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Dos 45 aos 4,5

Como a queda da taxa Selic


afeta seus investimentos
Beto Assad
Introdução
Quarta-feira, dia 11 de dezembro de 2019, marcou uma data histórica para a
economia brasileira. Neste dia, o COPOM (Comitê de Política Monetária)
definiu a Selic, a taxa básica da nossa economia, em 4,50% ao ano. Este é o
menor patamar alcançado pela taxa desde a sua implementação em 04 de
março de 1999, período no qual a Selic substituiu a extinta TBC.

Naquela ocasião, a Selic definida como meta até o final do mês de março foi
de 45% ao ano, maior valor da Selic até hoje. Foram precisos mais de longos
20 anos para que o país conseguisse trabalhar com esta taxa abaixo da casa
dos 5% ao ano. Essa redução na taxa foi possível apenas pelo fato de o atual
governo ter a inflação sob controle e por estar adotando reformas
extremamente necessárias para tentar colocar em ordem as finanças do país.

Se essas reformas estão apenas no começo de um trabalho de longo prazo


(sendo a Reforma da Previdência “apenas” o início desse processo), a queda
da taxa de juros, muito benéfica para a diminuição da dívida do país, trouxe um
curioso efeito contrário para os investidores: acabou com a tranquilidade dos
ganhos fáceis por meio da renda fixa.

Antes era possível investir e obter ganhos “sem riscos” acima de 10% ano.
Agora o cenário é bem distinto. Quem não souber escolher bem seus
investimentos poderá perder dinheiro, mesmo na renda fixa. Isso ocorre
porque, como veremos a seguir, alguns investimentos rendem hoje menos do
que os índices de inflação do país.

Assim, o brasileiro terá agora um novo desafio: sair da zona de conforto de ter
sua conta corrente atrelada à poupança automática (algo muito comum na
maioria dos bancos). Caso continue achando que isso é investir de maneira
inteligente, estará perdendo dinheiro literalmente.

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Poupança
A ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e
de Capitais) divulga, desde 2018, uma pesquisa chamada Raio-X do Investidor
Brasileiro. Esta pesquisa busca traçar os hábitos de poupança e investimentos
dos brasileiros. Na edição de 2019, com dados do ano anterior, constatou-se
que 88% das pessoas entrevistadas (num total de 3,4 mil) investiram seu
dinheiro na poupança. Mas podemos realmente chamar isso de investimento?

A poupança teve suas regras alteradas pelo Banco Central em 2012. Na


ocasião da mudança, a Selic estava na faixa de 8,5% ao ano. E é importante
ter esse valor em mente, pois ele serviu de base para a criação da poupança
nova.

Poupança Velha e Poupança Nova


Foi considerada como poupança antiga aquela com os depósitos feitos antes
de as novas regras serem implementadas, que passaram a valer a partir de 3
de maio de 2012. Assim, todo depósito na caderneta de poupança a partir do
dia 04 de maio daquele ano já entrava nas novas regras de rendimento. E
quais foram as mudanças?

Na poupança antiga, o rendimento era de 0,5% ao mês mais a TR (Taxa


Referencial). Já a nova poupança passou a acompanhar o rendimento da Selic
da seguinte maneira:

• Selic maior que 8,5% ao ano: mesma forma de rendimento da


poupança antiga;

• Selic menor ou igual que 8,5% ao ano: rendimento de 70% da Selic


mais a TR;

• Depósitos até o dia 03 de maio de 2012 mantêm a rentabilidade de


0,5% ao mês mais a TR.

Trazendo essas informações para o contexto atual, com a Selic a 4,50% ao


ano, temos o rendimento da caderneta de poupança na faixa de 3,15% ao ano,

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já que aTR está zerada durante todo o ano. Mas por que a TR está zerada?

A taxa referencial foi criada em 1991 durante o Plano Collor e serviu no


combate à hiperinflação do período. Com um cálculo um pouco confuso, ela
serviu para complementar o rendimento da poupança, além da remuneração
do FGTS e a correção do saldo devedor do financiamento imobiliário. Com a
queda da taxa de juros, ela foi perdendo relevância no mercado, até chegar ao
valor zerado que se encontra hoje.

Enfim, com uma inflação que está na casa de 3,50% em 2019, quem deixa o
dinheiro na poupança está perdendo poder financeiro. Com a previsão da
inflação nesta mesma faixa para o próximo ano, e com possíveis quedas a
mais da Selic, está na hora de descartar a poupança como investimento viável.

Tesouro Direto
Os títulos públicos também estão sendo afetados com a queda da Selic.
Enquanto os papéis atrelados à inflação continuam com ganho real mais fácil
de entender para investidores iniciantes, os pré-fixados e o Tesouro Selic
apresentam algumas nuances que exigem maior atenção dos poupadores.
Segue abaixo o quadro de rentabilidade dos títulos disponíveis hoje:

Preços e taxas de referência dos títulos públicos disponíveis

Taxa de
Título Vencimento Rendimento Valor Mínimo Preço Unitário
(% a.a.)

Indexados ao IPCA

Tesouro IPCA+ 2024 15/08/2024 2,21 R$58,89 R$2.944,92

Tesouro IPCA+ 2035 15/05/2035 3,25 R$39,89 R$1.994,85

Tesouro IPCA+ 2045 15/05/2045 3,25 R$43,50 R$1.450,09

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Tesouro IPCA+ com
15/08/2026 2,52 R$40,03 R$4.003,63
Juros Semestrais 2026

Tesouro IPCA+ com


15/05/2035 3,10 R$44,09 R$4.409,96
Juros Semestrais 2035

Tesouro IPCA+ com


15/08/2050 3,37 R$49,33 R$4.933,21
Juros Semestrais 2050

Prefixados

Tesouro Prefixado 2022 01/01/2022 5,22 R$36,07 R$901,78

Tesouro Prefixado 2025 01/01/2025 6,44 R$36,54 R$730,85

Tesouro Prefixado com


01/01/2029 6,84 R$37,50 R$1.250,10
Juros Semestrais 2029

Indexados à Taxa Selic

Tesouro Selic 2025 01/03/2025 0,02 R$104,43 R$10.443,20

Fonte: Tesouro Direto (Dez/ 2019)

Os títulos atrelados à inflação são os mais conservadores, pois apresentam


um “rendimento real”. Os de vencimentos mais longos acabam sendo a melhor
opção para quem deseja investir num prazo maior.

Já os títulos pré-fixados são mais agressivos e exigem um maior


acompanhamento do investidor. Isso ocorre porque quem investe neste tipo de
título, pela lógica, acredita que a taxa de juros e a inflação cairão ou, no
mínimo, permanecerão estáveis. Com a taxa de juros a 4,5% ao ano e a
inflação na faixa dos 3,5%, os 3 títulos disponíveis apresentam ganhos
reais no momento.

Por fim, o Tesouro Selic acompanha a variação da própria taxa básica da


economia. É uma opção interessante enquanto o valor da Selic for maior do
que os índices de inflação. Também é uma opção mais segura, caso o
investidor tenha que resgatar o título antes da data de vencimento, por não
correr o risco da variação de valor do mercado secundário.

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Por outro lado, temos que considerar o impacto do Imposto de Renda (IR)
sobre os títulos. Quanto maior for o prazo para resgate destes, menor será o
imposto pago. A alíquota de IR que incide sobre o investimento em títulos
públicos é de 22,5% sobre o lucro obtido em aplicações de até 180 dias, de
20% em aplicações de 181 a 360 dias, de 17,5% em aplicações de 361 a 720
dias e de 15% em aplicações acima de 720 dias.

Dessa maneira, mesmo o Tesouro Selic deve acabar rendendo menos do que
a inflação nos patamares atuais, independente de quando o resgate for feito.
Neste cenário de taxa de juros cada vez menor, acompanhar de perto os
índices de inflação será de extrema importância para saber se sua renda fixa
não está perdendo dinheiro.

Segue o link do site do tesouro direto, caso deseje fazer uma simulação de
investimento em algum título:
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-calculadora

Fundos de Renda Fixa, CDBs


e Títulos Privados
Estes também são produtos financeiros que estão sendo extremamente
afetados pela queda da Selic. CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) que
pagam menos do que 85% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), por
exemplo, já estão perdendo para a inflação. Dessa maneira, caso queira
investir em CDBs, o ideal é procurar bancos ou corretoras que os ofereçam
com melhor rentabilidade sobre o CDI. Infelizmente, nestes casos, a maioria
das instituições irá exigir ou um prazo maior de resgate, ou um maior aporte
financeiro. No pior cenário, pode exigir os dois ao mesmo tempo.

Quanto aos Fundos DI, que se propõem a entregar 100% da taxa Selic, o
cenário também não é promissor. Estudos apontam que estes fundos, para
entregarem um retorno real positivo, teriam que cobrar menos do que 0,3% ao
ano de taxa de administração. Como todo investidor que já aplica neste tipo de
fundo sabe, isso é algo raro de se encontrar no mercado. De qualquer maneira,
algumas instituições já começaram a criar Fundos DI com taxa zero. Mas isso
ainda é uma minoria.

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Outra modalidade de renda fixa muito afetada pela queda da Selic são os
títulos de crédito privado. Muitos fundos que aplicam neste tipo de título já vêm
sofrendo bastante os efeitos de dois fatores importantes ao longo do ano:
queda gradual da taxa de juros e a alta histórica da bolsa de valores.

Com a queda na taxa de juros, muitos fundos de crédito privado com liquidez
de curtíssimo prazo passaram a ser propagados como uma excelente
alternativa com rentabilidades bem acima do CDI. Isso acabou criando uma
demanda excessiva para esses fundos com uma captação recorde de clientes.
O resultado disso? A forte procura dos fundos por títulos fez o preço das
emissões despencar para as empresas (famosa lei da oferta e demanda). Já
os fundos, com cada vez mais recursos nas mãos, tiveram que buscar no
mercado secundário mais títulos para compor o portfólio de suas carteiras.

Num primeiro momento, os fundos tiveram ótima performance. Segundo


palavras de Fabio Passos, gestor da CA Indosuez, “Entramos em um círculo
virtuoso. Quanto mais dinheiro entrava, melhor os fundos performavam porque
se aproveitavam de uma taxa de juros declinante e spread de crédito das
empresas que estavam fechando (diminuindo em relação ao título público)”.
Porém, a partir do mês de outubro, o cenário passou por uma mudança que
afetou a rentabilidade de muitos desses fundos.

Segundo a maioria dos analistas do setor, houve um ajuste entre a oferta e


demanda desses títulos. Conforme reportagem do Valor Investe, “Com a
continuidade da queda da taxa de juros, alguns agentes de mercado passaram
a se questionar se tinha havido um exagero e se a remuneração desses títulos
privados não estava baixa demais. E se antes havia disposição dos agentes de
aceitar comprar títulos com remuneração cada vez menores, outros
investidores começaram a ficar mais seletivos e passaram a exigir um prêmio
maior para comprar os papéis, enquanto alguns cotistas de fundos decidiram
resgatar os recursos para investir em ações ou no setor imobiliário”.

O resultado disso foi que, com o aumento dos resgates, muitos fundos tiveram
que vender ativos a um preço mais baixo. Isso impactou diretamente no valor
da cota dos fundos, que com a marcação a mercado de seus títulos, acabou
apresentando uma queda repentina. O momento ainda é de cautela para estes
investimentos, já que muitos ativos ainda estão sofrendo essa precificação.
Mas a longo prazo, considerando a recuperação econômica do setor produtivo
do país, a aplicação em títulos privados continua tendo atratividade.

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O importante é se informar bem sobre os fundos ou títulos privados no
momento da escolha.

Fundos Multimercados, Ações e


Fundos Imobiliários
Entramos agora na parte final e, ao meu ver, mais importante deste artigo.
Principalmente se você é aquele investidor que deseja buscar maiores retornos
do que a renda fixa deve proporcionar daqui para frente. Me refiro aqui à renda
variável como um todo.

O primeiro ponto importante a ser levantado é que a queda da taxa Selic tende
a beneficiar, no longo prazo, as ações das empresas. Isso ocorre pelo simples
fato que a taxa mais baixa praticada pelo Banco Central visa justamente
estimular a economia, no que pode se tornar um ciclo virtuoso.

De maneira simples e resumida, este ciclo se inicia com a população tendo


acesso a crédito mais barato, o que estimula o consumo. Com o consumo em
alta e os juros mais baixos, as empresas conseguem tomar mais empréstimos
para aumentar suas produções, aumentando também sua força de trabalho.
Isso irá aumentar ainda mais o número de consumidores de bens e serviços,
fazendo o ciclo se renovar. E no caso das empresas, os juros mais baixos
possibilitam uma maior margem de lucro, o que se reflete nos resultados e,
consequentemente, em suas ações.

Com isso em mente, deve-se pesquisar quais empresas estão sendo bem
administradas e possuem potencial de crescimento, assim como os fundos de
ações e multimercados. Não é porque o mercado de ações tende a ser
beneficiado que se pode fazer qualquer tipo de investimento. Estude muito
antes de investir em alguma ação ou fundo.

Quanto aos fundos multimercados, são opções menos arriscadas que os


fundos de ações por se tratarem de um misto de renda fixa e variável. Todavia,
o menor risco geralmente é acompanhado de menor desempenho,
principalmente quando comparado a fundos de ações em momento de alta na
Bolsa de Valores. De qualquer maneira, os fundos multimercados devem se

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tornar um dos principais destinos para os investidores que buscam mais
rentabilidade do que a “nova” renda fixa brasileira, mas ainda não conseguem
deixar todas suas economias em renda variável.

Por fim, outro tipo de investimento que já caiu no gosto do brasileiro e também
pode se beneficiar da queda da Selic são os FIIs (Fundos de Investimento
Imobiliário). Isso porque a queda da taxa Selic deve influenciar na queda das
taxas de financiamento imobiliário. Como já explicado anteriormente, a
provável retomada do crescimento econômico deve também estimular o setor
imobiliário, alavancando ainda mais este tipo de investimento. Soma-se ao fato
da isenção do imposto de renda sobre os dividendos para a maioria das
pessoas físicas, os FIIs devem continuar sua ascensão em 2020. Mas vale aqui
a ressalva feita sobre o mercado de ações: pesquise bem antes de selecionar
um fundo. A internet disponibiliza hoje uma série de sites com informações
bem completas sobre os FIIs.

2020: O que esperar dos juros e


investimentos
Passado o desafio do primeiro ano de gestão do Presidente Jair Bolsonaro e
seu Ministro da Economia Paulo Guedes, o segundo ano deve focar na reforma
tributária para que o país mantenha a retomada do crescimento econômico,
além de continuar colocando a “casa em ordem”. Se estes planos seguirem
adiante, é possível que vejamos ainda mais quedas na taxa de juros, mas em
menor amplitude do que vimos neste ano. Muitos analistas e gestores
acreditam, porém, que a taxa já pode ter alcançado seu limite de quedas no
médio prazo.

Com isso em mente, uma pesquisa realizada pelo Bank of America com
diversos gestores de recursos, denominada “LatAm Fund manager Survey”,
trouxe uma visão muito positiva para o mercado acionário brasileiro em 2020.

Conforme disponível em matéria no site da Infomoney, “de acordo com o


levantamento, 80% dos participantes veem o Ibovespa superando os 120 mil
pontos até dezembro do próximo ano, com 28% estimando que o benchmark
encerre 2020 entre os 130 mil e 140 mil pontos. O patamar representaria uma
alta de 16,2% em relação aos preços atuais”.

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Chart 6: Where do you see the Ibovespa the end of 2020?

Above 140k

Between 130k and 140k

Between 120k and 130k

Between 110k and 120k

Between 95k and 110k

Below 95k

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Dez/19 Source:BofA LatAm Fund Manager Survey

Grande parte do otimismo vem exatamente da possibilidade da reforma


tributária e de uma possível recuperação do Real frente ao Dólar. Caso os
cenários se confirmem, poderemos ter um ano muito bom para o setor de
renda variável, com a renda fixa perdendo cada vez mais força. Esta é uma
realidade que, se o país se arrumar definitivamente, pode ter vindo para ficar.

Beto Assad
Roberto Assad, investidor e empresário.
Formado em Administração pela
EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na
BM&F e se tornou empreendedor antes
de voltar ao mercado financeiro, em 2009,
trabalhando na Leandro&Stormer.
Trabalhou posteriormente na Futura
Invest, onde conheceu os sócios que
criaram o Kinvo. Atua hoje como trader
autônomo e consultor de mercado
financeiro para o aplicativo.

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@kinvoapp

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