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A NATUREZA DA CIÊNCIA
AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS
Teorização Funcional
A teoria funcionalista foi criada por l-lerbert Spencer e retomada por Êmile
Durkheim no século XX. Durante certo período dos anos 50, esse tipo de teoria
dominou a sociologia; agora, representa apenas uma das diversas propostas.
Todas as teorias funcionalistas examinam o universo social como um sistema de
partes interligadas (Turner e Maryanski, 1979). As partes são então analisadas
em termos de suas conseqüências, ou funções para o sistema maior. Por
exemplo, a família seria vista como uma instituição social básica, que ajuda a
manter a sociedade maior, regulamentando o sexo e unindo os adultos, e
socializando os jovens para que eles possam se tornar membros competentes
de uma sociedade. Alem disso, pode-se examinar qualquer estrutura — isto é,
sua atual faculdade ou universidade em termos funcionalistas basta fazer uma
única pergunta: como algum aspecto de sua escola
— conjunto de estudantes, grêmios e~ (issociações, diretório acadêmico, classe,
corpo docente, administradores etc. — contribui para o funcionamento do
sistema global?
A maioria das teorias funcionalistas postula “necessidades ou “requisitos”
do sistema. Quando isso é feito, uma parte é examinada com respeito a como
se preenche uma necessidade ou requisito do todo. Por exemplo, muitos
sistemas sociais têm necessidades de tomar decisões, coordenar pessoas e
alocar recursos; portanto, se issO constituísse um requisito básico, alguém
perguntaria: que partes do sistema preenchem essas necessidades
relacionadas? E então nós explica ríamos como uma parte específica—por
exemplo, o governO, se o nosso sistema central é uma sociedade— funciona
para preencher essa necessidade básica.
Há muitos problemas com teorias funcionalistas. Um dos mais importantes
é que elas freqüentemente vêem as sociedades como demasiadamente bem
integradas e organizadas (Dahrendorf, 1958, 1959). Assim, se toda parte do
sistema tem uma função ou preenche uma necessidade, as sociedades
pareceriam ser máquinas de movimento suave e bem lubrificadas. Todos nós
sabemos, é claro, que isso não é verdade, pois o conflito e outros processos
“disfuncionais” também existem. Contudo, teorias funcionalistas ainda têm um
atrativo porque elas nos levam a ver o universo social, ou qualquer parte dele,
como um todo sistêmico cujos elementos constitutivos funcionam em conjunto;
ou seja, o funcionamento de cada elemento tem conseqüências sobre o
funcionamento do todo.
Teorias do conflito
Karl Marx e Max Weber foram as origens intelectuais de teorias sobre o conflito,
embora outros sociólogos antigos também vissem o mundo social segundo suas
contradições. Ao contrário das teorias funcionalistas, que enfatizam a
contribuição das partes para um todo maior, as teorias do conflito vêem os todos
sociais cheios de tensão e os contradições (Collins, 1975). Embora haja muitas
teorias distintas sobre o conflito, todos partilham um ponto em comum: a
desigualdade é a força que move o conflito; e o conflito é a dinâmica central das
relações humanas. De fato, seria difícil não notar as tensões e os conflitos que
emanam da desigualdade. Por exemplo, em sua aula de sociologia há uma
contradição inerente entre voce e seu professor sobre um elemento básico: sua
nota. O professor controla a nota, e isso significa que ele tem poder sobre você.
Você está, então, numa situação de grande desigualdade, e a tensão está
apenas sob a superfície. Se não consegue a nota que você queria, você pode
ficar contrariado, e, se você pudesse, faria algo para reverter a situação. A
mesma força básica funciona em todas as relações sociais entre atores distintos,
como indivíduos, grupos étnicos, escritórios e pessoal num escritório, classe
social, ou nações.
Ao olharmos ao redor de nossa própria sociedade, vemos os efeitos da
desigualdade que a contradição produz em todo lugar Os trabalhadores e
gerentes nas empresas freqüentemente estão inquietos; as pessoas pobres
agridem as pessoas ricas; as mulheres se ressentem dos salários mais altos e
poder que os homens têm na sociedade; as minorias étnicas se ressentem com
o status de “segunda classe” que lhes é dado; e assim vai. Todas essas fontes
de contradição que se manifestam em formas distintas de conflito—crime
violento, desordens, protestos, manifestaçoes, greves e movimentos sociais —
originam-se da distribuição desigual de recursos valorizados pelas sociedades,
como dinheiro, poder, prestígio, moradia, saúde e empregos. O conflito é,
portanto, uma contingência básica da vida social; ele é potencialmente sentido
em todo lugar, desde as relações interpessoais entre homens e mulheres,
passando pela exigência de interações entre diferentes etnias, até os
ressentimentos contra o poder dos pais, professores e empregadores.
Teorias íuteraccionistas
Teorias Utilitaristas
MÉTODOS NA SOCIOLOGIA
Experimentos
Levantamento
Observações
Levantamento Histórico
\ Formular uma
Interesses
dos clientes ~ problemática —ø. de pesquisa
Conjunto de / dados tornecidos pela pesquisa
Esses passos podem parecer simples bom senso, mas sao muito mais: eles
nos obrigam a ser sistemáticos, permanecer imparciais (ou pelo menos reduzir
nossos preconceitos) e deixar outros saberem o que descobrimos
e como descobrimos. Sem as diretrizes do método científico, não poderíamos
acreditar nas descobertas um do outro e não saberíamos como x’erificá-las e
reavaliá-las. Disso resultaria um conhecimento por “puro acaso” e geralmente
inexato; e não acumularíamos conhecimentos válidos sobre o mundo.
RESUMO
UM MUNDO DE SÍMBOLOS
SÍMBOLOS E SOCIEDADE
De certo modo, a cultura e seus produtos são simples recursos que nos
possibilitam fazer as coisas. Sem a linguagem, nossa comunicação é limitada.
Sem a tecnologia (informação sobre como manipular o meio ambiente) não
poderíamos comer e nos abrigar. Os simbolos, então, intermedeiam nossa
adaptação ao meio ambiente, nossa interação com os outros, nossa
interpretação de vivências e nossa própria organização em grupos.
Entretanto, os simbolos são mais que uma intermediação conveniente.
Também nos dizem o que fazer, pensar e perceber Parafraseando Marshall
McCluhan, nossa mediação simbólica também carrega uma mensagem, ou um
conjunto de instruções. Como vimos, eles não nos acorrentam da mesma forma
que a informação nos genes das formigas, abelhas e cupins, mas realmente
limitam nossas opções. Até mesmo um recurso simbólico aparentemente neutro
como a língua carrega uma mensagem escondida (Hall, 1959). Por exemplo, a
língua dos norte-americanos nativos Hopi difere do inglês no sentido em que
trata a noção de tempo (Carroll, 1956). Em inglês, “tempo”é um substantivo, que
significa que pode ser modificado — morto, economizado, gasto, perdido,
desperdiçado. (Por exemplo, você pode estar passando “tempos difíceis” lendo
meu livro, ou você pode considerar tudo isso “um desperdício de tempo”. Mas
para os Hopi, “tempo”é um verbo e como tal não pode ser modificado ou
manipulado como um substantivo; o tempo simplesmente flui e os homens
seguem esse caminho. (Um Hopi provavelmente reclamaria menos deste livro.)
Assim, as respectivas opiniões da pessoa que fala hopi ou inglês variarão, assim
como seus comportamentos e estruturas da organização social. No caso
brasileiro temos a palavra “saudade”, que não encontra uma tradução perfeita
em outras línguas. A cultura, então, éraramente um recurso neutro. A cultura é
uma restrição, e é esse aspecto coercitivo da cultura que mais interessa aos
sociólogos.
Os sociólogos estudam a cultura examinando como os sistemas simbólicos
limitam a interação e a organização humana, e, por sua vez, como os modos de
organização social funcionam para criar, sustentar ou transformar a cultura
(Kroeber e Parsons, 1958). Nós não nos interessamos por todos os sistemas
simbólicos, apenas por aqueles que são relevantes aos interesses da sociologia.
Ou seja, estamos interessados nos simbolos que influenciam nossa visão das
coisas, nossas ações no mundo, nossas interações com os outros e coordenam
nossas ações e comportamentos sociais.
SISTEMAS DE SÍMBOLOS
Sistemas de Tecnologia
Sistemas de Valores
Essas idéias, assim como outras, nós partilhamos e elas nos servem como
padrões morais para avaliar nós mesmos e os outros nas situações mais
concretas. Nós não concordamos com todos esses valores; de fato, algumas
pessoas rejeitam todos eles. Mas há um grau surpreendente de consenso sobre
eles dentre a maioria das pessoas. Enquanto você e eu poderíamos, por
exemplo, atribuir a esses valores prioridades diferentes, nós provavelmente
concordamos sobre eles de maneira geral. Como conseqüência, podemos
interagir sem grandes dificuldades.
Com a mesma relevância, o todo social e seus elementos — economia,
sistema político, sistema educacional, padrões de coletividade, e assim por
diante — são influenciados por esses valores. Dessa forma, há alguma “cola”
para manter a sociedade junta e lhe dar algum grau de coesão.
Os valores operam, é claro, nos indivíduos quando eles tomam decisões de
se comportar de certas maneiras. Por exemplo, um aluno norte-americano ao ler
este livro éorientado pelos valores centrais de sua sociedade: “atuação”
(dominarei este livro), êxito (terei êxito em compreendê-lo), progresso e
materialismo (tenho de conseguir um diploma que me certifique como qualificado
para um bom emprego) e eficiência (não vou desperdiçar tempo relendo). Todos
esses valores orientam a conduta do aluno num sistema educacional organizado
em torno dessas premissas morais. Além disso, o ingresso na escola marcou
uma aceitação implícita desses valores pelos alunos e desejo de perpetuar o
sistema educacional organizado em torno da “atuação”, do êxito, do
individualismo e do materialismo. O que vale para a escola também vale para
quase todas as situações. Uma das facetas dos valores de um sistema de
valores é orientar as percepções e a conduta dos indivíduos na sociedade.
Uma perspectiva funcionalista enfatiza as ampliações de um sistema de
valores nas ações e motivações das pessoas na sociedade. Se pensarmos na
análise de Émile Durkheim sobre a consciência coletiva e sua função integrantes
para a sociedade, podemos ver que o consenso sobre os valores é crucial. Há
um grande mérito em analisar as funções dos valores, como Durkheim fez há
muito tempo e como fiz aqui, mas não devemos nos esquecer de que os valores
podem ser uma fonte de desintegração numa sociedade. Quando segmentos de
uma população defendem valores distintos, ou, como discutirei brevemente,
crenças diferentes, a cena está pronta para o conflito. As pessoas discordarão
sobre seus padrões morais, sem contudo abandoná-los, pois eles são muito
estimados. A teoria do conflito enfatizaria esse aspecto da vida social e, ainda,
realçaria que os valores são instrumentos para os mais privilegiados que têm
poder para definir quais valores as pessoas deveriam defender. Eu voltarei a
esse ponto mais tarde, mas é importante tê-lo em mente.
Sistemas de Crenças
Ainda outro tipo de sistema de símbolo gira em torno das crenças, que são as
cognições e as idéias das pessoas em determinadas situações — educação,
trabalho, família, amizades, política, religião, vizinhança, esporte, lazer e todos
os tipos básicos de situações sociais numa sociedade (Turner e Starnes, 1976).
Algumas crenças representam a aplicação de valores básicos de situações
específicas. Numa faculdade ou universidade, por exemplo, os alunos deveriam
obter boas notas (êxito), trabalhar arduamente (“atuação”, eficiência),
evoluir nos conhecimentos (progresso). Quase todas as situações — trabalho,
diversão, amizades, esporte etc. — envolvem crenças que nascem da aplicação
desses e outros valores comuns. Até mesmo num relacionamento pessoal
imaginamos quão “bem estamos fazendo” (êxito), se estamos progredindo no
relacionamento (progresso) e o que precisamos “fazer para melhorá-lo”
(“atuação”). Dependendo do tipo de relacionamento — namoro, relacionamento
filial, coleguismo, amizade — aplicam-se crenças bastante diferentes, mas todas
elas invocam as mesmas premissas de valor Fazendo isso, elas nos orientam e
nos deixam confiantes de que estamos fazendo a coisa certa.
Outras crenças são, aparentemente, mais concretas. Elas são idéias que
defendemos sobre “o que é e o que existe” numa situação. “Sabendo o que
existe” nos sentimos confiantes para enfrentar determinada situação e agir nela.
Também defendemos crenças sobre situações que não vivemos, que ainda
temos que viver, ou que jamais vivemos —trabalho, casamento, velhice,
pobreza, e outras situações distantes. Membros de uma população podem ser
vistos como “ligados” nos mundos sociais uns dos outros dessa forma.
Possuindo as crenças de outros cenários e contextos sociais, nós vicarialmente
sabemos sobre” esses cenários e podemos potencialmente “agir” neles. Por esta
razão, novas situações não são totalmente desconhecidas. Temos valores
comuns e algumas crenças para nos orientar quando inicialmente nos
atrapalhamos.
Entretanto, nossas crenças concretas não são sempre precisas. Elas são
muito influenciadas por valores e outras crenças sobre o que deveria ocorrer ou
existir numa determinada situação. Mas estamos convencidos de que realmente
conhecemos outros contextos sociais, sentimos um companheirismo vicário com
os outros e a sensação de que poderiamos operar nesses outros contextos. Por
exemplo, a maioria dos norte-americanos acredita que há oportunidades de
emprego para qualquer um que realmente queira trabalhar e que muitos
beneficiários da previdência social são preguiçosos e deturpam sua necessidade
(Kluegen e Smith, 1986; Smith, 1985). Essa crença invoca valores como
“atuação”, êxito, progresso e eficiência para o mundo do trabalho e do bem-estar
Também contém alguns dados supostamente neutros: há muitos empregos lá
fora e muitas pessoas demasiadamente preguiçosas para pegá-los. E carrega
uma presunção: se eu estivesse pobre e sem trabalho, eu pegaria qualquer
emprego e preservaria minha dignidade. Assim, sentimo-nos conhecedores de
um mundo que, na realidade, é provável que não vivamos. Mas os “dados”
nessas crenças podem estar errados: a maioria das pessoas inscritas na
previdência social não podem trabalhar — elas são velhas demais, incapazes
demais e doentes demais, e praticamente metade delas trabalham período
integral ou foram despedidas (1. Tumer, 1993b); assim, os “dados” mais precisos
são que a economia não tem empregos suficientes para todos os cidadãos e que
os salários para muitos empregos não são suficientemente altos para manter as
pessoas fora da pobreza (Beeghley, 1983; Ropers, 1991). Portanto, nossas
crenças sobre o que realmente existe e ocorre podem ser influenciadas pelos
nossos julgamentos de valor. Isso não é ruim; é inevitável em questões
humanas.
De fato surgiu, na sociedade moderna, uma verdadeira indústria para apurar
as ações e as ?piniões públicas — que são, na essência, expressões de crenças.
A indústria da opinião publica vai alem das apurações de eleição e
levantamentos de opinião gerais, como fazem os institutos Gallup e Harris; ela
também envolve as pesquisas de mercado. A percepção de que o
comportamento das pessoas — desde a hora de votar para presidente até
comprar um produto — é influenciado por suas atitudes, que, por sua vez, são
moldadas por seus valores e crenças comuns, mudou amplamente a maneira de
os políticos concorrerem à eleição, assim como a maneira de as empresas
negociarem.
No Brasil, até há pouco tempo, a classe dominante brasileira e mesmo a
classe dominada acreditava que a pobreza era de responsabilidade exclusiva do
indivíduo. O pobre era naturalmente um “vadio”. Essa crença fez com que a
pobreza no Brasil fosse tratada como uma questão de policia e não de políticas
sociais.
Sistemas Normativos
Estoques de C’ouhecimento
VARIAÇÕES CULTURAIS
Conflito Cultural
Subculturas
Etnocen trism o
RESUMO
ATORES E INTERAÇÃO
Visto que todos nos somos atores num palco, orquestramos nossas emissões
de gestos para nos representar sob uma certa luz, como um certo tipo de pessoa,
e como um indivíduo que espera certas reações dos outros. Alguns de nós são,
é claro, melhores atores do que outros. Mas todos nós somos intérpretes que
manipulam a emissão de gestos. Essa visão de interação é conhecida
como teatraliza ção, um termo que se tornou popular pelo recente sociólogo
Erving Goffman (1959, 1967).
Goffman utilizou nossa analogia do teatro para distinguir os espaços de
interação entre palco e bastidores (Goffman, 1959). No palco, as pessoas
constantemente manipulam e orquestram os gestos de modo a trazer à tona
reações desejadas dos outros — reações que sustentam sua auto-imagem e que
correspondem às exigências normativas da situação. Nos bastidores, as
pessoas relaxam um pouco e tiram suas mascaras. Os bastidores permitem
alguma privacidade com companheiros que partilham as dificuldades de subir ao
palco. Para Goffman, muita interação acontece nas idas e vindas entre os
bastidores e o palco. Se você duvida disso, examine suas próprias rotinas
diárias. Você está nos bastidores quando está se preparando para ir à escola,
no banho, com escova de dentes, secadores de cabelo, bobs, maquiagem,
desodorantes e gel para cabelo. Você está no palco quando está se sentando
na classe, participando de uma reunião de estudantes ou flertando numa festa.
Sem os bastidores, a vida seria extremamente estressante. E ainda, sem o
palco, a organização social seria problemática. Como um funcionalista
argumentaria, a sociedade exige que as coisas sejam feitas e as ações sejam
coordenadas; esse fato, por sua vez, exige que os homens ajam e obedeçam.
Nós seguimos regras; dizemos a coisa certa; e nos conduzimos de forma
apropriada. Se as pessoas se recusassem a fazer assim, a realidade social seria
desordenada e caótica.
A teatralização também aponta um importante aspecto de toda a interação:
o uso de “adereços” físicos durante uma interação. Um desses “adereços” é o
nosso corpo, e seu “arranjo” durante a interação. Um grupo de pessoas de um
círculo fechado, ao interagir, está dizendo algo às pessoas fora desse círculo;
duas pessoas que andam juntas, de mãos dadas, estão numa interação muito
diferente do que outro casal que mantém alguma distancia um do outro; ou uma
classe com cadeiras num círculo terá um sentido diferente, contrária àquela com
fileiras como em um teatro. Assim, como posicionamos i10550s corpos em um
gesto, o qual “diz algo” sobre o fluxo de interação, e usamos “linguagem corporal”
—posição, olhares, toques e outras insinuações — para criar significados sobre
o que está acontecendo.
Outro “adereço” são objetos no espaço — mesas, cadeiras., paredes,
portas, divisórias, bancos e qualquer coisa que seja um objeto físico que
comunique alguma coisa sobre uma interação. Quando uma pessoa se senta à
mesa ou vira uma cadeira para colocar os pés, esse gesto comunica
informalidade. Um professor que se senta sobre a mesa interage muito
diferentemente do que o que permanece de pé atrás de uma tribuna. Ou, na
interação mais personalizada, nós geralmente colocamos ou tiramos barreiras
físicas para comunicar distancia ou proximidade.
Ainda, outro “adereço” é o vestuário, que diz muito aos outros e, como
consequência, estrutura o fluxo de nteraçao. Reagimos e respondemos muito
diferentemente a um professor usando paletó e gravata do que a um vestido
informalmente. Os vários tipos de vestuário— emblema> de associações,
distintivos atléticos, dizeres em camisetas etc. —todos influenciam de modo sutil
o fluxo de interação.
Outro aspecto da teatralização é o que Erving Goffman (1959) chamou de
manipulação de percepções, em que orquestramos gestos, estruturas de palco,
e posição de corpo para apre>entar uma fachada. Fazemos isso a fim de
apresentar determinado eu à nossa platéia e para receber certos tipos de
reações. Então, quando estamos no palco, gerenciamos nossos gestos e outros
adereços disponíveis. Tal manipulação dá ao comportamento de cada pessoa
uma coerência, facilitando a sintonia de comportamentos. É claro que, como
enfatizou Goffman, as fachadas podem tanto manipular quanto decepcionar,
como, por exemplo, quando um “homem de bem” apresenta uma fachada que
mascara suas intenções verdadeiras de roubar Todos nós fazemos isso às
vezes, espero que em menor grau, mas ainda nos percebemos apresentando
uma fachada que não é lá muito verdadeira.
MOLDURAS DE INTERAÇÃO
Sem a capacidade de diminuir o campo da interação, teríamos de gastar muita
energia buscando dar sentido às interações. Felizmente, os homens dispõem de
um importante atalho: eles usam seus gestos e “adereços” para enquadrar a
interação. Mais uma vez, Erving Goffman (1974) nos fornece uma importante
análise, usando a metáfora de uma moldura de quadro que engloba e destaca
certos objetos (o quadro) e exclui tudo o mais fora dela. Os homens criam
molduras simbólicas com seus gestos, indicando o que érelevante e irrelevante
para a interação. Por exemplo, quando alguém diz “Posso falar com você em
particular”, esse conjunto de gestos enquadra a interação de uma maneira
particular. Ou, quando alguém diz “Eu não quero falar sobre isso”, assuntos
potenciais de interação estão sendo colocados fora da moldura.
Enquadrar é tão importante à interação que é geralmente usado
involuntariamente. Pegue um “bom artista” novamente; um bom artista cria duas
molduras, uma “própria” de seus pensamentos, é a base para a interação e outra,
mais secreta, que difere da anterior. Ou pense sobre alguém que parece estar
manipulando outro: a pessoa que manipula está em geral criando uma moldura
para aparências e uma outra para fins privados para que os outros não
percebam.
Molduras são criadas de muitas formas. A fala é, naturalmente, a mais
óbvia: “Mãos à obra”, “Estou apaixonado”, “Estou com dor de cabeça”,
“Precisamos conversar”, e assim por diante. Mas além das palavras faladas,
usamos outros gestos e “adereços” também (J. Turner, 1988). Por exemplo, o
número de pessoas e seu enquadramento em uma situação, como é o caso para
uma aula em que os corpos são alinhados em fileiras e este alinhamento
enquadra a situação, em termos do que pode, e não pode, ocorrer. Ou a
distância física entre as partes para uma interação enquadra a situação,
tornando evidente a movimentação de alguém dentro de nossa “área pessoal”.
Ao lado do enquadramento corporal, nossa conduta — expressão corporal, por
exemplo — faz muito do trabalho de moldura, visto que se abaixar contra uma
parede e permanecer em pé e se jogar para frente significam duas coisas
opostas. Estruturas físicas também enquadram interações; por exemplo, os
alunos podem rapidamente notar quando vão do corredor em que estavam
conversando para a sala do professor.
As molduras podem ser trocadas, ou reencaixadas nos termos de Goffman
(1974). Quando alguém diz “Não vamos mais conversar sobre isso”, está
mudando de moldura. De fato, qualquer interação que resiste pode experimentar
diversas trocas de molduras —por exemplo, fofoca geral para trabalhar como
relatos sobre confidências pessoais, de volta à fofoca geral, e assim por diante.
Uma vez que entendemos os palpites para a troca de molduras, torna-se
possível mover-se sem dificuldades através da essência sempre mutante da
interação. Além disso, podemos assentar interações em múltiplas molduras,
assim as pessoas em um ambiente de trabalho (uma moldura) conversam
informalmente como amigos (outra moldura dentro da primeira), com alguns se
tornando bons amigos ou companheiros (outra moldura dentro da última) e com
outros se tornando namorados (ainda outra moldura). Assim, a interação é
assentada e laminada em molduras, e podemos ir de uma para a outra um tanto
facilmente — como denota uma simples frase como “Bem, de volta ao trabalho,
eu espero”.
Sem enquadrar, a interação seria muito mais trabalhosa. Em nossos “estoques
de conhecimento” nós adquirimos discernimentos sobre os significados dos
gestos com relação a molduras, e molduras reencaixadas. Como temos essa
facilidade, podemos facilmente determinar o que é relevante e apropriado para
uma situação, e então atuar sem muitas preliminares. Se nossa facilidade no
enquadramento é fraca, entretanto, pareceremos perdidos e “fora dela”,
expressando afirmações e comportando-nos de maneiras que pareçam
estranhas aos outros.
RITUAIS DE INTERAÇÃO
RESUMO