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Acidente de trabalho, moléstias ocupacionais


e eventos equiparados
Sumário • 1. Introdução – 2. Definição de acidente de trabalho – 3. Doenças equiparadas (ocupacionais) – 4. Aci­
dente de trabalho por equiparação – 5. Reconhecimento – 6. Segurados cobertos – 7. Prescrição dos benefícios
acidentários – 8. Principais consequências jurídicas do reconhecimento do acidente de trabalho – 9. Responsabi­
lidade civil da empresa perante a Justiça do Trabalho – 10. Ação regressiva proposta pelo INSS contra a empresa
negligente.

1. INTRODUÇÃO que apenas considerava como acidente de trabalho


“o produzido por uma causa subita, violenta, ex-
Não é de hoje que a sociedade se preocupa em
terna e involuntaria no exercicio do trabalho, de-
editar normas jurídicas que assegurem a incolu-
terminado lesões corporaes ou perturbações func-
midade física e mental das pessoas no exercício do
cionaes, que constituam a causa unica da morte ou
labor, sendo direito dos trabalhadores desenvolver
perda total, ou parcial, permanente ou temporaria,
sua atividade com segurança, pois a empresa é res-
da capacidade para o trabalho ou a molestia con-
ponsável pela adoção e uso das medidas coletivas
trahida exclusivamente pelo exercício do trabalho,
e individuais de proteção e segurança da saúde do
quando este fôr de natureza a só por si causal-a, e
trabalhador, ante o reconhecimento constitucional
desde que determine a morte do operário, ou perda
da existência do meio ambiente do trabalho1.
total, ou parcial, permanente ou temporaria, da ca-
Em termos mundiais, de acordo com o tradi- pacidade para o trabalho”3.
cional magistério de Sergio Pinto Martins2,
O enquadramento do acidente de trabalho era
bem restrito, pois a legislação de época exigia que
“a primeira legislação a tratar do tema acidente do
trabalho foi a alemã, em 6-7-1884, por intermédio de
o evento ou a moléstia decorressem do exercício do
Bismarck. Estabeleceu-se ampla definição de acidente trabalho, este como a única causa da incapacidade
do trabalho, incluindo o ocorrido no curso do contrato laboral ou da morte.
de trabalho. Havia a assistência médica e farmacêutica. Naquele tempo, uma vez ocorrido um acidente
Determinava-se o pagamento de um valor pecuniário
para compensar o fato de que o empregado iria ficar
de trabalho, o patrão obrigava-se a pagar uma in-
sem receber salário, assim como assegurava-se auxílio- denização tarifada ao trabalhador ou à sua família,
-funeral, caso ocorresse o acidente fatal. O empregado excetuados apenas os casos de força maior, dolo da
recebia uma prestação correspondente a 100% de seu própria vítima ou de estranhos, sendo um direito
salário enquanto durasse a incapacidade. Pagava-se trabalhista à época, adotando-se a responsabilida-
pensão em caso de morte. Em um primeiro momento
o seguro era feito mutuamente e depois garantido pelo
de objetiva pelo risco profissional.
Tesouro alemão. A lei era aplicada apenas às indústrias Com o advento da Lei 5.316/67, a proteção
que tinham atividades perigosas, estabelecendo-se acidentária saiu da esfera trabalhista e adentrou
também um sistema de normas de segurança no tra- à previdência social, operando-se a estatização do
balho”.
seguro de acidentes de trabalho, onde se mantém
Já em 1919 foi aprovada a Lei 3.724, a primeira até hoje, na forma no artigo 201, inciso I, da CRFB,
norma geral sobre acidentes de trabalho no Brasil, que prevê a cobertura nos casos de doença, invali-
dez e morte.
1. Artigo 200, inciso VIII, da CRFB.
2. Direito da Seguridade Social, 29ª edição, Atlas, p. 395. 3. Artigo 1º.
CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

Destarte, passou a se adotar o seguro social área trabalhista, tendo sido criada uma Secreta-
para proteger o trabalhador contra acidentes de ria Especial de Previdência e Trabalho) exercer a
trabalho, passando o INPS (atual INSS) a pagar fiscalização.
as prestações previdenciárias em decorrência de A empresa é obrigada a fornecer aos emprega-
acidente de trabalho, cabendo às empresas o pa- dos, gratuitamente, equipamento de proteção indi-
gamento de contribuição denominada “seguro de vidual adequado ao risco e em perfeito estado de
acidente de trabalho” para fazer frente às despesas, conservação e funcionamento, sempre que as me-
saindo de cena as seguradoras privadas. didas de ordem geral não ofereçam completa pro-
Vale frisar que, com o advento da Emenda teção contra os riscos de acidentes e danos à saúde
20/1998, passou a existir autorização constitu- dos empregados.
cional no §10, do artigo 201 (ainda não regula- Com propriedade, estatui o artigo 157, inciso
mentada), para a cobertura do risco de acidente II, da CLT, que as empresas devem instruir os em-
de trabalho concorrentemente pelo Regime Ge- pregados, através de ordens de serviço, quanto às
ral de Previdência Social e pelo setor privado. precauções a tomar no sentido de evitar acidentes
Cuida-se de uma arriscada previsão constitucional do trabalho ou doenças ocupacionais, cabendo ao
fruto de ideais neoliberais que inspiraram a elabo- empregado cumprir as normas de segurança, sob
ração da Emenda 20, pois no passado não se mos- pena de cometer ato faltoso.
trou adequada a proteção privada ao risco social
A proteção previdenciária ao acidente do tra-
acidente de trabalho.
balho foi estendida aos empregados domésticos
O parágrafo 10 do artigo 201 da Constituição através da Lei Complementar 150, publicada e vi-
havia sido inserido pela Emenda 20/98. Buscava gente desde 2 de junho de 2015, que passaram a
abrir ao setor de seguros privados o risco do aciden- fazer jus a benefícios previdenciários por acidente
te de trabalho, a exemplo de benefícios por incapa- do trabalho.
cidade, mas nunca chegou a ser regulamentado.
2. DEFINIÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO
QQ IMPORTANTE
A matéria atualmente é regulada pelos artigos
Com a Emenda 103/2019, teve a redação ampliada, 19 a 23 da Lei 8.213/91, tendo sido alvo de refor-
pois a Constituição passou a permitir a cobertura ma pela Lei Complementar 150/2015, que passou
concorrente entre RGPS e setor privado de todos os a prever os benefícios previdenciários por aciden-
benefícios não programados, o que abarca, além te do trabalho em favor do empregado doméstico,
dos benefícios por incapacidade laboral, a pensão pois foi criada a contribuição SAT a ser paga pe-
por morte e o auxílio-reclusão. lo empregador doméstico, no importe de 0,8% do
salário de contribuição do empregado doméstico a
Outra novidade é que a regulamentação deve seu serviço.
ser feita por lei complementar, e não mais por lei Por conseguinte, a LC 150/2015 modificou
ordinária. a redação dos artigos 19, 21-A e 22, todos da Lei
É direito social do trabalhador urbano ou rural 8.213/91, a fim de inserir a proteção acidentária em
a adoção de medidas redução dos riscos inerentes favor do empregado doméstico.
ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene Desde então, passou a ser considerado legal-
e segurança, nos moldes do artigo 7º, inciso XXII, mente como acidente de trabalho o que ocorre pe-
da Constituição Federal. lo exercício do trabalho a serviço da empresa ou de
De acordo com o artigo 19, §§ 1º e 2º, da Lei empregador doméstico ou pelo exercício do traba-
8.213/91, a empresa é responsável pela adoção e uso lho dos segurados especiais, provocando lesão corpo-
das medidas coletivas e individuais de proteção e ral ou perturbação funcional que cause a morte ou
segurança da saúde do trabalhador, constituindo a perda ou redução, permanente ou temporária, da
contravenção penal, punível com multa, deixar capacidade para o trabalho (artigo 19).
a empresa de cumprir as normas de segurança e De efeito, do referido conceito legal, agora am-
higiene do trabalho, devendo o Ministério do Tra- pliado para abarcar o empregado doméstico, é pos-
balho (com a extinção do Ministério do Trabalho, sível extrair os elementos caracterizadores do típi-
desde 2019 o Ministério da Economia assumiu a co acidente de trabalho:
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

• Evento decorrente de trabalho a serviço da As doenças profissionais (doenças ocupacio-


empresa ou do empregador doméstico, de nais típicas) são aquelas típicas do exercício de
atividade campesina ou pesqueira artesanal determinadas atividades laborativas (profissões),
individualmente ou em regime de economia a exemplo da silicose, que normalmente assola os
familiar para a subsistência, desenvolvida mineiros, que contraem esta espécie de pneumo-
pelo segurado especial; coniose através da inalação da sílica nos túneis que
• Causação de lesão corporal ou funcional trabalham, prejudicando o pulmão do trabalhador.
Por outro lado, as doenças do trabalho são com-


(psíquica);
• Ocorrência de morte do segurado, redução postas por enfermidades que também se fazem pre-
ou perda temporária ou definitiva da capa- sentes em atividades que não guardam nexo com
cidade laboral. o trabalho, como a disacusia (surdez), que poderá
decorrer ou não do exercício do trabalho (doenças
Destarte, para a caracterização de um aciden- ocupacionais atípicas).
te de trabalho, é imprescindível que haja um nexo
De acordo com Hermes Arrais Alencar, “nessa
entre o exercício do trabalho e o evento que cause
ordem de considerações, as moléstias típicas (tec-
lesão física ou psicológica ao trabalhador.
nopatias) prescindem da demonstração do nexo de
A prevenção aos acidentes de trabalho é de- causalidade, porque se presume oriunda da ativida-
ver legal das empresas, que são responsáveis pela de profissional (conforme visto supra, é o nexo cau-
adoção e uso das medidas coletivas e individuais sal um dos requisitos indispensáveis à configuração
de proteção e segurança da saúde do trabalhador, do acidente do trabalho). No que se reporta às me-
sendo obrigatória a constituição de Comissão In- sopatias (doenças atípicas), não ocorre a mesma pre-
terna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de confor- sunção, carecendo seja comprovado que a entidade
midade com instruções expedidas pela área traba- mórbida adquirida é decorrência lógica do trabalho
lhista, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas realizado pelo obreiro”5.
especificadas4. As doenças ocupacionais estão listadas no
anexo II do RPS, que formam um rol exemplifica-
3. DOENÇAS EQUIPARADAS (OCUPACIO- tivo, pois, excepcionalmente, se o INSS constatar
NAIS) que a enfermidade não listada resultou das condi-
De seu turno, as doenças ocupacionais tam- ções especiais em que o trabalho é executado e com
bém são consideradas pela legislação como aci- ele se relaciona diretamente, deverá considerá-la
dente de trabalho, assim consideradas as que guar- como acidente do trabalho.
dam nexo com o exercício da atividade laborativa. Atualmente, o anexo II do Regulamento da
Previdência Social tem redação dada pelo Decreto
As doenças ocupacionais se dividem em:
6.957/2009, onde consta um rol de agentes patogê-
A) Doença profissional ou tecnopatia ou er- nicos que poderão causar doenças ocupacionais,
gopatia – a produzida ou desencadeada assim como as Listas A, B e C.
pelo exercício do trabalho peculiar a deter- Logo na abertura do anexo II, do RPS, cons-
minada atividade e constante da respectiva tam os agentes patogênicos causadores de doenças
relação elaborada pelo Ministério da Pre- profissionais ou do trabalho (químicos, físicos e
vidência Social (competência atualmente biológicos), enumerados em vinte e sete itens e cor-
exercida pelo Ministério da Economia an- relacionados a determinadas atividades laborais, a
te a extinção do Ministério da Previdência exemplo do arsênio, que consta no item I:
Social);
Anexo II
B) Doença do trabalho ou mesopatia – a Agentes patogênicos causadores de doenças profissionais ou do
trabalho, conforme previsto no art. 20 da Lei nº 8.213, de 1991
adquirida ou desencadeada em função de
AGENTES
condições especiais em que o trabalho é re- PATOGÊNICOS
TRABALHOS QUE CONTÊM O RISCO
alizado e com ele se relacione diretamente,
Químicos
constante da relação acima mencionada.

4. Artigo 163, da CLT. 5. Obra citada, pg. 135.


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Anexo II É considerado como dia do acidente, no caso


Agentes patogênicos causadores de doenças profissionais ou do de doença profissional ou do trabalho, a data do
trabalho, conforme previsto no art. 20 da Lei nº 8.213, de 1991
início da incapacidade laborativa para o exercício
1. metalurgia de minérios arsenicais e
indústria eletrônica;
da atividade habitual, o dia da segregação compul-
2. extração do arsênio e preparação de seus sória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico,
compostos; valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.
3. fabricação, preparação e emprego de
tintas, lacas (gás arsina), inseticidas,
I – Arsênio e parasiticidas e raticidas;
É tarefa árdua definir exatamente o dia do aci-
seus compos­ 4. processos industriais em que haja dente de trabalho no caso de moléstia ocupacio-
tos arsenicais desprendimento de hidrogênio arseniado; nal. Isso porque normalmente essas doenças são
5. preparação e conservação de peles e
plumas (empalhamento de animais) e progressivas, sendo complexo apontar por exato
conservação da madeira; o dia em que a enfermidade gerou a incapacidade
6. agentes na produção de vidro,
ligas de chumbo, medicamentos e
laboral do segurado, dia em que, em tese, é o dia
semicondutores. do acidente.
Sabedor desta dificuldade probatória e com o
objetivo de conferir maior proteção ao segurado,
Na Lista A aparecem os agentes ou fatores de o legislador trouxe três critérios para a definição
risco de natureza ocupacional relacionados com a do dia do acidente nas moléstias ocupacionais: data
etiologia de doenças profissionais e de outras do- em que se apontou a incapacidade; data da segrega-
enças relacionadas com o trabalho, divididos em ção compulsória; data do diagnóstico.
vinte e sete itens.
Isso porque a suposta data da incapacidade la-
Assim, por exemplo, o amianto ou asbesto é boral pode ter sido apontada com atraso, ultrapas-
associado à neoplasia maligna (câncer) de estôma- sando o dia da segregação ou do diagnóstico. Logo,
go, laringe, brônquios e pulmões; mesotelioma de destas três possibilidades, considera-se como dia
pleura, peritônio e pericárdio; asbestose. do acidente de trabalho a que primeiro se verificar.
Em seguida, o referido anexo II enumera na De acordo com a legislação previdenciária6,
Lista B as doenças infecciosas e parasitárias rela- não serão consideradas como doença do traba-
cionadas com o trabalho, tais como a tuberculose, lho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo
a brucelose, a leptospirose e a febre amarela, bem etário; c) a que não produza incapacidade laborati-
como as neoplasias relacionadas como o labor. va; d) a doença endêmica adquirida por segurado
habitante de região em que ela se desenvolva, sal-
Posteriormente, ainda na Lista B, é apresenta- vo comprovação de que é resultante de exposição
do um rol de doenças relacionadas ao trabalho do ou contato direto determinado pela natureza do
sangue e dos órgãos hematopoéticos; doenças en- trabalho.
dócrinas, nutricionais e metabólicas; transtornos
mentais e de comportamento; doenças do sistema Contudo, se ficar constatado pela perícia mé-
nervoso; doenças do olho; doenças do ouvido; do- dica do INSS que a doença degenerativa guarda
enças do sistema circulatório; doenças do sistema nexo com o trabalho, a exemplo da LER – Lesão
respiratório; doenças do sistema digestivo; doen- por Esforço Repetitivo, deverá ser considerada co-
ças da pele e do sistema subcutâneo; doenças do mo acidente de trabalho, podendo ser considerada
sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo; do- concretamente como doença do trabalho.
enças do sistema gênito-urinário e traumatismos, Com o advento da LC 150/2015, o empregado
envenenamentos e algumas outras consequências doméstico passou a ser vítima das doenças ocupa-
de causas externas relacionadas com o trabalho. cionais, pois anteriormente não sofria acidente do
trabalho.
Por fim, a Lista C indica intervalos de CID-10
em que se reconhece Nexo Técnico Epidemiológi-
co, na forma do § 3º do artigo 337, do RPS, entre a 4. ACIDENTE DE TRABALHO POR EQUIPARA-
entidade mórbida e as classes de CNAE indicadas, ÇÃO
nelas incluídas todas as subclasses cujos quatro
dígitos iniciais sejam comuns. 6. Artigo 20, §1º, da Lei 8.213/91.
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

Por sua vez, conforme listagem do artigo 21, da de ser hemofílico, enfermidade que somada ao aci-
Lei 8.213/91, determinados eventos são equipara- dente gera a incapacidade laboral, configurado está
dos a acidente de trabalho, pois o exercício da ati- o acidente de trabalho por equiparação.
vidade laboral é considerado uma concausa para a
Os demais casos contemplados nos incisos II
sua ocorrência (causalidade indireta), concorrendo
e III acabam sendo concretizações do inciso I. Su-
com outras alheias ao trabalho:
ponha-se que João esteja trabalhando a serviço da
empresa e que sofra uma agressão de um colega de
“Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do traba-


lho, para efeitos desta Lei:
trabalho ou mesmo de um terceiro que invadiu a
empresa, causando-lhe lesão corporal que ensejou
I – o acidente ligado ao trabalho que, embora não te-
nha sido a causa única, haja contribuído diretamente incapacidade laboral. Neste caso, trata-se de um
para a morte do segurado, para redução ou perda da acidente equiparado ao de trabalho.
sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão
que exija atenção médica para a sua recuperação; Caso Josué, empregado e vizinho da empresa
II – o acidente sofrido pelo segurado no local e no ho- Fogo Quente, ajude o Corpo de Bombeiros a apagar
rário do trabalho, em conseqüência de: incêndio na empresa durante a madrugada, sofra
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado lesão que gere a sua incapacidade laboral, ter-se-á
por terceiro ou companheiro de trabalho; um acidente equiparado ao de trabalho, haja vista
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por que a sua ação espontânea visou evitar prejuízos à
motivo de disputa relacionada ao trabalho; empresa.
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia
Se Cornélio embarca em avião em um domin-
de terceiro ou de companheiro de trabalho;
go a serviço da empresa para participar de reunião,
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
caso a aeronave caia e haja o óbito do segurado, o
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos for-
tuitos ou decorrentes de força maior;
acidente será equiparado ao de trabalho.
III – a doença proveniente de contaminação acidental
do empregado no exercício de sua atividade; QQ FIQUE ATENTO
IV – o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora
do local e horário de trabalho: Vale registrar que o inciso IV foi revogado pela MP
a) na execução de ordem ou na realização de serviço 905, publicada em 12/11/2019. Deste este dia, não é
sob a autoridade da empresa; mais equiparado a acidente de trabalho o acidente
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à em- em trânsito do trabalha para a residência e vice-
presa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar pro- -versa. O motivo é que realmente está fora da res-
veito; ponsabilidade do tomador do serviço o acidente de
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para trajeto, o que onerava a empresa.
estudo quando financiada por esta dentro de seus
planos para melhor capacitação da mão de obra, in-
dependentemente do meio de locomoção utilizado, Por outro lado, conforme dispõe expressamen-
inclusive veículo de propriedade do segurado; te o artigo 21, §2º, da Lei 8.213/91, não é considera-
d) no percurso da residência para o local de trabalho da agravação ou complicação de acidente do tra-
ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de lo- balho a lesão que, resultante de acidente de outra
comoção, inclusive veículo de propriedade do segu- origem, se associe ou se superponha às consequ-
rado”.
ências do anterior.
O artigo 21, inciso I, da Lei 8.213/91, consti- Destarte, suponha-se que um empregado sofre
tui uma hipótese aberta, razão pela qual a listagem uma torção de tornozelo no exercício do trabalho
deste dispositivo é meramente exemplificativa, e fica incapacitado, configurando um acidente de
pois equiparou a acidente de trabalho o acidente trabalho. Contudo, quando ele está em casa se re-
ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a cuperando, a televisão cai sobre o seu pé e quebra
causa única, haja contribuído diretamente para a os ossos do seu tornozelo. Neste caso, a segunda
morte do segurado, para redução ou perda da sua lesão não se configura como agravação ou compli-
capacidade para o trabalho, ou produzido lesão cação do acidente de trabalho, pois se superpôs à
que exija atenção médica para a sua recuperação. torção, lesão bem mais leve.
Logo, se um empregado se acidenta no exercí- Ressalva o artigo 337, §2º, do RPS, que será con-
cio do labor, potencializando a sua lesão pelo fato siderado agravamento do acidente aquele sofrido
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pelo acidentado quando estiver sob a responsabili- I – doença profissional, assim


dade da reabilitação profissional, vez que o segura- entendida a produzida ou
do está sob a proteção da Previdência Social. desencadeada pelo exercício do
trabalho peculiar a determinada
Impende salientar que nos períodos desti- atividade e constante da respectiva
nados a refeição ou descanso, ou por ocasião da relação elaborada pelo Ministério
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no da Previdência Social (competência
local do trabalho ou durante este, o empregado é atualmente exercida pelo Ministério
considerado no exercício do trabalho. da Economia ante a extinção do
Moléstias
Ministério da Previdência Social);
Também é considerado como acidente de tra- ocupacionais
II – doença do trabalho, assim
Artigo 20,
balho o infortúnio sofrido pelo segurado no local da lei 8.213/91
entendida a adquirida ou
e horário de trabalho, tais como agressão, ofensa desencadeada em função de
condições especiais em que o
intencional ligada ao trabalho e atos decorrentes de
trabalho é realizado e com ele se
fortuito ou força maior que gerem a incapacidade relacione diretamente, constante da
laboral ou a morte do trabalhador. relação elaborada pelo Ministério
Ademais, em algumas situações acidentes ocor- da Previdência Social (competência
atualmente exercida pelo Ministério
ridos fora do local e horário de trabalho são equi- da Economia ante a extinção do
parados a acidente de trabalho, pois existe um nexo Ministério da Previdência Social).
com a atividade laboral, tais como os acidentes in O acidente ligado ao trabalho que,
itinere (no trânsito da residência para o trabalho ou embora não tenha sido a causa única,
vice-versa), na prestação de serviço espontâneo que Acidente de haja contribuído diretamente para
objetiva trazer benefício para a empresa ou em via- trabalho por a morte do segurado, para redução
gem de trabalho. equiparação ou perda da sua capacidade para o
(atípico) trabalho, ou produzido lesão que
Conquanto a LC 150/2015 não tenha modifica- Artigo 21, da exija atenção médica para a sua
do a redação do artigo 21, da Lei 8.213/91, entende- lei 8.213/91 recuperação.
-se pela sua aplicabilidade integral ao empregado São exemplos os casos listados nos
incisos II, III e IV.
doméstico, pois inexiste motivo para deixar des-
protegido o empregado doméstico dos acidentes
equiparados ao de trabalho.
5. RECONHECIMENTO
É o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço da empresa ou No que concerne ao segurado empregado, em-
Acidente do empregador doméstico ou pelo pregado doméstico (LC 150/2015) e ao trabalhador
de trabalho exercício do trabalho dos segurados avulso, caberá à empresa e ao empregador domés-
típico especiais, provocando lesão corporal tico expedir a CAT – Comunicação de Acidente de
Artigo 19, ou perturbação funcional que cause
da Lei 8.213/91
Trabalho ao INSS até o primeiro dia útil seguinte
a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato,
capacidade para o trabalho. sob pena de multa administrativa.
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

A multa será variável entre o limite mínimo e o A CAT deverá se referir às seguintes
limite máximo do salário de contribuição, sucessi- ocorrências7:
vamente aumentada nas reincidências, sendo atu-
almente de competência da Secretaria da Receita I – CAT inicial: acidente do trabalho típico, trajeto, do-
Federal do Brasil. ença profissional, do trabalho ou óbito imediato;
II – CAT de reabertura: afastamento por agravamento
Em caso de omissão da empresa, ou do empre- de lesão de acidente do trabalho ou de doença profissio-
gador doméstico, poderão promover a comunica- nal ou do trabalho; ou


ção o próprio acidentado, seus dependentes, a enti- III – CAT de comunicação de óbito: falecimento de-
dade sindical competente, o médico que o assistiu corrente de acidente ou doença profissional ou do tra-
ou qualquer autoridade pública, o que não exclui a balho, após o registro da CAT inicial.
multa a ser imposta à empresa negligente. Deverá a CAT ser preenchida em 04 vias: pri-
Na hipótese do segurado especial, o acidente meira via ao INSS; segunda via ao segurado ou de-
deverá ser comunicado pelo próprio, seus depen- pendente; terceira via ao sindicato dos trabalhado-
dentes, a entidade sindical competente, o médico res; quarta via à empresa.
que o assistiu ou qualquer autoridade pública.

7. Artigo 327 da Instrução Normativa INSS 77/2015.


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Colaciona-se abaixo um modelo de CAT:


Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS


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A CAT relativas ao acidente do trabalho ou à empresa e a entidade mórbida motivadora da in-


doença do trabalho ou à doença profissional ocor- capacidade elencada na Classificação Internacio-
ridos com o aposentado que permaneceu na ativi- nal de Doenças – CID, conforme a lista C, do ane-
dade como empregado ou a ela retornou, deverão xo II, do Decreto 3.048/99, alterado pelo Decreto
ser registradas e encerradas, devendo o segurado 6.957/2009, sendo dispensável a emissão da CAT.
aposentado deverá ser cientificado do encerramen- Nas classificações internacionais da OMS, os
to da CAT e orientado quanto ao direito à Reabi- estados de saúde (doenças, perturbações, lesões,
litação Profissional, desde que atendidos os requi- etc.) são classificados principalmente na CID-10
sitos legais, em face do disposto no § 2º do art. 18 (abreviatura da Classificação Internacional de Do-
da Lei nº 8.213, de 19918, pois não haverá direito a enças, Décima Revisão), que fornece uma estrutura
benefício por incapacidade laboral ante as vedações de base etiológica.
do artigo 124 da Lei 8.213/91. A empresa ou o segurado poderão requerer a
não aplicação do nexo técnico epidemiológico, de
Quando do acidente resultar a morte imediata cuja decisão caberá recurso com efeito suspensivo
do segurado, deverá ser exigido: ao Conselho de Recursos da Previdência Social.
I - o boletim de registro policial da ocorrência ou, se Com o advento da LC 150/2015, o artigo 21-A
necessário, cópia do inquérito policial; da Lei 8.213/91 também foi modificado, passando a
II - o laudo de exame cadavérico ou documento equiva- prever que a perícia médica do Instituto Nacional
lente, se houver; e do Seguro Social (INSS) considerará caracteriza-
III - a Certidão de Óbito9. da a natureza acidentária da incapacidade quando
constatar ocorrência de nexo técnico epidemio-
Contudo, é comum que as empresas não ex- lógico entre o trabalho e o agravo, decorrente da
peçam a CAT visando encobrir a ocorrência do relação entre a atividade da empresa ou do empre-
acidente de trabalho, razão pela qual foi edita- gador doméstico e a entidade mórbida motivadora
da a Medida Provisória 316/2006, convertida na da incapacidade elencada na Classificação Interna-
Lei 11.430/2006, que inseriu o artigo 21-A na cional de Doenças (CID), em conformidade com o
Lei 8.213/91, criando o NTEP – Nexo Técnico que dispuser o regulamento.
Epidemiológico. Para a identificação do nexo entre o trabalho e
Com propriedade, a perícia médica do INSS o agravo, que caracteriza o acidente do trabalho, a
considerará caracterizada a natureza acidentária perícia médica do INSS, se necessário, poderá ouvir
da incapacidade quando constatar ocorrência de testemunhas, efetuar pesquisa ou realizar vistoria
nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o do local de trabalho ou solicitar o perfil profissio-
agravo, decorrente da relação entre a atividade da gráfico previdenciário diretamente ao empregador
para o esclarecimento dos fatos10.
8. Artigo 322, da Instrução Normativa INSS 77/2015.
9. Artigo 324, da Instrução Normativa INSS 77/2015. 10. Artigo 322 da Instrução Normativa INSS 77/2015.
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

Considera-se agravo a lesão, doença, transtor- INTERVALO


CNAE
no de saúde, distúrbio, disfunção ou síndrome de CID-10

evolução aguda, subaguda ou crônica, de natureza 0810 1091 1411 1412 1533 1540 2330 3011 3701 3702
3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4213 4222
clínica ou subclínica, inclusive morte, independen- A15-A19 4223 4291 4299 4312 4321 4391 4399 4687 4711 4713
temente do tempo de latência, a teor do Decreto 4721 4741 4742 4743 4744 4789 4921 4923 4924 4929
5611 7810 7820 7830 8121 8122 8129 8610 9420 9601
6.042/2007.
1091 3600 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900
Caso não concorde com o NTEP, a empre- 4120 4211 4213 4222 4223 4291 4292 4299 4313 4319


sa poderá ofertar requerimento administrativo a E10-E14 4329 4399 4721 4921 4922 4923 4924 4929 4930 5030
5231 5239 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 8411
ser apresentado no prazo de 15 dias da data pa- 9420
ra a entrega da Guia de Recolhimento do FGTS e 0710 0990 1011 1012 1013 1220 1532 1622 1732 1733
Informações à Previdência Social - GFIP que re- 2211 2330 2342 2451 2511 2512 2531 2539 2542 2543
2593 2814 2822 2840 2861 2866 2869 2920 2930 3101
gistre a movimentação do trabalhador, sob pena 3102 3329 3600 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839
F10-F19
de não conhecimento da alegação em instância 3900 4120 4211 4213 4221 4292 4299 4313 4319 4321
administrativa. 4329 4399 4520 4912 4921 5030 5212 5221 5222 5223
5229 5231 5232 5239 5250 5310 6423 7810 7820 7830
No entanto, caracterizada a impossibilidade 8121 8122 8129 8411 8423 8424 9420
de atendimento do prazo acima referido, motivada 0710 0990 1011 1012 1013 1031 1071 1321 1411 1412
2330 2342 2511 2543 2592 2861 2866 2869 2942 3701
pelo não conhecimento tempestivo do diagnóstico 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4213
F20-F29
do agravo, o requerimento poderá ser apresentado 4222 4223 4291 4292 4299 4312 4391 4399 4921 4922
4923 4924 4929 5212 5310 6423 7732 7810 7820 7830
no prazo de quinze dias da data em que a empre- 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 8423 9420
sa tomar ciência da decisão da perícia médica do
0710 0892 0990 1011 1012 1013 1031 1220 1311 1313
INSS. 1314 1321 1330 1340 1351 1359 1411 1412 1413 1422
1531 1532 1540 2091 2123 2511 2710 2751 2861 2930
Caberá à empresa formular as alegações que 2945 3299 3600 4636 4711 4753 4756 4759 4762 4911
F30-F39
entender necessárias e apresentará as provas que 4912 4921 4922 4923 4924 4929 5111 5120 5221 5222
5223 5229 5310 5620 6110 6120 6130 6141 6142 6143
possuir demonstrando a inexistência de nexo en- 6190 6311 6422 6423 6431 6550 8121 8122 8129 8411
tre o trabalho e o agravo, podendo a documenta- 8413 8423 8424 8610 8711 8720 8730 8800
ção probatória trazer, entre outros meios de prova, 0710 0990 1311 1321 1351 1411 1412 1421 1532 2945
evidências técnicas circunstanciadas e tempestivas 3600 4711 4753 4756 4759 4762 4911 4912 4921 4922
4923 4924 4929 5111 5120 5221 5222 5223 5229 5310
à exposição do segurado, podendo ser produzidas F40-F48
6110 6120 6130 6141 6142 6143 6190 6311 6422 6423
no âmbito de programas de gestão de risco, a cargo 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 8411 8423 8424
8610
da empresa, que possuam responsável técnico le-
0113 0210 0220 0810 1011 1012 1013 1321 1411 1412
galmente habilitado. 1610 1621 1732 1733 1931 2330 2342 2511 2539 2861
Por sua vez, o INSS informará ao segurado so- G40-G47
3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211
4213 4222 4223 4291 4292 4299 4313 4319 4399 4921
bre a contestação da empresa para que este, queren- 4922 4923 4924 4929 4930 5212 8011 8012 8020 8030
do, possa impugná-la. Da decisão do requerimento 8121 8122 8129

cabe recurso, com efeito suspensivo, por parte da 0155 1011 1012 1013 1062 1093 1095 1313 1351 1411
1412 1421 1529 1531 1532 1533 1539 1540 2063 2123
empresa ou, conforme o caso, do segurado ao Con- 2211 2222 2223 2229 2349 2542 2593 2640 2710 2759
G50-G59
selho de Recursos da Previdência Social, no prazo 2944 2945 3240 3250 4711 5611 5612 5620 6110 6120
6130 6141 6142 6143 6190 6422 6423 8121 8122 8129
de 30 dias. 8610
Eis a lista C, do anexo II, do Decreto 3.048/99, 0113 0210 0220 0810 1011 1012 1013 1321 1411 1412
alterado pelo Decreto 6.957/2009: 1610 1621 1732 1733 1931 2330 2342 2511 2539 2861
3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211
G40-G47
4213 4222 4223 4291 4292 4299 4313 4319 4399 4921
LISTA C 4922 4923 4924 4929 4930 5212 8011 8012 8020 8030
(Incluído pelo Decreto nº 6.957, de 2009) 8121 8122 8129
0155 1011 1012 1013 1062 1093 1095 1313 1351 1411
Nota: 1 - São indicados intervalos de CID-10 em que se 1412 1421 1529 1531 1532 1533 1539 1540 2063 2123
reconhece Nexo Técnico Epidemiológico, na forma do G50-G59
2211 2222 2223 2229 2349 2542 2593 2640 2710 2759
§ 3o do art. 337, entre a entidade mórbida e as classes 2944 2945 3240 3250 4711 5611 5612 5620 6110 6120
6130 6141 6142 6143 6190 6422 6423 8121 8122 8129
de CNAE indicadas, nelas incluídas todas as subclasses 8610
cujos quatro dígitos iniciais sejam comuns.
CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

INTERVALO INTERVALO
CNAE CNAE
CID-10 CID-10
0210 0220 0810 1071 1220 1610 1622 2330 2342 3701 0113 0131 0133 0210 0220 0810 0892 0910 1011 1012
3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4212 1013 1020 1031 1033 1041 1051 1052 1061 1064 1071
H53-H54 4213 4222 4223 4291 4299 4312 4313 4319 4321 4329 1072 1091 1122 1220 1311 1321 1351 1354 1411 1412
4391 4399 4741 4742 4743 4744 4789 4921 4922 4923 1413 1532 1621 1732 1733 1931 2012 2019 2312 2330
4924 4929 4930 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 2341 2342 2349 2431 2443 2449 2511 2522 2539 2543
2550 2710 2813 2815 2822 2852 2853 2854 2861 2862
I05-I09 4921
2865 2866 2869 2920 2930 2944 2945 2950 3011 3102
M00-M25
I10-I15 0111 1411 1412 4921 4922 4923 4924 4929 5111 5120 3600 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120
4211 4212 4213 4221 4222 4223 4291 4292 4299 4312
1621 4120 4211 4213 4221 4222 4223 4291 4299 4329 4313 4319 4321 4329 4391 4399 4621 4622 4623 4636
I20-I25 4399 4921 4922 4930 6110 6120 6130 6141 6142 6143 4661 4711 4721 4921 4922 4923 4924 4929 4930 5012
6190 5021 5212 5310 5611 5620 7719 8121 8122 8129 8411
0113 0210 0220 0810 1011 1012 1013 1061 1071 1411 8424 8430 8591 8610 9200 9311 9312 9313 9319 9420
1412 1610 1931 2029 2330 2342 3600 3701 3702 3811 9491 9601
3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4213 4222 4223
I30-I52 0113 0131 0133 0210 0220 0230 0500 0710 0810 0892
4291 4292 4299 4312 4313 4319 4391 4399 4621 4622
4623 4921 4922 4923 4924 4929 4930 8121 8122 8129 0910 0990 1011 1012 1013 1020 1031 1033 1041 1051
8411 9420 1052 1061 1062 1064 1071 1072 1092 1122 1311 1312
1321 1323 1340 1351 1354 1411 1412 1413 1421 1422
0810 1071 2330 2342 3600 3701 3702 3811 3812 3821 1510 1532 1610 1621 1622 1623 1629 1710 1721 1722
3822 3839 3900 4120 4211 4213 4222 4223 4291 4299 1732 1733 1931 2012 2019 2029 2040 2091 2093 2123
I60-I69 4312 4313 4319 4321 4391 4399 4921 4922 4923 4924 2211 2212 2219 2221 2222 2312 2320 2330 2341 2342
4929 4930 8112 8121 8122 8129 8411 8591 9200 9311 2349 2391 2431 2439 2441 2443 2449 2451 2511 2513
9312 9313 9319 9420 2521 2522 2539 2542 2543 2550 2592 2593 2710 2722
M40-M54 2733 2813 2815 2822 2832 2833 2852 2853 2854 2861
1011 1012 1013 1020 1031 1033 1091 1092 1220 1311 2862 2864 2866 2869 2920 2930 2942 2943 2944 2945
1321 1351 1411 1412 1413 1422 1510 1531 1532 1540 2950 3011 3101 3102 3240 3321 3329 3600 3701 3702
1621 1622 2123 2342 2542 2710 2813 2832 2833 2920 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4212 4213
I80-I89 2930 2944 2945 3101 3102 3329 3701 3702 3811 3812 4222 4223 4291 4292 4299 4311 4312 4313 4319 4321
3821 3822 3839 3900 4621 4622 4623 4721 4722 4921 4329 4391 4399 4621 4622 4623 4632 4636 4661 4681
4922 5611 5612 5620 8011 8012 8020 8030 8121 8122 4682 4685 4686 4687 4689 4921 4922 4923 4924 4929
8129 8411 8610 9420 9491 9601 4930 5012 5021 5211 5212 5221 5222 5223 5229 5310
5612 5620 6431 7719 7732 8121 8122 8129 8424 8430
0810 1031 1220 1311 1321 1351 1411 1412 1610 1622 8610 9420
J40-J47 1629 2330 2342 2539 3101 3102 3329 4120 4211 4213
4292 4299 4313 4319 4399 4921 8121 8122 8129 8411 0113 0155 0210 0220 1011 1012 1013 1020 1031 1033
1051 1052 1062 1064 1092 1093 1094 1095 1096 1099
0810 1011 1012 1013 1071 1411 1412 1531 1540 1610 1122 1311 1314 1321 1323 1340 1351 1352 1354 1359
K35-K38 1621 1732 1733 2451 2511 2512 2832 2833 2930 3101 1411 1412 1413 1414 1421 1510 1521 1529 1531 1532
3329 4621 4622 4623 4921 4922 8610 1533 1540 1623 1732 1733 1742 1749 2040 2063 2091
2110 2121 2123 2211 2219 2221 2222 2223 2229 2312
0113 0210 0220 0230 0810 1011 1012 1013 1020 1031
2319 2342 2349 2439 2443 2449 2451 2531 2539 2541
1033 1041 1051 1061 1066 1071 1091 1122 1321 1354
2542 2543 2550 2591 2592 2593 2610 2631 2632 2640
1510 1610 1621 1622 1629 1722 1732 1733 1931 2211
2651 2710 2721 2722 2732 2733 2740 2751 2759 2813
2212 2219 2330 2341 2342 2349 2443 2449 2451 2511 M60-M79
2814 2815 2822 2823 2824 2840 2853 2854 2861 2864
2512 2521 2539 2541 2542 2543 2592 2593 2710 2815
2866 2869 2920 2930 2941 2942 2943 2944 2945 2949
K40-K46 2822 2832 2833 2861 2866 2869 2930 2943 2944 2945
3092 3101 3102 3104 3230 3240 3250 3291 3299 3316
3011 3101 3102 3329 3701 3702 3811 3812 3821 3822
3329 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4221
3839 3900 4120 4211 4212 4213 4221 4222 4223 4291
4632 4634 4711 4713 4912 5111 5120 5212 5221 5222
4292 4299 4312 4313 4319 4321 4329 4391 4399 4621
5223 5229 5310 5320 5612 5620 6021 6022 6110 6120
4622 4623 4632 4634 4687 4721 4722 4741 4742 4743
6130 6141 6142 6143 6190 6209 6311 6399 6422 6423
4744 4789 4921 4922 4930 5212 8121 8122 8129 9420
6431 6550 7410 7490 7719 7733 8121 8122 8129 8211
L60-L75 8610 8219 8220 8230 8291 8292 8299 8610 9420 9601

0113 1011 1012 1013 1071 1411 1412 1610 1621 1931 M30-M36 1412 8121 8122 8129 8610
L80-L99
2451 5611 5620 8121 8122 8129 8610
0210 0220 0230 0810 1011 1012 1013 1033 1041 1061
1071 1122 1321 1510 1532 1610 1621 1622 1732 1733
1931 2212 2330 2342 2391 2511 2512 2539 2542 2543
2593 2832 2833 2866 2869 2930 3011 3101 3102 3329
3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211
S00-S09 4213 4221 4222 4223 4291 4292 4299 4312 4313 4319
4321 4329 4391 4399 4520 4530 4541 4542 4621 4622
4623 4635 4671 4672 4673 4674 4679 4687 4731 4732
4741 4742 4743 4744 4789 4921 4922 4930 5212 5320
7810 7820 7830 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129
9420
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

INTERVALO INTERVALO
CNAE CNAE
CID-10 CID-10
0113 0131 0133 0210 0220 0230 0810 1011 1012 1013 0113 0210 0220 0500 0810 1011 1012 1013 1031
1071 1321 1510 1610 1621 1622 1629 1732 1733 1931 1033 1041 1042 1051 1052 1061 1062 1063 1064
2330 2342 2512 2539 2543 2832 2833 2866 2869 3600 1071 1072 1091 1092 1093 1094 1096 1099 1122
S20-S29 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 1311 1312 1321 1323 1340 1351 1353 1354 1359
4213 4221 4222 4223 4291 4292 4299 4321 4399 4621 1411 1412 1510 1529 1531 1532 1533 1540 1610
4622 4623 4632 4687 4741 4742 4743 4744 4789 4921 1621 1622 1623 1629 1710 1721 1722 1731 1732
4922 4930 5212 5310 8121 8122 8129 9420 1733 1741 1742 1749 1813 1931 2012 2019 2029


2061 2063 2091 2092 2123 2211 2212 2219 2221
0131 0133 0210 0220 1011 1012 1013 1061 1071 1610 2222 2223 2229 2311 2312 2319 2330 2341 2342
1621 2330 2342 2511 2512 3101 3329 3701 3702 3811 2349 2391 2392 2399 2431 2439 2441 2443 2449
3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4213 4221 4222 2451 2452 2511 2512 2513 2521 2522 2531 2532
S30-S39 4223 4291 4299 4312 4313 4319 4321 4329 4391 4399 2539 2541 2542 2543 2550 2591 2592 2593 2599
4621 4622 4623 4687 4722 4741 4742 4743 4744 4789 2632 2651 2710 2721 2722 2732 2733 2740 2751
4921 4930 5212 5221 5222 5223 5229 7810 7820 7830 S60-S69 2759 2790 2811 2812 2813 2814 2815 2821 2822
8121 8122 8129 9420 2823 2824 2825 2829 2831 2832 2833 2840 2852
2853 2854 2861 2862 2864 2865 2866 2869 2920
0131 0133 0210 0220 0500 0810 1011 1012 1013 1031 2930 2941 2942 2943 2944 2945 2949 2950 3011
1033 1041 1051 1061 1064 1071 1091 1122 1321 1351 3012 3032 3091 3092 3099 3101 3102 3103 3104
1354 1411 1412 1510 1531 1532 1533 1540 1610 1621 3220 3230 3240 3250 3291 3299 3319 3329 3701
1622 1623 1629 1722 1732 1733 1931 2212 2221 2222 3702 3811 3812 3821 3822 3832 3839 3900 4120
2223 2229 2330 2342 2349 2391 2451 2511 2512 2539 4211 4213 4221 4222 4223 4291 4292 4299 4312
2542 2543 2592 2593 2710 2813 2815 2822 2823 2832 4313 4319 4321 4322 4329 4391 4399 4520 4621
2833 2861 2866 2869 2930 2944 2945 2950 3101 3102 4622 4623 4632 4634 4661 4671 4672 4673 4674
S40-S49 3329 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4679 4681 4682 4685 4686 4687 4689 4711 4721
4211 4213 4221 4222 4223 4291 4292 4299 4312 4313 4722 4741 4742 4743 4744 4789 4930 5211 5212
4319 4321 4329 4391 4399 4520 4530 4541 4542 4618 5320 5819 5829 7719 7732 7810 7820 7830 8121
4621 4622 4623 4635 4661 4671 4672 4673 4674 4679 8122 8129 8423 9420 9529
4687 4721 4722 4731 4732 4741 4742 4743 4744 4784
4789 4921 4922 4930 5212 5221 5222 5223 5229 5310 0210 0220 1011 1012 1013 1033 1122 1610 1621
5320 7719 7810 7820 7830 8011 8012 8020 8030 8121 1622 2330 2391 2511 2512 2539 3101 3329 3701
8122 8129 9420 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211
4213 4221 4222 4223 4291 4299 4312 4321 4391
0210 0220 0810 1011 1012 1013 1031 1033 1041 1051 S70-S79
4399 4520 4530 4541 4542 4618 4687 4731 4732
1061 1064 1071 1091 1092 1093 1096 1099 1122 1311 4741 4742 4743 4744 4784 4789 4921 4930 5212
1321 1354 1411 1412 1510 1531 1532 1533 1540 1610 5221 5222 5223 5229 5232 5250 5320 7810 7820
1621 1622 1623 1629 1722 1732 1733 2211 2221 2222 7830 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 9420
2223 2229 2330 2341 2342 2391 2511 2512 2539 2542
2543 2592 2593 2710 2759 2813 2822 2823 2832 2833 0210 0220 0230 0500 0710 0810 0990 1011 1012
2861 2866 2869 2930 2944 2945 2950 3011 3101 3102 1013 1031 1033 1041 1051 1061 1062 1064 1071
S50-S59
3329 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 1072 1092 1096 1099 1122 1321 1351 1354 1411
4211 4213 4221 4222 4223 4291 4292 4299 4312 4313 1412 1510 1531 1532 1540 1610 1621 1622 1623
4319 4321 4322 4329 4391 4399 4520 4621 4622 4623 1629 1710 1721 1722 1732 1733 1931 2012 2019
4635 4661 4685 4686 4687 4689 4711 4721 4722 4741 2029 2073 2091 2211 2219 2222 2312 2320 2330
4742 4743 4744 4784 4789 4921 4923 4924 4929 4930 2341 2342 2391 2439 2443 2449 2451 2511 2512
5212 5221 5222 5223 5229 5310 5320 7719 7732 7810 2521 2522 2539 2542 2543 2550 2592 2593 2651
7820 7830 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 9420 2710 2812 2813 2815 2821 2822 2823 2831 2832
2833 2840 2852 2854 2861 2862 2864 2865 2866
2869 2930 2943 2944 2945 2950 3011 3101 3102
S80-S89
3329 3600 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839
3900 4120 4211 4213 4221 4222 4223 4291 4292
4299 4312 4313 4319 4321 4322 4329 4391 4399
4520 4530 4541 4542 4618 4621 4622 4623 4632
4635 4636 4637 4639 4661 4671 4672 4673 4674
4679 4681 4682 4685 4686 4687 4689 4711 4722
4723 4731 4732 4741 4742 4743 4744 4784 4789
4912 4921 4922 4923 4924 4929 4930 5211 5212
5221 5222 5223 5229 5232 5250 5310 5320 7719
7732 7810 7820 7830 8011 8012 8020 8030 8121
8122 8129 8423 8424 9420
CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

INTERVALO CID Doenças enquadradas


CNAE
CID-10
Tuberculose pulmonar, com confirmação por
0210 0220 0500 0810 1011 1012 1013 1031 1033 A15.0 exame microscópico da expectoração, com ou
1041 1051 1061 1062 1064 1071 1072 1092 1093 sem cultura
1122 1311 1321 1351 1354 1411 1412 1510 1532 Tuberculose pulmonar, com confirmação somente
1610 1621 1622 1623 1629 1710 1721 1722 1732 A15.1
por cultura
1733 1931 2029 2091 2219 2221 2222 2312 2330
2341 2342 2391 2431 2439 2441 2443 2449 2451 Tuberculose pulmonar, com confirmação
A15.2
2511 2512 2513 2521 2522 2531 2539 2542 2543 histológica
2592 2593 2710 2722 2815 2822 2831 2832 2833 Tuberculose pulmonar, com confirmação por meio
2840 2852 2853 2854 2861 2862 2865 2866 2869 A15.3
não especificado
S90-S99 2920 2930 2943 2944 2945 2950 3011 3101 3102
3329 3600 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 Tuberculose dos gânglios intratorácicos, com
A15.4
3900 4120 4211 4213 4221 4222 4223 4291 4292 confirmação bacteriológica e histológica
4299 4312 4313 4319 4321 4322 4329 4391 4399 Tuberculose da laringe, da traqueia e dos brônquios,
4621 4622 4623 4661 4681 4682 4685 4686 4687 A15.5
com confirmação bacteriológica e histológica
4689 4711 4784 4912 4921 4922 4930 5111 5120
5212 5221 5222 5223 5229 5232 5250 5310 5320 Pleuris tuberculoso, com confirmação
A15.6
6423 6431 6550 7719 7732 7810 7820 7830 8011 bacteriológica e histológica
8012 8020 8030 8121 8122 8129 8423 8424 8610 Tuberculose primária das vias respiratórias, com
A15.7
9420 confirmação bacteriológica e histológica
0210 0220 0710 0810 0892 0910 1011 1013 1020 Outras formas de tuberculose das vias respiratórias,
A15.8
1031 1033 1041 1042 1061 1062 1071 1072 1091 com confirmação bacteriológica e histológica
1092 1093 1122 1220 1311 1312 1321 1351 1352
Tuberculose não especificada das vias respiratórias,
1353 1411 1412 1510 1531 1532 1533 1540 1610 A15.9
com confirmação bacteriológica e histológica
1621 1622 1629 1733 1932 2014 2019 2029 2032
2091 2211 2221 2223 2229 2312 2320 2330 2341 Tuberculose das vias respiratórias, sem
A16
2342 2391 2451 2511 2512 2521 2522 2539 2542 confirmação bacteriológica ou histológica
2592 2593 2640 2740 2751 2790 2813 2814 2822 Tuberculose pulmonar com exames bacteriológico
T90-T98 2862 2864 2866 2869 2920 2930 2944 2945 2950 A16.0
e histológico negativos
3091 3092 3101 3102 3600 3701 3702 3811 3812
3821 3822 3839 3900 4120 4211 4213 4221 4291 Tuberculose pulmonar, sem realização de exame
A16.1
4292 4299 4312 4313 4319 4321 4322 4391 4399 bacteriológico ou histológico
4635 4661 4681 4682 4687 4721 4741 4743 4744 Tuberculose pulmonar, sem menção de
4784 4922 4923 4924 4929 4930 5012 5021 5030 A16.2
confirmação bacteriológica ou histológica
5212 5221 5222 5223 5229 5231 5232 5239 5250
5310 5320 7719 7732 8011 8012 8020 8030 8121 Tuberculose dos gânglios intratorácicos, sem
8122 9420 A16.3 menção de confirmação bacteriológica ou
histológica
O NTEP estabelece um vínculo entre a Classifi- Tuberculose da laringe, da traqueia e dos
A16.4 brônquios, sem menção de confirmação
cação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) bacteriológica ou histológica
da empresa e a CID do agravo, presumindo-se re- A16.5
Pleurisia tuberculosa, sem menção de confirmação
bacteriológica ou histológica
lativamente o acidente de trabalho. Nesse sentido,
Tuberculosa respiratória primária sem menção de
A16.7
colaciona-se o início da tabela da Lista C do Anexo confirmação bacteriológica ou histológica
II do Regulamento: Outras formas de tuberculose das vias respiratórias,
A16.8 sem menção de confirmação bacteriológica ou
histológica
INTERVALO
CNAE
CID-10 Tuberculose respiratória, não especificada,
A16.9 sem menção de confirmação bacteriológica ou
0810 1091 1411 1412 1533 1540 2330 3011 3701 histológica
3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211
4213 4222 4223 4291 4299 4312 4321 4391 4399 A17 Tuberculose do sistema nervoso
A15-A19
4687 4711 4713 4721 4741 4742 4743 4744 4789 A17.0 Meningite tuberculosa (G01*)
4921 4923 4924 4929 5611 7810 7820 7830 8121
8122 8129 8610 9420 9601 A17.1 Tuberculoma meníngeo (G07*)
A17.8 Outras tuberculoses do sistema nervoso
Há um nexo entre as doenças enquadradas na Tuberculose não especificada do sistema nervoso
A17.9
CID A15-A19 e as empresas com CNAE ao lado in- (G99.8*)
A18 Tuberculose de outros órgãos
dicado, a exemplo do código 0810:
A18.0 Tuberculose óssea e das articulações

CID Doenças enquadradas A18.1 Tuberculose do aparelho geniturinário

Tuberculose respiratória, com confirmação A18.2 Linfadenopatia tuberculosa periférica


A15
bacteriológica e histológica
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

CID Doenças enquadradas que esteja acometido com tuberculose pulmonar,


Tuberculose do intestino, do peritônio e dos com confirmação por exame microscópico da
A18.3
gânglios mesentéricos
expectoração, com ou sem cultura (CID 15.0), terá
A18.4 Tuberculose de pele e do tecido celular subcutâneo
o reconhecimento do NTEP, cabendo à empresa,
A18.5 Tuberculose do olho
se discordar, promover a devida impugnação
A18.6 Tuberculose do ouvido
administrativa com as provas cabíveis.
A18.7 Tuberculose das suprarrenais (E35.1*)
No âmbito da Previdência Social, o tema é


A18.8 Tuberculose de outros órgãos especificados
A19 Tuberculose miliar disciplinado pela Instrução Normativa INSS
Tuberculose miliar aguda de localização única e 31/2008, que dispõe sobre procedimentos e rotinas
A19.0
especificada referentes ao Nexo Técnico Previdenciário.
A19.1 Tuberculose miliar aguda de múltiplas localizações
De efeito, o nexo técnico previdenciário poderá ser
A19.2 Tuberculose miliar aguda não especificada
de natureza causal ou não, havendo três espécies:
A19.8 Outras tuberculoses miliares
A19.9 Tuberculose miliar não especificada I – nexo técnico profissional ou do trabalho, funda-
mentado nas associações entre patologias e exposições
constantes das listas A e B do anexo II do Decreto nº
CNAE Atividade 3.048/99;
0810-0/01 Ardósia; beneficiamento de (associado a extração) II – nexo técnico por doença equiparada a acidente
0810-0/01 Ardósia; extração de de trabalho ou nexo técnico individual, decorrente de
0810-0/02 Granito; beneficiamento de (associado a extração) acidentes de trabalho típicos, bem como de condições
0810-0/02 Granito; extração de especiais em que o trabalho é realizado e com ele rela-
0810-0/02 Pó de granito; produção de
cionado diretamente, nos termos do § 2º do art. 20 da
Lei nº 8.213/91;
Mármore; beneficiamento de (associado a
0810-0/03
extração) III – nexo técnico epidemiológico previdenciário,
0810-0/03 Mármore; extração de aplicável quando houver significância estatística da
0810-0/03 Pó de mármore; produção de associação entre o código da Classificação Internacio-
nal de Doenças-CID, e o da Classificação Nacional de
0810-0/04 Calcário; beneficiamento de (associado a extração)
Atividade Econômica-CNAE, na parte inserida pelo
0810-0/04 Calcário; extração de
Decreto nº 6.042/07, na lista B do anexo II do Decreto
0810-0/04 Calcários (pedras e mariscos); extração de
nº 3.048/99.
Conchas calcarias; beneficiamento de (associado a
0810-0/04
extração) Coube à Resolução INSS 485/2015 disciplinar
0810-0/04 Conchas calcarias; extração de
os procedimentos a serem adotados pela Perícia
0810-0/04 Crê; extração de
Médica na inspeção no ambiente de trabalho dos
Dolomita; beneficiamento de (associado a
0810-0/04
extração)
segurados, devendo ser observados os elementos
Dolomita; trituração, fragmentação e outros inerentes à história clínica e ocupacional, descritos
0810-0/04
beneficiamentos de ( associados à extração) nos seguintes documentos:
0810-0/04 Pó calcário; fabricação de (associado à extração)
0810-0/05 Alabastro; extração de I - Prontuário Médico;
0810-0/05 Caulim; extração de II - PPP e demais dados da Análise de Função;
0810-0/05 Gesso ou gipsita; extração de III - Laudo Técnico das Condições de Ambiente de Tra-
0810-0/06 Areia lavada para construção; extração de balho - LTCAT;
0810-0/06 Areia quartzosas; extração de IV - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -
0810-0/06 Areia; extração de PPRA;
0810-0/06 Areias siliciosas; extração de V - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio-
Areias, cascalhos, pedregulhos e semelhantes; nal - PCMSO;
0810-0/06
beneficiamento de VI - Carteira de Trabalho, para análise dos vínculos
empregatícios anteriores; e
Logo, por exemplo, um empregado de uma empresa VII - Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT (se
especializada em extração de ardósia (CNAE 0810) houver).
CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

A inspeção no ambiente de trabalho será prece- respectivas cópias, conforme o caso, aos órgãos
dida de envio de Carta de Comunicação de Inspe- competentes.
ção à empresa e terá as seguintes finalidades11:
6. SEGURADOS COBERTOS
I - reconhecer tecnicamente o nexo entre o trabalho e
o agravo; O médico-residente, que se enquadra como
II - verificar se existe, por parte da empresa, cumpri- contribuinte individual, também tinha direito aos
mento quanto às normas de segurança e higiene do benefícios acidentários por determinação expres-
trabalho; sa da Lei 8.138/90, que restou revogada pela Lei
III - verificar a adoção e o uso das medidas coletivas e 10.405/2002.
individuais de proteção e segurança da saúde do tra-
balhador;
Assim, antes do advento da LC 150/2015, de
acordo com a doutrina prevalente, apenas o se-
IV - constatar se a doença ou lesão invocada como cau-
sa do benefício junto ao INSS é pré-existente ou não ao gurado empregado, o trabalhador avulso e o
ingresso no Regime Geral de Previdência Social, exce- segurado especial fazem jus aos benefícios por
tuando-se os casos de progressão ou agravamento; acidente de trabalho, pois nestes casos a empre-
V - verificar se as informações contidas no PPP estão sa paga a contribuição SAT de 1, 2 ou 3% sobre as
em concordância com o LTCAT utilizado como base remunerações dos empregados e avulsos e o segu-
para sua fundamentação, com fins à aposentadoria es- rado especial é contribuinte de 0,1% sobre a receita
pecial; decorrente da comercialização de sua produção.
VI - confirmar se as informações contidas LTCAT es-
tão em concordância com o ambiente de trabalho ins- Nesse sentido, conforme restringia o artigo 18,
pecionado, com fins à aposentadoria especial; e §1º, da Lei 8.213/91, apenas os segurados emprega-
VII - avaliar a compatibilidade da capacidade laborativa dos, trabalhadores avulsos e segurados especiais
do reabilitando frente ao posto de trabalho de origem e fariam jus ao auxílio-acidente, o mais típico bene-
frente ao posto de trabalho proposto pelo empregador. fício por acidente de trabalho, em que pese ter sido
estendido aos acidentes em geral.
Após realizada a inspeção no local de traba-
lho, a perícia médica do INSS reconhecerá ou não Com o advento da Emenda Constitucional
o nexo entre o trabalho e o agravo, devendo a APS 72/2013 passou a existir previsão na Lei Maior para
mantenedora do benefício, em ambos os casos, que os empregadores domésticos pagassem con-
emitir junto à perícia médica uma Carta de Notifi- tribuição SAT, o que foi regulamentado pela LC
cação, em três vias, sendo uma para ser juntada ao 150/2015 (0,8% do salário de contribuição), razão
processo concessório e as outras duas para serem pela qual os empregados domésticos passaram a
enviadas à empresa e ao segurado. ter direito aos benefícios previdenciários por aci-
dente do trabalho, inclusive ao auxílio-acidente.
Ademais, quando na realização da inspeção
no ambiente de trabalho ficar constatada alguma Contudo, mesmo sem o pagamento da contri-
das irregularidades descritas nas normativas pre- buição SAT pelas empresas, entende-se ser razoável
videnciárias, o executor da inspeção deverá emitir estender a proteção previdenciária acidentária aos
Representação Administrativa e encaminhar suas contribuintes individuais que prestam serviços às
pessoas jurídicas, pois o conceito legal de aciden-
te de trabalho (artigo 19, da Lei 8.213/91) o define
11. Art. 7º O Formulário de Inspeção no Ambiente de Trabalho (Anexo V)
deverá conter, obrigatoriamente: I - identificação da empresa, dos acom­ como “o que ocorre pelo exercício do trabalho a
panhantes, do segurado e dos documentos solicitados para análise; II serviço da empresa”, não havendo qualquer restri-
- descrição da atividade (registrar as atividades desenvolvidas pelo segu­
rado em cada função e setor, incluindo a atual e as pregressas); III - riscos ção legal com relação aos segurados beneficiários.
ambientais (agentes físicos, químicos, biológicos), fatores ergonômicos,
psicofísicos e riscos de acidentes; IV - comentários complementares (ele­ Os benefícios pagos por acidente de trabalho
mentos eventualmente existentes e não apontados anteriormente, mas ao empregado, empregado doméstico, ao trabalha-
necessários ao esclarecimento da matéria em questão); V - conclusão
final que deverá conter, conforme o caso: a) o reconhecimento ou não
dor avulso e ao segurado especial, bem como aos
do nexo entre o trabalho e o agravo; b) o enquadramento de condições dependentes, são os seguintes: pensão por morte
especiais (relatar a existência de efetiva exposição ao agente nocivo, ha­
bitualidade e permanência da exposição); c) a capacidade laborativa do
por acidente de trabalho; auxílio-acidente por aci-
reabilitando frente ao posto de trabalho de origem e ao posto de traba­ dente de trabalho; auxílio-doença por acidente de
lho proposto pelo empregador; e d) encaminhamentos adicionais que
venham a ser realizados, tais como Representações Administrativas - RA
trabalho e aposentadoria por invalidez por aciden-
a outros órgãos. te de trabalho.
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

São devidos os benefícios por acidente do tra- segurados trabalhadores avulsos e os segurados espe-
balho - auxílio-doença, aposentadoria por invali- ciais fazem jus aos benefícios previdenciários por aci-
dente do trabalho. O ordenamento jurídico fez incluir o
dez, pensão por morte e auxílio-acidente (espécies
segurado empregado doméstico no rol do artigo 19, em
91, 92, 93 e 94) ao segurado empregado doméstico, observância à Emenda Constitucional 72 e à Lei Com-
desde que o acidente tenha ocorrido a partir do plementar 150/2015.
dia 02/06/2015, data da publicação da Lei Comple- 3. O artigo 109, I, da Constituição Federal de 1988, ao
mentar nº 150, de 201512. excetuar da competência federal as causas de acidente
do trabalho, abarcou tão somente as lides estritamente


Vale frisar que o INSS somente concede be- acidentárias, movidas pelo segurado contra o INSS.
nefícios com código de acidente do trabalho aos
4. O acidente sofrido por trabalhador classificado
segurados que possuem o pagamento da contri- pela lei previdenciária como segurado contribuin-
buição SAT em seu favor: empregado, empregado te individual, por expressa determinação legal, não
doméstico (este após a LC 150/2015), trabalhador configura acidente do trabalho, não ensejando, por-
avulso e segurado especial. tanto, a concessão de benefício acidentário, apenas
previdenciário, sob a jurisdição da Justiça Federal.
Logo, o contribuinte individual, quer autô-
5. Conflito negativo de competência conhecido para
nomo, quer prestando serviços à pessoa jurídica, declarar a competência da Justiça Federal (CC 140943,
não terá deferido pelo INSS benefício por aciden- 1ª Seção, 8/2/2017).
te de trabalho, e sim benefício comum, o mesmo
ocorrendo com o segurado facultativo, que sequer
trabalha. 7. PRESCRIÇÃO DOS BENEFÍCIOS ACIDEN-
TÁRIOS
Revendo a sua jurisprudência de modo técnico,
o STJ vem pronunciando a competência da Justiça De acordo com o artigo 104, da Lei 8.213/91, as
Federal nas demandas envolvendo contribuinte in- ações referentes à prestação por acidente do traba-
dividual autônomo: lho prescrevem em cinco anos, contados da data:
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CON- I – do acidente, quando dele resultar a morte ou a inca-
FLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO pacidade temporária, verificada esta em perícia médica
PREVIDENCIÁRIA. BENEFÍCIO POR INCAPACI- a cargo da Previdência Social; ou
DADE. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDU- II – em que for reconhecida pela Previdência Social, a
AL. LEGISLAÇÃO ACIDENTÁRIA EXCLUDENTE. incapacidade permanente ou o agravamento das seqüe-
NATUREZA PREVIDENCIÁRIA DO BENEFÍCIO. las do acidente.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 19 DA LEI 8.213/1991.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. JUÍZO Note-se que, em se tratando de benefícios pre-
SUSCITADO.
videnciários, ocorre a prescrição progressiva e não
1. No caso, tramita ação previdenciária em que ser re-
a do fundo do direito13, pois apenas as parcelas ven-
quer a condenação do INSS ao pagamento de benefício
previdenciário por incapacidade, em que o autor osten- cidas antes do quinquênio anterior ao ajuizamento
ta a qualidade de segurado contribuinte individual. da demanda ou do pedido administrativo restarão
2. O segurado contribuinte individual integra o rol dos fulminadas pelo lustro prescricional, sendo aplicá-
segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdên- vel a Súmula 85, do STJ14.
cia Social. O artigo 12, V, da Lei 8.212/1991 e o artigo
9º, V, do Decreto 3.048/1999, com a redação dada pela
Lei 9.876/1999, elencam quem são os segurados contri- 8. PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
buintes individuais. São igualmente segurados contri- DO RECONHECIMENTO DO ACIDENTE DE
buintes individuais, o médico-residente, por força da TRABALHO
Lei 6.932/1981 com a redação dada pela Lei 12.514/2011;
o cônjuge ou companheiro do produtor que participe O reconhecimento de um acidente de trabalho
da atividade rural por este explorada; o bolsista da Fun- ou equiparado, e, por consequência, a concessão
dação Habitacional do Exército, contratado em confor-
midade com a Lei 6.855/1980 e o árbitro de competições de benefício previdenciário acidentário, tem como
desportivas e seus auxiliares que atuem em conformi- principais consequências:
dade com a Lei 9.615/1998.
2. Consoante artigo 19 da Lei 8.213/1991, somente os 13. STJ, REsp 266.637, de 26.09.2000.
segurados empregados, incluídos os temporários, os 14. Súmula 85 – Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda
Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio
direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas an­
12. Memorando-Circular nº 38/DIRBEN/INSS, de 5/11/2015. tes do quinquênio anterior a propositura da ação.
CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

a) O evento entrará na estatística da empresa 9. RESPONSABILIDADE CIVIL DA EMPRESA


para majoração em até 100% da contribui- PERANTE A JUSTIÇA DO TRABALHO
ção de 1, 2 ou 3% sobre as remunerações dos
Nas hipóteses de dolo ou culpa, a teor do artigo
segurados empregados e avulsos (contri-
7º, XXVIII, da CRFB, o empregador responderá ci-
buição SAT), na forma do artigo 10, da Lei
vilmente nas hipóteses de acidente de trabalho, em
10.666/03; demanda a ser proposta pelo empregado na Justiça
b) O empregado (este direito não foi estendido do Trabalho, conforme pacificado pelo STF, atra-
ao empregado doméstico pela LC 150/2015), vés da edição da Súmula vinculante 22:
após a cessação do auxílio-doença acidentá-
“A Justiça do Trabalho é competente para processar
rio, tem garantida a estabilidade provisória
e julgar as causas relativas a indenizações por danos
no emprego por ao menos doze meses, na morais e patrimoniais decorrentes de acidente de tra-
forma do artigo 118, da Lei 8.213/9115, dis- balho propostas por empregado contra empregador,
positivo legal validado pelo STF no julga- alcançando-se, inclusive, as demandas que ainda não
mento da ADI 639, em 02/06/200516; possuíam, quando da promulgação da EC nº 45/2004,
sentença de mérito em primeiro grau”.
c) O empregador obriga-se a depositar a im-
portância a título de FGTS, conforme pre- Aliás, mesmo a ação proposta pela viúva contra o
visto no artigo 15, §5º, da Lei 8.036/90; empregador por acidente de trabalho será de compe-
tência da Justiça do Trabalho, tendo o STJ revogado
d) Dispensa-se a carência para a conces- a Súmula 366, que dispunha em sentido contrário,
são da aposentadoria por invalidez e do no julgamento do conflito de competência 101.977,
auxílio-doença; em 16.09.2009.
e) A ação judicial eventualmente proposta Tema polêmico é saber se a responsabilidade do
contra o INSS será da competência originá- empregador poderá ser objetiva, se este desempe-
ria da Justiça Estadual, por força do artigo nhar atividade naturalmente arriscada, consoante
109, I, parte final, da CRFB, e não da Justiça previsão do artigo 927, parágrafo único, do Código
Federal, mesmo em se tratando de acidente Civil.
por equiparação ou doença ocupacional17, Entende-se que sim, pois inexiste motivo para
bem como as respectivas ações revisionais. restringir o âmbito de aplicação da legislação civil,
máxime para aumentar a proteção ao trabalhador,
Ressalte-se que com o advento da Lei 9.032/95
haja vista a natureza reparatória da ação a ser pro-
o cálculo dos benefícios acidentários passou a ser
posta contra o empregador na Justiça Laboral.
o mesmo dos benefícios previdenciários comuns,
inexistindo diferenciação para a definição da sua Nesse sentido, colaciona-se decisão do TST de
renda mensal inicial. No entanto isto foi modi- 17.12.2010:
ficado com a Emenda 103/2019 no caso da apo-
“RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE
sentadoria por incapacidade permanente (antiga CIVIL. DANOS MATERIAIS. VALORAÇÃO DA
invalidez), conforme será estudado na parte dos PROVA. Esta Corte tem entendido que o artigo 7º,
benefícios previdenciários. XXVIII, da Constituição Federal, ao assegurar,
como direito indisponível do trabalhador, o -seguro
contra acidente do trabalho, a cargo do empregador,
sem excluir a indenização a que este está obrigado,
15. Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, quando incorrer em dolo ou culpa –, não obsta a
pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de aplicação da teoria da responsabilidade objetiva às
trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, in­ lides trabalhistas, mormente quando a atividade de-
dependentemente de percepção de auxílio-acidente. senvolvida pelo empregador pressupõe a existência
16. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 118 DA
de risco potencial à integridade física e psíquica do
LEI 8.213/1991. Norma que assegura ao trabalhador a manutenção de
contrato de trabalho por doze meses após a cessão do auxílio-doença, trabalhador e o acidente tenha ocorrido após a en-
independentemente de percepção de auxílio-acidente. Alegação de trada em vigência do novo Código Civil. Contudo,
ofensa à reserva de lei complementar, prevista no art. 7º, I, da Constitui­ não é o que se verifica dos autos, haja vista que a ativi-
ção federal, para a disciplina da proteção da relação de emprego contra dade desempenhada pela reclamante não era de risco
despedida arbitrária ou sem justa causa. Norma que se refere às garan­
tias constitucionais do trabalhador em face de acidentes de trabalho e
potencial, razão pela qual a responsabilidade no caso
não guarda pertinência com a proteção da relação de emprego nos ter­ é a subjetiva. Por outro lado, o acórdão regional deixa
mos do art. 7º, I, da Constituição. Ação julgada improcedente. assentado que a prova produzida, mormente a pericial,
17. STJ, CC 107.468, de 14.10.2009. constatou que a doença que acometeu a reclamante
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

não tem relação direta ou indireta com o trabalho, não trabalho. Em outras palavras, fica estabelecida a pre-
estando caracterizado, portanto o nexo de causalidade. sunção relativa de culpa do empregador”.
A condenação não pode se dar por presunção, razão
pela qual não há como se manter a decisão de origem. Entrementes, vale registrar o posicionamento
Recurso de revista conhecido e provido (Processo: contrário de Sergio Pinto Martins18:
RR – 152400-71.2006.5.04.0771 Data de Julgamento:
15/12/2010, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, “A responsabilidade civil do empregador contida no
8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 17/12/2010)”. inciso XXVIII do art. 7º da Constituição é subjetiva e
não objetiva. Depende da prova de dolo ou culpa. Não


No mesmo caminho o STJ, no julgamento do é sempre presumida como na hipótese do §6º do art. 37
Recurso Especial 1.067.738, de 26.05.2009, inclusão da Constituição.
adotando a tese da presunção relativa de culpa da O parágrafo único do art. 927 do Código Civil de 2002
empresa: não se aplica para acidente do trabalho, pois o inciso
XXVIII do art. 7º da Constituição dispõe que a indeni-
“DIREITO CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. zação só é devida em caso de dolo ou culpa. A respon-
INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO sabilidade é subjetiva”.
EMPREGADOR. NATUREZA. PRESERVAÇÃO DA
INTEGRIDADE FÍSICA DO EMPREGADO. PRE-
O tema foi julgado pelo STF em 2019 admitin-
SUNÇÃO RELATIVA DE CULPA DO EMPREGA- do a responsabilidade objetiva do empregador no
DOR. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. caso de atividade de risco:
– O art. 7º da CF se limita a assegurar garantias mí-
nimas ao trabalhador, o que não obsta a instituição de O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu,
novos direitos – ou a melhoria daqueles já existentes nesta quinta-feira (5), que o trabalhador que atua em
– pelo legislador ordinário, com base em um juízo de atividade de risco tem direito à indenização em razão
oportunidade, objetivando a manutenção da eficácia de danos decorrentes de acidente de trabalho, inde-
social da norma através do tempo. pendentemente da comprovação de culpa ou dolo do
empregador. Por maioria de votos, os ministros enten-
– A remissão feita pelo art. 7º, XXVIII, da CF, à culpa
deram que é constitucional a imputação da responsa-
ou dolo do empregador como requisito para sua res-
bilidade civil objetiva do empregador por danos de-
ponsabilização por acidentes do trabalho, não pode
ser encarada como uma regra intransponível, já que o correntes de acidentes de trabalho em atividades de
próprio caput do artigo confere elementos para criação risco. RE 828040, de 5/9/2019.
e alteração dos direitos inseridos naquela norma, obje-
tivando a melhoria da condição social do trabalhador.
10. AÇÃO REGRESSIVA PROPOSTA PELO INSS
– Admitida a possibilidade de ampliação dos direitos
contidos no art. 7º da CF, é possível estender o alcan-
CONTRA A EMPRESA NEGLIGENTE
ce do art. 927, parágrafo único, do CC/02 – que prevê De acordo com o artigo 120, da Lei 8.213/91
a responsabilidade objetiva quando a atividade nor-
no seu texto originário antes da Lei 13.846/19, nos
malmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para terceiros – aos acidentes casos de negligência quanto às normas padrão de
de trabalho. segurança e higiene do trabalho indicados para a
– A natureza da atividade é que irá determinar sua proteção individual e coletiva, a Previdência Social
maior propensão à ocorrência de acidentes. O risco que proporá ação regressiva contra os responsáveis,
dá margem à responsabilidade objetiva não é aquele ha- pois o pagamento das prestações previdenciárias
bitual, inerente a qualquer atividade. Exige-se a exposi-
por acidente do trabalho não exclui a responsabili-
ção a um risco excepcional, próprio de atividades com
elevado potencial ofensivo. dade civil da empresa ou de outrem19.
– O contrato de trabalho é bilateral sinalagmático, im- Eis o dispositivo:
pondo direitos e deveres recíprocos. Entre as obriga-
ções do empregador está, indubitavelmente, a preserva-
“Art. 120. Nos casos de negligência quanto às normas
ção da incolumidade física e psicológica do empregado
padrão de segurança e higiene do trabalho indicados
no seu ambiente de trabalho.
para a proteção individual e coletiva, a Previdência So-
– Nos termos do art. 389 do CC/02 (que manteve a cial proporá ação regressiva contra os responsáveis”.
essência do art. 1.056 do CC/16), na responsabilidade
contratual, para obter reparação por perdas e danos, o Ou seja, os acidentes de trabalho e eventos
contratante não precisa demonstrar a culpa do inadim- equiparados ocorridos por culpa do empregador
plente, bastando a prova de descumprimento do con-
em não seguir as normas vigentes sobre proteção
trato. Dessa forma, nos acidentes de trabalho, cabe ao
empregador provar que cumpriu seu dever contratual
de preservação da integridade física do empregado, 18. Direito da Seguridade Social, 29ª edição, Atlas, p. 435.
respeitando as normas de segurança e medicina do 19. Artigo 121, da Lei 8.213/91.
CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

do trabalhador gerarão a responsabilidade deste De acordo com o artigo 341, parágrafo único,
em ressarcir a Previdência Social o valor que for do RPS, inserido pelo Decreto 7.331, de 19.10.2010,
gasto no pagamento dos benefícios acidentários, o Ministério do Trabalho (atualmente Economia),
até que ocorra a sua cessação, devendo ser aferida com base em informações fornecidas trimestral-
casuisticamente a ocorrência da culpa, especial- mente, a partir de 1º de março de 2011, pelo Minis-
mente com a perícia a ser realizada pelo Ministé- tério da Fazenda (atualmente Economia) relativas
rio do Trabalho Trabalho (com a extinção do Mi- aos dados de acidentes e doenças do trabalho cons-
nistério do Trabalho, desde 2019 o Ministério da tantes das comunicações de acidente de trabalho
Economia assumiu a área trabalhista, tendo sido registradas no período, encaminhará à Previdên-
criada uma Secretaria Especial de Previdência e cia Social os respectivos relatórios de análise de
acidentes do trabalho com indícios de negligência
Trabalho).
quanto às normas de segurança e saúde do traba-
Logo, haverá a condenação da empresa no pa- lho que possam contribuir para a proposição de
gamento das parcelas passadas e futuras, pois “a ações judiciais regressivas.
efetiva execução da sentença condenatória proferi-
Vale salientar que o pagamento da contribuição
da na ação regressiva (processo de conhecimento) previdenciária para custeio dos acidentes de traba-
se fará mediante comprovação dos pagamentos efe- lho (contribuição SAT) não tem o condão de excluir
tuados pelo INSS, vencidos e vincendos”20. a responsabilidade civil da empresa perante a Previ-
Nesse sentido, o posicionamento do STJ: dência Social, conforme entendimento jurispruden-
cial majoritário22.
“RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. ACI- Outrossim, a ação regressiva será proposta na
DENTE DE TRABALHO. CULPA DO EMPREGA-
Justiça Federal, tendo em conta que o INSS tem a
DOR. AÇÃO REGRESSIVA. POSSIBILIDADE. “Em
caso de acidente decorrente de negligência quanto à ado-
natureza jurídica de autarquia federal, com fulcro
ção das normas de segurança do trabalho indicadas para no artigo 109, inciso I, da Constituição Federal de
a proteção individual coletiva, os responsáveis respon- 198823, vez que não envolve os seus segurados.
dem em ação regressiva perante a Previdência Social.”.
Logo, não se trata de competência da Justiça
“O fato de a responsabilidade da Previdência por aci-
dente de trabalho ser objetiva apenas significa que in-
Estadual, pois não é uma ação que busca o paga-
depende de prova da culpa do empregador a obtenção mento de benefício acidentário, nem da Justiça do
da indenização por parte do trabalhador acidentado, Trabalho, por não existir relação laboral entre a
contudo não significa que a Previdência esteja impedi- Previdência Social e a empresa24. Insta afirmar que
da de reaver as despesas suportadas quando se provar anteriormente à vigência da Lei 8.213/91 inexistia
culpa do empregador pelo acidente.” “O risco que deve fundamento legal para a propositura de ação re-
ser repartido entre a sociedade, no caso de acidente de
gressiva pela Previdência Social, mesmo o empre-
trabalho, não se inclui o ato ilícito praticado por ter-
ceiro, empregadores, ou não.” Recurso não conhecido”
gador incorrendo em dolo ou culpa, conforme já
(REsp 506.881, de 14.10.2003). reconhecido pela jurisprudência25.
Portanto, de acordo com os Tribunais Regio-
Inclusive, é possível presumir relativamente à
nais Federais, as ações regressivas previdenciárias
culpa da empresa, pois, “em se tratando de respon-
devem ser julgadas pela Justiça Federal, e não pela
sabilidade civil em acidente do trabalho, há uma
Justiça do Trabalho.
presunção de culpa da empresa quanto à segurança
do trabalhador, sendo da empregadora o ônus de De acordo com a Recomendação Conjunta
provar que agiu com a diligência e precaução ne- GP.CGJT 02/2011, o Presidente do TST recomendou
cessárias a diminuir os riscos de lesões. Não ten- aos Desembargadores dos Tribunais Regionais do
do restado demonstrada a entrega de nenhum EPI Trabalho e aos Juízes do Trabalho que encaminhem
à respectiva unidade da Procuradoria Geral Fede-
(Equipamento de Proteção Individual), nem prévio
ral – PGF (relação anexa), por intermédio de ende-
treinamento dos obreiros para operar máquinas tal
reço de e-mail institucional, cópia das sentenças e/
como aquela manuseada pela vitimada, torna-se
escorreita a culpa da empresa-ré”21.
22. TRF 1ª Região, AC 2000.01.00.069642-0, de 16.10.2006
23. TRF 4ª Região, AC 2004.72.07.006705-3, de 24.11.2009.
20. TRF 4ª Região, AC 2000.72.02.000687-7, de 13.11.2002. 24. TRF 3ª Região, AI 2008.03.00.001081-6, de 25.08.2009.
21. TRF 4ª Região, APELREEX 1999.71.00.006986-3, de 19.08.2009. 25. TRF 4ª Região, AC 2001.70.00.026346-7, de 01.04.2009.
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

ou acórdãos que reconheçam conduta culposa do que todas as empresas envolvidas no processo de
empregador em acidente de trabalho, a fim de sub- montagem de silos contribuíram para a ocorrência
sidiar eventual ajuizamento de Ação Regressiva, nos do acidente que ora se analisa, em razão das inúmeras
termos do art. 120 da Lei nº 8.213/91. falhas encontradas, tanto na estruturação do projeto,
Também é razoável reduzir em 50% o valor como em sua implantação/ montagem. 9. Verifica-se,
da indenização quando o trabalhador acidentado portanto, que restaram comprovados nos autos os
também incorreu em culpa concorrente com a em- elementos necessários para que se imponha ao em-
presa, posicionamento já adotado pelo TRF da 4ª pregador e ao tomador de serviços a obrigação de


Região26. ressarcir ao INSS os valores pagos às dependentes
dos trabalhadores falecidos a título de pensão por
A jurisprudência dos Tribunais Regionais Fe- morte27”.
derais vem reconhecendo a responsabilidade so-
Os Tribunais Regionais Federais também vêm
lidária entre a empresa empregadora e a empresa
aplicando a responsabilização solidária entre em-
tomadora do serviço pelo acidente de trabalho cul-
presas consorciadas:
poso na terceirização:
“ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÃO REGRESSIVA
“ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÃO REGRESSIVA
PROPOSTA PELO INSTITUTO NACIONAL DO
DO INSS CONTRA O EMPREGADOR. ARTIGO
SEGURO SOCIAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA
120 DA LEI Nº 8.213/91. CONSTITUCIONALIDA-
ALTERNATIVA. NULIDADE. CAUSA MADURA.
DE. RESPONSABILIDADE DO TOMADOR E DO
CONSÓRCIO DE EMPRESAS. AUSÊNCIA DE PER-
PRESTADOR DO SERVIÇO. A Lei nº 8.213/91, em seu
SONALIDADE JURÍDICA. RESPONSABILIDA-
artigo 120, prevê o ressarcimento ao INSS dos valores
DE SOLIDÁRIA DAS EMPRESAS CONSORCIA-
despendidos com o pagamento de benefícios previden-
DAS. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 120 DA
ciários decorrentes de acidentes de trabalho, exigindo,
LEI Nº. 8.213/91. SAT. RESPONSABILIDADE CIVIL
para a responsabilização do empregador, prova de nexo
CONFIGURADA. POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO
causal entre a conduta omissiva - consistente em ‘negli-
DAS PRESTAÇÕES FUTURAS NA CONDENAÇÃO.
gência quanto às normas padrão de segurança e higie-
CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL. AUSÊNCIA DE PRE-
ne do trabalho indicados para a proteção individual e
VISÃO LEGAL. SENTENÇA ANULADA. PROCE-
coletiva’ - e o infortúnio que deu causa ao pagamento
DÊNCIA DA AÇÃO. PREJUDICADOS OS APELOS.
da prestação previdenciária. A constitucionalidade do
1- A condenação em prestação alternativa só tem cabi-
referido dispositivo foi reconhecida por esta Corte no
mento nas hipóteses em que o pedido do autor decorra
julgamento da Arguição de Inconstitucionalidade na
de descumprimento de obrigação alternativa, cuja esco-
AC nº 1998.04.01.023654-5, restando afastada eventu-
lha caiba ao devedor, nos moldes do art. 252 do Código
al alegação de incompatibilidade com a obrigação de
Civil. Fora desses casos, é defeso ao juiz proferir senten-
custeio garantida pelo artigo 7º, XXVIII, da CF, que
ça alternativa. 2- Aplicação da Teoria da Causa Madura
prevê o pagamento, a cargo do empregador, de seguro
e julgamento da ação diretamente pelo Tribunal, nos
contra acidentes de trabalho. Em caso de terceirização
termos do art. 515 e parágrafos do CPC. 3- O consór-
de serviços, o tomador e o prestador respondem soli-
cio não possui personalidade jurídica, razão pela qual
dariamente pelos danos causados à saúde dos traba-
as requeridas são legítimas para compor o polo passivo
lhadores, inclusive em ação regressiva do INSS” (TRF
da presente demanda regressiva (art. 278, §1º, da Lei nº.
4ª Região, 5001998-02.2011.404.7204, de 28/10/2014).
6.404/76). 4 - O Instituto Autárquico pretende o res-
sarcimento de montante despendido e a despender em
De acordo com o TRF da 2ª Região, “a ação re- virtude do pagamento de auxílio-doença, decorrente de
gressiva proposta pelo INSS encontra previsão legal acidente de trabalho de segurado, com fulcro no dispos-
nos artigos 120 e 121 da Lei nº 8.213/91 e é instru- to no art. 120, da Lei nº 8.213/91. 5- Inexiste a apontada
mento que possui dupla finalidade, pois, ao mesmo inconstitucionalidade do art. 120, da Lei nº 8.213/91, eis
tempo em que possui caráter ressarcitório – buscan- que a Emenda Constitucional nº 41/2003 acrescentou o
parágrafo 10º ao art. 201: “§ 10º. Lei disciplinará a co-
do devolver aos cofres públicos o valor gasto com o bertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendi-
pagamento de benefícios previdenciários, concedidos da concorrentemente pelo regime geral de previdência
em razão da negligência das empresas empregadoras social e pelo setor privado.” 6- O pagamento do Segu-
ou tomadoras de serviço em relação às normas de ro de Acidente do Trabalho - SAT também não exclui
segurança do trabalho – possui caráter pedagógico/ a responsabilidade do empregador pelo ressarcimento
de valores pagos pelo INSS, resultantes de acidente de
preventivo – visando adequar a empresa infratora aos trabalho, quando comprovado o dolo ou culpa; ao con-
padrões de segurança, para que sejam evitados novos trário, a cobertura do SAT somente ocorre nos casos de
acidentes. 8. No caso dos autos, restou comprovado culpa exclusiva da vítima, de caso fortuito ou de força

26. AC 2006.72.04.000386-0, de 03.03.2009. 27. AC 609093, de 17/12/2013.


CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

maior. 7- O art. 120, da Lei nº. 8.213/91, dispõe que, “nos ressarcimento pelos danos sofridos pelo INSS. - Mostra-
casos de negligência quanto às normas padrão de segu- -se irrelevante a questão sobre o fornecimento ou não do
rança e higiene do trabalho indicados para a proteção cinto de segurança, já que restou sobejamente comprova-
individual e coletiva, a Previdência Social proporá ação do nos autos que a ausência do cinto foi apenas um dos
regressiva contra os responsáveis.” 8 - Na hipótese em elementos que teria contribuído para o acidente, havendo
tela, o conjunto probatório coligido aos autos demons- inúmeras outras causas, ainda mais relevantes, para o
tra a negligência das empresas requeridas. 9 - Embora evento fatal, tais como falta de painéis fixos/ removíveis
futuras, as prestações vincendas são certas, de maneira de contenção elevador de materiais e falta de cancela um
que devem integrar a condenação. 10- Descabe a pre- metro antes da torre no oitavo pavimento, além de tantos
tensão de constituição de capital na hipótese em que o outros fatores expressos no laudo pericial de fls.337/347.
Instituto Autárquico já instituiu benefício em favor do - Não vislumbro a alegada culpa exclusiva da vítima. Ao
segurado e reclama das empresas rés o reembolso dos contrário, entendo que a conduta negligente deve ser intei-
gastos realizados, uma vez que a obrigação das requeri- ramente atribuída à construtora, que deixou de obedecer
das não detém caráter alimentar. 11 - Anulada, de ofício, as portarias e legislações que dispõem sobre a segurança
a sentença e, por conseguinte, prejudicados os recursos. do trabalho, deixando de adotar medidas essenciais que a
12- Procedente a demanda, em julgamento proferido garantissem” (AC 200204010516095, de 15/05/2006).
nos termos do art. 515, §3º, do CPC, para condenar as
empresas demandadas ao ressarcimento dos valores Por fim, vale destacar que a pretensão de re-
pagos pelo INSS em decorrência do acidente descrito paração de danos ao Erário é imprescritível, con-
na inicial, vencidas até a liquidação, bem como das
forme previsão expressa do §5º29, do artigo 37, da
prestações futuras, mediante repasse à Previdência
Social até o dia 10 (dez) de cada mês o valor do benefí- Constituição de 1988, bem como a eleição pela
cio pago no mês imediatamente anterior, com os con- Advocacia-Geral da União do dia 28 de abril como
sectários especificados”. (TRF 2ª Região, AC 1902796, Dia Nacional das Ações Regressivas por Acidente
de 10/06/2014). de Trabalho.
Outrossim, no caso de acidente de trabalho Contudo, a tese da imprescritibilidade não vem
culposo que acometer trabalhador avulso, também sendo acolhida pela jurisprudência. O TRF da 4ª
haverá a solidariedade na ação regressiva previ- Região vem entendendo que o INSS possui três
denciária entre o órgão gestor de mão de obra e anos para cobrar as parcelas dos benefícios aciden-
o operador portuário. Isso porque “o artigo 19, V, tários pagos por negligência da empresa, com ar-
da Lei de Modernização dos Portos, estabelece que rimo no artigo 206, §3º, inciso V, do Código Civil,
compete ao OGMO zelar pelar normas de saúde, sob pena de prescrição progressiva das parcelas, e
higiene e segurança no trabalho portuário avulso. não do fundo do direito:
Descumprindo tal obrigação, o OGMO responde
“DIREITO CIVIL. AÇÃO REGRESSIVA PROPOSTA
solidariamente com o operador portuário pelos PELO INSS. RESSARCIMENTO DE DANO. ACIDEN-
acidentes de trabalho decorrentes de falhas na se- TE DE TRABALHO. ARTIGO 120 DA LEI Nº 8.213/91.
gurança dos trabalhadores, de acordo com os arts. PRESCRIÇÃO. PRAZO TRIENAL. ARTIGO 206, §3º,
1.º, 2.º, parágrafos 4.º, e 9.º, todos da Lei n.º 9.719/98 V, DO CÓDIGO CIVIL. TERMO A QUO.
e com a Norma Regulamentar n.º 29”28. 1. Consoante prescreve o artigo 120 da Lei nº 8.213/91,
“nos casos de negligência quanto às normas padrão de
Entre a empresa incorporadora e a construtora segurança e higiene do trabalho indicados para a prote-
também é possível imputar condenação solidária ção individual e coletiva, a Previdência Social proporá
na ação regressiva previdenciária, estendendo-se a ação regressiva contra os responsáveis”.
aplicação do artigo 30, inciso VI, da Lei 8.212/91. 2. A ação regressiva proposta pelo INSS para ressarci-
Nesse sentido o TRF da 4ª Região: mento de danos decorrentes de pagamento de benefícios
acidentários tem natureza civil, e não administrativa ou
“AÇÃO REGRESSIVA. PREJUÍZOS DECORRENTES previdenciária.
DE ACIDENTE DE TRABALHO FATAL. SOLIDARIE- 3. Inexistência de imprescritibilidade. Não se trata
DADE ENTRE INCORPORADORA E CONSTRU- situação delineada no âmbito do § 5° do artigo 37, da
TORA. NEGLIGÊNCIA DA CONSTRUTORA CONS- CRFB/88, pois o feito não versa sobre ato ilícito prati-
TATADA. DEVER DE RESSARCIR. - Prevê o art. 30 da cado por agente público. Aplicação da prescrição trie-
citada lei a responsabilidade solidária entre incorpora- nal prevista no Código Civil, art. 206, § 3°, V.
dor e construtor pela “arrecadação e recolhimento das 4. Não há que se falar em prescrição de fundo de di-
contribuições ou de outras importâncias devidas à Se- reito, pois as consequências do acidente perduram ao
guridade Social: (grifo meu), podendo perfeitamente ser
incluído, entre essas importâncias, o valor relativo ao
29. A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, res­
28. TRF 5ª Região, Apelação Cível 540847, de 11/19/2012. salvadas as respectivas ações de ressarcimento.
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

longo do tempo. Tratando-se de prestações de trato indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública. Des-
sucessivo, ocorreu apenas a prescrição trienal das sa forma, em respeito ao princípio da isonomia, quando
parcelas anteriores ao ajuizamento da ação. a demanda indenizatória for ajuizada pelo ente estatal
5. Apelação provida para cassar a sentença e determi- contra particular, o prazo prescricional será também o
nar o prosseguimento do feito com o exame do mérito” de 5 anos, ou seja, o mesmo aplicado às ações indeni-
(APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 5003414- zatórias ajuizadas contra a fazenda pública. Ressalte-se
11.2011.404.7202/SC, de 11/04/2012). que a referida demanda ajuizada pelo INSS, por ser de
natureza ressarcitória, não possui qualquer pertinência
Esta também vem sendo a jurisprudência do com as normas previdenciárias. Não se aplicam, assim,


os arts. 103 e 104 da Lei 8.213/1991, uma vez que a re-
TRF da 2ª Região (AC – APELAÇÃO CIVEL –
ferida lei regula apenas as relações entre os segurados,
497.363, de 21.03.2011) e do TRF da 3ª Região (AC seus dependentes e a Previdência Social, não atingin-
– APELAÇÃO CÍVEL – 1.676.274, de 07.02.2012). do terceiros que não integram esse específico regime
No entanto, no julgamento do EREsp 387.412, jurídico. Diante disso, o termo a quo da prescrição
da pretensão deve ser a data da concessão do referido
em 10 de setembro de 2013, julgado monocratica- benefício previdenciário, revelando-se absolutamente
mente pelo Ministro Humberto Martins, o STJ incompatível a aplicação da tese de que o lapso prescri-
adotou a tese da prescrição quinquenal, ao ar- cional não atinge o fundo de direito. REsp 1.457.646-
gumento de que a aplicação principiológica da PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14/10/2014”.
isonomia, por si só, impõe a incidência recípro-
No entanto, o Superior Tribunal de Justiça tem
ca do prazo do Decreto 20.910/32 nas pretensões
pronunciado se tratar de prescrição do fundo do
deduzidas em face da Fazenda e desta em face do
direito, e não de prescrição de trato sucessivo:
administrado.
Ainda de acordo com a Corte Superior, nas de- “PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. ACI-
mandas ajuizadas pelo INSS contra o empregador DENTE DE TRABALHO. AÇÃO REGRESSIVA DO
INSS CONTRA O EMPREGADOR. PRINCÍPIO DA
do segurado falecido em acidente laboral, visando ao
ISONOMIA. PRESCRIÇÃO.
ressarcimento dos valores decorrentes do pagamento
1. A Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento
da pensão por morte, o termo a quo da prescrição do Resp 1.251.993/PR, submetido à sistemática do art.
quinquenal é a data da concessão do referido bene- 543-C do CPC, assentou a orientação de que o prazo
fício previdenciário, e não a data da ocorrência do prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda
acidente. Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do
Decreto-Lei 20.910/1932, e não trienal, nos termos do
Isso porque é da concessão do benefício que ex- art. 206, § 3º, V, do CC/2002.
surge a pretensão da autarquia previdenciária, que 2. A jurisprudência é firme no sentido de que, pelo
até então não havia despendido recursos públicos princípio da isonomia, o mesmo prazo deve ser aplica-
para a concessão do benefício decorrente de aci- do nos casos em que a Fazenda Pública é autora, como
dente do trabalho por culpa da empresa. Trata-se nas ações de regresso acidentária. Precedentes: AgRg
no REsp 1.423.088/PR, Rel. Ministro Humberto Mar-
de prescrição de trato sucessivo, não fulminando o
tins, Segunda Turma, DJe 19.5.2014; AgRg no AREsp
fundo do direito, não se aplicando os artigos 103 e 523.412/RS, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda
104 desta Lei 8.213/91, pois não se trata de relação Turma, DJe 26.9.2014; e AgRg no REsp 1.365.905/SC,
jurídica entre a Previdência Social e os seus bene- Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, Dje
fíciários (segurados e dependentes), e sim de ação 25.11.2014.
ressarcitória de parcelas vencidas e vincendas: 3. “A natureza ressarcitória de tal demanda afasta a
aplicação do regime jurídico-legal previdenciário, não
STJ, INFORMATIVO 550 – “DIREITO ADMINIS- se podendo, por isso, cogitar de imprescritibilidade de
TRATIVO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DE RE- seu ajuizamento em face do empregador” (AgRg no
AVER VALORES DESPENDIDOS PELO INSS COM REsp 1.493.106/PB, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Pri-
PENSÃO POR MORTE. meira Turma, DJe 15.12.2014).
Nas demandas ajuizadas pelo INSS contra o empre- 4. O Tribunal a quo consignou que o acidente de tra-
gador do segurado falecido em acidente laboral, vi- balho ocorreu em 14.12.2001 e o INSS concedeu be-
sando ao ressarcimento dos valores decorrentes do nefício de pensão por morte à dependente do segura-
pagamento da pensão por morte, o termo a quo da do acidentado, o que vem sendo pago desde 1º.1.2002.
prescrição quinquenal é a data da concessão do referi- A propositura da Ação de Regresso ocorreu em
do benefício previdenciário. De fato, a Primeira Seção 2.6.2010 (fl. 524, e-STJ). Assim, está caracterizada a
do STJ, no julgamento do REsp 1.251.993-RS (julgado prescrição.
sob o rito dos recursos repetitivos) firmou posiciona- 5. O agravante reitera, em seus memoriais, as razões do
mento no sentido de que se aplica o prazo prescricional Agravo Regimental, não apresentando nenhum argu-
quinquenal, previsto no Decreto 20.910/1932, nas ações mento novo” (AgRg no AREsp 639952, de 19/3/2015).
CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. VIO- entramos com ação quando comprovamos a culpa da
LAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/1973. NÃO OCOR- empresa”, diz Carina Bellini Cancella, coordenadora-
RÊNCIA. ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÃO RE- -geral de cobrança e recuperação de créditos da PGF.
GRESSIVA DO INSS CONTRA O EMPREGADOR. O trabalho de investigação reduz as chances de o INSS
PRINCÍPIO DA ISONOMIA. PRESCRIÇÃO QUIN- perder a batalha na Justiça, segundo a procuradora. Nas
QUENAL. 1. Não ocorre contrariedade ao art. 535 do sentenças e em decisões de segunda instância, o prin-
CPC/1973 quando o Tribunal de origem decide fun- cipal argumento das empresas contra o direito de re-
damentadamente as questões postas ao seu exame, gresso da Previdência Social – previsto na Lei nº 8.213,
como ocorreu na espécie. 2. A Primeira Seção do STJ,
de 1991 – tem sido derrubado. Elas alegam que é ilegal
por ocasião do julgamento do REsp 1.251.993/PR, sub-
exigir o ressarcimento de quem já paga um seguro – o
metido à sistemática do art. 543-C do CPC, assentou a
Seguro Acidente de Trabalho (SAT) – criado justamen-
orientação de que o prazo prescricional nas ações in-
te para cobrir as despesas da Previdência Social com
denizatórias contra a Fazenda Pública é quinquenal,
benefícios. “É um absurdo. Para que serve o SAT, en-
conforme previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932.
tão?”, questiona o advogado Rodrigo Arruda Campos,
3. Pelo princípio da isonomia, o prazo para o ingresso
sócio da área previdenciária do escritório Demarest &
da ação regressiva pelo ente previdenciário deve obser-
var aquele relativo à prescrição nas ações indenizató- Almeida, que defende dez clientes em ações regressivas
rias ajuizadas contra a Fazenda Pública. Precedentes. ajuizadas pelo INSS.
4. O Tribunal a quo consignou que o INSS concedeu Em recente decisão, o juiz José Jácomo Gimenes, da 1ª
o benefício acidentário ao segurado desde 13/2/2001 Vara Federal de Maringá (PR), entendeu, no entanto,
e que a propositura da ação de regresso ocorreu em que “a contribuição é apenas uma das diversas fontes de
14/7/2009. Assim, está caracterizada a prescrição” custeio da Previdência Social e não exime os emprega-
(REsp 1668967 / ES, de 8/8/2017). dores de seu dever de ressarcimento aos cofres públicos
dos prejuízos causados por sua negligência no cumpri-
De acordo com o STJ, caso o réu da ação re- mento das normas de segurança e medicina do traba-
gressiva tenha denunciado à lide a empresa to- lho”. Com esse entendimento, condenou uma indústria
madora do serviço, que aceitou a denunciação e de alimentos a pagar R$ 300 mil para o custeio da pen-
são da viúva de um funcionário que morreu com a ex-
contestou o pedido, esta passa a ser diretamente e
plosão de um forno em 2007. Com o crescente volume
solidariamente condenado perante o autor da de- de ações regressivas, muitas empresas estão buscando a
manda principal30. procuradoria para negociar”.
Vale registrar notícia publicada no Valor Eco-
nômico em julho de 2010: Realmente, a cada ano o INSS, através da Advo-
cacia-Geral da União/Procuradoria-Geral Federal,
“INSS amplia as cobranças por acidentes de trabalho. está propondo um número maior de ações regressi-
O trabalho de cobrança, iniciado informalmente em vas, consoante comprova notícia publicada no sítio
1999, foi intensificado em meados de 2008 do extinto Ministério da Previdência Social:
Com um placar extremamente favorável na Justiça, o
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiu am- “SEGURANÇA NO TRABALHO: INSS ajuíza 1.833
pliar o ataque às empresas que estariam desrespeitando ações regressivas até o final de 2011
normas de segurança e saúde no trabalho. Agora, o ór-
Expectativa de ressarcimento aos cofres públicos é
gão está ingressando com ações regressivas para recu-
superior a R$ 363 milhões
perar o que foi gasto com benefícios concedidos a tra-
balhadores com doenças ocupacionais – especialmente 02/01/2012 – 16:30:00
lesão por esforço repetitivo (LER). Até então, os alvos Da Redação (Brasília) – O Instituto Nacional do Seguro
do INSS eram apenas os acidentes fatais e graves. No Social (INSS), por meio da Procuradoria Geral Federal
total, já foram ajuizados 1,4 mil processos, que buscam (PGF), moveu 1.833 ações regressivas acidentárias con-
o ressarcimento de aproximadamente R$ 100 milhões. tra empresas que descumprem legislação trabalhista,
E 129 sentenças foram proferidas – 82% delas favoráveis até o final de 2011. A expectativa de ressarcimento aos
à Previdência Social. cofres públicos é superior a R$ 363 milhões.
O trabalho de cobrança, iniciado informalmente em As ações regressivas buscam ressarcir o INSS por valo-
1999, foi intensificado em meados de 2008, quando a res pagos a segurados vítimas de acidentes de trabalho e
Procuradoria-Geral Federal (PGF) – órgão subordina- doenças ocupacionais. Essas ações são movidas contra
do à Advocacia-Geral da União – colocou em campo empresas pelo não cumprimento ou ausência de fiscali-
140 procuradores para investigar acidentes de trabalho zação às normas de saúde e segurança do trabalho.
e tentar recuperar benefícios pagos em que há indícios
Parte de uma política pública de prevenção de acidentes
de culpa do empregador. Só no ano passado, o INSS de-
instituída no Brasil, sobretudo a partir do ano de 2008,
sembolsou cerca de R$ 14 bilhões com aposentadorias
por invalidez, pensões por morte e auxílio-doença. “Só as ações regressivas pretendem viabilizar a responsabi-
lização de empregadores que descumprem a legislação,
além da adoção de medidas preventivas que promovam
30. REsp 1.180.261, de 19.08.2010. a redução do número de acidentes de trabalho no país.
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

De acordo com o procurador-chefe da Procurado- A Previdência Social diz que já tem sucesso em mais de
ria Federal Especializada junto ao INSS (PFE/INSS), 90% das ações regressivas decorrentes de acidentes de
Alessandro Stefanutto, além do ressarcimento finan- trabalho. Este tipo de ação é movida há duas décadas
ceiro, as ações regressivas representam importante contra empresas. O foco delas são os acidentes ocupa-
instrumento econômico-social de combate aos aci- cionais ocorridos por descumprimento às normas de
dentes de trabalho. saúde e segurança do trabalho. Neste ano, foram ajui-
Segundo ele, as condenações obtidas nessas ações con- zadas 385 ações deste tipo, com expectativa de recupe-
tribuem para a criação de uma consciência preventiva rar mais de R$ 78,5 milhões.
no setor empresarial e para a consequente redução do Além da justificativa financeira, a Previdência alega


número de acidentes ocupacionais. “As ações regressi- que a medida tem caráter educativo, buscando promo-
vas são mais um elemento de uma política que fortale- ver a redução do número de acidentes em todo o país.
ce o sistema de proteção do trabalho”, destaca. O INSS ‘Caça’ a infratores
possui, em termo de ações regressivas acidentárias, per-
Nesta quinta-feira (3), o ministro da Previdência Social,
centual de vitórias judiciais superior a 90%.
Garibaldi Alves, ajuizou, na Justiça Federal de Brasília,
Entre os setores que registram os maiores índices a primeira ação regressiva de trânsito para ressarcir o
de acidentalidade no país estão a construção civil, a Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e declarou
agroindústria, energia elétrica, metalurgia, indústria que o órgão não vai dar “trégua” a motoristas com in-
calçadista, mineração e indústria moveleira”. frações gravíssimas, como dirigir embriagado, que re-
sultem em prejuízo para o órgão.
Por sua vez, apesar de inexistir previsão expres- “O importante é fixar que a Previdência não vai dar
sa na Lei 8.213/91, as ações regressivas passaram a trégua a estes responsáveis por acidentes causados por
serem propostas também contra os causadores de embriaguez. A Previdência estava sendo onerada sem
acidentes de trânsito imprudentes, a fim de ressar- que houvesse um ressarcimento. A medida é educativa,
exemplar. Nós acreditamos que vai representar redução
cir os gastos com os benefícios previdenciários pa-
de acidentes de trânsito causado por motorista irres-
gos pelo INSS, conforme notícia publicada no sítio ponsável que guia embriagado. Agora, vai pensar tam-
G1 no final do ano de 2011: bém que a Previdência está a sua caça e que vai puni-lo
exemplarmente”, declarou o ministro, antes de ajuizar
“INSS gasta R$ 8 bilhões por ano com acidentes de a ação.
trânsito, diz Previdência A ação ajuizada nesta quinta diz respeito a um acidente
Ministro ajuizou 1ª ação regressiva de trânsito para res- ocorrido em abril de 2008, na rodovia que liga Tagua-
sarcir Previdência. Segundo ele, Previdência não dará tinga a Brazlândia, no Distrito Federal, ocasião em que,
‘trégua’ a motoristas infratores. segundo os autos do processo, o réu conduzia seu veí-
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) diz que culo após ter ingerido bebida alcoólica e em alta veloci-
gasta atualmente R$ 8 bilhões por ano com as despesas dade, na contramão, e fazendo ziguezagues.
decorrentes de acidentes de trânsito no país, segundo O réu colidiu frontalmente com outro veículo, resul-
informações divulgadas nesta quinta-feira (3) pelo Mi- tando na morte de cinco pessoas e em lesões corporais
nistério da Previdência Social. em outras três. Por conta da pensão por morte gerada
O valor foi revelado junto ao anúncio de que a Previ- pelo acidente, o INSS já gastou R$ 90,8 mil em pensão
dência passou abrir ações regressivas de acidentes de por morte – valor que está sendo cobrado do réu.
trânsito, cobrando de motoristas infratores que cau- “Não estamos propondo qualquer tipo de ação contra
sam acidentes o valor gasto com benefício a vítimas da infrações a que qualquer um está exposto no dia a dia.
atuação dele. Motoristas que provoquem acidentes ao Não vai haver pessoas em semáforos procurando aci-
dirigirem embriagados, em alta velocidade, na contra- dentes simples do dia a dia”, explicou o presidente do
mão em vias de alto fluxo, participando de “racha” ou INSS, Mauro Luciano Hauschild.
cometendo outras infrações consideradas graves. Acidentes mais antigos
A medida, que teve nesta quinta-feira (3) sua primeira De acordo com Hauschild, o governo pode buscar até
ação ajuizada, pretende reduzir o impacto financeiro mesmo acidentes mais antigos, como em 1995, por
dos acidentes nos cofres públicos. Atualmente, o di- exemplo. Entretanto os valores buscados não poderiam
nheiro é usado para pagar benefícios das vítimas desses exceder os últimos cinco anos. “Os efeitos financeiros
acidentes, como pensões por morte, aposentadorias por são dos últimos cinco anos”, explicou ele.
invalidez e auxílios-acidente. O presidente do INSS informou que ainda não foi fei-
A partir do próximo ano, o INSS diz que pretende levar to um levantamento dos acidentes passados para ver
para todo o país a iniciativa que teve nesta quinta-feira quando é possível ingressar com as ações judiciais. “A
(3) seu primeiro registro. Segundo a Previdência, o gente ainda não fez o estudo para trás. A tese está juri-
INSS vai firmar convênios com os Ministérios Públicos dicamente sustentada. Agora vamos começar a levantar
estaduais, as Polícias Civis dos estados e com os consór- as informações”, declarou. A expectativa do governo é
cios de seguro obrigatório (DPVAT) a fim de realizar de que poucas ações, desta natureza, sejam protocola-
um levantamento de casos pontuais causados por gra- das ainda neste ano – número que deve subir mais so-
ves infrações a legislação de trânsito. mente em 2012.
CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

Segundo avaliação de Hauschild, as ações judiciais re- indenizar a Previdência Social, conforme notícia
gressivas contra acidentes de trânsito graves são “me- publicada no sítio da AGU em agosto de 2016:
dida urgente e necessária”. “A ação tem condão de pre-
venção. Toda vez que a gente sai de casa de carro, ou Marido que assassinou esposa terá que ressarcir be-
resolver ir para uma festa, ou atividade de confraterni- nefício pago a dependentes
zação, e que a gente possa ingerir bebida alcoólica, que
a gente pare para fazer reflexão quando botar a chave Publicado: 26/08/2016 - Atualizado às: 12:47:31
no carro. Que a pessoa pode, além de perder a carteira Em uma decisão histórica, a Advocacia-Geral da União
de habilitação, machucar outra pessoa, responder pe- (AGU) obteve pela primeira vez, no Superior Tribunal
nalmente, e civilmente perante a vítima, agora também de Justiça (STJ), o reconhecimento de que o Institu-
tem a questão da responsabilidade perante a Previdên- to Nacional do Seguro Social (INSS) pode cobrar dos
cia social. São mais de 40 mil mortes por ano no país, agressores de mulheres o ressarcimento pelos gastos
uma verdadeira epidemia”, declarou”. com benefícios pagos aos dependentes da vítima.
A atuação ocorreu no caso de um ex-marido que, in-
A Previdência Social conseguiu uma impor- conformado com o fim do casamento, assassinou a
tante vitória no Tribunal Regional Federal da 4ª ex-mulher com 11 facadas. Após a morte, os filhos da
Região. Um homem foi condenado ao ressarcimen- vítima passaram a receber pensão do INSS e a AGU
ajuizou a primeira ação regressiva por violência domés-
to de benefício de pensão por morte instituída por
tica do país, com base na Lei Maria da Penha (Lei nº
sua esposa, pois foi o autor de homicídio contra ela: 11.340/06).
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) aco-
“PROCESSUAL CIVIL, CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. lheu o pedido da Advocacia-Geral e condenou o agres-
ASSASSINATO DE SEGURADA PELO EX-MARIDO. sor ao ressarcimento integral dos gastos da autarquia
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. RESPONSABI- previdenciária, o que levou ele a recorrer ao STJ.
LIDADE CIVIL DO AGENTE, QUE DEVERÁ RES- Na corte, o Departamento de Contencioso da Procura-
SARCIR O INSS PELOS VALORES PAGOS A TÍTULO doria-Geral Federal e a Procuradoria Federal Especiali-
DE PENSÃO POR MORTE. CORREÇÃO MONETÁ- zada junto ao INSS (PFE/INSS) argumentaram que não
RIA. INCIDÊNCIA. era justo a sociedade como um todo assumir, por meio
1. Cabe ao agente que praticou o ato ilícito que ocasio- do órgão público, custo que só foi gerado por causa do
nou a morte do segurado efetuar o ressarcimento das crime cometido pelo autor do recurso.
despesas com o pagamento do benefício previdenci- Efeito pedagógico
ário, ainda que não se trate de acidente de trabalho.
As unidades da AGU explicaram que a obrigatoriedade
Hipótese em que se responsabiliza o autor do homi-
do ressarcimento decorre dos artigos 186 e 927 do Có-
cídio pelo pagamento da pensão por morte devida
aos filhos, nos termos dos arts. 120 e 121 da Lei nº digo Civil, que preveem a reparação de dano causado
8.213/91 c/c arts. 186 e 927 do Código Civil. por ato ilícito. E que, além de evitar um prejuízo indevi-
do para os cofres públicos, a ação regressiva tem efeito
2. O ressarcimento deve ser integral por não estar com- pedagógico que contribui para a prevenção da violência
provada a co-responsabilidade do Estado em adotar
contra a mulher.
medidas protetivas à mulher sujeita à violência domés-
tica. “A ação regressiva serve a uma função muito mais
abrangente do que a reparação dos danos previden-
3. Incidência de correção monetária desde o pagamento
ciários, ao ajudar a incutir na mente dos agressores a
de cada parcela da pensão.
certeza de que todo ato tem suas consequências”, escla-
4. Apelação do INSS e remessa oficial providas e receram em memorial encaminhado aos ministros do
apelação do réu desprovida” (Processo 5006374- STJ. O documento lembrou ainda que, de acordo com
73.2012.404.7114, de 08/05/2013). estatísticas oficiais, uma mulher é vítima de agressão
no Brasil a cada quatro minutos.
Este julgado revela uma tendência de extensão
“A despeito da despesa efetivamente suportada pelo
da ação regressiva previdenciária, que está sendo erário, o maior impacto é indiscutivelmente o de na-
proposta não apenas contra a empresa negligente tureza social, de mensuração indefinida, que se reve-
que causa culposamente acidente de trabalho com la na perda de vidas e na incapacidade provocada em
base no artigo 120, da Lei 8.213/91, mas também milhares de mulheres, gerando efeitos deletérios para o
contra pessoas naturais que por dolo ou culpa cau- desenvolvimento social brasileiro”, acrescentou a AGU
no documento.
sam dano à Previdência Social, com arrimo nos ar-
tigos 186 e 927, do Código Civil. A maioria da 2ª Turma do STJ acolheu os argumentos e
indeferiu o recurso interposto pelo agressor, mantendo
Este posicionamento foi acatado pelo STJ, no a decisão que o condenou a ressarcir o INSS.
julgamento do REsp 1.431.150/RS, que manteve a A PGF é órgão vinculado à AGU.
condenação de marido que assassinou a esposa em Ref.: Recurso Especial nº 1.431.150/RS – STJ
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

Esta decisão do STJ levou à alteração do artigo 120 da Com base na lei 11.340/2006, são formas de
Lei 8.213/91 pela Lei 13.846/2019, que passou a prever violência doméstica e familiar contra a mulher,
expressamente a propositura da ação regressiva previ-
denciária na hipótese de violência doméstica e familiar entre outras:
contra a mulher, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de I - a violência física, entendida como qual-
agosto de 2006.
quer conduta que ofenda sua integridade ou saúde
corporal;
Eis a atual redação do artigo 120 da Lei 8.213/91:
II - a violência psicológica, entendida como


“Art. 120.  A Previdência Social ajuizará ação regressiva qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
contra os responsáveis nos casos de:  (Redação dada pela diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e
Lei nº 13.846, de 2019)
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise de-
I - negligência quanto às normas padrão de segurança e
gradar ou controlar suas ações, comportamentos,
higiene do trabalho indicadas para a proteção individu-
al e coletiva;  (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019) crenças e decisões, mediante ameaça, constrangi-
II - violência doméstica e familiar contra a mulher, nos mento, humilhação, manipulação, isolamento, vi-
termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.  (Incluí- gilância constante, perseguição contumaz, insulto,
do pela Lei nº 13.846, de 2019)” chantagem, violação de sua intimidade, ridiculari-
Em tese, existe possibilidade de a ação regressi- zação, exploração e limitação do direito de ir e vir
va ser movida contra o empregador doméstico após ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
o advento da LC 150/2015, acaso a Previdência So- saúde psicológica e à autodeterminação;
cial demonstre a culpa do empregador. III - a violência sexual, entendida como qual-
Por sua vez, a ação regressiva não se limita ao quer conduta que a constranja a presenciar, a man-
acidente do trabalho, diante da abertura do texto ter ou a participar de relação sexual não desejada,
legal, podendo alcançar os acidentes sofridos por mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
contribuintes individuais a serviço da empresa, no força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
caso de culpa do tomador do serviço. qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
No que concerne à ação regressiva no caso da usar qualquer método contraceptivo ou que a force
violência doméstica contra a mulher, é necessário ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prosti-
que haja dolo do agressor, não sendo admitida a tuição, mediante coação, chantagem, suborno ou
demanda no caso de culpa, pois é evidente que de- manipulação; ou que limite ou anule o exercício de
corre de conduta intencional. seus direitos sexuais e reprodutivos;
A violência doméstica e familiar contra a mu- IV - a violência patrimonial, entendida como
lher constitui uma das formas de violação dos di- qualquer conduta que configure retenção, subtra-
reitos humanos. ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
De efeito, configura violência doméstica e fa- trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
miliar contra a mulher qualquer ação ou omissão valores e direitos ou recursos econômicos, incluin-
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, so- do os destinados a satisfazer suas necessidades;
frimento físico, sexual ou psicológico e dano moral
V - a violência moral, entendida como qual-
ou patrimonial:
quer conduta que configure calúnia, difamação ou
I - no âmbito da unidade doméstica, compre-
injúria.
endida como o espaço de convívio permanente de
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as Evidente que a propositura de ação regressi-
esporadicamente agregadas; va previdenciária pela PGF, em representação ao
II - no âmbito da família, compreendida como INSS, pressupõe a concessão de aposentadoria por
a comunidade formada por indivíduos que são ou incapacidade permanente, auxílio-doença, auxílio-
se consideram aparentados, unidos por laços natu- -acidente ou de pensão por morte decorrente de
rais, por afinidade ou por vontade expressa; violência doméstica contra a mulher.
III - em qualquer relação íntima de afeto, na Por sua vez, o STJ criou uma nova hipótese de
qual o agressor conviva ou tenha convivido com a auxílio-doença não prevista na Lei 8.213/91 pre-
ofendida, independentemente de coabitação. vendo que o INSS deve arcar com a subsistência da
CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

mulher que tiver de se afastar do trabalho para se “A natureza jurídica de interrupção do contrato de
proteger de violência doméstica31: trabalho é a mais adequada para os casos de afas-
tamento por até seis meses em razão de violência
doméstica e familiar, ante a interpretação teleoló-
FF DECISÃO gica da Lei Maria da Penha, que veio concretizar o
dever assumido pelo Estado brasileiro de proteção à
18/09/2019 07:00 mulher contra toda forma de violência (artigo 226,
Para Sexta Turma, INSS deve arcar com afas- parágrafo 8º, da Constituição Federal)”, declarou o
tamento de mulher ameaçada de violência relator.
doméstica
`` Lacuna normativa
A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) decidiu que o Instituto Nacional do Seguro Quanto ao ônus da medida protetiva, o magistrado
Social (INSS) deverá arcar com a subsistência da ressaltou que o legislador não incluiu o período de
mulher que tiver de se afastar do trabalho para se afastamento previsto na Lei Maria da Penha entre
proteger de violência doméstica. Para o colegiado as hipóteses de benefícios previdenciários listadas
no artigo 18 da Lei 8.213/1991, o que deixou no de-
– que acompanhou o voto do relator, ministro Ro-
samparo as vítimas de violência.
gerio Schietti Cruz –, tais situações ofendem a inte-
gridade física ou psicológica da vítima e são equi- “A vítima de violência doméstica não pode arcar
paráveis à enfermidade da segurada, o que justifica com danos resultantes da imposição de medida
o direito ao auxílio-doença, até mesmo porque a protetiva em seu favor. Ante a omissão legislativa,
Constituição prevê que a assistência social será devemos nos socorrer da aplicação analógica, que
prestada a quem dela precisar, independentemente é um processo de integração do direito em face da
de contribuição. existência de lacuna normativa” – afirmou, justi-
ficando a adoção do auxílio-doença. Conforme o
No mesmo julgamento, a turma definiu que o entendimento da turma, os primeiros 15 dias de
juiz da vara especializada em violência doméstica afastamento devem ser pagos diretamente pelo
e familiar – e, na falta deste, o juízo criminal – é empregador, e os demais, pelo INSS.
competente para julgar o pedido de manutenção
do vínculo trabalhista, por até seis meses, em razão `` Documentação
de afastamento do trabalho da vítima, conforme O colegiado definiu também que, para comprovar
previsto no artigo 9º, parágrafo 2º, inciso II, da Lei a impossibilidade de comparecer ao local de traba-
Maria da Penha (Lei 11.340/2006). lho, em vez do atestado de saúde, a vítima deverá
A manutenção do vínculo de emprego é uma das apresentar o documento de homologação ou a de-
medidas protetivas que o juiz pode tomar em favor terminação judicial de afastamento em decorrência
da mulher vítima de violência, mas, como destacou de violência doméstica. Os ministros estabeleceram
o ministro Rogerio Schietti, a lei não determinou a ainda que a empregada terá direito ao período aqui-
quem cabe o ônus do afastamento – se seria respon- sitivo de férias, desde o afastamento – que, segundo
sabilidade do empregador ou do INSS – nem escla- a própria lei, não será superior a seis meses.
receu se é um caso de suspensão ou de interrupção “Em verdade, ainda precisa o Judiciário evoluir na
do contrato de trabalho. otimização dos princípios e das regras desse novo
subsistema jurídico introduzido em nosso ordena-
`` Natureza jurídica mento com a Lei 11.340/2006, vencendo a timidez
Schietti explicou que, nos casos de suspensão do hermenêutica”, disse Schietti.
contrato – como faltas injustificadas e suspensão
disciplinar, por exemplo –, o empregado não recebe `` Competência
salários, e o período de afastamento não é computa- O recurso julgado na Sexta Turma foi interpos-
do como tempo de serviço. Já nos casos de interrup- to por uma mulher contra decisão do Tribunal de
ção – férias, licença-maternidade, os primeiros 15 Justiça de São Paulo (TJSTJ) que não acolheu seu
dias do afastamento por doença e outras hipóteses pedido de afastamento do emprego em razão de
–, o empregado não é obrigado a prestar serviços, violência doméstica. O pedido já havia sido negado
porém o período é contado como tempo de serviço na primeira instância, que entendeu ser o caso de
e o salário é pago normalmente. competência da Justiça do Trabalho.
A vítima alegou que sofria ameaças de morte de seu
ex-companheiro e que já havia conseguido o defe-
31. http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Para­
-Sexta-Turma--INSS-deve-arcar-com-afastamento-de-mulher-ameaca­ rimento de algumas medidas protetivas, mas ainda
da-de-violencia-domestica.aspx. se sentia insegura. Como não havia casa de abrigo
Cap. 6  •  ACIDENTE DE TRABALHO, MOLÉSTIAS OCUPACIONAIS E EVENTOS EQUIPARADOS

em sua cidade, mudou-se e deixou de comparecer vítima deverá apreciar seu pedido retroativo de
ao emprego. afastamento. Caso reconheça que a mulher tem
Ao STJ, ela pediu o reconhecimento da competên- direito ao afastamento previsto na Lei Maria da
cia da Justiça comum para julgar o caso, além da Penha, deverá determinar a retificação do ponto e
manutenção do vínculo empregatício durante o expedir ofício à empresa e ao INSS para que provi-
período em que ficou afastada, com a consequen- denciem o pagamento dos dias.
te retificação das faltas anotadas em seu cartão de
ponto.
É evidente que a mulher precisa ser protegida


`` Situação emergencial nesta hipótese. Isto não está em discussão. Mas
Em seu voto, o ministro Schietti ressaltou que o mo- passar essa conta para a Previdência Social, crian-
tivo do afastamento em tais situações não decorre do uma hipótese judicial de concessão do auxílio-
de relação de trabalho, mas de situação emergencial -doença sem incapacidade laboral é algo bem
prevista na Lei Maria da Penha com o objetivo de discutível.
garantir a integridade física, psicológica e patrimo-
Viola a regra de contrapartida e o Princípio
nial da mulher; por isso, o julgamento cabe à Justiça
comum, não à trabalhista.
da Legalidade, decorrendo de ativismo judicial do
STJ. Ademais, o INSS sequer tem direito ao contra-
“No que concerne à competência para apreciação
ditório, não tendo sequer o direito de se manifestar
do pedido de imposição da medida de afastamento
do local de trabalho, não há dúvidas de que cabe ao no processo citado.
juiz que anteriormente reconheceu a necessidade de Acredito que a responsabilidade principal de-
imposição de medidas protetivas apreciar o pleito”, veria ser do agressor. Este deveria ser condenado a
concluiu. pagar uma indenização para custear a proteção da
Com o provimento do recurso, o juízo da vara cri- mulher, e não passar essa conta para a sociedade
minal que fixou as medidas protetivas a favor da através da Previdência Social.

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