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MÁQUINAS
Introdução
Manutenção preditiva de máquinas e equipamentos vem encontrando aceitação crescente na
indústria. A economia resultante dessa prática de manutenção se torna tanto mais significativa
quanto maior é o valor unitário da máquina ou as perdas decorrentes de interrupções de
produção devidas a paradas para manutenção e reparos. Manutenção preditiva consiste
basicamente em monitorar parâmetros que caracterizem a condição de operação da máquina
de forma a poder detectar, prever a época da provável ocorrência, e se possível, diagnosticar
o tipo de falha para que se possa planejar a operação de manutenção na ocasião e na forma
mais conveniente. O parâmetro que melhor caracteriza a condição de operação varia de acordo
com o equipamento em questão. Em equipamentos elétricos por exemplo é prática comum
que sejam monitoradas descargas parciais e que seja feita periodicamente análise
cromatográfica de óleos isolantes. Indústrias com grande diversidade de equipamentos, tais
como usinas siderúrgicas, empregam com maior ou menor freqüência diversas técnicas de
monitoração, porem, nessas usinas, a monitoração de vibrações é sempre a técnica mais
empregada. A vantagem da monitoração de vibração para diagnóstico de defeitos reside na
riqueza de informações que podem ser extraídas da análise de vibrações de máquinas
rotativas, que constituem a grande maioria do parque de máquinas das indústrias. Na
manutenção preditiva via monitoração da vibração a condição de operação da máquina é
avaliada contínua ou periodicamente. A época de revisão da máquina é determinada quando se
prevê que níveis inaceitáveis de vibração serão atingidos. O planejamento da parada para
manutenção pode ser feito por análise de tendência do processo de deterioração da máquina.
Em geral, a identificação do componente em processo de deterioração requer análise mais
detalhada que o simples acompanhamento do nível global de vibração. Um exemplo típico é a
observação do aumento progressivo de um determinado pico do espectro em freqüência da
vibração, que traz informação não apenas quanto ao agravamento do defeito mas também
quanto à identificação do componente deteriorado.
Quadro Geral de Manutenção Preditiva
A figura 1 apresenta uma visão acadêmica do quadro geral de manutenção preditiva com
ênfase na medição de vibrações. Conforme mostrado na figura, uma fonte de vibração na
máquina dá origem a uma perturbação que propaga pela estrutura da máquina até o ponto de
detecção. Sensores detectam a perturbação sob forma de sinal elétrico que é coletado e
armazenado. Técnicas de análise, processamento e apresentação do sinal fornecem subsidio
para diagnóstico do defeito diagnóstico do defeito por análise direta, ou com o auxilio de
sistema especialista, junto com a análise de tendência e comparação com valores admissíveis,
fornece subsídios para que uma decisão possa ser tomada quanto à continuidade de operação
ou ao planejamento de uma jornada de manutenção da máquina. A seguir será abordada cada
etapa do processo de manutenção preditiva conforme mostrado sucintamente na figura 1.
Fontes de Características
Vibração da Vibração da
Fonte
Identificação do Caminho
O quadro geral da figura 1 fornece uma visão geral do processo de manutenção preditiva por
monitoração de vibrações em máquinas, seguindo a cronologia do processo que vai desde a
geração da vibração por um defeito em um elemento da máquina até o diagnóstico e a decisão
quanto à parada para reparo ou à continuação da operação da máquina. O conhecimento da
máquina em seus detalhes internos nos permite lançar mão do conhecimento acumulado a
respeito das características das vibrações associadas a defeitos específicos em elementos
orgânicos da máquina rotativa, tais como desbalanceamento, empenamento de árvore, defeitos
em rolamentos, etc. Portanto, o conhecimento acumulado a respeito das máquinas por parte do
engenheiro ou técnico de operação e manutenção da planta torna fundamental a participação
destes no processo de implantação de um programa bem sucedido de manutenção preditiva
por monitoração de vibrações. Voltando ao quadro da fig.1, vemos que a perturbação
mecânica originada no defeito se propaga pela estrutura da máquina como uma onda de
deformação até o ponto onde está o detetor da vibração. A conseqüência disso é que o sinal
gerado na fonte de vibração é alterado ao se propagar pela estrutura da máquina, devido às
reflexões a que esta sujeito, devido ao fenômeno de dispersão segundo o qual os vários
componentes harmônicos do sinal possuem diferentes velocidades de propagação e devido ao
efeito de filtragem seletiva que a estrutura da máquina exerce no sinal, conforme um filtro
mecânico cujos pólos são suas freqüências naturais de vibração. Tanto quanto possível é
conveniente colocar o detector suficientemente próximo à fonte de vibração para evitar esses
efeitos de propagação, alem das interferências de sinais provenientes de outras fontes. A
escolha do tipo de detector vai depender das características da grandeza a medir, seja
deslocamento, velocidade , aceleração, ou deformação específica, valores relativos ou
absolutos e faixa de freqüência do sinal da vibração. Uma vez captado o sinal, o grau de
sofisticação do processamento deste vai depender da necessidade de um diagnóstico preciso
do defeito, face à importância da máquina monitorada em termos de seu valor intrínseco ou do
custo da perda de produção devida à parada, em comparação com o custo da instrumentação
de tratamento do sinal. O tipo de tratamento para análise e apresentação do sinal vai depender
também das peculiaridades da vibração associada ao defeito que se deseja diagnosticar. O
diagnóstico do defeito pode ser feito pela observação do sinal tratado e apresentado
convenientemente, mediante comparação com tabelas de características das vibrações
associadas defeitos comuns em máquinas. Parques industriais de grande porte com grande
quantidade de máquinas monitoradas podem justificar a utilização de sistema computacional
especialista que diagnostique automaticamente defeitos comuns. O sistema especialista
também pode ser usado para fornecer uma lista reduzida de defeitos prováveis associados à
vibração medida, reduzindo assim o numero de opções, e consequentemente o tempo para
realizar o diagnostico do defeito.
A seguir serão abordadas as etapas da manutenção preditiva por análise de vibrações. A
seqüência seguida não será a cronologia do sinal mostrada na fig.1.
Detecção da Vibração
Sensores de vibração usualmente usados em monitoração de máquinas podem ser
classificados em sensores relativos e sensores absolutos. Sensores relativos fornecem um sinal
elétrico proporcional à vibração relativa entre duas partes da máquina. Um exemplo é o
medidor de deslocamento radial entre uma árvore rotativa e a parte estacionária de seu
mancal. Sensores absolutos fornecem um sinal elétrico relacionado com a vibração do local da
máquina onde o sensor está instalado em relação a um referencial inercial. Um exemplo de
sensor absoluto é o acelerômetro piezoeléctrico usado na monitoração de mancais de
rolamento.
Fontes de Vibração
Fase Estacionária
Transitória
O valor médio quadrático do sinal x 2 é a área sob a curva da densidade espectral de potência.
Na prática, analisadores de freqüência fornecem a densidade espectral de potência
experimental definida apenas para freqüências positivas Gx ( f ) , obtida a partir da
transformada de Fourier do sinal pela relação
Gx ( f ) = 2 X ( f )2 .
Assim,
∫
∞
x2 = 0
Gx ( f ) df .
Considerando que as medições experimentais são realizadas em faixas limitadas de
freqüência, dois valores r.m.s. serão comparáveis somente se forem medidos dentro de uma
mesma faixa de freqüência.
A seguir faremos alguns comentários a repeito das várias tecnicas de apresentação do sina l
abordadas na figura 6.
Nivel grobal r.m.s. de vibração tem a vantagem de ser caracterizado por um número único,
sendo portanto conveniente para acompanhamento de tendência. Entretanto nível global não
fornece informação suficiente para diagnóstico do defeito correspondente. Alem disso, o nível
global é insensível a sinais temporais com picos espaçados e de curta duração que ocorrem,
por exemplo, na deterioração incipiente de mancais de rolamentos. Tais picos são importantes
para a detecção do defeito mas não têm energia suficiente para alterar o valor do níver global
do sinal.
A comparação dos valores dos níveis dos sinais de deslocamento, velocidade e aceleração de
uma mesma vibração nos fornece alguma informação adicional a respeito do conteúdo em
freqüência do sinal. Uma vez que o nível global de deslocamento enfatiza o conteudo em
baixa freqüência e o nível global de aceleração enfatiza o conteudo de alta freqüência da
vibração, a comparação dos níveis de deslocamento, velocidade e aceleração fornece uma
unformação adicional embora grosseira da distribuição em freqüência da vibração que pode
ser util para diagnóstico.
O primeiro passo para annálise detalhada do sinal, visando diagnóstico, é a obseravação do
sinal temporal na tela de um osciloscópio. Dessa observação pode-se identificar ressonâncias,
defeitos de origem elétrica e outros. Além da visualisação do sinal temporal na tela de um
osciloscópio, a técnica de análise do sinal de aplicação mais difundida em monitoração de
máquinas é a visualisação do movimento orbital da árvore de máquinas rotativas dentro de
mancais de deslisamento. Para isso, a trajetória radial da árvore em relação ao mancal é
monitorada por pares de sensores de deslocamento sem contato fixados na parte não rotativa
dos mancais e dispostos a 90°. A observação das órbitas permite detectar a folga entre árvore
e mancal durante a operação da máquina rotativa assim como a ocorrência de roçamento no
mancal. Turbogeradores de grande porte e recentemente algus hidrogeradores são fornecidos
pelo fabricante com estes sensores de deslocamento relativo instalados nos mancais
principais. A investigação do comportamento dinâmico da máquina rotativa envolve em geral
a observação do movimento orbital e a análise freqüêncial do sinal dos sensores se
deslocamento junto com a modelagem dinâmica do rotor. A comparação dos resultados das
medições experimentais com aqueles da modelagem nem sempre é trivial. O problema está no
fato de o modelo ser referido a um referencial inercial, ou absoluto, enquanto as medições
experimentais são feitas com sensores de deslocamento relativo à parte não rotativa dos
mancais. A comparação direta dos resultados do modelo e das medições pressupõe que não
ocorre movimento ou vibração da estrutura suporte dos mancais, o que freqüentemente não é
o caso. A modelagem de rotores apresenta dificuldades adicionais em relação à modelagem de
estruturas não girantes. Uma delas é a inclusão do efeito giroscópico, importante na dinâmica
de rotores e inexistente em estruturas não rotativas. Mancais de deslizamento apresentam
características não lineares que devem ser incluidas no modelo quando for necessario explicar
alguns comportamentos peculiares de rotores suportados nestes mancais. A figura 7 apresenta
um sistema de coordenadas comumente usado na caracterização da posição de um elemento
de árvore girante. Da figura vê-se que quatro coordenadas são necessárias a essa
caracterização: as componentes u ,w do vetor deslocamento transversal do eixo da árvore e as
rotações θ , ψ do eixo de simetria do elemento de árvore em relação à posição de repouso. A
órbita da árvore é a evolução no tempo do vetor BS da figura 9 cujas componentes u ,w são
fornecidas pelos sensores de proximidade. As coordendas θ e ψ entretanto são dificeis de
serem medidas, o que dificulta a comparação de experimento e modelo, embora as
coordenadas de rotação do eixo da árvore sejam importantes na consideração dos efeitos
giroscópicos. Alguns destes problemas são objeto de pesquisa em curso do grupo de acústica e
vibrações do PEM da COPPE, em colaboração com o CEPEL-Centro de Pesquisas de Energia
Elétrica. Recente tese de doutorado no PEM da COPPE aborda esse assunto de modelagem do
conjunto rotor e estrutura não-girante suporte dos mancais, lançando mão de tecnicas recentes
de subestruturação.
Os referenciais e coodernadas necessárias para caracterizar o movimento orbital de um
elemento de árvore, usados na figura 7, são esclarecidos abaixo.
X Y Z : eixos do elemento em repouso
X Y Z : sistema paralelo a X Y Z com origem no centro de massa do elemento deslocado
deste (u,0,w).
y 1 : eixo de simetria do elemento
Ω : “rotação da árvore” - velocidade angular em torrno do eixo de simetria
x 1 , z 1 : plano diametral do elemento
ψ : deslocamento angular em torno de Z
θ : deslocamento angular em torrno de x 1
x 1 , y 1 , z 1 : referencial de Euler
x, y, z! : referencial ligado ao elemento de árvore
! !
ω1 = θ" + ϕ!" : velocidade angular do referencial de Euler
! !
ω = ω1 + Ω : velocidade angular do elemento de árvore
{u, w,θ , ϕ }T : vetor posição do elemento de árvore
{u , w}T : vetor deslocamento orbital medido usualmente
Fig. 7 - Referenciais e coordenadas do elemento de árvore rotativa.
Diagnóstico
Uma vez captado o sinal da vibração resta a operação de diagnóstico. Fazendo referência ao
quadro da figura 1, a operação de diagnóstico pode ter como objetivo identificar a fonte da
vibração ou identificar o caminho. Um exemplo típico de identificção do caminho consiste em
operar uma unidade hidrugeradora faixa de instabilidade hidráulica. Nestas condições a
unidade fica sujeita a uma excitação de espectro amplo permitindo identificar no espectro da
vibração resultante ressonâncias e parâmetros estruturais que não seriam excitados na
operação normal. O outro problema de identificação da fonte quando o sensor de vibração não
pode ser localizado suficientemente próximo da fonte e o sinal é recebido distorcido devido a
reverberação e dispersão ao propagar pela estrutura da máquina. A figura 12 apresenta uma
visão geral do problema de propagação do sinal pela estrutura.
reverberação
dispersão
Identificção Identificação
da Fonte do Caminho
Ajuste
crculo
Fig. 12 - Propagação pela estrutura
F{x} Ibrahim
time domain
FRF H(ω)
função resposta F −1 { X }
em freqüência
Identif. model
modal dom.
freqüência Polireference
Identif. model
modal dominio
tempo
Identificação Direta
parâmetros modelo
dominio freqüência
Identificação Direta parâmetros modelo
dominio tempo
MODELO MODAL
MODELO FISICO
Fig. - 13 Identificação e ajustagem do modelo
Politica e Estrategia
A politica a ser adotada em manutenção preditiva por monitoração de vibraçòes depende do
parque de máquinas da planta. A dificuldade reside sempre em estabelecer valores admissiveis
de vibraçào para cada tipo de máquina. Valores de normas são aplicaveis a máquinas comuns.
Valores para máquinas produzidas em pequenas séries ou individualmente, se não forem
fornecidos pelo fabricante devem ser estabelecidos a partir da experiencia adquirida na
operaçào destas ou por análise de tendência da vibração medida ao longo do tempo. Em se
tratando de equipamento de grande porte ou de características não convencionais, a
modelagem dinâmica pode se tornar indispensável para a interpretação dos sinais da vibração
medida. Assim, existem duas filosofias básicas para o desenvolvimento de sitemas
especialistas em manutenção preditiva: I- sistemas por analise de tendência e comparação com
valores admissiveis, cujo esquema é mostrado na figura 14; II- sistemas baseados em
modelagem, cujo esquema é mostrado nas figuras 15 e16.
Comp. Comp.
Relativa Absoluta
Tendência
Diagnóstico
provável
Especialista
Diagnóstico
↓ ↓
Resultados Resultados
Medições Teóricos
→ ←
↓
≤ε >ε
Comparação
↓ ↓
Modifica-se
Variaveis do
Modelo
Modelo
Matemático
Aferido
Comparações periodicas
entre medições:
Análise de Tendências
↑
↓ ↓
N
OK ← Variação
Detectada
≥η
Nova
S Medição
↓ → ↑
→ N ≤ε
Análise de Sinais: é Conclusivo Comparação OK
Dominio tempo
Dominio freqüência S
↓ ↓
Modif. Modelo
Ativa Manut. :
Diagnostico
↓
Decisão :
Observa / Para
↓
F
Fig. 16 - Diagnostico associado à modelagem. 2 a Etapa: Análise / Diagnostico.