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a minha assumida dificuldade em pensar em uma introdução digna do meu afeto por Nova York.
Depois de morar pouco mais de um terço da vida em Manhattan, afirmo com segurança que a
cidade já vivia em mim, muito antes de eu viver nela. Cresci encantado com filmes como Taxi Dri-
ver, De olhos bem fechados e Psicopata americano; ouvindo “Englishman in NY”, do Sting, “New
York, New York”, de Sinatra, e, é claro, o clássico de Billy Joel, “NY state of mind”. Já era fissurado
pela arquitetura do Empire State, do Chrysler Building e da ponte do Brooklyn. Além disso, desde
moleque tinha interesse por tudo que dizia respeito à cidade em livros, revistas e noticiários. Acre-
dito que eu não tenha sido o único, afinal de contas, não há canto no mundo que esteja imune ao
fascínio que Nova York desperta.
Vinte e sete de dezembro de 1995 foi o dia em que coloquei os pés pela primeira vez em
Manhattan. Cheguei de trem, vindo de Lynchburg, Virgínia – onde fazia um curso de intercâmbio
–, a convite dos meus avós. Por incrível que pareça, mal havia saído da Penn Station (a estação fer-
roviária) e já tinha me identificado com o ritmo do local: lojas icônicas, camelôs insistentes, táxis
amarelos, cartões de metrô espalhados pelo chão, arranha-céus, o cheiro das barracas de comida de
rua; de um lado, uma performance de break-dance; do outro, policiais colocando ordem na bagunça,
a fumaça que sempre sai dos bueiros, ambulâncias histéricas e a nítida sensação de que todo mun-
do está permanentemente com pressa.
A energia que pulsa nas veias dessa cidade não é algo explicável; é um fenômeno para ser
sentido, não analisado. Pare em qualquer esquina e observe a diversidade singular de raças, reli-
giões, estilos, crenças, línguas, cores e comportamentos. Note como tudo e todos coabitam harmo-
niosamente: negro com branco, gay com hétero, bonito com feio, muçulmano com cristão, brega
com chique, pobre com rico, e os paradoxos continuam. De algum jeito, em NY as contradições não
afastam as pessoas, pelo contrário, fazem com que elas se complementem. A singularidade não
é escondida, mas celebrada. Discriminação por essas bandas é inaceitável e preconceito é mico.
Apesar da fama de que a grosseria e a individualidade reinam na rotina da Big Apple, posso
garantir que, de modo geral, o atendimento aqui é mais correto, a primavera é mais florida, a bu-
zina é mais barulhenta, o Martini é mais gelado, o jazz é mais malandro, o outono é mais laranja,
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a variedade é mais eclética, a competição é mais acirrada, a expectativa é mais alta, e as chances de
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um New Yorker querer abandonar todos esses defeitos e qualidades são cada vez menores.
Quando finalmente fiz as malas e me mudei para um cubículo de 30 metros quadrados no West
Village, me deparei com uma série de desafios que não estavam nos planos. Trabalhei como barten-
der, carregador de gelo, promoter de boate, garçom de restaurante, até que consegui uma oportunida-
de apresentando um pequeno programa em um website sobre a noite da “cidade que nunca dorme”.
Desde então, foram mais de seis anos explorando NY para a NBC, quatro cavucando cada esquina
para o Manhattan Connection e aos poucos posso dizer que examinei essa metrópole de cabo a rabo,
de cima a baixo, e hoje me sinto à vontade para dividir um pouco do que me fez amá-la tanto.
Digo um pouco porque lugar nenhum no mundo se recicla com tamanha rapidez. O que
hoje é bacana, amanhã já ficou cafona; o bar exclusivo pode ter virado um escritório de advocacia;
a igreja da 6th Avenue deu lugar a uma boate de hip-hop e sua antiga loja predileta se transformou
em um estúdio de dança do ventre. O combustível é a evolução constante. Os moradores dessa ilha
são movidos a surpresas, a novidades, ao inesperado. A princípio, pode parecer um tanto ou q
uanto
assustador, afinal faz parte da natureza humana fugir do desconhecido, mas aqui esse é um exercí-
cio inevitável. São mais de 8 milhões de pessoas, 852 museus e galerias, quase 20 mil restaurantes
e entretenimento por toda parte. Por isso algumas dicas que dou aqui têm, sim, data de validade.
No entanto isso deve servir como motivação para que você venha inúmeras vezes à capital do mun-
do, um lugar que nunca vai ficar velho ou tedioso, onde você sempre vai encontrar algo nunca antes
visto ou admirado.
Tudo bem, não são só flores. Há meses frios demais, ruas abarrotadas, apartamentos minús-
culos, aluguéis caríssimos, trânsito estressante, consumismo exacerbado, comida caseira é uma
raridade e o Central Park nunca vai substituir Ipanema, mas o fato é que, assim como nas grandes
histórias de amor, uma vez que Nova York te conquista, fica difícil seguir em frente sem olhar para
trás. Venha, aproveite, explore, coma bem, dance até tarde, ande na chuva, descubra novos sabores,
paquere no metrô, caminhe sem destino, aprecie arte de primeira, usufrua da segurança que hoje
a cidade oferece, apaixone-se – uma, duas, três vezes – e tenha a convicção de que, de certa forma,
ser um New Yorker não tem absolutamente nada a ver com o lugar onde você nasceu, mas sim onde
se sente em casa.
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MUNDO
Uma das vantagens de ir a NY é o fato de você encontrar uma verdadeira salada de culturas
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em um só lugar. Volta e meia, batendo perna no ponto mais turístico ou residencial da cidade, você
parece ter sido teletransportado para outro país: de repente os Starbucks dão lugar aos noodle
shops, os McDonald’s viram casas de dosas, utapans e falafels e o Pizza Hut que você procurava
transformou-se numa churrascaria coreana. O fato é que, como NY sempre acolheu as mais diver-
sas etnias, hoje todas as raças coabitam na maior paz.
Em Nova York, acredite ou não, fala-se mais de 800 línguas – do Mamuju da Indonésia à
Garifna da América Central. Esse assunto por si só já daria um livro inteiro. A cidade é receptiva
a todos, sem exceção. Além disso, é um ímã para gente interessada, curiosa e disposta a celebrar
as diferenças. Geralmente quem vem para cá está disposto a experimentar, não no estilo careta da
volta ao mundo do Epcot Center, onde tudo tem cheiro de chiclete, mas sim de um jeito autêntico,
e, convenhamos, infinitamente mais encantador.
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anos de namoro. O objetivo era impressionar a futura esposa de ascen
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dência oriental (mas que nunca havia pisado na Ásia) com uma refeição
autêntica. Como ele queria companhia, lá fui eu dar uma força.
Depois de nos perdermos algumas vezes – quem tem boca vai a Ro
ma, mas nem sempre consegue chegar a uma birosca chinesa –, demos de
cara com a tal lojinha típica nos cafundós de Chinatown.
Chegando lá, ele comprou um livro de culinária (que mais tarde
traduziu com ajuda da internet) e pediu as sugestões do vendedor, que
até hoje estou convencido ser o Senhor Miyagi do Karate Kid. Meu ami
go garimpou ingredientes dificílimos de encontrar em terras ocidentais,
e ainda desencavou um licor digestivo de flores do Camboja, que no Rio
Grande do Norte seria conhecido como “levanta-defunto”. Como se tudo
isso não bastasse, também levou do estabelecimento uma intoxicação tão
forte que até hoje ele e a namorada não podem sentir o cheiro de um yaki
soba. Ou seja, não recomendo grandes aventuras.
Há ótimas opções para quem curte pato laqueado e dim sum (pouco conhecido no Brasil,
trata-se de um prato típico da culinária chinesa, uma espécie de bolinho embrulhado numa massa,
como um pequeno pastel em versão frita ou cozida no vapor), sendo que a melhor é o Dim Sum Go
Go, da francesa Colette Rossant. Depois de procurar o melhor dim sum da China, a restauratrice
foi pessoalmente a Hong Kong, de onde importou o chef Guy Lieu. Não pense que o lugar é sofisti-
cado, mas que a comida é boa, isso é. Prova disso é que eles produzem todos os dim sums servidos
no très chic Mandarin Oriental – um dos hotéis mais nobres de Manhattan. A única diferença,
naturalmente, é o preço.
Quando me deparo com essas vendas chinesas, confesso que questiono a origem dos recheios
dos dumplings (pastéis orientais). Boa parte de quem trabalha nessa área não sabe nem falar “Big
Mac” e, quando o sabor da trouxinha é questionado, responde com um barulho foneticamente in-
compreensível e vira a cara. Ou seja, você enfia o dumpling na boca sem saber se está comendo
salmão defumado ou carne de pombo.
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Pearl River, que apesar de estar localizada no SoHo oferece o que há de
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O Tamarind e o Junoon também são deliciosos, mas não dão a sensação de estar em Nova
Déli, e sim num restaurante grã-fino no coração de Manhattan. Não sei quanto a você, mas eu pre-
firo meu cordeiro kabab com garfo e faca, sentado numa cadeira confortável.
O Hampton Chutney, no SoHo, também é simpático – não para um jantar, mas sim para um
lanche ou almoço informal. Eles servem ótimas dosas – um crepe criado no sul da Índia e muito
popular no Sri Lanka e na Malásia. Os chás gelados, com sabores estranhíssimos, também são inte-
ressantes. O meu predileto é o de cardamomo. Eu avisei que era estranho!
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l i t t l e b r a z i l A Little Brazil teve seu momento, mas hoje, além do consu-
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lado, pouca coisa funciona por lá. Você encontra muitos brasileiros trabalhando nos restaurantes,
lojas e agências de turismo. Já frequentadores, nem tanto. A área está mais para o que chamamos
tourist trap, ou seja, uma cilada turística. Além disso, com o passar dos anos, várias lojas de joias –
e trambiques – se instalaram na “nossa” 46th Street, de modo que, hoje em dia, ali só vale comprar
arroz, feijão ou biquíni.
Há grandes comunidades brasileiras em Astoria e em Nova Jersey. Nesses dois lugares, sim,
você acha pão de queijo, chocolate Bis, requeijão Itambé e suco de caju Maguari. Em Manhattan,
a cafeteria mais brasileira pertence a um argentino – ironias da vida – e chama-se O Café.
No West Village tem o Casa, cujas donas são duas irmãs paulistas adoráveis, e o Berimbau,
onde o cozinheiro, Carlinhos, arrebenta no estrogonofe de frango.
Já no Brooklyn, o Miss Favela, que fica embaixo da ponte, anima a vizinhança aos domingos,
oferecendo carne-seca com macaxeira, caldinho de feijão, além de pagode e forró ao vivo. Em Asto-
ria, o melhor é, sem sombra de dúvida, o Malagueta.
O Brasilina, no Hell’s Kitchen, traz uma proposta diferente e bem executada. Silvanei Sil-
veira encarregou sua filha, Mariana Bull, de tomar conta do cardápio, e seu filho, Daniel Bull, de
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supervisionar as bebidas, elaboradíssimas por sinal. Mariana estudou culinária holística e francesa,
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mas desde pequena foi fascinada pelos pratos que a avó, cujo nome é Brasilina, preparava. Dessa
mistura nasceu o restaurante, que serve as melhores coxinhas dos Estados Unidos – e onde a mo-
quequinha também não decepciona.
Para dançar os nossos ritmos, recomendo o SOB’s (Sounds of Brazil) aos sábados ou o Nu Blu
às quartas. Ambos oferecem música ao vivo e o segundo conta com os talentosíssimos membros da
banda Forró in The Dark, que hoje tocam com gente do calibre de David Byrne, Sting e Bret Dennen.
Como o estabelecimento é pequeno e a festa, lotada, chegue cedo e deixe seu amigo claustrofóbico
em casa, onde eu também vou estar.
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(Daniel Boulud Grill & Bar). Nos anos 1970, essa rua era ponto de encontro de bandas, como Ramo-
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nes, Blondie e Talking Heads. Agora, exatamente o mesmo espaço onde eles se apresentavam virou
uma filial transadíssima da loja John Varvatos, e logo ao lado o restaurante foi aberto.
De todos os seus restaurantes, o Daniel, segundo o próprio, está no topo da pirâmide, com
três estrelas Michelin. Além da comida ser uma maravilha, o espaço conta com quadros de Manolo
Valdés e do nosso Vik Muniz.
Jean George, apesar de ser francês, adora ousar em outras culinárias: tailandesa no Spice
Market, mexicana em Porto Rico, americana em Shanghai, e assim por diante. Além de ser res-
ponsável por sucessos no mundo inteiro, também influenciou o próprio filho, Cedric Vongerichten,
a se dedicar à culinária. Hoje, ele é quem assina o cardápio do restaurante Perry Street, dentro de
um dos prédios do Richard Meyers às margens do rio Hudson (onde moram Hugh Jackman, as ir-
mãs Olsen e mais uma série de famosos – e ricos). O atum com crosta de arroz torrado é imperdível.
La Grenouille também é bem tradicional. Gravata não é obrigatória, mas blazer sim!
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O dono, Matthew Aita, trabalhou com os mestres Daniel Boulud e Jean George. Ele garante
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que, desde que se mudou pra NY, há anos, não conseguiu encontrar um restaurante tradicional
bouchon, estilo popular de estabelecimentos do início do século XIX em Lyon, famoso pelo ambien-
te aconchegante e pela culinária peculiar. Com a nova empreitada, ele promete suprir essa carência.
Todo dia 14 de julho, o Dia da Queda da Bastilha é comemorado em torno da 60th Street.
O Lincoln Center fica todo enfeitado e nessa época rola uma festa deliciosa, chamada MidSummer
Night Swing, onde dança-se muito ao ar livre. Para mais informações, acesse o site: www.midsum-
mernightswing.org.
Para quem é fã de cinema francês, o Riverside Park Pier 1 exibe filmes legendados em inglês
logo após o pôr do sol.
Outro marco judeu na cidade é o Katz’s Deli. Os sanduíches de pastrami são enormes e, na
minha opinião, ficam melhores na calada da noite, depois de alguns (muitos) drinks: Lehaim!
Um pouco mais para o sul da ilha, sente-se no 12 Chairs e se delicie com um cardápio estri-
tamente kosher. Depois, siga para o Jewish Museum, uma instituição focada em artistas judeus
e repleta de objetos importantes para a história judaica.
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p o r t o r i c o A Puerto Rican Parade, ou Parada Porto-riquenha, é um evento no
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mínimo popular em NY. No dia 10 de junho, só se ouve espanhol e é impossível escapar das bandei-
ras estreladas ou do povo suado no meio da rua. Confesso que corro de muvuca como o diabo foge
da cruz, mas Viva los Boriquas!.
g r é c i a No Queens, Astoria abriga uma grande comunidade grega, além de bons restau-
rantes. No verão, o Cavo é uma ótima pedida porque oferece uma área descoberta ampla e cheia de
musakas e yusis (bebida tipicamente grega com gosto de anis que, para mim, parece novalgina em
gotas com vodca. Mas há quem adore...).
Se você não estiver a fim de se mandar para o outro lado da cidade em busca de boa comida
grega, visite a Snack Taverna, na Bedford Street, uma das ruas mais bem frequentadas da Costa Leste.
r ú s s i a Para explorar a Rússia em NY, você tem que ir até Brighton Beach, uma área
no Brooklyn onde muita gente nem se preocupa em aprender um hábito muito comum por essas
bandas: falar inglês! É tanto russo que parece que recortaram um pedacinho de Moscou e colaram
na periferia de NY.
Para quem quer uma amostra dessa cultura sem sair de Manhattan, uma ida ao Mari Vanna
é essencial. Além da decoração e da comida, quase todo o estafe é importado. Mesmo quem não
curte essa culinária deve provar o borsch (sopa tradicional de beterraba com carne) e o pelmeni
(uma massa com carne de vitela). Já o estrogonofe... Confesso que prefiro o abrasileirado mesmo,
com creme de leite e catchup.
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j a pã o Para os amantes da cultura japonesa, a Japan Society, na 47
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th
Street, se encarrega
de trazer o que há de melhor na arte kabuki. Quando o assunto é comida de qualidade, há muitas
opções, mas a maioria não é barata. O sushi Yasuda é dos mais tradicionais do país e fica ao lado
do Grand Central Terminal. Você se senta e o “mestre” do outro lado do balcão escolhe tudo o que
você vai comer, e determina inclusive quanto shoyu você vai consumir. Além disso, eles pedem
duas horas para a refeição. A experiência é longa, porém inesquecível. Nada de comer com pressa,
encher o bucho com bolinho de arroz recheado com cream cheese ou sashimi de omelete. O chef
Naomichi Yasuda se orgulha de oferecer um jantar impecável até para os paladares mais apurados.
Outro marco gastronômico em NY é o Masa, no Columbus Circle, onde é capaz de você comer
melhor do que em boa parte dos estabelecimentos culinários de Tóquio. No entanto, vá sabendo
que sua conta vai custar o mesmo – ou mais – que uma passagem NY-Osaka-NY!
Uma boa pedida é o Soto, considerado por Frank Bruni (que por muitos anos foi crítico gas-
tronômico do NY Times) o melhor japa do país. O restaurante é pequeno e consiste em quatro pa-
redes brancas numa área sem o menor charme. Nesse lugar, o atrativo é somente a ótima comida,
mais nada. As porções são pequenas, mas tudo é muito bem-feito e lindamente apresentado. Um
bom exemplo é o tofu, que por natureza é uma coisa sem graça, mas o do Soto é digno de repeteco
e foto no Instagram. O prato mais famoso da casa é, de longe, o ouriço fresco. De preferência, sen-
te-se ao balcão e admire a arte que a autêntica cozinha japonesa requer. Hoje em dia ela se perdeu
um bocado e até fast-food de sushi a gente vê por aí. Não tem como ser bom.
Nobu Matsuhisa abriu seu primeiro restaurante em 1994, quando o bairro de Tribeca não
oferecia um décimo dos encantos que oferece hoje. Mas com a ajuda de seu parceiro, Robert de
Niro, transformou o local em um sucesso de proporções mundiais. Como a demanda continuou
a crescer, ele abriu também o Nobu Next Door, colado no original, porém mais acessível e receptivo a
grupos sem reserva. Mais recentemente, a filial na 57th Street tende a atrair mais turistas.
Outros bons japas são: Sugiyama, Sushi of Gari, Sushi Sem-nin e o delicioso Sasabune.
Todos esses lugares, mesmo oferecendo ótima comida, não são frequentados pela comuni-
dade japonesa. Se você quiser se sentir em Fukushima, vá ao Kenka. O cardápio é exótico: eles não
servem sushi nem sashimi, já que focam nas papilas gustativas do norte do país. Além da famosa
okonomiyaki (uma panqueca de batata com recheio de porco, lula e mais um bando de ingredien-
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tes indecifráveis), eles também se orgulham em servir testículos de peru, pênis de boi, intestino do
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“mamífero que estiver dando sopa no dia”, dentre outras iguarias irresistíveis, caso você esteja com
o espírito aventureiro coçando, é claro.
Se você curte saquê, o Bar Decibel é parada obrigatória. Um dos locais mais charmosos da
Grande Maçã com uma variedade de saquês que deixaria até as gueixas mais pinguças impressio-
nadas! Os detalhes eu dou depois, no capítulo “Romance”.
m é x i c o A relação do México com NY não é tão intensa quanto com Los Angeles (que
faz fronteira com “los amigos”), no entanto, não faltam bons restaurantes dedicados a essa culi-
nária. O bom é que esse tipo de cozinha não discrimina “bolsos”. Para os que querem gastar me-
nos: Dos Toros Taqueria (rede californiana), Calexico, Tortaria, Fonda Nolita e El Rey Del Sabor
(comida de rua) são boas pedidas. Se dinheiro não é problema, recomendo o Empellon Cocina,
El Toro Blanco, Fonda, Maya e La Esquina.
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seja somente um balcão servindo tacos e enchiladas, mas quem é bem in
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e s pa n h a Conheço muita gente que entende de boa comida e várias garantem que
a culinária espanhola é a mais criativa hoje em dia. Durante séculos, achei que ir a Barcelona seria si-
nônimo de paella sete dias na semana, mas aprendi que não é bem assim. Para quem curte vinhos e
belisquetes vindos diretamente de Sevilla, Madri e afins, o Despaña, no SoHo, é um prato cheio –
e eu não estou me referindo a arroz. Os donos formam um casal adorável que importa iguarias do
mundo inteiro há décadas. Como a demanda dos espanhóis era de longe a mais alta, eles decidiram
deixar o restante do mundo para trás e focar no que estava fazendo sucesso em Manhattan. O lugar
é um achado para quem, como eu, curte bons queijos, azeitonas, frios etc. Os sanduíches, no fundo
da loja, também são excepcionais. E não deixe de explorar a seção de vinhos.
DÁ UMA OLHADA Se você não quer levar sacolas de compras para casa
e prefere se sentar, comer bem, pagar e pular fora, não deixe de provar
estas maravilhas made in Spain: Manzanilla, Casa Mono, Boqueria, Alta
e Bar Carrera.
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á f r i c a Comida africana é gostosa, mas requer espírito aventureiro. Para começo de
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conversa, em boa parte do continente não se usa garfo ou faca, e só esse detalhe, assim como o ele-
fante, já incomoda muita gente. Caso a curiosidade grite, os melhores são esses: Papaye (no Bronx),
Ghenet (em Park Slope) e Zoma (no Harlem).
Sabores da Etiópia podem ser degustados nas festas “secretas” Habesha Nights, onde boa
parte da comida é vegan e as tradições da cultura africana são levadas muito a sério. Para saber
a localização da festa durante a sua visita, acesse o site www.habeshanights.com.
Colecionadores de arte africana não podem deixar de conferir a Hemingway African Gallery,
na 2 Avenue com a 56th Street. Apesar de ser americaníssimo, o dono, Brian, tem verdadeira pai-
nd
xão pelo continente africano. Desde jovem viaja pelo menos quatro vezes por ano para comprar os
mais diversos estilos de arte, que não são poucos, levando em consideração a variedade de tribos.
Além disso, ele ainda tem um trabalho fascinante de preservação de leões.
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