Edição Lisboa • Ano XXX • n.º 10.

871 • 1,30€ • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

Ex-colónias Festival de Angoulême

Duas publicações de autores
Devolver portugueses nomeadas para
Prémio de BD Alternativa
património? Cultura, 34/35
Ventura Médio Oriente
ataca ideia Trump apresentou a “última
hipótese de um Estado”
de Joacine aos palestinianos
Política, 14 e Editorial Mundo, 28/29

Compra de fármacos recusada

a hospitais com saldos negativos
Em três anos, o Tribunal de Contas recusou o visto a pelo menos 35 contratos que hospitais queriam
celebrar para adquirir medicamentos e serviços, tendo já alertado o Governo para o problema Sociedade, 16
THOMAS PETER/REUTERS

Epidemia
Vamos
conseguir
travar o novo
coronavírus?
Opinião
Francisco George
defende
mudança
da Constituição
para permitir
internamento
obrigatório
por motivos
de saúde pública
Destaque, 2 a 4

Partidos fizeram Queixas Habitação: Director

1272 propostas de violência “Lei está entre de escola de
mas não (todas) doméstica o conto de fadas referência bate
as contas subiram 11,5% e o do vigário” com a porta
Ninguém sabe ao certo PSP e GNR receberam no Victor Reis, ex-presidente do Manuel Esperança foi alvo de
quanto custam as alterações ano passado perto de 30 mil IHRU, diz que o Governo processo por chamar mais
ao Orçamento do Estado que queixas, revelou ministro da “implodiu o mercado de docentes para garantir
foram apresentadas p10/11 Administração Interna p19 arrendamento” p24/25 exames em dia de greve p18ISNN-0872-1548

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2 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020

DESTAQUE
EPIDEMIA
Voluntários
da Cruz
Vermelha em
acção de
desinfecção
na província
de Shandong

Como o coronavírus está a alastar-se

Canadá Alemanha
Coreia
2 0 1 0 do Sul
4 0
França
3 0 Japão
EUA 4610 106
7 0
5 0
China
Taiwan
Nepal 5 0
1 0 Tailândia Macau
Hong Kong
14 0 7 0
8 0
Sri Lanka
Vietname
1 0 Malásia
Total* 2 0
4 0 Camboja
Singapura 1 0
4690 106
5 0
Casos Mortes
confirmados Austrália
5 0

*dados actualizados às 19h10 de ontem

Fonte: Universidade Johns Hopkins PÚBLICO

Como vamos
China e a nível global é a prioridade
Andrea Cunha Freitas da OMS”. Apesar disso, a OMS já se
reuniu por duas vezes e ainda não

N
a madrugada de ontem, con-
tavam-se 80 vítimas mortais
e três mil casos de infecção
com o novo coronavírus
decretou “emergência global de saú-
de pública”. No comunicado, assegu-
rava-se ainda que a China e os espe-
cialistas da OMS vão continuar a

conseguir travar o (2019-nCoV). Poucas horas

depois, já de manhã, as notí-
cias conÆrmavam que as mortes ultra-
passavam uma centena e que havia
4600 casos, com pessoas infectadas
dentro e fora da China, o epicentro da
colaborar com esse objectivo comum
e a partilhar informação, elogiando a
transparência das autoridades chine-
sas em todo este processo, nomeada-
mente com a divulgação do genoma
do vírus.

novo coronavírus?
emergência de saúde pública. E
enquanto isso muita gente questiona-
va-se: onde é que isto vai parar?
A verdade é que, apesar dos muitos
palpites, previsões e estimativas, nin-
guém sabe como e quando vai ser
possível travar a epidemia de corona-
vírus que começou em Dezembro na
cidade de Wuhan, na província de
A contagem crescente de vítimas mortais e pessoas infectadas Hubei, na China. Ontem, após uma
reunião com o Governo chinês, o
acelerou-se substancialmente em poucas horas. Fora da China director-geral da Organização Mun-
já tinham sido ontem detectados 56 casos, mas ainda não se dial de Saúde (OMS), Tedros Adha-
nom Ghebreyesus, garantia que “tra-
tinha registado nenhuma morte nesses 14 países var a disseminação deste vírus na
As celebrações do novo ano lunar
chinês foram canceladas, as férias
foram prolongadas sem data para o
regresso dos alunos às aulas, é obri-
gatório o uso de máscara, os transpor-
tes de e para a cidade de Wuhan, com
11 milhões de habitantes, foram sus-
pensos. Pelo menos 17 cidades chine-
sas estão de quarentena, uma medida
que afecta cerca de 50 milhões de
pessoas. Estes são apenas alguns dos
muitos exemplos das medidas em
vigor em várias regiões na China.
A União Europeia activou Mecanis-
mo Europeu de Protecção Civil a

Evolução do número
total de casos
China
916
278 326 547 639
4 6 8 14 25
20 Jan. 21 22 23 24
pedido de França e vai enviar dois
aviões para Wuhan para repatriar 250
franceses e outros 100 cidadãos euro-
peus que o solicitem, “independen-
temente da nacionalidade”. Há duas
dezenas de portugueses que perma-
necem na cidade chinesa.
Na Alemanha foi conÆrmado o pri-
meiro caso na noite de segunda-feira
e ontem à noite surgiu a conÆrmação
oÆcial de mais três pessoas infectadas.
Outros países, como Estados Unidos
e Japão, também estão a preparar
com as autoridades chinesas a retira-
da dos seus cidadãos de Wuhan.
A nossa vantagem…
O número de mortes e o aumento de
cerca de 60% dos infectados com
mais três mil novos casos entre segun-
da-feira e ontem está a assustar o
mundo. É importante quebrar a
cadeia de transmissão e isso faz-se
com a adopção de medidas de saúde
pública. Mas será algures entre o
pânico e a indiferença que estará a
melhor resposta possível neste
momento.
4409
4610
2000
2700
Outros países
80
40 57 65
25 26 27 28
EPA
Bolsas recuperam
C
erca de 200 mil milhões
de dólares (181 mil milhões
de euros) foi quanto a
Reuters estimou ontem
que as bolsas europeias
tenham perdido no arranque
desta semana, fechando
segunda-feira com perdas de
mais de 2% de Berlim a Lisboa.
Ontem, as palavras do
presidente Xi Jinping,
mostrando-se convicto que
a China irá “derrotar” o
coronavírus, terão ajudado a
reduzir o pessimismo com que
a semana arrancou nas praças
asiáticas (a de Hong Kong só
reabre amanhã) e europeias:
os principais índices bolsistas
fecharam com ganhos, entre
0,90% do alemão Dax e os
1,24% do português PSI20. O
petróleo também recuperou.
Ao contrário de outros surtos e de
outros coronavírus que circularam
antes pelo mundo, este problema de
saúde pública parece partir para o
terreno com uma diferença impor-
tante. É que, desta vez, a comunidade
cientíÆca está, mais do que nunca, a
trabalhar em conjunto com os proÆs-
sionais de saúde para rapidamente
reagir ao problema. Além disso, espe-
ra-se que episódios como a síndrome
respiratória aguda grave (SARS) em
2003 ou a MERS em 2012 não sirvam
apenas para memória do número de
vítimas, mas sobretudo para lucrar
com o conhecimento adquirido.
Num vídeo divulgado esta semana
pela OMS, a epidemiologista Maria
van Kerkhove, que dirige o grupo de
trabalho de doenças infecciosas, lem-
brou que há linhas de investigação em
curso que começaram após o proble-
ma da SARS e do MERS que podem
ajudar agora a travar este novo coro-
navírus. Há, por exemplo, um ensaio
clínico que começou recentemente
na Arábia Saudita que pretende testar
um novo tratamento e que pode ser
útil para o coronavírus que está agora
a preocupar as autoridades de Saúde
de todo o mundo, apontou a respon-
sável.
Maria van Kerkhove também sub-
linhou que foi precisamente o sistema
de vigilância em vigor na China desde
a SARS que levou à identiÆcação no
mês de Dezembro do novo coronaví-
rus que estava a infectar as pessoas.
E, desta vez, a partilha de informação
foi rápida. Nos primeiros dias de
Janeiro, as autoridades de Saúde chi-
nesas divulgaram publicamente a
sequência genética do vírus e a comu-
nidade cientíÆca começou a trabalhar
em cima desses dados. Actualmente,
já há várias amostras que foram
sequenciadas, num trabalho que é
decisivo para um rápido diagnóstico
e para perceber como o vírus está a
alastrar-se. A colaboração a nível cien-
tíÆco e na área da saúde pública tem
sido signiÆcativa e pode vir a revelar-
-se o principal inimigo deste vírus.
…e a vantagem do vírus
Este é um novo coronavírus — e essa
será a sua principal vantagem — sobre
o qual ainda há obviamente mais per-
guntas do que respostas. No vídeo,
que está publicado nas redes sociais
da OMS, Maria van Kerkhove respon-
de a algumas dúvidas de cidadãos
preocupados. A epidemiologista sub-
linhou, por exemplo, que nes- c a questão nem se coloque, porque,
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 3
A primeira coisa que temoss
de perceber, quando [os
portugueses em Wuhan]
chegarem, é o risco
Graça Freitas
Directora-geral da Saúde
Portugal tem meios para impor
isolamento mas não o fará
Andrea Cunha Freitas
P
ortugal tem mecanismos para
determinar, em situações
extremas, um período de iso-
lamento compulsivo de indi-
víduos que possam signiÆcar
um risco para a saúde públi-
ca, mas não há, por enquanto, qual-
quer motivo para se socorrer dessa
medida. Ao contrário do caso de
França, que já anunciou que vai man-
ter os cidadãos que regressarem da
cidade chinesa de Wuhan em “conÆ#
namento” por 14 dias, as autoridades
de Saúde portuguesas asseguram que
os cidadãos serão avaliados à chegada
a Portugal para determinar o risco de
exposição ao novo coronavírus que
já infectou mais de 4600 pessoas no
mundo e causou 106 mortes. Portugal
está preparado para uma resposta
“tranquila e rigorosa”, garante a
ministra da Saúde, Marta Temido. O
Governo português já anunciou que
quer retirar por via aérea os portu-
gueses retidos em Wuhan.
A Constituição portuguesa fala no
internamento compulsivo, mas ape-
nas nos casos de portadores de ano-
malia psíquica e quando decretado
ou conÆrmado por autoridade judi-
cial competente. No entanto, na lei
que determina as atribuições e com-
petências das autoridades de Saúde
(Decreto-Lei n.º 82/2009, de 2 de
Abril) há uma alínea em que se prevê
que estas entidades podem “desen-
cadear, de acordo com a Constituição
e a lei, o internamento ou a prestação
compulsiva de cuidados de saúde a
indivíduos em situação de prejudica-
rem a saúde pública”. Uma decisão
que, acrescenta o mesmo diploma,
exige a determinação de um tribunal,
ou seja, à questão sobre se pode Por-
tugal determinar um internamento
compulsivo por motivos de saúde
pública a resposta é “sim, pode”,
mediante decisão judicial — mas não
o vai fazer. Esta imposição só deve
aplicada em casos extremos e não
parecem existir motivos para isso.
Além disso, o mais provável é que
tal como sublinha ao PÚBLICO Ricar-
do Mexia, presidente da Associação
de Médicos de Saúde Pública, “se, por
algum motivo, as pessoas precisarem
de tratamento ou internamento, é
expectável que o queiram fazer, ou
seja, que o façam voluntariamente”.
O especialista nota que esta medida
de internamento e tratamento com-
pulsivo só terá sido desencadeada em
Portugal em casos raros e excepcio-
nais de doentes com tuberculose no
Norte do país.
Questionada pela Lusa sobre se
Portugal vai isolar os cidadãos duran-
te 14 dias (período máximo de incu-
bação do vírus) como foi anunciado
em França, a directora-geral da Saú-
de, Graça Freitas, garantiu que não
será tão restritiva. “A primeira coisa
que temos de perceber, quando che-
garem, é o risco que existe de pode-
rem ter contraído uma infecção. Se o
risco for muito pequeno, não se
O Hospital de São
João, no Porto, é
uma das
unidades de
saúde em alerta.
Linha Saúde 24
foi reforçada
tomam medidas”, sublinhou.
Ressalvando que as autoridades
portuguesas estão sempre a rever
procedimentos em função do risco,
a directora-geral da Saúde lembrou
as medidas adoptadas no caso da gri-
pe A. “Pedimos às pessoas que
vinham assintomáticas, que pode-
riam ou não estar a incubar o vírus,
que Æzessem isolamento social volun-
tário.” Mas, nota, “a história inicial é
que vai determinar o risco e em fun-
ção desse risco é que se aconselham
medidas” de isolamento.
Portugal accionou os dispositivos
de saúde pública e tem em alerta o
Hospital de São João, no Porto, o
Curry Cabral e Estefânia, em Lisboa.
Foi ainda reforçada a linha Saúde 24,
através do número 800242424. com
Lusa
acfreitas@publico.pt
4 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
DESTAQUE
EPIDEMIA
te momento a taxa de mortalidade
está nos 4%, acrescentando que é
preciso ter em conta que “nem toda
a gente vai ter sintomas graves e mor-
rer”. Este coronavírus, adiantou ain-
da, manifesta-se com uma gravidade
variável, desde sintomas ligeiros
semelhantes a uma gripe ou consti-
pação até sintomas mais graves como
a pneumonia. O período de incuba-
ção varia entre dois e 12 dias e a espe-
cialista da OMS admite que “é possí-
vel” que pessoas infectadas e assinto-
máticas possam transmitir o vírus.
Por outtro lado, não existe a possibi-
lidade de alguém ser infectado em
contacto com uma encomenda que
venha da China (uma das dúvidas que
têm sido colocadas à OMS).
Sobre a possibilidade de o vírus
estar a adquirir mutações Maria van
Kerkhove apenas referiu que há mui-
tos cientistas atentos, mas até agora
ainda não surgiram provas disso. É
preciso ter cuidado com a desinfor-
mação e de nada servem também as
teorias da conspiração que parecem
estar a espalhar-se mais rapidamente
do que o vírus.
“Há muita coisa sobre o 2019-nCoV
que ainda não percebemos”, admitiu
ontem o director-geral da OMS, con-
Ærmando que a “fonte do surto e o
seu alcance” no território ainda são
desconhecidos. Apesar disso, os
dados mostram que na maioria dos
casos a doença manifesta-se através
de sintomas ligeiros e apenas 20% das
pessoas infectadas têm sintomas gra-
ves. As pessoas que até agora foram
atingidas com maior gravidade são
adultos com outras doenças crónicas
associadas. Isto não quer dizer que
não haja razões para nos preocupar-
mos. “Tanto a OMS quanto a China
observaram que o número de casos
relatados, incluindo aqueles fora da
China, é profundamente preocupan-
te. Uma melhor compreensão da
transmissão e gravidade deste vírus é
urgente e necessária para orientar
medidas de resposta apropriadas
noutros países”, refere o comunicado
divulgado pela OMS.
Ainda não é possível saber como e
quando vamos travar este problema
de saúde pública, mas temos de, pelo
menos, arranjar uma forma de evitar
o “se”. Sem histerismo ou compla-
cência, é preciso ter um plano para
enfrentar esta ameaça, se todas as
medidas de contenção falharem.
acfreitas@publico.pt
Reflexão sobre a nova epidemia de coronavírus
Opinião
Francisco George
S
ão muitos os
epidemiologistas que
consideram que os vírus
existentes na natureza
continuarão a representar,
inesperadamente,
problemas de saúde pública. Por
outras palavras, admitem que o
homem não se libertará de
múltiplos e sucessivos desaÆos
originados por estas partículas que
podem provocar doenças de
expressão epidémica. Têm
seguramente razão.
Assiste-se agora a uma nova crise.
A nova epidemia. Preocupante, sem
dúvida. Mas ainda mais inquietante
seria se cientistas e centros de
investigação não estivessem a
trabalhar de forma concertada e em
harmonia quase perfeita. Assim
acontece na China, nos Estados
Unidos da América e na Europa.
Antes de tudo, há que reconhecer
que essa intensa articulação (que
também envolve a OMS) explica a
rapidez de resultados laboratoriais
partilhados entre múltiplos centros
de virologia que permitiu, em
tempo muito curto, perceber a
natureza da doença surgida em
Wuhan, na China.
Logo se comprovou que o
coronavírus é a causa da epidemia.
Cedo se decidiu focar o controlo no
próprio epicentro da atividade
epidémica. A expressão inglesa fight
at the source traduz essa medida
básica que visa reduzir a
propagação de novos casos da
doença.
Foram, então, concebidos e
desenvolvidos procedimentos,
aliás, raramente aplicados,
aparentemente inovadores, como o
cordão sanitário e a quarentena.
Métodos de controlo que eram há
muito conhecidos dos historiadores
Em Portugal, é altura
de os deputados
alterarem o artigo
27.º da Constituição,
no sentido de passar
a ser permitido o
internamento
obrigatório por
motivos de saúde
pública. Inadiável
que descreveram esses processos
em surtos como a peste medieval na
Europa ou, mais tarde, em 1899,
durante o isolamento da cidade do
Porto proposto por Ricardo Jorge.
XIONG QI/EPA
Medidas quase sempre
impopulares, mas que parecem
conÆrmar a sua eÆcácia ao
reduzirem consideravelmente a
probabilidade de exportação da
epidemia (50% a 75%?). A
perspetiva é impedir o crescimento
descontrolado da magnitude do
problema e, portanto, a sua
extensão pandémica (isto é, a
propagação simultânea
pluricontinental).
As doenças provocadas pelos
coronavírus são, em regra,
zoonoses (doenças comuns a
animais e seres humanos),
conhecidas desde há mais de 50
anos. Sabia-se que o vírus circulava
em diversas classes, ordens e
espécies animais sob a forma de
epizootias, mas que também
provocava doenças em seres
humanos como infeções
respiratórias ligeiras, por exemplo.
Em 2002 esteve na origem de uma
epidemia SARS (síndrome aguda
respiratória) que foi consequência
do salto da barreira de espécie que
envolveu o gato-almiscarado. Dez
anos depois surge, também sob a
forma de pneumonia atípica, no
Médio Oriente, associado a
camelos. Atualmente, tudo indica, a
crise terá o morcego como
reservatório e outros animais como
hospedeiros que transmitem o
coronavírus a seres humanos que
formam, por sua vez, cadeias de
transmissão.
Justamente, formulam-se as
seguintes questões: como
interromper a transmissão
zoonótica e inter-humana? Como
controlar a epidemia? Como
prevenir? O que pensar? O que
fazer? Para onde vamos? Mas antes
das respostas realça-se que, até ao
momento, não se conhece a parte
do icebergue ainda submersa, mas
é apropriado colocar essas
questões.
É oportuno planear respostas a
situações ainda mais graves.
Mobilizar mais recursos. Vigiar.
Monitorizar a curva epidémica.
Registar os casos acumulados e os
óbitos ocorridos entre os doentes.
Estimar a taxa de ataque e a
probabilidade de cada doente
transmitir a doença.
É muito possível. É muito
provável. É quase certo que as
respostas às questões suscitadas
sejam baseadas na preparação de
uma vacina, uma vez que o vírus
está identiÆcado e que se conhece a
sua estrutura molecular. É desejável
que, muito em breve, esteja
disponível para prevenir e controlar
a epidemia, atendendo à
emergência em saúde pública a
nível global.
Em Portugal, é altura de
deputados da Assembleia da
República alterarem a alínea h) do
número 3, do Artigo 27.º da
Constituição, no sentido de passar a
ser permitido o internamento
obrigatório por motivos de saúde
pública. Inadiável.
Agora, importa promover a
transparência e a Çexibilidade.
Comunicar, informar, esclarecer,
conÆar e dar tempo ao tempo.
Presidente Nacional da Cruz
Vermelha Portuguesa
6 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020

ESPAÇO PÚBLICO
Depois de ter perdido com o Sporting de
Braga para o campeonato e na final da Taça
da Liga, o FC Porto está de volta aos triunfos
num jogo que não era fácil por causa do impacto
que essas derrotas têm nos objectivos da equipa
treinada por Sérgio Conceição. E a verdade é que o
nervosismo dos portistas esteve em campo e o Gil
Vicente aproveitou para marcar. A reacção foi
imediata e o golo de Sérgio Oliveira que deu a vitória
Sérgio Oliveira estancou, para já, a crise. (Pág. 44) J.J.M.
Com as eleições em breve, não podia chegar
em melhor altura a mão que Donald Trump
lhe estendeu ontem, com o seu plano para a
paz na região e que pode servir para que Netanyahu
consiga os votos necessários para, à terceira, formar
governo. Em Israel, porém, o primeiro-ministro foi
também ontem formalmente acusado de corrupção,
fraude e abuso de confiança após retirar o seu
pedido de imunidade ao Parlamento, com o qual
Benjamin Netanyahu pretendia atrasar o processo. (Pág. 29) J.J.M.

Uma discussão condenada

Aceitar isto é admitir que à luz dos
princípios de hoje muitos dos
aspectos da colonização foram um
crime. E este desagradável olhar ao
espelho da nossa história nunca será
David Pontes fácil e nunca será límpido, porque
Editorial para sermos honestos teremos
cruzar história, cultura, economia,
leis, etnia... Não chega determinar a
origem de uma peça, é preciso
perceber se foi pilhada ou adquirida,
por exemplo, ou mesmo, para quem
acredita que a cultura é um bem de
que diz respeito a toda a
francesas em África. Que, entre nós,
o Livre o tenha decidido fazer em
sede de orçamento sem uma
discussão enquadradora e
propondo que o grupo de
especialistas a constituir integre
“activistas anti-racistas” levanta

A
discussão sobre a devolução de
bens culturais às ex-colónias é
uma discussão muito
complicada, mas que pode e
deve ser feita. Deve ser feita
porque evoluímos desde que fomos
país colonizador e é natural que essa
evolução tenha consequências. Hoje,
ao contrário do que consideravam
muitos dos nossos antepassados, não
é admissível a crença de que os
ocidentais são possuidores de uma
qualquer superioridade que lhes
permita pilhar outros povos.
sempre de entrar em linha de conta
com o que era comummente
aceitável e legal nesses tempos
passados. Mesmo com essa
calibragem, o exercício será
importante para solidiÆcarmos
princípios de completa rejeição do
racismo ou de melhor compreensão
de fenómenos como os das
migrações.
Deste movimento genérico de
consciencialização histórica, a
questão dos bens culturais pode ser
uma parte importante, mas é
necessariamente complexa, ao
humanidade, saber quais serão as
condições de acolhimento se se
chegasse a uma devolução.
Tem de ser um processo longo e
cuidado, que já foi encetada noutros
países, como França, onde em 2018
o Presidente francês Emmanuel
Macron encomendou um estudo
sobre o património de origem
africana nas colecções públicas
francesas, cujas conclusões
apontavam para uma restituição de
todas as obras dos seus museus que
foram retiradas “sem
consentimento” das antigas colónias
genuínas dúvidas se se trata de uma
medida que procure ser
consequente ou só mais um espúrio
agitar das águas.
Que o deputado e líder do Chega,
André Ventura, tenha reagido de
forma abjecta à proposta,
defendendo “que a própria
deputada Joacine seja devolvida ao
seu país”, mostra que, mesmo que a
discussão seja importante, ela
diÆcilmente será profícua se for
travada pelos extremos.
david.pontes@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Rui Pinto, o orgulho
de Portugal?
Alguns próceres do mundo da
política, dos negócios e do futebol,
se pudessem, erradicariam toda a
informação credível e o trabalho
jornalístico de investigação se
estivessem em causa
comportamentos pouco
transparentes que indiciassem
forte corrupção, lavagem de
dinheiro, fuga aos impostos e
apropriação indevida de dinheiros
públicos. Vem isto a propósito da
entrevista que o advogado francês
William Bourdon, fundador da
plataforma de apoio a
denunciantes africanos (PPLAAF),
concedeu ao PÚBLICO,
enaltecendo as qualidades de Rui
Pinto nas revelações do Luanda
Leaks. O advogado tem noção que,
como referiu, em Portugal existe
um grupo secreto que controla
certos interesses (alguém tem
dúvidas?). O que se torna
inadmissível é que Portugal não
implemente medidas de protecção
para os denunciantes. O que é
extraordinário e absurdo é que,
como aÆrmou Bourdon, “alguém
consiga ser admirado e celebrado
num país e, ao mesmo tempo, seja
criminalizado no outro”. Daí que,
em certa medida, Rui Pinto
deveria ser o orgulho de Portugal.
Por ter contribuído para apurar a
verdade e por ter auxiliado as
autoridades portuguesas a colocar
um ponto Ænal nesses crimes. Mas
até onde irão as investigações das
autoridades? Até onde irá “o
grupo secreto que controla certos
interesses”? Até onde irá a
resistência de Rui Pinto? Não
gostaria de evocar Ezra Pound
quando aÆrmava que “a política é
a mera continuação dos negócios.
Dos políticos e daqueles que
adejam à volta deles”. Será?
António Cândido Miguéis, Vila Real
PSD
Não vou embarcar no estafado
argumento de que o PSD de Rui
Rio é a muleta do PS. Mas o certo é
que a visão paroquial da política —
um partido a olhar só para o seu
umbigo — também é afastada por
Rio, que sempre se disponibilizou
para consensos com o PS. O país
está primeiro, dizia Sá Carneiro, e
o legado do fundador do PSD é
seguido à risca por Rio, sem
embargo de este considerar os
socialistas o adversário principal e
querer ser Governo já em 2021, na
esperança de que a nova
governação do PS à Guterres
acabe em novo pântano. O
“bota-abaixo” de Montenegro
foi-lhe fatal. Ainda mal era
conhecido o OE e já o derrotado
do PSD dizia não saber o que Rio
esperava para não anunciar já o
voto contra! Não creio que os
portugueses apreciem muito este
género de fazer política.
A governação à Guterres do PS
tem agora mais potenciais
soluções, pelo que o país também
pode ganhar com a vitória de Rio,
mas, sinceramente, não cremos
que o façam, por variadíssimas
razões. O aliado preferencial do
PS, salvo, porventura, decisões
mais de carácter estrutural, que
requerem dois terços, deverá ser
sempre a esquerda. Em primeiro
lugar, a suposta viragem à direita
dos socialistas engrossaria
eleitoralmente o BE e o PCP, com
perda de inÇuência do PS. Depois,
a “geringonça” foi bom negócio
para o partido da rosa e Rio não
está provado que também o seria.
Finalmente, qualquer que seja o
horizonte da carreira política de
Costa, Belém ou cargo europeu
de prestígio, a “geringonça”
parece ser, em ambos os casos,
a melhor companhia.
Simões Ilharco, Lisboa
 Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 7

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

O Presidente dos EUA revelou, na presença O antigo presidente do governo da Catalunha

do primeiro-ministro israelita, o seu plano
para a paz entre Israel e palestinianos.
Consequência: Netanyahu vai aproveitar o plano
muito favorável ao Estado hebraico para estender já a
soberania ao Vale do Jordão e aos colonatos. No seu
dramatismo, Trump diz que é a última hipótese de
um Estado para os palestinianos, mas é bem possível
que este plano ainda pouco claro traga apenas e só
Donald Trump mais violência à região. (Págs. 28/29) J.J.M.
pediu aos catalães que contribuam
financeiramente para pagar os custos do
referendo sobre a independência, realizado a 1 de
Outubro de 2017, já que a Justiça espanhola exige
que Puigdemont e outras 19 pessoas devolvam o
dinheiro público utilizado. É bem possível que
consiga reunir o dinheiro, mas pedir aos cidadãos
que paguem os actos precipitados dos políticos é
Carles Puigdemont má política. (Pág. 30) J.J.M.

ESCRITO NA PEDRA
A maneira como os bancos ganham dinheiro
A profecia
é tão simples que é repugnante
John Kenneth Galbraith (1908-2006), economista do tempo
SEM COMENTÁRIOS HOMENAGEM A KOBE BRYANT NO EXTERIOR DO STAPLES CENTER, PAVILHÃO DOS LA LAKERS
MIKE BLAKE/REUTERS

EM PUBLICO.PT
Como é que os portugueses
no Reino Unido estão a viver
o “Brexit”?
Os emigrantes portugueses contam como
encaram a saída do Reino Unido da União
Europeia publico.pt/p3
Dois meses nas Bahamas?
É o prémio do novo concurso
da Airbnb
Oito semanas, três ilhas e a possibilidade
de ajudar as comunidades locais. Há cinco
viagens em jogo publico.pt/fugas
N
“As lendas são para sempre.”
E, por isso, Kobe Bryant
quis ser uma
Envie para publicop3@gmail.com: o P3
está a reunir ilustrações para homenagear
a estrela da NBA publico.pt/ilustracao
Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem
ão sei se acontecerá durante a
minha vida, mas um dia será
assim: a economia deixará de
governar-se pelo dinheiro e
passará a centrar-se naquilo que
é realmente valioso e Ænito: o
tempo.
O tempo já é o ingrediente
secreto de muitas coisas — desde
amores a receitas, a antiguidades
e tradições — que não podem ser compradas
apenas por dinheiro. Até há pouco tempo —
a expressão não podia ser mais apropriada
— o tempo não tinha valor. As pessoas
queimavam os dias que fossem necessários
a fazer o que era preciso, desde bordados a
sonetos, desde deveres a monumentos.
Foram os sindicatos que começaram a
dar valor ao tempo. Nos EUA, lê-se nas
matrículas: “O Æm-de-semana: uma oferta
do movimento sindical”. Foram os
sindicatos que revelaram os limites do
dinheiro: por muito bem que as horas
sejam pagas — as extraordinárias não são
diferentes das outras —, há um tempo a
partir do qual não há dinheiro que chegue
para pagá-lo.
A desigualdade terrível que há no mundo
esconde esta mudança do dinheiro para o
tempo: os mais ricos continuarão a comprar
o tempo dos mais pobres, passando para
países cada vez mais pobres.
Mas um dia até essa importação acabará.
A valorização do tempo não poderá voltar
atrás ou ser metaÆsicamente substituída. A
noção do que é precioso passará do ouro
para a vida. Não é sensato fazer previsões,
mas é estúpido Ængir que não se nota a
mudança do quantitativo para o qualitativo
e do medível para o inefável.
Um dia não será com dinheiro que se
poderá comprar o tempo. Só com mais
tempo. O nosso.
8 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
ESPAÇO PÚBLICO
Somos burros e preguiçosos,
mas bonzinhos!
Luís Aguiar-Conraria
O que me surpreende na
afirmação de Ribeiro e
Castro, e de outros, é esta
ideia de que Portugal é um
N
oásis não racista
a sequência do artigo que escrevi
há 15 dias, sobre a morte de Luís
Giovani, José Ribeiro e Castro
escreveu outro em que
reaÆrmava e aprofundava o que
eu escrevera. Concordamos em
quase tudo. Há, no entanto, uma
discordância: eu escrevi que não
tenho grandes dúvidas de que
Portugal é racista, Ribeiro e
Castro diz ter a certeza de que Portugal não é
racista. Tendo eu a máxima consideração
por Ribeiro e Castro, que é uma pessoa
inteligente, serena, moderada e séria, penso
que vale a pena debater com ele este
assunto.
Podemos questionar o que se quer dizer
com Portugal ser (ou não ser) racista.
Estamos a falar das leis, das pessoas, de uma
maioria de portugueses, de uma minoria
signiÆcativa, de um sistema que prejudica
negros e ciganos? Não sou sociólogo para
conseguir dar uma deÆnição precisa, pelo
que me Æco por uma simples: um país é
racista se uma minoria étnica for
sistematicamente prejudicada em relação à
etnia dominante.
O que me surpreende na aÆrmação de
Ribeiro e Castro, e de outros, é esta ideia de
que Portugal é um oásis não racista. Há
dezenas de estudos feitos para muitos países
a conÆrmar que o racismo é um problema.
Limitando-me aos Estados Unidos, há
relatórios oÆciais que mostram que os
polícias são mais agressivos com negros (e
também com hispânicos) do que com
caucasianos. Há estudos cientíÆcos que
mostram que os negros têm mais diÆculdade
em arrendar casa. Há estudos que mostram
que dois CV em tudo idênticos excepto na
etnia do candidato têm tratamento
altamente diferenciado na procura de
emprego. Penso que não preciso de dizer
qual a etnia prejudicada.
Mas, apesar de todos estes dados que
existem para os Estados Unidos e vários
outros países, de alguma forma, nós,
portugueses, somos diferentes. Mais
virtuosos, portanto. O facto de Portugal no
passado ter sido um país não só esclavagista
mas exportador de escravos, directamente
responsável por milhões de negros
arrancados a África e vendidos noutros
ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS
continentes, o facto de ser um país educação. O grande discriminador não é a
colonizador até há tão pouco tempo, o facto raça, mas sim a classe.
de termos tido uma guerra colonial, nada Eu compro o argumento da classe, não me
disto leva Ribeiro e Castro a desconÆar de entendam mal. Acredito que um negro rico
que a ideia de que não somos racistas é pura tem a vida mais facilitada do que um branco
fantasia. É a visão do colonizador bondoso:
aÆnal, enquanto os outros matavam os
pobre. Mas a comparação correcta não é
essa. O negro rico compara-se com o branco
indígenas das terras que colonizavam, nós rico e o branco pobre com o negro pobre. E
misturávamo-nos. Como dizia a propaganda, aí, mais uma vez, e novamente para os
“Deus criou o Homem e o Português criou o Estados Unidos, estudos feitos com dados
mulato”. obtidos a partir de declarações de IRS ao
Infelizmente, não há bons estudos para longo de década e meia mostram que os
Portugal. Num país que se recusa a recolher Ælhos de famílias negras de classe alta têm
dados étnicos sobre os seus habitantes, uma probabilidade muito maior de passarem
diÆcilmente se conseguirá fazer bons para classes inferiores do que os Ælhos de
estudos sobre discriminação racial. Mas famílias brancas. Ou seja, a classe social é
somos assim tão daltónicos que não nos obviamente relevante, mas a etnia também.
apercebemos da falta de cores na alta OK, OK, novamente, isto é para os Estados
sociedade portuguesa? Quantos advogados Unidos. Em Portugal, um estudo destes seria
negros conhecem nos maiores escritórios de simplesmente impossível de fazer, dado que
advogados? Quantos professores não recolhemos dados étnicos. (O que é
universitários? Quantos ministros ciganos? compreensível, temos medo do que eles
Quantos jornalistas? Quantos quadros iriam revelar sobre nós.) Assim, não posso,
superiores, quantos deputados, quantos de facto, negar com certeza absoluta que
pivots de televisão? Mesmo que não Portugal seja diferente. Mas quer-me parecer
queiramos conÆar nas nossas impressões, que basta um pouco de bom senso para
ainda assim, há alguns dados concretos. Por chegar a essa conclusão.
exemplo, aqui no PÚBLICO, Joana Gorjão Tenho-me andado a queixar da falta de
Henriques fez alguns testes para ver se era dados e quase me esquecia de que existem
mais difícil ser-se de uma minoria étnica. pelo menos alguns dados para comparar o
Entre outras discriminações, mostrou que Racismo biológico* racismo dos portugueses com o de outros
também em Portugal é mais difícil a um povos. No European Social Survey, são
negro arrendar casa. Em % inquiridas cerca de 40.000 pessoas de 20
OK, OK. Conheço os contra-argumentos, Média: 29,2 países. O inquérito decorre de dois em dois
ou pelo menos alguns deles. Possivelmente, anos. Há alguns anos, foram incluídas
na reportagem que Joana Gorjão fez, o Portugal 52,9 algumas perguntas para medir o racismo em
problema não era o Estónia 47,9 cada país. Em Portugal, salvo erro, o
cliente ser negro, Rep. Checa 44,7 inquérito foi conduzido por Alice Ramos (do
mas sim o seu Instituto de Ciências Sociais da Universidade
Suíça 35,8
sotaque de imigrante de Lisboa).
por contraposição França 34,1 Nesse inquérito, os portugueses foram os
com o cliente branco Finlândia 33,6 que se mostraram mais racistas. Às
Entre 20 países, que tinha sotaque
lisboeta. Para Æltrar
Hungria 33,5 perguntas, e passo a citar, “Acha que há raças
ou grupos étnicos que são por natureza
somos aqueles esse ruído, um
Eslovénia 31,6 menos inteligentes do que outros?” e “Acha
Bélgica
onde mais cientista teria tido o
cuidado de escolher Grã-Bretanha
31,4 que há raças ou grupos étnicos que são por
natureza mais trabalhadores do que
31,2
gente um branco com Irlanda 30,5
outros?”, cerca de metade dos inquiridos
considera que sotaque de um país
Áustria 28,6
portugueses respondeu que sim.
branco (ucraniano, Não sei quantas formas diferentes há
há grupos por exemplo) em vez Letónia 28,1 de interpretar estas perguntas, mas é um
étnicos que são de um com sotaque Dinamarca 28,0 facto que, entre 20 países, nós somos
por natureza lisboeta. Os negros
não se tornam
Espanha 25,5
aqueles onde mais gente considera que
há grupos étnicos que são por natureza
menos advogados de Alemanha 23,5 menos inteligentes e trabalhadores.
inteligentes e grandes escritórios,
ou professores
Polónia 20,5 Já sei, já sei, aposto que vão argumentar
que quando dizemos que há etnias menos
Noruega
trabalhadores universitários ou
Holanda
12,6
inteligentes e menos trabalhadoras do
10,1
pivots de televisão, que outras é a nós que nos referimos.
não porque os Suécia 8,5 Nós é que somos os burros e preguiçosos.
portugueses sejam E bonzinhos, também.
racistas, mas sim *Crença de que há raças ou grupos étnicos que
nasceram menos inteligentes e /ou menos
porque vêm de trabalhadores Professor da Escola de Economia e
classes pobres e têm Gestão da Universidade do Minho.
pouco acesso a boa Fonte Atitudes Sociais dos Europeus PÚBLICO Escreve à quarta-feira

O vírus não
precisa de passaporte
P
Nuno Severiano Teixeira
O Mundo às Avessas
elo menos desde a peste-negra que
o mundo se confronta,
ciclicamente, com o Çagelo de
epidemias e pandemias. A terrível
praga do século XIV, originária da
China, cruzou a Rota da Seda com
os comerciantes e em poucas
décadas chegou à Europa. Entre
1346 e 1353, dizimou um terço da
população.
O séc. XX conheceu três grandes
pandemias. A primeira, em 1918, em plena
guerra mundial, foi a terrível gripe-espanhola.
Em seis meses, infetou 500 milhões, provocou
50 milhões de mortos e condicionou
fortemente a conduta da I Grande Guerra. A
segunda, em 1957, a gripe-asiática, e a terceira,
em 1968, a gripe-de-hong-kong. Causaram um
milhão de mortos cada uma. Os progressos
cientíÆcos nas vacinas e antivirais e o
desenvolvimento dos sistemas de saúde e a
organização da resposta em situação de
emergência reduziram, signiÆcativamente, as
suas taxas de mortalidade. Reduziram, mas
não eliminaram. E o mundo está outra vez
confrontado com um surto viral que assume já
uma dimensão epidémica e que ameaça
tornar-se pandémica. Tudo começou em
Wuhan, uma cidade de 11 milhões de
habitantes. O primeiro caso do coronavírus foi
identiÆcado em 12 de Dezembro,
estendendo-se ao período do Ano Novo chinês
em que há milhões e milhões de viajantes. De
então para cá o vírus espalhou-se com grande
velocidade.
Na China contam-se até hoje cerca de 3000
casos e registam-se mais de uma centena de
mortos. Passou as fronteiras e outros 18 países
nos cinco continentes registam já mais de 40
casos. Os cientistas, com base nos seus
algoritmos, calculam que possa atingir,
globalmente, os 40.000. As pandemias são,
obviamente, uma questão de saúde pública.
Mas, pela sua dimensão e pelas suas
consequências, são muito mais do que isso.
São uma questão política e de segurança. E
devem ser tratadas como tal. Política, porque
a resposta à crise implica escolhas, decisões e
alocação de recursos que são,
eminentemente, políticas. De segurança,
porque a segurança já não é o que era.
Tempos houve em que a segurança era
encarada apenas como a segurança do Estado
e o instrumento para garanti-la era
exclusivamente o uso da força. Da força
policial quando se tratava da segurança
interna ou da força militar quando se tratava
da segurança internacional. Hoje, a segurança
é também vista como a segurança das pessoas
e os seus instrumentos vão muito para além
do uso da força, incluindo as ciências médicas
quando se trata deste tipo de crises.
As pandemias põem em causa a vida das
pessoas e são por isso uma questão de
segurança humana. No plano político, a
primeira questão, em situações de
emergência, é a da transparência. Muitos
Governos, sobretudo autoritários, tendem a
ver estas crises como sinal de fraqueza, a
negar o problema e a censurar a informação.
Mas a ausência de informação facilita a
propagação da doença e favorece o boato e o
pânico. A informação interna e a partilha de
informação internacional são, por isso,
fundamentais para gerir as expectativas do
receio público e controlar a propagação
além-fronteiras. Uma segunda questão é a do
envolvimento dos técnicos nas decisões
políticas da resposta à crise. Assim como na
guerra o conselho dos estrategos militares é
essencial e tem um lugar institucional na
decisão política, também nas crises
pandémicas, o conselho dos cientistas é
essencial e deve ter igual estatuto. Finalmente,
a alocação dos recursos. Durante a resposta à
crise, as autoridades têm que assegurar que o
sistema de saúde é
não só tecnicamente
competente, mas
também socialmente
justo. Isto é, que os
As pandemias recursos (médicos,
são, pela sua
máscaras, vacinas,
medicamentos) estão
dimensão e equitativamente
consequências,
distribuídos na
sociedade.
uma questão Mas se as
política e de epidemias se
conÆnam a um
segurança determinado
território, as
pandemias são de
natureza global. O
vírus não respeita
fronteiras nem
precisa de
passaporte.
Desloca-se com o movimento das populações.
Contagia e espalha-se globalmente. É, neste
sentido, uma ameaça transnacional. E só pode
ser combatida pelo reforço da cooperação
internacional: de partilha de informação
cientíÆca, de interoperabilidade dos sistemas
de saúde e ligados à Rede Global de Alerta e
Resposta a Surtos Epidémicos da OMS. Isto é,
num quadro multilateral, envolvendo
Estados, organizações internacionais e
não-governamentais. E as próprias pessoas
que, cidadãos informados, são cada vez mais
agentes da sua própria segurança.
Professor catedrático
da Universidade Nova de Lisboa.
Director do Instituto Português
de Relações Internacionais
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 9
ESPAÇO PÚBLICO
O Estado
de direito irrita
H
vida privada, no domicílio, na
Manuel Soares correspondência ou nas telecomunicações
sem o consentimento do respectivo titular”
á por aí muita confusão sobre a (artigo 126.º n.º 3 do CPP).
protecção de denunciantes, a Viver num Estado de direito, em que a lei
validade probatória de impera sobre o poder arbitrário e em que os
informações tornadas públicas e a direitos fundamentais devem ser protegidos
possibilidade de serem contra todas as interferências abusivas, tem
investigadas pelas autoridades. custos. Se a polícia não pode entrar nas nossas
Convém revisitar conceitos casas de madrugada, abrir as nossas caixas do
básicos para que o rigor substitua correio ou vasculhar os nossos e-mails à
o populismo. procura de provas de crimes, sem autorização
Na “colaboração premiada”, a prévia de um juiz, que se certiÆcou da
lei prevê a atenuação ou dispensa de pena existência de indícios fortes do crime e dos
para os co-autores de certos crimes que requisitos de necessidade e
colaborem com as autoridades na recolha de proporcionalidade para invadir a nossa
provas decisivas para a identiÆcação ou privacidade, certamente não será admissível
captura dos outros responsáveis. Isso nada que os nossos vizinhos ou inimigos o possam
tem a ver com a “protecção do denunciante” fazer, fora de qualquer controlo público, por
que se limita a revelar às autoridades crimes mais justiceiros que
de terceiros. O artigo 4.º da Lei 19/2008 queiram ser ou por
apenas prevê que não possa haver retaliação mais interessantes e
proÆssional contra as pessoas que denunciam aplaudidas que
às autoridades os actos de corrupção de que venham a ser as suas
tenham conhecimento no exercício das suas
funções ou por causa delas. Portanto, apesar
Na Venezuela, descobertas. Se
admitirmos isso,
de termos subscrito a Convenção Penal do na Coreia do vamos admitir
Conselho da Europa sobre a Corrupção, cujo Norte e em também coacção,
artigo 22.º nos determina a instituir as tortura,
medidas adequadas e necessárias para a muitos outros administração de
protecção efectiva de denunciantes e locais do medicamentos ou
testemunhas de corrupção e crimes conexos,
a verdade é que a nossa lei não vai ao ponto de
mundo estes hipnose para obter
provas, visto que o
ilibar criminalmente pessoas que revelem à dilemas não fundamento da
imprensa — não às autoridades — informações
que possam ter obtido ilicitamente — não no
existem. Mas proibição é
exactamente o
exercício da função — sobre eventuais crimes será isso que mesmo. Rasgamos a
praticados por terceiros. Isto não são queremos para Constituição de 1976,
esquisitices das autoridades judiciárias; é a lei abandonamos
que temos. o nosso país? valores civilizacionais
Outra questão de injustiÆcada controvérsia básicos e voltamos ao
é saber se o Ministério Público (MP) pode tempo dos “bufos”,
iniciar investigações com base em factos em que todos nos
revelados pela imprensa. A resposta da lei é vigiávamos uns aos
óbvia: pode e deve. Sempre que o MP adquire outros e em que a
conhecimento de um crime, seja por PIDE podia atropelar
conhecimento próprio, por informação direitos
policial ou por denúncia, tem de abrir fundamentais, em nome daquele
inquérito. Os artigos 219.º n.º 1 da pragmatismo enganador, que considerava
Constituição e 262.º n.º 2 do Código de todos os meios legítimos, desde que os Æns
Processo Penal (CPP) não consentem outra fossem úteis.
leitura. Depois, se há provas, se são válidas, se Na Venezuela, na Coreia do Norte e em
os responsáveis são punidos, isso é para ser muitos outros locais do mundo estes dilemas
decidido no Æm. não existem. Mas será isso que queremos para
O problema Ænal, da validade de provas o nosso país? Albert Camus disse que “se o
obtidas ilicitamente, já foi aqui tratado com homem falhar em conciliar a justiça e a
profundidade e competência pelo professor liberdade, então falha em tudo”. É isso. Ou
André Lamas Leite (“Podem os Luanda Leaks vivemos num Estado de direito, com regras
ser usados pela justiça?”, PÚBLICO, 26 de que nos protegem a todos, ou vivemos noutro
Janeiro). Como provavelmente acabará a ser sítio qualquer. Mas depois não nos queixemos
discutido nos tribunais, não devo se o arbítrio nos bater à porta.
pronunciar-me sobre ele, senão para lembrar
o que diz a lei com toda a clareza: “São Presidente da direcção da Associação
igualmente nulas, não podendo ser utilizadas, Sindical dos Juízes Portugueses.
as provas obtidas mediante intromissão na Escreve quinzenalmente à quarta-feira
10 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020

POLÍTICA
Partidos Ɗzeram poucas contas
aos custos das 1272 alterações
Na era das contas certas, não é possível
dizer quanto custam as medidas que
os diferentes partidos apresentaram
em sede de Orçamento do Estado. O PAN
foi o que fez mais estimativas
OE2020
Liliana Borges, Sónia
Sapage e Maria Lopes
Até esta segunda-feira, deram entra-
da no Parlamento 1272 propostas de
alteração ao Orçamento do Estado
(OE) para este ano. As propostas
apresentadas pelos dez partidos com
assento parlamentar podem obrigar
Mário Centeno a refazer as contas
daquele que o Governo quer que
Æque para a história por ser o primei-
ro OE da democracia com excedente.
Mas, por enquanto, nem os próprios
partidos sabem quanto custam todas
as medidas que apresentaram. Ques-
tionados pelo PÚBLICO, PCP e PEV
admitem que não têm estimativa do
custo global das propostas. O PSD
concentrou as suas contas no IVA da
luz (sobre o qual também a Iniciativa
Liberal se debruçou) e o CDS cen-
trou-se sobretudo na redução da
taxa de IRS nos escalões mais baixos.
Já o Livre só prevê 2,5 milhões de
custos. O Chega não respondeu em
tempo útil.
O Pessoas-Animais-Natureza foi o
que apresentou mais cálculos. O PAN
avaliou o impacto orçamental das 20
propostas prioritárias. De acordo
das prioridades assinaladas é a
remoção de amianto, o que custará
21 mil euros.
Do lado das receitas, o PAN prevê
arrecadar 4,8 milhões de euros com
o aumento do IVA das touradas, 200
milhões com a proposta do ISP e 235
milhões com a alteração do IVA no
turismo, por exemplo.
CDS diz que foi responsável
No caso do CDS, Cecília Meireles diz
que “a esmagadora maioria [das pro-
postas] não representa um acrésci-
mo da despesa ou uma diminuição
da receita”. A centrista aÆrma que o
CDS respondeu ao pedido do Gover-
no e apresentou propostas responsá-
veis. Há até algumas que sugerem “a
diminuição de despesa e que, por
isso, representam um auxílio na con-
solidação das contas públicas”.
Entre as propostas mais simbólicas
do CDS está a redução de meio ponto
percentual na taxa dos três escalões
mais baixos do IRS, o que custará
entre 100 e 120 milhões de euros. “É
um valor absolutamente acomodá-
vel”, considera Meireles, notando que Orçamento do Estado para 2020 foi votado na generalidade a 10 de Janeiro e vai a votação final global no dia 6
é um quinto dos 590 milhões de euros
que o ministro das Finanças conside- descida do IVA da electricidade, que
rou “minudências”.
Mas o CDS também faz contas aos
Partidos retiraram 49 propostas é compensada com o aumento do
IVA da dormida em hotéis”, disse.

com as suas contas, estas representa-
riam um impacto de 482 milhões de
euros na despesa do OE. Ainda assim,
a despesa Æcaria aquém das previsões
de receita.
Com diplomas sobre o Æm do regi-
me Æscal para não residentes, o Æm
da isenção do Imposto Sobre Produ-
tos Petrolíferos (ISP) para navegação
aérea e marítima, o PAN conta
aumentar a receita do Estado em
1,091 mil milhões, o que cobriria o
crescimento das despesas propos-
tas. Para a reconversão dos trabalha-
dores das centrais de Sines e do
Pego, por exemplo, o PAN calcula
que seja necessário um investimen-
to de cem mil euros. Já a redução das
taxas do IRS implicará uma despesa
de 207 mil euros e a tarifa social de
energia custará 45 mil euros. Outra
O
impactos positivos, através do corte
nas despesas. Para isso, o partido
propõe um corte de 21 milhões nos
gabinetes do executivo socialista
(para a verba gasta em 2015). “O
Governo pode optar por poupar esse
dinheiro. Eu preÆro pagar menos
impostos e ter um Governo mais
pequeno”, justiÆca.
Bloco fará as contas depois
Ontem, na apresentação das propos-
tas de alteração, o partido das “con-
tas certas” ainda não tinha as contas
todas feitas. Mariana Mortágua,
deputada do BE, remeteu a contabi-
lidade para depois, mas notou que
as medidas não incidem apenas
sobre a receita e também há algumas
para diminuir a despesa. Outras equi-
libram-se mutuamente. “É o caso da
ntem de manhã
continuavam a aparecer, no
site da Assembleia da
República, novas propostas
de alteração ao Orçamento do
Estado para 2020. Das 1321 que
deram entrada, 49 foram
retiradas, pelo que o número
final se fixa nos 1272 diplomas.
O PCP foi o partido a entregar
mais propostas de alteração,
tendo atingido as 307, logo
seguido do PAN, com 226, e do
Bloco de Esquerda, 201. O PSD
também está entre os partidos
que entregaram mais de uma
centena de medidas (134),
sendo que só os três deputados
do PSD-Madeira, que foram alvo
de um processo disciplinar por
se terem abstido na votação do
OE na generalidade, assinaram
58 diplomas.
Todos os partidos entregaram
propostas de alteração: o Chega,
100; o PS, 92; a Iniciativa Liberal,
68; o PEV, 65; e o CDS, 47.
Dos dez partidos com assento
parlamentar, foi o Livre que
produziu menos alterações:
apresentou 52 propostas, 20 das
quais acabaram por ser
retiradas. A seguir, o partido que
retirou mais medidas foi o PAN
(oito). PS e PCP retiraram quatro
cada, BE retirou cinco, PSD três,
PEV e IL duas, CDS uma e o
Chega não retirou.
No entanto, há algumas estimativas
conhecidas. Nas negociações conÆr-
madas no início do ano, o BE aponta-
va para um aumento da despesa em
cerca de 300 milhões de euros, sendo
que o maior bolo iria para o investi-
mento no SNS, enquanto a redução
do preço das propinas em 20% repre-
sentaria uma despesa de 50 milhões
de euros. Do lado da poupança, o BE
prevê que o Estado “ganhe” 600
milhões com mexidas no regime dos
residentes não habituais.
Nas contas do Livre, as medidas
mais prioritárias para o partido
teriam um impacto orçamental de 2,5
milhões de euros, sendo que a grande
maioria dos gastos está do lado do
reforço de psicólogos nos centros de
saúde (2,4 milhões). As restantes
medidas dividem-se pela criação de

NUNO FERREIRA SANTOS
6 de Fevereiro
uma unidade de missão para o Novo
Pacto Verde (200 mil euros) e a requa-
liÆcação e musealização da Casa do
Passal (300 mil euros), de Aristides
de Sousa Mendes.
A IL também fez estimativas. Atra-
vés da proposta da eliminação da
derrama estadual, por exemplo, o
partido prevê “devolver cerca de 650
milhões de euros às empresas”. Entre
poupanças e receitas das privatiza-
ções da RTP e da TAP, acredita que
pode haver um reforço dos cofres do
Estado em 700 milhões de euros. E
com a privatização da CGD estima
receita de seis mil milhões. O partido
pretende ainda uma redução de 115
milhões em consumos intermédios.
PS e PSD envolveram-se numa
disputa sobre um único tema: o IVA
da electricidade, que foi um assunto
amplamente debatido nas jornadas
dos socialistas em Setúbal (ver texto
da página 12).
O QUE ELES DIZEM “Não será nunca pelo voto do BE
A esmagadora maioria que IVA da electricidade não desce”
[das propostas
apresentadas pelo CDS]
não representa um
acréscimo da despesa Liliana Borges
ou uma diminuição A deputada do Bloco de Esquerda
da receitas Mariana Mortágua elegeu ontem a
descida do IVA da electricidade como
Cecília Meireles “uma prioridade” na discussão orça-
Líder parlamentar do CDS mental e, questionada sobre se pode-
rá aprovar a proposta do PSD, asse-
gurou que o partido nunca irá invia-
Descida do IVA da bilizar a redução. “Não será nunca
electricidade é por causa do voto do BE que o IVA da
compensada com o electricidade não irá descer em Por-
tugal”, aÆrmou Mariana Mortágua em
aumento do IVA da conferência de imprensa de apresen-
dormida em hotéis tação das propostas de alteração ao
Orçamento do Estado para 2020, na
Mariana Mortágua sede do partido, em Lisboa.
Deputada do BE Pouco depois, também Jerónimo
de Sousa comentava o assunto,
garantindo que caberá ao Governo
Pretendemos ainda uma avaliaro “alcance e a bondade” da
redução de 115 milhões medida em vez de fazer alertas
de euros em consumos sobre “coligações negativas”.
A deputada bloquista salientou que
intermédios
Iniciativa Liberal
Gabinete de João Cotrim
de Figueiredo Excluir Lisboa e Porto dos “vistos gold” fica
Em termos entre o “contraproducente” e o “inaceitável”
democráticos,
só por causa da origem,
rejeitar liminarmente Rosa Soares
propostas não é
coerente Depois dos protestos da Associação
Portuguesa de Promotores e Investi-
Jerónimo de Sousa dores Imobiliários às alterações,
Líder do PCP propostas pelo Partido Socialista
(PS), ao regime de autorização de
residência por investimento (ARI),
Um maior investimento mais conhecido por “vistos gold”,
no que diz respeito ao chegou a contestação das empresas
combate às alterações de mediação imobiliária. “Alterar as
regras a meio do jogo mexe com a
climáticas seria enorme percepção da credibilidade
dade do sec-
incentivo para mudar tor junto de potenciais investido-
res”, avança a APEMIP, em comu-
sentido de voto nicado.
Joacine Katar Moreira Também a CPCI — Confe-
nfe-
Deputada do Livre deração Portuguesa da
Construção e do Imobi- i-
liário considerou “ina-
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 11
De um Orçamento
espera-se que faça escolhas
e que seja coerente com
essas escolhas
Mariana Vieira da Silva
Ministra da Presidência
o partido irá bater-se pela “sua pro-
posta” — que já foi apresentada ao PS
nas negociações prévias à especiali-
dade — e que passa por uma redução
faseada do IVA para a electricidade e
gás: de 23% para 13% em Julho deste
ano e para 6% em 2022, “numa ten-
tativa de aproximação” ao PS.
“O PS tem nesta proposta uma
Mariana
Mortágua
e Jerónimo
de Sousa
mostram-se
decididos
a baixar IVA da luz
solução para a descida do IVA da elec-
tricidade, irá usar essa oportunidade
se assim o entender”, aÆrmou, defen-
dendo que a proposta do BE já foi
uma tentativa de responder às preo-
cupações dos socialistas com o impac-
to da medida nas contas públicas.
ceitáveis” as propostas de eliminação
daquele regime em áreas urbanas
como Lisboa e Porto, bem como a
possível introdução de uma taxa de
tributação dos residentes não habi-
tuais.
A limitação ao ARI envolve o inves-
timento em imobiliário feito por
estrangeiros em Portugal. Pedir “vis-
to gold” através deste tipo de inves-
timentos (há outros, como criação
de emprego, investigação ou recupe-
ração de património) só pode ser
feito nos mu
municípios do interior
ou nas reg
regiões autónomas. A
proposta refere, especiÆca-
mente, q que o investimento
em imobiliário seja res-
tri
tringido “ao território
d CIM [Comunida-
das
des Intermunici-
O BE apresenta uma contrapartida
para a perda de receitas (estimada em
225 milhões de euros): a subida da
taxa do IVA na hotelaria de 6 para
13%. “Não será por falta de compen-
sação que o IVA não vai descer para
todos”, disse, acrescentando que esta
“é uma das formas mais eÆcazes de
aliviar o orçamento das famílias”.
Questionada sobre se o BE está dis-
ponível para votar favoravelmente a
proposta do PSD — que prevê uma
descida para 6% do IVA da electrici-
dade para consumo doméstico já em
Julho —, Mortágua aÆrmou que o par-
tido terá de “avaliar todas as propos-
tas em cima da mesa”.
“O que podemos garantir é que o
BE elegeu uma prioridade para este
orçamento, a descida do IVA. Não
será nunca por causa do voto do BE
que o IVA da electricidade não irá
descer em Portugal”, aÆrmou.
liliana.borges@publico.pt
pais] do interior e das Regiões Autó-
nomas da Madeira e dos Açores (...)”,
excluindo, assim, as áreas metropo-
litanas de Lisboa e Porto.
Para a APEMIP, a iniciativa do PS
“é contraproducente e vai no sentido
de tentar travar a procura no merca-
do, em vez de promover o aumento
da oferta”. O presidente da associa-
ção, Luís Lima, defende que “é um
sinal negativo para o mercado”.
E, em linha com o que defende a
associação de investidores, avança
que, dentro das preocupações de
retirar pressão às duas maiores cida-
des do país, “compreenderia o
aumento do valor mínimo de inves-
timento nestes concelhos, que
poderia passar de 500 mil euros
para um milhão, por exemplo”.
com Luísa Pinto
12 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
POLÍTICA
PS acusa Rui Rio de ilegalidade e irresponsabilidade
nas medidas para o Orçamento do Estado
Luciano Alvarez
Nas jornada do PS, Rio foi o
alvo de todas as críticas. O
mais duro foi Centeno:
“Caiu a máscara da
responsabilidade ao PSD”
O lema “fazer no presente para cons-
truir o futuro” passou pelos discursos
dos intervenientes das jornadas par-
lamentares do PS, que ontem tiveram
início em Setúbal. Mas o foco princi-
pal foi Rui Rio e a sua proposta de
alteração orçamental ao IVA da elec-
tricidade. Os socialistas não poupa-
ram nas críticas, em especial Mário
Centeno, ministro das Finanças, que
considerou a proposta social-demo-
crata “ilegal” e “irresponsável”, levan-
do o PSD a reagir.
Centeno abriu as jornadas com um
discurso antes de ser servido o almo-
ço numa quinta na serra da Arrábida
com vista para o mar — guardada por
medidas de segurança fortes e inédi-
tas. Depois de tecer loas ao Orçamen-
to do Estado (OE) para 2020 e de
deixar claro que não está disponível
para grandes alterações ao documen-
to, virou-se para Rui Rio. E, como se
diz no futebol, entrou a pés juntos.
Lembrou que as alterações apre-
sentadas são de dois grupos, “ou mais
despesa ou menos receita”, e apon-
tou o PSD como exemplo “mais prag-
mático” neste quadro. “O que o PSD
fez ontem foi apresentar dezenas de
propostas que ou têm mais despesa,
ou têm menos receita. (…) As propos-
tas do PSD agravariam o déÆce em
qualquer coisa como 2,200 milhões
de euros”, aÆrmou.
Referindo-se em especial à propos-
ta do PSD para alteração do IVA da
electricidade, disse que o partido de
Rui Rio “consegue bater todos os par-
tidos na irresponsabilidade”.
“O PSD está numa lógica de ganho
político imediato, sacriÆcando de
uma forma muito clara os interesses
do país e dos portugueses. (…) O que
[Proposta do PSD]
Está ferida de
legalidade
Duarte Cordeiro
Secretário de Estado dos
Assuntos Parlamentares
ANDRÉ KOSTERS/LUSA
ou empresariais. Os sociais-democra-
tas querem baixar a dos primeiros
para 6% já em Julho, mantendo a das
empresas em 23% e calculam que isso
ronde uma perda de receita Æscal na
ordem dos 175 milhões de euros no
segundo semestre deste ano.
Ora, como já se viu, as contas do
ministro das Finanças são diferentes
e têm mais algarismos (2,2 mil
milhões de euros) enquanto o PSD
continua a insistir que têm neutrali-
dade orçamental.
“Mário Centeno pensa, do alto da
sua arrogância, que decreta o que é
legal e ilegal em Portugal e na Europa.
Mas Centeno ainda não é dono disto
tudo e, por isso, tem de provar as acu-
sações que faz”, disse o deputado do
PSD Duarte Pacheco
O parlamentar social-democrata
sublinhou aos jornalistas, na Assem-
beia da República, que o ministro das
Finanças tem um “grande nervosis-
mo desde o início da legislatura que
o leva a ser cada vez menos rigoroso
com os números que apresenta ao
país”.
Mário Centeno não foi suave nos ataques que fez a Rui Rio. E o PSD respondeu-lhe, no Parlamento Questionado sobre a certeza da
legalidade da proposta do PSD, o
aconteceu à direita é que lhe foram por isso, diz que o PSD “precisa de deputado replicou que se o partido
caindo os dirigentes no período do esclarecer os portugueses sobre o que “não tivesse a convicção de que é
para além da troika e agora caiu-lhe fará no caso das compensações que legal não a teria apresentado”. “Ele é
de vez a máscara da responsabilida- propõe não serem aprovadas”. que tem de provar [a ilegalidade]. Em
de”, acrescentou. Já Ana Catarina Mendes aÆrmou Portugal, o princípio vigente é que
O ministro acusou também o PSD que os socialistas estarão empenha- quem acusa é que prova. Diferenciar
Centeno pensa, de ter apresentado as propostas, dos contra “coligações negativas”, o consumo doméstico do empresarial
do alto da sua “mas não as contas”. “As contas não juntando o PSD ao BE e PCP. “Não nos cumpre as leis e as directivas em
foram apresentadas, porque não são silenciamos. Nos dias que correm, os vigor”, insistiu Duarte Pacheco.
arrogância, para levar a sério.” Considerou mes- radicalismos não podem triunfar nas O deputado desaÆou também o
que decreta mo que a proposta do IVA na luz do respostas simplistas a problemas Governo, e em especial o ministro das
PSD é “ilegal, porque não cumpre a complexos”, salientou. Finanças, a mostrar que está de “boa-
o que é legal e legislação nacional e comunitária”, e Acusou ainda o PSD de ter apresen- fé” e a dizer qual a bolsa que tem para
ilegal em Portugal “irresponsável”. tado “uma lista de medidas avulsas, o esquema de redução do IVA que
Depois dod almoço, Duarte Cordei- sem visão estratégica”, considerando comunicou a Bruxelas. E recorreu à
e na Europa.a. ro, secretário
secre de Estado dos Assun- que proposta sobre a taxa do IVA da ironia para criticar a falta de “rigor”
Mas ainda nãoão tos Parl
Parlamentares, e Ana Catarina luz “é demagógica e populista”. do ministro (nas contas que fez aos
Mendes, líder da bancada socia-
Mende Se é ilegal, prove -o! Longe das jor- custos das medidas do PSD) e disse
é dono distoo lista, alinharam
alin pela mesma bitola. nadas do PS, a partir do Parlamento, que ontem, ao sair de casa, Centeno
tudo Cordeiro também acha que a
Co foi este o desaÆo que o PSD deixou a pediu um número a uma criança e foi
proposta do PSD “está ferida
pr Mário Centeno depois das críticas à esse que atirou nas jornadas do PS.
Duarte Pacheco de legalidade, porque apli-
d proposta de diferenciar a taxa de IVA com Maria Lopes
Deputado do PSD ca diferentes taxas a diver- cobrada na electricidade consoante
sos tipos de consumo” e, se trate de consumidores domésticos lalvarez@publico.pt
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14 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
POLÍTICA
André Ventura ‘propõe’
que deputada do Livre ‘seja
devolvida ao seu país de
origem’. BE exige condenação
Parlamento
Miguel Dantas
Livre denuncia ataques
de índole racista de líderes
do Chega e do CDS. Bloco
de Esquerda quer que
AR condene declarações
Num comentário publicado no Face-
book a uma das propostas de altera-
ção ao OE 2020 do Livre, André Ven-
tura sugere que a deputada Joacine
Katar Moreira “seja devolvida ao seu
país de origem”. O líder do Chega rea-
gia à medida apresentada pelo Livre
para que o património das ex-colónias
portuguesas que esteja na posse de
museus e arquivos nacionais possa ser
identiÆcado, reclamado e restituído
às comunidades de origem. O partido
de Joacine criticou com veemência as
declarações de Ventura e o Bloco
acrescentou que este “acto exige de
todos uma frontal condenação”.
Na sua publicação, Ventura defen-
de que a “devolução” da deputada
do Livre, natural da Guiné-Bissau,
seria mais tranquila para “todos”,
incluindo o partido pelo qual Joaci-
ne foi eleita — uma referência à ten-
são vivida entre a deputada e a direc-
ção do Livre. O PÚBLICO contactou
André Ventura, que explicou que a
linguagem usada “é obviamente iró-
nica” (não estava a referir-se a uma
deportação física) e que a intenção
é demonstrar que “quem permanen-
temente ataca a história de Portugal,
se calhar, não está cá a fazer nada”.
“Nessa lógica, tudo o que nós inves-
timos nas nossas colónias deveria
Livre emitiu comunicado a
defender a sua deputada
ser devolvido”, acrescentou.
A deputada do Livre também usou
o Facebook para responder ao diri-
gente do Chega. “Não é ‘deportada’,
é ‘deputada’”, ironizou Joacine num
post entretanto apagado. Em respos-
ta a Ventura, o Livre denunciou “ata-
ques de carácter e referências de
índole racista por parte de deputados
e dirigentes partidários da direita”
dirigidos a Joacine, apontando o dedo
ao Chega, mas também ao CDS-PP.
ClassiÆcando como “deploráveis e
racistas” as palavra de André Ventu-
ra, o Livre visa ainda as declarações
“sexistas e deselegantes” de Francis-
co Rodrigues dos Santos, novo líder
do CDS-PP, que disse que no seu par-
tido “não há Joacines”, dando a
entender que não retirará a conÆança
política à líder parlamentar, Cecília
Meireles (ver texto ao lado).
“O Livre não pode deixar de repu-
diar veementemente esses ataques e
o uso de uma linguagem depreciativa
e difamatória, que perpetua estigmas
racistas e sexistas na sociedade por-
tuguesa”, escreve o partido.
Na sequência das declarações de
André Ventura, o líder parlamentar
do BE, Pedro Filipe Soares, escreveu
no Twitter: “André Ventura pede a
deportação de Joacine Katar Moreira,
expressão de racismo e falta de noção
democrática. Este acto exige de todos
uma frontal condenação. É isso que
proporemos ao presidente da AR e a
todos os parlamentares.”
Recentemente, na AR, André Ven-
tura assumiu ter recebido uma con-
tra-ordenação por causa de uma
outra publicação nas redes sociais.
“Há umas semanas eu próprio recebi
uma multa em casa por fazer uma
publicação no Facebook. Mas que
país é este que multa pessoas por
fazerem comentários no Facebook e
que podem ter uma qualquer inter-
pretação racista?”, questionou o
deputado perante a ministra da Pre-
sidência, Mariana Vieira da Silva.
O comício do Chega no Porto tam-
bém levou a acusações de que o par-
tido integra membros pertencentes a
grupos neonazis. Num vídeo, é possí-
vel ver um dos participantes fazer a
saudação nazi em direcção a Ventura.
Ao PÚBLICO, o líder do Chega diz que
“lamenta profundamente o inciden-
te”, alegando que “é impossível con-
trolar” o comportamento de “cente-
nas de pessoas”.
miguel.dantas@publico.pt
“No CDS não existem
Joacines”, afirma o novo
líder em Belém
Presidência
Leonete Botelho
Rodrigues dos Santos não
se comprometeu com
continuidade de Cecília
Meireles à frente de
bancada parlamentar
O novo líder do CDS, Francisco Rodri-
gues dos Santos, chegou ao Palácio
de Belém rodeado de “diferentes sen-
sibilidades” do partido, esteve reuni-
do durante quase uma hora com
Marcelo Rebelo de Sousa e saiu pro-
metendo união “para abrir um novo
ciclo na política portuguesa, que vai
transmitir uma nova energia aos elei-
tores e fazer com que os portugueses
voltem a acreditar no CDS”. Mas
quando, perante a cara fechada da
líder parlamentar, Cecília Meireles,
lhe perguntaram se apoiará a sua
recandidatura no cargo, recusou-se a
responder. Preferiu dizer que “no
CDS não existem Joacines”.
“O CDS está unido, prova disso são
as sensibilidades que se apresentaram
no congresso que se souberam agre-
gar nesta comitiva que está hoje aqui
presente no diálogo estruturado com
o nosso Presidente da República, por-
tanto faz-nos antever que este CDS
está forte, está mobilizado e é um
partido virado para o futuro”, atirou
Francisco Rodrigues dos Santos,
quando questionado sobre a conÆan-
ça num grupo parlamentar em que
não tem nenhum apoiante.
A questão da liderança parlamen-
tar será o primeiro desaÆo interno
que Francisco Rodrigues dos Santos
irá enfrentar, logo após a votação Ænal
do Orçamento do Estado (OE). Na
segunda-feira, após uma reunião com
o novo presidente do partido, Cecília
Meireles fez saber que haverá eleições
na bancada após o OE, mas não reve-
lou se se recandidata ao cargo. Fran-
cisco Rodrigues dos Santos também
não se compromete com qualquer
solução. Apenas avisa que não quer
problemas de falta de comunicação
ou insubordinações como as que se
têm assistido no Livre.
“Tenho uma conÆança inabalável
em todos os deputados do CDS. No
CDS não existem Joacines, existe um
grupo de pessoas que partilham dos
mesmos valores, estão sintonizados
na mensagem que querem passar
para o país, porque o CDS é um par-
Francisco Rodrigues dos Santos levou comitiva abrangente a Belém
Promessa de
aproximação
do CDS ao PSD
poderá ter
animado Marcelo
Rebelo de Sousa
tido fundador da nossa democracia e
o nosso adversário é o PS, é o Gover-
no de António Costa, que merecerá
da nossa parte uma oposição séria,
leal e construtiva e não será uma chu-
va de críticas”, aÆrmou, na terceira e
última resposta que deu aos jornalis-
tas. Logo a seguir, virou as costas com
um “por agora é tudo”, indiferente às
novas perguntas que Æcaram no ar.
Lufada de ar fresco
A mensagem que queria transmitir
era outra e começou por fazê-lo de
forma clara. AÆrmou que a sua direc-
ção “quer representar uma lufada de
ar fresco, com um conjunto de perso-
nalidades renovadas, para abrir um
novo ciclo na política portuguesa”. E
apresentou algumas das propostas de
alteração ao Orçamento do Estado,
escolhendo a dedo aquelas que mais
se aproximam das bandeiras da Ini-
ciativa Liberal e do Chega.
“Queremos um alívio Æscal para a
classe média, sobretudo nos primei-
ros três escalões do IRS, mas também
estimular a iniciativa privada, o cres-
cimento e a criação de emprego, e por
isso a redução da taxa do IRC para
19%”, aÆrmou. Na educação, “conti-
nuamos a agitar energicamente a ban-
deira da liberdade de escolha, dando
DANIEL ROCHA
às famílias o direito de escolher qual
o estabelecimento de ensino que os
seus Ælhos devem frequentar. E para
as forças de segurança, defendemos
a admissão de 2500 novos quadros”.
Francisco Rodrigues dos Santos
aÆrmou mesmo que o Presidente da
República tinha mostrado “um gran-
de entusiasmo sobre esta conÆgura-
ção actual do CDS”, por ser “um par-
tido virado para o futuro, que quer
entusiasmar os portugueses e preen-
cher um espaço de liderança da direi-
ta em Portugal, comprometido na
solução de uma raiz alternativa ao
socialismo que passará certamente
por pontos de contacto, soluções de
compromisso e convergência com os
nossos aliados tradicionais”.
Esta promessa de aproximação ao
PSD poderá, de facto, ter animado
Marcelo Rebelo de Sousa, que tinha
grande expectativa sobre o posicio-
namento do novo líder centrista.
Já Francisco Rodrigues dos Santos
não revelou um particular entusias-
mo com um possível apoio a uma
eventual recandidatura de Marcelo
Rebelo de Sousa. Questionado sobre
o assunto, o novo líder do CDS disse
que esse não foi tema da conversa,
“até porque a iniciativa desse apoio
não deverá partir do CDS, dado que
as candidaturas presidenciais têm
raiz numa vontade do próprio que
não nos foi transmitida”. “Vamos
escutar primeiro qual é a vontade do
nosso Presidente da República,
depois reuniremos os órgãos próprios
do partido, onde faremos uma avalia-
ção”, limitou-se a dizer, remetendo a
decisão para as calendas.
lbotelho@publico.pt
 Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 15

POLÍTICA

“O CD
CDS é muito vulnerável a questões
identidade política. Só Paulo Portas
de ide
conseguiu enterrar esse debate”,
conse
disse Adolfo Mesquita Nunes

Breves
Bombeiros voluntários
PSD propõe alargar GNR Quatrocentos novos militares assumem funções
redução de seis anos
NUNO VEIGA/LUSA’

na idade de reforma
O PSD entregou uma proposta
de alteração ao OE2020 na qual
defende que os bombeiros
funcionários de associações
humanitárias devem usufruir
das mesmas regras de acesso à
reforma de que beneficiam os
bombeiros sapadores, ou seja,
menos seis anos do que o
regime geral desde que tenham
30 anos de serviço.

Belém
Conselho de Estado
reúne-se para
debater a CPLP
O Conselho de Estado reúne-se
na sexta-feira para debater
assuntos relacionados com a
Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP),
confirmou à Lusa fonte oficial
da Presidência da República. Familiares, amigos e o ministro compromisso de honra dos Os 400 novos militares ouviram mundo”. O ministro salientou “a
Segundo a mesma fonte, esta “é da Administração Interna, novos militares do 41.º curso de Cabrita elogiar o papel da GNR proximidade territorial com as
uma reunião que já estava Eduardo Cabrita, estiveram formação da Guarda Nacional “na aÆrmação de Portugal como populações em mais de 500
prevista há algum tempo”. presentes na cerimónia do Republicana, em Portalegre. um dos países mais seguros do postos” espalhados pelo país.

Função pública Europa Exposição Operações especiais

Professores enviam
postal a Costa a pedir
aumentos no Estado
A Federação Nacional da
Educação (FNE) pediu ontem
aumentos salariais para os
trabalhadores da administração
pública num postal enviado ao
primeiro-ministro, António
Costa, que faz parte da nova
campanha criada pelos
professores: “Por aumentos
salariais dignos!”
Teresa Gouveia
nomeada para
think tank europeu
A antiga ministra dos Negócios
Estrangeiros Teresa Gouveia está
entre os novos administradores
do think tank European Council
on Foreign Relations, anunciou
ontem a organização. A
holandesa Marietje Schaake e o
finlandês Alexander Stubb
também ingressam no mesmo
conselho de administração.
Paula Rego no Centro de “rangers”
Museu da Presidência em Lamego melhora
a partir de Fevereiro alojamento de praças
O Museu da Presidência da O Centro de Tropas de
República, no Palácio de Belém, Operações Especiais, situado
em Lisboa, assinala o 85.º em Lamego, está a melhorar as
aniversário com a inauguração, condições de alojamento das
em Fevereiro, de uma exposição suas praças, uma categoria que
de obras da pintora Paula Rego, sofre da falta de efectivos. A
foi ontem anunciado. A mostra informação foi veiculada ontem
Da Encomenda à Criação. Paula pelo comandante do centro,
Rego no Palácio de Belém será Raul Matias, no final de uma
inaugurada a 3 de Fevereiro. visita do ministro da Defesa.
16 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
SOCIEDADE
Compra de fármacos recusada
a hospitais com saldos negativos
Em causa está ainda a aquisição de alimentação, serviços de diálise e radiologia. Em três anos foram
rejeitados mais de 30 contratos e o Tribunal de Contas e administrações hospitalares alertaram ministérios
Lei dos Compromissos
Ana Maia
Entre 2017 e 2019 o Tribunal de Con-
tas (TdC) recusou vistos prévios a
mais de 30 contratos apresentados
por vários hospitais para aquisição de
medicamentos, alimentação, trata-
mento de roupa, serviços de diálise
ou informáticos, radiologia e seguros
de trabalho. O motivo foi sempre o
mesmo: a falta de saldo positivo dos
hospitais, que lhes permitisse assumir
os compromissos. Uma regra que
decorre da Lei dos Compromissos e
dos Pagamentos em Atraso, a que
estão obrigados.
O incumprimento das regras é pre-
missa para se considerar o contrato
nulo e perante este cenário legal, não
resta ao TdC outra solução se não
recusar o visto prévio. Nem os alertas
do TdC nem dos hospitais tiveram
resposta. O presidente da Associação
dos Administradores Hospitalares
espera que as mudanças previstas no
Orçamento de Estado para este ano
possam “aliviar a situação”, mas avisa
que não vão resolver o problema.
Só no ano passado, o PÚBLICO
encontrou seis vistos prévios recusa-
dos (há pelo menos um que é o recur-
so de uma primeira decisão que
o TdC manteve), todos respeitantes
à aquisição de medicamentos, entre
os quais para tratamento de cancro,
VIH e artrite reumatóide. Nos dois
casos recentemente conhecidos —
Hospital de Guimarães e Centro Hos-
pitalar Lisboa Norte — a decisão foi
publicada este ano. Mas houve tam-
bém vistos recusados ao Hospi-
tal Amadora-Sintra e ao Centro Hos-
pitalar de São João, por exemplo. O
motivo da recusa foi o saldo negativo
que as unidades tinham aquando dos
contratos. No total o PÚBLICO con-
sultou 35 acórdãos de 2019 a 2017.
Este cenário já se vinha a repetir
em 2018 e 2017. Ao ponto de
o TdC dizer num acórdão de 18 de
Junho de 2019, relacionado com um
pedido do Hospital de Guimarães,
que se estava “perante um verdadei-
ro problema sistémico a carecer de
resolução urgente por parte do legis-
lador”. Para exempliÆcar, referiu a
existência de 29 acórdãos durante os
NUNO FERREIRA SANTOS
anos de 2017 e 2018 “em que foi recu-
sado o visto a diversos contratos de
entidades do SNS por ausência de
fundos Ænanceiros disponíveis.
Questionado pelo PÚBLICO,
o TdC disse ser “sensível à relevância
desta questão para uma adequada
prestação dos cuidados de saúde”.
“Tanto é que há cerca de dois anos, o
presidente do TdC enviou ao ministro
da Saúde uma deliberação dos juízes
da 1.ª Secção alertando para a situa-
ção e pedindo para que a mesma fos-
se ‘levada ao conhecimento de Sua
Excelência o ministro da Saúde para
os efeitos julgados convenientes’”.
AÆrma ainda que vem reiterando,
nas várias decisões, “a sua argumen-
tação para uma adequada provisão
orçamental, relativa à dotação de
bens ou serviços neste sector de acti-
vidade pública”. A Lei dos Compro-
missos “veio estabelecer a regra de
que, para além do requisito tradicio-
nal de inscrição orçamental, um com-
promisso de despesa só pode ser
assumido se for demonstrada a exis-
tência de efectivos fundos disponíveis
para o satisfazer”. O TdC reforça que
“não pode deixar de aplicar a lei”.
Reforço orçamental
A questão da orçamentação, ou a fal-
ta dela, tem sido um problema apon-
tado por vários hospitais. Num acór-
dão do ano passado, relacionado com
a compra de medicamentos, o Centro
Hospitalar de São João dizia já ter
pedido ao secretário de Estado do
Orçamento um reforço orçamental
para 2019 e insistido para ter uma res-
posta. Assumia, como o acórdão
salienta, que o orçamento para 2019
na rubrica de produtos farmacêuticos
só tinha verbas capazes de suportar
45% dos custos previstos nesse ano.
Não foi o único a apontar a subor-
çamentação como um problema base
e consequentemente a incapacidade
de cumprir a Lei dos Compromissos
e Pagamentos em Atraso. Num acór-
dão de 2018, para a contratação do
fornecimento de alimentação, o Hos-
pital de Santarém explicou que os
fundos negativos no início do ano
resultavam de um fecho de contas
negativos do ano anterior. “Esta rea-
lidade, comum à generalidade dos
Nem os alertas do TdC nem dos hospitais tiveram resposta hospitais do SNS, resulta de orçamen-
tos Ænanceiros deÆcitários em anos
sucessivos”, acrescentou.
Outro exemplo é a resposta que a
Unidade Local de Saúde do Baixo
Alentejo deu ao TdC num acórdão de
Junho de 2018, referente à aquisição
de alimentação. A administração enu-
mera as datas dos “inúmeros alertas
e pedidos de intervenção”, dirigidos
a vários organismos da Saúde e das
Finanças, para que houvesse uma
“solução para o problema orçamen-
tal”. Mas que não resultaram numa
resposta. Em Junho de 2018, a Asso-
ciação Portuguesa dos Administrado-
res Hospitalares (APAH) pediu uma
reunião urgente aos ministérios das
Finanças e da Saúde. O presidente
Alexandre Lourenço diz agora que “o
tema nunca foi debatido”. A solução
encontrada pelos hospitais para a
questão dos medicamentos “tem sido
o empréstimo entre unidades”.
“Os ministérios da Saúde e das
Finanças sabem do problema, não é
por falta de aviso. Nunca foram apre-
sentadas soluções”, aÆrma Alexandre
Lourenço, dizendo que foram “igno-
rados nesta matéria até Dezembro de
2019”. Foi nesse mês que o Governo
anunciou um pacote de 800 milhões
para reforçar o SNS e que “reconhe-
ceu que vai alterar a Lei dos Compro-
missos”. O anúncio da disponibiliza-
ção de mais dinheiro, diz, “vêm aliviar
a situação, mas não resolvem o pro-
blema”.
Ao PÚBLICO, o Ministério da Saúde
reconhece que os hospitais têm repor-
tado constrangimentos invocando a
Lei dos Compromissos, mas salienta
as alterações previstas no Orçamento
para 2020: “Uma no sentido de garan-
tir a existência de mais fundos dispo-
níveis para os hospitais do SNS, e
outra que será a continuidade do Pla-
no de Pagamentos em Atraso dos
Hospitais do SNS.” Destaca o reforço
orçamental de mais de 941 milhões e
as injecções que permitiram reduzir
os pagamentos em atraso para 259
milhões. Duas medidas que o minis-
tério acredita que terão criado
“melhores condições para que a aqui-
sição de bens e serviços necessários,
designadamente medicamentos” e
cumprir a legislação.
amaia@publico.pt

Breves
Orçamento do Estado
Sector dos media fala
em propostas de
apoio “insuficientes”
Representantes dos jornalistas
e da imprensa consideraram
ontem “insuficientes” as
propostas de apoio ao sector
no âmbito do Orçamento do
Estado para 2020 (OE2020)
face a uma “situação
financeira difícil” e a uma
concorrência “nem sempre
leal”. A presidente do
Sindicato dos Jornalistas,
Sofia Branco, disse que as
propostas de alteração ao
OE2020 relativas ao sector
“são insuficientes”, referindo
que “na generalidade não
respondem a todas as
questões”. Entre as propostas
apresentadas, Sofia Branco
destaca a do Bloco de
Esquerda que propõe a
aplicação de uma contribuição
sobre serviços digitais.
Justiça
Oficial de justiça
agredida no Tribunal
de Matosinhos
O homem que agrediu ontem
uma oficial de justiça no
Tribunal de Matosinhos vai ser
presente amanhã a um juiz,
disse o coordenador regional
do Porto do Sindicato dos
Funcionários Judiciais. O
suspeito estava no tribunal
para ser julgado por crimes de
maus tratos a animais, mas o
julgamento acabou adiado.
Enquanto aguardava fora da
sala de audiências, começou a
tirar fotos às testemunhas com
o seu telemóvel, tendo sido
advertido. De seguida, o
segurança retirou-lhe o
telemóvel e entregou-o à
oficial de justiça. Manuel
Sousa contou que, depois, o
arguido se dirigiu a ela para
que esta lhe devolvesse o
telemóvel, batendo-lhe na
cabeça e apertando-lhe os
pulsos.
Caso decorreu no Tribunal de Gaia
IPSS paga 20 mil
euros por alegado
assédio moral
Trabalho
Susana Pinheiro
Trabalhador exigia
à Associação Novo Futuro
40 mil euros. Acordo dita
fim de julgamento
A Instituição Particular de Seguran-
ça Social (IPSS) Novo Futuro, em
Algés, Oeiras, vai indemnizar em 20
mil euros um trabalhador que a acu-
sa de assédio moral, que terá ocor-
rido no âmbito das suas funções no
centro de acolhimento de crianças
e jovens, em Vila Nova de Gaia. Este
foi o resultado do acordo a que a
associação e o assistente social che-
garam ontem no Tribunal de Gaia.
Como o PÚBLICO noticiara, o iní-
cio do julgamento estava marcado
para ontem, mas Æcou sem efeito na
sequência do acordo entre as partes
envolvidas. Antes de a associação e
o trabalhador chegarem a esta deci-
são, a juíza conversou, no seu gabi-
nete, à porta fechada, com os advo-
gados. “A juíza alertou para os riscos
do processo e para o facto de que,
mesmo que o trabalhador ganhasse,
nunca iria ter uma vida normal e
pacíÆca no local laboral, porque
esta relação estava fatalmente arrui-
nada e afectada”, conta Nuno Cere-
jeira Namora, um dos advogados do
assistente social Manuel Silva, de 44
anos, que acusava a Novo Futuro.
“A juíza sugeriu os 20 mil euros de
indemnização global por danos
morais, pelo Æm do contrato de tra-
NELSON GARRIDO
balho e pelo trabalho nocturno que
o trabalhador prestou durante
anos”, resumiu Nuno Cerejeira
Namora. O valor Æcou um pouco
aquém daquele que Manuel Silva
pedia, ou seja, 40 mil euros por ale-
gados danos morais resultantes do
assédio moral e mais 12 mil euros
pelo trabalho nocturno. O acordo
também contempla o direito a sub-
sídio de desemprego.
“Aceitei o acordo, mas nenhum
valor pecuniário paga o sofrimento
que vivi e vivo na sequência do assé-
dio moral e perseguição de que fui
vítima pela Novo Futuro”, no Cen-
tro de Acolhimento de Crianças e
Jovens Casa Pinheiro, em Gaia,
desabafa Manuel Silva, que, em
Dezembro de 2017, foi substituído
nas funções de coordenador. “Foi a
partir daí que o meu pesadelo
começou”, recorda.
A Novo Futuro já dissera, em res-
posta ao PÚBLICO, que “a indemni-
zação colocava em risco a manuten-
ção da casa de Gaia”. E contestava
as acusações do funcionário. O
PÚBLICO contactou a associação
para obter uma reacção ao acordo,
mas não obteve qualquer respos-
ta.
“Disse à juíza que estou em per-
feitas condições psicológicas para
trabalhar, mas que nem eu nem
ninguém conseguiria continuar a
trabalhar mais naquele centro de
acolhimento dado o que me Æze-
ram”, conta Manuel Silva, satisfeito
com o desfecho do processo. Por
enquanto, o funcionário continua
de baixa médica.
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 17
Juiz duvida da legitimidade
da conduta do
chefe de gabinete
de Azeredo Lopes
Tancos
Ana Dias Cordeiro
Em causa estão respostas
de Martins Pereira sobre
os motivos por que não
reportou superiormente
o que soube através da PJM
Mais do que uma vez, ao longo de
quase cinco horas de interrogatório
na fase instrutória do processo de
Tancos, o juiz Carlos Alexandre suge-
riu ontem que na conduta do ex-che-
fe de gabinete de Azeredo Lopes, em
vários momentos, a linha entre o que
era legítimo e ilegítimo tinha sido
muito ténue. E isto na forma como o
próprio general e braço-direito do ex-
ministro da Defesa descreveu as cir-
cunstâncias em que se viu envolvido
neste caso.
Se, como disse, o general Martins
Pereira se lembra de ter recebido um
memorando sobre a operação de
recuperação do material de guerra
das mãos dos dois responsáveis da
Polícia Judiciária Militar (PJM), o
coronel Luís Vieira e o major Vasco
Brazão, por que não informou con-
venientemente o ministro para que
ambos reportassem a situação supe-
riormente. A investigação do furto
aos paióis de Tancos estava entregue
à Polícia Judiciária, e o memorando,
embora redigido num papel não assi-
nado e não timbrado, admitia ter
havido uma operação com o recurso
a um informador numa investigação
paralela da PJM e sem conhecimen-
Martins Pereira foi ouvido
ontem por Carlos Alexandre
SOCIEDADE
to do Ministério Público. “Hoje em
dia, penso de outra maneira”, terá
respondido Martins Pereira, quando
lhe perguntaram por que guardou o
documento numa gaveta durante um
ano — um documento sobre o qual
sabe que falou ao ministro, mas não
se recorda em que circunstância
nem em que data. Defendeu quer
não lhe terá dado a importância devi-
da, de acordo com fontes ligadas ao
processo.
A existir esse documento, e se
sobre o seu conteúdo tivesse dúvidas,
não seria de esperar que Martins
Pereira tentasse esclarecer as dúvidas
com quem lho entregou? Esta foi
uma questão colocada por alguns
advogados. O general foi evasivo em
muitas das respostas, justiÆcando não
se lembrar ou não ter a certeza.
Martins Pereira disse ter a certeza
de que esteve numa reunião no Minis-
tério da Defesa, dois dias depois da
recuperação do material roubado,
com o major Vasco Brazão e o coronel
Luís Vieira; e que, nessa reunião, os
dois lhe terão entregue o memoran-
do. Este relato, que mantém desde
que foi ouvido na fase de inquérito,
coincide com o que diz Vasco Brazão,
mas contradiz o que assume Luís Viei-
ra. O coronel, ex-director da PJM, diz
que não esteve nessa reunião.
“Na realidade, a existir esse docu-
mento, não haveria [o general] de lhe
ter dado a devida atenção” e não teria
este documento “importância para o
levar a ter outra atitude?”, questiona-
ram à saída do tribunal Manuel Ferra-
dor e Rui Baleizão, os advogados de
Luís Vieira, em declarações ao PÚBLI-
CO. Por seu lado, Germano Marques
da Silva, defensor de José Azeredo
Lopes, deu a entender em declara-
ções aos jornalistas que este tinha
sido um depoimento muito positivo
para o seu cliente.
Nesta fase, iniciada a pedido de 15
dos 23 acusados neste processo, os
advogados tentam fazer cair algumas
das acusações mais graves — como os
crimes de associação criminosa, ter-
rorismo ou tráÆco de droga. Muito
aguardado como testemunha, nesta
sexta-feira, dia 31, será também Paulo
Lemos, conhecido por “Fechaduras”,
que terá cooperado com a PJ. Depois
de ter sido notiÆcado pelo menos
duas vezes pelo juiz Carlos Alexandre,
conÆrmou Ænalmente, através de um
advogado, que iria a tribunal.
acordeiro@publico.pt
18 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020

SOCIEDADE

Director de escola de referência pede

reforma “magoado” com o ministério
Greve de docentes em dia de exames valeu-lhe processo disciplinar por exceder serviços mínimos. “Alunos
tinham de ter garantidas condições”, diz Manuel Esperança, director do Agrupamento de Escolas de BenÄca
JOSÉ MARIA FERREIRA

Educação
Clara Viana
A um ano do Ænal do mandato, e ape-
sar de não ter como hábito de vida
“deixar as coisas a meio”, o director
de uma das escolas públicas de refe-
rência de Lisboa decidiu bater com a
porta e pedir a aposentação, o que
fez no mês passado, na sequência de
um processo disciplinar que lhe foi
instaurado pelo Ministério da Educa-
ção (ME).
“Não gostava de ir embora assim,
depois de tantos anos de serviço, mas
por mim chega. Fiquei magoado.” É
este o desabafo de Manuel Esperan-
ça, que entre 1992 e 2012 esteve à
frente da Secundária José Gomes Fer-
reira, em Lisboa, tendo sido eleito
depois o director do Agrupamento
de Escolas de BenÆca, constituído em
2012 e que tem aquele estabeleci-
mento de ensino como escola sede.
Na prática, mais de metade dos
seus 44 anos de serviço foram passa-
dos na liderança de uma escola, que
se tem mantido entre as públicas
com melhores resultados da capital.
E foi enquanto director que acabou
por ser alvo de um processo discipli-
nar instaurado pelo ME por não ter
respeitado por excesso os serviços
mínimos decretados para uma greve
de professores que coincidia, na
data, com a realização de exames
nacionais do ensino secundário e de Agrupamento de Escolas de Benfica tem como sede a Escola Secundária José Gomes Ferreira
provas de aferição do 1.º ciclo.
Outros 16 directores também terão GeograÆa do ensino secundário. E as por sala e, para evitar situações de foi alvo de uma “repreensão escrita”, Filinto Lima, que diz não ter infor-
sido alvo de processos disciplinares provas de aferição de Matemática e algum apuro, não respeitei o que está a pena mais leve entre as que podem mações sobre estes processos disci-
pelas mesmas razões, segundo infor- Estudo do Meio dos alunos do 2.º previsto, que é não convocar suplen- ser aplicadas aos funcionários públi- plinares. Também o presidente do
mações veiculadas pela Federação ano de escolaridade. tes, porque não sabia se os professo- cos que cometam “infracções”. Conselho das Escolas, o órgão que
Nacional de Professores (Fenprof ). res que convoquei compareceriam”, Este facto não retira o agravo que representa os directores junta do
O PÚBLICO tem questionado insis- Todos convocados explicou na altura. sente. “Cumpri a minha missão e por ME, José Eduardo Lemos, que foi
tentemente o ministério para conÆr- Esta coincidência de datas levou a Ao PÚBLICO reaÆrma a sua inten- isso entendo que esta é uma pena precedido no cargo por Manuel Espe-
mar este número e saber qual o des- que o ME requeresse a marcação de ção: “A minha obrigação era para injusta”, diz Manuel Esperança, rança, frisa que desconhecia a exis-
fecho dos processos disciplinares, serviços mínimos. Apesar de estes com os alunos, que tinham de ter lamentando que, tendo dois anos tência destes processos disciplinares
mas não obteve qualquer resposta. terem sido decretados, o que impli- garantidas todas as condições para para analisar o caso, a tutela tenha e por isso não os comenta. Mas não
A greve que aqui está em causa foi cava apenas a presença de 73 profes- poderem realizar os exames.” Os optado por “deixar andar”. Por tudo deixa de dizer que existe por parte
convocada pela Fenprof e pela Fede- sores na Secundária José Gomes sindicatos de professores apresenta- isto, em Dezembro pediu a aposen- do ministério “um excesso de zelo”,
ração Nacional da Educação (FNE) Ferreira, Manuel Esperança decidiu ram queixa, alegando que esta deci- tação. Espera que a resposta chegue que não leva em conta “o trabalho
para o dia 21 de Junho de 2017 para manter a convocação que Æzera são atentava contra o direito à gre- mais dia, menos dia, de modo a pôr árduo” desenvolvido pelos respon-
exigir o descongelamento da carreira antes: foram chamados todos os pro- ve. Æm, aos 65 anos, à sua carreira como sáveis, que “todos os dias têm de
docente, à semelhança do que já fessores do agrupamento (cerca de Foi só no início de 2019 que Manuel professor e director. tomar dezenas de decisões e de
tinha sido decidido para as outras 214). Esperança soube que tinha em cima “A verdade é que ninguém nos enfrentar e mediar todos os proble-
carreiras da função pública. Para “Fiz a convocatória normal para o um processo disciplinar resultante defende”, comenta o presidente da mas que vão surgindo”.
aquele dia estavam já marcados os serviço de exames, que são 73, res- das queixas apresentadas. A decisão Associação Nacional de Directores
exames de Física e Química A e de peitando a regra de dois professores chegou em Setembro do mesmo ano: de Agrupamentos e Escolas Públicas, cviana@publico.pt

Queixas de violência
doméstica à PSP e GNR
subiram 11,5%
Crime
Joana Gorjão Henriques
Número de queixas
aproxima-se das 30 mil,
segundo dados revelados
pelo ministro da
Administração Interna
As queixas por violência doméstica à
PSP e à GNR subiram 11,5% em 2019,
revelou ontem o ministro da Admi-
nistração Interna, Eduardo Cabrita.
Em 2018 houve 26.439 queixas àque-
las forças de segurança, menos 1,1%
do que no ano anterior. Assim, fazen-
do as contas quer dizer que se regis-
taram quase 30 mil queixas.
Eduardo Cabrita falava durante a
celebração dos cinco anos da Asso-
ciação 100 Violência — Observatório
da Criança, fundada pelo agente da
PSP Manuel Morais, na qual estiveram
também o ex-ministro da Administra-
ção Interna Rui Pereira, a ex-eurode-
putada Ana Gomes, o secretário de
Estado da Justiça Mário Morgado, o
director da Polícia Judiciária Luís
Neves, a presidente do Instituto de
Apoio à Criança Dulce Rocha, entre
outros. A associação inaugura uma
sede, mas o evento teve lugar nas ins-
talações da Polícia Municipal de Lis-
boa.
Eduardo Cabrita, que não deu mais
detalhes sobre os números, sublinhou
que, apesar de a criminalidade ter
estabilizado, os casos de violência
doméstica reportados subiram. “Dei
IDEIAS, NOVIDADES E INSPIRAÇÃO EM
5 - 9 FEV
EM COINCIDÊNCIA COM
SÓ PROFISSIONAIS
6 - 8 FEV
Eduardo Cabrita falou na
Associação 100 Violência
como orientação às forças de seguran-
ça considerar a violência doméstica
uma prioridade da sua acção”. Nesta
prioridade está a eliminação de cifras
negras, disse. “É um fenómeno cen-
tral na sociedade e mais nas áreas
onde a atenção ao fenómeno chegou
tardiamente”, ou seja, as zonas rurais
e as regiões autónomas, especiÆcou.
Cabrita sublinhou: “Em 45% dos casos
as crianças assistem e em 10% as crian-
ças são as próprias vítimas de actos de
violência doméstica.”
Já o ex-ministro Rui Pereira, mem-
bro da associação, defendeu que se
devia alterar a pena máxima para o
crime de violência doméstica de cin-
co para oito anos e o agravamento de
um para dois anos, quando o acto é
6 - 9 FEV 6 - 9 FEV
CONTACTO DE IFEMA EM PORTUGAL
ifema.es (351) 213 868 517/8 info@ifema.pt
presenciado por uma criança.
Composta por académicos e ex-go-
vernantes, a associação criada por
Manuel Morais tem como objectivo
prevenir e combater os maus tratos
físicos e psicológicos de crianças,
incluindo ofensas sexuais, castigos
corporais, privações de liberdade ou
emprego em actividades perigosas,
desumanas, excessivas ou proibidas.
Já fez formação nesta área para 1152
pessoas em vários pontos do país.
Na cerimónia, Manuel Morais,
conhecido também pelo seu combate
ao racismo, apelou à união de “forças
para derrotar os ataques ao civismo e
humanismo”. Foi largamente elogia-
do, nomeadamente por Ana Gomes,
que o deu como “o exemplo da atitu-
de que se espera de um polícia numa
sociedade democrática”. Por contra-
ponto, Ana Gomes referiu a actuação
de um agente no caso de Cláudia
Simões, a cidadã portuguesa e ango-
lana, em sequência de um desacato
num autocarro por a sua Ælha de oito
anos não ter o passe: referiu-se ao fac-
to de a mulher ter sido “barbaramen-
te agredida, num caso de violência
racial e ódio racista” e de o agente em
causa ser um “exemplo pela negativa
do que é ser-se polícia”.
A ex-eurodeputada lembrou tam-
bém que neste caso estava presente
uma criança, algo que “poucos” têm
referido: “A criança também tem
direitos, não é só vítima de maus tra-
tos, mas de maus tratos psicológicos
que podem perdurar.”
jgh@publico.pt
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Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 19
PAN vai propor regime
de denunciante protegido
e rejeita comparação
com delação premiada
Parlamento
Maria Lopes
Partido quer transpor
directiva europeia de
protecção de denunciantes
no âmbito de um pacote
de combate à corrupção
O PAN — Pessoas-Animais-Natureza
está a preparar uma proposta para a
criação do regime do denunciante
protegido e faz questão de vincar que
não se trata da delação premiada de
que o Governo começou a falar em
Dezembro, nem tão-pouco foi moti-
vada pelo caso recente de Rui Pinto.
A proposta está a ser preparada desde
Novembro e faz parte de um pacote
de combate à corrupção, transparên-
cia e regulação de conÇitos de interes-
ses que o PAN quer discutir no Parla-
mento, que inclui diplomas já entre-
gues, como a regulamentação do
lobbying e a declaração de pertença a
sociedades de natureza secreta.
“Não se podem confundir os con-
ceitos, embora haja quem o tenha
feito intencionalmente. Na delação
premiada, trata-se de dar um regime
especial a alguém que cometeu um
crime, se arrependeu e colabora com
a Justiça. O regime do denunciante
protegido é para alguém que não
cometeu qualquer crime, é inocente,
teve acesso a informação sobre um
crime e o denunciou. Deve, por isso,
ser protegido pelo anonimato”, des-
creve o deputado André Silva ao
SOCIEDADE
PÚBLICO. O regime irá alargar o con-
ceito de “denunciante”, que no actual
ordenamento jurídico se prevê ape-
nas para quem tem um vínculo labo-
ral (e, por isso, subordinado) com
quem cometeu o crime; e irá prever
também sanções aos denunciados
que retaliem contra o denunciante.
Para além do anonimato, das san-
ções pela retaliação e do alargamento
do âmbito do denunciante, o PAN
também pretende criar mecanismos
de salvaguarda da segurança dos
denunciantes e assegurar que estes
não estiveram envolvidos em ilícitos.
André Silva prevê que o texto possa
ser entregue no Parlamento em Feve-
reiro, pouco depois do Æm do proces-
so orçamental. O partido foi inspirar-
-se na directiva europeia de protecção
aos denunciantes aprovada no ano
passado pelo Parlamento Europeu,
que tencionava criar um regime idên-
tico em toda a UE para os chamados
“whistleblowers” ou denunciantes, em
português — até agora, só um terço
dos países dá plena protecção aos
denunciantes.
Pegando na situação de Rui Pinto,
André Silva vinca ser “complexo” e
não se quer comprometer sobre o
tipo de protecção que um diploma
desta natureza lhe poderia dar. Na
origem da detenção há um “caso com
crimes e irregularidades, como a
extorsão, mas que levou a outro, o
Luanda Leaks, em que, eventualmen-
te, não cometeu ilegalidades e ajudou
a resolver outros crimes”.
maria.lopes@publico.pt
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20 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
SOCIEDADE
Clima — dez resoluções para 2020
Opinião
Rui Gonçalves
Enquanto a Austrália continua a
arder, talvez seja boa altura para
nos prevenirmos e darmos um
exemplo.
Mais de 30 anos depois de
estabelecido o consenso cientíÆco
sobre o impacto dos gases com
efeito de estufa no clima, o
sentimento de estarmos perante
uma “emergência climática”
parece ter atingido o comum dos
cidadãos “et pour cause” os
políticos de (quase) todos os
quadrantes. No entanto, a resposta
política a um problema global de
longo prazo é particularmente
difícil no actual contexto
planetário. Como organizar uma
resposta comum a cerca de 200
países, maioritariamente
organizados em sistemas
democráticos com rotações
governamentais de quatro ou cinco
anos e sem nenhuma liderança
internacional clara?
Talvez o Presidente Macron
tenha aberto um novo caminho ao
ameaçar “sanções” económicas
(não assinar o acordo UE-Mercosul)
para forçar alguma acção na
Amazónia. Mas ainda vai demorar
até se conseguir uma coordenação
internacional efectiva, isto é, que
vá além das mentiras piedosas do
Acordo de Paris.
Entretanto, será que, neste
pequeno rectângulo, podemos e
devemos fazer alguma coisa?
Muitos têm dito que nada do que
Æzermos fará diferença e que o
melhor é esperar para ver.
Discordo profundamente. Por um
lado, temos que nos proteger dos
efeitos da mudança, cada vez mais
rápida, do clima (em 2019, a
temperatura média em Lisboa Æcou
1,8ºC acima do normal). Por outro,
ser capaz de tomar a dianteira nas
medidas de mitigação das emissões
elevará o nosso poder negocial
quando forem tomadas medidas
mais dolorosas a nível global.
As resoluções que proponho são
exequíveis, não aumentam a
despesa pública e não implicam
HO/REUTERS
mudanças sensíveis no nosso modo
de vida. O que fazem é cortar com
práticas arreigadas há décadas e
geralmente entendidas como
normais.
1. Parar toda a construção e
reconstrução de edificações nas
zonas alagáveis e inundáveis. A
eventual destruição de edifícios
provocada por cheias ou
inundações deverá levar à sua
automática relocalização em zona
de baixo risco.
2. Não construir nem mais um
quilómetro de estrada ou
auto-estrada. Sendo o tráfego
rodoviário uma das maiores fontes
de gases de estufa, não se entende
a continuação do investimento
numa rede que já está entre as dez
melhores do mundo.
3. Apostar todo o investimento
público em mobilidade no
transporte colectivo eléctrico,
preferencialmente sobre carris
(a nossa rede ferroviária é das
piores da Europa). A subsidiação
pública do transporte individual,
mesmo totalmente eléctrico, deve
ser eliminada devido aos seus
outros efeitos negativos. O actual realizado e à redução da área usar talheres, recipientes e outros
diferencial de custo dos veículos Çorestal. Importa é apoiar a gestão utensílios descartáveis em
eléctricos pode ser suportado Çorestal a longo prazo, 20-40 madeira, papel ou alumínio. Ora
pelos próprios utilizadores, que anos, para que, depois da esses materiais, apesar de
assim darão um contributo mais plantação, os espaços Çorestais recicláveis, têm uma pegada
palpável para a redução das As resoluções não sejam deixados à sua sorte. ambiental considerável. O ideal é
emissões do que a habitualmente 7. Eliminar todos os subsídios abandonar o conceito de usar e
invocada “reciclagem” dos que proponho são aos combustíveis fósseis. Apesar deitar fora.
resíduos domésticos. exequíveis, não das boas palavras sobre a 10. Tornar transparente a
4. Reduzir o número e a área progressiva “eliminação dos pegada carbónica das
ocupada pelos aglomerados aumentam subsídios prejudiciais ao empresas. Os empresários nunca
urbanos. Se outras razões não a despesa pública ambiente”, mantêm-se em vigor perdem uma oportunidade para
houvesse, a redução do consumo isenções Æscais para a produção aÆrmar a sua consciência
de energia, dos tempos de e não implicam de energia e para os transportes ambiental, mas são mais
deslocação e dos custos de mudanças públicos e de mercadorias, com reservados sobre o real impacto
fornecimento de serviços básicos recurso a combustíveis fósseis, das suas actividades. Todas as
tornam incompreensível a não- sensíveis no nosso que totalizam várias centenas de empresas com um volume de
-adopção destas medidas. modo de vida milhões de euros. Isto é não negócios acima de um milhão de
Recorde-se que vivemos um apenas prejudicial ao ambiente, euros deviam publicar anualmente
declínio demográÆco e existem como desincentiva a transição um relatório com as suas emissões
mais de 700.000 casas de vaca, não são as nossas energética. totais de gases com efeito de
desocupadas em todo o país. vaquinhas de pasto que estão em 8. Autonomizar e reforçar os estufa. Será assim mais fácil
5. Baixar significativamente o risco. serviços meteorológicos. Com identiÆcar as oportunidades de
consumo de carne de vaca. Aqui 6. Deixar de subsidiar a eventos extremos cada vez mais redução de emissões e certiÆcar a
está uma área em que os cidadãos plantação de árvores. É sempre frequentes e violentos, é boa cidadania empresarial.
podem ser os principais actores. boa notícia o anúncio de novas fundamental reforçar os meios A mudança climática está em
Se cada um e todos os portugueses plantações, que podem ir de 200 humanos e técnicos dos serviços curso acelerado. O que Æzemos até
assim o decidirem, este objectivo até 25 milhões de árvores, mas a de meteorologia para aumentar a agora é claramente insuÆciente
será fácil de alcançar. As políticas verdade é que a plantação é a antecedência e precisão das para a travar. Será que os nossos
públicas podem dar uma ajuda, parte mais fácil. Na realidade, os previsões meteorológicas. representantes têm a visão e a
com normas de rotulagem que apoios à Çorestação, existentes 9. Evitar utensílios de uso coragem necessárias para adoptar
identiÆquem a origem e forma de desde 1980, são um fracasso, único. Agora que o plástico estas resoluções?
produção. Dado que somos tendo levado à perda quase total ganhou uma imagem negativa,
deÆcitários na produção de carne do investimento (público) muitas pessoas acham adequado Engenheiro do Ambiente
 PATROCÍNIO

Portugal...
e agora?
Após uma “década perdida” por causa da estagnação económica
e de dificuldades financeiras que resultaram na ajuda da troika em 2011,
Portugal foi capaz de resistir a um processo de ajustamento e ganhar músculo
para uma recuperação no final da década. A combinação de resiliência social
com estabilidade política revelou uma sociedade mais cosmopolita
e qualificada e uma série de instituições capazes de produzir novas formas
de capital social para o futuro. Entre esse passado penoso e a luz
de optimismo que se abriu, sobra a ideia de que o país está numa fase
de transição entre um passado duro e um futuro mais esperançoso.
Uma série de entrevistas para pensar os desafios do país
a curto prazo. Conversas para reflectir sobre
o Portugal que vem aí
22 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
LOCAL
Renda acessível em Entrecampos
só depois de medidas anti-ruído
Declaração de impacte ambiental obriga Câmara de Lisboa a mitigar o barulho excessivo na Av. das Forças
Armadas. Novo loteamento inclui edifício de 16 pisos para turismo e jardim com 10 mil metros quadrados
Lisboa
João Pedro Pincha
Antes de avançar com a construção
de casas para arrendar a custos con-
trolados em Entrecampos, a Câmara
de Lisboa vai ter de tomar medidas
contra o ruído na Av. das Forças
Armadas. Essa é uma das condições
impostas pela declaração de impacte
ambiental (DIA) que foi emitida há
poucas semanas e que obriga igual-
mente a “um reforço do isolamento”
acústico nos prédios que ali forem
construídos.
A Comissão de Coordenação e Des-
envolvimento Regional de Lisboa e
Vale do Tejo (CCDR) deu parecer favo-
rável à alteração de um alvará de
loteamento junto à Av. das Forças
Armadas que a autarquia incluiu na
chamada “Operação Integrada de
Entrecampos”. É aqui que está pre-
vista a construção de 476 fogos para
o Programa de Renda Acessível
(PRA).
O alvará foi emitido originalmente
em 2005 e previa edifícios para habi-
tação jovem, escritórios e um centro
cultural. Só que o projecto da então
Empresa Pública de Urbanização de
Lisboa (EPUL) Æcou pela metade e
apenas dois lotes de habitação foram
construídos. Ao pegar agora no assun-
to, a câmara afectou os restantes qua-
tro lotes que lhe pertencem a uso
habitacional. Há ainda um lote priva-
do que se destina a uso turístico.
A CCDR considera que, a nível
socioeconómico, “o projecto terá
impactes positivos e localmente signi-
Æcativos”, porque o acréscimo de
moradores e turistas vai potenciar a
“dinamização económica local”. Mas
diz que os futuros habitantes não
podem estar sujeitos ao ruído exage-
rado da zona. Salientando que toda
aquela área “já se encontra no limite
e mesmo em violação dos níveis máxi-
mos de exposição” e “sob a principal
rota de aproximação ao aeroporto”,
o organismo refere “o acréscimo de
população exposta a níveis sonoros
susceptíveis de afectar o bem-estar e
interferir com a saúde”.
Assim, a CCDR condiciona as futu-
ras obras à “concretização das medi-
das previstas no Plano de Acção de
Ruído para a Av. das Forças Armadas
em fase prévia à ediÆcação”.
Nesse plano não consta nenhuma
medida sobre o ruído do tráfego
aéreo (identiÆcado como preponde-
rante), porque a câmara não tem
competência directa sobre o assunto.
O que lá está previsto para a avenida
é a “repavimentação com pavimento
poroso com características absorven-
tes sonoras”, a “limitação de veloci-
Projecto de 2005 (ao lado)
previa habitação e escritórios.
Agora a câmara (projecto acima)
destina quase tudo a habitação
dade” e a “promoção da utilização de
transportes públicos”.
Em vigor desde 2014, o Plano de
Acção de Ruído identiÆcou 29 zonas
da cidade onde era preciso reduzir o
ruído e estabeleceu prioridades de
FOTOS: DR
intervenção. A Av. das Forças Arma-
das foi remetida para a terceira fase,
a última, porque o custo/benefício e
o número de habitantes beneÆciados
não eram signiÆcativos.
143 apartamentos turísticos
A alteração deste alvará de loteamen-
to é o segundo passo da Operação
Integrada de Entrecampos, depois de
a câmara já ter aprovado uma unida-
de de execução para os antigos terre-
nos da Feira Popular, vendidos à
Fidelidade no Æm de 2018, e para
onde estão previstos edifícios sobre-
tudo de escritórios.
O projecto inicial, assinado pelo
atelier de arquitectura Promontório
para os terrenos onde em tempos
funcionou o mercado do Rego, previa
os dois lotes de habitação já construí-
dos, escritórios, comércio, um centro
de arte contemporânea e um edifício
de 16 pisos que se destinava a ser sede
das extintas EPUL e Ambelis (Agência
para a Modernização Económica de
Lisboa). O lote para onde se prevê
esse imóvel tinha uso de serviços e foi
vendido em tempos à empresa Carri-
lho de Almeida Investimentos Imobi-
liários, Lda., que nesta alteração do
alvará pediu à câmara que a torre
passasse a ter uso turístico. Vão ali
nascer 143 apartamentos.
Ao contrário da solução original,
que contemplava uma praça e uma
grande escadaria em direcção à Av.
Álvaro Pais, sobreelevando todo o
empreendimento, a proposta actual
da autarquia passa pela construção
de patamares entre o que já está cons-
truído e os futuros prédios. No meio
haverá um parque de estacionamen-
to subterrâneo com cinco pisos.
A cobertura desse parque Æcará
cerca de dois metros abaixo dos pré-
dios que hoje existem e terá um par-
que infantil, escadas de acesso ao
patamar de cima, uma pérgula e algu-
ma vegetação. Descendo mais um
lanço de escadas encontrar-se-á um
jardim em forma de rectângulo com
“maciços arbóreos e arbustivos que
desenham clareiras relvadas”, expli-
ca a Câmara de Lisboa em resposta
ao PÚBLICO. Estas clareiras vão servir
para “criar uma bacia de retenção de
águas pluviais”.
A autarquia justiÆca estas opções e
o abandono da solução de escadarias
com a necessidade de garantir “o
acesso a pessoas com mobilidade
condicionada a qualquer ponto do
jardim e também à plataforma onde
se implantam” os lotes existentes. Há,
no entanto, nestes lotes, moradores
preocupados com o seu possível iso-
lamento em relação à zona de baixo.
A alteração ao alvará de loteamen-
to, que esteve por duas vezes em con-
sulta pública no ano passado, ainda
tem de ser aprovada em reunião de
câmara. Apesar disso, a SRU, empre-
sa municipal de obras que vai gerir a
empreitada, lançou já o concurso
público para a construção do primei-
ro bloco para renda acessível.
A empresa municipal, liderada
pelo ex-vereador Manuel Salgado,
justiÆca que se trata de “um concurso
internacional com prévia qualiÆca-
ção” e que, por isso, decorre em duas
fases. A segunda delas (escolha da
proposta a partir de uma shortlist de
empresas escolhida na primeira fase)
“só será lançada após a aprovação da
alteração do projecto de loteamen-
to”, garante.
joao.pincha@publico.pt

Um museu temporário
para mudar
comportamentos
para sempre
Reciclagem
Xavier Costa
ReMuseu abre na Doca
Ponte, em Alcântara, a
entrada é gratuita.
Inauguração é a 17 de Maio
e o museu vai durar um ano
É um museu temporário que tem
princípio, meio e Æm deÆnidos. É
também um museu reciclado, uma
vez que procura reaproveitar mate-
riais para que sirvam como parte da
exposição. O próprio espaço do
museu será também reaproveitado
para o efeito, porque o espaço já exis-
te. É ainda um museu reciclável, por-
que no dia em que o seu prazo de
validade chegar ao Æm os seus con-
teúdos e materiais serão todos rea-
proveitados e reutilizados.
Assim, por baixo da Ponte 25 de
Abril e debaixo também do solo, o
parque de estacionamento subterrâ-
neo da Doca Ponte, em Alcântara, vai
transformar-se no ReMuseu. Ao longo
das suas sete salas, o museu será um
centro de conhecimento com expe-
riências interactivas e educativas
sobre a gestão dos resíduos, a econo-
mia circular e o ambiente. O ReMuseu
acompanha a distinção de Lisboa
como Capital Verde 2020 e abre as
suas portas no Dia Internacional da
Reciclagem, isto é, 17 de Maio. Passa-
do um ano exacto dessa data o museu
será “reciclado”, chegando ao Æm a
sua actividade.
Com o mote “Repensar, Reutilizar,
Reciclar”, além da sensibilização, o
ReMuseu pretende tornar-se “um
agente de mudança nos comporta-
mentos dos portugueses”, aÆrmou
Para entrar no museu tem de se
entregar uma garrafa de plástico
Pedro Nazareth, director-geral da
Eletrão — Associação de Gestão de
Resíduos, ontem na apresentação do
projecto. Para atingir esse objectivo,
Luís Paixão Martins, presidente da
Associação Acta Diurna, referiu os
museus como “instrumentos únicos
porque são contadores de histórias
por excelência e escolas vivas em que
todos somos alunos e professores”.
Ainda que o conceito seja inovador,
a entrada obriga à apresentação de
um “bilhete”, sendo este um pouco
diferente. Os três primeiros foram
entregues, ontem, por Pedro Naza-
reth a Fernando Medina, presidente
da Câmara de Lisboa, e aos vereado-
res do Ambiente, José Sá Fernandes,
e da Higiene Urbana, Carlos Castro,
durante a apresentação do projecto.
Ora, os ditos “bilhetes” eram meras
garrafas de plástico utilizadas. Assim,
explicou Pedro Nazareth, “a entrada
será gratuita, estando simbolicamen-
te associada à entrega de uma emba-
lagem usada que valerá um bilhete
para o museu”.
Por seu turno, Fernando Medina
disse que a luta contra as alterações
climáticas é uma obrigação política
que deve “dar caminhos práticos às
pessoas que estão mobilizadas para
dar uma resposta”. O director-geral
da Eletrão alertou que “não chega
Æcar chocados com imagens de pei-
xes ou aves que acabam por morrer
depois de ingerir plásticos nos ocea-
nos”. Um dos objectivos do ReMuseu
será contribuir para “ligar essa foto-
graÆa e essa emoção ao acto efectivo
da reciclagem”, sublinhou.
De acordo com o presidente da Ele-
trão, Portugal recicla apenas dois dos
cinco milhões de toneladas de resí-
duos urbanos produzidos todos os
anos e um em cada três portugueses
ainda não recicla ou não o faz de
maneira correcta. “Esta é a dura rea-
lidade que enfrentamos”, admitiu.
Neste contexto surge o ReMuseu,
que, segundo Fernando Medina,
“toca no ponto central da acção indi-
vidual”. O autarca disse que o museu
“não é uma exposição”. “É algo que
nos vai convocar para uma acção indi-
vidual e concreta. Temos de mostrar
como é que cada um pode contribuir
para resolver o problema.”
O autarca adiantou que o ReMuseu
se enquadra na Lisboa Capital Verde
2020. Texto editado por Ana Fer-
nandes
xavier.costa@publico.pt
Quando lança uma empreitada nova, a SRU, liderada por Manuel Salgado, faz um convite ao grupo
Nova habitação pública
de Lisboa está a cargo
de 20 arquitectos
Urbanismo
João Pedro Pincha
Empresa municipal SRU
criou uma bolsa para novos
projectos e criou um
algoritmo que facilita a vida
aos projectistas
As casas novas que a Câmara de Lis-
boa construir para o seu Programa de
Renda Acessível (PRA) vão ser todas
projectadas por 20 ateliers de arqui-
tectura escolhidos pela empresa
municipal Sociedade de Reabilitação
Urbana Lisboa Ocidental (SRU).
A SRU, liderada pelo ex-vereador
do Urbanismo Manuel Salgado há ano
e meio, foi incumbida pela câmara de
levar por diante a construção e reabi-
litação de creches, escolas, centros de
saúde e casas novas em Lisboa. Para
“responder a esta situação de emer-
gência habitacional” e ter “resultados
mais rápidos”, explica Inês Ucha,
vogal da empresa, a SRU decidiu fazer
acordos-quadro com arquitectos,
empresas de prospecção geológica e
empresas de Æscalização de obras.
Na prática, a empresa criou uma
bolsa permanente à qual recorre sem-
pre que lança uma nova empreitada.
“A nossa encomenda por parte da
câmara é construção nova. Mas o
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 23
caminho desde o início foi este: ir ao
mercado buscar projectos”, diz Inês
Ucha, referindo que a SRU não tem
capacidade interna para dar resposta
às solicitações.
O acordo-quadro para elaboração
e revisão de projectos de arquitectura
de habitação foi o primeiro a avançar.
Foram escolhidos, por concurso
público, 20 ateliers para elaboração
de projectos e 13 para a sua revisão.
Os critérios de escolha foram o preço/
hora cobrado (a base era 60 euros) e
a experiência dos técnicos.
“O conjunto de equipas que resul-
tou do acordo-quadro foi bastante
interessante e heterogéneo”, congra-
tula-se Inês Ucha. Entre os 20 ateliers
escolhidos para elaboração de pro-
jectos estão Carrilho da Graça, Inês
Lobo, Gonçalo Byrne, Ricardo Bak
Gordon, Atelier do Chiado, Cândido
Chuva Gomes, Pedro Matos Gameiro,
Focus Group, Site SpeciÆc, Tecnopla-
no ou Campos Costa.
De cada vez que lança uma emprei-
tada nova, a SRU faz um convite a este
grupo e depois escolhe o projecto.
“Cada projectista não pode ter em
execução mais do que dois projectos
ao mesmo tempo”, esclarece a admi-
nistradora da empresa.
A SRU optou por este método por-
que “uma parte importante do ciclo
de vida de uma empreitada é a con-
tratação pública”, continua Inês
LOCAL
DANIEL ROCHA
Ucha, mas decidiu ir ainda mais lon-
ge na agilização de processos. Criou
uma espécie de casa-modelo e um
algoritmo que deÆne automatica-
mente o número de fogos de cada
edifício.
“Conseguimos deÆnir critérios de
qualidade e qual o custo”, explica
Susana Rato, arquitecta da SRU. “Per-
cebemos que o que era importante
era deÆnir frentes de luz.” A partir daí
foram deÆnidas unidades mínimas,
as células, que individualmente ou
conjugadas com outras dão origem a
casas. No algoritmo inserem-se os
vários parâmetros relativos a um lote
— área, altura máxima permitida, etc.
— e de lá sai o número de fogos que
cada piso ou edifício pode ter e inclu-
sivamente uma planta inicial.
Esta informação é depois forneci-
da aos arquitectos da bolsa. “Isto
permite que eles se dediquem exclu-
sivamente ao desenho sem se esta-
rem a preocupar com os nossos
rácios”, comenta Susana Rato. “Está
a ser muitíssimo bem aceite pelos
arquitectos que seleccionámos”,
acrescenta Inês Ucha. Susana Rato
gostou tanto de criar esta casa-mo-
delo que a SRU decidiu fazer o pro-
jecto para um dos blocos de renda
acessível em Entrecampos, cujo con-
curso público de construção foi já
lançado. Este deverá ser, no entanto,
caso único.
24 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
ECONOMIA
“Lei de bases está entre o conto
de fadas e o conto do vigário”
Victor Reis Presidente do Instituto da
Habitação e da Reabilitação Urbana até
2017, Victor Reis acusa o Governo de estar
a fazer um desmantelamento da política
pública de habitação antes de a criar
Entrevista
Luísa Pinto
Semanas após ser conhecida a
proposta de Orçamento do Estado
para 2020 e dias depois da acesa
polémica que levou a trocas de
acusações, e justiÆcações, entre o
presidente da Câmara de Lisboa e o
Tribunal de Contas, o antigo
presidente do Instituto da
Habitação e da Reabilitação Urbana
(IHRU), o social-democrata Victor
Reis não deixa pedra sobre pedra
acerca do que diz ter sido um
“cataclismo” legislativo, que
“implodiu o mercado de
arrendamento”. Corrosivo, Victor
Reis defende que a habitação
pública só pode aumentar com
apoios directos à construção.
Aumentar o parque público é a
melhor forma de ter uma
política pública de habitação.
Concorda?
Concordo, claro. O problema é a
forma como o estamos a fazer. O
Governo montou uma estratégia em
que assentava muito na perspectiva
de que o mercado privado ia colocar
casas no mercado de arrendamento.
E isso ruiu completamente. Há cada
vez menos casas neste segmento. E
o Governo está sempre a rever em
baixa as expectativas. Começou
com 170 mil casas anunciadas pelo
ministro Matos Fernandes em
Agosto de 2017. Em Abril de 2018, já
falavam em cem mil. No último
debate do Programa do Governo, o
primeiro-ministro já só fala em dez
mil. O feitiço que se virou contra o
feiticeiro.
E porque não está a iniciativa
privada a alocar para
arrendamento as suas casas?
Foram tantas, e tão disparatadas, as
alterações que se Æzeram ao regime
de arrendamento urbano que tudo
o que é proprietário, senhorios e
investidores fogem a sete pés.
Nestes quatro anos foram feitas sete
leis, que alteraram 14 diplomas que
mexiam com questões de
arrendamento urbano. Nessas sete
leis existem 61 artigos novos, e tudo
isto deu 93 artigos, e 312 números
ou alíneas. Mais de 460 alterações
às regras do arrendamento urbano
em quatro anos. É um panorama
aterrador.
Nuns casos está a falar de
iniciativas do Governo, outros
são iniciativas da Assembleia.
Estou a falar de todos. Começou na
Helena Roseta, que tentou começar
pela lei de bases, e passou por toda
a Æleira de Governo e deputados.
Chegámos ao ponto de fazer uma
coisa absurda como a lei do assédio
no arrendamento. Alguém
consegue demonstrar a seriedade
da lei do assédio ou a sua
aplicabilidade prática? Não passa de
um acto de pura propaganda. É
como a habitação vitalícia — um
disparate total.
Não é importante ter uma Lei de
Bases da Habitação (LBH)?
Esta LBH é qualquer coisa que está a
meio caminho entre o conto de
fadas e o conto do vigário. Passamos para casas iguais e famílias iguais. IHRU tem um orçamento de 184,3
a ter uma lei de bases que diz que é Acho isto inacreditável. milhões de euros. Mas isto não quer
preciso ter uma política nacional de Mas actualmente há dizer nada — porque inclui custos
habitação, e temos um Governo que constrangimentos legais a com pessoal, custos de manutenção
está a desmantelar essa política. impedir o financiamento directo do parque habitacional que é
Como defende que se aumente o da construção. De onde viria o propriedade do IHRU, e também
parque público habitacional? Este Governo tem dinheiro? todas as receitas de rendas. Não
Unicamente com Ænanciamento à para a habitação Não estamos à espera da Rainha encontro em lado nenhum o
construção de casas para Santa Isabel. Não há milagres, tem dinheiro previsto para cada um dos
arrendamento apoiado. Não é com uma política de haver dinheiro. Do OE. Mas até o programas — este orçamento é
esta palhaçada da renda acessível,
muito menos com as alterações que
de comunicação pouco dinheiro que há para a
habitação, vai-se a ver e no Ænal
completamente opaco nisso. E
também sei que basta uma
Æzeram ao regime de arrendamento semelhante à dos gasta-se uma ninharia. Veja os 40 cativação de Centeno para o IHRU
apoiado em 2016, que piorou ainda
mais a situação. Ao terem Æxado as
supermercados. milhões de euros de 2019 para o 1.º
Direito [Programa de Apoio ao
Æcar sem nada, por isso…. Este
Governo tem para a habitação uma
rendas máximas num valor ainda Todos os dias há Acesso à Habitação]. Gastaram-se política de comunicação
mais baixo do que estava antes, anúncios, de em quê? semelhante à dos supermercados.
acabaram a reduzir a mobilidade do Este ano estão previstos 135 Todos os dias há anúncios, de
parque. É o oposto ao que está a ser tempos a tempos milhões de euros para a política tempos a tempos há produtos
feito em toda a Europa. Fixaram
uma regra que impõe como limite
há produtos novos, de habitação. Serão suficientes?
Não consigo discernir qual é o
novos, promoções e saldos que se
fartam. A diferença é que, ao
máximo de esforço os 25%, promoções orçamento disponível. Olhando contrário dos supermercados, na
independentemente do rendimento
da família, e depois Æxaram um
e saldos que se para os números todos que
encontrei nos documentos
política de habitação as prateleiras
estão todas vazias.
tecto limite da renda. O resultado é fartam entregues na AR, a única coisa certa Não pode dizer que tudo falhou.
que passamos a ter rendas distintas a que consegui chegar é a de que o O Instrumento Financeiro para a

DANIEL ROCHA
Reabilitação e Revitalização
Urbanas (IFRRU) está a ser um
sucesso reconhecido na Europa.
É o único que está a funcionar.
Porque se destinam ao estrato de
segmento de luxo e turismo. Vá ver
nos empreendimentos aprovados
qual é a percentagem para
reabilitação. Lançaram o IFRRU e
mataram o Reabilitar para Arrendar
(RpA), que era para habitação. O
modelo de Ænanciamento é o
mesmo, mas enquanto no RpA
obriga a rendas condicionadas, no
IFRRU não há condicionamentos,
pelo que serve para qualquer Æm,
incluindo turismo e luxo.
Ainda antes de haver um IFRRU,
não se pode dizer que o
Reabilitar para Arrendar
estivesse a correr bem.
O RpA começou a ter problemas
assim que o Governo começou com
os anúncios de milhões para a
habitação. Toda uma Æla de espera
de investidores que tínhamos na
altura entrou em compasso de
espera. Há empreendimentos que
estavam no RpA e que agora
transitaram para o IFRRU.
Tem havido algum compasso de
espera na transferência do
património habitacional para os
municípios. Porquê?
Houve três etapas distintas. A
primeira, em 1993, quando é feito o
Plano Especial de Realojamento
(PER). O património então do
IGAPHE [Instituto de Gestão e
Alienação do Património
Habitacional do Estado] era de 50
mil fogos. Começou a ser feita a
transferência para os municípios
das áreas metropolitanas até 2002,
e em 2003 há um novo bloco que
alarga a transferência a todos os
municípios. Quando o IGAPHE é
extinto, só passaram para o IHRU
nove mil fogos, os outros já tinham
sido transferidos para as câmaras a
título gratuito e sem qualquer ónus.
O PER e o Prohabita foram
programas bem-sucedidos porque
tinham verdadeiramente subjacente
uma política de descentralização.
Agora já não estamos a falar disso. O
IHRU aumentou o parque, tem
agora 12 mil fogos, e o que falta
transferir está sobrecarregado com
os ónus de empréstimos que teve de
contrair para reabilitar e conservar
estes fogos…
São encargos muito pesados para
as câmaras?
Não sei. Mas isto lembra o problema
do comboio Lisboa-Porto.
Começaram a dizer vem lá o TGV e
as obras de beneÆciação da linha
pararam. Mas nem veio o TGV nem
as obras se Æzeram. Aqui é mais ou
menos o mesmo: começou a falar-se
de transferência para os municípios,
as obras não se fazem, já ninguém
faz gestão. O IHRU deixou de ter
dinheiro e condições para fazer a
gestão corrente e normal. Não me
esqueço de que o ministro das
Finanças chegou ao IHRU e levou de
lá os 18 milhões de euros que lá
tínhamos deixado. Não me
surpreende que o IHRU possa ter
casas vazias, como tem a câmara.
Levou para onde? Quando foi
isso? Isso foi notícia?
Não foi notícia, mas foi um rombo.
Foi em Dezembro de 2017. Um mês
depois de eu sair, o IHRU Æcou
descapitalizado.
luisa.pinto@publico.pt
Estamos a falar de mais
de 460 alterações
às regras do
arrendamento urbano
em quatro anos. É um
panorama aterrador
“Olho para Fernando Medina
e vejo um segundo Ricardo Robles”
Como acompanhou a troca de
acusações entre o presidente da
Câmara de Lisboa e o Tribunal
de Contas (TdC) por causa da
aquisição de casas da Segurança
Social?
Acho que o TdC foi muito
benevolente na apreciação que fez,
porque ainda não foi perceber
tudo o que está por detrás deste
negócio. Encontro quatro
problemas graves. Primeiro, a
partir do momento em que são
vendidos por um valor inferior ao
que seria expectável atendendo às
actuais condições de mercado,
estamos a depauperar o
património de todos nós. Em
segundo lugar, ao ser a câmara a
fazer a operação, e tendo de gastar
mais 20 a 22 milhões de euros em
reabilitação e adaptação, no Ænal a
operação vai passar os 80 milhões,
e os nossos impostos estão a ser
defraudados. Terceiro, quando foi
discutido o projecto de
Entrecampos, para aumentar a
oferta de escritórios, uma das
recomendações da assembleia
municipal foi que devia haver pelo
menos 25% de habitação — e ainda
não é, como conÆrmou o
Ministério Público; se a
percentagem de habitação em
Entrecampos fosse aumentada,
seria mais barato construir de raiz
do que reabilitar prédios que são
“carne do lombo” vendidos ao
desbarato. Quarta, constatar que
vá ser o 1.º Direito a Ænanciar a
custo perdido esta operação. Isto é
que eu acho um escândalo.
Porquê?
Não me tinha apercebido de que o
1.º Direito também poderia servir
para isto. E isto é subverter a
Ænalidade deste programa, e que é
a precariedade habitacional, para
ser usado em habitações em zonas
de luxo como é a Avenida da
República. Depois vem dizer que
não há dinheiro suÆciente para a
totalidade dos programas. Já
parece o Robles. Olho para
Fernando Medina e vejo um
segundo Ricardo Robles. O Medina
parece o Robles, critica o Tribunal
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 25
de Contas pela especulação,
arma-se em anjinho, quando é ele
quem está por trás a especular isto.
Agarra no dinheiro das prioridades
daquilo que devia ser a política de
habitação com a cumplicidade do
Governo, e inverte essas
prioridades. Mas não é caso único.
Está a falar de quê?
De outro caso que eu reputo de
igualmente grave, e que está
relacionado com as casas que
integram este primeiro concurso
com 120 casas para rendas
acessíveis. Quem nos anda a dizer
que temos um parque habitacional
curto, que não consegue dar
resposta aos mais necessitados,
como é que explica que neste
concurso das 120 casas que estão a
leilão há, à vontade, umas cem que
estão a ser são desviadas de
habitações sociais? Estão a desviar
habitações sociais para
arrendamento acessível, violando a
própria lei.
Como assim?
Estamos a falar de casas que foram
Ænanciadas no âmbito do PER. A lei
Fernando Medina
prometeu sete mil
fogos de renda
acessível para este
mandato. Quantos
fogos há? Zero
do arrendamento apoiado é muito
clara, naquilo que tem que ver com
o seu âmbito, no artigo segundo,
onde está dito preto no branco que
não podem ser aplicadas noutros
regimes de rendas. O
arrendamento acessível nunca cai
nesta esfera do arrendamento
apoiado. O arrendamento acessível
não é calculado tendo em conta os
rendimentos dos agregados
familiares, mas por aquela regra
dos 20% abaixo do valor de
mercado. Acho que há um
problema legal, e sério. Nuns casos
a opção pode ser politicamente
censurável, mas nas casas
Ænanciadas pelo PER é mesmo
uma questão legal — a não ser que
alguém de forma encapotada tenha
andado a dar autorizações da parte
do IHRU, coisa que não me passa
pela cabeça.
Mas os edifícios estavam vagos?
Recordo que Fernando Medina
prometeu sete mil fogos de renda
acessível para este mandato.
Estamos a menos de dois anos das
eleições e quantos fogos há? Zero.
Então, deita mão de todos os
expedientes, chegamos ao ponto
do vale tudo. Primeiro, a culpa era
da lei dos despejos, depois da
precariedade, depois do
alojamento local, agora é do TdC.
Há bodes expiatórios, uns atrás dos
outros, que terminam nisto de
chegarmos a uma coisa que é ter
casas na Avenida da República, que
é “a carne de lombo”, a preços
exorbitantes e inacreditáveis, e ter
essas casas Ænanciadas, ainda por
cima, com o Orçamento do Estado.
O que demonstra a cumplicidade
do Governo neste processo. Vamos
falar de forma clara: a última coisa
que o primeiro-ministro quer é
perder a Câmara de Lisboa, e o que
temos aqui é um completo conluio
entre o Governo e a câmara. O
Governo está a fazer aquilo que
não pode com o nosso património
público, e o TdC tem razão, há
verdadeiramente má gestão. Mas
agora vão usar o TdC como bode
expiatório para o que está a correr
mal.
26 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
ECONOMIA
Boris Johnson aprova Huawei
no 5G do Reino Unido
Empresa chinesa Äca, porém, proibida de fornecer “partes sensíveis” da quinta geração móvel.
Comissão Europeia apresenta hoje plano de segurança para o 5G europeu
Telecomunicações
Victor Ferreira
Londres classiÆca a Huawei como
um “fornecedor de alto risco”, mas
dá luz verde à entrada da tecnológi-
ca chinesa no desenvolvimento da
quinta geração móvel (5G) no Reino
Unido. Porém, as queixas contra a
Huawei por parte da administração
dos EUA, que tentou persuadir Lon-
dres a afastar os chineses do negó-
cio, não caíram totalmente em saco
roto. A Huawei vai continuar a
poder trabalhar nas redes britâni-
cas, mas Æcará “limitada” a um
“papel menor”.
A empresa que é líder mundial no
fornecimento de infra-estruturas de
telecomunicações não poderá for-
necer “partes sensíveis” que equi-
pam o núcleo central da futura rede
5G britânica.
Além disso, só poderá vender até
35% do material que constitui a “peri-
feria” (que incluem as antenas). E será
excluída de zonas próximas de bases
militares ou instalações nucleares.
AVISO
O INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I.P.
Pretende recrutar 1 Dirigente Intermédio de 2.º Grau
Para o exercício de funções de Coordenador de Núcleo
do Núcleo de Promoção e Acompanhamento, do Cen-
tro de Emprego e Formação Profissional do Pinhal In-
terior Norte, da Delegação Regional do Centro do IEFP,
I.P., cujo conteúdo funcional se encontra estabelecido
na deliberação do Conselho Diretivo n.º 1889/2012,
publicada no Diário da República, 2.ª Série, n.º 239,
de 11 de dezembro, ao abrigo do n.º 10, do art.º 4.º
dos Estatutos do IEFP, I.P., aprovados pela Portaria n.º
319/2012, de 12 de outubro, e alterados pela Portaria
n.º 191/2015, de 29 de junho, em regime de comissão
de serviço, pelo período de três anos, renovável por
iguais períodos de tempo ao abrigo da legislação em
vigor.
Requisitos legais de admissão:
➢ Ser trabalhador com relação jurídica de emprego
público por tempo indeterminado, licenciado, dotado
de competência técnica e aptidão para o exercício de
funções de direção, coordenação e controlo;
➢ Ser detentor de 4 anos de experiência profissional
em funções, cargos, carreiras ou categorias para cujo
exercício ou provimento seja exigível uma licenciatura.
Perfil pretendido:
➢ Competência técnica, aptidão e experiência profis-
sional e formação adequadas ao exercício das respe-
tivas funções;
➢ Conhecimento e experiência no exercício de fun-
ções na área de atuação do cargo;
➢ Capacidade de coordenação e de liderança de
equipas.
Boris Johnson mandatou o Conselho Nacional de Cibersegurança do Reino Unido para definir as regras
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Local de trabalho: Centro de Emprego e Formação
Profissional do Pinhal Interior Norte
Quinta do Mosteiro
Folques - 3300-285 Arganil
O processo de seleção é composto por Avaliação Cur-
ricular e Entrevista Pública.
As candidaturas são apresentadas exclusivamente por
via eletrónica a partir do sítio eletrónico do IEFP, I.P.,
em http://www.iefp.pt/recursos-humanos, sendo a data
limite para a submissão das mesmas o 10.º dia útil a
contar do dia da publicitação do respetivo procedimen-
to concursal na Bolsa de Emprego Público (BEP).
As candidaturas deverão ser acompanhadas dos se-
guintes documentos digitalizados, a submeter na pla-
taforma eletrónica de candidatura:
➢ Requerimento dirigido ao Presidente do Conselho
Diretivo do IEFP, I.P., datado e assinado;
➢ Certificado de aproveitamento em um dos cursos
específicos para alta direção na Administração Pública,
caso o candidato tenha concluído com sucesso um
desses cursos;
➢ Caso o candidato seja oriundo de outro organismo
que não o IEFP, I.P., declaração emitida e autentica-
da pelo serviço em que se encontra a exercer funções
comprovativa do vínculo à Administração Pública, com
menção do serviço a que pertence, da natureza do vín-
culo, da carreira e categoria detida e do cargo desem-
penhado (quando aplicável), com contagem de tempo
de serviço na categoria, carreira e função pública.
A Diretora do Departamento de Recursos Humanos
Ana Antunes
Estas são algumas das restrições
que se aplicam a todas as empresas
que venham a ser classiÆcadas como
fornecedores de alto risco, segundo
o documento ontem divulgado pelo
Governo britânico. Esse documento
revê as linhas-mestras para a segu-
rança das redes 5G — a principal
dúvida era a posição de Londres face
a empresas como a Huawei, que têm
sido apresentadas como um risco
para a segurança ocidental.
Washington tem tentado conven-
cer todos os aliados — incluindo Por-
tugal — a afastarem empresas como
a Huawei. Alguns deputados conser-
vadores britânicos queriam que Lon-
dres excluísse os chineses, temendo
uma crise diplomática com Trump a
três dias do “Brexit”, mas o Governo
de Boris Johnson optou por uma
solução diferente.
Apesar das restrições, os respon-
sáveis chineses saúdam esta decisão.
“A Huawei sai reconfortada com a
conÆrmação por parte do Governo
do Reino Unido de que poderemos
continuar a trabalhar com os nossos
clientes (...). Esta decisão, baseada
TOBY MELVILLE /REUTERS
em factos, resultará numa infra-es-
trutura mais segura, mais avançada,
mais eÆciente em termos de custo.
Dará ao Reino Unido acesso a tecno-
logia de classe mundial e assegurará
a concorrência no mercado”, decla-
ra Victor Zhang, vice-presidente da
Huawei.
Europa dividida decide hoje
A rede 5G exigirá uma reformulação
completa da arquitectura das redes
de telecomunicações.
Os EUA têm insistido que o
momento deve ser aproveitado para
afastar empresas que estejam na
órbita de regimes autocráticos como
o liderado pelo Partido Comunista
Chinês a partir de Pequim. A equipa
de Trump, cujas acções de lobbying
já deram voltas ao mundo, entendem
que não se pode colocar a próxima
rede de comunicação nas mãos de
empresas sujeitas à Lei Nacional de
Inteligência da República Popular da
China, aprovada em Junho de 2017,
que obriga empresas e cidadãos chi-
neses a “apoiar e cooperar” com os
serviços secretos chineses.
A mesma lei impõe ainda que nin-
guém “deve recusar” a colaboração
com Pequim em acções de contra-
espionagem. O risco disto, avisam os
EUA, é os segredos ocidentais caírem
em mãos chinesas.
Porém, a equipa de Boris Johnson,
que cheÆou a reunião de ontem em
Londres, entende que há outras for-
mas de gerir o risco. E por isso man-
datou o Conselho Nacional de Ciber-
segurança do Reino Unido a deÆnir
as regras práticas que serão vertidas
em lei logo que estejam prontas.
Desta forma, diz a BBC, Londres
evita o confronto aberto com o prin-
cipal aliado, os EUA, e ameniza o
choque com uma das maiores
empresas chinesas, que tem sido
apoiada por Pequim na sua luta con-
tra o lobby norte-americano.
A cedência total aos EUA poderia
levar a retaliações comerciais por
parte da China contra o Reino Uni-
do, algo que Londres precisaria de
evitar, agora que está a poucas horas
de concretizar a saída da União
Europeia, marcada para esta sexta-
feira.
Bruxelas, por seu lado, anunciará
hoje o seu plano de segurança global
para o 5G europeu. A comissária
Margrethe Vestager e outros respon-
sáveis comunitários divulgarão na
capital belga o chamado 5G security
toolbox.
Países como Alemanha, França e
Portugal têm afastado a ideia de
proibir a concorrência da Huawei.
Numa decisão de Dezembro de 2019,
o Conselho da União Europeia, que
reúne os representantes permanen-
tes dos 28 países da UE em Bruxelas,
defende que a escolha dos fornece-
dores na Europa deve ter em conta
“critérios não técnicos”, como o
“quadro legal e político” dessas
empresas.
Em Portugal, o 5G tem sido objec-
to de experiências de operadores
como a Nos, Vodafone e Altice. O
primeiro passo rumo às novas redes
será porém o leilão de frequências,
promovido pelo regulador, a Ana-
com. Algo que já foi feito noutros
países e que por cá deverá ocorrer
em Abril.
voferreira@publico.pt

Breves
INE
Avaliação bancária
das casas bate novo
NELSON GARRIDO
recorde em Dezembro
A avaliação bancária das casas
bateu um novo recorde, ao subir
para 1321 euros por metro
quadrado em Dezembro, mais
nove euros do que em
Novembro, segundo dados do
Instituto Nacional de Estatística
(INE), ontem divulgados.
Esta avaliação significa um
aumento de quase 100 euros
face a Dezembro de 2018,
quando estava nos 1220 euros
por metro quadrado (m2).
Luanda Leaks
Supervisão do BCE
destaca “confusão”
legislativa
Ontem questionado sobre a
posição de Isabel dos Santos
em Portugal, o presidente do
Conselho de Supervisão do
Banco Central Europeu (BCE),
Andrea Enria, afirmou: “Não
estou muito contente, não
sobre a nossa prestação ou a do
Banco de Portugal. Não estou
muito contente sobre a relativa
— e não há melhor termo que
me ocorra — confusão no
enquadramento legislativo.”
Banca
Extractos de
comissões bancárias
chegam este mês
O Banco de Portugal (BdP)
lembrou ontem a
obrigatoriedade de os bancos
comunicarem o extracto de
comissões bancárias cobradas
ao longo de 2019, durante o
mês de Janeiro, com todos os
custos, desde comissões de
manutenção de conta, aos
custos associados a cartões,
ou pedido de cheques, entre
muitos outros. E alerta os
clientes que não o receberem
para contactarem o seu banco.
Efacec Trabalhadores pedem apoio do Governo
Os trabalhadores da Efacec
exigiram ontem que o Governo
tome “as medidas necessárias”
para defender os 2600 postos de
trabalho do grupo, rejeitando
O grupo Iberdrola vai investir 200 milhões de euros
em “novos projectos eólicos” na região do Alto
Tâmega, que permitirão fornecer energia limpa aos
800 mil clientes em Portugal, anunciou ontem
Ignacio Galán, presidente da energética espanhola
que o actual “momento
conturbado” seja “pretexto”
para uma maior degradação dos
seus direitos. Assumiram-se
“preocupados com as constantes
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 27
notícias relativas à accionista
principal da empresa” — Isabel
dos Santos (67,2%) — e com as
repercussões da “venda da sua
participação na Efacec”.
ECONOMIA
Concertação social
Executivo quer
referencial anual e por
sector nos salários
O referencial para os aumentos
dos salários no privado que terá
em conta a evolução da
economia, a produtividade e a
inflação, deverá ser fixado
anualmente e por sector,
defendeu o Governo ontem na
Concertação Social. No
documento entregue aos
parceiros sociais sobre o
acordo de médio prazo sobre
salários, rendimentos e
competitividade, o Governo
defende que a valorização dos
salários deve seguir uma
“metodologia de fixação anual
de referência para actualização
dos salários, por sector, tendo
em conta a evolução esperada e
os ganhos de produtividade e
inflação”. Na reunião, a maioria
dos parceiros sociais
manifestou-se de imediato
contra o referencial.
Juros
Taxas Euribor caem
a três, a seis
e a 12 meses
As taxas Euribor desceram ontem
a três, a seis e a 12 meses em
relação a segunda-feira. A taxa
Euribor a seis meses, a mais
utilizada em Portugal nos créditos
à habitação, desceu para
-0,337%; no prazo de 12 meses,
recuou para -0,270%; e a três
meses também caiu, para
-0,401%. As Euribor são fixadas
pela média às quais um conjunto
de 57 bancos da zona euro está
disposto a emprestar dinheiro
entre si.
28 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020

MUNDO
Trump apresenta “última hipótese
de um Estado” aos palestinianos
Plano para a paz israelo-palestiniana foi apresentado ao lado
de Benjamin Netanyahu em Washington. Primeira
consequência: primeiro-ministro israelita anuncia votação do
Governo para estender soberania a colonatos e Vale do Jordão
MICHAEL REYNOLDS/EPA

exemplo, que a questão dos refugia- teriam contiguidade territorial).

Médio Oriente
Maria João Guimarães
O Presidente norte-americano,
Donald Trump, apresentou ontem o
seu plano para a paz entre israelitas e
palestinianos, um plano que, congra-
tulou-se, é diferente de todos os
outros que antes falharam. Mas na
cerimónia, em que discursou tam-
bém o primeiro-ministro israelita,
Benjamin Netanyahu, houve algumas
contradições.
A maior foi entre Trump e... o pró-
prio Trump. O Presidente anunciou
que Jerusalém será a capital “indivi-
sível” de Israel. “Mas isso nem é gran-
de coisa, isso já eu Æz mudando para
lá a embaixada”, comentou num tom
informal. Passado um pouco, ao falar
do que o plano prevê para os palesti-
nianos, disse que um Estado palesti-
niano terá a capital em Jerusalém
Oriental.
Houve também uma altura em que
Benjamin Netanyahu falou de porme-
nores do plano não mencionados por
Trump, deixando dúvidas sobre o
que realmente está no plano: por
dos palestinianos, que fugiram ou
foram expulsos das suas casas quan-
do foi criado o Estado judaico, teria
de ser resolvida “dentro do Estado
palestiniano”. Ou que o plano reco-
nhecia soberania israelita “em todo o
Vale do Jordão” (uma grande faixa ao
longo do rio Jordão cujo controlo
Israel diz ser essencial para a sua
segurança) — Trump disse apenas que
não iria ser pedido a Israel para fazer
concessões em termos de seguran-
ça.
Trump começou por aÆrmar que o
seu plano de paz é diferente dos do
passado, que eram “muito concep-
tuais”. Esta proposta “é a mais deta-
lhada” e tem base na sua própria
“longa carreira como negociador”,
disse.
Também Netanyahu se referiu ao
passado proÆssional de Trump, elo-
giando, a dada altura, a faceta de
negociador imobiliário de Trump
quando sublinhou que “ninguém ia
ter de mudar de casa” e que haveria
soluções criativas para ligar os colo-
natos judaicos a Israel (e as zonas
palestinianas que, garantiu Trump,
O plano terá já consequências prá-
ticas: o primeiro-ministro israelita
disse que iria aplicar de imediato a
soberania israelita ao Vale do Jordão
e a todas as comunidades que o plano
reconhece serem parte de Israel, que-
rendo dizer os colonatos judaicos
(ainda não era claro quais os colona-
tos abrangidos, até porque há colona-
tos que até o Estado de Israel consi-
dera ilegais).
Após o discurso, foi conÆrmado
que Netanyahu vai levar a extensão
da soberania a estes locais ao conse-
lho de ministros já no domingo — apa-
rentemente, um passo antes da ane-
xação formal, como o Estado hebrai-
co fez nos Montes Golã em 1981.
Netanyahu lidera um governo interi-
no depois de as eleições de Abril (e
das de Setembro) terem acabado em
empate; o país vai de novo a eleições
a 2 de Março.
“Dívida eterna”
Trump, cuja decisão de mudar a
embaixada dos EUA para Jerusalém
lhe valeu um corte de relações com a
Autoridade Palestiniana, disse que o
Palestiniano mostra
um dos simbolos máximos
de insulto — um sapato —
ao Presidente Trump
acordo dava muito a Israel, e a maio-
ria dos comentadores concorda que
o plano é muito favorável ao Estado
hebraico (tanto que chegou a ser pre-
visto que poderia não incluir um
Estado para os palestinianos — e
embora o preveja em princípio, as
condições poderão ser demasiado
difíceis para que estes as consigam
cumprir no prazo de quatro anos
mencionado, não sendo claro o que
acontece então).
“Mas, para ser justo, [o plano] tam-
bém tem de dar muito aos palestinia-
nos”, disse Trump, passando a enu-
merar: “Mais do que duplica o terri-
tório que lhes é atribuído e dá-lhes a
oportunidade de ter um Estado com
Jerusalém Leste como capital”, disse,
onde os EUA inaugurarão, “com
orgulho”, uma embaixada. O plano,
continuou Trump, levaria a um inves-
timento de 50 mil milhões na econo-
mia palestiniana e “se for bem execu-
tado” poderá levar à criação de um
milhão de empregos.
“Pode ser a última oportunidade
que têm”, declarou Trump. Tanto o
Presidente dos EUA como Netanyahu
sublinharam a presença dos embai-
xadores de Omã, Bahrein e Emirados
Árabes Unidos na apresentação, e a
perda de inÇuência do Irão, a morte
do seu comandante e importante
membro do regime Qassem Soleima-

ni, no que pareceu um apelo aos
palestinianos para reconhecerem
que poderão ter cada vez menos
apoio (Teerão apoia o Hamas e a Jihad
Islâmica) e hipótese de lutar contra
Israel.
Já Benjamin Netanyahu foi rápido
a dizer que Israel irá agarrar a opor-
tunidade apresentada neste “dia his-
tórico”, declarando-se disposto a
negociar com os palestinianos com
base neste plano.
Mas o plano tem partes problemá-
ticas para o primeiro-ministro de
Israel: prevê um Estado palestiniano
quando Netanyahu prometeu, na
campanha eleitoral de 2015 que
ganhou contra todas as expectativas,
que não deixaria que houvesse um
Estado palestiniano. Também prevê
uma capital palestiniana em Jerusa-
lém Oriental. E também que não haja
mais construção israelita em zonas
que o plano atribuiu aos palestinianos
pelo menos durante quatro anos.
Quanto aos palestinianos, o pri-
m e i ro - m i n i s t ro, Mo h a m m a d
Shatyyeh, da Fatah, no poder na Cis-
jordânia, disse que “este é um plano
para proteger Trump do impea-
chment e Netanyahu da prisão”. O
Hamas — no poder na Faixa de Gaza
e que, segundo o plano, teria de se
desarmar — rejeitou o plano de ime-
diato. As duas facções palestinianas
desavindas marcaram um raro
encontro de emergência, nos territó-
rios palestinianos começaram protes-
tos e previa-se que se intensiÆcassem
já hoje.
MUSSA QAWASMA/REUTERS
Netanyahu, em plena campanha
eleitoral, ouviu Trump mencionar o
seu rival, Benny Gantz, para concluir
que a inédita presença (emWashing-
ton, mas não ali) de um rival eleitoral
de um primeiro-ministro mostra o
empenho na paz do lado israelita.
Os palestinianos terão tempo para
apreciar o plano e para o aceitar, dis-
se ainda Trump.
Netanyahu falou da “dívida eterna”
de Israel ao presidente Trump, com-
parando-o apenas com Harry Tru-
man, que em 1948 reconheceu a
declaração de independência do Esta-
do judaico no mesmo dia em que esta
foi feita pelo seu fundador e primeiro-
ministro David Ben-Gurion.
mguimaraes@publico.pt
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 29
Benny Gantz foi
a Washington, mas
regressou a Israel
o
antes da apresentação
do plano
Netanyahu retira pedido
de imunidade e já é acusado
O primeiro-ministro de Israel, Ben-
jamin Netanyahu, foi ontem formal-
mente acusado de corrupção, horas
depois de ter retirado o seu pedido
de imunidade ao Parlamento israe-
lita.
A decisão do primeiro-ministro de
Israel é conhecida um dia depois da
sua chegada a Washington, a convite
do Presidente norte-americano,
Donald Trump, para conhecer os
pormenores de um plano de paz para
o Médio Oriente da responsabilidade
da Casa Branca.
“Nesta hora decisiva para o povo
de Israel, e enquanto estou nos Esta-
dos Unidos numa missão histórica
para deÆnir as fronteiras permanen-
tes de Israel e garantir a nossa segu-
rança e a segurança de futuras gera-
ções, o Knesset [o Parlamento israe-
lita] iria abrir mais um espectáculo
do circo do pedido de imunidade”,
disse Netanyahu num texto publica-
do na sua página no Facebook.
Mais tarde, Netanyahu publicou
uma foto prometendo “trabalhar
para os israelitas” e não “se deixar
distrair”, aludindo indirectamente
ao processo judicial.
ReaÆrmando a acusação de que
está a ser alvo de uma “perseguição
pessoal”, que se tornou uma “obses-
são” para os seus críticos, o primei-
ro-ministro israelita disse que a
discussão no Parlamento “iria pre-
judicar um momento histórico para
o país”.
“Como não vou ter direito a um
“Bibi” não quis um
“espectáculo” no Knesset
processo justo, e como o resultado
está decidido à partida, decidi não
permitir este jogo sujo”, disse
Netanyahu. O primeiro-ministro
tem insistido na tese da caça às bru-
xas, apesar de o procurador-geral e
outros responsáveis no processo
terem sido nomeados por si (o pro-
curador chegou a integrar um gover-
no do Likud).
O pedido de imunidade de Netanya-
hu parecia destinado a fracassar por
falta de apoio no Parlamento e serviu
apenas para adiar a formalização das
acusações contra o primeiro-ministro
até ontem.
Alguns analistas israelitas já espe-
culavam que Benjamin Netanyahu
poderia acabar por retirar o pedido
para não se arriscar a vê-lo recusa-
do. O rival de Netanyahu, Benny
Gantz, do Partido Azul e Branco
(centro-esquerda), vinha a pressio-
nar para que se estabelecesse rapi-
damente uma comissão para anali-
sar o pedido, o que deveria ter acon-
tecido ontem, antes da retirada do
pedido de imunidade.
Três acusações
Em Novembro, o primeiro-ministro
israelita foi acusado em três proces-
sos por corrupção, fraude e abuso de
conÆança. Foi a primeira acusação
por estes crimes a um primeiro-mi-
nistro em funções na história de
Israel — o anterior chefe do Governo
acusado por corrupção, Ehud
Olmert, foi acusado apenas depois de
se demitir.
Num dos casos, Netanyahu é acu-
sado de corrupção, fraude e abuso
de conÆança por favorecimento a um
grupo de telecomunicações detentor
de um site que lhe terá dado cobertu-
ra noticiosa favorável.
No segundo caso, é acusado de
fraude e abuso de conÆança: terá
aceitado presentes de empresários
em troca de favores políticos.
No terceiro, é acusado de novo por
fraude e abuso de conÆança: por sus-
peita de ter prejudicado a concorrên-
cia de um jornal que lhe deu boa
cobertura noticiosa, o diário de gran-
de circulação Yediot Ahronot, cujo
publisher é também acusado.
30 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
MUNDO
Bolton receou “favores
pessoais” de Trump
a líderes estrangeiros
EUA
Alexandre Martins
No manuscrito do livro a
publicar em Março, o antigo
conselheiro diz também
que William Barr partilhou
as suas preocupações
John Bolton, o antigo conselheiro de
Segurança Nacional norte-americano
que se disponibilizou para testemu-
nhar no julgamento do Presidente
Trump contra a vontade dos advoga-
dos da Casa Branca, disse que trans-
mitiu ao procurador-geral dos Esta-
dos Unidos, William Barr, a sua preo-
cupação de que Trump estava a fazer
favores pessoais “a líderes autocráti-
cos”, em particular a Xi Jinping e a
Recep Tayip Erdogan.
O relato da conversa entre os dois
responsáveis é um dos episódios con-
tados no manuscrito do próximo
livro de Bolton, a publicar em Março,
e a que o New York Times teve acesso
nos últimos dias.
No domingo, o jornal norte-ameri-
cano noticiou que no livro (com o
título The Room Where It Happened,
ou “a sala onde tudo aconteceu”,
numa tradução livre) John Bolton
aÆrma que ouviu da boca do Presi-
dente norte-americano a conÆrma-
ção de que o congelamento de 391
milhões de dólares em ajuda militar
à Ucrânia, ordenado por Trump em
2019, teve mesmo como objectivo
obter do país informações para pre-
judicar Joe Biden, um dos favoritos a
vencer as eleições primárias deste
ano no Partido Democrata.
O relato de Bolton renovou a espe-
rança, no Partido Democrata, de que
pelo menos quatro senadores do Par-
tido Republicano votem a favor da
audição do antigo conselheiro de
Segurança Nacional como testemu-
nha no julgamento em curso no Sena-
do. Um dos principais argumentos da
defesa de Trump é que não foram
apresentadas provas de que este
ligou directamente o congelamento
do dinheiro à pressão sobre a Ucrâ-
nia.
Na segunda-feira, Trump negou o
relato do seu antigo conselheiro de
Segurança Nacional, que saiu da Casa
Branca em Setembro em confronto
com o Presidente sobre várias ques-
tões de política externa.
“Eu nunca disse ao John Bolton
O livro do antigo conselheiro de Segurança Nacional sai em Março
que a ajuda à Ucrânia estava ligada à
abertura de investigações contra o
Partido Democrata, incluindo os
Bidens. Na verdade, ele nunca se
queixou disso aquando da sua saída
[da Casa Branca]. Se o John Bolton
disse mesmo isso, foi só para vender
um livro”, disse Trump.
ZTE e Halkbank
Ontem, o New York Times noticiou
outro episódio que Bolton conta no
seu livro, e que coincide com uma
das principais críticas feitas ao Presi-
dente norte-americano pelos seus
críticos — a de que Trump fez favores
pessoais a vários líderes estrangeiros,
em particular ao Presidente da Chi-
na, Xi Jinping, e ao Presidente da
Turquia, Recep Tayip Erdogan.
Segundo Bolton, o procurador-ge-
ral — que tem sido um importante
aliado do Presidente norte-america-
no desde que foi nomeado responsá-
vel pela Justiça nos Estados Unidos
— partilhou a sua preocupação e deu
dois exemplos: o levantamento das
sanções à empresa chinesa ZTE, em
2018, e a pressão da Turquia para que
o Departamento de Justiça norte-
americano deixasse cair uma inves-
tigação ao banco turco Halkbank.
De acordo com o New York Times,
Bolton conta no livro que William
Barr “disse estar preocupado com o
facto de Trump ter criado a aparência
de que tinha uma inÇuência indevida
sobre o que seriam, normalmente,
investigações independentes”.
Ontem, a porta-voz do Departa-
mento de Justiça, Kerri Kupec, des-
mentiu a versão de John Bolton sobre
a conversa com William Barr.
PETER NICHOLLS/REUTERS
“Não houve nenhuma discussão
sobre ‘favores pessoais’ ou ‘inÇuên-
cia indevida’ sobre investigações,
nem o procurador-geral Barr disse
que as conversas do Presidente com
líderes estrangeiros foram inadequa-
das”, disse a porta-voz.
“Se foi isso que o sr. Bolton escre-
veu, então parece que está a atribuir
ao procurador-geral Barr as suas pró-
prias opiniões — opiniões essas que
o procurador-geral Barr não parti-
lha”, concluiu a porta-voz.
O julgamento do Presidente Trump
no Senado, por abuso de poder e obs-
trução do Congresso, prosseguiu
ontem com o último dia dos argu-
mentos da defesa.
Entre hoje e amanhã, haverá uma
sessão de perguntas e respostas dos
senadores às equipas de acusação e
de defesa, num processo que não
pode ultrapassar um máximo de 16
horas.
Depois disso, chegará o momento
mais importante desde o início do
julgamento, na semana passada. Se
pelo menos quatro senadores repu-
blicanos se juntarem ao Partido
Democrata numa votação para inti-
mar novas testemunhas, como John
Bolton, o julgamento poderá arras-
tar-se por semanas ou meses; se isso
não acontecer, é provável que o pro-
cesso termine na sexta-feira com uma
votação Ænal sobre as acusações — e
com a esperada absolvição do Presi-
dente Trump por falta de apoio suÆ#
ciente para a necessária maioria de
dois terços (67 em 100) no Senado
para uma condenação.
alexandre.martins@publico.pt
Puigdemont
pediu ajuda para
pagar os custos
do referendo
Espanha
António Rodrigues
Autoridades exigem a 20
líderes independentistas
que paguem os 4,1 milhões
de euros. Sánchez reúne-se
com Torra a 6 de Fevereiro
Carles Puigdemont, antigo presiden-
te do governo da Catalunha e actual-
mente eurodeputado, recorreu
ontem às redes sociais para pedir aos
catalães que contribuam Ænanceira-
mente para ajudar a pagar os custos
do referendo sobre a independência,
realizado a 1 de Outubro de 2017 e que
tinha sido proibido pelo Governo
espanhol.
A justiça espanhola exige que Puig-
demont e outros 19 líderes catalães
paguem a factura da consulta popular
e devolvam aos cofres do executivo
catalão os 4,1 milhões de euros desem-
bolsados para a sua realização.
“O Tribunal de Contas solicita uma
Æança de 4,1 milhões de euros àqueles
que tornaram possível o referendo
em 1 de Outubro. Temos 15 dias para
evitar que os nossos bens sejam
apreendidos. Se votou a 1 de Outubro,
precisamos de si”, escreveu Puigde-
mont no Twitter, partilhando o Twit-
ter da Caixa de Solidaritat, com o
número da conta para fazer a trans-
ferência.
A solicitação de Puigdemont che-
gou no mesmo dia em que a porta-voz
do Governo espanhol, María Jesús
Montero, anunciou em conferência
Puigdemont e outros 19 líderes
podem ver os bens apreendidos
de imprensa que o primeiro-ministro,
Pedro Sánchez, vai reunir-se com o
actual presidente do executivo cata-
lão, Quim Torra, a 6 de Fevereiro. A
também ministra garantiu que o
agendamento da reunião nada teve
que ver com o que se passou na
segunda-feira no parlamento da Cata-
lunha e diz que é um fruto da nego-
ciação entre equipas dos dois gover-
nos.
Torra ( JxC — Juntos pela Catalunha)
recusou-se, na segunda-feira, a renun-
ciar ao seu lugar de deputado, como
exigido pelo Supremo Tribunal espa-
nhol e pela Junta Eleitoral Central,
pedindo ao presidente do parlamen-
to, Roger Torrent (ERC — Esquerda
Republicana da Catalunha), que deso-
bedecesse aos dois órgãos do Estado
espanhol, o que Torrent recusou.
Advertido pelo líder da assembleia
de que o seu voto não seria contado
caso apertasse o botão, o presidente
catalão acabou por fazer com que o
seu grupo parlamentar não partici-
passe nas votações do dia.
O confronto entre o JxC e a ERC
mereceu críticas de alguns dos con-
denados à prisão no processo sobre
o referendo e a declaração unilateral
de independência da Catalunha. Os
ex-conselheiros Joaquim Forn e Jordi
Turull criticaram as divisões no inde-
pendentismo, num tempo que devia
ser de unidade.
“Foi um dia triste, não gostei do
que vi pela televisão. Chegou a altura
de abandonar as estratégias partidá-
rias”, disse Forn no parlamento da
Catalunha. “A sociedade pede-nos
unidade”, lembrou. “Se querem que
a nossa estada na cela seja mais feliz,
episódios como o de ontem [segunda-
feira], não os façam”, aÆrmou
Turull.
Seis dos nove presos, incluindo o
ex-vice-presidente da Generalitat
Oriol Junqueras, tiveram autorização
dos serviços prisionais para compa-
recer ontem na comissão de investi-
gação sobre os efeitos da aplicação do
Artigo 155.º da Constituição, que sus-
pendeu a autonomia catalã a seguir
ao referendo.
Junqueras defendeu o diálogo com
o Governo de Pedro Sánchez: “Jamais
condicionaremos o diálogo por estar-
mos na prisão”, opinião também
referida por Forn: “Temos de apro-
veitar todas as oportunidades de diá-
logo. Será demorado; custará.”
antonio.rodrigues@publico.pt

O regresso da geopolítica
Opinião
António Costa Silva
Às vezes, para vermos mais à
frente, é preciso olharmos mais
atrás. Como disse Tocqueville,
quando o passado deixa de lançar
a sua luz sobre o futuro a mente
do homem vagueia na escuridão.
Há um século, em 1920, a Europa
tinha saído da I Guerra Mundial e
os países vencedores lançavam a
Liga das Nações para se construir
uma ordem internacional mais
pacíÆca em que a guerra entre
Estados fosse proibida. O projecto
não foi aprovado pelo Senado
americano e nas décadas seguintes
cresceram as rivalidades entre as
potências europeias, as guerras
comerciais e o proteccionismo, a
crise económica e social, a Grande
Depressão de 1929. Os movimentos
populistas e fascistas cresceram na
Europa e o mundo reentrou numa
turbulência assustadora. Veio a II
Guerra Mundial, o nazismo e o
Holocausto, a devastação e a
escuridão. Auschwitz foi libertada
apenas há 75 anos. Nada do que
conquistámos — democracia,
liberdade, direitos civis, protecção
das minorias — é seguro e
permanente. Importa, por isso,
perguntar: cem anos depois, para
onde vai o mundo?
Alguns sinais são positivos.
Nunca como hoje o planeta
produziu tanta riqueza. Nunca
tantas pessoas saíram da linha de
pobreza. Nunca o crescimento das
classes médias foi tão signiÆcativo.
Nunca a prosperidade e o
bem-estar chegaram a tantas
partes do mundo. Nunca a ciência
e a tecnologia proporcionaram
tantas soluções. Mas existem sinais
negativos. Há uma crise da
democracia, que em muitos países
está à deriva. Há um desprezo das
grandes potências, em particular
os EUA, pelas regras e instituições
multilaterais que são essenciais
para governar o mundo. As guerras
comerciais e o proteccionismo
estão de volta e ameaçam a
prosperidade. A economia mundial
mostra sinais de arrefecimento. A
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 31
MUNDO
THOMAS PETER/REUTERS
desigualdade cresce e a riqueza
concentra-se no topo dos mais
ricos e não é distribuída pela
maioria. A desconÆança dos
cidadãos nas instituições
democráticas cresce. Os
movimentos populistas e
extremistas consolidam-se em
muitos países. A xenofobia, o
racismo, o anti-semitismo, o
desprezo pelo outro estão de volta.
Se, por um lado, o mundo está
mais interconectado do que nunca,
também está mais imprevisível e
incerto, mergulhado numa
mudança geopolítica tectónica e
numa turbulência
macroeconómica.
No meio de tudo isto, 2019 viu
intensiÆcar-se a competição
estratégica entre EUA e China pela
hegemonia mundial. Há uma
superpotência dominante — os EUA
— que é poderosa em todos os
domínios e uma grande potência
em ascensão — a China — cada vez
mais assertiva e que ambiciona
reforçar o seu lugar no centro da
ordem internacional. Os EUA estão
obcecados com a China para conter comercial com os EUA (que pode potencial conÇito no mundo onde
a sua ascensão e a China está agravar-se, apesar do miniacordo duas superpotências nucleares
obcecada com os EUA para impedir recente); a diÆculdade de Xangai se estão frente a frente. Esperemos
o domínio americano, em aÆrmar como uma grande praça que a razão impere e nenhum
particular na Ásia. Esta disputa vai Ænanceira internacional; os passo em falso complique a
acentuar-se e, sabemos pela
História, que o risco maior é as
Nada do que conÇitos no mar do Sul da China
com todos os vizinhos (na disputa
situação.
A intensiÆcação da competição
duas grandes nações caírem na conquistámos da soberania sobre as ilhas estratégica entre EUA e China, que
chamada “Armadilha de
Tucídides”. Na sua dinâmica de
— democracia, estratégicas); a fragilidade da
segurança energética chinesa (que
irá deÆnir a balança de poder neste
século, está a minar as regras e
agressividade podem atingir um liberdade, direitos importa do exterior dois terços do instituições que deÆniram a ordem
ponto de não retorno que torna o
conÇito inevitável.
civis — é seguro petróleo e 40% do gás e teme um
embargo naval americano); a
internacional depois da II Guerra
Mundial. Com a emergência de um
Se olharmos para os últimos 30 e permanente. recente epidemia do coronavírus, sistema em que domina o poder
anos, a China é um dos vencedores
das mutações geopolíticas. Em
Importa, por isso, que pode ter consequências
imprevisíveis; tudo isto conÆgura
cru e em que as regras valem
pouco, a Europa Æca desorientada,
1989, com a queda do Muro de perguntar: um quadro de maior diÆculdade no meio da emergente anarquia
Berlim e depois o colapso da União
Soviética, e em 2001, na sequência
cem anos depois, geopolítica para a China, onde a
questão de Taiwan é preocupante.
“hobbesiana”. A Europa não sabe
viver numa ordem em que a
dos ataques às torres gémeas e os para onde vai As marinhas chinesa e americana geopolítica e o poder dominam
EUA focados na “guerra ao terror”,
a China percebeu que a sua hora
o mundo? patrulham os estreitos de Taiwan.
Em 1996, quando houve o último
porque não pensa em termos
geopolíticos e precisa de regras
tinha chegado para expandir o seu grande choque entre a China e os para actuar. Neste quadro, a
poder económico e comercial e o EUA por causa de Taiwan, a Europa pode ser uma das
seu “soft power”. Em 2016, com a hierarquia chinesa transmitiu aos principais vítimas da competição
eleição de Trump e a sua política Mas 2020, o ano do Rato, o EUA que Taiwan é inegociável e estratégica entre os EUA e a China.
de desprezo pelas instituições primeiro de um ciclo de doze no que a China não hesitará em É urgente reagir e, no ano de
multilaterais e as regras que estão zodíaco chinês, que devia ser utilizar armas nucleares para a Beethoven e Rafael, é importante
na base da ordem internacional, a auspicioso, está a começar mal. O defesa da sua unidade. Ficou recuperar a criatividade e o espírito
China percebeu que, se o país arrefecimento da economia célebre a expressão de um general inovador, sob risco de no futuro a
fautor dessa ordem a rejeita, o chinesa; a situação em Hong Kong; chinês: Taiwan é a nossa Europa ser apenas um museu do
melhor é criar uma ordem nova. E a recente eleição da Presidente Tsai Alsácia-Lorena e vocês decerto não mundo.
hoje temos uma China mais Ing-wen em Taiwan (que fez a sua vão trocar Los Angeles por Taipé.
assertiva e mais ambiciosa nos seus campanha desaÆando o conceito Taiwan é um pólo maior de Professor do Instituto
objectivos globais. “um país, dois sistemas”); a guerra preocupação porque é o único Superior Técnico
32 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020

CULTURA
Pelo menos 18 fotograƊas entre as
obras que o Estado não encontra
A lista das 94 peças que a Direcção-Geral do Património Cultural não conseguiu localizar vai ser entregue
à Procuradoria-Geral da República. Entre elas, estarão duas fotograÄas históricas, sabe o PÚBLICO
DR

Artes
Isabel Salema
O Ministério da Cultura (MC) ainda
não revelou a lista das 94 obras de
arte desaparecidas da Colecção do
Estado, conhecida como Colecção
SEC, mas em breve, provavelmente
já em Fevereiro, o dossier vai Æcar
disponível para consulta. Essa divul-
gação, reconheceu a ministra da
Cultura ao PÚBLICO, pode ajudar a
localizar peças cujo rasto se perdeu
há vários anos, uma missão que será
conÆada às autoridades com compe-
tências em investigação criminal.
O que chegará às mãos da Procu-
radoria-Geral da República (PGR) é
o relatório que a Direcção-Geral do
Património Cultural (DGPC) con-
cluiu no Ænal do ano e que permitiu
apurar que não são aÆnal 156 as
obras desta colecção de arte con-
temporânea iniciada em 1976 cujo
paradeiro é incerto, mas apenas 94,
uma vez que foi possível esclarecer
a localização de 62 delas. O PÚBLI-
CO sabe que entre as 94 obras que
continuam por localizar estarão,
pelo menos, 18 fotograÆas, perten-
centes ao importante núcleo foto-
gráÆco de uma colecção que totaliza
mais de 1300 entradas. Duas delas
são históricas e podem atingir valo-
res elevados se vendidas a preços de
mercado. Entre as obras da Colecção do Estado que não foi possível localizar, está uma fotografia que Carlos Afonso Dias fez em 1958 na Nazaré
O desaparecimento de várias
obras da colecção tem sido noticiado obras que estaria então por locali- colecção do ex-Banco Português de Ellipse. ConÆrmou ainda que a colec- gado e uma outra que retrata a Naza-
ciclicamente, nomeadamente num zar, sem resposta. Negócios (BPN), avaliada em cinco ção de fotograÆa do Novo Banco não ré, do fotógrafo português Carlos
artigo publicado em 1995 pelo sema- Muito cedo, os técnicos da DGPC a milhões de euros e agora integrada na irá para Coimbra, como chegou a ser Afonso Dias, de 1958. O MC não con-
nário Expresso, que assinalava o que o actual inventário foi conÆado Colecção do Estado através de uma avançado na legislatura anterior, Ærmou ao PÚBLICO o número total
roubo de algumas fotograÆas, sem perceberam que o universo inicial de operação de “dação em cumprimen- escusando-se a revelar para já onde o de fotograÆas desaparecidas.
as identiÆcar. No ano passado, Jorge obras por localizar era de 156 e não to”, esclareceu Graça Fonseca: em MC pretende instalá-la. “O relatório da DGPC está concluí-
Calado, o responsável pelas compras de 170, uma vez que uma delas estava troca da transferência da colecção do. Foi um trabalho iniciado nos anos
do núcleo de fotograÆa da Colecção mal registada e fora contabilizada para o MC, houve um abatimento de FotograÄas históricas 2000”, mas as várias tentativas de
do Estado, iniciado em 1989, escre- como correspondendo a 15 peças. parte da dívida através das sociedades Entre as 18 fotograÆas desaparecidas inventário nunca foram concluídas”,
via na sua crónica, também no Terminado o trabalho, que incluiu públicas Parvalorem e Parups, que contabilizadas no relatório da DGPC, disse Graça Fonseca, acrescentando
Expresso, que “uma dezena” de fotos visitas às instituições onde estavam detêm os activos tóxicos do falido apurou o PÚBLICO, estarão fotogra- que há obras por localizar desde
teria sido roubada. Um mês depois, depositadas ou às quais haviam sido BPN. Na prática, o Estado abdica do Æas do século XIX, dos anos 20 e 30 1992. “O passado será reportado à
o mesmo jornal dava conta de que emprestadas obras , foi possível redu- encaixe Ænanceiro que conseguiria do século passado, bem como outras PGR; a nós compete-nos prosseguir
no âmbito do processo de inventa- zir esse número para 94, conÆrmou obter com a venda das obras. mais recentes, do século XX. Além de para o futuro. O que signiÆca retomar,
riação a decorrer na DGPC estavam Graça Fonseca ontem aos jornalistas, Sobre os outros acervos importan- uma obra de Dorothea Lange, um como retomámos, a política de aqui-
em falta 170 obras; o artigo em causa à margem de uma cerimónia no For- tes pertencentes a bancos falidos, a nome histórico da fotograÆa mundial, sição de obras de arte para a colecção,
vinha ilustrado com uma fotograÆa te de Sacavém. Na véspera, a ministra ministra disse ao PÚBLICO que con- terá desaparecido uma imagem da integrar acervos como este do BPN,
de Dorothea Lange, Migrant Mother, revelara parte das conclusões do rela- tinuará a trabalhar com o ministro série que Thomas A. Rust dedicou ao criar novos centros de arte contem-
datada de 1936. Também o PÚBLICO tório da DGPC ao jornal Observador. das Finanças, também presente em Taj Mahal, Índia, datada de 1870. porânea e ligá-los em rede.”
questionou em 2015 a Direcção-Ge- A cerimónia de ontem serviu para Sacavém, para conseguir uma solu- Entre as baixas, estão também obras
ral das Artes acerca do número de apresentar as 196 obras da antiga ção para casos como o da Colecção do fotógrafo brasileiro Sebastião Sal- isabel.salema@publico.pt

Beethoven,
imersão total
Crítica de música
Festival dos Quartetos de Cordas
mmmmm
Schumann Quartett. 25/01, às 21h.
mmmmm
Meccore String Quartet. 26/01, às 18h
O ano de 2020 ainda está no início,
mas as comemorações dos 250 anos
de Beethoven estão já bem presentes,
sendo raras as temporadas e os festi-
vais, tanto em Portugal como no
estrangeiro, que não contemplam a
sua música. Tratando-se de uma Ægu-
ra emblemática do cânone da música
erudita ocidental e do compositor
com mais obras interpretadas anual-
mente, como tem sido demonstrado
em vários estudos, a sua produção é
desde há muito uma constante nas
salas de concertos, pelo que o ano
Beethoven poderá ser também um
bom pretexto para discutir tendên-
cias arreigadas nas programações e
um desaÆo para mostrar as suas cria-
ções em diálogo com outros repertó-
rios ou para proporcionar oportuni-
dades de escuta mais aprofundadas.
Por cá, a Gulbenkian decidiu trans-
formar o Festival dos Quartetos de
Cordas numa integral Beethoven, que
condensou em dois dias os 16 quarte-
tos e Grande Fuga op. 133 em interpre-
tações de seis agrupamentos, alguns
ainda bastante jovens. Nos intervalos
houve encontros com os músicos que,
tal como os concertos, contaram com
uma entusiástica assistência. No
entanto, as expectativas da própria
Gulbenkian no caso da música de
câmara são a priori baixas, pelo que
apenas foram colocados à venda os
bilhetes da primeira plateia.
Esta experiência de imersão total
no extraordinário legado dos quarte-
tos de Beethoven permitiu num curto
período de tempo apreciar desde a
sua engenhosa apropriação da heran-
ça clássica (como na série op. 18) aos
ousados caminhos abertos pelas últi-
mas obras, os quais não encontrariam
uma continuidade imediata, mas se
projectariam num futuro bem mais
longínquo da história da música. Este
percurso reÇecte também a evolução
histórica do quarteto, de entreteni-
mento doméstico em círculos de
amadores à proÆssionalização, bem
como a elevação a uma forma de
O Quarteto Schumann protagonizou um dos pontos altos do festival
expressão que aspirava ao sublime.
As elevadas exigências técnicas e
artísticas destas obras foram supe-
radas com proÆciência pelos agru-
pamentos convidados pela Gul-
benkian, ainda que naturalmente
com diferenças de nível. Não tendo
assistido à totalidade do festival e
não sendo possível por razões de
espaço fazer comentários exausti-
vos, centro-me em dois concertos
marcantes, seja pelas obras, seja
pelas interpretações. Um ponto alto
foi a actuação do Quarteto Schu-
mann, detentor de um notável
domínio técnico e de uma sonorida-
de que tanto pode resultar lumino-
sa e polida, como se ouviu no Quar-
teto n.º7, op. 59, n.º1 — o primeiro
dedicado ao conde Razumovsky, a
quem se presta homenagem através
da melodia russa do último anda-
mento —, como impetuosa e quase
agreste, quando o carácter da músi-
ca o exige; foi o que sucedeu no
andamento Ænal do Quarteto n.º 14,
op. 131, verdadeira batalha instru-
mental, marcada pelo vigor rítmico
e pela tensão dramática, na qual os
intérpretes não se coibiram de cor-
rer riscos. Se no op. 59, n.º1 mostra-
ram com brio e paixão como
Beethoven soube ultrapassar limites
no plano formal, assim como no da
construção musical, criando um
edifício sonoro surpreendente a
partir de material melódico-rítmico
por vezes vezes bastante simples,
no op. 131 transmitiram, ao longo
dos sete andamentos encadeados,
o conturbado mundo interior do
compositor e a sua busca incessan-
te de superação, mesmo quando
KAUPO KIKKAS
trabalhando com elementos da tra-
dição como a fuga ou as variações.
No concerto de encerramento, a
cargo do premiado Quarteto Mecco-
re, o programa colocava lado a lado
o Quarteto op. 18, n.º1, uma obra
efervescente de ideias musicais, mas
ainda bastante ligada à estética do
classicismo, e a Grande Fuga op. 133.
Inicialmente concebida como Ænal do
Quarteto n.º 13 e depois convertida
numa obra independente por suges-
tão do editor, a Grande Fuga constitui
um desaÆo imenso, mesmo para os
intérpretes mais experientes. Sendo
um monumento da escrita contra-
pontística (mas também uma síntese
de vários géneros e formas musicais),
é essencial que a audição das diferen-
tes linhas da textura seja muito clara,
e, portanto, que exista um balanço
dinâmico equilibrado entre os instru-
mentistas, o que inicialmente não se
veriÆcou devido à proeminência do
primeiro violino. Mas gradualmente,
sobretudo a partir da “segunda fuga”
(Meno mosso e moderato), atingiu-se
a desejada coesão. Na globalidade, a
audição da obra constituiu como
sempre uma experiência avassalado-
ra. Na segunda parte, o Quarteto
Meccore contribuiu para um gratiÆ#
cante Ænal do ciclo, numa interpreta-
ção que soube tirar partido dos múl-
tiplos e incisivos contrastes do Quar-
teto n.º 15, op. 132: do original
primeiro andamento e dos ecos dan-
çantes do Ländler e da musette no
Allegro ma non tanto ao impetuoso
andamento Ænal, passando pelo
expressivo Molto Adagio, página de
admirável introspecção.
Cristina Fernandes
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 33
Outra visão
do Inferno
Crítica de teatro
Viagem de Inverno
mmmmm
De Elfriede Jelinek. Pela Companhia
de Teatro de Almada. Enc. Nuno
Carinhas. Almada. 24/01. Sala cheia.
Personagens? Esqueçam, não há.
Enredo? Nem vale a pena procurar. O
que há são palavras organizadas em
frases ora ternas, ora cortantes. Umas
vezes irónicas, outras sarcásticas,
aqui e ali Çuxos de consciência. A
espaços sinais de dor, e ainda de um
ou outro remoque dirigido à hipocri-
sia social, porém um discurso lúcido
(mesmo quando discutível). Uma
observação do estado desta era, e do
estado de alma de uma autora, expos-
tos ao longo de oito jornadas inspira-
das na música de Franz Shubert — que
também inspiraram Ana Cris, Flávia
Gusmão e Teresa Gafeira (e uma bre-
ve intervenção em vídeo, qual orácu-
lo, de Sara Carinhas) nas suas exem-
plares interpretações destes pouco
mais do que monólogos.
Viagem de Inverno é um daqueles
títulos que a Æcção usou e repisou e,
de certo modo, vulgarizou. As aparên-
cias felizmente iludem e nem a Viagem
de Inverno que Schubert compôs a
partir de duas dúzias de poemas de
Wilhelm Müller, nem a crua Viagem de
Inverno na qual Elfriede Jelinek se dei-
xou inÇuenciar pelas referidas canções
do compositor e do poeta românticos
são títulos de comédia sentimental ou
de qualquer dessas reminiscências
saudosistas e confessionalistas que a
indústria cultural tem produzido em
barda. Não que a escritora e dramatur-
ga austríaca — saída, como Thomas
Bernhard, Peter Handke, Karl Kraus
CULTURA
ou Michael Haneke, que dela Ælmou A
Pianista, de uma Æleira de autores em
conÇito permanente com o passado
de complacência do seu país em rela-
ção ao nazismo e respectivas recaídas
— hesite em expor suas mágoas mais
profundas, os seus pensamentos mais
negros, as suas estupefacções, quase
sempre entre a ironia e um sarcasmo
cruel sobre os fenómenos da moder-
nidade. O que podia ser um exercício
vazio, mas é aÆnal um lugar onde a dor
e a questionação íntimas se confun-
dem com a capacidade de observação
e de relacionamento e de interpreta-
ção da escritora, decerto como sinal
da sua vontade de despertar pelo
menos algumas consciências (ou, sin-
gelamente, de expurgar algum fel),
arrastadas pelas repetições, pelas
rimas, às vezes apenas pelos sons,
outras vezes pelos assuntos (o “embe-
lezamento” de um banco para o ven-
der mais caro, o caso Natascha Kam-
push, o papel das redes sociais ou,
pura e simplesmente, o turismo).
Monólogos aos quais a encenação
(e também a cenograÆa e os Ægurinos
de Nuno Carinhas), realçando a
importância do tempo, quer do que
vivemos, mas principalmente do tem-
po cénico, corresponde com imagi-
nação, eÆcácia e plasticidade, cons-
truindo uma abordagem em que o
mais importante, o substancial mes-
mo, é realçar o carácter musical do
original para eventualmente encon-
trar o sentido das palavras e a relação
entre acontecimentos políticos, públi-
cos e pessoais com que a autora infec-
ta o texto. Um texto que não aspira à
posteridade, pois vive do aqui e do
agora, como que precisando de inter-
vir urgentemente e de agir sobre as
consciências expondo a sua interpre-
tação e projecção dos factos que tes-
temunha, quando não os vive.
Rui Monteiro
DR
34 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
CULTURA
A banda desenhada
portuguesa vai a Angoulême
Duas publicações de e com autores
portugueses estão nomeadas para o
Prémio de BD Alternativa do festival
francês que começa amanhã. É uma
notícia promissora que atesta a
resistência de autores e editores
Banda desenhada
José Marmeleira
Difícil e distante. Assim pode ser
descrita a relação entre o Festival
de Banda Desenhada de Angoulême
(França) e Portugal. Se as esferas da
cultura literária e das artes visuais
reagem ao festival com indiferença,
para a banda desenhada portugue-
sa Angoulême tornou-se um
acontecimento longínquo, de difícil
acesso.
Na edição que arranca amanhã,
vislumbram-se, entretanto, sinais de
mudança em tão carente cenário. É
que o Prémio da BD Alternativa, atri-
buído desde 1982, acolhe, entre os
37 candidatos, duas publicações
nacionais, a Pentângulo e a All
Watched Over by Machines of Loving
Grace. A decisão do júri será conhe-
cida no dia 2 de Fevereiro e o vence-
dor receberá uma bolsa de 1000
euros e um convite para visitar a edi-
ção de 2021. É verdade que não é o
galardão mais mediático, mas a visi-
bilidade que confere aos trabalhos
é inegável. Autores franceses hoje
consagrados beneÆciaram da pro-
jecção que o prémio lhes trouxe,
antes de iniciarem uma carreira pro-
Æssional consagrada à banda dese-
nhada enquanto editores ou autores.
Quem sabe se esse futuro não aguar-
da alguns dos nomes portugueses?
Jorge Nesbitt, um dos coordena-
dores da Pentângulo, entusiasma-se
com a nomeação e a possibilidade
de uma distinção: “É muito impor-
tante. Aparecer num festival como
o de Angoulême permite abrir as
portas da banda desenha portugue-
sa à internacionalização. Esse é o
nosso grande desejo, visto que o
mercado português é muito limita-
do, não oferece grandes possibilida-
des à banda desenhada, em particu-
lar à mais autoral.”
A Pentângulo, que resulta de uma
parceria entre o Ar.Co-Centro de
Arte e Comunicação Visual e a edi-
tora Chili com Carne, inscreve-se
precisamente nessa categoria, como
aliás também a All Watched Over by
Machines of Loving Grace. Trata-se
de um universo que, diga-se, dois
tipos de leitores tendem a não reco-
nhecer. Tanto aquele que consome
nostalgia, como aquele que sacode
para um canto a BD são alheios à
expansão multiforme da uma arte
que se reinventa, recriando limites,
contornos e narrativas.
É nesta realidade que os coorde-
nadores da antologia All Watched
Over by Machines of Loving Grace,
Dois Vês (a autora prefere identiÆ#
car-se com a sua assinatura artística)
e João Carola se revêem e traba-
lham. Vencedora do 6.º concurso
Toma Lá 500 Paus e Faz uma BD,
organizado pela Chili com Carne,
surge como exemplar dessa outra
banda desenhada. “Da capa à pagi-
nação, passando pelo design, quise-
mos criar um objecto uno, pontua-
do pelos olhares e histórias de cada
autor, com uma abordagem mais
transversal”, explica Dois Vês ao
PÚBLICO. “Grande parte das histó-
rias não correspondem à banda
desenhada convencional. São mais
experimentais.”
Com efeito, entre as referências
dos dois editores (e autores) estão
projectos à margem do mainstream,
como a editora Ænlandesa kuš!, a
revista francesa La Revue Dessinée,

especializada em reportagens em
banda desenhada, a ilustradora e
autora Amanda Baeza ou outros
nomeados, como o colectivo croata
Komikaze e a própria Pentângulo.
A propósito, existem laços fortes
entre as duas publicações nacionais.
Embora a All Watched Over by Machi-
nes of Loving Grace incida sobre a
inÇuência da cibercultura, da Inter-
net e da inteligência artiÆcial nas
relações humanas, enquanto a Pen-
tângulo não tem uma orientação
temática, os trânsitos entre os dois
títulos saltam à vista. Por exemplo,
Dois Vês e João Carola estudaram no
Ar.Co e participam no segundo
número da Pentângulo e não é de
mais lembrar a presença dinamiza-
dora da Chili com Carne na Ægura de
Marcos Farrajota.
Na periferia de uma arte
Outra aspecto aproxima os dois pro-
jectos: o desejo de reconhecimento
por um trabalho feito dentro de um
“nicho para nichos”, escondido da
luz pública que o domínio da arte à
partida lhes deveria garantir. Esse
nicho ultra-especializado é em gran-
Da esq. para dir.: Maridos de Rosa Francisco;
Problemas de Coleccionador de Ana Dias;
Veneza de Francisco Sousa Lobo; banda
desenhada de Francisco San Payo; banda
desenhada de Rodolfo Mariano; Le Petite
Mort de Mathieu Fleury. Todas Pentângulo.
Na página da esq., em baixo: banda
desenhada de Ana Maçã, da All Watched
Over by Machines of Loving Grace
de parte a condição marginal da
banda desenhada em Portugal, pese
embora o trabalho meritório de edi-
toras e livrarias. Longe da atenção
dos meios de comunicação e do
A ilustração público (do mais ao menos exigen-
te), a banda desenhada só merece
portuguesa tem destaque se tiver a caução da litera-
dado passos tura (por exemplo, em adaptações
de obras), do assunto (quanto mais
importantes no jornalístico, melhor) ou da persona-
sentido da gem da BD (Astérix).
internacionalização. Tal menorização pode explicar a
ignorância a que são votados os títu-
O desejo é que isso los nomeados para os principais
também possa prémios — alguns, obras notáveis
como Préférence système, de Ugo
acontecer com Bienvenu, da Denoël Graphic, Clyde
autores de banda Fans, de Seth, da Delcourt, ou Ber-
lin, City of Light, Book Three, de
desenhada Jason Lutes, também da Delcourt.
Jorge Nesbitt Dito de outro modo: são, para a
coordenador da Pentângulo maioria de nós, verdadeiros desco-
nhecidos.
Esta realidade é tanto mais empo-
brecedora quando a edição actual
faz convergir nas exposições memó-
ria, experimentação e cultura pop,
sem privilegiar uma ou outra direc-
ção. Há banda desenhada para todas
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 35
as sensibilidades: a poética de
Yoshiharu Tsuge, a infância de Derib,
o mundo mágico de Luke Pearson,
o pulp de Robert Kirkman (argumen-
tista da série The Walking Dead), a
fantasia iconoclasta e feminista da
Nicole Claveloux, o absurdo de
Antoine Marchalot, as fábulas de
Edmond Calvo, a experimentação
do projecto de Pierre Feuille Ciseaux,
o humor de Catherine Meurisse
(autora que escapou ao massacre do
Charle Hebdo).
Esta apresentação podia continuar
com menção a conferências, encon-
tros (com Charles Burns, Seth, Posy
Simmonds, Sansuke Yamada, entre
outros), oÆcinas, mas o que importa
reter é que no que respeita à banda
desenhada somos irremediavelmen-
te periféricos (ao contrário da Espa-
nha e do Brasil).
Ora é contra essa exclusão, por
vezes auto-imposta, que a Pentân-
gulo e All Watched Over by Machines
of Loving Grace se aÆrmam, dando
a ver e a ler histórias e desenhos de
Francisco Sousa Lobo, Daniel Lima,
André Pereira, Francisco San Payo,
Sara Boiça, Amanda Baeza, Ana
Maçã, Dois Vês, Cláudia Salgueiro,
Cátia Serrão ou João Carola.
“A ilustração portuguesa tem
dado passos importantes no sen-
tido da internacionalização, com
o Bernard Carvalho, da Planeta
Tangerina, ou a Catarina Sobral”,
recorda Jorge Nesbitt. “Têm mos-
trado o seu trabalho em certames
internacionais e recebido prémios.
O desejo é que isso também possa
acontecer com autores de banda
desenhada.”
As expectativas de Dois Vês e João
Carola aÆnam-se pelo mesmo acor-
de: “Só a simples nomeação já foi
muito positiva, pois pode trazer
mais olhares para o que fazemos. Se
vencermos, vamos poder estar no
próximo ano em Angoulême, trocar
contactos com outros artistas, expor
o nosso trabalho a uma audiência
mais alargada. Seria uma recom-
pensa para dois anos de trabalho.”
Com ou sem prémio, a banda
desenhada portuguesa vai estar
em Angoulême, à procura de uma
luz mais intensa e acolhedora. Tal-
vez daí, possam nascer outras his-
tórias.
36 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
CULTURA
Wim Mertens: 40 anos
entre o erudito e o popular
Casa da Música e Centro Cultural de Belém são as salas portuguesas onde o compositor celebrará quatro
décadas de carreira. A acompanhar os concertos de hoje e domingo, a edição da retrospectiva Inescapable
Música
Gonçalo Frota
Wim Mertens era um produtor da
BRT (a emissora pública de rádio e
televisão Çamenga), e um melóma-
no apaixonado pelas obras de Steve
Reich e de Philip Glass, quando ini-
ciou a sua carreira de compositor
em 1980. E fê-lo com um gesto bas-
tante singular, muito distante da
sonoridade que hoje lhe associa-
mos. Através de um importador de
máquinas de flippers sediado em
Antuérpia, conseguiu o emprésti-
mo de duas delas durante algumas
semanas, gravou centenas de horas
de possíveis combinações de sons
dali extraídas e depois dedicou-se
a aplicar-lhes uma das ferramentas
fundamentais da sua ocupação pro-
Æssional de então: uma minuciosa
edição do material que tinha regis-
tado em Æta, ao qual acrescentou
depois alguns elementos de respos-
ta musical. Inspirado pela frase que
por imposição legal Ægurava nos
flippers, chamou a essa gravação
For Amusement Only. E a partir daí,
não mais parou.
É esse ponto de partida que o
compositor belga celebra em 2020,
comemorando 40 anos de carreira
com a edição de uma ambiciosa
caixa retrospectiva intitulada Ines-
capable (61 peças distribuídas por
quatro CD) e uma digressão que
passa pela Casa da Música, no Por-
to, hoje, e pelo Centro Cultural de
Belém, em Lisboa, no domingo.
Apesar de a electrónica de For
Amusement Only não ser a lingua-
gem com a qual Mertens ganhou
maior protagonismo na cena musi-
cal europeia, a verdade é que mui-
tos dos pressupostos que continuou
a explorar se alicerçam claramente
nesse primeiro gesto: formas mini-
mais, uma vontade declarada de
evitar a instrumentação clássica e,
ao mesmo tempo, um desejo não
menos claro de apagar os manda-
mentos da música avant-garde que
imperava nos anos 70. Daí que o
seu terceiro álbum, Vergessen,
tenha sido baptizado com um vocá-
culo alemão sinónimo de esqueci-
mento. “Senti que tinha de esque-
Wim Mertens lançou-se como compositor em 1980 com For Amusement Only, uma viagem electrónica
cer muitas das opções dominantes
desse período da música e que
tinha de recomeçar do zero”, expli-
ca ao PÚBLICO.
Por muito que Vergessen (1982),
O compositor, nos editado após At Home: Not at Home
(1980), recorresse já a músicos e
anos 60 e 70, instrumentos convencionais, Mer-
estava sobretudo tens via-se como um compositor
que era também intérprete das
envolvido na suas peças, assegurando pianos
criação da (acústico e eléctrico) e vozes nas
gravações.
partitura, não era “O compositor, nos anos 60 e 70,
tanto um estava sobretudo envolvido na cria-
ção da partitura, não era tanto um
intérprete nem intérprete nem estava implicado na
estava implicado praxis da performance”, recorda.
“Quis colocar aí uma nova tónica.
na praxis da E a forma como gero as minhas
performance. Quis peças é também diferente da prá-
tica de então, uma vez que a minha
colocar aí uma música está muito explicitamente
nova tónica ligada à presença da voz. Em
Struggle for Pleasure [1983] ou At
Wim Mertens Home: Not at Home, por exemplo,
Compositor provavelmente estava a cantar
enquanto compunha as peças,
mesmo que na versão Ænal possam
ALEX VANHEE
escutar-se apenas os instrumentos.
Mas a voz era o meu guia pessoal,
algo em que podia conÆar.”
Em conversa com vários compo-
sitores belgas, percebeu que o
período do pós-guerra trouxera
uma desconÆança em relação à voz
que ele não partilhava; enquanto
à sua volta assistia a um mergulho
“numa espécie de serialismo, uma
música baseada em cálculos, eli-
minando o input subjectivo do
compositor”, Mertens quis romper
com essa corrente e, progressiva-
mente, centrar o seu discurso
musical em opções melódicas e
num formato algures entre a músi-
ca erudita contemporânea e a
música popular.
Na música popular, aliás, “há
uma grande dinâmica para fazer
coisas novas”, defende. Contrapõe-
na ao imobilismo do campo clássi-
co, em que “os cantores de ópera
continuam a cantar todos da mes-
ma forma, sempre com a mesma
técnica”. De resto, começou a
observar na pop “um fenómeno
muito curioso”: “A cada cinco, seis,
sete anos, vemos uma nova voz sur-
gir e aÆrmar-se — tivemos Thom
Yorke, Lana del Rey e, agora, Billie
Eilish.” E essa alteração, admite
Mertens, interessa-lhe por aquilo
que comporta de mudança de para-
digma: o risco.
Olhar para trás
Preparar a edição de Inescapable (e
a presente digressão) obrigou Wim
Mertens a olhar para trás. E esse é
um movimento que não aprecia,
por ver nele o perigo da estagnação
ou o risco de se sentir “demasiado
confortável” com o que alcançou
artisticamente nas mais de 700
composições lançadas ao longo
destes 40 anos.
No meio de tanta escolha possível,
o compositor belga acabou por pri-
vilegiar a abrangência de registos
— música electrónica, para guitarra
ou para piano, com e sem voz, com
instrumentos de sopro ou de cor-
das, um par de novas composições
e dez versões ao vivo de peças de
fundo de catálogo. “Um contínuo
de 61 peças que podem ouvir-se
non-stop, como se fossem 61 facetas
de uma mesma atitude e de uma
mesma produção musical”, descre-
ve Wim Mertens, enquadrando este
todo pensado em conjunto como se
soprado por um fôlego operático.
Embora confesse não ter interes-
se, “de per si, nas formas tradicio-
nais clássicas, como sonatas, sinfo-
nias ou óperas”, Wim Mertens
reconhece que a sua música se ins-
creve numa linhagem europeia.
Mais do que isso: acredita, na ver-
dade, que “um compositor deve
manter-se bastante próximo das
suas raízes e das suas fontes”. De
alguma maneira, foi também isso
que explorou no tríptico iniciado
por Charaktersketch (2015), dedica-
do às ligações entre arte e política,
mas sobretudo a uma reÇexão sobre
a Europa presente. Uma Europa
que caiu como referência económi-
ca e cultural no mundo e que terá
de se redescobrir num novo equilí-
brio planetário. Através das suas
composições, Mertens quer tam-
bém questionar que papel pode a
música desempenhar nessa nova
ordem.
Público ClassiÄcados • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 37
38 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
CLASSIFICADOS Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, Tel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30
1350-352 Lisboa
pequenosa@publico.pt
De seg a sex das 09H às 19H
Sábado 11H às 17H
✝
Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, E.P.E., informa que foi pu-
blicado no site do Instituto - ipoporto.pt - o anúncio de recrutamento com a Ref.ª 017/2019
conducente à constituição de uma bolsa de reservas de Assistentes Técnicos.
Mais se informa que o período de candidatura é de cinco (5) dias úteis, contados a partir
da data da publicação no site do Instituto.
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA
Professor Doutor Aviso Juízo Local Cível de Lisboa
Juiz 23
Técnico Superior do Regime Geral – Processo: 633/18.9T8LSB
MÁRIO NASCIMENTO FERREIRA ANÚNCIO
Área de Farmácia Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público
Torna-se público que, por Despacho do Vogal Executivo do Requerida: Ana Cristina Santana
Lopes
Conselho de Administração, Dr. Pedro Reis, de 07 de janei-
Faz-se saber, que nos autos de
ro de 2020, se encontra aberto, pelo prazo de 10 dias úteis,
É com profundo pesar que a Família participa o seu falecimento a contar da data de publicitação do presente extrato, o pro-
Acompanhamento do Maior, acima
identificados, por sentença já transi-
tada em julgado, foram decretadas
cedimento concursal com vista à constituição de reserva de
e informa que o seu corpo se encontrará em câmara-ardente recrutamento para a categoria de Técnico Superior do Regime
as medidas de acompanhamento
de Ana Cristina Santana Lopes,
com residência em domicílio: Lar
Geral – Área de Farmácia, para celebração de contratos de
hoje, dia 29, a partir das 19.00 horas na Igreja de São Julião trabalho sem termo, e a termo resolutivo certo e/ou incerto.
Monterey, Rua José Falcão, N.º 29.
1170-000 Lisboa, no que respeita
1- Administração total ou parcial de
Os requisitos, gerais e especiais e o perfil de competências
da Barra (Oeiras). O funeral realiza-se amanhã, dia 30, às exigido, a composição do júri, os métodos e critérios de se-
bens - artigo 145.º, n.º 2, al. b);
2- Supervisão e apoio nos cuida-
dos de saúde, no tratamento e
11.00 horas para o crematório de Cascais. A cerimónia de leção e outras informações de interesse para a apresentação
das candidaturas e para o desenvolvimento do procedimen-
cumprimento da terapêutica pres-
crita, bem como no agendamento
e comparência em consultas das
homenagem terá início às 10.30 horas. to concursal em apreço, constam da publicitação integral
do aviso de abertura, inserto na página eletrónica do Centro
especialidades de psiquiatria e neu-
rologia - artigo 145.º, n.º 2, al.e) do
Código Civil.
Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, E.P.E., in www.chln. N/ Referência: 393349219
Agência Funerária Oeiras min-saude.pt/recrutamento. Lisboa, 10-01-2020
O Juiz de Direito
Agnus Dei - Número Verde Grátis 800 20 63 10 Lisboa, 28 de janeiro de 2020 Dr. Frederico Augusto Ramires
Serviço Funerário Permanente 24 Horas A Diretora do Serviço de Recursos Humanos
Bernardo
A Oficial de Justiça
Ana Correia Lopes Helena Silva
Público, 29/01/2020
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA
Juízo Local Cível de Lisboa
Juiz 20
Processo: 19599/18.9T8LSB
ANÚNCIO
Interdição/Inabilitação
Requerente: Ministério Público e
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de outro(s)...
Requerido: Miguel José de Carva-
lho Sancho
Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única Faz-se saber que foi PROFERI-
DA DECISÃO neste tribunal, no
organização em Portugal, de âmbito nacional, especificamente constituída para promover a qualidade de vida processo de Acompanhamento
de Maior, em que é requerido
das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país. Miguel José de Carvalho Sancho,
titular do cartão de cidadão n.º
15182381, contribuinte fiscal n.º
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio 236544977, nascido a 23/07/1995,
filho de Joaquim José Horta San-
Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade. cho e de Fernanda Maria Sesinan-
do de Carvalho Sancho. natural
Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e da freguesia de Campo Grande,
residente na Rua João de Freitas
Branco, n.º 34, 6.º Dto., 1500-359
europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de Lisboa, com vista a serem defini-
das medidas de acompanhamento
Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profilaxia e tratamentos. que são as seguintes:
- O Beneficiário necessita de medi-
da de acompanhamento, no caso,
Contactos a representação geral por Acom-
panhante prevista no artigo 145.º,
n.º 2, al. b), do Código Civil.
Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3, Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org - Deverão, nos termos do artigo
147.º, n.ºs 1 e 2, do Código Civil,
Centro de Dia Prof. Dr. Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 - Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Tel.: 21 360 93 00 ser restringidos os seguintes direi-
tos pessoais do Beneficiário: de
Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim»: Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Tel. 214 525 145 - E-mail: casadoalecrim@alzheimerportugal.org se deslocar no país ou no estran-
Delegação Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Tel. 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: geral.norte@alzheimerportugal.org geiro, de votar, de testar, de fixar
domicílio ou residência, bem como
Delegação Centro: Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Tel. 236 219 469 - E-mail: geral.centro@alzheimerportugal.org o direito de aceitar ou recusar tra-
tamentos que medicamente sejam
Delegação da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL indicados e propostos.
Tel. 291 772 021 - E-mail: geral.madeira@alzheimerportugal.org N/ Referência: 393639848
O Juiz de Direito
Dr. Marco Oliveira Águas
Núcleo do Ribatejo: R. Dom Gonçalo da Silveira n.º 31-A, 2080-114 Almeirim - Tel. 24 300 00 87 - E-mail: geral.ribatejo@alzheimerportugal.org A Oficial de Justiça
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro - Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha, 3810 Aveiro - Tel. 23 494 04 80 - E-mail: geral.aveiro@alzheimeportugal.org Maria Amélia Gonçalves Dias
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Aviso (Extrato)
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA
Juízo Local Cível do Seixal - Juiz 1
Processo: 173/20.6T8SXL
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Ministério Público
Beneficiário: João Fernandes
Faz-se saber que foi distri-
buído, neste tribunal, o pro-
cesso de Acompanhamento
de Maior em que é requerido
João Fernandes, nascido em
20-09-1934, filho(a) de Manuel
Fernandes e de Maria José
Fernandes, natural de São
Martinho [Funchal]; nacional
de Portugal, com domicílio na
Casa de Repouso Novo Hori-
zonte, Ld.ª, sita na Rua 25 de
Abril, Lote 1007, 2865-039 Fer-
não Ferro, com vista à determi-
nação de medidas adequadas.
N/ Referência: 393797654
Seixal, 24-01-2020.
A Juíza de Direito
Laura Maria Dias Godinho
Ribeiro Rações
O Oficial de Justiça
José Pires
Público, 29/01/2020
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA
Juízo Local Cível de Lisboa
Juiz 6
Processo: 26624/19.4T8LSB
ANÚNCIO
Acompanhamento de
Maior
Requerente: José Abel
Franco Pereira da Silva
Acompanhada: Hermínia
de Jesus Malhão Pereira
da Silva
Faz-se saber que foi dis-
tribuído neste Tribunal, o
processo de Acompanha-
mento de Maior em que
é requerida Hermínia de
Jesus Malhão Pereira da
Silva, com domicílio: Rua
Cidade de Bafatá, 14, 1800-
060 LISBOA, com vista à
determinação de medidas
de acompanhamento.
N/ Referência: 393459379
Lisboa, 15-01-2020
O Juiz de Direito
Dr. Alexandre Macedo
A Oficial de Justiça
Ana Ornelas
Público, 29/01/2020
EMPREGO
INSCREVA-SE EM
EMPREGO.PUBLICO.PT
EM PARCERIA COM
REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
EDITAL DE CASAMENTO
Vera Lúcia Espírito Santo Cardoso, Vi-
ce-Cônsul do Brasil em Lisboa, usando
das atribuições que lhe confere o art.º
18 da Lei de Introdução ao Código Civil,
faz saber que pretendem casar Jeffers-
son Sales da Costa, natural de Coronel
Fabriciano, Minas Gerais, Brasil, nascido
a 14/04/1996, residente e domiciliado na
Av. Antoine Velge, lote 2 - Aires, Palmela,
Portugal, Código Postal: 2950-011, nesta
jurisdição consular, filho de Celço Júnior
da Costa e de Elizangela de Sales Lopes
e Elizangela Maria de Azevedo, natural
de Santa Rita do Ituêto, Minas Gerais,
Brasil, nascida a 22/10/1987, residente e
domiciliada na Av. Antoine Velge, lote 2 -
Aires, Palmela, Portugal, Código Postal:
2950-011, nesta jurisdição consular, filha
de Francisco Agostinho de Azevedo e de
Nilma Maria de Azevedo.
Apresentaram os documentos exigidos
pelo Art.º 1.525 do Código Civil.
Se alguém souber de algum impedimen-
to, oponha-o na forma da Lei. Lavrado o
presente para ser afixado em lugar visível
da Chancelaria deste Consulado-Geral.
Doralice Lincoln
Oficial de Registro Civil “ad-hoc”
TRIBUNAL JUDICIAL
DA COMARCA
DE LISBOA
Juízo Local Cível do Seixal - Juiz 1
Processo: 461/19.4T8SXL
ANÚNCIO
Acompanhamento de Maior
Requerente: Carlos Manuel Dantas
dos Santos
Beneficiária: Maria da Conceição Cor-
reia Dantas
Faz-se saber que, nos autos de Acom-
panhamento do Maior acima identifi-
cados, por sentença já transitada em
julgado, foi decretado o acompanha-
mento de Maria da Conceição Correia
Dantas, nascida a 02-07-1922, NIF
103571779, com domicílio na Casa de
Repouso Dina Rua Gonçalves Zarco -
n.º 2, Vale Milhaços, 2855-455 Corroios,
mediante aplicação da(s) medida(s) de
representação geral, de administração
do seu rendimento mensal e de ad-
ministração ordinária dos seus bens
móveis e imóveis, a(s) qual(ais) se tor-
nou(aram) conveniente(s) desde 1 de
Janeiro de 2013;
Nomeados, como acompanhante(s)
do/a beneficiário/a, os seus filhos Car-
los Manuel Dantas dos Santos e Maria
Manuela Dantas dos Santos Ferreira,
aos quais foram atribuídos poderes ge-
rais de representação, poderes de ad-
ministração do rendimento mensal do/a
beneficiário/a e de administração ordi-
nária dos seus bens móveis e imóveis;
Não foi designado, por ora, o conselho
de família;
Determinado que a(s) medida(s) de
acompanhamento em vigor será(ão)
revista(s) com a periodicidade de 5 (cin-
co) em 5 (cinco) anos.
N/ Referência: 393816899
Seixal, 24-01-2020.
A Juíza de Direito
Laura Maria Dias Godinho Ribeiro
Rações
O Oficial de Justiça
José Pires
Público, 29/01/2020
 Público ClassiÄcados • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 39

CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DO PORTO, E.P.E.

PROCEDIMENTO CONCURSAL PARA RECRUTAMENTO PARA
TÉCNICO SUPERIOR DE RECURSOS HUMANOS
LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL
1. LICENÇA DE FUNCIONAMENTO
(M/F) Licença n.º 5/2019 | Centro Distrital de Lisboa (1) |
2. IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
Torna-se público que, por deliberação do Conselho de Administração de 10-01- Denominação do estabelecimento: Associação Reformados Pensionistas Idosos Os Bispinhos
Localização do estabelecimento: Rua da Igreja, n.º 25
2020, se encontra aberto, pelo prazo de 10 dias úteis, a contar da data de publi- Localidade: Almargem do Bispo Código Postal: 2715-228 Almargem do Bispo
citação deste extrato, o procedimento concursal com vista ao recrutamento de Distrito: Lisboa Concelho: Sintra Freguesia: Almargem do Bispo
Telemóvel/Telefone: 219 622 849 Fax: E-mail: arpi.bispinhos@sapo.pt
um Técnico Superior de Recursos Humanos, para preenchimento de um posto 3. IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE GESTORA
de trabalho no Centro Hospitalar Universitário do Porto, E. P. E., em regime de Nome completo: Associação Reformados Pensionistas Idosos Os Bispinhos
contrato individual de trabalho. Os requisitos e outras informações de interesse Morada: Rua da Igreja, n.º 25
Localidade: Almargem do Bispo Código Postal: 2715-228 Almargem do Bispo
para a apresentação das candidaturas e para o desenvolvimento do procedimen- 4. RESPOSTA SOCIAL A DESENVOLVER NO ESTABELECIMENTO
to concursal em apreço, constam da publicitação integral do aviso de abertura, Centro de Dia
inserto na página eletrónica do Centro Hospitalar Universitário do Porto, EPE. 5. CAPACIDADE MÁXIMA
O estabelecimento pode abranger o número máximo de 16 (dezasseis) utentes.
6. CONDIÇÕES A SATISFAZER
Obras para a melhoria da qualidade do espaço
7. EMISSÃO E PRAZO DE VALIDADE
Documento válido de 09/11/19 a 27/07/20 (Cento e oitenta dias úteis)
Data: 2019/11/08
Fátima Matos
MINISTÉRIO DA SAÚDE (1)
Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março.
Os dados constantes deste documento são registados no Sistema de Informação da Segurança Social. Poderá consultar
CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DE LISBOA CENTRAL, EPE pessoalmente a informação que lhe diz respeito, bem como solicitar a sua correção.
As falsas declarações são punidas nos termos da lei.

AVISO
Nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 5.º da Portaria n.º 207/2011, de
2-05, republicada pela Portaria n.º 229-A/2015, de 03-08, e da alínea c) do
número 1 da cláusula 7.ª do Acordo Coletivo de Trabalho publicado no Bo- LICENCIAMENTO DO FUNCIONAMENTO DO ESTABELECIMENTO DE APOIO SOCIAL
letim do Trabalho e Emprego n.º 48, de 29-12-2011, alterado e republicado 1. LICENÇA DE FUNCIONAMENTO
pelo Acordo Coletivo de Trabalho publicado no Boletim do Trabalho e Em- Licença n.º 30/2019 | Centro Distrital de Lisboa (1) | Substitui a licença n.º 22/2010
prego n.º 43, de 22-11-2015, e nos termos da deliberação do Conselho de 2. IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
Denominação do estabelecimento: Cascare - Serviços Personalizados de Apoio Domiciliário, Lda.
Administração de 21-11-2019, faz-se público que foi publicitado pelo Aviso Localização do estabelecimento: Avenida da República, Edifício República, 2.º Piso, escritório AH
(extrato) n.º 1351/2020, inserto no Diário da República, 2.ª Série, n.º 18 de Localidade: Alcoitão Código Postal: 2645-143 Alcabideche Ano: 2018
27-01-2020, o procedimento concursal comum conducente ao recrutamento Distrito: Lisboa Concelho: Cascais Freguesia: Alcabideche
Região:
Telemóvel/Telefone: 214 669 541 Fax: E-mail: mariajoao@apoiodomiciliario.com
de pessoal médico, para a categoria de Assistente Graduado Sénior de Car-
diologia da carreira médica e especial médica – área de exercício hospitalar,
3. IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE GESTORA
Nome completo: Cascare - Serviços Personalizados de Apoio Domiciliário, Lda.
9,85€
disponível
Vinhos Verdes
Castas:
do mapa de pessoal do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Morada: Avenida da República, Edifício República, 2.º Piso, escritório AH
EPE, cujo prazo de entrega das candidaturas é de 10 dias úteis, contados do Localidade: Alcoitão Código Postal: 2645-143 Alcabideche em 100% Alvarinho
dia seguinte ao da publicitação do mesmo no Diário da República. 4. RESPOSTA SOCIAL A DESENVOLVER NO ESTABELECIMENTO loja.publico.pt Álcool: 13,5%
Serviço de Apoio Domiciliário
Para mais informações, consultar a página eletrónica do CHULC, EPE, http:// Servir a: 12-15˚C
5. CAPACIDADE MÁXIMA
www.chlc.min-saude.pt/concursos-de-admissao-de-pessoal/, onde estão O estabelecimento pode abranger o número máximo de 40 (quarenta) utentes. Acompanha
disponíveis as informações complementares para formalização do processo 6. EMISSÃO bem com:
de apresentação de candidaturas. Data: 2019/12/10
queijos, peixes
Fátima Matos
Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, 27 de janeiro de 2020 (1)
Emitida ao abrigo do Decreto-Lei n.º 64/2007, de 14 de março, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 33/2014, de 4 de março. e algumas carnes,
O Diretor da Área de Gestão de Recursos Humanos Os dados constantes deste documento são registados no Sistema de Informação da Segurança Social. Poderá consultar pratos de arroz
pessoalmente a informação que lhe diz respeito, bem como solicitar a sua correção.
António Pedro Romano Delgado As falsas declarações são punidas nos termos da lei. e cozinhados
de forno

Dá-se conhecimento de que se encontra aber-
to procedimento de recrutamento de pessoal, em
regime de contrato individual de trabalho a termo
resolutivo certo, nos termos do Código do Traba-
lho, para a Faculdade de Ciências Médicas|NOVA
Medical School da Universidade Nova de Lisboa:
• 1 vaga de Técnico Superior (m/f), para os Se-
cretariados de Ensino, referência TS/SEC-ENSI-
NO/9/2020.
Pode ser consultado o Aviso do Procedimento de
Recrutamento acima referido em: www.nms.unl.
pt (Documentos/ Recursos Humanos/ Pessoal Não
Docente/ Procedimentos de Recrutamento).
O prazo-limite para submissão das candidaturas é
de 10 dias úteis a contar da data da publicação do
presente anúncio.
OFEREÇA
MÚSICA
Vinha A
Antiga
i Alvarinho,
Al
AVISO
um vinho que
Nos termos do disposto no artigo 21.º da Lei n.º 2/2004, de
15 de janeiro, na sua redação atual, faz-se público que se harmoniza consigo
encontram abertos, por um período de 10 dias úteis a contar Fechamos esta Garrafeira com o Vinha Antiga Alvarinho,
da data da publicitação na Bolsa de Emprego Público (BEP), um vinho fermentado e estagiado em barricas
procedimentos concursais com vista ao recrutamento para
de carvalho francês que expressa as características mais
cargos de direção intermédia das seguintes unidades
genuínas da casta Alvarinho. Prestígio, elegância,
orgânicas desta Secretaria-Geral, constantes do Aviso n.º
frescura e complexidade, são uma constante que
1440/2020, publicado na 2.ª série do Diário da República n.º
19/2020, de 28 de janeiro: acompanha o aroma e sabor deste vinho.
Junte-se à prova e saboreie alguns dos
- Direção de Serviços de Apoio Jurídico, com as atribuições
constantes do artigo 6.º da Portaria n.º 125/2014, de 25 de
melhores néctares portugueses
selecionados pelo Painel Nacional
junho, na redação dada pela Portaria n.º 264/2015, de 31
de agosto; de Avaliação de Vinhos
- Divisão de Estratégia, Planeamento e Estatística, com
as atribuições constantes no ponto 1.1 do Despacho n.º
10335/2015, publicado na 2.ª série do Diário da República, Encomende
n.º 182, de 17 de setembro de 2015; também em:
loja.publico.pt
- Divisão de Avaliação, Auditoria e Qualificação, com as coleccoes@publico.pt
atribuições constantes no ponto 4.2 do Despacho n.º 808 200 095
10335/2015, publicado na 2.ª série do Diário da República
n.º 182, de 17 de setembro de 2015;
- Gabinete de Gestão do Fundo Ambiental, com as atribuições
constantes no ponto 1 do Despacho n.º 1383/2017, publica-
do na 2.ª série do Diário da República n.º 29, de 9 de fev-
ereiro de 2017.
A indicação dos requisitos formais de provimento, dos perfis
exigidos, da composição do júri, dos métodos de seleção
e outras informações de interesse para a apresentação das EM
PARCERIA
candidaturas constarão das correspondentes publicitações
na BEP, a ocorrer três dias úteis após a publicação do pre-
COM: Painel Nacional de Avaliação de Vinhos

sente aviso no Diário da República. Colecção de 7 vinhos. PVP unit.: variável. Preço total da colecção: 71€.
Periodicidade semanal ao sábado. De 23 de Novembro de 2019 a
A Secretária-Geral 4 de Janeiro de 2020. Limitado ao stock existente. É proibida a venda
Alexandra Carvalho de álcool a menores de 16 anos. Seja responsável, beba com moderação
MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
40 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
SAIR
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Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Dor e Glória M16. 13h20; Parasitas M14.
20h50; A Ovelha Choné: A Quinta
Contra-Ataca M6. 13h20 (V.P./2D) ; O Caso
de Richard Jewell M12. 15h30, 18h10; A
Despedida M12. 19h30; Uma Vida
Escondida M14. 15h20, 20h40; 1917 13h30,
16h, 18h30, 21h; Bombshell - O
Escândalo M12. 13h, 15h10, 17h20,
21h30; Alva M12. 19h30
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
Parasitas M14. 16h15; 1917 14h; O Filme do
Bruno Aleixo M14. 22h
CinemaCity Campo Pequeno
Centro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420
Knives Out: Todos São Suspeitos M12.
21h40, 00h20; A Ovelha Choné: A Quinta
Contra-Ataca M6. 15h30 (V.P./2D); Star
Wars: Episódio IX - A Ascensão de
Skywalker M12. 15h40; Armados em
Espiões M6. 13h35, 16h, 18h20 (V.
P./2D); Cats M12. 19h40; O Caso de Richard
Jewell M12. 22h; The Grudge:
Maldição M16. 00h30; Dark Waters -
Verdade Envenenada M12. 00h20; As
Aventuras do Dr. Dolittle M6. 13h10, 15h20,
17h30 (V.P./2D), 13h30, 19h40 (V.O./2D); Bad
Boys Para Sempre M14. 13h35, 16h10,
18h50, 21h35, 00h10; Tudo Pela
Justiça M12. 21h, 23h50; A Princesa e o
Dragão M6. 13h30 (V.P./2D); 1917 13h25,
15h55, 17h20, 18h40, 19h30, 21h10, 21h50,
23h40; Bombshell - O Escândalo M12.
13h15, 15h25, 17h35, 19h45, 21h55,
00h15; Mosley e a Cidade Secreta M6.
13h25, 15h15, 17h25 (V.P./2D)
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Estádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996
Joker M14. 13h10, 16h10, 18h55,
21h35; Knives Out: Todos São
Suspeitos M12. 14h10, 17h30, 20h50; Que
Mal Fiz Eu a Deus Agora? M12. 13h30, 16h15,
19h, 21h25; Jumanji: O Nível Seguinte M12.
13h15, 16h05, 18h50, 21h40; Star Wars:
Episódio IX - A Ascensão de
Skywalker M12. 13h55, 17h10, 20h35; Dark
Waters - Verdade Envenenada M12.
20h45; Bad Boys Para Sempre M14. 13h10,
16h, 18h45, 21h30; Tudo Pela Justiça M12.
14h, 17h, 20h55; 1917 13h15, 15h55, 18h35,
21h20; Escândalo M12. 13h20, 15h50, 18h25,
21h; Mosley e a Cidade Secreta M6. 13h25,
15h40, 18h (V.P./2D); Um Casamento a
Mais M14. 13h50, 16h30, 19h05,
21h45; Cidade Sob Ameaça M14. 13h45,
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Cinemas Nos Amoreiras
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Que Mal Fiz Eu a Deus Agora? M12. 13h30
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Despedida M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h20,
23h45; Tudo Pela Justiça M12. 14h, 17h, 21h,
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20h30, 00h05 ; 1917 12h50, 15h30, 18h40,
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EscândaloM12. 13h, 15h50, 18h20, 21h10,
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Era Uma Vez em... Hollywood M16.
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Episódio IX - A Ascensão de
Skywalker M12. 14h, 17h10, 20h50, 24h; The
Grudge: Maldição M16. 21h50, 00h20; Bad
Boys Para Sempre M14. 13h05, 15h50,
18h40, 21h20, 00h10; Tudo Pela
Justiça M12. 12h40, 15h35, 18h30, 21h30,
00h30; 1917 12h50, 15h30, 18h10, 21h,
23h40; Bombshell - O Escândalo M12.
13h25, 16h05, 18h35, 21h10, 23h50; Mosley
e a Cidade Secreta M6. 13h40, 16h10, 18h45
(V.P./2D); O Filme do Bruno Aleixo M14.
13h10, 15h20, 21h25, 00h05; 1917 Sala Imax
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Joker M14. 19h10; Jumanji: O Nível
Seguinte M12. 12h40, 15h30, 23h50; Star
Wars: Episódio IX - A Ascensão de
Skywalker M12. 13h40, 17h, 20h50,
24h; Bad Boys Para Sempre M14. 12h50,
15h40, 18h30, 21h20, 00h10; Tudo Pela
Justiça M12. 13h, 16h, 21h50; 1917 13h20,
16h10, 19h, 21h40, 00h25; Bombshell - O
Escândalo M12. 13h10, 16h20, 18h50, 21h30,
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Nimas
Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362
A Herdade M12. 21h; Violeta M16.
16h15; 1917 14h, 18h45; Os Filhos de
Isadora M12. 12h30
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 213801400
O Informador M16. 13h55,
16h30; Joker M14. 16h20; Parasitas M14.
18h30, 21h25, 00h25; Knives Out: Todos
São Suspeitos M12. 00h15; La Belle
Époque M14. 13h20; Que Mal Fiz Eu a Deus
Agora? M12. 16h35, 00h15; Star Wars:
Episódio IX - A Ascensão de
Skywalker M12. 13h15; Mr. Jones - A
Verdade da Mentira 14h05, 16h40, 19h15,
21h50, 00h25; O Caso de Richard
Jewell M12. 13h25, 16h05, 18h50, 21h40,
00h20; A Despedida M12. 14h20, 16h55,
19h10, 21h25, 00h30; Dark Waters -
Verdade Envenenada M12. 18h50,
21h35; As Aventuras do Dr. Dolittle M6.
13h50, 16h15 (V.P./2D), 18h45, 21h45, 00h30
(V.O./2D); Bad Boys Para Sempre M14.
13h35, 16h10, 18h45, 21h20, 23h55; Tudo
Pela Justiça M12. 13h20, 16h15, 19h05,
21h55, 24h; Uma Vida Escondida M14.
13h30, 17h15, 21h05, 23h50; 1917 13h50,
16h25, 19h, 21h45, 00h20; Bombshell - O
Escândalo M12. 14h15, 16h35, 19h05, 21h30,
00h05; Mosley e a Cidade Secreta M6.
13h35, 16h (V.P./2D); O Filme do Bruno
Aleixo M14. 13h45, 16h25, 19h, 21h20,
00h10
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de
Mourelos. T. 16996
O Informador M16. 13h45, 16h25, 21h50,
00h30; Era Uma Vez em... Hollywood M16.
18h; Joker M14. 19h; Parasitas M14.
18h05; Knives Out: Todos São
Suspeitos M12. 20h45, 23h40 ; Jumanji: O
Nível Seguinte M12. 13h15, 16h10, 18h50,
21h40, 00h25; Star Wars: Episódio IX - A
Ascensão de Skywalker M12. 13h, 16h15,
20h30, 23h50; The Grudge: Maldição M16.
13h40, 16h20, 19h15, 21h55, 00h15; Bad
Boys Para Sempre M14. 12h50, 15h40,
18h40, 21h30, 00h20; Tudo Pela
Justiça M12. 12h20, 15h15, 18h15, 21h15,
00h20; Uma Vida Escondida M14. 13h20,
17h, 20h40, 23h20; 1917 12h40, 15h30,
18h20, 21h10, 24h; Bombshell - O
Escândalo M12. 13h10, 15h50, 18h30, 21h20,
00h05; Mosley e a Cidade Secreta M6.
13h30, 16h, 18h25 (V.P./2D); O Filme do
Bruno Aleixo M14. 12h30, 15h10, 17h25,
19h40, 22h, 00h20; Um Casamento a
Mais M14. 12h45, 15h35, 22h,
00h20; Cidade Sob Ameaça M14. 13h25,
15h45, 21h45, 23h55; 1917 Sala 4DX - 14h,
16h30, 19h10, 21h45, 00h15
Amadora
CinemaCity Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Instinto Predador M12. 00h30; Frozen II - O
Reino do Gelo M6. 13h20, 15h35 (V.
P./2D); Knives Out: Todos São
Suspeitos M12. 21h40; Jumanji: O Nível
Seguinte M12. 13h45, 16h20, 00h25; Star
Wars: Episódio IX - A Ascensão de
Skywalker M12. 12h50, 15h40, 18h30,
21h20; Armados em Espiões M6. 13h25,
Em estreia
lazer@publico.pt
1917
De Sam Mendes. Com Andrew
Scott, Benedict Cumberbatch,
Mark Strong, Richard Madden,
Colin Firth. EUA/GB. 2019. 118m.
Drama, Guerra. M14.
Em Abril de 1917, no auge da
Primeira Grande Guerra, dois
jovens soldados britânicos Æcam
encarregues de atravessar
território inimigo e entregar, em
mãos, uma mensagem que salvará
a vida dos 1600 homens que
incorporam o segundo batalhão
do Regimento Devonshire. A
missiva menciona a necessidade
de abortar o ataque do dia
seguinte às forças alemãs.
Bombshell - O Escândalo
De Jay Roach. Com Margot
Robbie, Charlize Theron, Alice
Eve, Nicole Kidman, John
Lithgow. EUA/CAN. 2019. 108m.
Drama. M12.
Um drama realizado por Jay Roach
sobre o escândalo relacionado
com Roger Ailes, um dos
fundadores do canal
norte-americano Fox News,
acusado de abuso de poder e
assédio sexual a várias
colaboradoras.
Cidade Sob Ameaça
De York Alec Shackleton. Com
Guy Pearce, Devon Sawa,
Michael Bellisario. EUA. 2020.
91m. Acção. M14.
Sentindo-se culpado pelo tiroteio
que atingiu fatalmente o seu
parceiro, o agente Jim Dillon muda
de cidade e promete a si mesmo
que nunca mais empunhará uma
arma. Infelizmente, depressa se vê
obrigado a mudar de ideias.
Mosley e a Cidade Secreta
De Kirby Atkins. Com Lucy
Lawless, John Rhys-Davies, Rhys
Darby. Nova Zelândia/China.
2019. 96m. M6.
Mosley é um torifante de quatro
patas escravo numa quinta. Certo
dia, depara-se com pinturas
Bomshell —
O Escândalo
rupestres onde estão desenhados
torifantes erguidos em duas patas,
com costas direitas e mãos.
Fascinado, Mosley acredita que ali
estão representados os seus
antepassados. Essa descoberta
incute-lhe um súbito desejo de
liberdade.
O Filme do Bruno Aleixo
De João Moreira, Pedro Santo.
Com Fernando Alvim, David
Chan Cordeiro, João Lagarto,
Adriano Luz, Manuel Mozos,
Adriano Luz, Rogério Samora,
Gonçalo Waddington. POR.
2019. 91m. Comédia. M14.
Bruno Aleixo, a personagem
cómica que parece uma mistura
entre um cão e um ewok, apareceu
pela primeira vez em 2008, em
vários vídeos espalhados pela
internet. Mais de dez anos e muito
sucesso depois, foi convidado a
escrever um Ælme sobre a própria
vida.
Os Filhos de Isadora
De Damien Manivel. Com Agathe
Bonitzer, Manon Carpentier,
Julien Dieudonné, Marika Rizzi.
FRA/Coreia do Sul. 2019. 84m.
Drama. M12.
Afundada em desgosto depois da
trágica morte dos seus dois Ælhos,
em Abril de 1913, a lendária
bailarina norte-americana Isadora
Duncan coreografou um solo
intitulado “Mãe“, uma
demonstração da profundidade da
sua dor.
Um Casamento a Mais
De Robert Luketic. Com Jenna
Dewan, Sarah Hyland, Keith
David. EUA. 2019. 90m.
Comédia. M14.
Mara é conhecida pela sua fobia ao
compromisso. Mas, quando
conhece Jake, algo de especial
acontece e eles acabam por dar
início a um relacionamento. Tudo
parece tranquilo até começarem a
receber convites de casamento dos
amigos próximos.
15h25, 17h35, 19h45 (V.P./2D); O Caso de
Richard Jewell M12. 21h, 23h45; The
Grudge: Maldição M16. 00h10; Dark
Waters - Verdade Envenenada M12.
23h55; As Aventuras do Dr. Dolittle M6.
15h20, 17h30, 19h40 (V.P./2D), 13h20, 19h50,
21h50 (V.O./2D); Bad Boys Para
Sempre M14. 13h35, 16h10, 19h, 21h35,
21h55, 00h15; Tudo Pela Justiça M12. 13h10,
15h50, 18h40, 21h30, 00h20; 1917 13h30,
16h, 17h50, 18h30, 19h10, 21h10, 21h50,
23h50, 00h25; Bombshell - O
Escndalo M12. 13h20, 15h30, 17h40, 19h50,
22h, 00h20; Mosley e a Cidade Secreta M6.
13h35, 15h40, 17h45 (V.P./2D)
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9, Alcabideche.
T. 16996
O Informador M16. 20h50, 00h20
; Jumanji: O Nível Seguinte M12. 13h20, 16h,
18h35, 21h10, 23h50; Armados em
Espiões M6. 13h30, 16h20, 18h40 (V.
P./2D); Dark Waters - Verdade
Envenenada M12. 12h45, 16h10, 18h55; Bad
Boys Para Sempre M14. 12h40, 15h30,
18h15, 21h, 23h40; Tudo Pela Justiça M12.
20h20, 23h20; 1917 13h, 15h40, 18h25,
21h20, 00h10 ; Bombshell - O
Escândalo M12. 13h40, 16h30, 19h, 21h30,
00h20; Mosley e a Cidade Secreta M6.
13h05, 15h20, 17h50 (V.P./2D); O Filme do
Bruno Aleixo M14. 21h40, 24h ; 1917 Sala
IMAX ? 12h35, 15h10, 17h50, 20h40, 23h30
Carcavelos
Atlntida-Cine
R. Dr. Manuel Arriaga, Centro Comercial
Carcavelos. T. 214565653
1917 15h, 21h30; Bombshell - O
Escndalo M12. 15h, 21h30
Leiria
Cineplace - Leiria Shopping
CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516
O Informador M16. 21h40; Frozen II - O
Reino do Gelo M6. 16h20 (V.P./2D); Jumanji:
O Nível Seguinte M12. 21h30; Star Wars:
Episódio IX - A Ascensão de
Skywalker M12. 18h30; Armados em
Espiões M6. 15h, 17h10, 19h20 (V.P./2D); As
Aventuras do Dr. Dolittle M6. 16h40, 19h (V.
P./2D), 21h20 (V.O./2D); Bad Boys Para
Sempre M14. 16h20, 18h50, 21h20; Tudo
Pela Justiça M12. 21h10; 1917 16h30, 19h,
21h30; Bombshell - Escândalo M12. 17h,
19h20, 21h40; Mosley e a Cidade
Secreta M6. 16h40, 18h50 (V.P./2D)
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Cineplace - Loures Shopping
Quinta do Infantado, Loja A003.
Frozen II - O Reino do Gelo M6. 15h10 (V.
P./2D); Jumanji: O Nível Seguinte M12.
21h30; Armados em Espiões M6. 16h40,
18h50 (V.P./2D); Bayala M6. 17h20, 19h20 (V.
P./2D); As Aventuras do Dr. Dolittle M6. 15h,
17h15, 19h30 (V.P./2D), 21h45 (V.O./2D); Bad
Boys Para Sempre M14. 16h20, 18h50,
21h20; Tudo Pela Justiça M12. 21h20; Uma
Vida Escondida M14. 21h10; 1917 16h30,
19h, 21h30; Bombshell - O Escândalo M12.
17h, 19h20, 21h40; Mosley e a Cidade
Secreta M6. 15h, 17h10, 19h20 (V.P./2D)
Secreta M6. 13h10, 15h30, 17h40 (V.P./2D)
Odivelas
Cinemas Nos Odivelas Strada
C.C. Strada Shopping. T. 16996
Jumanji: O Nível Seguinte M12. 20h40; Star
Wars: Episódio IX - A Ascensão de
Skywalker M12. 13h40, 17h30, 20h30; Bad
Boys Para Sempre M14. 13h, 15h40, 18h20,
21h10; 1917 12h50, 15h30, 18h10,
20h50; Bombshell - O Escândalo M12.
13h20, 16h, 18h40, 21h20; Mosley e a

Cidade Secreta M6. 13h30, 15h50, 18h30 (V.
P./2D)
Torres Vedras
Cinemas Nos Torres Vedras
C.C. Arena Shopping. T. 16996
O Informador M16. 13h20, 16h, 18h50,
21h40; Jumanji: O Nível Seguinte M12. 18h,
20h50; Armados em Espiões M6. 13h,
15h20 (V.P./2D); Bad Boys Para Sempre M14.
12h40, 15h50, 18h40, 21h30; 1917 12h50,
15h30, 18h20, 21h; Bombshell - O
Escndalo M12. 13h10, 15h40, 18h30, 21h20
Seixal
Cineplace - Seixal
Qta. Nova do Rio Judeu. T. 0
O Informador M16. 21h50; Frozen II - O
Reino do Gelo M6. 15h10 (V.P./2D); Jumanji:
O Nível Seguinte M12. 21h20; Star Wars:
Episódio IX - A Ascensão de
Skywalker M12. 21h10; Armados em
Espiões M6. 16h50, 19h (V.
P./2D); Bayala M6. 17h20, 19h20 (V.P./2D); As
Aventuras do Dr. Dolittle M6. 16h35 (V.
P./2D), 18h55 (V.O./2D); Bad Boys Para
Sempre M14. 16h20, 18h50, 21h30; Tudo
Pela Justiça M12. 21h20; 1917 16h30, 19h,
21h30; Bombshell - O Escândalo M12. 17h,
19h20, 21h40; Mosley e a Cidade
Secreta M6. 15h20, 17h30, 19h40 (V.P./2D)
Lagos
Algarcine - Cinema de Lagos
R. Cndido dos Reis. T. 282799138
1917 15h, 21h30; Bombshell - O
Escândalo M12. 15h, 21h30
Olhão
Algarcine - Cinemas de Olhão
C.C. Ria Shopping. T. 289703332
O Caso de Richard Jewell M12. 21h30; As
Aventuras do Dr. Dolittle M6. 14h15, 16h30
(V.P./2D), 18h45 (V.O./2D); 1917 14h15, 16h30,
21h30; Bombshell - OEscândalo M12. 14h15,
16h15, 18h15, 21h30; Mosley e a Cidade
Secreta M6. 18h15 (V.P./2D)
TEATRO
Lisboa
Teatro da Politécnica
Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281
A Máquina Hamlet Comp.: Artistas Unidos.
Enc. Jorge Silva Melo. Com Américo Silva,
André Loubet, Hugo Tourita, Inês Pereira,
João Estima, João Madeira, João Pedro
Mamede e José Vargas. De 15/1 a 22/2. 3ª e
4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h.
Teatro da Trindade
Largo da Trindade, 7A. T. 213420000
Chicago De Fred Ebb e Bob Fosse. Enc.
Diogo Infante. Com Gabriela Barros, Soraia
Tavares, Miguel Raposo, José Raposo,
Catarina Guerreiro, Ana Cloe, Carlota
Carreira, Catarina Alves, Filipa Peraltinha,
Leonor Rolla, Mariana da Silva, Sofia
Loureiro, David Bernardino, Gonçalo Cabral,
João Lopes, JP Costa, Pedro Gomes e
Ricardo Lima. Coreog. Rita Spider. De 11/9 a
29/3. 4ª, 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h30 e 21h.
Dom às 16h30. Musical. Duração: 2h. Um
Número Enc. André Murraças. Com Virgílio
Castelo e José Pimentão. De 15/1 a 8/3. 4ª a
Dom às 19h. M/12. Duração: 1h15.
Teatro do Bairro
Rua Luz Soriano, 63 (Bairro Alto). T.
213473358
Hamlet Enc. Luís Moreira. De 8/1 a 2/2. 4ª a
Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/14. Duração:
2h.
Teatro Meridional
Rua do Açúcar, 64 (Poço do Bispo). T.
218689245
Ca_Minho Comp.: Teatro Meridional e
Comédias do Minho. Enc. Miguel Seabra. De
9/1 a 2/2. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h.
EXPOSIÇÕES
Lisboa
3 + 1 Arte Contempornea
Largo Hintze Ribeiro, 2 E-F. T. 210170765
Modo de Uso De Claire de Santa Coloma.
De 17/1 a 7/3. 3ª a 6ª das 14h às 20h. Sáb das
11h às 16h. Escultura.
Galeria Bruno Múrias
Rua Capitão Leitão, 10/16.
I Can’t See You, But I Know You’re Here De
Rui Calçada Bastos. De 11/1 a 7/3. 3ª a Sáb
das 14h às 19h.
Galeria da Boavista
R. da Boavista, 50. T. 913059858
Estás Vendo Coisas De Bárbara Wagner e
Benjamin de Burca. De 17/1 a 12/4. 3ª a 6ª das
14h30 às 19h. Sáb e Dom das 10h às 13h e
das 14h às 18h. Instalação.
Galeria Diferença
Rua São Filipe Neri, 42 - Cave. T. 213832193
Topografias Rurais / Rural Topographies
De Alberto Carneiro, Ana Lupas, Lala
Meredith-Vula e Claire de Santa Coloma. De
8/12 a 8/2. 3ª a 6ª das 14h às 19h. Sáb das 15h
às 20h. Interactivo, Outros.
LU.CA - Teatro Luís de Camões
Calçada da Ajuda, 80. T. 215939100
Bonecos Salgados De Ricardo Nicolau. De
10/1 a 2/2. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às
18h. Sáb e Dom das 11h às 13h e das 14h às
19h. Escultura.
Lumiar Cité
R. Tomás del Negro, 8-A.
T. 213521155
Ao Subir a Escada, Não Estou em Cima,
Nem em Baixo... De Tonio Kröner. De 9/11 a
2/2. 4ª a Dom das 15h às 19h ou noutro
horário, mediante marcação. Pintura,
outros.
Museu Nacional do Traje
Largo Júlio Castilho. T. 217567620
Blood Red Luxury De Luís Godinho. De
21/12 a 1/3. 3ª a Dom das 10h às 18h (encerra
dias 24 e 25 Dezembro e 1 Janeiro).
Fotografia.
Perve Galeria
Rua das Escolas Gerais, 17/19/23. T.
218822607
Figueiredo Sobral - Retrospectiva de Um
Mestre De Figueiredo Sobral. De 17/12 a
29/2. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Gravura,
escultura.
PORTA 14 calçada do correio velho
Calçada do Correio Velho, 10-14. T. 0
1838 Que de Mots Pour si Peu des Choses
De Jorge Queiroz. De 9/1 a 9/2. 2ª a 6ª das
11h às 19h.
Barreiro
Auditório Municipal Augusto Cabrita
Avenida Escola de Fuzileiros Navais - Parque
da Cidade. T. 212070578
Living Among What’s Left Behind De Mário
Cruz. De 9/11 a 2/2. 3ª a Dom das 14h às 20h
(Galeria Azul). Fotografia.
Beja
Museu Regional de Beja - Rainha D. Leonor
Largo da Conceição / Igreja de Santo Amaro.
T. 284323351
Marcas do Território - Testemunhos do
Património do Baixo Alentejo A partir de
21/3. 3ª a Dom das 09h30 às 12h30 e das 14h
às 17h15. Documental, Escultura, Outros.
Grândola
Museu de Arte Sacra de Grndola (Igreja de
São Sebastião)
Rua General Humberto Delgado. T.
269442234
Exposição Permanente A partir de 23/8.
Todos os dias das 10h às 13h e das 14h30 às
18h. Pintura, Escultura, Outros.
Lagos
Centro Ciência Viva de Lagos
Rua Dr. Faria e Silva, 34.
T. 282770000
Do Astrolábio ao GPS A partir de 2/8. 3ª a
Dom e feriados das 10h às 18h. Documental,
Objectos, Outros. Exposição permanente.
Centro Cultural de Lagos
R. Lançarote de Freitas, 7. T. 282770450
Azul Branco Verde Negro De Ana Carvalho.
De 25/1 a 18/4. 3ª a Sáb das 10h às 18h.
Pintura, desenho. Spaces in Between De
Kerstin Wagner. De 25/1 a 18/4. 3ª a Sáb das
10h às 18h. Pintura.
Leiria
Mimo - Museu da Imagem em Movimento
Largo de S. Pedro - Cerca do Castelo. T.
244839675
O Fascínio do Olhar A partir de 12/3. Todos
os dias das 09h30 às 17h30. Objectos,
Outros. Exposição Permanente.
Museu de Leiria
Rua Tenente Valadim, Nº 41. T. 244839677
Plasticidade - Uma História dos Plásticos
em Portugal De 6/4 a 31/12. Todos os dias
das 09h30 às 17h30. Objectos.
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 41
Pirescoxe
Galeria Municipal do Castelo de
Pirescouxe
Urbanização do Castelo de Pirescouxe. T.
219599458
Olhares pela História A partir de 25/1. 3ª a
Sáb das 10h às 12h e das 13h às 18h.
Documental. Exposição permanente.
Portimão
Museu Municipal de Portimão
Rua Dom Carlos I (Antiga Fábrica de
Conservas La Rose - Feu Hermanos). T.
282405230
Estuários De Arlindo Arez. De 7/12 a 23/2. 3ª
das 14h30 às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h.
Pintura. Portimão - Território e Identidade
A partir de 1/1. 3ª das 19h30 às 23h (Horário
de Verão), das 14h30 às 18h (Horário de
Inverno). 4ª a Dom das 15h às 23h (Horário
de Verão), das 10h às 18h (Horário de
Inverno). Documental. Exposição
permanente.
MÚSICA
Lisboa
Altice Arena
Rossio Olivais, Lote 2.13.01A T. 218918409
Day6 Dia 29/1 às 19h (Sala Tejo). Gravity
World Tour.
Fundação e Museu Calouste Gulbenkian
Avenida de Berna, 45A. T. 217823000
Alexei Volodin e Orquestra Gulbenkian
Maestro Jaime Martín. De 29/1 a 30/1. 4ª às
19h. 5ª às 21h.
Hot Clube de Portugal
Praça da Alegria, 48. T. 213619740
Mou Brasil Quinteto Dia 29/1 às 22h30 e
24h.
MusicBox
Rua Nova do Carvalho, 24 - Cais do Sodré. T.
213430107
The Legendary Tigerman Dia 29/1 às
22h30. One Man Band Tour.
Teatro Nacional de São Carlos
Largo de São Carlos, 17. T. 213253045
Maria Stuarda Com Coro do Teatro
Nacional de São Carlos e Orquestra
Sinfónica Portuguesa. Com Alessandra
Volpe, Ekaterina Bakanova, Leonardo
Cortellazzi, Luís Rodrigues, Christian Luján,
Rita Marques. Enc. Andrea De Rosa. Mús.
Gaetano Donizetti. De 25/1 a 2/2. Todos os
dias às 20h (dias 25, 27, 29 e 31). Dom às 16h
(dia 2).
Teatro Tivoli BBVA
Avenida da Liberdade, 182. T. 213572025
Tasting Fado A partir de 4/7. 4ª a Sáb às 19h.
M/6. Duração: 1h. Informações e reservas:
tastingfado@uau.pt, 217803670,
962298377.
Faro
Teatro das Figuras
Horta das Figuras (Estrada Nacional 125). T.
289888110
Orquestra Clássica do Sul Maestro Miguel
Sepúlveda. Dia 29/1 às 10h30. Concerto
Pedagógico. M/3. Duração: 50m.
FESTAS E FEIRAS
Vila Nova de Santo André
Vila Nova de Santo André
Vila Nova de Santo André.
Festival da Enguia da Lagoa de Santo
André 2020 De 24/1 a 9/2. Todos os dias. 6.ª
edição. Nos restaurantes A Cascalheira, A
Charrua, Chez Daniel, Copacabana, Faz-te
Esperto, O Gatinho, Quinta do Giz,
Tasquinha do Ilídio, Ti Lena Restaurante &
Casa do Gin.
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa/Serviço Permanente
Alb (Estrela - Infante Santo) - Rua de Santana À
Lapa, 156 - Tel. 213963562 Alcalis (Entre Al. Af.
Henr. e M. Soares) - Rua Carvalho Araújo, 46 - B -
Tel. 218141708 Serejo Lda (Zona J de Chelas junto
à Esquadra da PSP) - Av. João Paulo II, 531 Loja - B -
Tel. 218592611 Zenel (Campolide - Bº da Serefina)
- R. Dr. Inácio Pardelhas Sanches, 182 - Tel.
213851840
Outras Localidades/Serviço Permanente
Abrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo)
Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense
Albufeira - Albufeira Alcácer do Sal - Alcacerense
Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Epifânio
Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer -
Nobre Rito Aljustrel - Pereira Almada - Rainha
Santa (Cova da Piedade) Almeirim - Central
Almodôvar - Ramos Alpiarça - Aguiar Alter do
Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere -
Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge),
Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D.
Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Cavaca,
Guizo Ansião - Medeiros (Avelar), Rego (Chão de
Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos -
Misericórdia Arronches - Batista, Esperança
(Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da
Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias
da Silva, Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo
(Manique do Intendente) Barrancos -
Barranquense Batalha - Ferraz, Silva Fernandes
(Golpilheira) Beja - J. A. Pacheco Belmonte - Costa,
Central (Caria) Benavente - Batista Bombarral -
Franca Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central
Caldas da Rainha - Caldense Campo Maior -
Campo Maior Cartaxo - Pereira Suc. Cascais -
Cascais, das Areias (Estoril), Silveira São
Domingos de Rana (S. Domingos de Rana) Castelo
Branco - Nuno Alvares Castelo de Vide - Roque
Castro Verde - Alentejana Chamusca - Santa
Catarina (Carregueira), Joaquim Maria Cabeça
Constância - Vila Farma Constância, Carrasqueira
(Montalvo) Coruche - Higiene Covilhã - Parente
Cuba - Da Misericórdia Elvas - Sousa
Entroncamento - Almeida Gonçalves Estremoz -
Grijó Évora - Paços Faro - Almeida, Da Penha
Ferreira do Alentejo - Singa Ferreira do Zêzere -
Graciosa, Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do
Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda),
Vidigal Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão -
Vitória Gavião - Mendes (Belver), Gavião Golegã -
Salgado Grândola - Costa Idanha-a-Nova -
Andrade (Idanha A Nova) Lagoa - Vieira Santos
(Estombar), Amparo Lagoa Loulé - Nobre Passos
(Almancil), Martins, Maria Paula (Quarteira) Loures
- Sálvia, Cortes (Sacavém) Lourinhã - Quintans
(Foz do Sousa), Liberal (Reguengo Grande) Mação
- Catarino Mafra - Costa Maximiano (Sobreiro),
Nogueira (Venda do Pinheiro) Marinha Grande -
Duarte Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada
Monchique - Higya Monforte - Jardim
Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - São
Pedro Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão,
Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central
Nazaré - Ascenso, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré)
Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/
Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira
Odivelas - Santo Adrião, Torres (Arroja) Oleiros -
Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia
Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão -
Pacheco Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense
Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor -
Melo Peniche - Proença Pombal - Vilhena Ponte de
Sor - Varela Dias Portalegre - Cunha Miranda
Portel - Fialho Porto de Mós - Lopes
Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira
Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos
de Monsaraz - Paulitos Rio Maior - Central
Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Sá da
Bandeira Santiago do Cacém - Jerónimo Sardoal -
Passarinho Serpa - Serpa Jardim Sertã - Farinha
(Cernache do Bonjardim), Confiança Sesimbra -
de Santana (Santana) Setúbal - Avenida, Bonfim
Silves - Dias Neves, Sousa Coelho Sines -
Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra -
Garcia (Cacém), Zeller (Queluz), Rio Mouro (Rio de
Mouro) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel -
Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Félix
Franco Tomar - Alfa (Porto da Laje) Torres Novas -
Lima Torres Vedras - Torreense Vendas Novas -
Santos Monteiro Viana do Alentejo - Nova
Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva
Domingos Vila Franca de Xira - Nova Alverca,
Central Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia),
Carvalho (Praia do Ribatejo), Barquinha Vila Real
de Santo António - Carmo Vila Velha de Rodão -
Pinto Vila Viçosa - Duarte Alvito - Baronia Ansião -
Moniz Nogueira Ourém - Avenida Portimão - Rio
Redondo - Alentejo
42 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
FICAR
CINEMA
Dragão: A Vida de Bruce Lee
Fox Movies, 21h15
Baseado nas biograÆas de Linda
Lee Cadwell (Bruce Lee: The Man
Only I Knew) e de Robert Clouse
(Bruce Lee: The Biography), Dragão
conta a história da lendária estrela
de Ælmes de artes marciais, que
morreu em 1973, com apenas 32
anos, em circunstâncias que
continuam ainda hoje por apurar
— a versão oÆcial está relacionada
com um efeito secundário de uma
substância presente num
analgésico que tomou. Recebeu o
Prémio Especial da Sociedade de
Cinema Político (EUA). No elenco,
Jason Scott Lee, Lauren Holly e
Robert Wagner.
Três Reis
Hollywood, 21h30
Uma incursão sem camuÇagens à
guerra e às opções bélicas dos
Estados Unidos, satírica q.b., com
toda a acção e suspense que se
espera de um Ælme de guerra e
ainda um deserto polvilhado de
humor reÆnado. Em 1991, no Ænal
da Guerra do Golfo, um grupo de
soldados americanos planeia
roubar ouro de Saddam Hussein
escondido no Iraque. O major
George Clooney e os sargentos
Mark Wahlberg e Ice Cube são os
magos desta premiada história
realizada por David O. Russell.
Diamantino
TVCine Edition, 22h
Diamantino (Carloto Cotta), exímio
jogador de futebol, é uma estrela
mundial conhecida não só pelo seu
talento, mas também por dois
ingredientes que se misturam em
doses iguais: ingenuidade e
ignorância. Um dia, depois de um
episódio que o deixa
profundamente abalado, perde a
desenvoltura em campo e vê a sua
carreira terminar abruptamente. É
assim que, em busca de um novo
propósito para a vida, se depara
com assuntos sobre os quais nunca
antes tinha refectido — entre eles, a
crise dos refugiados, o
neofascismo e a manipulação
genética. Grande Prémio da
Semana da Crítica em Cannes,
uma comédia dramática de Gabriel
Abrantes e Daniel Schmidt, a dupla
também responsável por A History
of Mutual Respect (2010) e Palácios
de Pena (2011).
DOCUMENTÁRIOS
Bicicletas de Nhanderú
TVCine Edition, 17h10
De Ariel Ortega, uma imersão na
espiritualidade presente no
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.10
Bem-Vindos a Beirais 15.01 A Nossa
Tarde 17.30 Portugal em Directo 19.08
O Preço Certo 19.59 Telejornal 21.00
Mesa Portuguesa... com Estrelas Com
Certeza! 21.36 Joker 22.27 Cá por Casa
com Herman José 23.51 Desliga a
Televisão 0.43 Anatomia de Grey 1.29
Janela Indiscreta 2.21 Grande
Entrevista 3.16 O Sábio 3.58
Televendas 5.59 Manchetes 3
RTP 2
6.32 Repórter África - 2.ª Edição 7.00
Espaço Zig Zag 10.59 Faça Chuva Faça
Sol 11.29 Viagens de Comboio 12.16 O
Regresso de Lucas 13.05 Os Daltons
13.20 O Amanhecer dos Croods 13.42
O Carlos Escolhe 13.53 Folha de Sala
14.00 Sociedade Civil 15.00 A Fé dos
Homens 15.34 Nada Será Como Dante
16.05 O Regresso das Aves do Lago
16.58 Espaço Zig Zag 21.02 Mighty
Mustangs 21.30 Jornal 2 22.04 Folha
de Sala 22.12 Gigantes 23.08 Home: O
País da Ilusão 0.35 Fortitude 1.27
Sociedade Civil 2.28 Euronews 4.58
Aqui Tão Longe 5.49 Os Nossos Dias
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.15 Alô
Portugal 10.15 O Programa da Cristina
13.00 Primeiro Jornal 14.45 Amor
Maior 16.15 Júlia - Emoções Fortes
18.15 Amor À Vida 19.15 Amigos
Improváveis 19.57 Jornal da Noite
21.40 Nazaré 22.20 Terra Brava 23.20
A Dona do Pedaço 0.20 Passadeira
Vermelha 1.55 Amigos Improváveis
2.55 Mentes Criminosas 3.40
Televendas 5.35 Os Malucos do Riso
TVI
6.00 1ª Hora 7.00 Diário da Manhã
10.14 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma
14.45 Belmonte 15.42 Doce Tentação
16.15 A Tarde É Sua 19.13 Ver p’ra Crer
19.57 Jornal das 8 21.55 Na Corda
Bamba 23.17 Prisioneira 00.22 Mais
Transferências 1.00 Chicago Med 2.47
Mundo ao Contrário 3.18 Louco Amor
3.38 Apanha se Puderes 4.30 TV Shop
TVCINE TOP
9.55 White Boy Rick 11.45 Monstros
Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald
Os mais vistos da TV
Segunda-feira, 27
Nazaré
% Aud. Share
SIC 15,5 30,3
Jornal da Noite SIC 12,5 23,1
Terra Brava SIC 12,4 28,5
O Preço Certo RTP1 10,8 23,4
Telejornal RTP1 9,9 18,5
FONTE: CAEM
13.55 Captive State - Cercados 15.50 O
Predador (2018) 17.35 Se Esta Rua
Falasse 19.30 Asiáticos Doidos e Ricos
21.30 Parque das Maravilhas (VO)
23.00 Aquaman 1.25 Mãe Malvada
3.00 Miss Bala (2019) 4.50 Uma Família
Ideal
FOX MOVIES
9.31 O Que uma Rapariga Quer 11.07
Mcquade, o Lobo Solitário 12.47 O
Expatriado 14.21 O Acontecimento
15.42 Need for Speed: O Filme 17.39 O
Fugitivo 19.41 Perigo no Oceano 21.15
Dragão: A Vida de Bruce Lee 23.15
Desaparecido em Combate III 0.50 O
Mercenário 2.31 Sol Nascente 4.39
Desaparecido em Combate
CANAL HOLLYWOOD
10.35 Red Tails 12.40 Num Outro Tom
14.30 Como Ser Solteira 16.20
Operação Flecha Quebrada 18.10
Perseguição Escaldante 19.40 Red:
Perigosos 21.30 Três Reis 23.30 A Saga
Viking 1.10 O Álibi Perfeito 2.35 O
Candidato da Verdade 4.40 As
Viagens de Gulliver
AXN
13.04 Mentes Criminosas 14.39 Snitch
- Infiltrado 16.33 Ataque ao Poder
18.45 Investigação Criminal 21.15 The
Blacklist 22.05 Mentes Criminosas
22.50 Engana-me Que Eu Gosto 0.50
No Vale de Elah 2.54 Investigação
Criminal 3.38 Arma Mortífera 5.06
Mentes Criminosas
AXN BLACK
13.46 Os Despojos do Dia 16.02 Ronin
18.04 O Segurança do Shopping 19.39
O Segurança do Shopping: Las Vegas
21.14 Miúdos e Graúdos 22.57
Negócios de Ocasião 0.29 O Falcão
Ataca de Novo 2.11 Shoot ‘Em Up -
Atirar a Matar 3.39 Donnie Brasco
AXN WHITE
13.23 O Mentalista 14.08 As Aventuras
de Tintin - O Segredo do Licorne 15.55
Escola de Rock 17.47 O Mentalista 19.17
A Teoria do Big Bang 21.24
Sobrenatural 22.09 Guerra é Guerra
23.44 O Chef (2014) 1.41 Sobrenatural
3.11 The Catch 5.20 Psych - Agentes
Especiais
RTP1 13,6
RTP2 1,1
SIC 21,4
TVI
14,2
Cabo
36,4
FOX
11.27 Chicago P.D. 14.25 Investigação
Criminal: Los Angeles 15.56 Hawai
Força Especial 17.27 C.S.I. Miami 18.56
Investigação Criminal: Los Angeles
20.31 Hawai Força Especial 22.15 FBI
23.55 Cabine Telefónica 1.16 C.S.I.
Miami
FOX LIFE
11.46 Anatomia de Grey 13.14 9-1-1
13.59 Chicago Med 14.43 Menendez:
Blood Brothers 16.11 Her Son’s Secret
17.41 High School Lover 19.09 Lei &
Ordem: Unidade Especial 20.46 9-1-1
21.31 Chicago Med 22.20 Anatomia de
Grey 23.11 The Resident 0.01
Flashdance 1.43 Small Indiscretion
3.10 Lei & Ordem: Unidade Especial
DISNEY
15.00 A Irmã do Meio 15.48 A Raven
Voltou 16.36 Coop & Cami 17.25
Phineas e Ferb 17.47 Star Contra as
Forças do Mal 18.35 Os Green na
Cidade Grande 19.20 Gravity Falls
20.06 Miraculous - As Aventuras de
Ladybug
DISCOVERY
17.30 A Minha Família Vive no Alasca
19.15 Desmontar a História 21.00
Controlo de Fronteiras 2.20
Desmontando o Cosmos 3.05 Já
Estavas Avisado! 4.35 Guerra de
Propriedades 5.00 Negócio Fechado
HISTÓRIA
17.04 O Preço da História 20.31 A
Grande Corrida Romana 22.15 A
Comida Que Mudou O Mundo 23.37
Portugal Desconhecido 1.07 A
Maldição do Ouro dos Confederados
2.29 Alienígenas 3.58 A Maldição do
Ouro dos Confederados
ODISSEIA
17.42 América do Norte Vista do Céu:
Cidades 24H 18.34 Resgate na Praia
19.20 Aviões SOS Viral 20.51 Aviões
Que Mudaram o Mundo 21.38
Guerreiros do Ar 22.30 Aviões SOS
Viral 23.15 Aviões Que Mudaram o
Mundo 0.03 Guerreiros do Ar 0.55
Aviões SOS Viral 1.41 Aviões Que
Mudaram o Mundo 2.28 Aviões SOS
Viral 3.14 The Real Thing
quotidiano dos mbyas-guaranis, da
aldeia Koenju, em São Miguel das
Missões, no Rio Grande do Sul. Um
Ælme produzido pelo projecto
Vídeo nas Aldeias, que narra a
cultura indígena e mostra como a
inÇuência do ocidental ameaça a
cultura e o bem-estar deste povo.
Home: O País da Ilusão
RTP2, 23h08
Premiado documentário da
realizadora luso-colombiana
Josephine Landertinger, Ælmado
no Porto, que constitui uma
espécie de reÇexão sobre qual é,
aÆnal, a casa de quem já viveu um
pouco por todo o mundo.
Josephine conta a história de sua
mãe, uma mulher que, para ver o
mundo, decidiu deixar a família, o
país, a carreira e ir atrás do amor
da sua vida. Depois de ter residido
em oito países, envelhece agora,
solitária e desenraizada, em
Portugal.
SÉRIES
Mighty Mustangs
RTP2, 21h02
Estreia de uma série juvenil sobre
um grupo de raparigas cujo
objectivo passa por criar a primeira
equipa de futebol feminino do
clube local. Marnie mal pode
esperar para começar a jogar com
as Mustangs. Mas sem treinador,
uniforme e jogadoras, como
podem elas formar uma equipa?
Anatomia de Grey
Fox Life, 22h20
Segunda parte da 16.ª temporada
daquele que já é o drama médico
mais longo de sempre. A história
de um grupo de cirurgiões
residentes, visitantes e assistentes
que enfrentam as diÆculdades
inerentes à carreira competitiva
que escolheram. Com Ellen
Pompeo, Justin Chambers e Kevin
McKidd.
INFANTIL
A Dama e o Vagabundo
(V. Port.)
TVCine Emotion, 9h40
Um dos mais encantadores e
românticos clássicos da animação
de sempre — e, claro!, a maior
história de amor canino de todos
os tempos. Dama é uma linda
cocker spaniel que vive feliz com
os seus donos. Mas quando a
dona lhe diz que espera um bebé,
tudo muda. Quando chega a tia da
dona, ainda pior. E Dama foge de
casa, enfrentando vários perigos,
até que um rafeiro, o Vagabundo,
a salva. É amor à primeira vista e
um sem Æm de aventuras.
 Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 43

JOGOS

CRUZADAS 10.871 TEMPO PARA HOJE

Horizontais: 1. Ambiente. Puro. 2. Pela Verticais: 1. O sinal do cristão. Corda
(...), ao de leve. Dissolve num líquido. ou cabo grosso com que se atraca o
3. Grande porção de uvas. Antiga navio. 2. Limpar, banhando em líquido.
flauta pastoril. 4. Arma de arremesso Conduzir. 3. Figura. Qualidade Viana do Bragança
Castelo 8º 11º
com três dentes, usada na pesca, no (popular). 4. Puxador redondo. Prata (s.
Amazonas. Grupo circular de ilhas de q.). 5. Embarcação típica de Sesimbra. 14º 17º
Braga
coral. 5. Substituído por coisa nova ou Centésima parte do hectare. 6. 11º 15º Vila Real
melhor. 6. Adoçado com mel. Eles. 7. Metamorfose ou representação gráfica
10º 12º
Magnésio (s.q.). Gago. Carne da parte de um utilizador em realidade virtual 13º Porto
inferior do lombo do porco. 8. Lição. (Informática). 7. Serviços Secretos dos 12º 14º
Mensageiro (fig.). 9. Espécie de EUA. Idolatrar. 8. Orifício por onde as Viseu
albufeira. Sulcar com o arado. 10. abelhas entram no cortiço. Guarda
2,5-3m 9º 12º
Despontar no horizonte. Que ou aquele Acrescentar. 9. Feriado escolar. Aveiro
7º 10º
que ri ou zomba. 11. Vento brando. Coberto de suor. 10. Juízo. Outra 14º 17º Penhas
Mulher formosa (fig.). gente. 11. Menção. Rádio (s.q.). Douradas
Coimbra 1º 7º
Depois do problema resolvido
13º 16º
encontre o título de uma obra de C. J. Castelo
Tudor (2 palavras). Branco
Leiria 11º 14º
13º 17º

Santarém
Portalegre
Solução do problema anterior: 13º 16º
Horizontais: 1. FILHO. TODOS. 2. Raia. Quieto. 3. Ata. Eu. Ruas. 4. Cada. Eras. 5. 10º 13º
Agora. Or. Oo. 6. Adro. SE. 7. Proa. SA. 8. Atoar. Penca. 9. TEU. ADENTAR. 10. Lisboa
Ancorar. Ovi. 11. SOS. Russos. 12º 15º
Verticais: 1. Fraca. Nata. 2. Iatagã. TENS. 3. Liado. Pouco. 4. Ha. Arara. OS. 5.
ADORAR. 6. QUE. Ra. Dar. 7. Tu. Roo. Peru. 8. Oirar. Sen. 9. Deus. SANTOS. 10. Ota. Setúbal
OE. Cavo. 11. Sosso. Paris. 10º 16º Évora
Provérbio: Se teu filho adentar, todos os santos tens que adorar. 10º 15º
AMANHÃ

15º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 11º 16º
10º 16º

Dador: Norte 2,5-3,5m

Vejamos como: Ás de copas e espada Problema
Vul: Todos para o Rei, copa cortada (!), Ás de espa-
das, que baldamos um pau, e espada
9516 Sagres
Faro
cortada com um trunfo grande. Se al- Dificuldade: 9º 17º
NORTE 10º 17º
Ƅ A9763 gum dos adversários baldar nesta vaza, Fácil
resta-nos destrunfar e esperar que o 16º
ƆA 1m
naipe de paus esteja dividido 2-2.
Ƈ 98
ƅ A8652 Mas, se todos tiverem assistido até aqui, Açores
devemos continuar com o 2 de trunfo Corvo
para o 9 do morto, cortar mais uma es- Graciosa
pada, destrunfar e aceder de novo ao Terceira
OESTE ESTE Solução do Flores
morto através do Ás de paus para poder S. Jorge 15º 18º
Ƅ 1085 Ƅ QJ42 problema 9514 15º 18º
encaixar a 12.ª vaza – a espada apurada!
Ɔ J10974 Ɔ 86532 17º 16º
A propósito, consegue descobrir a saí- Pico
Ƈ 64 Ƈ 753
da que bate o cheleme? O Rei de paus!
ƅ KJ9 ƅQ Faial
2,5-3,5m

Considere o seguinte leilão: 15º 18º

2-3m S. Miguel
SUL 16º 18º
Oeste Norte Este Sul
ƄK Ponta
? 17º Delgada
Ɔ KQ
Qual a sua abertura?
Ƈ AKQJ102 2,5-4m
ƅ 10743 Ƅ 105 Ɔ AK105 Ƈ AKQ109 ƅ 86 Madeira Sta Maria

Resposta: Abra num ouro. Os seus Porto Santo

doubletons são vis, por essa razão opte Problema
14º 20º
Oeste Norte Este Sul
por abrir num ouro com intenção de 9517 19º
marcar de seguida duas copas sobre a
1ƅ passo 1Ƈ
resposta do parceiro (inversa). Se o con-
Dificuldade:
passo 1Ƅ passo 2Ɔ Muito difícil Funchal
trato final for em sem-trunfo, será bem 0,5m
passo 2Ƅ passo 3Ƈ 1m 15º 21º
melhor ser o seu parceiro a receber a 19º
passo 4Ƈ passo 4ST
saída.
passo 5ƅ 1 passo 6Ƈ
Todos passam Sol Lua Crescente
Nascente 7h46
Leilão: Qualquer forma de Bridge. 1. Poente 17h54 2 Fev. 01h42
Zero ou três chaves Solução do
problema 9515
Carteio: Saída: J Ɔ . Qual é o seu plano Marés
de jogo?
Leixões Cascais Faro
Solução: Se o naipe de paus estiver di-
vidido 2-2, este carteio é um passeio. O Preia-mar 05h27 3,2 05h03 3,2 05h08 3,2
naipe de espadas oferece uma hipótese 17h46 2,9 17h23 3,0 17h24 2,9
adicional, caso esteja dividido 4-3.
Baixa-mar 11h38 0,9 11h12 1,0 11h03 0,9
Como combinar as duas hipóteses?
Tudo não passa de uma questão de opti- 23h46 1,0 23h19 1,2 23h08 1,0
mizar as entradas no morto de modo a João Fanha/Pedro Morbey
conseguir explorar o naipe de espadas. Fonte: www.AccuWeather.com
(bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
44 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
DESPORTO
FC Porto supera à tangente
teste de fogo e nervos
“Dragões” afogaram mágoas da Taça da Liga, minimizando estragos em jogo sofrido. Gil Vicente marcou
primeiro mas não conseguiu prolongar a vantagem, acabando por Äcar sem argumentos após a expulsão
FC Porto
Marcano 45+2’, Sérgio Oliveira 57’
2 Crónica de jogo
Gil Vicente 1
Sandro Lima 45’
Estádio do Dragão, no Porto
Espectadores 18.605
FC Porto Marchesín, Manafá (Vítor
Ferreira, 60’), Mbemba, Marcano, Alex
Telles, Romário Baró (Luis Díaz, 67’),
Sérgio Oliveira a15’, Uribe, Corona,
Marega (Fábio Silva, 80’), Soares
a90+3’. Treinador Sérgio Conceição
Gil Vicente Denis, Fernando Fonseca,
Rodrigo, Rúben Fernandes, Henrique
Gomes, Soares, João Afonso
a15’aa73’, Kraev (Isaiah, 80’), Arthur
Henrique (Romário Baldé, 46’), Sandro
Lima a45+3’, Lourency (Naidji, 79’).
Treinador Vítor Oliveira
Árbitro Rui Oliveira (AF Porto)
Positivo/Negativo
Corona
Compensou no corredor
direito, onde estabilizou a
defesa, o menor fulgor no
ataque à ala esquerda.
Ainda assim, é o pêndulo
numa equipa que joga
sobre brasas.
Sandro Lima
Mesmo desapoiado,
manteve a defesa portista
em alerta. À terceira
marcou mesmo um golo
que poderia ter ferido os
“dragões”.
Denis
Evitou um resultado mais
penalizador com um par de
acções oportunas quando
o FC Porto apertou o cerco
e ameaçou dilatar a
vantagem.
João Afonso
Confrontou Sérgio Oliveira
provocando um duplo
amarelo que lhe saiu caro e
deixou a equipa desfalcada
para tentar uma surpresa.
ESTELA SILVA/LUSA
Augusto Bernardino
O FC Porto passou à tangente um
verdadeiro teste de fogo e nervos
(2-1), frente a um Gil Vicente de má
memória, acabando por Æxar nos
sete pontos a desvantagem para o
BenÆca neste arranque da segunda
volta do campeonato. Os “dragões”
mostraram, apesar de tudo, capaci-
dade para reagir a um mau momen-
to, alcançando uma vitória sofrida,
mas decisiva para estancar a hemor-
ragia provocada pelas duas derrotas
com o Sp. Braga.
Ainda a lamber as feridas da Taça
da Liga, o FC Porto encarava o pri-
meiro algoz do campeonato com
evidentes sinais de transtorno de
personalidade. Sérgio Conceição
tinha alguns dos habituais titulares
na bancada, vendo-se obrigado a
improvisar um “onze” em que Romá-
rio Baró surgia pela primeira vez a
titular desde a lesão que o afastou
por longo período. Uma aposta que
obrigava a deslocar Jesús Corona
para a esquerda, numa aliança em
teoria temível com Alex Telles, mas O central Iván Marcano por completo as bancadas despidas Conceição encontrava a serenida-
que a prática não conÆrmou. foi o autor do primeiro do Dragão. O FC Porto expunha-se de de que necessitava para fazer os
Assim, depois da espera no túnel, golo do FC Porto, em busca da vantagem e acabava por primeiros ajustes, trocando Manafá
motivada pelo atraso da equipa de marcado instantes sofrer o golo numa transição de Lou- pelo jovem (estreante na Liga) Vítor
arbitragem, o FC Porto demorou ain- antes do intervalo rency que Mbemba não foi capaz de Ferreira, com Corona a regressar ao
da mais meia-hora para forçar ver- cobrir, deixando Sandro Lima livre corredor para controlar as investidas
dadeiramente um adversário confor- para cabecear e bater Marchesín de Baldé e a equipa a assumir o
tável com o marasmo que se apode- mesmo em cima do minuto 45. 4x3x3 que ganharia dimensão com
rava do jogo portista. Os gilistas, com Sérgio Conceição desesperava, a entrada de Luis Díaz para o lugar
Vitor Oliveira à distância, castigado, mas, curiosamente, o golo teve um de Baró. Neste hiato, já Romário e
posicionavam-se num esquema suÆ# efeito regenerador e Iván Marcano, Vítor Ferreira haviam desperdiçado
cientemente hermético para conter na resposta, aplacou-lhe a fúria com o terceiro golo dos portistas, perante
Soares e Marega. Estratégia que não
autorizava grandes aventuras e
ESTATÍSTICA um mergulho de cabeça, a passe de
Uribe, para estabelecer a igualdade
um Gil Vicente permeável e que só
não entregou os pontos porque a
incursões no meio-campo portista. FC Porto Gil Vicente ao intervalo. Respirava de alívio o FC eÆcácia e Denis traíam os portistas.
Desligado, o motor “azul e branco” Porto, embora houvesse ainda muito Lourency ainda dispôs de excelen-
acabou por beneÆciar com a troca 67% Posse de bola 33% jogo pela frente. te ensejo para relançar a discussão,
de Baró para o meio e o regresso de 12 Remates 6 O Gil Vicente apercebia-se de que falhando a emenda e o empate que
Corona à direita. A existência de bali- 3 Remates à baliza 2 seria possível conseguir algo mais se se transformou numa miragem
zas começou a fazer sentido, mas a 9 Finalizações na área 4 intranquilizasse um adversário fra- quando João Afonso recebeu ordem
equipa gilista não se atemorizou, 132 Disputas de bola 130 gilizado, pelo que Vítor Oliveira de expulsão por acumulação de car-
conseguindo, aliás, nos últimos 15 37 Disputas aéreas 36 optou por lançar Romário Baldé na tões amarelos. O médio envolvera-
minutos da primeira parte, importu- 11 Dribles bem sucedidos 12 tentativa de reforçar o ataque ao cor- se na primeira parte numa discus-
nar Marchesín, invariavelmente por 23 Faltas sofridas 25 redor. Só que o FC Porto recuperava são desnecessária com Sérgio Oli-
Sandro Lima. 1 Foras-de-jogo 1 o discernimento, colocando-se rapi- veira e acabou por deixar a equipa,
Depois de um remate ao lado e de 5 Cantos 2 damente no comando com um golo durante os últimos 20 minutos,
um disparo contra o guardião argen- 12 Roubos de bola 24 de Sérgio Oliveira. Aos 57’, o médio entregue à sua sorte.
tino, o avançado brasileiro concreti- 50 Recuperações 39 português rematou cruzado à entra-
zou as ameaças num golo que gelou da da área e virou o resultado. augusto.bernardino@publico.pt
 Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 45

DESPORTO
DR

CLASSIFICAÇÕES Roger Federer

I LIGA escapa a sete
Jornada 18
Tondela-V. Setúbal
Famalicão-Santa Clara
0-3
0-1
match-points
Belenenses SAD-Portimonense 2-1
Paços de Ferreira-Benfica 0-2
Desp. Aves-Boavista 0-1
V. Guimarães-Rio Ave 1-2
Sporting-Marítimo 1-0
FC Porto-Gil Vicente 2-1
Moreirense-Sp. Braga 20h15, SPTV
(raríssima) advertência por “obsceni-
J V E D M-S P Ténis dade audível”.
1. Benfica
2. FC Porto
18 17
18 14
0 1 44-6
2 2 37-12
51
44 Pedro Keul Na quarta partida, Federer melho-
3. Sporting 18 10 2 6 29-20 32
rou ligeiramente, mas, ao servir a 4-5,
4. Famalicão 18 9 4 5 31-27 31 O suíço eliminou Tennys teve de enfrentar três match-points.
5. Rio Ave 18 8 4 6 22-18 28 Tal como no tie-break decisivo da ter-
6. Sp. Braga 17 8 3 6 27-20 27
Sandgren e, nas meias-finais
ceira ronda com John Millman, o suí-
7. V. Guimarães 18 6 7 5 26-20 25 do Open da Austrália, ço não arriscou. No tie-break, anulou
8. V. Setúbal 18 6 7 5 13-16 25
9. Gil Vicente 18 5 7 6 18-19 22 Christian Eriksen, ex-Tottenham, já se treinou ontem com o Inter vai defrontar Novak outros três match-points seguidos,
10. Boavista 18 5 7 6 14-17 22 Djokovic pela 50.ª vez para igualar a 6/6, e mais um a 6/7.

Dia louco de
11. Tondela 18 5 5 8 17-24 20 Sandgren reapareceu no quinto set
12. Marítimo 18 4 8 6 17-25 20
FedEx, King Roger, The Swiss Maes- mais descrente e cansado, enquanto
13. Santa Clara 18 5 5 8 12-20 20
14. Moreirense 17 4 6 7 21-25 18 tro, GOAT (Great Of All Time)… são Federer actuava perto do seu melhor,
15. Belenenses SAD
16. Paços de Ferreira
17. Portimonense
18 5
18 4
18 2
3 10 14-32
4 10 11-24
8 8 13-26
18
16
14
mercado para muitos os nomes por que é conhecido
Roger Federer. Agora também se
pode acrescentar Houdini, depois de,
apoiado no serviço que voltava a ron-
dar os 200 km/h. Depois de três sets
sem conseguir um break, o suíço dis-

o Inter de Milão
18. Desp. Aves 18 3 0 15 19-34 9
pela segunda vez neste Open da Aus- tanciou-se para 4-2 e concluiu, sem
Próxima jornada Benfica-Belenenses SAD,
Rio Ave-Famalicão, Portimonense-Tondela, V. trália, o suíço ter escapado miraculo- festejar, ao fim de três horas e meia.
Setúbal-FC Porto, Santa Clara-Paços de Ferreira, samente à eliminação. E com uma Na calha está já o 50.º embate com
Marítimo-Desp. Aves, Gil Vicente-Moreirense,
Sp. Braga-Sporting, Boavista-V. Guimarães novidade: pela primeira vez, salvou Novak Djokovic, nas meias-finais. O
sete match-points. A incredulidade de número dois mundial somou a 10.ª
II LIGA
tos. Já senti o calor do tiffosi, porque Federer por ter passado às meias-fi- vitória em outros tantos duelos com
Jornada 17
Desp. Chaves-Nacional 0-2 Futebol internacional o acolhimento foi fantástico. Sinto- nais foi tanta que até teve pena do seu Milos Raonic, que assinou 18 ases (de
Cova da Piedade-Mafra
Oliveirense-Varzim
1-1
4-0
Diogo Cardoso Oliveira me muito bem aqui”, afirmou o adversário, Tennys Sandgren. um total de 48 winners), mas nunca
Casa Pia-Farense 0-2
talentoso dinamarquês, que enver- “Sinto-me mal porque ele não fez quebrou o serviço do sérvio e cedeu
Ac. Viseu-Penafiel 1-0 Em Portugal, também gará a camisola número 24. nada de errado. De certa maneira, foi em três partidas: 6-4, 6-3 e 7-6 (7/1).
Leixões-Académica 1-1 Ainda no Inter, destaque para a apenas sorte. Poderia ter pestanejado Nas senhoras, o Open da Austrália
FC Porto B-Sp. Covilhã 4-2 houve uma movimentação
Vilafranquense-Feirense 1-1 venda do ex-Benfica Gabriel Barbo- na altura errada, falhado a bola e tudo apadrinha a estreia de uma jogadora
Estoril-Benfica B 1-0 importante no mercado, sa, que vai ficar no Flamengo em tinha terminado”, admitiu Federer, nas meias-finais de um major pelo 8.º
com o regresso de Hugo definitivo, com Jorge Jesus, e para a após ter vencido um sexto encontro ano consecutivo. Nesta edição, será
J V E D M-S P
1. Farense 18 12 1 5 24-16 37 Vieira ao Gil Vicente saída de Politano, que vai jogar no consecutivo em cinco sets: 6-3, 2-6, mais uma norte-americana, Sofia
2. Nacional 18 10 6 2 24-12 36 Nápoles. Também Alexis Sánchez 2-6, 7-6 (10/8) e 6-3. Sandgren (100.º) Kenin (15.ª), que se superiorizou à
3. Mafra 18 8 7 3 29-20 31 Christian Eriksen comprado, Gabigol deverá sair do clube, com a impren- confirmou que não foi por acaso que tunisina Ons Jabeur (78.ª), vencendo
4. Sp. Covilhã 18 8 4 6 27-21 28 e Politano vendidos e Alexis Sánchez sa inglesa a garantir que o Manches- já venceu cinco adversários do top 10 com um duplo 6-4 e preparando-se
5. Estoril 18 9 1 8 25-20 28
6. Desp. Chaves 18 8 3 7 21-20 27
perdido. Foi assim a terça-feira do ter United quer fazer regressar o em torneios do Grand Slam e fez uma para defrontar Ashleigh Barty. Sem
7. Ac. Viseu 18 7 6 5 17-17 27 Inter de Milão em matéria de trans- chileno, dando mais uma oportuni- exibição em crescendo, contrastando deslumbrar, a n.º 1 mundial, com a
8. Varzim 18 7 6 5 24-25 27 ferências, num dia que confirmou a dade ao atacante. como a do adversário. A 0-3 do tercei- ajuda dos 38 erros não forçados de
9. Académica 18 7 4 7 27-23 25 tremenda actividade dos italianos Por outro lado, para colmatar a ro set, Federer recebeu assistência Petra Kvitova (8.ª), venceu a bicam-
10. Leixões 18 6 7 5 20-19 25
11. Feirense 18 5 9 4 19-16 24
neste mercado de Inverno. saída de Eriksen, o Tottenham garan- médica, devido a uma lesão na viri- peã de Wimbledon, por 7-6 (8/6) 6-2,
11. Penafiel 18 6 6 6 19-16 24 Depois de ter recebido Victor tiu a continuidade, agora permanen- lha. A velocidade média do primeiro e tornou-se a primeira australiana nas
13. Oliveirense 18 6 4 8 25-24 22 Moses, do Chelsea, e Ashley Young, te, do médio argentino Giovani Lo serviço baixou para 177 km/h. Nessas meias-finais do seu Open desde
14. Benfica B 18 5 6 7 23-25 21 do Manchester United, e de ter liber- Celso, que pertencia ao Betis, da Liga duas partidas, o suíço acumulou 30
15. FC Porto B 18 5 6 7 25-28 21
tado Lazaro para o Newcastle, a espanhola. O atleta de 23 anos, for- erros não forçados e até levou uma pkeul@publico.pt
16. Vilafranquense 18 4 6 8 22-29 18
17. Cova da Piedade 18 3 3 12 13-32 12 equipa de Antonio Conte não só con- mado no Rosário Central e que pas- KAI PFAFFENBACH/REUTERS
18. Casa Pia 18 2 3 13 14-35 9 tinuou em maré de mexidas, como sou pelos franceses do Paris Saint-
Próxima jornada Académica-Ac. Viseu, voltou a fazê-lo ligada ao mercado Germain, já disputou 20 jogos pelos
Farense-Estoril, Mafra-Desp. Chaves, inglês. Após vários dias com o negó- “spurs”, tendo marcado por duas
Penafiel-Casa Pia, Nacional-Leixões, Varzim-FC
Porto B, Feirense-Cova da Piedade, Benfica cio a ser dado como certo, o médio vezes. O clube de José Mourinho já
B-Vilafranquense, Sp. Covilhã-Oliveirense dinamarquês Christian Eriksen foi tinha desembolsado 15 milhões de
mesmo confirmado como reforço do euros pelo empréstimo de Lo Celso
MELHORES MARCADORES clube italiano. e agora paga mais 32 para ficar com
I Liga 12 golos Pizzi (Benfica) Pelo criativo de 27 anos, o Inter o jogador em definitivo.
teve de pagar 20 milhões de euros ao Por fim, destaque para uma mexi-
Tottenham, um valor “simpático”, da importante na Liga portuguesa.
fruto de o jogador estar em final de Hugo Vieira, avançado de 31 anos,
contrato com os ingleses, impotentes está de regresso ao futebol nacional
para reclamar uma quantia mais alta e de regresso, também, ao Gil Vicen-
— e Eriksen, recorde-se, chegou a te, que o colocou na ribalta. O joga-
estar perto de uma transferência dor rescindiu há dias com o Sivass-
para o Real Madrid, noutros merca- por, da Turquia, depois de tempora-
dos de transferências, por cerca de das positivas no Estrela Vermelha, da
100 milhões de euros. Sérvia, e no Yokohama, do Japão.
“Estou muito emocionado e não
vejo a hora de me mostrar aos adep- diogo.oliveira@publico.pt Federer venceu pela sexta vez seguida um encontro em cinco sets
46 • Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020
DESPORTO
“Quem mais sofre com este Orçamento
do Estado são os escalões de formação”
Carlos Paula Cardoso O presidente da
Confederação do Desporto de Portugal
apela ao aumento das verbas atribuídas
pelo Estado e alerta para a urgência de
rever a lei de bases, que data de 2007
Entrevista
Diogo Cardoso Oliveira
A actualização do envelope
Ænanceiro dedicado ao desporto
no Orçamento do Estado, a
revisão da Lei de Bases do
Desporto e a relação entre a
televisão pública e as modalidades
(que não o futebol) são algumas
das preocupações de Carlos Paula
Cardoso. Em entrevista ao
PÚBLICO, na véspera da gala de
entrega de prémios aos atletas que
que mais se distinguiram em 2019,
que terá lugar no Estoril, o
presidente da Confederação do
Desporto de Portugal (CDP),
lamenta que, a nível nacional, haja
ainda uma grande “diÆculdade em
reconhecer o mérito”.
Classificou, recentemente, a
ligação entre a televisão pública
e o desporto como uma “relação
win-win”, porque a RTP
beneficia das audiências e as
modalidade ganham mais
visibilidade. Sente que este
aparente benefício mútuo tem
sido pouco explorado?
A certa altura, com a evolução da
sociedade, houve a necessidade de
a televisão ir à procura de
audiências. Essa busca por
audiências foi uma opção da
televisão pública, mas deveria
existir a obrigação de tomar em
atenção os grandes eventos
desportivos. Quantos portugueses
não lamentaram não ver Portugal
ganhar à França e à Suécia no
Europeu de andebol? O andebol
atingiu o ponto mais alto da sua
história, mas isso nós não pudemos
ver. Quantos jovens não teriam
aderido ao andebol por verem
estes resultados?
E que modalidade considera
que tem, a curto prazo, mais
espaço para crescer em
Portugal? O andebol parece ter
essa boa plataforma…
O andebol tem uma boa
plataforma, sem dúvida, mas só se
for promovido. E creio que, hoje
em dia, a juventude está mais
ligada ao ar livre e ao mar e há um
crescimento muito bom ao nível da
canoagem, do remo ou da vela. E
do surf também. Se há uns anos
perguntassem se Portugal tinha
ondas... não tinha. O panorama
mudou completamente e o surf
tem uma grande capacidade de
crescimento. Não consigo eleger
uma só modalidade com maior
margem de progressão, mas diria,
em geral, as disciplinas de ar livre e
do mar, até pelas questões actuais
da natureza e do ambiente.
Sente que os centros de alto
rendimento (CAR),
fundamentais no crescimento
de muitas modalidades, estão a
ser utilizados da melhor forma?
Em Portugal, tínhamos um déÆce
enorme de instalações desportivas
e foi feito investimento. Os CAR
têm tido o aproveitamento que os
nossos atletas lhes dão e têm sido
fundamentais. Nunca tivemos
ciclismo de pista, mas agora temos
atletas muito bons. No badminton,
desenvolvido no CAR das Caldas da
Rainha, também há crescimento.
Em Ponte de Lima, todos os
miúdos vão para a canoagem, em
face do trabalho do Fernando
Pimenta e da câmara municipal.
Os CAR não contribuíram para a
massiÆcação do desporto e para
atrair muitos jovens atletas, até temos tido, nas últimas semanas, federação, mas a verdade é que há
porque cá não há massa para tal, uma tertúlia com os partidos um ponto que é comum: quem
mas têm contribuído para que políticos e reuniões com todos os sofre mais são os escalões de
aqueles que existem consigam dar grupos com assento parlamentar formação. É essa a parte que acaba
cartas a nível internacional. (menos o CDS). É que quando por ser descurada: pelas
Essa aposta nas infra-estruturas Se não for olhamos para o Orçamento do federações, porque não têm esse
foi feita no período anterior ao
plano de ajuda externa a
combatido Estado, o desporto ocupa uma
fracção mínima. E há tanto a fazer
dinheiro, e pelos clubes, que se
vêem com diÆculdades para viver.
Portugal, em 2011, que acabou como deve ser que o que pretendemos é que seja Mas mesmo discordando das
por reduzir o orçamento do
desporto. Considera que, nesta
combatido, possível repor o que foi retirado na
chegada da troika. Esse é o nosso
verbas destinadas ao desporto,
concorda com as metas
fase pós-troika, essas verbas já o match-Äxing cavalo-de-batalha. estabelecidas pelo Governo,
deveriam ter sido repostas ou
compreende que não sejam uma
pode dar cabo Que impacto é que o actual
envelope financeiro tem no
como o desenvolvimento dos
programas olímpicos e
prioridade do Governo? do desporto trabalho das federações? paralímpicos e a luta contra o
Já deveriam ter sido repostas e Isso varia de federação para racismo, a violência, a dopagem

e o match-fixing?
A primeira meta tem uma questão
subjacente: é que Æcam de fora
cerca de 30 federações que não são
olímpicas. Temos de olhar para
todas de forma igual. Em relação às
outras prioridades, concordo. O
match-fixing, por exemplo, se não
for combatido como deve ser
combatido, pode dar cabo do
desporto. Todas essas são áreas em
discussão na Europa e que, apesar
de serem extradesportivas, são
fundamentais para a preservação
do desporto tal como o
entendemos.
FOTOS: DANIEL ROCHA
Entrou na CDP em 2002.
Dezoito anos depois, quais
foram os grandes benefícios
que o organismo trouxe ao
desporto português?
Nós não temos participação directa
na alteração estrutural do
desporto, mas somos um órgão de
apoio às diversas federações
desportivas. Participámos na
elaboração da Lei de Bases do
Desporto, dos regimes jurídicos e
na evolução da legislação. Em
matéria de inovações, a Gala do
Desporto passou de ser um jantar
para passar a ser, em 2003, uma
gala semelhante à que temos hoje.
A gala sinaliza a importância do
trabalho dos atletas. Neste país,
ainda há diÆculdade em
reconhecer o mérito.
Em que medida?
Em 2003 ou 2004, o tema da gala
era Atletas do Século XX. Tivemos
medalhados olímpicos que diziam:
‘Ainda bem que viemos aqui hoje,
porque há dez ou 20 anos que
ninguém nos liga nenhuma’. O que
temos feito na gala é reconhecer o
mérito das pessoas, porque, em
Portugal, esquecemo-nos
facilmente delas.
Considera que a opinião pública
reconhece à CDP a devida
importância?
Existe reconhecimento, mas somos
um país onde temos
predominância desportiva de uma
modalidade, que é o futebol. Eu
gosto imenso de futebol, mas
reconheço que ele congrega as
atenções gerais e todas as outras
entidades passam despercebidas.
A acção do Comité Olímpico, por
exemplo, sente-se de quatro em
quatro anos. Mas não só em
Portugal, porque noutras
confederações e países o cenário é
o mesmo.
Voltando à relação com as
federações, há alguma,
actualmente afastada da CDP,
com a qual gostasse de contar?
Há uma que está afastada, que é o
voleibol. Mas a relação com a
federação de voleibol é aberta,
embora eles não sejam membros
da confederação. Depois, a
ginástica e o ténis de mesa saíram
há pouco tempo.
E há negociações para que
regressem?
Estou convencido de que o que se
passa com a ginástica e o ténis de
mesa será uma questão de tempo.
O futebol, por exemplo, só
regressou depois de Fernando
Gomes entrar, porque tinha havido
um problema nos anos 90 com
Gilberto Madaíl.
Os Jogos Mundiais do Desporto
para Todos são o grande evento
da CDP em 2020. Consegue
explicar o que são e o que
podem trazer de positivo para o
desporto português?
São um evento direccionado para
os desportos tradicionais, embora
haja abertura para modalidades
emergentes e que ainda não têm
Público • Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020 • 47
Os centros de alto
rendimento não
contribuíram para
a massiÄcação do
desporto e para
atrair muitos
jovens atletas, até
porque cá não há
massa para tal,
mas têm
contribuído para
que aqueles que
existem consigam
dar cartas a nível
internacional
chapéu do Comité Olímpico
Internacional. Todas essas podem
aparecer e inscrever-se.
Em 2020 haverá também um
congresso organizado pela CDP...
É um ano mau, porque é ano
olímpico e isso chuta-nos para o
último período de 2020. Mas no
congresso será fundamental haver
uma discussão entre as federações
relativamente a áreas
fundamentais como a lei de bases.
A Lei de Bases do Desporto está em
vigor desde 2007, já se passaram 13
anos. É altura de começar a olhar
para a lei de bases.
DESPORTO
Sente que já não responde às
necessidades actuais?
O problema não é a lei em si, mas,
por vezes, há áreas que queremos
rever e não podemos, porque, se a
lei de bases for demasiado
apertada e palavrosa, há aspectos
que colidem. Por exemplo: o
Conselho de Arbitragem queria ter
os melhores árbitros [como
dirigentes], mas, depois, eles não
poderiam ser árbitros em
simultâneo. Perde-se o
conhecimento deles num lado ou
no outro. Ou então um indivíduo
que é árbitro não pode ser um
simples dirigente ao mesmo
tempo. E já temos tão poucos
dirigentes… Esse é outro problema:
temos de encontrar uma solução
para o estatuto do dirigente
desportivo.
Portanto, a ideia é
descondensar a lei de bases?
É isso mesmo. A sociedade mudou
muito nos últimos dez anos. Não
podemos estar presos a coisas da
altura e que, hoje em dia, não se
justiÆcam. O congresso vai
certamente promover um debate
sobre todas essas questões.
E sente que há abertura para
mexer na lei de bases?
Havemos de abordar isso. Estamos
à disposição dos grupos
parlamentares, para se quiserem
vir falar connosco.
Se a CDP tivesse poder para
resolver apenas um grande
problema no desporto
português, qual escolheria?
Ui, pergunta difícil. Um maior
orçamento possibilitaria melhorar
as sedes das federações, uma vez
que a maioria não tem
infra-estruturas de apoio. Algumas
têm boas condições, mas as mais
pequenas têm muitas diÆculdades
em ter um local agradável para
trabalhar. Outra área fundamental
é o desporto escolar, que tem
necessidade de ser muito apoiado.
O orçamento permitiria criar
também condições para que os
clubes desenvolvessem melhor a
sua actividade, já que muitos deles
não têm condições e funcionam
pelo trabalho dos “carolas”. O
dinheiro seria naturalmente
fundamental e ajudaria, ainda que,
só por si, não consiga resolver
todos os problemas.
diogo.oliveira@publico.pt
Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2020

BARTOON LUÍS AFONSO

CONSOANTE MUDA

Do socialismo na América
Norman Thomas, líder do Partido
Socialista dos EUA, e pedir-lhe
apoio para a oposição democrática
portuguesa.
O encontro teve lugar. Norman
Thomas levou Natália Correia a dar
Rui Tavares
socialista democrático. Não retórica anti-socialista da direita provavelmente conseguido ganhar
sabemos se ganhará ou não as americana. Durante décadas, tudo nos estados necessários para chegar
eleições, mas o próprio facto de ele o que cheirasse a um papel à Casa Branca, pode acontecer
estar de tão bem colocado minimamente redistributivo e agora que com um Trump a tentar a
surpreenderia decerto Norman solidário do estado e da ação reeleição (sempre mais fácil do que
Thomas e Natália Correia naquele público era imediatamente atacado tentar a primeira eleição) a tarefa de

L
uma volta por um típico subúrbio
operário americano nos anos 50. As
owell, Massachusetts. EUA. casas tinham relvados, carro à porta
— Em 1950, uma então jovem e eletrodomésticos lá dentro. A
poeta portuguesa, Natália mensagem de Norman Thomas era
Correia, viajou para os Estados clara: o capitalismo americano do
Unidos da América para pós-guerra resolvera os problemas
conhecer a família do marido materiais da classe trabalhadora no
com quem tinha acabado de se país, o que retirara espaço ao
casar (e de quem se divorciaria socialismo. Naquelas condições,
pouco depois). O resultado dessa não havia grande coisa que ele
viagem foi o livro Descobri que era pudesse fazer para ajudar os
europeia, há poucos anos portugueses.
primorosamente reeditado pela Lembro-me muito desta história
Ponto de Fuga, e que mostra já — quando constato que,
apenas aos 26 anos da sua autora — inesperadamente, os EUA são um
uma escritora de enorme dos países do mundo em que a
maturidade e capacidade de simpatia pelo socialismo e a adesão
observação e análise. a candidatos socialistas
Quando chegou aos EUA, Natália democráticos mais crescem no
Correia não trazia apenas mundo. Os eleitores democráticos
obrigações familiares nem vão começar já na próxima
interesses literário mas também segunda-feira a escolher o
uma missão política. Esta fora-lhe adversário de Donald Trump para a
incumbida pelo seu “mestre” eleição presidencial de novembro
António Sérgio, Ælósofo que era o deste ano, e neste momento o
líder intelectual do socialismo candidato que lidera as sondagens
democrático em Portugal. A seu nos primeiros três estados das
pedido, Natália Correia deveria eleições primárias é Bernie Sanders,
encontrar-se na América com que se deÆne a si mesmo como
dia de 1950, se pudessem adivinhar
o futuro.
De onde vem este renascimento
do socialismo nos EUA? De duas
fontes principais.
A primeira descreve-se da mesma
forma que na história de Natália
Correia e Norman Thomas, mas ao
contrário. Mesmo com o
desemprego baixo e a economia a
crescer, a vida de hoje da classe
trabalhadora americana não tem a
estabilidade nem a segurança de
outrora, sobretudo entre os jovens.
São comuns as situações de pessoas
com duplos e triplos empregos que
não conseguem escapar ao fosso da
dívida em que se meteram para
fazer os seus estudos, e na maior
parte do país o salário mínimo não
chega para fugir ao limiar da
pobreza. Essa situação de
precariedade material e enormes
desigualdades sociais voltou a dar
espaço ao socialismo da mesma
forma que a economia mais
igualitária (embora numa
sociedade conservadora) dos anos
1950 lho tinha tirado.
A segunda fonte é a própria
como “socialismo”. Que as pessoas Bernie Sanders seja em 2020 mais
tenham acesso a um sistema complicada do que poderia ter sido
nacional de saúde e não se em 2016. Em caso de não conseguir
arruínem por adoecerem? ganhar, os democratas centristas
Socialismo! Que os ricos não farão durante os quatro anos
possam comprar os políticos que seguintes o que agora Æzeram os
quiserem, com caução do Supremo democratas esquerdistas — criticar
Tribunal? Socialismo! Que os jovens o partido por ter escolhido o
estudantes tenham algum alívio das candidato “errado” e a estratégia
enormes dívidas em que incorrem “errada”, em vez de reconhecer que
para acabar os cursos? Socialismo! este é um país dividido quase
De tanto gritarem “socialismo!” exatamente ao meio e que o
contra aquilo que parecem ser desenho do sistema eleitoral
meras ideias de justiça e alguma favorece os estados que votam
compaixão, os conservadores republicano. Qualquer candidato
americanos acabaram por criar democrata, seja ele socialista ou
nos jovens americanos a ideia de não, terá diÆculdade em bater
que o socialismo (ou, vá, um Trump, e seria bom que
sistema social-democrata à percebêssemos todos isso.
europeia) não pode ser aÆnal uma Ainda assim, quem não arrisca
coisa assim tão má. não petisca. O renascimento do
Resta saber se um candidato socialismo nos EUA é já uma
assumidamente socialista realidade incontornável e está a
conseguiria bater Trump, se mudar o debate no partido
chegasse a ser escolhido pelos democrático. Se vier a ter sucesso
democratas. E aí a coisa Æa mais eleitoral nacional, essa seria uma
Æno. O ano de 2020 não é o ano de boa notícia para o combate às
2016. Tal como em 2016 Hillary injustiças e à crise ecológica global.
Clinton teve mais votos do que
Trump, mas Bernie Sanders teria Historiador

Esta informação não dispensa a

consulta da lista oficial de prémios Euromilhões 1 19 27 31 38 4 5 1.º Prémio
17.000.000€
Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: Cláudia Azevedo, Ana Cristina Soares e João Günther Amaral
F496CD0E-128D-4C8C-9B6C-7E0FEAF8D1B9
E-mail publico@publico.pt Estatuto Editorial publico.pt/nos/estatuto-editorial Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial
210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Rua Júlio Dinis, n.º270, Bloco A, 3.º, 4050-318 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade,
Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 963388260 e/ou 291639102 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €4.050.000,00.
Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Empresa Gráfica Funchalense,
SA, Rua da Capela de Nossa senhora da Conceição, nº. 50- Morelena – 2715-029 Pêro Pinheiro Telf.: 219677450 Distribuição VASP – Distribuidora de Publicações, SA, Quinta do Grajal - Venda
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