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INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO

Escola Superior de Teologia


Dogmática II
Prof. Dr. David Coles
Aluno: Gleisson Roberto Schmidt
2º Trimestre de 1998.

AVALIAÇÃO DOUTRINAL

TILLICH, Paul. Dinâmica da Fé. São Leopoldo: Sinodal. 5ª ed., 1996. 87 pp.

1. Qual é o assunto do livro?


Como o próprio título sugere, o assunto do livro é a análise teórica com vistas à
manifestação prática da dinâmica da fé no ser humano. Tillich mesmo afirma que “apenas o espírito
que investiga analiticamente o pode (isto é, o incondicional, sujeito e objeto da fé) compreender
teoricamente (Tal consideração teórica em si é o objetivo deste livro)”1. Convém notar, porém, que fé,
aqui, não pode ser compreendida como a fé cristã, mas sim, a fé no seu sentido mais abrangente, como
traço essencial de todo ser humano.
2. Qual é a idéia central do livro?
A idéia central que permeia toda a obra e sobre a qual se baseia toda a argumentação
filosófica do autor é a de que a fé é o estar possuído por aquilo que nos toca incondicionalmente. É
manifestação essencial de todo ser humano, já que ainda que a pessoa confesse-se “agnóstica” ou
“acética”, ainda assim, sua fé ao agnosticismo ou ao acetismo ainda é fé; pois a fé é algo que possui a
pessoa integralmente e manifesta-se na totalidade das ações do indivíduo.
3. Qual é o método de pesquisa empregado pelo autor?
É a investigação filosófica baseada na dialética. Como subsídios para sua argumentação Tillich
usa conteúdos ontológicos (existencialistas) e históricos.
4. Quais são as pressuposições teológicas do autor?
Ainda que tais posicionamentos possam ser desmentidos ou reformulados em outras
obras, a partir da análise de Dinâmica da Fé podemos constatar que Tillich parte de pressupostos
ontológicos, existencialistas e teologicamente liberais, mais precisamente histórico-críticos. Afirma
primordialmente e repetidas vezes a inexistência de um Deus pessoal, considerando o Deus Iahweh
“mito de si mesmo” no sentido mais próprio do termo. Decorrem disso uma série de pressupostos
facilmente identificáveis, quais sejam eles: a negação da Bíblia como Palavra revelada por Deus,

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falível, da qual o teólogo cuidadosamente deve extrair as camadas de afirmações historicamente
condicionadas em busca de uma legítima manifestação divina (e o divino, entenda-se, como o
“totalmente outro” que, pela fé, possui o ser humano); também, a mitificação do pecado e sua
consequência para o aspecto cristológico da Escritura: haja visto que o pecado é decorrente da
moralização deturpada do aspecto demoníaco do sagrado (o que também está latente nas Escrituras,
fato adicional que leva o teólogo a “descascá-la” ainda mais em busca da verdade) o ser humano
simplesmente não necessita de um Salvador. A fé é uma manifestação essencialmente sua, creia ele em
Cristo ou em Buda.
5. Quais são as fontes da teologia do autor?
Como teólogo liberal, Tillich baseia sua teologia na experiência “personal”, isto é, na
experiência existencialista do ser humano, analisada e esquadrinhada pelo uso da razão. Estas são,
portanto, as suas duas fontes, a experiência e a razão. As citações bíblicas, quando acontecem, servem
apenas para comprovar sua visão histórico-crítica, numa espécie de “eisegese” no texto bíblico.
6. Avaliação Doutrinal.
Tillich desenvolve sua argumentação a partir da idéia de que “a fé é aquilo que possui o
homem incondicionalmente”. Contudo, como já ressaltamos acima, “fé”, neste contexto, não pode ser
entendida como a fé cristã operada pelo Espírito Santo, mas sim, algo essencial e inerente ao ser
humano. Ao contrário de afirmar a única fé verdadeira como aquela produzida pela ação do Espírito
através da Palavra no coração do homem, figura-a apenas como mais uma das inúmeras possibilidades
de fé. No seu entendimento, seja qual for o objeto da fé, se ele possuir incondicionalmente o homem,
esta fé é fé verdadeira. Tal afirmação não é danosa em si. Nem sempre o crente tem clareza suficiente
sobre como a fé opera em si, mas nem por isso deixa de crer no Salvador Jesus. Essa afirmação é
danosa, isto sim, nas implicações diretas que dela decorrem, algumas destas já analisadas acima. A
partir desta concepção de fé, ao contrário do que prega a teologia cristã, não existe a necessidade de
uma fé justificadora – esta sim operada pelo Espírito Santo. Não existindo tal necessidade, logo decorre
que não há também a necessidade de justificação. E, em não havendo necessidade de justificação, nega-
se por completo a doutrina acerca do pecado original e em consequência a própria cristologia – pois a
fé justificadora que fôra rejeitada tem como seu objeto os méritos de Cristo, e estes para a justificação.
Desta forma, a religião cristã e seus dogmas – amplamente questionados por Tillich - são
nivelados com todas as outras religiões e dogmas, sendo apenas mais um possível agente que possa
tocar o homem incondicionalmente. Deixa de ser a “religião absoluta” defendida por Mueller. E,
deixando de ser a religião absoluta, disto decorre que o Deus Iahweh deixa de ser um Deus pessoal. Isto
ele deixa claro ao afirmar: “Se se entende por ‘existência’ algo que possa ser encontrado em algum
lugar no todo da realidade, então não existe nenhum ente divino” 2. Ora, as implicações prévias à
negação da existência “personal” de Deus – a qual deita em terra a teologia cristã – são tais como a
negação de toda doutrina acerca da Bíblia como Palavra inspirada por Deus e o nivelamento de fé e
razão, em vista de seus diferentes objetos.
Exegeticamente, Tillich propõe que “eros” e “agápe” não são realmente “tipos” de amor,
mas sim qualidades do único amor possível como decorrência da fé. Uma análise minuciosa do texto
bíblico nos levará a concluir que tal afirmação não é verdadeira.
7. Valor prático do livro.
Uma obra com tais discrepâncias em relação à teologia bíblica contém pensamentos que
são, de fato, úteis à fé e vida cristãs, mas que devem ser cuidadosamente depurados e “adaptados”.
Nesta perspectiva, dignas de nota são as observações do autor referentes à forma de atuação do
fenômeno “fé”. Biblicamente o Deus pessoal, o Deus Iahweh é tanto o objeto quanto o agente que
proporciona a fé (ou seja, o fato de o crente crer em Deus denota a ação de Deus em si mesmo). E esta
é a idéia do autor quando sugere estar no homem a incondicionalidade daquilo que o toca
incondicionalmente.
Também, é relevante sua abordagem quanto à conversão tendo como ponto de partida a
comunhão de fé. As pessoas que compartilham de uma mesma fé desejam levar a outros a sua fé
particular, haja visto o caráter extático e apaixonado da fé. E este “levar a outros” inclui o amor, que é
o vínculo da comunhão e decorrência da fé. Tal perspectiva é, ao nosso ver, bastante útil às
comunidades cristãs.
Por fim, resta-nos concluir com a citação que fizemos acima de que Dinâmica da Fé
ainda é uma obra útil para uma melhor compreensão e prática da fé por parte dos cristãos, desde que o
raciocínio dialético usado na descrição da fé pandêmica defendida por Tillich seja aplicado á fé cristã,
obra do Espirito Santo através da Palavra revelada por Deus, a Bíblia.

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