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SÉRIE ELETROELETRÔNICA

MANUTENÇÃO
DE REDES DE
DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA
ELÉTRICA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora Associada de Educação Profissional
SÉRIE ELETROELETRÔNICA

MANUTENÇÃO
DE REDES DE
DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA
ELÉTRICA
©2014. SENAI Departamento Nacional

©2014. SENAI Departamento Regional de São Paulo

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI-São
Paulo, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os
Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional de São Paulo


Gerência de Educação – Núcleo de Educação a Distância

FICHA CATALOGRÁFICA

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Manutenção de Redes de Distribuição de Energia Elétrica /
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo.
Brasília: SENAI/DN, 2014.
84 p. il. (Série Eletroeletrônica).

ISBN 978-85-7519-787-5

1. Análise de projeto 2. Montagens 3. Redes de distribuição


4. Especificação de materiais 5. Especificação de equipamentos
5. Dispositivos elétricos 6. Ordem de serviço 7. Registros I. Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional de São Paulo II. Título
III. Série

CDU: 005.95

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de figuras, quadros e tabelas
Figura 1 - Estrutura curricular do curso de
Eletricista de redes de distribuição de energia Elétrica........................................................................................12
Figura 2 - Eletricista executando serviço em rede de distribuição...................................................................20
Figura 3 - Defeito na rede aérea....................................................................................................................................22
Figura 4 - Termovisor digital...........................................................................................................................................29
Figura 5 - Fenômenos naturais - raios sobre a cidade...........................................................................................46
Figura 6 - Manutenção em linha morta......................................................................................................................49
Figura 7 - Homem realizando manutenção preventiva........................................................................................51
Figura 8 - Posicionamento da escada em relação ao poste................................................................................62
Figura 9 - Ancoragem inferior de escada em poste...............................................................................................63
Figura 10 - Caminhão de pequeno porte com cesto aéreo................................................................................64
Figura 11 - Estabilizadores (sapatas do sistema cesto aéreo).............................................................................65
Figura 12 - Sistema de alavancas de acionamento hidráulico...........................................................................66
Figura 13 - Guindauto.......................................................................................................................................................67
Figura 14 - Escada no caminhão...................................................................................................................................68
Figura 15 - Caminhão com escadas laterais..............................................................................................................68
Figura 16 - Poda com motosserra.................................................................................................................................71

Quadro 1 - Análise preliminar de riscos. ...................................................................................................................17


Quadro 2 - Tipos de inspeções......................................................................................................................................27
Quadro 3 - Inspeção instrumental com a utilização do termovisor.................................................................30
Quadro 4 - Tipos de redes e suas características.....................................................................................................44
Quadro 5 - Materiais, ferragens e equipamentos defeituosos...........................................................................46

Tabela 1 - Modelos de escadas de madeira e suas especificações técnicas..................................................62


Sumário

1 Introdução.........................................................................................................................................................................11

2 Planejamento...................................................................................................................................................................15
2.1 Etapas do planejamento...........................................................................................................................16
2.2 Cuidados no planejamento......................................................................................................................19

3. Manutenção de redes de distribuição aérea de energia.................................................................................25


3.1 Conceito e tipos de manutenção em RDA..........................................................................................26
3.2 Termovisores digitais .................................................................................................................................28
3.3 Classificação no atendimento de manutenção em RDA...............................................................32
3.4 Programação de inspeção........................................................................................................................33
3.4.1 Postes.............................................................................................................................................34
3.4.2 Cruzetas.........................................................................................................................................34
3.4.3 Ferragens......................................................................................................................................34
3.4.4 Isoladores......................................................................................................................................35
3.4.5 Condutores...................................................................................................................................35
3.4.6 Tensionamento de condutores.............................................................................................35
3.4.7 Aterramento................................................................................................................................35
3.4.8 Haste e cabo-guarda.................................................................................................................36
3.4.9 Estais...............................................................................................................................................36
3.4.10 Para-raios....................................................................................................................................36
3.4.11 Chave fusível ou de faca.......................................................................................................36
3.4.12 Transformadores......................................................................................................................37
3.4.13 Regulador de tensão..............................................................................................................37
3.4.14 Chave a óleo..............................................................................................................................38
3.4.15 Religador....................................................................................................................................38
3.4.16 Seccionalizador........................................................................................................................38
3.4.17 Capacitor....................................................................................................................................38
3.4.18 Ramais de serviço....................................................................................................................39
3.4.19 Iluminação pública.................................................................................................................39
3.4.20 Faixa de servidão (faixas sob as redes ou linhas elétricas).......................................40
3.4.21 Seccionamento de cercas.....................................................................................................40
3.4.22 Chave remota............................................................................................................................40
4. Levantamento e diagnóstico de falhas em RDA.................................................................................................43
4.1 Tipos de redes ..............................................................................................................................................43
4.2 Identificação das causas dos desligamentos.....................................................................................45
4.3 Formas de inspeção....................................................................................................................................47
4.4 Manutenção preventiva............................................................................................................................48
4.4.1 Programação da manutenção preventiva........................................................................48
4.4.2 Perfil de carga do sistema.......................................................................................................50
4.4.3 Definição de horários para a manutenção.......................................................................50
4.4.4 Execução da manutenção.......................................................................................................51
4.5 Avaliação da manutenção preventiva..................................................................................................51
4.5.1 Avaliação a partir de índices e indicadores operacionais............................................52
4.5.2 Técnicas de manutenção para energização
e desenergização dos circuitos.......................................................................................................52
4.6 Cuidados nas operações com transformadores elétricos.............................................................53
4.6.1 Procedimentos operacionais para abertura
de estações transformadoras...........................................................................................................54
4.6.2 Procedimentos operacionais para fechamento
de estações transformadoras...........................................................................................................56
4.6.3 Procedimentos operacionais para substituição
de elo fusível em estação transformadora..................................................................................56
4.7 Procedimentos operacionais para instalação de aterramento temporário............................57

5. Utilização de escadas extensíveis e veículo com cesto aéreo para manutenção de RDA..................60
5.1 Escadas de extensão...................................................................................................................................60
5.2 Operações de veículo com cesto aéreo...............................................................................................63
5.2.1 Procedimentos operacionais.................................................................................................64
5.3 Caminhão com braço hidráulico ou guindauto................................................................................66
5.4 Caminhão com escada central giratória e escadas removíveis...................................................67
5.5 Saúde e segurança no trabalho, preservação do meio ambiente
e conservação de ferramentas e equipamentos.....................................................................................69
5.6 Podas de vegetação em manutenção de RDA..................................................................................70
5.6.1 Atividades de supressão ou corte de vegetação ...........................................................70
5.6.2 A legislação..................................................................................................................................71
5.7 Classificação dos resíduos........................................................................................................................73

Referências............................................................................................................................................................................77

Minicurrículo do autor......................................................................................................................................................79

Índice......................................................................................................................................................................................81
Introdução

Um profissional da área de Redes de Distribuição de Energia Elétrica precisa saber montar,


instalar e dar manutenção nos circuitos. Para tanto, nesta unidade curricular Manutenção de
Redes de Distribuição de Energia Elétrica, que compõe o módulo Específico II do curso Eletri-
cista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica, você estudará sobre o planejamento e as
técnicas de manutenção desenvolvidas nas atividades deste profissional.
Na figura a seguir, veja a posição desta unidade e o caminho a ser percorrido até que você
atinja seu objetivo final.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
12

QUADRO DE ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Módulo Básico (276 h)


• Técnicas de redação em Língua Portuguesa (40 h)
• Fundamentos da Eletricidade (104 h)
• Sistemas de Medida e Representação Gráfica (32 h)
• Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança
nos Serviços em Eletricidade (40 h)
• Fundamentos da Redes de Distribuição (60 h)

Módulo Específico I (80 h)


• Montagem e Instalação de Redes de Distribuição (80 h)

Módulo Específico II (64 h)


• Operação de Equipamentos e Dispositivos de Redes de Distribuição (32 h)
• Manutenção de Redes de Distribuição de Energia Elétrica (32 h)

Módulo Específico III (40 h)


• Execução de Serviços Técnicos Comerciais (40 h)

Módulo Específico IV (40 h)


• Montagem, Retirada e Manutenção de Iluminação Pública (40 h)

Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica (500 h)

Figura 1 - Estrutura curricular do curso de Eletricista de redes de distribuição de energia Elétrica.


Fonte: SENAI - SP (2013)

Reunimos, nos capítulos deste livro, as informações básicas para você seguir
os estudos nesta área, tais como o levantamento de materiais e equipamentos, os
testes, a aplicação de análise preliminar de riscos, as solicitações junto ao COD e
as técnicas de manutenção dos equipamentos e materiais.
1 INTRODUÇÃO
13

Esses conhecimentos fornecerão subsídios para que você possa:


a) analisar as características do projeto e o estado da rede existente;
b) aplicar os procedimentos para testes de equipamentos de acordo com nor-
ma específica;
c) identificar, na ordem de serviço (OS), o serviço solicitado;
d) registrar as possíveis divergências sobre as condições técnicas de materi-
ais, ferramentas e equipamentos para a montagem da obra e sobre as con-
dições técnicas dos equipamentos a serem utilizados.
Além disso, queremos lembrar que um profissional competente deve culti-
var uma série de capacidades que o ajudem a estabelecer um bom ambiente de
trabalho, como por exemplo: cumprir normas e procedimentos, trabalhar de for-
ma planejada e em equipe; comunicar-se com clareza; cumprir normas e proce-
dimentos; ter consciência prevencionista em relação a segurança, saúde e meio
ambiente; ser organizado; zelar pelas ferramentas; cumprir prazos e prever con-
sequências.
E agora, convidamos você a estudar os principais aspectos sobre manutenção
de redes de distribuição de energia elétrica, para que, integrando teoria e prática,
torne-se um profissional nesta área.
Bons estudos!
Planejamento

Neste capítulo, você estudará como são planejadas as tarefas de manutenção nas redes de
distribuição aéreas de energia, antes da execução propriamente dita.
É importante salientar que, para realizar manutenção, o eletricista deve ter estudado e com-
preendido todos os passos para construção de redes de distribuição, vistos na unidade Mon-
tagem e Instalação de Redes de Distribuição. Além disso, deve ter em mente que esse trabalho
depende da classe de tensão e dos padrões técnicos adotados pelas distribuidoras de energia
elétrica de cada localidade.
Efetuar a manutenção de uma rede de distribuição pode, num primeiro momento, ser en-
tendida como a simples substituição de equipamentos, chaves, cabos e todos os componentes
instalados. No entanto, não é tão simples assim. Este trabalho envolve conhecimentos associados
à segurança, ao meio ambiente, a operações de desligamentos, à comunicação, à elaboração de
APRs e abrange ainda muitos outros conceitos que serão abordados neste capítulo.
Neste capítulo você terá subsídios para:
a) inspecionar EPIs e EPCs e ferramentas;
b) coletar dados de campo para estimativa do tempo necessário para execução da tarefa;
c) preencher os formulários;
d) realizar análise preliminar de risco – APR;
e) registrar possíveis divergências sobre as condições técnicas de materiais, equipamentos
e ferramentais;
f ) cumprir procedimentos de trabalho – PT e ordens de serviço – OS;
g) selecionar e utilizar materiais, ferramentas e equipamentos de proteção individual e co-
letiva adequados ao tipo de atividade;
h) selecionar e utilizar normas, padrões e procedimentos, de acordo com o serviço proposto;
i) aplicar e utilizar procedimentos para testes de equipamentos e dispositivos, de acordo
com as normas específicas;
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
16

j) identificar o número da chave ou do equipamento a ser desligado.


Bons estudos!

2.1 ETAPAS DO PLANEJAMENTO

O planejamento das atividades é o mesmo aplicado a quase todas as operações


e deve ter como base as ordens de serviço (OS) e os procedimentos de trabalho
(PT). Assim sendo, as ações a serem realizadas devem obedecer a um roteiro já es-
tudado anteriormente, respeitando-se as etapas do planejamento e de execuções.

Todas as documentações técnicas referentes a normas


e procedimentos operacionais, ordem de serviços e
SAIBA formulários para registro das operações devem ser
MAIS elaboradas de acordo com as regras de cada distribuidora.
Para isso, faça uma pesquisa junto à distribuidora para a
qual está prestando serviços de modo a poder cumprir
essa atividade com eficiência.

No planejamento das tarefas devem constar as seguintes etapas:


a) aplicação de Análise Preliminar de Riscos – APR;
b) mapeamento dos riscos para a execução das atividades;
c) programação das atividades em função das medidas preventivas;
d) solicitações e permissões junto à Central de Operações da Distribuição –
COD, para execução da programação;
e) levantamento de materiais, equipamentos, ferramentas e veículos;
f ) testes de equipamentos;
g) estimativa do tempo de execução;
h) análise das documentações técnicas – OS, PT, consulta aos manuais e às
normas técnicas da distribuidora.
Como já sabemos, é muito importante realizar a APR para cada tipo de tarefa a
ser realizada, também nos serviços de manutenção. Supondo que a manutenção
seja referente à substituição de um isolador pino ou pilar, instalado na rede primá-
ria de energia, na APR você deverá:
a) considerar o tempo estipulado para execução do serviço: 1h 30m;
2 PLANEJAMENTO
17

b) considerar a quantidade de pessoas que farão o serviço (equipe de ma-


nutenção): 2 pessoas;
c) verificar a disponibilidade e as condições de uso de equipamentos, ferra-
mental, materiais, uniforme padrão, EPIs e EPCs;
d) considerar quais são os resultados esperados: retirar isolador de pino ou
pilar de forma segura e padronizada;
e) observar os documentos de referência: normas técnicas padronizadas;
f ) fazer a análise das atividades críticas, descrevendo os riscos e apontando
ações preventivas para eliminação ou controle desses riscos;
g) constatar anormalidade: condutor danificado;
h) indicar ações corretivas: efetuar reparos.
Veja, no quadro a seguir, um exemplo de como fazer essa análise:

Quadro 1 - Análise preliminar de riscos


ATIVIDADES CRÍTICAS RISCOS AÇÕES PREVENTIVAS
Trabalhar em plano elevado Queda do eletricista Fixar o trava-quedas acima
da linha da cintura.
Queda de materiais ou fer- O(s) auxiliar(es) devem
ramentas manter distância segura,
posicionando-se fora do
raio de ação.
Manusear o isolador de por- Ferimento com porcelana Evitar contato com partes
celana ou vidro quebrado ou vidro avariado, ou alergia cortantes e com as fibras de
ou isolador polimérico (fibra a fibra de vidro vidro, utilizando luvas de
de vidro) vaqueta.
Amarrar ou desamarrar o Lesão, pois o condutor pode Posicionar-se no poste, de
condutor em estruturas atingir o eletricista maneira que o condutor
com ângulo e ou enforca- não atinja o eletricista e
mento amarrar o condutor com
corda auxiliar, ou executar a
tarefa com dois elementos
da equipe.

A elaboração da APR geralmente é realizada utilizando-se um formulário apro-


priado, no qual devem constar as devidas aprovações e a avaliação das tarefas em
relação às atribuições da área respectiva.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
18

Na execução do serviço, você deverá seguir procedimentos padronizados pe-


las empresas distribuidoras e suas contratadas, nos quais, provavelmente, consta-
rão ações tais como:
a) estacionar o veículo;
b) fazer análise preliminar de risco;
c) sinalizar e delimitar a área de trabalho;
d) munir-se de EPIs para a tarefa;
e) solicitar e confirmar a interdição da rede com a COD;
f ) acessar a estrutura;
g) realizar teste de ausência de tensão;
h) instalar conjunto de aterramento temporário;
i) soltar os condutores das amarrações;
j) retirar o isolador de pino ou o pilar defeituoso;
k) instalar o novo isolador de pino ou o pilar;
l) refazer as amarrações dos condutores;
m) retirar o conjunto de aterramento;
n) liberar a instalação para a COD, comunicando o encerramento da tarefa.
As etapas devem ser seguidas considerando os formulários de APR, levanta-
mento de materiais, ferramentas, veículo apropriado, registro de atividades con-
cluídas, marcação do tempo necessário para a execução das tarefas, levantamento
dos EPIs e EPCs. É importante efetuar as devidas conferências do estado de con-
servação e dos períodos de testes de todos os equipamentos a serem utilizados.
Por se tratar de uma atividade de extrema importância, vamos, novamente,
relembrar como será feita a comunicação à COD:
Na execução de serviços em que o início esteja condicionado à autorização
por parte da COD, há necessidade de confirmação de que a APR foi executada.
Sendo assim, a COD irá indagar ao executor com a seguinte frase: “Realizou APR?”
O executor deverá responder à pergunta, que ficará gravada, como forma de
evidenciar a execução da APR.
Além disso, o executor deverá comunicar todos os dados referenciados na OS,
tais como:
a) nome do executor (quem está contatando com a COD);
b) local da obra;
c) data de realização do serviço;
2 PLANEJAMENTO
19

d) horário de início e término;


e) n.º da OS;
f ) outras informações relevantes.

Planejamento é uma importante ferramenta que ajuda a


perceber a realidade, avaliando os riscos e colaborando
SAIBA para a construção de um referencial futuro. Faça uma
MAIS pesquisa e conheça melhor essa importante etapa na
realização das atividades de um Eletricista de Redes de
Distribuição de Energia Elétrica – ERDE.

2.2 CUIDADOS NO PLANEJAMENTO

Nas tarefas de manutenção em redes de distribuição aérea de energia, os cir-


cuitos normalmente estarão energizados. Dessa forma, deve constar na OS o cro-
qui de localização ou o projeto de execução dos circuitos que deverão sofrer as
intervenções, como por exemplo:
a) substituição de isolador em rede primária ou secundária;
b) substituição de componentes ou acessórios em rede primária ou se-
cundária;
c) substituição de equipamentos funcionais ou de proteção, transformadores,
chaves faca, chaves fusíveis e capacitores;
d) substituição de postes abalroados ou avariados;
e) substituição de condutores em rede primária ou secundária.
O planejamento elaborado deve ser detalhado de forma que, no momento
da execução, não se perca tempo, pois as distribuidoras comercializam a energia,
tendo compromisso com a qualidade no seu fornecimento e, por isso, os desliga-
mentos não podem ser longos.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
20

Em muitos casos, estas manutenções são executadas com as redes em funcio-


namento, em que dizemos “linha viva”, ou seja, o eletricista efetua a intervenção
na rede ao contato ou à distância, em qualquer tensão, com o circuito ligado em
127/220 V em BT, ou 11 a 35 kV, podendo estas tensões variar de acordo com a
distribuição em BT, MT ou AT.
Apesar de todos os cuidados, o planejamento poderá apresentar erros que devem
ser analisados. Planejar parece ser uma atividade simples, porém, muitas pessoas o
fazem automaticamente, sem se preocuparem em checar se tudo que é necessário foi
de fato previsto, ou se o que está sendo feito, está de acordo com o planejado.
Algumas vezes é necessário refazer o planejamento. Neste caso, temos um repla-
nejamento. Este é feito a partir de uma avaliação do que foi realizado e serve para
que se faça uma revisão, aprimorando as informações e ou adequando as ativida-
des que não foram bem sucedidas. O replanejamento ajuda a diminuir a probabi-
lidade de erros no próximo trabalho, no nosso caso, na próxima manutenção a ser
realizada.
Como exemplo, observe a figura 2. Verifique que o planejamento feito pelo
eletricista para reaperto das porcas nas buchas primárias do transformador, não
resultou em uma boa prática, uma vez que ele não previu todos os procedimen-
tos de segurança e saúde que deveriam ser considerados, para a manutenção
numa rede de distribuição.

Figura 2 - Eletricista executando serviço em rede de distribuição.


Fonte: SENAI - SP (2014)
2 PLANEJAMENTO
21

Agora vamos relacionar os aspectos de não conformidade para execução des-


sa tarefa, considerando que o circuito está desligado. Pois bem, veja a identifica-
ção dos riscos:
a) o eletricista está posicionado de modo inadequado na escada, infringindo
os princípios básicos de ergonomia;
b) a escada não está numa posição ideal para execução da tarefa;
c) um dos cabos está sobre a cabeça do eletricista, encostado no capacete.
Estando o cabo conectado à rede, o circuito pode ser energizado por uma
descarga atmosférica, por exemplo, e o profissional pode receber uma
descarga elétrica;
d) os fusíveis da chave não foram abertos;
e) a luva que ele está usando não é apropriada;
f ) ele não está usando mangas de borracha;
g) parte do seu corpo está aterrada, pois sua cintura está apoiada sobre o
afastador de rede secundária;
Constata-se, nesse exemplo, que a falta de planejamento leva o eletricista a
infringir vários passos de segurança. Assim sendo, certamente, você já entendeu
por que o planejamento é muito importante em qualquer tarefa a ser executada,
por mais simples que seja.

CASOS E RELATOS

Funcionário se acidenta em rede secundária de energia


O acidente ocorreu numa empresa terceirizada que prestava serviços para
uma distribuidora de energia elétrica. Um eletricista efetuou uma mano-
bra de abertura de chave fusível em uma estação transformadora de dis-
tribuição, desligando a rede primária que alimentava um transformador. No
momento, o funcionário utilizava todos os equipamentos de segurança e
sua tarefa era a de substituir um isolador quebrado na rede secundária.
A informação era que as redes, primária e secundária, já estavam desligadas
e, então, os procedimentos para a realização da tarefa foram iniciados.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
22

1
FISSURA OU RACHADURA: No entanto, o eletricista descumpriu uma das etapas do planejamento: não
realizou o teste de ausência de tensão com a utilização do detector de ten-
São termos comumente
empregados como são. Indevidamente, tocou em uma das fases, encostando o braço no neu-
sinônimos para indicar
problemas nos isoladores.
tro da rede, acreditando que estava desenergizada, o que não era verdade.
Assim, pelo fato de a rede estar energizada, ele sofreu um choque elétrico e
desmaiou devido a uma parada cardiorrespiratória.
Foi prontamente resgatado, porém, ao dar entrada no hospital, já estava
sem vida.
Constatou-se, então, mais um acidente fatal em rede secundária de energia.
Podemos concluir, que o acidente ocorreu, porque o eletricista não testou
o circuito para certificar-se que ele estava realmente desenergizado e tam-
bém não refletiu sobre a possibilidade de reenergização da rede por outros
fatores ou por fontes independentes.
Nunca se esqueça de que um circuito, de AT, MT ou BT, só estará desen-
ergizado se estiver aterrado, de acordo com todas as etapas que devem,
necessariamente, estar indicadas no planejamento.

Observe, na figura 3, que para ser efetuada a manutenção corretiva de subs-


tituição, por exemplo, de um isolador, todos os passos de planejamento e execu-
ção, já estudados anteriormente, devem ser seguidos. Ao planejar, é importante
considerar, também, que muitas vezes essa tarefa será realizada no escuro, ou
embaixo de chuva, no frio ou no calor, e que o serviço terá que ser feito, sanando
o defeito e restabelecendo o fornecimento de energia elétrica.

Figura 3 - Defeito na rede aérea.


Fonte: 123RF (2014)
23

Uma pequena fissura ou rachadura1 nos isoladores


VOCÊ instalados em RDA podem provocar um curto-circuito
e promover o desligamento não programado das redes,
SABIA? trazendo transtornos às distribuidoras e desconforto aos
seus clientes.

RECAPITULANDO

Neste capítulo vimos a importância de fazer um planejamento das ações,


que inclui desde a separação correta de materiais e equipamentos até a
verificação dos veículos e a elaboração de um formulário que identifique
possíveis riscos.
Vamos então seguir nossos estudos, tendo em mente que para ser um
profissional nesta área você deve estar atento a várias situações diferentes,
prevendo-as sempre no momento de planejar seu trabalho.
Manutenção de Redes de
Distribuição Aérea de Energia

As tarefas de um Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica – ERDE exigem


muita atenção, conhecimento dos vários conceitos importantes, tais como eletricidade básica,
construção de redes convencionais e compactas, iluminação pública e suas devidas manuten-
ções, bem como domínio dos procedimentos que garantam a segurança de toda a equipe.
O que fazer quando há necessidade de substituição de equipamentos ou materiais, instala-
dos nestas construções?
Vamos imaginar que você está escalado para trabalhar na manutenção de redes aéreas de
distribuição de energia. O chamado foi transmitido via rádio por seu chefe imediato.
O trabalho a ser realizado refere-se a: substituição de um isolador pino ou pilar, instalado na
rede primária de energia. No entanto, as condições são especiais. Observe:
a) horário: 22h 00 (escuro)
b) tempo: chuvoso
c) circuito: desligado
d) tempo para execução do serviço: 1h 30m
e) equipe de manutenção: 2 pessoas.
Percebe-se que a tarefa não será tão simples como se imagina, uma vez que haverá a neces-
sidade de enfrentar algumas situações especiais.
Para saber como resolveríamos esse problema e outros com os quais você pode se deparar
como profissional, vamos estudar alguns conceitos e procedimentos referentes à manutenção
em redes de distribuição de energia com o circuito desenergizado. Isso exigirá, além de alguns
conhecimentos já adquiridos em construção de redes, as seguintes ações e posturas:
a) planejamento;
b) boa comunicação;
c) astúcia e destreza para contornar os obstáculos, tomando as decisões mais adequadas;
d) seguir outras orientações que se fizerem necessárias, de acordo com o contexto do trabalho.
Agindo assim, você efetuará suas atividades de forma correta e segura.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
26

1
DURAÇÃO EQUIVALENTE 3.1 CONCEITO E TIPOS DE MANUTENÇÃO EM RDA
DE INTERRUPÇÃO POR
CONSUMIDOR – DEC:
Manutenção é a combinação de todas as ações técnicas e administrativas, in-
É o número médio de horas cluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um bem em um esta-
que cada consumidor do
sistema ficou privado do do tal que possa desempenhar uma função requerida.
fornecimento de energia
elétrica, no período Sendo assim, quando falamos em manutenção corretiva estamos nos referin-
considerado.
do à manutenção que é efetuada após a ocorrência de uma pane e é destinada a
recolocar um bem em condições de executar uma função requerida.
Todo serviço de manutenção corretiva, executado com a finalidade de efetuar,
2
FREQUÊNCIA EQUIVALENTE a qualquer tempo, o restabelecimento das condições normais de utilização dos
DE INTERRUPÇÃO POR
CONSUMIDOR – FEC: equipamentos, obras ou instalações, deve ser programado a fim de evitar trans-
tornos pela interrupção de energia. Dessa forma, esse tipo de manutenção recebe
É o número médio de
interrupções que cada o nome de manutenção corretiva programada.
consumidor do sistema
sofreu, no período Se o serviço de manutenção corretiva for executado com a finalidade de se
considerado.
proceder, de imediato, ao restabelecimento das condições normais de utilização
dos equipamentos, obras ou instalações, entendemos que se trata de manuten-
ção corretiva de emergência.
A manutenção preventiva é efetuada em intervalos predeterminados, ou de
acordo com critérios prescritos. Esse tipo de manutenção tem como objetivo re-
duzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um bem.
A manutenção preditiva permite garantir a qualidade desejada de serviço,
com base na aplicação sistemática de técnicas de análise, utilizando-se de meios
de supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir ao mínimo as ações
de manutenção preventiva e corretiva.
Nesse contexto, a manutenção em redes de distribuição permite obter maior
vida útil possível dos equipamentos e materiais que compõem um sistema elé-
trico, minimizando-se, assim, os recursos aplicados para o bom funcionamento
dos circuitos, reduzindo o número de interrupções, e tudo isso dentro das nor-
mas aplicadas às empresas distribuidoras de energia, regradas e fiscalizadas pela
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

As distribuidoras de energia elétrica têm que cumprir


normas estabelecidas pela ANEEL, no sentido de minimizar
as interrupções do fornecimento de energia elétrica,
SAIBA que se caracteriza como controle dos indicadores de
qualidade, como o DEC1 e o FEC2, ou seja, devem fazer o
MAIS gerenciamento das interrupções programadas e aleatórias.
Faça uma pesquisa junto à empresa distribuidora de
energia elétrica, na sua região, ou identifique, na sua conta,
os índices estipulados pela ANEEL.
3 MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA DE ENERGIA
27

A manutenção em RDA pode ser efetuada no sistema elétrico de duas formas:


a) Manutenção em RDA desenergizada – Linha Morta – LM
b) Manutenção em RDA energizada – Linha Viva – LV
É importante lembrar que existem vários tipos de inspeções, que se referem
ao trabalho, ao levantamento e registro das condições anormais de operação dos
equipamentos e instalações. Assim, as inspeções podem ser dos seguintes tipos:

Quadro 2 - Tipos de inspeções


Inspeção visual É uma inspeção feita a olho nu ou com auxílio de binóculo, visando
obter uma avaliação geral das condições das instalações das redes de
distribuição.

Inspeção visual regular É aquela feita nas condições descritas acima, a intervalos de tempo
regulares, obedecendo-se a uma programação predeterminada.

Inspeção visual de É aquela realizada, visualmente, logo após a ocorrência de desliga-


emergência mento transitório e ou sucessivo no sistema, visando ao isolamento de
trecho e ou do equipamento defeituoso da instalação.

Inspeção instrumental É uma inspeção feita com auxílio de instrumentos adequados, de caráter
minucioso e geralmente voltada para um problema específico de rede.

Destacamos que as inspeções instrumentais constituem uma importante fer-


ramenta para identificar defeitos que não são visíveis a olho nu.
O resultado por escrito dos dados colhidos da inspeção realizada é o Relatório
de Inspeção.
As manutenções mais comuns em RDA referem-se à substituição de equipa-
mentos, tais como:
a) isolador roldana ou amarração secundária, tangente e fim de linha;
b) isolador castanha, utilizando escada de extensão;
c) isolador de disco ou polimérico;
d) condutor de ligação do transformador à rede secundária;
e) condutor de ligação do transformador à chave fusível;
f ) conexão em fly-tap de cruzamento primário e secundário;
g) conexão da chave fusível à rede;
h) cordoalha em estai, poste a poste e contraposte;
i) emendas de condutores aéreos de redes convencionais e protegidas,
primário e secundário;
j) postes;
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
28

k) cruzetas;
l) ferragens e acessórios;
m) chave de faca ou chave fusível;
n) para-raios;
o) transformadores;
p) luminárias e lâmpadas em circuitos de Iluminação Pública – IP.
É importante lembrar que entendemos por equipamento o conjunto unitário,
completo e distinto, que exerce uma ou mais funções determinadas, quando em
funcionamento no sistema elétrico.

3.2 INSPEÇÃO INSTRUMENTAL

No âmbito das inspeções instrumentais, o termovisor digital é um equipa-


mento importante e amplamente utilizado nas atividades de manutenção, no
diagnóstico de aquecimento em pontos da rede de distribuição, tais como co-
nexões, emendas, parafusos frouxos, isoladores trincados com fuga de corrente e
chave de faca ou chave fusível com mau contato elétrico.
Os termovisores digitais detectam e interpretam a radiação infravermelha. Foi
desenvolvido para fins militares, quando era utilizado na detecção de inimigos,
em ambientes noturnos ou com fumaça, para aumentar a segurança dos atirado-
res. A tecnologia utilizada para sua criação desenvolveu-se e hoje é aplicada em
câmeras térmicas atendendo a outras áreas de atividades civis.
Sua aplicação na inspeção de redes de distribuição é indicada para o período
noturno com o objetivo de minimizar a influência da radiação solar, ou no horário
de pico do consumo de energia, pois, teoricamente, nessas condições há maior
circulação de corrente pela rede.
Enfim, estes equipamentos são muito importantes na detecção de falhas nas RDAs.
As vantagens vão desde a possibilidade de prever uma provável falha que po-
deria desligar a rede, tornando possível, desta forma, que sejam realizadas ma-
nutenções corretivas e preventivas. Isso resulta na diminuição do tempo gasto e
dos custos de manutenção e materiais, e na possibilidade de programar as manu-
tenções, melhorando os indicadores de qualidade DEC1. Veja a seguir um modelo
deste equipamento.
3 MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA DE ENERGIA
29

Figura 4 - Termovisor digital.


Fonte: SENAI - SP (2014)

As inspeções nas RDAs são feitas a olho nu ou com


VOCÊ binóculos, para detectar ou identificar defeitos, pois nem
sempre os defeitos nos materiais interferem de imediato
SABIA? ou prontamente no funcionamento de um componente, ou
diretamente no circuito, provocando seu desligamento.

As imagens resultantes de uma inspeção instrumental com a utilização do ter-


movisor permitem identificar os pontos da rede que necessitam de manutenção.
Veja, no quadro a seguir, imagens que foram extraídas de pontos defeituosos
da rede distribuidora.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
30

Quadro 3- Inspeção instrumental com a utilização do termovisor.

Chaves de faca Cabo de saída das buchas primárias do trafo


Note que a imagem apresenta tonalidades que vão desde o violeta até o amarelo, sendo
que os pontos em amarelo são os que apresentam maior aquecimento e necessitam de
manutenção. Perceba que, em ambas as situações apresentadas, chave de faca, cabo de
saída das buchas primárias do trafo, os pontos de maior aquecimento localizam-se nas
conexões.
A imagem ao lado revela aquecimento em
conexões aplicadas nos condutores da rede
distribuidora.
ponto de conexão dos cabos

Fonte: AES Eletropaulo (2014)

Os pontos avermelhados que você identifica nas imagens produzidas pelo ter-
movisor representam os pontos de aquecimento e, nesse caso, devem ser apli-
cados critérios adotados pelas distribuidoras de energia de cada região, para re-
alização das manutenções que envolvem substituição ou reaperto, ou não. Além
disso, deve ser elaborado relatório periódico que servirá para diagnóstico e acom-
panhamento da manutenção, pelos departamentos competentes.
3 MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA DE ENERGIA
31

CASOS E RELATOS

Inspeção de redes aéreas


Um técnico do sistema elétrico, atendendo à solicitação de sua gerência,
deixou sua base operacional e saiu a campo para inspecionar um circuito
primário de distribuição.
No local, fazendo uso do termovisor, ele conseguiu identificar um ponto
da rede com aquecimento, que não podia ser detectado por meio de ins-
peção visual.
Segundo a indicação do equipamento, o isolador estava com aquecimento
excessivo, mas, visualmente, ele não enxergava rachadura e nenhum as-
pecto que condenasse o equipamento. Diante disso, atendendo aos crité-
rios padronizados na sua empresa, anotou o defeito, informando pronta-
mente o setor responsável pela manutenção da rede.
Quando foram designados os eletricistas que iriam realizar a substituição
do isolador que apresentava defeito, aquele técnico fez questão de acom-
panhar os serviços, pois não acreditava que um defeito que não era visível
a olho nu pudesse ser encontrado na rede.
Ao retirar o isolador da rede, os eletricistas constataram que havia uma
pequena rachadura na sua parte superior, e isso impedia a sua identifi-
cação. Imediatamente, perceberam que aquela pequena rachadura iria
aumentar com o tempo, e, provavelmente, seria a causa de desligamento
naquele circuito, pois a corrente de fuga entre o condutor e o isolador havia
estabelecido um ponto de contato com a terra.
Esse foi mais um aprendizado para aquele técnico, que pode constatar a
importância de se realizar, periodicamente, inspeções instrumentais, nas
redes aéreas de distribuição.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
32

3.3 CLASSIFICAÇÃO NO ATENDIMENTO DE MANUTENÇÃO EM RDA


O atendimento de manutenção em RDA é classificado de acordo com os ní-
veis de importância das atividades. A classificação permite elaborar um progra-
ma de inspeção.
Para o conjunto das redes que servem a uma determinada localidade, a hierar-
quização deve responder à pergunta: Para quais redes de distribuição os recur-
sos de inspeção deverão ser prioritários?
É importante verificar qual é a importância da rede em questão. Isto será defi-
nido a partir de fatores como carregamento, faturamento, número de consumido-
res atendidos, existência de consumidores com prioridades para o atendimento e
classes de consumidores.
Os consumidores são classificados em A, B e C, de acordo com a função que
exercem e a importância socioeconômica que representam, conforme segue:
Consumidores A:
a) órgãos de imprensa;
b) central de processamento de dados;
c) hospitais com Unidade de Terapia Intensiva – UTI;
d) estações transmissoras de transportes aéreos;
e) indústrias especializadas;
f ) grandes centros comerciais e industriais.
Consumidores B:
a) hospitais;
b) bancos;
c) indústrias com fornos;
d) estações de tratamento de água;
e) estádios e ginásios esportivos.
Consumidores C:
a) residências em áreas urbanas;
b) residências em áreas rurais;
c) prédios comerciais;
d) prédios industriais.
3 MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA DE ENERGIA
33

3.4 PROGRAMAÇÃO DE INSPEÇÃO

A programação de inspeção para indicações executivas é desenvolvida anual-


mente pelas distribuidoras. Os critérios que indicam a necessidade de inspecionar
uma determinada rede resultam da avaliação dos indicadores de qualidade DEC1
e FEC2 dessa rede.
Muitas das manutenções realizadas em RDA são decorrentes de inspeções re-
alizadas periodicamente, sendo elas:
a) total: quando a averiguação é feita poste a poste;
b) setorial: nesse tipo de inspeção, são averiguados os componentes específi-
cos da rede de distribuição, como por exemplo, os da rede primária, da rede
secundária, ou os isoladores e conectores;
c) por amostragem: quando são vistoriados apenas alguns postes perten-
centes à amostra pré-selecionada, dentre o total de postes instalados na
rede de distribuição.
Ao ser realizada a inspeção das redes de distribuição, recomenda-se que os
relatórios referentes a ela contenham informações que permitam atingir os se-
guintes objetivos:
a) registrar, em termos quantitativos e qualitativos, os serviços a serem executa-
dos em decorrência das anomalias encontradas;
b) facilitar o controle e a correção das anomalias do sistema elétrico;
c) apropriar os custos da inspeção com relação à manutenção.
As inspeções periódicas realizadas em RDA constituem uma grande fonte de in-
formações que ajudam na determinação de meios preventivos, antes das ocorrências
dos desligamentos, os quais causam tantos transtornos e prejuízos às distribuidoras
e aos seus clientes. Vamos agora entender como ela deve ser realizada e quais itens –
materiais, ferragens e equipamentos – devem ser verificados numa inspeção.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
34

3.4.1 POSTES

Para cada material é necessário fazer uma verificação específica. Com relação
aos postes, é preciso inspecionar:

ASPECTOS A SEREM PROBLEMAS QUE PODEM


VERIFICADOS SER DETECTADOS
Os locais em que águas servidas ou de chuva Erosão do terreno
estejam corroendo perigosamente a base do
poste ou do contraposte

O alinhamento geral da posteação Fora de alinhamento

A condição do solo – um pouco acima e abaixo do Base deteriorada ou rachada devido ao apodreci-
nível do solo, +/- 30 cm, batendo com um martelo mento da madeira

A ferragem exposta e as possíveis corrosões Armadura exposta

Nos casos em que o poste não apresente condições operacionais e de segu-


rança, recomenda-se sua substituição. Convém registrar que, dependendo de sua
localização, ele poderá ser substituído também por razões estéticas.
Os postes abalroados, ou seja, aqueles que tenham sofrido colisão de veículos
ou que foram quebrados, sempre devem ser substituídos.

3.4.2 CRUZETAS

Quando houver cruzetas inclinadas ou deslocadas da posição normal, por falta


de mão francesa ou por outra causa, deve ser feito o registro dessa avaria para que
seja realizada a correção que, nesse caso, se refere ao nivelamento.
As cruzetas que apresentarem queimaduras extensas de raios, rachaduras, las-
cas ou sinais de apodrecimento, aparecimento das ferragens ou deformação na
estrutura quando forem de concreto, devem ser substituídas.

3.4.3 FERRAGENS

Quanto às ferragens, é importante observar se há oxidação, partes enferrujadas


e qual a extensão do problema, considerando-se a agressão, em menor ou maior
intensidade, ao meio ambiente. Se elas estiverem nessas condições – oxidadas, com
partes enferrujadas e agredindo o meio ambiente, devem ser substituídas.
Quanto à montagem das ferragens, é preciso observar se estão niveladas e
ou montadas corretamente, assim como se elas apresentam torções ou empenos
que indiquem a necessidade de substituição. Deve também ser verificada se há
ausência de peças ou se estão frouxas ou soltas.
3 MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA DE ENERGIA
35

3.4.4 ISOLADORES

Os isoladores que estiverem trincados, rachados, lascados, quebrados e cha-


muscados devem ser anotados, para que sejam substituídos. Além disso, deve ser
observada a existência de isoladores desenroscados, com pinos tortos ou oxida-
dos, sujos (poluídos) e com amarrações frouxas.

3.4.5 CONDUTORES

O estado dos condutores deve ser observado e, no caso de serem identifica-


dos fios partidos ou com escoriações, eles devem ser substituídos. É necessário
também verificar a forma com que foi realizada a amarração ao isolador e o nive-
lamento. Estes devem estar em acordo com as normas.

3.4.6 TENSIONAMENTO DE CONDUTORES

Quanto ao tensionamento dos condutores, verifique sempre:


a) as flechas (barriga) fora da especificação do projeto;
b) a proximidade de edificações, árvores ou qualquer outro objeto que possa
comprometer o fornecimento normal de energia;
c) as emendas de todos os tipos;
d) a distância das fases sobre travessias de rodovias, ferrovias e outros.

3.4.7 ATERRAMENTO

Nos aterramentos devem ser investigados os aspectos mecânicos da ligação à


terra e sua integridade física. A conexão do condutor de aterramento com a haste
ou eletrodo de terra, por ser profunda ou recoberta, não será feita nesta inspeção,
porém, a medição da resistência dessa conexão deve ser realizada.
Os itens a serem inspecionados no aterramento são os seguintes:
a) continuidade do circuito, ponto de conexão superior, ponto de conexão
com as hastes;
b) fixação do condutor terra na cruzeta e no para-raios;
c) nos casos em que a descida é externa ao poste de madeira, de concreto cir-
cular ou duplo T, é preciso verificar se a calha ou os eletrodutos de proteção
estão firmemente fixados ao poste.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
36

3.4.8 HASTE E CABO-GUARDA

Quanto às hastes e aos cabos-guarda, deve ser verificada se a fixação da haste


galvanizada ao poste está adequada. Além disso, é preciso analisar:
a) o aspecto do prensa-fio quanto aos apertos;
b) se a flecha do cabo está firme (não está bamba);
c) a integridade da ligação à terra.

3.4.9 ESTAIS

O estai deve ser ligado à terra. Essa ligação é feita unindo-se o estai ao neu-
tro secundário. Os conectores devem estar de acordo com padrões e projeto
da distribuidora.
Lembre-se de considerar o uso de pré-formados, conforme a técnica recomen-
dada. Qualquer não conformidade deverá ser anotada, bem como a proximidade
dos estais a condutores energizados.
Com relação aos estais, é preciso, ainda, verificar o tensionamento dos seus
cabos e o aperto dos prensa-fios ou das alças pré-formadas.

3.4.10 PARA-RAIOS

Nessa verificação, caso haja um para-raios com centelhador instalado na rede


de distribuição e este esteja danificado, deve ser substituído por um para-raios
polimérico sem centelhador.

3.4.11 CHAVE FUSÍVEL OU DE FACA

Na inspeção da chave fusível ou de faca, deve-se, inicialmente, observar:


a) a posição na cruzeta, inclusive quanto ao afastamento entre as chaves;
b) as condições da ferragem de fixação quanto à oxidação e sua sustentação;
c) a existência de parafusos frouxos, sem porcas ou arruelas.
Além disso, deve ser verificado o estado do cartucho porta-fusível e das cone-
xões, a condição de contato, a regulagem ou a existência de porcelana trincada,
chamuscada, suja ou quebrada.
3 MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA DE ENERGIA
37

No caso de chaves basculantes e do mecanismo de operação devem ser verifi-


cados os seguintes itens:
a) conexões;
b) isoladores;
c) contatos;
d) ferragens, porcas e chifres;
e) mecanismo de operação e fixação ao poste;
f ) cadeado;
g) ligação à terra.

3.4.12 TRANSFORMADORES

No caso de inspeção nos transformadores, analise:


a) as condições físicas das suas ligações;
b) o estado das buchas;
c) a presença de rachaduras e vazamentos;
d) a ligação da carcaça à terra;
e) as condições físicas da ferragem de fixação;
f ) a pintura;
g) a numeração.

3.4.13 REGULADOR DE TENSÃO

Vários itens do regulador de tensão devem ser checados, tais como:


a) o vidro do mostrador de conexões (taps);
b) o nível de óleo;
c) o para-raios;
d) as luzes indicadoras;
e) os ponteiros;
f ) o contador das operações.
Esteja atento a possíveis vazamentos que possam ocorrer pelas aletas de refri-
geração que podem ter sido perfuradas pela ferrugem e, também, se os cabos e
conexões estão ligados à terra de forma correta.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
38

3.4.14 CHAVE A ÓLEO

Na inspeção da chave a óleo, verifique se há vazamentos de óleo, avaliando


a estanqueidade à infiltração de umidade, a integridade das buchas primárias e
secundárias e os cabos e conexões de ligação à terra.

3.4.15 RELIGADOR

Na inspeção do religador, verifique:


a) o número de operações;
b) o aspecto da pintura;
c) a presença de ferrugem;
d) a integridade das buchas;
e) a condição dos cabos e conexões de ligação à terra;
f ) a posição da alavanca de operações.

3.4.16 SECCIONALIZADOR

Ao realizar a inspeção no seccionalizador, verifique:


a) o estado da pintura;
b) a presença de ferrugem;
c) a condição dos cabos e conexões de ligação à terra;
d) a integridade das buchas.

3.4.17 CAPACITOR

Para realizar a inspeção no capacitor, verifique a continuidade das ligações no


circuito primário, quanto a:
a) chave fusível;
b) capacitor;
c) para-raios;
d) cabos e conexões de ligação à terra.
Além disso, avalie também o aterramento da estrutura, a condição do suporte
dos capacitores e das buchas, o estado da pintura, a presença de ferrugem, a ocor-
rência de vazamento de óleo e se há estufamento da caixa (capacitor arredondado).
3 MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA DE ENERGIA
39

3.4.18 RAMAIS DE SERVIÇO

Ao realizar uma inspeção nos ramais de serviço, identifique:


a) se o cabo multiplex, está muito esticado ou formando dobra (flexo, do-
brado) no piso;
b) se há afastamentos mínimos, de acordo com as estruturas e as normas
operacionais;
c) se há necessidade de poda de ramos ou galhos de árvores;
d) se há necessidade de substituição dos condutores ou do cabo multiplex;
e) a integridade dos isoladores;
f ) a condição das conexões e emendas dos condutores de aterramento.

3.4.19 ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Na inspeção dos circuitos de IP, observe:


a) a integridade dos componentes;
b) a continuidade das ligações nas conexões e emendas;
c) o estado físico dos componentes;
d) a existência de ferrugem;
e) a ocorrência de maus contatos;
f ) componentes deteriorados;
g) a condição quanto à locação e posição dos componentes;
h) a situação do tempo: sol, chuva, céu encoberto coberto ou não;
i) se existem lâmpadas acesas durante o dia.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
40

3.4.20 FAIXA DE SERVIDÃO (FAIXAS SOB REDES OU LINHAS ELÉTRICAS)

Na inspeção das faixas de servidão, a atenção deve estar voltada à presença


ou proximidade de ramos, galhos, árvores, junto aos condutores. Se isso ocorrer,
a ocorrência do fato deve ser registrada para que sejam tomadas as providências
necessárias, conforme determinações superiores.
Nas áreas rurais ou nos terrenos com cultivo agrícolas, a altura das culturas
vivas e o empilhamento de vegetais secos sob as linhas de transmissão ou junto
aos postes que ofereçam perigo de fogo, são condições inseguras e, nesses casos,
os proprietários devem ser avisados ou advertidos, para que possam tomar as
providências de remoção.

3.4.21 SECCIONAMENTO DE CERCAS

Na inspeção desse item, devem ser verificadas se as cercas estão seccionadas e


se as ligações à terra foram feitas de acordo com os padrões.

3.4.22 CHAVE REMOTA

Nesse item de inspeção, verifique sempre a chave seccionadora e o cubículo


de controle.
3 MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO AÉREA DE ENERGIA
41

RECAPITULANDO

Neste capítulo vimos que, para manter a segurança da equipe e os equi-


pamentos em bom funcionamento, é preciso seguir vários procedimentos
que vão desde a identificação das normas e padrões até a execução do
serviço proposto na OS. Vimos também outros equipamentos importantes
que compõem a rede de distribuição de energia elétrica e as suas respecti-
vas técnicas de manutenção.
Além disso, ressaltamos que é fundamental ser atencioso e organizado,
selecionando corretamente os materiais e realizando, adequadamente, as
instruções transmitidas.
Vamos agora seguir nossos estudos, tendo sempre em mente que, para ser
um bom profissional nesta área, é fundamental conhecer os procedimen-
tos de segurança.
Levantamento e Diagnóstico
de Falhas em RDA

Os materiais, ferragens e equipamentos existentes nos longos percursos das redes entre-
laçadas de distribuição de energia elétrica são instalados de formas diferentes e devem ser
mantidos em boas condições. Em caso de ocorrerem falhas, defeitos ou mau funcionamento
deve-se proceder ao diagnóstico visando a reposição ou reinstalação nos pontos de substitui-
ção de acordo com manuais especializados.
Neste capítulo, abordaremos aspectos referentes ao diagnóstico e ações de correção das
falhas ocorridas em redes de distribuição. Assim, ao término, você será capaz de identificar os
tipos de construções e seus componentes e como devem ser feitas as manutenções dessas
redes, além de:
a) identificar os riscos de maior relevância na tarefa;
b) identificar os recursos materiais e humanos para a realização das atividades;
c) interpretar normas, procedimentos e manuais da distribuidora local;
d) registrar as anomalias encontradas;
e) selecionar ferramentas e locais adequados, visando à segurança individual e da equipe.
Bons estudos!

4.1 TIPOS DE REDES

Para que possamos saber como se faz o levantamento e diagnóstico de falhas, precisamos,
antes, conhecer quais são os tipos de rede e como elas se caracterizam.
Existem três tipos de redes:
a) rede convencional;
b) rede compacta;
c) rede que utiliza cabos pré-reunidos em AT.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
44

Vamos conhecê-las.

Quadro 4 - Tipos de redes e suas características


TIPOS DE REDE CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

Rede convencional • Postes de concreto, de madeira ou


de fibra
• Cruzetas de madeira ou aço
• Condutores (cabos e fios)
• Isoladores de porcelana e
poliméricos
• Alças e laços pré-formados
• Mãos-francesas e cintas de aço

Rede compacta • Postes de concreto ou madeira


• Suportes tipo L e tipo C em aço
• Condutores (cabos protegidos
mecanicamente)
• Isoladores de porcelana e
poliméricos

Rede compacta • Postes de concreto, de madeira, de


fibra ou metálico
• Suportes de ancoragem e acessóri-
os metálicos
• Condutores ou cabos isolados
eletricamente em AT
• Acessórios para estabilização, dis-
tanciamento e ancoragem dos cabos
• Isoladores, alças pré-formadas e
conectores

Fonte: SENAI - SP (2013)

Em todos os tipos de redes, é possível encontrar chaves seccionadoras, trans-


formadores, reguladores de tensão, religadoras automáticas e capacitores, porém,
o método de instalação é bem diferente entre elas, pois as estruturas apresentam
aspectos construtivos distintos.
4 LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM RDA
45

A aplicação de redes com aspectos construtivos diferenciados é justificável


quando são analisadas as causas das interrupções no fornecimento de energia
elétrica. Por exemplo, a rede compacta, ou spacer cable, é recomendada em tre-
chos que sofrem interferências com galhos de árvores. Já as redes compostas por
cabos pré-reunidos podem estar presentes em regiões com elevado índice de aci-
dentes com terceiros e que necessitam de cabos isolados eletricamente, ou em
trechos de saídas dos alimentadores das subestações.

4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS DOS DESLIGAMENTOS

Ao se realizar um trabalho visando ao levantamento e ao diagnóstico das fa-


lhas em RDA, observamos que, qualquer que seja o tipo de rede, vários podem ser
os motivos para os desligamentos dos circuitos alimentadores.
Apresentaremos uma lista, contendo, apenas, alguns dos defeitos que mais
ocorrem, para que você tenha uma ideia do que poderá encontrar no exercício da
sua profissão. Veja, então, quais são eles:
a) isolador quebrado, trincado ou fora do ponto de ancoragem;
b) cabo ou fio partido, desconectado, rompido ou apresentando mau contato;
c) conexão com defeito ou rompida;
d) medidor de energia queimado ou travado;
e) deterioração natural do material, ferrugem, apodrecimento ou mau contato;
f ) fio em contato com aterramentos, gerando curtos-circuitos fase a fase ou
fase à terra;
g) queda de raios na rede ou no sistema de distribuição;
h) oscilação da tensão devido a interferências externas, por exemplo, linhas
de transmissão, linhas paralelas induzidas ou sobrecargas;
i) queda de galhos de árvores;
j) abalroamentos.
Os defeitos típicos acontecem por motivos naturais, utilização inadequada, fa-
lha ou falta de manutenção, de aperto, de ajustes e outros.
Os fenômenos naturais tais como vendavais, ciclones, tempestades com raios
e outros, podem atingir direta ou indiretamente os componentes do sistema elé-
trico de distribuição de energia, e, como você pôde perceber, a RDA está sujeita
a interrupções imprevisíveis e acidentais que fogem do controle humano, apesar
dos critérios das manutenções executadas pelas distribuidoras e suas contrata-
das.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
46

Figura 5 - Fenômenos naturais - raios sobre a cidade.


Fonte: 123RF (2014)

Veja, no quadro a seguir, exemplos de defeitos encontrados na rede aérea que


ocasionaram seu desligamento.

Quadro 5 - Materiais, ferragens e equipamentos defeituosos


Conector tipo compressão foi atingido
por raio.

Cruzeta de madeira está deteriorada.

Fonte: SENAI - SP (2014)

Lembre-se de acessar o site ou consultar os manuais da


FIQUE empresa distribuidora de energia elétrica de sua região,
ALERTA para efetuar as manutenções na rede aérea de distribuição,
de acordo com os padrões vigentes.
4 LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM RDA
47

4.3 FORMAS DE INSPEÇÃO

As distribuidoras de energia elétrica tentam minimizar seus gastos para inspe-


ção nas RDA tornando-as periódicas. Para isso possuem departamentos especia-
lizados que priorizam e selecionam os circuitos alimentadores que necessitam de
manutenção, além de utilizar recursos em busca da excelência, desenvolvendo
pesquisas com colaboração acadêmica, a partir das quais, muitas vezes, desenvol-
vem-se projetos inovadores no mercado.
Podemos citar como exemplo de projeto e desenvolvimento da Companhia
Energética de Minas Gerais – CEMIG um tipo de inspeção que consiste em utili-
zar uma câmera acoplada num bastão de manobra ou vara telescópica, na qual
o operador visualiza em uma tela as condições físicas dos materiais, instalados
sobre as estruturas, nos postes. Após a verificação elabora-se um relatório com os
dados colhidos das seguintes estruturas:
a) isoladores;
b) amarrações;
c) alças pré-formadas;
d) ferragens;
e) chaves faca ou chaves fusíveis;
f ) cruzetas de madeira;
g) cabeças dos postes.
Outra tecnologia que vem sendo utilizada é uma espécie de ultrassom aplica-
do em postes de madeira, nas redes aéreas de distribuição da AES Sul Distribui-
dora Gaúcha de Energia S/A. O equipamento foi desenvolvido em parceria com a
empresa Electricité de France EDF, Instituto Federal Suíço de Tecnologia localiza-
do em Lausanne e com o Grupo de Engenharia de Madeira – CBS-CBT

Para saber como são efetuados os dados comparativos


SAIBA com os métodos tradicionais de determinação da vida útil
MAIS dos postes de madeira, pesquise na internet o assunto:
Inspeção não destrutiva em postes de madeira.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
48

4.4 MANUTENÇÃO PREVENTIVA

Como você estudou no capítulo 3, manutenção preventiva é todo o serviço


programado de controle, conservação ou restauração de instalações e equipa-
mentos, executado com a finalidade de mantê-los em condições de operação e
prevenir contra possíveis ocorrências que afetem o sistema elétrico nas suas ope-
rações de funcionamento normal.
Sendo assim, os serviços relacionados para substituição ou reparação, numa
situação de manutenção preventiva, devem seguir uma programação antecipada.
Vejamos, então, que tipos de serviços você poderá realizar quando ocorrer
uma manutenção preventiva:
a) substituir condutores, chaves faca, para-raios, isoladores, conectores, cruze-
tas, ferragens, postes, estais e outros equipamentos de distribuição;
b) refixar o condutor nos isoladores;
c) retensionar ou aliviar tensão mecânica em condutores;
d) relocar ou aprumar o poste ou o conjunto de postes;
e) renivelar cruzetas e equipamentos;
f ) remover ou afastar condutores ou equipamentos;
g) reapertar ou refazer conexões e emendas em condutores elétricos;
h) limpar, lavar e substituir isoladores de AT e BT;
i) podar galhos de árvores que estejam interferindo na rede de distribuição;
j) fazer roçada em área de servidão;
k) limpar faixa de servidão;
l) numerar ou renumerar equipamentos elétricos e dispositivos de proteção;
m) retirar objetos estranhos da rede (galhos, pipas e outros);
n) efetuar medições ôhmicas de resistências de aterramentos, em equipa-
mentos instalados na rede de distribuição.

4.4.1 PROGRAMAÇÃO DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA

Quando se programa a manutenção preventiva, devem ser gerados relatórios


a partir das inspeções que, por sua vez, qualificam e quantificam os serviços de
manutenção a serem realizados.
4 LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM RDA
49

Como as inspeções de campo atendem a uma programação, respeitando-se


as prioridades, o serviço de manutenção assume um caráter periódico, ou seja,
mensal, anual, dependendo da distribuidora.
Para a elaboração de um programa de manutenção preventiva, devem ser
considerados os seguintes itens:
a) os recursos disponíveis para manutenção;
b) as equipes de manutenção, que devem ser divididas em duas:
• equipes de linha morta ou rede desenergizada,
• equipes de linha viva ou rede energizada.

Figura 6 - Manutenção em linha morta.


Fonte: 123RF (2014)

A linha viva na manutenção tem sido utilizada como um recurso tático, pois
permite reduzir os desligamentos que trazem prejuízos ao consumidor e à ima-
gem da distribuidora. Por envolver custos elevados, os trabalhos de manutenção
preventiva em linha-viva devem ser executados, preferencialmente, nas seguin-
tes condições:
a) em redes que atendam aos consumidores com prioridades para o atendimento;
b) em alimentadores (circuitos troncos);
c) em redes que atendam a áreas importantes, em termos de densidade de
carga, número de consumidores e consumo.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
50

4.4.2 PERFIL DE CARGA DO SISTEMA

A manutenção preventiva deve ser feita em épocas nas quais se verifica a me-
nor demanda e consumo no sistema elétrico.
Os serviços como a poda de árvores e limpeza de faixas de servidão devem ser
efetuados de acordo com as condições climáticas e as normas das distribuidoras
regionais, estabelecendo-se o período, de comum acordo com os poderes públi-
cos.

4.4.3 DEFINIÇÃO DE HORÁRIOS PARA A MANUTENÇÃO

Na programação da manutenção preventiva devem, após estudos, ser defini-


dos os horários mais propícios para sua execução.
A manutenção sem desligamentos deve ser feita, preferencialmente, nos dias
úteis da semana, em horário comercial, evitando-se com isto a realização de horas
extras pelo pessoal.
Serviços de curta duração (1 a 2 horas), com desligamento, em áreas comer-
ciais ou industriais, devem ser executados, preferencialmente, antes do início das
atividades comerciais ou industriais da área afetada.
Serviços com maior duração (2 a 6 horas), com desligamento, em áreas co-
merciais ou industriais, devem ser executados, preferencialmente, aos sábados,
domingos ou feriados, no horário de menor carga.
Os serviços com desligamentos a serem executados em áreas estritamente
residenciais devem ser feitos nos dias úteis, nos horários de menor carga e não
devem ultrapassar o limite de tempo estabelecido pelas distribuidoras, que não
deve exceder ao definido pela ANEEL.
Os desligamentos para manutenção em um mesmo alimentador devem ser
preferencialmente espaçados em, pelo menos, 15 dias, o que favorece a imagem
da distribuidora perante o público.
Após coletados os dados da inspeção e devidamente analisados em conjunto
com os fatores de tempo definidos, o programa de manutenção preventiva pode-
rá ser estabelecido, devendo conter, basicamente:
a) o cronograma de atividades, a ser registrado em relatórios apropriados, de
acordo como plano de investimento de cada distribuidora;
b) a lista de material para requisição;
c) o custo estimado dos serviços de manutenção, sendo que essa estimativa
é feita considerando-se os custos dos materiais utilizados e da mão de obra
necessária, que são simulados via SGD e posteriormente orçados.
4 LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM RDA
51

4.4.4 EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO

Os relatórios para manutenção devem apresentar dados que permitam:


a) registrar e controlar as manutenções preventivas executadas;
b) relacionar as substituições dos materiais avariados;
c) calcular os custos de manutenção;
d) fornecer informações para o controle de qualidade do sistema de distribuição.

4.5 AVALIAÇÃO DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA

A partir dos resultados obtidos na inspeção, tenha sido ela visual ou com equi-
pamentos, a manutenção preventiva deve ser planejada de tal forma que não pre-
judique o funcionamento do sistema elétrico avaliado por meio de instrumentos
de controle, e que permita aferir a adequação dos programas, dos processos e
dos objetivos, evitando-se, assim, uma ação isolada, desordenada e pouco eficaz.

Figura 7 - Homem realizando manutenção preventiva.


Fonte: 123RF (2014)
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
52

Estes dados de controle devem constar em relatórios detalhados, de forma


que seja possível a indicação de medidas relativas à manutenção preventiva, ou
seja, que tipo de atuação deverá ser exercida sobre os diversos componentes do
sistema de distribuição, antes de sua queima ou defeito efetivo. Essas medidas
podem ser limpeza, complementação, reparo ou substituição dos componentes.

4.5.1 AVALIAÇÃO A PARTIR DE ÍNDICES E INDICADORES OPERACIONAIS

A avaliação dos resultados será feita pela comparação dos dados, para cada
tipo de rede de distribuição, dos valores obtidos para os índices e indicadores
operativos, nos períodos anterior e posterior à manutenção preventiva.
Para se efetuar essa avaliação, alguns aspectos devem ser atentamente obser-
vados:
a) os valores dos índices operativos obtidos por interrupções não programa-
das permitem avaliar, de uma forma aproximada, apenas os resultados da
manutenção. Para que estes resultados possam ser melhores avaliados, é
necessário que os índices informem, em detalhes, sobre a natureza das
falhas ocorridas no sistema de distribuição e, neste caso, sejam analisados
o nível de desempenho de materiais e instalações;
b) a taxa de falhas de materiais, dado ao seu caráter exclusivista no tocante ao
componente do sistema de distribuição, sob controle, constitui um instru-
mento de grande eficácia para a avaliação da manutenção;
c) dentre os agentes que atuam sobre a rede, alguns como galhos de árvores
e pipas são periódicos e, em geral, não são removidos em definitivo pela
manutenção preventiva;
d) os efeitos da manutenção preventiva em isoladores, postes, cruzetas e
conectores podem se estender por vários anos. Para evitar julgamentos
apressados, é necessário que os períodos de comparação sejam adequa-
dos. Neste caso, o espaço mínimo de três anos sucessivos é desejável para
a avaliação de resultados.

4.5.2 TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PARA ENERGIZAÇÃO E DESENERGIZAÇÃO


DOS CIRCUITOS

Quando se fala em desenergizar um circuito, muitas vezes se subentende que é ape-


nas desligar uma chave ou um disjuntor e prontamente o circuito está desenergizado.
Você concorda com esta afirmação?
4 LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM RDA
53

Logicamente que você responderá que não, pois já estudou todas as possíveis
formas de se energizar um circuito em AT e BT.
Em se tratando de redes de distribuição aérea – RDA, o nível de segurança
deve ser ainda maior, pois as intervenções estarão sendo realizadas diretamente
nas redes de AT e BT.
Assim sendo, vamos relacionar alguns itens de segurança, que devem, neces-
sariamente, ser seguidos com rigidez nas manutenções em RDA.
Conhecer com profundidade os procedimentos operacionais para a proteção,
operação e manutenção das redes de distribuição aérea, inclui saber realizar mui-
to bem as seguintes tarefas:
a) instalar e retirar o conjunto de aterramento temporário em rede de dis-
tribuição aérea primária, secundária e de iluminação pública;
b) fazer aberturas e manobras de chave faca e chaves fusíveis nos circuitos
primários, depois de ser treinado para isso;
c) ligar, medir e colocar em operação estações transformadoras;
d) identificar os defeitos em redes aéreas;
e) corrigir os defeitos em RDA.

FIQUE O circuito só será considerado desenergizado quando


estiver desligado, testado, aterrado (aterramento
ALERTA temporário), sinalizado e, quando necessário, bloqueado.

4.6 CUIDADOS NAS OPERAÇÕES COM TRANSFORMADORES ELÉTRICOS

Como você estudou em Fundamentos de Eletricidade, o transformador é uma


maquina estática, isto é, não se movimenta. Sua função é transformar o nível da
tensão, elevando ou rebaixando seu valor. Podemos dizer, portanto, que o trans-
formador tem a capacidade de aumentar ou diminuir uma grandeza elétrica de
acordo com sua característica de fabricação e de utilização.
Nele, há uma bobina primária, que recebe a alimentação de uma fonte de
energia e uma bobina secundária, que alimenta uma carga, quando ocorre uma
tensão em seus terminais.
Vamos analisar a seguinte situação hipotética: em um transformador trifásico,
que recebe alimentação de 13,2 kV da rede primária e fornece 127 V para a rede
secundária, foi encontrado um isolador roldana da rede secundária quebrado.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
54

Nesse caso, para realizar manutenção na rede secundária, substituindo o isola-


dor quebrado, devem ser abertas todas as chaves fusíveis que protegem o trans-
formador, pois, se houver uma energização acidental na rede secundária, os 127 V
farão gerar 13,2 kV no primário.
Em outras palavras, mesmo que a fonte de energia primária tenha sido des-
ligada, mantendo-se as bobinas secundárias do transformador ligadas na rede,
haverá a possibilidade de que um raio ou uma indução eletromagnética causem
a energização das buchas do secundário deste transformador. Se isso acontecer, a
rede primária ficará energizada com uma tensão alta.
A consequência disso é que, certamente, as pessoas que estiverem trabalhando
nesta rede primária se acidentarão, pois receberão descarga desta energia inversa.
Conhecendo esse exemplo, você deve ter consciência da importância do tra-
balho seguro, ter muita cautela e seguir todos os passos de segurança na energi-
zação e desenergização dos circuitos elétricos.

Todos os passos de energização e desenergização e as


SAIBA distâncias de segurança poderão ser consultados por você,
MAIS via site ou por meio físico, na norma NR-10 – Segurança em
Instalações e Serviços em Eletricidade.

4.6.1 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA ABERTURA DE ESTAÇÕES


TRANSFORMADORAS

Ao realizar a abertura de estações transformadoras, as seguintes etapas devem


ser obedecidas:
a) planejar a atividade a ser realizada e elaborar a APR;
b) sinalizar o veículo e o local de trabalho;
c) entrar em contato com o COD, comunicando a OS;
d) avaliar as condições dos transformadores e das estruturas, a fim de iden-
tificar cruzetas podres, chaves soltas ou frouxas, e confirmar se as chaves
possuem dispositivo para ancorar o LB;
e) iniciar a abertura das chaves, obedecendo ao procedimento de cada tipo
de estação transformadora;
f ) utilizar todos os EPIs e EPCs recomendados para este tipo de atividade;
4 LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM RDA
55

g) informar ao COD o horário de abertura da estação transformadora;


h) abrir os conectores de linha viva, se a estação transformadora foi aberta
para realização de qualquer tarefa na rede secundária;
i) verificar a ausência de tensão na rede;
j) aterrar o circuito.

Se existirem chaves fusíveis sem dispositivo para LB,


comunicar ao COD para que sejam tomadas as medidas
FIQUE cabíveis.
ALERTA
Não se pode abrir a chave ou o dispositivo de manobra
em carga.

4.6.2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA FECHAMENTO DE


ESTAÇÕES TRANSFORMADORAS

Ao realizar o fechamento de estações transformadoras, as seguintes etapas de-


vem ser obedecidas:
a) verificar se não há ninguém trabalhando na rede secundária ou em suas
proximidades;
b) verificar se quaisquer equipamentos ou ferramentas foram esquecidos na
rede secundária;
c) retirar conjuntos de aterramentos secundários e de Iluminação Pública – IP,
se houver;
d) iniciar o fechamento da estação transformadora;
e) utilizar vara de manobra ou telescópica com, no mínimo, 3 elementos;
f ) informar ao COD o horário de fechamento da estação transformadora;
g) finalizar tarefa em campo, procedendo conforme OS;
h) retirar sinalização da via e ou do canteiro, procedendo conforme especifi-
cado pela distribuidora local.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
56

4.6.3 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA SUBSTITUIÇÃO DE ELO


FUSÍVEL EM ESTAÇÃO TRANSFORMADORA

Na substituição de elo fusível em estações transformadoras, as seguintes eta-


pas devem ser obedecidas:
a) planejar a atividade a ser realizada e elaborar a APR;
b) sinalizar o veículo e o local de trabalho;
c) avaliar as condições do transformador e da rede secundária, a fim de identi-
ficar possíveis defeitos que possam ter causado a queima do elo fusível. Se
não for encontrado defeito na rede ou se o transformador não apresentar
sinais de buchas quebradas, de vazamento de óleo e de danos na carcaça,
o elo fusível poderá ser substituído;
d) informar ao COD e aguardar autorização para realizar a atividade, antes de
efetuar qualquer operação na rede;
e) retirar o cartucho com a utilização de vara de manobra e dispositivo an-
tiquedas de cartuchos;
f ) substituir o elo fusível queimado por um de capacidade de 2 H, instalar o
cartucho e fechar a chave. Aguardar 5 segundos e abrir novamente a chave.
É preciso ter muita atenção neste momento, pois a chave pode desarmar,
provocando um estouro que indica que o transformador está queimado.
g) retirar o cartucho, com a utilização de vara de manobra e com o dispositivo
antiquedas de cartuchos, e substituir o elo fusível por um de igual capacidade
do transformador, caso o elo fusível de 2 H não tenha desarmado o circuito;
h) instalar o cartucho com a utilização de vara de manobra e com o dispositivo
antiquedas de cartuchos;
i) fechar a chave com a utilização de vara de manobra e ponteira universal;
k) realizar a medição de tensão na rede secundária, após aguardar alguns
instantes do fechamento da chave;
l) informar ao COD, quando a estação estiver na normalidade de funcionamento,
Após o desligamento do circuito e realização do teste para verificação da au-
sência de tensão, deve-se efetuar o aterramento temporário, no mínimo em dois
pontos da intervenção para manutenção. Após a apresentação do caso a seguir,
vamos detalhar esses procedimentos.
4 LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM RDA
57

CASOS E RELATOS

Aterramento temporário salva vida de eletricista


Marco Antonio, eletricista experiente, trabalha há sete anos em uma con-
ceituada empreiteira prestando serviços de manutenção nas redes aéreas
de distribuição na região sul do nosso país.
Em uma das diversas atuações em RDA, ele se deparou com uma situação
inesperada, pois o trecho da rede secundária na qual realizava manuten-
ção foi subitamente energizado, durante uma descarga atmosférica (raio)
que surpreendeu a todos os colaboradores envolvidos nos serviços de ma-
nutenção.
O raio envolveu as redes primária e secundária, porém, os fusíveis da chave
que protegiam o transformador estavam abertos, bem como as conexões
de saída para a rede secundária. Além disso, os conjuntos de aterramento
temporário estavam instalados de forma que garantiram o escoamento
dessa energia indesejável para a terra, de forma eficaz, isolando os fun-
cionários que faziam o serviço de uma descarga elétrica, que provavel-
mente seria fatal.
Marco Antonio e seus colegas de trabalho sentem orgulho em relatar o
ocorrido, pois seguiram os procedimentos operacionais estipulados pela
distribuidora de energia elétrica e, até hoje, continuam prestando seus
serviços com toda a segurança que um profissional dessa área deve adotar.

4.7 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA INSTALAÇÃO DE


ATERRAMENTO TEMPORÁRIO

Na instalação dos conjuntos de aterramentos temporários devem ser observa-


dos os seguintes procedimentos:
a) identificar o ponto de instalação do aterramento temporário no plane-
jamento ou documentá-lo na APR, de acordo com o ponto de trabalho;
b) planejar a instalação dos conjuntos de aterramento temporário nos postes
adjacentes. Quando isso não for possível, deve-se instalá-los a, pelo menos,
3,5 m do ponto de trabalho;
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
58

c) confirmar a ausência de tensão nos condutores a serem aterrados, da


seguinte maneira: com o detector de tensão, efetuar verificação de ausên-
cia de tensão em cada fase, certificando-se de que o circuito encontra-se
desenergizado;
d) nas redes secundária e primária, seguir a instalação do aterramento tem-
porário do neutro para as fases;
e) na retirada do aterramento, deve-se seguir a situação inversa da instalação,
ou seja, das fases primeiramente e por último o neutro ou a haste auxiliar.

A instalação deve-se iniciar pelo aterramento temporário da


VOCÊ rede secundária, pois a tensão é relativamente baixa em RDA,
e o primeiro condutor a ser afixado é o neutro. Para os casos
SABIA? em que não houver condutor neutro, a ligação deve ser
efetuada com o auxílio de hastes de aterramento.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos como executar a inspeção e fazer diferentes manuten-


ções, dependendo do tipo de equipamento e do estado em se encontra.
Vamos agora seguir nossos estudos tendo em mente que para ser um profis-
sional nesta área é necessário conhecer os procedimentos de manutenção
de forma a eliminar ou minimizar riscos.
4 LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM RDA
59

Anotações:
Utilização de Escadas
Extensíveis e Veículo com Cesto
Aéreo para Manutenção de RDA

Já estudamos sobre escadas de extensão e os cuidados que são necessários tanto na insta-
lação como nas ancoragens desses materiais em postes circulares, quadrados, duplo T e outros
tipos. Neste capítulo, avançaremos neste estudo sobre escadas extensíveis e o uso de veículos
com cesto aéreo. Ao término, você será capaz de:
a) separar materiais, ferramentas e equipamentos para montagem da obra;
b) separar equipamentos EPIs e EPCs e ferramentas para testes;
c) sinalizar toda a área de trabalho;
d) selecionar local adequado para estacionar o veículo, sinalizando e demarcando-o;
e) selecionar normas e padrões de acordo com o serviço proposto.

Bons estudos!

5.1 ESCADAS DE EXTENSÃO

Quando a escada for posicionada em postes ou fachadas, deve ser mantida uma abertura
na sua base de, aproximadamente, ¼ de sua altura.
As escadas devem ser apoiadas em postes, cruzetas, suportes e fachadas, e devidamente
amarradas. Se não for possível amarrá-las, um auxiliar deve permanecer segurando-as em sua
base para dar estabilidade.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
62

Figura 8 - Posicionamento da escada em relação ao poste.


Fonte: SENAI - SP (2014)

Para cada tipo de atividade há modelo de escada. Como no ramo de RDA são
realizados vários tipos de trabalhos, temos que selecionar, considerando-se a Ta-
bela 1, qual é a escada mais apropriada para cada atividade.

Tabela 1 - Modelos de escadas de madeira e suas especificações técnicas


MODELO COMPRI- COMPRIMEN- QUANTI- PESO MÁXI- COMPRIMEN-
MENTO DA TO DA SEÇÃO DADE DE MO CALCU- TO MÍNIMO
ESCADA (M) (M) DEGRAUS LADO (KG) DA CORDA
(M)
Extensão 6,3 3,9 23 36 11
7,5 4,5 27 40 13
8,7 5,1 321 45 15
10,5 6,0 37 52 18
13,2 7,5 47 65 23
Singela 3,0 9 12
4,5 14 18
Fonte: Manual AES Eletropaulo
5 UTILIZAÇÃO DE ESCADAS EXTENSÍVEIS E VEÍCULO COM CESTO AÉREO PARA MANUTENÇÃO DE RDA
63

Em alguns casos, deve-se efetuar a estabilização com ancoragem inferior das


escadas nos postes, como apresentado na Figura 9.

Figura 9 - Ancoragem inferior de escada em poste.


Fonte: SENAI - SP (2014)

5.2 OPERAÇÕES DE VEÍCULO COM CESTO AÉREO

As atividades de manutenção em RDA podem ser executadas com o auxílio de


um veículo com cesto aéreo, ao invés de utilizar uma escada extensiva. Em vias
e ruas ou nas atividades corriqueiras do dia a dia que permitam manobras com
esses tipos de veículos, a manutenção torna-se mais rápida e segura.
Por exemplo, na substituição de uma lâmpada em iluminação pública, o eletri-
cista terá que utilizar um cesto aéreo ou uma escada giratória em veículo.
Os veículos devem ser de pequeno porte, pois sua locomoção e acesso por
determinadas vias, muitas vezes não comportam veículos de grande porte.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
64

Figura 10 - Caminhão de pequeno porte com cesto aéreo.


Fonte: SENAI - SP (2014)

O veículo com cesto aéreo é uma equipamento hidráulico


e foi desenvolvido para posicionar o profissional nos
pontos de trabalho acima do solo, em serviços de redes de
FIQUE distribuição aérea, energizadas ou desenergizadas.
ALERTA
Portanto, o profissional deve ser treinado nas operações
deste equipamento, antes de efetivamente executar
as tarefas.

Vamos relembrar alguns procedimentos de operação com o veículo e seus


acionamentos

5.2.1 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Na execução de serviços utilizando-se veículo com cesto aéreo, devem ser se-
guidos procedimentos operacionais adequados. Assim sendo, é necessário:
a) posicionar o veículo, aplicando-se o código de trânsito brasileiro;
b) acionar o freio de estacionamento (breque manual) e instalar os calços nos pneus;
c) sinalizar o canteiro de trabalho, utilizando cones, fitas refletivas e bandeirolas,
distribuindo-os ao redor do veículo e do local determinado. Isto deve ser feito
para assegurar e preservar a integridade física de eletricistas e transeuntes;
5 UTILIZAÇÃO DE ESCADAS EXTENSÍVEIS E VEÍCULO COM CESTO AÉREO PARA MANUTENÇÃO DE RDA
65

d) colocar em funcionamento os equipamentos hidráulicos, verificando o


manual do equipamento, antes dessa operação;
e) identificar, na cabine, a alavanca correspondente à tomada de força, ligá-la
ao mesmo tempo em que o câmbio é mantido em ponto neutro e pisar na
embreagem. Isto é feito para ligar o sistema hidráulico;
f ) localizar e acionar as devidas alavancas dos estabilizadores traseiros;
g) abaixar ou levantar as alavancas, de acordo com a necessidade, tocando a
base do estabilizador no solo, aliviando a carga sobre os pneus;
h) retirar cintas e proteções existentes no braço e no cesto;
i) posicionar-se dentro do cesto, utilizando cinto de segurança e acoplá-lo à
argola no braço do cesto;
j) fazer a identificação das alavancas de acionamento, tais como, giro, subida
e descida;
k) iniciar o acionamento de subida, giro e posicionar-se, para a execução dos
serviços;
l) após o termino das tarefas, efetuar os comandos inversos: recolher os esta-
bilizadores, retirar os calços dos pneus e recolher os EPCs de sinalização.

Figura 11 - Estabilizadores (sapatas do sistema cesto aéreo).


Fonte: SENAI - SP (2014)
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
66

Figura 12 - Sistema de alavancas de acionamento hidráulico.


Fonte: SENAI - SP (2014)

FIQUE O profissional deve ser treinado e consultar o manual do


fabricante, nas operações deste equipamento, antes de
ALERTA efetivamente executar as tarefas.

5.3 CAMINHÃO COM BRAÇO HIDRÁULICO OU GUINDAUTO

Os caminhões com esse tipo de acionamento são equipamentos hidráulicos,


instalados em autos e destinados à movimentação de cargas. Os operadores de-
vem, necessariamente, possuir cursos específicos (de especialização) para realizar
serviços com esse equipamento.
As operações mais comuns, realizadas com caminhão com braço hidráulico,
são: instalações de postes, de geradores, de transformadores, de capacitores e
outras cargas, dependendo do tamanho e peso.

Nas operações de equipamentos hidráulicos, a questão


FIQUE de segurança deve estar de acordo com normas,
ALERTA manuais, procedimentos técnicos dos fabricantes e das
distribuidoras locais, e normas de utilização de EPIs e EPCs.
5 UTILIZAÇÃO DE ESCADAS EXTENSÍVEIS E VEÍCULO COM CESTO AÉREO PARA MANUTENÇÃO DE RDA
67

Relembre o guindauto na na figura a seguir:

Figura 13 - Guindauto.
Fonte: SENAI - SP (2014)

5.4 CAMINHÃO COM ESCADA CENTRAL GIRATÓRIA E ESCADAS REMOVÍVEIS

O caminhão para uso específico em atividades aéreas, com uma altura limite
de, aproximadamente, 12 m, possui uma escada extensível central fixa, com base
giratória e duas escadas extensíveis transportáveis, uma de cada lado do veícu-
lo, para serviços fora da ação do veículo. Lateralmente, contém compartimentos
para armazenamento de materiais, ferramentas, EPIs e EPCs.
Os tipos de atividades desenvolvidas com esse tipo de caminhão, contendo
escada central e escadas removíveis, são:
a) atendimentos emergenciais em redes primárias e secundárias de energia;
b) manutenção em iluminação pública;
c) abertura e fechamento de chaves e de equipamentos em redes de distribuição;
d) atendimento a consumidores residenciais e industriais.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
68

Figura 14 - Escada no caminhão.


Fonte: SENAI - SP (2014)

Figura 15 - Caminhão com escadas laterais.


Fonte: SENAI - SP (2014)
5 UTILIZAÇÃO DE ESCADAS EXTENSÍVEIS E VEÍCULO COM CESTO AÉREO PARA MANUTENÇÃO DE RDA
69

5.5 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO, PRESERVAÇÃO DO MEIO


AMBIENTE E CONSERVAÇÃO DE FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS

Nos trabalhos executados em altura, como em escadas ou com cestos aéreos,


existe uma grande chance da ocorrência de um acidente, pois os eletricistas ficam
expostos a riscos de choque elétrico e ergonômicos, ao frio e calor, ao tráfego de
veículos, a quedas de materiais e objetos, atingindo terceiros ou o próprio com-
panheiro de trabalho.
Assim sendo, todas as atividades devem ser executadas com atenção, os en-
volvidos treinados e, indiscutivelmente, devem estar com seus EPIs dentro das
normas de segurança e os EPCs relativos a cada tipo de tarefa devem estar devida-
mente posicionados. Além disso, ao início de cada atividade, devem ser seguidas
as rotinas de planejamento – APR e os posicionamentos, e deve ser mantido con-
tato com o COD, caso necessário. Enfim, esses procedimentos devem fazer parte
da atividade de manutenção em RDA.
Como você já percebeu, para a simples abertura de uma chave há um longo
caminho a ser percorrido. Isso significa que realizar um trabalho com eficiência e
preservar sua segurança e integridade física dependem de você, de suas atitudes
– realizando atos seguros – e dos equipamentos e materiais utilizados – manten-
do as condições seguras de trabalho.
Podemos afirmar que, no exercício de qualquer profissão, sempre haverá ris-
cos envolvidos, em maior ou menor proporção, dependendo do nível de comple-
xidade da execução, tanto para quem desempenha a função como para quem
compartilha espaços comuns com o profissional.
As preocupações na execução de trabalhos em RDA, sob estes aspectos refe-
rentes à Saúde e Segurança do Trabalho, são entendidas como um conjunto de
indicações e medidas a serem observadas, que visam minimizar os acidentes de
trabalho e as doenças ocupacionais dos profissionais que atuam nessa área, bem
como proteger a integridade física e psíquica dos trabalhadores, levando-se em
consideração algumas doenças ocupacionais que podem afetar as pessoas que
atuam nesta área.
Nos levantamentos e nas aplicações diárias dos riscos que podem ser preveni-
dos e evitados, inclusive para as APRs, podemos citar as seguintes ações:
a) identificação das condições de segurança para execução do projeto;
b) identificação dos riscos inerentes à manutenção das redes de distribuição;
c) identificação dos riscos do uso da eletricidade e suas manobras;
d) utilização de ferramentas e equipamentos corretos para execução de
cada atividade;
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
70

e) comunicação de forma correta e segura;


f ) seleção e utilização dos EPIs e EPCs para execução das manobras e abertura
de circuitos em RDA;
g) limpeza e conservação dos equipamentos de segurança e ferramentas;
h) limpeza e recolhimento dos dejetos e detritos remanescentes da utilização
nas tarefas, aplicando os conhecimentos adquiridos em preservação do
meio ambiente.

5.6 PODAS DE VEGETAÇÃO EM MANUTENÇÃO DE RDA

As árvores fazem parte das nossas vidas, são importantíssimas ao planeta, po-
rém, em áreas de distribuição urbana, muitas vezes elas são as causas diretas de
desligamento de circuitos elétricos.
O eletricista de manutenção em RDA e seu auxiliar executam poda de galhos
ou ramos de árvores que estejam interferindo nas redes elétricas. Assim sendo, as
distribuidoras de energia elétrica possuem autorização prévia das prefeituras e
dos órgãos competentes, para podar a vegetação que está interferindo direta ou
indiretamente nas RDAs, tanto para efetuar esta poda como para fazer a conten-
ção de vegetações.

5.6.1 ATIVIDADES DE SUPRESSÃO OU CORTE DE VEGETAÇÃO

Antes de realizar a atividade de poda de árvores, todo colaborador deve:


a) ser treinado em curso específico para poda de vegetação;
b) ser treinado para operação de equipamentos hidráulicos – cesto aéreo e
guindauto;
c) ser treinado em todos os cursos exigidos pela Segurança do Trabalho, para
este tipo de atividade;
d) ser capacitado para manusear equipamentos e ferramentas utilizados na
atividade, tais como motosserra, equipamentos hidráulicos para podas de
galhos e equipamentos a serem acoplados no cesto aéreo;
e) identificar, separar e utilizar ferramentas e equipamentos para poda de
vegetação nas áreas de servidão;
f ) efetuar e aplicar as APRs;
g) ser treinado para aplicar os primeiros socorros quando ocorrer ataque por
insetos ou por animais peçonhentos;
5 UTILIZAÇÃO DE ESCADAS EXTENSÍVEIS E VEÍCULO COM CESTO AÉREO PARA MANUTENÇÃO DE RDA
71

h) aplicar técnicas de supressão ou corte de vegetação de forma padronizada,


referenciada em manuais da distribuidora local;
i) preencher formulários ou relatórios de execução ou não execução de po-
das de árvores em redes urbanas ou rurais;
j) efetuar, de forma correta, o recolhimento e destinação dos resíduos das po-
das de árvores.

Para as atividades de supressão ou derrubada de árvores,


roçada, capina química, abertura de faixas de segurança
FIQUE e poda de árvores, a equipe deve ter, em campo, a
ALERTA autorização do órgão competente e fiscalizador.
Para utilização de motosserra o operador deverá ser
capacitado, habilitado e treinado.

5.6.2 A LEGISLAÇÃO

Obedecendo-se à legislação, a autorização para uso de motosserra deve estar em


campo no momento de seu uso. Em caso de realização de poda emergencial a au-
torização para esse procedimento, emitida por órgão competente, não será exigida.

Figura 16 - Poda com motosserra


Fonte: 123RF (2014)
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
72

Os resíduos, tais como galhos, folhas e troncos menores, devem ser recolhidos
do local da poda, armazenados em caminhão apropriado e levados para local de-
signado pela empresa responsável pela poda de galhos de árvores.
O simples fato de remanejar os detritos e despejá-los em locais não apropriados
para este fim (terrenos, margem de rios, ruas desertas) constitui crime ambiental,
que será de responsabilidade do executor e de seus mandantes (empresa).
As áreas ambientalmente protegidas são áreas de interesse público e ou priva-
do, criadas por instrumentos legais, com o principal objetivo de garantir a preser-
vação ambiental no âmbito dos recursos naturais. Abrangem áreas como: terras
indígenas, áreas de proteção aos mananciais, áreas de interesse científico, histó-
rico, arqueológico, espeleológico (em cavernas), de manifestações culturais ou
etnológicas da comunidade, definidas em legislação específica.
As atividades de manutenção do sistema elétrico (corretiva ou preventiva) re-
alizadas nas Áreas Ambientalmente Protegidas são passíveis de autorização dos
órgãos ambientais competentes.
Aplica-se a norma NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais-
PPRA portaria n.º 3.214 de 08 de junho de 1978, e suas atualizações, preveem, em
seu primeiro item, como segue:

9.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece a obriga-


toriedade da elaboração e implementação, por parte de todos
os empregadores e instituições que admitam trabalhadores
como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais – PPRA, visando à preservação da saúde e da in-
tegridade dos trabalhadores, através da antecipação, recon-
hecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de
riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambi-
ente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio
ambiente e dos recursos naturais.

SAIBA O edital completo desta norma você encontra no site


MAIS www.mte.gov.br – portal segurança no trabalho – NR-9.
5 UTILIZAÇÃO DE ESCADAS EXTENSÍVEIS E VEÍCULO COM CESTO AÉREO PARA MANUTENÇÃO DE RDA
73

5.7 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

Na manutenção de RDA, muitas vezes na retirada de componentes dos circui-


tos, o eletricista precisará saber sua classificação; relembre, portando, o que já foi
estudado em Fundamentos de Redes de Distribuição.
A classificação dos resíduos é definida segundo sua periculosidade. Nesse caso
dos resíduos, as classificações são:
a) resíduos perigosos – classe I;
b) resíduos não perigosos – classe II.
Dentro da classe II há também uma subdivisão em resíduos não inertes –
classe II A e resíduos inertes – classe II B.
Os resíduos não inertes são aqueles não classificados como perigosos, po-
rém, podem reagir com o meio, tornando-se combustíveis, biodegradáveis ou
solúveis em água.
Nesse caso, devemos tratá-los de forma especial, impedindo-os de gerar impac-
tos ambientais, tais como a contaminação de fontes ou dos cursos de água, ou, ain-
da, evitando que se tornem combustíveis, no caso da ocorrência de um incêndio.
A periculosidade do resíduo é definida levando-se em consideração se ele é in-
flamável, corrosivo, reativo (instável ou capaz de gerar misturas perigosas, quando
em contato com água ou com outra substância comum ao meio no qual é empre-
gado), tóxico ou patogênico (capaz de contaminar pessoas fazendo-as adoecer).
Em quaisquer desses casos, devemos tomar as medidas cabíveis para o correto
manuseio, separação ou segregação, acondicionamento e transporte dos resídu-
os, evitando os impactos ambientais que eles possam gerar.

Dentre os resíduos de equipamentos elétricos que podem


conter elementos que contaminam o meio ambiente estão
VOCÊ os óleos de transformadores, de capacitores e de todos os
SABIA? demais tipos (inclusive os comestíveis), as tintas e vernizes
utilizados nas pinturas de equipamentos para RDA, as
lâmpadas e reatores utilizados em iluminação pública.
MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
74

CASOS E RELATOS

Explosão de lâmpada em iluminação pública


José é um eletricista experiente que trabalha em uma distribuidora de
energia, designado para atividades de Iluminação Pública de uma zona
urbana local.
Como fazia todos os dias, ele e seu auxiliar saíram da base com o veículo,
para atender às várias OS, na manutenção de IP, no período noturno.
Ao chegar ao local de trabalho, após efetuar todos os procedimentos cor-
riqueiros da atividade, posicionou-se no veículo com cesta aérea para de-
tectar defeito numa das lâmpadas de IP, pois ela não estava funcionando.
Estava utilizando os EPIs, inclusive o óculos de proteção, e, ao tocar na lâm-
pada que estava apagada, porém com o circuito energizado, ela explodiu,
estilhaçando os vidros que atingiram seu rosto. Como ele estava utilizando
óculos de segurança, teve apenas alguns ferimentos leves.
Felizmente, neste caso, o profissional não sofreu grandes transtornos,
porém, o circuito deveria ter sido desenergizado, para que fosse feita a in-
tervenção. Muitas vezes, com pressa de resolver o problema, o profissional
se esquece ou ignora os procedimentos de segurança, podendo sofrer
graves consequências em razão de acidentes.

RECAPITULANDO

Neste capítulo vimos como utilizar os cestos aéreos e ou as escadas, de


forma segura, cumprindo as tarefas designadas nas ordens de serviço, para
manutenção ou instalação de redes elétricas. Além disso, estudamos como
realizar trabalhos de poda, levando em conta os aspectos relativos à segu-
rança e à preservação do meio ambiente.
Vamos agora seguir nossos estudos, tendo em mente que para ser um
profissional nesta área é fundamental conhecer os procedimentos de ma-
nutenção para garantir a qualidade na execução das tarefas.
5 UTILIZAÇÃO DE ESCADAS EXTENSÍVEIS E VEÍCULO COM CESTO AÉREO PARA MANUTENÇÃO DE RDA
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Anotações:
REFERÊNCIAS

AES ELETROPAULO S/A. Manual de Construção e Manutenção de Redes de Distribuição Aérea – 2011.
AES ELETROPAULO S/A. PD-4.001 - Padrão Técnico da Distribuição em Redes de Distribuição
Aérea Urbana – 15 kV Aérea, 2006.
BRASIL. NBR-15230 – Rede de distribuição de energia elétrica - Compartilhamento de
infraestrutura com redes de telecomunicações. Esta versão corrigida da ABNT NBR 15214:2005
incorpora a Errata 1 de 11.12.2006. Confirmada em 06.01.2011.
BRASIL. NBR-15688 – Redes de distribuição aérea de energia elétrica com condutores nus. Esta
versão corrigida da ABNT NBR 15688:2012 incorpora a Errata 1 de 16.04.2013.
CENTRAIS ELÉTRICAS DO PARÁ S/A - CELPA. Manual de Construção e Manutenção de Redes de
Distribuição Aérea – Centrais Elétricas do Pará – CELPA, 2011.
COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS - CEMIG: Especificação Técnica: Critérios de
Inspeções Aéreas em Redes de Distribuição Urbanas e Rurais. Belo Horizonte/ MG, abril/2005.
COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS - CEMIG: Especificação Técnica: Critérios de
Inspeções Terrestres em Redes de Distribuição Urbanas e Rurais. Belo Horizonte/ MG,
dezembro/2007
COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS – CEMIG. Procedimento Operacional Padrão:
Inspeção de Cruzetas de Madeira em Redes de Distribuição Urbanas e Rurais. Belo Horizonte/
MG, dezembro/2006
COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA – COPEL, Manual de Instruções Técnicas, 2ª
versão. setembro/2011.
COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ – CPFL. Manual de Construção e Manutenção
de Redes de Distribuição Aérea, 2012.
Norma Regulamentadora – 9. Disponível em:< http://www.mte.gov.br/Nr-9>. Acesso em: 12
nov.2013.
Inspeção filmada de Redes. Disponível em:<http://www.abraman.org.br/Arquivos/129/129.
pdf>. Acesso em: 20 nov.2013.
Inspeção termográfica. Disponível em:< http://www.abraman.org.br/Arquivos/144/144.pdf>.
Acesso em: 02 dez.2013.
Norma NDU_001. Disponível em:<http://www.vksengenharia.com.br/normas/ndu_001.pdf>.
Acesso em: 05 fev.2013.
MINICURRÍCULO DO AUTOR

ADILSON SANTO CRIVELLARO


Adilson Santo Crivellaro é engenheiro eletricista, pós-graduado em Administração de Empresas e
Engenharia de Segurança no Trabalho, especialista em Treinamentos na área de Energia. Atua desde
1994 como instrutor do SENAI SP, em treinamentos sobre Redes de Distribuição Aérea (RDAs) de
energia elétrica em circuitos energizados da classe 15 kV e em circuitos desenergizados. Tais treina-
mentos foram direcionados à capacitação de profissionais de empresas prestadoras de serviços e das
concessionárias de energia elétrica de São Paulo: AES Eletropaulo, Bandeirante Energia, CPFL, EDP.
Em 2002, participou do projeto Energia Brasil, do SENAI DN, que teve foco na eficiência energética e
no empreendedorismo. É membro do Comitê de Energia e Eficiência Energética do Setor Elétrico do
SENAI SP e do Comitê de Desenvolvimento do Curso de Aprendizagem Industrial (CAI) – Eletricistas
de Redes de Energia do Sindicato das Concessionárias de Energia Elétrica do Estado de São Paulo,
representado pelo SINDI Energia. Atualmente, é conteudista do curso de qualificação profissional de
Eletricista de Redes de Distribuição de Energia Elétrica do Programa Nacional de Oferta de Educação
Profissional a Distância (PN-EAD) do SENAI DN.
ÍNDICE

D
Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor – DEC 26, 28, 32

F
Frequência Equivalente de Interrupção por Consumidor – FEC 26, 28, 32

T
Fissura ou rachadura 23
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DE SÃO PAULO

Walter Vicioni Gonçalves


Diretor Regional

Ricardo Figueiredo Terra


Diretor Técnico

João Ricardo Santa Rosa


Gerente de Educação

Marta Dias Teixeira


Supervisão de Meios Educacionais

Henrique Tavares de Oliveira Filho


Silvio Geraldo Furlani Audi
Coordenação do Desenvolvimento dos Livros

Adilson Santo Crivellaro


Elaboração

Paulo Mack
Revisão Técnica

Margarida Maria Scavone Ferrari


Design Educacional

Juliana Rumi Fujishima


Ilustrações

Adilson Damasceno
Juliana Rumi Fujishima
Naôr Victório Lima
Tratamento de imagens

Adilson Damasceno
Fotografia

SENAI-SP
Editoração
Margarida Maria Scavone Ferrari
Revisão Ortográfica e Gramatical

i2
Naôr Victório Lima
Diagramação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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