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CRIACIONISMO 1

CRIACIONISMO
John MacArthur, Jr

R econhecendo que a Bíblia é a que exige averiguação primária.


própria Palavra de Deus dirigida ao
homem e entendendo a prioridade de
conhecer suas verdades e obedecê-las, TESTEMUNHO UNÂNIME
devemos estar comprometidos em Em toda a Bíblia existem afir-
estudar com diligência o ensino das mações específicas testemunhando
Escrituras. que Deus criou o mundo: “Só tu és
Quando o universo e tudo que SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos
ele contém foram criados? O que céus e todo o seu exército, a terra e
aconteceu e quanto tempo levou? tudo quanto nela há, os mares e tudo
Deus, o único que existia antes mes- quanto há neles; e tu os preservas a
mo de o mundo ter seu início, todos com vida, e o exército dos céus
apresenta as respostas para essas per- te adora” (Neemias 9.6); “Assim diz
guntas em sua revelação ao homem o SENHOR, que te redime, o mesmo
— a Bíblia. que te formou desde o ventre mater-
no: Eu sou o SENHOR, que faço todas
as coisas, que sozinho estendi os céus
O PONTO DE PARTIDA e sozinho espraiei a terra” (Isaías
Existe uma história fictícia a res- 44.24); “Ah! SENHOR Deus, eis que
peito de alguns homens que pro- fizeste os céus e a terra com o teu
curavam resposta para esta pergun- grande poder e com o teu braço es-
ta: de onde veio a Terra? Depois de tendido; coisa alguma te é dema-
reunirem suas informações e intro- siadamente maravilhosa” (Jeremias
duzirem-nas em um sofisticado 32.17). O apóstolo Paulo disse ao
computador, eles apertaram, com povo de Listra: “...e vos anuncia-
grande expectativa, a tecla de respos- mos o evangelho para que destas
tas. As luzes brilharam, as cam- coisas vãs vos convertais ao Deus
painhas soaram, e o computador lhes vivo, que fez o céu, a terra, o mar e
deu a seguinte mensagem impressa: tudo o que há neles” (Atos 14.15).
“Vejam Gênesis 1.1”. Essa história “Todas as coisas tu criaste, sim, por
fictícia ilustra um fato crucial: Deus causa da tua vontade vieram a existir
nos outorgou uma revelação escrita e foram criadas” (Apocalipse 4.11).
2 Fé para Hoje
Uma pesquisa mais abrangente inclui portas para dentro; porque, em seis
1 Crônicas 16.25-26, Jó 38-41, Sal- dias, fez o SENHOR os céus e a terra,
mos 33.6, Salmos 148.1-5, Pro- o mar e tudo o que neles há e, ao
vérbios 3.19, Amós 4.13, Jonas 1.9, sétimo dia, descansou; por isso, o
Zacarias 12.1, Romanos 9.20, SENHOR abençoou o dia de sábado e
Apocalipse 10.6 e 14.7. o santificou” (Êxodo 20.8-11).
As passagens da Bíblia nos mos- O homem deve trabalhar seis
tram que uma Pessoa, e não um dias (v. 9), porque em seis dias o
processo, trouxe o mundo à existên- Senhor criou os céus, a terra, o mar
cia; e esta é a conclusão irrefutável: e tudo o que neles há (v. 11). Visto
Deus é a causa primária da existên- que os dias de trabalho são medidos
cia de todas as coisas. em segmentos de 24 horas, o perío-
do de tempo da Criação (que serviu
como protótipo) deve ter a mesma
AFIRMAÇÕES DIRETAS medida. Esta mesma lógica se aplica
Para muitos crentes sinceros, a ao dia de descanso (vv. 10-11). Se
pergunta não é: “Quem criou o mun- os dias não possuem a mesma medi-
do?, e sim: “Como Deus o criou?” da, em ambas as passagens, a ilus-
A Bíblia não tração perde seu
se mantém em  significado.
silêncio a respei- Deus é a causa primária Em segun-
to deste assunto, do, o escritor da
pois ela apresen- da existência de todas Epístola aos
ta afirmações as coisas. Hebreus nos
definitivas sobre  fala sobre os
a natureza espe- materiais que
cífica da Criação, referindo-se tanto Deus utilizou na Criação. “Pela fé,
à quantidade de tempo como à fonte entendemos que foi o universo for-
do material utilizado. mado pela palavra de Deus, de ma-
Primeiramente, a Bíblia nos diz neira que o visível veio a existir das
quanto tempo foi gasto na criação do coisas que não aparecem” (Hebreus
mundo. Quando Deus (através de 11.3). Não existia qualquer matéria
Moisés) desejou ilustrar como o eterna; tampouco Deus plantou as se-
Quarto Mandamento deveria ser obe- mentes que se desenvolveriam e se
decido, Ele mencionou a Criação tornariam algo mais complexo do que
como um modelo — “Lembra-te do elas mesmas. A Bíblia deixa claro
dia de sábado, para o santificar. Seis que a criação do mundo foi ex nihilo
dias trabalharás e farás toda a tua (do nada). Isto significa que o mun-
obra. Mas o sétimo dia é o sábado do visível para nós hoje não é o re-
do SENHOR, teu Deus; não farás ne- sultado de imensas etapas de
nhum trabalho, nem tu, nem o teu maturação. Pelo contrário, o mundo
filho, nem a tua filha, nem o teu ser- visível chegou à existência como re-
vo, nem a tua serva, nem o teu sultado do ato criativo da parte de
animal, nem o forasteiro das tuas Deus, sem a utilização de materiais
CRIACIONISMO 3
já existentes. Visto que Deus é a causa Suponhamos, por um momento,
primária da criação especial, deve- que o mundo e seus habitantes vie-
mos imaginar que a sua criação te- ram à existência por meio de um pro-
nha a sua assinatura. cesso. O mais complexo se desenvol-
veria (evoluiria) a partir do mais sim-
ples. A maior parte dos evolucionistas
A NATUREZA DE DEUS concorda que a raça humana perma-
A eterna perfeição de Deus é nece como a epítome do processo.
admitida em toda a Bíblia. A admi- Se tudo isso é verdade, aquilo que é
rável majestade da criação, por elementar a respeito da natureza do
exemplo, reflete o poder, a glória e homem, também deve ser elementar
o domínio de Deus. “Os céus pro- no que diz respeito ao organismo
clamam a glória de Deus, e o firma- original do qual o homem evoluiu.
mento anuncia as obras das suas
mãos” (Salmos 19.1). Esta argumentação, embora atra-
Nenhum processo de evolução ou ente, é falsa por causa de pelo me-
maturação nos mostraria, desde o nos um fato bíblico elementar. O
princípio, a infinidade e o poder de homem foi criado à imagem de Deus.
Deus. No entanto, desde o principio, Portanto, os homens não podem ter
a criatura tem ficado sem desculpa evoluído até à imagem de Deus, por-
por sua ignorância a respeito de Deus, que não existe qualquer intervalo de
pois Ele é revelado claramente na na- tempo entre a criação do homem e o
tureza de sua criação. ter sido ele feito à imagem de Deus.
É possível conceber um proces- Está escrito: “Este é o livro da
so evolucionário sem qualquer genealogia de Adão. No dia em que
atividade divina. Essa é a razão por Deus criou o homem, à semelhança
que muitos evolucionistas são ateístas de Deus o fez” (Gênesis 5.1).
e por que Deus se torna um incômodo Não importa o que alguém crê a
no pensamento deles. Entretanto, respeito das origens, é necessário
não podemos ter uma criação repen- admitir que Deus, em um momento
tina sem a atividade de Deus. de tempo, dotou a humanidade com
Portanto, somente através da criação a imagem dEle. Um processo não
repentina o poder de Deus se mos- pode explicar a nossa natureza sin-
traria inconfundível desde o início. gular, nem explicar o fato de que a
Essa foi a razão por que o apóstolo humanidade foi contaminada pelo
Paulo disse: “Os atributos invisíveis pecado e de que, por essa razão, Deus
de Deus, assim o seu eterno poder, enviou seu Filho para redimir somen-
como também a sua própria divin- te a humanidade, e não multidões de
dade, claramente se reconhecem, outras formas de vida.
desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que
foram criadas. Tais homens são, por O MINISTÉRIO TERRENO DE CRISTO
isso, indesculpáveis” (Romanos Podemos examinar a mais con-
1.20). fiável autoridade neste assunto — o
4 Fé para Hoje
Criador Encarnado, Jesus Cristo. O obras poderosas (os milagres criati-
Salvador é, com certeza, a testemu- vos) nos persuadem ainda mais. Em
nha suprema que nos pode oferecer determinada ocasião, Ele criou vi-
esclarecimento convincente sobre nho a partir da água (João 2.1-11).
este assunto. Em duas ocasiões, Jesus criou ali-
A Bíblia nos fala sobre o envol- mento em abundância para milhares
vimento dEle na Criação. As Escri- de pessoas, a partir de pequena quan-
turas fazem declarações fortíssimas tidade de comida (Mateus 14.13-21;
sobre o fato de que Cristo não so- 15.34-39). Em cada ocasião, o mi-
mente se identificou com a Criação, lagre ocorreu sem um processo e sem
mas também de que Ele é o seu au- o decorrer de grandes períodos de
tor: “Todas as coisas foram feitas por tempo.
intermédio dele, e, sem ele, nada do Deus proporcionou aos discípu-
que foi feito se fez” (João 1.3). los um vislumbre da glória de Cristo,
“Nele, foram criadas todas as coi- em sua segunda vinda, no Monte da
sas, nos céus e sobre a terra, as visí- Transfiguração; e, através dos mila-
veis e as invisíveis, sejam tronos, gres, Deus também nos dá uma
sejam soberanias, quer principados, contemplação do poder criador de
quer potestades. Tudo foi criado por Jesus. Devemos observar com cui-
meio dele e para ele” (Colossenses dado que Deus não somente era capaz
1.16); “Nestes últimos dias, nos fa- de manifestar seu poder criador, mas
lou pelo Filho, a quem constituiu também que Ele desejava fazer isso.
herdeiro de todas as coisas, pelo qual
também fez o universo” (Hebreus
1.2). OS ACONTECIMENTOS DO FIM DO
MUNDO
Muitas explicações sobre a Cri-
ação exigem um intervalo de tempo De todas as evidências bíblicas
significativo entre a criação da ma- que indicam uma criação repentina,
téria e a origem do homem. Mas os acontecimentos do fim do mundo
devemos ouvir o ensino do próprio podem ser os mais convincentes.
Senhor Jesus: “Desde o princípio da Quando consideramos a maneira
criação, Deus os fez homem e mu- como Deus resolveu concluir a his-
lher” (Marcos 10.6). As palavras que tória da humanidade, podemos
Cristo utilizou deixam o intérprete vislumbrar como o mundo teve seu
sem qualquer outra alternativa, início.
exceto a de entender que o homem Os crentes acreditam que seus
foi uma parte da Criação, em seu fi- corpos serão ressuscitados e transfor-
nal, e não um desenvolvimento mados, para tornarem-se gloriosos e
subseqüente. Esta evidência incorruptíveis. Temos todas as razões
determinativa é levada em conta so- para crer que, de acordo com as Es-
mente em um modelo de criação crituras, o Senhor é capaz e está
repentina. disposto a fazer isto (Daniel 12.2;
As palavras de Cristo são con- João 5.29; Romanos 8.23; 1 Tessa-
vincentes, mas a importância de suas lonicenses 4.16-17; 1 Coríntios
CRIACIONISMO 5
15.51-52). Todos os corpos dos cren- considerado o fim dos tempos, vol-
tes serão recriados instantaneamente tamos ao início. Será que Gênesis nos
do pó da terra. dá razões para crermos que a terra
Isto se assemelha a uma repeti- foi criada pessoalmente por Deus, em
ção da criação de Adão. Naquele tem- um breve período de tempo?
po, não somente um corpo será cria-
do, mas, literalmente, serão criados
os corpos de milhões que já creram O RELATO DE GÊNESIS
em Cristo como seu Salvador. Visto A gramática de Gênesis fornece
que na ressurreição imensas multi- algumas evidências convincentes para
dões receberão corpos recriados, quão uma criação repentina. Por exemplo,
fácil pode ter sido para Deus no prin- a palavra hebraica traduzida “dia”,
cípio criar Adão e Eva. Portanto, é no contexto de Gênesis, refere-se tan-
válido concluir que o milagre maior to às horas de luz incluídas em um
e criativo da ressurreição permanece ciclo de 24 horas como a todo o pe-
como um correspondente do milagre ríodo de trevas e luz (24 horas).
menor da Criação. Assim, a criação Observe, primeiramente, que a pa-
repentina não é lavra hebraica
apenas possível, traduzida “dia”,

mas também quando acompa-
provável como Um processo não pode nhada por um
manifestação da explicar a nossa natureza adjetivo numéri-
coerência divi- co (por exem-
na.
singular. plo, quarto dia),
O fim do  nunca é utiliza-
mundo nos faz da de maneira
concluir que houve uma criação re- figurada. Ela é sempre entendida nor-
pentina, no princípio, da mesma malmente.
maneira que o faz a ressurreição dos Em segundo, devemos observar
homens.Em uma rápida aplicação do que no Antigo Testamento o plural
seu divino poder, Ele purificará e da palavra hebraica “dia” nunca é
renovará a terra maldita, por meio utilizado de maneira figurada (por
do fogo, de modo que ela se tornará exemplo, Êxodo 20.9) fora de um
uma nova terra (2 Pedro 3.10-13). contexto que fala sobre a Criação.
A eternidade futura não evolui- Somos, portanto, levados a crer que
rá do mundo presente. Pelo contrá- tal palavra é utilizada de modo se-
rio, Deus trará ao fim o tempo pre- melhante quando se refere às origens.
sente, de modo rápido e poderoso, Em terceiro, os vocábulos “tar-
introduzindo a era final. Devido ao de” e “manhã” nunca são empregados
fato de que Deus reverterá, subita- de maneira figurada no Antigo Tes-
mente, o processo presente, é razoá- tamento. Eles sempre descrevem um
vel crermos que Ele criou de modo período de 24 horas.
semelhante (rapidamente e do nada) Em quarto, Deus nos oferece
o mundo que agora existe. Tendo uma definição da palavra “dia” em
6 Fé para Hoje
Gênesis 1.5, designando-a como um po (uma maturação transformando-
período de luz e de trevas. Depois a em outro organismo). Visto que
de criar a luz (Gênesis 1.3) e causar homem e mulher vieram à existên-
uma separação espacial, na terra, entre cia em uma seqüência de tempo muito
as trevas e a luz (Gênesis 1.4), Deus aproximada, isto exigiu a manifes-
estabeleceu o ciclo luz-trevas como tação do poder criativo de Deus, con-
uma medida de tempo (ou seja, um forme proposto pelo modelo da cri-
dia). Este ciclo luz-trevas é melhor ação repentina.
entendido como um movimento de Com estes pensamentos em men-
rotação completo da terra, ou seja, te, devemos observar com atenção
um dia de 24 horas. que não precisamos começar em
A interpretação gramatical das Gênesis, para entendermos o que a
Escrituras é fundamental para que a Bíblia ensina a respeito da Criação.
compreendamos com exatidão. Es- Havendo finalmente compreendido
tes fatos são significativos indicadores isso, podemos observar que Gênesis
exegéticos do tempo manifestado na confirma o restante da Bíblia e for-
Criação. Eles indicam inquestiona- nece o seu irresistível apoio à opinião
velmente uma Criação em seis dias da criação repentina.
consecutivos, de 24 horas.
Agora voltemos nossa atenção
especificamente para a criação do UM PENSAMENTO FINAL
homem. A espécie humana não evo-
luiu de uma forma inferior de vida. A argumentação e as conclusões
Pelo contrário, ela foi criada por um deste artigo representam as evidên-
decreto de Deus (a manifestação da cias bíblicas de que temos de ser
vontade divina), a partir do pó ina- honestos, se aceitamos com serieda-
nimado (Gênesis 2.7, 3.19; de o relato bíblico. Qualquer solução
Eclesiastes 3.20, 12.7). Nenhuma para o problema das origens formu-
outra explicação sobre as origens do lada sem uma completa consideração
homem coaduna-se a esta evidente destas evidências é completamente
afirmação bíblica, exceto a criação inadequada.
repentina. Talvez não precisemos de um
Além disso, a mulher não evo- computador, afinal de contas, para
luiu do homem ou de qualquer outra solucionarmos os problemas comple-
criatura. Ela foi criada pessoalmen- xos relacionados à Criação. Entre-
te por Deus (Gênesis 2.21-23; 1 tanto, utilizamos a sugestão fictícia
Coríntios 11.8,12), no mesmo dia do computador e consultamos o re-
em que o homem foi criado. Quan- lato bíblico. Esse é realmente o pon-
do a mulher foi criada do homem, to de partida para todos os crentes
não houve grandes intervalos de tem- que procuram conhecer a verdade.

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PERNICIOSOS EFEITOS DA INCREDULIDADE 7

PERNICIOSOS EFEITOS
DA INCREDULIDADE
John Flavel

“Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?”
Marcos 4.40 - NVI.

M enos fé, mais medo. O medo 1. A incredulidade enfraquece


é produzido pela incredulidade; a e obstrui o ato de anuência por par-
incredulidade é fortalecida pelo te da fé. Por isso, a incredulidade
medo. Assim como na natureza exis- rouba, em grande medida, o princi-
tem ciclos observáveis (o vapor pal alívio da alma contra os perigos
produz chuvas, e as chuvas se tor- e dificuldades. O ofício e a utilidade
nam vapores novos, etc.), assim da fé consistem em tornar real para a
também ocorre com os assuntos mo- alma as coisas do mundo por vir,
rais. Conseqüentemente, toda a fortalecendo-a, assim, contra os te-
habilidade do mundo não pode nos mores e perigos do mundo presente.
curar da enfermidade do medo, até “Moisés.... abandonou o Egito, não
que Deus nos cure de nossa incredu- ficando amedrontado com a cólera
lidade. Por isso, o Senhor Jesus do rei; antes, permaneceu firme
utilizou o método correto para liber- como quem vê aquele que é invisí-
tar seus discípulos do medo, ao vel” (Hb 11.24,27). Se este ato de
censurar-lhes a incredulidade. Os anuência da fé enfraquecer-se ou
resquícios deste pecado no povo de mostrar-se vacilante na alma; se as
Deus são a causa e a fonte de seus coisas invisíveis parecerem incertas,
temores. Mais particularmente, Cris- e as visíveis forem as únicas realida-
to os libertou de seu medo para des, não devemos nos admirar de fi-
mostrar-lhes como o medo é gerado carmos tão assustados e amedron-
pela incredulidade e que devemos ser tados, quando o bem-estar visível e
advertidos a respeito de algumas par- sensível é exposto e colocado em
ticularidades. perigo, conforme ele é e sempre será
8 Fé para Hoje
neste mundo instável. O homem que ficar com medo, pois havia contem-
não está completamente persuadido plado antecipadamente o Dilúvio —
de que é firme e bom o solo em que pela fé — e se preparado para ele.
pisa, esse homem tem de sentir medo “Pela fé, Noé, divinamente instruí-
de permanecer em tal solo. Não de- do acerca de acontecimentos que
vemos nos admirar de que os homens ainda não se viam e sendo temente a
tremam quando parecem sentir que Deus, aparelhou uma arca” (Hb
o solo balança e se move sob os pés 11.7). Agostinho relatou uma histó-
deles. ria muito interessante e memorável
a respeito de Paulinus, o bispo de
2. A incredulidade fecha os re- Nola, que era muito rico tanto em
fúgios que a alma encontra nas graça como em bens. Paulinus tinha
promessas divinas; e, por deixá-la muitas coisas do mundo em su-
sem estes refú- as mãos, mas
gios, coloca-a  pouco destas
em temores e A incredulidade é uma coisas em seu
pavores. Aqui-
lo que fortalece
fonte de temores e aflições. coração. tudo estaria
E

e encoraja um  bem, se não


crente, em tem- fosse pelo fato
pos maus, é a sua dependência de de que os godos, um povo bárbaro,
Deus, no que se refere à proteção. invadiram a cidade, como demôni-
“Em ti é que me refugio” (Sl os, e arremeteram-se contra a sua
143.9). O ato de privar a alma deste presa. Aqueles que confiavam em
refúgio, perpetrado tão-somente pela seus tesouros se enganaram e foram
incredulidade, despoja-a de todos os arruinados por tais tesouros, pois os
amparos e socorros que as promessas ricos foram expostos à tortura, a fim
proporcionam; conseqüentemente, de confessarem onde haviam escon-
enche o coração de ansiedade e te- dido seu dinheiro. Este amável bispo
mor. caiu nas mãos dos godos, perdendo
tudo o que possuía, mas não se aba-
3. A incredulidade torna o ho- teu por causa da perda, como
mem negligente e descuidado em transparece de sua oração, que Agos-
se preparar para as dificuldades, tinho citou: “Senhor, não permita
antes que elas venham, e que vêm que eu fique atribulado por causa de
sobre ele de maneira surpreenden- meu ouro e minha prata. Tu sabes
te. E quanto mais surpreendente for que este não é o tesouro que tenho
um mal, tanto mais atemorizante o acumulado no céu, de acordo com o
acharemos. Não podemos pensar que teu mandamento. Fui advertido so-
Noé ficou tão atemorizado quanto o bre este julgamento, antes que viesse,
ficaram as demais pessoas, na oca- e me preparei para ele. E tu, Senhor,
sião do Dilúvio, quando as águas sabes onde se encontra todo o meu
começaram a se elevar sobre os mon- interesse”.
tes e colinas. Ele não tinha razão para Assim também agiu o Sr. Brad-
PERNICIOSOS EFEITOS DA INCREDULIDADE 9
ford, quando um homem veio apres- com temores referentes a outros as-
sado ao seu quarto e, repentinamente, suntos de menor importância, mas
lhe transmitiu palavras capazes de também podem confiar a Deus tais
fazer tremer a maioria dos homens assuntos, desfrutando assim da quie-
do mundo: “Ó Sr. Bradford, eu lhe tude e paz de uma alma rendida a
trago notícias desastrosas: você será Ele. E, quanto a você, leitor, a sua
queimado amanhã; e estão sendo vida, a sua liberdade e a sua alma,
compradas as correntes que o pren- que é infinitamente mais importante
derão!” O Sr. Bradford retirou o do que todas estas coisas, estarão sob
chapéu e disse: “Senhor, eu te agra- a sua responsabilidade, no dia de afli-
deço. Há muito tempo espero por ção, e você não saberá o que fazer
isto. Não é terrível para mim. Ó com elas, nem como lidará com elas.
Deus, torna-me digno dessa miseri- Oh! estes são os terríveis medos
córdia”. Veja os benefícios de uma e dificuldades nos quais a increduli-
antecipação e preparação para tais dade lança os homens! A incre-
sofrimentos! dulidade é uma fonte de temores e
aflições. De fato, ela distrai e con-
4. A incredulidade nos leva a funde os incrédulos, nos quais reina
tomarmos sob nossa responsabili- e se manifesta com pleno vigor. Ex-
dade os nossos mais caros interes- periências desagradáveis nos mostram
ses e preocupações; ela não que os resquícios deste pecado pro-
entrega nada aos cuidados de duzem temores e tremores até nos
Deus, e, conseqüentemente, quan- melhores homens que não estão com-
do perigos iminentes nos ameaçam, pletamente libertos dele. Se em tais
enche o nosso coração com temo- homens os resquícios não-expurga-
res que nos distraem. Leitor, se este dos da incredulidade podem
é o seu caso, você ficará cercado por obscurecer e ocultar suas evidênci-
terrores, sempre que perigos e difi- as, esses mesmos resquícios podem
culdades lhe sobrevierem. Aqueles igualmente aumentar e multiplicar os
que reconhecem este fato, bem como seus perigos. Se a incredulidade é
muitos outros, têm a vantagem de capaz de produzir essas infelizes e
que, pela fé, entregam a Deus tudo terríveis conclusões no coração des-
que é importante e valioso. Eles têm ses homens respeitáveis, que temores
confiado a Deus o cuidado de sua terríveis e medos incontroláveis a
alma e seus interesses eternos. E, incredulidade pode causar em homens
visto que estas coisas estão em mãos que estão sob o seu domínio e em
seguras, tais pessoas não se distraem pleno vigor?

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A incredulidade é a crença em uma mentira.


Horatius Bonar
10 Fé para Hoje

A MISSÃO DA IGREJA
John Newton

A missão da igreja não é reformar o mundo, nem erradicar as suas


práticas más. Nosso único propósito é pregar o evangelho de Cristo. Se
homens e mulheres chegarem a amar o Salvador, não há dúvida de que a
conduta exterior deles será transformada. As seguintes palavras foram ditas
por John Newton em uma conferência de pastores, em janeiro de 1778. Ele
estava falando sobre como a igreja pode realizar transformações morais no
mundo. Seus comentários se mostram tão apropriados hoje como o foram na
sua época.
“O evangelho de Cristo, o glorioso evangelho do Deus bendito,
é o único instrumento eficaz para transformar a humanidade. O
homem que possui e sabe como utilizar esta grande e maravilhosa
ferramenta, se posso fazer esta comparação, conseguirá facilmente
aquilo que, de outro modo, seria impossível. O evangelho remove
as dificuldades intransponíveis à capacidade humana: faz o cego
ver e o surdo ouvir; amolece o coração de pedra; ressuscita aque-
le que estava morto em ofensas e pecados para um vida de retidão.
Nenhuma outra força, exceto a do evangelho, é suficiente para
remover os imensos fardos de culpa de uma consciência desperta-
da; para aquietar o ardor de paixões incontroláveis; para levantar
uma alma mundana atolada no lamaçal da sensualidade e da ava-
reza, para uma vida divina e espiritual, uma vida de comunhão
com Deus.
Nenhum sistema, exceto o evangelho, é capaz de transmitir
motivos, encorajamentos e perspectivas suficientes para resistir e
frustrar todas as armadilhas e tentações com as quais o espírito
deste mundo, com suas carrancas ou com seus sorrisos, se esfor-
ça para intimidar e afastar-nos do caminho do dever. Mas o evan-
gelho, entendido corretamente e recebido com alegria, trará vigor
ao desanimado e coragem ao temeroso. Tornará generoso o mes-
quinho, moldará a lamúria em bondade, amansará a fúria de nosso
íntimo.
Em resumo, o evangelho dilata o coração egoísta, enchendo-o
com um espírito de amor para com Deus, de obediência alegre e
irrestrita para com a vontade dEle, bem como de benevolência
para com os homens.”
CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO 11

CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS
DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO
Wayne Mack

H á vários anos, um crente da está fazendo por nós agora em sua


Holanda entrevistou-me a respeito intercessão, à direita do Pai, e ao
do meu ponto de vista sobre o acon- que ainda fará por nós, no futuro.
selhamento cristão. Ele estava No aconselhamento cristão, o Cris-
viajando pelos Estados Unidos, fa- to da Bíblia não é um acessório, um
zendo perguntas a vários crentes que acréscimo com o qual podemos vi-
eram conselheiros e professores de ver melhor. Pelo contrário, Ele está
aconselhamento a respeito da opi- no centro, nos arredores e em todos
nião deles sobre o que constitui o os aspectos do aconselhamento. O
aconselhamento cristão. Disse ao aconselhamento centralizado em
meu entrevistador que todo aconse- Cristo envolve o entendimento da
lhamento digno de ser chamado natureza e das causas de nossas di-
cristão possui quatro características ficuldades humanas, bem como o
distintivas. entendimento das maneiras em que
somos diferentes de Cristo em nos-
sos valores, aspirações, desejos,
1. A CONSELHAMENTO CENTRA - pensamentos, escolhas, atitudes e re-
LIZADO EM CRISTO ações. Resolver dificuldades
relacionadas ao pecado inclui ser-
Primeiramente, o aconselha- mos pessoas redimidas e justificadas
mento cristão está consciente e por Cristo, recebermos o perdão de
abrangentemente centralizado em Deus por meio de Cristo e obter-
Cristo. O aconselhamento cristão mos dEle o poder que nos capacita
atribui muito valor ao que Cristo é; a substituir padrões de vida pecami-
ao que Ele fez por nós em sua vida, nosos e anticristãos por um modo
sua morte, sua ressurreição e seu en- de viver piedoso e semelhante ao de
vio do Espírito Santo; ao que Ele Cristo.
12 Fé para Hoje

2. A CONSELHAMENTO CENTRA - cristão é realizado por aqueles cujas


LIZADO NA SALVAÇÃO convicções teológicas influenciam,
permeiam e controlam sua vida pes-
Um conselheiro cristão é um soal, bem como sua teoria e prática
crente que expressa sua fé, de modo de aconselhamento.
consciente e abrangente, em sua
perspectiva a respeito da vida. O
aconselhamento verdadeiramente 3. A CONSELHAMENTO CENTRA-
cristão é realizado por indivíduos LIZADO NA IGREJA
que experimentaram a obra re- Outra característica distintiva do
generadora do Espírito Santo, que aconselhamento verdadeiramente
vieram a Cristo, através do arrepen- cristão é que ele estará centraliza-
dimento e da do, de modo
fé, que O reco- 
consciente e
nheceram abrangente,
como Senhor e O aconselhamento verda- na Igreja. As
Salvador de deiramente cristão está fun- Escrituras dei-
suas vidas e xam claro que
que desejam
damentado, de modo a igreja local é
viver em obe- consciente e abrangente, o instrumento
diência a Ele; na Bíblia, extraindo dela a primário pelo
são pessoas
cujo principal
sua compreensão a respeito qual Deus rea-
liza sua obra
objetivo da de quem é o homem, no mundo. A
vida é exaltar a da natureza de seus proble- igreja local é o
Cristo e glori-
ficar o nome
mas, dos “porquês” destes idesignado nstrumento
por
dEle. Os con- problemas e de como Ele para cha-
selheiros resolvê-los. mar o perdido
verdadeira- 
a Si mesmo e
mente cristãos o ambiente no
são pessoas qual Ele santi-
que crêem no fato de que, se Deus fica e transforma seu povo na pró-
não poupou seu próprio Filho (de ir pria semelhança de Cristo. De
à cruz e de morrer ali), mas O en- acordo com as Escrituras, a Igreja é
tregou (à cruz e à morte) por nós a casa de Deus, a coluna e o baluar-
(em nosso favor e em nosso lugar, te da verdade; é o instrumento que
como nosso substituto), Ele nos dará Ele utiliza para ajudar seu povo a
graciosamente tudo que necessita- despojar-se da velha maneira de vi-
mos para uma vida eficiente e ver (hábitos, estilo de vida, maneiras
produtiva (para nos transformar na de pensar, sentimentos, escolhas e
própria imagem de seu Filho, na atitudes características da vida sem
totalidade de nosso ser). O Cristo) e vestir-se do novo homem
aconselhamento verdadeiramente (uma nova maneira de viver com
CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS DO ACONSELHAMENTO CRISTÃO 13
pensamentos, escolhas, sentimentos, blia possui autoridade apenas
atitudes, valores, reações, estilo de designadora (ou seja, como um ins-
vida e hábitos semelhantes ao de trumento que nomeia) e não
Cristo (ver 1 Timóteo 3.15; Efésios funcional (atual, genuína e respeita-
4.1-32). da quanto à pratica) no acon-
selhamento. Estes conselheiros re-
conhecem que a Bíblia é a Palavra
4. A CONSELHAMENTO CENTRA -
de Deus e, por isso, digna de res-
LIZADO NA BÍBLIA
peito, mas, quando se refere a
Finalmente, o aconselhamento entender e resolver muitos dos pro-
verdadeiramente cristão está funda- blemas autênticos da vida, eles
mentado, de modo consciente e crêem que a Bíblia possui valor li-
abrangente, na Bíblia, extraindo dela mitado. Onde quer e por quem quer
a sua compreensão a respeito de que seja realizado esse tipo de
quem é o homem, da natureza de aconselhamento, somos convencidos
seus problemas, dos “porquês” des- de que, embora o conselheiro seja
tes problemas e de como resolvê-los. um crente, seu aconselhamento é
Em outras palavras, o conselheiro sub-cristão, porque não está funda-
precisa estar comprometido, de mentado, de modo consciente e
modo consciente e envolvente, com abrangente, na Bíblia.
a suficiência das Escrituras para re- Estas quatro características dis-
solver e compreender todas di- tintivas do aconselhamento não
ficuldades não-físicas, relacionadas constituem assuntos que podemos
ao pecado, que afetam o próprio in- deixar de lado. Também não são
divíduo e seu relacionamento com “uma tempestade num copo
os outros. Muitos em nossos dias se d’água”. Pelo contrário, elas são o
declaram conselheiros cristãos, mas âmago de qualquer aconselhamento
não afirmam a suficiência das Es- digno do nome “cristão”. Visto que
crituras. Em vez disso, eles crêem entendemos estas características
que precisamos de discernimento como o ensino da Palavra de Deus
proveniente de teorias psicológicas sobre o aconselhamento, elas deter-
e extrabíblicas para compreender- minam o modelo de nossos cursos
mos e ajudarmos as pessoas, de graduação e pós-graduação em
especialmente se elas têm problemas aconselhamento.
sérios. Para tais conselheiros, a Bí-

, , , , , , ,

O entendimento pode esperar, a obediência não.


Geoffrey Grogan
14 Fé para Hoje

COLOCANDO-O NO SEU
DEVIDO LUGAR
Alice Patricia Hershey

E u estava examinando alguns A mãe de Katrine era uma pes-


vestidos em um mostruário, quando soa calorosa e amável. Sua própria
percebi uma discussão ao meu lado. casa irradiava hospitalidade. No en-
Uma adolescente segurava uma mini- tanto, o que mais me impressionou
saia à sua cintura; e sua mãe ba- foi a sua constante referência ao seu
lançava a cabeça, mostrando-se in- esposo. Sempre que havia uma pau-
decisa. sa na conversa, um garoto de quatro
“Lynn, você sabe o que seu pai anos perguntava: “Está quase na hora
pensa sobre essas saias curtas” — disse de papai chegar?”
sua mãe. Mais tarde, os outros filhos che-
“Eu não me importo”, replicou garam da escola, cumprimentaram-
a adolescente. “Ele nunca saberá, se me educadamente e encaminharam-
você não me denunciar. Lembre-se se às suas tarefas.
de todas as vezes que guardei segre- “Vou fazer aqueles bolinhos fa-
dos para você. Além disso, você voritos do papai, para o jantar”, disse
apoiou Bill, quando ele resolveu dei- a filha mais velha, dirigindo-se à
xar o cabelo crescer”. cozinha.
De repente, por instinto de com- Quando me levantei para sair,
paração, veio à minha mente a visita Katrine perguntou, com ansiedade:
que eu havia feito na tarde anterior. “A senhora não poderia esperar ape-
Eu estivera no lar de Katrine, uma nas um momentinho, para conhecer
nova aluna em minha classe de Es- o papai?”
cola Dominical, cujos pais haviam A essa altura, eu já estava curio-
emigrado ao nosso país há apenas sa sobre aquele homem notável, que
cinco anos. fazia jus a tal amor e respeito de toda
COLOCANDO-O NO SEU DEVIDO LUGAR 15
a sua família. Eu realmente não pre- para levar um recado a certa pessoa.
cisava do segundo convite da dona De alguma maneira, aquelas pa-
da casa: “Sim, assente-se por um lavras pareceram familiares. Então,
momento, até que Lawrence che- eu me lembrei: na noite anterior,
gue”. quando meu esposo me pediu que
Quase tive um grande choque, fizesse algo para ele, eu queixei:
ao conhecer Lawrence. Ao invés de “Isso precisa ser feito agora?”
um homem bem vestido e de con- O livro de Provérbios nos diz:
versa brilhante, foi um homenzinho “No caminho da sabedoria, te ensi-
quem cumprimentou “a professora nei e pelas veredas da retidão te fiz
de sua pequena Katrine”, falando de andar” (Provérbios 4.11). Eu me
maneira imperfeita, com sotaque de esforço para ensinar a meu filho uma
seu idioma nativo, e torcendo ner- obediência estimulante, porém o
vosamente o meu ensino e
bigode. treinamento

O dia to- serão eficazes
do, estive pen- A disciplina e a obediência apenas quando
sando sobre o precisam ser infundidas eu demonstrar-
mistério da po- lhe por meio
sição daquele nos filhos desde do exemplo.
homem em seu a mais tenra idade. Podemos dizer
lar. Agora, po- que o papai é o

rém, ouvindo chefe, mas, em
sem querer nosso coração,
a conversa ao meu lado, surgiu a res- sabemos que isso não é verdade,
posta. Não importa quem ou o que o pois, se houver conflito de opiniões,
pai pessoalmente é, a atitude da mãe geralmente fazemos o que nos agra-
para com ele é o que faz a diferença. da. Os filhos observam rapidamente
Os esposos podem assumir o lu- a diferença entre atitudes confessa-
gar que lhes compete como cabeça das e atos praticados.
do lar, somente quando nós, espo- Alguns dias atrás, quando tomá-
sas, respeitamos e honramos os seus vamos o café das mulheres da
desejos, transmitindo aos nossos fi- vizinhança, a anfitriã nos mostrou,
lhos, por meio desta atitude, o desejo sorrindo, um pequeno quadro alegre-
de agirem de maneira semelhante. mente decorado, que estava sobre a
As esposas estabelecem o exem- escrivaninha de seu marido. “Vejam
plo de atitudes de submissão. E o que comprei ontem”, disse ela.
receberemos a obediência que exigi- Todas paramos para ler:
mos de nossos filhos na proporção “As opiniões do homem da casa
exata à que prestamos a nosso espo- não são necessariamente as do geren-
so. te”. “Acho que isso coloca Phill em
“Eu tenho que fazer isso agora?” seu devido lugar”, disse Marian, com
— resmungou meu filhinho, quando uma risadinha.
lhe pedi que deixasse os brinquedos Mas Ann discordou, afirmando:
16 Fé para Hoje
“Deus nos diz: ‘Mulheres sejam sub- rebeldia dos filhos em muitos lares.
missas ao seu próprio marido, como Todavia, parte da resposta parece
ao Senhor; porque o marido é o ca- estar nos lares em que as verdades
beça da mulher’” (Efésios 5.22-23). fundamentais da Bíblia têm sido des-
Imediatamente, o sorriso desapare- prezadas. A disciplina e a obediência
ceu. O assunto mudou, e eu pude precisam ser infundidas nos filhos
sentir o embaraço. Pensávamos que desde a mais tenra idade. Se menos-
aqueles versículos da epístola aos prezarmos a Palavra de Deus, quanto
Efésios não se dirigiam a nós, que a este princípio tão significativo, a
hoje vivemos em uma sociedade tão freqüência assídua à igreja e a leitu-
instável! ra constante da Bíblia não terão
Estas palavras de Efésios 5 nun- realmente qualquer proveito. Nossos
ca foram fáceis de serem obedecidas. filhos não têm apenas de receber or-
No século XVII, o pastor Byfield dens — precisamos mostrar-lhes
disse a respeito das esposas: “A na- como obedecer, pois o exemplo é o
tureza as fez mulheres; a eleição, âmago do ensino. Mães, que imensa
esposas; mas somente a graça de Deus responsabilidade temos sobre os nos-
pode torná-las submissas”. No entan- sos ombros!
to, uma das coisas mais importantes Se meu esposo for respeitado e
que a mulher pode fazer, por sua fa- amado por mim, meus filhos terão
mília e seu país, é dar a seu esposo o este mesmo sentimento para com ele.
lugar correto — o lugar de cabeça do Se meus filhos observarem que as
seu lar. palavras do papai e sua vontade são
Um pastor estava aconselhando valiosas para mim, não deixarão de
dois jovens que se preparavam para ser impressionados e influenciados.
o casamento. Ele indagou se os jo- Nossos filhos precisam de um herói.
vens tinham alguma pergunta. A Que tal se este herói for o papai?
noiva questionou: “Por que a pala- Saber que ele é a pessoa mais impor-
vra ‘obedecer’ não está nos votos de tante da vida do seu filho é um
casamento?” estímulo imensurável para qualquer
“As noivas modernas preferem pai. Ele fará tudo que estiver em seu
que essa palavra seja deixada de fora poder para viver de acordo com o
dos votos”, respondeu surpreso o que seu filho acredita que ele é. Ora,
pastor. é a atitude da mamãe que pode tor-
A moça ficou admirada. “Se- nar o papai um herói. O filho precisa
nhor, durante toda a minha vida, de experiência, antes de aprender me-
tenho observado minha mãe obede- lhor certas coisas. Ele não pode ser
cer alegremente a meu pai”, ela ensinado verbalmente sobre o lugar
disse. “Ele era um homem contente do pai na família; temos de mostrar-
e feliz; eu, uma filha satisfeita. Eu lhe os resultados práticos desta
quero esse tipo de lar. Quero a pala- verdade.
vra ‘obedecer’ trazida de volta à Depois que descobri esta verda-
minha cerimônia de casamento.” de, meu filho David passou a esperar
Atualmente, nos admiramos da com ansiedade a volta de seu pai ao
COLOCANDO-O NO SEU DEVIDO LUGAR 17
lar, todas as tardes. Isto é o clímax em relação a seu marido. Ele escre-
do seu dia — e do meu. Desde a veu:
manhã começamos a falar sobre as “Teu marido é teu senhor, tua
coisas que desejamos contar ao pa- vida, teu protetor, tua cabeça, teu
pai. Colocamos o jornal sobre a soberano; é alguém que cuida de ti e
cadeira dele; preparamos uma comi- da tua manutenção! Ele entrega seu
da que ele aprecia, para o jantar; corpo ao trabalho árduo, na terra ou
guardamos os brinquedos que esta- no mar; vigia à noite, em meio às
vam na sala, de modo que a casa lhe tempestades, e durante o dia, em
pareça agradável. Todas estas coisas meio ao frio, enquanto tu permane-
ensinam a David que seu pai é im- ces aquecida no lar, tranqüila e sadia.
portante e que, por amá-lo, gastamos Ele não almeja qualquer outro tribu-
uma parte de nossos dias procurando to, exceto o amor, olhares amáveis e
agradá-lo. verdadeira obediência — um paga-
O homem que possui o privilé- mento irrisório para tão grande
gio de ter uma esposa que lhe é dívida. O dever que um súdito tem
amavelmente submissa, e que cria no para com seu rei, esse mesmo dever
lar uma atmosfera livre de amargura a mulher tem para com seu marido”.
e críticas injustas, enfrentará as lutas Talvez o meu esposo não possua
da vida sem abalar-se indevidamen- talentos que o mundo aplaudiria.
te. Ele sentirá paz interior. É Mas ele é singular no fato de que é
improvável que ele seja atingido por uma dádiva de Deus para mim. O
problemas nervosos, pois ele tem um esposo tem de ser recebido e amado
lugar onde as tempestades e os mal- por aquilo que ele é em si mesmo.
entendidos do mundo exterior podem Precisamos deixar de lamentar aqui-
ser esquecidos. Seu futuro talvez seja lo que nosso esposo não é, enfati-
incerto; mas o homem que é a pes- zando mais as virtudes que ele possui.
soa mais importante do seu próprio Em obediência a Deus, devemos
lar está preparado para enfrentar o amar, honrar, obedecer e estimular
mundo. nosso esposo, colocando-o no seu
devido lugar — o cabeça do lar.
Há vários séculos, William
Shakespeare percebeu a importância (Extraído do livro "Felicida-
do papel que a mulher desempenha de no Lar", Editora Fiel.)

, , , , , , ,

Casamento é mais do que encontrar a pessoa certa;


é ser a pessoa certa.
Anônimo
18 Fé para Hoje

POR QUE OS CRENTES PERSEVERAM?


C. H. Spurgeon

A esperança que enchia o cora- perseverança se fundamenta neste


ção do apóstolo Paulo a respeito dos glorioso atributo de Deus. Somos ins-
crentes de Corinto, conforme já sa- táveis como o vento, frágeis como a
bemos, estava repleta de consolação teia de aranha, volúveis como a água.
para aqueles que se mostravam teme- Não podemos depender de nos-
rosos quanto ao futuro dos membros sas qualidades naturais ou de nossas
da igreja em Corinto. Por que o após- aquisições espirituais. Mas Deus per-
tolo acreditava que os crentes de manece fiel. Ele é fiel em seu amor:
Corinto seriam confirmados até ao não conhece qualquer variação, nem
fim? sombra de mudança. Deus é fiel aos
Devemos observar que ele apre- seus propósitos: não começa uma
sentou as suas próprias razões. obra e a deixa inacabada. Ele é fiel
em seus relacionamentos: como Pai,
“Fiel é Deus, pelo qual fostes não abandonará seus filhos; como
chamados à comunhão de seu amigo não negará seu povo; como
Filho Jesus Cristo”. Criador, não esquecerá a obra de suas
1 Coríntios 1.9 mãos. Deus é fiel à sua aliança, que
estabeleceu conosco em Cristo Jesus
Paulo não disse: “Vós sois fiéis”. e ratificou com o sangue de seu sa-
A fidelidade do homem é bastante crifício. Deus é fiel ao seu Filho e
desconfiável; é pura vaidade. O após- não permitirá que o sangue dEle te-
tolo também não disse: “Vós tendes nha sido derramado em vão. Deus é
ministros fiéis para guiar-vos e ins- fiel ao seu povo, ao qual Ele prome-
truir-vos. Por isso, creio que estais teu a vida eterna e do qual jamais se
seguros”. Não! Se somos guardados afastará.
pelos homens, na realidade nunca Esta fidelidade de Deus é o fun-
seremos guardados. Paulo afirmou: damento e a pedra angular de nossa
“Deus é fiel”. Se somos fiéis, isto esperança de perseverança até ao fi-
acontece porque Ele é fiel. Toda a nal. Os crentes hão de perseverar em
nossa salvação descansa na fidelida- santidade, porque Deus se mantém
de de nosso Deus da aliança. Nossa perseverante em graça. Ele perseve-
P OR QUE OS CRENTES P ERSEVERAM? 19
ra em abençoar; por conseguinte, os Escrituras dizem: “Muitos são cha-
crentes perseveram em serem aben- mados, mas poucos escolhidos” (Mt
çoados. Deus continua guardando seu 22.14). No entanto, a chamada so-
povo; conseqüentemente, os crentes bre a qual agora estamos pensando é
continuam guardando os mandamen- outro tipo de chamada; é uma cha-
tos dEle. Este é o solo firme e exce- mada que prenuncia amor especial e
lente sobre o qual podemos descansar. envolve a posse daquilo para o que
Portanto, é o favor gratuito e a infi- fomos chamados. Nesse caso, acon-
nita misericórdia que retinem no al- tece com os chamados o mesmo que
vorecer da salvação; e estes mesmos ocorreu com a descendência de
sinos continu- Abraão, sobre
am retinindo  a qual o Senhor
melodiosa- declarou: “A
mente durante
Nosso Deus fiel é um quem tomei
todo o dia da manancial transbordante das extremida-
graça. de deleites, e nossa des da terra, e
Podemos chamei dos
observar que as
comunhão com o Filho seus cantos
únicas razões de Deus é um rio mais remotos,
para esperar- transbordante de regozijo. e a quem disse:
mos que sere- Tu és o meu
mos confir-  servo, eu te es-
mados até ao colhi e não te
fim e que seremos achados inculpá- rejeitei” (Is 41.9).
veis se encontram em nosso Deus. Naquilo que o Senhor fez, temos
Mas nEle estas razões são abundan- poderosas razões que nos asseguram
tes. nossa preservação e glória futura,
Primeiramente, elas se funda- porque Ele nos chamou “à comunhão
mentam no que Deus têm feito. Ele de seu Filho, Jesus Cristo”. Isto sig-
decidiu nos abençoar e não retroce- nifica o companheirismo com o Se-
derá. Paulo nos recorda que Deus nos nhor Jesus Cristo. Desejo que você
chamou “à comunhão de seu Filho, considere atentamente o que isto sig-
Jesus Cristo”. Deus realmente nos nifica. Se Deus já o chamou por sua
chamou? A chamada não pode ser graça, você já veio à comunhão com
revertida, “porque os dons e a voca- o Senhor Jesus, para se tornar, junta-
ção de Deus são irrevogáveis” (Rm mente com ele, possuidor de todas as
11.29). O Senhor jamais retrocede da coisas. Então, aos olhos do Altís-
chamada eficaz de sua graça. Roma- simo, você é um com o Senhor Je-
nos 8.30 diz: “E aos que chamou, a sus. Os seus pecados foram levados
esses também justificou; e aos que pelo Senhor Jesus, que os carregou
justificou, a esses também glorificou” sobre Si mesmo, em seu próprio cor-
— esta é a norma invariável do pro- po, na cruz, tornando-se maldição em
cedimento de Deus. Existe uma cha- seu lugar. Ao mesmo tempo, o Se-
mada comum, sobre a qual as nhor Jesus tornou-se a sua justiça, de
20 Fé para Hoje
modo que você está justificado nEle. capacitado de pagar o menor de seus
Assim como Adão é o represen- imensos débitos, o outro sócio é ex-
tante de todos os seus descendentes, cessiva e inconcebivelmente rico.
assim também o Senhor Jesus é o re- Neste companheirismo, você é levan-
presentante de todos os que estão tado a uma posição que supera a de-
nEle. Assim como a esposa e o espo- pressão dos tempos, as mudanças do
so são um, assim também o Senhor futuro e o colapso do fim de todas as
Jesus é um com aqueles que, pela fé, coisas. Deus o chamou à comunhão
estão unidos a Ele; são um por meio de seu Filho, Jesus Cristo, e por meio
de uma união que nunca poderá ser desta chamada o colocou no lugar de
desfeita. E, mais do que isso, os cren- segurança infalível.
tes são membros do corpo de Cristo; Se você é um verdadeiro crente,
são um com Ele por meio de uma é um com o Senhor Jesus e, por isso,
união de amor, permanente e viva. está seguro. Você não percebe que
Deus nos chamou a esta união, esta tem de ser assim? Se você já foi real-
comunhão e este companheirismo; mente feito um com o Senhor Jesus,
por essa razão, Ele nos deu o sinal e por meio de um ato irrevogável de
penhor de que seremos confirmados Deus, então você tem de ser confir-
até ao fim. Se fôssemos considera- mado até ao fim, até ao dia da mani-
dos como estando separados de Cris- festação dEle. Cristo e o pecador
to, seríamos criaturas infelizes, convertido estão no mesmo barco. Se
destinadas a perecer; logo seríamos Jesus não pode afundar, o crente tam-
destruídos e lançados na eterna per- bém nunca sucumbirá. Jesus tomou
dição. Mas, visto que somos um em seus redimidos e os uniu de tal modo
Cristo, participamos de sua natureza a Si mesmo, que, antes de qualquer
e possuímos sua vida imortal. Nosso outra coisa, Ele tem de ser destruído,
destino está vinculado ao de nosso vencido e desonrado, para que, en-
Senhor; e, como Ele não pode ser tão, os seus redimidos sejam injuria-
destruído, não é possível que venha- dos. O Senhor Jesus é o titular da
mos a perecer. firma, e, até que Ele desonre seu pró-
Pense demoradamente nesta prio nome, estamos seguros contra
união com o Filho de Deus, à qual todos os temores de falência.
você foi chamado, porque toda a sua Portanto, com ousada confiança,
esperança está nesta união. Você nun- prossigamos em direção ao futuro
ca será pobre, enquanto Jesus for rico, que ainda desconhecemos, unidos
visto que você está em uma união fir- eternamente a Jesus. Se os homens
me com Ele. A necessidade nunca do mundo perguntam: “Quem é esta
pode assaltá-lo, porque, juntamente que sobe do deserto e que vem en-
com Ele, que é o Possuidor, você é costada ao seu amado?” (Ct 8.5),
co-proprietário dos céus e da terra. confessamos com alegria que real-
Você nunca pode falir, pois, embora mente nos encostamos em Jesus e que
um dos sócios da firma seja tão po- pretendemos nos unir a Ele cada vez
bre como um rato de igreja e em si mais. Nosso Deus fiel é um manan-
mesmo esteja em completa ruína, in- cial transbordante de deleites, e nos-
P OR QUE OS CRENTES P ERSEVERAM? 21
sa comunhão com o Filho de Deus é trário, clamamos juntamente com o
um rio transbordante de regozijo. apóstolo: “Quem nos separará... do
Sabendo estas coisas gloriosas, não amor de Deus, que está em Cristo
podemos nos desencorajar. Pelo con- Jesus, nosso Senhor”? (Rm 8.35-39)

LENDO A BÍBLIA
J. C. Ryle

1 - LEIA A BÍBLIA COM UM DESEJO SINCERO DE ENTENDÊ-LA. Não se


contente apenas com a leitura das palavras das Escrituras.
Procure assimilar a mensagem que elas contêm.
2 - LEIA AS ESCRITURAS COM HUMILDADE E FÉ SIMPLES, SEMELHANTE A
UMA CRIANÇA. Creia naquilo que Deus revela. A razão tem de
se prostrar à revelação de Deus.
3 - LEIA A PALAVRA DE DEUS COM UM ESPÍRITO DE OBEDIÊNCIA E AUTO-
APLICAÇÃO. Aplique a si mesmo aquilo que Deus fala nas
Escrituras e obedeça-Lhe em todas as coisas.
4 - LEIA AS ESCRITURAS TODOS OS DIAS. Rapidamente perdemos a
energia e o fortalecimento que recebemos do pão de cada
dia. Temos de alimentar nossa alma diariamente do maná
que Deus nos tem dado.
5 - LEIA TODA A BÍBLIA DE MANEIRA ORDENADA. “Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil.” Não conheço qualquer outra ma-
neira melhor de lermos a Bíblia do que começarmos em
Gênesis e lermos até Apocalipse, uma porção a cada dia,
comparando Escritura com Escritura.
6 - LEIA A PALAVRA DE DEUS COM SINCERIDADE E HONESTIDADE. Como
regra geral, qualquer passagem da Escritura significa o que
ela parece significar. Interprete cada passagem desta ma-
neira simples, em seu contexto.
7 - LEIA A BÍBLIA SEMPRE TENDO EM VISTA A PESSOA DE CRISTO. Toda a
Bíblia fala a respeito dEle. Olhe para Cristo em todas as pá-
ginas da Bíblia. Ele se encontra ali. Se você deixar de vê-Lo
em uma das páginas da Bíblia, precisará ler novamente aquela
página.
FIRMANDO A SUA FÉ EM JESUS
J. C. Ryle

Você pertence àquele pequeno grupo de pessoas que confes-


sam ter fé verdadeira em Cristo e procuram, embora com
fragilidade, segui-Lo neste mundo perverso? Penso que sei algu-
mas coisas que se passam em seu coração. Talvez você esteja
sentindo que não perseverará até ao fim e que, algum dia, abando-
nará a sua confissão. Com freqüência, você imagina coisas
amargas a respeito de si mesmo e que não possui realmente a
graça de Deus. Receio que miríades de verdadeiros crentes estão
nesta condição; eles prosseguem, tremendo e duvidando, a sua
caminhada em direção ao céu, acompanhados por “Desespero” e
“Temeroso”; e, tal como o “Peregrino”, têm medo de que nunca
chegarão à Cidade Celestial. No entanto, embora seja muito es-
tranho, apesar dos seus gemidos, temores e dúvidas, eles não
voltam atrás, para a cidade da qual saíram; eles seguem em fren-
te e, mesmo desfalecidos, avançam e terminam bem.
Meu conselho para esses crentes é bem simples. Cultivem o
hábito de firmar mais a sua fé em Jesus Cristo, procurando conhe-
cer mais a plenitude que existe nEle, para todos os membros do
seu povo. Não permaneçam a contemplar suas imperfeições e a
dissecar seus pecados. Olhem para cima! Contemplem mais o seu
Senhor ressurreto, que está nos céus, e procurem compreender
ainda melhor que o Senhor Jesus não somente morreu por vocês,
mas também ressuscitou e vive à direita de Deus, ministrando
como Sumo Sacerdote, Advogado e Amigo todo-poderoso de vocês.
Quando o apóstolo Pedro andou por sobre as águas, ele foi bem-
sucedido enquanto seus olhos estavam fixos no seu Salvador e
Senhor todo-poderoso. Mas, quando Pedro desviou o olhar para as
ondas e o mar, levando em conta o peso de seu corpo, logo come-
çou a afundar e clamou: “Salva-me, Senhor!” Não ficamos
admirados ante o fato de que nosso Senhor gracioso disse, enquan-
to segurava a mão de Pedro e o libertava de um sepulcro de águas:
“Homem de pequena fé, por que duvidaste?” Infelizmente, mui-
tos de nós somos como Pedro, desviamos nosso olhar de Jesus,
nossos corações desfalecem, e sentimos que estamos afundando.
Ó Deus, ajuda-nos a estar sempre “olhando firmemente para o
Autor e Consumador da fé” (Hb 12.2).
O ESPÍRITO EM NÓS 23

O ESPÍRITO EM NÓS
Horatius Bonar

E m Cristo habita corporalmen- Espírito Santo intercede (Rm 8.26),


te toda a plenitude da Divindade. vivifica (Rm 8.11), cria (Sl 104.30),
Cristo tem o Espírito Santo, o qual conforta (Jo 14.26), derrama o amor
Ele nos outorga espontânea e abun- de Deus em nosso coração (Rm 5.5)
dantemente, pois o que recebemos é e regenera (Tt 3.5). Ele é o Espírito
“a graça.... segundo a proporção do de santidade (Rm 1.4), de sabedoria
dom de Cristo”. Os primeiros cren- e de entendimento (Is 11.2, Ef
tes “transbordavam de alegria e do 1.17); o Espírito da verdade (Jo
Espírito Santo” (At 13.52). Nós te- 14.17), de conhecimento (Is 11.2),
mos de ser cheios do Espírito Santo da graça (Hb 10.29), da glória (1 Pe
(Ef 5.18), pois o que Cristo nos dá é 4.14), do nosso Deus (1 Co 6.11),
o próprio Espírito Santo (Rm 5.5), do Deus vivente (2 Co 3.3). O Espí-
e não algumas influências. O Espíri- rito Santo é o bom Espírito (Ne
to Santo desce sobre nós (At 8.16, 9.20), o Espírito de Cristo (1 Pe
11.15); é derramado sobre nós (At 1.11), o Espírito de adoção (Rm
2.33, 10.45, Ez 39.29); somos 8.15), o Espírito de vida (Ap 11.11)
batizados com Ele (At 11.16). O Es- e o Espírito do Filho de Deus (Gl
pírito Santo é o penhor de nossa 4.6).
herança (Ef 1.14); Ele nos sela (Ef Este é o Espírito Santo, por meio
1.13), imprimindo em nós a imagem de quem somos santificados (2 Ts
e semelhança de Deus. O Espírito 2.13); o “Espírito eterno”, pelo qual
Santo ensina (1 Co 2.13), revela (1 Cristo se ofereceu sem mácula a Deus
Co 2.10), convence (Jo 16.8), for- (Hb 9.14). Este é o Espírito Santo,
talece (Ef 3.16) e nos torna frutíferos por quem somos “selados para o dia
(Gl 5.22). Ele perscruta (1 Co 2.10), da redenção” (Ef 4.30); o Espírito
age (Gn 6.3), santifica (1 Co 6.11), que nos torna sua habitação (Ef 2.22)
guia (Rm 8.14, Sl 143.10), ensina e vive em nós (2 Tm 1.14), através
(Ne 9.20), fala (1 Tm 4.1, Ap 2.7), de quem somos preservados a olhar
demonstra ou prova (1 Co 2.4). O para e a ansiar por Cristo e que nos
24 Fé para Hoje
torna “ricos de esperança” (Rm pecto. Esta dupla forma de expres-
15.13). são também é utilizada em referên-
A vida de santidade depende cia à Divindade, nestas admiráveis
muito de recebermos e nos apropri- palavras: “Aquele que confessar que
armos deste Hóspede celeste. Jesus é o Filho de Deus, Deus per-
Digamos-Lhe nosso “bem-vindo”, manece nele, e ele, em Deus” (1 Jo
procurando não envergonhá-Lo, não 4.15).
resisti-Lo, não entristecê-Lo, não Parece que nenhuma figura se-
apagá-Lo, e sim amá-Lo e nos de- ria plenamente adequada para expres-
leitarmos no seu amor (“o amor do sar a intimidade de contato, a proxi-
Espírito” – Rm 15.30); de modo que midade de relacionamento e a com-
nossa vida seja um viver no Espírito pleta unidade em que somos coloca-
(Gl 5.25), um andar no Espírito (Gl dos, ao receber o testemunho divino
5.16), um orar no Espírito (Jd 20). sobre a pessoa e a obra do Filho de
Ao mesmo tempo que fazemos dis- Deus. Sendo possuidores de todos os
tinção entre a obra de Cristo por nós recursos necessários a uma vida de
e a obra do Espírito em nós, a fim de santidade, não somos, por conseguin-
preservar inalterável a nossa consci- te, mais fortemente comprometidos
ência do perdão, não devemos separar a vivê-la? Se temos uma vida e re-
de maneira alguma estas duas obras. cursos tão abundantes à nossa dispo-
Mas, permitindo que ambas cum- sição, quão grande é a nossa respon-
pram o seu serviço, devemos seguir sabilidade! Devemos ser “tais como
“a paz com todos e a santificação, os que vivem em santo procedimen-
sem a qual ninguém verá o Senhor” to e piedade!” E, se acrescentarmos
(Hb 12.14), mantendo nosso cora- a tudo isso as perspectivas da espe-
ção na “comunhão do Espírito” (Fp rança da segunda vinda, do reino e
2.1) e deleitando-nos nesta comu- da glória, nos sentiremos rodeados,
nhão (2 Co 13.13). em todos os lados, por motivos, as-
A dupla forma de expressão que suntos e instrumentos adequados para
ressalta a habitação recíproca ou mú- nos tornarem aquilo que devemos ser
tua de Cristo e do Espírito Santo em — “sacerdócio real, nação santa,
nós é digna de observação. Cristo em povo de propriedade exclusiva de
nós (Cl 1.27) é um dos lados; nós Deus” (1 Pe 2.9), “zeloso de boas
em Cristo é o outro lado (2 Co 5.17, obras” neste mundo (Tt 2.14) e pos-
Gl 2.20). O Espírito Santo em nós suidores de “glória, honra e incor-
(Rm 8.9) é um aspecto; nós vivemos ruptibilidade” no porvir (Rm 2.7).
no Espírito (Gl 5.25) é o outro as-
, , , , , , ,

O fruto do Espírito não é emocionalismo


nem ortodoxia: é caráter.
G.B. Duncan
OS PURITANOS 25

OS PURITANOS
Erroll Hulse

E m nossos dias, o termo Puri- qualquer outro grupo de ensinadores


tano é utilizado, em um sentido ge- cristãos, do passado e do presente,
ral, para descrever aqueles que desde os dias dos apóstolos. Esta é
redescobriram as doutrinas bíblicas uma afirmação categórica, mas existe
e as práticas dos Puritanos e procu- base sólida para ela. Considere as ca-
ram exemplificá-las na realidade do racterísticas do cristianismo Purita-
mundo contemporâneo. Embora não no.
tenha seguido a prática Puritana de Eles eram homens de extraordi-
expor sistematicamente os livros da nária capacidade intelectual, cujos
Bíblia, C. H. Spurgeon é reputado hábitos mentais, fomentados pela
um Puritano nascido fora de tempo. elevada erudição, estavam unidos a
Os valores dos puritanos se tor- zelo intenso para com Deus e a mi-
nam realidade no pastorado. O nuciosa familiaridade com o coração
Puritanismo é uma realidade que se humano. Todas as obras dos Purita-
expressa na pregação e no cuidado nos revelam esta fusão singular de
pastoral realizados semanalmente. dons e graça. A apreciação deles para
Muitos podem testemunhar a mara- com a soberana majestade de Deus
vilhosa ajuda proporcionada pela era profunda, assim como o era a sua
redescoberta dos valores exemplifi- reverência em lidar com a Palavra
cados pelos Puritanos. O encora- de Deus. Eles entendiam os caminhos
jamento obtido é incalculável. de Deus para com os homens, a gló-
É quase impossível negar que os ria de Cristo como Mediador e a obra
Puritanos (usando a palavra no sen- do Espírito Santo no crente e na Igre-
tido amplo e inclusivo) se mostra- ja, de maneira tão rica e tão completa
ram mais fortes naquilo que os como ninguém mais os compreendeu
evangélicos de nossos dias são mais desde a época deles. O conhecimen-
fracos. E os escritos dos Puritanos to dos Puritanos não era apenas uma
podem fornecer mais ajuda do que ortodoxia teórica. Eles procuravam
26 Fé para Hoje
“transformar em prática” (expressão cerem em direção à humildade e cres-
deles mesmos) tudo o que Deus lhes cerem na dependência da graça, os
ensinava. Sujeitavam sua consciên- Puritanos se tornaram pastores exce-
cia às Escrituras, disciplinando-se lentes em seu tempo. Por isso, eles
para encontrar uma justificação teo- podem, mesmo depois de mortos,
lógica, distinta de uma justificação ainda falar conosco, para nos ofere-
apenas pragmática, para tudo o que cer orientação e direção.
faziam. Eles viam a família, a Igre- Nós, evangélicos, precisamos de
ja, o Estado, as artes e as ciências, ajuda. Enquanto os Puritanos exigi-
o comércio e a am ordem, dis-
indústria e o 
ciplina, pro-
envolvimento fundidade
das pessoas ...almas piedosas de e inteireza,
nestas diferen- temperamento menos nosso tempera-
tes circunstân-
cias como as extrovertido são deixadas de mento é carac-
terizado por
diversas áreas lado como anormais, porque casualidade e
nas quais o Se- não podem demonstrar impaciência
nhor e Criador inquietante.
de todas as coi- alegria e entusiasmo de Temos um in-
sas poderia ser conformidade com tenso desejo
glorificado e a maneira prescrita. por novidades,
servido. coisas sensaci-

Então, co- onais e entrete-
nhecendo a nimento. Te-
Deus, os Puritanos também conheci- mos perdido nosso prazer por estudo
am o homem. Eles o viam como um consistente, humilde auto-análise,
ser essencialmente nobre, criado à meditação disciplinada e trabalho ár-
imagem de Deus, para governar o duo e comum, em nossa vocação e
mundo, mas que agora está em- nossas orações. Enquanto o Purita-
brutecido e corrompido pelo peca- nismo tinha a Deus e a sua glória
do. À luz da lei, da santidade e do como o elemento que os unia, nossa
senhorio de Deus, os Puritanos viam maneira de pensar gira em torno de
o pecado em seu caráter tríplice: a) nós mesmos, como se fôssemos o
transgressão e culpa; b) rebelião e centro do universo. A superficiali-
usurpação; c) impureza, corrupção dade de nosso biblicismo se torna
e incapacidade para o bem. Vendo aparente sempre que separamos as
essas coisas e conhecendo (confor- coisas que Deus uniu. Por conseguin-
me eles conheciam) os caminhos e te, nos preocupamos com o in-
os meios pelos quais o Espírito San- divíduo, em vez de nos preocupar-
to traz os pecadores à fé e à nova mos com a igreja; e nos preocupamos
vida em Cristo e leva os santos a se em falar, em vez de nos preocupar-
tornarem mais e mais semelhantes à mos com a adoração. Ao evan-
imagem de seu Salvador, por decres- gelizarmos, pregamos o evangelho
OS PURITANOS 27
sem a Lei e a fé sem o arrependi- peramento menos extrovertido são
mento, enfatizando o dom da sal- deixadas de lado como anormais,
vação e encobrindo o custo do dis- porque não podem demonstrar ale-
cipulado. Não é de admirar que gria e entusiasmo de conformidade
muitos dos que professam a conver- com a maneira prescrita. Eles con-
são retornem à incredulidade. sultam seu pastor a respeito desse
Então, ao ensinarmos a respeito assunto, mas ele não lhes pode ofe-
da vida cristã, nosso costume é recer melhor remédio do que dizer-
apresentá-la como um caminho de lhes que procurem um psicanalista!
sentimentos comoventes, em vez de Na verdade, precisamos de ajuda, e
a apresentarmos como um andar de os Puritanos nos podem dar esta aju-
fé operante, e um caminho de inter- da.
venções sobrenaturais, em vez de um Reconhecemos que não é o Pu-
caminho de santidade racional. E, ao ritanismo que encherá a terra. A ver-
lidarmos com a experiência cristã, dade bíblica está destinada a encher
nos demoramos muito em falar cons- a terra, como as águas cobrem o mar.
tantemente sobre alegria, felicidade, Visto que o Puritanismo, no sentido
satisfação e descanso da alma, sem popular e amplo, está muito próxi-
qualquer menção equilibrada sobre mo da verdade bíblica, não podemos
o descontentamento espiritual de Ro- falar de maneira tão pessimista a res-
manos 7, a batalha da fé, de Salmos peito de sua ruína. Spurgeon se refe-
73, ou sobre as responsabilidades e riu, em seus dias, àqueles que
disciplinas providenciais que consti- intentavam pintar mal as janelas da
tuem o quinhão de um filho de Deus. verdade e zombavam do Puritanis-
A alegria espontânea do extroverti- mo. Mas virá o dia, afirmou
do chega a ser equiparada com o vi- Spurgeon, em que eles se envergo-
ver cristão saudável, e os extro- nharão, ao contemplarem a luz do
vertidos joviais de nossas igrejas se céu irrompendo uma vez mais. E isso
tornam complacentes na carnalidade, tem acontecido!
enquanto as almas piedosas de tem-

, , , , , , ,

Não se conhece um homem por sua animação,


mas pela quantidade de sofrimento verdadeiro que
ele é capaz de suportar.
C. T. Studd
28 Fé para Hoje

DIRETRIZES PARA A
BENEVOLÊNCIA NA IGREJA
Autor Desconhecido

1. O PRINCIPAL OBJETIVO DA IGRE- 18). Ao cumprirmos este enfoque,


JA E SEU RELACIONAMENTO COM A nossa principal responsabilidade para
BENEVOLÊNCIA. com aqueles que estão fora da igreja
não é satisfazer as necessidades físi-
De acordo com as Escrituras, o cas deles, e sim as espirituais. Não
principal objetivo da igreja, como um devemos gastar nossos esforços e
corpo local, é glorificar o nosso energias tentando providenciar ali-
Deus, no servi-Lo e adorá-Lo por mento para os que nos rodeiam, e sim
intermédio de Jesus Cristo, nosso procurar trazê-los à verdade de Deus,
Senhor (Ef 3.21). Isto é realizado por centralizada no evangelho de Jesus
meio de nossa adoração e orações, Cristo (Lc 24.46-47; Mt 28.19-20;
tanto coletivas como individuais (Fp At 1-28).
3.3; Jo 4.24; Sl 95.1-7); da procla- Esta é a bênção mais preciosa que
mação da perfeita Lei de Deus e do podemos dar aos que nos rodeiam,
glorioso evangelho (Ef 3.10; Mt visto que ela lhes outorga o único
28.19-20; 2 Tm 4.2); do nosso cres- escape da ira eterna e o único cami-
cimento na graça e no conhecimento nho à segurança e glória eterna. “Pois
de nosso Senhor (Ef 4.13-14; 2 Pe que aproveitará o homem se ganhar
3.18; Mt 5.16); de nosso batalhar o mundo inteiro e perder a sua
diligentemente pela fé que de uma vez alma?” (Mt 16.26) Além disso, um
por todas foi entregue aos santos (1 relacionamento correto com o Senhor
Tm 3.15; Jd 3) e do servir uns aos é o caminho mais eficaz para que al-
outros (1 Pe 4.9-11; 1 Co 12.7; Rm guém tenha satisfeitas as suas neces-
12.6-13). sidades físicas cotidianas (Mt 6.33;
Pv 10.4). Em resumo, não fazer das
Tendo estes objetivos bíblicos em necessidades espirituais o principal
mente, torna-se claro que o enfoque interesse da igreja equivale a virar as
de nossas realizações, como igreja, costas para a grande necessidade da-
possui natureza espiritual (Ef 6.10- queles que vivem ao nosso redor.
DIRETRIZES PARA A BENEVOLÊNCIA NA IGREJA 29
a) A responsabilidade da igreja
2. A CHAMADA BÍBLICA PARA AJU-
em referência às coisas do mundo
DAR OS NECESSITADOS.
compete aos diáconos, para que os
Embora o nosso ministério tenha pastores dediquem-se à Palavra de
uma ênfase de natureza espiritual, as Deus e à oração (At 6.2-4). Com isto
necessidades físicas surgem, e a igreja em mente, os diáconos devem evitar
será chamada a satisfazer estas neces- que os pastores fiquem sobrecarrega-
sidades. A Bíblia contém muitas dos com assuntos de benevolência.
exortações direcionando o povo de Portanto, a menos que a benevolên-
Deus a assistir aos pobres e aos ne- cia exija aconselhamento com profun-
cessitados. O Senhor não somente nos didade espiritual, este assunto deve
ensina que de- ser tratado pe-
vemos ter um  los diáconos.
interesse geral A igreja é apenas b) Quando
pelos pobres um mordomo ministramos
(Pv 29.7), mas benevolência,
também nos daquilo que Deus temos de man-
instrui que à se- colocou sob a ter um espírito
melhança do responsabilidade dela. altruísta em to-
próprio Senhor das as ocasiões,
Jesus, devemos  mesmo sob o
ser generosos risco de errar
para com aqueles que são estranhos e ao sermos generosos em certas situa-
até inimigos (Lc 10.33-37; Mt 5.45; ções. Isto corresponde à maneira
Pv 25.21). Bênção é prometida àque- como o Senhor lida conosco (At
les que são generosos para com os 20.35; Mt 18.32-33).
pobres (Pv 22.9; 19.17; 28.27), e c) É importante lembrar que os
maldição, àqueles que fecham seus bens administrados pela igreja per-
olhos para os necessitados, deixando tencem ao Senhor. A igreja é apenas
em dúvida sua verbalização de ser um mordomo daquilo que Deus co-
crente (Pv 28.27; 21.13; 1 Jo 3.17). locou sob a responsabilidade dela (Sl
Como resultado, enquanto temos de 24.1; Lc 16.1-2). Visto que os pas-
manter as necessidades espirituais tores delegam aos diáconos a respon-
como prioridade, não devemos ne- sabilidade de administrar os bens da
gligenciar as necessidades físicas da- igreja, os diáconos têm de ser cuida-
queles aos quais temos de ministrar. dosos e responsáveis em relação aos
bens do Senhor. Temos de ser pru-
3. PRINCÍPIOS A RESPEITO DE SA- dentes como as serpentes (Mt 10.16).
Isto significa que não é prudente nem
TISFAZER AS NECESSIDADES FÍSICAS.
benéfico demonstrar benevolência
Diversos princípios têm de ser para determinadas pessoas, em cer-
levados em conta quando ministra- tas ocasiões. Por exemplo, 2
mos às necessidades físicas, como Tessalonicenses 3.10-11 ensina que,
igreja. “se alguém não quer trabalhar, tam-
30 Fé para Hoje
bém não coma. Pois.... andam de Provérbios, aludem aos pobres da
desordenadamente, não trabalhan- comunidade da aliança. Isto não en-
do”. Dar dinheiro a pessoas estranhas tra em conflito com os princípios
pode significar um ato sem amor, se apresentados no ponto 2 deste arti-
elas utilizarem o dinheiro para com- go, mas nos leva à conclusão de que
prar drogas ou bebida alcoólica. Ou- os membros de nossa igreja devem
tras pessoas podem estar sob a receber prioridade de atenção no que
disciplina do Senhor, e a benevolên- diz respeito às necessidades materi-
cia poderia arruinar o impacto da dis- ais e, em segundo lugar, os verda-
ciplina. deiros crentes fora de nossa igreja.
d) Temos de estabelecer priori- Finalmente, em todas as circunstân-
dades referentes a quem deve rece- cias, temos de ser pacientes, bondo-
ber nossa benevolência. As Escrituras sos, humildes, considerando os
ensinam claramente que, enquanto outros mais importantes do que nós
temos de fazer o bem a todos os ho- mesmos (1 Co 13.3-5; Fp 2.3-4).
mens, devemos outorgar atenção es- Não podemos agir com frieza ou as-
pecial à “família da fé” (Gl 6.10). pereza para com os necessitados, quer
Alguns expositores bíblicos têm su- sejam da igreja, quer não; temos de
gerido que muitas das referências aos fazer todas as coisas com amor (1 Co
pobres, nas Escrituras, incluindo as 16.14).

AS FERIDAS DE JESUS
C. H. Spurgeon

Então, vi, no meio do trono… de pé,


um Cordeiro como tendo sido morto.
Apocalipse 5.6

As feridas de Jesus são mais belas do que todo o esplendor


da pompa de um rei terreno. A coroa de espinhos é mais do que
um diadema real. O cetro de Cristo era apenas uma vara; contu-
do, havia no cetro dEle uma glória que nunca foi refletida por
qualquer cetro de ouro. Jesus aparece como um Cordeiro que foi
morto, que procurou nossas almas e as redimiu por meio de sua
expiação completa. Suas feridas são o troféu de seu amor e a sua
vitória. Ele repartiu os despojos com os poderosos. Jesus redimiu
para Si uma grande multidão, que ninguém pode contar. Suas
cicatrizes são o memorial da batalha. Se Cristo gosta muito de
relembrar seus sofrimentos em favor de seu povo, quão precio-
sas deveriam ser para nós as suas feridas!
(Extraído do livro "Leituras Diárias"- Editora Fiel)
RAZÕES PARA NÃO PECAR 31

35 RAZÕES PARA NÃO PECAR


Jim Elliff

1- Porque um pequeno pecado leva a mais pecados.


2- Porque o meu pecado evoca a disciplina de Deus.
3- Porque o tempo gasto no pecado é desperdiçado para sempre.
4- Porque o meu pecado nunca agrada a Deus; pelo contrário, sempre
O entristece.
5- Porque o meu pecado coloca um fardo imenso sobre os meus líde-
res espirituais.
6- Porque, no devido tempo, o meu pecado produz tristeza em meu
coração.
7- Porque estou fazendo o que não devo fazer.
8- Porque o meu pecado sempre me torna menor do que eu poderia
ser.
9- Porque os outros, incluindo a minha família, sofrem conseqüências
por causa do meu pecado.
10 - Porque o meu pecado entristece os santos.
11 - Porque o meu pecado causa regozijo nos inimigos de Deus.
12 - Porque o meu pecado me engana, fazendo-me acreditar que ga-
nhei, quando, na realidade, eu perdi.
13 - Porque o pecado pode impedir que eu me qualifique para a lideran-
ça espiritual.
14 - Porque os supostos benefícios de meu pecado nunca superam as
conseqüências da desobediência.
15 - Porque o arrepender-me do meu pecado é um processo doloroso,
mas eu tenho de arrepender-me.
16 - Porque o pecado é um prazer momentâneo em troca de uma perda
eterna.
17 - Porque o meu pecado pode influenciar outros a pecar.
18 - Porque o meu pecado pode impedir que outros conheçam a Cristo.
32 Fé para Hoje
19 - Porque o pecado menospreza a cruz, sobre a qual Cristo morreu
com o objetivo específico de remover o meu pecado.
20 - Porque é impossível pecar e seguir o Espírito Santo, ao mesmo
tempo.
21 - Porque Deus escolheu não ouvir as orações daqueles que cedem ao
pecado.
22 - Porque o pecado rouba a minha reputação e destrói o meu testemu-
nho.
23 - Porque outros, mais sinceros do que eu, são prejudicados por causa
do meu pecado.
24 - Porque todos os habitantes do céu e do inferno testemunharão so-
bre a tolice deste pecado.
25 - Porque a culpa e o pecado podem afligir minha mente e causar
danos ao meu corpo.
26 - Porque o pecado misturado com a adoração torna insípidas as coi-
sas de Deus.
27 - Porque o sofrer por causa do pecado não tem alegria nem recom-
pensa, ao passo que sofrer por causa da justiça tem ambas as coisas.
28 - Porque o meu pecado constitui adultério com o mundo.
29 - Porque, embora perdoado, eu contemplarei novamente o pecado
no Tribunal do Juízo, onde a perda e o ganho das recompensas
eternas serão aplicados.
30 - Porque eu nunca sei por antecipação quão severa poderá ser a dis-
ciplina para o meu pecado.
31 - Porque o meu pecado pode indicar que ainda estou na condição de
uma pessoa perdida.
32 - Porque pecar significa não amar a Cristo.
33 - Porque minha indisposição em rejeitar este pecado lhe dá autorida-
de sobre mim, mais do que estou disposto a acreditar.
34 - Porque o pecado glorifica a Deus somente quando Ele o julga e o
transforma em uma coisa útil; nunca porque o pecado é digno em
si mesmo.
35 - Porque eu prometi a Deus que Ele seria o Senhor de minha vida.
Renuncie seus direitos
Rejeite o pecado
Renove sua mente
Confie em Deus

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