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CURSO: UNIDADE DO CORPO DE CRISTO

LIÇÃO 09 – LEITURA ADICIONAL


É possível pensar em Unidade?

Se olharmos para esses grupos como instituições, como organizações, certamente essa
unidade é pouco provável. Cada um deles tem doutrinas e estruturações praticamente
inegociáveis. A base histórica e as tradições de cada denominação representam um
alicerce muito sólido, impossível de ser ameaçado.

Em outras palavras, é impraticável pensar em unidade entre denominações,


instituições, organizações cristãs que trazem uma carga histórica doutrinal, cultural e
sociológica estabelecidas, em alguns casos, por séculos de vivência. São ritos, liturgias,
particularidades que fundamentam toda doutrina que marca a denominação. Nossa
proposta não é essa.

Que tipo de unidade?

Nossa proposta de unidade é entre pessoas cristãs, entre filhos de Deus. A


expressão “uns aos outros” aparece mais de 50 vezes no Novo Testamento (e muitas vezes
no Velho). O mais conhecido é o novo mandamento de Jesus:

Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós,
que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus
discípulos, se vos amardes uns aos outros (João 13.34,35).

A maioria das expressões “uns aos outros” é acompanhada do verbo amar. Porém,
encontramos a expressão relacionada aos verbos “receber, não julgar, perdoar, lavar os
pés, ensinar, admoestar, sujeitar, saudar, servir, consolar, considerar, confessar culpas,
não irritar, não invejar, suportar, edificar, ser benigno, bondoso, misericordioso”, etc. É
interessante que todos estes verbos, que indicam ação, estão normalmente no imperativo,
no sentido de mandamento, ordenança. É lógico que esses mandamentos não devem ser
praticados exclusivamente nos nossos “currais denominacionais”, mas entre todos os
cristãos.

Se dermos valor a uma questão bíblica baseada no número de vezes em que ela é
mencionada na Bíblia, segundo Tommy Tenney1, chegamos a um dado interessante:

1 TENNEY, Tommy. A Unidade Cristã e o Reavivamento do Corpo de Cristo. Ibid.


A palavra “dízimos” aparece 24 vezes; “ofertas”, 265. “Jejum” e “oração” são mencionadas
mais de 100 vezes cada uma. Esses são, obviamente, conceitos importantes. No entanto, a
palavra “juntos” é mencionada 484 vezes, e “se reuniram”, 97 vezes.

O autor mencionado acima usa duas páginas de seu livro citando as frases bíblicas
que abordam a palavra “juntos” e “reunidos” para enfatizar sua importância, ressaltando
como Deus quer que façamos tudo JUNTOS.

A Palavra nos ensina a pensar nesses termos. Filipenses 4.8 diz:

Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e
se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.

Temos um mesmo Pai. Não precisamos orar o “Pai Nosso” como um “avestruz”, com
a cabeça escondida na terra. Porém, como ponto de partida, ressaltamos os cuidados que
devemos ter com o irenismo. Irenismo, na teologia cristã, refere-se às tentativas de unificar
cristãos utilizando a razão como um atributo essencial. Esse termo, no grego, significa “paz”
ou “atitude de quem busca paz”. Pressupõe que “seria lícito sacrificar a verdade para evitar
conflitos”. Esse pacifismo, de certa forma, evita fazer análises das heresias; assim, nunca
se critica ninguém.

No século 17, houve tentativas por meio de esforços humanos no sentido de unir
católicos e protestantes. Um dos exemplos foi o do rei James I da Inglaterra, que acreditava
que a tradução única da Bíblia (que ele encomendou) poderia trazer reconciliação entre as
diversas facções religiosas protestantes. Ainda que a versão King James, muito utilizada
na língua inglesa, tenha trazido uma grande contribuição, infelizmente o uso de uma única
tradução não levou (e não leva) à unidade. Outras tentativas existiram, havendo encontros
e fóruns com esse mesmo objetivo.

Em outras palavras, o irenismo seria o “contato superficial entre cristãos, como se


não houvesse diferenças doutrinárias, culturais e rituais”; como se a unidade fosse
“tapinhas nas costas” deixando de lado nossas diferenças, fazendo “vistas grossas” com o
objetivo de paz. Assim, o irenismo evita discussões que gerem polêmicas: visa a colocar
“panos quentes” sobre um monte de questões sérias que dividem a igreja. Claro que não é
com esse tipo de unidade que sonhamos.

Também achamos difícil a unidade por meio de um processo de diálogo, por mais
sério que seja, que nos leve a uma uniformidade na interpretação bíblica, na doutrina, no
culto, na cultura cristã. Como vimos no capítulo 2, com base nos próprios evangelhos,
parece que Deus gosta da diversidade. Assim, buscamos uma unidade no Espírito que
não seja uma igreja uniforme, mas uma unidade dentro de uma legítima diversidade; uma
unidade que não signifique “fazer de conta que não tem coisas que não precisam ser
resolvidas” (irenismo). Será isso possível?

Existe unidade entre evangélicos?


Vamos pensar, por exemplo, nos evangélicos que têm como base de fé a mesma
Bíblia, estruturados com base na Reforma Protestante, com estilos muito parecidos de
cultuar e muitas outras semelhanças.

Sem nenhum propósito de crítica, respeitando a todos, vamos destacar alguns


pontos que são tratados como quase irreconciliáveis, tratando de grandes denominações:

- guardar o sábado como ordem constante nos dez mandamentos ou ter o domingo como
dia do Senhor?
- cear uma vez por semana, ou uma vez por mês ou uma vez por ano (coincidindo com a
Páscoa)?
- os elementos da ceia são símbolos, tipificação, presença de Deus, transubstanciação ou
consubstanciação?
- batismo por imersão ou por aspersão?
- batizar quando criança (algumas igrejas evangélicas têm essa prática) ou somente quando
há entendimento (quando jovem, adulto)?
- crer que os dons espirituais aconteceram só por ocasião da Igreja Primitiva ou continuam
existindo até hoje?
- manter o tradicionalismo, ou o pentecostalismo ou o neopentecostalismo?
- dízimo é mandamento, um princípio do Velho Testamento que deve ser praticado também
na Nova Aliança ou não?
- prosperidade deve ser pregada e ensinada ou o evangelho é só para a salvação?
- diante de um mundo perverso, devemos ensinar certos “comportamentos” aos cristãos
(usos e costumes) ou isso é uma função que cabe somente ao Espírito Santo?
- aceitamos o divórcio em algumas situações ou o casamento é indissolúvel, não abrindo
exceções?
- etc.

É claro que, ao conversar sobre unidade com evangélicos, serão ressaltados como
pontos que nos unem a Bíblia (fonte inerrante de toda a verdade), Jesus (como Senhor e
Salvador, sua morte na cruz, ressurreição e ascensão, sua segunda vinda), a obra do
Espírito Santo e Deus como um só Pai de todos nós. Em outras palavras, os evangélicos
sempre vão dizer: “Temos o Espírito Santo, e Jesus Cristo é o nosso único Senhor”.

Podemos olhar para a igreja evangélica2 e pensar numa pluralidade de estilos,


formas, ritos, teologias, doutrinas que parece não incomodar os irmãos, exceto quando se
percebem algumas aberrações heréticas. Porém, mesmo assim, não se nota uma ação
conjunta de “caça às bruxas”.

Podemos investir horas dialogando sobre as diversidades somente no meio


evangélico na busca de um denominador comum e afirmar categoricamente que não há a
menor chance, por processos naturais, de harmonizar tudo isso. Ou, simplesmente,
podemos obter uma permissão para um irmão evangélico cear em outra congregação

2 Calculam-se entre 700 a 800 milhões de evangélicos no mundo hoje.


diferente da sua. O que dizer sobre qualquer tentativa de convergir com outras
denominações cristãs consolidadas, como a igreja católica, a ortodoxa, a anglicana, os
judeus messiânicos ou outros? Há esperança de podermos contribuir com a oração de
Jesus “para que sejamos um” (João 17.21)? Certamente se tivermos um só Espírito, um só
Senhor.

Conhecendo um pouco os judeus messiânicos (judeus cristãos)

Joel Chernoff3 é o CEO da Messianic Jewish Alliance of America (Aliança Judaica


Messiânica da América). Em entrevista recente ao The Jewish Journal, ele afirmou que
existem hoje cerca de 800 congregações judaicas messiânicas no mundo. Considerando
que, em 1967, não existia nenhuma, sem dúvida é um impressionante crescimento.

Ele afirma, referindo-se a Jesus: “O judaísmo messiânico é a corrente judaica que


cresce mais rapidamente desde 1967. Calculamos que exista mais de um milhão de judeus
messiânicos no mundo. Os judeus estão-se tornando crentes em Yeshua”. Ele baseia suas
afirmações no censo realizado junto à população judaica:

As congregações messiânicas são compostas na sua grande maioria por judeus vindos de
todos os ramos do judaísmo tradicional, mas também há pessoas oriundas de diversas
denominações evangélicas. Por isso, algumas congregações são formadas por judeus e
gentios que cultuam conjuntamente, num misto de igreja e sinagoga. Essa aproximação e
crescimento, segundo o movimento messiânico, eram previstos. A conversão recente de
tantos judeus ao Messias Jesus é mais um sinal evidente de que as promessas de Adonai
para o seu povo estão se cumprindo nestes últimos dias. O Senhor prometeu que muitos se
voltariam para ele, formando o “remanescente” para o qual o Messias muito em breve virá!

Mesmo assim, há uma grande resistência por parte dos ortodoxos, que temem que grupos
cristãos tentem usar essa proximidade para converter os judeus ou forcem uma unificação
teológica entre judaísmo e cristianismo. Porém, os líderes do movimento messiânico
ressaltam que nesses tempos proféticos fica cada vez mais evidenciada uma onda sem
precedentes de amor cristão pelo povo judeu.4

No Brasil, localizado em Belo Horizonte/MG, o Ministério Ensinando Sião dá


cobertura à Congregação Har Tzion (Monte Sião). Como eles informam, num ambiente de
liberdade e de comprometimento com a verdade, essa congregação restaura o contexto
bíblico original do século primeiro no qual judeus e gentios adoravam juntos, unidos em
comunhão e amor como família de Deus e corpo do Messias.

Como congregação, a Har Tzion é reconhecida pela UMJC – Union of Messianic


Jewish Congregations (União das Congregações Judaico-messiânicas) e é hoje
considerada a maior congregação judaico-messiânica da América Latina. Comprometida
com o estudo bíblico e com as raízes judaicas e bíblicas da fé, a comunidade da Har Tzion
recebe judeus, não judeus e descendentes de judeus que buscam um ambiente onde
3 Fonte: http://shalom-israel-shalom.blogspot.com.br/2012/06/impressionante-crescimento-do-
movimento.html.15/06/2012.
4 Traduzido e adaptado do Jewish Journal por Jarbas Aragão
possam expressar a adoração ao Eterno (Deus) e a seu Filho Yeshua (Jesus), respeitando-
se o chamado e a vocação de cada um: judeu como judeu, gentio como gentio, mas uma
só família do Eterno. Como Yeshua (Jesus) é Senhor das comunidades judaico-
messiânicas, eles não têm problemas em ter comunhão com esses irmãos.

Asher Intrater, falando sobre os judeus messiânicos, disse o seguinte:5

Todas as pessoas, independentemente da sua nacionalidade, devem demonstrar amor, orar


e pregar para os judeus, pois são pessoas comuns que precisam ouvir de Jesus. Entretanto,
o Senhor está levantando entre os próprios judeus, pessoas para fazer isso. Então, existem
dois tipos de testemunhos que devem ser dados aos judeus: o amor e a oração da Igreja em
todas as nações, e o testemunho dos próprios judeus convertidos.

Ainda, como um “pedido de perdão” ao povo cristão, concluiu Asher:

Muitos judeus messiânicos apresentaram uma visão errada para a Igreja, deixando Jesus e
a Igreja à parte e valorizando ao extremo a nação, a história, a cultura e os costumes
judaicos. Isso foi um grande erro, pelo qual pedimos perdão e estamos procurando
corrigir em todos os lugares onde ensinamos. Jesus deve estar em primeiro lugar, e todas
as demais coisas irão se encaixar. Nada pode ser mais importante do que Jesus e sua
mensagem, sob o risco de nos desviarmos da mensagem principal do evangelho. Alguns
instrumentos e símbolos judaicos até podem estar presentes em algumas reuniões, mas
tudo deve apontar para Jesus, para o reino de Deus; só ele deve ser o centro de tudo.
Se estas coisas, entretanto, se tornarem importantes por si mesmas, então perderemos a
essência da mensagem e a visão (grifos nossos).

Os judeus precisam receber Jesus da mesma forma que todas as pessoas, pois não existe
outra maneira de ser salvo. Mas, para pregar a eles, é preciso ser sensível à sua cultura e
conhecer seus costumes, assim como com todas as demais nações do mundo. Os judeus
são fechados em relação ao evangelho, mas, graças a Deus, pela primeira vez na história,
existem mais de 15 mil judeus messiânicos em Israel que creem em Jesus6, e todos estão
repetindo este versículo: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor!”.

Há dois mil anos que o diabo está tentando impedir que isto aconteça, mas ele não
conseguirá cumprir esse seu intento. O Senhor vai voltar e o povo já está em posição de lhe
dar as boas-vindas. O diabo será lançado fora, expulso desse planeta, e nós ganharemos.
Os dois pré-requisitos estão se cumprindo: o evangelho do reino está sendo pregado em
todo o mundo e existem muitos judeus em Jerusalém dizendo “Bendito aquele que vem em
nome do Senhor!”.

Em seu boletim semanal Revive Israel, Asher afirma:7

Unidade é o produto final do amor. Se eu amo você, e você me ama, e todos nos amamos
– então a totalidade do nosso amor nos une. Ser “um” é uma condição espiritual,
divinamente inspirada (Efésios 5.31,32); tornar-se unido é o processo humano ou

5 INTRATER, Asher. Conferência “Israel e o Reino de Deus”. UMC – Unidade Cristã Missionária. Jundiaí/SP,
fevereiro/2012.
6 Segundo Joel Chernoff, citado neste tópico, há muitos mais espalhados pelo mundo.

7 INTRATER, Asher. O Preço da Unidade. Boletim Revive Israel (www.reviveisrael.org), 16/03/2015.


manifestação visível da posição de ser um. Somos “um” no Senhor, mas temos muito
trabalho pela frente para nos tornarmos unidos.

Yeshua (Jesus) orou para que fôssemos um em João 17; em João 18, ele entrou no Jardim
do Getsêmani com seus discípulos. João registra sua oração pela unidade, enquanto os
outros evangelhos registram a oração do Getsêmani: “Que não seja como eu quero, e sim
como tu queres” (Mateus 26.39). Vamos colocar as duas orações juntas.

A oração do Getsêmani de obediência até à morte era o preço necessário para que
chegássemos à unidade de João 17. Após a oração do Getsêmani, Yeshua (Jesus) foi preso
e conduzido até a sua crucificação. Na cruz, ele pagou o preço para que os pecadores
fossem salvos e os cristãos fossem um. A cruz é o preço para tornar possível nossa “unidade
com Deus”. (grifos nossos).

Falando acerca da dificuldade da Igreja de aceitar a unidade com Israel, Asher


conclui:8

A revelação de Paulo não foi que os gentios podiam ser salvos. Pedro entendeu isso muito
antes naquela visão do lençol descendo do céu (Atos 10 – 11). A revelação de Paulo foi que
os cristãos gentios se tornariam um enorme corpo internacional, e que passariam a ser
parceiros com os mesmos direitos de Israel. Efésios 3.6: “.... que os gentios são coerdeiros,
membros do mesmo corpo e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus por meio do
evangelho.”

Foi difícil para os primeiros judeus messiânicos aceitar que os gentios podiam se tornar
coparticipantes com eles. Eles pensavam que os gentios eram menos importantes. Eles
precisavam se humilhar para compreender a beleza e a importância da Igreja
internacional. Hoje, nós, judeus messiânicos, precisamos fazer o mesmo.

De igual forma, é difícil para a Igreja entender a importância de Israel. A Igreja é muito
espiritual e numerosa (Apocalipse 7.9). Contudo, parte do destino da Igreja é ser “enxertada”
em Israel (Romanos 11.17). Israel veio primeiro. A Igreja nasceu de Israel e é inserida em
Israel. Israel e a Igreja foram “feitos” um para o outro. A plenitude da Igreja libera a
salvação de Israel; e a plenitude de Israel libera o destino da Igreja. (grifos nossos)

Comentamos mais sobre este assunto no capítulo 7 deste livro.

Catolicismo, a maior denominação cristã

Há muita semelhança entre o catolicismo romano e a igreja ortodoxa. Dentre essas


semelhanças, a profissão de fé é um guia para ambas as denominações. Esta profissão de
fé, chamada de “credo”, usa a expressão “creio na santa igreja católica”, que não se refere
ao catolicismo romano ou ortodoxo, mas à igreja universal, a Igreja de Jesus Cristo.

O Credo ou Símbolo Niceno-Constantinopolitano é uma declaração de fé cristã


aceita pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa. O nome está relacionado ao Primeiro
Concílio de Niceia (325 d.C.), no qual foi adotado, e com o Primeiro Concílio de

8 INTRATER, Asher. Judeus e Gentios – O mistério da unidade. Boletim Revive Israel (www.reviveisrael.org), 16/01/2015.
Constantinopla (381), no qual foi aceita uma versão revista. Por esse motivo, ele pode ser
referido especificamente como Credo Niceno-Constantinopolitano para distingui-lo tanto da
versão de 325 d.C. como das versões posteriores que incluem a Cláusula Filioque (a parte
que fala sobre o Espírito Santo, acrescentando “e do Filho”: “... e procede do Pai e do
Filho”):

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas


visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido
do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas.
E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus e encarnou, pelo Espírito
Santo, no seio da Virgem Maria e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio
Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; e subiu
aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar
os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a
vida, e procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: ele que falou pelos
profetas. Creio na Igreja una, santa, católica9 e apostólica. Professo um só batismo para
remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos mortos; E a vida do mundo que há de vir.
Amém.

O credo professado constantemente nas missas pelos católicos romanos10 é a


seguinte:

Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único
Filho Nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem
Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos
mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-
poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja
Católica (universal), na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição
da carne, na vida eterna. Amém.

Esse resumo da profissão de fé mostra que não há divergência com as


denominações cristãs. Creio que qualquer cristão possa recitar este texto sem contradição
com a Palavra de Deus.

A Igreja Ortodoxa11

Segundo a Wikipédia (Enciclopédia Livre), a Igreja Ortodoxa (do grego órtos: “reto,
correto” e dóxa: “doutrina, opinião” ou, literalmente, "igreja da opinião correta") ou Igreja
Católica Ortodoxa é uma comunhão de igrejas cristãs autocéfalas, herdeiras da cristandade
do Império Bizantino, que reconhece o primado de honra do patriarcado ecumênico de
Constantinopla desde que a sede de Roma deixou de comungar com a ortodoxia.

9 Universal.
10 Calcula-se que haja 1,1 bilhões de católicos romanos no mundo hoje.
11 Calcula-se que haja 250 milhões de ortodoxos no mundo hoje.
Reivindica ser a continuidade da igreja fundada por Jesus, considerando seus líderes como
sucessores dos apóstolos.

A Igreja Ortodoxa tem aproximadamente dois mil anos, contando-se a partir da Igreja
Primitiva (reivindicação também da Igreja Católica Romana), e aproximadamente mil anos
contando-se a partir do Cisma do Oriente ou Grande Cisma, em 1054. Desde então, os
ortodoxos não reconhecem a primazia papal, a Cláusula Filioque; não aceitam os dogmas
proclamados pela Igreja Católica Romana em séculos recentes, tais como a Imaculada
Conceição e a infalibilidade papal. Também não consideram válidos os sacramentos
ministrados por outras confissões cristãs.

Apesar de católicos romanos e ortodoxos terem uma história comum, que começa
com a fundação da Igreja e com a difusão do cristianismo pelos apóstolos, uma série de
dificuldades ocasionou o progressivo distanciamento entre Roma e os patriarcas.
Primeiramente, veio a quebra da unidade política. Com a divisão do Império Romano em
395 d.C., a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C. e o fracasso da tentativa
de Justiniano I de reunificar o Império a partir de 535 d.C., o Oriente e o Ocidente deixaram
de ter o mesmo governo. Tempos mais tarde, com a ascensão do Islã, as trocas
econômicas e os contatos por via marítima entre o Império Bizantino, de língua grega, e o
Ocidente, de língua latina, tornaram-se mais difíceis, e a unidade cultural deixou de existir.

Apesar de várias diferenças teológicas, organizativas e de espiritualidade


consideráveis, a Igreja Ortodoxa é, em muitos aspectos, semelhante à Igreja Católica:
preserva os sete sacramentos, o respeito a ícones e o uso de vestes litúrgicas nos seus
cultos (denominados de “divina liturgia”). Seus fiéis são chamados de “cristãos ortodoxos”.

No conjunto, a Igreja Ortodoxa é a terceira maior confissão cristã, contando, em todo


o mundo, com aproximadamente 250 milhões de fiéis, concentrados sobretudo nos países
da Europa Oriental. As igrejas ortodoxas mais importantes são a Igreja Ortodoxa Grega e
a Igreja Ortodoxa Russa.

Ainda que a Igreja Ortodoxa reivindique ser a única correta, podemos sim nos
aproximar desses irmãos, pois, como vimos no item anterior (católico), a profissão de fé é
coerente com a essência em que os cristãos creem.

Unidade no Espírito (ecumenismo espiritual)

Ainda que Efésios 4.2 nos exorte a “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da
paz”, certamente, com as nossas divisões, deixamos escapar tão grande privilégio do Corpo
de Cristo. Entendemos que, por negligenciar e mesmo não discernir o Corpo unido (1
Coríntios 11.29), não vivemos hoje esta unidade espiritual no vínculo da paz. Como
reconquistar esse tempo perdido?

Um primeiro aspecto da unidade no Espírito (ecumenismo espiritual) é que não pode


ser alcançado por esforço humano. É obra do Espírito Santo. A unidade da Igreja só pode
ser alcançada pela ação do Espírito Santo de Deus. Se a Igreja nasceu por obra do Espírito,
e a unidade dela ocorreu em Pentecostes, só por um Pentecostes renovado isto poderá
acontecer. Só o Espírito Santo poderá realizar na sua plenitude a oração de Jesus antes
de sua morte: “para que todos sejam um” (João 17.21).

Muitas tentativas já foram feitas dentro da ideia de unidade espiritual, mas sem
frutos. Tentativas de acordos teológicos, de pacificação entre cristãos como o Irenismo,
relativismo doutrinal, diálogos ecumênicos com busca de acordos, propostas de encontrar
denominadores comuns, todos foram frustrados. É o Espírito Santo quem nos conduz à
verdade integral e, como diz Walter Kasper...12

... ele cura as feridas de nossas divisões que até hoje ainda sangram. O Espírito é o amor
entre o Pai e o Filho, ao mesmo tempo a parte interior e exterior de Deus. Sem a comunhão
do Espírito, sem espiritualidade de comunhão, a comunhão institucional torna-se uma mera
máquina sem alma. Uma espiritualidade ecumênica, portanto, será primeiramente uma
espiritualidade bíblica e irá expressar a si própria na leitura e estudo simples da Bíblia, que,
para todos os cristãos, é o testemunho fundamental universal da salvação de Deus na
história, cumprindo em Jesus Cristo (grifos nossos).

Dentro dessa proposta de ecumenismo espiritual (unidade do Espírito), continua


Kasper:

A confissão sobre o caráter único e o significado salvífico universal de Cristo irá preservar a
fé cristã do relativismo e do sincretismo em seus encontros com outras denominações
cristãs, mas também da arrogância.

Nessa base bíblica, centralizado na salvação exclusiva por meio de Jesus Cristo,
partilhando a Palavra, orando, com comunhão, é que podemos criar o ambiente adequado
para o Espírito Santo operar.

Certamente, nesses momentos, estaremos experimentando o Espírito Santo.


Portanto, uma espiritualidade ecumênica (unidade do Espírito) é uma espiritualidade de
oração, de comunhão, de Palavra. Nesse ambiente, os diferentes dons do Espírito estarão
agindo para servirmos uns aos outros (1 Coríntios 12.4-11). Em nossas reuniões, cada um
trará a sua contribuição (1 Coríntios 14.26); o amor paciente, que tudo espera, que tudo
suporta, que não se incha de orgulho, que não se irrita, que não é ciumento, que serve aos
outros (1 Coríntios 13) será potencializado pelo Espírito Santo. Essa atmosfera certamente
nos levará ao perdão e ao arrependimento, levará à reconciliação sem que os irmãos
cristãos sacrifiquem sua identidade, levará a um ambiente sadio sem que um irmão queira
absorver o outro, respeitando seus dons e sua alteridade (fato ou qualidade de uma coisa
ser diferente de outra; natureza ou condição do que é outro, do que é distinto).

Nessa espiritualidade, não se busca proselitismo, não se trata de conversão de uma


para outra igreja, mas de uma conversão para a verdade plena de Jesus Cristo. Significa
crescermos juntos para alcançar a estatura de Cristo. Significa encontrarmos um
Pentecostes renovado para que a oração sacerdotal de Jesus seja consumada em nossa
vida.

12 KASPER, Walter. Que Todos Sejam Um. Ibid.


Alguns cuidados na busca da unidade do Espírito

A unidade do Espírito não trata de um indiferentismo dogmático. Também não trata


de anular a forma como outro irmão cristão pratica sua fé. Num ambiente de amor e visitado
pelo Espírito Santo, teremos conversas em que haverá complementação da revelação que
Deus tem dado a cada um. Não podemos conceber que somos detentores com
exclusividade de verdades plenas que não foram reveladas a outros irmãos. Somos sim a
família de Deus.

Em janeiro de 2014, fui passar um mês em Camerino, Itália, num curso de italiano.
Já no ônibus, indo de Roma a Camerino, conheci o irmão Izaías. Ele, muito conhecedor de
história, me impressionou explanando seus conhecimentos sobre a Itália antiga. Tivemos
mais de duas horas de comunhão e imaginei como seria agradável passar esse mês com
uma pessoa tão vibrante. Já na cidade, descobri que ele era de uma denominação cristã
com práticas doutrinárias muito diferentes daquelas em que eu cria. Porém, aquela
comunhão inicial nos deu base para conversar muito sobre assuntos espirituais. Percebi
que estávamos desarmados, sem preconceitos. Interessante que o primeiro assunto
tratado tenha sido o perdão. Creio que aquele mês de convivência nos edificou
grandemente na fé e na revelação da Palavra. Vimos que as diferenças, as diversidades
se transformaram em riquezas para o crescimento de ambos. Diversas de suas explicações
complementaram meu entendimento e, pelo que ele me disse, pude complementar
igualmente sua vida espiritual.

Achar que só nós temos a revelação plena das Escrituras, sem dúvida, é uma
presunção muito grande. Achar que Deus não fala com os irmãos das denominações “x” ou
“y” como fala conosco é querer “domesticar” o Espírito Santo. Assim, um primeiro passo em
direção à unidade do Espírito é reconhecer que a presença do Espírito Santo não é
monopólio da minha congregação. Ora, se o Espírito Santo está com outros irmãos,
certamente, pelos dons diversificados, ministérios e diversidades de operações (1 Coríntios
12.5-7) há revelações que não temos e, com humildade, sem preconceitos e dialogando,
seremos enriquecidos por essas diversidades do Espírito.

Um encontro, por exemplo, entre evangélicos e católicos que narramos em nosso


livro Reconciliação: O Segundo Toque, é de um grupo chamado Acolher. Na amizade entre
duas meninas na escola e no encontro das duas famílias (uma católica e outra evangélica),
nasceu o desejo de perpetuar essa comunhão reunindo-se constantemente para conversar,
comer juntos, orar, ler a Palavra e, posteriormente, dialogar sobre as riquezas das
revelações que cada um tinha na sua fé. Esses dois pais, por terem discípulos, decidiram,
após autorização dos seus líderes eclesiásticos, levar às reuniões as pessoas dos seus
respectivos grupos. Pelo fato de as reuniões serem nas casas, houve necessidade de
multiplicar os grupos depois de se adquirir algumas experiências.

Nossa proposta é, em primeiro plano, por meio de diálogo, comunhão, oração e


estudo da Palavra, redescobrir a unidade que já temos, centrados em Jesus Cristo. Aqui,
como dissemos, tesouros que irmãos têm nesta área, quando intercambiados, nos ajudam
a enriquecer nossa fé. Em nossas reuniões de vivência espiritual, adquirimos confiança
mútua. É claro que, com o passar do tempo, aliados, vivendo o amor e o perdão, podemos
(e devemos) conversar sobre pontos de diversidade no que tange a doutrinas, tradições,
heranças que cada um tem. Estes diálogos, no amor, não visam a fazer proselitismo (aliás,
a unidade espiritual não pressupõe trazer outros irmãos para a nossa denominação), muito
menos criticar os irmãos que têm uma prática diferente da nossa. O diálogo na unidade
sempre leva a esclarecer as razões de práticas diferentes das nossas. Como dissemos nos
capítulos anteriores, temos mais coisas que nos unem (que são relevantes) do que coisas
que nos dividem (que normalmente não são relevantes).

É possível cada um fazer parte deste mover? Como?

Um ponto fundamental para ver a oração de Jesus (João 17.21-23) ser realidade na
Igreja hoje é, assim como o próprio Jesus fez, orar. Não orar esporadicamente, mas ter um
tempo diário para isso, uma oração insistente, constante, perseverante.

Uma prática que o Conpas (Conselho de Pastores de Jundiaí) teve em suas orações
semanais é que cada pastor deveria orar pelo sucesso (crescimento, avivamento, etc.) de
outras congregações que não apenas a sua. E, de preferência, deveriam orar por algumas
denominações com as quais não simpatizassem ou que tivessem criticado em algumas
ocasiões.

Orar pela unidade significa interceder pelo sucesso de outras denominações,


principalmente por aquelas cujas práticas doutrinárias não compartilhamos, por aquelas
que nos parecem estar distantes dos nossos conceitos teológicos ou por pessoas de outras
denominações que conhecemos. Após algum tempo de oração, fique atento, pois Deus Pai
lhe dará amor por essas pessoas ou denominações. A primeira coisa a ser feita é
aproximar-se, com humildade, de irmãos cristãos dessas outras denominações.
Encontraremos esses irmãos no trabalho, na fila do caixa, na rua, na família, no rol de
amigos, etc.

Servir a esses irmãos com o melhor que temos é um mandamento bíblico. Em


situação de dúvida, devemos enfatizar que reconhecemos ser irmãos em Cristo e que a
sua denominação é por nós respeitada, que não temos nenhum desejo de proselitismo
(“pescar no aquário”), mas de ter comunhão no Espírito Santo. Como dissemos no início
deste capítulo, amar, perdoar, servir uns aos outros é indispensável.

Haverá um momento que o Espírito Santo irá preparar para a reconciliação. Na


verdade, de alguma forma, por pensamentos, palavras, atitudes ou omissões criticamos ou
desconfiamos daqueles irmãos. Com o coração arrependido, esse é o momento de pedir
perdão. Às vezes, como na oração de Daniel (capítulo 9), temos de pedir perdão por outros
irmãos da nossa denominação e/ou por tantos anos de divisões. Você pode estar certo de
que, nesse momento, haverá reciprocidade: ambas as partes se arrependerão. Aqui, as
feridas que podem estar durando séculos (as divisões são antigas) serão curadas, e
passaremos a ser chamados e reconhecidos como uma geração curada.
Quando as barreiras começam a ser derrubadas, é o momento de se pensar em uma
reunião que abranja, inicialmente, o aspecto social, de preferência em volta de uma mesa.
Comer juntos é lembrar a Nova Aliança. Gradativamente, introduzimos uma oração, mais à
frente um estudo da Palavra e, assim, sucessivamente.

É lógico que, nessas etapas, devemos nos submeter aos nossos líderes, pastores,
padres e bispos (não podemos tomar iniciativa de abrir nossa casa para esse tipo de
reunião sem a autorização dos nossos líderes). Também não podemos esconder da nossa
congregação esse propósito de Deus para a nossa vida.

Em nenhum momento, seja na aproximação, seja nas reuniões, façamos uso de


críticas em relação aos aspectos doutrinários, por mais estranhos que sejam. Esse é o
momento de buscar as riquezas que cada um tem no que tange à revelação da Palavra.

É claro que, um dia, as diferenças doutrinárias, num ambiente de paz e amor, com
sabedoria do alto, serão abordadas. Nesse momento, o Espírito Santo agirá de tal maneira
que nenhuma das partes se sentirá ofendida. E mesmo que as diferenças continuem, o
amor que nos une será maior.

Nunca se preocupe com o futuro, com a maneira como a igreja será curada. Esta é
uma tarefa do Espírito Santo. “Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz
o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4.6b). Não podemos imaginar como será a unidade que
o Espírito Santo produzirá para nos tornarmos a sua Noiva gloriosa, mas sabemos que ele
o fará. Nosso papel é o mesmo de Maria que, sem conhecer homem algum, gerou pelo
Espírito Santo o Filho de Deus dizendo “sim” à proposta de Deus:

No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galileia,
chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome
era José; a virgem chamava-se Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-
te, muito favorecida! O Senhor é contigo. Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se
muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. Mas o anjo lhe disse: Maria, não
temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a
quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo;
Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de
Jacó, e o seu reinado não terá fim. Então, disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não
tenho relação com homem algum? Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo,
e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que
há de nascer será chamado Filho de Deus. E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um
filho na sua velhice, sendo este já o sexto mês para aquela que diziam ser estéril. Porque
para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas. Então, disse Maria: Aqui
está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra. E o anjo se
ausentou dela (Lucas 1:26-38; grifos nossos).

Que possamos todos ter um coração aberto para o cumprimento da oração de Jesus
em João 17.21 e, como Maria, possamos afirmar: “Eis aqui o servo do Senhor; cumpra-se
em mim segundo o teu propósito!”.
A parousia (a volta de Jesus) e a unidade cristã

Há um bom tempo, começou a congregar conosco uma família vinda de outra região
que procurava uma igreja que se adaptasse às suas heranças religiosas. Recebemos
aqueles visitantes com muita alegria. Porém, ao conversar com eles, vi algumas diferenças
relevantes e imaginei que seria muito difícil eles continuarem conosco.

Porém, para a nossa surpresa, depois de participar algumas vezes dos nossos
cultos, eles tomaram a decisão de congregar conosco. Um tempo depois, com aquela
liberdade de irmãos, perguntei-lhes o que havia contribuído para a decisão de permanência,
sendo que, a meu ver, havia congregações que se adequavam muito mais às
características deles. A resposta me deixou perplexo: “É porque todos os finais de reunião
vocês bradam, (depois de um dirigente falar: ‘o Espírito e a Noiva dizem’): Maranata, ora
vem Senhor Jesus” (Apocalipse 22.17,20).

Se naquele momento essa resposta me surpreendeu, com o tempo fui entender que
era uma poderosa oração de unidade. Hocken13 diz que esta frase é a oficial confissão de
todo o Corpo de Cristo: “Todos os cristãos deveriam estar unidos orando o final da oração
das Escrituras: ‘Amém. Vem, Senhor Jesus!’ (Apocalipse 22:20)”. Ele afirma que a oração
da unidade “Maranata” (na língua grega significa “O Senhor Vem”) está intimamente ligada
com a oração do capítulo 17 de João pela unidade dos cristãos.

Hocken cita ainda que essa oração foi ensinada pelo abade Abbé Paul Couturier de
Lyon, na França, considerado o primeiro apóstolo da unidade do século 20. Couturier viu
que a única oração pela unidade que todos os cristãos poderiam compartilhar de maneira
completa era a oração do próprio Jesus “para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em
mim, e eu em ti” (João 17.21). Ele desenvolveu essa forma de oração (Maranata) pela
unidade cristã na forma que Cristo deseja e pelo significado que ele deseja.

A perspectiva do capítulo 17, ainda segundo a visão de Couturier, é enfatizar


grandemente o papel do Espírito Santo na parousia. A oração por unidade, envolvendo a
oração de Jesus (para que todos sejam um como ele e o Pai são um), é uma oração no
poder do Espírito. A oração do Espírito para que os cristãos sejam UM e o clamor do Espírito
“Vem, Senhor Jesus” estão associados, porque a segunda vinda será o final do ajuntamento
na unidade plena do reino de Deus.

Como é bom estar cheio de esperança (Romanos 15.13) e poder olhar para a volta
de Jesus e, juntamente em unidade com todos, confessar em alto e bom som: “Maranata!
Ora, vem Senhor Jesus!”. Ainda hoje, na unidade das quatro comunidades, sempre
bradamos essa oração.

13 HOCKEN, Peter. The Glory and the Shame. Reino Unido: Eagle, Guildford, Surrey, 1994.

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