é de fácil
obtenção nas boas casas de caça e pesca, disponíveis em várias marcas e modelos.
Logo após a limpeza, a arma deve ser lubrificada com uma camada fina de óleo. No
caso dos revólveres, é muito importante limpar e lubrificar o cano e o tambor, que são
as partes que mais sofrem a ação da corrosão.

✓ Para uma arma que não costuma ser usada na prática do tiro ou está guardada a
algum tempo, basta fazer uma limpeza normal. Neste caso, esfregue a arma com um
pano ligeiramente embebido em óleo. Proceda da mesma forma com a alma do cano.
Tire o pó de todas as fendas com uma escova pequena e limpa. Remova o excesso de
óleo, mas cuide para deixar uma fina camada protetora que inibe a corrosão. Isso se
faz muito necessário em climas tropicais, como o nosso. Já para uma limpeza após o
tiro, use uma escova e um solvente apropriado para remover todos os resíduos de
pólvora do cano e de outras áreas da arma.

✓ Nunca uma arma deve ser lubrificada antes de ser limpa com solvente, pois isso de
nada adiantará já que a ação dos químicos da pólvora continuará seu processo de
corrosão. Nunca, mas nunca mesmo lubrifique sua arma com óleo de cozinha
(óleo de soja). Ele endurece com o tempo, prejudicando o funcionamento da arma.
Palha de aço também é desaconselhável, a não ser para retirar um foco já existente de
ferrugem. A palha de aço só é recomendada dentro do cano, para limpeza nas armas
oxidadas. No caso de armas em aço inox, a vareta deve ter pêlos de latão para evitar
corrosão. Armas niqueladas (acetinadas) devem ser tratadas como as oxidadas
(pretas), pois são feitas do mesmo material, aço carbono.

✓ Se a arma apresentar sinais de ferrugem, é aconselhável uma nova oxidação (por


pessoa habilitada) ou um pequeno retoque, que pode ser feito com "Gun Blue", uma
pequena pasta azul, só adquirida nos EUA, para retoques em aço, alumínio e latão.

✓ Durante a limpeza, e aconselhável que se desmonte a arma parcialmente, de modo


que o cabo (coronha) de madeira não seja encharcado com óleo e também para que
cada peça seja lubrificada individualmente. A camada de óleo sobre a arma deve ser
bem fina, de modo que a cubra o suficiente para evitar contato direto com a atmosfera.
O tambor deve ficar seco, para não umedecer a munição.

✓ Caso se deseje lubrificar o mecanismo interno do gatilho, é importante que se tenha


algum conhecimento do assunto e que se use ferramentas apropriadas, para não
danificar a arma.
✓ Não desmonte a arma mais do que o necessário. Desmonte somente até o ponto
necessário para alcançar as áreas onde a sujeira se acumula (cano, câmaras,
parafusos, etc.). Sempre trabalhe em uma superfície limpa e seca.

61
✓ Faça uma limpeza completa a cada 800 tiros, mais ou menos. O ideal é que esta
limpeza seja feita por um armeiro experiente.

✓ No caso de pistolas semi-automáticas, é desaconselhável o uso de graxa, pois esta é


muito grossa e prejudica o funcionamento. Mesmo no carro (ferrolho) destas armas
usa-se apenas uma fina camada de óleo. Pode-se usar também o WD-40 ou silicone
spray com um pouco de grafite em pó misturado, com resultados muito bons.

✓ Nas armas automáticas, a limpeza deve ser bem mais cuidadosa, pois o escape de
gases pela perda anterior do cano ataca o conjunto do percussor, carro e o pente. Se
possível, é bom desmontar estas armas parcialmente para a limpeza. Geralmente a
desmontagem delas é muito fácil. Outro fator desaconselhável é guardar a arma
enrolada numa flanela, pois resíduos entram no mecanismo da arma. O certo é guardá-
la num coldre apropriado. Não se deve guardar armas em lugares úmidos como
adegas, banheiros, lavanderias, etc.

✓ Se você notar a existência de partículas de chumbo no cano, use uma escova de latão
embebida em solvente. Depois de limpo, faça uma lubrificação como na limpeza
normal.

✓ Não use querosene como solvente. Ele é muito ativo e pode atacar o material da arma,
se não for perfeitamente neutralizado com um óleo lubrificante.

✓ Use uma escova de cerdas de bronze para a limpeza normal. Ao remover o cobre ou
sujeira pesada, use uma escova de nylon com produto de limpeza de boa qualidade. (A
escova de nylon é aconselhável porque alguns produtos de limpeza corroem o bronze.)

✓ Passe a escova pelas câmaras do cilindro e cano pelo menos uma vez para cada tiro
disparado.

✓ Invista em uma haste de limpeza revestida de aço ou de bronze.

✓ As hastes de alumínio são macias. Elas coletam os grãos e as partículas que podem
arranhar as câmaras e o cano.

✓ Limpe a haste após cada passagem através das câmaras e do cano.

✓ Use uma guia no orifício ou um "amortecedor" de bronze para proteger a coroa da


câmara ou da saída do cano dos danos.

✓ Limpe o mecanismo de ação com um jato de solvente pressurizado como o Gun


Scrubber de Birchwood Casey. Ele limpa sem deixar resíduos.

✓ Coloque pouco Óleo! O óleo atrai a sujeira! Se você puder ver o óleo, você
provavelmente exagerou!

✓ Se você perceber que você exagerou no óleo, tente guardar sua arma com o cano para
baixo. Isto impedirá que o óleo ou o solvente escoem na empunhadura de madeira.

✓ Limpe sua arma na mesma direção que a bala viaja, da culatra para a ponta do cano.

✓ Molhe a escova no solvente e passe através do cano diversas vezes. Novamente,


trabalhe a partir da parte traseira, e vá em apenas uma direção.

✓ Passe os patches secos e limpos através do cano até que não existam mais resíduos
de sujeira no pano. Trabalhe a partir da parte traseira, e vá em apenas uma direção.

62
11.2 KIT LIMPEZA DE ARMAS

Os materiais utilizados para a limpeza das armas podem ser adquiridos separadamentes ou em
conjunto, na forma de kits, que são compostos basicamente dos seguitens itens :

✓ Solvente
O solvente é utilizado para limpeza, para amolecer
e soltar os resíduos de pólvora e chumbo que se
fixam na arma após o tiro.

✓ Óleo
O óleo é utilizado após a limpeza com o solvente,
para lubrificar os mecanismos da arma, e para
proteção, evitando que ocorra a oxidação
(ferrugem).

✓ Discos de pano (patches)


Os patches são colocados na ponta da vareta, e
embebidos em óleo para lubrificação e proteção do
interior do cano da arma (alma) e câmaras do
tambor.

✓ Varetas ou escovas e Pontas das Varetas


As Varetas ou
escovas podem
ser encontradas
com as pontas
fixas ou
rosqueáveis. Nas
rosqueáveis, basta que se tenha uma vareta e os diversos tipos de pontas que se
julgar necessárias, as quais podem ser rosqueadas na vareta de acordo com a
necessidade. Quando o tipo de ponta é fixo, é necessário que se tenha uma vareta
com cada tipo de ponta necessário. As varetas, quando utilizadas com ponta dura,
como cobre, latão ou nylon, em conjunto com o solvente, servem para escovar o cano
e o tambor da arma, promovendo a sua limpeza.
Quando utilizadas com ponta macia, como as pontas fixas de flanela ou em conjunto
com patches e utilizando o óleo, servem para lubrificação e proteção da arma e seus
mecanismos contra a oxidação (ferrugem).
As pontas das varetas, podem ser compostas de cobre, latão, crina de cavalo, nylon,
flanela, etc...
Geralmente, os kits possuem 3 tipos de pontas de varetas, uma mais dura para
limpeza pesada, geralmente de latão, uma intermediária como a de crina de cavalo e
uma mais macia, de tecido com a flanela.

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11.3 LIMPEZA PASSO A PASSO - REVÓLVER
1. Abra o cilindro e certifique-se de que o revólver esteja
descarregado

2.Coloque um pouco de solvente através da extremidade (boca)


do cano da arma.
Use o suficiente para que todo o interior do cano esteja molhado quando você for usar a
escova.

3. Escove o cano.
Insira a escova de limpeza pela boca do cano, tomando bastante cuidado para não permitir que
a haste da escova toque a coroa ou qualquer outra parte do interior (alma) do cano.
Esfregue a escova diversas vezes, (de cinco a dez) dependendo do nível de acúmulo de
sujeira no cano.

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4. Passe patches pelo cano ou use uma haste de limpeza com
ponta de tecido.
Umedeça o patch com solvente, e force levemente a sua passagem pelo cano, de forma que
você não tenha que usar força excessiva para a tarefa.
Descarte o patch sujo ou limpe a ponta da haste no caso de hastes de ponta fixa e repita o
processo com um segundo patch umedecido. Descarte-o também em seguida.
Inspecione o cano para ter certeza de que não existem mais vestígios de sujeira, use uma
lanterna se necessário. Caso ele ainda não esteja limpo, repita todo o procedimento.
Quando já estiver limpo, passe um o patch umedecido com óleo seguido por outro seco. Caso
você esteja usando CLP ou outro solvente com propriedades de proteção, você pode pular este
passo.

5. Limpe o conjunto do extrator.


Pode ser usada uma escova de dentes velha com algumas gotas de solvente para limpar a
estrela do extrator. Tome um cuidado especial ao limpar a superfície do rolamento no topo do
extrator, já que é esta área que direciona o cilindro ela deve ser cuidadosamente limpa, para
que não fique nenhum material estranho no caminho das partes móveis.
Use um patch umedecido com solvente para limpá-la.

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6. Pressione a haste do extrator e limpe embaixo do conjunto
do extrator.
Use uma escova de dentes para afrouxar os depósitos de sujeira mais resistentes, e, em
seguida, um patch limpo umedecido com solvente para limpar.

7. Escove o cilindro.
Siga o mesmo procedimento realizado para o cano. Caso você tenha um revólver magnum ou
outro que aceite diferentes calibres de munição, dê uma atenção especial à parte dianteira das
câmaras do cilindro.
Caso você tenha atirado com munição calibre .38 Special no seu revólver magnum, por
exemplo, pode haver alguma sujeira nas câmaras que impeça a munição de comprimento total
de ser carregada.

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8. Esfregue patches através do cilindro.
Novamente, siga os procedimentos para passar os patches através do cano. As câmaras do
cilindro geralmente limpam bem mais rápido do que o cano, porque não há nenhum raiamento
para reter a sujeira.

9. Limpe a face do cilindro.


Esta área se tornará manchada rapidamente.
Pode ser perda de tempo tentar remover as manchas de carbono que irão inevitavelmente
aparecer. Tente apenas remover os atuais depósitos de sujeira desta área.
Há alguns tipos de panos para lustrar que dizem remover todas as manchas da face do cilindro.

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10. Limpe o interior da armação.
Use um patch embebido em solvente para remover a sujeira das áreas interiores da armação.
Preste bastante atenção à cinta superior, já que ela acumula sujeira com muita facilidade .
Verifique cuidadosamente as aberturas da parte traseira da armação, removendo toda a
sujeira.

11. Limpe a parte externa do revólver.


O cilindro e o cano, e qualquer compensador de recuo existente, necessitam da mesma
atenção. Evite que o solvente toque a empunhadura, seja ela de madeira, borracha ou plástico,
pois ele pode danificá-la. Remova a empunhadura para limpar a área coberta por elas, se
necessário. Remova todo o solvente com um pano seco. Proceda com a utilização de um pano
levemente embebido em substância protetora (óleo).

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12. Lubrifique as partes apropriadas
Coloque uma pequena gota de óleo nas seguintes superfícies :
a) eixo do extrator, b) retém do cilindro
Lubrifique também a haste do cilindro, e a tecla do cilindro… quando estiver em dúvida,
consulte o manual da arma, e tenha em mente a regra que diz que pouca lubrificação
geralmente é melhor que lubrificação excessiva.
É sempre melhor resistir ao impulso de derramar o óleo na armação através dos entalhes do
cão e do gatilho. O óleo irá invariavelmente vazar em algum ponto, e o contato com a poeira
fará com que os componentes internos trabalhem em atrito, o que não trará nenhum benefício
para a arma.
Caso você suspeite que os componentes internos necessitem de limpeza e lubrificação, é
muito mais vantajoso solicitar os serviços de um armeiro experiente e confiável para fazê-lo.
Caso deseje fazer pessoalmente a lubrificação e limpeza dos componentes internos, preste
muita atenção ao seguinte :

Quando remover a placa lateral, não use chave de fenda ou qualquer outra coisa para
erguer e remover a placa lateral, pois isto certamente iria causar problemas na armação ou na
placa.
Use uma ferramenta adequada para bater delicadamente de encontro ao lado oposto
até que a placa lateral afrouxe e caia (geralmente trazendo algumas partes com ela).
Felizmente, você pode facilmente identificar aonde vai cada peça ao pôr tudo de volta no lugar.
É aconselhável que se faça isto sobre uma superfície onde você possa facilmente
encontrar as peças caídas. Você provavelmente não estaria lendo isto se fosse muito
experiente em desmontar seu revólver, assim novamente vale recomendar que deixe o armeiro
cuidar das partes internas de sua arma.

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11.4 LIMPEZA PASSO A PASSO - PISTOLA

1. Certifique-se de que a pistola esteja descarregada


Remova o carregador e puxe (manobre) o ferrolho para se assegurar de que a câmara esteja
vazia.

2. Desmonte a pistola de acordo com o manual do proprietário.


Como cada pistola pode possuir uma forma de desmontagem diferente, não é possível listar
aqui os passos necessários para a desmontagem. Para tanto, consulte o manual do usuário da
sua pistola, onde pode-se encontrar instruções detalhadas de desmontagem. Uma vez
desmontada, a pistola deve estar em quatro partes principais, a armação, o ferrolho, o cano e o
carregador.

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3. Coloque algumas gotas do solvente na extremidade da
culatra do cano.

4. Introduza a escova pela extremidade da culatra e escove o


cano
Este é um ponto de grande potencial de risco de danificar o cano, por isso, certifique-se de
manter os lados da haste de limpeza sem tocar suas beiradas e os lados do interior (alma).
Sempre inicie a limpeza do cano pelo lado da culatra. Evite também tocar a saída do cano com
a haste de limpeza. Alguns são tão cuidadosos em não danificar a saída do cano que não
puxam a escova de volta, e sim desparafusam a escova da haste, removem a haste e
remontam a haste e escova para outra passada.
Execute diversas passadas com a escova, até que você esteja certo de que o cano esteja
limpo.

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5. Passe patches através do cano.
Coloque um patch limpo na vareta, molhe-o com solvente, e passe-o através do cano. Isto
removerá a sujeira que você afrouxou com a escovação. Repita com um outro patch limpo e
embebido em solvente, e então passe outro seco e limpo. Inspecione o cano para verificar
eventuais sujeiras restantes (manchas escuras ao longo do raiamento). Se necessário, repita
etapas 3-5. Quando estiver satisfatoriamente limpo, passe um patch levemente umedecido com
óleo seguido por outro seco e limpo. Se você estiver usando o CLP ou Ed´s Red, não se
preocupe, já há uma película oleosa no cano para a proteção de corrosão

6. Limpe o ferrolho.
Usando um patch ou escova de dentes embebido em solvente, limpe a sujeira e todo o óleo
manchado do interior e parte externa do ferrolho. Tome cuidado especial com as seguintes
áreas: pino de travamento(se existirem), extremidade do cano do ferrolho, a face da culatra, e
debaixo do extrator, um lugar particularmente comum para o acúmulo de sujeira -- e causa de
problemas. Na segunda imagem à direita, está indicada a área sob o extrator. Também, não se
esqueça dos sulcos aonde o ferrolho se encaixa a armação -- você deve remover todo e
qualquer tipo de grão ou óleo sujo desta área.

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7. Limpe a armação.
Remova toda sujeira ou carbono endurecido que você encontrar. Preste bastante atenção à
área onde as travas do cano se fixam à armação (geralmente logo adiante da área do gatilho),
bem como os trilhos do ferrolho que conterão provavelmente óleo sujo. Não se esqueça do
fundo do carregador também.

8. Lubrifique de acordo com recomendações do fabricante.


Consulte o manual do proprietário para pontos recomendados para lubrificação. Se você não
tiver um manual, isto é o que é feito geralmente:
1) colocar uma fina camada de óleo nas peças moveis do gatilho e dos conjuntos do cão,
e todas as outras peças internas móveis (certifique-se de limpar o excesso)
2) colocar uma fina camada de óleo ou lubrificante nas superfícies das áreas do trilho do
ferrolho e da armação,
3) colocar uma fina camada de óleo na área do pino de travamento (antes da porta de
ejeção), manobrar o ferrolho, e limpar todo o excesso (veja a primeira foto à direita)
4) limpar levemente as superfícies exteriores com um pano embebido em óleo

73
Nunca deve-se deixar óleo em excesso. Se você observar óleo pingando em uma superfície
quando você inclina a arma, você aplicou muito óleo. Excesso de lubrificação é uma ótima
maneira de encurtar a vida útil de uma arma. Do mesmo modo, se você usar graxa, não deve
ficar nenhuma marca da graxa em qualquer lugar. Uma mancha muito clara, apenas suficiente
para deixar uma impressão digital, é tudo que você precisa.

9. Remonte a arma.
Manobre o ferrolho, execute alguns tiros em seco, e execute todas as outras verificações que
você julgar necessárias.

74
O Disparo – Problemas, causas e soluções

Pistolas
PROBLEMA CAUSA SOLUÇÃO
Falha na Alimentação Cartucho defeituoso, torto ou Troque o cartucho
amassado
Câmara e/ou mecanismo de ação Limpe e lubrifique
sujos
Carregador sujo Limpe e lubrifique o
carregador
Carregador defeituoso, sujo, Troque o carregador ou
amassado, com as molas fracas conserte-o
Falha no tiro ou detonação Cuidado, uma possível falha no Aguarde pelo menos 10
atrasada (missfire / tiro pode ser uma detonação segundos e substitua o
hangfire) atrasada. cartucho
Mantenha as mão longe do
ferrolho, devido ao possível recuo.
A sujeira impede o movimento Limpe e lubrifique
livre e o total fechamento do
ferrolho, limpe-o e lubrifique-o,
bem como o mecanismo do cão
e/ou o pino de percussão
Falha na extração do Extrator emperrado devido a Lave-o em solução de limpeza
cartucho resíduos de pólvora ou sujeira do e lubrifique-o
carregador
Câmara suja Limpe e lubrifique levemente
Cartucho defeituoso Substitua-o
Pouco recuo, causado por Inspecione o cano
cartucho defeituoso (a bala pode
ser alojada no cano)
Falha na ejeção do Ejetor danificado Envie a arma para uma
cartucho assistência técnica autorizada
Pouco recuo, causado por Inspecione o cano
cartucho defeituoso (a bala pode
ser alojada no cano)

75
12. CONCEITOS BÁSICOS
SOBRE MUNIÇÃO

Munição
é o conjunto de cartuchos necessários ou disponíveis para uma arma ou uma ação qualquer
em que serão usadas armas de fogo. As munições de armas de fogo são constituídas pelos
seguintes elementos: projétil, estojo, propelente (carga), espoleta, e eventualmente, bucha.

Cartucho
é o conjunto do projétil e os componentes necessários para lançá-lo, no disparo.

O cartucho para arma de defesa contém um tubo oco, geralmente de metal, com um
propelente no seu interior; em sua parte aberta fica preso o projétil e na sua base encontra-se o
elemento de iniciação. Este tubo, chamado estojo, além de unir mecanicamente as outras
partes do cartucho, tem formato externo apropriado para que a arma possa realizar suas
diversas operações, como carregamento e disparo.
O projétil é uma massa, em geral de liga de chumbo, que é arremessada a frente
quando da detonação, é a única parte do cartucho que passa pelo cano da arma e atinge o
alvo.
Para arremessar o projétil é necessária uma grande quantidade de energia, que é
obtida pelo propelente, durante sua queima. O propelente utilizado nos cartuchos é a pólvora,
que, ao queimar, produz um grande volume de gases, gerando um aumento de pressão no
interior do estojo, suficiente para expelir o projétil.
Como a pólvora é relativamente estável, isto é, sua queima só ocorre quando sujeita a
certa quantidade de calor; o cartucho dispõe de um elemento iniciador, que é sensível ao atrito
e gera energia suficiente para dar início à queima do propelente. O elemento iniciador
geralmente está contido dentro da espoleta.

76
Um cartucho de fogo central completo é composto de:

1 - projétil
2 - estojo
3 - propelente
4 - espoleta

COMPARATIVO ENTRE CARTUCHOS DE CAÇA, DE FOGO


CENTRAL E DE FOGO CIRCULAR

77
1 – Projétil
Projétil é qualquer sólido que pode ser ou foi arremessado, lançado. No universo das armas de
defesa, o projétil é a parte do cartucho que será lançada através do cano. O projétil é estudado
sob os seguintes aspectos: material de que é feito, forma da ponta, constituição.

I – Material
O projétil é feito de chumbo puro, de chumbo revestido de aço ou mailechort; este
revestimento recebe o nome de camisa ou de blindagem e tem a finalidade de aumentar o
poder de penetração do projétil.

Projéteis encamisados
São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma
capa externa chamada camisa ou jaqueta. A camisa é
normalmente fabricada com ligas metálicas como: cobre e
níquel; cobre, níquel e zinco; cobre e zinco; cobre, zinco e
estanho ou aço. O núcleo é constituído geralmente de chumbo praticamente puro, conferindo o
peso necessário e um bom desempenho balístico.
Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e fechada na
ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta (projéteis expansivos). Os
projéteis sólidos têm destinação militar, para defesa pessoal ou para competições esportivas.
Destaca-se sua maior capacidade de penetração e alcance.
Os projéteis expansivos destinam-se à defesa pessoal, pois ao atingir um alvo humano
é capaz de amassar-se e aumentar seu diâmetro, obtendo maior capacidade lesiva. Esse tipo
de projétil teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção de Genebra.
Os projéteis expansivos podem ser classificados em:

Totalmente encamisados (a camisa recobre todo o corpo do projétil)

Semi-encamisados (a camisa recobre parcialmente o corpo, deixando sua


parte posterior exposta.

Os tipos de pontas e tipos de bases são os mesmos que os anteriormente citados para
os projéteis de chumbo.

Vantagens e desvantagens entre projéteis de chumbo e encamisados

Projéteis de chumbo
• Menor custo
• Menor desgaste do cano
• Expande-se com maior facilidade
• Limitação da velocidade para evitar chumbamento do cano
• Maior poluição ambiental (chumbo)

Projéteis encamisados
• Custo mais elevado
• Maior desgaste do cano
• Maior penetração
• Maior velocidade
• Melhor funcionamento em armas semi ou totalmente automáticas
• Maior expansão (projéteis expansivos)

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II - Forma de Ponta
O projétil pode ser: pontiagudo, ogival, tronco-crônico, ou semi-estático.
O projétil pode ser dividido em três partes:

Ponta: parte superior do projétil, fica quase sempre


exposta, fora do estojo;

Base: parte inferior do projétil, fica presa no estojo e


está sujeita à ação dos gases resultantes da queima da
pólvora.

Corpo: cilíndrico, geralmente contém canaletas


destinadas a receber graxa ou para aumentar a fixação
do projétil ao estojo.

Tipos de pontas:

Ogival: uso geral, muito comum;

Canto-vivo: uso exclusivo para tiro ao alvo; tem carga reduzida e perfura o papel de
forma mais nítida;

Semi canto-vivo: uso geral;

Ogival ponta plana: uso geral; muito usado no tiro prático (IPSC) por provocar
menor número de "engasgos" com a pistola;

Cone truncado: mesmo uso acima.

Semi-ogival: também muito usado em tiro prático;

Ponta oca: capaz de aumentar de diâmetro ao atingir um alvo humano (expansivo),


produzindo assim maior destruição de tecidos.

III - Constituição
O projétil pode ser “simples” ou múltiplo. Projétil Simples: é composto por uma única peça.
Projétil Múltiplo: é o constituído de duas ou mais peças. EX: grãos de chumbo das armas de
caça, “Dundum”, balas dunduzinadas.

79
Tipos de projéteis para armas raiadas

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NOMENCLATURA DOS PROJÉTEIS

EXPO Expansivo ponta oca


EXPP Expansivo ponta plana
EXPT Expansivo pontiagudo

CSCV Chumbo semi-canto vivo


CHCV Chumbo canto vivo
CHPP - CPP Chumbo ponta plana
CPO Chumbo Ponta Oca
CO - CH/OG - CHOG Chumbo Ogival

4V Provete ventilado

SCV Semi Canto Vivo


SEPP Semi Encamisado Ponta Plana
SEPO Semi Encamisado Ponta Oca

ET/OG - ETOG Encamisado Total Ogival


ETPT Encamisado total pontiagudo
ESCV Encamisado total semi-canto vivo
ETPP Encamisado total ponta plana
EO - ENCOG Encamisado Ogival
EPO Encamisado Ponta Oca
EP Encamisado Pontiagudo

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2 – Estojo
O estojo é o componente de união mecânica do cartucho, apesar de não ser essencial
ao disparo, já que algumas armas de fogo mais antigas dispensavam seu uso, trata-se de um
componente indispensável às armas modernas. O estojo possibilita que todos os componentes
necessários ao disparo fiquem unidos em uma peça, facilitando o manejo da arma e acelera o
intervalo em cada disparo.
Atualmente a maioria dos estojos são construídos em metais não-ferrosos,
principalmente o latão (liga de cobre e zinco), mas também são encontrados estojos
construídos com diversos tipos de materiais como plásticos (munição de treinamento e de
espingardas), papelão (espingardas) e outros.
A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas de
forma a aproveitar as suas características físicas.
Para fins didáticos, o estojo será classificado nos seguintes tipos:

Quanto à forma do corpo:

Cilíndrico: o estojo mantém seu diâmetro por toda sua extensão;

Cônico: o estojo tem diâmetro menor na boca, é pouco comum;

Garrafa: o estojo tem um estrangulamento (gargalo).

Cabe ressaltar que, na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre haverá
uma pequena conicidade para facilitar o processo de extração.
Os estojos tipo garrafa foram criados com o fim de conter grande quantidade de pólvora, sem
ser excessivamente longo ou ter um diâmetro grande. Esta forma é comumente encontrada em
cartuchos de fuzis, que geram grande quantidade de energia e, muitas vezes, têm projéteis de
pequeno calibre.

Quanto aos tipos de base:

Com aro: com ressalto na base (aro ou gola);

Com semi-aro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura(virola);

Sem aro: tem apenas a virola;

Rebatido: a base tem diâmetro menor que o corpo do estojo.

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A base do estojo é importante para o processo de carregamento e extração, sua forma
determina o ponto de apoio do cartucho na câmara ou tambor (headspace), além de possibilitar
a ação do extrator sobre o estojo.

Quanto ao tipo de iniciação, os estojos classificam-se em :

Fogo Circular: A mistura detonante é colocada no interior do estojo,


dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo percussor;

Fogo Central: A mistura detonante está disposta em uma espoleta,


fixada no centro da base do estojo.
Cabe lembrar que alguns tipos de estojos nos diversos itens da
classificação dos estojos não foram citados por serem pouco comuns
e não facilitarem o estudo.

ALGUNS TIPOS DE ESTOJO DE FOGO CENTRAL


1 Estojo de Metal vazio calibre 9mm Luger.
2 Estojo de Metal vazio calibre .45Auto.
3 Estojo de Metal vazio calibre .40SW.
4 Estojo de Metal vazio calibre .32Auto.
5 Estojo de Metal vazio calibre .25Auto.
6 Estojo de Metal vazio calibre .38 Super Auto.
7 Estojo de Metal vazio calibre .380Auto.
8 Estojo de Metal vazio calibre .44 Magnum.
9 Estojo de Metal vazio calibre .32SWL.
10 Estojo de Metal vazio calibre .38SPL.
11 Estojo de Metal vazio calibre .32S&W.
12 Estojo de Metal vazio calibre .357 Magnum.
13 Estojo de Metal vazio calibre .38 SPL + P.
14 Estojo de Metal vazio calibre .38 SPL Curto.
15 Estojo de Metal vazio calibre .44-40 Winchester.
16 Estojo de Metal vazio calibre .30 M1.
17 Estojo de Metal vazio calibre .30-06.
18 Estojo de Metal vazio calibre .308 Winchester.
19 Estojo de Metal vazio calibre .243 Winchester.
20 Estojo de Metal vazio calibre 6,5 x 55 mm.
21 Estojo de Metal vazio calibre .22-250 Remington.
22 Estojo de Metal vazio calibre 7,62 x 39 mm.
23 Estojo de Metal vazio calibre .223 Remington.

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3 – Propelente (Pólvora)

Propelente ou carga de projeção é a


fonte de energia química capaz de arremessar o
projétil à frente, imprimindo-lhe grande
velocidade. A energia é produzida pelos gases
resultantes da queima do propelente, que
possuem volume muito maior que o sólido
original. O rápido aumento de volume de
matéria no interior do estojo gera grande
pressão para impulsionar o projétil.
A queima do propelente no interior do
estojo, apesar de mais lenta que a velocidade
dos explosivos, gera pressão suficiente para
causar danos na arma, isso não ocorre porque
o projétil se destaca e avança pelo cano,
consumindo grande parte da energia produzida.

Há dois tipos de pólvora: negra e branca.

a) Pólvora Negra - (ou com fumaça) é constituída de uma mistura de enxofre, salitre,
carvão.

b) Pólvora Branca - (ou sem fumaça) é constituída, fundamentalmente de: nitroglicerina,


nitrocelulose, ou algodão pólvora. A qualidade desta pólvora é melhorada pelo acréscimo
de picratos e bicrometos.

O uso de ambos tipos de pólvora é muito difundido e a munição de um mesmo calibre pode ser
fabricada com um ou outro tipo.

Atualmente, o propelente usado nos cartuchos de armas de defesa é a pólvora branca


(química) ou pólvora sem fumaça. Desenvolvida no final do século passado, substituiu com
grande eficiência a pólvora negra, que hoje é usada apenas em velhas armas de caça e
réplicas para tiro esportivo. A pólvora química produz pouca fumaça e muito menos resíduos
que a pólvora negra, além de ser capaz de gerar muito mais pressão, com pequenas
quantidades.

Dois tipos de pólvoras sem fumaça são utilizados atualmente em armas de defesa:

Pólvora de base simples: fabricada a base de nitrocelulose, gera menos calor durante a
queima, aumentando a durabilidade da arma; e

Pólvora de base dupla: fabricada com nitrocelulose e nitroglicerina, tem maior conteúdo
energético.

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4 – Espoleta

A espoleta é um pequeno invólucro de metal que contém a mistura detonante (como uma carga
de fulminato de mercúrio), e uma bigorna, utilizado em cartuchos de fogo central.
A mistura detonante, é um composto que queima com facilidade, bastando o atrito gerado pelo
amassamento da espoleta contra a bigorna, provocada pelo percussor; A queima dessa
mistura gera calor, que passa para o propelente, através de pequenos furos no estojo,
chamados eventos, atingindo assim o propelente e gerando o disparo

Os tipos mais comuns de espoletas são:

Boxer: muito usada atualmente, tem a bigorna presa à espoleta e se utiliza de


apenas um evento central, facilitando o desespoletamento do estojo, na recarga;

Berdan: utilizada principalmente em armas de uso militar, a bigorna é um


pequeno ressalto no centro da base do estojo estando a sua volta dois ou mais eventos;

Bateria: utilizada em cartuchos de caça, tem a bateria incorporada na


espoleta de forma a ser impossível cair, facilitando o processo de recarga
do estojo.

Outros tipos de espoletas foram fabricados no passado, mas hoje são raros de serem
encontrados.

ESPECIFICAÇÃO DE ESPOLETAS (PADRÃO CBC)


Small Pistol 1 ½ Tipo Boxer Utilização: Cartuchos para Armas Curtas do calibre .25 Auto ao .38
SPL.
ESPOL CBC 2 ½ LARGEPISTOL Tipo Boxer Espoleta tipo Boxer, para recarga de cartuchos para armas curtas do
calibre .44 e .45 e de cartuchos para armas longas no calibre.38-40 e
.44-40
ESPOL CBC 5 ½ (4,43E0,52P23) Tipo Boxer Espoleta tipo Boxer, para recarga de cartuchos .357 Magnum.
Também recomendada para o .22 Hornet, .30 M1 e .223 Remington.
ESPOL CBC 7 ½ (4,43E0,65P24,5) Tipo Boxer Espoleta tipo Boxer, para recarga de cartuchos para armas longas de
pequeno calibre, em especial o 5,56 x 45 mm na versão militar
(OTAN).
ESPOL CBC 9 ½ (5,35E0,70P37,5) Tipo Boxer Espoleta tipo Boxer, para recarga de cartuchos para armas longas tais
como, .30-06, 6,5 x 55 mm, 7 x 57 mm, .308 etc.
209 Tipo Boxer
Utilização: Cartuchos de caça de plástico em calibres 12, 16, 20 e 36.
CÁPSULA CBC No 56 6,45MM Tipo Berdan
TUPAN Cápsula Tupan, tipo Berdan, para recarga dos estojos Presidente.

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5 – Bucha

A bucha é empregada em alguns tipos de armas de caça de retro-carga ou de ante-


carga. Nas armas de retro-carga é utilizado o estojo de papelão ou de matéria sintética,
montado em fundo de metal. O estojo é preparado da seguinte maneira: coloca-se uma carga
de pólvora, uma bucha, uma carga de chumbo, outra bucha. As buchas tem a finalidade de
conterem e comprimirem as cargas de pólvora e de chumbo. Nas espingardas de ante-carga,
naturalmente, não se pode usar estojo; coloca-se, no próprio cano que é fechado no fundo,
uma carga de pólvora , uma bucha, uma carga de chumbo, outra bucha: as buchas são
colocadas com a mesma finalidade acima referida.

86
12.1 CALIBRE

Genericamente, calibre é a dimensão utilizada para definir ou caracterizar um tipo de


munição ou arma. Varia de arma para arma, indo, nas armas curtas, até .50 AE (Action
Express, nome da empresa que o criou. Não deve ser confundido com o .50 BMG, ou 12,7 x
99mm), como a pistola Desert Eagle, de Israel. O calibre é o critério mais comum para a
distinção entre arma de fogo de uso restrito e de uso permitido.
Na prática, os calibres recebem várias designações. Por exemplo: existem cerca de 20
calibres cujos projéteis têm, nominalmente, 9 mm de diâmetro. Para diferenciá-los, vários
sistemas foram criados.

Os Calibres podem ser expressos nos seguintes sistemas :

1. Imperial, em centésimos ou milésimos de polegada (EUA, Grã-Bretanha e


países por esta colonizados),

2. Métrico decimal, também chamado internacional (milímetros).

No sistema Imperial, a designação pode ser acompanhada do indicativo da empresa


que desenvolveu o calibre, ou do peso do projétil e/ou da carga do propelente, em grains. Ex.:
.223 Remington, .45-70. O calibre é fornecido em centésimos ou milésimos da unidade.
Exemplo: 9,65 mm é o mesmo que .38 (ponto trinta e oito), ou seja 38 centésimos de polegada,
correspondendo ao popular 38, equivalente teoricamente a .380, que é igual a 380 milésimos
de polegada. Já 357 ou .357, significa 0,357’’ (9,0678 mm). Então, .22 (5,588 mm) é o mesmo
que 0,22’’. Assim, 7,62 mm e 7,65 mm se aproximam do calibre .30, enquanto 10,16 mm
corresponde ao .40 e 11,176 mm ao .44. O ponto, na notação americana, equivale à vírgula na
nossa, como em US$ 0.40 (quarenta centavos de dólar), desprezando-se o zero na designação
do calibre. Tal correspondência admite ligeiras variações e são diferenciadas geralmente em
função do tipo e potência da munição.

Quando um cano de arma de fogo é


fabricado, ele é furado, alargado e lapidado até
um pré-determinado diâmetro, de acordo com
cada calibre. Este diâmetro, medido antes da
usinagem do raiamento, é chamado de "calibre
real" ou "diâmetro entre cheios". Após a
execução do raiamento, surge um novo
diâmetro, que é medido entre os fundos de
raias opostas, e que é chamado de "calibre do
projétil" ou "diâmetro entre fundos",
correspondendo ao calibre do projétil a ser
utilizado naquele cano, desta forma, temos :

Calibre da arma:
É o diâmetro interno do cano de uma arma, medido antes de se efetuar o respectivo
raiamento (calibre real).

Calibre do projétil:
É o diâmetro externo do projétil (calibre nominal).

O diâmetro do projétil é maior que o calibre real, e desta forma, ao ser disparado, o
projétil é forçado contra as raias, adquirindo, durante sua passagem pelo cano, a rotação
determinada pelos sulcos do raiamento e a estabilidade necessária para sua trajetória.

Há que se considerar, também, que o calibre, na câmara, onde se aloja o cartucho, é


ligeiramente superior ao do cano, a fim de acomodar a cápsula ou estojo, que contém a bala.
Portanto, a dimensão da munição nem sempre coincide com a da arma, motivo por que se
admite a mesma munição calibre .38 e .357, equivalentes, grosso modo, ao calibre 9 mm
(.354). Por outro lado, o revólver .32 ‘‘calça’’ a munição do calibre da pistola 7,65, não

87
ocorrendo o inverso porque o cartucho da munição do revólver não possui a aba ou culote, que
permite a extração do estojo automaticamente, após cada tiro, na pistola.

No sistema decimal, usa-se a combinação do diâmetro do projétil com o comprimento


do estojo, por exemplo, o 9mm Parabellum tem a designação 9x19mm, sendo que o primeiro
número se referencia ao calibre e o segundo ao comprimento do cartucho. Outro exemplo seria
o conhecidíssimo 7.62x51mm Nato.

RELAÇÃO ENTRE OS TRÊS SISTEMAS, ENTRE OS CALIBRES MAIS UTILIZADOS:


Centésimos de Polegada (EUA) Milésimos de Polegada (ING) Sistema Decimal (FRA)
.22 " .220 5,56 mm
.25 " .250 6,35 mm
.30 " .300 7,62 mm
.32 " .320 8,13 mm
.38 " .380 (.375,.360) 9,65 mm
.44 " .440 (.442) 11,18 mm
.45 " .450 (.455) 11,43 mm

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DESCRIÇÃO DE ALGUNS CALIBRES:

.32, .320, 7,65mm, .32 auto, .32 S&W são semelhantes em designação, mas variam em
diâmetro real (entre 309 e 320) e peso de projétil, e no comprimento do estojo.

.380 é equivalente a 0,38 polegadas, mas na realidade a medida é 0,357 polegadas (9 mm).
(usado para pistola).

.380 ACP – Automatic Colt Pistol: nome que se refere ao fabricante das primeiras armas no
calibre. Na Europa, é comum denominar-se 9 mm Browning (curto), nome do projetista da
munição.

.38 Auto – para pistola; o auto é de semi-automática ou automática; também chamado de .38
Super.

.38 S&W – Smith & Wesson – projetista da munição.

.38 é equivalente a 0,38 polegadas, mas na realidade a medida é 0,357 polegadas (9 mm).

.38 SPL – especial (estojo maior, com mais propelente).


Os primeiros cartuchos da família .38 de fogo central mantinham o diâmetro de .380”, até que
em 1875, com o lançamento do .38 Long Colt, o diâmetro foi alterado para .357/.358” (9,04 a
9,09 mm), muito longe de ser um .38” (9.65 mm), apesar de ser mantida a denominação
original de calibre .38.
Em 1902, a Smith & Wesson (EUA) lançou no mercado o calibre .38 SPECIAL, que tornou-se
um dos calibres mais populares do mundo, projetado para ser utilizado em seu revólver Military
& Police.

.38 SPL +P – mais propelente, tendo mais pressão, potência, velocidade e energia.
A munição .38 SPL+ P ( “plus power”, “plus pressure”, mais força , mais pressão) é um
desenvolvimento natural do calibre .38 criado no início do século.
A munição +P é aquela que opera com pressões acima do padrão do calibre, mas ainda dentro
dos limites das margens de segurança estipulados pelos fabricantes de armas.
Em 1974, o Instituto de Fabricantes de Armas e Munições Esportivas (S.A.A.M.I.) dos EUA
normatizou a nomenclatura +P de acordo com as características técnicas de cada calibre. O
calibre .38 opera a um teto de 18900 c.u.p. (Cooper Units of Pressure) sendo que o teto
estabelecido para o .38 SPL + P é de 22400 c.u.p. Armas de boa procedência com manufatura
recente e robusta podem utilizar tal munição, porém seu uso constante ou excessivo acarreta
um desgaste prematuro da arma . Os revólveres TAURUS calibre .38 fabricados a partir de
setembro de 1988, cujo número de série é procedido das letras HI em diante, bem como os
revólveres ROSSI fabricados a partir de janeiro de 1979 são dimensionados para atuar com
munição .38 SPL + P, devido a alterações efetuadas na dureza dos tambores dessas armas,
executadas pelos fabricantes.
É importante frisar que o uso contínuo de munição +P pode reduzir a vida útil da arma que a
utiliza, em especial as de pequenas dimensões, podendo exigir ajustes periódicos em seu
mecanismo.
Com o maior recuo da arma decorrente de maior potência do cartucho, é aconselhável que o
atirador efetue prévio treinamento com tal munição, adequando inclusive o ponto de visada
(armas de mira fixa) ou regulando o seu sistema de pontaria (miras reguláveis).

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.38 SPL +P+
O conceito +P foi levado ao extremo quando foi fabricado uma escala limitada para órgãos de
segurança norte-americanos de uma munição .38 SPL denominada +P+, que atua na faixa dos
25 000 c.u.p. Essa pressão atua muito próxima do limite suportável por uma arma calibre .38
de médias dimensões. O resultado obtido em ganho de energia e velocidade não compensa se
levarmos em conta os riscos decorrentes de sua utilização , a não ser quando empregadas em
armas Magnum.

Calibre Peso Proj. Veloc. m/s Veloc. pés/s Energia lb/pé

.38 SPL 158 grains 274 900 200

.38 SPL+p 125 grains 283 930 275

.38 SPL+p+ 90 grains 301 990 296

.9 mm Luger /(9 mm Parabellum)


“Si Vis Pacen Para Bellum”- Se queres a paz, prepara a guerra -
Este cartucho criado pela DWM da Alemanha em 1902 para utilização na pistola militar Luger,
passou a ser utilizado posteriormente por toda a Marinha e Exército alemães. Pelas suas
características, é o cartucho para armas automáticas e semi-automáticas que obteve a maior
aceitação pelas forças militares e policiais do mundo. Destaca-se a alta velocidade de seu
projétil aliado ao pequeno tamanho do cartucho, que possibilita a utilização de carregadores de
grande capacidade em armas compactas. Essa particularidade fez nascer nos EUA o conceito
“wonder-nine”,que nada mais era do que a exaltação das pequenas pistolas nesse calibre, com
carregadores de alta capacidade, classificadas então, como armas de grande poder de fogo.
O cartucho 9 mm Luger, quando utilizado com projétil ogival, totalmente encamisado, possui
bom poder de penetração, porém com pequena deformação, reduzindo o seu poder de parada.
Já com projéteis modernos, do tipo ponta-oca (EXPO, Hidra-Shock, Silver Tip, Black Talon,
entre outras designações comerciais ), ou especiais ( Glaser - projétil norte-americano ), o seu
poder de parada aumenta consideravelmente, pelo aproveitamento da grande velocidade do
projétil, que ao chocar-se com o alvo deforma-se mais facilmente.
Tais características levaram o calibre 9 mm Luger a ser adotado por diversas forças armadas
em substituição ao calibre .45, a exemplo do Brasil, e até mesmo nos EUA, que utilizavam o
.45 pelas suas características peculiares e inclusive pela tradição, mas que ocupava muito
espaço nos carregadores das armas.

.357 Magnum
Lançado juntamente com um revólver de armação pesada fabricado pela Smith & Wesson, o
calibre .357 Magnum surgiu no mercado americano em 1935, desenvolvido pela Winchester
CO. em parceria com a Smith & Wesson, buscando alcançar um desempenho elevado em
termos de balística, trabalhando na faixa de 48.500 c.u.p. Possui um cartucho alongado em
.14” ( 3,56 mm) em relação ao estojo do .38 SPL, visando impedir a sua introdução em
tambores de revolveres .38”.
Normalmente carregado com pólvora de base dupla, utiliza espoletas de maior poder iniciador,
do tipo “Small Pistol Magnum”. Tal calibre é utilizado por Oficiais da PM e por pequenos grupos
especializados das polícias civis e militares, mas seu uso requer critério e bom senso. Sendo
uma munição de alta potência, tem grandes chances de atingir outro alvo, além do desejado.
Sua energia pode acarretar consequências indesejadas quando utilizado em locais com público
ou contra obstáculos de baixa resistência, como paredes de madeira, etc. A menos que se
utilize um projetil altamente expansivo e deformável, este transporá o alvo, atingindo outros
mais adiante.
Peso do Projétil Veloc. m/seg Energia lb/pé

.357 Magnum 158 grains 376 535


.357 Maximum 158 grains 556 1168

90
. 357 Maximum
Oriundo da parceria entre Remington e Sturm,Ruger e CO., (1983) utiliza o cartucho .357
Magnum alongado em .300”, capaz de operar na faixa de 50.000 c.u.p., ou seja, semelhante à
potência obtida por calibres de fuzis.
Devido ao excesso de potência, quando utilizado em revólveres, apresenta um fenômeno de
erosão no cone de forçamento dos canos ( parte inicial do cano do revólver, próximo ao
tambor) e na parte superior da armação ( “gas cutting” ou corte pelos gases da pólvora),
apresentado na primeira centena de tiros, reduzindo rapidamente a vida útil da arma.
Superior em potência ao .357 Magnum, é inviável o seu uso no policiamento. É muito utilizado
nos EUA para o tiro à silhueta metálica, onde é necessária grande energia.

. 40 S&W
A idéia da Smith & Wesson, materializada pela empresa americana Winchester, ganhou vida
na forma de um “10 mm mais curto” , com menor carga propelente, pois os diâmetros dos
projéteis utilizados por aquele cartucho e o .40 S&W são idênticos (.400”/.401”).
É um cartucho que reúne diversas vantagens, como por exemplo, não ser excessivamente
largo como o .45, possuindo excelentes índices balísticos, comprovados em países de 1º
mundo, boa performance no uso militar e policial, além de ser considerado atualmente como
ideal no uso esportivo.
Estatísticas publicadas nos EUA garantem que o seu “Stopping Power” chega a 96% de
eficiência (projétil de ponta-oca), superando o calibre .45, historicamente conhecido como mais
eficaz. Além disso, o calibre .40 S&W assemelha-se ao .45 quanto à sua operação na arma,
sem falhas significativas, ao contrário do 9 mm Luger, que é naturalmente mais seletivo quanto
à configuração dos itens utilizados na sua carga ou recarga. Cabe citar aqui que uma
comparação entre os calibres 9 mm, .40 S&W e .45 ACP é natural, pois a competição entre o 9
mm e o .45 já é histórica , quanto à eficiência no uso militar, policial e para a defesa do civil. O
calibre .40 S&W veio somar-se à dupla, apesar de ser considerado como uma munição que
ainda encontra-se na sua “infância” em termos de mercado, pois foi lançado em 1990.
A industria de material bélico se esmera no aprimoramento de produtos para utilização deste
calibre, com o cuidado de projetar armas mais robustas, com detalhes reforçados, tendo em
vista que o calibre .40 S&W realiza uma enérgica operação de ferrolho ( recuo do ferrolho,
posterior ao disparo ), gerando stress à estrutura da arma.

.44
Apesar de já ser utilizado em diversas armas curtas nos anos de 1864/65, como em pistolas de
tiro único, sendo produzidas na época com cartuchos de fogo circular, o calibre .44 evoluiu ao
longo dos anos na forma de mais de 25 tipos de cartuchos diferentes.
Hoje é comercializado em 3 configurações diferentes, conhecidos com os nomes de .44
Special, .44-40 WCF (Winchester Center Fire), e .44 Remington Magnum.
O .44 Special é uma evolução de um cartucho elaborado para utilização militar na Rússia. Com
o advento da pólvora sem fumaça, tal cartucho cresceu comercialmente e hoje é utilizado em
várias armas no mercado americano e europeu. Taurus e Rossi fabricam para exportação
excelentes armas nesse calibre.
O .44-40 WCF , sendo um calibre originalmente lançado para ser utilizado em uma carabina
(Winchester Modelo 1873), tornou-se popular inclusive no Brasil, onde o Ministério do Exército
autoriza a utilização desse calibre para armas longas. A Amadeo Rossi fabrica a carabina
Puma e a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) o cartucho nesse calibre.
O .44 Remington Magnum é considerado calibre proibido no Brasil, e não é aconselhável a sua
utilização por principiantes. Com o precedente aberto pelo calibre .357 Magnum em relação ao
.38 Special, Elmer Keith - atirador conhecido nos EUA - desenvolveu o .44 Magnum
aumentando a cápsula do .44 Special em 1/8 de polegada, para impedir a utilização em armas
que não fossem projetadas para o novo calibre, que trabalhava com altas pressões (43.200
c.u.p.).
É hoje conhecido como “The Big .44” (“O Grande .44”), alcançando o status de ser a mais
poderosa munição para caça e defesa para armas curtas no mundo. Apesar disso, não tem
grande aceitação no uso policial devido ao fato que os revólveres que a calçam são
extremamente grandes, além do grande recuo do calibre, que torna praticamente impossível
efetuar disparos rápidos e seguidos com aproveitamento.
Esportivamente, é utilizado em revólveres e pistolas de tiro único para a modalidade de
silhuetas metálicas.

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CALIBRE PESO PROJET. VELOCIDADE OBS.

.44 Special 246 grains 230 m/s cano de 6”

.44-40 WCF 200 grains 362 m/s cano de 24”

.44 Magnum 240 grains 536 m/s cano de 20”

. 45 ACP
Apesar de ser um cartucho com projétil e estojo muito largos, dificultando a utilização em armas
compactas , é credenciado como uma das melhores munições para defesa . Combina um
projétil largo e pesado disparado a baixa velocidade, com um grande “stopping power”.
Além de ser desenvolvido na forma de aproximadamente 40 cartuchos diferentes, em 1911 ,
juntamente com a conhecida pistola Colt modelo 1911, foi criado por Jonh M. Browning o
calibre .45 ACP (Automatic Colt Pistol), que hoje é considerado pelos atiradores como o “be-a-
bá” para quem está iniciando na recarga de cartuchos para armas semi-automáticas, tal a
facilidade de combinação de insumos (pólvora, projétil, etc.) e a incrível tolerância por parte dos
mecanismos das pistolas na utilização dessas recargas. O Brasil utilizou o calibre .45 ACP até
1972/73 em suas Forças Armadas, substituindo-o pelo calibre 9 mm Luger.
Encontramos aficcionados nos meios civis e militares pelo .45 e pelas armas que o utilizam (as
“bocudas”, assim carinhosamente chamadas em referência ao largo calibre), que não abrem
mão deste diâmetro, mesmo com o lançamento de calibres mais modernos. É um calibre
autorizado aos civis somente para competições de tiro prático (IPSC).

Calibre de arma não raiada (espingardas genéricas) – obtém-se o calibre de arma não
raiada pelo número de esferas de chumbo puro, de diâmetro igual ao do cano em referência,
necessário para atingir 1 (uma) libra de peso (454 g). Ex.: num calibre 12, são necessárias 12
esferas de chumbo com o diâmetro igual ao diâmetro interno do cano para se atingir 1 (uma)
libra de peso. Assim, quanto maior o número, menor o diâmetro do cano. Em inglês, diz-se que
essas armas têm gauge (medida, pronunciada guêigue), e não calibre. Existem, porém,
exceções, como o calibre 36, que também é conhecido como .410, que é o diâmetro interno do
cano.
Outra particularidade quanto às espingardas é o choke, estrangulamento do cano a
partir da culatra, visando a maior alcance e melhor distribuição do tiro.

92
ALGUMAS MUNIÇÕES PARA PISTOLAS

.25 Auto
CART CBC 25AUTO ETOG 50GR
Cartucho para Armas Curtas Semi-Automáticas no calibre .25 com projetil Encamisado Total
Ogival de 50 grains.

.32 Auto
(1) CART CBC 32AUTO ETOG 71GR
.32 com projetil Encamisado Total Ogival de 71 grains.

(2) CART CBC 32AUTO EXPO 71GR


.32 com projetil Expansivo Ponta Oca de 71 grains.

.380 Auto
(1) CART CBC 380AUTO+P EXPO 95GR SILVERP
Cartucho Silver Point, com mais pressão (+ P) para Armas
Curtas Semi-Automáticas no calibre .380 com projetil
Expansivo Ponta Oca de 95 grains.
(2) CART CBC 380AUTO+P ETOG 95GR SILVERP
Cartucho Silver Point, com mais pressão (+ P) para Armas
Curtas Semi-Automáticas no calibre .380 com projetil
Encamisado Total Ogival de 95 grains.
(3) CART CBC 380AUTO ETOG 95GR
Cartucho para Armas Curtas Semi-Automáticas no calibre
.380AUTO com projétil Expansivo Ponta Oca de 95 grains.
(4) CART CBC 380AUTO EXPO 95GR
Cartucho para Armas Curtas Semi-Automáticas no calibre .380 com projetil Expansivo Ponta Oca de 95 grains.
(5) CART CBC 380AUTO+P EXPO 85GR GOLD
Cartucho Gold, com mais pressão (+ P) para Armas Curtas Semi-Autmáticas no calibre .380 com projétil Expansivo
Ponta Oca de 85 grains.

9mm Parabelum
(1) Projétil ETOG 124 gr
(2) Projétil EXPP "Flat" 95 gr
(3) Projétil EXPO 115 gr +P+
(4) Projétil CHOG 124 gr
(5) Projétil ETOG 115 gr
(6) Projétil EXPO 115 gr

93
.38 Super Auto
(1) CART CBC .38 Super Auto + P CHOG 160GR
(2) CART CBC .38 Super Auto + P ETOG 125GR
.

.40 S&W
(1) CART CBC 40SW EXPO 180GR
(2) CART CBC 40SW ETPP 180GR
(3) CART CBC 40SW CSCV 160GR
(4) CART CBC 40SW EXPO 155GR

.45 Auto
(1) CART CBC 45AUTO ETOG 230GR
Cartucho para Armas Curtas Semi-Automáticas no calibre .45 Auto com
projetil Encamisado Total Ogival de 230 grains.
(2) CART CBC 45AUTO ESCV 230GR
Cartucho para Armas Curtas Semi-Automáticas no calibre .45 Auto com
projetil Encamisado Total Semi canto Vivo de 230 grains.
(3) CART CBC 45AUTO CSCV 200GR COMP
Cartucho para Armas Curtas Semi-Automáticas no calibre .45 Auto com
projetil Chumbo Semi Canto Vivo de 200 grains.

94
ALGUMAS MUNIÇÕES PARA REVÓLVERES

.32 S&W e S&WL


(1).32SW CHOG 85GR - Projetil Chumbo Ogival de 85 grains.
(2).32SWL CHOG 98GR - Projétil Chumbo Ogival de 98 grains.
(3).32SWL CHCV 98GR - Projetil Chumbo Canto Vivo de 98 grains.
(4).32SWL EXP0 98GR - Projetil Expansivo Ponta Oca de 98 grains.
(5).32SWL EXP0-SP 98GR SILVERP - Projetil Expansivo Ponta Oca de 98
grains.

.38 Special
(1) .38SPLCURTO CHOG 125GR
(2).38SPLTREINA CHOG 125GR – Para Treinamento
(3).38SPL CHOG 158GR - Chumbo Ogival de 158 grains.
(4).38SPL CSCV 158GR -Chumbo Semi Canto Vivo
(5).38SPL CHCV 148GR - Chumbo Canto Vivo
(6).38SPL EXP0 158GR - Expansivo ponta oca para
treinamento.
(7).38SPL+P EXPO 125GR - Cartucho com mais pressão
(+P) com projetil Expansivo Ponta Oca de 125 grains.
(8).38SPL+P EXPO 158GR - Cartucho com mais pressão
(+P) com projetil Expansivo Ponta Oca de 158 grains.
(9).38SPL+P ETOG 125GR SILVERP - Silver Point com mais pressão (+P) Encamisado Total Ogival de 125 grains.
(10).38SPL+P+EXPO 125GR SILVERP - Silver Point com alta pressão (+P+) Expansivo Ponta Oca de 125 grains.
(11).38SPL FESTIM ESTRELA CURTO - .38 SPL curto com projetil de Festim tipo estrela.

.357 Magnum
(1) .357MAG EXPP 158GR - Expansivo Ponta Plana de 158 grains.
(2) .357MAG CSCV 158GR -Chumbo Semi Canto Vivo de 158 grains.
(3) .357MAG EXPO 158GR - Expansivo Ponta Oca de 158 grains.
(4) .357MAG EXPO 125GR - Projetil Expansivo Ponta Oca de 125
grains.

.44 Magnum
.44REM MAGNUM EXPP 240GR - Projetil Expansivo Ponta Plana de 240 grains.

95
ALGUMAS MUNIÇÕES DE FOGO CIRCULAR

.22 Fogo Circular (armas curtas e longas)


(1) .22LR CHOG 40GR SV - Projetil para uso geral, tiro informal e caça de
pequenos animais ou predadores.
(2) .22CURTO CHOG 29GR SV - Projetil uso geral, caça de predadores
de muito pequeno porte. Alcance, energia e estampido reduzido.
(3) .22LR CHOG 40GR SVPRACTICE - Para treinamento de competição
de tiro ao alvo em diversas modalidades.
(4) .22LR CHPO 40GR PRACTICE - Para treinamento de competição de
tiro ao alvo em diversas modalidades.
(5) .22CART CBC 22 CH-1229GR EXPRESSO - Porjétil contendo 1,6
gramas de chumbo nº 12. Destina-se a caça ou abate de pequenas aves e
outros animais.
(6) .22LR CHOG 40GR LATONADO HV - Para treinamento de competição de tiro ao alvo em diversas modalidades.
(7) .22LR CHPO 33GR HYPV - Projétil Latonado Hyper Velocity, para caça de animais de pequeno e médio porte.
(8) .22LR CHPO 36GR HVCOB - Projetil cobreado High Velocity, para uso geral, com excelente precisão.
(9) .22CURTO CHOG 29GR TRSIL - Projetil específico em competições de tiro rápido às silhuetas.
(10) .22LR FESTIM - Projetil de Festim. Para uso em competições como corridas, onde só é necessário o estampido.
(11) .22LR CHPO 40GR PRACTICE - (Sub-sônico) Para treinamento de competição de tiro ao alvo em diversas
modalidades.

96
ALGUMAS MUNIÇÕES PARA ARMAS LONGAS RAIADAS

FUZIL 7,62x51mm (.308 Winchester)


(1) Projétil ETPT 150 gr (Ball)
(2) Projétil Perfurante 147 gr
(3) Projétil AP-HC (Perfurante com núcleo de metal
duro) 128 gr
(4) Projétil Traçante 135 gr
(5) Projétil Incendiário 145 gr (M77)
(6) Festim
(7) Lança Granada
(8) Projétil ETPT "Boat Tail Match" 162 gr
(9) Projétil EXPT 150 gr

Perfurante
Incendiário Núcleo Metal
Cartucho Comum Traçante Perfurante M77 Duro Competição Festim

Peso (g) 24 22,5 24,9 24,2 23 24,8 13,4


Comprimento
(mm) 71,1 71,1 71,1 71,1 71,1 71,1 69,8

FUZIL 7,62x39mm

CART CBC 7,62x39 COM 122GR - Encamisado Total Pontiagudo de 122


grains.

FUZIL 6,5x55mm

CART CBC 6,5X55 COMP ETPT 143,5GR - Encamisado Total Pontiagudo de


143,5 grains.

97
FUZIL 5,56x45mm (.223 Remington)
(1) Projétil EXPT 55 gr
(2) Projétil Perfurante
(3) Projétil Traçante 52 gr (M196)
(4) Projétil SS109 62 gr
(5) Festim (M200)
(6) Lança Granada
(7) Projétil ETPT 55 gr (M193)

Cartucho Comum M193 Traçante M196 Comum SS-109 Festim M200


Peso (g) 11,5 11,4 12,1 7,7
Comprimento (mm) 57,4 57,4 57,4 57,4

FUZIL .30-06 (7,62x63mm)


(1) CART CBC 7,62X63(30) COM M2 - Pontiagudo
(2) CART CBC .30-06 (7,62X63 mm) PERF 165GR - Perfurante
(3) CART CBC .30-06 (7,62X63 mm) TRAÇANTE 144 GR (M1) -
Traçante
(4) CART CBC .30-06 (7,62X63) mm INCENDIÁRIO 150 GR (M1) -
Incendiário
(5) CART CBC .30-06 (7,62X63 mm) FESTIM (M1 909) - Festim
(6) CART CBC .30-06 (7,62X63 mm) EXPT 150GR - Expansivo

.30-M1 (Carbine)

(1) CART CBC ETOG 110GR - Encamisado Total Ogival de 110


grains.
(2) CART CBC FESTIM

98
.243 WICHESTER)

CART CBC 243WIN EXPT 6,48G - Expansivo Pontiagudo de 100 grains.

.38-40 (.38 WICHESTER)


Outras Designações: 38 WCF (Winchester Center Fire)

Introduzido em 1882 pela Winchester para uso em sua Carabina Modelo


1873. A Colt e a Smith & Wesson logo em seguida lançaram revólveres para
o cartucho.

CART CBC 38-40WINCHPP 180GR - chumbo Ponta Plana de 180 grains.

.44-40 (.44 WICHESTER)

CART CBC 44-40WINCHPP 200GR - Chumbo Ponta Plana de 200 grains.

99
.50mm Browning (12,7 x 99 mm)
(1) Projétil API-T 612 gr Perfurante Incendiário
Traçante (M20)
(2) Projétil Traçante 584 gr (M33)
(3) Projétil API 658 gr Perfurante Incendiário (M8)
(4) Projétil FMC 698 gr (Ball M2)
(5) Projétil AP 702 gr Perfurante (M2)
(6) Projétil Traçante 658 gr (M1)
(7) Projétil API-HC 722 gr Perfurante Incendiário -
núcleo de metal duro
(8) Projétil AP-HC 760 gr Perfurante com núcleo de
metal duro
(9) Projétil Traçante 630 gr (M17)
(10) Projétil Incendiário 630 gr (M1)
(11) Projétil FMC 655 gr (Ball M33)

Comum Comum Traçante Traçante Traçante Perfurante


Cartucho Incendiário M1
M2 M33 M1 M33 M1 M2
Peso (g) 117 112 114,5 112 112,7 117 115,7
Comprimento (mm) 138,4 138,4 138,4 138,4 138,4 138,4 138,4

Perfurante Perfurante
Cartucho Perfurante Traçante Perfurante Incendiário
Incendiário Incendiário Núcleo Metal Núcleo de
M8 M20 Duro Metal Duro

Peso (g) 113 114 123 123


Comprimento (mm) 138,4 138,4 138,4 138,4

.50mm M8C (12,7 x 76 mm)


Projétil Traçante Fumígeno 828 gr (M48 A1)

Cartucho Traçante Fumígeno M48 A1

Peso (g) 114

Comprimento (mm) 115

100
OUTRAS MUNIÇÕES

Da esquerda para a direita: .308 Win, .350 Rem Mag, .376 Steyr, .375 H&H

101
Tabelas Balísticas
V = Provete Ventilado

FOGO CENTRAL - ARMAS CURTAS


VELOCIDADE ENERGIA COMP. DO
PROJÉTIL
(m/s) (Joules) PROVETE
CALIBRE
PESO (mm)
TIPO BOCA 50 m BOCA 50 m
Grains Gramas
.25 Auto ETOG 50 3,24 232 216 87 76 51
.32 Auto ETOG 71 4,6 276 260 175 155 102
.32 Auto EXPO 71 4,6 276 260 175 155 102
.32 S&W CHOG 85 5,50 207 197 118 107 76
.32 S&WL CHOG 98 6,35 215 204 147 132 102 - V
.32 S&WL EXPO 98 6,35 237 225 178 161 102 - V
.32 S&WL EXPO-SP 98 6,35 260 246 215 192 102 - V
.32 S&WL CHCV 98 6,35 208 170 137 92 102 - V
.380 Auto ETOG 95 6,15 290 264 259 214 95
.380 Auto EXPO 95 6,15 290 264 259 214 95
.380 Auto + P ETOG 95 6,15 310 279 296 239 95
.380 Auto + P EXPO 95 6,15 310 279 296 239 95
.38 SPL CHCV 148 9,59 216 193 224 179 102 - V
.38 SPL CHOG 158 10,24 230 220 271 248 102 - V
.38 SPL CSCV 158 10,24 230 220 271 248 102 - V
.38 SPL EXPO 158 10,24 246 236 310 285 102 - V
.38 SPL + P ETOG 125 8,10 286 273 331 302 102 - V
.38 SPL + P EXPO 125 8,10 286 272 331 300 102 - V
.38 SPL + P EXPO 158 10,24 266 253 362 328 102 - V
.38 SPL + P + EXPO 125 8,10 310 293 389 348 102 - V
.38 SPL Curto CHOG 125 8,10 209 201 177 164 102 - V
.38 SPL Treina. CHOG 125 8,10 230 221 214 198 102 - V
.357 Magnum EXPP 158 10,24 376 337 724 581 102 - V
.357 Magnum EXPO 158 10,24 376 337 724 581 102 - V
.357 Magnum CSCV 158 10,24 376 339 724 588 102 - V
.40 S&W CSCV 160 10,37 335 312 653 505 102
.40 S&W ETPP 180 11,66 302 287 532 480 102
.40 S&W EXPO 180 11,66 302 287 532 480 102
.44 Rem Magnum EXPP 240 15,55 359 331 1022 852 102 - V
.45 Auto CSCV 200 12,96 290 262 545 445 127
.45 Auto ESCV 230 14,9 238 220 422 360 127
.45 Auto ETOG 230 14,9 255 245 484 447 127

102
TABELA BALÍSTICA - CALIBRES MAIS USUAIS
Calibre Projétil Peso do Projétil Velocidade* Energia*
(grains) (m/s) (Kgm)
.22 Curto CH/OG 29 319 9.6
.22 LR Standard CH/OG 40 332 14.5
.25 ACP ET/OG 50 232 8.8
.32 S&W Long EXPO 98 250 20.1
.32 ACP (7,65mm) ET/OG 71 276 17.8
.380 AUTO ET/OG 90 302 27.1
.38 SPL CH/OG 158 230 27.6
.38 SPL +P EXPO 158 270 38
9 mm Parabellum ET/OG 124 335 46.0
9 mm Parabellum EPO 115 354 47.5
.40 S&W EXPO 180 302 54.2
.45 ACP ET/OG 230 255 49.2
.357 Magnum SEPP 158 376 73.9
.357 Magnum SEPO 158 376 73.9
.32-20 CPP 100 369 44.9
.44-40 CPP 200 360 85.4
.223 Remington EP 55 988 177.3
7,62 x 39 mm EP 122 710 203.3
.308 Winchester EP 150 856 363.5
.308 Winchester EP 162 775 322.9
.30-06 Springfield EP 150 856 363.5

ALCANCE MÁXIMO DOS PRINCIPAIS CALIBRES


(elevação do cano 30º)
Calibre Peso do projétil Velocidade Inicial Alcance
(grains) (metros por segundo) (metros)
.22 LR 40 348 1456 (fuzil)
.32 S&W 98 237 1319
.380 ACP 95 295 1001
.38 SPL 158 260 1638
9 mmP 124 347 1729
.357 Magnum 158 435 2138
.45 ACP 230 249 1501
.30-06 Springfl 152 853 3185
.30-06 Springfl 172 792 5005
7,62 x 51 mm 147 853 4000

103
12.2 CARTUCHOS DE FOGO CENTRAL PARA DEFESA
PESSOAL

Quando o assunto é defesa pessoal e existe a necessidade de se portar uma arma


curta, a escolha da munição é extremamente importante, pois ela deve possuir energia e
projétil adequados para garantir a rápida incapacitação de um atacante.
As munições que melhor se enquadram nesta categoria são aquelas que possuem
projéteis do tipo EXPO (expansivo de ponta oca). No momento do impacto, estes projéteis
expandem seu diâmetro formando um "cogumelo", causando um choque traumático muito
superior ao dos projéteis convencionais.
Existem cartuchos carregados com projéteis EXPO nos calibres .32 Auto, .32 S&WL,
.380 Auto e .38 SPL. Há alguns anos foi lançada no mercado munição em calibre .38 SPL
destinada à defesa pessoal e conhecida por .38 SPL+P Esses cartuchos são conhecidos como
"mais pressão", "mais potência" ou "mais poder", pois possuem maior velocidade, energia,
impacto, deformação do projétil e, conseqüentemente, maior poder de incapacitação.
Existem também munições com características + P no calibre .380 auto. Além de +P+ em
calibre .38 SPL. Para utilização em situações onde o fator penetração seja importante, um novo
cartucho .38SPL +P com projétil totalmente encamisado também está disponível.
Para facilitar a identificação do cartuchos do tipo +P, além da inscrição +P gravada na
base, seus estojos possuem acabamento niquelado. Os cartuchos da linha Silver Point,
possuem além das inscrições da identificação gravadas na base, estojos e projéteis
niquelados.
O uso de munição +P ou +P+ deve ser restrito a armas de fabricação recente e de boa
procedência, projetadas para resistir ao acréscimo de pressão gerado. Em caso de dúvida,
deve-se sugerir que o cliente entre em contato com o fabricante da arma antes de utilizá-la
com essas munições.
Uma arma destinada à defesa pessoal deve ser disparada pelo menos a cada seis
meses visando:

Treinamento de tiro
Teste do perfeito funcionamento da arma
Limpeza e lubrificação da arma
Troca da munição

Munições Silver Point

104
12.3 Cuidados com a Munição
01. A munição deve ser verificada a cada semana, substituída a cada seis meses e depois de
cinco anos só deve ser disparada depois de um perito examiná-la.

02. Quando estocada, a munição deve ser “inventariada” para se poder fazer uma “rotatividade”
entre as velhas e as novas.

03. Guardar a munição na caixa original.

04. Usar a munição mais “antiga” primeiro.

05. Não colocar mais do que cinco caixas empilhadas.

06. Guardar no mesmo lugar para ter controle do estoque.

07. Guardar em área limpa e seca, onde não sofra com temperaturas altas e umidade, onde
não existam agentes corrosivos, ácidos, solventes, óleos, flamáveis, “máquinas estranhas”, e
onde a mesma esteja livre de impactos.

08. Cartuchos em “cartucheiras” devem ser “niquelados”.

09. Troque os cartuchos com “dentes”, trincas ou amassados, sinais de corrosão, deterioração
(verde), descolorização (preto ou branco) na cápsula, espoleta ou projétil.

10. Sob condições de restrito acesso a esta munição e estoque correto, ainda assim é ideal
substituir a munição a cada três anos ou menos.

11. Estocagem em temperaturas altas (acima de 53°C) ou variações de temperatura podem


causar deterioração interna, o que causa alta pressão na culatra da arma e outras alterações
de performance na balística.

12. A idade da munição não é tão importante quanto o modo que ela foi estocada.

13. Se a munição falhar, apontar em “lugar seguro” por pelo menos trinta segundos antes de
descarregar.

14. A arma deve estar limpa e seca, livre de óleos ou solventes.

105
13. BALÍSTICA
Entre o deflagrar da carga de projeção e o impacto do projétil no alvo, todos os
princípios da mecânica clássica se fizeram presentes, precedidos por princípios da
termoquímica e da termodinâmica. Através do estudo da balística, iremos compreender estes
fenômenos, aplicando-os no correto uso do armamento.
A Mecânica é a parte da física que estuda o movimento, assim como suas causas e
efeitos. O estudo das leis gerais da Mecânica constitui a chamada Mecânica Racional.
A Mecânica Aplicada se subdivide em três partes, a Cinemática, a Estática e a
Dinâmica.
A Cinemática estuda os movimentos, independente das causas que os produzem. A
Estática estuda as forças e os equilíbrios produzidos por elas. A Dinâmica, a seu turno, estuda
as relações entre a força e os movimentos que as produzem.
Estudando os movimentos e suas causas, é que se conseguiu a construção de
máquinas e mecanismos, como, por exemplo, as armas de fogo.
A Balística é uma parte da física, compreendida dentro da Cinemática e da Dinâmica,
que estuda o movimento dos corpos e projéteis no espaço. Por projétil entende-se todo o corpo
que se desloca livre no espaço, em virtude de um impulso recebido. Dentro do estudo da
balística, existem ramos específicos, dos quais se valem os homens para cálculos militares,
astronômicos e, até mesmo, esportivos; abordaremos a balística militar e alguns preceitos da
balística forense. A primeira estuda as armas e munições com objetivo de aprimorar seus
efeitos, enquanto a segunda, visa esclarecer provas e fatos do interesse da justiça. Estes dois
ramos possuem o mesmo objeto, porém o estudam com fins diversos.
A balística militar, ou especial, pode ser dividida em balística interior, balística exterior,
e balística de efeitos (ou terminal), como veremos a seguir.

106
13.1 Balística Interna

Também denominado balística interior, este ramo estuda a estrutura, mecanismo,


funcionamento e técnica de disparo da arma, assim como a mecânica do disparo e os efeitos
da munição dentro das mesmas, até que o projétil a abandone.

Mecânica do disparo

Já foi visto que as armas utilizam a pressão dos gases resultantes da queima da pólvora para
projetar um corpo no espaço.

A mecânica do disparo pode ser assim dividida:

1. Percussão - uma vez que o cartucho de munição esteja alojado na câmara da arma, a
percussão ocorre com o ato de pressionar-se o gatilho, liberando o percussor, que se projeta
em direção à espoleta do cartucho, atingindo-a;

2. Iniciação da espoleta - A espoleta, ao ser atingida, detona a carga de explosivo contida em


seu interior, produzindo uma fagulha que se comunica com a carga de projeção através do
evento existente no alojamento da espoleta;

3. Queima da carga de projeção - A carga de projeção, em contato com esta fagulha, se


aquece, numa reação química exotérmica, entrando em ignição, queimando e gerando, nesta
reação, uma grande quantidade de gases, cujo volume ocupa maior espaço no estojo,
acarretando um aumento controlado, mas muito rápido, da pressão interna do cartucho. Essa
pressão poderia explodir a câmara da arma, caso nenhum componente se deslocasse. Como a
pressão é progressiva e gradual, o projétil, ponto mais fraco no sistema, cede e desloca-se,
pois é a única saída para a pressão gerada;

4. Vôo livre e tomada do raiamento pelo projétil - Na maioria das armas, a primeira parte do
cano (continuação da câmara) é desprovida de raiamento, sendo que o projétil é forçado, logo
após a um curto deslocamento livre, de encontro às raias. O projétil ganha velocidade e
movimento de acordo com o sentido e o passo do raiamento. A pressão dos gases atinge seu
pico a poucos centímetros da câmara, no interior do cano, e o projétil continua seu
deslocamento;

5. Aceleração do projétil no interior do cano - Vencida a inércia e a resistência do atrito com


o cano, o projétil é impulsionado no interior deste, ganhando velocidade;

107
6. Saída do projétil - Neste momento, o projétil alcança a boca do cano; com a saída do
projétil, a pressão cai bruscamente, havendo escapamento dos gases. O estojo vazio, que
dilatou no momento do disparo, selando a câmara, retorna parcialmente a seu diâmetro
original, permitindo sua extração.

Os princípios fundamentais da mecânica se fizeram presentes desde o momento do


disparo, e o princípio da ação e reação pôde ser sentido no recuo da arma.

Recuo da arma

Isaac Newton, em 1686, já pronunciava nas leis da dinâmica, que, a cada ação
corresponde uma reação de igual intensidade, porém de sentido contrário. Imediatamente após
a saída do projétil do cano, uma força contrária, da mesma intensidade da que moveu o projétil,
atua sobre a estrutura da arma.
Esta força é conhecida como o recuo da arma, e atua no sentido do eixo do cano.
Como há diferença entre o cano e o ponto médio da empunhadura, haverá uma alavanca na
arma, com o movimento do cano para cima.
Quanto maior o calibre da arma e a potência da munição, maior será o recuo da
mesma. Este, porém, é facilmente administrável pelo atirador, através da correta empunhadura
da arma, como veremos adiante, neste trabalho.
Por sua vez, o ruído do disparo é provocado pela detonação da espoleta, pelo atrito do
projétil com o cano e, principalmente, pela queima da pólvora.
O recuo da arma pode apresentar determinados problemas, principalmente se o
atirador for novo e inexperiente, pois ele tenderá a ter um certo receio do "coice" da arma, em
especial nas armas de grande calibre, como os fuzis. Este fenômeno é algo com o que o
atirador tem de aprender a conviver.
Para controlar os problemas referentes ao recuo das armas de fogo, algumas medidas
podem ser adotadas, como a adequação da coronha da arma, o uso de algum sistema de
amortecimento do recuo (especialmente em armas longas), como os compensadores (ou
"freios de boca") ou mesmo o constante treinamento, que auxilia a evitar os efeitos psicológicos
negativos do recuo no atirador, como antecipação do disparo, por exemplo.

Armas de cano de alma lisa

Algumas regras estabelecidas para armas de alma raiada não são válidas para as
armas desprovidas de raiamento. Nestas, as variáveis diferem, na dinâmica dos movimentos
dos projéteis, pois os cartuchos são estruturalmente diferentes.
A inexistência de raiamento faz com que a resistência ao deslocamento do projétil (ou
projéteis) seja quase nula.
Há, também, o estrangulamento da boca do cano ( o choque ), cuja função é a de
diminuir a dispersão dos balins e aumentar o alcance útil das espingardas de combate.
Entretanto, o fenômeno do recuo é comum a ambas as armas.

108
Pressão de trabalho para armas e munições

As diferentes combinações entre massa (peso) de projéteis e quantidade de propelente


determinam, no momento do disparo, uma quantidade maior ou menor de pressão na câmara
da arma. Estes valores de pressão são medidos por uma unidade internacional denominada
CUP (ou "Cooper Units of Pressure"), que é a unidade de medida padrão para índices de
pressão em cartuchos de armas de fogo. A pressão padrão para armas e munições são
determinadas por um órgão americano, a SAAMI ("Sporting Arms and Ammunition
Manufactures Industries"), órgão normativo dos EUA que serve de referência para fabricantes
do mundo inteiro.
Segundo as normas técnicas daquele órgão, as armas em geral devem ser resistentes
o suficiente para suportarem a sobrecarga de 20% na pressão.

Por exemplo, as pressões SAAMI, para alguns dos mais comuns calibres, são:

.38 SPL 18.900 CUP


.38 SPL + P 22.400 CUP
.357 Magnum 42.500 CUP

É de se esperar que armas modernas, fabricadas dentro dos padrões e por fabricantes
idôneos, possam resistir a diversos tipos de munição, para o calibre para o qual foram
projetadas, bem como a eventuais sobrecargas. Por exemplo, armas em calibre .38 SPL
podem resistir, desde que preenchidos os requisitos de fabricação moderna e fabricante
idôneo, a disparos ocasionais em .38 SPL + P, não sendo recomendado, entretanto, seu uso
freqüente.
Armas em .38 SPL não podem, entretanto, suportar cargas do tipo Magnum, sem
sofrerem danos, motivo pelo qual não calçam munição .357 Magnum, apesar do idêntico
diâmetro do projétil. Armas em .357 Magnum calçam e disparam sem problemas munição .38
SPL, mesmo versões + P, mas a recíproca não é verdadeira, uma vez que, em muito, é
ultrapassada a tolerância de 20% (ver tabela acima), estabelecida pela SAAMI.

109
13.2 Balística Externa

A balística externa, ou exterior, preocupa-se com o estudo da trajetória do projétil,


desde o momento em que este abandona o cano da arma, até o momento em que se detém
no alvo.
Os princípios da mecânica se aplicam, por excelência, a partir do momento em que o
projétil inicia seu deslocamento livre na atmosfera. É o que estudaremos neste ponto do
trabalho: a trajetória do projétil.

Estudo da trajetória do projétil

A trajetória do projétil na atmosfera está sujeita à influência de vários fatores, que irão
determinar a precisão da arma, por atuarem diretamente sobre ele.
Devido a grande velocidade da maioria dos projéteis de armas de fogo, a resistência do
ar detém essencial importância, uma vez que atua como elemento frenador do projétil.
Se a trajetória fosse dividida em vários segmentos, e fosse aferida a cada um deles a energia
cinética (força viva), obteríamos diferentes valores de velocidade com relação à resistência do
ar.
A força exercida pela gravidade também possui influência direta sobre o projétil.

Outros fatores que também devem ser considerados, são:

a. massa e densidade do projétil;


b. densidade do ar ao tempo e lugar do tiro;
c. diâmetro e seção transversal do projétil, oposta à resistência do ar;
d. forma do projétil;
e. estabilidade do projétil em relação ao eixo da trajetória.

Quanto à trajetória real do projétil na atmosfera, ressaltamos alguns dados trazidos à baila pelo
mestre Eraldo Rabello1:

1. Conservará melhor a velocidade e terá maior alcance, a princípio, o projétil de maior


massa;
2. Considerados projéteis de igual massa, conservará melhores condições de vencer a
resistência do ar o de maior densidade;
3. Considerados dois projéteis de igual massa e densidade, vencerá com melhor
eficiência a resistência do ar, aquele que oferecer menor superfície de seção
transversal;
4. Entre dois projéteis de igual massa, densidade e seção transversal, o formato do
mesmo definirá a resistência a ser vencida;
5. Quanto maior a velocidade do projétil, maior será a resistência do ar que o mesmo terá
de vencer;
6. Por influência da ação da gravidade, o projétil perde velocidade no ramo ascendente
de sua trajetória, tendendo a recuperá-la no ramo descendente. Porém a resistência do
ar atua sobre o mesmo desde o instante inicial de seu deslocamento até sua parada,
retardando-o. A velocidade do projétil em sua queda é sempre menor que sua
velocidade inicial;
7. Devido à atmosfera não ser um meio homogêneo, apresentando diversas densidades,
o deslocamento de um projétil será tanto mais fácil quanto mais afastado estiver do
centro da terra.

110
Elementos da trajetória

Considerando-se um plano vertical imaginário, cortando a trajetória do projétil, esta teria os


seguintes elementos:

a. Linha de tiro - reta determinada pelo prolongamento do eixo do cano da arma; (LT)

b. Ângulo de tiro - ângulo formado entre a linha de tiro e a horizontal do terreno; (a)

c. Linha de mira - linha reta que une o meio do entalhe da alça de mira ao vértice da massa
de mira; (LM)

d. Linha de visada - linha de mira prolongada até o ponto de impacto no alvo; (LV)

e. Ângulo de mira - aquele formado entre a linha de mira e a linha de tiro;

f. Ordenada balística, ou flecha - é a ordenada máxima da trajetória; (F)

g. Ponto de queda - é o ponto em que o ramo descendente da trajetória corta a linha de


visada;

h. Ângulo de queda - ângulo que a trajetória faz com a linha de visada, no ponto de queda;

i. Ângulo de chegada - ângulo determinado pelo declive do solo e pela tangente à trajetória,
no ponto de chegada;
j.
j. Ponto de chegada - ponto em que o projétil encontra o solo;

111
Os elementos da Trajetória, em ilustração de Eraldo Rabello (Balística Forense)

Outro elemento da trajetória a ser considerado é o sítio. Na ocasião do tiro, devem ser
consideradas as diferenças de nível entre a posição da arma e a do alvo. Ao desnível
denomina-se sítio, e, ao ângulo formado, tendo por vértice a posição da arma, pela reta que a
une ao alvo e pela horizontal, denomina-se ângulo de sítio.

Ângulo de sítio, op. cit

Desvios do projétil

A trajetória do projétil deve ser considerada sob um aspecto tridimensional, uma vez
que os elementos que acabamos de ver não se encontram apenas em um só plano. o projétil é
passível de deslocamentos transversais à linha de visada, devendo sua trajetória ser referida
às três dimensões do espaço. Estes deslocamentos transversais, para um ou outro lado, em
relação ao objetivo visado, são devidos a fatores intrínsecos e extrínsecos, e aos movimentos
do próprio projétil, e são conhecidos pelo nome de deriva.
Dentre os fatores extrínsecos, temos como mais significativo a influência do ar
atmosférico. Este é um elemento, na verdade, fluído, que está em constante movimento,
devido ao deslocamento de massas de ar frias e aquecidas, respectivamente, mais e menos
densas, o que determina uma série de influências sobre o projétil. A mais simples brisa lateral,
dependendo da velocidade e da distância do tiro, poderá causar grave desvio na trajetória do
projétil, fazendo o atirador errar o alvo visado.
Entretanto, o vento que atinge o atirador pode ocasionar erros mais significativos ainda;
a experiência o ensinará a considerar este fator no momento do disparo.
O valor da deriva é diretamente proporcional à força da corrente atmosférica, e
inversamente proporcional à densidade absoluta e a velocidade do projétil.
A deriva por fatores intrínsecos se dá, sobretudo, pelos movimentos secundários do
projétil, sendo peculiar àqueles disparados por armas de cano provido de raiamento, pelos
motivos adiante explanados.
As raias do cano imprimem ao projétil um movimento de rotação em torno de seu eixo
de simetria. Este, por sua vez, tende a ser desviado transversalmente ao eixo, no sentido da
rotação aplicada. Este desvio determina uma deriva lateral ao objetivo, tanto maior quanto
maior for a distância entre a arma e o alvo a ser atingido.
Para correção desta deriva, as armas devem possuir aparelho de pontaria dotado de
regulagem lateral. Considera-se que, quanto maior for o ângulo formado entre o cano da arma
e a horizontal do solo, mais distante será o ponto de chegada do projétil. Esta regulagem se
faz especialmente necessária nos tiros efetuados a médias e longas distâncias.
Para a correção em altura, os aparelhos de pontaria devem possuir regulagem em
elevação.
No caso, para corrigir em altura o tiro, eleva-se a alça quando se quer um ponto de
impacto mais alto, abaixando-a quando se quer o contrário. Para correção da deriva, se o que
se deseja é mover o ponto de impacto para a direita, leva-se a alça para a direita, e vice-versa.
Outro fator de crucial importância na trajetória do projétil e em sua precisão, é a sua
forma. De início, fabricados em formato esférico (que servia aos propósitos das baixas
velocidades de então), com o passar dos anos e com o incremento na velocidade dos
mesmos, este formato passou a demonstrar não ser eficiente, devido à pouca balística que
possuía. Para resolver os problemas, os projéteis alongados foram introduzidos, de formato

112
cilíndrico, cônicos ou ogivais. Porém, como as armas não possuíam raiamento, estes projéteis
atingiam o alvo de forma imprecisa, pois facilmente se desequilibravam, quer por força da
gravidade, ou por força do atrito com o ar, possuindo, apenas, um movimento de translação,
determinado pelo eixo de seu deslocamento.
Com a introdução do raiamento ao cano das armas de fogo, , estas passaram a
imprimir um movimento secundário ao projétil, em torno de seu eixo de deslocamento: a
rotação.
Um elemento importante a ser considerado na rotação de um projétil, é o passo do
raiamento. Denomina-se passo à porção de deslocamento longitudinal do projétil, dentro da
qual este realiza uma volta completa em torno de seu eixo.
Nas armas longas, o comprimento do cano possibilita ao projétil efetuar várias
revoluções em torno de seu eixo. Nas curtas, porém, o cano possibilita apenas uma fração de
passo. É o passo que determina maior ou menor rotação do projétil.
O sentido de rotação do raiamento não tem importância alguma sobre o projétil, a
maioria dos fabricantes de armas opta pelo raiamento à direita, ou raiamento destrógiro.
Além da rotação imprimida pelo raiamento do cano, o projétil realiza também outros
dois movimentos que, se bem que bem menos perceptíveis, influenciam em sua trajetória: a
precessão e a nutação.
Por precessão entende-se o deslocamento angular do eixo de simetria do projétil,
compreendido entre dois máximos, deslocamento este que gera um cone de revolução; por
nutação, o movimento epiciclóide do eixo do projétil, ao deslocar-se na periferia do cone
determinado pelo movimento de precessão. Este é o menor dos movimentos, manifestando-se
por uma pequena vibração do projétil. Portanto o deslocamento do projétil não determina um
movimento único, mas sim, um conjunto de movimentos, todos influenciando sua trajetória.
No tocante à forma do projétil, quanto mais aguda for sua ponta, maior será sua
capacidade de vencer a resistência do ar, obtendo melhores velocidades.
Quanto melhor for o perfil da base do projétil, em termos aerodinâmicos, tanto melhor
será seu rendimento; no deslocamento, o ar, forçado pela ponta, passa a sugar o projétil pela
base, freando-o.
Os especialistas afirmam que o formato ideal de projétil, para que ofereça o mínimo de
resistência ao ar, seria o formato semelhante a uma seção de asa de avião (forma de "gota").
Entretanto, dado à necessidade de o projétil receber o impulso dado pela carga de
projeção de maneira uniforme, não é possível que alteremos a forma da base de tal forma a
prejudicar o engastamento com as raias do cano.
Para armas longas, os projéteis tipo ogival, com base tipo "boat tail" apresentam o
melhor perfil, com menor comprometimento dos fatores mencionados.
As fotos a seguir mostram a influência e a importância do formato do projétil em sua
trajetória.
Como o ar pode ser considerado como um meio líquido, "navegará" mais facilmente
neste meio aquele projétil (aqui tomado em seu sentido mais amplo) que apresentar um melhor
perfil aerodinâmico.
Outro fator a ser considerado é a dispersão. É errada idéia de que uma arma, por
melhor que seja, disparará todos os projéteis de sua capacidade no mesmo ponto de impacto,
considerando-se a arma perfeitamente assestada e imóvel. Se descarregarmos uma arma,
fixa, sobre o mesmo alvo, este apresentará tantas perfurações quantos forem os disparos,
alguns podendo, ao acaso, coincidirem. A dispersão é a disseminação sobre um alvo, de
impactos obtidos com a mesma arma disparada várias vezes, em iguais condições de tiro. Ela
existe porque sempre haverá causas de irregularidade que tendem a modificar, tanto em altura
como em deriva, a trajetória do projétil. Sempre haverá um agrupamento, porém, com
distâncias perfeitamente mensuráveis entre os impactos. A esta dispersão denomina-se
dispersão própria da arma. É importante ao policial conhecer a dispersão de sua arma. Esta
deve ser sempre inferior àquela provocada por erros do atirador, e o agrupamento deve ser
sempre inferior à área do centro do alvo sobre o qual se atira.

113
Acerca da dispersão, alguns conceitos podem ser emitidos, para facilitar o
entendimento sobre o assunto:

a. Feixe de trajetória - é o conjunto de trajetórias descritas pelos projéteis lançados por


uma mesma arma, mantendo-se a mesma direção de pontaria;
b. Cone de dispersão - é o cone formado pela boca do cano da arma e a área de
dispersão no alvo. Quanto melhor for o conjunto atirador/arma/munição, menor será a área da
base do cone de dispersão;
c. Zona batida - é a porção de terreno, ou alvo, que contém os pontos de incidência do
feixe de dispersão;
d. Dispersão - é a maneira como se distribuem os pontos de incidência na zona batida.
Tem sempre a forma de uma elipse;
e. Precisão - um tiro é preciso quando são bastantes reduzidas as dimensões da elipse
de dispersão;
f. Regulagem - um tiro está regulado quando o centro da elipse de dispersão coincide
com o ponto visado;
g. Justeza - um tiro é justo, quando ao mesmo tempo, é preciso e regulado.
Mesmo a munição, se considerarmos diferentes lotes, diferentes cargas, massa e
densidade do projétil, as deformações por este sofridas, a umidade, etc., poderá determinar
desvios consideráveis na trajetória, influenciando na precisão do conjunto.

Velocidade dos projéteis

A velocidade máxima do projétil é obtida um pouco além da boca do cano da arma, em


virtude de, ainda, a pressão dos gases atuar sobre o mesmo. A partir daí, ele passa a perder
velocidade, por inúmeros fatores, alguns já estudados, como a resistência do ar.
Existem munições supersônicas e subsônicas; as primeiras possuem velocidade maior
que a do som (340 m/s), as segundas, menor. A utilização de um ou outro tipo de munição vai
depender das necessidades do atirador e da capacidade da arma.

Alcance

Ao referirmos o alcance de determinado tipo de munição, devemos ter em mente que


este nunca será relativo a um elemento isolado do conjunto do tiro, mas sempre a um sistema,
que compreende a arma utilizada (seu comprimento de cano, passo de raias, etc.) e a munição
empregada (potência, calibre, massa do projétil, etc.), assim como do ângulo de tiro com que a
arma será disparada..
De modo geral, podemos afirmar que o alcance de um projétil na atmosfera se dá em
função de sua velocidade inicial de lançamento, e do coeficiente balístico.
O coeficiente balístico de um projétil é um parâmetro estabelecido que leva em
consideração a densidade seccional e o coeficiente de forma. Em síntese, representa a menor
ou maior facilidade de determinado projétil em vencer a resistência do ar em sua trajetória.
Projéteis de armas curtas, como o .38 SPL, tem baixo coeficiente balístico, algo em
torno de 0,15. Já os projéteis tipo "boat tail" normalmente utilizados em armas longas, tem alto
coeficiente balístico, por volta de 0,55, destinando-se para o tiro à distâncias longas.
A trajetória do projétil na atmosfera está sujeita, também, à influência de vários fatores,
que irão determinar a precisão e o alcance do conjunto arma/munição, por atuarem
diretamente sobre ele.
Devido a grande velocidade da maioria dos projéteis de armas de fogo, a resistência do
ar detém essencial importância, uma vez que atua como elemento frenador do projétil. Nos
projéteis de armas portáteis (consideradas até o .50 BMG), esta resistência tem grande efeito
sobre a "performance" balística, ou seja, sobre a trajetória e o alcance.
No início deste capítulo, nos referimos à influência da resistência do ar na trajetória do
projétil. É claro que esta resistência afeta o alcance do projétil. Ou seja, se a trajetória fosse
dividida em diversos segmentos, e fosse medida a energia do projétil em cada um deles,
obteríamos diferentes valores de velocidade com relação à resistência do ar, que teriam
influência direta sobre o seu alcance.
A força exercida pela gravidade, como foi visto, também possui influência direta sobre
o projétil.

114
Lembramos os fatores que também devem ser considerados na trajetória, que também
influenciarão o alcance, quais sejam: a massa e a densidade do projétil; a densidade do ar ao
tempo e lugar do tiro; o diâmetro e seção transversal do projétil, oposta à resistência do ar; a
forma do projétil; a estabilidade do projétil em relação ao eixo da trajetória.
Ainda com relação à trajetória real do projétil na atmosfera, recapitulamos os dados
trazidos à baila pelo mestre Eraldo Rabello: conservará melhor a velocidade e terá maior
alcance, a princípio, o projétil de maior massa; considerados projéteis de igual massa,
conservará melhores condições de vencer a resistência do ar o de maior densidade;
considerados dois projéteis de igual massa e densidade, vencerá com melhor eficiência a
resistência do ar, aquele que oferecer menor superfície de seção transversal; entre dois
projéteis de igual massa, densidade e seção transversal, o formato do mesmo definirá a
resistência a ser vencida; quanto maior a velocidade do projétil, maior será a resistência do ar
que o mesmo terá de vencer; por influência da ação da gravidade, o projétil perde velocidade
no ramo ascendente de sua trajetória, tendendo a recuperá-la no ramo descendente. Porém a
resistência do ar atua sobre o mesmo desde o instante inicial de seu deslocamento até sua
parada, retardando-o. A velocidade do projétil em sua queda é sempre menor que sua
velocidade inicial; devido à atmosfera não ser um meio homogêneo, apresentando diversas
densidades, o deslocamento de um projétil será tanto mais fácil quanto mais afastado estiver
do centro da terra.
No caso das armas curtas, quase todos os projéteis tem a configuração mais ou menos
ogival ou arredondada, e a base plana, atributos estes que fazem com que, em média a cada
100 metros, percam de 20 a 25 % de sua velocidade inicial. Um teste realizado pelo Exército
dos EUA, quando da escolha de sua arma de coldre regulamentar em calibre 9 mm
Parabellum, revelou que uma arma curta militar disparada a 1,5 m do solo, em posição
perfeitamente horizontal (0° de inclinação), teve seu projétil deslocando aproximadamente 250
m antes de tocar o solo.
Nas armas longas raiadas é possível melhorar sensivelmente o desempenho
aerodinâmico dos projéteis, a ponto de, em calibres como o 7 mm ou .30, a perda de
velocidade ficar limitada apenas a 6% a cada 100 m de trajetória.

Tipos de Alcance de munições

Como visto, o alcance de tiro, nas armas que disparam projéteis singulares ou balins
múltiplos, vai depender do ângulo de disparo (ângulo formado entre a linha de tiro e a
horizontal), bem como da arma e da munição empregada, tendo em vista a variedade de
projéteis e cargas para cartuchos de mesmo calibre.
Para estudo do alcance das munições, é necessário estabelecer diferenciação entre os
diversos tipos de alcance que serão referidos.

Alcance útil

Nas armas de cano desprovido de raiamento, o alcance útil é determinado pela


dispersão da arma e pelas possibilidades práticas de sua utilização. Nas espingardas, o
diâmetro do círculo de dispersão, ou agrupamento, é controlado pelo choque, que é um
estrangulamento na porção final do cano, próximo à boca, que tem por finalidade agrupar os
múltiplos balins disparados desde o cartucho.
Existem vários tipos de choque. O Choque Pleno ("Full"), é utilizado para tiros entre
44,5 m e 54,5 m; o choque Modificado ("Modified"), para tiros entre 24,75 m e 44,5 m; o
Cilíndrico Melhorado, para tiros até 34,65 m.
Nas armas de cano raiado, o alcance útil é definido como sendo a distância em que o
projétil causará ferimentos de certa gravidade em alvo humano, ou, ainda, possuirá energia
equivalente a 13, 6 Kgm (quilogrâmetros), segundo o "Hatcher's Notebook". É sempre um valor
estimado.

115
Alcance máximo

Também chamado alcance real, é a distância compreendida entre a boca do cano da


arma e o ponto de chegada do projétil. É calculado normalmente através de fórmulas balísticas
que consideram a velocidade inicial, o ângulo de projeção e o coeficiente de resistência
(balístico).

Alcance com precisão

Assim é denominado o alcance em que um atirador experimentado é capaz de atingir,


com razoável grau de certeza e precisão, um quadrado de 30 cm de lado, que simula a área
onde se localizam os principais órgãos vitais do corpo humano. Além das variáveis já
referenciadas, a experiência do atirador irá influenciar neste tipo de alcance.

116
13.3 Balística Terminal

Denomina-se balística terminal, ou de efeitos, àquela parte da balística que se


preocupa com os efeitos do projétil no seu impacto contra o alvo. Diversos são os efeitos dos
projéteis em seu ponto de chegada, dependendo de sua trajetória, das influências já
comentadas, bem como do tipo de estrutura do alvo (se de madeira, metal, tecido humano,
etc.), o que vai determinar seus maiores ou menores efeitos.

Deformações sofridas pelos projéteis


Entre o disparo e o final do movimento do projétil, este pode sofrer várias deformações,
mais ou menos consideráveis, que vão determinar, antes mesmo de atingir o alvo, algum
efeito sobre ele.

Estas deformações sofridas pelo projétil podem ser:

a. Deformações normais - aquelas provocadas no projétil pelo raiamento do interior do cano.


b. Deformações periódicas - resultantes, p.ex., nos revólveres, pela má apresentação de uma
ou mais câmaras para o cano, com o choque do mesmo com o início do cone de forçamento,
quando então este se deforma. São as deformações ocorridas após o projétil deixar o cano da
arma, e antes de encontrar um alvo.
c. Deformações acidentais - provocadas nos projéteis, por ricochetes e pelo impacto contra o
alvo. As deformações acidentais são também aquelas que ocorrem nos projéteis tipo
expansivo, fator fundamental de seu funcionamento, como veremos mais adiante.

Eficiência dos projéteis no uso policial


Vários fatores influenciam na chamada eficiência do projétil; ao atingir um alvo
humano, p.ex., os projéteis irão causar, de início, a chamada ação direta, pelo choque
provocado, e em seguida, a ação indireta, que dependerá dos fatores biológicos ou
psicológicos do alvo atingido.
A ação direta manifesta-se pelos mecanismos de martelo e cunha, provocados pelo
impacto do projétil, onde este empurra e abre os tecidos, deslocando-os. Já a ação indireta, ou
expansiva, é causada pelo choque hidrostático sobre os tecidos e órgãos, que causa
transmissão da energia cinética do projétil ao alvo, causando lesões em estruturas não
atingidas diretamente pelo projétil. Ambas as ações são responsáveis pelos efeitos primários
dos projéteis em alvo humano, como veremos a seguir.

Como fatores intrínsecos dos projéteis, que determinam os efeitos da ação direta,
temos:

- a inércia do projétil;
- a cavidade da ponta, se houver;
- o fendilhamento da camisa, se esta existir;
- o nível de dureza do projétil, e sua massa (peso);
- a velocidade do projétil.

Sempre que nos referimos a projéteis e munições, especialmente no tocante ao serviço


policial, devemos questionar qual a finalidade e o que esperamos de tais artefatos. Se
necessitamos a perfuração de determinado obstáculo para atingirmos um alvo por detrás dele,
seria pouco recomendável o uso de projétil de chumbo em munição de baixa potência, pois ou
não perfuraríamos o obstáculo, ou, caso perfurasse, o projétil chegaria ao alvo deformado e
sem condições de transmitir energia ao mesmo. No caso, uma munição de projétil encamisado
total, em potência compatível com a estrutura do obstáculo a ser perfurado, seria mais
eficiente.

117
Da mesma forma, o projétil mencionado acima de nada serviria para atingir diretamente
um alvo humano, pois o transfixaria com relativa facilidade, e a energia de seu movimento,
necessária para deter a ação do oponente, se perderia, e mais, o projétil poderia, ainda, atingir
a terceiros não envolvidos no conflito. Para alvo humano, o ideal seria utilizar algum projétil
expansivo, como os já referidos.
Uma série de fatores deve ser levada em conta pelo policial, no momento deste
escolher a munição; roupas pesadas, como casacos de inverno, podem desviar ou até deter
um projétil fraco, assim como a distância do alvo e a compleição física do oponente também
devem ser levados em conta.

O ideal seria o policial levar consigo várias cargas, em carregadores próprios, de modo
a ter opções, conforme se apresentarem as situações nas ruas.

O uso de munições expansivas não é proibido, também não implicando em fator de


excesso de legítima defesa, em caso de emprego real.

Como visto, uma regra para determinar a escolha deste ou daquele projétil, não existe;
a gama de situações possíveis de serem vivenciadas é tão extensa que seria impossível
estabelecer um padrão ideal de munição. Resta ao policial escolher um bom projétil,
utilizando-se de sua experiência. A leitura do capítulo específico sobre o "stopping power"
poderá ser de valia nesta escolha.

Peso de cargas de projeção e de projéteis


Aquele que inicia o estudo do tiro, e de assuntos a ele relacionados, freqüentemente se
depara com uma unidade de medida padrão dos EUA, utilizada para a medição de peso da
pólvora e de projéteis, unidade esta sem equivalente no Brasil: o "grain".
Um "grain" equivale a 0,0648 de grama; 7000 "grains" equivalem a um libra de peso.
Utiliza-se esta unidade de medida, em virtude do baixo peso que apresentam as cargas de
projeção e os projéteis.

Como exemplo, seguem algumas cargas e pesos de projéteis para o calibre .38 SPL:

Tipo de projétil Peso (grains) Carga (grains) Tipo de munição


Canto-vivo 148 gr 2,8 gr Tiro ao alvo
Semi canto-vivo 158 gr 4,1 gr Standard
Semi encamisado, ponta oca 125 gr 5,5 gr +P
Encamisado total, ponta oca 140 gr 5,6 gr +P

O parâmetro + P designa uma munição mais potente do que a padrão (standard), e será
abordado em pormenores mais adiante, neste capítulo.

118
Poder de Parada - Stopping Power
Poder de Parada ou "Stopping Power", é a capacidade de determinada munição
interromper uma ação ofensiva, ou neutralizar um atacante ou oponente com apenas um tiro,
pondo-o fora de combate. Não há a intenção de matar o agressor, apenas busca-se a sua
momentânea incapacitação. O resultado morte pode ocorrer, mas não é o objetivo ao se
determinar o "Stopping Power" de uma munição.

O Stopping Power é determinado pela prática, não se pode determiná-lo por teorias ou
testes de laboratório, sua medida é feita em porcentagem de casos reais onde foram utilizados
determinados tipos de munição e o indivíduo foi neutralizado com apenas 1 tiro no combate.
Por neutralização entende-se o fato de a vítima do tiro entrar em colapso antes de fazer algum
disparo ou expressar alguma outra reação de ataque ou fuga.

Por exemplo, coletando informações de que a munição .380 ACP, totalmente


encamisada e com ponta oca, de determinada marca e peso, foi utilizada em 109 combates
reais, e que, destes 109 casos apenas em 75 os indivíduos foram neutralizados com 1 só tiro,
temos que o stopping power deste tipo de munição é de 69%. A porcentagem é que nos
permite saber a eficiência do conjunto: calibre + tipo de projétil + peso do projétil + carga de
pólvora, etc.

Não se pode ter como definitivo o Stopping Power de determinada munição. Isto
porque, como já foi antes explicado, o fator crucial para que qualquer munição produza
adequado efeito é o ponto de impacto e penetração do projétil. De nada adianta acertar um tiro
de .357 Magnum no braço de um oponente, pois sua ação não cessará. Necessário se faz
atingir um órgão vital ou região que produza adequado choque ou traumatismo, para que o
poder de parada seja imediato.

Segue abaixo uma relação de Stopping Power dos principais calibres utilizados para
defesa, ou nos meios policiais, geralmente sendo aqueles utilizados em combates urbanos
diários. Essa lista se refere a situações reais ocorridas nos Estados Unidos (Observe-se que
muitos dos calibres abaixo relacionados são considerados proibidos para uso civil no Brasil, no
entanto são comuns nas ocorrências policiais).

O termo "stopping power", que pode ser traduzido como poder de parada, foi criado
pelos norte americanos, para expressar a relação entre calibre e munição ideais para
incapacitar um oponente com um só disparo, antes que o mesmo continue sua ação. A
obtenção do poder de parada é essencial no serviço policial, onde se busca, não matar, mas
incapacitar o oponente.

O "stopping power" é a energia real desenvolvida por um projétil de arma de fogo, em


sua superfície frontal.

O "stopping power", a despeito de inúmeras experiências realizadas, é um valor que,


graças à individualidade biológica, comum a cada organismo vivo, é relativo, não se podendo
afirmar que este ou aquele conjunto arma/munição é eficaz 100% das vezes em que for
utilizado, pois cada organismo reage de modo diferente ao ser atingido. O que se pode ter é
um parâmetro baseado em estatísticas, como veremos mais adiante.
Duas correntes teóricas acerca da eficiência dos projéteis despontam atualmente.
Alguns autores atribuem maior poder de parada aos projéteis de baixa velocidade e alto peso
específico, enquanto outros defendem projéteis leves, de alta velocidade como causadores do
fenômeno.

Seja qual o tipo de projétil empregado, este irá determinar uma série de efeitos no
corpo do oponente, efeitos estes que podem, como visto anteriormente, ser divididos em
primários, que correspondem ao esforço mecânico que o projétil realiza para vencer a
resistência dos tecidos, e secundários, que são devidos à ação dos gases e resíduos da
queima da pólvora, observáveis nos disparos à curtas distâncias.

119
PODER DE PARADA DE ALGUNS CALIBRES
.22 Long Rifle
.25 ACP
Tipo Grains Tiros
Tipo Grains Tiros Eficiência .32 ACP
Eficiência
EPO 45 119 25% Tipo Grains Tiros Eficiência
CPO 32 395 34%
EO 50 2406 23% EPO 60 83 63%
CPO 38 612 30%
EO 50 1977 22% EO 71 123 50%
CPO 37 567 29%
EO 50 1864 22%
CPO 36 879 27%
9 mm Parabellum
Tipo Grains Tiros Eficiência
EPO 115 109 90%
.38 Special EPO 115 98 90%
Tipo Grains Tiros Eficiência EPO 115 57 89%
.380 ACP
CPO 158 302 78% CPO 124 239 84%
Tipo Grains Tiros
CPO 158 209 77% EPO 115 304 83%
Eficiência
EPO 125 214 73% EPO 115 208 82%
EPO 90 58 69%
SEPO 125 106 73% EPO 115 167 81%
EPO 90 109 69%
EPO 110 35 71% EPO 124 106 81%
EPO 85 82 61%
EPO 125 74 70% EPO 115 135 79%
EPO 88 57 58%
CPO 158 143 70% EPO 147 278 78%
EPO 90 26 54%
SEPO 95 119 66% EPO 147 27 78%
EO 95 109 51%
EPO 125 65 65% EPO 147 26 77%
SCV 158 278 52% EPO 147 25 76%
EPO 147 232 74%
EPO 90 25 64%
EO 115 256 63%
.357 Magnum
Tipo Grains Tiros
Eficiência
EPO 125 204 96%
.40 S&W
EPO 125 523 96%
Tipo Grains Tiros Eficiência
EPO 125 153 93% .44 Magnum
EPO 155 34 94%
EPO 110 204 90% Tipo Grains Tiros Eficiência
EPO 155 14 93%
SEPO 110 53 89% EPO 210 50 90%
EPO 155 22 91%
EPO 125 105 87% EPO 180 37 89%
EPO 180 38 89%
EPO 145 84 85% SEPO 240 34 88%
EPO 155 86%
EPO 125 23 83% EPO 240 43 84%
EPO 180 46 85%
SEPO 158 38 82% SCV 240 82%
EPO 180 18 83%
CPO 158 42 81% EPO 240 35 80%
EPO 180 21 81%
EPO 140 23 74% SCV 240 55 76%
EPO 180 35 80%
SCV 158 98 72%
EO 180 17 71%
EPO 125 71%
SCV 158 71%
EPO 158 70%
SCV 158 71 68%
.45 ACP
Tipo Grains Tiros .223 Remington (5,56 x 45
Eficiência mm)
.308 Winchester (7.62 x 51
EPO 230 71 94% Tipo Grains Tiros Eficiência
mm)
EPO 185 44 91% EPO 60 11 100%
Tipo Grains Tiros Eficiência
EPO 200 111 88% EPO 69 12 100%
EPO 168 19 100%
EPO 185 75 87% EPO 40 125 99%
EPO 168 199 99%
EPO 185 73 82% EO 55 161 96%
EPO 168 73 99%
EPO 185 114 81% EPO 55 90 95%
EPO 168 306 98%
EPO 230 36 81% EO 55 37 95%
EPO 168 34 97%
EO 230 122 65% EPO 62 32 94%
EO 230 168 63% EO 55 82 93%
EO 230 179 63%

120
Efeitos primários dos projéteis
O projétil, ao atravessar o corpo humano, provoca dois tipos básicos de ferimentos,
que determinam seu poder de parada.

O primeiro, conhecido como canal de ferida permanente, é o efeito lesivo que o projétil
provoca ao romper os tecidos, e é observável após o disparo. O segundo é denominado
cavidade temporária. É produzido pelo intenso choque provocado pelo projétil na massa
líquida dos tecidos. Mais difícil de ser observado (tanto que os médicos apenas admitiram sua
existência recentemente), consiste em uma grande cavidade aberta com o choque do projétil,
e que permanece aberta apenas por frações de segundo, devido à elasticidade dos tecidos e
ao choque hidrostático, chegando a ser muitas vezes superior ao diâmetro do projétil e ao
canal permanente. Segundo os especialistas, é este segundo tipo de ferimento o responsável
pelo poder de parada.

Cavidade temporária em gelatina balística, um composto de textura semelhante aos


tecidos humanos

A corrente dos defensores de projéteis lentos e pesados, baseia-se na suposição de


que, para obter-se o fenômeno do poder de parada, num único disparo, os projéteis deste tipo,
por causarem profunda penetração e grande cavidade temporária, devem ser preferidos.
Advogam que a penetração, ao invés da velocidade e expansão superficial, comum dos
projéteis leves tipo ponta oca, são os que transmitem maior energia ao alvo.

121
As varáveis em questão nos dão a idéia de quão discutível é este fenômeno, estando
os técnicos longe de obterem uma conclusão definitiva, apesar de as experiências práticas
terem fornecido uma noção mais clara sobre o real poder de incapacitação de determinado
tipo de projétil.
Evan P. Marshall, um ex-policial da cidade de Detroit, nos EUA, coletou centenas de
dados de casos reais de tiroteios, durante vários anos, onde diversos tipos de munição, em
diferentes calibres, foram empregados, dando destaque para aqueles em que ocorreu o tão
discutido "stopping power", onde o elemento atingido caiu quase que imediatamente após ter
recebido o impacto do projétil em zona vital. Todos estes dados foram compilados e
projetados em tabelas, em obra recentemente publicada, onde sobressaem-se como mais
efetivos, os projéteis leves, de alta velocidade e em configuração "hollow point" como sendo
os mais indicados para incapacitação imediata do oponente. Os estudos de Marshall concluem
que o projétil deve, necessariamente, expandir-se, quando se deseja maiores efeitos
traumáticos. A tabela a seguir, baseada nos dados de seu estudo, aponta a munição mais e
menos efetiva, para alguns conhecidos calibres:

Calibre 7,65 mm .380 ACP .38 SPL 9x19 mm .357 Mag .45 ACP
Munição Wincheste Winchester Chumbo Jaquetada Semi Jaquetada
mais r Silvertip Silvertip ponta oca ponta oca jaquetada ponta oca
efetiva ponta oca
60 grains 85 grains 158 grains 147 grains 200 grains
125 grains
(58%) (61%) (65%) (80%) (74%)
(91%)
Munição Ogival Ogival Ogival Ogival Semi Ogival
menos jaquetada jaquetada Chumbo jaquetada jaquetada jaquetada
efetiva ponta de
71 grains 95 grains 158 grains 123 grains chumbo 230 grains

(52%) (55%) (55%) (60%) 158 grains (63%)

(67%)

Na tabela acima, as porcentagens se referem à media dos casos em que ocorreu o


fenômeno do "stopping power". Estes dados, além dos que iremos exibir a seguir, baseados
na obra referida, representam o que de mais técnico existe sobre o assunto, atualmente.
Nenhum projétil pode, como visto, ser considerado eficaz 100% das vezes em que é
utilizado; se faz necessário que o policial tenha em mente as variáveis discutidas, bem como,
principalmente, esteja bem treinado no uso de sua arma, uma vez que o disparo deve atingir
uma área vital do corpo do alvo, além de utilizar, preferencialmente, munição tipo "hollow
point", expansiva, quando desejar um bom poder de parada.

Podemos, ainda, traduzir o poder de parada, como valor numérico, igual ao produto da
superfície frontal do projétil (em centímetros quadrados) por sua energia cinética (em
quilogrâmetros, ou kgm). O resultado, asseveram alguns autores, seria uma unidade de
medida denominada "stopower", ou apenas "stp".

Então, por este cálculo, um projétil afilado e leve, dotado de grande energia cinética,
atravessará os tecidos humanos sem experimentar grande resistência, não transferindo quase
nenhuma energia, o que explica, em parte, a inadequação dos projéteis ogivais para fins de
poder de parada.

O poder de penetração é considerado o quociente entre a energia do projétil e sua


superfície frontal. Como o poder de parada, é uma unidade de medida relativa e teórica,
inversamente proporcional ao "stopping power". Desta forma, um projétil do cartucho .22LR
terá poder de parada quase nulo, enquanto seu poder de penetração será superior ao do
cartucho 9 mm "Parabellum".

122
Segundo o "Hatcher's Notebook", o valor mínimo, em kgm, para obter-se o poder de
parada num único disparo que atinja uma área vital do oponente, é da ordem de 13 Kgm, valor
acolhido pelo Campo de Provas de Marambaia, do exército Brasileiro. A fim de comparação,
segue tabela extraída daquela obra.

Calibre Peso do projétil e Velocidade na boca Energia (Kgm)

tipo de ponta do cano (m/s)


.22 LR 40 gr CHOG 273 9,8
6,35 mm 50 gr ENCOG 273 8,6
.32 S&W 98 gr CHOG 180 10,4
.32 ACP 71 gr ENCOG 258 16
.380 ACP 95 gr ENCOG 288 32
.38 SPL 158 gr SEPO 274 39
.38 SPL 148 gr SEPO 290 43

A seguir, alguns dos calibres mais utilizados no Brasil, e seus principais dados
balísticos. O quilogrâmetro (kgm) ou o pé-libra (ft/lbs) são as unidades de medida da energia
cinética, ou força viva.

Munição Peso do projétil Velocidade inicial Energia cinética


.22 LR 40 gr (2,592 g) 1.145 f/s (336,6 m/s) 116 ft/lbs (16,4 kgm)
.25 ACP 50 gr (3,240 g) 820 f/s (249,9 m/s) 75 ft/lbs (10,37 kgm)
.32 ACP 71 gr (4,600 g) 980 f/s (298 m/s) 152 ft/lbs (20,02 kgm)
9 mm 124 gr (8,035 g) 1.150 f/s (350 m/s) 365 ft/lbs (50,47 kgm)
.38 SPL 158 gr (10,24 g) 870 f/s (265,1 m/s) 266 ft/lbs (36,78 kgm)
.45 ACP 230 gr (14,904 g) 860 f/s (262,1 m/s) 378 ft/lbs (52,17 kgm)

A eficiência do projétil vai depender também da arma na a qual foi disparado, do tipo
de projétil empregado e da área ou local atingido no corpo do oponente. A ocorrência ou não
do fenômeno do "stopping power", por sua vez, vai depender do físico de quem recebe o
impacto (pessoas mais robustas suportam melhor o impacto e demoram mais a apresentar o
efeito do choque hidrostático), de seu estado emocional (a rusticidade do oponente e sua
vontade de viver fazem com que tolerem disparos certeiros em zonas vitais) e do local atingido
(que deve ser uma zona vital).

Os efeitos das ações direta e indireta do impacto causado pelo projétil, se fazem sentir,
principalmente, se atingirem a zona da cabeça (cérebro) e o centro da caixa torácica (onde o
projétil pode atingir o coração e a medula, esta no interior da coluna vertebral). Nestes locais,
a ocorrência do "stopping power" é imediata em quase 100% dos casos, se utilizada a
munição correta.

Se o atirador atingir o alvo com dois disparos no mesmo local, os efeitos de cavidade
temporária e choque hidrostático e os traumatismos decorrentes serão ampliados, sendo mais
provável a ocorrência do poder de parada. Daí a necessidade de treinamento, pois mesmo um
calibre aparentemente ineficiente, utilizado corretamente pode fazer mais efeito do que errar o
disparo de uma excelente munição.

Como a área da cabeça é relativamente pequena em relação ao restante do alvo


oferecido pelo oponente, o policial deve habituar-se a disparar no centro da caixa torácica,
onde, se bem colocados, os projéteis irão deter a ação do oponente, incapacitando-o.
Ainda, para que hajam maiores probabilidades de ocorrer a incapacitação imediata do
agressor, é necessário que o projétil tenha a forma da ponta adequada, permitindo expansão
no corpo do oponente quando do impacto, bem como uma blindagem que permita esta
expansão.

123
Projéteis ponta oca, expansivos, essenciais para a obtenção do poder de parada

A obtenção do "stopping power" deve ser o objetivo do policial: incapacitar um agressor


com um mínimo de disparos, sempre buscando atingir área em seu corpo onde o projétil vá
causar o imediato colapso do oponente, visando com que este cesse o risco de vida que
oferece ao policial ou a terceiros.

124
Efeitos secundários dos projéteis

Até o presente ponto, estudamos os efeitos primários dos projéteis de arma de fogo em
alvo humano, manifestados pelas ações direta e indireta, responsáveis, na maior proporção,
pelo poder de parada. Entretanto, os projéteis também produzem efeitos secundários que,
apesar de não influenciarem diretamente na maior ou menor incapacitação do oponente, são
inerentes a todo o disparo de arma de fogo em alvo humano, independente do tipo e calibre da
arma utilizados, e da espécie de lesão causada.

Estes efeitos secundários referem-se, principalmente, àqueles restritos à área da


Medicina Legal, mas também devem ser de conhecimento do policial. São aqueles efeitos
permanentes, pesquisáveis no corpo humano atingido por projéteis de armas de fogo.
Quando um projétil de arma de fogo atinge o corpo humano, causa uma lesão
denominada pérfuro contusa. Ao tocar a pele, o projétil a empurra até um ponto crítico, quando
ela se rompe.

A lesão resultante apresenta bordos invertidos e contundidos, com equimoses


(derrame de sangue) provocadas pela ruptura de pequenos vasos, formando a orla de
contusão, circular ou elíptica, dependendo do ângulo com que o projétil incidiu no corpo do
alvo. Esta orla é encontrada em todo o ferimento causado por arma de fogo, independente da
distância do disparo.

Comum também a toda lesão deste tipo é a orla de enxugo, formada pela limpeza que
a pele realiza no projétil durante sua entrada no corpo, que nela deposita impurezas
superficiais, como graxas, óleos e outras substâncias. Quando apenas estas duas orlas são
observadas, a princípio é possível deduzir o disparo ter ocorrido a média ou longa distância.
Nos tiros mais próximos, observamos, ainda, ao redor das orlas de contusão e enxugo,
outra, de aspecto enegrecido, denominada zona de chamuscamento, provocada pela ação do
fogo, da pólvora e da fumaça, sobre a pele.

Os resíduos de pólvora em combustão atingem a pele, causando múltiplas


queimaduras em forma de pontos, também nos disparos à curta distância, constituindo a zona
de tatuagem, formada pela deposição, entre outras substâncias, de grãos de pólvora
incombustos.

O esquema abaixo ilustra os efeitos secundários até aqui abordados:


As duas últimas zonas (de chamuscamento e tatuagem) são características de tiros
disparados à curta distância, ou à queima roupa.

Orlas e zonas. Da esquerda para a direita, no sentido anti-horário: orla de enxugo


(vermelho),
Orla de contusão (preto), zona de chamuscamento e zona de tatuagem.

125
Outra lesão, entretanto, pode ser observada naqueles tiros encostados ao corpo do
alvo: a câmara de mina de Hofmann, ferimento de formato estrelado, de bordas extremamente
contundidas e laceradas, apresentando deslocamento de tecidos e eversão dos bordos (a
ferida volta-se para fora), devido à ação dos gases da combustão nos tecidos. A cavidade
apresenta queimadura intensa em seu interior.
Esta eversão pode causar, de início, confusão na determinação do aparente orifício de
entrada do projétil, facilmente identificável com a pesquisa das orlas e zonas descritas, pelo
médico legista

O quadro abaixo sintetiza o explanado, no tocante às lesões e à provável distância em


que ocorreu o disparo:

Efeitos secundários
Distância do disparo Características da lesão
Encostado * câmara de mina de Hofmann

* queimaduras, fuligem e pólvora no início do trajeto


Curta distância (à queima-roupa) * todas as orlas e zonas
Média ou longa distância * orlas de contusão e enxugo

Finalizando, resumimos, a seguir, todos os efeitos dos projéteis em alvo humano que,
como visto, influenciam na incapacitação imediata do oponente:

1. PRIMÁRIOS
a. Ação direta: provoca o canal de ferida permanente
- cunha
- martelo
b. Ação indireta: provoca a cavidade temporária
- choque hidrostático:
2. SECUNDÁRIOS
a. Orlas e zonas
b. Câmara de mina

126
13.4 Balística Forense
A Balística Forense é uma disciplina integrante da Criminalística, que estuda as armas
de fogo, sua munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma
relação com infrações penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência.

A Balística Forence pode identificar as armas de fogo de duas maneiras:

Direta - quando a identificação é feita na própria arma, levando-se em conta os


chamados "dados de qualificação", representados pelo conjunto de caracteres físicos
constantes de seus registros e documentos, como tipo da arma, calibre, número de série,
fabricante, escudos e brasões, entre outros.

Indireta - quando feita através de estudo comparativo de características deixadas pela


arma nos elementos de sua munição. Na identificação indireta, usam-se métodos
comparativos macro e microscópicos nas deformações verificadas nos elementos da munição
da arma questionada ou suspeita. Dentre eles o mais importante é o projétil, quando se trata de
arma de fogo raiada, que ao passar pelo cano inevitavelmente deixa-se gravar de "impressões
de cheios" e de "raias", sob a forma de cavados e ressaltos, os quais produzirão
microdeformações no projétil, conhecidas como "estrias". Desse modo, tais microdeformações,
pelo fato de não se reproduzirem jamais em dois ou mais canos diferentes, ainda que
fabricados pelo mesmo fabricante e trabalhados pela mesma broca, contribuem com segurança
à identificação individual da arma que deflagrou o projétil, sendo uma verdadeira "impressão
digital" da arma.
Já nas armas de "alma lisa" não é possível usar este método, sendo feita a
identificação indireta nas deformações impressas no estojo e suas espoletas ou cápsulas de
espoletamento. Tais deformações são oriundas da ação do percussor ou das irregularidades
da superfície da culatra.
Este tipo de identificação e muito importante quando o projétil não é encontrado ou se
apresenta muito deformado para uma identificação microcomparativa, tratando-se de arma
raiada.
Nos casos de armas automáticas ou semi-automáticas com canos removíveis,
aconselha-se combinar o exame comparativo das microdeformações notadas no projétil com as
encontradas na cápsula da espoleta e na base dos estojos percutidos existentes no local da
ocorrência.

127
14. RECARGA DE MUNIÇÃO
A recarga de munições consiste na reutilização de um estojo detonado.

Além de ser um excelente hobby, a recarga de munições faz com que seja possível a
prática constante do tiro, com um mínimo de custos para o atirador. A munição recarregada
custa, para quem a fabrica, cerca de 10% do valor da munição de fábrica, às vezes até menos.

Outra vantagem é a possibilidade de montarmos munições especiais para


determinados fins, com um aumento considerável na qualidade e precisão das mesmas.

Apesar de simples, é um processo bastante técnico, que depende de etapas a serem


seguidas em ordem específica e com todas as condições de segurança.

Por último, lembramos que, para a realização de recarga de munições, é necessário


obedecer a legislação em vigor, e que a venda de munição recarregada é terminantemente
proibida por lei, sendo permitida apenas nos seguintes casos:

- Para uso próprio de atiradores afiliados a Clubes e Federações de tiro


- Organizações policiais civis e militares
- Empresas com cursos de formação de vigilantes

Em qualquer destes casos, munições recarregadas só podem ser utilizadas para


treinamento. Os atiradores enquadrados nas hipóteses descritas deverão adquirir os
componentes para prática da recarga exclusivamente através das entidades às quais são
afiliados.

Note que além de ser expressamente proibida pela legislação em vigor, a


comercialização de munição recarregada consiste em crime contra a marca CBC, uma vez que
os cartuchos reutilizados levam sua marca gravada na base, além de ser uma concorrência
desleal para com a CBC e lojistas.

Componentes de recarga para armas raiadas não podem ser vendidos em loja. A
legislação permite que os atiradores os adquiram diretamente das fábricas através de Clubes e
Federações de tiro.

Por outro lado, esta mesma legislação em vigor permite que se faça recarga de
cartuchos para armas não raiadas.

Componentes de Recarga

“A legislação em vigor só permite a comercialização de componentes para recarga de


cartuchos para armas de alma lisa.”

A CBC fabrica e comercializa os seguintes componentes para recarga de munições


para armas de alma lisa:

Cartuchos vazios - disponíveis nos mesmos calibres e tipos das munições fornecidas
carregadas

Cartuchos vazios da linha Presidente - fabricados inteiramente em latão e disponíveis


nos seguintes calibres: 12, 16, 20, 24, 28, 32, 36 e 9,1 mm.

Espoletas - do tipo Bateria 5,45 n' 50 e n' 209; tipo Berdan 6,45 Tupan n' 56 (para
cartuchos da linha Presidente). Todas as espoletas são Antioxidáveis, não corrosivas e não
mercúricas.

128
17.1 14.1 Ferramentas para a recarga de munições

A recarga de munições é feita, normalmente, em prensas de recarga, cujo tipo pode


variar de acordo com a munição para a qual são destinadas.
Porém, mais importantes do que as prensas, são as ferramentas que vão lidar
diretamente com o estojo de munição. Essas ferramentas são conhecidas como dies, e
destinam-se às diversas etapas do processo de recarga.
Também fazem parte do ferramental básico de recarga o polvorímetro, destinado a
dosar a quantidade de pólvora necessária ao cartucho recarregado, bem como as balanças de
precisão e os dosadores de pólvora.
Se o atirador optar por fabricar seus próprios projéteis, serão necessárias, ainda,
ferramentas para a sua fundição, calibragem e lubrificação.

Die para recarga. Os dies são as ferramentas que entram em contato com o estojo
do cartucho a ser recarregado.

Prensa tipo O, fabricada pela norte americana RCBS


(http://www.rcbs.com/).
Observe o die montado no topo da prensa.

Prensa tipo torre, RCBS. Este tipo de prensa facilita a recarga, haja
vista a possibilidade de ter-se, em um só conjunto, todas as
ferramentas montadas e ajustadas, agilizando o processo.

Projéteis para recarga, calibre .38


SPL. Observe as canaletas para
lubrificação e crimpagem.

129
14.2 Passos para a recarga de cartuchos de munição

A recarga de cartuchos de munição com projétil singular, utilizados em armas curtas e longas,
envolve, via de regra, cinco etapas, a saber:

1 - Calibragem externa do estojo e retirada da espoleta;


2 - Calibragem interna e abertura da boca do estojo, para posterior assentamento do projétil;
3 - Espoletamento;
4 - Colocação da carga de projeção (pólvora) e assentamento do projétil;
5 - Fechamento do estojo e crimpagem do projétil.

Cada etapa envolve o uso de um tipo específico de die, ou ferramenta:

Com este die é feita a primeira etapa do processo de recarga: o estojo vazio, é limpo
e colocado na ferramenta, que calibra novamente o estojo externamente,
redimensionando-o ao padrão para o calibre. Ao mesmo tempo, uma agulha no
interior da ferramenta retira a espoleta deflagrada.

A segunda ferramenta faz a calibragem interna do estojo, e ao mesmo tempo abre a


boca do mesmo levemente, de modo que a base do projétil possa ser inserida,
posteriormente, cerca de 1 mm.

Na terceira etapa, o alojamento da espoleta já foi limpo, e a ferramenta faz a


inserção de uma espoleta intacta em seu local, na profundidade correta para uma
nova deflagração.

Na quarta etapa. O uso do polvorímetro faz com que seja colocada uma quantidade
correta de pólvora no interior do estojo. Geralmente é nesta etapa que o projétil é
assentado em seu lugar.

Na quinta e geralmente última etapa do processo de recarga, o conjunto do cartucho é


fechado: o projétil é colocado em seu lugar correto, e é feita a crimpagem do mesmo, que nada
mais é do que o correto fechamento do estojo no projétil, garantindo que este não se desloque
e que o conjunto mantenha sua integridade, possibilitando seu uso na arma para qual se
destina.

Estas etapas podem variar em função do tipo de equipamento utilizado e de seu fabricante.
Algumas máquinas de recarga, especialmente as industriais, valem-se de etapas integradas, o
que garante uma recarga mais rápida de um elevado número de cartuchos de munição.

130
14.3 Segurança da Recarga
Antes de iniciar a recarga de munições, é importante saber algumas regras de segurança que
norteiam a atividade:

1- Observe os dados fornecidos para a recarga e entenda todos os procedimentos .


Utilize apenas as pólvoras e os componentes recomendados pelos fabricantes;

2- Esteja sempre alerta. Não recarregue quando estiver cansado ou sob efeito de
medicamentos ou de álcool;

3- Mantenha os componentes de recarga fora do alcance das crianças;

4- Não fume , nem deixe fonte de calor ou chama aberta próximas de pólvoras e
espoletas;

5- Inspecione todos os estojos a serem recarregados. Descarte todos os estojos que


apresentarem fissuras, trincas, bolso da espoleta dilatado ou em outra condição que lhe pareça
suspeita;

6- Sempre use óculos de proteção;

7- Nunca utilize componentes desconhecidos ou duvidosos;

8- Nunca use dois tipos de pólvoras no mesmo cartucho, nem misture tipos de pólvoras
diferentes;

9- Guarde as pólvoras e as espoletas separadamente. Deixe-as sempre na embalagem


original;

10- Nunca use cargas reduzidas para as pólvoras de queima lenta. As pressões podem ser
muito elevadas e os resultados imprevisíveis e desastrosos;

11-Tenha certeza de que a arma a ser utilizada está em boas condições e de que suporta
munição recarregada. Alguns revólveres nacionais somente tiveram seus projetos alterados
para utilizar munição "+P" à partir de 1988;

12- Não beba nem coma durante a recarga. A ingestão de alguns dos elementos químicos
existentes nos componentes da recarga podem ser prejudiciais à sua saúde. O chumbo (Pb) é
nocivo ao sistema nervoso e está presente nos projeteis, nas espoletas e nos resíduos de
cartuchos deflagrados; e

13- Nunca exceda as cargas máximas. As variações normalmente existentes nos diferentes
lotes de pólvora, nos tipos de espoleta, na capacidade volumétrica dos estojos de diversos
fabricantes e nas dimensões da câmara de sua arma, podem, potencialmente, formar uma
condição indesejada e extremamente perigosa . Sempre que forem utilizados novos
componentes inicie a recarga reduzindo em 10 % as cargas de pólvora apresentadas pelos
manuais.

131
15. COLETES À PROVA DE
BALAS

APRESENTAÇÃO

Quantos de nós policiais, com olhares incrédulos, analisando


um colete à prova de balas, duvidaram de suas propriedades balísticas?
Isto, de certa forma, deve-se ao desconhecimento que atinge a maioria
de nossos servidores a respeito da constituição, características e
propriedades dos coletes balísticos, os quais são utilizados há décadas
nas polícias dos países de primeiro mundo, mas que se difundiu no
Brasil como equipamento de proteção individual a partir da segunda
metade da década de 80. A sua eficácia nas atividades de polícia, seja
ostensiva ou discreta, já está exaustivamente comprovada, com uma
infinidade de casos onde o seu uso evitou um grave ferimento ou até a
morte de um policial. Infelizmente, ainda há aqueles que oferecem algum
tipo de resistência a sua utilização, alegando desconforto, excesso de
peso, calor, e outros argumentos facilmente derrubados pela proteção
que ele oferece. Este artigo, que não objetiva esgotar o assunto em
questão, pretende, de uma forma simples e objetiva, com a abordagem
dos assuntos técnicos com uma linguagem mais compreensiva possível,
esclarecer os aspectos mais relevantes ligados ao tema.

1. HISTÓRICO

Desde os primórdios da história, o ser humano busca criar e aperfeiçoar mecanismos


que o protegesse das agressões dos inimigos. Provavelmente, a primeira destas proteções a
ser utilizada pelo homem tenha sido o escudo, peça esta que remonta aos homens das
cavernas e que até hoje continua em processo de evolução.

Primeiramente fabricados em couro, recobertos por algum tipo de resina, e


posteriormente talhados em madeira, com o desenvolvimento da metalurgia primitiva,
começaram a surgir os escudos feitos em bronze e ferro, chegando aos dias atuais aqueles
fabricados em plástico de alto impacto e os escudos balísticos.

No século XII armaduras, capacetes e blusas metálicas foram sendo criadas a fim de
complementarem a frágil proteção oferecida pelo escudo, chegando a ponto de uma armadura
modesta de um cavaleiro medieval chegar a pesar cerca de 50 quilos, o que, por si só,
implicaria na quase total imobilidade do soldado e sua condenação à morte numa eventual
queda do cavalo.

Assim como nas Guerras Napoleônicas, onde pouquíssimos eram os soldados que
utilizavam os ditos peitilhos metálicos, nas 1ª e 2ª Guerras Mundiais, a estratégia militar
continuou desprezando totalmente o conceito de proteção individual dos combatentes. Apenas
na segunda metade da década de 60, nas Guerras da Coréia e do Vietnam, um tímido embrião
das proteções balísticas foi amplamente utilizado pelas tropas americanas: as "flak jackets", ou
seja, pesados jaquetões acolchoados e revestidos de fibra de vidro laminado, destinados a
proteger os soldados dos estilhaços de granadas, o que, na verdade, não acontecia com a
eficácia pretendida.

Atualmente o uso do colete a prova de balas como equipamento de proteção individual


está amplamente difundido tanto no meio militar como no policial, desde as equipes dos grupos

132
de operações especiais, no policiamento motorizado e até mesmo aos que cumprem o
policiamento ostensivo a pé.

Conforme pesquisa coordenada pelo Ten Cel RR Martin Luiz Gomes, editada pelo
IPBM, 82% dos policial-militares feridos ou mortos em serviço o foram por disparos de arma de
fogo no tórax. Por si só, este dado vem a confirmar a premente necessidade de utilizarmos o
colete balístico nas atividades policiais.

Particularmente no uso militar ou nas equipes dos grupos especiais, onde há maior
probabilidade de confronto com oponentes utilizando fuzis de assalto ou munições de projéteis
perfurantes (Armour Piercing - AP), de uso exclusive militar, utiliza-se uma blindagem não
convencional. Esta blindagem, além do painel composto de fibra Aramida ou Spectra Shield,
contém em sua área frontal externa uma superfície dura, fabricada em cerâmica especial,
projetada para que, no momento em que o projétil atingir o composto balístico cerâmica/fibra,
seu núcleo seja deformado no impacto sobre a placa de cerâmica. Por sua vez a cerâmica
quebra-se, transferindo a carga para o painel de fibra aramida ou de polietileno, que impede a
passagem, tanto da energia residual do projétil, quanto dos fragmentos da cerâmica fraturada.

2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Para começarmos a compreender o funcionamento dos painéis balísticos, imagine


diversas varas de madeira. Com seu punho você poderá quebrá-las uma de cada vez. Se
forem amarradas juntas em um pacote, nenhuma ou apenas as primeiras sofrerão algum tipo
de dano enquanto que as demais permanecerão intactas.

Parar o projétil é somente parte do problema. Os painéis não possuem elasticidade


considerável, e, dessa forma, são dispostos em camadas com o objetivo de romper-se ao
impacto do projétil, envolvendo-o, e com isso absorvendo gradativamente sua energia, ao
mesmo tempo em que esta mesma energia é transferida aos demais painéis e ao corpo. Este
impacto no corpo é chamado de "trauma fechado" e deve ser mantido em um nível tal que dele
não decorra nenhum ferimento considerável para o usuário do colete. Compreendendo isto,
nós podemos compreender algumas outras propriedades dos coletes..

Considerando a mesma energia total, um projétil de pequeno calibre mas com alta
velocidade penetrará os painéis mais profundamente do que um projétil maior e de menor
velocidade. Um .357 Magnum disparado de um revólver é conseqüentemente mais fácil de
parar do que um .22 Magnum disparado de um fuzil. Além disso, os projéteis constituídos de
material mais resistente não deformam no impacto e não penetram tanto mais que projéteis de
ponta macia (soft point).

133
3. MATERIAIS

3.a) KEVLAR

A grande revolução no desenvolvimento de tecidos


modernos para coletes balísticos viria em 1960, dos
laboratórios da indústria química Du Pont, com a produção
industrial de uma fibra de polímero amido-aromática
(poliaramida), a qual deu-se o nome comercial de Kevlar 29.
Porém, sua fabricação só tornou-se economicamente viável a
partir de 1965, quando Stephanie Kwolek, um cientista de
pesquisa da estação experimental da DuPont, em Wilmington,
descobriu que o amidobenzóico poderia ser polimerizado e
solubilizado sob circunstâncias especiais, produzindo um
polímero com uma resistência aproximada em cinco vezes superior a do aço.

Hoje, nas proteções balísticas é utilizada a segunda geração deste material, o KEVLAR
129. Este é 15% mais forte e 20% mais macio do que o KEVLAR original.

Quase que simultaneamente, uma equipe de químicos da Akzo Inc., multinacional com
sede na Holanda, também desenvolveu outro tipo de solvente, similar ao da Du Pont,
comercializando um tecido balístico idêntico ao Kevlar, com o nome comercial de Twaron. Este
fato gerou um grande processo no registro das respectivas patentes, que culminou em um
acordo entre ambas as empresas, onde a Akzo foi proibida de comercializar o Twaron nos EUA
até 1990.

CARACTERÍSTICAS DO KEVLAR:

• 5 vezes mais resistente que o aço e 10 vezes mais que o alumínio


• densidade de cerca da metade daquela encontrada na fibra de vidro habitual
• não se funde nem incandesce, podendo ser usada sem risco de degradação em
temperaturas insuportáveis pelo corpo humano
• altamente flexível, podendo ser costurada e inserida em vestes comuns, tais como
camisetas, bonés e até mesmo sutiãs.
• Velocidade de dissipação de energia em torno de 6800 m/s
• não é impermeável, perdendo sua eficiência balística quando exposta à umidade,
devido à ação lubrificante da água, que facilita a entrada do projétil e a conseqüente
ruptura das placas do material
• durabilidade de aproximadamente 2 a 5 anos, requerendo cuidados especiais durante
a lavagem, além de necessitarem de repotencialização após 2 anos, isto é, um novo
banho do verniz hidrorepelente, pois, com a utilização contínua dos coletes de aramida,
o verniz acaba se partindo, permitindo a absorção de umidade através do suor do
corpo do usuário e da água da chuva, reduzindo, como vimos, seu grau de proteção.

A dispersão de energia no material balístico Kevlar é


mais pontual, isto é, atinge uma menor área mais
com maior intensidade. Note o formato de estrela na
fotografia acima.

134
3.b) SPECTRA SHIELD

Produzido pela empresa norte-americana


AlliedSignal, Spectra é o nome comercial da fibra sintética
polímero de polietileno, de peso molecular extremamente
elevado ("UHMWPE - Ultra High Molecular Weight
Polyethylene").

Quando transformado pela AlliedSignal em fio do tipo


filamento contínuo, em processo conhecido tecnicamente por
"gel spinning", a fibra de polietileno adquire orientação
molecular no filamento, a qual é responsável pela elevação
da resistência à ruptura deste a níveis difíceis de serem
igualados e por um alongamento praticamente igual a zero. É
utilizada desde 1985 em substituição ao aço em cabos, encordoamento de raquetes, velas
para barcos de competição, luvas de segurança e adaptada para uso em painéis balísticos em
1988.
Sob forma composta, a fibra passa a ser chamada de Spectra Shield, resultado da
montagem de duas camadas (urdumes) de fios exatamente a 90º entre si e mantidos nessa
posição pela aplicação de uma película de resina plástica derivada das conchas dos moluscos,
denominada Kraton. Os dois urdumes e a película de resina são, por sua vez, selados entre
dois outros filmes de polietileno de baixa densidade, dando como resultado um produto com
características balísticas excepcionais.

CARACTERÍSTICAS DO SPECTRA SHIELD

• dez vezes mais resistente que o aço


• mais leve que a Aramida, resultando numa maior proteção com menor número de
painéis, com peso específico de 0,97, significando que pode boiar sobre a água
• maior flexibilidade, conseqüente da conformação dos painéis, compostos por fios
longitudinais a 0º e 90 º, não existindo tramas nem costuras, evitando que o colete se
transforme numa carapaça, reduzindo a mobilidade do policial
• Por não possuir nenhum tipo de costura, os coletes de Spectra Shield permitem,
quando baleados, que as lâminas perfuradas pelo disparo, sejam substituídas sem que
se perca por completo o equipamento, o que também não acontece com os coletes
tradicionais: no caso de um disparo recebido por um colete de aramida, o usuário é
obrigado a desprezá-lo, pois suas tramas são rompidas impossibilitando sua
reutilização em definitivo.
• quanto a durabilidade, os coletes confeccionados em Spectra Shield tem sua vida útil
por tempo indeterminado.
• total impermeabilidade, sendo utilizada até nos coletes dos mergulhadores das tropas
especiais dos EUA (SEALS)
• menor trauma fechado, isto é, menor aprofundamento do colete sobre o corpo do
usuário (o máximo permitido pelas normas americanas é de 44 mm), devido a sua
maior velocidade de dissipação de energia do projétil, de cerca de 13400 m/s

O padrão de dispersão de energia no Spectra


Shield™ cobre uma área maior e de forma mais
uniforme, possuindo, com isso, vantagens sobre o
Kevlar.

135
4. NÍVEIS DE PROTEÇÃO
Geralmente as empresas fabricantes de painéis balísticos comercializam seus produtos
classificados em seis níveis de proteção balística, seguindo a tabela de resistência da norma
norte-americana NIJ Standard 0101.03. Esta norma exige que a penetração de um
determinado projétil (munição), disparado com massa e velocidade determinada, seja igual a
zero, provocando uma deformação máxima (trauma fechado) inferior a 44 mm.
A diferença entre os níveis está apenas no número de camadas de painéis utilizadas e,
nos de nível III e IV, há ainda o acréscimo da placa de cerâmica, cuja utilidade já foi citada
anteriormente.

Nível de Massa nominal do Velocidade


Uso Indicado Munição
Proteção Projétil mínima exigida

38 Special RN Lead 10.2 g 259 m/s


I
22 LRHV Lead 2.6 g 320 m/s

.357 Magno JSP 10.2 g 381 m/s


IIA
9 mm FMJ 8.0 g 332 m/s

.357 Magnum JSP 10.2 g 425 m/s


II
9 mmFMJ 8.0 g 358 m/s
Policiais Civis,
Militares, Forças
.44 Magnum Lead
Armadas e 15.5 g 426 m/s
SWC GasChecked
população em geral
IIIA
9 mm FMJ 8.0 g 426 m/s

7,62 x 57 mm FMJ 838 m/s


III
5,56x 45 mm NATO

7,62 x 57 mm AP
IV 868 m/s
30.06 AP

Abreviaturas:
AP - Armour Piercing (Perfurante) , FMJ - Full Metal Jacketed (Jaquetada) - JSP -
Jacketed soft point (Jaquetada com ponta macia) LRHV - Long Rifle High Velocity (Rifle
longo de alta velocidade RN - Round Nose (Cabeça redonda) - SWC - Semi-Wadcutter
(Pontas cortantes)

136
5. RECOMENDAÇÕES

Nenhum tipo de objeto rígido deve ser utilizado por baixo do colete, como jóias,
canetas metálicas, crucifixos, etc., pois estes, quando atrás da área do impacto, podem
transformar-se em projéteis secundários quando impactados pelos projéteis ditos primários,
penetrando no corpo do usuário e causando-lhe sérias lesões.
Outro aspecto importante é o correto ajuste do colete ao corpo. Se estiver
demasiadamente frouxo torna-se incômodo; se apertado demasiadamente sobre seu peito
pode restringir a provisão de ar em seus pulmões e, caso seu corpo não prover oxigênio para o
cérebro e músculos durante tensão, simplesmente você perderá grande parte dos reflexos e da
velocidade, tão necessárias nos confrontos armados. O ideal é seja mantida uma distância de
dois dedos entre seu corpo e o colete, de forma que haja um espaço para o resfriamento do
corpo.
O tamanho do colete também deve merecer atenção, devendo ser conforme a
compleição física do usuário. pois sendo muito grande escavará na garganta quando você
sentar-se, ou se demasiado pequeno, não oferecerá a cobertura necessária para o baixo
abdômen e não cobrirá as laterais da caixa torácica corretamente. O colete deve proteger
preferencialmente o tórax em detrimento do abdômen, logicamente em razão da localização
dos principais órgãos vitais do corpo humano naquele.

6. CUIDADOS E MANUTENÇÃO

6.1) Armazenamento:

• Os coletes, quando não utilizados, devem ser preferencialmente pendurados com o


auxílio de um cabide, a fim de evitar rugas e deformações em seus painéis, podendo
causar perda de proteção;
• Nunca devem ser deixados sobre os bancos da viatura, expostos diretamente ao sol ou
em lugares muito úmidos
• Não estique em excesso as correias de velcro, pois isto retirará a sua capacidade de
estiramento
• Nunca ser guardado enquanto está úmido em conseqüência de uma lavagem ou da
transpiração, a fim de evitar o aparecimento de mofo

6.2) Lavagem

Os fabricantes não só permitem como recomendam que as capas dos coletes sejam
lavadas periodicamente, à mão e em água morna, aguardando que sequem à sombra,
completamente, antes de serem recolocadas nos painéis.

6.3) Inspeção visual


Os painéis devem ser inspecionados visualmente objetivando identificar qualquer
ofensa a sua integridade, não devendo ser utilizados aqueles já atingidos por projéteis antes de
prévio contato com o fabricante para que seja providenciado o devido reparo.

137
16. SILENCIADORES

O princípio utilizado
pelos silenciadores (na
verdade, o nome corredo é
Supressor) é muito simples.
Imagine um balão. Caso você
o estoure com uma agulha, o
estouro gerará um som alto,
mas se você desamarrar a
ponta do balão e permitir que
o ar saia devagar, você vai
reparar que o som será muito
baixo, até mesmo inaudível.
Esta é a idéia básica de um silenciador.
Para disparar uma bala de uma arma, a pólvora é detonada atrás do projétil (bala), e
cria um impulso de alta pressão com o gás quente gerado na combustão da pólvora. A pressão
do gás força a bala através do cano da arma. Quando a bala sai do cano, é como desarrolhar
uma garrafa, a pressão atrás da bala é imensa, da ordem de 3,000 libras por polegada
quadrada (psi), então o estouro causado é extremamente alto.
O silenciador é atarrachado ao final do cano da arma, e possui um volume imenso, se
comparado ao do cano da arma (20 ou 30 vezes maior). Com o silenciador no local, o gás
pressurizado atrás da bala possui um grande espaço para se expandir. Então a pressão do gás
quente cai significativamente. Quando a bala finalmente sai pelo orifício do silenciador, a
pressão de saída é muito menor, logo o som do tiro é muito menor.

138
17. LUNETAS (MIRAS ÓPTICAS)

Armas e cartuchos úteis à mais de


500m seriam inúteis se a
visualização do alvo não fosse
possível, sob as mais diversas
situações. Uma boa luneta deve ser
clara, adequada para o calibre,
alcance e tipo de operação, se
diurna, noturna, ambientes úmidos,
selvas densas, desertos, etc...
Como regra deve-se ter em mente
que uma luneta muito adequada
para determinadas condições pode
não sê-lo para outra, portanto,
escolha o tipo conforme o caso.
O aumento mínimo recomendado é de 4
vezes, podendo ser muito maior conforme
a distância de tiro. Também pode ser
utilizado, se necessário, algum
equipamento que possibilite a visão sob
baixas condições de luminosidade.
A referência das lunetas se dá mediante
uma combinação de números: 4 x 15mm ,
4 x 20mm etc. O primeiro número é a
capacidade de aumento , e o último
número refere-se ao diâmetro da lente
objetiva! Um dos materiais utilizados na
construção de lunetas é o alumínio.
Existem tipos de lunetas para serem acopladso desde uma carabina de pressão, até rifles de
calibres militares.
As melhores lunetas custam no mercado americano entre u$ 500,00 a u$ 1.000,00. A marca de
qualidade mais conhecida no Brasil é a tasco.

139
18. PERGUNTAS E DÚVIDAS MAIS
FREQUENTES
1 - Como adquirir uma arma?

2 - É possível manter em casa uma arma recebida com herança, há muito tempo?

3 - Quantas armas uma pessoa pode adquirir e possuir?

4 - É necessário registrar qualquer arma?

5 - É permitido comprar ou vender uma arma diretamente a outra pessoa?

6 - É permitido trazer no carro uma arma registrada?

7 - Como se faz para transportar uma arma registrada de casa para o trabalho?

8 - Quais são as armas permitidas para uso de um cidadão?

9 - Quais são as armas de uso restrito ou "proibidas"?

10 - Quem pode possuir arma de uso restrito?

11 - E permitido transportar munição?

12 - O registro de uma arma, expedido em um Estado, tem validade em outro?

13 - Quais os documentos que uma pessoa que porta arma deve trazer consigo?

14 - Uma pessoa que possui porte de arma, pode portar uma arma registrada em nome de outra pessoa?

15 - É possível adquirir um arma sem possuir porte?

16 - Quais as vantagens e desvantagens do revólver?

17 - Qual tipo de arma é mais segura: revólver ou pistola?

18 - Disparos em "seco" afetam o mecanismo?

19 - O que é melhor: percussor fixo ao cão ou flutuante?

20 - Devo amaciar o gatilho de meu revólver?

21 - Porque tiros com munições diferentes causam variações no alvo?

22 - Cano maior tem vantagem?

23 - Empunhaduras anatômicas valem a pena?

24 - Devo portar uma câmara vazia como forma de segurança?

25 - Quantos tiros meu revólver "agüenta"?

26 - Como cadastrar e registrar armas de fogo?

27 - Como transferir uma arma para outra pessoa?

140
Respostas

1 - O mais comum seria procurar uma loja especializada, após escolher a arma, o vendedor
solicitará autorização à Delegacia própria, que por sua vez verificará os antecedentes do
pretendente. Se não houver antecedentes criminais, o pedido de compra é encaminhado à
Polícia Federal para consulta e inclusão no SINARM.
Depois de autorizado pelo SINARM, a Delegacia confirma a venda, depois de emitida a nota
fiscal, a Delegacia expede o Registro.
A loja só libera a arma com o registro.
Uma arma também pode ser comprada diretamente de outra pessoa. Neste caso, é
imprescindível que seja registrada, e previamente autorizado pela Delegacia especializada,
onde deverá ser transferida para o novo proprietário.
A legalidade da arma será comprovada com o novo registro fornecido, constando o nome de
quem comprou.

2 - Para manter em casa uma arma de fogo, mesmo antiga, é necessário possuir o Registro
fornecido pela Delegacia competente, no caso de herança, se a arma já era registrada deve ser
providenciado o novo registro (transferência). O art. 30 do Decreto 2222/97 disciplina o
assunto: "As transferências de arma de fogo de uso permitido, de pessoa a pessoa,
autorizadas pelas Polícias Civis, serão feitas imediatamente, observando-se os procedimentos
para registro."
Se a arma não possuía registro anterior, é bom procurar informar-se na Delegacia
Especializada, dificilmente poderá ser legalizada. Para não incorrer no crime previsto no artigo
10 da Lei 9.437/97, seria aconselhável entregar a arma as autoridades.

3 - Todo cidadão pode adquirir e possuir até seis armas de fogo: duas curtas de defesa (pistola
ou revólver), duas longas de alma lisa (espingardas) e duas longas de alma raiada (rifles ou
carabina). Entretanto, só podem ser adquiridas no máximo três armas por ano, sendo uma de
cada tipo especificado acima.

4 -Sim. Conforme disciplina o artigo 3° da Lei 9437/97: É obrigatório o registro de arma de


fogo no órgão competente, excetuadas as consideradas obsoletas.

5 - Sim, Neste caso, é imprescindível que já seja registrada, e previamente autorizado pela
Delegacia especializada, onde deverá ser transferida para o novo proprietário.
A legalidade da arma será comprovada com o novo registro fornecido, constando o nome de
quem comprou.
Caso a venda não seja autorizada pela Delegacia Competente, tanto o comprador quanto o
vendedor incorrerão em crime previsto no art. 10 da Lei 9.437/97.

6 - Apenas o registro não permite transportar a arma, conforme o Art. 4° da Lei 9.437/97: O
Certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o
seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou
dependência desta, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o
responsável legal do estabelecimento ou empresa.

7 - Para transportar uma arma é necessário obter uma guia de tráfego, vale lembrar que essa
guia, ou autorização, possui curta duração e geralmente é válida para um único deslocamento.
A arma deve estar descarregada, acondicionada em sacola ou embalagem e distante da
munição. O art. 31 do Decreto 2222/97 define a competência para expedir o documento:
"O trânsito de arma de fogo registrada, de uma Unidade para outra da Federação, será
autorizado pela Polícia Federal e, nos limites territoriais dos Estados e do Distrito Federal,
pelas Polícias Civis, exceto se pertencer a militar das Forças Armadas, caçador, atirador ou
colecionador."

141
8 - As armas de uso permitido são definidas no art. 17 do R-105:

I - armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticos, cuja munição comum tenha ,na
saída do cano ,energia de até trezentas libras-pe ou quatrocentos e sete Joules e suas
munições, como por exemplo ,os calibres 22 LR,.32-20,.38-40 e 44-40;

II - armas de fogo longas raiadas, de repetição-automáticas, cuja munição comum tenha, na


saída do cano, energia de mil libras-pe ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas
munições, por exemplo, os calibres .22 LR, 32-20, .38 S&W, 38 SPL e 380 Auto.

III - armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automáticos, calibre doze ou inferior, com
comprimento de cano igual ou maior do que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez
milímetros; as de menor calibre com qualquer comprimento de cano, e suas munições de uso
permitido;

IV.-armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou
inferior a seis milímetros e suas munições de uso permitido;

V - armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas, que utilizem,
cartuchos contendo exclusivamente pólvora ;

VII - dispositivos óticos de pontaria com aumento menor que seis vezes e diâmetro da objetiva
menor que trinta e seis milímetros;

VIII - cartuchos vazios, semi-carregadas ou carregados a chumbo granulado, conhecidos como


cartuchos de caça ,destinados a armas de fogo de alma lisa de calibre permitido;

IX - blindagens balísticas para munições de uso permitido

X - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo de porte de uso permitido, tais
como coletes, escudos, capacetes, etc.; e

XI - veículo de passeio blindado.

9 - O art 16 do R-105 define as armas de uso restrito:

I - armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam alguma característica


no que diz respeito aos empregos tático, estratégico e técnico do material bélico usado pelas
Forças Armadas nacionais;

II - armas, munições, acessórios e equipamentos que, não sendo iguais ou similares ao


material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais, possuem características que só a
tornam aptas para emprego policial ou militar;

III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a
(trezentas libras-pe ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por exemplo, os
calibres, 357 Magnum, 9 Luger, 38 Super Auto, 40 S&W, 44 SPL ,44 Magnum, 45 Colt, e 45
Auto);

IV - armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia
superior a mil libras-pe ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas munições, como por
exemplo, .22-250,.223Remigton, .243 Winchester, 270 Winchester, 7 Mauser,.30-06, .308
Winchester, 7,62 x 39, .357 Magnum, .375 Winchester e 44 Magnum;

VIII - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre superior
a seis milímetros, que disparem projeteis de qualquer natureza.

IX - armas de fogo dissimuladas, conceituadas como tais os dispositivos com aparência de


objetos inofensivos, mas que escondem uma arma, tais como bengalas-pistola, canetas-
revólver e semelhantes;

142
X - arma a ar comprimido, simulacro do Fz 7,62 mm,M964,FAL;

XI - armas e dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás agressivo e suas
munições;

XII - dispositivos que constituam acessórios de armas e que tenham por objetivo dificultar a
localização da arma,como os silenciadores de tiro, os quebra-chamas e outros,que servem
para amortecer o estampido ou a chama do tiro e também os que modificam as condições de
emprego, tais como os bocais lança-granadas e outros;

XIII - munições ou dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos similares capazes de


provocar incêndios ou explosões;

XIV - munições com projeteis que contenham elementos químicos agressivos, cujos efeitos
sobre a pessoa atingida sejam de aumentar consideravelmente os danos, tais como projeteis
explosivos ou venenosos;

XV - espadas e espadins utilizados pelas Forças Armadas e Forças Auxiliares;

XVI - equipamentos para visão noturna, tais como óculos, periscópios, lunetas, etc.;

XVII - dispositivos ópticos de pontaria com aumento igual ou maior que seis vezes ou diâmetro
da objetiva igual ou maior que trinta e seis milímetros;

XVIII - dispositivos de pontaria que empregam luz ou outro meio de marcar o alvo;

XIX - blindagens balísticas para munições de uso restrito;

XX - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo portáteis de uso restrito, tais
como coletes, escudos, capacetes, etc;e

XXI - veículos blindados de emprego civil ou militar;

10 - Militares das Forças Armadas, Policiais Federais, Policiais Civis e Militares (alguns
calibres), Atiradores e Colecionadores devidamente registrados no Exercito.

11 - Munição é um produto controlado pelo Exército, para que seja transportada se faz
necessário uma Guia de Tráfego expedida por uma autoridade competente. Pode ser a Polícia
Civil, Polícia Federal ou o SFPC (Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados) do
Exercito. Se a pessoa possui Porte de Arma, está implícito a permissão para transportar a
munição de carga.

12 - Sim, o registro de arma de fogo, apesar ser um documento expedido por um órgão
estadual, tem validade em todo o território nacional:
Lei 9.437/97, art. 4º " O Certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o
território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no
interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que
seja ele o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa."

13 - O porte de arma e o registro da arma. No porte deve especificar qual a arma está
autorizada.

14 - Não. O porte é especifico para a arma autorizada. A lei considera crime ceder ou
emprestar uma arma a outra pessoa, mesmo que possua porte.

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15 - Sim. A pessoa pode adquirir uma arma para utilizá-la em sua residência ou no
estabelecimento comercial. O porte permite transportar, ou portar a arma. Para obter um porte,
obviamente, se faz necessário possuir uma arma.

16 - Apesar de ser um mecanismo já próximo do máximo em termos de desenvolvimento


tecnológico, o revólver apresenta inúmeras vantagens que o fazem presente em qualquer séria
lista de opções de compra. Algumas das principais vantagens residem na já comentada
facilidade de manejo, versatilidade de emprego, rapidez de aprendizado e na intrínseca
segurança para o usuário novato.
Por apresentar um mecanismo mais simples e de fácil operação, o revólver é o ponto básico de
todo início de aprendizado com Armas de fogo. Iniciar um novato na prática do Tiro Defensivo
ou mesmo esportivo, através de pistolas semi-automáticas, representa dispêndio de maior
esforço na compreensão do manejo seguro de uma arma e o correto uso desta. Já o revólver,
em calibres de baixa e média potência, facilita o aprendizado de conceitos básicos de
segurança e manejo de Armas de fogo e os rudimentos das técnicas de Tiro.
Em termos de segurança, o revólver possibilita a rápida conferência de estar carregado ou não
e, graças aos mecanismos de barra de transferência e/ou bloqueio, o disparo da arma só se
dará caso o gatilho seja efetivamente acionado. Esse fator, mais a facilidade de empunhadura
e disparo, facilitam o emprego do revólver mesmo por pessoas recém iniciadas no Tiro ou em
situações de excessivo "stress".
Outro fator de vantagem para o revólver é sua inerente "condescendência" no uso de munições
de potências e projéteis diferentes. Como esse tipo de arma não depende da munição para
operar a seqüência de disparo, qualquer padrão de combinação é aceita sem problemas de
funcionamento. Isto confere suficiente versatilidade para, num mesmo revólver, colocar-se
munição de Tiro ao Alvo, portanto de baixa potência, em conjunto com cargas bem mais
"quentes" destinadas ao uso defensivo.
O fato de o revólver não depender da munição para operar seu mecanismo de disparo o faz
sensata escolha quando o assunto é Segurança pessoal. Embora nos presentes dias o foco
das atenções sejam as semi-automáticas de grande capacidade de munição, o revólver, com
apenas 6 tiros, possui a virtude de não deixar o seu proprietário com uma arma "travada" por
mal funcionamento durante uma condição de extremo perigo. Se, quando acionado, o revólver
percutir uma munição que não dispare, somente será necessário acionar novamente o gatilho
para se alinhar outra munição pronta para uso. Em tal situação, muitas armas semi-
automáticas podem tomar preciosos segundos para se sanar a falha e estar novamente em
condição de emprego. Por esse motivo é que muitos dos policiais veteranos ainda optam pelo
revólver por sentirem mais confiança no seu mecanismo e funcionamento.
É certo que a pouca capacidade de munição dos revólveres, frente às pistolas semi-
automáticas, os fazem alvo de algumas críticas em termos de emprego tático em defesa. As
condições de Tiro Defensivo são as mais variadas possíveis e muitos preferem confiar em
armas de grande capacidade de munição ao invés de enfrentar situações com a
"desvantagem" de possuírem apenas 6 tiros.
Outro ponto de crítica é quanto ao volume apresentado pelo revólver frente a nova geração de
pistolas semi-automáticas super compactas. Neste ponto, não há muito que fazer, pois não se
pode reduzir mais o perfil de um revólver sem reduzir também o número de tiros em seu
tambor.

17 - Em toda a longa historia de desenvolvimento do revólver seu mecanismo interno sofreu


aperfeiçoamento gradual no sentido de torná-lo cada vez mais um mecanismo confiável e
seguro de emprego. Mas nem sempre foi assim e muitos revólveres de concepção e projeto
mais antigos eram verdadeiras "armadilhas" em termos de disparos acidentais.
Com o aparecimento das armas semi-automáticas no início do século, o revólver tradicional
começou a ser comparado perante um mecanismo de operação mais sofisticado e ao mesmo
tempo complexo de manejo, mas que possuía diversos sistemas de segurança. Esses sistemas
de segurança em armas semi-automáticas expunham mais as falhas do revólver quanto a ser
mecanismo confiável para o usuário, forçando uma efetiva evolução.
Diversos sistemas de bloqueio do mecanismo de disparo foram desenvolvidos ao longo dos
anos visando evitar o acionamento do revólver por crianças ou pessoas desautorizadas. Desde
travas de mão, do tipo empregada nas pistolas Colt, até fechaduras especiais, vários sistemas
bloqueadores foram sendo lançados para tornar a guarda e manuseio de revólveres mais
seguro. O mais recente desenvolvimento é apresentado pelas Forjas Taurus, que bloqueia o

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cão do revólver pelo simples travamento do acionamento do cão da arma, fazendo uso de uma
chave especial.
O mecanismo de disparo de um revólver moderno é hoje tido como algo altamente
desenvolvido em termos de segurança, pois em seu projeto são estudados formas de bloquear
o disparo da arma em caso de queda acidental ou percussão da munição sem que seja
intencionalmente acionado o gatilho. Com isso, o revólver pode ser considerado um
mecanismo de emprego seguro, desde que sempre mantido em suas características originais e
em bom estado de conservação.

18 - Houve épocas em que o cão de um revólver tinha o pino de percussão como uma
extensão fixa de seu corpo. Assim, o impacto da percussão era transferido diretamente para a
espoleta da munição, garantindo mais confiabilidade de sua ignição. Isso também significava
que, sem munição na câmara, o cão e seu pino percussor batiam por inteiro no chassi da arma,
muitas vezes quebrando-se em partes devido as precárias técnicas de têmpera daquelas
épocas. As técnicas de têmpera e a qualidade dos materiais mudaram muito durante os quase
160 anos de desenvolvimento do revólver, mas o medo de se disparar em "seco" e ter uma
arma danificada permaneceu até os dias de hoje.
Com os excelentes sistemas de disparo e a qualidade dos materiais encontrados nos dias de
hoje na maioria das armas, revólveres ou mesmo pistolas, é plenamente seguro o disparo em
"seco" sem o comprometimento da integridade do mecanismo. O único senão é feito quanto as
armas em calibre .22 de fogo lateral (rimfire) pois nesse tipo de munição a forma de ignição da
espoleta se dá na lateral do estojo e o pino percussor deve "picotar" a borda do mesmo tendo a
beirada da câmara como anteparo. Repetidos disparos em "seco" com armas em .22 "Rimfire",
nos tradicionais calibres .22 Short, .22 Long Rifle ou .22 Magnum, resultarão, invariavelmente,
em deformação da lateral da câmara pela "batida" direta do percussor sem o amortecimento da
borda do estojo.
Quanto aos revólveres de fogo central, o disparo em "seco" é até recomendado por alguns
especialistas tais como o famoso Atirador John Saw e o articulista Dick Metcalf, da conceituada
revista norte-americana "Shooting Times". De acordo com essas abalizadas opiniões, o tiro em
"seco" é indicado como a forma mais racional de "acomodar" o mecanismo de disparo em
armas novas além de servir como excelente treino para o Atirador ao habituá-lo com o "peso" e
curso de acionamento do gatilho. Mesmo assim, deve-se recomendar parcimônia nesse tipo de
atividade, pois o mecanismo de disparo e a estrutura da arma estarão sendo exigidos de uma
forma para a qual não foram necessariamente preparados.

19 - Nos presentes dias existem dois sistemas de percussão num revólver: o direto,
representado por armas do tipo Smith & Wesson e Rossi, e o sistema de percussão indireta ou
flutuante, encontrado em armas da Taurus, Colt e Ruger, por exemplo.
No sistema de percussão direta, o pino percussor localiza-se no cão, como nas antigas armas
do século passado, mas possui movimento suficiente para impedir que se quebre quando
percutir uma câmara vazia. Quando liberado pelo gatilho, o cão e seu percussor atingem
diretamente a espoleta. No caso do sistema de percussão indireta o cão atinge uma barra de
transferência a qual faz um pino percussor flutuante detonar a espoleta.
O sistema de percussão direta é confiável quanto a poder atingir a espoleta mesmo quando a
arma estiver com excessiva sujeira e o sistema indireto se apresenta como mais lógico de
construção e menos sujeito a quebras. Ambos são sistemas igualmente confiáveis de emprego
e convivem em paralelo, de acordo com a filosofia tecnológica adotado pelas empresas que o
usam em seus projetos.

20 - Ajustar o gatilho de qualquer arma para atender preferências pessoais é algo plenamente
possível e justificável. Como toda máquina de uso individual, o revólver pode receber
"afinamentos" que o tornam mais adaptáveis às necessidades de seu usuário, facilitando o
emprego. Contudo, certas regras de bom senso devem ser seguidas no "amaciamento" de um
gatilho visando garantir resultado positivo, não prejudicar a arma e nem causar acidentes
irreparáveis.
Diversos especialistas em Armas curtas recomendam que não se inicie nenhum tipo de
"amaciamento" antes da arma disparar aproximadamente 500 tiros. Esses tiros podem ser
substituídos por algumas centenas de disparos "em seco" pois a intenção desse trabalho é
fazer com que o mecanismo interno da arma se movimente repetidamente, perdendo aquela
"dureza" e rebarbas de peça nova recém saída da linha de montagem. Partir para "amaciar"

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gatilhos de revólveres sem uma etapa de acomodação do mecanismo de disparo pode trazer
decepções quanto ao resultado final.
O passo seguinte será estudar junto a um armeiro competente os "pesos" de gatilho desejados
sempre tendo em mente que gatilhos excessivamente "leves" são mais adequados à prática de
Tiro ao Alvo e podem causar acidentes quando indevidamente empregados. Também se deve
alertar que cortar aleatoriamente e sem conhecimento alguns elos das molas internas do
mecanismo de disparo pode ser uma fonte segura de dor de cabeça. Como as molas trabalham
em equilíbrio, somente um armeiro experiente poderá saber como "aliviar" o peso do gatilho e
polir as peças internas de maneira correta.

21 - As Armas Curtas reagem imediatamente e em proporção à energia de recuo produzida


pela sua munição. Esse fenômeno já foi assunto de extenso artigo com o título "Administrando
o recuo" na edição no 31 de MAGNUM. Naquele artigo foi explicado que a variação de
concentrações dos impactos com uma mesma arma e munições diferentes está relacionada à
ação do recuo. Como o revólver começa a se movimentar tão logo a munição é disparada, o
projétil mais pesado leva maior fração de tempo para sair do cano e deixá-lo quando o mesmo
estiver em movimento de ascensão. Por outro lado, projéteis mais leves deixam o cano mais
rapidamente e tendem, por esse motivo, a se concentrar em pontos mais baixos dos
agrupamentos obtidos pelos projéteis pesados. Esse efeito é mais aparente nos revólveres pois
eles possuem uma maior diferença entre a linha imaginária do centro do cano e o eixo do braço
do Atirador.
Como num mesmo revólver é possível empregar inúmeras variantes de munições em
diferentes níveis de potência, é também recomendado que o usuário treine constantemente
com sua arma, principalmente se esta for utilizada em Defesa Pessoal e possuir miras fixas.

22 - Essa questão será sempre relacionada ao emprego destinado a determinada arma.


Ninguém deve esperar que aquele seu revólver de 4 polegadas seja um "ferramenta de
múltiplo uso" e sirva para a prática de todas as atividades do Tiro. Mesmo os revólveres de
constituição equilibrada como aqueles em calibres Magnum e cano de 6 polegadas, terão mais
vantagens de emprego em determinadas atividades do que em outras.
Todos sabem que o comprimento de cano pode favorecer o aproveitamento da potência da
munição por oferecer mais espaço para a expansão dos gases e aceleração do projétil. Mas
daí a pensar que um revólver com cano de 8 polegadas de comprimento pode ser a resposta
definitiva como armamento de Segurança Pessoal, se afigura como um exagero sem propósito.
Mesmo sendo compactos e de fácil porte e dissimulação, revólveres com comprimento de 2, 2
1/2 e 3 polegadas de cano não conseguem acelerar plenamente sua munição. Por esse motivo
não se deve esperar que certas munições do tipo "ponta oca" funcionem com eficiência total,
pois esses projéteis necessitam atingir determinada faixa de velocidade para se expandir.
O comprimento de 4 polegadas se aproxima da medida ideal para emprego em situações de
Defesa por favorecer um equilíbrio entre aproveitamento de munição, relativa facilidade de
porte e maleabilidade. Embora apresentem desembaraço em ação, armas com canos de 4
polegadas de comprimento somente serão eficientes em caça de médio porte se forem em
calibres Magnum. Para Tiro de precisão então, os revólveres de 4 polegadas de cano não
conseguem apresentar os mesmos resultados que armas com comprimento superior.
Canos de 6 e 8 polegadas são mais indicados para a prática de Tiro Esportivo e Caça, por
favorecer a precisão e aproveitamento da potência da munição. Em Defesa, esses
comprimentos de cano tornam-se desconfortáveis e de emprego desajeitado.

23 - Como acontece com o "amaciamento" do gatilho, a empunhadura de uma arma pode se


escolhida ou adaptada para se ajustar às exigências ou ergonomia de seu proprietário. Para
isso existem diversos fabricantes e artesãos especializados em empunhaduras, oferecendo
uma vasta gama de produtos de forma a atender qualquer gosto e orçamento. O assunto foi
extensamente comentado na edição no 31 de MAGNUM no artigo "Empunhaduras de Armas
Curtas", onde procurei descrever todos os pontos e detalhes desse tipo de componente e
apresentar os seus principais fabricantes.
Empunhaduras em plástico, borracha ou neoprene são ideais em "peças de serviço" por resistir
à maus tratos e favorecer a aderência na mão da pessoa, mesmo em situações de umidade e
"stress". Por outro lado, empunhaduras de madeira são imbatíveis em beleza e acabamento,
apresentando ainda a vantagem, nas mãos um bom artesão, de serem adaptadas às
necessidades ergonômicas de seu usuário.

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24 - Isso ainda é um assunto polemico, com raízes na época em que os revólveres tinham
percussor fixo no cão e não possuíam sistema de travamento no mecanismo de disparo. Em
revólveres "antigos", de fabricação antes dos anos 70, era mais seguro portar uma câmara
vazia, na posição do percussor, de maneira a se evitar que este ficasse em contato com a
espoleta da munição e viesse a disparar acidentalmente em caso de queda da arma. Hoje em
dia esse tipo de procedimento é dispensável, pois todos os revólveres modernos saem de
fabrica com um aperfeiçoado sistema de disparo, portando bloqueadores de percussão, os
quais impedem o disparo acidental, a não ser que se esteja pressionando o gatilho.
Algumas instituições policiais do Brasil exigem dos seus membros o porte de suas armas com
uma câmara vazia para prevenção de acidentes, visto que esse fato já foi ocorrência
relativamente comum no passado. É de se adiantar que em muitos desses casos de disparos
acidentais, a maioria por queda das armas, se deu com revólveres em má conservação,
modelos antigos ou com adiantado desgaste. É certo que, para essas instituições, o uso de
uma câmara vazia aumenta a segurança do revólver, mas por outro lado, deixa o policial em
situação de desvantagem em questão de volume de fogo frente a bandidagem.

25 - É comum surgir perguntas tais como "quantos mil tiros posso dar?" ou "meu revólver
agüenta tantos mil tiros?". Como qualquer outra ferramenta, o revólver tem um nível de
desgaste de acordo com a forma de emprego e grau de conservação. Se o proprietário de uma
Arma de fogo somente fizer uso de munição "soft" para Tiro ao alvo, seu revólver (ou pistola)
poderá disparar dezenas de milhares de tiros antes de começar a sair dos padrões de
tolerância. Se, no entanto, o atirador somente fizer uso de munições "quentes" em sua arma,
esta certamente terá um tempo de vida útil menor e deverá ser avaliada periodicamente quanto
à exatidão de seu funcionamento. Esse desgaste será mais agravado se o atirador conservar
mal sua arma, por desleixo ou por erros nas etapas de limpeza.
Num revólver, o desgaste pode ser observado nas folgas entre o tambor e o cano, além de
uma excessiva erosão no cone de forçamento do cano. Outras partes podem ser afetadas, tais
como a força de ação das molas e a condição física do pino percussor. No entanto, mesmo
com o emprego de munições de alto desempenho, somente será aparente alguma forma de
desgaste após 4 ou 5 mil tiros, valor raramente alcançado pelo cidadão comum.
E qual o limite de uma Arma de fogo? O limite de emprego, ou seja, quando uma arma deve
ser analisada quanto ao seu desgaste, se dará no momento em que as suas principais partes
começarem a apresentar folgas e desalinhamento, comprovando que as tolerâncias normais
encontram-se comprometidas. Nesse estágio, alcançado após milhares de tiros, o proprietário
deve levar sua arma a um competente armeiro para avaliação, possíveis ajustes e reparos. De
uma maneira razoável, pode-se considerar algo entre 5.000 e 10.000 tiros como um tempo de
vida normal para uma Arma de fogo, o mesmo que rodar 100.000 km com um automóvel.

26 - Cadastro geral das armas de fogo


É competência do Sinarm – Sistema Nacional de Armas, órgão do Ministério da Justiça,
integrante da Polícia Federal (arts. 2º da Lei n. 9.437/97 e 2º Decreto n.2.222/97).
Incluem-se todas as armas de fogo no território nacional, com a exceção do § 1º do art. 2º do
Decreto n. 2.222/97, que trata das armas militares, de colecionadores, atiradores e caçadores.

O Registro
A arma de fogo possui uma identidade, uma certidão de nascimento, que é o seu registro,
contendo os dados mencionados no art.10 do Decreto n. 2.222/97. O registro da arma de fogo
é obrigatório, devendo ser realizado no órgão competente. Tal ato administrativo é de
incumbência das Polícias Civis estaduais, com autorização do Sinarm (Decreto n. 2.222/97,
arts. 4º e 6º c.c. art. 3º da Lei n. 9.437/97)

Registro de armas restritas


As armas restritas deverão ser registradas no Exército, junto ao Departamento de Material
Bélico, precisamente na Diretoria de Produtos Controlados e respectivos Serviços de
Fiscalização de Produtos Controlados, salvo aquelas adquiridas para uso próprio de polícias
federais (art. 7º e 9º do Decreto n. 2.222/97)

Registro de armas de fogo obsoletas


Estão dispensadas do registro, por força do art. 3º da Lei n. 9.437/97.

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Registro de armas de fogo por colecionadores, atiradores e caçadores:
Deverá ser providenciado o registro junto à Região Militar de vinculação de tais pessoas (art.
2º, § 1º, art. 11 do Decreto n. 2.222/97 e art. 3º, parágrafo único da Lei n. 9.437/97).
Sobre a caça, já existe autorização para funcionamento de áreas particulares destinadas para
tal finalidade, bem como áreas públicas (ex: Estado do Rio Grande do Sul, onde é comum a
caça principalmente a aves migratórias).

Registro das armas particulares dos militares


Deverá ser junto dos respectivos Ministérios e corporações de vinculação. Devem proceder ao
registro nos respectivos Ministérios (Defesa – Marinha, Exército, Aeronáutica) e corporações
(Polícias Civis e Militares e Corpos de Bombeiros Militares), como dispõe o art. 11, § 2º do
Decreto n. 2.222/97.
Hoje, com o Ministério da Defesa, o registro será na Força Armada respectiva.

Alcance espacial do registro


O registro tem validade nacional, mas autoriza apenas a manutenção, pelo proprietário, da
arma em sua residência ou dependência desta, ou ainda, no local de trabalho, caso seja o
responsável legal do estabelecimento (art. 4º da Lei n. 9.437/97). Conhece-se,
equivocadamente, como “porte domiciliar”, que inexiste.

27 - De acordo com o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), no seu capítulo IV, “as
transferências de arma de fogo de uso permitido, de pessoa a pessoa, autorizadas pela Polícia
Civil, serão feitas imediatamente, observando-se os procedimentos para registro”. As
transferências de arma de fogo de uso permitido, que conste dos registros próprios das Forças
Armadas e Auxiliares, serão autorizadas por essas Forças.
As transferências de arma de fogo de uso restrito ou proibido serão autorizadas pelo Ministério
do Exército.

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