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PARTE I
1. O pacto edênico
Desde o primeiro pacto entre Deus e o homem, o pacto das obras com Adão,
as criancinhas estavam sempre incluídas. Isto é demonstrado pelo fato que as
consequências da desobediência de Adão foram transmitidas
automaticamente a seus filhinhos. Isto está perfeitamente exposto em
Romanos 5.12-19. O mesmo juízo de morte que recaiu sobre Adão passou para
sua semente. Não foi por decisão dos filhos de Adão que viessem a ser
membros da raça de Adão. Não escolheram herdar as consequências das ações
de Adão. Essas relações foram estabelecidas por Deus, não pelo homem. A
unidade de Adão com seus filhos foi designada por Deus. O homem se
destinava a ser representado pela cabeça federal da raça, quisesse ou não.
Assim o pacto das obras incluía as criancinhas. Todos os homens são por
natureza filhos da condenação em virtude de sua relação natural com Adão.
Todos herdaram a natureza pecaminosa de Adão, ainda que não tenham
escolhido ser assim. A participação das crianças, como semente de Adão, no
pacto das obras, trouxe a participação das criancinhas na condenação de Adão
à morte. Isso é assim pela lei divina inexorável. A culpa de Adão foi imputada
a toda sua posteridade. Se alguém contesta, dizendo que é arbitrário imputar a
culpa de Adão a sua descendência, diga-se simplesmente que este grande
princípio de imputação e representação é também o fundamento de nossa
redenção. A culpa da raça foi imputada a Cristo e ele, como nosso
representante, morreu em nosso lugar. Em virtude de sua morte expiatória
em nosso favor, sua justiça foi imputada a todo aquele que crê em seu nome.
O princípio que amaldiçoa a cada criança nascida da raça de Adão é o mesmo
princípio que forma o fundamento de toda sua esperança!
Como os pais e os filhos formaram uma unidade dentro do pacto de obras,
no próximo capítulo veremos que igualmente, por desígnio divino, eles
formam uma unidade dentro do pacto de graça. Um segue o outro. É uma lei
fundamental na Escritura que os filhos participam da mesma aliança com
seus pais.
2. O pacto estabelecido com Abraão
Deus estava disposto a estabelecer com Abraão uma comunidade pactual. E já
que esse povo tinha que ser distinto de todos os demais povos e nações, Deus
adicionou um sinal para distingui-lo. Ele requereu de Abraão que este pusesse
em execução o pacto por meio de uma cerimônia que deixaria um sinal
permanente. O sinal que Deus determinou para marcar a ratificação do pacto
foi a Circuncisão. Desde o tempo de Abraão até o estabelecimento da forma da
igreja neotestamentária, que seguia a morte e a ressurreição de Cristo, a
Circuncisão ficou sendo o sinal e o selo do pacto relacional. E, desde o
princípio, este selo e sinal foram dados não só aos crentes adultos, mas
também a todos os que estes representavam, isto é, a seus filhos. A família
estava representada pelo representante masculino maior, que era o pai. Os
filhos pequenos estavam qualificados a receber os privilégios e a promessa da
igreja, sem nenhuma outra cerimônia de iniciação ou de admissão. O único
aspecto do pacto, como foi estabelecido com Abraão e sua posteridade, está
precisamente especificado neste ponto: os descendentes de todas as gerações
serão considerados herdeiros do pacto assim que entram em existência. Isto
é, cada filho de pais, membros do pacto, ao nascer, passa a ser herdeiro das
promessas pactuais. Não era a Circuncisão que constituía o recém-nascido
membro do povo de Deus e herdeiro do pacto. Este era um direito de
nascimento no seio de uma família crente membro do pacto. A Circuncisão,
ao oitavo dia, era meramente o sinal e o selo de uma relação já existente. A
Circuncisão certificava essa relação. Os recém-nascidos eram investidos, tão
explícita e completamente, com participação e título neste pacto e em tudo
quanto ele implicava, como ocorrera com seus pais. Tinham de ser
considerados e tratados como sendo do número dos eleitos. Esta era a
pretensão natural desde seu nascimento. Quando mais tarde o filho viesse a
declarar-se incrédulo, ele estava renunciando [conscientemente] os
privilégios pactuais e cancelando essa pretensão.
A Circuncisão de um menino não só indicava sua relação própria com a
família de seus pais em referência ao pacto, mas também implicava que toda
sua posteridade própria continuava inclusa no pacto. Esta é a razão pela qual
o sinal devia ser uma cirurgia física no órgão masculino associado com a
procriação. Caso o pai recusasse ou descuidasse da Circuncisão de seu filho,
dizia-se: “ele anulou meu pacto.”
3. A dispensação mosaica
O pacto feito com Moisés no Sinai, e em vigor durante o resto do período
veterotestamentário, até a ressurreição de nosso Senhor e a formação da
igreja neotestamentária no dia de Pentecostes, incluía também as criancinhas.
A administração do pacto diferia muitíssimo, mas, já que era uma forma
essencial do mesmo pacto estabelecido com Abraão, se conservaram o mesmo
sinal e o mesmo selo. É muito importante compreender que a Circuncisão
não foi dada primariamente à dispensação mosaica, comumente chamada a
dispensação da lei. Antes, ela continuou nessa dispensação porque significava
e selava o mesmo pacto dado a Abraão 430 anos antes. Quando Moisés estava
para deixar seu povo, dirigiu-se a eles como se estivessem diante do Senhor
seu Deus, com suas esposas e seus filhos pequenos, para entrar no pacto com
o Senhor seu Deus (Dt 29.9-15).
4. Provisão neotestamentária
Em vista do princípio sólido da ratificação e confirmação do pacto por todo o
Antigo Testamento, é de se esperar que se enunciasse alguma palavra definida
da parte de Deus, no nascedouro da igreja cristã no dia de Pentecostes. Essa
palavra poderia afirmar a continuação do princípio do pacto, ou alterá-la em
algum aspecto específico, ou cancelá-la completamente. Com toda certeza, os
judeus que se fizeram cristãos levantariam sérias objeções à fé cristã neste
ponto. Um princípio tão básico não poderia deixar as pessoas num estado de
incerteza. Uma das primeiras preocupações seria se as provisões do pacto
continuariam ou não com respeito a seus filhos. Ou os filhos perderiam os
privilégios pactuais de que já desfrutavam? A transformação de judeus
crentes à forma cristã da igreja acarretaria a perda dos privilégios espirituais
de seus filhos? Seria difícil exagerar a importância deste assunto para cada
crente judeu que se convertia à fé cristã.
A resposta veio justamente no primeiro sermão da nova dispensação. Em
Atos 2.39, Pedro disse: “Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos
e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso
Deus, chamar.”
Em primeiro lugar, Pedro assegura aos judeus crentes que a promessa está
ainda em vigor; não houve nenhuma mudança no princípio do pacto. Em
seguida Pedro lhes assegura que a promessa pactual continua vigente para
seus filhos; nessa provisão não há mudança nem exclusão. Por fim ele
acrescenta o novo conceito pactual para a presente dispensação; um conceito
que chegou como um princípio inteiramente novo para os judeus: a promessa
será também para todos os que estão longe (i.e., longe da comunidade pactual
e das promessas divinas pactuais). O evangelho é para todos, sem exceção
[racial] nem distinção [social], desse momento em diante. É para todos os
que reconhecem como seu o nome do Senhor. E, posteriormente, Pedro
sustenta esta declaração em Atos 3.25. “Vós sois os filhos dos profetas e da
aliança que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a Abraão: Em tua
descendência serão abençoadas todas as nações da terra.” Em seguida
acrescenta: “Tendo Deus ressuscitado seu Servo, enviou-o primeiramente a
vós outros para vos abençoar, no sentido de que cada um se aparte de suas
perversidades” (v. 26).
Na nova dispensação, depois da formação da igreja no dia de Pentecostes,
a pregação das boas-novas se restringiu ao princípio judaico. Deus continuou
manifestando sua graça ao povo de sua aliança. Não obstante terem
crucificado o Senhor Jesus Cristo, recusando oficialmente o cumprimento do
pacto nele, uma vez mais Deus se voltou para eles a fim de dar-lhes uma nova
oportunidade. Quão profunda é sua graça! O Espírito Santo foi dado, a igreja,
formada, e o evangelho foi anunciado primeiramente a Israel, o povo pactual.
Mas logo se fez evidente que Israel não se voltaria como povo, e então o
evangelho foi anunciado aos gentios. A partir desse tempo, todos os crentes
adultos vieram a formar a família pactual.
Isso se vê claramente na parábola dos lavradores maus (Mt 21.33-46). O
clímax se manifesta no versículo 43, onde Jesus declara aos fariseus e aos
principais dos sacerdotes, representantes da nação judaica: “Portanto, vos
digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe
produza os respectivos frutos.” Note bem que é o mesmo reino de Deus. Não
há possibilidade de haver dúvida sobre este fato. Esse mesmo reino foi
simplesmente transferido de Israel, que então quebrava o pacto, para outros,
a saber, os gentios. Efésios 2.12 ensina que o muro que fazia separação entre
judeus e gentios foi derrubado, de modo que estes estão agora incorporados
no pacto da promessa, por meio do sangue de Cristo.
O princípio de que os filhos dos crentes são herdeiros do pacto foi
expresso tão imediatamente quanto a palavra dita a Abraão: “Esta é minha
aliança, que guardareis entre mim e vós e tua descendência: todo macho entre
vós será circuncidado. Circuncidareis a carne de vosso prepúcio; será isso por
sinal de aliança entre mim e vós. O que tem oito dias será circuncidado entre
vós...” (Gn 17.10-12). Os filhos nascidos nas famílias pactuais eram herdeiros
do pacto. No Novo Testamento, este conceito de herdeiros está estreitamente
associado com o conceito de descendência (Rm 4.13-17; 8.17; Gl 3.18-29; 4.7;
Ef 1.11, 14, 18; Cl 1.12; 3.24; Tt 3.7; Hb 6.17-20; Tg 2.5).
É propósito expresso de Deus, que a promessa de salvação pactual siga
normalmente adiante através das famílias: de pai para filho. Ela se perpetua
através das gerações sucessivas de pais crentes. “Quanto a mim, esta é minha
aliança com eles, diz o Senhor: meu Espírito, que está sobre ti, e minhas
palavras, que pus em tua boca, não se apartarão dela, nem da de teus filhos,
nem da dos filhos de teus filhos, não se apartarão desde agora e para todo o
sempre, diz o Senhor” (Is 59.21). Deus não ordena só o que pode suceder por
casualidade nem por uma remota possibilidade! Os mandatos de Deus, como
suas promessas, são fornecidos por seu Poder Altíssimo. Deus se mantém
preparado para cumprir seus próprios mandamentos. Suas promessas são
suas ações. Ele não só deu a promessa aos filhinhos dos crentes, mas também
produziu as condições necessárias para que essas promessas viessem a ser
efetivas na vida posterior desses filhos.
Há duas passagens neotestamentárias que devemos levar em consideração
e acrescentar, com seu material, à presente linha de raciocínio. Tito 1.6 ensina
que um homem está habilitado para ser presbítero da igreja quando, entre
outras condições, tenha “filhos crentes”. Deus quer que os filhos dos crentes
sejam igualmente crentes! De todos os homens piedosos aptos para serem
presbíteros não era eleito nenhum cujos filhos acabavam de se tornarem
crentes. Deus está operando sobre o sólido princípio de que, quando os pais
cristãos cumprem suas obrigações pactuais em favor de seus filhos, esses
filhos não só conhecerão e entenderão o evangelho, mas também terão a
graça de Deus para crer. O selo de uma verdadeira família cristã, de uma
paternidade realmente cristã, é a de que os filhos, mediante o ensino
apropriado das coisas de Deus, virão a ser igualmente cristãos. Uma coisa é
crer que os filhos de alguém provavelmente serão salvos; outra coisa é nutrir
a confiança de que os filhos de alguém crescerão como crentes genuínos,
mediante a fiel observância do pacto pelos pais cristãos. Deduzimos que este
versículo ensina o que muitas outras passagens ensinam, a saber: quando os
pais instruem ardorosa e continuamente a seus filhos de acordo com a
Palavra de Deus, este os honrará, dando a esses mesmos filhos a graça para
que creiam.
A segunda passagem se refere a Pedro e a sua comissão. Este exercia a
profissão de pescador. Depois de sua primeira pesca miraculosa, o Senhor
disse: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19). A
ocupação terrena de Pedro veio a ser o símbolo de seu discipulado. Dias antes
da ascensão, depois da segunda pesca miraculosa, nosso Senhor chama Pedro
não de “pescador”, e sim de “pastor” (Jo 21.15-17). Há uma profunda
significação nesta mudança de simbolismo. Há uma grande diferença entre o
pescador que pesca o que nem cuidou nem alimentou, e só busca o que se
encontra plenamente desenvolvido, e o pastor que presta especial atenção e
cuidado nas crias de seu rebanho. De fato, ao cuidar dos cordeiros, toda a sua
esperança está posta no futuro. Isto nos traz profunda lembrança da
passagem relativa a Jesus em forma profética: “Como pastor, você
apascentará o rebanho; em seus braços recolherá os cordeiros; em seu seio os
levará.”
A figura do pescador não fornecia ao Senhor elemento para dirigir-se a
Pedro com uma recomendação especial com respeito às criancinhas de sua
igreja. A profunda importância de dar o primeiro lugar a esses pequeninos é
pressuposta ainda na disposição do mandato final do Senhor a Pedro:
“Apascenta minhas ovelhas”, mas na primeira dessas três vezes de fato ele
disse: “Apascenta meus cordeiros.”
O que o Senhor disse a Pedro tem a ver particularmente com os pais que
guardam e criam seus cordeirinhos para ele. A ordem de Cristo a sua igreja,
através de Pedro, mostra o lugar que os pequeninos têm em seu coração. Os
filhinhos dos crentes são os cordeiros de Jesus. Lembre-se de que ele os
chama “meus cordeiros”. São seus por direito, por serem os herdeiros do
pacto dos pais que, por sua vez, estão dentro do pacto de graça. Muitos
pastores há para cuidarem do rebanho de Deus, porém nenhum que possa
cuidar dos cordeiros, com tanta eficácia, como os pais! Eles podem
“apascentar” seus cordeiros e nutrir seu crescimento espiritual desde a mais
tenra idade. Os pequeninos não podem encontrar pastagem para si mesmos;
sua vida espiritual depende da possibilidade de que suas mentes e corações
sejam instruídos por pastores fiéis. Note bem que a forma em que Pedro
poderia provar seu amor para com Jesus não era apenas dizendo: “Tu sabes
que eu te amo”, senão obedecendo também ao mandato de Jesus: “Apascenta
meus cordeiros.” Porventura isto não ensina claramente o que o verdadeiro
amor paterno e a fé podem realizar na vida dos pequeninos? Seguramente! “A
intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer
sua aliança” (Sl 25.14).
Deus prometeu aos pais crentes que, quando instruírem fielmente a seus
filhos no Senhor, então podem estar certos de que a graça de Deus agirá. As
crianças têm a possibilidade de confirmar suas relações pactuais nos anos
seguintes, e podem estar certos de que a graça está ao alcance delas, como
herdeiras do pacto, a fim de confirmar as promessas e torná-las suas.
Qual é a herança que é prometida a esses filhos que receberão? É sua
salvação? Eles não herdam a salvação, pois esta não é hereditária. As
considerações defeituosas a este respeito conduzem à doutrina errônea da
regeneração batismal. As crianças (a) herdam as promessas divinas; (b)
herdam a segurança de que o favor divino se dirige a elas porque são filhas de
pais crentes; (c) herdam os privilégios da igreja e (d) os meios de graça são
delas por direito pleno. São filhos privilegiados e seguramente se encontram
entre os que Deus quer salvar. Independentemente de qualquer ação própria,
são contados no número dos que Deus deseja conferir a graça salvífica. Este
simples fato é uma fonte de grande estímulo; também lhes impõe uma grande
obrigação: a de irem a Deus em ato de fé pessoal.
Ainda que, ao nascerem, os filhos dos crentes entrem no pacto e estejam
sob suas promessas; e ainda que tenham a possibilidade de confirmar, pela fé,
esse pacto após alguns anos; e ainda que a graça de Deus esteja ao seu alcance
para este propósito e os meios de graça estejam operando em seu favor, nem
todos exercerão realmente a fé salvífica. Nem todos herdarão a bênção
prometida. Mas, se algum desses herdeiros por direito eventualmente não são
salvos, não será porque a graça divina não lhes foi oferecida, mas
simplesmente porque seus pais falharam em suas obrigações pactuais, ou
porque eles, conscientemente, rejeitaram a Cristo. Ser um transgressor do
pacto é se colocar sob uma responsabilidade muito maior diante de Deus!
Este dará graça aos filhos do pacto para que respondam à sua instrução
piedosa, mas ai dos filhos do pacto que, consciente e deliberadamente,
desprezam sua herança pactual!
Mediante o Batismo, o filhinho de pais crentes se torna membro da igreja
visível, com direito às ordenanças externas e meios de graça aplicáveis a sua
capacidade de percepção. Para ele, o benefício, ainda que carente do benefício
da salvação, indubitavelmente é de grande valor. A criança é posta em contato,
fisicamente, com as bênçãos divinas para sua igreja. Com isso ela não se torna
membro do reino dos céus, da igreja que é seu corpo, mas se encontra no seio
da igreja com seus privilégios e meios de graça. É como se a criança batizada,
filha de pais crentes, assegurasse um direito de propriedade no pacto de graça,
que anos mais tarde poderá chegar a ser um direito de posse por meio de sua
fé pessoal, adquirindo assim um título completo para a salvação pessoal. O
Batismo se converte em selo das bênçãos que, com pleno direito, podem ser
esperadas quando anos depois a criança alinhe seu Batismo com um ato de fé
pessoal. No caso de um adulto, o Batismo é um selo presente da salvação
como bênção pactual, que é sua pela fé; no caso de uma criança, ele é um selo
antecipado da salvação, como bênção pactual que pode ser sua pela fé, que
pode vir a ter depois.
Estas verdades devem ser ensinadas aos filhos dos crentes, ou,
presumivelmente, de nada lhes aproveitará pô-los sob o sinal e selo do pacto.
E por isso vem a ser espantoso que incontáveis milhares que participaram do
Batismo em sua infância, em nossas igrejas, jamais foram instruídos nas
promessas ou nas obrigações pactuais! É possível que algo seja de mais
importância na vida da igreja e de suas famílias? Não é difícil compreender a
reação negativa dos imersionistas que presenciam o rito, aparentemente sem
significado, como se pratica em vasto número de igrejas. Eis uma causa de
profunda contrição da parte de ministros das igrejas reformadas. E é bem
provável que a preciosa verdade que eles sustentam não tenha as bênçãos
divinas sobre si até que haja justamente tal arrependimento. A prática da
igreja nunca pode ser posta acima da pregação do púlpito e da instrução
ministrada aos indivíduos que solicitam a administração da ordenança
sacramental.
Capítulo 3
A PATERNIDADE
COMO VEÍCULO DO
PECADO E DA GRAÇA
1. A celebração do Batismo
A igreja é participante no ato que os pais celebram com Deus em favor de seus
filhos. Ela é a verdadeira madrinha da criança batizada e assume, juntamente
com os pais, grande responsabilidade no cumprimento das obrigações
pactuais. Com este propósito, a igreja precisa averiguar se essa
responsabilidade específica será assumida por cada criança batizada, e que
esse contato será mantido com o lar.
As classes de instrução para os pais são da mais elevada importância.
Essas classes deveriam ser usadas para averiguar se os pais que solicitam o
Batismo para seus filhos conhecem a Cristo verdadeira e pessoalmente. Elas
devem gravar nas mentes desses pais a necessidade de sua relação pessoal e
vital com a igreja. Pois os pais não podem se comprometer sinceramente de
fortalecer seus filhos com o alimento do Senhor, se eles mesmos não estão
plenamente associados com a comunidade do povo de Deus na igreja.
Somente por sua própria e regular assistência às atividades da igreja, e por
seu interesse ativo e pessoal nas coisas de Deus é que se pode esperar que os
pais deem exemplo eficiente. Se os pais não honram a Deus com sua
constância aos cultos, seguramente Deus também não os honrará. Quando
não têm a intenção de fazer da igreja o lugar central de sua vida familiar, o
Batismo de seus filhos só pode ser movido por ignorância e por desafio.
É preciso que haja um programa constante de educação relacionado com a
igreja e dirigido por ela no lar. O lar e a igreja, trabalhando juntos,
proporcionarão uma adequada experiência de fé e prática cristãs.
Estabelecerão também o sentido da comunidade cristã em toda a amplitude
de suas ramificações. Porventura não é este o maior privilégio e a maior
responsabilidade que a igreja tem?
A administração do Batismo só pode ser imponente e significativa quando
a instrução preparatória é adequada. A classe de instrução deve cobrir, em
síntese, os principais esboços da doutrina sugerida neste livro. O tema do
pacto será importante.
Para fazer com que a celebração do Batismo impressione profundamente
aos pais que participam com seus filhos, como o corpo de testemunhas
cristãs, sugerem-se as seguintes perguntas que serão feitas publicamente aos
pais:
1) Vocês afirmam, na presença de Deus e dessas testemunhas, que
compõem a igreja, que confiam no Senhor Jesus Cristo, como seu Salvador;
que pela fé nele vocês estão salvos, não por alguma obra humana produzida
por sua própria vida, mas simplesmente pela fé no dom gratuito do Deus da
graça em Cristo?
2) Vocês reconhecem que sua fé em Cristo os põe no pacto relacional com
Deus, e na comunidade pactual, que é sua igreja, e que esta relação pactual foi
assinalada e certificada por seu próprio Batismo?
3) Vocês recebem esta relação pactual para seu filho, e portanto o
consagram a Deus, recebendo também o Batismo de seu filho como o sinal e
o selo das promessas feitas por Deus para ele?
4) Vocês reconhecem que esta ordenança não é uma ordenança salvífica, e
que a seu filho se pedirá que receba a Cristo como seu Salvador pessoal,
quando ele atingir a idade da razão?
5) Vocês prometem, com o auxílio de Deus, criar seu filho no ensino da
Palavra de Deus; orar por ele e com ele, viver diante dele como pais cristãos
sujeitos ao Senhor?
6) Vocês prometem fazer uso de todos os meios de graça e fazer um
esforço máximo a fim de conduzir seu filho ao conhecimento de Cristo, desde
sua mais tenra idade?
7) Vocês acalentam a vontade de devolver esta criança a Deus, o qual a pôs
em seu lar como um depósito sagrado, de modo que, se ele, em sua
providência, chamar esta criança, prometem que não se oporão à perfeita
vontade de Deus?
Depois de pronunciar “sim” a estas perguntas, os pais ouvirão o pastor
dirigir a seguinte interrogação às testemunhas da congregação:
“Vocês, membros desta congregação, recebem esta criança, filha do pacto,
e se comprometem, diante de Deus e com estes pais, a lutar por todos os
meios possíveis para ajudar esta família, a fim de que esses votos batismais
sejam cumpridos?”
Antes de proceder ao Batismo, o pastor deve fazer uma oração. O que
segue serve de sugestão do que deve compreender essa oração:
“Deus eterno, nosso misericordioso Pai celestial, a ti trazemos esta criança
para o rito do Batismo. Regozijamo-nos por nos outorgar este sacro privilégio
do pacto relacional contigo, não só para nós, mas também para nossos filhos.
Bendizemos teu nome por haver instituído a família como uma unidade
orgânica, tornando os filhos um só com seus pais. Damos-te graças pela
certeza de tua Palavra, de que teu propósito é que os filhos sejam um só com
seus pais na redenção, e que, para este fim, são considerados herdeiros do
pacto. Pomos aqui o sinal e o selo do pacto da graça nesta criança, e a ti a
recomendamos. Nossa oração é que tua graça a acompanhe todos os dias de
sua vida terrena, e para que, no tempo e na forma designados por ti, ela venha
a receber pessoalmente, com alegria de alma, o Senhor Jesus Cristo como seu
próprio Salvador e Senhor, e confirmar assim seu pacto relacional pela fé.
Digna-te conceder tua graça a estes pais, para que tenham sabedoria e fé na
tentativa de cumprir suas obrigações pactuais. Faz com que eles sejam
exemplos vivos de vida cristã e mestres de tua Palavra. E concede a esta
congregação a graça de cumprir sua reconhecida responsabilidade, como a
madrinha espiritual desta criança. E a ti, em cuja fidelidade pactual
confiamos, seja toda a glória e majestade, e domínio, e poder, agora e para
todo o sempre. Amém.”
Sumário
Frequentemente ouvem-se os pais dizerem: “Quero dedicar meu filho a Deus,
mas não desejo tomar decisão por ele.” É preciso deixar bem claro que os pais,
ao levarem seus filhos ao rito do Batismo, a si mesmos se consagram! Os pais
reconhecem que seus filhos pertencem a Deus como herdeiros pactuais, e que
é Deus quem lhes emprestou esses filhos por algum tempo, para cuidar deles
como um depósito divino.
Os pais responsáveis devem tomar muitas decisões por seus filhos em
seus primeiros anos; decisões que influirão em todo o restante de sua vida
futura. Eles os mandam à escola, quer queiram quer não. Decidem o que
devem comer, o que devem usar, o que devem ler, etc. Quão importante é que
a relação mais elevada de todas seja decidida e guiada pela autoridade, pelo
discernimento e pelo amor paternos!
Não obstante, é preciso compreender que, ao apresentar uma criança para
o Batismo, não se está fazendo realmente uma decisão por ela, e sim
reivindicando para ela uma bênção. Deus já fez a decisão da relação pactual,
colocando a criança num lar crente. Os pais apenas reivindicam essa bênção,
a qual já pertence às crianças por direito de nascimento. Os pais serão
responsáveis e culpáveis de pecado contra a criança caso recusem reivindicar
as bênçãos divinas que lhes pertencem por direito de nascimento.
Se a criança fosse herdeira de bens terrenos, certamente os pais não
arriscariam, dizendo: “Eu não decidirei por ela; esperarei e verei se ela
quererá ou não essas riquezas.” Ora, se a criança, mais tarde, rejeitar a
herança, os pais, pelo menos, asseguraram-lhe, responsavelmente, o direito
dessa escolha. Pelo menos reivindicaram para ela essa bênção. Firmaram os
devidos documentos para reivindicar os benefícios do legado, e deram os
passos necessários para conservar seus bens em depósito. E assim a criança
começaria imediatamente a receber os benefícios pactuais. É preciso enfatizar
que a significação original do Batismo não é que os pais consagrem seus
filhos, e sim que reconheçam que Deus fez algo por seus filhos. Na verdade,
os filhos é que são batizados, e os pais é que são consagrados!
Chegamos ao final da evidência cuja exposição tem sido o propósito neste
estudo. Examinamos o ensino da Bíblia, como já expresso, em mandatos
diretos, analogias, inferências e deduções. Vimos que a Bíblia ensina o
“Batismo dos crentes”, mas que não ensina “apenas o Batismo dos crentes”.
Não se pode provar que o Batismo das crianças seja errôneo, provando que o
Batismo dos crentes é correto. O manuseio justo da evidência requer que se
faça uma diferenciação entre os recipientes adultos do Batismo, e as crianças
que o recebem. Alguns estão no pacto somente pela fé; outros, por direito de
nascimento, ainda que o herdeiro deva, mais tarde, confirmar esse pacto de
direito de nascimento, com um ato de fé pessoal em Cristo. Há diferentes
condições e diferentes benefícios inerentes a estas duas classes de recipientes.
No caso dos herdeiros menores, o Batismo é um sinal e um selo da promessa
divina; um meio de graça que Deus usará para trazer as crianças à fé. No caso
dos adultos conversos, não procedentes de famílias pactuais, o Batismo é um
sinal e um selo da promessa redentiva de Deus cumprida para sua
experiência. O princípio pactual da graça está estabelecido no Antigo
Testamento, aperfeiçoado no Novo, e é a base única do Batismo, seja para os
adultos, seja para os filhos dos crentes. A igreja é a comunidade pactual,
composta dos que já receberam o sinal e o selo pactuais. O Batismo, no Novo
Testamento, é o sucessor da Circuncisão veterotestamentária. O Batismo é o
sinal mais geral, que representa devidamente uma esfera mais ampla de
sentido espiritual do que a Circuncisão. As responsabilidades, bem como os
privilégios dos filhos batizados, são maiores que os dos filhos de famílias que
não são do pacto. O Batismo não é apenas um sinal e um selo, mas é também
um meio de graça empregado por Deus para cumprir seu propósito salvífico,
nas vidas dos filhos que foram fielmente educados por seus pais, para
compreender e amar as coisas de Deus. O silêncio que o Novo Testamento
mantém confirma que os princípios pactuais, estabelecidos no Antigo
Testamento, não foram anulados no Novo. Estas e outras considerações nos
levam a afirmar, com toda a confiança, a legitimidade do Batismo dos filhos
menores dos crentes. Os que tão facilmente negam o direito aos filhos
menores, então que baseiem sua negativa em argumentos que
sistematicamente contenham valor para os temas e passagens que aqui foram
expostos. E aquele que ainda não pode aceitar a postura defendida aqui, então
que mantenha uma atitude superior de amor e respeito, em vista de nossa
intenção de aderir a uma exposição sistemática das Escrituras. O Batismo não
é um assunto simples e sem complicações. Algumas das ramificações foram
exploradas; é possível que tenha ficado, sem reconhecimento, alguma de
importância primordial. Que cada estudante se convença, não pelo
preconceito de sua denominação cristã, mas pela evidência da Palavra de
Deus, conforme apreendam sua própria mente e coração.
PARTE II
1 Livro deuterocanônico, mas que tem seu valor histórico que valida a argumentação do autor. N. do E.
Capítulo 13
A EXTENSÃO DA TEOLOGIA
NEOTESTAMENTÁRIA
2 Referência aos Pais Apostólicos e que engloba uma série de escritos do cristianismo mais antigo que não
foram integrados ao cânone do Novo Testamento e nem mesmo aos chamados apócrifos (Primeira Carta
de Clemente de Roma, A Epístola de Policarpo; Epístola de Barnabé; a Didaquê; Pastor de Hermas; as
sete epístolas escritas por Inácio de Antioquia). N. do E.
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