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A MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO

Helena Cruz, Lina Nunes

Núcleo de Estruturas de Madeira. Laboratório Nacional de Engenharia Civil

INDICE

8.1. Introdução
8.2. O que é a madeira
8.3. Higroscopicidade e teor em água
8.4. Resistência mecânica da madeira
8.5. Degradação da madeira por agentes físicos e químicos
8.6. Degradação da madeira por agentes biológicos
8.7. Conservação e protecção da madeira
8.8. Produtos derivados de madeira e suas aplicações

8 – MADEIRA

8.1. Introdução

A crescente diversidade de produtos de madeira e respectivas utilizações contraria cada vez


mais a ideia, que muitos de nós ainda temos, de se tratar de um material tradicional, desde
sempre usado pelo homem com um mínimo de modificação, amplamente conhecido e
trabalhado ainda com base num conhecimento sobretudo empírico. Se esta ideia já não
correspondia à realidade no final da segunda guerra mundial, com o surgimento de novos
materiais derivados de madeira, a disseminação de novos sistemas construtivos e o
desenvolvimento de regras de dimensionamento mais objectivas, ela está completamente
ultrapassada no início do século XXI.

Assiste-se, hoje em dia, a uma multiplicidade de novos produtos de madeira processados


(engineered wood products), com características muito interessantes sob os pontos de vista da
forma, dimensões, aspecto e, sobretudo, características físicas e mecânicas. As técnicas de
ligação sofreram igualmente uma evolução muito importante, traduzida no desenvolvimento
de colas de grande resistência e durabilidade e no desenvolvimento de ligadores e ligações
mais eficientes.

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No que respeita à durabilidade da madeira, porventura um dos aspectos que suscita maior
preocupação, a grande maioria das espécies com interesse comercial está caracterizada sob
esse ponto de vista e dispomos de conhecimento e meios para saber em que condições deve
ser aplicada e/ou de que modo podemos protegê-la por forma a prolongar a sua vida útil. Nos
últimos anos tem-se verificado uma significativa evolução quanto à filosofia de protecção da
madeira e aos métodos correntes de preservação e tratamento, no sentido de uma abordagem
menos agressiva para o ambiente e menos tóxica para o homem.

Também no que diz respeito ao dimensionamento de estruturas, dispomos hoje de modernas


regras de cálculo e de um extenso conjunto normativo, que nos permitem tratar a madeira a
par de outros materiais de construção, bem como especificar o material, caracterizar e
verificar o seu desempenho de um modo objectivo.

Sendo a madeira um material natural, muito haveria a dizer acerca da sua produção, biologia
da árvore ou interesse ambiental. Também em termos históricos, a utilização da madeira,
particularmente em estruturas, é rica e diversificada e mereceria ampla reflexão. Não obstante,
dados os objectivos do presente GUIA, entendeu-se cobrir neste capítulo sobretudo os
aspectos que mais directamente poderão ajudar engenheiros e arquitectos relativamente à
aplicação de madeira na construção. Mais do que dar uma perspectiva histórica da utilização
da madeira, a par de um conhecimento básico sobre o material que consideramos
imprescindível, procurou-se aqui fornecer linhas orientadoras para a selecção da madeira e
sua aplicação na construção civil, enquadradas sempre que possível pelos documentos
normativos actualmente aplicáveis.

8.2. O que é a madeira

A madeira é um material de origem biológica, formado por uma matéria heterogénea e


anisotrópica elaborada por um organismo vivo, que é a árvore.

A madeira é constituída pelas paredes rijas e resistentes das células mortas do lenho. Embora
se possa aproveitar a madeira resultante das desramas, a maioria do material lenhoso utilizado
provém do tronco da árvore. Além de constituir o suporte do organismo vegetal durante a vida
da árvore, o tronco desempenha a condução das matérias necessárias ao processo de
fotossíntese (seiva bruta) e o armazenamento de substâncias elaboradas e de água, durante os
períodos de menor actividade fisiológica ou mesmo de repouso [1].

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A madeira (ou lenho) é consequentemente constituída por pequenos elementos celulares, com
direcção predominantemente longitudinal, diferenciados segundo as funções que
desempenham. O seu conjunto e arranjo (estrutura anatómica) são característicos de cada
espécie florestal, embora variem também, em certa medida, com a idade e as condições de
crescimento (solo, clima, altitude, exploração florestal, queimadas, etc).

O crescimento da árvore em diâmetro é devido à adição de novas células produzidas pelo


câmbio, o qual produz lenho para o interior, bem como casca e entrecasco para o exterior,
enquanto se afasta progressivamente da medula, figura 1.

Figura 1 – Secção transversal de um tronco (de Folhosa). (extraído de [2])

A – câmbio, B – entrecasco, C – casca, D – borne, E - cerne, F – medula, G – raios lenhosos

Resinosas e Folhosas

As células do lenho diferenciam-se entretanto em elementos celulares com funções


fisiológicas diferentes (condução de seiva, suporte estrutural, armazenamento, etc), sendo que
essa especialização é muito maior no caso da família das Folhosas, dando origem a arranjos
anatómicos mais complexos e diversificados, do que no caso da família das Resinosas, mais
ancestrais. Refira-se como exemplos de espécies pertencentes à família das Resinosas:
pinheiro, abeto, cedro; e como espécies pertencentes à família das Folhosas: carvalho,
castanheiro, faia, eucalipto, bem como a generalidade das espécies que estão na origem das
madeiras tropicais que utilizamos.

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Lenho de Primavera e lenho de Outono

Na maioria das árvores das zonas temperadas, verifica-se um abrandamento ou mesmo uma
paragem da formação do lenho durante o Inverno e uma retoma no início da Primavera. Esta
variação implica, a nível microscópico, diferenças de calibre das células e de espessura das
respectivas paredes, que se reflectem, a nível macroscópico, em diferenças de tonalidade,
originando uma alternância de anéis de crescimento escuros (anéis de Outono) e claros (anéis
de Primavera). Nestes casos, é possível estimar a idade de uma árvore pelo número de anéis
de crescimento anual, cada um dos quais corresponde ao conjunto de um anel de Primavera e
um anel de Outono.

Borne e cerne

A partir de determinada idade da árvore, normalmente entre os 5 e os 30 anos de vida,


consoante a espécie, começa a dar-se a transformação do borne em cerne. Esta transformação,
irradiando a partir da zona central do tronco, resulta da morte das células, e corresponde a
alterações químicas e físicas traduzidas nomeadamente pela cessação de transporte de seiva e
pelo depósito de produtos residuais. Verifica-se geralmente a alteração da cor do lenho, a
redução da sua permeabilidade e, na maioria dos casos, também o aumento da durabilidade
natural, já que os produtos depositados no cerne podem ser repelentes ou tóxicos para os
fungos e insectos que degradam a madeira.

Anisotropia

O processo de crescimento da árvore determina uma simetria axial e uma direcção


predominante das células que constituem o lenho. Este arranjo resulta numa anisotropia
marcada, tanto nas propriedades mecânicas como nas propriedades físicas (retracção) da
madeira, pelo que estas são normalmente referidas aos diferentes planos da madeira ou
direcções indicadas na figura 2.

A direcção longitudinal é frequentemente designada por direcção paralela às fibras. As


direcções radial e tangencial, ambas perpendiculares às fibras, correspondem respectivamente:
a um qualquer raio definido na secção transversal e a uma qualquer tangente às camadas de
crescimento.

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Figura 2 - Planos da madeira. (extraído de [1])

Variabilidade da madeira

A grande diversidade de espécies florestais exploradas comercialmente implica o primeiro


factor de variabilidade da madeira. Esta variação entre espécies é particularmente notória na
família das Folhosas, que engloba desde madeiras claras, leves, pouco resistentes e pouco
duráveis como a balsa até madeiras escuras, densas, muito resistentes e duráveis como o pau
santo.

Refira-se que a variação dos circuitos de comercialização de madeiras, a nível mundial,


coloca frequentemente o comprador ou utilizador de madeiras em posição de total
desconhecimento das madeiras oferecidas pelo mercado. A par disto, são muitas vezes
empregues designações comerciais novas, mais ou menos sugestivas, que criam confusão no
mercado por dificultarem a procura de informação ou por motivarem a associação a espécies
de reconhecido potencial, ainda que estas tenham menor durabilidade ou resistência mecânica.

Por esta razão, a especificação de uma dada madeira, além do nome comercial e da origem
geográfica, deve sempre ser feita incluindo a designação botânica (nome em latim) da espécie
florestal. As nomenclaturas comerciais de espécies florestais podem ser um precioso auxiliar
nesta matéria e constam de diversas publicações e bases de dados, como por exemplo [3].

Factores como as condições climáticas, natureza do solo, disponibilidade de água ou tipo de


condução florestal também influenciam as características da madeira produzida por uma
determinada espécie. Observa-se ainda alguma variação do material dentro de uma mesma
árvore, geralmente mais denso junto à periferia do tronco e próximo da base. No entanto,
todos estes aspectos são dificilmente comprováveis na altura da recepção do material, pelo
que se torna inconsequente a especificação da madeira com base nestes parâmetros.

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Em contrapartida, a presença de particularidades (defeitos, sob o ponto de vista do utilizador)
na madeira, inerentes à sua origem biológica, sobretudo os nós, dilui a variabilidade intra-
espécie, passando a ser o factor determinante da qualidade do material.

Defeitos da madeira

A qualidade de uma peça de madeira é medida pelas características médias do lenho e pelo
tipo, quantidade e distribuição de defeitos que apresenta. Uma descrição exaustiva dos
defeitos da madeira pode ser encontrada na NP180 [4]. Salienta-se seguidamente as
características e os defeitos mais significativos, tendo em vista a utilização em construção.

Nós – Um nó corresponde à porção da base de um ramo inserida no tronco da árvore. Esta


massa tem um desenvolvimento sensivelmente cónico, irradiando da medula ou próximo dela.
A forma do nó numa peça de madeira é assim função da orientação do plano de corte da
madeira relativamente ao ramo.

O carácter depreciativo dos nós depende do tipo de utilização – estrutural ou outro. Para
utilizações não estruturais, em que o aspecto é determinante, procura-se geralmente que os
nós estejam distribuídos de modo uniforme, tenham pouca expressão nas faces da peça
(pequeno diâmetro) e sejam sãos ou aderentes. Veja-se a norma inglesa BS1186 (1991) ou a
EN 942 [5].

A influência dos nós na resistência mecânica da madeira deriva do facto deles


corresponderem a material inserido numa peça, cujas fibras são aproximadamente
perpendiculares à direcção geral das fibras da peça. Dada a forte anisotropia da madeira,
traduzida por uma resistência à tracção na direcção perpendicular às fibras cerca de 30 vezes
menor que na direcção paralela, facilmente se compreende que, independentemente de se
tratar de nós ou grupos de nós aderentes, soltadiços ou buracos de nós, é desprezável a
contribuição da parte da secção transversal correspondente. Por esta razão, para utilizações
estruturais [6], os limites impostos aos nós, ou grupos de nós, são estabelecidos em termos da
percentagem de secção transversal da peça que eles ocupam, designada vulgarmente por KAR
(Knot Area Ratio), figura 3.

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Figura 3 – Idealização dos nós no interior de uma peça
e avaliação do KAR total e do KAR marginal. (extraído de [7])

Fio inclinado – É uma anomalia traduzida pela existência de um ângulo entre a direcção geral
das fibras da madeira e o eixo longitudinal da peça. Pode resultar de anomalias de
crescimento, como o fio torcido ou a curvatura do tronco, ou da serragem oblíqua das peças.
As suas consequências prendem-se uma vez mais com a anisotropia do material, por nos
afastarmos da situação ideal da aplicação dos esforços paralelamente ao fio da madeira.

Fendas – As fendas introduzem descontinuidade no material lenhoso e os seus efeitos na


resistência da madeira dependem do tipo de esforço considerado, da sua localização,
comprimento e profundidade, bem como da eventual associação com outros defeitos, como
nós ou fio inclinado.

As fendas de secagem desenvolvem-se no sentido das fibras da madeira, partindo da periferia


do tronco para a medula. Embora haja madeiras com maior propensão para fender que outras,
o seu desenvolvimento é potenciado por processos de secagem bruscos, com elevados
gradientes de teor em água na secção transversal das peças, sendo um defeito de laboração.

As fendas anelares resultam do descolamento entre camadas de crescimento consecutivas,


tendo um desenvolvimento circular. Podem ocorrer em árvores sujeitas, durante o
crescimento, a flexões frequentes e excessivas, nomeadamente por acção de ventos intensos,
ou ainda por efeito da congelação.

Descaio – O descaio reflecte o remanescente da superfície do toro na peça de madeira, sendo


um defeito de laboração. Implica sobretudo dificuldades de fixação, apoio ou colagem, já que
a perda de resistência devida à redução de secção transversal é geralmente desprezável.

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Taxa de crescimento – A taxa de crescimento é avaliada pela largura média dos anéis de
crescimento anuais. Não sendo um defeito, trata-se de um importante parâmetro de avaliação
das madeiras de Resinosas. O seu interesse deriva de reflectir, de forma indirecta, a densidade
da madeira, que por sua vez influencia directamente a resistência e o módulo de elasticidade
da madeira, mas que é mais difícil de estimar de modo expedito.

8.3. Higroscopicidade e teor em água

Humidade da madeira e retracção

Imediatamente após o abate, qualquer madeira apresenta uma grande quantidade de água.
Essa água encontra-se sob várias formas: água de constituição, água de impregnação (ou
embebição) e água livre.

A água de constituição está intimamente ligada à substância lenhosa por poderosas forças de
sorção química, e não pode ser removida sem que ocorra a decomposição química da madeira.

A água de impregnação ou de embebição preenche os espaços entre os constituintes da parede


celular, mediante forças de atracção intermolecular ou infiltrada por capilaridade. A sua saída
provoca a aproximação das fibras e das micelas, provocando a retracção da madeira, e faz
aumentar a sua resistência e rigidez.

No outro extremo, a água livre preenche os espaços vazios da estrutura alveolar da madeira,
não possuindo qualquer ligação com a substância lenhosa. O seu movimento no interior da
madeira não ocasiona variação do volume da madeira nem alterações da resistência mecânica.

Após o abate, a madeira perde mais ou menos rapidamente a sua água livre. Este processo
verifica-se até que toda a água livre tenha saído, mantendo ainda as paredes celulares toda a
sua água de impregnação – situação correspondente ao Ponto de Saturação das Fibras (PSF), o
qual se verifica para cerca de 28 a 30% de teor em água da madeira, na maioria das espécies.
Desde o estado verde até este valor crítico, a madeira não sofre alterações apreciáveis
(retracção ou resistência mecânica).

Mais lentamente depois, abaixo do PSF, a madeira vai perdendo a sua água de impregnação, o
que é acompanhado por retracções mais ou menos importantes, sobretudo nas direcções
tangencial e radial, conforme representado esquematicamente na figura 4.

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Figura 4 – Direcções tangencial, radial e longitudinal e respectivos coeficientes de retracção
em termos relativos (valores médios para o pinho bravo). (Extraído de [8]).

Estabilidade dimensional e formação de empenos

Abaixo do PSF, a retracção é aproximadamente linear com a redução do teor em água da


madeira, tratando-se de um fenómeno reversível já que o aumento do teor em água provocará
o inchamento da madeira, aproximadamente na mesma medida. Na realidade o processo é
ligeiramente histerético, existindo em média um diferencial de 2% entre as curvas de secagem
e de rehumidificação, que é por simplicidade ignorado.

Podem ser determinados, para cada madeira, os coeficientes unitários de retracção nas
direcções tangencial, radial e axial, correspondentes à variação de dimensão (retracção ou
inchamento) nessa direcção, em percentagem, que ocorre para cada variação de teor em água
da madeira de 1% no intervalo entre 0% e o PSF, pelo que é habitual apresentá-los em %/%.

A variação dimensional na direcção axial ou longitudinal Rl (paralela às fibras) é, em termos


práticos desprezável, sendo máxima na direcção tangencial, Rt.

Os coeficientes unitários de retracção para as diversas madeiras constam de numerosas


publicações e são um dado importante a ter em conta, no sentido de prever o seu
comportamento após aplicação, traduzido por eventuais retracções, empenos e fendas.

Um dos modos de classificar uma madeira quanto à estabilidade dimensional baseia-se no


factor de anisotropia, definido pela relação entre os coeficientes tangencial e radial (Rt/Rr),
que pode variar entre 1,5 e 2,5.

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Figura 5 – Os vários tipos de empenos.
(extraído de [9]).

Esta classificação deriva do facto de madeiras com factor de anisotropia mais elevado terem
geralmente maior propensão para empenar. O desenvolvimento de empenos resulta de uma
retracção diferenciada em faces opostas, nomeadamente por uma delas apresentar
predominância de orientação tangencial relativamente à outra, figura 5.

O desenvolvimento de empenos numa peça não representa assim qualquer perda de


resistência, embora seja igualmente um defeito a ter em conta na classificação da madeira por
dificultar a sua utilização.

Teor em água de equilíbrio

O teor em água da madeira, H, num dado momento, é definido pela seguinte expressão [8]:

peso húmido − peso seco


H (%) = ⋅ 100
peso sec o

sendo o peso seco obtido por secagem a 103±2ºC, até atingir massa constante [10].

A madeira é um material higroscópico, variando o seu teor em água consoante a humidade


relativa e a temperatura do ar ambiente. Os fenómenos de absorção e dessorção de água
verificam-se continuamente, atingindo-se o equilíbrio higroscópico quando estes fenómenos
registarem a mesma taxa. Neste ponto, a madeira possui um teor em água dito de equilíbrio
com as condições ambientes.

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Figura 6 – Curvas higrométricas

A figura 6 apresenta curvas de equilíbrio higrométrico da madeira, obtidas experimentalmente


para o processo de secagem de pinho, mas genericamente aplicáveis a outras espécies.
Permitem prever o teor em água de equilíbrio médio e o correspondente às condições
extremas de aplicação (verão/inverno, ou na-construção/em-funcionamento).

Pela análise desta figura se depreenderá também que a secagem da madeira ao ar dificilmente
poderá conduzir a um teor em água da madeira inferior a 14-16%. Além destes valores
poderem ser excessivos para determinados fins ou processos de transformação, a secagem
natural, em pilhas de secagem, exige tempo e espaço de armazenamento.

Em contrapartida, a secagem industrial da madeira, em estufas de secagem, permite atingir


valores tão baixos quanto desejável, de um modo muito mais rápido. Os programas de
secagem a utilizar (temperatura/humidade/tempo) em cada caso, devem ser ajustados, não só
ao resultado final pretendido, mas também à espécie em causa, à quantidade, dimensões e
características da madeira a secar. Este aspecto é fundamental, já que uma secagem
inadequada poderá resultar na completa depreciação da madeira, em virtude do
desenvolvimento de fendas e outros defeitos graves.

No entanto, certas madeiras poderão requerer programas de secagem especialmente lentos e


cuidados, o que naturalmente encarecerá o processo. Pode ser preferível nestes casos optar por
uma secagem parcial ao ar, seguida de um período mais curto de secagem em estufa.

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Cuidados a ter na aplicação da madeira

Por forma a minimizar as variações dimensionais da madeira após a elaboração de


componentes ou a sua aplicação em obra, é essencial que a madeira se apresente o mais
próximo possível do teor em água de equilíbrio com as condições do local.

A aplicação de madeira excessivamente seca poderá ser tão inconveniente como a aplicação
de madeira excessivamente húmida, constituindo ambos deficiências de aplicação correntes
em pavimentos. Se no primeiro caso se assistirá à abertura de juntas, formação de fendas e
empenos, com eventual arrancamento, no segundo sobrevirá o inchamento da madeira,
eventualmente superior à capacidade de acomodação das folgas e juntas de montagem
existentes, introduzindo tensões inaceitáveis, por exemplo em rebocos e rodapés, e
provocando igualmente o descolamento generalizado do pavimento.

Pela mesma razão, devem ser evitadas situações de aplicação prematura da madeira em obra,
enquanto as betonilhas, argamassas e rebocos se encontram insuficientemente secos, o que
poderá contribuir para a humidificação da madeira, ainda que apenas temporária, mas com as
consequências efeitos atrás descritas.

Devido ao efeito que o teor em água tem na resistência da madeira, importa ainda garantir que
a entrada em funcionamento de uma estrutura não se faz com um teor em água muito superior
ao que foi considerado no dimensionamento. Também a durabilidade da madeira pode ser
comprometida se o seu teor em água à data de aplicação em obra for excessivo (acima de 20%
– 22%) sem que isso tenha sido tomado em consideração.

A resistência e a durabilidade serão adiante desenvolvidas.

Especificação e verificação do teor em água

A especificação do teor em água da madeira em cadernos de encargos deve ser feita de forma
objectiva, indicando um intervalo razoável de variação ou um valor médio e a respectiva
tolerância (por exemplo: 14 a 16%, ou ainda 12±2%).

Face à importância deste factor, há que prever medidas de verificação do teor em água da
madeira em obra. Naturalmente que a recolha de amostras para secagem laboratorial de
acordo com a NP614 [10] serve este propósito, e é com efeito o único método rigoroso, mas
existem igualmente diversos equipamentos portáteis para avaliação expedita do teor em água
(humidímetros para madeira, de contacto ou “de agulhas”) que permitem o controlo imediato
do material, com o mínimo de perturbação [8].

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8.4. Resistência mecânica da madeira

Factores que influenciam a resistência da madeira

A resistência da madeira é, em primeiro lugar, função da espécie florestal e da qualidade das


peças, avaliada de forma objectiva como o tipo e a dimensão máxima dos defeitos presentes.
Estes dois factores determinam os valores característicos de resistência da madeira
relativamente aos diversos esforços.

Além disso, a resistência de uma estrutura de madeira é também afectada pelo seu teor em
água e pelo tempo de actuação das acções (ou história de carga). A resistência mecânica de
uma madeira é inversamente proporcional ao seu teor em água em cada momento, para
valores abaixo do ponto de saturação das fibras (PSF), figura 7a , tratando-se de um fenómeno
reversível.

Este aspecto deve ser tido em conta, quer na estimativa da resistência para as condições de
serviço da estrutura, quer na avaliação da segurança durante situações transitórias como sejam
a fase de montagem em que a madeira poderá eventualmente ficar exposta à chuva [11].

7a

7b

Figura 7a – Relação entre o teor em água e a resistência

Figura 7b – Relação entre o tempo de actuação das cargas e a resistência

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O tempo de actuação das cargas reduz a resistência da madeira, de acordo com a figura 7b, o
que significa que a aplicação de tensões relativamente elevadas, embora abaixo da tensão de
rotura, poderá conduzir à ruína da estrutura ao fim de um período mais ou menos longo. Por
esta razão, estruturas temporárias poderão ser dimensionadas assumindo resistências de
cálculo mais elevadas do que no caso de estruturas permanentes.

De acordo com o Eurocódigo 5 [12], o teor em água da madeira e o tempo de actuação das
cargas na estrutura são tidos em conta através de um factor de correcção único, kmod,
permitindo obter os valores de cálculo das tensões resistentes a partir dos correspondentes
valores característicos.

Classificação mecânica e classificação visual

A classificação da madeira permite obter lotes de material com menor variabilidade, podendo
as classes de qualidade ser estabelecidas com base em critérios de resistência mecânica ou
estéticos. Em qualquer dos casos, cada classe de qualidade é definida por um conjunto de
valores máximos admitidos para os vários tipos de defeitos, avaliados visualmente.

A classificação visual da madeira para fins estruturais é uma prática corrente na maioria dos
países desenvolvidos, em particular na Europa e na América do Norte, em alguns casos com
cerca de meio século de existência. As normas de classificação visual aplicadas para o efeito
variam de país para país, muitas vezes baseadas na prática tradicional e adaptadas às
particularidades das espécies nacionais. O Comité Europeu de Normalização - CEN,
responsável pela elaboração de normas europeias, falhou em conseguir consenso na
elaboração de uma norma única para classificação de madeira para estruturas, pelo que cada
país poderá continuar a utilizar as suas próprias normas sobre esta matéria.

Em Portugal, a NP4305 [6] define duas classes de qualidade para o Pinho bravo (Pinus
pinaster, Ait), designadas por E (estruturas) e EE (especial para estruturas), mediante a
imposição de limites para os seguintes defeitos ou características: nós (KAR), taxa de
crescimento, inclinação do fio, fendas, bolsas de resina ou casca inclusa, presença de medula,
descaio e empenos.

Os valores característicos de resistência mecânica para estas classes de qualidade foram


entretanto obtidos mediante um grande conjunto de ensaios sobre peças em dimensão
estrutural e constam de uma publicação do LNEC [7].

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É também possível seleccionar lotes de madeira para estruturas mediante a utilização de
equipamento de classificação mecânica, no qual cada tábua é sujeita a ensaios não destrutivos
de flexão sobre troços relativamente curtos, de forma quase contínua. A resistência da peça é
automaticamente estimada a partir de correlações bem estabelecidas, para cada espécie
florestal e dimensão, entre a tensão de rotura em flexão e o módulo de elasticidade. A
classificação mecânica de madeira é corrente em vários países, muitas vezes intercalada em
linhas de produção industrial de elementos estruturais.

Classes de qualidade e classes de resistência

O dimensionamento de estruturas pode ser feito tendo em vista a utilização de madeira de


determinada espécie, origem e classe de qualidade, para a qual são conhecidos os valores
característicos de resistência. Este procedimento implica no entanto a escolha prévia da
madeira a empregar, podendo ser restritivo no caso de a oferta real do mercado conduzir mais
tarde à preferência por outras madeiras.

Para obviar a esta limitação, a norma europeia EN338 [13] estabelece dois conjuntos de
classes de resistência para madeira (um para Resinosas e choupo, outro para Folhosas), sendo
cada classe de resistência definida por um conjunto de valores característicos de resistência,
módulo de elasticidade e massa volúmica. O dimensionamento pode consequentemente ser
feito para uma determinada classe de resistência de madeira, sem ser necessário à partida
identificar a espécie a utilizar.

A correspondência entre as classes de resistência estabelecidas na EN338 e as diversas


combinações de espécie/origem/classe de qualidade de madeira é estabelecida na EN 1912
[14], que indica as diversas opções que satisfazem cada uma das classes de resistência.

Valores característicos de resistência e valores de cálculo

De acordo com o Eurocódigo 5, os valores de cálculo das tensões resistentes da madeira (fd) a
considerar para efeitos de verificação da segurança estrutural são obtidos, a partir dos valores
característicos (fk), pela seguinte expressão:

fk
fd = .k mod
γm

sendo:

γm – coeficiente parcial de segurança para a madeira, que é 1,3 para a verificação da


segurança aos estados limites últimos, nas combinações fundamentais.

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kmod – factor de correcção que tem em conta a classe de serviço de utilização (teor em água da
madeira) e a classe de actuação das acções (duração da acção de mais curta duração da
combinação para a qual se está a verificar a segurança da estrutura)

8.5. Degradação da madeira por agentes físicos e químicos

A madeira é susceptível de deterioração, sobretudo devido a agentes biológicos,


nomeadamente fungos e insectos, devido à acção do fogo ou a acções mecânicas, como o
desgaste, mas também em menor escala pelos agentes atmosféricos ou determinadas acções
químicas.

A madeira é tida como um material bastante resistente a uma ampla gama de ambientes
químicos. Este comportamento torna-a recomendável para situações ou ambientes agressivos,
como sejam piscinas ou estruturas junto ao mar, sem requerer cuidados de manutenção
especiais.

Agentes atmosféricos

Relativamente aos agentes atmosféricos, a luz solar, em particular a radiação na gama ultra-
violeta, provoca a decomposição química da lenhina. Daí resulta inicialmente o escurecimento
da madeira (intensificando a sua cor característica) e subsequentemente a progressiva
mudança para uma tonalidade cinzenta que é associada frequentemente a madeira “velha”.

Este processo pode naturalmente ser acelerado se, a uma exposição intensa ao sol, se associar
a incidência directa da chuva, que remove o material deteriorado expondo progressivamente a
madeira. Em todo o caso, o tipo de degradação causado pelos agentes atmosféricos é muito
lento, pelo que afecta a madeira sobretudo do ponto de vista estético. A remoção dessa
camada exterior, com 1 a 2 milímetros de profundidade, é normalmente suficiente para
descobrir a cor característica da madeira subjacente, com todas as suas propriedades originais.

A aplicação de produtos de revestimento, como tintas, vernizes ou velaturas, ao reflectir ou


absorver a radiação ultra-violeta, bem como ter uma acção hidrofugante, poderá retardar este
efeito [15].

A exposição a grandes variações ambientais, com alternâncias drásticas entre secagem e


humidificação, pode provocar também o desenvolvimento de fendas e empenos, o que
constitui uma certa forma de deterioração, embora na maioria dos casos sem grandes
consequências a nível da resistência mecânica.

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fogo

Sob o ponto de vista da reacção ao fogo, a madeira apresenta um mau desempenho. É um


material combustível, alimentando a combustão e sendo consumido pelo fogo. Isso não
impede que algumas estruturas de madeira apresentem boa resistência ao fogo.

Numa situação de incêndio, a madeira começa por secar por acção da temperatura. A
carbonização da madeira inicia-se por volta dos 280º, a partir das faces expostas ao fogo. O
carvão que se forma permanece aderente ao elemento, e pelo facto de ser um bom isolante
térmico (cerca de 3 vezes superior à madeira, já de si um bom isolante), contribui para
retardar a subida de temperatura do material subjacente. Por esta razão, pode acontecer que a
temperatura na superfície exterior da madeira seja insuficiente para promover a progressão da
carbonização, autoextinguindo-se.

A carbonização da madeira processa-se a uma taxa aproximadamente independente das


condições de incêndio, desde que sustentado. A parte do Eurocódigo 5 que trata da acção do
fogo [16] admite uma taxa de carbonização de 0,6mm a 0,7mm/minuto, o que dá
grosseiramente cerca de 1cm de avanço a partir das faces expostas em cada 15 minutos.

Isto justifica que a resistência ao fogo de uma estrutura de madeira dependa fortemente da sua
superfície específica. Estruturas com grandes secções transversais de madeira maciça ou
lamelada-colada apresentam elevada resistência ao fogo, enquanto elementos com secção
transversal diminuta apresentarão mau desempenho.

Pouco abaixo da superfície de avanço da carbonização, as propriedades da madeira não


carbonizada não sofreram alteração sensível, pelo que poderá continuar a desempenhar as
suas funções. Esta particularidade permite contabilizar de forma bastante aproximada a
resistência de uma estrutura de madeira durante e após uma situação de incêndio. Permite
igualmente garantir uma dada resistência ao fogo para as estruturas de madeira, mediante o
sobredimensionamento das secções transversais dos elementos de madeira, complementado
com a protecção adequada dos ligadores.

Em situações em que esta abordagem não é possível, nomeadamente quando se pretende


melhorar o comportamento ao fogo de estruturas existentes, podem ser ponderadas outras
soluções, como sejam a protecção da madeira, pelo revestimento com materiais ou pela
aposição de elementos com baixa reacção ao fogo, à base de gesso ou fibrocimento, ou a
pintura da madeira com produtos ignífugos. As tintas ou vernizes ignífugos são normalmente

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produtos intumescentes que reagem sob a acção da temperatura, actuando como isolamento
térmico da madeira, que deste modo vê retardado o início da carbonização.

8.6. Degradação da madeira por agentes biológicos

A madeira é utilizada em situações muito diversas de exposição, principalmente no que se


refere a condições higrotérmicas ambientes, que influenciam o tipo e a velocidade de
degradação do material por agentes biológicos [11].

O teor em água da madeira está por isso na base das classes de risco de aplicação
estabelecidas na EN335-1 [19]. O risco de ataque depende, não só dos agentes biológicos
presentes, como da localização da peça de madeira na construção. Para além destes factores, a
conservação do material está também ligada à sua durabilidade natural, entendida como a
resistência natural da madeira ao ataque por organismos vivos (fungos, insectos e xilófagos
marinhos) e à sua impregnabilidade, na medida em que esta determina a viabilidade de lhe
conferir protecção.

Se a classe de risco for correctamente estimada (tabela 1) e se a madeira for devidamente


preparada e utilizada, sendo submetida a um tratamento preservador quando necessário, a
probabilidade de surgirem casos graves de degradação biológica, quer causada por fungos e
térmitas subterrâneas, quer por carunchos, é bastante reduzida.

Tabela 1 - Classes de risco de aplicação de madeira maciça. (Adaptado de [20, 19 e 21])

Classes Situações gerais de Exposição à Teor de água da Principais agentes


de risco serviço humidade madeira biológicos
1 sem contacto com o solo, nenhuma 20% no máximo carunchos
sob coberto térmitas
(ex: pavimentos)
2 sem contacto com o solo, ocasional ocasionalmente carunchos
sob coberto mas com >20% térmitas
risco de humidificação podridão castanha
(ex: estruturas de
cobertura)
3 sem contacto com o solo, frequente frequentemente carunchos
não coberto >20% térmitas
(ex: caixilharia) podridão castanha
podridão branca
4 em contacto com o solo permanente Permanentemente carunchos
ou água doce >20% térmitas
(ex: fundações) podridão castanha
podridão branca
podridão mole
5 na água salgada permanente Permanentemente CR 4 +
(ex: pontões) >20% xilófagos marinhos

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Fungos

A madeira ainda em árvore, serrada ou depois de aplicada, e não obstante o grau de


resistência natural que possui à infecção por agentes lenhívoros, pode, em determinadas
circunstâncias, ser depreciada ou destruída pela acção de fungos.

É corrente distinguir os fungos que provocam manchas, geralmente azuladas, no borne de


madeira recém-abatida, daqueles que originam os diversos tipos de podridão. Entre estes
últimos, devem ainda considerar-se os chamados microfungos, que provocam a podridão mole
(fungos imperfeitos e alguns Ascomicetas), enquanto os restantes provocam as podridões
mais frequentes, do tipo branca ou castanha (fungos Basidiomicetas).

Figura 8 – Aspecto de degradação por fungos de podridão de um rodapé

As infecções dos fungos da madeira, em geral, podem ocorrer facilmente e o ataque inicia-se
logo que se estabeleçam as condições ecológicas requeridas para o seu desenvolvimento.
Podem resultar da contaminação por peças já atacadas ou da germinação de esporos na
madeira húmida, transportados pelo vento, nas ferramentas de corte, através da picada de
insectos, etc.

As condições de humidade e temperatura do ambiente em que a madeira é aplicada


desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de fungos. Uma humidade baixa
não permitirá a sua progressão, até mesmo nos casos em que uma situação acidental de
humidade elevada tornou possível a infecção. O ataque de fungos, com efeito, só se processa
quando o teor em água da madeira atinge valores superiores a 20%, isto é, valores bastante
mais elevados do que os correspondentes à condição de “seca ao ar” atingida pela madeira
colocada em ambiente normal, e que são da ordem dos 15%.

A MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO - Helena Cruz, Lina Nunes, Laboratório Nacional de Engenharia Civil 19
Assim, os madeiramentos das construções não expostos aos agentes atmosféricos
(vigamentos, soalhos, estruturas de cobertura, etc) não se encontram normalmente, em
situação de poderem vir a ser atacados por fungos, devido ao estado de secagem que
atingiram, a menos que se verifique o contacto com outros elementos da construção que
recebam água por capilaridade. Já o mesmo se não verifica com os elementos situados ao ar
livre (varandas, janelas e portas exteriores), em que as condições são sempre favoráveis ao
desenvolvimento dos fungos responsáveis pela podridão.

Para além da humidade, os fungos necessitam ainda, para realização dos seus processos
fisiológicos, e durante a decomposição ou degradação do lenho, de valores convenientes de
temperatura e de oxigénio, bem como das substâncias alimentares existentes na madeira. A
influência destes factores no estabelecimento, progressão e intensidade do ataque depende da
espécie infectante mas, de uma maneira geral, pode dizer-se que o crescimento dos fungos só
se realiza na madeira com humidade acima de 22% e à temperatura normal do ambiente, isto
é, entre 10 e 30ºC, embora suportem valores extremos abaixo e acima deste intervalo. A
ausência de oxigénio por saturação completa da madeira é factor limitante do
desenvolvimento destes fungos, como também o é, a aplicação de temperaturas acima de 40-
50ºC ou a secagem da madeira para valores inferiores a 22%.

Térmitas subterrâneas

A degradação da madeira pela acção de insectos pode ser causada por diferentes espécies,
com modos de acção e indícios de actividade diferentes. De entre os insectos xilófagos
actuantes no nosso país, a acção das térmitas subterrâneas é aquela que apresenta maiores
dificuldades de diagnose, dada a escassez de sintomas externos de actividade.

As térmitas subterrâneas vivem em sociedade organizada num sistema de castas (colónia),


desempenhando os elementos de cada casta um determinado papel no agregado (divisão de
funções): de reprodutor, de obreira ou de soldado.

As térmitas subterrâneas do complexo Reticulitermes lucifugus Rossi (Ordem Isoptera;


Família Rhinotermitidae), encontram-se largamente difundidas em Portugal e, dado que se
alimentam fundamentalmente de celulose, ocorrem nas raízes e cepos de árvores e arbustos ou
em qualquer outro material lenhoso existente no solo, sempre que se verifiquem condições
favoráveis ao seu desenvolvimento, necessitando para tal de um ambiente com elevada
humidade.

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Transita frequentemente do seu habitat natural para as construções, em cujas madeiras causa
prejuízos importantes, desde que as condições em que este material é colocado na obra
conduzam a uma elevação anormal da sua humidade. Os estragos que o insecto causa nas
madeiras vulneráveis são da maior gravidade, não só pelo volume de material lenhoso
depredado mas também pelo facto de o ataque se processar no interior das peças, progredindo
as destruições sem que delas se tome conhecimento.

Todas as madeiras nacionais usadas na construção, em especial o pinho, são susceptíveis ao


ataque por R. lucifugus. Quanto às espécies florestais importadas, em particular as tropicais, o
cerne apresenta, por vezes, resistência ao ataque por este insecto, pelo que não são de recear
infestações quando estas madeiras são colocadas em obra.

Perante uma peça destruída, a identificação deste agente xilófago faz-se pelo aspecto
laminado da madeira, resultante da destruição das camadas de Primavera sem que tenham
sido praticamente lesadas as camadas de Outono (figura 9).

Como sinais externos do ataque, que apenas se revelam num estado adiantado, são
construídos "canais" ao longo das paredes ou pendentes das vigas, através dos quais as
térmitas se deslocam ao abrigo da luz e cuja detecção é suficiente para a identificação da
infestação (figura 10).

Figura 9 – Aspecto laminado da madeira, resultante da acção de térmitas subterrâneas

Figura 10 – Canais de terra sobre a madeira

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Podem ainda aparecer galerias e espaços abertos, sem serrim, mas com concreções terrosas de
aspecto característico, por vezes semelhantes a favos nas zonas de contacto da madeira com as
alvenarias ou no interior de tijolos. Podem também surgir, na época adequada, asas ou mesmo
reprodutores em dispersão, mas a observação de obreiras apresenta maiores dificuldades.

Insectos de madeira seca

No que respeita aos insectos de ciclo larvar completo, vulgarmente designados por carunchos,
distinguem-se aqui o Hylotrupes bajulus L. (Ordem Coleoptera; Família Cerambycidae),
conhecido em Portugal pelo nome comum de caruncho grande, com inúmeros registos da
presença deste insecto em construções, particularmente em madeiras estruturais, coberturas e
pavimentos; o Anobium punctatum (De Geer) (Ordem Coleoptera; Família Anobiidae) que se
encontra associado a madeiras estruturais, coberturas, pavimentos e, particularmente, a
mobiliário e o género Lyctus (Lyctus sp. – Ordem Coleoptera; Família Lyctidae)
exclusivamente em madeira de Folhosas ricas em amido.

Partilhando algumas características típicas de um ataque por caruncho, é possível encontrar


em Portugal continental, e em particular nas Ilhas da Madeira e em algumas Ilhas dos Açores,
espécies de térmitas de madeiras secas (Ordem Isoptera; Família Kalotermitidae).

Na tabela 2 apresentam-se algumas características das infestações em madeira seca por


carunchos e por térmitas.

Tabela 2 – Insectos de madeira seca. Algumas caracteristicas identificadoras do ataque.

Sintomas
Insecto Habitat Orificios de Serrim Outros
saída
Cerambicidae Resinosas Ovais com 6 Serrim granuloso que surge Empolamento da superfície
a 10 mm quer junto dos orifícios de da madeira particularmente
saída quer a compactar as quando existe um
galerias formadas pelas larvas revestimento contínuo
no interior da madeira. como uma tinta
Anobidae Resinosas e Circulares Montículos de serrim, Muitas vezes associado a
Folhosas com 1 a 3 formados por pequenos madeiras mais velhas e já
mm grânulos elipsoidais com ataques por fungos de
podridão
Lictidae Folhosas Circulares Serrim muito fino, semelhante
ricas em com 1 a 2 a farinha, que forma pequenos
amido mm montículos
Kalotermitidae Resinosas e Circulares Partículas fecais de forma
Folhosas com 1 a 3 ovóide, normalmente de cor
mm escura

A MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO - Helena Cruz, Lina Nunes, Laboratório Nacional de Engenharia Civil 22
8.7. Conservação e protecção de madeira

A madeira é um material com uma longa tradição de aplicação na construção, mas pelas suas
características está sujeito ao risco de degradação por diversos agentes biológicos.

Ao colocar a madeira em serviço, o factor mais importante na sua conservação é a actuação


preventiva. Esta implica que se estimem correctamente os riscos a que vai estar exposta, e a
definição da espécie mais adequada, em termos de durabilidade natural, para o fim em vista.
Deve ainda ser adoptado um conjunto de medidas de protecção, que coloque a madeira ao
abrigo das infecções ou infestações previsíveis.

Essas medidas são essencialmente de dois tipos: (1) As que reduzem ou eliminam as
probabilidades de ataque, por colocarem a madeira em condições naturais que impedem a
instalação e o desenvolvimento dos agentes biológicos, particularmente importante no caso de
fungos de podridão ou térmitas, em que o teor de água da madeira é o factor fundamental; (2)
As que se opõem, pelo emprego de produtos químicos, a que se desenvolva a infestação ou
infecção prováveis, quer tratando a madeira e/ou as alvenarias e solo circundante, quer
actuando a um nível mais especifico para a espécie praga, como a utilização de armadilhas
para o controlo de térmitas.

A adopção de certas disposições construtivas e a manutenção da construção podem também


ter um efeito decisivo na conservação das madeiras, pelo menos nas situações em que estas
possam ficar sujeitas a humificação, sobretudo em coberturas, pisos térreos e junto de casas
de banho e cozinhas. São aspectos críticos o adequado isolamento e a ventilação de caixas de
ar, a recolha e drenagem das águas pluviais, a pormenorização e realização de remates na
fachada e cobertura, a execução cuidada e a manutenção de redes de águas e esgotos.

Sendo tão importante a correcta aplicação do material, recomenda-se que a sua especificação
seja feita com cuidado e sempre apoiada em documentos normativos existentes.

A madeira pode ser seleccionada de forma correcta para o ambiente final previsto, de acordo
com a sequência de passos que a seguir se apresenta [19]:

• Considerar o desempenho requerido para o elemento de madeira

• Determinar a classe de risco para a situação na qual o elemento de madeira será usado e
para os agentes biológicos que o ameaçam [21, 22].

• Avaliar se a durabilidade natural da madeira a utilizar é suficiente ou se é requerido um


tratamento preservador [23, 24 e 25].

A MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO - Helena Cruz, Lina Nunes, Laboratório Nacional de Engenharia Civil 23
• Seleccionar, para o elemento, espécies de madeira mais duráveis, ou escolher uma outra
solução (concepção ou disposições construtivas) ou uma protecção por preservação.

• Se for requerido um tratamento preservador, escolher um tratamento adequado tendo


em conta os agentes biológicos contra os quais é necessária protecção [26, 27 e 28, 29].

Quando não é possível prever, com suficiente segurança, a classe de risco de um elemento em
serviço, ou quando se estima que as diferentes zonas de um mesmo elemento estão em
situações de risco diferentes, as decisões devem ser tomadas com base na classe de risco mais
severa entre as classes aplicáveis.

Também relativamente a questões de segurança, deve ser tido em conta que, quando um
elemento de madeira é inacessível ou quando as consequências da sua rotura são
particularmente perigosas, pode ser mais apropriado utilizar uma madeira de maior
durabilidade ou um tratamento de nível superior àquele que habitualmente é recomendado
para a classe de risco correspondente a essa situação de aplicação.

Quando as situações de degradação ocorrem, torna-se necessária a reabilitação das


construções, tendo em vista por um lado suster a progressão da degradação dos materiais ou
estruturas, e por outro repor ou melhorar o seu desempenho, ou seja as suas características de
durabilidade, de resistência e funcionalidade.

Em relação ao primeiro aspecto, poderá ser suficiente uma abordagem passiva, consistindo na
reparação das deficiências da construção que potenciaram a deterioração da madeira, ou pelo
contrário, poderão ser essenciais medidas especificamente dirigidas contra o agente de
deterioração (tratamentos curativos).

8.8. Produtos derivados de madeira e suas aplicações

A utilização de madeira na construção envolve, além de elementos e produtos de madeira


maciça, um grande número de materiais derivados de madeira. Nestes se incluem: as placas
de derivados de madeira, incluindo os contraplacados, os aglomerados de fibras e os
aglomerados de partículas em toda a sua variedade, destinadas a utilizações que requerem
grandes áreas e pequena espessura, e os materiais que podem ser entendidos como madeira
maciça reconstituída, com o mesmo tipo de utilização, na essência, que a madeira maciça,
como sejam a madeira lamelada-colada e o LVL.

A MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO - Helena Cruz, Lina Nunes, Laboratório Nacional de Engenharia Civil 24
As placas de derivados de madeira abrangem assim diversas famílias de produtos, com
fabrico, propriedades e utilizações distintas, nas quais as propriedades da madeira se esbatem
em certa medida, face aos outros parâmetros de fabrico. São portanto objecto de normas
específicas, sendo de salientar: EN 312 (aglomerado de partículas), EN 622 (aglomerado de
fibras) e EN 636 (contraplacado), que estabelecem exigências mínimas e apoiam a selecção
dos tipos de placas adequados ao tipo de utilização pretendido (estrutural ou não estrutural,
para ambiente seco, húmido ou exterior), e ainda a EN12369 (valores característicos de
resistência).

No que se refere à madeira lamelada-colada e ao LVL, são por excelência adequados ao


fabrico de elementos estruturais, permitindo a obtenção de elementos de grande secção
transversal e comprimento, o que vem sendo cada vez mais difícil de obter face à crescente
pressão sobre as florestas, em alguns casos mesmo impossível por limitações naturais de
crescimento das árvores.

Destes dois materiais, a madeira lamelada-colada é sem dúvida o material mais conhecido. É
obtido por colagem, face a face, e pela emenda de topo, de tábuas de madeira geralmente com
2 ou 3 cm de espessura, constituindo elementos rectos ou curvos. São utilizadas colas
sintéticas de grande resistência mecânica, boa resistência à humidade, elevada durabilidade e
bom comportamento ao fogo, já que resistem a temperaturas próximas da de carbonização da
madeira. A sua produção é tecnicamente muito exigente, devendo ser feita mediante um
cuidadoso controlo de qualidade, conforme disposto na EN386 [17].

Todos os aspectos referidos em relação à madeira maciça se aplicam igualmente à madeira


lamelada-colada, nomeadamente a higroscopicidade e a durabilidade (sobretudo função da
espécie florestal utilizada), o comportamento ao fogo, e ainda a acção da humidade e do
tempo de actuação das cargas (o Eurocódigo 5 estabelece os mesmos valores de kmod para
madeira maciça ou lamelada-colada). Além das características da madeira, são também
fundamentais as características da cola, em particular para a durabilidade da estrutura,
havendo colas que apenas são aconselháveis para ambiente interior seco, e a qualidade da
colagem que depende da qualidade do fabrico.

Embora os defeitos da madeira tenham o mesmo tipo de influência que na madeira maciça, no
caso de vigas lameladas coladas, a constituição do material resulta numa maior
homogeneização (dispersão dos nós), pelo que existem regras de classificação específicas
para esta madeira e um sistema de classes de resistência distinto, estabelecido na EN1194
[18].

A MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO - Helena Cruz, Lina Nunes, Laboratório Nacional de Engenharia Civil 25
REFERÊNCIAS

[1] Machado, J. Saporiti (1999) – Características anatómicas, físicas e mecânicas da


madeira. In Documentação do Curso de Especialização “A madeira na construção”. LNEC.

[2] United States Department of Agriculture. Forest Products Laboratory (1999) – Wood
Handbook: Wood as an engineered Material.

[3] LNEC (1996) – Madeiras de Folhosas e Resinosas. Nomenclatura comercial. ITES 11.

[4] NP 180 (1962) - Anomalias e defeitos da madeira. IPQ

[5] EN 942 (1996) – Timber in joinery – General classification of timber quality. CEN

[6] NP 4305 (1995) – Madeira serrada de pinheiro bravo para estruturas – Classificação
visual. IPQ

[7] LNEC (1997) - Pinho bravo para estruturas. Madeira para construção - Ficha M2

[8] LNEC (1997) - Humidade da madeira. Madeira para construção - Ficha M9

[9] Carvalho, Albino (1996) – Madeiras portuguesas. Vol.1: Estrutura anatómica,


propriedades, utilizações. Instituto Florestal.

[10] NP 614 (1973) – Madeiras. Determinação do teor em água. IPQ

[11] LNEC (1997) – Especificação de madeira para estruturas. Madeira para construção –
Ficha M1.

[12] EN 1995-1-1 – Eurocódigo 5: Projecto de estruturas de madeira. Parte 1.1: Regras


gerais e regras para edifícios. CEN

[13] NP EN 338 (2001) – Madeira para estruturas. Classes de resistência. IPQ

[14] NP EN 1912 (2003) – Madeira para estruturas. Classes de resistência. Atribuição de


classes de qualidade e espécies. IPQ

[15] LNEC, 1997 – Madeira para construção - Ficha M10: Revestimentos por pintura de
madeira para exteriores.

[16] EC5 parte do fogo.

[17] NP EN 386 (2003) – Madeira lamelada-colada. Requisitos de desempenho e requisitos


mínimos de fabrico. IPQ

A MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO - Helena Cruz, Lina Nunes, Laboratório Nacional de Engenharia Civil 26
[18] NP EN 1194 (2002) – Estruturas de madeira. Madeira lamelada-colada. Classes de
resistência e determinação dos valores característicos. IPQ

[19] NP EN 335-1 (1994) Durabilidade da madeira e de produtos derivados. Definição das


classes de risco de ataque biológico. Parte 1: Generalidades. IPQ

[20] Nunes, L (1997) – The effect of boron-based wood preservatives on subterranean


termites. PhD thesis. Imperial College of Science, Technology and Medicine. Univ. Londres.

[21] NP EN 335-2 (1994) Durabilidade da madeira e de produtos derivados. Definição das


classes de risco de ataque biológico. Parte 2: Aplicação à madeira maciça. IPQ

[22] EN 335-3 (1995) Durability of wood and wood-based products. Definition of hazard
classes of biological attack. Part 3: Application to wood-based panels. CEN.

[23] EN 350-1 (1994) Durability of wood and wood-based products. Natural durability of
solid wood. Part 1: Guide to the principles of testing and classification of the natural
durability of wood. CEN.

[24] EN 350-2 (1994) Durability of wood and wood-based products. Natural durability of
solid wood. Part 2: Guide to natural durability and treatability of selected wood species of
importance in Europe. CEN.

[25] NP EN 460 (1995) Durabilidade da madeira e de produtos derivados. Durabilidade


natural da madeira maciça. Guia de exigências de durabilidade das madeiras na sua
utilização segundo as classes de risco. IPQ

[26] EN 351-1 (1995) Durability of wood and wood-based products Preservative-tread solid
wood. Part 1: Classification of preservative penetration and retention. CEN

[27] EN 351-2 (1995) Durability of wood and wood-based products. Preservative-treated


solid wood. Part 2: Guidance on sampling for the analysis of preservative-treated wood.
CEN.

[28] EN 599-1 (1996) Durability of wood and wood-based products. Performance of


preventive wood preservatives as determined by biological tests. Part 1: Specification
according to hazard class. CEN

[29] EN 599-2 (1995) Durability of wood-based poducts Performance of preventive wood


preservatives as determined by biological tests Part 2: Classification and labelling. CEN.

A MADEIRA COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO - Helena Cruz, Lina Nunes, Laboratório Nacional de Engenharia Civil 27

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