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FURB – UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU


DIREITO DAS OBRIGAÇÕES III
DOCENTE: MSC. ANA CRISTINA BARUFFI

ANÁLISE DE JULGADO EM ACÓRDÃO

Discente: Getúlio Barbosa Honorato

Blumenau, 14 de maio de 2014.


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RESUMO

A presente dissertação versará acerca duma análise de julgado em acórdão


prolatado em sede de Recurso Especial levado a julgamento pela Quarta Turma do
Superior Tribunal de Justiça, cujo litígio discutido no respectivo processo versava
acerca a possibilidade de extinção de um contrato face ao inadimplemento
obrigacional, todavia, não havendo no instrumento do contrato cláusula que
impusesse termo para o cumprimento da avença.
Palavras-chaves: sinalagma, inadimplemento, interpelação em mora, termo,
citação válida.
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Índice

Introdução e ementa do acórdão___________________________________ 04

Da interpretação do relatório______________________________________ 05

Análise, considerações pessoais e disposições doutrinárias_____________ 05

Conclusão____________________________________________________ 08

Referências___________________________________________________ 09

Cópia do Acórdão______________________________________________ 10
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Introdução

Em consonância com as lições do ilustre jurista Rene David, há de se


perceber que no panorama jurídico ocidental atual, coexistem duas grandes
vertentes político-jurídicas vigentes na ordem jurídica dos Estados contemporâneos,
a saber: a Civil Law (típica da escola romano-germânica) e a Commom Law (típica
do Direito anglo-saxão). Vige no Brasil a primeira vertente (tendente a conferir maior
relevância aos dispositivos normativos positivados, isto é: à lei).
Entretanto, com a promulgação da CRFB/88, a estrutura do Órgão Judiciário
Brasileiro sofreu uma severa transformação, ampliando os limites de atuação dos
Tribunais (principalmente os de jurisdição superior), adotando o modelo norte-
americano de freios e contrapesos (checks and balances), que substitui àquele
retrogrado modelo montesquieuano-aristotélico de equilíbrio das funções estatais.
Daí porque, nos últimos anos, subjazeu latente em nossa cultura a
supervalorização das decisões judiciais, muitas das quais tem força normativa
semelhante às das leis stricto sensu. Por isto nunca antes em nossa ordem jurídica
foi tão relevante o estudo das principais decisões judiciais ocorrentes e recorrentes
no âmbito do nosso Estado.

Ementa do Acórdão

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE RESCISÃO DE


CONTRATO CUMULADA COM PERDAS E DANOS E REINTEGRÃÇAO
DE POSSE. ALEGADO DESCUMPRIMENTO DE
CLÁUSULAS CONTRATUAIS. CONSTITUIÇÃO DO DEVEDOR EM
MORA. INTERPELAÇAO. EXIGÊNCIA.
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da QUARTA
TURMA do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das
notastaquigráficas, por unanimidade, dar provimento ao recurso especial, nos
termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Raul Araújo Filho, Maria
Isabel Gallotti, Aldir Passarinho Junior e João Otávio de Noronha votaram com o Sr.
Ministro Relator.

Brasília, 24 de agosto de 2010 (data do julgamento)


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Da interpretação do relatório

Os requerentes, em litisconsórcio ativo, ajuizaram ação de rescisão contratual


(em face da bilateralidade sinalagmática do contrato) cumulada com pedido de
reintegração de posse e indenização por perdas e danos, em face dos demandados,
também em litisconsórcio (passivo) – configurando assim uma cumulação objetiva
concentrada num único processo, em ações distintas (para Nelson Nery) ou em
ação única (na concepção de Cassio Scarpinella) – na 18ª Vara Cível da Comarca
do Paraná.
O objeto que gravitava em torno do litígio é pertinente a um contrato de
compra e venda com trespasse (ocasionando a transferência do ponto comercial e
do direito de locação do imóvel que sediava o ponto comercial, que passou a ser
utilizado pelos requeridos para o exercício da atividade mercantil a quo, todavia, os
réus não tomaram as medidas necessárias e admitidas em direito para transferirem
a responsabilidade do aluguel para as suas espessas), no qual, os autores
transferiram aos requeridos o direito de exploração da respectiva atividade
comercial. Convencionou-se o pagamento através de comissões sobre o lucro
auferido. Note-se que, o pagamento (cláusula principal) quando ao trespasse do
estabelecimento foi devidamente quitado. A controvérsia circunda tão somente
quanto ao pagamento das prestações de alugueis (ou alugueres – as duas
modalidades gramaticais são admissíveis) do imóvel sede do aviamento através de
comissões, sendo, todavia, o contrato omisso quanto ao tempo em que o pagamento
comissional devesse ser realizado.
Por isto, em primeiro grau de jurisdição, o juízo singular extinguiu o processo
sem resolução do mérito, ante o argumento de carência de ação (por falta de
interesse de agir) em detrimento da falta de interpelação em mora dos devedores,
isto é: pela via extrajudicial. Em segunda instância (e em segundo grau de
jurisdição), no âmbito do TJPR, a sentença fora reformada, ordenando-se que os
autos retornassem ao juízo de origem para a instrução do processo, para que, por
conseguinte, se pudesse julgá-lo em sede de apelação, em face da regra da
interpelação em mora através da citação válida, consoante o artigo 219 do CPC (não
havendo que se falar em carência de ação, no entendimento do TJPR).
Após estes eventos, o requeridos, em sede de recurso especial, se
insurgiram contra a respectiva decisão emanada em sede de apelação, face a
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controvérsia legal, e hermenêutica em face de lei federal (artigos 397 do


CC/2002 – 960 do CCB, ab-rogado – e artigo 219 do CPC) que circunda o tema,
pois discutia-se acerca da interpelação em mora da parte ré, quer seja: se a mora
era ex re ou ex persona (visto que no instrumento do contrato não havia termo para
cumprimento do avençado – no que tange ao pagamento pactuado comissional do
direito de locação do imóvel do aviamento).
O STJ, através de um acordo deveras obscuro, desconstituiu o acórdão
prolatado pelo TJPR, reconstituindo o dispositivo do juízo singular para extinguir o
processo sem resolução do mérito.

Análise, considerações pessoais e disposições doutrinárias

Em primazia, cumpre-se ressaltar que, em face do princípio judex ne procedat


ex officio, os limites objetivos da lide e de cognição jurídica do magistrado ficam
adstritos ao pedido postulado pelo autor, sob pena de incidir o juiz em erro in
procedendo, cominando assim na prolação de uma eventual sentença de conteúdo
dispositivo extra, ultra ou citra petita. Assim, depreende-se que, em face do princípio
da manutenção dos contratos (em consonância com o enunciado 22 do CJF), o
pedido mais adequado face ao litígio suscitado que deveria ser pleiteado pelos
requerentes, é o de revisão judicial do contrato com fulcro a aditar-lhe cláusula
que imponha termo para cumprimento da obrigação pactuada. Todavia,
temerariamente, os demandantes propuseram ação de rescisão contratual, em face
da suposta existência de sinalagma contratual e interpelação em mora do polo
passivo da obrigação.
No tocante ao pleito judicial, razão assiste aos litisconsortes ativos na
alegação de bilateridade sinalagmática contratual, todavia, a incidência do instituto
expresso no artigo 478 do CC não tem aqui aplicabilidade ante a ausência de termo
fixado no contrato. Ora, se não há termo no contrato, seria demais falar-se em
inadimplemento relativo da obrigação, afastando-se assim eventual e remota
possibilidade de mora no caso a quo. E, ainda que aí houvesse mora, esta poderia
ser de plenamente purgada, como consequência anterior a possibilidade de
aplicação da rescisão contratual pelo inadimplemento unilateral passivo (o que,
notoriamente, não é o caso).
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Quanto à sentença proferida no Juízo singular e em sede de acórdão em


Recurso Especial, que impuseram a extinção do feito sem resolução do mérito sob o
argumento de falta de interesse de agir, tem-se como equívoca, pois, em verdade,
não falta aos autores este requisito. A doutrina não é uníssona quanto a temática,
todavia, faz-se aqui menção às considerações de Humberto Theodoro Júnior, a
saber: “Entende-se, que há interesse processual se a parte sofre um prejuízo, não
propondo a demanda, e daí resulta que, para evitar esse prejuízo, necessita
exatamente da intervenção dos órgãos jurisdicionais” (THEODORO JÚNIOR, 1990,
p. 59). Logo, a extinção do feito com resolução do mérito seria mais cabível, ante a
impossibilidade jurídica do pedido e inaplicabilidade do artigo 478 do CC/2002 e 219
do CPC (no tocante a interpelação em mora) no caso em tela. Assim corrobora J. J.
Calmon Passos, dizendo: É sem medo, portanto, que defendemos que a extinção do
processo por impossibilidade jurídica do pedido, de lege lata, gera coisa julgada material
(2004, pg. 246).
Quanto à antinomia acerca da regra aplicável acerca da interpelação em mora
do devedor, prima facie, deve-se fazer a distinção no que tange a mens legis do
Órgão Legiferante quando da edição dos respectivos enunciados legislativos que
regem o tema (a saber: artigo 219 do CPC e artigo 397 do CC/2002), através do
método da interpretação teleológica histórica (ou objetiva), pois, dentre a inteligência
que se extrai destes dispositivos, há certa antinomia meramente aparente, pois, ao
passo que o dispositivo previsto na lei processual estabelece uma regra genérica de
interpelação em mora, o artigo da legislação material civil estabelece uma regra
específica como para a solução jurídica em relação ao caso subjudice (conforme
ensinamento de Judith Martins Consta), no que tange a relação obrigacional aí
discutida. Assim, entre o genérico e o especial, prevalece o segundo, conforme há
muito preceituosa o filósofo medieval, Santo Agostinho. Por isto, notoriamente, é
intrínseco a pretensão do Legislador que o dispositivo do artigo 219 do CPC seja
utilizado tão somente quando outra regra especial não houver para interpelação em
mora do devedor, como é o caso, por exemplo, da responsabilidade civil
extracontratual, que admite, não como regra especial, mas como prerrogativa que
compõe a faculdade de pretender daquele que experimentou o dano a escolha de
como interpelar em mora extrajudicialmente ao causador do dano, quer seja: através
de notificação (via extrajudicial) ou judicialmente, através da citação válida, o que
não é cabível no caso em análise, sendo que normativa a ser aplicada aqui é a que
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consta do artigo 397 do CC/2002 (prévia interpelação extrajudicial – face a suposta


mora ex persona).
Ainda, deve-se também enfrentar a controvérsia acerca da natureza da
eventual mora (e, até então, inexistente) que poderia decorrer desta relação
contratual: se esta seria ex re ou ex persona. Ora, por demais evidente que, se no
contrato não havia termo fixado quanto ao tempo para cumprimento da obrigação,
não há que se falar em mora ex re (a qual independe de prévia interpelação). Assim,
por exclusão, a mora que poderia daí resultar é a mora na modalidade ex persona,
pois exige-se prévia interpelação extrajudicial.
No âmbito do acórdão prolatado, fica notório que a doutrina francamente
majoritária considera a citação válida como regra geral e subsidiária para interpelar o
devedor em mora in ipso jure. Assim corroboram Nelson Nery Júnior, Maria Helena
Diniz, Silvio de Salvo Venosa, Pablo Stolze Gagliano ( este último não é referendado
no acórdão). Todavia, uma autora (e somente esta) traz ao âmbito do Direito uma
discussão que nenhum destes outros autores perceberam, mas que, em situações
sui generis como esta ora analisado, é de grande repercussão jurídica. Esta é Judith
Martins Costa (mencionada anteriormente). Para ela, muitas vezes o conjunto
legislativo nacional exige que, em certas situações, se observem requisitos especiais
de interpelação em mora, como o é no caso sub judice. Então pois, em epílogo,
pode-se inferir que, em situações ordinárias, a citação válida é suficiente para
interpelação em mora do devedor, ainda que a mora seja na modalidade ex persona.
Todavia, quando a obrigação contratual, além de ilíquida não possuir termo,
deve-se observar a regra especial, a saber: a de prévia constituição do devedor em
mora, excluindo-se a regra de interpelação em mora face a citação válida que consta
do artigo 219 do CPC.
A análise da matéria é inédita no âmbito das casuísticas que chegam aos
Tribunais da Justiça Comum Estadual e no âmbito do STJ. No mais, é pacífico o
entendimento de que a citação válida, via de regra, interpela o devedor em mora in
ipso jure – sendo que, o caso em tela, constituí raríssima exceção à regra em nossa
ordem jurídica.
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Conclusão

Trata-se de um evento jurídico levado ao crivo do Judiciário cuja a análise


constitui matéria inédita, nunca dantes apreciada pelo STJ. Nela, a controvérsia
gravitava em torno da existência de mora e acerca de qual evento era suficiente e
necessário para constituir o devedor nesta circunstância (a saber: de
inadimplemento obrigacional e interpelação em mora judicial ou extrajudicial).
Após prolongada controvérsia no âmbito da Justiça Comum residual do
Estado do Paraná, o STJ, de maneira abrupta, desconstitui o acórdão prolatado pelo
TJPR, reconstituindo a sentença de primeiro grau, meramente extinguindo o
processo em resolução do mérito, tornando a matéria ainda mais controvertida.
Há de se considerar que, este caso é de extremada peculiaridade, pois, a
obrigação contratual ali discutida é ilíquida e incerta, circunstância na qual, seria
demais exigir que a mera citação validade interpelasse o devedor em mora. Por isto,
no que tange ao Direito material, o entendimento do STJ foi acertado.
Houve tão somente certa incongruência no que tange a extinção do processo,
pois esta deveria se dar com resolução do mérito, face a impossibilidade jurídica do
pedido.
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Referências

BUENO, Cassio Scarpinella, A nova etapa da reforma do Código de Processo


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BLUMENAU, Fundação Universidade Regional, Biblioteca Universitária -
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http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&u
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editora Atlas, São Paulo-SP.

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BRASIL, República Federativa, Código de Processo Civil. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869compilada.htm.htm Acesso em
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BRASIL, República Federativa; Superior Tribunal de Justiça – 4ª Turma, Recurso


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COELHO, Fábio Ulhoa, Curso de Direito Empresarial – Direito de Empresa, vol. I,


13ª edição, 2012, editora Saraiva, São Paulo-SP.
CALMON DE PASSOS, José Joaquim. Comentários ao Código de Processo Civil,
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DAVID, Rene, Os Grandes Sistemas do Direito Contemporâneo, 2002, 4ª edição,


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GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona Filho, Novo Curso de Direito
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GOMES, Orlando, Contratos, 12ª edição, 1987, editora Forense, Rio de Janeiro-RJ.
NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade, Código de Processo Civil
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