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NUTRIAQUA

Nutrição e alimentação de espécies


de interesse para a aquicultura brasileira

i
EDITORES

Débora Machado Fracalossi


Laboratório de Nutrição de Espécies Aquícolas
Departamento de Aquicultura, Centro de Ciências Agrárias
Universidade Federal de Santa Catarina
Rodovia Admar Gonzaga, 1346
88034-001 Florianópolis, SC

José Eurico Possebon Cyrino


Departamento de Zootecnia
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
Universidade de São Paulo
Av. Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 09
13418-900 Piracicaba, SP

ii
DÉBORA MACHADO FRACALOSSI & JOSÉ EURICO POSSEBON CYRINO

NUTRIAQUA
Nutrição e alimentação de espécies
de interesse para a aquicultura brasileira

Sociedade Brasileira de
Aquicultura e Biologia Aquática

Florianópolis – 2012

iii
© 2012 dos editores

Projeto Gráfico, Diagramação e Capa


Rita Motta - editoratribo.blogspot.com

Revisão de formatação e citações bibliográficas


Jenniffer Silveira
Luiz Eduardo Lima de Freitas
Maria Fernanda Oliveira da Silva
Tatiana Vieira Poletto

Impressão
Gráfica e Editora Copiart Ltda.

N976 Nutriaqua : nutrição e alimentação de espécies de interesse para a


aquicultura brasileira / Débora Machado Fracalossi & José Eurico
Possebon Cyrino [editores]. – Florianópolis : Sociedade Brasileira
de Aquiculura e Biologia Aquática, 2012.
xxiii, 375 p.

Inclui referências bibliográficas

1. Aquicultura. 2. Peixe – Criação. 3. Peixe – Alimentação e rações.


4. Nutrição. I. Fracalossi, Débora Machado. II. Cyrino, José Eurico
Possebon.
CDU: 639.3

Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071

iv
Dedicamos esta obra aos nossos alunos

v
Agradecimentos

Ao Ministério da Aquicultura e Pesca pelo finan- tes a diferentes segmentos – pesquisa e indústria – se
ciamento do projeto PLATAFORMA NUTRIAQUA – Base constitui em importante diferencial desta obra.
de dados sobre exigências nutricionais de espécies de Aos alunos Jenniffer Silveira, Luiz Eduardo Lima
interesse para a aquicultura brasileira, em especial a de Freitas, Maria Fernanda Oliveira da Silva e Tatiana
Eric Arthur Bastos Routledge, Rodrigo Roubach e Felipe Vieira Poletto, pela força-tarefa na revisão de forma e
Matias, que acreditaram na ideia da criação da plata- citações bibliográficas. À Cynthia Pacheco Cobra de
forma. Castro, Dariane Schoffen Enke, Maria Fernanda Oliveira
Aos autores dos capítulos, pela boa vontade com da Silva, Tarcila Souza de Castro Silva, Ricardo Basso
que abraçaram a ideia da plataforma e pelo pronto Zanon e Thyssia Bomfim Araújo da Silva, pela organi-
atendimento aos inúmeros questionamentos. Acredi- zação e suporte nas oficinas em Florianópolis e Piraci-
tamos fortemente que o esforço conjunto dos autores, caba. À Sônia Rejane da Silva, pelo auxílio na gestão fi-
tanto de diferentes regiões do Brasil, como pertencen- nanceira do projeto e tratativas com a editora e gráfica.

Débora Machado Fracalossi


José Eurico Possebon Cyrino
Editores

vii
Autores

Alberto Jorge Pinto Nunes Dalton José Carneiro


Instituto de Ciências do Mar [LABOMAR] Laboratório de Nutrição de Organismos
Universidade Federal do Ceará [UFC] Aquáticos [LANOA]
Centro de Aquicultura
Avenida da Abolição, 3207 – Meireles
Universidade Estadual Paulista
60165-081 Fortaleza, CE
“Júlio de Mesquita Filho” [UNESP]
Rodovia Prof. Paulo Donato Castellane, km 5
Alexandre Sachsida Garcia 14884-900 Jaboticabal, SP
Laboratório de Piscicultura Marinha
Setor de Ciências Terra, Centro de Estudos do Mar Dariane Beatriz Schoffen Enke
Universidade Federal Paraná [UFPR] Laboratório de Nutrição de Espécies
Avenida Beira Mar, s/n Aquícolas [LABNUTRI]
Departamento de Aquicultura
83255-000 Pontal Paraná, PR
Centro de Ciências Agrárias
Universidade Federal de Santa Catarina [UFSC]
Álvaro José de Almeida Bicudo Rodovia SC 406 - km 03, 3532 - Lagoa do Peri
Laboratório de Pesquisa em Piscicultura [LAPPIS] 88066-000 Florianópolis, SC
Unidade Acadêmica de Garanhuns [UAG]
Universidade Federal Rural de Pernambuco [UFRPE] Débora Machado Fracalossi
Avenida Bom Pastor s/n – UAG-UFRPE Laboratório de Nutrição de
Espécies Aquícolas [LABNUTRI]
55292-270 Garanhuns, PE
Departamento de Aquicultura
Centro de Ciências Agrárias
Ana Cristina Belarmino de Oliveira Universidade Federal de Santa Catarina [UFSC]
Laboratório de Matérias Primas Aquícolas [LAMPAQ] Rodovia Admar Gonzaga, 1346
Departamento de Ciências Pesqueiras 88034-001 Florianópolis, SC
Faculdade de Ciências Agrárias
Universidade Federal do Amazonas [UFAM] Edma Carvalho de Miranda
Laboratório de Enzimologia Aplicada e
Av. Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3000
Análises Bromatológicas [LENAB]
69.049-680 Manaus, AM
Instituto de Química e Biotecnologia [IQB]
Universidade Federal de Alagoas [UFAL]
Ana Paula Oeda Rodrigues Avenida Lourival Melo Mota, s/n – Cidade Universitária
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecúaria [EMBRAPA] 57072900 Maceió, AL
EMBRAPA Pesca e Aquicultura
Avenida JK, Quadra 103 Sul, nº 164, Conj. 1, Piso Térreo Eduardo Gianini Abimorad
Pólo Regional do Noroeste Paulista
77015-012 Palmas, TO
Departamento de Descentralização do Desenvolvimento
Agência Paulista de Tecnologia
Ariovaldo Zani dos Agronegócios [APTA]
Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Ani- Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado
mal [SINDIRAÇÕES] de São Paulo
Avenida Paulista, 1313 - 100 andar Rod. Péricles Belini, km 121 – Caixa Postal 61
01311-923 São Paulo, SP 15500-970 Votuporanga, SP

ix
Eduardo Cargnin-Ferreira José Eurico Possebon Cyrino
Instituto Federal de Educação, Ciência e Departamento de Zootecnia
Tecnologia de Santa Catarina, [IFSC] Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz [ESALQ]
Campus Garopaba Universidade de São Paulo [USP]
Rod. SC 434, nº 1190 – Campo D’Una
Av. Pádua Dias, 11 – Caixa Postal 09
88495-000 Garopaba, SC
13418-900 Piracicaba, SP
Elizabeth Romagosa
Instituto de Pesca Juliane Renata Gaiotto
Agência Paulista de Tecnologia dos Phytobiotics Brasil
Agronegócios [APTA] Av. Dez de Dezembro, 6681
Secretaria de Agricultura e Abastecimento 86047-780 Londrina, PR
do Estado de São Paulo
Avenida Francisco Matarazzo, 455 – Água Branca
05001-000 São Paulo, SP Leandro Portz
Universidade Federal do Paraná [UFPR]
Elisabete Maria Macedo Viegas Campus Palotina
Laboratório de Aquicultura Rua Pioneiro, 2.153 – Jardim Dallas
Departamento de Zootecnia 85950-000 Palotina, PR
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos
Universidade de São Paulo [USP]
Ligia Uribe Gonçalves
Avenida Duque de Caxias Norte, 225 – Jardim Elite
13635-900 Pirassununga, SP Departamento de Zootecnia
Escola Superior de Agricultura “Luiz Queiroz” [ESALQ]
Fábio Bittencourt Universidade de São Paulo [USP]
Centro de Aquicultura da UNESP Av. Pádua Dias, 11. Caixa Postal nº 09
Universidade Estadual Paulista 13418-900 Piracicaba, SP
”Júlio de Mesquita Filho” [UNESP]
Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n
Luiz Edivaldo Pezzato
14.870-000 Jaboticabal, SP
Laboratório AquaNutri
Felipe de Azevedo Silva Ribeiro Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal
Setor de Aquicultura Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Departamento de Ciências Animais Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Universidade Federal Rural do Semi-Árido [UFERSA] Filho” [UNESP]
Av. Francisco Mota, 572 – Costa e Silva Caixa Postal 560 – Lageado
59.625-900 Mossoró, RN
18618-970 Botucatu, SP
Giovanni Vitti Moro
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária [EMBRAPA] Marcelo Vinícius do Carmo e Sá
EMBRAPA Pesca e Aquicultura Laboratório de Nutrição de
Avenida JK, Quadra 103 Sul, nº 164, Conj. 1, Piso Térreo Organismos Aquáticos [LANOA]
77015-012 Palmas, TO Laboratório de Ciência e Tecnologia Aquícola [LCTA]
Departamento de Engenharia de Pesca
Janessa Sampaio de Abreu Ribeiro
Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Zootecnia e Extensão Rural
Faculdade de Agronomia Universidade Federal do Ceará [UFC]
Medicina Veterinária e Zootecnia Av. Mister Hull, 2977, bloco 827
Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT] 60021-970 Fortaleza, CE
Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367
78060-900 Cuiabá, MT Margarida Maria Barros
Laboratório AquaNutri
João Radünz Neto Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal
Laboratório de Piscicultura
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Departamento de Zootecnia
Centro de Ciências Rurais Universidade Estadual Paulista
Universidade Federal de Santa Maria [UFSM] “Júlio de Mesquita Filho” [UNESP]
Avenida Roraima, 1000 Caixa Postal 560 – Lageado
97105-900 Santa Maria, RS 18618-970 Botucatu, SP

x
Maria Célia Portella Ronaldo Olivera Cavalli
Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária Laboratório de Piscicultura Marinha [LPM]
Centro de Aquicultura Departamento de Pesca e Aquicultura
Universidade Estadual Paulista Universidade Federal Rural de Pernambuco [UFRPE]
”Júlio de Mesquita Filho” [UNESP] Av. Dom Manoel Medeiros, s/n – Dois Irmãos
Via Prof. Paulo Donato Castellane s/n 52171-900 Recife, PE
14884-900 Jaboticabal, SP
Roselany de Oliveira Corrêa
Maria do Carmo Gominho Rosa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecúaria [EMBRAPA]
Grupo de Pesquisa em Recursos EMBRAPA Amazônia Oriental
Pesqueiros e Limnologia [GERPEL] Piscicultura
Centro de Engenharias e Ciências Exatas Trav. Dr. Enéas Pinheiro, s/n – Marco
Universidade Estadual do Oeste do Paraná [UNIOESTE] 66095-100 Belém, PA
Rua da Faculdade, 645
85903-000 Toledo, PR
Silvia Cristina Gibello Pastore
JobNutrire Consultoria Empresarial Ltda.
Maude Regina de Borba
Rua Manoel Soares da Rocha, 334 – Barão Geraldo
Universidade Federal da Fronteira Sul [UFFS ]
13.085-055 Campinas, SP
Campus Laranjeiras do Sul
Avenida Oscar Pereira Guedes, 01 – Vila Albert
85303-820 Laranjeiras do Sul, PR Taís da Silva Lopes
Centro de Aquicultura
Natalia de Jesus Leitão Universidade Estadual Paulista
Laboratório de Nutrição de ”Júlio de Mesquita Filho” [UNESP]
Organismos Aquáticos [LANOA] Via Prof. Paulo Donato Castellane s/n
Centro de Aquicultura 14884-900 Jaboticabal, SP
Universidade Estadual Paulista
”Júlio de Mesquita Filho” [UNESP] Tarcila Souza de Castro Silva
Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n Departamento de Zootecnia
14884-900 Jaboticabal, SP Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
[ESALQ]
Ricardo Franklin de Mello Universidade de São Paulo [USP]
Evialis do Brasil Nutrição Animal Indústria Avenida Pádua Dias, 11
e Comércio Ltda. 13418-900 Piracicaba, SP
Rua João Augusto Cirelli, 274 – Bairro Tamanduá
13690-000 Descalvado, SP
Wilson Massamitu Furuya
Departamento Zootecnia, Centro de
Rodrigo Roubach
Ciências Agrárias e de Tecnologia
Coordenação-Geral de Pesquisa e Geração de Novas
Universidade Estadual de Ponta Grossa [UEPG]
Tecnologias da Pesca e Aquicultura
Campus Uvaranas
Ministério da Pesca e Aquicultura [MPA]
SBS, Quadra 02, Lote 10, Edifício Carlton Tower, Avenida Carlos Cavalcanti, 4748
10° andar 84030-900 Ponta Grossa, PR
70070-120 Brasília, DF
Wilson Rogério Boscolo
Rodrigo Takata Grupo de Estudos de Manejo na Aquicultura [GEMAq]
Laboratório de Aquicultura Curso de Engenharia de Pesca
Escola de Veterinária Centro de Engenharias e Ciências Exatas
Universidade Federal de Minas Gerais [UFMG] Universidade Estadual do Oeste do Paraná [UNIOESTE]
Av. Antônio Carlos, 6627 Rua da Faculdade, 645 – Jardim La Salle
31270-901 Belo Horizonte, MG 85903-000 Toledo, PR

xi
Prefácio

O Ministério da Pesca e Aquicultura [MPA] tem en- representantes da indústria de rações e do próprio MPA.
tre seus objetivos, fomentar e apoiar a geração de co- Assim, foi desenvolvido um banco de dados digital que
nhecimento e o desenvolvimento de tecnologias para sistematizou as informações sobre as exigências nutri-
dar suporte ao setor produtivo pesqueiro e aquícola. cionais para as principais espécies de peixes produzidos
Foi com esse intuito que o MPA apoiou esta iniciativa da no Brasil, agora disponível para produtores, pesquisa-
Plataforma NutriAqua, liderada pela Dra. Débora Ma- dores e demais usuários. São também apresentadas ta-
chado Fracalossi, da Universidade Federal de Santa Ca- belas de composição de ingredientes comumente utili-
tarina [UFSC], e pelo Dr. José Eurico Possebon Cyrino, da zados em rações, e outras informações sobre nutrição e
Universidade de São Paulo [USP], a qual resultou nesta alimentação. Finalmente, contribui para o apontamento
obra, que tenho o privilégio de apresentar. O livro tra- de lacunas e orienta sobre as prioridades de pesquisas
duz o resultado do trabalho de diversos pesquisadores futuras. Parabéns aos autores. O Brasil, por esta obra de
de universidades e instituições de pesquisa, além de inestimável valor, agradece.

Marcelo Bezerra Crivella


Ministro de Estado da Pesca e Aquicultura

xiii
Apresentação

Esta obra representa o esforço conjunto de qua- incluindo detalhamento sobre processamento de ra-
renta profissionais que atuam na nutrição de peixes, ções e descrição dos principais ingredientes emprega-
tanto na academia, institutos de pesquisa e indústrias dos. Por fim, um capítulo sumariza a legislação brasileira
de produção de ração e aditivos para compilar os avan- que rege a produção de rações e outro reúne a compo-
ços recentes na área e, particularmente, as exigências sição centesimal dos principais ingredientes utilizados
nutricionais e práticas de alimentação de algumas espé- no fabrico de ração para peixes no Brasil.
cies aquícolas criadas no Brasil. Na compilação das exigências nutricionais das es-
O livro inicia com uma perspectiva histórica so- pécies aquícolas criadas no Brasil, com exceção da tilá-
bre a aquicultura e nutrição de peixes no Brasil e segue pia, fica evidente a necessidade de direcionar esforços
com uma descrição interessante sobre morfologia e para estabelecer níveis mínimos de proteína e energia,
fisiologia do sistema digestório, com ênfase especial
bem como de aminoácidos para as diferentes fases de
em espécies brasileiras. O capítulo sobre metodologia
desenvolvimento. Para as espécies carnívoras, como
em estudos de nutrição de peixes padroniza técnicas e
os surubins e o pirarucu, as lacunas são ainda maiores.
fornece diretrizes para pesquisadores iniciantes e ini-
Apesar disso, a produção de carnívoros de água doce,
ciados. Seguem revisões sobre exigências nutricionais
principalmente de surubins, cresce a cada ano.
e utilização de macro e micro nutrientes em dietas para
A nutrição e alimentação adequada são os pilares
peixes, incluindo estudos realizados no Brasil e no ex-
terior, bem como sobre fases de desenvolvimento com da lucratividade e sustentabilidade de um empreen-
exigências especiais, como a larvicultura e reprodução. dimento aquícola. À medida que a produção aquícola
As exigências nutricionais e manejo alimentar do pacu, brasileira aumentar, também aumentará a necessidade
tambaqui, jundiá, tilápia-do-Nilo e beijupirá foram com- de uma maior eficiência no aporte de nutrientes, a qual
piladas nos capítulos seguintes por especialistas em nu- resultará em menores perdas destes para o ambiente
trição destas espécies, assim como a digestibilidade dos e maior crescimento. Com a iniciativa pioneira desta
nutrientes e energia em ingredientes. Os avanços na publicação, objetiva-se contribuir na preparação dos
nutrição de peixes carnívoros de água doce, com ênfase técnicos, pesquisadores e estudantes para enfrentar os
para as espécies brasileiras, são discutidos no capítulo grandes desafios da aquicultura, atividade emergente
seguinte. A formulação e boas práticas de fabricação no agronegócio, na qual o Brasil tem atributos de sobra
de rações são amplamente discutidas na sequência, para se tornar um dos maiores produtores mundiais.

Os editores

xv
Sumário

1 A PESQUISA EM NUTRIÇÃO DE PEIXES E O DESENVOLVIMENTO DA AQUICULTURA NO BRASIL: UMA


PERSPECTIVA HISTÓRICA 1
José Eurico Possebon Cyrino e Débora Machado Fracalossi
Referências bibliográficas, 5

2 MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 9


Ligia Uribe Gonçalves, Ana Paula Oeda Rodrigues, Giovanni Vitti Moro, Eduardo Cargnin-Ferreira e
José Eurico Possebon Cyrino
Introdução, 9
Estrutura do trato digestório, 9
Órgãos sensoriais, 10
Olfato, 10
Paladar, 11
Órgãos de apreensão, 11
Boca, 12
Dentes, 12
Rastros branquiais, 13
Esôfago, 13
Órgãos digestórios, 14
Estômago, 14
Cecos pilóricos e válvula espiral, 17
Intestino, 18
Fígado, 20
Vesícula biliar, 21
Pâncreas, 21
Plasticidade e histopatologia do trato digestório em resposta à dieta, 22
Microbiota gastrointestinal, 23
Processo de digestão, 24
Físico, 24
Químico e enzimático, 24
Absorção, 28
Controle hormonal da digestão, 28
Plasticidade enzimática, 29
Considerações finais, 30
Agradecimentos, 31
Referências bibliográficas, 31

3 TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 37


Débora Machado Fracalossi, Ana Paula Oeda Rodrigues, Tarcila Souza de Castro Silva e José Eurico Possebon Cyrino
Introdução, 37
Desenho experimental e análise estatística, 37

xvii
Planejamento, 37
Metodologia e coleta de dados, 42
Análise estatística dos dados e interpretação dos resultados, 42
Dietas experimentais, 46
Manejo alimentar, 49
Material biológico e condições experimentais, 50
Variáveis-resposta, 50
Desempenho, 50
Outras variáveis, 52
Tipos de experimentos, 53
Determinação de exigências nutricionais, 53
Avaliação de alimentos, 54
Ensaios de digestibilidade, 55
Ensaios de substituição de ingredientes, 58
Experimentos de laboratório versus experimentos a campo, 58
Considerações finais, 59
Agradecimentos, 59
Referências bibliográficas, 59

4 ENERGIA, PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS 65


Leandro Portz e Wilson Massamitu Furuya
Introdução, 65
Energia na nutrição de peixes, 65
Balanço energético-proteico na dieta dos peixes, 66
Retenção e acúmulo de energia em peixes, 67
Proteína e aminoácidos na nutrição de peixes, 68
Quantificação da proteína e aminoácidos para peixes, 68
Fontes alimentares proteicas para peixes, 69
Importância da digestibilidade da proteína e aminoácidos para peixes, 71
Fatores que afetam as exigências em proteínas e aminoácidos para peixes, 71
Conceito de proteína ideal para peixes, 72
Considerações finais, 74
Referências bibliográficas, 74

5 LIPÍDIOS 79
Alexandre Sachsida Garcia, Ligia Uribe Gonçalves, Ronaldo Olivera Cavalli e Elisabete Maria Macedo Viegas
Introdução, 79
Definição das principais classes de lipídios presentes no meio aquático, 80
Ácidos graxos, 80
Triglicerídeos, 82
Fosfolipídios, 83
Esteróis, 83
Ésteres de cera, 83
Principais funções dos lipídios nos peixes, 84
Produção de energia, 84
Função estrutural nas membranas celulares, 84
Precursores de hormônios e outras moléculas bioativas, 85
Os lipídios no meio aquático, 86
Níveis ótimos de lipídios em dietas para peixes, 89
Exigência nutricional de fosfolipídios para larvas e juvenis de peixes, 89
Exigência nutricional de ácidos graxos essenciais para peixes, 90
Considerações finais, 95
Referências bibliográficas, 95

xviii
6 CARBOIDRATOS E FIBRA 101
Débora Machado Fracalossi, Ana Paula Oeda Rodrigues e Maria do Carmo Gominho Rosa
Introdução, 101
Caracterização dos carboidratos nos ingredientes de origem vegetal, 101
Os carboidratos na nutrição de peixes, 103
Morfologia intestinal e digestão de carboidratos, 105
Absorção e transporte de glicose: comparação entre peixes e mamíferos, 106
Metabolismo de carboidratos em peixes, 107
Fibra alimentar, 109
Efeitos fisiológicos em animais monogástricos, 110
Fibra alimentar na nutrição de peixes, 112
Considerações finais, 114
Agradecimentos, 114
Referências bibliográficas, 114

7 VITAMINAS E MINERAIS 121


Maude Regina de Borba, Janessa Abreu e Marcelo Vinícius do Carmo e Sá
Vitaminas, 121
Introdução, 121
Vitaminas lipossolúveis, 123
Vitamina A, 123
Vitamina D, 125
Vitamina E, 128
Vitamina K, 130
Vitaminas hidrossolúveis, 132
Tiamina – B1, 132
Riboflavina – B2, 132
Niacina, 132
Ácido Pantotênico, 133
Piridoxina – B6, 133
Biotina, 134
Ácido Fólico, 134
Cianocobalamina – B12, 135
Colina, 135
Mioinositol, 137
Vitamina C, 138
Minerais, 141
Introdução, 141
Cálcio e fósforo, 142
Magnésio, 147
Sódio, cloro e potássio, 147
Ferro, 148
Cobre, 149
Zinco, 151
Manganês, 153
Selênio, 153
Iodo, 154
Referências bibliográficas, 154

8 NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE REPRODUTORES 167


Elizabeth Romagosa, Fábio Bittencourt e Wilson Rogério Boscolo
Introdução, 167
A utilização dos nutrientes pelos reprodutores, 169
Proteínas, 169
Lipídios, 171

xix
Fêmeas, 172
Machos, 173
Fêmeas e Machos, 173
Carboidratos, 173
Fêmeas, 174
Vitaminas, 174
Probióticos, 175
Restrição alimentar, 175
Qualidade do ovo , 176
Determinação da qualidade do ovo, 176
Aspectos práticos, 176
Parâmetros morfológicos, 176
Aparência do ovo, 176
Gravidade do ovo, 176
Tamanho do ovo, 177
Taxa de fertilização, 177
Morfologia dos blastômeros, 178
Taxas de eclosão, 178
Parâmetros bioquímicos e hormonais, 178
Ferramentas moleculares, 179
Considerações finais, 179
Referências bibliográficas, 179

9 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 185


Maria Célia Portella, Natalia de Jesus Leitão, Rodrigo Takata e Taís da Silva Lopes
Introdução, 185
Caracterização do período larval e terminologias, 185
Nutrição endógena e absorção do vitelo, 187
Desenvolvimento dos principais sistemas orgânicos relacionados à alimentação, 187
Alimentação exógena: alimento vivo, dietas formuladas e transição alimentar, 190
Importância do alimento vivo como alimento inicial, 190
Dietas formuladas para larvas de peixes, 191
Transição alimentar do alimento vivo para o alimento sólido, 194
Técnicas e sistemas de cultivo para larvicultura, 195
Metodologias para determinação das exigências nutricionais e parâmetros de avaliação do desenvolvimento larval, 196
Estudos sobre lipídios para larvas de peixes, 199
Estudos sobre fontes proteicas para larvas de peixes: proteínas, aminoácidos, peptídeos e hidrolisados, 200
O papel das vitaminas na nutrição de larvas de peixes, 204
Considerações finais, 207
Agradecimentos, 208
Referências bibliográficas, 208

10 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO PACU 217


Álvaro José de Almeida Bicudo, Eduardo Giannini Abimorad e Dalton José Carneiro
Introdução, 217
Exigências nutricionais, 217
Proteína e aminoácidos, 217
Lipídios e ácidos graxos, 218
Carboidratos, 219
Vitaminas e minerais, 220
Digestibilidade de ingredientes, 220
Dietas práticas, 223
Larvas, 223
Juvenis, 223
Ingredientes não convencionais, 225

xx
Práticas de alimentação, 225
Considerações finais, 226
Referências bibliográficas, 226

11 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO TAMBAQUI 231


Ana Cristina Belarmino de Oliveira, Edma Miranda e Roselany Correa
Introdução, 231
O ambiente de cultivo, 231
Sistemas de produção, 232
Exigências Nutricionais, 232
Proteína e aminoácidos, 232
Ácidos graxos, 234
Carboidratos, 235
Vitaminas e minerais, 236
Práticas alimentares, 237
Valor nutricional dos ingredientes, 237
Considerações finais, 238
Referências bibliográficas, 238

12 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO JUNDIÁ 241


João Radünz Neto e Maude Regina de Borba
Introdução, 241
Exigências Nutricionais, 241
Proteína, energia e aminoácidos, 241
Lipídios e ácidos graxos, 244
Carboidratos, 245
Vitaminas e minerais, 246
Dietas práticas, 248
Dietas para larvas, 248
Dietas para juvenis e engorda, 249
Dietas para reprodutores, 249
Ingredientes práticos e digestibilidade, 250
Práticas de alimentação, 250
Considerações finais, 251
Referências bibliográficas, 251

13 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA 255


Wilson Massamitu Furuya, Luiz Edivaldo Pezzato, Margarida Maria Barros e José Eurico Possebon Cyrino
Introdução, 255
Exigências em energia, 256
Exigências em proteína e aminoácidos, 256
Exigências em lipídios e ácidos graxos, 257
Exigências em minerais e vitaminas, 258
Valor nutritivo dos alimentos para as tilápias, 259
Digestibilidade dos aminoácidos dos alimentos para as tilápias, 262
Informações tabulares sobre a alimentação e nutrição de tilápias, 264
Considerações finais, 264
Agradecimento, 265
Referências bibliográficas, 265

14 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO BEIJUPIRÁ 269


Ronaldo Olivera Cavalli e Alexandre Sachsida Garcia
Introdução, 269
Exigências nutricionais, 270

xxi
Proteína e aminoácidos, 270
Relação proteína:energia, 271
Lipídios, 271
Carboidratos, 272
Vitaminas e minerais, 273
Digestibilidade de ingredientes, 273
Dietas práticas, 275
Dietas para reprodutores, 275
Dietas para larvas, 276
Dietas para as fases de berçário e engorda, 277
Práticas de alimentação, 277
Considerações finais, 279
Referências bibliográficas, 279

15 AVANÇOS NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE PEIXES CARNÍVOROS DE ÁGUA DOCE 283


José Eurico Possebon Cyrino, Rodrigo Roubach e Débora Machado Fracalossi
Introdução, 283
Os surubins pintado e cachara, 284
Dourado, 285
Pirarucu, 288
Outras espécies, 289
Considerações finais, 289
Agradecimentos, 289
Referências bibliográficas, 290

16 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO E FORMULAÇÃO DE RAÇÕES PARA PEIXES 295


Silvia Cristina Gibello Pastore, Juliane Renata Gaiotto, Felipe de Azevedo Silva Ribeiro e Alberto Jorge Pinto Nunes
Introdução, 295
Formulação de rações, 296
Principais ingredientes, 296
Macro e microingredientes, 296
Principais fontes proteicas obtidas de animais terrestres, 297
Farinha de sangue, 297
Farinha de penas hidrolisada, 298
Farinha de vísceras de aves, 298
Farinha de carne e farinha de carne e ossos, 299
Principais fontes proteicas obtidas de animais aquáticos, 299
Farinha de peixes, 299
Principais fontes proteicas obtidas de plantas terrestres, 301
Farelo de soja, 301
Farelo de girassol, 302
Farelo de algodão, 302
Glúten de milho, 302
Principais fontes energéticas (carboidratos e óleos), 302
Milho, 302
Arroz, 303
Trigo, 303
Principais fontes lipídicas (ácidos graxos essenciais e fosfolipídios), 303
Lecitina de soja, 304
Óleo de soja, 304
Óleo de peixe, 304
Suplementos e pré-misturas vitamínicas e minerais, 304
Aditivos para promover a atratividade e palatabilidade, 307
Preservantes e conservantes, 307
Hidroestabilizantes, 308
Aminoácidos sintéticos, 308

xxii
Imunoestimulantes, 309
A escolha de ingredientes para a formulação e processamento de rações, 310
Questões de natureza física e nutricional, 310
Questões de ordem econômica e de disponibilidade, 310
Questões de ordem legal e sanitária, 310
Fatores importantes na determinação dos níveis de inclusão de ingredientes e perfil nutricional da fórmula, 311
Aspectos alimentares e digestivos da espécie, 312
Fase de desenvolvimento e exigências nutricionais, 312
Dietas experimentais versus dietas práticas, 312
Aspectos relativos ao sistema de produção e nível de intensificação, 312
Métodos de formulação, 314
Métodos simples de formulação, 314
Programação linear, 317
Método simplex, 317
Construção de planilha para formulação de custo mínimo, 318
Boas práticas de fabricação, 325
Processos industriais de produção de rações para peixes, 325
Seleção e compra de matérias-primas, 327
Recepção e armazenagem de matérias-primas, 328
Moagem, 329
Pesagem e mistura, 331
Mistura de microingredientes, 332
Extrusão, 332
Peletização, 333
Secagem e resfriamento, 335
Adição de óleo, 336
Peneiramento, 336
Ensaque e armazenamento, 336
Controle de qualidade de matérias-primas, 336
Padrões de qualidade dos ingredientes e análises recomendadas, 336
Determinação do grau de rancidez, 337
Índice de peróxido, 337
Acidez, 337
Determinação do grau de deterioração da proteína, 337
Determinação de contaminantes, 337
Umidade, 337
Granulometria, 337
Micotoxinas, 338
Classificação de grãos, 338
Análise microbiológica, 338
Qualidade da proteína, 338
Atividade ureática, 338
Cor e odor, 338
Amostragem e inspeção preliminar de ingredientes, 338
Amostragem de matéria-prima ensacada, 338
Matéria-prima a granel, 338
Premix, vitaminas, aminoácidos, antifúngicos, antioxidantes, enzimas e adsorventes de micotoxinas, 339
Matérias-primas líquidas, 339
Avaliação das amostras, 339
Monitoramento da qualidade da matéria-prima no armazenamento, 339
Grãos, 340
Granel, 340
Ensacados, 340
Líquidos, 340

xxiii
Premixes e aditivos, 340
Métodos para avaliações químicas do ingrediente, 340
Pontos críticos de controle de processo de fabricação, 340
Controle de qualidade de rações, 342
Balanceamento nutricional, 342
Características físicas, 342
Contaminantes, 342
Qualidade da ração na fazenda, 343
Referências bibliográficas, 343

17 LEGISLAÇÃO TÉCNICA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS PARA ORGANISMOS AQUÁTICOS 347


Ariovaldo Zani e Ricardo Franklin de Mello

18 TABELAS DE COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS 353


Dariane Beatriz Schoffen Enke, José Eurico Possebon Cyrino e Débora Machado Fracalossi

NOMES COMUNS E CIENTÍFICOS DAS ESPÉCIES CITADAS 357

RESUMOS BIOGRÁFICOS DOS AUTORES 359

ÍNDICE REMISSIVO 369

xxiv
1

A Pesquisa em Nutrição de Peixes e o Desenvolvimento


da Aquicultura no Brasil: uma Perspectiva Histórica

J OSÉ E URICO P OSSEBON C YRINO


D ÉBORA M ACHADO F RACALOSSI

O Brasil é um país de grandes contrastes, desde os A viabilidade da piscicultura depende da disponi-


ricos, industrializados e densamente povoados estados bilidade de espécies adaptadas ou adaptáveis aos sis-
das regiões sul e sudeste até as áreas empobrecidas da temas de produção. O número de espécies de peixes,
região Nordeste e escassamente povoadas da bacia do nativos e exóticos, disponíveis e já em uso ou poten-
rio Amazonas, ou seja, região Norte. O Brasil possui a cialmente explorável para piscicultura de água doce
quinta maior extensão territorial do planeta (8,5 x 106 no território brasileiro é mais possivelmente um pro-
km2) e é a sexta maior economia mundial, um impor- blema que uma solução. Borghetti e Ostrensky (2002)
tante produtor e o maior exportador de açúcar, etanol, e Ostrensky et al. (2000) já listavam 48 espécies nativas
carne bovina, carne de frango, café, suco de laranja e ta- sendo utilizadas na piscicultura interior no país. Esta
baco; o Brasil ocupa a segunda posição entre os maiores é uma gota no oceano: as espécies de peixes de água
produtores de soja do mundo. doce listadas somente em, por exemplo, Britski et al.
Embora 85% do território brasileiro esteja localiza- (1984, 2007), Ferreira et al. (1998), Santos et al. (1984),
do em zona de clima tropical, muito favorável à produção Silvano et al. (2001) e Zaniboni Filho et al. (2004), obras
aquícola, concentre 12% das reservas do planeta de água de autores brasileiros que tratam da identificação e ca-
doce e seja banhado por 8.000 km de litoral, o consumo talogação de peixes endêmicos da fauna brasileira para
médio per capita de pescado gira ao redor de 6 kg ano-1, ecótonos representativos da diversidade de ambientes
bem abaixo das recomendações de programas de saúde mas de área geográfica muito restrita, totalizam 767 es-
e nutrição da Organização das Nações Unidas para Ali- pécies. Um parâmetro balizador desta riqueza faunísti-
mentação e Agricultura [FAO-UN] (http://www.fao.org) e ca é o conhecimento compartilhado de que a fauna de
da Organização Mundial de Saúde das Nações Unidas peixes descrita para todo o continente europeu totaliza
[OMS-UN] (http://www.who.int). A produção pesqueira 522 espécies de peixes. Este é um cenário de sonhos
total do Brasil por captura (81,4%) e aquicultura (18,6%) para os administradores e tomadores de decisão nas
equivale a meras 2,58 x 106 t (FAO, 2012), número bem esferas político-governamentais: um mercado muito
modesto para garantir segurança alimentar a uma po- pouco explorado para os produtos da pesca e recursos
pulação de cerca de 200 x 106 habitantes. Este é só mais abundantes disponíveis para o desenvolvimento do
um dos fatores que faz com que a população brasileira sector aquícola.
seja considerada subnutrida. De qualquer forma, a pro- Novas espécies para a piscicultura são ponderadas
dução pesqueira por captura está em patamar cons- dessa fauna de peixes extremamente diversificada qua-
tante há mais de uma década, enquanto a produção da se que diariamente. Esta situação coloca uma pergunta
aquicultura brasileira aumentou significativamente, fa- simples, mas inquietante: como a indústria da alimen-
tos destacados inclusive na análise mundial da ativida- tação de organismos aquáticos pode ou poderia suprir
de pela mesma FAO (2012). Isto remete a um raciocínio os piscicultores com dietas espécie-específicas, quando
simples: aumentar a oferta de pescado no país depende ainda não se conhecem as exigências nutricionais para
do aumento da produção da aquicultura nacional, in- a maioria das espécies utilizadas ou potencialmen-
cluída a piscicultura. te utilizáveis na piscicultura? Por essa razão, espécies

1
2 NUTRIAQUA

exóticas cosmopolitas e tradicionalmente utilizadas na do Departamento Nacional de Obras Contra Secas


aquicultura por muito tempo representaram o maior [DNOCS], Publicação No. 171, Série IC, em que afirmava
volume da produção da piscicultura no Brasil; entretan- que a criação de carpas havia sido proibida nos EUA e
to, a partir da explosão da indústria da pesca esportiva o Brasil deveria seguir o exemplo. No entanto, há uma
ao final da década de 1990 (Esteves e Sant’Anna, 2006; grande contradição nesta ‘declaração’ de Menezes. O
Venturieri, 2003), as espécies nativas começaram a ocu- Folheto de Pesca 34 (‘Fishery Leaflet 34’), divulgado em
par posição de destaque. A indústria de alimentação julho de 1943 pelo ‘United States Department of the In-
aquática reagiu, fornecendo aos piscicultores dietas for- terior, Fish and Wildlife Service’ (Serviço de Biologia Pes-
muladas para espécies agrupadas por hábito alimentar, queira e Fauna do Departamento do Interior dos Estados
independentemente de suas necessidades específicas. Unidos da América), é intitulado: “Alimento é uma arma de
Entretanto, as espécies variam no seu hábito alimentar guerra! Um manual para demonstrar a culinária da carpa”.
e exigências nutricionais e, deste modo, respondem di- Um recurso natural é um recurso natural, uma fonte de ali-
ferentemente a dietas genéricas para um mesmo hábito mento é uma fonte de alimento. Negligenciar fontes de ali-
alimentar, apresentando desempenho desuniforme. mento é ignorar o conceito de sustentabilidade, compro-
No entanto, não importa quão adequadas sejam metendo a sobrevivência da raça humana. De qualquer
as condições geográficas, os recursos genéticos dis- forma, de volta à década de 1920.
poníveis, a eficiência da reprodução e instalações ou, Como resultado de uma extensa pesquisa sobre a fi-
ainda, quão inteligentes e bem pensados sejam os sis- siologia dos Characiformes migradores do rio Mogi-Guaçu
temas e estratégias de produção, se os animais aquáti- em Cachoeira de Emas, SP, no final dos anos 1920, talvez
cos confinados em um sistema de produção não forem seguindo o exemplo não celebrado de Moreira (1921),
alimentados e nutridos adequadamente, a viabilidade Rodolfo von Ihering e Pedro de Azevedo, zoólogos pro-
de qualquer sistema de aquicultura fica comprometida. eminentes, publicaram um artigo sobre a desova e a
Nutrição e alimentação sempre será o principal gargalo hipofisação dos peixes (von Ihering e Azevedo, 1936).
da aquicultura mundial, considerando a alta fração que Uma versão resumida deste artigo publicado no exte-
a ração ocupa dentro do custo de produção. rior (von Ihering, 1937) é, supostamente, a contribuição
O primeiro relatório sobre a piscicultura no Brasil mais importante do Brasil para a aquicultura mundial,
que possivelmente se tenha notícias é “Moreira, C. 1921. tendo chamado a atenção e desencadeado o estudo e o
A Piscicultura no Brasil. Rio de Janeiro”. Essa é toda a in- desenvolvimento das técnicas de reprodução induzida
formação que consta na capa da brochura, do ‘folheto’; dos peixes migradores em todo o mundo. A história que
nenhuma filiação institucional do autor, nenhuma men- se segue é de conhecimento comum. Um estudo mais
ção a editora ou entidade de patrocinadora, nada enfim. abrangente foi publicado pelo grupo de pesquisa de
Não obstante, Moreira (1921) relata as suas provações e von Ihering (Azevedo e Canale, 1938), mas foi limitado à
tribulações com a propagação artificial de Characifor- circulação nacional.
mes nativos, a saber (sic), o dourado Salminus brasiliensis Àquela época os tomadores de decisão e os ad-
(née Salminus brevidens Cuvier), a traíra Hoplias malabaricus, ministradores de pesquisa já entendiam o potencial
e a piabanha Brycon insignis (née Megalobrycon piabanha). do Nordeste brasileiro para a aquicultura. Entenderam
Aparentemente os pioneiros da piscicultora no país também o potencial e as possibilidades que se descor-
tinham um grande interesse no desenvolvimento da tinariam se von Ihering e seu grupo de pesquisa fossem
aquicultura baseada em espécies nativas. deslocados para aquela região para o desenvolvimento
No entanto, a carpa comum, Cyprinus carpio carpio, da piscicultura local, e assim foi feito; von Ihering criou e
já havia sido introduzido no Brasil em 1882 (Tamassia passou a dirigir a comissão de Técnica de Piscicultura do
et al., 2004), fato que não causa qualquer surpresa. Ci- Nordeste [CTPN], que realizou estudos abrangentes so-
prinídeos em geral - a carpa comum como regra - po- bre a limnologia e biologia das espécies nativas da Bacia
dem muito bem ter sido os primeiros peixes a serem Hidrográfica do Nordeste, dando origem à publicação
introduzidos em qualquer lugar, em todo lugar. Sendo a de vários trabalhos mais tarde compilados (1981-1982)
carpa comum a primeira espécie de peixe considerada pelo DNOCS opus citatum. Foram produzidos vários
domesticada (Bilio, 2007), as chances são de que tenha relatórios de pesquisa sobre a produção de peixes de
sido introduzida no Brasil para fins de piscicultura. Re- água doce regionais a partir da fertilização e adição de
conhecer a introdução da carpa comum, bem como o subprodutos regionais e ração avícola aos tanques e vi-
ano de 1882, como o nascimento da aquicultura do Brasil, veiros para melhorar a produção de peixes. A aplicação
é uma inferência segura. prática dos resultados destes estudos permitia manter
Houve uma reação negativa e tardia à introdução e alimentar peixes em confinamento, mas só a pesquisa
da carpa comum no país. Menezes (1982), por exemplo, sobre nutrição de peixes poderia fomentar a piscicultu-
escreveu um relatório bastante acrimonioso intitulado ra como o agronegócio.
“A carpa: um peixe-flagelo que deve e precisa ser com- Entretanto, foi somente cerca de trinta anos depois
batido”, veiculado sine die numa compilação de obras da instalação da CTPN, em 1971, que o DNOCS iniciou
A PESQUISA EM NUTRIÇÃO DE PEIXES E O DESENVOLVIMENTO DA AQUICULTURA NO BRASIL : UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA 3

estudos sobre nutrição de peixes. Paiva et al. (1971) es- neotropical nativa, Rhamdia quelen (née Rhamdia hilarii)
tabeleceram diretrizes bastante abrangentes para pro- como modelo para o desenvolvimento da piscicultura
dução de rações e lançaram um chamado à indústria interior no país. Entretanto, o trabalho não contemplava
para estimular o processamento, a popularização e a aspectos da nutrição da espécie. Salienta-se, porém que
comercialização de rações para peixes. Entretanto, em o marco inaugural dos estudos e do desenvolvimento
função das limitações do modesto parque industrial e em nutrição de peixes (e produção) de peixes no Brasil,
da agricultura regionais à época, refletida na escassez já tinha acontecido quando o livro sobre os avanços da
local de ingredientes para a formulação e processamen- Aquicultura resultante da conferência de Kyoto foi pu-
to de rações, a iniciativa não teve sucesso. blicado. Este marco foi o XI Congresso Internacional de
A primeira espécie de tilápia a ser introduzida no Nutrição, no Rio de Janeiro, em 1978.
Brasil foi a ‘redbelly tilapia’, Tilapia rendalli, em São Paulo, Artigos de revisão apresentados por conhecidos
por volta de 1953 (Azevedo, 1955). As tilápias-do-Nilo pesquisadores de nutrição de peixes presentes na sessão
(Oreochromis niloticus) e de Zanzibar (O. urolepis hornorum) homônima daquele evento foram traduzidos, editados
foram introduzidas no Nordeste do Brasil no início dos e publicados em um livro despretensioso (Castagnolli,
anos 1970, resultado de um acordo de pesquisa e de- 1979). Os destaques deste livro são os capítulos sobre
senvolvimento entre o DNOCS e a Universidade de Au- exigências de proteína e aminoácidos de peixes por C.B.
burn, através da ‘The United States Agency for Interna- Cowey; exigências em vitaminas e minerais dos peixes,
tional Development’ [USAID] (Agência Norte Americana por J.E. Halver; formulação de alimentos para peixes e
para o Desenvolvimento Internacional) (Lovshin et al., processamento, por O.R. Braekkan; e uma revisão sobre
1976). Tilápias podem ser produzidas a partir de práticas a formulação de dietas e nutrição de peixes no Brasil,
de fertilização dos tanques e alimentação suplementar, por N. Castagnolli. Esta publicação transformou-se em
mas a viabilidade da tilapicultura é muito maior quando um divisor de águas da piscicultura brasileira e por al-
a espécie é produzida em sistemas intensivos a partir de gum tempo foi um guia para os piscicultores e nutricio-
alimentos completos, extrudados e altamente digestí- nistas de peixes do país.
veis. Possivelmente como reflexo da iniciativa infrutífera O resumo publicado nos anais daquele congresso
de Paiva et al. (1971), não há um único artigo sobre e ali- (Macedo et al., 1978) relatando resultados preliminares
mentação de tilápias e espécies nativas originados dos sobre as exigências dietéticas em proteína do tambaqui,
projetos realizados sob os termos do referido acordo de Colossoma macropomm, concomitantemente ao relato
pesquisa e desenvolvimento (vide Jeffrey, 1972; Jensen, de Werder e Saint-Paul (1978) sobre as exigências die-
1974; Lovshin et al., 1974a, b, 1980;. Lovshin, 1975). A téticas em proteína da matrinxã, Brycon amazonicum,
tilápia vermelha da Flórida e a linhagem Chitralada da são, possivelmente, os primeiros estudos detalhados
tilápia-do-Nilo, de origem tailandesa, próprias para a sobre nutrição de peixes brasileiros veiculados interna-
tilapicultura em regime intensivo, aportaram no Brasil cionalmente, com um significado simbólico fundamen-
respectivamente em meados de 1980 e 1990 (Lovshin, tal: sim, se espécies nativas estavam sendo utilizadas na
2000), como resposta ao desenvolvimento do parque piscicultura interior brasileira, a pesquisa sobre nutrição
industrial da indústria de rações para peixes e da ofer- e alimentação das espécies estava em andamento.
ta de alimentos completos, altamente processados no O resumo de Macedo et al. (1978) foi delineado a
mercado. partir de resultados do projeto que originaria a disser-
A conexão entre o desenvolvimento da ciência da tação de mestrado da Dra. E. M. Macedo-Viegas (Macedo,
nutrição e da indústria da nutrição de peixes também 1979), estudo que mais tarde seria ampliado e daria
pode ser feita pela análise do fato narrado a seguir. Na origem à sua tese de doutoramento (Macedo-Viegas,
conferência FAO/CARPAS sobre a aquicultura na Améri- 1993). Mais tarde, outro resumo também foi tirada do
ca Latina (Montevideo, Uruguai, de 26 de novembro a 02 mesmo trabalho acadêmico (Macedo et al., 1980), mas,
de dezembro de 1974), o Brasil foi representado por pes- infelizmente, esta peça pioneira da pesquisa em nutri-
quisadores das regiões Sudeste e Sul (e.g., S. Akaboshi, A. ção de peixes no país ficou restrita a prateleiras de bi-
Bastos, N. Castagnolli, H. Nomura, H. Stempniewsky, en- bliotecas por um longo tempo, vindo a ser publicado
tre outros), que apresentaram um número considerável como um trabalho científico somente cerca de duas dé-
de trabalhos independentes sobre biologia de peixes, cadas mais tarde (Macedo-Viegas et al., 1996).
além de um relatório (Anônimo, 1974) sobre o estado De qualquer forma, esses eventos atraíram muita
da arte da aquicultura brasileira. Em 1976, na Conferên- atenção e ampliaram os horizontes da aquicultura no
cia Técnica da FAO sobre Aquicultura em Kyoto, Japão país: se a piscicultura passara a existir como ativida-
- cujos anais foram transformados em livro clássico de de agropecuária regular, também deveria haver uma
aquicultura (Pillay e Dill, 1979) - um trabalho de autores demanda por rações especificamente formuladas (e
brasileiros (Machado e Castagnolli, 1979) apresentava, processadas) para animais aquáticos. Tal suposição foi
aparentemente pela primeira vez, os esforços de pes- logo confirmada, despertando o interesse da indústria
quisadores brasileiros na identificação de uma espécie de alimentos e encorajando os cientistas a se lançarem
4 NUTRIAQUA

nesta área do conhecimento. Nos anos seguintes, viria a cit.1 sobre a aclimatação da truta arco-íris para riachos
acontecer uma sequência notável de apresentações de de São Paulo, mas a referência é obscura, imprecisa, e
resumos e trabalhos na íntegra em anais de congressos não pode ser localizada.
e simpósios; algumas destas contribuições podem ser Produzir trutas arco-íris, ou qualquer outro sal-
destacadas: Carneiro et al. (1984a,b,c; 1995), Cyrino monídeo, depende da disponibilidade de alimento
et al. (1987), Pezzato et al. (1984, 1986). completo. O Instituto de Pesca [IP] de São Paulo lide-
Embora o alcance dos esforços pioneiros da pes- rou desde o início a pesquisa e o desenvolvimento da
quisa em nutrição de peixes possa ser considerado truticultura no Brasil. O grande gargalo da instituição
modesto, foram estes mesmos esforços que lançaram e dos truticultores de todo o país até o final dos anos
bases sólidas para o progresso que se seguiu. A pes- 1980 foi a indisponibilidade de rações completas de
quisa sobre nutrição de peixes no Brasil mostrou des- alta qualidade para salmonídeos no mercado brasilei-
de o início preocupação com a sustentabilidade. Quase ro. O problema foi parcialmente resolvido no seio do IP
concomitantemente aos estudos sobre as exigências apenas quando um protótipo de fábrica de rações de
nutricionais das espécies nativas, iniciaram-se estudos baixa tecnologia, praticamente artesanal, foi instalado
sobre a seleção e utilização de alimentos alternativos na Estação Experimental de Piscicultura e Ranicultura
como fontes de proteína animal, sobre digestibilidade de Pindamonhangaba, para atender tanto aquela esta-
de ingredientes regionais para peixes e sobre os efeitos ção quanto a Estação Experimental de Salmonicultura
dos métodos de processamento sobre a eficiência ali- de Campos do Jordão. No entanto, ressalve-se e ressalte-se,
mentar das rações. Esta preocupação domina ainda as a truta arco-íris não foi a primeira espécie de peixe car-
atuais plataformas e linhas de pesquisa, na busca pela nívoro introduzida no Brasil. Na verdade, Godoy (1954)
definição de parâmetros para a prática de uma piscicul- relata que a espécie ‘largemouth bass’ ou ‘black bass’,
tura ambientalmente responsável. Micropterus salmoides, foi introduzida no estado de Minas
Avanços na pesquisa em nutrição de peixes que se Gerais em 1924, antes mesmo que von Ihering e seu
seguiram foram medidos e apresentados por Pezzato e grupo de pesquisa começassem se preocupar e traba-
Barros (2005) no I Simpósio de Nutrição e Saúde de Pei- lhar com piscicultura interior.
Aparentemente a primeira tentativa controlada de
xes, Universidade Estadual Paulista, campus de Botucatu,
reproduzir e criar um Characiforme carnívoro nativo é
SP (07 a 09 de novembro de 2005), ampliados e redis-
aquela de Pinto e Gluglielmoni (1986a,b), que primei-
cutidos por Cyrino (2009) na terceira edição daquele
ro descreveram um método de reprodução induzida e
evento. O número de apresentações sobre nutrição de
propagação artificial do dourado, Salminus brasiliensis
peixes nos eventos científicos da comunidade científica
(née Salminus maxillosus), rotineiramente praticado
da aquicultura nacional evoluiu de cinco resumos no
em algumas estações de piscicultura da Companhia
primeiro evento nacional (SIMBRAQ 1981), para 48 resu-
Energética do Estado de São Paulo [CESP]. Logo depois,
mos no evento realizado em 2008 (AquaCiência 2008),
Borgheti et al. (1990a,b) publicaram os primeiros artigos
para 75 resumos no AquaCiência 2010 e para 82 resu-
sobre nutrição e alimentação de dourado. No entanto,
mos no AquaCiência 2012. Quando essa série de dados
pesquisas sobre o condicionamento, alimentação e nu-
é contrastada com dados estatísticos sobre a produção
trição de espécies carnívoras, exóticas e nativas, não to-
aquícola, a correlação é óbvia.
maram vulto no Brasil até a virada do século (vide Moura et
Estudos sobre nutrição e alimentação de espé-
al., 2000; Sampaio et al., 2000; Cyrino et al., 2000; Portz
cies ictiófagas (carnívoras), nativas e exóticas, no Brasil
et al., 2001; Cyrino e Kubitza, 2003). A pesquisa sobre a
constituem um caso específico. Voltando a meados da nutrição e a alimentação de espécies nativas carnívoras,
década de 1940, quando as fronteiras da piscicultura por exemplo o dourado e os surubins pintado Pseudo-
começavam a se deslocar da região nordeste para o sul/ platystoma corruscans e cachara P. reticulatum (née P.
sudeste do país, mais precisamente em 1948, o então fasciatum), experimentou mais recentemente uma rápi-
Departamento de Caça e Pesca do Ministério da Agri- da expansão liderada por grupos de pesquisa da Univer-
cultura do Brasil começou a estudar e, em 1949, reco- sidade Federal de Santa Catarina (e.g. Beaux e Zaniboni
mendou a introdução da truta arco-íris, Onchorhynchus Filho, 2007, 2008; Vega-Orellana et al., 2006) e da Uni-
mykiss (née Salmo gairdneri) em rios de regiões mon- versidade de São Paulo (e.g. Borghesi et al., 2009; Braga
tanhosas das Serras do Mar e da Mantiqueira, na re- et al., 2007, 2008; Martino et al., 2003, 2005; Takahashi
gião sudeste do país (Castagnolli e Cyrino, 1986; Tabata e Cyrino, 2007). Estas iniciativas são modestas, mas
e Portz, 2004). Na verdade, foi o próprio Pedro de consistentes. De toda forma, os avanços na produção
Azevedo, contemporâneo, colega de trabalho e amigo de peixes carnívoros na aquicultura brasileira vão de-
de von Ihering que concluiu e publicou o primeiro es- pender dos resultados dos estudos sobre as exigências
tudo abrangente na aclimatação da truta arco-íris para
a região (Azevedo et al., 1961). Neste estudo, os autores
1
Azevedo, P.de. 1953. A aclimatação da truta em águas paulistas. Vol.
referem-se a um trabalho solo de Azevedo (1953) op. 3. Fev. S. Paulo.
A PESQUISA EM NUTRIÇÃO DE PEIXES E O DESENVOLVIMENTO DA AQUICULTURA NO BRASIL : UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA 5

nutricionais e de processamento das dietas para essas da tarefa. Vinte anos atrás, uma sessão sobre nutrição
espécies. de peixes, dentro de um simpósio de nutrição de am-
A verdade é que somente a partir do momento plo espectro, mudou a história da aquicultura brasileira.
em que as primeiras rações completas, extrudadas, co- Consolidar e nortear a pesquisa sobre nutrição de pei-
meçaram a ser produzidas comercialmente no Brasil, no xes é o caminho para o futuro da aquicultura brasileira e
início dos anos 1990, foram registrados saltos quantita- o objetivo deste volume.
tivos e qualitativos na produção aquícola nacional. As
estatísticas da indústria da alimentação e nutrição de
peixes e da produção pesqueira da aquicultura nacional
andam par e passo, de modo que fica evidente a rela- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ção existente entre a produção aquícola e o aumento
da demanda por alimentos processados. Entretanto, Anônimo. 1974. La acuicultura en Brasil. Actas del Simposio de
prever o que está no futuro da aquicultura brasileira Montevideo, 26 de noviembre - 2 de diciembre de 1974.
como um todo e da pesquisa em nutrição de organis- FAO Informes de Pesca 159(3): 128-136.
Azevedo, P. 1955. Aclimação da tilápia no Brasil. Chácaras e
mos aquáticos em particular é uma tarefa impossível de
Quintais 2: 191-192.
ser levada a termo com qualquer grau de sucesso. De Azevedo, P., e L. Canale. 1938. A hipófise e sua ação nas
tempos em tempos um pesquisador ou uma equipe de gonadas dos peixes neotropicos. Archivos do Instituto
pesquisadores publica um artigo sobre o estado da arte Biológico de São Paulo 9: 165-186.
e as perspectivas da aquicultura brasileira (vide Cas- Azevedo, P.; J.O. Vaz, e W.B. Pereira. 1961. Aclimação da truta
arco-íris em algumas águas de São Paulo. Boletim da
tagnolli, 1995; Lovshin e Cyrino, 1998; Roubach et al., Indústria Animal 19: 75-105.
2003; Castagnolli e Castagnolli, 2005; Queiroz et al., Beux, L.F., and E. Zaniboni Filho. 2007. Survival and growth
2005; Valenti, 2007). Poucos exercícios são tão neces- of pintado (Pseudoplatystoma corruscans) post-larvae on
sários quanto este; pesquisadores são responsáveis por different salinity levels. Brazilian Archives of Biology and
manter a cadeia produtiva ciente de novos desenvol- Technology 50: 821-829.
Beux, L.F., and E. Zaniboni Filho. 2008. Artemia sp. Proportions
vimentos, sinalizando oportunidades para avanços e and effects on survival and growth of pintado,
investimentos, tanto nacional como internacional. No Pseudoplatystoma corruscans larvae. Journal of Applied
entanto, a palavra mais frequentemente utilizada nes- Aquaculture 20: 184-199.
tes artigos é ‘potencial’. Entendemos, outrossim, que é Bilio, M. 2007. Controlled reproduction anda domestication
hora de esquecer o potencial e lidar com a realidade. in aquaculture – The current state of the art. Part I.
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A criação da Secretaria Especial de Aquicultura e Borghesi, R.; J.K. Dairiki, and J.E.P Cyrino. 2009. Apparent
Pesca em 2003 e sua transformação no Ministério da digestibility coefficients of selected feed ingredients for
Pesca e Aquicultura, em 2009, certamente foram mar- dourado Salminus brasiliensis. Aquaculture Nutrition 15:
cos fundamentais para a ordenação e fomento da aqui- 453-458.
Borgheti, J.R.; C. Canzi, D.R. Fernandez, e S.V.G. Nogueira.
cultura nacional. O financiamento deste volume, que é
1990b. Efeito da alimentação artificial com incorporação
a primeira referência abrangente em nutrição aquícola de andrógeno natural (testosterona) no desenvolvimento
publicada no Brasil, é um exemplo de ação positiva para das larvas de Salminus maxillosus. Arquivos de Biologia e
o fomento e divulgação da pesquisa. Entretanto, muitos Tecnologia 33(4): 939-948.
desafios ainda existem, tais como o direcionamento da Borgheti, J.R.; C. Canzi, e D.R. Fernandez. 1990a. Influência de
diferentes níveis de proteína no crescimento do dourado
pesquisa, não só em nutrição como também em outras
Salminus maxillosus. Arquivos de Biologia e Tecnologia
áreas da aquicultura, para temas fundamentais ao de- 33(3): 683-689.
senvolvimento da atividade no país. Foco e eficiência na Borghetti, J.R., e A. Ostrensky. 2002. Panorama atual, problemas
troca de informações são grandes desafios da pesquisa e perspectivas para a pesca e para a aquicultura continental
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Tundisi, editores. Águas Doces no Brasil: Capital ecológico,
Pelo menos do ponto vista dos nutricionistas de
uso e conservação. 2ed. Editora Escrituras, São Paulo, SP,
peixes, e espera-se que tanto na esfera da pesquisa Brazil.
como da indústria de rações, aparentemente chegamos Braga, L.G.T.; R. Borghesi, and J.E.P. Cyrino. 2008. Apparent
a um ciclo virtuoso, mas não a uma situação de total digestibility of ingredients in diets for Salminus brasiliensis.
conforto. Mais uma vez, concomitante ao aumento da Pesquisa Agropecuária Brasileira 43(2): 271-274.
Braga, L.G.T.; R. Borghesi, J.K. Dairiki, e J.E.P. Cyrino. 2007. Trânsito
produção aquícola cresce a demanda por rações gastrintestinal de dieta seca em Salminus brasiliensis.
para peixes, formuladas cada vez com maior preci- Pesquisa Agropecuária Brasileira 42(1): 131-134.
são, espécie-específicas e altamente processadas. Britski, H. A.; Y. Sato, e A. B. S. Rosa. 1984. Manual de Identificação
Apesar dos esforços dos nutricionistas brasilei- de Peixes da Região de Três Marias. Companhia de
ros, tanto os pesquisadores quanto os profissionais da Desenvolvimento do Vale do São Francisco [CODEVASF],
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indústria, muitas perguntas, e algumas realmente bási- Britski, H.A.; K.Z. de S. de Silimon, e B.S. Lopes. 2007. Peixes do
cas, ainda permanecem sem resposta. Novos desafios Pantanal. Manual de Identificação. 2ed. Empresa Brasileira
aparecem a cada dia, mas parece que estamos à altura de Pesquisa Agropecuária [EMBRAPA], Brasília, DF.
6 NUTRIAQUA

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2

Morfologia e Fisiologia do
Sistema Digestório de Peixes

L IGIA U RIBE G ONÇALVES


A NA P AULA O EDA R ODRIGUES
G IOVANNI V IT TI M ORO
E DUARDO C ARGNIN -F ERREIRA
J OSÉ E URICO P OSSEBON C YRINO

Tendo em vista estas prerrogativas, este capítulo


INTRODUÇÃO foi elaborado para elucidar a dinâmica de captura, di-
gestão e aproveitamento de nutrientes. Primeiramen-
Ao contrário dos demais vertebrados, os peixes te, são apresentados os órgãos sensoriais (olfato e pa-
consomem uma grande variedade de alimentos e pos- ladar), que detectam estímulos químicos diluídos na
suem muitas formas de se alimentar, razão pela qual os água e que estão envolvidos na busca e aceitabilidade
hábitos alimentares acabam se sobrepondo (Kapoor et do alimento. Na sequência, são explorados aspectos da
al., 1975). Algumas espécies se alimentam de itens mor- estrutura e função do trato digestório, seguindo o flu-
tos, outras de materiais vivos, enquanto outras se ali- xo de passagem do alimento (boca, rastros branquiais,
mentam de microrganismos, de vegetais e/ou animais. esôfago, estômago, cecos pilóricos e intestino), além
A grande maioria, porém, é oportunista, alimentando-se dos órgãos anexos (fígado, pâncreas e vesícula biliar),
dos itens disponíveis no meio (NRC, 2011), o que origina relacionando-os com os diversos hábitos e estratégias
diferentes hábitos alimentares, com variações na sua es- alimentares. Também são apresentadas alterações na
trutura. Porém, as funções desse sistema são consistentes estrutura e fisiologia do trato digestório em resposta à
entre as espécies e incluem: (i) a digestão dos alimentos; dieta, a importância da microbiota intestinal para a saú-
(ii) osmorregulação; (iii) a secreção de hormônios envol- de e nutrição, e por último os processos de digestão e
vidos nos processos de digestão e no metabolismo; (iv)
absorção de nutrientes.
a defesa do organismo contra patógenos e substâncias
Existe uma lacuna muito grande em relação a in-
nocivas (Buddington e Kuz’mina, 2000).
formações sobre a anatomia, morfologia e fisiologia do
Os hábitos alimentares estão estritamente relacio-
trato digestório das espécies neotropicais. Desta forma,
nados com as características anatômicas e morfofisioló-
o texto deste capítulo é amparado principalmente em
gicas do sistema digestório, as quais devem ser consi-
publicações relacionadas à anatomia e morfofisiologia
deradas para o desenvolvimento de rações adequadas
de espécies exóticas, como Buddington et al. (1997),
para cada espécie. O conhecimento da estrutura bucal
Kapoor et al. (1975), NRC (2011), Rust (2002), Wilson e
e o comportamento de captura do alimento podem for-
Castro (2011) mas, sempre que possível, foi dada ênfase
necer informações para o desenvolvimento de péletes
às espécies neotropicais e economicamente importan-
adequados (tamanho e tempo de flutuação). Da mesma
tes para a aquicultura brasileira.
forma, dados sobre a morfologia do estômago e intes-
tino podem colaborar na escolha de ingredientes com
maiores ou menores quantidades de certos nutrientes
(proteína, lipídio, carboidrato, fibra) que farão parte da
composição da dieta. Além disso, o conhecimento da fi- ESTRUTURA DO TRATO DIGESTÓRIO
siologia dos sistemas envolvidos na digestão, absorção
e aproveitamento dos nutrientes permite uma maior De acordo com os principais itens alimentares
precisão na determinação das exigências nutricionais predominantes na dieta natural, o hábito alimentar dos
das espécies de peixes utilizadas na aquicultura. peixes é comumente dividido em detritívoro, herbívoro,

9
10 NUTRIAQUA

onívoro e carnívoro. Com relação à diversidade de ali- mecanorrecepção (ouvido interno e linha lateral) e a
mentos consumidos, os peixes podem ser classificados eletrorrecepção (receptores ampuliformes da linha late-
em eurífagos, estenófagos e monófagos (Al-Hussaini, ral) estejam envolvidos na alimentação dos teleósteos,
1949; Kapoor, 1975; Moyle e Cech, 2004, NRC, 2011). será dada atenção especial à quimiorrecepção, em es-
Peixes eurífagos são aqueles cuja dieta é composta por pecial ao olfato e paladar.
uma grande variedade de alimentos (e.g. tambaqui A quimiorrecepção compreende olfato, paladar,
Colossoma macropomum, pacu Piaractus mesopotamicus células sensoriais isoladas e sentido químico comum,
e tilápia-do-Nilo Oreochromis niloticus); consequente- sendo que os dois últimos não estão bem definidos
mente, possuem maior plasticidade e especializações (Hara, 2011a). Como os peixes detectam os estímulos
fisiológicas (Kapoor et al., 1975), sendo também as es- químicos diluídos na água, a distinção entre o olfato e
pécies mais utilizadas em aquicultura (Rust, 2002). Os paladar não é tão simples como em animais terrestres
estenófagos consomem uma variedade limitada de (Hara, 2011b), de modo que a diferenciação entre esses
itens alimentares (e.g. tucunarés Cichla sp), enquanto os sentidos é determinada anatômica e fisiologicamente
monófagos, somente um tipo de alimento (e.g. piapara (Hara, 1971). As informações detectadas pelos neurô-
Leporinus elongatus) (Kapoor et al., 1975). nios bipolares do sistema olfativo são transmitidas para
De modo geral, o trato gastrointestinal dos pei- o nervo cranial I e bulbo olfativo e, por fim, para o sis-
xes pode ser dividido em quatro regiões: porção cefá- tema nervoso central, enquanto que os quimiorrecep-
lica ‘headgut’ (boca e faringe), porção anterior ‘foregut’ tores localizados nas papilas gustativas transmitem as
(esôfago e estômago), intestino médio ‘midgut’ (intes- informações ao sistema nervoso central a partir dos ner-
tino propriamente dito) e intestino posterior ‘hindgut’ vos facial (nervo cranial VII), glossofaríngeo (IX) e vagal
(reto) (Harder, 1975). A porção cefálica é responsável (X) (Caprio, 1988).
pela captura e processamento mecânico do alimento
(Clements e Raubenheimer, 2005). A porção anterior
é onde se inicia a digestão química. No intestino pro- Olfato
priamente dito, há continuação da digestão química e
ocorre majoritariamente o processo de absorção dos O olfato é o primeiro sentido do sistema quimios-
nutrientes (Wilson e Castro, 2011). sensorial a ser desenvolvido na ontogenia (Hara, 2011c),
O trato digestório dos peixes consiste em um tubo surgindo nas primeiras horas de vida dos peixes, como
composto por lúmen e uma parede formada por basi- observado em pintado (Pseudoplatystoma corruscans)
camente quatro camadas distintas: mucosa, submuco- (Cestarolli, 2005), dourado (Salminus brasiliensis) (Mai,
2009) e pacu (Clavijo-Ayala, 2008).
sa, muscular e serosa (Genten et al., 2009). A mucosa é
O aparelho olfativo inicia-se por um par de fossas
composta por um revestimento epitelial e lâmina pró-
nasais localizado no focinho, na parte dorsal da cabeça.
pria (tecido conjuntivo frouxo, vascularizado, contendo
Cada fossa nasal contém uma câmara ligada ao exterior
nervos e leucócitos) (Wilson e Castro, 2011). O epitélio
por duas aberturas (anterior e posterior), separadas por
do trato digestório dos peixes é altamente revestido por
uma dobra epitelial (Hara, 1971; Rust, 2002). Conforme
substâncias mucosas variadas, de grande importância
o peixe nada, a água entra pela narina anterior e sai pela
fisiológica nos processos digestivos e na proteção con-
posterior; ao contrário do que acontece em animais
tra injúrias mecânicas e químicas (Kapoor et al., 1975).
terrestres, peixes não apresentam comunicação entre
A submucosa consiste em uma camada adicional de te-
os sistemas olfativo e respiratório (Hara, 1971; 1994).
cido conjuntivo e embora seja relatada em peixes, tec-
Dentro da câmara olfativa são encontradas as lamelas
nicamente, porém, estaria presente apenas em peixes
olfativas organizadas em dobras, constituindo a roseta
com muscular da mucosa, estrutura que é raramente
olfatória. O epitélio de revestimento da lamela olfativa é
encontrada em peixes (Wilson e Castro, 2011). A túnica
formado por uma região sensorial e outra não sensorial
muscular é formada por camadas longitudinais e circu-
(Hara, 1994; 2011c).
lares de músculo estriado ou liso, enquanto a serosa é O epitélio não sensorial possui células não senso-
uma camada de tecido conjuntivo frouxo, rica em vasos riais ciliadas, epidérmicas, basais e de muco (Hara, 1994),
sanguíneos e revestida por células mesoteliais (Wilson enquanto o epitélio sensorial é constituído, principal-
e Castro, 2011). mente, por três tipos de células: receptoras, de susten-
tação e basais (Hara, 1994; 2011c). A célula receptora é
um neurônio bipolar, podendo ser ciliado ou com mi-
ÓRGÃOS SENSORIAIS crovilos, cujo dendrito fica exposto ao ambiente externo
na superfície epitelial, sendo que o axônio se estende
Os órgãos sensoriais são importantes na alimen- até a lâmina própria. Os axônios das células receptoras
tação dos peixes, pois participam na localização e apre- passam através da membrana basal, agrupam-se na
ensão do alimento. Embora a fotorrecepção (visão), a submucosa e formam o nervo olfativo, que termina no
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 11

bulbo olfatório (Hara, 1994). O bulbo olfatório transmite Diferentemente das células do sistema olfatório
as informações olfativas para o cérebro a partir do pri- que são neurônios, as células do paladar são conside-
meiro nervo cranial (Hara, 1971). As células de suporte radas células epidérmicas especializadas (Hara, 1994). A
possuem poucas microvilosidades ou longos cílios e fi- célula clara é considerada o receptor gustativo e pos-
cam intercaladas entre as células receptoras; as células sui numerosos túbulos de elétrons em seu citoplasma.
basais são células indiferenciadas situadas adjacentes à Apesar da célula escura ser considerada de sustenta-
lâmina basal. ção, de base, em alguns casos pode também funcionar
Dentre os componentes químicos que estimulam como receptora (Hara, 2011b).
o sistema olfatório dos peixes, e.g. aminoácidos, sais bi- As células basais estão situadas na parte inferior
liares, esteroides sexuais, prostaglandinas, a maior sensi- das papilas gustativas e estão ligadas às demais célu-
bilidade é provocada pelos aminoácidos (Hara, 2011d). las através dos desmossomos (Hara, 1994). As células
Os receptores olfativos do ‘white catfish’ (Ameiurus catus) basais contêm vesículas ricas em serotonina, possuem
(Siluriformes, Ictaluridae) são extremamente sensíveis a conexões sinápticas com as células claras e escuras e
aminoácidos simples, em ordem decrescente: L-glutamina, com as fibras nervosas, agindo como um modulador da
L-metionina, L-alanina, L-asparagina, D-metionina, atividade gustativa (Hara, 2011b).
L-cisteína (Suzuki e Tucker, 1971); a cisteína é o mais po- As papilas gustativas são inervadas por feixes de
tente estimulador do sistema olfativo em truta arco-íris fibras nervosas não mielinizadas em sua periferia, que
(Oncorhynchus mykiss), em truta do lago (Salvelinus passam ao redor das células basais (Hara 2011b). As in-
namaycush) e no ‘goldfish’ (Carassius auratus auratus) formações das papilas gustativas presentes na superfí-
(Hara, 2006). cie corporal e na região rostral oral são transmitidas ao
sistema nervoso central pelo nervo facial (nervo crania-
no VII), enquanto as papilas gustativas presentes na ca-
Paladar vidade oral posterior na região da faringe e brânquias
são inervadas pelos nervos glossofaríngeo (nervo cra-
O paladar é reconhecido pelos quimiorreceptores niano IX) e vagal (nervo craniano X) (Hara, 2011b).
presentes nas papilas gustativas, que estão distribuídas ao Assim como para o sistema olfativo, os aminoáci-
redor da boca, em toda cavidade oral, na faringe, na base dos são os melhores estímulos gustativos para peixes
dos arcos branquiais, nos barbilhões, nas nadadeiras e, dentre os componentes químicos presentes na água
muitas vezes, em toda região corporal externa dos peixes (Hara, 1994). As papilas gustativas dos barbilhões de
(Whitear, 1992, Hara,1994). Em peixes carnívoros, como na bagre-do-canal (Ictalarus punctatus) apresentam alta
truta arco-íris, é comum encontrar papilas gustativas próxi- sensibilidade a sete aminoácidos, em ordem decrescen-
mas aos dentes, o que permite saborear a presa logo após te: L-alanina, L-arginina, L-serina, ácido aminobutírico,
a sua perfuração ou dilaceração, decidindo assim, rejeitá-la L-glutamina, D-alanina e glicina (Caprio, 1975).
ou ingeri-la (Ezeasor, 1982). Por outro lado, as papilas gus- Além das papilas gustativas, os peixes possuem
tativas presentes na faringe colaboram na seleção alimen- outros quimiorreceptores na pele, chamados de células
tar na região, sendo que o alimento indesejável pode ser quimo-sensoriais solitárias que integram os sentidos de
expelido através das brânquias (Kapoor, 1975). olfato e paladar (Kotrschal, 1996; Rust, 2002). As célu-
As papilas gustativas possuem forma de bulbo e, las sensoriais solitárias estão localizadas entre células
dependendo da espessura da camada epitelial, variam epidérmicas não especializadas e estão relacionadas
de 45 a 75 μm em comprimento e 30 a 50 μm em largura, principalmente à detecção de salinidade ou produtos
sendo orientadas perpendicularmente à superfície epi- químicos irritantes (Whitear, 1992), ou ainda na detec-
telial. As papilas gustativas dos peixes são constituídas ção de predadores (Kotrschal, 1996). Essas células pa-
por três tipos de células: claras, escuras e basais (Hara, recem possuir menor sensibilidade em relação à busca
2011b). As células escuras receberam esse nome devido de alimentos, quando comparadas às demais células do
à sua afinidade por corantes basófilos; são células finas sistema de quimiorrecepção, sendo que sua relevância
que se estendem desde a base até a superfície apical biológica ainda não foi bem definida (Hara, 2011a).
da papila gustativa, onde terminam com uma série de
microvilos (Northcutt, 2004), variando de 0,1 a 0,2 μm de
diâmetro e 0,5 a 1,0 μm de comprimento (Hara, 2011b). ÓRGÃOS DE APREENSÃO
As células claras são assim chamadas devido à sua aver-
são a corantes basófilos (Northcutt, 2004); apesar de se A boca, a faringe, os dentes, os arcos branquiais,
estenderem por todo comprimento da papila gustativa, a língua e o esôfago, somados aos órgãos sensoriais,
sua superfície apical termina em protuberância em for- estão relacionados aos processos de busca, seleção,
ma de bastão ou com a presença de cílios, sendo que apreensão, orientação e preparação pré-digestiva do
seu tamanho pode variar de 0,5 μm em espessura e 1,5 alimento, ou seja, a quebra do alimento em partículas
a 3,0 μm em comprimento (Hara 2011b). menores e sua embebição, o que facilita a ação das
12 NUTRIAQUA

enzimas digestivas (Buddington e Kuz’mina, 2000; em altura, o que permite a captura e ingestão de presas
Kapoor, 1975; Rust, 2002). de grande porte (Rodrigues e Menin, 2006a). Da mesma
forma, o trairão (Hoplias lacerdae) apresenta boca ampla
e terminal, com grande firmeza na mordedura (Maciel
Boca et al., 2009) e o dourado apresenta fenda bucal ampla,
cavidade bucal alargada e aparelho dentário faringea-
A boca ou cavidade oral é o órgão por onde o ali- no com espessura reduzida, favorecendo a ingestão de
mento entra ao sistema digestório. A cavidade oral com- presas grandes (Rodrigures e Menin, 2006b). Por outro
preende desde a região da mandíbula até o esfíncter lado, a boca pequena e com abertura estreita auxilia na
esofágico, enquanto a faringe é caracterizada pela re- sucção do alimento e/ou raspagem do substrato, estan-
gião posterior da boca, próxima do esôfago e brânquias do geralmente presente em peixes fitoplanctófagos,
(Rust, 2002). A cavidade oral e a faringe são revestidas bentófagos e herbívoros, mas também em alguns oní-
por epitélio escamoso estratificado e contêm muitas cé- voros como no piauçu (Leporinus macrocephalus) e no
lulas secretoras de muco, que facilitam a passagem do piau (Leporinus friderici) (Albrecht et al., 2001).
alimentos além de proteger a mucosa de injúrias físicas
(Genten et al., 2009).
Os lábios dos peixes podem ser encontrados em Dentes
diferentes formas. Em algumas espécies pode ser um
órgão adesivo (Kapoor, 1975) ou protrátil como no Os dentes podem estar localizados nas maxilas (in-
curimbatá (Prochilodus lineatus). Os lábios do curimba- ferior, superior e pré-maxilar), no vômer, nos palatinos,
tá possuem pequenos dentículos sem inserção óssea e na língua, na faringe e nos lábios (Zavala-Camin, 1996)
atuam na raspagem dos sedimentos e/ou da vegetação, e podem ser cônicos ou pontiagudos, esféricos, curva-
sendo auxiliados pelos movimentos dos lábios (Olive- dos, com formatos de caninos ou molariformes (Genten
ros e Occhi, 1972; Fugi et al., 2001). Outra vantagem da et al., 2009). De maneira geral, os dentes com formato
boca protrátil, como a do ‘roach’ (Rutilus rutilus) é a adap- pontiagudo possuem a função de segurar ou perfurar,
tação de seu formato, que permite engolir pequenas enquanto os dentes de borda cortantes são utilizados
partículas de alimento, bem como alimentos maiores, para cortar e triturar a presa (Baldisseroto, 2009). Os
compensando a ausência de dentes na mandíbula e pa- dentes orais pontiagudos do dourado, espécie ictiófaga
lato (Al-Hussain, 1949). Em períodos de depleção de oxi- anatomicamente adapatada à predação, são dispostos
gênio, algumas espécies podem exibir protuberâncias na maxila (ossos pré-maxilares e maxilares), na mandí-
dérmicas labiais na mandíbula, facilitando a respiração bula (ossos dentários) e possuem dentículos pontiagu-
aquática superficial. A formação dessa estrutura adap- dos e placas dentígeras na faringe. Seus dentes apenas
tativa em resposta à hipóxia foi descrita em tambaqui penetram na presa e previnem o seu escape da cavi-
(Alves et al., 1999), dourado (Scarabotti, 2009) e no ma- dade bucofaringeana, entretanto não há preparação
trinxã (Brycon amazonicus) (Winemiller, 1989). Embora pré-digestiva do alimento (Rodrigues e Menin, 2006b).
os peixes possuam língua, geralmente esta não é bem Moshin (1962) relata que em função de uma die-
desenvolvida (Kapoor, 1975; Buddington e Kuz’mina, ta constituída de alimentos inertes, animais pequenos,
2000), porém pode apresentar alguma movimentação sementes, plantas aquáticas e algas, peixes herbívoros
em espécies carnívoras, especialmente nos piscívoros e onívoros, ao contrário de carnívoros, não possuem
(Kapoor 1975), colaborando na apreensão da presa. dentes bem desenvolvidos. Divergências são encontra-
A posição da boca dos peixes pode ser dorsal, ter- das nas espécies lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax
minal, semiventral ou ventral (Nikolsky, 1963). Como a altiparanae) (Peretti e Andrian, 2008) e piauçu (Rodrigues
maioria dos órgãos do sistema digestório, os diferentes et al., 2006), que apresentam dentição oral bem de-
formatos de boca estão relacionados à condição di- senvolvida, apesar do hábito alimentar onívoro, assim
versificada dos níveis tróficos (Al-Hussaini, 1947, Rust, como no tambaqui, que possui dois dentes cônicos lo-
2002) e consequentemente com a disponibilidade do calizados anteriormente à fileira de dentes na direção
alimento em vários compartimentos da coluna d’água. da sínfise da mandíbula inferior e duas fileiras de dentes
Além disso, os peixes podem ter diferentes distensões no pré-maxilar; seus dentes possuem formato mola-
da cavidade oro-branquial, o que aumenta o fluxo de riforme multicúspide, adaptados a quebrar e esmagar
água, atua na respiração e colabora para a captura de frutos e sementes duras (Araújo-Lima e Goulding, 1997;
presas por sucção em peixes sedentários, enquanto que Goulding e Carvalho, 1982).
em peixes ativos, a respiração e apreensão de alimen- Os dentes localizados na faringe, conhecidos como
tos dependem mais da natação (Zavala-Camin, 1996). dentes faringeanos, estão envolvidos na mastigação e
Peixes com grande abertura bucal em sua maioria são quebra de material vegetal resultando em partículas me-
carnívoros (Suyehiro, 1942). O pintado apresenta boca nores, facilitando a ação das enzimas digestivas, sendo
terminal com fenda bucal extensa em largura e estreita mais desenvolvidos em espécies herbívoras (Hickling,
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 13

1966). As placas ou áreas dentígeras repletas de dentí- Em peixes carnívoros/piscívoros os rastros bran-
culos são utilizadas para raspar o corpo da presa e deixar quiais são pequenos, fortes, espaçados e pontiagudos,
o seu conteúdo mais exposto à ação enzimática, sendo como no ‘black bass’ (Micropterus salmoides) (Moyle
encontrados em cangati (Parauchenipterus galeatus) e Cech, 1988), dourado (Rodrigues e Menin, 2006b) e
(Peretti e Andrian, 2008), mandi (Pimelodus sp.) (Menin pintado (Rodrigues e Menin, 2006a), prevenindo o es-
e Minura, 1991) e pintado (Rodrigues e Menin, 2006a). cape da presa da cavidade bucofaringeana durante a
deglutição, mas sem função filtradora (Kapoor, 1965).
Embora existam diversificações dos rastros branquiais
Rastros Branquiais em relação à forma, tamanho e função, uma caracterís-
tica comum dessa estrutura é a proteção dos filamentos
Os rastros branquiais são formações cartilagino- branquiais em todas as espécies de peixes.
sas ou ósseas, localizadas na parte anterior dos arcos
branquiais (Zavala-Camin, 1996). Os rastros branquiais
podem ser utilizados para saborear (devido à presença Esôfago
de papilas gustativas), filtrar a água e reter pequenas
partículas de alimento ou ainda prevenir o escape do O esôfago compreende a região de transição en-
alimento (Kapoor, 1965). tre a cavidade bucal e o restante do trato gastrointesti-
Adaptações dos rastros branquiais em relação ao re- nal (Rust, 2002). Consiste geralmente em um tubo curto,
gime alimentar, principalmente em relação ao tamanho reto e espesso por onde o alimento transita (Wilson e
do alimento ingerido, estão relacionadas à distância en- Castro, 2011). É altamente elástico em peixes predado-
tre os rastros. Rastros unidos retêm pequenas partículas, res, sendo menos distensível nas espécies detritívoras
prevenindo a perda de alimento, enquanto que rastros e herbívoras (Baldisserotto, 2009; Rust, 2002). Esôfagos
branquiais espaçados permitem a rejeição do alimento mais musculosos são atribuídos às espécies de água
indesejável e/ou previnem o escape de presas. Espécies doce como adaptação osmorregulatória para elimina-
com pequenos rastros branquiais tendem a ser onívoras, ção da água do alimento (Smith, 1980). No dourado, o
enquanto aquelas com rastros branquiais longos são fre- esôfago é um órgão tubular e musculoso, com mucosa
quentemente filtradoras (Zayed e Mohamed, 2004). bastante desenvolvida e provida de numerosas e espes-
Em peixes filtradores, os rastros branquiais são finos sas pregas longitudinais que auxiliam na distensão do
e unidos, tais como na carpa prateada (Hypophthalmichthys órgão e trânsito do alimento (Rodrigues e Menin, 2008)
molitrix), carpa cabeça grande (Hypophthalmichthys (Figura 1). Esse mesmo padrão é descrito para a maio-
nobilis) (Cremer e Smitherman, 1980), tambaqui (Goulding ria das espécies de teleósteos como a truta marrom
e Carvalho, 1982). Os rastros retêm as partículas de ali- (Salmo trutta) (Burnstock, 1958), o bagre do canal (Sis
mentos presente na água, as quais são direcionadas et al., 1979) e o peixe-rei de água doce (Odontesthes bona-
para o esôfago (Baldisserotto, 2009). riensis) (Diaz et al., 2006).
1

(A) (B)
CC
EE P
M

SC

TL I
TCE

Figura 1. Corte
Figura 1. Corte transversal
transversal do esôfagodo esôfagoSalminus
de dourado, de dourado,
brasiliensis.Salm inus brasilie
(A) Células nsis.(CC).
caliciformes (A)Abaixo
Células caliciformes
do epitélio estratifi-
cado (EE), observa-se um denso tecido conjuntivo, denominado stratum compactum (SC). Nota-se, ainda, presença de muco (M) na
(CC). Abaixo
luz do órgão do(B)epitélio
(100x). estratificado
Observa-se (EE),
a organização do observa-se
músculo um
esofágico em denso
duas tecido
camadas conjuntivo,
distintas e contínuas, adenominado
túnica circular
externa (TCE) e a túnica longitudinal interna (TLI), cujos feixes de músculo estão rodeados por perimísio (P) (20x) (Imagens: Eduardo
stratum compactum (SC). Nota-se, ainda, presença de muco (M) na luz do órgão (100x). (B)
Cargnin-Ferreira)

Observa-se a organização do músculo esofágico em duas camadas distintas e contínuas, a túnica


circular externa (TCE) e a túnica longitudinal interna (TLI), cujos feixes de músculo estão
14 NUTRIAQUA

O epitélio da mucosa esofagiana é bastante va- de células granulares eosinofílicas, o stratum granulosum
riado, podendo ser inteiramente estratificado (Diaz (Carassón et al., 2006; Diaz et al., 2006). A função do stra-
et al., 2006; Sis et al., 1979), pseudoestratificado na por- tum compactum parece ser a de fortalecer e preservar
ção anterior e colunar simples posteriormente (Bucke, a integridade da parede do trato digestório contra dis-
1971), pseudoestratificado cranialmente, tornando-se tensões abruptas em animais que ingerem presas rapi-
estratificado caudalmente (Albrecht et al., 2001), colu- damente (Burnstock, 1958). A presença de submucosa é
nar simples no topo das pregas e estratificado na base relatada por alguns autores como Albrecht et al. (2001),
destas (Carassón et al., 2006), entre outros. Apresenta Carassón et al. (2006) e Diaz et al. (2006). A túnica mus-
uma elevada quantidade de células mucosas que, assim cular é comumente composta por músculo estriado
como o epitélio de revestimento, protegem o esôfago interno longitudinal e externo circular (Carassón et al.,
contra injúrias mecânicas e químicas, além de lubrificar 2006; Diaz et al., 2006; Sis et al., 1979) (Figura 1), predo-
o alimento, facilitando sua passagem (Diaz et al., 2006; minando, em alguns casos, apenas a muscular circular
Kapoor et al., 1975; Rust, 2002) (Figura 1). Conforme (Albrecht et al., 2001; Burnstock, 1958).
revisado por Wilson e Castro (2011), a microscopia ele- Embora a maioria dos peixes não apresente um
trônica de varredura revela que o epitélio esofagiano esfíncter separando o esôfago do estômago, o músculo
apresenta micropregas, que possivelmente aumentam nessa região pode se manter contraído, evitando que o
a adesão e dispersão do muco, potencializando a função conteúdo estomacal retorne ao esôfago, exceto quando
deste. Células enteroendócrinas e linfócitos também são em regurgitação (Olsson, 2011). Histologicamente, no
encontrados dispersos na mucosa esofagiana (Wilson entanto, o início do estômago é definido pela alteração
e Castro, 2011); alguns autores relatam, também, a para epitélio colunar, ausência de células caliciformes e
ocorrência de papilas gustativas (Sis et al., 1979; Smith, presença de glândulas gástricas (Albrecht et al., 2001;
1980). Bucke, 1971; Wilson e Castro, 2011) (Figuras 1 e 2). Além
Em algumas espécies, a lâmina própria da mucosa disso, o músculo estriado do esôfago é substituído por
esofagiana pode ser dividida em uma camada de tecido músculo liso no estômago e a camada muscular circular
conjuntivo denso, rico em fibras de colágeno, o stratum passa a ser interna à longitudinal (Albrecht et al., 2001;
2
compactum, e outra, de tecido conjuntivo frouxo, repleto Carassón et al., 2006) (Figuras 1 e 2).

(A) (B)
FG

GG
FG GG

Figura 2. Corte transversal do estômago. (A) Porção cárdica do estômago de dourado (Salminus brasiliensis), onde se visualizam
as glândulas
Figura 2.cárdicas
Cortetúbulo-enoveladas,
transversal doasestômago.
quais se abrem (A)nasPorção
fossetas gástricas
cárdica(FG)
do(100x). (B) Porção
estômago defúndica do estômago
dourado de
(Salminus
tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) que apresenta glândulas gástricas (GG) do tipo tubulosas simples. Estas glândulas abrem-se
nas fossetas
brasilie nsis),gástricas
onde(FG) se revestidas
visualizampor epitélio, o qual sintetiza
as glândulas e secreta,
cárdicas em quantidade moderada,
túbulo-enoveladas, as muco-substâncias
quais se abrem (setas)
nas
(200x) (Imagens: Eduardo Cargnin-Ferreira).
fossetas gástricas (FG) (100x). (B) Porção fúndica do estômago de tilápia-do-Nilo (Oreochromis
intestino; os órgãos digestórios incluem ainda o fígado,
ÓRGÃOS
niloticus)DIGESTÓRIOS
que apresenta glândulas gástricas (GG) dootipo tubulosas
pâncreas simples.
e a vesícula Estas2002).
biliar (Rust, glândulas abrem-
se nas
Os fossetas gástricas (FG)
órgãos considerados revestidas
digestórios por epitélio, o qual sintetiza e secreta, em quantidade
são aqueles
em que predominam os processos de digestão dos ali-
moderada, Estômago
muco-substâncias (setas) (200x) (Imagens: Eduardo Cargnin-Ferreira).
mentos e absorção de seus nutrientes, compreendendo
estômago (nas espécies que possuem estômago) ou O estômago armazena temporariamente a dieta e
bulbo intestinal (presente em algumas espécies agástri- desempenha funções mecânicas e químicas que auxi-
cas), cecos pilóricos (encontrado em algumas espécies) e liam na trituração do alimento e no início da digestão
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 15

(Baldisserotto, 2009; Olsson, 2011). Sua anatomia é bas- (Olsson, 2011; Smith, 1980) (Tabela 1). O estômago
tante variável, mesmo em espécies com hábitos alimen- sifoide é o mais comum entre as espécies de peixe
tares semelhantes (Baldisserotto, 2009; NRC, 2011). De (e.g. bagre-do-canal e traíra Hoplias malabaricus), ao
acordo com seu formato, o estômago dos peixes pode contrário do retilíneo (e.g. ‘northern pike’, Esox lucius), o
ser classificado em três tipos: retilíneo (formato de saco qual, em alguns casos, é na realidade um indicativo da
e com lúmen grande), sifoide (semelhante a um sifão, ausência de estômago (Wilson e Castro, 2011). O estô-
em forma de U ou J, com lúmen amplo) e cecal (similar mago cecal comporta grandes presas em seu interior,
a um saco, em forma de Y e característico de espécies mas não necessariamente se restringe às espécies carní-
que ingerem grandes itens alimentares de uma só vez) voras (e.g. dourado e piau) (Tabela 1 e Figura 3).

Tabela 1. Hábito alimentar e estrutura do trato digestório de alguns teleósteos de importância aquícola no Brasil.

Espécie Hábito Cécos Coeficiente


Estômago Referência
Nome comum Alimentar1 pilóricos2 intestinal3

Salminus brasiliensis Carnívoro /


Cecal em forma de “Y” + n.i Rodrigues e Menin, 2008
Dourado ictiófago

Oncorhynchus mykiss
Carnívoro n.i. + 0,49 Buddington et al., 1987
Truta arco-íris

Morone saxatilis
Carnívoro n.i. + 0,46 Buddington et al., 1987
“Striped bass”

Hoplias malabaricus Carnívoro /


Sifonal n.i. 0,78 Moraes e Barbola, 1995
Traíra ictiófago

Pseudoplatystoma coruscans Carnívoro / n.i.


0,45-0,48 Seixas-Filho et al., 2001
Pintado ictiófago

Brycon orbignyanus
Onívoro n.i. + 1,03 a 1,17 Seixas-Filho et al., 2000
Piracanjuba

Leporinus macrocephalus
Onívoro Cecal em forma de “Y” + n.i. Rodrigues et al., 2007
Piavuçu

Ictalurus punctatus
Onívoro n.i. - 1,6 Buddington et al., 1987
Bagre do canal

Leporinis friderici
Onívoro Cecal em forma de “Y” + 1,25±0,15 Albrecht et al., 2001
Piau

Leporinus taeniofasciatus
Onívoro Cecal em forma de “Y” + 1,14±0,07 Albrecht et al., 2001
Piau

Prochilodus lineatus
Iliófago Fúndico em forma de “U” + 4,60 Moraes et al., 1997
Curimbatá

Oreochromis niloticus Herbívoro Adaptado de Smith et al.,


n.i. - 23,53
Tilápia-do-Nilo 2000

Cyprinus carpio
Herbívoro Sem estômago - 2,10 Buddington et al., 1987
Carpa comum

Ctenopharyngodon idella
Herbívoro Sem estômago - 1,9 Buddington et al., 1987
Carpa capim

Tilapia zillii
Herbívoro n.i. - 5,8 Buddington et al., 1987
Redbelly tilapia

1
Hábito alimentar do peixe adulto.
2
Cecos pilóricos: presentes (+); ausentes(-).
3
Coeficiente intestinal = comprimento total do intestino/comprimento do peixe.
n.i = não informado.
16 3 NUTRIAQUA

O tamanho do estômago está relacionado com


CP I o intervalo entre as refeições e a natureza da dieta
(Kapoor et al., 1975). Em peixes ictiófagos, o estôma-
go é bastante distensível, como resultado da presen-
E
ça de pregas longitudinais espessas e numerosas, que
permitem um aumento de três a quatro vezes o seu
tamanho (Baldisserotto, 2009). Peixes detritívoros e
E
I zooplanctófagos, de forma geral, apresentam estôma-
go com reduzida capacidade de armazenamento, po-
rém bastante musculoso e com fortes contrações para
CP fragmentar o alimento, auxiliado por areia ou outro
I
tipo de sedimento (Baldisserotto, 2009) (Figura 4). Já em
algumas famílias, como Cyprinidae, Labridae, Scaridae
e Gobiidae, o estômago inexiste (Genten et al., 2009;
E
Smith, 1980). A maioria das espécies sem estômago são
Figura 3. Trato digestório de dourado Salminus brasiliensis detritívoras, herbívoras ou micrófagas (NRC, 2011), em-
Figura 3. Trato digestório de dourado Salminus brasiliensis (carnívoro, estômago grande e elástico,
numerosos cecos pilórico e intestino curto), pacu Piaractus mesopotamicus (onívoro, estômago ebora haja exceções como o ciprinídeo agástrico e carní-
(carnívoro, estômago grande e elástico, numerosos cecos pi-
lórico e de
intestinos intestino curto),
tamanhos médios pacu Piaractus
e presença mesopotamicus
de cecos pilóricos), (oní-
tilápia-do-Nilo Oreochromis niloticusvoro ‘northern pikeminnow’ (Ptychocheilus oregonense)
voro, estômago
(onívoro, com estômago e intestinos de tamanhos
pequeno, ausência médios
de cecos pilóricos e presença
e intestino longo). E: estômago,
CP:cecos
cecos pilóricos, I: intestino (Ilustrações: Everton Amaral Berton). (Weisel, 1962). Alguns peixes sem estômago possuem
de pilóricos), tilápia-do-Nilo Oreochromis niloticus (oní-
voro, com estômago pequeno, ausência de cecos pilóricos e uma estrutura semelhante a uma moela anteriormen-
intestino longo). E: estômago, CP: cecos pilóricos, I: intestino te ao intestino que auxilia na trituração do alimento
(Ilustrações: Everton Amaral Berton). (NRC, 2011).

TM

Figura 4. Corte transversal do estômago de curimbatá (Prochilodus lineatus), exibindo túnica muscular (TM) bastante conspícua,
4. Corte transversal do estômago de curimbatá (Prochilodus lineatus), exibindo
permeada por exíguo tecido conjuntivo (seta) (20x) (Imagem: Eduardo Cargnin-Ferreira).

ar (TM) bastante conspícua, permeada por exíguo tecido conjuntivo (seta) (20x) (Im
o Cargnin-Ferreira).
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 17

O estômago dos peixes pode ser diferenciado partículas menores, disponibilizando maior área super-
histológica e funcionalmente em duas regiões, a cárdi- ficial para a atividade de enzimas (Rust, 2002).
ca (anterior) e a pilórica (posterior), separadas entre si O estômago é separado do intestino pelo esfínc-
por uma região de transição (fúndica) (Albrecht et al., ter pilórico ou piloro, que evita o refluxo do alimento
2001; Genten et al., 2009). Glândulas gástricas tubulares (Olsson, 2011) e libera controladamente a digesta do
ocorrem predominantemente na porção cárdica e se- estômago para o intestino (Rust, 2002). Por consequên-
cretam ácido clorídrico e pepsinogênio, a partir das cé- cia, sua abertura e fechamento determinam o tempo de
lulas oxinticopépticas (Rust, 2002; Wilson e Castro, 2011) esvaziamento gástrico (Rust, 2002). Peixes sem estôma-
(Figura 2). A mucosa do estômago é composta por um go não possuem piloro; nestas espécies é a musculatura
epitélio colunar simples desprovido de células calicifor- esofagiana que previne o regresso do alimento do
mes, mas que produz secreções mucosas principalmen- intestino (Smith, 1980). No piau (Leporinus taeniofasciatus),
te neutras na porção apical de suas células epiteliais um esfíncter extra separa a porção cárdica e fúndica do
(Bucke, 1971; Carassón et al., 2006; Genten et al., 2009) estômago (Albrecht et al., 2001).
(Figura 2B). Tal secreção mucosa protege o epitélio do
suco gástrico. Microvilosidades curtas são relatadas nas
células colunares por alguns autores (Carassón et al., Cecos Pilóricos e Válvula Espiral
2006; Wilson e Castro, 2011).
O stratum granulosum e o stratum compactum são Os cecos pilóricos são encontrados em alguns te-
comumente observados no estômago (Rust, 2002). A leósteos, majoritariamente carnívoros e onívoros (e.g.
túnica muscular é geralmente composta por duas ca- dourado, pirarucu Arapaima gigas, corvina Plagioscion
madas de tecido muscular liso, uma interna circular e squamosissimus, tambaqui e piracanjuba Brycon orbignyanus).
outra externa longitudinal (Carassón et al., 2006). A Constituem projeções digitiformes no início do intestino,
camada muscular pode ser estriada na região cárdica que aumentam a área de digestão e absorção de nutrien-
próxima ao esôfago, sendo voluntariamente controlada tes (Baldisserotto, 2009) e, provavelmente, prolongam o
pelo peixe para segurar a presa e regurgitar ou rejeitar tempo de trânsito do alimento (Olsson, 2011). O número,
o alimento (Rust, 2002). A camada muscular circular na re- formato e tamanho dos cecos variam entre espécies e
gião pilórica tende a ser mais desenvolvida, assumindo a mesmo entre exemplares da mesma espécie (Baldisse-
função de uma moela quando o espessamento é excessi- rotto, 2009; Nakagawa et al., 2002; Reifel e Travill, 1979).
vo (Wilson e Castro, 2011) (Figura 3). Assim como em aves, De forma geral, são histologicamente similares ao intesti-
a moela em peixes é utilizada para triturar o alimento em no médio (Kapoor et al., 1975; Rust, 2002) (Figura 5). 5

(A) (B)
CC
CP

SM
P CP TM

Figura 5. Cortes transversais dos cecos pilóricos do dourado (Salminus brasiliensis): (A) Vista panorâmica das estruturas morfológi-
cas dos cecos
Figura 5.pilóricos
Cortes(CP), intimamente relacionados
transversais dos cecoscom o pâncreasdo
pilóricos (P) (40x).
dourado(B) Vista ampliada
(Salm inusdebrasilie
parte de um ceco
nsis): (A)pilórico,
Vista
onde são visualizadas as células caliciformes (CC) na mucosa, a túnica submucosa (SM) relativamente espessa, a túnica muscular
(TM) bem desenvolvida
panorâmica e parte do pâncreas
das estruturas (P) contíguo
morfológicas dosa ela (separada
cecos pela serosa
pilóricos (CP), – não evidente nessarelacionados
intimamente imagem) (100x)com
(Ima-
gens: Eduardo Cargnin-Ferreira).
o pâncreas (P) (40x). (B) Vista ampliada de parte de um ceco pilórico, onde são visualizadas as
Em caliciformes
células peixes elasmobrânquios,
(CC) na pulmonados
mucosa, a etúnica
con- submucosa (SM)
(Olsson, 2011). Suasrelativamente espessa,
paredes são formadas a túnica
principalmente
drósteos, a área absortiva intestinal é aumentada e a taxa pelo dobramento da mucosa e submucosa (Wilson e
muscular
de passagem(TM) bemreduzida
da digesta desenvolvida e partededo
com a presença es-pâncreas (P)
Castro, contíguo
2011). a ela (separada
O comprimento e número pela serosa
de espirais –
tam-
truturas denominadas válvulas espirais ou intestino espiral bém variam com a espécie de peixe (Olsson, 2011).
não evidente nessa imagem) (100x) (Imagens: Eduardo Cargnin-Ferreira).
18 NUTRIAQUA

Intestino e Menin, 2008). Histologicamente, observa-se um au-


mento da túnica muscular e do número de células cali-
Em peixes com estômago o intestino inicia ciformes do intestino proximal para o distal e uma maior
após o piloro; em peixes sem estômago o intestino complexidade das pregas da mucosa no sentido opos-
inicia logo após o esôfago e pode apresentar um to (Groman, 1982; Kapoor et al., 1975; Rodrigues et al.,
alargamento e formar um bulbo intestinal para o ar- 2009) (Figura 6). A maior concentração de células muco-
mazenamento temporário do alimento em algumas sas e o espessamento da camada muscular no intestino
espécies agástricas (Smith, 1980; Wilson e Castro, distal estão relacionados com a lubrificação e condução
2011). A função primária do instestino é completar o do bolo fecal, respectivamente (Reifel e Travill, 1979).
processo de digestão iniciado no estômago e absorver Já o maior desenvolvimento da mucosa na região pro-
nutrientes, água e íons (Baldisserotto, 2009; Sundell e ximal do intestino indica predomínio da absorção de
Rønnestad, 2011). nutrientes nesta porção (Rodrigues et al., 2010; Seixas
O intestino dos peixes é comumente dividido em Filho et al., 2001). Às regiões mais proximais do intestino
duas porções: uma proximal, muitas vezes subdividida de peixes, atribuem-se maior capacidade e contribuição
em mais de um segmento, e outra distal, também de- efetiva na digestão e absorção de nutrientes, enquanto
nominada de reto. Essas duas regiões podem ser distin- o intestino distal desempenha importância na absorção
guidas pela presença da válvula íleo-retal em algumas de proteínas e peptídeos na forma intacta (Krogdahl et
espécies e/ou pela diferença em anatomia e coloração al., 2003; Ostaszewska et al., 2005), habilidade relacio-
(Reifel e Travill, 1979; Rodrigues et al., 2009), embora nada com o papel imunológico do órgão (Buddington
nem sempre essa distinção seja evidente (Rodrigues et al., 1997).
6

(A) (B) (C)

Figura 6. Micrografias do intestino da cachara (Pseudoplatystoma reticulatum): segmento proximal (A), médio (B) e distal (C). Maior
complexidade na arquitetura dasdo
Figura 6. Micrografias pregas é observada
intestino danos segmentos
cachara (Pseproximal
udoplaty e sto
médio,
ma enquanto a concentração
reticulatum ): segmento de células
proximalcalici-
formes e a espessura das camadas musculares aumentam em direção ao segmento distal (100x) (Imagens: Rodrigues et al., 2009).
(A), médio (B) e distal (C). Maior complexidade na arquitetura das pregas é observada nos
segmentos proximal e médio, enquanto a concentração de células caliciformes e a espessura das
No lugar das vilosidades encontradas na mucosa no intestino (Wilson e Castro, 2011). Elas aumentam a
camadas musculares
intestinal de mamíferos, aumentam em direção
os peixes apresentam ao segmento
pregas distal
superfície (100x) intestinal
de absorção (Imagens: Rodrigues
e produzem etsérie
uma al.,
que podem ser longitudinais, circulares, reticulares, de enzimas como fosfatase alcalina, maltase, sacarase
2009).
dentre outras formas (Kapoor et al., 1975; Wilson e Castro, e dipeptidases, além de adsorverem outras enzimas
2011) (Figura 7). O epitélio da mucosa é composto por como amilase, carboxipeptidases e lipases, ampliando
uma única camada de células colunares altas com borda em aproximadamente 40 vezes o processo de digestão
em escova evidente e células caliciformes entremeadas, intestinal (Kuz’mina e Gelman, 1997; Rust, 2002). Em al-
apresentando, ainda, células endócrinas secretoras de gumas espécies, uma submucosa destaca-se da lâmina
hormônios reguladores da digestão, bem como linfó- própria pela maior densidade de elementos de tecido
citos, outros leucócitos e macrófagos ocasionais, distri- conjuntivo (Albrecht et al., 2001; Carassón et al., 2006).
buídos pela mucosa (Rodrigues et al., 2009; Rust, 2002) A camada de tecido muscular liso se divide em uma ca-
(Figura 8). mada circular interna e uma camada longitudinal exter-
As microvilosidades dos enterócitos formam a in- na, que impulsionam e misturam a digesta ao longo do
terface crítica entre os processos de digestão e absorção órgão (Junqueira e Carneiro, 2004).
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 7 19

(A) (B)

(C) (D)

Figura 7. Microscopia eletrônica de varredura do intestino de cachara (Pseudoplatystoma reticulatum),


evidenciando o padrão predominantemente longitudinal das pregas no segmento médio (A) e (B) e 8
Figura 7. Microscopia
reticular das pregas noeletrônica de(D)varredura
segmento distal doLirisintestino
e (E) (Imagens: Kindlein). de cachara (Pseudoplatystoma
reticulatum), evidenciando o padrão predominantemente longitudinal das pregas no segmento
médio (A) e (B) e reticular das pregas no segmento distal (D) e (E) (Imagens: Liris Kindlein).

M
Li

CC

Ep
LP

Figura 8. Intestino
Figura 8.distal dadistal
Intestino cachara (Pseudo
da cachara platystoma retic
(Pseudoplatystoma ulatum) exibindo
reticulatum) epitélio colunar
exibindo epi-
télio colunar simples (Ep), lâmina própria (LP), linfócitos (Li), macrófagos (M), leu-
simples (Ep), lâmina própria
cócitos (seta) (LP),caliciformes
e células linfócitos (Li),
(CC) macrófagos
(400x) (M), leucócitos
(Imagens: Rodrigues et al., 2009).(seta) e células

caliciformes (CC) (400x) (Imagens: Rodrigues et al., 2009).


20 NUTRIAQUA

O intestino dos peixes apresenta grande diversi- O fígado está posicionado na região anterior da
dade estrutural, variando até mesmo em espécies com cavidade peritoneal dos peixes, na altura do estômago
hábitos alimentares semelhantes (Buddington et al., (Buddington e Kuz’mina, 2000) e em algumas espécies
1997; Reifel e Travill, 1979). De forma geral, intestinos pode se estender ao longo do abdômen (Roberts and
mais longos ocorrem em espécies que se alimentam Ellis, 1989). Pode estar disposto em dois ou mais lóbulos
de itens pouco digestíveis, como as herbívoras e detri- distintos ou ainda em um único órgão (Rust, 2002), sendo
tívoras, ao passo que intestinos mais curtos são encon- mais comum a presença de três lóbulos hepáticos (Bruslè
trados em espécies carnívoras (Kapoor et al., 1975) (Ta- e Anadon, 1996): um lóbulo central, um direito e outro es-
bela 1 e Figura 3). Em peixes onívoros, o comprimento querdo, como observado em piauçu (Bombonato et al.,
intestinal é intermediário e varia conforme a proporção 2007), traíra (Lemes e Braccini, 2004) e pacu (Costa, 2007).
dos diferentes tipos de alimentos consumidos (Kapoor Já o fígado da tilápia (Vicentine et al., 2005) e do bagre
et al., 1975). Dessa forma, dietas ricas em itens de difícil africano (Clarias gariepinus) (Palhares, 2004) possui ape-
digestão e baixa digestibilidade, tal como a de espé- nas dois lóbulos, sendo o do lado esquerdo maior.
cies herbívoras, detritívoras e algumas onívoras, seriam A coloração e o tamanho do fígado podem variar
compensadas por uma maior frequência alimentar e devido ao estado nutricional (Roberts e Ellis, 1989) de
comprimento intestinal para atendimento das exigên- amarelada, devido ao acúmulo de lipídios no interior
cias nutricionais e aumento do tempo de retenção da das células hepáticas, a marrom avermelhada, devido à
digesta, respectivamente (Baldisserotto, 2009; Olsson, densa vascularização. O parênquima hepático é revesti-
2011). No entanto, tais generalizações devem ser apli- do por uma fina cápsula de tecido conjuntivo e é cons-
cadas com cautela, uma vez que não somente a plastici- tituído principalmente de hepatócitos poliédricos com
dade fenotípica, mas também a ontogenia e a filogenia, núcleos centrais e nucléolo proeminente (Genten et al.,
exercem grande influência na estrutura do intestino 2009) (Figura 9). O tecido hepático é repleto de ductos,
(Kramer e Bryant, 1995; German e Horn, 2006). sinusóides, capilares e veias, os quais se encontram en-
Os intestinos longos podem ter diferentes organi- tremeados entre os hepatócitos, facilitando trocas cons-
zações tridimensionais na cavidade celomática, em for- tantes entre o sistema circulatório e o tecido hepático.
mato espiralado ou esférico, com várias torções e voltas Pela artéria hepática o fígado recebe o oxigênio e pela
(NRC, 2011). O intestino curto dos carnívoros é predo- veia porta hepática recebe metabólitos e nutrientes
minantemente retilíneo, podendo em alguns casos provenientes do trato digestório, os quais são proces-
apresentar algumas circunvoluções que aumentam a sados no fígado e posteriormente distribuídos para os
capacidade digestiva da espécie (Rodrigues et al., 2009; demais tecidos do organismo (Rust, 2002). 9
Seixas Filho et al., 2000; 2001).
A área superficial absortiva do intestino pode ser
expandida não somente com o aumento do compri-
mento intestinal, como também pela presença de es-
truturas acessórias como os cecos pilóricos e as válvulas
espirais (Reifel e Travill, 1979; Rust, 2002). Entretanto,
a arquitetura da mucosa (pregas e microvilosidades)
constitui o mecanismo mais significativo para o aumen- CS
to da área superficial de absorção (Al-Hussaini, 1949;
Buddington et al., 1997).
H

Fígado
O fígado possui as funções de assimilar e armazenar
nutrientes, produzir a bile, manter a homeostase corporal
com o processamento de carboidratos, proteínas, lipídios CB
e vitaminas e também desempenha um papel chave na
Figura 9. de
Micrografia do fígado
dia quede
len,jundiá, Rhamdia quelen,
síntese de proteínas do plasma, comoFigura 9. Micrografia
albumina, fibri- do fígado jundiá, Rham com abundante parênquima hepático
com abundante parênquima hepático formado por placas
nogênio e fatores complementares (Genten et al.,por
formado 2009).
placas irregulares
irregulares de
de hepatócitos (H).OsOshepatócitos
hepatócitos (H). hepatócitos apresentam citoplasma
apresentam
Além disso, o fígado é um indicador do estado nutricional citoplasma tomado por glicogênio, fazendo com que seu cito-
tomado por glicogênio, plasma
fazendo com que seu citoplasma seja pouco corado. O escasso estroma
seja pouco corado. O escasso estroma hepático (setas)
e fisiológico em peixes (Caballero et al., 1999), e porque é
hepático (setas) está evidenciado
está evidenciado pelasfibras
pelas finas finas fibras que aparecem
que aparecem comocomo man- permeando o
manchas,
um órgão central na acumulação e desintoxicação de con-
chas, permeando o parênquima hepático. Um canalículo biliar
taminantes orgânicos e inorgânicos, é também frequente-
parênquima hepático. Um
(CB) canalículo
com diminuta biliar
luz (CB) com
pode ser diminutanessa
observado luz pode ser No
imagem. observado nessa
mente utilizado como indicador de poluição aquática em interstício parenquimal, nota-se abundante rede de capilares
imagem. No interstício sinusoides
parenquimal, nota-se abundante rede de capilares sinusoides (CS) (200x)
(CS) (200x) (Imagem: Ana Paula Oeda Rodrigues).
estudos ambientais (Al-Yousuf et al., 2000; Köhler, 1991).
(Imagem: Ana Paula Oeda Rodrigues).
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 21

A estrutura hepática e a quantidade de glicogênio Pâncreas


e lipídios nos hepatócitos variam entre as espécies ou
entre indivíduos da mesma espécie, pois estão relacio- Em algumas espécies de peixe, o pâncreas pode
nados com idade (Wallace, 2011), carga tóxica do am- ser definido como um órgão compacto, como é o caso
biente (Köhler, 1991), saúde (Roberts and Rodger, 1989; do ‘Northern pike’ (Bucke, 1971), do esturjão (Acipenser
Plumb, 2001) e principalmente, com a dieta (Caballero spp.) (NRC, 2011) e peixes cartilaginosos (Babkin, 1929).
et al., 2002; Hardy, 2001; Morais et al., 2001; Roberts, No entanto, na maioria dos teleósteos, o pâncreas apre-
1989). Além disso, a quantificação microscópica do gli- senta-se como um órgão difuso, podendo estar espa-
cogênio e dos lipídios pode ser comprometida em fun- lhado no tecido adiposo, no mesentério, entre o intes-
ção de perdas por dissolução nas técnicas rotineiras de tino, estômago, fígado e vesícula biliar (Buddington e
histologia (Genten et al., 2009), já que as amostras de Kuz’mina, 2000; Kapoor, 1975; Genten et al., 2009; NRC,
tecido são conservadas e banhadas inúmeras vezes em 2011; Rust, 2002; Zavala-Camin, 1996). O tecido pan-
solventes orgânicos.
creático pode se desenvolver no parênquima hepático,
Entre os hepatócitos encontram-se canalículos bi-
dando origem assim ao hepatopâncreas.
liares revestidos por uma camada de células epiteliais
O pâncreas é composto de dois tipos de tecidos e
cubóides que anastomosam em ductos de diâmetros
desempenha diferentes funções fisiológicas, especifica-
maiores (podem incorporar tecido conjuntivo e uma
mente na digestão (células exócrinas) e na homeostase
muscular delgada) e desembocam na vesícula biliar
da glicose (células endócrinas) (Slack, 1995). O pâncreas
(Genten et al., 2009), onde a bile é estocada. Ainda, no
endócrino é formado por aglomerados de células, co-
parênquima hepático podem ser encontrados melano-
nhecidas como ilhotas de Langerhans, as quais produ-
macrófagos (Bombonato et al., 2007; Costa, 2007), os
quais estão relacionados à resposta imune dos peixes. zem os hormônios insulina, glucagon, somatostatina,
peptídeo YY e os secretam na corrente sanguínea
(Caruso e Sheridan, 2011).
Vesícula Biliar O pâncreas exócrino é constituído de aglome-
rados de células piramidais organizadas em ácinos
A vesícula biliar é um órgão oco esférico localizado (Figura 10). As células acinares possuem citoplasmas
adjacente ao fígado e perto da porção anterior do intesti- escuro basófilo, núcleo basal distinto, muitos grâ-
no (Rust, 2002). Assim como o fígado e o pâncreas, a vesí- nulos de zimogênio eosinófilos, responsáveis pela
cula biliar é um órgão que deriva do trato digestório du- produção, armazenamento e secreção das enzimas
rante o desenvolvimento e permanece anexada ao tubo digestivas (tripsina, quimiotripsina, caboxipolipep-
digestório por ductos (Buddington e Kuz’mina, 2000),
tidase, elastase, colagenase, amilases, lipases, fosfolipa-
porém apresenta parede com as camadas básicas (muco-
se A2 e quitinases), e bicarbonato, que neutraliza o pH
sa, submucosa, muscular e serosa) encontradas nos de-
ácido do quimo proveniente do estômago (Buddington
mais órgãos que possuem lúmen (Hibiya, 1982). Possui a
e Kuz’mina, 2000; Baldisseroto, 2009; Genten et al.,
função de armazenar a bile e secretá-la quando o alimen-
2009; Wilson e Castro, 2011).
to entra no intestino (Rust, 2002; Wilson e Castro, 2011).
As enzimas digestivas são transportadas pelos
Os sais biliares presentes na bile emulsificam os lipídios,
pequenos ductos pancreáticos (revestidos por epitélio
o que potencializa a ação das lipases e auxilia na diges-
cubóide) que se unem para formar o canal pancreático
tão (Buddington e Kuz’mina, 2000). A vesícula biliar cheia
apresenta coloração mais escura devido à maior concen- principal (revestido por epitélio colunar) e são liberadas
tração de bile em longos períodos de jejum; já a cor mais na região anterior do intestino (Genten et al., 2009) ou
clara é evidente logo após a alimentação (Baldisserotto, nos cecos pilóricos, quando presentes (Buddington e
2009; Krogdahl et al., 2011; Wilson e Castro, 2011). Kuz’mina, 2000), ou ainda, para dentro do canal biliar
A vesícula biliar está ligada ao trato digestório (Kurokawa e Suzuki 1995 e Morrison et al., 2004). Os
pelo canal biliar ou canal biliar comum, se for o mesmo ductos pancreáticos podem ser isolados ou associados
ducto utilizado pelo pâncreas (Rust, 2002). As espécies ao ducto da vesícula biliar (Rust, 2002). A quantidade e
sem estômago possuem a entrada do ducto biliar na a atividade das enzimas pancreáticas variam entre as es-
região distal do esôfago, enquanto as espécies com es- pécies, porém devido à forma difusa do órgão, estudos
tômago possuem o ducto biliar após o esfíncter pilórico com tecidos pancreáticos tornam-se difíceis (NRC, 2011;
(Olsson, 2011). Wilson e Castro, 2011).
22 10
NUTRIAQUA

SV
A
Ar

Figura 10. Pâncreas exócrino (retângulo) disperso no mesentério e contíguo ao intestino proximal da ca-
chara, Pseudoplatystoma reticulatum. Pode-se notar um proeminente seio vascular (SV) repleto de hemá-
Figura 10.cias ao lado de uma
Pâncreas arteríola (Ar).
exócrino O parênquima pancreático
(retângulo) disperso é noformado por inúmerose
mesentério ácinos pancreáticos
contíguo ao
(A) divididos por delicado estroma. A parte mais clara de cada ácino corresponde ao acúmulo de grânulos
intestino
de zimógenos que serão secretados nos ductos (100 x) (Imagem: Ana Paula Oeda Rodrigues).
proximal da cachara, Pseudoplatystoma reticulatum. Pode-se notar um proeminente seio vascular
(SV) repleto de hemácias ao lado de uma arteríola (Ar). O parênquima pancreático é formado
por inúmeros ácinos pancreáticos (A) divididos pore delicado estroma.
Hilton, 1987). A al.parte
Olsson et mais
(2007) clara de
verificaram cada
que a
PLASTICIDADE E HISTOPATOLOGIA DO TRATO perca (Perca fluviatilis) alongou o comprimento do tra-
ácino corresponde ao acúmulo de grânulos de zimógenos que serão secretados nos ductos (100
DIGESTÓRIO EM RESPOSTA À DIETA to gastrointestinal, quando alimentada com uma die-
x) (Imagem: Ana Paula Oeda Rodrigues). ta menos digestível e destacaram a importância dessa
plasticidade para a onivoria da espécie. O espessamento
Espécies de peixe capazes de adaptar suas fun- da túnica muscular no intestino distal foi observado em
ções digestivas às alterações na composição e dispo- jundiá (Rhamdia quelen) alimentado com dieta rica em
nibilidade dos alimentos apresentam maior habilidade fibra solúvel ocasionado por uma provável adaptação
em explorar uma maior variedade de recursos alimen- das camadas musculares para impelir a digesta viscosa
tares (Buddington et al., 1997; Krogdahl et al., 2005). De ao longo do intestino (Rodrigues et al., 2012). Segundo
forma geral, correspondem às espécies que predomi- os autores, embora o jundiá apresente hábito alimen-
nam na produção intensiva (e.g. ciprinídeos e ciclídeos) tar onívoro, com tendência à carnivoria, e um intestino
e podem ser alimentadas com um amplo espectro de relativamente curto, tal alteração morfológica indica
ingredientes de baixo custo (Buddington et al., 1997). certa flexibilidade adaptativa da espécie à dieta. De for-
Ao longo da evolução, a morfologia do sistema di- ma similar, aumento na espessura da camada muscular
gestório dos peixes se desenvolveu para assegurar que intestinal foi observado em Tilápia-do-Nilo alimentada
a ingestão, digestão e assimilação de nutrientes fossem com dieta contendo amido resistente e quitina, o qual
adequadas ao hábito alimentar da espécie (Rust, 2002). também foi relacionado como uma adaptação do intes-
No entanto, embora estrutura e função sejam genetica- tino à viscosidade da fibra alimentar de tais ingredien-
mente programadas, o trato digestório dos peixes exibe tes (Kihara e Sakata, 1997).
certa flexibilidade fenotípica em resposta a alterações Contrariamente às onívoras, as espécies carnívo-
na dieta (Buddington e Hilton, 1987; Leenhouwers et al., ras, especialmente em função da menor diversidade
2008). Tal plasticidade é mais frequente em espécies de em composição da dieta, aparentemente perderam ou
hábito alimentar onívoro que naturalmente consomem não desenvolveram capacidade de modular a morfofi-
dietas com composição bastante variável (Buddington siologia do trato digestório em resposta a mudanças na
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 23

dieta (Buddington et al., 1997). Essa limitação restringe componentes da soja que causam prejuízo à digestão
a habilidade dos peixes carnívoros utilizarem efetiva- e absorção de nutrientes em comparação ao salmão.
mente dietas de menor custo, com maiores níveis de Ganho de peso, digestibilidade de lipídios e retenção
carboidratos e proteínas de origem vegetal (Buddington de nitrogênio e energia não foram afetados pela dieta
et al., 1997). Consequentemente, a suscetibilidade do e uma menor intensidade no grau de enterite foi obser-
trato digestório a distúrbios patológicos induzidos por vada para a truta (Refstie et al., 2000). Em outro estudo
fatores antinutricionais comuns em fontes vegetais é com truta, porém comparando-a com o pacu, espécie
maior em carnívoros e constitui um importante aspec- de hábito alimentar onívoro com tendência à frugivoria,
to a ser considerado em pesquisas de substituição de a dieta contendo farelo de soja proporcionou redução
ingredientes. no crescimento e alterações histopatológicas no intes-
Olsen et al. (2007) avaliaram níveis crescentes de tino e fígado da truta (Ostaszewska et al., 2005). Esse
uma mistura de proteínas vegetais (glúten de trigo, comportamento não foi observado para o pacu, suge-
concentrado proteico de soja e farelo de soja proces- rindo que a espécie possui maior capacidade de utiliza-
sado biologicamente) na dieta do bacalhau do Atlân- ção do farelo de soja e destacando a necessidade e im-
tico (Gadus morhua) e registraram prejuízo nas taxas portância de estudos nessa linha para outras espécies
de crescimento específico e conversão alimentar para nativas, onívoras ou não.
os níveis mais altos de substituição, juntamente com a
ocorrência de fezes mais aquosas e alterações celulares
no intestino proximal e distal (hipertrofia e hiperplasia
das células caliciformes, principalmente). Em salmão- MICROBIOTA GASTROINTESTINAL
-do-Atlântico (Salmo salar), a presença de farelo de soja
na dieta evolui ao desenvolvimento de um quadro de A microbiota gastrointestinal dos peixes constitui
inflamação no intestino distal, caracterizado principal- um ecossistema bastante complexo e dinâmico, sendo
mente pela redução na altura das pregas da mucosa, composto por microrganismos (majoritariamente bac-
perda da vacuolização supranuclear dos enterócitos, térias e algumas leveduras) aeróbios, anaeróbios facul-
espessamento do tecido conjuntivo da lâmina própria tativos e anaeróbios obrigatórios (Nayak, 2010; Ringø et
e infiltração da mesma por células inflamatórias como al., 2003). Pode ser classificada em autóctone, quando
linfócitos, macrófagos e leucócitos polimorfonucleares os microrganismos são capazes de colonizar a superfície
(Baeverfjord e Krogdahl, 1996). do epitélio e reproduzir in situ, ou alóctone, quando são
A completa substituição da farinha de peixe por transitórios e ocorrem no quimo (NRC, 2011). Em com-
concentrado proteico de soja na dieta da truta arco-íris paração com animais endotérmicos, a microbiota dos
resultou em menor peso final com redução do índice peixes é mais simples e reduzida em número e, conse-
hepatossomático e volume dos hepatócitos (Escaffre quentemente, sua contribuição efetiva para o processo
et al., 2007). Ainda que a ocorrência de enterite não te- de digestão do hospedeiro é menor (Krogdahl et al., 2011).
nha sido observada neste estudo, a estrutura e tamanho No entanto, localmente, exerce importante papel sobre
dos enterócitos foram afetados, o que provavelmente a nutrição e saúde intestinal, fornecendo aminoácidos,
deve comprometer a absorção de nutrientes pela truta. vitaminas, ácidos graxos de cadeia curta e enzimas di-
Nenhuma alteração foi registrada no peso de gestivas, além de proteger o trato contra a colonização
salmão-do-Atlântico pela adição de farelo de soja na die- por microrganismos patogênicos e promover a manu-
ta (Krogdahl et al., 2000). No entanto, houve uma maior tenção da integridade epitelial (Leenhouwers et al., 2008;
suscetibilidade da espécie à infecção bacteriana, bem Nayak, 2010). Com o reconhecimento dessas funções,
como aumento significativo na concentração de Imuno- a microbiota intestinal dos peixes passou a ser mani-
globulina M [IgM] e lisozima no intestino. A enterite indu- pulada como suplemento imunoestimulante na forma
zida pelo farelo de soja deve afetar a integridade da bar- de probiótico (fornecimento do microrganismo) e/ou
reira epitelial do intestino distal do salmão-do-Atlântico, prebiótico (substâncias não digestíveis que estimulam
permitindo que bactérias e outros antígenos atravessem seletivamente o crescimento de uma ou mais bactérias
a parede intestinal. Além disso, a imunidade sistêmica de interesse) (Nayak, 2010).
dos peixes também deve ser comprometida, uma vez Diversos fatores podem influenciar a colonização,
que, dependendo do nível de inclusão, os fatores antinu- composição e diversidade da microbiota gastrointesti-
tricionais da soja ocasionam diarréia e redução da diges- nal como o ambiente, estágio de desenvolvimento da
tibilidade de nutrientes (Krogdahl et al., 2000). espécie e estresse, além da dieta, hábito alimentar e re-
A magnitude das lesões no sistema digestório de- gião do trato gastrointestinal (Nayak, 2010; NRC, 2011).
vido à presença de fontes vegetais com fatores antinu- Pedrotti (2011) avaliou comparativamente a população
tricionais ou antigênicos na dieta varia de acordo com a de bactérias no intestino de dois onívoros distintos, a
espécie e ingrediente. Apesar de pertencerem à mesma tilápia-do-Nilo e o jundiá, encontrando maior quantida-
família, a truta arco-íris mostrou-se menos sensível aos de de bactérias celulolíticas, proteolíticas, amilolíticas e
24 NUTRIAQUA

lipolíticas no intestino da tilápia. Adicionalmente, a con- como os dentes faringeanos, tem como função triturar
tagem de bactérias não diferiu entre as diferentes por- o alimento ingerido, facilitando o processo digestivo e o
ções amostradas do intestino da tilápia, enquanto que aproveitamento máximo do alimento pouco digestível
para o jundiá foi maior no intestino distal. Leenhouwers ingerido.
et al. (2008) analisaram a capacidade fermentativa do Assim como nos demais grupos de vertebrados, o
intestino distal da tilápia nilótica e do robalo europeu processo físico de digestão nos peixes serve para maxi-
(Dicentrarchus labrax), espécie carnívora, e registraram mizar a eficiência de aproveitamento do alimento, em
que o processo de fermentação variou em função da combinação com os demais processos digestivos. Espé-
fonte de carboidrato fornecida para ambas as espécies cies que se alimentam de itens de difícil digestão, como
e que a capacidade fermentativa da microbiota da tilá- detritos, presas inteiras e vegetais, possuem apêndices
pia é relativamente maior. específicos para auxiliar a digestão, enquanto as espé-
cies que se alimentam de itens mais digestíveis não pos-
suem tais apêndices.

PROCESSO DE DIGESTÃO
QUÍMICO E ENZIMÁTICO
O processo de digestão é uma combinação coor-
denada de processos físicos, químicos e enzimáticos, A produção de suco gástrico ocorre na maioria
que inicia assim que o alimento é capturado e ingerido das espécies de peixes, exceto naquelas que não pos-
e termina quando as fezes e os produtos nitrogenados suem estômago definido (e.g. a carpa comum, Cyprinus
da digestão são excretados. O processo digestivo físico carpio carpio). Nessas espécies nem o ácido clorídrico ou
representa a parte de captura, mastigação e maceração a pepsina são formados (Fänge e Grove, 1979). O suco
do alimento. A secreção de ácido no estômago é um gástrico nos peixes teleósteos é composto por ácido
processo químico que auxilia a hidrólise e quebra de clorídrico (HCl) e pepsinogênio (Wilson e Castro, 2011).
alguns nutrientes do alimento. Por fim, o processo en- O pepsinogênio é transformado em pepsina (forma ati-
zimático representa uma quebra a nível molecular dos va da enzima) pelo pH baixo, resultante da secreção de
nutrientes, como proteínas, lipídios e carboidratos, para HCl (Dabrowski e Portella, 2005; Fänge e Grove, 1979).
que seja possível sua absorção, principalmente pelo No pâncreas são armazenadas enzimas proteolí-
epitélio intestinal (Rust, 2002). ticas, principalmente tripsina, quimotripsina, carboxi-
peptidases e elastase (Fänge e Grove, 1979), na forma
de grânulos de zimogênio inativo. Ao ser secretado na
luz intestinal, o tripsinogênio é convertido em tripsina
FÍSICO
por proteases secretadas pelas células presentes no
Os peixes teleósteos compõem o maior grupo epitélio da mucosa intestinal (enteroquinases). Os de-
dentre os vertebrados, com um total de aproximada- mais zimogênios são ativados pela tripsina e iniciam sua
mente 27.000 espécies, que podem apresentar qual- ação sobre o substrato (Fänge e Grove, 1979).
quer combinação imaginável de tamanho do corpo, A lipase e amilase são sintetizadas principalmen-
habitat e hábitos (Pough et al., 2006). Essa grande va- te no pâncreas dos peixes, e em diversas espécies de
riedade justifica o surgimento de diferentes órgãos para teleósteos essa síntese pode ocorrer na mucosa intes-
auxiliar na digestão física dos alimentos. Por exemplo, tinal (Borlongan, 1990). Para a amilase, essa caracterís-
espécies carnívoras apresentam dentes cônicos ou ca- tica é observada principalmente em peixes de hábito
ninos e rastros branquiais bem desenvolvidos para auxi- alimentar onívoro ou herbívoro, nos quais uma maior
liar na dilaceração e captura das presas, reduzindo o ta- concentração dessa enzima é essencial para a digestão
manho da partícula alimentar, o que aumentará a área do carboidrato presente nos alimentos. Em peixes car-
de contato com o suco gástrico e as enzimas digestivas. nívoros, no entanto, a secreção de amilase se restringe
Algumas espécies, como os Siluriformes, possuem pla- apenas ao pâncreas difuso (Fänge e Grove, 1979). Esse
cas dentígeras (Britski et al., 1999) espalhadas em certas mecanismo serve para compensar a falta de um pâncre-
regiões da cavidade bucal para auxiliar na maceração e as bem desenvolvido nos peixes teleósteos.
prensagem do alimento. Peixes herbívoros como a car- Apesar de ser observada a atividade da lipase no
pa capim (Ctenopharyngodon idella) possuem dentes estômago de alguns peixes, o sítio primário de hidrólise
faringeanos, responsáveis por macerar os vegetais inge- dos lipídios para a maioria das espécies é na porção an-
ridos aumentando assim seu aproveitamento na diges- terior do intestino e nos cecos pilóricos, quando presen-
tão (Chilton e Muoneke, 1992). Ainda, algumas espécies tes (Gisbert et al., 1999). No entanto, a digestão de lipídios
de peixes detritívoros, como o mandi moela (Pimelodina continua nas demais porções do intestino (Smith, 1989),
flavipinnis), possuem um apêndice muito similar à moe- principalmente naquelas espécies estritamente carnívo-
la presente nas aves. Esse apêndice digestório, assim ras, que apresentam o trato digestório extremamente
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 25

curto (Ferraris e Ahearn, 1984). O aumento da produ- Em mamíferos, a secreção de enzimas responsá-
ção de amilase pode ocorrer em resposta à presença de veis pela digestão de carboidratos é restrita à boca e
carboidratos ou de produtos da sua hidrólise no trato ao pâncreas, enquanto que a secreção de enzimas res-
gastrointestinal (Jobling, 1994); a glicose, por exemplo, ponsáveis pela digestão de lipídios é limitada ao pân-
pode influenciar diretamente a produção desta enzima creas. Aparentemente nos peixes isso não ocorre da
pelo tecido pancreático ou indiretamente, estimulando mesma forma, havendo, em algumas espécies, secre-
a liberação de insulina pelo pâncreas, que por sua vez ção dessas enzimas pela mucosa estomacal. Um fator
estimulará a produção de amilase. A capacidade de di- importante a ser ressaltado é que essas enzimas nor-
gerir polissacarídeos, mesmo pouco desenvolvida, está malmente estão ativas em pH alcalino ou neutro e no
presente em peixes carnívoros (Halver e Hardy, 2002). estômago o pH ácido pode representar uma barreira à
Alguns autores relatam a presença de enzimas di- suas atividades. Portanto, apesar de estarem presentes
gestivas, típicas do intestino, no estômago de algumas nesse órgão, essas enzimas podem não estar ativas e
espécies de peixes. Concentrações de amilase e lipase exercerem sua função apenas quando o bolo alimen-
foram verificadas nos estômagos de juvenis de jundiá tar atinge o intestino.
(Melo, 2004) e pintado (Lundstedt, et al., 2004), porém Valores aproximados da atividade de proteases
em menor concentração do que no intestino. Por ou- ácidas estão descritos na Tabela 2, das proteases alca-
tro lado, o peixe espátula (Polyodon spathula) apresen- linas na Tabela 3; nas Tabelas 4, 5, 6 e 7 estão descritos
ta atividade de amilase no estômago e esôfago, mas a os valores aproximados da atividade da tripsina, quimo-
presença de lipase é exclusiva do intestino dos peixes tripsina, amilase e lipase, respectivamente, em diferen-
(Ji et al., 2011). Atividade da amilase foi constatada no tes porções do trato para algumas espécies de peixes. É
estômago de tambaqui, porém em uma concentração possível observar que, mesmo para a mesma espécie,
menor do que a concentração intestinal (Corrêa et al., existe variação na atividade de algumas enzimas. Isso
2007). Esse comportamento não é exclusivo de peixes ocorre devido às diferentes condições de alimentação
de água doce, pois também foi registrada atividade e tipo de alimento que os peixes receberam, demons-
dessas enzimas no estômago do dentão (Dentex dentex) trando a capacidade dos peixes em modular o perfil en-
uma espécie marinha (Pérez-Jiménez et al., 2009). zimático de acordo com o alimento.

Tabela 2. Atividade de proteases ácidas em diferentes espécies de peixes

Intestino Intestino Intestino


Espécie Esôfago Estômago Referência
Anterior Médio Posterior
-----------------------------------------------------------UI mg-1 proteína-----------------------------------------------------------
Colossoma macropomum De Almeida et al., 2006; Corrêa
* 18,00 - 42,00 * ND *
Tambaqui et al., 2007
Rhamdia quelen Melo, 2004; Moro et al., 2010;
ND 10,00 – 45,00 ND ND ND
Jundiá Lazzari et al., 2010
Piaractus mesopotamicus
ND 11,00 ND ND ND Silva, 2008
Pacu
Pseudoplatystoma corruscans
ND 62,00 0,63 ND ND Lundstedt et al., 2004
Pintado
Channa striatus
1,00 21,00 2,50 1,50 2,40 Chakrabarti et al., 1995
‘striped snakehead’
Oreochromis niloticus
* 7,00 2,50 2,50 28,00 Chakrabarti et al., 1995
Tilápia-do-Nilo
Hypophthalmichthys nobilis
2,50 5,00 4,00 6,00 3,00 Chakrabarti et al., 1995
Carpa cabeça-grande
Cirrhinus cirrhosus
2,50 9,00 4,50 4,50 8,00 Chakrabarti et al., 1995
Carpa mrigal
Polyodon spathula
ND 43,70 ND ND ND Ji et al., 2011
Peixe espátula
Huso dauricus x Acipenser schrenki
ND 33,00 ND ND ND Ji et al., 2011
Esturjão híbrido
Hypophthalmichthys nobilis
ND 7,00 ND ND ND Ji et al., 2011
Carpa cabeça-grande
Dentex dentex
ND 24,00 ND ND ND Pérez-Jiménez et al., 2009
Dentão

ND = atividade não determinada.


* = atividade não encontrada.
26 NUTRIAQUA

Tabela 3. Atividade de proteases alcalinas inespecíficas em diferentes espécies de peixes

Cecos Intestino Intestino Intestino


Espécie Esôfago Estômago Referência
pilóricos Anterior médio Posterior
--------------------------------------------------------------UI m-1g proteína----------------------------------------------------------
Colossoma macropomum
ND ND 12,20 1,85 ND 1,00 De Almeida et al., 2006
Tambaqui
Rhamdia quelen
ND ND ND 20,25 10,20 7,00 Melo, 2004
Jundiá
Piaractus mesopotamicus
ND ND 2,30 89,20 ND 0,79 Silva, 2008
Pacu
Rachycentron canadum1
ND ND ND 4,65 4,65 4,65 Ren et al., 2011
Beijupirá
Channa striatus
1,75 0,30 ND 2,25 0,20 2,00 Chakrabarti et al., 1995
Cabeça-de-cobra
Oreochromis niloticus
* 0,40 ND 0,30 2,30 2,20 Chakrabarti et al., 1995
Tilápia-do-Nilo
Hypophthalmichthys molitrix
3,00 2,50 ND 3,80 2,50 2,50 Chakrabarti et al., 1995
Carpa prateada
Cyprinus carpio
4,80 0,80 ND 7,50 3,20 3,00 Chakrabarti et al., 1995
Carpa Comum
Polyodon spathula1
ND ND ND 1,90 1,90 1,90 Ji et al., 2011
Peixe espátula
Huso dauricus x Acipenser schrenki1
ND ND ND 5,00 5,00 5,00 Ji et al., 2011
Esturjão híbrido
Hypophthalmichthys nobilis1
ND ND ND 2,50 2,50 2,50 Ji et al., 2011
Carpa cabeça-grande
Dentex dentex
ND ND 51,82 9,25 ND 33,60 Pérez-Jiménez et al., 2009
Dentão
Labeo rohita1
ND ND ND 12,26 12,26 12,26 Debnath et al., 2007
rohu
Oncorhynchus mykiss1
ND ND ND 3,44 3,44 3,44 Hidalgo et al., 1999
Truta Arco-Íris
Sparus aurata1
ND ND ND 0,81 0,81 0,81 Hidalgo et al., 1999
Dourada
Carassius auratus1
ND ND ND 2,01 2,01 2,01 Hidalgo et al., 1999
‘goldfish’
Tinca tinca1
ND ND ND 1,70 1,70 1,70 Hidalgo et al., 1999
‘tench’
Anguilla anguilla1
ND ND ND 0,46 0,46 0,46 Hidalgo et al., 1999
Enguia Européia
1
Medido em homogeneizado de todo o intestino.
ND = atividade não determinada ou não possuía o apêndice.
* = atividade não encontrada.

Tabela 4. Atividade da tripsina em diferentes espécies de peixes

Cecos Intestino Intestino Intestino


Espécie Estômago Referência
pilóricos Anterior médio Posterior
-1
--------------------------------------------------------------UI m g proteína----------------------------------------------------------
Colossoma macropomu
* 0,30 0,24 ND 0,10 Corrêa et al., 2007
Tambaqui
Rhamdia quelen
ND / 1,00 ND 2,70 / 2,80 nd / 1,05 1,9 / 1,40 Lazzari et al., 2010; Melo, 2004
Jundiá
Piaractus mesopotamicus
ND 0,20 ND ND ND Silva, 2008
Pacu
Pseudoplatystoma corruscans
3,50 0,29 0,54 0,35 Lundstedt et al., 2004
Pintado
Arapaima gigas
ND 0,37 ND ND ND Freitas-Júnior et al., 2012
Pirarucu
Salmo salar
ND 0,32 ND ND ND Sajjadi; Carter, 2004
Salmão do Atlântico
Brycon guatemalensis1
ND 1,25 1,25 1,25 1,25 Drewe et al., 2004
Machaca ou Matrinxã
Oncorhynchus mykiss
ND ND 1,41 ND 0,45 Krogdahl, 1994
Truta Arco-Íris

1
Medido em homogeneizado de todo o intestino.
ND = atividade não determinada ou não possuía o apêndice.
* = atividade não encontrada.
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 27

Tabela 5. Atividade da quimotripsina em diferentes espécies de peixes

Intestino Intestino Intestino


Espécie Estômago Cecos pilóricos Referência
Anterior médio Posterior

-----------------------------------------------------------------UI m-1g proteína-------------------------------------------------------------

Colossoma macropomum
* 62,00 56,00 ND 28,00 Corrêa et al., 2007
Tambaqui

Rhamdia quelen
4,75 ND 10,20 3,50 1,65 Melo, 2004
Jundiá
Piaractus mesopotamicus
ND 2,90 0,60 ND 0,95 Silva, 2008
Pacu
Pseudoplatystoma corruscans
1,40 ND 0,52 1,20 1,10 Lundstedt et al., 2004
Pintado

ND = atividade não determinada ou não possuía o apêndice.


* = atividade não encontrada.

Tabela 6. Atividade da amilase em diferentes espécies de peixes

Cecos Intestino Intestino Intestino


Espécie Esôfago Estômago Referência
pilóricos Anterior médio Posterior
---------------------------------------------------------------UI m-1g proteína------------------------------------------------------------
Colossoma macropomum 14,00 / De Almeida et al., 2006; Corrêa
ND / 0,06 0,20 / 0,90 0,19 / 2,60 ND / ND 0,26 / 1,10
Tambaqui 5,70 et al., 2007
Rhamdia quelen Melo, 2004; Moro et al., 2010;
ND 0,05 ND 0,13 - 0,97 0,04 0,06 - 0,12
Jundiá Lazzari et al., 2010
Pseudoplatystoma corruscans
ND 0,09 ND 0,034 0,020 0,014 Lundstedt et al., 2004
Pintado
Piaractus mesopotamicus
ND 85,10 68,12 93,97 ND 10,66 Silva, 2008
Pacu
Rachycentron canadum1
ND ND ND 1,20 1,20 1,20 Ren et al., 2011
Beijupirá
Channa striatus
4,00 2,40 ND 3,20 3,80 4,20 Chakrabarti et al., 1995
‘striped snakehead’
Oreochromis niloticus
6,50 3,70 ND 3,60 4,50 1,20 Chakrabarti et al., 1995
Tilápia-do-Nilo
Hypophthalmichthys molitrix
5,00 2,80 ND 6,60 4,80 5,20 Chakrabarti et al., 1995
Carpa Prateada
Cyprinus carpio
ND ND ND 75,57 75,57 75,57 Hidalgo et al., 1999
Carpa Comum
Polyodon spathula1
ND ND ND 1,47 1,47 1,47 Ji et al., 2011
Peixe Espátula
Huso dauricus x Acipenser schrenki1
ND ND ND 3,00 3,00 3,00 Ji et al., 2011
Esturjão Híbrido
Hypophthalmichthys nobilis1
ND ND ND 6,00 6,00 6,00 Ji et al., 2011
Carpa Cabeça Grande
Dentex dentex
ND 0,94 18,64 4,07 nd 14,88 Pérez-Jiménez et al., 2009
Dentex ou Dentão
Labeo rohita1
ND ND ND 16,25 16,25 16,25 Debnath et al., 2007
Rohu
Oncorhynchus mykiss1
ND ND ND 1,30 1,30 1,30 Hidalgo et al., 1999
Truta Arco-Íris
Sparus aurata1
ND ND ND 1,75 1,75 1,75 Hidalgo et al., 1999
Dourada
Carassius auratus1
ND ND ND 75,47 75,47 75,47 Hidalgo et al., 1999
Peixe Japonês
Tinca tinca1
ND ND ND 19,37 19,37 19,37 Hidalgo et al., 1999
‘tench’
Anguilla anguilla1
ND ND ND 1,40 1,40 1,40 Hidalgo et al., 1999
Enguia Européia

1
Medido em homogeneizado de todo o intestino.
ND = atividade não determinada ou não possui o apêndice.
28 NUTRIAQUA

Tabela 7. Atividade da lipase em diferentes espécies de peixes

Cecos Intestino Intestino Intestino


Espécie Estômago Referência
pilóricos Anterior médio Posterior
--------------------------------------------------------------UI m-1g proteína----------------------------------------------------------
Colossoma macropomum
46,94 19,00 32,00 ND 0,44 De Almeida et al., 2006
Tambaqui
Rhamdia quelen
4,25 / ND nd / nd 12,50 / 6,7 0 3,00 / nd 5,30 / ND Melo, 2004; Moro et al., 2010
Jundiá
Pseudoplatystoma corruscans
3,17 ND 8,15 20,44 6,47 Lundstedt et al., 2004
Pintado
Piaractus mesopotamicus
1,06 3,84 3,59 ND 7,00 Silva, 2008
Pacu
Polyodon spathula1
ND ND 8,00 8,00 8,00 Ji et al., 2011
Peixe Espátula
Huso dauricus x Acipenser schrenki1
ND ND 4,70 4,70 4,70 Ji et al., 2011
Esturjão Híbrido
Hypophthalmichthys nobilis1
ND ND 4,80 4,80 4,80 Ji et al., 2011
Carpa Cabeça Grande
Dentex dentex
* 3,78 2,52 ND 3,16 Pérez-Jiménez et al., 2009
Dentex ou Dentão
Labeo rohita1
ND ND 0,93 0,93 0,93 Debnath et al., 2007
Rohu
Semaprochilodus insignis2
ND 2,0 2,0 2,0 2,0 López-Vásquez et al., 2009
Jaraqui
Semaprochilodus taeniurus2
ND 12,50 12,50 12,50 12,50 López-Vásquez et al., 2009
Jaraqui
Geophagus altifrons2
ND 3,00 3,00 3,00 3,00 López-Vásquez et al., 2009
Acará ou Cará
Metynnis hypsauchen2
ND 7,00 7,00 7,00 7,00 López-Vásquez et al., 2009
Pacu Prata
Osteoglossum bicirrhosum2
ND 26,20 26,20 26,20 26,20 López-Vásquez et al., 2009
Aruanã
Phractocephalus hemioliopterus2
ND 5,50 5,50 5,50 5,50 López-Vásquez et al., 2009
Pirarara
Cichla monoculus2
ND 1,17 1,17 1,17 1,17 López-Vásquez et al., 2009
Tucunaré Comum ou Popoca
Cichla temensis2
ND 6,00 6,00 6,00 6,00 López-Vásquez et al., 2009
Tucunaré Açú

1
Medido em homogeneizado de todo o intestino.
2
Medido em homogeneizado de todo o intestino mais secos pilóricos.
ND = atividade não determinada ou não possuía o apêndice.
* = atividade não encontrada.

lipoproteicos denominados de quilomicrons ou por


ABSORÇÃO
lipoproteínas de baixa densidade [VLDL] (do inglês
O processo absortivo nos peixes ocorre da mesma ‘very-low-density lipoprotein’), e os carboidratos são
maneira que nos demais vertebrados. Os produtos re- transportados como glicose sanguínea (Rust, 2002).
sultantes da digestão física, química e, principalmente,
enzimática dos nutrientes são absorvidos pelas célu-
las do epitélio intestinal, denominadas enterócitos. O
transporte desses nutrientes da luz intestinal para os CONTROLE HORMONAL DA DIGESTÃO
enterócitos ocorre por meio de pinocitose, difusão sim-
ples, troca iônica (no caso de minerais) ou transporte Diversos fatores endócrinos e exócrinos contro-
ativo (Smith, 1989). Após entrarem nos enterócitos, as lam o processo de digestão. Alguns hormônios são res-
proteínas são transportadas pela corrente sanguínea ponsáveis pela secreção do suco gástrico, suco pancreá-
até o fígado como aminoácidos livres ou lipoproteínas. tico, secreção dos ácidos estomacais, entre outros. Rust
Os lipídios são re-esterificados a fosfolipídios ou triacil- (2002) sumariza a função destes compostos, em revisão
glicerois e transportados até o fígado por complexos sobre o processo digestivo dos animais (Tabela 8).
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 29

Tabela 8. Hormônios e neurotransmissores envolvidos no processo de digestão, adaptado de Rust (2002)

Hormônio Local de síntese Local de ação Funções Referências

Elbal et al., 1988; Cimini et al.,


Estômago -
Secretado pelo estômago 1989; Holmgren , 1993;
Gastrina células Liberação do HCL e pepsinogênio
(piloro) e células intestinais Wendelaar-Bonga, 1993;
oxinto-pépticas
Barrenechea et al., 1994
Liberada pelas células Estimula a contração da vesícula Elbal et al., 1988; Cimini et al.,
endócrinas anteriores em Vesícula biliar, biliar e secreção das enzimas 1989; Holmgren , 1993;
Colecistoquinina
resposta a presença de pâncreas e digestivas do pâncreas e hormônios; Wendelaar-Bonga, 1993;
(CCK)
alimento na luz e estimulo cérebro diminui a atividade alimentar e Barrenechea et al., 1994; Peng
do nervo vago esvaziamento gástrico and Peter, 1997
Cimini et al., 1989; Rajjo et al.,
Estimula as células endócrinas a
1989; Jensen and Conlon, 1992;
Bombesina e Liberado pelo estômago e/ liberar a gastrina/ CCK, hormônio do
Holmgren , 1993;
peptídeo liberador ou células endócrinas do Sistêmico crescimento, e outros componentes
Wendelaar-Bonga, 1993;
da gastrina intestino anterior estimulantes; diminui a atividade
Barrenechea et al. , 1994; Peng
alimentar
and Peter, 1997; Phale, 1998
Musculatura lisa
das paredes do Promove a contração da musculatura
Liberado pelo estômago e/ trato gastroin- lisa do trato e secreção endócrina Rajjo et al., 1989; Holmgren,
Peptídeo intestinal ou células endócrinas do testinal, pân- e exócrina do pâncreas; aumenta o 1993; Wendelaar-Bonga, 1993;
vasoativo (VIP) intestino anterior em res- creas, células fluxo sanguíneo para o trato; ativa Barrenechea et al., 1994; Plesch
posta a distenção gástrica endócrinas in- a secreção de sais no reto e inibe a et al., 1999
testinais e vasos secreção de gastrina
sanguíneos
Abad et al., 1987; Elbal et al.,
Inibe a motilidade gastrointestinal,
Liberada pelas células 1988; Cimini et al., 1989;
Vísceras e cé- secreção de sais pelo reto e liberação
Somatostatina endócrinas do estomago e Holmgren, 1993; Chan and
rebro da gastrina e hormônio do
pâncreas Hale, 1992; Barrenechea et al.,
crescimento
1994; Plesch et al., 1999
Liberado pelo estômago e/ Wendelaar Bonga, 1993; Peng
Peptídeo similar ao Vísceras e Aumenta o transporte de íons e
ou células endócrinas do and Peter, 1997; Gomez-Visus
neuropeptídio Y cérebro estimula a atividade alimentar
intestino et al., 1998
Liberada pelas células Libera bicarbonato de sódio; inibe
endócrinas do intestino a secreção ácida gástrica; talvez Ince, 1983; Wendelaar-Bonga,
Secretina Pâncreas
anterior em resposta aos aumente o nível de insulina e outros 1993
ácidos gástricos hormônios pancreáticos

Um aumento significativo nas proteases inespecí-


PLASTICIDADE ENZIMÁTICA ficas tanto do estômago quanto do intestino anterior de
jundiá foi observado quando estes foram alimentados
Como nos demais vertebrados, os peixes teleóste- com rações cuja concentração de proteína bruta era cres-
os possuem a capacidade de modular fenotipicamente cente (20, 27, 34 e 41%). Inversamente, houve redução
o perfil de enzimas digestivas em decorrência de varia- na atividade da amilase e da lipase também no intesti-
ções ambientais naturais (German et al., 2004; Karasov, no anterior, com o aumento na concentração proteica
1996; Sabat et al., 1999). A secreção de enzimas diges- da dieta, sugerindo que o jundiá possui a capacidade
tivas como amilase, lipase e proteases é modulada não de modificar o perfil de atividade das enzimas digesti-
apenas por variações na composição do alimento inge- vas de acordo com o a concentração dos nutrientes no
rido diariamente e nas diferentes estações, mas tam- alimento consumido (Melo, 2004). De maneira contrária,
bém na frequência alimentar, quantidade consumida a inclusão crescente de carboidratos na dieta da mesma
de alimento, temperatura, estágio de desenvolvimento espécie e concomitante redução na concentração de lipí-
e possibilidade de alterações cíclicas (Dabrowski et al., dios não influenciou o perfil enzimático dos peixes (Moro
1992). Normalmente, peixes de hábito alimentar carní- et al., 2010). Essa variação de comportamento na mesma
voro possuem uma capacidade adaptativa mais limita- espécie pode ser explicada pelo estágio de desenvolvi-
da que peixes onívoros (Buddington et al., 1997). Em mento em que os animais se encontravam: 32 g em Melo
adição, a atividade das proteases é menos dependente (2004) e 0,62 g em Moro et al. (2010). Isso demonstra que
do hábito alimentar do que a atividade da amilase, a a capacidade do jundiá em modular a secreção enzimá-
qual geralmente é maior nos peixes onívoros (Hidalgo tica pode não estar relacionada apenas à composição da
et al., 1999). Para os peixes tropicais, essas afirmativas dieta, mas também à idade dos peixes. Aparentemente,
são verdadeiras, embora em alguns casos a resposta peixes mais jovens possuem menor capacidade em alte-
adaptativa do perfil enzimático não seja tão aparente rar a composição enzimática do trato digestório, quando
para certas enzimas. comparados com peixes mais velhos.
30 NUTRIAQUA

As atividades da amilase e maltase intestinal fo- comportamento não ocorre em relação à amilase, sen-
ram comparadas entre duas espécies onívoras, jundiá e do que peixes onívoros possuem maior capacidade de
tilápia-do-Nilo, alimentadas com ingredientes ricos em modular a secreção dessa enzima do que peixes carní-
carboidratos: farelo de trigo, farelo de mandioca, mi- voros (Hidalgo et al., 1999). Por exemplo, em um traba-
lho moído e quirera de arroz (Gominho-Rosa, 2012). A lho com o tambaqui, uma espécie onívora, o aumento
atividade da amilase foi significativamente maior para da concentração de milho na dieta e consequente au-
o jundiá do que para a tilápia, não sendo afetada pela mento na concentração de carboidratos, resultaram em
fonte de carboidrato. Da mesma forma, a atividade uma maior atividade da amilase e maltase, tanto nos
da maltase foi significativamente maior para o jundiá cecos pilóricos, quanto no intestino dos peixes (Corrêa
do que para a tilápia, mas diferiu entre as fontes de et al., 2007).
carboidratos. Farelo de trigo, a fonte de carboidratos Não só a concentração de um nutriente influencia
com o menor teor de amido, promoveu a maior ativi- diretamente a secreção de enzimas digestivas. Em alguns
dade de maltase no jundiá. O jundiá apresentou maior casos, a baixa concentração do nutriente ou a baixa qua-
atividade das carboidrases, provavelmente para com-
lidade do ingrediente resultam em uma maior secreção
pensar o tamanho reduzido do seu intestino, quando
enzimática, visando uma maior eficiência digestiva e
comparado à tilápia.
também absortiva (Buddington et al., 1997; German et al.,
Em estudo com juvenis de pintado, a concentra-
2004; Hidalgo et al., 1999; Karasov, 1996; Ray, 1988; Sabat
ção enzimática foi medida em diferentes regiões do tra-
et al., 1999). Para o tambaqui, por exemplo, foi registra-
to digestório dos peixes, alimentados com rações que
da maior atividade de proteases no estômago quando a
continham níveis crescentes de proteína bruta (20, 30,
concentração proteica da dieta era reduzida de 60% para
40 e 50%), níveis decrescentes de amido (36,23; 25,01;
13,44 e 1,94%) e nível de gordura de aproximadamen- aproximadamente 42%. Além disso, um aumento na ati-
te 13%. Apesar da grande variação na concentração de vidade da lipase no intestino foi constatado em função
amido nas rações, não foram observadas diferenças sig- da maior inclusão de gordura na dieta. Antagonicamen-
nificativas na concentração de amilase no intestino, mas te, a atividade da amilase diminuiu no intestino dos pei-
houve variação na concentração desta enzima no estô- xes, possivelmente pela maior concentração de gordura
mago (Lundstedt et al., 2004). Esse comportamento era na ração (De Almeida et al., 2006).
esperado por se tratar de uma espécie carnívora, cujos Ingredientes que possuem fatores antinutricionais
itens alimentares ricos em carboidratos são praticamen- podem reduzir a atividade de algumas enzimas. A in-
te inexistentes na dieta natural dos animais. clusão de farelo de soja como fonte proteica na dieta
Um fenômeno interessante registrado por Lundstedt de jundiá (Lazzari et al., 2010) reduziu a atividade da
et al. (2004) foi o aumento na concentração de prote- quimotripsina e tripsina no intestino dos animais. Ou-
ases principalmente nas regiões anterior e média dos tros trabalhos também comprovam que a inclusão de
intestinos dos peixes. Entretanto, nos níveis mais altos níveis elevados de farelo de soja em rações para peixes
de proteína bruta na dieta, a concentração das prote- causa redução na atividade da tripsina e quimotrip-
ases diminuiu, demonstrando que o aumento da in- sina, devido aos inibidores dessas enzimas, e conse-
clusão de um nutriente pode estimular a secreção das quentemente um menor crescimento (Krogdahl et al.,
enzimas responsáveis pela sua digestão até certo pon- 2003; Oliva-Teles et al., 1994; Refstie et al., 1998).
to, mas quando em excesso, o efeito pode ser contrário
ao esperado. A atividade da lipase, principalmente na
porção anterior do intestino dos peixes, aumentou com CONSIDERAÇÕES FINAIS
o aumento da inclusão de proteína na dieta e redução
na concentração de carboidratos. Provavelmente, a me-
Há uma década, em um artigo discutindo os pro-
nor concentração de fontes de energia não proteica na
blemas e perspectivas para a pesca e a aquicultura con-
dieta estimulou uma maior secreção de lipase, com o
tinental no Brasil, Borghetti e Ostrensky (2002) listaram
objetivo de tornar a digestão da gordura dietética mais
40 espécies de peixes de água doce, autóctones e trans-
eficiente, consequentemente, melhor aproveitada.
O aumento na secreção de proteases alcalinas locadas, consideradas as principais espécies explora-
devido a uma maior concentração de proteína na die- das pela pesca e pela aquicultura brasileira; 24 destas
ta também foi registrado no intestino da carpa ‘rohu’ espécies eram alvo da exploração econômica em pisci-
Labeo rohita (Debnath et al., 2007). Essa resposta é co- cultura continental. A listagem de Borghetti et al. (2003)
mum na maioria das espécies de peixes e não está muito nomeava as 13 principais espécies da aquicultura in-
relacionada com o hábito alimentar, ou seja, tanto em terior do Brasil e as principais espécies da aquicultura
peixes carnívoros como em onívoros há um incremento interior das Américas do Norte e Central, Europa, Ásia
na secreção de proteases em função da concentração de e Oceania; nenhum daqueles continentes trabalhava
proteína no alimento (Hidalgo et al., 1999). Esse mesmo na sua aquicultura um número de espécies tão grande
MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEIXES 31

quanto aquele do Brasil. De fato, mais recentemente na


obra organizada por Baldisserotto e Gomes (2010) são AGRADECIMENTOS
discutidos meios, métodos e técnicas de produção de
17 espécies ou grupos de espécies de peixes de água Os autores agradecem a Everton Amaral Berton
doce nativos. pelas ilustrações da Figura 3 e a Jenniffer Silveira pelo
Entretanto, quando se considera obras monumen- auxílio na confecção das lâminas e histologia.
tais da ictiologia brasileira, como o catálogo de Peixes
de Água Doce do Brasil, organizado pelo então curador
da coleção de peixes da Academia de Ciências Naturais
da Filadélfia, Henry W. Fowler (1878-1965) e publicado REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
em vários volumes entre os anos de 1948 e 1954 nos
Abad, M.; F. Binkhorst, M. Elbal, and J. Rombout. 1987. A
Arquivos de Zoologia do Estado de São Paulo, ou ainda comparative immunocytochemical study of the gastro-
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Albrecht, M.P.; M.F.N. Ferreira, and E.P. Caramaschi. 2001.
al. (1998) e Zaniboni-Filho et al. (2004), ou ainda aquelas Anatomical features and histology of the digestive tract
reservadas a uma única espécie, como Araújo-Lima e of two neotropical omnivorous fishes (Characiformes;
Goulding (1997) ou Garutti (2003), adquire-se a noção Anostomidae). Journal of Fish Biology 58: 419-430.
Al-Hussaini, A. H. 1947. The anatomy and histology of the
que o universo das espécies de peixes de águas interio-
alimentary tract of the plankton feeder Atherina forskali
res brasileiras é ainda mais amplo do que se possa imagi- Rupp. Journal of Morphology 80:251-286.
nar. Somadas àquelas já oficialmente catalogadas como Al-Hussaini, A.H. 1949. On the functional morphology of the
espécies de interesse econômico para a piscicultura, as alimentary tract of some fish in relation to differences in
their feeding habits: anatomy and histology. Quarterly
espécies potencialmente utilizáveis representam uma Journal of Microscopical Science 10: 109-139.
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sem paralelo em qualquer região ou continente. 1999. Estratégia respiratória do tambaqui, Colossoma
É de conhecimento comum que manejo alimentar macropomum (Cuvier, 1818), em condições de hipóxia.
Revista Científica de Produção Animal 1: 95-103.
e nutrição representam uma parcela que excede 60% Al-Yousuf, M.H.; M.S. El-Shahawi, and S.M. Al-Ghais. 2000.
dos custos de produção em piscicultura. A ferramenta Trace metals in liver, skin and muscle of Lethrinus lentjan
mais básica para se fazer um manejo alimentar preci- fish species in relation to body length and sex. The Science
of the Total Envitonment 256: 87-94.
so, economicamente eficiente e ecologicamente cor-
Araújo-Lima, C., and M. Goulding. 1997. So Fruitful a Fish:
reto é o conhecimento das exigências nutricionais das Ecology, conservation, and Aquaculture of the Amazon’s
espécies e da composição dos alimentos utilizados na tambaqui. Columbia University Press, New York, NY, USA.
formulação e preparo das dietas para a alimentação e Babkin, B.P. 1929. Studies on the pancreatic secretion in
skates. Biological Bulletin 57: 272-291.
nutrição das espécies confinadas. Entretanto, a determi- Baeverfjord, G., and Å.E. Krogdahl. 1996. Development and
nação das exigências nutricionais exige conhecimentos regression of soybean meal induced enteritis in Atlantic
ainda mais fundamentais, mais básicos, qual seja a mor- salmon, Salmo salar L., distal intestine: a comparison with
fologia, a anatomia funcional e a fisiologia digestiva das the intestines of fasted fish. Journal of Fish Diseases 19:
375-387.
espécies. Baldisserotto, B. 2009. Fisiologia de Peixes Aplicada à
Como já comentado, existe uma carência muito Piscicultura. 2ed. Editora da Universidade Federal de Santa
grande de informações sobre a anatomia, morfologia e Maria [UFSM], Santa Maria, RS, Brasil.
Baldisserotto, B., e L.C. Gomes, organizadores. 2010. Espécies
fisiologia do trato digestório das espécies neotropicais
Nativas para a Piscicultura no Brasil. 2ed. Editora da
e, por este motivo, o texto deste capítulo espelhou pu- Universidade Federal de Santa Maria [UFSM], Santa Maria,
blicações relacionadas à anatomia e morfofisiologia de RS, Brasil.
espécies exóticas, dando ênfase às espécies neotropi- Barrenechea, M.; J. Lopez, and A. Martinez. 1994. Regulatory
peptides in gastric endocrine cells of the rainbow
cais e economicamente importantes para a aquicultura trout Oncorhynchus mykiss: general distribution and
brasileira sempre que possível. Desta forma, as infor- colocalizations. Tissue Cell 26: 309-321.
mações aqui apresentadas não podem ser entendidas Bombonato, M.T.S.; S.S. Rochel, C.A. Vicentini, e I.B.F. Vicentini.
2007. Estudo morfológico do tecido hepático de Leporinus
como de caráter ou alcance definitivo, mas sim como
macrocephalis. Acta Scientiarium - Biological Science 29:
fundamentos e um desafio para o estabelecimento de 81-85.
uma plataforma de pesquisa dedicada a esta particular Borghetti, J.R., e A. Ostrensky. 2002. Panorama atual,
área de conhecimento. Afinal, o verdadeiro motor da problemas e perspectivas para a pesca e para a aquicultura
continental no Brasil. Páginas 451-471 in A.C. Rebouças,
pesquisa científica é o próprio desconhecimento dos B. Braga, e J.G. Tundisi, editores. Águas Doces no Brasil:
fatos e fenômenos ligados a uma determinada área do Capital ecológico, uso e conservação. 2ed. Editora
conhecimento humano. Escrituras, São Paulo, SP, Brasil.
32 NUTRIAQUA

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3

Técnicas Experimentais em Nutrição de Peixes

D ÉBORA M ACHADO F RACALOSSI


A NA P AULA O EDA R ODRIGUES
T ARCILA S OUZA DE C ASTRO E S ILVA
J OSÉ E URICO P OSSEBON C YRINO

a metodologia para o teste de qualidade em peixes (i.e.,


INTRODUÇÃO pescado) (Bjarnason, 1979). Acompanhadas das discus-
sões derivadas daquelas apresentações, sumarizadas por
O meio aquático impõe restrições na realização de R.R. Smith às paginas 515-516 de Halver e Tiews (1979), e
experimentos. Por exemplo, a determinação do consu- dos trabalhos apresentados por vários (Dabrowski, 1979;
mo de alimento, apesar de ser fundamental na avalia- Zébian e Créach, 1979; Pfeffer e Pieper, 1979; Schwalb
ção de uma dieta ou manejo alimentar, nem sempre é e Gropp, 1979), estas revisões constituem um marco na
de fácil realização (Jobling et al., 2001). A obtenção de área de conhecimento da nutrição de organismos aquá-
dados confiáveis na experimentação científica em nutri- ticos e nortearam o desenvolvimento da pesquisa em
ção de peixes exige cuidados específicos que vão desde nutrição de peixes no hemisfério ocidental desde então.
a elaboração das dietas experimentais até a escolha das O planejamento adequado e a padronização da
variáveis-resposta avaliadas. A padronização da meto- metodologia para a pesquisa em nutrição de peixes vêm
dologia para os estudos de nutrição de peixes motivou desde então sendo assunto de esforços de educação
já no ano de 1978, a realização de uma sessão dedicada continuada (Tacon, 1989) ou abordado em publicações
à discussão da metodologia aplicada à nutrição e tec- elaboradas ou editadas por especialistas reconhecidos,
nologia da produção de rações para peixes como parte patrocinadas por organizações governamentais e não go-
do Simpósio Mundial sobre Nutrição e Tecnologia de vernamentais e direcionadas a interesses regionais, mas
Produção de Rações para Peixes (‘World Symposium on que, pela qualidade, alcançam projeção global, e.g. Cho
Finfish Nutrition and Fishfeed Technology’) organizado et al. (1985), De Silva (1989), De Silva e Anderson (1995),
pela Comissão Europeia Assessora da Pesca Interior [EIFAC] NRC (2011), entre outros. Este capítulo tem o objetivo
(‘European Inland Fisheries Advisory Commission’) da Or- de oferecer aos profissionais da nutrição de peixes uma
ganização para Agricultura e Alimentação [FAO] (‘Food reflexão que permita uma escolha educada, homogênea
and Agriculture Organization’) das Nações Unidas [UN] da metodologia para um planejamento adequado e
(‘United Nations’). Os anais daquele evento foram pu- execução criteriosa e bem sucedida dos seus projetos de
blicados no ano seguinte na forma de um livro em dois pesquisa científica ou tecnológica, tanto na instância das
volumes (Halver e Tiews, 1979). entidades públicas como da iniciativa privada.
Na sessão “E. Methodology in Fish Nutrition and
Feed Technology”, páginas 435-611 de Halver e Tiews
(1979), cinco revisões discutiram o assunto e lançaram
as bases para a padronização da metodologia e termi-
nologia na nutrição de peixes (Utne, 1979), a padroni-
DESENHO EXPERIMENTAL E ANÁLISE ESTATÍSTICA
zação para o desenho e avaliação de experimentos em
piscicultura (Gropp, 1979), a metodologia para a deter- PLANEJAMENTO
minação da digestibilidade e energia metabolizável dos
alimentos para peixes (Smith, 1979), a metologia para O planejamento ou delineamento experimental de-
o estudo da bioenergética em peixes (Braaten, 1979) e termina o sucesso de qualquer experimento em nutrição.

37
38 NUTRIAQUA

Consiste em uma série de procedimentos que irão ga- crescentes de inclusão de proteína em uma dieta. Para
rantir a produção de dados de alta qualidade e confiabi- se testar, estudar um fator quantitativo, é importante
lidade para responder o problema científico em questão, utilizar preferencialmente um mínimo de cinco níveis
garantindo com isso a aplicabilidade dos resultados ob- (Hinkelmann e Kempthorne, 2008; NRC, 2011; Zeitoun
tidos pelo experimento. Delineamentos experimentais et al., 1976), de forma a permitir a avaliação de uma pos-
mais eficazes em estudos de nutrição de peixes podem sível curva de resposta. O intervalo entre os níveis deve
acelerar o processo de desenvolvimento de tecnologias ser suficientemente distante para que possíveis diferen-
e reduzir os custos com pesquisa e desenvolvimento ças nas respostas sejam detectadas, porém não tão dis-
(Ruohonen e Kettunen, 2004). O desenho experimental tantes de modos a impedir que possíveis alterações em
deve prezar pela simplicidade e economia de recursos, um nível intermediário de resposta sejam detectadas.
bem como facilita alcançar os objetivos estabelecidos e Em alguns experimentos o maior nível de inclusão
evita a ocorrência de erros sistemáticos e tendenciosos de um determinado nutriente na dieta pode não ser su-
(Montgomery, 2001; Ruohonen et al., 2001). O planeja- ficiente para a máxima reposta. Em um estudo visando
mento de um experimento é composto por uma série determinar o melhor nível baseado nas respostas de ga-
de etapas, discutidas a seguir a partir especialmente das nho de peso e eficiência alimentar para ‘golden shiners’
considerações de Montgomery (2001) e Hinkelmann e Notemigonus crysoleucas, Lochmann e Phillips (1994)
Kempthorne (2008), com algumas adaptações para a trabalharam com cinco níveis de proteína, entre 21,2%
experimentação em nutrição de peixes. e 34,5% da dieta, e com três repetições, durante oito se-
Todo experimento parte de um problema ou manas. Eles concluíram, utilizando análise de variância,
questionamento científico que irá resultar no estabe- que esta espécie exigia apenas 29% de proteína para o
lecimento de uma hipótese (biológica) clara e objetiva, ótimo desempenho. Em uma revisão crítica os dados
que por sua vez é obrigatoriamente transformada em desse trabalho foram reavaliados e representados gra-
uma hipótese estatística. Para que um agrupamento ficamente, e foi observado com relativa facilidade que
de hipóteses e ideias se torne um projeto é necessário não só os níveis fornecidos foram insuficientes, pois os
identificar as variáveis a serem analisadas e planejar o dados eram dispostos em uma curva ascendente, como
ensaio biológico (tratamentos) através da identificação o método estatístico utilizado era inadequado para a
das lacunas no conhecimento de uma determinada análise deste tipo de experimento (Shearer, 2000).
área e suas linhas de pesquisa inicialmente através da Outro problema encontrado em alguns trabalhos
realização de uma revisão da lietarutura científica rela- de exigências nutricionais é o grande intervalo entre os
cionada à área de estudo. níveis, o que reduz a exatidão na determinação do nível
Tal exercício permite, por exemplo, estabelecer de exigência. Algumas vezes isto ocorre por dificuldade
prioridades para suprir a falta de informações nutri- física, por mera falta de espaço para implantar um ex-
cionais sobre uma determinada espécie de peixe de perimento com o número necessário, ideal de unidades
interesse econômico, como o estudo de alimentos al- experimentais. Por exemplo, em um experimento reali-
ternativos regionais que podem ser aproveitados na zado para determinar a exigência em proteína para pacu
alimentação e nutrição da espécie em questão. Por Piaractus mesopotamicus, Fernandes et al. (2000) utiliza-
exemplo, Booth et al. (2001) entenderam que o uso de ram três níveis de proteína bruta (22; 26 e 30%) conco-
quatro alimentos alternativos disponíveis na Austrália mitantemente a três níveis de substituição da farinha
– ervilhas do campo, fava, grão de bico e ervilhas com de peixe pelo farelo de soja (0; 50 e 100%), ou seja, não
e sem casca – na alimentação e nutrição da perca pra- havia falta de unidades experimentais. Entretanto, os
teada Bidyanus bidyanus, dependia da determinação autores poderiam ter realizado um experimento com
do coeficiente de digestibilidade aparente [CDA] dos seis níveis de proteína, com menor intervalo entre os
alimentos e a partir de ensaios biológicos concluíram tratamentos, i.e., uma série maior de níveis de proteína
que dos grãos de leguminosas estudados, a ervilha do na dieta, bem como com maior abrangência, i.e., níveis
campo descascada era a mais promissora, com CDA = menores que 20 e acima de 30% e, assim, determinar
88,3 e 63,2% para proteína e energia, respectivamente. por meio de análise de regressão o nível proteico ideal
O planejamento de um experimento exige que se para a espécie a partir de uma dieta completa à base
avalie e defina de antemão os fatores que podem influen- do alimento padrão para estudos de exigências nutri-
ciar no resultado do experimento. Esses fatores compre- cionais em peixes – a farinha de peixes. Determinado
endem não somente os tratamentos que serão testados, o nível ideal de proteína dietética, poderia ter sido fei-
mas também fatores perturbadores, inerentes à situação to um estudo para determinar os níveis de substitui-
experimental e que podem afetar a resposta dos trata- ção de farinha de peixe pelo farelo de soja, com maior
mentos. Após este primeiro exercício, define-se os níveis completitude, ou seja, ao invés de se estudar três níveis
dos fatores (i.e., tratamentos), que consistem em diferen- de substituição, poderiam ser estudados seis níveis de
tes expressões do fator em quantidade ou tipo como, por substituição e, como isso, gerar dados muito mais preci-
exemplo, diferentes ingredientes energéticos ou níveis sos, muito mais refinados.
TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 39

Uma vez determinado o fator, faz-se a escolha das aleatória para garantir a casualização e, assim, a inde-
variáveis a serem analisadas, considerando que devem pendência dos erros. Quando o material experimental é
refletir o efeito dos tratamentos ou fatores (analisados) homogêneo e não há restrições à casualização, utiliza-se o
sobre o desempenho produtivo, reprodutivo ou sanitá- delineamento inteiramente ao acaso (Pimentel-Gomes,
rio dos peixes. O número de variáveis analisadas nem 2009), na realidade o delineamento mais comumente
sempre é sinônimo de qualidade, pois as respostas utilizado em experimentos de nutrição. No entanto,
encontradas devem ser explicadas coerentemente. quando há restrição de recursos, outros delineamen-
Em um experimento de 28 dias Kraugerud et al. (2007) tos são aplicados (Ruohonen et al., 2001). São exem-
trabalharam com nutrientes digestíveis e função intes- plos de restrições o número insuficiente de unidades
tinal com salmão-do-Atlântico (Salmo salar) alimenta- experimentais (tanques) ou mesmo as fontes de varia-
dos com dietas contendo celulose ou polissacarídeos ção, que podem aumentar a variação ao acaso ou erro
não-amiláceos da soja. Os tratamentos foram: farinha sistemático, tais como diferenças nas condições am-
de peixe; 100% de celulose; 25% de polissacarídeo bientais (entrada de água, luminosidade, temperatura),
não-amiláceo de soja natural + 75% de celulose; 50% no arranjo, ou ainda tipos de tanques e estacionalidade
de polissacarídeo não-amiláceo de soja natural + 50% climática. Uma alternativa para solucionar esses pro-
de celulose; 75% de polissacarídeo não-amiláceo de blemas é considerar tais fontes de perturbação como
soja natural + 25% de celulose; 100% de polissacarí- fatores em um delineamento experimental (Ruohonen
deo não-amiláceo de soja natural; 75% de polissacarí- et al., 2001) e conduzir os ensaios em um delineamento
deo não-amiláceo de soja extrudada + 25% de celulose; denominado blocos casualizados.
100% de polissacarídeo não-amiláceo de soja extruda- Neste delineamento em blocos as unidades ex-
da; e 100% de farelo de soja desengordurado. Foram perimentais são agrupadas, ou ‘blocadas’, para que a
analisadas variáveis histológicas, viscosidade e massa influência da variável perturbadora possa ser estima-
intestinal do quimo, atividade enzimática, concentra- da; para tanto, no mínimo uma unidade experimental
ção de ácidos biliares, parâmetros sanguíneos, excreção de cada tratamento deve estar presente em cada bloco
fecal aparente dos elementos minerais e digestibilidade (Ruohonen et al., 2001). Embora os blocos possam dife-
aparente da proteína bruta, lipídios, amido, matéria or- rir por completo entre si, cada bloco deve ser o mais uni-
gânica e fósforo. Uma análise dos resultados revela que forme possível (Pimentel-Gomes, 2009). Ruohonen et al.
nem todas as variáveis analisadas permitiram a coleta (2001) exemplificaram os casos mais típicos nos quais
de informações que pudessem ser bem interelaciona- o uso de blocos é necessário, a saber: (a) medidas re-
das e explicassem com segurança, satisfatoriamente, os petidas no tempo, onde o tempo pode ser considerado
resultados obtidos. Portanto, o esforço poderia ser di- como bloco; (b) unidades experimentais heterogêneas,
recionado para aumentar a duração do experimento, o como no caso de experimento realizado em diversos
que permitiria que se fizesse a análise mais precisa de laboratórios ou fazendas, ou em tanques distintos, ou
um número menor de variáveis, com a consequente sob diferentes condições ambientais, nas quais blocos
obtenção de resultados mais concretos, mais precisos, são estabelecidos e os tratamentos casualizados dentro
mais refinados. O experimento também poderia ser de cada bloco; (c) material experimental heterogêneo
dividido em três ensaios: um primeiro ensaio faria a como diferentes lotes de peixes ou diferentes históricos
comparação das fontes e processamento; outro de- de aclimatação dos peixes, de forma que a heteroge-
terminaria os efeitos da substituição da celulose por neidade seja controlada e mensurada; (d) restrição de
níveis de polissacarídeo não-amiláceo de soja extruda- unidades experimentais, quando são utilizados expe-
da e, um terceiro estudaria a substituição da celulose rimentos sequenciais, introduzindo o tempo como um
com níveis polissacarídeo não-amiláceo de soja na- bloco na equação do modelo, o que permite o controle
tural. Com isso os autores poderiam, de forma clara e de uma possível variação ocasionada pelo tempo. Esta
objetiva, recomendar ou não o uso dos polissacarídeos última situação é bastante comum em experimentos de
não-amiláceos de soja na nutrição do salmão-do-Atlântico, determinação da digestibilidade por sedimentação das
bem como recomendar ou não o seu processamento fezes, quando o número de tanques específicos para
e indicar os melhores níveis de inclusão dos mesmos coleta de fezes muitas vezes é limitado e limitante, obri-
nas dietas. Em suma: não é possível responder todas as gando que as repetições sejam realizadas em tempos
indagações relativas à alimentação de uma espécie de distintos e sequenciais. No entanto, quando o intervalo
peixe em um único experimento. entre coletas é pequeno, muitos trabalhos optam por
Fatores e variáveis de estudo elencados, define-se não considerar o tempo como bloco (vide Gaylord et al.,
o arranjo dos tratamentos no experimento, ou seja, de- 1996; Kim et al., 2006; Guimarães et al., 2008), prática ab-
fine-se o desenho, o delineamento que melhor se aplica solutamente aceita na comunidade científica desta área
à condição experimental ou estrutura física (controle de conhecimento.
local) disponível, lembrando sempre que a distribuição Outra importante fonte de variação a ser consi-
dos tratamentos nas parcelas deve ser feita de forma derada (e blocada) é o peso dos peixes; uma vez que
40 NUTRIAQUA

peixes apresentam alta variabilidade genética intra- dos delineamentos anteriormente descritos, razão pela
populacional, a falta de uniformidade entre os indivíduos qual é sempre recomendado recorrer ao auxílio de um
de um mesmo lote, mesmo que sejam irmãos comple- profissional experimentado no uso das ferramentas de
tos, ou entre lotes diferentes, é comum, tornando ne- estatística na fase de planejamento de um experimento.
cessário o conhecimento e agrupamento de indivíduos Ainda em relação ao planejamento e escolha do
de uma população em blocos homogêneos (de peso e/ delineamento experimental, é recomendável que seja
ou comprimento e/ou idade) antes da instalação de um dada consideração cuidadosa ao número de indiví-
experimento. Se a diferença de peso entre os peixes for duos e repetições estabelecidas, uma vez que esses
grande ou se o número de indivíduos for limitado, o ideal ‘fatores’ podem influenciar, reduzir o poder da análi-
é separar os animais em lotes para trabalhar com blocos se, ou seja, fazer com que efeito(s) do(s) tratamento(s)
de peso, principalmente no caso de ensaios com peixes não sejam detectados, considerando um determinado
ictiófagos, propensos ao canibalismo. O exemplo vem intervalo de confiança. Sendo as repetições determi-
outra vez do trabalho de Fernandes et al. (2000), em que nadas a partir da disponibilidade de parcelas e peixes,
para testar as fontes e níveis de proteína bruta em dietas quanto mais repetições e quanto mais peixes por repe-
para alevinos de pacu, os autores separaram os peixes tição forem alocados, menor será a variância atribuída
em quatro blocos para controlar as diferenças dos pesos aos indivíduos e, com isso, tem-se maior confiabilidade
iniciais que estavam entre 4,62 e 11,31 g; mesmo em se em determinar a influência dos tratamentos na popu-
tratando de uma espécie onívora, sem qualquer propen- lação. Destaca-se aqui que na maioria dos experimen-
são ao canibalismo e dócil e de maturação sexual tardia tos em nutrição de peixes são considerados três repe-
o suficientemente para não desencadear interações ago- tições, tanto nos ensaios de digestibilidade (Abimorad
nísticas, a diferença registrada no peso inicial poderia re- e Carneiro, 2004; Borghesi et al., 2009; Gonçalves et al.,
sultar em grande variação no peso final e ser um fator de 2004; Vens-Cappell, 1984), quanto nos trabalhos sobre
variação nos resultados obtidos. exigências (Furuya et al., 2006; Lim e Lee, 2009; Sá e
A instalação de experimentos em blocos pode Fracalossi et al., 2002).
ainda ser feita em delineamentos em quadrado lati- O número de animais em cada unidade experi-
no e quadrado greco-latino, que permitem o controle mental pode variar entre os experimentos, mas para
simultâneo de dois ou três fatores, respectivamente que os animais possam expressar todo o potencial de
(Montgomery, 2001; Hinkelmann e Kempthorne, 2008). crescimento sem nenhum tipo de limitação, deve ser
Muitas vezes, no entanto, é de interesse estudar mais respeitada a densidade limitada pelo volume d’água ou
de um fator ou tratamento e suas possíveis interações espaço nas parcelas (i.e., aquários, tanques etc.). Dessa
simultaneamente, caracterizando um delineamento em forma, o pesquisador deve conhecer de modo claro o
esquema fatorial. Segundo Pimentel-Gomes (2009), os conceito de capacidade de sustentação em aquicultura,
experimentos fatoriais são geralmente mais eficientes e considerar cuidadosamente tal conceito na monta-
em relação aos experimentos com um só fator, uma vez gem de seus experimentos. Por outro lado, peixes que
que permitem tirar conclusões mais amplas. Entretanto, vivem em cardumes devem ser alocados em uma densi-
o número de tratamentos ou combinações de níveis de dade adequada para a formação do cardume, evitando
fatores cresce rapidamente com o aumento do núme- um estresse causado pela baixa densidade. Finalmente,
ro de fatores ou do número de níveis em cada fator, o deve-se formular a equação do modelo estatístico que
que pode trazer problemas de homogeneidade da área representa o desenho experimental adotado. Um resu-
experimental (Barbin, 2003). Podem existir ainda outros mo esquematizado das principais etapas do planeja-
delineamentos experimentais e até mesmo variações mento experimental é apresentado na Figura 1.
42 NUTRIAQUA

Além da padronização durante a execução dos en-


METODOLOGIAS E COLETA DE DADOS
saios, ressalta-se a importância do cuidado, da precisão
O manejo experimental deve ser feito de forma na coleta dos dados. Qualquer erro nessa etapa pode-
padronizada, ou seja, as pessoas envolvidas não de- rá comprometer todo o resultado do trabalho. A coleta
vem ser uma fonte de variação para não influenciar as dos dados deve ser feita com muita concentração, trei-
namento, responsabilidade e, também, de forma padro-
respostas. Em adição, a atividade dos tratadores não
nizada a fim de diminuir o erro experimental e ainda o
deve ser tendenciosa durante o manejo, ou seja, o
aparecimento de ‘outliers’ – valores discrepantes muitas
instinto natural de favorecer uma parcela em que, por
vezes atribuídos ao erro na coleta ou na digitação de
exemplo, esteja sendo observado empiricamente uma
um dado. Poucos autores mencionam a existência de
melhor resposta ao tratamento, tem que ser controla-
dados discrepantes, que são simples e indevidamente
do a todo custo.
excluídos da análise e das publicações sem critério al-
Para que seja possível comparar resultados entre
gum. Dados discrepantes podem ou mesmo devem ser
os experimentos, parcelas de um experimento ou entre
retirados, desde que de maneira cautelosa e criteriosa.
experimentos, a metodologia escolhida para a coleta
Por mais que um valor seja extremamente diferente dos
dos dados também deve ser padronizada. Diferenças
demais, ele não necessariamente representa um erro
entre as metodologias são facilmente encontradas em
experimental. Em alguns casos esta alteração pode ser
ensaios que determinam a digestibilidade. Nestes ex-
devido a fatores biológicos, como variabilidade genéti-
perimentos verificam-se diferenças desde o indicador
ca natural da população, ou resultado da variação pon-
inerte a ser utilizado nas determinações indiretas, como
tual e despercebida de fatores ambientais (e.g. maior
o uso do óxido de cromo ou óxido de ítrio (Førde-Skjærvik intensidade de iluminação em uma parcela).
et al., 2006; Hemre et al., 2003; Storebakken et al., 1998),
até as concentrações destes indicadores, como as va-
riações observadas, por exemplo, na concentração de
óxido de cromo de 0,1% utilizada por Gonçalves et al. ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO
(2004) e Borghesi et al. (2009); 0,5% utilizado por Ramsay DOS RESULTADOS
et al. (2000), Abimorad e Carneiro (2004), Gonçalves e
Carneiro (2003), e Zhou et al. (2004); 0,7% utilizado por O modelo de análise estatística a ser utilizada, in-
Anderson et al. (1992), ou 1%, recomendado por Austreng cluindo os valores do intervalo de confiança, deve ser
(1978). Subentende-se que, por ser inerte, o indicador estabelecido na etapa de planejamento experimental,
não tenha influência no trato digestório. Entretanto, al- concomitante à determinação do delineamento. Dois
guns autores atribuem ao movimento irregular do óxi- grupos de pesquisas ao estudar amostras semelhantes
do de cromo no trato digestório dos peixes as diferenças podem encontrar resultados distintos simplesmente
entre resultados obtidos por metodologias diferentes porque adotaram diferentes modelos e métodos de
(Ramsay et al., 2000). análise (Baker, 1986).
Diferenças de metodologias para a coleta de fe- O uso de diferentes valores de probabilidade para as
zes – dissecção, extrusão do conteúdo fecal, coleta por análises estatísticas dão a ideia de ajuste de acordo com
sifonagem das fezes na água ou em coluna de sedi- a vontade do pesquisador, com a determinação do valor
mentação – são ainda observadas entre experimentos de probabilidade durante a análise estatística. No trabalho
envolvendo digestibilidade de ingredientes. Não há de Faria et al. (2001), por exemplo, em que foi avaliada a
consenso entre os pesquisadores atestando a diferen- substituição parcial e total da farinha de peixe pelo fare-
ça ou não entre as metodologias aplicadas, o que in- lo de soja em dietas para alevinos de piauçu, Leporinus
dica a falta de padronização da utilização das mesmas macrocephalus, cada equação tinha um valor de probabi-
entre os grupos de pesquisa. Alguns autores afirmam lidade – 2 ou 3%; os resultados de um procedimento como
que não há diferenças nos coeficientes de digestibili- este são, no mínimo, não confiáveis ou mesmo enganosos.
dade aparente encontrados com o uso dos diferentes Após a coleta, os dados devem ser analisados pri-
métodos, como no experimento de Abimorad e Carnei- meiramente para verificar os requisitos para compor um
ro (2004), em que foram comparados os métodos de modelo matemático, que são: se os efeitos dos modelos
dissecção, extrusão e de coleta em coluna de sedimen- são somados, para garantir a aditividade do modelo; se
tação. Outros autores, no entanto, encontraram dife- os erros são independentes, fato garantido com a eficaz
renças nos coeficientes de digestibilidade aparente de casualização; a normalidade dos erros; e a homogenei-
proteína bruta e energia bruta, sendo estes coeficien- dade dos erros (Kozak, 2009). A maioria dos trabalhos
tes maiores quando utilizaram a metodologia de ex- publicados em aquicultura não discrimina se a análise
trusão manual ou dissecção, quando comparados com dos dados atende os requisitos para compor um mo-
o método de sedimentação em coluna (Ramsay et al., delo, o que leva a interpretação de que essas análises
2000; Kitagima e Fracalossi, 2010). preliminares não foram realizadas.
TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 43

Na maioria destas publicações os autores por ve- que, houve modificação do aroma no filé de peixe com
zes não mencionam a utilização de medida de dispersão a inclusão subproduto de azeite de oliva na dieta.
(vide Boscolo et al., 2001; Fernandes et al., 2000; Gonçalves A análise de variância [ANOVA], a regressão poli-
e Carneiro, 2003; Macedo-Viegas et al., 1997; Meurer et nomial e a regressão segmentada ou ‘broken-line’ são os
al., 2000), ou então utilizam como medida de dispersão tipos de análises usualmente utilizadas para determinar
somente o coeficiente de variação (vide Boscolo et al., o nível ótimo de um nutriente ou energia para o melhor
2006; Faria et al., 2001; Furuya et al., 2006; Pezzato et desempenho de uma espécie. A ANOVA, complemen-
al., 2006; Sampaio et al., 2000; Signor et al. 2008), o que tada por teste de comparação entre médias é um tipo
representa a dispersão da distribuição (de todos os tra- de análise inadequada para estudar variações em trata-
tamentos) e não da média de cada tratamento, como o mentos ‘quantitativos’, e.g. experimentos de exigências,
desvio padrão ou erro padrão. As medidas de dispersão nos quais múltiplos níveis de variáveis independen-
são de extrema importância para a análise estatística tes são utilizados. Porque os níveis são tratados como
dos dados e, consequentemente, são importantes para discretos e não contínuos, o melhor nível pode estar no
a compreensão do trabalho pelos leitores. intervalo entre dois níveis (Shearer, 2000).
Os fatores que compõem todos os tipos de mo- Os testes de comparação de médias são indicados
delos e sua natureza (se são fixos ou aleatórios) devem para analisar resultados de tratamentos qualitativos,
também ser estabelecidos antes da execução do expe- porém como não existe padronização, orientação geral
rimento. Os pesquisadores devem conhecer os efeitos ou justificativa para a escolha do tipo de teste em ex-
ou fontes de variação, determinando os tratamentos perimentação sobre nutrição de peixes, os pesquisado-
e blocos. A escolha do método de análise – análise de res escolhem o teste mais conveniente. Assim, existem
componentes principais, análise de variância, regressão experimentos que optam pelo uso do teste de Tukey
segmentada, regressão linear ou não linear, superfície (Abimorad e Carneiro, 2004; Ai et al., 2006; Fernandes
de resposta etc. – para os dados a serem coletados tam- et al., 2000; Borghesi et al., 2009; Gonçalves et al., 2003;
bém deve ser feita antecipadamente, fazendo parte do Gonçalves e Carneiro, 2004; Sá e Fracalossi, 2002;
planejamento do experimento; melhor ainda se fizer Vens-Cappell, 1984); outros adotam o teste Student
parte do projeto de pesquisa. Essa conduta refletirá na (Anderson et al., 1992; Booth et al., 2001; Sitjà-Bobadilla
qualidade dos dados, na discussão (explicação) convin- et al., 2005); e outros preferem o teste de Duncan
cente dos resultados e emprestará confiabilidade a um (Fernández et al., 1998; Førde-Skjærvik et al., 2006; Giri
possível artigo daí derivado e publicado. et al., 2000; Kraugerud et al., 2007; Lee, 2002; Lim e Lee,
Em muitos trabalhos são estudadas muitas variá- 2009; Zhou et al., 2004). Estas diferenças na escolha dos
veis e, muitas vezes, poucas delas explicam a variação testes são, por vezes, resultado da ‘flexibilidade’ no rigor
entre os tratamentos, gerando muito trabalho extra, entre os diferentes testes de comparação de média. Al-
complexidade e imprecisão na análise dos dados e in- guns testes identificam diferenças significativas mesmo
terpretação dos resultados. Para eliminar aquelas variá- com pouca variação entre os tratamentos, diferenças
veis redundantes e de difícil mensuração, reduzindo o essas que não seriam identificadas por um teste mais
tempo e os custos de experimentos, é possível utilizar a rigoroso. Esta prática deixa subentendido que a análise
Análise de Componentes Principais (Paiva et al., 2010). estatística da maioria dos experimentos em aquicultura
A Análise de Componentes Principais [ACP ou como um todo, nutrição de peixes em particular, é
PCA] (do inglês, ‘Principal Components Analysis’) é um definida após o término do ensaio.
dos métodos de análises multivariadas mais simples, Na regressão polinomial é obtida uma curva ex-
mas seu uso só foi difundido com a popularização dos ponencial e assintótica pelo ajuste de uma função ade-
recursos de informática, i.e., computadores pessoais. quada aos dados. Assim, a exigência de um nutriente é
O objetivo de uma PCA é produzir combinações linea- definida pelo ponto da abscissa representando 95% do
res não correlacionados, ou componentes principais, a valor da assíntota superior na ordenada (Cowey, 1992).
partir de variáveis correlacionadas. Esses índices resu- Um exemplo de equação polinomial é a quadrática, de-
mem os principais aspectos de ‘variação das variáveis’. A finida pelo modelo:
maior parte da variação do conjunto de dados pode ser
descrita por poucos componentes, ou seja, só alguns Y = B0 + B1t + B2t2 + H (Equação 1)
índices são principais e devem ser considerados; os res-
tantes – que possuem variação tão baixa ao ponto de Em que: Y representa a resposta; B0 é o intercepto do
ser considerada desprezível – podem ser desconsidera- modelo; B1 é o coeficiente de regressão linear associado ao
dos na análise (Manly, 2008). Um exemplo interessante tratamento (t); B2 é o coeficiente de regressão quadrático
do uso de PCA é o trabalho de Sicuro et al. (2010) em associado ao t2; e ε representa o erro aleatório. A regres-
que foram estudados e analisados os efeitos da inclusão são polinomial é muito utilizada porque tem a vantagem
do subproduto de azeite de oliva na dieta na qualidade de ser contínua e, portanto, adequada para analisar expe-
do filé da truta arco-íris (Onchorynchus mykiss) – sendo rimentos de dose-reposta, relacionando o crescimento
44 NUTRIAQUA

com os níveis dietéticos e apresentando respostas mais dos desvios é menor (Figura 2). O ponto de quebra é
acuradas quando o intervalo entre os níveis for amplo considerado como o nível ideal do nutriente para que
(Zeitoun et al., 1976). Um bom exemplo é derivado da se obtenha o melhor desempenho (Portz et al., 2000;
apreciação do trabalho de Pezzato et al. (2006), um ex- Robbins, 1986). O modelo propõe uma relação linear
perimento no qual a exigência em fósforo disponível positiva da variável de desempenho no eixo “Y” de um
para alevinos de tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) gráfico com os níveis do nutriente estudado no eixo “X”
foi determinada utilizando equações polinomiais sobre e pode ser descrito pela equação:
resultados do ganho de peso e mineralização óssea de
juvenis alimentados com dietas contendo seis níveis de Yi = L + U (R - X LRi) + ei, i = 1, 2...n1, n1+1, ...n (Equação 2)
fósforo (0; 0,25; 0,50; 0,75; 1,00 e 1,25%), sendo 0,75% de
fósforo disponível o melhor nível estimado. em que, (R – XLRi ) = 0, para i ≥ n1+1, sendo o número de
A regressão linear segmentada propõe a existência observações antes do ponto de quebra e n o número
de uma relação linear positiva de crescimento em repos- de pares de observações; L = coordenadas do eixo das
ta aos níveis de um nutriente ou energia, em que é de- ordenadas; R = coordenada do eixo das abscissas de
terminado o chamado ponto de quebra – ‘break-point’ –, um determinado ponto de quebra; e U = coeficiente de
ou seja, o ponto de mudança da inclinação da reta, inclinação da reta quando X < R e ei é o componente
onde se inicia o platô, em que a soma dos quadrados aleatório ou resíduo.

REGRESSÃO SEGMENTADA

20.0 105.0

17.5
GP y=2,64x - 2,19 R2 = 0,98 90.0

15.0
TRP y=19,81x - 40,04 R2 = 0,98 75.0
12.5
y= 8,7 60.0
10.0
45.0
7.5 y= 46,5
30.0
5.0

15.0
2.5
4,5% dĂdžĂĚĞƌĞƚĞŶĕĆŽƉƌŽƚĞŝĐĂ
'ĂŶŚŽĞŵƉĞƐŽ;ŐͿ

0.0 0.0
2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7

REGRESSÃO POLINOMIAL

16.0 90.0
GP y = - 0,79X2+ 8,05X - 11,14 R2 = 0,70
14.0 80.0
TRP y = - 5,66x 2 + 59,84x - 108,80 R2 = 0,94
70.0
12.0
60.0
10.0
50.0
8.0
40.0
6.0
30.0
4.0
20.0
2.0 10.0
5,3%
0.0 0.0
2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 7

 >ŝƐŝŶĂ;йƉƌŽƚĞşŶĂͿ
Figura 2. Exemplos de gráficos de regressão: segmentada e polinomial (adaptado de Montes-Girao
e Fracalossi, 2006).
TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 45

Um exemplo de determinação de exigência usan- Entretanto, autores como Robbins et al. (1979,
do regressão segmentada é a análise de desempenho e 2006) e Shearer (2000) desabonam a utilização do mo-
composição (qualidade) da carcaça de carpa rohu Labeo delo de regressão segmentada. Robbins et al. (1979)
rohita alimentados com níveis crescentes de vitamina E. compararam a aplicação de dois métodos de mínimos
Os autores encontraram o ‘ponto de quebra’ ou a exi- quadrados para nove conjuntos de dados de cresci-
gência de 131,91 mg kg-1 de vitamina E para essa espé- mento. Enquanto o modelo de regressão segmentada
cie (Sau et al., 2004). pode ser ajustado para apenas seis conjuntos de dados,
Não há consenso entre os pesquisadores em rela- todos os conjuntos de dados puderam ser ajustados
ção a quais os melhores métodos de análise estatísticos, com a utilização de modelos não lineares, o que permi-
fato que gera trabalhos discutindo as metodologias de tiu sugerir que os modelos não lineares podem ser mais
análises e suas aplicações (vide Baker 1986; Robbins et úteis na análise deste tipo de série de dados.
al., 1979; Portz et al., 2000; Shearer, 2000; Robbins et al., A crítica ao uso da regressão segmentada é feita
2006; Dairiki et al., 2007; Hernandes-Llamas, 2009). Os com a afirmação de que enquanto esta regressão des-
resultados, opiniões, conclusões e recomendações são creve adequadamente a resposta de um indivíduo, é
controversos. Enquanto, Baker (1986) afirma que a res- inadequada para descrever a resposta de uma popula-
posta obtida com a análise de regressão segmentada ção, pois assume uma mudança brusca e irreal ao atingir
seleciona o valor de exigência representando a média o platô, sendo que na realidade essa transição é suave.
do animal na população e conclui que, por isso, se a Este fato explica a exigência nutricional ser subestima-
análise for devidamente executada, o ajuste da regres- da (Hernandes-Llamas, 2009).
são segmentada resultará em valores de exigências, ge- A incerteza na escolha da análise estatística re-
ralmente, menores do que os obtidos com os modelos sulta da dificuldade de obter modelos bem ajustados
curvilíneos, Shearer (2000) considera que a análise de que representem a realidade fisiológica dos animais.
regressão segmentada e a análise de variância subesti- Hernandez-Llamas (2009) afirma que a regressão linear
mam a exigência nutricional. (modelo curviliniar) e a regressão segmentada não con-
De qualquer modo, alguns pesquisadores defen- seguem demonstrar essa realidade e propõe a associa-
dem a aplicabilidade da regressão segmentada. Portz et ção desses modelos em um modelo ‘híbrido’ denomina-
al. (2000) ressaltam que os resultados obtidos por essa do ‘broken-curves’. A combinação resulta em uma suave
análise são mais coerentes quando comparados aos transição para o platô (modelo curvilinear) e o ponto
outros modelos não lineares, os quais podem superes- de quebra é usado para estimar a exigência nutricional
timar os valores encontrados. Dairiki et al. (2007) acres- (modelo de regressao segmentada).
centam que análise de regressão segmentada permite, Em 1982, Mercer já utilizava o modelo não linear,
com acurácia e precisão, determinar o mínimo nível do modelo de quatro parâmetros matemáticos, para ava-
nutriente exigido para o máximo desempenho, consi- liar o crescimento de ratos em resposta a dietas com di-
derando a relação de custo benefício, conclusão feita a ferentes concentrações de mistura de aminoácidos. Em
partir do estudo das exigências nutricionais em lisina 1992, o mesmo autor destacava a utilidade do modelo
para o ‘black bass’, Micropterus salmoides, comparando de saturação cinética para descrever respostas fisioló-
dois métodos de análise estatística, regressão segmen- gicas como funções de um nutriente limitante da dieta
tada e regressão linear polinomial na análise de dados e na conversão da equação modelo em representação
resultantes de um experimento dose-resposta estu- gráfica tridimensional como função de outra variável,
dando seis níveis de lisina dietética (1,0 - 3,5%) em um permitindo a visualização da superfície resposta.
delineamento inteiramente casualizado (n=4). A análise Outra tentativa de encontrar um modelo com
estatística foi iniciada com a análise explanatória, como melhor ajuste às condições biológicas foi feita com a
a verificação de ‘outiliers’ e homogeneidade das variân- comparação de três variações do modelo de regressão
cias. Em seguida, todas as variáveis de desempenho fo- segmentada em um ensaio de determinação da exi-
ram analisadas pelos métodos de regressão polinomial gência de isoleucina para o crescimento de porcos:
e de regressão segmentada (análise gráfica e algébrica). duas linhas retas (‘two straight-lines’); modelo com um
Os autores afirmaram, comparando os métodos estatís- ponto de quebra (‘one-breakpoint’) considerando um
ticos, que os valores encontrados de exigência de lisina componente aleatório para o platô; e modelo quadrá-
foram superestimados utilizando a análise de regressão tico de ‘broken-line’, considerando um compontente
polinomial. Para a varíavel de ganho de peso a exigên- aleatório para o platô e considerando dois compo-
cia de lisina da dieta foi de 3,19% para a regressão poli- nentes aleatórios para o platô e para a inclinação da
nomial com solução algébrica; para a regressão polino- curva abaixo da exigência. O melhor ajuste – maior
mial, com análise gráfica, o valor ficou entre 3,0 e 3,5%, coeficiente de determinação ajustado e menor log da
enquanto que com o uso da regressão segmentada a verossimilhança – foi conseguido utilizando o modelo
exigência foi determinada como sendo 2,12% de lisina quadrático com um componente aleatório para assín-
da dieta. tota (Robbins et al., 2006).
46 NUTRIAQUA

O uso das técnicas de regressões múltiplas deve et al. (2004), por exemplo, analisaram além do CDA de
ser feito com cautela, uma vez que quando há um nú- ingredientes alternativos, o efeito da inclusão de níveis
mero grande de variáveis para serem analisadas conco- de fitase (0; 1.000 e 2.000 UF kg-1) na dieta da tilápia-do-Nilo;
mitantemente, e estas variáveis podem ser altamente neste caso esperava-se uma conclusão indicando a via-
correlacionadas, e.g. ingestão voluntária e temperatura bilidade da utilização dessa enzima na alimentação do
(ou qualidade da água), é bastante temerário reduzir es- peixe, porém, os autores não apresentaram uma con-
tes fenômenos biológicos a meros resultados de análises clusão para os dados analisados.
estatísticas. Nestes casos modelos e abordagens mais O conhecimento em estatística e em experimen-
mecanicistas podem trazer melhores resultados e auxi- tação possibilita aos pesquisadores realizarem experi-
liar a compreensão dos fenômenos. O uso de modelos mentos de qualidade e confiabilidade. Estatística pode
moleculares, análises da síntese de proteína e deposição e possivelmente deve ser encarada como uma ferra-
de energia, taxa de eficiência proteica etc., podem ser por menta que facilita e auxilia a execução dos ensaios, mas
vezes redundantes. O ganho de peso depende não só da somente a utilização bem planejada e precisa desta
deposição de aminoácidos, mas também da deposição ferramenta garante ‘descobrir e concluir’ com confia-
(ou ausência da deposição) de lipídios, minerais etc., e to- bilidade, ou seja, ‘fazer ciência’ de modo competente e
dos estes nutrientes estavam presentes na dieta. Os me- compromissado com a verdade.
canismos mais simples de análise da eficiência alimentar
– e.g. alteração na taxa de ganho de peso – podem ofe-
recer as explicações mais interessantes para a discussão DIETAS EXPERIMENTAIS
dos resultados de um dado experimento.
Expandindo o raciocínio, a escolha dos melhores Com exceção da variável em avaliação, as dietas
métodos estatísticos não deve ter como base apenas o de um experimento devem ser semelhantes em todos
coeficiente de determinação, mas também a análise dos os aspectos, tais como palatabilidade, tamanho de par-
resíduos (Shearer, 2000). A análise gráfica é também uma tícula, textura, estabilidade na água e concentração de
importante ferramenta para auxiliar na escolha da análi- nutrientes e energia (NRC, 1993, 2011; Lovell, 1998).
se. Um exemplo disso pode ser encontrado em um traba- Em ensaios iniciais de determinação de exigências nu-
lho que analisou a deposição do ácido linoleico conjuga- tricionais em peixes, as dietas experimentais devem
do [CLA] em tilápia-do-Nilo, em que foi possível verificar ser formuladas com ingredientes semipurificados – de
com a análise dos gráficos o ajuste dos dados de forma composição química bem definida permitindo contro-
não linear. Os autores optaram pelo modelo não linear le completo dos efeitos do nutriente sendo testado. A
de Gompertz y= a . exp{-b . exp[-kt]}(Santos et al., 2007). formulação da dieta referência com ingredientes semi-
Nunca é demais lembrar: inferências sobre resulta- purificados assegura que sua digestibilidade seja alta,
dos de experimentos com peixes devem ser feitas com quase que total, permitindo, dessa forma, um maior co-
cautela, visto que peixes são animais pecilotérmicos nhecimento sobre o efeito do ingrediente-teste (Hardy
cujo metabolismo é afetado sensivelmente pelas vari- e Barrows, 2002; Lovell, 1998; NRC, 2011). Muitas vezes,
áveis de qualidade de água. Com isso, um experimento porém, as dietas semipurificadas apresentam baixa pa-
realizado, por exemplo, na Noruega pode ter respostas latabilidade para algumas espécies e uma alternativa é
diferentes ao ser reproduzido fielmente no Brasil e, as- incluir na dieta um ingrediente prático, uma farinha de
sim, as inferências devem ser feitas respeitando essas peixe de alta qualidade, por exemplo, cuja contribuição
diferenças. Os pesquisadores devem ter cautela tam- em nutrientes seja, porém conhecida em detalhes a fim
bém ao fazer inferências sobre respostas que não estão de se evitar qualquer confundimento na dieta experi-
contidas na amplitude dos tratamentos estudados, a mental (NRC, 1993, 2011). Exemplos de dietas semipuri-
exemplo do que foi evidenciado no experimento de de- ficadas para algumas espécies de peixe são apresenta-
terminação da relação energia digestível:proteína bruta dos em Halver (2002) e NRC (1993).
[ED:PB] para o tucunaré (Cichla sp.), no qual a melhor Ensaios posteriores, de validação dos resultados,
relação foi de 8 kcal g-1, considerando uma ração com devem ser conduzidos com dietas formuladas com in-
41% de PB e 3.500 kcal de ED kg-1 de ração para peixes gredientes práticos, de boa qualidade, amplamente dis-
de 10 a 30 g. Ao considerar que a exigência em prote- poníveis e utilizados pela indústria da alimentação ani-
ína diminui com o aumento do tamanho do peixe, os mal como um todo, da alimentação e nutrição de peixes
autores inferiram, arriscadamente, que peixes maiores em particular, a fim de se validar os resultados obtidos
poderiam consumir uma ração com 37% de PB e 9 kcal com as dietas semipurificadas. Nesta etapa, outras vari-
g-1 de relação ED:PB (Sampaio et al., 2000). áveis estarão presentes e deverão ser consideradas, tais
Destaca-se, ainda, que em muitos trabalhos não como presença de fatores antinutricionais nos ingredientes,
existe conclusão, visto que o objetivo não é encontrar o o que provavelmente refletirá no aumento da exigência
melhor tratamento e sim estabelecer valores, a exemplo do nutriente em estudo. Um resumo dos principais in-
dos ensaios para determinar os coeficientes de digesti- gredientes semipurificados utilizados em experimentos
bilidade aparente de ingredientes. Entretanto, Gonçalves de nutrição de peixes encontra-se na Tabela 1.
TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 47

Tabela 1. Principais ingredientes utilizados para a formulação de dietas semipurificadas para experimentação em nutrição de
peixes (adaptado de Lovell, 1998).

Ingredientes Observação
Proteicos
Caseína t Constituem uma boa combinação proteica na proporção de 4:1 (caseína gelatina)
Gelatina t No caso da gelatina, também atua como aglutinante

Caseína com baixo teor vitamínico t Recomendada para ensaios com vitaminas
Fibrina do sangue t Desejável para estudos com minerais
t Recomendada para experimentos com proteínas e aminoácidos em função de seu balan-
Albumina
ço em aminoácidos
Energéticos
t Amplamente utilizada como fonte de carboidratos
Dextrina
t Atua, também, como aglutinante
t Satisfatório para peixes de águas tropicais
Amido cozido e amido de milho
t Atua, também, como aglutinante
Óleo de peixe t Fonte de ácidos graxos da série n-3
Óleos vegetais t Fonte de ácidos graxos da série n-6
Aglutinantes
Carboximetilcelulose
Alginatos t Utilizados em baixa concentração na dieta
Ágar t Aumentam a estabilidade da dieta na água

Hemicelulose
Mistura vitamínica-mineral t Devem atender às exigências da espécie de peixe em macro e microminerais e vitaminas
Outros
Celulose t Ingrediente utilizado como preenchimento, não nutritivo

A formulação das dietas experimentais deve ser 2011). Caso haja uma dieta controle no delineamento, a
feita com base nas exigências nutricionais e energéticas mesma deve ser formulada de modo a proporcionar inges-
estabelecidas para a espécie em estudo em determi- tão, crescimento e eficiência alimentar satisfatórios, uma vez
nada fase de desenvolvimento. Entretanto, até que se que conclusões erradas podem ser feitas com uma dieta
conheçam melhor as exigências da espécie, é possível controle de baixo desempenho (Cho et al., 1985).
utilizar aquelas estabelecidas para uma espécie seme- A quantidade de dieta necessária para o experi-
lhante (espécie bandeira) em hábito alimentar, fisiologia mento deve ser estimada com base na projeção de ga-
digestiva, família ou gênero (i.e., filogenia), habitat na- nho em peso do peixe ao final do experimento (Lovell,
tural (água doce ou salgada, temperada ou tropical) etc. 1998). Para a confecção das dietas experimentais, os
(Cho et al., 1985; NRC, 1993, 2011). As dietas experimen- ingredientes devem ser finamente moídos (200-300
tais devem ser nutricionalmente completas, exceto para μm) para garantir a homogeneidade em composição
o nutriente-teste, e podem ser classificadas em comple- da dieta (Glencross et al., 2007). Os ingredientes secos
tas e balanceadas. As dietas completas são aquelas que devem ser misturados em primeiro lugar; caso haja
contêm todos os nutrientes essenciais. Dietas empre- algum microingrediente, ou seja, ingrediente de bai-
gadas em ensaios de digestibilidade (vide item Ensaios xa inclusão na dieta, como óxido de cromo e mistura
de Digestibilidade), por exemplo, devem ser completas, vitamínica-mineral, este deve ser diluído em volumes
mas normalmente não são balanceadas, pois possuem graduais da mistura seca para assegurar sua correta
excesso do ingrediente-teste. Dietas balanceadas, por homogeneização. Em seguida, é feita a adição gradual
sua vez, são aquelas que, além de possuírem todos os dos lipídios (óleos). Finalmente, adiciona-se água aos
nutrientes necessários, ou seja, além de serem comple- poucos à mistura, até a obtenção de uma consistên-
tas, apresentam o adequado balanço e quantidade de cia plástica, ou seja, que quando comprimida manual-
nutrientes exigidos pela espécie na fase de desenvol- mente não esfarele ou umedeça a mão. A dieta pode,
vimento em que é utilizada como material biológico. então, ser peletizada ou extrudada na granulometria
Atender estas recomendações é possível apenas para adequada ao tamanho da boca do peixe (NRC, 1993)
as espécies de peixe mais estudadas, cujas exigências e seca à temperatura de 50-60°C. Dietas experimentais
já são conhecidas, como o salmão-do-Atlântico, a truta elaboradas para testar nutrientes altamente lábeis, tais
arco-íris e o bagre do canal (Ictalurus punctatus) (NRC, como vitaminas e ácidos graxos, não devem ser secas.
48 NUTRIAQUA

O armazenamento das dietas experimentais deve ser menor a temperatura de armazenamento. As etapas do
feito preferencialmente em congelador, refrigerador ou preparo de dietas experimentais peletizadas e extruda-
em local seco e arejado, dependendo da umidade final das podem ser visualizadas na Figura 3.
da dieta. De maneira geral, quanto mais úmida a dieta, 47

Figura 3.
Figura 3.Etapas
Etapasdodo
preparo de dietas
preparo experimentais.
de dietas experimentais.
TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 49

Vários aditivos ou suplementos alimentares podem altas, no entanto, podem prejudicar a eficiência alimen-
ser utilizados na formulação e processamento de rações tar do peixe (Jobling, 2001).
para aquicultura. Aditivos ou suplementos alimentares A alimentação até a saciedade aparente é reco-
são componentes da ração com funções normalmente mendada para ensaios em que se deseja explorar o
não relacionadas ao fornecimento de um nutriente em potencial máximo de crescimento do animal, como em
particular; o assunto foi recentemente tratado em de- experimentos de determinação de exigências nutricio-
talhes por Nakagawa et al. (2007). Exemplos de aditivos nais, o que, também, aumenta a sensibilidade a diferen-
são os pré- ou probióticos (Ringø et al., 2010), pigmentos, ças entre as dietas e garante que os peixes não estão
imunoestimulantes (Gannan e Schrock, 2001), aglutinan- sendo subalimentados (Lovell, 1998). Já em experimen-
tes, antifúngicos (Manning, 2001) etc. Os aditivos podem tos onde o manejo alimentar ou formulações de dietas
mesmo ser o objetivo do estudo para o qual uma dieta é práticas são testados, a alimentação restrita é comu-
formulada e processada. De qualquer modo, fato notório mente empregada e desejável, visto que esta prática se
e de conhecimento compartilhado, os aditivos e suple- aproxima da realidade de um empreendimento aquíco-
mentos alimentares são sujeitos a perdas por lixiviação la. Da mesma forma, em ensaios de avaliação da diges-
ou falhas na aplicação durante o processamento das tibilidade de alimentos, a alimentação deve ser restrita,
rações. Desta forma, é muito importante que a concen- em taxas similares àquelas praticadas em condições
tração, a recuperação do aditivo na dieta experimental, práticas (Windell et al., 1978), uma vez que a taxa de ali-
seja avaliada antes da instalação dos experimentos, de mentação pode afetar o aproveitamento dos nutrientes
modos que as variáveis-resposta (de desempenho, fun- da dieta (Fernández et al., 1998). A determinação da fre-
ção imunológica, integridade intestinal etc.) resultem quência alimentar e horário de arraçoamento, por sua
realmente das variações na concentração do aditivo ou vez, devem considerar a idade, hábito alimentar, tempo
suplemento na dieta. de esvaziamento do trato digestório, comportamento e
Outro detalhe a ser cuidado, mas amplamente ne- fisiologia digestiva da espécie de peixe em estudo (Lovell,
gligenciado, é a possibilidade da ocorrência da reação 1998; Baldisserotto, 2009; Jobling et al., 2001).
de Maillard durante o processamento das dietas expe- Antes do início do experimento, é recomendado
rimentais e suas consequências na disponibilidade de que se conduza um período de habituação dos animais
nutrientes na ração. O fenômeno, descrito pelo químico às dietas experimentais, com substituição gradual do
francês Louis-Camille Maillard, é uma reação química alimento em uso pelas dietas teste, a fim de normalizar
que ocorre entre aminoácidos, a lisina em especial, e a aceitação e consumo das mesmas. Quando se traba-
carboidratos durante a cocção e empresta aos alimen- lha com exigências de nutrientes de longo período resi-
tos a coloração marrom-caramelada característica dos dual, as quais são extremamente baixas, tais como áci-
produtos assados. Ora rações extrudadas são obtidas dos graxos essenciais e vitaminas lipossolúveis, pode-se
por processo de cocção. Desta forma, é aconselhável submeter o animal a um longo período de jejum para
que anteriormente à instalação de ensaios para deter- esgotar as reservas corporais dos nutrientes (Lovell,
minação de exigências nutricionais em aminoácidos 1998). No entanto, com o retorno da alimentação, os
pelos peixes, especialmente exigência em lisina nos animais podem exibir crescimento compensatório, difi-
trabalhos baseados no conceito de proteína ideal, seja cultando a avaliação do efeito das dietas experimentais.
avaliada a recuperação da lisina disponível na dieta ex- Alternativamente, os peixes podem ser previamente ali-
perimental após o processamento, especialmente por mentados com uma dieta de depleção, sem o nutriente
extrusão, de modos a, mais uma vez, garantir que as va- em questão ou, ainda, o período experimental pode ser
riáveis-resposta (de desempenho, função imunológica, prolongado.
integridade intestinal etc.) resultem realmente das va- No caso de ocorrência de doença em uma das
riações na concentração do aminoácido sendo testado unidades experimentais ou qualquer outro problema
naquele particular ensaio ou experimento. no ambiente não relacionado à dieta, a alimentação
de todas as unidades experimentais deve ser suspensa
até que a condição retorne à normalidade, evitando-se,
assim, confundimento sobre os efeitos dos tratamen-
MANEJO ALIMENTAR tos (Lovell, 1998). A duração do período experimental
dependerá do tempo necessário para se conseguir di-
A eficiência com que os peixes utilizam um ali- ferenças estatísticas entre as dietas testes, o qual, por
mento é influenciada pela quantidade ingerida; se a sua vez, será influenciado pela sensibilidade do peixe
oferta de alimento é extremamente restrita, os animais às dietas e variáveis-resposta, idade e espécie de peixe
podem sofrer perda em peso, ao passo que à medida em estudo, além de outros fatores que afetam a taxa
que a oferta de alimento ultrapassa a taxa necessária de crescimento, de modos que, muitas vezes, a data fi-
para a mantença, o peixe apresentará ganho em peso nal do experimento não pode ser estabelecida logo no
(Jobling, 2001). Taxas de alimentação extremamente seu início (Lovell, 1998). O NRC (2011) recomenda que
50 NUTRIAQUA

a duração do período experimental nas fases de cresci- Durante o planejamento experimental, atenção
mento rápido (larvicultura, recria) seja o suficiente para especial deve ser dada à presença de fatores estres-
aumentar o peso inicial em 10 vezes; já para fases nas santes do meio que possam interferir nos efeitos dos
quais o crescimento é mais lento, um aumento de peso tratamentos, como diferenças na intensidade luminosa
de três vezes seria aceitável. entre unidades experimentais, variações na qualidade
de água e presença de fatores estressantes como ruí-
dos e alta luminosidade. Espécies de hábito alimentar
noturno, tais como muitos bagres, tem o crescimento
MATERIAL BIOLÓGICO E CONDIÇÕES otimizado quando expostas à escuridão ou reduzida
intensidade de luz, o inverso ocorrendo para espécies
EXPERIMENTAIS que dependem mais da visão para a busca de alimentos
(Baldisserotto, 2009).
Recomenda-se utilizar peixes de confinamento O tamanho das unidades experimentais deve
provenientes da mesma desova e de uma linhagem prever e acomodar o crescimento em peso do lote de
que expresse bom desempenho; é importante ainda peixes estocado (Lovell, 1998). A água deve ser de qua-
conhecer o histórico do lote de peixes a ser utilizado, lidade e caso apresente fontes naturais de nutrientes,
em especial o estado nutricional dos animais, uma vez é necessário filtrá-la (Lovell, 1998). Quanto ao regime
que a ocorrência de crescimento compensatório e o ar- térmico da água, o ideal é que seja mantido dentro do
mazenamento de nutrientes nos tecidos podem afetar intervalo considerado ótimo para a espécie estudada,
as respostas às dietas experimentais (Lovell, 1998). De maximizando sua ingestão alimentar e desempenho
acordo com o NRC (2011), dependendo do objetivo do (Glencross et al., 2007). Biometrias quinzenais são reco-
experimento, também podem ser usados indivíduos mendadas para o melhor acompanhamento do cresci-
provenientes de múltiplas desovas. Neste caso, reco- mento animal ao longo período experimental.
menda-se que seja mantida uma proporção semelhan-
te de indivíduos de cada desova em cada tratamento.
Antes de iniciar o experimento, é necessário que
os peixes passem por um período de aclimatação às
condições experimentais (manejo alimentar, qualidade
VARIÁVEIS-RESPOSTA
da água do sistema, unidades experimentais etc.), quan-
do podem também ser submetidos a tratamentos pro- Como já comentado, a partir da publicação de Halver
filáticos contra parasitoses, bacterioses ou outras enfer- e Tiews (1979), em especial o trabalho de Utne (1979) ali
midades que oportunamente ocorram na fase inicial de contido, o planejamento adequado e a padronização
adaptação. No início do experimento, o lote de peixes da metodologia para a pesquisa em nutrição de peixes
deve ser o mais homogêneo possível em tamanho. As vêm sendo objeto de esforços de educação continuada e
biometrias ou qualquer tipo de manejo dos peixes, prin- assunto recorrente na literatura científica. Este subtítulo
cipalmente de espécies pouco dóceis como o dourado descreve e discute as principais metodologias de deter-
(Salminus brasiliensis), a matrinxã (Brycon amazonicus) minação de variáveis de desempenho utilizadas na ava-
e a piracanjuba (Brycon orbignyanus), devem ser feitos liação de experimentos dose-resposta em peixes.
preferencialmente com administração prévia de anes- Seria um exercício bastante árido discutir as de-
tésicos e tratamento posterior com sal, minimizando a duções das equações apresentadas e comentadas. Não
ocorrência de estresse e, por consequência, a suscetibi- obstante, estas informações são apresentadas não re-
lidade a doenças e inibição da ingestão alimentar. ferenciadas em um número tão grande de manuais e
Muito embora seja necessário avaliar a espécie de
livros que podem ser consideradas de conhecimento
peixe nos diversos estádios de desenvolvimento, estu-
comum, verdadeiro saber compartilhado na comuni-
dos de nutrição trabalham inicial e preferencialmente
dade científica. De qualquer forma, consultas a Hepher
com peixes jovens, visto que respondem mais rapida-
mente às variáveis nutricionais, são mais sensíveis a (1988), NRC (2011), Tacon (1989), Utne (1979) podem
diferenças nas dietas, além de permitirem maior densi- ser úteis para o entendimento, aprendizagem e uso das
dade de estocagem nas unidades experimentais (Lovell, fórmulas de cálculo das variáveis-resposta.
1998), o que, principalmente para as espécies de peixe
que apresentam interações agonísticas, deve ser eleva-
da o suficiente para que efeitos de hierarquia e conse- DESEMPENHO
quentes interações sejam anulados. Da mesma forma,
conforme revisado por Kestemont e Baras (2001) e O crescimento é o critério mais importante e co-
Baldisserotto (2009), uma redução nas interações ago- mumente utilizado para medir a resposta dos peixes às
nísticas é esperada com redução na intensidade lumi- dietas e ingredientes experimentais. Em estudos de exi-
nosa e moderada corrente de água. gências nutricionais, é um indicador prático e sensível
TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 51

da adequabilidade das dietas para um nível de nutriente mesmo autor afirma que comparar a composição cor-
ou energia em particular (Lovell, 1998). Adicionalmente, poral entre grupos de peixes utilizando-se análise de
o crescimento é a medida de maior aplicabilidade em variância é somente válida para peixes com o mesmo
sistemas de produção, já que apresenta estreita relação tamanho e na mesma fase de desenvolvimento. Caso
com a produtividade e lucratividade. O crescimento contrário, o mais correto é utilizar análise alométrica
pode ser simplesmente medido como ganho em peso para avaliar o efeito do tamanho dos peixes sobre a
(Equação 3) ou como taxas de crescimento, as quais composição corporal. Outra forma de se avaliar a efici-
envolvem, obrigatoriamente, o componente tempo ência de utilização dos nutrientes e energia da dieta é o
na equação, como é o caso do ganho em peso diário cálculo do valor biológico aparente, que difere da efici-
(Equação 4) e da taxa de crescimento específico (Equa- ência de retenção por considerar a digestibilidade dos
ção 5) (Glencross et al., 2007). nutrientes e energia das dietas na fórmula (Glencross
O cálculo e interpretação dos dados de taxa de et al., 2007).
crescimento específico [TCE] devem ser feitos com mui- A sobrevivência do lote de peixes ao final do expe-
to critério e cautela. Uma vez que não só a TCE decresce rimento também pode ser um indicador da qualidade
com o tamanho dos peixes e, consequentemente, com da dieta experimental e é determinada pela relação em
o tempo, bem como peixes são animais pecilotérmicos porcentagem entre o número de animais vivos no final
cujo crescimento é, consequentemente, influenciado do experimento e o número de animais inicialmente
pela variação da temperatura da água, ou seja, sua cur- estocados. Alternativamente, pode-se estimar a mor-
va de crescimento tem caráter estacional, é praticamen- tandade dos animais. As variáveis de desempenho des-
te impossível ajustar dados de TCE a uma curva de cres- critas anteriormente são calculadas com as equações
cimento de peixes, visto que o (ganho em) peso varia no listadas abaixo:
tempo e a TCE, por sua vez, varia com o peso.
Os cálculos de eficiência de utilização do alimento Ganho em peso – GP (g):
envolvem a coleta de dados de crescimento e ingestão
alimentar (Jobling, 2001). A medida precisa da ingestão GP = Pf - Pi (Equação 3)
alimentar em peixes é bastante difícil de ser feita e pode
ser calculada como a quantidade de alimento consu-
mido por peixe ao dia (Glencross et al., 2007) ou, ainda, Ganho em peso diário – GPD (g dia -1):
como a quantidade de alimento consumido em por-
centagem de peso vivo ao dia (Equação 6) (Borba et al.,
GP
2006). A eficiência de utilização do alimento pelo peixe GPD = (Equação 4)
pode ser calculada como eficiência alimentar (Equação t
7) ou conversão alimentar (Equação 8). Segundo Jobling
(2001), a expressão dos dados como ganho em peso so- Taxa de crescimento específico - TCE (% dia -1):
bre alimento ingerido é mais lógica e clara na descrição
da resposta: se a relação entre ganho em peso e alimen- (ln(Pf) - ln(Pi))
to ingerido aumenta, a eficiência aumenta igualmente. TCE = x 100 (Equação 5)
A eficiência alimentar também pode ser avaliada t
como a eficiência com que a energia ou nutrientes da die-
ta são utilizados para crescimento. As taxas de eficiência Ingestão alimentar em peso vivo ao dia - Id (% peso
proteica e energética são calculadas como ganho em vivo dia-1):
peso por unidade de proteína ou energia consumida,
respectivamente (Equações 9 e 10). Estas medidas, en- I
Id = x 100
tretanto, não consideram possíveis diferenças na com- Pf+Pi (Equação 6)
posição química do ganho em peso do animal, as quais
2
são consideradas, por sua vez, nos cálculos das taxas
de eficiência de retenção proteica ou energética apa-
t
rente (Equações 11 e 12) (Jobling, 2001). Para tanto, é Eficiência alimentar – EA (%):
necessário medir a composição corporal dos animais no
início e final do experimento, ressaltando que a própria GP
composição da carcaça ou filé do peixe é, também, um EA = x 100 (Equação 7)
indicativo da qualidade de uma dieta (Lie, 2001). Segun- I
do Shearer (1994), a composição corporal do peixe deve
ser expressa na base úmida, uma vez que na base seca Conversão alimentar – CA:
a mudança em um componente afeta a quantidade re-
I
lativa dos demais, levando a interpretações errôneas. O CA = (Equação 8)
GP
52 NUTRIAQUA

Taxa de eficiência proteica – TEP (%): volume corpuscular médio e concentração de hemo-
globina corpuscular média) e leucogramas (número de
leucócitos totais e contagem diferencial dos mesmos)
GP (Equação 9) (Tavares-Dias e Moraes, 2004). O detrimento no desem-
TEP = x 100
Ip penho de tambaqui (Colossoma macropomum) alimen-
tado com dieta sem ácido ascórbico, por exemplo, foi
acompanhado por redução nos valores de hematócrito
Taxa de eficiência energética – TEE (%): e número de eritrócitos, caracterizando uma condição
anêmica nos animais (Chagas e Val, 2003). Jundiás
(Rhamdia quelen) alimentados com dietas isoenergéti-
GP (Equação 10) cas contendo 30, 40 e 50% de proteína bruta apresenta-
TEE = x 100
IE ram incremento nos parâmetros eritrocitários – número
de eritrócitos, taxa de hemoglobina e hematócrito –
para o nível de 50% (Camargo et al., 2005). A inclusão
Taxa de retenção proteica aparente – TRP (%): de níveis crescentes de tanino na dieta da carpa rohu,
embora não tenha afetado o desempenho animal nos
(Pf x PC f) - (Pi x PCi) 60 dias de experimentação, proporcionou alterações
TRP = x 100 (Equação 11) em algumas variáveis hematológicas, como decréscimo
Ip na taxa de hemoglobina e aumento no número de leu-
cócitos (Prusty et al., 2007).
Paralelamente às variáveis hematológicas, ou-
Taxa de retenção energética aparente – TRE (%): tras variáveis imunológicas podem ser utilizadas para
a avaliação de uma dieta ou ingrediente, incluindo a
(Pf x EC f) - (Pi x ECi) medida da resistência do peixe a patógenos. A redução
TRE = x 100 (Equação 12) dos níveis de proteína na dieta do ‘striped bass’ híbrido
IE (Morone chrysops x M. saxatilis) resultou em diminução
linear da proteína total sérica, imunoglobulina plasmá-
Em que: tica e atividade de lisozima sérica da espécie (Rawles et al.,
Pf: peso final (g, peso úmido); 2011). A sobrevivência de tilápias-do-Nilo desafiadas
Pi: peso inicial (g, peso úmido); com Aeromonas hydrophila foi maior para as tilápias ali-
t: período de alimentação (dias); mentadas com dieta contendo vitamina C ou inulina em
I: ingestão total de alimento (g, peso seco); comparação àquelas que receberam dieta controle, au-
IP: ingestão total de proteína (g kg-1, peso seco); sente em ambos os suplementos (Ibrahem et al., 2010).
IE: ingestão total de energia (kJ kg-1, peso seco); Análises histológicas do intestino constituem um
PC: proteína corporal inicial ou final (g kg-1, peso úmido); recurso importante para a avaliação do valor nutricional
EC: energia corporal inicial ou final (kJ kg-1, peso úmido). de um ingrediente na dieta (Rodrigues et al., 2010), uma
vez que, além de concentrar a digestão e absorção de
nutrientes, o intestino de peixes, em especial sua por-
ção distal, exerce uma importante função imunológica
OUTRAS VARIÁVEIS (Buddington et al., 1997). Outro órgão importante para
investigações histopatológicas é o fígado, visto que é o
A interpretação das medidas de desempenho
órgão primário de síntese, desintoxicação e armazena-
pode ser complementada com a avaliação de outras
variáveis-resposta que podem indicar, por sua vez, o mento de muitos nutrientes em peixes (Lovell, 1998).
estado de higidez do animal, a presença de fatores anti- Salmões-do-Atlântico alimentados com dieta contendo
nutricionais em um ingrediente, o efeito da dieta sobre farelo de soja desenvolveram um quadro de enterite
o metabolismo ou estado imunológico do peixe, entre caracterizado pelo encurtamento das pregas da muco-
outras respostas. Em peixes confinados, a qualidade e sa, perda de vacuolação supranuclear nos enterócitos,
quantidade da dieta influenciam significativamente espessamento da lâmina própria das pregas da muco-
suas variáveis hematológicas (Tavares-Dias e Moraes, sa e infiltração da lâmina própria por uma população
2004). Devido à função metabólica que exercem, vá- mista de células inflamatórias (linfócitos, macrófagos,
rios componentes da dieta, vitaminas e minerais em células granulares eosinófilas e neutrófilas) (Baeverfjord
especial, podem causar alterações na homeostase dos e Krogdahl, 1996). Burrels et al. (1999) relataram que a
peixes e, consequentemente, em sua hematologia inflamação no intestino distal de truta arco-íris, induzi-
(Barros et al., 2009). A análise hematológica dos peixes da por altas concentrações de proteína de soja na dieta,
resume-se basicamente a eritrogramas (número de eri- apresentou alta correlação com parâmetros imunoló-
trócitos, hematócrito, concentração de hemoglobina, gicos, tais como redução na atividade de macrófagos,
TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 53

aumento no número de vacúolos nos enterócitos e infil- avaliação do controle hormonal da expressão de genes
tração da lâmina própria por células inflamatórias. Nes- correspondendo aos passos metabólicos envolvidos.
te mesno estudo, o colapso da mucosa intestinal coinci- Em estudos com larvas, além de ressaltar a importância
diu com o declínio da taxa de crescimento específico. A da consideração da ontogenia, os autores apontam que
redução no desempenho de trutas arco-íris alimentadas as atividades e expressão dos genes podem variar com
com dieta contendo concentrado proteico de soja foi as espécies que possuem diferentes hábitos alimenta-
acompanhada por um aumento no número de células res. Outro exemplo exposto de mudanças na expressão
caliciformes intestinais e excesso de vacúolos nos ente- de genes pela indução de nutrientes ao nível de trato
rócitos (Ostaszewska et al., 2005). Além disso, foram ob- digestório é a expressão de colecistoquinina e neuro-
servados hepatócitos de formato irregular com núcleos peptídio Y, conhecidos como reguladores da secreção
picnóticos. Níveis crescentes de inclusão de farinha de pancreática, influenciada por macro nutrientes da dieta
vísceras de frango na dieta de truta arco-íris causaram de peixes.
redução linear no desempenho e alterações hepáticas Quanto ao metabolismo de proteína e aminoáci-
indicativas de toxicidade, como excesso de vacúolos no dos, alguns estudos discutidos contemplam a avaliação
citoplasma e núcleos picnóticos (Lima, 2010). dos efeitos do nível de proteína da dieta na homeostase
O estudo das enzimas digestivas dos peixes é uma da glicose e na expressão de enzimas chaves envolvida
importante ferramenta de auxílio para a formulação de no metabolismo de glicose hepática. Considerando a
dietas e predição das exigências nutricionais dos peixes, utilização do carboidrato dietético na utilização da ho-
uma vez que permitem o conhecimento da capacidade meostase da glicose, os autores citam que há indícios
bioquímica e adaptativa do peixe em transformar e uti- de que a regulação molecular de enzimas metabólicas
lizar o alimento (Lundstedt et al., 2004; Almeida et al., no fígado seja modulada pelos carboidratos da dieta e,
2006). Adicionalmente, a concentração de metabólitos também, que existem alguns indícios de que a regula-
nos diferentes compartimentos do corpo, como fígado, ção nutricional possibilita a adaptação dos peixes aos
músculo e plasma, pode refletir a utilização dos nutrien- carboidratos.
tes da dieta (Lundstedt et al., 2004). Maior concentração Em relação aos lipídios e ácidos graxos da dieta, os
de proteínas totais no plasma foi relatada em tambaquis autores destacam a substituição de óleo de peixe por
alimentados com altas taxas de alimentação, sendo re- óleos vegetais, expondo estudos que avaliam os efeitos
lacionada com o catabolismo da proteína da dieta para do metabolismo dos lipídios na atividade e expressão
produção de energia (Chagas et al., 2005). Moro et al. das enzimas hepáticas e a correspondência dos genes
(2010), avaliando a melhor relação carboidrato:lipídio envolvidos na utilização dos ácidos graxos hepáticos.
para o jundiá, encontraram baixa capacidade de utili- Tratando-se da substituição de óleo de peixe e farinha
zação de carboidrato pela espécie (até 15,7% de dex- de peixe por fontes vegetais, os autores advogam o uso
trina) acompanhada por uma redução do glicogênio da análise transcritômica para verificar os efeitos desta
hepático para níveis acima de 13% de dextrina, reflexo substituição em diferentes vias metabólicas.
de uma provável sobrecarga metabólica. Níveis cres- Assim, a nutrigenômica, ou genômica nutricional,
centes de proteína (20, 27, 34 e 41%) na dieta do jundiá é utilizada para estudar os efeitos dos nutrientes como
proporcionaram aumento na atividade da alanina ami- fatores controladores ou reguladores de um conjunto
notransferase, aspartato aminotransferase e glutamato ou de uma rede de genes metabolicamente interessan-
desidrogenase no fígado, indicando o uso do excesso tes. A utilização da análise proteômica é muito promis-
de aminoácidos na dieta como substrato para a gluco- sora para a pesquisa em nutrição de peixes, uma vez
neogênese para suprir demandas energéticas (Melo et al., que existe uma boa correlação entre a expressão de
2006). Entretanto, uma vez que o aumento do conteúdo gene e a expressão de proteínas, ou seja, o comporta-
proteína da dieta resultou em maiores ganhos em peso mento celular propriamente dito.
para o jundiá, o aumento dessas enzimas também foi
associado com o uso eficaz dos aminoácidos da dieta
para crescimento.
Complementarmente às variáveis metabólicas, o TIPOS DE EXPERIMENTO
uso de ferramentas moleculares permite uma avaliação
aprofundada de como os fatores da dieta afetam a re-
gulação do metabolismo. Em uma revisão de trabalhos DETERMINAÇÃO DE EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS
que abordaram nutrição de peixes e expressão gênica,
bem como nutrigenômica e proteômica relacionadas à A formulação de dietas balanceadas e eficientes
nutrição e alimentação, Panserat e Kaushik (2010) exem- para uma espécie de peixe demanda o conhecimen-
plificaram a influência de nutrientes – proteínas, carboi- to de suas exigências nutricionais e da digestibilidade
dratos, lipídios, vitaminas e minerais – na expressão de dos nutrientes e energia nos ingredientes (Cho et al.,
genes candidatos de vias metabólicas específicas e na 1985). A determinação da exigência nutricional busca
54 NUTRIAQUA

quantificar e qualificar as necessidades nutricionais dos aminoácido referência é determinada pelo método de
peixes em energia, proteína, aminoácidos, lipídios, áci- dose-resposta. A lisina é geralmente utilizada como
dos graxos, vitaminas e minerais (Pezzato et al., 2004). Tal aminoácido referência, visto que é o primeiro amino-
tarefa é complexa, visto que as exigências são espécie- ácido limitante na maioria dos ingredientes, além de
específicas e variam em função da fase de desenvolvi- ser estritamente essencial e o único destinado exclusi-
mento, sexo e estádio de maturação sexual, sistema e vamente para deposição de proteína corporal (Baker e
regime de produção, temperatura da água, frequência Han, 1994; Wilson, 2002). A exigência dos demais ami-
e taxa de arraçoamento, além da qualidade da dieta noácidos essenciais é estimada com base no perfil de
(Pezzato et al., 2004). Uma vez que aspectos importan- aminoácidos corporal [A/E = (aminoácido essencial ÷
tes da experimentação em nutrição de peixes já foram soma dos aminoácidos essenciais + cistina e tirosina)
anteriormente descritos, neste subtítulo serão enfa- × 1000] (Arai, 1981) e na exigência encontrada para a
tizadas apenas as peculiaridades de ensaios de deter- lisina [exigência estimada para o aminoácido essencial
minação quantitativa de exigências nutricionais, tendo = exigência determinada para a lisina × (A/E) ÷ 100]
como base as resenhas de Robaina e Izquierdo (2000) (Montes-Girao e Fracalossi, 2000). No entanto, um pro-
e Shearer (2000). blema de se determinar a exigência de aminoácidos
As exigências nutricionais em peixes são usual- pelo conceito de proteína ideal está nos aminoácidos
mente determinadas em ensaios de dose-resposta, ou que tendem a se acumular no corpo (leucina, isoleuci-
seja, com o fornecimento de níveis graduais do nutrien- na, treonina e valina), cujas exigências acabam sendo
te em estudo, em uma dieta basal nutricionalmente superestimadas.
completa, preferencialmente balanceada, porém defi- Nos estudos sobre exigências em ácidos graxos
ciente no nutriente em questão, medindo-se geralmen- deve-se atentar para as interações competitivas entre
te variáveis de desempenho como resposta. É esperado os ácidos graxos essenciais, sendo necessário avaliar
que nos níveis mais altos apareçam sinais de toxicida- não somente as quantidades absolutas destes ácidos
de ou diminuição da ingestão alimentar ou, ainda, um graxos, mas a proporção entre os mesmos. Níveis ade-
custo metabólico para excreção que comprometa o quados de nutrientes que interferem no metabolismo
crescimento. Dessa forma, o estabelecimento das concen- de lipídios (selênio, biotina, fósforo etc.), bem como de
trações dos nutrientes deve ser feito de modo que se ul- antioxidantes (vitaminas E e C, carotenoides etc.) de-
trapasse a porção ascendente da curva de dose-resposta, vem ser acrescentados à dieta para a adequada utiliza-
garantindo assim o alcance da resposta máxima. No ção dos ácidos graxos.
entanto, sem o conhecimento prévio dos resultados do A determinação das exigências em vitaminas é fei-
experimento, é bastante difícil estabelecer seguramen- ta em ensaios de dose-resposta, nos quais as respostas
te tais concentrações. Geralmente, é necessária a con- podem ser: crescimento, armazenamento da vitamina
dução de mais de um estudo até a obtenção mais clara nos tecidos corporais, sinais clínicos de deficiência, ati-
da estimativa da exigência. Alternativamente, quando vidade de enzimas específicas e dependentes da vita-
possível, a exigência nutricional determinada para uma mina em estudo, resposta imune, entre outras. É impor-
espécie similar pode nortear o estabelecimento dos ní- tante considerar as possíveis interações entre vitaminas
veis a serem estudados. e entre vitaminas e outros nutrientes. No caso de mine-
Além das exigências nutricionais para obtenção rais, os ensaios de dose-resposta também são os mais
do crescimento máximo do peixe, as exigências podem empregados, além dos ensaios de balanço corporal de
ser determinadas visando o custo mínimo de produção, minerais e métodos baseados na retenção de minerais
sendo geralmente inferiores àquelas obtidas para o nos tecidos, principalmente no ósseo. Deve-se atentar,
máximo crescimento. Mais ainda, as exigências podem também, para as interações entre minerais e outros nu-
objetivar a saúde dos peixes. Neste caso, são avaliadas trientes, bem como para as interações entre minerais
respostas a desafios ambientais ou patogênicos, que da dieta e aqueles presentes na água. Tanto para os mi-
normalmente induzem a uma maior exigência no nu- nerais quanto para as vitaminas, deve-se trabalhar com
triente em questão. formas estáveis e biodisponíveis.
As exigências em aminoácidos dos peixes po-
dem ser determinadas por diversas formas: método
de dose-resposta (crescimento como resposta), concen- AVALIAÇÃO DE ALIMENTOS
tração de aminoácidos livres no plasma ou tecido mus-
cular, acúmulo de aminoácidos nos tecidos corporais, Glencross et al. (2007) listaram uma série de fato-
oxidação de aminoácidos (a qual indica a suplementa- res a serem considerados na avaliação de um ingredien-
ção em excesso do aminoácido teste) e, ultimamente, te. O primeiro deles é a caracterização do ingrediente
pelo conceito de proteína ideal (e.g., Montes-Girao e quanto à sua composição química e a variabilidade
Fracalossi, 2006; Dairiki et al., 2007; Bicudo et al., 2009; desta composição. No caso dos ingredientes vegetais,
Portz e Cyrino, 2003). Neste método, a exigência de um é importante também caracterizar o local de origem
TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 55

(condições edafoclimáticas podem afetar a composição nas fezes permanece constante ao longo do processo
nutricional de muitos grãos), espécie e cultivar. Na sequên- de digestão e que toda quantidade de marcador inge-
cia, a determinação da digestibilidade do ingrediente rido aparecerá nas fezes (NRC, 1993). O indicador é dito
fornecerá uma estimativa de quanto dos seus nutrien- interno, quando constitui um componente naturalmen-
tes e energia serão digeridos e absorvidos pelo peixe. te presente na dieta, como é o caso da fibra bruta, ou
A avaliação da palatabilidade do ingrediente é outro externo, quando uma substância inerte e indigestível
importante fator a ser considerado, uma vez que, inde- é adicionada à dieta teste em quantidades pequenas,
pendente de quão satisfatória seja a sua digestibilidade, como, por exemplo, óxido de cromo III (mais comum),
se o mesmo reduz a ingestão alimentar, seu valor e uso areia lavada em ácido, polietileno, carbonato de bá-
serão limitados. O próximo passo é avaliar a utilização rio, entre outros (Tacon e Rodrigues, 1984; Riche et al.,
ou interferência dos nutrientes do ingrediente no de- 1995). Os indicadores não devem afetar a digestão ou
sempenho e outras variáveis-resposta do peixe. Nor- palatabilidade da dieta teste e devem ser facilmente de-
malmente este passo é avaliado em ensaios onde vários terminados (Belal, 2005).
níveis de inclusão são testados. Por último, é necessário Em ambos os métodos, o ingrediente teste deve
verificar se o ingrediente pode ser incorporado a uma ser incorporado junto com uma dieta referência que
formulação de modo a não comprometer o processa- atenda às exigências nutricionais da espécie em estu-
mento adequado da dieta. do e proporcione adequada aceitação do ingrediente
pelo peixe, resultando em níveis normais de ingestão e
aproveitamento dos nutrientes (NRC, 1993). Adicional-
Ensaios de Digestibilidade mente, os efeitos sinérgicos do ingrediente com outros
componentes da dieta serão considerados (NRC, 1993).
A biodisponibilidade dos nutrientes e energia Cho e Slinger (1979) sugeriram o uso de 70% da dieta
de ingredientes e dietas para alimentação de peixes é referência mais 30% do ingrediente teste para simular
obtida principalmente com estudos de digestibilidade, condições práticas de alimentação, tal que as diferenças
os quais são fundamentais para a formulação de dietas entre as dietas referência e a dieta teste são totalmente
nutricional, econômica e ambientalmente eficientes. A devidas à presença do ingrediente teste e contabiliza-
determinação in vivo da digestibilidade em peixes pode das no cálculo da digestibilidade do mesmo. Na maioria
ser feita através de dois métodos: direto e indireto. Uma dos estudos, a dieta referência consiste em dietas prá-
vez que nenhum dos métodos considera a presença de ticas (Glencross et al., 2007). Entretanto, dietas semipu-
materiais de origem endógena ou metabólica nas fezes, rificadas também são usadas, já que previnem inter-
os dados obtidos são de digestibilidade aparente e não ferências na avaliação da digestibilidade, as quais são
verdadeira (NRC, 1993, 2011). No entanto, estima-se que inerentes aos ingredientes práticos, tais como presença
a contribuição desses materiais é reduzida, de modo de fatores antinutricionais. Os cálculos dos coeficientes
que a diferença entre a digestibilidade aparente e ver- de digestibilidade aparente dos nutrientes ou energia
dadeira pouco influencia nas práticas de alimentação dos alimentos são feitos:
(NRC, 1993, 2011).
No método direto ou técnica de coleta total, a di-
gestibilidade do alimento é estimada pela quantidade (a) para uma dieta, utilizando-se o método direto de
total de alimento ingerido e fezes produzidas (balanço coleta de fezes (Belal, 2005):
de massas) (Belal, 2005; Glencross et al., 2007). Baseado
em técnicas de coleta total aplicadas para os principais
animais domésticos terrestres, Smith (1971) desenvol- (I - F)
veu uma câmara metabólica para peixes, na qual o ani- CDA% = x 100 (Equação 13)
mal é mantido imobilizado e forçado a se alimentar de I
uma quantidade fixa de alimento para posterior coleta
total da urina, fezes e excreções branquiais. Entretanto,
o estresse animal decorrente da imobilização e alimen-
tação forçada muito provavelmente prejudica a utiliza-
(b) para uma dieta, utilizando-se o método indireto
ção do alimento e inviabiliza o emprego desse sistema
de coleta de fezes (Cho e Slinger, 1979):
(NRC, 1993, 2011).
O método indireto, por sua vez, permite a cole-
ta parcial das fezes e a alimentação voluntária do ani- %IndicadorDieta NFezes
mal. Envolve o uso de um indicador inerte na dieta, CDA% = 100 x
%IndicadorFezes NDieta
razão pela qual é também denominado de método
do indicador (Belal, 2005; Kitagima e Fracalossi, 2010).
(Equação 14)
Assume-se que a quantidade do marcador na dieta e
56 NUTRIAQUA

(c) para o ingrediente, utilizando-se a proporção de


70% da dieta referência e 30% do ingrediente tes-
te, conforme Cho e Slinger (1979) e Bureau et al.
(1999)1:

0,7 x NRef
CDAIng (%)= CDA(%)Dt + (CDA(%)Dt - CDA(%)Ref)x (Equação 15)
0,3 x NIng
Em que:
I: quantidade de nutriente ou energia ingerida;
F: quantidade de nutriente ou energia defecada;
N: nutriente (%) ou energia (kcal kg-1) nas fezes, dieta
teste, dieta referência ou ingrediente.
Dt: dieta teste;
Ref: dieta referência;
Ing: ingrediente;

A coleta de fezes no método indireto pode ser vantagens do sistema de Guelph são a obtenção de
realizada através de diversas metodologias que se re- quantidades satisfatórias de fezes, possibilitando a apli-
sumem na coleta das fezes diretamente do peixe ou cação do método em peixes de qualquer tamanho, bem
por sedimentação na água. As coletas diretamente do como a manutenção dos peixes em condições normais
animal são obtidas por sucção anal, dissecção do intes- e reduzidas de estresse (Cho e Slinger, 1979). Entretan-
tino ou extrusão das fezes por pressão abdominal. As to, como todos os métodos de coleta de fezes por se-
críticas a esses métodos são que o material fecal pode dimentação na água, há perdas de nutrientes das fezes
ser removido antes mesmo da completa digestão dos por lixiviação, as quais superestimam os valores de di-
nutrientes, resultando em valores de digestibilidade su- gestibilidade dos nutrientes (Belal, 2005). Essas perdas
bestimados (Vens-Cappell, 1985). Ainda, para a técnica são mais intensas quando a dieta teste apresenta baixa
de extrusão, o problema é agravado pela contaminação estabilidade na água, originando fezes pouco coesas
das fezes com fluidos corporais como urina, muco e flui- que se desintegram facilmente (Vens-Cappell, 1985).
dos sexuais (Cho e Slinger, 1979; Vens-Cappell, 1985). Cho e Slinger (1979) ressaltam que para dietas ricas em
Já no caso da dissecção, o sacrifício do animal constitui amido ou com alto teor de gordura, o sistema se mostra
outra desvantagem e, muito embora as coletas de fezes ineficiente por haver separação entre o amido não dige-
por sucção anal e extrusão conservem o animal vivo, rido e o óxido de cromo III e entre gordura e o restante
o estresse gerado pela manipulação pode resultar em das fezes, respectivamente.
prejuízo na ingestão e aproveitamento dos alimentos Uma adaptação do sistema de Guelph, amplamente
(Satoh et al., 1992; Kitagima e Fracalossi, 2010). utilizada em trabalhos de digestibilidade (e.g., Hien et al.,
Dentre as metodologias desenvolvidas para a co- 2010; Kitagima e Fracalossi, 2010), consiste na utilização
leta de fezes por sedimentação na água destacam-se, de tanques cilíndricos com fundo cônico, através do
pela praticidade e por promover rápida sedimentação qual as fezes rapidamente sedimentam, ficando retidas
das fezes, o sistema de Guelph e suas adaptações. No em um tubo coletor diretamente acoplado ao fundo do
sistema de Guelph, originalmente desenvolvido por Cho tanque e geralmente imerso em gelo para redução da
e Slinger (1979), aquários retangulares, adjacentes e in- atividade microbiana. Devido à conformação dos tan-
clinados são equipados com um tubo de drenagem em ques, nessa adaptação não há deposição das fezes em
cantos, o que maximiza a coleta das mesmas e diminui
comum, através do qual as fezes e demais efluentes são
o problema de lixiviação dos nutrientes (Figura 4). A fim
direcionados para uma tubulação externa. Esta é com-
de reduzir o contato das fezes com a água durante a
posta por um tubo coletor inferior, onde as fezes ficam
coleta, as fezes podem ser filtradas em um sistema de
retidas por decantação, e um dreno superior pelo qual a
esteira automática composto por uma malha filtrante,
água sobrenadante é eliminada (Figura 4). As principais
através do qual as fezes são separadas da água e movi-
das linearmente para um recipiente coletor refrigerado.
1
Uma crítica interessante às equações utilizadas para cálculo dos coe- Desenvolvido por Choubert et al. (1979, 1982), esse sis-
ficientes digestibilidade aparente de ingredientes para alimentação
de peixes foi feita por Bureau e Hua (2006) no formato de Carta ao tema foi adaptado para tanques cilíndrico-cônicos por
Editor (Bureau, D.P.; K. Hua. 2006. Letter to the Editor. Aquaculture 252: Vens-Cappell (1985).
103-105).
TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 57

48

Figura4.4.Sistema
Figura paradeterminação
Sistema para determinação de digestibilidade
de digestibilidade de nutrientes
de nutrientes em ingredientes
em ingredientes e dietas para
e dietas para peixes.
Método indireto com coleta parcial de fezes e inclusão de marcador inerte na dieta.
peixes. Método indireto com coleta parcial de fezes e inclusão de marcador inerte na dieta.
58 NUTRIAQUA

Ensaios de Substituição de Ingredientes deve ser restrita, impedindo que regulem a ingestão
alimentar em função dos níveis de nutrientes e energia
Uma vez conhecida a digestibilidade de um ingre- das dietas. Pelo fato das dietas experimentais não serem
diente é necessário avaliar a capacidade do peixe em balanceadas, os autores relatam que a interpretação
utilizar tal ingrediente para crescimento (Lovell, 1998). dos resultados pode ser confundida por limitações na
De acordo com Glencross et al. (2007), a utilização de ingestão de nutrientes e energia.
um ingrediente pode ser resumidamente avaliada de
duas formas: por inclusão ou diluição do ingrediente.
Nos ensaios de inclusão, o ingrediente teste é adiciona-
do à dieta em níveis crescentes em substituição a um EXPERIMENTOS DE LABORATÓRIO VERSUS
ou mais ingrediente, sendo que a formulação das dietas
experimentais é trabalhada para que as mesmas sejam EXPERIMENTOS A CAMPO
isoenergéticas e isoproteicas (e.g., Glencross et al., 2011).
Os autores recomendam que as dietas contendo o me- Os experimentos na área de nutrição e alimenta-
nor e maior nível de inclusão do ingrediente sejam con- ção de peixes são inicialmente conduzidos em ambien-
feccionadas em quantidades suficientes para permitir tes controlados, ou seja, sob condições laboratoriais em
que as demais dietas sejam obtidas pela mistura de am- aquários ou tanques pequenos, em laboratório, onde
bas. Isso minimiza erros no preparo das dietas e garante o controle das variáveis ambientais e de qualidade da
a correta proporção dos ingredientes nas mesmas. Os água é mais facilmente realizado. Para tanto, é funda-
autores também destacam que a escolha do nível máxi- mental padronizar tamanho de tanques, vazão da água,
mo de inclusão do ingrediente deve considerar os níveis luminosidade, número e tamanho dos peixes, conforme
realmente praticados em formulações comerciais (para detalhado anteriormente, para evitar fontes de variação
ingredientes novos geralmente não ultrapassa 25% da outras que as dietas a serem testadas.
dieta). Já nos ensaios de diluição, o ingrediente teste é Na sequência ideal, é necessário que sejam valida-
adicionado a uma dieta referência em níveis crescentes dos em condições a campo, onde as variáveis-resposta
sem balanceamento dos nutrientes e energia das dietas poderão interagir com as variáveis bióticas e abióticas
experimentais (e.g., Booth e Alan, 2003). Para cada ní- inerentes ao ambiente prático (Figura 5). No entanto, ex-
vel de inclusão do ingrediente, há uma dieta controle perimentos a campo são raramente executados, devido
com o mesmo nível de inclusão sendo preenchido por à necessidade de infraestrutura, mão-de-obra, grande
um componente não nutritivo como celulose ou terra demanda de ração e elevado número de réplicas, tor-
diatomácea. A comparação das dietas controle com as nando-se excessivamente caros. Considerações sobre
respectivas dietas experimentais permite avaliar o efeito experimentos de nutrição e alimentação em viveiros,
da inclusão dos ingredientes sobre a utilização dos nu- tanques-rede e tanques de alto fluxo (‘raceways’) são
trientes. Nesse tipo de ensaio, a alimentação dos peixes aqui relatadas com base em resenha de Lovell (1998).

Figura 5. Sequência ideal na realização de experimentos de determinação de exigências nutricionais.


TÉCNICAS EXPERIMENTAIS EM NUTRIÇÃO DE PEIXES 59

Em experimentos a campo, as unidades experi- comedouros para que a ração não passe através da ma-
mentais – viveiros escavados, tanques-rede, gaiolas e lha dos tanques. O registro do consumo de ração pe-
tanques de alto fluxo – devem ser homogêneas, bem los peixes é fundamental e pode ser realizado de várias
como facilmente drenadas e/ou despescadas, viabili- formas. Recomenda-se aferir um recipiente para o for-
zando as biometrias ao longo do experimento. O período necimento da ração, de forma que contenha quantida-
experimental deve ter a duração da fase do ciclo de pro- des conhecidas de ração. Observar o comportamento
dução em estudo. Biometrias periódicas devem ser rea- alimentar dos peixes e evitar excessos é imperativo. No
lizadas para ajuste da alimentação ou associações entre caso de haver sobras, estas devem ser estimadas por
tempo e resposta do animal. A mortandade deve ser meio da sua retirada, secagem e pesagem ou ainda pela
rigorosamente controlada, sendo que o uso de telas an- contagem dos péletes e estimativa do peso desta sobra.
tipássaros em viveiros é imprescindível para o controle
da predação. A ração deve ser de baixa densidade, per-
mitindo que o consumo e atividade dos peixes sejam CONSIDERAÇÕES FINAIS
observados. No caso de uma espécie que não consuma
ração na superfície, a alimentação deve ser feita em co- À guisa de considerações finais, enfatiza-se alguns
medouros (e.g. bandejas submersas) para possibilitar o comentários apresentados nos subtítulos anteriores.
registro da ingestão do alimento. A taxa e frequência de Não é possível responder todas as indagações relativas
alimentação do experimento devem estar em conso- à alimentação de uma espécie de peixe em um único
nância com aquelas praticadas em empreendimentos experimento. O planejamento adequado e a padroniza-
comerciais, monitorando-se constantemente a qualida- ção da metodologia para a pesquisa em nutrição de pei-
de da água. xes, assunto de esforços de educação continuada e objeto
Em viveiros de terra, os resultados de um experi- de publicações elaboradas ou editadas por especialistas
mento representam os efeitos combinados e insepará- reconhecidos, é a única garantia de sucesso quantitativo
veis dos nutrientes do alimento natural (presente no vi- e qualitativo na ciência da nutrição de peixes.
veiro) e do alimento testado, os quais variam de acordo Todo experimento deve partir de um questiona-
com a habilidade da espécie em aproveitar o alimento mento científico, do estabelecimento de uma hipótese
natural. Adicionalmente, os parâmetros de qualidade (biológica) clara e objetiva, que por sua vez é obriga-
da água variam ao longo do período de alimentação, toriamente transformada em uma hipótese estatística.
podendo influenciar a atividade alimentar dos peixes Entretanto, deve-se sempre ter em mente que peixe é
ou interagir com as dietas experimentais ou regimes ali- um organismo vivo e os resultados da experimentação
mentares, características inerente ao sistema. A renova- científica com organismos vivos são fenômenos bioló-
ção de água deve ser disponibilizada para manter uma gicos; é bastante temerário reduzir fenômenos biológi-
concentração adequada de oxigênio e amônia. Devido cos a meros resultados de análises estatísticas. Estatísti-
à grande variabilidade entre viveiros, um dos principais ca pode e possivelmente deve ser encarada como uma
problemas em experimentos a campo consiste no nú- ferramenta que facilita e auxilia a execução dos ensaios,
mero de unidades experimentais. Smart et al. (1998) mas somente a utilização bem planejada e precisa des-
relatam que na utilização de apenas três réplicas por ta ferramenta garante ‘descobrir e concluir’ com confia-
tratamento, a diferença mínima detectável entre trata- bilidade, ou seja, ‘fazer ciência’ de modo competente e
mentos varia entre 37 e 80% e mesmo com 10 réplicas, compromissado com a verdade.
permanece alta, em torno de 21 a 40%, de modo que
diferenças menores são dificilmente detectadas. Segun-
do os autores, o aumento no número de peixes amos-
trados aumenta a precisão dentro do viveiro, mas não
necessariamente entre as unidades experimentais, visto
AGRADECIMENTOS
que a individualidade dos viveiros de um tratamento é
Os autores agradecem à Maria Fernanda Oliveira
mantida. No entanto, sugerem como alternativa ao au-
da Silva pelo auxílio na montagem das ilustrações deste
mento do número de repetições, a otimização do deli-
capítulo.
neamento e análise estatística, como emprego de blo-
cos, covariáveis e análise de regressão.
Nos sistemas de tanques-rede e de alto fluxo, a
contribuição do alimento natural é praticamente nula,
sendo que a ração pode ser considerada como fonte REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
única de nutrientes para os peixes. A variação entre as
unidades experimentais de um mesmo tratamento é me- Abimorad, E.G., e D. J. Carneiro. 2004. Métodos de coleta de
fezes e determinação dos coeficientes de digestibilidade
nor em relação a um experimento realizado em viveiros
da fração protéica e da energia de alimentos para o
escavados. No caso de tanques-rede, atenção especial pacu, Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887). Revista
deve ser dada ao arraçoamento, devendo-se empregar Brasileira de Zootecnia 33(5): 1101-1109.
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4

Energia, Proteína e Aminoácidos

L EANDRO P ORTZ
W ILSON M ASSAMITU F URUYA

INTRODUÇÃO ENERGIA NA NUTRIÇÃO DE PEIXES


Os resíduos de alimentos e as fezes dos peixes são Para que todos os processos fisiológicos estejam
uma fonte considerável de poluentes orgânicos nos funcionando perfeitamente é necessário um suprimen-
sistemas de produção. Os lipídios, principal fonte de to constante de energia, que o peixe adquire do alimen-
energia, e as proteínas, fonte primária de aminoácidos, to ingerido ou de reservas corporais na forma de gor-
são considerados os principais nutrientes no contexto dura, proteína e glicogênio (Kaushik e Médale, 1994). A
da formulação de rações para peixes; a digestão e con- energia que sustenta as funções metabólicas nos peixes
sequente excreção dos produtos do metabolismo das são basicamente oriundas das fontes de lipídios e seus
proteínas são considerados a principal fonte de polui- constituintes, os ácidos graxos, juntamente com as pro-
ção dos ecossistemas aquaculturais. teínas os quais representam os principais nutrientes es-
O desenvolvimento de rações altamente proces- senciais para esses animais, enquanto que os carboidra-
tos além de estarem presentes em menor quantidade,
sadas, de alto valor nutricional, alta digestibilidade e
são muito menos proeminentes (Tocher, 2003). Assim
que garantam a economicidade das criações, depende
sendo, a principal função dos lipídios para os peixes é
não só do conhecimento sobre a fisiologia digestiva e
a de produzir energia metabólica para o crescimento,
o manejo alimentar dos peixes, como também do co-
reprodução, natação e armazenamento (Bogut et al.,
nhecimento aprofundado sobre as exigências em nu-
2002; Tocher, 2003).
trientes essenciais, principalmente energia, proteína e Normalmente a exigência dietética de energia
aminoácidos. Estes conhecimentos vão permitir a pro- bruta [EB] nos peixes é expressa como energia digestí-
dução de rações nutricionalmente mais eficientes do vel [ED] e energia metabolizável [EM]. A EM é preferível
ponto de vista do valor biológico, que permitam a ado- ao invés da ED, que fornece uma estimativa mais precisa
ção de estratégias de alimentação mais adequadas e, da energia utilizada para o crescimento. Contudo a de-
consequentemente, a uma menor descarga de resíduos terminação da EM é complexa, devido a dificuldade dos
orgânicos para o meio ambiente. estudos metabólicos em peixe no seu meio aquático.
A energia e a proteína – i.e., aminoácidos – dietéti- Além disso, a EM oferece pouca vantagem em relação
cos afetam o crescimento, a eficiência alimentar, a com- a ED, já que as perdas da amônia pela urina e brânquias
posição corporal, a resposta econômica e os impactos são pequenas, sendo mais adequado apenas como uma
ambientais da piscicultura. No entanto, devido à com- medida de energia da dieta (El-Sayed, 2006). Como a
plexa interação entre fatores endógenos e ambientais energia dietética é de fundamental importância para o
relacionados à grande diversidade de espécies de pei- efeito economizador de proteína que ocorre em função
xes, ingredientes utilizados e abordagem metodológica do ajuste do balanço energético-proteico das rações,
utilizada, a compreensão do estado de arte da nutrição no Brasil muitas pesquisas vem sendo desenvolvidas no
de peixes é muitas vezes difícil (Hua e Bureau, 2009). esforço de determinar valores de ED dos alimentos mais

65
66 NUTRIAQUA

utilizados, além das próprias exigências das espécies havendo assim, também, crescimento. Sob condições de
em EB. jejum, a quantidade de energia exigida para sobrevivên-
A exigência de energia de mantença [EMm] ainda cia e manutenção dos processos fisiológicos vitais dos
não é muito estudada para peixes, sendo esta propor- peixes, é derivada somente da mobilização das reservas
cional ao peso metabólico. Estudo feitos com peixes corporais (Kaushik e Médale, 1994).
em crescimento sugerem um expoente adequado para
sua expressão entre 0,75 a 0,80 (Meyer-Burgdorff et al.,
1989). A exigência de energia de mantença do peixe é BALANÇO ENERGÉTICO-PROTEICO NA DIETA DOS PEIXES
menor do que a de mamíferos e aves, uma vez que os
peixes não regulam a temperatura corporal e gastam Segundo Cho (1992), a concentração ótima de
menos energia para manter a sua postura na água (Lovell, proteína em rações para peixes está marcada por um
1988). A exigência de energia de mantença de peixes é delicado balanço entre energia digestível e proteína
0,05 a 0,1 daquela dos animais homeotérmicos de peso bruta [PB]. Um excesso de energia não proteica, como
semelhante e em condições de termoneutralidade, o resultado da formulação de rações com uma alta rela-
que significa uma maior porcentagem de energia líqui- ção ED:PB, pode levar à inibição da ingestão voluntária
da que não é dissipada na forma de calor e é retida ou antes que haja o consumo da quantidade suficiente de
economizada. proteína, prejudicando a utilização de outros nutrien-
O custo energético para formação da ureia e tes, já que os níveis da ingesta são determinados, fun-
ácido úrico é de 3,1 e 2,4 kcal kg-1, respectivamente damentalmente, pela energia total disponível na dieta
(Martin e Blaxter, 1965), enquanto a amônia, o resíduo (Colin et al., 1993). Uma dieta deficiente em energia (em
de nitrogenado primário do catabolismo proteico em relação à proteína) resulta em redução da taxa de cres-
peixes (Goldstein e Forster, 1970) pode ser facilmente cimento, uma vez que parte da proteína vai ser usada
liberado para a água por difusão através das brânquias para manutenção das necessidades energéticas; uma
(Lovell, 1988). A exigência de EMm de peixes criados em ingestão desproporcionalmente alta de energia leva a
sua temperatura ótima de crescimento é de aproxima- um maior acúmulo de gordura corporal, produzindo
damente 9,56-14,34 kcal PV-0,8 (Bureau et al., 2002). A exi- peixes gordurosos, característica indesejável do pes-
gência de EMm dentro da zona de termoneutralidade é cado criado em confinamento (NRC, 1993, 2011). Adi-
de aproximadamente 13,62 x PV0,80 kcal (Meyer-Burgdorff cionalmente, proporciona aumento na excreção de ni-
et al., 1989) e a eficiência de utilização da EM para depo- trogênio, um composto de elevado potencial poluente
sição de proteína e gordura (kp e kg, respectivamente) é (Kaushik e Oliva-Teles, 1986).
de 52,3 e 76,3, respectivamente. Peixes alimentados com rações com níveis pro-
A formulação de rações com base na energia di- teicos que excedem as exigências, há gasto energético
gestível dos nutrientes, normalmente é feita com base extra para eliminação dos aminoácidos, uma vez que
em estimativas, uma vez que não existem estudos de- aumenta consideravelmente o destino gliconeogênico
talhados para cada espécie, e estas exigências variam dos aminoácidos, aumentando as atividades das enzi-
de acordo com a idade e hábito alimentar dos mesmos. mas implicadas, o que não é desejável tanto do ponto
Segundo Shearer (1994), a exigência e o gasto energé- de vista dos índices de conversão e de retorno econô-
tico para manutenção dos peixes em altas temperatu- mico (Jobling, 1994). Desta forma, pode-se recomendar
ras é maior, uma vez que nestas condições eles não são com segurança que as concentrações de energia diges-
capazes de consumir a quantidade de energia suficiente tível em rações para peixes sejam fixadas anteriormente
para o acúmulo de reservas no corpo. A exigência em à fixação dos níveis de proteína dietética. A exigência
energia para manutenção é definida como a quantidade
de energia aumenta proporcionalmente com o aumen-
de energia necessária para manter um estado de balanço
to do peso corporal dos peixes (Figura 1).
energético estável, onde não haja ganho nem perda, não
15
y = 9,307 + 0,010x
14
R² = 0,958
13
E/P (kcal/g)

12 Figura 1. Relação energia: proteína [E:P], como kcal ED g-1


11 de PD em dietas para a tilápia-do-Nilo, em função do peso
corporal dos peixes (Fonte: Boscolo et al., 2006; Botaro et al.,
10 2007; Furuya et al., 2000, 2005; Gonçalves et al., 2009; Ri-
9
ghetti et al., 2011).

8
1 101 201 301 401 501
Peso corporal (g)
ENERGIA , PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS 67

Trabalhos de Catacutan e Coloso (1995), Dias et al. 1972). O glicogênio é uma das muitas formas de arma-
(1998), El Sayed e Teshima (1992), Rojas e Verdegem zenamento da energia consumida como alimento pelo
(1994), Samantaray e Mohanty (1997), Tibaldi et al. peixe e é encontrado em grande quantidade nos teci-
(1996) e Sampaio et al. (2000), dão ênfase ao balanço dos do fígado e músculo dos peixes. Embora o tecido
energético-proteico em dietas para peixes. Os resulta- muscular de peixes carnívoros, como a truta arco-íris
dos obtidos por estes autores são muito similares, e per- (Onchorhynchus mykiss), possa concentrar cerca de 6%
mitem concluir que a melhor relação energia:proteína a mais glicogênio que o fígado, as quantidades totais de
para alimentação das espécies de peixes se encontra glicogênio muscular ou hepático podem ser considera-
entre 7 e 10 kcal ED g-1 de proteína. Boscolo et al. (2006) das iguais (Steffens, 1989).
registraram melhores respostas de crescimento e via- O ciclo do glicogênio hepático no catabolismo
bilidade econômica da criação da tilápia-do-Nilo para mostra que esta forma de reserva energética é muito
peixes alimentados com dietas com 9,13-14,3 kcal ED mais importante como suprimento de intermediários
g-1 de PD. metabólicos para processos biosintéticos, que fonte de
Devido à pequena capacidade das espécies car- energia (Christiansen e Klungsoyr, 1987). O glicogênio
nívoras de peixes de digerir carboidratos e por serem é um nutriente muito utilizado em adaptações bioquí-
os lipídios muito bem digeridos por essas espécies, eles micas em situações de estresse ambiental. Variações do
podem ser utilizados como a principal fonte de energia, pH, dos níveis de oxigênio dissolvido na água, da salini-
resguardando a proteína para a sua função principal dade, e períodos de grande esforço físico e mudanças
que é de crescimento NRC, 1993). De uma forma geral, de dietas podem resultar tanto em aumento como em
os lipídios armazenam muito mais energia por volume diminuição do estoque de glicogênio tecidual (Moraes
do que as proteínas e os carboidratos (Monteiro-Torreiro et al., 1996; Soengas et al., 1995).
et al., 1998). A substituição parcial de ingredientes de Como uma intensa atividade física, as reservas
origem proteica por ingredientes de origem lipídica de glicogênio no músculo e fígado dos peixes podem
tende a promover um aumento da palatabilidade das diminuir em poucos minutos, sendo restabelecidas
rações, auxiliarem na redução do custo da alimentação somente 24 horas após terem sido consumidas. Nagai
e diminuir a descarga de compostos nitrogenados para e Ikeda (1971) mostraram que períodos de restrição
o meio ambiente (NRC, 1993). Além disso, os lipídios alimentar superiores a 164 dias não resultam em uma
atuam como componentes estruturais na produção de queda significativa na reserva de glicogênio muscular
membranas celulares (Ebert, 2001; Marsh e Watts, 2001). da carpa comum, embora estes peixes tenham mostra-
Embora a energia dietética seja de fundamental impor- do uma redução de 75% na reserva de glicogênio do
tância para o efeito economizador de proteína que ocor- tecido hepático após 100 dias de restrição alimentar.
re em função do ajuste do balanço energético-proteico, Isto mostra que estes peixes iniciam a utilização das
ainda são poucos os trabalhos que determinam as exi- reservas de glicogênio do corpo a partir do glicogênio
gências em energia pelos peixes. do tecido hepático. Esta resposta é determinada pelo
aumento da taxa de glicemia sanguínea e sugere a exis-
tência de uma via alternativa para suprimento da de-
RETENÇÃO E ACÚMULO DE ENERGIA EM PEIXES manda energética em condições de abstinência de ali-
mento (Blasco et al., 1995). A idade e/ou o tamanho das
O crescimento e a composição química corporal trutas arco-íris, bem como as adaptações às diferentes
dos peixes podem ser influenciados pela manipulação condições ambientais, estão também correlacionados
dos diferentes nutrientes a eles fornecidos. Poucos são com as concentrações de glicogênio no tecido hepático
os autores que descrevem a composição dos ganhos na espécie. Quando translocadas entre ambientes com
dos depósitos energéticos pelos peixes alimentados níveis diferentes de salinidade, apresentam variações
com diferentes rações, e são poucas as informações nos níveis de glicogênio tecidual hepático, causadas
sobre intercâmbios e utilização das diferentes fontes por alterações nas vias metabólicas da glicólise e da gli-
de nutrientes na composição energética dos diferentes coneogênese (Soengas et al., 1995).
tecidos (Dabrowski et al., 2010). A quantificação da ca- Diversos estudos conduzidos com diferentes es-
pacidade de utilização e retenção de nutrientes é comu- pécies de peixes nas mais diversas condições ambien-
mente utilizada para expressar resultados de trabalhos tais têm utilizado a avaliação da relação hepatosso-
sobre exigências nutricionais, com especial atenção aos mática e do peso da gordura visceral como forma de
parâmetros de valor produtivo da proteína (ou seja, de- quantificar o estoque energético (i.e. lipídios e glicogê-
posição de proteína na carcaça) e deposição de energia nio) em peixes (Bidinoto et al., 1997; Nematipour, et al.,
no corpo do peixe (Jobling et al., 1998). 1992a,b). Brown et al. (1992) testaram níveis de proteína
O excesso de glicose plasmática resultante da dietética variando de 25 a 55%, com incremento de 5%,
utilização de rações com altos níveis de carboidratos é na alimentação de juvenis de ‘sunshine bass’ (ʇ ‘white
utilizado para síntese de glicogênio (Palmer e Ryman, bass’ Morone chrysops x ʈ ‘striped bass’ Morone saxatilis) e
68 NUTRIAQUA

utilizaram a relação hepatossomática [RHS] como uma e reprodução – como para repor proteínas que degra-
medida relativa de estoque energético. Os autores re- dadas no corpo do peixe – manutenção de tecidos e
lataram que os valores da relação hepatossomática en- órgãos. Uma quantidade de proteína inadequada na
contrados eram inversamente proporcionais aos níveis dieta resulta na redução ou parada do crescimento e
de proteína e diretamente proporcionais aos níveis de na perda de peso, devido à degradação de proteína
carboidratos digestíveis dietéticos, o que mostra que dos tecidos, feita com o objetivo de manter as funções
quanto menor o nível de proteína dietética, maior a uti- vitais (Millward, 1989). Se a quantidade de proteínas
lização de carboidratos e a deposição de glicogênio no suplementada na dieta for superior às exigências do
tecido hepático (Millikin, 1982). peixe, somente parte desta proteína dietética poderia
Além do glicogênio, os peixes geralmente apre- ser utilizada para produção de novas proteínas; o exces-
sentam um acúmulo de reservas energéticas na forma so seria convertido em energia de armazenamento ou
de gordura visceral para produção das gônadas no pro- simplesmente eliminado (Steffens, 1989). Em relação
cesso reprodutivo. Tais reservas em peixes sexualmen- às espécies de peixes brasileiras, vários são os estudos
te imaturos podem ocorrer como acúmulo de gordura já desenvolvidos nesta área da nutrição, discutidos ao
muscular, e são utilizadas para crescimento e como longo deste volume.
reserva energética para o período de falta de alimen- Durante muitos anos as rações de peixes foram
to ou anorexia de inverno (Wicker e Johnson, 1987). O formuladas com base nas exigências em proteína bruta.
aumento da relação gordura visceral:peso do corpo é Avanços no conhecimento permitiram o uso aminoáci-
diretamente proporcional ao índice hepatossomático e dos industriais nas rações para suprir possíveis deficiên-
se reflete na proporcionalidade entre ambas as formas cias. Isto levou os nutricionistas a concluírem que era
de acúmulo de energia. necessário considerar nas formulações as exigências es-
pecíficas em aminoácidos considerados indispensáveis
ou essenciais para um perfeito crescimento dos peixes,
levando à realização de muitos estudos nos últimos 20
PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS NA NUTRIÇÃO anos para determinação de exigência em aminoácidos
de peixes.
DE PEIXES A eficiência de síntese de proteínas será sempre
determinada pelo aminoácido mais limitante, sendo
A exemplo de qualquer outro organismo, as células os aminoácidos em excessos degradados e excretados
dos peixes contêm polipeptídeos relacionados com os principalmente na forma de amônia. Os peixes de modo
processos vitais. Quando intimamente agrupados e asso- geral retêm proteína corporal de acordo com seu po-
ciados a um grupamento ‘amino-terminal’, esses polipep- tencial de crescimento, idade ou peso corporal e dispo-
tídeos formam as proteínas, os principais constituintes nibilidade dos aminoácidos nos alimentos (Verstegen e
orgânicos do tecido dos peixes, perfazendo 65 a 75% do Jongbloed, 2003). Sabe-se que peixes jovens depositam
total de matéria seca corporal, responsáveis ainda pela menos gordura e mais proteína corporal do que os pei-
estrutura (músculo, colágeno e queratina) e mecanismos xes de maior porte, sendo que os aminoácidos devem
de regulação do metabolismo (enzimas e hormônios), ser suplementados de forma precisa em cada fase de
transporte (hemoglobina) e defesa (anticorpos). crescimento.
Os peixes consomem proteínas na forma de ali-
mento para obter os aminoácidos pelo processo de hi-
drólise. No processo fisiológico da digestão, a proteína é QUANTIFICAÇÃO DA PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS PARA
digerida ou hidrolisada liberando aminoácidos livres, os
quais são absorvidos pelo trato intestinal e distribuídos
PEIXES
pelo sangue para todos os órgãos e tecidos. Portanto, o
contínuo suprimento deste nutriente nas quantidades As exigências em proteína para peixes são usu-
ideais para o peixe é necessário para um perfeito cresci- almente expressas como porcentagem fixa da dieta
mento. Os aminoácidos são extremamente importantes ou como a relação de quilocalorias de energia dietética
na dieta, pois servem também como fonte de energia por gramas de proteína. Esses níveis de proteína devem
para síntese de novo das proteínas (Millward, 1989), ou assegurar quantidades adequadas de aminoácidos
seja, alguns dos aminoácidos da dieta podem parcial- para atender uma espécie em particular, permitindo
mente suprir ou até economizar aminoácidos indispen- que o organismo sintetize suas próprias proteínas para
sáveis para as reações dos ciclos metabólico-bioquími- manutenção de um desenvolvimento e crescimento
cos (Gatlin III, 1999). adequados. Além de suprir as exigências mínimas de cada
Somente a ingestão regular de proteína supre o aminoácido, uma dieta fornecida a uma determinada
organismo animal dos aminoácidos exigidos continua- espécie de peixe deve assegurar a manutenção de
mente tanto para formar novas proteínas – crescimento uma relação constante entre as concentrações destes
ENERGIA , PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS 69

aminoácidos. Excesso ou deficiência dos aminoácidos nutrientes, o catabolismo, a taxa de síntese e degrada-
essenciais pode causar um desequilíbrio na relação e ção de tecido muscular e formação de metabólitos tóxi-
interações entre os mesmos, causando sintomas me- cos (Jaramillo, 1996). A exigência de proteína pode ser
tabólicos de toxicidade, antagonismo ou desbalance- bastante variável de acordo com o peso corporal (idade)
amento, afetando a taxa de ingestão, o transporte de entre as espécies (Tabela 1).

Tabela 1. Exigência em proteína para algumas espécies de peixes tropicais.

Nome comum Peso corporal Proteína bruta Referência

g %
Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) 0,01-0,132 38,68* Hayashi et al., 2002
Tilápia-do-Nilo 0,5-10 28,7* Furuya et al., 1996;
*
Tilápia-do-Nilo 0,8-15,5 28,0 Bomfim et al., 2008a
Tilápia-do-Nilo 4,5-125 27,31* Furuya et al., 2005
*
Tilápia-do-Nilo 100-500 25,11 Righetti et al., 2011

Jundiá (Rhamdia quelen) 1,5-10 33,0 Meyer e Fracalossi, 2004


Pacu (Piaractus mesopotamicus) 14-320 25,0 Bechara et al., 2005
Pintado (Pseudoplasystoma corruscans) 16-44 32,0 Carneiro e Gonçalves, 2002
Pirarucu (Arapaima gigas) 120,6-354,1 48,6 Itaussú et al., 2005
Dourado (Salminus brasiliensis) 0,75-3,4 45,4 Teixeira et al., 2010

*Com base em valores de proteína digestível

Resultados de pesquisas recentes demonstram espécies criadas em confinamento no Brasil, e conse-


que há uma forte tendência da diminuição dos níveis de quente validação destes resultados em ensaios biológi-
inclusão de proteína em dietas de peixes, utilizando-se cos de ganho de peso.
fontes mais baratas e alternativas de proteína e produ- Em função do reduzido número de estudos até
tos e extratos de origem vegetal, suplementados com então realizados, muitas dúvidas persistem em relação
aminoácidos (NRC, 1993, 2011). Em uma revisão crítica ao metabolismo pós-absortivo de aminoácidos em pei-
dos métodos utilizados para determinação das exigên- xes. Assim sendo, torna-se necessário a realização de
cias de proteína e aminoácidos em dietas para peixes, pesquisas que elucidem os mecanismos e processos
Dabrowsky et al. (2010) postulam que altos teores de antagônicos entre aminoácidos no metabolismo de
proteína exigidos nas dietas são geralmente atribuídos peixes (Nordrum et al., 2000; Rodehutscord et al., 2000).
ao seu hábito alimentar (carnívoro, onívoro), bem como à
característica de utilizarem produtos do catabolismo de
proteína ao invés dos carboidratos como principal fonte FONTES ALIMENTARES PROTEICAS PARA PEIXES
de energia dietética. Assim, os métodos utilizados na de-
terminação das exigências em proteína poderiam estar Segundo Cyrino (2000) as diversas fontes protei-
superestimando os valores encontrados, e o excesso de cas disponíveis no mercado para formulação das rações
proteína dietética ou de aminoácidos seria utilizado não de peixes carnívoros não possuem os mesmos valores
como alimento plástico, mas sim catabolizado na forma nutricionais e níveis de aminoácidos exigidos pelo pei-
de esqueletos carbônicos – carboidratos e gorduras – e xe, tanto quantitativa como qualitativamente. A avalia-
usado como fonte de energia pelos peixes (Wilson, 1989). ção de um ingrediente proteico deve ser feita em fun-
Muitas das pesquisas sobre as exigências protei- ção da composição e digestibilidade dos aminoácidos
cas dos peixes utilizam dietas purificadas, que muitas essenciais nele presentes. No caso de fontes proteicas
vezes não condizem com a realidade, já que as rações de baixo valor biológico, os níveis de proteína na forma
comerciais possuem fontes proteicas com diferentes de nitrogênio não proteico são altos. Quando ingeridos
valores biológicos, assim como proporções variadas de pelos peixes, estes alimentos aumentam a produção e
aminoácidos essenciais. Existe a necessidade de maio- excreção de amônia, levando a baixos índices de pro-
res estudos sobre digestibilidade e perfil de aminoáci- dutividade e piora na qualidade da água do ambiente
dos das diferentes fontes proteicas para as diferentes criatório (Cho, 1992).
70 NUTRIAQUA

A farinha de peixe é considerada como padrão em problemas sanitários (e.g. mal da vaca louca) e às proteí-
dietas experimentais, em função de seu elevado valor nas microbianas, que sempre apresentaram problemas
biológico e seu equilíbrio em aminoácidos, altos níveis de disponibilidade (Webster et al., 1995; Tacon, 1994). A
de Ca e P e vitaminas lipo e hidrossolúveis (Contreras, farinha de vísceras é um subproduto da indústria avícola
1999). A farinha de peixe fabricada no Brasil é de baixa que vem sendo utilizado como fonte alternativa de pro-
qualidade e valor biológico, sendo produzida a partir de teína na indústria da alimentação animal, apresentando
resíduos da indústria de enlatados de peixe em geral, grande disponibilidade, preço acessível e alta qualidade.
sardinha em particular, onde não são levados em con- O farelo de soja é considerado uma das mais nu-
sideração a adequação dos processos físicos de fabrica- tritivas fontes de proteína de origem vegetal. Porém,
ção e os parâmetros microbiológicos de conservação. esse alimento, em relação às fontes proteicas de origem
Pesquisas feitas para seleção de possíveis subs- animal, possui diversos fatores antinutricionais, defici-
titutos para farinha de peixe são de certa forma ten- ência em aminoácidos sulfurados e menores valores
denciosas, sempre relacionadas à soja ou farelo de de energia digestível, cálcio e fósforo que a farinha de
soja, ‘commodities’ cujo preço está vinculado ao dólar peixe (Furuya et al., 2004). Entre os alimentos de origem
americano, e seu padrão de qualidade sempre avalia- vegetal, destaca-se a grande variação entre valores de
do comparativamente às farinhas de sangue, carne e aminoácidos totais e digestíveis, particularmente da li-
osso e carne, que apresentam restrições em função de sina, que é essencial e limitante para peixes (Figura 2).

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Figura 2. Valores de lisina total e digestível de alguns alimentos de origem animal para
a tilápia-do-Nilo (Fonte: Furuya et al., 2006; Gonçalves et al., 2009; Guimarães et al.,
2008; Pezzato et al., 2009)

As quantidades de farinha de peixe já foram bas- importância da suplementação de aminoácidos indus-


tante reduzidas na maioria das rações de peixes. A uti- triais nas rações. Webster et al. (1995) demonstraram
lização destas fontes proteicas alternativas, de origem que rações formuladas com farelo de soja em substi-
animal ou vegetal, ainda demandam uma avaliação tuição à farinha de peixe, contendo 35% de proteína
mais precisa do seu valor biológico para os peixes e suplementadas com fosfato bicálcico e L-metionina,
(Webster et al., 2009). Restam, por exemplo, várias dú- podem ser utilizadas na alimentação de juvenis do ‘blue
vidas e problemas a serem equacionados em relação ao catfish’ (Ictalurus furcatus), sem efeitos adversos no cres-
balanço em aminoácidos, presença de polissacarídeos cimento e na composição da carcaça. Entretanto, deve-se
amiláceos e estruturais e à baixa digestibilidade das notar que a fim de atenuar possíveis problemas com a
fontes de proteína de origem vegetal. palatabilidade e equilibrar ácidos graxos essenciais nas
Como forma de solucionar possíveis problemas dietas, Webster et al. (1995) equilibraram as fontes de
na deficiência em aminoácidos, vários estudos citam a energia das rações com óleo de fígado de peixe.
ENERGIA , PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS 71

Uma vez que a proteína pode representar até 60%


FATORES QUE AFETAM AS EXIGÊNCIAS EM PROTEÍNA E
do custo de produção das rações, o cálculo do custo
efetivo de uma ração exige conhecimentos sobre as exi- AMINOÁCIDOS PARA PEIXES
gências nutricionais dos peixes e principalmente sobre a
digestibilidade dos nutrientes dos ingredientes envolvi- Pouco se sabe sobre fatores não dietéticos que
dos na formulação da ração. A utilização de programação podem afetar as exigências nutricionais em proteína e
linear para a formulação de rações de custo mínimo aminoácidos pelos peixes quando confinados. Além dos
permite viabilizar a utilização de fontes proteicas alter- fatores antinutricionais presentes em algumas fontes
nativas como farinhas de subprodutos animais e vege- proteicas normalmente utilizadas nas rações, e.g. inibi-
tais, normalmente adquiridas a um custo muito menor dores de tripsina, ácido fítico e hemaglutininas, fatores
em comparação à farinha de peixe, na formulação de ligados à composição em aminoácidos dos alimentos,
dietas de baixo custo e alto desempenho para peixes, a e.g. baixos níveis de metionina do farelo de soja, por
exemplo dos resultados descritos por Allan et al. (2000) exemplo, e fatores relacionados ao animal, e.g. a idade
em relação à formulação de dietas para a perca prateada dos peixes, são fontes de variação das exigências nutri-
(Bidyanus bidyanus) uma espécie carnívora de exigências cionais em proteína dietética e, consequentemente, em
nutricionais bastante específicas. aminoácidos.
Geralmente as exigências em proteína diminuem
à medida que o peixe cresce e envelhece. Nas fases ini-
ciais, salmões necessitam uma dieta contendo entre 45
IMPORTÂNCIA DA DIGESTIBILIDADE DA PROTEÍNA E
e 50% de proteína bruta, enquanto que no estágio ju-
AMINOÁCIDOS PARA PEIXES venil esta exigência cai para 40% e na fase final do cres-
cimento pode ser satisfeita com 35% de proteína bruta
Excetuando-se as tecnologias de processamento dietética (Hilton et al., 1981; NRC, 1993, 2011). Fenôme-
utilizadas, normalmente as rações para peixes possuem no similar é registrado para o bagre do canal, Ictalurus
as mesmas características de uma ração para animais punctatus, que na fase de pós-larva exige dietas com
monogástricos, mas os valores de digestibilidade dos 40% de proteína; alevinos exigem de 30 a 35% e peixes
vários ingredientes utilizados na formulação de rações acima de 110 g exigem apenas 25 a 30% de proteína
para os peixes são diferentes, principalmente os aminoáci- bruta na dieta (Lovell, 1989, 1998; NRC, 1993, 2011). Tilá-
dos. Quando fontes de proteína de origem vegetal (e.g. pias com peso vivo inferior a 1 g necessitam de 35 a 50%
glúten de milho e farelo de soja) são incluídas em dietas de proteína na dieta; tilápias com peso vivo entre 1 e 5
para peixes, é importante considerar as diferenças em g, exigem de 30 a 40%; entre 5 e 25 g de peso vivo a exi-
digestibilidade destas fontes proteicas para proceder às gência é de 25 a 30% e para tilápias pesando mais que
formulações das rações com base nas quantidades de 25 g podem ser usadas dietas contendo de 20 a 25% de
aminoácidos digestíveis. proteína bruta (Balarin e Haller 1982), porém estes valo-
A digestibilidade de um nutriente pode variar res ainda podem variar de acordo com a intensidade e
consideravelmente em função do ingrediente utilizado, regime de criação (Carneiro et al., 1999).
do nível de inclusão do nutriente na dieta, do proces- O hábito alimentar das espécies é outro fator que
samento da dieta, e da interação entre seus nutrientes. influencia a variação das exigências em proteína. Exceto
Um ingrediente proteico de alta digestibilidade não quando criados em regime intensivo, os peixes onívoros
necessariamente apresenta uma alta disponibilidade podem satisfazer boa parte das suas exigências nutricio-
dos aminoácidos para os peixes. Dificilmente a dispo- nais pelo consumo do alimento natural, ao contrário do
nibilidade de aminoácidos nos ingredientes proteicos que é observado nas criações de peixes carnívoros, prati-
é avaliada em ensaios de digestibilidade para peixes. cadas exclusivamente em regime intensivo, onde a única
A maior parte dos pesquisadores opta apenas pela e exclusiva fonte de nutrientes é a ração, que deve ser
avaliação da digestibilidade da matéria seca e dos completa, ou seja, suprir todas suas exigências nutricio-
principais nutrientes, como a proteína. nais (Steffens, 1989). Os alimentos naturais normalmen-
A estimativa dos coeficientes de digestibilidade te encontrados nos ambientes de criação e explorados
dos ingredientes de uma ração traz benefícios tanto pelos peixes onívoros, geralmente possuem grande va-
econômicos quanto ecológicos. A avaliação dos coe- lor energético e alto conteúdo de proteína de excelente
ficientes de digestibilidade dos alimentos utilizados qualidade, o que impede a ocorrência de possíveis defi-
em piscicultura vai levar à formulação de rações mais ciências em aminoácidos das dietas comerciais.
econômicas e mais eficientes do ponto de vista do O ‘ótimo’ de proteína exigida pelos peixes em uma
aproveitamento de nutrientes, contribuindo para que dieta está diretamente relacionado com o balanço energé-
a aquicultura se desenvolva como agroindústria econo- tico-proteico e a composição e digestibilidade em amino-
micamente viável, socialmente desejável e ambiental- ácidos, bem como com a quantidade e qualidade da fonte
mente segura. de energia não proteica. Em resumo, independentemente
72 NUTRIAQUA

da espécie, deve-se considerar que as exigências em de todos os aminoácidos para manutenção e produção,
proteína estão influenciadas pela qualidade das fontes por meio da proposta de que cada aminoácido essencial
proteicas utilizadas, fatores ambientais, em especial a seja expresso em relação a um aminoácido de referên-
temperatura e, de maneira particular, pela idade do pei- cia, a lisina. Esse conceito pode ser adaptado para uma
xe (Steffens, 1989). variedade de situações, pois ainda que as exigências
Caso a dieta não possuir quantidades ideais de absolutas em certos aminoácidos possam mudar por
energia, os peixes irão utilizar preferencialmente a degra- diversas razões, as proporções permanecem bastante
dação da proteína ingerida na forma de alimento para estáveis. Os valores de aminoácidos devem ser expres-
suprir suas exigências energéticas. Segundo Portz et al. sos em termos de aminoácidos digestíveis; portanto, a
(2001) o perfeito balanceamento energético-proteico, exigência não é em proteína e sim em aminoácidos es-
principalmente em rações de carnívoros, é de funda- pecíficos e nitrogênio não específico para a síntese de
mental importância. Somente assim pode-se minimizar aminoácidos não-essenciais. A múltipla suplementação
possíveis deficiências nutricionais causadas pela deami- de aminoácidos (lisina, metionina e treonina) resulta
nação de aminoácidos para produção de esqueleto car- em melhoria no crescimento, conversão alimentar, ren-
bônico e, consequentemente, de energia para manu- dimento e composição da carcaça, mesmo quando não
tenção corporal e armazenamento na forma de lipídios. atinge o nível de proteína recomendado pela literatura.
Erroneamente, em geral as características, fisioló- Em muitas situações, somente a múltipla suplementa-
gicas, etológicas, fenotípicas e genotípicas não são le- ção de aminoácidos permite a manutenção do desem-
vadas em consideração como um todo na formulação penho produtivo dos peixes (Gaylord e Barrows, 2009).
de rações comerciais para peixes e outros organismos O conceito de proteína ideal deve ser usado para
aquáticos. Desta forma, há necessidade iminente de balancear os aminoácidos da dieta dos peixes (Wilson e
estudos que esclareçam possíveis dúvidas e permitam Poe, 1991; Furuya et al., 2004). A eficiência de utilização
a formulação de dietas mais eficientes para os organis- da proteína é maior quando o conceito de proteína ide-
mos aquáticos. al é usado para determinar a exigência de proteína, uti-
lizando valores de digestibilidade de aminoácidos dos
alimentos individualmente. A possibilidade de reduzir
CONCEITO DE PROTEÍNA IDEAL PARA PEIXES o nível de proteína na dieta foi demonstrada para carpa
(Viola e Lahav, 1991), a tilápia-do-Nilo (Furuya et al., 2005;
A proteína ideal é definida como o balanceamento Botaro et al., 2007) (Tabela 2) e truta arco-íris (Cheng et al.,
exato de aminoácidos, de forma a atender as exigências 2003; Gaylord e Barrows, 2009).

Tabela 2. Redução da proteína em dietas para a tilápia-do-Nilo de acordo com a categoria de peso dos peixes e aminoácidos
suplementados.

Classe de peso Redução da proteína da dieta AA* Referência


g %
0,8-15 32 para 28 L/M/T Bonfim et al., 2008a
4,4-120 30 para 27,5 L/M/T Furuya et al., 2005
35-270 27 para 24,3 L/M/T Botaro et al., 2007
106-493 26,7 para 24,5 L/M/T/A Righetti et al., 2011

*Aminoácido suplementado: L = lisina; M = metionina; T = treonina e A = arginina

A redução da proteína em dietas para peixes é im- é preciso considerar os progressos nas áreas de gené-
portante para a formulação de dietas de baixo custo e tica, tecnologia de processamento e manejo alimentar.
baixo impacto ambiental, especialmente quando os pei- Como diversos fatores afetam as exigências de aminoá-
xes são criados intensivamente, em que a maior parte da cidos, as mesmas devem ser baseadas no conceito de
exigência dos peixes é atendida pela energia e nutrien- proteína ideal (Wilson e Poe, 1991; Furuya et al., 2004).
tes dos alimentos da dieta. Reduzir o teor de proteína Já existem vários registros de trabalhos realizados sob
em dietas para peixes é uma estratégia para aumentar a diferentes condições experimentais, utilizando os valo-
sustentabilidade sem prejuízos econômicos. Apesar do res de aminoácidos digestíveis dos ingredientes, consi-
aumento de trabalhos e publicações apresentar as no- derando o perfil ideal de aminoácidos = proteína ideal
vas exigências de proteína e aminoácidos para peixes, para espécies neotropicais.
74 NUTRIAQUA

Arai (1981) usou a relação entre o conteúdo de Ainda que diversos fatores influenciem as exigên-
aminoácidos essenciais [E] e o conteúdo aminoácidos cias, destacam-se as diferenças entre espécies, manejo ali-
totais incluindo cistina e tirosina [A] [A/E x 1000] cor- mentar adotado, fonte de proteína, fonte e nível de ener-
poral do salmão ‘Coho’ (Oncorhynchus kisutch) para gia da ração, tipo de processamento utilizado, condições
formular uma dieta referência para a espécie. O autor experimentais e análise estatística empregada. Além disso,
constatou que peixes alimentados com dietas a base deve ser considerado o balanceamento adequado dos
de caseína suplementada com aminoácidos de forma a aminoácidos e a relação energia:proteína da dieta.
simular a relação A/E corporal dos peixes apresentaram Na verdade, os peixes não possuem uma exigência
melhor crescimento e conversão alimentar. Forster e verdadeira em proteína, mas de rações com quantida-
Ogata (1998) aplicaram com sucesso o mesmo método des e proporções adequadas de aminoácidos essenciais
para estimar as exigências de aminoácidos do linguado e não-essenciais. Assim como outros animais, os peixes
japonês (Paralichthys olivaceus) e do ‘red sea bream’ exigem rações com valores adequados de arginina, his-
(Pagrus major); o mesmo foi feito para a perca prateada tidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina,
por Ngamsnae et al. (1999) e para ‘black bass’ (Micropterus treonina, triptofano e valina. Em geral, as exigências de
salmoides) por Portz e Cyrino (2003). aminoácidos dos peixes, quando expresso em percen-
Os principais objetivos do piscicultor moderno tagem da dieta, são maiores que aquelas das aves e suí-
como indicadores de desempenho são o retorno eco- nos. No entanto, quando os aminoácidos são expressos
nômico, refletidos no ganho de peso, conversão alimen- como porcentagem da proteína, os níveis de exigên-
tar, uniformidade, rendimento de carcaça e rendimento cia são muito semelhantes. Portanto, são necessárias
de filé. Mais recentemente, o custo em dieta por kilo- pesquisas para o desenvolvimento de rações que
grama de ganho e custo em dieta por kilograma de filé sejam nutricionalmente eficientes e de alto índice de
produzido foram introduzidos por Silva et al. (2006) e conversão alimentar, minimizando assim as descargas
Botaro et al. (2007), como variáveis para definir níveis de de matéria orgânica e nutrientes nos efluentes.
aminoácidos e proteína digestíveis, respectivamente. Determinar as exigências de aminoácidos permi-
te a formulação de dietas para peixes de forma mais
precisa, porque reduz a necessidade de dietas formu-
ladas com excesso de alguns aminoácidos para atender
CONSIDERAÇÕES FINAIS às exigências de aminoácidos limitantes. É importante
fazer o balanceamento de aminoácidos em dietas com
As atuais regulamentações ambientais passam a base em proteína de origem vegetal para reduzir as
exigir a adoção de práticas ambientalmente seguras de perdas de nitrogênio, melhorar os índices de conversão
produção de pescado em aquicultura. Desperdício de alimentar e aumentar o crescimento dos peixes. É im-
alimentos, nutrientes não digeridos e produtos excre- portante ainda desenvolver modelos matemáticos para
tados pelos peixes originam nitrogênio e fósforo, dois simular e prever as respostas dos peixes aos níveis de
elementos de particular importância na saturação am- energia e nutrientes suplementados sobre o desempe-
biental com matéria orgânica. A minimização da descar- nho e custos de produção em condições variáveis.
ga excessiva destes nutrientes em sistemas intensivos Em estudos de exigências, a resposta do ajuste
de criação de peixes está diretamente relacionada ao de curvas aos dados experimentais tem sido sugerido
manejo de um conjunto de parâmetros-chave relacio- como a melhor forma de determinar as exigências de
nados à composição das dietas e taxas de alimentação aminoácidos de peixes. No entanto, em situação prá-
dos peixes. As operações de aquicultura são confronta- tica, além de ganho de peso e conversão alimentar, é
das com os desafios de melhorar continuamente a sua importante a análise econômica, já que o custo com a
sustentabilidade econômica e ambiental. Em condições alimentação nos sistemas intensivos de produção é bas-
de alimentação precisa, o nitrogênio excretado pode ser tante elevado.
reduzido pela suplementação de aminoácidos quando
a proteína dietética é reduzida e/ou de nitrogênio é efi-
cientemente utilizado pelos peixes.
Uma importante estratégia para o controle do REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
efeito poluidor causado pelo desperdício de nutrientes
é a redução nos teores e a substituição das fontes pro- Allan, G.L.; S. Parkinson, M.A. Booth, D.A.J. Stone, S.J. Rowland,
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5

Lipídios

A LEXANDRE S ACHSIDA G ARCIA


L IGIA U RIBE G ONÇALVES
R ONALDO O LIVERA C AVALLI
E LISABETE M ARIA M ACEDO V IEGAS

visando o desenvolvimento da aquicultura, enfocando


INTRODUÇÃO espécies que ocorrem em águas frias e temperadas.
Os lipídios têm papel fundamental na história de
Os lipídios são um grupo de substâncias quimi- vida e fisiologia dos peixes, pois somados às proteínas,
camente diversas e complexas que, ao contrário das são considerados os principais constituintes orgânicos
outras classes de compostos orgânicos, não são carac- dos tecidos corporais. Entretanto, diferente das proteí-
terizadas por um grupo funcional em comum, mas sim nas, cujo metabolismo é rigidamente controlado pela
pela insolubilidade em água. Entretanto, esta definição genética, o metabolismo de lipídios é bastante influen-
é válida para muitos compostos químicos que, além de ciado pela dieta. As interações entre enzimas e substra-
não terem similaridade química entre si, nem sempre tos no metabolismo de proteínas dependem de fortes
estão diretamente relacionados ao estudo da nutrição interações iônicas e ligações de hidrogênio, sendo que
dos seres vivos. Um extrato de lipídio retirado do meio a síntese de biomoléculas, mediadas por estas enzimas,
aquático pode conter até 16 subclasses de lipídios de são controladas exclusivamente pela informação gené-
origem tanto biogênica quanto antropogênica (Parrish, tica do indivíduo, o que resulta em alta especificidade
1988). Por exemplo, o pigmento clorofila, responsável nas reações catalisadas por enzimas. Por outro lado, o
pela fotossíntese nos vegetais verdes, e o terpenoide metabolismo dos lipídios depende de forças de intera-
fitol, utilizado na confecção de perfumes, são classi- ção mais fracas, como por exemplo, as forças de van der
ficados como lipídios, apesar de nem sempre serem Waals e de dispersão, resultando muitas vezes em bai-
pensados como tais. Por este motivo, recentemente os xa especificidade nas reações catalisadas por enzimas.
lipídios têm sido definidos como os ácidos graxos e seus Desta forma, a composição lipídica e o perfil de ácidos
derivados, e as substâncias relacionadas ao metabolis- graxos dos tecidos animais não são determinados ape-
mo e funcionamento destes compostos (Christie, 2003; nas pela habilidade do indivíduo de metabolizar um
Rodriguez et al., 2009). dado lipídio (controle genético), mas também pela in-
A literatura sobre os lipídios é extensa e com- fluência da composição do alimento consumido (Olsen
plexa, dada a variedade de enfoques adotados por et al., 2004).
diferentes pesquisadores. Apesar da vasta bibliografia A importância dos lipídios está diretamente rela-
sobre lipídios em peixes, esta é bastante incompleta, cionada às múltiplas funções desempenhadas por eles: i)
fazendo que muitos aspectos do seu metabolismo se- principal fonte de energia metabólica para os peixes, es-
jam desconhecidos ou deduzidos do conhecimento pecialmente no ambiente marinho, onde algumas espé-
sobre os mamíferos. As exigências nutricionais de lipí- cies podem acumular mais de 20% de seu peso úmido na
dios para peixes (e para outros animais em geral) são forma de lipídios; ii) responsáveis diretos na manutenção
menos conhecidas do que as exigências nutricionais da estrutura, permeabilidade e estabilidade das mem-
de qualquer outro grupo de nutrientes (Sargent et al., branas celulares; iii) fontes de ácidos graxos essenciais;
2002). Além disso, muito do conhecimento atual sobre iv) transportadores para outros nutrientes, como por
a nutrição lipídica dos peixes foi gerado por estudos exemplo as vitaminas lipossolúveis; e v) precursores de

79
80 NUTRIAQUA

hormônios e outras moléculas bioativas, tais como os carbonos (denominados ácidos graxos saturados) ou
eicosanoides e docosanoides (Takeuchi, 1997; Sargent uma ou mais duplas ligações (ácidos graxos mono e
et al., 1999a; Sargent et al., 1999b; Izquierdo et al., 2000; poli-insaturados, respectivamente). Os ácidos graxos
Sargent et al., 2002; Tocher, 2003). podem ser classificados em função do comprimento
A síntese e quebra dos lipídios envolvem uma sé- e do grau de insaturação (número de duplas ligações)
rie de reações complexas, sendo que o detalhamento da cadeia de carbonos, além da posição das duplas li-
do metabolismo destes compostos vai muito além dos gações, uma vez que suas propriedades físicas são am-
objetivos deste capítulo. Para um maior aprofundamen- plamente influenciadas por estes parâmetros.
to sobre a digestão e absorção de lipídios pelos peixes Os ácidos graxos de ocorrência mais comum pos-
(Sargent et al., 1989; Smith, 1989; Sargent et al., 2002; suem cadeia não ramificada com número par de car-
Rodriguez et al., 2009; Glencross, 2009) e a síntese e bonos, variando em número entre 12 e 24 (Tabela 1).
quebra de ácidos graxos e de outros lipídios (Sargent Entretanto, ácidos graxos de cadeia ímpar e ramificada
et al., 1989; Lehninger et al., 1993; De Silva e Anderson, também ocorrem naturalmente e são característicos
1995; Sargent et al., 2002; Tocher, 2003), o leitor é en- de alguns grupos, como o das bactérias (Sargent et al.,
corajado a consultar a literatura existente. O objetivo 1987). Nos ácidos graxos poli-insaturados [PUFA] (do
deste capítulo é abordar aspectos gerais sobre a nutri- inglês ‘polyunsaturated fatty acid’), as duplas ligações
ção lipídica dos peixes, os quais devem ser considera- quase nunca ocorrem de forma conjugada, mas sim
dos no momento da elaboração de dietas para a criação separadas por um grupamento metileno (-CH=CH-CH2-
de uma determinada espécie. Para tanto, o capítulo irá
-CH=CH-) e, salvo raras exceções, quando se define a
apresentar uma descrição sucinta das principais classes
posição da primeira dupla ligação de um determinado
de lipídios no meio aquático, tema que muitas vezes
PUFA, define-se também a posição das outras duplas
causa confusão; apontar as principais funções dos lipí-
ligações (Lehninger et al., 1993; Berg et al., 2002). A no-
dios para os peixes e apresentar uma visão geral sobre
menclatura dos ácidos graxos pode gerar um pouco de
as exigências nutricionais em lipídios totais, fosfolipí-
confusão, pois as diversas áreas de conhecimento ado-
dios e ácidos graxos essenciais.
tam diferentes sistemas para nomeá-los. De acordo com
a União Internacional de Físicos e Químicos Aplicados
[IUPAC], a fórmula de um ácido graxo leva em conside-

DEFINIÇÃO DAS PRINCIPAIS CLASSES DE ração o número de carbonos da cadeia, o número de


duplas ligações e a posição da primeira dupla ligação
LIPÍDIOS PRESENTES NO MEIO AQUÁTICO a partir da extremidade metil (CH3) da cadeia. Desta
forma, a abreviação 16:0 indica um ácido graxo com
16 carbonos sem nenhuma dupla ligação (Figura 1) e
ÁCIDOS GRAXOS as abreviações 20:4 n-6 e 20:5 n-3 indicam ácidos gra-
xos com 20 carbonos, contendo quatro e cinco duplas
Os ácidos graxos constituem a classe mais sim- ligações, sendo a primeira dupla ligação no sexto e ter-
ples de lipídios e, salvo algumas exceções, estão pre- ceiro carbonos, respectivamente (Figuras 2A e 2B). Estes
sentes em outras classes como parte da estrutura mesmos ácidos graxos poderiam ser indicados como
química de diferentes tipos de lipídios. São ácidos 20:4Δ5,8,11,14 e 20:5Δ5,8,11,14,17 uma vez que, principalmente
carboxílicos contendo um grupo hidrofílico unido na bioquímica, é comum o uso da letra delta (Δ) para in-
a uma cadeia hidrocarbonada (CH) que geralmen- dicar a posição da primeira dupla ligação de um dado áci-
te tem entre quatro e 36 carbonos de comprimento do graxo a partir de sua extremidade carboxil (C=OOH).
(Lehninger et al., 1993). A cadeia pode ser simples ou Neste caso, o ácido graxo 20:4 n-6, por exemplo, seria de-
ramificada, conter apenas ligações simples entre os nominado ácido cis-5,8,11,14 eicosatetraenoico.

Figura 1. Estrutura química do ácido palmítico (16:0).


LIPÍDIOS 81

Tabela 1. Nomenclatura, abreviação e ponto de fusão dos principais ácidos graxos de ocorrência natural.

Nome sistemático1 Nome trivial Abreviação Ponto Fusão


O
C
Ácidos graxos saturados [SFA]
n-Etanóico Acético 2:0 16,5
n-Butanóico Butírico 4:0 -7,9
n-Hexanóico Capróico 6:0 -3,4
n-Octanóico Caprílico 8:0 16,3
n-Decanóico Cáprico 10:0 31,2
n-Dodecanóico Láurico 12:0 44,2
n-Tetradecanóico Mirístico 14:0 53,9
n-Hexadecanóico Palmítico 16:0 63,1
n-Octadecanóico Esteárico 18:0 69,6
n-Eicosanóico Araquídico 20:0 76,5
n-Docosanóico Beénico 22:0 74 a 78
Ácidos graxos monoinsaturados [MUFA]
Cis-9-hexadecenóico Palmitoleico 16:1 n-7 -0,1
Cis-6-octadecenóico Petroselínico 18:1 n-12 33
Cis-9-octadecenóico Oléico 18:1 n-9 13,5 a 16,3
Cis-11- octadecenóico Cis-vaccênico 18:1 n-7 14 a 15
Cis-13-docosenóico Erúcico 22:1 n-9 28 a 32
Cis-15-tetracosenóico Nervônico 24:1 n-9 43
Ácidos graxos poli-insaturados [PUFA]
9,12-Octadecadienóico Linoleico 18:2 n-6 -5
9,12,15-Octadecatrienóico α-Linolênico 18:3 n -3 -11
6,9,12,15-Octadecatetraenóico Estearidônico 18:4 n -3 -57
5,8,11,14-Eicosatetraenóico Araquidônico 20:4 n -6 -49,5
5,8,11,14,17-Eicosapentaenóico Eicosapentaenóico 20:5 n -3 -53
4,7,10,13,16,19-Docosahexaenóico Docosahexaenóico 22:6 n -3 -44

1
O prefixo n indica a estrutura ‘normal’ não ramificada da cadeia de carbono.

Os ácidos graxos também recebem um nome geralmente abrevia o seu nome em inglês. Exemplos
trivial, como os ácidos palmítico (16:0) e oleico (18:1 típicos são os ácidos araquidônico (Figura 2A), eicosa-
n-9), refletindo a sua origem nos azeites de palma e pentaenoico (Figura 2B) e docosahexaenoico, comu-
oliva, respectivamente. Além disso, alguns ácidos gra- mente referidos como [AA] ou [ARA], [EPA] e [DHA],
xos recebem nomes com origem no Grego e no Latim, respectivamente. De fato, o uso de abreviações para os
como os ácidos eicosapentaenoico (20:5 n-3) e doco- nomes dos ácidos graxos ou grupos de ácidos graxos
sahexaenoico (22:6 n-3), que indica em seu nome o (como por exemplo, os ácidos graxos saturados) é co-
número de carbonos (eicosa e docosa) e a quantida- mum e facilita a citação, exposição e discussão de resul-
de de duplas ligações (penta e hexa) da cadeia. Final- tados. As abreviações normalmente utilizadas na litera-
mente, por uma questão de praticidade, alguns ácidos tura internacional, as quais também serão adotadas ao
graxos também recebem uma sigla como nome, que longo deste capítulo, estão apresentadas na Tabela 2.

Figura 2. Estruturas químicas dos ácidos (A) araquidônico (20:4 n-6) e (B) eicosapentaenoico (20:5 n-3).
82 NUTRIAQUA

Tabela 2. Principais siglas de ácidos graxos e grupos de ácidos graxos adotados na literatura internacional.

Sigla Nome comum em inglês Nome comum em português Ácido graxo/Grupo de ácidos graxos

LA Linoleic acid Ácido linoleico 18:2 n-6

LNA Linolenic acid Ácido linolênico 18:3 n-3

AA ou ARA Arachidonic acid Ácido araquidônico 20:4 n-6

EPA Eicosapentaenoic acid Ácido eicosapentaenóico 20:5 n-3

DHA Docosahexaenoic acid Ácido docosahexaenóico 22:6 n-3

SFA Saturated fatty acids Ácidos graxos saturados Grupo dos ácidos graxos sem nenhuma dupla ligação

MUFA Monounsaturated fatty acid Ácidos graxos monoinsaturados Grupo de ácidos graxos com uma única dupla ligação
Grupo dos ácidos graxos com duas ou mais dupla
PUFA Polyunsaturated fatty acid Ácidos graxos poli-insaturados
ligações
Grupo dos ácidos graxos com pelo menos 20 carbo-
HUFA Highly unsaturated fatty acid Ácidos graxos altamente insaturados
nos e com 3 ou mais dupla ligações

ocorrem na posição sn-2 (Figura 3B) (Lehninger et al.,


TRIGLICERÍDEOS
1993; Sargent et al., 2002). Apesar disso, algumas exce-
Os triglicerídeos ou triacilglicerois são formados ções são conhecidas, como algumas espécies de atuns
por três ácidos graxos esterificados a uma molécula de que possuem óleo rico em um triglicerídeo formado por
glicerol (Figura 3A). Podem ser formados por três ácidos três moléculas de DHA (Gara et al., 1998). Nos vertebra-
graxos iguais, como no caso da tripalmitina, que con- dos, os triglicerídeos são acumulados em células espe-
tém somente o ácido palmítico (16:0) em sua estrutura, cializadas denominadas adipócitos e servem como fon-
ou por diferentes combinações entre ácidos graxos com te de energia. Dependendo da combinação dos ácidos
diferentes graus de saturação. De modo geral, ácidos graxos que constituem um dado triglicerídeo, este pode
graxos saturados e monoinsaturados ocorrem nas posi- ser sólido (graxas) ou líquido (óleos) a temperatura am-
ções sn-1 e sn-3 da molécula de glicerol, respectivamen- biente. Os triglicerídeos presentes nos peixes são ricos
te, enquanto PUFA e os ácidos graxos altamente insatu- em PUFA e HUFA e, por esse motivo, quase sempre es-
rados [HUFA] (do inglês ‘highly unsaturated fatty acids’), tão presentes na forma líquida (Rodriguez et al., 2009).

Figura 3. Estrutura química do triglicerídeo (A) β-oleodipalmitina, constituído por dois ácidos palmíticos (16:0) e um ácido oleico
(18:1 n-9) esterificados a uma molécula de glicerol (Fonte: Christie, 2003); (B) Estrutura geral de um triglicerídeo mostrando três
ácidos graxos (retângulo) esterificados a uma molécula de glicerol nas posições sn1, sn2 e sn3.
LIPÍDIOS 83

disso, nos fosfoglicerídeos, o ácido fosfatídico pode


FOSFOLIPÍDIOS esterificar-se às bases colina (Figura 4B), serina, inositol
e etanolamina, formando fosfatidilcolina (Figura 4C),
O termo fosfolipídio é uma generalização que en-
fosfatidilserina, fosfatidilinositol e fosfatidiletanolami-
globa todos os lipídios que possuem fósforo em sua es-
na, respectivamente. Estes fosfoglicerídios são os mais
trutura química. A forma mais comum de fosfolipídio, os abundantes em tecidos de peixes (Tocher et al., 2008).
fosfoglicerídeos, é derivada do ácido fosfatídico ligado Outros fosfolipídios de interesse são os esfingolipídios
a dois ácidos graxos de cadeia longa (Figura 4A). O áci- que são formados por um ácido graxo, geralmente satu-
do fosfatídico é formado a partir do L-glicerol trifosfato rado ou monoinsaturado, que quando ligado ao grupo
e, portanto, possui uma molécula de glicerol em sua amina da esfingosina forma uma ceramida. A ceramida
estrutura química. Ácidos graxos saturados e monoin- pode ligar-se a diferentes grupos polares, dando ori-
saturados se esterificam preferencialmente na posição gem a diferentes esfingolipídios. Entre eles, destaca-se
sn-1 do L-glicerol, enquanto os PUFA normalmente se a esfingomielina por sua função estrutural nos tecidos
esterificam na posição sn-2 (Tocher et al., 2008). Além nervosos dos peixes (Bell et al., 1986; Tocher, 2003)



Figura 4. (A) Estrutura química do ácido fosfatídico, o esqueleto comum a todos


os fosfoglicerídeos; (B) estrutura química da colina, em que R representa o local de
ligação do grupo fosfatídico; (C) estrutura química do fosfolipídio 1,2-dimiristoil-sn-
-glicero-3-fosfatidilcolina (Fonte: modificado de Sargent et al., 2002).

ESTERÓIS
Os esteróis são lipídios estruturais presentes nas
membranas de muitas células eucarióticas, cuja princi-
pal característica é um núcleo na estrutura da molécula
formado por quatro anéis de carbono, sendo que três
desses anéis contém seis carbonos e um contém apenas
cinco (Leningher et al., 1993; Berg et al., 2002). Além de
exercer função estrutural na membrana celular, os este-
róis são precursores de várias moléculas com atividade Figura 5. Estrutura química do colesterol.
biológica específica, como por exemplo, os hormônios
reprodutivos e os sais biliares. Assim como em outros
vertebrados, o colesterol também é o principal esterol ÉSTERES DE CERA
em peixes (Figura 5). Na estrutura da membrana celu-
lar, o colesterol pode ocorrer tanto na sua forma livre Compostos por um ácido graxo esterificado a um
quanto esterificado a um ácido graxo (Simons e Ikonen, álcool, essa classe de lipídios é abundante em organis-
2000; Brown e London, 2000), sua presença auxilia na mos do plâncton marinho, pois é a principal forma de
manutenção da fluidez da membrana durante mudan- armazenamento de energia (Lee et al., 1971). Os copé-
ças bruscas de temperatura. podes calanoides e o ‘krill’, principais itens alimentares
84 NUTRIAQUA

para muitas espécies de peixes marinhos, são ricos Enquanto a maioria dos peixes tem maiores concentra-
em ésteres de cera e por este motivo, essa classe de ções de EPA do que de DHA, no bonito (Katsuwonus pela-
lipídios pode estar presente em quantidades consi- mis) o DHA é o ácido graxo dominante, chegando a re-
deráveis nos ovos e nos tecidos de algumas espécies presentar até 25% do total de ácidos graxos em alguns
de peixe (Rodriguez et al., 2009). Os ácidos graxos pre- órgãos (Watanabe et al., 1995). Como os níveis de DHA
sentes nos ésteres de cera de organismos que habitam da dieta natural do bonito não correspondem aos níveis
águas marinhas de alta latitude são ricos em ácidos gra- de DHA nos seus tecidos, é provável que o acúmulo de
xos 20:1 n-9 e 22:1 n-11, enquanto que no zooplâncton DHA seja causado pelo catabolismo de outros ácidos
do hemisfério sul predominam PUFA n-3, em particular graxos (Sargent et al., 2002).
o EPA (Sargent e Henderson, 1995). No salmão-do-Atlântico (Salmo salar), a velocida-
Além das classes descritas acima, outras classes de máxima de natação correlaciona-se positivamente
de lipídios, como hidrocarbonetos, esteril ésters e pig- com os níveis de ácidos graxos de 18 carbonos na mus-
mentos (como as clorofilas), também estão presentes culatura, particularmente com 18:1 n-9 e LA, indicando
no meio aquático. que estes ácidos graxos são preferencialmente utiliza-
dos, ao invés dos HUFA, para gerar energia para a nata-
ção (McKenzie et al., 1998). Conforme destacado ante-
riormente (Sargent et al., 2002; Rodriguez et al., 2009),
PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS LIPÍDIOS NOS PEIXES a especificidade de oxidação de ácidos graxos pelos
peixes é um fator importante na determinação do perfil
dos ácidos graxos depositados nos tecidos. Esta com-
PRODUÇÃO DE ENERGIA posição tem influência não só no estado geral de saúde
e bem-estar dos indivíduos cultivados, mas também na
A β-oxidação dos ácidos graxos nas mitocôndrias qualidade do peixe como produto final. Uma das princi-
e peroxissomos produz energia disponível na forma de pais vantagens do consumo da carne de pescado é jus-
adenosina trifosfato [ATP], para ser utilizado pelo orga- tamente a ingestão de níveis elevados de ácidos graxos
nismo (Lehninger et al., 1993; Berg et al., 2002). Os trigli- da série n-3, como o EPA e o DHA, os quais estão rela-
cerídeos são a principal classe utilizada como reserva e cionados a diversos benefícios a saúde humana (Bazan,
fonte energética. Entretanto, em determinadas circuns- 2006; Simopoulos, 2011; Deckelbaum e Torrejon, 2012;
tâncias, como durante o desenvolvimento embrionário Baum e Hamm, 2012).
e o crescimento inicial das larvas, os peixes também po-
dem utilizar fosfolipídios como fonte de energia (Tocher
et al., 2008). Ácidos graxos são a fundamental fonte de
energia para o desenvolvimento, crescimento e nata-
FUNÇÃO ESTRUTURAL NAS MEMBRANAS CELULARES
ção dos peixes, bem como para o processo reproduti-
As membranas celulares são tipicamente forma-
vo (Henderson et al., 1984; Tocher et al., 1985; Sargent
das por uma bicamada de lipídios, com espessura va-
et al., 1989), sendo o 16:0, 18:1 n-9, 20:1 n-9, 22:1 n-11
riando entre 6 e 10 nm (60 a 100 Å), contendo proteínas
e os HUFA n-3, EPA e DHA, os principais ácidos graxos
que atravessam os dois lados da bicamada (Berg et al.,
utilizados pelos peixes (Sargent et al., 2002). Enquanto
2002). Os fosfolipídios e seus ácidos graxos constituin-
os ácidos graxos 16:0, 18:1 n-9, 20:1 n-9 e 22:1 n-11 são
tes são os principais componentes das membranas,
metabolizados em grandes quantidades para a pro-
sendo responsáveis pela manutenção da integridade
dução de energia durante o crescimento de juvenis e estrutural e funcional das mesmas. Os fosfolipídios são
maturação gonadal das fêmeas (Henderson et al., 1984; classificados como moléculas anfipáticas, isto é, aque-
Henderson e Almatar, 1989). Ambos EPA e DHA podem las que possuem tanto uma região hidrofílica (cabeça
ser utilizados para a produção de energia, mas o EPA é polar) como uma hidrofóbica (ácidos graxos). Quando
rapidamente oxidado nas mitocôndrias, enquanto o em solução aquosa, os fosfolipídios formam esponta-
catabolismo do DHA requer β-oxidação nos peroxisso- neamente uma camada dupla que cria uma barreira ao
mos e, por isso, este ácido graxo é proporcionalmente fluxo de substâncias polares.
menos utilizado para a produção de energia (Sargent Assim como nos mamíferos, há evidências de
et al., 2002). que os fosfolipídios nas membranas dos peixes se dis-
Estudos sugerem que diversas espécies de peixe tribuem de forma assimétrica. Desta forma, os fosfoli-
utilizam seletivamente os ácidos graxos para a produ- pídios que contém colina, como a fosfatidilcolina e a
ção de energia. Geralmente, peixes antárticos utilizam esfingomielina, concentram-se na camada mais externa
preferencialmente os ácidos graxos saturados e os mo- das membranas, enquanto a fosfatidiletanolamina, fos-
noinsaturados, enquanto os HUFA são poupados (Sidell fatidilserina e o fosfatidilinositol concentram-se na ca-
et al., 1995), assim como em outras espécies (Watanabe et al., mada interna (Kagan et al., 1984). Os principais ácidos
1995; McKenzie et al., 1998; Gapasin e Duray, 2001). graxos que formam os fosfoglicerídios das membranas
LIPÍDIOS 85

de peixes são 16:0, 18:1 n-9, EPA e DHA (Sargent et al., 2006). O colesterol não se distribui de forma homogê-
2002). Além disso, cerca de 50% dos ácidos graxos dos nea, mas de forma agrupada, podendo representar até
fosfolipídios dos peixes são HUFA n-3, e a proporção 25% da composição da membrana de algumas células
entre DHA e EPA se mantêm ao redor de 2:1 (Sargent et al., nervosas (Berg et al., 2002). Conforme mencionado an-
2002; Tocher, 2003). Entretanto, é importante destacar teriormente, o colesterol pode ocorrer nas membranas
que o tipo de ácido graxo e a proporção entre eles po- tanto na sua forma livre quanto esterificado a um ácido
dem variar de acordo com o tipo de fosfolipídio e o te- graxo (Lehninger et al., 1993; Berg et al., 2002).
cido considerado.
A importância do DHA na formação dos tecidos
neurais dos vertebrados é reconhecida há muito tempo. PRECURSORES DE HORMÔNIOS E OUTRAS MOLÉCULAS
Nos peixes, este ácido graxo é o principal componente das
membranas das células do cérebro e da retina (Sargent BIOATIVAS
et al., 2002). Dietas deficientes em DHA resultaram em
larvas de arenque (Clupea harengus) com baixos níveis Além do papel estrutural nas membranas bioló-
deste ácido graxo na retina, o que reduziu a capacida- gicas, alguns lipídios também atuam como precursores
de visual das larvas e consequentemente diminuiu o de moléculas biologicamente ativas. Uma das principais
número de presas capturadas (Bell et al., 1995). Assim funções dos PUFA de 20 carbonos, em especial do áci-
como, em larvas ‘yellowtail’ (Seriola quinqueradiata), do araquidônico (20:4 n-6), é servir como precursor de
alimentadas com dietas deficientes em DHA, mantive- um grupo de substâncias coletivamente denominadas
ram-se dispersas ao invés de formar cardume e apre- eicosanóides (do Grego eicosa=20). Os eicosanóides
sentaram baixas taxas de sobrevivência. Além disso, o são substâncias autócrinas (ou seja, atuam nas ime-
volume total do cérebro e o volume relativo das regiões diações do local de produção) eficazes em baixíssimas
responsáveis pela capacidade visual (tectum opticus) e concentrações, têm tempo de vida extremamente curto
natação (cerebelo) foram comparativamente menores e são produzidos por virtualmente todas as células do
nas larvas alimentadas com a dieta carente em DHA organismo. As principais enzimas envolvidas na sínte-
(Ishizaki et al., 2001). Por outro lado, o uso de alimento se de eicosanoides são as ciclooxigenases, que produ-
vivo (rotíferos e Artemia) enriquecido com DHA resultou zem derivados oxigenados cíclicos, e as lipoxigenases,
em maior sobrevivência e diminuiu a incidência de de- que produzem derivados oxigenados lineares. Dentro
formidades operculares em juvenis de ‘milk fish’, Chanos do primeiro grupo encontram-se as prostaglandinas,
chanos (Gapasin e Duray, 2001). as prostaciclinas e os tromboxanos, enquanto entre os
Variações em parâmetros ambientais, em especial compostos lineares estão os leucotrienos e as lipoxinas
de temperatura, resultam em mudanças na composi- (Jump, 2002). De modo geral, os eicosanoides estão
ção e metabolismo dos fosfolipídios das membranas de envolvidos numa grande variedade de funções fisioló-
animais ectotérmicos (Hazel e Williams, 1990). Nos pei- gicas, como na coagulação sanguínea, resposta imune,
xes, a resposta típica para a diminuição da temperatura resposta inflamatória, tônus cardiovascular, função
ambiental é a redução na proporção de ácidos graxos renal e neural, bem como reprodução (Sargent et al.,
saturados com o consequente aumento na proporção 1989; Rowley et al., 1995; Sargent et al., 2002; Tocher,
de ácidos graxos insaturados. Essa razão se dá pelo fato 2003; Rodriguez et al., 2009).
da inclusão de uma dupla ligação na cadeia de carbo- Para a formação dos eicosanoides, as enzimas li-
nos ter impacto tanto no formato da molécula quanto poxigenase e ciclooxigenase atuam nos ácidos graxos
nas propriedades físicas dos fosfolipídios. Assim, quan- 20:3 n-6, 20:4 n-3, AA e EPA, que se apresentam na forma
to maior o número de duplas ligações, menor será o livre após serem liberados dos fosfolipídios componen-
ponto de fusão do ácido graxo, por exemplo, a inclusão tes da membrana celular pela ação da enzima fosfoli-
de apenas uma dupla ligação no ácido palmítico (16:0) pase A2 (Rowley et al., 1995). Entretanto, a exemplo do
reduz o ponto de fusão de 63,1 para -0,1oC (Tabela 1). que ocorre com os mamíferos, nos peixes o AA é o prin-
Adicionalmente, dentro do grupo dos ácidos graxos sa- cipal substrato para a produção de eicosanoides, sendo
turados, o ponto de fusão decresce com o aumento do que os produtos derivados deste ácido graxo são bio-
tamanho da cadeia ou pela presença de ramificações logicamente mais ativos que os eicosanoides derivados
(Gurr e Harwood, 1991). de outros C20 PUFA, como o EPA (Sargent et al., 2002;
Além dos fosfolipídios, o colesterol é outro com- Tocher, 2003; Rodriguez et al., 2009). Além disso, existe
ponente estrutural das membranas celulares de grande uma competição entre o AA e os outros C20 PUFA pelos
importância. Na membrana, o colesterol orienta-se de sistemas de enzimas que formam eicosanoides, de for-
forma paralela aos ácidos graxos dos fosfolipídios (Berg ma que a presença dos ácidos graxos 20:3 n-6, 20:4 n-3 e
et al., 2002) e a sua presença afeta as propriedades fí- principalmente EPA inibem a produção de eicosanoides
sicas, influenciando a organização, função, fluidez e a partir de AA (Sargent et al., 2002; Tocher, 2003). Por
permeabilidade da mesma (Pucadyil e Chattopadhyay, essa razão, assim como nos mamíferos, a produção de
86 NUTRIAQUA

eicosanoides nos peixes é influenciada pela proporção que ocorrem nos corpos de águas naturais podem ser
entre EPA e AA nas células, a qual, por sua vez, é regula- estabelecidas com base na salinidade do ambiente.
da pela proporção destes ácidos graxos na dieta. Além No mar, os principais produtores primários são as
dos eicosanoides, existe outro grupo de compostos algas unicelulares. Algas em fase de crescimento po-
com função similar, mas derivado de ácidos graxos com dem conter cerca de 20% de seu peso seco na forma
22 carbonos, os docosanoides. Apesar de haver pouca de lipídios, dos quais até 50% na forma de n-3 PUFA (De
informação sobre estes compostos, eles são reconheci- Silva e Anderson, 1995). Diatomáceas e dinoflagelados,
dos por sua potente ação anti-inflamatória e imunore- duas das principais classes de algas marinhas, tendem a
gulatória (Hong et al., 2003). ser ricas em EPA e DHA, respectivamente, enquanto as
Outros compostos biologicamente ativos são algas vermelhas (Rhodophyta) são ricas em AA e tam-
produzidos a partir de lipídios. Os sais biliares anfipá- bém em HUFA n-3. Os ácidos graxos presentes no fito-
ticos produzidos no fígado são o principal produto do plâncton são retidos pelo zooplâncton, sendo transferi-
metabolismo do colesterol. Estes compostos são sur- dos para peixes planctívoros. Os copépodes são a base
factantes biológicos que tem papel fundamental na da nutrição das larvas de muitas espécies de peixes
digestão dos lipídios dietéticos, pois os emulsifica, per- marinhos e possuem a concentração total de lipídios
mitindo desta forma uma ação mais eficaz das lipases afetada por uma série de fatores tais como a latitude, a
(Hofmann e Mysels, 1987). Outro exemplo são os hor- disponibilidade de alimento e a época do ano, variando
mônios esteroides, com destaque para os hormônios de 2 a 61% em latitudes baixas e médias, e de 8 a 73%,
sexuais (e.g. estrogênio, progesterona, testosterona em espécies de altas latitudes (Båmstedt, 1986). Espé-
etc.) e o cortisol, hormônio liberado em situações de cies de alta latitude precisam acumular lipídios para
estresse (Lehninger et al., 1993). manter um nível mínimo de fecundidade durante pe-
ríodos de escassez alimentar e, portanto, estas espécies
têm alto conteúdo energético. Além disso, os lipídios
auxiliam na flutuabilidade dos copépodes (Sargent and
OS LIPÍDIOS NO MEIO AQUÁTICO Henderson, 1986). De forma geral, a concentração total
de lipídios nos náuplios recém-eclodidos de copépodes
Uma série de fatores bióticos e abióticos tem in- é mais elevada do que nos copepoditos e nos adultos
fluência direta na quantidade e qualidade dos lipídios (Støttrup, 2003) e o menor conteúdo lipídico nos está-
nos seres vivos. Entre as microalgas, por exemplo, base gios de desenvolvimento mais avançados implica maior
da cadeia trófica de sistemas aquáticos, o perfil de áci- proporção de fosfolipídios e, consequentemente, níveis
dos graxos varia amplamente entre os principais gru- mais elevados de HUFA n-3. Nesse caso específico, o EPA
pos taxonômicos, determinado pela presença ou não e DHA podem representar entre 45 e 60% do total de
de diferentes enzimas específicas. Esta variação reflete ácidos graxos dos copepoditos (Olsen, 2004). Apesar de
características intrínsecas de cada espécie, a ponto do estes ácidos graxos serem obtidos principalmente atra-
perfil de ácidos graxos ser utilizado como um índice vés da dieta fitoplânctonica, sabe-se que os copépodes
taxonômico (Cobelas e Lechado, 1989; Mourente et al., são capazes de acumulá-los mesmo com uma dieta
1990; Ahlgren et al., 1992; Brett e Müller-Navarra, 1997). com baixos níveis de HUFA (Støttrup, 2003).
Por outro lado, dentro de um mesmo táxon, o perfil de Quanto aos peixes, a concentração total de lipí-
ácidos graxos varia em função de fatores ambientais, dios e o perfil de ácidos graxos de uma determinada es-
como limitações causadas por falta de nutrientes, que pécie variarão de acordo com o tecido analisado, época
levam a uma diminuição nos níveis de ácidos graxos do ano em que o exemplar for capturado e, principal-
insaturados nas microalgas, com consequente aumen- mente, com a dieta consumida. De modo geral, porém,
to nos níveis de ácidos graxos saturados (Reitan et al., peixes marinhos carnívoros consomem alimentos ricos
1994; Müller-Navarra, 1995; Brett e Müller-Navarra, em EPA, DHA e, em menor proporção, AA, oriundos do
1997). Além dos nutrientes, temperatura, luz e oxigênio fitoplâncton via zooplâncton. Portanto, a cadeia trófi-
dissolvido também podem afetar drasticamente a com- ca marinha é dominada por n-3 PUFA, particularmente
posição de ácidos graxos das algas (Baash et al., 1984; EPA e DHA, enquanto ácidos graxos de cadeia mais cur-
Harwood e Jones, 1989; Sicko-Goad e Andresen, 1991; ta, como LA e LNA são menos abundantes (Sargent e
Brett e Müller-Navarra, 1997). Pelo exposto, fica claro Henderson, 1995). Em espécies de peixes marinhos de
que não é fácil prever o tipo de lipídio predominante águas frias, os PUFA podem representar mais de 50%
em um sistema aquático, uma vez que não só os di- do total dos ácidos graxos presentes nos fosfolipídios,
ferentes tipos de organismos que compõem a cadeia o que permite manter a fluidez das membranas celu-
trófica, mas também variações ambientais e sazonais lares em baixas temperaturas. Os níveis de PUFA nos
influenciarão diretamente na presença ou ausência lipídios polares do ‘turbot’ (Scophthalmus maximus)
de um tipo de lipídio em particular. Entretanto, de mantiveram-se acima de 50% do total de ácidos gra-
modo geral, as diferenças entre os tipos de lipídios xos independente dos peixes serem alimentados com
LIPÍDIOS 87

dietas contendo óleo de peixe ou óleo vegetal (Regost os ácidos graxos AA e EPA foram encontrados em todos
et al., 2003). Além disso, a maioria destes PUFA era da os indivíduos, alguns com níveis tão alto quanto 7 e
série n-3, representando 44% do total para os peixes ali- 25%, respectivamente. De maneira similar ao que ocor-
mentados com óleo de peixe e 43,5% para aqueles ali- re com invertebrados marinhos, nos insetos aquáticos
mentados com óleo vegetal. Da mesma forma, salmões de água doce o conteúdo de HUFA diminui com a me-
alimentados com dietas contendo diferentes níveis de tamorfose das larvas para pupa e da pupa para as for-
óleo vegetal ou de peixe, durante um período de dois mas adultas (Hanson et al., 1985). Outros invertebrados
anos, apresentaram o total de PUFA na fração polar com de água doce contém LA, LNA e AA como os principais
variação de 54% (sendo 48% da série n-3) a 57% (sendo PUFA em seus tecidos (Bell et al., 1994).
44% da série n-3), respectivamente (Tocher et al., 2003). Peixes de água doce tendem a ter maiores propor-
A quantidade de PUFA presente nos fosfolipídios ções de PUFA com 18 carbonos, particularmente da sé-
varia conforme a fase de desenvolvimento dos peixes, rie n-6, do que a maioria dos peixes marinhos (De Silva
sendo que na fase larval são observadas as maiores e Anderson, 1995), mas mesmo assim, são relativamen-
concentrações desses ácidos graxos. As larvas recém- te ricos em PUFA da série n-3, em particular EPA e DHA.
eclodidas do bacalhau (Gadus morhua), por exemplo, Entretanto, conforme já observado acima, a dieta tem
possuem cerca de 60% do total de seus ácidos graxos grande influência no perfil de ácidos graxos dos tecidos
como PUFA, dos quais 53% pertencentes à série n-3 e dos peixes. Essa modificação a partir da dieta foi cons-
32% na forma de DHA (Garcia et al., 2008a). Em geral, tatada em tilápias que apresentaram teores de 17% de
peixes que habitam águas mais quentes tendem a ter PUFA n-3 e 9% de PUFA n-6, quando alimentadas com ra-
menos PUFA em sua composição. Entretanto, a fração ções formuladas com óleo vegetal, enquanto que níveis
polar dos lipídios destas espécies ainda apresenta PUFA de 36,6% de PUFA n-3 e 6,5% de PUFA n-6 do total dos
em níveis elevados, como nos casos do robalo asiático ácidos graxos, quando alimentadas com dieta contendo
(Lates calcarifer) que apresentou 34% dos ácidos graxos óleo de peixe. Mas, independente da fonte de lipídios da
da fração polar na forma de PUFA (Williams et al., 2003) e dieta, o DHA destacou-se como um dos principais cons-
do atum-do-Pacífico (Thunnus albacares), cuja soma de tituintes da musculatura da tilápia-do-Nilo (Oreochromis
EPA e DHA representou entre 30 e 37% do total de ácidos niloticus), representando entre 11 e 24% do total de áci-
graxos, sendo que até 30% desses valores poderia ser dos graxos em peixes alimentados com óleo vegetal e
representado somente pelo DHA (Sunarya et al., 1995). de peixe, respectivamente (Tocher et al., 2002). Para a
Embora o EPA e o DHA ocorram nos lipídios de al- carpa comum (Cyprinus carpio carpio), maiores concen-
gas unicelulares de água doce, de modo geral, ácidos trações de LA foram observadas na musculatura de es-
graxos com 18 carbonos são mais abundantes, com o pécimes cultivados (15,2% do total de ácidos graxos) do
LA, sendo este o ácido graxo predominante em muitas que em espécimes selvagens (6,0%). Apesar da origem
espécies. O grupo Cryptophyta contém os ácidos graxos dos peixes ter afetado a proporção de EPA (2,5 e 7,0%
LNA, EPA e DHA em níveis bastante elevados, enquanto do total de ácidos graxos para exemplares cultivados e
as Clorophyta não apresentam os ácidos graxos EPA e selvagens, respectivamente), a proporção de DHA per-
DHA, ou os têm apenas em pouquíssima quantidade, maneceu inalterada, ao redor de 7% do total de ácidos
mas são ricas em LNA. As Cyanophyta também não têm graxos, em ambos os casos (Suzuki et al., 1986). No caso
EPA e DHA, sendo que os ácidos graxos LNA e LA estão dos salmonídeos, a substituição de óleo de peixe por
presentes em quantidades mínimas. Além disso, muitas óleos de origem vegetal na dieta resulta na redução dos
Cyanophyta têm menores concentrações de ácidos gra- níveis de PUFA n-3, em particular de EPA e DHA, com o
xos do que outras microalgas de água doce (Ahlgren et consequente aumento no nível de ácidos graxos com 18
al., 1992; Brett e Müller-Navarra, 1997). Uma exceção carbonos, principalmente dos ácidos oleico, linolênico e
são as diatomáceas de água doce que apresentam ní- linoleico (Caballero et al., 2002). Esta tendência também
veis elevados de EPA e DHA, porém baixos níveis de LA foi observada com a truta arco-íris, Oncorhynchus mykiss
e LNA (Ahlgren et al., 1992). De modo similar, os lipí- (Greene e Selivonchick, 1990), com a truta marrom,
dios presentes nas folhas verdes de vegetais superio- Salmo trutta, (Arzel et al., 1994) e com a ‘brook trout’,
res são ricos em LNA, enquanto sementes oleaginosas Salvelinus fontinalis (Guillou et al., 1995).
têm o ácido graxo LA como principal PUFA (Sargent Para as espécies de água doce nativas do Brasil, os
et al., 1989). lipídios ainda são um tema pouco explorado, porém a
Insetos podem representar uma parcela impor- literatura sugere que os padrões observados com espé-
tante na alimentação de peixes de água doce, especial- cies de água fria não necessariamente se repetem nas
mente em regiões tropicais e subtropicais. Hanson et al. nossas espécies nativas. Surpreendentemente, o perfil
(1985) analisaram 58 gêneros de insetos aquáticos e de ácidos graxos do curimbatá selvagem (Prochilodus
verificaram que a maioria tinha níveis de lipídios totais spp.), em diferentes épocas do ano, não apresentou
variando entre 10 e 20% de seu peso seco. Além disso, grandes variações. Proporções equilibradas entre PUFA
LNA e LA estavam presentes em abundância, enquanto n-3 e n-6 foram observadas no verão (13,5 e 10,5% do
88 NUTRIAQUA

total dos ácidos graxos, respectivamente) e no inverno com exceção do mandi-prateado (Pimelodus argenteus)
(11,6 e 11,9%, respectivamente). Além disso, em ambas que apresentou o mais alto conteúdo de ARA (8,12%) e
as estações, a soma de EPA e DHA se manteve constante o mandubé (Ageneiosus inermis) com 10,30% de PUFA
em torno de 12% do total dos ácidos graxos (Luzia et da série n-3.
al., 2003). Em tambaqui, (Colossoma macropomum), a Tendo em vista que o perfil de ácidos graxos dos
composição de ácidos graxos do filé apresentou grande tecidos dos peixes reflete a composição da dieta, a avalia-
proporção de ácidos graxos saturados (40,2% do total) ção deste perfil pode servir como informação útil na es-
e monoinsaturados (47,5% do total), sendo que apenas colha de ingredientes que comporão a ração para suprir
uma pequena proporção de ácidos graxos poli-insaturados as exigências de ácidos graxos da espécie. A comparação
(2,5% do total) (Maia e Rodriguez-Amaya, 1992). do perfil lipídico entre jundiás (Rhamdia quelen) (Lemos,
Apesar da cabeça dos peixes normalmente apre- 2008) e lambaris (Astyanax altiparanae) (Gonçalves et al.,
sentar altos teores de DHA, devido à contribuição do cé- 2012) demonstrou menores níveis do ácido graxo linolê-
rebro e olhos, tecidos ricos nesse ácido graxo, as cabe- nico nos tecidos dos peixes de criação alimentados com
ças de matrinxã (Brycon amazonicus) (22% peso úmido) ração em relação aos peixes selvagens. Essas ocorrências
e piraputanga (Brycon microlepsis) (21% peso úmido) podem indicar a conversão do ácido graxo 18:3 n-3 em
apresentaram soma dos percentuais dos ácidos graxos ácidos graxos de cadeia carbônica mais longa, ou ainda,
poli-insaturados LNA, AA, EPA e DHA menor que 2,5% a necessidade de suplementação desse ácido graxo em
do total de ácidos graxos, mesmo com altos valores rações para peixes onívoros no Brasil.
lipídicos (por volta de 21% do peso úmido), indepen- Na maioria das espécies de água doce, a utiliza-
dente dos peixes serem provenientes da natureza ou ção de níveis equivalentes de diferentes fontes de óleo
de criação (Moreira et al., 2003). Estudos mais recentes na dieta não compromete o crescimento dos animais.
demonstraram que a concentração de PUFA encontra- Assim, para o pintado, a adição de 12% de quatro dife-
da nos músculos e olhos de matrinxã eram muito se- rentes fontes de lipídios na dieta, banha de porco, óleo
melhantes quali e quantitativamente . Ainda, foi notado de milho, óleo de soja e óleo de linhaça, não afetou o
que nesta espécie, os níveis de DHA eram mais altos crescimento, embora a composição dos ácidos graxos
no músculo do que nos tecidos da cavidade orbital. corporais tenha sido alterada, observando-se maiores
No período da seca, os conteúdos de EPA e DHA foram teores de ácidos graxos da série n-6 nos peixes alimen-
mais altos nos músculos de matrinxã selvagens quando tados com as dietas contendo óleos de soja ou milho;
comparado aos cultivados, fato que pode ser explica- enquanto que o óleo de linhaça proporcionou aumen-
do pela ingestão principalmente de insetos, pequenos to de PUFA n-3 na carcaça e HUFA n-3 na fração polar
peixes e crustáceos, fontes naturais de PUFA (Almeida dos lipídios do fígado (Martino et al., 2002a). Da mes-
e Franco, 2007; Almeida et al., 2009). Da mesma forma, ma forma, lambaris alimentados com dietas contendo
pintados (Pseudoplatystoma corruscans) e pacus (Piaractus 6% de três fontes de óleos (resíduo de salmão, resíduo
mesopotamicus) de criação apresentaram menores teo- de tilápia e soja) não apresentaram diferenças no de-
res musculares de PUFA n-3 (129 mg g-1 e 106 mg g-1, sempenho zootécnico. No entanto, ao acompanhar o
respectivamente) comparativamente aos seus níveis desempenho reprodutivo dos peixes alimentados com
correspondentes nos peixes selvagens (224,9 mg g-1 e estas dietas, foram obtidos ovos e larvas maiores e taxas
485,1 mg g-1, respectivamente) (Tanamati et al., 2009). de fertilização superiores na progênie, com dietas con-
Variações no perfil de ácidos graxos dos tecidos tendo óleo de salmão (Gonçalves, 2010), fato que vem
dos peixes também podem ocorrer durante o ano. Esse sendo comprovado para outras espécies, ou seja, au-
fato foi observado nos músculos de tucunaré selvagens mento da fecundidade, quantidade de ovos, fertilização
(Cichla spp.) capturados em lagos da Bacia Amazônica, e sucesso da taxa de eclosão estão relacionados a maio-
sendo que as maiores concentrações de PUFA estive- res concentrações de ácidos graxos da série n-3 na dieta
ram presentes na estação das cheias do que na estação das matrizes (Izquierdo et al., 2001; Sargent et al., 2002).
seca, mas com predominância de ácidos graxos da série Em especial para reprodutores de jundiá, concen-
n-6, sobre a série n-3, independentemente da estação trações maiores do ácido araquidônico foram encon-
(Inhamuns et al., 2009). Em sete espécies de peixes Si- tradas em ovários de fêmeas imaturas ou em matura-
luriformes do pantanal brasileiro, a composição de áci- ção, sendo que sua proporção diminuiu ao longo do
dos graxos dos lipídios musculares mostrou-se variável processo de maturação. No entanto, os níveis de DHA
(Ramos Filho et al., 2010), porém mantendo a tendência e EPA aumentaram durante a maturação, ocasionando
observada para peixes de água doce tropicais, ou seja, aumentos nas relações EPA:AA e DHA:AA, quando a gô-
elevados teores de ácidos graxos saturados (35 a 40% nada atingiu o estádio maturo. Essa constatação sugere
do total de ácidos graxos) e monoinsaturados (27 a 43% que o AA (início da maturação), HUFA n-3 (final da matu-
do total de ácidos graxos). O conteúdo de PUFA também ração) e suas relações, são fundamentais na maturação
variou muito (9 a 26% do total de ácidos graxos), com do ovário de reprodutores de jundiá, indicando a neces-
predominância de PUFA da série n-6, principalmente LA, sidade de incluir fontes lipídicas que contenham HUFA
LIPÍDIOS 89

das duas séries na dieta de reprodutores desta espécie melhora no crescimento quando houve aumento do ní-
(Vargas, 2011). vel de lipídios da dieta de 12 para 24%, independente
do nível de proteína ser 30, 42 ou 52% (Beamish e Me-
dland, 1986). Ainda mais extremas são as dietas de alta
densidade energética formuladas para o crescimento
NÍVEIS ÓTIMOS DE LIPÍDIOS EM DIETAS do salmão-do-Atlântico, que podem conter até 40% de
lipídios (Hemre e Sandnes, 1999).
PARA PEIXES Para os peixes de água doce criados no Brasil,
os estudos concentram-se principalmente em avaliar
Proteínas, carboidratos e lipídios são combustíveis fontes e níveis de lipídios na dieta visando melhorar o
metabólicos que podem ser utilizados para a obtenção crescimento e/ou substituição de óleos de peixes por
de energia. Entretanto, os lipídios possuem elevado va- óleos vegetais ou gordura animal. Diferentes níveis de
lor calórico, liberando energia disponível para os peixes adição de lipídios na dieta (6, 10, 14 e 18%) para o pin-
a aproximadamente 38,5 kJ g-1, enquanto proteínas (23,6 tado afetaram o crescimento e indicaram que o melhor
kJ g-1) e carboidratos (17,3 kJ g-1) possuem menor den- desempenho nutricional foi obtido com 18% de lipídios
sidade energética (Glencross, 2009). Por este motivo, os (Martino et al., 2002b). Em estudo com juvenis de ou-
lipídios são o nutriente mais eficiente para a obtenção tra espécie de cachara (Pseudoplatystoma fasciatum)
de energia (Bureau et al., 2002). Nos peixes, e particular- avaliou-se o efeito da adição (14% da dieta) de diferen-
mente nos carnívoros marinhos, os lipídios constituem tes fontes lipídicas (ésteres de ácido oleico e linoleico,
a principal fonte de energia, seguidos pelas proteínas, mistura de óleo de oliva e linhaça, lecitina de soja e óleo
pois a capacidade de utilizar carboidratos para obten- de fígado de bacalhau) sobre o crescimento e composi-
ção de energia é muito limitada (Smith, 1989). Por outro ção corporal (Arslan et al., 2008). A substituição de óleo
lado, espécies herbívoras e/ou onívoras, como a carpa de peixe (bacalhau) por óleos de soja e de oliva não
e a tilápia-do-Nilo, consomem alimentos com polissa- causou efeito negativo sobre o desempenho, porém o
carídeos complexos que podem ser digeridos, graças melhor crescimento foi alcançado pela adição de leci-
a uma flora especializada presente nos seus intestinos tina de soja na dieta. Os trabalhos com os peixes des-
(Watanabe, 1982; Smith, 1989). te gênero (Pseudoplatysoma) sugerem que eles têm a
O nível ótimo de lipídios na dieta de uma determi- habilidade de alongar e dessaturar ácidos graxos de 18
nada espécie de peixe varia em função de fatores como carbonos (n-3 e n-6) para seus respectivos ácidos gra-
o ambiente de ocorrência natural da espécie (marinho xos de longa cadeia e alta insaturação, como o 22:6 n-3
ou água doce), hábito alimentar (carnívoro ou onívoro/ e 20:4 n-6 (Martino et al., 2002a,b; Arslan et al., 2008).
herbívoro), temperatura (águas frias ou tropicais) e fase O jundiá apresentou melhor rendimento de carcaça e
de desenvolvimento (larvas, juvenis, adultos ou repro- menor acúmulo de gordura corporal, quando alimenta-
dutores). Devido às interações entre o metabolismo de do com dietas contendo apenas 5% de adição de óleos
lipídios, carboidratos e proteínas, o nível ótimo de lipí- vegetais, ou banha suína (Melo et al., 2003). Em estu-
dio varia também em função da quantidade de proteína do de substituição do óleo de peixe por óleo vegetais
e, dependendo da espécie, da quantidade de carboidra- em dietas para a mesma espécie, foi verificado que a
tos na dieta. Apesar disso, de modo geral, considera-se composição final do perfil de ácidos graxos do músculo
que dietas contendo entre 10 e 20% de peso seco na refletiu a composição das dietas. Os peixes alimenta-
forma de lipídios promovam uso eficiente da proteína dos com dietas contendo óleo de linhaça e/ou óleo de
para crescimento, sem acúmulo excessivo de gordu- peixe apresentaram a relação n-3:n-6 superior ao míni-
ra nos tecidos (Cowey e Sargent, 1979; Sargent et al., mo recomendado pela organização mundial da saúde.
1989). É importante frisar que esta generalização é bas- Além disso, a capacidade de dessaturação e elongação
tante ampla, e que, em algumas situações, o nível ótimo também foi evidenciada pela presença de ácidos gra-
de lipídio pode encontrar-se fora desta faixa. xos altamente insaturados na composição corporal dos
A variação entre 3 e 18% do nível de lipídios em peixes alimentados com as rações que continham óleos
dietas isoenergéticas e isoproteicas para juvenis do bi- vegetais (Vargas et al., 2008).
jupirá (Rachycentron canadum) resultou em 5,7% como
nível ótimo de inclusão lipídica, baseado nos resultados
de crescimento (Chou et al., 2001). Para juvenis de outra
espécie marinha, o garoupa-do-Malabar (Epinephelus
malabaricus), o nível de lipídios na dieta considerado EXIGÊNCIA NUTRICIONAL DE FOSFOLIPÍDIOS
como ótimo (4%) é ainda mais baixo (Lin e Shiau, 2003). PARA LARVAS E JUVENIS DE PEIXES
No outro extremo, estão algumas espécies de salmoní-
deos, cujos melhores resultados de crescimento são
obtidos com dietas contendo elevadas proporções É um fato conhecido há muito tempo que larvas e
de lipídios. Por exemplo, a truta arco-íris apresentou juvenis de algumas espécies de peixes, tanto marinhas
90 NUTRIAQUA

quanto de água doce, possuem capacidade limitada de é apropriada, uma vez que diferenças nas preparações
síntese de fosfolipídios de novo (Coutteau et al., 1997). testadas, no tamanho inicial das larvas e na duração dos
Provavelmente, isto é reflexo da abundância de fosfoli- experimentos nem sempre são consideradas (Tocher
pídios na dieta natural das larvas de peixes, que os rece- et al., 2008). Entre os fosfolipídios, a fosfatidilcolina é a
bem através do vitelo durante a alimentação endógena classe mais abundante e por isso tem grande influên-
e através de suas presas durante a alimentação exóge- cia sobre o crescimento e sobrevivência na larvicultura
na. As larvas são bastante sensíveis a deficiências de (Kanazawa, 1993; Hadas et al., 2003; Tocher et al., 2008).
fosfolipídios na dieta e exigem níveis mais elevados que Entretanto, melhoras no crescimento e sobrevivência
os juvenis (Coutteau et al., 1997; Tocher et al., 2008). Em das larvas também foram obtidas com a inclusão de ou-
situações de cultivo, a inclusão de fosfolipídios intactos tras classes de fosfolipídios na dieta, como por exemplo,
na dieta melhorou o desempenho de várias espécies de o fosfatidilinositol (Cahu et al., 2003). De modo geral,
peixes, entre elas da truta, do salmão e da carpa (Poston, a exigência por fosfolipídios para larvas e juvenis de
1990a; Poston, 1990b; Geurden et al., 1995a), além de peixes está entre 20 a 120 g kg-1 do peso seco da dieta
aumentar a sobrevivência das larvas e juvenis e provo- (Tabela 3). Para a maioria das espécies investigadas, a
car menor incidência de malformação e deformidades exigência por fosfolipídios e ácidos graxos essenciais na
esqueléticas nas larvas. fase larval é maior do que a de juvenis e adultos.
A comparação entre exigências nutricionais de di-
ferentes larvas de peixes por fosfolipídios nem sempre

Tabela 3. Exigência nutricional por fosfolipídios de larvas e juvenis de algumas espécies de peixe.

Fase de
Espécie Exigência nutricional Duração do experimento Referência
desenvolvimento

g kg-1 peso seco dieta

larva 30 20 dias
‘Ayu’ Kanazawa et al. (1981)
Plecoglossus altivelis altivelis
juvenil 30 33 dias

larva 70 30 dias
Linguado Japonês
Kanazawa (1993)
Paralichthys olivaceus
juvenil 70 30 dias

larva 120 40 dias Cahu et al. (2003)


Robalo europeu
Dicentrarchus labrax
juvenil 30 40 dias Geurden et al. (1995b)

‘Red sea bream’


larva 50 20 dias Kanazawa et al. (1983)
Pagrus major

Carpa comum
larva 20 25 dias Geurden et al. (1995a)
Cyprinus carpio carpio

Truta arco-íris
juvenil 40 20 semanas Poston (1990a)
Oncorhynchus mykiss

Salmão-do-Atlântico
juvenil 40 12 semanas Poston (1990b)
Salmo salar

ácidos graxos essenciais (Tocher et al., 2006; NRC, 2011).


EXIGÊNCIA NUTRICIONAL DE ÁCIDOS GRAXOS Entretanto, a eficiência em que os precursores LNA e LA
ESSENCIAIS PARA PEIXES são convertidos em AA, e EPA e DHA, respectivamente,
varia muito entre as espécies (Glencross, 2009) e pode
ser regulada pela qualidade dos lipídios disponíveis na
Todos os organismos vivos possuem a habilidade dieta natural (Tocher et al., 2001; 2002; 2004; Zheng et al.,
de sintetizar ácidos graxos de novo, como os saturados 2004; Francis et al., 2009), com a temperatura (Torrengo
16:0 e 18:0, através da adição ou retirada de duas uni- e Brenner, 1976; Sellner et al., 1982) e salinidade (Sarker
dades de carbono, e posteriormente produzir os áci- et al., 2011; Fonseca-Madrigal et al., 2012) do ambiente.
dos graxos monoinsaturados 16:1 n-7 e 18:1 n-9 (Rawn, Os metabólitos do LA e LNA, AA, EPA e DHA, são
1989; Lehninger et al., 1993). Porém, nenhum vertebra- os ácidos graxos precursores das moléculas biologica-
do possui as enzimas Δ12 e Δ15 dessaturases, necessárias mente ativas, necessárias para muitos processos fisioló-
para a síntese dos ácidos graxos LNA (18:2 n-6) e LA gicos, sendo considerados essenciais quando não são
(18:3 n-3) a partir do 18:1 n-9, o que os caracteriza como sintetizados pelo organismo ou quando o seu ácido
LIPÍDIOS 91

graxo C18 homólogo não satisfaz a exigência em ácido de conversão dos baixos níveis de LNA que recebem
graxo essencial (Tocher, 2010). Deficiências dietéticas em sua dieta em EPA e DHA. Mesmo em espécies ma-
de ácidos graxos essenciais podem cessar o crescimen- rinhas com hábito alimentar herbívoro, como a ‘golden
to e aumentar a mortalidade (Glencross, 2009), além de grey mullet’ (Liza aurata), a síntese de HUFA n-3 a
desenvolver patologias como erosão das nadadeiras partir de seu precursor de 18 carbonos é limitada
(principalmente na caudal), palidez e aumento do volu- (Mourente e Tocher, 1993). Por outro lado, na água
me do fígado, miocardite, lordose, redução do potencial doce predominam os ácidos graxos LA e LNA , logo,
reprodutivo e síndrome do choque (NRC, 1993; Sargent a maioria das espécies de águas continentais, incluin-
et al., 2002; Glencross, 2009). do espécies anádromas, como o salmão-do-Atlântico,
No caso dos peixes marinhos, a exigência pelos possuem as enzimas necessárias (∆5 e ∆6 dessaturases
ácidos graxos DHA e EPA já é conhecida há muito tem- e alongase) para a síntese de HUFA de 20 e 22 carbo-
po (Watanabe, 1993) e no final da década de 90, o AA nos a partir de seus precursores PUFA de 18 carbonos
(20:4 n-6) também passou a ser considerado essencial (Sargent et al., 2002).
(Izquierdo et al., 2000; Bell e Sargent, 2003). Por outro As enzimas responsáveis pelo aumento do núme-
lado, alguns peixes de água doce possuem as enzimas ro de carbonos na cadeia (alongases) e por aumentar o
(dessaturases e alongase) responsáveis pela biossín- número de duplas ligações (dessaturases), que atuam
tese de AA, EPA e DHA (Figura 6). Para estas espécies, em substratos da série n-3, também atuam sobre a série
somente os ácidos graxos LA e LNA são considerados n-6, sendo assim possível para estas espécies a produ-
essenciais (Sargent et al., 1989). Esta diferença pode ção de AA a partir de LA (Figura 6) (Buzzi et al., 1996).51
ser facilmente entendida ao compararmos a dieta na- Porém, a afinidade das enzimas, em especial das des-
tural dos peixes marinhos e de água doce, bem como saturases, é maior para ácidos graxos da série n-3. No
o hábito alimentar carnívoro predominante no primei- caso dos peixes marinhos, considera-se que estas en-
ro grupo. Conforme exposto anteriormente, os peixes zimas não estejam presentes e, portanto, estes peixes
marinhos vivem em um ambiente rico em HUFA n-3 e, não possuem a capacidade para realizar as conversões
portanto, perderam ou possuem capacidade limitada envolvidas nesta via metabólica (Sargent et al., 1989).

Figura 6. Esquerda: via metabólica de síntese dos ácidos graxos eicosapentanoico [EPA] (20:5 n-3) e docosaexanoico [DHA] (22:6
n-3) a partir do ácido graxo precursor, linolênico [LNA] (18:3 n-3). Direita: síntese do ácido araquidônico [AA] (20:4 n-6) a partir do
Figura 6. Esquerda: via metabólica de síntese dos ácidos graxos eicosapentanoico [EPA]
precursor linoleico [LA] (18:2 n-6). A dessaturação da cadeia carbônica é realizada pelas enzimas Δ6 dessaturase [Δ6D], Δ5 dessa-
turase [Δ5D], Δ4 dessaturase [Δ4D], enquanto que o alongamento, pela enzima alongase [ALO] e a oxidação, pela enzima beta
(20:5 n-3)[β-oxi].
– oxidação e docosaexanoico [DHA] (22:6 n-3) a partir do ácido graxo precursor, linolênico
[LNA] (C18:3 n-3). Direita: síntese do ácido araquidônico [AA] (20:4 n-6) a partir do
precursor linoleico [LA] (18:2 n-6). A dessaturação da cadeia carbônica é realizada pelas
92 NUTRIAQUA

Estudos recentes com peixes marinhos, que con- esse resultado se deve ao papel crucial do DPA n-6 no
sideraram a expressão das enzimas necessárias para desenvolvimento das larvas de moluscos bivalves, e ain-
a conversão de PUFA de 18 carbonos a HUFA de 20 e da as larvas de algumas espécies de moluscos exigem
22 carbonos, indicam que a situação pode ser um tan- este ácido graxo como substituto ao DHA, ou como um
to mais complexa do que se imaginava anteriormente. ácido graxo essencial per se (Milke et al., 2004; Pernet
Análises com radioisótopos mostraram que células cul- et al., 2005). Não seria algo surpreendente, portanto, se
tivadas do ‘turbot’ têm baixa atividade da enzima alon- estudos futuros apontarem o DPA n-6 como um ácido
gase (que aumenta a cadeia de 18 para 20 carbonos), graxo essencial para algumas espécies de peixes ma-
enquanto a atividade da Δ5 dessaturase (adiciona du- rinhos, pois até a metade da década de 90, o caráter
pla ligações na cadeia) é funcional. Contrastando com essencial do AA para peixes marinhos também não era
o linguado, nas células cultivadas da dourada (Sparus reconhecido.
aurata) as alongases responsáveis pelo aumento do Entre os peixes de água doce, o ´Northern pike´
número de carbonos da cadeia de 18 para 20 e 22 são (Esox lucius) é uma exceção na generalização de que es-
ativas, mas a dessaturase Δ5 não é funcional (Tocher e tes peixes são capazes de converter LNA a EPA e DHA,
Ghioni, 1999). Para outras espécies de peixes marinhos pois não sintetizam eficientemente os HUFAs a partir
ainda não é claro se o problema está relacionado à au- de seus precursores (Henderson et al., 1995). Juvenis
sência ou baixa atividade de alongases e dessaturases. desta espécie são predadores vorazes que consomem
Além disso, não é certo que as observações in vitro se uma dieta baseada em peixes, rica nos ácidos graxos
confirmam in vivo, uma vez que não há certeza de que EPA e DHA, tornando a habilidade de sintetizar HUFA
a via metabólica observada em células cultivadas se n-3 não mandatória para adultos do ´Northern pike´.
dá exatamente da mesma forma nos organismos vivos Durante a fase larval, o ´Northern pike´ de copépodes e
(Tocher, 2003). Em espécies nativas, essa constatação cladóceros e, portanto, as larvas também recebem EPA
foi realizada apenas pela observação das diferenças e DHA de suas presas (Henderson et al., 1995). Posterior-
entre as quantidades de ácidos graxos presentes nas mente, foi observado que juvenis da piranha vermelha
dietas experimentais e posteriormente no músculo dos (Pygocentrus nattereri), que têm a larva de mosquito
peixes, como o pacu e pintado (Tanamati et al., 2009); (Chironomous sp.) como base da dieta, possuem ca-
jundiá (Vargas et al., 2008), matrinxã (Almeida e Franco, pacidade de converter LA a AA, e LNA a EPA e DHA
2007) e lambari (Gonçalves et al., 2012). Há uma lacuna (Henderson et al., 1996). As larvas desse mosquito são
em relação à nutrição lipídica das espécies brasileiras e ricas em LA (31% de total de ácidos graxos), mas rela-
alguns estudos básicos nem se quer começaram a ser tivamente pobres em EPA (5,4%). Baseados nestes
explorados. estudos, Henderson e colaboradores concluíram que,
No futuro há também a possibilidade de novos apesar de ambas as espécies apresentarem hábito ali-
ácidos graxos passarem a ser considerados essenciais. O mentar estritamente carnívoro, diferenças na compo-
ácido docosapentaenoico [DPA] da série n-6 (22:5 n-6), sição dos lipídios da dieta natural do ´Northern pike´
juntamente com o DHA presente na dieta, são seletiva- (dieta rica em HUFA de 20 e 22 carbonos) e da piranha
mente acumulados nos tecidos dos peixes (Parrish et vermelha (rica em PUFA de 18 carbonos) determinam a
al., 2007; Garcia et al., 2008a; Garcia et al., 2008b). Até habilidade ou não destas espécies em sintetizar DHA,
o presente momento, o DPA n-6 não é considerado um EPA e AA a partir de LNA e LA. Apesar de estarmos longe
ácido graxo essencial para peixes marinhos, mas uma de ter um entendimento mais completo sobre o funcio-
atenção especial tem sido tomada em relação às larvas namento do metabolismo de ácidos graxos nos peixes,
de bacalhau e do hadoque (Melanogrammus aeglefinus) há evidencias de que a qualidade dos lipídios disponí-
que acumulam rapidamente todo DPA n-6 proveniente veis na dieta natural, mais do que temperatura ou salini-
da dieta (Garcia et al., 2008a; Garcia et al., 2008b). No dade, é o principal fator que determina a habilidade de
caso do bacalhau, entre o 1° e o 11º dia de vida da larva, uma determinada espécie de sintetizar ou não os ácidos
os níveis corporais deste ácido graxo aumentam cerca graxos DHA, EPA e AA.
de trinta vezes; comparativamente, o aumento dos ní- Mesmo para as espécies mais estudadas, as infor-
veis corporais de AA e DHA, no mesmo período, foi três mações sobre as exigências por ácidos graxos essen-
vezes menor (Parrish et al., 2007). ciais são incompletas. Dois fatores são determinantes
Outras espécies marinhas de águas frias também para esta situação: primeiro a falta de padronização do
acumulam ativamente DPA n-6 em seus lipídios pola- formato utilizado para a determinação das exigências,
res, como as larvas dos bivalves Placopecten maximus pois são encontradas na literatura tanto resultados ex-
(Delaunay et al., 1993), Placopecten magellenicus (Feindel, pressos como percentual do peso seco da dieta (ou con-
2000) e Argopecten purpuratus (Farias et al., 2003). Além centração total de um ácido graxo) quanto como percen-
disso, altas mortalidades e baixo crescimento das larvas tual do total de ácidos graxos. E o segundo complicador
de P. maximus foram associados a baixas concentrações é o fato da exigência por um determinado ácido graxo
de DPA n-6 na dieta (Pernet et al., 2005), provavelmente, essencial ser diretamente influenciada pela proporção
LIPÍDIOS 93

entre este ácido graxo e os demais ácidos graxos pre- graxos presentes na dieta (Glencross, 2009). De qualquer
sentes na dieta (Glencross et al., 2002; Glencross, 2009). forma, quando consideramos os resultados expressos
Até o momento, poucos estudos consideraram os efei- como concentração total do ácido graxo na dieta, os
tos da proporção entre diferentes ácidos graxos, mas há peixes de água doce exigem tanto LA quanto LNA em
evidências suficientes de que a determinação da exi- valores entre 5 e 20 g kg-1 peso seco da dieta (Tabela 4).
gência por um determinado ácido graxo essencial deve Exceção conhecida é a ‘redbelly tilapia’ (Tilapia zillii) que
considerar a proporção entre este e os demais ácidos tem exigência apenas por LA (Kanazawa et al., 1980).

Tabela 4. Exigência nutricional de ácidos graxos essenciais de algumas espécies de peixe de água doce.

Exigência nutricional
Referência
Espécies continentais
LA LNA
(18:2 n-6) (18:3 n-3)
--------------g kg-1 peso seco dieta--------------
Perca prateada
27 ND1 Glencross (2009)
Bidyanus bidyanus
Carpa comum
10 10 Takeuchi e Watanabe (1977)
Cyprinus carpio carpio
Carpa capim
10 05 Takeuchi et al. (1991)
Ctenopharyngodon idella
Tilápia-do-Nilo
10 10 Rodriguez et al. (2009)
Oreochromis niloticus
Tilápia
10 0 Kanazawa et al. (1980)
Tilapia zillii
Bagre do canal
ND 10-20 Satoh et al. (1989)
Ictalurus punctatus
1
ND (informação não disponível), ácido graxo não foi testado, ou a sua concentração não foi informada.

Para os peixes marinhos, a maioria dos resultados como o ‘turbot’ (Castell et al., 1994) e a dourada (Koven
publicados foi gerada em estudos sem clara distinção en- et al., 2001, 2003), e para outras espécies de linguados
tre EPA e DHA, sendo, portanto, definida a exigência por (Copeman et al., 2002; Villalta et al., 2008). Entretanto,
HUFA n-3. Neste caso, a exigência dos peixes marinhos a única espécie de peixe que teve uma concentração
varia entre 5 e 25 g kg-1 peso seco da dieta (Tabela 5). Até de AA sugerida como mínimo necessário foi o ‘turbot’
o presente, o caráter essencial do AA foi demonstrado (Castell et al., 1994).
para algumas espécies de peixes marinhos importantes,

Tabela 5. Exigência nutricional por ácidos graxos essenciais de algumas espécies de peixes marinhos.

Exigência nutricional
Espécies marinhas Referência
AA EPA DHA
(20:4 n-6) (20:5 n-3) (22:6 n-3) HUFA n-3
----------------------------------g kg-1 peso seco dieta-------------------------------
‘Red sea bream’
ND1 10 5 15 Takeuchi et al. (1992)
Pagrus major
Dourada
ND 5 5 9 Kalogeropoulos et al. (1992)
Sparus aurata
Dourada
ND 12 6 18 Ibeas et al. (1994)
Sparus aurata
Dourada
ND 5 5 10 Ibeas et al. (1996)
Sparus aurata
‘Turbot’
3 ND ND 35 Castell et al. (1994)
Scophthalmus maximus
Linguado Japonês
ND ND ND 14 Takeuchi (1997)
Paralichys olivaceus
Olhete/ Arabaiana
ND ND ND 20 Deshimaru et al. (1982)
Seriola sp.
‘Red drum’
ND 5 5 10 Lochmann e Gatlin (1993)
Sciaenops ocellatus
Garoupa
ND 2 2 4 Lin e Shiau (2007)
Epinephelus sp.
1
ND (informação não disponível), ácido graxo não foi testado, ou a sua concentração não foi informada.
94 NUTRIAQUA

Os peixes diádromos, que se movem entre am- (Hardy, 2002). Diferente de muitas espécies marinhas,
bientes de diferentes salinidades (água doce e água a truta arco-íris tem habilidade de produzir EPA e DHA
marinha), são de particular interesse não só por sua im- a partir do LNA. Entretanto, para muitos salmonídeos,
portância na piscicultura (liderados pelo cultivo do sal- dietas contendo níveis de LA acima de 10 g kg-1 afetam
mão), mas também pelas supostas diferenças entre as negativamente o crescimento (Watanabe, 1982). Já
espécies continentais e marinhas em sua habilidade de para os robalos europeu e asiático e para o ‘milkfish’, são
sintetizar HUFA n-3 e n-6, a partir de precursores de 18 conhecidas as exigências por EPA e DHA (Tabela 6). Para
carbonos. Entretanto, aqui também não há um consen- juvenis do salmão-do-Atlântico, foi demonstrado que
so sobre as exigências em ácidos graxos essenciais de os ácidos graxos LNA, EPA e DHA têm efeito positivo so-
espécies importantes, como o salmão-do-Atlântico, o bre o crescimento inicial dos juvenis, enquanto LA não
robalo asiático, ou mesmo da truta arco-íris (Glencross, tem caráter essencial (Ruyter et al., 2000). Estudos sobre
2009). A exigência nutricional por HUFA n-3 dos sal- exigências quantitativas de ácidos graxos essenciais das
monídeos varia entre 10 e 25 g kg-1 peso seco da dieta, espécies de peixes de água doce do Brasil são escassos.
dependendo da espécie, da fase de desenvolvimento e Destaca-se estudo com o jundiá cuja exigência dietética
das condições experimentais (Watanabe, 1982). A truta em ácidos graxos essenciais parece estar abaixo de 4 g
arco-íris, por exemplo, exige um mínimo entre 5 e 10 g kg-1 para o 18:3 n-3 e de 10 g kg-1 para 18:2 n-6, quando
kg-1 peso seco da dieta na forma de LNA, dependendo da alimentado com dietas ricas em ácidos graxos monoin-
fase de desenvolvimento e do nível de lipídios da dieta saturados (Vargas, 2011).

Tabela 6. Exigência nutricional por ácidos graxos essenciais de algumas espécies de peixes diádromos.

Ácido graxo
Espécies diádromas Referência
LA LNA AA EPA DHA HUFA
(18:2 n-6) (18:3 n-3) (20:4 n-6) (20:5 n-3) (22:6 n-3) n-3

----------------------------------------g Kg-1 peso seco dieta----------------------------------------

‘Milkfish’
5 5 ND ND ND ND Bautista e de La Cruz (1988)
Chanos chanos

‘Milkfish’
ND1 ND ND 5 5 10 Borlongan (1992)
Chanos chanos

Robalo Europeu
ND ND ND 2 5 7 Skalli e Robin (2004)
Dicentrarchus labrax

Robalo Asiático
ND ND ND 7,5 7,5 15 Buranapanidgit et al. (1988)
Lates calcarifer

Salmão-do-Atlântico
ND 10 ND ND ND 5-10 Sargent et al. (2002)
Salmo salar

Truta arco-íris
ND ND ND ND ND 4-5 Takeuchi e Watanabe (1976)
Onchorhynchus mykiss

Truta arco-íris
0 10 0 0 0 0 Watanabe e Takeuchi (1976)
Onchorhynchus mykiss

1
ND (informação não disponível), ácido graxo não foi testado, ou a sua concentração não foi informada.

Dietas contendo LNA ou uma combinação de EPA e 1980. Mais uma vez, o fato das dietas modernas para
e DHA em excesso (concentrações de 20 g kg-1 peso seco o salmão possuírem elevados teores de PUFA n-3 e ain-
dieta) afetam negativamente o crescimento de juvenis da assim promoverem bom crescimento indica o pouco
de salmão-do-Atlântico (Ruyter et al., 2000). Também foi que se sabe sobre o papel dos ácidos graxos na nutrição
demonstrado que juvenis desta espécie crescem bem das principais espécies de peixes cultivadas no mundo.
quando alimentados com dietas contendo baixos níveis As exigências nutricionais do salmão-do-Atlântico, ex-
de HUFA n-3, desde que os níveis de LNA da dieta sejam pressas como concentração total da dieta, precisam ser
adequados (Menoyo et al., 2007). É interessante notar revisadas, ou a proporção dos ácidos n-3 no total de li-
que as dietas utilizadas atualmente na indústria do sal- pídios tem um papel mais importante que o nosso atu-
mão são dietas de alta densidade energética, contendo al entendimento (Glencross, 2009). A definição precisa
teores de lipídios (em média 20% da dieta) que são pra- das exigências de ácidos graxos essenciais para uma
ticamente o dobro dos níveis utilizados nos anos 1970 determinada espécie de peixe não envolve somente a
LIPÍDIOS 95

determinação de PUFA específicos, mas também o óti- Arslan, M.; J. Richard, K. Dabrowski, and M.C. Portella. 2008.
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6

Carboidratos e Fibra

D ÉBORA M ACHADO F RACALOSSI


A NA P AULA O EDA R ODRIGUES
M ARIA DO C ARMO G OMINHO -R OSA

(amido) e polissacarídeos estruturais ou não amiláceos


INTRODUÇÃO [NSPs] (do inglês, ‘non-starch polysacharides’) (Voet e
Voet, 2006). Os NSPs são polímeros de pentoses (arabi-
Embora nenhuma exigência em carboidratos te-
nose e xilose) e hexoses (glicose, frutose e galactose),
nha sido demonstrada em peixes, sua ausência na dieta
unidades básicas que se combinam dando origem a
leva ao catabolismo de proteínas e lipídios para a sín-
tese de energia. Dessa forma, a inclusão adequada de dois grupos principais: E-glicanos e heteroglicanos
carboidrato na dieta pode prevenir o uso da proteína (Arruda et al., 2003). A celulose está no primeiro grupo,
para gerar energia e minimizir a emissão de compostos formando a fração insolúvel; as pectinas e as hemicelu-
nitrogenados na água. loses estão no segundo grupo e formam a fração solúvel
Os ingredientes de origem vegetal, ricos em car- em água. Estes carboidratos, juntamente com a lignina
boidratos, apresentam grande potencial de utilização (polímero aromático de ésteres fenólicos), constituem
em dietas para peixes, visto sua alta disponibilidade as principais frações da ‘fibra’. De acordo com resolu-
como produto e subproduto da agroindústria, e con- ção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Brasil,
sequente baixo custo. Porém, ingredientes vegetais 2003), fibra alimentar é definida como qualquer mate-
contêm uma alta proporção de amido e fibras, além de
rial comestível que não seja hidrolisado pelas enzimas
fatores antinutricionais que podem provocar efeitos ad-
endógenas do trato digestório humano. Os NSPs serão
versos sobre o valor nutricional e palatabilidade (Tripathy
e Mishra, 2007), como também uma baixa digestibili- discutidos com mais detalhe no item Fibra Alimentar.
dade da dieta (Drew et al., 2007) e de macronutrientes Já o amido, que constitui a principal reserva de energia
(Glencross et al., 2003). Amido e polissacarídeos estru- dos vegetais, é um homopolissacarídeo de alto peso
turais ou não amiláceos [NSPs] são os grupos predomi- molecular, sendo armazenado no citoplasma celular na
nantes de carboidratos presentes em ingredientes ve- forma de grânulos densos, quase cristalinos e insolúveis
getais usados na produção de rações para aquicultura. em água (French, 1984). É composto por duas macro-
Neste capítulo, serão detalhados os tipos de car- moléculas: a amilose e a amilopectina, que são, respec-
boidratos normalmente presentes em dietas para pei- tivamente, polímeros lineares e ramificados de glicose
xes, bem como a sua diferenciada utilização como fonte com ligações α-glucosídicas (Figura 1) (French, 1984;
energética ou como matéria indigestível.
Voet e Voet, 2006). Amilose é uma longa molécula linear
de unidades de D-D-glicose unidas por ligações D-1,4,
formando uma estrutura helicoidal. Já a amilopectina
CARACTERIZAÇÃO DOS CARBOIDRATOS NOS é uma molécula altamente ramificada, consistindo de
INGREDIENTES DE ORIGEM VEGETAL um polímero de unidades de glicose com ligações D-1,4
e com ligações D-1,6 nos pontos de ramificação, que
Os carboidratos vegetais são classificados geral- ocorrem entre cada 24 e 30 unidades de glicose (Lovell,
mente em duas categorias: polissacarídeos de reserva 1998; Voet e Voet, 2006).

101
102 NUTRIAQUA

Figura 1. Amilose e a amilopectina

O amido é estocado na forma de grânulos, com o amido de mandioca um exemplo típico. Grânulos de
proporções variáveis de amilose e amilopectina (20-30% amido do tipo B e C são mais resistentes à hidrólise en-
amilose e 70-80% amilopectina) (Gallant et al., 1992). Os zimática do que os do tipo A (Gallant et al., 1992), uma
grânulos de amido são diferentes em relação à morfo- vez que as taxas de hidrólise enzimática são mais baixas
logia e à solubilidade entre as espécies vegetais (Lovell, para grânulos de amido maiores, ou seja, com menor
1998). Os grânulos de amido de cereais são pequenos, área superficial específica (Tatsumi et al., 2007).
medem até 40 mm; os de tuberosas – tais como a batata Segundo Bach Knudsen (1997, 2001), o amido é
– são maiores que 100 mm e possuem um resistente en- o principal macronutriente presente em grãos de ce-
velope externo (Bergot, 1993). Entretanto, grânulos de reais, cuja digestibilidade para animais pode ser alta-
amido da mandioca e batata doce apresentam tamanho mente variável. Esta variação ocorre devido a diferen-
médio similar, próximo de 15 mm (Peroni et al., 2006). Os ças na estrutura das paredes celulares que envolvem
grânulos de amido apresentam uma organização cris- o amido, na estrutura dos grânulos, nas proporções
talina, sendo classificados como do tipo A para cereais, de amilose e amilopectina e à presença e atividades
do tipo B para tuberosas e tipo C para leguminosas, mas de inibidores de amilase, mais do que a diferenças na
várias exceções são conhecidas, as quais podem ser ex- viscosidade da digesta ou atividade de fermentação.
plicadas pela morfologia do grânulo ou pela fisiologia A Tabela 1 sumariza a composição química, valores
do órgão no qual o grânulo é sintetizado (Gallant et al., energéticos e área superficial específica dos grânulos
1992). Segundo Mestres (1996), o tipo C apresenta ca- de amido de algumas fontes de carboidrato utlizadas
racterísticas de A e B, com predominância de A, sendo em rações para peixes.
CARBOIDRATOS E FIBRA 103

Tabela 1. Composição química, valores energéticos e área superficial específica dos grânulos de amido de algumas fontes de
carboidrato (Fonte: Rostagno et al., 2005).

Fontes de carboidrato
Nutriente
Quirera de arroz Milho moído Farelo de trigo Fécula de mandioca
--------------------------------------------------------------(%)--------------------------------------------------------
Matéria seca 88,04 87,11 88,00 86,543
Proteína bruta 8,47 8,26 15,52 0,613
Extrato etéreo 1,22 3,61 3,46 0,083
Amido 74,45 62,48 31,35 85,793
1 1 1
Amilose 20,00 28,00 26,00 16,002
Fibra bruta 0,55 1,73 9,66 -
Fibra em detergente neutro 4,28 11,75 40,59 -
Fibra em detergente ácido 7,43 3,54 13,85 -
Extrativo não nitrogenado 76,83 72,24 54,56 -
Cinzas 0,97 1,27 4,79 0,063
Energia bruta (kcal kg-1) 3846 3925 3919 34713
Área superficial específica dos grânulos de amido
8,3 3,3 2,9 2,9
[área (10-3 cm2 g-1)-1] 4

1
International Starch Institute (2008) e Sagum e Arcot (2000).
2
Schmitz et al. (2006).
3
Laboratório de Nutrição de Espécies Aquícolas (LABNUTRI), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
4
Tatsumi et al. (2007).

energia de modo mais eficiente e preferencialmente à


OS CARBOIDRATOS NA NUTRIÇÃO DE PEIXES glicose, somente a quantidade de proteína suficiente
para suprir as exigências metabólicas deve ser forneci-
Peixes não apresentam exigência nutricional para da em uma dieta a fim de obter o efeito poupador de
carboidratos, mas este nutriente é frequentemente proteína usando carboidratos (Lovell, 1998).
utilizado como fonte de energia. Vários estudos de- Alguns estudos relataram melhor utilização de
monstraram o efeito poupador de proteína, quando alimento e retenção de proteína em truta arco-íris (On-
carboidratos são utilizados em dietas de peixes (Buhler corhynchus mykiss), salmão-do-Atlântico (Salmo salar),
e Halver, 1961; Hidalgo et al., 1993; Shiau e Peng, 1993; enguia europeia (Anguilla anguilla) e carpas indianas
Erfanulah e Jafri, 1995; Shiau, 1997; Stone et al., 2003a; (Catla catla, Labeo rohita, Cirrhinus cirrhosus) alimenta-
Mohanta et al., 2007). dos com baixos níveis de carboidratos quando compa-
O fornecimento adequado de carboidratos na rados com dietas sem carboidratos (Bergot, 1979; Degani e
dieta é importante porque reduz o catabolismo de pro- Viola, 1987; Hemre et al. 1995; Erfanullah e Jafri, 1998),
teínas, para energia e gliconeogênese, o qual diminui a enquanto taxas reduzidas de crescimento foram ob-
retenção de proteína e aumenta a excreção de amônia servadas em tilápias-do-Nilo (Oreochromis niloticus)
para o ambiente (Cowey e Walton, 1989; Wilson, 1994). (Anderson et al., 1984). Por outro lado, o carboidrato
Depois da ingestão de carboidratos, o nível de glicose pode ser adicionado à dieta em quantidade excessiva
sanguínea em peixes aumenta rapidamente e perma- àquela eficientemente utilizada como energia (Krogdahl
nece elevado durante várias horas (Bergot, 1979; Wilson et al., 2005), o que pode resultar em maior deposição de
e Poe, 1987; Hemre et al., 1996; Gouveia e Davies, 2004). gordura corporal, além de baixa utilização dos outros
O carboidrato absorvido, primariamente como glicose, nutrientes devido à diminuição do consumo da dieta
pode ser (a) uma fonte imediata de energia, (b) estoca- (NRC, 2011; Hemre et al., 2002).
do como reserva de energia na forma de glicogênio, (c) Hilton et al. (1987) diferenciaram um nível tolerá-
utilizado para a síntese de outros compostos tais como vel de um nível ótimo de carboidratos em dietas para
triacilgliceróis e aminoácidos não essenciais ou (d) ex- peixes, definindo o primeiro como aquele que não pre-
cretado (Deng et al., 2001). Aminoácidos não são esto- judica o crescimento ou que não resulta em aumento
cados tais como carboidratos e lipídios, portanto, em de mortalidade, enquanto o segundo, como aquele
excesso, podem ser deaminados e os resíduos de car- que resulta em glicose sendo totalmente oxidada para
bono oxidados ou convertidos em lipídios, carboidratos produzir energia e, assim, poupar proteína. Portanto,
ou outros compostos (Lovell, 1998). Uma vez que os pei- carboidratos promovem crescimento quando man-
xes catabolizam aminoácidos deaminados para fornecer tidos dentro de limites que suportam a necessidade
104 NUTRIAQUA

metabólica (atividade gliconeogênica reduzida) e não simples pela maioria dos peixes. Juvenis de tilápia híbri-
resultam em intolerância (Hemre et al., 2002). da alimentados com dietas isoprotéicas e isolipídicas,
Os principais fatores que afetam a digestibilidade contendo 44% de glicose, maltose, lactose, sucrose ou
do amido em peixes são origem (espécie vegetal), es- amido, utilizaram menos os mono e dissacarídeos em
tado físico (ou seja, grau de gelatinização ou complexi- comparação com o amido (Shiau e Chuang, 1995). Re-
dade, ou ainda, peso molecular) e níveis de inclusão na sultados similares foram encontrados por Tung e Shiau
dieta (Wilson, 1994; Stone, 2003). O grau de influência (1991), Shiau e Lin (1993), Shiau e Chen (1993), Shiau
destes fatores sobre a digestibilidade em uma dada es- e Liang (1995) e Lin et al. (1997), que observaram me-
pécie de peixe está diretamente relacionado com a ati- lhor crescimento para a tilápia híbrida alimentada com
vidade de enzimas digestivas endógenas (Stone, 2003). amido gelatinizado comparado à glicose ou outros mo-
Há variação na digestibilidade da energia e da
nossacarídeos. Similarmente, o bagre do canal (Ictalurus
matéria seca em relação a diferentes origens de amido
punctatus) apresentou melhor crescimento quando
– trigo, milho e batata – para a perca prateada (Bidyanus
alimentado com dietas contendo dextrina ou amido de
bidyanus) (Stone et al., 2003b). As características físicas
milho do que carboidratos de baixo peso molecular,
dos grânulos de amido são fatores limitantes à digestibi-
tais como glicose, maltose, frutose ou sucrose (Wilson
lidade, sendo que a menor relação superfície:volume dos
e Poe, 1987). Em pacu alimentado com diferentes fon-
grânulos de batata pode ter influenciado diretamente
sua suscetibilidade ao ataque enzimático, o que resultou tes de carboidratos, houve baixo aproveitamento de
em mais baixas digestibilidades (Stone et al., 2003b). fontes parcialmente hidrolisadas e de açúcares mais
O tratamento pelo calor modifica a composição simples, como a dextrina e a glicose, em comparação
e disponibilidade de nutrientes e outros componentes a fontes complexas tais como fécula de mandioca pré-
na matéria-prima pela gelatinização do amido, desna- -gelatinizada e modificada (Muñoz-Ramirez, 2005).
turação de proteínas e inativação de fatores anti-nutri- Provavelmente a rápida absorção de glicose pode ter
cionais (Alonso et al., 2000). No processo de extrusão, a disponibilizado energia em quantidade suficiente, fa-
combinação de umidade, pressão, temperatura e corte zendo com que os peixes atingissem rapidamente o
mecânico resulta nestas mudanças físicas e químicas ponto de saciedade.
(Cheng e Hardy, 2003). Especificamente, o cozimento A tendência da digestibilidade do amido e/ou da
durante a extrusão modifica todos os níveis estruturais energia em diminuir com o aumento dos níveis de inclu-
do amido: a estrutura granular desaparece, os cristais se são na dieta foi relatada para os carnívoros truta arco-íris
dissolvem e as macromoléculas despolimerizam (Barron (Bergot e Breque, 1983; Brauge et al., 1994), bacalhau
et al., 2001). Portanto, a extrusão é um método efetivo (Gadus morhua) (Hemre et al., 1989), salmão-do-Atlântico
de processamento pelo qual a estrutura do amido é (Grisdale-Helland e Helland, 1997), ‘halibut’ do Atlântico
modificada (Van Den Einde et al., 2005), o que o torna (Hipoglossus hipoglossus) (Grisdale-Helland e Helland,
mais digestível (Bergot e Breque, 1983; García-Alonso 1998) e dourada (Booth et al., 2006), mas o efeito
et al., 1999). Vários estudos indicaram que a extrusão ou contrário foi observado por Gominho-Rosa (2000) e
a gelatinização do amido proporcionam um aumento Muñoz-Ramirez (2005) para o onívoro-frugívoro pacu.
na digestibilidade aparente do amido e/ou da energia, No ambiente natural aquático, as fontes de car-
tal como observado para a truta arco-íris (Bergot e Brèque,
boidrato são relativamente escassas, por isso os siste-
1983; Kaushik , 1989; Henrichfreise e Pfeffer, 1992; Kim
mas digestório e metabólico dos peixes se adaptaram
e Kaushik, 1992; Bergot, 1993; Brauge et al., 1994;
para utilizar proteína e lipídio como fonte energética
Podoskina et al., 1997), salmão-do-Atlântico (Thodesen
(Walton e Cowey, 1982). Entretanto, algumas espécies
e Storebakken, 1998), robalo europeu (Dicentrarchus labrax)
de peixe utilizam o carboidrato contido no alimento
(Péres e Oliva-Teles, 2002), carpa comum (Cyprinus carpio
mais eficientemente do que outras. Esta é uma ca-
carpio) (Hernández et al., 1994), carpas indianas (Erfanulah
e Jafri, 1998), tilápia híbrida (Oreochromis niloticus x racterística que diferencia hábitos alimentares entre
Oreochromis aureus), carpa capim (Ctenopharyngodon peixes: em geral, as espécies onívoras e herbívoras
idella) (Takeuchi et al., 1994), dourada (Sparus aurata) (Venou utilizam melhor o carboidrato do que as espécies car-
et al., 2003) e perca prateada (Stone et al., 2003b). Ao nívoras (Hemre et al., 1993, 1995; Buddington et al.,
contrário destas espécies, o pacu (Piaractus mesopotamicus) 1997; Jantrarotai et al., 1998). Entre espécies tropicais
apresentou melhor digestibilidade do amido para die- e de águas temperadas, também há diferença na utili-
tas com amido cru quando comparado com o amido zação de carboidratos, sendo as tropicais mais eficien-
gelatinizado (Gominho-Rosa, 2000). tes (Wilson, 1994). As funções digestórias capazes de
Wilson (1994), em revisão sobre a utilização de hidrolisar uma maior variedade de itens alimentares
carboidratos pelos peixes, relatou que fontes comple- contendo carboidratos foram mais desenvolvidas em
xas de carboidratos, como amido cozido e dextrina, peixes herbívoros e onívoros em comparação aos car-
são utilizados mais eficientemente do que açúcares nívoros (Krogdahl et al., 2005).
CARBOIDRATOS E FIBRA 105

Segundo Rust (2002), a digestão de carboidratos


MORFOLOGIA INTESTINAL E DIGESTÃO DE CARBOIDRATOS
em peixes inicia com a hidrólise extracelular de carboi-
As diferenças na capacidade de utilização do car- dratos complexos no estômago, intestino e cecos pi-
boidrato entre as espécies de peixes são reflexos da lóricos – quando presentes – e por uma variedade de
diversidade anatômica e funcional do trato digestório carboidrases ligadas à borda da membrana do intestino
e órgãos associados (Krogdahl et al., 2005). O compri- anterior e dos cecos pilóricos. A enzima D-amilase hi-
mento do intestino repercute de modo importante em drolisa especificamente as ligações glicosídicas D-1-4
aspectos quantitativos da digestão e da absorção de ali- do amido e moléculas similares, resultando em monos-
mento (Hidalgo e Alliot, 1987). De uma maneira geral, sacarídios e cadeias mais curtas de oligossacarídios,
para certo tamanho corporal, o intestino de peixes her- sendo localizada em todo o trato gastrointestinal de vá-
bívoros é mais longo do que o de carnívoros, sendo in- rias espécies (Krogdahl et al., 2005). Entretanto, Moreau
termediário em onívoros (Kramer e Bryant, 1995). O coe- et al. (2001) não encontraram atividade da amilase no
ficiente intestinal, a razão entre o comprimento intestinal estômago das tilápias Oreochromis niloticus e Sarothe-
e o comprimento corporal, é amplamente utilizado para rodon melanotheron, enquanto Jung-Cheng et al. (2006)
classificar espécies em níveis tróficos, mas é insuficiente verificaram a atividade da enzima ao longo do intestino
para predizer o grau de especialização dentro de certo para a tilápia híbrida Oreochromis niloticus x Oreochro-
nível (Albrecht et al., 2001). Assim, é importante comple- mis aureus, mas não pesquisaram a enzima no estôma-
mentar este fator com informações sobre a alimentação go. No jundiá, espécie onívora com tendência à carni-
natural da espécie dentro do ambiente de ocorrência. voria, Melo (2004) encontrou a enzima D-amilase no
Uma explicação funcional para o longo intestino estômago e nos três segmentos do intestino (anterior,
dos peixes herbívoros é que alguns itens da dieta, devido médio e posterior), apresentando a mais alta atividade
a sua composição, são digeridos devagar, exigindo um no intestino anterior.
longo tempo e extensiva exposição (Albrecht et al., 2001) A subsequente hidrólise de oligossacarídios por
à mucosa intestinal para sua digestão. Já os peixes carní- dissacaridases (ou glucosidases), geralmente resul-
voros processam uma dieta altamente digestível e densa ta em unidades de monossacarídios, os quais podem
em nutrientes, rica em proteínas e pobre em carboidra- ser transportados através das vilosidades do intestino
tos (Buddington et al., 1997). Ainda, a mucosa intestinal (Krogdahl et al., 2005). A atividade da maltase, uma
dos peixes carnívoros apresenta um grande desenvolvi- dissacaridase, foi observada na membrana das células
mento, sendo carregada de enzimas proteolíticas adsor- epiteliais colunares do intestino da tilápia-do-Nilo, com
vidas (Kuz’mina, 1978), o que aumenta a sua eficiência atividade mais intensa no terceiro dos cinco segmentos
por área. Desta forma, o intestino de peixes carnívoros intestinais definidos no estudo (Tengjaroenkul et al.,
normalmente é curto (Buddington et al., 1997). 2000). Duas D-glucosidases, tipos I e II, foram isoladas
Coeficientes de digestibilidade aparente [CDA] do intestino da tilápia-do-Nilo, sendo que estas enzimas
do amido do farelo de trigo, farelo de mandioca, mi- utilizam maltose, maltotriose, maltotetrose, maltopen-
lho moído e quirera de arroz foram comparados entre tose e maltohexose como substratos, mas não amilose
dois onívoros: jundiá (Rhamdia quelen) e tilápia-do-Nilo (Yamada et al., 1992). Amilose é o amido não ramifica-
(Gominho-Rosa, 2012). A tilápia é um onívoro típico do, formado por uma cadeia linear de glicoses, com li-
com intestino longo, enquanto o jundiá tem intestino gações D-1,4.
curto, sem cecos pilóricos. Independente da fonte, a ti- A atividade da amilase no trato digestório está
lápia apresentou maior digestibilidade do amido que o relacionada à composição da dieta de tal forma que,
jundiá, provavelmente devido ao seu longo intestino e um aumento na concentração de carboidratos ocasio-
não à maior atividade de carboidrases, já que as ativida- na um aumento na atividade da amilase. Este padrão
des da amilase e maltase, medidas no intestino anterior, de resposta foi encontrado para os carnívoros pintado
foram maiores no jundiá. As fontes vegetais com maior (Pseudoplatystoma corruscans) (Lundstedt et al., 2004),
teor de amido (milho moído e quirera de arroz) apresen- para larvas de robalo europeu (Cahu e Zambonino-In-
taram menor CDA de amido para jundiá. A digestibilida- fante, 1994; Zambonino-Infante e Cahu, 1994; Péres et al.,
de do amido para o jundiá ocorreu como resposta adap- 1996), para pós-larvas de linguado senegalês (Solea
tativa às fontes de amido, com variação na atividade da senegalensis) (Ribeiro et al., 2002) e para os onívoros
maltase, mas não da amilase. jundiá (Melo, 2004) e tambaqui (Colossoma macropomum)
Além da morfologia do intestino, a capacidade de (Corrêa et al., 2007).
digerir carboidratos da dieta está relacionada a fatores que Estudos são necessários para uma melhor com-
influenciam na atividade de carboidrases, tais como tem- preensão do efeito da microbiota intestinal na digestão
peratura (Kuz’mina et al., 1996; Jung-Cheng et al., 2006), de carboidratos em peixes. Após detecção da produção
idade (Kuz’mina, 1996), tamanho (Jung-Cheng et al., exógena de enzimas digestivas no trato intestinal de
2006), estação do ano (Kuz’mina et al., 1996) e frequência diferentes espécies de teleósteos, Bairagi et al. (2002)
alimentar (Ugolev e Kuz’mina, 1994). sugerem o isolamento de cepas bacterianas produtoras
106 NUTRIAQUA

no desenvolvimento de probióticos. Estes autores ob- Em mamíferos, o IGF-I estimula a tomada de glico-
servaram um número significativo de bactérias amilo- se e de aminoácidos e síntese de glicogênio e proteína
líticas no trato dos peixes avaliados. A contribuição das (Zorzano et al., 1988). Párrizas et al. (1995), Baños et al.
microbiota na digestão do amido pode ser relevante, (1998) e Planas et al. (2000a) relataram uma predomi-
considerando sua alta inclusão em dietas para peixes nância de receptores de IGF-I sobre os de insulina no
de água doce, como carpa e tilápia (Takeuchi, 1991). A tecido muscular esquelético de peixes, situação con-
microbiota intestinal amilolítica foi comparada entre trária àquela apresentada por mamíferos (Zorzano et al.,
jundiá e tilápia-do-Nilo por Pedrotti (2011), estando, em 1988). Baños et al. (1998) sugerem que o IGF-I tem um
geral, em maiores níveis na tilápia. A distribuição de gru- papel importante no metabolismo e na adaptação de
pos bacterianos variou ao longo do trato intestinal, sen- peixes a dietas ricas em carboidrato. Méndez et al. (2001)
do maior na porção posterior, para ambas as espécies, identificaram o fator de crescimento IGF-II e seu receptor
sugerindo que pode haver maior degradação de amido em embriões de peixes e sugeriram que este peptídeo
por enzimas exógenas provenientes da microbiota na exerce uma função importante nos estádios iniciais de
porção final do intestino, o que aumentaria a disponibi- desenvolvimento, assim como ocorre em mamíferos.
lidade deste nutriente para o hospedeiro. Comparou-se Vários autores observaram que um aumento na
também a microbiota intestinal entre as duas espécies, ingestão de carboidratos resulta em um aumento dos
após a administração de dietas contendo milho, trigo, níveis de insulina plasmática em peixes (Hilton et al.,
mandioca, arroz ou dextrina (Pedrotti, 2011). Os jundiás 1987; Gutiérrez et al., 1991; Mazur et al., 1992; Párrizas
alimentados com dieta contendo arroz apresentaram et al., 1994). Baños et al. (1998) verificaram que, além
mais bactérias totais. Por outro lado, quando mandioca dos níveis de insulina plasmática, o número de recepto-
ou milho foram utilizados, bactérias amilolíticas foram res de insulina e IGF-I no músculo esquelético de trutas
mais presentes em tilápia. Mais estudos são necessários aumentaram em resposta à dieta rica em carboidrato,
para elucidar a contribuição da microbiota intestinal na favorecendo a tomada e metabolização da glicose pelo
digestão de carboidratos em peixes. tecido e, consequentemente, um melhor controle da
glicemia. O número de receptores de insulina no tecido
muscular de peixes é regulado pelo ‘status’ nutricional,
portanto pode ser alterado de acordo com a necessida-
ABSORÇÃO E TRANSPORTE DE GLICOSE: COMPARAÇÃO de fisiológica. Por exemplo, o baixo número de recepto-
ENTRE PEIXES E MAMÍFEROS res de insulina aumenta depois da ingestão de alimen-
to, ou da injeção de substâncias que causam a secreção
de insulina, o que leva a um aumento nos níveis circu-
Altas concentrações de carboidratos digestíveis na
lantes de insulina a fim de aumentar a resposta do teci-
dieta de peixes podem causar hiperglicemia póspran-
do à insulina (Párrizas et al., 1994). Planas et al. (2000b)
dial prolongada (Bergot, 1979; Hilton e Atkinson, 1982;
foram os primeiros a relatar a presença de receptores
Bergot e Brèque, 1983; Wilson e Poe, 1987; Brauge et al.,
específicos de insulina e IGF-I no tecido adiposo da tru-
1994; Gouveia e Davies, 2004). Em mamíferos, a insuli- ta marrom (Salmo trutta), observando que os receptores
na, hormônio secretado em resposta a altas concentra- de IGF-I apresentaram maior afinidade ao seu ligante
ções de glicose no sangue, atua em tecidos periféricos, natural do que os receptores de insulina. Estes autores
principalmente no músculo esquelético, promovendo detectaram capacidade e afinidade dos receptores de
a assimilação celular de glicose e regulando a glicemia insulina e IGF-I do tecido adiposo comparáveis, ou mes-
(Voet e Voet, 2006). mo mais altas, do que aquelas encontradas para tecido
A insulina e os fatores de crescimento semelhan- muscular cardíaco e ovário (Gutiérrez et al., 1995). Em
tes à insulina I e II [IGF-I e IGF-II] são peptídios perten- mamíferos, a tomada de glicose em tecidos periféricos,
centes à mesma família de proteínas e suas estruturas tais como tecidos muscular esquelético, cardíaco e adi-
são similares. O fator de crescimento IGF-I é funcional- poso, é mediada por transportadores de glicose GLUT-1
mente relacionado à insulina, sendo suas funções pre- e GLUT-4. No tecido muscular esquelético, GLUT-1 é
dominantes: a regulação do crescimento, a diferencia- insulina-independente e facilita o transporte basal de
ção celular e o desenvolvimento fetal em mamíferos glicose, enquanto GLUT-4 é transportado para a super-
(Voet e Voet, 2006; Planas et al., 2000a). Insulina e IGFs fície celular devido à ação da insulina, portanto este é o
transportador sensível à insulina, responsável pelo efei-
exercem seus efeitos sobre a célula através de suas liga-
to hipoglicêmico da insulina (Wright et al., 2000; Voet e
ções a receptores específicos ancorados na membrana
Voet, 2006). Quando a insulina se liga a seu receptor na
plasmática. Estes receptores são capazes de reconhecer
membrana celular, GLUT-4 se move a partir de uma po-
e discriminar, dentro de concentrações fisiológicas dos
sição intracelular para uma posição na membrana celu-
ligantes, os vários membros da família insulina/IGF, po- lar, promovendo o transporte de glicose para dentro da
dendo, entretanto, ocorrer certa interação cruzada en- célula muscular (Figura 2); não está claro se tal sistema
tre ligantes e receptores (Planas et al., 2000a). ocorre em peixes (Moon, 2001).
CARBOIDRATOS E FIBRA 107

Figura 2. Tomada de glicose regulada pela insulina em células musculares e adi-


Figura 2.posas
Tomada de das
por exocitose glicose
vesículasregulada pela
membranosas insulina
contendo GLUT-4 em células musculares e adiposas
(à esquerda).
Depois que a insulina é retirada, o processo se reverte através da endocitose (à
exocitosedireita).
das Adaptado
vesículas membranosas
de Voet eVoet (2006) contendo GLUT-4 (à esquerda). Depois que a insulin

retirada, o processo se reverte através da endocitose (à direita). Adaptado de Voet eVoet (2006
Há evidências de que a intolerância ao carboidra- uma função importante na homeostase da glicose na
to em peixes se deve à ausência de transportadores de tilápia, atuando no fígado, provavelmente estimulando
glicose sensíveis à insulina (GLUT-4) no tecido muscular a tomada de glicose (Wright et al., 2000).
periférico. Wright et al. (1998) transplantaram corpúscu- A insulina estimula a formação de glicogênio e
los de ‘Brockmann’ da tilápia para ratos diabéticos e re- triacilgliceróis, enquanto o glucagon e a epinefrina
lataram normoglicemia em longo prazo e respostas gli- (adrenalina) têm o efeito contrário, assim, a taxa de
cêmicas ao jejum e à alimentação similares em tilápias glucagon:insulina é importante para determinar a taxa e
e ratos transplantados. Quando expostos a testes de to- a direção do metabolismo energético (Voet e Voet, 2006).
lerância à glicose intraperitoneal, os ratos transplanta-
dos exibiram respostas similares a mamíferos roedores.
METABOLISMO DE CARBOIDRATOS EM PEIXES
Os autores concluíram que a diferença na resposta foi
devida a uma severa ou absoluta resistência periférica Os processos metabólicos são coordenados para
aos efeitos glicostáticos da insulina na tilápia. Análises atender às necessidades energéticas dos organismos
de ‘Western blot’, confirmadas por ‘Northern blot’, reve- (Voet e Voet, 2006). O modo de utilização de nutrientes
laram que os tecidos periféricos da tilápia expressam em peixes pode ser compreendido mediante avaliação
GLUT-1, mas não, GLUT-4, entretanto, o coração e o cére- de intermediários metabólicos (Lundstedt et al., 2004;
bro parecem ser exceções. Níveis de GLUT-1 foram cerca Melo, 2004; Muñoz-Ramirez, 2005; Corrêa et al., 2007),
de 10 vezes mais altos no coração da tilápia do que em os quais indicam o fluxo preferencial das vias meta-
roedores, enquanto os níveis de glicogênio foram 17 ve- bólicas em consequência de determinada demanda
zes mais altos neste tecido (Wright et al., 1998). Em estu- energética. Esta forma de investigação permite iden-
do posterior, estes autores sugeriram que, apesar das pro- tificar situações metabólicas indesejáveis, tais como a
fundas diferenças em relação à distribuição dos receptores utilização de proteína para gerar energia (Melo, 2004;
de insulina entre mamíferos e peixes, a insulina ainda teria Muñoz-Ramirez, 2005).
108 NUTRIAQUA

Lundstedt et al. (2004) pesquisaram as caracterís- 3,4:1, 4,6:1, 5,3:1, 5,6:1 e 6,5:1) em dietas semipurifica-
ticas adaptativas de enzimas digestivas e as respostas das isoprotéicas (41% proteína bruta) e isoenergéticas
metabólicas posteriores ao processo de digestão com (3.226 kcal kg-1) para jundiá, bagre onívoro com tendên-
o objetivo de otimizar a dieta do pintado. O perfil me- cia à carnivoria, observou-se que o crescimento não foi
tabólico associado ao comportamento das enzimas ao afetado (Moro et al. 2010). No entanto, a maior retenção
longo do trato digestório permitiu aos autores concluir proteica foi observada nos peixes alimentados com a
que a melhor proporção de nutrientes para indivíduos relação 5,3:1. Atividade de amilase intestinal aumen-
juvenis desta espécie está próxima de valores entre 30 tou com a concentração de carboidratos na dieta até a
e 40% de proteína bruta e 13 e 25% de amido de milho. proporção CHO:L 3,4, mas diminuiu com o aumento do
O metabolismo de juvenis de jundiá – em jejum e carboidrato nas dietas. O glicogênio hepático respon-
alimentados com dietas isocalóricas com quatro níveis deu de forma semelhante à atividade de amilase. Isto
de proteína (20, 27, 34 e 41%), compensadas por carboi-
sugere que proporções de CHO:L superiores a 3,4 po-
drato (44, 39, 32 e 24% de extrativo não nitrogenado)
dem causar sobrecarga metabólica para o jundiá. A fon-
– foi estudado mediante a determinação da concentra-
te de carboidrato utilizada neste estudo foi a dextrina,
ção de intermediários metabólicos (glicose, lactato, pi-
que apresenta boa disponibilidade para peixes (Wilson,
ruvato, ácidos graxos livres, aminoácidos livres, glicogê-
1994). Portanto, apesar do hábito alimentar onívoro do
nio, proteína, amônia e uréia) e da atividade de enzimas
(Melo, 2004). Foi verificado que algumas enzimas do jundiá, este estudo indica que níveis de dextrina dieté-
metabolismo de carboidratos sofreram alterações nas tica acima 15,70% (CHO:L = 5,3) não são bem utilizados
atividades, que as concentrações dos intermediários pela espécie.
metabólicos variaram em função da disponibilidade de Vários pesquisadores abordaram a regulação nu-
proteína, e que a preferência metabólica para produção tricional do metabolismo em peixes carnívoros, ava-
de energia foi pela via gliconeogênica. liando as atividades das enzimas glicolíticas (hexoqui-
A utilização de várias fontes de carboidratos diges- nase, glicoquinase, piruvatoquinase), gliconeogênicas
tíveis com diferentes graus de complexidade foi avalia- (frutose-1,6-bisfosfatase, glicose-6-fosfatase), lipogêni-
da na alimentação de juvenis de pacu (Muñoz-Ramirez, cas (glicose-6-fosfato dehidrogenase) e do catabolismo
2005). Foram determinadas as concentrações de glico- de aminoácidos (alanina aminotransferase, aspartato
se, colesterol, triacilgliceróis, ácidos graxos livres, prote- aminotransferase e/ou glutamato dehidrogenase). A
ína total, aminoácidos livres e glicogênio, a fim de verifi- indução da atividade glicolítica devido a um aumento
car as vias preferenciais do metabolismo intermediário da concentração de carboidratos da dieta foi observada
nesta espécie onívora. Este estudo concluiu que as fon- em salmão-do-Atlântico (Tranulis et al., 1996), dourada
tes de carboidratos geraram mudanças no perfil meta- (Metón et al., 1999; Fernández et al., 2007; Enes et al.,
bólico do pacu, mostrando um baixo aproveitamento 2008) e robalo europeu (Enes et al., 2006; Moreira et
de fontes parcialmente hidrolisadas, como a dextrina, e al., 2008). A atividade de enzimas da gliconeogênese
de açúcares simples, como a glicose, com mobilização mostrou-se mais controversa: uma diminuição da ati-
de aminoácidos para sustentar a demanda energética vidade foi observada em dourada (Metón et al., 1999)
muscular ao incorporá-los em processos de gliconeogê- e robalo europeu (Enes et al., 2006), enquanto para
nese. Além disso, foi verificado que as dietas contendo
salmão-do-Atlântico (Tranulis et al., 1996), perca (Perca
fécula pré-gelatinizada e modificada resultaram em alto
fluviatilis) (Borrebaek e Christophersen, 2000), dourada
índice hepatossomático e elevada concentração de tria-
(Fernández et al., 2007; Enes et al., 2008) e robalo europeu
cilgliceróis plasmáticos, o que sugere a ocorrência de li-
(Moreira et al., 2008) não foi verificado efeito significati-
pogênese pela síntese de triacilgliceróis hepáticos, com
vo das atividades enzimáticas em função do aumento
posterior transporte para o plasma e incorporação final
da proporção de carboidrato ingerido. Ainda, Suárez et
no tecido adiposo.
No onívoro tambaqui, alimentado com dietas iso- al. (2002), ao estudar variações nas proporções de pro-
protéicas e isocalóricas com diferentes concentrações teína e carboidrato na dieta de truta arco-íris e enguia,
de amido de milho (30, 40 e 50%), observou-se lipogê- notaram resultados inversos em enzimas da glicólise e
nese como consequência do aumento na concentração da gliconeogênese nestas espécies. A atividade da pi-
de amido na dieta, além do efeito poupador de proteína ruvatoquinase foi influenciada pelo teor de carboidrato
a partir de 40% de amido (Corrêa et al., 2007). Com base na dieta em enguias, mas não, em trutas; a atividade da
neste resultado, foi proposta uma dieta para o tamba- frutose-1,6-bisfosfatase foi afetada em trutas, mas não,
qui, a qual deveria conter 28% de proteína e cerca de em enguias.
40% de amido de milho a fim de prevenir deposição de De uma forma geral, o efeito de carboidratos die-
lipídios e promover o efeito poupador de proteína. téticos na atividade de enzimas do metabolismo inter-
Em estudo sobre o efeito de diferentes proporções mediário em peixes ainda não está adequadamente
entre carboidratos e lipídios [CHO:L] (0,3:1, 1,0:1, 2,0:1, elucidado e necessita de mais estudos.
CARBOIDRATOS E FIBRA 109

FIBRA ALIMENTAR é relativamente escasso, quando comparado ao existen-


te em animais domésticos terrestres. A fibra alimentar
Nem todos os carboidratos são bem aproveitados está presente, ainda que em proporções variáveis, nos in-
pelos peixes. Tais carboidratos compõem predominan- gredientes vegetais (Tabela 2). Adicionalmente, pode ser
temente a fibra alimentar, cujo conhecimento sobre os acrescentada às dietas como aglutinante ou preenchi-
efeitos na nutrição e fisiologia digestiva em peixes ainda mento, o que justifica seu estudo na nutrição de peixes.

Tabela 2. Composição em carboidratos e lignina de alguns ingredientes vegetais (base seca).

Grãos inteiros Subprodutos vegetais Concentrados protéicos


Fração
Glúten Farelo de Concentrado Farelo de
Milho Trigo
de milho trigo protéico de soja canola

------------------------------------------------------------%------------------------------------------------------------

Fibra bruta1 1,99 2,70 8,67 10,98 2,94 11,80

Fibra em detergente neutro1 13,49 13,97 40,57 46,13 11,75 27,65

Fibra em detergente ácido1 4,06 3,63 12,40 15,74 7,35 2,32

Fibra alimentar2,3 10,80 13,80 38,30 44,90 18,50 35,40

NSPs4 solúveis2 0,90 2,50 3,40 2,90 8,10 5,50

NSPs insolúveis2 8,80 9,40 31,70 34,50 9,70 17,50

Lignina2 1,10 1,90 3,20 7,50 0,80 13,40

Açúcares totais2 2,00 1,90 4,10 5,30 2,10 8,20

Amido2 69,00 65,10 28,20 22,20 6,90 1,80

1
Rostagno et al. (2005).
2
Bach Knudsen (1997).
3
Método enzimático-químico.
4
NSPs: polissacarídeos não amiláceos.

Os carboidratos estruturais são os principais com- por celulose, polissacarídeos não celulósicos (hemicelu-
ponentes da fibra alimentar e serão detalhadamente loses e pectinas), proteínas estruturais e lignina (Tabe-
caracterizados a seguir, partindo-se da definição de la 3) (McDougall et al. 1996; Bach Knudsen, 2001; Taiz
fibra alimentar. O conceito de fibra alimentar evoluiu e Zeiger, 2004). A composição da parede celular varia
ao longo da história, em função do surgimento de me- em função da espécie, tipo de tecido e idade da planta,
todologias analíticas mais apropriadas e dos conheci- os quais determinarão seu comportamento como fibra
mentos adquiridos acerca de seus efeitos fisiológicos alimentar (Bach Knudsen, 2001). Os polissacarídeos da
na nutrição humana (De Vries et al., 1999; Champ et al., parede celular constituem um grupo distinto de car-
2003). Atualmente, a definição de fibra alimentar en- boidratos que não contêm as ligações α-glucosídicas
globa aspectos fisiológicos e químicos, consistindo nas presentes no amido, o que explica as diferenças em sua
partes comestíveis dos vegetais ou carboidratos análo- digestibilidade (Stone, 2003) e a consagrada denomi-
gos que são resistentes à hidrólise enzimática intestinal nação de polissacarídeos não amiláceos (Englyst et al.,
com completa ou parcial fermentação microbiana no 1987; Cummings et al., 2004). A ampla variabilidade
intestino grosso (AACC, 2001). Compreende polissaca- estrutural desses polissacarídeos também influencia a
rídeos, oligossacarídeos, lignina e substâncias vegetais funcionalidade da fibra alimentar e para o conhecimen-
associadas (AACC, 2001). Dentro deste conceito, o ami- to das relações dos componentes da parede celular e
do resistente e os oligossacarídeos se enquadram como seus efeitos fisiológicos, torna-se imprescindível a aná-
fibras. Entretanto, suas propriedades como tal são re- lise química da parede celular, ou seja, da fração fibra
lativamente limitadas e muitas vezes desconsideráveis alimentar (McDougall et al., 1996).
(Cummings et al., 2004).
A fibra alimentar deriva predominantemente da
parede celular vegetal, a qual é composta basicamente
110 NUTRIAQUA

Tabela 3. Componentes estruturais da parede celular vegetal (Adaptado de Taiz e Zeiger, 2004).

Componentes Constituição química Função

Microfibrilas de celulose β 1,4 D-glucano Conferem rigidez e estruturação à parede celular

Matriz de polissacarídeos

Homogalacturonano

Ramnogalacturonano
Formam uma matriz geleificada extremamente hidratada
Pectinas
que envolve as redes de celulose e hemicelulose
Arabinano

Galactano

Xiloglucano

Xilano

Hemiceluloses Glucomanano Polissacarídeos flexíveis que se ligam à celulose

Arabinoxilano

β 1,3-1,4 glucano

Liga-se covalentemente à celulose e outros polissacaríde-


Lignina Fenil-propano os. Confere suporte mecânico, proteção e impermeabilida-
de à parede celular

Glicoproteínas ricas em hidroxi-prolina.

Proteínas estruturais Proteínas ricas em prolina. Adicionam rigidez à parede celular

Proteínas ricas em glicina.

Uma das dificuldades na determinação da fibra respectivamente (Engylst e Cummings, 1988; Theander
alimentar é que esta não é constituída por um único et al., 1995; AOAC, 1999). São os métodos que melhor se
grupo químico definido, mas sim por uma combina- aproximam do atual conceito de fibra alimentar, permi-
ção de substâncias quimicamente heterogêneas (Gõni tindo distinguir as frações solúveis e insolúveis da fibra,
et al., 2009). O método da fibra bruta é o mais antigo e cujos efeitos fisiológicos são bastante distintos (Champ
comumente utilizado em nutrição animal. Este método et al., 2003; McCleary, 2003). Na Tabela 2, observa-se a
mensura uma pequena e variável fração da fibra, uma discrepância de resultados entre as diferentes metodo-
vez que solubiliza muitos polissacarídeos estruturais e a logias de análise da fibra alimentar.
lignina (Bach Knudsen, 2001). Inicialmente aplicado na Além da composição da parede celular, as proprie-
nutrição de ruminantes, o método das fibras em deter- dades físico-químicas peculiares à fibra, em especial, a
gentes de Van Soest (1967) tem sido utilizado na nutri- higroscopicidade, capacidade de troca catiônica, visco-
ção de frangos e suínos em alternativa à metodologia sidade e absorção de compostos orgânicos, também in-
de fibra bruta, visto que proporciona resultados relati- fluenciam suas propriedades fisiológicas (Bach Knudsen,
vamente mais satisfatórios para rações animais (Bach 2001).
Knudsen, 2001). Tal método determina uma fração da
fibra que é insolúvel em detergente neutro (celulose,
hemicelulose e lignina) e outra, insolúvel em detergen- EFEITOS FISIOLÓGICOS DA FIBRA ALIMENTAR EM ANIMAIS
te ácido (celulose e lignina). No entanto, há perda dos
NSPs solúveis em água, bem como contaminação da fi- MONOGÁSTRICOS
bra em detergente neutro com amido e proteínas (Bach
Knudsen, 2001). Atualmente, duas abordagens meto- Fisiologicamente, a fibra alimentar é classificada, de
dológicas são adotadas na nutrição humana e, gradati- acordo com sua solubilidade em água, em fibra insolúvel
vamente, na nutrição de frangos, suínos e peixes: os mé- – lignina, celulose e as diversas hemiceluloses – e solúvel
todos enzimático-gravimétricos e enzimático-químicos. – pectinas, gomas e mucilagens (Krogdahl et al., 2005).
Estes métodos, resumidamente, isolam a fibra mediante As fibras alimentares, tanto solúveis quanto insolúveis,
tratamento enzimático do amido, quantificando-a por afetam a função intestinal e digestão de nutrientes, sen-
pesagem ou cromatografia gás-líquido e colorimetria, do o maior potencial antinutricional atribuído às fibras
CARBOIDRATOS E FIBRA 111

solúveis (Choct, 1997; Iji, 1999; Hetland et al., 2004). Para síntese protéica e, possivelmente, enzimática (Jacobs e
suínos e frangos, em geral, as fibras insolúveis tendem Schneeman, 1981). No mesmo estudo, o consumo da
a aumentar a velocidade do trânsito gastrointestinal, o dieta contendo fibra foi superior ao da dieta controle,
que pode reduzir o tempo de digestão do nutriente e, igualando a ingestão de nutrientes e resultando em
consequentemente, sua utilização (Hetland et al., 2004; crescimentos semelhantes.
Krogdahl et al., 2005). Já as fibras solúveis, tendem a As fibras insolúveis atuam como um diluente de
retardar o trânsito gastrointestinal devido às suas pro- nutrientes em dietas para monogástricos (Hetland et al.,
priedades geleificantes e adsorventes que dificultam o 2004). Em frangos, esta diluição seria compensada por
contato enzima-substrato e, por conseqüência, a absor- um acréscimo na ingestão alimentar e provável aumento
ção de nutrientes no intestino (Iji, 1999; Krogdahl et al., da conversão alimentar (Hetland et al., 2004). Adicional-
2005). mente, devido a sua alta capacidade de retenção hídrica,
Ikegami et al. (1990) verificaram aumento na mas- aumenta o volume da digesta, o que aparentemente se-
sa dos órgãos gastrintestinais, bem como maior volume ria contornado por um aumento na capacidade do trato
de suco pancreático-biliar e secreção de ácidos bilia- digestório e na taxa de trânsito gastrointestinal (Hetland
res em ratos alimentados com fibra solúvel em relação e Svihus, 2001).
àqueles que receberam fibra insolúvel ou dieta ausente Dentro do exposto, é constatado o caráter antinutri-
em fibra. Embora ambos os tipos de fibra tenham redu- cional das fibras, principalmente as solúveis, sobre a utili-
zido a digestibilidade da proteína, apenas a fibra solúvel zação de nutrientes em mamíferos e aves. Estudos mais
proporcionou decréscimo na digestibilidade de lipídios. recentes, entretanto, têm demonstrado que níveis mode-
Segundo os autores, o aumento na viscosidade intes- rados de fibras na dieta, especialmente insolúveis, podem
tinal prejudica a interação enzima-substrato e, como beneficiar a fisiologia digestiva de suínos e frangos, propor-
conseqüência, os animais compensaram tal ineficiência cionando melhor utilização de nutrientes e desempenho
com um aumento na massa dos órgãos gastrintestinais animal (Gonzalez-Alvarado et al., 2007; Jiménez-Moreno
e uma maior secreção de sucos digestivos. et al., 2009), redução significativa na contagem de entero-
Em frangos, a presença de NSPs solúveis na dieta bactérias e incidência de diarréias (Mateos et al., 2006; Kim
promoveu aumento da viscosidade intestinal e decrés- et al., 2008; Molist et al., 2009), manutenção da diversida-
cimo da energia metabolizável da dieta, reduzindo o de microbiana (Roca-Canudas et al., 2007) e aumento na
crescimento e eficiência alimentar (Choct et al., 1996). produção de mucinas intestinais (Brunsgaard, 1998; Piel
Montagne et al. (2003) complementam que o aumento et al., 2005). Estes efeitos decorrem principalmente dos
na viscosidade da digesta intestinal pode aumentar a produtos da fermentação da fibra pela microbiota intes-
perda dos enterócitos das vilosidades, levando à atrofia tinal, os ácidos graxos de cadeia curta, que constituem as
das mesmas com consequente redução da capacidade fontes preferenciais de energia da mucosa colônica (Asp,
absortiva da mucosa. Brown et al. (1979), avaliando o 1996; Vanderhoof, 1998). Tais produtos, destacadamente
efeito do fornecimento de pectina na fisiologia intesti- o butirato, estão relacionados com a manutenção da in-
nal de ratos, verificaram que o aumento na profundi- tegridade do epitélio intestinal e consequente saúde do
dade das criptas, local onde ocorre a proliferação dos intestino, mediante influência sobre a morfologia e desen-
enterócitos, se relacionou com a redução da atividade volvimento da mucosa (Lupton e Kurtz, 1993; Folino et al.,
enzimática nas microvilosidades. Sugeriram que a alta 1995; Hedemann et al., 2006; Schedle et al., 2008), aumen-
reposição epitelial resultou em hiperplasia das criptas to na secreção de mucinas (Hedemann et al., 2006; Piel et
e enterócitos menos maduros com reduzido conteúdo al., 2005) e melhora da barreira epitelial (Mariadason et al.,
de enzimas. Ainda em ratos, a ingestão de farelo de tri- 1999; Peng et al., 2009).
go, majoritariamente constituído por fibras insolúveis, Na Figura 3, é apresentado um fluxograma repre-
também promoveu um aumento na profundidade das sentativo das principais propriedades e diferenças fisio-
criptas do cólon intestinal, acompanhado por redução lógicas entre fibras solúveis e insolúveis, baseado em
na quantidade de RNA, a qual foi associada com baixa estudos realizados com suínos e frangos.
CARBOIDRATOS E FIBRA 113

– quirera de arroz, milho moído, farelo de trigo, polpa do aparelho digestório dos peixes e suas preferências
cítrica e casca de soja - para os onívoros tilápia-do-Nilo alimentares constituem importantes fatores a se con-
e jundiá. Houve redução na digestibilidade da proteína, siderar. De acordo com Horn (1989), pré-digestão me-
energia e matéria seca com o aumento de fibra dos in- cânica, estômagos ácidos, intestinos longos, enzimas
gredientes para ambas as espécies. O desempenho da e microbiota especializadas, alta taxa de consumo ali-
tilápia correspondeu à digestibilidade das fontes ve- mentar e rápido trânsito gastrointestinal, constituem
getais, não sendo detectadas diferenças para o jundiá, possíveis adaptações fisiológicas de espécies herbívo-
provavelmente pela menor velocidade de crescimen- ras para a obtenção dos nutrientes e energia contidos
to da espécie e insuficiente período experimental. Foi em células de algas. Ojeda e Cáceres (1995) encontra-
observado um aumento na espessura da camada mus- ram pH estomacal extremamente baixo e discreta ati-
vidade celulolítica no intestino anterior de ‘Jerguilla’
cular no intestino distal para o jundiá alimentado com
(Aplodactylus punctatus) - espécie herbívora marinha
dieta contendo polpa cítrica, fonte com o maior teor
- como possíveis mecanismos para o aproveitamento
de fibra alimentar solúvel. Os autores justificaram tal
dos nutrientes de algas. Reduzida atividade celulolítica
aumento como uma provável adaptação das camadas
também foi descrita para várias espécies de peixes por
musculares para propulsar o grande volume de digesta
Lindsay e Harris (1980) e Chakrabarti et al. (1995). Adi-
viscosa ao longo do intestino. Kraugerud et al. (2007)
cionalmente, Mountfort et al. (2002) encontraram altas
verificaram redução na digestibilidade da proteína e taxas de fermentação no intestino posterior de três es-
matéria seca para o salmão-do-Atlântico alimentado pécies herbívoras marinhas, indício da atividade micro-
com NSPs do farelo de soja em substituição gradual à biana sobre carboidratos de algas que não são assimila-
celulose. Adicionalmente, observaram aumento na ex- dos no intestino anterior. A capacidade de fermentação
creção fecal de K+ e Na+ e na digestibilidade do amido, de carboidratos vegetais foi estudada para a tilápia-do-
indicando certa influência da complexidade da fonte de Nilo, espécie onívora, e para o robalo europeu, espécie
fibra alimentar. De modo similar, Glencross (2009) veri- carnívora, por Leenhouwers e colaboradores (2008). A
ficou, para a truta arco-íris, que os efeitos negativos dos tilápia mostrou maior capacidade em relação ao roba-
NSPs insolúveis extraídos do farelo de tremoço (Lupinus lo, sendo esta condição esperada, segundo os autores,
angustifolius) foram mais acentuados do que aqueles devido ao seu hábito alimentar onívoro e maior coefi-
proporcionados pela celulose. ciente intestinal, que lhe conferem melhor habilidade
Em estudo sobre os efeitos das fibras solúveis e em digerir itens vegetais e maior período de retenção
insolúveis em tilápia-do-Nilo, Amirkolaie et al. (2005) da digesta, respectivamente.
verificaram prejuízo na digestibilidade dos nutrien- Outros estudos relataram o isolamento de cepas
tes somente para a fibra solúvel, sugerindo que níveis de bactérias com atividade de celulase e de amilase a
moderados de celulose (até 8%) não prejudicariam a partir do intestino de várias espécies, inclusive a tilápia
absorção de nutrientes para a tilápia. Øvrum Hansen (Sugita et al., 1997; Bairagi et al., 2002; Saha et al., 2006).
e Storebakken (2007) constataram que a inclusão cres- No estudo com carpa capim, Das e Tripathi (1991)
cente de celulose até 15% na dieta não afetou o de- encontraram celulase endógena e bacteriana e, de
sempenho nem a digestibilidade de nutrientes (com acordo com os resultados, a celulase bacteriana no in-
testino chegou a contribuir com mais de dois terços
exceção da matéria orgânica) para a truta arco-íris,
da atividade total. Entretanto, a origem endógena da
aumentando, ainda, a durabilidade e dureza do pélete
celulase foi contestada por alguns autores. Em estudo
de ração. Hilton et al. (1983), porém, observaram declí-
com 148 espécies de peixes concluiu-se que a ativida-
nio no crescimento de trutas (S. gairdneri) alimentadas
de da celulase em peixes não é de origem endógena,
com 10 e 20% de celulose na dieta. Anderson et al. (1984)
mas da microbiota do trato gastrointestinal (Stickney
também constataram detrimento no desempenho de
e Shumway, 1974). Ainda, Lindsay e Harris (1980) su-
tilápias alimentadas com níveis de celulose acima de geriram que a atividade da celulase em peixes poderia
10%. Estes autores salientaram que a celulose é ampla- estar correlacionada com a ingestão de celulases em
mente utilizada como preenchimento para ajuste de invertebrados e/ou microbiota celulolítica associa-
nutrientes em dietas experimentais, mas sua presença da com o alimento. Por outro lado, Prejs e Blaszezyk
e potencial efeito deletério são desconsiderados na (1977) encontraram atividade da celulase em cinco
análise dos resultados. ciprinídeos e correlacionaram positivamente a ativida-
As divergências entre estudos com fibra alimentar em de da celulose com a quantidade de detritos vegetais
peixes devem-se a diferenças na complexidade, solubilida- no intestino dessas espécies, enquanto Chakrabarti et
de e nível de inclusão dos NSPs na dieta, bem como à gran- al. (1995) observaram baixa atividade da celulase no
de diversidade entre as espécies estudadas (Leenhouwers intestino de algumas espécies e nenhuma correlação
et al., 2007). Neste sentido, especializações morfológicas entre hábito alimentar e atividade da celulase.
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Oreochromis niloticus (Linn.). Aquaculture 37: 303-314.
quando comparados aos estudos sobre proteína e lipí- Arruda, A.M.V. de; E.S. Pereira, I.Y. Mizubuti, e L. das D.F. da
dio. Entretanto, com o recente aumento na inclusão de Silva. 2003. Importância da fibra na nutrição de coelhos.
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a maioria das espécies de peixe autóctones de interes- Bach Knudsen, K.E. 2001. The nutritional significance
of “dietary fibre” analysis. Animal Feed Science and
se para a piscicultura brasileira é onívora, o que implica Techonology 90: 3-20.
uma possível maior utilização dos carboidratos como Bairagi, A.; K.S. Ghosh, S.K. Sem, and A.K. Ray. 2002. Enzyme
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Desta forma, estudos sobre os efeitos positivos e nega- tracts. Aquaculture International 10: 109–121.
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nas fábricas de ração é fundamental para aumentar 2001. Microscopical study of the destructuring of waxy
maize and smooth pea starches by shear and heat at low
o entendimento sobre a utilização de carboidratos, já
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que o processamento tem efeito determinante sobre Bergot, F. 1979. Effects of dietary carbohydrates and their
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Vitaminas e Minerais

M AUDE R EGINA DE B ORBA


M ARCELO V INÍCIUS DO C ARMO E S Á
J ANESSA S AMPAIO DE A BREU

tecidos, o que produz toxicidade (hipervitaminose). Já


VITAMINAS as vitaminas hidrossolúveis, com exceção da vitamina
B12, não são armazenadas em grande quantidade no
organismo, sendo excretadas quando supridas além da
INTRODUÇÃO
exigência, o que torna necessário o seu fornecimento
As vitaminas são compostos orgânicos, distintos constante na dieta para prevenir o surgimento de sinais
de aminoácidos, carboidratos e lipídios, exigidos em clínicos de deficiência em peixes (Lovell, 1998; NRC,
quantidades relativamente pequenas, mas essenciais 2011). Diferenças na ingestão de vitaminas lipossolú-
para a saúde, crescimento e reprodução dos organis- veis antes de experimentos podem ser responsáveis
mos vivos (Lehninger et al., 2000). Tendo em vista a por alguns dos resultados conflitantes sobre a indução
importância e o fato destas substâncias não serem sin- e gravidade de sinais clínicos de deficiência. É extrema-
tetizadas, ou as quantidades sintetizadas não serem mente importante conhecer o estado nutricional dos
suficientes para atender às exigências dos peixes, é im- peixes antes da realização de estudos para determina-
prescindível a sua suplementação na dieta (Webster e ção de exigência em vitaminas lipossolúveis, pois estas
Lim, 2002). são armazenadas nos tecidos e o tempo necessário para
As vitaminas são classificadas em lipossolúveis que os peixes utilizem suas reservas endógenas de vi-
(vitaminas A, D, E e K) e hidrossolúveis. Dentre as 11 vi- taminas lipossolúveis é altamente variável (NRC, 2011).
taminas hidrossolúveis, oito integram as vitaminas do Muitos estudos com diferentes espécies de peixes
complexo B: tiamina (B1), riboflavina (B2), niacina, ácido já foram desenvolvidos para determinar as exigências
pantotênico, piridoxina (B6), biotina, ácido fólico e cia- em vitaminas na dieta. Em geral, são realizados ensaios
nocobalamina (B12), as quais são exigidas em pequenas de dose-resposta em condições de laboratório e a exi-
quantidades e atuam principalmente como coenzimas gência é definida como sendo a concentração mínima
em vários processos metabólicos; enquanto a vitamina que resulta em maior crescimento, maior concentração
C (ácido ascórbico), mioinositol e colina têm outras fun- da vitamina teste no fígado e ausência de anormalida-
ções além de coenzimas e são exigidas em quantidades des histológicas e sanguíneas. Eventualmente, outros
maiores, sendo denominadas por alguns autores como critérios bioquímicos e respostas imunológicas tam-
macrovitaminas. As vitaminas lipossolúveis, por sua vez, bém são utilizados (Hepher, 1988; NRC, 2011).
funcionam independentemente de enzimas, mas no As respostas às diferentes vitaminas podem variar
caso da vitamina K também pode atuar como coenzima amplamente entre as espécies de peixe e até mesmo
(Combs Jr., 1992; Lovell, 1998; NRC, 2011). dentro da mesma espécie, em função da idade, taxa de
As vitaminas lipossolúveis são absorvidas no in- crescimento, maturidade sexual, hábito alimentar, habi-
testino conjuntamente com os lipídios da dieta e arma- lidade em absorver, transportar e metabolizar a vitamina
zenadas no organismo quando ingeridas em quantida- presente no alimento, composição da dieta e interações
des superiores às necessidades metabólicas da espécie, entre os nutrientes, capacidade de síntese endógena a
havendo possibilidade de acumulação demasiada nos partir de precursores e/ou síntese pelos microrganismos

121
122 NUTRIAQUA

do trato digestório, condições fisiológicas e ambientais desenvolvidos para a determinação das exigências nu-
(temperatura, presença de compostos tóxicos, agentes tricionais das principais espécies cultivadas mundial-
estressores e patógenos) e sistema de produção (Hepher mente e os resultados encontram-se compilados em
1988; Lovell, 1998; Tacon 1990; Gouillou-Coustans e publicação atualizada, recentemente lançada (NRC,
Guillaume, 2001; NRC, 2011). Quanto mais intensivo o 2011). Com base nesta publicação, são apresentadas
sistema de criação, menor a disponibilidade de alimen- na Tabela 1 as exigências em vitaminas de algumas das
to natural e maior a necessidade de suplementação vi- espécies mais estudadas. Assim, até que as exigências
tamínica adequada na dieta para peixes. Adicionalmen- qualitativas e quantitativas destes nutrientes sejam
te, estudos demonstram que megadoses de algumas determinadas para as nossas espécies nativas com po-
vitaminas, particularmente C e E, podem influenciar po- tencial para aquicultura, as informações já existentes de
sitivamente o sistema imunológico de peixes, aumen- exigência vitamínica de peixes que apresentam mesmo
tando a tolerância ao estresse e resistência a doenças hábito alimentar e outras características semelhantes
(Gatlin, 2002; Koshio, 2007). (marinha ou de água doce, tropical ou subtropical etc.)
São poucos os trabalhos encontrados na literatu- podem servir como base na formulação de dietas ba-
ra envolvendo vitaminas na nutrição de peixes nativos lanceadas. Salienta-se, todavia, que é de fundamental
brasileiros e, em sua maioria, não avaliam exatamente importância que pesquisas sejam realizadas para a de-
a exigência da vitamina estudada, mas sim o efeito de finição das exigências em vitaminas e demais nutrien-
diferentes níveis desta no desempenho produtivo e ou- tes para as espécies brasileiras, bem como a avaliação e
tros parâmetros relacionados à sanidade animal (san- minimização das perdas decorrentes do processamento
guíneos, imunológicos, histológicos etc.) (Chagas e Val, e armazenamento de dietas, visando o aumento da efi-
2003; Chagas et al., 2009). Numerosos estudos já foram ciência e diminuição dos custos de produção.

Tabela 1. Exigência em vitaminas (com base em 100% de matéria seca), determinada com uso de dietas purificadas de alta diges-
tibilidade em ambiente controlado1 (Fonte: NRC, 2011).

Peixes de água doce Peixes marinhos

Carpa Bagre do Tilápia-do- Truta Salmão-do- Salmão-do- Robalo Robalo Linguado


Vitaminas Beijupirá ‘Yellowtail’
comum canal Nilo arco-íris Atlântico Pacífico Asiático Europeu Japonês

Lipossolúveis2

A (mg kg-1) 1,2 0,6 1,8 0,75 NT E NT NT 31 2,7 5,6

D (μg kg-1) NT 12,5 9 40-60 NT NE NT NT NT NT NE

E (mg kg-1) 100 50 60 50 60 50 NT NT NT NT 119


-1
K (mg kg ) NT E NT E < 10 E NT NT NT NT NE
-1
Hidrossolúveis (mg kg )

Tiamina – B1 0,5 1 NT 1 NT 10 NT NT NT NT 11

Riboflavina – B2 7 9 6 4 NT 7 NT NT NT NT 11

Piridoxina – B6 6 3 15 3 5 6 NT NT NT NT 12

Ácido pantotênico 30 15 10 20 NT 20 NT NT NT NT 36

Niacina 28 14 26 10 NT 150 NT NT NT NT 12

Biotina 1 E 0,06 0,15 NT 1 NT NT NT NT 0,67

Cianocobalamina – B12 NE E NE E NT 0,02 NT NT NT NT 0,05

Ácido Fólico NE 1,5 1 1 NT 2 NT NT NT NT 1,2

Colina 1.500 400 1.000 800 NT 800 700 NT NT NT 1.000

Mioinositol 440 NE 400 300 NT 300 NT NT NT NT 420


3
Vitamina C 45 15 20 20 20 NT 45-54 30 20 NT 43-52

1
E = exigido na dieta, mas em quantidade não determinada; NE = não exigido em dietas práticas (ou seja, dietas que contenham
óleo de peixe e ingredientes proteicos de fonte animal de origem marinha e terrestre); NT = não testado.
2
Fatores de conversão para as vitaminas lipossolúveis: 10.000 UI ~3.000 μg vitamina A (retinol); 1 UI = 0,025 μg vitamina D (cole-
calciferol).
3
Como L-ascorbil-2-monofosfato ou L-ascorbil-2-polifosfato (formas estáveis de vitamina C).
VITAMINAS E MINERAIS 123

Trabalhos apontam diferenças entre os peixes e


VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS
mamíferos em sua eficiência para converter carotenoides
em compostos de vitamina A. Moren et al. (2002) relata-
Vitamina A
ram que juvenis de ‘halibut’ do Atlântico (Hippoglossus
A vitamina A é uma denominação geral para hippoglossus) foram capazes de converter em retinol o
compostos esterificados de retinol que desempenham acetato de retinil, betacaroteno, astaxantina e cantaxan-
atividade biológica em três formas químicas: álcool (re- tina, quando incluídos em rações. No entanto, suas ta-
tinol), aldeído (retinal) e ácido (ácido retinóico). O dehi- xas de conversão foram diferentes, com taxas significati-
droretinol, também chamado de Vitamina A2, difere vamente maiores para acetato de retinil e betacaroteno
do retinol por apresentar uma dupla ligação a mais e em relação à cantaxantina e astaxantina. Nesta mesma
somente 40% de atividade biológica. Independente da espécie, Moren et al. (2004) observaram que os níveis
forma química apresentada, a vitamina A é passível de dos compostos esterificados de retinol armazenados
sofrer oxidação, que ocorre especialmente na presença no intestino e fígado aumentaram exponencialmente
de calor úmido, minerais traço ou gorduras rancificadas nos peixes alimentados com maiores concentrações de
(Masumoto, 2002). Como os peixes não são capazes de vitamina A (0,75 a 2,5 mg acetato de retinil kg-1 ração),
sintetizar vitamina A, eles necessitam obtê-la na dieta, sugerindo que o armazenamento de retinol nos tecidos
não só na concentração exigida, mas também na forma está diretamente correlacionado aos níveis deste nu-
química adequada (Fernández e Gisbert, 2011). triente na dieta. Hu et al. (2006) verificaram que tilápias
Compostos vegetais (carotenoides) e animais híbridas juvenis (Oreochromis niloticus x O. aureus) ali-
(retinol esterificado) podem ser considerados como mentadas com dietas contendo pequena quantidade
fontes de vitamina A na dieta. Os carotenoides são de vitamina A (84 UI kg-1) e suplementadas com níveis
compostos que dão a vários frutos e vegetais a sua crescentes de betacaroteno, apresentaram aumento
cor amarela ou laranja e existem aproximadamente proporcional na quantidade de vitamina A hepática,
600 tipos conhecidos. Destes, apenas cerca de 50 têm indicando capacidade da tilápia-do-Nilo (Oreochromis
atividade pró-vitamina, como o betacaroteno, cuja ati- niloticus) em converter beta-caroteno em vitamina A
vidade como vitamina A ocorre apenas após a sua con- na proporção aproximada de 19:1. Nos mamíferos, os
versão para retinol no interior do organismo, por ação carotenoides cumprem diversas funções biológicas, in-
de enzima intestinal específica (Combs Jr., 1992). Em dependente da vitamina A. Assim, são necessários mais
geral, o metabolismo de compostos retinoides é fun- estudos sobre o papel metabólico dos carotenoides nos
damentalmente semelhante entre todas as classes de peixes e na possibilidade de que os carotenoides pos-
vertebrados, sendo absorvidos da dieta por meio de um sam servir como pró-vitamina A.
metabolismo complexo, que inclui um número elevado As exigências de vitamina A variam para maioria
de proteínas transportadoras e enzimas, que controlam dos peixes ósseos. O NRC (2011) recomenda 0,3 a 0,6
a absorção, transporte, acumulação e conversão dos re- mg de vitamina A kg-1 de dieta para bagre do canal
tinoides em formas ativas (Fernández e Gisbert, 2011).
(Ictalurus punctatus); 1,2 a 6,0 mg para carpa comum
Compostos de retinol esterificados, como palmitato ou
(Cyprinus carpio carpio) e 0,75 mg para truta arco-íris
estearato, são incorporados a micelas, que são secreta-
(Oncorhynchus mykiss), sendo relatado para salmoní-
das na linfa. No fígado, as micelas são incorporadas atra-
deos que dietas sem qualquer suplementação podem
vés de endocitose para os hepatócitos e os compostos
conter até 21 mg de vitamina A kg-1. Isto porque, de for-
de retinol esterificados são armazenados até que sejam
ma geral, dietas para peixes onívoros e herbívoros con-
hidrolisados e lançados como retinol livre no plasma. O
têm maior quantidade de proteína vegetal que animal,
retinol circula no plasma ligado a uma proteína, a [RBP]
sendo esta última uma fonte natural de vitaminas lipos-
(do inglês ‘Retinol Binding Protein’). Nas células-alvo,
solúveis, como a vitamina A (Storebakken, 2002).
liga-se a uma proteína transportadora, a [CRBP] (do in-
Baseado em sinais de deficiência, níveis de equi-
glês ‘Cellular Retinol Binding Protein’) (Figura 1), poden-
valentes de retinol estocados em tecidos e marcadores
do transformar-se pela ação de enzimas em duas formas
primariamente ativas: o retinal, utilizado para a regene- celulares, Moren et al. (2004) recomendaram como ní-
ração da rodopsina (composto sensível à luz) na retina vel ótimo para juvenis de ‘halibut’ do Atlântico cerca de
do olho e o ácido retinóico, principal metabólito ativo 8.333 UI kg-1 de dieta, adicionado como acetato de retinil.
da vitamina A, que ao se ligar a receptores nucleares Para larvas da espécie nativa jundiá (Rhamdia quelen),
regula a expressão gênica, processos de diferenciação a adição de 3.000 UI de vitamina A kg-1 foi considerada
e proliferação celular, crescimento e desenvolvimento a mais adequada para as semanas inicias de vida por fa-
de estruturas do esqueleto, bem como de sistemas, tais vorecer o aumento da sobrevivência, biomassa e com-
como os sistemas nervoso e imunológico (Figura 2). primento total (Peil et al., 2007).
124 NUTRIAQUA

Figura 1. Reações metabólicas da vitamina A, mostrando os compostos da vitamina, proteínas


de transporte e sua localização em células-alvo. Abreviaturas: álcool desidrogenase [ADH]; aldeí-
do desidrogenase [ALDH]; álcool desidrogenase de cadeia curta/ redutase [SDR] (Fonte: Fernández
e Gisbert, 2011, com modificações).

Figura 2. Esquema ilustrativo das vias de ação do retinol no controle da proliferação e di-
ferenciação celular que regulam o desenvolvimento de diferentes tecidos e sistemas em
vertebrados. Setas sólidas indicam regulação direta do retinol e setas tracejadas indicam as
possíveis interações entre diferentes tecidos e sistemas com o desenvolvimento dos ossos
(Fonte: Fernández e Gisbert, 2011).
VITAMINAS E MINERAIS 125

A deficiência da vitamina A causa danos ao epi- mg de retinol kg-1 de dieta (Ornsrud et al., 2002). Segun-
télio, tecidos ósseos e conjuntivos (NRC, 2011). Em sal- do Cahu et al. (2003), a sensibilidade para intoxicação
monídeos, a deficiência de retinol causou redução no por vitamina A depende do estágio de desenvolvimen-
crescimento, anemia, degeneração da retina e lesão e to, sendo as larvas mais sensíveis. Juvenis de salmão po-
hemorragia nos olhos e nadadeiras. Sinais semelhan- dem tolerar dietas com mais de 75.000 UI de vitamina A
tes de deficiência foram observados em ciprinídeos kg-1 de ração sem redução no crescimento ou aumento
e alevinos de ‘yellowtail’ (Seriola quinqueradiata) (Lall, na mortalidade.
2010). Truta arco-íris alimentada com dietas deficientes Nos mamíferos, a organogênese é completada
de vitamina A apresentou diminuição na migração de durante a embriogênese e altas doses de vitamina A
leucócitos, evidenciando que esta vitamina teria um podem induzir a uma variedade de malformações con-
potencial limitante como agente imunoestimulante na gênitas fetais. Não há relatos que isso ocorra em peixes,
dieta desta espécie (Thompson et al., 1995). Garoupas uma vez que no estágio larval, as larvas estão em um
juvenis (Epinephelus tauvina) alimentadas com dieta ba- estado relativamente imaturo e passam pela organogê-
sal (210 UI de vitamina A kg-1 de ração) desenvolveram nese durante a fase de alimentação exógena. Por outro
hemorragia na pele e base das nadadeiras, além de ero- lado, isto exige um adequado controle da composição
são do pedúnculo caudal, sendo que a suplementação nutricional da dieta na larvicultura, a fim de garantir
com um mínimo de 3.101 UI de vitamina A kg-1 de dieta o desenvolvimento normal do esqueleto (Haga et al.,
foi sugerida para o máximo crescimento desta espécie 2011). A alimentação de reprodutores de truta arco-íris
(Mohamed et al., 2003). com grandes quantidades de vitamina A (700 UI g-1) in-
Tilápias exigem 4.704 UI de vitamina A kg-1 de die- duziu mortalidade em estágios embrionários, mas não
ta para adequado ganho de peso e 4.138 UI vitamina A foi teratogênica e nenhuma malformação do esqueleto
kg-1 de dieta para garantir a higidez (Furuya, 2010). Em foi registrada até os estágios mais tardios de desenvol-
juvenis, a exigência de vitamina A para um ótimo cresci- vimento. No entanto, níveis bastante elevados de vita-
mento foi 5.850 a 6.970 UI kg-1 de ração, baseado no ga- mina A (6-20 UI g-1) foram necessários para sustentar a
nho de peso e estocagem de vitamina A no fígado (Hu fecundidade de reprodutores e o crescimento inicial da
et al., 2006). A deficiência em vitamina A para juvenis de prole (Fontagne-Dicharry et al., 2010). Mais pesquisas
tilápia-do-Nilo resulta em apatia, natação errática, exof- são necessárias para estudar as vias metabólicas do re-
talmia, catarata, hemorragia nas nadadeiras e acúmulo tinol, incluindo sua absorção, armazenamento e mobili-
de fluído seroso na cavidade visceral (Bacconi-Campeche zação durante a ontogênese de larvas de peixes.
et al., 2009). Segundo estes autores, sinais severos de
deficiência foram observados nas tilápias alimentadas
Vitamina D
com 0 a 1.200 UI vitamina A kg-1 de dieta e sinais mo-
derados naquelas alimentadas com 1.800 a 3.600 UI Em animais terrestres, está bem estabelecido que a
vitamina A kg-1 de dieta. Somente no grupo alimenta- previtamina D pode ser produzida na pele a partir de um
do com 5.400 UI de retinol kg-1 de dieta foi detectado precursor fotoquímico, o 7-dehidrocolesterol [7-DHC],
retinol hepático, caracterizando que a suplementação formado a partir do colesterol por irradiação de luz ul-
com vitamina A excedeu as exigências metabólicas dos travioleta [UV]. Esta previtamina D é mais tarde transfor-
peixes, sendo o excesso armazenado no fígado. mada em vitamina D, por isomerização térmica, sendo
Em peixes, 90% da vitamina A armazenada é encon- transportada por proteínas, pelo sangue para o fígado
trada no fígado e o restante dividido entre olhos, plasma, (DeLuca, 2004).
gordura e aparelho reprodutivo (Katsuyama e Matsuno, As duas principais fontes naturais de vitamina D
1988). Peixes alimentados com dietas isentas de vitamina são ergocalciferol (vitamina D2, que ocorre predominan-
A gradualmente perdem a vitamina estocada primaria- temente em plantas) e colecalciferol (vitamina D3, que
mente no fígado e, por último, nos olhos. Juvenis de ‘gol- ocorre em animais), sendo que ambas as formas são
dfish’ (Carassius auratus auratus) apresentaram sinais de hidroxiladas no fígado formando a 25-hidroxi vitamina
deficiência e evidência de avitaminose no fígado, glân- D3 [25- hidroxi D3] (NRC, 2011). Em mamíferos, o 25- hi-
dulas intestinais e na pele, alguns meses após ingerirem droxi D3 é hidroxilado a 1,25 dihidroxi vitamina D3 no
dietas isentas de vitamina A (Graham e Jones, 1969). rim, que é a forma biologicamente ativa da vitamina D,
Por outro lado, o excesso de vitamina A (hiper- responsável por facilitar a mobilização, transporte, ab-
vitaminose A) pode ser tóxico, causando mortalidade, sorção e uso de cálcio e fósforo, juntamente com ações
redução no crescimento e distúrbios no desenvolvi- de hormônios paratireiodianos e calcitonina. Nos pei-
mento, incluindo deformações ósseas (Lall, 2010). Efei- xes, hidroxilações adicionais do 25- hidroxi D3 ocorrem
tos tóxicos da vitamina A, como taxa de mortalidade no fígado, rim e vários outros tecidos, formando meta-
aumentada, crescimento anormal da coluna vertebral e bólitos ativos, como a 1,25-dihidroxi vitamina D3 [1,25
crescimento reduzido, foram observados em larvas de (OH)2D3] (calcitriol) e a 24,25 dihidroxi vitamina D3 [24,25
salmão-do-Atlântico (Salmo salar) alimentadas com 938 (OH)2D3] (Figura 3) (Lock et al., 2010).
126 NUTRIAQUA

Figura 3. A transformação metabólica da vitamina D3. Em mamíferos (e pouco provavelmente em peixes) a vitamina D3 pode ser
gerada fotoquimicamente a partir do precursor 7-DHC ou absorvida da dieta. No fígado a vitamina D3 é hidroxilada em 25-hidroxi
D3. Em peixes, hidroxilações adicionais ocorrem no fígado, rim e vários outros tecidos, formando 1,25 (OH)2D3 e 24,25 (OH)2D3
como metabólitos ativos. (Fonte: Lock et al., 2010).

A possibilidade de que peixes, assim como ma- espécie, Rao e Raghuramulu (1997) relataram a síntese
míferos, possam sintetizar vitamina D3 usando o 7-DHC da vitamina D3 na presença de luz UV a partir de 7-DHC,
como precursor já foi investigada. Rao e Raghuramulu mas, concluíram que, embora, a espécie seja capaz de
(1996), ao incubarem no escuro extrato homogeneiza- sintetizar vitamina D através da exposição constante e
do de fígado de tilápia-de-Moçambique (Oreochromis prolongada à luz UV de comprimento de onda apropria-
mossambicus) com 4-14C colesterol e 14C acetato, obser- do, é improvável que isso ocorra em condições naturais,
varam que não foi formada vitamina D3 radiomarcada, onde os peixes não são expostos à luz UV. Estudos como
concluindo que é improvável que exista uma via não estes demonstram que a síntese de vitamina D3 em te-
fotoquímica de síntese desta vitamina. Nesta mesma cidos de peixes pode ser induzida in vitro por luz UV, e
VITAMINAS E MINERAIS 127

que essa transformação não é provável que ocorra em não indicaram desvios ou malformações esqueléticas;
condições naturais. Desta forma, peixes não são capazes alterações histopatológicas, como fusão de vértebras,
de sintetizar vitamina D e são totalmente dependentes também não foram observadas (Graff et al., 2002b). Darias
da dieta para atender sua exigência. Sob circunstâncias et al. (2010) sugeriram o nível de 19,2 UI de vitamina D3
naturais, organismos planctônicos, que habitam a zona g-1 de ração como mais adequado para morfogênese
fótica, são capazes de sintetizar esta vitamina, que se larval do robalo europeu (Dicentrarchus labrax), mas, re-
acumula no ambiente aquático na cadeia alimentar. lataram que as larvas desta espécie são extremamente
Como o plâncton está na base de cadeias alimentares sensíveis aos níveis de vitamina D3 na dieta. A concen-
aquáticas, a vitamina D está sempre disponível para os tração de vitamina D3 para o adequado desenvolvimen-
peixes via dieta (Rao e Raghuramulu, 1999a). to larval está dentro de uma faixa restrita. Variações na
A relação entre as vitaminas D2 e D3 em plâncton concentração ótima desta vitamina podem desencade-
não se reflete no armazenamento de vitamina D em pei- ar graves distúrbios fisiológicos, como interrupção da
xes, onde a vitamina D2 é quase ausente e a vitamina D3 via da proteína morfogenética óssea [BMP], (do inglês
é a forma primária de armazenamento. Tem sido suge- ‘bone morphogenetic protein’), envolvida na formação
rido que esta forma tem uma maior biodisponibilidade de osteoblastos maduros, processo é fundamental para
para os peixes, resultando em maior ingestão de dietas a mineralização óssea. Além disso, podem causar atraso
com vitamina D3 comparada com a vitamina D2. A ca- na maturação do sistema digestório, com consequên-
pacidade de peixes em armazenar grandes quantidades cias negativas para absorção de cálcio, resultando em
de vitamina D3 em seus tecidos faz com que estes se tor- aparecimento de deformidades esqueléticas (Darias
nem excelentes fontes alimentares de vitamina D3 para et al., 2010).
os seres humanos (Takeuchi et al., 1987). A suplementação de dietas com vitamina D2, em
Peixes acumulam vitamina D3 ao longo da sua vez de vitamina D3, parece menos eficaz. Barnett et al.
vida a uma taxa determinada pelos níveis em sua dieta. (1982) estimaram, a partir de curvas de crescimento,
A deposição ocorre principalmente no fígado e em ou- que a vitamina D3 foi aproximadamente 3,3 vezes mais
tros tecidos, como intestino, rim, baço, brânquias, pele e potente para truta arco-íris que a vitamina D2. Já em car-
músculo. Esta vitamina D armazenada é acessível para o pa ‘rohu’ (Labeo rohita) alimentada com níveis graduais
metabolismo, o que pode influenciar na exigência míni- de vitamina D3 (1.100 e 1.650 dieta UI kg-1) ou vitamina
ma diária. Nas espécies de peixes que não têm uma alta D2 (550, 1.100 e 1.650 dieta UI kg-1) por 240 dias, nenhu-
exigência de vitamina D, pequenas quantidades desta ma alteração comportamental ou morfológica foi ob-
vitamina na dieta podem ser suficientes para manter as servada em comparação aos peixes alimentados com
condições normais de crescimento (Lock et al., 2010). dieta desprovida de vitamina D. Além disso, a taxa de
Peixes salmonídeos parecem exigir maiores quan- crescimento, eficiência alimentar, taxa de mortalidade
tidades de vitamina D3 em sua dieta em comparação e concentração de proteína, lipídios totais, cálcio e fós-
com outros peixes. Barnett et al. (1982) recomendaram foro na carcaça permaneceram inalterados nos peixes
1.600 UI de Vitamina D3 kg-1 de dieta como exigência mí- alimentados com qualquer forma da vitamina ou com
nima para truta arco-íris, uma vez que nesta concentra- dieta deficiente em vitamina D, o que mostra que am-
ção foi verificado maior crescimento e ausência total de bas as formas de vitamina (D3 e D2) são biologicamente
tetania, que é um dos principais sintomas de deficiência inativas nesta espécie (Ashok et al., 1999).
em Vitamina D. Salmões ‘amago’ (Oncorhynchus rhodurus) Em animais terrestres, é conhecido que a vitami-
alimentados com uma dieta isenta de vitamina D3 por na D3 é produzida pelo processo fotoquímico na pele
22 semanas apresentaram menor peso e alterações pa- e que o metabólito l,25(OH)2D3, juntamente com o hor-
tológicas, como epiderme fina, musculatura extensiva- mônio da paratireóide [HPT], desempenham um papel
mente necrosada e hipocalcemia, quando comparado importante na homeostase dos íons cálcio e fósforo
aos peixes alimentados com a dieta controle suplemen- (DeLuca, 2004). No ambiente terrestre, pobre nestes
tada com 0,5 mg vitamina D3 kg-1. As alterações pato- íons, o controle preciso de cálcio no plasma é depen-
lógicas no grupo alimentado com dieta isenta de vita- dente do vasto reservatório presente no esqueleto. Em
mina D3 foram em grande parte revertidas após quatro peixes, o papel da vitamina D ainda é confuso. No meio
semanas de alimentação com uma dieta suplementada aquático, há um suprimento constante de cálcio e fós-
com a vitamina (Taveekijakarn et al., 1996a). foro, sendo que a vitamina D poderia não ser essencial
Os peixes são muito tolerantes aos altos níveis de vi- para a regulação destes minerais. Além disso, o hormô-
tamina D3 na dieta. A alimentação de salmão-do-Atlântico nio da paratireóide está ausente em peixes, reforçando
com 57 mg de vitamina D3 kg-1 por até 14 semanas não que a vitamina D pode não ter um papel na regulação
resultou em diferenças significativas no comprimento, de cálcio e fósforo nestes animais. De acordo com Rao
peso, crescimento específico e taxa de mortalidade, em e Raghuramulu (1999b) não foi verificado na espécie de
comparação com grupos alimentados 0,2 e 5,0 mg vita- água doce, tilápia-de-Moçambique, efeito da vitamina
mina D3 kg-1. Exames da morfologia da coluna vertebral D3 (administrada em várias doses) na manutenção dos
128 NUTRIAQUA

níveis séricos de cálcio e fósforo, na estimulação da ab- transportam o α-tocoferol dos tecidos periféricos para
sorção de cálcio intestinal, na absorção de cálcio e fósfo- o fígado (Hamre, 2011). Em sua revisão sobre metabo-
ro corpóreo e na atividade da proteína de ligação de cál- lismo, interações, exigências e funções da vitamina E
cio nas brânquias [CaBP], (do inglês ‘gill calcium binding em peixes, Hamre (2011) relata estudos, nos quais foi
protein’). Estes resultados reforçam que, ao contrário do verificado o aparecimento de radioatividade no plasma
que acontece nos vertebrados terrestres, a vitamina D3 e fígado após a alimentação de peixes com α-tocoferol
ou seus metabólitos não são necessários para a home- marcado, bem como HDL e LDL séricas contendo níveis
ostase de cálcio-fósforo em peixes. semelhantes de α-tocoferol, o que reforça o papel des-
tas lipoproteínas no transporte daquela molécula.
A vitamina E funciona como um antioxidante
Vitamina E lipossolúvel, protegendo as membranas biológicas e
lipoproteínas contra a oxidação. In vivo a oxidação li-
A vitamina E é genericamente descrita como to- pídica é normalmente baixa, mas, pode aumentar se o
das as moléculas que possuem a atividade biológica de animal for submetido a um estresse oxidativo. Quando
α-tocoferol. As formas naturais de vitamina E são todos a auto-oxidação é iniciada, um ciclo se estabelece, no
d-estereoisômeros e consistem de um anel aromático qual radicais lipídicos peroxil são formados e reagem
substituído e uma longa cadeia hidrocarbônica lateral. com ácidos graxos poli-insaturados [PUFAs] (do inglês
Há oito compostos naturais com atividade de vitamina ‘polyunsaturated fatty acid’), causando danos aos com-
E: d-α-, β-d-, d-γ, d-δ-tocoferóis, que diferem entre si na ponentes intracelulares (membranas, ácidos nucleicos e
localização do grupo metil do anel aromático de sua ca- enzimas) e, assim, resultando em condições patológicas
deia molecular. O composto de maior biopotência é o (Azzi e Stocker, 2000). Na ausência de antioxidantes, a
d-α-tocoferol, sendo os demais de baixa atividade bio- oxidação lipídica pode ocorrer nas longas cadeias de
lógica (NRC, 2011). PUFAs disponíveis para oxidação. O processo só termi-
Os animais são incapazes de sintetizar o α-tocoferol, na quando dois radicais lipídicos se combinam para for-
sendo dependentes de dietas que incluam óleos vege- mar espécies não radicais. A vitamina E tem função an-
tais, gérmen ou farelo de glúten, leveduras, gema de tioxidante, pois o α-tocoferol compete com o PUFA na
ovo e fígado (Andriguetto, 1990). A forma livre de toco- doação de um átomo de hidrogênio ao radical lipídico
ferol da vitamina E é instável em condições de oxidação peroxil, interrompendo o ciclo de reações envolvidas na
e sofre perdas substanciais de sua atividade nos alimen- auto-oxidação lipídica. Contudo, sob certas condições,
tos processados ou armazenados (Lovell, 1998). Já as como alta concentração de vitamina E e baixa concen-
formas esterificadas são bastante estáveis, e suplemen- tração de vitamina C na dieta, a vitamina E pode estar
tos comerciais usualmente contêm ésteres de acetato presente na forma de radicais tocoferoxil, os quais abs-
e succinato (McDowel, 1989), os quais não possuem traem os átomos de hidrogênio, iniciando assim a oxida-
atividade antioxidante, mas são facilmente hidrolisados ção lipídica e atuando, neste caso, como pró-oxidante
no trato digestivo a tocoferol livre biologicamente ativo (Hamre, 2011).
(NRC, 2011). A interação da vitamina E da dieta com o sistema
Em peixes e mamíferos, ésteres de acetato são hidro- antioxidante dos peixes foi observada por Tocher et al.
lisados no intestino antes da absorção para α-tocoferol (2002), onde a menor quantidade de vitamina E nas
no lúmen intestinal. A principal rota de transporte dos dietas levou a diminuição de seus níveis nos múscu-
tocoferóis a partir do intestino parece ser os quilomí- los e ao aumento da atividade oxidante do organismo,
crons, os quais são transportados principalmente para produzindo altos níveis de peróxidos lipídicos. In vivo,
o fígado, embora algumas transferências de vitamina E vitamina E e selênio (via glutationa peroxidase) fazem
para outros tecidos periféricos ocorram durante o ca- parte de um sistema de defesa antioxidante multicom-
tabolismo dos quilomícrons pela lipoproteína lipase. A ponente. Este sistema protege as células contra os efei-
concentração de α-tocoferol nos tecidos pode ser afe- tos adversos das espécies reativas de oxigênio e outros
tada significativamente pela sua quantidade na ração. radicais livres que iniciam a oxidação de fosfolipídios
No fígado, o nível de α-tocoferol aumenta exponencial- poli-insaturados da membrana e proteínas essenciais
mente em resposta ao α-tocoferol na dieta. Já os níveis (NRC, 2011).
de d-γ e d-δ-tocoferóis são maiores em outros tecidos, É cientificamente conhecido que a vitamina E é um
como adiposo e muscular (Hamre, 2011). nutriente essencial e, de acordo com o NRC (2011), o mí-
A vitamina E captada no fígado pode ser excretada nimo de vitamina E exigido para os peixes em geral é de
na bile ou devolvida à circulação, possivelmente incor- 50 mg kg-1 de dieta (Tabela 1). Maior ganho de peso, taxa
porada à lipoproteínas de muito baixa [VLDL] (do inglês de crescimento específico, taxa de eficiência proteica e
‘very low-density lipoprotein’) e baixa densidade [LDL] melhor índice de conversão alimentar foram observa-
(do inglês ‘low-density lipoprotein’). As lipoproteínas de dos em carpa ‘mrigal’ (Cirrhinus cirrhosus) alimentadas
alta densidade [HDL] (do inglês ‘high-density lipoprotein’) com 120 mg de vitamina E dieta kg-1 e, por análise de
VITAMINAS E MINERAIS 129

regressão, definiu-se como exigência para espécie 99 (Hamre, 2011). Sinais de deficiência de vitamina E têm
mg vitamina E (dL-α tocoferol acetato) kg-1 de dieta, ba- sido descritos em peixes e incluem distrofia muscular,
seando-se no ganho de peso máximo (Paul et al., 2004). envolvendo atrofia e necrose das fibras musculares
Porém, a exigência de vitamina E em diferentes animais brancas, edema no coração, músculos e outros tecidos
está diretamente relacionada com o teor lipídico da devido ao aumento da permeabilidade capilar permi-
dieta, pois parte da vitamina E é utilizada para proteger tindo o acúmulo de exsudatos, eritropoiese deficiente,
os lipídios dos tecidos contra a oxidação (Lovell, 1998). anemia e despigmentação (NRC, 2011).
Segundo Shiau e Shiau (2001) a exigência dietética de Considerando as interações com outros nutrien-
vitamina E para tilápia-do-Nilo aumentou com níveis tes, e a variação existente nos níveis de vitamina E nos
crescentes de lipídios na dieta. Estes autores observa- tecidos das diferentes espécies animais, não é de estra-
ram que tilápias alimentadas com dietas contendo 5 e nhar que os sinais de deficiência de vitamina E variem
12% de lipídios necessitavam de 40-44 e 60-66 mg de de acordo com as condições experimentais e de uma
vitamina E kg-1 de dieta, respectivamente. A exigência espécie para outra. Em estudos com salmão-do-Atlântico,
de vitamina E em garoupa-do-Malabar (Epinephelus anemia e degeneração do fígado foram os sinais de de-
malabaricus) foi 61-68 mg kg-1 de dieta e 104-115 mg ficiência mais dominantes, não sendo verificada dege-
kg-1 de dieta com 4% e 9% de lipídios, respectivamente neração muscular, comum em animais terrestres defi-
(Lin e Shiau, 2005b). cientes em vitamina E (Hamre, 2011).
O elevado número de interações da vitamina E Na maioria dos estudos onde parâmetros hema-
com outros nutrientes mostra que, para determinar a tológicos foram mensurados, anemia é relatada como
exigência desta vitamina, é importante considerar, por sinal clínico em peixes com deficiência de vitamina E
exemplo, a concentração de vitamina C da dieta. A hi- (Hamre et al., 1997). Em carpas ‘mrigal’, a fragilidade dos
pótese de que a vitamina C possa regenerar vitamina eritrócitos foi máxima em peixes alimentados com 19
E foi apresentada pela primeira vez por Tappel (1962), mg de vitamina E kg-1, reduzindo-se com o crescente
e observações deste tipo de interação foram feitas em nível de vitamina E (Paul et al., 2004). Por outro lado,
estudos in vitro, mas, ainda não está completamente hipervitaminose E resultou em baixo crescimento, to-
esclarecido que este efeito sinérgico entre ambas as xicidade hepática e morte em carpas comum (Halver e
vitaminas possa ocorrer in vivo. O aumento de vitami- Hardy, 2002).
na C na dieta de 0 para 60 mg kg-1 não influenciou na Além de melhorar o crescimento, a vitamina E é
retenção de α-tocoferol em tecidos e fluídos corpóreos suplementada em dietas de peixes com a finalidade de
de salmão-do-Atlântico, os quais também não apre- melhorar a resistência ao estresse e o sistema imunoló-
sentaram sinais de deficiência em vitamina C (Hamre gico (Gatlin, 2002; Koshio, 2007). É relatado que a suple-
et al., 1997). Contudo, após queda na concentração de mentação de níveis elevados de vitamina E melhoraram
vitamina E no fígado do salmão-do-Atlântico, o mesmo a resposta imune e resistência a doenças em truta
passou a apresentar sinais de deficiência de vitamina C, arco-íris (Clerton et al., 2001), salmão-do-Atlântico (Hardie
como deformidade nas vértebras, sugerindo que a vita- et al., 1990) e dourada (Sparus aurata) (Ortuño et al., 2000;
mina C foi necessária para manter o estoque corpóreo Cuesta et al., 2001). Lin e Shiau (2005b) relataram que a
de vitamina E. Shiau e Hsu (2002) estudaram o efeito suplementação com 104-115 mg de vitamina E kg-1 de
da suplementação com diferentes níveis de vitamina E dieta (dependendo do nível de lipídio na dieta) foi neces-
para híbridos de tilápia (Oreochromis niloticus x O. aureus), sária para ótimo crescimento em Epinephelus malabaricus.
alimentados com dois níveis de vitamina C: o nível Neste mesmo estudo, concentrações de 200-400 mg
adequado à exigência da espécie e um nível três vezes de vitamina E kg-1 elevaram as respostas imunológicas,
maior. Os peixes que receberam o nível adequado de vi- como contagem de glóbulos brancos, atividade respira-
tamina C e não receberam suplementação de vitamina tória de leucócitos, lisozima plasmática e proteínas do sis-
E, apresentaram ganho de peso e eficiência alimentar tema complemento, sugerindo que a garoupa necessita
menor que os demais. Todavia, os autores sugerem que de mais vitamina E na dieta para melhorar sua resposta
a suplementação com vitamina C em altos níveis (três imunológica. Em estudo com a espécie nativa pacu
vezes maior que o adequado) pode suprir a ausência de (Piaractus mesopotamicus), a suplementação com 450
vitamina E na dieta. mg de vitamina E kg-1 de ração favoreceu acúmulo de
Considerando o papel antioxidante que a vitami- macrófagos e a formação de células gigantes de Langhans
na E exerce, a maioria dos experimentos realizados para em lamínulas de vidro implantadas no tecido subcutâ-
determinar a exigência de vitamina E em peixes assume neo, sugerindo que esta vitamina pode contribuir com
que o principal efeito da deficiência desta vitamina é o respostas inflamatórias mais eficientes, aumentando o
aumento na oxidação lipídica, sendo outros sinais de recrutamento de células de defesa em reação a corpos
deficiência considerados secundários a este. A oxidação granulomatosos estranhos (Belo et al., 2005).
de lipídios nas membranas das células leva à perda da in- É bem estabelecido que a vitamina E, juntamente com
tegridade da membrana, e, eventualmente, à lise celular a vitamina C, pode influenciar o sistema imunológico de
130 NUTRIAQUA

peixes e o fornecimento de ambas pode reduzir a mor- dieta afetaram significativamente a taxa de eclosão dos
talidade e melhorar o desempenho produtivo, por au- ovos, a sobrevivência e o número de larvas produzidas
mentar as respostas imunológicas inatas. Em dourada, (Nascimento, 2010).
foi estudada a utilização de megadoses das vitaminas A vitamina E também pode ser eficiente na conser-
C (3 g kg-1) e E (1,2 g kg-1). Quando administradas indivi- vação do pescado durante o processamento e estoca-
dualmente, a suplementação de vitamina C melhorou a gem, inibindo a degradação dos lipídios pela oxidação.
atividade respiratória dos peixes e um alto nível de vita- Estudos foram conduzidos para aumentar a quantidade
mina E aumentou a atividade fagocítica desta espécie. de vitamina E estocada nos músculos dos peixes, a fim
Na associação de ambas, observou-se efeito sinérgico, de melhorar a qualidade da carne e o prazo de validade
com incremento simultâneo nas atividades respiratória comercial, através da proteção conta a oxidação lipídi-
e fagocítica dos peixes (Ortuño et al., 2001). Tilápias ali- ca. Os resultados destes ensaios variaram, pois a indu-
mentadas com dietas suplementadas com 500 mg kg-1 ção da oxidação lipídica nos filés é dependente de mui-
de vitaminas C e E apresentaram redução no número to- tos fatores como, por exemplo, a composição de ácido
tal de neutrófilos circulantes no sangue, quando inocu- graxo nos filés, níveis de vitamina E, além de condições
ladas com carragenina e lipossacarídeos [LPS] na bexiga e tempo de armazenamento (Hamre, 2011).
natatória (Martins et al., 2008). Na espécie nativa pacu, Em estudo com filés de ‘turbot’ (Scophthalmus
foi observado aumento no hematócrito tanto em pei- maximus), onde utilizou-se uma dieta comercial su-
xes alimentados com dieta deficiente de vitamina E (0 plementada com acetato de tocoferol em níveis de
mg kg-1), associada à alimentação com baixos níveis de 100, 500 e 1.000 mg kg-1 por 15 semanas, observou-se
vitamina C (0 ou 250 mg kg-1 de ração), como em peixes menores níveis de oxidação lipídica e menor perda da
que receberam dietas com os mais altos níveis de ambas coloração dos filés estocados no gelo, quando compa-
as vitaminas (500 g kg-1). Isto sugere que essa resposta rado ao grupo controle, sem suplementação (Ruff et al.,
hematológica pode estar ligada tanto à deficiência de vi- 2003). Resultados semelhantes foram encontrados por
tamina como à hipervitaminose e que a suplementação Gatta et al. (2000) que investigaram a qualidade dos fi-
com 500 mg de vitamina C kg -1 de ração, em associação lés frescos de robalo europeu alimentados com quatro
com o mesmo nível de vitamina E, pode ser considerada dietas contendo 139, 254, 493 e 942 mg de vitamina E
excessiva para o pacu (Garcia et al., 2007). kg-1 durante 87 dias. Neste estudo, os valores de oxida-
Estudos constataram aumento na eficiência repro- ção lipídica analisados pelo método de [SRATB] (Subs-
dutiva com a suplementação de vitamina E na dieta de tâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico) foram estatis-
reprodutores de peixes. A exigência de vitamina E é de- ticamente diferentes apenas para o grupo com menor
pendente do conteúdo de ácidos graxos poli-insaturados suplementação, quando comparado aos demais.
na dieta. Dieta com nível fixo de vitamina E, mas com Os efeitos antioxidantes da vitamina E foram in-
aumento nos níveis de ácidos graxos poli-insaturados vestigados in vivo, por meio da modificação da dieta e,
(n-3) melhorou a qualidade das desovas em doura- in vitro, pela adição de antioxidantes após o abate, na
da, mas também causou uma maior percentagem de qualidade final de hambúrgueres de filés de tilápia-do-
larvas deformadas, com hipertrofia do saco vitelínico -Nilo conservados congelados. Como resultado, a suple-
(Fernández-Palacios et al., 1995). A suplementação de mentação de vitamina E na dieta protegeu os hambúr-
α-tocoferol na dieta de reprodutores de linguado ja- gueres da oxidação lipídica de forma mais eficiente do
ponês (Paralichthys olivaceus) promoveu o desenvol- que a adição in vitro. Além disso, a suplementação com
vimento gonadal durante todo o período reprodutivo 200 mg de vitamina E kg-1 de ração, juntamente com a
e também estimulou a desova (Tokuda et al., 2000). adição de 100 ppm de vitamina E durante o processa-
Adicionalmente, o nível desse nutriente nos ovários foi mento, foi o tratamento mais eficiente na preservação
geralmente superior aquele observado dos testículos. dos hambúrgueres, quando estocados congelados du-
Segundo estes autores, a vitelogenina é produzida na rante 90 dias (Fogaça e Sant’ana, 2005).
hemolinfa e é captada pelos ovócitos por endocitose,
mediada por receptores, para formar as principais pro-
teínas do vitelo, as vitelinas, que são lipoglicoproteínas Vitamina K
de alta densidade. Essas duas proteínas, vitelogenina e
vitelina, são responsáveis pelo transporte de substân- Vitamina K é o nome dado a um grupo de compo-
cias, como o tocoferol, do ovário para os ovócitos du- nentes que desempenham um importante papel como
rante a maturação sexual. Em fêmeas de tilápia-do-Nilo cofatores para a enzima glutamilcarboxilase, a qual age na
foi verificado que a suplementação de 500 mg de vita- carboxilação de certos resíduos de ácido glutâmico pre-
mina E kg-1 da dieta influenciou positivamente o volu- sentes nas proteínas envolvidas na coagulação sanguínea.
me e o número de ovos produzidos, o índice de desova As formas naturais de vitamina K incluem a filoqui-
e a fecundidade relativa e total das fêmeas. Níveis de su- nona, também chamada de vitamina K1 e a menaquino-
plementação entre 300 e 400 mg de vitamina E kg-1 da na, conhecida como vitamina K2, que têm cadeias longas
VITAMINAS E MINERAIS 131

arranjadas em séries (4 e 9). A vitamina K1 é sintetizada filoquinona é maior quando comparado à menaquino-
por plantas e algas e a vitamina K2 pela flora bacteriana na (Udagawa, 2000).
intestinal. Há ainda um derivado sintético da vitamina Até a década de 70, a função clássica conhecida da
K, conhecido por menadiona, utilizado em dietas para vitamina K era como coenzima na síntese de proteínas
animais (NRC, 2011). O sal de menadiona sintética, me- de coagulação sanguínea. Em sua revisão sobre o papel
nadiona bissulfito de sódio, é geralmente suplementado fisiológico da vitamina A em peixes, Udagawa (2000)
em dietas comerciais para peixes (Udagawa, 2000). relata trabalhos que apontam que truta e bagre do ca-
A concentração de vitamina K na dieta natural de nal alimentados com dietas deficientes em vitamina K
peixes varia com o hábito alimentar, o qual difere mar- apresentaram menor tempo de coagulação sanguínea,
cadamente entre peixes pelágicos, que se alimentam baixos valores de hematócrito, hemorragia e anemia.
basicamente de plâncton, e peixes demersais, que se Salmões ‘amago’ alimentados com dietas deficientes
alimentam principalmente de organismos bentônicos. em vitamina K desenvolveram sinais de deficiência,
Segundo Udagawa (2000), o nível de filoquinona no como mortalidade, anemia, aumento no tempo de co-
plâncton, consumido por sardinhas japonesas (Sardinops agulação do sangue e alterações histopatológicas no fí-
sagax) selvagens, foi quase 30 vezes mais alto que o de gado e brânquias, que foram recuperadas após alimen-
menaquinona. Em Euphausia pacifica, um crustáceo al- tação com dieta contendo vitamina K (Taveekijakarn
tamente consumido por peixes pelágicos, os níveis de et al.,1996b). Entretanto, recentemente, atenção espe-
filoquinona e menaquinona são baixos. Por outro lado, cial tem sido dada à importância da vitamina K para o
em Polychaeta spp., organismos bentônicos consumi- desenvolvimento ósseo, uma vez que ela parece estar
dos por peixes demersais, a vitamina K é encontrada na relacionada à carboxilação de uma proteína (osteocalci-
forma menaquinona com quantidades insignificantes na), atuante na homeostase de íons cálcio (Graff et al.,
de filoquinona. 2002b). De acordo com Grahl-Madsen e Lie (1997), o
O ambiente pode influenciar na quantidade de peso corpóreo do bacalhau foi significativamente maior
vitamina K armazenada nos tecidos. É relatado que a nos peixes alimentados com 6,5 e 9,8 mg de MSB kg-1,
quantidade de filoquinona presente no soro, coração, quando comparado aos alimentados com 21,5 mg kg-1,
rins, gônadas e, em especial, no fígado de sardinhas apontando um efeito negativo de altas doses de MSB so-
selvagens é muito maior quando comparada àquela en- bre o crescimento. No entanto, a homeostase do cálcio
contrada em exemplares de cativeiro (Udagawa et al., em condições de deficiência e toxicidade de vitamina K
1993). Nos tecidos de ‘ayu’ (Plecoglossus altivelis altivelis) não foi estudada pelos autores, que sugerem a exigência
selvagens, a vitamina K está presente na forma de filo- mínima de vitamina K, na forma de menadiona, de 2,5
quinona, enquanto a forma menaquinona aparece em mg kg-1 para a espécie. Por outro lado, altos níveis de MSB
baixos níveis (Udagawa et al., 1999). (2.000 mg kg-1) administrados por 93 dias não exerceram
A absorção das formas de vitamina K nos tecidos nenhum efeito adverso no crescimento em truta arco-íris
não está completamente esclarecida. De acordo com (Marchetti et al., 1995).
Grahl-Madsen e Lie (1997), os níveis de menaquinona 4 O composto sintético MSB, utilizado em dietas
nos tecidos corpóreos do bacalhau (Gadus morhua) au- comerciais para peixes, é instável durante o processa-
mentaram com o aumento de menadiona bissulfito de mento e armazenamento (Marchetti et al., 1999), sendo
sódio [MSB] na dieta, atingindo nível máximo no fígado que o conteúdo de vitamina K na dieta pode, sob con-
(340 hg g-1) com níveis de MSB acima de 9,8 mg kg-1. Estes dições desfavoráveis de produção e armazenamento,
resultados indicam que houve a conversão de MSB para atingir níveis críticos. A menadiona nicotinamida bis-
a forma menaquinona 4 e que a vitamina K pode ser es- sulfito [MNB] é sugerida como uma alternativa mais es-
tocada em outros tecidos além do fígado. Similarmente, tável e menos tóxica para suplementação da vitamina K
a alimentação de 10 mg kg-1 de menadiona bissulfito de (Marchetti et al., 1995).
sódio aumentou a concentração da forma ativa mena- A quantidade de vitamina K exigida para peixes
quinona (vitamina K2) no fígado de salmão-do-Atlântico ainda é desconhecida. Assim como em mamíferos, con-
e nenhum sinal de deficiência foi observado nestes pei- sidera-se a possibilidade de que altas concentrações de
xes, provavelmente porque as dietas continham um nível vitamina K sejam exigidas para um desenvolvimento
basal de filoquinona (50,6 hg g-1) (Graff et al., 2002a). ósseo normal em peixes. Os trabalhos científicos reco-
É relatado que a absorção de vitamina K difere, nhecem que a suplementação com vitamina K deve ser
dependendo da sua forma de suplementação na dieta. suficiente para manter o crescimento normal e reduzir
Dietas ricas em filoquinona levaram a um aumento nos a mortalidade. Contudo, é relatado que a menadiona e
níveis de filoquinona nos tecidos e plasma. Por outro seus análogos são tóxicos para certos animais e causam
lado, dietas ricas em menaquinona não resultaram em anormalidades histológicas e fisiológicas. Consideran-
altas concentrações desta forma no plasma, mas au- do que a filoquinona é encontrada em plantas e algas,
mentaram levemente nos tecidos. Estes resultados su- talvez ingredientes de origem vegetal possam contri-
gerem que, em peixes, o acúmulo nos tecidos da forma buir para suprir as exigência de vitamina K em peixes.
132 NUTRIAQUA

da atividade da tiamina após sete meses de estocagem


VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS
a temperatura ambiente foram relatadas por Tacon
(1992). Todavia, de acordo com dados mais recentes,
Tiamina – B1 é observado entre 60-80% de retenção da atividade
A tiamina (vitamina B1) foi a primeira das vitami- da tiamina após a extrusão e armazenagem da ração a
nas do complexo B a ser isolada na forma pura. Tem temperatura ambiente por três meses (NRC, 2011).
papel central no metabolismo de geração de energia,
em especial no metabolismo de carboidratos. No tecido
Riboflavina – B2
animal a tiamina ocorre principalmente na forma difos-
fato, conhecida como tiamina pirofosfato [TPP]. A TPP é A riboflavina (vitamina B2) tem papel chave nas
a coenzima para três complexos multienzimáticos que reações de oxidação-redução do metabolismo energé-
catalizam reações de descarboxilação oxidativa: a piru- tico, atuando como componente das coenzimas flavina
vato desidrogenase no metabolismo de carboidratos; mononucleotídeo [FMN] e flavina adenina dinucleotí-
α-cetoglutarato desidrogenase no ciclo do ácido cítrico deo [FAD]. A FMN é formada pela fosforilação ATP-de-
e a cetoácido desidrogenase de aminoácidos de cadeia pendente da riboflavina, enquanto o FAD é sintetizado
ramificada, envolvida no metabolismo dos aminoácidos na reação seguinte pela ligação da FMN a uma molécula
leucina, isoleucina e valina. Também é a coenzima para de AMP. Estas coenzimas servem como grupos prosté-
a trancetolase na via da pentose-fosfato. Em humanos, ticos das enzimas de oxidação-redução envolvidas no
a deficiência de tiamina afeta o sistema nervoso e o co- metabolismo de cetoácidos, ácidos graxos e aminoáci-
ração, enquanto em peixes, estudos relatam desordens dos no sistema de transporte de elétrons da mitocôn-
neurológicas, hemorragias subcutâneas e graus varia- dria (Gouillou-Coustans e Guillaume, 2001; Halver, 2002;
dos de mortalidade (Gouillou-Coustans e Guillaume, Bender e Mayes, 2003; NRC, 2011).
2001; Halver, 2002; Bender e Mayes, 2003; NRC, 2011). A vitamina B2 também está envolvida com a piri-
Os tecidos da maioria dos peixes contém tiamina- doxina na conversão do triptofano em ácido nicotínico
se, enzima que degrada a tiamina presente em alimen- e é muito importante na respiração de tecidos pouco
tos não processados (crus). Tal fato pode representar vascularizados, como no caso da córnea dos olhos. Por
um problema sério e resultar em deficiência de tiamina atuar na pigmentação da retina durante a adaptação à
quando, por exemplo, rejeitos de pesca são utilizados in luz, problemas na visão e fotofobia em animais experi-
natura para alimentar os peixes, o que tende a se agravar mentais, inclusive peixes, são verificados em casos de
ainda mais com a diminuição do frescor destes itens ali- deficiência desta vitamina (Halver, 2002). Sinais clínicos
mentares. Os tecidos de peixes de água doce, mexilhões de deficiência de riboflavina em peixes são espécie-
e camarões possuem alta atividade de tiaminase, já em -específicos, mas em geral envolvem cataratas, letargia,
peixes marinhos a atividade desta enzima é menor. A anorexia, diminuição no crescimento, escurecimento da
pele, erosão de nadadeiras, dentre outros (NRC 2011).
tiaminase é inativada sob tratamento com calor ou pas-
Vários alimentos são fontes de tiamina, tais como
teurização prolongada. Desta forma, é recomendável
leite, fígado, rim, coração, levedura, grãos germinados,
que peixes inteiros, vísceras etc. sejam adequadamente
amendoim, soja e ovos, os quais precisam ser mantidos
tratados previamente a sua utilização como alimento em
protegidos do sol e radiação artificial intensa para mini-
pisciculturas (Lovell, 1998; Halver, 2002).
mizar perdas desta vitamina pela conversão irreversível
A tiamina é comumente encontrada em levedura
à lumiflavina (Halver, 2002). Usualmente a riboflavina
desidratada, vários grãos e sementes, onde se concen-
sintética, produzida como produto de fermentação ou
tra principalmente na casca (Lovell, 1998; Halver, 2002). como composto cristalino e que apresenta bioatividade
É solúvel em água e estável ao calor em soluções ácidas, equivalente às fontes naturais, é utilizada na suplemen-
mas em situações de armazenagem dos ingredientes tação de dietas para peixes. Esta vitamina mostra-se
por períodos muito longos, preparação da dieta sob relativamente resistente ao processo de extrusão e ar-
condições levemente alcalinas ou na presença de sulfi- mazenagem, com perdas não superiores a 10% após
to, a vitamina B1 pode ser facilmente perdida (Halver, 2002; três meses de armazenamento (NRC, 2011).
Webster e Lim, 2002). Comercialmente, esta vitamina
encontra-se disponível como sal mononitrato cristalino
ou sal cloridrato, sendo a primeira forma tipicamente Niacina
utilizada em dietas para animais (1 g tiamina = 1.088 g
tiamina mononitrato) e a segunda, devido a sua maior Dois compostos apresentam a atividade biológica
solubilidade em água, mais utilizada em suplemen- da niacina, o ácido nicotínico e a nicotinamida. A nico-
tos vitamínicos orais (NRC, 2011). Perdas na ordem de tinamida é componente de duas coenzimas, a nicoti-
0-10% (dietas peletizadas) e 11-12% (dietas extrudadas) namida adenina dinucleotídeo [NAD] e a nicotinamida
VITAMINAS E MINERAIS 133

adenina dinucleotídeo fosfato [NADP], as quais estão síntese de colesterol. A ACP participa da síntese de áci-
envolvidas em reações de oxidação-redução, atuando dos graxos (Bender e Mayes, 2003).
como transportadoras de hidrogênio no metabolismo Na maioria dos peixes, os sinais clínicos de deficiência
de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos. A NAD, em ácido pantotênico surgem rapidamente, em poucas
que é coenzima de várias desidrogenases, é reduzida a semanas, e incluem lamelas branquiais colabadas, com
NADH+ H+ durante a glicólise, lipólise e no ciclo de Krebs, hiperplasia e frequentemente cobertas com excesso de
durante a produção de energia (ATP) via cadeia respira- muco, opérculos inchados, anemia e alta mortalidade
tória. A NADP, por sua vez, é reduzida a NADPH2 na via (Lovell, 1998; NRC, 2011).
da pentose fosfato, se tornando doadora de hidrogênio Amplamente distribuído em muitos alimentos,
durante reduções dependentes de energia muito espe- são consideradas boas fontes de ácido pantotênico os
cíficas, como na síntese de ácidos graxos (Lovell, 1998; farelos de cereais, leveduras, fígado, rim, coração, baço e
Gouillou-Coustans e Guillaume, 2001; Bender e Mayes, pulmões (Halver, 2002). Todavia, apesar de estar presen-
2003). Ainda, juntamente com outras enzimas do com- te em vários ingredientes de dietas formuladas, é pro-
plexo B, a niacina também está envolvida na síntese de vável que os níveis e disponibilidade desta vitamina em
proteína e DNA (Bender e Mayes, 2003; Li et al., 2004). alimentos processados sejam menores do que a exigên-
Em muitos animais a niacina pode ser sintetizada cia da maioria dos peixes. Desta forma, a suplementação
no fígado a partir do aminoácido essencial triptofano, de ácido pantotênico como cálcio d-pantotenato (92%
mas não em quantidades suficientes para atender às de atividade) ou cálcio dl-pantotenato (46% de ativida-
necessidades metabólicas do organismo, sendo neces- de) é recomendada em dietas para peixes (Lovell, 1998).
sária a sua suplementação na dieta (Gouillou-Coustans Trata-se de uma vitamina prontamente solúvel em água
e Guillaume, 2001; Bender e Mayes, 2003). Estudos com e bastante estável ao ar e luminosidade se protegida
diferentes espécies de peixe demonstram que a defici- de umidade, mas é sensível ao calor (Tacon, 1992). As
ência em niacina pode ser induzida muito rapidamente, perdas durante o processamento (extrusão) e armazena-
o que sugere a incapacidade da maioria dos peixes, se- gem de dietas suplementadas com cálcio d-pantotenato
não todos, de sintetizar esta vitamina. Alguns dos sinais normalmente não são superiores a 20% (Tacon, 1992;
clínicos de deficiência em niacina são anorexia, redução NRC, 2011).
no crescimento, lesões intestinais, na pele e nadadeiras,
fotossensibilidade, queimaduras solares, anemia e alta
mortalidade (Lovell, 1998; NRC, 2011). Piridoxina – B6
A niacina é amplamente distribuída tanto no teci-
do animal como vegetal, mas nas plantas grande parte A Piridoxina (vitamina B6) é muito importante no
desta vitamina está presente em forma quimicamen- metabolismo dos aminoácidos e glicogênio, bem como
te ligada, consequentemente, menos disponível para na ação de hormônios esteroides (Bender e Mayes,
aproveitamento pelos peixes (Lovell, 1998; Li et al., 2004). 2003). Três compostos possuem a atividade biológica
São boas fontes de niacina os legumes, todos os vege- da vitamina B6: piridoxina, piridoxal e piridoxamina. A
tais verdes, levedura, fígado, rim, coração, leite, ovos e o piridoxina é a principal forma encontrada em produtos
trigo, que é mais rico em niacina do que o milho (Halver, de origem vegetal, enquanto a piridoxal e piridoxami-
2002). Segundo dados do NRC (2011), ambas as formas na ocorrem no tecido animal. Todas as três formas são
desta vitamina adicionadas como suplemento à dieta, prontamente convertidas no fígado em coenzimas piri-
ácido nicotínico ou niacinamida, possuem atividade doxal fosfato e piridoxamina fosfato. Aproximadamente
biológica similar e apresentam alta estabilidade, com 80% do total de vitamina B6 corporal está presente no
perdas geralmente não superiores a 10% durante o pro- músculo como piridoxal fosfato, que é a coenzima para
cesso de extrusão e armazenagem. muitas enzimas envolvidas no metabolismo de amino-
ácidos, especialmente nas reações de transaminação,
descarboxilação e deaminação. Pela descarboxilação
Ácido Pantotênico de aminoácidos, a coenzima piridoxal fosfato também
leva à formação de aminas biogênicas, as quais atuam
O ácido pantotênico tem papel central no meta- como neuromediadores (histamina, serotonina, tirami-
bolismo celular, é componente da coenzima A [CoA], da na, dopamina etc.). Desta forma, desordens nervosas,
acil CoA sintetase e da proteína transportadora de gru- como nado errático, hiper irritabilidade e convulsões
pos acil-ACP (do inglês ‘acyl carrier protein’, [ACP]). Atua fazem parte dos sinais clínicos de deficiência de pirido-
na transferência de unidades acil em várias reações no xina em peixes. Ainda, a vitamina B6 está envolvida em
metabolismo de lipídios, carboidratos e proteínas. A CoA muitas outras reações que vão desde a síntese de enzi-
participa em processos metabólicos fundamentais que mas pancreáticas para o metabolismo de carboidratos a
incluem a síntese e oxidação de ácidos graxos, reações funções imunológicas (Lovell, 1998; Gouillou-Coustans
do ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs), acetilações e e Guillaume, 2001; NRC, 2011).
134 NUTRIAQUA

A piridoxina é normalmente adicionada à dieta na a biodisponibilidade desta vitamina em muitos alimen-


forma cristalina, 82% ativa, de cloridrato de piridoxina. tos é limitada e, dependendo do animal, o aproveita-
Esta vitamina é relativamente instável, principalmente mento pode chegar a 50% ou menos do total de biotina
em misturas vitamínicas expostas à umidade e que con- presente em itens como trigo, cevada, sorgo, farinha de
tenham minerais traço, podendo a perda de sua ativida- carne e ossos e farinha de peixe. Já em algumas fontes,
de chegar a 50% após três meses, quando em condições como milho e farelo de soja, a biodisponibilidade de
inadequadas de armazenamento. A estabilidade da pi- biotina é maior (Lovell, 1998). Estudos sugerem que a
ridoxina depende parcialmente do tamanho das suas quantidade de biotina presente em ingredientes práti-
partículas de cristal, sendo que granulometrias muito cos, comumente utilizados em dietas formuladas, pode
finas pioram a estabilidade deste composto. Sendo as- ser suficiente para atender às exigências nutricionais de
sim, quando em granulometria adequada, corretamen- peixes, não sendo necessária suplementação adicional,
te armazenada e manuseada, as perdas de vitamina B6 conforme verificado em pesquisas com o bagre de ca-
na dieta decorrentes da extrusão e armazenamento nal e alguns salmonídeos (Lovell, 1998; Li et al., 2004;
normalmente estão entre 10-20% (NRC, 2011). NRC, 2011).
A biotina é solúvel em água e usada na forma
biologicamente ativa d-biotina no preparo de dietas.
Biotina Esta vitamina é amplamente estável ao ar e calor, mas
é sensível à luminosidade e alta umidade (Tacon, 1992).
A biotina é necessária no metabolismo de carboi- Perdas na ordem de 70 a 90% são relatadas durante a
dratos, lipídios e proteínas, atuando como coenzima na extrusão e armazenagem da dieta em temperatura am-
transferência de dióxido de carbono em reações de car- biente por três meses (NRC, 2011).
boxilação. Os sistemas enzimáticos que contém biotina
são o acetil-CoA carboxilase, propionil CoA carboxilase e
piruvato carboxilase. As muitas funções metabólicas des- Ácido Fólico
ta vitamina incluem a síntese de ácidos graxos, oxidação
de compostos geradores de energia, síntese de purinas e O termo folato é usado para descrever generica-
desaminação de certos aminoácidos. Está envolvida nas mente o ácido fólico e componentes relacionados que
interconversões de piruvato e oxaloacetato, succionato e apresentam qualitativamente a atividade do ácido fó-
propionato e na conversão de malato a piruvato (Lovell, lico. O ácido fólico é composto por anel de pteridina
1998; Webster e Lim, 2002; Bender e Mayes, 2003). ligado através de ponte de metileno ao ácido pami-
Esta vitamina encontra-se amplamente distri- nobenzóico para formar ácido pteróico, o qual por sua
buída como biocitina (ε-amino-biotinil-lisina) em mui- vez é ligado a uma amida de ácido glutâmico. O ácido
tos alimentos, sendo liberada na proteólise pela ação fólico sofre redução enzimática nos tecidos a sua forma
da enzima biotinase, que torna disponível a biotina li- de coenzima ativa, tetrahidrofolato. Ele funciona como
gada à proteína. Em humanos, é sintetizada pela flora um transportador intermediário de grupos carbono em
intestinal além da exigência, desta forma, problemas de uma série de complexas reações enzimáticas. Nestas
deficiência são infrequentes, estando restritos a casos reações, metil, metileno e outros grupos de átomos de
de pessoas mantidas por muitos meses sob nutrição pa- carbono são transferidos de uma molécula para outra.
renteral e situações raras de consumo excessivo de cla- Estas reações são encontradas no metabolismo de cer-
ra de ovo crua, que contém avidina, uma proteína que tos aminoácidos e na biossíntese de purinas e pirimidi-
se liga à biotina e a torna indisponível para absorção, nas, juntamente com os nucleotídeos encontrados no
mas que é inativada com o cozimento (Bender e Mayes, DNA e RNA (NRC, 2011).
2003). Alguns peixes também podem obter biotina a Baseado em critérios como melhor desempenho e
partir da síntese pela microflora intestinal, porém as aumento nas respostas imunológicas inatas, a exigência
quantidades produzidas não são suficientes para aten- em ácido fólico na dieta foi relatada para algumas espé-
der suas exigências nutricionais, o que torna necessária cies de peixes, como truta arco-íris (0,3-0,6 e 1,0 mg kg-1
a suplementação desta vitamina via dieta (Webster e de ração) (Cowey e Woodward, 1993; NRC, 2011), bagre
Lim, 2002; Li et al., 2004). A sensibilidade à deficiência do canal (1,2 e 1,5 mg kg-1 de ração) (Duncan et al., 1993;
em biotina varia entre os peixes e os sinais clínicos em NRC, 2011), salmão-do-Pacífico (2,0 mg kg-1 de ração)
geral envolvem, dentre outros, anorexia, diminuição no (NRC, 2011), tilápia híbrida (Oreochromis niloticus x O.
crescimento, desordens na pele, atrofia muscular, au- aureus) (0,82 mg kg-1 de ração) (Shiau e Huang, 2001b),
mento de tamanho e palidez do fígado, lesões no cólon tilápia-do-Nilo (0,5-1,0 mg kg-1 de ração) (Barros et al.,
e convulsões (Tacon, 1992; Lovell, 1998; Halver, 2002; Li 2009) e garoupa (0,8 mg kg-1 de ração) (Lin et al., 2011).
et al., 2004; NRC, 2011). O ácido fólico é necessário para divisão e multipli-
São fontes ricas em biotina o fígado, rim, levedura, cação de células normais, e sua deficiência é caracteri-
derivados de leite e gema de ovo (Halver, 2002). Todavia, zada na maioria dos animais e em seres humanos por
VITAMINAS E MINERAIS 135

comprometimento da hematopoiese (Shiau e Huang, de reações metabólicas específicas, atuando através de


2001a). Um dos sinais de deficiência é a anemia me- duas coenzimas, a adenosilcobalamina ou a metilco-
galoblástica, acompanhada de anorexia e redução no balamina. Metabolicamente relacionada a outros nu-
crescimento (Shafaeipour et al., 2011). Contudo, estes trientes essenciais, como a metionina, colina e folato, a
sinais não são observados em peixes alimentados com vitamina B12 é essencial para a formação normal de eri-
dietas deficientes em ácido fólico (Duncan et al., 1993; trócitos e manutenção do tecido nervoso; também tem
Shiau e Huang, 2001b), o que sustenta a hipótese de papel importante no metabolismo de ácidos nucléicos,
que esta vitamina pode ser sintetizada pela flora micro- carboidratos, lipídios e aminoácidos (Lovell, 1998; Raux
biana intestinal. Barros et al. (2009) avaliaram o efeito do et al., 2000; Webster e Lim, 2002; Bender e Mayes, 2003).
Os animais e plantas não produzem a vitamina B12,
ácido fólico nas respostas hematológicas, crescimento
que é sintetizada exclusivamente por micro-organismos;
e resistência ao estresse provocado por baixas tempe-
sendo assim, é metabolicamente essencial para todos
raturas (12°C) em tilápias-do-Nilo. De acordo com estes
os animais e, via de regra, deve ser suprida pela dieta
autores, tanto a eritropoiese como leucopoiese foram (Bender e Mayers, 2003). No caso de alguns peixes, a
prejudicadas pelo estressor aplicado, mas não pela au- suplementação de cianocobalamina pode ser desne-
sência de ácido fólico na dieta, sustentando a hipótese cessária, tendo em vista que na presença de cobalto na
de que microrganismos intestinais podem contribuir dieta a microflora intestinal de certas espécies é capaz
com uma quantidade considerável de ácido fólico para de sintetizar quantidades suficientes da vitamina para
o hospedeiro. atender às demandas metabólicas (Sugita et al., 1991;
O ácido fólico é absorvido de forma ativa através Lin et al., 2010b). Todavia, esta fonte de vitamina varia
do intestino delgado e passa para a corrente sanguínea amplamente entre as espécies de peixe e condições
transformando-se em tetrahidrofólico, devido à ação da ambientais, sendo recomendável, portanto, sempre re-
vitamina C e da vitamina B12. A vitamina C parece ser alizar a suplementação da dieta (Lovell, 1998).
indispensável para a conversão do ácido fólico na sua A deficiência em cianocobalamina causa anemia
forma coenzimática e a vitamina B12, dentre outras fun- perniciosa em humanos, caracterizada pela anemia ma-
ções, é necessária para a maturação e desenvolvimento crocítica e desordens nervosas, enquanto em peixes os
de eritrócitos e reciclagem do ácido tetrahidrofólico. principais sinais clínicos de deficiência incluem anore-
Assim, deficiência de vitamina B12 e vitamina C pode xia, redução no crescimento, baixo hematócrito, anemia
resultar em sinais semelhantes aos de deficiência de fo- microcítica e eritrócitos fragmentados (Tacon, 1992;
lato, como a anemia (NRC, 2011). Para trutas arco-íris é Lovell, 1998; NRC, 2011). Esta vitamina é encontrada
somente em alimentos de origem animal, estando to-
recomendada a quantidade de 2 mg de ácido fólico kg-1
talmente ausente em fontes vegetais (Bender e Mayes,
de ração e 60 mg de vitamina C kg-1 de ração para pro-
2003). É abundante em farinha de peixe, vísceras de pei-
mover melhor desempenho (Shafaeipour et al., 2011).
xe, fígado, rim, tecidos glandulares e resíduos de mata-
A inter-relação entre a vitamina C e o ácido fólico tam-
douro (Halver, 2002). Comercialmente a vitamina B12 é
bém foi demonstrada para o bagre do canal, sendo que produzida por fermentação e normalmente adicionada
a suplementação dietária com níveis elevados (200 mg às dietas por meio de misturas vitamínicas. Moderada-
de vitamina C kg-1 e 4 mg de ácido fólico kg-1) propor- mente solúvel em água, apresenta boa estabilidade em
cionaram máxima sobrevivência e produção de anticor- temperaturas normais de armazenamento, mas é facil-
pos quando os peixes foram desafiados com a bactéria mente destruída com o calor excessivo, principalmente
Edwardsiella ictaluri (Duncan e Lovell, 1994). em condições levemente ácidas (Tacon, 1992). Segundo
dados do NRC (2011), a estabilidade da vitamina B12 em
dietas extrudadas armazenadas por três meses em tem-
Cianocobalamina – B12 peratura ambiente varia de 40-80%.

A cianocobalamina, também chamada vitamina


B12, é a maior e mais estruturalmente complexa das vi- Colina
taminas. O termo vitamina B12 é usado como descrição
genérica para cobalaminas – os corrinoides (compostos A molécula de colina possui três grupos metil
que possuem estrutura em anel tetrapirrólico contendo [CH3], cuja função final é atuar como fonte de grupos
um íon cobalto no centro) que apresentam a atividade metil para reações de metilação. Ao contrário de outras
biológica da vitamina. A vitamina B12 é absorvida no vitaminas hidrossolúveis, a colina não tem nenhuma
intestino ligada ao fator intrínseco, uma pequena gli- função de coenzima e tem três principais funções me-
coproteína secretada pelas células parietais da mucosa tabólicas: reage com a acetil coenzima A e atua como
gástrica. Na maioria dos animais a vitamina B12 é arma- precursor do neurotransmissor acetilcolina e da fosfati-
zenada no fígado como um complexo proteico, sendo dilcolina, que é um fosfolipídio estrutural da membrana
mobilizada quando necessário. Esta vitamina é parte es- celular, importante para a transmissão do impulso ner-
sencial de diversos sistemas enzimáticos que participam voso (NRC, 2011); funciona como única fonte de doação
136 NUTRIAQUA

de grupos metil prontamente ativa e permite a síntese ganho de peso e menor eficiência alimentar, bem como
de compostos chaves no metabolismo proteico e ener- maior teor de gordura no fígado (NRC, 2011).
gético, sendo necessária para a síntese de lipoproteínas Estudos foram conduzidos com algumas espécies
e responsável pelo transporte de gordura do fígado de peixes a fim de se estabelecer a exigência de coli-
para outros tecidos, o que impede o acúmulo de lipídios na na dieta (Tabela 2), embora esta exigência possa ser
nesse órgão (El-Husseiny et al., 2008). influenciada por vários fatores, como idade e tamanho
A colina é sintetizada por alguns organismos na dos peixes, bem como a presença na dieta de compos-
presença de quantidades adequadas de precursores, tos doadores de grupo metil (NRC, 2011). Além disso, a
como a fosfatidilserina, metionina, ácido fólico e vita- concentração de colina varia dentre os ingredientes da
mina B12 (Lovell, 1989; Kasper et al., 2000). Em peixes, dieta, assim como sua biodisponibilidade relativa para
normalmente a colina é suplementada em dietas, pois a peixes (Mai et al., 2009). Fernandes Junior et al. (2010a)
maioria deles não pode sintetizá-la em quantidades su- não observaram efeito da suplementação de colina (0,
ficientes para satisfazer suas necessidades metabólicas 100, 200, 400, 600, 800, 1.000 e 1.200 mg-1 kg de ração)
(Craig e Gatlin, 1996). Considerando que a colina e fos- sobre o desempenho produtivo de tilápia-do-Nilo e
fatidilcolina participam na digestão e metabolismo dos atribuem este resultado ao fato das dietas conterem
lipídios, sintomas de deficiência têm sido relacionados quantidade suficiente de colina suprindo a exigência
a disfunções no metabolismo lipídico e hemorragias para a espécie, já que a ração basal utilizada baseou-se
nos rins, fígado e intestino (Halver 2002). Em peixes, os em ingredientes práticos, como farelo de soja, farelo de
sinais mais comuns de deficiência de colina são baixo algodão, quirera de arroz e amido de milho.

Tabela 2. Exigência de colina (mg de colina kg-1 de ração) para crescimento de peixes.

Tempo de
Espécie Exigência Critérios de resposta avaliados Referências
alimentação

- Ganho de peso
Truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) 800 Não informado - Ausência de sinais de deficiência NRC, 2011
- Teor de gordura no fígado

Truta do lago (Salvelinus namaycush) 1.000 Não informado - Ganho de peso NRC, 2011

- Ganho de peso
Bagre do canal (Ictalurus punctatus) 400 Não informado NRC, 2011
- Teor de gordura no fígado

- Ganho de peso
Carpa comum (Cyprinus carpio carpio) 1.500 Não informado NRC, 2011
- Teor de gordura no fígado

- Ganho de peso
‘Striped Bass’ Híbrido
500* 10 semanas - Conversão alimentar Griffin et al., 1994
(Morone chrysops × Morone saxatilis)
- Teor de gordura no fígado

‘Red Drum’ (Sciaenops ocellatus) 588* 6 semanas - Ganho de peso Craig e Gatlin, 1996

- Ganho de peso
Perca amarela (Perca flavescens) 598 – 634* 11 semanas Twibell e Brown, 2000
- Conversão alimentar

Beijupirá (Rachycentron canadum) 696* 10 semanas - Ganho de peso Mai et al., 2009

- Ganho de peso
Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) 375* 6 semanas Vieira et al., 2001
- Conversão alimentar

*
Cloreto de colina

Na hipótese que a colina é importante para a assim do processo de formação da metionina (McDowel,
manutenção de células sanguíneas vermelhas, princi- 1989). A metionina é um aminoácido essencial, que atua
palmente quando os animais sofrem algum estresse, na síntese proteica e desempenha funções fisiológicas
Fernandes Junior et al. (2010b) avaliaram a suplemen- importantes, além de ser essencial para o crescimento
tação de níveis de colina para tilápia-do-Nilo, por meio normal dos peixes (Graciano et al., 2010). Quando em
da análise hematológica, antes e após o estímulo por excesso, a metionina pode dispensar a necessidade die-
baixa temperatura (17ºC). Foi observado prejuízo na eri- tética de colina atuando como doador metílico (Lovell,
tropoiese, linfopenia e neutrofilia, independentemente 1989).
da suplementação de colina na ração. A interação metionina:colina e sua importância
Uma das funções da colina é a liberação de radi- para saúde dos peixes já foi investigada em alguns tra-
cais metil que sofrem reação de metilação, participando balhos. Estudo de Zhang e Wilson (1999) confirmou que
VITAMINAS E MINERAIS 137

bagre do canal pode sintetizar colina em quantidades


MIOINOSITOL
suficientes para atender suas necessidades metabólicas,
quando doadores de grupos metil, tais como metioni- Inositol é um ciclohexitol biologicamente ativo
na, estão presentes na dieta. Kasper et al. (2000) avalia- e ocorre como componente estrutural de membranas
ram para tilápia-do-Nilo rações com valores crescentes biológicas como fosfatidilinositol, envolvido em trans-
de colina (1.000, 2.000, 3.000 ou 4.000 mg kg-1), com dução de sinal de vários processos metabólicos. Embo-
0,28 ou 0,5% de aminoácidos sulfurados totais (matéria ra similar em muitos aspectos ao sistema de transdução
seca). Estes autores observaram que os peixes alimen- adenilato ciclase, o sistema fosfatidilinositol é diferen-
tados com a dieta com 3.000 mg kg-1 de colina e 0,5% te no que diz respeito ao estímulo hormonal que ativa
de aminoácidos sulfurados apresentaram melhores re- uma reação que gera dois segundos mensageiros (NRC,
sultados de ganho de peso e eficiência alimentar. Além 2011). Este sistema mensageiro controla uma variedade
disso, não observaram efeitos negativos da interação de processos celulares, incluindo a secreção da amilase,
colina:metionina sobre o teor de gordura e histologia liberação de insulina, a contração do músculo liso, glico-
do fígado, relatando que a inclusão de aproximadamen- genólise hepática, agregação plaquetária, secreção de
te 3.000 mg de colina kg-1 de ração resultou em piora histamina e síntese de DNA em fibroblastos e linfoblas-
no ganho de peso e conversão alimentar. Nesta mesma tos (Jiang et al., 2009).
espécie, Graciano et al. (2010) não observaram efeito do O inositol pode existir em uma das sete formas
opticamente inativas e com um par de isômeros optica-
fornecimento de metionina (3.000 mg kg-1 de ração) ou
mente ativos. Apenas uma destas formas, mioinositol,
colina (2.000 mg kg-1 de ração) sobre o desempenho.
possui atividade biológica (NRC, 2011). Inositol pode
Porém, os peixes que receberam as dietas somente com
ser sintetizado por vários tecidos animais através da
colina e com colina associada à metionina tiveram me-
glicose-6-fosfato, catalisada pela enzima mioinositol
nor teor de gordura nos filés e redução de inclusões li-
fosfato sintase. Nos peixes, evidências sugerem que a
pídicas no tecido hepático. Os autores afirmaram, ainda, síntese metabólica de inositol pode ocorrer no fígado,
que no tratamento com ambos os compostos não foi rins e outros tecidos (Deng et al., 2002), bem como pela
observada a ação da metionina como doadora de gru- flora microbiana intestinal. No entanto, para algumas
pos metil na síntese de colina, provavelmente porque o espécies de peixes, especialmente aquelas mais jovens,
conteúdo de metionina utilizado atendeu às exigências a síntese de inositol é insuficiente para atender as suas
de metionina para a espécie estudada. necessidades metabólicas e, portanto, necessitam de
A colina pode ser oxidada à betaína através de re- uma fonte exógena desta vitamina (NRC, 2011).
ações enzimáticas e NAD dependentes. A betaína é um Dentre os sinais de deficiência de inositol estão
composto aromático encontrado naturalmente nas cé- falta de apetite, anemia, baixo crescimento, erosão de
lulas animais. Atua na regulação do equilíbrio osmótico, nadadeiras, coloração escura da pele, lento esvaziamen-
sendo a única fonte de doação de grupos metil pron- to gástrico, diminuição da atividade de colinesterase e
tamente ativa, permitindo a síntese de metionina, car- algumas aminotransferases, acúmulo de lipídios no fí-
nitina, fosfatidilcolina e creatina, compostos chaves no gado e aumento dos níveis de colesterol e triglicérides,
metabolismo proteico e energético. Pode agir como um porém, com diminuição na quantidade de fosfolipídio
atrativo alimentar na dieta, de tal forma que sua adição total, fosfatidilcolina, fosfatidiletanolamina e fosfatidi-
pode resultar em um aumento no consumo de ração e linositol (NRC, 2011). Em carpa comum, sinais de defi-
ciência ocorreram após alimentação por três a cinco
crescimento. Apesar de a betaína poder ser sintetizada
semanas com dieta deficiente em inositol, incluindo he-
a partir da colina na mitocôndria das células hepáticas, a
morragias na pele, lesões nas nadadeiras e redução do
síntese é normalmente insuficiente para atender às de-
crescimento (Meyer-Burgdorff et al., 1986).
mandas dos tecidos dos peixes na fase de crescimento
A exigência de inositol na dieta já foi determinada
(El-Husseiny et al., 2008).
para algumas espécies e encontra-se entre 300-500 mg
O metabolismo da betaína está intimamente liga- de inositol kg-1 de ração para salmão-do-Pacífico, truta
do ao metabolismo da colina e metionina (Wu e Davis, arco-íris, bagre do canal, carpa comum e ‘yellowtail’ (NRC,
2005). Vieira et al. (2001) sugeriram que a suplementa- 2011). Shiau e Su (2005), trabalhando com tilápia-do-Nilo,
ção com betaína não poderia substituir a suplementa- encontraram que peixes alimentados por oito semanas
ção com colina na ração de tilápias, em contraste com com concentrações superiores a 367 mg de inositol kg-1
o achado por El-Husseiny et al. (2008) para a mesma es- de ração apresentaram maior ganho de peso e eficiên-
pécie, para qual não foi observada diferença significati- cia alimentar quando comparado aos peixes alimenta-
va no desempenho dos peixes alimentados com dietas dos com dieta basal (0 mg de inositol kg-1) e sugerem,
suplementadas apenas com a colina ou betaína, exceto através de análise de regressão, que tilápias exigem cer-
na retenção de energia, sugerindo que a betaína pode ca de 400 mg de inositol kg-1 de ração para crescimento
substituir a colina na dieta de peixes. e para manter as respostas imunológicas normais.
138 NUTRIAQUA

Com base nas suas funções bioquímicas, foi su- O transporte do ácido ascórbico pelo organismo
gerido que o mioinositol poderia inibir a formação de se dá livremente pelo plasma (Combs Jr., 1992), mas é
radicais livres e prevenir o dano oxidativo em peixes. dependente de sódio [Na+] a partir do mecanismo de
Segundo Jiang et al. (2009) concentrações de mioino- osmorregulação. Não há gasto direto de energia, mas
sitol entre 567,94 e 517,22 mg kg-1 de ração podem há dependência da bomba de Na+/K+, que cria um gra-
inibir a formação de radicais de oxigênio, aumentar a diente de sódio favorável à entrada de ácido ascórbico
capacidade antioxidante enzimática e prevenir o dano no enterócito. Desta forma, o ácido ascórbico na sua for-
oxidativo de juvenis de carpas comum, variedade Jian. ma reduzida passa por difusão do interior do enterócito
É possível que o mioinositol também possa agir na para os capilares sanguíneos existentes nas vilosidades
prevenção e tratamento de certas doenças, mas, para intestinais, sendo este transporte substrato-dependente,
tilápia-do-Nilo, a suplementação com mioinositol (0, 50, ou seja, quanto maior a suplementação mais eficiente
100, 200, 400 e 800 mg kg-1 de ração) por dez semanas será a absorção da vitamina (Rotta, 2003).
não melhorou o desempenho ou aumentou as respostas Os dados disponíveis na literatura sobre a capaci-
imunológicas, evidenciando que esta espécie não neces- dade de síntese de ácido ascórbico pelos teleósteos ain-
sita inositol para o crescimento normal ou para aumentar da são conflitantes, mas a maioria dos autores sugere
a resistência à infecção por Streptococcus inae (Peres et al., que esse grupo é mesmo incapaz de sintetizar vitamina
2004). Contudo, neste trabalho os autores basearam suas C (Moreau e Dabrowski, 1996; Fracalossi et al., 2001), o
conclusões somente na análise de atividade de lisozima que justificaria a necessidade da suplementação dietá-
plasmática e titulação de anticorpos e sabe-se que, quan- ria. O fato dos peixes não serem capazes de sintetizar
do um patógeno invade um organismo, outras respostas ácido ascórbico é justificado pela falta ou insuficiência
imunológicas são sucessivamente acionadas. da enzima L-gulonolactona oxidase, responsável pela
A possível relação entre o mioinositol e as respos- rota final da via de síntese deste ácido (Rotta, 2003).
tas imunológicas contra patógenos em peixes foi in- Fracalossi et al. (2001) estudaram a atividade da enzima
vestigada em carpas comum variedade Jian, através da L-gulonolactona oxidase no fígado e rim de 13 espécies
análise de respostas imunológicas inatas e específicas de peixes, incluindo 11 teleósteos, e verificaram que
contra Aeromonas hydrophila, as quais foram aumen- não há atividade desta enzima nos peixes teleósteos.
tadas com a suplementação de mioinositol na dieta, Embora a enzima encontrava-se ativa nas demais espé-
o que sugere que esta vitamina é necessária para os cies, os autores colocam que em ambiente natural a die-
peixes manterem suas respostas imunológicas. No en- ta é farta em ácido ascórbico, mas, quando em cativeiro,
tanto, o mecanismo pelo qual o mioinositol melhora a a síntese torna-se insuficiente, havendo necessidade da
imunidade ainda não é esclarecido (Jiang et al., 2010). suplementação de vitamina C na dieta.
A vitamina C é um importante nutriente na ali-
mentação dos peixes e parece ter uma variedade de
Vitamina C papéis nos processos vitais (Lovell, 1998). O ácido as-
córbico é um potente agente redutor e é facilmente
Vitamina C é a descrição genérica para todos os oxidado para ácido dehidroascórbico que, por sua vez,
compostos que exibem qualitativamente a atividade pode ser enzimaticamente reduzido de volta ao ácido
biológica do ácido ascórbico (Combs Jr., 1992). O ácido ascórbico em tecidos animais. O ácido ascórbico é um
L-ascórbico é a forma biologicamente mais ativa da vita- cofator em uma variedade de reações de hidroxilação.
mina C, solúvel em água, termolábil e facilmente oxida- Talvez as mais significativas e certamente bem caracte-
da para a forma inativa, o ácido dicetogulônico, durante rizadas sejam as hidroxilações necessárias para síntese
o processamento e estocagem de rações, principalmen- de colágeno (Linnea et al., 1988), tornando a vitamina C
te na presença de cobre e metais pesados (Rotta, 2003). essencial na formação da matriz óssea nos tecidos conec-
Quando se trata de adição de ácido ascórbico em tivos, manutenção do tecido conjuntivo e processos de
alimentos para organismos aquáticos, um dos grandes cicatrização (NRC, 2011). A vitamina C também participa
problemas enfrentados é a instabilidade desta vitami- da formação de norepinefrina a partir da dopamina e
na, que devido a sua labilidade em altas temperaturas da conversão do triptofano em 5-hidroxitriptofano, que
e propensão à oxidação, acaba se perdendo durante o por descarboxilação origina a serotonina. Está envolvi-
processamento e estocagem do alimento (Fracalossi et al., da também em outros processos fisiológicos como o
1998). Assim, novos componentes têm sido investiga- metabolismo da tirosina e de íons metálicos (Sgarbieri,
dos para uso em alimentação aquática. Os derivados 1987). Por ser um inativador de radicais livres, pode re-
fosforados de ácido ascórbico, como o ascorbil polifos- agir diretamente com os superóxidos e com os ânions
fato, é uma das fontes de vitamina C utilizada na alimen- hidroxilas, como também com vários lipídios hidropero-
tação de peixes pela eficácia para várias espécies e boa xidados dissolvidos no citoplasma, mantendo a integri-
estabilidade durante o processamento e estocagem de dade da membrana celular. Entretanto, a sua principal
alimento seco e úmido (Lovell, 1989). função como antioxidante se deve, possivelmente, à
VITAMINAS E MINERAIS 139

regeneração da forma reduzida da vitamina E, preve- 1972). Exemplares de tilápia-do-Nilo alimentados com
nindo assim a peroxidação lipídica (NRC, 2011). dietas com elevadas concentrações de vitamina C apre-
Uma dieta deficiente em ácido ascórbico não só sentaram altas concentrações dessa vitamina nos teci-
reduz a taxa de crescimento (Mazik et al., 1987; Martins, dos, sendo a concentração de vitamina C no fígado pro-
1995), mas também pode causar deformidades físicas, porcional à concentração na dieta; porém, em virtude
como escoliose e lordose (Halver et al., 1975; Martins, da capacidade de reserva desse órgão, a quantidade de
1995), lenta cicatrização de ferimentos (Halver, 1972; 600 mg de vitamina C kg-1 da dieta mostrou-se econo-
Halver et al., 1975; Alexis et al., 1997; Wahli et al., 2003), micamente adequada (Falcon et al., 2007).
aumento na mortalidade e diminuição na resistência a De acordo com Navarre e Halver (1989), peixes
infecções (Hardie et al., 1991; Martins, 1998). De acordo com alta concentração de ácido ascórbico nos tecidos
com Wang et al. (2002), linguados alimentados com die- apresentam melhor tolerância à poluição ambiental e
ta controle (sem suplementação) apresentaram sinais melhor resistência a infecções por bactérias. Neste sen-
de deficiência (anorexia, escoliose, hemorragia), menor tido, altos níveis desta vitamina são propostos como
ganho de peso e menor taxa de eficiência proteica. sendo benéficos para promover melhor resistência a
O ácido ascórbico também facilita a absorção do doenças em peixes (Hardie et al., 1991), mas os resul-
ferro, prevenindo assim a anemia frequentemente ob- tados ainda são contraditórios. Li e Lovell (1985) rela-
servada em peixes deficientes em vitamina C. De acor- taram que dietas contendo megadoses de ácido ascór-
do com Barros et al. (2002b), em tilápia-do-Nilo houve bico (3.000 mg de vitamina C kg-1) não aumentaram a
efeito significativo da vitamina C na porcentagem de atividade fagocítica, mas proporcionaram aumento sig-
hematócrito, que aumentou com o incremento na su-
nificativo na produção de anticorpos e na atividade do
plementação da vitamina. Contudo, os autores relatam
sistema complemento em bagre do canal. Nesta mesma
que este aumento ocorreu em virtude do maior volu-
espécie, Liu et al. (1989) testando o efeito de altas concen-
me corpuscular médio das células, demonstrando que
trações de vitamina C sobre a resposta imunológica, não
concentrações elevadas de vitamina C promoveram a li-
beração de células imaturas para a circulação. Em outro observaram efeito significativo sobre a atividade de pro-
estudo com a mesma espécie, a taxa de hemoglobina teínas complemento e titulação de anticorpos, embora
foi menor na dieta sem suplementação de vitamina C, os peixes que receberam 1.000 mg de vitamina C kg-1 de
permitindo inferir que os peixes alimentados com essa dieta tenham apresentado resistência contra Edwardsiella
dieta estavam progressivamente desenvolvendo qua- ictaluri. A influência da suplementação acima do reco-
dro anêmico, hipótese esta reforçada pelos sinais de he- mendado para truta arco-íris e salmão-do-Atlântico so-
morragia apresentados pelos peixes em volta da boca e bre o número total de leucócitos foi demonstrada por
nas nadadeiras. Além disso, foi verificada porcentagem Verlhac e Gabaudan (1994). Estes autores relataram que
inferior de colágeno nas vértebras dos peixes alimenta- peixes que receberam dietas suplementadas com 1.000
dos com dieta sem suplementação em relação àqueles mg de vitamina C kg-1 tiveram aumento significativo das
suplementados, evidenciando que a ausência de vita- células brancas em relação aos peixes que receberam
mina C prejudicou a eritropoiese e a síntese de coláge- 60 mg de vitamina C kg-1 de dieta.
no (Falcon et al., 2007). De forma oposta, estudos demonstraram que
Vários trabalhos relatam o papel da vitamina C nas não há efeito significativo da suplementação com al-
respostas imunológicas específicas e não específicas em tas doses de vitamina C na melhora da resistência do
peixes (Waagbø et al., 1993; Verlhac e Gabaudan, 1994; salmão-do-Atlântico infectado com Aeromonas salmo-
Martins, 1995; Verlhac et al., 1998). Considerando a ação nicida ou Vibrio anguillarum (Erdal et al., 1991). Navarre e
desta vitamina nos mecanismos não específicos de de-
Halver (1989) observaram aumento da resistência con-
fesa, Wahli et al. (2003) observaram em trutas arco-íris,
tra Vibrio anguillarum em trutas arco-íris alimentadas
através de cortes histológicos, que maior cicatrização
com dietas suplementadas com vitamina C (500, 1.000
estava correlacionada com a quantidade de vitamina C
e 2.000 mg kg-1) em relação ao tratamento ausente de
presente na dieta. Além disso, aumento no índice fago-
cítico foi observado por Roberts et al. (1995) em ‘turbot’ suplementação, mas, não houve diferença significa-
e por Johnson e Ainsworth (1991) em bagre do canal. À tiva entre os níveis suplementados. Da mesma forma,
vitamina C também é atribuído o aumento da resistên- em bagre do canal expostos à infecção por E. ictaluri, Li
cia à infecção por Edwardsiella tarda e Edwardsiella icta- et al. (1998) observaram que megadoses de vitamina C
luri em bagre do canal (Durve e Lovell, 1982; Li e Lovell, na dieta não provocaram aumento de resistência a do-
1985), por Vibrio anguillarum em truta arco-íris (Navarre enças ou efeito significativo na produção de anticorpos
e Halver, 1989) e por Aeromonas salmonicida e Vibrio depois da exposição ao patógeno e concluíram que
salmonicida em salmão-do-Atlântico (Erdal et al., 1991; concentrações relativamente baixas de vitamina C na
Hardie et al., 1991; Thompson et al., 1993). dieta foram adequadas para as resposta imunológicas.
Os principais tecidos que armazenam ácido ascór- Em estudo desenvolvido para avaliar a influência dos
bico nos peixes são fígado, sangue, rim e pele (Halver, níveis de vitamina C na dieta (300, 600, 900 e 1.200 mg kg-1)
140 NUTRIAQUA

sobre a ocorrência de ectoparasitas (Trichodina e mono- 250 mg de 2-monofosfato ácido L-ascórbico kg-1 pro-
genéticos) em alevinos de tilápia-do-Nilo naturalmente moveu melhor ganho de peso e sobrevivência após
infestados, verificou-se, após 57 dias de alimentação, 15 dias de alimentação (Miranda et al., 2003). Estudos
diferença significativa somente no número de parasitas com espécies da região Amazônica sugeriram que o
monogenéticos, onde o maior grau de infestação foi acará açu (Astronotus ocellatus) necessita de no mínimo
observado nos peixes alimentados com a menor con- 25 mg de ácido ascórbico kg-1 de ração para melhorar
centração vitamínica (Cavichiolo et al., 2002). Segundo seu ganho de peso (Fracalossi et al., 1998) e Chagas e
os autores, é desnecessário o uso de vitamina C na ração Val (2003) observaram que o crescimento de tambaqui
em doses superiores a 300 mg kg-1, uma vez que esta
(Colossoma macropomum) foi maior quando na dieta
concentração atinge os níveis ótimos para a exigência
com 100 mg de ácido ascórbico kg-1 ração. Alevinos de
nutricional de alevinos de tilápias criados em regime de
trairão (Hoplias lacerdae) alimentados com dietas con-
manejo controlado.
tendo 52,5 mg de ascorbil monofosfato kg-1 apresen-
Considerando que a vitamina C está envolvida in-
diretamente na biossíntese de cortisol, por prevenir a taram maior uniformidade em comprimento, mas, este
conversão de ácidos graxos insaturados em ésteres de resultado não refletiu melhorias no desempenho ou em
colesterol, componentes importantes deste hormônio taxas mais baixas de canibalismo para a espécie, o que
(Montero et al., 1999), estudos com diferentes níveis de pode estar relacionado ao curto prazo de administração
vitamina C têm apresentado efeito benéfico desta vi- da vitamina C (20 dias) (Kasai et al., 2011).
tamina na redução dos efeitos fisiológicos do estresse Neu et al. (2010) não verificaram influência da
em peixes (Hardie et al., 1991). Mazik et al. (1987) ve- suplementação dietária de vitamina C monofosfatada
rificaram que bagres do canal alimentados com dietas (0, 250, 600, 1.000 e 2.000 mg kg-1 de ração) no peso,
deficientes em vitamina C, apresentaram-se mais sus- comprimento final e taxa de sobrevivência de larvas
ceptíveis à toxicidade por amônia e ao estresse causa- de mandi pintado (Pimelodus britskii) após 30 dias de
do por baixas concentrações de oxigênio dissolvido do alimentação. Da mesma forma, Reis et al. (2011) obser-
que os peixes alimentados com dietas suplementadas varam que a suplementação (600, 850, 1.100, 1.600 e
com vitamina C. Henrique et al. (1998) trabalharam com 2.600 mg de vitamina C monofosfatada kg-1 de ração)
diferentes níveis de vitamina C na ração de dourada e administrada por 31 dias não influenciou parâmetros de
submeteram os animais a 24 h de hipóxia. Os autores
desempenho em larvas de jundiá (Rhamdia voulezi). Em
observaram hiperglicemia significativa e tendência no
ambos os estudos, a ração basal formulada já continha
aumento do cortisol plasmático nos peixes alimentados
suplemento mineral e vitamínico que disponibilizava
com dieta livre de ácido ascórbico, e sugeriram possí-
600 mg de vitamina C kg-1 de ração, atendendo às exi-
vel relação entre a dieta suplementada com ácido as-
córbico e a resposta fisiológica ao estressor ao qual os gências das larvas e permitindo aos peixes do tratamen-
peixes foram submetidos. No entanto, de acordo com to controle desenvolverem-se em condições normais.
Dabrowska et al. (1991), mudanças no nível de cortisol Estudos também foram realizados para avaliar o
em carpa comum relacionadas ao estresse foram inde- efeito da vitamina C sobre resistência ao estresse em
pendentes da dose de vitamina C ingerida. algumas espécies nativas. Juvenis de matrinxã (Brycon
Dietas experimentais com diferentes níveis de vi- amazonicus) alimentados com diferentes concentra-
tamina C (16, 500 e 1.000 mg de vitamina C kg-1) foram ções de vitamina C (0, 100, 200, 400 e 800 mg de vitami-
fornecidas durante 14 dias anteriores à simulação de na C kg-1 de ração) e submetidos ao estresse de captura
transporte que se estendeu por 14 h (Okamura et al., e exposição aérea por dois minutos apresentaram alte-
2007). Os autores verificaram redução na glicemia nos rações hormonais, hematológicas, metabólicas e eletro-
peixes alimentados com 1.000 mg de vitamina C kg-1 líticas, as quais não foram minimizadas pela suplemen-
de ração imediatamente após simulação e 12 h após e tação de vitamina C (Abreu e Urbinati, 2006).
sugerem que esta concentração pode ser utilizada de Em estudo com alevinos de piava (Leporinus ob-
forma profilática em alevinos de tilápia-do-Nilo para tusidens) a suplementação de vitamina C na dieta (0 a
amenizar o aumento da glicemia relacionado ao estres-
850 mg kg-1) não apresentou influência significativa no
se de transporte.
ganho de peso e também não influenciou a taxa de so-
A influência da concentração de vitamina C na die-
brevivência após estresse por hipóxia (Mello et al., 1999).
ta sobre parâmetros de desempenho e sobrevivência já
Neste estudo, o tamanho inicial reduzido dos peixes exi-
foi investigada em espécies nativas. A suplementação
com ácido ascórbico na dieta de pacu acelerou o pro- giu a administração da dieta na forma farelada ou tritu-
cesso de cicatrização (Petric et al., 2003) e na concentra- rada e o consumo da ração pelos peixes não ocorria ime-
ção de 139 mg ácido ascórbico kg-1 de ração, houve me- diatamente após o seu fornecimento. Os autores relatam
lhora no desempenho zootécnico da espécie (Martins, que este tempo de contato da dieta com a água pode ter
1998). Em pós-larvas, a suplementação na dieta com sido suficiente para promover perdas consideráveis de
VITAMINAS E MINERAIS 141

vitamina C, que é hidrossolúvel, e a utilização de L-ácido


ascórbico (forma não protegida) possivelmente contri- MINERAIS
buiu para que as perdas de vitamina C das dietas fossem
bastante elevadas. INTRODUÇÃO
A influência da suplementação com vitamina C
na resistência a doenças também foi estudada em es- O metabolismo animal exige os seguintes elemen-
pécies nativas. Em alevinos de jundiá (Rhamdia quelen), tos inorgânicos para o seu correto funcionamento: cál-
as diferentes concentrações de vitamina C protegida cio, fósforo, magnésio, sódio, potássio, cloro, ferro, co-
(ácido ascórbico monofosfatado) na dieta (0, 250, 500, bre, iodo, manganês, zinco e selênio. A ocorrência das
1.000 e 2.000 mg kg-1) não tiveram influência sobre o quantidades necessárias desses elementos na dieta e/
desempenho de crescimento e/ou sobrevivência dos ou na água é essencial para o normal funcionamento
peixes. Quando submetidos à infestação experimental do metabolismo de peixes (Lovell, 1998). A essenciali-
por Ichthyophthirius multifiliis não houve diferença sig- dade dos doze minerais citados acima na dieta animal
nificativa no grau de infestação, nem mesmo entre os foi comprovada a partir de estudos que demonstraram
alimentados com a dieta isenta de vitamina C (0 mg de que a deficiência de qualquer um deles na dieta, ou na
vitamina C kg-1) e as dietas suplementadas (Borba et al., água, a depender do mineral, causa disfunção biológica
2007). Contudo, os autores não consideraram esse re- de algum tipo. Além disso, o fornecimento do mineral
sultado conclusivo e não julgaram a suplementação da na dieta, a animais acometidos de quadros comprova-
dieta com megadoses de vitamina C como insuficiente dos de deficiência do mesmo, elimina as anormalidades
em diminuir a susceptibilidade dos alevinos de jundiá orgânicas anteriormente observadas. Finalmente, des-
ao parasita, pois, segundo eles, a quantidade real de vi- cobriu-se que o efeito de um determinado mineral no
tamina C utilizada nas dietas experimentais foi aproxi- organismo não pode ser substituído por nenhum outro
madamente 40% inferior às concentrações pretendidas (NRC, 2011).
no preparo das dietas. Apesar de se usar indistintamente as expressões
Embora a suplementação de vitamina C não tenha ‘exigência dietética’ e ‘exigência nutricional’, faz-se ne-
influenciado os parâmetros de desempenho, a inclusão cessário diferenciar uma da outra. A exigência dieté-
de 500 e 1.000 mg de ascorbil polifosfato kg-1 de ração tica, pelo fato de os nutrientes não se apresentarem
por 90 dias preveniu a infestação parasitária por mono- totalmente biodisponíveis nos alimentos e nas dietas,
genéticos e a ocorrência de deformidades em alevinos é, em regra, maior que a exigência nutricional. Assim, a
de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) em fase de exigência nutricional ou metabólica será igual à exigên-
crescimento (Fujimoto e Carneiro, 2001). Em alevinos cia dietética multiplicada pelo coeficiente de absorção
de pacu alimentados com dietas contendo diferentes do nutriente em estudo. Logo, a exigência dietética dos
concentrações de vitamina C durante 168 dias e in- minerais essenciais dependerá da biodisponibilidade
festados naturalmente com parasitas monogenéticos, do mesmo na fonte considerada: se a biodisponibili-
verificou-se diferença significativa no grau de infesta- dade for baixa, a exigência dietética será maior; se for
ção apenas entre os grupos suplementados e não su- alta, será menor. Dessa forma, ao final, as duas fontes
plementados, onde os peixes alimentados com dietas dietéticas consideradas, de baixa e alta biodisponibili-
isentas de vitamina C apresentaram o maior número de dade, deverão fornecer uma quantidade do mineral ao
organismo que atenda a sua exigência nutricional (Sá
monogenéticos (Martins, 1998).
et al., 2005a). Uma fonte mineral somente terá alto valor
Diante dos inúmeros trabalhos citados na litera-
biológico se o mineral presente na mesma apresentar
tura sobre a utilização de vitamina C pelos peixes, fica
alta biodisponibilidade. Isso significa que o organismo
claro que a exigência desta vitamina é extremamente
considerado deverá absorver e utilizar ativamente o
variável entre as espécies e dentro da própria espécie.
mineral no seu metabolismo (Bosscher et al., 2001). A
Esta variação encontrada em relação à influência da
determinação química da concentração total do mine-
concentração de vitamina C na dieta sobre o ganho em ral e a solubilidade da fonte não fornecem informação
peso e sobrevivência dos peixes pode ser em função, suficiente sobre a quantidade do elemento que está
dentre outros fatores, da forma de vitamina C suple- biodisponível. Portanto, o conceito de biodisponibili-
mentada (estável ou não), de particularidades inerentes dade indica quanto de um nutriente ingerido na dieta
às espécies estudadas, duração do período experimen- é efetivamente utilizado pelo organismo nas suas fun-
tal e peso inicial dos peixes, sendo que quanto menor ções biológicas normais (Sandoval et al., 1997).
o tamanho inicial, maior a velocidade de crescimento, Dos doze elementos inorgânicos relacionados aci-
possibilitando, desta forma, que a suplementação ou ma, seis são exigidos biologicamente em maiores quan-
não da dieta com vitamina C tenha reflexos a nível de tidades na dieta, da ordem de g kg-1 ou %. São os cha-
crescimento, surgimento de sinais clínicos de deficiên- mados macrominerais, a saber: cálcio, fósforo, magnésio,
cia e condição geral do peixe (Borba et al., 2007). potássio, sódio e cloro. Os demais minerais essenciais,
142 NUTRIAQUA

ou seja, ferro, cobre, iodo, manganês, zinco e selênio, O grau de severidade da deficiência ou da toxicidade
são exigidos em pequenas concentrações, da ordem de será correspondente à efetiva concentração do mineral
mg kg-1 ou mesmo μg kg-1. São os chamados micromi- na dieta. As inadequações moderadas em nutrição mi-
nerais (Watanabe et al., 1997). Essas diferenças de exi- neral, para menos ou para mais, dificilmente produzem
gência na dieta entre macro e microminerais refletem as sinais de deficiência ou de toxicidade que sejam obser-
diferenças nas exigências nutricionais existentes entre váveis ao exame clínico. Nesses casos, entretanto, sinais
eles. Do ponto de vista quantitativo, os macrominerais sub-clínicos de deficiência ou de toxicidade poderão ser
têm utilização biológica bem superior àquela verificada observados se técnicas investigativas mais apuradas fo-
para os microminerais (De Silva e Anderson, 1995). rem utilizadas. O diagnóstico de deficiências moderadas
No organismo animal, os minerais participam da de minerais essenciais, em particular, torna-se ainda mais
constituição de ossos e dentes e de diferentes compos- difícil porque o esqueleto dos animais pode servir como
tos orgânicos, tais como proteínas e lipídios. Trabalham fonte emergencial de minerais para manutenção da ho-
ainda na irritabilidade de músculos e transmissão dos meostase eletrolítica no plasma (Hardy, 2001). Os peixes
impulsos nervosos. Além disso, atuam como compo- de muitas espécies, como já referido anteriormente, têm
nentes e cofatores de inúmeras enzimas de importân- ainda as escamas como fonte de elementos minerais
cia biológica. Essa última função é especialmente de- para o sangue, em situações de deficiência na dieta.
sempenhada pelos microminerais. Os minerais atuam É de grande interesse se avaliar o status ou a con-
também na manutenção da homeostase osmótica e do dição nutricional do animal para os minerais essenciais.
equilíbrio ácido-base (Guillaume et al., 1999). Para tanto, pode-se dosar a concentração do mineral sob
Uma característica de destaque da fisiologia mi- análise em diferentes tecidos biológicos, principalmen-
neral é a grande interação existente entre os minerais. te no sangue, músculo, fígado e ossos. Os resultados ob-
Os minerais competem entre si por sítios de ligação em tidos nessas análises são em seguida comparados com
moléculas transportadoras, de armazenamento e em faixas de normalidade para cada mineral estudado, em
enzimas. Em alguns casos, para que haja o correto meta- cada tecido amostrado (Maage e Julshamn, 1993). Em-
bolismo de determinado mineral, há exigência nutricio- bora de maior dificuldade, outra possibilidade é men-
nal de outro mineral. Essas interações entre os minerais surar funções metabólicas específicas que dependem
podem ser antagonistas ou sinergistas. Os exemplos do mineral sob avaliação para ocorrerem normalmente.
clássicos dessas interações antagonistas e sinergistas Skonberg et al. (1997), em estudo com juvenis de truta
entre os minerais são aquelas observadas entre o zinco arco-íris, observaram que as escamas (pele) foram o te-
e o cádmio; e entre o ferro e o cobre, respectivamente. cido mais responsivo à ingestão sub-ótima de fósforo na
Adicionalmente, ocorrem interações entre minerais e dieta. Baeverfjord et al. (1998) alimentaram juvenis de
vitaminas, tais como aquelas interações sinergistas exis- salmão-do-Atlântico com dietas deficientes em fósforo
tentes entre o selênio e a vitamina E e entre o zinco e a por 12 a 15 semanas. Embora retardo no crescimento
vitamina A (Hilton, 1989). e mortalidades somente tenham sido observados após
Os organismos aquáticos podem atender as suas longo tempo, as concentrações de cálcio e fósforo nos
exigências para minerais essenciais através da absor- ossos e escamas foram significativamente reduzidas
ção direta dos mesmos na água e/ou através das fontes logo após algumas semanas de cultivo.
alimentares. Isso é particularmente válido para as espé- A quantidade do mineral no alimento que é efe-
cies que vivem em águas de maior salinidade, como as tivamente aproveitada pelo organismo animal, ou seja,
espécies marinhas. Contudo, há grande diferenciação a sua biodisponibilidade varia em função de diversos
na eficiência de absorção de minerais diretamente da fatores, tais como nível de ingestão, forma química, di-
água, em função do mineral considerado. Os macromi- gestibilidade da dieta, tamanho de partícula, interação
nerais, à exceção do fósforo, podem ser eficientemente com outros nutrientes, presença de ligantes positivos e
absorvidos diretamente da água pelo peixe. Por outro negativos, estado fisiológico do animal, química da água,
lado, os microminerais ainda têm nos alimentos as suas processamento da dieta e espécie animal considerada.
principais fontes (Hepher, 1988). Outra diferença entre Portanto, há relevância em se diferenciar a concentração
animais terrestres e aquáticos é que, enquanto os ani- bruta ou total do mineral no ingrediente ou dieta, obtida
mais terrestres têm nos ossos o principal órgão para através de determinação química, do mineral que está
manutenção de sua homeostase mineral, os animais biodisponível, que é o percentual do mesmo passível de
aquáticos se valem das brânquias e das escamas. As absorção pelo organismo (Sá et al., 2005b).
escamas, na verdade, apresentam mobilização mineral
até mais acelerada que a verificada nos ossos (Berntssen
et al., 2003). Cálcio e Fósforo
Além das disfunções biológicas causadas por
quadros de deficiência mineral, há ainda o risco de to- Pelo fato do cálcio e fósforo estarem estreitamente
xicidade pela ingestão excessiva de minerais na dieta. relacionados entre si no metabolismo e fisiologia animal,
VITAMINAS E MINERAIS 143

esses dois elementos são geralmente considerados jun- purificadas contendo concentrações crescentes de cálcio
tos. Primordialmente, cálcio e fósforo são importantes (0,6 a 10,7 g kg-1). A água de cultivo era doce e continha
para a formação dos ossos, visto serem os principais cerca de 30 mg L-1 de cálcio. Os animais alimentados com
constituintes da hidroxiapatita (fosfato de cálcio), que a dieta controle não suplementada com cálcio apresen-
é o composto mineral estruturante do esqueleto (Kay et taram menor ganho em peso e reduzidas concentrações
al., 1964; Lall, 1989). Juvenis de bagre do canal (Andrews de cálcio nos ossos e escamas. A atividade da fosfatase
et al., 1973), salmão-do-Atlântico (Baeverfjord et al., 1998) alcalina no soro também foi significativamente menor
e do ‘mexican mojarra’ (Cichlasoma urophthalmum) nesses peixes. Esses autores concluíram que juvenis de
tilápia híbrida cultivados em água doce com 30 mg L-1
(Chavez-Sanchez et al., 2000), alimentados com dietas
de cálcio exigem 4 g de cálcio kg-1 de dieta para melhor
experimentais deficientes em fósforo, exibiram retardo
desempenho.
no crescimento, baixa eficiência alimentar, acúmulo de
Os ingredientes práticos geralmente utilizados no
gordura corporal, má formação óssea e reduzidas con-
fabrico de rações balanceadas para peixes geralmente
centrações corporais de cálcio e fósforo. contêm quantidades apreciáveis de cálcio. Por outro
Cálcio e fósforo atuam diretamente na manuten- lado, a biodisponibilidade do cálcio nesses ingredientes
ção do equilíbrio ácido-base dos fluidos corporais. O pode ser baixa, tal como verificado para salmonídeos
cálcio, especificamente, tem importante papel na con- (Storebakken et al., 1998), e pode haver ainda grande
tração muscular, coagulação sanguínea, transmissão variação entre diferentes alimentos. Em geral, os ali-
nervosa, integridade da membrana celular e na ativa- mentos de origem animal apresentam maiores con-
ção enzimática. A permeabilidade da membrana celu- centrações de cálcio biodisponível que os alimentos de
lar é afetada pela ligação do cálcio com fosfolipídios de origem vegetal. Uma notável exceção a essa regra é o
membrana (NRC, 2011). O fósforo é elemento consti- glúten de trigo (Sugiura et al., 1998).
tuinte de ácidos nucléicos e está presente nas membra- Dietas com excesso de cálcio podem ser danosas à
nas celulares e na molécula de ATP (Schneider, 1945). saúde animal. Andrews et al. (1973) observaram que ju-
Participa ainda no metabolismo de carboidratos, lipí- venis de bagre do canal cultivados em laboratório apre-
dios e aminoácidos, no metabolismo muscular e nervo- sentaram queda no desempenho produtivo quando as
so e em processos ‘tampões’ nos fluidos corporais, tais concentrações de cálcio na dieta superaram 15 g kg-1.
Richardson et al. (1985) observaram que juvenis de sal-
como no sangue (Barzel, 1971; Watanabe et al., 1980).
mão ‘chinook’ (Oncorhynchus tshawytscha) alimentados
A exigência nutricional de cálcio em peixes é mui-
com dietas com elevadas concentrações de cálcio (48 a
tas vezes atendida pela absorção direta do cálcio presen-
51 g kg-1) apresentaram redução no crescimento e na in-
te na água, seja de forma parcial ou total (Love, 1980).
gestão alimentar, bem como desenvolveram nefrocalci-
Essa rota é particularmente importante em águas de nose. Nesse estudo, os autores observaram que o cálcio
maior dureza, ou seja, naquelas com maiores concentra- excessivo na dieta prejudicou a absorção do zinco. De
ções de cálcio dissolvido na mesma, tal como acontece igual forma, Sugiura et al. (1998) constataram que hou-
com a água do mar. Sakamoto e Yone (1976) e Hosssain ve efeito antagonista entre as concentrações de cálcio
e Furuichi (1999b) observaram que juvenis de ‘red sea na dieta para salmonídeos e a absorção intestinal de Fe,
bream’ (Pagrus major) e ‘black sea bream’ (Acanthopagrus Mg, Mn, P e Zn.
schlegelii schlegelii), respectivamente, criados em água Como a via de absorção branquial do fósforo é
do mar, tiveram suas exigências por cálcio totalmen- insignificante, há quase total dependência da absorção
te atendidas a partir da absorção branquial. Por outro intestinal para satisfação da exigência nutricional de
lado, Furuichi et al. (1997), Hossain e Furuichi (1999a, fósforo em peixes. Isso se deve às baixas concentrações
2000a,b), trabalhando com diferentes espécies de pei- de ortofosfato na água (Xu et al., 2011) e à reduzida taxa
xes marinhos, concluíram que as espécies estudadas de absorção do fósforo da água por peixes (Philips et al.,
conseguiram atender apenas parcialmente suas exi- 1958). Portanto, deve haver suprimento constante de
gências por cálcio a partir da água. Percebe-se, portan- fósforo na dieta de modo a permitir a manutenção do
status orgânico animal dentro da normalidade (Dato-
to, que a capacidade de aproveitamento do cálcio da
Cajegas e Yakupitiyage, 1996). Além disso, deve-se con-
água varia com a espécie de peixe considerada e que
siderar na dieta apenas a fração disponível de fósforo
a suplementação da dieta com cálcio pode se fazer ne-
que, muitas vezes, pode ser a menor parte do fósforo to-
cessária. Robinson et al. (1986, 1987) determinaram que
tal. Os peixes que não obtêm na dieta a quantidade ne-
a exigência de juvenis do bagre do canal e da tilápia áu- cessária de fósforo exigida por seu metabolismo apre-
rea (Oreochromis aureus) para cálcio, cultivados em água sentam retardo no crescimento, anorexia, má conversão
livre de cálcio, é de 4,5 e 7,0 g kg-1 de dieta, respectiva- alimentar e má formação óssea (Lall, 2002). Os peixes
mente. Shiau e Tseng (2007) alimentaram juvenis de tilá- exigem entre 5 a 10 g kg-1 de fósforo disponível na dieta
pia híbrida (Oreochromis niloticus x O. aureus) com dietas para obtenção de crescimento máximo (Tabela 3).
144 NUTRIAQUA

Tabela 3. Exigência de fósforo disponível na dieta de peixes cultivados.

Peso Unidade
Espécie Exigência Dieta basal Critério Referência
corporal de cultivo

% g

Desempenho e
Acipenser baerii 0,5 – 0,87 14,5 Ovo em pó, dextrina Aquário 220 L Xu et al., 2011
composição corporal

Cichlasoma Caseína, dextrina, Desempenho e Chavez-Sanchez et al.,


0,15 0,4 Tanque 20 L
urophthalmum amido retenção óssea 2000

Clarias Caseína, gelatina,


0,67 – 0,82 10,2 Tanque 70 L Desempenho Nwanna et al., 2009
gariepinus dextrina

Cyprinus carpio Amido e glúten de Desempenho e


0,69 – 0,91 80,1 Tanque 300 L Nwanna et al., 2010
carpio trigo, albumina retenção óssea

0,8 6,0 Farinha de peixe, Tanque 800 L Desempenho, Andrews et al., 1973
farelo de soja, glúten retenção óssea e
de milho, milho hematologia
Ictalurus
punctatus
Atividade da
100% vegetal; Viveiros
0,3 61,0 fosfatase alcalina e Eya e Lovell, 1997
extrudada escavados
resistência óssea

Myxocyprinus Farinha de peixe,


0,74 1,8 Tanque 400 L Ganho em peso Yuan et al., 2011
asiaticus farelo de soja

Ogino e Takeda, 1978;


Oncorhynchus
0,5 – 0,8 - - - Desempenho Ketola e Richmond,
mykiss
1994

Oreochromis
0,5 - Caseína - Retenção óssea Robinson et al., 1987
aureus

Desempenho
0,75 0,3 – 4,0 Farelo de soja, milho Aquário 6 L e composição da Pezzato et al., 2006
carcaça

Oreochromis Gaiola 0,2 m³/


Farelo de soja, Desempenho e
niloticus 0,52 0,4 - 40 Furuya et al., 2008b
quirera de arroz tanque 1 m³ retenção óssea

Farelo de soja, milho, Gaiola 0,2 m³/ Desempenho e


0,48 35 - 100 Furuya et al., 2008a
farelo de trigo tanque 1 m³ retenção óssea

Composição da Ketola,1975; Lall e


Salmo salar 0,6 - - -
carcaça Bishop, 1977

A biodisponibilidade do fósforo dos alimentos de armazenamento de fósforo na célula vegetal, que é


varia de acordo com a fonte considerada (Tabela 4). o fitato ou fósforo fítico, que exige a enzima fitase para
Tradicionalmente, considera-se que o fósforo presente sua digestão e aproveitamento. O problema é que os
nas fontes alimentares de origem mineral e animal está animais monogástricos, como os peixes, não apresen-
totalmente biodisponível. Entretanto, Nordrum et al. tam ou apresentam baixa atividade de fitase no trato
(1997) verificaram que as biodisponibilidades de fós- gastrointestinal (Andrews et al., 1973; Hastings, 1976;
foro no fosfato monocálcico, bicálcico e no fosfato de Simon et al., 1990). Enquanto peixes ciprinídeos (carpas)
sódio não foram totais, mas variaram entre 86 e 91%. Já e salmonídeos (salmões, trutas etc.) não apresentam ne-
para o fósforo das fontes vegetais, considera-se que sua nhuma atividade de fitase, os peixes ciclídeos, tais como
biodisponibilidade é, em média, de apenas 30%. Essa as tilápias, conseguem aproveitar até 27% do fósforo fí-
limitação das fontes vegetais se deve à principal forma tico das dietas (Hua e Bureau, 2010).
VITAMINAS E MINERAIS 145

Tabela 4. Disponibilidade de fósforo em diferentes fontes alimentares.

Ingrediente Espécie Disponibilidade Referência

%
Arroz, farelo Oreochromis niloticus 17,3 Gonçalves et al., 2007
Algodão, farelo Oreochromis niloticus 52,9 Gonçalves et al., 2007
Amendoim, farelo Oncorhynchus mykiss 41,7 Riche e Brown, 1996
Canola, farelo Oncorhynchus mykiss 48,4 Riche e Brown, 1996
Fosfato de cálcio Salmo salar 86 - 91 Nordrum et al., 1997
Fosfato de sódio Salmo salar 131 Nordrum et al., 1997
Girassol, farelo Oreochromis niloticus 26,4 Gonçalves et al., 2007
43,5 Riche e Brown, 1996
Oncorhynchus mykiss
8,5 Sugiura et al., 1998
Milho, Glúten
Oncorhynchus kisutch 15,8 Sugiura et al., 1998
Oreochromis niloticus 22,2 Gonçalves et al., 2007
Milho Oreochromis niloticus 11,4 Gonçalves et al., 2007
Milho extrudado Oreochromis niloticus 13,1 Gonçalves et al., 2007
Ossos, farinha (peixe) Salmo salar 51,0 Nordrum et al., 1997
35,7 Riche e Brown, 1996
Oncorhynchus mykiss
50,4 Sugiura et al., 1998
Peixe, farinha (anchova)
Oncorhynchus kisutch 47,4 Sugiura et al., 1998
Ictalurus punctatus 40,0 Lovell, 1978
55,4 Riche e Brown, 1996
Oncorhynchus mykiss
44,4 Sugiura et al., 1998
Peixe, farinha (‘herring’)
Oncorhynchus kisutch 57,3 Sugiura et al., 1998
Salmo salar 52,0 Lall, 1991
21,5 Riche e Brown, 1996
Oncorhynchus mykiss
36,5 Sugiura et al., 1998
Peixe, farinha (‘menhaden’) Oncorhynchus kisutch 40,4 Sugiura et al., 1998
Salmo salar 87,0 Lall, 1991
Ictalurus punctatus 39,0 Lovell, 1978
Peixe, farinha (sardinha) Oncorhynchus mykiss 37,1 Riche e Brown, 1996
Oncorhynchus mykiss 61,7 Sugiura et al., 1998
Penas, farinha
Oncorhynchus kisutch 75,4 Sugiura et al., 1998
9,7 Riche e Brown, 1996
Oncorhynchus mykiss
22,0 Sugiura et al., 1998
Soja, farelo
Oncorhynchus kisutch 28,4 Sugiura et al., 1998
Oreochromis niloticus 22,3 Gonçalves et al., 2007
Soja extrudada, farelo Oreochromis niloticus 26,3 Gonçalves et al., 2007
Sorgo baixo tanino Oreochromis niloticus 24,1 Gonçalves et al., 2007
Oncorhynchus mykiss 55,3 Sugiura et al., 1998
Trigo, farelo Oncorhynchus kisutch 41,0 Sugiura et al., 1998
Oreochromis niloticus 53,1 Gonçalves et al., 2007
Oncorhynchus mykiss 47,0 Sugiura et al., 1998
Trigo, farinha
Oncorhynchus kisutch 50,1 Sugiura et al., 1998
Oncorhynchus mykiss 74,7 Sugiura et al., 1998
Trigo, glúten
Oncorhynchus kisutch 56,9 Sugiura et al., 1998
Oncorhynchus mykiss 63,5 Sugiura et al., 1998
Vísceras de aves, farinha
Oncorhynchus kisutch 67,7 Sugiura et al., 1998
Salmo salar 81,0 Lall, 1991
146 NUTRIAQUA

Juvenis de salmão ‘chinnok’ alimentados com die- a biodisponibilidade do mesmo em diferentes fontes
tas ricas em fitato apresentaram retardo no crescimen- alimentares. Isso porque o fósforo da dieta que não foi
to, piora na conversão alimentar, disfunção da tireoide, aproveitado pelo animal será perdido para água através
maior mortalidade, formação de cataratas e anomalias das fezes que, após decomposição, eutrofizam o meio
nos cecos pilóricos (Richardson et al., 1985). Além de es- com esse nutriente (Weismann et al., 1988). Assim, o
tar em grande parte indisponível aos peixes, o fitato ainda possível impacto ambiental dos efluentes de piscicultu-
interfere negativamente na absorção de outros nutrientes, ras está diretamente relacionado com a quantidade e a
especialmente de microminerais. Algumas alternativas qualidade do fósforo presente nas rações fornecidas aos
para se aumentar a biodisponibilidade do fósforo fítico é peixes cultivados (Roy et al., 2002). Uma das soluções
a adição de fitase purificada aos ingredientes vegetais ou para esse problema é tratar os ingredientes vegetais das
diretamente à dieta (Storebakken et al., 1998) e o uso de rações com fitase de tal forma a aumentar a absorção
variedades vegetais com baixa concentração de fitato intestinal do mesmo. Sugiura et al. (2001) observaram re-
nas mesmas (Sugiura et al., 1999). Forster et al. (1999) dução de até 98% na excreção de fósforo para água por
avaliaram a suplementação de dietas experimentais juvenis de truta arco-íris alimentados com rações conten-
para truta arco-íris, com fitase, na disponibilização do do farelo de soja tratada com fitase, em relação à excreção
fósforo fítico do concentrado proteico de canola. Os de fósforo dos peixes alimentados com rações comerciais.
peixes alimentados com as rações à base de canola, Para garantir o fornecimento da quantidade neces-
suplementadas com fitase, apresentaram desempenho sária de fósforo ao animal em crescimento, adiciona-se
similar ao do grupo controle, constituído por animais geralmente fosfato bicálcico (18,5% P) nas dietas balan-
alimentados com ração comercial para trutas, à base de ceadas para peixes cultivados. Os ciprinídeos apresen-
farinha de peixe. Esses autores observaram claro efeito tam menor aproveitamento do fósforo de ingredientes
de dose-resposta entre o nível de suplementação de minerais (fosfato bicálcico, farinha de ossos etc.) que os
fitase e a disponibilização do fósforo fítico da canola. ciclídeos e os salmonídeos. Isso se deve ao fato dos ci-
Sugiura et al. (2001) realizaram tratamento enzimático prinídeos, diferentemente dos ciclídeos e salmonídeos,
(fitase) do farelo de soja utilizado como ingrediente em não apresentarem digestão ácida (Hua e Bureau, 2010).
dietas experimentais para juvenis de truta arco-íris e ob- Cálcio em excesso na dieta prejudica a absorção
servaram seus efeitos na digestibilidade da proteína da de fósforo e vice-versa. Por isso, a relação cálcio:fósforo
dieta, bem como na biodisponibilidade do P, Ca, Mg, Cu, [Ca:P] disponível em dietas para peixes cultivados deve
Fe, Mn e Zn. Esses autores concluíram que o tratamento estar entre 1:1 e 1:1,5, de tal forma a maximizar a ab-
do farelo de soja com fitase aumentou de forma signi- sorção dos dois nutrientes (Pornngam et al., 1993; Eya
ficativa a digestibilidade da proteína e a biodisponibili- e Lovell, 1997). A relação Ca:P ótima de 1:1 é a mesma
dade do fósforo e dos demais minerais estudados. Nes- encontrada na composição corporal de trutas arco-íris
se trabalho, a biodisponibilidade do fósforo do farelo (Lee et al., 2010). Pornngam et al. (1993) em estudo com
de soja aumentou de 27% (soja não tratada com fitase) juvenis de truta arco-íris observaram que o maior cresci-
para quase 100% (90 – 93%). Liebert e Portz (2005) con- mento dos peixes ocorreu no grupo que foi alimentado
duziram trabalho com juvenis de tilápia-do-Nilo (13,5 g), com a dieta com relação Ca:P disponível de 1:1. Quan-
por 60 dias, para avaliar o efeito de duas fontes de fitase do mais fósforo foi adicionado à dieta, houve prejuízo
na utilização do fósforo e de outros nutrientes da dieta. na absorção de zinco. Esse efeito foi neutralizado pela
Nesse trabalho, observou-se que a adição de fitase nas maior suplementação dessa dieta com cálcio (ajuste da
rações à base de vegetais (soja, trigo e milho) melhorou relação Ca:P disponível). Miranda et al. (2000) realizaram
significativamente o desempenho dos animais, bem trabalho com juvenis de tilápia-do-Nilo (2,5±0,5 g) para
como aumentou a deposição de fósforo nas escamas e avaliar os efeitos de diferentes relações Ca:P disponível
vértebras. Houve superioridade de uma das fontes de da dieta sobre o desempenho e deposição mineral ós-
fitase testada em relação à outra. Concluiu-se que a su- sea dos animais cultivados. Sete dietas isonitrogenadas
plementação da dieta para tilápia-do-Nilo com 750 uni- e isoenergéticas foram elaboradas, com as seguintes
dades de fitase ativa kg-1 tem o mesmo efeito da suple- concentrações de Ca e P disponível: 0,50 e 0,25%; 0,50
mentação da dieta com fosfato inorgânico. Gonçalves e 0,50%; 0,50 e 0,75%; 0,80 e 0,40%; 0,80 e 0,80% e 0,80
et al. (2007) observaram aumento significativo na dis- e 1,20%, respectivamente. Desse modo, as relações Ca:P
ponibilidade do fósforo em alimentos vegetais após o disponível das dietas foram de 2:1, 1:1 e 1:1,5, em duas
tratamento dos mesmos com 1.000 unidades de fitase concentrações de cálcio e fósforo disponível cada. Havia
ativa kg-1 (soja extrudada e farelo de girassol) ou 2.000 uma dieta controle com baixos níveis de cálcio (0,02%)
unidades de fitase ativa kg-1 (milho, milho extrudado, sor- e fósforo disponível (0,12%). Os resultados mostraram
go baixo tanino, farelo de arroz, farelo de soja e glúten de que foi necessária uma concentração mínima de 0,25%
milho), a depender do ingrediente considerado. de fósforo disponível para que se observasse deposição
Atualmente, há especial atenção com as concen- mineral satisfatória nos ossos dos peixes. Concluiu-se
trações de fósforo nas dietas para peixe, bem como com que os melhores resultados de desempenho zootécnico
VITAMINAS E MINERAIS 147

foram obtidos com o uso das dietas com relações Ca:P 1977; Sakamoto e Yone, 1979). Já os peixes de água
disponível entre 1:1 e 1:1,5. Chavez-Sanchez et al. (2000) doce, de uma maneira geral, exigem entre 400-800 mg
avaliaram os efeitos de cinco diferentes relações Ca:P kg-1 de magnésio na dieta para seu normal desenvolvi-
disponível da dieta (1:1; 1,3:1; 1,5:1; 1,6:1 e 2:1) no cres- mento (Ogino e Chiou, 1976; Ogino et al., 1978; Nose e
cimento e retenção óssea de juvenis de ‘mexican mojar- Arai, 1979; Knox et al., 1981; Gatlin et al., 1982; Shim e Ng,
ra’, concluindo que a relação Ca:P disponível ótima foi 1988; Dabrowska et al., 1989; Shearer, 1989; Reigh et al.,
de 1,3:1. Contrariamente a esses trabalhos, Vielma e Lall 1991; Lim e Klesius, 2003; Wang et al., 2011). Alguns si-
(1998) concluíram que a relação Ca:P disponível de 2:1 nais de deficiência de magnésio em peixes são retardo
em dietas comerciais para salmões não são capazes de no crescimento, anorexia, nefrocalcinose, convulsões,
interferir na utilização do fósforo da dieta. cataratas e deformidades no esqueleto (Lall, 2002).
Além da relação Ca:P disponível da dieta deve-se Os ingredientes usualmente utilizados no fabrico
observar também a adequação das concentrações de dietas para peixes contêm boas concentrações de
absolutas de cálcio e de fósforo disponível na dieta. magnésio. Boas fontes alimentares de magnésio são
Andrews et al. (1973) constataram que juvenis de ba- farinha de peixe, farinha de carne e ossos e farelos de
gre do canal sofreram retardo no crescimento corporal arroz e trigo (Lall, 2002). A biodisponibilidade aparen-
quando a concentração de cálcio na dieta superou 15 g te do magnésio em alimentos animais e vegetais varia
kg-1 e que esse efeito não foi neutralizado pelo ajuste na entre 50 a 70% para salmonídeos. Assim como cálcio e
relação Ca:P disponível (maior aporte de P). fósforo (cinzas) excessivos na dieta prejudicam a absor-
ção intestinal de magnésio, elevadas concentrações de
magnésio podem interferir negativamente na utilização
Magnésio de outros minerais, tais como cálcio e fósforo (Ye et al.,
2010). Há relação inversa entre a concentração de mag-
Nos animais, o magnésio participa de diferentes nésio na dieta e sua eficiência de absorção intestinal
reações do metabolismo intermediário. As fosfoquina- (Sugiura et al., 1998).
ses, por exemplo, enzimas responsáveis pelas transfe-
rências de grupos fosfatos no meio celular, exigem a
atuação do magnésio como cofator essencial para o seu Sódio, Cloro e Potássio
normal funcionamento. Outras enzimas dependentes
do magnésio são as tioquinases, pirofosfatases e as ami- Sódio, potássio e cloro são os eletrólitos mais
noacil-sintetases (Tacon, 1990). O magnésio atua tam- abundantes nos seres vivos. Enquanto o sódio e o cloro
bém no metabolismo do tecido esquelético e na trans- estão presentes principalmente nos fluidos extracelula-
missão neuromuscular. Este mineral desempenha papel res, o potássio, juntamente com o magnésio, está mais
importante no transporte de gases no sangue, visto presente nos fluidos intracelulares (McDonough et al.,
que concentrações elevadas do mesmo são encontra- 2002). Sódio, potássio e cloro participam de importan-
das nos eritrócitos dos peixes (Hrubec e Smith, 1999). tes funções biológicas, tais como no controle da pressão
El-Mowafi et al. (1997b) demonstraram que juvenis de osmótica, no equilíbrio ácido-básico, no funcionamen-
salmão-do-Atlântico alimentados com dietas deficien- to da bomba de sódio e potássio e na constituição do
tes em magnésio apresentaram distúrbios osmorregu- suco gástrico (Evans et al., 2005). Sinais de deficiência
latórios. A maior parte do magnésio presente nos peixes de potássio em peixes incluem anorexia, convulsões, te-
está localizada nos ossos (Ye et al., 2010). tania e morte (Shearer, 1988).
Além da via alimentar, os peixes conseguem ab- Pode ser desnecessária a suplementação de die-
sorver magnésio diretamente da água em que vivem tas artificiais para peixes com fontes de sódio, potássio
(Shearer e Asgard, 1992). Tilápias alimentadas com die- e cloro. Há a absorção direta da água como rota para
ta deficiente em magnésio e cultivadas em água mole obtenção desses minerais. Além dessa, os ingredientes
(baixa concentração de Mg2+) apresentaram baixas práticos das rações já apresentam concentrações satis-
concentrações de magnésio nas escamas e nos ossos fatórias dos mesmos. Há, entretanto, algumas exceções.
(Bijvelds et al., 1997). Esses autores observaram que a O cultivo de peixe marinho eurialino em águas de baixa
deficiência de magnésio (água e dieta) levou à quebra salinidade ou de alta salinidade, mas que não repro-
da homeostase mineral (Ca, Na e K) dos tecidos duros duzam o perfil de sais da água do mar, é uma delas. As
dos peixes, sugerindo que a permeabilidade da mem- águas subterrâneas, por exemplo, mesmo quando apre-
brana celular e os mecanismos de transporte iônico nas sentam elevadas concentrações de sais, são geralmen-
células são dependentes de magnésio. te deficientes em potássio (Shakeeb-Ur-Rahman et al.,
Depois do cloreto e do sódio, o magnésio é o ter- 2005). Nesse caso, a suplementação da dieta com clore-
ceiro íon mais abundante na água do mar. Desse modo, to de potássio [KCl] ou outra fonte de potássio, ou mes-
as dietas artificiais para peixes marinhos podem não ne- mo a aplicação direta de potássio na água de cultivo,
cessitar de suplementação com magnésio (Lall e Bishop, pode trazer benefícios aos animais cultivados (Partridge
148 NUTRIAQUA

e Lymbery, 2008). Juvenis de dourada, cultivados em salmonídeos é inferior a do potássio e que há grande
água de baixa salinidade (2,9 g kg-1), apresentaram melhor variação entre os ingredientes. A concentração de sódio
desempenho zootécnico quando alimentados com dieta nos alimentos vegetais testados foi tão baixa que im-
contendo 120 g kg-1 de sal comum (Appelbaum e Jesuaro- possibilitou a determinação da sua biodisponibilidade.
ckiaraj, 2009). Arockiaraj e Appelbaum (2010) concluíram
que a suplementação da dieta para o robalo asiático (La-
tes calcarifer) cultivado em água doce, com 80 g kg-1 de sal Ferro
comum, beneficia o crescimento e a sobrevivência animal.
Outra exceção é a transferência de peixes diádro- O mineral ferro apresenta importantes funções nos
mos da água doce para água do mar. Trutas alimentadas organismos vivos (Robbins et al., 1972). É componente
com dieta contendo elevada suplementação com NaCl dos citocromos, participando da respiração celular na
(até 120 g kg-1), por um mês, e posteriormente trans- cadeia transportadora de elétrons, sendo portanto es-
feridas da água doce para água do mar apresentaram sencial para produção de ATP. O ferro está presente na
maior sobrevivência que trutas alimentadas com a dieta hemoglobina e na mioglobina. Barros et al. (2002a) ob-
regular (Salman e Eddy, 1990). servaram que o número de eritrócitos e o hematócrito
Dietas purificadas, à base de caseína-gelatina, fo- de juvenis do bagre do canal aumentaram linearmente
ram utilizadas nos poucos trabalhos realizados sobre a com o aumento na concentração de ferro da dieta. O
exigência nutricional de potássio de peixes cultivados. ferro é elemento necessário para o transporte de oxigê-
Shearer (1988) determinou que a exigência dietética de nio no sangue e no músculo. Está presente em várias en-
potássio para juvenis de salmão ‘chinook’ é de 8 g kg-1. zimas biologicamente importantes (hemo-enzimas), tais
Saxena e Talwar (1996) determinaram em 4,1 g kg-1 a exi- como na catalase e peroxidase (Bury e Grosell, 2003). O
gência dietética de potássio da carpa ‘mrigal’ para máxi- ferro participa ativamente ainda da resposta imune em
mos ganhos em peso e eficiência alimentar. Shiau e Hsieh peixes (Lim et al., 2000). Rigos et al. (2010) observaram
(2001) determinaram, a partir dos resultados de ganho que a resposta-imune de juvenis de dourada foi maior
em peso, atividade branquial da Na-K ATPase e retenção nos animais alimentados com as dietas suplementadas
corporal de potássio, que a exigência dietética de potássio com ferro (300 mg kg-1 de ferro orgânico). Sealey et al.
para juvenis de tilápia híbrida é de 2 a 3 g kg-1. (1997) observaram que a migração de macrófagos de
Investigações mais recentes avaliaram o efeito da bagre do canal infectados com Edwardsiella ictaluri foi
diferença cátion-aniônica [DCA] da dieta sobre o cresci- deprimida no grupo de animais alimentados com a die-
mento e a fisiologia de peixes (Dersjant-Li et al., 2001). A ta deficiente em ferro. Esses autores verificaram que a
DCA é definida como a diferença entre as concentrações atividade de quimiotaxia foi máxima nos peixes alimen-
de Na+ e K+ da dieta, e a concentração de Cl- da dieta, ex- tados com a dieta suplementada com 60 mg Fe kg-1.
pressa em meq kg-1. Juvenis de bagre africano (Clarias Entretanto, Lim e Klesius (1997) concluíram que juvenis
gariepinus) apresentaram aumento linear do consumo de bagre do canal, alimentados com dieta suplementada
alimentar e do crescimento corporal quando a DCA da com ferro, não foram protegidos de infecção por Edwar-
dieta aumentou de -100 para 700 meq kg-1. Concluiu-se dsiella ictaluri, ocorrendo mortalidades. Por outro lado,
que a DCA ótima da dieta para indivíduos dessa espécie o início das mortalidades nesse trabalho foi antecipa-
é de 700 meq kg-1 (Dersjant-Li et al., 1999). Acredita-se do no grupo de peixes infectados e alimentados com a
que há menor gasto energético na atividade reguladora dieta deficiente em ferro, provavelmente por conta do
da bomba sódio-potássio quando a relação Na:K da die- efeito combinado da deficiência de ferro e da infecção
ta é ótima. Nessa situação, o crescimento dos animais por E. ictaluri. Há importante interação entra a vitamina
é maximizado. No trabalho de Dersjant-Li et al. (2001), C e o ferro. A vitamina C atua como agente redutor do
concluiu-se que potássio em excesso na dieta (baixa ferro, mantendo o mesmo em estado solúvel e de maior
relação Na:K), prejudica o crescimento e a utilização de absorção intestinal (Watanabe et al., 1997).
outros nutrientes da dieta, mesmo quando a DCA da Sinais clínicos de deficiência de ferro em peixes
dieta é mantida no seu valor ótimo. Os melhores resul- não são facilmente observados porque as dietas práti-
tados de crescimento do bagre africano foram obtidos cas geralmente já contêm quantidades elevadas de fer-
para as dietas com relação Na:K de 1,5 a 2,5:1. ro. Andersen et al. (1998) não observaram nenhum efei-
A farinha de peixe e a farinha de carne e ossos são to da suplementação de uma dieta à base de farinha de
boas fontes de sódio e cloro; os farelos de soja, algodão, peixe para juvenis de salmão-do-Atlântico, com 400 mg
amendoim e o arroz são boas fontes de potássio. Sugiu- de ferro kg-1, no crescimento, hematologia e status imu-
ra et al. (1998) observaram que a biodisponibilidade de nológico dos animais. A dieta basal desse trabalho, não
potássio em alimentos animais e vegetais para salmoní- suplementada com ferro, já continha 160 mg-1 Fe kg.
deos é bem elevada, geralmente acima de 90%. Nesse Além disso, existe ainda a possibilidade de parte da exi-
mesmo trabalho, os autores puderam observar que a gência nutricional de ferro em peixes ser atendida atra-
biodisponibilidade de sódio em alimentos animais para vés da absorção branquial (Cooper e Bury, 2007). Essa
VITAMINAS E MINERAIS 149

rota é especialmente importante para peixes de água à ração, utiliza-se, geralmente, sulfato de ferro como
doce. As águas amazônicas, entretanto, são pobres em fonte de ferro. Entretanto, suplementação excessiva
minerais e, por isso, os peixes amazônicos dependem de sulfato ferroso aumenta a oxidação de lipídios da
quase que exclusivamente da dieta para obtenção dos dieta (Desjardins et al., 1987). El-baraasi et al. (2004)
mesmos (Aride et al., 2007). Os peixes marinhos, para se determinaram que até 360 mg kg-1 de ferro, como ci-
livrarem do cálcio e magnésio que se difundem passiva- trato férrico, não causa peroxidação lipídica em dietas
mente da água para os fluidos corporais, secretam bi- para o bagre africano. A biodisponibilidade do ferro
carbonatos que dificultam a passagem de ferro através dependerá, entre outros fatores, da fonte considerada.
da mucosa intestinal. A dieta é a principal fonte de ferro Shiau e Su (2003) determinaram que a biodisponibili-
para peixes teleósteos e a mucosa intestinal é o princi- dade de ferro no citrato de ferro é metade da verifica-
pal sítio de absorção de ferro em peixes (Cooper et al., da no sulfato ferroso. O óxido de ferro não apresenta
2006), especialmente na sua porção anterior, por difu- ferro disponível para o salmão-do-Atlântico, podendo
são simples (Kwong e Niyogi, 2008). até diminuir o status orgânico desse mineral no peixe
Pesquisas realizadas com o uso de dietas purifica- (Maage e Sveier, 1998). Em geral, considera-se que o
das deficientes em ferro observaram retardo no cresci- ferro de fontes orgânicas tem maior biodisponibilida-
mento, má conversão alimentar e anemia hipocrômica e de para peixes que o ferro inorgânico (Watanabe et al.,
microcítica em peixes (Nose e Arai, 1979; Gatlin e Wilson, 1997; Maage e Sveier, 1998).
1986; Tacon, 1992; Shiau e Su, 2003). Juvenis de ‘milkfish’
(Chanos chanos) alimentados com dieta à base de ca-
seína, suplementada com premix mineral isento de fer- Cobre
ro, apresentaram menor ganho em peso que os peixes
do grupo controle (premix completo), sendo o cresci- O mineral cobre tem importante papel metabólico
mento comparável aos peixes que receberam a dieta por atuar na hematopoiese e ser cofator enzimático es-
suplementada com o premix mineral isento de fósforo sencial de inúmeras enzimas, tais como citocromo oxidase
(Minoso et al., 1999). A exigência dietética de ferro para (transporte de elétrons), superóxido dismutase (combate
peixes cultivados varia entre 30 e 202 mg kg-1 (Tabela 5). a radicais livres), lisis-oxidase, dopamina beta-hidrolase,
Há risco de toxicidade quando as concentrações tirosinase e triptofano oxidase (Watanabe et al., 1997). Ór-
de ferro na ração são elevadas, podendo-se observar, gãos vitais do organismo como cérebro, coração, fígado
nessa situação, retardo no crescimento, má utilização e e olhos contêm concentrações elevadas de cobre.
rejeição do alimento (Andersen et al., 1997; NRC, 2011). Assim como para o ferro, dificilmente se observa
Vangen e Hemre (2003) realizaram experimento com ju- sinais de deficiência de cobre em dietas práticas para
venis de salmão-do-Atlântico no qual os animais foram peixes porque suas rações já contêm concentrações
alimentados com dietas contendo duas concentrações
elevadas desse mineral. Lorentzen e Maage (1999)
de ferro e zinco. Os peixes que receberam a dieta com as
não observaram nenhuma diferença para crescimen-
concentrações mais elevadas desses minerais apresen-
to, concentração de hemoglobina e presença de cobre
taram peso final e fator de condição menores. Por outro
nos tecidos de juvenis de salmão-do-Atlântico alimen-
lado, juvenis de tilápia-do-Nilo alimentados com dieta
contendo concentração de ferro acima do exigido nu- tados com dieta à base de farinha de peixe, suplemen-
tricionalmente pela espécie não apresentaram nenhum tada ou não com cobre. Além disso, parte da exigência
sinal de toxicidade (Barros et al., 2002b). Portanto, os para cobre do peixe poderá ser atendida pela absor-
efeitos deletérios do ferro em excesso na dieta depen- ção direta do cobre presente na água (Kamunde et al.,
dem da espécie de peixe considerada. 2002). Esses últimos autores observaram que houve
As fontes alimentares de origem animal, tais como aumento na absorção do cobre da água por juvenis de
farinha de peixe, farinha de vísceras, farinha de sangue truta arco-íris quando a concentração de cobre na die-
e farinha de carne e ossos, apresentam concentrações ta era reduzida. Já em pesquisas realizadas com dietas
de ferro bem superiores que as fontes de origem vege- purificadas deficientes em cobre, observou-se retardo
tal. Na farinha de peixe e de sangue, o ferro se encontra no crescimento, cataratas e redução na atividade de
principalmente ligado à hemoglobina (Steffens, 1989). enzimas cobre-dependentes, tais como a superóxido dis-
Na farinha de peixe, a concentração de ferro pode va- mutase e a citocromo oxidase (Shiau e Ning, 2003; Lin et al.,
riar de 100 a 800 mg kg-1. Os maiores níveis de ferro na 2008b). A exigência dietética de cobre para peixes culti-
farinha de peixe se devem geralmente à contaminação vados gira em torno de 5 mg kg-1 (Tabela 5), mas pode
da farinha durante o processo de fabricação (Maage e mudar em função das concentrações de ferro e de zinco
Sveier, 1998). Nos vegetais, parte do ferro contido nos da dieta. Peixes alimentados com dietas com concentra-
mesmos pode estar indisponível à absorção devido à ções elevadas de ferro e/ou zinco podem exigir mais de
quelação do mesmo com o fitato. Uma alternativa para 5 mg Cu kg-1 para satisfação de sua exigência nutricio-
maior uso de fontes vegetais em rações para aquicultura nal para cobre. Adicionalmente, pode haver variação na
é a suplementação das mesmas com fitase e ferro (Lim exigência mineral da espécie em função da idade e de
e Lee, 2008, 2009). No suplemento mineral adicionado sua fase de vida (Carpenè et al., 1999).
150 NUTRIAQUA

Tabela 5. Exigência dietética de microminerais de peixes cultivados.

Exigência na dieta
Espécie Referências
Fe Zn Cu Mn Se

-----------------------------------mg kg-1----------------------------------

Acanthopagrus schlegelii
ND1 ND ND ND 0,21 Lee et al., 2008
schlegelii

Anguilla japonica 170 ND ND ND ND Nose e Arai, 1979

Fe: Pan et al., 2009; Mn: Pan et al., 2008;


Carassius gibelio 202 ND ND 13,8 1,18
Se: Han et al., 2011

Mn: Wang e Zhao, 1994; Se: Su et al.,


Ctenopharyngodon idella ND ND ND 15 0,60
2007

Zn: Ogino e Yang, 1979; Cu e Mn: Ogino


Cyprinus carpio carpio ND 15-30 3 12-13 0,32
e Yang, 1980; Se: Gaber, 2009

Cyprinus carpio var. Jian 147,4 ND ND ND ND Ling et al., 2010a

Epinephelus coioides 100 ND ND 19 ND Fe: Ye et al., 2007; Mn: Ye et al., 2009

4-6 (inorg.
Cu:Lin et al., 2008b; Lin et al., 2010a; Se:
Epinephelus malabaricus ND ND Cu); ND 0,77
Lin e Shiau, 2005a
2-3 (org. Cu)

Fe: Gatlin e Wilson, 1986; Lim et al., 1996;


Zn: Gatlin e Wilson, 1983; Cu: Murai et
Ictalurus punctatus 30 20 1,5 2,4 0,25
al., 1981; Mn: Gatlin e Wilson, 1984b; Se:
Gatlin e Wilson, 1984c

Lateolabrax japonicus ND ND ND ND 0,40 Liang et al., 2006

17,0–
Morone chrysops × M.saxatilis ND ND ND ND Buentello et al., 2009
17,3

Zn: Ogino e Yang, 1978; Cu e Mn: Ogino


Onchorhynchus mykiss ND 15-30 1 12-13 0,38
e Yang, 1980; Se: Hilton et al., 1980

Oreochromis aureus ND 20 ND ND ND McClain e Gatlin, 1988

Fe: Barros et al., 2002; Zn: Eid e Ghonim,


Oreochromis niloticus 60 30 ND ND ND
1994

Oreochromis niloticus × O. Fe: Shiau e Su, 2003; Cu: Shiau e Ning,


85 ND 4 7 ND
aureus 2003; Mn: Lin et al., 2008a

Pagrus major 150 ND ND ND ND Sakamoto e Yone, 1976

Tachysurus fulvidraco ND ND 3,1 – 4,2 ND ND Tan et al., 2011

Rachycentron canadum ND ND nd ND 0,81 Liu et al., 2010

Fe: Andersen et al., 1997; Zn: Maage e


Salmo salar 60 - 100 37 - 67 5 7,5 – 10,5 ND Julshamn, 1993; Cu: Berntssen et al.,
1999a; Mn: Maage et al., 2000

Sciaenops ocellatus ND 20 - 25 ND ND ND Gatlin et al., 1991

Takifugu rubripes 90 - 140 ND ND ND ND Zibdeh et al., 2001

1
ND = Não determinado.
VITAMINAS E MINERAIS 151

A maioria dos estudos sobre a nutrição do cobre na estabilização química dos tecidos vivos (Bettger et al.,
em peixes trata não de sua essencialidade na dieta e 1980).
sinais de deficiência, mas da sua toxicidade (Berntssen Embora parte da exigência nutricional de zinco
et al., 1999a; Lundebye et al., 1999; Shiau e Ning, 2003; para peixes possa ser atendida pela absorção direta da
Al-Akel et al., 2010). Intoxicação por cobre na dieta ou água, a fonte alimentar é a principal rota de entrada de
na água provoca retardo no crescimento corporal, des- zinco no organismo (Lall e Bishop, 1977; Willis e Sunda,
truição das brânquias, necrose do fígado e dos rins e 1984; Gatlin e Phillips, 1989). Existe uma correlação sig-
deficiência de zinco (Clearwater et al., 2002; Kang et al., nificativa entre a concentração de zinco corporal e o
2005). Berntssen et al. (1999b) concluíram que houve crescimento animal (Lorentzen e Maage, 1999). Quanto
efeitos tóxicos para juvenis de salmão-do-Atlântico maior a concentração de zinco no corpo do animal, até
quando a concentração de cobre na dieta foi igual ou su- certo limite, maior será a taxa de crescimento. Portanto,
perior a 35 mg kg-1. A ocorrência de melanose na carne dietas que contenham fontes de zinco de elevada bio-
do bacalhau cultivado está associada à suplementação disponibilidade, na proporção adequada, promovem
excessiva da ração artificial desses animais com cobre superior desenvolvimento corporal (Sá et al., 2005b). A
(Cooper et al., 2011). Além disso, o cobre excessivo na exigência nutricional de zinco é maior na fase inicial de
dieta poderá ser excretado para a água e causar conta- vida dos animais, visto que, nesse período, sua taxa de
minação ambiental. Essa questão é relevante porque o crescimento é mais elevada.
cobre na água é mais tóxico que o cobre na dieta. Pers- A biodisponibilidade do zinco dependerá da pre-
chbacher (2005) realizaram experimento com juvenis de sença de ligantes positivos e negativos na ingesta. Li-
bagre do canal no qual se verificou existir uma relação gantes positivos e negativos são aqueles elementos ou
inversa entre a temperatura da água e a toxicidade do compostos que facilitam ou dificultam a assimilação de
sulfato de cobre para os animais cultivados. Lin e Shiau zinco pelo organismo, respectivamente. Os mais conhe-
(2007) descobriram que os efeitos negativos do cobre cidos ligantes positivos de zinco, também chamados
excessivo na dieta sobre o sistema imune de juvenis de de promotores de absorção, são os aminoácidos, pep-
garoupa podem ser mitigados pela suplementação da tídeos, monossacarídeos, ácidos graxos e vitaminas. Os
dieta desses peixes com selênio em concentração duas principais ligantes negativos de zinco são os fitatos e os
vezes maior que a regularmente realizada. taninos (Sá et al., 2005a).
Farelos vegetais tais como farelo de trigo, farelo de Peixes alimentados com dietas deficientes em
soja, farelo de algodão e arroz são boas fontes de cobre zinco apresentaram retardo no crescimento, anorexia,
para rações animais. Nos suplementos minerais, adicio- cataratas, erosão das nadadeiras, dentre outros sinais
na-se cobre geralmente como óxido de cobre ou sulfato clínicos. A queda no consumo alimentar, que se verifica
de cobre. Apines et al. (2003) concluíram que as fontes pela ingestão de dieta deficiente em zinco, leva à inges-
de microminerais quelatadas, dentre elas as de cobre, tão inadequada de todos os demais nutrientes da dieta,
apresentam maior biodisponibilidade mineral para tru- exacerbando, dessa forma, o quadro de deficiência nu-
ta arco-íris que as fontes inorgânicas. Recentemente, tricional (Buentello et al., 2009). A exigência de zinco em
Shao et al. (2010) realizaram pesquisa na qual se veri- dietas para peixes cultivados varia entre 15 a 67 mg kg-1
ficou que o cloreto tribásico de cobre apresenta maior (Tabela 5). Esses resultados, entretanto, foram obtidos
biodisponibilidade de cobre para juvenis de carpa ‘gibel’ em pesquisas nas quais se utilizou ingredientes purifi-
(Carassius gibelio) que o sulfato de cobre. O cloreto tri- cados, isentos de fatores antinutricionais. As dietas prá-
básico de cobre apresenta maior concentração de cobre ticas para peixes contêm significativas concentrações
(58%) que o sulfato de cobre (25%). de fatores antinutricionais, especialmente aquelas à
base de ingredientes de origem vegetal. Por isso, essas
dietas devem receber maior suplementação de zinco
Zinco para compensar as inevitáveis perdas ocasionadas pe-
los fatores anti-nutricionais, notadamente pelo fitato. Sá
O mineral zinco é essencial na dieta e ao metabo- et al. (2004) determinaram que a suplementação ótima
lismo por ser constituinte de inúmeras enzimas, conhe- de zinco, em dietas a base de farelo de soja, para juve-
cidas como metaloenzimas de zinco, tais como: anidra- nis de tilápia-do-Nilo é de 80 mg kg-1. Fountoulaki et al.
se carbônica, fosfatase alcalina, álcool-desidrogenase. (2010) concluíram que a suplementação ótima de zinco
Além disso, o zinco é cofator enzimático indispensável em dietas práticas para juvenis de robalo europeu é de
de muitas outras enzimas que são biologicamente im- 148 mg kg-1, com a utilização de zinco orgânico. Assim,
portantes (Rossi et al., 2001). O zinco, juntamente com o mesmo que a dieta contenha zinco em quantidade
cobre, é componente da enzima superóxido dismutase, igual ou superior à exigência dietética, se os alimentos
que tem importante função antioxidante no organismo que compõem essa dieta forem ricos em fitato, princi-
(Evans e Halliwell, 2001). Por prevenir a peroxidação dos pal ligante negativo de zinco, ele poderá sofrer deficiên-
lipídios das membranas celulares, o zinco atua, ainda, cia nutricional de zinco. O complexo formado entre o
152 NUTRIAQUA

fitato e o zinco, sendo não digestível, é eliminado do necessidade de suplementação com micronutrientes,
organismo com as fezes, contaminando, dessa forma, o quando comparadas às dietas à base de ingredientes de
meio ambiente (Sá et al., 2004). Como regra geral, reco- origem vegetal. No primeiro caso, os próprios ingredien-
menda-se que a suplementação dietética de zinco leve tes práticos utilizados na fabricação das dietas (farinha
a relação fitato:zinco da dieta para 5:1 ou menos. Com de peixe, farinha de vísceras etc.) já contêm quantida-
isso, espera-se que o prejuízo do fitato da dieta sobre a de apreciáveis de zinco biodisponível (Sá et al., 2005b).
absorção de zinco seja nulo ou insignificante (Davies e Óxido ou sulfato de zinco são geralmente adicionados
Reid, 1979). aos suplementos minerais de dietas artificiais para pei-
A exigência dietética de zinco pode ser estimada xes cultivados. Sá et al. (2005a) concluíram que o sulfato
pelo ponto de saturação dos ossos, do corpo ou do plas- de zinco apresenta maior biodisponibilidade de zinco
ma sanguíneo do animal com zinco, que foi fornecido para tilápia-do-Nilo que o óxido de zinco. Savolainen e
na dieta em concentrações crescentes (El-Mowafi et al., Gatlin (2010) avaliaram a suplementação de dietas à
1997a). Além disso, a simples concentração de zinco base de farelo de soja para juvenis de ‘striped bass’ híbri-
corporal já é um bom indicador da exigência dietética do do (Morone chrysops × M. saxatilis), com diferentes fon-
animal para esse elemento (Steffens, 1989). Sabe-se que tes de zinco (sulfato de zinco e quelato de zinco). Esses
quando os ossos estão saturados com zinco, os processos autores concluíram que a biodisponibilidade do sulfato
fisiológicos já foram supridos com a quantidade neces- de zinco foi superior a do zinco quelatado, quando ava-
sária de zinco para seu normal funcionamento (Gatlin e liadas pela concentração sérica pós-prandial de zinco.
Wilson, 1984a). Os ossos são, fisiologicamente, uma re- Entretanto, as observações posteriores mostraram que
serva de zinco para o organismo (Yamaguchi, 1998). Em a deposição de zinco nos ossos e nas escamas dos pei-
situações de deficiência de zinco na dieta, a mobilização xes foi a mesma entre as duas fontes. De uma maneira
do zinco ósseo é muito mais efetiva que a verificada em
geral, o zinco presente em fontes inorgânicas está mais
outros tecidos, como no músculo (Underwood, 1962).
disponível ao organismo que o zinco de fontes vegetais.
Os sinais clínicos de toxicidade de zinco são os
Contudo, o zinco da fonte inorgânica também não apre-
mesmos de deficiência de cobre. Isso ocorre porque o
senta 100% de biodisponibilidade (Lo et al., 1981).
zinco excessivo dificulta a correta absorção intestinal de
Paripatananont e Lovell (1995) observaram que
cobre. Quando se realiza a suplementação de uma dieta
bagre do canal alimentado com dietas práticas, à base
com fonte quimicamente definida de zinco, como óxido
de farelo de soja, exigiram 80 mg Zn kg-1 de dieta, quan-
de zinco, por exemplo, corre-se o risco do fornecimento
do a fonte suplementar de zinco era o sulfato de zinco,
de megadoses. Essas superdosagens podem favorecer
mas apenas 13 mg Zn kg-1, quando a fonte suplementar
a ocorrência de interações antagonistas com outros
era o zinco-metionina. Apines et al. (2001) conduziram
nutrientes essenciais, tal como o cobre (Sandström,
experimento com juvenis de truta arco-íris para deter-
2001). Quando suplementado em megadoses na die-
ta, o zinco, assim como o cobre e o ferro, podem atuar minar a biodisponibilidade do zinco em diferentes fon-
como agentes pró-oxidantes, promovendo aumento na tes suplementares orgânicas, tendo o sulfato de zinco
formação de espécies reativas de oxigênio, nitrogênio como fonte de referência. As dietas práticas foram su-
e cloro (radicais livres) (Evans e Halliwell, 2001). Esses plementadas com 20 ou 40 mg Zn kg-1, a partir das se-
radicais livres, quando em excesso, podem ser altamen- guintes fontes experimentais: zinco metionina e zinco
te danosos às biomoléculas, podendo provocar disfun- quelatado a aminoácidos. Após 15 semanas, os autores
ção orgânica. Portanto, há que se ter bastante critério na observaram que o ganho em peso e a eficiência alimen-
definição do nível de zinco a ser suplementado à dieta tar dos peixes não foram afetados pelas fontes ou níveis
sob pena de causar patologias no organismo animal (Sá, de zinco da dieta. Por outro lado, a atividade da fosfata-
2005a,b). Os peixes, no entanto, são organismos bem se alcalina foi significativamente maior para os peixes
tolerantes a elevados níveis de zinco na dieta. Alevinos alimentados com a dieta suplementada com zinco que-
de truta arco-íris, por exemplo, não apresentaram dimi- latado a aminoácidos. Em oposição, Sá et al. (2005b), em
nuição na taxa de crescimento, nem nenhum outro sinal trabalho com juvenis de tilápia-do-Nilo, concluíram que
clínico de toxicidade por zinco, quando alimentados com não houve diferença significativa entre os coeficientes
dietas contendo até 1.700 μg g-1 (Wekell et al., 1983). de absorção aparente de zinco do sulfato de zinco e do
Boas fontes alimentares de zinco são gérmen e fa- complexo zinco aminoácido utilizado. Buentello et al.
relo de trigo e glúten de milho, entre as vegetais; farinha (2009) concluíram que juvenis de ‘striped bass’ híbrido
de peixe, farinha de carne e ossos e farinha de vísceras, utilizaram melhor o proteinato de zinco que o sulfato
entre as animais. As carnes, de uma maneira geral, são de zinco, com eficiência 1,7 vezes maior. Portanto, per-
fontes alimentares que contêm zinco de alta biodispo- cebe-se que, assim como as fontes inorgânicas de zinco
nibilidade (Gibson e Hotz, 2001). Por isso, dietas para diferem entre si, em termos de biodisponibilidade de
monogástricos, à base de ingredientes de origem ani- zinco, o mesmo também se verifica para os complexos
mal de boa qualidade, apresentam menor ou nenhuma orgânicos de zinco (Sá et al., 2005a).
VITAMINAS E MINERAIS 153

Manganês cádmio e mercúrio (Southworth et al., 2000), ou de mi-


cronutrientes em concentrações excessivas, tais como
O mineral manganês é essencial à vida e está pre- o cobre. Em trabalho realizado com juvenis de bagre
sente principalmente nos ossos, mas também no fígado, africano, Abdel-Tawwab et al. (2007) concluíram que a
músculo, rins, gônadas e pele. É necessário ao normal suplementação das dietas artificiais para essa espécie
crescimento, função cerebral, reprodução e na pre- com 0,3 g kg-1 de selênio orgânico traz benefício no
venção de anormalidades esqueléticas (Hurley e Keen, crescimento dos peixes, na eficiência alimentar e na to-
1987; Lall, 2002). Por se concentrar nas mitocôndrias, os lerância à toxidade ambiental por cobre.
tecidos corporais com maior presença de mitocôndrias A atividade da glutationa peroxidase é utilizada
apresentarão mais manganês. Biologicamente, o manga- como indicativo do status orgânico de selênio no animal,
nês atua como cofator enzimático de várias enzimas, tais havendo correlação altamente significativa entre a ativi-
como transferases, hidrolases e descarboxilases. Além dis- dade enzimática e a concentração de selênio nos tecidos
so, é elemento constituinte de enzimas importantes para vivos (Daniels, 1996). As atividades biológicas do selênio
o metabolismo, tais como arginase, piruvato-carboxilase e e da vitamina E são complementares. Deficiência de se-
super-óxido dismutase (Cossarini-Dunier et al., 1988). lênio, vitamina E ou de ambos produzem geralmente os
Apesar de existir a possibilidade de absorção bran- mesmos sinais clínicos em peixes (Poston et al., 1976;
quial de manganês pelos peixes, o manganês presente Bell et al., 1985; Gatlin et al., 1986). Lin e Shiau (2009)
nos alimentos é mais bem absorvido que o manganês concluíram em estudo com juvenis de garoupa que
da água. Peixes alimentados com dietas deficientes em maior suplementação da dieta com selênio ou vitamina
manganês podem apresentar retardo no crescimento, E é capaz de diminuir a exigência nutricional do outro
anormalidades no esqueleto, cataratas, crescimento nutriente.
anormal das nadadeiras, baixa atividade da superóxido- A exigência de selênio em dietas para peixes va-
-dismutase e inferior desempenho reprodutivo (Lall, ria entre 0,21 a 1,18 mg kg-1, a depender da espécie
2002). Os peixes cultivados em geral exigem 2,4 a 19,0 considerada (Tabela 5). Entretanto, concentrações de
mg kg-1 de manganês em sua dieta para manutenção selênio um pouco maiores que o valor exigido nutricio-
da saúde (Tabela 5). Lorentzen et al. (1996) realizaram nalmente já podem causar toxicidade. Portanto, a dife-
experimento com juvenis de salmão-do-Atlântico para rença entre o valor exigido e o valor tóxico de selênio
determinar se havia necessidade de suplementar a die- é muito pequena. Peixes acometidos de deficiência de
ta à base de farinha de peixe com fonte de manganês selênio podem apresentar retardo no crescimento, per-
(sulfato de manganês). Esses autores concluíram que se da de apetite, mortalidade, baixa atividade da enzima
faz necessário suplementar as dietas práticas para o sal- glutationa peroxidase, com alta atividade peroxidativa
mão-do-Atlântico com 15 mg Mn kg-1 para obtenção de nos tecidos, em sua fração lipídica, e imunodepressão
concentrações adequadas de manganês nas vértebras e (Koller e Exon, 1986; Felton et al., 1996; Watanabe et al.,
no corpo do animal. 1997). Jaramillo e Gatlin (2004) observaram que juvenis
Excesso de manganês, tanto na dieta como na de ‘striped bass’ híbrido, desafiados por Streptococcus
água, pode causar toxicidade em peixes, pela quebra na iniae, e alimentados com a dieta suplementada com
homeostase do sódio, prejuízo na absorção e metabo- selênio, apresentaram significativamente maior ganho
lismo do cálcio, disfunção no metabolismo de carboi- em peso e eficiência alimentar que os peixes do gru-
dratos, comprometimento da resposta imune e neuro- po controle, que não receberam selênio. Crescimento
toxicidade (Partridge e Lymbery, 2009). Boas fontes de reduzido, mortalidade, calcinose renal, nefrocalcinose,
manganês são gérmen de trigo, farelo de trigo e farelo alterações hematológicas e teciduais foram observados
de arroz. No suplemento mineral, geralmente adiciona-se em peixes acometidos de toxidade por selênio (Hilton e
óxido de manganês ou sulfato de manganês. Hodson, 1983; Hicks et al., 1984; Lemly, 2002).
Ingredientes práticos que podem ser citados
como boas fontes de selênio são os seguintes: farinha
Selênio de peixe, farinha de sangue, farinha de vísceras, farelo
de algodão e farelo de soja. O selenito de sódio é a fonte
O elemento selênio é um micromineral essencial ao suplementar inorgânica mais utilizada para suplemen-
normal crescimento e metabolismo dos peixes (Hamilton, tação de selênio em dietas artificiais para peixes cultiva-
2004). O selênio tem importantes funções biológicas, dos (Abdel-Tawwab et al., 2007). Apesar disso, trabalhos
sendo constituinte da glutationa peroxidase, enzima realizados mostraram que o selênio orgânico, tais como
com destacada atividade antioxidante, que atua em o selênio-metionina e selênio-levedura, são fontes de
sinergismo com a vitamina E no combate aos radicais selênio de maior biodisponibilidade para peixes que o
livres hidroperóxidos (Watanabe et al., 1997; Arteel e Sies, selênio inorgânico (Lorentzen et al., 1994; Wang e Lo-
2001; Rider et al., 2009). Além disso, o selênio tem ativida- vell, 1997; Wang et al., 2007; Jaramillo et al., 2009). Wang
de detoxificante de metais pesados, especialmente de et al. (1997) concluíram que juvenis de bagre do canal
154 NUTRIAQUA

expostos à bactéria Edwardsiella ictaluri apresentaram hipertrofia da tireóide. Ribeiro et al. (2011) observaram
maior resposta-imune (número de anticorpos e atividade a ocorrência de bócio em larvas de linguado senegalês
quimiotáxica de macrófagos) quando alimentados com (Solea senegalensis) alimentadas com rotíferos e artêmia
as dietas suplementadas com as fontes orgânicas de se- não enriquecidos com iodo. Essa questão é relevante
lênio (selênio-metionina e selênio-levedura), em compa- porque os copépodos (alimento natural) podem apre-
ração com a fonte inorgânica (selenito de sódio). Pereira sentar até 700 vezes mais iodo que a artêmia (alimento
et al. (2009) observaram que matrizes de tilápia-do-Nilo vivo mais usado em larviculturas) (Hamre et al., 2005).
alimentadas com ração suplementada com selênio or- Raramente se observa deficiência de iodo em peixes
gânico em 0,5 mg kg-1 produziram larvas com maior cultivados comercialmente. Isso por conta da suple-
ganho em peso em relação às matrizes do grupo con- mentação das dietas balanceadas com fonte desse mi-
trole (peixes alimentados com ração não suplementada neral (EFSA, 2005).
com selênio orgânico). Em recente trabalho, Hunt et al. Pouquíssimos trabalhos foram realizados sobre exi-
(2011) observaram que juvenis de truta arco-íris apre- gência de iodo em dietas de peixes cultivados. Sabe-se
sentaram melhor crescimento e atividade antioxidante que a exigência dietética de iodo de salmonídeos é
hepática (glutationa peroxidase, catalase e superóxido de aproximadamente 1,1 mg kg-1 (Lall, 2002). Lall et al.
dismutase), quando alimentados com a dieta suple- (1985) e Gensic et al. (2004) observaram que a resistên-
mentada com 3 mg kg-1 de selênio orgânico. cia de salmonídeos a doenças infecciosas e a tolerância
Por sua importância não só para nutrição de pei- ao estresse aumentaram quando os animais foram alimen-
xes, mas também para nutrição humana, há interes- tados com dieta contendo cinco vezes mais iodo que o
se em se produzir carne de pescado com níveis mais exigido para prevenção do bócio. Além disso, mega suple-
elevados de selênio. Nesse sentido, Cotter et al. (2008) mentações das dietas para peixes com iodo podem ser de-
avaliaram os efeitos de diferentes níveis e formas (or- sejáveis também do ponto de vista da nutrição humana.
gânica e inorgânica) de selênio na dieta de juvenis de Julshamn et al. (2006) concluíram que a suplementação da
‘striped bass’ híbrido na concentração de selênio nos dieta de subadultos de salmão-do-Atlântico com 80 vezes
tecidos dos animais cultivados, especialmente no mús- mais iodo que o exigido na dieta aumentou significati-
culo (filé). O maior acúmulo de selênio nos tecidos dos vamente a concentração de iodo no filé do peixe, sem
peixes foi verificado para suplementação da dieta com causar nenhum dano a saúde ou ao desempenho zoo-
3,2 mg Se kg-1, independentemente da fonte. Segundo técnico dos animais.
os autores, a capacidade do peixe em acumular selênio As farinhas de peixe, especialmente quando ela-
nos tecidos pode tornar a carne de pescado um interes- boradas de espécies marinhas, são boas fontes de iodo
sante alimento funcional para nutrição humana, especi- para aquicultura (Julshamn et al., 2001). As principais
ficamente como boa fonte de selênio. fontes minerais de iodo, à disposição dos formuladores
de ração, são o iodato de cálcio, o iodeto de cobre e o
iodato ou iodeto de potássio.
Iodo
O mineral iodo é exigido na síntese dos hormô-
nios tireoidianos tiroxina (T3) e triiodotironina (T4) que, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
por sua vez, controlam o metabolismo oxidativo (Hetzel
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re porque os hormônios T3 e T4 são os compostos res- Aquaculture 272: 335-345.
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8

Nutrição e Alimentação de Reprodutores

E LIZABETH R OMAGOSA
F ÁBIO B IT TENCOURT
W ILSON R OGÉRIO B OSCOLO

INTRODUÇÃO artificiais, e.g. as barragens dos rios, diminuem ou até


mesmo impedem a migração reprodutiva dos animais
e, consequentemente, a ovulação ou espermiação e,
As práticas de manejos, nutricional e reprodu- finalmente, a desova (Rocha et al., 2008). Avanços nessas
tiva de espécies de peixes nacionais afetam o desen- duas áreas de estudo com peixes sul-americanos foram
volvimento da produção aquícola. Levantamentos desenvolvidos especialmente na última década por
científico-bibliográficos demonstram que experimen- Zaniboni-Filho e Nuñer (2004); Batlouni et al. (2006);
tos com nutrição de espécies de peixes nativos estão Romagosa (2006b); Honji et al. (2009); Andrade et al.
diretamente atrelados a metodologias empregadas para (2010); Gonçalves (2010); Reidel et al. (2010); Sanches et
espécies de clima temperado, utilizando principalmente al. (2010); Weingartner (2010); Coldebella et al. (2011);
espécies marinhas como modelo experimental. Não só Hainfellner (2011), entre outros.
o volume de informações de espécies de água doce é O rápido crescimento da produção industrial dos
pequeno e contrastante, como também a utilização des- bagres do gênero Pangasius spp. em confinamento des-
sas metodologias variadas e intrincadas é totalmente dis- de meados dos anos 1990 é um exemplo interessante,
tinta da realidade brasileira. Os dados são preocupantes. conquanto originado com uma espécie não nativa e em
Um dos desafios da produção de peixes nativos uma região geográfica distinta. Esforços de pesquisa-
é entender o funcionamento das táticas e estratégias dores vietnamitas, mais especificamente na busca pelo
reprodutivas das espécies (Romagosa, 2006a,b; Patzner, conhecimento de estratégias, táticas e manipulação do
2008), e definir qual a dieta mais adequada para cada comportamento reprodutivo dessa espécie resultaram
espécie (Pezzato et al., 2004), dominando as técnicas em aumento da capacidade de produção de ovos, larvas
com precisão, de modo a garantir melhor eficiência e juvenis de 40.000 t em 1997 para 376.000 t em 2006
reprodutiva (% fêmeas em maturação final e a taxa de (Mañanos et al., 2008). Essa percepção remete à grande
fecundação e/ou indução da ovulação e espermiação) diversidade de espécies de peixes presentes nas bacias
e uma prole viável (Rocha et al., 2008). Entretanto, in- hidrográficas brasileiras, o que faz com que as infor-
dependentemente da espécie considerada apresentar mações disponíveis sobre as características biológicas,
hábito reprodutivo de desova total ou parcelada, quan- nas áreas de nutrição e reprodução, estejam aquém da
do os peixes nativos são confinados, em geral não con- quantidade e qualidade necessária à geração de infor-
seguem eliminar seus gametas de forma espontânea mações confiáveis que garantam não somente a produ-
(Romagosa, 2010; Romagosa et al., 2010). ção sistemática de gametas de qualidade, mas também o
Neste caso, intervenções hormonais exógenas em desenvolvimento estratégico de viabilidade econômica e
determinados níveis do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, a sustentabilidade dos sistemas de produção.
são necessárias, para dar continuidade ao processo de O sucesso reprodutivo dos peixes confinados de-
maturação gonadal de peixes nativos em confinamento pende da sincronia entre o período de oferta de alimento
(Romagosa, 2006b). O mesmo bloqueio parece ocorrer (antes ou durante o período reprodutivo) e o momento
no ambiente natural, quando a presença de obstáculos da liberação dos gametas; um fator determinante, não

167
168 NUTRIAQUA

genético, associado à época e estratégias reprodutivas descendentes a fonte de energia necessária ao desenvol-
(desova total ou parcial) e ao processo maturacional, é vimento inicial da prole (Figura 1) (Mañanos et al., 2008).
atribuído ao alimento estocado na forma de vitelo na fê- Logo, reprodutores confinados devem receber uma dieta
mea-mãe antes da ovulação, o que vai proporcionar aos apropriada e diferenciada (Izquierdo et al., 2001).

Desova


 Sim  Sim

Sucesso na indução
Ambiente ótimo hormonal para
 para a maturação  Não maturação final e
final e ovulação/ ovulação/
espermiação espermiação

 
 Sim
Sucesso na indução
hormonal para
gametogênese
 Ambiente ótimo  Não
para gametogênese 


 Não
 Sim

Maturação e desova
negativos ou desova
de ovócitos de baixa
 Nutrição  Não  qualidade.
adequada Recuperação dos
peixes para o próximo
ciclo reprodutivo


 Sim

Grupo de peixes com potencial reprodutivo




Figura 1. Diagrama dos pontos críticos na indução à desova em cativeiro (Mañanos et al., 2008).
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE REPRODUTORES 169

No entanto, durante o processo de gametogênese carotenoides (Sandnes et al., 1984; Dabrowski et al.,
e/ou final de maturação, as manipulações reprodutivas 1995 e Watanabe e Kiron, 1995) e minerais (Watanabe,
devem ser realizadas corretamente para que ocorra a 1988), entre outros. Conquanto incipiente, a pesquisa
liberação de gametas semelhantes aos dos peixes em sobre as exigências nutricionais de reprodutores das
seu hábitat natural. Caso as manipulações sejam errô- espécies nativas utilizadas na piscicultura brasileira é
neas, inadequadas, a possibilidade de ocorrência de tratada nos subtítulos a seguir, com especial atenção
disfunções reprodutivas (falhas) é grande (Romagosa et aos resultados de pesquisas que embasam a formula-
al., 2006b). Na Figura 1 pode-se visualizar que quando ção e processamento de dietas para as espécies de água
a nutrição é inadequada, efeitos como a diminuição do doce da piscicultura brasileira.
número de ovócitos liberados (fecundidade) ou à quali-
dade dos ovos e, consequentemente do número de des-
cendentes, são evidentes e pronunciados. A ocorrência
de falhas maturacionais é ligada a processos complexos A UTILIZAÇÃO DOS NUTRIENTES PELOS
e elaborados, interligados às condições nutricionais as
quais os reprodutores estão sujeitos e que influenciam di- REPRODUTORES
retamente a qualidade dos gametas e a viabilidade da pro-
le (Andrade et al., 2010; De Silva et al., 2008; Baldisserotto
e Gomes, 2010; Romagosa, 2010; Romagosa et al., 2010). PROTEÍNAS
Para vencer as dificuldades do manejo reproduti-
vo de peixes e suas numerosas facetas, um plantel de Proteínas são a fonte de nutrientes de maior im-
reprodutores deve ser submetido, inicialmente, à se- portância na alimentação de peixes, exigidas em quan-
leção genética (metodologia genético-molecular), ca- tidades mínimas diárias pelos reprodutores para ma-
racterizando as matrizes estocadas. A manutenção de nutenção dos mecanismos fisiológicos reprodutivos
estoques de reprodutores até a fase adulta por vários – maturação gonadal, fecundidade, formação de ga-
ciclos maturacionais demanda instalações de grande metas, fertilização dos ovos, vitelogênese e desenvol-
porte, alimentos de alta qualidade e preço razoável, vimento ontogenético inicial (Washburn et al., 1990).
grande número de matrizes estocadas, manejo sanitá- Essas dietas para reprodutores devem conter todos os
rio e condições ambientais favoráveis, entre outras (De aminoácidos essenciais [AAE] para a síntese proteica,
Silva et al., 2008; Navarro et al., 2009), ou seja, a reali- em quantidades próximas àquelas da composição da
zação de pesquisas ligadas ao manejo da reprodução dieta natural (Pezzato et al., 2004); comparativamente
e propagação artificial de espécies nativas confinadas, aos demais nutrientes, proteína é o item mais dispen-
tanto por órgãos governamentais como empresas pri- dioso na formulação de dietas para organismos aquáti-
vadas, demanda investimentos vultosos, mão de obra cos (NRC, 1993; 2011).
especializada e prazos dilatados (Romagosa, 2006b). A questão inicial é: qual a dieta recomendada aos
O estado atual do conhecimento sobre a criação reprodutores de uma determinada espécie de peixe
de peixes neotropicais está longe de estabelecer a do- quando mantidos em cativeiro? Peixes de hábito ali-
mesticação de matrizes, uma vez que esse processo re- mentar carnívoro exigem dietas mais ricas em proteína
quer décadas de desenvolvimento e experimentação do que espécies onívoras ou herbívoras; em situações
(Zaniboni-Filho e Nuñer, 2004; Romagosa, 2006b). Como de confinamento, ingredientes como farelo de soja, mi-
contra exemplo aparece a truta arco-íris (Onchorhynchus lho e trigo podem ser utilizados indistintamente na for-
mykiss) cuja longa tradição na produção comercial em mulação da ração para peixes de quaisquer hábitos ali-
confinamento tem permitido tornar cada vez mais aces- mentares, apenas em proporções diferenciadas (Cyrino
sível sua exploração a partir do uso de uma série de mé- et al., 2004). Os peixes herbívoros e onívoros não apre-
todos específicos de controle do sexo, indução à desova sentam dificuldade na digestão de proteína vegetal;
e tratamentos de enfermidades, entre outras (Rocha entretanto, peixes carnívoros possuem baixa taxa de se-
et al., 2008). creção de amilase, o que pode ser um entrave à inclusão
Estudos sobre exigências nutricionais dos reprodu- de componentes de origem vegetal em sua dieta, prin-
tores conduzidos para espécies de peixes de outros con- cipalmente com relação ao aproveitamento dos carboi-
tinentes, ciprinídeos e salmonídeos em particular, con- dratos destas fontes (Soares, 2008). Alguns exemplos
templam a utilização de proteínas (Luquet e Watanabe, pontuais são considerados e relatados a seguir.
1986; Cho, 1992), carboidratos (Craig e Helfrich, 2009), Há mais de duas décadas,Watanabe et al. (1985) relata-
relação proteína:carboidrato (Hemre et al., 1995), ácidos ram que os níveis dietéticos de proteína e a qualidade da ra-
graxos essenciais (Lie et al. 1993; Watanabe e Kiron, 1995; ção influenciaram a eclosão dos ovos da dourada (Sparus
Bell et al., 1997; Furuita et al., 2000; Asturiano et al., 2001; aurata) sendo que o sucesso reprodutivo dos peixes ali-
Mazorra et al., 2003), vitaminas C, E e B9 (Mangor-Jensen mentados com dietas contendo farinha de peixe foi melhor
et al. 1994; Hemre et al. 1995; Maeland et al., 2002), que aquele dos peixes alimentados com dietas contendo
170 NUTRIAQUA

farinha de sépia (Sepia officinalis). Posteriormente, Fer- gônadas comparativamente mais desenvolvidas e pe-
nández-Palacios et al. (1995) relataram que reprodutores sadas. Peixes alimentados com as dietas 13,69 e 15,06
de dourada alimentados com dietas contendo farinha de MJ ED kg-1 apresentaram números de ovócitos compa-
lula produziram aproximadamente 40% mais ovos viáveis, rativamente inferiores aos outros grupos. Os valores
fertilizados e eclodidos, em comparação aos reprodutores médios do índice gonadossomático [IGS] para machos
alimentados com farinha de peixe. Estes resultados contra- e fêmeas alimentados com 12,73 MJ ED kg-1 foram signi-
ditórios podem ser explicados devido a grande variação na ficativamente maiores, entretanto os valores de índice
composição química e digestibilidade comumente observa- hepatossomático [IHS] foram mais elevados nos peixe
das nos alimentos de origem animal. alimentados com 13,69 ou 15,06 MJ ED kg-1. Os auto-
Reprodutores de robalo europeu (Dicentrarchus res concluíram que 12,73 MJ ED kg-1 dieta são os valores
labrax), alimentados seis meses antes da desova com ideais para o desenvolvimento gonadal saudável desta
dietas isocalóricas com diferentes composições – 51% espécie.
de proteína bruta [PB], 13% de lipídios e 10% de carboi- Os esforços de pesquisa sobre a nutrição de pei-
dratos versus 34% PB, 14% lipídios e 32% de carboidra- xes nativos concentram-se nas espécies dos gêneros
tos – apresentaram diferenças significativas e marcantes Piaractus sp., Brycon sp. e Rhamdia sp. Pirapitingas, Pia-
quanto à histomorfologia dos ovócitos em comparação ractus brachypomus, por exemplo, alimentadas durante
ao processo vitelogênico per se, indicando que essas os cinco meses que antecedem o período reprodutivo
dietas deveriam ser reavaliadas, pois foram inadequa- com dietas contendo valores de PB e ED variando de
das para a qualidade do ovo (Cerdà et al., 1994). De 25,4% PB e 2.605 kcal ED até 38,2% PB e 3.828 kcal ED
modo semelhante, resultados de estudos avaliando a não apresentaram diferenças na histomorfologia dos
interferência da dieta no desempenho de reproduto- ovários. Infere-se assim que quando mantidos em vivei-
res de salmão Coho (Oncorhynchus kisutch) (30% PB e ros escavados, reprodutores da espécie exigem baixas
alto carboidrato versus 45% PB e médio carboidrato concentrações de proteína e energia dietética, ou seja,
versus 57% PB e baixo carboidrato), demonstraram que níveis 25,4% PB e 2.605 kcal ED kg -1 são suficientes para
somente quando os níveis de proteína dietética eram a produção de ovos de diâmetros igual ou superior a
superiores ou equivalentes a 30%, o desempenho re- 987 μm, aptos a serem liberados em um tempo relativa-
produtivo dos animais era mais satisfatório (Washburn mente menor (Vásquez-Torres, 1994). Este mesmo autor
et al., 1990). relatou ainda que nestas condições as matrizes foram
Avaliando o potencial de fontes proteicas de ori- capazes de entrar em um novo processo de maturação
gem animal e vegetal para reprodutores de tilápia, e serem induzidas com sucesso à desova por práticas de
Fontaine-Fernandes et al. (2000), relataram que dietas hipofisação no mesmo ano.
formuladas a base de proteína vegetal reduzem marca- Recentemente, Bittencourt et al. (2010) estudando
damente o conteúdo de vitelo e o número de ovócitos os efeitos de diferentes níveis proteicos (18, 24, 30 e 36%
maduros liberados (fecundidade) pelas fêmeas da espé- PB) na alimentação de reprodutores de pacu (Piaractus
cie. Khan et al (2005) analisaram os efeitos da variação mesopotamicus) no período pré-desova, demonstraram
dos níveis proteicos na dieta de reprodutores de carpa que o grau de desenvolvimento dos ovócitos das matri-
‘rohu’ (Labeo rohita) (200; 250; 300; 350; 400 g PB kg-1 zes alimentadas com a dieta contendo 18% de PB foi do
dieta) e demonstraram que as rações contendo 250 g tipo unimodal (719,9 μm), enquanto os peixes alimen-
PB kg-1 dieta proporcionam taxas de fertilização e eclo- tados com a dieta contendo 24% de PB apresentaram
são superiores, mas o diâmetro dos ovos decresce de duas modas distintas – 782,5 e 970,3 μm. Entretanto, as
modo inversamente proporcional aos níveis de proteína fêmeas que receberam as dietas com 30 e 36% de PB
dietética. apresentaram diâmetros maiores, porém distribuição
Akiyama et al.(1996) demonstraram que dietas polimodal, 719,9; 845,1 e 970,3 e 782,5, 845,1 e 970,3
de machos e fêmeas de ‘ayu’ (Plecoglossus altivelis) su- μm, não respondendo ao tratamento hormonal. Pro-
plementadas com 0,1% de triptofano promovem au- vavelmente essas fêmeas encontravam-se no início do
mento significativo nos níveis de testosterona sérica, processo de regressão ovariana. O manejo nutricional
acelerando a espermiação e a indução maturacional das fêmeas-reprodutoras de pacu teve efeito no proces-
das fêmeas. Mais recentemente, Çek e Yilmaz (2009) so de desenvolvimento ovariano, no período reprodu-
investigaram o efeito de cinco dietas isoproteicas (35% tivo, mas ressalte-se, todavia, que este experimento foi
PB) associadas a diferentes níveis de energia digestível conduzido em tanques-rede.
[ED] (10,85; 11,82; 12,73; 13,69; 15,06 MJ ED kg-1) na die- Estudos recentes realizados por Ceccarelli et al.
ta do bagre africano (Clarias gariepinus) por um período (2010) mostraram que matrizes de piracanjuba, (Brycon
de 180 dias, e demonstraram que o ciclo de maturação orbignyanus) alimentadas com uma ração contendo
gonadal da espécie é significativamente afetado pela 30% PB e 2.800 kcal kg-1 de ED apresentaram desen-
energia digestível da dieta. Os peixes alimentados com volvimento adequado das gônadas, peso adequado e
as dietas 10,85; 11,82 e 12,73 MJ ED kg-1 apresentaram reduzido acúmulo de gordura na cavidade celomática,
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE REPRODUTORES 171

corroborando afirmações de Zaniboni-Filho e Nuñer de peixes que representam a aquicultura. Contudo,


(2004). Contrariamente, a interação entre a dieta (25, acredita-se que esse cenário tende a se modificar com
30 ou 35% PB e 3.250 ou 3.500 kcal kg−1 de ED) e o ci- a crescente utilização de ácidos graxos de diferentes
clo reprodutivo do jundiá (Rhamdia quelen) foi signifi- fontes em dietas de reprodutores de peixes nacionais
cativa somente nos peixes recebendo a dieta com 35% (Gonçalves, 2010).
PB e 3.250 kcal kg-1 ED, que apresentaram antecipação Os peixes, assim como todos os vertebrados, não
do ciclo de maturação sexual, com a produção de uma realizam a síntese de novo dos ácidos graxos linoleico
quarta parcela (4º lote) de ovos e valores médios má- [LA] (18:2 n-6) e linolênico [LNA] (18:3 n-3), por esse mo-
ximos do IGS iguais ou superiores a 1%, quando com- tivo, estes ácidos graxos são conhecidos como essen-
paradas às outras três parcelas, bem como valores bem ciais e devem ser supridos na dieta (Lovell, 1998). Em
reduzidos do IGS presentes nas outras dietas (Reidel et geral. Além dos ácidos graxos LA e LNA, os peixes ma-
al., 2010). Coldebella et al. (2011) constataram para a rinhos necessitam do fornecimento dos ácidos graxos
mesma espécie, que níveis de 28% de PB são suficien- altamente insaturados; eicosapentaenoico [EPA] (20:5
tes para manter bons índices reprodutivos, i.e., fator de n-3); araquidônico [AA] (20:4 n-6) e docosaexaenoico
condição, índices hepatossomático e visceral. Uma vez [DHA] (22:6 n-3), por não serem capazes ou possuírem
mais, destaque-se que ambos os experimentos com capacidade limitada de realizar a biossíntese de DHA
jundiás foram realizados em tanques-rede. e EPA (Sargent et al., 2002), a partir de precursores de
Em geral, os resultados de estudos sobre a nu- cadeias curtas (LA e LNA) (NRC, 1993). Ao contrário dos
trição de reprodutores confinados de peixes nativos peixes marinhos, os peixes de água doce, geralmente,
migradores reforçam o relato de Mazorra et al. (2003) possuem habilidade para converter o ácido linoleico
mostrando que apesar das diferenças metodológicas em araquidônico e o linolênico para EPA e, finalmente,
empregadas na condução dos experimentos, a quali- para DHA , por meio de uma série de enzimas de alon-
dade e composição da dieta são condicionantes do su- gamento e dessaturação (Turchini et al., 2009).
cesso da desova e qualidade do ovo e larva, i.e., existe As frações lipídicas dos peixes são estocadas no
clara influência dos níveis de proteínas, fontes proteicas, músculo e fígado, mobilizados durante a gametogênese,
e relação energia:proteína nos parâmetros reproduti- transferidos para os ovários, incorporados como material
vos dos peixes. A realização de estudos mais refinados nutritivo no ovo, servindo como principal fonte endóge-
tratando da avaliação de exigências nutricionais, na de alimento para o futuro embrião (Watanabe, 1988;
aminoácidos em particular, para reprodutores manti- Wiegand, 1996; Adams, 1998; Almansa et al., 2001). Die-
dos em confinamento assume grande importância no tas com excesso de energia podem ocasionar maior
desenvolvimento da agroindústria da piscicultura das deposição de gordura na carcaça e na cavidade celo-
espécies nativas brasileiras. mática de reprodutores e assim, prejudicar o desempe-
nho reprodutivo (Zaniboni-Filho e Nuñer, 2004; Ceccarelli
et al., 2010).
LIPÍDIOS Os perfis de ácidos graxos dos ovos de peixes po-
dem ser bem diferentes da composição corporal devido
Os lipídios são fontes de energia e ácidos graxos ao catabolismo seletivo de ácidos graxos e/ou a seleti-
essenciais [AGE] de grande importância na alimentação va transferência de determinados ácidos graxos para os
de peixes e que devem ser providos na dieta para man- ovócitos (Tocher, 2003). Assim, o teor lipídico dos ovos de
ter a função estrutural e celular (Pezzato et al., 2004). peixes de água doce pode conter altos níveis de ácidos
Dentre os lipídios são encontrados triglicerídeos, fos- graxos da série n-3, porém não tão elevados como em
folipídios, ceras, ácidos graxos, esteróis, álcoois graxos, ovos de peixes marinhos. A maioria dos ovos de peixes
hidrocarbonetos e carotenoides (Glencross, 2009). Os de água doce contém níveis superiores de LA e AA em
ácidos graxos podem ser classificados em: (1) ácidos relação aos ovos de peixes marinhos (Wiegand, 1996).
graxos saturados (lligação simples) e (2) ácidos graxos Os ácidos graxos altamente insaturados desempe-
insaturados (ligação dupla entre os átomos de carbo- nham importante papel na reprodução, pois regulam
no), que por sua vez podem classificados em: (i) ácidos a produção de eicosanoides, particularmente a pros-
graxos poli-insaturados (com mais de duas duplas liga- taglandina, que está envolvida em diversos processos
ções) e (ii) ácidos graxos altamente insaturados (mínimo reprodutivos, incluindo a produção de hormônios este-
de 20 carbonos e mais de quatro duplas ligações) (vide roides, o desenvolvimento gonadal e ovulação/esper-
capítulo 5). miação (Izquierdo et al., 2001). Os ácidos graxos AA e
Ácidos graxos continuam sendo um dos nutrientes EPA são os precursores dos eicosanoides das séries 2 e 3,
menos bem entendidos na produção aquícola (Turchini et al., respectivamente, e competem entre si pelas enzimas de
2009) e, especificamente para reprodutores, é uma das conversão, modulando assim, a esteroidogênese. Dessa
áreas menos estudadas e deve ter destaque por sua im- forma, a deficiência ou desbalanceamento de ácidos
portância na produção e manutenção de grandes grupos graxos essenciais pode prejudicar a espermiação e/ou
172 NUTRIAQUA

ovulação resultando em taxas de fertilização reduzidas com os peixes alimentados com as dietas contendo
(Izquierdo et al., 2001). Por hora, as pesquisas científi- níveis inferiores ou superiores de suplementação (2,1 e
cas relacionadas aos ácidos graxos desenvolvidas em 4,1% de ácidos graxos altamente insaturados n-3) que
outros continentes devem servir de embasamento para produziram ovos e larvas de má-qualidade. O porcentual
os trabalhos envolvendo espécies nativas (machos e fê- de incorporação dos níveis de ácidos graxos nos ovos
meas). Tal fato é facilmente comprovado pela falta de dos peixes alimentados com 3,1% de ácidos graxos
resultados expressivos quando o assunto é dieta de re- altamente insaturados n-3 foi similar aos peixes captu-
produtores de peixes autóctones brasileiros. rados na natureza, constituindo valores iguais ou meno-
res a 4,1% dos lipídios totais, representando 20-25% do
conteúdo dos ácidos graxos totais (Wilson, 2009).
Fêmeas Diversos estudos demonstram a importância dos
níveis ideais de inclusão dos ácidos graxos altamente
Uma maneira para desenvolver dietas ideais em insaturados na dieta de reprodutores de peixes mari-
relação ao nível de lipídios e ácidos graxos para repro- nhos relacionando-os com o desempenho reprodutivo.
dutores é determinar e comparar a composição do perfil A qualidade da desova (nº ovos por kg de peso vivo) de
de ácidos graxos de exemplares de peixes selvagens e fêmeas de dourada (Sparus aurata) após três semanas
confiandos e, deste modo, tentar repetir essa composi- de alimentação foi beneficiada com a incorporação
ção nas dietas para os reprodutores confinados (Sargent de até 1,6% de ácidos graxos altamente insaturados
et al., 2002; Wiegand, 1996). Matrizes selvagens de baca- na dieta, todavia, valores superiores de adição foram
lhau apresentam melhores taxas de fertilização, simetria relacionados à redução do número de ovos e distro-
das divisões celulares e sobrevivência larval em com- fia do saco vitelínico (Fernández-Palacios et al.., 1995).
paração às reprodutoras confinadas. Esse fato se deve Resultados similares foram relatados em outros es-
aos níveis inferiores de fosfolipídios (particularmente o parídeos (Watanabe et al.., 1984), porém, esses níveis
fosfatidilinositol) e de AA, e consequente alta relação de foram superiores quando comparados aos registrados
EPA:DHA, foram detectados nos ovos de peixes prove- em salmões, de aproximadamente 1,0% de n-3 ácidos
nientes de criação, o que pode indicar a necessidade de graxos altamente insaturados (Glencross, 2009). Para o
suplementação de fosfatidilinositol e AA em dietas de ‘halibut’ do Atlântico (Hippoglossus hippoglossus) níveis
peixes reprodutores marinhos confinados (Salze et al., crescentes de AA na dieta resultaram em taxas de fecun-
2005). Da mesma forma, o conteúdo de lipídio total em didade elevadas, entretanto, o número de ovos viáveis
ovários de ‘white sea bream’ (Diplodus sargus sargus) foi foi bem variável entre as parcelas de ovos de uma mes-
similar ao encontrado em reprodutores selvagens, en- ma fêmea e/ou entre a população de fêmeas (Mazorra
tretanto os valores de AA foram superiores em peixes da et al., 2003). Da mesma forma, a incorporação de ácidos
natureza (Cejas et al., 2003). graxos altamente insaturados n-3 e AA durante o perío-
Lambaris (Astyanax altiparanae) selvagens e de do de três meses antes e durante a desova nas dietas
criação mobilizaram grande quantidade de gordu- de reprodutoras de linguado japonês influenciaram a
ra no período reprodutivo, inclusive os ácidos graxos qualidade dos ovos (flutuabilidade, taxa de eclosão, so-
altamente insaturados, AA, EPA, DHA. Além disso, o áci- brevivência de larvas normais) até atingirem o nível de
do graxo linolênico foi encontrado em maior quantida- 6,0 g kg-1. Por outro lado, a adição de valores superiores
de no músculo, fígado e ovário dos lambaris selvagens provocou efeito negativo na qualidade dos ovos (Furuita
em comparativamente aos tecidos dos lambaris confi- et al., 2003).
nados (Gonçalves et al., 2012). Constatação semelhante Para reprodutoras de ‘yellowfin sea bream’
foi feita por Lemos (2008) em estudo de comparação (Aconthopagrus latus), as respostas reprodutivas fo-
do perfil lipídico entre jundiás confinados e selvagens, ram superiores em matrizes que receberam dietas com
em que foram registradas quantidades quase três vezes 100% de óleo de peixe, quando comparados com os
superiores de ácido linolênico nos tecidos hepáticos e grupos que receberam a mistura entre óleos de peixe e
gonadal dos animais selvagens. Esses fatos podem in- canola, ou somente óleo de canola. Assim, as altas con-
dicar a necessidade da adição de ingredientes ricos em centrações de n-3 HUFA (do inglês ‘highly unsaturated
ácido graxo linolênico em rações para peixes onívoros fatty acid’) na dieta tiveram efeito positivo na produ-
de água doce no Brasil. ção de ovos atingindo porcentuais superiores de ovos
A suplementação de ácidos graxos altamente flutuantes e taxa de fertilização (Zakeri et al., 2011). De
insaturados n-3 (3,1%) durante o período de cinco modo semelhante, fêmeas de beijupirá (Rachycentron
meses antes e durante a desova foi suficiente para au- canadum) alimentadas com dietas contendo 1,86% de
mentar os valores de flutuabilidade dos ovos (68,2%), ácidos graxos altamente insaturados apresentaram me-
fertilização (92,8%), eclosão (87,7%), clivagem de célu- lhor desempenho reprodutivo (Nguyen et al., 2010). Em
las normais (93,5%) e larvas normais (76,3%) em lingua- fêmeas do ‘northern red snapper’ (Lutjanus campechanus)
do chileno (Paralichthys adspersus) quando comparado foi registrado que a composição dos ácidos graxos dos
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE REPRODUTORES 173

ovos reflete o perfil da dieta, mas o enriquecimento com dieta enriquecida com ácidos graxos poli-insaturados
óleos de peixe ou DHA e AA na ração, não melhora o exibiram longos períodos de espermiação e altas con-
desempenho reprodutivo e qualidade dos ovos (Papanikos centrações do volume de sêmen (Asturiano et al., 2001).
et al., 2008), demonstrando que a quantidade e quali- Machos da carpa indiana ‘catla’ (Catla catla) recebendo
dade de ácidos graxos necessárias para se obter resulta- dietas suplementadas com n-3 e n-6 PUFA apresenta-
dos satisfatórios em reprodução são diferentes entre as ram valores da contagem dos espermatozoides (3,2-3,8
espécies de peixes reprodutores. x 107 mL) e espermatócritos (80-82%) significativamen-
As exigências dietéticas em ácidos graxos tam- te melhores que do controle (2,3-2,5 x 107 mL e 64-70%),
bém podem variar em função do ambiente e da fonte ou seja, a inclusão de óleo nas dietas melhorou as res-
de ácidos graxos na dieta. Em tilápias criadas em águas postas fisiológicas dos gametas e da prole (Rothbard e
salobras, a alimentação com dietas contendo óleo de Yaron, 2000).
peixe (rico em EPA e DHA) proporcionou melhor desem-
penho reprodutivo, enquanto que a dieta com óleo de
soja (rico em LA) proporcionou bom desempenho em Fêmeas e machos
tilápias em água doce (Lim et al., 2011). A suplemen-
tação alimentar de AA, DHA e EPA na dieta de fêmeas Em reprodutores de curimbatá (Prochilodus lineatus)
híbridas de bagre do canal (Ictalurus spp.) durante 80 os maiores teores lipídicos ocorrem no estádio de matu-
dias antes da desova, possibilitou o aumento da pro- ração intermediária, durante o processo de vitelogêne-
dução de larvas quando comparadas às dietas suple- se e espermatogênese, quando há intensa mobilização
mentadas com óleos vegetais. Contudo o acúmulo lipídica, decrescendo no estádio maduro. Após a desova
dos ácidos linoleico e linolênico nos ovos foi inferior, é verificada uma queda acentuada dos valores lipídicos
provavelmente indicando que a mobilização e realoca- das matrizes-fêmeas; essa diminuição está provavel-
ção desses ácidos das reservas endógenas em outros mente ligada à mobilização de lipídios para formação
tecidos ou um mecanismo de síntese de alongamento do vitelo e futuros embriões (Vieira, 1986).
ou dessaturação (Quintero et al., 2011).
Ácidos graxos PUFA n-3 (do inglês ‘polyunsaturated
fatty acid’) principalmente EPA e DHA, influenciam a con-
CARBOIDRATOS
centração de hormônios esteroides, a qualidade do ovo e
a sobrevivência das larvas de espécies de peixes tropicais Os carboidratos são componentes encontrados
como o pacu, Piaractus mesopotamicus (Moreira et al., principalmente em alimentos de origem vegetal, po-
2003) e o surubim pintado (Pseudoplatystoma coruscans) dendo ser solúveis, como os amidos e açúcares, ou
(Andrade et al., 2005). A adição de óleo de milho (fonte
estruturais, a exemplo da celulose. Fazem parte ainda
de 18:2 n-6) foi satisfatória para os reprodutores de pin-
do grupo dos carboidratos as substâncias classificadas
tados mostrando índices de bem-estar e valores do IGS
como gomas, que podem interferir na digestão dos de-
ligeiramente superiores às rações sem suplementação.
mais nutrientes. A glicose quando estocada, em geral
Reprodutores de algumas espécies de peixes de
na forma de glicogênio, pode ser mobilizada para satis-
água doce parecem ser menos exigentes em relação à
fazer as demandas energéticas em peixes, entretanto
composição de ácidos graxos da dieta. O desenvolvi-
mento embrionário e larval de desovas de reprodutoras muitas espécies possuem capacidade limitada de me-
de jundiá alimentadas com dieta formulada com banha tabolizá-la (vide capítulo 6).
suína foi tão eficiente quanto os óleos de girassol e ca- Comparativamente aos peixes marinhos e de
nola (Parra et al.., 2008). O mesmo ocorreu com fêmeas água fria, representados em sua maioria na aquicultu-
do bagre-do-canal, que apresentaram desempenho ra comercial por espécies carnívoras, peixes tropicais
reprodutivo igualmente eficiente (≥ 52,1%) quando ali- onívoros toleram elevados níveis de carboidratos die-
mentadas com dietas contendo 10% de óleo de peixe téticos. Essas divergências estão relacionadas a fatores
ou 4% óleo peixe (Sink e Lochmann., 2008). como idade, temperatura da água e, principalmente, a
forma em que o carboidrato será utilizado em função do
processamento da ração que pode proporcionar maior
Machos disponibilização do amido dos alimentos principalmen-
te nas rações extrudadas. Os carboidratos apresentam
Parece haver relação direta entre a dieta n-3 HUFA grande funcionalidade e importância tecnológica no
e a qualidade do sêmen. Em geral, recomenda-se o uso processamento de rações extrudadas e peletizadas.
de AA como suplemento na dieta de reprodutores ma- Estudos distintos indicam que o limite máximo de car-
chos, particularmente no estágio reprodutivo (Martín boidrato na dieta de várias espécies de peixes para que
et al., 2009). Exemplares de machos-reprodutores de o desempenho produtivo não seja comprometido não
robalo europeu (Dicentrarchus labrax) alimentados com deve ultrapasar 25% (Hepher, 1988), enquanto outros
174 NUTRIAQUA

consideram níveis de 40, 20 e 10% como toleráveis para e Hemre et al. (1995) relataram que a suplementação
as diferentes espécies em função de hábito alimentar de vitamina C na dieta de fêmeas-reprodutoras de ba-
como herbívoros, onívoros e carnívoros, respectiva- calhau do Atlântico afeta negativamente as taxas de
mente (Watanabe, 1988). eclosão e qualidade do ovo. Exigências nutricionais em
vitamina C dos reprodutores de salmão são superiores
às dos jovens constatando a importância do ácido as-
Fêmeas córbico na desova de fêmeas e machos dessa espécie
(Izquierdo et al., 2001). Entretanto, Sandnes et al. (1984)
Uma forma de quantificar o estoque energético mostraram que a suplementação de 115 mg de ácido
(i.e., lipídio e glicogênio) em peixes é por meio da ava- ascórbico por quilo de ração influenciou significativa-
liação da relação ou índice hepatossomático [RHS] e mente o número de ovos produzidos por fêmeas de
do peso da gordura visceral [RVS] (Pezzato et al., 2004). truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss). Dabrowski et al.
Como exemplo, fêmeas de cachara (Pseudoplatystoma (1995) registraram que o ácido ascórbico monofosfato
reticulatum) mantidas em confinamento e alimentadas não foi encontrado nos ovos da truta arco-íris, e concluíram
com ração extrudada comercial com 42% PB, apresen- que somente o ácido ascórbico puro é transportado e
taram valores de RHS maiores na fase imatura (jovem e armazenado nestes tecidos. Blom e Dabrowski (1995)
em repouso) e menores em final de maturação (desova) registraram que a suplementação de 870 mg de ácido
e início de regressão ovariana (atresia folicular). Ao lon- ascórbico monofosfato por quilo de ração causam dife-
go do ciclo reprodutivo, a variação deste índice foi discre- renças significativas no número de ovos produzidos por
ta e os menores valores ocorreram nos meses de janeiro fêmeas de truta arco-íris.
e fevereiro, período reprodutivo da espécie, ou seja, ocor- A inclusão de ácido ascórbico monofosfato na die-
reu participação direta do fígado e da gordura celômica ta de machos de truta arco-íris resultou me aumento
no processo de vitelogênese (Romagosa et al., 2003). do volume de líquido seminal, entretanto, não afetou a
Fêmeas de “red sea bream”, alimentados com ní- qualidade do sêmen no início do período reprodutivo
veis de 33 e 36% PB apresentaram fecundidade (nú- (Cierezco e Dabrowski, 1995). Canyurt e Akhan (2008)
mero de ovócitos produzidos) 30% inferior ao contro- avaliaram o efeito da suplementação de 300 e 800 mg
le (45%). Quando as matrizes receberam alimentação kg-1 de ácido ascórbico na dieta na qualidade do sêmen
restrita, os ovos apresentavam-se ‘mais aquosos’, com de truta arco-íris e relataram que indivíduos alimenta-
índices de flutuabilidade, taxas de eclosão e número de dos com 800 mg kg-1 vitamina C apresentam melhores
larvas eclodidas inferiores (Izquierdo et al., 2001). valores de concentração espermática, espermatócrito,
motilidade do sêmen e capacidade de fertilização e
aqueles alimentados com dietas contendo 300 mg kg-1
VITAMINAS apresentaram aumento da motilidade espermática,
mas a ausência da vitamina C reduziu a concentração e
Pequenas quantidades de vitaminas, de natureza a motilidade do esperma nessa espécie de peixe.
orgânica, funcionam como catalisadores ou regulado- Soliman et al. (1986) relataram que tilápias repro-
res metabólicos, fundamentais na reprodução dos pei- dutoras alimentadas com dietas isentas de ácido ascór-
xes. Existem diferenças consideráveis quanto às suas bico apresentaram diminuição dos valores disponíveis
dessa vitamina nos ovários, redução do número de
exigências como os fatores espécie-específicos, dispo-
ovos, piora na eclodibilidade e, consequentemente, au-
nibilidade de alimento, características anatomofisioló-
mento no porcentual de larvas deformadas. Por outro
gicas do sistema gastrointestinal e idade, entre outras.
lado, Mataveli et al. (2007) não encontraram diferenças
Em geral, essas diferenças podem interferir na capaci-
significativas na mobilidade espermática em tilápias ali-
dade de absorver, transportar e metabolizar as vitami-
mentadas com diferentes concentrações de vitamina C.
nas presentes nos alimentos (Pezzato et al., 2004). A vitamina E, importante vitamina lipossolúvel
Essencial para o bom desempenho reprodutivo com efeito antioxidante natural, é transferida para o
e, particularmente, nas taxas de fecundidade e sobre- tecido muscular e, depois, para as gônadas (Serezli et
vivência da prole, a vitamina C ou ácido ascórbico, não al. 2010). Por não sintetizá-la, é necessário suplementar
pode ser sintetizada pelos peixes, pois os mesmos não a dieta dos peixes em aproximadamente 50 mg kg-1
apresentam a enzima L-gulonolactona oxidase que peixe (NRC, 1993). Watanabe (1990) constatou que
possibilita sua síntese a partir da glucose (NRC, 1993, fêmeas-reprodutores de ‘ayu’ alimentadas com dietas
2011; Pezzato et al., 2004; Quintero et al., 2011). suplementadas com 2.000 mg kg -1 apresentaram signi-
Dúvidas permanecem sobre a quantidade ideal de ficativo aumento no porcentual das taxas de flutuabili-
vitamina C que deve ser fornecida na dieta de reprodu- dade, eclosão dos ovos e sobrevivência larval. Todavia,
tores devido aos resultados contrastantes nos diferen- no salmão do Atlântico, a vitamina E foi mobilizada dos
tes grupos experimentais. Mangor-Jensen et al. (1994) tecidos periféricos durante o processo de vitelogênese,
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE REPRODUTORES 175

sugerindo que as lipoproteínas provavelmente, este- Em relação aos minerais, a deficiência em fósforo
jam envolvidas no transporte dessa vitamina durante o para reprodutores de ‘ayu’ (Plecoglossus altivelis) causou
desenvolvimento dos ovócitos (Lie et al. 1993). Por sua redução na taxa de fecundidade e efeito negativo na
vez, Izquierdo et al. (2001) descreveram que o aumento composição proximal dos ovócitos. Porém, a deficiência
do £-tocoferol de 22 para 125 mg kg-1 na dieta de fê- em magnésio afetou as taxas de sobrevivência da prole
meas-reprodutoras de dourada (Sparus aurata) resultou (3,7% ovos embrionados e 0,4% eclosão) e mudanças
em taxas de fecundidade mais elevadas e Pavlov et al. no conteúdo de zinco e ferro na dieta alteram a compo-
(2004) relataram que os níveis de vitamina E (medidas sição nas vértebras das matrizes (Watanabe, 1988).
em £-tocoferol) nos ovos de bacalhau afetam significati-
vamente as taxas de eclosão e qualidade das larvas. Se-
rezli et al. (2010) suplementaram dietas de reproduto- PROBIÓTICOS
res de ‘black sea salmon’ (Salmo labrax), durante 42 dias
com 100 (controle); 250; 500 ou 1000 mg kg-1 vitamina Uma das possíveis alternativas seguras na suple-
E e registraram que o volume de sêmen e número de mentação de dietas para reprodutores é o uso de probió-
espermatozoides sofreram a influência das dietas 250 e ticos. Reprodutores de matrinxã (Brycon amazonicus) re-
500 mg vitamina E; o tamanho dos ovócitos não foi afe- ceberam dietas suplementadas com probióticos (Bacillus
tado, mas houve uma relação positiva entre a fecundi- subtilis) (controle e 5 g probiótico kg-1) durante oito me-
dade total e a dose de vitaminas nas primeiras desovas. ses. Quando foram avaliados, melhoras no número de
A necessidade das vitaminas C e E para melhoria ovócitos (321,0 ±48,3 e 354,3 ±94,7)e nas taxa de fertili-
do desempenho reprodutivo foi demonstrada em vá- zação (28,1 ±4,1 e 57,3 ±4,1) e eclosão (10,2 ±1,5 e 21,9
rias espécies de peixes, como por exemplo em fêmeas ±1,7), mostraram a otimização dos índices reprodutivos
de ‘milkfish’ (Chanos chanos) para os quais relatou-se a dos peixes que receberam o tratamento suplementado
eficácia da combinação das duas vitaminas nos ovos com probiótico (Dias, 2010).
(Emata et al., 2000). Em machos de perca amarela (Perca
flavescens) a combinação de 250 e 160 mg kg-1 de vi-
taminas C e E, respectivamente, resultaram em sêmen
de melhor qualidade (Lee e Dabrowski, 2004). Repro- RESTRIÇÃO ALIMENTAR
dutores da enguia japonesa (Anguilla japonica) foram
Na natureza, a restrição alimentar é um evento
injetados com uma solução de vitamina C ou E durante
que ocorre durante a migração reprodutiva e durante
60 dias no final da maturação, apresentaram aumento
o inverno, quando ocorre a redução da atividade física
nos porcentuais de eclosão e na sobrevivência de larvas
normais em ambos os tratamentos; embora a quantifi- e metabólica (Mackenzie et al., 1998). A diminuição da
cação de vitamina C nos ovos tenha sido ligeiramente frequência ou porcentual da dieta administrada para re-
superior, ambos tratamentos melhoraram a qualidade produtores confinados pode causar inibição do proces-
dos ovos da enguia japonesa (Furuita et al., 2009). so de maturação gonadal em várias espécies de peixes
Furuita et al. (2000) constataram que altos níveis (Carvalho, 2002).
de vitamina A (ß-caroteno) na dieta do linguado japo- Em salmonídeos a restrição alimentar 40 dias
nês (Paralichthys olivaceus) influenciaram a composição antes da desova não afeta os valores do IGS e a com-
dos ovos. Em fêmeas de ‘black sea salmon’ (Salmo labrax) posição e viabilidade dos ovos (Ridelman et al., 1984).
praticamente os pigmentos dos músculos são mobiliza- Todavia, a restrição alimentar para a mesma espécie du-
dos para os ovos e nos machos encontram-se em baixas rante inverno e a primavera ocasionam diminuição do
concentrações inclusive no sêmen, pois, a transferência porcentual de machos e fêmeas sexualmente maduros.
do pigmento é realizada pela pele, fazendo parte do A restrição alimentar gradativa, por um período de 17
comportamento reprodutivo. Nos machos os carotenoi- meses não causou diferenças significativas no diâmetro
des depositam-se na pele e, nas fêmeas, nos ovários. Os dos ovócitos, frequência das desovas e viabilidade dos
carotenoides podem agir como reservas de pigmento ovos em ‘redbelly tilapia’ (Tilápia zilli) (Coward e Bromage,
em embriões e larvas para o desenvolvimento de cro- 1999).
matóforos e manchas, além de atuarem como precurso- A relação entre o metabolismo, restrição alimen-
res de vitamina A (Serezli et al. 2010). tar, desenvolvimento gonadal, qualidade dos ovos e lar-
Harris (1984), estudando dietas de truta arco-íris vas é praticamente desconhecida em peixes da ictiofau-
(Oncorhynchus mykiss) depois de adicionar 40 mg de na brasileira. Carvalho (2002), entretanto, mostrou que a
canthaxanthina por quilo de ração notou o aumento restrição alimentar em matrinxã (Brycon amazonicus) ace-
no diâmetro dos ovos. Tan e He (2007) observaram, em lera a fase final de maturação, mas os valores do IGS são
‘lai’ (Monopterus albus) a suplementação de 14.000 mg semelhantes em peixes com ou sem restrição e, ainda o
canthaxanthina kg-1 de ração promove desenvolvimen- perfil metabólico mantem-se estável durante o período
to gonadal mais acelerado. de redução de alimento.
176 NUTRIAQUA

rapidamente, evitando-se assim desperdícios de tempo


QUALIDADE DO OVO e recursos financeiros.

O ovo representa um substancial investimento


energético que depende principalmente da contribui-
ção materna porque as fêmeas são responsáveis pela
ASPECTOS PRÁTICOS
síntese de vitelo e outras substâncias necessárias para
Uma questão que deve ser considerada é a terapia
o desenvolvimento do zigoto até que o mesmo possa
hormonal, utilizada na indução à reprodução em peixes
viver independente, recebendo alimentação exógena,
que não são capazes de liberar seus ovócitos quando
indispensável ao desenvolvimento de larvas (Bonnet et al.,
mantidos confinados ou quando estimulados por meio
1995; Brooks et al., 1997). A qualidade do sêmen e do
de controle reprodutivo (ampliar a sincronização da
“fator genético dos machos” também são considerados
maturação das gônadas, fazer a hibridação interespecí-
como prioridades da qualidade do ovo em piscicultu-
fica ou em programas de seleção genética) (Lahnsteiner
ras (Cabrita et al., 2008; Rocha et al., 2008). Ambos os
et al. 2008). Sabe-se que ovos oriundos de matrizes con-
fatores genéticos contribuem igualmente na viabilida-
finadas são ligeiramente inferiores àqueles provenientes
de do ovo/larva, mas podem atuar em tempos e formas
distintas. Kamler (2005) mostrou que o efeito paterno de matrizes selvagens (da natureza), fato que indica a
incide nas fases iniciais da ontogenia, dependente da limitação das dietas experimentais. Contudo, Mylonas e
densidade e motilidade do sêmen, enquanto o materno Zohar (2007) afirmam que terapias hormonais apropria-
revela sua contribuição posteriormente, na sobrevivên- das geralmente têm efeito positivo na qualidade do ovo,
cia embrionária, e sob a influência do grau de matura- considerando-se a princípio o aumento do número de
ção dos ovócitos e da idade da fêmea, via composição ovos liberados (Moreahead et al., 2008) quando compa-
da matéria dos ovos. rado aos que maturam espontaneamente. Obviamente,
o efeito do tratamento hormonal na qualidade do ovo
varia de espécie para espécie, tornando-se quase impos-
sível generalizar recomendações favoráveis a um deter-
DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE DO OVO minado agente indutor (Romagosa, 2006b). Contudo,
o sucesso da indução hormonal e da produção de ovos
A determinação da qualidade do ovo de peixes
requer mais investigações embora o processo hormonal
como parâmetro ou indicador permite ao interessado
nos peixes seja bem complexo (Mylonas et al., 2003).
quantificar o sucesso da fertilização e eclosão dos ovos
O motivo pelo qual a qualidade do ovo varia entre
produzidos. Entretanto, essa determinação não identi-
indivíduos ou entre populações de fêmeas de uma mesma
fica qual(is) é(são) o(s) componente(s) responsável(eis)
espécie durante o período reprodutivo é ainda uma incóg-
pela viabilidade (Kjorsvik et al., 1990; Bromage, 1995;
Brooks et al., 1997), que pode ser ainda associado à nita. De acordo com Mañanos et al. (2008) o mais importan-
composição bioquímica do ovo e correlacionado aos te a fazer é aperfeiçoar as coletas de ovos e larvas de peixes
indicadores para elucidar questões comuns às piscicul- produzidos em pisciculturas comerciais, permitindo assim,
turas (Lahnsteiner et al., 2008). encontrar parâmetros ou indicadores que possam elucidar
Segundo Mylonas e Zohar (2007) a qualidade do as diferenças específicas para cada espécie de peixe e entre
ovo pode ser afetada por fatores intrínsecos (genética as espécies de peixes e os distintos tipos de ovos.
parental, idade, composição do vitelo, tamanho dos
ovos, morfologia, entre outros) ou extrínsecos (período
reprodutivo, processo de desenvolvimento maturacio- PARÂMETROS MORFOLÓGICOS
nal, manipulação das matrizes, tipo e dose de hormô-
nios, incubação, dieta, qualidade da água, entre outros). Aparência do ovo
A boa qualidade do ovo se reflete, consequentemente,
em larvas normais (Hoar, 1969; Brooks et al., 1997; Coward Um dos indicadores mais simples da qualidade do
et al., 2002). ovo dos peixes é a seleção do ovo por sua aparência: trans-
Todavia, métodos para padronizar a qualidade do parente (ovo boa-qualidade) ou opaco (ovo má-qualida-
ovo devem ser bem estabelecidos e discutidos uma vez de, gorado, descartado); embora seja uma técnica mais
que o conhecimento é ainda bem limitado, variável en- grosseira, é amplamente utilizada em pisciculturas.
tre fêmeas de uma mesma espécie, entre populações e
habitat (Nocillado et al., 2000). Lahnsteiner et al. (2008)
afirmam que métodos acurados para identificar a qua- Gravidade do ovo
lidade dos ovos ‘pobres’ ou de ‘má-qualidade’ são de
grande relevância para a produção piscícola pois, uma A gravidade específica do ovo pode ser determi-
vez identificados, estes ovos devem ser descartados nada pelo tipo de ovo que a espécie de peixe apresenta:
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE REPRODUTORES 177

(1) ovo pelágico (flutuante, sobrenadante, numerosos, variação geneticamente determinada e reduzida do
menores, córion reduzido, volume de água ≥ 85%, pre- diâmetro do ovo (De Silva et al., 2008). Por exemplo, o
sença de gotas lipídicas na área equatorial do ovo - ovo diâmetro do ovo dos ciprinídeos e salmonídeos pode
boa-qualidade) e (2) ovo demersal (pesado, afunda, variar de 0,2-0,5 mm, atingindo valores superiores a 1,0
mais numerosos, maiores, córion mais reduzido, pou- mm no momento da desova. Além disso, ovos maiores
quíssima hidratação; ausência ou raras gotas lipídicas contêm uma quantidade de vitelo maior possibilitando
- ovo má-qualidade). Ambos os ovos apresentavam ca- que a larva sobreviva com alimento oriundo da mãe, i.e.,
racterísticas específicas para cada espécie de peixe. saco vitelínico, aumentando a chance do porcentual de
Todavia, o ovo fertilizado pode ser viável (≥ 50% sobrevivência quando comparado aos ovos menores
sucesso fertilização) ou não viável (i.e., 0% sucesso ferti- (Bromage, 1995). Sawanboonchun (2009) demonstrou
lização) (Vazzoler, 1996; Romagosa, 2006a,b; De Silva et al., que o diâmetro dos ovos de bacalhau do Atlântico dimi-
2008; Rocha et al., 2008). De qualquer forma, podem nuiu gradativamente no decorrer da liberação de parce-
ser mensurados sobre quaisquer tipos de ovos: (1) peso las de ovos de uma mesma fêmea (individual), levando
total dos ovos produzidos por dia; (2) número de parce- a exaustão das reservas vitelínicas e, redução do núme-
las liberadas e, (3) número de ovos por fêmea (Nocillado ro de embriões e larvas sobreviventes.
et al., 2000). O tamanho do ovo pode ser afetado ainda por vá-
Em teleósteos marinhos e estuarinos, em geral, é rios fatores, a saber pelo estado nutricional da fêmea-mãe;
possível realizar o monitoramento de gotas ou inclu- tamanho (peso ou comprimento)/idade da mãe; tipo
sões lipídicas (forma, número e disposição) em ovos de desova (natural, ou espontânea; artificial, induzida
pelágicos. De acordo com Tocher e Sargent (1984) altos ou não), ou momento da desova (início, meio ou final
porcentuais de gotas lipídicas nos ovos de ‘lesser sand da estação reprodutiva) (Bromage, 1995). Romagosa et al.
eel’ (Ammodytes marinus) e ‘capelin’ (Mallotus villosus) (1990) padronizaram o estádio de maturação de fêmeas
estão relacionados a longos períodos de incubação (27 receptivas à indução hormonal avaliando a distribuição
e 23 dias, respectivamente, 8ºC). Entretanto, em ‘turbot’ da frequência do diâmetro dos ovócitos de pacu (Piaractus
(Scophtalmus maximus) a incubação ocorre em perío- mesopotamicus) demonstrando a importância da cor e
dos curtos de seis dias e a 12,5ºC (McEvoy et al., 1993). tamanho do ovo como indicadores. Da mesma forma, Le-
Dessa forma, Pavlov e Emely’anova (2008) inter- onardo et al. (2004) utilizaram a cor, diâmetro e a morfo-
pretam os eventos ocorridos durante o desenvolvi- logia do ovo do cachara (Pseudoplatystoma reticulatum)
mento dos ovos de um peixe de recife de coral tropical como indicador do estado de receptividade à indução
‘twotone tang’ (Zebrasoma scopas) (Acanthuridae), em hormonal da reprodução.
três momentos: ovulação; estocados na cavidade abdo-
minal (in vivo) ou no meio externo (in vitro), bem como,
a dinâmica dos alvéolos corticais dos ovos inseminados TAXA DE FERTILIZAÇÃO
ou não inseminados. Ovos de qualidade pobre variaram
substancialmente de tamanho, presença de inclusões, Segundo Nguyen et al. (2010) a falta de padroni-
exocitose parcial dos alvéolos corticais e conteúdo opa- zação metodológica tem dificultado as interpretações e
co. Todavia, as clivagens anormais permitiram observar comparações entre os peixes marinhos e de águas doces.
a subsequente degradação das células do blastodisco. A taxa de fertilização indica o porcentual de ovos fertiliza-
Esse método é recomendado para determinar a quali- dos oito horas pós-fertilização o que, em geral, expressa
dade do ovo. Os ovos (viáveis ou não) podem ser corre- o momento em que o blastóporo se separa, mostran-
lacionados às primeiras clivagens do estágio de ontoge- do o sucesso do encontro entre os ovócitos e o sêmen
nia inicial, mórula (ø máx. – ø mín. do ovo, do vitelo, da (Romagosa et al., 2001; Sanches, 2009; Faustino et al.,
vesícula lipídica) ou com a taxa de eclosão (% embriões 2010). Consequentemente, deve-se levar em conside-
eclodidos ovo flutuante) ou também, com a sobrevivên- ração o tipo de fertilização (induzida, extrudada, natu-
cia das larvas (% larvas eclodidas e normais). ral), o momento da coleta dos ovos e a temperatura da
água, entre outros, para estabelecimento das devidas
correlações.
Tamanho do ovo Um fator que afeta o sucesso da fertilização é a
super-maturação (‘over-ripening’) dos ovos quando
O tamanho do ovo geralmente é calculado com permanecem na cavidade abdominal, ficando sujeitos
base no diâmetro do ovo (ovo esférico, medido o eixo à falta de oxigenação e início de degeneração tecidual
único horizontal; ovo em forma de pera, média do eixo e outras severas alterações metabólicas. Consequente-
horizontal - comprimento e vertical - e largura), parâ- mente, quando os valores de taxas de fertilização dimi-
metro recomendado como indicador da qualidade do nuem o número de más-formações dos ovos normal-
ovo e fornece também, uma estimativa do investimen- mente aumenta (Lahnsteiner et al., 2008). É frequente
to parental da prole. Cada espécie de peixe apresenta ocorrer este processo de super-maturação em ovos de
178 NUTRIAQUA

peixes nativos (curimbatá, pacu, matrinxã, cachara, pin- canadum) caracterizaram morfologicamente esse ovo
tado, jundiá, entre outros) quando induzidos à reprodu- em estágios de oito células, classificando-as em fases
ção. Cerdà et al. (1990) relatam que dietas experimentais de simetria; uniformidade; margens; inclusões e ade-
inadequadas para robalo europeu (Dicentrarchus labrax) rências. Os autores subdividiram as anormalidades em
produzem efeito adverso causando uma distorção me- categorias como arranjo assimétrico dos blastômeros;
tabólica no processo de gametogênese produzindo um tamanho dos blastômeros desiguais; fraca adesão entre
menor número de ovos maduros (fecundidade). Resul- os blastômeros e má-definição dos blastômeros margi-
tados até aqui conseguidos permitem inferir que as es- nais. Os resultados mostraram que este parâmetro não
timativas das taxas de fertilização de peixes oriundos do foi sensível para indicar a qualidade dos ovos e larvas
habitat natural usualmente são mais elevadas quando de beijupirá.
comparadas aos peixes confinados. Deste modo, o de-
senvolvimento da criação comercial demanda a realiza-
ção de um número maior de estudos e cada vez mais TAXAS DE ECLOSÃO
precisos eu possibilitem o oferecimento de condições
mais adequadas às matrizes para ótimo desempenho Faulk e Holt (2008) mostraram que reprodutores
reprodutivo. de beijupirá (Rachycentron canadum) apresentaram cor-
relação positiva entre ovos flutuantes e a taxa de eclo-
são no período reprodutivo. Resultados semelhantes fo-
MORFOLOGIA DOS BLASTÔMEROS ram obtidos para reprodutores de pargo (Pagrus pagrus)
(peixe demersal) por Aristizabal et al. (2009) confirman-
Após a fertilização ocorre uma série de divisões ce- do que as duas mesmas variáveis apresentaram relação
lulares mitóticas no citoplasma, em numerosas células, significativa. Sumarizando, ambas as espécies podem
conhecidas como blastômeros, cujas clivagens celulares ser utilizadas como um marcador em potencial capaz
são restritas ao polo animal indicando divisão meroblás- de predizer a sobrevivência das larvas com certo grau
tica discoidal (Kunz, 2004). Kjørsvik et al. (1990) estabe- de precisão, no início das atividades reprodutivas.
leceram que a simetria celular nas fases iniciais de on-
togenia do desenvolvimento embrionário de bacalhau
(Gadus morhua) em blastômeros normais (estágio com
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E HORMONAIS
oito células) poderia ser considerada como indicador
da qualidade do ovo de peixes marinhos. Brooks et al. Do ponto de vista nutricional, a composição bio-
(1997) estudando o ‘halibut’ do Atlântico (Hippoglossus química dos ovos (metabolismo dos carboidratos, lipí-
hippoglossus) utilizaram a mesma metodologia como dios, proteínas, energia, enzimas) é um dos indicadores
um indicador confiável para determinar a qualidade do utilizados, podendo correlacioná-los aos parâmetros
ovo além de ser vantajoso economicamente, pois, per- de viabilidade dos embriões e larvas (Lahnsteiner et al.,
mite agilizar o descarte de ovos de má-qualidade. Re- 2008). Stacey e Goetz (1982) verificaram que os níveis
sultados contraditórios foram apresentados por Vallin e de EPA (precursor das prostaglandinas [PG], ferormô-
Nissling (1998) que constataram que a simetria celular nios, da série III) e AA (precursor da PG, ferormônios, da
não foi um indicador preciso da qualidade do ovo do série II) apresentaram correlação positiva com as taxas de
bacalhau do Atlântico. Rideout et al. (2004) estabele- fertilização em reprodutores de dourada (Sparus aurata).
ceram padrão de blastômeros normais (8-32 estágios) As PG também são reconhecidas como ferormônios em
em ovos de hadoque (Melanogrammus aeglefinus) e re- algumas espécies de teleósteos.
lacionaram com as taxas de eclosão, mostrando que é Segundo Brooks et al. (1997) o padrão de varia-
um parâmetro bem confiável. Entretanto, observaram ção dos valores de triiodotironina de salmão Chum
uma correlação negativa entre a proporção de ovos e (Oncorhynchus keta) foi constante durante a embriogê-
o arranjo assimétrico dos blastômeros e também com o nese com uma leve queda depois da eclosão e a tiroxina
porcentual de embriões eclodidos. durante a embriogênese com a reabsorção do saco vite-
Recentemente, Lahnsteiner et al. (2008) descre- línico coincidindo com o início da produção endógena
veram as anormalidades causadas pela completa se- dos hormônios tireoidianos. Os autores alertaram sobre
paração entre os blastômeros ou superposição celular a possibilidade de se estabelecer níveis hormonais de-
(assimetria dos blastômeros) e, mostraram o efeito nega- terminando a qualidade do ovo.
tivo como ovos de má-qualidade com as taxas de eclo- Soso et al. (2008) estudaram o efeito do cortisol de
são, comprovando o insucesso da desova. Nguyen et al. fêmeas de jundiá (Rhamdia quelen) na indução à deso-
(2010) conduziram experimentos sobre o efeito de dietas va, por meio de coletas de sangue em tempos distintos,
suplementadas com diferentes níveis de ácidos graxos acompanhando as respostas no momento das capturas,
essenciais no desempenho reprodutiva e composição normal (NH) e estressada (SH), e sua relação com as con-
dos ácidos graxos nos ovos de beijupirá (Rachycentron centrações de 17-beta-estradiol (E2) e testosterona (T)
NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE REPRODUTORES 179

na produção de gametas e sua viabilidade. Níveis mais Andrade, V. X. L. de; R.G. Moreira, M. Schreiner, J.D. Scorvo-
elevados de cortisol foram verificados no grupo SH Filho, y E. Romagosa. 2005 . Efecto de la dieta lipidica
en la composición de los acidos grasos almacenados
quando comparado ao NH. en los tejidos del pintado, Pseudoplatytoma corruscans
(Siluriformes: Pimelodidae) criado en jaulas flotantes.
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Andrade, V.X.L. de; R.M. Honji, e E. Romagosa. 2010. Processo
Brooks et al. (1997) demostraram que os produtos de maturação das gônadas de Pseudoplatystoma corruscans
sintetizados no ovo de truta arco-íris incluem enzimas alimentados com dietas contendo diferentes níveis
proteicos e suplementados com óleo de milho. Arquivo
vitais como catepsina D (enzima proteolítica da família Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia 62: 1-6.
pepsina, protease aspártica), mecanismos que contro- Aristizabal, E.; J. Suárez, A.Vega, and R. Bargas 2009. Egg and
lam sua expressão provavelmente atuem na produção larval quality assessment in the Argentinean red (Porgy
pagrus). Aquaculture 287: 329-334.
de ovos viáveis. Estudos sugerem que essa enzima em Asturiano, J.F.; L.A. Sorbera, M. Carrillo, S. Zanuy, J. Ramos,
ovos de dourada (Sparus aurata) atuam na proteólise J.C.Navarro, and N. Bromage. 2001. Reproductive
da vitelogênese, clivando-a em proteínas vitelínicas e performance in male European sea bass (Dicentrarchus
labrax L.) fed two PUFA-enriched experimental diets: a
outras substâncias essenciais no desenvolvimento em-
comparison with males fed a wet diet. Aquaculture 194:
brionário (Carnevali et al., 2001). Logo, o metabolismo 173-190.
enzimático e molecular poderá ser utilizado como parâ- Baldisserotto, B., e L.C. Gomes. 2010. Espécies Nativas para
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A identificação de genes de truta arco-íris pode Batlouni, S.R.; E. Romagosa, and M.I. Borella. 2006. The
ser investigada nos mecanismos reprodutivos associa- reproductive cycle of male catfish Pseudoplatystoma
dos ao controle da ovulação (i.e., manipulação das horas fasciatum (Teleostei, Pimelodidae) revealed by changes
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de luz; agentes indutores à desova e super-maturação), aquaculture. Animal Reproduction Science 96: 116-132.
pois resultam na diminuição das taxas de fertilização e Bell, J.G.; B.M. Farndale, M.P. Bruce, J.M. Navas, and M.Carrillo.
altos índices de larvas anormais quando comparado ao 1997. Effects of broodstock dietary lipid on fatty acid
grupo controle. Para tal, há necessidade de atuar nos me- composition of eggs from sea bass (Dicentrarchus labrax).
Aquaculture 149: 107-119.
canismos de conservação evitando assim a perda do po- Bittencourt, F.; B.E. de Souza, T.A. Lui, J.A. Lösch, W.R. Boscolo,
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9

Alimentação e Nutrição de Larvas

M ARIA C ÉLIA P ORTELLA


N ATALIA DE J ESUS L EITÃO
R ODRIGO T AKATA
T AÍS DA S ILVA L OPES

em termos morfológicos quanto fisiológicos, resulta até


INTRODUÇÃO em hábitos alimentares diferentes. Segundo o mesmo
autor, as larvas da maioria das espécies são planctófa-
A produção brasileira de peixes nativos no ano gas, principalmente zooplanctófagas, mesmo daquelas
de 2010 foi de 139.187,5 t, a qual, somada à produção cujos adultos são herbívoros.
das espécies exóticas mais produzidas no país (tilápia Assim, a compreensão das transformações mor-
155.450,8 t, carpa 94.579,0 t e truta 5.122,7 t), perfaz o fológicas, fisiológicas e comportamentais que os peixes
total da produção recente em águas continentais, de apresentam durante o período larval constitui base fun-
394.340 t (MPA 2012). Produtores e empresários rurais damental para a proposição de alimentos, nutrientes,
estão investindo na aquicultura como principal ativida- manejos e técnicas de criação compatíveis com suas ha-
de de produção de proteína animal, tirando-a do lugar bilidades, limitações e necessidades ao longo do desen-
secundário, e por vezes alternativo, que costumava ocu- volvimento inicial. No presente capítulo, esses aspectos
par anos atrás. são abordados com especial ênfase nas larvas de espé-
No entanto, o atendimento à crescente demanda cies nativas economicamente interessantes para aqui-
de peixes e de outros organismos aquáticos para o culti- cultura. Entretanto, devido ao limitado número de in-
vo intensivo depende de soluções eficazes para os pro- formações existentes em algumas áreas, exemplos com
blemas ainda existentes nos processos de criação. Há espécies exóticas são discutidos e comentados.
um consenso entre os pesquisadores de que a fase mais
problemática no ciclo de vida dos peixes é o período
larval. Portanto, na larvicultura se concentram as maio-
res dificuldades técnicas para a produção industrial de CARACTERIZAÇÃO DO PERÍODO LARVAL E
peixes. A disponibilidade de larvas e juvenis, em quanti-
dade e com boa qualidade, é ainda um fator crítico para TERMINOLOGIAS
o sucesso da produção intensiva das espécies nativas.
Dentre os fatores responsáveis pelos frequentes
No âmbito do presente capítulo adota-se a termi-
insucessos da larvicultura, a alimentação e a nutrição
nologia de Kendall et al. (1984), que é a mais corrente
são apontados como os principais, impedindo a ex-
nos trabalhos que abordam o desenvolvimento larval
pansão definitiva da atividade. Em termos de alimenta-
com enfoque na aquicultura. O termo embrião é usa-
ção, as larvas de peixes podem ser consideradas como
do para definir o animal que está ainda dentro do ovo,
“espécies separadas” de suas formas adultas (Gerking,
larva vitelina quando inicia a alimentação endógena,
1994), significando que, devido ao tamanho diminuto
e larva quando apresenta alimentação exógena ativa,
e aos processos de transformação pelos quais passam,
mas seus órgãos e sistemas estão ainda em processo
sua alimentação deve ser, necessariamente, muito dife-
de desenvolvimento. A partir do momento que a larva
rente daquela praticada durante a vida adulta. A grande
apresenta a maior parte das características morfológi-
disparidade entre as larvas e as formas adultas, tanto
cas do adulto, é considerado um juvenil.

185
186 NUTRIAQUA

Figura 1. Comparação entre a aquisição de alimento em peixes com desenvolvimento indireto (à


esquerda) e direto (direita). Os eventos decisivos (em negrito) e os acompanhantes estão nas ex-
tremidades esquerda e direita do quadro. A barra vertical sólida indica alimentação exógena e a
pontilhada endógena. Padrões de desenvolvimento intermediários foram omitidos. (Modificado de
Balon, 1986)

Outros termos empregados nesse capítulo (adap- chamados de precoces2, e geralmente conseguem assi-
tados de Balon, 1990) são: período, entendido como os milar eficientemente o alimento formulado desde o iní-
maiores intervalos da ontogenia, separados por limites cio da alimentação exógena. A truta, o salmão, a tilápia
bem definidos; fase, intervalos que dividem o período, e o bagre africano são exemplos de larvas precoces que
considerando alterações morfológicas que os animais pas- podem receber dieta inerte a partir do início da alimen-
sam (e.g. durante o período embrionário existem as fase tação exógena, o que explica, em parte, o seu sucesso
de clivagem e fase embrionária; no período larval, fase vi- na aquicultura, pois há grande facilidade na obtenção
telina ou endotrófica/lecitotrófica1, mixotrófica, exotrófica de juvenis e diminuição nos custos de produção.
etc.), e estágio, usado para definir um estado instantâneo, A maioria dos peixes neotropicais reofílicos de in-
não devendo ser usado para denotar intervalo. teresse para a aquicultura (gêneros Piaractus, Colossoma,
Basicamente, existem dois padrões de desenvol- Brycon, Salminus, Prochilodus, Leporinus, Pseudoplatystoma,
vimento dos peixes: direto e indireto, com uma gama Pimelodus, entre outros), por sua vez, apresentam de-
de padrões intermediários (Figura 1). Peixes que têm senvolvimento indireto (Figura 1) e possuem reservas
desenvolvimento direto, como os salmonídeos, passam vitelinas escassas, que esgotam-se rapidamente, entre
por longa fase de alimentação endógena (endotrófica dois e cinco dias, dependendo principalmente da tem-
ou lecitotrófica), o que lhes garante tempo para ama- peratura da água. Nessa fase, ocorre um rápido desen-
durecimento de seus sistemas orgânicos, de forma que, volvimento e, antes mesmo da depleção completa do
quando iniciam a fase exotrófica, já apresentam o siste- vitelo, as larvas apresentam boca e ânus abertos, vesí-
ma digestório diferenciado, estômago contendo glân- cula gasosa inflada, olhos pigmentados e funcionais,
dulas gástricas e atividade enzimática no padrão do algumas estruturas sensoriais e o sistema digestório,
adulto. Peixes com esse tipo de desenvolvimento são mesmo ainda não completamente diferenciado, já é

2
1
Precoce (do latim, praecoce). Segundo o Dicionário Houaiss da Lín-
Lécito (do grego lékithos). Segundo o Dicionário Houaiss da Língua gua Portuguesa (2001), que amadurece antes do tempo normal ou
Portuguesa (2001), material nutritivo, gema do ovo. antes dos demais, prematuro, antecipado.
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 187

funcional. As larvas passam então por uma curta fase e nas funções de transporte e metabolismo nos nutrien-
mixotrófica, o que lhes confere a vantagem de reserva tes do vitelo em peixes (Carvalho e Heisenberg, 2010;
energética (resquícios do alimento endógeno) para bus- Jaroszewska e Dabrowski, 2011).
ca e captura do primeiro alimento exógeno. Larvas com Durante a formação da camada sincicial do vite-
esse padrão de desenvolvimento são denominadas de lo, alguns blastômetros marginais colapsam, deixam o
altriciais3. Mesmo sendo os menores vertebrados autô- limite do blastodisco e penetram na massa de vitelo,
nomos que se alimentam ativamente, e aparentemente produzindo uma zona intermediária (a camada sincicial
frágeis, as larvas de peixes são organismos extrema- do vitelo). Essa camada estabelece um contato próximo
mente bem adaptados e apresentam uma altíssima taxa entre os capilares sanguíneos do vitelo e endoderma
de crescimento inicial. Segundo Nellen (1986), a massa permitindo o transporte dos glóbulos de vitelo que
corporal de larvas recém eclodidas de linguado, ancho- irão nutrir o embrião em desenvolvimento (Fishelson,
va, arenque e bacalhau aumenta cerca de 100 vezes em 1995). Alguns genes que codificam enzimas envolvi-
três semanas. Estudos com larvas de pacu (Piaractus das no metabolismo inicial e funções relacionadas à
mesopotamicus), surubins (Pseudoplatystoma spp) e nutrição, como esteroidogênese, transporte de ferro,
piauçu (Leporinus macrocephalus) também indicam alta metabolismo lipídico e metabolismo de creatina, são
taxa de crescimento, da ordem de 30 a 250 vezes em exclusivamente expressos na camada sincicial do vitelo
duas semanas de alimentação ativa com náuplios de (Carvalho e Heisenberg, 2010).
artemia (Cericato, 2005; Jomori, 2005; Tesser et al., Em algumas espécies, o vitelo é transportado da
2005a; Takata, 2007; Leitão et al., 2011). Este elevado camada sincicial para o fígado por uma circulação veno-
potencial de crescimento implica em exigências nu- sa, quando o saco vitelino é bem vascularizado, como
tricionais muito mais altas, ainda que as exigências em truta arco-íris (Sire et al., 1994). Nesta espécie, a ca-
exatas sejam pouco conhecidas e difíceis de serem mada sincicial do vitelo é recoberta por duas camadas
estudadas (Conceição et al., 2007). mesodérmicas (esplâncnica e somática) e uma epidér-
mica (Finn e Fyhn, 2010). Na camada interna mesodér-
mica (esplâncnica), desenvolve-se um elaborado sis-
tema vascular que transporta os nutrientes da reserva
NUTRIÇÃO ENDÓGENA E ABSORÇÃO DO VITELO vitelina. Em Gadus morhua, os nutrientes do vitelo são
metabolizados diretamente pelo fígado que, aparente-
A nutrição do embrião e da larva de peixes mente, invade a camada sincicial do vitelo (Morrison,
recém-eclodida depende dos nutrientes do vitelo. 1993, citado por Falk-Petersen, 2005).
Jaroszewska e Dabrowski (2011) publicaram uma re-
visão recente sobre a transição da nutrição endógena
para a exógena em peixes, onde descrevem detalhada-
mente as funções nutritivas do vitelo durante o desen- DESENVOLVIMENTO DOS PRINCIPAIS SISTEMAS
volvimento larval e seu papel na morfogênese durante
os estágios embrionários.
ORGÂNICOS RELACIONADOS À ALIMENTAÇÃO
Durante a alimentação endógena, os peixes utili-
zam os materiais acumulados nos glóbulos de vitelo e Aspectos morfológicos e fisiológicos da ontoge-
nas gotículas lipídicas ou nos glóbulos de gordura como nia das estruturas digestivas e enzimas relacionadas à
fonte primária de nutrientes e energia (Jaroszewska alimentação/digestão de larvas durante o desenvolvi-
e Dabrowski, 2011). Falk-Petersen (2005) e Portella e mento inicial foram objetos de vários estudos, sobretu-
Dabrowski (2008) compilaram alguns estudos que evi- do com espécies marinhas produzidas comercialmen-
denciam que a utilização do vitelo nas larvas dos peixes te (Govoni et al., 1986; Galvão et al., 1997b; Kolkovski,
teleósteos está relacionada à camada sincicial do vitelo 2001; Lazo et al., 2000a,b; Chakrabarti et al., 2006; Lazo
(originalmente conhecida como periblasto) e ao fígado. et al., 2007; Lazo et al., 2011). Apesar de muito menos
A camada sincicial do vitelo é um tecido extra-em- abundante, a literatura disponível sobre a ontogenia
brionário formado durante o estágio de blástula que das estruturas relacionadas à alimentação (sistemas di-
cumpre um importante papel no desenvolvimento ini- gestório, sensorial e músculo-esquelético) e de ativida-
cial de peixes (Carvalho e Heisenberg, 2010) e que desa- de enzimática de larvas de peixes neotropicais, na fase
parece após alguns dias da eclosão das larvas (Fishelson, de transição alimentar, foram compiladas recentemente
1995). Esta camada exerce importantes funções no de- por Dabrowski e Portella (2006) e Portella e Dabrowski
senvolvimento embrionário, nos movimentos durante a (2008). Da mesma forma, as informações disponíveis es-
gastrulação (e.g. epibolia), na morfogênese do coração tão restritas a poucas espécies comercialmente impor-
tantes, mais especificamente, larvas de pacu, piau, su-
3
rubins, dourado (Salminus brasiliensis), trairão (Hoplias
Altricial (do latim, altrix). Segundo o Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa (2001), a que nutre, sustenta cria. lacerdae), matrinxã (Brycon amazonicus). Em relação à
188 NUTRIAQUA

ontogenia do sistema digestório, de maneira geral, to- et al., 2003; Neumann, 2008). Na região de transição do
das as espécies estudadas apresentam basicamente as esôfago para o intestino é uma região dinâmica, onde
mesmas estruturas, tipos de tecidos de revestimento e o estômago vai diferenciar-se posteriormente (todas as
padrão de desenvolvimento. Dessa maneira, os princi- espécies neotropicais estudadas até o momento e men-
pais eventos estão relacionados na Tabela 1. cionadas nesse capítulo apresentam estômago). Inicial-
No momento da eclosão as larvas de peixes neo- mente é dilatada, em forma de bolsa intestinal (Jomori,
tropicais estudadas apresentam invariavelmente a boca 2005; Neumann, 2008; Menossi et al., 2012) revestida
e ânus fechados. O tubo digestório é um canal simples e por epitélio cilíndrico simples próximo a junção com o esô-
indiferenciado, de lume estreito e revestido por epitélio fago, diminuindo em espessura transformando-se em epité-
simples (Furusawa, 2002; Neumann, 2008; Paes, 2008;
lio cúbico simples na região mais dilatada (Jomori, 2005;
Mai, 2009, Menossi et al., 2012), com células com núcle-
Neuman, 2008), voltando a ser cilíndrico em todo o in-
os basais. Ainda durante a fase lecitotrófica, destaca-se
testino. Esse, por sua vez, apresenta células epiteliais
rápida diferenciação e desenvolvimento das glândulas
colunares altas com borda em escova nítida e núcleos
anexas, fígado e pâncreas, e início da diferenciação dos
segmentos. A cavidade buço-faríngea se abre, em geral, situados na metade inferior, e células mucosas. Com o
antes da total absorção do vitelo, possibilitando uma amadurecimento do tubo digestório, aumentam-se as
fase mixotrófica. A presença de corpúsculos gustativos pregas intestinais e intensificams-se as características
na cavidade buço-faríngea (Flores-Quintana et al., 2003; dos vacúolos que os enterócitos apresentam, em razão
Neumann, 2008; Paes, 2008;) sugere capacidade larval das diferentes regiões absorvitivas. A diferenciação do
para selecionar alimentos. O esôfago geralmente é des- estômago e o aparecimento das glândulas gástricas
crito como apresentando camada muscular, e epitélio ocorrem mais tardiamente e em tempos variados, de
pavimentoso estratificado passando para cilíndrico sim- acordo com a espécie e condições de cultivo (e.g. esta-
ples em sua extremidade distal, com numerosas células se- do nutricional, como reportado por Jomori, 2005 e Menossi
cretoras mucosas em toda sua extensão (Flores-Quintana et al., 2012).

Tabela 1. Principais eventos da ontogenia do sistema digestório de larvas de espécies de peixes neotropicais. Os resultados refe-
rem-se aos tratamentos em que as larvas receberam alimento vivo. Quando existentes, os dados médios de comprimento total ou
de peso estão apresentados entre parênteses.

Início Observação Início Presença Vacuoli-


Tem- Absor- Obser- Presença
alimenta- do fígado diferencia- glico- zação nos
Espécie pera- Eclosão ção do vação do glândulas Autores
ção exó- (ou hepató- ção do tubo gênio enteróci-
tura. vitelo pâncreas gástricas
gena citos) digestivo hepático tos
°C Hpf 1 ------------------------------------------------------dias pós eclosão-----------------------------------------------------------
Piaractus 26-28 16-18 4-5 4-5 2 4 3-4 12 (16 mg) 12 6 Tesser (2002),
mesopotamicus Jomori (2005)
Pseudoplatystoma 28-29 <16 3 3 2 2 3 10 4 4 Portella (dados
spp não publica-
dos)
Leporinus 30,1±2 - 3 3 1 2 2 2 2 3 Cericato (2005)
macrocephalus (<4,4mm)
Salminus 27±0,5 <18 <48 48 18 18 24 120>192 48 72 Mai (2009)
brasiliensis 2
Hoplias lacerdae 29 ± 2 - 7-8 7-8 <5 <7 <5 5 (8,8mm) 7 - Luz (2004)
Brycon 27,2 a 13 53 29 - - 25 171 - 35 Neumann
amazonicus 3 32,6 (3,52 (2008)
mm)
Astronotus 46-58 185 125 - - 125 - - - Paes (2008)
ocellatus 4 (7,86
mm)

1
hpf: horas pós fertilização
2
Em S. brasiliensis as observações estão apresentadas em horas pós-fertilização (hpf )
3
Em B. amazonicum e A. ocellatus as observações estão apresentadas em horas pós-eclosão (hpe)
4
Os ovos de A. ocellatus foram coletados em viveiros. Portanto, os tempos mencionados referem-se ao tempo decorrido desde que
foram transferidos ao laboratório.

Alguns autores sugeriram que as larvas utili- arenque (Clupea harengus) (Pedersen e Hjelmeland,
zariam enzimas da presa ingerida para facilitar seu 1987), sardinha japonesa (Sardinops sagax) (Kurokawa
processo de digestão, enquanto desenvolviam seu et al., 1998) e o robalo europeu (Dicentrarchus labrax)
próprio sistema digestório (Dabrowski, 1984; Lauff (Cahu e Zambonino-Infante, 1995), não era significati-
e Hofer, 1984; Moyano et al., 1996). Posteriormente, va. Ainda que existam evidências de que as larvas apre-
outros autores demonstraram que a contribuição de sentem atividade proteolítica antes mesmo do início da
enzimas exógenas no trato digestório de larvas de alimentação exógena (Moyano et al., 1996; Kurokawa et
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 189

al., 1998; Cahu e Zambonino-Infante, 1995, Chong et al., Muitos autores enfatizaram a importância da pre-
2002; Vega-Orellana et al., 2006; Lazo et al., 2007, Zam- sença de estômago diferenciado e apto à ingestão pro-
bonino-Infante et al., 2008), essa pode não ser suficiente teolítica, considerando que a diferenciação desse órgão
para a digestão de microdietas (Kolkovski, 2001). Assim, é um evento decisivo para a fisiologia da nutrição lar-
mesmo não contribuindo diretamente para a diges- val e pode ser usado como um marco para o início do
tão, a participação de enzimas exógenas no processo ‘weaning’4, isto é, da transição do alimento vivo para o
digestivo de larvas não está totalmente esclarecida. O formulado (Segner et al., 1993; Stroband e Dabrowski,
fato é que os organismos zooplanctônicos ainda são 1981; Govoni et al., 1986; Verreth et al., 1993; Galvão et al.,
fundamentais para a alimentação inicial das larvas al- 1997a,b; Martínez et al., 1999).
triciais, assegurando rápido desenvolvimento. Alter- Não menos importante, o conhecimento da onto-
nativamente, outras hipóteses foram sugeridas para genia do sistema sensorial faz-se necessário para a com-
explicar a essencialidade de organismos vivos, como a preensão do modo como as larvas percebem e reagem
que os produtos da autólise da presa, possivelmente ao ambiente e à presença de alimento ou de predado-
incluindo fatores neurohormonais (Chan e Hale, 1992), res. O desenvolvimento de estruturas quimio- e meca-
pudessem estimular a secreção de tripsinogênio e/ou noreceptoras foi estudado durante o desenvolvimento
ativar zimogênios no pâncreas das larvas (Person-Le inicial de larvas do surubim pintado (Pseudoplatystoma
Ruyet et al., 1993). Segundo Kolkovski et al. (1997a) e corruscans) (Cestarolli, 2005), pacu (Clavijo-Ayala, 2008),
Kolkovski (2001), o consumo de náuplios de artemia dourado (Mai, 2009), e jatuarana (Brycon malanopterus)
pode incrementar a produção de bombesina no trato (Neumann, 2008). Estruturas eletroreceptoras foram des-
digestório da larva. Esse hormônio influencia a diges- critas em pintado (Cestarolli, 2005), assim como o siste-
tão, ativando os movimentos peristálticos, liberando ma visual e auditivo foi estudado em pacu (Clavijo-Ayala,
HCl e aumentando a circulação sanguínea nas paredes 2008). De maneira geral, quando as larvas eclodem, já
do estômago (McDonald et al., 1979). apresentam os placodes olfativos diferenciados, con-
As dificuldades para utilização de dietas formula- tendo células sensoriais ciliadas, o que confere à larva
das como primeira alimentação de larvas de peixes ma- sensibilidade olfativa desde muito cedo em seu desen-
rinhos e de água doce são atribuídas à imaturidade do volvimento. À medida que a larva se desenvolve, esse
trato digestório e ao equipamento enzimático rudimen- epitélio aprofunda conforme as narinas vão se diferen-
tar nas primeiras fases de desenvolvimento (Dabrowski, ciando, passando a revestir, posteriormente, somente
1984; Walford e Lam, 1993, Munilla-Moran et al., 1990). as cavidades internas das mesmas. Botões gustativos,
No entanto, foi demonstrado que larvas de muitas es- importantes para a busca e seleção de alimento, são
pécies apresentam atividade proteolítica antes mesmo vistos desde o início da abertura da boca, coincidindo
da abertura da boca e início da alimentação exógena com o momento do início da alimentação exógena,
(Moyano et al., 1996), como na dourada (Sparus aura- nos lábios, cavidade oral e nos barbilhões das larvas,
ta) que possuem, desde muito cedo, alta capacidade quando presentes (e.g., em pintado). Células quimio-
hidrolítica (Díaz et al., 1997). A mudança de pH no tubo sensoriais isoladas foram observadas na superfície cor-
digestório em desenvolvimento e atividade de enzimas poral de pacu desde o início da fase exotrófica. Meca-
digestivas foram bem documentadas no robalo asiático noreceptores, como os neuromastos do ouvido interno,
(Lates calcarifer) (Walford e Lam, 1993). Enquanto ain- da linha lateral e os livres, desenvolvem-se um pouco
da não apresentam estômago, a digestão proteolítica mais tardiamente, após alguns dias da eclosão, exceto
do alimento ingerido ocorre no intestino larval, onde o o neuromasto ótico, presente antes mesmo da eclosão
pH mantém-se alcalino e há atividade de enzima tipo- em pacu. Os eletroreceptores (receptor ampuliforme)
-tripsina. Com o aparecimento das glândulas gástricas, também aparecem mais tardiamente em pintado. Em
o pH no segmento anterior do intestino torna-se ácido relação à visão, todas essas espécies apresentam as
e aumenta a atividade de enzima tipo-pepsina. Em vesículas ópticas desde antes da eclosão, mas olhos
revisão sobre o assunto, Cahu e Zambonino-Infante despigmentados em geral até próximo da alimentação
(2001) afirmam que as larvas de peixe não carecem de exógena (Portella, observação pessoal), quando então,
enzimas digestivas na primeira alimentação, mas que já estão funcionais, como verificado em pacu.
o início da função digestiva, associada a transforma- Outro sistema de importância crítica para a ali-
ções morfológicas, segue uma cronologia sequencial mentação larval é o sistema músculo-esquelético. O
no desenvolvimento do peixe, semelhante ao observa- desenvolvimento, ossificação e fortalecimento das
do em mamíferos, com mudanças nas atividades das estruturas que constituem a mandíbula e a cauda são
enzimas pancreáticas e intestinais (do bordo estriado). importantíssimos para garantir habilidade predatória e
Dessa forma, o desconhecimento desses processos
gera dificuldades para o desenvolvimento e utilização
4
de alimento formulado adequado à alimentação inicial O termo “weaning” muitas vezes é traduzido como desmame. Neste
capítulo essa palavra é evitada, pois não se aplica no caso dos peixes,
das larvas. e o termo “transição alimentar” é usado com o mesmo sentido.
190 NUTRIAQUA

poder de natação para apreensão do alimento e fuga aproveitar satisfatoriamente os nutrientes de dietas
de predadores. O investimento no desenvolvimento formuladas. Ao contrário das larvas precoces, que as-
dessas estruturas leva ao crescimento alométrico (Osse similam eficientemente o alimento formulado desde
et al., 1997) característico do período larval. À medida a primeira alimentação, os estudos sobre alimentação
que a larva se transforma em juvenil, o crescimento das inicial de larvas altriciais mostram que o procedimento
diferentes porções do corpo (cabeça, cauda e tronco) mais adequado para sobrepujar essa fase crítica é o for-
se torna mais isométrico. Yamanaka (1988) estudou necimento de organismos vivos (Person-Le Ruyet, 1989;
em detalhes o desenvolvimento das estruturas esque- Bengtson, 1993; Tandler e Kolkowski, 1991). Apesar de
léticas de pacu e constatou ossificação mais precoce avanços significativos obtidos com o uso exclusivo de
exatamente das estruturas mandibulares e da cauda. O dietas formuladas para larvas de diferentes espécies
desenvolvimento muscular e a expressão dos fatores de marinhas (Lazo et al., 2000b; Cahu e Zambonino-Infan-
regulação miogênica (“Myogenic Regulatory Factors”, te, 2001; Koven et al., 2001; Yúfera et al., 1999; Villamar e
MRFs: MyoD e miogenina) em função de nutrição dife- Langdon, 1993; Langdon, 2003; Holme et al., 2009) e neo-
renciada em larvas de pacu (tipo de dieta e esquema tropicais (Cericato, 2005; Jomori et al., 2008; Mukai-Corrêa,
alimentar) foram estudadas recentemente (Leitão et al., 2008; Leitão et al., 2011), em termos práticos, maio-
2011). Larvas alimentadas com alimento vivo (náuplios res taxas de sobrevivência e de crescimento e melhor
de artemia) cresceram mais e apresentaram maior grau qualidade larval são obtidas com o uso de alimento
de hiperplasia que peixes que tiveram os organismos vivo como alimento inicial, pelo menos nos primeiros
vivos substituídos precocemente e, por isso, cresceram dias de alimentação exógena. Nessa etapa, a disponi-
mais lentamente. Esses, por sua vez, iniciaram o proces- bilidade de organismos zooplanctônicos no ambiente
so de hipertrofia mais cedo. Tais resultados abrem novas aquático é fundamental, pois estes vão se constituir nas
avenidas para o uso mais econômico de estratégias ali- principais fontes de substâncias necessárias ao desen-
mentares durante o período larval, uma vez que maior volvimento larval, como proteínas, aminoácidos indis-
atividade hiperplásica no início da vida promove incre- pensáveis, ácidos graxos essenciais, vitaminas, minerais,
mento do número de fibras que poderão ser hipertrofia- dentre outras. Os alimentos vivos mais utilizados para
das posteriormente, aumentando, portanto, potencial larvicultura incluem microalgas, rotíferos e artemia cul-
de crescimento da massa muscular do peixe. Recente- tivados intensivamente. Geralmente, esses alimentos
mente, o crescimento muscular e a expressão dos MRFs representam uma porção significativa do total dos cus-
em larvas de três linhagens de tilápia-do-Nilo (Supreme, tos operacionais da criação das larvas (Person Le Ruyet
GIFT e Tailandesa Chitralada) submetidas ou não ao tra- et al., 1993, Jomori et al., 2005, Takata 2007). Além disso,
tamento para masculinização com 17-alfa metiltestos- perdas na criação devido a infecções bacterianas ou vi-
terona foi avaliado (Freitas, 2011). A linhagem Supreme rais podem resultar em interrupções do fornecimento de
apresentou melhor desempenho de crescimento, so- tais alimentos e aumento do risco de doenças (Langdon,
brevivência e homogeneidade de tamanho durante a 2003).
fase de masculinização. A adição do hormônio na dieta Dentre as inúmeras espécies de organismos zoo-
interferiu nas respostas de desempenho produtivo e de planctônicos existentes, o rotífero Brachionus plicatilis,
morfometria das fibras musculares das larvas de tilápia, é usado como alimento vivo para larvas de peixes mari-
cujas respostas foram diferentes entre as linhagens. nhos e de água doce, desde a década de 60 (Portella et al.,
Porém em termos de expressão gênica dos MRFs não 1997). Já o microcrustáceo branchiopoda Artemia spp, é
foram verificadas diferenças nos peixes que receberam utilizado na produção de espécies de peixes e crustáceos
dietas com e sem o hormônio. em todo mundo (Sorgeloos et al., 2001), cultivados tan-
to em escala laboratorial como industrial. A taxonomia
e identificação das espécies utilizada nos diferentes la-
boratórios é algo difícil de ser estabelecida (Øie et al.,
ALIMENTAÇÃO EXÓGENA: ALIMENTO VIVO, 2011), e revisão recente aponta de 9 a 15 espécies de
Brachionus e oito espécies para o gênero Artemia (Con-
DIETAS FORMULADAS E TRANSIÇÃO DE ALIMENTO ceição et al., 2010b). Larvas dos peixes neotropicais cria-
VIVO PARA INERTE dos comercialmente no Brasil têm boca relativamente
grande e podem começar a receber diretamente náu-
plios de artemia desde a primeira alimentação. Porém,
larvas que apresentam abertura de boca muito peque-
IMPORTÂNCIA DO ALIMENTO VIVO COMO ALIMENTO INICIAL na no início da alimentação exógena (principalmente
espécies marinhas), geralmente, recebem um esquema
Como já enfatizado, larvas altriciais iniciam a alimentar que inicia com B. rotundiformes, (referido com
fase exotrófica com o sistema digestório incompleto Tipo-S, de ‘small’) depois B. plicatilis (Tipo-L, ‘large’) e,
e estômago ausente, não sendo, por isso, capazes de posteriormente, náuplios e metanáuplios de artemia.
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 191

No entanto, existem inconvenientes em relação ao cul- elevados de ácidos graxos altamente insaturados po-
tivo em massa de alimentos vivos, como os altos custos dem ser alcançados por meio de enriquecimento dos
para a aquisição dos cistos de artemia e mão-de-obra organismos com fontes ricas nesses componentes (e.g.
para a sua produção, a possibilidade de carrearem bac- microalgas, emulsões lipídicas comerciais, microcápsu-
térias que podem contaminar o cultivo e ser nocivas las ricas em lipídios etc) (Sargent et al., 1999b; Portella
às larvas, o valor nutricional das presas que é muito et al., 2000a,b; Conceição et al., 2010b; Øie et al., 2011).
variável e relacionado ao local geográfico da coleta, à Entretanto, náuplios de artemia são hábeis em recon-
sazonalidade e à alimentação disponível e, ainda, o au- verter o nobre ácido graxo essencial docosahexaenóico
mento no risco de um colapso no cultivo, que pode in- [DHA] (22:6 n-3) em eicosapentaenóico [EPA] (20:5 n-3),
terromper o suprimento de alimento vivo em qualquer diminuindo a relação DHA:EPA (Navarro et al., 1999), im-
momento, por uma série de razões. portante especialmente para peixes marinhos de águas
Estudos de seletividade alimentar demonstraram frias. Na última década surgiram os primeiros sucessos
que larvas de pacu, tambacu e tambaqui têm preferên- de enriquecimento de náuplios de artemia (Tonheim et al.,
cia por cladoceras (Sipaúba-Tavares, 1993; Fregadolli, 2000) e rotíferos (Saavedra et al., 2010) com lipossomas
1993). Entretanto, sua produção intensiva é dispendio- contendo os aminoácidos metionina, e fenilalanina e ti-
sa, pouco produtiva (Sipaúba-Tavares e Pereira, 2008) rosina, respectivamente, abrindo novas possibilidades
e ainda insuficiente para sustentar a produção comer- para melhorar a composição nutricional dos organismos
cial de larvas de peixes. Por outro lado, essas e outras vivos, visando atender às exigências das larvas de peixes.
larvas de peixes neotropicais podem ser alimentadas Assim, essa é uma linha de pesquisa que precisa ser incre-
desde o momento da abertura da boca com náuplios mentada no Brasil com larvas das espécies nativas.
de artemia, com resultados de crescimento e sobrevi-
vência até superiores ao observado com larvas que re-
cebem plâncton natural coletado em viveiros fertilizados DIETAS FORMULADAS PARA LARVAS DE PEIXES
(Jomori, 2005; Ayers, 2006. Especificamente no caso do
pacu, observou-se que a taxa de crescimento específico Apesar dos importantes progressos na produção
das larvas foi muito baixo quando havia predomínio de de juvenis de peixes, para muitas espécies esta produ-
rotíferos no plâncton coletado, e aumentou quando os ção ainda é insuficiente em face da demanda da indús-
cladoceras ficaram mais abundantes, mas não atingiu o tria aquícola. Em parte, isto se deve a um conhecimento
crescimento das larvas que recebiam náuplios de arte- ainda limitado sobre as suas exigências nutricionais. Em
mia (Jomori, 2005). Assim, mesmo não sendo alimento particular, é fundamental aprofundar o conhecimento
natural das larvas de peixe, os náuplios e rotíferos B. da fisiologia nutricional das larvas de peixes, de forma a
plicatilis (Portella et al., 1997; Cestarolli et al., 1997) têm se proceder eficazmente à substituição dos organismos
sido usados com sucesso na larvicultura de peixes de zooplanctônicos vivos usados na sua alimentação por
água doce.
microdietas formuladas.
As características, cultivo, aplicações, qualidade
A formulação de uma dieta completa adequada
nutricional, enriquecimento e restrições de uso dos
para larvas de peixes não é fácil de ser obtida. Existem
principais organismos vivos usados na larvicultura de
grandes dificuldades em estimar as exigências nutricio-
peixes, crustáceos e moluscos foram revisados recente-
nais para peixes nesta fase do desenvolvimento, pois
mente em duas publicações consistentes (Conceição et al.,
não é possível utilizar métodos tradicionais de estudo,
2010b; Øie et al., 2011). Tanto os rotíferos como a arte-
como discutido no item Metodologias do presente
mia apresentam qualidade nutricional dependente de
capítulo. Mesmo assim, dietas formuladas comerciais
vários fatores (e.g. alimento, origem, genética, sazona-
que sustentem o crescimento desde o início do de-
lidade). Esses organismos apresentam alto teor de umi-
senvolvimento larval são altamente desejáveis (Cahu e
dade (>80%), mas, em base seca, os teores de proteína,
lipídios e carboidratos encontrados nos rotíferos variam Zambonino-Infante, 2001).
entre 28 a 63%, 9 a 28% e 10,5 a 27%, respectivamente Para algumas espécies de peixes com larvas altriciais,
(Lubzens e Zmora, 2003). Na artemia são apontados teores o uso exclusivo de dietas formuladas no preíodo larval é
de 56,2%, 17% e 3,6%, respectivamente (Garcia-Ortega praticado com relativo sucesso (Fernandez-Díaz et al.,
et al., 1998). A despeito desses teores aparentemente 1994). Entretanto, para a maioria das espécies, este proce-
altos, rotíferos e artemia são em geral nutricionalmen- dimento ainda representa um importante desafio nesta
te pobres para a maioria das larvas de peixes, tanto em etapa de criação (Cahu e Zambonino-Infante, 2001).
termos de ácidos graxos essenciais altamente insatu- Vários fatores contribuem para o pequeno sucesso
rados (n3-HUFA) (revisto por Conceição et al., 2010b; da alimentação de larvas de peixes com dietas formula-
Øie et al., 2011), como de aminoácidos indispensáveis das, principalmente aqueles ligados ao sistema diges-
(Conceição et al., 2003, Srivastava et al., 2006). A fração tório ainda em processo de formação durante o período
lipídica é mais facilmente manipulável, e teores mais larval, conforme já discutido. Resultados insatisfatórios
192 NUTRIAQUA

quanto ao uso de dietas formuladas na larvicultura de digestibilidade já mencionadas. Outro ponto impor-
peixes também podem ser atribuídos às característi- tante é o tamanho das micropartículas, que precisa
cas da dieta. A constituição das microdietas está re- ser adaptado ao tamanho da boca do peixe; partículas
lacionada à baixa capacidade desses alimentos em muito grandes podem ser de difícil ingestão, enquanto
promover taxas de sobrevivência e crescimento ade- que partículas muito pequenas podem não ser identi-
quadas (Jomori, 2005; Mukai-Corrêa, 2008). O alto teor ficadas pelas larvas (Cahu e Zambonino-Infante, 2001).
de matéria seca de muitos tipos de dietas (60 a 90% de Entretanto, atualmente observa-se grande aumento da
matéria seca contra 10 a 15% observada nos alimentos tecnologia de produção de microdietas para larvas de
vivos) pode dificultar a digestão dessas partículas pelas organismos aquáticos, visando aumentar a sua estabi-
larvas (Langdon, 2003). A falta de estímulo visual (Planas lidade na água, ao mesmo tempo em que se procura
e Cunha, 1999; Tesser et al., 2006) e a natureza das par- melhorar a composição nutricional das mesmas.
tículas, como textura, sabor, cor, formulação e tamanho Conforme já enfatizado, as exigências nutricionais
afetam a aceitabilidade e digestibilidade das dietas pe- de larvas são muito difíceis de serem determinadas. Se-
las larvas de peixes (Fernández-Díaz et al., 1994; Önal e gundo Cahu e Zambonino-Infante (2001), nas rações
Langdon, 2000). para larvas usam-se níveis entre 55 e 60% de proteína
Tentativas para incluir enzimas proteolíticas em buta, considerando-se que, como esses animais apre-
microdietas para diferentes espécies foram testadas por sentam alta taxa de crescimento, supõe-se que a de-
vários autores (Dabrowski e Glogowski, 1977; Kolkovski manda por proteína também seja alta. Parte dessa pro-
et al., 1997a; Kolkovski et al., 2000; Tesser et al., 2006), teína pode ser substituída por hidrolisados proteicos,
com resultados contraditórios. O crescimento de larvas peptídeos ou aminoácidos livres. Ainda segundo Cahu
de pacu foi beneficiado quando a pancreatina suína foi e Zambonino-Infante (2001), os lipídios são incorpora-
suplementada à dieta formulada, durante a transição dos em níveis de 15-20% e carboidratos entre 10 a 20%.
alimentar (Tesser et al., 2006). Ácidos graxos essenciais, especialmente os de cadeia
Visando aumentar a assimilação da proteína pelas lar- longa e altamente insaturados são importantíssimos
vas, a utilização de hidrolisados proteicos nas microdietas para larvas de organismos aquáticos (Watanabe e Kiron,
também é um tema muito estudado (Berge e Storebakken, 1994; Portella et al., 2000a,b) e devem ser incorporados
1996; Zambonino-Infante et al., 1997; Cahu et al., 1999; nas dietas, assim como fosfolipídios (Coutteau et al., 1997)
Cahu e Zambonino-Infante, 1995; Carvalho et al., 1997; e vitaminas, principalmente o ácido ascórbico (Dabrowski,
Macedo-Viegas et al., 2003), considerando que a ativi- 1990). A substituição total da fração proteica por hidro-
dade de pinocitose no intestino larval para a absorção lisados de peixe não foi vantajosa para larvas de pacu
de proteínas é alta (Stroband e Dabrowski 1981; Walford (Macedo-Viegas et al., 2003), mas substituições parciais
e Lam, 1993). Por outro lado, os hidrolisados proteicos ainda precisam ser estudadas, sendo esse um dos as-
são substâncias bastante atrativas para larvas de peixes pectos que merecem maior atenção no Brasil.
(Kolkovski et al., 2000), estimulando a resposta alimen- As dietas utilizadas na transição alimentar e na subs-
tar, favorecendo o crescimento e diminuindo o tempo tituição do alimento vivo pelo formulado na larvicultura
de transição entre dietas naturais e inertes. de peixes neotropicais podem ser obtidas por diferentes
A adição de atrativos em dietas para larvas de pei- tipos de processamento; geralmente são fareladas, tritu-
xes merece destaque. Em geral, as larvas são predado- radas, microaglutinadas ou microencapsuladas.
ras visuais (Gerking, 1994; Kolkovski et al., 1997b), mas, Dietas fareladas: são comumente utilizadas em lar-
como apresentado anteriormente, desde muito cedo viculturas comerciais de peixes de água doce, devido ao
as estruturas quimioreceptoras estão presentes (Appel- baixo custo e possibilidade de preparo na propriedade
baum e Riehl, 1997), inclusive nas espécies neotropicais aquícola. A dieta farelada é produzida por um processo
(Cestarolli 2005; Clavijo-Ayala, 2008; Neumann 2008; simples e de baixo custo, que envolve apenas moagem
Mai 2009), o que favorece a localização das presas e/ou e mistura dos ingredientes. Entretanto, esse tipo de
do alimento formulado. Organismos zooplanctônicos processamento facilita a separação dos ingredientes da
liberam aminoácidos livres (Corner e Davis, 1971 apud dieta quando fornecida e possibilita a seletividade pelas
Kolkovski et al., 1997b) e muitos deles, principalmente larvas. Além disso, dietas fareladas apresentam maiores
os neutros e básicos, atuam como atrativos para peixes perdas dos compostos solúveis, devido à lixiviação dos
(Merckie e Mitchell, 1983 apud Kubitza, 1995). A glicina, nutrientes na água. Associadas a organismos planctôni-
lisina e betaína são potentes estimulantes da atividade cos, as dietas fareladas proporcionaram elevada taxa de
alimentar para larvas de pacu, aumentando em 52, 38 e sobrevivência e bom desempenho produtivo em larvas
28%, respectivamente, a taxa de ingestão de dieta mi- de curimbatá (Furuya et al., 1999) e outras espécies de
croencapsulada (Tesser e Portella, 2011). peixes (Meurer et al., 2008), inclusive espécies marinhas
Um dos maiores problemas para o desenvolvi- (Piedras e Pouey, 2004).
mento de dietas formuladas para larvas é a lixiviação Dietas trituradas: grande parte das dietas comer-
de nutrientes para a água, além da palatabilidade e ciais utilizadas na larvicultura de peixes neotropicais de
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 193

água doce é triturada. Dietas trituradas são geralmente de mais de 80% de aminoácidos em partículas micro-
produzidas por peletização (processo que envolve baixa aglutinadas de carragena nos primeiros 15 minutos de
temperatura e pressão) e posteriormente fragmentadas imersão em água. Önal e Langdon (2005) verificaram
até atingirem tamanho adequado para alimentar larvas lixiviação de 88% dos aminoácidos livres em partículas
de peixes. Nos Estados Unidos, outro processamento microaglutinadas de zeína com dois minutos de sus-
mais funcional é utilizado para a produção dessas die- pensão aquosa.
tas e denomina-se crambelização (de ‘crumbled’, desin- Dietas microencapsuladas: Um dos principais ob-
tegrado). Este é um processo pelo qual a dieta farelada jetivos da microencapsulação de dietas para aquicultu-
passa entre dois cilindros aquecidos, sem injeção de ra é proteger os nutrientes da dieta por uma parede que
água ou vapor. A dieta é compactada na forma de peque- seja capaz de reter as perdas para o meio, mas que per-
nos grânulos de alta densidade exatamente no formato mita a liberação desses nutrientes após ingestão para
de dietas trituradas (Cahu e Zambonino-Infante, 2001). serem digeridos pelo organismo de interesse.
Em comparação com as dietas fareladas, as die- O processo de microencapsulação consiste em re-
tas trituradas evitam a rejeição e seleção de alimentos cobrir um conteúdo de interesse por um material que
e possibilitam a gelificação do amido. Larvas de pacu o isole total ou parcialmente do meio, permitindo uma
criadas em viveiro e alimentadas com dietas peletiza- liberação controlada de seu conteúdo. Diferente das
das trituradas apresentaram sobrevivência e crescimen- dietas microaglutinadas, que apresentam limitações na
to adequados para a espécie, após terem sido criadas retenção dos compostos de baixo peso molecular em
inicialmente em larvicultura intensiva por pelo menos meio aquoso, as dietas microencapsuladas são mais
seis dias, recebendo náuplios de artêmia em quantida- estáveis, sendo assim, mais eficientes em reter peptíde-
des crescentes (Jomori et al., 2003). os, aminoácidos e vitaminas. Por outro lado, o principal
Dietas microaglutinadas: Partículas microagluti- problema de partículas produzidas por este proces-
nadas consistem de uma matriz polimérica que carrega samento é a baixa digestibilidade por várias espécies
os nutrientes de modo a formar um alimento estável na de larvas de peixes (Cahu e Zambonino-Infante, 2001;
água; essas partículas não possuem uma parede indivi- Langdon, 2003).
dualizada. A principal vantagem de partículas microa- As microcápsulas podem ser produzidas por dife-
glutinadas é que elas são relativamente fáceis de serem rentes processos e o material de parede ser constituído
produzidas e que este processo não envolve o uso de por proteínas, carboidratos, lipídios ou misturas desses
ingredientes potencialmente tóxicos (Langdon, 2003). componentes. Em revisão anterior, Langdon (2003) com-
Nas dietas microaglutinadas, os ingredientes são agluti- parou as vantagens e limitações de diferentes tipos de
nados com uma matriz, que é um componente nutritivo micropartículas disponíveis para veicular nutrientes para
da dieta. Pode ser um polissacarídeo (agar, carragena- larvas de peixes: ‘cross-linked’, ‘lipid spray’, ‘lipid-walled’,
na ou alginato) ou uma proteína (gelatina, caseína ou lipossomos e partículas complexas, das quais pelo me-
zeína) (Langdon, 2003). O tipo do aglutinante afeta a nos dois processos estão combinados.
estabilidade da partícula na água e a lixiviação dos nu- Muitos esforços vêm sendo realizados para produ-
trientes, assim como a digestibilidade e palatabilidade. zir uma dieta microencapsulada adequada para larvas
A utilização do conteúdo nutricional de dietas microa- de peixes neotropicais de água doce. Neste sentido, die-
glutinadas produzidas com carregena apresentam limi- tas produzidas pelo processo de gelificação iônica têm
tada utilização por larvas de peixes de água doce, como se mostrado bastante interessantes para alimentação
o esturjão, que apresenta pouca habilidade em quebrar dessas larvas (Mukai-Corrêa, 2003; Mukai-Corrêa, 2008;
e digerir a matriz de carragenana. Além disso, essas lar- Menossi et al., 2012; Rodrigues, 2012).
vas apresentam dificuldade em localizar e ingerir essas A técnica de encapsulação por gelificação iônica
partículas (Gawlicka et al., 1996). caracteriza-se pela formação de uma matriz de gel for-
As dietas práticas formuladas para peixes são mada pelo contato de uma solução de polissacarídeos
processadas para apresentarem estabilidade na água. contendo nutrientes com uma solução iônica. Proteínas,
Preferencialmente, as dietas para larvas exigem suple- carboidratos e partículas insolúveis em água podem ser
mentação com nutrientes mais disponíveis como peptí- microencapsuladas por gelificação iônica, porém esta
deos e aminoácidos que são mais facilmente digeridos técnica apresenta restrições na retenção de compostos
e absorvidos que proteínas (Cahu e Zambonino-Infante, solúveis em água ou de baixo peso molecular, como vi-
2001; Verri et al., 2011), além de vitaminas. Esses nu- taminas e aminoácidos (Villamar e Langdon, 1993). Outra
trientes com baixo peso molecular e solúveis em água limitação da técnica de encapsulação por gelificação iôni-
podem ser facilmente lixiviados. O principal problema ca é o alto teor de umidade das partículas (Mukai-Corrêa,
das dietas microaglutinadas é a alta taxa de lixiviação 2008; Rodrigues, 2012). Essa característica dificulta a
dos componentes solúveis em água que pode chegar produção de dietas com adequado balanço nutricio-
a 98% nos primeiros cinco minutos (Kvale et al., 2006). nal. Algumas dietas comerciais de boa qualidade para
Baskerville-Bridges e Kling (2000) observaram perda larvas de peixes apresentam mais de 50% de proteína
194 NUTRIAQUA

bruta enquanto que as micropartículas produzidas por redução do crescimento das larvas de ambas as espé-
gelificação iônica suportam no máximo 40% de proteí- cies, quando comparadas às que receberam alimento
na bruta (Mukai-Corrêa, 2008). Avanços neste sentido vivo por mais tempo. Por meio da técnica dos isótopos
já foram obtidos por Rodrigues (2012), combinando os estáveis de C e N, verificou-se que os nutrientes da die-
processo de gelificação iônica e coacervação complexa ta formulada começam a ser incorporados aos tecidos
(fenômeno físico-químico que envolve a interação en- larvais mesmo quando a transição alimentar é realiza-
tre dois biopolímeros com cargas opostas), possibilitan- da muito cedo, três dias após o início da alimentação
do obtenção de partículas com conteúdo proteico de exógena (larvas com aproximadamente 1 mg) (Jomori
51% e lipídico de 24%. et al., 2008). Porém, equivalência de crescimento e so-
O processo de coacervação complexa, também brevivência só foram alcançadas quando a substituição
foi estudado por Alvin (2005) com o intuito de produzir ocorreu 12 dias após início da alimentação exógena
microdietas para alimentação de larvas de peixes. Nes- (~10 mg). Ainda mais interessante foi a constatação que
te processo foram utilizados como materiais de parede a escolha voluntária do alimento formulado só ocorreu
combinações de soluções de gelatina/gelatina de peixe no 18º dia após o início da alimentação exógena, quan-
e goma arábica e como conteúdo uma mistura de óleo do estavam com cerca de 20 mg.
de soja/gordura de peixe e astaxantina. Embora os co- Como técnica alternativa, a alimentação conjunta
acervados fossem nutricionalmente incompletos para de alimento vivo e alimento inerte (ou co-alimentação,
larvas de peixes, estes apresentaram alta aceitação pe- de ‘co-feeding’) revela-se uma boa estratégia, pois além
las larvas, podendo ser potencialmente utilizados com de contribuir com um aumento no suprimento de nu-
veiculador de vitaminas, vacinas, hormônios, entre ou- trientes às larvas, ainda possui a vantagem de servir
tros compostos. como uma fase de aprendizado para as larvas, quando
começam a ter os primeiros contatos com o alimento
inerte. Dessa forma, sua aceitabilidade deve aumentar
TRANSIÇÃO ALIMENTAR DO ALIMENTO VIVO PARA O com o tempo, até que o alimento vivo possa ser total-
mente suprimido.
ALIMENTO FORMULADO Os náuplios de artemia influenciam de duas ma-
neiras na ingestão, digestão e assimilação de rações
Alguns estudos mostraram que a substituição microencapsuladas durante a alimentação conjunta A
muito precoce do alimento vivo pelo inerte leva à re- primeira seria uma influência remota, por meio de es-
dução do crescimento das larvas, comparativamente ao tímulos químicos, quando a liberação de aminoácidos
crescimento observado com a manutenção do alimen- livres ativaria os receptores sensoriais larvais, estimu-
to vivo (Teshima et al., 1982; Person-Le Ruyet et al., 1993; lando, deste modo, o apetite e orientando as larvas
Curnow et al., 2006a,b, Alves et al., 2006). Em larvas de para as presas. A segunda seria pela influência direta
peixes neotropicais essa tendência também foi obser- da composição bioquímica dos náuplios no processo
vada claramente (Guerrero-Alvarado, 2003; Jomori, de digestão e assimilação dos nutrientes pelas larvas
2005; Tesser et al., 2005b; Cericato 2005; Takata 2007; (Kolkovski et al., 1997a,b; Kolkovski, 2001). Com pacu foi
Jomori et al., 2008; Leitão et al., 2011; Menossi et al., demonstrado que as larvas respondem positivamente
2012). De acordo com a dificuldade para a aceitação do aos estímulos químicos e visuais dos náuplios de arte-
alimento inerte, Portella e Dabrowski (2008) classifica- mia (Tesser e Portella, 2006), aumentando a ingestão de
ram as larvas de peixes cultivados no Brasil em ‘fáceis’ dieta formulada, fornecida minutos depois. Em outro
(tilapia, apaiari ou acará açu Astronotus ocellatus, piau, trabalho, verificou-se que larvas de pacu que receberam
bagre africano Clarias gariepinus e o pangassius Pangasius alimentação conjunta de náuplios e microdieta apre-
bocourti); “moderadamente difíceis” (pacu, tambaqui) e sentaram maior taxa de degradação das partículas da
‘difíceis’ (espécies carnívoras como dourado, surubins, dieta microencapsulada coletadas diretamente do tubo
trairão). A transição abrupta do alimento vivo para o digestivo, em comparação às larvas que receberam ape-
formulado foi estudada para larvas de várias espécies nas a ração microencapsulada (Tesser e Portella, 2003).
nativas (Furusawa, 2002; Jomori 2005; Cericato 2005; Desta forma, o conhecimento sobre o comportamento
Takata 2007; Vega-Orelana et al., 2006; Leitão et al., alimentar, estimulantes alimentares a capacidade da
2011), embora não seja uma técnica muito recomenda- larva em digerir as membranas das rações microencap-
da para esse delicado processo, pois as larvas não reco- suladas no trato digestório é de suma importância para
nhecem imediatamente a dieta inerte como alimento. A as pesquisas relacionadas com digestão e absorção dos
substituição de náuplios de artemia por ração pode ser re- nutrientes e, posteriormente, para ser utilizado como
alizada a partir do sexto dia do início da alimentação ativa base para a formulação de novas rações que venham a
de larvas de tambaqui Colossoma macropomum (Portella substituir o alimento vivo.
observação pessoal) e pacu (Tesser et al., 2005a) sem Um aspecto importante na prática da alimentação
prejuízo da sobrevivência. Mas isto resultou numa grande conjunta é o conhecimento do tempo de manutenção
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 195

do alimento vivo, e já foi estudado para várias espécies supressão do alimento vivo. A sobrevivência final variou
de peixes nativos, como pintado (Guerrero-Alvarado entre 6,3 e 16,0% de juvenis treinados. Nessa pesqui-
2003), pacu (Tesser et al., 2005b; Jomori, 2005; Jomori et sa, foram observados peixes fracos que não aceitaram
al., 2008), piau (Cericato, 2005) e acará-bandeira (Ptero- o treinamento alimentar (resultados não publicados).
phyllum scalare) (Alvarado-Castillo, 2010). Na avaliação Em outro estudo, vários alimentos iniciais e sua influên-
conjunta da idade da larva de pintado para o início da cia no processo de treinamento alimentar de larvas de
transição alimentar e a duração da fase de co-alimenta- pintado foram avaliados, concluindo-se que náuplios e
ção, verificou-se que a transição pode ocorrer a partir juvenis de artemia vivos e a biomassa congelada de ar-
do 13o dia após a eclosão, com um tempo de sobrepo- temia são alimentos adequados (Takata, 2007). Ainda, a
sição de 10 ou 15 dias. Porém, melhores resultados de estratégia amplamente utilizada para o treinamento ali-
produção foram alcançados com tempo mais prolon- mentar da espécie, como uso de coração bovino fresco
gado de alimento vivo, 18 dias para início e 15 dias de misturado a quantidades crescentes de dieta formula-
sobreposição (Guerrero-Alvarado, 2003). da, foi a mais eficiente para esse processo. O uso de pei-
Em outra pesquisa, desenvolvida no Brasil com lar-
xe forrageiro como alimento inicial é desaconselhado
vas de pacu, foi verificado mortalidade total das larvas
(Ayres, 2006; Takata, 2007), por estimular o comporta-
alimentadas exclusivamente com dieta microencapsu-
mento agressivo, levando ao aumento do canibalismo.
lada, no mesmo dia das larvas mantidas em jejum (16°
O condicionamento alimentar de larvas de trairão e os
dia de vida), indicando a inadequação dessa dieta como
vários fatores que podem interferir no seu sucesso tam-
alimento inicial (Tesser et al., 2005a). Por outro lado, o
bém receberam bastante atenção (Luz e Portella, 2002,
esquema alimentar constituído por seis dias de forneci-
Luz, 2004; Luz et al., 2005a,b). Para essa espécie reco-
mento de alimento vivo, seguido por mais nove dias de
alimentação conjunta, antes da transferência das larvas menda-se início do treinamento alimentar quando as
só para a dieta microencapsulada, garantiu alta taxa de larvas apresentam comprimento total médio de 16 mm
sobrevivência das larvas (80,2%), semelhante àquelas e uso de coração bovino em quantidades decrescentes,
que receberam alimento vivo exclusivamente (87,1%), misturado à dieta formulada.
mas com visível redução do crescimento e, por conse- Peixes que atrasam no processo de transição apre-
quência, da biomassa. sentam crescimento retardado e tornam-se vítimas de
A qualidade do alimento formulado é fundamen- canibalismo (Lee e Ostrowski, 2001), fato observado
tal para o sucesso da transição alimentar. Ao comparar frequentemente na larvicultura dos surubins. Por isso,
duas dietas experimentais e duas comerciais importa- o manejo de classificação por tamanho é recomendá-
das para a transição alimentar de larvas de pacu aos 12 vel na fase de treinamento alimentar. Outros aspectos
e 21 dias após início da alimentação ativa, foi detectado que também merecem atenção especial são o compor-
que as larvas que receberam dieta comercial de exce- tamento da espécie, o ritmo biológico, a frequência de
lente qualidade (Fry Feed Kyowa B, Japão) até ultrapas- distribuição do alimento, a cor e a intensidade luminosa
saram as que recebiam alimento vivo, mesmo quando a dos recipientes de cultivo.
transição foi realizada mais cedo, aos 12 dias. As outras
dietas não proporcionaram desempenho tão destacado
(Jomori, 2005).
O conhecimento da idade, tamanho ou fase de TÉCNICAS E SISTEMAS DE CULTIVO PARA
desenvolvimento para o início da transição alimentar
também é importante e varia com a espécie cultivada. LARVICULTURA
Recomenda-se que a transição alimentar de larvas de
pacu seja iniciado somente quando as larvas apresen- São praticados, basicamente, três procedimentos
tem peso >10 mg, quando, então, já apresentam o estô- para a alimentação inicial de larvas de peixes. O primeiro
mago formado e estão mais aptas a utilizar o alimento é a utilização de zooplâncton proveniente de coletas em
formulado (Jomori, 2005; Jomori et al., 2008). ambiente natural (Laurence et al., 1981) ou a estocagem
Com o crescente interesse pelo cultivo de espécies das larvas em viveiros de terra fertilizados, logo após a
carnívoras no Brasil, as informações sobre a transição e abertura da boca. O segundo é a larvicultura intensiva,
treinamento alimentar desses peixes também vêm au- com a utilização de organismos zooplanctônicos cultiva-
mentando. Alta taxa de sobrevivência (cerca de 50%) dos em laboratório, como o rotífero Brachionus plicatilis
durante a fase inicial com fornecimento de náuplios de (Lubzens et al., 1989), copépodos (Kahan, 1982) e arte-
artemia (até o 17° dia de vida) foi reportado com larvas mia sp (Walford e Lam, 1987). O terceiro procedimento,
do surubim cachara (Pseudoplatystoma reticulatum), mais interessante economicamente, é a introdução pre-
quando a transição alimentar foi iniciada (Portella, co- coce de alimento inerte (Holt, 1993), principalmente ra-
municação pessoal). Mas os autores relataram aumento ções produzidas com alta tecnologia e que contenham
da mortalidade e canibalismo acentuado logo após a ingredientes facilmente assimiláveis pelas larvas.
196 NUTRIAQUA

A técnica de larvicultura adotada pela maioria dos alimento vivo (rotíferos e artêmia) normalmente utiliza-
piscicultores no Brasil é o sistema semi-intensivo, que do, exceto pela fração lipídica, (5) é muito difícil quanti-
consiste na estocagem direta das larvas em viveiros ficar o consumo de alimento e a sua digestibilidade em
fertilizados logo após o início da alimentação exógena larvas de peixes, (6) há dificuldade para realização de
(Cestarolli e Portella, 1994). No entanto, essa técnica ge- estudos de dose-resposta devido ao rápido crescimen-
ralmente resulta em baixas taxas de sobrevivência, difi- to (Yúfera e Darias, 2007; Conceição et al., 2007, 2010b).
cultando a produção de juvenis em larga escala. Alter- Uma alternativa é o estudo do fluxo de nutrientes
nativamente, existe também a possibilidade de cultivar pela técnica de alimentação forçada (‘tube-feeding’),
as larvas em sistema intensivo, em larvicultura ‘indoor’. que proporciona conhecimento sobre o processo de di-
Nesse sistema, as larvas são mantidas em laboratório, gestão e respectivo metabolismo em larvas de peixes,
onde ficam protegidas de predadores e recebem ali- possibilitando o entendimento das suas necessidades
mentos de qualidade e em quantidades adequadas ao alimentares e o desenvolvimento de estratégias mais
seu desenvolvimento inicial. Após alguns dias, quando adequadas (Rønnestad et al., 2001; Conceição et al.,
estão maiores, são transferidas aos viveiros externos. 1997, 2002a, 2008, 2009). Esse método consiste basica-
Sob essas condições, as larvas encontram melhores mente na introdução de um nutriente marcado radioa-
chances de sobrevivência. Apesar de ser uma técnica tivamente (14C) diretamente no tubo digestivo da larva
que eleva os custos de produção, na Europa, a larvicul- por meio de um microcapilar acoplado a um micros-
tura da maioria das espécies importantes comercial- cópio com micromanipulador e um injetor (da ordem
mente é realizada em sistema intensivo, com a utiliza- de nanolitro). Após a injeção, a larva é transferida para
ção de fontes exógenas de microalgas e alimento vivo uma câmara de incubação onde se pode quantificar a
enriquecido (Shields, 2001). No Brasil, esse sistema vem digestibilidade, catabolismo e assimilação do nutriente
se popularizando, tendo iniciado com produtores de marcado no alimento. A armadilha de CO2 presente na
espécies carnívoras e de alto valor econômico e expan- câmara de incubação permite quantificar o nutriente
dido para outras espécies. Para essa mudança de men- marcado que foi catabolizado (14C-CO2), ou seja, que
talidade, contribui muito os trabalhos desenvolvidos não foi absorvido e nem excretado. As amostras são
com o pacu que comprovaram a viabilidade econômica posteriormente analisadas por cintilação líquida. Este
(Jomori et al., 2005) e maior produtividade de juvenis é um método sofisticado, alternativo aos métodos con-
(Jomori et al., 2003), quando as larvas foram criadas in- vencionais de estudo de digestibilidade em peixes, não
tensivamente em laboratório por curtos períodos, antes factíveis para o período larval. Porém, existem algumas
da estocagem em viveiros fertilizados. limitações que devem ser consideradas: neste mode-
lo, o número de compartimentos (estruturas, órgãos
ou sistemas orgânicos) passível de análise é limitado
pelo diminuto tamanho das larvas, que dificulta a dis-
METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DAS secação de órgãos distintos, como o fígado, que acaba
sendo analisado como parte de uma estrutura que en-
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E PARÂMETROS globa vários órgãos. A principal limitação deste méto-
DE AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LARVAL do para estudos de cinética de absorção intestinal é o
fato de a amostragem ter de ser feita após evacuação
total do alimento radioisotópico, devido à dificuldade
Determinar as exigências nutricionais de larvas de em separar o tecido intestinal dos conteúdos lumi-
peixes não é tarefa fácil, principalmente considerando nais. O método é válido e preciso para estimativas de
que o período larval é transitório e muito dinâmico, tan- digestibilidade ou de taxas de absorção de diferentes
to em termos de crescimento quanto de aquisição de nutrientes ou alimentos, desde que a amostragem seja
novas estruturas. Os conhecimentos existentes são limi- feita em períodos superiores ao tempo de evacuação
tados e as informações das exigências mais qualitativas total da refeição marcada com o radioisótopo. Outra
do que quantitativas. Os principais problemas enfren- limitação deste método para estudos de digestibilida-
tados no estudo das exigências nutricionais (digestão, de e metabolismo proteico em larvas de peixes refere-
absorção e utilização dos nutrientes) de larvas de peixe -se à necessidade de uma proteína modelo que possa
são: 1) as larvas da grande maioria das espécies de in- ser administrada em solução fisiológica. As proteínas
teresse comercial são muito pequenas quando iniciam radioisotópicas atualmente disponíveis no mercado
a alimentação exógena, (2) o tamanho da sua boca é são marcadas por meio de 14C-metilação, o que alte-
também reduzido, demandando partículas de alimento ra as suas características químicas (Dabrowski et al.,
muito pequenas, o que cria dificuldades técnicas para a 2010a,b). Além disso, como o nutriente é adminis-
produção de microdietas, (3) as larvas de muitas espé- trado em solução fisiológica, provavelmente será
cies não ingerem voluntariamente microdietas secas (4) retido menos tempo no tubo digestivo da larva que
é muito difícil manipular a composição nutricional do uma refeição (e.g. náuplios de artemia) e os tempos
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 197

de digestão e absorção serão também inferiores, tomadas por diversos instrumentos analíticos, como
podendo subestimar a sua digestibilidade. estereoscópio com ocular micrométrica ou paquíme-
Outra importante ferramenta com potencial para tros digitais (de preferência sob lupa dermatológica de
o estudo dos efeitos da dieta formulada na alimentação mesa). Entretanto, atualmente existem sistemas com-
de larvas são os isótopos estáveis, pela análise da razão putacionais de análise de imagem que realizam tais me-
isotópica 13C/12C dos alimentos e das larvas alimentadas didas com precisão e maior rapidez e comodidade.
com diferentes tipos de alimento. Uma das vantagens A determinação da sobrevivência e a variação do
dessa técnica em relação aos radioativos é o fato de ser peso das larvas são as medidas preferenciais nos estu-
inócua e não apresentar riscos à saúde e contaminação dos de alimentação e nutrição de larvas. Por ser uma
do ambiente, uma vez que utiliza isótopos que ocor- medida volumétrica, o peso representa melhor os ga-
rem naturalmente. Tal variação entre os alimentos pode
nhos das larvas que o comprimento. Quando o peso é
ser usada para rastrear a fonte alimentar que o animal
tomado de exemplares frescos ou fixados, é chamado
utilizou, baseado na suposição de que o corpo de um
de peso úmido; porém determinações mais precisas
animal reflete isotopicamente a sua dieta, com uma pe-
são feitas a partir de exemplares secos em estufa ou lio-
quena diferença chamada fracionamento isotópico (De
filizados, o chamado peso seco (Portella et al., 2000a).
Niro e Epstein, 1978). A seletividade alimentar de larvas
Cuidado especial deve ser tomado quando se trabalha
e a retenção diferencial de isótopos em tecidos larvais
já foram estudados (Schlechtrien et al., 2004, 2005). A com exemplares preservados, pois como as larvas são
primeira vez que essa técnica foi usada para traçar a uti- muito pequenas e com pouco tecido ósseo, os fixado-
lização do alimento vivo e formulado durante a fase de res causam desidratação e retração das mesmas. Nesse
transição alimentar foi no Brasil, com larvas de pacu caso, é recomendável que se faça uma correlação para
(Jomori et al., 2008). A retenção dos isótopos de car- calibração e correção do erro.
bono e de nitrogênio das diferentes dietas nos tecidos A partir dos dados de peso ao longo do tempo, é
corporais foi analisada em tratamentos de transição ali- possível calcular-se a taxa de crescimento específico
mentar, iniciados com larvas de diferentes idades. Além [TCE], pela expressão TCE=[(lnPf – lnPi)].100/Δt, onde Pf e
disso, o método também permitiu identificar o momen- Pi são os pesos final e inicial, respectivamente, e Δt o
to em que a larva de pacu passou a ingerir voluntaria- intervalo entre as medidas (em dias). No início do de-
mente a dieta formulada, evidenciado por mudanças senvolvimento, as larvas de peixes apresentam altos
mais drásticas nos sinais isotópicos. valores de TCE, que diminuem à medida que o peixe
A avaliação do crescimento e desenvolvimento cresce. A condição nutricional ou o bem-estar das lar-
larval pode ser feita de inúmeras formas, usando-se cri- vas também pode ser avaliada a partir da realação entre
térios morfométricas, morfológicos e bioquímicos. Da peso total e comprimento total, pelo chamado Fator de
mesma forma, cuidados devem ser tomados com qual- Condição [K]. Esse índice é medido pela expressão K=Pt/
quer uma dessas abordagens, uma vez que durante o Ctb, onde b representa o coeficiente angular, obtido pela
desenvolvimento larval há assincronia de desenvolvi- relação peso/comprimento das larvas dado por P=a.Cb
mento, levando muitas vezes a ganhos diferenciados ou lnPt=lna + b.lnCt (Santos, 1978). Em peixes adultos
em termos de comprimento e de peso (biomassa). Além que apresentam crescimento isométrico o b tem valor
disso, o aparecimento de novas estruturas e alterações
ao redor de 3 (Fator de Condição de Fulton). Entretanto,
fisiológicas requerem avaliações mais detalhadas.
para ser usado com larvas que apresentam crescimento
Na maior parte dos estudos o crescimento é ava-
alométrico e passam por mudanças morfológicas signi-
liado por meio do aumento do comprimento total (da
ficativas, é necessário estimar-se o valor de b por meio
ponta do focinho ao final da nadadeira caudal ou da
da relação peso/comprimento de um maior número
membrana embrionária), comprimento notocordal (da
de exemplares, considerando-se todo o intervalo de
ponta do focinho ao final da notocorda) ou comprimen-
to padrão (da ponta do focinho ao final do pedúnculo desenvolvimento e obtendo-se um valor represen-
caudal, quando formado). A avaliação da altura da larva tativo para essa fase de desenvolvimento (Portella et
é difícil de ser realizada, uma vez que o ponto definido al., 2000a). Por exemplo, o valor de b obtido a partir
para sua tomada (no início da nadadeira dorsal) é variá- dos dados de peso e comprimento de 2400 larvas de
vel entre as fases de desenvolvimento da larva. Assim, o curimbatá (Prochilodus scrofa, atualmente P. linneatus) do
mais recomendável é a medida da altura do miômero, primeiro ao vigésimo dia de vida foi de 4,0697 (resultado
exatamente na região do ânus. Outra mensuração im- não publicado). Juvenis da mesma espécie (30 a 78 dias
portante para o acompanhamento do desenvolvimen- de vida), criados no mesmo laboratório apresentaram
to larval na fase vitelina é o volume do saco vitelino. Em b=3,0591 (Portella et al., 2000a), valor próximo ao deter-
larvas com o saco elíptico, esse volume é calculado pela minado para juvenis entre 70 e 600 g (b=3,020) (Santos
expressão Vv=(π/6).Cv.Av2, onde Cv é o comprimento do et al., 1988). Alternativamente, outro índice de condição
saco vitelino e Av é a altura. Essas medidas podem ser pode ser usado para a avaliação do desempenho no
198 NUTRIAQUA

período larval, o Fator de Condição Relativo [Kn], defi- células enteroendócrinas) oferece informações quali-
nido por LeCren (1951), usando o quociente Kn= Pt.Pe-1, tativas importantes sobre o desenvolvimento larval, e
em que Pt e Pe são os pesos observados e teoricamente podem apontar estado de boa ou má nutrição. Presença
esperados, respectivamente. A partir da relação peso/ de vacúolos de absorção e vesículas nos enterócitos nas
comprimento (P=a.Cb) das larvas de determinada espé- diferentes porções do tubo digestivo indica absorção
cie e em determinada fase do desenvolvimento, estima-se ativa de nutrientes, sndo que técnicas histoquímicas
os valores de a e b. Os valores do peso teoricamente específicas podem apontar para a natureza das
esperado pode ser então calculado pela expressão Pe = substâncias absorvidas (e.g. lipídios, proteínas). A dife-
a.Ctb. Os valores obtidos são então comparados estatis- renciação do estômago e das glândulas gástricas é con-
ticamente (teste t de Student) ao padrão Kn=1,0. Valo- siderado um evento importante no desenvolvimento
res superiores indicam condição das larvas melhor que larval (Govoni et al., 1986), especialmente pela perspec-
o esperado, e valores inferiores, pior condição relativa. tiva para o início da transição alimentar. Além disso, des-
Esse índice foi usado para avaliação dos efeitos do uso crições histológicas são imprescindíveis para identifica-
de dietas vivas e formuladas enriquecidas com fontes ção e interpretação dos fenômenos histopatológicos,
de ácidos graxos sobre o desenvolvimento inicial de lar- dando as bases para estudos mais específicos, como
vas de curimbatá (Portella et al., 2000c). é o caso das doenças nutricionais, como alterações
Uma questão a ser considerada é que em espé- histológicas do fígado, órgão central do metabolismo
cies que apresentam crescimento muito heterogêneo, que oferece informação valiosa sobre a adequação dos
os valores de peso e comprimento centralizados numa alimentos ingeridos. Descrições morfológicas do trato
média nem sempre refletem as variações observadas digestório de larvas de pacu, piau, surubim, trairão,
nem representam fidedignamente as diferenças entre dourado, jatuarana, acará açu e tainha (Mugil patanus)
os tratamentos. Nesse caso, a separação das larvas em já foram realizados (Galvão et al., 1997a,b; Furusawa,
classes de tamanho (e.g. pequenas, médias e grandes, 2002; Cericato, 2005; Jomori 2005; Tesser et al., 2006;
com os intervalos bem determinados) e análise da parti- Neumann, 2008; Paes, 2008; Mai, 2009; Menossi et al.,
cipação do número de larvas em cada classe representa 2012) e compilados de informações sobre desenvol-
uma avaliação mais real das diferenças existentes (vide vimento morfológico de larvas de peixes neotropicais
trabalhos de Portella et al., 2000a; Jomori et al., 2008; estão disponíveis (Dabrowski e Portella, 2006; Portella
Leitão et al., 2011). e Dabrowski, 2008). A morfologia e morfometria foram
Avaliações morfológicas também são importantes ferramentas úteis para avaliação do crescimento hiper-
ferramentas para avaliação do desenvolvimento larval plásico e hipertrófico das fibras musculares de larvas de
em estudos de alimentação e nutrição. Análises compa- pacu que receberam diferentes dietas e estratégias ali-
rativas e descrição de características específicas, como mentares (Leitão et al., 2011). Informações detalhadas
a absorção total do saco vitelino, pigmentação do olho, sobre a ontogenia de larvas das espécies mais criadas
insuflação da vesícula gasosa e mudanças de compor- comercialmente em todos os continentes pode ser en-
tamento oferecem indicações valiosas sobre o desen- contrada em Lazo et al. (2011).
volvimento das larvas. O acompanhamento da flexão Métodos bioquímicos também são promissores
da notocorda e desenvolvimento das estruturas ósseas para a determinação da condição nutricional das larvas
da cauda, conforme proposto por Kendall et al. (1984), de peixes, uma vez que as informações obtidas são mais
é um critério bastante útil para avaliação e classificação sensíveis, algumas com respostas em nível celular. As
das diferentes fases de desenvolvimento larval (larva vi- enzimas, devido às funções essenciais que exercem nos
telina, pré-flexão, flexão, pós-flexão e juvenil). Por outro processos metabólicos, são consideradas bons indica-
lado, estudos morfológicos específicos da estrutura do dores da condição nutricional de um organismo. Dessa
trato digestório, junto com análises histológicas, histo- forma, o início e intensidade da atividade das enzimas
químicas e imunohistoquímicas permitem interpretar proteolíticas são bem apropriados para indicar a ativi-
os fenômenos biológicos do funcionamento digestivo. dade alimentar das larvas de peixes, pois a proteína é o
Estes estudos oferecem informações fundamentais para nutriente em maior quantidade na dieta das mesmas.
a proposição de dietas e estratégias de alimentação, Apesar de existirem inúmeros trabalhos sobre atividade
com o objetivo de propiciar melhor desempenho de enzimática ao longo do desenvolvimento larval, tanto
sobrevivência e crescimento, baseado nas habilidades de enzimas pancreáticas (Ueberschär e Clemmensen,
e limitações que as larvas exibem ao longo de seu de- 1992; Zambonino-Infante e Cahu, 1994; Moyano et al.,
senvolvimento. A avaliação da ontogenia das estruturas 1996; Lazo et al., 2000a; Chakrabarti et al., 2006 ) quanto
digestivas, particularmente a diferenciação do fígado citosólicas e do bordo-estriado (Zambonino-Infante et
(e acúmulo de reservas, como glicogênio), pâncre- al., 2008), poucas informações existem a respeito dos
as (e presença de grânulos de zimogênio) e do tubo peixes nativos, com destaque para os trabalhos com tai-
digestivo (diferenciação dos enterócitos, altura das nha (Galvão et al., 1997b) dourado (Vega-Orellana et al.,
vilosidades intestinais, presença de células mucosas, 2006) e surubim (Dabrowski e Portella, 2006).
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 199

Além das enzimas, a condição nutricional da larva celulares e (2) são precursores de eicosanóides, em que
pode ser avaliada pela relação RNA/DNA que apresen- o ARA geralmente é o principal substrato (Sargent et al.,
ta. Considera-se que o DNA é relativamente constante 1999a; Izquierdo e Koven, 2011).
nas células e o RNA, por sua vez, está diretamente re- A origem ambiental (água doce, estuarino ou ma-
lacionado com a ocorrência de síntese proteica. Assim, rinho) parece ser a principal causa das diferentes exi-
a relação indica a intensidade metabólica das células gências em AGE dos organismos aquáticos (Glencross,
(Clemmesen, 1993), refletindo a capacidade de síntese 2009). O papel dos AGE na osmoregulação comprova
proteica das larvas (Canino e Calderone, 1995) e, con- como estes nutrientes afetam os animais de diferentes
sequentemente, seu potencial de crescimento. Usando ambientes. Os AGE podem estar envolvidos na osmore-
esse método como índice de crescimento, verificou-se gulação de duas formas: (1) alterando a permeabilidade
que larvas alimentadas com artemia apresentam maior da membrana celular no tecido branquial e (2) no trans-
valor da relação, correlacionado também com maior porte ativo de íons através das membranas branquiais,
crescimento, em comparação com as larvas mantidas com a participação dos eicosanoides.
em jejum ou as alimentadas apenas com dieta inerte As larvas de peixes têm alta exigência em AGE e
(Segner e Verreth, 1995). dietas deficientes nestes ácidos graxos afetam a sobre-
Recentemente foi publicada uma revisão bastante vivência, crescimento, pigmentação e resistência ao
completa sobre esses e outros métodos mais sofistica- estresse das larvas, devido a alterações na função das
dos para avaliação do desenvolvimento larval, incluin- membranas celulares e/ou metabolismo de eicosanói-
do análise do ciclo celular, relações lipídicas, fisiologia des e lipídios (Conceição et al., 2011). Densidade de
energética, alocação de energia celular, funções gêni- estocagem elevada também pode alterar o metabo-
cas, entre outras (Perez-Dominguez e Daham, 2011). lismo de lipídios e o perfil de ácidos graxos essenciais
na fração polar, tanto no fígado como no músculo de
peixes, como observado em piabanhas (Brycon insignis)
(Tolussi et al., 2010). Este parâmetro metabólico aliado à
ESTUDOS SOBRE EXIGÊNCIAS EM LIPÍDIOS maior eficiência alimentar, sobrevivência e taxa de cres-
cimento, indicam que altas densidades de estocagem,
PARA LARVAS DE PEIXES além de comprometer o crescimento, podem causar
estresse. Naquele estudo, o total de ácidos graxos poli-
Os ácidos graxos das dietas exercem papel impor- -insaturados da série C18 foi aterado pela variação de
tante como fonte de energia metabólica e de ácidos densidade, sugerindo que peixes criados em altas den-
graxos essenciais [AGE], além de serem veículos de mi- sidades de estocagem utilizam de forma diferente lipí-
cronutrientes lipossolúveis e precursores de moléculas dios hepáticos como fonte de energia e remodelam os
bioativas (Pezzato et al., 2004 ). Entretanto, os AGE conti- ácidos graxos de membrana, com alta concentração de
nuam sendo um dos nutrientes cujo conhecimento é li- DHA na fração polar no tecido muscular.
mitado na nutrição de organismos aquáticos (Glencross, Embora larvas de peixes marinhos possuam alta
2009). Sua importância vai além do impacto no cresci- exigência em lcPUFA comparado aos peixes de água
mento dos animais; influenciam aspectos reprodutivos, doce, o fornecimento em excesso desses ácidos graxos
imunitários e de qualidade do produto. não é nutricionalmente e nem produtivamente interes-
Em geral, peixes marinhos, especialmente duran- sante. A oferta de DHA acima da exigência nutricional
te o período larval, necessitam o fornecimento de áci- aumenta sua taxa de oxidação para fins energéticos,
dos graxos poli-insaturados de cadeia longa (do inglês como demonstrado em larvas de linguado senegalês
‘long chain polyunsaturated fatty acids’,[ lcPUFA]) pela (Solea senegalensis) com o uso da técnica de marcação
dieta (Izquierdo e Koven, 2011). As exigências de ácido isotópica com 14C (Morais e Conceição, 2009). O enrique-
docosaexaenóico [DHA] (22:6 n-3) e de ácido eicosa- cimento de trocóforos (Cerqueira e Tsuzuki, 2009) e de rotí-
pentaenóico [EPA] (20:5 n-3) têm sido o principal foco feros (Seiffert et al., 2001) com DHA durante a primeira
dos estudos em nutrição de larvas de peixes devido sua alimentação de larvas de robalo peva (Centropomus
grande abundância nas membranas celulares, em rela- parallelus) também não proporcionou vantagem produ-
ção aos demais ácidos graxos; o DHA tem-se demons- tiva, avaliada em relação às taxas de sobrevivência obti-
trado como o maior provedor de AGE nas espécies de das utilizando-se alimentos enriquecidos ou não.
peixes marinhos (Glencross, 2009). No entanto, estudos Normalmente, os lipídios incorporados nos alimen-
recentes mostram a importância do ácido araquidônico tos formulados para larvas de peixes vêm, em parte, do
[ARA] (20:5 n-6) no desempenho, pigmentação e saúde óleo de peixe rico em ácidos graxos altamente insatu-
dos peixes (Conceição et al., 2011). rados e, das farinhas de pescado, principalmente incor-
Particularmente, DHA, EPA e ARA apresentam fun- poradas como fonte proteica; sendo geralmente deriva-
ções bioquímicas, celulares e fisiológicas relacionadas com dos de produtos marinhos (Cahu e Zambonino-Infante,
(1) a manutenção estrutural e funcional das membranas 2001). Os peixes marinhos não são capazes de sintetizar
200 NUTRIAQUA

lcPUFA a partir de precursores de 18 carbonos das séries Dietas nutricionalmente adequadas para larvas de
n-3 e n-6 (ácidos linolênico e linoléico), pelo menos não peixes marinhos podem conter até 30% de lipídios,
em uma taxa suficiente para satisfazerem suas exigên- incluindo lcPUFA e fosfolipídios (Cahu e Zambonino-
cias metabólicas. Em contraste, os peixes de água doce -Infante, 2001). Entretanto, as exigências das larvas de
possuem a capacidade de sintetizar AGE de novo (Arslan peixes de água doce em lipídios podem ser muito me-
et al., 2009; Gomes et al., 2010) por meio das enzimas nores do que as das larvas de peixes marinhos. Larvas de
elongases e dessaturases específicas (Turchini et al., ‘darkbarbel catfish’ (Pelteobagrus vachelli) apresentaram
2009). Assim, os óleos vegetais, ricos em ácidos linolêni- maiores taxas de sobrevivência e crescimento quando
co e linoleico, podem ser usados como fonte de lipídios alimentadas com dietas contendo até 15% de lipídios.
em substituição parcial ao óleo de pescado em dietas Acima deste nível, observou-se redução do crescimen-
para peixes de água doce. to, resultado da diminuição da atividade lipolítica e utili-
Foi demonstrado que a substituição total de óleo zação de lipídios, que podem ter promovido inibição da
de peixe por óleo de linhaça e óleo de oliva em dietas digestão desse nutriente (Zheng et al., 2010).
para surubim cachara não causa efeito negativo no As exigências nutricionais em AGE de peixes ma-
crescimento e sobrevivência (Arslan et al., 2008) dos rinhos e de água doce foram revisadas por Glencross
juvenis. Óleo de soja, óleo de canola e óleo de palma (2009). Observa-se que em geral, os peixes marinhos
podem substituir parcialmente o óleo de peixe sem exigem maiores quantidades de AGE que os peixes de
comprometer o crescimento e a utilização das dietas por água doce, principalmente devido à alta exigência em
juvenis de truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) (Caballero lcPUFA. Entretanto, apesar da importância econômica
et al., 2002). Larvas e juvenis de carpa comum (Cyprinus de peixes de água doce neotropicais para aquicultu-
carpio carpio) são capazes de crescer e sobreviver com ra, surpreendentemente existem poucas informações
baixos níveis dietéticos de ácidos graxos da série n-3 e sobre as exigências em ácidos graxos destas espécies,
com lipídios oriundos de fontes exclusivamente vege- principalmente durante o período larval.
tais sem nenhum prejuízo no desempenho (revisado
por Turchini et al., 2009). A utilização de dietas vivas
(rotíferos Brachionus plicatilis tratados com: 1. levedura
de panificação Saccharomyces cerevisiae; 2. enriquecido ESTUDOS SOBRE FONTES PROTEICAS PARA
LARVAS DE PEIXES: PROTEÍNAS, AMINOÁCIDOS,
com a microalga Chlorella homosphaera; 3. enriquecido
com emulsão com óleo de fígado de bacalhau; 4. en-
riquecido com emulsão com óleo de soja; ou plâncton PEPTÍDEOS E HIDROLISADOS
natural coletado em viveiros) e dietas formuladas enri-
quecidas as mesmas fontes de ácidos graxos foi estuda-
da em relação ao desempenho produtivo e composição Conforme já apresentado, as larvas de peixes apre-
corporal de larvas e juvenis de curimbatá (Portella et al., sentam elevada taxa de crescimento e de síntese de
2000b). Não foram observadas diferenças nas taxas de proteínas, uma vez que seus órgãos estão em formação,
sobrevivência das larvas ao final da fase de alimentação fazendo com que a demanda por alimentos/nutrientes
com dietas vivas. Os perfis de ácidos graxos nos lipídios de qualidade e em quantidade seja alta (Conceição et
totais dos rotíferos mostraram semelhanças com as fon- al., 2002b; Dabrowski, 1986; Govoni et al., 1986; Jomori
tes empregadas. Porém, as larvas e juvenis, apesar de et al., 2003, 2008; Rønnestad et al., 1999). Desde muito
exibirem certa similaridade com suas respectivas dietas, cedo, alguns sistemas como a camada sincicial do vitelo,
mostraram padrão mais ou menos constante dos níveis a circulação vitelínica e o fígado têm papel essenciais du-
de ácidos graxos saturados (cerca de 50%) e de monoin- rante a ontogenia dos peixes, principalmente em relação
saturados (cerca de 35%), em seus lipídios totais. Os te- ao fornecimento de aminoácidos [AAs] (Dabrowski et al.,
ores de ácidos graxos poli-insaturados foram altamente 2010a,b; Finn e Fyhn, 2010). Tais características tornam
dependentes do conteúdo presente nas dietas, no en- a fase inicial de desenvolvimento dos peixes muito par-
tanto não foram observadas conservação de 20:5 n-3 ticular em comparação às demais fases, evidenciando
e de 22:6 n-3, mais abundante nas dietas enriquecidas assim, a importância dos estudos sobre exigências e fi-
com óleo de fígado de bacalhau. Embora as exigências siologia nutricional, além de metabolismo dos nutrien-
quali-quantitativas de ácidos graxos ainda não tenham tes, fundamentais para o sucesso da criação.
sido determinadas, os resultados obtidos sugerem a A proteína, mais especificamente os AAs indispen-
indicação do óleo vegetal (soja) como uma boa fonte sáveis, é um nutriente essencial para o crescimento dos
de lipídios para essa espécie de peixe, nessas fases de animais (D`Mello, 2003; Waterlow, 2006), incluindo peixes
desenvolvimento. (Wilson 2002, Dabrowski et al., 2010a,b; Finn e Fyhn, 2010).
Além da composição em ácidos graxos essen- Os alimentos são as fontes de AAs indispensáveis para os
ciais, o nível de inclusão de lipídios nas dietas é de- animais, porque os mesmos não são capazes de sintentizá-los
terminante para o sucesso da larvicultura de peixes. (Wilson, 2002). A deficiência/desbalanceamento de AAs e
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 201

da relação entre os nutrientes dietéticos em geral oca- ser pouco palatáveis e, consequentemente, influenciar
siona diminuição do crescimento e prejudica o desen- negativamente a ingestão e comprometer o crescimen-
volvimento dos peixes, com efeito direto na fisiologia to, em comparação às dietas comerciais. Essas, por sua
das espécies (Aragão et al., 2004a, 2007; Cahu e Zabo- vez, contêm ingredientes práticos em sua formulação, o
nino Infante, 2001; Conceição et al., 2007; Dabrowski que acrescenta mais um obstáculo nos estudos detalha-
et al., 2007; Harper et al., 1970; Saavedra, et al., 2009a). dos a respeito da exigência de nutrientes essenciais para
Durante o período larval, caracterizado pelo consumo as larvas de peixe utilizando microdietas (Conceição et al.,
elevado de dieta em relação ao peso corporal, o des- 2007; Cahu e Zambonino Infante, 1995, 2001), pela di-
balanceamento dos nutrientes, em especial dos AAs, ficuldade de avaliar separadamente cada componente.
provoca aumento da deposição de lipídios (Conceição Aguiar et al. (2005) verificaram que larvas de tilápia-do-Nilo
et al., 1998b). Além disso, pode ocorrer interação no alimentadas com dietas a base de glúten de milho e
metabolismo dos nutrientes, pois uma relação correta níveis crescentes de lisina (0; 1,1; 1,7 e 4%) apresenta-
entre eles (proteína e lipídios) favorece o uso da prote- ram crescimento semelhante, independente do nível
ína (Conceição et al., 2007), mais precisamente no efeito do aminoácido, sendo que o tratamento controle con-
poupador da proteína para construção de tecidos. Wilson tendo a inclusão de farinha de peixe proporcionou maior
(2002) defende que os peixes não possuem “exigência crescimento das larvas. Em outro trabalho de exigência
em proteína”, mas sim de uma mistura balanceada de de AAs utilizando dietas purificadas, Fiogbé e Kestemont
AAs indispensáveis e dispensáveis. Já foi demonstrado (1995) detectaram que as larvas do ‘goldfish’ (Carassius
que dieta microencapsulada balanceada em AAs pro- auratus auratus) apresentam elevada exigência de AAs
porciona menor taxa de deformidade e excreção de indispensáveis (arginina: 7,8; lisina: 11,8; histidina: 4.1;
amônia em larvas de ‘white seabream’ Diplodus sargus isoleucina: 6,0; leucina: 9,1; valina: 7,0; fenilalanina: 5,6;
sargus (Saavedra et al., 2009a) e favorece a retenção treonina: 6,4; metionina: 3,4 g/100 de proteína) em
corporal dos mesmos em larvas de linguado senegalês comparação a juvenis de outras espécies. Devido aos
(Solea senegalensis) (Aragão et al., 2004a). Dessa manei- problemas mencionados, os estudos focando os AAs
ra, prover um adequado balanceamento dos níveis de em larvas de peixe são escassos e, da mesma forma,
AAs nos alimentos melhora a qualidade da larva, com mais qualitativos que quantitativos (Conceição et al.,
resultado direto na formação dos seus tecidos e regula- 2002 a,b; Rønnestad et al., 2000; Saavedra et al., 2008,
ção dos sistemas fisiológicos, por meio da formação de 2009a,b, 2010).
moléculas bioativas, tais como hormônios (Finn e Fyhn, O alimento vivo é a melhor opção como alimento
2010; Li et al., 2009; Rønnestad et al., 2007; Wu, 2009). exógeno inicial para as larvas altriciais de espécies nati-
vas (Del-Guerra, 2009; Guerrero-Alvarado, 2003; Jomori
A qualidade do embrião é altamente dependen-
et al., 2003, 2005, 2008; Leitão et al., 2011; Menossi et al.,
te do perfil de AAs do vitelo, que por sua vez é afetado
2012; Portella e Dabrowksi, 2008; Portella et al., 1997;
pelo aporte materno dos nutrientes durante a oogêne-
Tesser et al., 2006). Os nutrientes desses alimentos são
se. Atenção especial deve ser destinada à vitelogenina,
altamente digestíveis, o que os tornam fundamentais
principal fonte de AAs nos oócitos (Izquierdo et al., 2001;
para o desenvolvimento inicial dos peixes (Conceição et al.,
Kamler, 2008; Li et al., 2009; Rønnestad et al., 1999).
2009, 2010a,b; Dabrowski, 1986, Kaushik e Dabrowski,
Existem inúmeras vias de degradação e reabsorção da
1983; Lavens et al., 1995; Morais et al., 2004a; Engrola
proteína do vitelo pela larva, sendo que a maioria delas
et al., 2009). No entanto, alguns estudos relataram que
pode ser ativada antes mesmo da fertilização em espé-
os alimentos vivos podem ser considerados desbalan-
cies marinhas (durante a maturação dos oócitos). Em es- ceados para algumas espécies (Aragão et al., 2007; Con-
pécies de água doce, acredita-se que a hidrólise das pro- ceição et al., 1998a, 2010b; Saavedra et al., 2008), princi-
teínas do vitelo é mais latente, ocorrendo principalmente palmente em relação aos ácidos graxos e AAs, os quais
após a fertilização e durante a fase lecitotrófica de desen- podem estar em níveis subótimos aos desejados.
volvimento das larvas (Finn e Fyhn, 2010). Basicamente, A alternativa mais plausível ao uso das dietas for-
a vitelogenina é hidrolisada e forma três subunidades: muladas nos estudos de nutrição em larvas é o alimento
lipovitelina, fosvitina e b-componente. A hidrólise parcial vivo (Aragão et al., 2004b; Conceição et al., 1997, 1998b;
dessas subunidades na fase final da maturação dos oóci- Sargent et al., 1999a; Tonheim et al., 2000; Saavedra et al.,
tos faz com que ocorra aumento do “pool” de AAs livres, 2010). Náuplios de artêmia foram enriquecidos com o
os quais são substratos para a síntese proteica e catabo- aminoácido indispensável metionina, por meio de par-
lismo oxidativo (Rønnestad et al., 1999). tículas de lipossomos e solução de cultivo contendo o
Várias são as dificuldades para a determinação aminoácido (Tonheim et al., 2000). Partículas de lipos-
da exigência nutricional de larvas de peixes, incluindo somos também foram usadas como veículo para feni-
pequena ingestão de dietas secas, quantificação e di- lalanina e tirosina para balancear rotíferos, em estudo
gestibilidade do alimento ingerido e dificuldade de ma- de metabolismo de larvas de ‘white seabream’ Diplodus
nipular a composição nutricional do alimento vivo. Por sargus sargus (Saavedra et al., 2010). A técnica de enrique-
outro lado, dietas purificadas e semi-purificadas podem cimento de náuplios de artemia com AAs é interessante,
202 NUTRIAQUA

no entanto, pouco praticada e estudada pelos pesqui- e valina), o que foi associado com a diminuição de suas
sadores da área. De fato, é mais utilizada para enrique- concentrações nas larvas e o seu possível excesso no vi-
cimento do alimento vivo em ácidos graxos essenciais telo. Além disso, a alteração do perfil de AAs na larva
(Conceição et al., 2010b; Sargent et al., 1999a; Shields é uma consequência natural da própria mudança que
et al., 1999). ocorre durante a ontogenia (Conceição et al., 1998a).
Existem poucas informações a respeito da exi- Com outra espécie de Siluriforme, bagre-do-canal, Wilson
gência em proteína e AAs para larvas de peixe de água e Poe (1985) encontraram correlação significativa en-
doce e sua possível mudança relacionada à ontogenia. tre a exigência de AAs indispensáveis e o perfil de AAs
Especula-se que a exigência em proteína e AAs seja alta, corporal em juvenis de 30, 330 e 863 g. No entanto, os
principalmente pela elevada taxa de crescimento e mo- pesquisadores registraram baixa correlação quando
dificações morfológicas e funcionais que ocorrem nessa as comparações foram feitas entre a exigência de AAs
fase (Conceição et al., 2007). O crescimento das larvas e o perfil dos ovos da espécie. Essa diferença pode ter
é baseado na alta taxa de síntese de proteínas, a qual ocorrido devido às diferenças entre as fases de desen-
tem um custo energético elevado, que demanda quan- volvimento, uma vez que na fase inicial, principalmente
tidades significativas de energia (Houlihan 1991). Neste durante a alimentação endógena, o vitelo é a fonte de
caso, parte considerável dos AAs pode ser destinada como energia para as larvas se desenvolverem (metabolismo)
fonte de energia, via catabolismo oxidativo, o que resulta- e, ao mesmo tempo, substrato para a diferenciação e
ria em uma maior exigência dos mesmos (Conceição et al., crescimento de novas estruturas. Tanto Conceição et
2010b; Dabrowski, 1986; Finn e Fyhn, 2010). al. (1998a) quanto Wilson e Poe (1985) discutiram que
A maior parte dos estudos a respeito dos AAs é com os peixes apresentam diferentes necessidades meta-
larvas de espécies marinhas e baseado no perfil de pro- bólicas e fisiológicas durante o seu desenvolvimento e
teína e AAs do alimento vivo, ovos e larvas como padrão esses fatores podem ter influenciado os perfis de AAs
de exigência nutricional para os peixes na fase inicial de encontrados em fases anteriores.
desenvolvimento (Aragão et al., 2004b; Cahu e Zabonino A técnica de marcação isotópica (radioisótopos ou
Infante, 2001; Cara et al., 2007; Conceição et al., 1997; isótopos estáveis) é utilizada com sucesso em estudos
Gurure et al., 2007; Saavedra et al., 2006). Seguindo essa de alimentação e nutrição de larvas (Rønnestad et al.,
metodologia, alguns trabalhos foram realizados com 2000, Conceição et al., 2007, 2008 2010a; Jomori et al.,
larvas das espécies: pacu (Mukai-Corrêa, 2008), bagre 2008; Morais et al., 2004a; Engrola et al., 2009; Mai et al.,
do canal (Ictalurus punctatus) (Wilson e Poe, 1985), bagre 2009). Por meio de alimentação forçada com isótopo ra-
africano (Conceição et al., 1998a), ‘trout cod’ (Maccullochella dioativo, verificou-se que as larvas de linguado senegalês
macquariensis) e ‘murray cod’ (Maccullochella peelii peelii) (Morais et al., 2004b) e arenque (Clupea harengus) (En-
(Gunasekera et al., 1999). Larvas de pacu alimentadas grola et al., 2009) apresentaram alta absorção e digesti-
com microdieta contendo níveis de macronutrientes bilidade da fração proteica da artêmia, com valores va-
(proteína, lipídios e matéria seca) similares aos dos náu- riando de 57 a 83%, dependendo da idade da larva. Em
plios de artemia apresentaram crescimento muito lento outro experimento, também com alimentação forçada
e taxas de sobrevivência razoáveis (~50%), indicando que em larvas de linguado senegalês, Aragão et al. (2004a)
a microdieta usada ainda não foi suficiente para suportar observaram que a dieta balanceada favorece a retenção
crescimento similar ao alcançado quando se utiliza ali- dos AAs, sendo que esse efeito pode ter relação direta
mento vivo (Mukai-Corrêa, 2008). A comparação entre o no crescimento e utilização do nitrogênio. Isso foi cla-
perfil de aminoácidos da larva de ‘turbot’ (Scophthalmus ramente observado quando os autores suplementaram
maximus) e da artêmia apontou que a metionina é um AAs marcados (arginina, leucina e ácido glutâmico) e
dos mais limitantes para a espécie, nesta fase de desen- uma mistura de proteína hidrolisada, a qual continha
volvimento (Conceição et al., 1997). Os autores também os 20 aminoácidos usados para a síntese de proteínas,
identificaram à taurina, cisteína e a leucina como pos- para as larvas de linguado senegalês. Em larvas de sar-
síveis limitantes no desenvolvimento inicial de larvas go (Sargus sargo), os aminoácidos triptofano, arginina
de linguado. Em um estudo com ovos e larvas de bagre e metionina não foram limitantes para o crescimento
africano, foi observado que o perfil de AAs das fontes de quando alimentadas com rotíferos, organismo conside-
nutrientes das larvas ao longo de desenvolvimento on- rado deficiente nesses aminoácidos, o que foi credita-
togenético (vitelo, artemia e dieta formulada), foi dife- do às baixas taxas de absorção comparadas aos demais
rente em comparação com o perfil da larva (Conceição AAs (Saavedra et al., 2008). A hipótese de que as larvas
et al., 1998a). Segundo os autores, a taxa de depleção poderiam ter baixa capacidade de regular o catabolis-
individual dos AAs apresentou variação no desenvolvi- mo dos AAs por estarem ainda em fase inicial de de-
mento da espécie, devido, possivelmente, à diferença senvolvimento dos seus sistemas orgânicos foi testada
entre os perfis de AAs do corpo da larva e de seu saco por Conceição et al. (2002b). Os autores observaram
vitelino. Essa diferença resultou na depleção principal- que desde a primeira alimentação exógena as larvas
mente dos AAs de cadeia ramificada (leucina, isoleucina de arenque são capazes de reter a maior parte do AA
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 203

indispensável lisina e destinar apenas pequena fração reflete no ‘pool’ de aminoácidos livres, o que pode levar
para ser oxidada, enquanto que a maior parte do AA a indicação dos AAs limitantes, principalmente os indis-
dispensável glutamina sofreu oxidação, e apenas uma pensáveis (Conceição et al., 1997, 1998a). Alguns estu-
pequena fração ficou retida na larva. Tais resultados dos de exigência de AAs em juvenis de peixes utilizam
permitiram que os autores concluíssem que as larvas de a análise dos AAs livres como uma ferramenta auxiliar
arenque são capazes de regular o catabolismo dos AAs para refinamento dos resultados (Wilson, 2002). Essas
desde a alimentação inicial. Por outro lado, resultados considerações devem ser colocadas em pauta para me-
diferentes foram observados com larvas de bagre africa- lhor delinear estudos futuros sobre o assunto, em que
no, na fase de alimentação endógena. Essas larvas não tanto o crescimento quanto o metabolismo das larvas
demonstraram tal capacidade de regular o catabolismo venham ser avaliados em conjunto, para obtenção de
individual dos AAs e, aparentemente, são incapazes resultados mais precisos.
de conseguir o efeito de poupar os AAs indispensáveis A maioria dos trabalhos de exigência de AAs em
para o desenvolvimento de tecido corporal (Conceição et peixes tem foco nos AAs que compõe a proteína (Furuya
al., 1998a). É importante notar que os resultados com lar- e Furuya, 2010; Wilson, 2002). No entanto, existem al-
vas de arenque (Conceição et al., 2002b) e bagre-do-canal guns AAs que não são incorporados na proteína, mas
(Conceição et al., 1998a) foram obtidos com animais em desempenham papéis fundamentais no desenvolvi-
diferentes fases de desenvolvimento e com metodolo- mento dos peixes, mais especificamente no metabolis-
gias também diferentes. Apesar dos resultados contra- mo celular. Um desses AAs é a taurina, que não é utili-
ditórios em relação ao metabolismo dos AAs indispen- zado para síntese proteica e possui como precursores a
sáveis, Kamler (2008) e Finn e Fyhn (2010) observaram metionina/cisteína (Houten et al., 2006; Li et al., 2009;
similaridade no padrão ontogenético de mudanças nos Pinto et al., 2010a). Esse aminoácido é encontrado em
conteúdos bioquímicos dos embriões e larvas de espé- alta concentração nos animais, inclusive nos peixes
cies de água doce e marinha. De fato, os AAs, principal- (Li et al., 2009; Wu, 2009). Pinto et al. (2010a) observa-
mente os indispensáveis, são fundamentais no desen- ram que a suplementação de taurina em microdietas
volvimento das larvas; porém, maiores esforços devem para larvas de linguado senegalês não proporcionou
ser feitos para entender o metabolismo e obter resulta- aumento do crescimento das larvas na fase pelágica; no
dos mais precisos a respeito de sua exigência. Isso prin- entanto, em fase posterior, os peixes que receberam as
cipalmente com as espécies nativas, em que os estudos dietas suplementadas com taurina apresentaram maior
nessa linha ainda estão na fase inicial. crescimento e sucesso no período de metamorfose.
A comparação entre os perfis de AAs dos alimen- Ainda, maior crescimento de larvas de linguado sene-
tos e das larvas de peixe é considerada uma abordagem galês foi acompanhado por aumento da retenção cor-
válida no estudo das exigências em AAs. No entanto, poral dos AAs, marcados isotopicamente nas presas vi-
algumas considerações devem ser feitas na interpreta- vas (rotíferos). A maior parte dos estudos relacionados
ção dos resultados para evitar conclusões equivocadas. com a importância da taurina para larvas foi conduzida
Como já comentado, as larvas de peixe apresentam ele- com espécies marinhas (Pinto et al., 2010a,b; Takeuchi,
vadas taxas de crescimento diário, ao mesmo tempo em 2001; Takeuchi et al., 2001). Em um dos poucos traba-
que ocorrem alterações morfofisiológicas e funcionais lhos com espécies de água doce, Zhang et al. (2006) su-
nos seus sistemas orgânicos. Essas alterações devem geriram que a taurina é o principal aminoácido livre na
ser consideradas na interpretação dos resultados de manutenção do equilíbrio osmótico em larvas de carpa
comparação entre os perfis de AAs. A proporção entre comum, o que pode ser um indicativo da exigência con-
os tecidos (órgãos) muda consideravelmente durante dicional desse aminoácido. Os estudos sugerem que a
a ontogênese e, consequentemente, a participação de taurina pode estar relacionada à exigência fisiológica
alguns mecanismos como a síntese de proteínas, que dos peixes, o que pode ser especialmente importante
possui alto custo energético, também sofre alteração. na fase inicial de desenvolvimento, devido às altas taxas
Isso pode ser exemplificado pelos próprios processos de metabolismo e formação de novas estruturas.
de síntese e degradação dos tecidos (‘turnover’), os A forma molecular em que os AAs são disponibili-
quais apresentam taxas diferenciadas (Gaston e Suthers, zados aos peixes também é um fator a ser considerado
2004; Logan et al., 2006). Além disso, o perfil dos AAs no seu desenvolvimento (Dabrowski et al., 2003; 2005;
ligados à proteína e dos AAs livres pode mudar conside- 2010a,b; Rønnestad et al., 1999, 2007). Portella e Dabro-
ravelmente durante o desenvolvimento ontogenético wski (2008) e Rønnestad et al. (1999 e 2007) argumenta-
(Conceição et al., 1997; Dabrowski, 1986; Dabrowski et ram que algumas espécies de peixe podem apresentar
al., 1985; Saavedra et al., 2010), o que geraria resultados trato digestório incipiente e baixa capacidade proteolí-
confusos sobre a exigência de AAs. Os AAs livres não tica e absortiva no início da alimentação exógena. Com
necessariamente seguem o perfil dos AA ligados à pro- esse raciocínio, Rønnestad et al. (2000), também por ali-
teína. A diferença mencionada é efeito do metabolismo mentação forçada, observaram que larvas de linguado
proteico das larvas durante o seu desenvolvimento que senegalês foram capazes de absorver os AA livres de
204 NUTRIAQUA

maneira mais rápida e eficiente do que a proteína. No uso de peptídeos de cadeia curta (di e tripeptídeos)
entanto, os próprios autores discutiram que a dinâmica como alternativa ao uso dos AAs livres no balancea-
de absorção de ambas as frações mencionadas deve ser mento dietético dos AAs indispensáveis (Aragão et al.,
considerada para evitar o desbalanceamento no perfil 2004a,b; Dabrowski et al., 2010a; Tesser et al., 2005a;
de AAs. De fato, é possível que a taxa de absorção in- Rønnestad et al., 2007). Para juvenis de pacu, os dipep-
dividual de um AA específico, em uma mistura de AAs tídeos (arginina) podem ser uma alternativa factível ao
livres, seja diferente da taxa de absorção do mesmo uso dos aminoácidos livres (Tesser et al., 2005a). Os hi-
AA quando oriundo da digestão proteica (Murai et al., drolisados proteicos de peixe também são interessan-
1982; 1984; Zarate et al., 1997). Isso levaria ao desba- tes na formulação de uma dieta inerte para larvas de
lanceamento tecidual dos AAs e consequências nega- peixe (Cahu e Zambonino-Infante, 2001; Carvalho et al.,
tivas à síntese de proteínas. Adicionalmente, a inclusão 1997; Macedo-Viegas et al., 2003). Nessa linha, larvas
de aminoácidos livres nas dietas pode levar à excreção de pacu receberam durante a transição alimentar die-
dos mesmos antes de serem devidamente aproveitados tas formuladas contendo diferentes fontes de proteína
(Murai et al., 1984; Ng et al., 1996). A quantidade eleva- (farinha de peixe, resíduo da silagem de tilápia, proteína
da de aminoácidos sintéticos nas dietas também leva a hidrolisada do resíduo de tilápia e proteína hidrolisada
um estado de sobrecarga metabólica, denominado de de resíduo de tilápia eviscerada) após alguns dias de ali-
hiperaminoacidemia (Dabrowski et al., 2010a,b), o que mentação inicial com náuplios de artemia. Ao final do
resulta em um aumento do catabolismo dos mesmos e experimento, não foram detectadas diferenças estatísti-
sua excreção direta, principalmente pela alteração fisio- cas de comprimento e sobrevivência das larvas de pacu
lógica (homeostase) provocado por essa situação. nos diferentes tratamentos. No entanto, as larvas que
Dietas a base de aminoácidos livres não são eficien- receberam as dietas formuladas contendo como fonte
tes para favorecer o crescimento dos peixes quando com- de proteína a farinha de peixe e o hidrolisado protei-
paradas ao uso de peptídeos e proteína, tanto na fase lar- co do resíduo da tilápia apresentaram maiores médias
val quanto nas demais fases de desenvolvimento (Cahu e de peso (Macedo-Viegas et al., 2003). Esses resultados
Zambonino Infante, 2001; Dabrowski et al., 2010a,b; Kwa- apontam que mais estudos são necessários sobre a uti-
sek et al., 2009; Takata, 2011). A ausência de estômago (ci- lização de hidrolisado proteico como substituto parcial
prinídeos) ou sua formação incipiente do trato digestório da farinha de peixe, bem como sobre o uso de formas
nas larvas altriciais pode afetar negativamente a digestão mais elaboradas de processamento de microdietas para
da proteína. Neste caso o fornecimento de uma prote- as larvas, tais como a microecapsulação.
ína ‘pré-digerida’, como, por exemplo, os hidrolisados O uso de aminoácidos sintéticos, peptídeos e prote-
proteicos (Cahu e Zambonino-Infante, 2001 Carvalho ínas nas dietas formuladas causam efeitos no crescimento
et al., 1997; Macedo-Viegas et al., 2003), poderia facili- (como discutido) e na fisiologia dos peixes, tais como alte-
tar o assimilação dos aminoácidos, por meio de vias de rações do perfil de AA livres nos tecidos (Dabrowski et al.,
absorção direta de proteínas e peptídeos (transporta- 2010a,b; Kwasek et al., 2009) e nas taxas de absorção e
dor de membrana) encontrados nas microvilosidades assimilação (Rønnestad et al., 2000). O uso de dietas con-
intestinais (membranas do bordo estriado). O transpor- tendo inclusão elevada de aminoácidos sintéticos altera
tador de peptídeos [PEPT1] é uma proteína encontrada quantitativamente e qualitativamente o perfil de ami-
nos enterócitos, que é responsável pela translocação noácidos livres teciduais em pacu (Takata, 2011). Nesse
de di e tripeptídeos oriundos da dieta (Ostaszewska et experimento, foi observado que, ao final de 60 dias, os
al., 2010; Rønnestad et al., 2007; Verri et al., 2003, 2010; peixes alimentados com as dietas a base de aminoácidos
2011). Verri et al. (2003) mostraram que o transportador sintéticos, independentemente do balanceamento, apre-
PEPT1 é expresso pelo ciprinídeo de água doce paulis- sentaram crescimento inferior e menor concentração dos
tinha (Danio rerio), desde o momento da eclosão. Com aminoácidos indispensáveis livres teciduais em compa-
dietas experimentais contendo dipeptídeos sintéticos, ração aos alimentados com a dieta a base de proteína
Dabrowski et al. (2003 e 2005) chegaram a resultados (caseína-gelatina). Desta maneira, ficou claramente de-
positivos de crescimento de juvenis de truta arco-íris. monstrado que os resultados fisiológicos embasam subs-
Juvenis de truta arco-íris (Terjesen et al., 2006) e larvas tancialmente os de crescimento e ajudam a esclarecer os
de ‘vimba bream’ (Vimba vimba) (Kwasek et al., 2009) mecanismos que regulam o metabolismo das frações ni-
demonstraram bons resultados de crescimento com trogenadas pelos peixes.
dietas contendo 50% de proteína (caseína-gelatina) e
50% de dipeptídeos. Tais resultados positivos de cres-
cimento se refletiram também nas concentrações cor-
porais dos AAs indispensáveis livres, com valores mais O PAPEL DAS VITAMINAS NA NUTRIÇÃO DE
altos nos peixes que receberam a dieta controle a base
de proteína (caseína-gelatina) e a dieta constituída por LARVAS DE PEIXES
peptídeos e proteínas na proporção 1:1.
As características morfofisiológicas particulares Os peixes sofrem as maiores mudanças morfo-
dos peixes na fase larval sugerem a possibilidade do lógicas e funcionais durante os estágios iniciais de
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 205

desenvolvimento, sendo que as vitaminas desempe- com ação específica sobre o metabolismo de proteí-
nham papel fundamental no desenvolvimento larval nas, gorduras e carboidratos (Gomes et al., 2000), além
(Cahu e Zambonino-Infante, 2003). A exigência em de participar na multiplicação de células e produção de
vitaminas é influenciada pela fase de vida e estado fi- hemácias (Leklem, 1991). Estudos relatados avaliando ní-
siológico dos peixes, além das possíveis inter-relações veis entre zero e 80 mg kg-1 de B6 para larvas de jundiá e
entre os nutrientes com os fatores ambientais (Rotta, tilápia não encontraram influência desta vitamina sobre
2003). Desta forma, é importante conhecer as funções o peso e sobrevivência, porém o maior nível influenciou
de cada vitamina, bem como suas exigências durante negativamente o comprimento total das larvas de jundiá.
o desenvolvimento inicial de peixes nativos de água Outra vitamina deste grupo que merece destaque
doce. A suplementação de vitaminas na dieta é neces- é a tiamina ou B1, que exerce influência desde a fase
sária, pois os peixes não são capazes de sintetizá-las ou de incubação dos ovos. Estudos sobre deficiências nu-
não sintetizam em quantidades suficientes para suprir tricionais associadas a níveis inadequados de tiamina
suas exigências (Gouillou-Coustans et al., 1998). nos ovos para espécies de salmonídeos mostraram alta
A vitamina C, ou ácido ascórbico, tem diversas mortalidade nas fases iniciais de larvicultura, o que tem
funções biológicas em vertebrados, como crescimen- sido chamado de síndrome da mortalidade inicial [EMS]
to, desenvolvimento esquelético e cartilaginoso, re- (EMS, do inglês ‘early mortality syndrome’) (Czesny e
sistência à toxicidade e estresse, além de atuar sobre Dettmers, 2009). Mortalidade por deficiência de tiamina
o sistema imune. Além disso, age como antioxidante, é atribuída à ingestão de presas contendo altos níveis
protegendo a membrana celular de radicais livres (Sies, de tiaminase, enzima que degrada essa vitamina, en-
1993). Para peixes, esta é a vitamina hidrossolúvel que contrada em várias espécies de peixes forrageiros (Lee
vem sendo mais pesquisada, inclusive em relação à et al., 2009). Os autores, estudando o efeito da imersão
sua exigência (Waagbo, 2010). Para juvenis de robalo de ovos em tiamina, na sobrevivência de ‘lake trout’
europeu e de linguado a exigência de vitamina C é de (Salvelinus namaycush), demonstraram que o tratamen-
0,5 mg (NRC, 2011). Porém, larvas de peixes, devido ao to com esta vitamina, durante o período de incubação,
alto metabolismo e crescimento, têm exigência ainda melhorou a sobrevivência das larvas. Porém, mais estu-
maior (Dabrowski, 1992), como verificado em larvas do dos são necessários, devido ao pouco conhecimento
robalo europeu e do linguado, de 20 mg de ácido ascór- sobre a ação das diversas vitaminas do complexo B du-
bico por quilograma de dieta (NRC, 2011). Altos níveis rante as fases de desenvolvimento inicial e incubação.
de ácido ascórbico aumentam as taxas de crescimento A vitamina A é um nutriente morfogenético, que
e resistência ao estresse em larvas de bagre africano inclui todos os componentes com a mesma atividade
(Merchie et al., 1996). Ainda, a suplementação de 45 mg biológica do retinol, sendo seu principal metabólito o
dessa vitamina na dieta melhora o crescimento e sobre- ácido retinóico. Esta vitamina desempenha papel fun-
vivência de larvas de carpa comum (Gouillou-Coustans damental no crescimento, desenvolvimento do sistema
et al., 1998). Estudos com larvas de espécies nativas nervoso, sistema imune, visão e desenvolvimento es-
neotropicais como tambaqui e dourado, mostram que quelético (Haga et al., 2002), o que a torna de extrema
doses próximas a 100 mg kg-1, melhoram o ganho em importância para a fase inicial de desenvolvimento dos
peso e aceleram o crescimento, respectivamente (Chagas peixes. Em recente revisão (Fernandez e Gisbert, 2011) os
e Val, 2003; Okamura et al., 2008). Ainda, para a fase efeitos da vitamina A no desenvolvimento e esqueleto-
pós-larval5 de pacu recomenda-se a suplementação de gênese de peixes marinhos são destacados, assim como
250 mg de vitamina C por kg de ração, como dose mais a necessidade de conhecer os níveis ideais para as fases
eficiente (Miranda et al., 2003). Um ponto que tem que de desenvolvimento, uma vez que o desbalanceamento
ser avaliado em estudos dessa natureza é a forma de (deficiência ou excesso) desta vitamina pode causar se-
ácido ascórbico suplementada, preferindo-se as formas veras deformidades esqueléticas, levando a prejuízos a
estáveis, bem como o conteúdo de vitamina C dos in- aquicultura. Isto porque os retinóides atuam na morfo-
gredientes usados nas dietas. Por exemplo, num estudo gênese, diferenciação e proliferação das células, e regu-
com larvas de jundiá Rhamdia quelen alimentadas com lação da expressão de diversos genes. Além disso, pes-
ração suplementada com vitamina C, o desempenho e quisas com larvas de peixes marinhos, como o linguado
sobrevivência não foram afetados. No entanto, esse re- japonês (Paralichthys olivaceus), há algum tempo relatam
sultado tem que ser questionado, pois foi utilizada uma a importância desta vitamina na pigmentação dos pei-
mistura vitamínica comercial que continha vitamina xes (Miki et al., 1990). Porém, já foi constatado que altas
C (600 mg kg-1) na formulação das dietas experimen- doses de vitamina A, para larvas desta mesma espécie,
tais. O mesmo ocorreu em experimento com larvas de evitaram a pigmentação anormal, porém resultaram em
mandi-pintado (Pimelodus britskii) (Neu et al., 2010). deformação óssea (Takeuchi et al., 1995).
Entre as vitaminas do complexo B, a piridoxina ou Segundo informações atuais do NRC (2011), a
vitamina B6, que se apresenta em três formas distintas: pi- exigência de vitamina A para larvas de robalo euro-
ridoxal, piridoxina e piridoxamina, atua como co-enzima, peu é de 31 mg Kg-1. Estudos com peixes marinhos
206 NUTRIAQUA

(Pleuronectidae), conduzidos para verificar a incidên- principalmente nos estágios iniciais de desenvolvimen-
cia de deformidades esqueléticas, indicam níveis de to, como é o caso de larvas de peixes.
segurança abaixo de 50.000 UI kg-1 para nutrição de lar- Pesquisas foram realizadas buscando descobrir os
vas (Dedi et al., 1995; Fernandez et al., 2009). Porém não efeitos da vitamina E associada a outras vitaminas, que
há registros de exigências desta vitamina, para peixes também possuem ação antioxidante, como é o caso da
de água doce, em pesquisas recentes. Sendo que publi- vitamina C (ácido ascórbico). Essa por sua vez, tem a ca-
cações anteriores (NRC, 1993), recomendaram doses de pacidade de regenerar a vitamina E oxidada, a partir da
vitamina A para truta, salmão-do-Atlântico (Salmo salar), sua forma reduzida α-tocoferol (Tanaka et al., 1997). A
bagre africano e robalo europeu entre 1.000 e 3.500 UI avaliação da ação conjunta destas duas vitaminas de-
kg-1. Quanto às espécies nativas de água doce, os re- monstrou que, na presença de 250 mg kg-1 de acetato
gistros são ainda díspares. A comparação de diferentes de tocoferol, as larvas de dourado apresentaram maior
misturas vitamínicas para larvas de jundiá, resultou em quantidade de ácido didroascórbico (derivado do ácido
melhores resultados de desempenho de crescimento e ascórbico) em sua composição corporal, evidenciando
sobrevivência no tratamento em que níveis mais altos a correlação entre elas (Okamura et al., 2008). Em outro
de cada vitamina foram oferecidos (vitamina A 120.000 trabalho foi investigado o desempenho zootécnico e in-
UI kg-1) (Trombetta et al., 2006). Porém, outra investi- cidência de parasitas em larvas de tilápia, com a utiliza-
gação do efeito da vitamina A sobre o crescimento e ção de vitamina E (300 mg kg-1) e C (1000 mg kg-1), e di-
sobrevivência de larvas desta mesma espécie, aponta ferenças entre os tratamentos não foram encontradas,
para a necessidade de acréscimo de, no mínimo, 3.995 a não ser para peso corporal, cujas as larvas que rece-
UI kg-1 (Peil et al., 2007). Assim, verifica-se a carência de beram apenas vitamina E demonstraram melhor ganho
estudos mais conclusivos sobre a necessidade de vita- (Cavichiolo et al., 2002). De forma geral, sintomas de de-
mina A durante o desenvolvimento inicial das larvas de ficiência desta vitamina em peixes são: acumulação de
peixes de água doce, principalmente daquelas criadas produtos da oxidação lipídica em tecidos, aumento da
comercialmente. fragilidade da membrana celular, degeneração das cé-
A vitamina D é de fundamental importância para lulas musculares, anemia e diminuição do crescimento
a regulação do metabolismo do Ca e P (DeLuca, 2004), e sobrevivência (Hamre et al., 2010).
além de agir diretamente nos osteoblastos, células res- A vitamina K é conhecida pelo seu efeito na co-
ponsáveis pela formação e remodelação óssea (Sutton agulação do sangue, além do metabolismo de proteí-
et al., 2005). Entretanto o papel fisiológico desta vitami- nas do osso e biologia vascular. Esta vitamina ocorre de
na não é claramente definido, principalmente em peixes três formas: K1, sintetizada por plantas, especialmente
(Lall e Lewis-McCrea, 2007). Estudos com peixe marinho as verdes; K2, produzida por bactérias; e K3, forma sin-
mostram que larvas de robalo europeu são extrema- tética. A vitamina K parece atuar sinergicamente com a
mente sensíveis a inclusão excessiva desta vitamina, vitamina D, para reduzir a perda óssea, explicado pela
ocasionando distúrbios em vias metabólicas, atraso no ação das duas vitaminas na homeostase do cálcio. Ou
desenvolvimento de funções do trato gastrointestinal, seja, a vitamina D induz a reabsorção, o que resulta em
dificultando a absorção de cálcio, ocasionando má for- aumento do metabolismo esquelético e excreção uri-
mação esquelética (Darias et al., 2010). Desta forma, es- nária de cálcio, enquanto a vitamina K pode diminuir a
tes autores recomendam a suplementação de vitamina excreção urinária de cálcio. Desta forma, a deficiência
D, com níveis de no máximo 19.200 UI kg-1 de alimento destas duas vitaminas aumenta o risco de fraturas ós-
formulado. Ainda, por meio da comparação de diferen- seas (Hamre et al., 2010). Roy e Lall (2007) mostraram
tes níveis de suplementação vitamínica para larvas de que a deficiência de vitamina K reduziu a mineralização
jundiá, foi sugerido a mistura vitamina cuja quantidade óssea e, portanto, causou maior suscetibilidade a de-
de vitamina D é de 20.000 UI kg-1 de ração (Trombetta formidades esqueléticas em juvenis do peixe marinho
et al., 2006). hadoque (Mellanogrammus aeglefinus). Estimativas so-
Os tocoferóis e tocotrienóis, ou coletivamente vi- bre a exigência de vitamina K variam muito de acordo
tamina E, funcionam como antioxidante, protegendo o com a espécie. Para salmão-do-Atlântico, em fase de
tecido lipídico da ação de radicais livres. Esta é a maior engorda, a exigência é de 10 mg kg-1 (Halver, 1989), o
função bioquímica deste micronutriente em todos os que é muito acima do determinado para animais ter-
organismos vivos (Lall e Lewis-McCrea, 2007). Quando restres. Isso pode ser devido à produção desta vitamina
associada à bicamada lipídica das células, promove a na porção inferior do intestino, realizada por estes ani-
primeira linha de defesa contra radicais livres. Sua ação mais, o que não tem sido evidenciado para peixes (Lall,
é de grande importância, pois os radicais endógenos e 2005). Porém, a exigência desta vitamina para larvas de
exógenos estimulam a diferenciação de células como peixes de água doce ainda não foi estabelecida (NRC,
o osteoclastos, assim passam a inibir atividades de os- 2011), enquanto que, para espécies de peixes marinhos,
teoblastos, o que pode causar reabsorção óssea e le- recomendam suplementação de 0,2 a 1,5 mg kg-1 para
var a má formação (Parhami, 2003). Isso pode ocorrer, larvas de bacalhau (Gadus morhu) e o robalo europeu,
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE LARVAS 207

respectivamente (Grahl-Madsen e Lie, 1997; Kaushik et al., Mesmo não sendo alimento natural das larvas des-
1998). Ainda, deve-se ressaltar que as misturas vitamíni- ses peixes e podendo ser nutricionalmente incomple-
cas comerciais utilizadas para larvas de espécie nativas tos, os náuplios de artemia mostram-se como a melhor
apresentam quantidades extremamente variadas. opção para as larvas de peixes neotropicais. As pesqui-
Em geral, poucos estudos têm sido encontrados sas precisam avançar no sentido de se conhecer o perfil
sobre exigências nutricionais de vitaminas para larvas corporal dos nutrientes das larvas, que pode ser um in-
de peixes de água doce, principalmente espécies de dicativo inicial a respeito de suas exigências, bem como
peixes nativos sul-americanos, sendo essa uma área que no perfil nutricional dos organismos vivos que servem
deve ser estimulada, ressalvando-se, porém, a necessi- de alimento. A partir disso, outros trabalhos podem ser
dade de se usar níveis adequados para cada vitamina, delineados para enriquecer o alimento vivo visando a
tratamentos controles que sirvam de base para com- obtenção dos níveis desejados do nutriente alvo nos
paração e diferentes ferramentas analíticas (histologia, estudos de exigência. Nesse contexto, é imperativo que
morfologia, parâmetros sanguíneos, expressão gênica se considerem os eventos morfofisiológicos que ocor-
etc.) para comprovação dos resultados. rem nas larvas durante o seu desenvolvimento, a fim de
evitar conclusões precipitadas a respeito de nutrientes
limitantes, como já discutido. Porém, ainda existem di-
ficuldades que precisam ser contornadas para mani-
CONSIDERAÇÕES FINAIS pulação nutricional dos alimentos vivos, o que é mais
um entrave na difícil missão de se trabalhar com o tema
Nos últimos quinze anos houve um aumento ex- “nutrição larval”.
pressivo do número de estudos e volume de informa- Os AAs indispensáveis devem receber atenção es-
ções sobre o desenvolvimento inicial e alimentação de pecial, principalmente por serem nutrientes que devem
larvas de peixes nativos, especialmente daqueles cria- ser adquiridos via alimentação. O balanço entre os AAs
dos comercialmente. Com segurança, pode-se afirmar vem mostrando ser um fator importante no desenvol-
que a difusão de muitas dessas informações já contri- vimento dos peixes. Adicionalmente, deve-se conside-
buíram para o aumento da eficiência de produção de rar os AAs que não fazem parte da proteína, mas tem
larvas, particularmente com o estabelecimento de culti- participação significativa no metabolismo dos peixes,
vo ‘indoor’ durante os primeiros dias de vida das larvas, como, por exemplo, a taurina, que não apresenta uma
com uso de alimento vivo produzido especialmente exigência nutricional, mas sim fisiológica, participando
para esse fim. No entanto, os estudos de nutrição com nos mecanismos de osmorregulação larval.
larvas de espécies neotropicais de água doce ainda são Outro aspecto que merece atenção é a forma mo-
incipientes em comparação com as larvas de espécies lecular com que os AAs são fornecidos às larvas, ou seja,
marinhas de águas frias. Além disso, há total carência de AAs na forma livre, em peptídeos e proteínas íntegras.
informações sobre qualidade das larvas e dos aspectos Há indícios de que o uso de peptídeos no balanceamen-
nutricionais que afetam a qualidade larval. A qualidade to do perfil dietético de AAs é mais promissor do que o
das larvas e juvenis produzidos e protocolos que ava- uso de AAs livres. Em nossa visão, essa é uma linha de
liem e atestem tal qualidade é um dos aspectos que têm pesquisa muito promissora, que proporcionará melhor
merecido maior atenção na Europa e na Ásia. Conforme aproveitamento dos aminoácidos para a formação dos
foi discutido, eventos decisivos ocorrem durante o perí- tecidos corporais e a síntese de moléculas bioativas que
odo larval e suas conseqüências algumas vezes só po- atuam na regulação fisiológica das larvas.
derão ser avaliadas muito tempo depois, não raro tarde Em termos práticos, a alimentação inicial de larvas
demais. Isso é o caso, por exemplo, da influência da sub- altriciais ainda deve ser embasada na utilização de or-
nutrição ou desnutrição sobre o desenvolvimento mus- ganismos vivos. Porém, a substituição precoce da dieta
cular, que poderá comprometer o crescimento e ganho viva pela formulada é altamente desejável para diminuir
muscular posterior. É também o caso de deformidades os custos de produção. A melhor estratégia para a reali-
esqueléticas, que quando subavalidas no período larval zação da transição alimentar durante a larvicultura pa-
compromete o lote de juvenis produzidos. Sabemos rece ser a ‘co-alimentação’, quando os organismos vivos
que alguns projetos sobre nutrição de reprodutores e são suprimidos paulatinamente, enquanto se aumenta
efeito sobre a qualidade larval estão sendo conduzidos, o fornecimento da dieta formulada. Nesse processo, o
assim como estudos sobre os efeitos da vitamina A no alimento vivo deve ser fornecido às larvas em pequena
desenvolvimento esquelético e deformidades em larvas quantidade alguns minutos antes da dieta formulada,
de pacu. Espera-se que nos próximos anos esses resul- para estimular o apetite, o sistema sensorial das larvas e
tados já estejam disponíveis, o que certamente contri- o comportamento alimentar.
buirá para o avanço da produção. Para isso, é preciso fo- As dietas formuladas, por sua vez, ainda devem ter
mentar novos grupos de pesquisas que trabalham com sua qualidade melhorada, visando ao atendimento das
larvas de peixes no Brasil. necessidades nutricionais das larvas de peixes. Nesse
208 NUTRIAQUA

sentido, a microencapsulação é promissora por melho- Alves, T.T.; V.R. Cerqueira, and J.A. Brown. 2006. Early weaning
rar a estabilidade da dieta na água e promover liberação of fat snook (Centropomus parallelus Poey 1864) larvae.
Aquaculture 253: 334-342.
controlada dos nutrientes ou estimulantes alimentares.
Alvin, I.D. 2005. Produção e caracterização de micropartículas
Por outro lado, mais estudos sobre o desenvolvimen- obtidas por spray drying e coacervação complexa e
to morfológico e funcional do sistema digestório e do seu uso para alimentação de larvas de peixes. Tese de
comportamento alimentar das diferentes espécies são Doutorado. Faculdade de Engenharia de Alimentos,
necessários para fundamentar a transição alimentar, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, Brasil.
Appelbaum, S., and R. Riehl. 1997. Scanning electron microscopic
que resulte em altas taxas de sobrevivência e bom cres- observations of the chemo- and mechanoreceptors of
cimento dos animais, garantindo, assim, juvenis de qua- carp larvae (Cyprinus carpio) and their relationship to early
lidade para atender ao mercado crescente. behaviour. Aquatic Living Resource 10: 1-12.
Aragão, C.; L.E.C. Conceição, D. Martins; I. Rønnestad, E.
Gomes, and M.T. Dinis. 2004a. A balanced dietary amino
acid profile improves amino acid retention in post-larval
Senegalese sole (Solea senegalensis). Aquaculture: 233,
AGRADECIMENTOS 293-304.
Aragão, C.; L.E.C. Conceição, H.S. Fyhn, and M.T. Dinis. 2004b.
Estimated amino acid requirements during early ontogeny
Este capítulo é dedicado à Dra Maria Amália Basile in fish with different life styles: gilthead seabream
Martins, que, com sua visão de futuro, sólida formação (Sparus aurata) and Senegalese sole (Solea senegalensis).
científica e muito bom-humor, formou e liderou a pri- Aquaculture 242: 589-605.
meira equipe multidisciplinar dedicada ao estudo de Aragão, C.; L.E.C. Conceição, M. Lacuisse, M. Yúfera, and
M.T. Dinis. 2007. Do dietary amino acid profiles affect
larvas de peixes neotropicais. A primeira autora desse performance of larval gilthead seabream? Aquatic Living
capítulo teve a honra e o privilégio de integrar a “equipe Resource 20: 155–161.
de larvicultura do Instituto de Pesca”, e segue os passos Arslan, M.; J. Rinchard, M.C.Portella, and K. Dabrowski. 2008.
de sua mentora, formando jovens cientistas que dão Effects of Different Dietary Lipid Sources on the Survival,
Growth and Fatty Acid Composition of South American
continuidade e aprofundam os conhecimentos nesse
Catfish (Pseudoplatystoma fasciatum) Juveniles. Journal of
fascinante campo de investigação. the World Aquaculture Society. 39: 51-61.
A Dra Maria Amália é graduada em História Na- Arslan, M.; K. Dabrowski, and M.C.Portella. 2009. Growth, fat
tural pela Universidade de São Paulo (1960), com Dou- content and fatty acid profile of South American catfish,
torado em Zoologia pela mesma Universidade (1978). surubim (Pseudoplatystoma fasciatum) juveniles fed live,
commercial and formulated diets. Journal of Applied
Ingressou como Biologista na Divisão de Proteção e Ichthyology 25: 73-78.
Produção de Peixes e Animais Silvestres (1961), que Ayres, T.J. 2006. Produção de juvenil de Pseudoplatystoma
posteriormente originou o Instituto de Pesca, e ascen- coruscans (Agassiz, 1829) com dietas vivas e formuladas.
deu à carreira de Pesquisador Científico em 1977, como Dissertação de Mestrado. Centro de Aquicultura da Unesp.
Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal, SP, Brasil.
PqC III. Além de destacada atuação no Instituto de Pesca
Balon, E.K. 1986. Saltatory ontogeny and evolution. Biology
(Chefe da Seção de Limnologia e Assistente Técnico de Forum 79: 151-190.
Direção), atuou fortemente como membro da Comissão Balon, E.K. 1990. Epigenesis of an epigeneticist: the
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10

Exigências Nutricionais e Alimentação do Pacu

Á LVARO J OSÉ DE A LMEIDA B ICUDO


E DUARDO G IANINI A BIMORAD
D ALTON J OSÉ C ARNEIRO

de peixes, crustáceos e molusco. Sua alimentação de-


INTRODUÇÃO pende das sazonalidades ambientais e disponibilidade
de alimento, além de sofrer influência do processo de
O pacu, Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887), migração reprodutiva. Por isso, seu comportamento
pertence à superordem Ostariophysi, ordem Characiformes, alimentar não é contínuo e está caracterizado por perí-
família Characidae e subfamília Myleinae, a qual está re- odos de alta ingestão de carboidrato, o que o faz apre-
presentada por peixes herbívoros (Machado-Allison, sentar um sistema fisiológico-metabólico adaptado
1982). Por muito tempo o pacu foi classificado como para o armazenamento e reaproveitamento de reservas
Colossoma mitrei (Berg, 1895). Após revisão feita por energéticas.
Géry (1986), constatou-se que esta espécie já havia sido
descrita por Holmberg (1887) e pertencia ao gênero
Piaractus.
Originário da Bacia do Prata, grande área de dre- EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS
nagem que abrange territórios da Argentina, Uruguai,
Paraguai, Bolívia e Brasil, o pacu é encontrado nos rios
Paraná, Paraguai, Uruguai e seus tributários (Godoy, 1975; PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS
Saint-Paul, 1986). Conhecido também por pacu-caranha,
caranha ou pacu-guaçu, é um dos peixes mais estudados Os primeiros estudos sobre a nutrição do pacu
da região neotropical e tem alto valor econômico, prin- com o objetivo de determinar a exigência em proteína
cipalmente no Pantanal do Mato Grosso e Mato Grosso dietética para a espécie datam de meados da década
do Sul, onde têm sua maior ocorrência (Petrere, 1989). Por de 80. Pacus alimentados com dietas práticas isoener-
apresentar essa grande distribuição geográfica, os peixes géticas contendo concentrações de proteína bruta [PB]
que habitam os rios localizados em regiões de clima sub- variando de 14 a 26%, com intervalos de 4%, apresen-
tropical podem tolerar temperaturas mais baixas (Milstein taram melhor aproveitamento da proteína dietética e
et al., 2000). No entanto, o pacu apresenta seu maior po- maior ganho de peso com a maior concentração protei-
tencial de crescimento a 28-30°C (Carneiro, 1990). ca (26% PB) na dieta (Carneiro et al., 1984). Estes resulta-
Na natureza, o pacu se alimenta de folhas, frutos, dos foram posteriormente corroborados pelos estudos
sementes, flores e caules, sobretudo na época das cheias. conduzidos por Fernandes et al. (2000, 2001) que re-
Na época seca, devido a pouca disponibilidade de ali- gistraram melhores resultados para pacus alimentados
mento, ele torna-se oportunista alimentando-se tam- com 26% PB (peso inicial de 4,6 g) e 22% PB (peso inicial
bém de insetos, crustáceos, moluscos e peixes. Assim de 80 g). Estudos recentes determinaram a exigência em
sendo, Silva (1985) classificou seu hábito alimentar como PB para juvenis da espécie (peso inicial de 15 g) em 27%
frugívoro-herbívoro do tipo podador, pois 45% dos itens PB e melhor relação energia digestível:proteína bruta
encontrados em seu conteúdo estomacal eram folhas, [ED:PB] de 10,8 kcal ED g-1 PB (Bicudo et al., 2010). O pacu
45% frutos e sementes e 10% itens animais como restos não parece ter a sua exigência proteica aumentada em

217
218 NUTRIAQUA

sistemas intensivos, uma vez que juvenis de peso inicial balanceada de aminoácidos. Entretanto, os estudos
de 293 g, produzidos em tanques-rede durante 154 dias para determinação da exigência em aminoácidos são
(peso final médio de 830 g), não apresentaram melhora limitados a trabalhos recentes que determinaram a
significativa do desempenho produtivo quando o nível exigência de lisina em 1,5-1,7% da dieta (Bicudo et al.,
proteico da dieta foi elevado de 25% para 35% PB, in- 2009; Abimorad et al., 2010). Baseados na exigência
dependentemente do nível energético da dieta (3.250 em lisina dietética e no perfil de aminoácidos essen-
e 3.500 kcal ED kg-1) (Signor et al., 2010). Quando a pro- ciais do músculo da espécie, estes autores estimaram
teína dietética foi expressa na forma digestível [PD], os a exigência nos outros aminoácidos essenciais (Tabela
melhores resultados para ganho de peso foram obtidos 1). Ressalta-se que a metodologia utilizada não levou
com pacus (peso inicial de 11 g) alimentados com 23% em consideração a eficiência de uso de determinados
de PD e relação ED:PD de 14,5 kcal ED g-1 PD (Abimorad aminoácidos e, portanto, deveria ser utilizada apenas se
e Carneiro, 2007). a exigência em aminoácidos essenciais tivesse sido de-
Nota-se, então, que o pacu possui uma baixa exi- terminada experimentalmente (Bicudo e Cyrino, 2009).
gência dietética em proteína, quando comparado a ou- As pequenas diferenças nos valores encontradas em
tras espécies de peixes. Deste modo, a utilização de die- ambos os trabalhos podem ser resultantes de variações
tas com níveis proteicos elevados, ao redor de 36-40% PB nas metodologias utilizadas em cada estudo, como por
como preconizado por alguns autores, além de repre- exemplo, os tipos de dieta. Desta forma, a comparação
sentar perdas do ponto de vista econômico, também entre os resultados obtidos com dieta purificada com
leva a maior impacto ambiental da piscicultura devido aqueles obtidos com dieta prática deve ser feita com
ao aumento da excreção nitrogenada pelos peixes. muito critério, pois os aminoácidos na dieta purificada
Peixes não possuem exigência em proteína per estão mais disponíveis, porém têm menor taxa de as-
se, mas sim exigência em uma mistura adequadamente similação.

Tabela 1. Estimativa da exigência nutricional em aminoácidos essenciais com base no perfil de aminoácidos da musculatura do pacu.

Bicudo et al. (2009) Abimorad et al. (2010)


Aminoácidos
Dieta purificada Dieta prática
% da dieta % da proteína % da dieta % da dieta (digestíveis)1 % da proteína
Arginina 1,02 3,19 1,24 1,16 3,97
Fenilalanina 0,66 2,06 0,80 0,74 2,56
Histidina 0,37 1,14 0,47 0,44 1,51
Isoleucina 0,67 2,09 0,78 0,72 2,50
Leucina 1,32 4,12 1,56 1,46 5,00
Lisina 1,51* 4,70 1,77** 1,64 5,67
Metionina 0,39 1,20 0,41 0,38 1,31
Treonina 0,67 2,07 0,90 0,82 2,88
Valina 0,66 2,05 0,86 0,79 2,75
Cistina 0,12 0,37 0,13 0,12 0,42
Tirosina 0,55 1,72 0,63 0,58 2,02

* determinado experimentalmente pela eficiência alimentar


** determinado experimentalmente pelo ganho de peso
1
de acordo com a digestibilidade de cada aminoácido da dieta experimental

LIPÍDIOS E ÁCIDOS GRAXOS mais que 8% de óleo de soja (11,8% EE na dieta) reduziu
a eficiência de utilização da fração lipídica para o cresci-
O pacu tem relativa eficiência na utilização de al- mento em juvenis de pacu (Pezzato et al., 1992). Adicio-
tos níveis de gordura como fonte de energia em dietas nalmente, verificou-se que a dieta com menor teor de
práticas para o crescimento; esta eficiência é, por sua gordura animal apresentou níveis de deposição de gor-
vez, relativa à composição em ácidos graxos das dietas. dura visceral maior que todos os tratamentos contendo
Adição de até 16% de gordura de suínos (19,4% de ex- gordura vegetal (adição de 8, 16 e 24%). Alves (1999)
trato etéreo [EE] na dieta) proporcionou melhor ganho registrou que alevinos de pacu com peso inicial de
de peso e conversão alimentar, enquanto a adição de 29,7 g, alimentados com quatro dietas práticas isoproteicas
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO PACU 219

(25,6% PB) contendo 3, 5, 7 e 9% de lipídios (fontes ve- – depende do balanceamento entre os níveis destes nu-
getais), apresentaram melhores ganhos de peso, taxa trientes na dieta; por outro lado, o processamento da
de eficiência proteica e retenção de proteína quando dieta pode influenciar as interações entre estes nutrien-
alimentados com a dieta que continha 7% de lipídios. tes. Desta forma, foi registrado que alevinos de pacu,
Este autor afirmou ainda que o desbalanceamento entre com peso inicial de 11 g aumentaram a eficiência da uti-
os macro-nutrientes na dieta com 3% de lipídios não só lização da proteína dietética quando alimentados com
não atendeu as exigências dos peixes, mesmo com um dietas extrudadas (i.e., moldadas em grânulos através
maior consumo de ração, como também o teor de 9% da passagem forçada por um orifício) contendo 8% de
de lipídios limitou a ingestão alimentar e consequente- lipídios; entretanto, quando as dietas continham 4% de
mente, de proteína, devido ao elevado valor energético lipídios e eram peletizadas (i.e., compactadas na forma
desta dieta. Entretanto, a composição centesimal dos de drágeas), essa eficiência de utilização foi melhor com
peixes não se alterou com os tratamentos dietéticos. o aumento do conteúdo em carboidratos de 40 para
Avaliando dois níveis de lipídios (4 e 8%) e três de 50% (Honorato et al., 2010). Resultados similares foram
carboidratos (41, 46 e 50%) em dietas isoproteicas con- registrados para tambacus (Colossoma macropomum ʇ
tendo 23% PD, Abimorad e Carneiro (2007) registraram × Piaractus mesopotamicus ʈ), com elevação gradual de
melhores resultados de desempenho para os peixes ali- carboidratos na dieta até o nível de 45%. Quando se
mentados com dietas contendo 4% de lipídios e 46% de elevou a concentração energética das dietas de 3.900
carboidrato, mas quando se utilizou 8% de lipídios, os para 4.500 kcal EB kg-1 de alimento por meio do acrés-
peixes utilizaram até 50% de carboidrato sem prejuízo cimo nos níveis de lipídios em 4,5%, em dietas peleti-
no crescimento, porém apresentaram menor digestibi- zadas, o efeito foi inverso, diminuindo gradualmente
lidade da fração proteica e energética, além de terem o desempenho com o acréscimo dos níveis de carboi-
apresentado maior acúmulo de gordura corporal. De drato (Carneiro et al., 1994).
outra forma, Abimorad et al. (2007) relataram menores Existe muito pouca informação publicada sobre as
valores de triglicerídeos séricos e maiores valores de li- exigências ou efeitos de ácidos graxos dietéticos sobre
pídio hepático quando alevinos de pacu foram alimen- o crescimento, composição centesimal ou saúde de pa-
tados com 8% de lipídios dietéticos, comparativamente cus. Santos et al. (2009) relataram que juvenis de pacu,
a peixes que receberam as dietas contendo 4% de lipí- com peso médio de 256,2 g alimentados com dietas
dios, claro indicativo que a presença de maior quantida- contendo 1,2% de ácido linoleico conjugado [CLA] por
de de lipídios na dieta estimula mecanismos de apro- 60 dias, não apresentaram diferenças nos parâmetros
veitamento de gordura ingerida, fazendo com que o de desempenho e composição centesimal. Entretanto,
triglicerídeo circulante seja utilizado como reserva de a deposição de CLA ocorreu em altas concentrações em
energia na forma de gordura corporal. todos os tecidos dos animais, correspondendo em até
Este acúmulo de gordura corporal pode ser inte- 3,6% dos lipídios totais no peixe inteiro e no filé; o forne-
ressante, principalmente para a fase de crescimento ini- cimento de CLA na dieta afetou ainda a composição de
cial (até 350-400 g aproximadamente), a partir da qual ácidos graxos poli e monoinsaturados no peixe inteiro,
os peixes são manejados para outros tanques, em den- filé e fígado.
sidades de estocagem menores, e passam a ser alimen- O perfil de ácidos graxos na carcaça de pacus é
tados com rações diferentes da fase anterior, ou passam diretamente influenciado pelo perfil de ácidos grados
ainda pelo período de inverno com taxa de alimentação da dieta. Pacus alimentados com uma dieta com baixas
reduzida. Tal manejo provoca uma situação de estresse, concentrações de ácidos graxos da série n-3 apresenta-
onde a reserva de gordura é disponibilizada na forma de ram concentração de ácido α-linolênico (18:3 n-3) duas
energia para regular o equilíbrio osmótico e o retorno à vezes menor, de ácido eicosapentaenoico (20:5 n-3)
homeostase. Por outro lado, peixes maiores (1-3 kg) têm quatro vezes menor, e de ácido docosaexaenoico (22:6
uma tendência em acumular gordura devido ao seu há- n-3) dez vezes menor no tecido muscular, comparado a
bito migratório, característica intrínseca indesejável, pacus selvagens coletados no rio Cuiabá (Tanamati et al.,
principalmente em animais destinados ao consumo hu- 2009).
mano. Neste sentido, o uso de 4% de lipídios na dieta
é recomendado (Abimorad e Carneiro, 2007; Abimorad
et al., 2007). Ainda dentro deste raciocínio, redução de CARBOIDRATOS
gordura corporal é registrada com aumento dos níveis
de lisina dietética (Abimorad et al., 2010), com aumen- Em confinamento, o pacu tem se mostrado uma
to dos níveis de fibra bruta na ração (Rodrigues et al., espécie bastante tolerante a níveis elevados de carboi-
2010) e com a suplementação dietética de até 12 mg de dratos nas dietas, corroborando a afirmação de que pei-
cromo trivalente por kg de dieta (Fujimoto et al., 2007). xes onívoros e herbívoros de águas quentes possuem
É conhecido que o efeito poupador de proteína de maior capacidade de aproveitamento dos carboidra-
fontes energéticas não proteicas – lipídios e carboidratos tos dietéticos (Hemre et al., 2002; Krogdahl et al., 2005;
220 NUTRIAQUA

Shiau, 1997; Wilson, 1994). O pacu demonstra maior de peso para juvenis de pacu, sem melhoria significa-
capacidade de aproveitar carboidratos mais complexos tiva deste parâmetro nas concentrações mais elevadas,
do que fontes parcialmente hidrolisadas (e.g. dextrina) o que pode ser um indicativo da exigência nutricional
ou açúcares simples (Muñoz-Ramirez, 2005), o que ex- desta vitamina para a espécie. Garcia et al. (2007), ba-
plicaria em parte o fato de Honorato et al. (2010) terem seando-se em respostas hematológicas, recomendam
relatado melhor ganho de peso em pacus alimentados a utilização de 250 mg de vit. E kg-1 de ração e a con-
com dietas peletizadas que extrudadas (22% PD), ao centração de 450 mg vit. E kg-1 de ração é eficaz para
contrário do que normalmente é registrado para ou- melhorar a eficiência da resposta inflamatória em pacus
tras espécies de peixes. De fato, níveis de até 40-50% de (Belo et al., 2005).
amido nas dietas não prejudicam o desempenho zoo- Similar ao observado para a vitamina E, estudos
técnico dos pacus, dependendo, entretanto, dos conte- visando a determinação da exigência em vitamina C
údos de lipídios e processamento das dietas (Abimorad para o pacu são escassos. Existem recomendações para
e Carneiro, 2007; Honorato et al., 2010). Entretanto, ní- a inclusão de vitamina C na dieta apenas em função
veis elevados de lipídios dietéticos podem acarretar em dos efeitos sobre parâmetros fisiológicos ou respostas
aumento da atividade lipogênica no fígado, aumento do sistema imune, sem levar em consideração parâme-
do índice hepatossomático e acúmulo de gordura vis- tros de desempenho. A concentração de 100 mg vit. C
ceral (Baldan, 2008). Sendo assim, pode-se afirmar que kg-1 de ração foi suficiente para promover aceleração
o pacu usa eficazmente tanto carboidratos quanto lipí- do processo cicatricial em juvenis de pacu (peso inicial
dios na maximização do uso da proteína dietética (Abi- 28,5 g) (Moraes et al., 2003). Martins (1998) registrou a
morad e Carneiro, 2007; Abimorad et al., 2007), uma vez redução da carga parasitária por monogenéticos em ju-
que consegue modificar o perfil enzimático do seu trato venis de pacu (peso inicial 8,6 g) alimentados com die-
gastrintestinal em função da relação entre nutrientes – tas contendo concentrações crescentes de vitamina C, e
proteína, carboidratos etc. – das dietas (Moraes e Bidi- concluiu que 139 mg vit. C kg-1 é suficiente para melhorar
notto, 2004). o ‘status’ nutricional ou resposta imune dos peixes. Já
Em relação ao conteúdo de fibra bruta [FB] das Garcia et al. (2007), a partir da análise da resposta hema-
tológica de juvenis de pacu à suplementação de vitami-
dietas, Rodrigues et al. (2010) relataram que juvenis de
na C na dieta, recomendaram a inclusão de 500 mg vit.
pacu (peso inicial 43 g) não apresentaram redução na
C kg-1 de ração.
digestibilidade dos nutrientes [EB, PB, EE] e no tempo
Não são conhecidos estudos sobre as outras vita-
de trânsito gastrintestinal quando alimentados com
minas hidro e lipossolúveis, assim como para minerais,
dietas contendo até 9% de FB. Dietas comerciais reco-
na nutrição do pacu. Não obstante, a exigência nutri-
mendadas para esta fase de desenvolvimento possuem
cional destes nutrientes, vitaminas e minerais, não seja
em geral um máximo de 4-6% de FB. Portanto, a capa-
conhecida, recomenda-se que a inclusão nas dietas
cidade do pacu de ingerir dietas com elevados teores
siga o preconizado/determinado para outras espécies
de FB, sem prejuízo da digestibilidade dos nutrientes,
de peixes filogeneticamente próximas ou de hábito ali-
possibilita a redução de custo na formulação de dietas
mentar similar.
para a espécie, através da utilização de maior proporção
de ingredientes vegetais convencionais ou alternativos,
geralmente de menor custo.

DIGESTIBILIDADE DE INGREDIENTES
VITAMINAS E MINERAIS O pacu é uma espécie oportunista, de hábito ali-
A maioria dos relatos sobre as exigências dietéti- mentar frugívoro-herbívoro do tipo podador, e por isso
cas em vitaminas para o pacu tem por objetivo avaliar o tem demonstrado ser capaz de aproveitar eficiente-
efeito da suplementação destas vitaminas sobre diferen- mente os nutrientes de alimentos de origem animal ou
tes parâmetros fisiológicos da espécie (e.g. hematologia, vegetal. Entretanto, ainda são escassos os estudos para
imunologia etc.), e não necessariamente determinar a determinação do valor nutricional de ingredientes para
exigência nutricional para a espécie nas diferentes fa- a espécie (Abimorad e Carneiro, 2004; Abimorad et al.,
ses do ciclo de produção. Em relação à vitamina E, por 2008; Fabregat et al., 2008; Oliveira et al., 1997; Stech
exemplo, nutriente que possui atividade antioxidante et al., 2010; Timpone et al., 2008; Vidotti et al., 2002a).
protegendo macromoléculas presentes nas células dos Esta escassez de informações fica evidente em uma aná-
processos oxidativos, além de propriedades imunoesti- lise comparativa da Tabela Brasileira para Aves e Suínos
mulantes, como aumento da produção de leucócitos e (Rostagno et al., 2011), que fornece a composição quími-
atividade fagocítica (Belo et al., 2005; Trushenski e Kohler, ca, valores de proteína digestível, energia digestível e me-
2007). Resultados obtidos por Sado (2008) mostram que tabolizável de 86 ingredientes comumente utilizados na
83 mg vit. E kg-1 de ração proporciona o melhor ganho formulação de rações para estas espécies. Considerando
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO PACU 221

que a maior parte destes alimentos também é utilizada são iguais ou superiores a 80% e, de maneira geral, o
na fabricação de dietas para peixes, pode-se perceber pacu demonstra maior habilidade em aproveitar a pro-
o longo caminho a ser percorrido pelos pesquisadores. teína de origem vegetal do que a proteína animal (Ta-
Em geral, os coeficientes de digestibilidade aparen- bela 2). Logo os CDA da energia bruta [CDAEB] são me-
te da PB [CDAPB] dos ingredientes, com poucas exceções, nos influenciados pela origem dos alimentos.

Tabela 2. Coeficientes de digestibilidade aparente da proteína bruta (CDAPB) e energia bruta (CDAEB) de ingredientes para o pacu.

Ingredientes PB CDAPB EB CDAEB Referência


% % kcal kg-1
%
Origem animal
Farinha de peixe 58,3 88,4 3833 78,1 Abimorad e Carneiro (2004)
Farinha de peixe 50,0 84,6 3489 74,5 Abimorad et al. (2008)
Média 86,5 76,3
Farinha de penas 79,0 75,7 5227 79,5 Abimorad e Carneiro (2004)
Farinha de vísceras 58,6 83,4 4489 70,0 Abimorad e Carneiro (2004)
Farinha de sangue 73,4 57,7 4831 67,4 Abimorad e Carneiro (2004)
Farinha de carne e ossos 40,6 88,6 3022 84,0 Abimorad e Carneiro (2004)
SFPM 1
19,0 72,5 ND ND sŝĚŽƫĞƚĂů͘;ϮϬϬϮĂͿ
SFPD2 16,3 78,1 ND ND sŝĚŽƫĞƚĂů͘;ϮϬϬϮĂͿ
SFRFT 3
12,4 73,6 ND ND sŝĚŽƫĞƚĂů͘;ϮϬϬϮĂͿ
SAPM 4
19,0 88,1 ND ND sŝĚŽƫĞƚĂů͘;ϮϬϬϮĂͿ
SAPD 5
18,3 82,9 ND ND sŝĚŽƫĞƚĂů͘;ϮϬϬϮĂͿ
SARFT6 13,2 79,3 ND ND sŝĚŽƫĞƚĂů͘;ϮϬϬϮĂͿ
Média geral 79,4±8,9 75,6±6,2
Origem vegetal
Farelo de soja 44,6 81,1 4203 63,7 Abimorad e Carneiro (2004)
Farelo de soja 44,8 90,6 4087 78,1 Abimorad et al. (2008)
Farelo de soja 44,7 93,9 ND ND Stech et al. (2010)
Média 88,5 70,9
Farelo de trigo 16,2 93,9 4081 81,2 Abimorad e Carneiro (2004)
Farelo de trigo 14,8 87,7 3991 74,4 Abimorad et al. (2008)
Média 90,8 77,8
Glúten de milho 62,3 95,6 5043 86,0 Abimorad et al. (2008)
Glúten de milho 61,8 78,6 5245 67,2 Fabregat et al. (2008)
Média 87,1 76,6
Levedura de álcool 40,1 68,9 3837 45,8 Abimorad e Carneiro (2004)
Levedura de álcool 22,0 81,5 3991 73,0 Abimorad et al. (2008)
Média 75,2 59,4
Milho 8,8 84,4 3996 86,7 Abimorad e Carneiro (2004)
Milho 8,4 85,8 3872 75,8 Abimorad et al. (2008)
Média 85,1 81,3
Soja crua 39,6 83,5 5086 92,7 Abimorad e Carneiro (2004)
Soja crua 42,1 80,1 ND ND Stech et al. (2010)
Média 81,8
Soja tostada 37,1 92,0 5438 91,5 Abimorad e Carneiro (2004)
Soja tostada 39,6 95,0 ND ND Stech et al. (2010)
Média 93,5
(Continua)
222 NUTRIAQUA

(Concusão)
Ingredientes PB CDAPB EB CDAEB Referência
% % kcal kg -1
%
Casca de soja 11,3 73,2 4170 52,9 Timpone et al. (2008)
ĞůƵůŽƐĞƉƵƌŝĮĐĂĚĂ 0,8 98,6 3880 27,6 Fabregat et al. (2008)
Farelo de algodão 38,9 86,0 4268 59,6 Abimorad e Carneiro (2004)
Farelo de arroz 13,4 80,8 4541 92,7 Abimorad e Carneiro (2004)
Farelo de coco 21,2 83,3 ND ND Oliveira et al. (1997)
Farelo de girassol 28,5 89,6 4493 46,5 Fabregat et al. (2008)
Polpa cítrica 8,3 75,7 4320 73,3 Timpone et al. (2008)
Soja extrudada 42,5 95,2 ND ND Stech et al. (2010)
Soja macerada 42,2 82,8 ND ND Stech et al. (2010)
Sorgo 14,4 92,9 3719 93,4 Abimorad e Carneiro (2004)
Torta de dendê 14,2 75,8 ND ND Oliveira et al. (1997)
Média geral 85,9±7,8 73,1±19,1
1
Silagem fermentada de resíduos de peixes marinhos
2
Silagem fermentada de resíduos de peixes dulcícolas
3
Silagem fermentada de resíduos de filetagem de tilápia-do-Nilo
4
Silagem ácida de resíduos de peixes marinhos;
5
Silagem ácida de resíduos de peixes dulcícolas
6
Silagem ácida de resíduos de filetagem de tilápia-do-Nilo
ND – não determinado

Embora exista correlação entre os coeficientes econômicos ou ambientais. Neste sentido, até o presen-
de digestibilidade aparente da proteína e dos amino- te momento estão disponíveis as informações sobre os
ácidos, é necessário conhecer a digestibilidade dos coeficientes de digestibilidade dos aminoácidos de seis
aminoácidos individualmente para prevenir possíveis ingredientes (Abimorad et al., 2008), cujos resultados
deficiências ou excessos que podem acarretar prejuízos são reproduzidos na Tabela 3.

Tabela 3. Coeficientes de digestibilidade aparente dos aminoácidos essenciais em ingredientes para o pacu (Fonte: Abimorad et al.,
2008).

Levedura de
Farinha de peixe Farelo de soja Glutenose Farelo de trigo Milho
álccol
--------------------------------------------------------------------------------- % ----------------------------------------------------------------------------
Arginina 94,8 95,7 93,7 95,7 94,3 92,5
Fenilalanina 92,6 93,6 91,1 94,1 90,6 90,2
Histidina 93,5 94,2 92,2 94,4 92,6 91,8
Isoleucina 88,0 88,8 85,6 88,9 83,8 80,9
Leucina 92,6 93,3 90,9 94,1 89,4 91,1
Lisina 89,3 90,0 88,3 88,7 86,7 81,7
Metionina 89,8 89,3 85,1 90,4 82,8 79,8
Treonina 87,5 88,1 84,3 88,6 83,9 81,1
Triptofano ND ND ND ND ND ND
Valina 87,5 88,1 85,3 88,5 84,2 81,3
Média 90,6 91,2 88,5 91,5 87,6 85,6
ND – não determinado

Também já foram realizados estudos sobre os extrusão piorou a digestibilidade desse nutriente em re-
efeitos do processamento (peletização e extrusão) na lação aos alimentos in natura. As médias dos coeficien-
digestibilidade dos nutrientes e energia dos alimentos tes de digestibilidade dos lipídios foram maiores para o
energéticos: milho, farelo de trigo, quirera de arroz e milho (80,6%) e sorgo (76,5%), logo o processo de ex-
sorgo, em juvenis de pacu com peso médio inicial de 60 trusão prejudicou a digestibilidade desse nutriente. O
g (Fedrizi, 2005). Os CDAPB foram maiores para o sorgo farelo de trigo e o processo de extrusão proporciona-
(86,8%) e menores para o farelo de trigo (77,4%). O pro- ram os menores CDAEB (55,8 e 72,3%, respectivamente).
cesso de peletização melhorou os CDAPB, enquanto a O processo de extrusão melhorou substancialmente os
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO PACU 223

coeficientes de digestibilidade dos carboidratos não es- elevado e não estão disponíveis em larga escala para
truturais (≈amido), principalmente do farelo de trigo (de utilização.
71,4 para 92,2%) e do sorgo (de 82,5 para 93,4%), com-
parativamente aos coeficientes dos alimentos in natura.
JUVENIS
A formulação de dietas práticas para o pacu é re-
DIETAS PRÁTICAS lativamente facilitada pela capacidade que esta espécie
tem de explorar uma gama bastante diversificada de
alimentos. Entretanto, torna-se necessária as determi-
LARVAS nações das exigências nutricionais da espécie e os co-
eficientes de digestibilidade aparente dos alimentos
O início da alimentação exógena coincide com
utilizados para as diferentes fases de desenvolvimen-
o esgotamento quase que por completo das reservas
to. Nas regiões Sudeste-Sul, propõe-se dividir as fases
de vitelo das larvas de pacu, condicionando o supri-
de crescimento da espécie em duas: uma 1ª fase até
mento de suas necessidades nutricionais à ingestão
aproximadamente 350-400 g e uma 2ª fase que iria até
de partículas alimentares disponíveis no ambiente. O
o peso comercial, em torno de 800-1000 g. O fator de-
primeiro gargalo na larvicultura do pacu é a obtenção
terminante para a divisão proposta é a incidência do
de alimentos cujo tamanho seja compatível com o ta-
período de inverno nesta região. Desta forma, a 1ª fase
manho da boca das larvas. Por isso, tradicionalmente, a
corresponderia ao peso médio dos peixes na entrada do
alimentação inicial das larvas de pacu é feita através do
inverno, período em que o peixe se alimenta muito pou-
fornecimento de alimento vivo produzido em viveiros
co e utiliza de suas reservas corporais para mantença e,
previamente adubados onde as larvas são estocadas. O
consequentemente, o crescimento é mínimo ou nulo. A
consumo de ração inicia-se por entre o 10º e o 13º dia
2ª fase seria a faixa de peso da saída do inverno, mui-
após a eclosão (Pelli et al., 1997). Beerli et al. (2004) re-
to próximo ao que entraram, até o peso comercial de
gistraram melhor desempenho zootécnico para larvas
abate. Entretanto, nas regiões que as temperaturas são
de pacu alimentadas com náuplios de artêmia associa-
constantemente altas na maior parte de sua extensão,
dos com plâncton proveniente de viveiros previamente
e.g. Centro-Oeste, Nordeste e Norte, as fases de cresci-
adubados. Ressalta-se que o início da ingestão de ração
mento precisam ser determinadas a partir de outros cri-
pelas larvas pode ser influenciado por diversos fatores
térios ou parâmetros. A maioria dos estudos com o pacu
como a qualidade da ração, tamanho das partículas,
é realizada com peixes na faixa de peso correspondente
temperatura da água, disponibilidade de alimento na-
à 1ª fase anteriormente descrita. Deste modo, nas con-
tural, sistema de produção, entre outros.
siderações sobre a formulação de dietas práticas para
A dificuldade do fornecimento de ração para as
juvenis de pacu que seguem, exceto quando o peso
larvas de pacu reside em dois fatores: (i) o desconheci-
vivo dos peixes for especificado, subentende-se que os
mento sobre as exigências nutricionais da espécie nesta
estudos foram conduzidos com peixes com peso infe-
fase do ciclo biológico e (ii) a disponibilidade de rações
rior a 350-400 g.
industrializadas adequadas para a alimentação das lar-
Na formulação de dietas práticas para peixes oní-
vas da espécie. O estudo das exigências nutricionais em
voros como o pacu, a farinha de peixe, utilizada como
peixes é relativamente novo, não sendo conhecidos até
a principal fonte proteica, vem sendo substituída por
o presente momento estudos visando a determinação
outros ingredientes de origem animal (e.g. farinha de
da exigência nutricional em larvas de pacu. A deter- vísceras de aves, farinha de carne e ossos etc.) e, prin-
minação das exigências nutricionais é o primeiro pas- cipalmente, por fontes proteicas vegetais (e.g. farelo de
so para a formulação de dietas para qualquer espécie soja). Esta é uma tendência mundial resultante da escas-
animal nas suas diferentes fases de produção. A grande sez e alto custo da farinha de peixe, utilizada então em
dificuldade para a realização destes estudos está na fa- maiores proporções nas dietas para espécies carnívoras.
bricação de dietas palatáveis e com tamanho adequado Deste modo, considerando-se fatores como disponibili-
para ingestão das larvas. As dietas processadas da for- dade, custo, palatabilidade e qualidade nutricional, en-
ma tradicional, mesmo quando apresentam partículas tre outros, pode-se afirmar que os alimentos de origem
teoricamente de tamanho adequado para a ingestão da vegetal atualmente correspondem à maior parte, senão
larva, ao entrarem em contato com a água reidratam-se à totalidade, da proteína presente nas rações comerciais
rapidamente, podendo aumentar o seu tamanho em para peixes onívoros.
até quatro vezes (Bock e Padovani, 2000). Dietas microen- Neste panorama, o farelo de soja aparece como
capsuladas têm sido utilizadas em estudos sobre a alimen- a principal fonte proteica de origem vegetal utilizada
tação e nutrição de larvas de pacu (Tesser e Portella, 2006; na formulação de dietas para peixes, sejam eles onívo-
Tesser et al., 2005), entretanto ainda possuem custo ros ou carnívoros. Especificamente para o pacu, já foi
224 NUTRIAQUA

demonstrado que o farelo de soja pode substituir inte- com dietas práticas. De outra forma, juvenis de pacu
gralmente a farinha de peixe nas dietas para a espécie criados em gaiolas alimentados com dietas práticas de-
(Fernandes et al., 2000, 2001), uma vez que apresenta, ficientes em lisina e metionina e suplementadas com os
entre outras características, a digestibilidade da sua mesmos aminoácidos, porém cristalinos, apresentaram
fração proteica muito similar àquela observada para a crescimento satisfatório, principalmente quando as die-
farinha de peixe (Tabela 2). A soja e seus subprodutos tas foram suplementadas com metionina. No entanto,
apresentam diversos fatores antinutricionais (inibidores o crescimento desses peixes foi menor quando compa-
de tripsina e quimotripsina, hemaglutininas, compos- rado aos que receberam dietas com o mesmo perfil de
tos fenólicos) que afetam negativamente a digestão e aminoácidos, só que ligados à proteína, i.e., farinha de
fisiologia dos animais. Entretanto, muitos destes fatores peixes (Abimorad et al., 2009). Peixes alimentados com
antinutricionais são eliminados ou tem sua ação mini- dietas idênticas em laboratório apresentaram melho-
mizada quando submetidos a tratamentos térmicos. res resultados de desempenho quando as dietas eram
Stech et al. (2010) registraram que os coeficientes de suplementadas com lisina (Abimorad et al., 2009). Essa
digestibilidade da proteína da soja crua ou macerada diferença pode estar relacionada ao consumo de ração
para o pacu são significativamente menores que aque- nas diferentes condições ambientais, ou seja, em condi-
les observados para o farelo de soja, da soja extrudada ções de laboratório os peixes não se alimentaram com
e da soja tostada (Tabela 2), confirmando a interferência tanta voracidade quanto no campo (gaiolas), resultan-
dos fatores nutricionais na digestibilidade da proteína, do na ingestão deficiente ou em excesso do aminoáci-
embora tenham sido observados valores elevados de do suplementado, respectivamente. Por outro lado, os
digestibilidade da proteína (≥80%) para todos os pro- peixes alimentados com a dieta contendo farinha de
dutos. Estes resultados demonstram que os fatores an- peixes apresentaram menor taxa de eficiência proteica
tinutricionais presentes na soja parecem exercer pouca e maior excreção de nitrogênio, devido provavelmente
influência sobre a habilidade do pacu em aproveitar a ao catabolismo dos demais aminoácidos, que se encon-
proteína oriunda da soja. De fato, Carvalho et al. (1997) travam em excesso.
não registraram diferenças significativas no desempe- O fósforo é um ingrediente limitante nos grãos e
nho produtivo de juvenis de pacu alimentados durante seus subprodutos utilizados na formulação e processa-
60 dias com dietas contendo diferentes cultivares de mento de dietas para peixes. A deficiência em fósforo
soja crua em substituição ao farelo de soja tradicional. nas dietas afeta a digestibilidade de lipídios e carboi-
Esta elevada eficiência de digestão e absorção de dietas dratos em peixes (Rodehutscord et al., 2000), além de
à base de soja deve-se provavelmente à alta atividade ser essencial em diversos processos metabólicos e na
pancreática e alta atividade metabólica do fígado nesta formação do esqueleto, podendo em casos de deficiên-
espécie (Ostaszewska et al., 2005). cia severa levar a morte dos animais. Aproximadamente
A utilização de maiores quantidades ou propor- 70% ou mais do conteúdo de fósforo presente nestes
ções de ingredientes de origem vegetal nas rações para alimentos está na forma de ácido fítico, o que torna o
peixes impõe desafios aos nutricionistas. Ingredientes fósforo indisponível para os peixes, uma vez que estes
de origem vegetal em geral apresentam deficiência em não produzem a enzima fitase. Assim, uma das alterna-
um ou mais aminoácidos essenciais. Deste modo, é ne- tivas para aumentar a disponibilidade de fósforo nestes
cessário que as dietas sejam adequadamente balancea- ingredientes é o uso de fitase exógena na formulação
das quanto ao seu perfil de aminoácidos. A suplementa- das dietas com elevadas concentrações de produtos ve-
ção com aminoácidos cristalinos é uma alternativa para getais. O uso de fitase exógena em dietas com 88% de
suprir possíveis deficiências de aminoácidos essenciais ingredientes de origem vegetal promoveu melhoras no
nos ingredientes vegetais. Entretanto, os aminoácidos ganho de peso, conversão alimentar, e taxa de eficiên-
cristalinos são absorvidos mais rapidamente que os cia proteica, além de melhorar a deposição de cálcio e
provenientes das fontes de proteína intacta; sendo as- fósforo nos ossos de juvenis de pacu, tornando possível
sim ambos não estão disponíveis simultaneamente, di- recomendar a suplementação de 433 UF kg-1 de ração
minuindo a eficiência da síntese proteica (Ambardekar (Furuya et al., 2008).
e Reigh, 2007). Nestes casos, quando as dietas são su- As dietas extrudadas são as mais comumente uti-
plementadas com aminoácidos cristalinos, torna-se ne- lizadas na alimentação de peixes, principalmente pela
cessário aumentar a frequência alimentar dos peixes, de facilidade que proporcionam no manejo alimentar. O
modo a manter os níveis de aminoácidos plasmáticos processo de extrusão consiste na combinação de umi-
elevados e diminuir a excreção nitrogenada (Schuhma- dade, pressão, temperatura e fricção mecânica; já a pe-
cher et al., 1997). Juvenis de pacu alimentados três vezes letização consiste na passagem forçada de uma mistura
ao dia com dietas contendo elevados níveis de aminoá- de ingredientes finamente moídos através de uma matriz
cidos cristalinos apresentaram índices de desempenho de peletização. No processo de extrusão, há uma maior
similares ou superiores (Bicudo et al., 2009) ao obser- gelatinização do amido e a inativação de alguns fatores
vado em trabalhos onde os animais foram alimentados antinutricionais presentes nos alimentos; na peletização
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO PACU 225

ocorre uma gelatinização parcial do amido da dieta. Ao levedura Saccharomyces cerevisiae, por exemplo, pode
contrário do observado para a maioria das espécies, pa- substituiu até 50% da farinha de peixe sem prejuízo aos
cus alimentados com dietas contendo diferentes con- índices zootécnicos dos juvenis de pacu alimentados
centrações de lipídios e carboidratos, apresentaram de durante 54 dias com dietas formuladas à base daque-
modo geral melhor desempenho produtivo quando ali- le produto. Silagens de resíduos do processamento de
mentados com dietas peletizadas em comparação com peixes co-secas com produtos agrícolas (farelo de soja e
as extrudadas (Honorato et al., 2010). quirera de arroz) podem substituir 100% da farinha de
O processamento das dietas também pode in- peixes nas dietas para o pacu (Vidotti et al., 2002b), en-
terferir no uso de aditivos nas rações. Na fabricação de quanto o farelo de canola incluído em até 19% em die-
dietas para aquicultura, os aglutinantes são utilizados tas para o pacu não provocou a redução do desempe-
para proporcionar maior estabilidade dos grânulos e di- nho dos animais, independentemente da presença ou
minuir a perda de nutrientes quando em contato com a não da farinha de peixes nas dietas (Viegas et al., 2008).
água. Entretanto, alguns aglutinantes podem interferir Em geral, os estudos para avaliação de sucedâneos
no aproveitamento de determinados nutrientes da die- utilizam variáveis de desempenho para determinar o
ta. Cantelmo et al. (1999), considerando a digestibilida- nível de inclusão. Não obstante, um ingrediente can-
de da matéria seca e proteína bruta por juvenis de pacu, didato a uso em dietas para peixes não deve provocar
recomendam, para o processamento de dietas em pele- perturbações fisiológicas nos animais. Embora Pádua et
tizadoras dotadas de câmara de condicionamento com al. (2009) tenham registrado alterações nos parâmetros
adição de vapor, o uso da polivinilpirrolidona e, para o hematológicos (hemoglobina e hematócrito) de juvenis
processamento de dietas em peletizadoras sem a adi- de pacu alimentados durante 135 dias com até 36% de
ção de vapor, o uso a goma guar, como aglutinantes. rama de mandioca na dieta, estes autores considera-
ram que as alterações observadas não foram suficien-
temente severas para inviabilizar o uso do ingrediente
INGREDIENTES NÃO CONVENCIONAIS na dieta, desde que adequadamente processado para
eliminação do cianeto. O uso da levedura de álcool
A busca por ingredientes alternativos na formula- Saccharomyces cerevisiae nas rações não promoveu al-
ção de dietas para aquicultura tem sido uma preocupa- terações na morfometria dos hepatócitos de juvenis de
ção constante dos pesquisadores. Essa busca deve-se a pacu até o nível de 75% de substituição (29,9% de inclu-
diversos fatores, destacando-se: (i) a estabilização com são) da farinha de peixe (Pádua et al., 2000).
tendências decrescentes, da produção mundial da fari-
nha de peixe, (ii) o uso de ingredientes (e.g. milho) que
são tradicionalmente utilizados na nutrição animal para
a produção de biocombustíveis em alguns países e (iii) PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO
diminuir a dependência das regiões não produtoras dos
ingredientes tradicionais em dietas animais. A estocagem em viveiros previamente adubados
Os alimentos considerados candidatos promisso- para estimular a produção de alimento natural (fito e zoo-
res a sucedâneos em dietas para peixes devem possuir plâncton), dos quais as larvas se alimentarão, é prática
determinadas características: preço competitivo; possi- comum na larvicultura do pacu. Entretanto, o resultado
bilitar desempenho do peixe por unidade de proteína desta prática é influenciado diretamente pela presença
similar ao alimento substituído; não influenciar nega- de predadores, condições ambientais e a disponibilida-
tivamente a qualidade do produto (e.g. alterações no de de alimento vivo em quantidade, qualidade e tama-
sabor na coloração da carne do pescado); possuir baixo nho adequados, visto que as larvas são bastante frágeis
potencial poluente; facilidade de aquisição, transporte nesse período e apresentam boca de tamanho bastan-
e manejo durante o processamento das rações. te diminuto. Uma alternativa seria fornecer o alimento
O pacu tem se mostrado uma espécie capaz de vivo para as larvas em sistemas ‘indoor’ durante a fase
se alimentar de dietas compostas por diversos ingre- inicial de alimentação, de modo que ao serem estoca-
dientes, convencionais ou não. Esta sua plasticidade das nos viveiros as larvas estivessem maiores e mais re-
alimentar habilita o pacu como candidato para sistemas sistentes, aumentando assim as taxas de sobrevivência
de aquicultura intensiva, onde dietas industrializadas e produção de alevinos. Neste sentido, larvas de pacu
predominam, ou para sistemas de aquicultura familiar apresentaram maior sobrevivência e proporcionaram
(semi-intensiva), onde a utilização de resíduos e subpro- maior lucratividade quando submetidas à criação in-
dutos agrícolas é mais frequente, devido à alta disponi- tensiva ‘indoor’, sendo alimentadas com náuplios de
bilidade regional e consequente baixo preço. Artemia sp. em por um período de pelo menos seis dias
Diversos ingredientes têm se mostrado promisso- (Jomori et al., 2003, 2005). Beerli et al. (2004) recomen-
res sucedâneos aos ingredientes tradicionais em dietas dam que as larvas de pacu permaneçam em laboratório
para o pacu. Ozório et al. (2010) demonstraram que a por um período de seis dias após a eclosão, recebendo
226 NUTRIAQUA

alimento do terceiro ao sexto dia, a partir de quando nutricional do pacu. Mesmo assim, apesar da sua im-
apresentam nado contínuo e podem ser transferidas portância comercial, muitos aspectos da nutrição da
para viveiros escavados. espécie ainda permanecem obscuros, situação não mui-
A otimização do crescimento é um importante pa- to diferente de outras espécies autóctones, mas muito
râmetro para a lucratividade das pisciculturas, qualquer aquém de outras espécies como a tilápia-do-Nilo (Oreo-
que seja a espécie produzida. Diversos fatores podem chromis niloticus), o bagre do canal (Ictalurus punctatus) e
influenciar o crescimento dos peixes, sendo os mais im- a truta arco-íris (Onchorhynchus mykiss). Entre os pontos
portantes a temperatura e a alimentação. A temperatura que demandam a intensificação de estudos na alimen-
regula a atividade metabólica e todos os peixes se carac- tação e nutrição do pacu, destacam-se: (i) a determi-
terizam por apresentarem uma faixa de temperatura em nação do valor nutricional de alimentos tradicionais e
que atingem o máximo crescimento. Pacus mantidos à alternativos em dietas para a espécie; (ii) a determina-
temperatura de 23ºC apresentaram tempo de trânsito ção das exigências nutricionais em proteína, energia,
gastrintestinal maior (36 h) do que aqueles mantidos à aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas e minerais nas
temperatura de 27ºC (14 h) (Dias-Koberstein et al., 2005), diferentes fases do ciclo de produção (inicial, termina-
ou seja, estes resultados sugerem que pacus mantidos a ção e reprodutores); (iii) a interação entre os nutrientes
baixas temperaturas podem ter a sua frequência de ali-
dietéticos e o metabolismo dos peixes; e (iv) a definição
mentação reduzida para uma refeição diária.
das estratégias alimentares e nutricionais nos diferentes
O crescimento compensatório em peixes é uma
sistemas de produção.
fase de crescimento rápido, que ocorre após a reali-
O atual estado da arte da nutrição do pacu pode
mentação de peixes submetidos a um período de pri-
ser resultado da dispersão dos esforços de pesquisa
vação alimentar ou condições anormais, como baixas
com as muitas outras espécies autóctones com poten-
temperaturas. O crescimento compensatório oferece a
possibilidade de melhorar as taxas de crescimento dos cial para a aquicultura, já que os primeiros estudos com
peixes através da criteriosa escolha dos horários e fre- a nutrição da espécie datam de meados da década de
quência de alimentação. Juvenis de pacu submetidos a 80. Deste modo, a união dos esforços de diferentes gru-
períodos de restrição alimentar de dois dias e três dias pos de pesquisa de áreas interligadas (e.g. nutrição, sa-
de realimentação (taxa de 4% da biomassa) não apre- nidade, tecnologia de pescado etc.), permitiria abreviar
sentaram ganho de peso significativamente inferior o tempo necessário para suprir as demandas tecnológi-
aos alimentados diariamente (Ortiz et al., 2008). Souza cas para a produção sustentável da espécie, do ponto
et al. (2003) avaliaram três estratégias de alimentação de vista econômico e ambiental.
em quatro ciclos de treze semanas, coincidindo com as
estações do ano, para pacus (peso médio inicial 83,5 g)
criados em viveiros escavados, sendo: A=alimentação
diária, B=restrição de quatro e realimentação de nove REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
semanas e C=restrição de seis e realimentação de sete
semanas. A estratégia C promoveu melhores resultados Abimorad E.G.; G.C. Favero, D. Castellani, F. Garcia, and D.J.
de ganho de peso, conversão alimentar e redução do Carneiro. 2009. Dietary supplementation of lysine and/
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nas outras estações do ano a alimentação diária ensejou Abimorad, E.G., and D.J. Carneiro. 2007. Digestibility and
melhores resultados. Finalmente, Carneiro et al. (1992) performance of pacu (Piaractus mesopotamicus) juveniles
relataram melhores resultados de desempenho para - fed diets containing different protein, lipid and
pacus criados em tanques escavados quando alimenta- carbohydrate levels. Aquaculture Nutrition 13: 1-9.
dos com dietas extrudadas, com exceção dos períodos Abimorad, E.G., e D.J. Carneiro. 2004. Métodos de coletas de
fezes e determinação dos coeficientes de digestibilidade
de frio, onde os peixes apresentaram melhor crescimen- da fração proteica e da energia de alimentos para o
to quando alimentados com dietas peletizadas, o que pacu, Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887). Revista
sugere que nesta época do ano o pacu se alimenta, po- Brasileira de Zootecnia 33: 1101-1109.
rém não vem à superfície dos corpos d’água buscar a Abimorad, E.G.; D.J. Carneiro, and E.C. Urbinati. 2007. Growth
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EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO PACU 229

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11

Exigências Nutricionais e Alimentação do Tambaqui

A NA C RISTINA B ELARMINO DE O LIVEIRA


E DMA C ARVALHO DE M IRANDA
R OSELANY C ORREA

já tem um protocolo bem estabelecido (Araújo-Lima e


INTRODUÇÃO Gomes, 2005). Adapta-se a diferentes sistemas de pro-
dução, aceita rações industrializadas e beneficia-se da
O tambaqui (Colossoma macropomum) é o segun- produtividade primária do viveiro, aproveitando o zoo-
do maior peixe de escamas da Amazônia, atingindo plâncton como fonte de proteína (Gomes e Silva, 2009)
mais de 1 m de comprimento e 30 kg no ambiente na- e de ácidos graxos como eicosapentaenoico [EPA] e
tural (Araújo-Lima e Goulding, 1998). É onívoro e pode docosahexaenoico [DHA] (Almeida e Franco, 2006). O
utilizar diferentes fontes proteicas e energéticas com ciclo de cultivo do tambaqui compreende duas fases:
eficiência numa ampla faixa de combinações entre elas. recria (peixes até ~45 g) e engorda (Izel e Melo, 2004). A
Esta é uma adaptação do organismo à oferta sazonal de despesca é feita quando os peixes atingem peso comer-
alimentos, característica do ambiente amazônico: du- cial, em geral, acima de 1 kg. No Amazonas existe uma
rante o período de enchente/cheia, a dieta é constituída peculiaridade: há demanda de mercado para peixes de
principalmente por frutos e sementes; enquanto que na 500 g denominados tambaquis curumim, cuja despesca
vazante/seca, por zooplâncton (Oliveira et al, 2006; Silva é feita no sexto mês de cultivo.
et al., 2000).
A espécie foi disseminada praticamente em todo
Brasil, apesar de temperaturas abaixo de 20°C serem li-
mitantes ao seu crescimento e bem estar (Zaniboni Filho O AMBIENTE DE CULTIVO
e Meurer, 1997).
Constituiu 13,8% da produção aquícola continen- Em barragens, viveiros e tanques escavados, a
tal do Brasil em 2010 (MPA, 2010). É apreciado, sobretu- calagem e a fertilização são práticas de manejo muito
do no Norte do Brasil, devido aos hábitos culturais da utilizadas, principalmente na preparação do sistema
população e pelas características organolépticas de sua para a estocagem de alevinos e/ou juvenis. A calagem
carne, sendo comercializado vivo ou processado (coste- é feita para neutralizar a acidez do solo e aumentar a al-
la, carne cominuída, embutidos etc). calinidade e a dureza total da água, melhorando a pro-
O rendimento médio do filé de tambaqui sem pele dutividade primária de viveiros com pH de solo menor
é de 27,4% (Souza e Inhamuns, 2011), sendo que, quan- que 7,0 (Boyd e Queiroz, 2004); a fertilização serve para
to maior for o tempo de cultivo, maior será o rendimen- suprir o nitrogênio incipiente no solo e aumentar a de-
to do filé (Fernandes et al., 2010). Sua carne é de boa gradação da matéria orgânica no sedimento do fundo
qualidade nutricional, mas tende a acumular gordura se dos viveiros.
o tempo de cultivo é prolongado (Fernandes et al, 2010; O tambaqui, principalmente em suas fases jovens,
Almeida et al., 2008). No entanto, esta característica utiliza o zooplâncton da água de criação como fonte de
pode ser alterada em função das condições de cultivo e proteína de alta qualidade. Assim sendo, é comum fa-
da alimentação utilizada. zer a adubação dos viveiros com o objetivo de melhorar
A oferta de alevinos é regular, sua reprodução é o crescimento dos alevinos. Entretanto, Gomes e Silva
induzida com a utilização de hormônios e esta prática (2009) recomendam que seja feita apenas a calagem

231
232 NUTRIAQUA

(4.000 kg ha-1 de CaMgCO3) e relacionam a este proce- estocagem dos juvenis (50-100 g) em tanques rede (Me-
dimento, o aumento na taxa de crescimento específico rola e Souza, 1988). Este tipo de manejo permite plane-
(1,43%) e conversão alimentar [CA] (1,74) de tambaqui jar até três ciclos ao ano.
cultivado em tanques escavados. Acrescentam que a Na engorda, a densidade de estocagem recomen-
fertilização não surtiu efeito sobre o crescimento dos dada é de 50 a 150 peixes m3 para peso inicial de 50 a
peixes, não sendo por isso recomendada, uma vez que 100 g (Bressane, 2010; Merola e Souza, 1988). Nesta fase,
representa 2-4 % do total dos custos de produção e há registro de conversão entre 1,5 e 1,8 e produção de
pode ter um efeito negativo na qualidade dos efluentes. 45,8 kg m3 (Brandão et al., 2004; Gomes et al., 2004; Go-
No entanto, tambaquis toleram águas com baixos mes et al., 2006).
valores de pH (4,0). A exposição prolongada às águas al- A viabilidade econômica da criação de tamba-
calinas tem efeito negativo sobre a espécie, promoven- qui, como em qualquer outra espécie animal, depende
do redução no crescimento e alterações nas característi- e está atrelada à nutrição. Apesar das características
cas hematológicas (Aride et al., 2007). Também tem alta zootécnicas favoráveis, o custo com a alimentação do
sensibilidade ao nitrito e não sobrevivem por mais do tambaqui é considerado alto, representando cerca de
que 72 h quando expostos a níveis de 0,2 a 0,4 mM de 60-70% dos custos de produção (Rotta, 2002). Entre as
NO2-. Nestas condições, ficam imóveis no fundo do tan- estratégias utilizadas para reduzir estes custos, a dispo-
que e não usam a respiração de superfície (Costa et al., nibilização de informações sobre as exigências nutricio-
2004). A espécie também consegue suportar ambientes nais da espécie e a busca por alimentos alternativos são
com baixos níveis de O2 (próximos à zero). A resposta determinantes para a formulação de dietas específicas
a esta condição está na expressão de adaptações tais às diferentes fases do cultivo.
como tolerância à hipóxia e respiração na superfície da Neste capítulo é descrito o atual ‘estado da arte’ da
lâmina d’água, quando apresentam extensão dermal do nutrição do tambaqui, apresentando resultados mais
lábio inferior (Almeida-Val et al., 1999). relevantes sobre as exigências nutricionais da espécie.

SISTEMAS DE PRODUÇÃO
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS
O tambaqui é uma espécie de comportamento gre-
gário, cujos lotes têm crescimento heterogêneo, prova-
velmente devido à presença de indivíduos dominantes. PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS
O policultivo é um sistema vantajoso, sendo que a reali-
As exigências nutricionais em proteína e energia
zação de despescas parciais para retirada de indivíduos
do tambaqui foram pouco investigadas. Contudo, o
de tamanho maior pode ser útil tanto economicamente
quanto como estratégia para manter um crescimento conhecimento já bem estabelecido da bioecologia da
mais homogêneo dos lotes (Teichert-Coddington, 1996). espécie possibilita uma discussão dos resultados até en-
O policultivo do tambaqui (espécie principal) com jaraqui tão disponíveis.
(Semaprochilodus spp.), curimatã (Prochilodus nigricans) ou O tambaqui, por ser uma espécie onívora, quando
piau (Leporinus spp.) (espécies secundárias) é praticado em ambiente natural, mantém um equilíbrio na inges-
principalmente na região Norte, onde espécies secun- tão qualitativa e quantitativa das fontes alimentares de
dárias podem ser utilizadas como boas indicadoras da origem animal e vegetal. Entre os estudos realizados
qualidade da água. para determinar a exigência proteica da espécie, foram
Cultivos semi-intensivos em tanques escavados considerados aqueles que investigaram o percentual de
(0,42 peixes m-2) têm em média duração de oito meses proteína bruta [PB] em relação ao valor de energia da
(Izel e Melo, 2004). Neste sistema, a CA registrada na en- ração. Esta relação é fator determinante na eficiência da
gorda foi de 1,2; sobrevivência de 95%; o peso médio ração, uma vez que o teor de energia regula o consu-
da despesca de 1,8 kg e produtividade de 7.200 kg ha-1. mo e seu excesso pode causar deposição excessiva de
Em tanques-rede, o ciclo de produção do tamba- gordura nos peixes (Cho e Kaushik, 1990). Van der Meer
qui dura 6 a 8 meses. A recria pode ser feita na densi- et al. (1997a) observaram que para tambaqui na faixa
dade de 400 peixes m3, com uma produção por área de 1 a 30 g, a proteína é o macronutriente mais impor-
de 326,3±0,06 kg m3 (Brandão et al., 2004). Em tanques tante para determinar o consumo, mais do que lipídios
rede a CA é, de modo geral, mais alta que em sistema e carboidratos. Os autores também verificaram que o
semi-intensivo, uma vez que, devido ao grau de confi- consumo de elevados níveis de proteína dietária (40%
namento, o peixe pouco se beneficia com outras fontes PB) proporciona maior deposição de proteína corporal
de nutrientes que ocorrem naturalmente nos viveiros. e maior produção de músculo.
Considerando a capacidade de filtração do tambaqui, é Nos resultados obtidos por Oishi et al. (2010) e
recomendado fazer a recria em viveiros e depois fazer a Santos et al. (2010), para tambaquis de 50 a 78 g, a
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO TAMBAQUI 233

deposição de PB na carcaça é diretamente relacionada à fase de recria e início da engorda, a exigência proteica
concentração de proteína dietária (30 e 32% PB respec- para a maior parte do ciclo produtivo não é conhecida,
tivamente), confirmando os estudos de Van der Meer comprometendo a produtividade e economicidade do
(1995). Também é possível observar que a deposição cultivo. Nesta faixa de tamanho a relação entre energia
corporal de lipídios é altamente responsiva às variações digestível [ED]:PB encontrada foi 8,4 kcal de ED por gra-
na composição da dieta; assim, o aumento na proteína ma de proteína bruta. Na fase inicial de crescimento, os
dietária, proporciona diminuição na concentração de peixes, de modo geral, utilizam com maior eficiência a
lipídio corporal. proteína como fonte de energia em detrimento de fon-
Animais jovens (alevinos e juvenis) apresentam tes não proteicas. Consequentemente, a relação ED:PB
maior exigência em PB se comparados a peixes maiores é mais baixa (Hepher, 1993; Lovell, 1998). Com base no
(Robaina e Schuchardt, 2009). Resultados disponíveis na exposto, pode-se inferir que para alevinos/juvenis na
literatura para tambaqui foram gerados em condições faixa de 1 a 125 g, a exigência proteica é próxima dos
experimentais e abrangem peixes com peso inicial na fai- 30%, com relação ED:PB em torno de 9 kcal de ED por
xa de 1 e 125 g (Tabela 1). Embora representativos para a grama de PB.

Tabela 1. Concentrações de proteína bruta recomendadas para alevinos/juvenis de tambaqui.

Juvenis Ração

Autores
Peso Inicial  Peso Final  CAA1 PB2 Energia3

g g % kcal ED kg-3

1-5 29 1,05 50 4121 Van der Meer (1997)


46 75 1,6 30 2743 Oishi et al. (2010)
50 67 1,5 32 3338 Santos et al. (2010)
50 90 1,1 40 3565 Van der Meer (1997)
125 156 1,25 30 3396 Van der Meer (1997)

1
CAA: Conversão Alimentar Aparente
2
Exigência em Proteína Bruta [PB] indicada.
3
Valores originais em energia bruta convertidos em energia digestível [ED] segundo Jobling (1983).

Para juvenis (125 g de peso inicial), foram obtidos com lisina (5% da proteína), metionina (3% da proteí-
melhores resultados de desempenho zootécnico para na). Observaram que a diminuição no teor de proteína
animais alimentados com 30% PB e 3.396 kcal ED kg-1 bruta na ração reduziu a excreção de amônia na água,
(relação ED:PB de 11,3 kcal ED g-1 PB) nas dietas (Van mas não conseguiram relacionar este efeito com a su-
der Meer, 1995). Nesta faixa de peso, o juvenil de tamba- plementação de aminoácidos.
qui demonstra sua eficiência na utilização de diferentes Sabe-se que a exigência em aminoácidos essenciais
fontes proteicas, com uma conversão alimentar de 1,25 (AAE) para algumas espécies de peixes, apresenta ele-
e uma razão ED:PB maior que as apontadas para faixas vada correlação com o perfil de AAE do corpo (Akiyama
de 1 a 50 g, confirmando que o valor desta relação au- et al., 1997; Furuya et al., 2003; Kim e Lall, 2000; Pack
menta com o tamanho do peixe (Lovell, 1998). e Rodehutscord, 1995; Wilson, 1991), sendo que pa-
Uma vez conhecida a exigência proteica do tam- drões similares de aminoácidos apresentam valores de
baqui, determinar a exigência individual dos dez ami- exigências em aminoácidos essenciais equivalentes. A
noácidos essenciais é uma necessidade eminente para utilização do padrão de aminoácidos de peixes para a
melhorar a eficiência alimentar da espécie. O forne- suplementação de aminoácidos em rações é recomen-
cimento de dietas com adequado balanceamento de dada, principalmente para espécies em que ainda não
aminoácidos maximiza a síntese proteica e, consequen- foram determinadas as exigências em experimentos
temente, reduz a excreção de nitrogênio para o meio, de dose-resposta (Tacon, 1989), como proposto para o
aumentando a sustentabilidade dos empreendimentos pintado (Pseudoplatystoma corruscans) por Furuya et al.
piscícolas (Furuya et al., 2003). Ainda não existem resul- (2003). No entanto, o uso deste tipo de estimativa pode
tados disponíveis sobre a exigência nos dez aminoáci- ocasionar superestimativas nos valores de EAA confor-
dos essenciais para o tambaqui. Brandão et al. (2009) me discutido em Bicudo e Cyrino (2009) e Montes-Girao
estudaram a suplementação de rações (20 e 25% PB) e Fracalossi (2006). Entretanto, como as exigências em
234 NUTRIAQUA

aminoácidos ainda não foram determinadas para o essenciais (Tabela 2). A lisina correspondeu a 6,03% da
tambaqui, calculou-se uma estimativa destas exigên- proteína do tambaqui, o que representa cerca de 18%
cias (Tabela 2), baseando-se na composição corporal do dos aminoácidos essenciais. Como a lisina é um amino-
tambaqui (Van der Meer, 1996) e na metodologia des- ácido usado quase exclusivamente para acréscimo de
crita em Meyer e Fracalossi (2005). Observa-se que as proteína corporal (Pack e Rodehutscord,1995), eviden-
exigências em aa essenciais para o tambaqui, quando cia-se sua importância como aminoácido de referência
assim estimadas, variam bastante das reais exigências para a estimativa das exigências aminoacídicas. Embo-
(Santiago and Lovel, 1988), determinadas em expe- ra a exigência em aminoácidos essenciais nos animais
rimentos de dose-resposta, de outro onívoro de água possa ser afetada por diversos fatores, as relações entre
doce, a tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) (Tabela 2). os aminoácidos nos tecidos permanecem bastante es-
Na comparação dos padrões de aminoácidos das espé- táveis. Assim, até que experimentos dose resposta se-
cies em questão, com base no percentual de proteína jam realizados, propõe-se que os valores estimados na
total, observou-se similaridade nos dez aminoácidos Tabela 2 sejam considerados.

Tabela 2. Exigências nutricionais de aminoácidos essenciais para o bagre do canal (Ictalurus punctatus), tilápia-do-Nilo (Oreochromis
niloticus) e jundiá (Rhamdia quelen) e estimativa da exigência em aminoácidos para tambaqui (Colossoma macropomum).

Exigências
Aminoácido
da proteína Bagre do AAE tambaqui4 Exigência estimada para o
Tilápia2 Jundiá3
canal1 tambaqui5
--------------------------------------------------------% da proteína-------------------------------------------------------------
Arginina 4,3 4,2 5,5 6,75 5,8
Histidina 1,5 1,7 2,0 2,38 2,0
Isoleucina 2,6 3,1 5,5 4,56 3,9
Leucina 3,5 3,4 9,2 7,66 6,6
Lisina 5,1 5,2 5,1 8,34 7,2
Metionina ND 2,7 ND 2,54 2,2
Metionina + Cistina 2,3 3,2 4,3 ND ND
Fenilalanina ND 3,7 ND 4,16 3,6
Fenilalanina + Tirosina 5 5,5 6,2 ND ND
Treonina 2,2 3,7 5,0 4,59 4,0
Triptofano 0,5 1,0 1,0 ND ND
Valina 3,0 2,8 5,3 5,15 4,4
Total de AAE 30,00 40,3 49,1 46,13 39,8

1
Wilson e Poe (1985).
2
Santiago e Lovell (1988).
3
Montes-Girao e Fracalossi (2005).
4
Estimativa da exigência em aminoácidos essenciais [AAE] para o tambaqui (% da proteína). Van Der Meer (1997).
5
Exigência estimada pela fórmula = [(AAE do tambaqui) * (média do total de AAE das espécies utilizadas)] / média do total de AAE

ÁCIDOS GRAXOS linolênico [LNA] (18:3 n-3). Contudo, na comparação


entre os tambaquis capturados na natureza e aqueles
Para o tambaqui, os registros de estudos nutri- provenientes do cultivo foram observadas diferenças
cionais com ácidos graxos que propiciem informações significativas tanto no percentual de lipídios quanto no
aplicáveis a avaliações no desempenho zootécnico são conteúdo de ácidos graxos (Tabela 3). Os peixes culti-
escassos. Alguns estudos sobre a composição corpo- vados apresentaram um percentual de lipídios de 4,5%,
ral quanto ao perfil de ácidos graxos foram realizados. aproximadamente o dobro do observado nos tamba-
Almeida e Franco (2006) compararam a composição quis capturados na natureza na seca e cheia, 2,8% e
corporal em lipídios e ácidos graxos de tambaquis cap- 2,5%, respectivamente. Quanto à composição de ácidos
turados na natureza nos diferentes períodos hidrológi- graxos LA e LNA, os resultados demonstraram que os
cos, com os de tambaquis cultivados. Esses autores não peixes cultivados diferiram também significativamen-
observaram diferenças sazonais na composição percen- te dos não cultivados. Na comparação com os peixes
tual de lipídios da carcaça, como também no conteúdo capturados na natureza, os peixes de cultivo apresenta-
dos ácidos graxos essenciais linoleico [LA] (18:2 n-6) e ram uma redução significativa no conteúdo de LA (208
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO TAMBAQUI 235

mg g-1 de lipídios totais) e LNA (12,8 mg g-1 de lipídios cultivados para outros ácidos graxos poli-insaturados:
totais). Para o LNA a redução foi mais acentuada, apro- EPA - capturado na seca 9,3 mg g-1 e cultivado 5,0 mg
ximadamente 25% apenas do valor dos peixes captu- g-1 e DHA - capturado na seca 40,2 mg g-1 e cultivado
rados na natureza. Esses autores também encontraram 25,1 mg g-1 (Tabela 3).
diferenças entre tambaquis capturados na natureza e os

Tabela 3. Conteúdo de lipídios totais e ácidos graxos no músculo de tambaquis capturados na Amazônia brasileira na seca e cheia
e tambaquis cultivados. (Fonte: Adaptado de Almeida e Franco, 2006).

Tambaqui capturado Tambaqui


Seca Cheia cultivado

Total de lipídios (%) 2,8±0,8 2,5±0,3 4,8±0,8


LA1 (mg g-1 de lipídios totais) 262,0±1,4 297,3±1,6 208,0±2,8
LNA2 (mg g-1 de lipídios totais) 48,0±0,9 50,7±1,3 12,4±1,6
EPA3 (mg g-1 de lipídios totais) 9,3±2,0 3,8±1,1 5,0±0,8
4 -1
DHA (mg g de lipídios totais) 40,2±4,9 14,1±4,6 25,1±6,7

1
Linoleico [LA]
2
Linolênico [LNA]
3
Eicosapentaenoico [EPA]
4
Docosahexaenoico [DHA]

As diferenças na composição em ácidos graxos do mais importantes para o tambaqui são os da série n-6
músculo de tambaqui capturado na natureza e daquele (NRC, 2011).
cultivado mostram que o EPA detectado nas rações con-
tribuiu para a elevada deposição de EPA no músculo.
Assim, pressupõe-se que a qualidade da carne do peixe CARBOIDRATOS
cultivado pode ser melhorada através das formulações
de dietas suplementadas com ácidos graxos poli-insatu- No ambiente natural, o tambaqui alimenta-se de
rados (Almeida e Franco, 2006). Além de atender a uma itens de composição variada para balancear sua dieta
demanda nutricional de mercado, essa suplementação em termos de nutrientes e energia para satisfazer suas
contribuirá para uma melhor produtividade no cultivo, necessidades metabólicas (Silva et al., 2003). Para isso,
visto que a deficiência em ácidos graxos interfere signi-
apresenta um comportamento oportunista, alimentan-
ficativamente no crescimento animal (NRC, 2011).
do-se de frutos e sementes da floresta, verdadeiro “ban-
De um modo geral, recomenda-se 0,5-2% de ácido
co de nutrientes e energia”. Neste ambiente, indepen-
linolênico (em relação ao percentual de lipídio total) em
dente do período do ano, os níveis de energia bruta de
dietas para peixes com baixos níveis de lipídios (NRC,
sua dieta variam de 20,3 kJ g-1 a 24,0 kJ g-1 de matéria
2011). Dietas com altos teores de lipídios exigem suple-
seca (Silva et al., 2000).
mentação maior (Hepher, 1993; Lovel 1998). Estudos
Considerando que frutos e sementes são pobres
registraram que o tambaqui aproveita eficientemente
lipídios e carboidratos como fonte energética e, por- em proteína, é possível que a espécie aproveite fontes
tanto, para uma maior eficiência alimentar da espécie, de energia dos lipídios e carboidratos, presentes em
recomenda-se um teor de lipídios entre 6% a 11% da teores mais elevados na dieta, e utilizem melhor a pro-
dieta (Van der Meer, 1997a; Mori-Pinedo, 2000; Santos teína contida nestes macronutrientes. Partindo deste
et al., 2010). Também é esperado que sua exigência em princípio, Van der Meer et al. (1997a), observaram que
ácido linolênico seja de aproximadamente de 2% do to- a energia dos carboidratos dietéticos é depositada com
tal de lipídios dietéticos (Hepher, 1993). menor eficiência do que a energia de lipídios e que
Por outro lado, os valores de ácido linolênico podem elevar o teor de lipídios nas dietas ocasiona discreto
ser reduzidos pela substituição de 0,5-0,75% de ácidos al- efeito poupador da proteína, não eficiente em termos
tamente insaturados, como o EPA e o DHA (Hepher, 1993). de custo-benefício. O uso de carboidratos, por sua vez,
A principal fonte de ácidos graxos da série n-3 para o apresenta menor custo, pode não afetar a qualidade da
tambaqui na natureza é o zooplâncton, enquanto no carne, mas ocasiona menor eficiência na retenção de
de cultivo é o óleo de peixe. O n-6 é encontrado princi- energia. Neste contexto, são recomendadas para dietas
palmente nos alimentos de origem vegetal, abundante de juvenis (~168 g), inclusões de 28% PB e 40% de car-
tanto na dieta natural como no cultivo do tambaqui. boidratos para prevenir a deposição de gordura corpo-
Sendo um peixe tropical de água doce, os ácidos graxos ral (Corrêa et al., 2007).
236 NUTRIAQUA

A utilização de ingredientes não convencionais Os estudos com vitaminas e minerais para o tamba-
é uma alternativa para reduzir custos na produção de qui são escassos, restringindo-se aos de suplementação,
rações. Tambaquis aproveitam bem a inclusão de até sem determinar os níveis mínimos exigidos. De um modo
30% de diferentes fontes de carboidratos como maniva geral, as rações comerciais utilizadas na criação de tamba-
(Manihot suculenta), pupunha (Bactris gasipaes), banana qui são suplementadas com premix vitamínico e mineral
(Musa paradisíaca) e dendê (Elaeis guineensis) que são e, quando muito, específico às espécies carnívoras e onívo-
considerados boas fontes de energia, com teores de fibra ras, tendo como base estudos com espécies exóticas.
(0,2-4,5%) inferiores aos encontrados em ingredientes Estudos de suplementação com algumas vitami-
convencionais como o trigo (9,9%), além de não apresen- nas lipossolúveis e hidrossolúveis foram realizados em
tarem nenhum efeito antinutricional (Lochmann et al., tambaquis. Os resultados apontaram que esta espécie
2009; Andrade e Oliveira, 1998). concentra vitamina A (retinol e dehidroretinol) em ní-
O bom aproveitamento de fontes de carboidrato se veis elevados no fígado, porém as hidrossolúveis pre-
deve ao fato de que o trato gastrointestinal do tamba- cisam ser suplementadas diariamente, pois não são
qui é adaptado morfológica e bioquimicamente a utili- armazenadas (Marx e Maia, 1985). A essencialidade das
zar altos níveis de lipídios e complexos carboidratos para vitaminas lipossolúveis D e E foi comprovada pelos es-
suprir sua demanda metabólica. Almeida et al. (2006) tudos de Mendes (2000).
observaram que enzimas digestivas são distribuídas ao A utilização de níveis de vitamina C acima de 100
longo de todo o trato gastrointestinal do tambaqui de mg kg-1 de ração possui efeito protetor quando estes
forma homogênea, apesar de que algumas regiões exi- animais são submetidos ao estresse por hipóxia (Chagas
bem alta atividade de algumas enzimas. Esta caracterís- e Val, 2003). Até o presente momento, não há estudos
tica permite que a digestão se prolongue por todo trato, avaliando a resistência do tambaqui a outras formas de
aumentando a disponibilidade dos nutrientes. estresse, assim como a avaliação de parâmetros do sis-
tema imune. Isto permitiria a utilização de níveis mais
adequados desta vitamina de forma estratégica.
Foram observadas propriedades aditivas da suple-
VITAMINAS E MINERAIS mentação de vitamina C sobre a absorção de ferro da
dieta pelo tambaqui (Aride et al., 2010). O ferro é um
O tambaqui é uma espécie onívora, capaz de fazer
exemplo típico de mineral importante para a formação
uso eficientemente do alimento natural, rico em vitami-
da hemoglobina, mioglobina, transferrina, ferritina, en-
nas e outros micronutrientes, presentes no meio. Des-
tre outros que precisa ser adicionado na ração do tam-
te modo, em sistemas de cultivo semi-intensivo, onde
baqui. Aride et al. (2010) observaram que a ausência de
o alimento natural é disponível, parte de sua exigência
vitamina C em dietas com 30 mg kg-1 de ferro provocou
em vitaminas e minerais são atendidas. Entretanto, nos
o desenvolvimento de anemia microcítica em juvenis
sistemas intensivos, a definição das exigências destes
de tambaqui, associado com menor deposição de ferro
nutrientes é determinante para o melhor desempenho
no fígado.
zootécnico e sanidade dos peixes.

Tabela 4. Níveis exigidos de vitaminas e minerais em dietas para o bagre do canal (Ictalurus punctatus)1

Vitaminas Recomendação Minerais Recomendação

unid/kg de dieta unid/kg de dieta


A 1100-2200 UI P 3-4 g
D 250-1.000 UI Mg 0,2-0,4 g
E 25-50 UI Na ND3
K 4,4 mg Cl ND
Tiamina 1,0-2,5 mg Fe 20 - 30 mg
Riboflavina 6,0-9,0 mg Cu 4,8 - 5 mg
Piridoxina 3,0-5,0 mg Zn 20 – 200 mg
Ácido pantotênico 10-15 mg Co 0,05 mg
Niacina 7,4-14,0 mg I 2,4 mg
Ácido fólico 1,5-2,2 mg Se 0,1- 0,25 mg
Colina 400 mg Mn 2,4 – 25 mg
Ácido ascórbico 50-1002 mg S ND

1
Valores baseados no NRC (2011); Robinson e Li (2002).
2
Determinado para o tambaqui (Chagas e Val, 2003).
3
ND: não determinado.
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO TAMBAQUI 237

O cobre administrado em excesso pode se tornar de alimentação e frequência alimentar estabelecidas


tóxico e afetar a homeostase do sódio (Na+) corporal ini- conforme a fase de criação. Na recria, a taxa de arraço-
bindo a passagem deste elemento pelas brânquias. A amento varia de 5 a 10% do peso vivo, sendo parcelada
toxicidade de metais em peixes é mais severa em águas em até cinco refeições diárias. Na engorda, de 1 a 3% do
moles (baixa dureza) devido à baixa disponibilidade de peso vivo, fornecidos pelo menos duas vezes ao dia. Con-
cátions (Ca2+) que são primordiais para a o processo de siderando o hábito alimentar diurno desta espécie, foto-
homeostase. As águas naturais da bacia Amazônica são períodos maiores proporcionam melhor aproveitamen-
tipicamente moles devido à geoquímica local e, portan- to dos alimentos. O consumo é maior durante a tarde,
to o risco de toxidez em tambaqui pelo excesso de co- sendo que o período alimentar deve se estender após as
bre é possível e iminente (Matsuo et al., 2005). 17:00 h (Van Der Meer, 1997b). Entretanto, considerando
Na ausência de informações mais específicas em o curto tempo (menos que três horas) de permanência
vitaminas e minerais para o tambaqui é necessário fazer do alimento no trato digestivo do tambaqui, foi sugerido
uso das informações sobre outras espécies, com carac- que esta espécie requer uma contínua alimentação para
terísticas próximas ao tambaqui. Neste sentido, sugere-se maximizar o crescimento (Chagas et al., 2007; Izel e Melo,
o uso dos valores de exigências determinadas para o 2004; Melo et al., 2001; Mendonça et al., 2009; Silva et al.,
bagre do canal (Ictarulus punctatus) (Tabela 4) na formu- 2003; Van der Meer, 1997b).
lação de dietas para o tambaqui, até que os resultados
para o tambaqui estejam consolidados.

VALOR NUTRICIONAL DOS INGREDIENTES


PRÁTICAS ALIMENTARES O uso de ingredientes alternativos para substituir
ingredientes convencionais na fabricação de rações
As larvas de tambaqui iniciam alimentação exóge- para tambaqui visa reduzir os custos de produção. As
na entre 4,5-5,5 dias após a fertilização do óvulo. Nesta espécies animais aproveitam de forma diferente os ali-
fase, estão com 5,5-6,0 mm de comprimento, diâmetro mentos, por isso é importante quantificar esse aprovei-
de boca de 0,55 mm e com dieta baseada no plâncton. tamento através da determinação de coeficientes de
Em sistemas intensivos, a alimentação é feita com digestibilidade (Andriguetto et al., 1990).
ração comercial preferencialmente extrudada, com taxas

Tabela 5. Composição química e coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes de ingredientes alternativos avaliados
em rações para tambaqui.

Ingredientes CDA
Níveis
ideais de Peso médio
Nome PB EE EB MS PB EE EB Fonte
inclusão
na dieta
% % kcal % g ----------%----------- kcal
2
Castanha do Brasil (Bertholletia excelsa) 22,7 48,8  ND 30 29,0±2,73 87 95 93 ND Oishi (2007)

Resíduo de acerola (Malpighia glabra L.) 05 0,5 ND 30 21,1±3,2 23 61,3 100 ND

Resíduo de jenipapo (Genipa americana) 04 1,2 ND 30 21,1±3,2 45,1 76,2 96,9 ND


Anselmo (2008)
Araçá-boi (Psidium araçá R.) 7,9 1,6 ND 30 21,1±3,2 23,8 30,1 69,8 ND

Camu-camu (Myrciaria dubia) 6,1 2,4  ND 30 21,1±3,2 25,9 41,1 39,5 ND

Jauari (Astrocaryum jauari) 06 25,6 597,2 55 1.627±112,8 ND 67,7 78,4 53,8

Embaúba (Cecropia sp.) 10,7 10,5 487,9 55 1.627±112,8 ND 60,4 71,8 48,6
Silva et al. (2003)
Munguba (Pseudobombax munguba) 28,3 36 634,3 55 1.627±112,8 ND 66,1 75 69,1

Seringa (Hevea spruceana) 13,9 28,1 569,2 55 1.627±112,8 ND 52,7 78,6 60,8

1
CDA: Coeficientes de digestibilidade aparente
2
ND – não disponível ou não determinado. Todos os autores utilizaram o método de decantação para a coleta de fezes.
238 NUTRIAQUA

Muitas vezes, na formulação de rações para peixes, Há ainda muito a ser feito, principalmente com re-
são utilizados valores de proteína e energia bruta ou di- lação à determinação das exigências nutricionais para
gestível determinados para outras espécies (Boscolo et al., o ótimo crescimento, em termos de desempenho zoo-
2002), o que não é nutricionalmente adequado, impactan- técnico, redução do estresse, fortalecimento do sistema
do negativamente à criação e o meio ambiente, devido a imunológico, entre outros. Estas informações devem ser
maior excreção dos nutrientes (Sugiura et al., 1998). direcionadas às indústrias de ração, de modo a subsidiar
Segundo Sadiku e Jauncey (1995), estimativas do a elaboração de rações comerciais espécie-específicas,
coeficiente de digestibilidade dos nutrientes são priori- como já ocorre na indústria de espécies exóticas. Com
dade para a nutrição na aquicultura, tanto para avaliar base nos resultados acima discutidos e na tentativa de
a qualidade individual de ingredientes ou rações balan- direcionar de forma mais eficiente os esforços futuros
ceadas. Para a expressão do potencial produtivo deseja- de pesquisa na nutrição do tambaqui, recomenda-se as
do de uma espécie, é necessária uma ração que atenda seguintes linhas de pesquisas complementares:
às exigências nutricionais determinadas, preferencial- x Digestibilidade de ingredientes convencionais uti-
mente, na forma de nutrientes digestíveis (Santos, 2007; lizados nas dietas.
Meurer et al., 2002). x Processamento, beneficiamento, palatabilidade,
Vários estudos abordam o uso de ingredientes digestibilidade, valor energético, efeitos no de-
alternativos regionais em rações para tambaquis, con- sempenho zootécnico e estudo da economicida-
siderando seu hábito alimentar onívoro, tendendo à de de ingredientes alternativos.
frugivoria. Na Tabela 5, estão sumarizadas informações x Exigências nutricionais de: proteína digestível
referentes à composição química e coeficiente de diges- relacionada com energia digestível, ácidos gra-
tibilidade aparente dos nutrientes de alguns ingredien- xos essenciais, vitaminas e minerais; consideran-
tes alternativos avaliados. do a influência de vários fatores, como tamanho
O maior desafio relacionado à seleção de ingre- do peixe, composição e forma da dieta, manejo
dientes alternativos está em obter um produto que alimentar, sistema e regime de produção. Neste
atenda às exigências da indústria em termos de padrão contexto, sugere-se a utilização de modelos esta-
de qualidade e de disponibilidade em quantidade sufi- tísticos e matemáticos adequados às estimativas
ciente para atender à demanda de mercado. Boa parte
dos parâmetros biológicos avaliados, tal como o
dos ingredientes avaliados é de disponibilidade regio-
modelo ‘broken-line’.
nal, oriundos do extrativismo, com oferta sazonal. As-
sim, há necessidade de complementar as informações
geradas pelos experimentos de desempenho e digesti-
bilidade, com análises da viabilidade econômica do uso
destes ingredientes, sem esquecer a importância dos
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lação ótima de ED:PB e a melhor combinação entre o
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12

Exigências Nutricionais e Alimentação do Jundiá

J OÃO R ADÜNZ N ETO


M AUDE R EGINA DE B ORBA

consumidores. Esta espécie apresenta grande potencial


INTRODUÇÃO para o cultivo no Sul do Brasil, Argentina e Uruguai por
continuar se alimentando e ganhando peso mesmo
O jundiá, Rhamdia quelen, apresenta distribuição em baixas temperaturas durante os meses de inverno
neotropical, sendo encontrado desde o sudeste do Méxi- (Fracalossi et al., 2004; 2007a; Salhi et al., 2004). Toda-
co até o centro da Argentina (Silfvergrip, 1996). Segundo via, para que a produção comercial do jundiá seja bem
ampla revisão taxonômica do gênero realizada por este sucedida e consolidada, é imprescindível o conheci-
mesmo autor, baseada em características da morfologia mento dos diferentes aspectos relacionados à nutrição
interna do peixe, o jundiá pertence à Classe Osteichthyes, e alimentação desta espécie, possibilitando, assim, que
Série: Teleostei, Ordem: Siluriformes, Família: Pimelodidae, dietas balanceadas específicas, nutricionalmente com-
Gênero: Rhamdia, Espécie: Rhamdia quelen, apresentan- pletas e ambientalmente corretas, sejam formuladas e
do ainda 49 sinonímias. Alguns pesquisadores acredi- adequadamente fornecidas aos peixes. Desta forma, o
tam, entretanto, que no caso de R. quelen a classificação presente capítulo tem como objetivo verificar o ‘estado
não está correta e julgam que várias espécies diferen- da arte’ da nutrição e alimentação do jundiá, no intui-
tes foram agrupadas na mesma espécie (Baldisserotto, to de compilar as informações disponíveis na literatura
2004). científica e identificar as lacunas ainda existentes.
Estudos do conteúdo estomacal de adultos de
jundiá coletados na natureza sugerem tratar-se de uma
espécie onívora, com preferência por peixes, crustáceos,
insetos, restos vegetais e detritos orgânicos (Kramer e
Bryant, 1995). Todavia, suas características anatômicas,
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS
tais como o trato gastrintestinal simples, sem cecos pilóri-
cos ou moela, rastros branquiais curtos e espaçados e in- PROTEÍNA, ENERGIA E AMINOÁCIDOS
testino de tamanho reduzido (quociente intestinal [QI]=
0,76) são semelhantes a de peixes carnívoros (QI<1,0) As informações encontradas na literatura referentes
(Baldisserotto, 2009; Fracalossi et al., 2007b). Conforme à concentração ótima de proteína na dieta para o jundiá
será apresentado neste capítulo, estudos sobre a nutri- variam de 28 a 51% de proteína bruta (Tabela 1). Essa
ção do jundiá indicam tratar-se de uma espécie onívora grande amplitude deve-se a diferenças no tamanho
exigente, definido por alguns autores como um onívoro dos peixes, na digestibilidade e palatabilidade dos in-
com tendência à carnivoria (Oliveira Filho e Fracalossi, gredientes utilizados nas dietas, no balanço de aminoá-
2006; Fracalossi et al., 2007b; Rodrigues et al., 2012). cidos, na relação energia:proteína, nas taxas de alimen-
O jundiá tem despertado interesse de pesquisa- tação adotadas, nos parâmetros analisados e fatores
dores e piscicultores devido a sua boa velocidade de ambientais.
crescimento, facilidade de reprodução e larvicultura, Meyer e Fracalossi (2004), testando dietas semipu-
ausência de espinhas intramusculares e aceitação pelos rificadas à base de gelatina e caseína, com cinco níveis

241
242 NUTRIAQUA

de proteína bruta [PB] (26, 29, 33, 37 e 41%) e dois de com o aumento da concentração proteica da dieta. O ga-
energia metabolizável calculada [EM] (3.200 ou 3.650 nho em peso dos peixes que receberam as dietas com 27,
kcal kg-1), observaram influência direta da concentra- 34 e 41% PB foi aproximadamente 1, 5, 2 e 3 vezes maior,
ção energética da dieta sobre a exigência proteica dos respectivamente, que o observado no grupo alimentado
peixes. O melhor desempenho zootécnico dos alevinos com 20% PB. Adicionalmente, verificou-se relação linear
de jundiá (peso inicial 1,52±0,34 g), alimentados até a entre o aumento da proteína dietética com a elevação da
saciedade aparente, foi obtido com dietas contendo atividade de enzimas hepáticas chaves do metabolismo
37% PB e 3.200 kcal EM kg-1 ou 33% PB e 3.650 kcal EM de aminoácidos, assim como dos níveis de aminoácidos
kg-1, verificando-se assim o efeito poupador da proteína livres, amônia e ureia no plasma e fígado dos peixes.
com o aumento da concentração energética da dieta. Todos os estudos relatados acima foram realizados
Todavia, a elevação do teor de energia da dieta também em laboratório. Entretanto, em condições de campo os
influenciou a composição corporal dos jundiás, que trabalhos são escassos. Dietas práticas e isoenergéti-
acumularam mais gordura. cas (3.500 kcal ED kg-1) contendo 28, 32, 36, 40 e 44%
Resultados semelhantes de exigência proteica e PB foram testadas em alevinos de jundiá (peso inicial
energética (37% PB e 3.394 kcal de energia digestível 4,10±0,73 g) cultivados em tanques-rede e alimenta-
calculada [ED] kg-1) para alevinos de jundiá (peso inicial dos (8 a 4% da biomassa) durante 60 dias (dados obti-
0,3 g) alimentados até a saciedade aparente com dietas dos pela autora, Borba, não publicados). O aumento da
mistas, à base de farinha de peixe e dextrina, foram ve- concentração de proteína na dieta refletiu em aumento
rificados em estudo que avaliou níveis crescentes de PB linear do crescimento e melhora dos índices de conver-
na dieta (30, 34, 38 e 43%) e dois níveis de lipídios (8 e são alimentar e taxa de retenção proteica, além de au-
14%, refletidos em concentrações energéticas variando mentar a deposição de proteína corporal. Desta forma,
de 2.414 a 3.752 kcal ED kg-1). Em cada nível de proteína, recomenda-se pelo menos 44% PB em dietas com 3.500
o aumento da concentração energética da dieta me- kcal ED kg-1 para alevinos de jundiá.
lhorou os índices de crescimento e utilização alimentar, O nível ótimo de proteína para jundiás cultivados
mas também implicou em maior deposição de gordura em tanques-rede pode ser influenciado, dentre outros
corporal dos peixes (Salhi et al., 2004). fatores, pelo tamanho inicial dos peixes, a duração do
Em estudo realizado por Signor et al. (2004), alevinos experimento e os parâmetros de desempenho analisa-
dos. Em jundiás (47,39±14,06 g) alimentados até a sa-
de jundiá (peso inicial 0,78±0,05 g) foram alimentados (8%
ciedade aparente com dietas contendo 25, 30 ou 35%
da biomassa) com dietas práticas isoenergéticas (3.600
PB e 3.250 ou 3.500 kcal ED kg-1 e cultivados em tanque-
kcal ED kg-1) contendo concentrações proteicas variando
-rede por 324 dias na densidade de 70 peixes/m3, ob-
de 30 a 46% PB, com intervalos de 4%. Foi verificado au-
servou-se que a concentração energética da dieta não
mento linear do crescimento dos peixes com o aumento
afetou significativamente o crescimento dos peixes. Já
da concentração proteica da dieta, assim como aumento
o aumento do conteúdo proteico foi refletido em maior
na deposição de proteína corporal. Os autores recomen-
ganho em peso. O peso médio final alcançado variou
dam a utilização de dietas com 38% de PB para alevinos de
de 334,0±31,8 a 482,5±18,7 g, sendo a concentração de
jundiá, mas salientam que esta espécie responde positiva- 30% PB sugerida como a mais adequada, pois não dife-
mente a níveis superiores de PB nas rações. riu significativamente do nível de 35% PB (Reidel, 2007).
Em outro estudo, foram testadas três concentra- A dieta contendo 30% PB e 3.250 kcal ED kg-1 resultou
ções de PB (44, 51 e 54%) combinadas com três concen- em maior rendimento de carcaça (Reidel et al., 2010a),
trações energéticas (3.400, 3.500 e 3.600 kcal ED kg-1) enquanto as melhores respostas de desenvolvimento
em dietas práticas para alevinos de jundiá (peso inicial gonadal no final da vitelogênese e performance repro-
0,70±0,12 g) alimentados até a saciedade aparente (Pie- dutiva dos peixes foram obtidas com 35% PB e 3.250
dras et al., 2006). Devido, provavelmente, à proximidade kcal ED kg-1 (Reidel et al., 2010b). Coldebella et al. (2011)
das concentrações energéticas testadas, não foi obser- também avaliaram o efeito da concentração proteica da
vado efeito significativo para este fator, tendo o cresci- dieta sobre o crescimento, desempenho reprodutivo
mento dos peixes sido influenciado apenas pelo teor de e parâmetros hematológicos de jundiás mantidos em
proteína das dietas. O maior ganho em peso médio foi tanques-rede, mas os resultados indicaram exigência
verificado em peixes que receberam a dieta com 51% menor do que nos estudos mencionados acima. Fêmeas
PB e 3400 kcal ED kg-1. de jundiá (394,2 e 690,3 g de peso médio inicial) foram
A melhora no crescimento com o aumento da alimentadas (2 a 3% da biomassa) com dietas práticas
concentração proteica da dieta também foi verificada isoenergéticas (4.000 kcal EB kg-1) contendo 28, 34 e
em jundiás numa faixa maior de tamanho (Melo et al., 40% PB. Ao final de 90 dias, não foi verificada influên-
2006). Juvenis (peso inicial 32±3,0 g) alimentados (10% cia dos níveis proteicos para a maioria dos parâmetros
da biomassa) com dietas práticas, isoenergéticas (4.500 testados, sugerindo que 28% PB na dieta foi suficiente
kcal de energia bruta [EB] kg-1, contendo de 20 a 41% para manter as matrizes em condições fisiológicas ade-
PB, apresentaram crescimento significativamente maior quadas e com bons índices reprodutivos.
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO JUNDIÁ 243

Tabela 1. Exigência nutricional do jundiá em proteína.

Peso Ensaio
inicial Exigência proteica Energia dieta
Principal parâmetro Duração Referência
jundiá Dieta Ambiente
(níveis testados) avaliado dias

g % proteína bruta kcal kg-1


1
0,3 41 (20, 27, 34, 41) 4.500 EB (isoenergéticas) crescimento prática 60 laboratório Melo et al., 2006
0,3 37 (30, 34, 38, 43) 3.394 ED2 (2414 a 3752) crescimento mista 30 laboratório Salhi et al., 2004
0,78 38 (30, 34, 38, 42, 46) 3.600 ED (isoenergéticas) crescimento prática 30 laboratório Signor et al., 2004
0,78 51 (44, 51, 54) 3.400 ED (3400 a 3600) crescimento prática 40 laboratório Piedras et al., 2006
semi-pu- Meyer e Fracalossi,
1,52 37 (26, 29, 33, 37, 41) 3.200 EM3 (3200 e 3650) crescimento 90 laboratório
rificada 2004
semi-pu- Meyer e Fracalossi,
1,52 33 (26, 29, 33, 37, 41) 3.650 EM (3200 e 3650) crescimento 90 laboratório
rificada 2004
Borba, dados não
4,10 44 (28, 32, 36, 40, 44) 3.500 ED (isoenergéticas) crescimento prática 60 tanque-rede
publicados.
crescimento rendi- Reidel, 2007
47,39 30 (25, 30, 35) 3.250 ED (3250 e 3500) prática 324 tanque-rede
mento de carcaça Reidel et al., 2010b
desenvolvimento
47,39 35 (25, 30, 35) 3.250 ED (3250 e 3500) gonadal, performance prática 324 tanque-rede Reidel et al., 2010a
reprodutiva
crescimento, parâme-
394,2 a
28 (28, 34, 40) 4.000 EB (isoenergéticas) tros fisiológicos, per- prática 90 tanque-rede Coldebella et al., 2011
690,3
formance reprodutiva

1
EB: Energia bruta medida em calorímetro.
2
ED: Energia digestível calculada.
3
EM: Energia metabolizável calculada.

A proteína representa de 65 a 75% do peso seco para cada aminoácido, o que implicava em pesquisas
dos peixes e é o principal componente do músculo. A de alto custo e longo tempo de duração. Atualmente,
proteína dietética é fonte de aminoácidos, que serão muitos estudos adotam o conceito de proteína ideal
utilizados pelos peixes para a construção de suas pró- para a definição da exigência em aminoácidos essen-
prias proteínas. Desta forma, os peixes, como outros ciais de diferentes espécies de peixes. Neste conceito é
animais, não possuem exigência nutricional específica proposta a determinação da exigência quantitativa de
para proteína, mas sim exigência mínima para cada um um aminoácido referência, via ensaio dose-resposta,
dos dez aminoácidos essenciais. sendo a exigência dos demais aminoácidos estimada
Tradicionalmente, a metodologia utilizada para de- com base no perfil de aminoácidos do corpo do peixe,
terminação das exigências em aminoácidos para peixes uma vez que apresenta forte correlação com os níveis
baseava-se em experimentos individuais de dose-resposta exigidos na dieta (Wilson, 2002).

Tabela 2. Exigência estimada em aminoácidos essenciais para o jundiá, em comparação com a exigência do também onívoro
bagre do canal, Ictalurus punctatus.

Exigência
Jundiá
Aminoácidos Montes-Girao e Fracalossi 20061 Bagre do canal5
Regressão 3
Meyer e Fracalossi 20054
Regressão polinomial
segmentada2
-------------------------------------------------------------------% da proteína-------------------------------------------------------------
Arginina 4,6 5,5 3,72 4,30
Histidina 1,8 2,1 1,31 1,50
Isoleucina 4,6 5,5 2,54 2,60
Leucina 7,7 9,1 5,03 3,50
Lisina 4,5 5,1 5,80 5,10
Metionina + Cistina 3,7 4,3 3,11 2,30
Fenilalanina + Tirosina 5,4 6,3 4,79 5,30
Treonina 4,3 5,1 3,00 2,00
Triptofano 0,8 1,0 0,27 0,50
Valina 4,6 5,4 2,65 3,00

1
Exigência em lisina determinada em experimento dose-resposta e exigência nos demais aminoácidos estimada com base no
conceito de proteína ideal.
2
Exigência em lisina estimada aplicando regressão segmentada.
3
Exigência em lisina estimada aplicando regressão polinomial.
4
Exigência estimada com base na composição muscular do jundiá.
244 NUTRIAQUA

São escassos os estudos voltados à determinação óleos de canola e fígado de bacalhau foram mais efi-
da exigência nutricional do jundiá em aminoácidos cientes como suplemento lipídico na nutrição de larvas
essenciais, sendo encontrados apenas dois relatos até de jundiá (maior taxa de crescimento específico, peso
a presente data, cujos resultados estão sumarizados na e comprimento finais). Já a sobrevivência foi alta em
Tabela 2. A primeira iniciativa neste sentido foi de Meyer todos os tratamentos (88,14% a 95,23%). Em estudo
e Fracalossi (2005), que estimaram a exigência em aminoá- subsequente (Uliana et al., 2001b), larvas de jundiá fo-
cidos essenciais da espécie pela comparação da compo- ram alimentadas durante 21 dias com dietas também à
sição em aminoácidos do músculo de jundiás selvagens base de fígado bovino e levedura de cana, suplementa-
e de cativeiro com a exigência dietética em aminoácidos das com óleo de canola e lecitina de soja em diferentes
essenciais de outras espécies de peixes onívoros. Poste- combinações, na proporção de 0, 2 e 5% da dieta. Os
riormente, Montes-Girao e Fracalossi (2006) determina- melhores resultados de crescimento (peso final=184,89
ram a exigência em lisina de alevinos de jundiá (peso mg) e sobrevivência (80,25%) foram verificados com a
inicial 1,4±0,1 g) em experimento dose-resposta de 119 suplementação de 2% de lecitina de soja na dieta, que
dias, estimando subsequentemente a exigência em ou- foi superior ao tratamento somente com óleo de canola
tros aminoácidos essenciais por meio do conceito de ou deste em combinação com a lecitina de soja (52,14-
proteína ideal. 146,23 mg; 9,74-23,33% sobrevivência). A lecitina de
soja é uma fonte rica em fosfolipídios, importantíssimos
na construção e renovação de membranas, que são
LIPÍDIOS E ÁCIDOS GRAXOS especialmente necessários nas fases iniciais de desen-
volvimento acelerado das larvas, quando a exigência
Os lipídios, além de serem fontes concentradas pode exceder a habilidade de síntese endógena destes
de energia, apresentam outras funções nutricionais im- compostos (Geurden et al., 1995). A importância da su-
portantes, atuando como veículo para a absorção de plementação de fosfolipídios em dietas para larvas de
nutrientes solúveis em gordura, na constituição da es- jundiá também foi evidenciada em estudo desenvol-
trutura de células e membranas subcelulares, bem como vido por Tronco et al. (2007), em que as larvas (~1,00
componentes de hormônios e precursores de prosta- mg) foram alimentadas durante 14 dias com dietas se-
glandinas e eicosanoides (Lovell, 1998). Desta forma, se- mipurificadas suplementadas com os óleos de canola
gundo Sargent et al. (2002), a exigência em lipídios pode ou de girassol, incorporados na proporção de 5% da
ser dividida em três principais categorias: (1) quantidade dieta, acrescidas ou não de 2% fosfatidilcolina (fonte
de lipídio exigida como fonte de energia e em termos (2) de fosfolipídios). Quando comparou-se o desempenho
qualitativo e (3) quantitativo de ácidos graxos essenciais. das larvas somente com os óleos de canola e de giras-
Os ácidos graxos essenciais são precursores de ei- sol, verificou-se diferença significativa apenas quanto à
cosanoides, compostos altamente ativos biologicamen- sobrevivência final, 65,16% e 75,79%, respectivamente.
te que são chave no metabolismo e sistema imunológi- Os autores atribuíram esta diferença ao fato do óleo de
co dos peixes. Eicosanoides oriundos de ácidos graxos girassol ser rico em ácidos graxos essenciais da famí-
da série n-6 e n-3 são, respectivamente, das séries do lia do ácido linoleico [LA] (n-6) e conter poucos ácidos
ácido araquidônico (20:4 n-6) e ácido eicosapentae- graxos da família do ácido linolênico [LNA] (n-3). Em es-
noico (20:5 n-3), os quais poderão originar substâncias tudos realizados com outros animais, há evidência de
de ação imunoestimulante ou imunosupressora em supressão da proliferação de linfócitos em dietas ricas
peixes. Assim, as ações dos eicosanoides são definidas em ácidos graxos da série n-3 [LNA], o mesmo não ocor-
pela proporção dos ácidos araquidônico e eicosapenta- rendo com dietas ricas em ácidos graxos da série n-6
enoico nas membranas celulares, o que por sua vez é [LA]. Assim, levando em consideração que a redução
determinado pela ingestão via dieta desses ácidos gra- do número de linfócitos provoca o enfraquecimento do
xos poli-insaturados (Lovell, 1998; Sargent et al., 2002). sistema imunológico, os autores cogitam ter sido esta
No capítulo 5 deste livro é detalhada a importância dos uma das causas do aumento da mortalidade das larvas
lipídios na nutrição de peixes. nos tratamentos com suplementação de óleo de cano-
Os estudos encontrados na bibliografia relaciona- la. Já quando as dietas foram suplementadas com 2%
dos com a suplementação de lipídios na dieta de jundiá de fosfatidilcolina, verificou-se melhora significativa do
são voltados principalmente à avaliação de diferentes crescimento e sobrevivência das larvas.
fontes, proporções e percentuais de inclusão deste nu- Diferentes fontes e percentuais de inclusão de li-
triente nas dietas de larvas, juvenis e matrizes. pídios também foram testados em dietas para juvenis
Larvas de jundiá foram alimentadas durante 21 de jundiá. Melo et al. (2002) alimentaram jundiás (21,58
dias com dietas à base de fígado bovino e levedura g) durante 26 dias com dietas práticas, à base de fígado
de cana, suplementadas com óleos de canola, soja, fí- bovino e levedura de cana, suplementadas com 5% de
gado de bacalhau, girassol ou de milho, incorporados óleo de canola, ou óleo de fígado de bacalhau ou banha
na proporção de 5% da dieta (Uliana et al., 2001a). Os suína. O desempenho e rendimento de carcaça (peixes
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO JUNDIÁ 245

eviscerados e com cabeça) não foram influenciados pe- dietas práticas, isoproteicas (38% PB) e isoenergéticas
las fontes testadas, mas verificou-se maior deposição (~3.300 kcal ED kg-1; ~10% gordura analisada), conten-
de gordura nos peixes alimentados com banha suína. do diferentes fontes lipídicas (5% de inclusão: óleos de
Segundo os autores, as três fontes apresentam-se como girassol, canola ou banha suína) e posteriormente ava-
alternativas para inclusão em dietas para juvenis de jun- liados o desenvolvimento embrionário e larval. O de-
diá, mas é necessário um período experimental mais sempenho das matrizes e o desenvolvimento larval não
longo para melhor visualização dos seus efeitos. foram afetados pelas fontes lipídicas testadas, as quais
A suplementação de três fontes lipídicas vegetais mostraram eficiência equivalente na nutrição de fêmeas
(óleos de arroz, canola ou soja), em níveis de 5 ou 10% de jundiá (Parra et al., 2008).
de inclusão, foi testada em dietas práticas à base de
farinha de carne e ossos e farelo de soja (isoproteicas:
aproximadamente 32% PB, mas não isocalóricas: 3.068 CARBOIDRATOS
a 3.503 kcal ED kg-1) para juvenis de jundiá (71,0±0,8
g), durante 90 dias (Losekann et al. 2008). Não houve Apesar dos peixes não possuírem exigência die-
efeito das fontes ou dos níveis de inclusão dos óleos ve- tética específica para carboidratos (Wilson, 1994; NRC,
getais sobre o crescimento dos peixes e o rendimento 2011), é verificada diminuição nas taxas de crescimen-
de partes comestíveis. Entretanto, foi verificada influên- to de muitas espécies quando alimentadas com dietas
cia direta na composição química dos filés dos jundiás totalmente isentas deste nutriente (Hemre et al., 2002).
quanto ao teor de lipídios. As dietas suplementadas Os carboidratos são a fonte menos onerosa de energia
com óleo de soja resultaram em maior deposição de e a sua utilização em dietas para aquicultura implica em
gordura, que foi 25,65% e 133,06% maior do que nos redução de custos (NRC, 2011). Todavia, o limite má-
peixes alimentados com dietas suplementadas com ximo de inclusão deste nutriente varia com a espécie,
óleo de arroz e de canola, respectivamente. Em relação sendo que excessos podem afetar adversamente pa-
ao percentual de inclusão de lipídios na dieta, os jundi- râmetros morfométricos, fisiológicos e funcionais dos
ás alimentados com 10% de óleo também depositaram peixes (Hemre et al., 2002). Em geral, peixes tropicais de
mais gordura no filé, o que não é surpresa, já que estas água doce apresentam maior capacidade de digestão e
dietas eram mais calóricas (3.407 a 3.503 kcal ED kg-1) do assimilação de carboidratos do que peixes marinhos e
que as suplementadas com 5% de óleo (3.068 a 3.158 de água fria, assim como os peixes onívoros e herbívo-
kcal ED kg-1). ros demonstram ser mais eficientes no aproveitamento
Em estudo desenvolvido por Vargas et al. (2008), deste nutriente do que os carnívoros (Wilson, 1994). A
no qual se avaliou o efeito da substituição de óleo de inclusão de fontes não proteicas de energia (carboidra-
peixe (óleo de fígado de bacalhau) por óleos vegetais tos e lipídios) em quantidades e proporções adequadas
(óleo de milho ou de linhaça), também não foi verifi- na dieta de peixes é importante, tanto do ponto de
cado efeito da suplementação (5% de inclusão) dos vista econômico como ambiental, pois previne a meta-
diferentes tipos e proporções das fontes de lipídios em bolização da proteína para gerar energia. Desta forma,
dietas práticas, isoproteicas (~37% PB) e isoenergéticas o efeito poupador da proteína resulta em redução nos
(~3.400 kcal EDkg-1; ~10% lipídios), sobre o desempe- custos de produção, bem como em menor emissão de
nho zootécnico de alevinos de jundiá (1,0±0,2 g) ali- compostos nitrogenados na água (Stone et al., 2003;
mentados até a saciedade aparente durante 31 dias. Borba et al., 2006).
Todavia, o perfil de ácidos graxos e a relação n-3:n-6 Os poucos trabalhos encontrados na literatura re-
dos peixes foram altamente influenciados pela dieta. Os lacionados à utilização de carboidratos pelo jundiá re-
jundiás alimentados com óleo de linhaça e/ou óleo de forçam o questionamento sobre a onivoria da espécie,
fígado de bacalhau apresentaram relação n-3:n-6 (0,57- uma vez que os resultados sugerem aproveitamento
0,83) superior ao mínimo recomentado (≥0,25) pela Or- deste nutriente de forma semelhante ao verificado para
ganização Mundial de Saúde, enquanto nos peixes que carnívoros. Oliveira Filho e Fracalossi (2006) e, mais re-
receberam a dieta com óleo de milho os valores foram centemente, Rodrigues et al. (2012) evidenciaram, em
inferiores (0,10). Os autores afirmam que o óleo de li- ensaios de digestibilidade, a habilidade comparativa-
nhaça, com aproximadamente 50% de ácido linolênico mente menor do jundiá em assimilar fontes vegetais
(18:3 n-3) em sua composição (NRC, 1993), pode ser uti- ricas em amido do que a exibida por outras espécies
lizado como substituto para o óleo de peixe sem afetar onívoras. Moro et al. (2010) avaliaram o desempenho
o desempenho ou qualidade do pescado, mas desta- zootécnico e parâmetros metabólicos de alevinos de
cam que mais estudos são necessários para confirmar jundiá (0,63±0,02 g) alimentados com níveis crescen-
estes resultados para peixes em tamanho comercial. tes de carboidrato (dextrina). Foram utilizadas dietas
Em fêmeas de jundiá, o efeito da fonte lipídica na semipurificadas isoproteicas (41% PB) e aproximada-
dieta foi investigado. Matrizes (500 g peso inicial) foram mente isoenergéticas (~13,5 kJ EB g-1) com 8 relações
alimentadas (2% da biomassa) durante 10 semanas com carboidrato:lipídio (CHO:L), variando de 0,3:1 a 6,4:1 (0,0
246 NUTRIAQUA

a 16,7% inclusão de dextrina). Ao final de 75 dias, apesar


VITAMINAS E MINERAIS
de não ter sido verificada influência das dietas no cres-
cimento, os jundiás demonstraram baixa capacidade As exigências em vitaminas e minerais ainda não
de utilização de carboidrato e sobrecarga metabólica são conhecidas para o jundiá e, até o presente, são pou-
quando alimentados com mais de 15,7% de dextrina, cos os estudos encontrados na literatura envolvendo a
refletindo em redução na taxa de retenção proteica e avaliação destes compostos na sua nutrição. Além de
concentração de glicogênio no fígado. A partir dos re- escassas, as pesquisas publicadas com vitaminas e mi-
sultados obtidos com a dextrina, fonte altamente di- nerais para o jundiá não tratam exatamente da exigên-
gestível de carboidrato, os autores recomendam die- cia nutricional da espécie, mas sim do efeito da suple-
tas para juvenis de jundiá com relação CHO:L de 5,3:1 mentação dietética destes micronutrientes, em níveis
(15,7% dextrina e 3% de lipídios). Todavia, cabe salientar e misturas diversas, sobre o desempenho zootécnico,
que o uso relativo de carboidratos da dieta pelos peixes sobrevivência e resistência a parasitas.
pode variar com o tipo, complexidade molecular e esta- Diferentes misturas e seis níveis de suplementa-
do físico do carboidrato (NRC, 2011), sendo recomendá- ção (0 a 2%) de vitaminas em dietas práticas para larvas
vel que outras fontes e formas de processamento deste de jundiá (peso inicial 1,0 mg) foram testadas em ensaio
nutriente sejam avaliadas para o jundiá. de 21 dias (Trombetta et al., 2006). A dieta não suple-
Ainda que vantajosa econômica e ambientalmen- mentada com vitaminas acarretou em deformidades
te, a utilização de fontes vegetais em dietas para peixes (escoliose, lordose etc.) e nos piores índices de desem-
também pode apresentar restrições quanto aos níveis penho e sobrevivência das larvas, enquanto os melho-
de inclusão em função da fração fibrosa. Os principais res resultados foram obtidos com a suplementação de
efeitos negativos atribuídos às fibras são prejuízos na 2% da mistura composta por (unidades kg-1 da mistura):
digestão e absorção dos nutrientes da dieta e, conse- vitamina [vit.] A 120.000 UI; vit. D 20.000 UI; vit. E 2.000
quentemente, no desempenho produtivo dos peixes, UI; vit. K 100 UI; riboflavina 400 mg; ácido pantotênico
além de aumento na emissão de efluentes no ambiente 600 mg; niacina 1.200 mg; vit. B12 400 mg; vit. C 5000
(Lanna et al., 2004; Amirkolaie et al., 2005; Krogdahl et al., mg; biotina 12,0 mg; ácido fólico 50 mg; tiamina 200
2005). Juvenis de jundiá (10,79±2,37 g) alimentados mg; piridoxina 120 mg; inositol 250 mg e colina 500 mg.
por 30 dias com rações contendo 20% de polpa cítrica, Em estudo desenvolvido com larvas do jundiá
fonte rica em fibra solúvel, apresentaram espessamen- (Rhamdia voulezi) (peso inicial 2,8±0,7 mg), foi avaliada
a suplementação de 600, 850, 1.100, 1.600 e 2.600 mg de
to da camada muscular no intestino distal, sugerindo
vitamina C monofosfatada kg-1 em dietas práticas. Após
resposta adaptativa da espécie à dieta, provavelmente
31 dias, os resultados de peso final (0,29-0,38 g), taxa de
para aumentar a propulsão da digesta viscosa formada.
crescimento especifico (14,75-15,86%) e sobrevivência
As fibras solúveis, ao contrário das fibras insolúveis que
(73,33-81,33%) não foram significativamente influen-
aumentam a velocidade de trânsito do bolo alimentar,
ciados pelas dietas (Reis et al., 2011). Juvenis de jundiá
tendem a retardar o trânsito gastrintestinal devido as
(peso inicial 9,21±0,26 g) também não demonstraram
suas propriedades geleificante e adsorvente, que preju-
se beneficiar com a suplementação de níveis crescentes
dicam a absorção de nutrientes (Rodrigues et al., 2012).
de vitamina C monofosfatada (0, 148, 252, 580 e 1.233
Em estudo realizado por Pedron et al. (2008) foi avalia-
mg kg-1) em dieta prática, sendo que ao final de 60 dias
do o efeito da inclusão de diferentes fontes (cascas de
não ocorreram diferenças significativas quanto à sobre-
soja e de algodão) e níveis de fibra (4, 7 e 10%) na dieta vivência ou crescimento (Borba et al., 2007). Em seguida
para juvenis de jundiá (peso inicial 129,11±7,81 g). Ao ao período de 60 dias de alimentação, os juvenis foram
final de 120 dias os peixes alimentados com casca de desafiados com ictio (Ichthyophthirius multifiliis), proto-
soja acumularam mais gordura no filé, mas não foi ve- zoário ectoparasita causador de grandes prejuízos em
rificada influência das dietas quanto ao desempenho cultivos de jundiá, mas também não foi verificada dife-
produtivo, índices digestivos e rendimento de carcaça rença no grau de infestação dos peixes. Desta forma, a
e de filé dos jundiás. Estes resultados sugerem a possi- hipótese de que doses elevadas de vitamina C aumen-
bilidade de utilização de dietas com teor relativamen- tariam a resistência do jundiá ao ictio, a exemplo do que
te alto de fibra bruta (10%) sem prejuízos para juvenis ocorre com outros peixes, não se confirmou. Outra ten-
de jundiá, semelhante ao que é observado para outras tativa de aumentar a resistência de alevinos de jundiá
espécies onívoras, como a tilápia-do-Nilo (Oreochromis ao ictio via nutrição foi realizada pela suplementação
niloticus) e o pacu (Piaractus mesopotamicus), que não de uma dieta basal prática com níveis crescentes (0,0;
apresentam redução no crescimento, digestibilidade 1,2; 2,5; 5,0 e 6,0%) de sal comum (NaCl), distribuída
dos nutrientes ou no tempo de trânsito gastrintestinal a uma taxa de 5% da biomassa aos alevinos de jundiá
quando alimentados com até 9% de fibra bruta na dieta (peso inicial 0,72 g) durante 30 dias (Garcia et al., 2007).
(Lanna et al., 2004; Rodrigues et al., 2010). A suplementação da dieta com NaCl foi ineficaz como
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO JUNDIÁ 247

terapia contra a ictiofitiríase, mas influenciou o peso e durante 30 dias. A suplementação dietética de Ca2+ não
biomassa finais dos peixes, sendo os melhores resul- amenizou os efeitos negativos da alcalinidade ou acidez
tados verificados para os jundiás suplementados com do pH da água, que, mesmo não afetando a sobrevivên-
1,2% de NaCl na dieta. cia, refletiram em redução do crescimento dos peixes. Já
A efetividade do uso de selênio orgânico e inor- em pH neutro (~7,5), os resultados sugerem que a me-
gânico pelo jundiá foi avaliada. Para tanto, uma dieta lhor concentração de Ca2+ na dieta para o crescimento
basal prática foi suplementada com 0,6 mg de selênio dos alevinos de jundiá está entre 0,8 e 6,4 g kg-1.
inorgânico (selenito de sódio–Na2SeO3), ou 0,6 mg de Finalmente, tendo em vista a grande importância
selênio orgânico (Selplex®), ou ainda com uma mistu- da suplementação de vitaminas (hidro e lipossolúveis)
ra destes dois (0,3:0,3 mg), fornecida até a saciedade e minerais (macro e microminerais) em concentrações
aparente aos alevinos de jundiá (9,8±1,2 g) durante 55 adequadas na dieta de peixes, na Tabela 3 são listadas
dias (Piedras et al., 2005). Ao final do período de alimen- as exigências apresentadas pelo bagre do canal para
tação, os melhores índices de crescimento e sobrevivên- estes micronutrientes (NRC, 2011). Por tratar-se de uma
cia foram apresentados pelos peixes suplementados ex- espécie de hábito alimentar onívoro, com característi-
clusivamente com selênio orgânico. Copatti et al. (2005) cas semelhantes ao jundiá, é recomendável que estas
avaliaram a suplementação de cálcio (0,8; 6,4; 9,5 e 23,9 g informações sejam utilizadas na formulação de dietas
Ca2+ kg-1) na dieta de alevinos de jundiá, com um mês de balanceadas até que os valores de exigência vitamínica
idade, expostos a diferentes valores de pH (5,5; 7,5 e 9,0), e mineral sejam definidos para o próprio jundiá.

Tabela 3. Exigência vitamínica e mineral do bagre do canal, Ictalurus punctatus, por


quilograma da dieta (com base na matéria seca) (Fonte: NRC, 2011).
Nutriente Exigência
Macrominerais (%)
Cálcio R1/0,452
Fósforo 0,33
Relação Cálcio:Fósforo 1,5:0,33
Cloro 0,17
Magnésio 0,04
Potássio 0,26
Sódio 0,06
Microminerais (mg/kg)
Cobre 5
Iodo 1,1
Ferro 30
Manganês 2,4
Selênio 0,25
Zinco 20
Vitaminas lipossolúveis (mg/kg)3
A 0,6
D (μg/kg) 12,5
E 50
K (mg/kg) R1
Vitaminas hidrossolúveis (mg/kg)
Tiamina 1
Riboflavina 9
Vitamina B6 3
Ácido pantotênico 15
Niacina 14
Biotina R1
Vitamina B12 R
Ácido fólico 1,5
Colina 400
Mioinositol NR4
Vitamina C5 15

1
R: requer na dieta, mas quantidade não determinada.
2
Exigência dietética na ausência de cálcio na água
3
Fatores de conversão para as vitaminas lipossolúveis: 10.000 UI ≈ 3.000 μg vitamina
A; 1 UI = 0,025 μg vitamina D.
4
NR: não requer na dieta.
5
Como L-ascorbil-2-monofosfato ou L-ascorbil-2-polifosfato (formas estáveis de vi-
tamina C).
248 NUTRIAQUA

utilização de matéria prima com granulometria inferior


DIETAS PRÁTICAS a 50 μm para garantir a homogeneidade dos ingredien-
tes nas partículas alimentares (100 a 400 μm) nas pri-
As dietas tradicionalmente utilizadas na criação meiras semanas de vida. Inúmeras são as fontes protei-
do jundiá são aquelas disponíveis no mercado para pei- cas e energéticas já testadas em rações para larvas de
xes onívoros, procurando-se adequar a granulometria jundiá: farinha de peixe, farinha de carne, fígado bovino
dos péletes ao tamanho dos peixes. A oferta de rações ou de aves, levedura de cana/álcool, glúten de milho,
extrudadas para o jundiá condiciona o peixe a buscar o farelo de soja, concentrado proteico de soja, farinha
alimento na superfície, sendo que a espécie tem hábito de vísceras de aves, entre outros (Piaia e Radünz Neto,
de fundo, com preferência na busca do alimento no fi- 1997; Cardoso et al., 2004; Lazzari et al., 2005; Fontinelli
nal da tarde. Neste caso, a oferta de rações peletizadas e Radünz Neto, 2007). As dietas para pós-larvas devem
atenderia melhor este hábito alimentar. ser atrativas para ser imediatamente consumidas, evi-
A maioria dos estudos publicados com jundiá ava- tando sobras no fundo dos tanques de criação. As so-
liou a substituição de ingredientes em dietas práticas. bras de ração dificultam o manejo de limpeza diária dos
A tendência mundial é a substituição das fontes de ori- tanques, pois as pós-larvas abrigam-se sob as mesmas.
Nos experimentos conduzidos para avaliar dietas
gem animal, principalmente a farinha e o óleo de peixe,
práticas para o jundiá, três parâmetros de desempenho
oriundos de exemplares capturados em ambiente natu-
são importantes: peso médio, sobrevivência e taxa de
ral, por dietas constituídas por fontes de origem vege-
crescimento específico [TCE], que mede o crescimento das
tal. As pesquisas com dietas práticas para o jundiá apre-
larvas em % do peso vivo por dia. Espera-se que uma boa
sentam enfoque na avaliação de ingredientes proteicos
dieta para larvas proporcione TCE superior a 20% dia-1 nas
e lipídicos de origem vegetal, combinados com fontes primeiras semanas de vida. À medida que a larva vai cres-
de origem animal como a farinha de carne e ossos de cendo, os valores de TCE vão diminuindo gradativamente.
origem suína ou bovina (Coldebella e Radünz Neto, Os primeiros trabalhos realizados com larvas de
2002; Lazzari et al., 2008). Apesar de algumas restrições jundiá avaliando dietas práticas indicaram a levedura de
do ponto de vista sanitário e de homogeneidade da cana (60% de inclusão) e o fígado bovino in natura (30%
composição, estas fontes são amplamente disponíveis de inclusão, em base seca) como boas fontes proteicas
na região Sul do Brasil, apresentando boa qualidade e (Piaia e Radünz Neto, 1997). Após esta primeira propos-
preços competitivos. ta, outros estudos foram conduzidos, visando aprimorar
esta formulação. O fígado cru de aves, em substituição
ao fígado bovino, proporciona melhor resultado para as
larvas de jundiá, enquanto que o uso de hidrolisados de
DIETAS PARA LARVAS
peixes ou de fígado de aves não melhora a sobrevivência
Na larvicultura do jundiá, a alimentação das e o crescimento (Cardoso et al., 2004). A adição de 20%
de gema de ovo cozida, substituindo parcialmente a le-
pós-larvas pode ser realizada com ração granulada des-
vedura de cana, melhora o desempenho e a sobrevivên-
de os primeiros dias de vida (Uliana et al., 2001a; Cardoso
cia das larvas (Coldebella et al., 2011). A substituição do
et al., 2004). O uso de alimento vivo (náuplios de Artê-
fígado de aves por glúten de milho (Lazzari et al., 2005)
mia), durante os primeiros três ou sete dias após a aber-
ou concentrado proteico de soja (Fontinelli e Radünz
tura da boca, associado à ração granulada (100-200 μm)
Neto, 2007) não se mostrou interessante em termos de
promove sobrevivência superior a 90% nos 20 dias de desempenho e sobrevivência das larvas de jundiá.
alimentação. As larvas, cuja dieta foi suplementada com Dentre os óleos vegetais, o óleo de canola é o que
náuplios durante sete dias, apresentaram peso médio apresenta melhores resultados quando incorporado em
de 151,4 mg, comprimento total de 25,4 mm e 83,5% de dietas para larvas de jundiá (Uliana et al., 2001a). Entre-
sobrevivência (Behr et al., 2000). tanto, a lecitina de soja ao nível de 2% na dieta apre-
Na larvicultura em viveiros de terra, com aduba- senta-se como melhor fonte lipídica, pois proporcionou
ção eficiente, o alimento natural fornece os nutrientes TCE de 24,85% (Uliana et al., 2001b). A lecitina de soja é
essenciais nos primeiros dias de vida dos peixes. A uti- fonte de fosfolipídios essenciais para as larvas de jun-
lização de alimento vivo (artêmia) é eficiente na larvi- diá nos estágios iniciais de desenvolvimento, conforme
cultura da espécie, mas apresenta o inconveniente da discutido anteriormente. Nos cultivos em viveiros de
preparação diária, impossibilidade de estocagem (náu- terra, as larvas obtêm a maior parte dos fosfolipídios do
plios) e o inconveniente do custo (Behr et al., 2000). O alimento natural (zooplâncton), mas em cultivos em la-
objetivo de estabelecer uma dieta para larvas de jundiá boratório o aporte é exclusivamente via dieta artificial.
é reduzir a dependência do alimento vivo proveniente Considerando as informações aqui relatadas, atual-
dos viveiros de terra, de modo a aumentar a sobrevivên- mente a melhor alternativa de dieta prática para larvas de
cia, o crescimento e a uniformidade dos peixes. jundiá nas primeiras semanas de vida deve ser constitu-
O uso de alimento granulado para larvas desde ída conforme apresentado na Tabela 4, e conter 42,9%
a primeira alimentação, sem alimento vivo, exige a de proteína bruta conforme Coldebella (2010).
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO JUNDIÁ 249

Tabela 4. Composição básica de dieta prática para larvas de jundiá.

Ingrediente Inclusão
%
Levedura de cana 37
Fígado de aves in natura1 30
Gema de ovo cozida 20
Farelo de arroz desengordurado 8
Lecitina de soja 2
Mistura vitamínica2 2
Mistura mineral3 1

1
Incluir 30% em base de matéria seca.
2
Composição mínima da mistura vitamínica (por kg de produto): Vit. A: 120.000 UI; Vit. D: 20.000 UI; Vit. E 2.000 mg; Vit. K: 100 mg;
Vit. C: 5.000 mg; Riboflavina: 400 mg; Ác. Pantotênico: 600 mg; Niacina: 1200 mg; Vit. B12: 400 mcg; Piridoxina: 120 mg; Tiamina: 200
mg; Ác. Fólico: 50 mg; Inositol: 400 mg; Biotina: 12 mcg; Colina: 500 mg (Trombetta et al., 2006).
3
Composição mínima da mistura mineral (por kg de produto): Mg: 5000 ppm; S: 40000 ppm; Mn: 4000 ppm; Cu: 30 ppm; Fe: 750
ppm; Zn: 700 ppm; Co: 70 ppm; I: 2000 ppm; calcário calcítico (veículo): q.s.p. 1 kg (Fontinelli e Radünz Neto, 2007).

lipídica depende do objetivo de produção. Se o produ-


DIETAS PARA JUVENIS E ENGORDA
tor objetivar a venda para pesque-pagues, onde o peso
Diferentes fontes proteicas e energéticas disponí- individual é o critério de maior importância, a escolha
veis no mercado nacional foram estudadas para juvenis da fonte lipídica pode se basear no menor preço. En-
de jundiá (peso inicial de 15 g). Dentre elas, salienta-se: tretanto, quando o objetivo for a venda de partes co-
farinha de peixe, farinha de carne e ossos, farelo de soja, mestíveis (filé e/ou carcaça), é importante atentar para a
levedura (Coldebella e Radünz Neto, 2002; Lazzari et al., fonte e o nível de lipídios utilizados, a fim de otimizar as
2008), onde a combinação das farinhas de carne e ossos propriedades nutricionais e organolépticas do pescado.
ou de peixe, associadas ao farelo de soja (30 e 32% de
inclusão), possibilitam bom desempenho e maior depo-
sição de proteína (69,8 e 71,5 mg dia-1, respectivamen- DIETAS PARA REPRODUTORES
te) e gordura (77,2 e 78,3 mg dia-1, respectivamente)
nos filés. O farelo de soja, quando utilizado como única Devido à complexidade e dificuldade de condu-
fonte proteica na dieta, além de não proporcionar de- ção experimental, são poucos os estudos envolvendo
sempenho satisfatório, diminui de maneira significativa a nutrição de reprodutores de jundiá. Uma dieta com
a atividade das enzimas ligadas à digestão de proteínas, base proteica composta por farinha de carne e ossos
principalmente tripsina e quimiotripsina (Lazzari et al., (36%) e farelo de soja (35%), associada à inclusão de 5%
2008, 2010). de óleo de soja, óleo de canola ou banha suína como
Casca de soja ou de algodão, que são fontes de fonte lipídica não altera o desempenho reprodutivo ou
fibra, quando incluídos em até 10% na dieta, não afe- a qualidade da prole de jundiás (Parra et al., 2008). Em
taram o ganho em peso de jundiá (peso inicial de 129 estudos posteriores destes autores, onde foi avaliada a
g) criados em tanques-rede, mas houve maior deposi- inclusão de outras fontes proteicas na dieta, observou-se
ção de gordura nos filés dos peixes alimentados com que tanto a farinha de carne e ossos quanto a farinha
casca de soja (Pedron et al., 2008). Reidel et al. (2010b) de peixe combinadas com farelo de soja proporcionam
demonstraram que dieta com 35% PB e 3.250 kcal ED bom desempenho reprodutivo das fêmeas de jundiá
kg-1 de ração, contendo 40% de farelo de soja e 1,019% (Parra et al., 2010). Cabe salientar que, quando o nível
de ácido linolênico foi tão eficiente quanto aquela com de inclusão de farelo de soja foi superior a 35%, ocor-
3.500 kcal kg-1 e 3,176% de ácido linolênico. reram problemas reprodutivos refletidos na qualidade
Com relação às fontes lipídicas na dieta para jundi- dos ovócitos (diâmetro e área).
ás, observa-se efeito mais pronunciado na alteração da A utilização de dietas contendo 28, 34 ou 40% PB
deposição de componentes corporais, notadamente a na alimentação de fêmeas de jundiá não afeta a qua-
gordura, do que no crescimento dos peixes (Melo et lidade da desova e das larvas obtidas destas fêmeas,
al., 2002; Losekann et al., 2008). Fontes de ácidos gra- quando o nível de EB é de 4.000 kcal kg-1 e o nível de
xos insaturados como óleo de arroz, soja e canola, e lipídios está entre 14 e 16% (Coldebella et al., 2011). En-
até fontes saturadas como a banha suína, constituem tretanto, Reidel et al. (2010b) observaram que nas dietas
boas opções para utilização em dietas práticas para o com 4.000 kcal kg-1 EB (3.250 kcal kg-1 ED) o melhor de-
jundiá. Do ponto de vista comercial, a escolha da fonte sempenho reprodutivo foi obtido com 35% PB.
250 NUTRIAQUA

Gonçalves e Carneiro, 2003). Rodrigues et al. (2012) ao


INGREDIENTES PRÁTICOS E DIGESTIBILIDADE comparar a digestibilidade de fontes vegetais pelo jun-
diá (93,9±34,0 g) e pela tilápia-do-Nilo (93,7±51,6 g),
Quanto à digestibilidade de alguns ingredientes espécie tipicamente onívora com preferência por itens
comumente utilizados em rações para peixes, Oliveira vegetais, constataram menor habilidade do jundiá em
Filho e Fracalossi (2006) evidenciaram maior capaci- digerir fontes amiláceas e em utilizar a proteína de fon-
dade de aproveitamento pelo jundiá de ingredientes tes vegetais, semelhante ao que é verificado para pei-
proteicos (farelo de soja, farinha de peixe e glúten de xes de hábito alimentar carnívoro. Todavia, a alteração
milho) do que energéticos (milho e quirera de arroz), observada na morfologia intestinal dos jundiás em fun-
ricos em amido (Tabela 5). Os coeficientes de digesti- ção da fração fibrosa do alimento possivelmente indica
bilidade aparente dos ingredientes energéticos veri- certa capacidade adaptativa à dieta, o que é coerente
ficados para jundiás (78,5±9,0 g) foram inferiores aos com o hábito alimentar onívoro. Desta forma, é suge-
apresentados por outras espécies onívoras, como a rido também por aqueles autores que o jundiá é uma
tilápia-do-Nilo, mas um pouco superiores ao de peixes espécie onívora com tendência à carnivoria.
carnívoros (Sullivan e Reigh, 1995; Boscolo et al., 2002;

Tabela 5. Composição proximal (base seca) e coeficientes de digestibilidade aparente de ingredientes para juvenis de jundiá.

Peso Coeficientes de
Ingredientes Método
médio digestibilidade Refe-
coleta
Matéria Proteína Extrato Matéria Energia Inclusão peixe Matéria Proteína Energia rência
fezes1
seca bruta etéreo mineral bruta na dieta seca bruta bruta
% % % % kcal % g --------------------------%------------------------
Farinha 2
90,07 60,56 10,56 25,2 4030 29,62 78,5 S 70,3 85,0 77,4
resíduo peixe
Farelo de 2
88,30 54,00 2,07 6,8 4174 29,62 78,5 S 74,6 88,3 77,9
soja
2
Glúten milho 58,95 70,96 5,01 1,52 5321 29,62 78,5 S 77,3 90,2 81,3
2
88,91 9,56 3,92 1,15 3886 29,62 78,5 S 69,9 83,6 72,7
Milho moído
3
88,77 5,20 3,89 1,43 4459 30,00 93,9 S 50,3 56,2 55,32
2
86,87 11,42 1,99 1,30 3786 29,62 78,5 S 70,9 85,9 74,4
Quirera arroz
3
89,15 8,82 1,56 0,64 4173 30 93,9 S 55,0 74,3 48,0
3
Polpa cítrica 86,59 6,20 7,00 6,71 4296 30 93,9 S 44,5 34,1 51,8
Farelo de 3
90,08 13,33 4,84 8,13 4236 30 93,9 S 36,0 58,7 35,9
trigo
3
Casca de soja 92,53 11,75 2,41 4,52 4231 30 93,9 S 26,7 51,6 27,6

1
Sedimentação.
2
Oliveira Filho e Fracalossi, 2006.

que o arraçoamento a cada hora, no mesmo intervalo


PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO diurno (Lazzari et al., 2004).
Já na alevinagem, é possível obter o mesmo cresci-
Poucos são os trabalhos específicos para o jundiá mento de alevinos de jundiá fornecendo alimento ape-
no que diz respeito ao manejo alimentar. No cultivo em nas uma vez ao dia quando comparado com duas, três
tanques escavados, os produtores da região Sul do Bra- ou quatro vezes (Carneiro e Mikos, 2005). Contudo, os
sil utilizam práticas bastante distintas de alimentação. autores destacam que o aumento na frequência de for-
Em geral, na fase de engorda, utiliza-se taxa alimentar necimento do alimento permite maior contato visual do
de 3 a 5% do peso vivo, distribuída em duas ou três re- produtor com o peixe, possibilitando melhor acompa-
feições diárias. nhamento do estado de saúde dos animais, mas também
Na fase de larvicultura, devido à elevada taxa me- pode resultar em aumento dos custos com mão-de-obra.
tabólica e ao pequeno tamanho do trato digestório da Juvenis na faixa de 8 a 45 g de peso devem receber
larva, o número de refeições deve ser o maior possível, a no mínimo duas alimentações diárias, quando a tempe-
fim de garantir elevadas taxas de crescimento. O forneci- ratura da água for maior que 18ºC (Canton et al., 2007).
mento de sete alimentações diárias (a cada duas horas, Conforme a temperatura diminui abaixo dos 18ºC, o
entre 08:00 e 20:00 h) garante o mesmo desempenho consumo diminui e a quantidade de alimento ofertado
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO JUNDIÁ 251

deve ser reduzida, sob pena de comprometer negativa- Borba, M.R.; D.M. Fracalossi, and L.E. Pezzato. 2006. Dietary
mente a qualidade da água. O mesmo ocorre quando energy requirement of piracanjuba fingerlings,
Brycon orbignyanus, and relative utilization of dietary
as temperaturas estão muito elevadas, acima dos 32ºC carbohydrate and lipid. Aquaculture Nutrition 12: 183-191.
(Pedron et al., 2008). Borba, M.R.; D.M. Fracalossi, e F.A. Freitas. 2007. Efeito
Na fase de reprodução não há trabalhos específicos da suplementação de vitamina C na dieta sobre
determinando o melhor manejo alimentar a ser adotado. susceptibilidade de alevinos de jundiá, Rhamdia quelen ao
Ichthyophthirius multifiliis. Acta Scientirum. Animal Science
Pesquisas realizadas nesta fase usualmente oferecem
29(1): 93-99.
duas alimentações diárias (Parra et al., 2008; Parra et al., Boscolo, W.R.; C. Hayashi, e F. Meurer. 2002. Digestibilidade
2010; Reidel et al., 2010a,b; Coldebella et al., 2011). aparente da energia e nutrientes de alimentos
convencionais e alternativos para a tilápia-do-Nilo
(Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia
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Canton, R.; Weingartner, D.M. Fracalossi, e E. Zaniboni-Filho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 2007. Influência da freqüência alimentar no desempenho
de juvenis de jundiá. Revista Brasileira de Zootecnia 36(4):
749-753.
Como pôde ser verificado ao longo deste capítulo, Cardoso, A.P.; J. Radünz Neto, T.S. Medeiros, M.A. Knöpker, e R.
muito ainda precisa ser estudado em relação à nutrição e Lazzari. 2004. Criação de larvas de jundiá (Rhamdia quelen)
alimentação do jundiá. Torna-se necessário consolidar as alimentadas com ações granuladas contendo fígados ou
hidrolisados. Acta Scentiarum. Animal Science 26(4): 457-462.
linhas de pesquisa que visam à avaliação de estratégias
Carneiro, P.F., e J.D. Mikos. 2005. Freqüência alimentar e
de manejo alimentar e qualidade nutricional das dietas crescimento de alevinos de jundiá, Rhamdia quelen.
em experimentos de longa duração, avaliando as impli- Ciência Rural 35(1): 187-191.
cações destas alterações de manejo na resposta produ- Coldebella, I.J. 2010. Índices zootécnicos, reprodutivos e
tiva, econômica e na qualidade nutricional e organolép- parâmetros bioquímicos de fêmeas de jundiá Rhamdia
quelen alimentadas com diferentes níveis de proteína e
tica do pescado. O estudo de exigências nutricionais em lipídio. Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação
aminoácidos, ácidos graxos e vitaminas (principalmente em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa
da vitamina C, importante na resistência imunológica e Maria, RS, Brasil.
ao estresse), em diferentes fases de desenvolvimento e Coldebella, I.J., e J. Radünz Neto. 2002. Farelo de soja na
alimentação de alevinos de jundiá (Rhamdia quelen).
sistemas de cultivo, podem ser pontos-chave para atingir Ciência Rural 32(3): 499-503.
melhores resultados com esta espécie. Coldebella, I.J.; J. Radünz Neto, C.A. Mallmann, C.A. Veiverberg,
Dado o pequeno volume de trabalhos avaliando a G.T. Bergamin, F.A Pedron, D. Ferreira, and L.J.G. Barcellos.
digestibilidade de ingredientes pelo jundiá, uma linha 2011. The effects of different protein levels in the diet
on reproductive indexes of Rhamdia quelen females.
importante é a determinação da capacidade de apro- Aquaculture 312: 137-144.
veitamento dos ingredientes convencionais e não con- Copatti, C.E.; I.J. Coldebella, J. Radünz Neto, L.O. Garcia, M.C.
vencionais pela espécie. Utilizando-se de metodologias Rocha, and B. Baldisserotto. 2005. Effect of dietary calcium
adequadas, com números consistentes de repetições, é on growth and survival of silver catfish fingerlings,
Rhamdia quelen (Heptapteridae), exposed to different
possível fornecer informações fundamentais aos produ-
water pH. Aquaculture Nutrition 11: 345-350.
tores e fábricas de rações para a elaboração de dietas Fontinelli, E., e J. Radünz Neto. 2007. Efeito do concentrado
específicas para a espécie, até o momento inexistentes protéico de soja em rações, com e sem suplementação em
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13

Exigências Nutricionais e Alimentação da Tilápia

W ILSON M ASSAMITU F URUYA


M ARGARIDA M ARIA B ARROS
L UIZ E DIVALDO P EZZATO
J OSÉ E URICO P OSSEBON C YRINO

conhecimento preciso sobre as exigências nutricionais


INTRODUÇÃO do grupo de espécies para cada situação ou sistema de
produção, é a melhor ferramenta de otimização de re-
Tilápia é a denominação popular de peixes per- sultados em tilapicultura intensiva (Keenleyside, 1991).
tencentes a um grande grupo de espécies da família As exigências nutricionais das tilápias como grupo
Cichlidae (Perciformes). Originalmente endêmicas do monofilético são condicionadas por fatores como linha-
continente Africano, hoje encontram-se disseminadas gem, sexo, ambiente de criação, condições experimen-
por todos os continentes. As tilápias formam o segundo tais, saúde, nível energético e de nutrientes da ração.
maior grupo de espécies criado no mundo; a produção Dentre os fatores ambientais destaca-se a temperatura,
mundial de tilápias já excede as 3,0x106 t. Existem mui- que possui grande influência sobre a taxa metabólica
tas espécies de tilápias, mas apenas aquelas pertencen- e a ingestão de alimentos pelos peixes. Os níveis de
tes aos gêneros Sarotherodon sp. e Oreochromis sp., e oxigênio dissolvido, o pH, a alcalinidade, níveis de amô-
seus ‘híbridos’ inter e intraespecíficos, têm sido usados nia, nitrato e nitrito, gás carbônico e a transparência da
em piscicultura; a espécie tilápia-do-Nilo (Oreochromis água, podem também afetar de forma direta e indireta
niloticus) é a mais difundida, criada em mais de 30 paí- as exigências nutricionais, e, consequentemente, o cres-
ses. Tilápias são peixes tropicais, que devem ser criados cimento das tilápias.
em águas com temperatura entre 25 e 31oC, teores de Na natureza, as tilápias em geral alimentam-se nos
oxigênio dissolvido [OD] acima de 2~3 mg L-1, pH en- níveis tróficos inferiores; quando confinadas, compor-
tre 6,0 e 7,0 e níveis de amônia não-ionizada inferiores tam-se como espécies oportunistas, onívora, aceitando
a 0,08 mg L-1. São peixes tolerantes às altas densidades alimento artificial – ração – desde a fase larval. Em adi-
de estocagem dos regimes intensivos de criação, tanto ção, as tilápias utilizam eficientemente os carboidratos
em viveiros, como em tanques de alto fluxo ou tanques- como fonte de energia, o que possibilita o uso de fontes
-rede ou gaiolas (Beveridge e McAndrew, 2000; Keen- de proteína e de energia de origem vegetal na formula-
leyside, 1991; Lutz, 2000; Lovshin, 2000). Em sistemas ção e processamento das dietas para tilapicultura sem
intensivos de produção, as tilápias são alimentadas com prejuízo do desempenho produtivo.
rações completas, com níveis de proteína bruta [PB] en- Depois da publicação do volume Tabelas Brasi-
tre 28 e 42% dependendo da fase de criação, e níveis de leiras para a Nutrição de Tilápias (Furuya et al., 2010),
energia digestível [ED] entre 8,5 e 9,5 kcal ED g-1 de PB organizar e apresentar um capítulo sobre nutrição e ti-
(Luquet, 1991; Stickney, 1997; Lovell, 1998; Shiau, 2002; lápias nesta obra pode parecer redundância. Entretanto,
NRC, 2011). Na natureza as tilápias apresentam hábito considerando que o manifesto objetivo deste volume é
alimentar micrófago ou filtrador, mas em criação são consolidar a contribuição histórica da pesquisa sobre nu-
oportunistas, consideradas comedores intermitentes. trição de peixes a fim de definir rumos para o futuro da
Por isso, a observação criteriosa do comportamento ali- aquicultura brasileira, considerando a importância eco-
mentar dos peixes e a definição dos meios e métodos nômcia da tilapicultura na produção aquícola do país, e
específicos de manejo alimentar, no que está incluído o considerando ainda que as informações constantes em

255
256 NUTRIAQUA

Furuya et al. (2010) foram extraídas das informações so-


bre a nutrição de tilápias pubolicadas por autores bra- EXIGÊNCIAS EM PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS
sileiros, esta resenha, condensada daquele volume por
um grupo de autores envolvidos no projeto e na publi- Proteínas são os principais componentes das vís-
cação originais, assume caráter absolutamente oportu- ceras e da carcaça do organismo animal, sendo neces-
no e essencial. sário seu contínuo suprimento alimentar para atender
às exigências de manutenção e produção. A unidade
das proteínas são os aminoácidos, sendo importante o
equilíbrio desses em uma ração para assegurar o má-
EXIGÊNCIAS EM ENERGIA ximo crescimento dos animais. Recentemente, Zuanon
et al. (2007) e Bordinhon (2008) avaliaram por meio do
O valor energético das rações para tilápias é usual- ‘turnover’ muscular envolvendo isótopos estáveis de
mente expresso como energia digestível. Como a perda carbono (13C/12C) o fenômeno da deposição de proteína,
energética via brânquias e urina é pequena, torna-se bem como o autobalanceamento da energia e da proteí-
mais prático determinar o valor de energia digestível na pela tilápia-do-Nilo.
em relação ao valor de energia metabolizável de um ali- Os peixes não possuem exigência nutricional em
mento ou ração (El-Sayed, 2006). Ao contrário dos pei- proteína per se, mas de quantidades e proporções ade-
xes carnívoros, que utilizam lipídios mais eficientemen- quadas de aminoácidos essenciais e não essenciais na
te que os carboidratos como fonte de energia, tilápias ração para a deposição de proteína muscular e outras
utilizam eficientemente os carboidratos como fonte de proteínas corporais (Wilson, 2002; Webster e Lim, 2002).
energia (Luquet, 1991), mas existe elevada correlação No Brasil, vários alimentos de origem animal e vegetal
entre o nível de lipídios na ração com a deposição de podem ser utilizados com sucesso na alimentação de
lipídios na carcaça dos peixes (Sargent et al., 2002). peixes e substituir parcial ou totalmente os alimentos
O equilíbrio entre o conteúdo em energia e os nu- de origem animal, tradicionalmente utilizados nas ra-
trientes em uma ração é importante para as atividades ções para organismos aquáticos. Entretanto, os perfis e
de manutenção, crescimento e reprodução dos peixes a biodisponibilidade dos aminoácidos essenciais e não
(Hoar e Randall, 1969). De forma geral, ainda que a re- essenciais que compõem cada um desses alimentos
lação energia digestível:proteína digestível em rações devem ser avaliados criteriosamente, principalmente
para tilápias seja próxima de 10 kcal g-1 proteína (NRC, lisina, metionina, treonina e triptofano, considerados os
1993, 2011), à medida que é observada a menor exi- mais limitantes em rações para peixes.
gência em proteína com o avanço da idade, a relação As tilápias exigem os dez aminoácidos essenciais
aumenta, justificando a maior exigência em energia e na dieta: arginina, fenilalanina, histidina, isoleucina,
menor em proteína em dietas para peixes. leucina, lisina, metionina, treonina, triptofano e valina;
a lisina e a metionina geralmente são os aminoácidos
A fibra bruta tem carboidratos como seu principal
dietéticos mais limitantes. A lisina é o aminoácido es-
componente; desta forma, contribui como uma das fon-
sencial presente em maior proporção, tanto no corpo
tes de energia (bruta) nos alimentos em geral, alimen-
quanto no filé da tilápia-do-Nilo (Teixeira et al., 2008).
tos de origem vegetal em particular. A elevação dos
A exigência média em lisina da tilápia é de aproximada-
níveis de fibra bruta em rações para peixes influencia a
mente 5,8% da proteína da ração (Furuya et al., 2004a;
digestibilidade das rações e pode alterar o desempenho
Furuya et al., 2006b; Gonçalves et al., 2009c; Takishita et
produtivo (Lanna et al., 2004a), a velocidade de trânsi-
al., 2009; Bomfim et al., 2010). Ainda que diversos traba-
to gastrintestinal (Meurer et al., 2003a) e a morfometria lhos tenham sido realizados com o objetivo de determi-
intestinal. Além das influências sobre o crescimento e nar as exigências em lisina por fase de criação, poucas
eficiência alimentar, os níveis de fibra na ração alteram a são as informações sobre as exigências de aminoácidos
composição química da carcaça, principalmente o teor que consideram o coeficiente de digestibilidade da
de gordura (Lanna et al., 2004b). energia, nutrientes e aminoácidos, bem como a relação
Em função da variedade de alimentos que com- aminoácidos totais:lisina.
põem as rações para tilápias, existe preocupação tanto A metionina, geralmente, é o aminoácido mais li-
quanto ao excesso quanto à deficiência de fibra nos ali- mitante em rações para peixes à base de subprodutos
mentos e na dieta. De forma geral, as pesquisas nacio- da soja (Furuya et al., 2001a). As exigências dietéticas
nais têm sido realizadas com rações contendo 3 a 5% em metionina+cistina para tilápia-do-Nilo variam em
de fibra bruta, excetuando-se as rações para a fase de torno de 60% da lisina (Furuya et al., 2001a; Bomfim et
inversão sexual e para o período imediatamente poste- al., 2008a; Quadros et al., 2009), com o mínimo de 0,54%
rior a esta fase, elaboradas à base de fontes proteicas de de metionina na dieta (Furuya et al., 2004b). A suple-
origem animal, que geralmente não possuem níveis de mentação de metionina para tilápias com peso acima
fibra bruta acima de 3,0%. de 350 g resulta em melhor ganho de peso, conversão
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA 257

alimentar, taxa de deposição de proteína e rendimento adequada suplementação de aminoácidos, é necessá-


de filé de forma economicamente viável, reduzindo ain- rio o conhecimento das exigências, bem como da di-
da a gordura corporal e os níveis de colesterol e triglice- gestibilidade dos aminoácidos dos alimentos utilizados.
rídeos plasmáticos (Michelato, 2010). Apesar da importância econômica da tilápia-do-Nilo
Em adição aos aminoácidos sulfurados e a lisina, no país, são escassas as informações sobre as exigên-
a treonina é um dos aminoácidos mais limitantes em cias nutricionais em aminoácidos que consideram as
rações práticas para peixes (Silva et al., 2006). As exigên- fases da criação comercial. Ainda que exista elevada
cias dietéticas em treonina para tilápia-do-Nilo variam correlação entre o perfil de aminoácidos corporal e as
em torno de 70% da lisina quando a exigência é estima- exigências em aminoácidos essenciais determinados
da com base no conceito de proteína ideal (Silva et al., em experimentos dose-resposta (Mitchel, 1964; Ogino,
2006; Bomfim et al., 2008b; Quadros et al., 2009). 1980; Parsons e Baker, 1994) há que se considerar que
As rações comerciais para tilápias possuem teores as diferenças entre os valores estimados e determina-
de proteína por vezes desnecessariamente elevados. dos em experimentos dose-resposta podem represen-
Embora as tilápias sejam peixes oportunistas quanto tar variações no desempenho produtivo e na resposta
ao hábito alimentar e possam, portanto, ser alimenta- econômica em criações comerciais. A possibilidade do
das e adequadamente nutridas com rações formuladas uso de aminoácidos industriaispara melhorar os níveis
e processadas exclusivamente à base de produtos de e proporções dos aminoácidos essenciais e não essen-
origem vegetal, a farinha de peixe tem sido utilizada ciais constitui ferramenta importante na formulação de
como fonte padrão de proteína destas rações, em fun- rações que proporcionem condições de melhor desem-
ção, principalmente, do balanço de aminoácidos. Dado penho aos peixes, considerando as vantagens econô-
o elevado custo da farinha de peixe no mercado brasi- micas e conservação do meio ambiente.
leiro, as farinhas de carne e de vísceras têm sido usadas Embora a utilização do conceito da proteína ideal
para substituir parcial ou totalmente a farinha de peixe como base para a pesquisa sobre exigências em amino-
em rações comerciais. Entretanto, as perspectivas pro- ácidos para a tilápia-do-Nilo já foi descrita por Furuya
missoras de contínuo crescimento na produção das fon- et al. (2001a), Furuya et al. (2005b), Botaro et al. (2007),
tes proteicas de origem vegetal encorajam contemplar Bomfim et al. (2008a, b, c; 2010) e Quadros et al. (2009),
que as rações comerciais para tilápias sejam formuladas resultados de pesquisas com tilápias demonstram que
e processadas utilizando somente farinhas de origem o padrão corporal de aminoácidos nem sempre é um
animal (New, 1987; Luquet, 1991; Stickney, 1997; Lovell, bom indicativo da exigência dietética nestes nutrien-
1998; Shiau, 2002; NRC, 2011). Em função da disponibi- tes (Wilson, 2002). É recomendável então que sejam
lidade no mercado e elevado valor nutritivo, o farelo de realizados experimentos dose-resposta para determi-
soja tem-se destacado como a principal fonte proteica nação do perfil de aminoácidos ideal em uma ração
de origem vegetal para tilápias. Porém, esse alimento para peixes, principalmente lisina, a fim de evitar defici-
possui diversos fatores antinutricionais, deficiência ências ou antagonismos entre aminoácidos.
em aminoácidos sulfurados e menores valores de O conceito de proteína ideal tem sido utilizado
energia digestível, cálcio e fósforo que a farinha de com sucesso para obter rações com níveis reduzidos
peixe (Furuya et al., 2001c). de proteína que não tenham efeitos negativos sobre o
Pesquisas recentes têm mostrado a importância desempenho produtivo. Entretanto, a redução do nível
da utilização de aminoácidos industriais em rações para proteico da ração deve ser analisada de forma crítica,
tilápias quando as fontes alternativas de proteína são considerando que em condições práticas, além do cres-
utilizadas em substituição à farinha de peixe. Quando cimento e conversão alimentar, deve-se considerar o es-
se deseja reduzir o nível de proteína da ração, há a ne- tado de saúde dos peixes frente aos constantes desafios
cessidade de avaliar também os níveis dos demais ami- dos sistemas de criação. Para aplicação do conceito é
noácidos essenciais além da lisina, metionina, treonina, importante a determinação dos valores de aminoácidos
triptofano e arginina (Furuya et al., 2005b; Botaro et al., digestíveis dos alimentos, portanto a formulação de ra-
2007; Quadros et al., 2009; Righetti, 2009). À medida que ções com base em aminoácidos totais é menos eficiente
são reduzidos os teores de proteína e o número de ali- do que aquela feita com base em aminoácidos diges-
mentos que compõem as rações para tilápias, aumenta tíveis, provavelmente em virtude das diferenças de di-
a importância dos aminoácidos industriais. Os resulta- gestibilidade dos aminoácidos em cada alimento.
dos obtidos com aminoácidos sintéticos em rações para
a tilápia-do-Nilo parecem estar diretamente relaciona-
dos ao nível de energia e proteína, fonte proteica utiliza-
da e balanceamento de aminoácidos das rações. EXIGÊNCIAS EM LIPÍDIOS E ÁCIDOS GRAXOS
Em muitas situações, é necessária a suplementa-
ção múltipla de aminoácidos para maximizar a utiliza- A tilápia-do-Nilo utiliza eficientemente os lipí-
ção da proteína, de forma a manter a taxa contínua de dios e os ácidos graxos (Sargent et al., 2002). Os bene-
absorção para evitar imbalanços de aminoácidos. Para fícios da utilização de lipídios em rações para tilápias
258 NUTRIAQUA

estão relacionados ao valor energético deste nutriente. por meio da ração, principalmente o fósforo (Miranda et
O óleo de soja, por exemplo, possui valor de 8.485 kcal al. 2000; Furuya et al., 2001c).
ED kg-1 (Boscolo et al., 2002), o que facilita o aumento A deficiência em fósforo nas rações de tilápias re-
da densidade energética para otimização do consumo sulta em redução no ganho de peso, piora na conversão
e energia e nutrientes. Os óleos de oliva, de milho e de alimentar (Pezzato et al., 2006), na deposição dos de-
soja são fontes ricas em ácidos graxos monoinsaturados mais minerais nos tecidos moles (Furuya et al., 2008a,b)
e poli-insaturados [PUFA] (do inglês ‘polyunsatureted e nos ossos (Pezzato et al., 2006; Quintero-Pinto, 2008).
fatty acid’) n-6; os óleos de linhaça e de peixe consti- Tilápias alimentadas com rações deficientes em cálcio
tuem fontes de PUFAs n-3 (Gunstone et al., 1994). As e fósforo podem apresentar deformidades em diversas
fontes dietéticas de ácidos graxos podem influenciar a regiões do corpo (Furuya et al., 2001c) e aumento na de-
composição corporal, o padrão de lipoproteínas plasmá- posição de lipídios na carcaça (Chamber, 2008).
ticas e a função imunológica da tilápia-do-Nilo (Sargent Tilápias exigem dietas com o mínimo de 0,25% de
et al., 2002). fósforo disponível para a mineralização óssea satisfatória
O aumento dos níveis de lipídios dietéticos me- (Miranda et al., 2000). A exigência nutricional em fósforo
lhora a conversão alimentar em tilápias (Boscolo et al., disponível foi determinada para tilápias-do-Nilo em di-
2004a). A inclusão de lipídios na ração para tilápias ferentes categorias de peso por Furuya et al. (2008a,b),
eleva o nível de gordura corporal; este aumento está Chamber (2008) e Quintero-Pinto (2008). Os melhores
relacionado com o nível de inclusão, isto é, quanto resultados de desempenho produtivo são observados
maior o nível de lipídio dietético maior o depósito de com dietas cujas relações Ca:P disponível estão entre
gordura no peixe (Meurer et al., 2002). Considerando o 1:1 ou 1:1,5.
baixo consumo de ácido linoleico conjugado [CLA] (do Os alimentos de origem vegetal, geralmente, con-
inglês ‘conjugated linoleic acid’), encontrado somen- têm mais da metade do seu fósforo na forma de ácido
te em produtos derivados de ruminantes (Chin et al., fítico, indisponível aos peixes. A utilização de fitase, em
1992), a suplementação de CLA em rações para peixes ração isenta de proteína animal e deficientes em fósfo-
visa também aumentar as fontes de CLA em produtos ro, resulta em melhorias no ganho de peso e conversão
destinados ao consumo humano. Além disso, o perfil de alimentar (Furuya et al., 2001b), os efeitos mais marcan-
ácidos graxos do pescado originado dos peixes criados tes ocorrem quando do aumento dos teores de cálcio
em confinamento é inferior àquele encontrado no pes- e fósforo nos ossos (Furuya et al., 2006a). A suplemen-
cado originado da pesca comercial, ou seja, esses pei- tação de fitase em rações para tilápia-do-Nilo melhora
xes apresentam baixos teores de ácidos graxos da famí- a digestibilidade da proteína, energia bruta e aumenta
lia n-3 e de cadeia longa (metabolicamente essenciais) a disponibilidade do cálcio, fósforo, zinco, manganês e
(Maia et al., 1995; Moreira et al., 2001). magnésio (Gonçalves et al., 2005; Bock et al. 2006), per-
A adição de CLA em ração para a tilápia-do-Nilo mitindo reduzir os níveis de proteína e fósforo nestas
melhora variáveis de desempenho produtivo, afeta o rações (Furuya et al., 2005a). Com a adição de fitase às
metabolismo e a proporção dos ácidos graxos nos filés rações, é possível reduzir a inclusão de fósforo inorgâ-
e fígados e aumenta o teor de proteína nos filés. A de- nico e, consequentemente, a descarga no ambiente de
posição máxima de CLA nos lipídios totais do filé de tilá- fósforo e nitrogênio originados da criação de peixes.
pia-do- Nilo pode chegar a 1,61 g 100 g-1 de lipídios do Dentre os minerais que desempenham funções
filé, com elevada deposição na primeira semana (Santos importantes no organismo dos peixes destacam-se o
et al., 2007). cobre, o zinco e o ferro. A deficiência ou o excesso de
cobre (320 mg Cu kg-1) na dieta não determinam alte-
rações no desempenho produtivo e na hematologia
das tilápias, mas a concentração de cobre no fígado é
EXIGÊNCIAS EM MINERAIS E VITAMINAS influenciada pelos níveis desse mineral na dieta. A con-
centração elevada do cobre na dieta induz alterações
Os níveis e a relação entre o cálcio e o fósforo hepáticas e o tempo é fator determinante da ação de-
devem ser cuidadosamente ajustados em rações para trimental do cobre para respostas fisiológicas do peixe
tilápias, uma vez que o excesso de fósforo e/ou cálcio (Ferrari et al., 2004).
dietético interfere negativamente na disponibilidade O zinco participa como componente ativo ou co-
do zinco, magnésio e ferro (Chamber, 2008). Tilápias fator para importantes sistemas enzimáticos. A exigên-
podem absorver da água praticamente 100% de todos cia em zinco para ganho de peso da tilápia-do-Nilo foi
os minerais que necessitam para o conforto fisiológico estimada em 79,5 mg Zn kg-1 e sua deficiência altera ne-
exceto o fósforo, mas existem evidências que os minerais gativamente os parâmetros hematológicos, a atividade
disponíveis na água não são suficientes para satisfazer os da fosfatase alcalina e os níveis plasmáticos do mineral,
elevados níveis de exigência nutricionais impostos pelos havendo variação na sua absorção de acordo com a fon-
sistemas de produção, sendo necessário suplementá-los te utilizada (Sá et al., 2005).
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA 259

A deficiência nutricional em ferro resulta em re-


dução da hemoglobina, hematócrito, volume globular VALOR NUTRITIVO DOS ALIMENTOS PARA
médio e concentração de hemoglobina globular média, AS TILÁPIAS
indicando ocorrência de anemia microcítica e hipocrô-
mica. A exigência nutricional mínima em ferro para ma-
nutenção da eritropoiese em tilápias é de 60,0 mg Fe kg-1 A obtenção de dieta com adequada relação ener-
(Kleemann, 2002). gia: proteína e perfil de aminoácidos depende, principal-
As vitaminas são essenciais para o funcionamento mente, do valor nutritivo combinado dos alimentos. Os
do organismo, desempenhando papel importante em fabricantes de ração gerenciam a aquisição de ingredien-
diversas reações do metabolismo, agindo principal- tes escrutinizando os valores nutritivos dos alimentos
mente como cofatores enzimáticos e influenciando a disponíveis no mercado. As rações são compostas por
saúde animal (McDowell, 2000). A deficiência nutricio- um grupo limitado de alimentos proteicos e energéticos
nal em vitamina A para juvenis de tilápia-do-Nilo resulta (Tabela 1), os quais não apresentam preços flexíveis. Des-
sa forma, toda vez que houver elevação do preço de um
em apatia, natação errática, exoftalmia, erosão da base
alimento base, como o milho ou a soja, haverá equivalen-
da nadadeira caudal e acúmulo de fluído seroso na ca-
te valorização das rações industrializadas.
vidade visceral (Guimarães, 2009). Tilápias exigem 4.704
Em função das projeções de mercado para o au-
UI vit A kg-1 de dieta para adequado ganho de peso e
mento na produção de rações, será necessário dispo-
4.138 UI vit A kg-1 de dieta para garantir higidez. A defi-
nibilizar grandes volumes de alimentos proteicos para
ciência nutricional em vitamina A resulta em aumento
atender às exigências nutricionais das espécies produ-
do índice de mortandade do estoque, neutropenia, re-
zidas em confinamento. É fundamental então que se
dução do número de eritrócitos, da porcentagem de he-
conheça o valor nutritivo dos alimentos concentrados
matócrito e da taxa de hemoglobina (Guimarães, 2009),
de origem vegetal, os quais podem apresentar baixa
exoftalmia, catarata e hemorragia na nadadeira peitoral
disponibilidade de alguns nutrientes, como no caso dos
(Bacconi-Campeche et al., 2009).
minerais. Mais ainda: somente o conhecimento dos va-
O ácido ascórbico (vitamina C) é uma das vitami-
lores digestíveis dos alimentos vai permitir a formula-
nas mais estudadas para as tilápias, que assim como
ção de rações que atendam às exigências nutricionais
outros animais, não conseguem sintetizá-la. Tilápias
com eficiência, evitando tanto a sobrecarga fisiológica
alimentadas com rações deficientes em ácido ascórbico quanto a ambiental.
apresentam baixa taxa de crescimento e baixa taxa de Os alimentos de origem vegetal são utilizados efi-
sobrevivência (Toyama et al., 2000). Níveis adequados cientemente pela tilápia-do-Nilo; no entanto, o milho
de vitamina C melhoram o sistema imunológico, sendo apresenta melhor coeficiente de digestibilidade aparen-
importante em situações de estresse térmico (Falcon te [CDA] da matéria seca do que o farelo de trigo (Furuya
et al., 2008). et al., 2001c). Os coeficientes de digestibilidade aparente
Estudando efeitos da suplementação com colina do milho, amido de milho, sorgo, e dos farelos de trigo
(0, 375, 750, 1.125, 1.500 ou 1.875 mg kg-1 alimento) e de arroz já foram determinados para a tilápia-do-Nilo.
em rações purificadas para a tilápia-do-Nilo, Vieira et al. Dentre os alimentos energéticos, o milho, alimento co-
(2001) demonstraram que níveis de suplementação su- mum em rações para organismos aquáticos, possui CDA
periores a 375 mg de cloreto de colina por kg de alimen- da energia bruta superior a 90% para a tilápia (Pezzato
to melhoram a conversão alimentar [CA] e o ganho de et al., 2002; Gonçalves et al., 2009a). A quirera de arroz,
peso da tilápia-do-Nilo, mas não apresentam diferenças o sorgo e o milho também são boas fontes de energia
entre si. Fernandes Jr. (2008) demonstrou que para me- para essa espécie (Guimarães et al., 2008a).
lhor ação lipotrófica a colina é exigida em rações para O milho, o trigo em grãos e o sorgo baixo tanino
tilápias na proporção de 800 mg kg-1. O efeito da su- apresentam bons valores de proteína digestível para a
plementação de colina dietética sobre o desempenho tilápia quando comparados com os demais alimentos
produtivo de tilápias é modesto, mas o efeito sobre de- energéticos. Outro alimento que tem sido utilizado
posição de gordura corporal é considerável, resultando como fonte energética, e que também possui proteína
em peixes com menor acúmulo de lipídeo no tecido de boa digestibilidade, é a quirera de arroz que, entre-
hepático (Graciano, 2009). tanto, apresenta CDA da proteína ligeiramente inferior
Apesar do baixo nível dietético de inclusão exigi- ao do milho e ao do sorgo baixo tanino. O CDA da pro-
do em comparação aos demais nutrientes, as vitaminas teína bruta do sorgo alto tanino é comparativamente
e minerais são importantes para o crescimento e saúde inferior aos coeficientes de digestibilidade aparente
dos peixes. Assim, pesquisas sobre a determinação das dos demais alimentos energéticos (Freire et al., 2002).
exigências em minerais e vitaminas pelas tilápias cons- Isso pode ser atribuído à ação antinutricional do tanino,
tituem-se em importante ferramenta para a produção que diminui a utilização da energia e proteína (aminoá-
econômica e racional de tilápias. cidos) do alimento.
Tabela 1. Composição bromatológiga e digestibilidade de alguns alimentos comumente utilizados na alimentação e nutrição da tilápia-do-Nilo (agrupados na ordem emque são apresentados
nas referências bibliográficas em ordem alfabética à mão direita da tabela; base na matéria natural)
260

Composição bromatológica Coeficiente de digestibilidade


Inclusão na
Ingrediente Peso médio Método de coleta de fezes5 Energia Referência
MS 1
PB 2
EE 3
EB 4 dieta MS PB EE
bruta
% % % kcal kg-1 % g % % % %
farinha de biomassa emersa (lamina foliar e pecíolo) 92,30 13,20 5,50 4333,00 57,80 72,30 63,20 62,00
farinha da biomassa submersa (raiz e rizoma) 92,20 10,20 4,20 4094,00 30,00 125,5 ± 10,5 decantação 38,30 50,80 43,50 32,00 Biudes et al., 2009
farinha da biomassa tota (emersa + submersa) 91,20 11,80 4,80 4325,00 45,70 57,30 50,30 42,30
farelo de soja 91,86 47,25 2,32 4283,60 65,49 89,28 - 71,38
milho 90,34 7,69 4,27 3963,24 73,22 93,40 - 76,63
decantação
milheto 90,66 14,61 5,82 4213,74 77,96 94,91 - 89,12
triticale 91,11 14,50 1,23 4011,00 68,51 94,78 - 80,55
30,00 37,61 ± 4,98 Boscolo et al., 2002
farinha varredura mandioca 88,85 1,80 0,94 3588,72 91,11 97,52 - 91,40
farelo de trigo 90,66 14,77 3,65 4106,78 66,79 91,00 - 68,81
decantação
trigo integral 91,42 11,43 2,30 3932,08 86,51 96,30 - 87,07
óleo de soja - - - 9443,83 - - - 89,85
farinhas de resíduos da corvina 95,21 53,00 8,86 3870,51 70,67 - - 54,45
farinhas de resíduos da tilápia 93,11 42,81 17,89 3971,59 20,00 40 decantação 67,09 - - 48,52 Boscolo et al., 2004b
farinha integral de camarão canela 87,68 60,53 2,21 4042,04 88,79 - - 68,38
farinha de resíduos de tilápia 94,10 50,37 21,77 4483,09 21,07 60,69 ± 15,97 decantação 83,55 88,13 - 84,74 Boscolo et al., 2008
feno de leucena 92,09 15,42 - 4318,21 23,58 44,99 - 19,69
feno de rama da mandioca 87,87 15,52 - 4259,92 30 30 a 60 decantação 29,15 68,58 - 30,69 França Segundo, 2008
feno de cunha 89,82 12,81 - 4135,58 25,75 84,30 - 29,00
sorgo baixo tanino 92,11 9,65 4,50 3995,00 50,68 87,87 93,65 70,06
40,00 100 ± 3,88 decantação Freire et al., 2005
sorgo alto tanino 89,31 9,97 4,16 3971,00 32,86 75,12 92,29 63,15
milho 87,44 8,22 0,48 3712,00 78,08 87,12 91,16 82,63
farelo de trigo 88,54 14,94 2,54 3840,20 67,33 78,21 75,98 70,33
30,00 25,24 ± 3,88 decantação Furuya et al., 2001b
farelo soja 93,70 46,43 0,48 4032,70 89,01 92,72 93,06 77,21
farinha de peixe 99,44 53,22 8,42 4596,80 79,78 84,95 94,16 87,19
farelo de canola 89,88 37,51 1,36 4125,37 30,00 25,24 ± 3,88 decantação 77,84 86,92 88,19 71,99 Furuya et al., 2001a
silagem de sorgo baixo tanino 65,89 10,37 3,17 4346,00 - 84,94 - 70,17
40,00 53,26 ± 12,94 decantação Furuya et al., 2004c
silagem de sorgo alto tanino 68,76 9,20 2,65 4322,00 - 82,40 - 68,37
farinha de peixe 90,54 54,46 8,40 3884,00 82,60 82,59 - 95,29
farelo de soja 87,71 45,35 1,09 4269,00 85,30 94,13 - 84,12
farelo de algodão 89,82 33,50 2,35 4173,00 78,10 87,10 - 62,09
glúten de milho 90,00 61,96 4,17 5138,00 74,87 89,82 - 73,08
29,90 250 ± 50 decantação Gonçalves et al., 2009b
milho 88,55 7,42 3,40 4216,00 79,30 89,76 - 86,15
quirera de arroz 90,00 8,00 1,12 3907,00 81,91 95,88 - 75,48
farelo de trigo 87,64 15,33 4,17 4222,00 70,37 93,54 - 72,83
NUTRIAQUA

amido de milho 89,41 0,50 - 3835,00 91,73 - - 66,28

(Continua)
(Conclusão)

Composição bromatológica Coeficiente de digestibilidade


Inclusão na
Ingrediente Peso médio Método de coleta de fezes5 Energia Referência
MS1 PB2 EE3 EB4 dieta MS PB EE
bruta
% % % kcal kg-1 % g % % % %
milho 89,35 7,21 4,24 4028,00 82,21 72,86 - 67,34
quirera de arroz (broken rice) 90,72 8,21 8,26 3712,00 96,45 63,01 - 95,34
sorgo 91,55 7,76 3,25 3941,00 40,00 150,57 ± 16,5 decantação 87,29 56,77 - 82,37 Guimarães et al., 2008
farelo de trigo 91,58 14,47 3,61 3969,00 45,88 66,04 - 48,94
farelo de arroz 91,74 12,80 16,80 4098,00 55,59 66,88 - 57,58
levedura íntegra 94,27 49,17 0,12 4409,00 30,00 77,86 69,64 94,82 73,56
leveduraautolisada 94,79 34,44 0,15 4169,00 30,00 83 ± 8,5 decantação 85,90 72,20 93,78 86,53 Hisano et al., 2008
parede celular 94,61 34,82 0,06 4310,00 10,00 88,23 34,70 93,20 86,20
Levedura ‘spray dried’ 92,35 41,59 - 4312,20 58,68 77,39 - 62,77
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA

glúten de milho 93,15 66,94 - 5385,87 91,01 97,61 - 93,52


30,00 37,6 ± 5,0 decantação Meurer et al., 2003b
farinha de peixe 92,50 58,47 - 3984,83 87,63 90,66 - 89,53
farinha de vísceras aves 93,38 58,09 - 5063,93 62,21 82,03 - 72,09
silagem ácida de pescado 42,09 48,30 19,25 3911,00 30,00 2 ± 0,5 decantação 95,49 96,66 97,18 95,44 Oliveira et al., 2006
milho 87,50 8,51 3,28 3950,00 65,63 52,52 91,66 69,02 83,95
amido de milho 89,70 0,55 0,18 3630,00 64,55 48,66 91,99 58,80 69,28
milhoextrusado 88,07 8,98 8,18 3962,00 66,19 69,87 89,62 81,24 61,31
farelo de trigo 88,70 15,30 3,80 4023,00 47,26 66,05 91,13 67,37 77,70
farelo de arroz 89,00 8,50 1,10 3918,00 64,85 59,29 94,86 57,47 91,30
sorgo 87,11 9,30 2,81 3940,00 66,07 23,44 67,83 38,61 70,53
germe de milho 89,10 10,18 1,01 4924,00 67,79 54,54 86,77 74,90 43,72
farelo de soja 88,60 45,62 0,79 4187,00 68,84 100 ± 10 decantação 71,04 91,56 82,67 73,18
glúten de milho 21 89,50 21,00 1,00 4780,00 50,00 48,84 89,88 73,96 66,80 Pezzato et al., 2002
gluten de milho 60 90,00 60,10 1,04 5006,00 66,66 91,96 95,96 90,73 71,19
farelo de canola 91,20 37,80 2,51 4121,00 56,82 66,38 87,00 98,34 74,59
farelo de algodão 88,91 30,88 2,40 4139,00 44,25 53,11 74,87 99,39 51,00
farinha de peixe 91,80 57,60 6,07 4344,00 65,06 57,46 78,55 80,12 72,24
farinha de carne 92,00 45,00 8,60 4102,00 66,29 46,97 73,19 77,46 75,35
farinha de vísceras aves 93,00 59,70 13,60 5090,00 66,00 73,87 87,24 95,10 69,61
farinha de sangue 93,33 81,84 3,06 4920,00 64,55 53,30 50,69 89,36 62,87
farinha de penas 93,00 83,30 5,40 5200,00 65,35 37,39 29,12 70,16 68,15

1
Matéria seca.
2
Proteína bruta.
3
Extrato etéreo.
4
Energia bruta.
5
Decantação, sifonamento, extrusão.
261
262 NUTRIAQUA

Dentre os alimentos proteicos de origem animal vegetal, destacam-se, também, o glúten de milho-60
com melhores valores digestíveis, destaca-se a farinha e o glúten de milho-21, seguidos do farelo de canola,
de vísceras, seguida da farinha de peixe, enquanto os que apresentam bons coeficientes de digestibilidade
menores valores são apresentados pelas farinhas de aparente da proteína para a tilápia-do-Nilo (Pezzato
penas e de sangue tostada (Pezzato et al., 2002). A alta et al., 2002).
temperatura e o tempo prolongado para a obtenção da
farinha de sangue processada em tambor afetam a es-
trutura da proteína, resultando em baixos coeficientes DIGESTIBILIDADE DOS AMINOÁCIDOS DOS ALIMENTOS
de digestibilidade aparente da proteína. A farinha de
PARA AS TILÁPIAS
sangue atomizada e a fração celular são eficientemente
utilizadas pela tilápia-do-Nilo (Narváez-Solarte, 2006).
Comparando-se os coeficientes de digestibilidade
Os coeficientes de digestibilidade da PB das fa-
aparente dos aminoácidos do milho, farelo de trigo, qui-
rinhas de carne e farinha de peixe são próximos, mas
rera de arroz, farelo de arroz e sorgo registrados para a
inferiores ao da farinha de vísceras. A farinha de carne
tilápia-do-Nilo, pode-se observar que a digestibilidade
também apresenta bom coeficiente de digestibilidade
média dos aminoácidos é maior para o milho, enquanto
da PB, mas seu valor nutritivo depende da matéria-prima
os valores mais baixos de digestibilidade da metionina
utilizada para produzi-la. Equações para estimar os valo-
e da cistina são apresentados pelos farelos de trigo e
res de proteína e energia digestíveis da farinha de carne
de arroz, respectivamente (Guimarães et al., 2008a). A
em função do teor de proteína podem ser encontradas
digestibilidade aparente dos aminoácidos dos alimen-
em Vidal (2010). Em função do processamento a que são
tos energéticos varia entre os ingredientes e dentro de
submetidos e/ou matéria-prima utilizada para elabora-
cada ingrediente de acordo com a origem. Os coeficien-
ção do produto final, a farinha de penas e a farinha de
tes de digestibilidade aparente da arginina e da metio-
sangue seca em tambor apresentam baixos coeficientes
nina são altos para os alimentos energéticos. Conside-
de digestibilidade para a fração proteica (Narváez-So-
rando as diferenças entre os valores dos coeficientes de
larte, 2006; Guimarães et al., 2008b). A farinha de vísce-
digestibilidade aparente da proteína e aqueles obtidos
ras apresenta maior valor de proteína digestível do que com cada aminoácido, torna-se importante determinar
a farinha de peixe e a farinha de carne (Guimarães et al., a digestibilidade e a disponibilidade individual dos ami-
2008b; Gonçalves et al., 2009a; Vidal, 2010), enquanto a noácidos, objetivando o atendimento das exigências
farinha de penas apresenta valor digestível para prote- nutricionais (Tabela 2).
ína inferior a esses alimentos (Gonçalves et al., 2009a). Apesar de ser espécie cosmopolita, poucas são
Alimentos como as farinhas de peixe, vísceras, as informações sobre a digestibilidade de aminoáci-
sangue atomizado e a fração celular do sangue apre- dos dos alimentos para a tilápia-do-Nilo. O CDA médio
sentam bons valores de energia digestível. As farinhas dos aminoácidos das farinhas de peixe, carne, vísceras,
de carne, penas e a farinha de sangue seca em tam- penas, sangue seco em tambor, sangue atomizado,
bor apresentam baixos valores de energia digestível fração celular do sangue e dos farelos de soja, glúten
(Narváez-Solarte, 2006). Embora apresentem excelen- de milho-60, algodão-32 e algodão-28 apresentam va-
tes coeficientes de digestibilidade aparente, a farinha lores distintos de coeficiente de digestibilidade para a
de sangue atomizada e a farinha de células sanguíneas proteína.
devem ser utilizadas com restrição como alimento para Embora a digestibilidade da proteína possa ser,
as tilápias em função de baixa palatabilidade. Dentre em parte, utilizada para estimar a digestibilidade média
os alimentos proteicos de origem animal, a farinha de dos aminoácidos do alimento, o valor digestível de um
sangue seca em tambor apresenta o pior CDA para as determinado aminoácido pode ser diferente do valor
tilápias (Narváez-Solarte, 2006). médio da proteína (Furuya et al., 2001c). Dentre os ali-
O farelo de soja é excelente fonte de proteína e mentos proteicos de origem vegetal, o farelo de soja se
aminoácidos para tilápias, tendo a metionina como ami- destaca por apresentar valores elevados de coeficientes
noácido mais limitante (Furuya et al., 2001b). O farelo de digestibilidade aparente para os aminoácidos lisina,
de soja se destaca dentre as fontes proteicas de origem metionina, arginina, triptofano e valina, havendo pe-
vegetal quando comparado ao farelo de algodão-28, ao quenas diferenças para os coeficientes de digestibilida-
farelo de girassol e ao glúten de milho, apresentando de dos demais aminoácidos essenciais entre o farelo de
inclusive valores de proteína digestível superiores à soja e o glúten de milho. Os menores valores de coefi-
da farinha de peixe. O farelo de soja apresenta me- cientes de digestibilidade são observados para o farelo
lhor coeficiente de digestibilidade do que o farelo de trigo, farelo de algodão-28 e farelo de algodão-38,
de algodão-28 e o farelo de algodão-38 (Guimarães, respectivamente (Guimarães et al., 2008a; Gonçalves et al.,
2008a,b). Dentre os alimentos proteicos de origem 2009a; Kleemann et al., 2009).
Tabela 2. Conteúdo de aminoácido essencial digestível dos alimentos comumente utilizados na alimentação e nutrição da tilápia-do-Nilo (inclui cistina e tirosina;
base na matéria natural).

Aminoácido1
Alimento
Arg His Ile Leu Lys Met Met+cys Phe Phe+tyr Thr Trp Val Referência
------------------------------------------------------------------------------------------%----------------------------------------------------------------------------------------
algodão, farelo 3,40 0,78 0,85 1,69 1,43 0,23 0,59 1,70 2,48 1,05 nd 1,27 Gonçalves et al., 2009a
arroz, farelo 0,79 0,25 0,24 0,43 0,44 0,02 0,07 0,28 0,53 0,24 0,08 0,33 Guimarães et al., 2008b
arroz, quirera 0,40 0,15 0,21 0,47 0,21 0,09 0,15 0,39 0,54 0,17 ND 0,28 Guimarães et al., 2008b
carne e ossos, farinha 2,81 0,54 0,84 1,89 2,15 0,44 0,79 1,62 2,16 0,95 0,15 1,47 Hisano et al., 2008
levedura, autolisada 1,18 0,56 1,03 1,78 1,99 0,38 0,62 1,11 1,67 1,07 nd 1,34 Hisano et al., 2008
levedura, parede celular 1,21 0,49 0,60 1,14 1,40 0,23 0,39 0,87 1,36 0,88 nd 0,88 Hisano et al., 2008
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA

levedura, íntegra 0,97 0,44 0,92 1,27 1,45 0,21 0,21 0,83 1,27 0,73 nd 1,10 Hisano et al., 2008
Furuya et al., 2001b
milho, glúten 60 1,33 1,15 2,02 9,39 0,90 1,13 1,74 3,57 4,72 1,54 nd 2,02
Gonçalves et al., 2009a
Hisano et al., 2008
milho, grão 0,34 0,21 0,21 0,80 0,19 0,11 0,23 0,35 0,56 0,23 0,04 0,31 Furuya et al., 2001b
Gonçalves et al. 2009a
nabo forrageiro, farelo 1,70 0,72 0,97 1,70 1,23 0,19 ND 0,98 1,70 1,08 ND 1,12 Santos et al., 2010
peixe, farinha 3,06 0,97 1,96 3,28 3,66 1,27 1,77 1,91 2,88 1,80 0,23 2,45 Furuya et al., 2001b
penas, farinha 4,88 0,38 3,19 5,29 2,53 0,45 4,09 2,99 3,37 2,88 0,34 4,15 Guimarães et al., 2008a
sangue, farinha convencional 1,67 1,61 0,17 5,01 3,26 0,32 0,67 ND 3,49 1,78 ND 2,75 Narváez-Solarte, 2006

sangue, farinha tambor 3,53 4,65 0,48 11,00 7,98 1,11 2,00 ND 8,73 3,54 ND 6,90 Narváez-Solarte, 2006

sangue, farinha, atomizado 3,42 5,48 0,17 12,59 8,32 1,26 1,87 ND 9,33 3,54 ND 7,64 Narváez-Solarte, 2006
silagem, peixe ácida 2,60 1,35 3,14 3,19 3,16 2,06 2,77 1,91 3,26 1,87 0,35 2,51 Borghesi et al., 2008
silagem, peixe biológica 1,65 0,94 1,07 2,21 2,28 1,79 2,41 1,19 2,13 1,55 0,23 1,26 Borghesi et al., 2008
silagem, peixe enzimática 2,78 1,29 2,13 3,16 3,13 2,17 2,93 2,12 3,41 2,03 0,39 2,23 Borghesi et al., 2008
soja, farelo 3,20 1,10 1,97 3,37 2,94 0,47 0,98 2,12 3,22 1,48 0,50 2,01 Guimarães et al., 2008a
sorgo, alto tanino 0,29 0,15 0,29 0,88 0,15 0,13 0,53 0,26 0,41 0,23 0,06 0,38 Freire et al., 2005
sorgo, baixo tanino 0,29 0,17 0,34 1,01 0,17 0,16 0,36 0,25 0,42 0,27 0,08 0,43 Freire et al., 2005
Furuya et al., 2001c
trigo, farelo 0,80 0,30 0,40 0,57 0,49 0,12 0,26 0,44 0,74 0,33 0,15 0,44 Guimarães et al.2008a
Gonçalves et al., 2009a
triticale, grão 1,23 0,60 0,87 1,70 0,80 0,20 0,47 1,24 1,84 0,66 0,08 1,17 Tachibanaet al., 2010a
vísceras, farinha 4,16 1,21 2,39 4,04 4,80 1,30 2,54 2,39 3,60 2,12 0,48 2,67 Guimarães et al., 2008b

1
Arg= arginina; His= histidina; Ile= isoleucina; Leu= leucina; Lys= lisina; Met= metionina; Met+cys= metionia+cistina; Phe= fenilalanina; Phe+tyr= fenilalanina+tirosina;
Thr= treonina; Trp= triptofano; Val= valina.
263
264 NUTRIAQUA

Para os alimentos proteicos de origem animal, a compartilhado como base para a manutenção ou guia
farinha de vísceras de aves é o que apresenta os me- alimentar para a montagem de ensaios experimentais
lhores coeficientes de digestibilidade aparente para os com tilápias.
aminoácidos histidina, fenilalanina e metionina. Entre-
tanto, para os demais aminoácidos, há pouca diferença
entre este alimento e a farinha de peixe (Guimarães
et al., 2008a,b). Observa-se ainda que os aminoáci- CONSIDERAÇÕES FINAIS
dos da farinha de sangue atomizado e a fração ce-
lular do sangue são eficientemente utilizados pela
Embora avanços consideráveis tenham sido feitos,
tilápia-do-Nilo (Narváez-Solarte, 2006). A isoleucina
existe ainda necessidade de pesquisas para determina-
deve ser considerada o aminoácido mais limitante na
ção das exigências nutricionais de tilápias em função da
formulação de rações para a tilápia-do-Nilo, seguida
categoria de peso ou idade, a linhagem, bem como para
pela metionina+cistina, arginina e treonina, aminoáci-
reprodutores. A determinação das exigências nutricio-
dos que foram encontrados em níveis limitantes para
nais de reprodutores, em particular, é uma necessidade
essa espécie, principalmente na farinha de sangue seca
imediata, visto a demanda qualitativa e quantitativa de
em tambor (Narváez-Solarte, 2006).
juvenis frente a expansão da atividade. Também são re-
De forma geral, os alimentos proteicos, tanto ani-
centes as informações sobre equações de predição dos
mal como vegetal, exceto os farelos de algodão com 28
valores de energia digestível, proteína digestível, ami-
e 32% de PB, apresentam coeficientes de digestibilida-
noácidos digestíveis e fósforo disponível dos alimentos
de aparente maiores que 70% para a tilápia-do-Nilo. Os
mais utilizados em rações para tilápias. Tais informações
aminoácidos com coeficientes de digestibilidade apa-
são importantes para tornar mais ágil o processo de
rente menor que 70%, nesses alimentos, são treonina,
formulação de ração, dispensando a realização de en-
valina, ácido aspártico, glicina e prolina para o farelo
saios de digestibilidade, que demandam tempo e são
de algodão-28, e a lisina para o farelo de algodão-32
de elevado custo. Esforços de pesquisa nesta linha de
(Guimarães, 2008a,b; Gonçalves et al., 2009a).
trabalho são muito bem vindos.
O conhecimento dos valores de digestibilidade da
Estudos sobre o uso de prebióticos e probióticos
energia e nutrientes dos alimentos utilizados para a for-
em rações para tilápias ainda são incipientes. O au-
mulação de rações para uso na aquicultura é necessário
mento da densidade durante o confinamento impõe
para atender aos anseios biológicos e econômicos da
condições de desafios, sendo importante avaliar as res-
produção de organismos aquáticos. Além disso, é im-
postas sobre o desempenho produtivo ou reprodutivo a
portante para a elaboração de rações que considerem
saúde dos peixes. Outro aspecto importante é a carência
o aspecto ambiental.
de informações sobre a qualidade do pescado oriundo
da tilapicultura. Em função da crescente demanda por
produtos de qualidade para consumo humano, é impor-
tante relacionar a nutrição com a qualidade de carne.
INFORMAÇÕES TABULARES SOBRE A ALIMENTAÇÃO Finalmente, os avanços tecnológicos na área de
E NUTRIÇÃO DE TILÁPIAS processamento para obtenção de microgrânulos, ape-
sar do elevado custo, são importantes para não somente
facilitar o manejo alimentar, como observado na criação
São apresentadas a seguir tabelas sumarizan- de salmonídeos, bem como para garantir a manutenção
do informações úteis consideradas de conhecimento da qualidade da água nos sistemas de produção.

Tabela 3. Modelos de rações práticas utilizadas para a alimentação e nutrição de tilápias (Fonte: Adaptado de Lovel, 1998 e Luquet, 1991).

Tipo de ração
Ingrediente
26% PB, tanques 32% PB, raceways 36% PB, raceways Alta farinha de peixe Padrão
--------------------------------------------------------------------------- % --------------------------------------------------------------------------
Farinha de peixe 4,0 6,0 12,0 25,0 15,0
Farelo de soja 38,3 48,5 50,8 - 20,0
Farelinho de trigo 4,0 20,0 18,0
Milho moído 50,8 22,6 16,5
Trigo moído 20,0 20,0
Sorgo moído 55,0 45,0
Fosfato bicálcico 1,0 1,0 0,8
Óleo vegetal 1,5 1,5 1,5
Premix vitamínico 1 0,2 0,2 0,2
Premix mineral 1 0,2 0,2 0,2

1
recomenda-se seguir o padrão de exigências nutricionais e formulação de premixes estabelecido em NRC (2011)
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA 265

Tabela 4. Tamanho de grânulo da ração recomendado para a ali- Beveridge, M.C.M., and B.J. McAndrew. 2000. Tilapias: Biology
mentação de tilápias. (Fonte: Adaptado de Jauncey e Ross, 1982). and Expolitation. Fish and Fisheries Series 25. Kluwer
Academic Publishers, Dordrecht, The Netherlands.
Biudes, J.F.V.; L.E. Pezzato, e A.F.M. Camargo. 2009.
Tamanho do peixe Diâmetro do grânulo Digestibilidade aparente da farinha de aguapé em tilápias-
mm do-Nilo. Revista Brasileira de Zootecnia 38(11): 2079-2085.
pós-larva, 1º dia liquefeito
Bock, C.L.; L.E. Pezzato, O.A. Cantelmo, e M.M. Barros. 2006.
Fitase e digestibilidade aparente de rações pela tilápia-do-
2º ao 10º dia 0,5 Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia
11º ao 3º dia 0,5 - 1,0 35: 2197-2203.
Bomfim, M.A.D.; E.A.T Lanna, J.L. Donzele, A.S. Ferreira, F.B.
30º dia até juvenil 0,5 - 1,5
Ribeiro, e S.S. Takishita. 2008a. Exigências de metionina
0,5 a 1,0 g mais cistina, com base no conceito de proteína ideal, em
1,0 a 30,0 g 1,0 - 2,0 rações para alevinos de tilápia-do-nilo. Revista Brasileira
de Zootecnia 37: 783-790.
30,0 a 120,0 g 2,0
Bomfim, M.A.D.; E.A.T. Lanna, J.L. Donzele, M. Quadros, F.B.
100 a 250 g 3,0 Ribeiro, e M.P. Souza. 2010. Níveis de lisina, com base no
> 250 g 4,0 conceito de proteína ideal, em rações para alevinos de
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Os autores expressam seu sincero agradecimento Bombardelli. 2004b. Digestibilidade aparente da energia
e proteína das farinhas de resíduo de filetagem da tilápia-
à Dra. Lígia Uribe Gonçalves pelo importante auxílio na
do-Nilo (Oreochromis niloticus) e da corvina (Plagioscion
organização das tabelas deste capítulo. squmosissimus) e farinha integral do camarão canela
(Macrobrachium amazonicum) para a tilápia-do-Nilo.
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Quadros, e M.P. Souza. 2009. Níveis de lisina digestível em
14

Exigências Nutricionais e Alimentação do Beijupirá

R ONALDO O LIVERA C AVALLI


A LEXANDRE S ACHSIDA G ARCIA

Como o beijupirá não tem o hábito de formar car-


INTRODUÇÃO dumes, não há uma captura direcionada para essa espé-
cie, o que faz que a sua pesca tenha pequena expressão.
Na costa do Brasil, Rachycentron canadum Linnaeus, A frota pesqueira mundial capturou somente 10.133 t em
1766, é conhecido como beijupirá, apesar de vários ou- 2009, sendo o Paquistão o maior produtor, com 2.581
tros nomes comuns serem utilizados de acordo com a t. O Brasil ocupa a quarta posição mundial com 976 t
região, tais como bijupirá (Figueiredo e Menezes, 1980), capturadas em 2009 (FAO, 2011). As artes de pesca mais
cação-de-escama, como é chamado por pescadores da utilizadas são a linha-de-mão, covos e redes de emalhar,
região Nordeste, ou pirambijú (Carvalho Filho, 1999). No assim como a caça submarina.
vocabulário Tupi-Guarani, beijupirá significa ‘o peixe de O beijupirá é um peixe que apenas recentemente
pele amarela’ (Bueno, 1983). passou a ser alvo da aquicultura. Com base nos resul-
O beijupirá é um peixe marinho migrador, que tados promissores obtidos em Taiwan a partir de 1995,
raramente forma cardumes e é encontrado em águas sua produção cresceu à medida que a tecnologia de
tropicais e subtropicais de todos os continentes, entre produção de juvenis em cativeiro se desenvolveu (Liao
as latitudes de 32ºN e 28ºS, com exceção do leste do et al., 2004). Em 2010, a produção mundial de beijupirá
Pacífico (Shaffer e Nakamura, 1989; Brown-Peterson et pela aquicultura foi estimada em 40.768 t (FAO, 2012).
al., 2001). O beijupirá, portanto, se distribui naturalmen- A maior parcela dessa produção provém da criação em
te em todo o litoral brasileiro. Seu hábito alimentar é tanques-rede em áreas marinhas protegidas, como ba-
carnívoro, predando o nécton e o zoobentos, mas com ías ou enseadas. China, Taiwan e Vietnam são os princi-
preferência por peixes e crustáceos, embora eventual- pais produtores, embora existam projetos de pesquisa
mente consuma moluscos bivalves (Knapp, 1951; Meyer e desenvolvimento em vários outros países. No Brasil,
e Franks, 1996; Arendt et al., 2001). Diferente do obser- Cavalli et al. (2011) relatam iniciativas de produção do
vado no Golfo do México, na costa de Pernambuco os beijupirá nos estados da Bahia, Pernambuco, Rio Gran-
peixes ósseos foram o principal item alimentar encon- de do Norte, São Paulo e Rio de Janeiro.
trado em beijupirás (Peregrino Jr., 2005). No Golfo do A escolha desta espécie como alvo da piscicultura
México, o beijupirá é popularmente conhecido como marinha se deve principalmente a sua alta taxa de cres-
‘crab-eater’, ou seja, comedor de caranguejos. Recente- cimento. Em condições de cultivo comercial, o beijupirá
mente, Fines e Holt (2011) demonstraram a capacidade pode atingir de 4 a 6 kg em um ano (Arnold et al., 2002;
de juvenis do beijupirá em digerir a quitina por meio Benetti et al., 2008) e entre 8 a 10 kg em 16 meses (Liao
de uma forte ação de enzimas endógenas, com a trans- et al., 2004), com conversão alimentar [CA] em torno de
formação da quitina em N-acetilglicosamina, abrindo 1,5 na fase de engorda (Liao et al., 2004; Benetti et al.,
assim a possibilidade de utilização de ingredientes ricos 2008). O beijupirá também desova facilmente em cati-
em quitina como substituição de fontes de carboidra- veiro (Arnold et al., 2002), tolera variações de salinidade
tos e até mesmo como substituto parcial da farinha de (Faulk e Holt, 2006), responde positivamente à vacina-
pescado. ção (Lin et al., 2006), e possui um filé de carne branca

269
270 NUTRIAQUA

de excelente qualidade (Liao et al., 2004; Liao e Leaño, destes aminoácidos exigidas para outras espécies de
2007; Craig et al., 2006). peixe conforme proposto por Wilson (2002). Este autor
Apesar do interesse na aquicultura do beijupirá e sugere que as exigências de metionina e lisina se situam
do aumento gradativo da sua produção em diferentes entre 1,8-3,2% e 3,2-6,2% da PB na dieta, respectiva-
países do mundo, ainda são poucos os estudos que tra- mente. Como até o momento não se tem conhecimento
tam das exigências nutricionais e do manejo da alimen- de relatos sobre a ocorrência de deficiências de aminoá-
tação desta espécie. Tais aspectos são fundamentais no cidos em beijupirás alimentados com dietas comerciais
sucesso da atividade, uma vez que a alimentação pode ou experimentais, é bem provável de que esta espécie
responder por 46 a 77% dos custos operacionais da cria- tenha exigências de aminoácidos similares às espécies
ção de beijupirá (Sanches et al., 2008; Miao et al., 2009; de peixe atualmente criadas em cativeiro.
Domingues, 2012). Duas revisões tratando especifica- As concentrações de aminoácidos essenciais nas
mente sobre estes temas estão disponíveis na literatura dietas exigem uma atenção especial quando se substi-
especializada (Chen e Liao, 2007; Fraser e Davies, 2009). tui a farinha de pescado por ingredientes alternativos.
Embora a taurina não seja considerado um aminoácido
essencial para peixes, sua suplementação ao nível de 5
g kg-1 em dietas com altos níveis de proteína de origem
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS vegetal resultou em aumento do ganho em peso, maior
eficiência alimentar e também pareceu aumentar a pa-
latabilidade das dietas (Lunger et al., 2007). Salze et al.
PROTEÍNA E AMINOÁCIDOS (2011) confirmaram a importância da taurina para esta
espécie ao demonstrar os benefícios da suplementação
Os poucos estudos atualmente disponíveis indi- no desenvolvimento larval, crescimento e sobrevivência.
cam que o beijupirá tem uma exigência de proteína re- Estes autores inclusive levantam a possibilidade de uma
lativamente elevada, o que está de acordo com o hábito exigência condicional de taurina em larvas de beijupirá.
carnívoro da espécie (Shaffer e Nakamura, 1989; Franks Outro aspecto importante na substituição da fari-
et al., 1996; Arendt et al., 2001). Utilizando análises de nha de pescado é o uso de aminoácidos sintéticos para
regressão polinomial, Chou et al. (2001) estimaram que cobrir possíveis deficiências na fonte protéica alternati-
o crescimento máximo de juvenis de beijupirá seria al- va. Embora até o momento nenhum estudo comparan-
cançado com 44,5% de proteína bruta [PB] na dieta. Em do a utilização de aminoácidos ligados à proteína com
outro estudo, Craig et al. (2006) utilizaram um arranjo aminoácidos sintéticos tenha sido conduzido com o
fatorial com dois níveis de PB nas dietas (40 e 50%) e três beijupirá, o uso de aminoácidos sintéticos já foi testado
de lipídios totais (6, 12 e 18%) e obtiveram níveis signi- por Zhou et al. (2006, 2007) ao determinar as exigências
ficativamente superiores de eficiência alimentar (ganho de lisina e metionina. Em ambos os estudos, os juvenis
em peso/quantidade de dieta fornecida) em juvenis de beijupirá responderam à adição de aminoácidos
(peso médio de 7,4 g) alimentados com 40% de proteína sintéticos assim como observado em outras espécies
bruta. Ao utilizar juvenis relativamente maiores (média de peixe. Mach et al. (2010) e Mach e Nortvedt (2011)
estudaram a utilização de diferentes tipos de silagem,
de 49,3 g), a concentração de proteína nas dietas não
que reconhecidamente contém altas concentrações de
afetou significativamente os parâmetros analisados. Es-
polipeptídios e aminoácidos livres, como ingredientes
tes autores também encontraram uma maior eficiência
alternativos na formulação de dietas para o beijupirá.
alimentar nos peixes alimentados com 40% de PB, o que
Esses autores encontraram que níveis de inclusão de si-
provavelmente indica a completa utilização da proteína
lagem de peixe acima de 13% afetavam negativamente
disponibilizada pela dieta.
o desempenho produtivo. Peixes utilizam eficientemen-
Dos dez aminoácidos considerados essenciais te a proteína para crescimento quando concentrações
para peixes, somente as exigências de lisina e metionina ótimas de todos os aminoácidos essenciais estão dis-
foram determinadas até o momento (Zhou et al., 2006; poníveis nos seus tecidos (Geiger, 1947). Assim, quando
2007). Considerando o crescimento máximo e CA míni- dietas contendo altas concentrações de aminoácidos li-
ma, a exigência de metionina em juvenis do beijupirá vres provenientes de silagem de peixe foram fornecidas
foi estimada em 1,19% na presença de 0,67% cistina. ao beijupirá, os mesmos foram imediatamente disponi-
Esta estimativa corresponde a 2,64% da PB da dieta em bilizados, o que pode ter ocasionado um desequilíbrio
base seca e está de acordo com a avaliação anterior de nas concentrações de aminoácidos, afetando negati-
Chou et al. (2004), de que a exigência de metionina e vamente a eficiência da síntese protéica (Mach e Nor-
cistina seria igual a 2,66% do total de PB na dieta. Zhou tvedt, 2011). Resultados similares foram encontrados
et al. (2007) determinaram que a exigência de lisina se- por Costa-Bomfim (2012) ao fornecer dietas com níveis
ria 5,3% da PB da dieta ou 2,33% da dieta na base seca. crescentes de um hidrolisado proteico produzido com
As estimativas de metionina e lisina de Zhou et al. (2006; os rejeitos do processamento de camarão cultivado
2007) estão, portanto, de acordo com as concentrações (Litopenaeus vannamei).
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO BEIJUPIRÁ 271

RELAÇÃO PROTEÍNA:ENERGIA do beijupirá foi estimada em 5,76% (Chou et al., 2001).


Estes autores alimentaram juvenis com peso inicial de
Na natureza, o beijupirá, assim como outras es- 41 g com sete dietas isoproteicas e isoenergéticas con-
pécies carnívoras, ingere alimentos ricos em proteína. tendo concentrações de lipídio total variando entre 3 e
Estes peixes, portanto, possuem um eficiente sistema 18%. O ganho de peso foi significativamente menor nos
de excreção de resíduos de nitrogênio gerados a partir beijupirás alimentados com 3% de lipídios e aumentou,
da proteína catabolizada para a produção de energia até certo ponto, com maiores concentrações de lipídio
(Feeley et al., 2007). Embora dietas ricas em proteína na dieta. Não foram observadas melhorias significati-
não sejam nocivas ao beijupirá, como a proteína repre- vas no crescimento quando as concentrações de lipídio
senta o nutriente mais caro das dietas, é importante foram além do ponto de inflexão até a concentração de
equilibrar a relação proteína:energia nas dietas, uma 18%. De forma similar, Wang et al. (2005) encontraram
vez que esta tem impacto significativo no desempenho que dietas com mais de 15% de lipídios não afetaram o
dos peixes (Nematipour et al., 1992; Azevedo et al., 2002; crescimento de beijupirás com peso inicial de 7,7 g. Neste
Cho et al., 2005). Os peixes se alimentam para satisfazer estudo, o fornecimento de três níveis de lipídio total (5,
suas necessidades energéticas. Caso a energia na die- 15 e 25% da base seca das dietas) não teve efeito signifi-
ta não seja suficiente (alta relação proteína:energia), o cativo sobre o ganho de peso de peixes alimentados com
consumo de ração aumenta e o excesso de proteína 5 e 15% de lipídios. Entretanto, o ganho de peso e a in-
na dieta será direcionado para a produção de energia. gestão de dieta dos beijupirás alimentados com 25% de
Isso não só resulta no uso ineficiente da proteína, mas lipídios foram significativamente menores, o que sugere
também aumenta a carga de resíduos nitrogenados nos que níveis de lipídios acima de 15% reduzam o cresci-
efluentes. Assim, dos pontos de vista econômico e eco- mento devido à menor ingestão alimentar. Baseado nos
lógico, é fundamental que a proteína seja utilizada para resultados destes estudos, Fraser e Davies (2009) conclu-
a síntese de tecido muscular e não para a produção de íram que o beijupirá teria uma reduzida capacidade em
energia metabólica (Cho et al., 2005). Em contrapartida, utilizar os lipídios como fonte de energia, preferindo a
se o conteúdo energético da dieta for alto, ou seja, a proteína como principal fonte energética.
relação proteína:energia for baixa, o consumo de dieta Níveis relativamente altos de lipídios na dieta do
é reduzido, resultando na diminuição do crescimento beijupirá não só reduzem o crescimento, mas podem
dos peixes devido à redução na ingestão dos demais também aumentar a deposição de gordura na carca-
nutrientes essenciais (Cho et al., 2005). Além disso, o ex- ça e no fígado, o que poderia afetar negativamente a
cesso de energia na dieta também pode resultar em uma saúde destes peixes (Craig et al., 2006). Dietas com altas
maior deposição de lipídios na carcaça (Nematipour et al., concentrações de lipídios, especialmente óleo de peixe,
1992), o que pode impactar negativamente a saúde e que são naturalmente ricos em ácidos graxos altamente
o rendimento de carcaça dos peixes (Craig et al., 1999). insaturados [HUFA] (do inglês ‘highly unsaturated fatty
Em peixes com alto potencial de crescimento, como o acids’), apresentam uma alta propensão a autoxidação.
beijupirá, isso é particularmente importante não só do Isso pode reduzir a disponibilidade de lipídios na dieta
ponto de vista econômico, mas também numa perspec- e produzir subprodutos nocivos (cetonas, radicais livres
tiva de qualidade do produto final (Craig et al., 2006). etc.) que tanto podem ser tóxicos para os peixes como
Embora o estudo de Craig et al. (2006) não tenha podem reagir com outros componentes da dieta e redu-
sido delineado especificamente para analisar a relação zir a disponibilidade deles (Roberts, 2002). O fornecimen-
proteína:energia, eles encontraram que dietas con- to de dietas contendo lipídios oxidados pode levar a uma
tendo de 24 a 40 mg de proteína kJ-1 de energia não degeneração patológica dos tecidos hepáticos (Roberts,
afetavam o ganho em peso e a eficiência alimentar de 2002). Apesar disso, como grande parcela do beijupirá
juvenis do beijupirá. Posteriormente, utilizando dietas produzido na Ásia é consumida in natura na forma de
com 40% de PB e 6% de lipídios, mas diferentes relações sashimi, um maior teor de gordura no filé pode ser con-
proteína:energia graças à inclusão de dextrina, Webb et siderado uma característica desejável especificamente
al. (2010) concluíram que a relação proteína:energia óti-
para o mercado daquela região (Craig et al. 2006).
ma para juvenis do beijupirá seria de aproximadamente
Como destacado no Capítulo 5, a exigência por
34 mg de proteína kJ-1 de energia metabolizável. Este
ácidos graxos essenciais da maioria das espécies de pei-
valor, portanto, está dentro da faixa inicialmente esti-
xes marinhos é inicialmente definida como a soma das
mada por Craig et al. (2006).
exigências pelos ácidos eicosapentaenoico [EPA] (20:5
n-3) e docosahexaenoico [DHA] (22:6 n-3). No caso do
beijupirá, a exigência por EPA+DHA foi estimada entre
LIPÍDIOS 8 e 12 g kg-1 do peso seco da dieta (Chou et al., 2001)
para juvenis (41 g), tendo como base uma dieta con-
Utilizando o modelo de regressão segmentada tendo 5,76% de lipídios totais. Posteriormente, Ding et
ou ‘broken-line’, a exigência de lipídios totais de juvenis al. (2009) investigaram o efeito de diferentes relações
272 NUTRIAQUA

DHA:EPA sobre o crescimento e a sobrevivência. Sete corporal, coeficiente de digestibilidade aparente [CDA]
dietas experimentais contendo a mesma quantidade de e atividade de enzimas digestivas. Seis dietas conten-
DHA+EPA (15 g kg-1), mas diferentes relações DHA:EPA do níveis crescentes de amido (1,3; 6,5; 12,5; 18,4; 24,2 e
(de 0,9, a 2,1 em intervalos de 0,2) e uma dieta controle 30,4%) foram fornecidas a juvenis de beijupirá por nove
(DHA+EPA= 8 g kg-1 e DHA:EPA= 1,3), foram fornecidas semanas. Com base nos resultados de taxa de cresci-
a beijupirás (peso inicial de 6,9 g) durante oito semanas. mento específico e de eficiência alimentar, os níveis óti-
O aumento da relação DHA:EPA na dieta não afetou sig- mos de inclusão de amido foram estimados em 21,1% e
nificativamente o crescimento e a sobrevivência, o que 18% da dieta, respectivamente.
indica que a relação entre estes ácidos graxos essenciais Os efeitos de diferentes fontes de carboidrato (gli-
não seria tão importante para o beijupirá como obser- cose, sacarose, maltose, dextrina, amido de milho e ami-
vado em outras espécies de peixes marinhos. Recente- do de trigo), ao nível de inclusão de 20% do peso seco
mente, Monroig et al. (2011) demonstraram que a ativa- das dietas, sobre o desempenho produtivo, atividade
ção da via biossintética dos HUFA no beijupirá começa enzimática e hematologia de juvenis do beijupirá foram
de 12 a 18 h após a fertilização dos embriões. avaliados em um estudo com oito semanas de duração
Pouco ainda se sabe sobre as necessidades de fos- (Cui et al., 2010). Os peixes alimentados com amido de
folipídios na dieta para o beijupirá. Os únicos estudos dis- trigo e dextrina apresentaram maior ganho de peso,
poníveis se limitam a larvas e juvenis recém-metamorfo- taxa de crescimento específico e taxa de eficiência pro-
seados, os quais teriam uma exigência igual ou superior teica, enquanto os que receberam a dieta com glicose
a 80 g kg-1 de peso seco da dieta (Niu et al., 2008a,b). tiveram sobrevivência e fator de condição significativa-
Nos dois estudos conduzidos por estes autores, o forne- mente inferiores. Estes resultados indicam que a dextri-
cimento de dietas com níveis crescentes de fosfolipídios na e o amido de trigo seriam as fontes preferenciais de
(0, 20, 40 e 80 g kg-1; pureza de 97%) resultou no au- carboidrato a serem utilizadas em dietas para o beiju-
mento contínuo da sobrevivência e do crescimento dos pirá. Estes autores relatam também uma relação entre
peixes (peso de 0,4 g), enquanto a CA também diminuiu a inclusão de carboidratos mais complexos (dextrina e
de forma contínua mesmo nos exemplares alimentados os amidos de milho e trigo) e melhores índices hema-
com o maior nível de inclusão de fosfolipídios. Niu et tológicos (hematócrito, hemoglobina, leucócitos e eri-
al. (2008a) observaram que as concentrações de fosfo- trócitos) e sugerem que a relação entre estes índices e a
lipídios no corpo e no fígado aumentaram nos peixes saúde dos peixes deveria ser objeto de estudos futuros.
alimentados com maiores níveis destes lipídios, o que já Como os crustáceos são um importante item na die-
foi observado em outras espécies (Coutteau et al., 1997; ta natural do beijupirá (Shaffer e Nakamura, 1989; Meyer
Geurden et al., 1999). Aparentemente, maiores níveis e Franks, 1996), Fines e Holt (2011) investigaram a possi-
de fosfolipídios na dieta favorecem o transporte de lipí- bilidade de utilização da quitina, um dos componentes
dios dos enterócitos para os demais órgãos do peixe e, do exoesqueleto dos crustáceos, como ingrediente em
desta forma, aumentam a disponibilidade de fontes de dietas para essa espécie. Analisando a atividade das en-
energia e o crescimento. Além disso, Niu et al. (2008b) zimas quitinase e quitinobiase em ensaios enzimáticos
relacionam os níveis de fosfolipídios na dieta com a e in vivo, estes autores encontraram uma forte atividade
menor ocorrência de malformações, principalmente o endógena dessas enzimas no estômago do beijupirá, in-
aparecimento de larvas com escoliose e malformações dicando sua capacidade de digerir a quitina. A quitinase
na mandíbula. inicialmente hidrolisa o exoesqueleto quitinoso, libe-
rando dímeros e trímeros de N-acetilglicosamina [NAG].
Já a quitinobiase atua sobre estes substratos e libera
CARBOIDRATOS monômeros de NAG, os quais podem ser absorvidos e
servir como fonte de energia. Embora a capacidade do
Apesar de seu hábito alimentar carnívoro, o bei- beijupirá utilizar NAG como fonte de energia ainda não
jupirá aparenta ter capacidade para utilizar carboidra- tenha sido demonstrada experimentalmente, estes re-
tos (Schwarz et al., 2007). Utilizando dietas com 40% de sultados abrem a possibilidade de utilização de rejeitos
proteína bruta e 6% de lipídios, mas diferentes níveis de do processamento de crustáceos não só como fonte de
inclusão de dextrina, Webb et al. (2010) concluíram que energia, mas também de proteína, lipídios e carotenoi-
juvenis de beijupirá são capazes de utilizar níveis de até des (Fines e Holt, 2011).
34% de carboidratos na dieta seca. Nesse mesmo estu- A possibilidade de utilização de resíduos de crus-
do, os níveis de carboidrato excretados pelas fezes foram táceos foi recentemente testada por Lu e Ku (2012), que
analisados, apresentando uma relação linear entre os analisaram a influência de níveis crescentes de farinha
níveis de inclusão na dieta e os excretados, o que suge- de camarão na dieta sobre o crescimento, composição
re que o nível de saturação não foi alcançado. Por outro corporal e atividade enzimática do beijupirá. Embora
lado, Ren et al. (2011) investigaram o efeito do nível de estes autores tenham observado que a inclusão de até
carboidratos na dieta sobre o crescimento, composição 25% da farinha de camarão resultou em maior ganho
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO BEIJUPIRÁ 273

de peso e CA, a eficiência de utilização da proteína teve kg-1 da dieta) e uma dieta controle (sem a inclusão de
uma queda significativa. Também não foram encontra- selenometionina) foram fornecidas a juvenis do beiju-
das evidências de aumento do sistema imune quando pirá durante 70 dias. Os níveis de Se na dieta afetaram
submetidos ao desafio com Photobacterium damselae significativamente a sobrevivência, a taxa de crescimen-
ssp. piscicida. Lu e Ku (2012), portanto, recomendam a to específico e as concentrações deste mineral nas vér-
inclusão de 10% de farinha de camarão como substituto tebras e no corpo do beijupirá como um todo. A partir
da farinha de pescado nas dietas para o beijupirá. Por de regressões segmentadas da taxa de crescimento es-
outro lado, Geng et al. (2011) demonstraram que a su- pecífico, e das concentrações de Se no corpo e nas vér-
plementação de 0,3 a 0,6% de quitosana, um polissaca- tebras, a exigência do beijupirá foi estimada em 0,788,
rídeo produzido pela deacetilação da quitina, teve um 0,811 e 0,793 mg kg-1 de selenometionina na dieta, res-
efeito positivo não só na resposta imune e na resistência pectivamente.
a doenças, mas também sobre o crescimento de juvenis Fraser e Davies (2009) relatam que a literatura es-
do beijupirá. pecializada não contém nenhum relato da ocorrência
de enfermidades causadas por deficiência de vitaminas
ou minerais em beijupirás alimentados com dietas co-
VITAMINAS E MINERAIS merciais. Por outro lado, a ocorrência de juvenis criados
em laboratório que apresentam crescimento reduzido
O conhecimento sobre as exigências de vitaminas e deformidades esqueléticas, principalmente curvatura
e minerais do beijupirá ainda é limitado. Até o presen- da coluna vertebral, é cada vez mais frequente (McLean
te, as únicas vitaminas cujas exigências foram determi- et al., 2008), embora a real causa desse problema ainda
nadas para essa espécie foram a colina e a vitamina C não seja conhecida. Da mesma forma, ocorrências de
(ácido ascórbico[AA]). Após 70 dias de fornecimento de mortalidade de peixes na faixa de 2 a 4 kg, apresentan-
dietas contendo diferentes níveis de colina, na forma de do brânquias pálidas (anemia), sugerem uma possível
cloreto de colina (133, 350, 548, 940, 2017 e 3981 mg relação com a deficiência de ferro (Liao, 2005).
kg−1 da dieta seca), Mai et al. (2009) usaram regressões
segmentadas para estimar que o máximo ganho em
peso seria alcançado com 696 mg de colina kg−1 da die-
ta. Entretanto, baseados nas concentrações de colina no DIGESTIBILIDADE DE INGREDIENTES
fígado e no músculo, as exigências de colina seriam 877
e 950 mg kg−1 da dieta, respectivamente. No boletim do Nos poucos estudos disponíveis na literatura, o
NRC (2011), a exigência do beijupirá em colina foi esti- beijupirá demonstrou uma capacidade relativamen-
mada como sendo 700 mg kg−1 da dieta. te alta de aproveitar os nutrientes de ingredientes de
Utilizando metodologia semelhante ao estudo de origem animal ou vegetal normalmente utilizados em
Mai et al. (2009), a exigência de AA foi avaliada por Xiao dietas para peixes (Tabela 1). Zhou et al. (2004) esti-
et al. (2010). Níveis crescentes de inclusão de ascorbil maram os CDAs da farinha de pescado, farelo de soja
polifosfato foram suplementados em uma dieta basal desengordurado (tostado, extração com solventes), fa-
a fim de se obter seis dietas semipurificadas com 2,70 relo de soja desengordurado (extração com solventes),
(controle); 8,47; 28,3; 80,6; 241 e 733 mg de AA kg-1 die- farinha de vísceras de frango, farinha de carne e ossos,
ta. Os peixes alimentados com a dieta controle tiveram farinha de amendoim, farelo de colza e farelo de glú-
menor ganho de peso e CA, e as concentrações de AA ten de milho usando o método da análise das fezes com
nos músculos e fígado também foram mais baixas. Con- Cr2O3 como marcador. De modo geral, a proteína e os
siderando apenas os resultados de ganho de peso, a exi- lipídios, tanto de fontes vegetais como animais, foram
gência de AA na dieta para o beijupirá foi estimada em bem digeridas pelo beijupirá. Os CDAs da matéria seca
44,7 mg kg-1, mas, se considerarmos as concentrações [MS], PB, lipídios totais e energia bruta da farinha de
de AA no fígado ou músculos, a exigência seria 53,9 mg pescado e do farelo de glúten de milho foram os mais
kg-1 ou 104 mg kg-1, respectivamente. altos entre todos os ingredientes testados. A digestibili-
O selênio [Se] é o único mineral estudado até o dade da MS variou de 60,4 a 87,6% para os produtos de
momento. Exigido em quantidades-traço pelos peixes, origem animal e o glúten de milho, e de 58,5 a 70,5%
o Se é componente de uma série de enzimas antioxi- para os farelos de soja, amendoim e colza. Os CDAs da
dantes, atuando na proteção das membranas celulares PB e dos lípidos variaram de 87,2-96,3% e 91,6-96,9%,
dos danos causados pelo processo de oxidação. Como respectivamente, para os produtos animais, e 89-94,4%
deficiências ou excessos na dieta podem resultar no au- e 92,4-96,9%, respectivamente, para os ingredientes
mento da taxa de mortalidade e/ou depressão do cres- vegetais. O beijupirá demonstrou uma alta capacidade
cimento, a exigência de Se para juvenis do beijupirá foi de aproveitamento do fósforo. O CDA dos ingredientes
estimada por Liu et al. (2010). Cinco dietas experimentais de origem animal e vegetal foi 62,4-71,2% e 56,3-69,7%,
(contendo 0,2; 0,4; 0,6; 0,8 e 1,0 mg de selenometionina respectivamente. A disponibilidade de aminoácidos
274

Tabela 1. Coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) da matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo e energia bruta de ingredientes para o beijupirá.

Método Coeficientes de digestibilidade


Proteína Extrato Energia Inclusão Peso
Ingrediente de Extrato Referência
bruta etéreo bruta na dieta médio Energia
coleta etéreo
% % % % g % % % kcal
Farinha de pescado 70,65 7,62 5,08 30,0 10 87,6 96,3 95,9 95,5 Zhou et al., 2004
Farelo de soja desengordurado
49,50 0,89 4,64 30,0 10 70,5 92,8 95,4 90,6 Zhou et al., 2004
(tostado, extração com solventes)
Farelo de soja desengordurado
47,63 1,37 4,67 30,0 10 68,3 90,9 92,4 86,9 Zhou et al., 2004
(extração com solventes)
Farinha de vísceras de frango 61,27 16,20 5,62 30,0 10 80,9 90,9 92,1 90,6 Zhou et al.,2004
Farinha de carne e ossos 54,6 13,24 4,61 30,0 10 60,4 87,2 91,6 90,8 Zhou et al., 2004
Farinha de amendoim 42,6 2,74 4,77 30,0 10 64,9 90,2 93,8 84,2 Zhou et al., 2004
em carboidrato resultaram nos menores CDAs e, por-
farinha de carne e ossos, cuja disponibilidade de alguns
refletiu a digestibilidade da proteína, com exceção da

aminoácidos foi menor, possivelmente devido à danos

tanto, o uso desses ingredientes como substitutos para


a proteína durante o processamento. Ingredientes ricos

Farelo de colza 44,13 0,92 4,69 30,0 10 58,5 89,0 93,7 83,1 Zhou et al., 2004
Glúten de milho 64,40 0,44 5,39 30,0 10 84,6 94,4 95,9 94,2 Zhou et al., 2004
Biomassa de Saurida undosquamis ND ND ND 60,01 23-25 - 62,1 75,4 96,4 86,2 Mach et al., 2010
1
Silagem de Saurida undosquamis ND ND ND 60,0 23-25 - 58,1 69,0 88,8 82,8 Mach et al., 2010
Biomassa de Portunus pelagicus ND ND ND 60,01 23-25 - 60,0 71,3 88,2 84,9 Mach et al., 2010
1
Silagem de Portunus pelagicus ND ND ND 60,0 23-25 - 45,3 61,0 73,7 60,4 Mach et al., 2010
43,5 a 84,4 a
Amido de milho gelatinizado ND ND ND 1,3 a 30,4 15-56 Extrusão N.D. 71,7 a 80,02 Ren et al., 2011
para essa espécie.

60,5 86,1
Farinha de camarão 30,8 5,2 2,87 30,0 333 Extrusão N.D. 85,7 92,7 70,6 Fines e Holt, 2011
Farinha de caranguejo 33,3 6,7 2,69 30,0 333 Extrusão N.D. 98,0 89,7 88,9 Fines e Holt, 2011
Hidrolisado do rejeito de Litopenaeus
89,42 5,43 n.d. 30,0 39 75,0 91,0 86,0 ND Costa-Bomfim, 2012
vannamei

ND.: não determinado.


1
Peso úmido.
2
Neste caso, o CDA do amido foi estimado.
3
Comprimento, em cm.
tíveis do que os demais farelos de origem vegetal, o que
a farinha de pescado não é recomendado. A farinha de

eventuais substitutos da farinha de pescado em dietas


NUTRIAQUA

sugere um maior potencial desses ingredientes como


vísceras de frango e o farelo de milho foram mais diges-
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO BEIJUPIRÁ 275

Usando Y2O3 como indicador inerte, os CDAs dos [PUFA] (do inglês ‘polyunsaturated fatty acid’), encon-
macronutrientes e energia bruta da biomassa de ‘lizard trados nos ovos e larvas recém-eclodidas dessa espécie.
fish’ (Saurida undosquamis) e de um caranguejo (Portunus Da mesma forma, os lipídios totais nos ovos e larvas
pelagicus), assim como das silagens produzidas com es- recém-eclodidas do beijupirá continham altas concentra-
tes ingredientes, foram estudados por Mach et al. (2010). ções de HUFA da série n-3, dos quais 90% eram EPA e DHA
O processo de silagem ácida resultou na diminuição dos (Faulk e Holt, 2003).
CDAs, o que esteve de acordo com a CA observada após Assim como em várias outras espécies de peixe
42 dias de alimentação dos juvenis de beijupirá. Os au- marinho de interesse para a aquicultura, uma relação
tores observaram que as dietas contendo os ingredien- entre os níveis de n-3 HUFA e a qualidade das desovas
tes não processados eram mais bem utilizadas do que também foi observada no beijupirá (Faulk e Holt, 2008;
as dietas contendo silagem, o que os levou a concluir Nguyen et al., 2010, 2012). Faulk e Holt (2008) encon-
que o ácido fórmico usado no processo de silagem seria traram diferenças no perfil de ácidos graxos de ovos
o responsável pela diminuição do apetite e da eficiência coletados em dois períodos reprodutivos consecutivos.
digestiva e, consequentemente, menor ganho de peso. A única correlação significativa entre a composição e a
Ao testar o efeito de diferentes níveis de amido qualidade desses ovos foi um declínio na proporção de
de milho gelatinizado na dieta (1,3; 6,5; 12,5; 18,4; 24,2 ovos flutuantes a medida que o conteúdo de n-3 HUFA
e 30,4%), Ren et al. (2011) encontraram que o CDA do aumentava. Nguyen et al. (2010) analisaram os efeitos
amido foi significativamente menor com o maior nível de das concentrações de ácidos graxos essenciais no de-
inclusão (30,4%). Os beijupirás alimentados com dietas sempenho reprodutivo e na composição dos ovos. Foi
contendo de 18,4% a 30,4% de amido na dieta apresen- demonstrado que reprodutores alimentados com die-
taram uma maior atividade intestinal da amilase do que tas formuladas com uma composição similar, mas com
os alimentados com as dietas com 1,3% e 6,5% de amido. concentrações de n-3 HUFA variando de 0,94 a 1,72% do
Costa-Bomfim (2012) analisou o CDA de um hi- peso seco, maturaram e produziram ovos com tamanho
drolisado produzido com os rejeitos do processamen- e viabilidade comparável a reprodutores alimentados
to de L. vannamei. Os CDAs para a MS, PB, e lipídios da exclusivamente com peixes, e cuja concentração de n-3
dieta-teste (75,9; 91,2 e 86,6%, respectivamente) foram HUFA era 1,86% do peso seco. A composição de ácidos
significativamente mais altos do que na dieta referên- graxos da dieta afetou diretamente a composição de
cia, indicando que os macronutrientes deste ingredien- ácidos graxos dos ovos (Nguyen et al., 2010). Estes auto-
te foram altamente digestíveis para o beijupirá. Esta es- res sugeriram que os níveis de n-3 HUFA na dieta devem
pécie também tem alta capacidade de digerir a quitina, ser maiores do que 1,9% do peso seco para a melhoria
um dos componentes do exoesqueleto dos crustáceos na qualidade dos ovos. Os resultados deste estudo tam-
e o segundo polissacarídeo biológico mais abundan- bém sugerem que altos níveis de ARA na dieta (entre
te na natureza após a celulose. Por meio de ensaios 0,42 e 0,60% do peso seco) podem afetar negativamen-
enzimáticos e in vivo, Fines e Holt (2011) encontraram te as taxas de fertilização.
uma forte atividade endógena das enzimas quitinase e Analisando a qualidade das desovas de reprodu-
quitinobiase no estômago do beijupirá, indicando sua tores nascidos em cativeiro, Nguyen et al. (2012) de-
capacidade de digerir a quitina. O CDA das farinhas de monstraram que os lotes de ovos considerados de qua-
caranguejo e camarão foi estimado em 66,8% e 78,2%, lidade superior (com taxas de fertilização acima de 50%)
respectivamente. eram aqueles provenientes das maiores desovas (maior
fecundidade), e que apresentavam uma maior propor-
ção de ovos flutuantes e maiores diâmetro e peso seco.
Estes ovos também possuíam níveis significativamente
DIETAS PRÁTICAS mais altos de proteína, aminoácidos totais e da maioria
dos aminoácidos do que os lotes de ovos considerados
de baixa qualidade (com fertilização próxima a 0%). Re-
DIETAS PARA REPRODUTORES lações significativas (R² ≥ 0,75) entre a composição bio-
química e alguns parâmetros de qualidade dos ovos fo-
A partir do conhecimento adquirido com outras ram estabelecidas, tais como entre as concentrações de
espécies, é possível inferir que a composição bioquímica ácido linolênico (18:3 n-3) e lisina com a proporção de
dos ovos e das larvas recém-eclodidas de uma determi- blastômeros anormais, e a relação entre arginina:glicina
nada espécie reflete as suas necessidades nutricionais e a ocorrência de deformidades nas larvas.
básicas (Sargent et al., 1999). Baseado nessa premissa, se Na prática, a alimentação de reprodutores de beiju-
deduz que os reprodutores de beijupirá exigem altos pirá ainda depende do fornecimento de alimentos frescos,
níveis de HUFA, principalmente o araquidônico [ARA] congelados e, eventualmente, de alguns suplementos. Em
(20:4 n-6), EPA e DHA, uma vez que estes respondem Taiwan, sardinhas, cavalinhas e lulas são fornecidas aos
por cerca de 80% dos ácidos graxos poli-insaturados reprodutores uma vez ao dia até a saciedade (Su et al.,
276 NUTRIAQUA

2000), enquanto nos EUA estes mesmos alimentos são A larvicultura em sistemas semi-intensivos vem
fornecidos diariamente, seis dias por semana, de forma sendo realizada em Taiwan (Liao et al., 2004), EUA
alternada, a uma taxa de 2 a 4% da biomassa (Benetti (Weirich et al., 2004), Vietnam (Nhu et al., 2011) e no
et al., 2008). Nhu et al. (2011) citam que, no Vietnam, a Brasil (Souza-Filho e Tosta, 2008). Neste sistema, as lar-
alimentação de reprodutores consiste basicamente de vas são estocadas em densidades comparativamente
peixes a uma taxa diária de 3 a 5% do peso corporal. mais baixas em tanques de grande volume ou em vivei-
Cerca de três meses antes do início das desovas, po- ros escavados, os quais são previamente adubados para
rém, inicia-se o fornecimento diário de um suplemento estimular a produção de alimento (fito e zooplâncton).
composto de óleo de fígado de lula, vitaminas e premix Após absorverem o vitelo, o que ocorre geralmente
mineral, que dura até o fim do período reprodutivo. No no 2-3° DAE, as larvas passarão a se alimentar de rotí-
Nordeste do Brasil, reprodutores recém-capturados de feros, protozoários e náuplios de copépodos (Tang et
beijupirá são inicialmente alimentados com camarões al., 2006) até o 20º DAE. Os peixes passam então gra-
(L. vannamei) vivos, mas gradualmente passam a ser dativamente a receber dietas flutuantes (do 20° ao 45°
fornecidos pedaços de camarão, sardinha (Opisthone- DAE) e, pelo menos uma vez por semana, sofrem uma
ma oglinum) e lula (Loligo sp.) a uma proporção diária seleção a fim de padronizar o tamanho dos animais e
de 5% da biomassa (Peregrino Jr., 2009). Semanalmen- assim diminuir a ocorrência de canibalismo (Liao et al.,
te cápsulas de vitaminas e lecitina de soja, na forma de 2004). Caso o alimento natural presente nos tanques ou
bolas com cerca de 1 g, são inseridas nas sardinhas e viveiros seja consumido pelas larvas, pode-se transferir
fornecidas aos peixes. Benetti et al. (2008) e Stieglitz et plâncton de outros tanques ou viveiros com coletores
al. (no prelo) também recomendam a suplementação de automáticos e/ou adicionar náuplios de artemia (Nhu et
vitaminas e minerais duas vezes por semana a uma taxa al., 2011). A sobrevivência neste sistema, porém, é variá-
de 1% da alimentação diária. vel, normalmente ficando entre 1 a 10%. Por outro lado,
a disponibilidade de zooplâncton selvagem geralmen-
te resulta em alta taxa de crescimento específico, entre
DIETAS PARA LARVAS 12,5 a 19,2% do peso vivo por dia (Weirich et al., 2004),
0,5 g (6 cm) em 20 dias e de 2 a 5 g após 45 dias (Liao et
A criação de larvas de beijupirá é normalmente al., 2004), o que geralmente não é alcançado nas larvi-
realizada de forma intensiva, sob condições ambien- culturas intensivas. Em seu estudo pioneiro, Hassler e
tais controladas e com o uso de sistemas de manejo Rainvilee (1975) já indicavam que o crescimento das lar-
de água semiestáticos ou de recirculação. As larvas são vas era maior quando alimentadas com zooplâncton sel-
normalmente criadas em água com salinidade em torno vagem em comparação às larvas alimentadas unicamen-
de 35, temperatura entre 26 e 29ºC, fotoperíodo natural te com rotíferos e artemia em sistema de águas verdes.
ou com 13 h diárias de luz, aeração constante (Holt et Ao revisarem o estado da tecnologia de cultivo de
al., 2007; Schwarz et al., 2007) e densidade máxima de larvas do beijupirá, Holt et al. (2007) chamam a atenção
10 larvas L-1 (Hitzfelder et al., 2006). A alimentação in- para as vantagens do enriquecimento dos alimentos
clui o fornecimento de rotíferos enriquecidos do 3º ao vivos, especificamente rotíferos e artemia. Faulk e Holt
7º dias após a eclosão [DAE], náuplios recém-eclodidos (2005) analisaram os efeitos do enriquecimento de rotí-
de artemia (Artemia franciscana) do 5º ao 10º DAE e feros e artemia com microalgas vivas ou com emulsões
metanáuplios de artemia enriquecidos com HUFA até o comerciais ricas em HUFA e encontraram que a sobre-
completo fornecimento de microdietas inertes (Faulk e vivência e crescimento de larvas do beijupirá no 16º
Holt, 2005), o que normalmente ocorre do 22º ao 25º DAE eram significativamente maiores quando alimen-
DAE (Holt et al., 2007). Para se alcançar maiores taxas tadas com presas enriquecidas com emulsões e com
de crescimento e sobrevivência durante a transição do I. galbana do que com N. oculata. Foi observada uma
alimento vivo para dietas inertes (‘desmame’ ou ‘wea- correlação positiva entre os níveis de DHA da dieta com
ning’), a partir do 16º DAE até o 24–26º DAE, as larvas os níveis desse ácido graxo no corpo das larvas. Estes
devem receber uma mistura de artemia enriquecida e autores também concluíram que o enriquecimento dos
microdietas, o que é comumente chamado de período rotíferos seria mais importante do que o de artemia.
de co-alimentação. Ao longo de toda a larvicultura se adi- Em um estudo anterior, Faulk e Holt (2003) levan-
cionam microalgas, geralmente Nannochloropsis oculata taram a hipótese de que, além de EPA e DHA, as larvas
(80.000 células mL-1) ou Isochrysis galbana (40.000 célu- de beijupirá teriam uma exigência pelo ARA na dieta,
las mL-1), o que é conhecido como larvicultura em ‘águas uma vez que as concentrações desse ácido graxo nos
verdes’ (Holt et al., 2007). Vários autores indicam que o tecidos larvais eram mais altas do que em outras es-
uso de pastas de microalgas na larvicultura do beijupirá pécies de peixes marinhos. Enquanto as relações de
produz resultados equivalentes ao uso de microalgas DHA:EPA e n-3:n-6 PUFA (3,3:1 e 7,2:1, respectivamente)
vivas (Gaumet et al., 2007; Holt et al., 2007; Schwarz estavam dentro da faixa normalmente observada nas
et al., 2008). larvas de outros peixes marinhos (Sargent et al., 1999,
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO BEIJUPIRÁ 277

2002), a relação EPA:ARA (2,2:1) era muito mais baixa do pescado, o que resulta em CA em torno de 1,5 na fase de
que os valores normalmente relatados para outras es- engorda (Liao et al., 2004).
pécies marinhas (Ostrowski e Divakaran, 1991; Rainuzzo O uso de rejeito de pesca (‘trash fish’), ou até mes-
et al., 1992), o que se deve à alta concentração de ARA. mo de peixes com baixo valor comercial, como alimento
Nesse sentido, Sargent et al. (1999) sugerem que pei- para o beijupirá é uma prática comum em vários países
xes tropicais, como o beijupirá, possam ter uma maior asiáticos (Su et al., 2000; Liao et al., 2004; Nguyen et al.,
exigência por ARA devido às demandas metabólicas do 2008; Nhu et al., 2011). Este alimento é fornecido tanto
seu habitat natural. Concentrações elevadas de ARA nos in natura como na forma de péletes úmidos, podendo,
tecidos das larvas podem indicar uma alta exigência, a nesse caso, ser misturado com uma dieta formulada em
qual pode ser atendida pelo enriquecimento de rotífe- pó (Su et al., 2000). Além do menor potencial poluidor,
ros com produtos contendo altos níveis de ARA, assim Su et al. (2000) destacam que as dietas secas (peletiza-
como de DHA e EPA (Holt et al., 2007). das ou extrudadas) têm várias vantagens sobre o rejeito
O uso de dietas inertes ainda não é uma prática
de pesca, tais como maior estabilidade na composição/
rotineira na larvicultura do beijupirá. Tang et al. (2010)
qualidade nutricional, facilidade de transporte, arma-
encontraram que o fornecimento de uma microdieta
zenamento e fornecimento, além de menores perdas
específica para larvas de peixes marinhos como único
por lixiviação. Do ponto de vista produtivo, Nguyen et
alimento para larvas recém-eclodidas de beijupirá re-
al. (2008) demonstraram claramente as vantagens de
sultou em 100% de mortalidade no 9º DAE. Por outro
lado, 44% das larvas alimentadas com rotíferos e arte- dietas secas na criação do beijupirá. Após 13 meses de
mia estavam vivas no 9º DAE, enquanto 100% das larvas cultivo em gaiolas, os peixes alimentados com uma die-
mantidas em jejum morreram no 7º DAE. Essa diferença ta extrudada tiveram um peso médio igual a 6,84 kg,
de dois dias entre a mortalidade total das larvas indica enquanto os alimentados com rejeito de pesca alcan-
que a microdieta pode ter sido parcialmente digerida çaram apenas 3,5 kg. Neste mesmo estudo, para peixes
pelas larvas, o que, porém, não foi suficiente para man- na faixa de peso entre 1,2 e 3,5 kg, a CA estimada em
tê-las vivas após o 9º DAE. base seca foi de 2,0 para a ração extrudada, e 2,4 para
Holt et al. (2007) acreditam que incrementos no o rejeito.
crescimento e sobrevivência podem ser alcançados
com a redução do uso de artemia, já que as larvas de
beijupirá são capazes de ingerir partículas de tama- PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO
nho maior do que a artemia a partir do 14º DAE. Desta
forma, o desenvolvimento de microdietas que sejam A alimentação é normalmente considerada o prin-
ingeridas, digeridas e assimiladas pelas larvas é funda- cipal custo operacional na piscicultura intensiva. Anali-
mental na estratégia de antecipação do ‘desmame’. Vá- sando 14 fazendas de criação de beijupirá em Taiwan,
rias microdietas comerciais são aceitas pelas larvas de
Miao et al. (2009) concluíram que os gastos com alimen-
beijupirá a partir do 16º DAE, mas, na maioria dos casos,
tação representavam 46,1% do custo final de produção.
a sobrevivência é significativamente reduzida quando o
No caso de um cultivo em mar aberto em Pernambuco,
alimento vivo deixa de ser oferecido antes do 25º DAE
Domingues (2012) estimou que os gastos com alimen-
(Holt et al., 2007). Esses resultados indicam uma aparen-
tação dependiam do nível de produtividade almejado
te incapacidade das larvas do beijupirá digerirem mi-
crodietas, o que pode estar relacionada com o fato de e correspondiam de 49 a 59% dos custos operacionais.
que a atividade da enzima pepsina, que marca o início Além do óbvio impacto econômico, a alimentação tam-
das atividades proteolíticas no estômago (Zambonino- bém pode influenciar a qualidade ambiental, principal-
-Infante et al., 2008), só ter sido detectada em larvas de mente quando realizada de forma equivocada. Embora
beijupirá após o 22º DAE (Salze et al., 2012). haja uma tendência de que as fazendas de cultivo de
beijupirá sejam instaladas em áreas de mar aberto,
atualmente a maioria dos cultivos ainda é realizada
em áreas marinhas protegidas. Sob estas condições, a
DIETAS PARA AS FASES DE BERÇÁRIO E ENGORDA
liberação de alimentos não consumidos e de outros re-
As dietas comerciais em uso na Ásia são derivadas síduos no ambiente marinho pode afetar significativa-
de formulações para o robalo asiático (Lates calcarifer) mente a qualidade da água e alterar a estrutura química
ou garoupas (Epinephelus spp.), as quais proporcionam e biológica do sedimento. Alongi et al. (2003) e Tacon
um crescimento aceitável do beijupirá, com CA variando e Forster (2003) concordam que o impacto ambiental
de 1,5 a 1,8 (Chou et al., 2004). Atualmente, em Taiwan, pode ocorrer se práticas inadequadas de alimentação
os peixes são alimentados uma vez por dia a uma taxa forem empregadas. Até agora, porém, poucos estudos
de arraçoamento de 0,5 a 0,7% do peso corporal com foram realizados com o objetivo de estabelecer práticas
dietas contendo de 42-45% de PB e 15-16% de óleo de de alimentação adequadas para o beijupirá.
278 NUTRIAQUA

A frequência diária de fornecimento da dieta tem crescimento específico, fator de condição, ingestão da
reconhecido papel no desempenho dos peixes (Murai dieta e homogeneidade do lote de peixes. Esta autora
e Andrews, 1976; Jobling, 1983; Wang et al., 1998). Só concluiu, portanto, não haver benefício em fornecer
recentemente, contudo, este aspecto passou a ser es- mais do que uma refeição diária para beijupirás nessa
tudado para o beijupirá. Em um estudo realizado com faixa de peso. Como o beijupirá é um peixe voraz, que
gaiolas de pequeno porte no Rio de Janeiro, Sampaio muitas vezes ingere presas inteiras (Shaffer e Nakamu-
(comunicação pessoal) não encontrou diferenças na so- ra, 1989), ele seria capaz de alcançar a saciedade após
brevivência e crescimento de beijupirás com peso inicial uma única refeição, o que explicaria esses resultados.
de 3 g quando alimentados com três, seis ou nove refei- No entanto, a prática comum nos cultivos é utilizar mais
ções diárias. Em um estudo com larvas, Nhu (2009) tam- do que uma refeição diária. Durante o ‘desmame’, por
bém não encontrou diferenças no crescimento quando exemplo, os juvenis são alimentados de cinco a seis ve-
uma dieta de ‘desmame’ foi oferecida continuamente zes por dia (Liao et al., 2004) ou até 10 vezes ao dia (Benetti
(das 06:00 às 18:00 h) ou dividida em quatro ou sete re- et al., 2008; Nguyen et al., 2011). Na engorda, o beijupi-
feições diárias, durante 15 dias. Este autor, no entanto, rá pode ser alimentado uma vez por dia, seis dias por
constatou que a mortalidade devido ao canibalismo foi semana (Liao et al., 2004) ou duas vezes ao dia (Benetti et
menor com a alimentação contínua, mas não encontrou al., 2010). Já na engorda em sistemas ‘indoor’ com re-
diferenças quando os peixes foram alimentados com circulação de água, a alimentação é preferencialmente
quatro ou sete refeições por dia. O canibalismo é pro- dividida em várias sessões para evitar picos de deman-
movido por diferenças no tamanho dos peixes e, entre da de oxigênio e de excreção de amônia pelos peixes. A
outros fatores, pode ser afetado pela disponibilidade de discrepância entre os resultados de Costa-Bomfim (2012)
alimento (Goldan et al., 1997; Wang et al., 1998). Em al- e a prática nas fazendas de beijupirá pode ser explicada
gumas espécies, uma maior frequência de alimentação por diferenças no tamanho dos peixes e pelo manejo. Nos
diminui a variação de tamanho e, portanto, minimiza a cultivos comerciais, um grande número de peixes é man-
ocorrência do canibalismo, assim como o estresse e a tido em gaiolas, sendo comum que o comportamento do
mão-de-obra com a separação dos peixes por tamanho beijupirá durante a alimentação resulte em interações
(ou ‘gradeamento’) (Dou et al., 2000; Goldan et al., 1997; agressivas. Sob tais condições, é difícil assegurar que to-
Wang et al., 1998). dos os peixes se alimentam e, portanto, é comum optar
Juvenis de beijupirá com peso inicial de 110 g foram por duas ou mais refeições diárias, pois isso aumentaria
alimentados com a mesma quantidade de uma dieta co- as chances dos peixes menores ou menos ativos se ali-
mercial em 1, 2, 3, 4 ou 6 refeições diárias (Costa-Bomfim, mentar (Schnaittacher et al., 2005). Infelizmente, pouco
2012). Após 60 dias, não foram encontradas diferenças se sabe sobre padrões de comportamento, como a hie-
significativas na sobrevivência, ganho de peso, taxa de rarquia de tamanho e dominância social do beijupirá.

Tabela 2. Tamanho dos péletes, taxa diária de arraçoamento e conversão alimentar em relação ao peso médio do beijupirá culti-
vado em gaiolas (Fonte: Su et al., 2000).

Peso médio dos peixes Tamanho do pélete Taxa diária de arraçoamento Conversão alimentar

g mm % da biomassa de peixes

30 1,5 7,8 1,02

100 2,5 6,4 1,18

200 5,0 6,1 1,23

500 8,0 5,0 1,46

1.000 12,0 5,2 1,48

3.000 18,0 4,8 1,76

5.000 18,0 4,3 1,80

O efeito do processamento da dieta sobre o de- comum o fornecimento de dietas flutuantes (Liao et al.,
sempenho do beijupirá ainda não foi experimental- 2004). Já na engorda, a maioria das publicações (Liao et
mente analisado. No cultivo em berçários, é prática al., 2004; Benetti et al., 2008, 2010; Nhu et al., 2011) cita
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ALIMENTAÇÃO DO BEIJUPIRÁ 279

o uso de dietas extrudadas flutuantes ou que afundam suplementos microbianos vivos que melhoram a saúde
vagarosamente (‘slow sinking’), o que estaria de acordo de humanos e animais domésticos, os probióticos for-
com o comportamento alimentar da espécie. necidos via dieta podem alterar a microbiota no trato
Com relação à taxa diária de alimentação, Su et al. gastrintestinal, tendo um importante papel na defini-
(2000) sugerem que, para beijupirás criados em gaiolas ção do crescimento, digestão, imunidade, e resistên-
com peso entre 30 e 5.000 g, esta deveria variar entre cia às doenças (NRC, 2011). Recentemente, Geng et al.
4,3% e 7,8% da biomassa estimada, diminuindo com o (2012) demonstraram que o fornecimento de uma dieta
tamanho médio dos peixes (Tabela 2). Em um cultivo suplementada com um probiótico afetou positivamen-
realizado durante 12 meses em gaiolas submersas no te o crescimento e a sobrevivência de juvenis de beiju-
Caribe, Benetti et al. (2010) relatam que beijupirás com pirá expostos ao Vibrio harveyi.
peso médio inicial de 3 g foram alimentados à sacieda- Finalmente, em que pese o fato da alimentação
de, o que correspondeu a aproximadamente 5% por dia ser o principal custo operacional na piscicultura do bei-
da biomassa total, estimada durante os primeiros três jupirá, poucos estudos foram realizados com o objetivo
meses. Gradativamente, porém, a taxa de arraçoamen- de estabelecer práticas de alimentação adequadas para
to foi reduzida para 2% ao dia, durante os nove meses essa espécie.
finais do cultivo. Nesse caso, a resposta dos peixes à ali-
mentação foi observada por mergulhadores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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carbon flow and water chemistry in tidally dominated
Por se tratar de uma espécie que apenas recente- mangrove estuaries of peninsular Malaysia. Marine
mente vem sendo considerada para a aquicultura, as Environmental Research 55: 313-333.
lacunas de conhecimento sobre exigências nutricionais Arendt, M.D.; J.E. Olney, and J.A. Lucy. 2001. Stomach content
analysis of cobia, Rachycentron canadum, from lower
e alimentação do beijupirá ainda são muitas. Mesmo
Chesapeake Bay. Fishery Bulletin 99: 665-670.
com os avanços significativos observados nos últimos Arnold, C. R.; J.B. Kaiser, and G.J. Holt. 2002. Spawning of cobia
anos, vários aspectos ainda permanecem desconheci- (Rachycentron canadum) in captivity. Journal of the World
dos. Por exemplo, em sua revisão sobre o estado da arte Aquaculture Society 33(2): 205-208.
Azevedo, P.A.; D.P. Bureau, S. Leeson, and C.Y. Cho. 2002.
da nutrição do beijupirá, Fraser e Davies (2009) chamam
Growth and efficiency of feed usage by Atlantic salmon
a atenção de que, apesar dessa espécie ser geralmente (Salmo salar) fed diets with different dietary protein:
comercializada com peso acima de 5 kg, até o momento energy ratios at two feeding levels. Fishery Science 68:
todos os estudos que tratam de exigências nutricionais 878-888.
Benetti, D.D.; B. O’Hanlon, J.A. Rivera, A.W. Welch, C. Maxey, and
foram realizados com peixes com peso inferior a 100 g. M.R. Orhun. 2010. Growth rates of cobia (Rachycentron
Há, portanto, a necessidade de se definir as exigências canadum) cultured in open ocean submerged cages in the
nutricionais em exemplares com peso superior a 1-2 kg, Caribbean. Aquaculture 302: 195-201.
principalmente por que é exatamente na fase final do Benetti, D.D.; M.R. Orhun, B. Sardenberg, B. O’Hanlon, A. Welch,
R. Hoenig, I. Zink, J.A. Rivera, B. Denlinger, D. Bacoat, K.
ciclo produtivo que a maior quantidade de ração é for- Palmer, and F. Cavalin. 2008. Advances in hatchery and
necida, sendo, portanto, a que tem maior impacto na grow-out technology of cobia (Rachycentron canadum).
viabilidade econômica e na qualidade ambiental. Aquaculture Research 39: 701-711.
Os resultados dos poucos estudos que tratam da Brown-Peterson, N.J.; R.M. Overstreet, J.M. Lotz, J.S. Franks,
and K.M. Burns. 2001. Reproductive biology of cobia,
alimentação e nutrição de reprodutores reforçam a ne- Rachycentron canadum, from coastal waters of the
cessidade de se ampliar os estudos nutricionais como southern United States. Fishery Bulletin 99: 15-28.
forma de melhorar ainda mais a eficiência desta fase do Bueno, F.S. 1983. Vocabulário Tupi-Guarani/Português.
cultivo, principalmente à medida que a tecnologia de Editora Gráfica Nagy Ltda., São Paulo, SP, Brasil.
Carvalho Filho, A. 1999. Peixes: Costa brasileira. 3ed. Editora
produção de formas jovens do beijupirá se desenvolve. Melro, São Paulo, SP, Brasil.
Independente se a larvicultura for realizada de modo Cavalli, R.O.; E.C. Domingues, e S. Hamilton. 2011.
intensivo ou não, o aprimoramento da tecnologia de Desenvolvimento da produção de peixes em mar aberto
produção de alevinos de qualidade certamente passará no Brasil: possibilidades e desafios. Revista Brasileira de
Zootecnia 40: 155-164.
pelo oferecimento de alimentos vivos alternativos (tais Chen, H.Y., and I.C. Liao. 2007. Nutritional research and feed
como copépodos), por um melhor controle do caniba- development in cobia: status and prospects. Pages 89-
lismo e pelo aprimoramento no processo de transição 96 in I.C. Liao and E.M. Leaño, editors. Cobia aquaculture:
do alimento vivo para o inerte (‘desmame’). research, development and commercial production. Asian
Fisheries Society, Taiwan.
Outra linha de pesquisa que merece especial aten- Cho, S.H.; S.M. Lee, S.M. Lee, and J.H. Lee. 2005. Effect of dietary
ção é a de probióticos. Originalmente definido como protein and lipid levels on growth and body composition
280 NUTRIAQUA

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15

Avanços na Alimentação e Nutrição de


Peixes Carnívoros de Água Doce

J OSÉ E URICO P OSSEBON C YRINO


D ÉBORA M ACHADO F RACALOSSI
R ODRIGO R OUBACH

Salminus brevidens Cuvier, a trahira Hoplias malabaricus,


INTRODUÇÃO e a piabanha, Megalobrycon piabanha. Aparentemente,
os pioneiros da piscicultura no país tinham um grande
Embora as populações nativas de peixes apre- interesse no desenvolvimento da aquicultura baseada
sentem alta diversidade, a introdução e translocação em espécies nativas e, em especial, as carnívoras. A cria-
de peixes exóticos carnívoros entre as várias bacias hi- ção de peixes carnívoros no Brasil foi iniciada há mais
drográficas brasileiras, com fins de estimular a pesca de 40 anos com a introdução da truta arco-íris (Azevedo
recreativa ou melhorar o rendimento da piscicultura, foi et al., 1961). Posteriormente, outras espécies carnívo-
prática comum no passado recente. Apenas nas bacias ras nativas passaram a ser exploradas, como o dourado
do Rio Grande e do Alto Rio Paraná foram introduzidas Salminus maxillosus2 (Santos et al., 1993), o pintado ou
e reintroduzidas várias espécies carnívoras, tanto exóti- surubim Pseudoplatystoma corruscans, o cachara (P.
cas como o ‘black bass’ (Micropterus salmoides) e a truta retculatum) e os híbridos destas duas espécies (Kubitza
arco-íris (Oncorhynchus mykiss), como o nativo tucunaré et al., 1998; Miranda e Ribeiro, 1997; Ribeiro e Miranda,
(Cichla monoculus), sem mencionar as piranhas (Serrasalmus 1997), o pirarucu Arapaima gigas (Imbiriba, 1994, 2001;
sp.) (Agostinho e Júlio, 1999; Santos et al., 1994). Quan- Imbiriba et al., 1996), e o tucunaré Cichla sp. (Silva et
do introduzidos ou translocados e não manejados ou al., 1980; Sampaio et al., 2000; Soares, 2010), todas
explorados adequadamente, peixes carnívoros podem muito valorizadas tanto como peixes de mesa quan-
ser potencialmente danosos à biodiversidade e à conser- to peixes esportivos (Lovshin e Cyrino, 1998). Mais re-
vação de recursos pesqueiros autóctones (Popova, 1978; centemente, os suruvis Steindachneridion scriptum e S.
Zaret e Paine, 1973), apesar de serem, em geral, espécies melanodermatum passaram a merecer atenção de pes-
de alto valor comercial. Na realidade, tanto a literatura quisadores e piscicultores brasileiros (Zaniboni Filho
científica internacional quanto a nacional trazem nume- et al., 2004b, Weingartner et al., 2008).
rosos exemplos da importância das espécies carnívoras O acentuado canibalismo, a utilização de técnicas
na piscicultura, e.g. Campos (2010), Huet (1986), Loro inadequadas de preparo e monitoramento do alimento,
(2010), Moreira et al. (2001), Muir e Roberts (1982), Nash a relativa inabilidade de algumas espécies em aceitar
e Novotny (1995), Pereira-Filho e Roubach (2010), Soares voluntariamente rações convencionais e as exigências
(2010), Weingartner e Zaniboni-Filho (2010), Zaniboni nutricionais espécie-específicas, especialmente em
Filho (2004a,b), Zaniboni Filho et al. (2010). relação à quantidade e qualidade da proteína dietéti-
Conforme comentado no Capítulo 1, em uma ava- ca, são os principais limitantes ao aproveitamento de
liação sobre o estado da arte da piscicultura no Brasil no
início do século XX, Moreira (1921)1 relata as provações 2
Gery e Lauzanne (1990) revisaram a posição zoológica do gênero
e tribulações dos piscicultores com a propagação arti- Salminus e reposicionaram o dourado da bacia do Rio Paraná como
S. brasiliensis. Nem todos os autores já atentaram ou atualmente aten-
ficial de Characiformes nativos, a saber (sic), o dourado tam para este detalhe. Desta forma, neste volume foram mantidos os
nomes científicos apresentados em cada referência bibliográfica. A
1
Moreira, C. 1921. A Piscicultura no Brasil. Rio de Janeiro; brochura leitura de Lima e Britski (2012) é ferramenta interessante para melhor
sem referência editorial. entendimento da sistemática das espécies do gênero Salminus.

283
284 NUTRIAQUA

peixes carnívoros em produção intensiva (Andrade et de dietas artificiais (Rodrigues et al., 2009), rendimen-
al., 2004; Baras e Jobling, 2002; Braum, 1978; Kubitza e to e composição corporal do surubim em condições
Lovshin 1997a,b; Kubitza et al., 1997; Ribeiro e Nuñer, de produção intensiva em tanques-rede (Burkert et
2008, Zaret, 1980). O estabelecimento de novas linhas al., 2008) e influência de níveis dietéticos de gluteno-
de pesquisa (e.g., Cyrino, 2000) e a realização de estudos se no desempenho e na qualidade do filé dos surubins
sistemáticos sobre a alimentação e a nutrição das espé- (Bicudo et al., 2012). Alguns estudos chegam a refina-
cies carnívoras são então uma necessidade constante. mentos, como o estudo da histomorfologia intestinal do
Há vários exemplos de peixes originalmente surubim alimentado com dietas contendo colostro bovi-
carnívoros que se adaptaram às condições de criação no como fonte proteica e peptídeos bioativos (Rodrigues
intensiva com o uso de dietas comerciais. O interesse et al., 2010) e os efeitos da suplementação dietética de
no desenvolvimento da ciência da nutrição de peixes inulina e do probiótico Weissella cibaria nos parâmetros
carnívoros pode ser entendido pelo seguinte fato: hemato-imunológicos de híbridos de surubins (Mouriño
das 20 espécies ou grupo de espécies contempladas et al., 2012). Estudos interessantes, todos publicados em
periódicos de boa abrangência; entretanto, não se pode
no manual sobre nutrição de peixes de Wilson (1991),
precisar em qual horizonte de tempo poderá ser medido
16 são carnívoras. A produção comercial das espécies
o impacto destes resultados de pesquisa. Por outro lado,
carnívoras exige a adoção de sistemas de criação ma-
ainda não foram determinadas as exigências nutricionais
nejados em regime intensivo, utilizando alimentos de
em proteína e a relação proteína:energia dietética ideal
alta qualidade e rações nutricionalmente completas;
para os surubins, um resultado de pesquisa muito neces-
nestas condições, o manejo da alimentação e nutri-
sário e de aplicação imediata.
ção pode remontar a 70% dos custos de produção
Em estudo sobre o desempenho produtivo de
(Lovell, 1989). O volume de informações até então juvenis de pintado arraçoados com diferentes níveis
gerado sobre espécies nativas é modesto e questio- de proteína e energia, possivelmente o trabalho pio-
nável do ponto de vista da solidez técnico-científica. neiro e ainda único sobre o assunto, Machado (1999)
Há, então, necessidade imediata de um esforço de conclui que sic “o pintado parece não exigir níveis pro-
pesquisa sério e competente nesta linha de trabalho teicos superiores a 30%, desde que a energia forneci-
da nutrição de peixes, o que motivou a inclusão deste da seja suficiente”, e fixa como adequada uma relação
capítulo neste volume. energia:proteína de 13,34 kcal energia bruta [EB] g-1
proteína [PB] (4000 kcal EB e 30% de PB dietética). Es-
tas conclusões, entretanto, foram derivadas da análise
de um experimento de desempenho em delineamen-
OS SURUBINS PINTADO E CACHARA to inteiramente aleatorizado em esquema fatorial, com
quatro níveis de PB (30; 36; 40 e 42%) e dois níveis de
Os surubins pintado (Pseudoplatystoma corrus- energia bruta dietética (3.500 e 4.000 kcal kg-1) (n=3),
cans) e cachara (P. reticulatum) são produzidos comer- utilizando como material biológico três juvenis de pin-
cialmente em fazendas com boas taxas de crescimento tado (25,12 ±0,40 g) por parcela experimental. Não se
(Campos, 2010; Crepaldi et al., 2006a; Miranda e Ribeiro, questiona a seriedade do trabalho; questiona-se o de-
1997; Ribeiro e Miranda, 1997); o pintado já foi inclusive senho experimental e o poder da análise utilizada: o
introduzido nos EUA, onde começa ser pesquisado para experimento foi analisado pelo método de polinômios
uso na piscicultura interior naquele território (Dabrowski ortogonais, tendo gerado equações cujo máximo valor
et al., 2008). A produção dos surubins em piscicultura de coeficiente de determinação (r2) foi igual a 0,90 so-
ultrapassa o interesse econômico; existe também um in- mente para um parâmetro: taxa de eficiência proteica;
teresse conservacionista associado à exploração comer- se r2 = 0,90 não confere qualquer confiabilidade aos re-
cial dos surubins como grupo, do pintado em particular sultados, valores inferiores são totalmente inaceitáveis.
(Mello et al., 2009). Contornado o período de condiciona- Mais ainda, desde a adaptação do método da regressão
mento alimentar necessário ao aproveitamento dos su- segmentada (“broken line analysis”) para uso em expe-
rubins nos sistemas de produção (Alvarado, 2003; Ayres, rimentos de nutrição de peixes (Zeitoun et al., 1976),
2006; Campos, 2010; Crepaldi et al., 2006a,b), a exemplo entende-se como condição sine qua non para aplicação
de quaisquer outras espécies carnívoras, os surubins exi- de metodologia de análise polinomial a realização de
gem elevados teores de proteína na dieta. ensaios avaliando um mínimo de cinco níveis de nu-
De qualquer forma, os esforços de pesquisa em trientes ou de suplementação de nutrientes na dieta,
relação à alimentação e nutrição dos surubins têm sido de modos a se conseguir um número mínimo confiável
constantes, mas desconexos. Os estudos abrangem de ‘pontos’ para definição das curvas e equações polino-
as adaptações da morfologia bucal à disponibilida- miais (vide Capítulo 3; Dairiki et al., 2007; Portz et al., 2000,
de de alimento (Rodrigues e Menin, 2006), alterações 2001). Finalmente, o relato de Machado (1999) não traz
morfo-histológicas do trato digestório com a ingestão informações sobre a digestibilidade dos ingredientes
AVANÇOS NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE PEIXES CARNÍVOROS DE ÁGUA DOCE 285

utilizados na formulação e processamento das dietas anteriormente comentado, as exigências em energia,


experimentais, e a variação na digestibilidade dos in- proteína e a relação energia:proteína ideal na dieta dos
gredientes utilizados – fubá de milho, glúten de milho, surubins não foram ainda determinadas. Desta forma,
farinha de peixe, farinha de carne, farelo de soja, farelo considerando-se que o aproveitamento dos nutrientes
de trigo – pode ter influenciado os resultados relatados depende da bioenergética, quaisquer resultados relata-
(ver Lundestedt et al., 2004). Na realidade, informações dos em relação às exigências em lipídios pelos surubins
pioneiras sobre o coeficiente de digestibilidade aparen- podem ser considerados como especulações.
te da proteína e energia de ingredientes utilizados na Numa busca abrangente da literatura científica, foi
dieta do pintado foram publicadas apenas anos mais localizado apenas um estudo contemplando as exigên-
tarde (Gonçalves e Carneiro, 2003) (Tabela 1). Desta for- cias em vitaminas do pintado, o estudo de Fujimoto e
ma é nada menos que razoável inferir que as exigências Carneiro (2001) que concluíram que a suplementação
em proteína e a relação energia:proteína ideal na dieta de 500 mg de ascorbil polifosfato kg-1 de alimento é su-
do pintado (e, por extensão, do cachara) ainda não es- ficiente para prevenir a ocorrência de deformidades e
tão determinadas. A partir desta constatação, pode-se infestações parasitárias em juvenis de pintado. Não se
questionar a validade de qualquer outro resultado tra- registra até o momento qualquer referência bibliográ-
tando de exigências nutricionais, de quaisquer nutrien- fica sobre as exigências nutricionais em minerais por
tes, para Pseudoplatystoma sp. Pseudoplatystoma sp.
A exemplo de quaisquer outros animais, os suru- Tavares (1997) descreve o surubim pintado como
bins não apresentam exigência em proteína per se, mas espécie de grande porte, que pode alcançar um peso
sim de uma mistura bem balanceada de aminoácidos máximo de 120 kg; o peso máximo relatado para o ca-
essenciais e não essenciais. A partir de recomendações chara em Le Bail et al. (2000), apud Fish Base3, é de 70
de Ogino (1980), relatos de Wilson e Poe (1985) e ponde- kg. Ambas espécies são produzidas comercialmente,
rações de Akiyama et al. (1997), a aplicação do conceito mas como têm porte bastante diferente, certamente
de proteína ideal e da relação aminoácidos essenciais e apresentam também curvas de crescimento diferentes
totais na carcaça (relação A/E) é uma realidade na de- e exigências nutricionais muito diferentes também. En-
terminação das exigências em aminoácidos dos peixes. tretanto, nem sempre os trabalhos de pesquisa sobre
Embora Furuya e Furuya (2003) já tenham determinado nutrição das duas espécies reconhecem ou discrimi-
a composição em aminoácidos da carcaça do pintado nam qual espécie está sendo trabalhada; na realidade,
e Campos et al. (2006) já tenham estudado a influência por vezes utilizam inclusive o híbrido inter-específico P.
dos níveis e fontes de lipídios dietéticos na retenção corruscans x P. fasciatum.
de aminoácidos na carcaça do pintado, a exemplo da Em suma, em que pese a qualidade da produção
discussão anterior, não se conhecem relatos sobre as científica, as informações geradas e disponíveis sobre
exigências nutricionais em aminoácidos do pintado ou a nutrição dos surubins são esparsas, sem norte defi-
do cachara. nido e não complementares. Esta seria a situação e o
A determinação das exigências e o estudo do me- momento mais apropriados para que as agências finan-
tabolismo de lipídios e ácidos graxos são assuntos que ciadoras da pesquisa científica e/ou tecnológica estabe-
têm merecido constante atenção dos pesquisadores. lecessem uma plataforma de trabalho a partir de uma
Cronologicamente: Martino et al. (2002a,b; 2003; 2005), análise aprofundada desta subárea de conhecimento.
Arslan et al. (2008), Arslan et al. (2009) e Noffs et al. (2009)
estudaram os efeitos dos níveis de lipídios dietéticos no
desempenho do pintado, os efeitos das fontes lipídicas
no desempenho e na composição em ácidos graxos do DOURADO
pintado, o desempenho, a composição de carcaça e a
utilização de nutrientes pelo pintado alimentado com A caracterização sistemática das espécies do gê-
dietas contendo níveis variáveis de carboidratos e lipí- nero Salminus sp. (Characiformes: Characidae) é ainda
dios. Nestes estudos foram utilizadas, indistintamente, bastante confusa. As considerações mais recentes so-
dietas comerciais, práticas ou semi-purificadas. Os re- bre a posição zoológica das espécies do gênero foram
sultados não permitem qualquer conclusão em relação publicadas por Lima e Britski (2007) e são reproduzidas
às exigências quantitativas em lipídios e ácidos graxos a seguir (quasi verbatim): “Salminus é um gênero de ca-
pelos surubins; tampouco permitem conclusões sobre racídeos de médio a grande porte (15 a, ao menos, 75
quais as fontes de lipídios dietéticos mais interessantes cm de comprimento padrão – SL), que ocorre nas bacias
para os surubins, uma vez que em nenhum dos casos
foram feitos ensaios ou mesmo especulações sobre a
digestibilidade das fontes lipídicas utilizadas. De qual- 3
Le Bail, P.-Y.; P. Keith, and P. Planquette. 2000. Atlas des poissons d’eau
quer forma, lipídios (mais os carboidratos) são as fontes douce de Guyane. Tome 2, Fascicule II: Siluriformes. Collection Patri-
moines Naturels 43(II). Publications Scientifiques du Muséum National
primárias de energia não proteica nas dietas, mas como d’Histoire Naturelle, Paris, France.
286 NUTRIAQUA

cisandinas sul-americanas do Amazonas, La Plata e são Vega-Orellana et al. (2006), Schütz e Nuñer (2007) e
Francisco e no Rio Magdalena e poucos outros rios da Ribeiro e Nuñer (2008) apresentam uma base valiosa
drenagem transandina do continente sul-americano. para a larvicultura da espécie em condições de labora-
No Brasil, as espécies do gênero recebem os nomes tório ou tanques.
vernaculares de dourado ou tabarana”. São conheci- Os primeiros trabalhos relacionados com a nu-
das três espécies de dourado: Salminus affinis habita trição do dourado foram realizados por Borgheti et al.
o norte da Colômbia e parte do Equador; Salminus (1990a,b) que determinaram o melhor nível proteico na
brasiliensis, incluindo os sinônimos Salminus maxillosus e dieta de larvas de dourado e testaram o desempenho
Salminus brevidens (Géry e Lauzanne, 1990) é a espé- de juvenis alimentados com dietas contendo andróge-
cie mais conhecida e habita a porção sul da América do no natural (testosterona), respectivamente. Imprecisões
Sul; e Salminus hilarii, mais conhecida no Brasil como na metodologia de estudo, especialmente o desconhe-
tabarana, é encontrada nos rios São Francisco, Para- cimento da digestibilidade dos ingredientes utilizados
ná, Tocantis, Amazonas e Orinoco (Rodríguez-Olarte na formulação das dietas experimentais, não estimulam
e Taphorn, 2006). Em trabalho recente, Lima e Britski a utilização daquelas informações de maneira sistema-
(2007) identificaram uma nova espécie de dourado tizada pela pesquisa ou pela indústria.
na bacia do rio São Francisco, Salminus franciscanus, Numa sequência de trabalhos, grupos de pesqui-
que distingue-se das demais por possuir diferenças sa de diferentes instituições, favorecidos pela troca de
anatômicas em relação aos dentes e nadadeira cau- informações e contato amiúde, vêm tentando definir
dal, bem como caracteres merísticos, e.g. número de as exigências nutricionais do dourado de maneira
escamas. sistematizada. Braga et al. (2007) estudaram o trânsito
Embora o interesse na produção comercial do gastrointestinal de dietas secas para o dourado e con-
dourado possa ser documentalmente remetida a qua- cluíram, na realidade de modo algo previsível dado o
se um século (Moreira, 1921 op. cit.) a espécie (ou gru- conhecimento disponível sobre a autoecologia e ana-
po de espécies) passou a receber atenção de criadores tomia funcional do trato digestório da espécie (vide Ca-
e pesquisadores das regiões sul e sudeste há cerca de pítulo 2 e Morais Filho e Schubart, 1955; Esteves e Pinto
uma década (Flora et al., 2010; Fracalossi et al., 2004). O
Lobo, 2001; Rodrigues e Menin, 2006) que, a partir da
dourado é uma espécie carnívora de hábitos diurnos e
segunda até a 16ª hora após alimentação com dietas se-
em função do seu rápido desenvolvimento inicial, qua-
cas, ocorre redução gradativa do conteúdo estomacal,
lidade da carne e consequente elevado preço de merca-
com consequente aumento de digesta no intestino e,
do, bem como da preocupação relativa à conservação
a partir da 18ª hora após alimentação, estômago e in-
da espécie em ambiente natural, é considerada - den-
testinos do dourado encontram-se completamente exo-
tre as três espécies de Salminus sp. existentes - aquela
nerados. Na sequencia, foi determinado por Braga et al.
com maior potencial para piscicultura (Weingartner e
(2007) e Borghesi et al. (2009) que enquanto espécie car-
Zaniboni Filho, 2010). A exemplo de quaisquer outras
nívora por excelência, dourado é extremamente versátil
espécies carnívoras, as espécies do gênero Salminus são
no aproveitamento dos ingredientes vegetais das dietas,
adequadas para a produção em sistemas intensivos,
apresentando coeficientes de digestibilidade bastante
sendo imprescindível para o sucesso da criação, o co-
altos, em média superiores a 80% independentemente
nhecimento de suas exigências nutricionais.
do nutriente considerado, para os ingredientes tanto de
Larvas e juvenis de dourado são reconhecidos
origem animal como vegetal (Tabela 2).
como animais carnívoros generalistas, ou seja predam
Finalmente, utilizando metodologia de análise de
além de larvas de peixes de outras espécies, larvas de
inseto, microcrustáceos e organismos do zooplâncton dados reconhecidamente adequada, Machado (2004)
como cladóceros e copépodos, entre outros (Rodrí- e Teixeira et al. (2010) definiram que juvenis de doura-
guez-Olarte e Taphorn, 2006; Ribeiro e Nuñer, 2008). do de 0,75 a 3,04 g apresentam exigência nutricional
Em confinamento, larvas de dourado apresentam me- de 57,6% de proteína bruta, e juvenis com peso inicial
lhor desempenho quando alimentados com larvas de médio de 5,68 g têm exigência nutricional de 45,4% PB
um peixe forrageiro (e.g. curimbatá Prochilodus lineatus) na dieta. Os passos consequentes nesta linha de inves-
(Schütz e Nuñer, 2007). O dourado adulto é uma espécie tigação são a determinação das exigências nutricionais
ictiófaga ou piscívora por excelência, ou seja, se alimen- em outras fases do crescimento e, idealmente, consi-
ta exclusivamente de peixes e possui cavidade bucofa- derando a relação energia:proteína no planejamento e
ringeana anatomicamente adaptada à predação (Rodri- execução dos ensaios, bem como as exigências em ami-
gues e Menin, 2006), mas ao contrário dos surubins, o noácidos, vitaminas e minerais. As informações geradas
dourado dispensa o treinamento, o condicionamento são consequentes e sólidas, mas são ainda insuficientes
alimentar para habituar-se à ingestão de dieta seca, para determinar um padrão de exigência nutricional e
hábito que adquire naturalmente a partir do estágio de de manejo para produção racional, sustentável e ecolo-
pós-larva. Os resultados de Mai e Zaniboni Filho (2005), gicamente correta da espécie.
Tabela 1. Composição bromatológiga e digestibilidade de alguns alimentos comumente utilizados na alimentação e nutrição dos surubins (agrupados na ordem em que são apresentados nas
referências bibliográficas em ordem alfabética à mão direita da tabela; base na matéria natural).

Composição bromatológica Inclusão Peso Método de coleta de Coeficiente de digestibilidade


Ingrediente Referência
MS PB EE EB na dieta médio fezes2 MS PB EE Energia

% % % kcal kg-1 % g % % % %

farelo de arroz 87,94 13,86 16,37 4490,00 59,67 83,84 - 66,41

sorgo 87,56 9,23 2,34 3869,00 38,00 81,11 - 47,76


30 30 decantação Teixeira et al., 2010
quirera de arroz 90,34 7,97 2,91 3804,00 40,39 85,30 - 46,92

fubá de milho 87,19 6,34 1,50 3683,00 62,30 87,40 - 62,43

farinha de peixe 94,88 53,93 5,53 3833,00 - 84,14 - 72,8

farelo de soja 89,36 89,36 0,89 4393,55 - 67,10 - 61,66

milho 88,38 88,38 4,30 4144,01 - 64,18 - 64,95


AVANÇOS NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE PEIXES CARNÍVOROS DE ÁGUA DOCE

farinha de vísceras aves 95,37 95,37 4,00 4489,03 - 61,59 - 48,98

soja tostada 94,45 94,45 22,92 5438,34 - 49,48 - 57,39

farelo de trigo 87,55 87,55 4,88 4257,76 9,80 ± - 49,47 - 53,2


30 decantação Gonçalves e Carneiro, 2003
sorgo 88,35 88,35 2,30 3719,10 1,48 - 44,87 - 48,35

farelo de arroz 90,87 90,87 17,44 4489,03 - 44,21 - 51,84

quirera de arroz 88,73 88,83 1,21 3841,00 - 43,24 - 47,34

farinha de penas 91,58 91,58 7,44 5227,41 - 39,56 - 51,26

soja crua 90,69 90,69 13,89 5086,27 - 26,84 - 45,55

farinha de sangue 92,19 92,19 3,69 4831,75 - 10,47 - 16,08

levedura íntegra 95,75 40,31 0,13 - - 71,54 - -

parede celular 97,36 33,62 0,60 - 30 17,06 decantação - 28,48 - - Gaiotto, 2005

autolisado 96,71 32,45 0,34 - - 77,45 - -

1
MS= matéria seca, PB=proteína bruta, EE=extrato etéreo, EB=energia bruta.
2
Decantação, sifonamento ou extrusão.
287
288 NUTRIAQUA

Tabela 2. Composição bromatológiga e digestibilidade de alguns alimentos comumente utilizados na alimentação e nutrição
do dourado (agrupados na ordem em que são apresentados nas referências bibliográficas em ordem alfabética à mão direita da
tabela; base na matéria natural).

Composição bromatológica Método Coeficiente de digestabilidade


Inclu-
Peso de co-
Ingrediente são na Referência
MS PB EE EB médio leta de MS PB EE Energia
dieta
fezes2
% % % kcal kg-1 % g % % % %
farinha de peixe 92,11 66,06 9,00 4413,87 83,90 94,30 97,40 91,00
farinha de víceras
94,80 63,38 14,06 4963,22 80,30 91,30 96,70 90,30
de aves 19,5 ± decan- Borghesi et al.,
30
farelo de soja 88,00 47,50 3,82 4306,39 5,0 tação 84,30 93,60 93,30 87,80 2009

farelo de glúten
91,78 64,94 9,40 5414,64 84,60 93,50 91,50 88,80
de milho
farinha de peixe 95,19 69,16 5,85 - - 94,67 - 93,86
farinha de carne e
95,52 46,41 11,10 - - 88,15 - 91,80
ossos
farinha de sangue
92,80 90,50 0,42 - - 96,28 - 94,07
‘spray-dried’
farinha de vísceras 33,51 ± decan- Braga et al.,
95,74 67,93 13,63 - 30 - 89,08 - 95,33
de aves 1,4 tação 2008
farelo de glúten
92,73 64,70 3,79 - - 96,93 - 95,73
de milho
farelo de soja 91,06 47,37 1,38 - - 94,51 - 85,00
faleo de milho 89,62 8,47 3,46 - - 89,65 - 80,84
farelo de trigo 88,87 15,27 3,37 - - 88,24 - 77,02

1
MS= matéria seca, PB=proteína bruta, EE=extrato etéreo, EB=energia bruta.
2
Decantação, sifonamento ou extrusão.

Crescêncio et al. (2005) demonstraram que pira-


PIRARUCU rucus alimentados intensivamente, em quatro refeições
diárias, apresentam melhor ganho em peso e acúmulo
O pirarucu (Arapaima gigas) é a maior espécie de de biomassa, melhor taxa de crescimento específico e
peixes de escamas da bacia amazônica (Chu-Koo e melhor consumo de alimento. Levando-se em conta a
Alcántara, 2009), uma espécie emblemática, muito relação direta entre a qualidade do pescado produzi-
atraente para a aquicultura na região em função das do e sua alimentação, Fogaça et al. (2011) avaliaram o
suas muitas vantagens (Tavares-Dias et al., 2010). O rendimento do filé de pirarucu em diferentes classes de
pirarucu tem a melhor taxa de crescimento entre as peso: 7,0 a 9,0 kg (grupo I), 11,0 a 13,0 kg (grupo II) e
espécies de peixes amazônicos produzidas em pisci- 14,0 a 17,0 kg (grupo III), mostrando que o rendimento
cultura – 10 a 15 kg por ano (Pereira-Filho e Roubach, de filé não apresentou diferença significativa entre os
2010), gerando pescado de excelentes qualidades orga- grupos avaliados. No entanto, na avaliação da porcen-
nolépticas. A maioria das espécies carnívoras enfrenta, tagem de lipídios por porção (lombo, barriga e cauda),
em alguma etapa do manejo de sua criação, compor- houve maior deposição de gordura na parte ventral e
tamentos canibalísticos acentuados (Cyrino e Roubach, no grupo de 14,0 a 17,0 kg. Dessa forma, os autores re-
2003); a ausência desse comportamento no manejo comendam o abate do pirarucu com média de peso en-
do pirarucu é uma das suas inúmeras características e tre 7,0 a 9,0 kg, utilizando-se ciclos de produção curtos a
vantagem (Imbiriba, 1994, 2001). De qualquer forma, fim de se obter filés com melhor qualidade por apresen-
embora o acervo de informações sobre a biologia (e.g. tarem menor porcentagem de lipídio muscular.
Tavares-Dias et al., 2010), a fisiologia (e.g. Brauner et al., Como para a maioria das espécies carnívoras, o
2004), a reprodução (e.g. Monteiro et al., 2010) e a gené- pirarucu necessita treinamento, condicionamento ali-
tica da espécie (e.g., Lavoué e Sullivan, 2004), tanto em mentar para fazer a transição da ingestão de alimentos
confinamento quanto na natureza, seja bastante grande, vivos para alimentos inertes (rações). Alguns autores
o corpo de informações disponível sobre a nutrição do testaram e relataram diferentes metodologias de con-
pirarucu em confinamento é ainda bastante modesto. dicionamento alimentar com graus variados de sucesso
AVANÇOS NA ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DE PEIXES CARNÍVOROS DE ÁGUA DOCE 289

(Crescêncio, 2001; Imbiriba, 2001; Cavero et al., 2003); Zaniboni Filho et al. (2010) apresentaram uma re-
peixes de aproximadamente de 7 cm fazem transição senha sobre o estado da arte da nutrição dos suruvis em
de zooplâncton para ração comercial diretamente ao que relatam (i) juvenis de suruvis podem ser alimenta-
longo de um período de dez dias (Halverson, 2010). dos com dietas contendo 90% PB até atingirem 90 g de
Dos trabalhos mais recentes que procuraram avaliar peso vivo e com dietas contendo 32% PB daí em diante
as exigências nutricionais da espécie destaca-se aque- e (ii) juvenis de S. melanopterum alimentados com dieta
le de Ituassú et al. (2005), que trabalhando com juvenis contendo 48% PB por 120 dias apresentam crescimento
com peso médio inicial de 120,6 g, em tanques-rede (1 inferior àqueles dos peixes alimentados com dieta con-
m3), testaram o efeito de níveis de proteína bruta (30, tendo níveis inferiores de PB.
36, 42 e 48%) em rações peletizadas no desempenho Em relação ao tucunaré, a exigência nutricional
do pirarucu (45 dias) e relataram melhores ganho de em proteína de juvenis (10 g peso vivo inicial) pode ser
peso, crescimento específico e rendimento por car- suprida por uma ração contendo 37 a 41% PB e 3.500
caça nos animais alimentados com 48% de proteína kcal de ED por kg de alimento, i.e., obedecendo uma re-
dietética. Ono et al. (2008) determinaram a digestibili- lação ED:PB de 8 a 9 kcal ED g-1 PB (Sampaio et al., 2000).
dade aparente de nutrientes e energia de dietas para Soares et al. (2006) demonstraram que, ao contrário da
juvenis de pirarucu, com diferentes níveis de relação versatilidade no aproveitamento dos ingredientes de
energia:proteína [11,0; 10,1; 9,0 e 8,0 kcal energia diges-
origem animal da dieta, tucunarés alimentados com
tível (ED) g PB -1], e duas fontes de energia (óleo de soja
rações contendo mais que 10% da proteína dietética
e gordura de aves) nas dietas em criação intensiva em
originada de ingredientes vegetais apresentam desem-
tanques-rede. As dietas com a relação energia:proteína
penho significativamente inferior ao dos peixes alimen-
de 9 kcal ED g PB-1 ensejaram os menores coeficientes
tados com dietas contendo somente proteína animal.
de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína
bruta e extrativo não-nitrogenado, sendo o melhor co-
eficiente de digestibilidade aparente da gordura obtido
com o uso do óleo de soja. Os autores concluíram que
a relação energia:proteína e a fonte de energia dietética CONSIDERAÇÕES FINAIS
têm influência nos coeficientes de digestibilidade apa-
rente dos macronutrientes e energia para o pirarucu. Com base na argumentação apresentada, reco-
O crescente interesse na piscicultura intensiva do menda-se que os pesquisadores dedicados ao estudo
pirarucu tem motivado estudos em caráter de refina- da nutrição de peixes carnívoros façam um exercício de
mento dos aspectos da nutrição do pirarucu. Menezes reflexão e ensaiem uma volta ao básico, ou seja, estabele-
et al. (2006) e Andrade et al. (2007), respectivamente, çam uma rede de cooperação para determinar, de modo
observaram que dietas suplementadas com as vitami- sequencial: (i) as exigências em proteína e energia e a re-
nas C e E influenciam os parâmetros sanguíneos e a lação proteína:energia; (ii) as exigências em aminoácidos
resposta fisiológica do pirarucu confinado em tanques- essenciais; (iii) as exigências em lipídios e ácidos graxos;
-rede. Entretanto, exigências dietéticas para estas vita- (iv) as exigências (tolerância) em carboidratos e a relação
minas ainda não foram estabelecidas para o pirarucu. ideal lipídios e carboidratos dietéticos; (v) avaliação da di-
Em suma, reiterando as observações feitas sobre gestibilidade de alimentos; (vi) as exigências em vitami-
o estado da arte da nutrição dos surubins, recomenda-
nas e (vii) as exigências em minerais. No caso específico
-se que seja estabelecida uma rede de cooperação para
dos surubins, haveria que se considerar as peculiaridades
determinar as exigências nutricionais do pirarucu. O
das espécies e estabelecer duas plataformas de trabalho:
cumprimento de uma agenda de pesquisa em uma pla-
uma para o pintado e outra para o cachara. Em seguida, e
taforma estruturada e sequencial é uma necessidade
apenas se provado ser ecologicamente seguro, ambien-
imediata da ciência da nutrição da espécie.
talmente sustentável e socialmente desejável, a mesma
plataforma deve ser conduzida em relação aos híbridos
que, certamente, têm curvas de crescimento distintas
das espécies parentais e, por isso, exigências nutricionais
OUTRAS ESPÉCIES também diferenciadas.

Dentre as demais espécies de peixes carnívoros


que despertam o interesse de pesquisadores e técnicos
da piscicultura interior, destacam-se os suruvis, do gê- AGRADECIMENTOS
nero Stendachneridion e o tucunaré, Cichla sp. Técnicas e
métodos de reprodução, larvicultura, condicionamento
Os autores expressam seu sincero agradecimento
alimentar e produção destas espécies foram discutidas
à Dra. Lígia Uribe Gonçalves pelo competente auxílio na
em detalhes por Zaniboni et al. (2010) e Soares (2010),
organização das tabelas deste capítulo.
respectivamente.
290 NUTRIAQUA

Braga, L.G.T.; R. Borghesi, J.K. Dairiki, e J.E.P. Cyrino. 2007. Trânsito


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16

Formulação de Rações e Boas Práticas de Fabricação

S ILVIA C RISTINA G IBELLO P ASTORE


J ULIANE R ENATA G AIOT TO
F ELIPE DE A ZEVEDO S ILVA R IBEIRO
A LBERTO J ORGE P INTO N UNES

a nutrição. A dificuldade de padronizar estes aspectos


INTRODUÇÃO na aquicultura, como também a influência direta do
meio na produção de organismos aquáticos distanciam
As rápidas taxas de crescimento observadas atual- a nutrição aquícola da nutrição de animais terrestres.
mente na produção aquícola no Brasil (MPA, 2012) po- Somado a isto, no Brasil existem mais de 18 espécies de
dem ser atribuídas a diversos fatores de ordem técnica peixes, somente de água doce, incluindo os híbridos,
e econômica. Contudo, pode-se afirmar que foi a partir cultivados comercialmente (MPA, 2012). Os diferentes
da década de 90, com o desenvolvimento de rações co- hábitos alimentares destes peixes resultam em exigên-
merciais para peixes e camarões no país, que a atividade cias nutricionais espécies-específicas, mas o desenvolvi-
começou a ensaiar seus primeiros passos para alcançar mento de rações comerciais específicas para cada espé-
a escala industrial. Com a disponibilidade de rações no cie é pouco viável economicamente.
país foi possível alcançar índices de produção recordes O número de indústrias produtoras de rações
na carcinicultura marinha (Nunes et al., 2011), consoli- para peixes no Brasil vem se multiplicando. Embora da-
dar a produção intensiva da tilápia em gaiolas e permitir dos estatísticos não estejam disponíveis, seguramente
a rápida expansão da criação semi-intensiva de peixes há mais de 50 estabelecimentos fabricando rações,
nativos, onívoros e carnívoros, em viveiros. Embora pos- principalmente para peixes onívoros. Isto tem levado
sam ser apontadas deficiências no atual modelo produ- a uma grande diversificação no perfil dos fabricantes,
tivo de rações comerciais para organismos aquáticos no preços e qualidade de produtos, o que tem frequente-
país (Sidonio et al., 2012), as formulações atuais adotam mente levado a uma perda de foco no desempenho. A
conceitos baseados em pesquisas nutricionais (NRC, ração de menor custo pode ser resultado de diversos
1993, 2011), e técnicas de controle de qualidade e fa- fatores: negociações nos preços das matérias-primas;
bricação regulamentadas por órgãos governamentais matéria-prima de qualidade inferior, portanto mais ba-
e entidades representantes de classe (SINDIRAÇÕES, rata; e/ou dieta mal balanceada e/ou processada.
2009) (vide capítulo 17). O Brasil também dispõe de uma grande variedade
Hoje tanto o crescimento da aquicultura no Brasil de matérias-primas com potencial para uso na alimen-
como o desenvolvimento dos sistemas de produção tação animal. Porém, muitos ingredientes, como os de
de novas espécies com potencial para produção em origem animal (marinho e terrestre), disponíveis no país
confinamento (e.g. pirarucu, jundiá, beijupirá) está ne- apresentam uma ampla variabilidade na sua composi-
cessariamente atrelado à disponibilidade de alimentos ção (e.g. farinha de peixes, farinha de carne, farinha de
balanceados, capazes de proporcionar desempenho vísceras de aves). Estas diferenças devem obrigatoria-
zootécnico e econômico compatível ou superiores a mente ser consideradas na avaliação dos ingredientes
outros segmentos do agronegócio. Entretanto, o de- e no processo de formulação. Portanto, ao se considerar
sempenho zootécnico na produção animal é também a qualidade de uma ração deve-se ter a consciência de
reflexo das condições de manejo, sanidade e genéti- que geralmente estas apresentam maior custo mone-
ca, em grandeza de importância tão elevada quanto tário, pois as empresas fabricantes de rações utilizam

295
296 NUTRIAQUA

critérios de qualidade para valorizar seus produtos, sen- mesmos empregados na alimentação, nutrição e pro-
do difícil desvincular preço e qualidade do ingrediente. dução de animais terrestres. A diferença está na parti-
Neste capítulo buscou-se abordar de maneira clara e cularidade de se buscar ingredientes ricos em proteína
prática como a nutrição é feita dentro das empresas de devido às exigências elevadas dos organismos aquáti-
ração, sendo muitas informações baseadas em experi- cos por este nutriente.
ências pessoais dos autores. A maior parte das rações para peixes é constituída
por subprodutos da agricultura, da pesca ou do abate
de animais terrestres. Portanto as rações são compos-
tas por uma mistura de itens alimentares de origem
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES animal, vegetal ou mineral. Estas matérias-primas são
geralmente processadas antes da elaboração das ra-
A formulação de rações consiste na aplicação ções comerciais, seja de forma física, mediante a seca-
prática de conhecimentos adquiridos na nutrição ani- gem e moagem, de forma química, com a aplicação de
mal. O objetivo primordial da formulação é selecionar substâncias químicas para extração de parte dos com-
componentes nutricionais que atendam as exigências ponentes nutricionais, ou ainda através do cozimento
nutricionais da espécie confinada, de forma a maximi-
ou fermentação.
zar seu desempenho zootécnico e os lucros econômi-
cos associados aos sistemas de produção. Uma fórmula
deve ser tecnicamente e economicamente viável. Os Macro e Microingredientes
ingredientes selecionados precisam apresentar um pa-
drão consistente de qualidade com preços acessíveis, De uma forma geral, os ingredientes utilizados
além de estar disponíveis em quantidades adequadas para elaboração de rações para peixes podem ser divi-
ao longo de todo ano de forma a atender as demandas didos em macro e microingredientes. Os macroingre-
do mercado. dientes são aqueles incorporados à fórmula para aten-
Para formular rações é necessário conhecer a na- der as exigências proteicas e em aminoácidos, energia
tureza física e nutricional de ingredientes disponíveis no (carboidratos e óleos), lipídios (ácidos graxos essenciais
mercado, seus preços, disponibilidade e qualidade. Os in-
e fosfolipídios) e minerais (cálcio e fósforo). Os ingre-
gredientes escolhidos devem permitir a moagem, a mis-
dientes mais utilizados são: (1) subprodutos de peixe,
tura, o cozimento e a compactação para formar péletes1
como a farinha e óleo de peixe, fabricados a partir de
que resistam ao ensaque, transporte, armazenamento e
peixes inteiros, de resíduos do processamento de peixes
contato com a água na alimentação dos peixes.
O formulador precisa também estar a par do pro- ou ainda da pesca marginal; (2) subprodutos de animais
cesso de produção das rações, suas limitações e oportu- terrestres, como farinha de sangue, farinha de vísceras,
nidades, de forma a conferir ao produto final as caracte- farinha de penas e farinha de carne, fabricados a partir
rísticas físicas desejáveis como cor, odor, granulometria, do abate destes animais; (3) subprodutos das semen-
dureza, flutuabilidade, hidroestabilidade, entre outras. tes oleaginosas advindas da soja, algodão e canola, se-
Os níveis nutricionais da fórmula precisam atender as jam eles farelos ou óleos; (4) grãos e seus subprodutos,
exigências nutricionais da espécie em uma determi- como o farelo de arroz, remoído de trigo e farelo de
nada faixa de desenvolvimento, respeitando o sistema trigo; e, (5) fontes de cálcio, fósforo e sódio, tais como
de produção e nível de intensificação prevalente. Final- calcário, fosfato bicálcico e sal.
mente é necessário desenvolver formulações que cau- Os microingredientes, por sua vez, fornecem nu-
sem uma mínima alteração no ambiente de criação, que trientes exigidos em baixas quantidades, sendo normal-
sejam ambientalmente amigáveis, permitam a rastrea- mente adicionados às rações em proporções inferiores
bilidade e promovam a segurança alimentar em toda a 5%. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
cadeia produtiva. mento [MAPA] classifica os microingredientes utiliza-
dos em rações para animais em aditivos nutricionais
(vitaminas, microminerais, aminoácidos), zootécnicos
PRINCIPAIS INGREDIENTES (prebióticos, probióticos) e tecnológicos (acidificantes,
antioxidantes, sequestrantes, adsorventes, palatabi-
Os ingredientes utilizados na elaboração de ra- lizantes). Por questões práticas, os microingredientes
ções para alimentação de peixes são basicamente os serão divididos neste capítulo em: (1) suplementos e
pré-misturas vitamínicas e minerais; (2) preservantes e
1
Pélete é a designação dada a alimentos ou medicamentos comprimi- conservantes; (3) atrativos e palatabilizantes; (4) hidro-
dos sob a forma de pequenas bolas ou drágeas, de etimologia inglesa estabilizantes; (6) aminoácidos sintéticos; e, (7) imuno-
‘pellet’, por definição qualquer corpo pequeno redondo, esférico ou
cilíndrico (vide Houaiss et al., 2004; páginas 2171 e 2173). estimulantes.
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 297

Principais Fontes Proteicas Obtidas de Animais Terrestres produzida a partir do sangue bovino e de aves. O sangue
fresco coagula e deteriora de forma acelerada, exigindo
As fontes proteicas de origem animal, em particu-
um processamento rápido; a secagem é o método mais
lar resíduos não destinados ao consumo humano ad-
efetivo para preservação dos nutrientes da farinha de
vindos do abate de animais (e.g. carcaças ou partes de
sangue. Entretanto, o uso de altas temperaturas por lon-
carcaças de animais, ossos, penas, sangue e vísceras), re-
gos períodos deve ser evitado no processo, pois pode
presentam uma importante fonte de lipídios e proteína
ocasionar a degradação da proteína, consequentemen-
para as rações de peixes. O Brasil é atualmente um dos
te comprometendo sua digestibilidade.
maiores produtores mundiais de carne bovina, suína e
Entre os métodos de processamento da farinha de
de aves. Segundo o Departamento de Agricultura dos
sangue estão: ‘drum-drying’ (secagem rotativa de tam-
Estados Unidos da América (USDA, 2012), em 2011, a
bor), ‘ring-drying’ (secador de anel), ‘flash-drying’ (seca-
produção destas carnes no país alcançou 9,0, 3,2 e 12,9
gem rápida pneumática) e ‘spray-drying’ (secagem por
x 106 t, respectivamente. Embora dados precisos sobre
pulverização). O método de secagem empregado afeta
a quantidade de farinhas animais produzidas no país
a digestibilidade proteica da farinha de sangue: na me-
não estejam disponíveis, estimativas apontam para vo-
lumes bastante expressivos. Baseando-se em um índice dida em que a temperatura de secagem aumenta, há
de conversão residual, Silva et al. (2011) determinaram uma perda da digestibilidade proteica do ingrediente.
que, somente em 2009, foram produzidas mais de um Os métodos ‘flash-drying’ e ‘spray-drying’ são os mais
milhão de toneladas de resíduos de abatedouros avíco- empregados e recomendados para preservar as carac-
las no Brasil, sendo 382.691, 372.001 e 315.625 t conver- terísticas nutricionais da farinha de sangue.
tidas em farinha de vísceras, farinha de penas e gordura No processo de ‘flash-drying’ a água contida
de frango, respectivamente. no sangue é removida por um processo mecânico e/
As indústrias que produzem farinhas e óleos ou evaporada por cocção até um estado semissólido
de subprodutos animais são chamadas de graxarias. (SINDIRAÇÕES, 1998). Esta massa é então transferida
Nestas indústrias, os subprodutos do abate de ani- para um secador rápido para remover a umidade resi-
mais são inicialmente triturados, cozidos em digesto- dual. Pelo método de ‘spray-drying’, a umidade no san-
res sob calor e pressão, prensados, moídos e armaze- gue é removida por evaporação em baixa temperatura
nados (Ferroli et al., 2001). sob vácuo até conter 30% de sólidos. Essa massa é en-
A grande maioria dos subprodutos de origem ani- tão exposta a uma corrente de ar quente para reduzir a
mal disponível no mercado pode ser empregada sem umidade.
restrições na alimentação de peixes. Uma das caracterís- A queda da disponibilidade da lisina na farinha de
ticas comuns a todos esses ingredientes é que a diges- sangue está relacionada a dois principais pontos: a rea-
tibilidade aparente da proteína depende diretamente ção de Maillard e o crescimento de micro-organismos.
dos procedimentos utilizados durante a transformação A reação de Maillard ocorre durante o processamento,
do ingrediente fresco em farinha. Este processo envol- quando a lisina reage com açúcares do sangue per-
ve o uso do calor e pressão que, quando combinados, dendo o radical NH2. Como a reação de Maillard é de-
permitem a separação da fração seca do ingrediente da pendente do pH, a acidificação inibe sua ocorrência, e
líquida. O tempo de cozimento, a temperatura e a pres- posteriormente, também leva a inibição no crescimen-
são empregadas no processo de cozimento podem va- to de micro-organismos (Hertrampf e Piedad-Pascual,
riar dependendo do tipo de ingrediente e fabricante, o 2000). Por isso, os fornecedores de farinha de sangue
que acarreta alterações na qualidade e perfil nutricional ‘spray-dried’ de alta qualidade informam em seus rótu-
da matéria-prima. los que a farinha foi acidificada.
A farinha de sangue deve ser utilizada com cautela
em rações para peixes, sempre levando em considera-
Farinha de Sangue ção seus níveis de aminoácidos e as prováveis variações
A farinha de sangue é uma fonte proteica comu- na sua digestibilidade para as diferentes espécies pro-
mente empregada em rações para peixes. A proteína, o duzidas em piscicultura. Outro fator importante é a rá-
principal componente da farinha de sangue, frequente- pida degradação desta matéria-prima. Em um lote de
mente apresenta um desequilíbrio na concentração de farinha de sangue bem processado, a disponibilidade
lisina e baixas concentrações de metionina e isoleucina. média da lisina é de 65 a 69%. Contudo, após três me-
Por outro lado, o sangue é uma fonte rica em leucina e ses de estocagem, este valor pode decrescer para 25%.
em aminoácidos aromáticos como a tirosina e a fenila- Além disso, o sangue é um excelente meio de cultura,
lanina (Hertrampf e Piedad-Pascual, 2000). sendo necessário o tratamento ácido para reduzir o pH
A farinha de sangue é uma matéria-prima oriunda e aumentar seu tempo de prateleira.
do abate de animais, mais precisamente da fração não uti- Devido à baixa concentração de carboidratos, a fa-
lizada para alimentação humana, sendo mais comumente rinha de sangue pode prejudicar o processo de expansão
298 NUTRIAQUA

em rações extrudadas2. O uso desta matéria-prima Farinha de Vísceras de Aves


também confere uma coloração escura à ração, o que
Miller e Boer (1988) estimaram que 73,1% do
é muitas vezes indesejável do ponto de vista comer-
peso vivo do frango são destinados ao consumo hu-
cial. Devido a estas e outras restrições já mencionadas,
mano, 23,5% à produção de farinhas para alimentação
é recomendado que as inclusões de farinha de sangue
animal e o restante corresponde às perdas do proces-
não ultrapassem 5% (base natural) em rações iniciais e
so. Segundo os autores, a fração utilizada para fabri-
10% em rações para crescimento e terminação de pei-
cação da farinha de vísceras é composta pela cabeça
xes. Por último, deve ser enfatizado que a qualidade
(3,6%), os pés (3,4%) e as vísceras (12,0%). Para produ-
da farinha de sangue é de suma importância, devendo
ção da farinha de vísceras é desejável a remoção do
haver preferência por aquelas produzidas pelo méto-
sangue (2,9%) e das penas (4,8%). Existem dois tipos
do de ‘spray-drying’.
de farinha de vísceras que são diferenciadas em rela-
ção ao conteúdo residual do abate de aves empregado
Farinha de Penas Hidrolisada
na fabricação (SINDIRAÇÕES, 1998):
A farinha de penas é uma das matérias-primas de 1. farinha de vísceras de aves: resultante da cocção,
origem animal de maior disponibilidade no mundo. prensagem e moagem de vísceras de aves, sen-
A farinha de penas hidrolisada é resultante da cocção do permitida a inclusão de cabeças e pés; não
pressurizada de penas limpas e não decompostas, ob- deve conter penas, exceto aquelas que podem
tidas no abate de aves, sendo permitida a participação ocorrer não intencionalmente, e nem resíduos de
de sangue desde que a sua inclusão não altere signifi- incubatório e de outras matérias estranhas à sua
cativamente a sua composição média (SINDIRAÇÕES, composição, nem apresentar contaminação com
1998). As penas contêm 90% de proteína bruta, porém casca de ovo;
de baixa digestibilidade resultante da grande quantida- 2. farinha de penas e vísceras de aves: resultante das
de de queratina. A digestibilidade de penas frescas em penas limpas e não decompostas, hidrolisadas sob
pepsina é de apenas 5%; entretanto utilizando o proces- pressão e misturadas aos resíduos do abate de
samento adequado pode-se obter uma proteína de me- aves (vísceras, pescoço, pés) cozidos e prensados
lhor qualidade (Hertrampf e Piedad-Pascual, 2000). Pe- para extração do óleo e moídos, sendo permitida
zzato et al. (2002) relataram digestibilidade aparente de a participação de carcaças de aves abatidas e san-
proteína bruta [PB] da farinha de penas de 29,1% para gue desde que a sua inclusão não altere significa-
juvenis da tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus). Com- tivamente a composição estipulada.
parativamente, Guimarães et al. (2008) relataram diges- Ambas as farinhas tem alto valor de mercado no
tibilidade aparente da PB de 78,5% para mesma espécie Brasil, uma vez que são muito utilizadas em rações para
trabalhando com a farinha de penas hidrolisada. monogástricos, principalmente animais de companhia
Apesar dos altos níveis de proteína, a farinha de pe- (‘pet feed’). A farinha de penas e vísceras, considerada
nas possui deficiências nos níveis de histidina, lisina, me- de menor qualidade nutricional, é aquela utilizada na
tionina e triptofano (Hertrampf e Piedad-Pascual, 2000), fabricação de rações para organismos aquáticos.
os quais devem ser complementados na dieta através A produção da farinha de vísceras é realizada por
de outros ingredientes proteicos e/ou suplementados cocção pressurizada a vapor a temperaturas de 110º a
pela adição de aminoácidos sintéticos. A pressão utili- 130ºC por 3 a 6 h (Hertrampf e Piedad-Pascual, 2000).
zada no processo de fabricação afeta particularmente a Após este período, a gordura é removida, o material re-
cistina que se converte em lantionina, perdendo metade sidual é seco e posteriormente moído. Tanto a tempera-
do enxofre nesse processo (Robbins et al., 1980). Outro tura adotada como o tempo de cocção são importantes
ponto determinante da qualidade da farinha de penas é para eliminar organismos patogênicos como a Salmo-
a concentração de gordura; níveis acima de 5% indicam nella spp. Segundo a legislação brasileira, a cocção é
contaminação com outros tecidos animais. obrigatória para todos os tipos de farinhas. O MAPA
Em rações para peixes, a farinha de penas pode estabeleceu a necessidade do aquecimento durante o
substituir parcialmente a farinha de peixes. Entretanto, processamento de farinhas animais a uma temperatura
se empregada como única fonte de proteína, frequen- não inferior a 133ºC, durante pelo menos 20 minutos,
temente leva à piora do desempenho zootécnico dos sem interrupção, a uma pressão absoluta não inferior a
peixes. Em rações comerciais, a farinha de penas pode 3 bar, produzida por vapor saturado (Brasil, 2008). Ainda
ser usada em níveis de inclusão entre cinco e 10% (base durante seu processamento, a farinha de vísceras deve
natural), exigindo, porém alguma suplementação ami- receber tratamento com antioxidante, garantindo sua
noacídica (Hertrampf e Piedad-Pascual, 2000). qualidade ao final do processo e estabilidade à oxida-
ção da gordura.
2
Ração extrudada é aquela obtida pelo processo de extrusão, ou seja, De acordo com várias referências na literatura, os
a saída forçada, a expulsão, a passagem forçada através de um orifício,
de uma porção de metal ou de plástico para que adquira a forma alon- valores de proteína bruta e extrato etéreo para farinha
gada ou filamentosa (vide Houaiss et al., 2004; página 1294). de vísceras podem variar de 55 a 71% (base natural) e de
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 299

sete a mais de 20%, respectivamente (Silva et al., 2011). e Piedad-Pascual, 2000). Estes ingredientes também po-
Os valores de proteína bruta não necessariamente indi- dem apresentar deficiência em relação ao seu perfil de
cam uma farinha de vísceras de boa qualidade, já que ácidos graxos, aminoácidos essenciais e vitaminas.
este nutriente pode ser facilmente alterado com ureia
ou mais comumente com a farinha de penas. A adição Principais Fontes Proteicas Obtidas de Animais Aquáticos
da farinha de penas à farinha de vísceras de forma in-
As fontes proteicas oriundas de animais aquáti-
tencional não é recomendado (SINDIRAÇÕES, 2004),
cos são compostas basicamente de peixes, seja animais
uma vez que compromete o valor biológico da prote-
inteiros, resíduos do processamento ou ainda da pesca
ína. Quando se observa um alto conteúdo de gordura
marginal. Embora outros ingredientes, como a farinha
na farinha de vísceras, a mesma deve ser utilizada com
de lula, a farinha de camarão e a farinha de ‘krill’ este-
cautela nas rações extrudadas para peixes, pois isto pode
jam também comercialmente disponíveis para uso em
dificultar o processo de expansão da ração e prejudicar
rações de peixes, os mesmos apresentam maior valor
sua flutuabilidade. Segundo Hertrampf e Piedad-Pascual
de mercado em comparação à farinha de peixe e, por-
(2000) as inclusões de farinha de vísceras recomenda-
tanto, são utilizados em baixas inclusões. A farinha de
das em rações para peixes onívoros e carnívoros, res-
peixe é também o ingrediente mais abundante entre
pectivamente, podem variar de 25 até 35%.
todos os disponíveis de origem marinha, com uma
produção mundial estimada entre de 6-7 x 106 t ano-1
Farinha de Carne e Farinha de Carne e Ossos (Tacon e Metian, 2008).
A exemplo dos demais subprodutos de origem
animal, essas farinhas apresentam grande variação na Farinha de Peixes
sua composição, sendo difícil estabelecer uma compo- O valor da farinha de peixe em rações para organis-
sição bromatológica média precisa. Existem três vias de mos aquáticos reside em uma composição química sin-
obtenção da matéria-prima para produção deste ingre- gular: (1) possui um alto valor nutricional por unidade de
diente: 1) material classificado como fora do padrão de peso, pois apresenta teores elevados de proteína, gordu-
qualidade para consumo humano e confiscado pelo Sis- ra e energia; (2) possui componentes químicos solúveis
tema de Inspeção Federal [SIF]; 2) resíduo do processa- em água, tornado-se um forte atrativo e palatabilizante
mento de carne enlatada e/ou embutidos; e, 3) resíduos em rações para espécies com tendências alimentares
de abatedouros. A principal diferença entre a farinha de carnívoras; (3) apresenta um perfil balanceado de ami-
carne e a farinha de carne e ossos é a baixa inclusão de noácidos essenciais em quantidades necessárias para
carne na segunda, o que faz com que os níveis de cálcio atender mesmo as mais elevadas exigências nutricionais
e fósforo no produto sejam substancial e comparativa- de peixes carnívoros; (4) apresenta pouca ou nenhuma
mente maiores que na farinha de carne. Estas farinhas fibra; (5) dependendo de sua procedência e qualidade,
também podem ser distinguidas pelo conteúdo residu- pode apresentar alta digestibilidade proteica, reduzindo
al do abate de animais empregados para sua fabricação a excreção de compostos nitrogenados na água; (6) apre-
(SINDIRAÇÕES, 1998; Bellaver, 2001): senta fatores desconhecidos de crescimento em algumas
1. farinha de carne: produto oriundo do processa- espécies aquáticas; e, (7) é rica em minerais.
mento industrial de tecidos animais; contém mais Até recentemente a farinha de peixe era mone-
que 50% de proteína bruta e é comumente classi- tariamente acessível e podia ser utilizada em inclusões
ficada em farinha de carne 50 ou 55; de até 30%, por exemplo, em rações para crescimento e
2. farinha de carne e ossos: produzida em graxarias terminação de peixes marinhos. Contudo, o rápido cres-
por coleta de resíduos, ou em frigoríficos a partir de cimento da aquicultura combinado com a estabilização
ossos e tecidos, após a desossa completa da carcaça do desembarque de peixes utilizados na produção de
de bovinos e/ou suínos, picados, cozidos, prensados farinha tem ocasionado um desequilíbrio demanda-
para extração de gordura e moído; não deve conter -oferta no mercado internacional, levando a indústria
sangue, cascos, unhas, chifres, pelos, conteúdo es- de rações a buscar ingredientes alternativos com oferta
tomacal a não ser os obtidos involuntariamente mais previsível, sustentável e econômica. Estima-se que
dentro dos princípios de boas práticas de fabrica- em 2006 as rações destinadas à alimentação de orga-
ção; não deve ainda conter matérias estranhas; são nismos aquáticos consumiram 68,2% de toda produção
especificados três tipos de farinha de carne e ossos mundial de farinha de peixe (Tacon e Metian, 2008). Pre-
com base na proteína bruta: 35, 40, ou 45. vê-se que mesmo com a redução nas inclusões de fari-
Ambos os ingredientes apresentam limitações nha de peixe em rações para organismos aquáticos, seu
para uso em rações de peixes. Em função da alta con- uso deverá continuar em rações iniciais ou para espé-
centração de matéria mineral, suas inclusões devem cies de alto valor agregado, em particular as marinhas.
estar limitadas a um máximo de 20% para a farinha de A farinha de peixe produzida a partir de captura
carnes e 15% para farinha de carne e ossos (Hertrampf de peixes pelágicos (e.g. anchoveta, savelha, arenque,
300 NUTRIAQUA

pescada branca) é a mais disponível no mercado inter- de salmão, produzida no Chile a partir dos resíduos do
nacional, embora em alguns países, como no Brasil, é processamento do salmão produzido em confinamen-
mais comum encontrar farinha de peixes produzida a to, que devido às condições de manuseio na sua fabri-
partir de resíduos do processamento de peixes (mari- cação, permite alcançar um perfil nutricional semelhan-
nho ou de água doce) e da captura marginal da pesca te à farinha de peixes inteiros, é uma exceção. Como o
marinha. Esta farinha é obtida a partir de resíduos da valor comercial da farinha de peixe não é determinado
filetagem (e.g. cabeça, rabo, pele, vísceras, barbatanas), simplesmente pela quantidade de proteína, mas tam-
por isto apresenta menor teor proteico, menor disponi- bém pelo seu frescor, digestibilidade da proteína e per-
bilidade de aminoácidos essenciais e maior quantidade fil de aminoácidos, a farinha de peixe fabricada a partir
de cinzas, material que quando em excesso, prejudica a de peixes inteiros alcança maior preço no mercado.
digestibilidade de outros nutrientes (Tabela 1). A farinha

Tabela 1. Diferenças básicas entre a farinha de peixes nacional, feita a partir de resíduos do processamento de peixes e/ ou da
captura marginal da pesca, e aquela produzida a partir de peixes pelágicos inteiros (Fonte: Nunes e Sá, 2010).

Características Resíduos da Pesca Peixes Pelágicos Inteiros

Origem Sul e Sudeste do Brasil Chile e Peru

Aminoácidos essenciais ± 10% menor Todos presentes em níveis elevados

Cinzas > 20% 10 – 20%

Umidade < 10% < 10%


Proteína bruta < 48 – 60% 60 – 80%
Gordura > 10% < 10%
Digestibilidade proteica* < 60% > 80%

*Em solução reagente de pepsina

O processo de produção da farinha de peixe ba- em menores teores de proteína e aminoácidos e, por-
seia-se na separação dos produtos sólidos, da água e tanto, menor digestibilidade destes componentes.
do óleo, sendo a eficiência do processo dependente O frescor da farinha de peixe é também um critério
de fatores como: método de captura e armazenamen- importante para aferir sua qualidade nutricional. Quan-
to dos peixes, temperatura de estocagem e tempo de do o peixe apodrece, a proteína é degradada a peptí-
estocagem que antecede o processamento, espécie de deos, aminoácidos, aminas e amônia. Algumas aminas
peixes e composição dos animais capturados (Hertram- (di e trimetilamina) e a amônia são voláteis. Portanto, o
pf e Piedad-Pascual, 2000). Como estes fatores são de conteúdo volátil do nitrogênio [TVN] (do inglês ‘Total
grande variabilidade na fabricação de farinhas a partir Volatile Nitrogen’) pode ser utilizado como indicador
de resíduos, geralmente provenientes de uma grande do frescor da farinha. Pike e Hardy (1997) recomenda-
variedade de espécies, observa-se uma grande flutua- ram, como regra geral, que o conteúdo de TVN para fa-
ção na sua composição nutricional, seja entre fabrican- rinha de peixes produzida a partir de peixes tropicais e
tes, lotes ou períodos do ano. temperados seja menor que 90 e 50 mg de N 100 g-1 de
A umidade da farinha de peixe deve manter-se en- peixe, respectivamente. Em conjunto com parâmetros
tre 8 e 10%. A umidade é influenciada diretamente pelo de ordem nutricional e outros parâmetros indicativos
processamento da farinha. Quando umidades inferiores do frescor, como o conteúdo de aminas biogênicas3, o
a 6% são observadas, isto sugere que a farinha foi subme- nível de peróxidos e a digestibilidade em pepsina, per-
tida a uma secagem excessiva o que pode comprometer mitem classificar as farinhas de peixe quanto a sua qua-
sua qualidade nutricional. Outro aspecto importante está lidade e valor monetário. No mercado internacional, por
relacionado ao conteúdo de cinzas da farinha que varia exemplo, as farinhas de peixe são categorizadas como
de acordo com a espécie de peixe e se este é inteiro ou ‘standard’, ‘prime’ e ‘super prime’, com base em critérios
proveniente de resíduos. A farinha de peixe fabricada a de frescor e qualidade nutricional.
partir de peixes inteiros geralmente possui um conteúdo
3
de cinzas entre 10 e 20%, enquanto que a farinha feita a As aminas biogênicas são formadas pela descarboxilação de ami-
noácidos durante a degradação proteica. Portanto, os aminoácidos
partir de resíduos do processamento pode apresentar teo- histidina, lisina, arginina e triptofano são convertidos nas aminas bio-
res acima de 20%. Um alto conteúdo de cinzas implica gênicas histamina, cadaverina, putrescina e tiramina.
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 301

No processo de fabricação de rações para peixes, alimentação animal. Os ingredientes derivados da soja
a inclusão de farinha de peixe é considerada de média utilizados na produção de organismos aquáticos in-
dificuldade, havendo a necessidade de utilizar outros cluem o farelo de soja, o concentrado proteico de soja,
ingredientes que possam garantir a integridade física o óleo de soja e a lecitina de soja. Os dois últimos são
do pélete ou grânulo. O nível de inclusão em rações usados principalmente para o fornecimento de energia,
para peixes depende de vários fatores, como estágio de ácidos graxos essenciais e fosfolipídios na alimentação
desenvolvimento do peixe, espécie, hábito alimentar, de peixes e crustáceos confinados.
sistema de produção. No entanto, devido ao seu alto Atualmente o farelo de soja é a principal fonte de
custo comparativamente a outras fontes proteicas, as proteína em rações para peixes tropicais. Embora seja
inclusões estão normalmente atreladas a questões de deficiente em aminoácidos sulfurados (metionina e cis-
ordem monetária, podendo variar entre dois e 50%. teína), contenha baixa disponibilidade de fósforo e a
presença de fatores antinutricionais (Gatlin et al., 2007),
Principais Fontes Proteicas Obtidas de Plantas Terrestres o farelo de soja atua como uma fonte barata de prote-
ína digestível e de aminoácidos essenciais para peixes
Farelo de Soja confinados. Entre todas as fontes de proteínas vegetais,
a soja é a que apresenta melhor perfil de aminoácidos,
A soja é a oleaginosa mais produzida no mundo com todos os 10 aminoácidos essenciais presentes em
com colheitas anuais superiores a 220 x 106 t (Masuda quantidades relativamente próximas àquelas das fontes
e Goldsmith, 2009). Cerca de ¼ desta produção é con- proteicas animais (Tabela 2).
vertida em farelos e tortas para o uso na indústria de

Tabela 2. Comparativo do teor proteico e composição de aminoácidos essenciais (base na matéria natural) do farelo de soja e do
concentrado proteico de soja em relação a ingredientes proteicos de origem marinha e terrestre animal utilizados em rações para
aquicultura. Valores segundo NRC (1993), exceto quando indicado por * (analisado em laboratório) (Compilado de Nunes e Sá, 2010).

Proteína Marinha Proteína Animal Proteína Vegetal


Perfil Proteico Farinha de Farinha de Farinha de car- Farinha de vís- Farelo de Concentrado
peixe ‘krill’* ne e ossos ceras de aves soja proteico de soja*
---------------------------------------------------------------------------- % ----------------------------------------------------------------------------------
Proteína bruta 65,5 59,0 50,0 59,7 44,8 62,63
Aminoácidos Essenciais
Arginina 3,85 6,11 3,37 4,06 3,39 5,00
Histidina 1,61 2,61 0,96 1,09 1,19 1,70
Isoleucina 3,17 3,85 1,43 2,30 2,03 2,91
Leucina 5,05 6,61 3,00 4,11 3,49 5,04
Lisina 5,04 7,22 2,67 3,06 2,85 4,01
Metionina 1,99 2,66 0,65 1,10 0,57 0,92
Cistina 0,60 1,18 0,50 0,84 0,70 0,97
Fenilalanina 2,78 3,81 1,70 2,10 2,22 3,34
Tirosina 2,24 3,39 1,09 1,87 1,57 2,32
Treonina 2,82 3,19 1,65 0,94 1,78 2,57
Triptofano 0,75 1,10 0,30 0,46 0,64 0,79
Valina 3,50 3,99 2,45 2,86 2,02 3,00

No farelo de soja, o fósforo é abundante, porém e, (3) lectinas, aglutininas que se aderem a hemácias,
70% deste fósforo está ligado ao ácido fítico (fitato), tor- podendo causar efeitos tóxicos, embora possam ser
nando sua disponibilidade para peixes limitada (NRC, destruídas durante a extrusão por 5 minutos a 100oC.
1993, 2011). Gatlin et al. (2007) apontam uma série de Outras propriedades deletérias da soja incluem a
aspectos desvantajosos na composição do farelo de presença de fatores antinutricionais como taninos,
soja, sendo os mais relevantes a presença de: (1) ini- alcaloides, isoflavona, saponina, glicosídeos e urease,
bidores de proteases, os quais podem ser inativados além de apresentar baixa palatabilidade (Hertrampf e
mediante ação térmica no processamento do farelo; (2) Piedad-Pascual, 2000).
até 15% de oligossacarídeos, em particular a rafinose e De qualquer maneira, o farelo de soja tem sido
estaquiose, considerados não digestíveis para peixes; utilizado com êxito na substituição parcial ou total da
302 NUTRIAQUA

farinha de peixe, tanto para peixes de água doce como O farelo de algodão possui alta concentração de fi-
o curimbatá (Prochilodus lineatus) (Fabregat et al., 2011), bras o que limita sua inclusão em dietas para peixes, pois
a tilápia-do-Nilo (El-Saidy e Gaber, 2003), o pangassius afeta a digestibilidade da dieta. A baixa digestibilidade
(Pangasianodon hypophthalmus) (Phumee et al., 2011), deste ingrediente está também associada à alta concen-
e o pacu (Piaractus mesopotamicus) (Fernandes et al., tração do gossipol que atua como fator antinutricional. O
2000), quanto para os marinhos, como o beijupirá (Ra- gossipol pode também ser tóxico e se acumular no fígado
chycentron canadum) (Zhou et al., 2005), o olho de boi dos animais e levar a uma redução no crescimento. Ofo-
(Seriola dumerili) (Tomás et al. 2005), e a cioba (Lutjanus jekwu e Ejike (1984) e Robinson et al. (1984) observaram
analis) (Freitas et al., 2011). As recomendações de inclu- que dietas contendo o farelo de algodão condicionaram
são para o farelo de soja variam de 10 até 45%. Inclusões taxas mais lentas de crescimento tanto da tilápia-do-Nilo
mais elevadas podem dificultar o processo de peletiza- quanto da tilápia áurea (Oreochromis aureus). Embora se
ção e extrusão e levam a péletes menos resistentes. especule que a capacidade de utilização da proteína
do farelo de algodão seja espécie-específica (El-Sayed,
Farelo de Girassol 1990) suas inclusões devem ser limitadas a 10% para
o farelo de algodão com até 40% de proteína bruta.
O farelo de girassol é o resíduo da extração de óleo
Recomendam-se inclusões inferiores a 5%, tomando a
das sementes de girassol, contendo cerca de 25% de
precaução de suplementar com L-lisina ao substituir o
proteína bruta. Embora seja deficiente em lisina, o fare-
farelo de soja.
lo de girassol contém níveis mais elevados de metionina
e arginina em comparação ao farelo de soja. O farelo de
girassol também é fonte de ácido nicotínico e colina e
Glúten de Milho
apresenta bons níveis de vitaminas. No entanto, por não O glúten de milho é um subproduto do processa-
se saber ao certo a estabilidade destas vitaminas duran- mento do milho, possui ao redor de 60% de proteína (na
te o processo de produção da ração e armazenagem, base natural) e valores elevados de metionina (> 1,6%
as vitaminas no farelo de girassol geralmente não são da proteína bruta) (NRC, 1993) e energia. A proteína do
consideradas durante a formulação. Como a maioria das glúten de milho é altamente digestível para peixes, em-
fontes vegetais, o farelo de algodão contém taninos, ini- bora seja deficiente em lisina (Gatlin et al., 2007).
bidores de protease e inibidor de arginina, além do risco Uma das desvantagens do uso do glúten de milho
de contaminação desta matéria-prima com aflatoxinas. em dietas para peixes é a presença de grandes quan-
De maneira geral, o farelo de girassol é um bom tidades de carotenoides e xantofila. Quando a concen-
substituto para o farelo de soja, entretanto, seus ele- tração destes pigmentos aumenta como resultado do
vados níveis de fibra podem levar a uma redução da uso do glúten de milho, a ração e consequentemente
digestibilidade da dieta quando empregado em altas a carne dos peixes adquiri uma coloração amarelada.
inclusões. Olvera-Novoa et al. (2002) concluíram que em Isto deteriora a qualidade e o valor do pescado e causa
dietas para alevinos de tilápia-do-Congo (Tilapia rendalli) problemas na comercialização, pois altera a coloração
(0,935 g de peso médio corporal) o farelo de girassol original da sua carne.
pode compor até 20% da proteína total sem efeitos de- Hu et al. (2012) alimentaram durante seis meses
letérios ao crescimento. Em dietas para alevinos de truta híbridos de ‘blue catfish’ (24,5 g de peso corporal) em 20
arco-íris (Oncorhynchus mykiss), Tacon et al. (1984) não viveiros de 0,4 ha com dietas contendo até 20% de glú-
observaram nenhum efeito deletério no crescimento ten de milho. Na despesca, os autores concluíram que
ou conversão alimentar quando a inclusão do farelo de não houve alterações significativas no desempenho
girassol nas dietas foi aumentado de 0 para 22%. Furuya zootécnico ou na coloração do filé da espécie quando
et al. (1998) concluíram que o farelo de girassol pode comparado a lotes alimentados com uma ração sem
compor até 13,5% das dietas para alevinos revertidos glúten de milho. Neste trabalho, as concentrações de
da tilápia-do-Nilo ou substituir cerca de 27% do farelo xantofil não ultrapassaram 7 mg kg-1 nas dietas, portan-
de soja. É recomendável, então, não exceder uma inclu- to estes níveis podem ser considerados seguros. A in-
são de 15% e 10% de farelo de girassol em dietas para clusão recomendada de glúten de milho em dietas para
peixes onívoros e carnívoros, respectivamente. peixes é função da espécie e da fase do ciclo de pro-
dução, mas de maneira geral não deve ultrapassar 15%.
Farelo de Algodão
O farelo de algodão contém níveis relativamen-
Principais Fontes Energéticas (Carboidratos e Óleos)
te altos de proteína (entre 26 e 54%, dependendo dos
métodos de processamento) (El-Sayed, 1999), porém é Milho
deficiente em metionina e lisina. Entre os aspectos po-
O milho é o grão mais extensamente utilizado na
sitivos de sua composição esta a boa concentração de
alimentação de animais, tanto na sua forma não proces-
ferro, fósforo e potássio.
sada, como seus subprodutos. Em sua forma original o
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 303

milho é considerado o ingrediente de origem vegetal pode causar ligamento entre péletes. Portanto, frequen-
mais palatável de todos os cereais. O milho é constituído temente se faz necessária a definição de inclusões máxi-
basicamente de amido e é fonte de carboidratos, ener- mas, em particular nas rações com granulometria inferior
gia, betacarotenos e vitamina A. Na sua composição nu- a 2 mm de diâmetro. O arroz é também muito utilizado
tricional, o milho possui baixos teores de proteína (8,5% na indústria de alimentação de animais de companhia,
a base natural) (NRC, 1993, 2011) com pouco cálcio levando ao aumento de seu valor no mercado.
(0,03% do peso seco), sendo deficiente nas vitaminas
D e E. Porém, o milho pode conter níveis aceitáveis de Trigo
fósforo (0,28% do peso seco). Dentre os subprodutos do
O trigo destinado à alimentação animal é consti-
milho que podem ser empregados na alimentação de
tuído das sementes de menor qualidade, excedentes de
peixes estão o farelo de milho, o milho degerminado, o
produção, produtos fora do padrão de qualidade para
glúten de milho, o gérmen de milho e o fubá de milho,
consumo humano e subprodutos do trigo. O trigo é
entre outros.
nutricionalmente semelhante ao milho, rico em carboi-
Assim, como o glúten de milho, o milho é também
dratos e energia, porém um pouco mais proteico que o
rico em betacaroteno, tendo o potencial de conferir co-
milho. Quando comparado a outros ingredientes, o trigo
loração amarelada à carcaça de algumas espécies de
é deficiente em leucina e alanina, além de ser pobre em
peixes, principalmente os carnívoros. O amido contido
cálcio e apresentar um baixo teor de extrato etéreo.
no milho também possui baixa digestibilidade para es-
O trigo é um alimento bem aceito pelos animais,
pécies carnívoras. A utilização do milho em dietas para
porém o farelo de trigo, ingrediente mais disponível
peixes deve ser feita levando em consideração a espécie
para alimentação animal, tem um conteúdo elevado de
alvo, o equipamento e o processo de produção da ração
fibra. Isto limita suas inclusões já que a fibra reduz a re-
(extrusão ou peletização), a fase de desenvolvimento do
sistência do grânulo ou pélete. Com um efeito oposto
peixe e a necessidade de flutuabilidade da ração. Numa
ao farelo, a farinha de trigo é utilizada para melhorar a
abordagem superficial, sabe-se que como o milho é
qualidade do pélete, tanto daqueles produzidos me-
rico em amido, ele auxilia no processo de expansão do
diante extrusão como peletização.
pélete durante a extrusão, portanto, deve-se também
Os subprodutos do trigo, farelo, remoído e farinha
considerar o equipamento que processará a ração para
de trigo, são os ingredientes de maior amplitude de in-
avaliar seus níveis de inclusão na dieta.
clusão, levando em consideração a espécie, o método
empregado de fabricação da ração e o preço do produ-
Arroz to no mercado. Em rações para peixes onívoros, esses
O arroz é cultivado principalmente para alimenta- subprodutos podem ser adicionados em quantidades
ção humana, mas seus subprodutos são utilizados efi- máximas de 35, 35 e 20%, respectivamente.
cientemente na alimentação animal. Quando o preço
for conveniente e levando em consideração as diferen- Principais Fontes Lipídicas (Ácidos Graxos Essenciais e
ças de composição em relação a outros ingredientes, o Fosfolipídios)
arroz pode ser utilizado em substituição a outros cereais
Os óleos compõem uma importante fonte de
tais como o centeio, o trigo, a cevada, o milho e o sorgo.
energia para as rações de peixes. No trato digestório
No mercado brasileiro pode ser encontrado o ar-
roz quebrado que é o resíduo da industrialização do ar- destes animais, os óleos são quebrados pelas lipases
roz destinado ao consumo humano. O farelo de arroz, em glicerina e ácidos graxos, enquanto a hidrólise dos
que provém do beneficiamento do arroz, pode conter fosfolipídios é realizada por fosfolipases. Uma parte dos
mais de 10% de gordura altamente insaturada que é ácidos graxos provenientes da dieta é deslocada para
facilmente oxidável. Esta característica restringe sua in- produção de energia, a outra é canalizada para a resín-
clusão nas rações para peixes. Quando são incluídos an- tese de ácidos graxos não essenciais.
tioxidantes para evitar a oxidação do farelo de arroz, há Os ácidos graxos poli-insaturados [PUFA] são im-
o potencial de ocorrer uma redução na sua qualidade portantes na nutrição de peixes, pois desempenham
nutricional. papel decisivo na permeabilidade e flexibilidade das
O arroz é rico em amido, tem elevado teor ener- membranas plasmáticas, funções mitocondriais, ativi-
gético e é capaz de substituir integralmente a farinha dades enzimáticas, sistema nervoso e transporte de vi-
de trigo, incluída em algumas dietas como aglutinante taminas lipossolúveis, sendo precursores de esteroides
natural. O arroz pode ser incluído em dietas para peixes e fosfolipídios não essenciais. Os peixes não conseguem
em níveis de até 20%. Entretanto, como para todos os sintetizar de novo os ácidos graxos linoleico (18:2n-6) e
ingredientes, a inclusão do arroz na dieta deve ser feita linolênico (18:3n-3). A habilidade de alongar e desnatu-
considerando a espécie alvo e a forma de processamen- rar estes ácidos graxos em ácidos graxos insaturados de
to da ração. O amido presente no arroz possui gelati- cadeia mais longa [LC-PUFA] varia conforme a espécie
nização lenta, e conforme o equipamento empregado (NRC, 1993, 2011).
304 NUTRIAQUA

Sabe-se que a salinidade e a temperatura influen- quais não estão disponíveis em óleos vegetais. O óleo
ciam a composição de PUFA presentes nos peixes, al- de peixe pode também ser obtido, mas menos eficien-
terando suas exigências. Em baixas temperaturas, há temente, de espécies de peixes de água doce, principal-
tendência dos animais acumularem LC-PUFA. Os peixes mente aquelas criadas em confinamento. Neste caso,
que habitam água salgada têm maiores exigências em estes óleos, semelhantes aos óleos vegetais, possuem
ácidos graxos da série n-3 comparado a animais de água níveis elevados de ácidos graxos da série linoleica (n-6).
doce, os quais são mais exigentes em n-6. Entretanto, Ultimamente a obtenção do óleo de peixe de boa
ambos não poderão ser produzidos pelos animais se qualidade e acessível no mercado tem sido um desafio
não houver disponibilização de uma fonte precursora. por concorrer diretamente com a alimentação humana,
Dentre as fontes de fosfolipídios e ácidos graxos mais pela redução nos estoques pesqueiros (Turchini et al.,
utilizados em rações para peixes estão o óleo de peixe, o 2009) e pela falta de cuidados na produção deste ingre-
óleo de soja e a lecitina de soja (vide capítulo 5). diente quando destinado a alimentação animal. Como
resultado, no Brasil, tem sido frequente o uso de óleo
Lecitina de Soja de peixe produzido a partir do resíduo de processamen-
to das espécies produzidas em confinamento, como o
A lecitina de soja é uma importante fonte de fos-
óleo de salmão e o óleo de tilápia.
folipídios na dieta de peixes. Os fosfolipídios têm entre
A inclusão de óleo de peixe em dietas de peixes se
suas funções transportar o colesterol e suprir o animal
faz necessária para maioria das espécies, porém quando
de colina e inositol. Toda a matéria-prima de origem
usado em excesso, o óleo de peixe pode causar proble-
animal ou vegetal contém fosfolipídios, entretanto, co-
mas de estabilidade física nos péletes ou comprometi-
mercialmente, a soja é a principal fonte natural destes
mento do processo de expansão. Entretanto, equipa-
nutrientes. A lecitina de soja é rica em ácidos graxos in-
mentos de extrusão mais modernos com sistemas de
saturados, colina, serina, inositol e gliceróis. Este produto
inclusão de líquidos a vácuo permitem a adição de mais
é comercializado na forma líquida e em pó. A escolha da
de 20% de óleo na dieta, desde que seja dada atenção
forma a ser empregada na ração depende exclusivamen-
especial à relação proteína:energia da fórmula.
te do sistema de fabricação adotado. A lecitina de soja é
utilizada em dietas para peixes em suas fases iniciais de
desenvolvimento, em inclusões máximas de 2 a 3%.
Suplementos e Pré-misturas (Premixes) Vitamínicas e
Minerais
Óleo de Soja Em função da grande variação na composição e
O óleo de soja é amplamente empregado em ra- biodisponibilidade nos macroingredientes, torna-se ne-
ções de peixes em função da sua boa disponibilidade cessária a inclusão de fontes de vitaminas ou minerais,
no mercado e fácil manuseio nas fábricas de ração. O naturais ou sintéticas, nas dietas para os organismos
óleo de soja é rico no ácido linoleico (51,0% do total de aquáticos. Para ambos os micronutrientes, o formu-
ácidos graxos presentes) (NRC, 1993, 2011) e é também lador deve considerar somente a contribuição prove-
utilizado como fonte de energia nas dietas. Em unida- niente de um premix vitamínico e mineral acrescentado
des fabris de ração de peixes, é muito comum utilizar o aos macroingredientes durante o processo de fabrica-
óleo de soja para facilitar a fluidez na linha de produção, ção do alimento. Uma série de vitaminas e minerais é
sendo para isto combinado a lecitina de soja e óleos de autorizada para uso em alimentação animal (Tabelas
origem animal. 3 e 4). Estes produtos são comercializados no merca-
do de forma individual (e.g. vitamina C) ou na forma
Óleo de Peixe de um premix vitamínico e/ou mineral, em níveis que
já atendem as exigências nutricionais da espécie confi-
O óleo de peixe é obtido durante a produção da nada. Por causa das possíveis perdas destes nutrientes
farinha de peixe. A sua composição varia muito de acor- durante o processamento da ração, na prática, os suple-
do com a espécie de peixe e o método de obtenção. mentos vitamínicos são adicionados às dietas em níveis
Este óleo é susceptível à oxidação, por isto deve obriga- entre 10 a 15% mais elevados que os valores esperados
toriamente ser adicionado de elementos antioxidantes no produto final.
que preservem suas características.
A principal característica do óleo de peixe deriva-
do de espécies marinhas é seu alto nível de LC-PUFA os
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 305

Tabela 3. Vitaminas autorizadas para uso na alimentação animal pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento [MAPA].

Vitaminas Forma Química de Apresentação

Vitamina A Retinol

Palmitato de retinol

Acetato de retinol

Vitamina B1 ou Tiamina Cloridrato de tiamina

Mononitrato de tiamina

Vitamina B2 ou Riboflavina Vitamina B2 ou riboflavina

Vitamina B3, Ácido Nicotínico ou Niacina Ácido Nicotínico, niacina

Nicotinamida, niacinamida

Vitamina B5 D-pantenol

DL-pantenol

D-pantotenato de cálcio

DL-pantotenato de cálcio

Vitamina B6 ou Piridoxina Cloridrato de piridoxina

Vitamina B12 ou Cianocobalamina Vitamina B12 ou cianocobalamina

Vitamina C ou Ácido Ascórbico L-ácido ascórbico

Palmitato de L-ascorbil

Monofosfato sódico de L-ascorbil

L-ascorbato de cálcio

L-ascorbato de sódio

Ácido Fólico Ácido fólico

Biotina D-biotina

Colina Cloreto de colina

Citrato de colina

Bitartrato de colina

Vitamina K Vitamina K3 (menadiona)

Bissulfito sódico de vitamina K3 (bissulfito sódico de menadiona)

Vitamina K1 (fitomenadiona)

Vitamina K2 (menaquinona)

Vitamina D Vitamina D2 (ergocalciferol)

Vitamina D3 (colecalciferol)

25-hidroxicolecalciferol (calcifediol ou calcidiol)

1-hidrocolecalciferol (alfacalcidol)

Vitamina E DL-alfatocoferol

D-alfatocoferol

Acetato de DL-alfatocoferol

Acetato de D-alfatocoferol
306 NUTRIAQUA

Tabela 4. Microminerais autorizados para uso na alimentação animal pelo Ministério da Agricultura, Pecuá-
ria e Abastecimento [MAPA].

Microminerais Forma Química de Apresentação

Carbonato cobaltoso básico monohidratado (carbonato de cobalto)


Cloreto cobaltoso, cloreto de cobalto II, dicloreto de cobalto (cloreto de cobalto)
Sulfato cobaltoso heptahidratado, sulfato de cobalto II heptahidratado, monosulfato
de cobalto Heptahidratado (sulfato de cobalto)
Cobalto
Sulfato cobaltoso monohidratado, sulfato de cobalto II monohidratado, monosulfato
de cobalto Monohidratado (sulfato de cobalto)
Óxido de cobalto II, óxido cobaltoso, monóxido de cobalto (óxido de cobalto)
Proteinato de cobalto
Carbonato cúprico básico monohidratado, Carbonato básico de cobre II monohidra-
tado (carbonato de cobre)
Cloreto cúprico dihidratado, cloreto de cobre II Dihidratado (cloreto de cobre)
Óxido cúprico, óxido de cobre II (óxido de cobre)
Cobre
Sulfato cúprico pentahidratado, sulfato de cobre II Pentahidratado (sulfato de cobre)
Complexo cobre aminoácido
Proteinato de cobre
Cobre-aminoácido quelato
Picolinato de cromo III, tripicolinato de cromo (picolinato de cromo)
Propionato de cromo III (propionato de cromo)
Cromo Levedura enriquecida com cromo
Cromo aminoácido quelato
Sulfato de cromo III
Ferro reduzido
Carbonato ferroso (carbonato de ferro)
Sulfato Férrico
Sulfato ferroso monohidratado, sulfato de ferro II Monohidratado (sulfato de ferro)
Ferro Sulfato Ferroso heptahidratado, sulfato de ferro II heptahidratado (sulfato de ferro)
Fumarato ferroso
Proteinato de ferro
Complexo ferro aminoácido
Ferro aminoácido quelato
Iodato de cálcio hexahidratado (iodato de cálcio)
Iodeto de potássio
Iodo Iodato de potássio
Iodeto de sódio
Iodato de sódio

Óxido manganoso, óxido de manganês II, monóxido de manganês (óxido de manganês)


Óxido mangânico, óxido de manganês III (óxido de manganês)
Cloreto manganoso tetrahidratado, cloreto de manganês II (cloreto de manganês)
Carbonato manganoso, carbonato de manganês II (carbonato de manganês)
Manganês
Sulfato manganoso tetrahidratado, sulfato de manganês II (sulfato de manganês)
Proteinato de manganês
Manganês aminoácido quelato
Complexo manganês aminoácido
Molibdênio Molibdato de sódio
Níquel Sulfato de níquel
(Continua)
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 307

(Conclusão)

Microminerais Forma Química de Apresentação

Selenato de sódio
Selenito de sódio
Selênio Complexo selênio aminoácido
Proteinato de selênio
Levedura enriquecida com selênio
Carbonato de zinco
Acetato de zinco dihidratato (acetato de zinco)
Óxido de zinco
Sulfato de zinco heptahidratado (sulfato de zinco)
Sulfato de zinco monohidratado (sulfato de zinco)
Propionato de zinco
Zinco
Metioninato de zinco
Dipicolinato de zinco (picolinato de zinco)
Complexo zinco aminoácido
Zinco-metionina hidroxianáloga quelato
Proteinato de zinco
Zinco aminoácido quelato

Aditivos para Promover a Atratividade e Palatabilidade prejudiciais à saúde e ao crescimento de peixes. Os in-
gredientes susceptíveis a sofrer danos de oxidação lipí-
Os atrativos e palatabilizantes são compostos
dica, também chamado de rancidez oxidativa, incluem:
que têm a capacidade de atrair o peixe a uma ração
o óleo e a farinha de peixe, o óleo de soja, o farelo de ar-
e estimular o consumo. A importância do uso destes
roz e grãos oleaginosos. Estas matérias-primas contêm
compostos é maior em peixes com hábitos carnívoros,
pouco ou nenhum agente antioxidante natural.
especialmente quando são utilizadas rações que apre-
Durante o processo de auto-oxidação lipídica são
sentam em sua composição altos teores de ingredien-
formados radicais livres, peróxidos, hidroxiperóxidos,
tes de origem vegetal. Nestas rações, de forma a atrair
aldeídos e cetonas (NRC, 1993, 2011). Estes compo-
rapidamente o animal para o alimento e assim evitar a
nentes reagem com outros ingredientes da dieta (vi-
lixiviação de nutrientes, são incorporados ingredientes
taminas, proteínas e outros lipídios) diminuindo seu
e/ou substâncias químicas em níveis de inclusão que
valor biológico e disponibilidade durante a digestão.
variam de 0,1 até 5,0%.
Atualmente a rancidez oxidativa é considerada uma
Os atrativos são categorizados como aqueles com-
das principais mudanças deteriorativas que sofrem
postos que conduzem às primeiras respostas de alimen-
as rações balanceadas para peixes. Quando peixes
tação dos peixes, que incluem a orientação, a detecção
são alimentados com rações contendo matéria-prima
e a natação em direção a fonte alimentar. Os compostos
oxidada, carentes da proteção de algum antioxidante,
que agem como palatabilizantes promovem a iniciação e
inúmeros sinais patológicos são evidentes (e.g. dege-
a continuação do consumo alimentar. A maioria dos atra-
neração do fígado, anemia).
tivos e palatabilizantes são encontradas em ingredientes
As condições que causam aumento na taxa de au-
ricos em proteínas solúveis de origem marinha, incluindo
to-oxidação lipídica em rações incluem: a presença de
farinhas, solúveis e hidrolisados de peixes, lula, camarão
agentes pró-oxidativos (mioglobina/hemoglobina)
e moluscos. Além destas matérias-primas, compostos
encontrados em farinhas de carne, sangue e pescado;
sintéticos feitos a partir de uma mistura de aminoácidos,
a presença de peróxidos (produto da auto-oxidação
como o glutamato, a glicina e a betaína, além de fosfolipí-
lipídica); exposição à luz que forma a reação entre
dios e nucleotídeos, têm também a capacidade de atrair
o oxigênio e radicais livres; o aumento da tempera-
e promover o consumo alimentar de peixes.
tura de armazenagem do ingrediente ou ração; e, a
presença de elementos traço (Fe, Cu, Zn). Os efeitos
Preservantes e Conservantes
patológicos de lipídios oxidados em rações de peixes
Na ausência de uma proteção adequada por al- podem ser prevenidos pela suplementação de antio-
gum agente antioxidante, os lipídios ricos em PUFA são xidantes sintéticos na dieta, como o etoxiquin, BHT
muito propensos a auto-oxidação quando expostos ao [3-5-di-terc-butil-4-hidroxitolueno], BHA [2(3)-terc-
oxigênio atmosférico. Ao se oxidarem, os PUFA tornam-se -butil-4-hidroxianisol] e propil galato (NRC, 1993, 2011).
308 NUTRIAQUA

Existe também a possibilidade de desenvolvimento processo de peletização, onde a gelatinização não é tão
de fungos e leveduras na ração durante armazenamen- eficaz, há necessidade da adição de ingredientes que
to em períodos em que a umidade do ar é elevada, ou promovam a estabilidade, os chamados aglutinantes
seja, em especial durante a estação chuvosa, ou quan- ou ‘binders’, que podem ser sintéticos, como a polime-
do a umidade da ração é superior a 12%. Atualmente as tilcarbamina ou a ureia formaldeído, ou natural como o
rações comerciais contêm diversas matérias-primas de amido e seus subprodutos, incluindo a dextrina, os algi-
origem vegetal, incluindo o farelo de trigo, que natural- natos obtidos de macroalgas e derivados da celulose e
mente favorecem o crescimento destes micro-organismos. a carboximetilcelulose.
Portanto, a adição de antifúngicos a ração, como ácido O ingrediente a ser utilizado vai depender da espé-
propiônico, ácido benzoico, ácido sórbico e os sais de cie alvo, hábito alimentar e método de processamento
cálcio, potássio e sódio destes ácidos, permite prevenir da ração. Os aglutinantes são mais frequentemente
a proliferação de micro-organismos (Hardy e Barrows, empregados em rações para camarões que necessitam
2000). de um maior período de estabilidade do alimento em
água. As rações extrudadas, em função da melhor ge-
Hidroestabilizantes latinização do amido, tendem a utilizar fontes naturais
como a farinha de trigo (rica em amido) e o amido de
A hidroestabilidade física dos péletes é um pon-
milho como aglutinantes.
to importante na alimentação de peixes, devendo o
formulador considerar o hábito alimentar do animal.
Quanto mais lento for o processo de ingestão alimentar
Aminoácidos Sintéticos
da espécie, mais resistente à água deve ser o alimento. Muitos ingredientes apresentam deficiências em
Os hidroestabilizantes também aumentam a firmeza aminoácidos essenciais exigidos pela espécies para
dos péletes diminuindo a quantidade de finos produzi- as quais as dietas são formuladas. Nestes casos, onde
dos durante o armazenamento e manuseio do produto não é possível atingir o nível mínimo de aminoácidos
final (NRC, 2011). No entanto, é importante ressaltar que essenciais exigidos pela espécie ou desejável na fórmu-
alimentos excessivamente duros dificultam a ingestão la, pode-se buscar como alternativa fontes sintéticas
e digestão. de aminoácidos. Os aminoácidos sintéticos comumen-
Há métodos e/ou substâncias que promovem a te utilizados em rações para peixes incluem metionina
estabilidade física dos péletes. A extrusão promove a (DL-metionina, sal de cálcio da metionina hidróxi-aná-
gelatinização do amido, que por sua vez tem um im- loga), L-lisina, L-treonina e betaína, esta como precursor
pacto direto na estabilidade do alimento em água. No de metionina (Tabela 5).

Tabela 5. Aminoácidos sintéticos autorizados para uso na alimentação animal


pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento [MAPA].

Aminoácido Forma Química de Apresentação

Ácido Aspártico DL-Ácido Aspártico


L-Ácido Aspártico
Ácido Glutâmico L-Ácido Glutâmico
Ácido Guanidínicoacético Ácido Guanidínicoacético
Alanina L-Alanina
DL-Alanina
Arginina L-Arginina
Cloridrato de L-Arginina
Betaína Cloridrato de L-Arginina
Betaína (Trimetilglicina)
Cloridrato de Betaína (Cloridrato de Trimetilglicina)
Carnitina L-Carnitina
L-Cisteína
Cisteína ou L-Cisteína
Cloridrato de L-Cisteína
Cistina L-Cistina
DL-Fenilalanina
Fenilalanina
L-Fenilalanina
Glicina Glicina
(Continua)
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 309

(Conclusão)
Aminoácido Forma Química de Apresentação
Glutamina L-Glutamina
Hidroxiprolina L-Hidroxiprolina
L-Histidina
Histidina
Cloridrato de L-Histidina Monohidratado
DL-Isoleucina
Isoleucina
L-Isoleucina
Leucina L-Leucina
L-Lisina
Lisina Cloridrato de L-Lisina
Sulfato de L-Lisina
DL-Metionina
L-Metionina
Metionina
DL-Metionina Hidroxi Análoga
Sal Cálcico de DL-Metionina Hidroxi Análoga
Prolina L-Prolina
Treonina L-Treonina
L-Triptofano
Triptofano
DL-Triptofano
Valina L-Valina
Serina L-Serina
Tirosina L-Tirosina
Taurina Taurina
Creatina Creatina
Inositol Inositol
Dimetilglicina Dimetilglicinato de Sódio
Ácido Guanidinicoacético Ácido Guanidinicoacético

Imunoestimulantes as glucanas são as mais extensamente estudadas para


todas as espécies aquáticas. Estes componentes são
Os imunoestimulantes são substâncias que ele-
extraídos de leveduras, existindo duas estruturas mais
vam os mecanismos de defesa não específicos de um
comumente trabalhadas, o β-1,3 e β-1,6, as quais quan-
animal ou desencadeiam respostas imunológicas espe-
do ligados a receptores específicos, aceleram as defesas
cíficas (Anderson, 1992), mantendo-as em um estado
dos animais por ativação das células fagocíticas. Os ma-
de alerta. Estas respostas podem incluir: (1) o reconheci-
mento de patógenos invasores, através da identificação nanoligossacarídeos são também extraídos de levedu-
dos componentes de sua parede celular; (2) a ativação ras e são usados para impedir a colonização e a prolife-
de células do sistema sanguíneo; (3) o desencadeamen- ração de patógenos.
to de reações enzimáticas para evitar a perda de sangue Mais recentemente vêm sendo estudados os
através da cicatrização; (4) a encapsulação e a expulsão AMPs, naturalmente presentes em todas as espécies
de invasores (fagocitose); e, (5) a liberação de proteínas (Sarmasik, 2002). Os AMPs podem também ser forne-
antimicrobianas e outras moléculas para destruir inva- cidos via alimentação. Estes componentes apresen-
sores (Sakai, 1999). tam atividade rápida contra uma ampla variedade de
Os imunoestimulantes são geralmente emprega- micro-organismos, entre eles bactérias (principalmente
dos em rações para peixes como alternativa a vacinas gram positivas), fungos, leveduras, alguns vírus e proto-
ou a métodos quimioterapêuticos de combate às doen- zoários. Essas proteínas podem ser obtidas através do
ças, embora muitas dúvidas ainda existam quanto a sua processamento de matérias-primas de origem animal.
eficácia. Os compostos utilizados como imunoestimu- Quanto mais refinado for o processo utilizado, maior a
lantes em rações de peixes incluem leveduras, nucleo- concentração destas proteínas. Como resultado, uma
tídeos, mananoligossacarídeos, glucanas, nucleotídeos, farinha de origem animal processada utilizando-se ca-
astaxantina (composto sintético) e peptídeos provindos lor terá consequentemente uma concentração de AMP
da hidrólise ou processamento térmico de proteína extremamente baixa quando comparado a uma fonte
animal [AMP] (peptídeo antimicrobiano). Dentre eles, hidrolisada de proteína.
310 NUTRIAQUA

dos custos de produção e transporte e as mudanças no


A ESCOLHA DE INGREDIENTES PARA A FORMULAÇÃO E
comércio mundial devido à demanda de alimentos
PROCESSAMENTO DE RAÇÕES e matérias-primas da China e outras economias emer-
gentes (Tacon et al., 2011). Manipulações especulatórias
Questões de Natureza Física e Nutricional e distorções de preço no mercado futuro de ‘commodi-
ties’ frequentemente também causam aumento do preço
A escolha dos ingredientes que irão participar de de matérias-primas (FAO, 2010). Na aquicultura, alguns
uma fórmula é determinada por fatores relacionados à ingredientes, como a farinha e o óleo de peixe, estão se
espécie (exigência nutricional, fase de desenvolvimen- tornando cada vez mais escassos. Isto se deve ao crescen-
to), ao sistema de produção e nível de intensificação e te aumento da produção aquícola mundial combinado
a fatores intrínsecos ao próprio ingrediente (composi- com a estabilidade na captura de peixes pelágicos em-
ção nutricional, palatabilidade, variabilidade de resul- pregados para fabricação destas matérias-primas.
tados analíticos, aparência física, presença de fatores Portanto, ao se considerar o uso de um ingre-
antinutricionais, digestibilidade, ocorrência de proble- diente para uso em rações destinados a alimentação
mas de qualidade). Também deve ser levada em conta de peixes deve-se considerar, além do preço, questões
a influência do ingrediente no processo de fabricação como a sazonalidade, volume disponível, logística de
da ração. Isto pode envolver questões relacionadas ao entrega, além do valor da espécie a qual se deseja ali-
processo de moagem, expansão do produto (no caso mentar. Tacon (1989) ressalta que o valor de mercado
de rações extrudadas), hidroestabilidade (no caso de da espécie a ser criada deve ser utilizado como regra
rações peletizadas) e a aparência física do produto final. prática ao se estabelecer o preço final da ração. Segun-
A experiência do formulador é fundamental na do o autor, o preço da ração não deve exceder 25% do
ponderação de todas estas limitações. O uso de pro- valor de mercado da espécie escolhida para criação.
gramas de formulação auxilia na combinação dos in- Este valor pode também servir de referência para es-
gredientes visando atender as exigências nutricionais colha da matéria-prima, pois quando a espécie alcança
estabelecidas na fórmula. O formulador, ao ajustar a in- um alto valor de mercado, o uso de ingredientes mais
clusão de cada ingrediente, deve buscar reduzir o risco caros, porém de melhor qualidade nutricional, são
com problemas de qualidade no produto final, seja de- mais facilmente justificados.
vido ao desbalanceamento nutricional ocasional ou pela
presença de fatores antinutricionais e/ou de contami-
nantes. Neste aspecto, os ingredientes que apresentam Questões de Ordem Legal e Sanitária
grande variabilidade analítica, devido a variações no pro-
cesso de obtenção, devem ser utilizados na fórmula em A fabricação de qualquer ração destinada à ali-
baixo percentual. O mesmo vale para ingredientes que mentação animal deve seguir as normas estabelecidas
apresentam maior risco de ocorrência de problemas de pelo MAPA (vide capítulo 17). Embora as rações não ne-
qualidade, tais como presença de contaminantes ou com cessitem ser registradas (Brasil, 2010) é necessário que
alto risco de degradação. Além disso, o formulador deve o fabricante mantenha em seus arquivos o relatório
cuidar para que o processo produtivo seja otimizado e técnico de produto isento de registro [RTPI], bem como
não haja comprometimento da produtividade da fábrica certificados de análises, fórmulas, informações para ras-
devido ao uso inadequado de ingredientes. Portanto, é treabilidade e cópia do rótulo de cada produto.
de fundamental importância que o formulador entenda As informações a serem impressas no rótulo de-
as limitações do processo produtivo. vem atender as exigências pelo MAPA (Brasil, 2007a,
2009a,b). A fabricação de rações para peixes com uso de
medicamento poderá ser realizada mediante apresen-
Questões de Ordem Econômica e de Disponibilidade tação de uma receita prescrita por um médico veteriná-
rio. A planta fabricante deverá também ter autorização
Estas questões são inerentes às relações na ofer- do MAPA para fabricação de rações medicadas e seguir
ta e demanda de matéria-prima que podem ocorrer de procedimentos de fabricação e rotulagem específicos
forma sazonal, a nível regional ou global. O preço de (Brasil, 2006).
‘commodities’ agrícolas, como soja, milho, trigo, farinha Não há restrições de uso de qualquer tipo de in-
de peixe, utilizados na elaboração de rações de peixes, grediente como fonte nutricional para peixes. Porém
pode sofrer aumentos pontuais quando ocorrem que- quando forem utilizados ingredientes de origem trans-
das nas safras devido a secas, enchentes e terremotos. gênica, é necessário identificar na embalagem ou rótulo
Atualmente, o aumento dos preços de matérias- quais são os ingredientes transgênicos que compõem a
-primas esta também associada a questões globais, como a ração e quais os organismos doadores de genes (Brasil,
contínua demanda de uma população crescente, o uso de 2003a). O símbolo transgênico deve constar na frente
alguns grãos na produção de biocombustíveis, o aumento da embalagem do produto (Brasil, 2003b).
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 311

melhor qualidade biológica, com um perfil nutricional


FATORES IMPORTANTES NA DETERMINAÇÃO DOS NÍVEIS
mais elevado. Da mesma forma, em animais com hábito
DE INCLUSÃO DE INGREDIENTES E PERFIL NUTRICIONAL alimentar predominantemente carnívoro, que não dis-
DA FÓRMULA põem de enzimas para hidrólise de carboidratos com-
plexos, faz-se a opção por inclusões mais baixas de ingre-
dientes vegetais, priorizando àqueles de origem animal.
Os sistemas de formulação precisam ser alimenta-
Ingredientes de origem vegetal podem ser utili-
dos com níveis mínimos e máximos de cada ingrediente
zados em quantidades mais elevadas para peixes her-
que irá compor a fórmula. Estes valores devem ser de-
bívoros ou onívoros, desde que já estejam em fase de
terminados com base no hábito alimentar predominan-
desenvolvimento adequada para digerir ingredientes
te da espécie de peixe (onívoro versus carnívoro), suas
dessa natureza. Portanto, os níveis mínimos e máximos
exigências nutricionais e a etapa de desenvolvimento
de inclusão de cada ingrediente em uma fórmula po-
que se encontra o animal. O formulador deve também
dem variar, principalmente, em função da espécie e de
considerar os aspectos de natureza física e nutricional
sua etapa de desenvolvimento. Como não se conhece
do ingrediente a ser empregado e as metas produtivas
as exigências nutricionais de todas as espécies de pei-
desejadas.
xes produzidas em criações comerciais, opta-se por
No início do seu ciclo de vida, os peixes carecem de
adotar estes níveis como função do hábito alimentar
um aparato digestivo e enzimático completo. Portanto,
predominante de cada espécie em detrimento as suas
dietas elaboradas para as etapas iniciais de desenvol-
exigências específicas (Tabela 6).
vimento de peixes geralmente contêm proteínas de

Tabela 6. Variação nos níveis de inclusão (matéria natural) observados e recomendados (média e máximo) para ingredientes sele-
cionados em rações de peixes tropicais de água doce, onívoros e carnívoros. (*) para fases iniciais de desenvolvimento.

Peixes Onívoros Peixes Carnívoros


Ingrediente
Variação Média Máximo Variação Média Máximo
----------------------------------------------------------------% -------------------------------------------------------------
Farinha de sangue 0-5 2 8 0-8 4 10
Plasma sanguíneo 0-2 0 4 0-4 1 5
Farinha de penas hidrolisada 0-10 5 8 0-10 5 8
Farinha de vísceras de aves 0-20 5 20 2-25 10 25
Farinha de penas e vísceras de aves 0-15 6 10 2-12 7 10
Farinha de carne 3-10 5 12 3-12 5 15
Farinha de carne e ossos 2-8 3 8 2-10 3 8
Farinha de peixes, inteiro 0-20 0 25 5-30 3 50
Farinha de peixes, resíduos 0-20 3 20 3-25 8 35
Levedura 0-5 0 5 0-5 0 5
Farelo de soja 0-40 25 40 5-25 25 30
Concentrado proteico de soja 0-10 2 15 0-10 2 15
Óleo de peixe 0-5 1 5 1-8 2 8
Óleo de soja 0-5 1 5 1-8 2 8
Lecitina de soja (*) 0-2 1 3 0-2 1 3
Farelo de girassol 0-15 10 25 0-10 5 20
Farelo de algodão 0-15 10 25 0-10 5 20
Milho, fubá 0-20 20 25 0-15 10 20
Glúten de milho 60 0-10 0 15 0-10 0 15
Quirera de arroz 0-20 10 30 0-10 5 25
Farinha de trigo 0-10 5 20 0-10 5 15
Farelo de trigo 0-20 15 35 0-10 5 20
Remoído de trigo 0-20 15 35 0-10 5 20
Farelo de arroz 0-10 5 15 0-8 3 10
Gérmen de milho 0-10 5 15 0-8 3 10
Calcário 0-3 1 5 0-3 1 5
Fosfato bicálcico 0-3 0,5 2 0-3 0,5 2
312 NUTRIAQUA

Aspectos Alimentares e Digestivos da Espécie Embora a exigência quantitativa de nutrientes essenciais


para peixes em confinamento, quando disponíveis, são
Conhecimentos sobre os hábitos alimentares, ca- para uma idade ou fase específica de peso corporal (ge-
racterísticas digestivas e exigências nutricionais da es- ralmente etapas iniciais de desenvolvimento), mas em
pécie escolhida para criação são fundamentais para o condições práticas de formulação estes dados são extra-
desenvolvimento de rações. Estes aspectos têm efeito polados para etapas mais avançadas de crescimento.
direto sobre o desenho de uma dieta prática, influen-
ciando tanto aspectos de natureza física, nutricional
como também econômicos da ração formulada. Dietas Experimentais versus Dietas Práticas
Os peixes podem apresentar variações tanto no
seu hábito (e.g. carnívoro, onívoro, herbívoro, detrití- Em estudos sobre exigências nutricionais geral-
voro, frutífero, necrófago, filtrador), como modo ali- mente são utilizadas dietas formuladas com um núme-
mentar, (e.g. bentônico, planctônico, pelágico). Essas ro limitado de ingredientes de alto valor nutricional e
características são refletidas através de adaptações biológico e, portanto, de melhor digestibilidade. Por
morfológicas e fisiológicas, por meio de estruturas ali- outro lado, em condições práticas de formulação, uma
mentares e digestivas do peixe que ocorreram durante variedade maior de matérias-primas é empregada ob-
seu processo evolutivo (vide capítulo 2). Portanto, são jetivando alcançar fórmulas de custo mínimo. Com isto,
características que não podem ser alteradas e preci- frequentemente se desconhece o verdadeiro valor bio-
sam ser atendidas ao se formular uma dieta para os lógico das rações formuladas. Portanto, ao se desenhar
peixes confinados. rações práticas utilizando dados obtidos com dietas
O hábito alimentar da espécie confinada pode experimentais, o formulador deve acomodar estas dife-
indicar a presença ou não de estômago funcional, o renças aplicando uma margem de segurança nos níveis
comprimento do intestino, a ação de secreções ácidas nutricionais.
estomacais e a atividade e o perfil enzimático predomi- Os estudos sobre exigências nutricionais são rea-
nante durante a digestão do alimento. Estas alterações lizados sob condições ótimas de produção, ou seja, me-
podem ocorrer entre espécies ou dentro da mesma diante a seleção de peixes saudáveis, com pesos corpo-
espécie ao longo do seu ciclo de vida. No seu habitat rais homogêneos e mais resistentes. Busca-se também
natural, a dieta de peixes herbívoros e onívoros pode um ambiente favorável ao crescimento dos peixes por
ser composta por uma grande quantidade de mate- meio da desinfecção, filtragem e oxigenação contínua
rial indigestível, como fibras vegetais. Como resultado, da água, além da alimentação dos animais até a sacie-
as espécies herbívoras e onívoras desenvolveram uma dade aparente. Estas condições são dificilmente alcan-
maior habilidade de digerir e absorver certos tipos de çadas em situações comerciais.
carboidratos comparativamente às espécies carnívoras Os peixes confinados podem estar sujeitos a in-
(Goddard, 1996). tempéries ambientais e ao estresse. Nestas condições é
Na prática, estas informações são utilizadas para de- comum observar baixas concentrações de oxigênio dis-
finir características físicas e nutricionais do alimento. Estas solvido, alta densidade de estocagem de peixes, desafios
características ajudam a determinar de forma indireta a ca- sanitários e manuseio dos animais durante procedimen-
pacidade digestiva do peixe e consequentemente sua to- tos de biometria, transferência e seleção. As diferenças
lerância quanto ao uso e níveis de inclusão de ingredientes entre as condições experimentais e comerciais de produ-
de origem vegetal e animal. O modo alimentar predomi- ção precisam também ser levadas em consideração ao se
nante (i.e. alimentação no fundo, meia água ou superfície), definir o perfil nutricional de rações para peixes.
o tempo gasto para detecção e ingestão do alimento e o
diâmetro de abertura da boca do peixe são importantes
para definir características físicas (e.g. diâmetro do grânu- Aspectos Relativos ao Sistema de Produção e
lo ou pélete, flutuabilidade, textura, estabilidade física em Nível de Intensificação
água) e de palatabilidade da ração.
Os peixes são criados em diferentes sistemas de
produção (e.g. viveiros, tanques-redes, tanques de alto
Fase de Desenvolvimento e Exigências Nutricionais fluxo ou ‘raceways’) e níveis de intensificação (extensi-
vo, semi-intensivo, intensivo). A criação de peixes em
Os peixes alteram suas exigências nutricionais ao viveiros alcança menor produção por unidade de área
longo do seu ciclo de vida e desenvolvimento. A ca- (< 2,0 kg m-2) frente a sistemas mais intensivos, como o
pacidade de síntese proteica nos peixes, por exemplo, praticado em tanques-redes e de alto fluxo (> 70 kg m-3).
decresce na medida em que pesos corporais mais ele- No entanto, nos viveiros, predominam os sistemas ex-
vados são alcançados. Isto deve ser compensado com tensivos e semi-intensivos de produção em que a pro-
rações que contenham menor densidade nutricional. dutividade primária de fitoplâncton é o fator ecológico
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 313

dominante. Estas algas microscópicas compõem a base itens alimentares no ambiente de criação, como presas,
da cadeia alimentar aquática em viveiros de peixes, outros vegetais e detrito microbiano, de alto valor nutri-
contribuindo para a abundância de uma diversidade de cional (Tabela 7).

Tabela 7. Valor nutricional de organismos que atuam com alimento natural de peixes de água doce em viveiros (Fonte: Hepher, 1988).

Composição
Organismo Peso Seco Energia
Proteína Carboidrato Lipídios Cinzas
% -------------------------------- % do peso seco --------------------------- kcal kg-1
Bactérias --- --- --- --- 5,4 4.710
Algas --- --- --- --- --- ---
Cyanophyta (algas azuis) --- 31,3 --- --- 46,7 2.213
Chlorophyta (algas verdes) 16,8 17,6 --- 3,7 26,9 3.773
Phaenophyta (algas pardas) 14,1 --- --- --- 32,3 3.056
Bacillariacaea (diatomáceas) --- 30,7 --- 9,9 38,3 3.654
Rhodophyta (algas vermelhas) 21,7   --- --- 32,1 3.170
Macro vegetação aquática 15,8 14,6 --- 4,5 13,9 3.906
Protozoários --- --- --- --- --- 5.938
Rotíferos 11,2 64,3 --- 20,3 6,2 4.866
Oligoquetas 7,3 49,3 --- 19,0 5,8 5.569
Sanguessugas 24,0 61,0 --- 5,1 5.432,0 ---
Crustaceos --- --- --- --- --- ---
Anostraca 11,0 61,6 --- 19,5 10,1 5.835
Cladocera 9,8 56,5 28,2 19,3 7,7 4.800
Copepoda 10,3 52,3 9,2 26,4 7,1 5.445
Ostracoda 35,0 41,5 --- --- --- 5.683
Malacostraca 24,6 49,9 18,4 20,3 19,6 5.537
Insetos 23,2 55,9 20,1 18,6 4,9 5.075
Plecoptera --- --- --- --- --- 4.900
Ephemeridae 17,6 50,2 --- --- 3,7 5.646
Odonata 21,1 51,9 --- --- 5,8 4.985
Hemiptera 26,0 68,8 --- ---   5.150
Trichoptera 14,8 34,7 --- --- 11,8 5.019
Diptera 16,0 55,3 --- --- 6,9 5.177
Chironomideos 19,1 59,0 22,5 4,9 5,8 5.034
Moluscos 32,2 39,5 7,5 7,8 32,9 3.889
Detrito aquático 91,5 --- --- --- 12,4 4.701

Este alimento natural pode conter entre 50 e 60% No entanto, sabe-se que em sistemas intensivos
de proteína bruta (peso seco) e valor energético entre 1,6 de produção de peixes em tanques-redes e tanques de
e 5,7 kcal g-1 (média de 3,9 kcal g-1). Por esta razão, a con- alto fluxo, a contribuição do alimento natural é mínima
tribuição deste alimento na nutrição dos peixes não pode ou inexistente e o grau de estresse durante o ciclo de
ser ignorada ao se formular rações voltadas para criação produção é geralmente elevado. Neste caso, deve-se
de peixes em viveiros. Embora a necessidade de adequa- utilizar dietas completas com um perfil nutricional que
ção de rações para sistemas extensivos e semi-intensivos atenda todas as exigências nutricionais estabelecidas
de produção seja amplamente reconhecido, do ponto de para espécie em questão, de preferência fortificando a
vista quantitativo, devido a dinâmica ecológica destes sis- dieta com nutrientes necessários para eventuais desa-
temas, não é possível atribuir de forma acurada a contri- fios ambientais e sanitários.
buição do alimento natural sobre a nutrição de peixes.
314 NUTRIAQUA

matemáticas. Métodos matemáticos simples foram, por


MÉTODOS DE FORMULAÇÃO
muito tempo, usados na formulação de dietas animais.
A fórmula ou composição de uma dieta se refe- Os mais conhecidos são o Quadrado de Pearson e o
re aos componentes ou ingredientes a serem usados método das Equações Lineares. Ambos os métodos po-
na alimentação de uma determinada espécie animal. dem ser empregados para formular dietas com a ajuda
Assim como para seres humanos, a dieta animal deve de apenas uma calculadora. Porém, estes métodos são
ser composta por mais de um alimento, para que suas considerados bastante limitados quanto ao número de
necessidades nutricionais sejam plenamente atendidas ingredientes que podem ser incorporados à fórmula e
dentro de uma meta produtiva. Entretanto, ao contrário ao número de nutrientes que se deseja atender. Além
de seres humanos, a dieta animal, especificamente no disso, a formulação é realizada considerando o nível
caso de organismos aquáticos, é produzida e fornecida exato dos nutrientes e não os níveis mínimos, máximos
na forma de uma massa homogênea e processada (ra- ou intervalos, como se adota atualmente em métodos
ção) por questões práticas e econômicas. A produção de computacionais.
um produto homogêneo permite que a dieta contenha O método do Quadrado de Pearson foi original-
exatamente as quantidades ideais de cada nutriente, e mente desenvolvido para combinar produtos leiteiros a
que ingredientes que normalmente não seriam aceitos fim de produzir um determinado percentual de gordura
pelo animal sejam incorporados à dieta evitando assim, (Hourser e Akiyama, 1997). Posteriormente, passou a ser
a alimentação seletiva. empregado como uma ferramenta de formulação até o
Segundo Tacon (1989), o propósito básico da for- advento recente da computação. Este método permite
mulação é misturar ingredientes de diferentes quali- realizar cálculos envolvendo a mistura de dois ingre-
dades nutricionais de tal forma que se obtenha dietas dientes a fim de produzir uma ração com uma concen-
balanceadas, cujos perfis de nutrientes biologicamente tração específica de nutrientes (Figura 1).
disponíveis se aproxime das exigências dietéticas do Uma das desvantagens deste método está na
animal. Embora se busque sempre atender ou se apro- restrição do uso de apenas dois ingredientes em cada
ximar das exigências nutricionais do animal, as rações etapa do processo de formulação. Caso mais ingre-
comerciais buscam um equilíbrio entre as necessidades dientes precisem ser incluídos na fórmula, o resultado
nutricionais e aspectos econômicos e práticos. Por exem- da primeira mistura de ingredientes deve ser utilizado
plo, atualmente não é economicamente viável atender como o terceiro ingrediente a ser adicionado em um
integralmente as exigências proteicas e aminoacídicas novo Quadrado de Pearson (Tabelas 8). Outras técni-
de uma determinada espécie de peixe na sua fase de cas de formulação, tais como o de Equações Lineares,
terminação apenas com o uso de farinha de peixe, em- também permitem formular com mais de dois ingre-
bora do ponto de vista nutricional, esta seria a situação dientes (Figura 2).
mais favorável. Portanto, em termos práticos, o objetivo Embora os métodos acima possam ser emprega-
principal da formulação de rações comerciais para peixes dos na formulação de dietas para peixes, na formulação
é gerar uma fórmula que atenda níveis nutricionais de rações a nível comercial se busca ampliar a combi-
pré-definidos com o menor custo monetário possível. nação de ingredientes disponíveis e o número de nu-
trientes os quais já se tem determinado as exigências
do animal cultivado. Somente desta forma é possível se
Métodos Simples de Formulação alcançar uma dieta de custo mínimo. Isto somente pode
ser realizado através de um grande número de cálculos
A quantidade ou proporção de cada ingrediente aritméticos, que do ponto de vista prático, torna os mé-
dentro de uma dieta deve ser estabelecida por técnicas todos descritos acima pouco aplicáveis.
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 315

Quantidade
1. Posicionar o % de PB da soja no lado necessária
superior esquerdo na fórmula

48,0% = PB na soja 11,5 = partes de soja

4. Subtrair o menor 3. Posicionar o


número do 20,0% % desejável
maior de PB no
diagonalmente
PB desejável centro
(48 ʹ 20 e 20 ʹ
8,5)
Quantidade
necessária
na fórmula

8,5% = PB no milho 28,0 = partes de milho

2. Posicionar o % de PB 5. Anotar os resultados no


do milho no lado lado direito
inferior direito



6. Dividir a parte de cada


ingrediente pelo total de
partes e multiplicar por
Partes de 100 para determinar o %
soja obtido de cada ingrediente na 7. Caso seja necessário a
fórmula inclusão de mais
ingredientes, o produto
11,5 obtido pode ser
= 29,1% de soja combinado em mais um
39,5 Quadrado de Pearson
Partes de milho para produzir uma
Ϯϴ͕Ϭнϭϭ͕ϱ obtido mistura de três
ingredientes

28,0
= 70,9% de milho
Prova:
39,5
29,1 x 0,48 = 14,0
= 20,0 Ϯϴ͕Ϭнϭϭ͕ϱ
70,9 x 0,085 = 6,0


Figura 1. Sequência de formulação através do método do Quadrado de Pearson utilizando dois ingredientes (farelo de soja
e milho) e um nutriente (proteína bruta [PB]), para determinar as quantidades necessárias de cada ingrediente para alcançar
uma mistura com 20,0% de PB.
316 NUTRIAQUA

YƵĂĚƌĂĚŽĚĞWĞĂƌƐŽŶ ƋƵĂĕƁĞƐ>ŝŶĞĂƌĞƐ
Mistura A: PB  ൅  ൅ ‫ ܯ‬ൌ ͳͲͲ
FS 45 20 54,1%
28 + + Ͷͷ  ൅ ͷͲ‫ ܲܨ‬൅ ͺ‫ܯ‬
ൌ ʹͺ
ͳͲͲ
M 8 17 45,9%
37 100%
ͷ  ൅ ͳͲ‫ ܲܨ‬൅ ͺ‫ܯ‬
Mistura A possui 6,4% EE ൌ͹
ͳͲͲ
Mistura B: PB
FP 50 20 47,6% ͳͲͲ ͳ ͳ
൥ ʹͺ ͲǡͷͲ ͲǡͲͺ൩
28 + + ͹ ͲǡͳͲ ͲǡͲͺ
‫ܯ‬ൌ ൌ ͶͳΨ
M 8 22 52,4% ͳ ͳ ͳ
൥ͲǡͶͷ ͲǡͷͲ ͲǡͲͺ൩
42 100% ͲǡͲͷ ͲǡͳͲ ͲǡͲͺ
Mistura B possui 9,0% EE
ͳ ͳͲͲ ͳ
൥ͲǡͶͷ ʹͺ ͲǡͲͺ൩
A e B: EE ͲǡͲͷ ͹ ͲǡͲͺ
‫ ܲܨ‬ൌ ൌ ͳʹΨ
B 9 0,6 24,1% ͳ ͳ ͳ
൥ͲǡͶͷ ͲǡͷͲ ͲǡͲͺ൩
7 + + ͲǡͲͷ ͲǡͳͲ ͲǡͲͺ
A 6,4 2 75,9%
2,6 100% ͳ ͳ ͳͲͲ
൥ͲǡͶͷ ͲǡͷͲ ʹͺ ൩
Proporções ͲǡͲͷ ͲǡͳͲ ͹
‫ܯ‬ൌ ൌ ͶͺΨ
A B Total ͳ ͳ ͳ
൥ͲǡͶͷ ͲǡͷͲ ͲǡͲͺ൩
FS ͷͶǡͳ ൈ ͹ͷǡͻ ͲǡͲͷ ͲǡͳͲ ͲǡͲͺ
- 41%
ͳͲͲ
M Ͷͷǡͻ ൈ ͹ͷǡͻ ͷʹǡͶ ൈ ʹͶǡͳ
48%
ͳͲͲ ͳͲͲ
FP Ͷ͹ǡ͸ ൈ ʹͶǡͳ
- 12%
ͳͲͲ
Total 100%

Figura 2. Exemplo de formulação de dieta com as técnicas do Quadrado de Pearson e Equações Lineares usando mais de dois
ingredientes (farelo de soja [FS], farinha de peixe [FP] e milho [M]) e níveis nutricionais (proteína bruta [PB] e extrato etéreo
[EE] ). Dados de composição dos ingredientes descritos na Tabela 8.
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 317

Tabela 8. Exemplo de aplicação do método do Quadrado de Pearson com uso de três ingredientes e dois níveis nutricionais.

Composição (matéria natural)


Ingrediente
Proteína Bruta (PB) Extrato Etéreo (EE)
--------------------------------------------- % ------------------------------------
Farelo de soja [FS] 45 5
Farinha de peixe [FP] 50 10
Milho [M] 8 8
Níveis a serem atendidos na formula 28 7

Programação Linear do uso desse método para formulação de rações para


peixes são: 1) a possibilidade de formular usando valo-
A programação linear é uma técnica para resolu- res mínimos, máximos ou intervalos de nutrientes e/ou
ção de problemas dentro da área de pesquisa operacio- ingredientes (inequações); e, 2) encontrar uma solução
nal. Esta técnica foi desenvolvida na década de 40, por ótima dentre um conjunto de soluções possíveis con-
ocasião da 2ª Guerra Mundial. O princípio deste método siderando o custo mínimo possível. Portanto, algumas
é solucionar problemas que envolvam a utilização de re- informações são necessárias para executar a programa-
cursos limitados para um determinado objetivo, de ma- ção linear:
neira que uma variável possa ser otimizada. A progra- 1. um padrão detalhado das exigências nutricionais
mação linear exige mais cálculos em comparação aos que devem ser atendidas junto com a variação
métodos simples, por isso foi somente com o advento permitida para cada nutriente;
dos computadores que esta técnica se popularizou. 2. a composição nutricional detalhada de cada ingre-
Os fabricantes de ração têm adotado a técnica de diente disponível para formulação;
programação linear desde para formulação de rações 3. a quantidade máxima e mínima que cada ingre-
desde a década de 1950. A programação linear é es- diente pode representar na composição final da
sencialmente uma ferramenta matemática pela qual se ração e o custo por unidade de peso para cada
avalia ou seleciona os vários recursos disponíveis para ingrediente.
alcançar uma solução ótima ao problema. Na formula- Além das restrições para níveis máximos e
ção, o valor da programação linear está no número de mínimos de nutrientes, podem também ser fixados níveis
ingredientes e no número de nutrientes ou restrições mínimos e máximos para os ingredientes disponíveis. A
alimentares que podem ser alcançadas em um curto programação linear permite incluir quantas restrições de
espaço de tempo. ingredientes e nutrientes se fizerem necessárias a fim de
Através do método de programação linear é alcançar o mesmo objetivo. Mesmo considerando todas
possível formular a um custo mínimo. Na técnica de as restrições impostas (e.g. exigência de nutrientes, limi-
formulação de custo mínimo (‘Least Cost Formulation’), tes de inclusão de ingredientes etc.), um conjunto de N
o custo monetário da fórmula é otimizado mediante dietas pode atender às exigências de um animal. Entre-
uma combinação de ingredientes que atendam níveis tanto, somente uma delas apresenta o menor custo pos-
nutricionais e restrições pré-estabelecidas. Ao contrário sível e esta será obtida através do método simplex.
do que se pensa, as formulações de custo mínimo não Pelo fato de ser linear, a formulação de custo mí-
estão associadas a rações baratas ou de menor qualida- nimo sempre considera aditividade e desconsidera in-
de nutricional, apenas acrescentam outra variável a pro- terações nutricionais. Como consequência, esta técni-
gramação linear que é o preço dos ingredientes. ca deve ser usada por um formulador experiente com
A solução de problemas mediante a programa- capacidade para escolher entre as dietas formuladas, a
ção linear pode ser feita de duas maneiras: gráfica ou que melhor se ajuste, do ponto de vista econômico e
pelo método simplex. A solução gráfica é limitada a três nutricional, para a espécie de peixe em questão.
variáveis, o que é equivalente aos métodos simples de Na formulação de custo mínimo a variável a ser mi-
formulação, Quadrado de Pearson e Equações Lineares. nimizada é o custo total da dieta, que pode ser expresso
Portanto, a formulação de dietas por programação line- por (MIN)Z, também chamado de função objetivo.
ar usa o método simplex.
ሺ‫ܰܫܯ‬ሻܼ ൌ σ௡ଵሺ‫ܫ‬௡ ൈ ‫ܥ‬௡ ሻ 
Método Simplex
(Equação 1)
O método simplex, desenvolvido por George B. (MIN)Z = custo mínimo;
Dantzig em 1947, é um método interativo de solução al- I = ingrediente;
gébrica ótima para um problema. As grandes vantagens C = custo do ingrediente.
318 NUTRIAQUA

As exigências nutricionais ou os limites de inclu- Para se formular uma dieta adequada com o méto-
são dos ingredientes formam as inequações ou equa- do de custo mínimo necessita-se de uma lista dos possí-
ções que são chamadas de restrições do modelo. As res- veis ingredientes (suas composições nutricionais), a es-
trições podem ser expressas da seguinte maneira: pécie (fase de vida e ambiente de produção e valores de
exigência nutricional) e, finalmente, um aplicativo que

tenha um recurso de programação linear para constru-
෍ሺ‫ܫ‬௡ ൈ ܰ௡ ሻ ൒ ‫ ݑ݋‬൑ ‫ ݑ݋‬ൌ ‫݃݅ݔܧ‬ሺܰሻ ção e execução do modelo. Existem diversas opções de
ଵ aplicativos disponíveis para a finalidade de formulação
(Equação 2) de rações para fins experimentais ou comerciais:
1. Feedsoft“ (Feedsoft Corporation, Texas, EUA);
‫ܫ‬௡ ൒ ͳͲΨ 2. Brill“ Formulation (Feed Management Systems,
, ou seja, a quantidade do ingrediente N deve ser
igual ou maior que 10%; Inc., Minneapolis, EUA);
Exig (N): exigências nutricionais ou os limites de inclusão dos 3. Optimal Fórmula 2000 (Optimal Informática Ltda.,
ingredientes
Campinas, São Paulo, Brasil);
Os modelos de formulação de custo mínimo po- 4. Single-Mix“ (Format International Inc., Missouri, EUA).
dem conter inúmeras restrições de acordo com a quan- Entretanto, a aquisição de um aplicativo especí-
tidade de ingredientes a ser utilizado, nutrientes exigi- fico para formulação de dietas de custo mínimo não é
dos e limites de inclusão. Entretanto, quanto maior o necessária quando as formulações são feitas de forma
número de restrições do modelo, menor o conjunto de esporádica. Atualmente programas com planilhas ele-
soluções possíveis. A única restrição que deve estar pre- trônicas, tais como o Excel“ (Microsoft Brasil) e o Calc
sente em todos os modelos é a restrição de não negati- (BrOffice.org) oferecem ferramentas de programação
vidade, ou seja, o valor de nenhum ingrediente pode ser linear que permitem aos usuários desenvolver modelos
negativo ‫ܫ‬௡ ൒ Ͳ  de formulação de custo mínimo, conforme demonstra-
Atualmente, com os computadores é possível do a seguir.
executar modelos com centenas ou milhares de
variáveis. A definição de um bom modelo está ligada
à experiência de quem irá montá-lo para que ele real-
Construção de Planilha para Formulação de
mente reflita aspectos da realidade da produção. Por
exemplo, uma solução teórica poderia indicar uma die- Custo Mínimo
ta com 20% de óleo de soja, entretanto, esta dieta pode
Para o desenvolvimento de modelos de formula-
ter limitações do aspecto produtivo, tais como a impos-
ção é necessário ter domínio sobre as ferramentas de
sibilidade ser processada por extrusão. Outro aspecto a
programação linear disponíveis em planilhas eletrônicas
ser considerado é relacionado à palatabilidade da dieta.
do Excel“ e Calc. Neste exemplo, o software utilizado é o
Possivelmente uma dieta sem ingredientes de animais
Microsoft Excel“ (versão 14.2.1. para MacIntosh“, Apple
marinhos pode satisfazer as exigências em proteína e
Brasil) A maioria dos comandos e passos de execução
aminoácidos de uma espécie carnívora, mas se o devido
é semelhante a outras versões do Excel“ e ao BR Office
cuidado não for tomado a dieta será pouco palatável.
Calc, entretanto há comandos específicos que devem ser
Aspectos como este não podem ser previstos matema-
observados no momento da construção da planilha. Este
ticamente dentro do modelo, cabendo ao formulador
exemplo utiliza sete planilhas distintas (Figura 3).
ou à sua equipe considerá-los no momento de formular
e desenhar a dieta.

&ŽƌŵƵůĂĕĆŽĚĞ
ƵƐƚŽDşŶŝŵŽ

ƐƉĠĐŝĞ ƐĐŽůŚĂ >ŝŵŝƚĞƐ ^ŽůǀĞƌ ZĞƐƵůƚĂĚŽƐ

džŝŐġŶĐŝĂ /ŶŐƌĞĚŝĞŶƚĞƐ


Figura 3. Planilhas a serem criadas no ambiente do Microsoft Excel® para formulação linear de dietas de
custo mínimo.
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 319

As planilhas Exigência e Ingredientes contêm os va- estão dispostos de maneira que cada espécie ocupe duas
lores de exigências nutricionais das diversas espécies e linhas subsequentes, a superior com os valores mínimos
a composição nutricional dos possíveis ingredientes da e a inferior com valores máximos de exigência. Os nu-
dieta, respectivamente. Na planilha Exigência os valores trientes devem estar dispostos em colunas (Figura 4).

Figura 4. Planilha Exigência contendo os valores de exigências nutricionais (mínimos e máximos) de diferentes espécies (valores
apresentados não devem ser tomados como base para formulação).

Na planilha Ingredientes, os ingredientes são se- ao desenvolvimento de planilha eletrônica, especial-


parados em categorias e dispostos em linhas, e os nu- mente as que lidam com macros e ‘Visual Basic for Ap-
trientes nas colunas (Figura 5). É altamente recomen- plications’ [VBA].
dável que a sequência dos nutrientes seja a mesma em A planilha Escolha é construída de maneira seme-
ambas as planilhas. No exemplo, os nutrientes usados lhante à planilha Espécie, entretanto, como a dieta pos-
são proteína bruta ([PB], em %), energia bruta ([EB], em suirá vários ingredientes, são construídas diversas cai-
kcal kg-1), extrato etéreo ([EE], em %), fibra bruta ([FB], xas de combinação para seleção dos ingredientes que
em %), matéria mineral ([MM], em %), cálcio ([Ca], em poderão estar presentes na dieta dentro de cada cate-
%), fósforo total ([P], em %), metionina (em %), lisina goria (e.g. aditivo, concentrado energético, concentrado
(em %) e vitamina C ([Vit C], em mg kg-1). Todos são proteico, suplementos, volumosos). A quantidade de in-
apresentados em base natural. Além dos nutrientes, a gredientes que podem ser selecionados neste exemplo
planilha Ingredientes possui uma coluna para matéria são três por categoria (Figura 7), porém num processo
seca ([MS], em %) e custo (em R$ kg-1). de formulação comercial esta quantidade é variável e
A planilha Espécie tem o objetivo facilitar a sele- geralmente superior.
ção da espécie alvo da formulação dentro do conjun- Dentre as quatro planilhas citadas até o momen-
to das espécies disponíveis (Figura 6). Esta planilha é to, somente as planilhas Espécie e Escolha são alteradas
elaborada separadamente da lista das exigências para pelo usuário nesta sequência. A terceira planilha a ser
que o usuário não precise alterar valores de exigência. alterada é a chamada Limites. Nesta planilha é possível
A forma de escolha da espécie pode ser construída de incluir limites personalizados de inclusão de ingredien-
diversas maneiras. Neste exemplo, a forma usada é atra- tes ou valores nutricionais diferentes daqueles da exi-
vés de uma caixa de combinação e da função ‘PROCV’ gência da espécie selecionada. A planilha é elaborada
(‘VLOOKUP’, na versão em inglês). Os detalhes sobre a de tal forma que, caso o usuário não deseje incluir limi-
construção do processo de seleção aqui apresentado tes, podem ser mantidos campos em branco (Figura 8).
podem ser obtidos em publicações técnicas referentes
320 NUTRIAQUA


Figura 5. Planilha Ingredientes com valores de composição nutricional e custo dos ingredientes (valores apresentados não devem
ser tomados como base para formulação).


Figura 6. Planilha Espécie com a espécie alvo escolhida para a formulação.
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 321


Figura 7. Planilha Escolha com opção para escolher os ingredientes que poderão compor a formulação.


Figura 8. Planilha Limites contendo os limites mínimos e máximos permitidos e/ou desejados para cada ingrediente na fórmula.

A última planilha para edição pelo usuário é a Sol- ser muito bem construída para possibilitar o funcio-
ver. Esta planilha irá conter o modelo matemático que namento adequado do modelo. Nela são encontradas
será executado para obtenção da solução, ou seja, da for- todas as informações referentes às planilhas anteriores
mulação da dieta de custo mínimo. Esta planilha precisa (Figura 9).
322 NUTRIAQUA

Figura 9. Planilha Solver com o perfil nutricional de cada ingrediente, custo unitário e os limites mínimos e máximos de inclusão.

Os nomes dos ingredientes selecionados na pla- A linha imediatamente abaixo do último ingre-
nilha Escolha aparecem automaticamente na primeira diente contém a soma de todas as linhas acima. Confor-
coluna do modelo (Figura 9). A segunda coluna, cha- me o exemplo, D23 contém:
mada quantidade, deve ser mantida em branco para
que o suplemento Solver (Microsoft Excel®) (verificar na ൌ ܱܵ‫ܣܯ‬ሺ‫ܦ‬Ͷǣ ‫ͳܦ‬ͺሻ
guia Dados do programa) possa atribuir os valores refe-
(Equação 4)
rentes a possíveis quantidades de cada ingrediente. A
partir da coluna D (MS) até a coluna O (Custo) haverá
Na verdade, esta soma se refere ao conteúdo a es-
uma fórmula em cada célula referente a quantidade de
querda do sinal, na equação:
nutriente que cada ingrediente contribuirá para a dieta.

Por exemplo, a célula D4 contém:
෍ሺ‫ܫ‬௡ ൈ ܰ௡ ሻ ൒ ‫݃݅ݔܧ‬ሺܰሻ
̈́‫ܥ‬Ͷ ‫݄݈ܽ݋ܿݏܧ כ‬Ǩ ‫͵ܦ‬ ଵ
ൌ (Equação 5)
̈́‫ͳʹ̈́ܥ‬
(Equação 3) O conteúdo da direita desta equação, ou seja, a
exigência da espécie para cada nutriente, aparece em
duas linhas abaixo da somatória: uma para os valores
mínimos e outra para os valores máximos de exigência.
Dentro de cada célula há uma função ‘SE’ (‘IF’ em inglês)
para considerar valores diferentes da exigência original
atribuídos na planilha Limite:
Para a linha dos mínimos, a célula E25 contém:
ൌ ܵ‫ܧ‬ሺ‫ݏ݁ݐ݅݉݅ܮ‬Ǩ ‫ͳܩ‬͹ ൐ ͲǢ ‫ݏ݁ݐ݅݉݅ܮ‬Ǩ ‫ͳܩ‬͹Ǣ ܵ‫ܧ‬ሺ‫݁݅ܿ݁݌ݏܧ‬Ǩ ‫ܨ‬ͷ ൐ ͲǢ ‫݁݅ܿ݁݌ݏܧ‬Ǩ ‫ܨ‬ͷǢ ͳͲͲሻሻ
(Equação 6)

Para a linha dos máximos, a célula E26 contém:

ൌ ܵ‫ܧ‬ሺ‫ݏ݁ݐ݅݉݅ܮ‬Ǩ ‫ͳܩ‬͹ ൐ ͲǢ ‫ݏ݁ݐ݅݉݅ܮ‬Ǩ ‫ͳܩ‬͹Ǣ ܵ‫ܧ‬ሺ‫݁݅ܿ݁݌ݏܧ‬Ǩ ‫ܨ‬ͷ ൐ ͲǢ ‫݁݅ܿ݁݌ݏܧ‬Ǩ ‫ܨ‬ͷǢ ͳͲͲሻሻ


(Equação 7)
Os limites de inclusão de ingredientes podem es- aparecerá aqui, caso contrário a célula conterá o valor
tar dispostos em duas colunas após a coluna do custo, ‘0’. Caso o usuário tenha preenchido com algum valor
sendo a primeira para valores mínimos e a segunda para máximo, este valor também aparecerá aqui, caso con-
valores máximos. Novamente utiliza-se a função SE para trário a célula conterá o valor ‘100’. Ou seja, o mínimo
atribuir os valores a cada célula. Caso o usuário tenha e o máximo de cada ingrediente não estabelecido pelo
preenchido alguma célula com valor mínimo, o mesmo usuário deverá estar necessariamente entre 0 e 100.
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 323

Para a coluna dos mínimos, a célula Q4 contém: suplemento Solver (Figura 10). Dentro da janela do su-
plemento Solver é necessário o preenchimento:
ൌ ܵ‫ܧ‬ሺ‫ݏ݁ݐ݅݉݅ܮ‬Ǩ ‫ܥ‬Ͷ ൐ ͲǢ ‫ݏ݁ݐ݅݉݅ܮ‬Ǩ ‫ܥ‬ͶǢ Ͳሻ 1. da célula objetivo, ou seja, neste caso o valor a ser
minimizado, que é correspondente a célula que
(Equação 8)
contem a somatória dos custos (O19);
2. das células variáveis, ou seja, os valores que o Sol-
Para a coluna dos máximos, a célula R4 contém: ver ira modificar para obtenção do menor valor
ൌ ܵ‫ܧ‬ሺ‫ݏ݁ݐ݅݉݅ܮ‬Ǩ ‫ܦ‬Ͷ ൐ ͲǢ ‫ݏ݁ݐ݅݉݅ܮ‬Ǩ ‫ܦ‬ͶǢ ͳͲͲሻ para O19, neste caso as células C4:C18;
3. da opção presumir valores não negativos, ou seja,
(Equação 9) nenhuma célula variável pode ter valor negativo;
4. das restrições do modelo, ou seja, os valores de exi-
Somente após a correta construção da planilha gência (mínimos e máximos) e de limites de inclu-
com todas as fórmulas e funções é possível executar o são de ingredientes.

Figura 10. Janela do suplemento Solver (Microsoft Excel®). Obser-


ve detalhe dos campos Objetivo, Variáveis e Restrições preenchi-
dos, assim como as células Min, Presumir não-negativos e método
Simplex selecionadas.

As restrições são adicionadas uma a uma em uma


janela específica (Figura 11). Nesta janela é possível
atribuir um valor para a célula referência (somatória
de nutrientes ou quantidade de ingrediente) e a célula
que contém a restrição (exigência ou limite). Além disto,
pode ser escolhido entre os possíveis sinais para a res-
trição: ≥, = ou ≤.

Figura 11. Janela do Solver (Microsoft Excel®) para inserção


de restrições.
324 NUTRIAQUA

Após a inclusão de todas as restrições o modelo


pode ser executado pressionando o botão ‘Solver’. Caso
o Solver consiga atender a todas as restrições do mode-
lo, o Excel® fornece a seguinte mensagem: “Solver en-
controu uma solução. Todas as restrições e otimizações
foram atendidas” (Figura 12).
A partir deste momento a planilha Resultado está
pronta para formular a dieta. Independente disso, a
experiência do formulador vai levá-lo a realizar várias
simulações, alterando os ingredientes e modificando
limites nutricionais até alcançar uma formulação dese-
jável (Figura 13).
Figura 12. Janela do Solver (Microsoft Excel®) indicando que
as restrições foram atendidas e a solução ótima foi alcançada.

Figura 13. Planilha Resultado contendo a quantidade de cada ingrediente na dieta, seu perfil nutricional e o custo por kg.
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 325

de controle e determinação dos limites considerados


BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO críticos.

O conceito de Boas Práticas de Fabricação [BPF]


aplicado à fabricação de rações para peixes abrange
a adoção de procedimentos de forma a garantir que
PROCESSOS INDUSTRIAIS DE PRODUÇÃO DE RAÇÕES
a ração seja produzida dentro de condições sanitárias PARA PEIXES
adequadas e atenda às necessidades nutricionais dos
animais propiciando um bom desempenho zootécni- As rações para alimentação de peixes podem ser
co. Portanto, para obtenção de bons produtos, além produzidas através do processo de extrusão ou de pe-
de equipamentos adequados, a indústria deve ter bem letização. Ambos envolvem a mistura de ingredientes,
estabelecidas as configurações, os parâmetros e os pro- a moagem e a formatação das partículas de diferentes
cedimentos de produção e controle de qualidade nas tamanhos visando atender as necessidades dos peixes
diferentes etapas do processo produtivo. em suas diferentes fases de desenvolvimento.
Estas medidas são particulares de cada indústria de O processo de produção de rações para peixes
ração, porém, para garantir a qualidade higiênico-sanitária possui características muito particulares (Tabela 9). A
dos produtos, o MAPA estabeleceu regulamento técni- massa alimentar que compõe a ração é prensada ou
co com regras gerais a serem seguidas por todos os fa- expandida para formação de péletes (a ração finamen-
bricantes (Brasil, 2007b). Uma vez atendidos os quesitos te moídas para as fases iniciais do ciclo de vida são, em
deste regulamento, a indústria poderá obter o certifica- geral, obtidas da pulverização das rações processadas e
do de BPF através de empresas de certificações. Outras granuladas), devendo também apresentar estabilidade
técnicas de controle de qualidade podem ser adotadas, física em água, granulometria e densidade compatíveis
tais como Análise de Perigos e Pontos Críticos de Con- com a abertura da boca e hábito alimentar da espécie
trole [APPCC], que visa levantar perigos e riscos que (grânulos que flutuam, afundam rapidamente ou lenta-
afetam a segurança do alimento, estabelecendo formas mente na coluna d´água).

Tabela 9. Principais diferenças nos processos de produção de rações de peixes e seus benefícios.

Processos Benefícios

Redução no tamanho das partículas alimentares através da Homogeneização e melhoria da textura da matéria-prima
moagem

Aumento na temperatura de cozimento Gelatinização do amido e redução de fatores antinutricionais

Adição de vapor e pressão (extrusão) no processo de cozimento e Promoção da estabilidade física do pélete em água e controle na
compactação da massa alimentar sua densidade

Atualmente no Brasil, as rações extrudadas para também permite controlar a densidade (velocidade de
peixes predominam sobre as peletizadas. Isso se deve afundamento) dos péletes da ração em água. Para uma
principalmente às características físicas favoráveis dos grande parte dos peixes de água doce criados no Brasil,
alimentos extrudados. A extrusão permite submeter a flutuabilidade da ração é uma característica impor-
a mistura alimentar a um maior tempo de cozimento, tante que permite visualizar o consumo alimentar dos
incorporando uma maior quantidade de umidade sob peixes na superfície da água, servindo de indicativo do
pressão e temperaturas mais elevadas. Estes processos apetite. No entanto, independente do processo de fa-
dão ao formulador uma maior flexibilidade na escolha bricação utilizado, peletização ou extrusão, suas etapas
dos ingredientes que irão compor a ração. O processo seguem uma ordem similar (Figura 14).
340 NUTRIAQUA

quanto a externa da fábrica de ração deve ser mantida armazenados por longo período de tempo, devem ser
sempre limpa, sem poças d’água ou vegetação excessi- monitorados em relação à ocorrência de rancificação.
va que possa servir de refúgio para roedores, pássaros, Para reduzir o risco de deterioração é indicado o uso de
pragas ou animais domésticos. Um programa preventi- antioxidantes líquidos.
vo de desinsetização deve ser implementado para pre-
venção e controle de pragas. De uma a duas vezes por Premixes e Aditivos
mês uma rotina de limpeza deve ser adotada em todas
Por serem compostos críticos e sensíveis à tem-
as instalações do setor de recepção e armazenamento
peratura e umidade, é recomendável que sejam arma-
de matéria-prima.
zenados em local ventilado e fresco. Os medicamentos
Os silos para armazenamento de matérias-primas
devem ser estocados em uma área isolada, de prefe-
a granel devem ter controle de temperatura e um sis-
rência acondicionadas a uma temperatura uniforme de
tema de aeração ou transilagem. Se houver mudança
25°C, com acesso restrito de pessoas.
abrupta na temperatura do grão armazenado, o sistema
de aeração deve ser ligado para evitar prejuízos ao ma-
terial. Critérios diferenciados de controle de qualidade
Métodos para Avaliações Químicas do Ingrediente
devem ser adotados em função do tipo, forma de apre-
sentação ou de armazenamento da matéria-prima. Análises de umidade, proteína bruta, extrato etéreo,
fibra bruta, matéria mineral, cálcio e fósforo são necessárias
Grãos para determinar o valor nutricional da matéria-prima e
É indicado que os grãos sejam armazenados secos ajuste da formulação. A análise pode ser realizada por
e limpos, ou seja, livre de impurezas, de grãos quebrados meio de análises químicas ou espectrometria de infraver-
ou chochos. A umidade deve ser medida antes do rece- melho próximo [NIRS] (do inglês ‘Near Infrared System’).
bimento e estar dentro dos padrões aceitáveis. Uma umi- A análise química é a mais utilizada e normalmente é
dade acima de 14% exige que o grão seja seco, caso este realizada em laboratórios especializados. A principal van-
seja armazenado por longo período de tempo. Se houver tagem do uso de NIRS é a rapidez para obtenção de resul-
dificuldade na aquisição de grãos dentro dos padrões tados e a possibilidade de realização da análise na unida-
de umidade e contaminantes, é indicado que os carre- de de fabricação. O alto investimento inicial e o custo para
gamentos sejam peneirados e secos em uma estação de desenvolvimento e manutenção de curvas de calibração
recebimento de grãos. Os grãos em boas condições de são as principais desvantagens do NIRS. Os dois métodos
qualidade podem ser armazenados por vários meses. apresentam boa precisão desde que bem calibrados.
Mais importante que a própria análise é a sua uti-
Granel lização para ajuste de formulação. É comum observar
a falta de metodologia adequada para utilização dos
Quando a matéria-prima é apresentada a granel, a
resultados no ajuste de matrizes nutricionais dos ingre-
armazenagem é realizada em silos. Estes devem estar lim-
dientes. Isto leva a um desperdício de recursos financei-
pos e identificados. Antes de abastecer os silos deve-se
ros, já que há um subaproveitamento das informações
certificar que ele esteja vazio e limpo. Caso não esteja va-
geradas pelas análises bromatológicas.
zio, deve ser evitada a mistura com outras matérias-primas
No caso de análises químicas, o recebimento dos
para não ocorrer contaminação cruzada.
resultados após o lote ter sido consumido ocorre com
frequência. Neste caso, o ajuste das matrizes nutricio-
Ensacados
nais deve ser feito utilizando-se um histórico de resul-
As matérias-primas ensacadas devem ser armaze- tados por fornecedor. Para obtenção de boa precisão
nadas sobre estrados de madeira, distante de paredes, no ajuste de formulação devem ser escolhidos fornece-
com um espaçamento mínimo de 20 cm entre estrados. dores que apresentem padrão constante de qualidade.
No caso de subprodutos de origem animal, a tempera- Se o NIRS for utilizado, o ajuste de formulação poderá
tura deverá ser controlada diariamente. O aumento de ser feito em tempo real, desde que haja condições para
temperatura indica a ocorrência de reações exotérmicas segregação de lotes de matérias-primas com diferentes
provocadas pela ação de bactérias. Neste caso, o lote padrões nutricionais.
deve ser espalhado imediatamente para reduzir o risco
de autocombustão.

Líquidos
PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE DE PROCESSO DE
FABRICAÇÃO
Os tanques para armazenamento de matéria-pri-
ma líquida devem estar limpos, fechados, sem goteiras,
O levantamento dos Pontos Críticos de Controle
infiltrações ou vazamentos. Os óleos, quando
[PCC] é importante para uma boa operação da fábrica
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 341

de rações. Isto contribui para prevenção da ocorrência o envolvimento de todos aqueles que trabalham dire-
de problemas. Para se determinar se uma etapa do pro- tamente no processo produtivo. Inúmeros problemas
cesso é um ponto crítico é importante ter uma avaliação podem ser identificados com frequência em fábricas de
técnica sobre o grau de risco. Isto deverá ser feito com ração (Tabela 13).

Tabela 13. Principais problemas, causas e suas consequências no processo produtivo de rações para peixes.

Problema Causa Consequência

Amostragem das matérias-primas não Distorções na interpretação das avaliações de Comprometimento na qualidade do produto
representativa controle de qualidade acabado

Análises bromatológicas pouco empre- Fórmulas não refletem os valores nutricionais Desbalanceamento nutricional do produto
gadas no ajuste das matrizes nutricionais das matérias-primas utilizadas acabado
das matérias-primas

Avaliação criteriosa da presença de con- Risco de recebimento de matérias-primas Intoxicação dos peixes e desempenho zootéc-
taminantes nas matérias-primas não é adulteradas nico abaixo do esperado
realizada

Falta de clareza nos padrões de qualidade Uso de matéria-prima fora de padrões aceitá- Rações com pouca uniformidade nos padrões
das matérias-primas ou quando existen- veis de qualidade de qualidade
tes, não são obedecidos

Falta de cuidado na armazenagem de Perda de matéria-prima e/ou uso de ingre- Prejuízos econômicos e/ou comprometi-
matéria-prima dientes deteriorados mento nos padrões de qualidade do produto
acabado

Limpeza na unidade fabril não realizada Acúmulo excessivo de pó e sujeira Desenvolvimento de pragas e micro-organis-
de forma sistemática mos

Deficiência nos programas de manuten- Gera efeitos deletérios sobre todas as etapas Resulta em moagem inadequada de
ção preventiva dos equipamentos de de fabricação da ração matéria-prima ou em rações desbalanceadas
produção e calibração de balanças nutricionalmente havendo a necessidade de
reprocessamento

Inexistência de programas de controle de Misturas inadequadas podem ocorrer devido Desbalanceamento nutricional da ração e
homogeneização de mistura a problemas estruturais do misturador ou consequente perda de desempenho
a erros no estabelecimento do tempo de zootécnico dos peixes
mistura

Sistema de adição de líquidos não aferido Rações excessivamente secas ou muito gor- Conteúdo energético da ração fora do
com a frequência necessária durosas estabelecido na formula

Verificação da moagem antes da peleti- Problemas durante o processo de peletiza- Péletes ou grânulos mal formatados com con-
zação/extrusão não realizada de forma ção/extrusão sequente perda de produtividade na fábrica
periódica

Inexistência de imãs e/ou peneiras antes Provoca danos físicos na tela do moinho Compromete o processo de peletização/ex-
da entrada da matéria-prima no moinho trusão, levando paradas frequentes dos equi-
pamentos e a perda de produtividade

Ausência ou mau funcionamento dos Dificuldade no ajuste dos parâmetros de Resulta em problemas de formatação dos
medidores de pressão e temperatura nos produção péletes ou grânulos, comprometendo o cozi-
equipamentos mento e gerando perdas de produto

Medição dos parâmetros físicos dos grâ- Ajustes na extrusora não são realizados a Rações extrudadas com diâmetro, compri-
nulos na saída da extrusora não realizada tempo para correções de inconsistência nos mento e flutuabilidade muito variável e/ou
de forma satisfatória parâmetros físicos fora dos padrões de qualidade

Falta de controle da umidade e atividade Processo de secagem da ração feito de forma Aumenta consideravelmente os riscos com
de água na saída do produto acabado do desuniforme mofo no produto acabado
secador e resfriador

Temperatura no produto a ser ensacado Temperaturas altas no produto geram con- Promove o desenvolvimento de fungos e
não controlada densação de vapor mofo

Programas de treinamento de pessoal Dificuldade na implementação de melhorias Rações com qualidade física e nutricional
encarregado da produção e controle de no processo produtivo visando correções, muito variável e /ou duvidosa
qualidade insuficiente ou inexistente inovações, aumento de produtividade e
redução de custos
342 NUTRIAQUA

Além disso, deve-se garantir que o produto flutue,


CONTROLE DE QUALIDADE DE RAÇÕES
no caso de grânulos extrudados, ou que permaneça es-
A fábrica de rações para peixes deve adotar medi- tável na água no caso de péletes, facilitando o consumo
das simples para controlar continuamente a qualidade pelos peixes. Espera-se que, dentro de um intervalo de
dos alimentos fabricados, de forma a garantir que cada 30 minutos, a taxa de flutuabilidade de uma ração ex-
pélete ou grânulo esteja adequadamente balanceado, trudada para crescimento e engorda de peixes seja de
livre de contaminantes de qualquer origem e dentro no mínimo 95%, enquanto as rações iniciais (diâmetro
dos padrões físicos pré-estabelecidos. O sistema de inferior a 3 mm) mantenham uma flutuabilidade míni-
produção deve ser planejado de forma a garantir um ma de 90%. As rações peletizadas devem permanecer
padrão consistente do produto acabado. integras quando submersas em água por no mínimo
As pessoas envolvidas no processo devem estar 30 minutos. A quantidade de finos no produto acaba-
devidamente treinadas e comprometidas a garantir a do também deve ser controlada. O excesso de finos na
qualidade da ração, cuidando desde o recebimento de ração leva ao desperdício de alimento e o comprometi-
matéria-prima até a expedição do produto acabado. A mento dos parâmetros de qualidade da água.
qualidade da ração pode ser aferida pelo seu pelo ba-
lanceamento nutricional, forma física e grau de conta-
minantes. Contaminantes
Cuidados devem ser tomados para controlar a
presença de micotoxinas nas matérias-primas. Embora
Balanceamento Nutricional algumas micotoxinas sejam desativadas no processo de
Para obter um produto final bem balanceado vá- extrusão, o mesmo não ocorre na peletização, podendo
rias etapas deverão ser atendidas: trazer muitos problemas no desempenho zootécnico
1. conhecimento dos níveis nutricionais das maté- dos peixes. O controle de metais pesados também é um
rias-primas; tema de preocupação, embora a legislação brasileira
2. fórmula deve ser adequadamente balanceada ainda não tenha normas específicas para o segmento
para cada fase de desenvolvimento dos peixes. de alimentação animal. Outros contaminantes, como
Além de garantir níveis nutricionais que atendam insetos, também devem ser controlados durante o pro-
as exigências dos peixes, a fórmula deve ser cons- cesso de fabricação.
tituída de matérias-primas adequadas para cada Todo e qualquer material estranho, tais como bar-
fase, respeitando suas limitações de uso em rela- bantes, grumos de ração, peças de equipamentos de-
ção a aspectos relacionados a presença de fatores vem ser eliminados para não ocorrer contaminação no
antinutricionais, digestibilidade de nutrientes, produto acabado. Medicamentos utilizados em rações
atratividade e palatabilidade, entre outros. Para destinadas a outras ou para mesma espécie podem
isso, a composição nutricional das matérias-primas agir como contaminantes de produtos fabricados isen-
formuladas deve corresponder exatamente ao tos destes aditivos. A contaminação cruzada pode ser
lote de matéria-prima fisicamente presente no es- evitada usando-se um programa de limpeza de equi-
toque, sem permitir grandes desvios; pamentos eficiente, incluindo o uso de ‘flushing’ e na
3. para produção de uma determinada ração, as ma- adoção de um programa de sequência de mistura visan-
térias-primas devem ser pesadas e misturadas na do minimizar possíveis contaminações e intoxicações. A
proporção indicada na fórmula; contaminação microbiológica é controlada através de
4. a verificação dos níveis nutricionais da ração deve limpezas, uso de produtos bactericidas na linha de pro-
ser feita periodicamente. Para isso os resultados dução e aquisição de matérias-primas tratadas, livre de
de análises bromatológicas da ração fabricada e organismos patógenos.
os níveis nutricionais estabelecidos na fórmula A contaminação por fungos e deterioração do
devem ser comparados. produto acabado é evitada controlando-se o nível de
umidade, atividade de água e a temperatura da ração,
buscando atender as seguintes condições:
Características Físicas 1. umidade: no produto acabado não deve ultrapas-
sar 10%;
As características físicas da ração são importantes 2. atividade de água [Aa]: reflete a parte ativa da
para o bom aproveitamento do alimento pelos peixes. umidade, ou ainda a água livre utilizada pelos fun-
Os péletes ou grânulos extrudados devem apresentar gos e bactérias para o seu desenvolvimento. Este
tamanho adequado para cada fase de desenvolvimento parâmetro é medido como sendo relação entre a
da espécie, não podendo ultrapassar 50% da abertura pressão parcial do vapor na superfície do produto
máxima da boca do peixe. e a pressão de vapor da água pura. O nível seguro
FORMULAÇÃO DE RAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO 343

de Aa em rações extrudadas é de no máximo 0,65 a padronização, classificação e comercialização da soja.


podendo variar numericamente entre 0 e 1; Instrução Normativa Nº 262, 23 nov. 1983. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, 25 nov. 1983.
3. temperatura: deve ser medida no produto ensaca- Brasil. 1984. Ministério da Agricultura, Pecuária e
do e não deve superior a 10ºC em relação a tem- Abastecimento [MAPA]. Aprova as normas de identidade,
peratura ambiente. qualidade, apresentação e embalagem do sorgo. Portaria
O controle de qualidade da ração deve ser feito Nº 268, 22 ago. 1984. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil, Brasília, 23 ago. 1984.
durante todo período de armazenagem. Os sacos de-
Brasil. 1988. Ministério da Agricultura, Pecuária e
vem ser amostrados periodicamente e o aspecto físico Abastecimento [MAPA]. Baixa os padrões mínimos de
da ração deve ser examinado. A ração armazenada deve matéria-prima destinada à alimentação animal. Portarias
estar livre de mofo e sem cheiro de rancificação. O pro- No 7 e 9 nov. 1988. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil, Brasília, 14 nov. 1988.
duto deve apresentar cor e odor característicos e tem-
Brasil. 2003a. Ministério da Agricultura, Pecuária e
peratura próxima a do ambiente. Abastecimento [MAPA]. Regulamenta o direito à
informação quanto aos alimentos e ingredientes
alimentares destinados ao consumo humano ou
Qualidade da Ração na Fazenda animal que contenham ou sejam produzidos a partir de
organismos geneticamente modificados. Decreto No
4.680, 24 abr. 2003. Diário Oficial da República Federativa
Alguns aspectos devem ser observados no recebi- do Brasil, Brasília, 28 abr. 2003.
mento da ração pelo produtor de peixes: Brasil. 2003b. Ministério da Justiça [MJ]. Define o símbolo de
1. informações do rótulo: devem ser claras, legíveis e que trata o art. 2º, § 1º, do Decreto 4.680, de 24 de abril
de 2003. Decreto No 2.658, 22 dez. 2003. Diário Oficial da
corresponder à ração inicialmente adquirida;
República Federativa do Brasil, Brasília, 26 dez. 2003.
2. condições da embalagem: os sacos devem estar Brasil. 2006. Ministério da Agricultura, Pecuária e
bem costurados, limpos, livre de insetos, umida- Abastecimento [MAPA]. Aprova o regulamento técnico
de ou manchas que podem indicar a migração de sobre os procedimentos para a fabricação e o emprego de
gordura; rações, suplementos, premixes, núcleos ou concentrados
com medicamentos para os animais de produção.
3. data de validade: produto deve estar dentro do Instrução Normativa No 65, 21 dez. 2006. Diário Oficial da
prazo de validade; República Federativa do Brasil, Brasília, 24 nov. 2006.
4. ração: deve apresentar cheiro e odor característi- Brasil. 2007a. Ministério da Agricultura, Pecuária e
cos; estar livre de mofo, insetos, grumos ou qual- Abastecimento [MAPA]. Estabelece as normas gerais sobre
inspeção e fiscalização da produção, do comércio e do uso
quer outro contaminante; apresentar temperatura de produtos destinados à alimentação animal. Decreto No
próxima a do ambiente; com flutuabilidade entre 6.296, 11 dez. 2007. Diário Oficial da República Federativa
90 e 95% para rações extrudadas; com estabilida- do Brasil, Brasília, 12 dez. 2007 e 18 dez. 2007.
de física em água de no mínimo 30 minutos. Brasil. 2007b. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento [MAPA]. Define os procedimentos básicos
de higiene e de boas práticas de fabricação para alimentos
fabricados e industrializados para o consumo dos animais.
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17

Legislação Técnica na Indústria de Alimentos


para Organismos Aquáticos

A RIOVALDO Z ANI
R ICARDO F RANKLIN DE M ELLO

A demanda da piscicultura em 2011 foi de 500 mil produtos destinados à alimentação animal e resultante
toneladas de rações, um crescimento notável de 43% em do controle e fiscalização do órgão regulador aliado ao
resposta à crescente produção continental. A produção cumprimento do conjunto de regras alinhado ao Codex
marinha, por sua vez, revelou-se bem menos produtiva Alimentarius pela indústria. A eficiência e eficácia dessas
por conta da carcinicultura, impactada negativamente ações estabelecidas entre as autoridades sanitárias e os
pelos desafios sanitários, embargos comerciais, redu- empreendedores têm levado o consumidor a reconhe-
ção global dos preços, burocracia do licenciamento cer cada vez mais os esforços do trabalho conjunto esta-
ambiental e a impossibilitada da indústria investir apro- belecido entre esse poder público e a iniciativa privada.
priadamente em tecnologia e sistemas de produção A indústria de alimentação animal Brasileira está
mais eficientes, produtivos e sustentáveis. Em resposta, inserida no contexto mundial e sintonizada nas atuais
o consumo de rações para camarões recuou quase 17% e avançadas diretrizes de qualidade, segurança, sani-
e encerrou 2011 com apenas 70 mil toneladas. A pers- dade, conformidade, gerenciamento e reconhece a
pectiva imediata da indústria de alimentação animal é necessidade da arbitragem por parte do Ministério da
um aumento de 12~15% na produção de rações para Agricultura, cuja atribuição é contribuir para defesa da
peixes e camarões. Estes dados marcam a inserção, o re- concorrência e bem estar do consumidor. Contudo, o
conhecimento da aquicultura como setor de expressão persistente e cosmopolita contingenciamento orça-
na cadeia da produção agropecuária e do agronegócio mentário que abate os órgãos de fiscalização pode ser
brasileiros. considerado um dos fatores contemporâneos que di-
A cadeia de produção agropecuária nacional, ficultam o cumprimento das regras e procedimentos.
representada pelos fornecedores de insumos e pro- As inspeções de rotina para conferência de registros
dutores de cereais, oleaginosas, carnes etc., tem dado de matérias-primas e outros insumos autorizados e as
atenção cada vez maior ao importante papel que o auditorias para verificação da implantação podem não
Brasil vem exercendo como um dos líderes globais. Os acompanhar a dinâmica propulsora da iniciativa priva-
modelos de produção bem sucedidos apresentados de- da mergulhada em ambiente extremamente competiti-
monstraram ser possível idealizar uma economia verde vo nacional e internacionalmente.
contextualizada ao desenvolvimento sustentável e à er- Hélio Beltrão uma vez exclamou: “O brasileiro é
radicação da pobreza. Afinal de contas, o crescimento simples e confiante. A administração pública é que her-
demográfico contínuo pode levar nosso planeta até a dou do passado e entronizou em seus regulamentos a
metade do século abrigar 9,5 bilhões de pessoas que centralização, a desconfiança e a complicação. A pre-
como nós, alimentar-se-ão de comida e não de con- sunção da desonestidade, além de absurda e injusta,
ceitos É flagrante o interesse da população contempo- atrasa e encarece a atividade privada e governamental”.
rânea por suprimento suficiente de alimento, livre de Os efeitos perniciosos da burocracia retro alimentam o
contaminantes indesejáveis, constituído de ingredien- ciclo vicioso e traduzem-se no comprometimento dos
tes aprovados para uso e utilizados nas dosagens auto- índices de sucesso para segurança dos alimentos diri-
rizadas. A palavra de ordem é ‘segurança’, reservada aos gidos ao consumo doméstico das famílias (mercado

347
348 NUTRIAQUA

interno) e a imagem dos produtos exportados ao con- insumos para produção animal, com objetivo de garan-
sumo internacional (mercado externo). Além disso, o tir a conformidade, qualidade e segurança alimentar, do
excesso de exigências é um dos principais entraves ao meio ambiente e do bem estar animal.
crescimento, na medida em que dificulta as operações,
reduz a competitividade das empresas e desvia recur- LEI Nº. 6.198, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1974
sos produtivos para áreas não-produtivas. Ademais, o Dispõe sobre a inspeção e a fiscalização obrigató-
risco de eventual empreendedor hipoteticamente des- rias dos produtos destinados à alimentação animal e dá
conhecer o infindável corolário legal é possível, além do outras providências.
que a identificação de infração, autuação e penalidade
limitam-se àqueles amostrados e inspecionados. A per- LEI No. 12.689, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2012
sistência desta lógica pode desequilibrar a competitivi- Estabelece o conceito de medicamento genérico
dade e nivelar empresas que investiram na qualificação de uso veterinário, além dos procedimentos para seu
e cumprimento da regulamentação com aquelas que registro, aquisição pelo poder público, prescrição, fabri-
ainda não tomaram qualquer iniciativa. cação, dentre outros.
Felizmente a correção deste cenário de incerte-
za e a arrancada rumo a um macro sistema passível de DECRETO Nº. 6.296, DE 11 DE DEZEMBRO DE 2007
controle com ênfase na fiscalização inteligente foi de- Aprova o Regulamento da Lei nº. 6.198, de 26 de
flagrado pelo Ministério da Agricultura que zela pela dezembro de 1974, que dispõe sobre a inspeção e a
segurança alimentar e dos alimentos. Esse órgão regu- fiscalização obrigatórias dos produtos destinados à ali-
lador tomou a iniciativa de promover contínua simpli- mentação animal, dá nova redação aos arts. 25 e 56 do
ficação de procedimentos para alívio das burocráticas Anexo ao Decreto nº. 5.053, de 22 de abril de 2004, e dá
exigências – dossiês em papel, declarações, assinaturas outras providências.
reconhecidas, licenças com anuência de outros órgãos
oficiais, vistos consulares etc. – e a consequência tem DECRETO No. 7.045, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2009
sido a atualização da legislação através de novos regu- Altera, acresce e revoga dispositivos do Decreto
lamentos que já vem contribuindo decisivamente no 6.296 de 11 de Dezembro de 2007.
aperfeiçoamento do trabalho dos Fiscais Federais Agro-
pecuários que tem exercitado sua nobre e indispensá- DECRETO Nº. 5.053, DE 22 DE ABRIL DE 2004
vel missão no resguardo da saúde pública. Exemplo dis- Aprova o Regulamento de Fiscalização de Produ-
so foi a publicação da Instrução Normativa no. 42/2010, tos de Uso Veterinário e dos Estabelecimentos que os
que isentou de registro várias categorias de alimentos Fabriquem ou Comerciem, e dá outras providências.
para animais, dentre eles as rações para peixes e cama-
rões e a Instrução Normativa no. 29/2010 que aboliu a DECRETO Nº. 4.680, DE 24 DE ABRIL DE 2003
anuência prévia para importação de produtos destina- Regulamenta a Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de
dos à alimentação animal e uso veterinário, dos quais 1990, quanto ao direito de informação sobre os alimen-
o Brasil é completamente dependente do suprimento tos e ingredientes alimentares destinados ao consumo
externo, vital à cadeia de produção animal. humano ou animal que contenham ou sejam produzi-
A iniciativa privada tem contribuído para a maturi- dos a partir de organismos geneticamente modificados.
dade dessa legislação aprimorada, construída primaria-
mente sobre procedimentos simplificados e na eficiência DECRETO Nº. 80.583, DE 20 DE OUTUBRO DE 1977
da fiscalização para que a sinergia aumente a competi- Estabelece padrões de identidade e qualidade para o
tividade internacional do Brasil e garanta agilidade nas sal destinado ao consumo animal e dá outras providências.
transações com as mercadorias necessárias ao suprimen-
to da indústria local produtora de alimentação animal. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 14, DE 17 DE MAIO DE 2012
Este capítulo inclui praticamente todo o conjunto Proíbe em todo o território nacional a importação,
legal vigente em Agosto/2012, incluída a Lei 6.198 de 26 fabricação e o uso das substâncias antimicrobianas espi-
de Dezembro de 1974 e os Decretos 6.296 de 11 de De- ramicina e eritromicina com finalidade de aditivo zootéc-
zembro de 2007 e 7.045 de 22 de Dezembro de 2009 que nico melhorador desempenho na alimentação animal.
regulamentam a inspeção e a fiscalização obrigatórias
dos produtos destinados à alimentação animal. Conta INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 07, DE 08 DE MAIO DE 2012
ainda com um apanhado geral das principais Instruções Institui o Programa Nacional de Controle Higiênico-Sa-
Normativas, Portarias, Ofícios Circulares e outros regula- nitário de Moluscos Bivalves - PNCMB, com a finalidade
mentos. Destaca também a tendência de ampliação do de estabelecer os requisitos mínimos necessários para a
alcance da legislação às normativas voltadas aos requi- garantia da inocuidade e qualidade dos moluscos bival-
sitos higiênico-sanitários de fabricação e manipulação ves destinados ao consumo humano, bem como moni-
de produtos destinados à alimentação animal e outros torar e fiscalizar o atendimento destes requisitos.
LEGISLAÇÃO TÉCNICA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS PARA ORGANISMOS AQUÁTICOS 349

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 7, DE 13 DE ABRIL DE 2012 ção  e licenciamento de pessoas físicas ou jurídicas no
Institui o Sistema de Informações Gerenciais do Registro Geral da Atividade Pesqueira - RGP, na catego-
Trânsito Internacional de Produtos e Insumos Agrope- ria de Aquicultor.
cuários - SIGVIG, no âmbito do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento- MAPA. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 04, DE 11 DE FEVEREIRO DE 2011
Altera o inciso I do subitem 3.1 do item 3, do Ane-
INSTRUÇÃO NORMATIVA SDA Nº. 45, DE 13 DE DEZEM- xo I da Instrução Normativa nº. 65.
BRO DE 2011
Aprova o Regulamento Técnico de Identidade e INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 42, DE 16 DE DEZEMBRO
Qualidade de Conservas de Peixes. DE 2010
Estabelece os critérios e os procedimentos para a
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 55, DE 11 DE DEZEMBRO
fabricação, fracionamento, importação e comercializa-
DE 2011
ção dos produtos isentos de registro.
Proíbe a importação, a produção, a comercializa-
ção e o uso de substâncias naturais ou artificiais, com
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 29, DE 14 DE SETEMBRO DE
atividade anabolizantes hormonais, para fins de cresci-
mento e ganho de peso em bovinos de abate. 2010
Estabelece, na forma desta Instrução Normativa,
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 41, DE 30 DE AGOSTO DE os procedimentos para a importação de produtos desti-
2011 nados à alimentação animal e a uso veterinário, visando
Altera os arts. 14 e 15 do Anexo I da Instrução garantir a segurança e a rastreabilidade na sua comer-
Normativa nº 26, de 09 de julho de 2009, que passam cialização no Brasil, bem como os modelos de formulá-
a vigorar com seguinte redação: Os estabelecimentos rios de requerimentos constantes dos Anexos I, II, III e IV.
detentores do registro de produtos antimicrobianos
de uso veterinário com indicação para animais destina- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 26, DE 20 DE AGOSTO DE 2010
dos à produção de alimentos, sem a especificação do Altera as seções II e X do capítulo II da Instrução
período de carência, bem como os que possuem, mas Normativa nº. 36, de 10 de novembro de 2006.
não apresentaram quando da concessão de registro,
dispõem de prazo até 31 de dezembro de 2012, para INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 21, DE 19 DE JULHO DE 2010
apresentarem os estudos que demonstrem o período Altera o item 13.3 do Anexo da Instrução Normati-
de carência a ser observado, em conformidade com o va nº. 13, de 29 de junho de 2005.
artigo 6° deste regulamento.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 09, DE 08 DE MARÇO DE 2010
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 24, DE 9 DE AGOSTO DE 2011 Regulamenta o registro de estabelecimento pro-
Publica o Subprograma de Monitoramento em dutor de farinhas e produtos gordurosos destinados à
carnes (Bovina, Aves, Suína e Equina), Leite, Mel, Ovos alimentação animal e o registro e o comércio de fari-
e Pescado para o exercício de 2011, referente ao Plano
nhas e produtos gordurosos destinados à alimentação
Nacional de Controle de Resíduos Biológicos em Pro-
animal obtidos de estabelecimentos que processam re-
dutos de Origem Animal PNCRB, instituído pela Porta-
síduos não comestíveis de animais.
ria MAPA nº 51, de 6 de fevereiro de 1986, na forma do
Anexo I à presente Instrução Normativa.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 66, DE 16 DE DEZEMBRO
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 36, DE 20 DE JULHO DE 2011 DE 2009
Estabelece os requisitos para adesão dos Estados, Altera artigos da Instrução Normativa nº. 15, de 26
do Distrito Federal e dos Municípios, individualmente de maio de 2009; da Instrução Normativa nº. 22, de 2 de
ou por meio de consórcios, ao Sistema Unificado de junho de 2009; e da Instrução Normativa nº. 30, de 5 de
Atenção à Sanidade Agropecuária, integrado pelo Sis- agosto de 2009.
tema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Ani-
mal, na forma desta Instrução Normativa. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 30, DE 05 DE AGOSTO DE 2009
Estabelece critérios e procedimentos para o regis-
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 25 DE 02 DE JUNHO DE 2011 tro de produtos, para rotulagem e propaganda e para
Aprova os Métodos Analíticos Oficiais Físico-quí- isenção da obrigatoriedade de registro de produtos
micos para Controle de Pescado e seus Derivados, na destinados à alimentação de animais de companhia.
forma do Anexo à presente Instrução Normativa.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 26, DE 09 DE JULHO DE 2009
INSTRUÇÃO NORMATIVA MINISTÉRIO DA PESCA E AQUI- Aprova o Regulamento técnico para a fabricação,
CULTURA Nº. 6 DE 19 DE MAIO DE 2011 o controle de qualidade, a comercialização e o emprego
Estabelece normas e procedimentos para a inscri- de produtos antimicrobianos de uso veterinário.
350 NUTRIAQUA

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 22, DE 02 DE JUNHO DE 2009 de laboratórios no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Regulamenta a embalagem, rotulagem e propa- Abastecimento, de forma a integrarem a Rede Nacional
ganda dos produtos destinados à alimentação animal. de Laboratórios Agropecuários do Sistema Unificado de
Atenção à Sanidade Agropecuária.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 15, DE 28 DE MAIO DE 2009
Regulamenta o registro dos estabelecimentos e INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 65, DE 21 DE NOVEMBRO
dos produtos destinados à alimentação animal. DE 2006
Aprova os procedimentos para a fabricação e o
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 49, DE 15 DE SETEMBRO DE 2008 emprego de rações, suplementos, premixes, núcleos ou
Estabelece categorias de risco aos países para a concentrados com medicamentos para os animais de
Encefalopatia Espongiforme Bovina - EEB e dá outras produção.
providências.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 36, DE 10 DE NOVEMBRO
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 40, DE 30 DE JUNHO DE 2008 DE 2006.
Define critérios regulamentares e aos procedi- Atualiza os procedimentos operacionais do Siste-
mentos de fiscalização, inspeção, controle de qualidade ma de Vigilância Agropecuária.
e sistemas de análise de risco, para a importação de ani-
mais, vegetais, seus produtos, derivados e partes, sub- INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 15, DE 09 DE MAIO DE 2005
produtos, resíduos de valor econômico e dos insumos Aprova o Regulamento Técnico para Testes de Es-
agropecuários. tabilidade de Produto Farmacêutico de Uso Veterinário.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 34, DE 28 DE MAIO DE 2008 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 12, DE 30 DE NOVEMBRO
Aprova o Regulamento Técnico da Inspeção Higiê- DE 2004
nico-Sanitária e Tecnológica do Processamento de Resí- Aprova o regulamento técnico sobre fixação de
duos de Animais e o Modelo de Documento de Trans- parâmetros e das características mínimas dos suple-
porte de Resíduos Animais mentos destinados a bovinos.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 10, DE 14 DE ABRIL DE 2008 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 13, DE 30 DE NOVEMBRO
Aprova os Programas de Controle de Resíduos e DE 2004
Contaminantes em Carnes (Bovina, Aves, Suína e Equi- Aprova o regulamento técnico sobre aditivos para
na), Leite, Mel, Ovos e Pescado do exercício de 2008. produtos destinados à alimentação animal.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 17, DE 7 DE ABRIL DE 2008 INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 11, DE 24 DE NOVEMBRO
Proíbe em todo o território nacional a fabricação, na DE 2004
mesma planta, de produtos destinados à alimentação de Proíbe a fabricação, a importação, a comerciali-
ruminantes e de não-ruminantes, exceto os estabeleci- zação e o uso da substância química denominada Ola-
mentos que atenderem aos requisitos estipulados. quindox, como aditivo promotor de crescimento em
animais produtores de alimentos.
INSTRUÇÃO NORMATIVA SDA Nº. 34, DE 13 DE SETEM-
BRO DE 2007. DOU n° 114, 15/06/2007. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 17, DE 18 DE JUNHO DE 2004
Proibir o registro e a autorização para a fabricação, Proíbe a administração, por qualquer meio, na ali-
a importação, a comercialização e para o uso de produ- mentação e produção de aves, de substâncias com efeitos
tos destinados à alimentação animal contendo a subs- tireostáticos, androgênicos, estrogênicos ou gestagênicos,
tância química denominada Violeta Genciana (Cristal bem como de substâncias ß-agonistas, com a finalidade
Violeta), com a finalidade de aditivo de estimular o crescimento e a eficiência alimentar.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 04, DE 23 DE FEVEREIRO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 16, DE 11 DE JUNHO DE 2004
DE 2007. Estabelece os procedimentos a serem adotados
Aprova o Regulamento Técnico Sobre as Condições para registro e renovação de registro de matérias-pri-
Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação mas e produtos de origem animal e vegetal, orgânicos,
para Estabelecimentos Fabricantes de Produtos Destina- junto ao MAPA.
dos à Alimentação Animal e o Roteiro de Inspeção.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 9, DE 9 DE JULHO DE 2003
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 1, DE 16 DE JANEIRO DE 2007 Aprova o Regulamento Técnico sobre Fixação de Pa-
Estabelece os critérios para credenciamento, re- drões de Identidade e Qualidade de Alimentos Completos
conhecimento, extensão de escopo e monitoramento e de Alimentos Especiais Destinados a Cães e Gatos
LEGISLAÇÃO TÉCNICA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS PARA ORGANISMOS AQUÁTICOS 351

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 9, DE 27 DE JUNHO DE 2003 PORTARIA SDR Nº. 20, DE 6 DE JUNHO DE 1997
Proíbe a fabricação, a manipulação, o fraciona- Define procedimentos para registro de misturas
mento, a comercialização, a importação e o uso dos minerais.
princípios ativos cloranfenicol e nitrofuranos e os pro-
dutos que contenham estes princípios ativos. PORTARIA Nº. 07, DE 09 DE NOVEMBRO DE 1988
Baixa os Padrões mínimos de matéria prima desti-
INSTRUÇÃO NORMATIVA SARC Nº. 05, DE 20 DE MARÇO nada à alimentação animal.
DE 2003.
Aprova as diretrizes técnicas para registro de esta- PORTARIA Nº. 04, DE 21 DE AGOSTO DE 1986
belecimentos processadores de cal e de farelo de polpa Determina que o preparo de fórmulas de suple-
cítrica destinados à alimentação animal. mentos vitamínicos e minerais, e sal mineralizado, fabri-
cados sob encomenda, só pode ser realizado por esta-
INSTRUÇÃO NORMATIVA SARC Nº. 09, DE 11 DE SETEM- belecimentos, devidamente registrados.
BRO DE 2001
Institui o programa de monitoramento da incidên- Resolução Nº. 1, DE 07 DE MARÇO DE 2008
cia de dioxinas/furanos no farelo de polpa cítrica de uso Adota a expressão “Peixe de cultivo: coloração
na alimentação animal. resultante do corante utilizado na ração” em todos os
rótulos aplicáveis aos produtos que contenham peixes
INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 10, DE 27 DE ABRIL DE 2001 provenientes da aquicultura cuja coloração da muscu-
Proíbe a importação, a produção, a comercializa- latura tenha sido obtida por meio da alimentação com
ção e o uso de substâncias naturais ou artificiais, com rações adicionadas de corantes.
atividade anabolizante.
Ato Nº. 10, DE 16 DE SETEMBRO DE 2005
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 1, DE 02 DE MAIO DE 2000 Torna público o Roteiro para Inspeção de Boas Prá-
Define os critérios para registro de rótulos ou ticas de Fabricação de Produtos Veterinários de Nature-
etiquetas de superfosfato triplo, fosfato de rocha e de za Farmacêutica.
produtos formulados com estas matérias-primas para
utilização na alimentação animal OFÍCIO CIRCULAR Nº. 09, DE 16 DE ABRIL DE 2004
Padroniza os procedimentos de registro de pro-
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 08, DE 18 DE MAIO DE 1999 dutos acabados (rações, concentrados e suplementos)
Regulamenta a produção e a comercialização de contendo aditivos em suas formulações.
farelo de polpa cítrica destinado à alimentação animal
OFÍCIO CIRCULAR Nº. 04 DE 17 DE NOVEMBRO DE 2008
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 1, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998 Define orientações sobre a adequação de estabe-
Aprova as normas para importação de material lecimentos e produtos ao Decreto 6.296/07
destinado à pesquisa científica.
OFÍCIO CIRCULAR Nº. 16, DE 23 DE JULHO DE 2007.
PORTARIA SARC Nº. 031, DE 29 DE JANEIRO DE 2002 Define os procedimentos complementares para
Determina o cancelamento dos registros, na área de registro de associação/combinação de aditivos zootéc-
alimentos para animais, de todos produtos formulados nicos, antimicrobianos e anticoccidianos em produtos
com princípios ativos à base de arsenicais e antimoniais. destinados à alimentação animal.

PORTARIA SDR Nº. 39 , DE 26 DE MAIO DE 1999 OFÍCIO CIRCULAR Nº. 20, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2007
Estabelece os critérios necessários para o credencia- Define os procedimentos complementares para
mento de Instituições Supervisoras para execução da cole- registro de associação/combinação de aditivos zootéc-
ta de amostras de farelo de polpa cítrica, cal, rocha calcária. nicos antimicrobianos e anticoccidianos em produtos
destinados à alimentação animal.
PORTARIA Nº. 08, DE 18 DE MAIO DE 1999
Regulamenta a produção e a comercialização de OFÍCIO CIRCULAR Nº. 08, DE 02 DE ABRIL DE 2007
farelo de polpa cítrica destinado à alimentação animal Define os requisitos para autorização de fabrica-
ção de produtos com medicamentos.
PORTARIA Nº. 193, DE 12 DE MAIO DE 1998
Aprova o Regulamento Técnico para o licencia- OFÍCIO CIRCULAR Nº. 19, DE 26 DE ABRIL DE 2006
mento e a renovação de licença de antimicrobianos de Dispõe sobre orientação para emissão de certifi-
uso veterinário, anexo, elaborado pela Secretaria de De- cado sanitário para exportação de produtos de origem
fesa Agropecuária. animal não comestíveis.
352 NUTRIAQUA

OFÍCIO CIRCULAR Nº. 24, de 23 DE DEZEMBRO DE 2005 fatores que determinarão incremento quantitativo e
Determina os procedimentos para o requerimen- qualitativo no consumo das proteínas de origem animal
to e aprovação de Estabelecimentos Fabricantes de Ali- nos próximos quarenta anos e principalmente daquelas
mentos para Animais de Companhia, de Estabelecimen- oriundas da aquicultura industrial.
tos Fabricantes de Proteínas Animais Transformadas e A demanda doméstica por pescados deve alcançar
Gorduras Fundidas de Origem Animal e de Estabeleci- os 10 kg por habitante, enquanto o consumo de carne
mentos Fabricantes de Vísceras Organolépticas para ex- de frango deve superar os 51 kg por habitante ano-1, a
portação para a CE. carne bovina poderá ultrapassar os 43 kg e a carne suína
responder por quase 16 kg. Somadas às carnes ovina e
OFÍCIO CIRCULAR Nº. 09, DE 16 DE ABRIL DE 2004 caprina, em uma década, o cardápio do brasileiro estará
Padronizar os procedimentos de registro de pro- próximo de 120 kg, ou seja, apetite per capita alinhado
dutos acabados (rações, concentrados e suplementos) aos países do Primeiro Mundo. A produção mundial de
contendo aditivos em suas formulações. pescados é da ordem de 126 106 t; a FAO prevê que até
2030 a demanda internacional aumente em mais 100
Conforme antecipado, em 2011 a população glo- milhões e que o Brasil poderá se tornar um dos maio-
bal alcançou a marca de 7 bilhões e até 2050 pode su- res produtores do mundo, em condições de atingir 20
perar os 9 bilhões de habitantes, por conta do aumento milhões de toneladas. O desenvolvimento, a aplicação
da longevidade e da melhoria do padrão de vida, bene- e a observância do arcabouço legal, a partir de uma pla-
ficiados principalmente pela excelência da alimentação taforma técnico-científica estruturada e atuante, é so-
e dos cuidados com a saúde, cuja evolução demográfica mente o primeiro passo para o alcance destas metas e a
concentrada nos países em desenvolvimento continua- solidificação da agroindústria aquícola brasileira.
rá acompanhada do crescimento da renda das famílias,
18

Tabelas de Composição de Alimentos

D ARIANE B EATRIZ S CHOFFEN E NKE


J OSÉ E URICO P OSSEBON C YRINO
D ÉBORA M ACHADO F RACALOSSI

O conhecimento da composição centesimal, rações para espécies aquícolas são principalmente


aminoacídica e energética dos ingredientes é fun- aquelas compiladas pelo NRC (2003, 2011), por Hertrampf
damental para permitir o correto balanceamento de e Piedad-Pascual (2000), por Tacon et al. (2009), por
nutrientes nas rações, de maneira a atender às exi- Rostagno et al. (2011) ou por Furuya (2010). As duas
gências nutricionais de cada espécie aquícola. Além últimas publicações são particularmente úteis, pois
disso, uma dieta desbalanceada implica comprome- compilam dados de ingredientes nacionais.
timento no desempenho dos animais e consequen- A Tabela 1 sumariza a composição centesimal e
te aumento do custo de produção. Por outro lado, energética dos principais ingredientes utilizados no fa-
fatores como fertilidade do solo, clima (região do brico de rações para peixes, enquanto que a Tabela 2,
país), cultivar, armazenamento, amostragem e pro- a composição aminoacídica de ingredientes proteicos.
cessamento imprimem grande variabilidade na com- A grande maioria dos dados apresentados na Ta-
posição nutricional e na qualidade dos ingredientes bela 1 foi obtida a partir de análises realizadas no Labo-
utilizados nas rações. Apesar disso, tabelas de com- ratório de Nutrição de Espécies Aquícolas [LABNUTRI],
posição nutricional de ingredientes são extremamen- Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de
te úteis quando não é possível a análise laboratorial Santa Catarina. Já os dados da Tabela 2 foram obtidos
dos ingredientes disponíveis para o preparo de uma de laboratórios certificados pelo Ministério de Agricul-
ração. As tabelas comumente consultadas para compor tura Pecuária e Abastecimento [MAPA].

353
354 NUTRIAQUA

Tabela 1. Composição centesimal e energética de ingredientes comumente utilizados na formulação de dietas para espécies
aquícolas (base úmida).

Fibra em
Energia Proteína Extrato Matéria Matéria
Ingrediente Detergente
Bruta1 Bruta2 Etéreo3 Mineral5 Seca6
Ácido4

kcal kg-1 ----------------------------------------------------- % -----------------------------------------------

Albumina 4.555 71,4 0,1 - 5,5 88,0

Arroz, farelo 4.590 13,0 18,3 7,3 8,6 89,7

Arroz, quirera 4.173 8,5 1,6 0,8 0,8 87,8

Canola, farelo 4.274 38,3 4,4 18,3 5,0 88,1

Carboximetilcelulose 5.000 1,6 0,4 0,8 17,3 84,8

Carne e ossos, farinha 2.912 47,5 9,5 - 42,4 98,6

Caseína 3.954 76,7 - 0,5 4,7 88,0

Celulose microfina 3.954 - - 92,9 0,1 96,8

Dextrina 5.344 2,5 0,3 0,4 0,1 99,2

Frango, farinha vísceras 4.650 65,7 15,1 - 17,6 97,5

Gelatina 4.517 93,7 0,3 - 1,4 88,9


7
Levedura, autolizada 4.169 32,6 0,1 - - 94,8

Levedura, íntegra7 4.409 46,3 0,1 - - 94,3

Levedura, parede celular7 4.310 32,9 0,1 - - 94,6

Milho moído 4.458 8,3 3,5 2,5 1,2 89,4

Milho, amido 3.536 7,1 0,5 0,2 0,1 86,1

Milho, glúten 21 4.092 20,7 4,9 10,0 7,3 87,7

Milho, glúten 60 5.327 55,1 4,0 1,5 1,3 91,5

Peixe, farinha resíduo 4.326 50,2 9,0 - 24,1 93,3

Penas, farinha 5.143 78,1 5,6 - 5,4 93,0

Salmão, farinha resíduo 4.428 66,5 11,4 - 13,9 88,9

Sangue, farinha 5.358 91,1 1,2 - 2,1 93,8

Sangue, farinha (‘spray-dried’) 5.402 91,4 0,4 - 2,0 95,7

Soja, concentrado proteico 4.552 66,5 0,9 9,1 6,6 96,0

Soja, farelo 45 3.617 46,9 2,9 7,7 6,6 89,6

Trigo, farelo 4.236 16,0 5,5 10,4 5,2 95,0

1
Energia bruta pela bomba calorimétrica adiabática (PARR, Modelo 6200), usando ácido benzóico como padrão.
2
Kjeldahl, método 945.01 (AOAC, 1999), usando fator de correção adequado a cada tipo de amostra.
3
Soxhlet, método 920.39C (AOAC, 1999), com hidrólise ácida prévia das amostras.
4
Método 973.18 (AOAC, 1999).
5
Método 942.05 (AOAC, 1999).
6
Método 950.01 (AOAC, 1999).
7
Hisano et al., 2008.
Tabela 2. Perfil aminoácidico de ingredientes comumente utilizados em dietas para espécies aquícolas (base úmida).

Proteína Aminoácidos2
Ingredientes
Bruta1 Arginina Histidina Isoleucina Leucina Lisina Metionina Cistina Fenilalanina Tirosina Treonina Valina
% ---------------------------------------------------------------------------------------% no ingrediente-------------- ----------------------------------------------------------------------------
Albumina 71,4 4,37 2,51 3,25 6,30 6,65 4,73 2,21 4,73 2,81 1,00 5,53
Canola, farelo 38,3 2,29 0,94 1,53 2,58 1,73 0,71 0,26 1,45 1,12 1,53 2,10
Carne e ossos, farinha 47,4 3,05 1,30 0,75 1,97 1,73 0,76 0,30 1,24 0,77 0,43 1,43
TABELAS DE COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS

Caseína 76,6 2,61 2,83 4,02 8,33 8,04 2,62 2,03 4,14 4,85 3,72 5,05
Frango, farinha vísceras 65,7 4,40 1,53 2,31 4,72 5,92 1,88 0,97 2,47 1,92 1,56 2,76
Gelatina 93,7 7,61 1,15 1,16 2,63 4,18 0,96 0,01 1,65 0,42 1,37 1,96
Levedura, autolizada3 32,6 4,09 2,12 4,96 7,69 7,93 1,45 0,87 4,56 2,32 6,79 6,15
3
Levedura, íntegra 46,3 5,02 2,44 6,51 8,66 8,85 1,30 0,71 5,25 1,83 6,95 7,83
Levedura, parede celular3  32,9 4,71   2,30 6,20 8,61  8,76 1,29  0,63  5,14  2,12 7,35  7,43 
-
Milho, glúten 21 20,7 1,02 0,60 0,66 1,69 0,70 0,784 - 1,185 0,85 1,01
Milho, glúten 60 55,1 2,43 1,85 2,66 10,04 1,03 2,14 0,30 3,97 2,74 2,10 2,87
Peixe, farinha resíduo 50,2 3,87 1,64 1,88 3,78 5,01 2,32 0,74 2,17 1,30 2,16 2,38
4 5 -
Penas, farinha 78,1 5,74 0,70 4,07 6,45 1,92 4,45 - 6,15 4,30 2,49
Salmão, farinha resíduo 66,5 3,59 1,53 2,00 4,01 5,68 1,73 0,70 2,21 1,63 2,16 2,60
Sangue, farinha 91,1 4,17 6,44 0,93 11,03 10,58 2,31 0,95 6,45 2,35 4,38 7,75
Sangue, farinha ‘spray-dried’ 91,4 3,20 5,29 0,78 8,57 7,92 1,74 1,09 5,03 1,84 2,18 6,00
Soja, concentrado proteico 66,5 4,31 2,15 2,71 4,87 5,67 0,97 1,04 3,40 1,69 0,65 3,30
Soja, farelo 45 46,9 3,35 1,77 1,65 3,37 3,30 0,58 0,62 2,39 1,31 0,51 2,34

1
Método 945.01 (AOAC, 1999), usando fator de correção adequado a cada tipo de amostra.
2
O perfil de aminoácidos foi analisado após digestão ácida com ácido clorídrico 6 N, durante 24h. Os aminoácidos liberados reagiram com fenilsotilcianato, foram separados por
cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) - em fase reversa - e detectados por UV a 254 nm.
3
Hisano et al., 2008.
4
Metionina+cistina.
5
Fenilalanina+tirosina.
355
356 NUTRIAQUA

levedura íntegra, da levedura autolisada e da parede


AGRADECIMENTOS celular pela Tilápia-do-Nilo. Ciência Animal Brasileira 9(1):
43-49.
National Research Council [NRC]. 1993. Nutrient requirements
À Bruna Mattioni pela supervisão das análises of warmwater fishes and shellfishes. National Academy
laboratoriais executadas no LABNUTRI. Press, Washington, DC, USA.
National Research Council [NRC]. 2011. Nutrient Requeriments
of Fish and Shrimp. National Academic Press, Washington,
DC, USA.
Rostagno, H.S.; L.F.T. Albino, J.L. Donzele, P.C. Gomes, R.F.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Oliveira, D.C. Lopes, A.S. Ferreira, S.L.T. Barreto e R.F.
Euclides. 2011. Tabelas brasileiras para aves e suínos:
Association of Official Analytical Chemists [AOAC]. 1999. Official composição de alimentos e exigências nutricionais. 3ed.
Methods of Analysis. 16ed. AOAC; Washington, DC, USA. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil.
Furuya, W. M. 2010. Tabelas brasileiras para a nutrição de Tacon, A.G.J.; M. Metian, and M.R.Hasan. 2009. Feed ingredients
tilápias. Gráfica GFM, Toledo, PR, Brasil. and fertilizers for farmed aquatic animals: Sources and
Hertrampf, J.W., F. Piedad-Pascual. 2000. Handbook on composition. Fisheries and Aquaculture Technical Paper
Ingredients for Aquaculture Feeds. Kluwer, Dordrecht. 540. Food and Agriculture Organization of tha United
Hisano, H.; F.G. Sampaio, M.M. Barros, e L.E. Pezzato. 2008. Nations [FAO], Rome, Italy.
Composição nutricional e digestibilidade aparente da
Nomes Comuns e Científicos das Espécies Citadas

Acará, cará Geophagus altifrons Dentão Dentex dentex


Acará-açu Astronotus ocellatus ‘Dorada’ Salminus affinis
Acará-bandeira Pterophyllum scalare Dourada Sparus aurata
Arenque Clupea harengus Dourado Salminus brasiliensis
Aruanã Osteoglossum bicirrhosum Dourado Salminus franciscanus
Atum-do-Pacífico Thunnus albacares Enguia europeia Anguilla anguilla
‘Ayu’ Plecoglossus altivelis altivelis Enguia japonesa Anguilla japonica
Bacalhau Gadus morhua Esturjão híbrido Huso dauricus x Acipenser schrenki
Bagre africano Clarias gariepinus Esturjão siberiano Acipenser baerii
Bagre do canal Ictalurus punctatus Fugu Takifugu rubripes
Beijupirá Rachycentron canadum Garoupa Epinephelus spp.
‘Black bass’ Micropterus salmoides Garoupa-do-Malabar Epinephelus malabaricus
‘Black sea bream’ Acanthopagrus schlegelii schlegelii ‘Golden grey mullet’ Liza aurata
‘Black sea salmon’ Salmo labrax ‘Golden shiners’ Notemigonus crysoleucas
‘Blackchin’ tilápia Sarotherodon melanotheron ‘Goldfish’ Carassius auratus auratus
‘Blue catfish’ Ictalurus furcatus ‘Greasy grouper’ Epinephelus tauvina
‘Blue catfish’ híbrido Ictalurus furcatus x Ictalurus punctatus Hadoque Melanogrammus aeglefinus
Bonito Katsuwonus pelamis Halibut do Atlântico Hipoglossus hipoglossus
‘Brook trout’ Salvelinus fontinalis Jaraqui Semaprochilodus insignis
Cachara Pseudoplatystoma reticulatum Jatuarana Brycon melanopterus
Cangati Parauchenipterus galeatus ‘Jerguilla’ Aplodactylus punctatus
‘Capelin’ Mallotus villosus Jundiá Rhamdia quelen, Rhamdia voulezi
Carpa cabeça grande Hypophthalmichthys nobilis ‘Lai’ Monopterus albus
Carpa capim Ctenopharyngodon idella Lambari-do-rabo-amarelo Astyanax altiparanae
Carpa comum Cyprinus carpio carpio ‘Lesser sand eel’ Ammodytes marinus
Carpa gibel Carassius gibelio Linguado chileno Paralichthys adspersus
Carpa catla Catla catla Linguado japonês Paralichthys olivaceus
Carpa mrigal Cirrhinus cirrhosus Linguado senegalês Solea senegalensis
Carpa prateada Hypophthalmichthys molitrix Mandi moela Pimelodina flavipinnis
Carpa rohu Labeo rohita Mandi pintado Pimelodus britskii
‘Chinese sucker’ Myxocyprinus asiaticus Mandi-prateado Pimelodus argenteus
Cioba Lutjanus analis Mandubé Ageneiosus inermis
Corvina Plagioscion squamosissimus Matrinxã Brycon amazonicum
Curimatã Prochilodus nigricans ‘Mexican mojarra’ Cichlasoma urophthalmum
Curimbatá Prochilodus linneatus ‘Milkfish’ Chanos chanos
‘Darkbarbel catfish’ Pelteobagrus vachelli ‘Murray cod’ Maccullochella peelii peelii

357
358 NUTRIAQUA

‘Northearn pikeminnow’ Ptychocheilus oregonense Salmão chinook Oncorhynchus tshawytscha


‘Northern pike’ Esox lucius Salmão chum Oncorhynchus keta
‘Northern red snapper’ Lutjanus campechanus Salmão coho Onchorynchus kisutch
Olho de boi Seriola dumerili
Salmão-do-Atlântico Salmo salar
‘Orange spotted grouper’ Epinephelus coiodes
Salmão-do-Pacífico Oncorhynchus spp.
Pacu Piaractus mesopotamicus
Pacu prata Metynnis hypsauchen Sardinha japonesa Sardinops sagax
Pangassius Pangasianodon hypophthalmus, Sépia Sepia officinalis
Pangasius bocourti
Striped bass Morone saxatilis
Pargo Pagrus pagrus
‘Striped bass’ híbrido Morone chrysops × Morone saxatilis
Peixe espátula Polyodon spathula
‘Striped snakehead’ Channa striatus
Peixe-rei Odontesthes bonariensis
Perca Perca fluviatilis Suruvi Steindachneridion scriptum,
Perca amarela Perca flavescens Steindachneridion melanodermatum
Perca prateada Bidyanus bidyanus Tabarana Salminus hilarii
Tainha Mugil patanus
Piabanha Brycon insignis
Tambaqui Colossoma macropomum
Piabanha Megalobrycon piabanha,
‘Tench’ Tinca tinca
Brycon insignis
Tilápia áurea Oreochromis aureus
Piapara Leporinus elongatus
Tilápia híbrida Oreochromis niloticus x Oreochromis
Piau Leporinus friderici, aureus
Leporinus taeniofasciatus Tilápia-de-Moçambique Oreochromis mossambicus
Tilápia-de-Zanzibar Oreochromis urolepis hornorum
Piauçu Leporinus macrocephalus
Tilápia-do-Congo Tilapia rendalli
Piava Leporinus obtusidens
Tilápia-do-Nilo Oreochromis niloticus
Pintado Pseudoplatystoma corruscans Traíra Hoplias malabaricus
Piracanjuba Brycon orbignyanus Trairão Hoplias lacerdae
Piranha vermelha Pygocentrus nattereri ‘Trout cod’ Maccullochella macquariensis
Pirapitinga Piaractus brachypomus Truta arco-íris Onchorhynchus mykiss
Truta do lago Salvelinus namaycush
Piraputanga Brycon microlepsis
Truta marrom Salmo trutta
Pirarara Phractocephalus hemioliopterus
Tucunaré amarelo Cichla monoculus
Pirarucu Arapaima gigas
Tucunaré açú Cichla temensis
‘Red drum’ Sciaenops ocellatus ‘Turbot’ Scophtalmus maximus
‘Red sea bream’ Pagrus major ‘Twotone tang’ Zebrasoma scopas
‘Redbelly tilapia’ Tilapia zillii ‘Vimba bream’ Vimba vimba

‘Roach’ Rutilus rutilus ‘White bass’ Morone chrysops


‘White catfish’ Ameiurus catus
Robalo asiático Lates calcarifer
‘White sea bream’ Diplodus sargus
Robalo europeu Dicentrarchus labrax
‘Yellow catfish’ Tachysurus fulvidraco
Robalo japonês Lateolabrax japonicus ‘Yellowfin sea bream’ Aconthopagrus latus
Robalo peva Centropomus parallelus ‘Yellowtail’ Seriola quinqueradiata
Salmão amago Oncorhynchus rhodurus
Resumos Biográficos dos Autores

ALBERTO JORGE PINTO NUNES ALEXANDRE SACHSIDA GARCIA


Graduou-se em Engenharia de Pesca pela Universida- Graduado em Oceanografia pela Fundação Universi-
de Federal do Ceará [UFC] em 1992, realizando seus dade do Rio Grande [FURG] (1997), com Mestrado em
estudos de pós-graduação em Nutrição e Alimenta- Aquicultura pela Universidade Federal de Santa Catari-
ção de Organismos Aquáticos na ‘Memorial University na [UFSC] (2001), Doutorado em Biologia pela ‘Memo-
of Newfoundland’ (St. John’s, Canadá) onde obteve os rial University of Newfoundland’, Canadá (2007) e Pós-
títulos de Mestre e Doutor em Aquicultura em 1995 e -Doutorado em Aquicultura na UFSC (2007-2009). Entre
1999, respectivamente. Em 2000, juntou-se a Agribran- os anos de 2003 e 2006, fez parte da AquaNet-Canadá,
ds Purina do Brasil Ltda. para exercer o cargo de Geren- uma rede de excelência criada para o desenvolvimento
te Técnico em Aquicultura onde foi exposto as técnicas da Aquicultura de modo sustentável. Como bolsista da
de formulação, fabricação, controle de qualidade e AquaNet, trabalhou com o desenvolvimento de pacote
comercialização de rações para peixes e camarões. Na tecnológico para o cultivo de espécies marinhas como
empresa, coordenou os programas de pesquisa e de- o bacalhau do Atlântico e o hadoque, consideradas al-
senvolvimento de rações para tilápia, peixes nativos e ternativas viáveis ao cultivo de salmonídeos no Canadá.
camarões marinhos, tendo também como incumbên- Desde 2009, é Professor no Centro de Estudos do Mar
cia, o suporte técnico a nível nacional. Desde 2002 é [CEM] da Universidade Federal do Paraná [UFPR], onde
Professor do Instituto de Ciências do Mar [LABOMAR], leciona na graduação dos cursos de Aquicultura e Ocea-
UFC, onde coordena o Centro de Estudos em Aqui- nografia. Sua área de atuação é Aquicultura, com ênfase
cultura Costeira [CEAC] e o Laboratório de Nutrição em Piscicultura Marinha e Nutrição. Sua linha de pesqui-
de Organismos Aquáticos. Na instituição, leciona dis- sa concentra-se no desenvolvimento de técnicas de cul-
ciplinas em aquicultura e em nutrição de organismos tivo de larvas e engorda de peixes marinhos. Coordena
aquáticos nos programas de graduação e pós-gradu- a implantação do Laboratório de Piscicultura Marinha
ação em Oceanografia e Ciências Marinhas Tropicais. da UFPR, situado no litoral paranaense, no município
Tem orientado e executado pesquisas com camarões de Pontal do Paraná. É o atual coordenador do curso de
e peixes marinhos, nas linhas de manejo alimentar, Aquicultura do CEM-UFPR (gestão 2011-2013).
ingredientes alternativos e exigências nutricionais.
Atualmente é pesquisador do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico [CNPq] em
Produtividade em Pesquisa. ÁLVARO JOSÉ DE ALMEIDA BICUDO
Graduado em Zootecnia pela Universidade Federal Ru-
ral do Rio de Janeiro [UFRRJ] (2002), realizou o mestrado
em Ciências Veterinárias pela mesma instituição (2002)

359
360 NUTRIAQUA

na área de ictioparasitologia e doutorado em Ciência Organismos Aquáticos pela UFSC, Florianópolis, SC,
Animal e Pastagens pela Escola Superior de Agricultura com conclusão no ano de 2010. Foi bolsista de iniciação
Luiz de Queiroz [ESALQ] da Universidade de São Paulo científica pelo CNPq e de mestrado pela Coordenação
[USP] (2008) na área de nutrição de peixes. A partir de de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior [CAPES].
2009, ingressou como Professor da Unidade Acadêmica Atuou, entre 2007 e 2010, como responsável técnica do
de Garanhuns da Universidade Federal Rural de Pernam- Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos do
buco [UFRPE], lecionando e orientando na graduação e Centro de Ciências Agrárias da UFSC e do Laboratório
pós-graduação. É docente permanente do Programa de de Bromatologia do Departamento de Zootecnia da
Pós Graduação em Recursos Pesqueiros e Aquicultura ESALQ-USP. Atualmente, é pesquisadora da Empresa
da UFRPE, tendo como linha de pesquisa a nutrição e Brasileira de Pesquisa Agropecuária [EMBRAPA] Pesca e
produção de peixes de interesse comercial, em especial Aquicultura situada em Palmas (TO), atuando na área de
na determinação de exigências nutricionais, do valor Nutrição e Alimentação de Espécies Aquícolas, com ên-
nutricional de alimentos convencionais e alternativos fase em espécies nativas, principalmente amazônicas,
e a utilização de aditivos alimentares para incremento de interesse comercial. Possui experiência em anato-
do desempenho zootécnico, saúde e produto final dos mia, histomorfologia e fisiologia do sistema digestório,
peixes. É fundador e atual coordenador do Laboratório bem como em avaliação de alimentos - composição nu-
de Pesquisa em Piscicultura [LAPPIS] da Unidade Acadê- tricional e biodisponibilidade - para espécies aquícolas.
mica de Garanhuns, UFRPE.

ARIOVALDO ZANI
ANA CRISTINA BELARMINO DE OLIVEIRA
Graduado em medicina veterinária pela UNESP, campus
Graduada em Engenharia de Pesca pela UFRPE (1983), Jaboticabal e MBA pela Universidade Estadual de Cam-
com mestrado em Zootecnia pela Universidade Esta- pinas [UNICAMP] em 2000, começou sua carreira profis-
dual Paulista Júlio de Mesquita Filho [UNESP], Botucatu sional trabalhando no departamento de Clínica Cirúrgi-
(1993), doutorado em Ciências, Energia Nuclear Aplica- ca do Hospital Veterinário da USP. Migrou para a Guabi
da à Agricultura pela USP, no Centro de Energia Nuclear onde se firmou como Diretor de Pesquisa e Desenvolvi-
na Agricultura [CENA] (2003). Desde 1989, é Professora mento. Posteriormente, assumiu a gerência de Marke-
no Departamento de Ciências Pesqueiras da Univer- ting do grupo Agroceres e, em 2005, foi contratado pela
sidade Federal do Amazonas [UFAM], onde leciona na Basf como gerente geral da unidade de negócios de Nu-
graduação nos cursos de Engenharia de Pesca e Zoo- trição Animal e Humana para a América do Sul. Desde
tecnia e na pós-graduação no curso de Ciências Pes-
2007 é vice-presidente executivo do Sindirações e dire-
queiras nos Trópicos, orientando alunos na graduação
tor do Departamento de Agronegócio da Federação das
e pós-graduação. Sua área de atuação é Nutrição, com
Indústrias do Estado de São Paulo [FIESP]. É diretor do
ênfase em Ingredientes Alternativos e Ecologia Alimen-
Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, membro efetivo
tar, desenvolvendo pesquisas principalmente sobre de-
terminação de coeficiente de digestibilidade e fontes do Comitê da Cadeia Produtiva da Pesca e Aquicultura
autotróficas de energia de peixes comerciais em am- [COMPESCA], FIESP e Conselheiro da Internacional Feed
bientes naturais. É pesquisadora integrante do Comitê Industry Federation [IFIF], onde integra os Comitês Téc-
de assessoramento Científico da Câmara de Ciências Agrá- nico, de Educação e de Política. É ainda membro titular
rias da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do das Câmaras Temáticas do Ministério da Agricultura, Pe-
Amazonas [FAPEAM], membro do Banco de Avaliadores cuária e Abastecimento [MAPA] e professor de MBA em
Institucionais BASES do Instituto Nacional de Estudos e Agronegócio da ESALQ-USP. Contribui regularmente
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira [INEP] do Minis- com diversas mídias especializadas através de artigos e
tério da Educação [MEC] e sub-chefe do Departamento colunas de sua autoria.
de Ciências Pesqueiras da Faculdade de Ciências Agrá-
rias da UFAM.

DALTON JOSÉ CARNEIRO


ANA PAULA OEDA RODRIGUES Graduado em Zootecnia pela UNESP (1978), com mes-
trado em Zootecnia pela mesma universidade (1983),
Graduada em Engenharia Agronômica no ano de 2007 doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela Uni-
pela ESALQ-USP, Piracicaba, SP. Possui mestrado em versidade Federal de São Carlos [UFSCar] (1990). Desde
Aquicultura na linha de Nutrição e Alimentação de 1979, é Professor no Departamento de Zootecnia da
RESUMOS BIOGRÁFICOS DOS AUTORES 361

Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias [FCAV] de [EUA] (1993) e pós-doutorados na ‘Smithsonian Insti-
Jaboticabal, Campus da UNESP, ministra as disciplinas tution’, EUA (1994-1996) e na ‘Norwegian University of
de Piscicultura no curso de graduação em Zootecnia e Life Sciences’, Noruega (2009). Desde 1999, é professora
de Nutrição de Organismos Aquáticos nos Programas de no Departamento de Aquicultura da UFSC, onde le-
Pós-gradução em Zootecnia da FCAV-UNESP e em Aqui- ciona e orienta alunos em iniciação científica, mes-
cultura do Centro de Aquicultura da UNESP [CAUNESP]. trado, doutorado e supervisiona o Laboratório de
Responsável pelo Setor de Piscicultura e pelo Laborató- Nutrição de Espécies Aquícolas. Sua área de atuação
rio de Nutrição de Organismos Aquáticos do CAUNESP. é Aquicultura, com ênfase em Nutrição, desenvolven-
Com ênfase em Nutrição de Peixes, desenvolve pesqui- do pesquisas principalmente sobre determinação de
sas sobre digestibilidade e exigências nutricionais, ava- exigências nutricionais, interação nutrição e saúde e
liação de alimentos e dietas processadas para espécies avaliação de alimentos para espécies aquícolas nati-
de peixes nativas e exóticas. É Pesquisador 1C e Líder do vas e exóticas de interesse comercial. Coordenou o
Grupo de Pesquisa em Nutrição de Organismos Aquáti- Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da UFSC
cos do Diretório do CNPq. Foi Coordenador do Progra- (2002 a 2006) e integrou o comitê de avaliação de
ma de Pós-Graduação em Aquicultura (1994 - 1996) e cursos de pós-graduação da CAPES, na área de Zoo-
Diretor do CAUNESP (2005 – 2009). Foi Membro do Co- tecnia e Recursos Pesqueiros (2002 a 2007). Presidiu o
mitê Organizador do XIII International Symposium on comitê organizador do ‘XIII International Symposium
Fish Nutrition and Feeding, Florianópolis, 2008. on Fish Nutrition and Feeding’, Florianópolis (2008). É
pesquisador do CNPq em Produtividade em Pesquisa e
editora científica da área de Aquicultura da Revista Bra-
DARIANE BEATRIZ SCHOFFEN ENKE sileira de Zootecnia. É a atual presidente da AQUABIO.

Graduada em Engenharia de Alimentos pela FURG


(2001), com mestrado em Engenharia e Ciência de Ali- EDMA CARVALHO DE MIRANDA
mentos pela mesma universidade (2004) e doutora-
do em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas Possui graduação em Zootecnia pela UFRPE (1982),
[UFPEL] (2008). Atualmente, é bolsista do Programa Na- mestrado em Zootecnia pela UFRPE (1992), especializa-
cional de Pós-Doutorado da [PNPD] da CAPES no Labo- ção em Didática do Ensino Superior, pela Universidade
ratório de Nutrição de Espécies Aquícolas do Departa- Federal de Viçosa [UFV], Minas Gerais (1994), doutorado
mento de Aquicultura da UFSC, onde atua com pesquisa em Produção e Nutrição Animal pela CAUNESP (2000)
e ensino na graduação e pós-graduação, co-orientando e pós-doutorado em eletroforese bidimensional pelo
alunos em iniciação científica, graduação, mestrado e Instituto de Química e Bioquímica da UNESP (2011).
doutorado. Sua área de atuação é Ciência e Tecnologia Entre 1983 e 2005 foi professora do Centro de Ciências
de Alimentos, com ênfase em Aproveitamento de Sub- Agrárias da Universidade Federal de Alagoas [UFAL],
produtos e Conservação de Alimentos, desenvolvendo onde lecionou as disciplinas fisiologia e anatomia ani-
pesquisas na área de tecnologia de aproveitamentos de mal, alimentos e alimentação animal, produção de pe-
resíduos agroindústrias para uso em formulação de ra- quenos animais, suinocultura, avicultura e piscicultu-
ção animal, otimizando a produção de proteína de boa ra. Em 2005 passou a integrar o Instituto de química
qualidade para alimentação humana. Foi bolsista do e biotecnologia da UFAL onde leciona a disciplina de
programa Pós Doutorado Jr - CNPQ de 2008 a 2009 e bioquímica e orienta alunos de iniciação científica e
bolsista PRODOC-CAPES de 2009 a 2011. É revisora da mestrado em Ensino de Ciências. É responsável pelo
revista Pesquisa Agropecuária Brasileira. Possui experi- laboratório de enzimologia aplicada e análises broma-
ência em organização de eventos científicos. Atual Se- tológicas [LENAB]-UFAL e atua na área de nutrição de
cretária Executiva da Sociedade Brasileira de Aquicultu- peixes onde desenvolve pesquisas em parceria com
ra e Biologia Aquática [AQUABIO]. a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São
Francisco [CODEVASF] especialmente voltadas para
a exigência nutricional, desempenho e avaliação de
DÉBORA MACHADO FRACALOSSI alimentos para os peixes de interesse para a região.
Membro da ‘World Aquaculture Society’.
Graduada em Agronomia pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul [UFRGS] (1983), com mestrado
em Zootecnia pela mesma universidade (1988), ‘Doc- EDUARDO GIANINI ABIMORAD
tor of Phylosophy’ [Ph.D.] na área de Aquicultura, pelo
‘Department of Fisheries and Allied Aquacultures, Au- Graduado em Zootecnia pela UNESP, em Jaboticabal, SP
burn University, Alabama’, Estados Unidos da América (2001), com mestrado e doutorado em Aquicultura pelo
362 NUTRIAQUA

CAUNESP (2004 e 2008) e pós-doutorados no CENA nos programas de pós-graduação de Aquicultura,


do Instituto de Biociências de Botucatu, UNESP. Desde CAUNESP, Jaboticabal - SP, e em 2005 na Aquicultura e
2005, é Pesquisador Científico IV no Pólo Regional do Pesca do IP, atuando na área de Aquicultura, com desta-
Noroeste Paulista, pertencente à Agência Paulista de que em pesquisas principalmente, sobre técnicas repro-
Tecnologia dos Agronegócios [APTA], órgão ligado a dutivas de fêmeas e machos de espécies de peixes de
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado valor comercial, ornamentais. Por anos foi responsável
de São Paulo, o qual tem como missão a geração, adap- pelo Núcleo de Aquicultura de Pariquera-Açu, SP, rea-
tação e transferência de conhecimentos científicos e
lizando pesquisas e parcerias com a iniciativa privada.
tecnológicos, a partir de uma visão multidisciplinar
Atualmente coordena projeto de uma espécie ameaça-
focada em cada região paulista. Sua área de atuação
é Aquicultura, com ênfase em nutrição e produção da de extinção. Vem interagindo em pesquisas de repro-
sustentável, desenvolvendo pesquisas principalmente dução à nutrição juntamente com outras universidades
sobre determinação dos coeficientes de digestibilida- estaduais. É pesquisador do CNPq em Produtividade em
de de alimentos, exigências nutricionais e qualidade da Pesquisa.
água para o cultivo de organismos aquáticos nativos e
exóticos de interesse comercial. Adicionalmente, é res-
ponsável pelo setor de piscicultura do Pólo Regional do
Noroeste Paulista e membro titular do Grupo de Traba- ELISABETE MARIA MACEDO VIEGAS
lho para a elaboração do Plano Diretor da Aquicultura
Continental na APTA Regional.
Graduada em Biologia pela Faculdade de Filosofia, Ciên-
cias e Letras de Ribeirão Preto [FFCLRP]-USP, campus de

EDUARDO CARGNIN-FERREIRA
Ribeirão Preto, SP, com mestrado em Zootecnia (1979)
pela UNESP, Jaboticabal, SP e doutorado em Tecnolo-
gia de Alimentos, pela Faculdade de Engenharia de Ali-
Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas pela UFSC mentos [FEA] da UNICAMP (1993). Realizou estágio de
(1992), Mestre em Biologia Tropical (ecologia de ecossis- pós-doutoramento na ‘Università degli Studi di Firenze’,
temas fluviais) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da
Itália (2008). É Professora no Departamento de Zootec-
Amazônia [INPA] (1998) e Doutor pela ‘Universidad de
nia da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimen-
Cádiz’ (‘Facultad de Ciencias del Mar y Ambientales’) e
tos [FZEA]-USP, desde 2001, onde leciona Piscicultura e
‘Instituto de Ciencias Marinas de Andalucía’ [CSIC], Es-
panha (2005), na área de Ciências Biológicas - Recursos Tecnologia do Pescado, na graduação e pós-graduação,
Pesqueiros Marinhos. A sua tese versou sobre os efeitos orienta alunos em iniciação científica, mestrado e douto-
da poluição metálica nos níveis bioquímico, celular e rado, e coordena o Laboratório de Aquicultura. Também
tecidual e sobre a fisiologia e densidade do bivalve ma- é credenciada no Programa de Pós-graduação em Aqui-
rinho comercial Scrobicularia plana. Pós-doutorado na cultura do CAUNESP, onde orienta alunos de mestrado e
UFSC com morfologia (biologia celular e histologia) e doutorado. Sua área de atuação é Aquicultura, desenvol-
ecotoxicologia de ostras Crassostrea gigas provenientes vendo pesquisas principalmente nos seguintes temas:
de fazendas marinhas. Tem experiência na área de Bio- nutrição e alimentação de peixes de água doce, processa-
logia Celular e Tecidual Humana e Animal como profes- mento pós-despesca e conservação de pescado de água
sor universitário e pesquisador. Tem se dedicado ao de- doce, e aproveitamento de resíduos do processamento.
senvolvimento e uso de marcadores Cito-histológicos É pesquisadora do CNPq, bolsista de Produtividade em
na área de Aquicultura, Ecotoxicologia Marinha, Farma- Pesquisa. Atualmente é Coordenadora do Programa de
cologia, Fisiologia Animal e Células-tronco. Atualmente
Pós-Graduação em Zootecnia da FZEA e supervisora de
é professor do Instituto Federal de Santa Catarina [IFSC]
dois pós-doutorandos em Aquicultura.
na área de Biotecnologia.

ELIZABETH ROMAGOSA FÁBIO BITTENCOURT


Zootecnista, com mestrado em produção e nutrição
Bióloga, com mestrado na UNESP, campus Rio Claro, SP
animal pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná
e doutorado na UFSCar, SP, pesquisadora científica do
[UNIOESTE] Campus de Marechal Cândido Rondon, PR. É
Instituto de Pesca [IP], APTA, Secretaria de Agricultura e
estudante de doutorado em Aquicultura no CAUNESP,
Abastecimento do Estado de São Paulo, realizando pes-
Jaboticabal, SP e integrante do Grupo de Estudos de
quisas sobre comportamento e fisiologia reprodutiva de
Manejo na Aquicultura [GEMAq], localizado na UNIOESTE
peixes migradores, a mais de 30 anos. Em 1985, recebeu
Campus Toledo, PR; e do Instituto Água Viva de Pesquisa
menção honrosa do CNPq com o sucesso reprodutivo
e Extensão [IAV], sediado no município de Toledo, PR.
de um peixe nativo. Desde 2000, encontra-se credenciada
RESUMOS BIOGRÁFICOS DOS AUTORES 363

Trabalhou por anos com a criação de peixes (espécies auxiliar na execução de ensaios sobre nutrição da tilá-
nativas e exóticas) em viveiros escavados, atuando nas pia, que faziam parte do projeto Aquabrasil e recebeu
áreas de reprodução, alevinagem, crescimento, termi- bolsa do CNPq de 2010 a 2012, durante o período de
nação e processamento; participa de projetos de exten- doutoramento.
são e de pesquisa em piscicultura intensiva com enfo-
que em manejo e nutrição de peixes nativos criados em
tanques-rede. Nos últimos anos vem trabalhando na
interação entre nutrição e fisiologia reprodutiva de fê- JANESSA SAMPAIO DE ABREU RIBEIRO
meas de espécies autóctones mantidas em tanques-rede.
É bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado Graduada em Ciências Biológicas pela UNESP de
de São Paulo [FAPESP]. São José do Rio Preto, SP, em 2000, possui mestrado e
doutorado em Aquicultura pelo CAUNESP, Jaboticabal,
SP. Desde 2008, é Professora na Faculdade de Agro-
nomia, Medicina Veterinária e Zootecnia [FAMEV] da
FELIPE DE AZEVEDO SILVA RIBEIRO Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT], onde
leciona a disciplina de Piscicultura paras os cursos de
Graduado em Zootecnia pela FCAV-UNESP em 2005, graduação em Agronomia, Medicina Veterinária e En-
concluiu Mestrado em Aquicultura em 2007 pelo genharia Florestal, e orienta alunos em iniciação cien-
CAUNESP e Doutorado pela mesma instituição em tífica e trabalhos de extensão. Atua em programa de
2011. Desde 2009 é Professor Efetivo do Departamen- pós-graduação, com área de concentração em Ciência
to de Ciências Animais da Universidade Federal Rural Animal, ministrando disciplinas e orientando alunos em
do Semi-Árido [UFERSA] campus Mossoró-RN minis- mestrado. Sua área de atuação é Piscicultura, com ên-
trando as disciplinas de “Alimentação e Nutrição de fase em fisiologia, desenvolvendo pesquisas principal-
Organismos Aquáticos” e “Formulação e Tecnologia mente sobre mecanismos de controle hormonal, meta-
de Rações” para os cursos de Engenharia de Pesca e bólicos e imunológicos em eventos biológicos que são
Zootecnia. Também exerce a função de Chefe do Setor determinantes no processo produtivo em piscicultura.
de Aquicultura da UFERSA onde coordena projetos de Atualmente, é chefe do Departamento de Zootecnia e
pesquisa em parceria com diversas instituições na área Extensão Rural e coordenadora do Setor de Piscicultu-
de manejo, sistemas de produção e nutrição de orga- ra da fazenda experimental da UFMT, onde desenvolve
nismos aquáticos, especialmente com espécies orna- estudos em peixes de água doce, visando os aspectos
mentais, e orienta trabalhos de conclusão de curso e ligados à nutrição e estresse.
estágios curriculares de estudantes de graduação. Atual-
mente é tutor do grupo Programa de Educação Tutorial
[PET] da Engenharia de Pesca da UFERSA. Coordena
também o projeto de extensão “Ciência para Todos no JOÃO RADÜNZ NETO
Semi-Árido Potiguar” no qual realiza Feiras de Ciências
para estudantes do Ensino Médio da Rede Estadual de Graduado em Agronomia pela Universidade Federal de
Ensino do RN. Santa Maria [UFSM] (1977), com mestrado em Zootec-
nia pela mesma universidade (1981), mestrado (1990) e
doutorado (1993) em ‘Sciences des Aliments’ pela ‘Uni-
versité de Bordeaux I’, França, e pós-doutorado (2003)
GIOVANNI VITTI MORO no ‘Institut National de la Recherche Agronomique
[INRA] - Pôle de Hydrobiologie’, equipe de ‘Nutrition,
Possui graduação em Engenharia Agronômica Métabolisme et Aquaculture’, em Saint-Pée-sur Nivelle,
pela ESALQ-USP (2005) e mestrado em Aquicultura pela França. Desde 1979, é Professor no Departamento de
UFSC (2008). Atua na área de aquicultura e recursos Zootecnia da UFSM, onde leciona na graduação e
pesqueiros, com ênfase em nutrição e alimentação de pós-graduação, orientando alunos em iniciação cien-
organismos aquáticos. Atualmente é pesquisador B da tífica, mestrado e doutorado, além de supervisionar o
EMBRAPA Pesca e Aquicultura, na área de manejo e con- Laboratório de Piscicultura da UFSM. Sua área de
servação de recursos pesqueiros e aluno de doutorado atuação é Piscicultura, com ênfase em larvicultura,
do Departamento de Zootecnia, Setor de Piscicultura nutrição, engorda e qualidade de pescado desenvol-
da ESALQ-USP. Foi bolsista de iniciação científica pelo vendo pesquisas principalmente sobre avaliação de
CNPq de 2002 a 2005, durante quatro anos da gradua- alimentos para peixes e determinação de exigências
ção; bolsista da CAPES de 2006 a 2008, durante o período nutricionais, com ênfase no jundiá. É pesquisador do
de mestrado; recebeu bolsa da EMBRAPA em 2009 para CNPq em Produtividade em Pesquisa. Coordenou o
364 NUTRIAQUA

Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFSM


de 2001 a 2002, e de 2008 a 2010 e integrou o comitê LEANDRO PORTZ
de avaliação de cursos de pós-graduação da CAPES,
na área de Zootecnia e Recursos Pesqueiros, nos anos Possui graduação em Zootecnia pela UFRRJ (1997), com
de 2001 e 2002. mestrado e doutorado em Ciência Animal pela ESALQ-USP
(1999, 2001) e possui estágio de Pós-Doutorado na área
de Fisiologia e Nutrição de Peixes pelo Instituto de Fisio-
logia e Nutrição Animal da ‘Georg-August Goettingen
JOSÉ EURICO POSSEBON CYRINO University’ na Alemanha. Em sua carreira foi professor
na Universidade Federal da Bahia [UFB], Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia [UFRB] e atualmen-
Professor Associado do Departamento de Zootecnia
te é professor adjunto na graduação e pós-graduação
[LZT] da ESALQ-USP, campus de Piracicaba, SP, desen-
da UFPR, campus Palotina, onde orienta alunos de ini-
volve trabalhos nas áreas de produção e nutrição de
ciação científica, mestrado e doutorado. Tem atuado
peixes. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq,
em projetos de extensão com ensino fundamental em
nível 1-A, e membro do Comitê de Assessoramento de
escolas públicas e em projetos de pesquisas na pós-
Aquicultura e Recursos Pesqueiros do CNPq (2011-2014).
-graduação com inserção internacional na área de
Bacharel em Zootecnia pela FCAV-UNESP, campus de Ja-
Aquicultura, com ênfase em Piscicultura Continental,
boticabal, SP (1979); Mestre em Ciências Biológicas, área
atuando principalmente nos seguintes temas: Nutrição,
de concentração em Biologia de Água Doce e Pesca In-
determinação de exigências nutricionais, interação en-
terior pelo INPA (1985); “Doctor of Phylosophy” [Ph.D.]
tre nutrição e saúde e avaliação de organismos-alimento
na área de Aquicultura, pelo “Department of Fisheries para espécies aquáticas nativas e exóticas de interesse
and Allied Aquacultures, Auburn University, Alabama”, comercial.
EUA (1992); Livre-Docente na especialidade Aquicultu-
ra pelo LZT-ESALQ-USP (2000); Pós-Doutorado na área
de Aquicultura pelo “Department of Fisheries and Allied
Aquacultures, Auburn University, Alabama”, EUA (2008). LIGIA URIBE GONÇALVES
É professor e orientador credenciado junto ao Progra-
ma de Pós-Graduação em Ciência Animal e Pastagens Zootecnista (2005) e Doutora em Zootecnia (2010)
[PPG-CAP, ESALQ-USP]. pela FZEA-USP com Estágio Sanduíche no Departa-
mento de Biotecnologia Agrária da ‘Università degli
Studi di Firenze’ [UNIFI] em Florença, Itália. Atualmente,
é Pós-doutoranda do LZT, ESALQ-USP, onde desenvolve
JULIANE RENATA GAIOTTO estudos na área de aquicultura com ênfase em nutri-
ção e alimentação de peixes de água doce. Orienta alu-
Graduada em Zootecnia pela FZEA-USP em 2002, Uni- nos de iniciação científica e possui projetos aprovados
versidade esta, onde permaneceu até 2005 quando pela FAPESP e pelo CNPq para desenvolver pesquisas
obteve seu título de Mestre em Qualidade e Produtivi- que visam à determinação de exigências nutricionais
dade Animal, defendendo sua Dissertação que discorre de lipídios e ácidos graxos, avaliação de alimentos
sobre o uso de levedura e seus coprodutos na nutrição convencionais e alternativos, e avaliação da expressão
de pintados. Em seu primeiro desafio profissional, en- gênica de enzimas envolvidas no processo de metabo-
tre os anos de 2005 e 2007, atuou como formuladora lismo de ácidos graxos em espécies nativas.
pela Purina (Cargill-Evialis) e, ainda pela mesma empre-
sa como Gerente de Serviços Técnicos no estado do Rio
Grande do Norte, atendendo fazendas produtoras de
camarões, entre os anos de 2007 e 2009. Neste mesmo LUIZ EDIVALDO PEZZATO
ano, retornou ao Estado de São Paulo para apoiar o de-
senvolvimento de uma nova marca no Brasil, a Aquativ Possui graduação em Zootecnia pelo CAUNESP (1979),
do Brasil, onde promoveu e colaborou no desenvolvi- mestrado em Nutrição e Produção Animal pela USP
mento de ingredientes nutricionalmente superiores (1984) e doutorado em Zootecnia pelo CAUNESP (1990).
Atualmente é Professor Adjunto do CAUNESP; participa
para a aquicultura. Em 2012, buscando ampliar seus
do Conselho de Pós-graduação em Zootecnia, Faculda-
horizontes profissionais, lançou-se num novo desafio,
de de Medicina Veterinária e Zootecnia [FMVZ], UNESP,
o de trabalhar com aditivos para diversas espécies ani-
Botucatu e é Membro do Comitê de Zootecnia e Re-
mais pela Phytobiotics Brasil.
cursos Pesqueiros da CAPES. Participa como Docente e
RESUMOS BIOGRÁFICOS DOS AUTORES 365

Orientador dos Programas de Pós-graduação em Zoo- de alimentos e nutrientes, avaliações hematológicas e


tecnia (Botucatu) e Aquicultura (CAUNESP, Jaboticabal). imunológicas. Atua como relatora dos seguintes perió-
Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em dicos: Boletim Técnico do CEPTA, Scientia Agricola, Ci-
Exigências Nutricionais dos Animais, atuando principal- ência e Agrotecnologia, Boletim do Instituto de Pesca,
mente nos seguintes temas: valor nutritivo de alimen- Acta Scientiarum – ‘Animal Sciences’, ‘Aquaculture Nutri-
tos para peixes tropicais, digestibilidade, nutrição de tion’, ‘Aquaculture Research’, ‘Aquaculture’, ‘Journal of the
peixes, alimentos funcionais, processamento de rações World Aquaculture Society’, Pesquisa Agropecuária Bra-
e alimentação de peixes. Atua como relator dos se- sileira e, na Revista Brasileira de Zootecnia, atua como
guintes Periódicos: Boletim do Instituto de Pesca, Acta editor associado.
Scientiarum – ‘Animal Sciences’, ‘Aquaculture Nutrition’,
‘Aquaculture Research’, ‘Journal of the ‘World Aquacul-
ture Society’, Pesquisa Agropecuária Brasileira e Revista
Brasileira de Zootecnia e Veterinária e Zootecnia. MARIA CÉLIA PORTELLA
Bióloga (1984) com Doutorado em Ecologia e Recursos
Naturais pela UFSCar (1995) e Pós-Doutorado em Aqui-
MARCELO VINÍCIUS DO CARMO E SÁ cultura pelo CAUNESP (2002). Desde 2004, é Professora
no Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária
Graduado em Engenharia de Pesca pela UFC (1997), da UNESP, Jaboticabal, e Professora Associada do CAUNESP.
Mestre em Aquicultura pela UFSC (2000) e Doutor em Sua história profissional inclui 17 anos como Pesqui-
Zootecnia pela UNESP (2004). Foi bolsista de Desen- sador Científico do IP, SP (1987-2004), 13 anos como
volvimento Científico Regional [DCR] do CNPq, tendo orientadora de teses de doutorado e dissertações de
trabalhado na UFERSA (Mossoró-RN) e no LABOMAR mestrado em Cursos de Pós-Graduação em Zootecnia
(Fortaleza-CE) com a nutrição do camarão marinho, e em Aquicultura, cinco anos no ‘Board of Directors of
Litopenaeus vannamei. Atualmente é Professor Adjunto the Latin American and Caribbean Chapter of the World
III do Departamento de Engenharia de Pesca do Centro Aquaculture Society [LACC/WAS]’ (Diretora, 2004/06;
de Ciências Agrárias da UFC, aonde leciona as discipli- Secretária 2006/07 e 2007/08; Editora do AquaNotícias
nas “Limnologia” (Graduação), “Nutrição de organismos 2007/08; Presidente 2011/12), um ano no ‘Board of Di-
aquáticos cultivados” e “Manejo da qualidade da água rectors of the World Aquaculture Society’ (2011/12),
e do solo de viveiros de aquicultura” (Pós-Graduação). sete anos como ‘Host Country Principal Investigator’ em
Pesquisador do Laboratório de Nutrição de Organismos projetos do ‘Aquaculture & Fisheries Collaborative
Aquáticos do Centro de Estudos Ambientais Costeiros Research Support Program’ (USAID, EUA) e três anos
do LABOMAR-UFC (Eusébio, CE) e coordenador do La- como Pesquisador Principal em Projeto Temático da
boratório de Ciência e Tecnologia Aquícola [LCTA], Campus FAPESP. É Bolsista em Produtividade 1C-CNPq e man-
do Pici, Fortaleza, CE. tém ativa colaboração com diversas universidades nos
Estados Unidos, México, Europa e África. Toda sua vida
profissional foi dedicada às pesquisas envolvendo lar-
vicultura, ontogenia larval e alimentação e nutrição de
MARGARIDA MARIA BARROS larvas de peixes Neotropicais.

Graduação em Zootecnia pela UNESP, Mestrado em


Agronomia - Área de Nutrição Animal e Pastagem pela
ESALQ-USP, Doutorado em Zootecnia pela UNESP e MARIA DO CARMO GOMINHO ROSA
Pós-doutorado em Nutrição e Saúde de Peixes pelo ‘De-
partment of Agriculture [USDA], Auburn, Alabama, EUA. Graduada em Engenharia de Pesca pela UFRPE (1993),
Atualmente é Docente do Departamento de Melhora- com mestrado (2000) e doutorado (2012) em Aquicultu-
mento e Nutrição Animal, FMVZ-UNESP, Coordenadora ra pela UFSC. Desde 2000, é Professora no Centro de En-
do Programa de Pós-graduação em Zootecnia e res- genharias e Ciências Exatas da UNIOESTE, onde leciona
ponsável pelo Laboratório de Nutrição de Organismos no curso de graduação em Engenharia de Pesca, orien-
Aquáticos [AquaNutri]. Participa como Docente e Orien- ta alunos em trabalho de conclusão de curso e estágio
tadora dos Programas de Pós-graduação em Zootecnia supervisionado e coordena o Laboratório de Ensino de
(Botucatu) e Aquicultura (CAUNESP, Jaboticabal). Linhas Carcinicultura de Água Doce. Suas áreas de atuação são
de Pesquisa: Nutrição e Saúde de Peixes, com experiên- (1) Aquicultura, com ênfase em Nutrição, desenvolven-
cia determinação de exigências nutricionais para de- do pesquisas sobre exigências de nutrientes, fisiologia
sempenho produtivo e saúde de peixes, digestibilidade da nutrição, avaliação de alimentos para organismos
366 NUTRIAQUA

aquáticos nativos e exóticos de interesse comercial; e


(2) Manejo e Conservação de Recursos Pesqueiros de RICARDO FRANKLIN DE MELLO
Águas Interiores, com estudos sobre hábitos e compor-
tamentos alimentares, dinâmica da nutrição, dinâmica Graduado em Engenharia Agronômica pela ESALQ-USP
da reprodução, composição da ictiofauna, distribuição (1996), com mestrado em Ciência Animal e Pastagens
espacial e temporal. Coordenou o Comitê Científico do – Área de Concentração Piscicultura, pela mesma uni-
XII Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca, Foz do versidade (1999), concluiu curso de MBA (lato sensu) em
Iguaçu - PR, setembro - outubro de 2001. Gestão Estratégia e Econômica de Negócios pela Fun-
dação Getúlio Vargas [FGV], SP, no ano de 2009. Iniciou
a carreira profissional como Professor de Zootecnia na
Fundação Dom André Arcoverde no município de Va-
MAUDE REGINA DE BORBA lença, RJ, onde permaneceu entre 1999 e 2001. No final
de 2001 ingressou na Mogiana Alimentos – Guabi, onde
foi assessor técnico de piscicultura. Em 2002, aceitou
Engenheira Agrônoma graduada pela UFSC (1993),
convite para desempenhar a mesma função no grupo
com mestrado em Aquicultura pela mesma universi-
Evialis do Brasil, proprietário das marcas Socil, Presence
dade (1997), doutorado em Aquicultura pela UNESP,
(ex-Purina) e maltaCleyton, onde seis meses depois as-
realizado no CAUNESP (2003) e pós-doutorado pela
sumiu a Gerência de Negócios de Aquacultura. Ao final
UFSC (2005), cujo estudo envolveu a nutrição e saúde
de 2011 foi convidado a assumir a Direção Comercial de
do jundiá Rhamdia quelen. Foi professora visitante do
uma das regionais do grupo no Brasil. Desde 2008 é o
Instituto de Oceanografia da FURG (2007-2009), onde
Coordenador do Comitê de Aquacultura [Coaqua] do
ministrou aulas e orientou alunos na graduação e tam-
SINDIRAÇÕES, entidade representativa da indústria de
bém na Pós-Graduação em Aquicultura. Desde 2010 é
nutrição animal no país.
professora adjunta da Universidade Federal da Frontei-
ra Sul [UFFS] campus Laranjeiras do Sul, PR, onde atual-
mente coordena o curso de Engenharia de Aquicultura,
leciona aulas na graduação e orienta alunos no desen-
volvimento de projetos de pesquisa e extensão. Possui RODRIGO ROUBACH
experiência na área de Aquicultura, realizando pesqui-
sas principalmente voltadas à nutrição, alimentação e Graduado em Ciências Biológicas pela Fundação Téc-
avaliação de alimentos para organismos aquáticos, com nico Educacional Souza Marques, RJ (1985), com mes-
ênfase em peixes nativos de água doce. trado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pela
UFAM-Instituto de Pesquisas da Amazônia [INPA] (1992),
Especialização em ‘Fish Feed Technology and Fish Nutri-
tion’ pela ‘University of Washington’, EUA (1992) e PhD
NATALIA DE JESUS LEITÃO em ‘Fisheries and Allied Aquacultures’ pela Auburn Uni-
versity, EUA (1998). Desde 1988 é Pesquisador Titular da
Coordenação de Pesquisas em Aquicultura [CPAQ] do
Graduada em Zootecnia pela UNESP, FCAV, Jaboti-
INPA, desde 1994 atua na pós-graduação do INPA, assim
cabal (2006), obteve o título de Mestre em Zootecnia
como orientou alunos de iniciação científica, e orien-
pela mesma instituição (2009). Foi bolsista de Iniciação
tação de mestrado e doutorado desde 2001. Possui
Científica do Programa PIBIC-CNPq e de Mestrado pela
como área de atuação em Aquicultura, com ênfase em
FAPESP. Recebeu o “Prêmio Dr. Henrique Francisco Rai-
Nutrição e Fisiologia de peixes, desenvolvendo pes-
mo” outorgado pelo Conselho Regional de Medicina
quisas sobre determinação de exigências nutricionais,
Veterinária e Zootecnia de São Paulo, pela aprovação
principalmente com espécies nativas. Desde 1999 é
em primeiro lugar no conjunto de disciplinas profissio-
bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, foi
nalizantes do Curso de Zootecnia da FCAV-UNESP e o
Coordenador de Aquicultura do INPA (2001 a 2005),
“Prêmio da FACAV-UNESP” por ter obtido a maior mé-
Gerente de Projetos da Secretaria Especial de Aqui-
dia entre as disciplinas ministradas durante o curso de
cultura e Pesca da presidência da República [SEAP-PR]
Zootecnia, ambos no ano letivo de 2006 – XLVI Turma
(2005 a 2009), Coordenador-Geral de Planejamento e
de Zootecnia. Atualmente é doutoranda da UNESP, sob
Ordenamento da Aquicultura em Águas da União Conti-
orientação da Profa Dra. Maria Célia Portella. Desen-
nental, do Ministério da Pesca e Aquicultura [MPA] (2009 a
volve atividades de pesquisa em aquicultura, atuando
2011), atualmente é Chefe de Divisão da Coordenação Ge-
principalmente em larvicultura de peixes neotropicais,
ral de Pesquisa e Geração de Novas Tecnologias da Pesca e
desenvolvimento de dietas microencapsuladas para lar-
Aquicultura [COGENT], MPA.
vas, morfologia dos sistemas digestório e muscular de
peixes, histologia e biologia molecular.
RESUMOS BIOGRÁFICOS DOS AUTORES 367

RODRIGO TAKATA ROSELANY DE OLIVEIRA CORRÊA


Graduou-se em Ciências Biológicas na Universidade Fe- Graduada em Ciências Biológicas pela UFAM (1994),
deral de Alfenas [UNIFAL], MG, em 2004 e realizou Mes- com mestrado em Biologia Aquática e Pesca Interior
trado (bolsista FAPESP) e Doutorado (bolsista CNPq) no pelo INPA (1998), onde trabalhou com determinação
CAUNESP, sob orientação da Profa Maria Célia Portella. de idade e crescimento de tucunaré (Cichla monoculus).
Durante o mestrado realizou estágio no Instituto de Atualmente é pós-graduanda do curso Ciência Animal
Ciências Marinas de Andalúcia, Espanha, sob orienta- e Pastagens, ESALQ-USP (2012), na linha de nutrição de
ção do Dr. Manuel Yúfera (bolsa da ‘Asociación Univer- peixes. Desde 2005, é pesquisadora na EMBRAPA Ama-
sitária Iberoamericana de Postgrado’), desenvolvendo zônia Oriental, Belém, PA, onde atua na linha de biolo-
dietas microencapsuladas para larvas de peixes. No gia de organismos aquícolas. Desenvolve estudos sobre
doutorado, desenvolveu estudo relacionado aos efei- avaliação do uso de ingredientes não convencionais
tos do desbalanceamento dos aminoácidos indispen- em dietas para peixes neotropicais (Projeto Aquabrasil,
sáveis no crescimento, na fisiologia e na celularidade EMBRAPA-MPA-CNPq). Também atua em atividades de
das fibras musculares de espécie neotropical. Durante pesquisa participativa com piscicultores familiares no
esse período realizou dois estágios na ‘The Ohio State Nordeste Paraense, gerando referências técnicas dos
University’, EUA, sob orientação do Dr. Konrad Dabrowski
cultivos e estimulando o fortalecimento da atividade
(bolsas AquaFish CRSP-USAID e de doutorado san-
através de estratégias elaboradas em parceria com pro-
duíche do CNPq), quando aprofundou seus estudos e
dutores e técnicos de ATER locais (Projeto Ver o Peixe,
aperfeiçoou a técnica de análise de aminoácidos livres
EMBRAPA-CNPq). No campo gerencial, coordenou o
corporais para avaliação do metabolismo intermediário
Projeto Componente de Nutrição Espécies Aquícolas de
dos aminoácidos em peixes. Atualmente é bolsista de
Pós-Doutorado CNPq, desenvolvendo e co-orientando 2008 a 2011 / PC3, Rede Aquabrasil, EMBRAPA.
pesquisas na área de reprodução, larvicultura e nutrição
de espécies nativas. Área de atuação: nutrição, fisiologia
e larvicultura de peixes. SILVIA CRISTINA GIBELLO PASTORE
Graduada em Agronomia pela ESALQ-USP (1983), com
mestrado em ‘Dairy Science’ pela ‘University of Wisconsin’,
RONALDO OLIVERA CAVALLI EUA (1986). Desde 1988 trabalha na indústria de rações
nas áreas de formulação e desenvolvimento de rações
Graduado em Agronomia pela UFRGS (1987), com Mes- para diferentes espécies, bem como na área de controle
trado em Recursos Naturais Renováveis pela ‘Mie Uni- de qualidade no processo de fabricação destes produ-
versity’, Japão (1990), e Doutorado em Ciências Bioló- tos. Nos últimos nove anos tem se dedicado a área de
gicas Aplicadas pela ‘Rijksuniversiteit te Gent’, Bélgica organismos aquáticos, principalmente peixes e cama-
(2000). Foi professor do Departamento de Oceanografia rões. Trabalhou durante 15 na empresa Purina onde foi
da FURG de 1991 a 2006, onde coordenou o Programa responsável pelo departamento de formulação. Entre os
de Pós-Graduação em Aquicultura durante dois anos. anos de 2004 e 2009 foi sócia da empresa MaltaCleyton
Desde 2007 é professor Titular de Maricultura da UFR- do Brasil S.A., com forte atuação no mercado de carci-
PE. Atua nos Programas de Pós-Graduação em Recur- nicultura. Nesta empresa foi responsável pela formula-
sos Pesqueiros e Aquicultura da UFRPE e Oceanogra- ção, controle de qualidade e desenvolvimento de novos
fia da Universidade Federal de Pernambuco [UFPE]. produtos. Atualmente atua como consultora técnica em
Publicou mais de 60 artigos completos em periódicos fabricas de rações e empresas no segmento de nutrição
científicos tratando de temas relacionados à aquicul- animal através da empresa Jobnutrire Consultoria Em-
tura. Nos últimos anos, seu principal objeto de pes- presarial Ltda.
quisa tem sido a piscicultura marinha, em particular
espécies nativas do Nordeste brasileiro. Desde 2001 é
bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, onde
integrou o Comitê Assessor de Aquicultura e Recursos TAÍS DA SILVA LOPES
Pesqueiros, de 2008 a 2011. Atualmente é membro titu-
lar da Câmara de Ciências Agrárias da Fundação de Am- Graduada em Zootecnia pela Universidade Estadual de
paro à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco Maringá [UEM] (2007), e MSc em Aquicultura (2010) pelo
[FACEPE]. Ex-presidente e atual Diretor da AQUABIO. CAUNESP. Durante a graduação foi bolsista do Programa
368 NUTRIAQUA

de Educação Tutorial (CAPES-CESu), por três anos, e em Zootecnia pela FMVZ-UNESP, Botucatu, SP (2000).
participou do Grupo de Pesquisa Peixegen, onde desen- Professor do Departamento de Zootecnia da UEM de
volveu trabalhos de monitoramento da diversidade e 1996 a 2010, onde orienta na pós-graduação alunos de
variabilidade genética de espécies nativas de peixes. No mestrado, doutorado e pós-doutorado. Desde 2011, é
mestrado, foi bolsista do CNPq e conduziu pesquisas so- Professor no Departamento de Zootecnia da Universi-
bre criopreservação de embriões de peixes. Atualmente dade Estadual de Ponta Grossa [UEPG], onde leciona na
é aluna de doutorado em Zootecnia, área de concentra- graduação e pós-graduação e orienta alunos em inicia-
ção em Produção Animal, pela FCAV-UNESP (Jaboticabal, ção científica e mestrado. Orienta alunos de mestrado
SP), sob orientação de Maria Célia Portella, e desenvolve no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Pes-
tese em que são estudadas as principais deformidades ca da UNIOESTE, Toledo, PR, como professor colabora-
esqueléticas em larvas e pacu, e as influências de fato- dor. Sua área de atuação é Aquicultura, com ênfase em
res nutricionais (vitamina A) no seu desenvolvimento Nutrição de Peixes, desenvolvendo pesquisas principal-
esquelético, usando ferramentas biotecnológicas. Rece- mente sobre determinação de exigências nutricionais e
be Bolsa de Doutorado da FAPESP. Sua área de atuação avaliação de alimentos para organismos aquáticos de
é Aquicultura, com ênfase em reprodução de espécies interesse comercial nas regiões Oeste, Norte e região
reofílicas, larvicultura e nutrição de larvas de peixes. dos Campos Gerais do Paraná. Atual Chefe de Departa-
mento de Zootecnia da UEPG. É pesquisador do CNPq
em Produtividade em Pesquisa e integra o Comitê As-
sessor da Fundação Araucária na área de Zootecnia e
TARCILA SOUZA DE CASTRO SILVA Recursos Pesqueiros.

Graduada em Zootecnia pela UEM (2006), com mestrado


em Produção Animal pela mesma universidade (2008).
Atualmente é doutoranda em Ciências pela ESALQ-USP. WILSON ROGÉRIO BOSCOLO
Sua área de atuação é Aquicultura. Desenvolve e partici-
pa de projetos na área de nutrição e alimentação de pei- Graduado em Zootecnia pela UEM (1997), com mes-
xes de água doce, mais precisamente com estudos sobre trado (2001) e doutorado (2003) em Zootecnia pela
a determinação de exigências nutricionais, avaliação de mesma universidade. Desde 2001, é Professor do cur-
alimentos para espécies nativas e exóticas de interesse so de Engenharia de Pesca no Centro de Engenharias
comercial, incorporação de aditivos como enzimas para e Ciências Exatas da UNIOESTE, onde leciona na gra-
melhorar o desempenho e substâncias imunoestimu- duação e pós-graduação, orienta alunos em iniciação
lantes para a profilaxia de enfermidades nos sistemas de científica, trabalhos de conclusão de curso e mestrado
criação; produção de peixes em tanques-rede ou gaio- (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Pesca
las, com o acompanhamento da deposição de nutrientes e Recursos Pesqueiros [PREP] e no curso de Pós-Gradu-
ao longo do tempo e descrevendo por meio de modelos ação em Zootecnia [PPZ] do Centro de Ciências Agrá-
matemáticos o seu crescimento. Em geral, o enfoque de rias na mesma universidade. Coordena os Laboratórios
sua pesquisa tem o objetivo de desenvolver o conheci- de Nutrição e Alimentação de Organismos Aquáticos,
mento de nutrição para viabilizar a atividade sustentável Qualidade de Alimentos e Tecnologia do Pescado. Suas
da piscicultura intensiva no Brasil. áreas de atuação é em Aquicultura e Tecnologia do
Pescado, com ênfase em determinação de exigências
nutricionais, avaliação de alimentos e processamento
do pescado. Atua também na área de extensão difun-
WILSON MASSAMITU FURUYA dindo tecnologias para aquicultura junto a pescadores
e piscicultores familiares. É pesquisador do CNPq em
Graduado em Zootecnia pela UEM (1993), com mestrado Produtividade em Pesquisa. Coordenou o GEMAq de
em Zootecnia pela mesma universidade (1996), doutorado 2007 a 2012.
Índice Remissivo

Acidez: 231, 247, 337, 339 Aglutinante: 47, 49, 109, 112, 193, 225, 303, 308
Ácido araquidônico: 82, 85, 88, 91, 199, 244 Alanina: 11, 53, 108, 303, 308
Ácido ascórbico: 52, 121, 138, 138, 140, 141, 174, 192, Albumina: 20, 47, 144, 354, 355
205, 206, 236, 259, 273, 305,
Alcaloide: 301
Ácido benzóico: 308, 354
Alginatos: 47, 308
Ácido docosahexaenoico: 82, 374
Altricial: 187
Ácido eicosapentaenoico: 82, 199, 219, 244
Amilase: 18, 21, 24, 25, 29, 30, 102, 105, 108, 113, 137,
Ácido fítico: 71, 224, 258, 301 169, 275
Ácido fólico: 121, 122, 134, 135, 136, 236, 246, 247, 305 Amilopectina: 101, 102
Ácido glutâmico:130, 134, 202, 308 Amilose: 101, 102, 103, 105
Ácido linoleico: 46, 82, 171, 219, 244, 258, 304 Aminas biogênicas: 133, 300, 337
Ácido linolênico: 82, 172, 235, 244, 245, 249, 275 Aminoácidos: 3, 11, 23, 45, 46, 47, 49, 53, 54, 65, 66, 68,
69, 70, 71, 72, 73, 74, 103, 106, 108, 121, 132, 133,
Ácido nicotínico: 132, 133, 302, 305
134, 135, 137, 143, 151, 152, 169, 171, 191, 193,
Ácido pantotênico: 121, 122, 133, 236, 246, 247 200, 202, 204, 207, 217, 218, 222, 224, 226, 232,
Ácido propiônico: 308 233, 234, 238, 241, 243, 244, 251, 256, 257, 259,
262, 264, 270, 275, 285, 296, 297, 299, 300, 301,
Ácido retinoico: 123, 205 307, 308, 332, 339, 355
Ácido sórbico: 308 Aminoácidos indispensáveis: 68, 190, 191, 204
Ácidos graxos altamente insaturados: 82, 89, 171, 172, Aminoácidos livres: 28, 54, 68, 108, 192, 193, 194, 203,
191, 199, 271, 204, 242, 270
Ácidos graxos essenciais: 49, 54, 70, 79, 80, 90, 91, 92, 93, Aminoácidos sintéticos: 204, 257, 270, 296, 298, 308
94, 95, 171, 178, 190, 191, 192, 199, 200, 202, 234,
238, 244, 271, 272, 275, 296, 301, 303, Anabolizante: 349, 351

Aditivo: 49, 225, 238, 296, 307, 319, 327, 331, 332, 339, Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle: 325
340, 342, 348, 350, 351, 352, 364, 368, 372 Análises histológicas: 52, 198
Adsorvente: 111, 246, 296, 332, 339 Anticoccidianos: 351
Aflatoxina: 302, 338 Antifúngico: 49, 308, 332, 339

369
370 NUTRIAQUA

Antioxidante: 54, 128, 130, 273, 296, 303, 307, 332, 337, Coeficiente de digestibilidade aparente: 38, 238, 259,
339, 340 272, 285, 289, 298
Aquicultor: 349 Coenzima: 121, 131, 132, 133, 134, 135
Arapaima gigas: 17, 26, 69, 283, 360 Cofator: 130, 138, 142, 147, 149, 151, 153, 258, 259

Arraçoamento: 49, 54, 59, 237, 250, 277, 278, 279 “Co-feeding”: 194

Arroz quebrado: 303 Colecalciferol: 122, 125, 305

Astaxantina: 123, 194, 309 Coleta de fezes: 39, 42, 55, 56, 59, 237

Atrativo: 137, 192, 290, 296, 299, 307, 336 Colina: 83, 84, 121, 122, 135, 136, 137, 236, 246, 247, 249,
259, 273, 304, 305
Balanço energético-proteico: 65, 66, 67, 71
Colossoma macropomum: 10, 25, 26, 27, 28, 52, 88, 140,
Beijupirá: 26, 27, 122, 136, 172, 178, 269, 270, 271, 272, 155, 194, 219, 231, 234, 238, 361
273, 274, 275, 276, 277, 278, 279, 295, 302, 357
Comercialização: 3, 302, 349, 350, 351, 363
Betacaroteno: 123, 303
Conservante: 296, 307
Betaína: 137, 192, 307, 308
Contaminantes: 20, 310, 337, 339, 340, 341, 342, 347, 350
Biotina: 54, 121, 122, 134, 246, 247, 249, 305
Conversão alimentar: 23, 51, 72, 74, 111, 128, 136, 137,
Bivalves: 92, 269, 348 143, 146, 149, 218, 224, 226, 232, 233, 242, 257,
Botões gustativos: 189 258, 259, 269, 278, 302

Cachara: 4, 18, 19, 22, 22, 89, 174, 178, 195, 200, 283, 284, Cozimento: 104, 134, 296, 297, 325, 333, 341
285, 357 Crescimento alométrico: 190, 197
Cálcio: 70, 125, 128, 131, 133, 141, 142, 143, 146, 147, Dehidroretinol: 123, 236
153, 154, 206, 224, 247, 257, 258, 296, 299, 303,
Desenho experimental: 37, 38, 40, 284
305, 306, 308, 319, 340
Desenvolvimento larval: 127, 185, 190, 191, 196, 197,
Cantaxantina: 123
198, 199, 205, 245, 270
Carboximetilcelulose: 47, 308, 354
Dextrina: 47, 53, 104, 106, 108, 144, 220, 242, 245, 246,
Carotenoide: 54, 123, 169, 171, 175, 272, 302 265, 271, 272, 308, 354
Caseína: 47, 74, 144, 148, 149, 193, 204, 241, 265, 354, DHA: 81, 82, 84, 85, 86, 87, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 171,
355 172, 173, 191, 199, 235, 271, 272, 276, 277
Catabolismo: 53, 66, 67, 69, 84, 101, 103, 108, 128, 171, Dieta farelada: 192, 193
196, 201, 202, 203, 204, 224
Dieta microaglutinada: 192, 193
Celulase: 113
Dieta microencapsulada: 192, 193, 194, 195, 223,
Celulose: 39, 47, 101, 109, 110, 113, 173, 222, 265, 275,
Dieta triturada: 192, 193
308, 354
Dietas experimentais: 37, 46, 47, 48, 49, 50, 58, 59, 70,
Centesimal: 219, 353, 354
92, 113, 140, 141, 143, 146, 176, 178, 195, 204, 205,
Certificado: 325, 351 272, 273, 285, 286, 312
Cianocobalamina (B12): 121, 122, 135, 305 Dietas práticas: 49, 55, 114, 122, 148, 149, 151, 152, 153,
193, 217, 218, 223, 224, 242, 244, 245, 246, 248,
Cloro: 141, 147, 148, 152, 247
275, 312
Coacervação complexa: 194
Digestibilidade da proteína: 71, 111, 112, 113, 146, 224,
Co-alimentação: 194, 195, 207, 276 258, 262, 274, 300
Cobalaminas: 135 Digestibilidade de ingredientes: 4, 42, 220, 238, 251, 273
Cobre: 138, 141, 142, 149, 151, 152, 153, 154, 237, 247, Digestibilidade dos aminoácidos: 69, 222, 257, 262
258, 306
Dourado: 2, 4, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 50, 69, 187, 189,
Cocção: 49, 297, 298 194, 198, 205, 206, 283, 285, 286, 288, 358
Í NDICE REMISSIVO 371

Dureza: 113, 143, 231, 237, 296 Farelo de algodão: 136, 151, 153, 222, 260, 261, 262, 264,
302
Efeito poupador de proteína: 103, 108, 219
Farelo de arroz: 146, 153, 222, 249, 261, 262, 287, 296,
Eficiência alimentar: 4, 38, 46, 47, 49, 51, 65, 111, 127,
303, 307, 311
129, 136, 137, 143, 148, 152, 153, 199, 218, 233,
235, 256, 270, 271, 272, 329, 350 Farelo de girassol: 146, 222, 262, 302
Eletroreceptores: 189 Farelo de milho: 274, 303
Embalagem: 310, 328, 338, 343, 350 Farelo de soja: 23, 30, 38, 39, 42, 52, 70, 71, 113, 134, 136,
Encefalopatia: 350 144, 146, 151, 152, 153, 169, 221, 222, 223, 224,
225, 245, 248, 249, 250, 251, 257, 260, 261, 262,
Energética: 51, 52, 67, 68, 84, 89, 94, 101, 104, 107, 108, 264, 273, 287, 288, 301, 302, 311, 315, 316, 317,
114, 187, 199, 219, 235, 242, 256, 258, 259, 271, 329, 338
353, 354
Farelo de trigo: 30, 103, 105, 109, 111, 113, 144, 151, 152,
Energia bruta: 42, 65, 103, 221, 233, 235, 238, 242, 243, 153, 221, 222, 250, 259, 260, 261, 262, 285, 287,
250, 258, 259, 260, 261, 265, 273, 274, 275, 284, 288, 296, 303, 308, 311
287, 288, 319
Farinha de carne: 70, 248, 261, 262, 285, 295, 296, 299,
Energia de mantença: 66 311, 338
Energia digestível: 46, 170, 217, 238, 243, 255, 256, 257, Farinha de carne e ossos: 147, 148, 149, 152, 221, 223,
262, 264 245, 248, 249, 273, 274, 288, 299, 301, 311
Energia metabolizável: 37, 65, 111, 242, 243, 256, 271
Farinha de peixe: 23, 38, 39, 42, 46, 53, 70, 71, 134, 135,
Energia não proteica: 30, 66, 71, 285 144, 146, 147, 148, 149, 152, 153, 169, 170, 201,
204, 221, 222, 223, 224, 225, 249, 257, 260, 261,
Ensaque: 296, 336
262, 264, 285, 287, 288, 298, 299, 300, 30, 302, 304,
Enzimas digestivas: 12, 21, 22, 24, 25, 29, 30, 53, 104, 307, 310, 311, 314, 316, 317, 337, 338
105, 108, 189, 236, 272, 329
Farinha de penas: 70, 221, 261, 262, 287, 296, 297, 298,
EPA: 81, 82, 84, 85, 86, 87, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 171, 299, 311, 338
172, 173, 191, 199, 231, 235, 271, 272, 276, 277
Farinha de sangue: 70, 149, 153, 221, 261, 262, 264, 287,
Epitélio olfativo: 10 288, 296, 297, 298, 311, 338
Ergocalciferol: 125, 305 Farinha de trigo: 303, 308, 311
Espermiação: 167, 168, 170, 171, 173 Farinha de vísceras de aves: 223, 248, 264, 288, 295, 298,
Estaquiose: 301 301, 311

Estatística: 5, 37, 38, 40, 42, 43, 45, 46, 49, 59, 74, 130, Fatores antinutricionais: 23, 30, 46, 52, 55, 70, 71, 101,
198, 204 151, 224, 257, 301, 310, 325, 329, 342

Estimulantes alimentares: 197, 208 Fecundação: 167

Estômago: 9, 10, 14, 15, 16, 17, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 105, Fecundidade: 86, 88, 125, 130, 169, 170, 172, 174, 175,
113, 186, 188, 189, 190, 195, 198, 204, 272, 275, 178, 275
277, 286, 312 Fêmeas: 84, 88, 130, 167, 170, 172, 173, 174, 175, 176,
Estratégia reprodutiva: 167, 168 242, 245, 249, 251
Expansão: 4, 185, 264, 295, 297, 199, 303, 304, 310, 327, 333 Fermentação microbiana: 109
Experimentação: 37, 38, 43, 46, 47, 52, 54, 59, 169, 265 Ferro: 139, 141, 142, 148, 149, 187, 236, 247, 258, 259,
302, 306, 330, 332
Experimentos a campo: 58, 59
Fibra alimentar: 22, 101, 109, 110, 112, 113
Experimentos de laboratório: 58
Fibra insolúvel: 110, 111
Exportação: 351, 352
Fibra solúvel: 22, 111, 113, 246
Extrusão: 42, 49, 56, 104, 132, 133, 134, 222, 224, 261,
274, 287, 288, 298, 301, 302, 303, 308, 318, 325, Fibras musculares: 129, 190, 198
326, 327, 328, 332, 333, 334, 341, 342
Filoquinona: 130, 131
372 NUTRIAQUA

Finos: 13, 308, 327, 336, 342 Higiênico-sanitária: 325, 350


Fiscalização: 327, 343, 347, 348, 350 Higiênico-sanitário: 348
Fisiologia digestiva: 31, 47, 49, 65, 109, 111 Hiperplasia: 23, 111, 133, 190
Fitase: 46, 144, 146, 149, 224, 258 Hipertrofia: 23, 130, 154, 190
Fitato: 144, 146, 149, 151, 152, 301 Hipervitaminose: 121, 125, 129, 130
Flutuabilidade: 86, 172, 174, 296, 299, 303, 312, 325, 341, HUFA: 82, 84, 85, 86, 87, 88, 91, 92, 93, 94, 95, 172, 173,
342, 343 191, 271, 272, 275, 276
Formulações: 49, 58, 68, 71, 114, 235, 277, 295, 296, 317, IGFs, ‘insulin-like growth factors”: 106
318, 351, 352
Imunoestimulante: 23, 49, 125, 220, 244, 296, 309
Fosfato: 132, 133, 137, 146, 351
Ingestão alimentar: 50, 51, 54, 55, 58, 111, 143, 219, 271, 308
Fosfato bicálcico: 146, 264, 296, 311
Inositol: 83, 137, 138, 246, 249, 304, 309
Fosfato de cálcio: 143, 145
Insulina: 21, 25, 29, 106, 107, 137
Fosfato de sódio: 144, 145
Intestino: 9, 10, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26,
Fosfato monocálcico: 144 27, 28, 29, 30, 52, 56, 105, 111, 113, 121, 132, 127,
128, 135, 136, 188, 189, 206, 241, 286, 312
Fosfolipídios: 28, 80, 83, 84, 85, 86, 87, 89, 90, 128, 143,
171, 172, 192, 200, 244, 248, 272, 296, 301, 303, Iodo: 141, 142, 154, 247, 306
304, 307
Isoflavona: 301
Fósforo: 39, 44, 54, 70, 74, 83, 125, 127, 128, 141, 142,
Isótopo radioativo: 202
143, 144, 146, 147, 149, 175, 224, 247, 257, 258,
264, 296, 299, 301, 303, 319, 328, 332, 340 Isótopos estáveis: 194, 197, 202, 256
Fósforo fítico: 144, 146 Jundiá: 20, 22, 23, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 53, 69, 88, 89, 92,
94, 105, 108, 113, 123, 140, 141, 171, 173, 178, 205,
Frescor: 132, 300
206, 234, 241, 242, 244, 245, 246, 247, 248, 249,
Fubá de milho: 285, 287, 303 250, 251, 295, 359
Gelatina: 47, 144, 148, 193, 194, 204, 241, 354, 355 Laboratórios: 39, 190, 340, 350, 353
Gelatinização: 104, 224, 303, 308, 325, 329, 334 Larvas: 53, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 92, 105, 125, 127,
130, 140, 154, 167, 172, 173, 174, 176, 177, 185,
Gelificação iônica: 193, 194
186, 189, 190, 192, 194, 195, 200, 206, 212, 223,
Gérmen de milho: 303, 311 237, 244, 246, 248, 275, 276, 286, 333, 336
Glicina: 11, 110, 192, 264, 275, 307, 308, 309 Lectinas: 301
Glicogênio: 20, 21, 53, 65, 67, 68, 106, 107, 108, 133, 173, Leucina: 54, 74, 132, 201, 202, 218, 222, 234, 243, 256,
174, 188, 198, 246 263, 297, 301, 303, 309, 355
Gliconeogênese: 67, 103, 108 Leveduras: 23, 128, 133, 308, 309
Glicose: 21, 25, 28, 53, 101, 103, 104, 106, 107, 108, 173, 272, Lipídios: 20, 21, 23, 28, 39, 46, 47, 53, 65, 67, 72, 79, 80,
Glucanas: 309 86, 87, 89, 92, 94, 101, 108, 111, 121, 127, 129, 136,
151, 170, 171, 191, 199, 200, 218, 219, 232, 234,
Glutationa peroxidase: 128, 153, 154 235, 342, 249, 256, 257, 271, 304, 307
Glúten de milho: 71, 109, 144, 146, 152, 201, 221, 248, Lipossomas: 191
250, 260, 261, 262, 273, 274, 285, 288, 302, 303, 311
Macroingredientes: 296, 304
Gônadas: 68, 131, 153, 167, 170, 174, 176, 179
Magnésio: 141, 147, 175, 247, 258, 304
Gossipol: 302
Maltase: 18, 30, 105
Granulometria: 47, 134, 248, 196, 303, 325, 328, 337, 339
Mananoligossacarídeos: 309
Graxaria: 297, 299
Manejo alimentar: 31, 37, 49, 50, 65, 72, 74, 224, 238,
Hidroestabilidade: 296, 308, 310 250, 251, 255, 264, 332
Hidrolisados proteicos: 192, 204 Manganês: 141, 142, 153, 258, 306, 332
Í NDICE REMISSIVO 373

Matéria-prima: 104, 262, 295, 297, 298, 302, 304, 307, Óleo de peixe: 47, 53, 87, 89, 112, 122, 172, 173, 199, 200,
310, 325, 328, 330, 336, 337, 338, 339, 340, 341, 342 235, 245, 248, 271, 296, 304, 310, 311, 336
Medicamento: 296, 310, 327, 340, 342, 343, 348, 350, 351 Óleo de soja: 88, 173, 194, 200, 218, 245, 249, 258, 260,
289, 301, 304, 307, 311, 318, 336
Menadiona: 131, 305
Oligossacarídeo: 109, 301, 309,
Menaquinona: 130, 131, 305
Onívoro: 10, 12, 15, 16, 20, 22, 23, 24, 29, 30, 69, 71, 88,
Metaloenzima: 151
89, 104, 105, 113, 123, 169, 172, 174, 219, 223, 231,
Metodologia: 37, 42, 45, 50, 56, 59, 109, 109, 110, 167, 234, 238, 241, 243, 244, 245, 247, 248, 250, 295,
169, 178, 196, 202, 203, 218, 234, 243, 251, 273, 299, 302, 311
284, 286, 288, 337, 340 Ontogenia: 10, 20, 53, 176, 177, 178, 186, 187, 188, 189,
Micotoxina: 338, 339, 342 198, 200, 202

Microbiota intestinal: 9, 23, 105, 106, 111 Oreochromis niloticus: 3, 10, 14, 15, 16, 25, 26, 44, 69, 87,
93, 103, 104, 105, 122, 123, 129, 134, 136, 143, 146,
Microingrediente: 47, 296, 332 145, 150, 234, 246, 255, 266, 298, 361
Micromineral: 153 Organismos vivos: 59, 90, 92, 121, 148, 189, 190, 191,
Milho: 30, 47, 88, 103, 104, 105, 106, 108, 109, 113, 133, 207, 211
136, 144, 145, 146, 152, 169, 173, 221, 222, 225, Osmorregulação: 9, 138, 207,
244, 250, 259, 260, 261, 262, 264, 288, 302, 303,
311, 315, 329, 338, 352, 354 Ovócitos: 130, 168, 169, 170, 171, 174, 175, 176, 177, 249
Ovos: 84, 88, 95, 130, 132, 133, 167, 169, 170, 172-179,
Milho degerminado: 303
202, 205, 275, 349, 350
Minerais: 3, 28, 39, 46, 47, 52, 53, 121, 123, 125, 127, 134,
Ovulação: 167, 168, 171, 177, 179,
141, 142, 146, 147, 149, 175, 190, 220, 226, 236,
238, 246, 258, 273, 285, 296, 299, 304, 331, 339, 351 Pacu: 10, 16, 20, 23, 25, 26, 27, 28, 38, 40, 69, 88, 92, 104,
108, 129, 130, 140, 141, 170, 173, 177, 178, 187,
Mioinositol: 121, 122, 137, 138
189, 190, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 198,
Mistura: 23, 45, 47, 58, 89, 172, 192, 194, 201, 202, 204, 202, 204, 205, 207, 217-226, 246, 302, 359, 372
205, 206, 218, 224, 246, 249, 276, 285, 296, 307,
Palatabilidade: 46, 55, 67, 70, 101, 192, 193, 223, 238,
314, 325, 327, 328, 329, 331, 332, 341, 342 241, 262, 270, 301, 307, 310, 312, 318, 337, 342
Misturador: 327, 331, 332, 341 Peletização: 193, 222, 224, 302, 303, 308, 325, 326, 327,
Mixotrófica: 186, 187, 188 328, 329, 332, 333, 334, 341, 342

Moagem: 192, 296, 298, 310, 325, 357, 328, 329, 330, Peneiramento: 329, 336
331, 333, 337, 341 Peptídeos: 18, 151, 192, 193, 200, 204, 207, 284, 300, 309
Monitoramento: 177, 283, 339, 349, 350, 351 Peróxido: 128, 149, 300, 307, 337
Monogástricos: 71, 110, 11, 144, 152, 298 Piaractus mesopotamicus: 10, 16, 25, 27, 28, 38, 59, 60,
Morfofisiologia: 9, 22, 31 69, 88, 104, 129, 170, 173, 177, 179, 187, 188, 217,
219, 246, 302
Morfologia intestinal: 105, 250, 284
Pintado: 4, 10, 12, 13, 15, 25, 26, 27, 28, 30, 69, 88, 89,
Neuromastos: 189 92, 105, 108, 140, 141, 173, 178, 189, 195, 233, 283,
Niacina: 121, 122, 132, 133, 246, 247, 249, 305 284, 285, 289

Nicotinamida: 131, 132, 305 Pirarucu: 17, 26, 69, 283, 288, 289, 295

NSP, “non-starch polysacaride”: 112 Piridoxal: 133, 205

Nucleotídeos: 134, 307, 309 Piridoxamina: 133, 205


Piridoxina (B6): 121, 122, 132, 133, 134, 205, 136, 246,
Odor: 296, 328, 338, 339, 343,
149, 305
Óleo: 82, 87, 89, 200, 244, 245, 249, 264, 276, 277, 300,
Pirofosfatase: 147
302, 304, 327, 332, 336
Plasticidade: 10, 20, 22, 29, 225
Óleo de milho: 88, 173, 179, 245, 265
374 NUTRIAQUA

Polimetilcarbamina: 308 Selenito de sódio: 153, 154, 247, 307


Polissacarídeo não amiláceo: 39, 112 Sódio: 138, 141, 147, 148, 153, 237, 247, 296, 308
Polpa cítrica: 113, 222, 246, 250, 351 Sulfato de manganês: 153, 306
Potássio: 141, 147, 148, 247, 302, 308 Sulfato ferroso: 149, 306
Práticas de alimentação: 55, 225, 250, 277, 279 Suplementos: 49, 52, 128, 132, 151, 151, 152, 275, 279,
296, 304, 319, 350, 351
Prebiótico: 23, 264, 296
Surubim: 173, 189, 195, 198, 200, 283, 284, 285
Precoce: 186, 190, 194, 195, 207
Tambaqui: 3, 10, 12, 13, 17, 25, 26, 27, 28, 30, 52, 53, 88,
Premix: 149, 236, 264, 265, 276, 304, 339
105, 108, 140, 191, 194, 205, 231, 232, 233, 234,
Pró-oxidante: 128 235, 236, 237, 238, 261
Proteína ideal: 49, 54, 72, 73, 243, 244, 257, 285 Taxa de crescimento específico: 51, 53, 128, 191, 197,
Pseudoplatystoma corruscans: 4, 10, 25, 26, 27, 28, 88, 232, 244, 246, 248, 272, 273, 276, 278, 288
105, 141, 189, 233, 283, 284 Taxa de eficiência energética: 51, 52
Pseudoplatystoma reticulatum: 18, 19, 22, 174, 177, 195 Taxa de eficiência proteica: 46, 51, 52, 128, 139, 219, 224,
Quantificação da proteína: 68 272, 284

Quirera: 30, 103, 105, 113, 135, 136, 144, 222, 250, 259, Taxa de retenção energética aparente: 52
260, 261, 262, 263, 287, 311, 354 Taxa de retenção proteica aparente: 52
Rachycentron canadum: 89, 122, 136, 150, 172, 178, 269, Tiamina (B1), 121, 122, 132, 205, 236, 246, 247, 249, 305
302
Tiaminase: 132, 205
Rastreabilidade: 296, 310, 349
Tilápia-do-Nilo: 3, 10, 14, 15, 16, 23, 30, 44, 46, 66, 67, 69,
Relação energia:proteína: 66, 67, 74, 171, 241, 259, 284, 70, 72, 73, 87, 89, 93, 105, 106, 113, 122, 123, 125,
285, 286, 289 129, 130, 134, 136, 137, 138, 139, 140, 146, 149,
Reprodução: 2, 4, 65, 68, 85, 121, 153, 167, 169, 171, 173, 151, 152, 154, 190, 201, 222, 226, 234, 246, 250,
174, 176, 177, 178, 231, 241, 251, 256, 288, 289, 250, 256, 257, 258, 259, 260, 262, 263, 264, 298,
366, 367, 370, 371, 372 302, 333, 361

Reprodutores: 88, 89, 125, 130, 167, 168, 169, 170, 171, Tioquinase: 147
172, 173, 174, 175, 177, 178, 179, 207, 226, 249, Tiroxina: 154, 178
264, 275, 276
Tocoferol: 128, 129, 130, 175, 206, 305
Resíduos: 46, 65, 70, 103, 130, 135, 222, 225, 260, 271,
Transição alimentar: 187, 192, 194, 195, 197, 198, 204,
272, 277, 296, 297, 298, 299, 300, 311, 349, 350,
207, 208
365, 366
Trânsito: 13, 17, 246, 349
Retenção de energia: 137, 235
Trânsito gastrointestinal: 111, 112, 113, 220, 226, 246,
Retinal: 123
256, 286
Retinol: 122, 123, 124, 125, 205, 236, 305
Trato digestório: 9, 10, 14, 15, 16, 20, 21, 22, 23, 24, 29,
Rhamdia quelen: 3, 20, 22, 25, 26, 27, 28, 52, 69, 88, 105, 30, 31, 42, 49, 53, 101, 105, 108, 111, 122, 188, 189,
123, 141, 171, 178, 205, 234, 241, 251, 359, 370 194, 198, 203, 204, 250, 287, 284, 303
Riboflavina (B2): 121, 122, 132, 236, 246, 247, 249, 305 Triiodotironina: 154, 178
Sal: 50, 131, 132, 148, 246, 296, 308, 309, 348, 351 “Tube feeding”: 196
Salminus brasiliensis, 2, 4, 10, 13, 14, 15, 16, 17, 50, 69, 90, Variáveis-resposta: 37, 49, 50, 52, 55, 58
187, 188, 285, 286
Vitamina A: 121, 122, 123, 124, 125, 122, 131, 135, 142,
Sanidade: 122, 226, 236, 295, 347, 349, 350 175, 205, 206, 207, 236, 247, 259, 303, 305, 372
Sanitário: 39, 70, 169, 248, 312, 313, 347, 348, 351 Vitamina B1: 132
Selênio: 54, 128, 141, 142, 151, 153, 154, 247, 273, 307 Vitamina B12: 135
Í NDICE REMISSIVO 375

Vitamina B2: 132 Vitamina lipossolúvel: 174


Vitamina B6: 133 Vitelo: 90, 130, 168, 170, 173, 176, 177, 186, 187, 188,
200, 201, 202, 223, 276
Vitamina C: 52, 54, 138
“Weaning”: 189, 276
Vitamina D: 121, 125
Zinco: 141, 142, 143, 146, 149, 151, 152, 175, 247, 258,
Vitamina E: 45, 54, 121, 128
307
Vitamina hidrossolúvel: 205
α-tocoferol: 128, 130, 206
Vitamina K: 121, 131

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