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Área de Competências-Chave

Cultura, Língua e Comunicação

RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Núcleo Gerador 7 – SABERES FUNDAMENTAIS


DIMENSÃO: COMUNICAÇÃO

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SABERES FUNDAMENTAIS NA DIMENSÃO
COMUNICAÇÃO
O ato de comunicar

Ainda hoje não é fácil explicar o aparecimento do homem no Mundo. A Bíblia, nos capítulos 1 e 2 do
Génesis, afirma que todos os seres foram sucessivamente criados e que o homem foi formado a partir do
pó da terra. Esta ideia levou a que muitos biólogos acreditassem que cada espécie de ser era única e que
não havia evoluções nem mutações. Darwin, seguido por outros cientistas, mostrou que houve uma
transição lenta para o ser humano, tal como o entendemos nos nossos dias.
A origem do acto de comunicar também
carece de explicação, e apenas se pode
imaginar relacionada com o surgimento do
Universo. Se olharmos para os animais, que
comunicam por sons e por gestos, e para
várias plantas, que parecem indiciar
atitudes de defesa ou de agrado, talvez
consigamos imaginar a história da língua.
Certamente, o homem, com a
Imagem disponível na Internet em: https://luizhlaraujo.wordpress.com/tag/aprendizagem/
capacidade de raciocínio,
desenvolveu essas manifestações comunicativas e associou-as a outras para exprimir factos e interpretar o
mundo e os fenómenos que não tinham uma explicação imediata.
As necessidades criadas pela vida no meio de seres mais ferozes, a organização de famílias, a
convivência, a identidade individual e na vida comunitária, bem como a inteligência social levaram o
homem a tornar-se um ser comunicante, capaz de pôr em comum informações, pensamentos, ideias e

Língua de comunicação?
Kobo Abe não conhece línguas (ser poliglota serve apenas ao homem vulgar, sem personalidade vertebrada),
mas isso não o limita e menos ainda o embaraça. Comunicar com as pessoas é estar com elas. Estar junto de
alguém é já uma forma de permuta, de fusão, de vivência. Estar importa mais do que tudo o que
convencionalmente se entende por comunicação. Abe, no seu covil do subsolo, continua a estar, pois é ele que,
de verdade, assume o que lhe foi "comunicado".
Aliás, os grupos humanos densos representam o mais dramático bloqueio à solidarização. As pessoas, nas
grandes cidades, falam para ninguém e vivem em pânico. E se nada sabem dos outros, menos sabem si próprios.
São pessoas-objecto. Inumanas. No seu país como no resto Mundo.
Fernando Namora, Sentados na Relva

sentimentos. E embora a linguagem primitiva fosse, provavelmente, constituída por simples gestos ou sons,
sabe-se que, através dos tempos, o homem procurou enriquecer a sua comunicação sugerindo novos
significados e descobrindo novos vocábulos de acordo com as questões levantadas pela vida e pela
sociedade em que se insere.

Retirado de: Moreira, Vasco. Pimenta Hilário, Em Português. Ensino recorrente. 3.º Ciclo Porto Editora. Porto SD

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Comunicação

Homem é um ser eminentemente social, para


quem a presença de outro é indispensável. O ato de
comunicar nasce da necessidade de os seres
humanos estabelecerem relações: associados em
pequenos grupos ou comunidades extensas, é pela
comunicação que as relações se estabelecem. Para
Anthony Burgess, a fala teria surgido antes do fogo
para responder a uma necessidade humana
fundamental: estabelecer o contacto com os outros.
Em situação de inferioridade em relação a outros
animais, os seres humanos constroem um sistema
de comunicação que lhes permita superar a sua
fragilidade.
O Homem não é o único ser que comunica - os
animais comunicam entre si, fornecendo
informações. Assim, a dança das abelhas é um con- Disponível na Internet:
junto de instruções que visa indicar a direção e o http://www.epralima.com/epralima/index.php/nivel-iv/18542-
comunicacao-marketing-relacoes-publicas-e-publicidade
tempo necessário para se encontrar a flor portadora
de alimento. Os gamos, por meio de determinadas posturas e movimentos da cauda, comunicam aos
outros elementos do grupo a presença do perigo. Algumas espécies de babuínos comunicam a sua intenção
de agressão ou submissão através da alteração de intensidade da cor vermelha da mancha que têm no
peito. Os grupos de macacos têm sentinelas que emitem gritos de alarme perante uma situação de perigo.
Contudo, há grandes diferenças entre a comunicação humana e animal. A comunicação animal é um
padrão fixo de ação geneticamente determinado e destinado a reagir a estímulos específicos - o animal
percebe o sinal e reage adequadamente. É um comportamento que se mantém dentro da mesma espécie
desde tempos imemoriais.
Diferentemente do animal, o Homem não se limita a reagir a sinais - inventou os símbolos. Para
realizar a comunicação, os seres humanos criaram, ao longo do tempo, linguagens, códigos, que utilizam
para transmitir e receber mensagens. É pela linguagem que lhes é possível representar coisas que não
têm realidade física - ideias, conceitos, sentimentos e emoções. O animal não possui palavras, imagens
mentais que Lhe permitam visualizar situações que não estejam presentes.
Só os seres humanos são capazes de projetar situações imaginárias e de pensar em ações futuras.
É através de complexos sistemas de símbolos - verbais, escritos e não-verbais - que os seres humanos
estabelecem relações entre si, transmitindo conhecimentos, experiências, saberes.
Todos os grupos humanos tiveram de adotar processos e sistemas de comunicação que respondessem
às suas necessidades específicas. Por isso, a comunicação vai assumir diferentes formas e expressões nos
diferentes grupos sociais e culturais.

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Comunicação e Linguagem

A necessidade de os seres humanos comunicarem entre si levou-os a desenvolver e utilizar diferentes


sinais ou meios para transmitir as mensagens. Cada sistema de sinais que permite a comunicação constitui
um tipo de linguagem.
Os seres humanos comunicam, utilizando diferentes linguagens: a mímica, a música, a dança, a
pintura, os sinais de fumo ou de bandeiras, a escultura, o código linguístico, o código da estrada, etc.
Em sentido lato, designamos por linguagem qualquer meio que permite aos seres humanos
comunicar. É uma faculdade eminentemente humana que implica uma aprendizagem no seio do grupo
social.
Podemos distinguir três tipos de linguagem: linguagem verbal, não-verbal e mista.

Comunicação verbal

Em sentido estrito, o termo linguagem designa o ato de comunicação pelo qual os seres humanos se
exprimem através de signos linguísticos: orais ou escritos. É através da língua que os diferentes grupos
sociais e comunidades concretizam a faculdade
eminentemente humana que é a linguagem. Constituída
por um conjunto de signos ou símbolos, a língua assume
diferentes expressões nas diferentes culturas: língua
portuguesa, árabe, inglesa, espanhola, etc. É através da
fala que cada um de nós aprende a língua da comunidade
em que está inserido, partilhando assim das informações,
saberes e conhecimentos da sua cultura.

"A linguagem ocupa, entre os instrumentos culturais do Disponível na Internet:


http://www.passadori.com.br/cursosepalestras/
Homem, um lugar à parte. O Homem está programado
para falar, para aprender línguas, sejam elas quais forem, mas não está programado para aprender física
ou matemática. Com efeito, a linguagem responde a uma necessidade fundamental da espécie humana,
que é a necessidade de comunicar; mas esta necessidade, contrariamente às de comer, respirar, dormir,
fazer amor, etc., não se manifesta naturalmente.
A linguagem tem que aprender-se, sob a forma de uma língua, própria de uma comunidade, de modo a
manifestar-se em atos de fala. Se, por tanto, a aptidão para a linguagem é um traço genético, a sua
realização passa por uma aprendizagem cultural (como mostraram todos os casos observados de crianças
selvagens, nas quais a aptidão para a linguagem está atro fiada).
A linguagem aciona capacidades especificamente humanas, as capacidades para a simbolização e a
abstração: o Homem é capaz de evocar não apenas o que é palpável e está presente, mas também o que
está longe, no tempo ou no espaço, o que é abstrato ou mesmo imaginário.
“No princípio era o verbo”, e não há pensamento humano sem palavras. "
M. Yaguello. Alice no País da Linguagem

É pela língua, aprendida no processo de socialização, que os seres humanos interpretam, explicam e
compreendem a realidade e a sua própria experiência interior.
Quantas línguas há no mundo? A resposta varia de acordo com o critério utilizado para distinguir língua
de dialeto. Assim, as estimativas variam de 2500 a 5000, aproximadamente.

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Comunicação não-verbal

O termo comunicação não-verbal pode ser aplicado a um grande conjunto de expressões: gestos,
expressões faciais, silêncios, tom de voz, pronúncia, mímica, símbolos de estatuto, música, dança, roupas,
etc.

Designa-se por símbolo não-verbal qualquer signo que não seja


falado ou escrito e que é usado para representar alguma coisa.
É através da comunicação não-verbal que transmitimos muitas
das nossas emoções. A linguagem não-verbal dá muitas vezes o
verdadeiro significado à comunicação verbal. A expressão de um
rosto, mais do que as palavras, fazem entender ao recetor a
intenção do conteúdo de uma mensagem: assinala o caráter de
ordem, o caráter sério ou jocoso de uma afirmação. O timbre e
Disponível na Internet:
volume da voz atribuem a uma mesma expressão verbal significados http://www.viveresaber.com.br/vs/index.ph
diferentes. p/conhecimento/454-comunicacao-nao-
verbal-e-decisiva-no-fechamento-de-vendas/
Coçar a cabeça, torcer as mãos, franzir a testa, cerrar as
sobrancelhas, encolher os ombros, menear a cabeça, são expressões não-verbais que acompanhando a
comunicação verbal reforçam ou contrariam o seu conteúdo. A comunicação não-verbal ajuda-nos a
interpretar as mensagens verbais, permitindo certificarmo-nos das intenções da pessoa que fala.
Os silêncios constituem também elementos importantes no processo de comunicação, podendo assumir
diferentes significados. O texto que se segue chama a atenção para o caráter comunicativo do silêncio.

''Atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui um valor de mensagem: influenciam outros e
estes outros, por sua vez, não podem não responder a essas
comunicações e, portanto, também estão a comunicar. Deve
ficar claramente entendido que a mera ausência de falar ou
de observar não constitui exceção ao que acabámos de dizer.
Um homem que num congestionado balcão de snack-bar olha
diretamente em frente ou o passageiro de avião que se senta
de olhos fechados estão ambos a comunicar que não querem
falar com ninguém nem que falem com eles; e, usualmente,

Disponível na Internet: os seus vizinhos 'recebem a mensagem' e respondem


http://www.venusianarts.com/os-5-segredos-da- adequadamente, deixando-os sozinhos. Isto, obviamente, é
comunicacao-nao-verbal/
tanto um intercâmbio de comunicação, como a mais
animada das discussões. "

P WATZLAWICK. Pragmática da Comunicação Humana

Posturas, gestos, silêncios, constituem linguagens que servem para o sujeito se exprimir. As roupas e
acessórios que usamos, bem como todos os nossos comportamentos, têm uma dimensão comunicativa,
devendo por isso ser considerados como elementos importantes no processo de comunicação humana.

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O processo de comunicação

O nosso dia-a-dia está dominado por uma grande quantidade de sistemas de comunicação. Se
refletirmos um pouco, reconheceremos alguns desses sistemas: acordamos ao som da campainha do
despertador, atravessamos a rua pela passadeira, paramos ao sinal vermelho do semáforo, entramos na
sala de aula quando a campainha toca.
São mensagens diferentes que pertencem a sistemas de comunicação diferentes, recorrendo a sinais
distintos: de tipo acústico (as campainhas), ótico ou visual (a passadeira, o sinal vermelho do semáforo) e
linguístico (verbal e escrito).
Contudo, em todas as situações, está presente o esquema básico de comunicação:

Emissor mensagem recetor

Para haver comunicação têm de estar presentes três elementos essenciais: o emissor, a mensagem e o
recetor. Contudo, o processo de comunicação ultrapassa, em complexidade, o modelo básico que
acabámos de descrever.

Assim:
 Emissor - aquele que emite ou transmite a mensagem elaborada a partir de signos, de um código
compreensível para o recetor.
 Mensagem - o conteúdo da comunicação, traduzido num conjunto de sinais com significado. O
emissor codifica a
mensagem e o recetor
descodifica-a, dando-lhe
significado.
 Código: Conjunto dos
signos e regras que fazem
a combinação desses
signos de modo a permitir
Disponível na Internet:
o de modo a permitir que http://www.ibaconline.com.br/jornada/disc24_nt101_ue337_link1.htm
o emissor construa a sua
mensagem.
 Contexto: é o campo de significação onde se encontra a mensagem.
 Canal - o suporte material que veicula uma mensagem desde o emissor ao recetor, através do
espaço e do tempo:
- canais espaciais - a mensagem é veiculada através do espaço, de um lugar para o outro:
mensagens visuais e sonoras, o telefone, o fax, a Internet, etc.
- canais temporais - a mensagem é veiculada através do tempo: imprensa, disco, fotografia, fita
magnética, CD-ROM, vídeo, cinema... A mensagem é conservada no tempo, permitindo o seu
transporte de uma época para outra.
Tendo em conta o canal por onde passam as mensagens estas podem classificar-se do seguinte
modo:
- mensagens sonoras (recorrem a canais sonoros, como a voz, o ouvido ou outros meios
sonoros): palavras, músicas, sons diversos;

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- mensagens visuais (usam os meios visuais, como os olhos e a excitação da luz): imagens,
símbolos como, por exemplo, as letras;
- mensagens olfativas (aproveitam os odores): perfumes e outros cheiros;
- mensagens gustativas (utilizam o sabor): tempero, frio, quente,...;
- mensagens táteis (relacionam-se com o tato): choques, pressões, carícias, vibrações,...

 Recetor ou destinatário - aquele a quem se dirige a mensagem. Ao recebê-la, descodifica-a a partir


dos signos que fazem parte do seu reportório.

 Feedback - vai permitir que o emissor verifique se a sua mensagem foi corretamente recebida.
Dentro da comunicação interpessoal há uma ida e volta de informação: o emissor e o recetor
mudam alternadamente os seus papéis. Esta reciprocidade permite assegurar se a mensagem não
bem recebida.
 Ruídos - O termo ruído é utilizado para designar as perturbações que dificultam e prejudicam a
transmissão da mensagem.

Obstáculos à comunicação

O conceito de ruído inclui toda a fonte de erros ou distorções num sistema de comunicação. As
perturbações podem ter várias origens: a falta de atenção do recetor, a voz coberta por outros sons, a
incorreta pronúncia das palavras, são algumas fontes de uma comunicação deficiente.
Uma das barreiras à comunicação é o conhecimento inadequado do código - para que uma comunicação
seja eficaz, é necessário que o código utilizado pelo emissor seja descodificado pelo recetor. Só assim é
possível apreender o
significado da mensagem.
A diferença de atitudes,
valores, crenças e
expectativas do emissor e
do recetor constitui
também um obstáculo à
comunicação. As distintas
conceções do mundo e da
vida originam mal-
entendidos na
comunicação: ouvimos o
que os outros não dizem, os
outros compreendem o que
nós não dizemos. Imagem disponível na Internet: http://www.ciatech.com.br/curso/comunicacao-empresarial-2/

A seguir indicam-se
algumas barreiras à comunicação: ideias preconcebidas, recusa de opinião contrária, significados
personalizados, motivação/interesse, credibilidade da fonte, habilidade de comunicação, clima
organizacional, complexidade dos canais.

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Níveis de comunicação

A comunicação ocorre em vários contextos:


 Comunicação interpessoal - é a comunicação que ocorre no contexto face a face.
 Comunicação grupal - é a comunicação que ocorre em pequenos grupos.
 Comunicação organizacional - é a comunicação que se realiza no contexto da organização.
 Comunicação de massa - é a comunicação que se processa no contexto de audiências vastas e
anónimas.
Estes tipos de comunicação, que ocorrem em diferentes contextos, não podem ser encarados como
independentes e separados. Constituem antes uma hierarquia em que há um ajustamento e uma inter-
relação entre os diferentes níveis de comunicação. Por exemplo, a comunicação interpessoal encontra-se
implicada em todos os outros níveis de comunicação.

Vamos centrar a nossa atenção na comunicação interpessoal e comunicação de massa. Mais à frente
aprofundaremos este último nível e deixaremos a comunicação organizacional par ser abordada no
documento sobre gestão e comunicação nas organizações.

Comunicação interpessoal

A comunicação interpessoal envolve uma ou mais pessoas fisicamente próximas. Estabelece-se uma
troca de mensagens - com recurso a códigos verbais e não-verbais - que implicam uma interdependência
entre os interlocutores, isto é, o comportamento comunicativo de uma pessoa depende do da outra.
Podemos afirmar que a noção de interação é inerente a este nível de comunicação.
O feedback é um conceito fundamental no processo de comunicação interpessoal. É a noção de retorno
que permite, ao recetor, proceder aos esclarecimentos necessários e, ao emissor, autocontrolar a perceção
da sua emissão.
O feedback é um processo de ajuda para a mudança de comportamento - é a comunicação ao outro, no
sentido de lhe fornecer informação sobre a forma de como a sua atuação está a afetar as pessoas. Um
feedback eficaz constitui um processo adaptativo que ajuda o indivíduo (ou grupo) a melhorar o seu
desempenho. Por isso é considerado o elemento central da comunicação humana.
Na comunicação interpessoal, também designada face a face, o comportamento das pessoas é
fundamentalmente determinado pelas necessidades de relacionamento com os outros. A comunicação
interpessoal constitui-se como o processo de estabelecimento de relações. Poderemos considerar que é o
mecanismo pelo qual as relações existem, se desenvolvem e mantêm.

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Comunicação de massa

“ A multiplicação dos meios de comunicação pode estar ligada ao empobrecimento das comunicações
pessoais.”
Edgar Morin, Terra – Pátria

“ A comunicação atual, aproximando o que está longe, tornou longínquo o que está perto.”
Abraham Mole, Media

Os atuais meios de comunicação de massa, os mass media - televisão, rádio, cinema, discos, imprensa -
possibilitaram o contacto com milhões de pessoas,
transformando o mundo numa “aldeia global”.
Graças às modernas tecnologias eletrónicas, as
mensagens - públicas e abertas - são transmitidas
rapidamente para todos os pontos do globo.
Inclui-se na designação de comunicação de
massa o conjunto de sistemas de difusão que
permitem que uma mensagem seja recebida por
um número elevado de pessoas. As audiências da
comunicação de massas são vastas e heterogéneas,

portanto anónimas e impessoais. O sentido da Imagem disponível na Internet:


comunicação é, como já vimos, unilateral. http://filosofiadacom.blogspot.pt/2010/11/influencia-dos-meios-
de-comunicacao-de.html
Embora se inter-relacionem em aspetos
importantes, são muitas as diferenças entre a
comunicação interpessoal e a comunicação de massas. O quadro que se segue organiza e torna mais
claras as diferenças.

DIFERENÇAS ENTRE CANAIS INTERPESSOAIS E DE MASSA

Características Canais interpessoais Canais de comunicação de massas


Fluxo de mensagem Tende a ser bilateral Tende a ser unilateral
Contexto da
Face a face Interposto
comunicação
Feedback Elevado Baixo
Velocidade para
Relativamente baixa Relativamente rápida
uma vasta audiência
Formação e mudança
Efeito possível Mudança de conhecimentos
de atitudes
I. Pool, adaptado

Funções da comunicação

A comunicação pode assumir diversas funções: função informativa, de socialização, de influência, de


comando...
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Reduzir uma mensagem a cumprir uma única função é reduzir a sua capacidade de comunicação. Em
muitos casos, as funções são complementares; noutros, antagónicas.

 Função informativa
Toda a comunicação envolve, direta ou indiretamente, informação sobre o meio ou sobre as pessoas.
Contudo, há comunicações que, ao centrarem-se especificamente sobre um objeto ou um assunto, têm
uma função referencial, informativa. Este tipo de mensagens caracterizam-se pela objetividade do
emissor, devendo ser claras e inequívocas. As mensagens de índole científica ou técnica têm um caráter
essencialmente informativo. Os jornais visam,
sobretudo, divulgar mensagens de caráter
informativo.

 Função de socialização e integração


Integrado numa sociedade, o indivíduo recebe
do grupo social a que pertence uma herança
social e cultural. Esta é-lhe comunicada pelos
diferentes agentes socializadores. É através desta
função essencial da comunicação que o sujeito
aprende as normas e regras da vida em grupo, em Imagem disponível na Internet:
http://blogmagui.com.br/palestra-relacionamento-interpessoal-
sociedade. com-base-na-pnl-e-coaching/

 Função de influência e persuasão


Nas relações interpessoais pretende-se, muitas vezes, que os outros pensem ou atuem de
determinada maneira. Esta função está relacionada com a necessidade de os membros de um grupo
social ajustarem as suas atitudes e comportamentos.
O discurso publicitário e a propaganda têm como objetivo essencial motivar o recetor a mudar de
atitudes, a alterar o comportamento. Daí que o imperativo e as interjeições sejam muito usadas.
Exemplos:
"Ouça a rádio AB!"
"Jogue no Totobola!"
"Mantenha a cidade limpa! Não lance o lixo para a rua!"
"Vote no partido x... "

 Função de comando e instrução


O emissor pretende agir sobre o recetor através de ordens, solicitações, diretrizes.. .
Exemplos:
"Hoje tem de produzir 100 peças. " "Atenda o telefone, por favor. "

 Função fática

O objetivo é manter o contacto, chamar a atenção do recetor, assegurar que o canal funciona.
Expressões como "Olhe lá... ", "Está-me a ouvir?..", "Está?.." refletem este tipo de função da
comunicação. A função fática acontece sempre que os interlocutores verificam o funcionamento do
circuito comunicativo ou procuram manter o contacto.

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A discriminação das funções da comunicação é artificial, dado que numa mesma mensagem pode
estar presente mais do que uma função.

Qualidades da comunicação

São muitas as barreiras à comunicação. Conhecer as


qualidades que a comunicação deve ter é um modo de tentar
minimizar, concretamente nas organizações, as dificuldades
inerentes ao processo comunicativo.

Assim, apontam-se como qualidades da comunicação:


 eficácia - uma comunicação é considerada eficaz se
atinge o objetivo pretendido;
 utilidade - quanto mais útil é uma mensagem,
Disponível na Internet:
melhor é assimilada pelo recetor; http://pt.dreamstime.com/ilustra%C3%A7%C3%A3o
 validade - a validade da mensagem depende da -stock-fun%C3%A7%C3%B5es-de-gest%C3%A3o-
empresarial-uma-comunica%C3%A7%C3%A3o-
credibilidade da fonte bem como da congruência
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que tem para o recetor;
 compreensibilidade - uma mensagem deve ser compreensível, isto é, a informação deve ser
clara;
 eficiência - a eficiência da comunicação é avaliada tendo em conta a proporção entre a
eficácia e o custo. É o conhecimento desta relação que fundamenta a decisão por
determinadas opções.

A comunicação nas organizações


Os processos de comunicação ocupam um lugar privilegiado nas organizações, condicionando a sua
existência e eficácia. A eficácia de uma organização depende da segurança, rapidez e exatidão das suas
comunicações - quer na relação com o meio exterior quer ao nível das interações que se estabelecem no
seu interior.
E a importância de uma comunicação eficaz não se faz apenas sentir
nas empresas, mas em todo o tipo de organizações. Por exemplo, nos
hospitais, o sucesso da terapia depende da qualidade da comunicação
que se estabelece entre o doente, os médicos, os enfermeiros e os
familiares do doente.

Os mecanismos da comunicação nas organizações

A complexidade e as questões decorrentes da comunicação


interpessoal e grupal são acentuadas ao nível da organização:
Disponível na Internet:
 o número de interlocutores é mais numeroso;
http://comunicacaonasorganizaco
 a comunicação envolve também interlocutores exteriores à es2010.blogspot.pt/
organização;
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 os interlocutores ocupam um lugar na hierarquia que lhes confere um
 estatuto que vai influenciar o conteúdo e o trajecto da comunicação;
 os fenómenos da comunicação estão intimamente ligados aos fenómenos do poder no interior da
organização;
 os interlocutores estão
situados em determinada
posição no sistema
organizativo, o que lhes
confere um poder que
afeta e determina a
comunicação.

A comunicação na organização
visa atingir dois objetivos funda-
mentais:
 disponibilizar a informação necessária para que as pessoas se orientem nas tarefas que têm de
cumprir;
 promover a motivação e satisfação no trabalho, bem como a cooperação, para assim assegurar o
espírito de equipa.

A questão da comunicação constitui, pois, um aspeto fundamental da administração das organi-


zações.

A informação nas organizações

No mundo das empresas e das organizações em geral, a informação assume uma enorme importância
para o seu desempenho racional. Desde o século XV que as empresas dispõem de uma técnica orientada
para a produção sistemática de informação que servirá de suporte à tomada de decisões - a contabilidade.
Esta técnica de expressão, medida e análise da situação patrimonial de uma empresa desenvolveu-se ao
longo de séculos, tendo-se constituído como um recurso essencial na administração e gestão das unidades
económicas.
Uma decisão fundamentada, em que os efeitos e consequências sejam previsíveis, implica o consumo, a
utilização de grandes quantidades de informação,
devidamente selecionada e organizada.
A comunicação numa empresa é o processo
através do qual as pessoas que nela trabalham
transmitem informações entre si e interpretam o seu
significado. Constitui um dos aspetos básicos da
atividade de gestão, pois que gerir é fazer com que as
Disponível na Internet: coisas sejam feitas através das pessoas, e, para que
http://www.acedeitabirinha.com.br/informacao/aciapsi- elas possam atuar de forma eficaz, é necessário
noticias/a-comunicacao-nas-organizacoes
comunicar-lhes o que deve ser feito.

Para alcançarem um bom desempenho, todos os trabalhadores precisam de informação adequada


sobre diferentes aspetos:

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 A informação técnica é constituída por dados que esclarecem as pessoas sobre os objetivos das
tarefas que lhes foram atribuídas, sobre a melhor maneira de
realizarem essas tarefas e sobre as expectativas do desempenho
em relação a elas.
 A informação de coordenação resulta da necessidade de
combinar as várias partes que compõem uma organização.
 A coordenação interdepartamental implica compartilhar

informações que possibilitem uma tomada de decisões coerente, Disponível na Internet:


num ambiente de trabalho cooperativo. http://www.asserthos.com.br/noti
cias/39/o-poder-da-comunicacao-
 A informação motivacional, ou atitudinal, tem como objetivo
nas-organizacoes
estimular os empregados e desenvolver atitudes favoráveis ao trabalho em equipa e a um bom
desempenho nos cargos.

Qualidades da informação para a gestão

Sendo a gestão um processo de tomada de decisões, podemos dizer que a informação constitui a
matéria-prima a partir da qual as decisões se elaboram.

Os gestores necessitam de informações que sejam:

 Claras - adequadas aos conhecimentos das pessoas a quem são dirigidas, de modo a que possam ser
corretamente interpretadas. O recetor deverá conhecer o código que foi utilizado pelo emissor
 Oportunas - isto é, devem ser recebidas no tempo oportuno para poderem ser usadas em tempo útil.
 Completas - devem focar todos os aspetos relevantes do problema. No entanto, é preciso considerar
que um excesso de dados pode empobrecer a informação.
 Sintéticas - devem permitir obter dados básicos e de acesso rápido.
 Hierarquizadas - devem obedecer a um plano com forma "piramidal", de modo a distinguir as mais
importantes das menos importantes.

Comunicação num sentido e em dois sentidos


A comunicação num sentido, ou em sentido descendente, é geralmente utilizada pelos detentores do
poder formal. Diretores, administradores, chefes, graduados do exército, utilizam, geralmente, este tipo de
comunicação.
A comunicação num sentido mantém a distância entre o
emissor e o recetor. Nas organizações, é uma forma de se
assegurar o poder que é conferido pelo lugar que o indivíduo
ocupa na escala hierárquica, mantendo a rigidez da relação entre
os diferentes escalões hierárquicos.
A comunicação descendente, não prevendo feedback por parte
dos subordinados, pode conduzir a uma deficiente compreensão
da informação, orientação do trabalho e concretização das tarefas.
A inexistência de feedback - que leva a que muitos autores
considerem que a comunicação num sentido não é, de facto,
Disponível na Internet:
http://www.iopen.com.br/comunicacaointernatransfo comunicação - é geradora de insatisfação, desinteresse e
rman.html

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descontentamento entre os subordinados que ocupam postos periféricos.
"Quanto maior for o número de graus hierárquicos numa organização, mais tempo levará a informação
a chegar aos graus mais baixos, se chegar a atingi-los; donde uma baixa de moral dos que se encontram no
fim da cadeia. Por outro lado, os postos centrais com a acumulação da informação, reforçam a sua posição
e aumentam o seu poder."

G. AMADO e A. GUITTET, A Dinâmica da Comunicação nos Grupos

A comunicação em dois sentidos, ou recíproca, possibilita o diálogo entre o emissor e o recetor,


diminuindo a insegurança deste. A mensagem é melhor
compreendida porque o recetor, pode colocar
questões, tornando a informação mais exata. A
comunicação recíproca no interior da organização tem,
por isso, óbvias vantagens. Contudo, dado que a
comunicação reflete a estrutura da organização e esta é
determinada pelas relações de poder, domina nas
organizações a comunicação num sentido.

Atendendo às vantagens da comunicação recíproca e


à sua relativa incompatibilidade com a estrutura do Disponível na Internet: http://dizcursos.com.br/
poder, a intervenção dos psicossociólogos é muitas
vezes solicitada no sentido de melhorar as comunicações na organização.

Natureza e utilidade das redes de comunicação


Numa organização é impossível que um indivíduo contacte com todos os outros membros. Grupos e
indivíduos trocam as suas informações através de canais estruturados em redes, assegurando assim a
regularidade e eficácia da comunicação.
É através das redes de comunicação que a informação é veiculada no interior da organização. As redes
fazem parte da estrutura formal da organização refletida no organigrama. É a rede formal de
comunicação que orienta o indivíduo sobre o canal a seguir para tratar de determinado tipo de problema.
Contudo, para além da estrutura formal, existe nas organizações uma teia de relações não prevista no
organigrama. As pessoas relacionam-se segundo afinidades, identidades que constituem a estrutura
informal. Daí que no interior da organização se mantenham redes de comunicação informais.
A rede real de comunicação numa organização será constituída
pelas redes formal e informal de comunicação.

As redes de comunicação

As redes de comunicação representam a estrutura de um grupo


ou de uma organização, reproduzindo os modelos de transmissão de
Disponível na Internet:
mensagens que se estabelecem entre os seus membros.
https://ricardocampos.files.wordpress
Tendo em conta as limitações impostas à comunicação, podem .com/2011/11/comunicacaorede.jpg

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distinguir-se dois grandes tipos de redes formais de comunicação: redes centralizadas e redes
descentralizadas.

Em geral, nas organizações, as redes formais de comunicação são centralizadas, correspondendo à


pirâmide hierárquica. A uma rede centralizada correspondem as características da comunicação num
sentido.

Às redes descentralizadas correspondem as características da comunicação em dois sentidos.

No essencial os textos apresentados foram retirados e adaptado de: Queirós, Monteiro; Queirós, Irene. Psicossociologia (sd)
Porto: Porto Editora

Diferentes patamares da comunicação organizacional


Por mais que estudemos, sempre teremos algo a descobrir no que diz respeito à comunicação, até
porque é através dela que começamos a compreender o mundo, as pessoas, as nossas atitudes. Para tudo
que requeira compreensão é necessário que seja utilizado a comunicação certa. Na empresa temos de ser
bons comunicadores sabendo distinguir o que é pessoal e do que profissional. (...)
Devemos avaliar periodicamente, seja como emissores ou como recetores, os formatos comunicacionais
utilizados, com o objetivo de
alcançar sempre os melhores
resultados. (...) Os principais
problemas encontrados nas
empresas têm como principal
causa problemas no sistema de
comunicação.
A interdependência das
organizações leva-as ao
relacionamento e à integração
com as demais e com o seu
mundo interno e externo. Tal é
feito através de processos
comunicacionais. Existem várias
ferramentas na comunicação que
são utilizadas para identificar e
Disponível na Internet:
atender as necessidades dos http://www.aberje.com.br/monografias/MONOGRAFIA%20Shirley%20Cavalcante%20PDF.pdf.

clientes de uma determinada


organização. Essas ferramentas constituem a Comunicação Organizacional.
A Comunicação Organizacional ocorre em três patamares: Comunicação Institucional (Relações
Públicas); Comunicação Interna (Comunicação Administrativa) e Comunicação com o Mercado
(Marketing). Para as organizações e m geral, é muito importante a integração de suas atividades de
comunicação, incorporando a ideia de uma comunicação integradora. (...)
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Comunicação Institucional (relações públicas)

Um dos principais objetivos da comunicação institucional é o estabelecimento de relações duradouras


com os seus destinatários. Isso é possível através de ações personalizadas e segmentadas, tomando por
base a análise periódica das informações obtidas através de questionários e relatórios aplicados na
empresa, visando identificar as necessidades dos
clientes. Usam-se ferramentas da comunicação
institucional para atingir todos os públicos
envolvidos na organização (internos e externos).
Os principais objetivos das publicações
institucionais são: combater o desconhecimento em
relação à organização; promover a integração dos
públicos a ela ligados; projetar a organização para
assegurar boa produtividade interna e,
externamente aumentar as vendas e, Disponível na Internet:
http://pt.slideshare.net/davirocha/comunicao-organizacional-aula-
consequentemente, os lucros. 02
São distintos os conteúdos da comunicação interna e externa: internamente, por exemplo, as
publicações fortalecem o espírito de solidariedade e promovem certos ideais (motivação, companheirismo,
ensino, dedicação etc.); externamente, as publicações projetam a boa imagem da empresa, mostrando a
organização, os seus produtos, a sua qualidade, as suas técnicas. Além das publicações, também são usadas
na comunicação institucional outras ferramentas: assessoria de imprensa, relações públicas,
responsabilidade social e o marketing social. (...)
Um dos aspetos importantes da comunicação empresarial tem a ver com o relacionamento com a
comunicação social. Não sendo uma área fácil, exige o recurso a profissionais capacitados para fazerem
chegar aos jornalistas a informação sob a forma de press-relises, sugestões para agendas de reportagens e
outros produtos. Compete-lhes atualizar constantemente as mailing-list (relação de nomes de responsáveis
com endereço, telefone, fax e e-mail), preparar a edição de periódicos, elaborar outros produtos
jornalísticos como fotografias, vídeos, programas de rádio ou de televisão, etc.
Atualmente, muitas organizações perceberam que o setor da responsabilidade social dá à empresa
visibilidade e credibilidade, melhorando sua imagem, proporcionando um retorno financeiro, visto que
as suas ações estão voltadas para a
sociedade. (...) Especificamente, no âmbito da
sua responsabilidade social, as organizações
poderão levar a cabos as seguintes atividades:
política de “portas abertas”; reuniões com os
líderes da comunidade; edição de
publicações; contribuições para instituições
de caridade; colaboração com os poderes
políticos; colaboração com as associações de
classe ou profissionais; auxílio a clubes
Disponível na Internet: http://grupomagister.com.br/v2/noticias/em-entrevista- desportivos e outras organizações recreativas;
professora-mestre-leila-medeiros-fala-sobre-comunicacao-empresarial
comemorações de eventos especiais. As ações
desenvolvidas no âmbito da responsabilidade social das organizações, abrangem tanto o público interno
como o externo, visto que todos estão inseridos no mesmo meio social.

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Comunicação Interna (administrativa)

Para um bom desenvolvimento do processo de comunicação interna, é necessário que a organização


dê a conhecer a sua missão e desenvolva ações que consciencializem os colaboradores e profissionais da
importância de se atingirem os objetivos definidos na sua relação com o mercado e a sociedade,
enquanto públicos-alvo. Grande parte dos problemas de uma determinada organização,
independentemente do seu tamanho ou segmento, estão ligados à comunicação.
Algumas empresas desenvolvem ações estratégicas para a comunicação, o que lhes garante um
reconhecimento mais duradouro e eficaz por parte dos seus públicos, sejam eles internos ou externos. As
publicações que circulam dentro da empresa são
ferramentas da comunicação interna, podendo
conter diferentes tipos de matérias e serem
veiculadas por diversos veículos comunicacionais.

Para um bom desenvolvimento do processo de


comunicação interna, é necessário que a
organização dê a conhecer a sua missão e
desenvolva ações que consciencializem os
colaboradores e profissionais da importância de se
atingirem os objetivos definidos na sua relação com
o mercado e a sociedade, enquanto públicos-alvo.
Grande parte dos problemas de uma determinada
organização, independentemente do seu tamanho
Disponível na Internet:
ou segmento, estão ligados à comunicação.
http://blog.qualidadesimples.com.br/2013/07/01/como-saber-quando-
Algumas empresas desenvolvem ações investir-na-comunicacao-empresarial/

estratégicas para a comunicação, o que lhes garante


um reconhecimento mais duradouro e eficaz por parte dos seus públicos, sejam eles internos ou externos.
As publicações que circulam dentro da empresa são ferramentas da comunicação interna, podendo conter
diferentes tipos de matérias e serem veiculadas por diversos veículos comunicacionais.
A título de exemplo, podemos referir alguns conteúdos e tipos de matérias que podem integrar
processos de comunicação interna: matérias institucionais (normas, regulamentos, circulares, avisos, etc.);
matérias de motivação (planos assistenciais, benefícios, promoções, concursos, prémios, sugestões);
matérias de orientação profissional (segurança, higiene, saúde, conselhos úteis, programas de treino);
matérias educativas (história, geografia, conhecimentos gerais); matérias associativas (desportos, festas,
concursos, bailes, casamentos, nascimentos, falecimentos; interesse feminino (culinária, conselhos de
beleza, moda); entretenimento (palavras cruzadas, banda desenhada, curiosidades, adivinhações, testes);
matérias operacionais (processos de fabrico, inovações técnicas); etc.
Percebemos pois que são inúmeras as informações que a empresa pode valorizar nas suas
publicações internas. Dentro da comunicação interna podemos identificar dois tipos de canais: o formal e
o informal.
 Os canais formais são os instrumentos oficiais pelos quais passam tanto as informações descendentes
como as ascendentes e visam assegurar o funcionamento ordenado e eficiente da empresa (normas,
relatórios, instruções...) ou seja, todas as informações que a empresa pode veicular através de canais
que possibilitem o seu registo, na maioria das vezes por escrito.
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 Os canais informais são as formas de livre expressão e manifestação dos trabalhadores, não
controladas pela administração. A título de exemplo podemos citar as conversas paralelas que
ocorrem dentro da organização.

Na comunicação interna das empresas, a informação pode seguir diferentes fluxos, realizar-se em três
sentidos (descendente, ascendente e lateral) e ter caráter unidirecional ou bidirecional.
 A comunicação descendente tem a ver com o processo transmissão das informações da gestão de
topo das organizações para os respetivos subalternos. Estamos pois a falar de comunicação de cima
para baixo que traduz a filosofia, as normas e as
diretrizes de uma organização. Não existe permuta
das informações quando a comunicação é
unidirecional, estabelecida de forma descendente ou
vertical. É este o tipo de comunicação mais utilizado
nas pequenas organizações nomeadamente nas
empresas de caráter familiar. Neste tipo de fluxo, a
grande maioria dos trabalhadores não pode opinar
em relação às ações estabelecidas, apenas executá-
las.
 Na comunicação ascendente, normalmente, passa-se
exatamente o contrário: as pessoas situadas na

posição inferior da estrutura organizacional enviam Disponível na Internet:


http://blog.santodigital.com.br/16-dicas-para-melhorar-
informações aos seus superiores hierárquicos,
a-comunica%C3%A7%C3%A3o-empresarial
embora estejamos normalmente perante
comunicação unidirecional.
 Na comunicação horizontal ou lateral, a direção do fluxo de informações pode, movimentar-se entre
iguais ou pares, do mesmo nível organizacional, isto é, a comunicação processa-se entre
departamentos, secções, serviços ou pessoas situadas no mesmo plano da organização social.
Convém esclarecer que nas organizações, normalmente, coexistem estes três tipos de fluxos:
ascendente, descendente e horizontal. Nas organizações mais abertas, memos burocráticas, para além dos
três fluxos referenciados, pode existir um fluxo chamando de diagonal que abrange mensagens trocadas
entre um superior e um subordinado localizado noutra área/departamento.
Em geral, as organizações utilizam um ou mais dos fluxos referidos nos seus processos comunicacionais,
sendo diversas as ferramentas que podem ser empregadas, como por exemplo: contactos pessoais,
reuniões, telefone, memorandos, cartas, circulares, quadros de avisos, relatórios, caixas de sugestões,
publicações, vídeos, filmes institucionais e comerciais entre outros. Para comunicar internamente,
socorrem-se de vários veículos como: relatórios, circulares, boletins, folhas soltas, folhetos completos,
folders, jornais, revistas, manuais de instrução, cartas, etc.

Comunicação com o Mercado (marketing)

A Comunicação para o mercado é projetada para ser persuasiva, para conseguir um efeito calculado
nas atitudes e/ou no comportamento do público visado. Trabalha em parceria com o setor comercial da

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organização. As ações para o mercado são determinadas a partir de estudos realizados sobre o produto
e/ou serviço que se quer vender. Definido o público-alvo, estabelecem-se as ações que serão empregadas
para persuadir o cliente à compra. O setor de comunicação para o mercado deve estar atento as técnicas
utilizadas pelos concorrentes e as ferramentas comunicacionais mais comuns na região e no mercado, para
que a empresa além de acompanhá-las possa está um passo a frente das mesmas ao desenvolver novas
ações.
Assim, as ferramentas da comunicação para o mercado têm caráter particular, ou seja, são elaboradas
para um público específico e possuem uma
linguagem persuasiva. De entre as várias
ferramentas utilizadas na comunicação para o
mercado podemos destacar as seguintes: o
marketing, propriamente dito, a propaganda, a
publicidade, a promoção de vendas, o
merchandising e o marketing direto.
O marketing visa a promoção de ideias ou
conceitos alinhados pela escala de valores da
sociedade procurando a adesão do público a essas Disponível na Internet: http://www.chefdentreprise.com/Thematique/vente-
marketing-communication-1027/developpement-export-10121/Breves/Aquitaine-
ideias ou conceitos. É diferente da propaganda nouveaux-organismes-referents-vos-projets-export-247927.htm
comercial, que vende produtos e / ou serviços, da
propaganda política, que difunde uma ideologia, e da propaganda eleitoral, centrada em candidatos e
partidos.
O Marketing social usa as plataformas de comunicação para obter apoio para os programas
desenvolvidos no âmbito da responsabilidade social das organizações. Os projetos de marketing social
visam a implementação e o controle de programas destinados a aumentar a aceitação de uma ideia ou de
uma prática social num grupo-alvo.

Considerações finais

A Comunicação Organizacional tem-se transformado


significativamente nestes últimos anos, embora algumas
ferramentas tradicionais continuem a ser usadas. Uma coisa é
certa: a comunicação é tudo, pois sem comunicação não existe
compreensão, não existe nada. (...)
As Tecnologias de Informação e Comunicação vieram alterar
profundamente o modo de comunicar das organizações, quer do
ponto de vista dos processos, quer das ferramentas utilizadas. Disponível na Internet:
https://ricardocampos.wordpress.com/2011/12/05/reco
Mas o diferencial das empresas não está ligado somente à nhecimento-da-comunicacao-nas-organizacoes-isso-
tem-a-ver-com-sua-atuacao/
tecnologia, conhecimentos técnicos, localização, preços, mas
também e principalmente às pessoas. São estas que fazem a diferença. E o diferencial de cada ser
humano está na forma de como ele comunica com seu colega de trabalho, com o seu superior, com os
fornecedores, com a sua família, com os seus clientes, e, enfim com a sociedade como um todo.

In GESTÃO DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL. Cavalcante, Shirley Maria. Conhecendo as ferramentas e suas aplicabilidades.
Universidade de Potiguar. 2008. [consultado 2015-04-10 22:11:]. Disponível na Internet:
http://www.aberje.com.br/monografias/MONOGRAFIA%20Shirley%20Cavalcante%20PDF.pdf. Adaptado
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GERAÇÕES (S)EM COMUNICAÇÃO

Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo e eu acredito. Não
sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e
lenha, albufeiras de água. Viste nascer todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal.
Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me
histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua
lareira - sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do Mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia,
nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais
vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos
coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que
assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som 35 bárbaro que não condiz com
o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada nas torres da
igreja (contas-me tu, ou terei 40 sonhado que o contavas...). Transportas contigo o teu pequeno casulo de
interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. 0 teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir
ninguém...
Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este Mundo e
não curaste de saber o que é o Mundo. Chegas ao fim da vida, e o Mundo ainda é, para ti, o que era quando
nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não fazia parte da tua herança: quinhentas
palavras, um quintal, a quem em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de terra batida. Aperto
a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos
carregos e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Porque foi então que te
roubaram o Mundo? Quem to roubou? Mas disto entendo eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse
escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O Mundo
continuará sem ti - e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o Mundo que te era
devido. Fico com esta culpa de que me não acusas - e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na
soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca
viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com tranquila serenidade dos teus
noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: "0 Mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de
morrer!"
É isto que eu não entendo - mas a culpa não é tua.
José Saramago, Deste Mundo e do Outro

EM SÍNTESE

A comunicação é inerente a toda a atividade humana. Utilizando diversos tipos de linguagem, os seres
humanos comunicam entre si nos diferentes contextos sociais.
Muitas vezes no processo de comunicação surgem vários obstáculos que constituem barreiras à
comunicação e que decorrem de dificuldades no domínio do código linguístico, na diferença de valores,
atitudes e crenças, etc.
A comunicação, que percorre toda a vida humana, acontece em vários contextos. Assim poderemos
falar de comunicação interpessoal, grupal, organizacional e de massas. Nos vários níveis a comunicação
assume diversas funções: informativa, de socialização e integração, de influência e persuasão e ainda a
função fática. (...)
Nas organizações a comunicação desempenha um papel fundamental, sendo um fator determinante na
eficácia da organização e estando por isso no centro das preocupações dos administradores.
Dada a dimensão das organizações, a comunicação ocorre através de canais estruturados que são as
redes de comunicação.
Retirado e adaptado de: Queirós, Monteiro; Queirós, Irene. Psicossociologia (sd) Porto: Porto Editora

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A sociedade de informação

As manifestações da ‘Sociedade da Informação’ rodeiam o nosso quotidiano, afetam o comportamento


das organizações e influenciam o pensamento estratégico das Nações.
Mas o que significa, afinal, essa expressão “Sociedade da Informação”? Por que razão as empresas
alteram o seu rumo e as Nações têm necessidade de reflectir estrategicamente em função deste novo
estádio da sociedade? Como será possível retirar o máximo proveito da revolução da informação em curso?
Será que estamos em condições de também poder beneficiar desta nova forma de organização da
sociedade? Haverá barreiras a transpor e estará ao nosso alcance a vontade e a energia para as vencer?
Será que o espaço geopolítico europeu em que nos inserimos tenderá a reforçar a sua coesão em função do
desenvolvimento da Sociedade da Informação ou as forças subjacentes ao seu crescimento contribuirão
para cavar um fosso maior entre os países mais desenvolvidos e os que, como Portugal, procuram a
convergência com os primeiros?

Disponível na Internet: http://socialtag.com.br/blog/infos/

A expressão “Sociedade da Informação” refere-se a um modo de desenvolvimento social e económico


em que a aquisição, armazenamento, processamento, valorização, transmissão, distribuição e
disseminação de informação conducente à criação de conhecimento e à satisfação das necessidades dos
cidadãos e das empresas, desempenham um papel central na atividade económica, na criação de riqueza,
na definição da qualidade de vida dos cidadãos e das suas práticas culturais. A sociedade da informação
corresponde, por conseguinte, a uma sociedade cujo funcionamento recorre crescentemente a redes
digitais de informação. Esta alteração do domínio da atividade económica e dos fatores determinantes
do bem-estar social é resultante do desenvolvimento das novas tecnologias da informação, do
audiovisual e das comunicações, com as suas importantes ramificações e impactos no trabalho, na
educação, na ciência, na saúde, no lazer, nos transportes e no ambiente, entre outras.
Uma das abordagens mais correntes considera que a transição da sociedade industrial para a sociedade
pós industrial é uma mudança ainda mais radical do que foi a passagem da sociedade pré-industrial para a
sociedade industrial. Em particular, prevê-se que, na sociedade pós-industrial, não serão nem a energia
nem a força muscular que liderarão a evolução, mas sim o domínio da informação. Nesta ótica, os sistemas
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da sociedade, humanos ou organizacionais, são basicamente pensados como “sistemas de informação”.
As tecnologias da informação e da comunicação são já parte integrante do nosso quotidiano.
Invadiram as nossas casas, locais de trabalho e de lazer. Oferecem instrumentos úteis para as
comunicações pessoais e de trabalho, para o processamento de textos e de informação sistematizada,
para acesso a bases de dados e à informação distribuída
nas redes eletrónicas digitais, para além de se encontrarem
integradas em numerosos equipamentos do dia-a-dia, em
casa, no escritório, na fábrica, nos transportes, na
educação e na saúde.
A sociedade da informação não pertence a um futuro
distante. Assume uma nova dimensão no modelo das
sociedades modernas. Os computadores fazem parte da
nossa vida individual e coletiva e a Internet e o multimédia
estão a tornar-se omnipresentes. Contudo, tal como a
rádio não substitui os espetáculos ao vivo, a televisão não
Disponível na Internet:
faz as vezes da rádio, o cinema não fez desaparecer o http://webquests.edufor.pt/webquest/soporte_horizont
teatro, estes novos meios também não irão substituir os al_w.php?id_actividad=2826&id_pagina=1

livros e outros meios tradicionais, mas simplesmente


acrescentar as suas capacidades adicionais ao leque das opções disponíveis. Há, também, a perceção de
um fenómeno de turbulência provocado pela sucessiva introdução de novas tecnologias. O tempo
individual e coletivo é acelerado, impondo reajustamentos de valores e de comportamentos, devido à
obsolescência de anteriores paradigmas elaborados sobre uma base tecnológica diferente. O atraso ou a
recusa desses ajustamentos, algo natural em resultado da inércia social, corresponderão a um menor
crescimento económico e a um decréscimo do bem-estar.
(…) A Sociedade da Informação desenvolveu-se no quadro de economias de mercado. Às instituições
públicas tem cabido fundamentalmente um papel regulamentador para evitar desequilíbrios e injustiças
que possam decorrer do funcionamento livre das forças de mercado, assim como um papel dinamizador
indispensável. A emergência da sociedade da informação tem tanto de imprevisível como de riqueza em
oportunidades para os cidadãos, para as empresas e para as Nações, que se saibam apetrechar de forma a
não deixarem escapar os benefícios decorrentes.
Com o advento da revolução digital e da concorrência à escala global, muitas empresas começaram a
explorar as novas oportunidades de mercado, desenvolvendo áreas de negócio até então inexistentes. O
crescimento do mercado das comunicações móveis, a explosão da Internet, a emergência do comércio
eletrónico, o desenvolvimento da indústria de conteúdos em ambiente multimédia, a confluência dos
setores das telecomunicações, dos computadores e do audiovisual, demonstram o enorme potencial das
tecnologias de informação para gerar novas oportunidades de emprego, estimular o investimento e o
desenvolvimento acelerado de novos setores da economia.

In TIC – Cadernos Técnicos. Associação Industrial do Minho [Consultado em 2015-10-05 15:23] Disponível na Internet
em: http://www.aiminho.pt/imgAll/file/Manuais/TIC.pdf

Informação e Comunicação

Desde sempre, o ser humano teve necessidade de informação - algo que lhe permita obter um maior
conhecimento sobre determinadas situações ou fenómenos. A informação é uma fonte potencializadora do
conhecimento.

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As sociedades humanas têm procurado, ao longo dos séculos, processos cada vez mais evoluídos para
produzir, distribuir e consumir informação. Os registos rupestres, a descoberta da escrita, a invenção da
tipografia, a produção do computador e a Internet são passos importantíssimos nesta longa viagem.
O termo informação é utilizado em vários sentidos: tanto pode designar um conteúdo, uma notícia,
como pode significar o modo como esse conteúdo é transmissível, ou seja, o conjunto de equipamentos
que, numa determinada sociedade e num dado momento, permitem a difusão desse conteúdo - a
imprensa, a rádio, a televisão...
Exprimindo uma necessidade e uma vontade coletivas,
que mudam conforme as circunstâncias, a informação é um
facto social complexo, alvo de debate político e filosófico.
Ao influenciar o enquadramento cultural, isto é, o conjunto
de ideias recebidas, aceites e divulgadas, constitui, por si
própria, um fator de transformação da sociedade.
A aptidão das sociedades modernas para difundir
cultura e informação junto de públicos muito numerosos
apresenta-se como um facto radicalmente novo.
McLuhan afirma que "sociedades, outrora estranhas Disponível na Internet:
http://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-
umas às outras, encontram, hoje, o calor das relações escobar/informacao-versus-conhecimento/
sociais características das tribos primitivas, graças aos
meios de comunicação eletrónicos".
A informação é produzida, nos nossos dias, mediante técnicas industriais. Os meios de expressão do
século XX - a imprensa de grande tiragem, a radiodifusão, a televisão, os cabos, os satélites, as
videocassetes, a Internet - estão ligados ao fenómeno da industrialização.

No mundo contemporâneo, a escrita perdeu o seu privilégio como meio exclusivo de difusão da cultura,
sendo substituída pelos mass media. O conceito de informação está relacionado com os conceitos de dados
e de comunicação:

 Dado - é um registo referente a determinado acontecimento ou ocorrência. Por exemplo, um


banco de dados é um meio de armazenar conjuntos de dados para serem, posteriormente,
processados.
 Informação - é um conjunto de dados com um significado, isto é, que quer dizer alguma coisa.
Ela será tanto mais interessante quanto mais reduzir a incerteza a respeito de algo, ou quanto
mais aumentar o conhecimento sobre alguma coisa.
 Comunicação - implica a transmissão de uma informação a alguém, que passa então a
compartilhá-la. Para que haja comunicação, é necessário que o destinatário da informação a
receba e a compreenda.

Enquanto que a informação é lógica, impessoal, a comunicação é interpessoal. Quanto mais a informação
se libertar da componente humana, ou seja, de valores, emoções, perceções, mais válida e segura se torna.
Nas sociedades atuais, a necessidade de dispor de informação ampla e variada cresce com o aumento da
complexidade da própria sociedade. A informática, ao fazer o tratamento racional e sistemático da
informação por meios automáticos, permite o acesso rápido a grandes massas de informação.

Retirados e adaptado de: Queirós, Monteiro; Queirós, Irene. Psicossociologia (sd) Porto: Porto Editora

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OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Meios de comunicação social "mass media"

“Mass media” é uma palavra inglesa que significa intermediário ou suporte de massas.
Os “mass media” são ao mesmo tempo canais de
difusão e meios de expressão que se dirigem não a um
indivíduo personalizado mas a um “público-alvo"
definido por características socioeconómicas e
culturais, em que todos os recetores são anónimos.”
(A. Moles, La Communication et les mass media,
Gérard-Marabout, 1971)
O telefone não entra na categoria dos “mass
media". O cinema, a rádio, a televisão, a internet, a Disponível na Internet:
http://hubpages.com/entertainment/Thepowerofthemassme
imprensa, o livro (com algumas reservas), a publicidade diainAmerica
mural são “mass media". O teatro, na sua forma social
corrente, é-o sob fortes reservas: não existe nele um caráter de amplificação devido ao medium em si, nem
ao anonimato do público-alvo.
Marc Angenot, Glossário da crítica contemporânea

Mundo em toda a parte A minha aldeia

Minha aldeia é todo o mundo.


Hoje, as notícias chegam no mesmo dia, vindas de todas as partes do Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
mundo. Ouvem-se em todas as vendas e nos numerosos cafés que abriram
com gente de todo o mundo
na Vila. As telefonias gritam tudo que acontece à superfície da terra e das que a todo o mundo pertence.
águas, no fundo das minas e dos oceanos. O mundo está em toda a parte, Bate o sol na minha aldeia
tornou-se pequeno e íntimo para todos. Alguma coisa que aconteça em com várias inclinações.
Angulo novo, nova ideia;
qualquer região todos a sabem imediatamente, e pensam sobre ela e outros graus, outras razões.
tomam partido. Ninguém já desconhece o que vai pelo mundo. E alguma Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.
coisa está acontecendo na terra, alguma coisa de terrível e desejado está
Os homens da minha aldeia
acontecendo em toda a parte. Ninguém fica de fora, todos estão divergem por natureza.
interessados. O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
A Vila dividiu-se. Cada café tem a sua clientela própria, segundo a con-
os afasta e desampara,
dição de vida. O Largo que era de todos, e onde apenas se sabia aquilo que a rumorejante seara
alguns interessava que se soubesse, morreu. Os homens separaram-se de onde se odeia em beleza.

acordo com os interesses e as necessidades. Ouvem as telefonias, lêem os Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
jornais e discutem. E, cada dia mais, sentem que alguma coisa está com os pés colados ao chão.
acontecendo. Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valência de fora e dentro
Manuel da Fonseca, "O Largo", in O Fogo e as Cinzas ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.
"A rádio anuncia, a televisão mostra, o jornal explica. "
(G. Quénelle) António Gedeão

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Meios de comunicação de massa

Meios de comunicação de massa são os meios ou canais de comunicação usados na transmissão de


mensagens a um grande número de recetores. Nas relações sociais de comunicação (dia-a-dia), os meios de
comunicação de massa mais comuns são os jornais, as revistas, o rádio, a televisão e, mais recentemente, a
Internet. As obras de cinema, de teatro e de outros tipos de artes também se tornaram meios de
comunicação de massas, mas artísticos.
O jornal foi o primeiro meio de comunicação de massa criado pelo homem: originário dos documentos
informativos dos navegadores do século XVI, esse meio originalmente impresso tomou a forma que tem
hoje em 1836, na França; (...). Veracidade, imparcialidade, objetividade e credibilidade são as "qualidades
que garantem o sucesso de um jornal (...). A função principal da linguagem nesse meio de comunicação é
referencial ou informativa. (...)
O rádio ainda é o meio de comunicação mais popular que existe já que para ter excesso às mensagens
que ele veicula o recetor não precisa de ler nem de escrever: o rádio é um meio que se utiliza da linguagem
verbal oral, a linguagem que todos os ouvintes sabem usar desde que aprenderam a falar. (...)
A televisão surgiu nos anos 40 (séc. XX) nos Estados Unidos. É um "liquidificador cultural", pois é capaz
de diluir cinema, teatro, música, dança, literatura, etc., num só espetáculo, além de ser um meio de
entretenimento. É um dos
meios de comunicação
mais poderosos, aquele
que mais influencia o
recetor, portanto o meio
mais persuasivo que
existe, é responsável por
uma relação social
abstrata, passiva e
modeladora dos
acontecimentos: o recetor
recebe a mensagem
pronta através de
imagens que consome
imediatamente, sem que
haja tempo de refletir Disponível na Internet:
http://desconversa.com.br/filosofia/questoes-comentadas-quais-os-principais-tipos-de-democracia/
sobre elas (...). Para além
disso, é um veículo de comunicação que nada exige do recetor em termos de esforços e de conhecimentos:
não é preciso saber ler e escrever, basta girar um botão (o que não requer prática nem habilidade) para se
ter acesso à sua programação, que também não é da escolha do recetor, mas sim uma programação
imposta a ele pelas emissoras. Dessa forma, a televisão é o mais eficiente balcão de anúncios dos produtos
nacionais e estrangeiros que, devido à força persuasiva desse meio, são consumidos desesperadamente
pelos telespetadores, até mesmo os produtos que não tenham qualquer utilidade para ele. (...)
A Internet tornou-se o mais novo e mais eficaz meio de comunicação de massas. Por isso, ainda é o
menos abrangente, já que para ter acesso a ele, é preciso ter, por exemplo, um computador, uma placa de
"fax modem", uma, linha telefónica,...
In http://portalrosabeloto.sites.uol.com.br/apostilas/meios_comunicacao_massa.htm, julho de 2010

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Da necessidade do jornal

Há quem, responsável, diga que não precisa de jornais. Afinal, a civilização pós-escrita, que não deixará
de ter lamentáveis semelhanças com a ante-escrita... Não podemos negar que, para um primeiro "flash"
sobre certos factos ou ideias, poderá chegar uma notícia televisiva, mas, meus senhores, para um suficiente
conhecimento do complexíssimo Mundo em que vivemos, para que possamos fazer crítica fundada do que
vemos ou nos dizem, em suma para basear as
ideias que temos que formar, por amor de Deus!,
não são aqueles segundos - que a Televisão mede-
se em segundos - que nos podem servir.
O hábito de ler o jornal, tão salutar e tão
necessário, cada vez mais necessário no meu
pensar, está-se perdendo? Nem o diria, mas que
haja quem suponha de somenos importância a
obrigação que todos temos de conhecer e, mais do
que conhecer, avaliar o que vai pelo Mundo, pois
choca-me muito e nada de bom me augura no
futuro do meu país.
Deixar continuar a pensar assim? Acho muito Disponível na Internet:
https://gustavosirelli.wordpress.com/jornais-do-mundo/
mal. O jornal é a imprescindível cultura do dia-a-
dia, a atualização necessária do nosso saber.
Cultura de jornal? Não só, mas também. Imprescindível, em minha opinião. Hoje, no Mundo tudo muda
todos os dias e nós, para sermos homens do nosso tempo, temos de estar a par de tudo quanto se passa.
Mais ainda quando os espaços se tornam maiores e maior se torna a área que nos pode influenciar. Que
hoje não será menor do que o Mundo inteiro.
Remédios? Pois só vejo um: meter o vício do jornal com o balbuciar das primeiras letras. Recordo-me de
um velho filósofo que conheci e que muito se gabava de ensinar os netos a ler pelo seu jornal de todos os
dias. Assim, dizia, habituar-se-iam a ler todos os dias um livro diferente e atualizado, e a não admitir como
dogma o texto da sua escola, sempre o mesmo e às vezes bem ultrapassado.

Almeida e Sousa, in "JN", 1986-02-10

A construção da notícia

Na novela ou no conto, o mais importante é o desfecho, e escreve-se sempre no final. Na notícia, o mais
importante é o lead (dados essenciais do acontecimento que se relata) e redige-se sempre no princípio.
Dá-se como exemplo dessa diferença de técnica entre o conto e a notícia a história de dois amigos que
vão à caça. No conto, todas as primeiras páginas são dedicadas a descrever os preparativos e as peripécias,
para se dizer no desfecho do parágrafo final como um caçador matou outro porque o confundiu com um
animal entre os arbustos. Na notícia, pelo contrário, conta-se o acidente o primeiro parágrafo, relatando-se
os por menores depois.
Escrever o mais importante no princípio é a lei fundamental do jornalismo moderno, porque não há
leitor atual com tempo bastante para ler completas todas as informações do jornal de um dia. A rádio, a
televisão e o cinema exigem e consomem também muitas horas diárias da sua atenção para inteirá-lo do
que se passa no Mundo.
Ricardo Cardet, Manual de Jornalismo, 1977

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Pensar os jornais

À nossa frente, diante dos nossos olhos, vários objetos que tomamos por indissociáveis do "nosso
mundo" desaparecem, uns lenta, outros rapidamente, de um dia para o outro. Já vi desaparecerem as
máquinas de escrever, os copiógrafos, a tipografia a chumbo, os selos do correio, o rolo de fotografias, o
gravador de fita, as disquetes, o telex, o fax, o vídeo, etc., etc.
Olhando à nossa volta, outros objetos estão também a ir-se embora: que necessidade tenho eu de vir a
esta estante de CD de música que gravei
no iPod, podendo agora transportar toda a
minha discoteca de aparelho para
aparelho sem precisar de mais nada? Ao
lado, os vídeos em VHS juntam aos discos
em vinil e suponho que, a prazo, os DVD
irão fazer-Ihes companhia. Os selos, a
mesma coisa, hoje já quase que não se
usam no correio, para serem emitidos
apenas para colecionadores. O dinheiro
pouco a pouco é substituído pelos cartões
e todos os cartões convergem para um só. Disponível na Internet:
http://goias24horas.com.br/8680-jornais-revistas-e-livros-impressos-ja-terao-acabado-ate-
A rápida mudança do tempo vivido dos 2025-e-tambem-as-tvs-aberta-e-a-cabo/

objetos torna obsoleto qualquer filme de


ação científica que tenha mostradores analógicos em vez de digitais, porque nós sabemos que o futuro não
substituiu apenas as alavancas por botões, mas acabou com os mostradores redondos em que um ponteiro
podia indicar um drama quando se aproximava do vermelho. Hoje, só para os filmes submarinos da
Segunda Guerra Mundial.
E será assim para estes objetos que tenho à minha frente, feitos de muitos hectares de florestas, esta
pilha de jornais? Estão também a ir-se embora, pouco a pouco, sem nós vermos, nem nós querermos?
Talvez em geral, sim, em particular para os jornais feitos ao modelo antigo, entre o jornal generalista e
aquilo que se chama hoje "imprensa de referência".
Vejamos o caso português, em que há várias coisas evidentes que os jornais "de referência" não
quiseram ver nem entender. Uma delas é que hoje um leitor em papel pode ler a "imprensa popular",
opção que não tinha no passado.
Quando só havia jornais vergados ao peso de si próprios como instituições, protegidos por um mundo
em que a institucionalização era garantida entre outras coisas pela censura - que eliminava o "popular"
(sentimentos fortes, crime, inveja social, críticas aos poderosos, voyeurismo, violência em geral, medos,
etc.) -, a "imprensa popular" não existia.
Acabada a censura e envelhecidos os modelos dos jornais "de referência" numa sociedade em mutação,
em que a ascensão das massas aos consumos "culturais" se dava pela primeira vez, era natural que uma
parte dos públicos forçados até então pela ausência de alternativa escolhessem. Já não tinham apenas o
Diário de Notícias, ou o Diário de Lisboa, ou o Século, ou o Diário Popular, ou o Comércio do Porto, ou o
Primeiro de Janeiro, mesmo com as suas nuances, mas podiam começar a comprar o Correio da Manhã e,
mais tarde, a imprensa tablóide, que é uma outra variante de "imprensa popular".
(... ).
José Pacheco Pereira, Público, 17 de Fevereiro de 2007

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Jornais: espécie de vias de extinção

O jornalismo de referência, segundo dizem, está cada vez mais parecido com o lince-da-malcata. É uma
espécie em vias de extinção. Aguardo por um documentário da National Geographic na redação do DN.
Uma ação aparatosa da Greenpeace na avenida da
Liberdade. Cartazes escritos a letras gordas "parem a
matança". Nos últimos três anos, entre efetivos e
interinos o Diário de Notícias teve seis diretores. O
Público reestruturou-se de cima a baixo e cremou o velho
logótipo. O Expresso reestruturou-se de baixo a cima e
expulsou o velho guru. Os leitores, esses, continuam a
acenar com a mão: adeusinho. A maneira fácil de encarar
o problema é falar na iliteracia ou nos novos media - dois
extremos. O mesmo argumento: não há espaço para os
jornais. A maneira mais difícil é admitir que a qualidade
do que se imprime é, no mínimo, duvidosa. Porquê? Disponível na Internet:
Porque jornais e jornalistas funcionam em circuito https://fichacorrida.wordpress.com/tag/santiago/

fechado. Escrevem para as fontes e para os colegas como


se os leitores não fossem aqueles para os quais trabalham, mas aqueles que têm o dever moral de os ler.
Porque são superficiais. Confundem a construção das notícias com o relato do que dizem as partes em
confronto, recusando a análise e comprometendo um jornalismo adulto e sofisticado. Porque têm
demasiados preconceitos. Deixam de lado dezenas de boas histórias, etiquetadas como "popularuchas",
esquecendo que a grande distinção entre um jornal de referência e um popular não está na escolha das
notícias mas no seu tratamento. Porque lhes falta agressividade. O jornalismo português não está a cumprir
o seu dever de vigilância sobre os poderes não irrita ninguém, não incomoda, é bem comportado, pouco
curioso, insosso.
Porque há um défice de criatividade. Existem canais de 24 horas de notícias, informação online, diários
gratuitos, mas os jornais continuam a encher páginas com noticiário morto na véspera em vez de
centrarem os seus recursos nas histórias que são só suas. Os leitores não são estúpidos. Os jornais de
referência é que se estão a transformar nos dodós do século XXI. Extintos por incapacidade de adaptação.

João Miguel Tavares, Diário de Notícias, 24 de fevereiro de 2007

Rádio: a preciosa caixa

De facto, era sol-posto; pelos atalhos, os ceifeiros recolhiam aldeia. Mas, nessa tarde, vieram todos
direito à venda, onde entraram com um olhar admirado. Uma voz forte, rápida, dava notícias da guerra.
Só de lá saíram depois de a voz se calar. Cearam à pressa, e voltaram. E era já alta noite quando
recolheram a casa, discutindo ainda, pelas portas, numa grande animação.
Um sopro de vida paira agora sobre a aldeia. Todos sabem o que acontece fora dali. E sentem que não
estão já tão distantes as suas casinhas humildes. Até as mulheres vêm para a venda depois da ceia. Há
assunto de sobra para conversar. E grandes silêncios quando aquela voz poderosa fala de cidades
conquistadas, divisões vencidas, bombardeamentos, ofensivas. Também silêncio para ouvir as melodias
que vêm de longe até à aldeia, e que são tão bonitas!...
Acontece até que, certa noite, se arma uma festa na venda do Batola. Até as velhas dançaram ao som da
telefonia. Nos intervalos, os homens bebiam um copo, junto ao balcão; os pares namoravam-se, pelos
cantos. Por fim, mudou-se de posto para ouvir as notícias do mundo. Todos se quedaram, atentos. (...)
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E os dias custaram tão pouco a passar que o fim do mês caiu de surpresa em cima da aldeia de Almancil.
Era já no dia seguinte que a telefonia deixaria de ouvir-
se. Iam todos, de novo, recuar para muito longe, lá
para o fim do mundo, onde sempre tinham vivido.
Foi a primeira noite em que os homens saíram da
venda mudos e taciturnos. Fora, esperava-os o
negrume fechado; E eles voltavam para a escuridão;
iam ser, outra vez, o rebanho que se levanta com o dia,
lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo
cansaço e pela noite. Mais nada que o abandono e a
solidão. A esperança de melhor vida para todos, que a
Disponível na Internet:
voz poderosa do homem desconhecido levava até à http://sarahistoriams.blogspot.pt/2011/05/nas-ondas-do-radio.html
aldeia, apagava-se nessa noite para não mais se ouvir.
Dentro da venda, o Batola está tão desalentado como os ceifeiros. O mês passou de tal modo veloz que
se esqueceu de preparar a mulher. Sobe ao balcão, desliga o fio e arruma o aparelho. Um pouco dobrado
sobre as pernas arqueadas, com o chapeirão a encher-lhe a cara de sombra, observa magoadamente a
preciosa caixa.
Manuel da Fonseca, "Sempre É uma Companhia", in O Fogo e as Cinzas

Quando a telefonia chegou à aldeia

Da velha aldeia, nada restava intacto. A ruela primitiva, de casas irmanadas pela vida dos moradores,
ramificava-se, e novas casas surgiam acima dos telhados, que o musgo esverdinhara. [...]
Como as noites já eram tépidas, Ti Paulino pôs mesas no parreiral, atrás da loja, e comprou gordo
borrego para prémio dum campeonato de chinquilho. A ideia criou adeptos, e o taberneiro esfregou as
mãos de contentamento. Dias depois, porém, o Borges alvoroçou o lugarejo e o rival, ao distribuir prospetos
multicores que anunciavam:
Abertura ao Público do novo retiro do operário. Comidas e dormida. Vinhos e mercearias das melhores
procedências por grosso e a retalho. Preços especiais. Os proprietários saúdam a freguesia com uma pipa de
vinho à descrição.
Logo de manhã, a casa encheu-se de gente, como numa romaria. Homens pressurosos de esvaziarem a
pipa; mulheres que tudo apreçavam, sem se decidir por coisa alguma, deslumbradas; de gatas, por entre o
povoléu, crianças maltrapilhas apanhavam confeitos, que o Borges lhes atirava solenemente. Mas a
surpresa maior foi à hora do meio-dia, quando, não se soube como, se ouviu o hino nacional.
Ti Paulino veio à porta, atónito, de rodilha no ar. As notas vibrantes da música reavivaram-Ihe cenas de
barricadas e comícios. De repente, porém, nervoso e rubicundo, desceu a rua a passo lesto e em mangas de
camisa
- Aconteceu-lhe alguma desgraça, Sr. Paulino? - inquiriu Amaro, que chegava.
- Então não vê aquele patife?! Um trauliteiro de arrocho toda a vida, e a tocar A Portuguesa!
É mesmo provocação!
- A telefonia é que toca, Sr. Paulino.
- Seja quem for! Estoiro-Ihe cos instrumentos maila cara. Bandeirinha!
Mas quando entrou na loja do outro quedou-se a olhar para a caixa de música, donde saíam falas de
pessoa invisível, logo seguidas de um fado plangente. Os fregueses, boquiabertos, escutavam em silêncio. E
o Borges, solícito, arredou-se do balcão para cumprimentar o visitante.

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- Faço muito gosto, colega... Pode entrar.
- Grande melhoramento este, hem, Ti Paulino! -
exclamou Chico Moleiro, quase bêbado.
-Isto é que é progresso.
O velho embatucou com a surpresa, lançou um olhar de
desprezo ao concorrente e saiu como entrara.
Na taberna ficou a ver vagamente os barrotes
carunchosos do teto, quanto as moscas, em sossego, zuniam
sobre queijos ressequidos nas prateleiras. Pensava na caixa
misteriosa que lembrava um gramofone, mas não tinha
discos nem campânula. Mais do que o mostruário, a Disponível na Internet:
balança automática e outras coisas apenas entrevistas, https://thebackstageblog.wordpress.com/page/28/

aquela caixa estranha era a sua ruína.


“Quanto custaria uma igual, que também tocasse o hino da República?”.

Soeiro Pereira Gomes, Engrenagem, (adaptado)

Uma palavra pode valer mais do que mil imagens


Na rádio não há cor?! Não há movimento?! Não há rostos com sorrisos e lágrimas?! Não há expressões
de desespero e de alegria?! Não há paisagens?!
Aquilo que à partida, pode parecer uma desvantagem e a maior dificuldade de transmitir informação em
rádio é, porventura, a sua maior riqueza e o maior desafio que se coloca a quem trabalha neste meio de
comunicação. De facto, o profissional ou o amador de rádio deve ser “os olhos e os ouvidos” do público a
que se dirige.
Quer esteja a conduzir um programa em estúdio, quer esteja a fazer uma reportagem, a sua maior
preocupação deve ser descrever o acontecimento de forma tão fiel e pormenorizada quanto possível: trata-
se, no fundo, de usar a palavra para retratar o acontecimento, o local, a cor, as pessoas... Pelo microfone
devem passar os sons ambientes, por forma a que os ouvintes possam visualizar o que está a ser contado.
Quando falamos em sons, devemos ter presente que em rádio o conceito de som é muito amplo: uma
simples respiração ou um silêncio podem ser, e são, formas de
comunicação...
A palavra e a música estão para a rádio como a imagem está para
a televisão, mas a relação com o destinatário é muito mais intimista
e de mais fácil receção: a rádio não exige exclusividade - podemos
estar a ler, a trabalhar, a viajar e tê-Ia sempre como companhia. É
um veículo de transmissão rápida das notícias do mundo longínquo
ou do acontecimento da nossa rua. Ininterruptamente, em múltiplas
frequências, e oferecendo uma grande diversidade de estilos e
perfis, a radiodifusão continua a ser o meio mais rápido de Disponível na Internet:
https://www.youtube.com/watch?v=QpLkfEVTUqQ
comunicação. Para “entrar no ar”, basta alguém, ao telefone, dar
conta de uma qualquer notícia, em qualquer lugar.
Para muitos, a rádio ainda é o principal meio de informação: acordar de manhã com o som da telefonia
para saber “como está o mundo” é um gesto que quase todos fazemos diariamente. Para outros, a rádio
serve de companhia, oferecendo os mais variados géneros de música, e permite uma interação com o
ouvinte. Quando não há imagem visual, há mais espaço para a imaginação. [...]

Aranha, Ana “O Desafio da Rádio” Instituto de Inovação Educacional

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A rádio: do radiodrama à webradio
Há cem anos, a rádio gatinhava. Dominada que estava a sua base tecnológica, ensaiava a modulação da
voz e do som e aventurava-se em experiências de alargamento do seu raio de ação. Nos anos 20 e 30, este
meio revolucionário foi utilizado para testar (ou constatar) o impacto na sociedade: a emissão ficcionada da
reportagem de um maremoto pela Rádio Paris, em 1924, ou, mais ainda, o programa "A guerra dos
mundos", de Orson Welles, em 1938. A experiência sinalizava o desenvolvimento de uma das facetas que
afirmaria o novo meio - o radiodrama - e, com ele, o entretenimento. A 1.ª Guerra Mundial levaria o meio
radiofónico ao seu apogeu, na vertente da informação, mas também da contrainformação e da
propaganda.
Acentuava-se, deste modo, a configuração de um dispositivo tecnológico e comunicativo que haveria de
fazer o seu caminho, não se substituindo, mas antes complementando os meios existentes. E adquirindo
novo fôlego com o transístor, com a proximidade das rádios locais e comunitárias e, mais recentemente,
com a webradio.
No entanto, não foi bem este o cenário que sonhou e defendeu, por exemplo, Bertold Brecht, o qual
pugnou, desde o final dos anos 20, mas sobretudo na sua Teoria da Rádio, de 1932, por um meio de real
comunicação interativa e não de
sentido único:
A rádio - escreveu ele - seria o melhor
aparelho de comunicação possível na
vida pública, uma vasta rede de canais.
Isto é, poderia ser, se soubesse
proporcionar não apenas a receção, mas
também a transmissão; deixar o ouvinte
falar, tal como lhe permite ouvir;
incentivá-lo ao relacionamento, em vez
de isolá-lo. Nesta lógica, a rádio deveria
deixar o ramo do fornecimento e passar a
organizar os ouvintes como fornecedores.
Qualquer tentativa por parte da rádio Disponível na Internet:
http://www.rclamego.pt/jornalonline/?p=22110
para conferir um caráter verdadeiramente
público a ocasiões públicas representa um passo na direção certa.
Em vez de ser um meio de distribuição (da palavra, da música, da notícia), deveria, antes, assumir as
potencialidades técnicas que poderiam fazer dele motor e paradigma da comunicação bidirecional,
partindo de múltiplos polos de enunciação, uma efetiva comunicação em rede. Apesar dos que entendem
que essa é à natureza efetiva da rádio, julgo que a história deste meio documenta e sugere um outro modo
de ser e estar, em que a difusão se sobrepôs à interação, mesmo tendo em conta a criatividade de muitos
profissionais, ao longo do tempo, para atenuar os efeitos da unidirecionalidade.

Manuel Pinto, Prefácio in Portela, Pedro.(2011) Rádio na Internet em Portugal. Ribeirão: Edições Húmus, Lda

A essência da rádio

Ao longo dos tempos, vários têm sido os autores que procuraram contribuir para a definição das
características essenciais do "primeiro e mais mágico dos media eletrónicos", refletindo não só a

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multiplicidade perspetivas que essa definição compreende como também a irrequietude intrínseca à
própria rádio, fruto da sua constante evolução.
A característica mais distintiva da
rádio é a acumulação, que passa pela
possibilidade de realizar outras
atividades em simultâneo com a sua
escuta, como sejam, ler o jornal,
conduzir, cozinhar, trabalhar ou qualquer
outra tarefa quotidiana. Isto garante à
sua ação um imediato impacto social e
uma grande capacidade de intervenção,
na medida em que uma informação ou
notícia transmitida é rapidamente assi-
milada pela audiência e por si repetida.
Assim, a instantaneidade e a espon- Disponível na Internet:
http://mkkwebradio.blogspot.pt/2013_02_01_archive.html
taneidade são também duas das suas
características intrínsecas, fazendo da rádio um meio "massivo, explosivo e mobilizador".
Com a evolução verificada ao longo dos tempos, nomeadamente a introdução de emissões em direto e
a multiplicação de géneros radiofónicos, outro elemento essencial ganhou consistência: a simultaneidade.
(...)
É o uso social e cultural a que a rádio está sujeita que faz dela um importante meio de "recriação do
mundo real e de criação de um mundo imaginário e fantástico", pelo que, na medida em que a sua
linguagem for capaz de se aproximar social e culturalmente dos códigos do recetor, de fazer parte do seu
dia-a-dia, melhor será o nível de comunicação obtido. Daí que, se atentarmos nas dimensões comunicativa,
expressiva e difusora da rádio, possamos entender a sua linguagem como sendo o conjunto constituído
pelos código simbólicos da palavra, da música, dos efeitos sonoros e do silêncio. E, na interpretação destes
símbolos, a envolvente social é não só determinante como contribui para a constante evolução do seu
significado.
O desejo de universalidade da rádio obriga-a a adotar um discurso capaz de ser também assimilado
pelas camadas mais desfavorecidas. O facto de a rádio instrumentalizar uma linguagem simples e popular,
muito mais próxima da fluência da oralidade do que do rigorismo da escrita, gerou a desconfiança das
classes ditas cultas, que para ela olharam com desdém, aliás à semelhança que ocorreu com o cinema e
com a televisão. Mas foi exatamente esta abrangência alargada do discurso radiofónico que fez dele um
meio de intervenção junto das massas. Isto não quer dizer que a linguagem coloquial utilizada na rádio,
similar ao que utilizamos quotidianamente na comunicação interpessoal, tenha que ser contrária a
correção gramatical. Mas a erudição linguística dificulta a comunicação, uma vez que se torna difícil para o
recetor acompanhar o sentido integral de uma frase rebuscada num meio que não permite voltar atrás no
processo de compreensão. Mas a adoção de uma linguagem oral mais simplificada deverá ser feita de um
modo tal que se possa "dizer o máximo, com o mínimo palavras, mas sem forçar" pois em rádio "só se
complica quando alguém não sabe o que dizer, nem como dizê-lo de modo simples".
Mas palavra é apenas uma parte da linguagem da rádio, um dos elementos sonoros que a constituem
enquanto meio de comunicação. A essência da rádio consiste justamente em oferecer a totalidade
somente por meio sonoro. A fruição da rádio será tanto mais intensa quanto mais o ouvinte for educado no
sentido de dispensar a tradução em imagens mentais daquilo que escuta. A este respeito vale a pena
recordar as palavras de Orson Welles, quando instado a comentar as qualidades da televisão: "Ah, mas na
rádio o ecrã é muito mais amplo!" (...)

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O som, entendido enquanto palavra falada ou música é, assim, indutor de imagens evocativas,
emanadas de uma experiência sensorial integral, que permite ao ouvinte "ver, tocar, cheirar e até provar -
imaginando" Mesmo o silêncio é um elemento fundamental para que o ouvinte "não seja recetor passivo e
crie sua própria cenografia num espaço infinito de escuridão. A própria ausência de som sublinha a sua
importância enquanto elemento significante no meio radiofónico, sendo mais uma peça essencial na
formação e materialização da imagem mental que surge naturalmente no ouvinte, como resposta ao estí-
mulo provocado pela mensagem
difundida pela rádio que, por ser
descodificada diferentemente por cada
um, adquire uma característica
indesmentível de individualidade.
A música, elemento sonoro capaz
de "desenhar imagens na alma”, é a "mais
pura corporificação da essência da rádio"
na medida em que apresenta elevadas
qualidades de expressão, derivadas das
suas dinâmicas rítmicas, melódicas e
harmónicas, por vezes houve que
defendesse a ideia de que em rádio, a
palavra deveria ser reduzida ao mínimo,
para dar lugar à música, na linha do que Disponível na Internet:
http://moviespix.com/entrevista.html
hoje parece estar a ser concretizado
graças ao uso de computadores geradores de playlists. Outros contudo, foram discordando, valorizando a
palavra, que em rádio é também notícia, como porta de entrada para a intimidade, entrelaçando o ouvinte
num convite irrecusável à escuta, a desvendar de emoções. Porque a rádio "'não necessita de rosto" estão
criadas as condições para a intimidade, que são sublinhadas nos momentos de audição solitária,
preferencialmente noturna, em claro contraste com a escuta familiar ou comunitária que marcou os seus
primeiros anos.
Marshall McLuhan (1964), apesar de também lhe reconhecer a capacidade para a criação da intimidade,
olha para a rádio como um meio que em simultâneo propicia a recuperação de vivências comunitárias:
“A cultura letrada incentivou um individualismo extremo e a rádio atuou num sentido exatamente
inverso, ao fazer reviver a experiência ancestral das tramas do parentesco do profundo envolvimento
tribal.”
No entendimento de McLuhan, o reavivar da fala humana, cuja essência estava civilizacionalmente
esquecida, é o principal aspeto da mudança introduzida pela rádio, recuperando um relacionamento tribal
que a imprensa tinha ajudado a soterrar, enquanto tecnologia do individualismo. Com a chegada daquele
meio deu-se a retribalização da Humanidade e a "'quase imediata reversão do individualismo para o
coletivismo, fascista ou marxista" (McLuhan, 1964). A rádio é, assim, a tecnologia da tribo, capaz de
recuperar "o sentido de comunidade, a voz do quarteirão, o localismo, a magia tribal antes soterrada na
memória, o acesso ao mundo não visual, a comunicação íntima e particular de pessoa a pessoa". Ou seja, o
discurso dirigido a comunidades locais e, dentro destas, a cada ouvinte em particular deve ser considerado
intrinsecamente constituinte da essência do meio.
E, neste esforço de aproximação individualizada, "cria a ilusão nas pessoas de que os programas são só
para elas", dirigindo-se de uma forma tão íntima que o que ganha significado é a imagem criada no interior
de cada um, razão pela qual não é frequente a audição coletiva das emissões.

in Portela, Pedro.(2011) Rádio na Internet em Portugal. Ribeirão: Edições Húmus, Lda


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Televisão: terrível arma de contágio

No bar-restaurante, pois, éramos nós e um casal italiano os sobreviventes. A patroa, de gestos


distraídos, limpava e relimpava a baixela, enquanto ia seguindo o programa da televisão. Quando o
cozinheiro, palitando os dentes, veio lá de dentro para se lhe associar, agora que terminara a sua lida,
ambos comentaram as imagens. E comentavam-nas com miolo. Aquilo era um programa para civilizados e
eles como civilizados reagiam. Também eu me fui sentindo seduzido por aquela subtil e engenhosa
interpretação do quotidiano através de desenhos que a ágil câmara animava. O ritmo e as mudanças de
planos eram vivíssimos. Quando se impunha, aparecia o rosto comunicativo do locutor, olhos nos olhos dos
espetadores, sem um gaguejo ou o
cabotinismo na fala, sem o amaneira-
mento das vedetas de pataco. Depois
seguiram-se as atualidades, e nessa
altura o locutor foi rendido. Este segundo
tinha a voz mais cheia e vibrátil e
graduava-se com emoção. Éramos
levados a supor que ele participara dos
acontecimentos que narrava, e nós
próprios, sob esse clima de convicção,
também nos sentíamos heróis ou
testemunhas do que as imagens iam Disponível na Internet:
https://www.google.pt/search?noj=1&biw=1440&bih=775&tbm=isch&sa=1&q=historia+rtp&
revelando. oq=historia+rtp&gs_l=img.3..0i24.11811.13008.0.13312.3.3.0.0.0.0.84.231.3.3.0....0...1.1.64.i
Tem magia, a televisão. É o mundo em mg..0.3.230.SI_py5XyMoo#imgdii=HicOVmvpn5jlAM%3A%3BHicOVmvpn5jlAM%3A%3B1ZxM
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nossa casa. Eu, que a abomino, tão usurpadora tem sido dos nossos hábitos, do que nos restava de convívio,
quando o dia chega ao fim e nos espera um familiar, um livro, um desenferrujar de ideias numa roda de
amigos eu, que a abomino sobretudo porque, entre nós, ela é um incitamento à estupidez e à mediocridade,
acho-me a não saber resistir-lhe, mesmo quando me agonia.
Por isso, ali estava eu, de pescoço torcido, a tentar não perder um fotograma. É certo que o programa
merecia-o, visto que em França, na Itália e na Suíça, únicos países em que tenho apreciado, embora pela
rama, o nível desigual da sua televisão, há pelo menos um limiar de respeito pelo espetador e ninguém
pensa em servir-se desta terrível arma de contágio para proceder a uma lavagem dos cérebros com o único
objetivo de embrutecer as gentes.

Fernando Namora, Diálogo em Setembro

Enterro televisivo
“Uns olham para a televisão. Outros olham pela televisão.”
(Dito de Sicrano)

Estranharam quando, no funeral do avô Sicrano, a viúva Estrelua proclamou:


- Uma televisão!
- Uma televisão o quê, avó?
- Quero que me comprem uma televisão.
Aquilo, assim, de rompante em plenas orações.
Dela se esperava mais ajustado desejo, um ensejo solene de tristeza, um suspiro anunciador do fim. Mas
não, ela queria naquele mesmo dia receber um aparelho novo.
- Mas o aparelho que vocês tinham avariou?
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- Não, já não existe.
- Como é isso, então? Foi roubado?
- Não, foi enterrado.
- Enterrado?
- Sim, foi junto com o corpo do vosso falecido pai.
Tudo havia sido congeminado junto com o coveiro. A televisão, desmontada nas suas quantas peças, tinha
sido embalada no caixão. Era um requisito de quem ficava, selando a vontade de quem estava indo.
Na cerimónia, todos se entreolharam. O pedido era estranho, mas ninguém podia negar. O tio Ricardote
ainda teve a lucidez de inquirir:
- E a antena?
Esperassem, fez ela com a mão. Tudo estava arquitetado. O coveiro estava instruído para, após a cerimónia,
colocar a antena sobre a lápide, amarrada na ponta da cruz, em espreitação dos céus. Aquela mesma
antena, feita de tampas de panela, ampliaria as eletrónicas nos sentidos do falecido. O velho Sicrano, lá em
baixo, captaria os canais. É um simples risco a diferença entre a alma e a onda magnética. Por razão disso,
a viúva Estrelua pediu que não cavassem fundo, deixassem o defunto à superfície.
- Para apanhar bem o sinal - explicou a velha.
O Padre Luciano se esforçou por disciplinar a multidão, ele que representava a ordem de uma só voz divina.
Com uns tantos berros e ameaças ele reconduziu a multidão ao silêncio. Mas foi sossego de pouca dura.
Logo, Estrelua espreitou em volta, e foi inquirindo os condoídos presentes:
- E o Bibito, onde está?
- O Bibito?- se interrogaram os familiares.
Ninguém conhecia. Foi o bisneto que esclareceu: Bibito era o personagem da novela brasileira. A das seis,
acrescentou ele, feliz por lustrar conhecimento.
- E a Carmenzita que todas as noites nos visita e agora não comparece!
De novo, o bisneto fez luz: mais uma figura de uma telenovela. Só que mexicana. O filho mais velho tentou
apaziguar as visões da avó. Mas qual Bibito, qual Carmen?! Então os filhos de osso e alma estavam ali,
lágrima empenhada, e ela só queria saber de personagem noveleira?
- Sim, mas esses ao menos nos visitam. Porque a vocês nunca mais os
vimos.
Esses que os demais teimavam em chamar de personagens, eram esses
que adormeciam o casal de velhotes, noite após noite. Verdade seja
escrita que a tarefa se tornava cada vez mais fácil. Bastava um repassar
de cores e sonos para que as pestanas ganhassem peso. Até que era só
ligar e já adormeciam.
- Quem vai ligar o aparelho hoje?
- É melhor não ser você, marido, porque noutro dia adormeceu de pé.
De novo, o padre invocou a urgência de um silêncio. Que ali havia tanto
filho e mais tanto neto e ninguém conseguia apaziguar a viúva? Os filhos
descansaram o padre. Que sim, que iam conduzi-la dali para o resguardo
da casa. Estrelua bem merecia o reparo de uma solidão. E prometeram à
velha que não precisava de um outro aparelho, que eles iriam passar a
visitá-la, nunca mais a deixariam só. A avó sorriu, triste. E assim a
conduziram para casa.
Aquela noite, ainda viram a avó Estrelua atravessar o escuro da noite para se sentar sobre a campa de
Sicrano. Deu um jeito na antena como que a orientá-la rumo à lua. Depois passou o dedo pelos olhos a
roubar uma lágrima. Passou essa aguinha pela tampa da panela como se repuxasse brilho. De si para si
murmurou: é para captar melhor. Ninguém a escutou, porém, quando se inclinou sobre a terra e disse
baixinho:
- Hoje é você a ligar, Sicrano. Você ligue que eu já vou adormecendo.
Mia Couto, O Fio das Missangas
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Apontamentos & desapontamentos: a televisão é para estúpidos

A frase é do escritor e editor Luiz Pacheco (1925-2008) numa entrevista conduzida por João Paulo
Cotrim, quando este lhe perguntou se «a televisão está a matar a literatura – «A televisão não mata nada!
A televisão é para estúpidos!», confessando depois, no entanto, que tendo recusado ter televisor até pouco
tempo antes, fora «apanhado pelo fascínio do pequeno ecrã» e via tudo (de tudo dizendo mal) –
telenovelas, séries, concursos...Groucho Marx (1890-1977), costumava dizer: «Acho a televisão muito
educativa – logo que alguém a liga, vou para outra sala
ler um livro. No fundo, as duas frases dizem a mesma
coisa, por palavras e com intensidades diferentes.
RayBradbury (1920), numa entrevista dada em 25
de Julho ao El País, coloca a mesma questão, da
sobrevivência do livro face à concorrência da televisão
e, sobretudo, desde há uma década, da Internet e das
novas tecnologias da informação em geral. Vamos
então tentar saber se, de facto, como disse, com
frontal brutalidade, o Pacheco, «a televisão é para Disponível na Internet:
https://acporto.wordpress.com/2013/09/01/televisao-burra/
estúpidos». É óbvio que Luiz Pacheco se referia à
dependência da televisão que afeta muitas pessoas e
não ao meio televisivo em si, um invento notável que, bem utilizado, poderia ser um poderoso instrumento
de difusão cultural. Só não o é porque tem sido posto ao serviço de ideologias e de interesses económicos,
criando dependências perversas (como todas as dependências) – a Internet, outro meio potencialmente
disseminador de cultura e possível eixo estruturante da aprendizagem e do saber acumulado, tem vindo a
ser utilizado também para fins criminosos – redes de pedofilia, incluídas – sem que se possa negar os seus
benefícios.
Sempre que se abre um caminho, seja uma rota marítima ou aérea, seja uma estrada, há sempre piratas
e salteadores que saem ao caminho dos viajantes. Não vamos, por esse motivo, deixar de abrir caminhos.
Ficar um dia em frente do televisor, vendo séries, telenovelas, concursos, é, de facto uma estupidez, um
atentado contra a vida. A televisão é usada como meio de estupidificação, de criação de uma «ideologia de
massas» consonante com os interesses de uma minoria. Um grande exército de agentes está na base dessa
«ideologia» – desde os criadores de programas aos criativos das agências de publicidade, por exemplo.
As estatísticas que nos informam do tempo que
crianças e adultos de diversas faixas etárias passam
diariamente em frente dos televisores, são
aterradoras. Um inquérito feito em São Paulo,
revela que 87% das pessoas com mais de 60 anos
veem televisão durante todo o dia. Uma pesquisa
levada a cabo pelo Center for Media Education, dos
Estados Unidos, mostra que as crianças de todo o
mundo,veem de três a quatro horas de televisão
diária. Para a maioria de crianças e adolescentes
(entre os três e os 17 anos) a principal atividade é a
televisão. Principalmente para os idosos, a televisão é
Disponível na Internet:
https://acporto.wordpress.com/2013/09/01/televisao-burra/
uma forma de suprir carências afetivas, a solidão
provocada pela viuvez, pela morte dos amigos e
familiares, causando uma desertificação da sua vida social, etc.
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Por outro lado, ao não exigir qualquer esforço das funções cognitivas, limita a imaginação, o que se
torna particularmente grave entre os jovens. Nos telespetadores assíduos, reduz a capacidade e a
velocidade da leitura, provoca a obesidade, prejudica a postura, tem influência no desempenho sexual
(piorando-o), altera o sono, afeta as relações sociais… Resumindo, a teledependentes é uma patologia com
consequências colaterais graves se não for tratada. E não adianta emitir conceitos morais – a televisão, até
ser substituída por outro suporte mais apelativo, vai continuar a absorver as atenções de todos, crianças e
adultos. È um mal iniludível.
Transformar um mal numa coisa boa nem sempre é impossível. Neste caso, tratava-se de aproveitar o
sortilégio da TV para educar, ensinar e divertir, claro. Não deixando de incentivar os telespetadores a
viverem a vida que acontece para lá da
janela do pequeno ecrã. Contudo, o
objetivo de quem controla esse e outros
meios não é criar programas de boa
qualidade – é engendrar programas
«apelativos» – redes que apanhem os
otários distraídos. Como, há alguns
anos, me disse ironicamente Mr. Hugh
House, alto responsável da BBC,
queixando-me eu da má qualidade da
televisão em Portugal, a função da
Disponível na Internet:
televisão é, precisamente, não ter https://acporto.wordpress.com/2013/09/01/televisao-burra/

qualidade.
Quando João Paulo Cotrim pergunta a Pacheco se a Televisão não matará o livro, está a citar a frase de
Victor Hugo– «cecituera cela» – isto matará aquilo – referindo-se ao livro impresso, ao invento de
Gutenberg, que mataria a arte gótica, a arquitetura, a escultura, a iluminura, a glosa medieval, como forma
de comunicar com as massas. Foi uma preocupação do final do século XV que, como se viu, era infundada –
o livro, a arquitetura, a escultura, conviveram pacificamente até hoje.
Numa entrevista ao El País, Ray Bradbury, foi aos arames quando lhe falaram no Kindle – «Isso não são
livros. Os livros apenas têm dois cheiros: o cheiro a novo, que é bom, e o cheiro a livro usado, que é ainda
melhor.» Como muitos de vós sabeis, o Kindle é um pequeno equipamento criado pela Amazon, uma
empresa norte-americana, com a função principal de ler livros digitais (e-books), podendo armazenar cerca
de 1500 livros, podendo arquivar música (no formato MP3), atualizar páginas da Internet, entre outras
funções. Isto sem que se possa aduzir o velho argumento (a favor da sobrevivência do livro) de que «não se
pode levar um computador para a cama» – o Kindle tem um tamanho semelhante ao de um livro e um peso
também equivalente. Recentemente, em maio deste ano, foi lançado o KindleDX, com um displayde 24,6
cm na diagonal, uma vez e meia maior do que a versão standard, e que permite ler jornais e aceder aos
formatos PDF, MP3 e TXT.
Eu não seria tão radical quanto Bradbury na recusa liminar desta inovação. Também pertenço a uma
geração que tem uma forte relação afetiva com o livro tradicional – o cheiro do papel novo, da tinta
acabada de secar, a volúpia com que se examina a textura mais rugosa ou mais calandrada das páginas, o
vício de tentar avaliar a gramagem, esfregando a folha entre o polegar e o indicador, a análise atenta do
grafismo, a busca das gralhas, o odor dos livros usados… Não se pode, à partida, no entanto, recusar uma
invenção que evitaria o derrube de florestas inteiras e permitiria sem ocupação de espaço aceder a
enormes bibliotecas. Sobretudo para obras de referência, para livros de estudo.
O Kindle, e os suportes que lhe sucederem, não matarão o livro – antes o perpetuarão com outra forma.
Não haverá tão cedo Kindle que possa substituir o requinte de, por exemplo, uma edição de arte. Haverá

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sempre quem não dispense os livros em papel alinhados em estantes – os «loucos dos livros», de que, há
500 anos, nos falava o alsaciano Sebastian Brant na sua «Stultiferanavis».
A televisão não é para estúpidos. A televisão foi um invento brilhante, mas é, muitas vezes, controlada
por estúpidos, por sua vez manipulados por bandalhos espertos e codiciosos que nos querem estupidificar
(e, segundo as estatísticas, estão a conseguir). O inteligente escritor e editor Luiz Pacheco era isto que, por
certo, queria dizer.
In Blog Aventar. Loures, Carlos. [Consultado em 2015-95-03 21:33:00]. Disponível na Internet:
http://aventar.eu/2009/08/19/apontamentos-desapontamentos-a-televisao-e-para-estupidos-sobre-a-tele-dependencia/

MEWS: AS NOTÍCIAS E O TELEMÓVEL NUMA CULTURA DE CONVERGÊNCIA

Depois da imprensa, da rádio, da televisão e da internet, são os dispositivos móveis os últimos meios a
despertar a atenção de produtores e consumidores de informação. Atualmente, já não é possível falar
numa cultura de convergência sem falar neste “novo‟ media: o telemóvel.
O termo “novos media”, associado à passagem dos conteúdos da imprensa, da rádio e da televisão para
WEB, começa a ser associado a um novo modelo, o telemóvel. Este, para além da conectividade, permite
ainda a mobilidade, realidades que não são de agora, mas que têm marcado a evolução de uma sociedade
em rede, desde as primeiras travessias marítimas, passando pelas terrestres, pelas aéreas e a própria WEB.
(...)
Começaram por ser volumosos, pesados e acrescentavam às funcionalidades de um vulgar telefone, a
mobilidade. Mas rapidamente os
telemóveis evoluíram. Passaram a
ser mais pequenos, leves e
alargaram o leque de funções,
possibilitando o envio de SMS‟s
(Short Message Service), MMS‟s
(Multimedia Message Service),
captar áudio e vídeo, consultar
agenda/lista telefónica, registar
eventos, efetuar cálculos e
conversões, aceder à internet...
O telemóvel é, pois, um elemento
cada vez mais presente no Imagem disponível em;
quotidiano das pessoas, sobretudo http://www.ligateamedia.pt/ArticleItem/2424/pt/Internet/55479/7338/Mulheres-sao-quem-
mais-consome-noticias-a-partir-do-telemovel
pela ubiquidade e transversalidade
aos vários setores da sociedade. Está presente, por exemplo, no entretenimento, em que, por meio de
SMS, o utilizador pode subscrever produtos (toques de telemóvel, jogos ou wallpapers) ou participar em
passatempos; na moda, em que algumas marcas de roupa e acessórios já dispõem de espaços (bolsos e/ou
bolsas) para o transporte de dispositivos móveis; na cultura, com a possibilidade de consulta de agendas de
espetáculos ou reserva de bilhetes; no desporto, com a subscrição de produtos relacionados, como golos
em direto (utilizador recebe SMS quando a sua equipa marca), disponibilizado por algumas operadoras; no
setor automóvel, em que as diferentes marcas já integram no sistema eletrónico acessórios como kit mãos
livres (permite conversação aquando da condução); no marketing, em que as empresas ou marcas
publicitam os seus serviços ou produtos, enviando SMS…
Com a evolução da Internet e a disseminação dos dispositivos móveis, as fronteiras entre produtores,
utilizadores e consumidores tem vindo a esbater-se. Este fenómeno representa um novo desafio também
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para os setores da imprensa, rádio e televisão, isto é, os mass media. É para eles que iremos olhar de
seguida, nomeadamente, os portugueses. (...)
A adoção do telemóvel, por parte dos media, introduz um novo conceito de mobilidade no acesso e
consumo da informação. Com o aparecimento da imprensa, os interessados iam ao encontro das notícias
(mesmo que aliciados pelos ardinas), transportavam o suporte difusor e sujavam as mãos com a tinta das
letras e das imagens. Com a rádio, surgiu uma nova forma de difusão, igualmente num único meio (áudio),
porém, sem possibilidade de mobilidade, tal como sucedeu com a televisão, que ainda assim, permitia o
acesso à informação através de duplo sentido (visão e audição). Com a Internet, a WEB, foi possível integrar
todos os meios anteriores, privilegiando-se o aspeto visual. Passou-se ainda a uma nova relação entre
produtor e consumidor, em que os mass media deixaram de exercer, com a sua audiência, uma
comunicação unidirecional, para passarem a contar com a participação desta (comunicação bi-direcional),
antes, durante e após o processo de produção de notícias.
Que esperar, então, do “novo media” o telemóvel, cuja função primordial era o áudio, mas que integra
outros meios (texto e imagem), através
do qual se pode aceder à Internet
(comunicação de um para muitos),
consultar e produzir informação, bem
como realizar outras tarefas, quer de
âmbito pessoal, quer profissional? A
resposta à questão anterior ainda não é
possível, por ser uma realidade ainda
muito recente, nomeadamente em
Portugal. Ainda assim, é possível
verificar que adesão embora tendo sido
lenta, à semelhança do que sucedeu
com a Internet, não tem parado de
Imagem disponível em:
aumentar. (...) https://www.google.pt/search?q=telem%C3%B3vel+noticias&biw=1280&bih=675
O telemóvel é uma ferramenta muito &source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=72lbVcPLKcKBUazcgeAL&ved=0CAYQ_AUoAQ#
imgrc=ZIjCJKY7y4_KGM%253A%3BHGeHrTWH8rVd-
útil também na atividade jornalística, ao permitir armazenar contactos, consultar e editar agendas, funções
M%3Bhttp%253A%252F%252Fsm2.imgs.sapo.pt%252Fmb%252FJ%252FS%252F7%252FS%252
FkxDzzaJUOZDeZmW7QzxxhlM_.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fnoticias.sapo.pt%252Ftec_cie
que foram sendo acrescentadas ao longo dos anos. A possibilidade de captar som e imagem (estática e
ncia%252Fartigo%252Flei-da-copia-privada-podera-este_2141.html%3B625%3B435
dinâmica), introduziram novos desafios às rotinas de produção noticiosa. (...).
Assim, o telemóvel é uma presença permanente na vida das pessoas, na medida em que integra uma série
de utilitários, do dia-a-dia (contactos, agenda, conversor de unidades, jogos, mapas…), o que leva a um
esbatimento das fronteiras de utilização (entretenimento, pessoal, profissional). “Passamos mais tempo
consumindo media no mundo ocidental do que fazendo qualquer outra coisa (até dormir)” (Farias Yakob in
Jenkins, 2009).
(...) O facto da esmagadora maioria dos cidadãos dispor de pelo menos um telemóvel, que do ponto de
vista cultural tende a ser dos modelos mais recentes, permite-lhe captar som e imagens (estáticas ou
dinâmicas), que podem vir a integrar o processo jornalístico. É uma nova mobilidade que a notícia ganha.
Não só porque pode ser consultada em qualquer lugar, como pode ser produzida a partir de qualquer
lugar, por qualquer pessoa (não substitui o jornalista, mas, também neste caso, é uma extensão dele,
como preconizou Marshall McLuhan). (...) E não há como (continuar) a ignorar a realidade.
Jenkins (2009) referiu que “a convergência representa uma mudança no modo como encaramos nossas
relações com os media”, porém, também estes (media) devem repensar, a sua relação com as audiências.
Os primeiros, deixando de olhar para os segundos como meros elementos passivos, que consomem o que
lhes dão, enquanto estes, devem ponderar antes de exigirem aos media digitais conteúdos a custo zero,

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como dispõem na web. Para continuar rumo à convergência, ambos devem (re)pensar as direções que
pretendem tomar.

In Prisma.com Pedro Jerónimo Revista de Ciências e Tecnologias de Informação e Comunicação. [Consultado em 2015-05-
23-17 21:50] http://revistas.ua.pt/index.php/prismacom/article/view/722/pdf. Adaptado.

A Internet está a mudar a nossa forma de pensar?

Acha que a Internet alterou a sua mente ao nível neuronal, cognitivo, processual, emocional? Sim, não,
talvez, respondem filósofos, cientistas, escritores, jornalistas à pergunta do ano do site edge.org, em
centenas de textos que são hoje colocados on-line
No Verão de 2008, o escritor norte-americano Nicholas Carr publicou, na revista Atlantic Monthly, um
artigo intitulado Is Google making us stupid?: What the Internet is doing to our brains, onde se mostrava
muito crítico dos efeitos da Internet nas nossas capacidades intelectuais. O artigo teve um grande impacto,
tanto nos media como na blogosfera.
O site edge.org - o "salão" intelectual on-line - vem agora expandir e aprofundar o debate no âmbito do
seu tradicional desafio anual a dezenas de craques mundiais da ciência, da tecnologia, do pensamento, da
arte, do jornalismo. A pergunta de 2010 é, literalmente:
"Como está a Internet a mudar a maneira como você
pensa?" ("How is the Internet changing the way you
think?")
Eles respondem: que a Internet os (nos) tornou mais
espertos, menos profundos, mais rápidos, menos focados,
mais acelerados, menos criativos, mais tácteis, menos
visuais, mais altruístas, menos arrogantes. Que expandiu
radicalmente a nossa memória, mas fez de nós, ao mesmo
tempo, reféns do presente. A grande teia surge equiparada
Imagem disponível em:
a um ecossistema, um cérebro colectivo, uma memória
http://www.controversia.com.br/blog/13694
universal, uma consciência global, um mapa total da
geografia e da história.
Mas uma coisa é certa: sejam eles fãs ou críticos, todos a usam e todos admitem que ninguém sai ileso
da Internet. Ninguém fica indiferente a coisas como a Wikipedia ou o Google, ninguém escapa à atracção
da comunicação e do saber globais e instantâneos.
Por Ana Gerschenfeld , publico

A Escrita - A Imprensa - O Digital

A escrita na antiguidade fenícia ou grega provoca uma rutura no processo histórico e altera a forma de
organização social, incluindo o estabelecimento de hierarquias e das relações de subordinação.
Na passagem da Idade Média para o Renascimento, com a tipografia de Guttenberg, a escrita, que com
os seus signos abstratos permitira novas formas de poder, ganha um novo papel social, instituindo um
espaço público que obriga à instauração de uma ordem disciplinar numa sociedade que necessita de
controlar a sua imagem e a sua honra.

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A tecnologia da imprensa e a expansão das universidades tornam-se decisivas na nova ruptura cultural,
que irá possibilitar a Renascença, a Reforma e as revoluções científicas. O século XVlI consente a ascensão
dos média e do jornalismo de escritores que procuram criar opinião pública. Com o século XX, o audiovisual
impulsiona esse poder da imprensa.
O final do século xx regista o aparecimento de novos dispositivos comunicacionais, que revolucionam a
transmissão e o cruzamento de informações, nomeadamente com a Internet e o recurso aos multimédia. o
fluxo comunicacional unívoco passa a biunívoco e interativo, alterando as práticas discursivas. E estes
novos dispositivos tecnológicos passam a ser
fundamentais às estruturas sociais, mas sobretudo às
estruturas económicas. Afirma Rosalind Steele que o
grande benefício das modernas tecnologias da
comunicação é permitirem-nos um acesso fácil ao
conhecimento e à experiência de outras pessoas, bem
como a grandes bases de dados e fazerem-no no
momento em que precisamos da informação e no
contexto de problemas reais.
A escrita permitiu a história, a tipografia abriu
caminho à Idade Moderna, o digital inicia uma nova Imagem disponível em:
http://www.controversia.com.br/blog/13694
era. As novas tecnologias as aplicadas à química, à
física, à biologia e a outras ciências, mas também ao campo humanístico, irão provocar mudanças radicais
nos conceitos, nos conhecimentos, na cultura e, provavelmente, no dinamismo do pensamento. Como
afirma Freeman Dyson (1998:112), “estamos a desfazer em pedaços o mundo estático dos nossos
antepassados a substituí-lo por um novo mundo que gira mil vezes mais depressa”. Mas, como ele,
acreditamos no “princípio da máxima diversidade” de que “as leis da natureza são feitas de maneira a
tornarem o universo tão interessante quanto possível (ibid.: 122).

In Escola do Futuro – Sedução ou Inquietação? As Novas Tecnologias e o Reencantamento da Escola .

A angústia do jornalista perante a Internet

A informação deixou de ser uma palestra e transformou-se numa conversa

De cada vez que tem lugar um acontecimento que concentra as atenções do mundo, como agora sucede
no Haiti, torna-se evidente que os canais que utilizamos para nos mantermos informados mudaram de
forma radical nos últimos dez anos.
É verdade que ainda continuamos a recorrer aos media tradicionais como a TV e os jornais
(frequentemente através dos seus sites) e a ver as suas reportagens e a ler os seus artigos, mas ninguém
que queira saber o que se passa no terreno e compreender os factos para além da superfície se fica por aí.
O facto de podermos hoje ler e ver na Internet, sem mediação, os relatos dos indivíduos comuns que
protagonizam estes acontecimentos, os testemunhos dos voluntários das organizações humanitárias, a par
de blogues de jornalistas no local (locais ou estrangeiros, free-lance ou não) fornece à informação a que
temos acesso uma riqueza incomparável. Durante anos tentámos vender a ideia (convictamente, nos
melhores casos) de que o jornalismo era a única forma de aceder a informação rigorosa e independente
sobre os acontecimentos do mundo. Se isso foi verdade alguma vez, hoje já não é certamente.

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Sempre soubemos que não existiam fontes de informação desinteressadas, mas hoje é evidente que a
única informação independente é a que se obtém através de uma multiplicidade de fontes e a que
promove a participação dos cidadãos (os leitores sabem sempre mais que os jornalistas). Essas fontes
independentes estão aos milhões na Internet, nos blogues, nas redes sociais, no Youtube, no Flickr, no
Twitter, em novos serviços que emergem todos os dias e que não precisam de um modelo de negócio,
porque não vivem disso. Foram eles que nos disseram o que estava a acontecer na Birmânia, no Irão, e
agora no Haiti continuam a fazê-lo.
Podem permitir-nos prescindir dos media tradicionais? Não é essa a questão. Os media tradicionais
estão a morrer porque estão a cometer harakiri,
não porque alguém os queira destruir. E os leitores
certamente que não querem substituir-se aos
jornais. Só que são aqueles, "as pessoas antes
conhecidas como a audiência", na expressão feliz
de Jay Rosen, que têm mais histórias para contar,
que sabem mais, que têm opiniões mais ricas e até
posições mais isentas. Cada um deles? Não. Todos
juntos.
É por isso que continua a ser espantosa a forma
tímida (ou inexistente) como a imprensa
tradicional ignora este recurso - o mais abundante
Imagem disponível em: http://goias24horas.com.br/8102-morte-dos-jornais-
e o mais rico recurso informativo do planeta - e, impressos-nem-migrando-para-a-internet-grandes-veiculos-vao-sobreviver/
com raras exceções, lhe passa ao lado, com
tímidas olhadelas de soslaio.
Como têm explicado muitos gurus do novo jornalismo - Dan Gillmor, Jeff Jarvis, ainda Jay Rosen - o
jornalismo deixou de poder viver numa estrutura vertical, onde uns falam e os outros ouvem. A informação
deixou de ser uma palestra e transformou-se numa conversa. As ferramentas existem e as pessoas estão a
usá-las. O que é triste é que os media, devido ao corporativismo dos seus jornalistas, ao desânimo dos seus
dirigentes, à ignorância dos seus gestores, à ganância dos seus proprietários, continuam a tentar fazer tudo
o que podem para deixar tudo na mesma. Não vai ficar. Se os jornalistas não quiserem entrar na conversa
que o fluxo de informação já é, serão condenados à irrelevância.
O que não faz sentido é que, no momento em que há um novo jornalismo para inventar - e um
jornalismo que merece entusiasmo, onde a criatividade e a participação cidadã assomam por todas as
frinchas -, os media fiquem à espera da morte, repetindo sem o perceber o mantra louco que diz que a
Internet é o futuro. O futuro passou-lhes debaixo do nariz e eles não deram por isso.

Por José Vítor Malheiros Publico 26-01-2010

O poder dos media e a alteração dos paradigmas culturais

Recentemente, num colóquio realizado na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga


sobre temáticas de comunicação, tive uma intervenção em que sustentava esta tese: A Idade Média
acabou. Também a "Idade dos média" pode acabar. Ora, alguns dos temas versados nestes últimos dias,
primeiro no seminário organizado pela Universidade do Minho e com o apoio da RTP, a propósito da
celebração dos 50 anos do "Telejornal", e depois, na Conferência Anual, promovida pela ERC, sobre "A

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Comunicação Social num contexto de crise e de mudança de paradigma", dão-me alguma oportunidade
para retomar algumas das ideias desta hipótese de tese: A "idade dos média pode acabar".
Quando digo a "idade dos média" prefiguro aquele período que se foi formando desde a segunda
metade do século XIX, com o surgimento da imprensa empresarial, reunindo depois a rádio como grande
média nos anos 30 do século XX e a televisão a partir do final da Segunda Guerra Mundial. Constituiu-se
assim aquele sistema "dos meios de comunicação de massa". Hoje, com a proliferação de múltiplos e
diferentes "dispositivos tecnológicos" está criado um novo sistema informacional. Esses "revolucionários"
suportes tecnológicos (a Internet e seus
derivados, como o Messenger e os e-mails,
os blogues, o Twiter, o Facebook, etc. e, por
outro lado, os telemóveis, os "sms", os
"ipods" os "iphones", etc.) formam uma
constelação de "meios/média" cada vez
mais articulados que vem alterar o
paradigma comunicacional.
Deste modo, transitou-se do "sistema de
comunicação de massa" para o sistema de
"comunicação em rede". De um sistema de
média centrado numa circulação infor-
Imagem disponível em: http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1227955-16022,00-
mativa de um "emissor configurado" (jornal, ACERVO+DA+BIBLIOTECA+BRITANICA+DISPONIVEL+NA+INTERNET.html

a rádio, a televisão) para um "recetor


indistinto" (os diversos e diferentes
públicos). Passou-se para um sistema cuja produção e circulação de informação é descentrada, quase
infinita, e não regulada. De certa maneira, cumpre-se a utopia de Bertold Brecht, cada cidadão pode ser, a
um só tempo, emissor e transmissor de informação. Esta "revolução" está a provocar um tsunami no
"mundo organizado" do tradicional sistema mediático. E com alguns efeitos que exigem ser reconfigurados,
tais como: uma perda evidente de audiências e de influência no espaço público, uma tendente queda da
legitimação social de quem está instituído para dar e garantir a informação mais exata, uma profunda
interrogação no papel profissional do jornalista e da função social do jornalismo, e da própria continuidade
dos "média tradicionais". Da sua "morte" ou seu futuro. Estamos perante uma miríade de problemas que a
mudança do paradigma comunicacional veio trazer e que requer a reinvenção de processos organizacionais
e profissionais.
Todos se rendem à mudança das plataformas. Porém, mais uma vez, surge a resistência cultural à
mudança do paradigma. Não obstante a autoridade do conferencista Jeffrey Cole não creio que os jornais
vão acabar. Tudo deve ser contextualizado em relação ao espaço e ao tempo. Mas é à luz do novo para-
digma que devem ser discutidas questões tão importantes como a regulação e autorregulação dos média, a
propalada "asfixia democrática" ou até a agora denunciada nossa descida em liberdade de Imprensa.
Provavelmente acabou uma era. Não os média antigos e novos. Terei de voltar a este assunto.

Paquete de Oliveira, [artigo de opinião) Jornal de Notícias, 22 de outubro de 2009. In


http://jn.sapo.ptlpaginainicial!interior.aspx?contenUd=13 97 3 61, Maio 2010

A missão de jornalista

O jornalista tem na sociedade uma influência muito mais profunda que a do mestre-escola e
responsabilidades muito mais sérias e muito mais graves. É o jornal que refere e que explica ao povo os

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diferentes fenómenos da sua vida política, da sua vida social, da sua vida económica. É o jornal que faz a
crítica das instituições e dos costumes. É o jornal que eleva ou que deprime o nível da inteligência pública. É
o jornal que fixa para a multidão o ponto de vista nas altas questões da honra, da dignidade e do dever.

Ramalho Ortigão, As Farpas, vol. 11 (1871)

Efeitos dos meios de comunicação social

Sustentou-se durante muito tempo que os mass media, e em particular a televisão, levavam a manter o
conformismo social, reforçando o apego aos valores tradicionais. Era talvez verdade num primeiro tempo,
quando os "comunicadores" procuravam sistematicamente a aprovação de um público maioritário,
oferecendo-Ihe espectáculos próprios para obter o acordo de todos ou de quase todos e, por conseguinte,
evitando as audácias que se arriscavam a ir contra
os preconceitos. Uma política de programas
baseada unicamente numa obediência sem
matizes aos resultados das sondagens e dos
inquéritos de audiência fazia afastar todas as
emissões que só recolhessem os favores de uma
minoria. Entretanto, os efeitos de saturação de
uma e outra parte, a multiplicação das fontes de
difusão, produzindo uma concorrência mais
severa entre os media, contribuíram para
modificar este esquema, e acontece, pelo con-
trário, que se procura conquistar públicos novos e Imagem disponível em:
https://verdadebancoop.wordpress.com/2011/12/19/a-midia-e-o-poder-de-
fragmentários, ou, então, se tenta forçar a influenciar/
atenção saindo de caminhos batidos. Foi assim
que, há pouco, se puderam ver as cadeias de televisão, nos países de livre concorrência, abandonar a
tendência para o conformismo para dar prioridade às diversas formas de contestação social. Em resumo, é
bastante provável que, também neste ponto, os mass media só reforcem, amplifiquem e precipitem
evoluções de que não são causas diretas. (...)
Quanto aos efeitos culturais, seria igualmente possível estudar as flutuações das influências da difusão
coletiva entre a cultura popular, a cultura clássica, a cultura de elite, a cultura de massa e, mais
genericamente, pôr a questão de saber se os novos media contribuem para elevar ou baixar o nível de
cultura de uma população. Mas isto supõe, em primeiro lugar, que haja acordo sobre as finalidades da
cultura e, de qualquer maneira, os efeitos neste domínio não podem ser os mesmos para todas as
categorias de público. Por exemplo, nos "intelectuais" e nas pessoas que possuem um nível de instrução
superior, o uso da televisão pode fazer diminuir o tempo consagrado à leitura, ao passo que o pequeno
ecrã traz um contacto com a produção cultural a pessoas pouco instruídas que, de qualquer maneira, nunca
leriam um Iivro. (...)
Jean Cazeneuve, Guia Alfabético das Comunicaçäes de Massas

Arma do jornalismo

A maravilhosa invenção de Guttenberg, que poderia ser sempre um poderoso instrumento do bem, um
foco de luz, um ensino de virtudes, uma fonte de verdadeira civilização, tem sido, em grande parte, o revés
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de tudo isto, uma extraordinária sementeira de males de todo o género, de que o mundo tem colhido
deploráveis frutos, que lhe são, de nenhum modo compensados, em igual proporção, pela imprensa
moralizadora.
Não me refiro aos livros, conquanto, na boa e nas más horas, seta também importantíssima a sua
influencia. Refiro-me principalmente, aos jornais, que são hoje, em toda a parte, o livro do povo.
Pode um mau livro fazer grave dano, não há dúvida, mas a ação deletéria do veneno, que destila gota a
gota diariamente no seio das multidões, que, de ordinário, não lhes sobra tempo para os livros, é infinita-
mente mais certa e eficaz. O efeito do mau livro é lento, menos vivo, e produz-se, na máxima parte, de cima
para baixo. Pelo contrário, o efeito do mau jornal é mais rápido, é simultâneo em todas as classes; e até se
manifesta, principalmente, de baixo para cima. O livro pressupõe no leitor uma certa cultura, que, às vezes,
o jornal nem possui nem carece de exigir aos seus leitores, se é que frequentemente não conta com a
ausência dela.
João de Lemos, Serões d'Aldeia

A influência da comunicação social e manipulação da opinião pública

Vivemos numa atualidade em que a televisão aposta muito em novelas e desenhos animados violentos.
Será isto uma boa influência? Vejamos: as novelas retratam a vida do público ou tentam criar uma imagem
do dia-a-dia de cada indivíduo, mas se analisarmos bem, quantos divórcios ocorrem em cada novela?
Quantas crianças faltam às aulas? Quantas
desobedecem aos pais? Quantas fazem
asneiras? No meu ponto de vista as pessoas
por vezes esquecem-se que aquilo é ficção e
que a vida é a realidade. Algumas ficam
preocupadas com o que aconteceu na novela e
esquecem-se dos problemas do dia-a-dia.
Outras seguem a novela como exemplo e não
se preocupam se desrespeitam os pais, os
educadores e outros indivíduos.
Imagem disponível em: http://thoth3126.com.br/midia-dos-eua-as-6-
Isto é considerado normal, pelo menos na corporacoes-que-controlam-a-informacao/
novela. A título de exemplo, num artigo que
abordava a questão da falta de civismo visível desde os mais novos, podia ler-se que uma criança por volta
dos 13 anos colocou uma câmara de filmar nos balneários femininos, tendo essa ideia sido retirada de uma
novela que é transmitida no horário nobre da televisão.
Por outro lado, a televisão tem um efeito preponderante na educação, como é o caso dos
documentários, debates, etc., que desenvolvem uma cultura melhor, uma melhor argumentação, um
aprofundamento de novas linguagens e uma visão do mundo que não está ao alcance de todos os indiví-
duos, podendo contribuir para mudanças de atitude e de respeito pela diversidade.
A publicidade em ajudas humanitárias também tem uma grande importância, porque mostra às pessoas
os problemas a que a humanidade está sujeita. (...) A televisão é muito utilizada para efeitos de marketing,
influenciando o público a comprar determinados produtos. Na altura do Natal são imensas as publicidades
feitas a todo o tipo de brinquedos, para que as crianças peçam aos seus pais aquela boneca que viram na
televisão ou aquele carro e para não falar na quantidade de propaganda feita aos telemóveis. É um
absurdo, leva a que as pessoas queiram comprar um outro topo de gama porque tem mais funcionalidades,

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ou porque é mais bonito, ou porque cabe no bolso ou até porque dá para vestir com umas calças mais
apertadas. De facto é impressionante como a televisão influencia o consumismo da população.
A opinião pública, como o próprio nome indica, é a opinião que o público tem. No entanto, cria alguma
controvérsia porque a opinião sobre um tema não é a mesma para todos os indivíduos. Essa opinião varia
consoante a sua educação ou a sua ética. A opinião é o consenso entre a observação do meio comparada
com a ética individual. Jamais existirão dois indivíduos com a mesma ética.
Acontece que uma manifestação de um grupo, quando analisada pelo governo, não englobará o todo [a
população em geral). A única forma de tornar esta manifestação numa dita opinião pública é recorrer aos
media, que é quem verdadeiramente exerce pressão e influência
no governo e na opinião pública. No entanto, alguns media
atendem a interesses dos grupos que as comandam, fazendo
prevalecer a opinião do grupo económico-politico que controla a
comunicação e passando ao povo a versão que bem quer da
opinião pública.
A televisão influencia, e muito, o consumismo da população.
Em muitos dos casos só se compra um produto porque apareceu
na televisão. Por exemplo imaginemos que estamos a comprar
um perfume e hesitamos em qual das marcas escolher; muito
provavelmente vamos comprar a marca de que mais nos falaram.
Ora o mesmo acontece no caso de estarmos numa cabina de
eleições. Se estivermos indecisos em qual dos políticos votar,
votamos no que mais ouvimos falar.
[...) Mas o que nos garante que essa informação que a TV Imagem disponível em:
http://olharsocialista.blogspot.pt/2010/08/ditadura-da-
transmite é a realidade? O politico pode muito bem ir a uma tv-nas-eleicoes.html
festa do povo, uma feira por exemplo, e chamar os media para
assim influenciar a opinião pública. É o que se vê hoje, em dia de campanha. É difícil dizer qual o politico
mais "bondoso"; eles visitam lares, escolas, etc. De certo modo é isto que o público quer, mas também é
pedida a maior das sinceridades, que por vezes não é cumprida. Apenas como exemplo e não querendo
dizer nada em concreto: "O presidente dos EUA, no dia do atentado de 11 de Setembro de 2001,
encontrava-se no meio de uma sala de aula com crianças quando o informaram que as torres gémeas
tinham sido atacadas". Pode ter sido apenas uma coincidência mas... e se não foi? (...)
O jornalismo pode ser também usado como forma de manipulação da opinião pública. O trabalho
jornalístico consiste em recolher várias informações dispersas e distribuí-las pelos meios de comunicação. O
consumidor que lê um jornal ou assiste a um noticiário não tem como verificar se essa noticia realmente
aconteceu. Ele confia no jornal ou no noticiário. Esta incapacidade de comprovação leva a que possam
ocorrer noticias irreais apenas para o aumento das audiências ou para manipulação da opinião pública. [...)

G. Martins, Influência da comunicação social na opinião pública. Trabalho realizado no âmbito da disciplina de
Ética, Comunicação e Sociedade. 2007: Escola Superior de Tecnologia de Tomar. (adaptado)

Imagens que transformam


O que quer dizer a imagem? O representa? Esta característica leva a uma interrogação essencial no
domínio do jornalismo. A imagem de informação deve representar os acontecimentos, logo deles deve ter
elementos que mostrem a situação descrita ou evocada. (...) Por outro lado, evocar um objeto ou uma si-
tuação através de uma imagem pode ser mais bem conseguido através de traços que os evoquem e não

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apenas a partir de traços "realistas". A caricatura é um bom exemplo destas imagens, pois os traços desse
tipo de desenho são sempre exagerados face às proporções ou situações reais. Já noutros domínios, como
a arte, a imagem nem sempre
representa. Algumas imagens
são expressão do artista ou
manifestam uma preocupação
de relação com quem vê,
situando-se fora da
representação. [...]
Mas as imagens têm
características para além da sua
dimensão representativa. Uma
delas é a de poderem originar

movimentos nos que com elas se Imagem disponível em: http://www.sabado.pt/mundo/europa/detalhe/menino_sirio_da_a_costa.html

relacionam.
Por isso paramos face a um stop na estrada. Se virmos uma sinalização de uma mina, como acontece em
certos locais de Angola, afastar-nos-emos, receosos, desse local. Estas imagens implicam um movimento do
nosso corpo, têm uma capacidade de transformar um estado, exigindo uma mudança de direção, por
exemplo. Assim se revela a capacidade de transformação das imagens. Há casos muito conhecidos, no
domínio social e dos media, de movimentação social por causa de imagens. Um jornalista, Jacob Riis, usou a
fotografia mostrando as condições insalubres em que viviam os imigrantes que chegavam a Nova Iorque no
fim do século XIX, tendo, com isso, influído na criação de melhores condições para os recém-chegados. Já
nos anos 90, um vídeo amador mostrou um cidadão americano, Rodney King, a ser brutalmente espancado
por polícias. O espancamento e uma primeira decisão judicial favorável a um dos polícias agitaram a
comunidade negra e incendiaram Los Angeles. O mundo discutiu os direitos humanos e a arbitrariedade
que tais imagens revelaram. Mais recentemente, atrocidades numa cadeia do Iraque foram descobertas
pela fotografia. E Timor instalou-se na consciência global a partir das imagens do massacre no cemitério de
Santa Cruz. Por maiores diferenças que existam nestes casos, há um traço comum: as imagens podem fazer
agir, provocar mudanças no que pensamos, mas também no que fazemos.

José Carlos Abrantes, in Diário de Notícias on1ine, 20-02-2006 in


http://dn.sapo.pt/Inicio/interior.aspx?contenUd=636112 [Consult. 17-03-2010] (com supressões)

Funções da imagem

Uma imagem pode ter várias funções, de entre as quais salientamos:

. função informativa - quando tem como objetivo testemunhar a realidade;


. função explicativa - se visa ilustrar um texto, por exemplo;
. função estética - se pretende apenas a satisfação e 0 prazer da beleza;
. função crítica - quando procura denunciar situações, alertar consciências; \
. função argumentativa - se pretende persuadir, convencer, influenciar comportamentos.

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Uma das atividades que pode realizar no Portefólio é selecionar algumas imagens historicamente
relevantes e proceder à sua apreciação, usando para o efeito uma ficha de leitura de cada uma das
imagens por si selecionadas (descrição/função/objetivo).

Poderá também fotografar na sua região, imagens de situações problemáticas que o preocupam ou
ilustrar uma história verídica com fotografias. Na verdade, as histórias estão em todo o lado: em cada
edifício, em cada momento, em cada rosto... só há que descobri-las.
Uma vez organizadas as fotografias, ou em paralelo, crie u texto, explicando as opções realizadas e
procedendo da seguinte fora:
- Exponha a temática abordada, justificando a sua
escolha;
- Reflita sobre as implicações da escolha efetuada;
- Apresente as pessoas/situações fotografias;
- Descreva o modo como escolheu as imagens e
indique o local onde o fez.

Leitura de imagens

As imagens podem ser “lidas”. Ler uma imagem é Imagem disponível em: http://bomdia.eu/acores-discutem-
acolhimento-a-refugiados/
observar e produzir pensamentos novos a partir dela e
sobre ela, mais concretamente é observá-la e analisá-la
nos aspetos visual, auditivo, tátil, sensorial e de outros sentidos, visando descrevê-la, comentá-la,
realizar uma crítica.
Cada pessoa lê a imagem, tal como lê um livro ou vê um filme: à sua maneira, de forma singular. Uma
ficha de leitura da imagem deve ter as seguintes etapas:
Começa-se por observar atentamente a imagem. De seguida passa-se à descrição: elementos que a
compõem (humanos, naturais...); modo como os elementos estão organizados (enquadramento da figuras
– planos, fundo paisagístico, de cor clara ou escura...); sensações suscitadas? (visuais-cores, luz; olfativas;
auditivas...; características dominantes (autenticidade, artificialidade ...); aspetos a valorizar.
De seguida procura-se responder às seguintes questões: quem a produziu, qual a função da imagem
(informativa, crítica ou argumentativa)? Quais os objetivos que levaram o autor a realizá-la?

Publicidade

Publicidade é comunicação feita através dos media que pretende informar e


persuadir. A publicidade utiliza os seguintes media: imprensa, televisão, cinema,
rádio, cartazes, etc. A publicidade é (...) um elemento fulcral na promoção de
produtos ou serviços junto dos consumidores e desempenha um papel muito
importante na aproximação dos produtos ao consumidor, estabelecendo entre
estes eles relações de benefício mútuo. Através da insistência e da repetição, faz
com que estas relações perdurem.
A publicidade profissional não é feita ao acaso. São necessárias diferentes
mensagens e aproximações, durante as várias fases da relação entre o produto e

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o consumidor. Estas fases incluem a tomada de consciência, o conhecimento, o gosto, a preferência, a
convicção e a compra e resumem-se na mnemónica AIDA, Atenção, Interesse, Desejo e Ação."
AIDMA é uma sigla que sintetiza os elementos através dos quais a publicidade atua para cativar o
recetor. Assim, fá-Io chamando a Atenção do público destinatário, despertando o Interesse pelo que é
publicitado e desencadeando o Desejo de o ter; recorre a estratégias, como slogan, rima e associações
várias como prazer, prestígio..., com vista à Memorização da mensagem publicitada, desencadeando
finalmente a Ação que consiste em adquirir o produto.

Caetano Alves e Sílvia Bandeira, in Dicionário de Marketing, IPAM, 3," ed" Porto, 2005 (adaptado e com supressões)

Funções da publicidade

O texto publicitário é um texto que procura fazer sonhar, dando ao produto um interesse antes
inexistente. Numa primeira fase, tenta seduzir para, depois, persuadir à ação. Influência através da
informação sobre um bem ou serviço e desencadeia o consumo, dando a conhecer e estimulando o
interesse. A linguagem utilizada é polissémica, de leitura plural, "ambígua", conotativa e não referencial.

J. Esteves Rei, Curso de Redação 11 - O Texto, Porto Editora, 1995

Estrutura do anúncio

A estrutura tradicional de um anúncio comporta vários elementos: o título é normalmente a frase que
em letras mais destacadas acompanha a ilustração; esta última é, por sua
vez, "encerrada" pela linha de assinatura que inclui o nome do produto e
que se posiciona, habitualmente, junto do logótipo e do slogan, a frase-
emblema que define o produto ou marca. Muitos anúncios incluem ainda o
texto de argumentação que é, como facilmente se conclui, aquela parcela
de texto de maior dimensão, onde se concentram os argumentos
específicos de venda. Nem todos os anúncios obedecem a uma estrutura
clássica, com a presença de todos os elementos referidos; alguns deles,
como sabemos, limitam-se a exibir a ilustração e a linha de assinatura.
[...] enquanto o título é uma componente mais variável, mudando de
campanha para campanha, o slogan é normalmente uma entidade mais
estável, identificando a marca ao longo de várias campanhas, e mantendo-
se imutável com a mudança do título e da própria ilustração (...).

Alexandra Guedes Pinto, Publicidade: Um Discurso de Sedução, Porto Editora

Tipos de publicidade

A publicidade é pois o ato de divulgar um produto ou ideias com o objetivo de persuadir o destinatário a
adquiri-lo – publicidade comercial – ou com o intuito de modificar um comportamento de que resultem
benefícios para o individuo e /ou sociedade – publicidade institucional.

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Publicidade comercial

Anúncios geralmente de pequeno formato e, no caso da imprensa escrita, em secção própria do jornal ou
revista, com ofertas e pedidos de emprego, compra, venda ou aluguer de imóveis, compra e venda de
produtos em segunda mão, etc. (estes anúncios recebem o nome de
classificados);
 anúncios a espetáculos;

 anúncios especializados em vendas de cosméticos, moda,

automóveis, produtos para a casa, viagens, etc.;


 anúncios de economia e finanças em secções especializadas

(produtos financeiros e bancários, grandes empresas, etc.).

Publicidade não comercial

 anúncios oficiais ou institucionais (de organismos públicos


da administração central ou local);
 anúncios para promoção de campanhas que visam
modificar determinados comportamentos de que resulte
benefício para o indivíduo e/ou para a sociedade
(campanhas de prevenção de acidentes rodoviários, de
incêndios, de prevenção de determinadas doenças, etc.).

Suportes da publicidade

Um dos meios mais usados na publicidade é o cartaz publicitário. É normalmente, constituído pelos
seguintes elementos: slogan, logótipo, título e texto de argumentação. Outro é o vídeo publicitário.
Quando vemos um vídeo publicitário, temos que considerar fatores como o argumento (o texto que integra
a descrição da ação do vídeo, os diálogos e indicações cénicas), as personagens, o cenário (local onde se
desenrola a ação) e a banda sonora.

Diferença entre a Publicidade na Televisão, na Rádio e na Imprensa

A) Publicidade em Televisão – A televisão é tida como o veículo mais poderoso de publicidade e atinge
um amplo leque de consumidores. Do ponto de vista da construção
da marca, a publicidade feita em TV tem duas vantagens
particularmente importantes. Em primeiro lugar, pode ser um meio
eficaz para demonstrar vigorosamente as características do produto
e para explicar de uma maneira persuasiva os seus benefícios para o
consumidor. Em segundo, a publicidade televisiva pode ser um meio
convincente que representa o imaginário da utilização e do
utilizador, a personalidade da marca e outros fatores intangíveis.
A publicidade em televisão, também possui as suas
desvantagens. Devido à natureza veloz da mensagens e aos
elementos criativos muito presentes em anúncios de televisão, que
muitas vezes provocam distração, as mensagens relacionadas com o produto e com a própria marca podem
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ser ignoradas. Além disso, um número excessivo de anúncios inseridos na programação televisiva cria uma
saturação que acaba por fazer com que os consumidores facilmente os ignorem ou se esqueçam deles.
Outra grande desvantagem é o alto custo de produção e difusão.

B) Publicidade na imprensa – Os jornais e as revistas possuem ritmo próprio, as revistas e os jornais


podem oferecer um grande número de
informações detalhadas sobre o produto e ainda
comunicar com eficácia o imaginário da utilização
e do utilizador. Contudo, a natureza estática das
fotos na imprensa dificulta a apresentação e a
demonstração dinâmica, que é tão importante
hoje em dia, porque valorizamos cada vez mais o
vídeo, o som e as cores.
No entanto, os principais elementos deste
meio de comunicação (imprensa) são, por ordem Imagem disponível em: http://mglcom.com.br/blog/anuncio-para-a-loja-
enrico-ferri
de importância, a fotografia, o título e o texto. A
fotografia deve ser forte o suficiente para chamar a atenção; o título deve reforçá-la e fazer com que a
pessoa leia o texto; o texto em si precisa de ser envolvente e o nome da marca deve estar suficientemente
sobressaído.

C) Publicidade na rádio – A rádio é um veículo penetrante. Hoje em dia, quase toda a população maior
de idade tem um carro, assim, estes ouvem rádio
de manhã à noite, mesmo que de manhã seja mais
eficaz.
Talvez a maior vantagem deste meio seja a
flexibilidade: as estações têm públicos bem
definidos, a publicidade neste meio é
relativamente barata de criar e divulgar, e
finalizações rápidas possibilitam respostas rápidas.
Também permite que o anunciante consiga
alcançar um equilíbrio entre cobertura ampla e
local.
As desvantagens óbvias da rádio são a falta de

imagens e, consequentemente, a natureza passiva


Imagem disponível em: http://danielcatalao.blogs.sapo.pt/11106.html

do processamento pelos ouvintes. Mas os anúncios


da rádio podem ser extremamente criativos; alguns transformam a falta de imagens num benefício, pois
utilizam músicas, sons e outros elementos criativos para aguçar a imaginação dos ouvintes e, assim, criar
imagens relevantes e agradáveis.

Francisca Castro Lopes Carolino (2009) à in http://publicidadeonlinecmd.blogspot.pt/2009/12/publicidade-em-


televisao-televisao-e.html

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