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GLAUBER

ROCHA

ORG. MATEUS ARAÚJO

CRÍTICA
ESPARSA 1
2
GLAUBER ROCHA
CRÍTICA ESPARSA
(1957 - 1965)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Biblioteca da Escola de Belas Artes da UFMG, MG, Brasil)

G551 Glauber Rocha : crítica esparsa (1957-1965) / Glauber Rocha ; EDIÇÃO ORGANIZADA POR MATEUS ARAÚJO
edição organizada por Mateus Araújo. – Belo Horizonte : Fundação
Clóvis Salgado, 2019.
384 p. : il. ; 20 cm.

Livro da Mostra “Glauber - Kynoperzpektyva18”, realizada no


Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes, de 7 a 23 de dez. 2018.
ISBN 978-85-66760-47-7

1. Rocha, Glauber, 1939-1981 – Exposições. 2. Cinema brasileiro


– Exposições. 3. Crítica cinematográfica – Exposições. I. Rocha,
Glauber, 1939-1981. II. Araújo, Mateus. III. Fundação Clóvis Salgado.

CDD: 791.430981
BELO HORIZONTE
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO
2019
A Fundação Clóvis Salgado – por meio do Cine Humberto
Mauro - comemora o lançamento do par de livros Glauber Rocha:
Crítica Esparsa (1957-1965) e Glauber Rocha: O Nascimento dos Deuses
como desdobramento editorial imediato da retrospectiva Glauber
- Kynoperzpektyva18. Estas publicações prolongam e ampliam as
reflexões iniciadas durante a mostra sobre Glauber Rocha, realizada
em dezembro de 2018 pela Gerência de Cinema da Fundação Clóvis
Salgado em parceria com Mateus Araújo, professor de teoria e história
do cinema (ECA-USP) e pesquisador da obra do cineasta.
Trata-se de um importante mergulho no universo de Glauber
Rocha cuja filmografia enfatiza a complexidade das questões sociais,
políticas e culturais do Brasil. Além dos 16 filmes (entre longas e curtas)
dirigidos por Glauber, a mostra exibiu onze produções estrangeiras em
diálogo com as obras do artista.
Com estas publicações dedicadas a um dos principais nomes
do Cinema Brasileiro, a Fundação Clóvis Salgado reafirma sua função
cultural de promover a valorização do cinema nacional, ao contribuir
de forma significativa para os estudos glauberianos e ao expandir a
fortuna crítica a respeito do cineasta baiano, por meio da reunião de
textos de relevância nacional e internacional, jamais publicados em
livro no Brasil.
Estas publicações trazem um aporte substancial para futuros
pesquisadores e colaboram de maneira fundamental para os estudos
sobre o artista inovador, incontornável e atemporal que foi Glauber.

Fundação Clóvis Salgado


10 . INTRODUÇÃO: SOBRE A CRÍTICA
ESPARSA DE GLAUBER ROCHA
MATEUS ARAÚJO

1 TEXTOS CRÍTICOS DE 93 . NICHOLAS RAY: AMARGO TRIUNFO [1958]


SOBRE BITTER VICTORY (RAY, 1957)
GLAUBER ROCHA 99 . JESSE JAMES NO CINEMA [1960]
SOBRE THE TRUE STORY OF JESSE JAMES (RAY, 1957)

REVISÃO DA REVISÃO 103 . ANTHONY MANN, AUTOR DE FILMES [1959]


SOBRE MEN IN WAR (1957) E GOD’S LITTLE ACRE (1958)
29  . INTRODUÇÃO AO CINEMA BRASILEIRO (ALEX VIANY)
[1959] 107 . DETALHES SOBRE JOHN FORD [1960]
SOBRE THE HORSE SOLDIERS (1959)
35  . LIMITE [1978]
113 . FALA, GLAUBER [1965]
39  . ARRAIAL, CINEMA NOVO E CÂMARA NA MÃO [1961] SOBRE THE SERVANT (LOSEY, 1963)

45  . PORTO DAS CAIXAS [1963] 117  . DR. FANTÁSTICO [1965]


SOBRE DR. STRANGELOVE (KUBRICK, 1964)

À MARGEM DA REVOLUÇÃO
EUROPA
57 . “BOSSA NOVA” NO CINEMA BRASILEIRO [1960]
121  . UMBERTO D – POEMA CINEMATOGRÁFICO [1957]
65 . CINEMA NOVO E CINEMA LIVRE [1961]
127  . O TETO [1960]
71 . EXEMPLO DO CINEMA CUBANO [1960] SOBRE IL TETTO (DE SICA, 1956)

79 . VEIA FORTE NO CINEMA MEXICANO [1961] 135 . MICHELANGELO ANTONIONI [1958]
SOBRE LA CUCARACHA (ISMAEL RODRIGUEZ, 1959) SOBRE IL GRIDO (1957)

83 . COM D. LUIS NO INFERNO [1964] 139  . A ESTRADA DA VIDA [1959]


SOBRE SIMON DEL DESIERTO (BUÑUEL, 1965) SOBRE LA STRADA (FELLINI, 1954)

143  . OITO E MEIO [1964]

NOVOS MEANDROS DO SÉCULO 147 . GLAUBER VÊ ESPÍRITOS [1965]


SOBRE GIULIETTA DEGLI SPIRITI (FELLINI, 1965)
HOLLYWOOD 151 . ELEVADOR (OU ALCOVA): LOUIS MALLE [1960]
SOBRE ASCENSEUR POUR L’ÉCHAFAUD (1958)
89  . DRAGÕES DA VIOLÊNCIA [1958]
SOBRE FORTY GUNS (FULLER, 1957)
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155 . PRIMEIRA VISÃO DE HIROSHIMA [1960] 221 . GLAUBER ROCHA, CRÍTICO NA IMPRENSA
SOBRE HIROSHIMA, MON AMOUR (RESNAIS, 1959) CARIOCA (1958-65)
ARLINDO REBECHI JUNIOR
161  . HIROSHIMA: POEMA VERBO-VISUAL
(POLÊMICA) [1961] 237 . NOTAS SOBRE GLAUBER CRÍTICO
(A PROPÓSITO DO SÉCULO DO CINEMA)
165 . A MULHER DE GODARD É MULHER [1963] MATEUS ARAÚJO
SOBRE UNE FEMME EST UNE FEMME (1961)

URSS E JAPÃO
169  . O ENCOURAÇADO POTEMKIN: QUADRO
CINEMATOGRÁFICO MÁXIMO [1958]
3 BIBLIOGRAFIA DE
GLAUBER ROCHA
173 . CONHECIMENTO DE S. M. EISENSTEIN [1960] 268 . NOTA INTRODUTÓRIA
MATEUS ARAÚJO E ARLINDO REBECHI JUNIOR
187 . CEGONHAS SOVIÉTICAS OU A TIRANIA DAS
BELAS ARTES [1960]
SOBRE QUANDO VOAM AS CEGONHAS (KALATOZOV, 1957)
PUBLICAÇÕES DE GLAUBER ROCHA
197 . A DIGNIDADE DE OS SETE SAMURAIS COMO FILME MATEUS ARAÚJO E ARLINDO REBECHI JUNIOR
(COM ALBERT ELDUQUE E JOSÉ QUENTAL)
DIFÍCIL [1958]

273 . LIVROS

2
277 .
TEXTOS SOBRE CAPÍTULOS DE LIVRO, PREFÁCIOS,
APRESENTAÇÕES E ORELHAS

A CRÍTICA DE 281 . ROTEIROS OU ARGUMENTOS


GLAUBER ROCHA 284 . TEXTOS LITERÁRIOS

205 . GLAUBER ROCHA - O ASSALTO À IMPRENSA 286 . ARTIGOS DE JORNAL, REVISTA OU CATÁLOGO
BAIANA (1957-63)
CLAUDIO LEAL 342 . ENTREVISTAS, DEPOIMENTOS, CONVERSAÇÕES
E DEBATES

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SOBRE A CRÍTICA
Este volume revisita a crítica dispersa de Glauber Rocha a par-
tir de três operações complementares. Ele busca a um só tempo reu-
nir uma amostragem significativa desta produção textual do cineasta

ESPARSA DE baiano, discutir alguns de seus aspectos e inventariar o arco inteiro dos
trabalhos publicados que dela resultaram.

GLAUBER ROCHA
A produção crítica de Glauber constitui ainda hoje um caso em-
baraçoso para o historiador do pensamento cinematográfico brasilei-
ro. Todos sabemos que ele publicou muito em jornais e revistas, para
MATEUS ARAÚJO muito além dos textos recolhidos e eventualmente retrabalhados em
seus três livros principais - Revisão crítica do cinema brasileiro (1963),
Revolução do Cinema Novo (1981) e O Século do cinema (1983). É bem
verdade que os três foram objeto, nas últimas décadas, de reedições
sensivelmente melhoradas (embora não isentas de imperfeições), mas
centenas de outros artigos de Glauber, quase quarenta anos depois de
sua morte, ainda esperam edição em livro, capaz de recolocá-los em
circulação e devolvê-los assim ao debate público.
Até onde conseguimos apurar em nossa última rodada de pes-
quisas, Glauber é autor de mais de 1000 publicações (dentre as quais 16
livros, cerca de 650 artigos e quase 300 entrevistas), muitas das quais
em outras línguas. A elas, deve-se ainda acrescentar mais de 200 tra-
duções estrangeiras, devidamente indicadas em nosso levantamento
bibliográfico, mas não contabilizadas aqui como itens autônomos, pois
preferimos considerá-las desdobramentos dos seus respectivos itens
originais. Essa massa de publicações veio à luz num grande número de
jornais, revistas e livros brasileiros e estrangeiros (sobretudo franceses,
italianos, ibero-americanos e anglo-saxões). Neste conjunto, encon-
tramos textos de natureza, propósitos e tamanhos variadíssimos, num
arco que vai de notinhas ou declarações breves a ensaios longos e medi-

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tados. Além de publicar esporadicamente em vários estados do Brasil1 levantamento bibliográfico confiável das publicações do cineasta. Que
e numa vintena de países do mundo2, Glauber desenvolveu também eu saiba, o mais extenso e detalhado disponível para os pesquisadores
colaborações mais duráveis ou numerosas com pelo menos oito jornais: ainda era aquele preparado há mais de 30 anos por Stefania Parigi e
os baianos Sete Dias (1957-8), Jornal da Bahia (sobretudo 1958-9) e Angela Prudenzi para o volume italiano de Glauber Scritti sul cinema,
Diário de Notícias (1957-63); os cariocas Jornal do Brasil (sobretudo organizado por Lino Miccichè (Venezia: Ed. La Bienale di Venezia,
1958-61), Diário Carioca (1964-5) e O Pasquim (1970-77); o paulista 1986, p.217-232). Ora, além de perdido neste livro há muito esgotado,
Folha de São Paulo (sobretudo 1977-78) e o Correio Braziliense (1977- raro até mesmo na Itália e raríssimo no Brasil (razão pela qual poucos
80), de Brasília. Fazendo as contas, embora Glauber tenha conhecido pesquisadores glauberianos chegam hoje a se beneficiar dele entre nós),
uma vida ativa bastante curta (atuando, basicamente, dos 18 aos 42 aquele levantamento precioso quando surgiu parece hoje defasado à
anos, quando a morte o colheu precocemente), seria difícil encontrar luz do que se pesquisou, levantou, localizou, recolheu, fotografou e di-
outro cineasta brasileiro de proa com um leque de publicações tão pro- gitalizou de Glauber em nossos arquivos de lá para cá. Dos mais de
fuso, constante e variado3. 1000 textos de Glauber que conseguimos inventariar hoje, ele elencava
Além de nunca ter sido recolhida em novos volumes póstumos na época menos de um terço (221 artigos ou livros do cineasta e 101
que viriam enriquecer a bibliografia glauberiana, a massa numerosa entrevistas ou depoimentos).
de seus escritos dispersos nem sequer chegou a ser dimensionada com Se o inventário mais do que triplicou, seria injusto com nossos
a devida precisão. Ainda hoje, por exemplo, não dispúnhamos de um estudiosos esquecer os esforços empreendidos por vários deles, ao lon-
go das décadas, de explorar a zona de sombra dos escritos de Glauber.
1 Em revistas de perfil variadíssimo (Mapa, Ângulos, Senhor, Revista Civilização Brasileira,
Visão, Livro de Cabeceira do Homem, Fairplay, Revista Diners, O Cruzeiro, Manchete, Fatos Desde as pesquisas de mestrado de Raquel Gerber nos anos 70 (das
e Fotos, Jóia, Opinião, Istoé, Veja, Versus, Status, Homem Vogue, Encontros com a Civilização
Brasileira, Playboy, Enfim, Careta) e numa infinidade de jornais, igualmente variados, de uma
quais sua extensa bibliografia publicada no livro O Cinema brasileiro
dezena de estados brasileiros. e o processo político e cultural - de 1950 a 19784 segue sendo um pro-
2 Na imprensa francesa (Cahiers du Cinéma, Positif, Écran, Jeune Cinéma, Cinéma, La Revue
du Cinéma - Image et Son, Les Lettres Françaises, Afrique-Asie, Le Monde), italiana (Cinema veitoso subproduto) até os trabalhos acadêmicos de Umbelino Brasil
Nuovo, Filmcritica, Cineforum, Cinema & Film, Cinema e Cinema, Cinema Sessanta, Sipario,
Avanti!, Paese Sera, Mondoperaio, Il Messaggero) anglo-saxã (Afterimage, Cineaste, Interview, (As críticas do jovem Glauber - Bahia 1956/1963)5, Arlindo Rebechi
The Drama Review, Framework, Cinemantics, Film Quarterly) latino-americana (Hablemos de
Cine, Cine Cubano, Cine e Medios, Juventud rebelde, Granma), ibérica (Nuestro Cine, Triunfo,
(Glauber Rocha, ensaísta do Brasil)6 e Cláudio Leal (O diálogo crítico de
Diário de Lisboa, Cinéfilo), escandinava (Chaplin, Fant, Kosmorama), alemã (Film, Film und Walter da Silveira e Glauber Rocha)7, passando pelos levantamentos bi-
Fernsehen), tcheca (Film a doba), polonesa (Kino), etc.
3 Tivemos cineastas geniais com obra literária de interesse (Mário Peixoto), cineastas decisi-
vos com textos ou conferências recolhidos em livro (Humberto Mauro, Alberto Cavalcanti,
Júlio Bressane), artistas inventivos atuantes ora na literatura, ora no cinema (José Agrippino
de Paula, João Silvério Trevisan), críticos decisivos dublês de cineastas regulares (Alex Viany) 4 Rio de Janeiro: Embrafilme / DAC, 1982, 290p.
ou bissextos (Jean-Claude Bernardet), cineastas hoje canônicos com atividade crítica regular 5 Tese de Doutorado. Salvador: FACOM-UFBA, 2007, 196p. (+ anexos)
na imprensa resultando em livro (David Neves, Carlos Diegues, Rogério Sganzerla, Arnaldo 6 Tese de Doutorado. São Paulo: FFLCH-USP, 2011, 2 Vols., 578p. (com extensa documentacão
Jabor e outros), mas qual cineasta brasileiro, de qualquer época, se aproximou da profusão, da no Vol. 2).
constância, da variedade e do alcance internacional das publicações de Glauber? 7 Dissertação de Mestrado. São Paulo: ECA-USP, 2018, 161p.

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bliográficos de Rita de Cássia Rodrigues (Glauber Rocha: Bibliografia)8 remetendo a um dos três livros principais de Glauber - Revisão crítica,
e Eduardo Morettin (este ainda inédito), pela compilação útil, embo- Revolução e O Século.
ra mal estruturada, de Sidney Rezende (Ideário de Glauber Rocha) e 9
Por que adotamos tal arranjo? Por que assim agrupados, os
por algumas outras iniciativas, sem esquecer os fundamentais esforços, artigos que selecionamos ajudam a enriquecer os conjuntos de textos
propriamente institucionais, dos arquivos do Tempo Glauber, da Ci- que compuseram tais livros e, quem sabe, a perceber eventuais deci-
nemateca Brasileira, do Museu de Arte Moderna do Rio e do Museu sões teóricas que, para além das circunstâncias práticas (acesso ou não
Lasar Segall entre outros, muita coisa da produção textual de Glauber de Glauber aos artigos no momento de organizá-los), ajudaram a re-
foi levantada, recolhida, listada, catalogada e examinada. ger sua organização - que os deixou de fora. Revisitando aquilo que
Está claro, portanto, que nossos esforços devem muito aos desta não entrou nos três livros, podemos talvez entender melhor o critério
comunidade de estudiosos glauberianos, cujo trabalho este nosso volu- implícito que informou seus respectivos sumários, e podemos, se não
me visa retomar e prolongar, nos âmbitos da republicação, da exegese e responder, ao menos formular certas questões sobre os propósitos que
da documentação dos textos críticos de Glauber. devem tê-los animado. Podemos ainda expandir as discussões que eles
trazem, na direção que eles adotaram, a da reorganização da tradição
I cinematográfica brasileira à luz do projeto do Cinema Novo (propósito
Na primeira seção deste volume conseguimos selecionar 30 tex- de Revisão), a do balanço da História do Cinema Novo e do seu aporte
tos críticos de Glauber, representativos de seus esparsos sobre cinema. revolucionário, paralelo a outras manifestações renovadoras do cinema
Nossa seleção privilegiou os textos de crítica cinematográfica, notada- latino-americano (propósito de Revolução) e a da releitura do cinema
mente os da sua juventude, de 1957 a 1965, com a única exceção do seu mundial na perspectiva de um cineasta da periferia capaz de discutir
artigo tardio sobre Limite (1978). Embora tenhamos buscado um certo de igual para igual com seus colegas de cinematografias centrais (pro-
equilíbrio entre os anos deste período, entre os veículos e mesmo entre pósito do Século).
as cidades em que os textos foram publicados10, prevaleceram artigos Examinando o nosso próprio sumário, o leitor perceberá que o
publicados em Salvador (19 dos 30), de 1958 a 1961 (17 dos 30), no bloco concernente ao cinema americano e europeu (acrescido de textos
Diário de Notícias (14 dos 30). Dentre as várias maneiras de organi- sobre os cinemas russo e japonês), remetido ao Século do Cinema, com-
zá-los, optamos por distribuí-los em três grupos, cada um dos quais porta um número bem maior de textos do que os dois primeiros, reme-
tidos à Revisão crítica e à Revolução. Minha razão principal para este
8 São Paulo: Biblioteca da ECA-USP, 1984, 44p. privilégio do cinema mundial é a constatação de que os dois primeiros
9 Rio de Janeiro: Philobiblion, 1986, 229p.
livros do tripé principal cobrem de modo mais satisfatório o universo
10 Incluímos 1 artigo de 1957, 5 de 1958, 3 de 1959, 9 de 1960, 4 de 1961, 2 de 1963, 2 de 1964,
3 de 1965, 1 de 1978; destes, 19 foram publicados em Salvador (14 no Diário de Notícias, 5 no de preocupações de Glauber sobre o cinema brasileiro do que o Século
Jornal da Bahia), 10 no Rio de Janeiro (5 no Jornal do Brasil, 5 no Diário Carioca) e 1 em São
Paulo (na Folha de São Paulo) o faz em relação ao cinema mundial.

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O bloco “Revisão da Revisão” traz quatro textos diretamente cano, cujas promessas e cujas linhagens fortes suscitam seu apoio. Seu
relacionados às discussões do livro de 1963. O primeiro, uma resenha artigo sobre o cinema cubano, que nascia com a revolução de 1959, não
elogiosa e ponderada do livro clássico de Alex Viany, Introdução ao ci- examina filmes particulares, que o jovem crítico ainda não vira. Ele
nema brasileiro, permite perceber en creux o projeto mesmo da Revi- começa elogiando o primeiro número da revista Cine Cubano, passa
são, quatro anos antes de sua publicação. Reconhecendo o pioneirismo, por considerações sobre o apoio do Estado à produção na ilha e ter-
a importância fundamental e as contribuições incontornáveis do livro mina transcrevendo e comentando (com uma ou outra reserva) uma
de Viany, Glauber reclamava em 1959 uma abordagem propriamente declaração de princípios de Alfredo Guevara, que lhe permite em todo
estética do cinema brasileiro, capaz de organizar o retrospecto históri- caso contrapor o projeto exemplar daquele cinema nascente à situação
co. Não foi outro o propósito de sua Revisão em 1963. O artigo sobre do ambiente cinematográfico brasileiro, duramente atacado no fim do
Limite constitui uma peça fundamental para o reexame da relação de texto. O artigo sobre o cinema mexicano (o terceiro de Glauber sobre
Glauber com a obra-prima de Mário Peixoto, que ele atacara em Revi- esta cinematografia) traz um elogio enfático a La Cucaracha, de Ismael
são (confessando não tê-lo visto até então), mas com cuja pesquisa es- Rodríguez. O filme representaria uma veia forte do cinema mexicano,
tética seu primeiro curta-metragem, O Pátio, já havia reatado em 1959. à qual Glauber opõe a mediocridade da produção corrente daquele país
Tal artigo foi, em 1978, a primeira reação pública de Glauber à sua visão (comparada aqui e ali à sua congênere brasileira). A esta veia forte vem
do filme de Peixoto, que ele elogia sem vencer porém algumas reservas, se acrescentar o aporte de Luís Buñuel, concernido no breve mas eu-
nuançando sua crítica de outrora sem abandonar todos os seus postu- fórico relato das filmagens de seu Simão do deserto, das quais Glauber
lados. Os dois outros textos desta seção trazem elogios enfáticos a dois chegou a participar fazendo uma ponta.
filmes do início da carreira de Paulo César Saraceni (Arraial do Cabo e Mais longo e mais variado, o bloco “Novos meandros do Sécu-
Porto das Caixas), cineasta cujas relações com Glauber ainda esperam lo” traz vinte e um textos, sete sobre o cinema americano, seis sobre
um exegeta com vocação comparatista. o italiano, quatro sobre o francês, três sobre o soviético e um sobre o
O bloco “À margem da revolução” traz um grupo de textos in- japonês. Entre uma centena de outros possíveis sobre o cinema mun-
formados por uma contraposição de fundo entre o velho e o novo no dial, procurei privilegiar aqueles nunca recolhidos sobre cineastas de-
cinema brasileiro e latino-americano. Os dois primeiros anunciam, em cisivos para Glauber (Sergei Eisenstein, Jean-Luc Godard, John Ford),
tom de defesa programática, uma renovação do cinema brasileiro nos ou importantes para a história do cinema moderno, embora ausentes,
inícios dos anos 1960, inicialmente associada à expressão “bossa nova”, ou quase, do sumário do Século (Alain Resnais, Nicholas Ray, Anthony
emprestada ao universo da canção popular, e depois atendendo já pelo Mann, Samuel Fuller, Joseph Losey, Akira Kurosawa). Há ainda textos
nome de Cinema Novo, mas sempre lutando contra as resistências de sobre cineastas também importantes incluídos no sumário do Século,
um ambiente majoritariamente atrasado. Os três textos seguintes tra- mas cuja discussão eles ajudam a detalhar (Federico Fellini, Michelan-
zem intervenções glauberianas sobre aspectos do cinema latino-ameri- gelo Antonioni, Stanley Kubrick), e textos sobre cineastas conhecidos,

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de importância relativa no itinerário de Glauber, mas cujos filmes lhe Os dois textos sobre Alain Resnais revelam a impressão fortíssi-
deram ensejo para formular posições e juízos estéticos dignos de aten- ma causada por Hiroshima mon amour no jovem Glauber, que destaca
ção (Vittorio de Sica, Louis Malle e Mikhail Kalatozov). sua técnica narrativa inovadora, sua montagem, seu uso do travelling,
Diferentes em quase tudo, os dois textos sobre Eisenstein evi- seu modo de tratar seu objeto, que faria do filme “um ensaio do mais
denciam a admiração que ele suscitou em Glauber desde cedo, tradu- importante drama de nosso tempo” e de Resnais “um filósofo do ci-
zida na adjetivação um pouco grandiloquente no breve artigo de 1958 nema”. O caráter superlativo destes elogios torna misteriosa a exclu-
sobre o Encouraçado Potemkin, e no esforço de reflexão presente no são por Glauber deste par de textos do sumário final do Século, em
artigo de 1960, um dos mais laboriosos escritos por Glauber na Bahia. cujo panteão o filme poderia figurar ao lado dos primeiros filmes de
Nele, contrariando o privilégio do novo sobre o velho, frequente em Stanley Kubrick (também elogiadíssimo no texto recolhido aqui, sobre
seus textos de juventude, Glauber opõe o projeto e as realizações de Dr. Strangelove) como exemplo das manifestações mais renovadoras
Eisenstein a várias manifestações do cinema moderno, que lhe seriam do cinema moderno aos olhos do jovem Glauber. Num grau menor, o
inferiores em valor e importância. Eisenstein representaria uma ver- crítico também já salientara a renovação trazida por filmes de Samuel
tente da teoria cinematográfica com a qual caberia reatar, assim como Fuller (o western Forty Guns), Anthony Mann (Men in War e God’s Litt-
ele próprio fez em seus filmes, cujas estruturas teriam levado mais lon- le Acre, fora do Western, do qual Mann seria um renovador) e Nicholas
ge que o filme narrativo realista as possibilidades de conhecimento da Ray (Bitter Victory e The True Story of Jesse James, que ele qualifica de
realidade pelo cinema. O texto sobre Godard, por sua vez, indica uma líricos). Ele voltará a salientá-la também, em 1965, no elogio enfático a
adesão clara de Glauber ao seu programa (que o crítico chega a mime- Joseph Losey (em comentário centrado em The Servant).
tizar na prosa mesma do seu artigo) antes mesmo da Revisão crítica e Em compensação, ele ataca violentamente, em vários textos de
de Deus e o Diabo, o que permite recuar seu endosso ao cineasta francês 1960 (aí incluído seu estudo já comentado sobre Eisenstein), a retórica
para além de onde eu conseguira detectá-lo em meus próprios estudos de alguns filmes que apareciam como modernos a uma parte da críti-
sobre os dois cineastas11. A crítica a Horse Soldiers, de John Ford, em ca. A começar por Il Tetto, de Vittorio de Sica, que sob a capa huma-
que pese alguns reparos pontuais aos sinais de cansaço detectados no nista teria sucumbido ao “formalismo vazio” e à demagogia, indignos
filme, também evidencia uma admiração fiel ao cineasta americano, da grandeza de Umberto D, que Glauber continuou considerando uma
elogiado como um dos dois “maiores criadores do cinema ainda vivos”, obra-prima. Ataca também L’Ascenseur pour l’échafaud, de Louis Malle
dono de um domínio perfeito da linguagem épica e de um senso agudo (cujo trabalho despertaria o interesse de boa parte da crítica brasileira)
da formação histórica do povo americano. e, com ele, o grupo da Nouvelle Vague francesa, confusamente identifi-
cado, mas claramente rejeitado: “A nouvelle vague é um movimento de
11 Cf. “Godard, Glauber e o Vento do Leste: alegoria de um (des)encontro”. Devires (UFMG),
v. 4, n.1, jan/jun 2007, p. 36-63, e “Jean-Luc Godard e Glauber Rocha: um diálogo a meio cami- juventude que eu, como jovem, detesto”. Ataca ainda Quando Voam as
nho”. In: Eugenio 
Puppo e Mateus Araújo. (Org.). Godard inteiro ou o mundo em pedaços. São
Paulo: Heco Produções / CCBB, 2015, p. 29-44. Cegonhas, de Mikhail Kalatozov, cuja suposta modernidade questiona,

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criticando o que lhe parece no filme uma busca artificial de efeitos de livros. O de Arlindo Rebechi se concentra nas colaborações de Glauber
estilo. para os jornais cariocas, notadamente o Suplemento Dominical do Jor-
Os três textos sobre Fellini permitem relativizar as evocações nal do Brasil e o Diário Carioca, discutindo seu propósito fundamental,
posteriores do próprio Glauber segundo as quais “eu esculhambara a que seus textos procuram dar corpo, de renovar o cinema brasilei-
[Fellini] na imprensa baiana como cineasta reacionário” (O Século do ro pela legitimação de uma nova geração de cineastas comprometidos
Cinema, reed. 2006, p.255). Ora, suas resenhas sobre La Strada (ainda com a discussão da nossa experiência social mas ao mesmo tempo
na Bahia), Oito e Meio e Julieta dos Espíritos (já no Rio) revelam, ao atentos ao trabalho da forma. O meu próprio, cuja redação original
contrário, uma continuidade da estima, quando não da admiração do precedeu as pesquisas dos dois colegas, e não podia pois se beneficiar
jovem Glauber pelo trabalho do italiano, também verificável nas suas de suas contribuições, retoma uma discussão do projeto dos três livros
resenhas de 1958 de O grito (Antonioni) e Os Sete Samurais (Kuro- principais de Glauber e se concentra no exame de alguns aspectos do
sawa), este último um dos poucos textos consagrados por Glauber ao Século, distinguindo em suas páginas uma dimensão teórica, uma di-
cinema japonês (totalmente ausente do Século). mensão histórica e uma dimensão crítica.

II III
A segunda seção do nosso volume traz três textos de nature- A terceira seção traz, enfim, o resultado provisório, forçosamen-
za historiográfica sobre a atividade crítica de Glauber, na imprensa ou te em progresso, de um esforço partilhado com Arlindo Rebechi Ju-
nos livros. Nos limites da concisão, procura também avançar em sua nior12 de inventariar os escritos publicados de Glauber, que dividimos
hermenêutica, fixando alguns resultados alcançados em pesquisas an- em 5 grupos: 1) Livros (16 itens); 2) Capítulos de livro, prefácios, apre-
teriores de seus autores e beneficiando-se também dos esforços de exe- sentações e orelhas (24 itens); 3) Roteiros ou argumentos (19 itens); 4)
getas não representados em nosso sumário, como Ismail Xavier (cujos Textos literários (18 itens); 5) Artigos de jornal, revista ou catálogo (576
prefácios às reedições dos três livros de escritos cinematográficos de itens); 6) Entrevistas, depoimentos e debates (280 itens).
Glauber, bem como às antologias argentina e inglesa de seus escritos Nesta empreitada, nos beneficiamos da ajuda de uma verdadeira
seguem sendo um ponto de partida incontornável para o exame de seu legião de parceiros, que vieram generosamente nos socorrer em várias
pensamento) e Umbelino Brasil. etapas, tarefas e lugares da laboriosa pesquisa. Na nota introdutória do
O texto de Cláudio Leal cobre a estratégia glauberiana inicial de levantamento bibliográfico (p. 268-271), infra, descreveremos de modo
ocupação dos espaços na imprensa baiana, cujo ambiente descreve com mais detalhado escolhas, critérios, etapas e dívidas de gratidão des-
muita familiaridade e conhecimento de causa, fornecendo balizas para
uma melhor compreensão dos itinerários críticos do jovem Glauber, e
12 E também com Claudio Leal, que careceu porém este ano de disponibilidade para a emprei-
corrigindo no caminho lapsos das próprias reedições recentes de seus tada que resultou na bibliografia apresentada aqui das publicações glauberianas.

20 21
ta bibliografia, verdadeiro mutirão de pesquisa glauberiana, mas isto
não me impede de agradecer aqui, desde já, em meu nome e no de
Arlindo Rebechi, a Matheus Pereira, Claudio Leal, Albert Elduque, José
Quental, Marcos Pierry, Umbelino Brasil, Luís Felipe Flores, Gustavo
Jardim, Maria Chiaretti, Claudio Valentinetti, Adriano Aprà, Juliana
Araújo, Michel Marie, David Cenek, Leonardo Bonfim, Marcus Mello,
Nikola Matevski, Virgínia Amaral, Lívia Lima, Natalia Belasalma,
Felipe Soares, Alessandra Brum, Carolina Cordeiro, Angel Calvo Ulloa,
Misha Bies Golas e Pablo Gonçalo.

IV
Por ora, resta agradecer calorosamente Bruno Hilário, do Cine
Humberto Mauro, pelo convite inicial para esta nova “operação Glau-
ber” (realizada por ele e sua equipe em dezembro de 2018), que con-
sistiu numa ampla retrospectiva do cineasta enriquecida por um ciclo
de palestras de diversos estudiosos sobre os seus filmes e por um curso
sobre suas relações com cineastas de outros países e épocas, que tive a
alegria de ministrar (conjugando-o também com uma pequena cura-
doria que propus para a retrospectiva). Este livro, assim como o seu
par editorial Glauber Rocha: O Nascimento dos Deuses, constitui um
desdobramento editorial da mesma operação. Em sua concepção e em
sua realização, tive a sorte de contar com Matheus Pereira, um editor
impecável sem o qual o esforço não teria chegado a bom termo. Ma-
theus acompanhou e auxiliou (junto com Matheus Antunes e Bruno
Hilário) meu trabalho de organização destes volumes ao longo de toda
a sua gestação. Trabalhar com Arlindo Rebechi e com Claudio Leal foi
também um prazer e uma ocasião de aprendizado intelectual.

22
1
TEXTOS
CRÍTICOS
DE
GLAUBER
ROCHA

24 25
REVISÃO
. DA .
REVISÃO

26 27
INTRODUÇÃO AO
CINEMA BRASILEIRO
(ALEX VIANY) , 1959

Publicação original: “Introdução ao cinema


brasileiro (Alex Viany)”. Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, 28/11/1959, Suplemento
Dominical, p.1.

I – A história do cinema brasileiro já pode ser dividida em dois


tempos: antes e depois de Introdução ao Cinema Brasileiro, de Alex
Viany. Os sessenta anos de cinema nacional que estavam em desorga-
nização foram primariamente sistematizados no que o autor chama de
livro-piloto para histórias e tratados críticos futuros. Aqueles poucos
que teimosamente se ocupam do problema têm agora uma fonte de
consulta. Inauguração da bibliografia do cinema brasileiro, o livro – no
que pese a pouca importância que legam ao cinema a quase totalidade
dos intelectuais brasileiros – é mais útil do que a maioria das edições
romance-poesia-ensaios literários e estéticos que por aqui aparecem.
É, indiscutivelmente, um dos poucos livros necessários aparecidos nos
últimos anos.
II – Claro que é um livro discutível. Principalmente porque o
temperamento de Alex Viany é de um apaixonado irremovível do ci-

29
nema nacional. E, como tal, não isentou certos entusiasmos e certas filmes dentro de uma situação estético-cultural mais profunda. Há, é
honras dispensáveis a cineastas que outros méritos não tiveram, a não claro, na posição de Alex Viany diante do filme, uma irrecusável ati-
ser aqueles do pioneirismo. tude para com o filme veículo de realidades, ou seja, para com o filme
E, além de apaixonado por cinema, Alex Viany é mais ainda participante de um complexo cultural, no melhor sentido, mas que nos
pelo Rio e pelo que de carioca foi impresso em nossas películas. E isto, parece, diante de maior rigor para estabelecer o cineasta como ser cria-
às vezes, causa a impressão de estarmos lendo uma história do cinema dor, uma negação do cinema como arte.
no Rio de Janeiro e não no Brasil, apesar dos capítulos dedicados a Concordamos, inteiramente, que nosso filme não possa ser ago-
Pernambuco, Minas, Campinas e também a São Paulo. Algumas pe- ra um testemunho estético. Tem e deve ser um testemunho social, prin-
quenas injustiças são cometidas: a de não colocar Rio, Quarenta Graus cipalmente por necessitar de infraestrutura econômica na perspectiva
[1955] entre os filmes que contribuem para a futura tradição do filme de sua industrialização. Todavia, uma Introdução ao Cinema Brasileiro
carioca, ao lado de Moleque Tião [José Carlos Burle, 1943], Tudo Azul deveria se ater a tais problemas de ordem meramente teórica, mas que,
[Moacyr Fenelon, 1951], Favela de Meus Amores [Humberto Mauro, de qualquer modo, poderiam contribuir na formação do que todos os
1935], quando o próprio crítico sabe que o trabalho de Nelson Pereira cineastas não-alienados do Brasil desejam: uma escola típica nacional,
dos Santos é superior ao dos outros citados. Outra injustiça é omitir o como deseja René Clair em entrevista recente e como se constroem
artesão hábil e criativo Walter Hugo Khouri da lista de cineastas atuan- todas as cinematografias jovens, da Índia, do Japão, do México, etc.
tes em primeira linha, composta por Lima Barreto, Oswaldo Sampaio, IV – Limite, de Mário Peixoto – filme que mereceu atenções de
Carlos Alberto de Souza Barros, Nelson Pereira dos Santos e outros. Eisenstein, para não falar em Pudovkin, Eduard Tisse, Shaw e Orson
Quem analisar a tradição formal do nosso cinema pode verificar que, Welles –, foi transferido na análise para as palavras de Plínio Susse-
após Limite [1931], nunca um cineasta do Brasil demonstrou tamanha kind, e Alex Viany, nas entrelinhas, não soube esconder sua má vonta-
capacidade no domínio dos instrumentos de construção estética do fil- de. Compreendemos muito bem sua posição, mas queremos adiantar
me como Walter Hugo Khouri em Estranho Encontro [1958], apesar da que uma escola nacional, tese que o livro defende em sua substância,
alienação cultural-temática que isola o trabalho como uma peça inte- não pode ser construída pelas simples descobertas de temas nossos.
lectual, fria, destinada a um público de cinemateca. Nossas bossas precisam ser organizadas dentro de um sistema expres-
III – Convinha ainda a Alex Viany – caso não o faça no próximo sivo: e isto é provado pelo próprio autor, quando ele diz que os mais
livro que anuncia – fazer também uma história crítica de nosso cinema. significativos filmes nacionais dos últimos anos pecam pela execução.
Se a necessidade de relatar os fatos mais significativos no campo da O que vem a ser essa execução? Simplesmente artesanato, forma. Se o
produção não fosse o principal objetivo sentido na parte escrita pelo samba tem um ritmo diferente do jazz, o filme de samba precisa ter um
crítico, talvez houvesse algum fôlego ou espaço para conceituar certos ritmo diferente dos filmes musicais americanos. E isto é expressão. No

30 31
livro, há um trecho crítico de Salvyano Cavalcanti de Paiva sobre Lima nhada, mas não sentida e comunicada, como em Cara de Fogo [1958],
Barreto, no qual ele fala em “ritmo dos bandoleiros de cabeça chata”, a de Galileu Garcia.
propósito de O Cangaceiro [1953]. Todavia, o autor não se detém nesse VI – Sabemos muito bem que Alex Viany entende tais assuntos
ponto crítico e esses fatos estão no livro em defesa de outras ideias. até com mais profundidade. Por isso, a ele, que é nosso único historia-
Porque mesmo – como admitimos – se o filme nacional deve dor de cinema, a ele, que tem os documentos mais vivos à cabeceira,
ser um testemunho social e uma base para a industrialização (o cinema cumpre, também, levantar a polêmica da expressão. Em termos de es-
tem outros compromissos que não têm a poesia, a prosa e a pintura), tética.
esse testemunho não será bem dado através dos enquadramentos e
das montagens mambembes que andam por aí. Precisamos, também,
mesmo se tivermos máquinas e laboratórios moderníssimos, ter nos-
sas bossas nos ângulos e nos cortes, precisamos aprender a controlar a
câmera como o pintor controla o pincel. Do contrário, vamos sair para
o Amazonas e disparar o obturador em cima de jacarés. Mas isso não
será escola nacional.
V – A escola nacional precisa ser conceituada. Não em termos
de academia, mas em termos de revisão das tendências manifestadas
no passado, e, para isso, já temos o importante livro de Alex Viany para
o piloto. O cinema está em crise – declarou René Clair, a quem Alex
Viany tanto admira – porque estão esgotadas as fórmulas.
Precisamos de novas formas. Não só novos temas. Mas novas
expressões para os novos temas. É claro que para a insuficiência cul-
tural de nosso meio ambiente cinematográfico é desejar muito. Mas
o pior é um regionalismo ilustrado na linguagem do western, ou do
neorrealismo campestre italiano, ou ainda do panteísmo sueco. Há
uma meta para o cinema nacional como escola: o épico, gênero que
é desenvolvido na literatura de qualquer raça que se forma: exaltação
dos feitos e dos atos. Mas precisamos aprender a manobrar os versos da
epopeia: do contrário, tudo sai raquítico, onde a força telúrica é adivi-

32 33
LIMITE (M. PEIXOTO, 1930) , 1978

Publicação original: “Limite”. Folha de São


Paulo, 3/6/1978, Ilustrada, p. 30.

Finalmente vi Limite, lendário filme de Mário Peixoto realizado


em 1929/30 – e sinto que Paulo Emilio Salles Gomes não esteja vivo
para comandar os debates que se travam entre KyneaztazeKrytykos so-
bre a especificidade criativa da Sétima Syntezy das Artyz.
No meu livro Revisão Crítica do Cinema Brasileiro (1963), jul-
guei Limite produto de intelectual burguês decadente: hoje penso a
mesma coisa, compreendendo a dialetyka revolucionária gerada pelo
sistema reacionário:
– A decadência é bela! – fala o ator Carmelo Bene no meu filme
Claro (Roma, 19751) – tese confirmada pelo Kyneazta Rainer Fassbin-
der no Festival de Cannes 78: – Nosso Zystem se desintegra em cores,
sons, com grande beleza et... parfois... dignidade...

1 Num lapso, o original datava de 1974 o filme. [N.E.]

35
Machado de Assiz é decadente: Don Casmurro, Bentinho e Mario Vargas Llosa num destes Congressos Literários transversalmente
Rubião sofrem e se acabam desesperados. Eztazys? Eztetyka? Não organizados pela CIA em Universidades yankz:
existem relações sexuais estéreis. Germynalya: Beleza, Prazer, Glorya, – Mira, Rocha, tú, yo, nosotros!!! we must to be neurotyckz... –
Transzendenzya são estágios superiores aos ciclos racionalistas das Mario explicava que somente a Dor da Neuroze era Seiva, Muza! Eu lhe
Artes Hestoricyztas: o psicologismo satírico de Machado suprime a respondia que era desneurotizado. Buenos!!! depois de Deus e o Dia-
dramatyka luta de classes em nome dos minuetos ritualísticos do Se- bo na Terra do Sol! Vomitar quilômetros de filmes: Paranoya, Pzykoze,
gundo Ymperyu, e por isso interrompi a leitura de Quincas Borba e Dramalya, Furor, Extaze...
abri as delirantes páginas de Palmeiras Selvagens, romance de William Limite é um filmazcendente dum intelectual decadente: Meta-
Faulkner que coloca o Heroy entre a Dor e o Nada. Dor, para Faulkner, fyzyk, monta o Realyzmo à Abztraxão ou – como disse Mário Pedrosa
é o Ser frustrado de Payxão: sem Amor, Dor. Entre o Nada suicidário na saída da Sala FUNARTE, para cuja inauguração se projetou o filme
e a Doramor (quase Doramundo, obra-prima das letras amerykanaz), – (O rio continua deliciosa província) – É Obra na qual a Forma supera
Faulkner prefere a Vidorida (sobrevivência na luta!). o Conceyto!
Godard, em Acossado (anos 60...), escolhe o Nada e Jean-Paul Kynema itz Sonimage / M O N T A G E: Mário Peixoto aos 19-20
Sartre, quando escreveu O Ser e o Néant, chupou esta Dyaletyka de anos realiza tudaquilo que os Kyneaztas desejam: Fluz-Imag-AZÂ-criar
Faulkner, porque o criador do Ezyztencyal Polytyko foi o primeiro ci- Emoção (comunication...) através montage de células vizuayz (O fil-
vilizadeuropeu a descobrir (aussi Albert Camus) e interpretar fylozo- me é do tempo mudo e se faz mal acompanhar por arranjos de Saty,
fykament o Pezadelo do Mississipy. Debôzy, Extravynzk e Betove).
Georg Lukács, teórico do estalinismo literário (e sua vítima EMOÇÃO DE QUE AÇÃO? – num Barko três personagens:
sempre recuperável...), nunca falou do sentido revolucionário da obra Mário filmonta fragmentos destas vidas e os “F I C (F R Y K) C I O N A”:
faulkneriana, ficando o Grande Tema à disposição dos formalistasede- a decadência dos personagens é ressuscitada, ezplendor formal!
cadentistas. Limite próximo a Faulkner: TEMPO FORA DO TEMPO:
Extranho à literatura brazyleyra, Faulkner foi absorvido pelos me- EZPAZEZTETYKONZTYTUCYONAL – Arte, Prátyka proibida.
xicanos e por Gabriel García Márquez, Julio Cortázar, Jorge Luiz Borges. Mário Peixoto, como nosso genial Lima Barreto, não conseguiu
Fluzynal: um texto sobre Limite deságua em Faulkner. Onde es- fazer outro filme, o Brazyl é impiedoso com seus filhos Santos, vivemos
tão as fronteiras da razão? Pzykanalyze não é Dragão! A maioria das condenados pela teologia luzytana.
pessoas que conheço refuta a possibilidade de vir a ser “A N A L Y Z A D A” Kynema Brazyleyro está dando dinheiro?
(Paulo Emilio foi analizado por Lacan durante o estalinismo) – como Os filmes são piores que os filmes dos anos 60. Por isto Limite
se a desneurotização significasse castração. É aquela patetyka frase de é revolucionáriaula de Montage pra tantos Kyneaztas incompetentes.

36 37
Porque nossos filmes são Literários e Teatrais. Pornográficos, não pelo
sexo, mas pelo MAU GOZT: os Kyneaztas são ideologicamente pré- ARRAIAL, CINEMA
-Romanezcux, daí a permanente burrice do Realyzm. (e das Krytykas
censórias). NOVO E CÂMARA NA
Claro que a industrialização do Kynema Nacyonal vai destruir
nossas perspectivas criativas. A Embrafilme, continuando no em- MÃO , 1961

balo Porno-Heztoricyzta, prostituirá nossos melhores Kyneaztas. E


Publicação original: “Arraial, cinema novo
as multinacionais contratarão alguns Boyz para fotografar ah, direis, e câmara na mão”. Jornal do Brasil, Rio de
Janeiro, 12/3/1961, Suplemento Dominical, p. 4.
ouvir Estrêlas da Broadway! Regride-se aos tempos da ATLÂNTIDA!
Decadência!
A exibição de Limite desmistifica a Eztetyka da Embrafilme, as-
sim como a descoberta de Ganga Bruta (Humberto Mauro) derrubou,
nos anos 60, a chanchada e o Kynema “serieux” da Vera Cruz.
A Embrafilme limita a criatividade e a publicitada receita é cas-
cata: nosso Kynema continua pobre, censurado e, pior sintoma, per- I
dendo a coragem, a image/na/azão!
Cinema novo em marcha: volta da Europa Paulo César Saraceni,
após um ano e meio de trabalho com os jovens realizadores italianos,
contato técnico e vivência com o moderno cinema europeu, sucesso de
três prêmios importantes para Arraial do Cabo [1960], criação conjunta
com Mário Carneiro.
O cinema brasileiro ganha este nome: Lima Barreto, com seus
documentários e O Cangaceiro [1953], Nelson Pereira dos Santos, com
Rio, 40 Graus [1955], e Walter Hugo Khouri, com Na Garganta do Dia-
bo [1960], são três nomes ativos que romperam as barreiras tímidas
do colonialismo cultural, arrancaram prêmios e despertaram atenções
da crítica. Antes, um documentário de Gerson Tavares, O Grande Rio
[1959], também desviou olhares para o selvagem Brasil. Agora, a dupla

38 39
Saraceni & Mário Carneiro. Em três testes diferentes – Bilbao, Firenze derno é o cinema de autor, por isto é o cinema independente e para ser
e Santa Margherita –, Arraial do Cabo, antes até mesmo menosprezado isto precisa ser digno (em todas as direções), e somente os jovens (que
no Brasil, venceu com facilidade. Na Cinemateca Francesa – diante do é uma questão de verdade e não de idade) podem e estão aptos para
grand monde –, cinco minutos de aplausos. No famoso Centro (Acade- esta revolução que se anuncia no País e já começa a despertar as ironias
mia de Cinema da Itália)1 é distinguido pela professora Rosada, como iniciais da geração que teve uma oportunidade e não soube aproveitá-
exemplo, e vai a aulas práticas. E Saraceni não estuda, dá aulas. -la; desta mesma geração que, diante de outra chance (vide o crédito
do BB), já tem uma concorrência de sangue vibrante, de sangue que
II não se quer diluir, mas ser derramado na obsessão de libertar o cinema
nacional do colonialismo econômico e intelectual.
A descompostura intelectual do cinema brasileiro – sua falta de
prestígio, seu abandono político e econômico, sua trágica destinação à III
demagogia, aventureirismo, teoria de algibeira – subitamente levanta a
cabeça. O furo de Arraial do Cabo é mais importante para o cinema na- Não tem a menor importância a reação. É débil e basicamente
cional do que tudo que se faz agora: as briguinhas, a euforia industria- não propõe um debate em termos de inteligência. As provocações de
lista, o culto do ouro corrompido que virá com a coprodução. Incrível certa dupla crítica não suportam argumentações lógicas. E uma briga
como apenas dois ou três nomes de nossa crítica – quando possuímos em termos de desaforos não é o modelo mais corajoso, pois seria mes-
uma grande equipe – se detiveram na análise deste pequeno filme. Al- mo uma falta de piedade, caso a voz conjunta de todos os cines novos
guns dos nossos maiores homens não viram, inclusive, Arraial do Cabo. investisse contra os dominadores fictícios deste ainda fictício cinema
Há muito silêncio duvidoso no ar. Já disse, em artigo passado, que este nacional. Se adotamos o nome de cinema novo, não foi por imitação. É
documentário – reconhecido na Europa pela crítica (não é mentira que porque – certos ou errados – envergonha dizer que fazemos ou vamos
até se falou em nomes como os de John Ford e de Luis Buñuel...) – po- fazer cinema brasileiro ombro a ombro com aqueles que, até agora, ape-
deria atemorizar certos tabus humanos e profissionais do mal ilumina- nas gastaram dinheiro com imponências fracassadas.
do palco cinematográfico de nossa terra, desde quando provava – na É bom que agora se diga a verdade: os chamados filmes sérios
insistência de três prêmios – que não se necessita de milhões para um fracassaram nas bilheterias porque eram provincianos, mal feitos, cul-
bom filme; que cinema moderno é um problema de inteligência, cora- turalmente desligados de nossa realidade, covardes nos argumentos
gem, vivência, sobretudo sentido de profissionalismo; que cinema mo- e na realização quadradinha da imitação de cinemateca ou de Holly-
wood. E é bom, também, que os estrangeiros dinamitadores da Vera
1 Centro Sperimentale di Cinematografia, influente escola italiana de cinema, sediada em Cruz, o bloco profissional dos coquetéis, das delegações e dos prêmios
Roma e fundada em 1935, na qual Saraceni estudou de 1960 a 1962. [N.E.]

40 41
fabricados, e produtores que estouram orçamentos em pés-de-meia, Não desejamos nada mais. E, caso não apareçam imediatamente
e diretores improvisados, e funcionários de comissões, saibam do se- estas ajudas – de elementos que existem e não precisam ser importa-
guinte: só existe ilusão neste cinema brasileiro, e, salvo o nome da- dos –, vamos fazer nossos filmes de qualquer jeito: de câmera na mão,
queles diretores de trinta já citados, Carlos Manga é o único artesão de câmera 16 mm (se não houver, 35 mm); improvisando nas ruas,
respeitável, porque, mesmo na chanchada, realizou uma comunicação montando material já existente. Desde Caminhos [1957], de Paulo Sa-
com o grande público, dentro de uma linguagem insegura, às vezes raceni, e O Maquinista [1958], de Marcos Farias, estamos produzindo,
vulgar, mas reveladora de momentos respeitáveis (e pessoais) nunca e, agora, já temos dois longas-metragens, inclusive. Os documentários
antes acontecidos nas famosas produções de equipe da Vera Cruz, Mul- individuais continuarão. Couro de Gato [1960], de Joaquim Pedro, já
tifilmes, Maristela – oportunidades industriais assassinadas pela autos- foi vendido em Paris; Mário Carneiro vai realizar outro curto, sobre
suficiência e diletantismo dos alunos formados no IDHEC. gravadores; Diegues e Davi Neves terminam O Domingo [1961]; Leon
O cinenovo brasileiro não quer coprodução, não quer emprésti- Hirszman e Marcos Farias preparam já um longo, em episódios, para
mos caudalosos, não quer distribuição compulsória. Se a boa-fé de Flávio este ano, Favela2, com Miguel Borges e Saulo Pereira de Melo, enquanto
Tambellini deseja ajudar os novos cineastas brasileiros, pense no seguinte: Saraceni prepara seu longo.
Documentários para os jovens, com inteira liberdade de criação; Não, senhores temerosos de perder a coroa, não é para rir. É pra
Prestígio para os jovens na carreira do ouro, ou seja, na disputa chorar!
de financiamento bancário; o jovem vai entrar sem títulos, sem o bri-
lhante passado dos veteranos e com roteiros de ideias (o que pode ser
perigoso, caso se deseje, apenas, fomentar a fabricação de filmes...);
Abrir o INCE aos jovens produtores – fornecendo o material
disponível; fazer com que laboratórios paralisados, como o do Minis-
tério da Agricultura, entrem em funcionamento para servir aos jovens;
desencavar as várias câmeras de filmagem que estão enferrujando em
prateleira de várias repartições federais (já estamos fazendo um levan-
tamento) e colocá-las à disposição dos jovens.
Queremos um crédito de confiança, ainda que não seja movido
pela crença no talento, pelo menos o seja pela simpatia original que
cada homem civilizado possa ter por esta verdade desmoralizada pelo
romantismo: a juventude acesa para o trabalho.
2 Que viria a se tornar o filme em episódios Cinco vezes favela (1962) [N.E.].

42 43
PORTO DAS CAIXAS
(SARACENI)
(SARACENI, 1962) ,
Publicação original: “Porto das Caixas
(Saraceni)”. Diário de Notícias, Salvador, 17 e

1963
18/2/1963, 3º Caderno, Suplemento Artes e
Letras, p. 3.

É impossível tratar o cinema brasileiro como prática sem


esquecer a crítica. Até 1960 o nosso cinema existia exclusivamente da
crítica que, fugindo lentamente da crônica individualista dos filmes
estrangeiros, alcançou por fim, não digo consciência, mas noção do
Brasil e sua crise cinematográfica. Consciência histórica, como deter-
minante de uma prática publicitariamente chamada de “cinema novo”,
surgiu em manifestações individuais e muitas vezes contraditórias nos
arranjos, embora o breque fosse compacto: assim é que, entre críticos
de uma primeira geração, como Walter da Silveira, Alex Viany e Paulo
Emílio Salles Gomes, e críticos novos, como Jean-Claude Bernardet,
surgiram ideias, denúncias e mesmo teorias capazes de estabelecer um
diálogo com o grupo de cineastas amadores nascidos (direta&indire-
tamente) da primeira prática revolucionária de nosso cinema, que foi
Rio, 40 Graus [1955], de Nelson Pereira dos Santos. Deste diálogo – e na

45
contínua confusão natural de um pensamento verde – surgiu o nebulo- nas principais colunas dos maiores jornais, o “cinema novo” não mor-
so conceito de “cinema novo”; este rótulo, propaganda ou manchete foi reu, porque ainda está nos cueiros: está morto como manchete, como
a causa principal da reforma técnica&econômica processada no cine- promoção, como rótulo que uniu gregos&troianos na mesma briga
ma brasileiro de 1962; digo reforma, porque manifestações individuais contra a chanchada e o sub-espetáculo – outro fato, na cara, que tanto
de talentos imaturos não significam revolução. A prática de 1962 ainda esquerdistas como reacionários não entenderam, porque, acostumados
foi uma busca de consciência. Este fato, o mais sugestivo e promissor, à improvisação e aos resultados definitivos em breve tempo, queriam,
escapou aos críticos brasileiros – à exceção dos mesmos citados. Todos no espaço de um ano, a fundação de um cinema segundo suas concep-
os outros, despertados para o fenômeno, não se demitiram do indi- ções à margem de nossa história.
vidualismo impressionista e, tomados da mais absoluta falta de visão
histórica, massacraram, nas origens de uma prática, o que surgiu niti- *
damente revelador do futuro.
Esqueceram-se os críticos (ou nunca souberam) que o cinema O silêncio crítico em torno de Porto das Caixas [1962] (não digo
brasileiro é um apêndice quase monstruoso em nossa cultura, mesmo a o que se escreveu falando cobras&lagartos; não digo o que se disse mas
partir da própria crítica. Se a revolução das artes plásticas e da literatura não se escreveu – mas digo crítica nos termos exigidos acima, à ex-
ocorreu em 1922, a do cinema chegou quarenta anos depois, partindo ceção de um artigo de Paulo Emílio Salles Gomes, in Estado de São
de uma tradição construída nas personalidades de Mário Peixoto e Paulo) foi o mais grave sintoma desta crítica demitida de sua função
Humberto Mauro. Eis aí, inclusive, para não se considerar, por segundo histórica. Repudiado em projeção pública, para crítica&intelectuais, o
motivo, o “cinema novo” como revolução; em 1962 os filmes nasceram filme de Paulo César Saraceni foi considerado tacitamente (o seu autor)
do zero para o experimento (outra coisa que a crítica não viu); foi uma um “caso perdido”, mas uma frustração do “cinema novo”. E passaram
violenta busca de expressão nascida de temperamentos formados nas adiante, na conversa abstrata. Feito o rápido balanço de 1962, com o
mais diversas categorias do complexo brasileiro agravada pelo amado- espetáculo ideologicamente evasivo de O Pagador de Promessas [An-
rismo comercial, técnica precária e incerteza quanto à continuidade. selmo Duarte]; com o concerto de corte&montagem&inventiva&co-
No seio do próprio grupo de cineastas surgiram derivações para a in- ragem de Os Cafajestes [Ruy Guerra]; com o espetáculo ativo e partici-
dústria ou política: mas esta especulação, a princípio nociva, foi a prin- pante de O Assalto ao Trem Pagador [Roberto Farias]; com o espetáculo
cipal causa para uma consciência que, nos próximos dois anos, pode confuso e nervoso de A Grande Feira; [Roberto Pires, 1961]; com o
determinar uma revolução, não do cinema brasileiro, mas no cinema, manifesto desconexo&inquieto&nervoso&demagógico, mas violento
em face da crise que este tipo de cultura vive em todo o mundo. e consequente de Cinco Vezes Favela [Marcos Farias, Miguel Borges,
Assim, a despeito de muita irritação e irresponsabilidade escrita Carlos Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman]; com o

46 47
manifesto forte e estruturalmente fracassado de Barravento; [Glauber origem, Saraceni deu um salto qualitativo: violentado pelo problema
Rocha, 1961] com o espetáculo participante, vivo, mas ainda confuso social, mas seguro pelas raízes, saiu por um caminho que, embora tor-
de Tocaia no Asfalto; [Roberto Pires] com o poema romântico de Três to, lhe permitiu uma liberdade ao mesmo tempo lúcida e desesperada.
Cabras de Lampião [Aurélio Teixeira], ou com a alienação suicida de Não há confusão no que digo e aos críticos pode parecer exagero falar
A Ilha [Walter Hugo Khouri] – feito este balanço, à luz de uma crítica de um diretor de cinema como habitualmente se fala de um poeta. Os
mais atenta, eu gostaria de perguntar qual o filme mais revelador de um caminhos dos verdadeiros autores são difíceis de ser seguidos e cheios
diretor moderno, um autor consciente de estilo – o mais corajoso pela de muitas veredas: de ontem para hoje, o nosso grande poeta, Ferreira
renúncia ao espetáculo e ao pitoresco comercial –, o mais individual- Gullar, escreveu poucos poemas e pulou do idealismo para o marxismo
mente marcado pela coragem de procurar no realismo intimista uma – de “árvore, árvore” para “João Boa-Morte”: nas relações do poeta com
interpretação mais profunda do personagem&povo do país subdesen- a história, os dois poemas são de extraordinária importância, marca-
volvido? Este filme, que não foi enumerado entre os outros, é Porto das dos pela prática revolucionária nos momentos exigidos. Assim sendo,
Caixas, e, para que o novo ano cinematográfico comece sob o signo da o início de Paulo Saraceni como autor de cinema exige, sobre Porto das
responsabilidade, é bom que todos os críticos mergulhem no assunto. Caixas, não a análise do que é bom ou do que é ruim: isto é fácil todo
Vejamos, proposta feita, as pedras de toque. o mundo enumerar: os diálogos, o som, “porque a música de Jobim,
bonita, saiu mal gravada” ou ainda “a dublagem não estava boa”; (entre
* os curiosos do assunto); entre os argumentistas&ficcionistas anedóti-
cos, “a história não tem conflito, os personagens nada têm a ver com o
Paulo César Saraceni dirigiu um experimental, Caminhos mundo de Lúcio Cardoso, etc...”; entre os políticos quadrados, “imagi-
[1958-9], e dois anos depois o documentário Arraial do Cabo, em co- no, numa situação daquela, a mulher, esquecendo de fazer a revolução,
laboração com Mário Carneiro. Lançado em cinco festivais europeus, pensa em matar o marido; ela é uma alienada e o diretor um reacioná-
ganhou prêmios respectivos. Revelava, desde o ano em que surgiu, uma rio...” ou “... a fotografia é boa, até que a Irma Álvarez é ótima atriz, a
personalidade de autor, fortemente voltada para o realismo crítico mas montagem é boa... mas é muito lento; não comunica... etc...”.
ainda presa a raízes naturalistas e místicas. Estava, contraditoriamente, Trata-se de equívoco e esclareço1 que não sou advogado de de-
à frente do cinema que se fazia até então, mas, de certa forma, recuado fesa de Porto das Caixas. Trazendo o assunto maldito para excitar a
na sua formação literária brasileira: Otávio de Faria e Lúcio Cardoso; o crítica especializada, quero sugerir:
primeiro, crítico além de romancista, o segundo, o autor do argumento a) Humberto Mauro é a primeira e única fonte de expressão ci-
de Porto das Caixas. Otávio de Faria não gostou de Porto das Caixas,
idem Lúcio Cardoso e leitores: ninguém percebeu que, partindo de uma
1 No original, “esclarece”, que nos pareceu um erro de revisão, aqui corrigido [N.E.]

48 49
nematográfica do Brasil; nele, o traço fundamental de nossa existência no gesto espartano de Irma Álvarez suspender o machado e massacrar
(o homem é o que come) – o subdesenvolvimento é fixado numa visão o marido – figura da sujeira, da pobreza, da vergonha, de ser explorado
semiprimitiva, romântica – a beleza de Ganga Bruta [1933] traduz a e servil e cínico (como os bêbados no comício, “gozando” a reforma
pobreza social e psicológica, mas uma psicologia imposta pelo autor; agrária) –, está o símbolo da violência consciente para subverter uma
b) A linha “mauriana” foi de certa forma tomada a partir de realidade, e é pelo exercício lúcido da violência que se processa uma
Agulha no Palheiro [1953], de Alex Viany, estaria no neorrealismo no revolução consequente. É neste gesto silencioso que Porto das Caixas
Brasil e evoluída em Rio, 40 Graus [1955], quando Nelson Pereira dos grita; aquela mulher precisa matar pela liberdade; ela tem necessidade
Santos, ex-assistente de Viany, aplicou Zavattini numa hora historica- de se livrar da miséria social (seu erotismo esmagado, sua função na-
mente necessária: “o mundo vai melhorar; alguém sorri de esperança quela sociedade) e pela necessidade executa para se transformar.
enquanto a favela sofre; o amor existe...”; O caminho seguido pelo personagem no final não é um cami-
c) Porto das Caixas é a terceira consequência mauriana. His- nho de esperança –embora a luz do sol cresça com violência: é um ca-
toricamente, não poderia repetir Rio, 40 Graus como concepção do minho trágico, o próprio caminho do povo brasileiro que procura seu
mundo; este foi o erro de Cinco Vezes Favela; equívoco de O Pagador de destino.
Promessas: o humanismo intencionalmente revolucionário de Zavattini Porto das Caixas é um filme realista: se não comunica, se a dis-
está morto. Qual é o conceito de “cinema novo” (e aqui a pergunta é tância é do autor, a imaturidade está na percepção: se não é popular
para todo o cinema do mundo)? Reduzido, é um problema de “verdade – isto não o condena, de certa forma o redime dos ridículos discursos
de moral” – a partir da verdade (e do2 homem como ser a partir do que por aí se fazem também para as elites, criando nas periferias a falsa
seu próprio conhecimento social – ou não?...) –, a moral anárquica de consciência de que o povo brasileiro é bacana mesmo, não tem proble-
Buñuel ou a moral burguesa de Antonioni ou a moral revolucionária ma por dentro e, do mesmo jeito que samba, é capaz de se levantar de
de Armand Gatti (autor de L’Enclos [1961] – talvez, embora inédito no vez e levar um místico aos pés do altar.
Brasil, a maior figura do atual cinema francês). Porto das Caixas – que está bem próximo do romance de Graci-
Pergunte-se se, a partir do documentário de Porto das Caixas – liano Ramos (todo o clima é o mesmo de Angústia), da poesia de João
a miserável cidade do interior do Rio, sua gente pobre e ignorante, um Cabral de Melo Neto (pela rigorosa decupagem dos takes e pela exati-
mundo fechado em decadência, explorado pela política; pergunte-se dão da montagem) e da gravura de Goeldi (pela trágica luz de Mário
daí se, da crua fotografia daquela verdade, a moral do autor é revolucio- Carneiro), apesar do argumento ser de Lúcio Cardoso – tem ainda na
nária. Respondo que sim: somente os tolos ou os cegos não viram que, contribuição de Tom Jobim o elo que o liga a Villa-Lobos. É, assim, o
único filme brasileiro integrado no processo cultural brasileiro: primei-
ro filme de autor que, pelo fato de não se vincular àquilo que, superfi-
2 No original, “e o homem como ser”, o que nos pareceu um erro de revisão [N.E.]

50 51
cialmente, se considera “cinema”, foi sintomaticamente condenado. Um
passo adiante, em busca de um “cinema novo”, esperamos em Garrin-
cha, de Joaquim Pedro, O Sol Sobre a Lama, de Alex Viany, e Vidas Se-
cas, de Nelson Pereira dos Santos – entre as teorias já postas em prática.

PS – Àqueles que julgaram superficial a trama de Porto das Caixas – a


mulher que, interiormente, resolve e mata o marido como símbolo da
opressão –, gostaria de lembrar que em Angústia, de Graciliano Ramos, o
personagem Luiz da Silva mata o gordo burguês Julião Tavares pelos mes-
mos motivos. As ligações de Saraceni e Nelson Pereira dos Santos com
Graciliano Ramos já fazem supor que o escritor alagoano – um clássico –
será tão importante para o “cinema novo” como o foi Giovanni Verga para
o neorrealismo. La Terra Trema, de Visconti, é inspirado num romance de
Verga: é sob influência “verista”. Como Graciliano, Saraceni evolui para o
realismo crítico.

52
. À .
MARGEM
. DA .
REVOLUÇÃO
55
“BOSSA NOVA” NO
CINEMA BRASILEIRO , 1960

Publicação original: “‘Bossa Nova’ no Cinema


Brasileiro”. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
12/3/1960, Suplemento Dominical, p. 5.

Querendo ou não, apesar de ser impossível uma conversa so-


bre geração ou movimento no cinema brasileiro, existe uma bossa nova,
aparecida com os jovens cineastas que começaram a produzir depois
do curto período industrial – Vera Cruz, Multifilmes, Maristela e ou-
tras companhias que faliram espetacularmente –: Nelson Pereira dos
Santos, Walter Hugo Khouri, Galileu Garcia, Roberto Santos, Carlos
Alberto de Souza Barros & César Memolo e Trigueirinho Neto estão
na ponta da nova consciência que se toma, formando, lentamente, um
processo que vai gerar um filme capaz de resistir e realizar, internacio-
nalmente, as exigências de cultura, indústria e estética do cinema.
A velha geração de nosso cinema pensou em termos de indivi-
dualismo e não colaborou, sequer, para deixar uma fonte de tradição.
Tudo que hoje se faz, principalmente nos filmes que veremos adiante,
nasce do zero, ou seja, nasce da descoberta esporádica que cada um
desses rapazes faz e realiza, arrancando os cabelos da própria pele. Cha-
mou a crítica, e continua chamando, de cinema sério. Diríamos mais:

57
o cinema novo do Brasil. Basicamente, há uma identidade inegável: as dução, saindo às ruas para fazer filmes na raça, enquanto Walter Hugo
condições de produção são mínimas, os filmes realizados são de baixo Khouri dava um show de habilidades artesanais, provando a capacidade
orçamento e a pobreza técnica não impede que eles deixem de dizer1 de um cineasta brasileiro para jogar com a mais complicada das técni-
alguma coisa, mesmo que esta coisa esteja respondendo ainda a reali- cas de encenação e montagem, que lhe foram legadas por Orson Welles,
dades particulares, desprovidas de uma ligação que já resistisse ao selo Fritz Lang, Ingmar Bergman e outros alemães e suecos. Se por um lado
de movimento. Em nascimento, este grupo, formado exclusivamente de NPS acrescentou uma contribuição cultural e política, WHK pagou seu
paulistas (apesar de Nelson Pereira dos Santos trabalhar no Rio), agora, tributo à estética fílmica. No melhor sentido, surgiu, pela primeira vez
finalmente, parece descobrir realmente o que deseja. A consciência da (excluindo-se Limite), um cinema de cultura. Todavia, Cara de Fogo, O
necessidade de uma temática nacional é outro grande ponto de união. Grande Momento, Estranho Encontro, Rio, 40 Graus e Rio, Zona Norte
E mesmo Walter Hugo Khouri, que se opõe ao cinema regional, já se pecam por desequilíbrio: todos os seus realizadores possuem precon-
condicionou historicamente a seu País, realizando Na Garganta do Dia- ceitos exagerados, mesmo nas relações individuais. A tendência política
bo [1960], repousado sobre um episódio da guerra paraguaia e traba- de NPS está em choque frontal com a tendência esteticista de WHK. Sa-
lhado sobre a plástica exuberante das cataratas do Iguaçu. Enquanto Na be-se que ambos lideram, embora não organizadamente, determinados
Garganta do Diabo passa a significar a descoberta do Sul, Trigueirinho grupos no Rio e São Paulo. No grupo acima citado, Roberto Santos e
Neto e Nelson Pereira dos Santos fazem a descoberta do Norte, com Galileu Garcia estão mais na linha de NPS, enquanto Carlos Alberto de
Bahia de Todos os Santos e Vidas Secas, respectivamente. E já antes, Ro- Souza Barros, César Memolo e agora Trigueirinho Neto se comportam
berto Santos revelou a zona proletária de São Paulo (O Grande Momen- no meio-termo, no equilíbrio: pelo menos é o que se deduz de Osso,
to, 1958), enquanto Carlos Alberto de Souza Barros & César Memolo Amor e Papagaios e desse novo Bahia de Todos os Santos, que jogará, de
exemplificavam uma comédia eminentemente nacional, Osso, Amor e uma vez por todas, TN no centro da fogueira. Unidos pela igualdade
Papagaios [1957], e Galileu Garcia trazia um drama telúrico, Cara de de juventude (variam de 30 a 35 anos), a divergência de concepções e
Fogo [1958], para contribuir no desenvolvimento daquela paralisada e práticas que os separa é necessariamente positiva para a consequên-
magnífica tendência da escola mineira, via Humberto Mauro. cia de outras experiências. Na realidade, enquadrados ainda na origem
Todos estes filmes, e ainda Estranho Encontro [1958] Rio, 40 da carreira criativa, nenhum deles pode oferecer o filme exato, o fil-
Graus [1955] e Rio, Zona Norte [1957] trazem, em maior ou menor me necessário para nosso cinema. Mas podemos garantir que, destes
escala, bossa nova: Nelson Pereira dos Santos quebrou o tabu da pro- exemplos, a bossa novíssima que surge vai aproveitar muito mais do que
eles aproveitaram do passado, a não ser Galileu Garcia de Humberto
1 A dupla negação do trecho (“a pobreza técnica não impede que os filmes deixem de Mauro.
dizer alguma coisa”) parece comportar um lapso de Glauber. O argumento ficaria mais A grande perspectiva do cinema brasileiro poderia ser o adia-
coerente se afirmasse que a pobreza técnica não os impede de dizer alguma coisa. [N.E.]

58 59
mento e o encontro da bossa nova e da bossa novíssima. No Rio, em te. E além disto, no Sul, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Nilton
outros estados, surgem também jovens voltados para o problema, que- Nascimento trabalha, embora modestamente, para fazer alguma coisa
brando a eterna monotonia de gerações literárias e plásticas. Há uma nos Pampas: O Negrinho do Pastoreio e O Preço da Ilusão [1957] são
nova geração de cineastas, já iniciados em curtas-metragens, dentre exemplos da sua luta isolada, que também precisa entrar em conexão
os quais podemos citar Joaquim Pedro de Andrade (Gilberto Freire & com o trabalho do Norte e do Centro. Não será, pois, de indústrias es-
Manuel Bandeira), Paulo César Saraceni (Caminhos e Cabo Frio2), Luís petacularmente montadas, como a Vera Cruz, que nosso filme vai nas-
Paulino dos Santos (Rampa) e mais outros como Marcos Farias, Miguel cer. Acreditamos neste processo orgânico de produtores independentes
Borges, Leon Hirszman, Carlos Perez, já com roteiros prontos, planos em intercolaboração, nesta produção pequena mas contínua de filmes
na cabeça, à espera, apenas, das condições de produção, que estão sen- cada vez melhores, na consciência de precisarmos de cinema brasileiro,
do conseguidas dia a dia. custe o que custar. A solução industrial seria o suicídio. O vício dos
Os planos de Trigueirinho Neto e Nelson Pereira dos Santos, donos, que levaram a Vera Cruz para o abismo, continuaria a dominar e
neste sentido, são os mais abertos e bem-intencionados possíveis: pre- todas as injunções políticas de degradante espírito de promoção (alma
tendem lançar jovens diretores, produzindo obras novas, abrindo ca- da cultura brasileira) iriam criar diretores tipo Carlos Thiré e Fernando
minhos para a organização de mentalidade arejada. Na intenção dos de Barros, acompanhados, devidamente, do macarrônico team italia-
dois bossa nova, está um exemplo máximo de como, pela colaboração no. Apenas Lima Barreto, Alex Viany e Jorge Ileli são veteranos com
mútua, poderemos atingir condições de produção originais no Brasil, perspectivas – continuam moços e seus planos correspondem às nossas
facilitando filmes e criando, ao mesmo tempo, uma grande equipe una, necessidades. A escola que pode surgir da mentalidade paulista (sem
fora, completamente, dos males habituais de chantagem que caracte- por isso ser responsável o grande peso-pesado que é Paulo Emílio Sales
rizam as produções das grandes medalhas-mitos-incapazes dos nossos Gomes) não será nada além dos moldes nouvelle vague, ou seja, elucu-
desmoralizados bastidores cinematográficos. Na realidade, algo de ver- brações sexuais, à base de um existencialismo mal absorvido e origi-
de está se processando: tanto os jovens ainda não iniciados em longa- nário de caracteres débeis e sem a mínima vivência. O intelectualismo
-metragem respeitam este grupo, como o grupo lançado confia e acre- assassino do filme nacional não passa de um complexo irremovível de
dita nas possibilidades dos moços. Quando Nelson Pereira dos Santos virgindade: esta é a origem de Ravina [Rubem Biáfora, 1959], de Apas-
produziu O Grande Momento, lançando na praça o nome do cineasta sionata [Fernando de Barros, 1952], de Luz Apagada [Carlos Thiré,
Roberto Santos, provocava aquilo que, no dizer de Alex Viany (o único 1953] e de toda a velha escola paulista de filmes.
bossa nova dos veteranos), era o melhor filme brasileiro de um estrean- Nunca, na verdade, o interesse dos intelectuais brasileiros pelo
cinema foi positivo; o eterno elogio do Expressionismo e da avant-garde
2 Glauber deve estar se referindo aqui ao curta Arraial do Cabo, que viria a estrear pouco e o preconceito dos nossos escritores e artistas contra os cineastas che-
depois do artigo [N.E.]

60 61
garam a tal ponto que, diante do crime Orfeu [Marcel Camus, 1959] é a partir destes três filmes surgidos em 1960 que devemos começar o
e do novo crime Os Bandeirantes [Marcel Camus, 1960], o Sr. Rubem pensamento e o trabalho da bossa nova no cinema brasileiro.
Braga dizia estar provada a falta de diretores no Brasil, sendo isto a
causa da pobreza do nosso filme, porque temas e novelistas bons tí-
nhamos de sobra. Alex Viany respondeu à altura o desaforo. E deveria
também responder sempre – com sua verve implacável – a todos os
outros que prestigiam Marcel Camus, num vergonhoso e desonesto
servilismo. Apostaríamos mesmo que qualquer destes escritores daria
metade de sua responsabilidade cultural para ver seus livros (alguns
dignos), em letra de cinemascópio, falados em franco-português, como
procedeu Vinicius de Moraes, que depois ficou arrependido, quando
viu a baboseira de Monsieur Camus. E é também sob este aspecto que
os novos escritores e artistas brasileiros têm modificado o problema:
a maioria deles está sabendo do que se passa entre os bossa nova do
cine-nacional, prestigiando na medida do possível, haja vista a notícia
(ainda não confirmada) de que Gianfrancesco Guarnieri iria produzir
Gimba, sob direção de Roberto Santos, que o lançou no cinema em O
Grande Momento. Ainda hoje, com o grande movimento do Teatro de
Arena e de outros na meta do teatro nacional, a colaboração que um
Francisco Pereira da Silva pode dar ao cinema é infinitamente maior e
mais importante do que aquelas terríveis incursões de Joracy Camargo ou
mesmo de Adolfo Celi, liquidando tema de possibilidade como Caiçara.
Diante de tudo isto, nem mesmo os cineastas podem esconder
suas novas bossas, cumprindo, de agora para diante, a epígrafe de Alex
Viany em Introdução ao Cinema Brasileiro. Finalizando, quem não
acreditar em nossas palavras, está desafiado a assistir Na Garganta do
Diabo, Bahia de Todos os Santos e Vidas Secas, e depois responder se há
ou não há no Brasil material muito melhor do que a nouvelle vague. E

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CINEMA NOVO E
CINEMA LIVRE , 1961

Publicação original: “Cinema novo e cinema


livre”. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
08/7/1961, Suplemento Dominical, p. 6.

I – Arraial do Cabo [1960], único filme brasileiro premiado em


Santa Margherita, foi misteriosamente omitido dos noticiários nacio-
nais sobre aquele Festival italiano. Uma carta de Joaquim Pedro (autor
de Manuel Bandeira [1959] e Couro de Gato [1960] – este inédito no
Brasil) relata certos fatos que esclarecem, contudo, as razões pelas quais
o curta-metragem de Paulo César Saraceni e Mário Carneiro foi colo-
cado à margem. Seria simples agitação prejudicial ao cinema brasileiro
narrar tais episódios. No fundo, eles apenas desmoralizam mais o nos-
so palco cinematográfico, enfeitado por uma geração que, recebendo
nas mãos Vera-Hollywood, nada fez a não ser precipitar uma falência
da qual apenas sobrou O Cangaceiro [1953] – pagando um preço alto
demais.
O que me interessa aqui – e deve interessar ao público, aos in-
telectuais de todas as tendências e também aos políticos e banqueiros

65
simpatizantes com cinema – é fixar claramente que Arraial do Cabo e Por isto – vendo a coisa por dentro – é que não interessa divul-
seus três prêmios internacionais podem muito bem representar a nova gar os prêmios de Arraial do Cabo. Nunca documentário brasileiro fez
mentalidade que surge em nosso cinema: geração que agora parece tanto sucesso na Europa – e em Festivais culturais, certames alfabetiza-
marchar para uma definição, depois de todo um tempo de arrancadas dos e não competições de bikini. Saraceni e Mário Carneiro partiram
independentes, iniciada no Rio por Nelson Pereira dos Santos e de- para o filme em Cabo Frio sem preparo das Escolas. Fizeram a fita com
pois continuada (aos trancos e barrancos) por Roberto Santos, Walter inteligência, talento e mais dois elementos recomendados pelo velho
[Hugo] Khouri, Galileu Garcia, irmãos Pereira, Trigueirinho Neto, Ro- Blasetti, elementos aqui censurados...
berto Faria e Roberto Pires – este último a cabeça de ponte que surge Isto apavora – pois se fizermos fitas baratas e boas, e sobretudo
na distante Bahia. fitas de relativo sucesso comercial, explodirá no Brasil (como na Paraí-
Não interessa aqui julgar estes filmes dos diretores de trinta ba Linduarte Noronha explode com Aruanda [1959]), um movimento
anos. Muito já se falou sobre eles: polêmica confusa e apaixonada, pro- cinematográfico capaz de em pouco tempo ocupar lugar importante no
dução sofrida e sabotada, prejuízos e prêmios internacionais. Um surto mundo. Sabemos nós, os pobres nacionais, que lá nas Oropas a turma
difuso, indefinido, desejável, mas afirmação de autores, horizonte de nova não tem muito o que dizer ou filmar, mesmo considerando nomes
tendências temáticas e estéticas. Com Arraial do Cabo, Saraceni e Má- vigorosos: Resnais, Bolognini, Jean-Luc Godard e outros. Sabemos nós,
rio Carneiro abrem a bandeira de mais um novo surto. Não estamos nesta miséria nacional, que nosso cinema pode mergulhar em nova lin-
separados do grupo de trinta e desta fusão de ideias e métodos de luta guagem estética e social. Mas sabem os desesperados das produções
para atingir um cinema adulto é que o filme brasileiro pinta no futuro mirabolantes que um cinema novo e livre não precisa do muito que se
como objeto válido de cultura e ação. Também sujeitos a vários reparos pede: precisa, sobretudo, de ideias. Estas ideias, na verdade vos digo,
críticos, nossos filmes da Bahia, Barravento [1961] e A Grande Feira uma simples Arriflex e iluminadores da estirpe de Hélio Silva resol-
[Roberto Pires, 1961], abrem a zona do norte para o cinema. E por este vem em termos plásticos. Moviola e linguagem viva, moderna e fíl-
exemplo várias outras províncias se agitam. Diria, com muita certeza: a mica, completam o filme. É claro que desejamos condições humanas
semente da produção peito e raça de Nelson Pereira dos Santos começa de produção. Mas não orçamentos que incluem uísque & imoralidade.
a dar frutos. Isto causa temor ao complexo de Hollywood, cultivado Isto nunca.
pelos veteranos viciados e estrangeiros, homens sem responsabilidade II – Aventuro dizer: três tendências de produção estão delinea-
cultural que transformaram o cinema brasileiro numa pista de bailes, das no clima agitado e impotente do cinema brasileiro:
coquetéis e festivais ridículos. Isolemos desta geração Alex Viany e Jor- a) A chanchada, é claro...
ge Ileli, que nada mais resta senão o desejo de empréstimos caudalosos, b) A produção pseudo-séria (chanchadas dramáticas), ou seja,
de estúdios babilônicos, de vedetas fumando piteira de três metros. filmes coloridos em regime hollywoodiano ou em coprodução...

66 67
c) A produção independente de autores, filmes mais baratos, zadas. Nisto não vai a profecia de que teremos uma indústria para fazer
talvez tecnicamente mais sofríveis, mas os únicos que ainda fazem o um Ben-Hur toda hora. Aqui, vamos parar um pouco.
cinema brasileiro manter acesa uma débil chama de dignidade. III – O cinema novo, o cinema livre, o cinema de hoje?
Contra a terceira, as duas primeiras investem (pois elas ten- Bolognini, Resnais, Jean-Luc Godard, [Satyajit] Ray (o hindu),
dem a se fundir brevemente com a aproximação na maioria ilegal de Cassavetes (Shadows) e outros jovens do mundo inteiro. Existe melhor
franceses, americanos, alemães, mexicanos e semelhantes caçadores de exemplo de produção do que o da nouvelle vague? Discordo no terreno
exotismo). Contra as duas, a terceira consequentemente se vira. Agora, das ideias. Mas são ou não são filmes mais baratos e válidos, se os com-
ainda no vago terreno de um protesto nebuloso, mas já atuante: in- pararmos às bibliotices italianas e às monumentalidades americanas,
formo a quem interessar possa, desde quando o noticiário de Santa coloridas, caras e ocas?
Margherita foi capcioso, que Joaquim Pedro, Paulo Saraceni e Gustavo Não é mentira que os filmes do hindu Ray tenham feito suces-
Dahl (fazendo parede com os argentinos novos e vibrantes) abriram so de bilheteria. Nossos filmes também poderão fazer. Quanto a isto
uma frente lá na Itália. Quero esclarecer que não estou responsabili- o GEICINE decidirá muita coisa. Há possibilidade de o produtor in-
zando os cineastas independentes aqui citados, pois, como deixei claro, dependente vir a ser exterminado. Anunciam coproduções, falam em
a reação ainda é difusa. Eu, porém, pessoalmente, apoio o acontecido e muita coisa. Para os jovens a coprodução não será solução por dois mo-
creio que este tipo de apoio é urgente e entusiasmante. tivos: primeiro, são filmes comerciais, vulgares, reacionários; segundo,
Conferir agora um grande crédito de confiança a Flávio Tam- não haverá grandes oportunidades profissionais nem mesmo para os
bellini e à equipe do GEICINE é também justo e necessário. O que de- nomes mais consagrados. Perder tempo com esta esperança é apenas
vemos atentar, porém, é para a possibilidade de um assalto das duas perder tempo.
primeiras tendências industrializantes a um organismo que nasce tão IV – Uma câmera e uma ideia. Assim penso que o cinema bra-
bem-intencionado. Vai-se verificar uma corrida do ouro. O pior, con- sileiro, sem desvairadamente querer ultrapassar nossa subestrutura
tudo, é que nesta corrida existe uma contradição chocante: os melhores industrial (o problema-cine é uma consequência no panorama nacio-
filmes serão os mais baratos e talvez sejam, inclusive, os mais rendáveis. nal, e indústria cinematográfica – indústria cultural – é superestrutu-
Explico: os melhores serão os filmes de autores, porque somente os au- ra...), poderá atingir o que todos nós desejamos. Desde que tenhamos
tores têm uma obra a realizar: consequentemente são independentes. a suficiente responsabilidade profissional, o suficiente amadurecimento
Estes autores não são alienados. Fazem, e continuarão a fazer, filmes humano e aqueles dois tão proibidos (de citação) predicados recomen-
que tenham o Brasil no fundo. Brasil no fundo é paisagem humana e dados pelo Blasetti, não será difícil fazer filmes. Não tendo a menor
física, nova para o mundo, seja asfalto de Copacabana ou seca nordesti- tradição artesanal, o jeito é enfrentar o processo. Vocações verdadeiras
na. Paisagem com ideias valerá muito mais para outras plateias alfabeti- não se esterilizam em compêndios e cineclubes. Falo sem presunção,

68 69
falo diante do perigo de ter incorrido em erros, mas gostaria sincera-
mente de comunicar que nossa experiência poderá contribuir a fim de EXEMPLO DO CINEMA
que a problemática do cinema brasileiro seja formulada em termos de
honestidade. CUBANO , 1960

E não adianta, por mais que os medalhões frustrados queiram


Publicação original: “Exemplo do Cinema
omitir evidências como Arraial do Cabo. Ou esta, às portas do lança- Cubano”. Diário de Notícias, 4/9/1960,
Suplemento Artes e Letras, 3o Caderno, p.3.
mento, chamada Mandacaru Vermelho, de Nelson Pereira dos Santos.
Como um passe de mágica surgirá a consciência de uma geração. Então
– sem perigo –, garantiremos um cinema novo, livre e audacioso. Se o
público recusará ou não a verdade, independente da barreira levantada
pela chantagem dos distribuidores, somente o GEICINE poderá verifi-
car, removendo os monstros. Vamos jogar as cartas na mesa, recusando
qualquer concordata.

O número primeiro da revista Cine Cubano informa ao mundo


o estado atual de nascimento cinematográfico na ilha de Castro. Revista
com vistas a uma importância internacional, traz em sua própria feição
detalhes claros do apoio econômico que a cultura cinematográfica vem
recebendo: bom papel, boa impressão, volume considerável de páginas,
clicheria abundante, embora o resultado geral, como artes gráficas, seja
sofrível. Sente-se contudo que o órgão crescerá a partir das bases lança-
das. Mas não é a revista em si que nos interessa, embora não possamos
deixar em branco a existência de um órgão especializado em cinema
às expensas do governo, ainda mais de um governo como o de Cuba,
muito mais pobre que o nosso…
O que interessa, sobretudo, – e este é o tema geral da revista – é
o nascimento do cinema cubano com o filme Histórias da Revolução
[1960], trabalho em quatro episódios, dirigidos por J. M. García As-

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cot e Tomás Gutiérrez Alea, jovens cineastas cubanos. É lógico que o cinema pelo arame político. É claro que eles farão um cinema político
primeiro filme do regime Castro seja um filme sobre a revolução: está e não seria outro o motivo pelo qual Castro ficaria movido a montar
destinado ao sucesso internacional e para o povo cubano é o primeiro a indústria. Mas tudo na Cuba de hoje tem e só pode ser político. É o
contato com o “novo filme”. Indiscutivelmente, os cubanos estão deci- próprio Alfredo Guevara, diretor da Revista, quem escreve um longo
didos a fazer uma grande indústria na América Latina: para isto Fidel editorial, esclarecendo que eles farão um cinema revolucionário, um
criou o “Instituto Cubano del Arte e Indústria Cinematográficos”, que cinema da liberdade, mas um cinema que seja sobretudo arte; que eles
produz filmes de curta e longa-metragem, edita a citada revista e pro- não têm a menor tradição nacional e nem mesmo uma grande tradição
move atos de contato cultural como as visitas de Zavattini, de Gérard latino-americana, salvo Bardem, Buñuel, alguma coisa de Fernández e
Philipe e os convites a Alain Resnais, Bardem, Antonioni e Buñuel para o Que Viva México!, de Eisenstein; que por isto mesmo eles não deixa-
realizarem filmes em Cuba. O grupo dirigente do Instituto, da Revista rão de procurar o contato com todos os cinemas do mundo: o neorrea-
e dos Filmes é restritamente composto pelos cineastas-críticos Alfredo lismo, a nouvelle vague, o realismo americano, os filmes de Kurosawa
Guevara, Eduardo Manet, J. M. García Ascot, René Jordan, Tomás Gu- ou os últimos trabalhos soviéticos. Alfredo Guevara é um crítico lúcido
tiérrez Alea, Julio García Espinosa, Hector Garcia Mesa, Selma Diaz e e bem informado; nota-se que é o “teórico” do cinema cubano: suas
Olga Andreu. ideias são as bases mais firmes. Todavia, a polêmica é aberta e a nouvelle
Mas o cinema cubano já vive do filme curto desde a vitória da vague recebe um tratamento excessivo, com dois artigos e entrevistas.
revolução e, enquanto 17 documentários já se encontram em exibição, Atacada, discutida, posta na berlinda pela intelligentsia cinematográ-
mais 23 se encontram em preparo, todos versando sobre as faces novas fica de Cuba, a nouvelle vague torna-se um tema quase tão importan-
do país ou fazendo a denúncia do passado Batista, quando a miséria te quanto o próprio cinema cubano. Seria óbvio dizer que, dentre isto
era intensa. E, por incrível que pareça, os cubanos produzem, inclusive, tudo, Alain Resnais é tratado quase como um Deus!
desenhos animados, como La Prensa Seria, que é uma sátira ao jorna- DEPOIMENTO:
lismo. Os jovens cineastas – devem ser os únicos (e todos) disponíveis Alfredo Guevara, em seu longo editorial, analisa a situação do
de Cuba – se atiram com o mesmo entusiasmo à crítica e realização de cinema do mundo, reconhecendo que todas as influências seriam be-
filmes. O mais importante, porém, é que a consciência cultural destes néficas para Cuba. Descontando-se o adjetivo às vezes pomposo, pois
jovens não está presa aos preconceitos estreitos do realismo-socialis- estamos em contato com um revolucionário ainda “quente”, podemos
ta, e é com surpresa que encontramos, na mesma revista, referências criticamente considerar o trabalho de Guevara como um programa de
destacadas e elogiosas a homens da direita como Ingmar Bergman, qualidade, do qual divulgamos abaixo os principais parágrafos:
Claude Chabrol, Louis Malle, numa prova aberta de que os cubanos 1 – SERÁ UM CINEMA ARTÍSTICO: – Não são os filmes me-
não estabelecem fronteiras para a arte, nem separam o bom do mau díocres os que abrem os mercados: “São os filmes artisticamente váli-

72 73
dos”. O cinema italiano se impõe com Roma, Cidade Aberta [Rober- RECURSOS FORMAIS (o versal é nosso), E COM ATENÇÃO PARA
to Rossellini, 1945] e Ladrões de Bicicletas, [Vittorio de Sica, 1948], o TODAS AS POSSIBILIDADES EXPRESSIVAS QUE ESTES OFERE-
francês voltou ao sucesso com Os Incompreendidos [François Truffaut, CEM, O CINEMA CUBANO DEVE ENCONTRAR SUA PRÓPRIA
1959] e Hiroshima, Meu Amor [Alain Resnais, 1959], os japoneses in- LINGUAGEM E COM ELA ENRIQUECER A LINGUAGEM DO CI-
vadiram todos os mercados com Rashomon e Os Sete Samurais [Akira NEMA;
Kurosawa, 1950 e 1954], a Suécia revelou-se ao mundo com Ingmar 4 – SERÁ UM CINEMA BARATO: – Tanto o neorrealismo
Bergman. O cinema alemão se refaz com Remarque e Pabst. Os me- como a nova onda francesa, os independentes americanos, o cinema
xicanos conseguem prêmios mundiais com Raíces [Benito Alazraki, japonês e, em geral, os filmes suecos, polacos, hindus e árabes, coinci-
1953] e María Candelaria [Emilio Fernández, 1944], e os independen- dem neste ponto. Precisa romper com os prejuízos e mitos estabeleci-
tes de Nova York filmam Marty [Delbert Mann, 1955], correndo toda dos pela publicidade e os recursos do cinema hollywoodense de grande
sorte de riscos e prejuízos… (MAIS UMA VEZ O FILME BRASILEI- espetáculo. Com os pressupostos que são comuns não pode surgir uma
RO, O CANGACEIRO [Lima Barreto, 1953] foi esquecido…) (o versal cinematografia sã, e muito menos num país subdesenvolvido que sente
é nosso); pela primeira vez o clima da liberdade;
2 – SERÁ UM CINEMA NACIONAL: – Não pretendemos nos 5 – SERÁ UM CINEMA COMERCIAL: – Pretende-se que os
restringir ao estreito nacionalismo das canções, rumbas e tipos popu- filmes artísticos e baratos não podem ser comerciais, e se passam por
lares ou ao pitoresco regionalista. Mas devemos nos aproximar o mais comerciais quantos filmes estilizam, deformam e esquematizam a ex-
possível de nossa fisionomia cultural, procurando o seu autêntico cará- pressão nacional, escravizando-a a clichês estabelecidos por outros ci-
ter. É isto o que marca um cinema, lhe confere personalidade própria e nemas. Com erros ou não, o neorrealismo e a nova onda se libertam
reconhecível. Não se trata de impor um estilo, ou de fixar certas linhas destes prejuízos. São uma prova viva de que é possível interessar ao pú-
gerais. Trata-se de que nosso país/psicologia, na medida em que são blico com uma obra sincera que aborde os temas da realidade ou, quan-
singulares, encontram de mil maneiras e sem limitação os moldes de se do menos, tentando penetrá-la. Na atmosfera revolucionária que vive-
expressar, de nascer em obra de arte; mos estes filmes alcançarão êxito. Internacionalmente também. Com
3 – SERÁ UM CINEMA INCONFORMISTA: – Posto que pre- os filmes de qualidade nosso cinema poderá abordar as duas vertentes
tendemos o filme artístico e tratamos de encontrar o caráter cubano, do mesmo mercado: o público culto e as massas populares que, apesar
nacional, de acordo com nossa cultura e psicologia, e voltados sobre o de analfabetas, não estão menos sensíveis aos problemas maiores de
meio social e o indivíduo, nossos filmes não podem menos do que bus- nossa época, dos quais são vítimas mais diretas e principais;
car a mais “total” autenticidade. É nesta medida que o “inconformis- 6 – SERÁ UM CINEMA TECNICAMENTE ACABADO: –
mo” marcará nossa produção. Mas não só nela. ABERTA A TODOS OS Nosso cinema não aspira a espontaneidade. Antes marcamos que de-

74 75
vemos nos aproximar da arte humildemente, dispostos antes de tudo disposta ao sacerdócio da profissão e movida por um diálogo cultural
a aprender. É o que estamos fazendo. No Centro Experimental de Ci- acima do comercialismo vulgar. Seria preciso, porém, muito se lutar
nematografia, em Roma, no Instituto de Cinematografia de Paris, se para que esta geração conseguisse, ao menos, ser “sacrificada”, em bene-
escutam vozes cubanas: em pouco tempo estará em funcionamento o fício de um cinema futuro. Enquanto em Cuba todos se unem para um
Centro de Estudos Cinematográficos, em Havana, e a Cinemateca do mesmo objetivo, no Brasil todos os críticos e cineastas brigam como
Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica completará este autênticos palhaços frustrados, defendendo pontos de vista pessoais e
esforço de formação e madurezas. E ainda contamos com a colabora- distantes de uma real solução para nosso cinema. O divisionismo crí-
ção de tantas importantes figuras do cinema mundial que nos ajudam: tico é um vedetismo e não podemos compreender a ironia, o desin-
Buñuel, Bardem, Maselli e Resnais, que trabalharão conosco em conta- teresse, o reacionarismo e o despeito de noventa e nove por cento de
to com nossos diretores García Espinosa, Gutiérrez Alea, García Ascot nossos críticos pelo cinema brasileiro. Este exemplo de Cuba deveria
e Manet. Também temos a ajuda dos técnicos estrangeiros e de direto- servir de lição. Infelizmente, o cinismo de nossa cine-intelectualidade
res de fotografia da qualidade de Otello Martelli, Sacha Vierny, Artur é a única marca de sua existência. É claro que falo em termos gerais, e
Zavattini, Gabriel Figueroa, além de roteiristas como Cesare Zavattini, não convém levantar três ou quatro nomes que lutam contra este estado
Luis Buñuel, Ascot, Jordan e Alejo Carpentier. imoral. Falamos em artigo passado que somente um levante de ordem
EXEMPLO: intelectual poderia dar força ao renascimento de nosso cinema. E que
Sem dúvida, o cinema cubano é um exemplo para o cinema isto seria impossível!
latino-americano, embora sejam bastante discutíveis suas declarações Realmente, é impossível, pelo menos na conjuntura de hoje,
de princípios. Estes senões, porém, não passam de atos acidentais no quando a corrupção está de tal maneira montada que qualquer filme
contexto de uma responsabilidade superior. Poderiam os céticos lan- digno recebe, logicamente, a sabotagem comercial e crítica. O caso de
çar o argumento da “revolução como causa”, plenamente justificável Na Garganta do Diabo [Walter Hugo Khouri, 1958] foi claro… O di-
em Cuba (e mais do que lógico…) mas um tanto quanto safado para visionismo prejudicou o filme por ambos os lados. Agora, antes que
o Brasil, cujas condições de movimento semelhante dependeriam ex- Bahia de Todos os Santos seja lançado, os grupos já vão se formando
clusivamente do Instituto Nacional de Cinema, caso seu projeto fosse discretamente, cada qual armando seus laços em torno de Trigueirinho
realizado e seus destinos fossem controlados por alguns três ou quatro Neto. E os cineastas, por sua vez, cuidam bem de sabotar os colegas,
homens de cinema dignos desta terra, cujos cine-profissionais primam pois, sendo que “em terra de cego quem tem um olho é rei”, não se-
pelo cafajestismo intelectual, incapacidade de realização e picaretagem ria conveniente que novos cineastas surgissem na praça para aumentar
econômica. O que revolta no Brasil, e agora com este exemplo cubano a concorrência... E como cada um possui seu “crítico de guarda” (ou
jogado em nossa cara, é que aqui já dispomos de uma geração moça anjo!), a guerra continua na maior sordidez possível, sem que os in-

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teresses superiores do filme sejam ao menos tratados com seriedade
profissional. VEIA FORTE NO
Infelizmente estamos falando a verdade. O país talvez não ne-
cessite de uma revolução imediata, mas o cinema sim. O termo é velho CINEMA MEXICANO
CUCARACHA, 1959, DE ISMAEL RODRIGUEZ) , 1961
(SOBRE LA

mas seria de ordem “moral”. Cada sujeito ligado ao cinema nacional


Publicação original: “Veia forte no
pensa que pode “salvar” o barco com suas teorias e isto seria sua “gran- cinema mexicano”. Diário de Notícias,
Salvador, 26/2/1961, Suplemento Artes e
de oportunidade histórica”: cada um quer ser o Eisenstein, o Grierson, Letras, 3º Caderno, Suplemento de Artes
o Zavattini. Cada um se julga apto porque não confia no talento do e Letras, p. 6 e 4.

outro e confia pouco no seu. Pela comparação, tira suas vantagens e


se julga livre para se atirar na aventura. Uma aventura intelectual de
baixos desejos.

Apontando os filmes estribados em preconceitos, a crítica deixa


de reconhecer valores ocasionais de cinemas medíocres como o mexi-
cano. Precisamos estar atentos e, reconhecendo as causas comerciais da
indústria, reconhecer que László Benedek (O Selvagem [The Wild One,
1953]) também faz a chanchada Rifles para Bengala [Bengal Brigade,
1954]. Hoje em dia o “nome do diretor” vale pouco para recomendar
um filme: varia como os ventos, e vemos que, no mesmo México, o
genial criador de Raíces [1953], Benito Alazraki, foi autor, mais tarde,
de terrível dramalhão.
Mas inegavelmente o cinema mexicano possui uma veia forte e
ela se chama Emilio Fernández, aquele poeta índio que assinou A Pé-
rola [1945], Enamorada [1946], Maclovia [1948], para lembrar três de
seus filmes que guardamos na memória ao lado daquele decadente A
Rede [1953]. Se, por motivos não muito explicados, Fernández acabou

78 79
até mesmo reduzido a simples assistente de diretor de John Sturges na também desconhecidos, estiveram separados. Nunca Figueroa desceu
versão americana de Os Sete Samurais rodada in México1, nem por isto tanto como iluminador em filmes sucessivos, fazendo crer que Emilio
o cinema verdadeiro do México morreu: Fernández voltou como gran- Fernández era sua disciplina e inspiração. Nunca desceu tanto Fernán-
de ator em La Cucaracha [1959], realização de Ismael Rodríguez, que dez, sendo traído por Alex Phillips em A Rede, um grande iluminador,
reabilita o México e o coloca novamente como país de poucos filmes perigo para qualquer filme.
excelentes: esta qualidade é o que mais importa para aquela cultura ul- Depois de anos, eis que se unem em La Cucaracha. Só que, des-
trajada por Hollywood e pelos próprios “índios”, que, na feitura de dra- ta vez, Figueroa teve diante de si o antigo companheiro: frente às câ-
malhões, não diferem muito dos nossos produtores de Virou Bagunça meras, como ator, ao lado daquela atriz fantástica que fez a glória do
[Watson Macedo, 1960] e outras imoralidades que o glorioso Serviço filme mexicano em tantos sucessos de antologia. Ao lado do veterano
da Censura Nacional libera de consciência tranquila. iluminador (um herdeiro do soviético Eduard Tissé) estava Ismael Ro-
La Cucaracha é um drama épico, realizado pelos melhores ci- dríguez, um diretor moderno na melhor acepção do termo: um diretor
neastas do México: Emilio Fernández é o ator central; Gabriel Figueroa, de poucas fusões, um diretor sem respeito à estrutura tradicional das
o iluminador virtuoso; María Félix, Dolores del Río e Pedro Armendá- sequências, um diretor livre de tempo cronológico, um magnífico con-
riz, os autores de suporte; Ismael Rodríguez, o produtor-argumentis- dutor de massas, um sentimental contido nos limites do bom gosto,
ta-diretor. um patriota autêntico, um mexicano amigo das revoluções e das be-
*** las mulheres: Dolores del Río e María Félix são nomes para consagrar
qualquer cinema.
Entre Emilio Fernández e Gabriel Figueroa se estabeleceu um Graças a Ismael Rodríguez, Figueroa realizou seu melhor filme:
duelo entre a “plasticidade” e a “dramaticidade” do qual muitas ve- em cores, captou, sem maiores requintes, um México romântico mas
zes Figueroa saiu vencedor, para prejuízo rítmico de alguns filmes: preso a uma maior realidade. Não foi tanto “autor” dos “quadros”, pois
apaixonado por este grande exemplo de mulher nacional, María Félix, se nota claramente o dedo criador de Rodríguez, orientando o enqua-
Figueroa levou até a última consequência seus requintes de closes, que dramento para a função dramática: uma vez ou outra a câmera dei-
eram opostos a “nuvens”, denunciando, sem dúvidas, que o diretor xa fixa esta ou aquela imagem do México fantástico. O emprego dos
Emilio Fernández muitas vezes se perdia mais de amores por Figueroa travellings óticos (a lente pan-cinor) é excepcional, o melhor já usado
do que pelo filme. Dois românticos regionais, acadêmicos, fracassaram no cinema, superando até mesmo a nouvelle vague francesa, especia-
progressivamente no melhor sentido do termo, quando, por motivos lista na técnica.
Firme na tradição popular de seu povo, buscando na história
1 Glauber se refere a The Magnificent Seven (John Sturges, 1960), remake americano de Os as páginas mais vigorosas para um drama de interesse e classe inter-
Sete Samurais (Akira Kurosawa, 1954) [N.E.]

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nacionais, Ismael Rodríguez voltou à veia forte do cinema mexicano: a
revolução de Villa, inspiradora da melhor pintura, da melhor ficção de COM D. LUIS
grande poesia. Um canto vigoroso, cheio de amor à terra e amor à cau-
sa, uma análise livre de uma analogia a pontos de vista políticos mo- NO INFERNO
1964-5, DE BUÑUEL) , 1964
(SOBRE SIMON DEL DESIERTO,

dernos, mas que, pelo próprio plano final, com as mulheres marchando
Publicação original: “Com D. Luiz no Inferno”.
para a revolução, traduz o entusiasmo pelas massas em progresso. Diário Carioca, Rio de Janeiro, 1/12/ 1964, p.7.

É a revolução que vence o amor frustrado de La Cucaracha. Ela


não desiste quando, perdida e desesperada, sabe que seu “amado Coro-
nel” morreu na guerra: seguindo a estrada da luta, estará fiel ao amor
pelo qual ela mesma foi vencida: a causa de Villa. Aquela causa que per-
deu uma “valiente” pelo amor de La Cucaracha. O coronel, que matava
homens sem piedade, fuzilando continuadamente, tomba deprimido
quando mata um só homem, “por amor”. Aí a ética nacional está mar-
cada sem necessitar maiores adjetivos. Um drama de consciência entre MÉXICO (especial para DC) – Bruxaria ou apenas a clássica
o indivíduo e a revolução leva o Coronel, até então solitário e subita- estranha coincidência, o fato é que conheci D. Luis1 Buñuel no inferno,
mente amante, a renunciar um amor perigoso. quando rodava as primeiras cenas de Simeon do Deserto nos estúdios
Fala-se que o México se caracteriza pelos “corridos”, “revolu- de Churubuzco. Um bando de transviados e artistas mexicanos e fron-
ción”, “tequila” e “mujeres”. Que outra coisa é La Cucaracha? teiriços rebolavam numa coreografia estilizada pela imaginação de D.
Para se amar um drama nacional é preciso, antes de tudo, com- Luis: subitamente uma adolescente, delirante, tira a camisa e, expondo
preensão destes valores culturais de um povo. Amar o cinema mexica- os seios, tenta o Santo Simeon! D. Luis manda cortar a cena e ele mes-
no é vencer um grande preconceito, igual aquele que impede a muitos mo veste a moça, nada tímida, diante de toda a equipe. Em seguida,
amar os grandes filmes brasileiros. Mas eles falam a nossa língua, são numa rapidez incrível, prepara o novo plano. Gabriel Figueroa é o que
o nosso pensamento. Isto, porém, é outro capítulo: o que Paulo Emílio se chama um tipo humano: baixo, velhote, olhar inteligente, começa a
Salles Gomes chamou de “colonialismo cultural”. discutir com D. Luis o movimento da câmera:
Por enquanto, o nosso interesse é registrar, em linhas rápidas, – Mira, hermano, por aquí es mejor! – diz Figueroa, ao que D.
este exemplo de grande filme mexicano: desapercebida, a epopeia de Luis responde:
Ismael Rodríguez pelo menos não fica de todo injustiçada. Nem só
Hollywood faz bons filmes, ora essa! 1 Ao longo de todo o texto, Glauber grafa erroneamente o prenome de Buñuel como
“Luiz”, aqui corrigido para Luis. [N.E.]

82 83
– Pero es arbitrario, hombre! de Figueroa dilui. A saga de San Simeon começa no Século IV, num
– Ah, hermanito... deserto. Anacoreta está trepado numa coluna: vem o Diabo na sensual
Estranha ternura entre D. Luis e D. Gabriel: velhos amigos, com- figura de Silvia Pinal e o tenta: o Diabo, montado num porco branco,
panheiros de muitos filmes, se entendem às mil maravilhas. D. Gabriel atravessa os desertos e os séculos trazendo o Santo: às vezes, Silvia se
preparou o plano como quis, depois D. Luis chegou e mudou a posição disfarça em Cristo: no final chegam ao mundo moderno e eis o inferno,
da câmera sutilmente como se D. Gabriel não percebesse; depois, D. onde o surf domina: o final ninguém sabe, talvez nem mesmo D. Luis.
Gabriel chegou e modificou outra vez o ângulo, D. Luis deixou, fez os Carlos Fuentes me diz que D. Luis prepara tudo antes calculadamente
ensaios e na hora da filmagem deu uma ordem para o “câmera” e fez e depois finge improvisar: ninguém sabe ao certo, mas não tem im-
outra coisa que nem ele nem D. Gabriel tinham previsto, o travelling portância porque, como diz Gustavo Alatriste, o produtor exclusivo de
avança entre os bailarinos e descobre Silvia Pinal, o Diabo, ao lado de Buñuel, há certeza de que será um filme genial.
San Simeon. Silvia, belíssima, sorri. O Santo está como uma escultura. – Só posso ver seu filme depois de 21 de dezembro, porque
Corta, dez minutos para mudança de luzes. amanhã vou para o deserto – me diz D. Luis, e acrescenta:
Manuel Michel nos apresenta: eu, Nelson Xavier e Paulo Rocha. – Michel também ganha dinheiro para fazer propaganda do ci-
D. Luis sorri, alegre e bem humorado: nema brasileiro – e começa a sorrir. Figueroa o chama e D. Luis pede
– Michel ganha dinheiro para fazer propaganda de Buñuel – licença. Pergunto a Michel se D. Luis é surdo mesmo e Michel me res-
brinca D. Luis, lábios abertos, olhos grandes e penetrantes, testa ampla ponde que ele só ouve o que lhe interessa. Creio que é verdade porque,
na quase total calvície. Sessenta e quatro anos, mas forte como um tou- quando discute com Figueroa, retruca continuamente, o que, também,
ro: ninguém, à primeira vista, pode dizer a idade do gênio espanhol: parece um monólogo.
como se um gênio não tivesse começo ou fim, D. Luis fala com os jo- Às quatro da tarde, deixamos Churubuzco: a última vez que
vens bailarinos como se fosse um deles. Alegre, de uma contagiante vejo D. Luis é correndo atrás da câmera num travelling rapidíssimo
felicidade, transforma o estúdio numa espécie de parque de diversões. rumo à orquestra: sorri, na grande alegria de filmar. Parece o Diabo
Quando começa a discutir com Figueroa, os extras formam um círculo regendo o inferno!
em volta e ninguém esconde os sorrisos:
– Muy chistoso! PS – Para esnobar o “cinema novo”, eu e Nelson Xavier fizemos uma “pon-
tinha” no filme. Ficamos junto da orquestra, lado direito, fumando con-
– Ahorita D. Luis va cambiar las cosas – avisa Manuel Michel,
tinuamente. Fomos apanhados numa panorâmica da esquerda para a di-
crítico mexicano que figura como dançarino. E realmente, D. Luis
reita: se não cortaram a cena, vamos aparecer. Maria Gladys não aparece
muda o que está no roteiro porque San Simeon é uma criação do mo- também porque ficou dormindo. Sinto muito, Sanz, mas se você estivesse
mento: um inferno perdido no tempo, com fundos negros que a luz presente é certo que D. Luis faria um “close” teu.

84 85
N O V O S
MEANDROS
. DO .
S É C U L O
HOLLYWOOD / EUROPA / URSS E JAPÃO

87
DRAGÕES DA
VIOLÊNCIA
, 1958
(SOBRE FORTY GUNS, 1957, DE FULLER)

Publicação original: “Dragões da Violência”.


Jornal da Bahia, Salvador, 8/10/1958, 2º
Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.

HOLLYWOOD
(Forty Guns, 1957) Produção, argumento e direção: Samuel Ful-
ler – No preto e no branco, contra a sofisticação colorida do cinemasco-
pe, Samuel Fuller nos oferece a segunda obra-prima de western do ano:
Dragões da Violência, filme que [rompe]1 quase completamente com a
linguagem tradicional e já cansativa do gênero.
A primeira obra-prima de western desse ano foi Sem Lei e Sem
Alma [Gunfight at the O.K. Corral], de John Sturges, onde também já
existia essa deliberação de abandonar certos caracteres em busca de
nova expressão. A balada cantada no início, o duelo na rua, a partida
do herói no final, embora permanecessem em Sem Lei e Sem Alma, já
eram utilizadas em sentido menos convencional. Não era a procura de
efeitos chocantes, como ocorria (e ainda ocorre) com direitos menos
talentosos. Agora, em Dragões da Violência, embora tais elementos es-
tejam presentes, o sentido em que são utilizados já é outro ainda mais

1 Ausente no original, que estava truncado, este verbo foi incluído aqui. [N.E.]

89
distante. E a sua vantagem sobre Sem Lei e Sem Alma reside em criações grande primeiro plano e depois outro para primeiro plano da mão do
do diretor Samuel Fuller: verdadeiros achados de linguagem cinemato- bandido. Esses planos se sucedem até que novo corte surge: a câmera,
gráfica que acrescentam à sétima arte valiosa contribuição. de pouca distância, avança rapidamente sobre a mão do bandido, que
fica dura e solta a arma: esse avanço de câmera traduz a força do olhar
* do herói sobre o bandido fraco de personalidade ante o xerife de fama
e coragem. O olho do herói aproxima-se da mão do bandido. Desta
Já a sequência de início, é excelente: o herói vem calmamen- forma, o cinema expressa através das imagens puras. E isto é que é ver-
te por uma estrada empoeirada em companhia de seus dois irmãos. dadeira linguagem cinematográfica.
Não há música. A cena é tomada do alto em plano geral. Súbito, uma Dragões da Violência ainda é pontilhado de outras sequências
sombra invade o quadro gradativamente e um rumor abafado de tropel fabulosamente bem armadas. Muitas surpreendentes, que não devem
de cavalos se faz ouvir. Há um corte sobre pés de cavalos correndo, ser comentadas, a fim de não tirar do público ou mesmo do especta-
saltando o som dos cascos em corrida para primeiro plano. Corta para dor mais atento o prazer do inesperado. E o inesperado em Forty Guns
o herói e seus irmãos atentos, para o som. Volta-se novamente aos pés não é truque fácil. Nem brincadeira, à maneira de Hitchcock. É cinema
do cavalo, e assim a sequência prossegue nesse [mesmo ponto], até que sério.
os quarenta cavaleiros [correndo atrás da]2 bandoleira Jessica (mulher O senão, mesmo o defeito desse filme de Samuel Fuller, reside
vestida de preto em um cavalo branco), cruzam com a charrete do he- no final: a concessão ao público é feita, quando poderia ser suprimida.
rói, assustando os cavalos atrelados e lançando-lhes poeira na cara. Barry Sullivan e Gene Barry compõem ótimos tipos. Barbara Stanwyck,
Outra sequência que revela o talento sempre crescente de Sa- muito velha, está em ruínas.
muel Fuller é o encontro do herói com o garotão desordeiro, bêbado
e armado na rua da cidade. Todos esperam o comum duelo. O herói
marcha calças pretas, toalha de banho no pescoço (interrompera o ba-
nho para ir acabar a desordem), enquanto o bandido o espera de arma
em punho. O tiroteio é iminente. A câmera corta sobre os pés do herói
avançando alternado com o bandido, que vai ficando medroso quando
reconhece o famoso atirador. Nesse jogo de planos que vai criando a
tensão dramática, há um corte inesperado para os olhos do herói em

2 Os dois trechos entre colchetes desta frase estavam pouco legíveis no original [N.E.].

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NICHOLAS RAY:
AMARGO TRIUNFO
VICTORY, 1957, DE N. RAY) , 1958
(SOBRE BITTER

Publicação original em duas partes:


“Nicholas Ray: Amargo Triunfo (I)”. Jornal da
Bahia, Salvador, 5/12/1958, 2º Caderno, p. 3,
coluna “Jornal do Cinema”; “Amargo Triunfo
(II)”. Jornal da Bahia, Salvador, 6/12/1958,
2º Caderno, p. 3, Coluna “Jornal do Cinema”.

(I)

Na linha de vanguarda do cinema americano, Nicholas Ray


sempre representou, apesar de todas as suas irregularidades, uma ati-
tude de construir cinema vazado em linguagem autêntica. Tanto na
eleição do tema quanto no ângulo formal, a sua dignidade artística se
fez valer: Juventude Transviada [Rebel Without a Cause, 1955] filme
quase clássico na moderna filmografia de Hollywood, o categorizou
como nome de valor. Mas Nicholas Ray é, a despeito de tudo, um ci-
neasta irregular. Seus filmes, após Juventude Transviada, valendo todos
no conjunto, fracassaram em vários aspectos. Parece que a coação de
Hollywood se fez valer sobre sua liberdade criadora, o impossibilitando
de avançar sem limites em busca da linguagem poética específica do
cinema, elemento que, sem sombra de dúvida, possui melhor que seus

93
outros colegas dos EE. UU. Finalmente, com Amargo Triunfo [Bitter as constantes clássicas do filme, que eleva o símbolo do blusão como
Victory, 1957], temos a maior prova do talento de Ray: obra clássica, a farda da adolescência louca. Melhor do que O Selvagem [The Wild
altamente poética e humana, vazada na melhor linguagem do cinema One, László Benedek, 1953] no que se refere a esse lirismo num cinema
narrativo. Escala abaixo dos GENIAIS, N. R. está no plano dos grandes estúpido como o americano, e nunca um lirismo molhado e lacrimoso,
artesãos criadores. mas o lírico nascido do mais trágico.
O terceiro filme importante na carreira do cineasta é Delírio da
REVISÃO BREVE DE N. R. Loucura [Bigger Than Life, 1956], com James Mason, no qual o pro-
blema do uso da cortisona é um grande campo para que seja efetuado
Sua filmografia é extensa. Tomemos, pois, para melhor situá-lo um excelente thriller psicológico. E novamente o lirismo seco de Ray
nos últimos anos, como começo de sua evolução, Johnny Guitar [1954], compõe o fundo.
western polêmico, considerado por Alex Viany como dos piores filmes Seus outros filmes foram lamentáveis, como, por exemplo, Jesse
do mundo, mas por nós tido como pequena obra-prima do gênero. Já James. Todavia, com Amargo Triunfo, deu ao mundo a peça que dele se
aí se insinua a marca inventiva do realizador, introduzindo nas linhas esperava. E espere-se desse nome muito mais, porque talento criador
tradicionais do gênero o suporte dramático puramente passional. A ele revela. Vejamos, amanhã, o filme em questão.
estória da inquebrantável Viena que Joan Crawford protagoniza e do
pistoleiro Guitar, na pele de Sterling Hayden, parte do velho esqueleto (II)
“o amado que retorna”, mas se restabelece quando ele, no plano do de-
senvolvimento, adquire a personalidade de “móvel” da intriga. E, pelo ESTÓRIA: De uma peça teatral de René Hardy, Nicholas Ray e o
lado da realização formal, está presente, sob alguma influência de John famoso crítico inglês Gavin Lambert, em companhia do próprio autor,
Ford, toda uma nova concepção plástica e rítmica do gênero, procuran- elaboraram o roteiro de Bitter Victory, diga-se de passagem entre os
do acentuar, sobretudo, o heroico e o romântico brotando da psicologia melhores, e talvez o melhor roteiro do ano.
em jogo dos personagens. É certo que possui falhas. Mas seu lado posi- Conta-se o duelo de dois homens comandando uma patrulha
tivo seria tema de longo estudo. em fuga pelo deserto na Líbia. A época: segunda guerra mundial, in-
Juventude Transviada amadurece mais. Aí é onde nasce a poéti- gleses lutam contra Rommel. Mas o importante, o super-problema é a
ca e a simbologia de Nicholas Ray. O mito dos rebeldes sem causa, com morte e a covardia que estão presentes em dois homens, um major e um
James Dean sintetizando as dores de toda uma juventude sacrificada, e capitão que amam a mesma mulher. Ninguém é tão propriamente bom
o brinquedo de violência e de amor que é trabalhado pelos moços colo- ou mau, mas no Capitão Leith está a marca de uma virtude: a coragem,
ridos correndo na concepção rítmica de um realismo coreográfico, são a disposição para enfrentar com dignidade a morte. No Major Brand, o

94 95
medo de praticar um crime, e não o medo de morrer. Os três autores do E, no fim, insere um plano aproximado do boneco com a medalha do
roteiro armaram uma tessitura psicológica e filosófica das mais hábeis: amargo triunfo no peito. Esta concepção simbólica do soldado como
os problemas se apresentam sem discursividade, bem encaixados na um “boneco” nas mãos da guerra é a melhor forma de se condenar a
voz do Capitão, um intelectual. violência e de transmitir o que de irônico e mesmo de ridículo existe
O importante, sobretudo, na linha moralmente cretina de por trás dos heróis, que são anunciados como homens inatacáveis.
Hollywood, é a inversão da “justiça”, ou seja, o melhor homem mor- Depois, a grande sequência do Capitão Leith no deserto, entre
re e o pior triunfa, embora busque uma recuperação de consciência. os feridos e mortos, sua dor1 de querer escapar da morte e sua viril ati-
Desta maneira, o Major Brand, recebendo a medalha por sua vitória tude em sacrificar com tiros na cabeça os feridos, para poder salvar sua
suspeita, termina por colocá-la num boneco de treinamento, que na própria vida. Filme narrado quase em monólogo interior, sem haver
última imagem do filme age como símbolo do Capitão sacrificado por contudo o primarismo do diálogo literário; é na imagem que se con-
sua maldade, sua covardia, por ser justamente como é dito num diálogo centra o poder penetrativo da alma2 que Nicholas exercita. Aplicando o
excepcional através do deserto, “o espelho” do medo e da indignidade som dentro da funcionalidade cinematográfica, faz dessa peça de ajuda
do Major. narrativa seu principal instrumento.
Problemas agudos que levantam o filme a um terreno puramen- Todo o filme é vazado na segurança de um estilo que se amadu-
te filosófico são tratados: o crucial sobretudo é o matar ou não matar o rece. O poético no deserto está marcando toda a narrativa. Principal-
inimigo na guerra ou na paz. O Major Brand luta interiormente tanto mente nas sequências finais, a imagem se move, conduz a tragédia com
em esfaquear um soldado alemão quanto em matar o Capitão Leith, tanta propriedade de cinema que a fé no poder expressivo da sétima
que disputa o amor de sua esposa. Prefere, pois, eliminá-lo, indireta- arte ressuscita. Peça de indiscutível valor, dos melhores filmes do ano.
mente, deixando que um escorpião liquide o adversário psicológico. ELENCO: Richard Burton, excepcional. Sua máscara dramáti-
Realmente brutal é a sequência na qual ele ordena que se abandone ca, sua voz que modela o diálogo como que se entranhando no mais
com água e um revólver (para suicídio, logo que a água esgote) o Capi- profundo, sua conduta de ator altamente categorizado nos oferecem a
tão Leith envenenado em pleno deserto. Brutalidade psicológica, ínti- melhor interpretação masculina do ano. Curd Jürgens, sempre militar,
ma, aliás toda a grande constante do excepcional roteiro. sóbrio e valendo bem com sua classe. Ruth Roman, discreta. Os coad-
DIREÇÃO: Nicholas Ray cria, nas imagens dos bonecos de trei- juvantes, bons. Ótima fotografia e partitura musical de Maurice Doux,
namento, o campo simbólico do filme. Apresenta, abrindo em plano ge- das mais bem aplicadas já vistas até hoje.
ral sobre o Ginásio de Esportes, enquadrando os bonecos mudos imó-
veis, à semelhança de soldados que se marcam sob música dissonante,
magnificamente bem executada pela orquestra da televisão de Paris. 1 No original, “sua do” (sic). [N.E.]
2 No original, aqui corrigido, “penetrativo da lama” [N.E.].

96 97
JESSE JAMES NO
CINEMA (SOBRE THE
TRUE STORY OF JESSE
Publicação original: “Jesse James no
Cinema”. Diário de Notícias, Salvador, 17 e

JAMES, 1957, DE N.
18/4/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e
Letras, p.3 e 2.

RAY) , 1960

I – Jesse James já andou muito como figura de filmes. Biogra-


fias mereceu algumas, das quais as mais importantes são: Jesse James
[1939], de Henry King1, com Tyrone Power, e Quem Foi Jesse James
[The True Story of Jesse James, 1957], de Nicholas Ray, com Robert
Wagner. O popular e lendário bandoleiro americano andou também
de “pontas” fazendo honras com aparições especiais, segundo alguns
canastrões ilustres, como Dale Robertson e Tony Curtis, no tempo que
este grande ator de hoje era um bonecote da Universal.
II – Aquela versão antiga de Henry King era muito boa. Tyrone
Power fazia Jesse e Henry Fonda, mascando fumo, fazia Frank. Depois,
a Fox produziu, sob a direção de Fritz Lang, A Volta de Frank James
[The Return of Frank James, 1940], no qual o ex-mestre do expressio-

1 Num lapso, aqui corrigido, Glauber atribuíra este filme a King Vidor [N.E.].

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nismo alemão chegava ao western nos mesmos passos de seu anteces- diferente, este de Nicholas Ray. Não é contado em linha cronológica. É
sor, copiando tim-tim por tim-tim todo o ambiente e linguagem do circular, intemporal, um entremeado de flashbacks que utiliza no prin-
filme passado, Jesse James. Aquele, porém, mais realista de ambiente, cípio e no clímax (assalto a Northfield) a mesma linha de Joseph Man-
era mais puro, primitivo, um filme de impressões sobre o bandoleiro, kiewicz em A Condessa Descalça [1954] (outra lição de Orson Welles),
sem as bossas mitológicas do novo western. Agora, a versão de Nicholas com montagem repetida sobre a mesma ação, sendo que na segunda
Ray (tem uns três anos de idade), reexibida no Festival, veio mostrar sequência existe o clima do fatalismo, quando, na primeira, temos ape-
uma nova face do bandido. E também, sobretudo, desfazer a impressão nas um prólogo.
de que o artesão Nicholas Ray teria perdido os pulsos após Juventu- Abolindo a narrativa cronológica e arriscando mau gosto nos
de Transviada [Rebel Without a Cause, 1955]. Digo que Nicholas Ray, flashbacks com nuvens coloridas, Nicholas Ray constrói o filme por “es-
neste filme, deu mesmo algumas lições nos mestres Delmer Daves (A tados”, como se fosse um romance moderno, onde a ação vai e volta em
Árvore dos Enforcados, 1959) e Anthony Mann (O Homem do Oeste, benefício da elucidação dos personagens. Ao mesmo tempo, presen-
1958). E ainda deitou cartas sobre técnica narrativa, embora não es- te, passado e futuro de Jesse James são jogados no filme, mostrando a
condesse suas heranças do professor Orson Welles, naquela complica- modificação do caráter do herói, mesmo com algumas anedotas, cujo
da teia de flashbacks, herança de Cidadão Kane [1941]. exemplo é aquele de Jesse James fazer uma caridade e depois roubar o
III – The True Story of Jesse James é um filme lírico. Nicholas mesmo dinheiro do cobrador usurário.
Ray é um cineasta mórbido, violento e lírico. A importância de sua Sob o ponto de vista de época e ambientação, Nicholas Ray foi
violência reside na técnica. Ele muitas vezes abdica do primeiro plano buscar algumas lições da primeira versão, acrescentando a isto seu ine-
de sangue em troca de um primeiro plano sonoro, onde ouvimos a for- vitável bom gosto. Este western não possui quase as costumeiras situa-
ça ensurdecedora dos tiros. Em Party Girl [1958], por exemplo, Nicho- ções. Jesse não está com heroísmos exagerados e toda sua formação
las Ray, aproveitando a estereofonia, consegue prodígios em matéria é explicada conforme o desajustamento social pós-guerra de secessão,
de rajadas de metralhadora, realizando um filme comercial mas inte- violência policial, amor maternal e revolta. Depois, o caráter popular
ligente. Quem Foi Jesse James é um filme comercial como o são todos do argumento, e mesmo do filme, é avaliado à máxima consequência,
os filmes, principalmente os americanos. É produção programada da até no final, quando um cego sai logo improvisando sobre a morte de
Fox e nasceu de um script original do velho e chato Nunnally Johnson. Jesse. Eis também, historicamente, um western em progresso, quando
Todavia, Nicholas Ray, como artesão (regente de orquestra, tocador de a época era de reconstrução e os “modernos” trens de então desfilavam
piano, jogador de tênis, Pelé, o marceneiro, os tapeceiros, etc.), pega a bufando fumaça, vedetes arrasadoras sobre diligências. Um oeste me-
estória e faz dela um filme violentamente lírico. Naquela temática de nos selvagem, mais formado dentro do desenvolvimento. Anti-herói,
violência está o mesmo lirismo de Juventude Transviada. É um western de família pequeno-burguesa, Jesse James hoje é lenda. Vale ainda no-

100 101
tar o seu caráter de vaidade: lendo um livro sobre sua vida de aventuras
(romantizadas pela imaginação dos escritores populares) e suas roupas, ANTHONY MANN,
como de toda a quadrilha, modernas e passadas. De colete e tudo, ali-
nhados (as belas capas brancas), Jesse se identifica, na vaidade, a Lam- AUTOR DE FILMES
IN WAR, 1957, E GOD’S LITTLE ACRE, 1958) , 1959
(SOBRE MEN

pião, nosso grande herói de banditismos, com seus anéis de brilhantes,


Publicação original: “Anthony Mann, autor
e Corisco, com seus bentos de ouro. Bandidos mitológicos como estes de filmes”. Diário de Notícias, Salvador, 6 e
7/12/1959, 3º Caderno, Suplemento Artes e
são apaixonantes e dignos de livros, peças teatrais e mais filmes. Porque Letras, p.4, Coluna “O Cineasta e seu filme”.
o tema Jesse James ainda pode ser muito mais bem explorado do que
foi agora por Nicholas Ray.

I – Único cineasta que conserva vivo e renovado o western,


Anthony Mann, ao contrário do que pensaria a crítica, fez sua gran-
de obra-prima fora do gênero: O Pequeno Rincão de Deus (God’s Little
Acre, 1958, de um romance de Erskine Caldwell adaptado por Philip
Yordan). E, em escala decrescente, seu segundo grande filme, Os Que
Sabem Morrer (Men in War, 1957) não é também western. Na carreira
do cineasta já veterano, são dois acontecimentos significativos, porque
no moderno western ele é o maior artesão e o mais inventivo diretor. A
realização de obras-primas fora do campo no qual é mestre prova que
seu talento não é limitado a um tema. Que é um talento de infatigável
busca na expressão fílmica: pesquisas cada vez mais ousadas em função
do amadurecimento de seu estilo. Um estilo em formação, pois a cada
trabalho um novo horizonte se abre. E o artista evolui sem atingir um
ponto definitivo. O que o deixa inquieto. Excitado para novas procuras:

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o crítico mais exigente diria que Os Que Sabem Morrer era uma obra meira vez em cinema aceitamos a fusão como válida. Ali as ima-
madura, ponto máximo de um cineasta. Ali estava todo um exercício gens que se fundem sobre elas mesmas não contam, mas criam,
no ritmo lento, analítico, na máxima valorização poética da imagem, cada imagem é um verso carregado de valências.
na criação de uma atmosfera imponderável além do real documentado, b) - A entrada de Will na fábrica, querendo ligar a ener-
mas interpretada e “conhecida” no intrínseco do fenômeno: violência gia elétrica. A mulher, Rosamund, o espera impassível em sua
bélica. Os homens como categorias hierárquicas do exército, “men in cadeira, enquanto ele rompe a multidão de operários. Griselda
war”, sem nenhum caminho a não ser lutar, como gesto, ato puro. To- o segue. Novamente, os cortes começam a criar o estado da li-
davia, diante de O Pequeno Rincão de Deus, verifica-se que Men in War bertação de Will no total amor de Griselda, funcionando como
era pesquisa. Porque este filme é um dos mais expressivos trabalhos já reflexo nos grandes close-ups de Rosamund sentada. E toda a
feitos no moderno cinema americano. É o melhor filme que foi exibido marcha de liberdade, de atitude contra a ordem burguesa que
este ano. É o filme onde melhor se localiza a formação de estilo e cul- Will enfrenta até a morte, funciona sistematicamente sobre os
tura de um cineasta “autor de filmes”, não naquele sentido literário de close-ups de Griselda. É a alma da mulher que se revela, com-
relator de problemas, de comunicador de realidades, mas no rigoroso preende e perdoa Griselda e Will, ao passo que Will se realiza
sentido de autor percorrendo uma linha de conflito formal, de angústia na morte.
expressiva, de manejo da câmera, e nesse manejo conhecendo o ho-
mem naquele ponto em que não é a história do homem que o revela, II – Cremos que a profundidade da alma poucas vezes foi mos-
mas seu gesto: o gesto que a câmera angula e a tesoura corta para outro trada total como nesta sequência: só existem imagens e cortes, sem
gesto, animando e abrindo um caminho d’alma pela câmera. Pena que, palavras narrativas, sem planos descritivos. A contenção, o pulsar, os
por uma irresponsabilidade dos críticos diários, o público interessado músculos, os nervos do ser humano trabalhando diante do observador-
em cinema não pudesse ver O Pequeno Rincão de Deus. Mas, para quem -câmera. A câmera descobre o homem melhor que todos os métodos
teve a sorte de ver, poderemos ressaltar duas sequências que melhor especulativos. A câmera derruba em dois minutos séculos de metafísi-
exemplificam o dito acima: ca. Prova que o cinema não é apenas arte por excelência. Mas “conhe-
a) - O encontro noturno de Griselda e Will, quando cimento”.
realizam um amor profano no seio da família religiosa. Aí, An-
thony Mann poderia, como todos os diretores narrativos fazem, III – Anthony Mann ainda uma vez não se mostra realizado.
descambar para o símbolo fácil. Aguenta porém os dois perso- Espera o crítico que, se ele não for corrompido pelo sistema capitalista
nagens em tensão e faz, não os atores, mas as sucessivas fusões do filme, forçosamente atingirá o cinema absoluto: aquele que, do prin-
da imagem “criarem” o estado do amor que se realiza. Pela pri- cípio ao fim, é o homem desnudo.

104 105
IV – O autor de filmes é como Anthony Mann. Uma carreira
que não é genial, que luta de filme a filme para aprimorar. Sua carreira DETALHES SOBRE
de método, de trabalho em trabalho dá um passo à frente1, pequeno
mas positivo. No western, sua folha de treinamento, seu campo de pro- JOHN FORD
, 1960
(SOBRE THE HORSE SOLDIERS, 1959)

vas, sua contribuição para que o gênero não morra. E daí seu domínio
Publicação original: “Detalhes sobre John
da arte para realização da própria arte, este cinema maldito que morre Ford”. Diário de Noticias, Salvador, 10 e
11/7/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e
nas mãos dos cineastas que ainda não compreenderam que o roman- Letras, p.3.
cista é o romancista, o poeta é o poeta, o pintor é o pintor, artistas mo-
dernos frustrados e em crise. E que o cineasta é o artista que nasce com
a descoberta do universo, com a conquista da lua: o artista do futuro.
O único.

I – Discutiu-se muito a vitalidade de John Ford neste seu recente


filme exibido, Marcha de Heróis [Horse Soldiers, 1959], mais uma inves-
tida do veterano criador irlandês nos tempos da cavalaria americana.
John Ford sempre foi um entusiasta das forças armadas de ontem e de
hoje, e seu amor por West Point, já declarado em filme que agora o títu-
lo me foge, é a melhor prova do que afirmo. Não sei bem se nisto vai um
sentimento belicista de John Ford, mas, no caso de Marcha de Heróis,
todo este seu entusiasmo militar revela-se portador de humanismo na
sequência das crianças. Ali está o segredo do pensamento fordiano: o
exército infantil avança, mas não se fere na batalha. Outro diretor pro-
vocaria um massacre. Os soldados da cavalaria heroica batem em reti-
rada, sorrindo e gozando as crianças suicidas e felizes da vivência di-
reta dos seus mitos. Os grandes delírios da criança são as organizações
1 Ligeiramente ajeitado aqui, o original dizia “... de trabalho para trabalho um passo a
frente” [N.E.]. militares, e não existe melhor literatura para-fascista do que a literatura

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militar imposta às crianças. John Ford desmoraliza as próprias crian- Ford, épico, busca neste heroísmo as fontes de seu cinema. Mas não é
ças. Em primeiro lugar, os homens não vão perder tempo lutando com um cantor romanticamente guerreiro. É criticamente épico, isto é, va-
meninos. Em segundo lugar, eles mesmos tropeçam nos destroços, não loriza mas analisa e mostra que as raízes do povo americano são bem
aguentam os tambores e, para tamanhos teimosos, somente palmadas! diferentes daquelas que estamos acostumados a ver nos outros wester-
Estaria John Ford procedendo como um velho vovô? Os intelec- ns. E toda sua conduta pela guerra é contra a guerra, nos seus mínimos
tuais preconceituosos ficam irritados com demonstrações mais desnu- detalhes. Mas, novamente, seu equilíbrio aflora diante dos conflitos.
das de amor ao próximo acompanhadas de corretivos morais trocados a Valoriza o herói como herói, homem sem bandeira. Este destemor da
miúdo: palmadas nos garotos que se vestem de soldados! Mas saímos de morte, este disponível espírito de luta e sacrifício, seja por que causa
uma simples sequência cômica para um significado maior: não se mata for, abrem um horizonte universal no cinema fordiano. O herói é um
criança. Mesmo na guerra, o mais nobre é a fuga ou a rendição. herói. Como memorialista, John Ford é um regional e, como regional,
II – Qual seria a razão do amor de John Ford pela cavalaria ame- um político. Tem suas coisinhas pessoais. Não gosta de “confederados”.
ricana? John Ford é um memorialista e um sociólogo. Quando vejo um John Ford não é racista. Os homens da farda azul-marinho de Abraham
filme do velho irlandês, lembro-me de um memorialista nosso, José Lincoln são os libertadores de negros, são mais justificadamente heróis.
Lins do Rego, e lamento que um livro como Fogo Morto não tivesse sido Este ponto não é abordado no filme, mas sentimos a simpatia de Ford
filmado por Ford. O cinema do homem que criou a dimensão épica do pela causa. A negra Luckie segue a senhora branca, servilmente luta
western é a lembrança e a crítica histórica da formação colonizadora contra os libertadores. É justiçada por negros dos quais vemos somente
dos Estados Unidos. John Ford, sendo irlandês, é o mais americano as mãos. Mas é John Ford quem a condena. Quanto ao herói, o Coro-
de todos os cineastas americanos, é o que melhor ama e canta o país nel confederado avança de bandeira em punho. É salvo pelo médico,
do norte, é o único que revela uma face limpa daquele povo que o ci- que não tem bandeira, é um herói à sua maneira, salvando vidas da
nema americano mostra com1 símbolos acabados do bem e do mal, estupidez bélica. O Coronel aleijado é um herói de uma causa ruim,
falsificados em problemas psicológicos de origem duvidosa. John Ford mas um herói. John Ford valoriza-o!
vê o povo americano como povo, eis sua primeira verdade. Um povo III – Marcha de Heróis, contudo, é um filme cansado. John Ford
que abriu caminho, construiu uma civilização. Puritanos, bandidos, é muito irregular, embora estilisticamente fique cada vez mais maduro.
heróis, índios, pastores, colonos, músicos, mulheres. A cavalaria foi um Mas, quando deixa a epopeia pela crônica, pelo humor e pela crítica de
elemento de atuação direta naquela época. Tinham índios pela frente problemas estritamente ligados às particularidades da vida americana,
e às vezes os próprios americanos, como na guerra da secessão. John torna-se limitado e chato. O Último Hurra [The Last Hurrah, 1958], por
exemplo, só pode interessar a John Ford mesmo. É um festival de velhi-
nhos amigos do irlandês, testemunho espiritual do cineasta, conforme
1 “Como” no original, o que nos pareceu resultar de um erro de revisão [N.E.].

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assinalou o crítico Luiz Pina, mas que não interessa ao espectador co- hoje emparelhado com Kurosawa, é o que mais me interessa, embo-
mum e pouco atrai amantes de Ford que buscam no mestre apenas as ra esta minha preferência não interesse a ninguém. Mas ao mundo de
grandes lições de cinema épico e de valorização cultural de um povo. hoje importa – e muito! – esta fidelidade temática, esta autenticidade
Marcha de Heróis é cansado porque John Ford já disse tudo que cultural e esta expressão formal que marcam o irlandês-americano e o
poderia dizer sobre a cavalaria. Não resta mais nada2. O público já sabe japonês. O cinema épico, como a poesia do passado, é a poesia de hoje.
o que é o filme, o que vai acontecer, embora o mestre guarde pequenos Não vou dizer que é o melhor caminho, embora esteja escolhendo entre
golpes e grandes lições para determinados instantes, como na batalha as grandezas e as misérias do homem. O heroísmo é a linguagem da
das crianças (que não se realiza, a não ser no interior exaltado dos me- afirmação, quando as lutas se esfacelam e se entregam com bandeiras
ninos) e nos sentimentos de amor do Cel. (John Wayne) pela prisio- brancas, diariamente, em todos os compartimentos do mundo.
neira.
Repetições velhas como a briga amigável, que não chega a se
concretizar, entre John Wayne e William Holden, piadas com os sar-
gentos e soldados, e outros cacoetes, reaparecem sem maiores atrati-
vos, embora apresentados com maestria de quem vive o cinema com
perfeição. Em matéria de maturidade, só vejo dois cineastas: René
Clair e John Ford, os dois maiores criadores do cinema ainda vivos.
Acho que Chaplin está longe destes dois artistas, por mais humanismo
que possua. E, entre Chaplin e René Clair, é preciso ver o que o pai de
Carlitos aprendeu do francês imortal. Isto, porém, é tarefa para uma
profunda revisão histórica. É um dos temas críticos do cinema que me
seduz, e pretendo realizá-lo mais tarde.
Não vou dizer mais, nestas rápidas linhas sobre John Ford, que
sua linguagem é perfeita, que um filme seu de menor quilate é melhor
que obras-primas de Fellini, que seus atores são conduzidos com maes-
tria, etc., etc...
O cinema épico, que John Ford continuou após Eisenstein, e

2 No original, aqui corrigido, lia-se “Não está mais nada” [N.E.].

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FALA, GLAUBER
SERVANT, 1963, DE LOSEY) , 1965
(SOBRE THE

Publicação original: “Fala, Glauber”. Diário


Carioca, Rio de Janeiro, 11 e 12/4/1965,
2o Caderno, p. 5.

De Roma, Glauber Rocha, em seu exílio voluntário, invade o


domingo do leitor com sua visão em profundidade do cineasta Joseph
Losey. Com a palavra, Glauber:
I – Joseph Losey é um nome praticamente desconhecido no Bra-
sil. Eis algumas informações: cineasta americano, formado no teatro,
companheiro de Brecht, intelectual considerado de esquerda pelo ma-
carthismo, foi expulso de Hollywood, onde havia rodado alguns filmes
expressivos, dentre os quais o mais famoso foi O Menino de Cabelos
Verdes, 1948. No seu exílio europeu, rodou filmes de classe B na Itália
com o pseudônimo de Andrea Forzano. Vida atribulada, trabalhou em
[filmes] policiais na Inglaterra e só a partir de 1960 seu nome voltou a
figurar entre os grandes, com The Criminal. Eva [Eve, 1962], estrelado
por Jeanne Moreau, foi um filme polêmico. The Servant, 1963, desper-
tou quase unanimidade da crítica e seu penúltimo, King and Country

113
[1964], o consagra, do meu ponto de vista, um dos maiores cineastas americano e inglês, em particular, mas europeu decadente no geral)
modernos e talvez como um dos três ou quatro mais consequentes do ganha um destaque fundamental na galeria dos personagens moder-
ponto de vista político (ou moral). Losey, ao lado de Kubrick (ambos nos. Ação, paixão e crítica desta ação: um estilo barroco ma non troppo,
americanos, ambos tendo Londres como segunda pátria), são cineastas um realismo funcional ao tema, atores de “contribuição”. Losey é, neste
realmente preocupados com problemas vitais do mundo moderno, tais particular, o maior diretor de atores do cinema, porque é no exame do
como: a) decadência e corrupção moral do capitalismo; b) fanatismo personagem que seu ponto de vista se revela.
militarista e suas imprevisíveis consequências. Falemos hoje, em linhas Em Losey se configura a tese de uma tendência importante que
gerais e a título de introdução, de The Servant. marca todo o cinema americano e, vindo do cinema expressionista ale-
(Como são muito complexos os aspectos da obra de Losey, in- mão, atinge no cinema italiano seu ponto máximo em Visconti e Anto-
formamos ao leitor que apenas abordaremos o ponto de vista moral do nioni: a inter-relação câmera, ator, cenografia.
autor em questão). Se o leitor tiver mais ou menos entendido o que é o cinema de
II – Como o estilo, no cinema, é uma questão de moral, eu clas- Losey, passemos a comentar The Servant. Se o leitor não entendeu,
sificaria Losey como um Orson Welles consciente, isto é: aqui o bar- misture um pouco de Orson Welles com Stanley Kubrick, acrescente
roquismo neoexpressionista é reduzido a um plano crítico, uma vez consciência política e terá uma imagem aproximada deste que, segundo
que a experiência do talento de Losey não serve, como Welles, ao fim a maior parte da crítica, pode ser considerado o melhor exemplo da ge-
primordial do autor de Cidadão Kane, que é o narcisismo. Losey, como ração perdida do cinema americano, a mesma de John Huston (o mais
Kubrick, sendo meio herdeiro de Welles, incorpora ao famoso estilo de perdido de todos nos cenários de A Bíblia) e de Elias Kazan (o mais
“sombra, luz e som” americano um dado até então inédito: a dimensão imoral de todos na sua atitude de “dedo-duro”).
política racional, a “epicidade” transferida de Brecht. Losey, mais do III – The Servant, em linhas gerais, trata de um antigo proble-
que Kubrick, poderá ser considerado o mais passional dos cineastas ma: o patrão e o servente. A ética do servidor e o comportamento do
brechtianos, uma vez que o autor de Dr. Strangelove [1963], pela sua servido; a insubordinação do servidor e a impotência do patrão; a su-
juventude, é uma ponte de ligação entre Welles e Losey, ou seja: bus- premacia do servidor. Tese subversiva, pensarão os fanáticos do anti-
cando uma dimensão épica (alcançada em Dr. Strangelove), peca ainda comunismo militante, semelhantes àquele militar de Dr. Strangelove.
por vícios de interpretação psicanalítica dos seus personagens. Em Lo- Nenhuma tese, acrescento, pois se trata de uma exposição dramática
sey, pelo contrário, existe o homem total que age. Losey não interpreta sem discursos e sem preconceitos contra o patrão. Losey não possui a
a conduta de um personagem analisando isoladamente o seu sistema vibração dos agitadores e, antes, é apenas um autor que verifica, num
psíquico. Ao contrário, desenvolvendo a ação, ataca passado e presente violento processo de análise, que o capitalismo está moralmente inca-
no mesmo momento. É a partir daí que o homem de Losey (homem paz de resistir numa sociedade (como a inglesa, por exemplo) onde a

114 115
corrupção dos costumes atingiu o ponto máximo de todo o mundo
ocidental. Losey, ainda mais, não acrescenta que um outro mundo seja DR. FANTÁSTICO (KUBRICK, 1964) , 1965

melhor; apenas deixa bem claro que este anda muito mal.
Publicação original: “Dr. Fantástico”. Diário
Uma censura anticomunista não proibiria The Servant (o filme Carioca, Rio de Janeiro, 17 e 18/1/1965, p. 9.

faz sucesso nos Estados Unidos) porque seu personagem (magnifica-


mente interpretado por Dirk Bogarde) não tem a menor consciência
política e sua insubordinação é, inclusive, um ato imoral: domina o pa-
trão (James Fox, um colonizador da África e das Américas), psicológica
e sexualmente, torna-se amante de sua noiva, assume o poder na casa e
revela-se de um cinismo sem limites. O que se revela daí, então, não é
a imoralidade do servidor que se rebela (pois sua rebelião é anárquica,
inclusive), e sim a impotência do patrão que se deixa dominar. Este pa-
trão de Losey é, numa precisa definição de personagem, um protótipo
do capitalista colonizador inglês decadente.
Se em The Servant Losey revela a impotência moral do capitalis- O filme está saindo de cartaz, mas vale ainda falar da sua im-
mo, em King and Country, Losey, em tintas trágicas, pinta o quadro do portância. Em minha opinião, por vias indiretas, este filme tocou em
militarismo, potente e organizado, pronto a defender o cumprimento conteúdo que poucos intelectuais têm alcançado até hoje. E, mais que
das leis diante de qualquer ação subversiva. isto, lança tais conceitos pela primeira vez em domínio público.
Realmente, um dos temas da atualidade sobre os quais a cons-
ciência das massas se vê atônita é o tema da guerra total. Sobram-lhe
vagos conceitos caídos das armações teóricas e artísticas que os inte-
lectuais exercitam, usufrutuários da Questão. Às grandes massas, so-
bra a angústia de uns, o ódio de outros, a revolta de alguns. São as re-
percussões da beat generation, as migalhas de Sartre fase 1, a literatura
nos filmes de Antonioni, os apelos do Exército da Salvação. E poucas
vezes se explicita com exatidão o concreto da guerra fria e seus perigos.
Os artistas, analistas e pensadores se apropriam apenas de seu clima
e de sua rica temática. Deixando de lado as repercussões em outras

116 117
áreas da cultura, o que tem dado o cinema ultimamente em relação gico, mas um evento possível, bufo, idiota, geral, estatístico. E profetiza,
ao problema? Há a respeitável e complexa “malaise” de Antonioni, talvez, que estamos entrando no tempo em que vamos com a Bomba
a idiota análise de comportamentos de A Hora Final [On the Beach, como convivemos com outras realidades da vida moderna, como o
Stanley Kramer, 1959], há tanta coisa. Lições de otimismo (“ainda há cinema, o “hully gully”, o foguete lunar. Mostra que vamos aprender,
tempo, irmãos!”), lições de pessimismo, oportunismo, comercialismo. queiramos ou não, a amar a bomba, e, por força, a não nos preocupar.
Mas nunca uma coisa: a nítida visão da bomba e seus refluxos. Doctor Aí reside o valor intelectual de um filme como Doutor Fantástico.
Strangelove [1963] explica. E explica de maneira mais nova e genial, São dois seus níveis de grande importância: de um lado, a expo-
da maneira em que o problema merece ser tratado: a farsa, os duros sição nítida da grossura das motivações da era nuclear; de outro, por
traços da “chanchada”. Porque o problema da Guerra Total depois de ser o primeiro produto, a primeira compreensão da nova era cínica do
Doutor Fantástico não é mais uma destinação trágica do homem, não é mundo. Esta nova era em que é romantismo querer o retorno ao res-
a presença real do néant, não é nada de imponderável, inapreensível. É peito à vida humana, em que o sentimento do absurdo soa como um
uma grossura. Uma grande grossura tecida de interesses econômicos, ridículo balbucio diante dos gritos roucos da farsa, em que os apelos de
intolerância, boçalidade, muita boçalidade, militarismo suicida, orto- Bertrand Russell pela compreensão entre os homens estão ocos de mil
doxia marxista, e, principalmente, a alienação mental que é o fascismo, anos. É romântico e ridículo lutar pela boa vontade entre os poderosos.
ideologia dos paralíticos. Isto tudo Stanley Kubrick, agora gênio, traz Nada mais depende da boa vontade.
para primeiro plano e ilumina com grandes luzes. Mas só aí reside a E Kubrick, já filho revoltado do novo tempo, não quer doutrinar
genialidade de um filme como este? Não. Acho que vai mais longe. Dá ninguém: seria ridículo. Apenas nos ensina que nos resta apenas mor-
um salto muito maior. rer de pé, gritando que sabemos, que somos lúcidos, que morremos
Creio que foi Norman Mailer que disse que nunca o homem gozando os boçais.
viveu com a certeza reprimida em seu inconsciente de que jamais con- Doctor Strangelove é o mais importante grito de protesto do in-
quistará a morte nos moldes tradicionais. Lhe é vedado o Inferno ou o telectual liberal moderno.
Paraíso. Jamais poderá conquistar o Nirvana dos heróis e morrer em
glória se for bom, jamais será do Inferno após uma vida de cultivo do
Mal. A morte é planejada seca. Nem prêmio, nem castigo. O bom e
o mau morrem juntos. E vem Kubrick, genialmente, e dá a palavra.
Mostra e profetiza uma nova era da consciência mundial. Ilustra pela
primeira vez o que é a “tanatolatria” de que falou Sartre. “Amor à mor-
te”. Aceitação e familiarização com a morte não mais como um fato trá-

118 119
UMBERTO D – POEMA
CINEMATOGRÁFICO , 1957

Publicação original: “Umberto D – Poema


Cinematográfico”. Diário de Notícias,
Salvador, 10/11/1957, Suplemento Artes e
Letras, p. 8.

EUROPA

O alcance e o domínio da poética no cinema tem sido privilégio


de poucos. Ainda os melhores cineastas estão submissos a uma gramá-
tica acadêmica, acreditam na intriga como fundamento do filme, dei-
xam campo às discussões sobre responsabilidade criadora, permitindo
uma ascendência injusta do argumentista, elemento que, em última
análise, não é senão a matéria bruta sobre a qual o cineasta desenvolve
sua criação artística. A poesia, quando acontece no cinema, transcen-
de, na sua maioria, dos elementos litero-plástico-sonoros que entram
em sua composição: raros são os filmes, porém, que obedecem uma
disciplina poemática na sua feitura, que trazem o conteúdo poético
concentrado na imagem, imagem em seu conceito puro, imagem em si,
independente do ator ou da paisagem. Em Brinquedo Proibido [Jeux in-
terdits, 1952], por exemplo, René Clément encontra em Brigitte Fossey
o suporte poético do filme; em Quando o Coração Floresce [Summer-

121
time, 1955], David Lean utiliza os velhos e lendários canais de Veneza; grande avião / (fusão violenta) que leva amigos meus no seu bojo... /
em A Estrada da Vida, [La Strada, 1954], Fellini afirma-se com o rosto (fusão mais rápida, precipitada)... depois, a horrível notícia / (superpo-
de Gelsomina (Giulietta Masina). sição precipitadíssima, letreiros surgindo do fundo até primeiro plano):
Não pretendemos aqui excluir tais contribuições, julgando-as MÁRIO DE ANDRADE MORREU. Nota-se, pois, nos dois exemplos
dispensáveis à arte do cinema; desejamos, após isolar agentes estra- citados, no primeiro, o corte, no segundo, a fusão, pontuações que o
nhos, estabelecer algumas íntimas relações entre arte poética e arte ci- cinema herdou da poesia e desenvolveu até onde os cineastas criadores
nematográfica, reportando-nos, exclusivamente, aos campos de ritmo puderam atingir. (Escolhemos Vinicius de Moraes para exemplo, por
e imagem. ser ele, dentre os nossos poetas, um estudioso de cinema, tendo, por
Queremos, enfim, situar o poema cinematográfico – entenda-se isso, consciência absoluta dos recursos cinematográficos que aplica em
– no aspecto exclusivo da realização artesanal comparada ao poema sua poesia).
literário.
O corte em cinema encontra um correspondente no corte poé- *
tico, tanto nas analogias quanto nas simbologias ou estabelecimento
de imagens; também as fusões, equivalendo às sugestões superpostas, Eisenstein considerava um plano isolado do cinema, um foto-
ou o verso largo, chamado bíblico – , de Augusto Frederico Schmidt grama, como uma célula sem vida e sem nenhuma funcionalidade, as-
ou Claudel –, encontraria sua identificação cinematográfica na gran- sim como seria a palavra de um poema ainda em estado de dicionário.
de panorâmica, a de John Ford, por exemplo, nos filmes western. Nos Do conflito de movimentos que progridem ou decrescem, nasce uma
dois casos acima citados, poderíamos exemplificar o primeiro com imagem concreta que transmite uma realidade criada ou interpreta-
este momento de Balada do Morto Vivo: “... Em frente da balsa para / da pelo cineasta, semelhante ocorrência verificada com o poeta diante
A lancha com o corpo em cima / (corta) Os caboclos se descobrem / da folha branca que “me proscreve o sonho, me incita ao verso nítido
(corta) Lunalva que se aproxima / (corta) Levanta o pano (corta), olha e preciso” ou no papel sobre o qual “pode teu sal virar cinza; pode o
a cara / (corta) E dá um medonho grito / ...”; – o segundo, com outro limão virar pedra; o sol da pele, o trigo do corpo virar cinza” (João Ca-
poema do mesmo Vinicius de Moraes, A Manhã do Morto, que possui, bral de Melo Neto, em Psicologia da Composição, II, III).
aliás, uma disposição gráfica de roteiro. Ei-lo: “situação do cenário”: Assim, das abstrações de um único fotograma e do papel bran-
O poeta, na noite de 25 de fevereiro de 1945, sonha que vários amigos co, cineasta e poeta, munidos de suas excelências, partem com objetivo
seus perderam a vida num desastre de avião, em meio a uma inexpli- de provocar um movimento sobre esses pontos básicos e estéticos, e daí
cável viagem para São Paulo; “desenvolvimento da sequência”: Noite extrair o ritmo exato de si e do tema.
de Angústia: que sonho / que debater-se, que treva / (fusão)... é um Uma palavra – é, pois, o correspondente de um fotograma, am-

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bos abstratos, células de um verso, uma sequência, respectivamente, exemplo, a sequência da esmola, quando o cachorro segura o chapéu e
elementos do poema e do filme. (Também o enjambement encontra Umberto se recolhe humilhado, a cena na qual tenta o suicídio com a
paralelo em Cinema, quando um mesmo diálogo é mantido através de câmera mergulhando violentamente, a sequência em que parte de bon-
várias cenas que são fundidas umas sobre as outras, variando o local de vendo as casas, as ruas ficarem para trás, a imagem final do homem
do drama. Por fim, a rima no cinema, seja auditiva ou visual, constitui, solitário com a alegria do seu cachorro.
por último, as suas melhores relações com a poesia. / Exemplificando, E a poesia de Umberto D é simples, suas imagens são sentidas
em cinema o corte de um avião para um pássaro é uma rima visual, e sinceras expressões do cotidiano; não possui a sofisticação carrega-
plástica; o corte de uma gargalhada para um grito, uma rima sonora, da, pretensiosa, que faz cinema sem função, burilando as imagens sem
auditiva). atingir um fim.
Embora tais equivalências existam, os cineastas têm, na sua Concluindo, mesmo hoje, quando o saber filmológico (conhe-
maioria, preferido as heranças narrativas herdadas do romance, conto e cimento teórico do cinema) ainda se encontra desenvolvendo seus pri-
novela, desprezando o caráter estético da expressão fílmica em favor de meiros passos, Umberto D pode ser considerado como o exemplo ideal
um enredo, uma intriga literária ou senão, pelo contrário, apegam-se do poema cinematográfico ou da arte poética realizada no cinema com
ao esteticismo parnaso-simbolista tipo Ingmar Bergman-Elia Kazan. os mesmos resultados que na palavra. E mais: no cinema as aspirações
plástico-sonoras são plenamente levadas a efeito.
*

Com A Paixão de Joana D’Arc [1928], de Carl Dreyer – realiza-


ção que dignifica e confere independência expressional ao cinema –,
Umberto D resistirá ao tempo como obra de melhor valor cinestético.
Como dissemos acima, o conteúdo poético de Umberto D não
se encontra no interior do Filme, não repousa em paisagem ou atores.
Está concentrado na imagem que aqui não seria “esta” ou “aquela”, mas
imagem no seu sentido de representação gráfica da situação real ou
imaginária. A concentração da intensidade lírico-dramática na ima-
gem acrescenta-lhe um caráter de representação gráfico-emocional, ou
estética ou filosófica, ou como queiram. No filme de De Sica-Zavat-
tini isto está presente do princípio ao fim, destacando-se, a título de

124 125
O TETO (DE SICA, 1956) , 1960

Publicação original: “O Teto”. Diário


de Notícias, Salvador, 27 e 28/3/1960,
3o caderno, Suplemento Artes e Letras, p.3

I – O filme não resiste, substancial e formalmente, a uma se-


gunda visão: O Teto [Vittorio De Sica, 1956] é agonia de uma retórica;
humanismo trocado a preço de mercado; negação do cinema em busca
de um “cinema puro”, no qual nada “acontecesse mas apenas os fatos
conduzissem a alguma coisa”, um “estado”. Dentro da trajetória de
Zavattini e De Sica encontramos (antes de O Teto) a consumação do
cinema-absoluto em Umberto D [1952]. A retórica de O Teto emociona,
comove, é dirigida à sensibilidade do espectador: mas é inteiramente
superada, desde quando abandona o homem em busca de um “puris-
mo” que resulta em simplismo naturalista, descritivo, demagógico. O
Teto – como pensávamos da primeira visão – era um canto de cisne
do neorrealismo. Da segunda visão concluímos, pesarosamente, que se
trata de um funeral sem muitas flores.

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II – O “neorrealismo”, em termos de expressão, nunca foi uma em Alemanha, Ano Zero, 1958; a fábrica ensurdecedora de Europa ‘51,
escola. Olhando-se bem, frente a frente, Paisá [1946], de Rossellini, e 1952), enquanto a câmera de Rossellini fala sem a lógica, mas com o
Ossessione [1943], de Visconti (as duas origens do movimento), vemos fogo de um verdadeiro épico (ou antiépico, porque seu mundo é de
logo que cada artista busca um caminho diferente. E, se nos filmes pos- uma interminável heroica dor), a câmera de Visconti é o “plano-alma”
teriores os dois excepcionais cineastas mais se distanciaram, os outros (os amantes que dançam em Noites Brancas, 1957, fluindo e girando
membros da escola, como De Santis, Lattuada e Pietro Germi, também em super close-up que revela o amor, a alma: eis o “plano-alma). A câ-
estiveram perseguindo um filme pessoal que terminou por determinar mera de Visconti é o “conhecimento” além de seu jogo pictórico, de
a dispersão total da escola que Carlo Lizzani elevou às máximas glórias. sua luz dirigida, de seu quadro ao gosto do século XVIII, arriscando o
O neorrealismo foi um problema de produção. Hoje, com Senso [1954] mau gosto operístico e arrancando das sempre ridículas “fusões” (tão
e Il Generale della Rovere [1959], Visconti e Rossellini não somente es- a gosto de William Wyler) a metafísica da solidão, como na sequência
tão mais longe deles mesmos, como estão muito mais longe dos princí- em que o personagem solitário de Noites Brancas desfila pelas ruas da
pios que regiam – em doida confusão – o “neorrealismo”. Dentro desse cidade noturna. Deixemos os “neorrealistas” menores (De Santis, Ger-
renascimento do cinema italiano (realmente, a única coisa digna que o mi e Lattuada) e vejamos a retórica de Zavattini-De Sica: retórica (an-
cinema apresentou no pós-guerra), a figura de Zavattini logo se desta- tirretórica pelo despojamento) do humanismo que se inicia em Sciuscia
cou como uma das mais empenhadas em fazer “fílmicas” as verdades e morre em Il Tetto.
da Itália conturbada pela guerra. E, enquadrado dentro de um huma- III – O único intelectual do filme italiano do pós-guerra é Vis-
nismo intelectualmente primitivo e politicamente intencionado, abriu conti. Rossellini é um primitivo e Zavattini, outro primitivo. De Sica
também um caminho muito diverso dos outros chefes de grupo, Ros- veremos, no curso deste artigo, o que é. Daqui em diante separemos o
sellini e Visconti. Sem maiores intenções, poderíamos classificar Ros- argumentista do diretor, se bem que os dois formem um binômio mis-
sellini como um “neorrealista épico” e Visconti como um “neorrealista terioso e já não adianta mais discutir quem é “o maior ou menor autor”
metafísico”, enquanto Giuseppe De Santis seria um “neorrealista barro- dos filmes por eles realizados. Mas, incontestavelmente, falando-se do
co”, Pietro Germi um “neorrealista melodramático”, Alberto Lattuada humanismo, fiquemos com Zavattini. Ele é a mão que guia De Sica.
um “neorrealista sem compromissos”, etc... etc... Vamos arriscar mais: Zavattini é um humanista e De Sica, um lírico.
Zavattini e De Sica são “neorrealistas humanistas”. Enquanto a Do argumento que grita ser necessário piedade pelos pobres, solitários
câmera de Rossellini é um “golpe de tambor, “entra” como uma cobra e tristes, De Sica avança e canta esta necessidade em termos de lirismo.
furiosa nos problemas, mostra a vida de choque, abrindo uma verdade Será De Sica um artista moderno? Sim, seu lirismo não é do verso lon-
e cantando esta verdade em termos de eloquência (o soldado negro de go e adjetivado. Ele “corta” com economia, funcionalidade, permanece
Paisá; o museu dinâmico de Viagem à Itália, 1954; o suicídio do garoto na imagem-coisa que se reflete nos atores em interpretação naturalista,

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nos ambientes densos de luz mortiça, nos “planos médios” desenha- rocracia e por ele o humanismo primitivo de Zavattini exige piedade e
dos com a objetividade e a exatidão de uma parede na arquitetura mo- salvação. Aliás, Zavattini não é um humanista, mas um humanitário. É
derna. Todavia, no que se refere à narrativa, é um legítimo acadêmico, um velho bondoso, bom, quase piegas. Quem salva isto do choro fácil
um irrecuperável parnasiano. O grande mérito de De Sica é seu bom e do discurso eloquente, senão De Sica, que transforma o cristianismo
gosto, que se evidencia pela contenção. Enquanto Visconti arrisca uma pagão do escritor em termos exatos de cultura e, mais, de arte? De Sica
sequência inteira de gargalhadas, xingamentos, desmaios e desesperos e seu estilo! Atenção: De Sica é um discurso de lógica fílmica, e não um
– como em Senso, quando Farley Granger expulsa Lívia (Alida Valli) de simplista. De Sica, além de tudo isto, é um cultor de bel canto, estilista
seu quarto –, e disto tudo retira o clima de uma legítima tragédia, De puro, sonetista. De Sica é pura forma. Em Umberto D isto se evidencia:
Sica jamais tenta o bombástico: seus métodos de narrar são modernos, o mundo é revelado pela imagem e pelo tempo da imagem: o velho
mas o corpo de sua narrativa é acadêmico. Aqui, NOTE-SE BEM, fala- professor quer o suicídio e olha a janela: a câmera “mergulha” da janela
mos em termos de Il Tetto, já que aí encontramos seu punho diretorial ao asfalto; o velho professor quer dormir, mas o barulho dos vizinhos o
em último trabalho. E, além disto, em Il Tetto a agonia de sua imagem impede: a câmera demora-se sobre o velho o tempo do tédio, da insônia,
é flagrante, pela limitação de sua criatividade. Se em Umberto D, De do desespero interior; o velho professor vai fugir de sua cidade, toma o
Sica atinge o filme-absoluto, criando o maior filme de todo o “neor- bonde: a câmera “panoramiza” a rua e os edifícios, o velho “é arrancado”
realismo” (e um dos dez maiores de toda a história do cinema), em Il daquele mundo com a força exata do movimento da câmera, etc., etc.
Tetto ele segue os mesmos caminhos de Umberto D e perde o fôlego. Il Todavia, em Il Tetto, Zavattini liquidou com as perspectivas de
Tetto é inferior (e posterior) a Umberto D: disto nenhum dos “desiquis- De Sica em sua ascensão como cineasta criador. Foi autor do argumen-
tas” extremados há de discordar! Foi o roteiro de Zavattini? Vejamos: to e do roteiro e, de início, impôs uma temática que, conforme assinala
em Umberto D, De Sica fez roteiro em conjunto com Zavattini, sobre Henri Agel em seu livro Vittorio De Sica, abandona o homem em fun-
argumento do segundo, e partiu para o filme praticamente sem roteiro. ção do social. E, ainda assinala Agel (que em todo seu livro louva De
Pois Umberto D é um filme da imagem que revela uma realidade, recria Sica), força, a partir disto, a abolição do primeiro plano em função do
e interpreta esta realidade: o que faz de Umberto D uma legítima obra- quadro geral, de “integração”, onde o homem sempre está dissolvido
-prima é justamente a justeza da câmera, o rigor da composição, o corte na paisagem (no caso, na paisagem de edifícios em construção e de
sem fôlego, a penetração da câmera na solidão de uma forma diferente favelas). O que ocorre para o cinema é o seguinte: De Sica rendeu-se
do conhecimento de Visconti. Porque, se Visconti abandona seu perso- às imposições do roteiro dubiamente político e cretinamente humani-
nagem vagando pelas ruas em Noites Brancas, sem nenhuma piedade tário. Além do mais, conformista e pessimista, ao ponto de merecer o
para com ele e sem exigir nenhuma piedade, De Sica, em Umberto D, prêmio do “Ofício Católico de Cinema”. Zavattini, em seu roteiro, fez
faz do velho professor um herói moderno da solidão no mundo da bu- demagogia. A princípio, parece incrível tal afirmativa. Mas ocorre, em

130 131
primeiro lugar, que, em se tratando de um problema social, o relato romanticamente infantil, ninguém vai socorrer os desabitados. Zavat-
puramente documental, sem participação dos narradores, parece mais tini não mostrou nenhuma perspectiva de salvação. Não deixou passar
um passeio de turistas burgueses e diletantes pela favela, comovendo-se um sopro de solução: por isso a Igreja adorou e deu-lhe um prêmio.
ao ponto de exoticamente sugerir: “vamos fazer belas casas para os fa- Se D. Helder resolveu o problema do favelado, que respondam os que
velados”, de forma idêntica a D. Helder Câmara, no Brasil, fazendo sua possam provar.
“operação favela”. Dentro desse princípio primário de socialismo cris- IV – A culpa de De Sica como artista de filmes, como criador
tão está enquadrado O Teto. E não foi por outro motivo que a crítica ca- de imagens que comuniquem determinada verdade, como o artesão
tólica e o órgão máximo do cinema oficial católico glorificaram o filme. mais lúcido do cinema moderno, foi aceitar o passeio puramente do-
Se Zavattini tem pena dos favelados, deveria também ter coragem de cumental pela favela que Zavattini lhe propôs. O Teto resultou em for-
dizer do que os favelados precisam. Um “draminha” de operário não malismo vazio, em mau purismo e má forma. A confusão agônica do
interessa; o pedido de socorro por um operário não passa de assistência “neorrealismo” levou Zavattini a fazer um roteiro reacionário e indicar
social, tão à moda de nossas senhoras granfinas. O grito de socorro por aplicação da chamada “forma simples”, de comunicação direta, sem
um homem solitário, em Umberto D, é a única coisa que um homem barroquismo. Antibarroco é De Sica. Mas nunca foi um simplista. Seu
pode fazer por outro. Não resolve integralmente seu problema, mas despojamento em Ladrões de Bicicletas [1948] e Umberto D é forma
quando alguém se interessa pela solidão do próximo, imediatamente o especial, é forma-objeto, é arquitetura. O Teto é um filme de quem se
próximo é amado e reamado: está salvo. Mas, diante dos desabitados, entregou à escola do “filme que não é”: do mau cinema. Aqui a direção
o problema se coloca de outra maneira: os “draminhas” de A, B, C e D de De Sica – graças à inspiração de Zavattini – eliminou o primeiro pla-
operários liquidaram as perspectivas de “escola social” do “neorrealis- no. Quando o personagem abandona a casa do cunhado, puxando seu
mo”, para transformá-la em profissionalismo do socialismo. Zavattini é carrinho, está amargurado: um grande travelling de fuga desesperada é
um humanitário: seu interesse pelo operário é mesquinho, sua forma exigido. Mas De Sica prefere mostrar, em plano longo, a despedida da
de revolução é uma “fuga para o céu”, como no final de Milagre em moça. Os atores são ilustrativos. A cena é uma descrição ginasiana. E
Milão [1951], filme literário que De Sica salvou graças à síntese muito daí por diante o naturalismo do detalhe crônica-descrição-piada é man-
bem feita de René Clair e Charles Chaplin. Mas em O Teto nem a fuga tido com a intenção de fazer realismo puro. Um realismo que não inte-
para o céu existe, o que não deixa de ser alguma esperança, se bem que ressa: o jornalismo vive para narrar a realidade. E mesmo a reportagem
romântica. Em O Teto, os miseráveis constroem a casinha e pronto: o moderna interpreta nas entrelinhas. Mas O Teto não é um filme antigo
filme chega ao fim. E daí? Lemos sempre nos jornais o problema dos acadêmico, porque os acadêmicos são melosos e ridiculamente líricos.
desabitados. O mundo sabe disto. Mostrar um operário sofrendo, por O bom gosto de De Sica, marca que nunca abandona o verdadeiro
acaso, vai levar alguém a socorrer o operário? O Teto é humanitário e artista, impede que O Teto mergulhe no discurso humanitário da rea-

132 133
lidade. Mas também O Teto não é um filme moderno: é naturalista, e
todos se lembram quando o menino grita: UM MOMENTO! A velha MICHELANGELO
chave do “neorrealismo”, com crianças e latrinas ocupadas, vem no-
vamente “funcionar”. Mas não funciona. O Teto, pois, não sendo an- ANTONIONI (SOBRE IL GRIDO, 1957) , 1958

tigo ou moderno; não sendo autenticamente “neorrealista”, porque é


Publicação original: “Michelangelo
subnaturalista; não sendo declaradamente cristão nem comunista, não Antonioni”. Jornal da Bahia, Salvador,
10/10/1958, 2o Caderno, Coluna “Jornal de
interessa. Cinema”, p. 3.

Michelangelo Antonioni é o diretor da crônica objetiva, sem


adjetivação, sem apreciações. Um crítico inglês definiu-o como “the
most factual screen hay writer”, reconhecendo aquele que quiçá seja
seu dote essencial: a precisão dos fatos, a precisa atribuição das ações
e das personagens que as realizam. Segundo alguns, Antonioni não se
emociona, permanece frio, espectador impossível do destino de suas
personagens. Em seu último filme, Il Grido [1957], o derradeiro golpe,
o que poderia chamar-se “a sentença”, é um grito sufocado: o grito de
uma mulher que abandonou o marido e torna a vê-lo no momento em
que ele morre num trágico acidente.
Este filme foi o resultado de dois anos de reflexão sobre um tema
que se havia desenhado claramente na memória de Antonioni. Mais
uma vez, como em suas quatro películas anteriores, as personagens
estão impregnadas de uma inelutável fatalidade. Dir-se-ia a extensão

134 135
da temática de Antonioni a um ambiente, ou melhor, a uma camada Veneza com o “Leão de Prata”, distinção essa à qual se seguiram outras
social que o diretor tinha tomado em consideração em seus documen- estrangeiras, constitui valioso trabalho de transposição de um argu-
tários, mas não em seus filmes de enredo. Il Grido conta a história de mento literário muito difícil. Como se sabe, o filme foi tirado do conto
Aldo, um mecânico do vale do Pó, o qual, enganado pela única mulher Tra donne sole, de Cesare Pavese, Antonioni deu às sutis sugestões psi-
a qual ama – sua esposa Irma –, tenta sair da tormentosa atmosfera cológicas de Pavese uma sugestiva e eficaz linguagem cinematográfica,
procurando trabalho alhures. Encontra-se com Elvia, uma costureira uma imediatez de representação. Também Le Amiche se desenrola em
que desde muito tempo o namorava, com Edera, uma camponesa, com ambiente burguês.
Virginia e, por fim, com Andreina, uma mulher alegre, toda coração.
Não consegue esquecer Irma, e esta recordação é tornada mais intensa
pela presença de uma filha. Quando, por fim, Aldo volta à vila natal e
consegue rever a esposa, morre num acidente.
Quando Antonioni apareceu com seu primeiro filme de longa-
-metragem, Cronaca di un Amore [1950], alguém escreveu que ele ti-
nha feito neorrealismo desambientado. O filme agradou pela sua rigo-
rosa unidade de estilo, por sua exatidão moral. A crítica o aceitou com
elogios. Era a primeira vez, no pós-guerra, que um filme neorrealista
não se desenrolava no meio das choças e barracas, senão, em vez disso,
nas casas luxuosas da alta burguesia. Outra fita cuja realização não se
levou a cabo sem polêmica: La Signora senza Camelie [1953], delineava,
identificando-os de modo inconfundível, certos parvenus do cinema.
As personagens de Antonioni nascem de suas exigências narra-
tivas interiores. O diretor as mantêm em distância com sua linguagem
de crônica pontual e corrente. O mesmo se deu com os jovens de I Vinti
[1953]. Antonioni tomou uma série de casos limites para realizar se-
vera pesquisa sobre a desolação moral de uma juventude sem ideais e,
com uma direção atenta e extraordinariamente cuidadosa, obriga cada
personagem a pôr a descoberto sua mais íntima verdade. Le Amiche
[1955], que apareceu dois anos antes de Il Grido, e que foi premiado em

136 137
A ESTRADA DA VIDA
FELLINI, 1954) , 1959
(LA STRADA,

Publicação original em duas partes: “Na


estrada da vida (I)”. Jornal da Bahia, Salvador,
20/1/1959, 2° Caderno, p. 3, coluna “Jornal
do Cinema”; “Na estrada da vida (II)”. Jornal
da Bahia, 21/1/1959, 2° Caderno, p. 3, Coluna
“Jornal do Cinema”.

(I)

I – Finalmente lançado A Estrada da Vida [La Strada, Federico


Fellini, 1954]. O público baiano esperou mais de dois anos para que um
exibidor tivesse a coragem de exibi-lo. Agora chega o momento de de-
monstrar que nem tudo está perdido: o público tem um compromisso
consigo mesmo, com sua sensibilidade. Formar filas em frente ao Cine
Glória será a maior demonstração de que a Bahia se salva em matéria
de sensibilidade. Esperemos confiantes porque, caso La Strada triunfe
entre nós, outros grandes filmes considerados incapazes de sucesso co-
mercial serão exibidos.
II – O que é propriamente esse filme tão comentado? Façamos
um esforço no sentido de procurar entendê-lo. Todos estão acostuma-
dos a ver filmes “realistas” ou “neorrealistas”, segundo manda o figurino

139
do cinema italiano. Diremos, de início, que não assistiremos um filme lágrimas nos olhos e se, por acaso, alguém achar que “não viu nada no
desse ou daquela espécie. Teremos diante de nós um filme que melhor filme”, creia que a deficiência é sua. Peça então explicações a um amigo
seria classificado se fosse tido como “fábula”. Não a realidade, mas uma mais sensível e mais observador e volte ao cinema. Porque, se realmen-
visão poética (pensem mesmo em fantasia) do real. As coisas, como as te o público pensar, encontrará em A Estrada da Vida, sem exceção, um
pessoas, passam a existir como fenômenos transfigurados, embora toda dos melhores filmes de sua existência.
a essência perdure na própria realidade. Pensemos um pouco para che-
garmos à conclusão de que não há nenhum mistério. No fundo, aliás, (II)
tudo é muito simples. Mais simples do que se pensa. Vimos Milagre
de Milão [1951], aquele filme que o gênio e a bondade de De Sica e I – Falemos ainda hoje de La Strada. Continuamos, como toda
Zavattini ofereceram ao mundo. Aquilo é fábula. Gostamos todos nós, imprensa especializada e como todas as pessoas que se entusiasmam
sem exceções, de Charles Chaplin. Em certa medida, Carlitos pode ser com arte cinematográfica, a esperar que o público esteja entendendo e
considerado “fábula”. E todos não nos deslumbramos, principalmente gostando desse filme de Fellini.
na infância, com as estórias de bichos, de fadas, de príncipes, de mons- II – Passemos a um comentário mais detalhado, mas mesmo
tros? Aquilo também pode ser “fábula”. assim breve, uma vez que muito já foi dito sobre La Strada e, além disso,
III – Esperemos que assim todos possam, entendendo mais ou para comentá-lo profundamente, o crítico se vê forçado a um trabalho
menos o que é “fábula”, entender por fim o filme que Federico Fellini longo e cansativo. Visemos, pois, os pontos mais discutíveis e deixemos
realizou na Itália para deslumbrar o mundo. Lá, veremos uma história o aspecto propriamente filosófico da obra para o sr. Walter da Silveira,
simples: a de uma mulher feia, humilde, boa, com uma visão ingênua que domingo, provavelmente, nos apresentará um estudo realmente
e sábia da humanidade. Chama-se Gelsomina. Muitos dos que estão valioso.
acostumados com a beleza de Hollywood acharão Gelsomina feia, III – Federico Fellini começou a trabalhar com Rossellini e foi
sem graça. Mas que tenham boa fé em Gelsomina. Há um costume do também ator. É um homem complexo, profundamente vivido e que, re-
público assistir a filmes ternos, poéticos, sentidos, largando piadas in- belde, não pôde nem quis mais aceitar o “neorrealismo” italiano como
decorosas e sorrisos vulgares. Mas temos quase certeza de que ele se ele era. A escola de Rossellini, Visconti, De Sica, que tanto interessou ao
enternecerá diante de Gelsomina, sentir-se-á com vergonha no rosto mundo, terminou por esgotar todas as possibilidades dos temas sociais.
se por acaso desrespeitar a mulher pequena e feia que Giulietta Masina Vencida a primeira fase de reconstrução da Itália conflagrada pela guer-
interpreta com tanta magnificência. ra mundial, a miséria ficou mais branda e as ruínas das cidades foram
IV – Por isso, sabemos que o público não decepcionará aqueles desaparecendo. Por isso, segundo pensa o próprio Fellini, “documen-
que acreditam no mínimo de sensibilidade. Veremos La Strada com tar” a miséria já se tornava uma fórmula esgotada. Melhor seria, então,

140 141
procurar, além do social, outra visão daquela gente pobre e sofredora.
Desta forma, ele preferiu sair da escola, ser acusado mesmo de traidor OITO E MEIO (FELLINI, 1963) , 1964

e realizar um filme que, embora com temática neorrealista, pertencesse


Publicação original: “Oito e Meio”.
a outra categoria de cinema. Com isso, a crítica de esquerda, marxista, Diário Carioca, Rio de Janeiro, 24/11/1964, p.7.

investiu contra seu filme declarando absurdos, tais como: amargo, pes-
simista e mesmo contra qualquer solução sociopolítica progressista,
isto porque seus personagens sofrem mais do “espírito”, da “alma”, do
que da “fome” ou da “injustiça social”. Chamaram-no de abstrato. A to-
dos Fellini respondeu com sobriedade, sem nenhuma vez deixar as suas
ideias. Disse até o máximo, o que prolongou mais a crise e o espanto
dos adversários: não reconhecia os teóricos do neorrealismo e que ele,
antes de tudo, era PESSOAL.
Enfrentando Visconti, outro expoente máximo do cinema ita-
liano, Fellini sustentou e segue defendendo seus pontos de vista cine-
matográficos, como o recente Noites de Cabíria [1957], onde o iniciado Uma prévia para o público carioca: Oito e Meio [1963] de Fellini
em La Strada prossegue. trata, sobretudo, da crise de autoria no cinema moderno. Poderia ser
Realmente estamos diante de um criador autêntico, nessa época a crise do artista de uma forma geral, mas a frase de um personagem
em que o cinema atravessa uma crise artística profunda. (o argumentista) ao personagem central (o diretor Guido) esclarece o
problema: “Rimbaud renunciou à poesia para continuar vivendo; e era
um poeta, não era um cineasta!”.
Aqui se estabelece a fronteira entre o cineasta e os demais ar-
tistas. O cinema continua sendo, para as hostes intelectuais plantadas
na “coerência” da sociedade burguesa, uma forma de arte menor. E, se
apertarmos o cinto, concluiremos que o cinema ainda não conseguiu
a total independência de sua expressão, menos pelos cineastas e mais
pelos produtores, estes num complexo processo, consequência dialéti-
ca do público consumidor. René Clair, num debate realizado em 1961
entre cineastas franceses e soviéticos, dizia que é uma vergonha aceitar

142 143
que o público sempre tem razão (argumento dos produtores) e que um sua influência de Fitzgerald, Buñuel tem suas matrizes no surrealismo.
diretor deve forçosamente estar de acordo com o público ou vice-ver- É claro que falamos, note-se bem, dos autores atuais e queremos
sa; e que, ademais, seria muito fácil fazer filmes para o consumo. Pura sobretudo salientar que a autoria cinematográfica ruma para nova eta-
verdade, apesar de René Clair (um reformista alegre), mas se aplica, pa, superada esta de hoje. Porque, ademais, o fenômeno do autor no
com muita propriedade, a pioneiros da autoria cinematográfica de hoje cinema é novo, uma vez que casos como o de Eisenstein, Jean Vigo ou
como Antonioni, Resnais, Buñuel e, levantador da lebre, Federico Fel- Chaplin são, na história do filme, apenas sintomas excepcionais. So-
lini. mente com o “neorrealismo” – precisamente Visconti e Rossellini – o
O cinema é uma arte cuja prática difere essencialmente das ou- cinema de autor despertou, atingiu uma geração: e a consciência desta
tras, porque sua comunicação é mais intensa e sua durabilidade mais revolução se deu quase vinte anos depois, com o surgimento da nou-
breve. Explico: o teatro elisabetano, por exemplo, permanece nos tex- velle vague. Antes, nesta dependência literária (da ficção e do teatro),
tos através dos tempos, embora tenha se modificado progressivamente o cinema viveu do engatinhamento, da pesquisa a partir destas estru-
o estilo das montagens e mesmo o sentido de algumas peças; mas a turas estabelecidas: Eisenstein estudou a poesia épica para estabelecer
qualquer momento, em qualquer biblioteca, o consumidor pode tomar sua teoria da montagem e Chaplin trouxe do teatro toda sua mímica e
conhecimento do verdadeiro pensamento do autor. Um filme do pe- cenografia, formas de sua visão de mundo, onde não faltam as tintas
ríodo clássico russo, por exemplo, obteve na época uma repercussão fortemente sociais de um conterrâneo seu, Charles Dickens. Foi Rossel-
extraordinária e, pouco tempo depois, resta apenas como um marco lini, entre todos, o primeiro autor a tocar o cerne da verdadeira poesia
histórico, privado apenas para o especulador de cinemateca, impos- cinematográfica, a criar a imagem do seu próprio contexto, a partir da
sível de ser submetido a novas edições. Assim, se é popular nas suas própria imagem para um conhecimento do mundo. Rossellini é um au-
origens, sua eternidade está submetida ao privilégio do cineclubismo. tor sem uma história crítica atrás de sua formação. Começou como ci-
O teatro, onde a montagem é breve, permanece, como a literatura ou negrafista de atualidades e foi na sua descoberta do real que encontrou
como a música, fornecendo novas interpretações e, consequentemen- a essência de Paisá [1946] e Roma, Cidade Aberta [1945], peças que,
te, se transforma em mãos de outros artistas. Assim, enquanto Camus se bem comparadas, estariam para o cinema como Giotto para a pin-
adapta Faulkner para o teatro, seria um tanto incompreensível Fellini tura. A sistematização de Rossellini porém se deu, como vimos, anos
adaptar Eisenstein, uma vez que o autor cinematográfico é muito mais depois com seu afilhado francês, Jean-Luc Godard, cineasta visceral,
dependente de autores literários (como Orson Welles de Shakespeare) crítico nascido na estufa das cinematecas. Godard reviu criticamente
do que de outros autores cinematográficos. Toda raiz dos autores de Rossellini, ou seja: criou a partir de Rossellini, mas utilizando sobre
hoje é literária, o que condiciona a inferioridade do cinema: Alain Res- a intuição a aparelhagem da cultura cinematográfica: consolidou, em
nais é um criador a partir do nouveau roman, Antonioni não esconde outras palavras, o pensamento de um cineasta na própria linguagem.

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Assim, enquanto Rossellini é o precursor do cinema moderno, Godard
escreveu o primeiro capítulo. GLAUBER VÊ
Voltando a Fellini, que, como outros grandes, Buñuel e
Antonioni, Visconti e Welles , ainda permanece na esfera literária, de- ESPÍRITOS
DE FELLINI) , 1965
(SOBRE GIULIETTA DEGLI SPIRITI, 1965,

pendente, a observação sobre Oito e Meio não poderia ser outra (com a
Publicação original: “Glauber vê espíritos”.
licença dos intelectuais), do que aquela apontada acima: a delirante dis- Diário Carioca, Rio de Janeiro, 11/2/1965. p. 6.

cussão do ser cineasta, a problemática do compromisso e a opção entre


o silêncio individual e a comunicabilidade histórica. Dotado de uma
genial incapacidade crítica e de uma forte imaginação, Fellini instruiu
seus próprios problemas mas, sem querer, atingiu o ponto fundamen-
tal do cinema contemporâneo, que é justamente a impotência do autor
diante dos produtores, da imprensa e do público. Diante, particular e
cruelmente, do mundo afetivo que gira em torno de si mesmo, exigindo
do sucesso seiva para a sobrevivência.
Evidentemente as saídas de Fellini são pessoais, mas o sumo de Glauber Rocha, o titular da coluna, está em Gênova, discutindo
suas observações resta válido para qualquer cineasta atormentado pela cinema no Columbianum1. De lá, tantalizado, conta o Fellini que viu
criação. Dentre estas, imediata e revolucionária, a mais importante su- em primeira audição: Giulietta degli Spiriti [1965]. É o que se segue.
gestão que Fellini dá a seus colegas é quando enforca, friamente, um ROMA, especial – O nosso DC, o mais carioca dos jornais,
crítico. Porque sem os críticos, o cineasta, talvez, pudesse manter a in- oferece aos leitores um furo internacional: Time e Life, Paris Match
tegridade criadora de um anônimo ceramista de Caruaru. e Pravda e jornais de nossa praça estão neste momento sendo sensa-
cionalmente “furados” pelo jovem DC: é que, numa sessão privadís-
sima, onde nem almas do outro mundo entrariam, o cronista assistiu
aos copiões do último filme de Fellini, Giulietta degli Spiriti, no qual la
Masina divaga com os espíritos desta terra e do outro mundo no mais

1 Referência ao V Festival do Cinema Latino-americano organizado pelo Instituto


Columbianum e realizado em Gênova em janeiro de 1965, junto com o Congresso Inter-
nacional “Terzo Mondo e Comunità Mondiale” (21 a 30/1/1965), no qual Glauber leu seu
famoso manifesto “Uma estética da Fome”. [N.E.]

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extravagante delírio de cores já visto por estes olhos. homem num filme: não sei se a montagem ordenará tudo aquilo e, na
Fellini é magro às custas de rigoroso regime, alto (traindo as im- ordem, o universo não seja tão espantosamente belo. A imagem final, a
pressões das fotografias), olhos de demônio e cabelo de mágico: eriça- expulsão dos maus espíritos, o close-up de Masina, o sorriso feliz para
dos nas têmporas ligeiramente brancas e calvo no alto do crânio, espaço os bons espíritos que a chamam, é um êxtase de compreensão total da
por onde, talvez, receba os espíritos da sua luxuriante inspiração. Mas alma humana. As visões de Céu e Inferno nos levam a pensar num
Fellini não existiria se não existisse o Pe. Angelo Arpa, misto de má- novo Dante e sobretudo perguntar porque Fellini ainda não filmou A
gico e supremo juiz que, entre sorrisos enigmáticos e olhares profun- Divina Comédia.
dos, analisa e recompõe o místico universo felliniano. Fellini, assustado Três horas de projeção, a voz de Fellini gravada dando ordens,
diante do mundo, cai de joelhos aos pés do Pe. e confessa seus pecados todo o processo de filmagem visto e revisto. Na intimidade da criação
e suas terríveis dúvidas: o Pe. (cuja imagem é aquela grande Harpa no de um gênio, nada pude falar quando as luzes se acenderam. Olhei Fel-
harém de Oito e Meio) julga e absolve o gênio, devolve-o ao seu puro lini, grande como Steiner e Zampanò, falando em surdina com o Pe.
estado de delírio, ao colo dos cardeais, à inocência da infância, ao puro Arpa e sorrindo para mim com a inocência de uma criança. Saímos,
inferno, a Fellini lui-même: e, dada a benção, o gênio cria. era frio em Roma, Fellini beijou as faces do Pe. Arpa e apertou minhas
Foi o Pe. Arpa, diretor do [Instituto] Columbianum, quem me mãos com as duas mãos, uma paternalidade sacerdotal. Afundou-se no
levou para conhecer Fellini: o Pe. Arpa me dominou inteiramente com frio, a neblina sobre a cabeleira revolta, o Pe. Arpa sorrindo. Fellini é o
sua estranha mágica e fez, inclusive, com que o nosso David Neves fa- seu espírito, ele e o Pe. Arpa compõem um estranho universo, mágica
lasse italiano numa fluência que faria inveja a Mastroianni. Quando e mistério, Deus e delírio.
chegamos à pequena sala de projeção, Fellini veio se desculpar, pedin-
do que não reparássemos porque era ainda um copião, sem cortes etc... PS – Em uma das sequências do filme, eu vos juro que vi José Sanz, de

Temeroso como uma criança, humilde homem, apertando e beijando capa escura e caveira sangrante nas mãos. O Pe. Arpa me perguntou se eu
conhecia Sanz, eu respondi que sim, o Pe. falou no ouvido de Fellini coi-
a mão do Pe. Arpa; lembrei-me então que o Steiner de A Doce Vida
sas sobre Sanz e num claro-escuro notei que ambos estavam perplexos!!!
[1960] era o próprio padre, que ele era o espírito de La Strada [1954] e o
amigo do cineasta em Oito e Meio [1963]. Depois das reverências e das
penitências, Fellini tirou o sobretudo, abandonou-se numa poltrona e
ordenou a projeção.
Uma câmera contínua, leve, espiritual, transcendente – uma
poética em cores, Giulietta Masina invoca os espíritos, os maus espí-
ritos dominam o mundo –, as mais belas imagens jamais vistas pelo

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ELEVADOR (OU
ALCOVA): LOUIS
MALLE (SOBRE ASCENSEUR POUR L’ÉCHAFAUD, 1958) , 1960

Publicação original: “Elevador (ou alcova):


Louis Malle”. Diário de Noticias, Salvador, 7
e 8/8/1960, 3° Caderno, Suplemento Artes e
Letras, p.3.

Que Louis Malle é um rapaz inteligente e literariamente ilus-


trado não há quem possa negar. Mas que Ascensor para o Cadafalso
[Ascenseur pour l’échafaud, 1958] seja um grande filme...
Bem, admito que um primeiro trabalho, experimental, possa se
aventurar nos campos dos “travellings morais”, como dizem os teóricos
dos Cahiers du Cinéma, mas isto não significa que sejamos obrigados a
aceitar Jeanne Moreau andando pelas ruas de Paris, tomada de “angús-
tia solitária”, ao som de jazz. Louis Malle pode ser um apaixonado da
madura atriz. Para mim, ela tem lábios carnudos e feios e não justifica
um close-up, quanto mais dezenas. Admito ainda que o rapaz Malle
goste de certa filosofice verbal, mas isto devia ficar com ele e seus delí-
rios psicossexuais. Não interessa ao crítico nem ao povo, a não ser sob
o ponto de vista do fácil assalto ao consciente, ou seja, a exploração do
sucesso pelo choque de um absurdo intelectualmente forjado, o que,

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em Hitchcock, não passa de puro e inteligente divertissement. o cinema em termos de estética. Acontece, porém, que Malle ama Mo-
Ascensor para o Cadafalso não é ruim porque seja um filme reau, mas ele não é um Mauritz Stiller e ela não é uma Greta Garbo. Aí
fascista: sinceramente não encontrei fascismo no trabalho de Malle, está a ponte do fracasso. Ascensor para o Cadafalso é um filme covar-
como alguns críticos apontaram, embora veja na ideia fundamental de, embora pretensioso. A covardia vem de Malle, que parece não ter
um jovem socialmente alienado e sexualmente complicado na regên- forças para possuir a mulher que ama e resolve matar seu marido para
cia de um filme. A ideia é o amor de Malle por Jeanne Moreau. Não possuí-la em paz. Tem de eliminar os perigos para ter uma felicidade
sabemos se hoje o “problema” já se resolveu... Mas, em Ascensor para o sem limites. Ainda mesmo matando. A sra. Carala é uma vulgar. Uma
Cadafalso, o rapaz está no auge do desejo e a balzaquiana, no auge da balzaquiana burguesa entediada e madura, que prefere a morte do ma-
madureza. Há todavia uma fronteira: o marido de Jeanne. Malle resolve rido à perda do amante, e que depois prefere “dormir, dormir (na base
assassiná-lo e, como intelectual, arma um tradicional crime perfeito, do gardenal...), dormir durante 20 anos” (símbolo literário da morte à
que fracassa por causa de uma corda esquecida, sendo que o “símbolo moda baiana...), porque o amante será preso por 10 anos – ela não pode
eclipse” da violência criminal é um corte sobre uma lapiseira devoran- resistir a esta solidão! –, é a heroína de Malle, a vítima do destino, do
do um lápis, o que não deixa de ser grosseiro para o espectador atento absurdo, do jogo que se desarma nos imprevistos do dia. Eis a “filoso-
à linguagem do tema e às raízes freudianas do drama. fia” do rapaz Malle, um menino sem compreensão da vida, que tanto
Em Ascensor para o Cadafalso nada se realiza positivamente: impressiona a críticos e muito mais a literatos e artistas literários. No
o fascismo talvez esteja, não sei bem, neste ceticismo arquitetado de restante, poderíamos dizer de Ascensor para o Cadafalso:
quem viveu a juventude nos pequenos infernos literários, pensando na I) – Como direção, não chega a ser um exercício normal de filme
genialidade sem ver a vida de perto, ou sem dispor de materiais da en- suspense: algumas tomadas têm efeito, e a melhor sequência, como gra-
genharia para edificar uma pirâmide visual. O que os políticos viram mática, é a do assassinato, no início. O elevador não é psicologicamente
de “social” em Malle – Tavernier é um paraquedista – não passa de um “fechado”. Os travellings são vazios e a metafísica se frustra, pois os per-
jogo inábil de roteiro para justificar o camarada no elevador e na esca- sonagens não atingem uma dimensão existencial.
lada “à homem mosca”: Tavernier tinha de ser um paraquedista para II) – O filme é acadêmico, não traz nada de novo, é tão experi-
não ter vertigens das alturas, perceberam? mental quanto Estranho Encontro [1958], de Walter Hugo Khouri, que
O drama da inconsequência, a ideia deste drama, a fixação e a é brasileiro e poderia ter o mesmo cartaz de Malle, se a prata nacional
explosão desta problemática pequeno-burguesa são as coisas que sa- fosse valorizada além do complexo de inferioridade da burguesia e da
crificam a inteligência de Louis Malle a serviço, negativo, dele mesmo. classe média nacionais. O roteiro é cheio de “arranjos”, o filme tem duas
Se fora o jovem nouvelle vague um esteticista, poderia ser um alienado, partes mas não tem coesão. É frouxo. Não “entra” em nada, apesar dos
pois o que o homem não recebesse de contribuição cultural, receberia travellings: o travelling é o bisturi para operar o subconsciente que o

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cineasta dispõe. Não é um movimento besta “pra lá e pra cá”, como
se Jeanne Moreau fosse uma deusa. Pelo menos não o é, em mãos de PRIMEIRA VISÃO DE
Malle. Seria, como a vulgarzinha BB, em mãos de Vadim, um “técnico
em sexo”, haja vista seus filmes. HIROSHIMA (RESNAIS, 1959) , 1960

Concluindo: a nouvelle vague é uma boa terminologia, pois sal-


Publicação original: “Primeira visão de
vo o que conheço, que é Vadim; salvo o que dizem, que é Resnais; os Hiroshima”. Diário de Notícias, 23 e 24/10/1960,
3° Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 6 e 2.
demais meninos deveriam estar bem separados de Renoir, Clair, Bres-
son, Carné, do morto Becker, de Autant-Lara, velhos porém maduros,
acadêmicos porém revolucionários do passado, autênticos, franceses e
universais, que deram ao mundo as grandes obras do passado, entre as
maiores do mundo.
A nouvelle vague é um movimento de juventude que eu, como
jovem, detesto. Imita mal o antigo, não tem coragem moral de romper
com a forma antiga do filme e faz má literatura. Inclusive em Hiroshi-
ma, Meu Amor [Alain Resnais, 1959], onde os diálogos de Margueri- I – Sei que a crítica impressionista não interessa. Nunca me inte-
te Duras estrangulam o espectador pela má literatura que possuem. ressei, aliás, por este tipo de crítica individual e desligada do fenômeno
Como sabemos (espero que todos saibam...), poesia não é adjetivo. mesmo da obra de arte.
Pelo menos não era. A não ser que a nouvelle vague tenha mudado. Todavia, diante de uma primeira visão de Hiroshima, Mon
Mas, mesmo sendo bom baiano tupinambá, desta vez não vou respeitar Amour, de Alain Resnais, não posso registrar nada mais do que “im-
a onda de Paris com seus dramas de sexo... Desta vez Paris “está por pressões”. Porque Hiroshima deixa atordoado qualquer espectador que
baixo”: confio mais na “bossa nova” nacional, no travelling em volta o vê pela primeira vez. E só começamos a “descobrir” o filme muito
do capoeirista do que no travelling sensual de Malle em Moreau. Mas tempo depois de tê-lo visto. É um perigo ver Hiroshima. Eu, por exem-
travelling é um instrumento metafísico, apenas... plo, não tenho vergonha de confessar que assistir Hiroshima foi uma
das minhas maiores experiências humanas.

II – O que é Hiroshima?
Um filme, é certo. Mas que tipo de filme para levantar a opinião
intelectual do mundo moderno?

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Temos várias maneiras de encarar o trabalho do cineasta- “hoje” e do “ontem”;
-documentarista Alain Resnais e da escritora-dialoguista Marguerite d) – Hiroshima opõe o “conhecimento” racional à “vivência”; no
Duras. Podemos dizer que: quarto, Emanuele Riva diz ao amante em surdina: “Eu vi Hiroshima!”.
a) – é um documentário de ficção; Súbito corte da memória do conhecimento e os travellings levantam um
b) – é um filme literário, ou melhor, uma “literatura ilustrada”; monumento de miséria: as flores nascendo das cinzas, as peles huma-
c) – que é um filme de vanguarda; nas, as crianças de leucemia, o horror total.
d) – que é um truque; Sobre esta imagem que a mulher francesa “conheceu”, seu aman-
e) – que eleva o cinema ao plano da filosofia; te japonês responde: “Não, você não conhece nada de Hiroshima”. Há
f) – que é um fruto da inteligência: um intelectualismo; uma diferença: o japonês não estava em Hiroshima, mas é um japonês.
g) – que é um aborto neurótico; E lá, sob a BOMBA, sua família foi reduzida a pó.
h) – que é um filme politicamente de esquerda;
i) – que é um filme existencialista; IV – Em Nevers, França, guerra. Ela, a mulher francesa, ama um
j) – que não é nada além de uma confusão lítero-plástica. soldado alemão. Este alemão é morto. Ela, a traidora, é castigada: está
no porão, a cabeça raspada, o amor liquidado, a honra suja da traição.
III – Seria numa segunda visão que poderíamos conceituar este Um outro amor. A paz. Um passado não se revela. Ela se esqueceu do
filme. Mas não vamos criticá-lo. Aliás, eu não posso criticá-lo até o mo- amante alemão?
mento. Preciso contudo falar daquele território aparentemente caótico Agora estamos num quarto de hotel, em Hiroshima. O nome
de imagens que nasce cercado de um texto belíssimo, elaborado por do Hotel é “New Hiroshime”. Estamos no presente. Dois corpos numa
Marguerite Duras. O filme oscila entre a imagem e o texto? cama. São duas massas de sombras que se mergulham até as raízes. Ela,
Esta pergunta me assalta várias vezes. Francamente, não sei res- a atriz francesa, veio fazer um filme sobre a paz em Hiroshima. Ali viu
ponder. os museus da morte, a cidade em reconstrução, os manifestos do povo
a) – Hiroshima – vejamos até onde posso chegar – se desenrola contra a guerra. Descobre o japonês. É o amor total. Um amor de en-
no tempo (inexistente) de uma noite e 14 anos; trega, posse. Vão para o quarto. Naquela noite da mulher ocidental (sua
b) – Hiroshima penetra no campo da memória; realiza em ci- última noite na cidade com um amor que ela descobre), ao passo que
nema o que Proust fez em literatura. Só que, na busca do tempo, Alain descobre o passado, 14 anos mortos numa memória ressuscitam das
Resnais liquida o tempo dramático e o tempo real; cinzas de Hiroshima como as próprias flores da cidade e como aquele
c) – Hiroshima opõe o Ocidente ao Oriente. Por consequência, mesmo amor do ocidental pelo oriente. No dia seguinte ela não par-
opõe a guerra à paz; o amor ao encontro e à fuga; o esquecimento do te. Quando a manhã desce sobre a cidade, após o banho comum dos

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amantes, ela vê o braço do alemão no japonês. A memória do amor sua paisagem japonesa que se revela e pede PAZ para o mundo, e vale
retorna pelo fogo de outro amor. Durante 14 anos ela viveu entorpeci- mais do que a desgraça de todos os amores. Evidente, Resnais não che-
da. Por isto, revela Nevers: primeiro as imagens do campo-inverno: a ga a julgar os termos desta paz. Nem pode. Mas a necessidade maior
bicicleta, o ar, o lirismo e súbito aquele homem com a cara destroçada de Hiroshima é a paz. Amor e paz surgem então como dois mitos de
por uma bomba está morto no mesmo campo. E depois? oposição, por impossível que pareça.
Poderia um amor ser total? Se nas imagens iniciais os corpos se É no fim, depois da fuga e do encontro, que ela, olhando o Japão,
fundem, isto é, é uma carne em duas carnes (o super close não deixa ver diz:
corpos, mas apenas massas de pontos que se amam, um caos, uma car- – Tu és Hiroshima.
ne nova de ocidente e oriente), ocorre que ela não pode ser Hiroshima E ele, olhando a Europa isenta da BOMBA, diz:
como ele não pode ser Nevers. O amor total abre as portas absolutas do – Tu és Nevers.
entendimento e da compreensão, mas, como ele, o amante japonês, o
homem que traz a legenda da maior tragédia da humanidade nas cos- V – Alain Resnais não fez apenas um filme de ideias, ou mesmo
tas, pode “viver” aquela dor individual de Nevers, e como ela, que ape- um filme que é um ensaio do mais importante drama de nosso tempo,
nas sofreu um choque violento em Nevers, pode viver aquele oriente como também sublevou a forma cinematográfica e inaugurou o filme
cinza de morte? Como, por mais que “conheça”, pode ela “ser” a dor do moderno, no sentido paralelo às outras artes, como pintura, poesia e
amante filho de Hiroshima? música, cada vez mais distantes das formas narrativas do passado.
É preciso, pois, esquecer Nevers e esquecer Hiroshima, a fim Alain Resnais está para o cinema assim como está para a pintu-
de que o amor possa atingir uma plenitude absoluta. Aqui Resnais não ra o primeiro artista que rompeu com a escala1 acadêmica da pintura.
procura a náusea do amor total, mas antes talvez estabeleça uma im- Está, no plano da relatividade, como um James Joyce na literatura, e é
possibilidade para esta náusea. O amor não é um golpe de cama, mas ele que, após Eisenstein, primeiro realiza no cinema a teoria da mon-
uma vivência mútua completamente irrealizada. tagem como processo de investigação da realidade do homem e como
É quando, para ela, só existe Nevers, e é na busca da memó- instrumento de estudo metafísico.
ria “para esquecer” o tempo antes dos mortos 14 anos que a mulher Considerando Alain Resnais como um filósofo do cinema e si-
espera, esquecendo, viver Hiroshima e daí amar, mesmo que seja um tuando aquele apostolado teórico da nouvelle vague, segundo o qual o
amor fugaz mas compacto: ou eterno. Todavia, é Nevers que ressurge travelling é “uma questão de moral”, poderíamos dizer que Alain Res-
das ruínas de Hiroshima. É a memória de sua tragédia burguesa e in- nais fez da câmera um sistema muito mais poderoso de penetração na
dividual que se ergue dentre os escombros de uma tragédia coletiva. Se
buscando esquecer Nevers, a mulher do ocidente pede paz para ela, é
1 Ou seria “escola”? [N.E.].

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problemática do homem e do mundo do que toda a pirâmide da filo-
sofia verbal. HIROSHIMA: POEMA
Marguerite Duras, concluímos, não é autora de Hiroshima, Mon
Amour. Ela é o “espírito lateral do filme”. É um eco. Um reflexo. A câme- VERBO-VISUAL
ra de Alain Resnais é a verdadeira criadora – ou estudiosa? – de tudo.
Resnais é um “documentarista do espírito”, ou seja, um homem que vê o (POLÊMICA) , 1961

pensamento do homem e não a imagem. A imagem do ator no cinema


Publicação original: “Hiroshima poema
é uma superfície impenetrável. Quando o ator revela uma “alma”, é o verbo-visual (polêmica)”. Diário de Noticias,
Salvador, 21 e 22/5/1961, 3° Caderno,
ator que arranca aquela arma, e a câmera apenas registra a espirituali- Suplemento Artes e Letras, p. 8
zação do fato. Mas a câmera de Resnais é quem passa por cima do ator
e vai buscar a própria alma. O enquadramento é simples. Mas a mon-
tagem arrebenta o tempo, ultrapassa a continuidade, arrebenta as ações
mortas e se concentra nos “estados” totais de revelação. Documentário,
pois, do espírito e da verdade.
Eis então, depois de dois meses, as minhas primeiras impressões Polêmica verbal foi travada por muita gente a propósito de
sobre este fruto da confusa nouvelle vague francesa. Posso estar total- Hiroshima, Meu Amor [1959], filme difícil para o grande público. Exce-
mente errado, e não foi sem motivos que os críticos do mundo inteiro dendo as expectativas, o trabalho de Alain Resnais e Marguerite Duras
se perderam frente a frente com Hiroshima. satisfez a uma parte do público, não deixando – é claro – de provocar
O filme realizou as teorias do “cinema ideal e absoluto”. Mes- risinhos em outra camada, opaca como sempre, que prefere os dramas
mo confuso e incerto, mesmo ainda abafado, eu não poderia deixar em claros e vulgares do cinema americano.
branco meu depoimento sobre a primeira visão do trabalho de Resnais. Esta nota não pretende analisar Hiroshima, Meu Amor, sobre
Que os exibidores baianos lancem logo este filme. Precisamos (todos) o qual já escrevi neste SDN há seis ou sete meses. O filme, datado de
vê-lo e revê-lo. 1959, foi preterido no Festival de Cannes pela xaropada subliterária
Considero, porém, sinceramente, que ninguém poderá dizer a Orfeu do Carnaval [Marcel Camus, 1959], e recebeu na época repres-
palavra final sobre Hiroshima. Nem mesmo o próprio Alain Resnais. sões da censura francesa. Parece-me, inclusive, que não participou ofi-
Talvez o tempo possa chegar a alguma conclusão. Resistirá Hiroshima cialmente do Festival, mas se concorresse, certamente perderia para o
como resistem os grandes poetas do passado? sr. Marcel Camus... Mesmo assim, recebeu dois prêmios, embora lhe
fossem negados os “grandes troféus”, como “Oscars” & bugigangas dou-

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radas de vários países, que nada valem, pois são conferidas de acordo Assim sendo, Hiroshima não é um filme social, mas também
com determinadas conveniências políticas e morais... não chega a ser alienado. Alain Resnais faz um discurso sobre os efeitos
O filme de Alain Resnais e Marguerite Duras é polêmico. Colo- (plásticos) da guerra, enquanto Marguerite Duras faz um manifesto
quei na semana passada alguns itens que serviriam como “mapa” para contra o extermínio humano. Parece que esta primeira parte isenta os
o espectador. Um deles, que mais rendeu, foi o problema da autoria. autores do problema político, deixando-os livres para as aventuras, não
Particularmente, embora torça pelo “cinema”, creio que Marguerite Du- só nos campos do lirismo, como também no terreno da neurose. Afinal,
ras é o principal autor, desde quando a problemática do “filme” está Emanuelle Riva é uma neurótica e o comportamento contemplativo do
fundamentada no diálogo e no monólogo literário de Emanuelle Riva, japonês é de um equilíbrio inaceitável para um homem que vivenciou
que declama (e bem) durante todo o transcurso, silenciando apenas na a tragédia de tal maneira que mesmo o conhecimento metódico e di-
sequência do corredor-quarto-escada do hotel, quando vai e volta. Em- dático da cidade assassinada pela francesa não o convence de que ela
bora o clima visual de Alain Resnais seja a ponte para a configuração do “conhece Hiroshima”. Inaceitável não sob o ponto de vista humano
drama, não é a ponte comunicativa. As imagens seriam absolutamen- (pois cínicos existem no mundo inteiro), mas sim sob um ângulo polí-
te herméticas, caso não fossem sublinhadas pelo texto, mesmo que se tico. A pacificação cristã ou o perdão pela compreensão ou condenação
descortine, às vezes, uma oposição entre imagem e diálogo. Se, como da guerra como fenômeno, e não como “partido” de Ocidente contra
montagem, Hiroshima é uma peça jamais realizada, desde os grandes Oriente, não chega a justificar a tranquilidade do personagem, desde
filmes de Eisenstein, e ainda mais, a montagem não mergulha no efei- que ele perdeu a família na guerra e, no início, quando na cama, dá
to parnasiano e simbolista – como resultado final do fato1 de ser “fala tamanho testemunho de “ser Hiroshima”. Por outro lado, a neurose de
dramática”, caráter que, segundo grande parte da crítica, é qualidade. Emanuelle Riva assumiria simples dimensão de melodrama, não fosse
Acho que a “fala dramática” é importante desde que seja didática, e é trabalhada pela técnica de Alain Resnais, técnica perfeita no manejo do
absolutamente esnobe quando lírica. Este é um princípio arbitrário – corte e principalmente do travelling, seu grande elemento de criação
porque pessoal – e por isto não chega para estabelecer um julgamento fílmica.
verdadeiramente crítico da concepção e execução de Hiroshima. Em Levantando-se dúvidas sobre a estrutura narrativa do filme, se
termos críticos, teríamos, de início, o trabalho para julgar o lirismo poderia objetar que os processos (novos “no cinema”) já são conquistas
através dos tempos e saber até que ponto ele tem lugar em nossa época, da ficção moderna. A oposição do monólogo interior à ação, a inter-
principalmente nesta de guerra e bombas atômicas... ferência da memória visual e o equilíbrio entre passado e presente no
mesmo tempo, embora sejam novidades “no cinema”, não passam de
visualização daquilo que a ficção realizou. Não interessa que o próprio
Joyce tenha recebido influência do cinema, mas é repugnante que uma
1 No original, aqui modificado, “... sobre o fato de ser” etc [N.E.].

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arte a ser não arranque de vez e fique cada vez mais presa a uma arte
para o esgotamento. A MULHER DE GODARD
Alain Resnais é o maior cineasta moderno que conheço, mas o
autor de seu filme é Marguerite Duras, literatura inclusive duvidosa. É MULHER
1961) , 1963
(SOBRE UNE FEMME EST UNE FEMME,

Publicação original: “A mulher de Godard


é mulher”. Diário de Notícias, Salvador,
21/2/1963, 2º Caderno, p. 7.

Está no antigo Liceu o grande filme da maior sensibilidade


moderna: Jean-Luc Godard, câmera na mão de Raoul Coutard, a non-
chalance mitológica de Belmondo e Brialy, e uma mulher como Anna
Karina, a mulher!
José Lino Grünewald disse que Godard é o contrário de Res-
nais: é o “anti-stylo”, a antiarquitetura, a pura sensibilidade do mundo
moderno, sua mitologia decadente de capa de revista, camisa colorida,
emblema em carteira de cigarro: da fragilidade sentimental, do apai-
xonar-se a cada instante, do amar entendendo que, se o homem é um
homem, a mulher é uma mulher.
Godard é Godard, isto é: o jovem Jean-Luc Godard, que adora
o sol e William Faulkner, é, como assinalou Gustavo Dahl, o primeiro
homem que, nos últimos vinte anos, sugeriu uma possibilidade genial
ao cinema, porque foi o homem que libertou o filme do filme, mais

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do que seu antecedente Roberto Rossellini. Como seu companheiro de pecado de uma mulher, Simone de Beauvoir, Simone Weil, Norma Ben-
nouvelle vague, o circunspeto François Truffaut (um amargo bem-hu- gell, Marilyn Monroe e Soraya – para Godard, a mulher é uma mulher,
morado), Jean-Luc Godard entende que “um close só é um close sobre ainda mais se ela é Jean Seberg, Anna Karina ou, sobretudo, Jeanne
um rosto que se ama”, e dizendo isto joga no chão, com anarquia e razão Moreau!
(?), as leis do cinema comercial, do cinema intelectual, do cinema for- Parece confuso o mundo de Godard? O mundo de Godard é
mal. Viva o cinema novo – gritaria Paulo Saraceni! Não posso esconder também Montparnasse, Bernard Buffet, Picasso, Campos Elíseos, os
o meu entusiasmo e grito “Viva Godard!” e sua câmera ágil, livre como gangsters, o cigarro no queixo de Belmondo, a bicicleta de Brialy – e as
o pincel de um pintor, como a caneta de um poeta, como a mulher deve pessoas ferozes que andam pela rua lutando com maior ferocidade pela
ser livre desde que seja mulher! vida, exploradas dia a dia.
O público sai revoltado do cinema: revoltado com a beleza, a Acossado [À bout de souffle, 1959] foi a grande marca no com-
liberdade, a conduta moderna que o burguês considera amoral ou imo- portamento dos nossos dias: Vadim criou Bardot; Godard criou Bel-
ral – tantas são as especulações em torno da ética. Digo que, no mundo mondo – viva Belmondo que é mais herói neste mundo louco que a
de Godard, que é o mundo de Paris e o mundo de Copacabana, duas loucura suicida de James Dean. Belmondo, a aventura humana, o tiro
coisas importam além da política e do cinema: a mulher, o amor e os no sol, o compromisso não é preferível ao vazio: o vazio me dá maior
Cahiers du Cinema! Para Godard, de quem André Bazin diria “é o mito segurança.
do cinema total”, a política (e seu Petit Soldat foi interditado por De Uma Mulher é Uma Mulher [Une femme est une femme, 1961] é a
Gaulle), a beleza, o cinema e a mulher são mitos fundamentais do nos- luz, o talento, a liberdade. Fonte viva de criação nas mãos de um jovem
so mundo: deste mundo, onde o tempo corre na alucinação do ritmo como Rimbaud – passado a limpo pela sofisticação parisiense. Ver este
sincopado (a câmera nas mágicas mãos e luzes de Raoul Coutard), nin- filme é viver o nosso tempo: recusá-lo é negar nossa própria condição
guém pode escapar, a não ser pela compreensão destes fatos. de monstros modernos. A camisa de Belmondo é como o escudo de
Onde está a imoralidade? Anna Karina é casada com Brialy mas Aquiles: é preciso ser jovem, no sentido da criação, para amar, e bem, o
ama Belmondo. E ama aussi Brialy: é Paris, as ruas coloridas, Le Fi- rosto da primavera na estesia de Karina – saber que entre Bach e Vini-
garo, o metrô, Aznavour, Scarface, Hitchcock, Cannes, bossa nova – cius de Moraes é apenas uma questão de corte. A montagem de Godard
moi, toi, une femme est une femme! A política, as Nações Unidas, Kuba, liberta o mundo, liberta o filme, liberta o amor, liberta a mulher. Faz
Kruschev, Kennedy, Kublai Khan, Brigitte Bardot, Paris Match, cigarros do filme, um filme – aprendam os que dizem saber tudo de filmes. Faz
Marlboro, a luz, o sol, William Faulkner, Franz Kafka, Pound, Joyce, da mulher, uma mulher – aprendam os que encurralam as mulheres.
Vivaldi, Bach e Antonio Carlos Jobim; ainda mais a mulher, o corpo Godard é a verdade, o cinema é o cinema, a luz é a cor, a mulher é!
de uma mulher, a sedução de uma mulher, o olhar de uma mulher, o

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O ENCOURAÇADO
POTEMKIN: QUADRO
CINEMATOGRÁFICO
MÁXIMO
URSS E JAPÃO
, 1958

Publicação original: “O ‘Couraçado Potenkin’:


quadro cinematográfico máximo”. Jornal da
Bahia, Salvador, 11/12/1958, 2° Caderno, p.3,
Coluna “Jornal de Cinema”.

A paixão de Sérgio Eisenstein pela temática revolucionária


brotou nos idos de 1920. Era conflito d’alma, de gênio aparecendo, de
cineasta consciente, inventivo, que se julgava discípulo da sintaxe de
David Wark Griffith, o pai do cinema.
E untado de energia, lutou. Depois, de interior sua luta passou a
exterior. Nascia, destarte, um cineasta ladino, de ampla visão. Sua capa-
cidade posta em prática tomou surto, malgrado a pouco [encorajante]
acolhida inicial da forte experiência Greve (1925), em que velhos bur-
gueses digladiavam com os obstinados operários ligados à educação
socialista.
Grande tema, por conseguinte. Mas o ponto analítico-posi-
tivo descaiu para o negativo. O regime soviético tinha suas tensões
e descontentamentos. O burguês do Estado russo, individualmen-
te ou em grupo, abominava seu operário e o explorava. A influência

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formalística de Greve perdeu-se em conceitos no nascente conteúdo Potemkin” pôs-se num círculo de reais e incontroláveis choques sociais.
humano-revolucionário. As asperezas egoístas foram, em parte, bem Vakulynshinsk, o marinheiro, alcançou ser, nesta obra clássica, o aríete
doutrinadas pelo sopro da imagem. Se o movimento grevista, visto pelo da refrega; não o ator. Sua composição – em nuanças consecutivas de
olho mágico de Eisenstein, teve o seu esfacelamento com o uso de ele- sublevação – lambia o filme com armações claras e sóbrias.
mentos embuçados de policiais e cossacos, claudicando a análise do Chegando a Odessa o navio, o ferro revolucionário do povo
problema social, já no ano seguinte (1926) Eisenstein se comunicou juntou-se ao dos marinheiros. Nas escadarias da cidade, Eisenstein, o
com o povo através do poderoso O Encouraçado Potemkin1. Antes da notável criador, legou ao mundo da arte, com seu talento de ferro, um
rodagem do celuloide, técnicos do cinema russo, pertencentes ao Parti- buril antológico-estético, ainda hoje não igualado em qualquer fita, e
do Comunista, julgaram os conceitos emitidos no argumento. fez, com o infernal fuzilamento, inebriante debuxo de símbolos: um
Do fiasco da anedota histórica surgiu o enredo: o motim dos quadro cinematográfico para quem não vê arco-íris. Por isso a fita é
marinheiros, verificado no próprio navio soviético. Consistia numa re- eterna e chegou ao zênite de chef-d’oeuvre.
volta de ideais, de inspiração coletiva. Base: solidariedade da tripulação
negando-se a comer carne fétida. Forçados, reagiram. O vaso de guerra
continuou seu rumo, e os rebelados, surgindo em indeléveis primeiros
planos, contavam, através da chispa de seus olhos e faces lânguidas e
sofredoras, a revolta íntima. O poema da imagem era declamado em
versos mudos.
Nesse filme, o criador soviético usou estilo de elevada densida-
de, diferente das linguagens rebuscadas da maioria dos cineastas ho-
diernos do sonoro. A valorização agiganta-se pela montagem, sempre
corretíssima, sem jamais quebrar a unidade e a ação (não esquecer que
Pudovkin e Eisenstein foram mestres da montagem).
Nenhum ator profissional conseguiu imiscuir-se nas asas das
imagens captadas em O Encouraçado Potemkin, porque o povo e os ma-
rujos eram as asas, o sentimento, a revolta, a tortura. (Em A Terra, 1929,
de Dovjenko, o personagem principal é o trator). A belonave “Príncipe

1 Na verdade, O Encouraçado Potemkin foi finalizado e estreou ainda em 1925 [N.E.].

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CONHECIMENTO DE
S. M. EISENSTEIN , 1960

Publicação original: “Conhecimento


de S. M. Eisenstein”. Diário de Notícias,
Salvador, 5 e 6/6/1960, 3° Caderno,
Suplemento Artes e Letras, p. 3.

SITUAÇÃO

Colocando-se o problema de Serguei Mikhailovitch Eisenstein,


fica estabelecido o discurso contra o cinema moderno. A reação contra
o cineasta russo apoia-se em três princípios:
a) – Eisenstein fez malabarismo com a dialética;
b) – Eisenstein foi um formalista, experimentalista;
c) – Eisenstein está superado. O saudosismo é contra a realidade
do filme de hoje.
O filme de hoje – este filho do pós-guerra no campo do “neor-
realismo” e esta crise abstrata da nouvelle vague – conduz o cinema para
a retórica da realidade, enquadrada “nos métodos” da reflexão indivi-
dual, do julgamento afetivo, da mensagem jornalística ou do moralis-
mo superficial.

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A reflexão individual e o julgamento afetivo caracterizam o ci- Eisenstein contra Pudovkin. O método de montagem dialética
nema americano, tendo como apogeu as tele-peças representadas por contra o método da montagem gramática. Enquanto Eisenstein fixa-
[Paddy] Chayefsky & Delbert Mann ou as cine-peças de Williams & va seus caminhos para um cinema “criativo”, Pudovkin desenvolvia a
Kazan. A mensagem jornalística é o próprio clichê de Zavattini e o neo- montagem para um cinema “narrativo”. Historicamente, Pudovkin
moralismo encontra seus mestres nas figuras de Louis Malle e Roger venceu. Os teóricos que o sucederam trazem seus princípios nas bases
Vadim. É claro que tal classificação nasce de um princípio arbitrário. de seus discursos. E o filme moderno degenerou até a mais completa
Todavia, partamos daqui para situar, sobretudo, o “método fílmico”, pontuação de gramática, “opaca” (como chamava1 Eisenstein).
diante de Eisenstein e dos cineastas modernos. Explica-se: a teoria de Pudovkin (nascendo de uma concepção
simplista da arte revolucionária na Rússia após a revolução) insistia so-
bretudo no método mais dinâmico de explicar a realidade, clara, cro-
PEQUENA HISTÓRIA DA TEORIA
nológica, diretamente dela para as massas. Mais fácil, porque jamais
iria exigir um supremo esforço de criação, ganhou adeptos, forneceu as
Dziga Vertov, Eisenstein, Pudovkin, Béla Balázs, Arnheim,
fontes do “neorrealismo” e, aceite-se ou não, é a mola mestra de todo
Umberto Barbaro, formam o primeiro time da teoria cinematográfica
o cinema de hoje. O filme não cria, narra. O fundamento do filme é o
através da pequena história do filme. Outros menores, como Marcel
texto, o roteiro. O enquadramento sobre uma cena teatral é puramente
Martin, Guido Aristarco, Luigi Chiarini ou André Bazin, nada trou-
ilustrativo e a montagem não passa de um recurso técnico, “segundo
xeram de novo, contribuindo mais sob o ponto de vista interpretativo
o qual as diversas partes do filme são conjugadas até se conseguir um
das teorias fundamentais, acrescentando doses pessoais sem maiores
sentido e fluência”.
contribuições. Todavia, estes teóricos foram os mais responsáveis pela
Não encontramos um cineasta moderno (salvo Alan Resnais e
crise do cinema moderno. E, entre todos, o mais responsável foi André
seu comentado Hiroshima, Meu Amor) que tenha aproveitado, na pior
Bazin e sua louvação do plano-sequência.
das hipóteses, o fundamento primário da teoria Eisensteiniana:
A polêmica mais séria e que também, de certa forma, fixou
“Um fotograma em si, como tese, só adquire sentido conteu-
raízes para o cinema de hoje, foi travada entre Eisenstein e Pudovkin.
dístico quando atinge a síntese, através do choque com um segundo
Em princípio, a consideração sobre estes dois teóricos é mais grave,
fotograma oposto, ou seja, uma antítese”.
porque, também cineastas, eles levaram seus princípios à realida-
O ideograma japonês forneceu ao autor de Film Form fontes
de, criando obras de permanência como [O Encouraçado] Potemkim
concretas para seu método: a velha estória do desenho da cabeça de um
[1925] e A Mãe [1926]. Dziga Vertov foi um cineasta menor, enquanto
que as tentativas de Balázs, Arnheim e Barbaro não atingiram maiores
consequências. 1 No original, aqui corrigido, “como chava Eisenstein” [N.E.].

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cavalo, cuja boca aberta é sucedida pela imagem de um feixe de capim, parte de Ivan, o Terrível [1944] recebessem glórias máximas do gover-
de onde se deduz que o cavalo come (ou comerá, ou comeu). Estudando no, inclusive pessoalmente de Stalin. Mas a segunda parte do mesmo
na sua juventude (durante o período de luta revolucionária) a língua e a Ivan [1946] foi recolhida e somente agora encontra-se livre para exibi-
cultura japonesas, Eisenstein seria, em princípio, apenas professor uni- ção mundial. Nunca reagindo, SME submeteu-se a duas severas auto-
versitário de japonês. O seki-ga, prática milenar dos poetas populares críticas. Mas foi, de certo, novamente estratégico, pois, tempos depois,
japoneses, não passa, fundamentalmente, de um processo visual que mergulharia novamente em seu independente mundo criativo, reali-
encerra, na figuração ideogramática, uma forma de expressão verbal. O zando a segunda parte do interditado Ivan.
filme, pois, arte visual, nova, e, ainda mais, arte visual que, segundo Ei- Sepultado, Eisenstein hoje é motivo de escárnio para críticos e
senstein, dinamizava a tradicional “angústia” estática da pintura, atin- cineastas do cinema moderno. Suas lições foram devidamente estuda-
gia sua forma de discurso verbo-visual, tendo como meio a montagem das e os filmes modernos jamais se preocuparam com Potemkim. A
de conflito, dialética. Estudando profundamente Leonardo da Vinci, arte do “sentimento e da emoção” desmoraliza a teoria eisensteiniana e
e demonstrando, praticamente, apoiado no libreto que o artista fizera frequentemente ouve-se que o criador de Potemkim foi um “chantagista
para a execução do Dilúvio, Eisenstein conjuga esta antiga e válida for- da dialética”.
ma de roteiro (pictórico) com a forma popular da poesia japonesa. Na Os outros teóricos são mais seguidos. Pudovkin é o pai do ci-
primeira (imagem) estaria, no filme, a dinâmica da figura. Na segunda nema de hoje. O neorrealismo telegráfico de Zavattini gerou monstros
(síntese imagem-palavra), o método de jogar os quadros, como termos posteriores ao período de Ladrões de Bicicletas [De Sica, 1948] e Um-
de sintaxe, até o resultado no todo fílmico. É claro que Eisenstein tinha, berto D [De Sica, 1952], enquanto que a louvação do “plano-sequência”
como ponto de partida, sua formação dialética marxista. Os objetivos procura a profundidade de foco e a amplitude da tela para registrar fo-
sociais de sua arte foram, antes de tudo, consequência de sua aplica- tograficamente atores em diálogos impressionistas escritos, no cinema
ção marxista e mesmo uma questão de estratégia política na Rússia, americano, por “doces rebeldes”, ou seja, os indignados burgueses tipo
que, por muitas vezes, trabalhou para humilhar e destruir o trabalho Paddy Chayefsky e Tennessee Williams. A escola do “plano-sequência”
do artista rebelde às convenções explicativas do cinema revolucionário. é a glória suprema de Martin Ritt e Delbert Mann, para citar dois aca-
Não que Eisenstein deixasse de acreditar na revolução. Mas, sobretudo, dêmicos, dois conformados, dois filhos decadentes do velho William
era um marxista puro, e, acrescentando à sua catedral metodológica a Wyler, que representam, ao lado ainda de Sidney Lumet, Gerd Oswald
compreensão do homem segundo Freud, chegaria, por certo, aos filmes e outros, a decantada fina flor do cinema americano. Falamos dos cha-
que desagradaram ao ministro Boris Shumyatsky. mados “modernos”, excetuando o time dos veteranos: Kazan, Stevens,
Assim, foi na própria Rússia que iniciaram o sepultamento de Huston, Wyler, Zinneman, o “grupo top”. Acadêmicos, narrativos, co-
SME, mesmo que, mais tarde, Alexander Nevsky [1938] e a primeira merciais. No cinema americano, apenas dois nomes perseguiram (ape-

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sar dos pesares) um cinema criativo: John Ford (e sua ação para um CONCEPÇÃO DO CINEASTA
cinema épico) e Stanley Kubrick (e sua disponibilidade experimental,
revelada em A Morte Passou por Perto [Killer’s Kiss, 1955] Todavia, este – O mais difícil é o mais simples. O verdadeiro cinema é aquele
mesmo Kubrick deve ter feito rendições ao empreendimento comercial que se realiza sem que a câmera seja vista ou sentida.
Spartacus, 1960, recente trabalho). Cineastas e críticos modernos dizem mais ou menos isto em
Orson Welles e seu delírio técnico ainda seriam esperança. entrevistas e artigos, salvo exemplos raros como o de Robert Bresson,
Sendo, porém, um herdeiro retardado do expressionismo alemão e que manifesta sua clara posição contra o cinema narrativo.
um filho das potentes gruas e dos potentes aparelhos sonoros, Welles, A crítica, sarcasticamente, utiliza o adjetivo “formalista” como
como ideia, embora tente uma crítica e um abalo contra as formas de símbolo pejorativo para aqueles que acusam o filme narrativo. Parti-
totalitarismo (dos gigantes da imprensa em Kane [1941] ao policial vo- cularmente, a crítica do realismo-socialista investiu com esta arma.
luntarioso e corrupto de A Marca da Maldade [1958]) não se define Esteticamente a expressão não é válida. O estudo da obra de arte, já é
politicamente e todo seu virtuosismo termina em si mesmo, como conversa antiga, não pode ser resolvido pelas divisões entre “forma e
círculo vicioso. Revela, como exceção no campo do filme moderno (e conteúdo”. Em resumo, o filme antinarrativo não é – como acusam estes
eis sua glória), um inconformismo formal que permite a seus filmes um críticos e cineastas – um resultado cultural ou politicamente alienado.
salto maior sobre os demais. Mas Orson Welles também não é um teó- Prova disto, irrecusável, é o cinema de Eisenstein.
rico. Seu filme é arbitrário e sua linguagem está garantida muito mais Embora os planos do cineasta russo não se limitassem exclu-
sobre truques da técnica do que sobre princípios de estética fílmica. sivamente à criação de filmes, cujo tema fosse o “social, segundo os
Em Orson Welles a teoria do filme morre pela técnica. E, como todas políticos encaram”, O Encouraçado Potemkim, além de ser o maior dos
as outras teorias formam a busca do cinema narrativo, resta voltar no- filmes realizados até hoje, é também o maior exemplo de uma arte par-
vamente a Eisenstein. Idealista, espírito rebelde e profundamente cien- ticipante, revolucionária “social”. O “social”, em termos de política bara-
tífico em seus estudos, escritos e criações, Serguei Mikhailovitch resta ta de denúncia da miséria (neorrealismo) ou de revelação temática do
incompreendido. Como artista e como homem. E, se méritos legam a exotismo particular de cada geografia, não passa de um tiro na cabeça
Potemkim, recusam imediatamente o sistema teórico que rege o filme, da arte. Arte de “oportunidade histórica” não tem sobrevivência além
apesar do clássico ensaio do autor, A Estrutura Dramática e o Patético do período em que age, a não ser que sua composição transcenda a
na Composição de Potemkim. No movimento pró desmoralização da própria limitação do momento e deixe uma ideia para ser posta em
teoria eisensteiniana, querem ver em seus trabalhos um superior esfor- conflito com épocas futuras. Não interessa a revelação de temas ou de
ço de imaginação, e não uma obra científica em sua composição. Mas problemas. O “social” funciona, desta forma, como um suporte ou mes-
a prova da validade teórica está na consagração recente de Potemkim. mo uma falsa personalidade. No cinema de hoje, “a política de ideias”

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é a própria personalidade do filme, principalmente no neomoralismo e poesia) teriam de gerar um terceiro produto, a “palavra fílmica”. Na
francês, caracterizado por Louis Malle e Roger Vadim. concepção de Eisenstein todos os elementos componentes da síntese
Eisenstein não negava a “política de ideias” e todo seu cinema fílmica teriam de funcionar como “um motor em pequenas explosões,
foi construído sobre ideias. No entanto, seu procedimento era, frente a em conflito contínuo”. Ora, o filme de hoje usa a palavra dramática,
frente com a nova arte, levar ao máximo possível as possibilidades de discursiva, ou então a palavra literária, abstrata. A palavra fílmica será
“conhecimento” da câmera e de montagem. Quando em Ivan (segunda uma palavra sintética, palavra-choque, palavra-objeto. O realismo do
parte) Eisenstein deixou o conflito histórico propriamente dito e pe- filme moderno pretende produzir a vida “segundo a própria vida”. A
netrou no conflito dos homens (Ivan e sua corte em crise), procurava, encenação do “realismo” é que surge como uma verdadeira chantagem
para o Homem, uma lição mais profunda do que a pura ação histórica, com a realidade. Sendo retratistas, os cineastas modernos não inter-
limitada. E, como cineasta, seu método de “conhecimento” não seria pretam os fenômenos através da sua matéria visual. O discurso sobre a
a literatura nem teatro. Mas, sim, uma arte total, síntese do fenômeno matéria continua gravado nas bandas sonoras e o mundo surge como
estético: a montagem como método, a câmera como estudo, o filme exemplo daquilo que os personagens discutem.
como síntese. Quando Eisenstein apresenta o fenômeno da revolução, inter-
Montagem como método. Método científico, dialético. A neu- preta-o e cria, na síntese, a realidade além de sua primeira visão super-
tralidade axiológica regendo, originariamente, a conduta do cineasta. A ficial. Apresenta a “verdadeira” realidade, porque vista sob tantos ân-
montagem conduz os valores, a dialética fílmica de Eisenstein agindo so- gulos quantos o cineasta pôde analisar. E esta “análise” é, em si mesma,
bre a proposição, segundo Marx, diante da realidade. O método conduz uma interpretação.
o homem. Uma arte, por fim, que não fosse passível de crítica, porque O filme moderno encara a realidade como um quadro já inte-
o homem se apresentava tal qual era e não “representado” pelo realismo grado. O princípio de cenografia teatral continua no filme. Em O Teto
deformador e arbitrário, segundo um impressionismo vital do artista. [1956], De Sica, ingenuamente, mostra um plano geral da rua com
Eisenstein não tinha preconceito contra o som, palavra, segun- novas construções, transmitindo a noção de uma “realidade”. Qual-
do reagiram René Clair e Charles Chaplin. Eisenstein queria o som, quer objeto não tem só uma face. O “plano-sequência” integral é uma
a palavra, a cor. Terrivelmente mal interpretado pela maioria dos “ei- fuga do cineasta moderno (ou incapacidade) em ver a vida claramen-
sensteinianistas”, SME é colocado sempre como exemplo do “cinema te, como está dotado pela câmera. O trabalho de hoje preocupa-se em
purista”, surdo e mudo. O som não prejudica o filme, como também “esconder a câmera”, em “disfarçar o corte”. Eisenstein condenava com
a palavra. Ambos são elementos de manipulação na criação artística. todas [as] suas forças esta direção do filme. A consideração sobre o ci-
Façamos uma distinção, se bem que antiga, necessária agora: eviden- neasta russo torna-se importante porque, repetimos, suas teorias foram
temente, a palavra dramática (do teatro) e a palavra literária (da prosa demonstradas em seus filmes. Recusou a visão unilateral da realidade

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– a reacionária atitude até dos cineastas comunistas (eis a contradição), Seu trabalho teórico estabelece relações entre o cinema e a
que, mesmo formados dentro da teoria marxista, recusam a dialéti- tradição da cultura. Partindo da montagem fílmica, analisa a monta-
ca no diálogo criativo com o mundo, preferindo o neorromantismo gem na literatura, na música e na pintura e nivela a arte do filme. Sua
denunciante da miséria. teoria não é alienada. Humanamente, Eisenstein veio de uma família
pequeno-burguesa de judeus que reagiu à revolução. Formou-se nas
O CINEMA E A TRADIÇÃO DA CULTURA modas culturais da época e descobriu a cultura ocidental muito an-
tes de pensar no cinema. Seu primeiro passo foi o teatro, sua primeira
Serguei Mikhailovitch Eisenstein é o único pensador do cine- especialidade a língua japonesa, seus primeiros mestres Leonardo da
ma. Não vamos discutir a industrialização da nova técnica destinada a Vinci e Sigmund Freud. Somente mais tarde descobriria o cinema e daí
divertir milhões. Qualquer cinema, seja ele propriedade capitalista pri- seus estudos marxistas progrediriam até que ele dominasse o método, à
vada, seja propriedade estatal, está comprometido. Na União Soviética medida que pôde utilizá-lo para a análise do filme e, através do filme, o
e nas Repúblicas Populares o cinema é dirigido. Opostamente, também “conhecimento” da realidade. E seus planos atingiriam a própria análise
em Hollywood é dirigido. Identificam-se porque, no fundo, ambos são de O Capital, segundo o próprio método de Marx2. Quando Eisenstein
cinemas utilizados como instrumentos do Estado. reconheceu James Joyce como o maior escritor de sua época, colocava-
Em todo o mundo, o filme, originariamente, é uma inversão de -se no mesmo plano do autor de Ulisses [1922], quanto à recusa total às
capital que deve ser convertido em prosélitos de ideias ou em milhões tradicionais formas de expressão. Identificou-se com a obra de Joyce e
de lucros. Esta questão, de resto, já foi analisada. Discutir, em bases escreveu o roteiro dos monólogos interiores de Ulisses3, propondo-se a
reais, o domínio de um cinema tipo aquele que Eisenstein dedicou he- dinamizar visual-ritmicamente a linguagem joyceana. Tanto a literatu-
roicamente sua vida em procurar e realizar, seria possível apenas em ra como as artes plásticas foram, para Eisenstein, uma luta pelo ritmo
Estados nos quais a Arte estivesse isenta de assumir compromissos visual. Leonardo da Vinci é o precursor do cinema. Eisenstein, apesar
anteriores. Isto, de resto, é utópico. O cinema como arte é fenômeno de toda sua modéstia, estava, no fundo, convencido de que realizaria
de exceção. Antiarte, justamente condenada por quantos intelectuais no cinema o que Da Vinci e Joyce realizaram, criando a síntese ideal
recusam em aceitá-lo, o filme, da teoria à prática, descreve um verda- do filme.
deiro salto mortal. Não foi somente um cineasta, e, segundo sua biógrafa, Marie Se-
Eisenstein, contudo – e para isto sacrificou sua vida, enfrentan- ton, seu trabalho teórico, sua filosofia, sua estética talvez sejam mesmo
do, na Rússia e em Hollywood, dois mundos agressivos e hostis –, con- mais importantes do que seu trabalho de criação. Serguei Mikhailovit-
seguiu romper as fantásticas barreiras da convenção. E, desta maneira,
2 O projeto de filme (nunca realizado) de SME sobre O Capital data de 1927-28 [N.E.].
colocou o cinema em termos de cultura. 3 Projeto de 1930, nunca levado a cabo. [N.E.].

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ch Eisenstein, a exemplo dos grandes gênios da humanidade, esgotou o no cinema de heróis e atores. Esta sua experiência teatral não se afastou
pensamento em todos os ramos do saber humano. Das matemáticas à de suas concepções e ele procedeu à interpretação dialética de Wagner,
antropologia (inclusive sobre os índios Bororos brasileiros...), estudou rompendo convenções teatrais e criando, na cena, um mundo total de
até os 50 anos de idade, quando morreu, escrevendo seus livros. Segun- conflitos.
do ambicionava, daria, em uma dúzia de volumes, a formação para o Esta preocupação em fazer do cinema uma arte à altura das tra-
cineasta do futuro, discutindo a cultura humana comparada ao tardio dicionais expressões artísticas do homem – a música, o teatro, a litera-
aparecimento do cinema, como técnica, diante das outras artes. Porque tura, as artes plásticas – jamais poderia isentá-lo do contato diário com
a montagem, latente, estava em Milton, Dante e nos poetas modernos; a cultura. Sua atividade intelectual, contudo, iria ferir profundamente
estava na pintura renascentista, estava em El Greco e na arte moderna; os preconceitos da nova arte revolucionária, e, quando Eisenstein usou
estava em Joyce; estava em todos os conflitos da humanidade, vistos o termo “clássico” para definir determinado estágio do novo cinema
sob a luz do materialismo histórico. soviético, foi alvo de severas críticas, que já eram uma [palavra ilegível]
Desta maneira, o cinema de Eisenstein não foi atingido pelo da surda campanha para desmoralizá-lo sob acusações de “formalista”,
“alumbramento emotivo”. E, dentro de sua obra, evoluiu do cinema de “esteticista”, “experimentalista”, a mesma cartilha ainda hoje usada pela
“tipos” e de “massas” para o cinema épico de “heróis”, como Nevsky e Ivan. maioria dos chamados críticos da “arte genial”.
Do cinema ao teatro, Eisenstein não descobriu a montagem. Em Sua intransigência cultural – e sua completa ausência de pre-
sua própria atividade teatral, como cenógrafo e metteur-en-scène, ele já conceitos contra a perseguida “arte burguesa” – foi tamanha que, em
havia recusado o teatro-declamação e ambicionava o teatro circense, defesa pública no Teatro Bolshoi, SME manipulou exemplos de George
já como uma expressão sintética dos conflitos dramáticos e racionais Sand e Flaubert para desarticular acusações gerais, particularmente do
do homem. O cinema, iniciado em Greve [1925], foi o contato com a então jovem Sergei Yutkevich, que, mais tarde, realizaria Otelo [1956],
técnica, que lhe permitiu, integralmente, realizar sua expressão. Aquela peça de um autor “condenado” na época. E, por ironia, SY prejudica-
técnica seria usada esteticamente, e não da forma mecânica que deseja- ria seu trabalho preso às preocupações puramente eisensteinianas do
va (e usava) Pudovkin, seguido de todo o cinema russo de então. E mais tratamento da composição interna do quadro, desperdiçando uma evi-
tarde, até hoje, por todo o cinema do mundo. dente influência de Ivan, o Terrível.
Eisenstein não negava os valores do teatro e mais uma vez Ainda não foram noticiados maiores contatos de Eisenstein com
voltaria ao palco para a encenação de A Valquíria [1940]4, logo após Brecht, o maior nome do teatro moderno. Todavia, no ponto em que
o estrondoso sucesso da epopeia que fora Alexander Nevsky, seu début ambos eram marxistas incompreendidos pelo PC, estiveram identifica-
dos. E, além disto, ambos foram artistas revolucionários, criticados nos
4 Die Walküre, segunda das quatro partes (representada pela primeira vez em 1870) da dois mundos que dividem o mundo.
tetralogia O Anel dos Nibelungos, de Richard Wagner [N.E.].

184 185
CEGONHAS
SOVIÉTICAS OU A
TIRANIA DAS BELAS
ARTES
KALATOZOV) , 1960
(SOBRE QUANDO VOAM AS CEGONHAS, 1957, DE

Publicação original: “Cegonhas soviéticas ou


a tirania das belas-artes”. Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, 27/7/1960, Suplemento
Dominical, p.8.

I – Um dos impasses que vive o pretendido cinema moderno


de vanguarda é o enquadramento, problema que assume proporções
fantásticas em Quando Voam as Cegonhas [1957], filme soviético de
Kalatozov.
Violentamente tiranizado pela forma, o filme não é moderno.
Antes, é um exercício formal da academia russa do grande período de
Kulechov, Vertov, Eisenstein, Dovjenko, Pudovkin, valorizado pela téc-
nica sonora e pelo brilhantismo cinegráfico de [Sergey] Urusevsky. Isto
sem falar em Tatiana [Samoilova] & Verônica, órgão vital, imagem que
integra o ator no específico, naquela mesma linha de [Alida] Valli &
Livia in Senso [1954], de Luchino Visconti.

187
Mas falamos no impasse do enquadramento: o experimentalis- O mito Tissé permanece até hoje, justamente porque havia um artista
mo cinematográfico, ao lado do consequente (ou inconsequente1) espí- atrás do técnico. E não era Eisenstein, mas o próprio talento de Tissé.
rito amador, leva sempre o cineasta à vanguarda pelas trilhas da câmera Nenhum cinegrafista moderno, e nem mesmo os russos modernos –
torta, ou câmera baixa, efeito fotográfico de excelente resultado visual haja vista o delírio de Urusevsky –, conseguiu o que Tissé alcançou: o
mas que não compensa a eficiência do chamado plano horizontal, aliás universo fílmico no enquadramento que rompeu as técnicas primárias
o verbo mais conjugado pelas chamadas escolas novas da Europa e dos para atingir um quadro absoluto de expressão. Eisenstein não respei-
Estados Unidos, via Louis Malle, Delbert Mann, para não citar outros tava as normas de então, o chamado ponto de vista da câmera, nem as
estéreis como Martin Ritt ou Claude Chabrol, etc. Aqui temos uma experiências câmera-olho de Vertov. O take sempre foi um quadro, figu-
contradição flagrante: o cinema de hoje não pode resolver a sequência rativo ou não. E, na maioria das vezes, predomina o estilo de composi-
no plano horizontal. O plano médio que registra o busto e o rosto do ção tisseniana: o céu em oitenta por cento e as figuras soltas no espaço.
ator é uma documentação fria, técnica, antivisual. Elimina a câmera em Tissé foi a musa do débil Figueroa, o pior dos cinegrafistas já vistos no
benefício da literatura. E, na pretensão de alcançar a pureza expressiva, cinema, uma espécie de monstro do mau gosto. Figueroa descobriu a
envia o cinema para os campos do teatro, valoriza o roteiro literário, contraluz como quem descobre a pólvora: tarde demais. Descobriu o
teatraliza os atores, condena a montagem a uma função gramatical. O crepúsculo, a câmera baixa, novamente (?), o claro-escuro brilhante e
grave, porém, verificado no filme soviético e flagrante em Welles e em vulgarmente sensual. Do mexicano romântico nasceram alguns outros
Ingmar Bergman, é que o rompimento com a angulação reta em busca iluminadores sul-americanos que agora, felizmente, já entram em defi-
dos conflitos gráficos do take determina sempre dois tipos de posição nitiva superação. O plano vertical assume sua tirania, a fotografia cinza
surradas como uma rima pobre: a câmera baixa, ou a câmera torta, predomina e isto veio com o neorrealismo, através de homens como
levadas à saturação tanto no filme alemão dos belos anos quanto nos Otello Martelli, G. R. Aldo, Aldo Tonti e outros que desprezaram re-
filmes de avant-garde, nos filmes russos e no período dourado da Sué- fletores (por deficiências de produção) e marcharam para os exteriores
cia. Metrópolis [1927], de Fritz Lang, é um pré-Orson Welles em maté- com câmeras remendadas e sobras de película (aliás, como Tissé fize-
ria de enquadramento e todas as inovações trazidas por Gregg Toland ra mais de uma vez). E estavam influenciados pela tomada à la russe,
(cinegrafista badalado do cine-Hollywood) foram no campo da técnica haja vista os dramas neorrealistas campestres de De Santis, Lattuada
fotográfica: Eduard Tissé, dispondo de lentes primitivas e de janelas li- e mesmo Rossellini em alguns arroubos de revelação. A contradição
mitadas, explorou todos os ângulos possíveis, em escalas infinitesimais. continua, e é isto que coloca o enquadramento no impasse: porque, se
a câmera vertical é fria e nula, a câmera inclinada é falsa e intencional.
1 No original, “ao lado do consequente (ou in) espírito amador”. Glauber parece ter usado aqui
o prefixo “in” como abreviação do adjetivo “inconsequente”, provavelmente para enxugar um
E, se o enquadramento segue o ponto de vista, está fazendo frase certa,
texto já longo, cuja diagramação dá vários sinais de saturação na página do SDJB em que saiu combinando sujeito com objeto, o que, em matéria de sintaxe, é po-
publicado. [N.E.]

188 189
breza de imaginação, é negação da arte em benefício do conformismo to. Não adianta buscar uma ou outra saída para vencer e convencer. O
formal, da miséria intelectual. mérito dos adeptos da câmera torta é alguma coragem a mais: coragem
II – O vício do cineasta amador – dissemos – é um preconceito. de não marchar com os descritivos e mais coragem de imitar o passado.
Estamos cheios de cineastas com preconceitos e todos são experimen- Uma coragem às avessas, mas pelo menos digna.
talistas no Brasil, mesmo os melhores, à exceção de Lima Barreto, o III – Não vamos aqui neste artigo buscar as definições do cine-
mais ousado no que se evidencia em duas ou três sequências de O Can- ma, como alguns críticos amigos buscaram há semanas atrás no tabloid
gaceiro [1953]. Mas este não é problema nacional: falamos da nouvelle Tribuna da Imprensa. O cinema, para quem já olhou uma vez sequer
vague, falamos do cine-tv americano e estamos escrevendo a propósi- através do visor de uma Arriflex, não é coisa para ser definida em meia
to do novo cinema russo, este exportado para o Ocidente, escravizado lauda de papel, falando-se de montagem, conflito, etc. e tal, quando esta
pela antiga forma, enviado para convencer. Sei que muitos gostaram de terminologia nasce muito mais além do que o amador da crítica pensa
Quando Voam as Cegonhas, mas não poderíamos deixar de reconhecer que sabe, porque adivinha, intui e conceitua na sala de projeção. O mal
que se trata de um filme acadêmico, ultrapassado e, ao mesmo tempo, do cinema é que, aparentemente, surge como arte fácil. Não conheço
de rara beleza restaurada no panorama de hoje. uma só pessoa que não se julgue capaz de realizar um filme, artistica-
Não compreendo, sinceramente, como críticos e estudiosos que mente, com ajuda de técnicos. O sujeito, em geral, precisa de um diretor
vivem dia e noite nas cinematecas, convivendo com as múmias, se dei- que execute fielmente suas ideias. Isto é praxe na praça. Isto gera as fa-
xem ainda impressionar pelos cortes de efeito, pelos conflitos primários cilidades e as discussões irresponsáveis que frequentemente aparecem
do close e do long shot, pelas rimas que todos os críticos e artistas mo- nas colunas dos jornais. A montagem não é um problema técnico (não
dernos já ultrapassaram na destruição da figura, na desintegração do vou defini-la, quando Eisenstein escreveu centenas de páginas sobre o
verso, na subversão da sintaxe. O cinema é uma arte às portas da morte assunto), é o que deveria logo ficar bem claro. Estilo não é problema de
e todas as suas possibilidades artísticas de vida passam a ser, cada dia, técnica física, principalmente em cinema, onde a máquina exerce sua
infames possibilidades literárias, haja vista o sucesso da nouvelle vague. força implacável, como encontramos no filme soviético. Perguntamos
Estamos na idade da improvisação, do amadorismo crítico e da irres- sempre, como contribuição para um método crítico no Brasil: que se-
ponsabilidade cultural & criativa. O cineasta de hoje, em qualquer par- ria de Orson Welles sem uma grua, sem um jogo completo de lentes,
te do mundo, deseja é fazer o filme. Se ele é pobre de imaginação, mas sem um bom iluminador e outro melhor cortador? Se um filme não
honesto, ele faz o filme limpo. Se ele tem talento, ele faz o filme clássico interessa ao crítico porque não teve recursos (exploração da demago-
(câmera horizontal) ou o filme barroco (câmera torta). Os críticos se di- gia brasileira), também não deve interessar porque teve todos os recur-
videm e começam a discutir sandices formais. O problema de um filme sos. Então, o estilo do filme nasce do homem ou da máquina? O estilo
não está – senhores que se debatem na luta estéril! – no enquadramen- de Kalatozov nasce da máquina, da política, do momento histórico na

190 191
URSS, das intenções à conquista do Ocidente, tudo isto válido para os IV – Quando Voam as Cegonhas seria um clássico se fosse rea-
aspectos culturais e sociais, mas nulo para a estética do filme. Quando lizado em 1925. Hoje é apenas um filme das belas artes: música me-
Voam as Cegonhas, tal como os filmes japoneses de exportação, foi pre- lodramática, mise-en-scène coreográfica ao som da mesma melodia,
parado segundo os melhores figurinos, sem fronteiras criativas, com circulares panorâmicas e super-closes conjugados em uma montagem
todas as máquinas ao redor, com todo o delírio. Mas o que traz, além arquitetonicamente elaborada: a ordem de um delírio – invertendo o
de Tatiana? Vejamos que a montagem é um processo metafísico de co- excelente título de Eli Azeredo. Mas não vivemos a época das belas ar-
nhecimento da realidade e que todos os seus resultados materiais não tes: se Rubens pintasse hoje, fosse contemporâneo de Picasso, o que di-
surgem do corte brusco, nem da montagem paralela, nem no conflito ríamos dele? Que diríamos de um Keats escrevendo do mesmo jeito ao
de closes, nem dos efeitos vulgarmente chamados de formais. Forma em lado de Pound? Kalatozov filma como Kulechov escreveu que deveria
cinema é a poética-dinâmica criada pela montagem dos enquadramen- ser filmado, em sua gramática acadêmica2.
tos. Cinema não é show de jazz. O estilo vem com o filme e não vamos O importante neste diretor soviético é que ele não tem mau
dizer que uma câmera torta é estilo. Os críticos precisam saber que não gosto. A sequência da morte de Boris é da pior literatura fílmica, mas
se diz esta sequência denota talento, aqueloutra preguiça. Quantos críti- construída com tamanha dignidade que os véus e os alaridos da morte
cos já viram um filme ser feito das filmagens ao laboratório? O diretor e da memória passam bem como uma senhora elegante desfila mode-
não domina as enquadrações de maneira total, e muito menos a mon- los duvidosos. Mas aquilo não é revolução, pelo amor de Deus! Viram
tagem. Cinema de autor é também um problema de estilo e não uma [Hiroshi] Inagaki, com seu O Homem do Riquixá [1958] morrendo em
questão de ser dono da fita, como pensam alguns inconsequentes que negativo? Segundo se sabe, se fala e se aponta, Mário Peixoto, em Li-
produzem e estrelam o filme, sem que haja, em qualquer minuto, tim- mite, fez todas estas experiências com grande êxito. O cinema está no
bre de criação. O público se convence pela presença dos nomes iguais impasse e a fuga para uma revalorização temática não é o caminho. A
na ficha. Cinema de autor é um problema de estilo: Visconti (que não câmera tem de ser um instrumento moderno, a montagem também.
escreve seus roteiros), Eisenstein, Jean Vigo, Rossellini, John Ford, De Como Kalatozov, o quadro é um brilho, a montagem é pianística e esta
Sica, Bergman, Fellini, Kurosawa e o próprio Orson Welles, para citar obsessão da sinfonia ganha evidência figurada na sequência do deflo-
um grupo composto de artistas que são e não são de minha preferência. ramento de Verônica, quando, sob o bombardeio, o primo liberta sua
O erro do cinema é justamente aquele que domina o cineas- problemática no teclado. Que evita o ridículo? O enquadramento. Uru-
ta quando ele deseja escravizar o mundo com a câmera. A câmera é sevsky, aí, retorna ao modelo, limpa o quadro, e Kalatozov disciplina os
um limite miserável, com defeitos e virtudes absurdas, e selecionar um
ângulo no universo é alguma coisa muito mais além do que um take 2 Kulechov, L. Tratado de Realização Cinematográfica. Quase ninguém leu, apesar de
bonito, improvisado pela superfície do olho. muito citado no Brasil. É uma gramática acadêmica, mas é o verbo ser do cinema, sem a
conjugação do qual não há quem aprenda uma língua.

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atores: uma fusão de sons musicais (melodramáticos) e sons bélicos (a embora para se construir o novo filme não seja preciso matar a câmera,
excelência dos laboratórios) ensurdece o espectador e deslumbra o crí- a película, o projetor e – muito menos! – o universo (e o homem).
tico. A percepção fílmica é, via de regra, enganosa. O crítico sabe, tem No Brasil, não digo para todos os críticos, acho que o cinema
certeza de que o cinema se limita dia a dia. Quando descobre grandes deveria ser estudado. Porque a improvisação gera monstros e são des-
estados do filme – que são aqueles do passado – recuperados em filmes tes críticos que surgem as maiores confusões. Os mais jovens deveriam
de hoje, engana a própria consciência, porque então é ele e sua condi- saber que a teoria de Eisenstein é o caminho inicial, mas que o discurso
ção intelectual que precisam ser salvos do inferno. À primeira vista, fílmico não se limita a uma sucessão metafórica de imagens mudas. O
Quando Voam as Cegonhas penetra com toda sua força explosiva. Mas homem fala. O que precisa ser valorizado é esta fala, como motor e não
é na segunda intimidade que vemos o brilho se dissolvendo à medida como veículo. Mas já passamos a outro assunto. Por enquanto, reconsi-
da projeção. As circulares na escada, o grande plano inicial, quando Bo- deremos o cinema como expressão do nosso tempo.
ris e Tatiana tomam o banho, são truques bem executados, trabalho
de carpintaria em oficinas ultramodernas como as soviéticas. Nem por
isto, o filme é de rara beleza, como dissemos. Mas é a beleza que se tor-
na difícil nos dias de hoje e que vamos encontrar num filme de ontem
faturado em nossos dias. Mas este alívio que encontramos para nossa
descrença no cinema-suicida não interessa ao filme e seu compromisso.
Temos de admitir que é uma felicidade saber que, na União Soviética
de hoje, o artista tem liberdade para ser lírico ou o que lhe der na telha,
temos o prazer de verificar que o cinema russo valoriza a forma quando
os críticos comunistas brasileiros chamam os filmes mais ousados de
formalistas – isto é festa comum para toda a crítica! Mas, vendo o fato
de véu levantado, sabemos que as belas artes voltam ao cinema: Louis
Malle não ousou Brahms como fundo musical de Les Amants [1958]?
Ainda não vi Hiroshima [1959], mas já sei, por exemplo, que existem os
diálogos de Marguerite Duras – da pior literatura, segundo se comenta.
Mesmo que Hiroshima seja uma revolução, acho que o cinema precisa
ser repensado, como sugeriu Reinaldo Jardim. Muita gente levou na
brincadeira a proposta do editor do SDJB, mas no fundo ele tem razão,

194 195
A DIGNIDADE DE
OS SETE SAMURAIS
COMO FILME DIFÍCIL , 1958

Publicação original: “A dignidade de


‘Os Sete Samurais’ como filme difícil”.
Diário de Notícias, 11/5/1958, Suplemento
Artes e Letras, p.3 e 7.

Uma das tendências do cinema japonês é o mergulho no passa-


do tradicional mediévico quando os samurais – soldados de aluguel –
eram os heróis da época. Akira Kurosawa não é um diretor dogmático,
voltado com exclusividade para este sentido. Todavia, aí posto, é que
daí conseguiu fama e equiparamento mundial aos maiores cineastas
do mundo, com duas realizações feitas com intenção única de trazer
o cinema japonês ao Ocidente: Rashomon [1950] e Os Sete Samurais
[1954].
Assim como o western é uma fonte de riquezas culturais autên-
ticas dos EE.UU., os nipônicos encontram no seu passado a nascente
de sua alma: então, mais uma vez, assim como o mocinho do western é
o herói pra Europa e para o continente americano, o samurai é o herói
ideal do japonês. Então por que não trazer o Japão cinematográfico
ao mundo justamente pelas mãos do seu tema mais autêntico, de sua

197
força dramático-poética-histórica mais vivida pelo povo? O drama da bricar sonhos falsos que entorpecem a angústia do homem; é como
metrópole não interessava, na medida em que, por universal, já não um ópio, como novo entorpecente do século vinte. É preciso haver
constituía novidade para o homem da cidade ocidental: mas o drama uma crise para que haja um despertar. Uma crise entre o espectador
regional, elevado intrinsecamente à universalidade, este sim, era de e o filme de arte, assim como tem surgido crises entre alguns leitores
interesse, pois revelava sob novas formas de dizer uma peculiaridade e o caráter especializado desses nossos trabalhos. É que simplesmente
inédita: é bem certo que perduram os problemas eternos do bem e do não se deve trocar em miúdo, em preço vulgar para o público: este tem
mal, da covardia e da coragem, do amor e da infidelidade, da guerra de suar, de lutar, de raciocinar ardentemente para atingir a compreen-
e da paz, da violência e do carinho – mas o que interessa é a manei- são da obradarte, assim como o artista sua para conseguir realizá-la. É
ra como essas coisas são, ocorrem, e ainda: de que maneira são ditas, uma luta árdua: não pode ser em linha reta. Obriga-se a muitas curvas
de que forma são expressas, daí se concluir mais uma vez que o mais e a muito tempo. O cinema fácil, hollywoodiano, é realidade aloirada
importante em arte é [a] FORMA, sendo as outras coisas apenas aces- e final feliz, acessível, não obriga a pensar, se vê e se aceita e pronto:
sórios indispensáveis, mas que não dão pra salvar uma obra frágil do entorpece e “acorda” para uma2. O cinema neorrealista, o cinema da
esquecimento. Só vingam historicamente os grandes filmes de forma, vanguarda francesa não choca mas dá uma medida exata do real em
e o exemplo de O Encouraçado Potemkin é inatacável. O tema no bolso termos de transfiguração/interpretação artísticas. O tema é o real, pre-
não salva um filme do fracasso, o que o salva é sua realização e a forma sente ou passado: cumpre dizê-lo através [da] forma de alta linguagem.
pela qual o cineasta conta a história, mostrando com a câmera o que O linguajar trocado em pílulas lembra o superficial das discussões entre
[é] de interesse dele e que ele sabe, com maior ou menor propriedade comadres. É preciso símbolos, terminologias, método, rigor para cien-
do seu talento, ser de interesse do espectador. Mas, por outro lado, um tífico: só assim se eleva o nível – não fazer concessões, mas destruir o
bom tema é melhor matéria-prima para um cineasta assim como uma regular na postura de quem espera e luta, já com este ataque à regulari-
boa pedra é melhor matéria para um escultor. Partir da pedra para a es- dade conformada para uma construção em termos maiores.
cultura é resolver uma problemática da forma, primeiro de artesanato,
para só então depois criar e atingir o amadurecimento formal que faz *
a obradarte existir imperecível. O cinema discursivo, político, mora-
lista, falado, destinado claramente a outros fins é anti-filme, dentro de Quase não falamos de Os Sete Samurais. É um grande filme
um ponto de vista rigorosamente cinestético. O cinema para divertir, para se criticar em tão pouco espaço. O que dissemos acima cremos
segundo Umberto Barbaro em Argumento e Roteiro1, é imoral por fa-
Janeiro: Andes, 1957 [N.d.E].
1 Barbaro, Umberto. Film: soggetto e sceneggiatura. Roma: Bianco e Nero, 1939. Glauber 2 Frase truncada no original, carente do substantivo feminino que deveria suceder o
certamente leu e cita aqui a primeira tradução brasileira: Argumento e Roteiro. Rio de artigo “uma”: algo como “uma falsa realidade”? [N.E.].

198 199
ser mais importante: Os Sete Samurais, como Rashomon, é um filme
difícil, que leva ao choque, à crise momentânea, que pode bem poste-
riormente se conservar. Porque ali, nas imagens e no ritmo de Kuro-
sawa, se sente o cinema, o cinema sendo a única maneira possível de
contar aquela história. Cremos bastar isso para acusar e reverenciar a
exibição já tardia dessa obra-prima, antológica feitura vinda doriente.

200
2
TEXTOS
SOBRE
A
CRÍTICA
DE
GLAUBER
ROCHA

202 203
GLAUBER ROCHA - O
ASSALTO À IMPRENSA
BAIANA (1957-63)
CLAUDIO LEAL

A aprendizagem de Glauber Rocha no jornalismo ultrapas-


sou a polarização entre esquerda e direita, tão comum numa geração
inclinada em sua maioria à órbita do Partido Comunista. Chefes de
Glauber nas redações de Salvador, Ariovaldo Matos, Inácio de Alencar
e José Gorender provinham da militância comunista no Estado Novo.
Colhendo algum renome na sequência das Jogralescas, espetáculos de
poesia moderna dramatizada no auditório do Colégio Central, Glauber
passou a colaborar sob o pseudônimo Rocha Andrade em O Momen-
to, órgão oficial do PCB falido em 1957. Típico da sua estratégia de
enlevar e atrair políticos para seus projetos pessoais, o encontro em
que surgiu o convite é assim evocado por Glauber: “Num programa
de calouros na Rádio Excelsior fui pedir dinheiro ao secretário do pre-
feito Heitor Dias1, Rosalvo Barbosa Romeu, e conheci o jornalista e

1 Glauber aqui comete um erro: Hélio Machado ainda estava na prefeitura; o vereador
da União Democrática Nacional (UDN), Heitor Dias, ocupava a presidência da Câmara
Municipal.

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romancista Ariovaldo Matos. Daí, O Momento, o semanário Sete Dias, o clássico ex-esquerdista seduzido por ideias conservadoras. Poeta da
onde assumi a crítica de cinema com a coluna ‘Plano Geral’. Conhece- geração de 1945, amigo do sociólogo Gilberto Freyre e de uma conste-
ra o líder neo-integralista Germano Machado e, tendo participado do lação de escritores modernistas, a exemplo de Mário de Andrade e Ma-
Círculo de Estudos, Pensamento e Ação [CEPA], ganhei programa de nuel Bandeira, Odorico trabalhava no Diário de Pernambuco quando
rádio na Excelsior, ‘Cinema em close-up’”2. foi removido por Assis Chateaubriand. Para o desagrado do interven-
Em 1957, regressando do II Congresso Mundial da Juventude, tor pernambucano Agamenon Magalhães, Chatô confiou ao adversário
na URSS, Ariovaldo idealizou o semanário Sete Dias em parceria com deste o comando do jornal Estado da Bahia e da Rádio Sociedade, em
os políticos Barbosa Romeu e Dionísio Azevedo, escudados pelo apoio Salvador, um grupo midiático fortalecido adiante pelo Diário de Notí-
financeiro do prefeito Hélio Machado, ex-integralista e membro do cias e pela pioneira TV Itapoan, inaugurada em 1960.
Partido Democrata Cristão (PDC), e de seu sucessor no cargo, o ude- O conservadorismo político de Chatô e Odorico não afetava o
nista Heitor Dias. Editado no escritório de Azevedo, na rua da Ajuda, o respaldo às vanguardas dos anos 50 e 60, sensibilidade de que Glauber
semanário possuía uma tiragem média de 3.000 exemplares, com pági- tirou proveito no Diário de Notícias, onde passou a colaborar sob a gua-
nas esverdeadas em formato tabloide, rodados na oficina da S. A. Artes rida do crítico Hamilton Correia, que convencera o chefe baiano dos
Gráficas. Ariovaldo e Irênio Simões, editores responsáveis, lideravam Associados a produzir localmente a página de cinema, em vez do mero
a turma de colaboradores, dentre os quais sobressaíam José Gorender, repeteco dos textos originários de O Jornal, do Rio de Janeiro. Mar-
Walter da Silveira, Germano Machado, Paulo Gil Soares e Glauber. A ginalizado nas biografias de Glauber, o apoio de Correia seria signifi-
segunda edição de O Século do Cinema (Cosac Naify, 2006) errou ao cativo na trajetória jornalística do promissor crítico de 17 anos. Fun-
apontar o “Suplemento Literário Sete Dias”, de Vitória (ES), como o cionário do Derba (Departamento de Infraestrutura de Transportes da
veículo dos artigos juvenis de Glauber, publicados na verdade pelo se- Bahia) – os empregos públicos compensavam os péssimos salários dos
manário baiano de nome assemelhado, extinto em 1958, no qual escre- repórteres –, Hamilton foi procurado por Glauber nessa repartição, em
veu sobre Chaplin, Stanley Kramer, Stanley Kubrick e William Wyler. 1957, e aceitou publicar um artigo deixado em suas mãos, julgando-o
A presença no Sete Dias passou a ser concomitante com os en- de bom nível. Os dois se conheciam do Clube de Cinema, no qual o
saios publicados no Diário de Notícias, dirigido pelo superintendente veterano atuava desde 1950 como colaborador de Walter da Silveira na
estadual dos Diários Associados, Odorico Tavares, desafeto do grupo curadoria e divulgação das projeções na imprensa. Em 25 de agosto,
de comunistas encabeçado por Ariovaldo. Apartado do comunismo o tal texto, “Hollywood e os filmes de delinquência juvenil”, saiu na
depois de fugir para a Bahia, por razões políticas, em 1942, Odorico era metade inferior de uma página do Diário de Notícias em que se desta-
cava uma reportagem sobre Lola Montès (1955), de Max Ophuls. Sob o
mesmo título, este primeiro artigo de Glauber se desdobraria em mais
2 ROCHA, G. Revolução do Cinema Novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 305-6.

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três partes (publicadas com as indicações “III” e “conclusão” na tercei- quando Hamilton Correia assumiu uma coluna diária, ampliou o con-
ra e na quarta, mas sem a “II” na segunda), nos dias 1, 7 e 15/9/1957, teúdo regional e absorveu os ensaios de Glauber. O mais bergmaniano
respectivamente. dos críticos baianos, Correia passara pelas redações do Diário da Bahia
O garoto impressionara o bastante para que fosse incluído, e do Estado da Bahia, se incorporara ao núcleo diretivo do Clube de
presumivelmente a partir de julho, entre os convidados do programa Cinema e fora o criador de programas cinéfilos pioneiros em quatro
“Cinema no ar”, apresentado por Correia na Rádio Sociedade, às 23h.3 rádios de Salvador (Excelsior, Cultura, Sociedade e Cruzeiro) até que
Num curto período, ele saltou para veículos de grande visibilidade. fosse contratado pelo Diário de Notícias6. A Correia e Odorico Tavares,
Em 13 de agosto de 1957, duas semanas antes do início da série sobre e não a Glauber, deve-se a ampliação da cobertura cinematográfica nos
delinquência juvenil nos filmes americanos, Glauber resumiu as suas Associados.
atividades numa carta ao advogado Adalmir da Cunha Miranda, resi- Em 1957, Glauber começou a cursar a Faculdade de Direito,
dente em São Paulo: “Atualmente faço crítica em semanário local, novo, sem frequência e interesse razoáveis para continuar os estudos por
Sete Dias, participo de debates semanalmente na Rádio Sociedade, sou mais que um ano. No centro das tarefas geracionais, ele se dedicava
dirigente do Clube de Cinema e talvez seja integrante de uma página às revistas Mapa, idealizada pelo amigo Fernando da Rocha Peres, e
dominical a ser organizada pelo crítico Hamilton Correia na ‘nova fase’ Ângulos, a influente publicação cultural dos acadêmicos da Faculda-
do Diário de Notícias. O Walter da Silveira tem sido um bom amigo, de de Direito da Universidade Federal da Bahia. O nome Mapa fora
melhor mestre, grande incentivador. Aliás, não fosse o Walter, eu me extraído do título de um poema homônimo de Murilo Mendes, que
sentiria um tanto deslocado, pois na turma, à exceção de Alberico Mot- falava ao espírito modernizante da trupe das Jogralescas: “Vivam os
ta (que escreve no Semanário do Rio, remete daqui), não existe interes- transfigurados, ou porque eram perfeitos ou porque jejuavam muito.../
se tão forte por cinema”4. viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente”.
No mesmo dia da carta, o Diário de Notícias divulgou o projeto Deve-se a Fernando Peres a epígrafe com versos de Mário de Andrade
editorial com as seções novas, dos quadrinhos à cobertura de cinema5. (que Glauber voltaria a citar no fim de Revisão Crítica do Cinema Bra-
No caderno “Artes e Letras”, regido por ensaios dominicais literários, o sileiro): “Enquanto isso, os sabichões discutem se doce-de-abóbora não
prestígio da crítica cinematográfica se afirmou em definitivo em 1957, dá chumbo pra canhão”. Peres, poeta e futuro historiador, insistiria na
“fixação em Mário” ao batizar as Edições Macunaíma, selo criado em
sociedade com Glauber e Calasans Neto para editar escritores jovens
3 CORREIA, Hamilton. “Debate sobre cinema”, coluna “Cinema”, Diário de Notícias,
29/09/1957. Em setembro, Glauber participou de um debate sobre o valor dos ingressos e também veteranos, pois não havia antipatia às gerações modernis-
de cinema. Correia convidou também Jafé Borges, Albérico Motta e Jamil Bagdad.
4 ROCHA, G. Cartas ao Mundo. Org. Ivana Bentes. São Paulo: Companhia das Letras, 1997,
p. 94-95 6 Para os dados biográficos e a história do encontro com Glauber, depoimento de Hamil-
5 “Lançamento do novo Diário de Notícias” (publicidade), Diário de Notícias, 11/08/1957. ton Correia em 3/3/2004.

208 209
tas pregressas.7 Marcadamente literária nos dois primeiros números, a ia, matutino fundado pelo ex-militante do PCB João Falcão, filho de
terceira edição da Mapa, por artes de Glauber, foi bancada pelo reitor latifundiário, ex-chofer de Carlos Marighella e responsável pela criação
Edgard Santos, quebrando a estratégia anterior de viabilizá-la exclusi- dos dois principais periódicos comunistas na Bahia, Seiva e O Momen-
vamente através de anúncios. to. Glauber mudou de trabalho e reaproximou-se do grupo de jorna-
Glauber manifestava desde a adolescência a sagacidade de cir- listas aglutinado na clandestinidade do PCB. De Ariovaldo, recebeu a
cular em salões e palácios para viabilizar seus planos artísticos, equi- tarefa de recrutar pessoas de sua geração para formar a equipe de re-
pado somente com uma retórica esperta e laudatória. Sem maiores pórteres, uma missão aceita de bom grado, cheio de planos para tomar
cerimônias, podia sair do lugar de crítico cinematográfico para deitar a imprensa de assalto. Orlando Senna recorda que:
artigo em homenagem ao secretário municipal Barbosa Romeu, aliado
e notório empregador de intelectuais (“à frente da Secretaria de Finan- Desde muito cedo a gente começou a escrever em semanários. Glauber,

ças problemas complexos serão resolvidos”)8, ou para gabar-se de ter eu, João Ubaldo... Outros se dedicavam apenas à crítica de cinema. Tí-
nhamos uma cobertura muito boa: além de Paulo Gil [Soares] e Walter
recebido uma carta do governador Juracy Magalhães, em resposta às
da Silveira, João Falcão, que era um milionário, um progressista, que fez
suas críticas à pasmaceira cultural da província, das quais o udenis-
o Jornal da Bahia para a gente. Glauber era chefe da editoria de polícia,
ta estivera a salvo: “É muito difícil elogiar um político. Os inimigos e eu repórter policial. (…) Glauber traçou um plano de que todos os jor-
mesmo os amigos fazem críticas maldosas e pensam logo que estamos nais da Bahia, todas as rádios e a televisão deviam ter algum de nós fa-
procurando emprego. Como já tenho os meus e não tenho tempo para zendo crítica de cinema ou resenhas de filmes. E a gente trocava. Tanto
cargos públicos, posso, livremente, dizer ao Governador Juracy que sua que Glauber foi a Sebastião Nery, do Jornal da Semana, e disse: “Me dá
carta foi uma surpresa e uma das melhores coisas que já recebi nesta uma coluna de cinema”. Daqui a pouco, ele me chama e diz: “Fica com o
Jornal da Semana porque eu vou pra outro jornal. Depois você passa pro
vida”.9 Os salamaleques juvenis a poderosos ajudam a complexificar o
Fernando Kraichete”. Eu me lembro que tinha até um plano pra frente.
engenho do cineasta em seu controvertido apoio aos generais Ernesto
Depois, realmente, chamei o Fernando Kraichete e disse: “Agora é você”.
Geisel, Golbery do Couto e Silva e João Figueiredo, no período da aber- E fui pra outro jornal. Ou seja, uma coisa planejada. Ele chamava de “as-
tura política da ditadura militar, na década de 1970. Estava longe de ser salto à imprensa”. E terminou a gente dominando o mercado de crítica de
um artifício surpreendente em seu trajeto. toda a imprensa e também das rádios. Na televisão, não constantemente.10
Em 1958, um chamado de Ariovaldo Matos, José Gorender e
Inácio de Alencar levaria Glauber a transferir-se para o Jornal da Bah- A conquista da mídia não camuflava o objetivo de isolar e deter
os inimigos na imprensa. O crítico-cineasta revelou, textualmente, a
7 Para a criação das Edições Macunaíma, depoimento de Fernando da Rocha Peres em
26/02/2018.
8 ROCHA, G. “Barbosa Romeu no lugar certo”, Diário de Notícias, 7/03/1961.
9 ROCHA, G. “Bilhete ao governador Juracy”, Diário de Notícias, 19 e 20/02/1961. 10 Depoimento de Orlando Senna em 5/11/2017.

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meta de construir um terreno favorável à sua geração, se necessário Na redação do Jornal da Bahia, ele, desde o início, ocupou a chefia da
abrindo fogo contra os articulistas não-alinhados. “Enquanto escrito- página policial, não porque tivesse qualquer pendor para esse trabalho,
mas simplesmente porque, ocupando-se à noite, dispunha do dia inteiro
res e jornalistas descobrem que na Bahia a ‘cultura pode viver’, nós nos
para ler, escrever crítica cinematográfica, ensaios para o suplemento e,
esquecemos disto e preferimos uma ambição individual da metrópole
eventualmente, filmar. De certa forma, preferiu ficar naquele setor tam-
sem que, em primeiro lugar, procuremos destruir de uma vez por todas
bém porque, analista da alma humana, via o seu temperamento dramáti-
as víboras locais que, dispondo de espaços nos jornais, tripudiam sobre co enriquecido pelos conflitos e episódios que a todo instante desfilavam
o trabalho de profissionais mais honestos da arte, da política, da im- na sua frente, numa área de tantas e tão reiteradas comoções diárias como
prensa e de vários outros ramos jovens da atividade baiana”, escancarou é a do jornalismo policial12.
Glauber em 196111.
Marco dessa cruzada cultural, o Jornal da Bahia arregimentou A transferência de Glauber para o Diário de Notícias, em meados
o núcleo de sua geração, menos Fernando da Rocha Peres, que estava de 1959, veio em solidariedade ao secretário-geral do Jornal da Bahia,
fora de sua zona de liderança e migrou em 1959 para a Faculdade de Inácio de Alencar, então em confronto com a direção deste matutino.
Direito do Recife, e Antonio Guerra Lima, mais tarde repórter político Alencar aceitou um convite de Odorico Tavares, há algum tempo de-
do Diário de Notícias. Na empresa de João Falcão, a turma de Glauber sassossegado com o sucesso do concorrente e disposto a iniciar uma
incluía João Carlos Teixeira Gomes, Fernando Rocha, Calasans Neto, reforma gráfica e editorial. Glauber, Paulo Gil, Florisvaldo e Calasans
Paulo Gil Soares, Florisvaldo Mattos, Orlando Senna e João Ubaldo Ri- acompanharam Alencar, a partir dali responsável pelo desenho das pá-
beiro, todos eles apresentados a procedimentos editoriais e técnicas de ginas do Diário e pelo futuro suplemento cultural, o mais sofisticado do
reportagem introduzidas no Brasil pela imprensa carioca (lead e sub- jornalismo baiano. Na despedida da redação da Barroquinha, Glauber
lead). Glauber virou editor de polícia, cargo menos atribulado que o enviou uma carta a João Falcão, acusando-o de ser “traidor da revolu-
de repórter de rua, e criou a coluna “Jornal de Cinema”, mantida até ção”, uma bravata recordada sem mágoas pelo dono do jornal.13
1959, quando foi sucedido por Plínio de Aguiar, durante a sua viagem O rapaz de fogo polemista passou a ocupar a sede dos Diários
a São Paulo, e definitivamente por Jerônimo Almeida, pseudônimo de Associados, na rua Carlos Gomes, 57, a menos de um quilômetro do
José Gorender. Embora tenha se criado uma mística em torno da per- antigo trabalho. Em 2 de agosto de 1959, Glauber lançou a coluna do-
manência de Glauber na editoria policial, a escolha da função atendia
a razões pragmáticas. Teixeira Gomes, seu biógrafo, apresentou uma 12 GOMES, João Carlos Teixeira. Glauber Rocha: esse vulcão. São Paulo: Nova Fronteira,
1997, p. 71.
justificativa precisa: 13 Para o ataque de Glauber a João Falcão, cf. carta a João Carlos Teixeira Gomes de
02/01/1976: “Não quero ser correspondente de João Falcão. Quando lhe escrevi queria
mas lembrei que lhe mandei carta de demissão, o acusando de ter traído a Revolução.
Era verdade.” (ROCHA 1997, p.566). Para a lembrança amena de João Falcão sobre o
11 “Bilhete ao governador Juracy”, Diário de Notícias, 19 e 20/02/1961. episódio, décadas mais tarde, depoimento ao autor em 25/05/2005.

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minical “O cineasta e seu filme”, obviamente afetado pela política do especializado. Os demais são meros comentaristas que se eximem da dis-
autor, e escolheu para a estreia uma análise do curta Nasce um mercado, cussão estética15.

de Trigueirinho Neto, exibido naquela semana no Clube de Cinema.


Trigueirinho aguardava então a filmagem de Bahia de Todos os Santos, O espírito geracional ficava manifesto. Certo dia, a caminho da
prevista para setembro. “Ele não vem buscar a Bahia como exploração Rádio Sociedade, Orlando Senna abriu, por engano, a porta de Odorico
turística nem como cenário comercialista: ele deseja contar uma estó- Tavares, ali embalado por uma conversa com Chatô. Odorico aceitou
ria que acontece em nossa paisagem: sua arquitetura plástica e social as desculpas e apresentou-o ao chefe: “Assis, esse é um dos garotos dos
criando possivelmente uma obra de arte”, apostava.14 Glauber assumiu quais estou lhe falando. É um grupo grande. Ele faz parte dele”.16 Num
dessa vez o cargo de copidesque, espécie de revisor e redator de títulos gesto típico de suas contradições básicas, o superintendente acolhia a
e reportagens, uma atividade que lhe assegurava o dia claro para os es- coluna dominical de Walter da Silveira, embora não lhe tivesse amizade
tudos, a escrita de ensaios e as idas ao cinema. O “assalto à imprensa” se e sequer simpatia, possivelmente envenenado pela militância comunis-
assenhorava ainda do colunismo social, em certo período exercido pela ta e pela advocacia trabalhista do crítico.17 A atuação de Walter no ca-
atriz Helena Ignez, a “Krista”, cuja colaboração com o Diário de Notí- derno cultural do Diário de Notícias, introduzindo a defesa do cinema
cias durou mais de um ano e se encerrou em 27 de fevereiro de 1960. brasileiro, clareou o caminho da radicalidade crítica dos discípulos.
A reputação crítica de Glauber, porém, não inspirava unanimidade. O No final de 1958, o cineasta iniciou a colaboração com o Suple-
crítico teatral Carlos Falck agulhou: mento Dominical do Jornal do Brasil, vitrine que alargaria seu campo
de influência no Rio e em São Paulo. Acolhido pelo editor do SDJB,
Walter da Silveira representa a formação crítica indispensável para o o poeta Reynaldo Jardim, Glauber estreou com uma crítica do filme
desenvolvimento de nossa arte cinematográfica. Não existe, até agora, franco-italiano Aquele que deve morrer (Celui qui doit mourir, 1957),
nenhum nome local que discorde de suas teorias – o que faz que enten- de Jules Dassin, finalizando o artigo com um elogio a Stanley Kubrick:
damos sua atuação como perfeitamente aceita. Ainda há Glauber Rocha
“Nesse todo invertido, Stanley Kubrick. Cumpre a esse jovem de vinte
e Orlando Senna. Ambos mais interessados na realização, fazem o jorna-
e nove anos reintegrar o cinema em sua verdadeira existência: aquele
lismo cinematográfico como estágio inicial. O primeiro, através de uma
atuação constante, tem demonstrado real interesse para a problemática
fio Potemkim, Joana D’Arc que se quebrou, que tentou se reencontrar
do cinema nacional, mas ressente-se, regra geral, de uma exata e neces- em Umberto D, que feriu gravemente, se soltou em Aquele Que Deve
sária formação teórica. Orlando Senna, mais recente e já integrado na Morrer, exemplo geral de toda a contradição. Cumpre a Kubrick, por
realização cinematográfica, segue, na crítica, os passos de seu mestre –
Glauber Rocha. Tem habilidade, mas possui muito pouco conhecimento 15 FALCK, Carlos. “A crítica na Bahia”, Jornal da Bahia, 18 e 19/02/1962.
16 Depoimento de Orlando Senna em 5/11/2017.
17 Para a distância entre Odorico Tavares e Walter da Silveira, depoimento de Fernando
14 ROCHA, G. “Trigueirinho Neto: Nasce um mercado”, Diário de Notícias, 2/8/1959. da Rocha Peres em 26/02/2018.

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imposição necessariamente surgida de sua possibilidade revelada. Nes- Glauber exigiu uma coluna de cinema, repassada adiante a Orlando
sa perspectiva Kubrickiana, que veremos oportunamente, está o cami- Senna. Foi preservado apenas um artigo de Glauber no semanário,
nho do cinema nesse tempo de anti-cinema”.18 Em 11 de fevereiro de “Bom dia, Harry Stone” (Jornal da Semana, 2-9/12/1961), hoje arqui-
1961, Glauber viveria seu momento de estrelato no SDJB numa polê- vado na Cinemateca Brasileira. Lançado em 1962, editado por Arioval-
mica com o jornalista Paulo Francis, contestador do projeto de Martim do e José Gorender, sob influência do PCB mas sem submeter-se aos
Gonçalves na Escola de Teatro, defendida em tom ríspido – típico do comunistas, o semanário Folha da Bahia acolheu “um ou dois artigos”,
próprio Francis – pelo obscuro articulista de Salvador. segundo a lembrança do cineasta.19 Os arquivos das redações foram
O artigo “Tope a parada, Mr. Francis” sedimentou a sua for- apreendidos e extraviados pelos militares da Sexta Região Militar, nas
te adesão ao trabalho de Martim, diretor da montagem de A Ópera pilhagens de provas de atividades subversivas. Nery, Ariovaldo, Goren-
dos Três Tostões, de Brecht, no Teatro Castro Alves, uma experiência der acabariam presos.
estética comparada por Glauber às exposições curadas pela arquiteta Entre 1962 e 1963, Glauber engajou o Diário de Notícias em seus
Lina Bo Bardi no MAM-BA. Menos de quatro anos antes dessa polê- planos profissionais e disparou apoio deliberado aos filmes de Nelson
mica, combatido pelo temperamento autoritário e pelo privilégio ao Pereira dos Santos, Paulo César Saraceni, Joaquim Pedro de Andrade,
repertório clássico, Martim enfrentara a resistência local de Glauber, do Ruy Guerra, Miguel Borges, Cacá Diegues, Aurélio Teixeira e Rober-
qual merecera palavras preconceituosas numa carta enviada ao amigo to Pires, entre outros cineastas cujas filmagens eram noticiadas com a
Adelmir da Cunha Miranda em 13/08/1957: “A Reitoria aqui possui vinheta partidária “Informe Cinema-Novo”. O temperamento engagé
um curso, passatempo de pederastas intelectualizados cuja chefia cabe o fez colaborar, naquela quadra, com o jornal carioca O Metropolita-
a um ‘importado’ Martim Gonçalves, reacionário de quatro costados” no, órgão da União Metropolitana dos Estudantes ocupado por Cacá
(ROCHA, 1997, p.95). Em 1961, a sua opinião era outra, e o cinema Diegues, David Neves e Sérgio Augusto, membros da trupe cinemano-
baiano começava a servir-se dos atores, diretores e cenógrafos instruí- vista. Num de seus últimos ensaios à beira de desertar do jornalismo
dos pela Escola de Teatro. diário e fixar-se no Rio, em 1963, Glauber introduziu Porto das Caixas,
A estratégia de apoderar-se da arena pública encorajava Glauber o primeiro longa de Saraceni, no processo de transformação da arte
a cometer infidelidades editoriais nas vizinhanças do Diário de Notí- brasileira, ao qual se incorporava – falava, afinal, como diretor de Pátio
cias, em duas publicações de ex-colegas do Jornal da Bahia, demitidos e Barravento:
depois de brigas com João Falcão. Em 1961, na criação do Jornal da
Semana, fundado por Sebastião Nery para combater Juracy Magalhães, Porto das Caixas - que está bem próximo do romance de Graciliano Ra-
mos (todo o clima é o mesmo de Angústia), da poesia de João Cabral de

18 ROCHA, G. “Dassin: Cine-Cristo às avessas”, Jornal do Brasil, 16/11/1958. 19 ROCHA, G. Revolução do Cinema Novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 305.

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Mello Neto (pela rigorosa decupagem dos takes e pela exatidão da monta-
gem) e da gravura de Goeldi (pela trágica luz de Mario Carneiro) – apesar
do argumento ser de Lúcio Cardoso – tem ainda na contribuição de Tom
Jobim o elo que o liga a Villa-Lobos. É, assim, o único filme brasileiro in-
tegrado no processo cultural brasileiro: primeiro filme de autor que, pelo
fato de não se vincular àquilo que, superficialmente, se considera ‘cinema’,
foi sintomaticamente condenado. Um passo adiante, em busca de um “ci-
nema novo”, esperamos em Garrincha, de Joaquim Pedro, O Sol Sobre a
Lama, de Alex Viany, e Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos – entre
as teorias já postas em prática.20

No Jornal da Bahia e no Diário de Notícias, nas rádios e na in-


cipiente televisão, Glauber exerceu uma influência ostensiva na mídia
baiana, ao mobilizar uma escolta de partidários do Cinema Novo com
propósitos de proteção, ataque e persuasão. Pleno de urgência, ele for-
çava as portas do velho regime para a entrada do cinema moderno,
usando como trampolim o jornalismo renascido no ciclo de reformas
editoriais e gerenciais. Nos suplementos de artes, em Salvador, Glauber
determinava as duas linhas do agitprop: a formação de respaldo crítico
ao Cinema Novo, dentro de um programa anticolonial.

20 ROCHA, G. “Porto das Caixas (Saraceni)”, Diário de Notícias, 17 e 18/02/1963.

218
GLAUBER ROCHA,
CRÍTICO NA
IMPRENSA CARIOCA
(1958-65)
ARLINDO REBECHI JUNIOR

Glauber Rocha foi um colaborador contumaz da imprensa bra-


sileira e internacional, desde o início de sua carreira, no final dos anos
1950, até o período final de sua vida, nos inícios da década de 1980.
Quando não estava escrevendo um artigo, estava ele opinando em uma
entrevista. Seus livros de não ficção publicados – Revisão Crítica do
Cinema Brasileiro (1963), Revolução do Cinema Novo (1981) e O Século
do Cinema (1983) – são em parte a reconstituição desses seus lances e
percursos de imprensa1.
Com foco na visada crítica de Glauber sobre o cinema brasilei-
ro, este artigo percorre alguns momentos decisivos dessas contribui-

1 Cf. XAVIER, Ismail. Prefácio. In: ROCHA, G. Revisão Crítica do Cinema Brasileiro. São
Paulo: Cosac Naify, 2003, p. 7-31. XAVIER, Ismail. Prefácio. In: ROCHA, G. Revolução
do Cinema Novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p.13-27. XAVIER, Ismail. Prefácio. In:
ROCHA, G. O Século do Cinema. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 9-31.

220 221
ções na imprensa carioca, entre os anos de 1958 e 1965. Basicamente, Uma eventual frustração de Glauber pela não publicação do
dois jornais cariocas acolhem, no período, as contribuições de Glauber: texto coletivo, todavia, não o desencorajou. As portas do Jornal do Bra-
o Jornal do Brasil, por meio do Suplemento Dominical, e o Diário Ca- sil estavam abertas, de vez, para suas colaborações. Antes, em 1958,
rioca, com uma coluna em fins de 1964. Glauber já havia publicado dois artigos: “John Sturges: do novo Wes-
Acompanharemos aqui alguns momentos-chave da atividade tern” (SDJB, 7/9/1958, p. 1), e “Dassin: Cine-Cristo às avessas” (SDJB,
do crítico nestes jornais, sem a pretensão de esgotar assunto tão com- 16/11/1958, p.6). Ambos dedicados ao cinema estrangeiro.
plexo em tão limitado espaço. Nosso propósito é reafirmar a importân- Os anos de 1959 e 1960 foram de numerosas contribuições do
cia das relações entre Glauber e a produção periódica nos estudos das jovem crítico no SDJB. No espaço do jornal ele pode escrever sobre ci-
suas práticas intelectuais. nema estrangeiro, sobre cinema nacional e ainda polemizar com outros
intelectuais em temas que lhe eram bastante caros. Entre várias possi-
O SUPLEMENTO DOMINICAL DO JORNAL DO BRASIL E AS BASES bilidades organizativas do material jornalístico produzido por Glauber
DE UM NOVO PROJETO DE CINEMA NACIONAL no suplemento, uma linha de força está nele sugerida e merece desta-
que: os artigos em defesa do cinema nacional.
Em 1959, Glauber organiza uma sessão carioca para a apresen- A procura por uma concepção de cinema nacional, buscando
tação de seu primeiro curta-metragem, Pátio, junto com o filme de Sa- enquadrá-lo nas discussões em pé de igualdade com outras manifes-
raceni, Caminhos. A casa de Lygia Pape era o local agendado para o tações artísticas, tradicionalmente reconhecidas por aqui, fez Glauber
evento, que representaria um contato mais estreito com importantes ensaiar suas ideias por muitos caminhos. A publicação de “Orfeu me-
intelectuais do Rio de Janeiro daquele tempo. Entre eles: Mário Pedro- tafísica de favela” (SDJB, 24/10/1959, p. 1), com comentários em torno
sa, Décio Vieira, Ferreira Gullar, Amílcar de Castro, Hélio Oiticica e de Orfeu negro, do diretor francês Marcel Camus, não traz apenas uma
Reynaldo Jardim, este último o editor das páginas do Suplemento Do- crítica severa de Glauber a um filme estrangeiro. Nas entrelinhas, está
minical do Jornal do Brasil (SDJB). É possível supor que os filmes e os também um olhar que entrevê uma atuação do cinema e do cineasta
debates acalorados possam ter impressionado Jardim, que de imediato como debatedor de um projeto nacional ainda em curso:
ofereceu o espaço do SDJB para que Glauber e seus jovens amigos de
cinema do Rio pudessem escrever um manifesto, que aliás não chegou Que era que Camus pensava que favela carioca fosse? Uma obra de arte
vale pelo que vale, pela sua expressão e não pela sua intenção. [...] Se o ho-
a ser publicado2.
mem-artista é francês e lá existe o puro. Desespero, então fique por lá. A
favela é a favela. É uma chaga social, uma chaga mesmo. Não nos interessa
2 A história da leitura do texto, conhecido como “manifesto bola-bola”, foi relatada por: falar em defesa da favela porque agora mesmo ela vai ser pintada pelo Tu-
SARACENI, Paulo César. Por dentro do cinema novo: minha viagem. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1993, p. 47. rismo para ser mais linda. Lá na favela há um drama. Não é de metafísica:

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é de fome. Não se tem o direito, diante de uma pessoa que passa fome, de Para si, o jovem crítico encara um desafio e uma responsabilidade: pre-
se fazer a mínima literatura com a fome (SDJB, 24/10/1959, p. 1). cisava começar a construir discursivamente a nova história do cinema
brasileiro e as páginas do Jornal do Brasil, alinhado a um projeto edi-
Na crítica a Camus, Glauber não só reitera sua recusa a um fil- torial inovador, poderiam se encaixar como veículo mais viável para a
me que ornamenta a paisagem local. Em outro sentido, o jovem crítico difusão de novas ideias. Deve-se supor com alguma segurança que os
coloca-se a pensar o próprio filme nacional. Estava em jogo a explo- laços consolidados com o grupo de jovens cineastas do Rio impulsio-
ração da forma fílmica em todas as suas potencialidades. A favela re- naram Glauber a realizar uma espécie de dossiê sobre os problemas do
tida dentro de um mundo enquadrado pelos planos americanos dos nosso cinema e, assim, formular uma ação programática, no sentido de
personagens revelaria que o seu autor nada mais faz do que o retrato apresentar um novo modelo de prática artística não mais num sentido
da crença de um mundo sem conflitos, envolvido com os mascaramen- local e, sim, nacional.
tos dos embates ideológicos. Glauber vai dizer que o enquadramento “Cinema: operação Nordeste” (SDJB, 12/12/1959, p. 5) é uma
da favela, assim como do pescador, do homem do sertão, da paisagem nova resposta para o projeto de construção do cinema nacional. O sur-
árida, só teria algum sentido, dentro dessa linha, caso trouxesse impli- gimento de uma nova expressão do cinema nacional estaria em con-
cações que mobilizassem o espectador para um tipo de cinema menos siderar que a força deste novo cinema surgiria, irremediavelmente, da
contemplativo. dimensão da expressão fílmica submetida à temática da realidade na-
Nesse mesmo horizonte de compreensão, corroborando suas cional. Como exemplo desse novo ciclo, chama-lhe a atenção o desloca-
afirmações em defesa de um cinema brasileiro construído a partir mento de duas equipes de filmagem para o Nordeste: as de Nelson Pe-
dos seus elementos intrínsecos, dois outros artigos são publicados por reira dos Santos e Trigueirinho Neto. Para Glauber, demarcava-se um
Glauber e podem ser considerados complementares: “Sete pontos: ci- início, o começo de uma ruptura: “dois cineastas da geração atuante do
nema brasileiro”, de 5 de abril de 1959, e “Cinema: operação Nordeste”, chamado filme sério abandonam a Metrópole sulina (Rio e São Paulo)”
de 12 de dezembro de 1959. (SDJB, 12/12/1959, p. 5).
Em “Sete pontos: cinema brasileiro”, o jovem crítico tem o intui- Aclimatadas, quem sabe, pela atmosfera que contaminava o
to de chamar a atenção para a arte cinematográfica e, em certa medida, pensamento da intelligentsia brasileira pré-1964, as palavras de Glauber
aglutinar, simbolicamente, os jovens de mesma geração. Escreve Glau- beiram a constatação das coisas presentes e sugerem um prognóstico
ber: “dada a nossa pobreza, qualquer ideia para uma organização esté- otimista de tais transformações:
tica e industrial seria justa e plenamente aceitável. O que não se pode
aceitar é desunião fundamental que existe entre cada homem de cine- Pelo menos as novas gerações, um pequeno grupo mais jovem do que o
ma ‘sério’ no Brasil. Há carência de ‘pensadores’” (SDJB, 5/4/1959, p. 5). atuante, compreendem que o filme brasileiro não pode começar a viver

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na metrópole e por isso deve penetrar, buscar não só o testemunho so- ajustada à escassez de recursos e de condições de produção.
cial como a matéria para trabalhar uma expressão nascida dela mesma, Das ideias presentes no artigo, é possível extrair algumas cons-
sem fazer manobras com a linguagem dos outros. Depois há o campo
tatações. A defesa do cinema nacional por Glauber pode ser com-
para se começar a armar a indústria: na jungle há matéria exportável,
preendida como reação de sua emergente geração artística contra um
sem concorrência no mercado estrangeiro, material para a exploração a
suposto servilismo estrangeiro. Dois argumentos garantiriam neste
longo prazo. Não se pode exigir para o filme nacional de hoje a consuma-
ção e a urgente crise intelectual de todos os cinemas tradicionais (SDJB, planejamento de ações seu fator de sucesso: era preciso que a nova ge-
12/12/1959, p. 5). ração, além de apresentar seu problema de ordem estética, deixasse cla-
ra sua ordem programática de movimento em processo, sob o impulso
A formulação de Glauber é específica. Sua busca é por um novo político de se organizar para o enfrentamento dos intelectuais já esta-
marco histórico do cinema brasileiro. Assim, um novo período se inau- belecidos; era preciso que a matriz de cinema brasileiro nascesse sem a
guraria com a saída do filme da cidade, com sua saída “do drama de dependência do cânone dominante de outro cinema moderno; se isso
apartamento, do melodrama de boate, do neorrealismo de subúrbio” não fosse totalmente possível, seria necessário pelo menos salientar nos
(SDJB, 12/12/1959, p. 5). Tal equação, marcada pela temporalidade textos a recusa aos padrões e influxos externos. Em relação a este tó-
do momento, é formulada sob duas necessidades de defesa: o cinema pico, em que pese a força mais tática e retórica do argumento, Glauber
como arte autônoma e representativa de um mundo em esperança de- observa: “quem não acreditar em nossas palavras, está desafiado para
senvolvimentista e o Brasil como ideia e ressonância de um debate bas- assistir a A Garganta do Diabo, Bahia de Todos os Santos e Vidas Secas,
tante presente desde os tempos do nosso modernismo nos primeiros e depois responder se há ou não há, no Brasil, material muito melhor
decênios daquele século. Estava ainda no ar a seguinte pergunta: o que do que nouvelle-vague” (SDJB, 12/3/1960, p. 5).
somos afinal? No debate sobre um novo cinema, o filme de Paulo César Sara-
Meses depois, Glauber publicaria o artigo “‘Bossa Nova’ no ci- ceni e Mário Carneiro, Arraial do Cabo (1959), tem um papel central.
nema brasileiro” (SDJB, 12/3/1960, p. 5), ampliando os pontos antes Em dois artigos publicados no SDJB a menos de um mês de intervalo,
levantados. O jovem crítico reafirmava estar em curso um novo movi- em 1961, Glauber supõe que o silêncio de críticos em torno do filme
mento na história do nosso cinema. A referida “bossa nova” em nosso não é um acaso, tendo em vista as muitas premiações que ele já havia
cinema ligava-se à condução de jovens cineastas (os tais cineastas “sé- conquistado em festivais europeus. Por detrás de uma aparente cons-
rios”) que, aliados aos de uma ainda mais nova geração de cineastas em tatação, Arraial do Cabo torna-se o mote para provocar adversários e,
formação (a “bossa novíssima”), buscavam construir um cinema cons- assim, identificá-los a grupos antagônicos. Em “Arraial, Cinema Novo
ciente do processo emancipatório e dos debates ali implicados: entre e câmara na mão” (SDJB, 12/3/1961, p. 4), Glauber diz que “O furo de
eles, havia o desejo comum de uma nova estética de construção fílmica Arraial do Cabo é mais importante para o cinema nacional do que tudo

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que se faz agora: as briguinhas, a euforia industrialista, o culto do ouro nesta miséria nacional, que nosso cinema pode mergulhar em nova
corrompido que virá com a co-produção”. linguagem estética e social. Mas sabem os desesperados das produções
A defesa de Arraial do Cabo postula um jogo entre defensores mirabolantes que um cinema novo e livre não precisa do muito que se
e detratores de um novo cinema em curso. Seria o filme exatamente pede: precisa, sobretudo, de ideias” (Ibidem, p. 7).
o marco entre o que até então se fazia e o novo que se anunciava. A Nesse mesmo período, em 1961, às vésperas de finalizar seu
passagem a seguir evidencia o projeto de antagonismos que Glauber primeiro filme de longa-metragem, Barravento, talvez já pela notória
procura demarcar: repercussão de seus textos na capital carioca, talvez pela segurança que
a amizade com os jovens intelectuais desta mesma cidade lhe garantia,
Se adotamos o nome de cinema novo, não foi por imitação. É porque Glauber soube avaliar o clima propício para a escrita de um artigo cer-
— certos ou errados — envergonha dizer que fazemos ou vamos fazer teiro. Este já trazia, de certa forma, uma síntese fundamental da movi-
cinema brasileiro ombro a ombro com aqueles que, até agora, apenas gas-
mentação daqueles novos e barulhentos cineastas, transparecendo, na
taram dinheiro com imponências fracassadas.
forma que beira o manifesto, a opção por um cinema de autor, na con-
É bom que agora se diga a verdade: os chamados filmes sérios fracassaram
nas bilheterias porque eram provincianos, mal feitos, culturalmente juntura de defesa incansável de um cinema novo. Trata-se do extenso
desligados de nossa realidade, covardes nos argumentos e na realização artigo “O processo cinema”, de 6 de maio de 1961.
quadradinha da imitação de cinemateca ou de Hollywood (SDJB, Demarcado pela vivência de cineasta e de crítico, que se esti-
12/3/1961, p. 4). mulava no projeto coletivo de criação e manutenção de uma classe
cinematográfica singular no Brasil, este artigo só poderia aparecer de-
No artigo “Cinema novo e cinema livre” (SDJB, 8/7/1961, p. 7), pois de uma longa gestação de ideias praticadas e analisadas em artigos
a estrutura é similar. Do mesmo modo, Arraial do Cabo representaria anteriores publicados nos periódicos baianos ou no próprio Jornal do
um marco temporal, uma nova mentalidade no cinema brasileiro liga- Brasil. Em uma conjuntura adequada de valorização de novas cinema-
da à produção independente de jovens autores: “os melhores serão os tografias nacionais, tendo a seu favor o apoio de um veículo de impren-
filmes de autores, porque somente os autores tem uma obra a realizar: sa de boa repercussão, o texto de Glauber guarda em si a diversidade e
consequentemente são independentes”. Em oposição a um cinema mais a síntese desse debate.
industrial, Glauber defendeu no artigo que um cinema novo e livre de- Este artigo opera, a um só tempo, duas visões: a do crítico e a do
penderia essencialmente de um novo arranjo no financiamento e na cineasta. Cada uma deslizando sobre a outra, sem que se note o prejuí-
busca de uma nova linguagem que pudesse incorporar, com a inde- zo ou o benefício de uma delas. As duas experiências, complementares
pendência das matrizes estrangeiras, as formas contraditórias e assimé- e não excludentes, alternam-se, sem que ao certo possamos identificar
tricas da realidade nacional. Escreveu o jovem crítico: “sabemos nós, com precisão tal chaveamento. Glauber cobra de todo e qualquer ar-

228 229
tista do cinema a postura da autonomia em relação às possibilidades Precisamente, em novembro de 1964, o Diário Carioca oferta
estéticas da nova arte. Supondo que as condições das técnicas e da eco- a Glauber uma coluna para que pudesse escrever sobre cinema. Suas
nomia sempre são condicionantes do fazer fílmico, Glauber prevê que contribuições vão até os primeiros meses de 1965. Intitulado “Para co-
a experiência do filme traz ao artista o dilema entre aderir ao mundo meçar” (DC, 12/11/1964, p. 7), seu primeiro texto faz a apresentação
industrial e ser mutilado ou não se deixar levar pelo estrelismo e per- dos seus princípios críticos e da sua linha de atuação para a coluna –
mitir que suas apostas recaiam ainda sobre o desejo de ajustar suas for- na esteira dos chamados textos de ouverture dos críticos literários dos
mas de pensamento às demandas sociais prementes. Ou seja, tornar-se jornais. Nele, o crítico define o que chama de “plataforma ou plano
um cineasta pela perspectiva autoral e com responsabilidade criadora. de ação”. Começa comentando a dificuldade que é escrever sobre ci-
Mas não é só com o artista que Glauber é exigente. É também com o nema e enuncia duas possibilidades equivocadas de um crítico diante
crítico desta nova arte. Homem do gosto, o risco do crítico é, segun- do seu leitor. A primeira é o entendimento de que um tipo de crítica
do ele, deixar-se enganar por aquilo que parece ser, mas não é a jus- pode sugerir ao seu leitor uma forma passiva e conformista de absorção
ta medida para um bom e honesto cinema. A integridade do cinema, das opiniões do crítico, criando uma “relação passiva de troca onde o
neste caso, sempre passará pelo olhar ético do crítico sério e sincero, espectador comodista se curvará sempre às ideias do colunista” (DC,
cuja capacidade de avaliação, segundo o autor, deveria estar a serviço 12/11/1964, p. 7). A segunda diz respeito a um tipo de coluna que, lon-
do projeto de construção do verdadeiro cinema, longe das exigências ge de ser um meio de elucidação para o leitor, se transforma em um
mercadológicas. “todo fechado e quase inacessível, num fim snob e que serve apenas
para demonstrar conhecimentos supérfluos” (DC, 12/11/1964, p. 7),
A COLUNA NO DIÁRIO CARIOCA podendo levar o leitor a se afastar de uma compreensão do cinema.
Glauber, por sua vez, define sua linha em uma terceira via. Sua estraté-
O início dos anos 1960, na capital carioca, foi para Glauber um gia foi a de abordar o cinema, segundo ele, “na sua pureza original”, no
período de aclimatação, entre idas e vindas de Salvador, e de busca por sentido de observar um cinema que não estivesse sujeito às influências
uma solidez nos laços de amizade e de afinidades eletivas entre jovens externas, mas sem perder de vista sua relação com os assuntos nacio-
intelectuais interessados em escrever sobre cinema e fazer cinema. Suas nais. Diz o crítico do Diário Carioca o seguinte:
contribuições no SDJB revelam, nesse sentido, os passos estratégicos
Nossa participação direta no movimento do novo cinema brasileiro (que
que ele podia dar rumo à liderança de um novo movimento em curso.
nos leva inclusive a voltar ao assunto) fará com que dirijamos grande
Sua chegada ao Diário Carioca (DC) marca um novo momento: seu
parte das opiniões emitidas, nos tópicos, para essa entidade que se está
nome já se consolidou e já se sabe quem é o crítico e quem é o cineasta tornando um movimento cultural de grande importância e que, parado-
Glauber Rocha.

230 231
xalmente, tem maior ressonância no exterior do que no Brasil. A nossa lio que detém o próprio crescimento do mercado de curtas-metragens.
finalidade precípua seria, então, a de contribuir para o que poderia ser Glauber sabia da importância dos filmes curtos como laboratório para
chamado de ‘nacionalização da consciência do espectador brasileiro’ que
jovens interessados nas primeiras produções.
até hoje tem-se intoxicado com o excesso do produto estrangeiro desper-
Nessa mesma brecha, sobre as dificuldades de inserção dos
sonalizado, que satura o nosso mercado exibidor (DC, 12/11/1964, p. 7).
jovens realizadores, Glauber escreveu o texto “Cinema Brasileiro 64”
(DC, 20/11/1964, p. 7), que considero um balanço de suas preocupa-
Ainda que esteja anunciada com especial atenção a abordagem
ções sobre os riscos da continuidade do que considerou um movimen-
do cinema brasileiro, nem sempre Glauber conseguirá priorizar na co-
to sem precedentes no cinema nacional; conforme diria, o trabalho de
luna os filmes nacionais. Possivelmente, sua disposição para escrever
“um grupo de jovens dispostos a todo custo a se dedicarem ao cinema”.
era muito menor se comparada aos tempos em que se dedicava aos
A situação constatada é relatada por Glauber da seguinte maneira:
artigos entre 1960 e 1961 no SDJB. No Diário Carioca, veremos que
nesses meses em que Glauber assume a coluna não é incomum que
A realidade, porém, é que não estávamos criando, ao mesmo tempo
outros dois críticos (David Neves e Antônio Carlos Fontoura) o subs- que, principalmente com entusiasmo, começávamos a trabalhar, as
tituam, o que sugere uma escassa disponibilidade do cineasta baiano condições básicas para que o nosso trabalho entrasse num processo de
à atividade assumida. Não se pode também perder de vista que, em continuidade. Por isso, Paulo César Saraceni teve que esperar dois anos,
fins de 1964 e início de 1965, Glauber faz longas viagens ao exterior, depois que terminou Porto das Caixas, para só agora começar O Desafio.
onde visita cineastas e pessoas ligadas ao cinema e frequenta eventos no Por isso, Joaquim Pedro de Andrade esperou um ano e meio depois de
concluído Garrincha, Alegria do Povo para também agora estar come-
México, nos EUA e, evidentemente, na Europa. No entanto, na menor
çando Negro Amor de Rendas Brancas. Depois de concluído Barravento,
oportunidade, ele lança mão de argumentos que façam seu leitor refle-
esperei três anos para fazer Deus e o Diabo na Terra do Sol e assim tem
tir sobre diferentes temas de interesse no nosso campo cinematográfi- acontecido com todos nós. [...] A profissão de cineasta no Brasil é uma
co: por exemplo, discute o mercado exibidor nacional, nossas formas profissão marginal. É uma profissão em que dependemos de esmolas de
de financiamento ou mesmo as influências da televisão no mercado de governos, da boa vontade deste ou daquele governador. Dependemos, no
filmes por aqui. momento, quase que exclusivamente desta esmola e, se ela nos for ou vier
Em seu artigo “As atualidades” (DC, 18/11/1964, p. 7), Glauber a ser negada, nos veremos obrigados a cruzar os braços, a nos vendermos
a um esquema burocrático qualquer, a mendigar um emprego na televi-
faz seus comentários sobre a produção nacional de jornais cinemato-
são (DC, 20/11/1964, p. 7).
gráficos exibida antes de sessões de filmes em cinemas. Era o que se
compreendia juridicamente como complemento nacional. Sua crítica é
Nessas palavras, seja pelo seu tom de reivindicação, seja pela
ácida ao mercado produtor e nele Glauber vê uma espécie de monopó-
perspectiva de criar um marco histórico do cinema brasileiro, é possí-

232 233
vel antever que Glauber, com a experiência de dois longas realizados e
de numerosos artigos publicados na imprensa da Bahia e do Rio, já se
firma como o porta-voz dos cineastas do novíssimo cinema.
Evidentemente, o conjunto material do Diário Carioca, se com-
parado aos textos do SDJB, pode ser considerado de menor importân-
cia. Ainda assim, ele revela uma fase em que o crítico reafirma o caráter
original e processual do Cinema Novo. Olhando em retrospecto, no-
tamos que, quando lidos em conjunto, os filmes e a produção escrita
de Glauber – especialmente seus artigos de imprensa – formulam as
posições de alguém ao mesmo tempo ligado à nossa melhor tradição
modernista de intelectuais e atento a um novo tempo de transição ar-
tística e política. O cinema (e falar sobre cinema) nessa sua percepção
tinha espaço privilegiado e era o tema por excelência de sua militância
em jornais. De um lado, o Brasil aguçou o seu senso de realidade. De
outro, Glauber tornou-se, com seus textos e filmes, um grande intér-
prete do Brasil.

234
NOTAS SOBRE
GLAUBER CRÍTICO
(A PROPÓSITO DO
SÉCULO DO CINEMA)
MATEUS ARAÚJO

Enxugado das referências específicas à edição francesa do Sécu-


lo do Cinema, de Glauber Rocha, que traduzi e estabeleci com o amigo
Cyril Béghin em 2006 (Le Siècle du Cinéma. Ed. Yellow Now / Magic
Cinéma / Cosac Naify, 333p.), o texto que segue condensa o essencial
de uma discussão empreendida por nós no “Avant-propos” (p. 7-16) e
no posfácio “La glace à trois faces du Siècle du Cinéma: critique, histoire
et théorie” (p. 305-16) daquela edição. Em 2012, a convite de Adilson
Mendes, eu já havia traduzido e refundido aqueles textos para publicá-
-los em português, numa versão maior, intitulada “Glauber crítico: no-
tas sobre O Século do Cinema”, na Revista da Cinemateca Brasileira, n.1,
setembro de 2012, p. 17-33. Tendo em vista a pequena circulação e o
fim da revista, pareceu-nos oportuno retomar aqui, ainda que sem atua-
lizá-la à luz das novas pesquisas, uma versão mais enxuta daquele texto,
por suas discussões de aspectos centrais da atividade crítica de Glauber.

236 237
GLAUBER ROCHA ESCRITOR Revisão Crítica do Cinema Brasileiro (Civilização Brasileira, 1963), Re-
volução do Cinema Novo (Alhambra / Embrafilme, 1981) e O Século do
Escritor precoce e prolífico, Glauber nunca deixou de escrever Cinema (Alhambra / Embrafilme, 1983)3
– e de publicar seus textos –, no Brasil e no exterior, desde os 15 anos Estes três últimos livros citados constituem hoje os pilares fun-
(sua primeira publicação sobre o cinema remonta a 1954 ) até a sua 1
damentais sobre os quais repousa o essencial de sua contribuição ao
morte, que o colheu cedo demais, aos 42 anos. Teatro, literatura, jor- debate cinematográfico brasileiro e mundial. Cada um dos três exprime
nalismo, roteiros de filmes, críticas cinematográficas, romances, mani- a seu modo a curva de um pensamento original e exigente do cinema.
festos, entrevistas, artigos sobre a política conviviam em sua atividade Revisão Crítica a intercepta nos seus inícios, Revolução e O Século a
de escritor bulímico e multiforme, que privilegiava o cinema sem a ele acompanham em sua evolução ao longo de três décadas. Naturalmente,
se restringir. Ao mesmo tempo em que intervinha ativamente no deba- este pensamento constituído nos textos de Glauber ganha ao ser con-
te público (na imprensa escrita, nos festivais de cinema, na televisão), frontado a seus filmes, com os quais mantém laços estreitos, mas isto
Glauber foi deixando também uma massa imponente de manuscritos não lhe retira sua relativa autonomia, nem nos desobriga de examiná-lo
e datiloscritos inéditos, cuja publicação virá um dia completar seu re- por si mesmo como uma outra contribuição específica de Glauber ao
trato já complexo. primeiro século do cinema.
Ultrapassando portanto os limites do cinema, sua obra publi- Livro de juventude finalizado pouco antes da produção de Deus
cada compreende hoje centenas de artigos e de entrevistas dispersos e o Diabo na Terra do Sol (1963-64), Revisão Crítica propunha em oito
em toda parte, e nove livros: três volumes com roteiros e materiais di- capítulos veementes um balanço polêmico da história do cinema bra-
retamente ligados aos seus filmes , o romance Riverão Sussuarana (Re-
2
sileiro, de Humberto Mauro às origens (Nelson Pereira dos Santos) e
cord, 1977), uma pequena coletânea póstuma de Poemas Eskolhydos inícios do Cinema Novo (Paulo César Saraceni, Ruy Guerra, Joaquim
(Alhambra, 1989), um grosso volume também póstumo de suas Cartas Pedro de Andrade), que estava nascendo. Ele procurava sobretudo reor-
ao Mundo, selecionadas e organizadas por Ivana Bentes (Companhia ganizar a tradição do cinema brasileiro na perspectiva de um cinema
das Letras, 1997) e seus três livros fundamentais que reúnem, retra- de autor, de modo que o movimento plural do Cinema Novo pudesse
balham e completam seus principais ensaios e artigos sobre o cinema: ganhar todo o seu sentido e aparecer, numa clara teleologia, como seu
coroamento, ganhando assim, de cara, uma legitimação cultural de que
1 “Stanley Kramer - a salvação de Hollywood”. A Cena Muda, n.25, 23/6/1954, seção «Página dependeria sua eficácia e sua sobrevivência enquanto movimento esté-
do Leitor», p. 32-33.
2 ROCHA, G. et al., Deus e o Diabo na terra do Sol, Rio, Civilização Brasileira, 1965; tico. Dialogando abertamente com a “política dos autores” francesa, da
ROCHA, G. Roteiros do Terceyro Mundo (org. Orlando Senna), Rio, Alhambra / Embrafilme,
1985; ROCHA, G. La Nascita degli Dei, Torino, ERI, 1981. Lembremos ainda o volume de
Augusto M. Torres, Glauber Rocha y Cabezas Cortadas, Barcelona, Ed. Anagrama, 1970, que 3 Reeditados em São Paulo pela Ed. Cosac Naify em 2003, 2004 e 2006, respectivamente,
traz o roteiro do filme espanhol. em versões largamente melhoradas, que citaremos aqui sob as abreviaturas RCCB, RCN e SC.

238 239
qual oferecia uma versão singular e mais politizada, e tomando partido ao pensamento de Glauber sobre o cinema: ele fecha cronologicamente
num debate brasileiro então efervescente, o livro sintetizava também e post-mortem o conjunto das publicações que o cineasta pôde preparar
todo um programa do jovem Glauber para o cinema brasileiro por vir. e levar a cabo dos 16 aos 42 anos, mas sobretudo opera uma articula-
Na outra ponta do trajeto de Glauber, Revolução do Cinema ção lógica fundamental de sua intervenção no debate mundial, sem a
Novo foi lançado pouco antes de sua morte. Neste volume imponente qual seu projeto não ganharia todo o seu alcance: para Glauber, sua
de quase 500 páginas, o cineasta recolhia uns 50 de seus principais tex- condição de cineasta de um país na periferia do capitalismo lhe pro-
tos (artigos, entrevistas, manifestos, dentre os quais os essenciais “Esté- porcionava um ponto de vista diferenciado e original sobre a história do
tica da fome” e “Estética do sonho”) publicados no Brasil e no mundo. cinema mundial.
Ele acrescentava ainda cerca de 80 outros, inéditos, na maioria escritos Guardadas as diferenças, a operação do pensador aqui não dei-
de um jato, especialmente para o livro, e tratando das personalidades xa de duplicar a inversão operada concretamente pelo cineasta em seus
principais do Cinema Novo ou, mais geralmente, do cinema e da cul- filmes e tematizada em sua “estética da fome”: assim como a carência
tura brasileiros dos anos 60-70. O sumário dispunha estes quase 130 de meios permitia ao cineasta do terceiro mundo escapar das preten-
textos bastante heterogêneos em ordem cronológica de redação, dando sões normativas da técnica made in Hollywood para redefinir em bases
corpo a uma estrutura singular, uma espécie de história do Cinema novas e mais livres as relações entre técnica, estilo e expressão (trans-
Novo sob a forma de um diário de bordo, prismático e centrífugo, de formando assim a fraqueza econômica em força expressiva), o crítico
seu cineasta maior. Se Revisão Crítica tentava em 1963 preparar o ter- que observa à distância o cinema dos países desenvolvidos talvez esteja
reno para o surgimento do Cinema Novo por meio de uma história melhor situado para escapar ao círculo de giz da pura cinefilia e para
interna do cinema brasileiro, Revolução, entre outras coisas, sugeria em dimensionar os desafios do cinema em suas relações com a História,
1981, com o recuo permitido pelo declínio do movimento (que ele qua- com o Século, com a crise do Ocidente. A ausência de uma tradição
lificava, em jargão althusseriano, de “corte epistemológico nos cinemas solidamente enraizada de produção e discussão dos filmes no Brasil,
civilizados e colonizadores”4), um inventário exuberante de seu aporte país cuja própria formação histórica permanecia problemática, forçava
ao cinema mundial do pós-guerra. o crítico a inventar seu ponto de vista e a buscar por conta própria as
Esta passagem de uma história interna do cinema brasileiro a articulações entre o cinema e as outras esferas da vida social, escapan-
uma história mundial do cinema do ponto de vista de um cineasta bra- do assim dos hábitos mentais da instituição cinematográfica nos países
sileiro, que se esboça e se insinua entre as linhas de Revolução, se com- em que ela já se consolidara. E foi precisamente desta renovação das
pleta no Século do Cinema. Este livro vem acrescentar um elo essencial articulações entre os discursos políticos e estéticos na crítica dos fil-
mes, dos cineastas ou dos gêneros, que veio a originalidade de Glauber
4 Num prefácio para RCN (não incluído na 1 ed., mas publicado em apêndice na reed. de
a
em relação, por exemplo, a seus homólogos franceses (Rivette, Rohmer,
2004, cf. p. 518).

240 241
Truffaut, e até mesmo Godard). Resta saber se o conjunto dos textos incluídos e o sumário adotado
correspondem exatamente ao que Glauber previu, se suas indicações de
1980-81 desciam aos detalhes da seleção e da disposição dos textos na
O SÉCULO DO CINEMA, GÊNESE E ESTRUTURA
ordem que eles acabaram ganhando no livro pronto, e se o autor che-
gou a seguir, de perto ou de longe, as etapas preliminares do trabalho
O Século do Cinema recolhe um conjunto substancial de 73
propriamente editorial do volume.
textos sobre o cinema americano e europeu, escritos por Glauber de
A elucidação destas questões nos ajudaria a dissipar algumas
1957 a 1981, enriquecido por uma entrevista concedida por ele no ano
estranhezas da primeira edição de 19836: um desenho de Glauber usa-
de sua morte. Este conjunto não recobre a totalidade do que ele havia
do na capa sugeria um subtítulo tripartite para o volume (“Hollywood,
publicado sobre o assunto (sem falar dos inéditos que teriam podido
Europa, Terceiro mundo”), que nos fazia esperar uma estrutura igual-
completar o dossiê), mas constitui uma seleção de peso, preparada por
mente tripartite das suas matérias. A tripartição se confirmou, mas no
ele mesmo, que chegou a escolher os textos, a refundir ou cortar alguns
sumário do volume publicado nenhuma das suas três partes corres-
e a esboçar um sumário dividido em três grandes seções: “Hollywood”
pondia mais à rubrica “Terceiro mundo”, aquela intitulada “Europa” se
(41 textos), “Neorrealismo” (24 textos), “Nouvelle vague” (8 textos mais
dividindo agora em duas, “Neorrealismo” e “Nouvelle Vague”. A distri-
a entrevista).
buição das matérias apresentava também algumas desordens entre as
Não conhecemos bem a gênese desta primeira edição póstuma.
partes e mesmo no interior de cada uma, e seu critério aparente nem
Em suas cartas publicadas, Glauber fala desde 1976 dos livros de ci-
sempre era seguido à risca. Um texto sobre Pasolini (“Paso Sado Maso
nema que estava preparando e propondo a editores, mas as primeiras
Salo”) e um outro sobre Eisenstein (“É preciso voltar a Eisenstein”),
referências precisas ao projeto do Século só aparecem em dezembro de
por exemplo, aparecem deslocados, longe de seus homólogos. Os textos
1980, quando ele volta mais seriamente ao assunto com Carlos Augusto
sobre René Clair e Jean Renoir pareciam perdidos na seção “Neorrea-
Calil, então diretor da Cinemateca Brasileira, a quem enviava um
lismo”, em vez de integrarem a constelação francesa dos cineastas agru-
primeiro conjunto de textos que deveriam figurar no livro, esperando
pados sob a rubrica “Nouvelle Vague”. Esta, em compensação, incluía,
fixar definitivamente seu sumário e sua estrutura para arrematá-lo até
depois da palavra “FYM”, impressa no fim do artigo sobre Pasolini já
o fim de 19815. Depois da morte do cineasta em 22/08/1981, o livro
deslocado, uma entrevista de Glauber sobre assuntos variados, espécie
acabou sendo lançado dois anos mais tarde, a partir de suas indicações
de coda, claramente distinta do resto do volume, mas não no sumário,
iniciais, mas sem sua supervisão e sem o prefácio que ele teria feito.

6 Que era, de resto, muito descuidada: nenhuma apresentação geral e nenhum prefácio aos
5 Cf. as cartas de Glauber a Calil de 2 e 28/12, e a Celso Amorim de 29 e 30/12/1980 (Cartas textos, transcritos sem nenhuma indicação de fontes nem de datação; nenhum aparato de notas,
ao Mundo, p. 669, 674 e 677). uma legião de erros de revisão, etc.

242 243
que a colocava na seção “Nouvelle Vague”7. necessariamente filmes e assuntos que lhe eram caros, mas cobria os
Ao longo, portanto, de seus quase 80 textos escritos entre 1957 lançamentos para o público, sobretudo de Salvador, adaptando sua in-
e 1981, este livro desenha a curva de um verdadeiro pensamento do ci- tervenção à dinâmica do mercado local e introduzindo em seu tom e
nema. Tal pensamento se constituiu no exercício da crítica de filmes na seu estilo elementos dissonantes que deviam transtornar um pouco os
segunda metade dos anos 50; nos anos 60, ele adotou uma forma mais hábitos mentais dos leitores. Seis outros textos, escritos e publicados
madura, tendendo ao ensaio e enriquecido pela atividade de cineasta (ou não) entre 1968 e 1973, em revistas semanais ou mensais do Rio ou
de Glauber, da qual foi coextensiva. Ele desembocou, particularmente a de São Paulo, tratavam de cineastas ou de filmes que o autor já consa-
partir dos anos 70, em textos muito livres e pessoais na forma e no tom, grado de Deus e o Diabo e de Terra em Transe deve ter escolhido espon-
nos quais uma visão aguda e exigente do cinema ia de par com um afas- taneamente por ocasião de festivais ou de estadas no exterior: quatro
tamento definitivo das amarras da cinefilia para dar corpo a uma refle- retratos de cineastas encontrados em Montreal, Nova York ou Paris
xão ampla sobre a História e a civilização, informada pelo cinema mas (Lang, Ford, Kazan e um certo Timothy Anger), dois elogios curtos de
ultrapassando seus limites. Estes três momentos ou maneiras de sua Easy Rider, revisto em Paris. Sentimos neles uma simpatia de Glauber
escrita crítica se distribuem de modo desigual pelas três partes do livro. para com a agitação contracultural, à qual ele parece aderir, associan-
Na seção “Hollywood” predominam os artigos curtos publica- do a disponibilidade existencial a um ponto de vista político sobre os
dos em jornais, sobretudo baianos, nos anos 50 por um Glauber en- debates da época (Guerra do Vietnã, movimento hippie, etc). Em dois
tão jovem crítico e ainda não cineasta. Dos 40 textos que a compõem, outros textos de 1978 e 1980 (aos quais poderíamos talvez acrescentar
Glauber publicou 31 entre 1956 e 1961, antes mesmo de estrear em aquele sobre Welles), publicados em grandes jornais, Glauber retoma a
longa-metragem. Quatorze eram resenhas (das quais oito favoráveis e discussão de questões políticas a propósito da obra de Griffith e de Apo-
cinco desfavoráveis) de filmes medianos do cinema industrial ameri- calypse Now de Coppola. Conjugando a análise estética e a abordagem
cano dos anos 50 (com duas ou três exceções), lançados na época em política, Glauber discute (com serenidade e ponderação) a História dos
Salvador. Onze eram retratos críticos de cineastas que Glauber admi- Estados Unidos em Griffith e (num tom polêmico) a Guerra do Vietnã
rava (Chaplin, Stroheim, Wyler, Huston e Kubrick, entre outros), e oito em Coppola. Estes textos constituem assim uma espécie de acerto de
ainda tratavam de gêneros, subgêneros ou temas do cinema industrial contas de Glauber com o cinema americano.
(o Western, o filme policial, o filme de suspense ou de violência juve- A seção “Neorrealismo”, espinha dorsal do volume e seu núcleo
nil). Neste momento de sua atividade crítica, Glauber não comentava mais interessante, se compõe de 24 textos sensivelmente diferentes da-
queles que predominam em “Hollywood”: quase duas vezes mais lon-
7 Na nossa edição francesa, suprimimos a entrevista e recolocamos os textos citados acima
gos na média, mais livres na forma, mais originais em seus argumentos
sobre Pasolini, Eisenstein, Clair e Renoir naquele que nos parecia ser seu lugar natural no e perspicazes em seus juízos, voltados para um auditório mais largo
sumário, esperando assim consolidar a coerência geral do volume.

244 245
(frequentemente internacional), estes textos saíram por vezes em jor- três exceções: duas resenhas de filmes de Clair e Dassin publicadas em
nais, mas também em revistas e livros de cinema. Eles foram escritos e 1958, uma nota brevíssima sobre Tout va bien de Godard escrita em
publicados por Glauber com regularidade e constância, de 1959 a 1981, 1972. Há ainda duas outras resenhas de filmes de Vadim e de Truffaut
cobrindo quase todo o período de sua atividade de crítico e coexistindo (esta última, desfavorável, sobre La peau douce), e duas críticas mais
com a de cineasta. Glauber deve ter escolhido livremente seus obje- desenvolvidas sobre Alphaville e Vento do Leste de Godard (esta segun-
tos, e a voz que ouvimos neles é basicamente a de um cineasta já con- da se apresentando também como o relato de um encontro, quando das
sagrado, que se pronuncia com segurança e familiaridade sobre seus filmagens do longa de Godard e Gorin em 1969). Uma evocação muito
companheiros do cinema moderno. Os textos aqui reunidos discutem admirativa de Jean Renoir e um ensaio de fundo de 1967 sobre a obra
um grupo seleto de uma dezena de grandes cineastas europeus com os de Godard completam este conjunto um pouco desequilibrado entre
quais Glauber manteve relações marcantes: de influência (Eisenstein, uma metade tratando de cineastas que contaram pouco para Glauber
Buñuel), de admiração na diferença (Rossellini, Visconti, Antonioni), (Clair, Dassin, Vadim, Truffaut e mesmo Renoir) e a outra discutindo
de convergência (Pasolini, Bertolucci), de irritação transformada em o trabalho de Godard, um dos dois ou três que mais contou para ele.
entusiasmo (Fellini) ou não (Bergman). Dezesseis textos se apresentam Muito diversos na forma e no estilo, os quatro textos de Glauber sobre
como visões de conjunto sobre a obra de Eisenstein, Buñuel, Rossellini, Godard são todos representativos de sua admiração e de seu interesse
Visconti, Antonioni, Fellini, Pasolini e Bertolucci; cinco textos são crí- pela obra do colega. Em todo caso, a magreza desta seção e o relati-
ticas de filmes (Rocco de Visconti, O Eclipse de Antonioni, Gritos e Sus- vo desleixo com o qual Glauber a intitula e alinha seus objetos sem se
surros e Cenas de um casamento de Bergman); seis textos nos oferecem preocupar com as distinções internas nem com possíveis acréscimos
evocações ou relatos de encontros com cineastas (Buñuel, Visconti, Fel- – mesmo o de textos que ele já havia publicado antes8 –, sem falar de
lini, Pasolini, Bertolucci e Marco Bellocchio). Designada num sentido seu gesto de cortar drasticamente dois de seus melhores textos sobre
largo e algo impreciso pelo título “Neorrealismo”, mas apresentando a Godard (“Alphaville” et “Você gosta de Jean-Luc Godard?”), tudo isso
estrutura mais bem equilibrada e algumas das discussões estéticas e po- parece confirmar suas notórias reservas em relação à Nouvelle Vague.
líticas mais densas do volume, esta seção atesta também um privilégio Assim organizado, e apesar dos eventuais desequilíbrios e ina-
evidente do cinema italiano moderno no panteão de Glauber. cabamentos, O Século do Cinema segue sendo o livro mais rico sobre
A seção “Nouvelle Vague”, a menos desenvolvida e cuidada do as relações complexas de Glauber com o cinema mundial. A ausência
volume (por decisão de Glauber ou por vicissitudes editoriais?), traz de outros vinte ou trinta textos que poderiam completar um pouco seu
nove textos escritos entre 1958 e 1972. É a única que não foi aumentada
com textos tardios de Glauber sobre o universo em questão. Os textos 8 Como os artigos de jornal sobre Hiroshima mon Amour (de 23-24/10/1960 e 21-22/5/1961),
vão de 1958 a 1972, mas foram escritos sobretudo nos anos 60, com Louis Malle (7-8/8/1960) e num outro ainda sobre o cinema verdade, cheio de considerações
sobre Jean Rouch e Chris Marker (1965), que Glauber preferiu incluir em RCN (p. 71-77).

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panorama9 não o impede de dizer muito sobre os gostos, o panteão e de seu pensamento crítico, que não é menos importante11.
os métodos críticos de Glauber. Entre outras coisas, vemos nesse livro Uma primeira dificuldade diante deste pensamento decorre da
sua maneira singular e enviesada de se filiar à “política dos autores” de aparente heterogeneidade dos textos nos quais ele se exprime. Os que
seus colegas franceses mais velhos (conjugando uma noção bem mais compõem O Século do Cinema, por exemplo, parecem adotar estilos e
radical da política com um uso porém menos audacioso da noção de estratégias argumentativas tão variados quanto seus propósitos e seus
autor, que ele reserva a cineastas já consagrados)10. Vemos também sua destinatários visados. O leitor que acaba de atravessar sua selva selva-
predileção por um cinema moderno de autor, na sua versão do pós- gem tem a impressão de ter encontrado em seu caminho um pouco de
-guerra, em cujo seio sentimos claramente o privilégio que ele conce- tudo: de notas curtas ou resenhas jornalísticas até os ensaios densos
de ao cinema italiano em detrimento do francês. Vemos enfim, no seu e meditados, passando pelo poema, a prosa poética, a diatribe impla-
modo de pensar os destinos do século XX ao refletir sobre o destino do cável, a evocação admirativa na primeira pessoa ou mesmo o relato
cinema (antecipando assim sob certos aspectos a empreitada de Go- proto-ficcional à la Borges. Esta diversidade não nos impede porém
dard nas suas História(s) do Cinema), as tensões que atravessam seu – se é que ela não nos obriga – de procurar constantes e de explorar as
pensamento cinematográfico, dividido entre a cultura cinefílica e uma linhas de força que percorrem todo o conjunto. Examinando-os de per-
certa ideia de crise da civilização: “a civilização está morta e o cinema to, vemos que os textos adotam quatro formas ou modalidades princi-
não pode salvá-la!”(p. 252). pais: trinta e três textos se apresentam sob a forma de críticas de filmes
particulares, trinta e um como ensaios de fundo ou visões de conjunto

TRÊS FACES DO SÉCULO DO CINEMA: sobre a obra de certos cineastas, quatorze como ensaios sobre gêneros,
CRÍTICA, HISTÓRIA E TEORIA subgêneros, temas ou movimentos cinematográficos e doze como rela-
tos de encontros ou evocações de cineastas. Estas modalidades podem
Embora profusa, a obra crítica de Glauber foi, no Brasil como se conjugar em certos textos. Em todo caso, se a abordagem crítica
em toda parte, bem menos comentada do que seus filmes. Dada a en- parece predominar ao longo do livro, ela coexiste com uma abordagem
vergadura do cineasta, a atenção a estes últimos é mais do que justifi- histórica, e as duas não excluem uma visada propriamente teórica que
cada. Mas ainda resta um longo caminho para dimensionarmos a força se insinua vez por outra. Caracterizemos estas três dimensões – crítica,

9 Neste volume, não há nada sobre o cinema japonês, quase nada sobre o alemão (exceto 11 Como observava Lino Miccichè em seu texto “Un cineasta tricontinentale” (introdução a
Lang e o austríaco Stroheim), bem pouco sobre o soviético (salvo Eisenstein), escandinavo um dos volumes italianos de traduções dos escritos de Glauber, Scritti sul Cinema, Ed. della
(salvo Bergman) ou ibérico (salvo Buñuel). O terceiro mundo sobretudo ficou ausente, apesar Biennale di Venezia, 1986, p. 13-28), o melhor texto europeu que conhecemos sobre a obra
do desenho original de Glauber para a capa, que o incluía numa espécie de tríade ao lado de escrita de Glauber. Quanto aos estudos brasileiros, mais numerosos, as reedições da Cosac
Hollywood e da Europa. Naify de RCCB, RCN e SC fornecem elementos preciosos da fortuna crítica suscitada por cada
10 Sobre este ponto, ver a introdução de Glauber a RCCB, p. 35-41, e seu ensaio “O autor” , um deles. E os três prefácios de Ismail Xavier a estas reedições nos parecem desde já um ponto
publicado no volume coletivo Cinema Moderno Cinema Novo, Rio, José Álvaro Editor, 1966. de partida incontornável para os estudos vindouros.

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histórica e teórica – do pensamento de Glauber, tais como aparecem neocolonialismo, entre outros.
no Século. Por outro lado, quando Glauber consagra ensaios de conjunto
a cineastas americanos ou europeus que ele admira (e ele o faz regu-
A CURVA DO CRÍTICO larmente dos anos 50 até a sua morte em 1981), suas escolhas e seus
textos se tornam muito mais interessantes: Griffith, Chaplin, Eisens-
Quando, na segunda metade dos anos 50, o jovem Glauber con- tein, Buñuel, Welles, Rossellini, Kazan, Visconti, Kubrick, Antonio-
sagra artigos a filmes particulares, os que ele escolhe resenhar formam ni, Fellini, Godard, Pasolini e Bertolucci, entre outros, são objetos de
um conjunto que não nos parece, hoje, especialmente rico. Os filmes discussões estéticas e ideológicas penetrantes. É nesta vertente de sua
americanos ou franceses daquela década que ele estava discutindo não produção textual que podemos encontrar sua contribuição mais sólida
tinham nada de excepcional ou de “estratégico”, com a única exceção à crítica de cinema. Nos textos mais felizes deste grupo, encontramos
de Rastros de ódio (1956), de John Ford, que força a admiração do sempre uma discussão fina da obra destes cineastas: a atenção dada
jovem crítico e o obriga a reconsiderar seus juízos sobre o que lhe pa- a seus filmes, amiúde comentados cronologicamente, não impede o
recia um declínio daquele cineasta. A discussão dos filmes dos anos 50 crítico de enriquecer sua argumentação com vários parênteses (ora
lhe permite formular claramente suas críticas a certos aspectos do capi- límpidos, ora elípticos) trazendo questões conceituais, genealogias de
talismo e do cinema americano – fetichismo da técnica, mercantilismo cineastas, considerações sobre a história do cinema12 – ou mesmo a
de Hollywood e de sua Indústria do Sonho, que “se identificou com a história tout court, como veremos. Ancorada no exame propriamente
opressão capitalista” e “esterilizou” o público, como ele dirá num texto estético das obras, a argumentação de Glauber (atravessada pelo mar-
posterior sobre Antonioni (cf. p. 250). Na época, sua abordagem com- xismo e por vezes tingida de psicanálise) as relaciona sempre com do-
binava a cinefilia com preocupações políticas já presentes (sua atenção mínios mais vastos da experiência, sejam eles a política, a história, as
à História e seu léxico proto-marxista, por exemplo, começam a apa- outras artes ou o pensamento filosófico. A esta argumentação múltipla,
recer, ainda que de modo balbuciante). Os filmes dos anos 60 e 70 que variada – e frequentemente brusca –, correspondem juízos peremptó-
ele aborda já são, esteticamente falando, mais consistentes (Rocco de rios e violentos. Glauber não poupa comparações hierárquicas nem su-
Visconti, O Eclipse de Antonioni, La Peau douce de Truffaut, Alpha- perlativos, dos quais seu livro apresenta um verdadeiro festival:
ville, Vento do Leste e Tout va bien de Godard, Easy rider de Dennis Orson Welles é o mais fílmico dos cineastas depois de Eisens-
Hopper, Gritos e Sussurros e Cenas de um casamento de Bergman, tein, e “se Eisenstein foi o maior intérprete da revolução soviética e
Apocalypse Now de Coppola), permitindo-lhe aprofundar questões es-
téticas e temas políticos que lhe interessavam, como a alienação do 12 Pensemos por exemplo nos condensados de história do cinema presentes na seção IV de
“Os doze mandamentos de Nosso Senhor Buñuel” (p. 173-4) ou nos parágrafos iniciais de “A
homem contemporâneo, a crise da civilização ocidental burguesa, o moral de um novo Cristo” (p. 186-8) e de “Esplendor de um Deus” (p. 237-8).

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das transformações radicais trazidas pelo socialismo, OW é o maior cada retrato de cineasta (ou entrevista) que Glauber propõe, ele encena
intérprete da tragédia imperialista” (p. 50); John Ford “é o maior cria- um espaço comum, de relativa intimidade, no qual fala de igual para
dor desta fase [do cinema clássico americano]” (p. 123); Studs Lonigan igual com seu interlocutor, o efeito de acumulação dos encontros lhe
(Irving Lerner, 1960) é o “o maior filme americano, a obra que ultra- permitindo aparecer também como um protagonista do cinema mun-
passou Orson Welles e Stanley Kubrick e que se integra ao lado de dial. Na verdade, os seus são sempre retratos de família, dele ao lado
Hiroshima mon amour, de Alain Resnais” (p. 133); Jean Renoir é “o do outro cineasta. Observemos, a esse respeito, as fotos que ilustram
maior cineasta francês da velha geração” (p. 198); Visconti é o “maior a reedição do Século (de Glauber com Renoir, Lang, Buñuel, Rossel-
cineasta vivo do Ocidente” (p. 223); o cinema italiano “é a maior in- lini) e pensemos também no uso constante por Glauber – com efeitos
dústria cinematográfica da Europa e concorrente de Hollywood porque estilísticos por vezes intensos – dos prenomes dos cineastas: Dom Luis
dispõe dos melhores cineastas do mundo” (p. 242); Fellini é um dos (Buñuel), Roberto (Rossellini), Michelangelo (Antonioni), Pier Paolo
maiores gênios do cinema, o maior segundo Buñuel e Pasolini (cf. p. ou “Pasô” (Pasolini), Jean-Luc (Godard), Luchino (Visconti), Bernar-
255 e 268), ele é “o maior Pintor Móvel do Século, um dos maiores do ou “Bernô” (Bertolucci), Francis (Coppola). Seria redutor ver nisso
da história da humanidade” (p. 274), além de ser “o maior fenômeno um mero sinal de cabotinismo, trata-se mais de um desejo espontâneo
da Imaginação Viva” (Ibid.). “Pasolini considera Godard e Bertolucci de pôr em cena sua subjetividade e seus afetos sem se preocupar com
os maiores cineastas do mundo. Ele porém, sem querer dizê-lo, forma as convenções, e talvez também de um uso tático da imagem como
com o franco-alemão Jean-Marie Straub, autor do filme Não reconci- fator de legitimação cultural de uma palavra liberada.
liados […], outra dupla que completa o quarteto dos grandes de hoje” O melhor da crítica em Glauber começa portanto com uma
(p. 281); Godard é “o maior cineasta depois de Eisenstein” (p. 317) e escolha rigorosa dos objetos, passa por uma argumentação rica e de-
aquele “que mais influencia o cinema socialista de hoje” (p. 313). semboca em juízos veementes. Mas ela comporta também uma gama
A partir do fim dos anos 60, algum tempo depois dos inícios de variada de estilos e registros. Alguns textos abordam seus objetos de
sua frequentação dos gigantes do cinema mundial por ocasião dos fes- um ponto de vista exterior e analítico, ao modo do comentário; ou-
tivais internacionais que o consagraram como o autor de Barravento tros escolhem questões precisas em função das quais certos filmes são
e, depois, de Deus e o Diabo, evocações e testemunhos de encontros invocados e discutidos (a dramaturgia fílmica em “Dramaturgia fílmi-
com grandes cineastas (Lang, Ford, Kazan, Buñuel, Pasolini, Straub, ca: Visconti”; o zoom em “Esplendor de um Deus”); outros beiram a
Godard, Visconti, Bertolucci) aparecem sob sua pluma e completam o diatribe (“Elia Kazan”, “Apocoppolakalypse” sobre Coppola, “O Cris-
conjunto de suas contribuições críticas. Este grupo de textos permite a to-Édipo” sobre Pasolini, “Gritos e Sussurros” sobre Bergman); outros
Glauber constituir um debate interno à comunidade de criadores – da propõem panoramas informativos mais ou menos largos (“Pregação
qual fazia parte, e da qual constrói ou fixa uma imagem que o inclui. A da violência”, “Delinquência juvenil”, “Do novo western”, “O novo cine-

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ma no mundo”, “Neorrealismo: inspiração falida” e “Concluindo sobre tragem parcial, percursos históricos no interior de três séries: o cinema
neorrealismo”); outros nos oferecem um testemunho de admiração tin- americano de Griffith a Coppola (ou do Gênesis ao Apocalipse), o ci-
gido de afeição (“O cacique da Irlanda” sobre Ford, “El” sobre Buñuel, nema europeu de autor, de Eisenstein a Bertolucci, e o cinema francês
“Maestro Visconti”, “Jean Renoir”). Outros, enfim, particularmente moderno, de Dassin (ou, no nosso sumário francês, ligeiramente modi-
criativos, procuram dialogar, em sua própria forma, com os objetos ficado, de Renoir) a Godard.
que eles discutem, mimetizando de algum modo aquilo de que tratam. Aqui, as contribuições respectivas de cada seção nos parecem
No longo texto “Glauber Fellini”, por exemplo, a prosa de Glauber tenta desiguais. No que concerne ao cinema americano, o percurso histórico
prolongar o gesto do autor de Oito e meio, levando ao extremo a liber- ficou incompleto e suas lacunas são numerosas – mesmo se nos restrin-
dade da imaginação feliniana, da qual faz um elogio enfático: anedotas gimos aos anos 50, privilegiados nos textos do jovem Glauber13. Quan-
sexuais, evocações pessoais, fofocas inverossímeis, licenças criativas, to ao cinema francês moderno, a abordagem parece magra, Glauber
parênteses arbitrários e metáforas extravagantes se associam ali às ob- negligenciando uma série de cineastas (alguns dos quais ele conhecia
servações de natureza histórica e aos comentários sobre os filmes, o bem e chegou mesmo a discutir em textos)14, ignorando toda distinção
conjunto heteróclito formando assim um turbilhão animado por uma interna ao movimento da Nouvelle Vague, e se calando sobre a “que-
“féerie crítica” que atualiza na prosa o regime da fantasia liberada pre- rela dos antigos e dos modernos” desencadeada pelo célebre artigo
sente nos filmes de Fellini. de Truffaut15. Em compensação, no que concerne ao cinema europeu
(extra-francês) de autor, e notadamente o do pós-guerra, o percurso

HISTÓRIA DO CINEMA E HISTÓRIA DO SÉCULO desenhado pelos textos de Glauber parece muito sólido (apesar de al-
gumas ausências). Sobre o grupo de cineastas que ele discutiu na seção

Livro de crítica, O Século do Cinema é também um livro de “Neorrealismo”, seus textos não devem nada em consistência e pro-

história, e de várias maneiras. Em primeiro lugar, a própria organiza-


ção de suas matérias faz desta coletânea um documento de História do 13 Pensemos, entre outros, em Hawks, Preminger, Fuller ou Sirk, sem falar dos Keaton,
Flaherty, Sternberg, Lubitsch, etc., e para não cobrar um tratamento mais desenvolvido de um
Cinema. A relativa negligência com a qual Glauber divide e intitula Hitchcock, por exemplo.
14 Pensemos, entre outros, em Bresson, Cocteau, Tati, Max Ophuls, Rivette, Rohmer, Varda,
suas três seções (“Hollywood” comporta, além do cinema americano, Demy, Eustache, Garrel, Pialat ou Duras, sem esquecer os casos de Resnais, Rouch e Marker,
sobre os quais Glauber já tinha publicado textos desde 1960, e notando de passagem o entu-
alguns materiais do cinema inglês e francês, “Neorrealismo” englo- siasmo que lhe causou L’amour fou (1968) de Rivette (de quem ele dizia num artigo de 1969
acompanhar a obra com muito interesse) quando de uma projeção em 1969 evocada por Sylvie
ba também Eisenstein, Buñuel e Bergman, “Nouvelle Vague” põe no
Pierre em seu Glauber Rocha, p. 139, n. 8, e na sua entrevista “Glauber en exil” em Glauber
mesmo saco Dassin, Vadim e Godard) é compensada por seu cuidado Rocha / Nelson Rodrigues, p. 14.
15 Curiosamente, se procuramos no corpus de Glauber algo próximo das ideias e posições de
em dispor os textos de cada uma segundo uma ordem cronológica de Truffaut em “Une certaine tendance du cinema français” , nós o encontramos mais em seu livro
polêmico de juventude propondo uma Revisão Crítica do Cinema Brasileiro (1963), mas não
cineastas ou de seus filmes, de modo a desenhar, mesmo que por amos- em seus textos sobre o cinema francês.

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fundidade aos dos melhores críticos brasileiros que foram seus mestres cinema (outros poderiam defini-lo como o das “Revoluções traídas”,
desde os anos 50 (o baiano Walter da Silveira e o paulista Paulo Emílio ou o da barbárie nazista, ou o da bomba atômica, ou o das guerras de
Salles Gomes)16, ou aos dos outros grandes cineastas modernos que descolonização, ou o das conquistas espaciais etc). Esta superposição
exerceram atividade crítica regular (Rivette, Godard, Rohmer, Truf- do século de vida do cinema e do século marcado pelo surgimento do
faut, Antonioni, Satyajit Ray, Pasolini). Feitas as contas, se este livro cinema, esta articulação entre as duas ordens de questões nos parece
não pode ser considerado uma verdadeira história do cinema no senti- antecipar o esforço de reflexão empreendido por Godard em seu ciclo
do dos historiadores, ele pode porém ser considerado uma verdadeira posterior das História(s) do Cinema.
“Introdução a uma verdadeira história do cinema” no sentido que Go- À articulação entre o cinema e o século vem se associar uma
dard deu à expressão em seu livro lançado em 1980, um ano antes da outra, bem paradoxal, que se desenvolve nos textos de Glauber em
morte de Glauber17. paralelo com o que ocorre nos seus filmes dos anos 70: ele se per-
Num outro sentido, menos evidente mas não menos visado por mite expor cada vez mais, nestes como naqueles, suas experiências
seu autor, O Século do Cinema pode ser lido como uma meditação, pelo pessoais e seu espaço íntimo, no momento mesmo em que o esforço
viés do cinema, sobre a história do século XX. Falando deste volume de totalização da sua reflexão sobre o mundo ganha proporções desme-
no prefácio de 1980 (não publicado) ao Revolução do Cinema Novo, suradas. Estas fazem-na exceder o quadro do século XX para revisitar
Glauber escreve: “editarei outro livro, O Século do Cinema, onde exer- personagens históricos tão antigos quanto Ciro da Pérsia e Alexandre,
ço minha crítica ao cineprocesso mundial essencializado na produção o Grande, ou momentos históricos igualmente distantes como a crise
da URSS, USA, Itália e França – a representação metafórica da luta de do Império Romano, invocada para pensar os impasses do capitalismo
classes no espelho máximo da humanidade: o sonho materializado no contemporâneo. No Século do Cinema, esta oscilação das escalas es-
audiovizual kynotelevisivo” (Revolução do Cinema Novo, reed. 2004, pacial e temporal, entre a intimidade do cineasta e a história universal,
p. 515). Se tomamos a expressão “o século do cinema”, ela pode deno- reaparece amiúde. Lembremos, por exemplo, a brusca alusão íntima
tar, em sua ambiguidade, tanto o primeiro século de existência do cine- inserida no relato sobre um festival do Columbianum em torno do ter-
ma quanto uma característica do século XX, que terá sido talvez o do ceiro mundo realizado em 1965 em Gênova, “onde eu e L. fizemos
um filho” (p. 255) ou, no outro pólo do espectro, o resumo vertiginoso
16 Ver as coletâneas de ensaios de Walter (Fronteiras do Cinema, Rio, Tempo Brasileiro, de vários séculos de história da humanidade, desde as Cruzadas até a
1966) e de Paulo Emílio (Crítica de Cinema no Suplemento Literário, Rio, Paz e Terra, 1981-
82, 2 vols, recolhendo postumamente ensaios publicados entre 1956 e 1965), de cujo sumário Revolução iraniana, presente em pouco mais de vinte linhas do ensaio
o de Glauber não fica atrás. A mesma comparação poderia ser feita com os volumes de ensaios
de Antônio Moniz Viana, José Lino Grunewald ou Enéas de Souza. Basta comparar para ver. “Apocoppolakalypse” (p. 153-4). Tais linhas fazem pensar nos vastos
17 Livro fascinante que, aliás, à diferença do que acontece no de Glauber (que cita Godard
mais de cento e trinta vezes), só mencionava o cineasta brasileiro uma única vez, numa enu-
monólogos over de Glauber em seus filmes Claro (1975) e A Idade
meração trivial sem relação direta com seus filmes. Cf. GODARD, Jean-Luc. Introduction à
une véritable história du cinema. Paris: Albatros, 1980, p. 324.

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da Terra (1980)18, que oferecem resumos históricos comparáveis. Este namento político em estado puro. Em seus numerosos artigos de crítica e
duplo movimento de radicalização (do privado e do cósmico, da in- entrevistas, o cineasta brasileiro desenvolve uma ideia fundamental, que

timidade e das totalizações históricas) se condensa aliás no curioso não é teórica e não concerne principalmente o cinema: é preciso romper
com a estética dominante do cinema […], assim como é preciso comba-
neologismo “Heustória”, usado por Glauber sob diferentes formas em
ter o imperialismo dominante. Ruptura com a tutela americana, portanto
alguns textos do Século para articular subjetividade e História, e dis-
com o modelo hollywoodiano de produção; ruptura com o estilo clássico;
solver as fronteiras entre o individual e o coletivo19. ruptura também com a Nouvelle Vague, “modelo” obsedante e indesejável
no qual Rocha vê consciência política de menos e cinema demais […].

ESTILHAÇOS TEÓRICOS Influenciado por Eisenstein (de quem retoma o fascínio pela dialética
hegelo-marxista) mas também por Rossellini (com quem partilha o ab-
solutismo quanto aos poderes do cinema), Rocha cuidou sobretudo de
Nos textos que compõe o Século, a visada crítica e histórica
traduzir as ideias e as ideologias dos cineastas europeus “de esquerda” em
prepondera sobre uma dimensão estritamente teórica, que não é muito termos adaptados à situação da América latina (La théorie des cinéastes,
saliente e nunca surge em estado puro. Glauber não parece propenso Paris, Nathan, 2002, p. 102, trad. nossa).
a discutir em abstrato princípios e categorias cinematográficos gerais,
e se vez por outra ele o faz, é sempre em parênteses a propósito de tal Numa tal formulação, a desatenção às mediações propriamente
filme ou tal cineasta. Seria difícil imaginá-lo escrevendo um tratado de teóricas através das quais Glauber desenvolve sua “ideia fundamental”
teoria ou de estética do cinema, embora ele tenha assinado artigos mais de uma estética anti-hollywoodiana, aliada à afirmação discutível (para
próximos de uma “teoria pura”, como “Da cinestética” (1958), “O pro- não dizer insustentável) segundo a qual ele procurava sobretudo trans-
cesso cinema” (1961) e “O autor” (1966)20. Por esse gênero de artigo plantar na América Latina as ideias de cineastas europeus de esquerda,
ser menos frequente e menos conhecido do público, não é raro que se corre o risco de produzir uma visão rasa de um Glauber militante polí-
minimize o aporte teórico de Glauber, como, por exemplo, em páginas tico voluntarista e de subestimar a espessura de seu esforço de reflexão
recentes, aliás finas e elogiosas, de Jacques Aumont: especificamente estética. Ora, sem nunca negar suas admirações e suas
dívidas de influência para com cineastas e artistas europeus, Glauber
Com Glauber Rocha, a reflexão se aproxima ainda mais de um posicio- diz várias vezes que o modelo deles não serve ao cinema brasileiro. A
este respeito, baste-nos citar dois textos sobre o Cinema Novo, separa-
18 Ver a transcrição de ambos em Glauber Rocha, Roteiros do Terceyro Mundo, p. 430 e 462-3,
respectivamente. dos por um intervalo de 20 anos que enquadra temporalmente todo o
19 Usamos aqui uma formulação de Ivana Bentes em sua introdução (“O devorador de mitos”) movimento. No primeiro, de 1962, intitulado “Cinema Novo”, ele dizia:
ao volume de Glauber por ela organizado das Cartas ao Mundo, p. 10.
20 “Da cinestética”. Ângulos, Salvador, ano 8, n°13, julho 1958 (deste artigo foram extraídos “Nós não queremos Eisenstein, Rossellini, Bergman, Fellini, John Ford,
os textos sobre John Huston e sobre René Clair incluídos no Século); “O processo cinema”
(1961, recolhido em RCN, p. 43-50); “O autor”, já citado na nota 10 supra. ninguém. [...] Nosso cinema é novo porque o homem brasileiro é novo

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e a problemática do Brasil é nova e nossa luz é nova e por isto nossos artes e com o pensamento aparece no mais das vezes à margem dos
filmes nascem diferentes dos cinemas da Europa” (RCN, 2004, p. 52). comentários de filmes particulares, e o pressuposto é semelhante: tal
No segundo, o prefácio de 1980 (não publicado) ao Revolução do Ci- relação enriquece o cinema, mas não o reduz às artes que lhe precede-
nema Novo, já citado aqui, Glauber qualifica o Cinema Novo de “corte ram nem a um pensamento que lhe é exterior. Em vez de se reduzir a
epistemológico com os cinemas civilizados e colonizadores [americano eles, o cinema os incorpora num nível superior. Deste gênero de consi-
e europeu]” (RCN, p. 518). derações espalhadas por todo o livro, guardemos um só exemplo, uma
Haveria pelo menos duas maneiras de mostrar que a dimensão ampla tipologia, que ecoa duas outras sugeridas pelo jovem Godard na
teórica não está ausente dos textos do Século: pela enumeração dos te- abertura de dois elogios dos anos 50 a Nicholas Ray21, e cujo desenvol-
mas teóricos explícitos no livro ou pela exploração das sugestões teó- vimento (que Glauber não empreende) se aparentaria a um sistema,
ricas que ele traz sem chegar a desenvolvê-las. Nós nos contentaremos como diria Étienne Souriau, de correspondência das artes:
aqui em dar algumas indicações para cada uma destas duas vias.
As questões e discussões teóricas presentes ao longo do volume Há, no cinema, os que fazem escultura (como Resnais), os que fazem pin-

podem ser organizadas em torno de dois eixos principais: 1) as relações tura (como Eisenstein), os que filosofam (como Rossellini), os que fazem
cinema (como Chaplin), os que fazem romances (como Visconti), os que
do cinema com as outras artes (notadamente a literatura, mas também
fazem poemas (como Godard), os que fazem teatro (como Bergman), os
o teatro, a ópera, a música, a pintura) ou com o pensamento filosófico,
que fazem circo (como Fellini), os que fazem música (como Antonioni),
discutidas com frequência por Glauber, ora para sugerir convergências, os que fazem ensaios (como Andrzej Munk e Rosi) e os que, dialética e
ora para salientar especificidades irredutíveis do cinema; 2) os ele- violentamente, materializam o sonho: este é Buñuel (p. 187).
mentos propriamente constitutivos da estética do cinema (montagem,
composição, ritmo, mise en scène, zoom, cenografia, enquadramento, Quanto aos elementos constitutivos de uma estética cinemato-
trabalho de câmera, etc.), objeto de um esforço constante de invenção e gráfica, constatamos ao longo do livro um esforço constante de Glauber
elucidação conceituais por parte de Glauber. para estabelecer distinções conceituais (entre dramaturgia fílmica, tea-
Em contextos bem variados, Glauber volta com frequência à
21 No primeiro (“Rien que le cinéma”, Cahiers du Cinéma, n.68, fev. 1957), Godard nota que
questão da relação do cinema com a literatura. Ele comenta as afinida- “enquanto imaginamos bem John Ford almirante, Robert Aldrich em Wall Street, Anthony
des entre o trabalho de certos cineastas e o universo de certos escrito- Mann no rastro de Belliou Fumaça, Raoul Walsh novo Henry Morgan sob o céu das Caraíbas,
vemos mal em compensação o que o cineasta de Run for Cover [Nicholas Ray] daria em qual-
res, mas em geral tende a criticar os filmes que permanecem tributários quer outra atividade além do cinema. Um Logan, por exemplo, ou um Tashlin, podem dar certo
no teatro ou no musical, um Preminger no romance, um Brooks no ensino primário, um Fuller
da literatura e a defender a especificidade e a autonomia estética do na política, um Cukor na publicidade, mas não um Nicholas Ray”. No segundo (“Au-delà des
étoiles” , Cahiers du Cinéma, n.79, jan. 1958), ainda mais direto, ele diz: “Havia o teatro (Gri-
cinema, à qual alguns cineastas teriam feito plena justiça (Eisenstein, ffith), a poesia (Murnau), a pintura (Rossellini), a dança (Eisenstein), a música (Renoir). Mas
Welles, Antonioni, entre outros). A relação do cinema com as outras há agora o cinema. E o cinema é Nicholas Ray” (artigos recolhidos em Jean-Luc Godard par
Jean-Luc Godard, Paris, Cahiers du Cinéma, 1985, p. 96 e 119, respectivamente).

260 261
tral e romanesca, entre imagem cinematográfica, fotográfica e pictórica, nárias individuais ou coletivas: ideias, ideologias, pulsões, desejos, so-
entre “técnica física” e “técnica estética”) que lhe permitem circunscre- nhos. Assim, o cinema como arte de materialização pode materializar
ver melhor o que há de específico ao cinema em sua relação permanen- ideias (no rastro de Pudovkin, o estilo de Visconti penderia para “a
te e nutritiva com as outras artes. Este gosto pela distinção (paradoxal corporificação da ideia”, p. 216), concepções da História (“a montagem
num estilo de pensamento impuro como o seu) aparece também em Kubexpressionista de Kane materializa uma concepção circular da His-
suas considerações sobre o uso do zoom nos cineastas italianos, e che- tória cheia de som e fúria contada por um idiota [e] que não significa
ga a tomar a forma de uma tipologia pletórica da montagem, na qual nada”, p. 52), pulsões ou processos inconscientes (“primeira materiali-
Glauber multiplica os qualificativos para pensá-la ao longo dos textos: zação do inconsciente – o cinema é o interconsciente”, p. 151; “A mate-
ele fala em montagem tonal, dramática, narrativa, “kubexpressionis- rialização do inconsciente é anterior à consciência”, p. 165; no cinema,
ta”, de choque, de encadeamento, interna, externa, vertical, subjetiva, há “os que, dialética e violentamente, materializam o sonho: este é o
harmônica, métrica, rítmico-tonal, sem esquecer da “anti-montagem”. Buñuel” p. 187; “Fellini, tocado também pelo surrealismo francês...
Da outra maneira possível de extrair e explorar os elementos jorra consciência pura... artérias do inconsciente rompidas pelo Fluxo
teóricos dispersos ao longo do livro, concentremo-nos aqui num único Nada que se materializa em criações... filme... matéria do sonho...”, p.
exemplo, invocando o verbo “materializar” (ou seu substantivo correla- 262; “Fellini filma seu interior refletido no espelho de sua encenação.
to “materialização”), que Glauber usou para definir a operação à qual o Todo cineasta filma a si mesmo, neste processo de materialização, mas
cinema submete seus materiais, venham eles de uma realidade externa Fellini é o único que ultrapassa as ‘ruínas historicistas’, projeta seu êxta-
a representar ou transfigurar, venham de uma “matéria psíquica” a ex- se”, p. 258; “Anita Ekberg vestida de cardeal subindinfinitamentescadas
primir. Incorporada de vez no vocabulário crítico de Glauber a partir da Khatedral de São Pedro é a materialização de um desejo Felliniano
dos anos 70, esta noção de “materialização” é invocada de modo claro de ser Mulher Sensual e Cardeal”, p. 262; “Deus e o diabo, Terra em tran-
pelo cineasta numa entrevista de 1975 a Judith Hribar, na qual ele de- se e todos esses filmes são materialização de sonhos culturais”, p. 331).
fine o cinema como “um meio de materialização” e o filme como “uma Mas o cinema materializa também realidades externas extra-
materialização audiovisual de ideias” ou de sonhos22. -psíquicas – sociais ou históricas: “Entre o realismo dos irmãos Lumiè-
Numa série de textos do Século (bem como de Revolução do re e a fantasia de Georges Méliès (criadores da Técnica e da Estética do
Cinema Novo), Glauber volta à noção para designar a operação pela filme), o cinema revolucionou a primeira metade do século XX, ma-
qual o cinema representa a realidade ou transpõe e dá forma artística a terializando a História em busca de transformar sonho em realidade”
conteúdos psíquicos conscientes ou inconscientes, a formações imagi- (p. 206). Esta materialização da realidade ou da História caracterizaria
o cinema todo, mas poderia definir também, mais particularmente, o
trabalho de certos cineastas como Rossellini ou Visconti: “O difícil em
22 Cf. “Filmcritica 75”, incluído em RCN, p. 298, 301 e 302.

262 263
Rossellini é que a materialização da realidade subjuga seu talento” (p. de sua importância, quando o século e o cinema já não eram mais os
215). Em certos filmes, Visconti “materializa a história dos camponeses, mesmos25. Esforços e resultados de ambas as edições à parte, este livro
marginais e operários italianos”, noutros ele “materializa a história da está longe de fechar o debate sobre a relação de Glauber com o cinema
burguesia” (p. 243) desde as guerras antinapoleônicas até o século XX. mundial. O exame e a publicação de outros textos glauberianos ainda
Para o teórico do cinema, esta noção de materialização parece não recolhidos sobre este universo (e cujo poder de sugestão permane-
fecunda, pois ela vem ao mesmo tempo adensar a ideia de uma ex- ce intacto) serão uma das vias de ampliação deste debate que ainda tem
pressão da subjetividade do artista (que era no fim das contas um dos muito a nos ensinar.
pressupostos filosóficos de base da “política dos autores”) e substituir,
num nível não meramente lexical, a ideia de representação da realidade
(postulado incontornável das estéticas realistas). Nossa hipótese é a de
que ela se tornou um dos operadores conceituais de Glauber, um dos
seus instrumentos propriamente teóricos23 que lhe permitiram escapar
dos modelos realistas24 para pensar noutras bases uma estética do ci-
nema em geral, e sobretudo para formular sua própria poética, na qual
uma pesquisa de linguagem permanente e radical nunca perde uma
relação – sinuosa e tensa – com as múltiplas realidades que ela teima
em enfrentar.
Crítica, história e (um pouco de) teoria, três faces do Século do
Cinema. Há outras, naturalmente. Glauber lançou este livro como uma
garrafa ao mar em 1981, pouco antes de morrer. Os leitores brasileiros
puderam descobri-lo em 1983 numa edição estropiada, e redescobri-lo
duas décadas mais tarde, em reedição muito melhorada, à altura enfim

23 Como a noção do “épico-didático”, de ressonâncias brechtianas, com a qual ele definia às


vezes seu próprio projeto cinematográfico.
24 Glauber sempre invocou ou discutiu os modelos realistas a propósito dos filmes dos outros,
mas sempre os recusou nos seus. Esta recusa assume por vezes formas veementes, como nas
duras críticas que ele faz aqui às estéticas cinematográficas tributárias do modelo marxista 25 De lá para cá, três traduções do Século vieram à luz na Europa, uma integral na França (nos-
de Lukács ou daquele, que ele qualifica de “fenomenológico”, de Bazin, ambos chamados de so Le Siècle du Cinéma, op. cit., 2006), outras parciais em antologias de Glauber publicadas
“desastres” numa entrevista italiana de 1969 (cf. p. 275 do Século) e novamente criticados com na Itália (ROCHA, G. Scritti sul cinema, 1986, incluindo 28 textos do Século) e na Inglaterra
veemência numa entrevista portuguesa de 1974 (cf. RCN, p. 271-2). (ROCHA, G. On Cinema, London/N. York, I. B. Tauris, 2019, incluindo 26).

264 265
3
BIBLIOGRAFIA
DE
GLAUBER
ROCHA

266 267
NOTA INTRODUTÓRIA das seções I (“Scritti di Glauber Rocha”) e II (“interviste con G.R.,
Dichiarazioni e Interventi di G.R.”), estampadas nas p. 218-225 da
“Bibliografia” elaborada por Stefania Parigi e Angela Prudenzi para
Este levantamento bibliográfico se limita, com uma única exceção o volume italiano de Glauber Scritti sul cinema, organizado por Lino
(o datiloscrito da entrevista parisiense a Anne Head, de 1972), aos Miccichè (Venezia: Ed. La Bienale di Venezia, 1986). Matheus Pereira
textos publicados de Glauber1, que dividimos em 6 seções: 1) Livros redigitou atentamente estas seções inteiras, com correções baseadas
(16 itens); 2) Capítulos de livro, prefácios, apresentações e orelhas em pesquisas bibliográficas mais antigas de Mateus Araújo. Finda
(24 itens); 3) Roteiros ou argumentos (19 itens); 4) Textos literários esta etapa, tratamos de acrescentar a este documento inicial um vasto
(18 itens); 5) Artigos de jornal, revista ou catálogo (576 itens); 6) conjunto de textos que Arlindo Rebechi digitalizara em suas pesquisas
Entrevistas, depoimentos e debates (280 itens). Vários destes 933 itens do doutorado, sobretudo na Biblioteca Nacional (RJ) e na Biblioteca
elencados suscitaram ainda traduções ou republicações (integrais ou Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), em Salvador,
parciais), que preferimos em geral considerar não como novos itens, agrupara em pastas de fotos (transformadas por Mateus Araújo em
mas como desdobramentos de um texto original, indicados ao fim da pastas individuais para cada artigo) e listara num detalhado anexo de
sua referência2 numa fonte de tamanho ligeiramente menor. sua tese de doutorado (Glauber Rocha, ensaísta do Brasil. São Paulo,
Dentro de cada seção, os itens estão organizados pela estrita FFLCH-USP, 2011, Vol. 2, p. 516-572). Isto nos permitiu também
cronologia da publicação. Para cada item elencado, adotamos a corrigir ou complementar referências de grande parte dos textos
referência bibliográfica mais completa que conseguimos obter, no mais elencados por Parigi e Prudenzi - que traziam várias imprecisões,
das vezes a partir do exame físico dos textos ou de sua reprodução erros e lacunas (elas nunca especificavam, por exemplo, as páginas
fotográfica. Indicamos sempre a cidade da publicação, exceto em casos dos textos). Finda esta segunda etapa, um exame paciente da lista de
óbvios, quando ela soava desnecessária por já aparecer claramente no publicações transferidas do Tempo Glauber à Cinemateca Brasileira,
nome de veículos de resto muito conhecidos (Folha de São Paulo, O dos levantamentos bibliográficos de Raquel Gerber3 e Rita de Cássia
Estado de São Paulo, Jornal de Brasília etc). Lacunas de informação Rodrigues4, bem como da entrada “Glauber Rocha” no repertório
(data, volume ou número de revista, página etc.) vão indicadas pelo bibliográfico internacional da FIAF e das bibliografias incluídas em
ponto de interrogação simples - ? -, e a incerteza sobre algum dado vários estudos estrangeiros sobre Glauber ou o Cinema Brasileiro (de
referido, pela interrogação entre colchetes [?]. René Gardies, Cinzia Bellumori, Sylvie Pierre, Claudio Valentinetti)5,
Na forma que acabou ganhando aqui, nossa listagem partiu
3 Em O cinema brasileiro e o processo político e cultural, Rio, Embrafilme / DAC, 1982, passim
(especialmente p. 76-99).
1 E exclui, portanto, a massa numerosíssima de inéditos manuscritos ou datiloscritos conser- 4 Glauber Rocha: Bibliografia , São Paulo: ECA-USP, 1984.
vados do cineasta, que também continuará alimentando por muito tempo os estudos glaube- 5 GARDIES, R. Glauber Rocha. Paris: Seghers, 1974, p. 153-61; BELLUMORI, Cinzia. Glauber
rianos. Rocha. Firenze: Il Castoro Cinema, 1975, p.124-6; PIERRE, S. Glauber Rocha. Paris: Ed. Cahiers
2 É o caso, por exemplo, do célebre texto “Uma estética da fome”, de 1965, item único ao qual du Cinema, 1987, p. 249-52; VALENTINETTI, C. M. Glauber: um olhar europeu. São Paulo:
se associaram aqui 39 republicações ou traduções. Instituto Lina Bo e P. M. Bardi / Prefeitura do Rio, 2002, p. 205-19.

268 269
permitiu acrescentar centenas de novas referências à nossa listagem. concretamente as bibliotecas elencadas no parágrafo anterior: Albert
Com estas novas referências, fomos localizando e reproduzindo os Elduque (em Barcelona) e José Quental (no Rio) localizaram e foto-
textos ao longo de alguns meses em diversas bibliotecas brasileiras e grafaram cada um cerca de 80 documentos que ainda não tínhamos;
estrangeiras, a começar pela Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional Gustavo Jardim e Luís Felipe Flores nos franquearam cerca de 50 arti-
e pelos acervos digitais de alguns jornais e revistas brasileiros de maior gos estrangeiros por intermédio da Biblioteca da Universidade de Chi-
circulação (Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo, Veja cago; Marcos Pierry fez pesquisas providenciais em Salvador, precisou
etc.), secundadas por diversas Bibliotecas brasileiras e estrangeiras. referências que tínhamos, descobriu algumas que não tínhamos e foto-
Pesquisas físicas nossas e de uma pequena legião de colabora- grafou duas dúzias de textos; Umbelino Brasil (contatado por Pierry)
dores nestas bibliotecas brasileiras e estrangeiras permitiram enrique- comunicou generosamente uma trintena de documentos dos quais ain-
cer consideravelmente nossas listagens iniciais. Agradecemos assim da não tínhamos fotos, e compartilhou informações preciosas; Claudio
aos funcionários da Biblioteca Mário de Andrade e de sua Hemeroteca Valentinetti enviou o arquivo de uma bibliografia sua publicada em seu
(SP), da Biblioteca Jenny Klabin Segall (SP), da Hemeroteca do Arqui- livro brasileiro sobre Glauber e um exemplar de seu livro italiano sobre
vo Público do Estado de São Paulo (SP), das Bibliotecas da ECA-USP Glauber e o Cinema Novo6. Devemos ainda numerosos envios de tex-
e da FFLCH-USP, do CEDEM-UNESP (SP), da Biblioteca da Cinema- tos e informações a Claudio Leal (de Salvador), Juliana Araújo, Michel
teca Brasileira (SP), do Centro de Documentação da Cinemateca do Marie, Claire Allouche e François de la Bretèque (da França), Niko-
MAM-RJ, do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, da Biblioteca la Matevski (da Sérvia), David Cenek (de Praga), Angel Calvo Ulloa,
da Cinemateca Capitólio Petrobrás e do Museu da Comunicação Hi- Carolina Cordeiro e Misha Bies Golas (da Galícia, Espanha) Leonardo
pólito José da Costa (Porto Alegre), da Biblioteca Pública Estadual de Bonfim e Marcus Mello (de Porto Alegre), Virgínia Amaral (de Brasí-
Minas Gerais e da Midiateca João Etienne Filho da Fundação Clovis lia), Fernando Trevas (de João Pessoa), Lucas Murari, Fábio Vellozo e
Salgado (Belo Horizonte), do Arxiu Històric de la Ciutat de Barcelona, Frederico Coelho (do Rio de Janeiro), Matheus Pereira, Marcelo Mi-
da Biblioteca de la Filmoteca de Catalunya e da Biblioteca de Catalunya randa, Bernardo Schuchter (de Belo Horizonte), Maria Chiaretti, Nata-
(Barcelona), da Biblioteca dos Barris e da Biblioteca do Instituto Geo- lia Belasalma, Lívia Lima e Felipe Soares (de São Paulo), Pablo Gonçalo
gráfico e Histórico da Bahia (Salvador), da Bibliothèque du Film (BIFI) (de Chicago), Alessandra Brum (de Juiz de Fora), João Lanari e Paloma
da Cinemateca Francesa (Paris), da Biblioteca Nacional da França, da Rocha (de Brasília), Adrian Martin, Bruce Hodson, Geoffrey Gardner e
Biblioteca da Cinemateca Iugoslava [Jugoslovenska Kinoteka, de Bel- Gary Andrews (da Austrália).
grado], da Biblioteca da Universidade de Chicago.
Uma legião de amigos ajudou de diversas maneiras a enriquecer
nossa pesquisa e nossa listagem, localizando, verificando ou enviando Mateus Araújo e Arlindo Rebechi Junior
textos, contatando outros pesquisadores, facilitando autorizações de
6 Respectivamente, Glauber: um olhar europeu, Op. cit., e Cinema Novo: Prima, durante e dopo.
reprodução, compartilhando informações e documentos, e explorando Salerno: Ed. Arcoiris, 2018.

270 271
PUBLICAÇÕES
1. LIVROS

1. Revisão crítica do cinema brasileiro. Rio de Janeiro:

DE GLAUBER
Civilização Brasileira, 1963, 147 p. [Reed. revista e
aumentada. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, 238 p.].
Republicação parcial: “Humberto Mauro e Situação
histórica”. In: VIANY, Alex (Org.). Humberto Mauro: sua

ROCHA
vida / sua arte / sua trajetória no cinema. Rio de Janeiro:
Artenova / Embrafilme, 1978, p.77-84. Traduções
integrais: Revisión crítica del cine brasileiro. La Habana:
ICAIC, 1965. 126 p.; Revision critica del cine brasileño.
Madrid: Editorial Fundamentos, 1971, 176 p. Traduções
MATEUS ARAÚJO
de extratos: em: Filmoteca, Cidade do México, n.19,
ARLINDO REBECHI JUNIOR 1972-73, p. ?; “Pour un cinéma national indépendant”.
(COM A COLABORAÇÃO PRINCIPAL In: René Gardies, Glauber Rocha, Paris, Seghers (Coll.
DE ALBERT ELDUQUE E JOSÉ QUENTAL) Cinéma d’Aujourd’hui), 1974, p. 127; “‘Introduzione’ a
‘Revisione Critica del Cinema brasiliano’”. In: VVAA. Il
Cinema Nôvo brasiliano. I. testi e documenti. Pesaro: XI
Mostra Internazionale del Nuovo Cinema, Quaderno
informativo n. 64, 1975, p. 23-28; “Su Humberto Mauro
e la Situazione Storica del Cinema brasiliano”. Ibidem,
p. 29-37; “Humberto Mauro and the historical position
of Brazilian cinema”. Transl. by J. Davis. Framework.
Warwick, n. 11, outono 1979, p. 5-8. “‘La Parole donnée’
vu par Glauber Rocha”. Les Cahiers de la Cinémathèque.
Perpignan, n. 3, Été 1971, p. 36-7 [trad. fr. de trechos
da seção “A palma de ouro”, In: Revisão crítica..., 1963,
p.132-5 (reed. Cosac & Naify 2003, p.160-5)].
2. Deus e o Diabo na Terra do Sol [autoria: ROCHA,
Glauber et al.]. Rio de Janeiro: Editora Civilização
Brasileira, 1965. 232 p.
Os textos até então inéditos de Glauber incluídos neste
volume, “Antonio das Mortes em Canudos” e “V. Canção”
(p. 29-31 e 110-4) foram traduzidos em “Antonio das
Mortes en Canudos” e “Las canciones del film” (co-
autoria com Sérgio Ricardo). Cine Cubano. Havana, Vol.
7, n. 42/44, 1967, p. 97-8 e 129-31.

273
3. ABC da arte & do amor de Calasans gravador. Salvador: (Ed. 1981, p. 358-63 / Reed. 2004, p. 387-91), em BAX,
Macunaíma, 1966, 42p. Dominique; BÉGHIN, Cyril; ARAÚJO SILVA, Mateus
(Dir.). Glauber Rocha / Nelson Rodrigues. Bobigny: Magic
Neste livro pequenino, em co-autoria com Calasans
Cinéma, 2005 (Coll. Théâtres au Cinéma, T.16), p. 158-9;
Neto e formato de bolso, Glauber aparece como autor na
republicação parcial em: “Glauber Rocha fala de cinema,
capa e no rosto, e publica o texto “ABC da arte & do amor
Brasil e burrice”. O Fluminense. Niterói, 10-11/10/1982,
de Calasans gravador” (datado de abril de 1962) nas p.
Caderno Encontro, Coluna de Joubert Martins, p. 4;
5-31, sempre alternado com reproduções de gravuras
A revolução é uma Eztetyka. Folha de Goiáz. Goiânia,
de Calasans. Este texto é reproduzido ainda, em versão
7/7/1982, p. ; “Ruy Guerra 80”. Positif. Paris, n. 587, jan.
fac-similar, nas p. 7-27 de CALASANS NETO. Gravuras.
2010, p. 52-54.
Salvador: Governo da Bahia / COPENE / Fundação Casa
de Jorge Amado, 1998, 120 p. 6. La nascita degli dei. Torino: ERI - Edizioni RAI, 1981,
4. Riverão Sussuarana. Rio de Janeiro: Record, 1977, 288 141 p.
p. [2a Ed. Florianópolis: Ed. UFSC, 261 p.]. Tradução brasileira, por Maurício Santana Dias, de
um pequeno trecho em “Alexandre, o sol do Ocidente”.
5. Revolução do Cinema Novo. Rio de Janeiro: Editora Folha de São Paulo, 9/1/2005, Caderno Mais!, p.10.
Alhambra / Embrafilme, 1981, 475 p. [Reed. revista e Tradução brasileira integral por Jacyntho Lins Brandão
aumentada. São Paulo: Cosac Naify, 2004, 568 p.]. em Glauber Rocha. O Nascimento dos Deuses. Belo
Dentre os textos publicados pela primeira vez neste livro, Horizonte: Fundação Clóvis Salgado, 2019.
dois foram traduzidos: “Eztetyka do sonho 71” (Ed. 7. O Século do Cinema. Rio de Janeiro: Editora Alhambra
1981, p.217-21 / Reed. 2004, p.248-51) em “Esthétique / Embrafilme, 1983, 255 p. [Reed. revista e aumentada.
du rêve”. In: PIERRE, Sylvie (Org.). Glauber Rocha. Paris:
São Paulo: Cosac Naify, 2006, 416 p.].
Éd. Cahiers du Cinéma, 1987, p. 127-31; “Die Aesthetik
des Traums” [Estética do sonho]. Film und Fernsehen. Tradução integral francesa: Le siècle du cinema. Ed.
Berlim, ano 18, n. 12, 1990, p. 16; La Caja. n. 4, jun./ française établie par Cyril Béghin et Mateus Araújo
jul. 1993; Kilómetro 111. n. 2, set. 2011; “Estética del Silva. Traduction Mateus Araújo Silva. Préface Ismail
sueño”. Kinetoscopio. Medellín, Vol. 14, n. 70, dez. 2004, Xavier. Bobigny / La Crisnée / São Paulo: Magic Cinéma
p. 56-57; “Estética de sueño / Eztetyka do sonho”. In: / Yellow Now / Cosac Naify, 2006, 333 p.; traduções dos
CONSTANTINI, Eduardo F.; GOLDMAN, Ana; CANGI, textos, publicados pela primeira vez neste livro, “Maestro
Adrián. Glauber Rocha: del hambre al sueño. Buenos Visconti”, “Antonioni”, “Um intelectual europeu” e
Aires: Malba, 2004, p. 46-49; “2. Esthétique du rêve” “Paso Sado Maso Salo” (Ed. 1983, p.177-81, 182-3, 211
[trad. Sylvie Pierre, rev. Mateus Araújo Silva]. In: BAX, e 243-5 / Ed. 2006, p.241-6, 248-9, 282 e 322-4), em:
Dominique; BÉGHIN, Cyril; ARAÚJO SILVA, Mateus “Maestro Visconti” [trad. Mateus Araújo Silva]. In: BAX,
(Dir.). Glauber Rocha / Nelson Rodrigues. Bobigny: Dominique; BÉGHIN, Cyril; ARAÚJO SILVA, Mateus
Magic Cinéma (Coll. Théâtres au Cinéma, T.16), 2005, p. (Dir.). Glauber Rocha / Nelson Rodrigues. Bobigny: Magic
22-3; tradução tcheca: “Estetika snu”. In: ČENĚK, David; Cinéma (Coll. Théâtres au Cinéma, T.16), 2005, p. 80-81;
HLUBEK, Jan (Org.). Brazilský film: sborník textů ke “Antonioni”. In: COSTANTINI, Eduardo F.; GOLDMAN,
stejnojmennému cyklu 33. letní filmové školy 2007. Ana; CANGI, Adrián. Glauber Rocha: del hambre al
Uherské Hradiště (República Tcheca): Asociace českých sueño. Obra, política y pensamento. Buenos Aires: Malba,
filmových klubů, 2007, p. 20. E “Pytanga Antônio 78” 2004, p. 177-8; “Un intellettuale europeo” (trad. Italiana

274 275
de Maria Rita Nepomuceno). Bianco e Nero, Roma, vol. (com trechos de cartas de Glauber). Jornal de Brasília,
LXXII, n. 571, set.-dez. 2011, p. 30; e “Paso Sado Maso 24/8/1997, Caderno 2, p. 1. Traduções em “À Paulo
Salo”. Trafic. Paris, n. 29, Printemps 1999, p. 128-30 Emílio Salles Gomes” (Salvador, avril 1961). Positif.
[versão modificada por Sylvie Pierre do original também Paris, n. 460, jun. 1999, p.58-60. “La lettera ao mondo
francês do Século, e republicada em BAX, Dominique; di Glauber Rocha” [tradução de Claudio Valentinetti de
BÉGHIN, Cyril; ARAÚJO SILVA, Mateus (Dir.). Glauber cartas de Glauber a Paulo Emílio Salles Gomes (Salvador,
Rocha / Nelson Rodrigues. Bobigny: Magic Cinéma (Coll. 2/11/1960), Michel Ciment (1970), Carlos Diegues
Théâtres au Cinéma, T.16), 2005, p. 71], depois traduzido (Paris, junho 1973), Alfredo Guevara (Roma, setembro
para o português por Rodrigo Faria em PIZZINI, Joel 1973) e Celso Amorim (Sintra, 23/3/1981)]. Bianco e
(Org.), O Cinema segundo Glauber e Pasolini, São Paulo: Nero. Roma, Vol. LXI, n. 1-2, jan.-abr. 2000, p. 145-63.
Centro Cultural Banco do Brasil, 2005, s/p., e incluído
14. Un sueño compartido [co-autor: Afredo Guevara].
em português na reed. do Século de 2006, p. 322-4].
Edición Luis Ernesto Flores. Tradução Honel Binelfa e
8. Roteiros do terceyro mundo. Organização Orlando Dominica Diez. Madrid: Iberautor, 2002, 344 p.
Senna. Rio de Janeiro: Editora Alhambra / Embrafilme,
15. La revolución es una eztétyka. Compilado por Ezequiel
1985, 466 p.
Ipar. Traducción Ezequiel Ipar y Mariana Gainza.
9. Saggi & invettive sul nuovo cinema. (Antologia da Presentación Ismail Xavier. Buenos Aires: Caja Negra,
Revolução do Cinema Novo). A cura di Lino Miccichè. 2011, 318 p.
Traduzione di Mario Fiorani. Torino: Eri Edizione
16. On cinema. Ed. [and Introduction] by Ismail Xavier.
RAI, 1986, 191p.
General Coordination by Lúcia Nagib. Translation
10. Scritti sul Cinema. A cura di Lino Miccichè. Traduzioni by Stephanie Dennison, Charlotte Smith and Cecília
di Maria Celeste Pinto, Patrizia Botta e Mario Fiorani. Mello. London: I.B. Tauris, 2019, 306 p.
Venezia: Ed. La Biennale di Venezia, 1986, 233 p.
11. Senhor dos navegantes: roteiro cinematográfico 1957.
Apresentação de Fernando da Rocha Peres. Salvador:
Macunaíma, 1987, 25 p. 2. CAPÍTULOS DE LIVRO, PREFÁCIOS,
12. Poemas eskolhydos de Glauber Rocha. Organização
Pedro Maciel. Brasília: Editora Alhambra, 1989, 95 p.
APRESENTAÇÕES E ORELHAS
13. Cartas ao mundo. Organização Ivana Bentes. São
Paulo: Companhia das Letras, 1997, 794 p. 1. “Posfácio”. In: SOARES, Paulo Gil. Evangelho de couro.
Salvador: Escola de teatro da Universidade da Bahia,
Das cartas de Glauber reunidas neste livro, algumas
foram parcial ou integralmente republicadas em “Carta a
1960.
Cacá Diegues”. (Paris, junho 1973). Jornal do Brasil, Rio 2. [Orelha, assinada G.R.]. In: SCHINDLER, Rex;
de Janeiro, 15/8/1997, Caderno B, p. 1; “Glauber assina BRAGA NETO; PIRES, Roberto. A Grande Feira.
embaixo” (reportagem de Anabela Paiva com trechos Salvador: Associação dos Críticos Cinematográficos
de cartas de Glauber). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, da Bahia, 1963, Coleção Documentos.
15/8/1997, Caderno B, p. 1 e p. 5. “Profeta epistolar”.

276 277
3. “Depoimento”. In: SCHINDLER, Rex; BRAGA NETO; In: Abel Silva. Asas: solos de lira elétrica. Rio de Janeiro:
PIRES, Roberto. A Grande Feira. Salvador: Associação Ed. do autor, 1979. 2a Ed., Rio Janeiro: Edições Muro,
dos Críticos Cinematográficos da Bahia, 1963, Coleção 1981, p. 9-11.
Documentos, p. 105-9. 12. “Glauber Rocha”. (depoimento a Heloisa Buarque de
4. “O diretor (ou o autor)”. In: COSTA, Flávio Moreira Hollanda e Carlos Alberto M. Pereira). In H. B. de
da (Coord.). Cinema Moderno Cinema Novo. Rio de Hollanda e C. A. Messeder Pereira (Org.). Patrulhas
Janeiro: Álvaro Editor, 1966, p. 39-52. ideológicas marca reg. São Paulo: Brasiliense, 1980, p.
Parcialmente reproduzido em: “O desrespeito 24-34.
do argumento. A dupla visão sobre literário e o Trad.: “Intervista con Glauber Rocha”. In: AA.VV. Brasile:
cinematográfico”. Filme Cultura. Rio de Janeiro, n. 43, Cinema Novo e dopo. Veneza: Marsilio Editori, 1981, p.
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Il Cinema Nôvo brasiliano. I. testi e documenti. Pesaro:
XI Mostra Internazionale del Nuovo Cinema, Quaderno 13. “Le Christ-Oedipe”. In: BERGALA, Alain & NARBONI,
informativo n. 64, 1975, p. 97-103. Jean (Dir.). Pasolini cinéaste (hors série). Paris: Editions
de l’Etoile / Cahiers du Cinéma, [mar] 1981, pp. 81-2.
5. “Apresentação: A moral de um novo Cristo”. In: Ado
Kyrou (Org.). Luís Buñuel. Tradução de José Sanz. Rio Publicação em português: “Pasolini Cristo”. Careta.
Rio de Janeiro, Ano LIII, n. 2736, 20/7/1981, p.26-8,
de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1966, pp. 1-8. reproduzida sob o título “O Cristo-Édipo” em O Século
Trad. francesa de Paulo Paranaguá: “La morale d’un do Cinema, Ed. 1983, p.211-4, Reed. 2006, p.283-6; trad.
nouveau Christ”. Positif, n. 272, octobre 1983, p.17-19. para o espanhol: “El Cristo-Edipo”. In: COSTANTINI,
6. “Um bom destino, entre outras misérias”. In: PEREIRA, Eduardo F.; GOLDMAN, Ana; CANGI, Adrián. Glauber
Rocha: del hambre al sueño. Obra, política y pensamento.
Armando et al. A prostituição é necessária?. Rio de
Buenos Aires: Malba, 2004, p. 189-91.
Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 87-94.
14. “O festival”[entrevista a Pedro Del Picchia e Virginia
7. “Impressão pessoal”. [Orelha do livro de Paulo Francis,
Murano]. In: PICCHIA, Pedro del; MURANO,
Opinião Pessoal]. Rio de Janeiro: Ed. Civilização
Virginia. Glauber, o leão de Veneza. São Paulo: Ed.
Brasileira, 1966.
Escrita, 1982, p. 15-24.
8. “Apresentação”. In: BRITTO, Jomard Muniz de. Do
15. “O cinema brasileiro”[entrevista a Pedro Del Picchia e
Modernismo à Bossa Nova. Rio de Janeiro: Civilização
Virginia Murano]. In: PICCHIA, Pedro del; MURANO,
Brasileira, 1966, p. IX-XI.
Virginia. Glauber, o leão de Veneza. São Paulo: Ed.
9. “Nota prévia”. In: RIBEIRO, João Ubaldo. Setembro Escrita, 1982, p. 25-33.
não tem sentido. Rio de Janeiro: Álvaro Editor, 1968, p.
16. “A paixão política”[entrevista a Pedro Del Picchia e
9-15.
Virginia Murano]. In: PICCHIA, Pedro del; MURANO,
10. “Prólogo”. In: CUNHA, Euclides da. Los Sertones. La Virginia. Glauber, o leão de Veneza. São Paulo: Ed.
Habana: Ed. Casa de las Américas, 1973, p. VII-XIV. Escrita, 1982, p. 35-48.
11. “Azaz do Brazyl”. [Prefácio, datado de abril de 1979]. 17. “A comunicação do inconsciente e o processo da

278 279
consciência” [entrevista a Raquel Gerber, Roma, 24. “A única coisa que me prende ao Brasil” [Carta de
fev. 1973]. In: GERBER, R. O mito da civilização Glauber Rocha a Jirges Ristum, em dezembro de
atlântica: Glauber Rocha, cinema, política e a estética 1976]. In: ISOLA, Ivan Negro (Org.). Um vento me
do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1982, p. 179-85. leva: lembranças de Jirges Ristum. São Paulo: Imprensa
18. “Metáfora, linguagem dos profetas” [entrevista a Oficial, 2009, p. 106-111.
Raquel Gerber]. In: GERBER, Raquel. O mito da
civilização atlântica: Glauber Rocha, cinema, política
e a estética do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1982, p.
222. 3. ROTEIROS OU ARGUMENTOS
19. “Considerações sobre o inconsciente do artista”
[entrevista a Raquel Gerber, Rio de Janeiro, 1977]. In: 1. “Estranho episódio de quatro homens em Cidade das
GERBER, R. O mito da civilização atlântica: Glauber Cruzes”. Jornal da Bahia. Salvador, 24 e 25/1/1960, 3o
Rocha, cinema, política e a estética do inconsciente. Caderno, p. 4 e 5.
Petrópolis: Vozes, 1982, p. 254.
2. “Luiz Augusto Mendes apresenta Deus e o Diabo na
20. “Reação a ‘Terra em Transe’ (proibição e liberação do terra do sol: um filme de Glauber Rocha”. [Plaquete
filme)” [entrevista a Raquel Gerber, Roma, fevereiro de divulgação do filme com ilustrações de Calasans
1973]. In: GERBER, Raquel. O mito da civilização Neto e texto de Glauber Rocha resumindo o filme e
atlântica: Glauber Rocha, cinema, política e a estética comentando sua produção]. Rio de Janeiro, Impresso
do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1982, p. 255-60. na gráfica da Ed. Jornal do Dia, 1964 [?].
21. “Glauber Rocha: ‘no estamos al final del camino, Texto de GR parcialmente transcrito em “De um romance
sino solamente em su arranque’”. In: Shatunóvskaya, que se compra nas feiras nordestinas um bom filme”.
I; Mikoyán, S. (Org.). Invitación al diálogo: América Diário da Noite. São Paulo, 23/7/1964, 2o Caderno, p. 10.
Latina: reflexiones acerca de la cultura del continente.
3. “IV. Planificação”. In: ROCHA, Glauber et al. Deus
Moscou: Editorial Progreso, 1986, p. 174-179. [obra
e o Diabo na Terra do Sol. Rio de Janeiro: Editora
publicada em russo: Priglashenie k dialogu].
Civilização Brasileira, 1965, p. 32-109.
22. “Depoimento ao jornalista Jaime Sarusky e ao Trad.: “Sceneggiatura e dialoghi del film Deus e o diabo
presidente do Icaic, Alfredo Guevara”. [Entrevista “de na terra do sol”. Cineforum. Veneza, n. 87, set. 1969, p.
mais de seis horas de uma longa noite e madrugada de 483-519. (republicada em CM. Venezia, Anno 10, n. 38,
1971”]. In: ROCHA, Eryk (Org.). Rocha que voa. Rio jul-set [?] 1980, p. ?). Trad. tcheca de Eva Hepnerova:
de Janeiro: Aeroplano, 2002, p. 15-93. “Cerny búh a Bílly Dabel”. Film a doba. Praga, Vol. 16, n.
23. “Depoimento ao cineasta cubano Daniel Diaz Torres. 5, maio 1970, p.247-55.
Havana, 30 de outubro de 1971”. In: ROCHA, Eryk 4. “Terre em Transe”. L’Avant-scène Cinéma. Paris, n. 77,
(Org.). Rocha que voa. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002, jan. 1968, p. 11-40.
p. 95-125. Trad. alemã: “Terra em Transe - Protokoll des films”.
Film. Hannover, Ano 6, n. 1, jan. 1968, p. 37-52; tradução

280 281
theca: “Země v transu”. Film a doba. Praga, v. 14, n. 4, abr. Senna. Rio de Janeiro: Editora Alhambra/ Embrafilme,
1968, p. 176-89. 1985, 466 p.
5. “Der Leone Have Sept Cabeças” [roteiro e nota de 12. Senhor dos navegantes: roteiro cinematográfico 1957.
intenções]. Cinema Sessanta. Roma: n. 77, jul./ago. Salvador: Macunaíma, 1987, 25 p.
1970, p. 32-47.
13. “Trilogia da terra, Glauber”. [reprodução de trechos
Trad. de Augusto M. Torres: “Guión de ‘Der leone have dos roteiros de Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra
sept cabeças’”. Nuestro Cine. Madrid: n. 102, out. 1970, em Transe e “Anabazis - o primeiro dia no novo século”
p. 26-40. (primeiro tratamento para o filme A idade da terra)].
6. “Guión de ‘Cabezas Cortadas’”. Nuestro Cine. Madrid: Suplemento Cultural. Recife, ano V, n. 10, Set. 1991, p.
n. 103-104, nov./dez. 1970, p. 95-106. (transcrição de 8-9.
Augusto M. Torres). 14. “Trechos do roteiro inédito” [trechos do roteiro
Republicado In: TORRES, Augusto Martínez (Ed.). “Testamento da Rainha Louca”]. Folha de São Paulo,
Glauber Rocha y “Cabezas cortadas”. Barcelona: Editorial 5/3/1994, Ilustrada, p. 5.
Anagrama, 1971, p.41-66.
15. “Glauber narra a história do filme” [trecho da sinopse
7. La nascita degli dei. Torino: ERI - Edizioni RAI, 1981, de Deus e o Diabo na Terra do Sol]. Folha de São Paulo,
141 p. 16/10/1994, Caderno Mais!, p. 4.
Tradução brasileira, por Maurício Santana Dias, de 16. “A idade da terra. Fragmento del guión”. In:
um pequeno trecho em “Alexandre, o sol do Ocidente”.
COSTANTINI, Eduardo F.; GOLDMAN, Ana;
Folha de São Paulo, 9/1/2005, Caderno Mais!, p. 10.
Tradução brasileira integral por Jacyntho Lins Brandão CANGI, Adrián. Glauber Rocha: del hambre al sueño.
em Glauber Rocha. O Nascimento dos Deuses. Belo Obra, política y pensamento. Buenos Aires: Malba,
Horizonte: Fundação Clóvis Salgado, 2019. 2004, p. 74-5.
8. “Fome no paraíso”. [Argumento provavelmente de 17. “La edad de la tierra” [roteiro]. Mirada de tres mundos.
1961]. In: GERBER, Raquel. O mito da civilização Havana, n.1, jan./jun, 1990, p. 53-82.
atlântica: Glauber Rocha, cinema, política e a estética 18. “Di-Glauber-Rossellini”. [transcrição de trecho da
do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1982, p.188-9. banda sonora do curta Di, de 1977]. In: FABRIS,
9. “A Ira de Deus. Primeira versão de uma futura obra- Mariarosaria e CALHEIROS, Alex (Org.). Roberto
prima”. Filme Cultura. Rio de Janeiro, n. 43, jan./abr. Rossellini: Do cinema e da televisão. São Paulo: Cinusp
1984, p. 60-1. [Em torno de Deus e o Diabo]. Paulo Emilio / CineSesc / Centro Cultural São Paulo,
2003, p. 30.
10. “O sangue dos inocentes. Sequência do sacrifício.
Versão definitiva”. Filme Cultura. Rio de Janeiro, n. 43, 19. “Le sermon du plateau” [trad. Mateus Araújo Silva
jan./abr. 1984, p. 62-3. [Em torno de Deus e o Diabo]. de trecho de A idade da terra]. In: BAX, Dominique;
BÉGHIN, Cyril; ARAÚJO SILVA, Mateus (Dir.).
Glauber Rocha / Nelson Rodrigues. Bobigny: Magic
11. Roteiros do terceyro mundo. Organização Orlando Cinéma (Coll. Théâtres au Cinéma, T.16), 2005, p. 10-11.

282 283
4. TEXTOS LITERÁRIOS Tradução cubana: “Poema de Amor”, publicado à guisa
de preâmbulo do artigo sem título, indicado no sumário
como “poema y artículo”, em Cine Cubano, Havana, n.
1. “O mundo ferido nos olhos” [conto]. Diário de Notícias. 101, 1982, p. 37.
Salvador, 30/11/1958, Suplemento Artes e Letras, p. 9. “[Último poema de Glauber Rocha]”. (transcrição
1-2. de poema lido por Norma Benguel em homenagem
2. “A retreta na praça” [conto]. A Tarde. Salvador, póstuma no Canecão, e incluído na reportagem não
20/12/1959. assinada “A noite de Glauber no Canecão”). Jornal do
Brasil. Rio de Janeiro, 10/9/1981, Caderno B, p. 2.
Republicado em MAIA, Vasconcelos; ARAUJO, Nelson
(Org.). Panorama do conto Baiano. Salvador: Imprensa 10. “Romance do vira-mundo”. In: GERBER, Raquel. O
Oficial da Bahia; Livraria Progresso Editora, 1959, p. 81- mito da civilização atlântica: Glauber Rocha, cinema,
6; e em Letras e Artes, Rio de Janeiro, Ano V, n.13, junho política e a estética do inconsciente. Petrópolis: Vozes,
1991, p. 10. 1982, p.176-8.
3. “Perseguição e assassinato do cineasta Glauber Rocha 11. “Jango: uma tragédia em 3 atos” [texto teatral].
pelos intelectuais do hospício carioca, sob a direção de Medicina, Cultura e Ciência. São Paulo, n. 2, out./dez.
Salvyano Cavalcanti de Paiva” [texto teatral, datado de 1983, p. 27-31.
Paris, junho 1967]. Fairplay. Rio de Janeiro, n. 9, junho
12. “Jango segundo Glauber” [texto teatral, com prólogo e
1967, p. 10-13 e 37-9.
3 atos]. Playboy. São Paulo, n.104, março 1984, p. 38-40
4. “Brasileirinha vence em Paris”. Fairplay. Rio de Janeiro, e 126-30.
n. 23, dez. 1968, p. 53-4.
13. [Reprodução parcial dos poemas “O Adamastor” e
5. Riverão Sussuarana. Rio de Janeiro: Record, 1977, 288 “Alvorada Segundo Krysto”, e de trechos dos romances
p. [2a Ed. Florianópolis: Ed. UFSC, 2012, 261 p.]. Patrya Matrya e O Destino da Humanidade] no artigo
6. “Phrometeu” [poema]. Correio Braziliense. Brasília, de Gilberto Vasconcellos, “Uma ilha cercada de
10/4/1977, Suplemento especial Alvorada, p. 3 saudade”. Folha de São Paulo, 6/7/1985, Ilustrada, p. 38.
Republicado em Correio Braziliense, 24/8/1981, seção 14. Poemas eskolhydos de Glauber Rocha. Organização
Especial, p. 2. Tradução cubana: “Prometeo” (trad. Lázara Pedro Maciel. Brasília: Editora Alhambra, 1989, 95 p.
Herrera). Cine Cubano. Havana, n. 146, 1999, p. 95-6. Dos poemas recolhidos neste volume, foram transcritos
7. “Jango Glauber (introdução ao romance Jango)”. Enfim. no mesmo ano ou mais tarde “Mestre de Minas”
Rio de Janeiro, Ano 1, n.10, 21/11/1979, p. 22-25. (na reportagem não assinada “Um ano de eventos
para homenagear Glauber Rocha”, Hoje em Dia, Belo
8. “Poema de amor”. Istoé. São Paulo, 2/9/1981, p.45. Horizonte, 14/3/1989, Caderno Cultura, p.28), “O
Reproduzido em “Poema de amor” Plano / “Poema cinema nacional é um abacaxi” (na resenha de Régis
d’amore” (tradução italiana). Por aquele louco de Glauber Bonvicino “Livro Inédito traz a poesia de Glauber
Rocha (documento datiloscrito). Mostra Internazionale Rocha”, Folha de São Paulo, Ilustrada, 25/8/1989, p.
del Cinema (dossiê de imprensa). Venezia, 2 a 11/9/1981. F-12), “Letra fera” e “Osval dran da dá” (no artigo de
Alécio Cunha “Glauber irrevelado aos 60”. Hoje em dia.

284 285
Belo Horizonte, 13/3/1999, Caderno Cultura). 4. “Cinema Brasileiro - Uma ligeira análise”. O
15. “Tango Jango”. [Letra inédita de Glauber Rocha conquistense. Vitória da Conquista, 1956 ou 57 [?], p. ?
publicada na reportagem “Banquete para a ‘tragédya’ 5. “O western – uma introdução ao estudo do gênero e do
brasileira, de Luiz André Alzer]. O Globo. Rio de herói”. Mapa. Salvador, ano 1, n. 1, 1957, p. 18-23.
Janeiro, 15/5/1994, Segundo Caderno, p. 16. 6. “Romance de José Lins do Rego”. Mapa. Salvador, ano
16. [Poema sobre as cabras de Calasans Neto]. In: 1, n. 2, 1957, p. 59-66.
CALASANS NETO. Gravuras. Salvador: Governo da Parcialmente republicado, sob o título “Glauber Rocha
Bahia / COPENE / Fundação Casa de Jorge Amado, falando de ‘Cangaceiros’ e ‘Pedra Bonita’ - José Lins
1998, 120 p. 36. do Rego”, em GERBER, Raquel. O mito da civilização
17. “Poema” [poema]. In: PIZZINI, Joel. O cinema segundo atlântica: Glauber Rocha, cinema, política e a estética do
glauber e pasolini [catálogo de mostra]. Brasília: Centro inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1982, p.199-201.
Cultural Banco do Brasil, 2005, p. 52. 7. “Rebelião no Presídio”. [sobre Riot in Cell Block 11, de
18. [Poema sem título, datado em 31/11/1972, escrito por Don Siegel]. O Momento. Salvador, 4/5/1957. [assinado
ocasião do filme O Leão de Sete Cabeças, em tradução por Rocha ANDRADE]
alemã de Mário Vítor de Oliveira Diniz do manuscrito 8. “James Dean – um anjo e um mito”. A Tarde. Salvador,
em português]. In: RÖPKE, Alessandra; DETERDING, 23/5/1957, p. 8.
Florian (Org.). Rocha2: Eryk Rocha und Glauber 9. “Explicação de ‘A Jogralesca’”. A Tarde. Salvador,
Rocha [catálogo de mostra]. Düsseldorf: Düsseldorf 1/8/1957 [?], p. ?
Filmmuseum, 2011, p. 62-3.
Parcialmente republicado, sob o título “A jogralesca:
Explicação”. Mapa. Salvador, ano I, n. 2, p. 81-82.
10. “As jogralescas”. A Tarde [?]. Salvador, 1957 [?], p. ?
[Assinado Rocha Andrade]
5. ARTIGOS DE JORNAL, REVISTA OU
11. “André Cayatte: Cinema de Tese”. Diário de Notícias.
CATÁLOGO Salvador, 1957, p. ?
12. “Plano Geral” [Artigo inaugural da coluna Plano Geral,
1. “Carta ao Homem da Hora da Criança” [assinado sobre Augusto Genina e Jean Manzon]. Sete Dias.
“Glauber”]. A Tarde. Salvador, 1951 [?],p. ? Salvador, 1957, p. ?
2. “Stanley Kramer - a salvação de Hollywood”. A Cena 13. “Plano Geral”. [sobre o cinema brasileiro e os filmes
Muda, n. 25, 23/6/1954, seção ‘Página do Leitor’, p. 32- “Treze Cadeiras”, “Arara Vermelha” e “O Sobrado”].
33. Sete Dias. Salvador, 1957, p. ?
3. “Sr. Diretor de ‘O Conquistense’”. [Carta de José Telles e 14. “Plano Geral” [sobre o cinema brasileiro e o filme
Glauber Rocha]. O Conquistense. Vitória da Conquista, “Arara Vermelha”]. Sete Dias. Salvador, 1957, p. ?
1956, p. ? 15. “Plano Geral” [sobre um “cinema de juventude” na

286 287
Europa e nos EUA]. Sete Dias. Salvador, 1957, p. ? Salvador, 1957, p.[?] e 6.
16. “Neo-Realismo - Inspiração Falida [I de dois artigos]”. 29. “Elia Kazan: Um falso cineasta (II)”. Diário de Notícias.
Sete Dias. Salvador, 1957, Coluna Plano Geral, p. ? Salvador, 1957, p. ?
17. “Concluindo sobre neo-realismo”. Sete Dias. Salvador, 30. “Elia Kazan: Um falso cineasta (conclusão)”. Diário de
1957, Coluna Plano Geral, p. ? Notícias. Salvador, 1957, p. ?
18. “O Mito do Racismo”. Sete Dias. Salvador, 1957, Coluna 31. “Presença de John Ford no filme ‘Western’. Notas a
Plano Geral, p. ? propósito de Rastros de Ódio”. Diário de Notícias.
19. “Chá e Simpatia”. Sete Dias. Salvador, 1957, Coluna Salvador, 27/10/1957, Suplemento Artes e Letras, p. 8.
Plano Geral, p. ? 32. “‘Umberto D’ – Poema Cinematográfico”. Diário de
20. “Tempos Modernos”. Sete Dias. Salvador, 1957, Coluna Notícias. Salvador, 10/11/1957, Suplemento Artes
Plano Geral, p. ? e Letras, p. 8. [republicado sob o título “O poema
cinematográfico”. Diário de Notícias. Salvador, 1957, p. ?
21. “Pregação da Violência no Cinema Americano”. Sete
Dias. Salvador, 1957, p. ? 33. “Romance brasileiro 57”. Ângulos. Salvador, ano VII,
n. 12, dez. 1957, p. 128-136.
22. “O filho nativo” [de Pierre Chenal, 1951]. Sete Dias.
Salvador, 1957, p. ? 34. “Poetas Bahianos da Nova Geração (I): Florisvaldo
Mattos”. [Breve apresentação de F.M. e seleção de 2 de
23. “Hollywood e os filmes de delinquência juvenil. seus poemas por Glauber]. Diário de Notícias. Salvador,
Considerações sobre características formais nascidas 1/12/1957, p. 8 .
de um novo gênero”. Diário de Notícias. Salvador,
25/8/1957, Suplemento Artes e Letras, p. 8. 35. “Chaplin – o mito do século”. Diário de Notícias.
Salvador, 1/12/1957, Suplemento Artes e Letras, p. 8.
24. “Hollywood e os filmes de delinquência juvenil”. Diário
de Notícias. Salvador, 1/9/1957, Suplemento Artes e 36. “Debate em torno da responsabilidade criadora
Letras, p. 8. do filme”. Diário de Notícias. Salvador, 8/12/1957,
Suplemento Artes e Letras, p. 8.
25. “Hollywood e os filmes de delinquência juvenil – III”.
Diário de Notícias. Salvador, 7/9/1957, Suplemento 37. “O Grande Golpe, Filme de Um Novo Gênio”. Sete
Artes e Letras, p. 8. Dias, Salvador, 12/12/1957, Coluna Plano Geral, p. ?
26. “Hollywood e os filmes de delinquência juvenil: 38. “Debate em torno da responsabilidade criadora (II)”.
conclusão”. Diário de Notícias. Salvador, 15/9/1957, Diário de Notícias. Salvador, 15/12/1957, Suplemento
Suplemento Artes e Letras, p. 7 e 8. Artes e Letras, p. 8.
27. “O melodrama francês no após-guerra: considerações 39. “Stanley Kubrick um novo gênio? ‘O grande golpe’”.
sobre ‘Sedução Fatal’”. Diário de Notícias. Salvador, Diário de Notícias. Salvador, 29/12/1957, Suplemento
6/10/1957, Suplemento Artes e Letras, p. 6 e 8. Artes e Letras, p. 3 e 4.
28. “Elia Kazan: Um falso cineasta”. Diário de Notícias. 40. “Os Melhores Filmes, os Melhores Diretores, Balanço
de 1957”. Sete Dias. Salvador, 1957, p. 5 e 2.

288 289
41. “Com Ascenço no Trem de Catende”. Diário de Notícias. 53. “Decadência de Fritz Lang”. Sete Dias. Salvador, 1958,
Salvador, 1957 [ou 1958?], p. ? coluna Plano Geral, p. ?
42. “Recife Cultural”. Diário de Notícias. Salvador, 1957 54. “‘Sublime Tentação’: Significado de um filme e seu
[ou 1958?], p. ? criador”. Sete Dias. Salvador, 1958, coluna Plano Geral,
43. “Revalorização do musical brasileiro! Anselmo p. ?
absolutamente certo”. Diário de Notícias. Salvador, 55. “Revolução no Cinema Mexicano”. Sete Dias. Salvador,
?/2/1958 [?], p. ? 1958, coluna Plano Geral, p. ?
O artigo cita outro de José Lino Grunewald publicado no 56. “De cinestética”. Ângulos. Salvador, ano VIII, n. 13, jul.
Jornal do Brasil em 9/2/1958. 1958, p. 115-127.
44. “Paixão de Gaúcho. Walter Durst e a temática gaúcha”. 57. “Velas. Calasans Neto e Paulo Gil”. Ângulos. Salvador,
Diário de Notícias. Salvador, 2/3/1958, Suplemento ano VIII, n. 13, jul. 1958, p. 144-5.
Artes e Letras, p. 3 e 6. Republicação do artigo “Velas de Calazans Neto e Paulo
45. “Baby Doll: A estética do sórdido”. Diário de Notícias. Gil”. A Tarde. Salvador, [junho?] 1958, p. ?
Salvador, 23/3/1958, Suplemento Artes e Letras, p. 3 e 6. 58. “Raices mexicanas de Benito Alazraki”. Mapa. Salvador,
46. “Da Crítica”. Sete Dias. Salvador, 31/3/1958, Coluna ano 2, n. 3, ago. 1958, p. ?
Plano Geral, p. ? 59. “Intriga e narrativa”. Diário de Notícias. Salvador,
47. “O céu é testemunha: notas sobre John Huston”. Diário 17/8/1958, 2º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 2.
de Notícias. Salvador, 6/4/1958, Suplemento Artes e 60. “John Sturges: do novo western”. Jornal do Brasil. Rio
Letras, p. 2 e 3. de Janeiro, 7/9/1958, Suplemento Dominical, p. 1.
48. “Graham Green, Carol Reed e O Terceiro Homem”. Republicado sob o título “Do novo western”. In: O século
Diário de Notícias. Salvador, 27/4/1958, Suplemento do cinema. Alhambra / Embrafilme, 1983, p. 82-5 [Reed.
Artes e Letras, p. 3 e 6. Cosac Naify, 2006, p. 125-9]. Trad.: “De nuevo western”.
49. “Breve introdução ao cinema japonês”. Diário de In: CONSTANTINI, Eduardo; GOLDMAN, Ana;
Notícias. Salvador, 11/5/1958, Suplemento Artes e CANGI, Adrián. Glauber Rocha: del hambre al sueño.
Buenos Aires: Malba, 2004, p. 162-4.
Letras, p. 3.
61. “Centenas de homens pedem socorro do interior de
50. “A dignidade de ‘Os Sete Samurais’ como filme difícil”.
um antigo Forte”. Jornal da Bahia. Salvador, 21/9/1958,
Diário de Notícias. Salvador, 11/5/1958, Suplemento
1º Caderno, p. 4.
Artes e Letras, p. 3 e 7.
62. “Ava, Toureiros e Tédio”. Jornal da Bahia. Salvador,
51. “O tradicional e o inventivo René Clair de ‘As grandes
21/9/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal do Cinema”, p. 3.
manobras’”. Diário de Notícias. Salvador, 25/5/1958,
Suplemento Artes e Letras, p. 3 e 4. 63. “Aquele que deve morrer (I)”. Jornal da Bahia. Salvador,
23/9/1958, 2º Caderno, p. 3.
52. “A Cor: Balão Vermelho e Dois Olhos Azuis”. Sete Dias.
Salvador, 1958, coluna Plano Geral, p. ? 64. “Aquele que deve morrer (I)” [na verdade, (II)]. Jornal

290 291
da Bahia. Salvador, 24/9/1958, 2º Caderno, p. 3. 80. “Curtas metragens holandesas”. Jornal da Bahia.
65. “‘Glória feita de sangue’”. Jornal da Bahia. Salvador, Salvador, 11/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de
25/9/1958, 2º Caderno, p. 3. Cinema”, p. 3.
66. “Monicelli: Diretor de Donatella”. Jornal da Bahia. 81. “Roteiro da semana”. Jornal da Bahia. Salvador,
Salvador, 26/9/1958, 2º Caderno, p. 3. 12/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 4.
67. “No Umbral da China”. Jornal da Bahia. Salvador, 82. “Panorâmica: David Lean”. Jornal da Bahia. Salvador,
27/9/1958, 2º Caderno, p. 3. 12/10/1958, 1º Caderno, p. 6
68. “Suspense: Hitchcock e Clouzot”. Jornal da Bahia. 83. “Festival de Veneza. Retrospectiva de Von Stroheim”.
Salvador, 28/9/1958, 2º Caderno, p. 4. Jornal da Bahia. Salvador, 14/10/1958, 2º Caderno,
Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
69. “Notas e notícias”. Jornal da Bahia. Salvador, 30/9/1958,
2º Caderno, p. 3. 84. “Cobiça”. Jornal da Bahia. Salvador, 15/10/1958, 2º
Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 4.
70. “A brutal aventura”. Jornal da Bahia. Salvador,
1/10/1958, 2º Caderno, p. 3. 85. “As virgens de Salém (I)”. Jornal da Bahia. Salvador,
16/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
71. “A escondida”. Jornal da Bahia. Salvador, 2/10/1958, 2º
Caderno, p. 5. 86. “As virgens de Salém (II)”. Jornal da Bahia. Salvador,
17/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
72. “Renoir, Helena e os homens”. Jornal da Bahia.
Salvador, 3/10/1958, 2º Caderno, p. 3. 87. “Lágrimas de Triunfo”. Jornal da Bahia. Salvador,
18/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
73. “Renato Castellani”. Jornal da Bahia. Salvador,
5/10/1958, 2º Caderno, p. 5. 88. “Limite ou algo próximo do genial”. Jornal da Bahia.
Salvador, 19/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de
74. “Três irmãs de Tchecov via Escola de Teatro”. Jornal da Cinema”, p. 5.
Bahia. Salvador, 5/10/1958, 3º Caderno, p. 1.
89. “A raposa do mar e outros assuntos”. Jornal da Bahia.
75. “Ali Khan se torna produtor”. Jornal da Bahia. Salvador, Salvador, 21/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de
7/10/1958, 2º Caderno, p. 3. Cinema”, p. 3.
76. “O mais famoso beijo do cinema”. Jornal da Bahia. 90. “Glória feita de sangue”. Jornal da Bahia. Salvador,
Salvador, 7/10/1958, 2º Caderno, p. 3. 22/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
77. “Dragões da violência”. Jornal da Bahia. Salvador, 91. “Sisi”. Jornal da Bahia. Salvador, 23/10/1958, 2º
8/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
78. “‘Redenção’ – o primeiro filme baiano”. Jornal da Bahia. 92. “A casa dos homens imortais. Terminam candidatos
Salvador, 9/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de críticos mais irreverentes da academia”. Jornal da
Cinema”, p. 3. Bahia. Salvador, 24/10/1958, 2º Caderno, p. 1.
79. “Michelangelo Antonioni”. Jornal da Bahia. Salvador, 93. “Noites na Hungria”. Jornal da Bahia. Salvador,
10/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.

292 293
24/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. Salvador, 11/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de
94. “Um filme contra a liberdade”. Jornal da Bahia. Cinema”, p. 3.
Salvador, 25/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de 107. “Meus amores no Rio”. Jornal da Bahia. Salvador,
Cinema”, p. 3. 12/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
95. “‘Mapa’ responde sobre Intolerância e província”. Jornal 108. “Escapada”. Jornal da Bahia. Salvador, 13/11/1958, 2º
da Bahia. Salvador, 26/10/1958, 3° Caderno, p. 1. Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
96. “Renato Rascel”. Jornal da Bahia. Salvador, 28/10/1958, 109. “Semana sem filmes”. Jornal da Bahia. Salvador,
2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. [artigo 14/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
não assinado, da coluna assumida normalmente por 110. “Temas para polêmica”. Jornal da Bahia. Salvador,
Glauber, o que faz supor sua autoria]. 15/11/1958, 3º Caderno, p. 3.
97. “O galante vagabundo”. Jornal da Bahia. Salvador, 111. “Cinema nacional sabotado”. Jornal da Bahia. Salvador,
29/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de 15/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
Cinema”, p. 3.
112. “Dassin: Cine-Cristo às avessas”. Jornal do Brasil,
98. “Não diga, Doutor”. Jornal da Bahia. Salvador, 16/11/1958, Suplemento Dominical, p. 6.
30/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
113. “A casa dos homens marcados”. Jornal da Bahia.
99. “Okhalahoma”. [Oklahoma]. Jornal da Bahia. Salvador, Salvador, 18/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de
31/10/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. Cinema”, p. 3.
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2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. Salvador, 19/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de
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de sangue: três filmes fazem de Stanley Kubrick gênio 115. “Hollywood muda a história”. Jornal da Bahia. Salvador,
aos 29 anos”. Jornal da Bahia. Salvador, 2/11/1958, 3º 20/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
Caderno, p. 3 e 4.
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102. “Glória feita de sangue (I)”. Jornal da Bahia. Salvador, 21/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
4/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
117. “Liane”. Jornal da Bahia. Salvador, 22/11/1958, 2º
103. “Glória feita de sangue (II)”. Jornal da Bahia. Salvador, Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
5/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
118. “Dassin: Cine-Cristo às avessas”. Jornal da Bahia.
104. “A grega mulher de negro”. Jornal da Bahia. Salvador, Salvador, 23/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de
8/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. Cinema”, p. 3.
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Salvador, 9/11/1958, 3o Caderno, p. 4. 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
106. “Tarde demais para esquecer”. Jornal da Bahia. 120. “Gervaise”. Jornal da Bahia. Salvador, 26/11/1958, 2º

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Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
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Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. Salvador, 14/12/1958, 3º Caderno, p. 6.
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2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. da Bahia. Salvador, 14/12/1958, 3º Caderno, p. 6.
123. “Outros aspectos de Guerra e Paz (II)”. Jornal da Bahia. 136. “A família Trapp”. Jornal da Bahia. Salvador, 16/12/1958,
Salvador, 29/11/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
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da Bahia. Salvador, 2/12/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
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3/12/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. 139. “Dois amores e uma cabana”. Jornal da Bahia. Salvador,
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12/12/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. 29/12/1958, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 4.
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8/1/1959, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. 27/1/1959, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3.
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Republicado em Afirmação. Salvador, 6/1959 (?),p. ?
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20/1/1959, 2º Caderno, Coluna “Jornal de Cinema”, p. 3. Jornal da Bahia. Salvador, 17 e 18/5/1959, 2º Caderno,
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Salvador, 5 e 6/6/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e 217. “Exemplo do cinema cubano”. Diário de Notícias.
Letras, p. 3. Salvador, 4/9/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e
207. “Editoras: I.O.B e Universidade”. Diário de Notícias. Letras, p. 3.
Salvador, 12 e 13/6/1960, 3º Caderno, Suplemento 218. “1ª apresentação mundial do filme de Triguerinho; dia
Artes e Letras, p. 1 e 2. 19 Guarany às 22 horas”. Diário de Notícias. Salvador,
208. “Mathieu, conversa e... desespero”. Diário de Notícias, 11/9/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 3.
Salvador, 15/6/1960, 1o caderno, p. 4 e 2o caderno, p.4. 219. “Um filme popular”. Diário de Notícias. Salvador, 18 e
[sobre exposição de Georges Mathieu no MAM-BA, 19/9/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 6.
realizada de 31/5 a 9/6/1960]. Republicado em Jornal da Jornada. Salvador, Set. 1985,
209. “Na garganta do diabo, grande prêmio na Itália”. p. 8.
Diário de Notícias. Salvador, 26/6/1960, 3º Caderno, 220. “Filme choque”. Diário de Notícias. Salvador, 25 e
Suplemento Artes e Letras, p. 3. 26/9/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 6.
210. “Detalhes sobre John Ford”. Diário de Notícias. 221. “Quem tem telhado de vidro...”. Diário de Notícias.

302 303
Salvador, 27/9/1960, 1º Caderno, p. 4. [artigo truncado, 31/10/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 1.
sem o fim nesta página e sem indicação de continuação 229. “Quando voam as cegonhas” [sobre o filme de Mikhail
em alguma outra]. Kalatozov de 1957]. Diário de Notícias. Salvador, 6 e
222. “Cegonhas soviéticas ou tirania das belas-artes”. Jornal 7/11/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 3.
do Brasil. Rio de Janeiro, 27/9/1960, Suplemento 230. “Crítica uruguaia elogia ‘Bahia de Todos os Santos’”.
Dominical, p. 8. Diário de Notícias. Salvador, 27 e 28/11/1960, 3º
223. “O Filme novo: Hiroshima”. Diário de Notícias. Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 6.
Salvador, 2 e 3/10/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes 231. “Experiência Barravento: confissão sem moldura”.
e Letras, p. 2. Diário de Notícias. Salvador, 25 e 26/12/1960, 3º
Artigo não assinado, possivelmente de Glauber, Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 6.
retranscrito quase integralmente sob o título “A obra-
prima da Nouvelle Vague” em Diário de Notícias, 232. “Bahia de Todos os Santos, de Trigueirinho Neto”.
Salvador, 21/5/1961, 3º Caderno, Suplemento Artes e Diário de Notícias. Salvador, 1961, p. ?
Letras, p. 8, igualmente não assinado. Republicado, com 233. “Atenção, Paulo Francis”. Jornal do Brasil. Rio de
assinatura aposta e referência bibliográfica errada, In: Janeiro, 14/1/1961, Suplemento Dominical, p. 7.
BORGES, Cristian; CAMPOS, Gabriela; AISENGART,
Inês (Org.). Alain Resnais: a revolução discreta da 234. “Inconsciência e inconsequência da atual cultura
memória. Rio de Janeiro / São Paulo / Brasília: Centro baiana”. Diário de Notícias. Salvador, 5 e 6/2/1961, 3º
Cultural Banco do Brasil, 2008, p. 33. Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 1.
224. “Defesa do filme”. Diário de Notícias. Salvador, 235. “Tope a parada, ‘Mr.’ Francis”. Jornal do Brasil. Rio de
2/10/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 6. Janeiro, 11/2/1961, Suplemento Dominical, p. 4.
225. “O preço da ideia”. Diário de Notícias. Salvador, 9 e 236. “Bilhete ao governador Juracy”, Diário de Notícias.
10/10/1960, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 6. Salvador, 19 e 20/2/1961, Caderno 1, p. 4.
226. “Conhecendo o cinema espanhol”. Diário de Notícias. 237. “Veia forte do cinema mexicano”. Diário de Notícias.
Salvador, 16 e 17/10/1960, 3º Caderno, Suplemento Salvador, 26 e 27/2/1961, 3º Caderno, Suplemento
Artes e Letras, p. 6. Artes e Letras, p. 6 E 4.
227. “Primeira visão de ‘Hiroshima’”. Diário de Notícias. 238. “Ouvem e revelam Heron de Alencar: um professor
Salvador, 23 e 24/10/1960, 3º Caderno, Suplemento Bossa-Nova”. Diário de Notícias. Salvador, 26 e
Artes e Letras, p. 2 e 6. 27/2/1961, 4º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 1.
Republicado, com referência bibliográfica errada, In: 239. “Renascimento do Cinema Nacional”. Diário de
BORGES, Cristian; CAMPOS, Gabriela; AISENGART, Notícias. Salvador, 5 e 6/3/1961, 3º Caderno, p. 8.
Inês (Org.). Alain Resnais: a revolução discreta da
memória. Rio de Janeiro / São Paulo / Brasília: Centro
240. “Barbosa Romeu no lugar certo”, Diário de Notícias.
Cultural Banco do Brasil, 2008, p. 30-2. Salvador, 7/3/1961.
228. “Evangelho do poeta”. Diário de Notícias. Salvador, 30 e 241. “Studs: um filme genial perdido na Bahia (Tupy)”.

304 305
Diário de Notícias. Salvador, 12 e 13/3/1961, 2º 252. “Aventura humana”. Diário de Notícias. Salvador, 11 e
Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 4 e 6. 12/6/1961, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 5.
242. “Reunião (e Sonia) 1”. Diário de Notícias. Salvador, 19 e 253. “Sôbre ‘Ângulos & outros bichos’”. Diário de Notícias.
20/3/1961, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 1. Salvador, 18 e 19/6/1961, 3º Caderno, Suplemento
243. “David & Ubaldo & Noenio”. Diário de Notícias. Artes e Letras, p. 5.
Salvador, 26 e 27/3/1961, 3º Caderno, Suplemento 254. “Cinema Novo e cinema livre”. Jornal do Brasil. Rio de
Artes e Letras, p. 1 e 2. Janeiro, 8/7/1961, Suplemento Dominical, p. 6 e 7.
244. “Planos Iglú para 1961: cinema Bahia”. Diário 255. “Cineclubismo e alienação”. Jornal do Brasil. Rio de
de Notícias. Salvador, 2 e 3/4/1961, 3º Caderno, Janeiro, 15/7/1961, Suplemento Dominical, p. 6.
Suplemento Artes e Letras, p 3. 256. “Arraial, Cinema Novo e a câmara na mão”. Jornal
245. “ABC de Suassuna: “Cabra bom” de teatro”. Diário de do Brasil. Rio de Janeiro, 12/8/1961, Suplemento
Notícias. Salvador, 16 e 17/4/1961, Suplemento Artes e Dominical, p. 4.
Letras, 3º Caderno, p. 8. 257. “Crise política e a responsabilidade do Geicine”. Jornal
246. “Apresentação de colunista”. Jornal da Semana. do Brasil. Rio de Janeiro, 16/9/1961, Suplemento
Salvador, 22 a 29/4/1961, p. ? Dominical, p. 3.
247. “O processo cinema”. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 258. “Em exclusividade - DN. Glauber Rocha apresenta e
6/5/1961, Suplemento Dominical, p. 3. comenta: ‘Mandacaru Vermelho’”. Diário de Notícias.
Trad.: “Le processus cinéma”. In: BAX, Dominique; Salvador, 16/9/1961, 3º Caderno, p. 5.
BÉGHIN, Cyril; ARAÚJO SILVA, Mateus (Dir.). Glauber 259. “Glauber Rocha / Exclusivo para DN. Comenta a
Rocha / Nelson Rodrigues. Bobigny: Magic Cinéma (Coll. última tragédia de Luchino Visconti: Rocco, Abel
Théâtres au Cinéma, T.16), 2005, p. 93-95; parcialmente e Caim”. Diário de Notícias. Salvador, 18/9/1961, 3º
reproduzida, sob o título “Être cinéaste au Brèsil”, em Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 2 e 6.
Cahiers du Cinéma, Paris, Suppl. au n.605, oct. 2005, p. 12.
Republicado sob o título “O barroco viscontiniano” In: O
248. “Lima Barreto em Cannes”. Diário de Notícias. Salvador, século do cinema. Alhambra / Embrafilme, 1983, p. 168-
14 e 15/5/1961, 1º Caderno, p. 4. 72 [Reed. Cosac Naify, 2006, p. 229-36] e In: FABRIS,
249. “Hiroshima: poema verbovisual: polêmica”. Diário Mariarosaria; CALHEIROS, Alex e CALIL, Carlos
de Notícias. Salvador, 21 e 22/5/1961, 3º Caderno, Augusto (Org.). Esplendor de Visconti. São Paulo: Centro
Suplemento Artes e Letras, p. 8. Cultural São Paulo / Cinusp, 2002, p.30-1. Tradução: “el
barroco viscontiniano”. In: CONSTANTINI, Eduardo F.;
250. “Eis a fogueira, poeta! Diário de Notícias. Salvador, 28 e GOLDMAN, Ana; CANGI, Adrián. Glauber Rocha: del
29/5/1961, 2º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 5. hambre al sueño. Buenos Aires: Malba, 2004, p. 175-7.
251. “Mestre Guima nas Oropas”. Diário de Notícias. 260. “Humberto Mauro e situação histórica”. Jornal do Brasil.
Salvador, 4 e 5/6/1961, 3º Caderno, Suplemento Artes Rio de Janeiro, 7/10/1961, Suplemento Dominical, p. 1.
e Letras, p. 5. 261. “‘Mandacaru Vermelho’”. Jornal do Brasil. Rio de

306 307
Janeiro, 11/11/1961, Suplemento Dominical, p. 4. 270. “Panorama do Cinema Nacional”. Diário de Notícias.
262. “A Grande feira: Depoimento (com biografia)”. Diário Salvador, 11 e 12/3/1962, Suplemento Artes e Letras, 3º
de Notícias. Salvador, 26 e 27/11/1961, 3º Caderno, Caderno, p. 6.
Suplemento Artes e Letras, p. 2 e 6. 271. “Os jovens fazem... cinema (escrito de Glauber Rocha
263. “Cinema Novo – 2”. In: Ângulos. Salvador, n. 17, dez. e Miguel Borges). Diário de Notícias. Rio de Janeiro,
1961, p.123-5. 17/3/1962, Encarte “O Metropolitano (jornal da UME
- União Metropolitana de Estudantes)”, p. 5.
264. “Bom dia, Harry Stone”. Jornal da Semana. Salvador, 2
a 9/12/1961, p. ? 272. “Cinema Novo arrebata o Brasil: O pagador de
promessas”. Diário de Notícias. Salvador, 8 e 9/4/1962,
265. “Luz Atlântica, 1962”. Diário de Notícias. Salvador, Suplemento Artes e Letras, 3º caderno, p. 12 [artigo
31/12/1961, p. ? ladeado por um breve relato, também de Glauber, sobre
266. Visconti e os nervos de Rocco”. Diário de Notícias. a sessão de 23/3/1962, no INCE do Rio, do Pagador de
Salvador, 6 a 8/1/1962, 3º Caderno, Suplemento Artes Promessas e de Os Cafajestes].
e Letras, p. 6 e 5. 273. “Cinema Novo arrebata o Brasil: Os cafajestes”. Diário
267. “Cinema Novo arrebata”. Diário de Notícias. Salvador, de Notícias. Salvador, 8 e 9/4/1962, Suplemento Artes
8/1/1962, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 12. e Letras, 3º caderno, p. 12 [artigo precedido por um
268. “Rossellini & De Sica: ‘de crápula a Herói’”. Diário de breve relato, também de Glauber, sobre a sessão de
Notícias. Salvador, 21 e 22/1/1962, Suplemento Artes e 23/3/1962, no INCE do Rio, do Pagador de Promessas e
Letras, 3º Caderno, p. 6. de Os Cafajestes].
269. “Rossellini e a mística do realismo”. Diário de Notícias. 274. “Walter Lima Júnior pergunta e Glauber Rocha
Salvador, 28 e 29/1/1962, 3º Caderno, Suplemento explica o verdadeiro sentido de Barravento no cinema
Artes e Letras, p. 6. brasileiro”. Diário de Notícias. Salvador, 20 e 21/4/1962,
Revista DN, p. 2-3.
Alguns parágrafos deste texto foram integrados, com
modificações, na seção II do artigo posterior “O neo- 275. “ABC da Arte e do Amor de Calasans Gravador”.
realismo de Rossellini” (Jornal do Brasil, 7/6/1977), Diário de Notícias. Salvador, 20/5/1962, 3º Caderno,
republicado, também com modificações, In: O século Suplemento Artes e Letras, p. 1-2.
do cinema. Alhambra / Embrafilme, 1983, p. 150-7 276. “Miséria em paisagem de sol”. Movimento. Rio de
[Reed. Cosac Naify, 2006, p. 206-15], e traduzido em “Le
Janeiro, n. 3, jun. 1962, p. 9-13.
neo-réalisme de Rossellini”. In: PIERRE, Sylvie (Org.).
Glauber Rocha. Paris: Éditions Cahiers du Cinéma, 1987, 277. “Declaración al cine latinoamericano independiente”
p. 141-8 [Ed. brasileira: “O neo-realismo de Rossellini”. [Glauber e outros 26 signatários]. Cine Cubano.
In. PIERRE, Sylvie (Org.). Glauber Rocha. Campinas: Havana, ano 2, n. 7, jun. 1962, p. 6.
Papirus, p. 149-57], e “El neorrealismo de Rossellini”.
In: CONSTANTINI, Eduardo F.; GOLDMAN, Ana; 278. “Carta de Glauber [a Paulo Gil Soares]”. Estado da
CANGI, Adrián. Glauber Rocha: del hambre al sueño. Bahia, Salvador, julho de 1962 [?], Coluna Show
Buenos Aires: Malba, 2004, p. 170-5. Business, de Orlando Senna, p. ?

308 309
279. “O eclipse (o espaço funeral)”. Diário de Notícias. Suplemento Artes e Letras, p. 3.
Salvador, 2 e 3/9/1962, 3º Caderno, Suplemento Artes 290. “Porto das Caixas”. Diário de Notícias. Salvador, 17 e
e Letras, p. 3-4. 18/2/1963, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 3.
Republicado sob o título “Espaço funeral”. In: O século do
291. “Porto das Caixas“. Senhor. Rio de Janeiro, Ano 4, n. 48,
cinema. Alhambra / Embrafilme, 1983, p. 183-6 [Reed.
Cosac Naify, 2006, p. 249-53]; tradução espanhola: fev. 1963, p. 72-73.
“Espacio funeral”. In: CONSTANTINI, Eduardo F.; Trecho reproduzido em “Opiniões” [declaração sobre
GOLDMAN, Ana; CANGI, Adrián. Glauber Rocha: del Porto das Caixas]. Diário da Noite. São Paulo, 19/2/1964,
hambre al sueño. Buenos Aires: Malba, 2004, p. 178-80. 2o Caderno, p. 10.
280. “Cinema nôvo, fase morta (e crítica)”. O Metropolitano. 292. “A mulher de Godard é uma mulher”. Diário de
Rio de Janeiro, ano IV, n. 4, 26/9/1962, p. 5. Notícias. Salvador, 21/2/1963, 2º Caderno, p. 7.
281. “Festival está na tabela”. Diário de Notícias. Salvador, 293. “Nota sobre David”. Diário de Notícias. Salvador,
27/10/1962, 2º Caderno, p. 7. 10/3/1963, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 1 e 3.
282. “Cinema Novo em discussão”. Movimento. Rio de 294. “Encontro com Martim no Solar do Unhão ou de como
Janeiro, n. 7, nov. 1962, p. 4-8. simplesmente é possível uma cultura atlântica”. Jornal
283. “Tocaia Roberto e Schindler”. Diário de Notícias. da Bahia. Salvador, 31/3/1963, 2º Caderno, p. 8.
Salvador, 4 e 5/11/1962, 3º Caderno, Suplemento Artes 295. “Cinema brasileiro hoje“. Cultura Contemporânea.
e Letras, p. 10. Porto Alegre, n. 2, abr./dez. 1963, p.123-5.
284. “Cinema Novo, fase morta (e crítica)”. Diário de 296. “Nosso senhor Buñuel“. Senhor. Rio de Janeiro, ano 5,
Notícias. Salvador, 8 a 10/12/1962, 3º Caderno, n. 52-53, jun./jul. 1963, p. 60-5.
Suplemento Artes e Letras, p. 4. Republicado sob o título “Os 12 mandamentos de nosso
285. “De Leopoldina a Barra Vermelha, um inferno de lama: senhor Buñuel”. In: O século do cinema. Alhambra /
mais de dois mil veículos presos”. Jornal da Bahia. Embrafilme, 1983, p. 121-32 [Reed. Cosac Naify, 2006, p.
Salvador, 3/1/1963, p.9. 170-85]; tradução francesa: “Les douze commandements
de notre seigneur Buñuel” [Trad. Sylvie Pierre]. Trafic,
286. “Miguel Torres bom cabra”. Diário de Notícias. Salvador, Paris, n.5, Hiver 1993, p.96-106, republicada In: BAX,
2/1/1963, p. ? Dominique; BÉGHIN, Cyril; ARAÚJO SILVA, Mateus
287. “Cinema Brasileiro 1962”. Diário de Notícias. Salvador, 13 (Dir.). Glauber Rocha / Nelson Rodrigues. Bobigny:
Magic Cinéma (Coll. Théâtres au Cinéma, T.16), 2005,
e 14/1/1963, 3º Caderno, Suplemento Artes e Letras, p. 2. p. 76-9; tradução espanhola: “Los 12 mandamientos de
288. “O preguiçoso de Apipucos”. A Tarde [?]. Salvador, nuestro señor Buñuel”. In: CONSTANTINI, Eduardo F.;
1963, p. ? [Dura crítica à palestra de Gilberto Freyre na GOLDMAN, Ana; CANGI, Adrián. Glauber Rocha: del
inauguração do ano letivo de 1963 na Universidade da hambre al sueño. Buenos Aires: Malba, 2004, p. 164-70.
Bahia]. 297. “Memória de Deus e o Diabo nas terras de Monte Santo
289. “Morte à fera Japão” [de Eizo Sugawa]. Diário de e Cocorobó”. Senhor, Ano 5, n.58, dez. 1963, p.44-7.
Notícias. Salvador, 10 e 11/2/1963, 3º Caderno,

310 311
Republicação parcial sob o título “Memória de Deus 307. “Para começar”. Diário Carioca. Rio de Janeiro,
e o Diabo em Monte Santo e Cocorobó”. In: GERBER, 12/11/1964, p. 7.
Raquel. O mito da civilização atlântica: Glauber Rocha,
cinema, política e a estética do inconsciente. Petrópolis: 308. “Revisão dos filmes”. Diário Carioca. Rio de Janeiro,
Vozes, 1982, p. 195-8]. Traduções: “Memorias de Dios 13/11/1964, p. 7.
Y El Diablo en las tierras de Monte Santo Y Cocorobo”. 309. “Cinco filmes”. Diário Carioca. Rio de Janeiro,
Cine Cubano. Havana, Vol. 7, n. 42/44, 1967, p. 93-6; 14/11/1964, p. 7.
“Memoria de Dio e del diavolo nelle terre di Monte Santo
e di Cocorobó”. Cinema e Cinema. Venezia, Vol. 2, n. 5, 310. “Reprise”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, 15 e
out./dec. 1975, p. 56-62. 16/11/1964, p. 9.
298. “Esboço de uma escola bahiana”. Diário de Notícias. 311. “Uma história moderna” [sobre L’Ape Regina, de Marco
Salvador, 22/12/1963, p. ? Ferreri]. Diário Carioca. Rio de Janeiro, 17/11/1964, p. 7.
Republicação parcial do capítulo homônimo de Revisão 312. “As atualidades”. Diário Carioca. Rio de Janeiro,
Crítica do Cinema Brasileiro, 1963, p.127-31 / reed. 2004, 18/11/1964, p. 7.
p.153-60.
313. “Elisete, Deus e o Diabo”. Diário Carioca. Rio de
299. “Cinema: Produtores e Diretores“. O Globo. Rio de Janeiro, 19/11/1964, p. 7.
Janeiro, 1/2/1964, Caderno Ela, p. 8.
314. “Cinema Brasileiro 64”. Diário Carioca. Rio de Janeiro,
300. “Cinema e fantascienza”. Cinema Domani. Torino, jul. 20/11/1964, p. 7.
1964, p. ? [Enquete com 10 perguntas a um grupo de
315. “Uma viagem inútil”. Diário Carioca. Rio de Janeiro,
personalidades; respostas de Glauber na p. 18].
21/11/1964, p. 7.
301. “A pele doce do amor”. O Jornal. Rio de Janeiro,
316. “Outra viagem”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, 22 e
13/9/1964, 3o Caderno, p. 6.
23/11/1964, p. 9.
302. “Os fuzis de Ruy Guerra””. O Jornal. Rio de Janeiro,
317. “Oito e meio”. Diário Carioca. Rio de Janeiro,
20/9/1964, 3o Caderno, p. 6.
24/11/1964, p. 7.
303. “Integração de Saraceni”. O Jornal. Rio de Janeiro,
318. “A guerra dos míopes”. Diário Carioca. Rio de Janeiro,
27/9/1964, 3o Caderno, p.6.
27/11/1964, p. 7.
Publicado também, em versão idêntica, no Diário de
Notícias [?], Salvador, 1964?, p. ? 319. “Com D. Luiz no inferno”. Diário Carioca. Rio de
Janeiro, 1/12/1964, p. 7.
304. “Cinema novo levanta a cabeça”. O Jornal. Rio de
Janeiro, 4/10/1964, 3o Caderno, p. 4. 320. “Carta do México”. Diário Carioca. Rio de Janeiro,
2/12/1964, p. 7.
305. “Cinema na batalha das leis”. O Jornal. Rio de Janeiro,
11/10/1964, 3o Caderno, p. 6. 321. “O esclarecimento do autor”. Diário Carioca. Rio de
Janeiro, 10/12/1964, p. 7.
306. “A carta de Glauber Rocha”. Jornal do Brasil. Rio de
Janeiro, 8 e 9/11/1964, Caderno B, p. 3. 322. “GB financia filmes”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, 13
e 14/12/1964, p. 9.

312 313
323. “Curta-metragens”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, 339. “Fala, Glauber”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, 11 e
18/12/1964, p. 7. 12/4/1965, Suplemento DC², p. 5.
324. “De São Paulo”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, 340. “Uma estética da Fome” [texto lido no Congresso
19/12/1964, p. 7. de Genova sobre “Terceiro Mundo e a Comunidade
325. “Terror Paulista”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, Mundial, 1965]. Revista Civilização Brasileira. Rio de
22/12/1964, p. 7. Janeiro, ano 1, n. 3, jul. 1965, p. 165-70.
Republicado em Arte em Revista. São Paulo, ano 1, n.
326. “Do México”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, 27 e
1, jan.-mar. 1979, p. 15-7; Cultura Vozes. Petrópolis,
28/12/1964, p. 7. Vol. 89, n.5, Set-Out 1995, p.138-45; “EZTETYCA DA
327. “Humberto Mauro”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, FOME”. Recine. Rio de Janeiro, Vol. 1, n.1, set 2004, p.66-
31/12/1964, p. 7. 9. [Traduções: “L’estetica della violenza”. Cinema Sessanta.
Roma, n.51, mar 1965, p. ?; “Argomento’ [trechos do
328. “De São Paulo”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, manifesto, sem seu título original]. Filmcritica, Anno
14/1/1965, p. 7. XVI, n.161, Ottobre 1965, p. ?;”L’esthétique de la violence”.
329. “Dr. Fantástico”. Diário Carioca. Rio de Janeiro, 17 e Positif. Paris, n. 73, fev. 1966, p.22-4; “Culture de la faim,
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15/ 12/1970, Seção “As dicas”, p. 29.
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425. “Lumpen”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 98, 20 a
26/5/1971, Seção “As dicas”, p. 29. 434. “Conformistas”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 147, 25/4
a 1/5/1972, Seção “As dicas”, p. 20.
426. “A voz do gato”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 98, 20 a
26/5/1971, Seção “As dicas”, p. 30. 435. “Macunaíma”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 147, 25/4 a
1/5/1972, Seção “As dicas”, p. 20.
427. “Red Love”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 98, 20 a
26/5/1971, Seção “As dicas”, p. 31. 436. “Livre exportação”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 147,
25/4 a 1/5/1972, Seção “As dicas”, p. 21.
428. “Alagoas”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 98, 20 a
26/5/1971, Seção “As dicas”, p. 31. 437. “Badalos”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 147, 25/4 a
1/5/1972, Seção “As dicas”, p. 22.
429. “My God”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 98, 20 a
26/5/1971, Seção “As dicas”, p. 31. 438. “Venas abertas”. O Pasquim. Rio de Janeiro, n. 147, 25/4
a 1/5/1972, Seção “As dicas”, p. 23.
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2/6/1971, Seção “As dicas”, p. 29. 439. “O abacaxi é nosso”. O Pasquim. Rio de Janeiro, ano IV,
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328 329
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Última Hora. São Paulo, 8 e 9/6/1974, p. 14. p. 62-71.
443. “Até você meu filho Brutus?”. O Pasquim. Rio de 450. “Vatapá no ventilador”. O Pasquim. Rio de Janeiro, ano
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444. “Um Baiano Lava o Outro”. O Pasquim. Rio de Janeiro, 336, 5 a 11/12/1975, p. 12-3.
Ano V, n. 191-XXVI, 27/2 a 6/3/1973, Seção “As dicas”, Trad. francesa de Sylvie Pierre: “Amour de mâle”. Trafic,
p. 27 [Assinado “Glauber Rocha, Roma, Novembro Paris, n.29, Printemps 1999, p. 126-8; trad. Italiana de
1973 (sic)]. Maria Rita Nepomuceno: “Amor di maschio”. Bianco e
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1977-78, p. 30-1. Trad. francesa parcial sob o título “Ils veulent me tuer”,
segundo de dois artigos agrupados pelo editor Marcel
449. “Glauber por Glauber” (chamada de capa: “Glauber: o Martin sob o título (escolhido pelo cineasta ou pela
grito do 3o mundo - um depoimento exclusivo para revista?) “Glauber Rocha au Brésil”. Écran. Paris, n. 53,
Crítica”). Crítica. Rio de Janeiro, Ano 2, n. 55, 25 a déc. 1976, p. 4.
31/8/1975, p. 12-4. 457. “Machado na Xica”. O Pasquim. Rio de Janeiro, ano
Errata em Crítica, Ano 2, n.56, 1 a 7/9/1975, p. 14; VIII, n. 375, 3 a 9/9/1976, seção “Dicas”, p. 31.
Tradução: “Glauber por Glauber”. In: CONSTANTINI,

330 331
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entre Iracema e Capitu pelo título de Misse Brazyl”. 3 a 9/12/1976, Seção “Dicas”, p. 31.
Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 6/9/1976, Caderno B, 472. “Reflexos de Callado”. O Pasquim. Rio de Janeiro, ano
p. 10. VIII, n. 389, 10 a 16/12/1976, p. 15.
459. “Miséria cinematográfica”. O Pasquim. Rio de Janeiro, 473. “R.O.T.A.V.A.L.O.S.P.E.R.O.S.M.A.N”. O Pasquim. Rio
ano VIII, n. 376, 10 a 16/9/1976, p. 6-7. de Janeiro, ano VIII, n. 398, 11 a 17/2/1977, p. 12.
Trad. francesa parcial sob o título “Misère
474. “Rosa dos ventos”. Folha de São Paulo, 27/2/1977,
cinématographique”, primeiro de dois artigos agrupados
pelo editor Marcel Martin sob o título (escolhido pelo Folhetim, p. 7-10.
cineasta ou pela revista?) “Glauber Rocha au Brésil”. 475. “Dias Gomes, o que não resiste a uma crítica séria”.
Écran. Paris, n.53, décembre 1976, p. 3-4. Status. São Paulo, n.32, mar 1977, p. 44-45.
460. “Cinema Novo, o delírio de um gol por cima da carne 476. “O velho guerreiro não morrerá”. Jornal do Brasil. Rio
seca”. Status. São Paulo, n. 26, set. 1976, p.123-30. de Janeiro, 18/3/1977, Caderno B, Capa.
461. “Século proibido”. O Pasquim. Rio de Janeiro, Ano 477. “Gullar”. Folha de São Paulo, 20/3/1977, Folhetim,
VIII, n. 379, 1 a 7/10/1976, Seção “Dicas”, p. 29. p. 7-8.
462. “Cartaz brasileiro”. O Pasquim. Rio de Janeiro, Ano 478. “Áfryka 70: realidade e ficção”. Folha de São Paulo,
VIII, n. 379, 1 a 7/10/1976, Seção “Dicas”, p. 30. 27/3/1977, Folhetim n. 10, p. 5-6.
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Ano VIII, n. 379, 1 a 7/10/1976, Seção “Dicas”, p. 30. Redford”. Status. São Paulo, n.33, abr. 1977, p. 44.
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29/10 a 4/11/1976, Seção “Dicas”, p. 30. Rogério Duarte].
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Ano VIII, n. 385, 12 a 18/11/1976, Seção “Dicas”, p.31. Brasília, 17/4/1977, Seção Opinião, p. 5.
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Republicado em SGANZERLA, Rogério. Textos críticos, 30. “Público e crítica divergem: Gláuber”. Correio da
1. Florianópolis: Ed. UFSC / Itaú Cultural, 2010,
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35. “Uma aventura perigosa”. Fatos e Fotos. Rio de Janeiro, culture ‘en transe’”. [entrevista a Michel Capdenac].
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Parcialmente transcrita no artigo de Geraldo Santos italiana: “Colloquio con Rocha” [depoimento a Michel
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In. PIERRE, Sylvie (Org.). Glauber Rocha. Campinas: Glauber intitulada “Gauber Rocha: Cabezas Cortadas”,
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Bellumori]. In: BELLUMORI, Cinzia. Glauber Rocha. entrevistadores, com texto final de M. Pontes]. Jornal
Firenze: Il Castoro Cinema, 1975, p.2-8. do Brasil. Rio de Janeiro, 11/12/1975, Caderno B, p. 10.
143. “Incontro con Glauber” [entrevista a Antonella 151. “Tela em Transe / 3: Um doente à espera do remédio
Amendola]. Panorama. Milão, maio 1975. milagroso”. [Trechos de entrevistas de vários cineastas,
144. “Questo film non è uno psicodrama” [entrevista a dentre os quais Glauber, a vários entrevistadores,
Antonella Amendola]. Il mondo. n. 26, jun. 1975. com texto final de M. Pontes]. Jornal do Brasil. Rio de
Janeiro, 12/12/1975, Caderno B, p. 10.
145. “Incontro con il regista di Claro. Glauber Rocha:
‘Roma, città da Terzo Mondo’” [Entrevista a V. A.]. 152. “Tela em Transe / Final: Deus e o Diabo no tempo do
Paese Sera. Roma, 23/7/1975, p. ? exilio (Glauber Rocha se explica, desabafa, faz história
e até futurologia)”. [entrevista a Arlete Chabrol]. Jornal
146. “Conversazioni con Glauber Rocha 1” [entrevista a do Brasil. Rio de Janeiro, 13/12/1975, Caderno B, p. 10.
Judita Hribar]. Filmcritica. Anno XXVI, n. 256, ago.
Republicada, sob o título “Glauber Rocha falou”, numa
1975, p. 219-225.
pequena brochura do Cineclube Macunaíma, Rio de
147. “Conversazioni con Glauber Rocha 2” [entrevista a Janeiro, 1976, 8 p.
Gianfranco Graziani]. Filmcritica, Anno XXVI, n. 256, 153. “Glauber - 76: os projetos e os sonhos de um cineasta no
ago. 1975, p. 225-8. exílio que quer ser governador” [entrevista a Francisco
Republicado sob o título “Intervista” em VVAA. Il Viana]. Jornal da Bahia. Salvador, 14/3/1976, p. 2.
Cinema Novo brasiliano 2: i registi e i film. Pesaro: XI
Algumas declarações foram reproduzidas na matéria
Mostra Internazionale del Nuovo Cinema (Quaderno
não assinada “Glauber para governador”. Opinião. n.
informativo n. 65), 1975, p.124-7; trad francesa parcial,
178, 2/4/1976, p. 22.
de quatro parágrafos de uma das respostas de Glauber,
sob o título “La responsabilité de la critique”, em La 154. “Glauber Rocha de volta: o charco burocrático não
Revue du Cinéma – Image et Son. Paris, n. 366, nov 1981, cria” [entrevista a Mary Ventura]. Jornal do Brasil. Rio
p. 98. de Janeiro, 26/6/1976, Caderno B, Capa.
148. “Incontro con Glauber Rocha.” [Depoimento a Claudio 155. “Hollywood – Rio” [entrevista a Eva Spitz]. Veja. São
Valentinetti]. Cinema e Cinema, Venezia, Anno II, n.5, Paulo, n. 408, 30/6/1976, p. 102.
Out-Dez 1975, p. 53 – 56.
156. “Glauber Rocha está um outra” [parte inicial da
149. “Tela em Transe / 1: As Muitas mortes e ressurreições entrevista a Narciso Lobo]. Movimento. São Paulo, n.
do Cinema Novo”. [Trechos de entrevistas de 53, 5/7/1976, p. 16.
vários cineastas, dentre os quais Glauber, a vários
157. “Glauber Rocha de volta para o bem do cinema
entrevistadores, com texto final de M. Pontes]. Jornal
brasileiro”. Diário de Notícias. Porto Alegre, 7/7/1976,
do Brasil. Rio de Janeiro, 10/12/1975, Caderno B, p. 10.
p. 8.
150. “Tela em Transe / 2: Um cinema órfão de público (e
158. “Nem Lênin, nem Mao, nem Stalin, nem mesmo
um público órfão de cinema)”. [Trechos de entrevistas
Machado de Assis” [parte final da entrevista a Narciso
de vários cineastas, dentre os quais Glauber, a vários
Lobo, iniciada no n. 53, de 5/7/1976]. Movimento. São

360 361
Paulo, n. 55, 19/7/1976, p. 19. 168. “Sem dinheiro para projetos maiores, o cineasta
159. “Não me exijam coerência” [entrevista a Lúcia Rito]. Glauber Rocha decidiu brincar com a morte do pintor
Veja. São Paulo, n. 418, 8/9/1976, p. 3-6. Di Cavalcanti”. Fatos e Fotos. Rio de Janeiro, ano XVI,
n. 821, 16/5/1977, p. 28-9.
160. “Glauber está de volta ao ‘último paraíso’”. Jornal
da Bahia. Salvador, 13/10/1976, Caderno 1, p. 3. 169. “Cineasta elogia abertura do debate político à
[Chamada de capa do jornal: “Glauber: A Bahia está imprensa”. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 25/5/1977,
sendo loteada”]. 1o Caderno, p. 4.
161. “Glauber não quer ser mito. Deseja apenas ter paz” 170. “Um incômodo cineasta do terceiro mundo” [entrevista
[entrevista]. A Tarde. Salvador, 13/10/1976, Caderno a Maria Lúcia Rangel]. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro,
1, p. 3 28/5/1977, p. 10.
162. “O último paraíso de Glauber”. [Entrevista de Glauber 171. “Festival de Cannes dá prêmio especial a Glauber
a jornalista não identificado]. Folha de São Paulo, Rocha”. A Tarde. Salvador, 28/5/1977, p.3 [Matéria não
14/10/1976, Ilustrada, p. 5. assinada, incluindo declarações do cineasta].
163. “Glauber Rocha: eu e o cinema (fotogramas de uma 172. “Glauber Rocha e o poder militar” [trechos de
vida)” [entrevista a Mário Augusto Jacobskind e entrevista a Maria Lúcia Rangel]. Correio Braziliense.
Toninho Mendes]. Versus. São Paulo, n. 6, 15/10 a Brasília, 29/5/1977, Seção “Política”, p. 5.
15/11/1976, p. 15-18. 173. “Glauber Rocha: Entre Deus e o Diabo” [Matéria de
164. “Nenhum intelectual brasileiro de hoje tem moral para Sandra Filippe Santos, reproduzindo declarações
criticar o outro. Estamos todos no mesmo banho e não de Glauber]. Jornal da Bahia, Salvador, 17/7/1977,
estou louco. Na verdade estou duro e sem trabalho. Suplemento de Domingo, p. 3.
Quem diz isso, se chama Glauber Rocha”. [Entrevista 174. “A Idade da Terra: um filme subdesenvolvido onde a
a Ivandel Godinho Jr.]. Fatos e Fotos. Brasília, Ano XV, qualidade é o óbvio” [entrevista a Maria Lúcia Rangel].
n.791, 17/10/1976, p. 8-9. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 31/10/1977, Caderno
165. “No mercado de filmes, hoje, o Di Glauber”. Correio B, p. 10.
Braziliense. Brasília, 28/1/1977. 175. “Glauber novamente em transe”. Folha de São Paulo,
166. “Leia e discuta: fala o último dos intelectuais”. (conversa 1/11/1977, Ilustrada, p. 25.
reportada por Nelson Motta). O Globo, Rio de Janeiro, 176. “Glauber diz que vai salvar cinema nacional” [entrevista
17/2/1977, p. 40. coletiva]. O Estado de São Paulo, 9/11/1977, p. 10.
167. “O pensamento vivo e desconcertante de Glauber 177. “O cinema baiano tem seu pólo. Glauber, os milhões”.
Rocha: ele falando é mais fácil, direto e objetivo do Jornal da Tarde. São Paulo, 9/11/1977, p. 17.
que escrevendo - ei-lo em oito pensamentos bem [Reportagem não assinada, transcrevendo declarações
explícitos”. José: Jornal da semana inteira. Brasília, 23- do cineasta em sua coletiva de imprensa da véspera].
29/4/1977, p. ? 178. “Glauber Rocha: da defesa ao contra-ataque”

362 363
[entrevista a José Barreto de Jesus]. O Estado de São 30/5/1978, Ilustrada, p. 37.
Paulo, 13/11/1977, p. 28. 189. “Dona Flor e Xica da Silva: mitos e bons negócios.
179. “Glauber: Pelé é garoto propaganda das multi”. Folha [Conversa de Samuel Wainer com Luís Carlos Barreto,
de São Paulo, 17/11/1977, Ilustrada, p. 5. [breve Glauber Rocha, Cacá Diegues, Arnaldo Jabor, Bruno
reportagem não assinada com declarações de Glauber]. Barreto e Walter Clark]. Senhor Vogue. São Paulo, n.3,
180. “Para Glauber Rocha, brigar com intelectuais não é jun. 1978, p. 74-83.
novidade. Seu encontro é com o povo.” Fatos e Fotos. 190. “O jagunço Glauber Rocha pede licença ao coronel
Rio de Janeiro, dez. 1977, p. 14-16. Guimarães Rosa” [entrevista a Maria Lúcia Rangel].
181. “Glauber Rocha em estado poético”. [Entrevista a Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 15/6/1978, Caderno B,
Eclison Tito, Milton Guman e Celso Araújo]. Jornal de p. 10.
Brasília, 4/1/1978, Suplemento, p. ? 191. “Abrindo o jogo”[depoimento de Glauber Rocha a Jary
182. “Enfoque surrealista de um cineasta boquirroto”. Cardoso]. Folha de São Paulo, 30/7/1978, Folhetim,
[reportagem de Rivadávia de Souza transcrevendo p. 3-6.
trechos de entrevista coletiva de Glauber em Brasília]. Republicação parcial, sob o título “Idéias políticas e
Correio do Povo. Porto Alegre, 5/1/1978, p. ? filosóficas de Glauber Rocha (Entrevista com Glauber
Rocha em 1978)”, em GERBER, Raquel. O mito da
183. “Mais agressividade!” [depoimento de Glauber Rocha civilização atlântica: Glauber Rocha, cinema, política
a Paolo Marconi]. Veja. São Paulo, n. 489, 18/1/1978, e a estética do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1982,
p.88. p. 224-34.
184. “Glauber Rocha: ‘A idade da terra é meu último grito’” 192. “Glauber Rocha sensacional. Encontros (e desencontros)
(Reportagem de Heloneida Studart). Manchete, Rio de imediatos do terceiro mundo”. [Entrevista de Glauber
Janeiro, Ano 26, n.1344, 21/1/1978, p. 28-30. a Sheila Dunaevits]. Fatos e Fotos Gente. Brasília, Ano
185. “Glauber aconselha lenocínio aos donos da XVI, n.883, 24/7/1978, p.18-21.
pornochanchada”. [Entrevista a Rivadávia de Souza]. 193. “Glauber Rocha”O futuro do cinema está na televisão”
Correio do Povo. Porto Alegre, 1/2/1978, p. 4. (entrevista a Maria Angélica Carvalho). O Globo. Rio
186. “Cabezas Cortadas, uma aventura poética de Glauber de Janeiro, 13/8/1978, Caderno Domingo, p. 3.
Rocha”. [Entrevista não assinada, composta de trechos 194. “A antientrevista e profecia de Glauber Rocha: Tem
de outras entrevistas a críticos europeus]. Correio petróleo nos pampas!”. [Entrevista a Rosângela
Braziliense. Brasília, 29/3/1978, Caderno 2, p. 1. Meletti]. Zero Hora. Porto Alegre, 24/9/1978, Revista
187. “Um cineasta que não crê nas filmagens políticas”. Zero Hora, p. 4-5.
[Entrevista a Rivadávia de Souza]. Correio do Povo. 195. “Encontro – mulher: Glauber Rocha fala do brasileiro
Porto Alegre, 30/3/1978, p. 4. importante e do brasileiro maluco” [entrevista a
188. “Contra os donos oficiais da cultura” [entrevista de José Cândido de Carvalho]. O Fluminense. Niterói,
Glauber Rocha a Isa Cambará]. Folha de São Paulo, 1/10/1978, p. 1.

364 365
196. “Cabeças Cortadas: A hermética loucura tropical- Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 13 e 14/1/1979, p.
cristã da América do Sul” [entrevista]. Jornal do Brasil. 10, e “Gláuber suspeita que denúncias são ardil contra o
Rio de Janeiro, 21/10/1978, Caderno B, p. 10. Cinema Novo”, em O Fluminense. Niterói, 13/1/1979, p. 9.
197. “Glauber Rocha e a polêmica. Embrafilme não é a 206. “Não sou cobra mandada” [Depoimento recolhido
grande mãe do cinema brasileiro” [entrevista a Cleusa por Éclison Tito, Lúcia Ribeiro e Maria do Rosário
Maria]. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 30/10/1978, Caetano]. Jornal de Brasília, 21/1/1979, p.26-7.
Caderno B, p. 10. Republicado sob o título “Eu não sou cabra-mandado”
198. “Glauber” [Entrevista a Cleusa Maria]. Jornal da Bahia. em Maria do Rosário Caetano (Org.). Cineastas Latino-
americanos: entrevistas e filmes. São Paulo: Estação
Salvador, 1/11/1978, p. 3. Liberdade, 191997, p. 73-88.
199. “‘Poder para os intelectuais’. É o que Glauber pensa. E 207. “Conversa com Glauber Rocha: ‘Um intelectual deve
quer dizer a Figueiredo”. Correio Braziliense. Brasília, ocupar a Coordenadoria de Cultura’”. Estado de Minas,
13/12/1978, Seção Nacional, p. 8. Belo Horizonte, 23/1/1979, 2o Caderno, p. 8.
200. “Glauber Rocha pede um intelectual para o MEC”. 208. “Glauber Rocha: abaixo Cannes e viva a China
[Reportagem não assinada com entrevista de Glauber (depoimento)”. Correio do Povo. Porto Alegre,
Rocha]. Diário de São Paulo, 13/12/1978, Seção “Em 26/1/1979, p. ?
Cena”, p. 23.
209. “Chegou a hora de reformular a Embrafilme”
201. “Gláuber Rocha propõe participação de intelectuais [entrevista de Glauber Rocha e Luiz Carlos Barreto a
no MEC”. [Entrevista a jornalista não identificado]. O Maria Lúcia Rangel]. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro,
Globo. Rio de Janeiro, 14/12/1978, Seção “O País”, p. 9. 8/2/1979, Caderno B, p. 10.
202. “Glauber: Intelectual não pode omitir-se” [Depoimento 210. “Glauber diz que Farias faz papel de Nixon”. Jornal de
colhido em reportagem não assinada]. Correio Brasília, 15/2/1979, p. ?
Braziliense. Brasília, 15/12/1978, Seção Nacional, p. 8.
211. “Cinema Experimental x Pornochanchada: Glauber
203. “Glauber: Até parecem do MDB”. Correio Braziliense. não quer mais cineasta na Embrafilme”. Correio
Brasília, 19/12/1978, Seção Nacional, p. 8. Braziliense. Brasília, 23/3/1979, Caderno 2, Capa.
204. “AI-5: *1968 +1978. Morreu e daí?” [depoimento de 212. “Glauber desabafa: Veto a Gustavo é torre preta no
Glauber sobre o AI-5]. Correio Braziliense. Brasília, programa das Aberturas”. Correio Braziliense. Brasília,
31/12/1978, Seção Política, p. 10. 31/3/1979, Caderno 2, Capa.
205. “Glauber Rocha exclusivo: - A campanha contra a 213. “Glauber Rocha: ir ao cinema é uma prova de grande
Embrafilme é mais um episódio da velha luta do mau gosto. É uma coisa careta” [entrevista a Felipe
imperialismo contra o nosso cinema (Entrevista a Falcão]. Interview. Rio de Janeiro, n. 16, maio 1979,
Paulo Ferreira e Nelson Kumholz)”. Ganga Bruta. Rio p. 9-12.
de Janeiro, Ano 1, n. 2, jan./fev. 1979, p. 6-7.
214. “Glauber Rocha agora é estrela de TV” [entrevista a Isa
Reportado e parcialmente transcrito em matérias não
assinadas, intituladas “Glauber continua falando”, em Cambará]. Folha de São Paulo, 13/5/1979, Ilustrada, 5º

366 367
Caderno, p. 62. 225. “Glauber condena o festival”. [reportagem não
215. “A cabeça cortada de Glauber Rocha volta ao lugar” assinada, reproduzindo várias declarações de Glauber
[entrevista a Cícero Sandroni]. Jornal do Brasil. Rio de contra o Festival de Brasília]. Correio Braziliense,
Janeiro, 8/6/1979, Caderno B, capa. Brasília, 26/9/1979, Seção Cidade, p. 11.
216. “Glauber Rocha: ‘Estréia de Cabezas Cortadas significa 226. “Glauber a plenos pulmões”. [Reportagem de Eclison
a minha anistia’” [entrevista]. Correio Braziliense. Tito incluindo entrevista com o cineasta]. Jornal de
Brasília, 8/6/1979, Seção “Variedades”, p. 23. Brasília, 27/9/1979, p. ?
217. “Cabezas Cortadas de Glauber Rocha” [entrevista a 227. “Glauber protesta contra Ruy Pereira”. O Globo. Rio de
Isa Cambará]. Folha de São Paulo, 9/6/1979, Ilustrada, Janeiro, 27/9/1979, Seção “O País”, p. 6.
p. 27. 228. “Glauber Rocha: Eu sou democrático, liberado e
218. “Glauber Rocha, Cabeças Cortadas - Eu sou um libertário”. [Entrevista a Juarez Fonseca e Giba Rocha].
operário do imaginário” (entrevista a Miguel Pereira). Zero Hora. Porto Alegre, Revista ZH, 11/11/1979,
O Globo, Rio de Janeiro, 10/6/1979, p. 3. p. 7-9.
219. “Glauber Rocha proibido. Embrafilme recorre”. Última 229. ”Transe do cinema do III Mundo. ‘Povo sem cabeça é
Hora. São Paulo, 13/6/1979, p.13 [matéria não assinada um povo mudo’”. Zero Hora, Revista ZH. Porto Alegre,
sobre a proibição de Di Cavalcanti, reportando 18/11/1979, p. 5.
declarações de Glauber Rocha]. 230. “Glauber: O cinema paga o petróleo”. [Reportagem não
220. “Glauber Rocha: seus divinos e demônios (fazendo a assinada com entrevista de Glauber Rocha]. Correio
cabeça)” [entrevista a Lurdes Gonçalves, intercalada Braziliense. Brasília, 9/12/1979, Seção Economia, p.10.
com declarações de outra entrevista a Cícero Sandroni]. 231. “Acabou o MDB cultural! Vamos dar nomes aos bois!”.
Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, Suplemento da [entrevista a Mário Augusto Jakobskind]. Folha de São
Tribuna, Ano VI, n.318, 16 e 17/6/1979, p.6-7. Paulo, 16/12/1979, Folhetim “Os anos 70”, p. 3-4.
221. “Brazil’s Glauber Rocha pledges fight for laws vs. U.S. 232. “Cabeças em transe numa tourada de Glauber”
films, says they’re basically racist”. [Depoimento a [entrevista]. Folha de São Paulo, 28/12/1979, Ilustrada,
Harold Emert]. Variety, New York, Vol. 295, n. 12, jul. p. 41.
1979, p. 43-46. 233. “Gláuber Rocha”. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro,
222. “In Brasile: Glauber Rocha attacca il cinema americano”. 31/12/1979, Caderno B, Capa. [Depoimento numa
Paese Sera. Roma, 17/8/1979, p. 13. enquete não assinada, intitulada “1980 - as esperancas”,
223. “Glauber semeia ventos”. [Entrevista a Marcelo Fagá]. sobre o que personalidades esperavam da década de
Jornal da República. São Paulo, 3/9/1979, p. 12. 1980].
224. “Novo filme de Glauber, antiliterário e metateatral” 234. “Cabezas Cortadas: morte ao patriarcado (política e
[entrevista a Bruno Cartier Bresson]. O Estado de São ética)” [artigo de Raquel Gerber sobre o filme com
Paulo, 9/9/1979, p. 40. alguns trechos de depoimento de Glauber Rocha de
fevereiro de 1973]. Filme Cultura. Rio de Janeiro, n. 34,

368 369
jan./mar. 1980, pp. 36-37. chama de medíocre e fascista”. O Globo, Rio de Janeiro,
235. “Glauber Rocha vai filmar vida de Marx na Alemanha”. 10-9-1980, Cultura, p. 30 [matéria de Albino Castro
[Reportagem não assinada com declarações de Filho reportando declarações de Glauber].
Glauber]. Folha de São Paulo, 17/6/1980, Ilustrada, p.29. 244. “Festival de Veneza: Agora, a opção comercial”. O
236. “Abaixo a fobia ideológica” [Depoimento a João de Globo. Rio de Janeiro, 11/9/1980, Cultura, p. 35.
Barros numa enquete sobre a SBPC junto a intelectuais 245. “Glauber Rocha. Incompreendido por uns, sabotado
e políticos]. Folha de São Paulo, 27/7/1980, Folhetim, por outros, busca no exílio interior, o seu momento de
p. 5. encontro” [entrevista a Sérgio Lara]. Jornal de Ipanema.
237. “Glauber Rocha - Teorias. Mas também: ‘A idade da Rio de Janeiro, 2a Quinzena de setembro 1980, p. 14.
Terra’ está pronto”. [Entrevista a Sonia Biondo]. O 246. “Glauber Rocha, deprimido, na crise dos 40 anos: sou
Globo. Rio de Janeiro, 17/8/1980, Caderno Domingo, um proletário intelectual desempregado [entrevista a
Capa. Araújo Neto]. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, Caderno
238. “La mia provocazione libera i cervelli’ [entrevista a B, 24/9/1980, p. 1.
Luigi Vaccari]. Il Messaggero, 3/9/1980. 247. “Glauber Rocha - Cultura no Brasil é discutir a sunga
[Incluída em Por aquele louco de Glauber Rocha do Gabeira e o sutiã do Caetano” (Entrevista a Virginia
(documento datilografado), Mostra Internazionale del Murano). Manchete, Rio de Janeiro, Ano 29, n.1484,
Cinema [dossiê de imprensa]. Venezia, 2 a 11/9/1981.]. 27/9/1980, p. 158-61.
239. “A ‘Idade da Terra’ em Veneza. Antonioni: lição de 248. “Conférence de Presse” [Rocha à Venise]. Jeune
cinema. Crítica: falta emoção”. [Entrevista a Albino Cinéma. Paris, n. 129, set./out. 1980, p. 37-39. [Relato
Castro Filho]. O Globo, Rio de Janeiro, 4-9-1980, da coletiva de imprensa de Glauber no Festival de
Cultura, p. 32. Veneza de 1980, resumida por Andrée Tournées após
seu texto “Bruit et fureur à Venise”, sobre A Idade da
240. “Um vulcão baiano cospe fogo sobre a ‘cultura
Terra].
européia’” [Reportagem de Araújo Neto sobre a coletiva
de imprensa de Glauber no Festival de Veneza]. Jornal 249. “Anos ótimos” e “Napoleão”. [duas seções com
do Brasil. Rio de Janeiro, 5/9/1980, Caderno B, p. 2. depoimentos de Glauber a Moacir Japiassu e outros,
incluídos nas p. 66-8 do artigo de Japiassu “Esta
241. “Em Veneza, um boicote oficial a Glauber Rocha”.
geração driblou a crise dos 40”]. Istoé. São Paulo, n.200,
[Entrevista a Albino Castro Filho]. O Globo, Rio de
22/10/1980, p.60-8.
Janeiro, Cultura, 5/9/1980, p. 27.
250. “Para entender A Idade da Terra basta ter dinheiro
242. “Filme de Glauber é elogiado por Moravia e será
para o ingresso”. [Entrevista a Albino Castro Filho]. O
reprisado amanhã”. [matéria de Albino Castro Filho
Globo, Rio de Janeiro, 13/11/1980, Cultura, p.33.
reportando declarações de Glauber ao jornal italiano
l’Araldo]. O Globo, Rio de Janeiro, 7-9-1980, O Mundo, 251. “Il crítico furioso” [entrevista a Constanzo Constantini
p. 27. a propósito do Festival de Veneza de 1980]. Il
Messaggero. Roma, 16/11/1980, p. ?
243. “Festival de Veneza: Glauber briga com Malle e o

370 371
252. “Glauber Rocha: ‘Estão confundindo minha loucura [entrevista a Christina Autran]. O Estado de São Paulo,
com minha lucidez’” [entrevista a Reali Junior]. O 24/5/1981, p. 30.
Estado de São Paulo, 23/11/1980, p.48. 260. “À passagem das Mitologias” (Entrevista de Glauber
Trad. espanhola de Julio Pérez Perucha: “Están Rocha a João Lopes em Sintra, 8/4/1981). Catálogo da
confundiendo mi locura con mi lucidez”. Contracampo. Retrospectiva de Glauber Rocha. Lisboa: Cinemateca
Madrid, año IV, n. 27, jan./fev. 1982, p. 39-42. Portuguesa, 1981, p. 21-4.
253. “Entrevista com Glauber Rocha” [entrevista de Republicada em português em O Século do cinema,
1/3/1980]. In: PEREIRA, Carlos Alberto M.; Alhambra / Embrafilme, 1983, p. 246-55 (Reed. Cosac
HOLANDA, Heloísa Buarque de. Patrulhas ideológicas, Naify, 2006, p. 325-334], em VVAA, Ciclo de Cinema
marca reg.: arte e engajamento em debate. São Paulo: Brasileiro. Lisboa: Cinemateca Portuguesa e Fundação
Editora Brasiliense, 1980, p. 24-34. Calouste Gulbenkian, 1987, p. 139-48 e ainda, numa
versão parcial, na revista Rio Artes. Rio de Janeiro, n.3,
254. “Glauber faz teatro e reencontra Jango” [entrevista a 1992, p.12-4 e em “Hollywood e a impotência econômica”.
Pedro Del Picchia]. Folha de São Paulo, 14/12/1980, Renovação. Rio de Janeiro, s/d, p. 8.; traduções: “Le passage
Ilustrada, p. 55. des mythologies (Portugal, août 1981)”. In: PIERRE,
Republicada, em versão bem mais extensa, e sob o título Sylvie (Org.). Glauber Rocha. Paris: Éditions Cahiers du
“A paixão política”, em PICCHIA, Pedro del; MURANO, Cinéma, 1987, p. 183-93 [Ed. brasileira: “A passagem das
Virginia. Glauber, o leão de Veneza. São Paulo: Ed. mitologias (Portugal, agosto de 1981). In. PIERRE, Sylvie
Escrita, 1982, p. 35-48. (Org.). Glauber Rocha. Campinas: Papirus, p. 197-207];
“El pasaje de las mitologias / À passagem das mitologias”
255. “Glauber Rocha: Figueiredo pode ser o líder do [entrevista a João Lopes]. Versão bilíngue português /
Terceiro Mundo” [entrevista a Albino Castro Filho]. O espanhol. In: CONSTANTINI, Eduardo F.; GOLDMAN,
Globo. Rio de Janeiro, 8/2/1981, p.10. Ana; CANGI, Adrián. Glauber Rocha: del hambre al
256. “Glauber Rocha prega a Revolução Atlântica”. [matéria sueño. Buenos Aires: Malba, 2004, p. 78-89.
de Francisco Carvalho reportando declarações de 261. “Gláuber Rocha: ‘Um povo sem cabeça é um povo
Glauber em sua entrevista ao jornal português Diário mudo’”. [Entrevista de Glauber Rocha sobre Cabeças
de Notícias de 28/2/1981]. Correio Braziliense, Brasília, Cortadas]. Correio da Bahia, Salvador, 28 /7/1981, 2o
25/3/1981, seção “Variedades”, p. 6. Caderno, p. 1.
257. “Glauber Rocha: mais pintor que cineasta, em busca 262. “Glauber ainda no hospital”. [reportagem não assinada
de um novo incêndio poético”. [Entrevista a Roberto reproduzindo declarações de Glauber]. Folha de São
Pontual]. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8/4/1981, Paulo, 14/8/1981, Ilustrada, p. 33.
Caderno B, p.35. 263. “Cabeças Cortadas de Glauber Rocha volta ao cartaz
258. “Glauber Rocha lança ‘Revolução do Cinema Novo’” amanhã no Roxy”. Diário da Tarde. Belo Horizonte,
[entrevista a Juarez Bahia]. Jornal do Brasil. Rio de 25/8/1981, Caderno 2, p. 1.
Janeiro, 2/5/1981, Caderno B, p. 9. 264. “Gênio da raça. História de Glauber Rocha, o artista das
259. “Glauber Rocha, em defesa da arte brasileira” metáforas”. Isto É. São Paulo, 2 set. 1981. [reportagem

372 373
não assinada, cheia de transcrições de declarações de 272. “Saudades de Glauber”. [Entrevista a Jaime Sarusky].
Glauber]. Nossa América. São Paulo, n. 1, mar./abr. 1989. p. 92-93.
265. “Una intervista inedita, e planetaria, di un amico, 273. “Apocalíptico, bárbaro, barroco”. Pasquim. Rio de
Marco Melani”. Por aquele louco de Glauber Rocha Janeiro, Ano XX, n.1019, 30/6/1989, p. 4 [compilacão,
[documento datilografado]. Mostra Internazionale del por Ferdy Carneiro, de declaracões de Glauber
Cinema [dossiê de imprensa]. Venezia, 2 a 11/9/1981. recolhidas no livro de Sidney Rezende Ideário de
266. “Dichiarazioni di Glauber Rocha”. Por aquele louco de Glauber Rocha, de 1986].
Glauber Rocha [documento datilografado]. Mostra 274. “O encontro” [Introdução, por Elizabeth Carvalho, de
Internazionale del Cinema [dossiê de imprensa]. sua transcrição de uma conversa entre Darcy Ribeiro,
Venezia, 2 a 11/9/1981. Mário Pedrosa, Ferreira Gullar e Glauber Rocha
267. “Glauber Rocha - depoimento a Sílvia Duarte”. numa noite de 1977]. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
Repórter. Rio de Janeiro, n. 52, 16/9 a 6/10/1981, p.10- 23/2/1997, Caderno B, Capa.
11, e n.53, 1 a 13/10/1981, p.14-5. 275. “Um olhar sobre o Brasil dos anos 70” [transcrição
Republicado com várias modificações em “Glauber, da 1a parte da conversa entre Darcy Ribeiro, Mário
dois anos depois de sua morte: Agonia & Êxtase”. Pedrosa, Ferreira Gullar e Glauber Rocha numa noite
Correio Braziliense. Brasília, 27/8/1983, Suplemento de 1977]. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23/2/1997,
“Atualidades”, p.1 e 5. Trad. italiana: “Brasile, ti amo e ti Caderno B, p. 6-7.
odio : il testamento di Glauber Rocha”. Revista Frigidaire, 276. “Encontro com a alma brasileira” [transcrição da 2a
Roma, n.31, junho 1983, p. ?
parte da conversa entre Darcy Ribeiro, Mário Pedrosa,
268. “Glauber Rocha: as polêmicas verdades deste profeta Ferreira Gullar e Glauber Rocha numa noite de 1977].
solitário (depoimento)”. Jornal da Jornada. Salvador, n. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24/2/1997, Caderno B,
5, set. 1981, p. 10-11. p. 4-5.
269. “Declaração”. Cinema Sessanta. n. 141, set./out. 1981. 277. “Glauber e o filme de macho”. [Entrevista a Antonio
270. “Le dernier entretien avec Glauber Rocha” [entrevista Torres, de 1964]. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
a Manuel Carvalheiro]. Le Revue du Cinéma – Image et 27/12/1997, Caderno B, Capa
Son. Paris, n. 376, out. 1982, p. 65-76. Republicação parcial de entrevista originalmente
Publicação de trechos da entrevista em português: publicada na revista Finesse. São Paulo, Out. 1964.
“Glauber. O depoimento final do cineasta”. [em 278. “FH é o principe de nossa sociologia, disse Glauber”.
reportagem de Geneton de Moraes Neto]. Jornal do O Globo, Rio de Janeiro, 13/3/1999, Segundo
Brasil. Rio de Janeiro, 22/8/1987, Suplemento “Idéias”, Caderno, p. 4.
p. 8-9.
279. “Depoimento ao Cahiers (não publicado)”. In:
271. “A última entrevista de Glauber em Cuba” [a Jaime PIZZINI, Joel. O cinema segundo glauber e pasolini
Sarusky]. Folha de São Paulo, 14/12/1985, Ilustrada, [catálogo de mostra]. Brasília: Centro Cultural Banco
p. 50-51. do Brasil, 2005, p. 16-18.

374 375
280. “Entrevista de Glauber Rocha a Miguel Pereira”. [1979].
Revista Alceu, vol. 7, n.13, jul-dez 2006, p. 5- 21.
Versão mais extensa da entrevista a Miguel Pereira
“Glauber Rocha, Cabeças Cortadas - Eu sou um operário
do imaginário”, publicada originalmente em O Globo,
Rio de Janeiro, 10/6/1979, p. 3.

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SOBRE OS AUTORES
GLAUBER ROCHA CLAUDIO LEAL
Glauber Rocha (1939-1981) foi cineasta, crítico de cinema, Claudio Leal é graduado em Jornalismo pela UFBA e mestre
escritor e jornalista. Largamente reconhecido como um dos em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA-USP. Foi repórter
mais importantes artistas brasileiros do século XX e um dos e sub-editor no jornal A Tarde, em Salvador (BA), entre 2005-
cineastas mais originais do cinema mundial nos anos de 2007. De 2007 a 2012 foi repórter e editor na revista eletrônica
1960-70, teve carreira breve mas intensa. Em pouco mais de Terra Magazine, do Portal Terra, em São Paulo. Desde 2012
25 anos de trabalho, deixou dez longas (alguns dos quais de trabalha como jornalista freelancer, colaborando com
grande repercussão internacional), cinco curtas e um média periódicos como Folha de S.Paulo, piauí, Época, Carta Capital e
metragem, além de mais de mil textos publicados no Brasil e Bravo!. No mestrado, pesquisou o diálogo crítico de Walter da
no exterior. Silveira e Glauber Rocha.

ALBERT ELDUQUE
JOSÉ QUENTAL
Albert Elduque é doutor em cinema pela Universitat Pompeu José Quental é graduado em historia (UFF), mestre em Cinema
Fabra (Barcelona) com a tese Del hambre al vómito: imágenes (UFF) e doutorando em Cinema (Université Paris 8, França).
del consumo en el cine moderno (2014), sobre Glauber, Pasolini, Curador adjunto da Cinemateca do MAM-RJ e cocurador da
Herzog e outros, e pós-doutor pela University of Reading (Reino temática preservação da Mostra de Cinema de Ouro Preto
Unido), com pesquisa sobre o documentário musical brasileiro. (CineOP). Membro do Grupo de Estudos sobre Cultura,
Publicou artigos em diversas revistas internacionais, como Representação e Informação Digitais (CRIDI, UFBA). Foi chargé
Screen, Cinémas d’Amérique Latine, Journal of Italian Cinema de cours na Université Paris 8 (Cinéma – 2016-2017) e membro
and Media Studies e L’Atalante. É co-editor, desde 2016, da do Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo
revista acadêmica Comparative Cinema. da Unesco (2011-2015).

ARLINDO REBECHI JUNIOR


MATEUS ARAÚJO
Arlindo Rebechi Junior é doutor em Literatura Brasileira
Mateus Araújo é doutor em filosofia (UFMG/Sorbonne) e
(FFLCH/USP), com uma tese sobre os escritos de Glauber
professor de teoria e história do cinema na ECA-USP. Organizou
Rocha, e docente do Departamento de Ciências Humanas
ou co-organizou os volumes Glauber Rocha / Nelson Rodrigues
da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC/
(Magic Cinéma, 2005), Jean Rouch 2009: Retrospectivas e
UNESP), onde também atua no Programa de Pós-Graduação
Colóquios no Brasil (Balafon, 2010), Straub-Huillet (CCBB,
em Comunicação. Em Paris, na Université Sorbonne Nouvelle
2012), Charles Chaplin (Fundação Clóvis Salgado, 2012),
- Paris 3, realizou estágio de pesquisa, com financiamento da
Jacques Rivette (CCBB, 2013), Godard inteiro ou o mundo em
FAPESP, sobre a recepção crítica francesa dos filmes Deus e o
pedaços (CCBB/Heco, 2015) e O cinema interior de Philippe
Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe.
Garrel (CCBB, 2018).

378 379
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS ASSOCIAÇÃO PRÓ-CULTURA E GLAUBER: FICHA TÉCNICA
GERAIS PROMOÇÃO DAS ARTES – APPA KYNOPERZPEKTYVA 18 DA PUBLICAÇÃO
ROMEU ZEMA NETO
PRESIDENTE COORDENADOR GERAL ORGANIZAÇÃO
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE RODRIGO OCTAVIO COUTINHO FILHO BRUNO HILÁRIO MATEUS ARAÚJO
MINAS GERAIS
PAULO EDUARDO ROCHA BRANT VICE-PRESIDENTE ASSESSOR DE COORDENAÇÃO EDIÇÃO
ANDRÉ LACERDA VITOR MIRANDA BRUNO HILÁRIO
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA MATEUS ARAÚJO
E TURISMO DE MINAS GERAIS DIRETOR FINANCEIRO COORDENADOR DE PRODUÇÃO MATHEUS PEREIRA
MARCELO LANDI MATTE FELIPE VIEIRA XAVIER MATHEUS ANTUNES
PRODUÇÃO EXECUTIVA
SUBSECRETÁRIA DE ESTADO DE AUDITOR INTERNO PRODUÇÃO DE CÓPIAS E EDITORIAL MATHEUS ANTUNES
CULTURA DE MINAS GERAIS AGOSTINHO RESENDE NEVES MATHEUS PEREIRA
RUTE ASSIS
DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
GERENTE DE PROJETOS AUTORAÇÃO, LEGENDAGEM E VINHETA ARUAN MATTOS
JEANE JÚLIA DUARTE JÚLIO CRUZ
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS
PRODUTOR CULTURAL ESTAGIÁRIA MARIAH SOARES
PRESIDENTE RICELLI DOS SANTOS PIVA JOSI SANTOS
ELIANE PARREIRAS MATHEUS PEREIRA

COORDENADOR DE COMUNICAÇÃO SUPORTE ADMINISTRATIVO REVISÃO


DIRETORA DE RELAÇÕES DANIEL DE ARAÚJO MOREIRA ROSELI MIRANDA
INSTITUCIONAIS FERNANDA CRISTINA CAMPOS
CRISTINA SCHIRMER GERENTE ADMINISTRATIVO- PROJEÇÃO
FINANCEIRO FRAMES
DIRETORA DE PLANEJAMENTO, ANDRÉIA SIMÕES SANTOS
GESTÃO E FINANÇAS IDENTIDADE VISUAL,
KÁTIA CARNEIRO AUXILIAR ADMINISTRATIVO- DESIGN GRÁFICO E FOTOGRAFIA
FINANCEIRO ARUAN MATTOS
DIRETORA DE PRODUÇÃO ARTÍSTICA FLAVIANA FERREIRA DO COUTO
CLÁUDIA MALTA CURADORIA
BRUNO HILÁRIO
DIRETORA DO CENTRO DE FORMAÇÃO MATHEUS ANTUNES
ARTÍSTICA E TECNOLÓGICA – CEFART MATHEUS PEREIRA
MARTA GUERRA VITOR MIRANDA
DIRETORA DE PROGRAMAÇÃO “DIÁLOGOS GLAUBERIANOS”
ARTÍSTICA (CURSO E CURADORIA DE FILMES):
LUCIANA SALLES MATEUS ARAÚJO

PALESTRANTES
GERÊNCIA DE CINEMA CAROLINE MENDES DA SILVA
BRUNO HILÁRIO CLÁUDIA MESQUITA
EWERTON BELICO
SUPORTE ADMINISTRATIVO DA
GLAURA CARDOSO VALE
GERÊNCIA DE CINEMA
ROSELI MIRANDA HEITOR AUGUSTO
JAIR TADEU DA FONSECA
MAURICIO CARDOSO
ASSESSORA-CHEFE DE COMUNICAÇÃO NEY PIACENTINI
SOCIAL PEDRO VERAS
JÚNIA ALVARENGA REGINA MOTA
THEO DUARTE

380 381
AGRADECIMENTOS

Adrian Martin, Adriano Aprà, Albert Elduque, Alessandra Brum, Ana


Beatriz Vasconcelos, ANCINE - Agência Nacional do Cinema, Angel
Calvo Ulloa, Arlindo Rebechi Junior, Augusto Nunes-Filho, Ava Rocha,
Bernardo Schuchter, Bianca Mitteregger, Bruce Hodsdon, Carolina
Cordeiro, Caroline Mendes da Silva, Cinéma du Réel - Festival
International de Films Documentaires, Cinemateca Brasileira,
Cinemateca do MAM Rio - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,
Cinemateca Portuguesa, Claire Allouche, Cláudia Mesquita, Claudio
Leal, Claudio Valentinetti, CTAV - Centro Técnico Audiovisual, David
Cenek, Eduardo Santana Toledo, Ewerton Belico, Fabián Teruggi, Belo Horizonte

Fábio Vellozo, Felipe Soares, Fernando Trevas, François de la


Bretèque, Gary Andrews, Geoffrey Gardner, Gilvan Rodrigues, Gustavo
Andreotta, Gustavo Jardim, Glaura Cardoso Vale, Heitor Augusto,
Hernani Heffner, Jacyntho Lins Brandão, Jair Tadeu da Fonseca, Joana
Nogueira de Lima, João Lanari Bo, José Quental, Julia Engelender,
Juliana Araújo, Institut Français / CineFrance, Isabela Amatucci,
Laura Argento, Leonardo Bonfim, Lívia Lima, Lucas Baptista, Lucas
Murari, Luis Felipe Flores, Marcelo Miranda, Marcos Pierry, Marcus
Mello, Maria Chiaretti, Mauricio Cardoso, Michel Marie, Miguel
Belo Horizonte

Pereira, Natalia Belasalma, Ney Piacentini, Nikola Matevski, Pablo


Gonçalo, Paloma Rocha, Paula Gaitán, Pedro Veras, Philipe Ratton,
Regina Mota, Sara Moreira, Theo Duarte, Thiago Herdy, Thomas
Sparfel, Umbelino Brasil, Virgínia Amaral.

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