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O QUE É RELIGIÃO

Valter da Rosa Borges

A religião é uma estrada coletiva. Mas a religiosidade é um caminho


pessoal, pois resulta da relação direta entre o ser individual e o Todo. O homem,
portanto, pode filiar-se a uma religião e não ter religiosidade. Mas quem tem
religiosidade não necessita de religião, embora, pelos motivos mais diversos, possa
pertencer a religião que mais se aproxima de sua concepção da Divindade.

Toda teologia não passa de um faz-de-conta. O que chamamos de dogmas


são as regras deste jogo. E o jogo parece real para os jogadores, os quais,
zelosamente, observam suas regras.

A Religião pode ser estudada:


a) como instituição e, sob este ponto de vista, Henri Hubert a definiu como
"administração do sagrado."
b) como conhecimento do sagrado, decorrente de revelação, experiência
mística ou de sistematização racional sob forma de dogmas.

A Religião como instituição

Por confundir religião como sentimento e religião como instituição,


Friedrich Nietzsche a acusava ser uma invenção dos fracos para controlar o poder
dos fortes.

Karl Marx incidiu no mesmo erro e denunciou a Religião como um


instrumento de evasão para os oprimidos e de justificação para os opressores,
apostrofando-a como o "ópio do povo”.

Émíle Durkheim, ofuscado pela concepção institucionalista, só percebeu a


Religião como uma projeção da experiência social.

Erich Fromm distinguiu dois tipos de religião:


a) a autoritária, cuja essência é a submissão a um poder transcendental,
onde o homem perde a sua independência e integridade, mas ganha um sentimento
de estar protegido por um poder que inspira respeito;
b) a humanista, que se centraliza no homem e nas suas potencialidades, cuja
virtude consiste na realização pessoal e não na obediência, assim como no
sentimento de solidariedade de todas as coisas.
Enquanto na religião autoritária, o tom emocional é de tristeza e culpa, o da
religião humanista é de alegria.

A Religião como conhecimento do sagrado

O sagrado é o sentimento de que a vida tem um significado transcendental e


que o homem é parte integrante de uma realidade total e ininteligível.
O sentimento do sagrado varia segundo as características de cada religião e
das peculiaridades culturais, exaltando o amor, o sacrifício, o sofrimento, o temor,
o dever, a fé, a humildade, a caridade, a pobreza, a castidade, a esperança, entre
outros. Por isso, Joachim Wach observou que cada religião tem sua característica
específica: a chinesa - a medida; a síria - o sofrimento; a judaica - a sublimidade; a
grega - a beleza; a romana - a utilidade.

Dizia Jiddu Krishnamurti que "Religião é a busca da verdade", uma


"investigação para descobrir o Desconhecido" e, ainda, "uma experiência
instantânea daquele estado mental que está fora da continuidade do tempo."

William James afirmava que o fundamento da religião é a fé e as


experiências religiosas.
Dizia ainda:
"Acredito que o sentimento é a fonte mais profunda da religião e que as
fórmulas filosóficas e teológicas são produtos secundários, como as traduções de
um texto para outras línguas."

A Religião como necessidade psicológica

Ludwig Feuerbach explicava a Religião como a projeção de todas as


qualidades positivas do homem em uma pessoa (hipostasis) divina, capaz de suprir
todas as suas necessidades.

Sigismund Freud analisava a Religião como um processo de sublimação de


uma luta primordial entre os membros do clã doméstico, donde se derivou o
complexo de Édipo.

Max Weber acreditava que as religiões, criando respostas para os


problemas do sofrimento e da morte, "influem de maneira mais íntima nas
atitudes práticas dos homens com relação às várias atividades da vida diária."

Edward Sapir asseverava que, na experiência religiosa, o medo se


transforma em "segurança básica."

Erich Fromm afirmava que "a essência da experiência religiosa é a


submissão a poderes superiores."
E destacou que "o problema da religião não é o problema de Deus, e sim o
problema do homem" e, por conseguinte, "as formulações e os símbolos religiosos
são tentativas para exprimir certos tipos de experiência humana."

A.N.Whitehead admitia que "a religião é o que o indivíduo faz com a sua
própria solidão."

A Religião como realidade compartilhada

Cada pessoa cria sua realidade pessoal a partir de uma realidade social
preexistente.
O líder, guia ou guru é aquele que criou uma realidade pessoal, a qual é
aceita e compartilhada por outras pessoas. Os aderentes da realidade alheia, em
maior ou menor número, se tornam fanáticos desta nova verdade, atritando-se, às
vezes, com o seu titular, quando este introduz modificações na mesma.

Toda mudança, para o fanático, é dolorosa e fator de angústia e


insegurança. A sua incapacidade de criar uma realidade própria o torna
neuroticamente dependente da realidade alheia, a qual se apega obstinadamente
por necessidade de segurança.

Por sua vez, o titular da realidade aceita e compartilhada por seus


seguidores exerce uma autoridade inquestionável sobre eles, exigindo-lhes
obediência absoluta aos estatutos de sua realidade. Assim, qualquer tentativa de
reforma sujeitará o seu autor à censura do titular e até mesmo a sua expulsão da
ordem.

A essência da Religião

Émile Durkheim asseverou que não existem religiões falsas, porque todas
elas são essencialmente sociais. São uma projeção da experiência social.

Frederic Schleiermacher também admitiu que não há religiões falsas ou


verdadeiras, mas crenças que apresentam maior ou menor grau de eficiência na
ligação do finito com o infinito.
E acrescentou:
"Nada deve ser feito por religião, mas com religião."

Para Eliphas Levi "a essência do objeto religioso é o mistério", porque, na


verdade, "não há religião sem mistério".

Funções da religião

Thomas F. O' Dea distinguiu seis funções da religião:


a) Dar apoio, consolação e reconciliação aos homens, mediante invocação do
além.
b) Fornecer uma base emocional para a segurança e a identidade do homem
nas incertezas e impossibilidades da condição humana e do próprio curso da
História, através do culto e das cerimônias de adoração, resultando numa relação
com o transcendental.
c) Santificar as normas e os valores da sociedade, conciliando as
necessidades individuais com os interesses coletivos.
d) Exercer uma atividade crítica contra normas institucionalizadas, desde
que se mostrem insuficientes para atender às necessidades sociais.
e) Desempenhar importantes funções de identidade, assegurando aos
indivíduos uma compreensão significativa de sua realidade pessoal.
f) Assegurar o crescimento harmonioso do indivíduo por ocasião de sua
passagem nos principais estágios de seu processo de maturação como ser social.

Fontes da religião
Max Müller considerou o imprevisível na natureza como uma importante
raiz da religião.

Van der Leeuw argumentou que não apenas o extraordinário, o inesperado


e o dramático na natureza constituem a fonte da religião, mas a revelação de um
poder oculto na manifestação de regularidade dos fenômenos da natureza.

Fustel de Coulanges distinguiu duas fontes da religião:


a) uma interna e que nasce das projeções psicológicas dos homens,
exprimindo os "precipitados" subjetivos de sua experiência;
b) uma externa, derivada das reações dos homens a forças naturais.

As autoridades religiosas

Joachim Wach classificou e analisou as autoridades religiosas nos seguintes


tipos:
a) o fundador de religião;
b) o reformador;
c) o profeta;
d) o vidente;
e) o mago;
f) o adivinho;
g) o santo;
h) o sacerdote.

Segundo Wach, nenhum dos grandes fundadores - Jesus Cristo, Buda,


Jaina, Maomé, Zoroastro, Mani, Confúcio, Lao-Tsé - tencionava "fundar uma
religião". Cada qual, a seu modo, estava interessado em por em prática uma
experiência que se tornou decisiva em sua vida, determinando uma postura
peculiar em relação aos problemas existenciais e transcendentais.

Preocupa-se o fundador em transmitir aos outros, através do ensino e da


pregação, a sua mensagem de salvação e de perfeição, a qual pode ser
implementada por atos miraculosos, consolidando o poder de seu carisma.

O reformador surge no momento de decadência ou de desintegração do


grupo religioso a que pertence e seu carisma varia de natureza - êxtase, ascetismo,
capacidade de organização, missionarismo, pietismo, etc -, demonstrando um
poder criativo e construtivo, sempre, no entanto, inferior ao do fundador.

O profeta constitui o órgão, o instrumento ou porta-voz da vontade divina


e, portanto a sua autoridade é derivada, o que não acontece com o fundador.
Distingue-se por uma sensibilidade incomum e por intensa vida emocional, com
freqüentes visões, transes, sonhos ou êxtases.
Embora intérprete da divindade, sua interpretação se reveste de
autoridade, o que o distingue do vidente, do mago e do adivinho. Suas revelações
proféticas surgem espontaneamente e são passivamente recebidas. O profeta é, ao
mesmo tempo, intérprete do passado e antecipador do futuro.
Geralmente oriundo das classes humildes, permanece fiel às suas origens e a
sua vida é marcada pela frugalidade e simplicidade.
Na sua missão de refletir a vontade divina, insurge-se, vigorosamente,
contra as deturpações na ordem cívica ou moral, percebendo e interpretando
situações de perigo. Sua atitude com relação ao culto é de caráter crítico e, por
isso, com freqüência, entra em conflito com os poderes que regem as instituições
religiosas.
Os seus atos milagrosos não decorrem de um poder pessoal, mas do poder
divino de que é dotado graças à sua comunhão íntima com a divindade ou com os
espíritos.

O vidente, em muitos aspectos, pode ser encarado como precursor do


profeta, embora sua autoridade seja menor.
Enquanto o profeta é pessoa extremamente ativa, o vidente costuma ser um
tipo mais passivo. O seu carisma, como o do profeta, também é derivado de sua
comunhão com a divindade e com os espíritos, dos quais é intermediário de sua
vontade e de seus poderes.
Diferentemente do profeta, ele lida com situações individuais e raramente se
pronuncia sobre questões de ordem geral.
Também é propenso a experiências místicas, tendo visões, ouvindo vozes e
passando por estados de êxtases.
Na Grécia, o vidente gozava de elevada autoridade e era também
prestigiado na religião hebraica.

O mago tem a pretensão de obrigar a divindade e os espíritos, mediante


certas práticas rituais, a realizar os seus desígnios e seu prestígio decorre do seu
êxito profissional no trato com os seus clientes. Também apresenta disposição para
os transes e os êxtases, decorrente de sua aguçada sensibilidade, observando-se que
o seu talento é considerado congênito, mas podendo ser adquirido mediante
treinamento especial.

O adivinho compartilha com o vidente o mesmo caráter de passividade,


porém necessita de objetos como meios de interpretação da vontade divina. A sua
adivinhação se baseia numa técnica de interpretação das relações entre o
microcosmo e o macrocosmo.
Métodos e escolas de adivinhação se desenvolveram em algumas civilizações
avançadas, como a chinesa, a sumério-babilônica, a etrusca, a grega, a romana e a
mexicana.

O santo se caracteriza por possuir uma autoridade intrínseca e


independente de outras qualificações.
Enfatiza Wach que os videntes são santos, embora nem todos santos sejam
videntes.
A característica fundamental do santo é o seu poder de orientar e dirigir a
vida dos outros pela força de seu exemplo.
Ele está em comunhão intensiva e freqüente com a divindade, mediante a
oração contínua.
Os seus milagres durante a vida prosseguem, em alguns casos, mesmo
depois da morte.
O seu prestígio é grandemente aumentado pelo sacrifício de sua vida, posta
inteiramente à serviço da divindade e como prova inconteste de sua fidelidade a
Deus e à sua religião.
O sacerdote tem a sua autoridade vinculada ao carisma do seu cargo. Ele é
o "mediador" entre Deus e o homem e a sua atividade é a mais abrangente de
todas as atividades especificamente religiosas de que se tem notícia na história da
humanidade.
A principal função do sacerdote é a cultual, pois ele é o garante do
desempenho correto do ritual.
Ele é também "o guardião de tradições e o protetor dos conhecimentos
sagrados e da técnica de meditação e oração." Nesta qualidade, ele é o conselheiro,
o educador, o filósofo e, ainda, o administrador das atividades e das coisas do
culto.
Em toda a história da civilização, o sacerdote usufruiu de enorme
autoridade, consubstanciada em direitos, honrarias e privilégios, status elevado,
emblemas especiais, distinções, indumentárias e isenção de obrigações públicas e
serviço militar.

Todas as religiões, projetando o conhecido no desconhecido, fizeram do


Além uma imagem semelhante ao Aquém. Por isso, com razão, já advertira
Heráclito:
"O que aguarda os homens depois da morte não é nem o que esperam, nem
o que imaginam."

A Religião é o conhecimento que tem por objeto a realidade transcendental,


a qual é constituída por seres não-humanos e por seres que já foram humanos.

A Religião enfatiza a supremacia da realidade transcendental sobre a


realidade física e estabelece um vínculo entre elas.

Algumas religiões fazem descrições da realidade transcendental e do modus


vivendi de seus habitantes. Outras recomendam aos seus fiéis que se desliguem da
vida material, dedicando-se integralmente ao espiritual. Outras, ainda, embora
dêem mais importância às questões transcendentais, recomendam aos seus adeptos
que também se dediquem à melhoria da qualidade da vida material.

A religião pode ser uma experiência pessoal, baseada na fé ou uma


participação comunitária, com alicerce num conjunto de dogmas e rituais.

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