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A LIBRAS COMO ELO ENTRE O SURDO E O OUVINTE.

Beatriz Yassunaga de Freitas (UFG)2


Orientadora: Ma. Gláucia Xavier dos Santos Paiva

RESUMO

Na educação, o meio social e a realidade do educando são uns dos aspectos


determinantes no processo de aprendizagem. E neste meio social estão incluídas as
pessoas com necessidades educacionais especiais, dentre estas os surdos. Portanto, este
trabalho tem como objetivo discorrer sobre o poder da Libras como um elo entre o
surdo e o ouvinte. O levantamento bibliográfico utilizado para a produção deste, foi de
cunho qualitativo, e são apresentados pelos seguintes tópicos “Bilinguismo .......” e
“..................”. Foram analisados autores como Harmers e Blanc (2000), Nascimento e
Santo (2013 p.29), Patelli (2015) e Lacerda e Morais (2013). Como metodologia foi
utilizada a leitura de tais textos para que pudessem então serem utilizados como base
teórica para a produção do mesmo. Levando em conta tais analises, concluímos que o
bilinguismo foi um fator decisivo para a educação de surdos, mas que o próximo passo
para ligar surdos e ouvintes deve ser o ensino da Libras para o segundo grupo.

Palavras-chave: Libras. Ouvinte. Bilinguismo. Surdo.

1
Artigo para a disciplina de Português 2.
2
Acadêmico do segundo período do curso de Letras Libras Licenciatura da Universidade Federal de
Goiás. Trabalho com nota parcial da disciplina Português 2.
2

Considerações iniciais
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a língua materna dos surdos, e sua
principal forma de comunicação. Entretanto, são poucas as pessoas ouvintes que
conseguem fazer a leitura dos sinais, ficando, na maioria das vezes, a comunicação do
surdo restrita apenas aos familiares, alguns professores e interpretes. Essa é uma
constatação preocupante, uma vez que, para que haja a interação surdo/ouvinte, é
necessário que ambos entendam a linguagem utilizada. Isso mostra que a comunicação,
de fato, entre surdo e ouvinte só é possível quando ambos entendem uma mesma
linguagem, e para o surdo é importante que ele seja compreendido em sua língua
materna. Isso sugere que também os alunos ouvintes saibam se comunicar na língua de
sinais
A Constituição Federal (BRASIL, 1988), dispõe que o ensino será ministrado
com base em princípios da igualdade, o que significa incluir todos os cidadãos e
oferecer atendimento diferenciado aos que tem necessidades educativas especiais
(SABERES e PRÁTICAS, 2006).
É também evidenciado na Lei Federal nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996 –
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que destaca o direito da pessoa com
necessidades educativas especiais a serem incluídas no ensino regular da educação
pública, adaptada à necessidade educacional específica de cada aluno (BRASIL, 1998).

O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos


aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades
e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem receber e satisfazer as
necessidades diversas de seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos
de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos
(UNESCO, 1994, p. 11).

Isso significa que, assim como os demais alunos com necessidades educativas
especiais, ao surdo devem ser oferecidos meios para efetivar sua comunicação,
desenvolver sua aprendizagem, compreender o mundo, interagir com outras pessoas e
ser independente para realizar suas atividades, inclusive, inserido no mercado de
trabalho. Isso requer que sua linguagem seja compreendida, mesmo sem ajuda de um
intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
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Na sociedade atual há diferentes sujeitos, culturas, linguagens e necessidades. E


o papel da educação escolar é interligar as diferenças, não só como forma de preparar o
educando para a sociedade, mas como reflexo da mesma. Hoje há a inclusão social, que
visa o respeito e adaptação às pessoas com necessidades educacionais especiais e destas
à sociedade em que vivem. Porém, a história da educação inclusiva mostra a lentidão
para se chegar a respeitar os PNEEs, em especial, neste artigo, o bilinguismo por parte
dos ouvintes.

1. O Bilinguismo como elemento estrutural da cultura

Durante todo o curso da história, a humanidade foi estruturada de forma


segregacionista. O branco e o negro, o ariano e o judeu, o heterossexual e o
homossexual, o homem e a mulher. Hoje, todas essas e inúmeras outras são veemente
combatidas. Entretanto, há ainda em nosso meio uma tão silenciosa, que é como se
existisse uma barreira entre um e outro: o surdo e o ouvinte.
Muito se debate sobre o bilinguismo e sobre as caraterísticas que tornam uma
pessoa bilíngue. Se isso se dá pelo domínio total das mesmas, ou se é necessário
somente o domínio parcial. Pois, basicamente, ele é a capacidade de um individuo de se
comunicar através de mais de uma língua. No entanto, de acordo com Tussi (2010), o
conceito de bilinguismo está ligado ao contexto e a proposta do que se quer dizer com
ele, tendo sempre como parâmetro, o grau ou nível de fluência do indivíduo.
Autores como Barker e Prys (1998), Mackey (2000), Harmers e Blanc (2000)
levantam diversos questionamentos sobre o que classifica uma pessoa bilíngue, e quais
as etapas para se chegar a isso. Dentre as características na teoria de Harmers e Blanc,
uma das mais marcantes e mais significativas para este trabalho, é idade de aquisição,
voltada para o bilinguismo infantil. Este por sua vez, é fracionado por eles como
simultâneo e consecutivo. Na primeira alternativa, a aquisição das línguas será feita
desde o nascimento, com o mesmo grau de influência entre elas. Já no segundo caso, a
aquisição da L2 irá ocorrer depois que a língua materna já estiver estabelecida,
aproximadamente no final da primeira infância.
Nascimento e Santo (2013 p.29) afirmam que “O desenvolvimento principal da
linguagem ocorre entre o nascimento e os cinco anos. Nesse período, a criança pode ser
capaz de falar qualquer língua, tantas quantas ela for exposta.” Enquanto isso, Patelli
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(2015) salienta essa ideia reafirmando os benefícios gerados por uma educação bilíngue
já nos primeiros anos de vida

O bilinguismo, na verdade, contribui com o processo de alfabetização, pois a


criança bilíngue possui uma maior capacidade oral, de compreensão da
escrita e seus mecanismos, assim como uma facilidade em transferir os
princípios de leitura de uma língua para outra. (PATELLI, 2015, p.29)

Ambos os autores são exemplo de como a pesquisa relacionando a linguagem


com o neurológico humano tem crescido e enfatizado a importância do bilinguismo para
o desenvolvimento da criança.

Sendo assim, podemos concluir que o bilinguismo (num sentido restrito) é uma
metodologia de ensino que propõe ao individuo acesso a duas línguas. Alguns
estudiosos desta área apontam para essa proposta como a mais adequada para o ensino
de crianças surdas, visto que considera a Língua de Sinais como língua natural e o
caminho natural para aprendizagem da língua escrita. No conceito bilíngue, a proposta é
que o surdo se comunique fluentemente na Língua de Sinais e na língua oficial de seu
país e que a surdez não interfira no desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo.

2. A Libra como Fundamento para o Bilinguismo

Em tal contexto, é necessário relatar que em 2002 foi sancionada a lei que
instituída a Libras como a segunda língua oficial do Brasil. Estabelecendo também, que
a pessoa surda deve adquirir primeiramente a sua língua materna, a Libras, e
posteriormente a língua portuguesa. Desta forma, a língua assume um contexto claro de
importância, como é expresso por Rodrigues e Meireles
As línguas são o principal elemento de constituição de um povo, sua
identidade e cultura. E quando existe uma barreira linguística, precisamos
considerar que existem sérios impedimentos na constituição do ser humano
enquanto ser social. Então, no caso da educação de surdos, o grande desafio
imposto à proposta de inclusão é encontrar caminhos que possibilitem romper
a barreira linguística entre alunos surdos e ouvintes. (2017 p.169)

Assim, as necessidades e expectativas do aluno surdo em relação à escola devem


ser prontamente discutidas para que se construa um modelo de educação que ofereça os
meios de comunicação e de interação social. Entende-se, da mesma forma que o
aprendizado da Língua Portuguesa como segunda língua para surdos, se iguala a
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importância e efetivação do ensino da Libras como segunda língua para ouvintes, visto
que tal proposta também se caracteriza como uma proposta bilíngue,

O debate muda o foco do bilinguismo na educação de surdos, para o


bilinguismo na educação infantil. Isso significa uma proposta bilíngue às
avessas, em que as crianças ouvintes adquirem uma segunda língua, de
modalidade diferente, tendo a oportunidade de conhecer os aspectos
socioculturais que a ela estão relacionados. (LACERDA; MORAIS, 2013,
p.272)

A aprendizagem da Libras, requer do ouvinte técnicas diferentes das utilizadas


na comunicação falada e compreende atividades práticas que exigem a participação dos
alunos, executando os sinais, o acompanhamento do professor para verificar o gestual
correto e exercício prático com uma pessoa surda. O processo deve priorizar o ensino de
sinais de forma contextualizada, buscando o sentido da palavra atribuído em cada
contexto, gerando assim maior inclusão, visto que tal suporte para os ouvintes leva
diretamente a uma interação social por parte dos surdos.
Ademais, demonstram estudos de campo a eficácia do ensino bilíngue de Libras.

Ao final do projeto, constatou-se que o ensino da LIBRAS resultou


em aprendizagens significativas para as crianças ouvintes, além de
qualificar as relações da criança surda com seus pares. A LIBRAS, por
ser uma língua de modalidade visual-espacial, desenvolveu nas
crianças ouvintes habilidades relacionadas à percepção e atenção
visual, coordenação motora fina, expressão corporal e facial. No
primeiro contato com a LIBRAS, muitas crianças não conseguiam
fixar o olhar para uma narrativa em LIBRAS e, ao final conseguiram
estabelecer o olhar atento aos sinais em uma conversação. As
dificuldades de fazer a configuração de mão de um sinal, foram
superadas pelas crianças ao longo do projeto. (LACERDA; MORAIS,
2013, p.273)

Assim, fica claro como a eficácia do fruto do bilinguismo de ouvintes, com


aplicação da Libras, resulta numa eficácia notável e que corrobora com um todo de
cooperação social.

Considerações finais
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (UNICEF, 2017), em seu Art. 26
explicita que “[...] toda a pessoa tem direito a educação. A educação deve ser gratuita,
pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental” e o Art.22 do Decreto
5.626 incisos I e II (BRASIL, 2000), faz referência à inclusão do aluno surdo
estabelecendo que as escolas devem ofertar educação bilíngue. Ou seja, que os
professores que atendem a demanda escolar saibam a Língua Portuguesa em sincronia
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com a Libras, assim como, deve garantir a presença de interpretes e tradutores que
auxiliarão no processo de ensino.
Entretanto, verificou-se que a educação bilíngue ainda está longe de ser
cumprida com efetividade, visto que vem sendo implantada de modo lento, parcial e
ignorada pela maioria da população. Essa constatação é verificada nas barreiras
enfrentadas, tanto pelo surdo, quanto pelo o ouvinte que convive com ele, uma vez que
o acesso a Libras (quando acontece) não é abrangente e fica restrito aos surdos, aos
interpretes e alguns poucos cidadãos que se interessam pela aprendizagem da língua.
Embora seja oficialmente a sua língua natural, muitos surdos, ainda não tem
acesso a ela. A grande maioria aprende a se comunicar com os ouvintes do ambiente
familiar com uma linguagem própria, o que acaba interferindo no gestual correto da
Libras. Constatou-se que a educação bilíngue do surdo é complexa, com a agravante de
que poucos ouvintes conseguem se comunicar com ele em sua língua materna. Essa
realidade mostra que, assim como há obrigatoriedade do ensino de uma Língua
Estrangeira, essa regra deveria ser estendida ao ensino da Libras para ouvintes, já no
início da escolaridade. Visto que, segundo o senso do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) pessoas com grau de surdez atinge 1,1% da população brasileira,
Cerca de 0,9% dos brasileiros ficaram surdos em decorrência de alguma doença ou
acidente e 0,2% nascem surdos. Desse total, 21% têm grau intenso ou muito intenso de
limitações, o que compromete atividades habituais (VILELLA, 2017).
Esses números são indicativos que ressaltam a necessidade da Libras como
disciplina curricular obrigatória em escolas, pois só ela tem a capacidade de unir surdo e
ouvinte. Porém, ela deve vir acompanhada de atividades interessantes que motivem os
alunos ouvintes a praticá-las, pois assim, vão entendê-la e usá-la nas situações que
exigem a comunicação gestual. Para isso, é necessário também reiterar a importância
de pesquisas acadêmicas que proporcionarão o desenvolvimento dessas metodologias e
dos profissionais da área.

Referências

VILELLA, Flávia. IBGE: 6,2% da população têm algum tipo de deficiência. Agencia
Brasil. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015- 08/ibge-62-
da-populacao-tem-algum-tipo-de-deficiencia. Acesso em 02 de Dezembro de 2019

TUSSI, Matheus Gazzola; XIMENEZ, Andrey. Bilinguismo: características e relação


com aspectos cognitivos.
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NASCIMENTO, Dioene Carneiro; SANTO, Niel do Espírito. O despertar da segunda


língua na primeira infância: uma análise sob a perspectiva neuropsicológica. Cadernos
Intersaberes , [s. l.], v. 1, n. 2, p. 18-37, 2013.

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