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Por que só dados e fatos não mudam a opinião

das pessoas?
A quantidade de informação produzida no mundo expande-se rapidamente como nunca
antes. Depois da popularização da internet, a carga de dados que é gerada diariamente chegou a
níveis assustadores. Estima-se que 90% dos dados existentes no mundo tenham sido criados
apenas nos dois últimos anos.
Além da nossa capacidade de coletar e criar dados, a tecnologia também trouxe novas
técnicas para organizar, separar e trabalhar toda essa informação. Hoje, em termos de avanço
tecnológico, é mais que nunca entender estruturas complexas e tirar conclusões com base em
fatos sólidos. Mas quando ouvimos falar sobre a revolução dos dados, tendemos a achar que
agora é possível encontrar consensos com maior facilidade. Afinal, boatos, distorções e mentiras
podem facilmente ser descobertas através da correlação entre os dados e verificação dos fatos.
Mas na prática, as discussões acabaram tomando outra direção. Por mais que seja possível
encontrar fatos ou estatísticas para comprovar um ponto com muito mais certeza, é cada vez
mais difícil convencer pessoas a mudarem de ideia.
Para entender melhor porque fatos e dados não representam uma informação tão
contundente para a maioria das pessoas, é preciso olhar para a evolução do ser humano. Como
animais, evoluímos com o único propósito de sobreviver. Nossa fonte de confirmação sempre
foram as dinâmicas tribais e relações sociais. Olhar para dados e tentar extrair algo significativo
que vá contra nossas crenças pessoais é algo novo na história da humanidade. O nosso reflexo
ainda está na confirmação de grupo. Assim, quando alguém afirma que o homem não pisou na
lua, essa pessoa também tende a acreditar que as fotos, as rochas extraídas e todas as
informações da missão Apollo são falsas e fazem parte de uma conspiração.
Pela ótica de quem analisa dados e fatos o posicionamento pode parecer maluco, mas da
perspectiva tribal faz todo sentido. Para um animal que sempre buscou a sobrevivência, é mais
seguro permanecer em união com seu grupo, mesmo que esteja errado em relação aos fatos, do
que se levantar contra e acabar excluído.
Conversei com o José Borbolla que é Consultor de dados e Coordenador dos cursos de
Data Science e Analytics da Digital House para entender mais sobre a relação entre evolução
humana e tomada de decisões e ele me disse: “A nossa premissa é que nossas tomadas de
decisões e opiniões se formem de forma racional, nossa cultura inclusive acredita que a
racionalidade é moralmente superior às emoções.  
Hoje a neurociência já conseguiu provar que a racionalidade não opera de forma alheia à
emoções, elementos culturais, religiosidade e até o momento histórico que vivemos. A
racionalidade é apenas uma das diversas camadas que compõem nossas tomadas de decisões e
nossas opiniões.” 
Outra parte do problema está na forma como cérebro percebe informações conflitantes
com nossa visão de mundo. Ao nos depararmos com algo que fere uma crença pessoal sentimos
um forte desconforto, que é definido pelo efeito amplamente conhecido chamado “Dissonância
Cognitiva”. Inúmeros experimentos demonstram que quando fatos se chocam contra crenças
pessoais, a saída mais comum não é modificar a visão de mundo, mas tentar distorcer os fatos
para reforçar o que acredita. Na prática nosso cérebro está nos protegendo de ideias novas, e
quando estímulos que provam que nossas convicções estão erradas começam a ser repetidos,
ao invés de parar e ponderar, reagimos como se estivéssemos em perigo. O resultado dessa
dissonância cognitiva é o que os cientistas chamam de efeito “Backfire”: Ao invés dos fatos nos
ajudarem a construir uma visão mais apurada, acabamos distorcendo os fatos e acreditando com
ainda mais convicção no posicionamento inicial. Como resultado, na maioria dos casos tentar
combater visões distorcidas com dados acaba surtindo o efeito contrário do esperado.
Nada disso significa que todo o esforço com a ciência de dados e os progressos na direção
de identificar fatos e evidências sejam inúteis. Todas essas informações continuam sendo
importantes, mas precisam de uma boa metodologia para que consigam contornar o problema da
dissonância cognitiva, e evitar o efeito Backfire. Logo de início, é interessante manter emoções
longe do debate. Tentar se sustentar pelos fatos e não se ofender com o que está sendo dito.
Compreender que alguém agindo com emoções piora ainda mais a rejeição aos argumentos.
Evite também realizar ataques pessoais ou exemplos que reforcem a sensação de ataque,
mesmo que eles façam a pessoa cair em contradição. É importante manter o ambiente de
conciliador para não levantar as defesas. A associação de comportamentos ruins com exemplos
extremos da história também levam o debate para uma direção sem volta. Apontar rótulos como
nazista, fascista, comunista e outros títulos extremos desvirtuam a discussão e levam cada um
para um lado diferente. Precisamos entender que quem está na posição de ter suas certezas
questionadas, sente-se naturalmente desrespeitado. Por isso é necessário reforçar o respeito e
demonstrar empatia pela possibilidade de alguém possuir suas próprias crenças.
Visões de mundo estão associadas diretamente aos nossos valores morais e a rejeição
está vinculada ao medo de falhar com princípios fundamentais. Ao invés de tentar ferir estes
valores, tente trazer o debate para que a aceitação dos fatos não signifique modificar estes
valores. O trabalho de mudar opiniões utilizando fatos é mais difícil e demorado do que deveria
ser. Nossa natureza nos traz vícios cognitivos que precisam de estratégia e empenho para serem
contornados, mas a boa notícia é que é possível mudar crenças e que, apesar disso tudo, dados
segue sendo importantes norteadores de opiniões.

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