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Naquela ocasião, a Selic definida como meta até o final do mês de março foi
de 45% ao ano, maior valor da Selic até hoje. Foram precisos mais de longos
20 anos para que o país conseguisse trabalhar com esta taxa abaixo da casa
dos 5% ao ano. Essa redução na taxa foi possível apenas pelo fato de o atual
governo ter a inflação sob controle e por estar adotando reformas
extremamente necessárias para tentar colocar em ordem as finanças do país.
Antes era possível investir e obter ganhos “sem riscos” acima de 10% ano.
Agora o cenário é bem distinto. Quem não souber escolher bem seus
investimentos poderá perder dinheiro, mesmo na renda fixa. Isso ocorre
porque, como veremos a seguir, alguns investimentos rendem hoje menos do
que os índices de inflação do país.
Assim, o brasileiro terá agora um novo desafio: sair da zona de conforto de ter
sua conta corrente atrelada à poupança automática (algo muito comum na
maioria dos bancos). Caso continue achando que isso é investir de maneira
inteligente, estará perdendo dinheiro literalmente.
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Poupança
A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e
de Capitais) divulga, desde 2018, uma pesquisa chamada Raio-X do Investidor
Brasileiro. Esta pesquisa busca traçar os hábitos de poupança e investimentos
dos brasileiros. Na edição de 2019, com dados do ano anterior, constatou-se
que 88% das pessoas entrevistadas (num total de 3,4 mil) investiram seu
dinheiro na poupança. Mas podemos realmente chamar isso de investimento?
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já que aTR está zerada durante todo o ano. Mas por que a TR está zerada?
Enfim, com uma inflação que está na casa de 3,50% em 2019, quem deixa o
dinheiro na poupança está perdendo poder financeiro. Com a previsão da
inflação nesta mesma faixa para o próximo ano, e com possíveis quedas a
mais da Selic, está na hora de descartar a poupança como investimento viável.
Tesouro Direto
Os títulos públicos também estão sendo afetados com a queda da Selic.
Enquanto os papéis atrelados à inflação continuam com ganho real mais fácil
de entender para investidores iniciantes, os pré-fixados e o Tesouro Selic
apresentam algumas nuances que exigem maior atenção dos poupadores.
Segue abaixo o quadro de rentabilidade dos títulos disponíveis hoje:
Taxa de
Título Vencimento Rendimento Valor Mínimo Preço Unitário
(% a.a.)
Indexados ao IPCA
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Tesouro IPCA+ com
15/08/2026 2,52 R$40,03 R$4.003,63
Juros Semestrais 2026
Prefixados
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Por outro lado, temos que considerar o impacto do Imposto de Renda (IR)
sobre os títulos. Quanto maior for o prazo para resgate destes, menor será o
imposto pago. A alíquota de IR que incide sobre o investimento em títulos
públicos é de 22,5% sobre o lucro obtido em aplicações de até 180 dias, de
20% em aplicações de 181 a 360 dias, de 17,5% em aplicações de 361 a 720
dias e de 15% em aplicações acima de 720 dias.
Dessa maneira, mesmo o Tesouro Selic deve acabar rendendo menos do que
a inflação nos patamares atuais, independente de quando o resgate for feito.
Neste cenário de taxa de juros cada vez menor, acompanhar de perto os
índices de inflação será de extrema importância para saber se sua renda fixa
não está perdendo dinheiro.
Segue o link do site do tesouro direto, caso deseje fazer uma simulação de
investimento em algum título:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-calculadora
Quanto aos Fundos DI, que se propõem a entregar 100% da taxa Selic, o
cenário também não é promissor. Estudos apontam que estes fundos, para
entregarem um retorno real positivo, teriam que cobrar menos do que 0,3% ao
ano de taxa de administração. Como todo investidor que já aplica neste tipo de
fundo sabe, isso é algo raro de se encontrar no mercado. De qualquer maneira,
algumas instituições já começaram a criar Fundos DI com taxa zero. Mas isso
ainda é uma minoria.
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Outra modalidade de renda fixa muito afetada pela queda da Selic são os
títulos de crédito privado. Muitos fundos que aplicam neste tipo de título já vêm
sofrendo bastante os efeitos de dois fatores importantes ao longo do ano:
queda gradual da taxa de juros e a alta histórica da bolsa de valores.
Com a queda na taxa de juros, muitos fundos de crédito privado com liquidez
de curtíssimo prazo passaram a ser propagados como uma excelente
alternativa com rentabilidades bem acima do CDI. Isso acabou criando uma
demanda excessiva para esses fundos com uma captação recorde de clientes.
O resultado disso? A forte procura dos fundos por títulos fez o preço das
emissões despencar para as empresas (famosa lei da oferta e demanda). Já
os fundos, com cada vez mais recursos nas mãos, tiveram que buscar no
mercado secundário mais títulos para compor o portfólio de suas carteiras.
O resultado disso foi que, com o aumento dos resgates, muitos fundos tiveram
que vender ativos a um preço mais baixo. Isso impactou diretamente no valor
da cota dos fundos, que com a marcação a mercado de seus títulos, acabou
apresentando uma queda repentina. O momento ainda é de cautela para estes
investimentos, já que muitos ativos ainda estão sofrendo essa precificação.
Mas a longo prazo, considerando a recuperação econômica do setor produtivo
do país, a aplicação em títulos privados continua tendo atratividade.
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O importante é se informar bem sobre os fundos ou títulos privados no
momento da escolha.
O primeiro ponto importante a ser levantado é que a queda da taxa Selic tende
a beneficiar, no longo prazo, as ações das empresas. Isso ocorre pelo simples
fato que a taxa mais baixa praticada pelo Banco Central visa justamente
estimular a economia, no que pode se tornar um ciclo virtuoso.
Com isso em mente, deve-se pesquisar quais empresas estão sendo bem
administradas e possuem potencial de crescimento, assim como os fundos de
ações e multimercados. Não é porque o mercado de ações tende a ser
beneficiado que se pode fazer qualquer tipo de investimento. Estude muito
antes de investir em alguma ação ou fundo.
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tornar um dos principais destinos para os investidores que buscam mais
rentabilidade do que a “nova” renda fixa brasileira, mas ainda não conseguem
deixar todas suas economias em renda variável.
Por fim, outro tipo de investimento que já caiu no gosto do brasileiro e também
pode se beneficiar da queda da Selic são os FIIs (Fundos de Investimento
Imobiliário). Isso porque a queda da taxa Selic deve influenciar na queda das
taxas de financiamento imobiliário. Como já explicado anteriormente, a
provável retomada do crescimento econômico deve também estimular o setor
imobiliário, alavancando ainda mais este tipo de investimento. Soma-se ao fato
da isenção do imposto de renda sobre os dividendos para a maioria das
pessoas físicas, os FIIs devem continuar sua ascensão em 2020. Mas vale aqui
a ressalva feita sobre o mercado de ações: pesquise bem antes de selecionar
um fundo. A internet disponibiliza hoje uma série de sites com informações
bem completas sobre os FIIs.
Com isso em mente, uma pesquisa realizada pelo Bank of America com
diversos gestores de recursos, denominada “LatAm Fund manager Survey”,
trouxe uma visão muito positiva para o mercado acionário brasileiro em 2020.
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Chart 6: Where do you see the Ibovespa the end of 2020?
Above 140k
Below 95k
Beto Assad
Roberto Assad, investidor e empresário.
Formado em Administração pela
EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na
BM&F e se tornou empreendedor antes
de voltar ao mercado financeiro, em 2009,
trabalhando na Leandro&Stormer.
Trabalhou posteriormente na Futura
Invest, onde conheceu os sócios que
criaram o Kinvo. Atua hoje como trader
autônomo e consultor de mercado
financeiro para o aplicativo.
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@kinvoapp