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Querem nos roubar o melhor do Brasil


Hoje existe um Brasil na superfície, envenenado por políticas alheias à
sua vocação de diálogo e de encontro que despertaram o pior que existe
até nas profundezas das almas mais nobres

JUAN ARIAS

16 OCT 2019 - 18:38 BRT

Uma família carioca aproveitando um piscinão no Rio de Janeiro. NACHO DOCE (REUTERS)

Os brasileiros estão vivendo um momento paradoxal. Somos nós, os que vieram de fora, que
mais os apreciamos e amamos e por isso somos os que mais nos surpreendemos nestes
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mais os apreciamos e amamos, e por isso somos os que mais nos surpreendemos, nestes
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momentos, ao ver que estão com medo de amar e de se amar entre si, porque
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o ódio
substituiu o amor. E da glória ao inferno sempre há apenas um passo.

Fiquei comovido com uma reportagem gráfica publicada pela Folha de S. Paulo sobre o que
alguns imigrantes pensam do Brasil. Talvez porque confirma minha teimosia de que os
brasileiros estão sendo envenenados e convencidos a serem piores do que realmente são ou
do que imaginam ser e que o melhor é fugir deste país que está sendo envenenado pela
política de extrema-direita e pela guerra à cultura.

Nessa reportagem, os não brasileiros que chegaram até aqui não


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entendem por que de repente os brasileiros se sentem mal com eles

mesmos, têm vergonha de ser o que são e até são agora eles que preferem
emigrar. E, ao mesmo tempo, os imigrantes lembram sua felicidade
quando chegaram aqui e tiveram seus primeiros encontros com os Irmã Dulce,
brasileiros. O africano Absoulaye lembra: “Aqui eu tive aulas de forró, de símbolo de um
Brasil que está
sertanejo e de samba. A cultura muçulmana não aceita a dança. Aqui eu se esquecendo
realizei esse sonho”. Emocionante a confissão de Nbuduzu, da África do dos pobres
Sul: “Aprendi a falar português e a cantar na prisão. Lá consegui libertar
minha música e meu canto”. E a portuguesa Maria Luisa confessa que
chegam a perguntar-lhe: “Mas o que você está fazendo aqui?”. E comenta
triste: “Achei que o Brasil gostasse mais de si mesmo”.
Moro está preso
na ratoeira de
O Brasil, onde mesmo no inferno das prisões alguém se sente com
Bolsonaro ou
espaços de liberdade para cultivar sua arte, reflete melhor o Brasil feliz fareja algum
como nós sempre vimos este país, apesar dos pecados daqueles que se destino que
ignoramos?
aproveitaram da vocação para a felicidade de sua gente para tê-la
subjugada, perpetuando o inferno que deixou a herança da mais longa
escravidão que se conhece na história.

Hoje existe um Brasil na superfície, envenenado por políticas alheias à sua


Brasil não terá
vocação de diálogo e de encontro que despertaram com a exaltação da paz política
violência e seu amor às armas o pior que existe até nas profundezas das enquanto não
deixarem Lula
almas mais nobres, arrastando-o a um crescimento alarmante da voltar às urnas
depressão. E existe o Brasil verdadeiro, do qual meu colega e escritor
espanhol, Antonio Jiménez Barca, ao deixar a direção da edição brasileira
do EL PAÍS para voltar à sede principal em Madri, à minha pergunta sobre o que o Brasil lhe
deixava como lembrança, me respondeu: “O Brasil me ensinou a ser feliz”.
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Como dizia Freud, o ser humano precisa se proteger de seus instintos de violência e
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procurar dominar os outros, ao mesmo tempo em que vai sempre em busca de sua
realização e felicidade. Segundo o criador da psicanálise, são o impulso de morte, o tânatos,
e o instinto de vida, o eros, que movem o mundo, que se ainda existe é porque o instinto de
vida é mais forte que o de morte. Também no Brasil, por conjunturas da natureza, talvez
melhor do que em outras partes do mundo, o impulso de vida que implica o do encontro, da
autoestima, do diálogo pacífico, da liberdade de expressar os sentimentos, o de
compartilhar em paz o pouco ou o muito que a vida lhe deu, é maior do que seu impulso de
morte.

A resistência que estão vivendo os brasileiros que não se conformam com esse clima negro
de violência, de castração do encontro amigável e da falta de pensar como se deseja, é a de
poder, uma vez vencida a batalha contra o derrotismo estéril que começa a asfixiá-lo, o
Brasil luminoso, com espaços para que todos possam expressar livremente seu modo de
ser feliz. Que volte a ser o Brasil que trazem nos olhos os imigrantes que chegam aqui na
espera de uma praia de liberdade para melhor expressar toda a sua criatividade, em vez do
campo de batalha no qual o estão convertendo.

O Brasil, sua terra privilegiada e sua gente enriquecida com a rica pluralidade de suas
culturas, tem de voltar a ser o país que, segundo uma feliz expressão, Deus havia escolhido
para viver. Sim, o Deus de todos, especialmente o dos que mais nos esquecemos sempre, o
Deus da paz e do encontro e não o Deus dos mais privilegiados, cuja política de exclusão
também está querendo para o Brasil.

O Deus encarnado profeticamente nos olhos doces com a pobreza e a fragilidade e severos
com a injustiça, de santa Irmã Dulce. Talvez não seja a primeira santa nascida no Brasil, ao
qual imigrantes de meio mundo, em busca de paz e de belezas naturais que querem roubar-
lhe a ganância de um capitalismo sem alma, ainda sonham para viver e morrer. A primeira
santa brasileira também gostava de cantar e dançar.

Estão tentando despojar o Brasil do melhor de sua história e de sua alma plural e festiva. Um
pecado sem perdão.

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O Brasil mais diverso que a guerra cultural de Bolsonaro manda


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Um Brasil farto de si mesmo

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