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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIEURO

PÓS-GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E DIREITOS HUMANOS

ABINAEL ALVES DA SILVA

AGENTE DE SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS

Brasília, março/2009
ABINAEL ALVES DA SILVA

AGENTE DE SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso

de Pós Graduação em Segurança Pública e Direitos

Humanos como requisito parcial para a aprovação no

Centro Universitário UNIEURO.

Orientador (a): Prof. Dr. José Deoclesiano de Siqueira

Junior

Brasília, março/2009.
Dedico este trabalho a meus

familiares e amigos que me incentivaram

em todos os momentos deste trajeto.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que colaboraram para a elaboração desse trabalho, aos

amigos de sala de aula, aos professores e ao orientador Profº Dr. José Deocleciano de Siqueira

Junior.
RESUMO

A finalidade deste trabalho é identificar qual é o perfil do agente de segurança

de dignitário e conhecer os métodos adequados para este tipo de segurança. O

estudo consiste em uma revisão de literatura, que foi baseada em uma pesquisa

bibliográfica sobre a ‘segurança de dignitários’. Ao final, concluímos que, quanto ao

perfil do agente de segurança de dignitários, entendemos que o profissional para

exercer a função de agente de segurança de dignitários precisa ter conhecimentos

técnicos e especializados na área de segurança e só poderá atuar após estar

devidamente treinado e obter instruções inerentes ao seu serviço.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................................08

1 SEGURANÇA....................................................................................................................10

1.1 CONCEPÇÕES DE SEGURANÇA................................................................................10

1.2 SERVIÇOS DE SEGURANÇA.......................................................................................13

2 SEGURANÇA: ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO......................................................15

2.1 ESTRATÉGIA MILITAR...............................................................................................15

2.2 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO DE SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS............19

3 SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS...................................................................................21

3.1 GESTÃO DAS COMPETÊNCIAS NOS SERVIÇOS DE SEGURANÇA...................22

3.2 PERFIL DO AGENTE DE SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS....................................29

CONCLUSÃO.......................................................................................................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................40

ANEXO I...............................................................................................................................42
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INTRODUÇÃO

Este estudo tem como proposta abordar o perfil do agente de segurança de dignitários

e conhecer os métodos adequados para este tipo de segurança. Trata-se de um assunto

relevante no contexto geral das atividades de segurança, pois, para atuar como agente de

segurança, o indivíduo deve ter um perfil qualificado para exercer esta atividade. Além disso,

os agentes de segurança de dignitários devem seguir determinadas orientações para o

desempenho de suas funções.

O problema de pesquisa que orienta este estudo é o seguinte: qual o perfil do agente de

segurança de dignitários?

É relevante observar que o Agente de Segurança, para dar uma maior proteção ao

dignitário, deve ter conhecimento de todos os seus hábitos para evitar possíveis surpresas de

riscos e atentados, para tanto, é preciso um planejamento adequado ao modo de vida do

dignitário.

Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo abordar qual é o perfil do Agente

de Segurança para atender dignitários, e conhecer os métodos adequados para este tipo de

segurança.

O estudo consiste em uma revisão de literatura, que foi baseada em uma pesquisa

bibliográfica sobre a ‘segurança de dignitários’.

O método de pesquisa caracteriza-se como método exploratório, o qual explora as

possibilidades e perspectivas de determinada situação. Segundo Yin (2005) a exploração

começa com um fundamento lógico e com um direcionamento, mesmo que no final do estudo,

as suposições iniciais não sejam confirmadas.


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A estratégia de pesquisa foi baseada nos seguintes descritores: segurança; proteção;

autoridade; dignitários.

A amostra bibliográfica compreendeu as publicações – livros, revistas, artigos

científicos e publicações da Internet – selecionados a partir de uma leitura prévia dos resumos

indexados, tendo em vista os seguintes critérios de inclusão:

a) Veículo de publicação: artigos e livros publicados em Português e/ou

Inglês.

b) Modalidade de produção científica: livros, artigos e trabalhos originais

relacionados ao tema.

c) Ano de publicação: de 1990 até 2008.

Os dados foram tratados de forma qualitativa. A pesquisa qualitativa é um estudo não-

estatístico que identifica e analisa profundamente dados não-mensuráveis – sentimentos,

sensações, percepções, pensamentos, intenções, comportamentos passados, entendimento de

razões, significados e motivações – de um determinado grupo de indivíduos. É importante

observar que, em alguns casos, a pesquisa qualitativa também pode avaliar dados estatísticos.

Para melhor compreensão deste estudo, o texto foi dividido em três capítulos.

O primeiro capítulo: apresenta as definições referentes ao termo segurança e, também,

sobre os serviços de segurança.

O segundo capítulo: estratégia e planejamento’ abarcam os conceitos de estratégia e

planejamento, para que os mesmos sejam integrados ao processo de segurança de dignitários.

Por fim, o terceiro capítulo: apresenta o perfil do agente de segurança de dignitários e

os mecanismos e procedimentos empregados na segurança de dignitários.


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1 SEGURANÇA

Este capítulo tem como objetivo apresentar definições acerca do termo segurança. Isto

é necessário em virtude de que a análise do perfil do agente de segurança exige o

conhecimento de termos específicos. Portanto, neste capítulo são apresentados algumas

concepções de segurança e os serviços de segurança.

1.1 CONCEPÇÕES DE SEGURANÇA

Nos dias atuais, uma das palavras mais citadas pelos meios de comunicação, e pessoas

comuns é ‘segurança’. Em algumas ocasiões, a palavra é utilizada sozinha, outras vezes

caracteriza algum assunto específico. Contudo, muitas vezes, as pessoas a citam sem saber o

seu real significado no contexto da Gestão de Segurança, seja pública, ou seja, privada,

confundindo o que é segurança e o que é proteção. Isto se dá porque, a maioria das

publicações a respeito é originária dos Estados Unidos da América ou da Espanha, já que a

experiência brasileira no tocante a garantia e integridade dos processos industriais é

relativamente nova.

Dentre os significados do termo segurança podemos destacar a noção de segurança

relacionada à proteção (Security), que se refere a incidentes gerados de maneira intencional,

não tendo relação a eventos gerados por falhas mecânicas ou humanas. Por sua vez, a

segurança (Safety) propriamente dita, está relacionada a eventos gerados por falhas mecânicas

ou humanas, ou seja, não intencionais.


12

Contudo, a fronteira entre ambos os significados é muito tênue e, em alguns

momentos, teremos que abordar, além de assuntos ligados a security, outros relacionados com

safety. Por isto, apesar da distinção dos significados em inglês, usaremos no decorrer do

trabalho a palavra segurança como tradução para ambos os significados.

No caso da segurança de dignitários, o termo segurança caracteriza-se como “uma

série de medidas proporcionadas a uma autoridade que garantam, no sentido mais amplo

possível, a sua integridade física” (FERREIRA, 2008).

Existem outras concepções de segurança, conforme descrevemos a seguir.

Segundo Dantas Filho (2005) considera-se ‘ordem pública’ a situação de convivência

pacífica e harmoniosa da população, fundamentada nos princípios éticos vigentes na

sociedade.

Segurança Pública: atividade exercida para a preservação da ordem pública, da

incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos órgãos estatais dela incumbidos

(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).

Segurança Privada: atividades desenvolvidas na prestação de serviços, com a

finalidade de proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros

estabelecimentos, públicos ou privados, bem como à segurança de pessoas físicas, realizar o

transporte de valores ou garantir o transporte de qualquer tipo de carga (Lei nº 7.102 - 1983,

com a redação dada pela Lei nº 8.863 – 1994). Ou ainda, o conjunto de estruturas (atividades)

e de funções que deverão produzir atos e processos capazes de afastar ou eliminar riscos que

possam afetar a vida, a incolumidade e a propriedade das pessoas, mediante o emprego de

organizações privadas, autorizadas pelo poder público (PORTELLA, 2004).

Poder de Polícia: é o uso legal da força, visando à manutenção ou restabelecimento da

Ordem Pública. O uso da força é monopólio do Estado, sendo atributos do Poder de Policia:

a) Coercitivo – não há opção.


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b) Auto-executável – não há consulta previa ao judiciário.

c) Discricionário – obedece ao previsto na lei.

Segundo Portella (2004), poder de polícia é a atividade da administração pública que,

limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a pratica de ato ou abstenção

de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, aos costumes, à

ordem, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas

dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranqüilidade pública ou ao

respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Instituição de Segurança: é o conjunto de pessoas ou grupo autorizado ao uso da forca

física para regularizar as relações interpessoais dentro de um grupo social, mediante

autorização desse grupo (PORTELLA, 2004).

Segurança: é a situação em que haja isenção de riscos. Como a eliminação completa

de todos os riscos é praticamente impossível, a segurança passa a ser um compromisso acerca

de uma relativa proteção da exposição a riscos (PORTELLA, 2004).

RISCOS: uma ou mais condições com potencial para causar danos a pessoas, a

equipamentos, ao meio-ambiente ou aos processos (PORTELLA, 2004). Existe também outra

definição: expressa uma probabilidade de possíveis danos, dentro de um período específico de

tempo ou número de ciclos operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade de um

acidente multiplicado pelo dano expresso em moeda, vidas ou unidades operacionais

(PORTELLA, 2004).

Análise de Riscos: é a atividade dirigida à elaboração de uma estimativa (qualitativa e

quantitativa) dos riscos, baseada em engenharia de avaliação e técnicas estruturais para

promover a combinação das freqüências e conseqüências de cenários acidentais. Seu objetivo

é identificar, determinar e quantificar todos os perigos de um sistema de produção, associando

ao risco a atividade, através de metodologias e técnicas apropriadas (PORTELLA, 2004).


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Avaliação de riscos: é o processo mediante o qual realizamos a valoração e

ponderação dos fatores de risco, comparando os resultados da análise de riscos com os

critérios de tolerabilidade previamente estabelecidos (PORTELLA, 2004).

1.2 SERVIÇOS DE SEGURANÇA

Os serviços de segurança incluem instalações e barreiras físicas, recursos humanos e

equipamentos para a defesa do patrimônio e dos interesses dos proprietários, seguindo as

normas e os procedimentos por eles estabelecidos e dentro dos limites de seu direito de

propriedade.

Um sistema de segurança, organizado de forma privada, tem por objetivo restringir,

controlar e monitorar acessos às pessoas e patrimônios, em possível conexão com o sistema

de segurança pública, que com legitimidade, pode empregar a força no aprisionamento e

perseguição de agressores de propriedades e indivíduos.

As diversas demandas causadas pelo crime organizado ameaçam a sociedade e o

Estado. Como se sabe, a atuação da polícia não é eficiente, devido ao despreparo, falte de

motivação, baixos salários, falta de equipamentos necessários à prevenção dos crimes 1,

contudo, o número de agentes da Força de Segurança Pública é superior ao número de oficiais

das Forças Armadas e muitos deles possuem desempenho marcante na segurança privada, até

mesmo como segunda ocupação de trabalho autorizado.

Nesse sentido, Dantas Filho (2004, p. 10) argumenta que deve haver uma força militar,

com técnicas e táticas baseadas em uma doutrina, com poder de combate compatível com o do

1
Com referência ver artigos no site: http://www.casodepolicia.com/2008/07/08/o-ponto-de-vista-de-
um-despreparado/, acessado em janeiro de 2009.
15

oponente, apta a cumprir a missão de conquistar, manter e pacificar determinada área, com o

apoio eficaz dos órgãos de segurança pública e de outros setores do campo social, e sempre

com respaldo jurídico compatível.

No caso da segurança de dignitários, também podem ocorrer assaltos, seqüestros,

ameaças entre outros.

Para cada ação infratora é necessária uma legislação específica, que deve ser

conhecida por aqueles que exercem a segurança de um modo geral, privado ou público, e

técnicas de prevenção devem ser adotadas. Os agentes de segurança patrimonial e/ou pessoal,

devem ser qualificados e reciclados conforme a necessidade de conhecimento de novos

recursos tecnológicos disponíveis.

De acordo com Oliveira (2004), os recursos humanos contratados direta ou

indiretamente pelos sistemas privados envolvem-se principalmente na prevenção e

investigação de crimes contra patrimônios e pessoas. O policiamento público atuaria

principalmente nas ocorrências em que o uso da força faz-se necessário, ou em situações em

que o registro de crimes implica a atuação policial.

Uma das características principais do sistema supracitado que merece destaque é o

impedimento e controle de acesso às propriedades. Neste contexto, as barreiras físicas

geralmente são as principais responsáveis pelo impedimento de acesso às propriedades,

podendo ser aumentada sua efetividade com sistemas eletrônicos de detecção de invasões e

com o emprego de vigilantes. O impedimento ao acesso pode ser requerido tanto para a

segurança de propriedades do Estado quanto da iniciativa privada.

Entre as principais ações para o sucesso da segurança privada está a preparação do

pessoal de segurança e a identificação e controle desses procedimentos; a seguir apresentamos

de maneira resumida as ações de preparação de pessoal e as medidas de identificação e

controle de acordo com Dantas Filho (2004, p. 136-147).


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Como se sabe, um dos principais objetivos da empresa é obter mentalidade de

segurança. Todos devem participar desse processo e para isso, é necessário um programa de

instrução sobre segurança, que deve conter a doutrina de segurança, campanha educativa,

treinamento intensivo e simulado.

Para que, tudo o que foi relatado até aqui, seja possível é preciso uma estratégia de

segurança, assim o capítulo a seguir aborda os conceitos de estratégia e planejamento.

2 SEGURANÇA: ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO

Este capítulo tem como objetivo apresentar os conceitos de estratégia e planejamento,

para que se possam abordar tais conceitos no âmbito da segurança de dignitários. Assim, são

apresentados os conceitos de estratégia militar e de estratégia e segurança de dignitários.

2.1 ESTRATÉGIA MILITAR

Estratégia: arte militar de escolher onde, quando e com quem travar um combate ou

uma batalha, explorando condições favoráveis com o fim de alcançar objetivos específicos de

forma articulada de unir a ação, os objetivos e os desafios de maneira que, juntos possam

chegar ao resultado almejado. As escolhas estratégicas são opções vitais, Oliveira (2003).

Nas grandes guerras mundiais, a estratégia era quase sempre utilizada pelos generais e,

assim, ficou conhecida com a ‘arte dos generais’.


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De acordo com Clausewitz (2005, p. 133), estratégia é a aplicação da batalha para

conquistar o fim da guerra. Precisa, portanto, prover de uma finalidade toda a ação militar,

que deverá ser compatível com o objetivo da guerra. Em outras palavras, o papel da estratégia

é configurar o plano da guerra e, nesse sentido, junta a série de ações que devem levar à

decisão final, ou seja, planeja as campanhas em separado e estabelece regras para os combates

que serão executados. Tal planejamento somente pode ser feito com base em conjecturas,

algumas das quais descobre-se depois que estavam completamente erradas. Isso mostra que

muitos outros planos não podem ser feitos com antecedência, evidenciando que a estratégia

terá de estar no campo de batalha lado a lado com o exército, para, ‘in loco’, organizar os

detalhes e para fazer, no plano geral, as mudanças exigidas continuamente na guerra.

Portanto, o trabalho da estratégia é contínuo, pois as condições da luta podem pedir sua

interferência a qualquer momento.

Para Clausewitz (2005), em estratégia tudo é muito simples, contudo, por essa razão,

torna-se extremamente complexa. Assim, também, devem ser as ações envolvidas na

segurança de dignitários: medidas simples somadas a mecanismos eficazes, que formam uma

estratégia de segurança complexa e eficiente.

De acordo com Sun Tzu (2005) existe uma série de princípios que governam a

formulação de estratégias. Esta série inclui: o princípio da escolha do campo de batalha; o

princípio da concentração de forças; o princípio do ataque; o princípio das forças zheng

(diretas) e qi (indiretas). Tais princípios também podem ser empregados no contexto da

segurança de dignitários.

O princípio da escolha do campo de batalha consiste na formulação de metas

estratégicas. Uma vez completada a avaliação situacional e tomada à decisão pela guerra, o

passo seguinte é preparar-se para o combate. A preparação envolve a formulação de

conformidade com dois aspectos: metas e estratégias. No caso da segurança de dignitários, o


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princípio da escolha do campo de batalha consiste na formulação de metas estratégicas que

visam à proteção do dignitário, ou seja, uma avaliação completa da situação e a preparação

dos agentes para atuarem conforme o contexto, utilizando os mecanismos adequados para a

estratégia de segurança de um dignitário.

O princípio da concentração de forças de Sun Tzu reconhece que força relativa, e não

força absoluta, no ponto de contato, determina o resultado da batalha. No caso da segurança

de dignitários, são os mecanismos adequados (força relativa), empregados no momento da

segurança (ponto de contato), que determinam a qualidade e eficiência da segurança

(resultado da batalha) de um dignitário.

O princípio do ataque é a terceira dimensão subjacente à formulação de estratégias. No

contexto da segurança de dignitários o que se espera é que tudo ocorra de forma harmônica,

sem que os agentes precisem utilizar mecanismos agressivos no momento da segurança.

Entretanto, no caso de alguma suspeita, prevalece o princípio do ataque, por exemplo: caso

alguma pessoa se dirija ao dignitário de modo agressivo, está pessoa será barrada antes que

consiga chegar ao seu alvo, que é o dignitário.

A invencibilidade na defesa depende de seus próprios esforços, enquanto a

oportunidade de vitória depende do inimigo. Conclui-se que os habilidosos em práticas

guerreiras podem se tornar invencíveis, mas não podem fazer com que o inimigo seja

vulnerável (SUN TZU, 2005, p. 133).

O princípio de ‘zheng’ e ‘qi’ (forças diretas e indiretas) traz o seguinte comentário de

Sun Tzu (2005, p. 151): “o fato de um exército se capaz de sustentar seus ataques ao inimigo

sem sofrer derrotas deve-se às operações das forças e manobras diretas e indiretas”.

Na formulação de estratégias esse é o ultimo princípio segundo Sun Tzu. A força

‘zheng’ pode ser tomada como a força real, norma ou direta. Similarmente, a força ‘qi’ pode

significar a força de surpresa, extraordinária, indireta ou de dissimulação. Com este princípio,


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reconhece-se que para vencer batalhas precisa-se de vantagens suplementares para

encaminhar a batalha a nosso favor. Isto pode ser alcançado com o emprego de forças diretas

e indiretas, onde as primeiras normalmente pavimentam o caminho para a aplicação das

últimas.

No que se refere à segmentação estratégica, para a solução de qualquer problema de

decisão em atividades empresariais podem ser visualizadas as seguintes etapas:

a) Percepção da necessidade de decisão ou oportunidade.

b) Formulação de alternativas de ação.

c) Avaliação das alternativas em termos de suas respectivas

contribuições.

d) Escolha de uma ou mais alternativas para fins de execução.

O modelo proposto por Ansoff apud Lobato (2000) contempla essas quatro etapas,

dando ênfase as duas primeiras. No delineamento do método utiliza-se um procedimento de

busca para chegar até uma estratégia. Isto é realizado através de um processo em “cascata”;

no início, as regras de decisões possíveis são formuladas em termos grosseiros e são

sucessivamente refinadas pela passagem por diversos níveis, à medida que prossegue o

processo de solução.

A primeira etapa consiste na escolha entre as duas alternativas principais: diversificar

ou não diversificar as atividades da empresa.

A Segunda etapa é a escolha de um conjunto bastante amplo de produtos e mercados

para a empresa, a partir de uma lista de categorias industriais igualmente amplas.

A terceira é a refinação desse conjunto em termos de características ou combinações

de produtos e mercados.
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Por fim, a quarta refere-se à característica do método é o processo de feedback, pois na

busca da melhor solução, nos estágios finais poderão surgir informações que coloquem em

dúvida as decisões anteriores.

2.2 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO DE SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS

Planejar é o processo racional para definir prioridades e meios de atingi-los; para isso

é preciso conhecer, inicialmente, a missão e definir a finalidade e as condições de execução.

No caso da segurança de dignitários, para cada tipo de autoridade ou celebridade é preciso

uma estratégia e um plano de ação diferente. Por exemplo, a estratégia de segurança de um

Presidente não é a mesma empregada na segurança de um astro de Rock. Apesar de algumas

medidas serem semelhantes, o contexto é diferente, portanto, a missão (tipo de segurança de

dignitário), leva a definição da finalidade e caracteriza as condições de execução.

O planejamento procura proporcionar à segurança de dignitários uma situação de

eficiência, eficácia e efetividade.

A eficiência é cumprir seu dever; resolver problemas; fazer as coisas de maneira

adequada; salvaguardar os recursos aplicados e reduzir os custos. A eficácia é fazer as coisas

certas; produzir alternativas criativas; obter recursos; maximizar a utilização de recursos e

aumentar o lucro. A efetividade é manter-se no ambiente e apresentar resultados globais

positivos, permanentemente, ao longo do tempo (DANTAS FILHO, 2004).

O planejamento pode e deve ser empregado em qualquer tipo de situação de

segurança. Segundo Dantas Filho (2004), o planejamento pode ser: estratégico (possibilita

estabelecer metas para a tomada de decisão) ou tático (com conteúdo detalhado, caracterizado
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como plano de ação). O planejamento tático visa cumprir as metas estabelecidas no

planejamento estratégico.

No caso da segurança de dignitários, deve ser realizado um planejamento estratégico

(medidas gerais para a tomada de decisão e metas a serem alcançadas durante o trabalho de

segurança de dignitário), e o planejamento tático (plano de ação para cumprir o planejamento

estratégico formulado para a segurança de dignitário).

Na segurança de dignitários, bem como em outras situações em que pode ser

empregado, o planejamento estratégico consiste na avaliação da conjuntura; seguida pela

determinação de uma política de ação (o que fazer, fixando os valores, metas e objetivos a

atingir); definição de uma estratégia; orçamento dos recursos disponíveis para apoiar as ações

estratégicas; e a expedição de diretrizes para cada caso de segurança de dignitário.

Toda e qualquer ação de segurança de dignitário deve possuir um plano de segurança

(plano estratégico e tático). Na segurança de dignitários as ações não são realizadas de modo

aleatório, antes do evento em que a segurança será realizada, é traçado um plano de ação, cada

agente possui uma missão específica e, também, deve conhecer os mecanismos para tomar

uma decisão de emergência, caso seja necessário. No caso da segurança diária, os agentes

também têm planos estratégicos e táticos, que é seguido nas ações de segurança de

dignitários.

O plano de segurança de dignitários deve levar em consideração:

a) a deslealdade, atos de hostilidade e subversão, pois, qualquer

indivíduo que desperte suspeita, deve ser investigado;

b) os descuidos e acidentes, podem interromper uma operação e causar

baixas;

c) a sabotagem, espionagem, furto e roubo, já que estas ameaças

envolvem tentativas deliberadas.


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O plano de segurança de dignitários deve conter: plano de defesa (estratégico e tático).

Uma vez elaborados os referidos planejamentos o sistema de segurança está completo.

Com referência no que foi apresentado até momento, o capítulo a seguir passa a

abordar a segurança de dignitários.

3 SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS

Este capítulo constitui o ponto central do presente estudo. Pretende-se caracterizar o

perfil do agente de segurança de dignitários e os mecanismos e procedimentos empregados na

segurança de dignitários.

Dignitário é aquele que exerce cargo elevado, com alta graduação honorífica e que foi

elevado a alguma dignidade. Dentre os dignitários estão as autoridades (presidentes, papas,

etc.), as celebridades (astros do cinema, da música, etc.) e, também, pessoas que por motivos

específicos se tornam potenciais alvos de hostilidade e necessitam utilizar este tipo de

segurança.

A segurança pode ser compreendida como uma série de medidas proporcionadas ao

dignitário, que visam garantir, de modo mais amplo possível, a sua integridade física.

A segurança de dignitários é muito importante, entre os dignitários estão, além das

autoridades relevantes do cenário mundial, pessoas que são considerados alvos em potencial

para uma hostilidade, como personalidades polêmicas, o pessoal integrante dos sistemas de

informações, juntamente com seus familiares, pois estes são detentores do conhecimento,

pretendido pelo elemento adverso (FERREIRA, 2008).


23

3.1 GESTÃO DAS COMPETÊNCIAS NOS SERVIÇOS DE SEGURANÇA

Em qualquer trabalho de segurança, o material humano (agente) é de suma

importância. Para atuar na segurança de dignitários, o agente deve possuir características

específicas, como: resistência à fadiga; lealdade; honestidade; discrição; manejo de armas;

coragem; dedicação; inteligência; decisão; noções de defesa pessoal; nível intelectual e

cultural; experiência policial; idade entre 26 e 45 anos. O conjunto de todas estas

características forma as competências necessárias para o trabalho como agente de segurança

de dignitários.

Desta forma, o presente capítulo abarca a questão da competência no ambiente

empresarial de modo geral, para que se possa compreender a importância da competência no

âmbito da segurança de dignitários.

Com o passar do tempo, a Administração de Empresas assumiu uma nova postura,

onde o foco passou a ser as pessoas. Mas, as diversas mudanças ocorridas no cenário

organizacional não ocorreram de forma fugaz, mas sim, de maneiras lentas, arrastando-se a

curtos passos até o século XIX, acelerando-se a partir do início do século XX, o que provocou

mudanças aceleradas no ambiente organizacional.

Segundo Ambioni (2006), a Administração sofreu diversas influências:

a) Dos filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles nos conceitos de

Administração na Antigüidade. Com o advento da Filosofia Moderna,

destacam-se Bacon e Descartes.

b) A organização eclesiástica da Igreja Católica influenciou o

pensamento administrativo.
24

c) A organização militar influenciou a Administração, contribuindo com

alguns princípios que a teoria administrativa assimilaria e incorporaria

mais adiante.

d) A Revolução Industrial criou o contexto industrial, tecnológico,

social, político e econômico que permitiu o surgimento da teoria

administrativa.

e) Os economistas liberais (como Adam Smith), proporcionaram

razoável suporte para o aparecimento de alguns princípios de

Administração que teriam aceitação posteriormente. As idéias de

Marx e Engels promoveram o surgimento do socialismo e do

sindicalismo.

f) A influência dos pioneiros e empreendedores foram fundamentais para

a criação das condições básicas para o surgimento da Teoria

Administrativa.

De acordo com Peter Drucker (2003), mesmo com tantas mudanças, existem dois

conjuntos de generalizações que se aplicam à maioria das empresas a maior parte do tempo:

uma com respeito aos seus resultados e recursos e outra referente aos seus esforços. Em

conjunto, elas levam a um número de conclusões relativas à natureza e à direção do trabalho

da empresa.

Tais afirmações também são relevantes para uma empresa de serviços de segurança,

pois, neste caso, os recursos humanos e a valorização das competências individuais são

essenciais para a estratégia do negócio. Assim, as empresas buscam talentos, ou seja, pessoas

dotadas de competências, que possam ser representativos no contexto organizacional.

Portanto, para que possa ser um bom agente de segurança, é preciso que o indivíduo tenha as

competências necessárias para desempenho de suas atividades, ou melhor, tenha o perfil


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adequado à sua profissão. Segundo Ferreira (2008) as competências necessárias ao trabalho de

segurança de dignitários são: resistência à fadiga; lealdade; honestidade; discrição; manejo de

armas; coragem; dedicação; inteligência; decisão; noções de defesa pessoal; nível intelectual e

cultural; experiência policial; idade entre 26 e 45 anos.

Para que um agente de segurança de dignitários realize seu trabalho com efetividade,

eficácia e eficiência, é fundamental que o mesmo detenha:

a) Conhecimento = saber: por conhecimento não se entende apenas a

quantidade de informação que a pessoa detêm (know-how), mas

também a disposição para aprender, para ampliar seus conhecimentos,

transmitir e compartilhar esses conhecimentos quando necessário.

b) Habilidade = saber fazer: não basta ter conhecimento, é preciso saber

como colocá-lo em prática, saber trabalhar em equipe, liderar, motivar

e promover a comunicação.

c) Julgamento = saber analisar: é preciso saber avaliar uma situação,

saber obter dados e informações precisas, ter discernimento para a

tomada de decisão adequada, no momento certo, ponderar com

equilíbrio e definir prioridades.

d) Atitude = saber fazer acontecer: é preciso que o agente de segurança

tenha atitude empreendedora, saiba tomar decisões acertadas, saiba

gerenciar os riscos, tendo em vista os resultados esperados.

Tendo em vista os argumentos supracitados, podemos afirmar que é imprescindível

que o agente de segurança apresente as seguintes competências individuais: conhecimento,

habilidade, julgamento, atitude. Tais competências, aliadas às competências como resistência

à fadiga; lealdade; honestidade; discrição; manejo de armas; coragem; dedicação; inteligência;

decisão; noções de defesa pessoal; nível intelectual e cultural; experiência policial; idade entre
26

26 e 45 anos; formam o perfil do agente de segurança de dignitários exigido pelo Batalhão de

Operações Especiais (BOP).

Existe uma forte ligação entre as competências organizacionais e as individuais, assim,

o estabelecimento das competências individuais deve estar vinculado à reflexão sobre as

competências organizacionais, uma vez que há uma influência mútua sobre elas. Portanto, as

gestões de pessoas baseadas em competências buscam talentos para transformá-los em capital

humano. Isto também deve ser um objetivo das empresas de serviços de segurança, sobretudo,

no âmbito da segurança de dignitários.

As informações descritas abaixo se referem ao valor do conhecimento adquirido pelos

profissionais da área de segurança durante o desempenho de suas atividades dentro de uma

determinada instituição:

De acordo com Santiago Jr. (1994), os ativos intangíveis que agregam valor à maioria

dos produtos e serviços são baseados em conhecimentos. Entre eles é possível citar: know-

how técnico, entendimento do cliente, criatividade pessoal e inovação. A grande dificuldade

se encontra exatamente na medição destes valores, pois ao contrário dos estoques financeiros

e materiais, o valor econômico do conhecimento não é facilmente compreendido, classificado

e medido.

Neste contexto, podemos afirmar que o valor de uma organização está cada vez mais

desvinculado daquele de mercado, ainda mais devido à extrema dificuldade de mensuração do

valor de seus ativos intangíveis.

Estas dificuldades levam o mercado a valorizar o capital humano no ambiente

organizacional.

A inteligência é o novo tipo de ativo e este ativo é essencial para a segurança de

dignitários. Não se comporta como os outros tipos de ativos e nisso reside o paradoxo. Ao

contrário dos outros bens, a inteligência não pode ser dada de presente e será sempre
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conservada, mesmo que compartilhada. Também não é possível possuir a inteligência de outra

pessoa, por mais que seja dono da empresa na qual essa pessoa trabalha. Se a pessoa sair da

empresa e for para outra, levará consigo a inteligência (HANDY, 1994, p. 31).

A inteligência concentrada, a capacidade de adquirir e aplicar o conhecimento e o

know-how são as novas fontes de riqueza, no entanto, impossível transmiti-los às demais

pessoas por decreto. A boa notícia é que, por outro lado, não é possível impedir que as

pessoas consigam adquiri-los. Dai a importância do capital humano.

A partir do capital humano, a gestão de pessoas por competências busca a formação do

capital intelectual. Segundo Chiavenato (2005, p. 28) “transformar capital humano em capital

intelectual”.

Portanto, a partir das competências individuais dos agentes de segurança, a empresa de

serviços de segurança deve promover a transformação do capital humano em capital

intelectual, ou seja, deve promover o treinamento adequado de seus agentes, a valorização de

suas competências e a promoção do conhecimento no sentido de melhorar a qualidade do

serviço prestado.

Transformar capital humano em capital intelectual pode ser um grande diferencial

competitivo para a organização em seu segmento de mercado (BROXADO, 2001).

A função da gestão do capital intelectual é então reverter à tendência normal. Sua

tarefa é focalizar a empresa em oportunidades e afastá-la de problemas, recriar a liderança e

neutralizar a tendência à mediocridade, substituir a inércia por nova energia e nova direção

(DRUCKER, 2003).

A empresa de serviços de segurança, ou ainda, a escolha do agente de segurança de

dignitários, deve compreender: competências individuais; desempenho da força de trabalho;

compromisso; adaptabilidade e flexibilidade; cultura de excelência. Tais valores promoverão

maior produtividade; melhor qualidade dos serviços prestados; inovação; e,


28

conseqüentemente, satisfação do cliente. Tudo isto, implicará em maior valor econômico

agregado; ampliação do negócio (crescimento) de forma organizada; maior participação no

mercado (mais competitividade); e, maior lucratividade. É importante notar que todo esse

processo tem início nas competências individuais, ou seja, é preciso que os agentes de

segurança tenham o perfil adequado para a realização de seu trabalho.

Numa empresa de serviços de segurança, para a seleção de um agente de segurança de

dignitários, é preciso que a gestão de talentos tenha processos específicos:

a) Processos de agregar pessoas – recrutamento e seleção – devem ser

selecionados e recrutados agentes que tenham o perfil adequado para

a execução dos serviços prestados pela empresa.

b) Processos de aplicar pessoas – modelagem do trabalho e avaliação do

desempenho – o trabalho deve seguir um planejamento de segurança

determinado pelas lideranças de acordo com cada situação, este

planejamento, bem como as ações dos agentes de segurança devem ser

avaliadas para que possam ser, caso necessário, modificadas para

melhor execução dos serviços de segurança.

c) Processos de recompensar pessoas – remuneração, benefícios e

incentivos – a empresa precisa ter um plano de remuneração,

benefícios e incentivos, adequado ao seu segmento de mercado, para

esperar o melhor do funcionário, é preciso que a empresa ofereça o

seu melhor.

d) Processos de desenvolver pessoas – treinamento, desenvolvimento e

aprendizagem – uma empresa de serviços de segurança deve investir,

constantemente, no treinamento, desenvolvimento e aprendizagem dos


29

agentes de segurança, para que estes possam executar seus serviços

com mais qualidade, eficácia, eficiência e efetividade.

e) Processos de manter pessoas – higiene e segurança, qualidade de vida,

relações com empregados – a empresa precisa investir, também, na

motivação pessoal de seus empregados, para que estes permaneçam na

empresa. No segmento de empresas de serviços de segurança, a

confiança e lealdade do agente de segurança é muito importante, além

disso, ao permanecer na empresa por um período maior, o agente de

segurança tem maior conhecimento de suas tarefas e pode executá-las

de forma mais eficiente.

f) Processos de monitorar pessoas – banco de dados, sistemas de

informação gerencial – a empresa precisa manter informação

atualizada sobre todos os seus funcionários.

Uma empresa de serviços de segurança precisa ter como foco a COMPETÊNCIA

NOS NEGÓCIOS + COMPETÊNCIA EM CAPITAL HUMANO + COMPETÊNCIA EM

MUDANÇA = CREDIBILIDADE.

A credibilidade é essencial para os serviços de segurança, como um cliente pode

deixar a segurança de sua empresa, seu patrimônio, ou de sua própria pessoa por conta de uma

empresa na qual não tem confiança. Portanto, as empresas de serviços de segurança devem

investir nas competências para conquistar a credibilidade de seus clientes.


30

3.2 PERFIL DO AGENTE DE SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS

Este item implica na descrição do perfil do agente de segurança de dignitários, como

foi visto no item anterior existe um conjunto de competências necessárias para que um

indivíduo possa se tornar agente de segurança.

A segurança de dignitários implica em um conjunto de medidas técnicas que visam

salvaguardar a pessoa do dignitário.

De acordo com Cavalcante (2008), os seguranças de verdade são profissionais pagos

para acreditar que a qualquer momento poderão ser exigidos a ganhar o seu dinheiro da forma

mais dura e arriscada possível. São sabedores de que em todo planejamento de segurança

existe uma possibilidade de falha impossível de ser eliminada, e tal constatação apenas

justifica todo um redobrar de cuidados, o qual nem sempre é compreendido, tanto pelos

protegidos e pelo público em geral.

Em se tratando de segurança pessoal não existem ‘receitas de bolo’ e todos os

planejamentos devem ser particularizados, especialmente dimensionados para fazer frente aos

perigos a que um referido dignitário possa estar sujeito. Assim sendo, uma determinada

autoridade pode estar convenientemente protegida em sua casa térrea e sem muros, escoltada

por dois agentes desarmados (ou ‘apenas’ portando pistolas ou revólveres), enquanto que,

num outro extremo, a autoridade, potencial ‘alvo’, pode ser considerado extremamente

vulnerável, ainda que cercado por uma verdadeira parede humana, armada com fuzis e

metralhadoras portáteis.

Numa abordagem de senso comum, quando se pensa em ‘Segurança de Autoridades’

normalmente vem à mente dispendiosos ‘esquemas’ de escoltas com agentes corpulentos,

policiamento ostensivos, numerosos veículos, batedores, helicópteros, mas nem sempre estes
31

são os fatores chave para uma segurança de pessoas importantes. Por maior que seja o desejo

de manter o protegido a salvo, não se pode simplesmente ‘esconder’ o político ou a

autoridade, ainda que sob a alegação de garanti-lo.

Por outro lado, a ostentação dos numerosos recursos de proteção, por si só, não

garante a incolumidade de quem quer que seja, da mesma forma que a simples ‘seleção’ de

militares, policiais, ex-militares, lutadores ou de quaisquer outros ‘elementos de confiança’,

ainda que ‘fortemente armados’, não se constitui num convencimento eficaz em se tratando de

adversários inteligentes, capazes de planejar, treinados e determinados.

A proteção permanente de personalidades sob ameaça é uma missão delicada, que vem

a exigir qualificação dos efetivos empregados, meios e equipamentos adequados para fazer

frente a cada risco específico, de forma que se possa garantir a integridade dos segurados com

um mínimo de contrariedades ou alterações no cumprimento de suas agendas de trabalho.

Cavalcante (2008) argumenta que um bom serviço de segurança de dignitários deve

ser precedido por um bom planejamento estratégico das ações de segurança, onde podem ser

avaliados os possíveis riscos e todas as ações a serem tomadas:

A execução de uma boa segurança seja ela em que ambiente o for, deve ser precedida

de um elaborado planejamento, no curso do qual se avaliará todas as informações disponíveis

sobre riscos (possibilidades de perigos, atentados, acidentes e contrariedades em geral),

inimigos e adversários da autoridade, identificação (se possível com fotografias) de grupos ou

de pessoas, avaliação de recursos à disposição dos adversários que possam ser empregados

em ações de atentado, histórico de ações anteriores perpetradas pelos referidos grupos ou

indivíduos, seus ‘modus operandi’, denúncias anônimas, informações da procedência mais

diversa, informações sigilosas, etc. É objetivo da segurança antecipar-se às ações de atentado,

determinando os prováveis inimigos, seus meios de ação, apontando as deficiências de

procedimentos, vulnerabilidades do local onde a autoridade habita e por onde normalmente


32

circula ou trabalha, de forma a poder estabelecer os cursos de ação adequados à equipe de

segurança.

Todos aqueles que tem alguma responsabilidade no âmbito da segurança tem que estar

cientes daquilo que deles se espera: do simples porteiro ou vigilante, do motorista dos carros

do comboio aos agentes de segurança do círculo aproximado.

Todo encarregado de segurança pessoal deverá lembrar-se da velha máxima: ‘Onde

quer que você tenha de atuar, que a sua mente já tenha estado lá antes!...’. Todos os cenários

de atuação previsíveis devem ser objeto de estudo e os membros da segurança deverão estar

conscientes de seus papéis em face das contingências previstas. Como chegar e sair com a

autoridade na sua residência? Como proceder para garanti-la e aos seus enquanto na

residência? Como chegar e sair com o mesmo de seu local de trabalho? Como protegê-lo

enquanto no local de trabalho? Quais cuidados devem ser adotados nos deslocamentos? Quais

as melhores rotas de acesso e fuga? Quais os hospitais, postos policiais ou aquartelamentos

militares que possam proporcionar auxílio numa emergência? Poder-se-á contar com

cobertura aérea? Como proceder no clube, restaurante ou casa de praia ou ainda num evento

público de grandes proporções?...

A segurança será disposta em círculos, os quais tem como centro a figura da

autoridade protegida. Todas as ações de uma equipe de segurança são prévias e às vezes até

exaustivamente ensaiadas, de forma que cada integrante da equipe de segurança conheça o

seu papel no dispositivo de proteção e o cumpra de maneira rápida e eficaz. Não devemos

esquecer que, onde quer que o segurado possa ser esperado, lá o perigo poderá estar à

espreita; e os agentes de segurança têm por obrigação - extremamente difícil por sinal - não se

deixarem apanhar de surpresa. Tem que planejar para evitar a materialização do perigo, e se

treina para conseguir uma reação sempre mais rápida, no caso de advirem situações críticas

reais.
33

Segundo Batalhão de Operações Especiais do Distrito Federal, as principais

vulnerabilidades no caso da segurança de dignitários são:

a) rotina;

b) trabalho de improviso;

c) falta de motivação na realização do trabalho de segurança;

d) despreparo do agente de segurança;

e) falta de informações para a realização do trabalho;

f) falta de interação do dignitário com o sistema de segurança.

De acordo com o Batalhão de Operações Especiais do Distrito Federal, a segurança de

dignitários implica nos seguintes princípios:

a) princípio da preservação;

b) princípio da iniciativa;

c) princípio da surpresa;

d) princípio da simplicidade;

e) princípio da coordenação;

f) princípio do comportamento de massa;

g) princípio do emprego da força; e,

h) princípio da maneabilidade.

As principais atribuições do serviço de segurança de dignitários são (BOP/DF, 2008):

a) controle e emprego dos agentes;

b) planejamento e execução de instrução;

c) inspeções em locais e itinerários diversos;

d) coordenação com as Polícias Civil e Militar e outros Órgãos;

e) serviço de Guarda;

f) controle de bagagem;
34

g) controle de correspondência;

h) controle e verificação de alimentos;

i) controle de equipamentos;

j) códigos de comunicação;

k) levantamento de dados e acompanhamentos de empregados;

l) controle de investigações especiais;

m) arquivo de levantamentos.

O Batalhão de Operações Especiais do distrito Federal descreve em seu edital uma

série de atributos (competências), exigidos para que um indivíduo possa exercer a função de

agente de segurança de dignitários, são eles:

a) resistência à fadiga;

b) lealdade;

c) honestidade;

d) discrição;

e) manejo de armas;

f) coragem;

g) dedicação;

h) inteligência;

i) decisão;

j) noções de defesa pessoal;

k) nível intelectual e cultural;

l) experiência policial;

m) idade entre 26 e 45 anos.


35

Nesse processo destacam-se os atributos do agente de segurança, a maioria dos

atributos desejáveis é desenvolvida pela instrução, treinamento e vivência, portanto, um

agente deve possuir (DANTAS FILHO, 2004):

a) vivacidade, que é o estado de espírito de estar sempre alerta;

b) tato, que é a capacidade de agir com cuidado e discrição, visando a

evitar ferir a suscetibilidade das pessoas;

c) autocontrole, que é a capacidade de controlar sentimentos, emoções e

reações, demonstrando serenidade diante de situações anormais;

d) coragem, que é a capacidade de enfrentar, com energia e destemor,

situações difíceis;

e) lealdade, que é a capacidade de ser fiel, sincero, franco e honesto com

as instituições e seus integrantes;

f) compreensão e expressão verbal, que é a capacidade de entender e

transmitir com clareza, precisão e correção os fatos apresentados;

g) espírito de cooperação, que é a capacidade de colaborar, participando

ativa e harmoniosamente de um trabalho ou situação, contribuindo

para a sua concretização ou solução.

O agente de segurança deve dedicar especial atenção á sua apresentação individual,

como uniforme, corte de cabelo e barba. Além disso, para a atuação dos agentes de segurança

ser eficaz, é necessário que exista fiscalização em todos os níveis.

Um outro ponto importante é a organização da equipe de agentes de segurança.

O normal é organizar a guarda em postos fixos. Entretanto, se a área onde o dignitário

estiver for muito extenso é preciso existir uma equipe responsável para ligar os postos e

recobrir suas áreas. Um ou mais agentes de segurança devem estar junto ao dignitário para

realizar a sua segurança pessoal.


36

Quanto à instrução, treinamento e supervisão dos agentes de segurança, Dantas Filho

(2004) afirma que a instrução para todos os agentes envolvidos na segurança do dignitário

deve ser ministrada no início da atividade, devendo ser reciclada periodicamente, visando a

reavivar conceitos e atualizar conhecimentos.

Todo aquele que exerce função de chefia deverá elaborar procedimento operacional

padrão, que deverá ser atualizado sempre que necessário.

Dantas Filho (2004) observa que a supervisão visa a manter o pessoal de serviço alerta

e bem apresentado. A avaliação criteriosa do sistema de segurança permite a realização de

mudanças e atualizações. As primeiras atividades devem ser acompanhadas por pessoas

experientes em segurança. O programa de instrução deve conter:

a) direitos e deveres dos agentes de segurança;

b) técnicas e métodos que auxiliam a identificar falhas na segurança;

c) confecção de livro registro de ocorrências (relatório), respondendo,

sempre que possível, às perguntas: o quê, quem, quando, como, onde,

por quê;

d) utilização dos meios de comunicações;

e) táticas e técnicas de segurança individual, coletiva e patrimonial;

f) instrução de armamento e munição letais e não letais, e tiro com

técnicas de emprego de armas e medidas de segurança;

g) prática de tiro individual;

h) técnicas de observação, memorização e descrição de fatos relevantes

para registro imediato;

i) técnicas de infiltração em áreas de segurança e de neutralização da

guarda ou escolta;

j) noções de primeiros socorros com utilização do material disponível;


37

k) noções de combate a incêndio, com utilização do material existente e

conhecimento de sua localização;

l) para realizar o teste de vulnerabilidade, deve-se criar um caso

hipotético, com pessoal capaz de desempenhá-lo, o mais próximo da

realidade;

m) a troca de guarda deve, sempre que possível, procurar fugir da rotina.

O responsável pelo serviço deve ter autorização para realizá-la nas

horas pares, ímpares ou fracionadas, podendo, também, reduzir a

permanência dos agentes de segurança nos postos.

De acordo com o Batalhão de Operações Especiais do Distrito Federal, a boa execução

do esquema de segurança de dignitários depende do estudo minucioso e da aplicação correta

dos aspectos a serem observados na Escolha de Itinerários, porém é preciso que o agente de

segurança esteja sempre preparado para qualquer eventualidade, até mesmo para

improvisações, porque ao elemento adverso cabe a iniciativa com quase 100% (cem por

cento) de probabilidade de êxito. (para maiores informações acerca do plano de segurança de

dignitários executado pelo BOP, ver anexo I).

Conforme informações obtidas no site da UNITED States Secret Service dos Estados

Unidos da América, 2o perfil do agente de segurança deve obedecer alguns requisitos:

a) cidadania americana;

b) deve ter idade mínima de 21 anos e máxima de 37 anos;

c) curso superior ou experiência de no mínimo 03 (três) anos de experiência na área

de investigação criminal.

d) tem que ter uma ótima visão;

e) fazer teste escrito;

2
Ver site http://www.ustreas.gov/usss/opportunities_agent.shtml; acessado em fevereiro de 2009.
38

f) entrevista, exames médicos e exame poligrafo.

Os agentes de segurança passam por um treinamento intensivo de 11 (onze) semanas

no Federal Law Enforcement training Center (FLETC) em Glynco, na Geórgia (EUA). Após

a conclusão com êxito na formação em FLETC, eles recebem cerca de 16 semanas de

instrução especializada no Centro de Treinamento de James em Washington.

O agente de segurança de dignitários dos Estados Unidos ao desenvolver suas

atividades em outros Estados ou Países na proteção da autoridade, trabalham em equipe, onde

membros do grupo viajam com antecedência para buscar informações sobre o local a ser

visitado, fazendo vistoria das instalações por onde a autoridade passará, buscando auxilio

junto aos órgãos federais, militares, estaduais, municipais e as organizações de segurança

pública, no sentido de garantir o perfeito funcionamento do esquema de segurança. Após a

visita antecipada os agentes analisam cada etapa da operação de proteção, para uma

prevenção e melhor qualidade na segurança da autoridade.

Em síntese conclusiva deste item, é importante observar que além do perfil adequado

às necessidades de sua profissão, o agente de segurança somente pode atuar na segurança de

dignitários após estar devidamente treinado e obter as instruções inerentes ao seu serviço.

Fazendo uma comparação entre os agentes de segurança do Brasil com os agentes dos

Estados Unidos é possível observar que a qualidade de treinamento dos agentes americanos é

bem superior ao oferecido para os brasileiros, constando que o investimento aplicado na área

do segurança dos Estados Unido é bem alto e com nível de qualidade acima da média. Os

americanos estão sempre utilizando equipamentos modernos, de primeira qualidade e

buscando aperfeiçoamento nos treinamentos de proteção ás autoridades.


39

CONCLUSÃO

Em resposta à questão apresentada na introdução deste estudo (qual o perfil do agente

de segurança de dignitários?), de acordo com o Batalhão de Operações Especiais, para ser um

agente de segurança de dignitários é preciso ter: resistência à fadiga; lealdade; honestidade;

discrição; manejo de armas; coragem; dedicação; inteligência; decisão; noções de defesa

pessoal; nível intelectual e cultural; experiência policial; idade entre 26 e 45 anos.

Tendo por base o plano de segurança de dignitários utilizado pelo Batalhão de

Operações especiais, podemos resumir os seguintes pontos importantes para a referida função:

Os agentes de segurança devem seguir os seguintes mandamentos: agressividade

controlada; disciplina consciente; controle emocional; iniciativa; espírito de corpo; liderança;

versatilidade; honestidade; lealdade; perseverança e flexibilidade.

A segurança de dignitários implica nos seguintes princípios: princípio da preservação;

princípio da iniciativa; princípio da surpresa; princípio da simplicidade; princípio da

coordenação; princípio do comportamento de massa; princípio do emprego da força; e,

princípio da maneabilidade.

O trabalho de segurança de dignitários está sujeito as seguintes vulnerabilidades:

rotina; improvisação; falta de motivação; despreparo profissional; falta de informações; e,

falta de interação da autoridade com o sistema de segurança.

O serviço de segurança compreende os seguintes atributos: controle e emprego dos

agentes; planejamento e execução de instruções; inspeções em locais e itinerários diversos;

coordenação com as polícias civil e militar e outros órgãos públicos de defesa; serviço de

guarda; controle de bagagem; controle de correspondência; controle e verificação de

alimentos; controle de equipamentos; códigos de comunicação; levantamento de dados e


40

acompanhamentos de empregados; controle de investigações especiais; e, arquivo de

levantamentos.

Os fatores que condicionam o planejamento e execução de um trabalho de segurança

de dignitários são os seguintes: grau de risco; importância da autoridade; conjuntura atual;

comportamento da autoridade; e a disponibilidade de recursos materiais e humanos.

É importante observar que, em serviços de segurança, prevenir uma ocorrência é a

chave do sucesso. Prevenir é antecipar, preparar, evitar, impedir ou minimizar a ocorrência de

um fato.

Para cada tipo de ação é preciso ter o conhecimento da legislação específica e adotar

medidas técnicas de prevenção que devem ser, principalmente, dinâmicas, face ao ‘modus

operandis’ do agente oponente.

O agente de segurança deve ser adequadamente treinado, uma vez que, a tomada de

decisão sobre as medidas de segurança, em diversas situações, poderá oscilar conforme a

importância da pessoa e a conjuntura atual.

Quanto ao perfil do agente de segurança de dignitários, entendemos que o profissional

para exercer a função de agente de segurança de dignitários precisa ter conhecimentos

técnicos e especializados na área de segurança e, também, deverá passar por uma série de

testes e critérios para poder exercer sua função adequadamente.


41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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OLIVEIRA, A.F.(2004) Empresas de vigilância no sistema de prestação de serviços de

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YIN, R.K. (2005) Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman.
43

ANEXO I: SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS – BATALHÃO DE OPERAÇÕES

ESPECIAIS

SEGURANÇA DE DIGNITÁRIOS

Autor: Maj PMDF Alexandre Sérgio Vicente Ferreira

Definições básicas:

Dignitário: É aquele que exerce cargo elevado, de alta graduação honorífica e que foi elevado

a alguma dignidade. É o VIP.

Segurança: É uma série de medidas proporcionadas a uma autoridade que garantam, no

sentido mais amplo possível, a sua integridade física.

Princípios Básicos:

Princípio da objetividade

• Princípio da preservação

• Princípio da iniciativa

• Princípio da surpresa

• Princípio da simplicidade

• Princípio da coordenação

• Princípio do comportamento de massa

• Princípio do emprego da força


44

• Princípio da maneabilidade

Vulnerabilidades freqüentes:

• Rotina

• Improvisação

• Desmotivação

• Despreparo profissional

• Falta de informações

• Falta de interação da autoridade com o sistema de Segurança

Atribuições do Serviço de Segurança:

• Controle e emprego dos agentes

• Planejamento e execução de instrução

• Inspeções em locais e itinerários diversos

• Coordenação com as Polícias Civil e Militar e outros Órgãos

• Serviço de Guarda

• Controle de bagagem

• Controle de correspondência

• Controle e verificação de alimentos

• Controle de equipamentos

• Códigos de comunicação

• Levantamento de dados e acompanhamentos de empregados

• Controle de investigações especiais

• Arquivo de levantamentos

ATRIBUTOS DO AGENTE DE SEGURANÇA


45

• Resistência à fadiga

• Lealdade

• Honestidade

• Discrição

• Manejo de armas

• Coragem

• Dedicação

• Inteligência

• Decisão

• Noções de defesa pessoal

• Nível intelectual e cultural

• Experiência policial

• Idade entre 26 e 45 anos

ATENTADOS

Introdução

• Hoje em dia, o noticiário de imprensa aborda freqüentemente no cenário mundial,

notícias sobre seqüestros e atentados de toda ordem a pessoas importantes ou público

inocente, culminando na maioria das vezes com os piores desfechos, inclusive

assassinato.

• No círculo das pessoas visadas, não são incluídas somente as altas autoridades, mas

também são considerados alvos em potencial para uma hostilização o pessoal

integrante dos sistemas de informações, juntamente com seus familiares, porque são

detentores do conhecimento, pretendido pelo elemento adverso.


46

• A adoção das medidas de segurança, em situações diversas, naturalmente oscilará de

acordo com a importância da pessoa (função exercida) e a conjuntura atual.

Conceito de atentado

• "É uma ação criminosa, sobre determinada(s) pessoa(s), grupos ou instituição,

executada por um indivíduo ou grupo, com uma finalidade propósito ou razões

específicas, utilizando para isso meios adequados.”

Fatores que condicionam o planejamento e execução de um trabalho de segurança de

dignitários:

• Grau de risco

• Importância da autoridade

• Conjuntura atual

• Comportamento da autoridade

• Disponibilidade de recursos materiais e humanos

Vantagens para o executante do atentado:

• Conhecimento do local da ação;

• Disponibilidade de tempo para o planejamento;

• Possibilidade de ocultação entre o público, convidados ou imprensa;

• Despreparo do elemento de segurança;

• Rotina conhecida e vazamento de informações das atividades da autoridade;

• Meios de comunicações deficientes;

• Falta de cooperação da autoridade.

• Fontes de hostilização
47

• Organizações de informações adversas;

• Organizações terroristas;

• Outros: Missões Diplomáticas hostis, Imprensa, Pessoas, etc.

• Propósito dos atentados

• DESMORALIZAÇÃO, causado através do escândalo, normalmente com ampla

divulgação pela imprensa;

• SEQUESTRO, com a finalidade de auferir vantagem política ou lucro financeiro;

• EXTERMÍNIO da vítima, como propósito extremo, quando atingido o objetivo ou

com a finalidade de encobrir a identidade e fuga do elemento adverso.

• CAUSAR TERROR ou pânico entre a população.

APARIÇÃO EM PÚBLICO

Conceito:

Aparição em público é todo o comparecimento, de uma autoridade, a um lugar no qual se

encontram presentes pessoas estranhas ao seu convívio diário, a fim de cumprir um

compromisso oficial ou particular.

Fatores Considerados nos Planejamentos:

Quanto ao público:

• Controlado: é aquele que foi selecionado previamente para a participação no evento;

• Não controlado: é aquele que não é selecionado ou previamente controlado

Quanto ao tipo do evento:

• Comícios e carreatas
48

• Inaugurações, aberturas e encerramentos de eventos

• Palestras e reuniões

• Apresentações sociais

• Grandes cerimônias

Quanto à formalidade:

• Formal ou oficiais

• Informais ou particulares

Quanto ao tempo de preparação:

• Eventos previstos: São aqueles programados na agenda da autoridade com

antecedência;

• Eventos inopinados: São aqueles cumpridos sem o conhecimento prévio da segurança

e, por conseguinte, sem a devida preparação;

Quanto ao local:

• Recinto fechado

• Recinto aberto

Quanto ao sigilo:

• Ostensiva

• Reservada

Locais de aparição em público: Os locais de aparição em público devem atender as seguintes

características:
49

• Amplitude

• Acessos

• População

• Terreno favorável

• Meios de comunicação

Características dos itinerários:

Quanto ao meio físico:

• Terrestre

• Aéreo

• Aquático

Quanto à proteção:

• Cobertos e abrigados

• Descobertos e desabrigados

Quanto à luminosidade:

• Diurno

• Noturno

Quanto à extensão:

• Curtos

• Longos

Quanto ao sigilo:
50

• Ostensivos

• Reservados

Quanto à missão:

• De rotina

• Eventuais

• Inopinados

Quanto à flexibilidade:

• Flexíveis

• Inflexíveis

Seleção do Itinerário:

• Planejamento inicial

• Reconhecimento

• Escolha

Medidas de segurança nos itinerários:

• Rotineiras

• Especiais

• Inopinadas

SEGURANÇA NAS INSTALAÇÕES

1) Tipos de Imóveis:
51

• HOTEL

Vantagens:

• A administração facilita os serviços de limpeza, arrumação, lavagem de roupas,

alimentação, etc.

• Pode-se ocupar o último andar para facilitar o controle de acesso de pessoas.

Desvantagens:

• O acesso no Hotel é livre a todos, não se tendo o controle efetivo dos que entram e

saem.

• A existência de escadas de incêndios facilita ao acesso de pessoas.

• APARTAMENTOS

Vantagens:

• O acesso ao imóvel geralmente é isolado;

• Os elementos que circulam no prédio geralmente são conhecidos (vizinhos);

• As entradas e saídas são em menor número, facilitam ao controle do acesso de

pessoas. Também poderá ser considerado como desvantagem (Vigilância do elemento

adverso).

Desvantagens:

• O acesso é coletivo, no caso de ser a mesma entrada para salas comerciais;

• A existência de escadas de incêndio facilita ao acesso de pessoas.

- CASAS GEMINADAS
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Desvantagens:

• As entradas sendo juntas dificultam a adoção de medidas de segurança, principalmente

o controle do acesso de pessoas;

• Os telhados normalmente dão acesso de uma para outra casa;

• Podem-se ouvir conversas através das paredes;

• A casa vizinha pode ser utilizada como apoio para uma hostilização.

- CASAS ISOLADAS

Vantagens:

• É a situação ideal, facilita a Segurança;

• Permite em melhores condições, as diversas medidas de proteção (sistema da alarmes,

comunicações, gerador reserva, etc.),

• Facilita o controle do acesso de pessoas e veículos;

Desvantagens:

• A existência de pontos dominante nas proximidades dificulta a Segurança.

1) Segurança no Local de Trabalho

O local de trabalho poderá estar localizado em imóveis conforme as situações acima

apresentadas e em conseqüência apresentará as mesmas vantagens e desvantagens

correspondentes.

• Seleção de Residências
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Caso seja possível selecionar uma residência, antes da ocupação, devemos nos preocupar com

os seguintes itens:

• Privacidade;

• Cercas e muros (com altura suficiente para proteção);

• Sem obstáculos entre a casa e o muro;

• Vários acessos ao local da residência;

• Distante de pontos dominantes.

3) Segurança da Residência

Os itens abaixo correspondem a uma série de medidas de segurança que deveremos utilizar na

residência.

• Proteção para todas as aberturas;

• Inspeções freqüentes nas dependências;

• Dependências vazias (trancadas e verificadas regulamente);

• Escolha de empregados;

• Visitas identificadas;

• Utilização de alarmes;

• Emprego de cães.

4) Cuidados com a correspondência

No caso de recebimento de cartas ou pacotes suspeitos, verificar os itens abaixo:

• Remetente procedência;

• Selos, lacres e carimbos;

• Peso e espessura;
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• Cheiro em manchas;

• Rigidez da embalagem;

• Envelope duplo.

5) Cuidado com o automóvel

A situação ideal é a de que carro permaneça (quando não utilizado) trancado numa garagem

também fechada. Quando isto não ocorrer, antes de abrir o automóvel devemos examinar:

ƒ O chão em torno do carro;

ƒ Os lados do carro;

ƒ Embaixo do carro (reflexo);

ƒ O seu interior.

ESCOLHA DE ITINERÁRIOS

Dentre as diversas situações vulneráveis em que se pode encontrar uma Autoridade, uma das

mais críticas é durante um deslocamento a pé ou transportado, quaisquer que sejam as

precauções tomadas.

Por esta razão, o planejamento e a escolha de itinerários a serem percorridos por uma

Autoridade, merecem especial atenção por parte da Segurança com o objetivo de evitar,

dificultar ou minimizar os efeitos de uma agressão.

a) Conceito

ESCOLHA DE ITINERÁRIOS: é a decisão decorrente de um reconhecimento e

planejamento sobre o deslocamento a pé ou transportado, a ser percorrido por uma

Autoridade.
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b) Aspecto a serem observados na escolha de itinerários

• Classificação dos tipos de deslocamentos;

• Exame na carta;

• Reconhecimento;

• Planejamento;

• Decisão;

• Execução.

1) Classificação dos tipos de deslocamentos:

a) Quanto a Missão

ROTINEIROS: deslocamentos efetuados da residência para o trabalho e vice-versa;

ESPECIAIS: são aqueles realizados para atender às solenidades oficiais e as de cunho social

(inaugurações, concertos, datas cívicas, jantares);

INOPINADOS: são os deslocamentos não programados.

b) Quanto ao Meio de Transporte

AÉREOS: quando é utilizado avião ou helicóptero;

AQUÁTICOS: no caso de utilização de navios, lanches, barcos pequenos, etc. Pode ser

marítimo, fluvial ou lacustre;

TERRESTRES: realizado utilizando-se automóveis, ônibus e trens.

c) Quanto ao sigilo
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OSTENSIVOS: quando realizado com o conhecimento do público em geral, seja através da

divulgação do deslocamento, seja pela fácil identificação pelos transeuntes da passagem da

Autoridade;

SIGILOSOS: quando se procura furtar do conhecimento público este deslocamento, agindo

com discrição e se possível, utilizando transportes que não denunciem o citado deslocamento.

d) Quanto ao horário

DIURNOS: realizado à luz do dia, com todas as implicações que um deslocamento nessas

condições enfrenta (trânsito, pedestres, etc.). Para se diminuir o tempo de deslocamento,

haverá necessidade de emprego de força policial (trânsito);

NOTURNOS: as condições são opostas às acima descrita. Não há necessidade de

envolvimento de grandes efetivos policiais na Segurança.

e) Quanto à Extensão

CURTOS: deslocamentos realizados dentro do perímetro urbano;

LONGOS: grandes deslocamentos fora do perímetro urbano ou mesmo fora da cidade (zona

rural ou outras cidades).

f) Quanto à Flexibilidade

FLEXÍVEIS: quando há possibilidade de mudança no deslocamento (itinerários alternativos)

para outras opções de acesso e de retiradas dos locais a serem percorridos;

NÃO FLEXÍVEIS: quando não há esta possibilidade (ex.: todavia sem retorno).

g) Quanto aos Meios Empregados


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SIMPLES: deslocamentos que não exigem grande emprego de meios (ex. deslocamentos

inopinados e sigilosos);

COMPLEXOS: há necessidade de grande emprego de meios. A utilização de pessoal e

meios em apoio fica condicionado aos seguintes fatores:

• Importância da Autoridade;

• A disponibilidade de pessoal e material;

• A conjuntura atual.

h) Quanto às Comunicações

Qualquer que seja o deslocamento há necessidade de uma rede de comunicações. O comando

da operação será feito pelo Chefe da Segurança, se necessário, o comando poderá ser feito

através da Central.

2) Exame na Carta

O exame na carta é importante para as fases posteriores de reconhecimento no local e

planejamento, por parte da Segurança.

Deverá seguir os seguintes itens:

• Seleção das estradas que poderão ser utilizados nos diversos itinerários;

• Escolha das estradas que permitam os deslocamentos sem problemas;

• Identificar os pontos críticos. É preferível evitá-los, porém se não for possível, reforçar

a segurança nestes locais.

3) Reconhecimento
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O reconhecimento é feito por etapas de acordo com a programação da Autoridade, levando-se

em consideração o tipo de deslocamento e os dados fornecidos pelo exame na carta;

Não devemos desprezar nunca a possibilidade de um atentado, por menor que seja;

Os itinerários deverão ser reconhecidos no mesmo sentido em que a Autoridade se deslocar;

Caso haja necessidade de mudar o itinerário, por vontade da Autoridade ou decisão do Chefe

da Segurança, é necessário que o esquema de Segurança (Segurança Velada, Policiamento

Ostensivo e de Trânsito) tenha condições de se deslocar para o outro itinerário;

Verificar nos lugares de embarque e desembarque da Autoridade, o tipo de entrada e saída do

veículo (ortodoxo e não-ortodoxo; mão e contramão).

4) Planejamento

Após o reconhecimento, é feita uma reunião para planejar o esquema de Segurança a ser

empregado;

O planejamento deve ser o mais detalhado possível, distribuindo missões a todos os

componentes do esquema de Segurança, de uma forma simples e com clareza;

Deverá haver bastante entrosamento em todos os setores envolvidos no esquema de

Segurança, de modo a haver continuidade no desenvolvimento dos trabalhos.

5) Decisão
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Baseado nos quatro itens anteriores (tipo de deslocamento, exame na carta, reconhecimento e

planejamento), a decisão será então limitada à escolha do itinerário Principal e dos itinerários

Alternativos.

6) Execução

a) Montagem do Dispositivo

De acordo com o planejamento feito, cada chefe de setor deverá assumir a sua missão e

distribuir o seu pessoal, que deverá ter pleno conhecimento de sua atuação;

Especial atenção para o pessoal empenhado nos pontos críticos e pontos dominantes.

Infiltração na multidão, da Segurança Velada para sentir a reação do público em face de

presença da Autoridade;

Manter sempre uma reserva em condições de reforçar os pontos necessários;

Verificar durante a montagem do dispositivo, o pleno conhecimento da missão do pessoal em

apoio: hospital, bombeiros, tropas de choque, helicóptero, etc.

b) Reconhecimento final

No dia do evento, após a montagem do dispositivo, com tempo suficiente antes da passagem

da Autoridade, as equipes Precursora e Vistoria realizam uma última inspeção no dispositivo.

Etapas equipes deverão manter contato permanente com o Chefe da Segurança para a

eventualidade de uma mudança de itinerário (se necessário)


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7. Conclusão

A boa execução do esquema de Segurança dependerá do estudo minucioso e aplicação correta

dos aspectos a serem observa na Escolha de Itinerários, porém devemos estar sempre

preparados para qualquer eventualidade, até mesmo para improvisações, porque ao elemento

adverso cabe a iniciativa com quase 100% (cem por cento) de probabilidade de êxito.

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