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A Perfeita Fugitiva

Rowyn Oliver
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Sinopse

Roslyn fez o impossível para fugir do inferno em que se convertera


seu país por causa da perseguição dos cátaros1.

Fugindo de seu passado, empreendeu uma longa viagem para as


terras onde acreditava poder encontrar a paz que tanto necessitava.
Mas seus inimigos estavam muito perto e não pararam seu empenho
para fazê-la regressar.

Quando Alec McAlister, um dos lairds2 mais temidos da Escócia


recebeu a notícia que havia estrangeiros em suas terras surpreendeu-
se porque estavam ousando chegar tão próximos, mas ao sair em sua
procura se encontrará com uma mulher envolvida em mistérios que
cruzou o mar em busca de ajuda. Uma ajuda que ele estará disposto a
lhe oferecer.

1
Cátaro: participante de um movimento religioso qualificado como heresia pela Igreja Católica e assentado desde
o século XII nos territórios feudais do sul da França.
2
Laird: Na Escócia, título hereditário equivalente ao de senhor, chefe de um clã, e/ou proprietário de terras. Trata-se de
um título de cortesia e não dá ao dono mesmo, o direito de se sentar na câmara dos lordes.

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Capítulo 1

— Não há dúvidas que acamparam aqui.


Gabriel McDonald se abaixou em frente aos restos do que fora
uma pequena fogueira. Agora, à luz do dia, somente ficavam as cinzas.
As brasas que antes estiveram acesas eram somente pedaços de
carvão negro. Sem dúvida os homens que ocuparam o improvisado
acampamento haviam deixado arder os pequenos troncos até se
consumirem, sem apagá-los com água ou terra.
Alec, o laird dos McAlister, passeava pelo limite do rio,
observando a paisagem convencido de encontrar uma resposta para
aquele assunto que o trouxera até ali. Olhou com atenção as águas
enfurecidas que seguiam seu caminho depois do pronunciado salto
que nascia nas íngremes rochas. O caudal não era pouco e se chocava
com as grandes saliências de pedra, envolvendo-as com espuma
branca que brotava diante de sua fúria. O rio, naquele lugar era longo
e profundo, uma das fronteiras naturais que separava o clã McAlister
dos dois clãs vizinhos: McDonald e McGregor. E era precisamente
aquele lugar que fora testemunha e cenário de três violentas mortes.
O pequeno acampamento se encontrava ao lado de uma curva,
onde o rio se adentrava na terra, rodeando-se de árvores e formando
uma pequena clareira desobstruída, cujo elemento central era a
fogueira que haviam encontrado.

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Alec olhou ao seu homem de confiança, Iain. Enquanto coçava o


forte queixo coberto por uma barba de dois dias, Iain permanecia de
pé do outro lado da clareira, observando atentamente qualquer coisa
que pudesse chamar sua atenção e os levasse a averiguar a identidade
e o possível paradeiro dos assassinos daqueles ingleses.
Além desses três homens, uma dezena mais dos melhores
guerreiros McDonald e McAlister observavam seus senhores. Cada um
daqueles homens daria sem dúvida, a vida por seus líderes. Eram
senhores poderosos.
O nome de Alec causava temor e admiração. O jovem laird
demonstrava arrojo na batalha, mas tinha um caráter sombrio que
incomodava ao próprio rei da Escócia. Por outro lado, Gabriel
McDonald possuía, além de um grande sentido de humor, uma
inteligência e astúcia quase sobrenaturais. E na sombra dos dois
lairds se encontrava o diabo das Highlands: Iain. Ele era um homem a
quem jamais se chegaria a conhecer, e um homem ao qual não se
podia desafiar sem algumas consequências.
— Nada. — Gabriel McDonald se apressou a andar até o centro
da clareira.
Alec seguiu seus passos aborrecido consigo mesmo por não
encontrar uma resposta que parecia tão simples a princípio.
Naquela mesma manhã Gabriel aparecera na fortaleza McAlister
sendo portador de estranhas notícias: Tinham sido encontrados três
cadáveres na fronteira que delimitava ambos os clãs. Ninguém parecia
ter visto nada, nem ouvido rumores sobre forasteiros naquelas terras
altas.
Alec voltou a olhar de lado para Iain e o viu abaixar-se perto do
fogo extinto, como Gabriel fizera antes. O temível guerreiro, seu melhor

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rastreador estava observando o terreno, as pegadas e os pequenos


pontos de pressão sobre a terra, onde sem dúvida os homens deveriam
ter permanecido dormindo antes de serem assassinados.
— Algo estranho? — Perguntou o laird McDonald. Iain assentiu e
Gabriel se abaixou ao seu lado. — Aqui dormiu um homem.
Alec franziu o cenho. — E o que há de estranho nisso?
Iain ergueu as espessas sobrancelhas ruivas e Alec suspirou
diante do gesto.
Como o silêncio de um homem podia exasperá-lo tanto era algo
que Alec não podia compreender, contudo nada como as escassas
palavras de Iain para impacientá-lo.
— É estranho Alec, porque há somente um.
— O que quer dizer?
— Bem, os três ingleses foram os atacantes ou nem sequer
tiveram tempo de recostar-se para descansar quando aconteceu o
ataque. Acredito mais no primeiro. — Assinalou o extremo da clareira
a sua direita — Todas as pegadas se encontram ali. Vieram do sul.
— Ingleses. — Murmurou Gabriel.
— Talvez perseguissem a algum dos nossos, ou de um clã mais
ao norte. — Alec pensou naquilo, enquanto pronunciava as palavras.
— Só um dos cadáveres estava perto do fogo quando o
encontraram — disse Gabriel. — Os outros dois se encontravam a
vários metros, para o interior do bosque.
— Foram perseguidos. — Murmurou Alec.
— Ou foram perseguir alguém. — Acabou dizendo Iain captando
a atenção de todos.
— Não é muito provável. — Alec levantou-se olhando ao laird
McDonald. — O mais lógico é que algum dos nossos homens ou dos

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clãs vizinhos surpreenderam os ingleses e os atacaram. É um bom


lugar para fazer uma emboscada. — A voz profunda de Alec se elevou
por sobre o rumor da água.
— Sim — Gabriel concordou finalmente — Os que os mataram
saíram detrás daquelas rochas.
Assinalou um penhasco que se elevava entre a água acabando na
abertura do bosque.
— Não me interessa quem matou esses ingleses, — disse Alec
com cansaço, — o que quero saber é porque demônios estavam em
nossas terras, e se há algum ainda rondando por aqui.
Gabriel não necessitava expressar sua opinião sobre aquilo,
porque ambos compartilhavam da mesma. — Calma — disse Gabriel,
— se há um sassunach3 rondando por aqui, estes três cadáveres não
serão os únicos que se estenderão sobre nossa terra.
Alec sorriu ao ver a seriedade de seu jovem amigo. Gabriel
McDonald havia mudado muito. Já não era o menino assustado que
conhecera nas terras Kincaid. Gabriel agora era o laird vizinho, digno
dirigente dos McDonald, mas nem sempre fora assim. Tiveram que
ganhar seu posto, ainda que considerassem que lhes pertencia por
direito, e aprenderam muitas coisas para chegar a ser os homens que
eram e serem dignos de dirigir seus clãs.
Ambos haviam perdido seus pais muito cedo. Sem um homem
que os pudesse educar devidamente na arte da guerra, a mãe de
Gabriel, enviou seu filho a casa do laird Kincaid para convertê-lo em
um homem. O mesmo fizeram com Alec, ainda que ele não tivera a
sorte de conhecer sua mãe. Mas do mesmo modo, o velho Fergus, o
mais honrado homem do conselho e grande amigo de seu pai, se
3
Sassunach: palavra usada principalmente pelos escoceses de forma ofensiva, para designar um inglês, ou mais
comumente um estrangeiro.

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encarregara dele e de seu clã. O mesmo ancião se preocupara em dar-


lhe uma educação, em ensinar-lhe as letras e alimentar suas fantasias
com contos e lendas celtas. No entanto, a arte da guerra ficou nas
mãos de Lachlam Kincaid, que poderia converter nos melhores
homens aqueles dois rapazes solitários.
Nos anos passados no castelo Kincaid haviam construído uma
sólida amizade. Lachlam Kincaid se converteu em seu tutor e protetor
até que ambos os rapazes, já convertidos em homens, abandonaram
seu lugar de aprendizagem para tomar o controle de seus respectivos
clãs.

No seu regresso ao clã, Alec reconheceu que Fergus havia feito


um bom trabalho. O clã era próspero e produzia certos excedentes que
podiam ser trocados com outros vizinhos. Com sua sabedoria, Fergus,
havia mantido a relativa paz, ainda que como autênticos hinglanders
que eram, se sentiam tentados a combater em qualquer rinha que
acontecesse.
Quando Gabriel chegara naquela manhã com a notícia daqueles
assassinatos, Alec certamente acreditou que fosse o momento de voltar
a pegar nas armas, mas se equivocou, longe de ser homens McDonald
ou McGregor, os três corpos encontrados na fronteira eram de ingleses
que sem dúvida haviam chegado muito longe em sua ousadia de viajar
ao norte. Ninguém sentia nenhum afeto para os homens do sul os
quais desejavam esmagar com sua tirania. Assim, não haveria luta
entre clãs, nem derramamento de sangue dos escoceses.
— Que estúpido sassunach penetraria nas terras do norte sem a
proteção de suas espadas?

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A pergunta de Gabriel ficou no ar.


Ficaram em silêncio e Iain se convenceu de que nada mais
poderia tirar daquele lugar. Havia pegadas de cavalos, mas eles já
tinham sido encontrados em uma colina próxima, pastando sem seus
donos. Se houvesse outros, não deveriam ser muitos, posto que sua
passagem pelas terras McAlister não deixara evidências.
Gabriel bateu palmas disposto a fazer algo proveitoso com seu
tempo e disse aos outros. — Vamos!
Iain o olhou com aprovação. Meia dezena de guerreiros McDonald
subiram as suas montarias e Alec incitou a outros tantos de seus
homens a que fizessem o mesmo.
Depois de uma hora Alec comprovou que não havia sinais de
outro acampamento. Tudo parecia tão tranquilo como deveria ser.
— Vamos procurar no norte. — A voz do laird McAlister soou
forte e autoritária como sempre, mas havia um tom de exasperação
por não ter encontrado o que estava procurando.
Se algum sassunach havia sobrevivido ao misterioso ataque, Alec
McAlister não conseguira divisá-lo naquelas paragens.
— Se estivessem se dirigindo ao norte já deveriam estar nas
terras Kincaid. — Disse Gabriel sem atrever-se a dar a ordem de avisar
a Lachlam.
— Vamos avisá-lo. — Anunciou Alec com resignação.
Gabriel sorriu. Alec também não gostava da ideia de ver seu
antigo tutor enfurecido.
Saíram do frondoso bosque a passos ligeiros. As colinas se
estendiam diante de seus olhos, com verdes pastos e a terra
avermelhada cobiçada por muitos, era sem dúvida a visão mais
apreciada das Highlands. Ao longe as montanhas rochosas altas e

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pontiagudas desafiavam qualquer forasteiro a atravessá-las. Poucos se


atreveriam a correr o risco de despertar a ira dos clãs do norte e não
obstante aqueles miseráveis haviam morrido ali. Por quê? Alec tinha
certeza que aquilo iria lhe tirar o sono.
— Não me agradam os ingleses e muito menos a ideia de que
rondem por aqui. Lachlam também não deverá gostar. — Aventurou-se
a dizer Alec momentos depois. — Conhecendo-o como é deveríamos ser
cuidadosos ao avisá-lo.
Com exasperação, viu seu amigo desenhar um sorriso no rosto.
— Sempre se empenha em demonstrar que não é o cachorro que
era na casa de Kincaid.
— Aquele cachorro lhe daria umas boas pancadas.
Gabriel suprimiu o sorriso de sua cara e ergueu as sobrancelhas.
— Está sonhando.
Ambos se olharam aborrecidos, mas Gabriel juraria que na
olhada do outro bailava um sorriso.
— Vamos procurar até o anoitecer. Gostaria de resolver o assunto
esta noite, seja como for. Se não encontrarmos outro rastro, podemos
pensar que esses homens vieram por sua conta em um ataque de
loucura.
Fez seu cavalo trotar e Gabriel o seguiu.
— Independentemente de encontrar algum rastro ou não,
avisaremos Lachlam.
— Me parece sensato. — Pela primeira vez em anos, e sem que
servisse de precedente, Gabriel lhe deu a razão. — Ainda que todos
sabemos como Lachlam se irrita por miudezas.
Até Iain concordou. O mau humor de Kincaid com todos aqueles
que não fossem sua esposa era conhecido de sobra.

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Seguiram adiante e ainda que o frio aguilhoasse a pele de Alec, o


inverno nas Highlands havia chegado ao fim. A infrutífera procura
continuou até o entardecer. O ar frio era cortante e úmido pela água
que o vento arrastava do mar. Ao subir a colina, o vale que ficava a
seus pés estava tão deserto de ingleses, quanto todo o terreno que
deixava as suas costas. Alec entrecerrou os olhos. Não acontecia o
mesmo com a próxima colina.
— Ali! — Gabriel apontou ansioso.
Alec olhou a minúscula figura montada sobre um grandioso
cavalo de guerra. — Um cavaleiro. — Sussurrou enquanto apertava os
olhos para vê-lo melhor.

Viram o corpo cambaleando ao lombo do garanhão branco. Como


se estivesse esperando que o divisassem, naquele instante, a figura
caiu como um peso morto aos pés do cavalo.
O animal deteve seus passos e, como se quisesse reanimar seu
dono, abaixou sua cabeça para acariciar-lhe o ombro com o focinho. O
pequeno vulto negro não fez nenhum gesto de levantar-se, mesmo com
todo o ímpeto que o cavalo usava empurrando-o com o focinho.
A reação de Alec foi esporear sua montaria até chegar ao cume.
Gabriel e os outros se relaxaram depois de averiguar que a planície,
atrás daquela colina, estava deserta. Seguiram ao laird McAlister
permanecendo atentos aos possíveis perigos que pudessem surgir dos
arredores.
Alec desmontou e com duas grandes passadas cobriu a distancia
que o separava do pequeno vulto que permanecia quase imóvel e
choramingando.

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Certamente estava preparado para encontrar-se com um soldado


inglês, mas não com o que deparou diante de seus olhos: Um corpo
seminu, coberto por uma tosca túnica de lã negra, jazia praticamente
inerte sobre a grama. Viu-o tremendo de frio enquanto tentava
abraçar-se a si mesmo. Não se horrorizou com a visão do sangue, mas
sim porque sob o capuz não se encontrava um soldado inglês, mas o
rosto pálido de uma mulher envolta por uma cabeleira escura como a
noite. Um rosto que em outras circunstancias, sem dúvida, teria sido
formoso. Agora estava coberto de sujeira e sangue seco. Alec apertou
os punhos diante da visão.
— Meu Deus — murmurou Gabriel as suas costas quando parou
junto a Alec e viu o que haviam encontrado.
Os soldados não desmontaram, pois seus lairds não deram a
ordem, permaneceram atentos como esperando que a qualquer
momento aparecessem aqueles que haviam golpeado a mulher.
Iain franziu o cenho e sentiu como um estalo de raiva lhe
subindo pela garganta ao ver o ferimento no corpo da dama. Não
obstante conseguiu se controlar. Alec vingaria aquilo, se é que alguém
já não o tivesse feito.
Alec McAlister deslizou suas toscas mãos pelas costas da mulher.
Ela gemeu, talvez horrorizada ao pensar que seus agressores haviam
voltado.
Com extremo cuidado, Alec virou-a de frente para ele. O sangue
ressecado, que emanara de um corte na testa, se aderia à pele de seu
rosto espalhando-se pela bochecha e o pescoço. O olho esquerdo
estava roxo e o direito inchado impedindo-a de piscar. Tentou erguê-la
levemente contra seu corpo e a capa escura se abriu revelando as
roupas pouco convencionais da mulher. Estava enfiada em umas

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calças de couro negro, botas suaves do mesmo material e uma camisa


longa, que lhe chegava até a metade das coxas, desfiada nas barras e
rasgada no ombro esquerdo, deixando ver à pálida pele de seu braço e
parte do peito.
Alec a abraçou contra si. Seus olhos se dilataram, havia cortes
espalhados ao longo de seu magro corpo. Apertando ainda mais os
dentes por causa da raiva, cobriu-a com toda a delicadeza que um
guerreiro como ele era capaz de demonstrar.
A mulher gemeu de novo entre os braços do highlander por causa
da dor.
— Está viva? — Perguntou Gabriel.
Alec assentiu enquanto a erguia nos braços.
Podia sentir o forte batimento de seu coração. Apesar de seu
estado, sobreviveria.
Não tinha dúvidas de que aquilo estava relacionado com os
ingleses, mas como? Talvez quem matara os três forasteiros, também a
perseguira.
— Pode ser que conseguiu escapar… — Sussurrou Alec, mais
para si que para seus homens.
— Acredita que vinha com os ingleses?
Alec não respondeu. Quando conseguisse se acalmar o
averiguaria.
Sem perder tempo agarrou o tartán4 que se destacava sobre sua
montaria e cobriu-a com as cores dos McAlister.

4
Tartán é um tipo roupa em tecido quadriculado em cores, tradicionalmente associado com a
Escócia, onde, os clãs adotam desenhos e cores diferentes que distinguem um clã do
outro. Originalmente eram feitos em lã, mas atualmente são usados diferentes tecidos.

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Quando Alec olhou o lugar onde havia descansado seu corpo,


notou a grama tingida de vermelho, deixando patente que ainda tinha
feridas abertas.
— Vamos! — Disse sem querer dar explicações.
Ninguém se atreveu a protestar quando ordenou o regresso a
fortaleza. Podia notar a ira de Iain ao seu lado e a raiva de Gabriel
enquanto faziam uma varredura no horizonte, rezando para encontrar
algum sassunach a quem despedaçar.
Alec sentiu uma fúria incontrolável se apoderando dele ao fixar-
se no corpo ferido da mulher que levava em seus braços. Havia cortes
profundos em sua pele, sem dúvida feitos pela lâmina afiada de um
punhal.
Enquanto avançavam, sentiu alívio mesclado com assombro, pois
notou que seu peito se elevava em uma respiração fraca. Envolveu-a
ainda mais para protegê-la, amaldiçoando a cada suspiro de protesto
que escapava dos lábios da mulher. Tentando deixá-la mais cômoda a
sustentou da melhor forma que pode. Mudou sua posição, colocando-a
sobre suas coxas sob o olhar atento dos que o rodeavam.
Gabriel o observou como se não soubesse qual era seu lugar. Mas
Iain esporeou seu cavalo para se colocar junto a Alec.
— Anunciarei nossa chegada — disse Iain olhando a moribunda
mulher.
— Aperte o passo se quiser que sobreviva, Alec. — O laird
McAlister assentiu a seu amigo Gabriel.
Ambos se precipitaram colina abaixo rumo à fortaleza. O laird
assentiu.
A mulher voltou a chorar e a proferir palavras ininteligíveis, mas
Alec decidiu manter o ritmo rápido. Seria melhor chegar o quanto

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antes a casa. Esfregou parte do tartán em uma mão e com uma


pressão firme cobriu o ferimento do seu peito. Não era muito dado a
orações, mas nesse momento orou para que aquela desconhecida que
o comovia tanto pudesse ver a luz de outro dia.
Avançando a bom ritmo, sentiu a pele dela quente sob sua
palma. O tartán se umedeceu com o sangue e ele apertou os dentes
frustrado. A pequena cabeça caiu contra seu ombro e aos lamentos do
vento se acrescentaram os dela.
Ao concentrar de novo sua atenção na carreira, viu como Iain lhe
levava certa vantagem, enquanto Gabriel o seguia de perto a poucas
cabeças de distância.
Contornada a última colina, surgiu diante deles a fortaleza dos
McAlister e seu peito se encheu pelo profundo alívio. Não sabia porque
se importava tanto com aquela mulher, talvez porque a haviam
atacado selvagemente e isso era algo que Alec McAlister não consentia.
Lachlam o educara para proteger sua gente, e servir ao seu rei, mas
também para defender os mais fracos, como aquela jovem com os
cabelos negros como as asas do corvo.

Uma nova olhada a fortaleza que se erguia imponente sobre ele.


Segurando-a com suavidade para não machucá-la, Alec
desmontou assim que entrou no pátio de armas. O pequeno corpo
soltou um gemido de protesto, mas ele somente a olhou ao sentir suas
tremulas mãos pousando-se em seus ombros.
A formosa jovem tentou falar, e os batimentos de seu coração se
aceleraram sem que ele soubesse muito bem o por quê. Franziu o
cenho ao perceber que os olhos da mulher não estavam postos nele.

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Era seu tartán o que estava observando com tanta atenção. Passou os
dedos trêmulos pelas coloridas faixas de um vermelho sangue e um
verde escuro como a noite, finalmente escutou seu lamento, esta vez
claro ainda que profundo.
— Kincaid.
Não notou que seu coração parou por um instante, e não soube
se foi pela súplica ou pelos profundos olhos da jovem olhando-o com
desejo.

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Capítulo 2

Não saber reagir nas ocasiões que o requeriam, não era um


defeito de Alec McAlister. No entanto, naquele momento, não sabia o
que dizer, nem o que pensar sobre o fato de que aquela mulher
pronunciara o nome de um dos clãs mais temidos da Escócia: o de
Lachlam Kincaid.
Seus escuros olhos se mantiveram fixos naquele rosto que havia
se relaxado depois que a jovem desmaiara. Não tinha consciência que
estivera perdido naqueles olhos de um azul intenso, até que eles se
fecharam.
Exausta, sua protegida, não foi capaz de permanecer consciente.
Protegida? Sem expressar seus pensamentos em voz alta fechou os
olhos e apertou os dentes, esperando não ver seu desconcerto, tanto
pela misteriosa mulher, como pelos sentimentos que lhe provocava.
O jovem laird McAlister engoliu a saliva e respirou fundo. Tentou
clarear sua mente e sentiu como o calor se expandia por seu corpo. A
raiva o invadira instantes atrás, dificultando que seu acelerado
coração se acalmasse, e agora voltava a ameaçar de novo sua
serenidade.
Por Deus! Quem se atrevera a causar-lhe todo aquele dano
morreria por sua própria mão.

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Sem saber ainda por que, Alec prometeu a si mesmo protegê-la e


levar seu atacante a um sofrimento extremo, se é que ele já não
estivesse morto.
Ela gemeu de novo e ele se amaldiçoou por não poder ser mais
delicado enquanto avançava a grandes passos para a fortaleza em
busca de ajuda.
Soltou um grunhido de protesto ao perceber que o caminho
tomava seus pensamentos. Sem dúvida um guerreiro como ele não
fora criado para consolar mulheres, mas talvez sim para vingá-las.
Ergueu a cabeça desconcertado. Uns gritos sufocados chegaram
aos seus ouvidos, captando imediatamente sua atenção.
— Senhor? O que aconteceu? — Está morta?
Alec ignorou as varias mulheres que o olhavam sentindo-se no
direito de pedir-lhe alguma explicação. Ele o fez, enquanto avançava
pelo longo corredor que levava as dependências do piso superior.
Estavam horrorizadas, não por ver seu laird carregar uma mulher com
a delicadeza com que o fazia, sem dúvida algo totalmente inédito, mas
porque o estado da jovem era deplorável.
— Jesus! Senhor, o que nos trouxe? — Perguntou outra mulher
que cruzou com ele pela escada que levava ao nível superior.
As criadas do castelo, tão ariscas na aparência, se ofereceram em
tropel para cuidar da pobre jovem.
— Tragam panos e água — disse uma delas. As outras duas se
apressaram a obedecer.
O aposento onde Alec entrou estava limpo e bem arrumado, pois
era o seu, o do laird. — Acendam a lareira. — Ordenou às duas jovens
que estavam as suas costas.
— Sim, meu senhor.

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Instantes depois, tal como Alec havia pedido, acenderam a lareira


para aquecer o quarto. Cobriram a cama com uma nova manta com as
cores do clã enquanto a jovem era depositada sobre ela.
— Devemos limpar-lhe as feridas.
Alec não disse nada, só grunhiu dando seu consentimento e
afastando-se contra a vontade.
— Meu Deus!
Alec se voltou ao escutar a voz característica de Yuri. Sua avó se
aproximou depressa da cama e deu uma olhada ao corpo
ensanguentado da jovem.
— Bom Deus, Alec o que aconteceu? Iain disse que precisava de
mim aqui, mas… — olhou a jovem, — o que você necessita é um
sacerdote.
Alec a olhou com censura.
— Ela precisa de você e das suas mãos curadoras.
Seu tom foi seco e a anciã percebeu que para seu neto era
importante que a recém-chegada sobrevivesse. Olhando-o de cima a
baixo a mulher ficou muda por um momento. Um fato que não
costumava acontecer com demasiada frequência.
— Está bem, — disse sem deixar de ficar surpresa, — farei o que
puder.
Encolheu os ombros antes de inclinar-se novamente sobre a
recém-chegada. Vamos ver o que podemos fazer por esta criatura.
Alec se afastou da cama, mas não muito. Não conseguia afastar o
olhar da jovem, de seu sofrimento, das pequenas rugas que se
formavam na comissura de seus olhos quando gemia de dor.
Viu Yuri dispor seus pequenos frascos e preparar diligentemente
alguns remédios de ervas que a fez tomar imediatamente.

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— Isto é para a dor. — Disse à jovem, que apesar do que Alec


havia suposto, não estava de todo inconsciente.
Levaram água fervendo para limpar-lhe os ferimentos e também
agua fria para dar-lhe de beber de novo.
— Bom — disse Yuri ao ver que Alec não se afastava dos pés da
cama. — Saia.
O laird franziu o cenho, reticente em obedecer. Yuri ergueu as
sobrancelhas enquanto o olhava fixamente.
— Não vou despi-la diante de seus olhos filho, mesmo sendo o
laird. Esta pobre jovem necessita de intimidade e eu um pouco de
tranquilidade para poder cuidar dela.
Alec soltou um grunhido e se apressou a sair dali.
Não queria olhar, por Deus! Somente assegurar-se que ela
estivesse bem. Estava tão absorto olhando seus pulmões se encherem
de ar, que não percebera que toda sua atenção estava posta nos seios
da mulher e que seu ato pudesse ser mal interpretado.
— Salve-a. — Disse Alec antes de sair.
A anciã assentiu com um sorriso triste nos lábios. Era sem
dúvida uma ordem.
Yuri lavou as mãos com a agua quente e molhou alguns panos
em outra bacia de agua limpa. Tirou uma mecha branca do rosto e se
concentrou em seu trabalho. Pousou suas mãos enrugadas sobre a
fronte da jovem e seus olhos claros a olharam com compaixão.
— Vá jovem — Yuri falou com voz doce, — espero certamente que
se salve.
Havia notado certo interesse de seu neto, a inquietação de sua
voz e o tom imperativo com o qual lhe falara, o delatava. Jamais havia
notado aquele interesse por alguma outra jovem, ainda que jamais

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houvesse trazido alguma naquele estado. Suspirou audivelmente


enquanto duas de suas donzelas preparavam mais unguentos e panos
limpos para cuidar de seus ferimentos.
— Sim, jovem — sorriu sem timidez, — se salvará. Eu me
encarregarei disso.
Começou a retirar as roupas da jovem, rasgando sua blusa que já
estava parcialmente em trapos. As calças foram cortadas e seu corpo
lavado com a consciência de limpar os cortes profundos e superficiais
que formavam um mapa de dor sobre sua pele branca. Limpa do
sangue seco, Yuri começou a suturar o profundo ferimento do peito.
— Sem a poeira do caminho aderida a sua pele se sentirá muito
melhor. E se a febre não a levar nos próximos dias… quem sabe que
formoso destino pode esperá-la nesta casa, minha menina.

Gabriel McDonald aguardou que Alec se desocupasse.


Estava claro pela expressão feroz de Alec McAlister que a visão
daquela jovem o comovera. E a quem não, pensou. Qualquer um que
tivesse um pouco de sangue nas veias sentiria vontade de despedaçar
aqueles bastardos que foram capazes de fazer algo semelhante.
— Bem? — Perguntou Gabriel quando viu Alec entrar a grandes
passadas no solitário salão.
O laird não respondeu imediatamente. Absorvido como estava em
seus pensamentos, sentou-se à grande mesa central, a única que
ficava arrumada durante o dia e esperou que lhes trouxessem vinho
enquanto se inquietava pela jovem. Os poucos homens McDonald que
estavam no salão sentaram-se no outro extremo, dando assim,
intimidade aos seus senhores para que conversassem. Somente Iain

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ficou com eles. Sentou-se em frente a Gabriel e manteve sua expressão


imperturbável de sempre.
— Ficará bem. — Disse Alec finalmente.
— Você acredita?
Alec não respondeu a última pergunta de Gabriel, mas formulou
outra: — Acredita que os homens que lhe fizeram isto foram os
mesmos que encontramos mortos? Gabriel franziu o cenho, não
esperava um tom tão solene.
— Não havia pensado nisso. Pode ser que aqueles homens a
escoltassem, ou talvez a perseguissem. Não saberemos até que ela nos
diga.
Iain os olhou com expressão sombria, mas se voltou
precipitadamente quando um ancião com uma longa túnica negra
entrou no salão gritando o nome de Alec e captando a atenção de
todos.
— Alec! Informaram-me que encontrou algo — disse o sábio
ancião. A longa barba branca parecia reluzir enquanto a acariciava
nervosamente.
Caminhou até ficar parado junto a eles. Entrecerrou os olhos
formando rugas ao redor deles e em sua testa, diminuindo assim os
claros olhos azuis.
— Melhor dizendo, encontramos alguém — confirmou Gabriel
enquanto mostrava uma cara seria.
Fergus, o ancião membro do conselho, sentou-se junto a Iain sem
ser convidado e esperou pacientemente que algum dos presentes se
explicasse. Antes que isso ocorresse duas mulheres encheram seus
copos de vinho e saíram por onde tinham entrado, deixando as jarras
sobre a mesa.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Como deve ter ouvido, encontramos três ingleses na fronteira.


Já em terras McAlister… — disse Gabriel vendo que Alec não reagia, —
mais ao Este, encontramos uma mulher.
— Uma mulher — assentiu — E quem é?
Fergus pronunciou as palavras como se não entendesse. Que o
laird havia chegado a casa com uma mulher moribunda entre seus
braços se espalhara por toda a fortaleza McAlister, agora o mistério
radicava em que ninguém soubesse sua identidade, e não erraria se
pensasse que ninguém daquela mesa tampouco soubesse.
— Não sabemos. — Respondeu Gabriel encolhendo os ombros. —
Está moribunda.
— Vai se recuperar — disse Alec como se aquilo fosse uma ordem
e esperasse que fosse cumprida. Gabriel assentiu ainda que não
estivesse muito seguro que se fizesse sua vontade desta vez.
Fergus esperou Gabriel prosseguir e ele continuou.
— Supomos que a mulher foi atacada por aqueles que mataram
os ingleses, ou pelos próprios ingleses que conseguiram sobreviver.
Mas ignoramos. — Voltou a encolher os ombros.
— Veja — assentiu Fergus surpreso enquanto acariciava a
espessa barba branca — Não lhe perguntaram...?
— Duvido que possa falar. Perguntarei amanhã se sobreviver a
esta noite. — Disse Gabriel, enquanto Alec deu um soco na mesa que
captou a atenção de todos.
— Sobreviverá! — Fixou o fogo com os olhos — E quando o fizer
quero que patrulhem nossas terras, se houver ingleses quero que
sejam trazidos diante de mim.
Os homens que se encontravam no outro extremo do salão
assentiram e se aproximaram do laird que deu-lhes instruções

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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precisas para que duas patrulhas saíssem em marcha. Gabriel e os


demais continuaram sentados à mesa, vendo partir dezenas de
homens a quem o laird havia encomendado a missão.
— Se houver ingleses em nossas terras, os encontraremos. —
Desta vez era Gabriel que estava disposto a assegurar a todos que
assim seria. — Quanto à mulher, seus ferimentos são graves, mas com
os cuidados de Yuri…
— Está tão mal assim? — Pela atitude de seu laird, o ancião não
quis insistir sobre quais eram as possibilidades da mulher chegar viva
a um novo dia. — E não podemos fazer nada por ela?
— Sim. Podemos. — Alec perdeu seu olhar nas chamas da lareira
do salão.
— O quê?
— Avisar Kincaid.
Todos os presentes cravaram seus olhos nele, mas a mente de
Alec estava longe daquele salão enquanto bebia um novo trago.

Capítulo 3

Sentiu que caía no mundo da inconsciência.


Roslyn se deixou arrastar pelo cansaço e pelo sono. Suas forças
tinham se esgotado fazia tempo, mas ainda assim queria saber o que
ocorria. Amigos ou inimigos? Perguntava-se quando umas mãos

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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suaves lhe acariciaram a fronte e lhe murmuraram palavras que ela


não conseguia entender.
Em algum momento sentira o frio alento da morte ao seu lado. O
vento gélido soprara sobre as colinas acariciando sua pele, deixando-a
insensível e logo chegaram à dor e o desespero de saber que não
conseguiria sobreviver. Mas no instante seguinte seu corpo flutuava.
Não sentia nada, exceto... a calidez de uns olhos escuros que a
olhavam com preocupação.
O anjo do inferno que fora em sua busca parecia preocupado.
Com o cenho franzido e os lábios apertados sentiu as mãos do
anjo vingador sobre seu peito. Incapaz de protestar e nem se afastar
deixou de se preocupar se ele queria lhe abrir o ferimento do peito
para tirar seu coração e levá-la ao inferno onde lhe havia assegurado
que acabaria. O que estava claro é que a levava, talvez ao seu destino,
que apesar de tudo, parecia longe.
Respirou, gemeu e ao mesmo tempo percebeu que seu anjo
estava apertando seu ferimento aberto. Estava salvando-a.
Seu anjo salvador. Jamais imaginara que um anjo pudesse ter
um olhar cheio de fogo, mas assim era. Sob a ferocidade de seus olhos
se sentiu guardada e em paz. Mas pensou que a dor voltaria de novo e
assim foi, mas desta vez foi acompanhada da calidez que desprendia
de um suave tartán. Um tecido com umas cores que não conseguia
distinguir.
Não eram as de Kincaid e queria dizer. — Kincaid.
Havia pronunciado o nome do clã com o qual tinha poderosos
laços e estava quase convencida que ele a escutara.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Seu anjo a abraçou, apertando-a contra seu peito e lhe dando


aquele calor pelo qual tanto ansiara enquanto o vento do norte
soprava cortante como cristais contra sua carne.
Gemeu. O frio que lacerava sua pele como milhões de picadas de
agulhas desaparecia, mas o ardor dos ferimentos provocados pelo
selvagem punhal estava bem desperto.
Ele a abraçou e a ergueu, talvez ao céu, talvez... já estaria morta?
Seria possível. Estaria no inferno? Fazia muito calor! Já não sentia o
frio gelado que se divertira ferroando seu corpo, agora só sentia calor,
um calor insuportável como se as portas do inferno tivessem se aberto
para ela.
Vai se queimar no inferno, bruxa.
— Não, não. — Protestou febril tentando fugir das chamas.
Esforçou-se para se libertar daquelas mãos que a seguravam,
sentia as garras cravando-se em seu peito, em sua fronte e nas costas.
Não queria que a tocassem. Não queria que a queimassem. Ela não era
uma bruxa.
— Não, não. Não somos bruxas. Não!
Eles eram os perversos, os malvados. Roslyn sempre fora gentil e
boa, e suas irmãs... elas melhores que nenhuma outra.
Uma mão acariciou sua fronte e com ela chegou o frescor de um
pano úmido e umas palavras doces que ela não conseguiu entender.
As garras haviam desaparecido, ainda que o calor abrasador
continuasse ali, mas já não tinha medo do inferno. Alguém tentava
refrescá-la, uma anciã com uma voz misericordiosa que balbuciava.
Sorriu aliviada e a seguir pensou em seu anjo. A anciã
desaparecera e ali estava ele de novo, com seus olhos negros e sua
cabeleira brilhante. Por que franzia o cenho? Deveria sorrir, talvez

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cantar. Não faziam isso os anjos? Não, pensou. Seu anjo não faria
isso. Seu anjo a salvaria e para ele não importaria se cantasse,
somente que a abraçasse de novo e a levasse às terras Kincaid.
Sim, com certeza. Na verdade talvez já houvesse chegado. Acaso
seu anjo não era um highlander? Não o vira como guerreiro temível e
de cenho franzido? Talvez já estivesse em casa. Alguém tão parecido ao
laird Kincaid só poderia encontrar-se nas terras do norte.
— Kincaid! Suspirou enquanto a inconsciência chegava de
assalto.
Uma mão tocou seu rosto. Não com um golpe como temera no
inicio, mas como uma carícia. — Já vem. Descansa. — Deixou-se
cobrir por aquela voz enquanto o rosto de uma anciã e o do temível
guerreiro a acompanhavam para a inconsciência.
— Está a salvo. — Disse o anjo enquanto sua cálida mão
apertava a dela. E Roslyn acreditou.

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Capítulo 4

Roslyn abriu os olhos no terceiro dia.


Horrorizou-se por não saber onde se encontrava. Os batimentos
de seu coração se aceleraram, doía-lhe todo o corpo e sua boca estava
seca. Alguém lhe estendeu um copo com agua fresca. Bebeu com
avidez, mas isso não a acalmou. Pouco importava a dor de seus
ferimentos, o mais importante era sentir-se livre, estar a salvo, e ela
não estava.
Prenderam-me! Foi à primeira coisa em que pensou quando seus
olhos se abriram e a febre abaixou o suficiente para perceber que não
estava vivendo um pesadelo. Suspirou e seus pensamentos foram se
alinhavando um atrás do outro. Sorriu ao perceber que podia fazê-lo
com clareza.
— Já não tem febre — disse alguém ao seu lado.
E na verdade, o calor que abraçava anteriormente seu corpo
havia desaparecido.
Roslyn tentou incorporar-se, mas não conseguiu. Estava muito
fraca, por isso quando uma mão se apoiou sobre seu peito e a
empurrou de novo, contra o suave colchão daquela cama
desconhecida, ela caiu como um peso morto.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Acalme-se, querida — Roslyn se sobressaltou ao escutar uma


voz feminina falando-lhe em gaélico, — logo suas feridas estarão
curadas.
Abriu os olhos, ainda que fosse uma árdua tarefa fazê-lo, porque
um deles ainda estava inchado. Observou tudo o que tinha à sua volta
e as pessoas que estavam com ela no quarto, mas se negou a falar.
Depois da primeira impressão, inspirou, tentando se relaxar. Se
lhe falavam em gaélico não deveria estar entre os ingleses. Tentou usar
a lógica e a razão, e se esforçou para recuperar o último momento
vivido. Sorriu e quase lhe saltaram as lágrimas. Conseguira, estava em
um lugar seguro. Estava na Escócia.
Seu anjo era um highlander, se recordava perfeitamente dele, de
seus olhos, seu rosto, seu tato...
Seu anjo… tentou sorrir e a única coisa que conseguiu foi
começar a chorar pelo alívio.
— Shhh! Calma jovem, — disse a anciã a quem olhou, mas se
negou a falar — está a salvo. Estava? Seria verdade? Ela assentiu
juntando suas renovadas forças.
A salvo, por fim.
— Kincaid. — Murmurou sem pensar.
Mas a anciã parecia não ouvir aquela súplica com o nome do
poderoso clã. Enquanto seus olhos inchados se inundavam de
lágrimas, recordou: Um highlander de olhos negros… seu anjo escuro.
Ele a levaria para Lachlam Kincaid. — Meu anjo.
Yuri esboçou um enigmático sorriso.
— Fala de seu anjo Kincaid? Ou talvez de outro anjo?
Yuri não esperou pela resposta da jovem, sabia perfeitamente
sobre quem ela estava falando e não era do poderoso Lachlam.

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Ignorando-a no momento, Yuri olhou para a jovem donzela que tinha


ao seu lado.
— Não tem febre. — Disse a anciã. A jovem encolheu os ombros.
— Talvez tenha perdido a cabeça.
— Não jovem, acredito que seu anjo é de carne e osso.
Roslyn não as escutou, mas estava totalmente acordada. A única
coisa que passava por sua cabeça era que dava voltas e mais voltas.
Faltavam-lhe as forças, só a voz que havia falado em gaélico a puxava
ao presente.
— Minha menina? — Voltou a chamá-la com doçura. — Mais
agua?
Sentiu quando uma mão lhe levantava a cabeça de novo e
molhava seus lábios com água fresca. Bebeu até que começou a tossir
quando sua garganta se fechou.
Voltou a abrir os olhos e desta vez enfocou a vista. Relaxou-se
completamente quando uma elegante anciã se inclinou sobre ela para
observá-la com atenção. Usava os cabelos brancos presos em um
simples coque, coberto por um fino lenço da mesma cor de seus
cabelos.
— Dormiu outro dia inteiro e se não comer vai se enfraquecer.
Outro dia?
A mulher usava um bonito vestido cinza, e seu sorriso era tão
doce que lhe dava vontade de chorar. Pousou-lhe uma mão na fronte
para verificar sua temperatura.
— Humm. Não tem febre. Acredito que o pior já passou.
Antes que pudesse obrigá-la a comer, de seus lábios ressecados
saiu um nome temido e respeitado.
— Kincaid. Disse a jovem.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Yuri suspirou, como se isso fosse resposta suficiente.


— Vamos ver o que podemos fazer com isso. — A anciã suspirou
e saiu rumo ao salão. Fazia quatro dias que haviam mandado chamar
Kincaid, mas o senhor não se encontrava em sua fortaleza. Fora visitar
os clãs do Este com sua esposa. Então Alec preferiu esperar seu
regresso.
Yuri pensou na jovem, recobrara a cor, o inchaço do lábio
desaparecia por completo e seu olho, ainda que roxo, voltava a parecer
um olho humano.
— Alec! — a anciã chamou ao descer as escadas que levavam ao
salão, consciente que se não estivesse fora treinando com seus
homens, àquela hora da manhã, estaria ali. Ele ocupava a cabeceira
da mesa e se ocupava dos assuntos mais urgentes do clã, depois do
treinamento matutino.
Fergus, o ancião conselheiro olhou para sua irmã Yuri com
assombro. Como sempre, usava uma longa túnica cinza até os pés.
Parecia que Yuri havia rejuvenescido vinte anos pela agilidade
com que descia os degraus.
— O que aconteceu? — Perguntou Fergus levantando-se da mesa.
— É a jovem! — Respondeu ao irmão com um sorriso. — Está
consciente e sem febre e… de novo pergunta por Kincaid.
Alec levantou as sobrancelhas do imperturbável rosto. Mas não
achou estranho em absoluto, era a única palavra que dizia durante as
longas noites em que ele velava seu sono.
— Kincaid? — Perguntou Fergus — Tem certeza que não
pronuncia algo que se assemelhe a uma língua estrangeira? Talvez
tenha escutado mal.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Não entendi nada mal, velho chocho. — Disse firmemente a


anciã fulminando seu irmão Fergus com o olhar.
— Não se equivocou. — Fergus se voltou para Alec ao escutar que
o laird falava, — Chama-o desde que a encontramos.
Fergus não parecia feliz com a informação. — Mandei chamá-lo,
mas ele está ausente.
— E o que dizem os Kincaid? Quando voltará seu laird?
Pela forma com que o jovem laird apertou os punhos, Fergus
percebeu que não gostava nada de ter que pensar na resposta.
— Têm ordem de avisar-me diante de sua chegada, no momento
não lhes dei mais informação, nem a necessitam.
Desviou o olhar e ambos os anciãos perceberam que seu laird
ocultava algo. Claro que não se atreveriam a perguntar, nem Alec a
compartilhar seus pensamentos.
Poderia ter informado a situação à mão direita de Lachlam
Kincaid, mas não quis fazê-lo. Com sinceridade, admitia só para si
mesmo, que não queria desprender-se dela tão cedo. Se algum dos
Kincaid a conhecesse, seria mais que provável que tentassem levá-la a
suas terras do norte e ele... não permitiria que aquilo acontecesse. Seu
estado era muito delicado e não a moveriam sem seu consentimento o
qual não estava disposto a dar.
— Quando Lachlam regressar será informado que solicitei sua
presença nas terras McAlister, enquanto isso, — disse levantando-se
da cadeira na cabeceira da mesa, — quero uma explicação dos lábios
dessa mulher.
Yuri e Fergus o olharam com surpresa.
— Não fala Alec, — disse Yuri — talvez ainda passe um tempo até
que possa fazê-lo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Então esperarei. — Disse compreensivo.


— Algum dos Kincaid deveria vir. Talvez reconheça a mulher.
Alec lhe deu um tosco olhar e Fergus percebeu que o laird não
ficara satisfeito com sua sugestão.
— Podemos esperá-lo.
Atreveu-se a dizer avaliando a reação de Alec que relaxou sua
expressão. — É o que faremos.
Alec fingiu que não lhe importava sua desaprovação. Ele era o
laird e se acatariam suas ordens. Se aquela jovem fosse importante e
Lachlam se encolerizasse por não ter ido a sua procura, pior para ele.
Não temia Lachlam Kincaid, simplesmente não lhe agradava seu
caráter, ou melhor, o modo de fazê-lo sentir que ainda era um menino
desamparado que não encontrara seu lugar no mundo.
Tampouco queria que aterrorizasse a mulher. Era evidente que a
levaria e então ele não poderia... protegê-la.
Protegê-la?
Levou uma mão a fronte e se aproximou do fogo da lareira com
passos lentos. Pensativo olhou as chamas que consumiam os grossos
troncos. Seriamente, queria fazer aquilo? Proteger uma mulher a quem
não conhecia, uma estrangeira da qual não sabia nada? Pensou
naquilo e quanto mais pensava, mais incoerente lhe parecia sua
atitude, mas sua determinação era inquebrantável.

— Ela se recuperará aqui. Avisarei de novo a Lachlam quando ela


me der uma explicação. Os dois anciãos o olharam tentando não
demonstrar-lhes suas dúvidas.
— Como desejar. — Respondeu Yuri.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Além do que, só disse Kincaid. Poderia referir-se a qualquer


um deles, não sei por que deduzimos que se refere à Lachlam.
Sabia que mentia só ao pronunciar aquelas palavras. Aquela
mulher era uma dama, apesar de suas roupas, era nobre, sem dúvida.
A que outro Kincaid desejaria ver?
Alec suspirou, era um inconsciente. Seguramente Lachlam
poderia esclarecer-lhe quem era aquela mulher, no entanto… se a
jovem estivesse recuperada, o que o impediria de lhe fazer algumas
inocentes perguntas? — Vou vê-la.
Os dois anciãos ergueram as sobrancelhas.
— O quê? — Gritou fulminando-os com o olhar enquanto subia
os degraus que o levaria aos aposentos que algum dia foram seus e
agora a jovem ocupava.
Os anciãos se olharam desconcertados. — Nada. — Respondeu
Yuri — Sorte.
A anciã tentou sorrir ao levantar a mão. Quando Alec
desapareceu no alto da escada, Yuri se voltou para seu irmão que
tinha uma expressão de total desconcerto.
— Vá! — disse Fergus ao ver o jovem laird desaparecer. — Vamos
ter problemas quando Lachlam quiser levá-la.
— Não duvide, Fergus.

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Capítulo 5

Quando Alec entrou no quarto, a jovem a quem Yuri havia


entregado os cuidados para com a desconhecida, se levantou de um
salto intimidada ao ver o laird McAlister entrar sem prévio aviso.
— Como está? — Perguntou com um grunhido.
A jovem se encolheu e abaixou o olhar até o chão com temor de
levantá-lo.
— Faz um momento ela despertou, mas em seguida voltou a
fechar os olhos, senhor. — Disse insegura. — Os olhos devem doer
muito quando os abre, por isso não podemos estar totalmente seguros
se está acordada ou dormindo, ainda que desde o inicio sempre pede
agua quando tem sede. Acredito que passa muitas horas consciente.
— Entendo. — Suspirou.
Tinha consciência que as mulheres de seu clã podiam confiar em
que ele fosse um laird justo, mas ainda assim, era evidente que o
temiam. Algumas fugiam dele e outras, como essa pobre jovem,
ficavam tão nervosas que não podiam parar de tagarelar.
Pôs os olhos em branco enquanto se aproximava da cama. —
Bem, deixe-nos a sós. Ordenou.
A jovem obedeceu sem titubear.
Fechou a porta do quarto e Alec avançou alguns passos até ficar
perto da cama. Contemplou a mulher há quem dias antes havia

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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encontrado moribunda em cima de uma colina. Não havia mudado


muito desde então, mas sem dúvida havia melhorado seu aspecto. As
bochechas haviam recuperado sua cor natural e apesar de um de seus
olhos permanecer arroxeado o inchaço estava desaparecendo. Seus
lábios ainda que secos, já não sangravam pelo corte profundo em uma
de suas comissuras.
Era um consolo ver que mesmo ferida, parecia estar fora de
perigo.
Alec observou a mulher estendida em sua cama. As mantas e
peles cobriam-na até os ombros, assim, não podia apreciar a melhora
do ferimento do peito. Yuri se preocupara em vestir-lhe uma camisola
para dormir. Era de tecido branco e fino, e cobria seus braços até aos
pulsos. Estes permaneciam esticados nos lados do corpo e sobre as
mantas.
Parecia tranquila como se estivesse entregue a um plácido sono.
Alec recordou quando Yuri a havia examinado no primeiro dia. O
laird somente podia apertar a mandíbula e esperar boas noticias.
Naqueles momentos seu corpo ficara tenso pela raiva e pela
impotência. De forma incompreensível e irracional, teria dado qualquer
coisa para poder vingá-la.
Recordava-se da visão de seu corpo ferido e das palavras de sua
avó que ainda mexiam com sua mente.
— Levou uma punhalada no peito que pode não ser mortal.
Limpei o ferimento, mas há mais... — Yuri hesitara uns instantes, até
que finalmente a anciã se virou para a jovem, retirando parte da
camisola para lhe mostrar os ferimentos já cicatrizados que se
destacavam sobre sua pele rosada.
Punhaladas.

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Nesse momento Alec ardeu em fúria. Talvez fora nesse preciso


instante que prometera protegê-la não importando o que acontecesse.
Aquela jovem havia sofrido muito na vida, não necessitava mais dor,
mas sim, um lugar onde descansar e curar-se, um lugar onde sentir-
se segura.
E ele iria lhe dar.
Alec fechou os olhos ao recordar o corpo da jovem. Carregava as
cicatrizes de um guerreiro e nas costas, tinha certeza que as marcas
eram de chicotadas. Não eram profundas, mas o suficiente para tirar a
beleza da sua pele e deixar uma recordação da barbárie sofrida.
— Quantas marcas de chicotada tem? — Perguntara antes de ver
o mapa macabro em suas costas.
— Umas dez.
Yuri se encolheu com pena.
— Pela brutalidade com a qual a atacaram me parecem poucas,
se não fosse…
— Se não fosse? Perguntara Alec impaciente ao ver que Yuri
ficava calada.
— Se não fosse porque não eram recentes, não sentiria tanta
lástima pela jovem. Seja o que for que lhe fizeram, sofreu coisas piores
anteriormente. Não imagino o tipo de vida que pode ter levado uma
dama tão delicada, para carregar semelhantes recordações em seu
corpo.
Alec fechou os olhos recordando a conversa com sua avó. Ele
tampouco podia imaginar que tipo de vida havia levado. Mas era certo
que não voltaria para ela.
Ordenara que percorressem novamente suas terras em busca
daqueles miseráveis, mas a procura fora infrutífera, e todas foram

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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chefiadas por ele mesmo durante três dias. Agora só podiam


permanecer atentos diante de qualquer notícia de forasteiros, mas
nada saía do normal em suas terras, tudo estava na mesma rotina de
sempre.
Alec sorriu tristemente ao voltar a contemplar aquela mulher.
Não iria morrer.
Isso já sabia. Vira nos olhos de Yuri escassos momentos antes no
salão, quando se regozijava com os progressos que a jovem estava
fazendo.
Alec esperou com paciência que abrisse os olhos e o olhasse, mas
depois de uma hora sentado ao seu lado pensou que talvez aquilo não
ocorresse em breve. O melhor seria deixá-la descansar e ordenar que o
avisassem quando ela despertasse.
Ia sair do quarto quando um estrondo monopolizou toda sua
atenção.
Franziu o cenho. O forte ruído não provinha do quarto, mas do
exterior da fortaleza. Aproximou-se da janela e amaldiçoou baixinho.
Apertou os dentes e expulsou o ar pelo nariz ao ver como os soldados
de McGregor se concentravam nas proximidades da muralha. —
Maldição. — Grunhiu.
Fergus e Yuri se apressaram a entrar no quarto. — Alec! — Disse
Yuri com pena.
— Já vejo — respondeu ele enquanto via o desenvolvimento em
frente à muralha. Ambos os anciãos se colocaram ao seu lado e
observaram o mesmo espetáculo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Vá, vá! — A voz de Fergus parecia divertida, bem ao contrário


da expressão de Alec que era de puro aborrecimento.
Yuri horrorizada contemplou a cena de cem highladers em frente
à fortaleza.
— Alec terá que ser mais persuasivo desta vez — anunciou
Fergus rindo, ainda que sem saber o que lhe parecia tão divertido.
— Filho, tanta preocupação pela jovem o fez se esquecer dos
assuntos mais urgentes. — Yuri depois da primeira impressão, curvou
a boca no que parecia um sorriso. — Sabia que aquela mulher lhe
traria problemas.
A anciã balançou a cabeça insatisfeita.
Alec estava convencido de que sua avó estava desejando dizer-
lhe: ―eu o avisei‖. Mas por respeito ao seu cargo não o fez e ele
agradeceu. Apertou os punhos com força, até os nós dos dedos ficarem
brancos. Estava farto daquela situação e se tivesse que romper a longa
paz para que precisamente fizessem isso, deixá-lo em paz, assim seria.
— Acredita que conseguirá convencê-los? — Disse Fergus olhando ao
laird McGregor. Alec sabia o que tinha a fazer.
— Nem sequer vou aborrecer-me em tentá-lo.
Yuri levou a mão ao peito temendo que seu neto desenvolvesse
seu indomável caráter. — Se não se largarem, haverá guerra. —
Sentenciou.
As palavras do laird aborreceram Fergus, o problema tinha fácil
solução e aquele jovem se negava a aceitá-la.
— Que Deus nos assista. — Rogou a anciã vendo Alec sair do
quarto como uma fera.

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Capítulo 6

Duas horas depois o laird Duncan McGregor ainda rugia sentado


à longa mesa do salão McAlister.
— Vai casar-se com minha filha ou não?
— Não! — Agora era Alec quem rugia furioso.
Sua negativa era firme, não conseguiria dizê-lo mais alto, nem
mais claro.
Por Deus! Quantas vezes deveria negar-se para que o velho
McGregor entendesse? Não iria se casar com uma mulher como Mairy
McGregor.
Somente cinco dos soldados do laird vizinho entraram no salão.
Todos desarmados, mas alertas para proteger seu senhor. Do mesmo
modo estavam os McAlister que ali dentro se encontravam, Alec o
ordenara assim, não queria um derramamento desnecessário de
sangue e muito menos por um assunto como aquele. Se houvesse
sangue, que fosse com os punhos para que o dano fosse facilmente
reparado. Não iria perder um aliado como McGregor pelos caprichos de
uma mulher.
Apesar de todas as precauções a tensão era palpável. Todos
vigiavam a todos. Um movimento em falso e podia declarar-se uma
guerra que não tinha por que acabar de forma simples. Os McGregor

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eram poderosos, tanto quanto seu laird era obstinado e sua filha uma
harpia manipuladora.
— Pois haverá guerra! — McGregor se levantou fulminando Alec
com o olhar.
Ele não se abalou quando, aquele que logo seria seu inimigo,
mostrou a intenção de sair do salão. — Pense bem Alec, não queria
derramar sangue, mas minha honra e a de minha filha necessitam
uma reparação.
Alec o fulminou com o olhar.
— Eu me responsabilizo pelos meus deveres e reparo meus erros.
— gritou furioso enquanto se levantava e golpeava a mesa com o
punho, mas jamais me submeterei à chantagem e muito menos
carregarei o peso de uma culpa que não me corresponde.
Indignado, Duncan McGregor saiu do salão seguido por seus
guerreiros.
Com um suspiro exasperado Fergus cravou os olhos em seu laird
e se precipitou de modo assombroso para as escadas que desciam ao
salão.
— Laird McGregor — Fergus gritou disposto a alcançá-lo. Com o
transcorrer da conversa que havia presenciado, ao velho conselheiro, o
assunto não parecia tão divertido.
Alec viu o irmão de sua avó partir lançando-lhe um olhar de
severa desaprovação.
O ancião sabia que não poderia fazer nada para convencer Alec.
Não iria casar-se com Mairy McGregor, soube apenas ao ver como o
laird vizinho tentava impor sua vontade sem lhe deixar nenhuma
outra saída.

LRTHistóricos· 42
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Maldita fosse Mairy McGregor! Aquela tola jovenzinha não só


havia metido Alec em uma boa confusão, como iria provocar uma
guerra entre os clãs.
— Senhor — disse Fergus ofegando ao lado do ancião McGregor
quando conseguiu alcançá-lo antes de descer os degraus que levavam
ao pátio.
— O quê? Esta vez não me convencerá, Fergus. O seu laird
desonrou a minha filha e tem que pagá-lo.
Isso era mentira, Alec não havia tocado em um só fio de cabelo da
filha de McGregor, mas se guardou bem de expressar sua opinião.
— Talvez... eu pudesse convencê-lo, só me dê duas semanas
mais.
— Não! — Gritou. Mas logo perdeu seu olhar na distância.
Ambos sabiam que ninguém queria a guerra, era uma estupidez
chegar a campo aberto, com o consequente derramamento de sangue,
o que bem se podia solucionar com um documento firmado ou a
palavra dada.
— Deixe-me convencê-lo — implorou Fergus. — Alec fará o
correto.
McGregor hesitou enquanto observava sua montaria no pátio
interior da fortaleza.
Era certo que teria que fazer Alec pagar pela ofensa, mas também
não queria uma guerra com um dos homens mais poderosos da
Escócia. Suas alianças com os Kincaid e os McDonald faziam de Alec
McAlister um homem invencível. Por outro lado se ele se casasse com
sua filha… faria a vista grossa, mas se isso não acontecesse teria que
desenvolver-se, se arriscando ele mesmo a sair muito mal.

LRTHistóricos· 43
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Está bem. — Transigiu ao final, — Mas só lhe concedo uma


semana.
— Uma semana?
— Sim, Fergus. Uma semana.
A estrondosa voz que proferia maldições à direita e a esquerda,
não se apagou até que o laird abandonasse o castelo junto aos seus
homens.
Dois minutos depois Fergus entrou de novo no salão para livrar
uma dura batalha com seu laird.
— Alec, filho… não poderias fazer um esforço? — Perguntou
Fergus assim que chegou ao seu lado.
— Não! — A negativa foi taxativa. Sua voz retumbou no salão —
Não quero nada com os McGregor.
— Mas são aliados. Ao menos até o momento. — Fergus deixou
cair os ombros. Parecia não haver esperanças.
— Iain! — Alec gritou de novo.
Iain saiu das sombras e se aproximou de seu senhor com a
cabeça alta e o porte digno de um rei. Apesar de saber que era
inofensivo o ancião não pode deixar de suspirar ao ver o gigante sair
de seu esconderijo.
— Sim? Meu senhor.
— Assegure-se que abandonem minhas terras.
O guerreiro assentiu. E se não o conhecesse tão bem para
assegurar-se que isso seria impossível, Fergus juraria que vira bailar
um sorriso por uns instantes entre seus lábios.
— Maldita mulher! — Vociferou Alec levantando-se para andar
pelo salão como um animal enjaulado.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Fergus pensou que seu papel de mediador não estava sendo


recompensado, além de velho se tornaria surdo se aquele assunto não
se solucionasse. Alec estava com o humor pior a cada dia.
— Acredito que deveríamos nos acalmar um pouco.
Alec parou em seco e fulminou Fergus com o olhar. — Você
acredita?
O ancião se deixou cair no banco junto à mesa central.
Derrotado, tentou falar com seu senhor.
— Juro que essa mulher merece ser estrangulada, mais do que
convertida em minha esposa.
Outro suspiro do ancião fez Alec exasperar-se, mas Fergus não o
contradisse. Graças a Deus era um homem de honra, não machucaria
jamais uma mulher, por isso Mairy estaria a salvo de seus golpes,
ainda que não estivesse tanto de sua vingança.
— Não vou deixar que me imponha semelhante castigo por algo
que não fiz. — Fergus assentiu com pouco entusiasmo, resignado. —
Eu jamais a tocaria, ainda que se oferecesse descaradamente.
O ancião ergueu as sobrancelhas. O único motivo pelo qual
Fergus acreditava que Alec não havia tocado a mulher era porque ele
havia jurado. Não pensava nem por um segundo que a bela jovem não
se oferecera. Mairy McGregor era formosa como um sol, mas na
mesma medida era caprichosa. Conhecia a beleza de Mairy, mas sabia
que não teria sido suficiente para que Alec passasse por alto todos
seus outros defeitos.
Mairy era de uma beleza de tirar o fôlego a qualquer homem que
se aproximasse para contemplá-la. Tinha um rosto bonito, e um
incrível olhar azul, mas eram suas curvas o que realmente a convertia
em objeto de desejo de qualquer um que tivesse menos de cem anos.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Grandes seios e quadris redondos… sem dúvida um prazer para os


olhos. Muitos a desejavam, mas poucos queriam fazer o sacrifício de
casar-se com uma mulher como ela, com a cabeça oca e o coração
cheio de egoísmo.
O punho de Alec se estampou contra a parede da lareira.
As mulheres que vinham fazer a limpeza deram um salto diante
do mau humor do laird, e se apressaram a atravessar o salão e voltar
aos seus afazeres na cozinha.
Ele as olhou pondo os olhos em branco. — Por que ela mentiria,
Alec?
Alec grunhiu enquanto lançava um olhar assassino a Fergus. O
ancião ergueu as mãos em sinal de rendição e tentou desculpar o laird
vizinho.
— Tem que entender que o laird McGregor acredita nela. —
Argumentou.
— Pode-se saber de que lado você está?
— Do seu lado, Alec — Logo hesitou. — Sempre e quando seja
certo, porque não pode pretender que o clã entre em guerra dia sim,
dia não.
— Acaso pode me repreender por ter empurrado meus homens a
uma guerra que não fosse justa e legitima velho?
Fergus franziu o cenho, mas não mudou de parecer.
— Sabe que a ofensa não vai se arrumar nesta geração se não se
casar com ela.
— Então haverá guerra. Disse apertando os dentes e deixando
claro a Fergus que dava por terminada a conversa.
Aquela foi sua última palavra antes de sair do salão.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 7

Havia transcorrido a metade do tempo que Duncan McGregor


concedera a Fergus para tentar convencer Alec. No entanto, não
conseguira nenhum avanço. A resposta continuava sendo a mesma.
Um redondo não.
E não era que o ancião não houvesse sido persistente. Havia
tentado convencer o laird por todos os meios. Tentou expor-lhe as
vantagens da união, do benefício que seria aquela aliança para ambos
os clãs. E quando isso não foi suficiente, passou ao outro extremo,
expondo-lhe quais seriam as consequências de sua negativa. Haveria
uma guerra iminente, com o consequente sofrimento que aquele fato
ocasionaria a sua gente, mas Alec não atendeu as razões e tomou por
costume sair cavalgando a cada vez que mencionava o assunto.
Fergus suspirou, havia renunciado a toda esperança. Observou
os homens sentados no salão McAlister. Comiam e bebiam de forma
escandalosa, menos Iain que com silenciosa parcimônia se alimentava
com modos de um rei, mas atento para apunhalar qualquer um que
tentasse tocar sua comida.
Sua irmã Yuri estava sentada ao seu lado e olhava para Alec com
interesse, logo afastava o olhar e parecia meditar. Os conselhos da
anciã também eram bem recebidos pelo laird, pelo fato de ser uma
mulher sabia de amplos conhecimentos e uma bondade infinita. Por

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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isso Fergus se magoava porque sua irmã, com toda a influência que
podia exercer sobre Alec, não o apoiasse naquela questão. Ela sempre
preferia ficar a margem.
— Deveria ajudar-me com isto. — Disse-lhe Fergus vendo que se
esgotava o tempo.
Em seguida viu os frios olhos de Alec se pousarem nele como se o
tivesse escutado apesar do grande barulho dos soldados.
A mulher suspirou como se não tivesse outro recurso que dizer
algumas palavras. Olhou para Alec e começou a falar.
— Casar-se com ela… disse erguendo a voz para que seu neto a
escutasse. Hesitou ao escolher as palavras quando o jovem ergueu as
sobrancelhas, — nos salvaria de uma guerra.
— Sua avó tem razão. É uma mulher sabia, deveria escutá-la. —
Animou-se a dizer Fergus diante das palavras de Yuri.
— Mas… continuou a anciã.
Toda esperança abandonou Fergus. Por que teria esperado
alguma ajuda?
— Mas… — Alec a animou a continuar.
— Quantas mais começaríamos se o fizer?
Com aquelas palavras a sábia mulher havia deixado muito claro
que Mairy McGregor não era mulher par Alec McAlister.
Fergus parecia esvaziar-se ao expulsar todo o ar de seu corpo,
derrotado. Por sua parte, o jovem laird desenhou um tímido esboço de
sorriso em seus lábios.
— Para dizer isso, melhor se ficasse calada. — Ouviu-se Fergus
dizer. Com total indiferença Yuri se levantou para retirar-se.
— Queria minha opinião e eu dei.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ao inclinar-se para dizer aquelas palavras na cara de seu irmão,


mostrou-se muito satisfeita.
— Aquela mulher não é boa para meu neto. De fato não é boa
para ninguém a quem eu aprecie. Quando Yuri se retirou para
descansar pôs uma mão sobre o ombro de Alec, demonstrando-lhe que
estava com ele naquele assunto.

Talvez fora nesse momento que Fergus se viu forçado a


abandonar suas tentativas de aliança. No fundo compreendia Yuri e
também compreendia a resistência de Alec a casar-se com uma
mulher que era capaz de mentir em benefício próprio sem se importar
com o mal que poderia fazer aos outros membros de seu clã.
Pobre Alec. Era lógico que não quisesse se casar com uma
mulher assim. Já fora castigado com seu primeiro casamento.
Sentado no grande salão McAlister, o homem recordou aquele
inferno que fora para o jovem Alec, recém-chegado ao seu lugar. Alec
também o recordou. Pensava nele cada vez que o pressionavam para
se casar com uma mulher como Mairy McGregor. Diante da pressão de
um novo casamento seus pensamentos voltaram uma e outra vez as
amargas recordações que tinha de sua primeira esposa.
Alec balançou a cabeça. Não se casaria com Mairy... não voltaria
a ser traído. Isso não significava que não se importasse com o destino
de seu clã e o sofrimento de sua gente, mas estar preso em um
casamento com uma mulher que usava a mentira como estandarte,
era simplesmente algo que não voltaria a ocorrer.
Alec pensou em Elisabeth, e sentiu como a raiva surgia das
profundidades junto a todas suas recordações.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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A doce mulher com quem afinal havia decidido se casar era de


um clã aliado. Alec, um jovem de apenas vinte anos, se apaixonara por
ela assim que a vira. Casar-se apaixonado fora um luxo que pagara
caro. Logo percebeu o erro cometido. A doçura que antes vira em sua
esposa se converteu em fel, as palavras de amor em insultos e as
promessas feitas em puro ressentimento.
Foram duros momentos.
Elisabeth se tornou fria, não somente com ele, mas com todos os
que a rodeavam. Tarde demais, descobriu o porquê de tanta amargura.
Alec jamais escutara de seus lábios que o amava, mas tampouco
esperava ouvir semelhante revelação. Por que pronunciar palavras que
ele considerava inúteis? Ele não as havia pronunciado e contudo seu
amor era sincero. Talvez por sua juventude e inexperiência acreditava
no que queria acreditar: Que seus sentimentos fossem correspondidos,
mas se equivocara.
Elisabeth somente havia sido submissa quando ele era um laird
temido e não seu esposo. Depois de se casar, em certa medida, não
abandonou o papel de obediente esposa, ao menos no inicio, mas com
o passar dos meses se sentiu presa em um casamento indesejado ao
qual a forçara seu pai.
Sua esposa estava apaixonada, mas não por ele e chegou um
momento em que ela só podia pensar em fugir com o ser amado, sem
importar o que deixasse para trás, nem as consequências que aquilo
lhe acarretaria. Alec só o descobriu tarde e ao pedir explicações,
Elisabeth lhe cuspira todo o veneno acumulado em si mesma.
Não só não o amava como ainda o odiava.
Por sua culpa havia rompido o compromisso com o homem que
amava. Alec recordaria a cena enquanto vivesse.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Odeio-o, oxalá estivesse morto. — Gritara-lhe.


Tão ácidas foram aquelas palavras que partiram o coração do
jovem rapaz. Alec estava com vinte e dois anos então e não sabia como
lidar com sua dor. Não a repudiou, mas se dispôs a ignorá-la de todas
as formas possíveis. Assim as relações entre ambos se tornaram
insuportáveis e Alec aprendeu a ocultar seus sentimentos diante dela
e diante de todos os demais.
A felicidade que o havia embargado desde o momento em que
conhecera Elisabeth e a fizera sua, se desvaneceu por completo.
Mas haveriam de chegar momentos mais fúnebres.
Em sua loucura, sua esposa vagabundeava pela muralha nas
frias noites de inverno, quase sempre com nada mais que uma
pequena camisola de linho, esperando que seu amante fosse resgatá-
la. As febres acabaram com ela em poucos dias, sua morte foi tão
repentina que Alec não soube como reagir. E ainda que agora já fosse
tarde para mudar, não esqueceria jamais a promessa que fizera a si
mesmo: nunca voltar a doar seu coração.
Do mesmo modo não pensava em se casar com uma mulher que
só estivesse disposta a fazê-lo obrigada por seu pai, ou no caso de
Mairy por conveniência ou ambição.
A dor desaparecia com os anos e ainda que necessitasse de um
herdeiro, não iria se casar com uma mulher que bem podia tornar sua
vida um inferno. Não queria ao seu lado alguém que pudesse deixá-lo
vulnerável, alguém que pudesse enganá-lo, nem alguém a quem
pudesse amar. Era simples assim.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Uma vez mais a voz de Fergus com suas exigências o arrastou a


realidade. — Então a resposta é não? — Perguntou quase que
afirmando.
Alec não considerou que merecesse uma resposta.
Como já era costume, saiu do salão deixando Fergus com o
sermão preparado e a palavra na boca.
Fergus resmungou. Ele já sabia para onde Alec se dirigia.
Quando acreditava que ninguém o observava o laird escapulia para o
quarto onde estava a dama estrangeira, esperando que ela abrisse os
olhos.
Os habitantes da fortaleza podiam especular que insistentemente
a visitava para receber informação, averiguar sua identidade, mas
Fergus pressentia que havia algo mais naquelas visitas, que os olhos
do laird a olhavam com algo mais que curiosidade.
E… não se enganava.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 8

Alec subiu as escadas que levavam ao corredor onde se


encontravam as dependências principais. Como se tornara costume
entrou sem prévio aviso.
Dora, a jovem que cuidava da dama, dormia profundamente
envolvida em uma manta com as cores do clã McAlister, com os pés
esticados e os braços cruzados sobre o peito. Despertou com a
presença de Alec e pediu desculpas.
— Passou um bom dia, a febre praticamente desapareceu. —
Disse intuindo que o laird quisesse saber de seu estado. — Pode ser
que não demore muito a despertar.
— Vá comer algo, eu ficarei com ela enquanto isso. A jovem
assentiu e se apressou a desaparecer.
Roslyn estava adormecida entre as inumeráveis mantas que sua
cuidadora havia colocado sobre a cama, porque em algum momento
deixara entrever que sentia frio.
Murmurava entre os sonhos, pode observar Alec ao aproximar-se
da cama. Sentou-se ao seu lado e incapaz de resistir pegou as
delicadas mãos de Roslyn entre as suas. Ela parecia notar e voltou a
murmurar algo ininteligível.
A suavidade das mãos de Roslyn fez a imaginação de Alec voar.
Acariciou seus nós e a fina pele do pulso. O laird abriu

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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desmesuradamente os olhos e se envergonhou ao perceber o rumo que


tomavam seus pensamentos, pois se perguntava como seria ser
acariciado por aquelas mãos de mulher. Suspirou, não deveria pensar
aquilo. Ela havia recebido um tratamento abominável e a última coisa
que iria querer seria acariciar um homem ou ser acariciada por um.
Alec voltou a contemplá-la em silêncio. O rosto de Roslyn havia
melhorado consideravelmente, e agora sua beleza exótica era evidente.
Seus olhos eram grandes e com espessas pestanas escuras. Alec
recordou sua cor, um azul intenso, escuros e profundos, únicos. Uma
cor tão estranha e atraente que quase ouviu seu próprio suspiro. A
espessa cabeleira continuava irradiando uma beleza sobrenatural.
Escura e suave se derramando pelo travesseiro cobrindo seus seios e
braços. Cheirava a rosas, sem dúvida por mérito de Yuri. Sorriu. Sua
avó parecia ter se tomado de afeto desde que aquela mulher chegara à
fortaleza.
Alongou a mão e antes de perceber seus dedos comprovaram a
suavidade de suas mechas de ébano. Retirou uma mecha rebelde que
estava sobre sua fronte, comprovando que era como tocar em fios de
seda. Levou-a aos lábios e fechou os olhos para aspirar de novo aquele
perfume embriagador que também se desprendia de seu corpo.
Ao abrir os olhos e soltar a mecha percebeu que dois grandes
olhos escuros o estavam observando.
O coração de Roslyn acelerou-se só ao vê-lo.
Estava sonhando com sua família, pela primeira vez em muitos
dias os perturbadores sonhos sobre seu anjo negro haviam
desaparecido. Sonhou que estava com seus irmãos e irmãs. Sua
querida irmã mais velha, Madeleine, pegava-lhe a mão delicadamente
enquanto lhe murmurava que tudo sairia bem. Qual foi sua surpresa

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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ao comprovar que aquela carícia não era irreal. Alguém estava ao seu
lado, velando seu sono e acariciando-a como se fosse o mais apreciado
dos dons. Primeiro sentiu a suavidade daqueles dedos em sua mão e
depois em seu pulso. Os círculos de carinho a fizeram sentir-se
querida e a salvo. Depois sentiu a carícia em sua fronte, alguém
acariciava seus cabelos, mas não era sua irmã.
Abriu os olhos e viu de novo seu anjo, só que desta vez, não se
tratava de um sonho. Então o coração disparou seus batimentos. A
mão que segurava a mecha, era a mão de um homem, forte e áspera
como a de Henry. — Não. — Gemeu ao recordar o monstro.
O guerreiro a soltou imediatamente e quase se arrependeu de ter
falado, pois se afastou dela. Tarde demais, percebeu que aquele
homem nada tinha a ver com Henry seu perseguidor incansável.
Soltou um gemido involuntário enquanto seus olhos se
embaçavam. — Acalme-se, está a salvo.
A voz do guerreiro era forte e profunda, mas por alguma estranha
razão, não sentiu o medo e a desconfiança que costumavam provocar-
lhe os desconhecidos.
Olhou-o atentamente. Seus olhos escuros… seu olhar era como
um bálsamo. Não era Henry que estava ao seu lado, era seu anjo, seu
salvador. Contemplou-o a vontade: seus cabelos selvagens caindo em
suaves ondas sobre suas costas, aquelas esplêndidas tranças em suas
têmporas e o kilt… Sim, quase se atreveu a sorrir. Havia chegado ao
seu destino, ou estava muito perto de fazê-lo.
Tentou saciar sua curiosidade, perguntar quem era ele e onde se
encontravam, mas tinha a boca muito seca para falar. Durante
aquelas duas semanas não falara com ninguém, primeiro porque não

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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se sentia com forças e segundo porque não sabia em quem poderia


confiar.
Roslyn não fez gesto de levantar-se, simplesmente continuou
olhando os belos olhos que a contemplavam amistosos e fez o pedido.
— Agua. — Pediu.
Então Alec se dirigiu complacente a buscar um copo. Com as
mesmas mãos que lhe haviam dado consolo há escassos momentos lhe
deu de beber.
Ela pode sentir o calor de uma forte mão sob sua nuca. Roslyn
percebeu que o guerreiro temia machucá-la. Quase sorriu comovida.
Depois do tratamento recebido pelos homens de Henry, lhe parecia
inconcebível que alguém pudesse tratá-la com semelhante delicadeza e
muito menos um homem. Bebeu fixando seus olhos nele. Havia
decidido odiar todos os homens, não obstante seria muito difícil odiar
a este. Não, não poderia odiar seu anjo negro, nem ainda que surgisse
das profundezas do inferno. Diante daquele pensamento por fim
sorriu, ou ao menos tentou e Alec não soube bem o que pensar, ela
notou pela expressão atenta de seu rosto, como se esperasse qualquer
coisa da desconhecida.
Lentamente Alec recostou a cabeça de Roslyn sobre o travesseiro,
deixou de novo o copo sobre a mesa e voltou a sentar-se sobre a cama
que se afundou sob seu peso.
Sentiu-se lisonjeado pelo doce sorriso da mulher que o olhava
como se houvesse visto São Gabriel, protetor dos meninos e das
mulheres, mas Alec sabia que sua aparência estava muito longe de ser
a de um anjo. Se lhe perguntassem, Roslyn também admitiria que era
o que acreditava. Era muito alto, tinha comprovado ao vê-lo levantar-
se da cama para aproximar-lhe o copo. Era forte, os músculos do peito

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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se esticavam, destacando-se sob sua camisa de linho e a roupa


escocesa, seus poderosos antebraços ficavam a vista ao usar as
mangas arregaçadas até os cotovelos. As mãos eram fortes e curtidas e
não entendia como sua carícia lhe podia parecer tão terna e leve, mas
era assim.
Logo a primavera brilharia com todo seu esplendor e ele usaria o
kilt de seu clã, deixando a descoberto o ombro direito e parte de seu
musculoso peito. Era muito belo, pensou Roslyn. Não pode deixar de
notá-lo. A sua maneira o era, devia ser mesmo, porque não conseguia
deixar de olhá-lo e não parecia ser o caso.
Muito tempo depois de seu sorriso desaparecer, os olhos de
Roslyn se deslizavam curiosos sobre o rosto de Alec. Seu queixo
demonstrava autoridade e a cicatriz que cruzava um lado de sua barba
o fazia parecer muito mais perigoso do que ela queria.
Roslyn estava convencida que um homem assim poderia
intimidar qualquer um só com sua presença. Engoliu a saliva, não era
de estranhar que o temessem, ela também deveria fazê-lo, embora
sabendo que semelhantes braços e punhos não lhe fariam mal. No
entanto, com resignação e esperança de encontrar-se realmente a
salvo, voltou a sorrir.
Incompreensivelmente esse homem de certo modo lhe dava paz.
Ele não a atacaria, era escocês, como Kincaid. Sim, Lachlam a
protegeria, assim, quanto mais musculoso e forte melhor para ela e
pior para Henry.
— Alegro-me que seja tão grande. — Conseguiu sussurrar.
Alec ergueu as sobrancelhas incrédulo e riu sem poder evitá-lo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Obrigado. — disse sem deixar de sorrir. Era uma sensação


estranha, pois o fazia em poucas ocasiões, — Alegro-me que meu
tamanho a agrade, minha senhora.
Sem ser muito consciente agarrou a mão dela da forma mais
delicada possível.
Roslyn se sentiu reconfortada por seu sorriso. Seus cabelos
negros, que lhe cobriam os ombros e parte das costas, tinham uns
formosos reflexos avermelhados à luz do fogo que ardia na lareira.
Então sorriu com vontade, estava a salvo, estava em casa, talvez
não com Kincaid, mas sim, com um escocês. Seus olhos sinceros lhe
diziam o que não manifestara com palavras: poderia confiar nele.
Ainda assim quis saber.
— Quem é você? — Perguntou Roslyn com uma voz suave que
manifestava claramente que ainda não havia se recuperado.
— Eu deveria perguntar isso, minha senhora. — disse sem perder
seu sorriso torto. — Foi você quem entrou em minhas terras sem ser
convidada.
Sentiu-se inquieta e tentou erguer-se. — Eu… — Tentou
desculpar-se.
Alec a imobilizou segurando-a pelos ombros e voltou a empurrá-
la com suavidade sobre o travesseiro.
— Não. Deve descansar. Ainda não está recuperada.
Houve uns instantes de silencio enquanto ambos se olhavam
intensamente. Alec se perdeu naqueles olhos inquietantes e só depois
de algum tempo lembrou-se de sua pergunta.
— Sou Alec, laird McAlister.
Ela fechou os olhos soltando um suspiro, sorriu diante daquela
informação.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— É amigo de Lachlam. — Era uma afirmação que surpreendeu


Alec, mas antes que pudesse perguntar, ela continuou. — Eu sou
Roslyn. — Disse-lhe mostrando como estava feliz em receber aquela
informação.
O eco daquela melodiosa voz ressoou na mente de Alec.
— Roslyn — sussurrou ele. Saboreou a doçura daquele nome
enquanto ela continuava sorrindo. — E seu nome não é acompanhado
de nenhuma linhagem?
A pergunta a desconcertou e fez desaparecer o sorriso de seu
rosto. Alec se apressou a tranquilizá-la.
— Agora, isso não importa. — Disse-lhe acariciando sua
bochecha, sem saber muito bem por quê. — Está a salvo, não deve
temer nada.
Guardou silencio por alguns segundos enquanto afastava a mão
de seu rosto.
— Não tenha medo de mim — Suplicou-lhe finalmente.
Ela assentiu, dando-lhe a entender que acreditava.
E era certo. Roslyn estava tão feliz de estar fora das garras de
Henry que seus olhos ardiam pelas lágrimas de alivio que não se
atrevia a derramar.
Alec se alarmou diante de sua reação.
— Não. — Acariciou-lhe de novo a bochecha com o dorso da mão.
— Não tema.
— Oh! Não o temo, Anjo. Quero dizer meu senhor.
O laird piscou desconcertado. Havia verdadeira veneração
naquele olhar feminino. — Estou a salvo, graças a você. Isso não
esquecerei. — Murmurou sorrindo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Uma lágrima começou a rolar por seu rosto. A expressão de Alec


se tornou amarga. O alívio que a mulher sentia era tal que ele se
enfureceu imaginando tudo o que ela tivera que suportar. Não queria
que temesse a volta de quem lhe fizera aquela monstruosidade, para
acabar o começado. Devia tirá-la de seu erro.
— Não tema. Ninguém nunca mais voltará a lhe fazer mal.
Assentiu feliz e se sentiu suficientemente valente para perguntar:
— Chamaria laird Kincaid? Perguntou com os lábios trêmulos.
Alec assentiu.
— Virá logo — disse-lhe sem detalhes. — Assuntos urgentes o
entretiveram.
— Como sabe…? — Ela queria perguntar-lhe como sabia que
queria que avisasse Lachlam. — Não fazia outra coisa que repetir seu
nome — e ela estranhou que parecesse aborrecido — Além de falar nos
sonhos. — Disse como se aquilo explicasse tudo.
Roslyn sentiu como se ruborizava, e rezou para que ele não
notasse. O que teria dito durante o tempo que esteve inconsciente?
Sem dúvida havia sonhado com ele. Saberia? Mexeu-se inquieta.
Os olhos se fecharam pelo cansaço. Voltava a se sentir fraca.
— Agora satisfaça minha curiosidade. Como sabe que sou aliado
de Lachlam? E qual é o vínculo que a une a ele?
Roslyn sentiu como lhe abandonavam as forças. Algo muito
oportuno, pois não queria responder suas perguntas. Somente queria
ver laird Kincaid e se sentir em casa.
— Não deveria escutar enquanto durmo. — Disse-lhe, abaixando
as pálpebras.
Alec sorriu de novo. Aquilo não tinha muito sentido. Observou-a
virar a cabeça e abandonar-se ao sono.

LRTHistóricos· 60
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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O esforço para falar a deixara apenas sem forças. Sem dúvida,


exausta, voltaria a cair rendida, mas antes que o fizesse necessitava
saber. Alec acariciou o ombro da jovem e a mexeu.
— Roslyn — sussurrou seu nome aproximando-se de seu ouvido.
O doce perfume a flores voltou a invadi-lo. — Diga-me. Quem a
persegue?
Apenas abriu os olhos para fecha-los no mesmo instante, não
sem antes pronunciar um inaudível sussurro que brotou de seus
lábios.
— Meu marido.
Alec se afastou dela sem deixar de olhar fixamente aquele rosto
angelical.
Ao final de um momento soltou o ar que estava segurando sem
perceber que o fazia.
Seus punhos se fecharam e ergueu-se do leito. Contemplando-a
dormir como se não fosse um ser real, suspirou diante da estupidez de
seus sentimentos.
Riu sem vontade ao perceber que aquelas palavras o fizeram
sentir algo que não esperava: verdadeira decepção.
Ela era casada.

LRTHistóricos· 61
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 9

Quando na manhã seguinte Alec despertou em uma cama que


não era a sua gemeu contrariado. Havia passado a noite na sala
comum junto aos seus homens, lugar no qual às vezes costumava ir
quando era impossível conciliar o sono e tentava buscar distração nas
conversas de seus guerreiros. Certamente era o que estivera buscando
na noite anterior. Inteirar-se que sua dama tinha um marido, por
alguma razão, o fizera sentir um sem fim de coisas que não estava
disposto a aceitar.
Esticou-se e lavou o rosto com agua gelada antes de voltar a
colocar a camisa de linho que logo deixaria de utilizar, pois já se sentia
a primavera no ambiente.
Dirigiu-se para o salão observando como seus homens se
levantavam e preparavam-se para o duro treinamento da manhã.
Quando cruzou as portas, a lareira estava acesa e dois de seus
melhores cachorros dormiam placidamente em frente a ela, mas não
eram as únicas criaturas que se encontravam ali. Dois homens
desarmados tinham toda sua atenção posta em Iain McAlister, que de
braços cruzados e o cenho franzido olhava a formosa mulher que
estava junto a eles.
— Que demônios significa isto? — A voz de Alec trovejou por todo
o salão.

LRTHistóricos· 62
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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A mulher se sobressaltou abrindo os olhos desmesuradamente.


Iain não afastou o olhar dos dois soldados McGregor, pelo contrario e
Alec não deixou de olhar a alta mulher. Mairy retorcia as mãos, sem
dúvida incomodada diante de sua ira.
— Agora mesmo ia chamá-lo, senhor. — informou-lhe Iain com
uma voz melodiosa que sem dúvida demonstrava a vontade que tinha
de arrancar os braços a todos os presentes. — Tomei a liberdade de
fazê-los entrar no salão, — acrescentou — sem lugar a dúvidas, a
dama quer lhe dizer algo que talvez queira escutar.
— Você acredita? — Perguntou-lhe com os dentes apertados
observando Mairy de cima a baixo.
A mulher continuava retorcendo as mãos com o olhar
fingidamente terno cravado no rosto de Alec.
— É possível. — Iain respondeu ao seu senhor — Por minha
parte seria feliz de não voltar a escutar sua voz aborrecida.
Disse isto e se afastou dos presentes para aproximar-se da mesa
central onde o esperava a primeira refeição do dia. Não se sentou, mas
continuou, observou Alec se aproximando da grande lareira e
contemplando a mulher com cara de poucos amigos. Quando escutou
vozes as suas costas e alguns soldados tentaram entrar no salão, Iain
os parou somente com um gesto.
Mary não deixou de perceber o desprezo que cada um daqueles
homens punha em suas palavras, sem dúvida dirigidas para ela.
Ofendida ergueu o queixo, mas voltou a se sentir insegura ao ver Alec
avançando para ela.
— Que demônios faz aqui? — Perguntou-lhe sem parcimônias.
Não gritou para amedrontá-la, mas tampouco foi necessário. Sua
atitude a fez retroceder de novo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Alec…
Os dois soldados McGregor ficaram mais tensos ao ver a cara de
Alec McAlister. Ela limpou a garganta e voltou a pronunciar seu nome.
Esta vez como se entoasse uma formosa melodia.
— Alec, tenho que falar com você, — olhando furtivamente aos
soldados McGregor, acrescentou: — em particular.
— Em particular? — Cuspiu as palavras deixando claro que isso
não aconteceria jamais.
Não gritou, se limitou a soltar palavras ininteligíveis entre os
dentes enquanto a fulminava com o olhar.
Mairy estremeceu diante de sua ira e falta de cooperação. Devia
falar com ele, esclarecer-lhe que jamais procurara prejudicá-lo.
A dama assentiu e ao ver o gesto, Alec voltou a perguntar-lhe sem
disfarces. — Em particular? Para que possa acusar-me de ter abusado
de você?
Mairy se horrorizou, e compreendeu que sob nenhum conceito
Alec ficaria a sós com ela.
— Não, Alec. Tudo foi um mal entendido. Eu jamais disse… —
gaguejou. Juntou as mãos em sinal de súplica e se aproximou dele
para lhe sussurrar. — Por favor Alec, compreenda minha situação…
— Compreendo a situação e está bastante clara. — disse-lhe se
aproximando e inclinando-se sobre ela. Despejou cada palavra em seu
ouvido proporcionando alguma intimidade a sua conversa.
Os soldados se afastaram constrangidos, mas sem deixar de estar
alertas.
— Não se importou em mentir para conseguir o que deseja, —
disse Alec — e por seu egoísmo nossos clãs entrarão em guerra.
Morrerá gente inocente pelo capricho de uma mulher como você.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Você não é um capricho! — Gritou e seus lábios se apertaram


em uma careta de desgosto.
Abaixou a voz e olhou sobre seu ombro para ver os soldados de
seu pai, os quais subornara para que a acompanhassem e não lhe
tirassem o olho de cima.
— Eu te amo, Alec. — Sussurrou.
Tentou lhe tocar o peito com as duas mãos, mas ele as olhou
como se fossem duas cobras e ela não teve alternativa a não ser se
afastar.
— Deve entender o que poderia ser melhor que a união de nossos
dois clãs? Se você se casar comigo, nossos filhos herdarão os clãs mais
poderosos da Escócia.
Ele bufou.
— Só a ideia de ter filhos com você me faz querer me ajoelhar
diante de Deus e pedir clemência.
As lágrimas ameaçaram saltar dos olhos de Mairy. — É
intencionalmente cruel. Seria assim tão ruim?
— Por Deus! Não haveria nada pior. — Sentenciou — O que faria
com uma mulher na qual não pudesse confiar? Uma mulher
manipuladora, que mente e engana seu próprio pai para conseguir o
que deseja, sem se importar com o mínimo de consequências.
— Eu não sou assim!
Maldito fosse ele, pensou Mairy.
Acaso não via as vantagens de seu casamento? Se ficassem a sós,
ela poderia fazê-lo mudar de opinião. Era uma mulher formosa, nunca
um homem lhe negara nada. Era virgem, ele seria o primeiro. Em troca
somente queria tudo o que ele pudesse lhe oferecer. O respeito que
merecia como senhora do clã McAlister. Por que se mostrava tão

LRTHistóricos· 65
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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difícil? Sempre havia conseguido dos homens tudo o que queria, tão
somente com algumas palavras, uma piscada… e agora queria se
casar com Alec McAlister e ser a senhora de seu clã, sua esposa,
dormir em sua cama. Estava convencida que lhe seria fiel, jamais
poderia se cansar de um corpo como o de Alec McAlister. Tinha dezoito
anos, seu pai a vigiava dia e noite, não se entregara a nenhum homem
e agora queria fazê-lo, mas com o férreo controle de seu pai e a honra
de Alec, ficava impossível seduzi-lo, mas isso não significava que com
uma pequena mentira…
Ficaram se observando em silencio por um longo tempo. Nenhum
dos dois se moveu. Afinal Mairy desistiu de se empenhar em ficar a
sós com ele, era evidente que Alec não daria seu braço a torcer.
Consciente de que seus soldados e Iain, o monstro das Highlands,
estavam com suas atenções fixas na conversa, abaixou o tom de voz
até se tornar um sussurro.
— Case-se comigo, Alec.
Parecia mais um rogo que um pedido e sem dúvida a jovem
estava ciente que seu tempo se acabava. Contudo isso não acalmou o
homem que tinha em frente a ela, pelo contrario, pensou que
estouraria em fúria a qualquer momento. A desfaçatez daquela mulher
não tinha preço.
— Vamos — suplicou Mairy McGregor, — eu não quero provocar
uma guerra entre nossas famílias.
— Pensasse antes — a voz de Alec foi apenas um sussurro, mas
seu olhar tão penetrante valia pelo mais bravo dos trovões.
Ela se enfureceu, tentou atrair seus olhos e demonstra sua
vontade férrea, mas desviou o olhar a seguir, pois não se sentia capaz
de sustentá-lo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Sabe que não quis fazê-lo — Entrelaçou as mãos fingindo estar


tremula e demonstrando um ar muito mais frágil. — Não quis mentir,
me escapou das mãos — não soube mais o que dizer, — eu pensei que
aceitaria se casar comigo, mas…
— Mas quando não o fiz… — respondeu-lhe inclinando-se mais
sobre ela e sussurrando palavras ofensivas em seu ouvido — inventou
a historia mais absurda que lhe passou pela cabeça.
— Era um bom plano. — Queixou-se ofendida porque ele a
considerava estúpida.
Mairy se encolheu de novo. Maldito fosse, deixava-a nervosa e
isso a fazia ser torpe e não gostava de se sentir assim.
— Todos sabem que necessita uma esposa e eu sou a candidata
perfeita. Por que não quer se casar comigo?
— Modesta! Sem dúvida. — A gargalhada de Iain sobressaltou a
ambos.
Quando Alec o olhou, ele ergueu as mãos e se sentou na mesa do
laird pegando um pedaço de pão acabado de cozer.
Tentando ignorar Iain, Mairy voltou a se aproximar de Alec. Esta
vez não o tocou porque ele se esquivou do contato, deixando-a com o
cenho ainda mais franzido.
— Alec! Case-se comigo. O que mais poderia acontecer? Seria
bom para todos. Evitaríamos a guerra e forjaríamos uma grande
aliança. E eu o agradaria. Me esforçaria para lhe dar tudo quanto
desejar.
Alec apertou os punhos e o olhar coquete de Mairy lhe pareceu
insuportável. — Tem toda a razão. — Disse-lhe sem expressão alguma
no rosto.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Os olhos de Mairy aumentaram-se diante da expectativa de um


casamento com Alec McAlister. Ia lhe jogar os braços ao pescoço
quando ele voltou a se afastar e continuou falando.
— Tem razão. — repetiu para que todos o escutassem, — Seria
uma grande aliança. — Seria? Acredita que serei tão estúpido de me
casar com você agora que conheço sua natureza?
— Mas… — Os olhos de Mairy se encheram de lágrimas. E desta
vez eram reais. Não de pena, sem dúvida, mas de pura raiva. Mas
devia fingir que se sentia ferida e provocar pena ao homem que tinha
em frente a que aceitasse seu pedido. Sempre funcionava com seu pai
e com os outros, por que com Alec seria diferente?
— Não quero me casar com você.
A imperturbável máscara que Alec usava na cara fez Mairy perder
os nervos. — E por que não? Todos me desejam! E você me diz que
não?
Ele balançou a cabeça e até se atreveu a sorrir. Mairy por fim
mostrava sua verdadeira natureza.
— O desejo não é suficiente para aguentar todos os seus defeitos.
— Ela se avermelhou de raiva e apertou os punhos disposta a golpeá-
lo.
— E mais, — continuou — são tantos defeitos que sem dúvida
matarão todo desejo que pudesse sentir por você.
— Você é um bastardo.
Ao ouvir aquelas palavras os soldados McGregor se puseram em
alerta, todos sabiam que não se podia provocar Alec McAlister sem ter
consequências e bastardo era um dos insultos que Alec acreditava ser
punido com a morte. Não obstante, nem se mudou diante das palavras

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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da filha do laird McGregor. Isso fez os dois soldados que se


aproximaram a eles quase suspirar de alívio.
— Como poderia me casar com alguém tão pouco leal como você,
Mairy? — Perguntou em um sussurro enquanto ela abria a boca e os
olhos desmesuradamente. — Mentiu ao seu pai até o ponto de
provocar uma guerra…
— Eu não quis…
— Manchou minha honra fazendo-o acreditar que a possuí
quando sabe que não é verdade Quanto tempo iria demorar a mentir
para mim e a me trair? Não vê? Jamais escolheria uma mulher como
você para esposa.
Os McGregor se envergonharam ao ver a reação infantil dela.
Sapateou no chão e apertou os punhos com mais força, até cravar as
unhas nas palmas.
— A culpa é sua. Deveria ter me proposto ser sua esposa e nada
disto teria acontecido. Alec suspirou cansado.
— Não, não é minha. Nunca aceitaria uma mulher como você.
Teria consequências demais. E que seu pai acredite nisso, me faz
perguntar se algum dia acreditou que eu sou um homem de honra.
— É um…!
Mairy gritou mais alto.
Era um espetáculo mais que lamentável, todos o viram assim, e
Alec foi o primeiro a se virar e afastar-se.
O pranto daquela menina malcriada enchia o salão, os pés
chocando-se contra o solo fazendo com que Alec pusesse os olhos em
branco como se não pudesse acreditar.
— Alec!

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Mairy continuou gritando quando ele virou-se no patamar da


escada e se afastou pelo corredor que levava aos dormitórios.
— Senhora, — a voz de Iain captou sua atenção, — é hora da
retirada. Perdeu a batalha, não continue se humilhando.
— Cale-se! Filho do inferno.
Iain sorriu e deslocou seu olhar azul para os dois soldados que
intimidados engoliram em seco. — Saiam! Agora! Os soldados têm
fome.
Então a filha do clã McGregor deu uma olhada para a entrada do
salão. Dezenas de homens McAlister a observavam zombando dela e
da sua atitude infantil.
— Malditos sejam. — Disse-lhes enquanto os dois homens que a
acompanhavam se colocavam ao seu lado. — Maldito seja Alec
McAlister! Juro que me pagará.
Entre os grosseiros comentários e as sonoras gargalhadas dos
guerreiros, Mairy McGregor abandonou o salão e as terras McAlister.

Capítulo 10

Alec avançou com passo firme sem olhar para trás. Não pensava
perder nem um segundo mais com Mairy McGregor. Sempre lhe
parecera uma menina caprichosa e egoísta. Pensava nisso quando
tinha apenas oito anos e continuou pensando o mesmo enquanto a via
converter-se em uma mulher.

LRTHistóricos· 70
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Conhecia muito bem as mulheres como Mairy e a ele já fora


suficiente sofrer um primeiro casamento cheio de problemas. Não
precisava mais, mas por outro lado odiava a ideia de lutar contra os
McGregor por sua culpa.
Suspirou parando em frente à porta de seu antigo quarto. Sem
sequer tomar seu desjejum seus passos o levaram até ali. Fechou os
olhos antes de erguer a mão e bater na porta para anunciar sua
presença.
Talvez a outra mulher que ocupava seus pensamentos pudesse
acalmá-lo. Sem dúvida sua companhia, ainda que silenciosa, fosse
preferível a da harpia que acabava de deixar no salão. Chamou
suavemente, esperando que a dama se encontrasse melhor e pudesse
lhe oferecer algumas das respostas que tanto desejava.
Entrou no cálido quarto. Dora nesse momento estava avivando o
fogo que crepitava na lareira com mais lenha e que aquecia o quarto
de forma acolhedora.
— Pediu-me que o fizesse — disse a jovem jogando uma olhada
por cima do ombro para a cama.
Mesmo o ar sendo primaveril, naquele dia cinzento a nevoa
parecia dispersar-se em uma neblina úmida e fria. Desde que havia
chegado ali, o fogo ardia na lareira, quando a noite se aproximava e o
ambiente se esfriava. Roslyn estava muito dolorida para poder sentir o
peso de muitas mantas sobre ela.
Ao olhar para a cama viu a jovem com os olhos abertos e estava
sorrindo.
— Tinha frio. — Explicou.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec permaneceu quieto. A voz dela parecia muito mais clara,


como se sua cabeça tivesse se limpado das brumas dos dias anteriores
e agora não sentisse dor ou mal estar.
Viu Dora se desculpar e sair do aposento, consciente que Alec o
pediria a qualquer momento, como sempre fazia.
Sem perceber, Alec se surpreendeu sorrindo-lhe. Ao notar sua
falta de controle, piscou voltando a sua pétrea expressão. Pelo amor de
Deus! No que se transformava quando se tratava dessa mulher? Um
adolescente bobo?
Sem se apressar muito, se aproximou da cama para vê-la melhor.
— O tempo nas Highlands é muito frio para aqueles que são
estrangeiros. — Defendeu-se ela ao ver o cenho franzido do guerreiro.
Falou em inglês como na noite anterior. Alec concordou acenando
com a cabeça.
Já sabia algo mais sobre ela, não era escocesa. E por seu acento
monótono também não era inglesa. — De onde é você?
— Muito do sul, perto dos Pirenéus. Lachlam vai demorar muito a
chegar? Alec ignorou sua súbita pergunta.
— Francesa?
— Occitania5 — logo o sorriso de Roslyn desaparecia como se
sentisse que havia falado de mais.
Tentou erguer-se na cama e suas costas retas se apoiaram contra
a cabeceira de madeira. Quando Alec deu outro passo, o olhar de
Roslyn se perdeu no fogo.
— O que a trouxe tão longe de seu lugar?

5
Occitânia é uma região administrativa francesa, localizada no sudeste da França e compreende as regiões históricas da
Provença, Limusino, Gasconha, Languedoque e Delfinado na França.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ao vê-la encolher-se de novo, percebeu que as perguntas a


incomodavam, mas ele precisava saber. Não poderia deixar passar
outro dia mais sem saber quem era e de onde vinha.
Quis voltar a perguntar, mas hesitou ao ver que o semblante de
Roslyn aparentava ser ainda mais triste.
Então respirou fundo.
— O país da língua d’Oc6 — sussurrou Alec ao saber que se
localizava no outro lado do mar. Roslyn o olhou fixamente, aos olhos, e
com isso captou toda a atenção de Alec, se é que já não a tinha.
— Foge da cruzada?
Ela guardou silencio e juntou as mãos sobre o colo, engolindo a
saliva em um grande esforço para não chorar. Alec deu graças aos
céus por não fazê-lo. Mas isso o fazia pensar que sim, que fugia da
cruzada que o Papa Inocêncio III havia proclamado contra os
albigenses7 em sua terra de origem. Ainda que também lhe confessara
fugir de seu marido. Apertou os punhos ao recordar que estava
casada.
— Foge da guerra ou de seu marido? — Quis saber, tentando
obter alguma resposta.
— Não estou casada. — Disse ela titubeante e um pouco
surpresa. Agora era seu turno de olhá-la com decepção.
— Não minta.
— Não… não estou mentindo.
Na noite anterior lhe dissera o contrario e franzindo o cenho
deixou claro que não acreditava nela.

6
Lingua D’Oc é uma língua romântica, nos tempos antigos, cultivada pelos trovadores, preservado até hoje em vários
dialetos da língua. Falada no sul da França, assim como em alguns vales alpinos na Itália e na Espanha.
7
Albigenses ou cátaros foram descendentes da Igreja primitiva fundada por Jesus Cristo. Em meados do século 4, o
imperador Constantino uniu-se a essa igreja degenerada e foi o primeiro Papa. Uma igreja corrompida e um líder pagão
tornaram-se a mais formidável máquina genocida de todos os tempos, em nome de Deus.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Nervosa, Roslyn sentiu como as recordações se aglomeravam em


sua mente. Esse homem… seu anjo negro. Suas bochechas se
enrubesceram ao perceber que havia sonhado com ele. E não somente
isso, lhe falara presa do cansaço e da febre. Um nó lhe oprimia a
garganta. Teria falado de Henry? Certamente o havia feito, pois do
contrario ele não teria como saber que estivera casada.
— Não tema.
Quando as palavras de Alec a fizeram erguer os olhos, a
expressão do guerreiro havia mudado, já não havia aborrecimento
nele. Assim, recordou algo mais e sorriu. Talvez tivesse lhe contado
muito durante as noites passadas, mas também recordava a sensação
de paz e tranquilidade que a invadia quando ele estava perto e se
sentia… protegida.
— Não o temo. — Disse, e era verdade. — Só que… eu também
não sei…
— Quais são minhas intenções? — Perguntou Alec voltando a
sorrir para tranquilizá-la. — Não se preocupe, não são desonestas.
Agora, com os pés na terra, Roslyn tinha claro que o senhor
daquele lugar só a procurava em busca de respostas e que nada tinha
a ver com os homens que a perseguiam. Os tentáculos de Henry eram
tão longos como eram protetoras as asas de Lachlam Kincaid.
Suspirou. Queria voltar a pisar as terras de Kincaid, em casa de
Lachlam, junto a sua irmã. Ficaram em silencio, um esperando que o
outro falasse.
— Eu queria… — Finalmente foi Roslyn quem começou a falar,
com a intenção de expressar seu desejo, mas alguém a interrompeu.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Yuri entrou no quarto com um sorriso no rosto. A anciã tão jovial


como sempre deu bom dia a ambos e estranhou ver seu neto no
quarto, porém, não o demonstrou.
— Descansou bem, menina?
Roslyn assentiu, verdadeiramente agradecida.
A anciã havia se portado muito bem com ela em todos os
momentos. Tinha cuidado dela como se fosse alguém de sua própria
família, e estava convencida que foram esses cuidados que lhe
salvaram a vida.
Enquanto os jovens voltavam a por sua atenção um no outro,
Yuri ficou contemplando o casal. Teria de ser cega para não perceber
como seu neto olhava para a mulher. Assim como Fergus, ela também
notara algo, algo florescendo no coração de Alec.
— Se vai ficar um tempo, eu me retiro. — Alec notou a clara
intenção de sua avó de deixá-los sozinhos, — Só vim ver como estava a
jovem. Sairei por um tempo, sem dúvida vocês têm muito o que falar.
Deu uma olhada para a cama e a enferma sorriu para a mulher
que cuidara dela, ainda que com certa inquietação. Se ela saísse talvez
se visse obrigada a responder as perguntas que não queria responder.
— Não a pressione muito, ainda não está totalmente recuperada.
Alec a olhou de lado.
— Eu não a pressiono, velha.
Pelo tom de mau humor, Roslyn poderia deduzir que a relação
entre ambos não era boa, mas o olhar terno da anciã e o sorriso que o
guerreiro apenas tentou ocultar, a fizeram ver que nada estava mais
longe da verdade.
Quando a porta se fechou, Roslyn e Alec ficaram de novo
sozinhos naquele quarto que de repente parecia ter encolhido.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn fixou seu olhar nele. Como não fazê-lo?


A luz do fogo que ardia na lareira parecia arrancar reflexos
avermelhados na suave cabeleira de Alec. Estava tão enfeitiçada pelo
espetáculo que lhe proporcionava aquele homem que quase deixou
escapar um suspiro.
— Bem, Roslyn sem linhagem. Disse que estava. — Disse Alec
olhando-a atentamente.
Ela franziu o cenho.
— Estava o quê? — Perguntou desconcertada.
Aquele homem a distraia tanto que talvez tivesse se perdido em
alguma parte da conversa. Então a expressão de pesar voltou ao notar
sobre o que estava lhe falando.
— Casada. — Disse Alec finalmente.
— Oh!
Então tinha falado. A febre a fizera falar demais. Sentiu como o
coração se acelerava loucamente. A expressão da cara de seu anfitrião
estava tão fechada que ela não sabia se estava aborrecido ou não.
Rezou para que não estivesse.
— Não mais. — Gaguejou — Já não estou.
— Já não está…?
— Casada — acabou a pergunta dele com firmeza.
Tentou erguer-se ainda mais, mas não conseguiu. Alec
delicadamente se aproximou a ela e a segurou pelos ombros, para ficar
totalmente sentada. A cama parecia afundar-se sob o peso de Alec
quando ele se sentou ao seu lado.
Roslyn quis lhe sorrir, permanecer serena, mas sua presença lhe
provocava sensações contraditórias. Um agradável formigamento se
espalhou sobre seu estômago e sorriu.

LRTHistóricos· 76
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Mesmo Alec não mudando a expressão de seu rosto, ela sentiu


que seus olhos a olhavam com mais ternura. Contemplou-o como
fizera com seu anjo na noite passada.
— Faz pouco mais de um ano, — começou a dizer, — meu marido
foi dado como morto. E pouco depois consegui a anulação eclesiástica.
Algo fez que seu estômago se apertasse. Oxalá estivesse morto,
pensou desesperada. Deveria pedir perdão a Deus por ter tão maus
pensamentos, ainda que para ela um homem como ele merecia mais
morrer agonizando que viver em paz.
— Mas… Não o está. Estou errado?
Ela se remexeu inquieta diante da pergunta de Alec. Engoliu a
saliva enquanto mantinha uma luta interna desesperada. Devia
confiar naquele desconhecido? Talvez sim. Tinha lhe salvado a vida, e
sabia da poderosa aliança que os Kincaid tinham com os McAlister.
Não obstante, Alec não deixava de ser um homem.
Diante do sofrimento de Roslyn, algo dizia a Alec que não estava
mal encaminhado, mas deduziu que ela não falaria, nem confiaria nele
se não tivesse mais motivos para fazê-lo. Estava claro que ocultava
muito mais do que dizia.
— Eu… — disse hesitando.
Começou a sentir-se nauseada. Pensar em Henry a deixava em
agonia.
Roslyn olhou seu ombro, a mão de Alec lhe acariciou o braço,
segurando-a. O calor atravessava o fino tecido como um bálsamo para
ela.
Olhou-o detidamente.
Devia confiar nele? Por que não? Acaso um highlander se
deixaria comprar por Henry? — Nunca esteve. — suas palavras saíram

LRTHistóricos· 77
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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com naturalidade de entre seus lábios. — Refiro-me a que nunca


esteve morto.
Enquanto ela se esquivava de seu olhar. Alec a contemplou
detidamente. Sentiu algo estranho em seu interior, como um
desassossego.
— Quando todos o deram por morto, — quis explicar finalmente
— eu sabia que não era verdade.
— Sabia que estava vivo? — Ela assentiu vigorosamente.
Alec guardou silencio e tentou animá-la a continuar. Agora que
sua convidada se animara a falar não desejava que parasse, queria
saber tudo dela, ainda que muitas das coisas que lhe dissesse não
fossem de seu agrado.
Roslyn se atreveu a erguer a cabeça e observá-lo, tão
intensamente como ele fazia com ela. Se concentrou em respirar
pausadamente, mas era tão difícil, aqueles olhos negros perturbavam
qualquer um. Tão penetrantes como se pudessem ver até o mais fundo
de sua alma. Diante daquele olhar Roslyn se encontrou protegida e
capaz de revelar qualquer segredo por vergonhoso que fosse.
— O Papa me concedeu a anulação. — Disse sem mais nada. —
Eu coloquei a sua disposição toda minha fortuna. Apesar de o
considerar morto, queria que constasse como se nunca tivesse sido
sua esposa.
Alec levantou as sobrancelhas, mas continuou guardando
silencio. Talvez as cicatrizes de seu corpo fossem o motivo daquele ato
desesperado para se livrar do homem que lhe provocara tanto
sofrimento.
— A anulação — esclareceu, — era conveniente ao Santo Padre,
posto que meu esposo era inglês.

LRTHistóricos· 78
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec notou o ―era‖, fosse o que fosse que acontecera, percebeu


que aquele homem havia saído da vida dela.
— Continue. — Animou-a continuar falando.
— O que o Papa queria era que me casasse com um francês e
assim teria mais poder sobre a língua d’Oc.
Então soube que certamente era uma dama. A filha, ou irmã de
alguém com poder em sua terra.
— Assim, esperavam que a anulação lhes desse via livre para
contratarem outro casamento.
— Assim é — assegurou-lhe, — e me agarrei ao seu desejo para
livrar-me de meu casamento. Abaixou a cabeça e seus olhos ficaram
embaçados.
— Uma mulher deveria honrar seu esposo, isso sim, mas ele…
Sua voz se quebrou e por instinto Alec apertou os punhos. O
melhor seria se aquele sassunach estivesse morto.
Quando voltou a se acalmar prosseguiu.
— Livrar-me de meus votos me obrigaria a voltar para a casa de
meu pai, um grande senhor occitano.
As lágrimas fechavam a garganta de Roslyn e teve que conter o
fôlego para não deixá-las cair. Alec a olhou com compaixão. Apesar de
ser uma dama da nobreza, sua existência não havia sido nada fácil, e
muito menos feliz.
— Meu senhor, o Conde de Foix, não tinha nenhuma intenção
que meu pai, seu vassalo, fizesse alianças com os franceses —
esclareceu, no caso de Alec não estar a par da política no continente.
— Vale dizer que são nossos inimigos acirrados, mas quando ele
morreu, a igreja ficou com nossas terras porque meus irmãos foram
acusados de traição. Então tudo mudou.

LRTHistóricos· 79
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Se é certo o que contou de Simon de Montfort, não estranho


que o aborreça.
Alec lhe expressou seu apoio e recordou todas as atrocidades do
senhor francês que haviam chegado aos seus ouvidos.
— Tudo é absolutamente certo.
Ela mesma vivera o horror da guerra em casa.
O conde de Tolosa se fizera cruzado para proteger aos nobres e
suas terras. Para muitos era um traidor. Nesse momento Simon de
Montfort havia se agarrado sobre o título do conde como um cachorro
faminto. Agora tudo parecia ter acabado. As perseguições
continuavam, mas pouca esperança ficava para eles. Somente morar
na clandestinidade, escondendo-se dos franceses e professar uma fé
em público que não era a sua.
Alec guardou silêncio enquanto Roslyn tentava se recuperar.
Sentiu-se estúpida. Nunca em sua vida havia chorado diante de
nenhum homem, nem mesmo diante de seu esposo quando este se
satisfazia maltratando-a e a castigando por sua condição de herege.
— Agora que tudo parecia chegar ao fim…
— Seu esposo regressou, — se aventurou a dizer Alec — estava
vivo e a obrigou a voltar para ele.
— Sim, — concordou — ele não tinha morrido. Alguém disse tê-lo
visto cair na Terra Santa, mas sobreviveu. Regressou depois de se
recuperar nas mãos dos templários.
Então o medo e a impotência se apoderaram dela e as lágrimas
caíram sem controle, rodando por seu rosto.
— E esteve fugindo desde esse momento. — Afirmou.
— Quando soube que nosso casamento fora anulado ficou louco e
desde esse dia me persegue para me fazer regressar.

LRTHistóricos· 80
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Sem querer fazê-lo Alec alongou a mão para secar as lágrimas de


seu rosto, quando ela se encolheu diante de seu contato, a retirou
como se queimasse.
Ficaram se observando por um instante que pareceu eterno. Alec
a liberou do contato de sua mão e se afastou para lhe deixar claro que
não pensava importuná-la com sua proximidade.
Engoliu a saliva antes de tentar obter uma explicação do motivo
de tê-la encontrado naquele estado, em suas próprias terras. —
Encontrou-a?
Ela assentiu. Chorava silenciosamente como se, apesar da
serenidade e caráter que mostrava, não pudesse evitá-lo.
— Encontrava-me na abadia junto a minha irmã mais nova. Ali
deveria esperar que se decidisse meu futuro. O Papa desejava um novo
esposo para mim, de acordo com seus planos. Queriam casar-me com
um nobre francês para assim legitimá-lo frente aos vassalos de meu
pai.
Guardou silencio até que Alec assentiu infundindo-lhe coragem
para continuar seu relato. — Mas…
— Mas Henry me encontrou.
Roslyn ergueu a vista quando o viu de pé junto a ela. Era um
homem alto e musculoso, o observou com as mãos apertadas
formando um punho em ambos os lados do corpo. As mesmas mãos
de uma ternura incrível em um homem como ele, se atreveram a lhe
enxugar as lágrimas.
— Não cheguei a me casar com o senhor francês. — Disse —
Henry me obrigou a ir com ele de novo para a Inglaterra.
E então fugira, pensou Alec.

LRTHistóricos· 81
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Henry ameaçou matar minha irmã se não fosse com ele. Não
tinha alternativa.
E Alec acreditou, porque lhe parecia mais evidente que qualquer
destino para aquela mulher, seria melhor que regressar junto ao seu
esposo. Mas sacrificar-se pela família, por sua irmã, falava do amor
processado e de como era nobre.
Esperando a aprovação de Alec, Roslyn parecia ter a necessidade
de se justificar. — Agora… tenho medo. — Confessou.
— Não deve temer. — Apressou-se a dizer e em sua voz ela pode
notar que era verdade. Aquele homem não iria entregá-la a Henry,
ainda que fosse seu esposo. Ao menos, não sem antes lhe permitir
falar com Lachlam e pedir refugio em outra parte.
— Não temo só por mim. Não quero que me encontre, mas… temo
mais que tudo por minha irmã, — seu olhar se perdeu nas chamas da
lareira e sentiu um calafrio percorrer sua coluna vertebral — tentará
castigá-la porque o abandonei.
Alec a entendia e sentia pena.
— O que aconteceu depois que saiu do convento e regressou com
seu esposo? Ela ergueu a vista e se sentiu com forças para lhe
responder.
— Henry voltou a preparar tudo para uma cerimonia que
renovasse nossos votos e com isso teria o direito de lutar por umas
terras que já não possuía. Um dia antes do enlace eu fugi.
Alcançaram-me faz…
Parou, havia perdido totalmente a noção do tempo.
Alec voltou a se sentar ao seu lado e desta vez ela o olhou sem
temor algum quando lhe falou. — Faz três semanas — disse
cortesmente enquanto pegava uma mão entre as suas.

LRTHistóricos· 82
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn não se afastou, nem recusou o contato. Sentiu a carícia


em silencio e a agradeceu, sem saber por que gostava do contato
áspero de sua pele sobre suas mãos. Talvez porque a tranquilizasse.
Não podia negar que era um homem forte. A aspereza de suas
mãos sem dúvida seria por brandir a espada de laird. Vira aquelas
espadas penduradas na parede de Lachlam, eram grandiosas e
esplêndidas. Elas passavam de geração em geração recordando a
grandeza do clã. Olhou suas mãos e se sentiu satisfeita. Aquelas mãos
que agora apertavam as suas docemente poderiam brandir
semelhantes joias e quem sabe protegê-la.
Roslyn levantou a vista e se perdeu naqueles olhos escuros que
tão intensamente a contemplavam.
— Já estou na cama há três semanas? — Disse recordando as
palavras de Alec.
— Os ferimentos se infectaram, você teve febre, mas está
conseguindo se recuperar.
— Oh. — Não sabia o que mais dizer.
Olharam-se em silêncio, até que Alec sentiu que seria melhor se
retirar e deixá-la descansar. Mas havia tantas coisas que queria saber
que se sentia incapaz de esperar se ela pedisse que a deixasse
descansar.
— Queria perguntar-lhe algo.
— Adiante — disse olhando-o com curiosidade.
— Encontramos três homens em minhas terras. Eram ingleses.
Viu como ela ficou tensa. Subitamente retirou a mão que ele
segurava entre as suas. Sentiu-se decepcionado ao perder seu contato.
— Estavam mortos — acrescentou procurando seu olhar.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ela não respondeu, e abaixou os olhos disposta a não enfrentá-


lo.
Sua cabeleira negra se deslizou em parte de seu rosto quando
abaixou a cabeça no que parecia um sinal de submissão.
— Foi para me defender. — Disse angustiada.
Sua voz era apenas um sussurro audível para Alec.
— O quê?
Alec ouvira, mas não conseguia acreditar que na ideia de que
aquela mulher conseguira matar três soldados com suas próprias
mãos.
Ela levantou a cabeça e engoliu em seco.
— Eu os matei, — confessou com pesar — mas só estava me
defendendo, juro.
De súbito lhe parecia desesperada e tentou por suas mãos sobre
os ombros de Alec em sinal de súplica.
Ao ver o pânico sincero naqueles olhos, Alec não resistiu à
vontade de consolá-la. Aquela mulher, que aos seus olhos parecia tão
frágil, conseguira sobreviver a aqueles homens e matá-los. Algo que
lamentava, porque teria gostado de ter sido ele mesmo a fazer justiça e
mandar à cova os ingleses que ousaram tocá-la.
Sem que ela esperasse a atraiu para seu peito. Surpresa, Roslyn
se deixou abraçar.
O homem a rodeou encerrando-a entre seus braços. Não houve
protestos por parte dela. Quanto tempo fazia que não conseguia
nenhum consolo? Talvez desde que abandonara sua irmã na abadia.
Roslyn apertou os olhos para não continuar chorando. Respirou
profundamente, usufruindo do abraço. Seu pai não era dado às

LRTHistóricos· 84
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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demonstrações de afeto, mas fora o único homem, junto aos seus


irmãos, que a havia abraçado com amor.
Comparou-os sem perceber. Seu pai era um homem elegante,
sem dúvida, ruivo e de traços perfeitos, alto e apreciador das belas
artes, da música e da poesia, em troca o guerreiro que a abraçava, era
isso, um guerreiro. Forte, com um rosto esculpido em pedra, uma
cicatriz que causava temor e uns braços longos que poderiam amassá-
la se assim o desejasse. Contudo o abraço que lhe dava, falava de um
homem terno e compassivo. Ruborizou-se ao admitir que a
proximidade de Alec lhe provocava sensações muito diferentes às de
seu pai.
Fechando os olhos se abandonou, acariciando o peito do
guerreiro com seu rosto. Cheirava a couro e outros aromas que não
conseguia distinguir, mas todos eles agradáveis. Alec era o laird, e
supunha que deveria cheirar assim, a pura masculinidade. O tartán
de quadros escoceses verdes e vermelhos, era suave ao contato, notou
ao apertar-se mais contra ele e acariciá-lo de novo com o rosto.
Sem pensar lhe envolveu o pescoço com seus braços e sentiu
uma pontada de dor nas costelas. Ainda não estava recuperada de
todo, mas não pensava se afastar. Necessitava daquele consolo, ainda
que viesse de um homem, e não só isso, de um desconhecido.
Os nervos ainda continuavam apertando seu estômago. Com
horror viu que estava lhe cravando as unhas na roupa e relaxou os
braços, sem querer ainda se afastar.
Roslyn gostou de sentir aquelas mãos fortes acariciando suas
costas, mãos que momentos antes estiveram sobre as suas. Ela
deduziu que ele não percebia que a estava acariciando, mas não iria

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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fazê-lo notar, pois a sensação era muito agradável e temia que


parasse.
Abriu os olhos logo. Realmente não sabia nada dele, e Alec não
sabia praticamente nada dela. Ao menos o mais importante.
Afastou-se bruscamente pensando que talvez se soubesse toda a
verdade não teria tanta consideração. E sobre os ingleses? Iria castigá-
la por suas mortes?
— O que vai fazer? — Perguntou angustiada agarrando seu kilt
com ambas as mãos. Alec a olhou sem saber bem o que responder.
— Nada — disse um pouco desconcertado, só abraçava você. Ela
sorriu a seu pesar.
— Não me referia a isso. Sei que não faria nada errado.
E era certo. Só pretendia abraçá-la, nada mais que isso. Ainda
que admitisse que pensara como seria ter como amante a tão
extraordinária mulher, mas naquele momento, sentindo sua
vulnerabilidade, não pretendia nada mais que ser um ombro amigo no
qual pudesse se apoiar.
— Não me conhece. Como sabe que não faria nada de mal? —
Roslyn lhe sorriu acariciando seus ombros.
— Eu sei.
O silêncio os envolveu por um instante. Depois Roslyn piscou e
sentiu que seria necessária uma explicação. Necessitava saber ao que
se pegar.
— Referia-me a esses homens. Vai me castigar por suas mortes?
— Castigá-la? — Ele piscou.
Um sorriso curvou seus lábios e isso desconcertou Roslyn.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Sem dúvida lamento que estejam mortos, — disse-lhe e diante


daquelas palavras a mulher abaixou a cabeça — mas só porque agora
não poderei matá-los com minhas próprias mãos.
Roslyn ergueu a vista e olhou seus inescrutáveis olhos escuros.
— Eu… — Não sabia o que dizer quando sentiu a mão do
guerreiro acariciar seu rosto. Olharam-se com intensidade por alguns
momentos onde o tempo parecia ter parado.
— O que me surpreende é você ter tido força para matar aos três.
Força… e coragem, acrescentou.
Uma mulher que sofrera como ela nas mãos dos homens de seu
esposo deveria viver aterrorizada, mais ainda do que aparentava.
Então recordou as cicatrizes que Yuri lhe havia mostrado: lanhaduras
e cortes.
— Minha irmã mais velha me ensinou a defender-me. — Disse
com os olhos melancólicos.
— Não tema, Roslyn. Os ingleses estão muito bem onde estão,
queimando-se no inferno. — Disse com os dentes apertados.
Sentiu a raiva crescer em seu intimo e voltou a desejar que
aqueles bastardos estivessem vivos para matá-los ele mesmo. Mas
talvez ainda pudesse vingá-la se seu esposo se atrevesse a entrar nas
Highlands.
— Não deve temer nada. Se seu marido chegar a meter o nariz em
minhas terras, lamentará ter nascido.
— Não quero ser uma carga. — Disse docemente. — Dirigia-me às
terras de Kincaid e é ali aonde desejo chegar.
— E chegará sã e salva ao seu destino.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Deixou de sorrir. Não gostava da ideia de que se fosse por muito


incompreensível que pudesse resultar aquela sensação de vazio no
peito, era inegável que estava ali.
— Pode me responder a uma pergunta? Ela assentiu. — Por que
acredita que Lachlam Kincaid irá ajudá-la?
Quando Roslyn fixou seu olhar nele, sorriu a contra gosto.
Confiava naquele homem e isso era muito, pois a vida lhe ensinara a
não confiar em ninguém.
— Porque minha irmã mais velha vive lá.
Bom, essa era uma boa razão. Alec piscou contrariado, uma
estrangeira que vivia nas terras Kincaid…
— Quero estar com minha família.
Se fugia de seu esposo talvez pensasse que um parente pudesse
ajudá-la. Sem dúvida sua irmã teria se casado com algum dos homens
de Lachlam, ainda que não fossem muitas as estrangeiras em terras
Kincaid.
De repente franziu o cenho.
— Sua irmã, — disse muito serio — está casada com um
Kincaid? Ela assentiu com um sorriso que a fazia ainda mais formosa.
Seus olhos se arregalaram enquanto a olhava fixamente,
esperando perceber a semelhança que ambas compartilhavam.
— Não há muitas estrangeiras… — Alec foi apagando a voz ao
perceber que alguma coisa havia passado totalmente por alto.
Roslyn sorriu satisfeita ao notar que ele havia descoberto a
verdade. — Madeleine?
Ela assentiu e riu. — Sim.
— Lady Kincaid é sua irmã?

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ela assentiu de novo com a alegria de saber que logo estaria ao


seu lado.
Alec não sabia se aquela verdade o aborrecia ou o satisfazia.
Quando ele sorriu Roslyn se sentiu ainda mais satisfeita.
Já estava em casa, logo veria Madeleine e seu esposo Lachlam e
tudo estaria bem de novo.
— Procurava proteção no clã de sua irmã, não é assim? —
Perguntou Alec, mais para si mesmo que para a confirmação dela.
Mas o certo é que não era assim, não exatamente, mas como
havia descoberto que se podia confiar nele, Roslyn decidiu contar-lhe
seu plano.
— Queria mais que proteção dos Kincaid. — Sorriu enigmática, —
Esperava que me proporcionassem outra coisa.
— O que esperava que lhe proporcionassem? — Perguntou
franzindo o cenho.
De repente Roslyn ficou tímida. Juntou de novo as mãos em seu
colo e abaixou a cabeça enquanto pronunciava algumas palavras
quase ininteligíveis.
— Como disse?
Ergueu a cabeça e se perdeu em seus olhos negros. — Um
marido.
Deus Santo, aquela mulher não deixava de surpreendê-lo. — Por
que queria um marido? — Perguntou incrédulo.

Em seu corpo se destacavam as cicatrizes que lhe proporcionara


o primeiro casamento. Que mulher queria arriscar-se a passar outra
vez pelo mesmo? Ele não se preocupara em contemplar a possibilidade

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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de voltar a se casar depois da dor que Elisabeth lhe causara. Ainda


que o casamento o livrasse da indesejável insistência de Mairy para
conseguir ser a senhora dos McAlister.
Com Lachlam, ela estaria protegida, pensou Alec. E sem
necessidade de se casar com um de seus homens.
Respirou fundo. Roslyn, se casar com um Kincaid? Isso não iria
acontecer, pensou com férrea determinação.
— Terei que me casar para me livrar de Henry. — A voz de Roslyn
era apenas um sussurro, — Do contrario me obrigará a me casar de
novo com ele.
Uma explicação totalmente lógica. Além de se livrar daquele diabo
garantiria a proteção de todo um clã.
Alec apertou os punhos.
— Isso não acontecerá, — lhe disse totalmente convencido — e se
é um marido o que procura, encontraremos um.
Roslyn o olhou um pouco surpresa e o certo era que Alec também
se surpreendeu com o instinto de proteção que havia desenvolvido
para ela. Tão somente em algumas semanas que a jovem estivera sob
seu teto o sentimento de carinho que havia desenvolvido para ela, era
inegável. Sua história o comovera e nada nem ninguém conseguiria
que a mulher sofresse algum tipo de agressão enquanto ele vivesse.
— Se deseja um marido…
— Sim? — Disse olhando-o com curiosidade.
Na mente de Alec cruzou um pensamento totalmente
descabelado, mas… Maldito fosse se permitiria que alguém a
convertesse em sua esposa!
— Aceitaria qualquer um? — Perguntou seriamente.
— Depois de Henry, não serei muito exigente.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Tentou dar humor a suas palavras quando o semblante de Alec


não mudou em sua expressão severa.
— Roslyn? — Como uma revelação soube exatamente o que tinha
que fazer.
— Sim?
Não podia acreditar o que iria fazer. — Eu lhe sirvo?
Diante da expressão de total assombro, Alec sorriu.
Estava orgulhoso dela, se via de longe que fazia um esforço sobre
humano para não desmaiar.
— Você meu esposo? — Perguntou incrédula.
— E você minha esposa.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 11

— Você ficou louco, rapaz? — Foi à única coisa que se escutou no


salão. Fergus levou uma mão ao peito. Teria um ataque.
Alec riu por dentro ao ver a boca aberta pela surpresa de sua avó
e do velho Fergus. — Sou seu laird, Fergus. Não lhes peço permissão,
somente o informo sobre um futuro acontecimento.
A noticia tomou de surpresa a Yuri e ao seu irmão quando Alec
lhes comunicou sua decisão.
— Não pode fazer isso! — Balbuciou Fergus.
— Sinto frustrar seus planos de me ver casado com Mairy
McGregor — disse Alec — mas deveria saber que aquele casamento
jamais seria celebrado.
O aborrecimento de Fergus diminuiu um pouco, ao entender que
suas palavras eram certas. Suas emoções contrastavam com o júbilo
de sua irmã Yuri. A mulher levantou-se e se dirigiu a cabeceira da
mesa para abraçar seu menino.
— Meu filho, não sabe a alegria que está dando a esta pobre
anciã. Alec correspondeu ao seu abraço com carinho.
— Você o tinha muito bem escondido jovenzinho — disse
finalmente Yuri com lágrimas nos olhos.
Yuri ficou surpresa mesmo tendo escutado parte da conversa que
Alec mantivera com Roslyn noites atrás.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Havia passado quase uma semana desde que se completara o


prazo que o laird McGregor dera e agora que Roslyn estava
recuperada, seria hora de começar com os preparativos das bodas que
deveriam se celebrar o quanto antes. Uma carta chegara à fortaleza
McAlister, sem dúvida o clã vizinho se preparava para a guerra. Seu
amigo, Gabriel McDonald o informara apenas alguns dias atrás que
McGregor solicitava aos seus aliados para unirem forças para lutar
contra Alec, mas ele estava muito seguro que poderia contar com os
McDonald e os Kincaid.
Yuri suspirou, sem dúvida as bodas entre Alec e Roslyn não
ajudariam a acalmar os ânimos, mas diante da negativa de seus clãs
vizinhos a lutar contra os McAlister, talvez o velho laird McGregor
pudesse reavaliar a situação.
Desde o momento em que Roslyn entrou em suas vidas, Yuri
soube que seria inevitável que seus destinos se entrelaçassem. Como
mulher sábia e observadora, não deixou de notar a forma como Alec
olhava a jovem desde o dia em que chegara. Com certa preocupação
por sua saúde enquanto se recuperava, e com um incipiente desejo
uma vez que voltara a ter a vitalidade que se esperava de uma jovem
de sua idade. Graças a Deus que a jovem se recuperara rapidamente.
Os ferimentos haviam melhorado bastante. Só o ferimento no peito lhe
doía, mas também iria sarar logo.
A voz de Alec trouxe Yuri à realidade. Depois que seu neto
assinalara um por um todos os motivos que tinha para casar-se com a
recém-chegada, os dois anciãos, concordaram e deram-lhe sua
benção, ainda que Fergus o fizesse com menos entusiasmo.
— Pobre Roslyn — murmurou Yuri depois que Alec lhes contara
toda a historia vivida por ela.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Por sua parte Fergus deixou seu aborrecimento de lado. Casar-se


com a cunhada de um dos mais poderosos senhores da Escócia não
era nenhuma bobagem.
— Assim mataremos dos pássaros com um tiro só. — Yuri
esfregou as mãos sem deixar de sorrir.
— Isso foi o que pensei — Disse Alec sentado na cabeceira da
mesa.
— Por um lado ela se livrará de ser obrigada a se casar de novo
com esse tal Henry e por outro não poderão pressioná-lo para se casar
com Mairy.
— Brindo por isso, avó.
— E o mais importante, me dará formosos bisnetos.
Alec não havia pensado nisso. Sentiu um nó no estômago. A
verdade é que não queria pensar muito nisso. Tratava-se somente de
um casamento por conveniência. Benéfico para ambos que poderiam
livrar-se de uma desagradável situação. Amá-la como uma mulher e
que lhe proporcionasse filhos… não queria pensar nisso ainda.
— Espero que o laird McGregor se recapacite, e dê uns bons
açoites a sua filha por ser mentirosa. — Yuri estava indignada. —
Soube desde o primeiro momento que aquela menina mentia. É certo
que não se deve culpá-la de tudo, Alec é um bom partido, mas me
alegrarei de vê-lo casado com a outra jovem.
Yuri pensou em Roslyn.
— Parece uma boa mulher. Muito doce, justo o que lhe fazia falta.
Alec não respondeu, fixou o olhar no outro extremo do salão, nas
chamas que consumiam os troncos. Yuri disse o que pensava de
Roslyn, e o fez de todo coração, mas ainda assim Alec não conseguia

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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mais que se entristecer ao recordar que ele também havia acreditado


que sua primeira mulher era o que necessitava para ser feliz.
— No fundo também me alegro.
— Não tanto como eu — assegurou Alec, mas nem sequer ele
sabia porque o dizia exatamente.
— Não me diga que se apaixonou por ela, rapaz. — Fergus
esperou sua resposta com certo assombro, mas esta não chegou.
Alec nem se preocupou em responder, a presença de um de seus
guerreiros o distraiu quando entrou no salão. Iain se aproximou da
mesa e se sentou com eles.
— A noticia de seu casamento já é de domínio público. — Iain se
serviu um copo de vinho e brindou por ele. — Nas cozinhas não se fala
de outra coisa e as fofocas já chegaram ao pátio de armas.
Alec suspirou, não podia esperar que o segredo durasse para
sempre. Isso o recordava que cedo ou tarde Lachlam Kincaid também
saberia, e logo, já que estava a ponto de regressar ao seu lugar.
— Agora, depois das bodas deveríamos começar os preparativos
para a guerra, aquele demônio com cara de anjo, pedirá sua cabeça ao
seu pai.
Alec assentiu.
Tinha consciência que aquele encontro seria inevitável, e dizia
para si mesmo que não devia se sentir culpado, afinal uma pequena
batalha não faria mal a ninguém e se houvesse uma culpada em tudo
aquilo, seria Mairy McGregor. Ele lavava as mãos.
— Bem talvez Lachlam nos ajude, não esqueça que se casa com
sua cunhada.
— Isso é o que o deixa mais feliz, não Fergus? — perguntou Yuri
em tom zombeteiro.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Claro que não — cortou firmemente.


Claro que mentia, um senhor da diplomacia como ele, sabia como
eram benéficas algumas alianças e por sinal a aliança matrimonial que
Alec selaria em breve seria uma das que levaria mais prosperidade ao
clã.
— Em primeiro lugar vem à felicidade de Alec. — Resmungou de
novo o ancião, quando viu que Yuri não ficara satisfeita com sua
resposta.
Iain bufou pela estupidez e Alec sorriu como se lesse seu
pensamento.
— Deveremos avisar ao padre Callum. As bodas serão hoje
mesmo.
— Hoje mesmo? — A voz de Fergus se tornou aguda diante da
inesperada noticia, mas a seguir abaixou a cabeça e se rendeu.
— Bom, disso me encarregarei — Yuri se levantou bem disposta a
que pelo menos a noiva tivesse boas recordações de um bonito dia
como aquele. — Vocês se preparem para a guerra.
Subiu as escadas que levavam do salão ao pátio de armas
desejosa de terminar o serviço e estar de volta rapidamente e ordenar
às donzelas que aprontassem a noiva.
Os três homens ficaram sozinhos no salão. — Deixe-me que o
felicite, Alec.
Ele assentiu diante das palavras de seu melhor guerreiro.
— Obrigado, creio que será uma boa esposa — Um sorriso
sincero curvou seus lábios. — Disse-me que não seria exigente com
seu marido.
Iain sorriu de forma quase imperceptível, ainda que se
apressasse a ocultar seu humor atrás de um longo trago.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Estamos com sorte, todos sabemos que não é muito propenso


aos bons modos e se caracteriza melhor por uma rudeza arrebatadora.
Alec grunhiu, mas não corrigiu nenhuma palavra.
— Continuo pensando que deveria esperar Lachlam para a
cerimonia.
— Não tenho tempo a perder — Nem em sonhos iria esperar,
Lachlam continua muito ocupado arrecadando impostos e fazendo
visitas obrigatórias no Este.
— Então mais que aos McGregor, deverá temer a ira de Madeleine
Kincaid. Não acredite que aceitará muito bem perder o casamento de
sua irmã.
Os três homens ficaram em silêncio recordando o caráter
indomável da bela mulher.
— Não quero problemas com Lachlam, celebraremos o banquete
quando eles estiverem presentes.
— Já sabe como se altera quando vê a esposa aborrecida. — Disse
Fergus.
— Não se aborrecerá. — Ainda que nem Alec estivesse convencido
quando aquelas palavras saíram de sua boca — Lachlam me perdoará,
entenderá que não poderia esperar. Quero estar casado quando
McGregor chegar.
— Sem dúvida, McGregor se apresentará com um bom número
de soldados para que lhe confirme o que decidiu.
— Chegará atrasado. — Alec sorriu diante das palavras de Iain.
Não tinha nenhuma dúvida que seu guerreiro mais leal gostava
das boas batalhas, não obstante não se derramaria sangue
precipitadamente. McGregor chegaria à fortaleza enfurecido, tanto se
Alec estivesse casado, como se confirmasse a recusa a sua filha.

LRTHistóricos· 97
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Que Deus nos alcance confessados — disse Fergus elevando os


olhos ao céu.
Meia hora depois o padre Callum atravessava a porta do salão
com seu característico caminhar. Chegava sozinho e sem dúvida Yuri
já estaria organizando as donzelas para que tudo estivesse pronto para
o casamento.
A grande barriga do padre Callum parecia levar a dianteira do
corpo. Desceu como um pato os degraus até plantar-se com um
grande sorriso em frente a Alec.
— Diz finalmente que pensa se casar meu senhor. Alec assentiu
em silêncio.
— Alegro-me, tenho que confessar que não me agradava a ideia
de abençoar nossos homens antes de enviá-los para a morte. — Soltou
uma gargalhada antes de suas bochechas rosadas pelo vinho
consagrado se ruborizarem um pouco mais. — Já que permanecemos
tanto tempo em paz, seria uma lástima entrar de novo em guerra.
Alec e Iain se olharam e ambos sorriram ladinamente enquanto
Fergus punha os olhos em branco.
Não tinha a mínima intenção de tirá-lo de seu erro e o velho
Fergus tampouco.
— Venha comigo.
O padre Callum era novo naquelas paragens, vinha do sul, onde
se dizia que os escoceses certamente eram mais civilizados. Alec em
troca não acreditava que fossem mais civilizados, simplesmente eram
mais estúpidos, se esqueceram como era ser hinglanders e se
converteram em simples ingleses, com seus modos e a mesma língua.
Além de não ter ocorrido nenhuma guerra em dois anos, Alec parecia
suficientemente civilizado, mas uma mente sulista não era do mesmo

LRTHistóricos· 98
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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parecer. O padre teria que se aguentar, pensou Alec, porque


certamente haveria guerra. Mas antes, se casaria com aquela
misteriosa mulher de língua d’Oc.
Iain seguiu os homens até o piso superior, não queria perder a
cerimônia. Na porta do quarto encontrou Yuri que fechou o aposento.
— A noiva ainda não está pronta.
O padre Collum franziu o cenho estranhando.
— Vá! Não sabia que a noiva havia chegado. Não vejo os
convidados.
— Será uma cerimonia íntima padre, devido a circunstancias que
são extraordinárias, suponho. — Disse Iain.
— Claro. — Concordou o padre, um pouco mais tranquilo. Alec se
inclinou sobre seu comandante.
— Tem um sentido de humor um pouco retorcido.
— Deixe-me lhe agradecer por me permitir assistir seu casamento
— disse Iain. Não perderia a cara do velho Collum por nada no mundo.
Os homens ficaram em silencio quando a porta se abriu de novo
e três donzelas sorridentes saíram do quarto.
— Está tudo pronto para a cerimonia.
Os olhos de Yuri brilhavam cheios de emoção quando permitiu
que os homens entrassem. Entrou no quarto aquecido pela lareira e
abriu as partes das janelas que estavam fechadas, iluminando todo o
aposento com a luz da manhã.
Alec foi o último a entrar. Quando o fez Roslyn foi a primeira a
quem olhou. Sua prometida estava sentada junto à cama, e diferente
dos outros dias, nesse momento usava um lindo vestido azul intenso
que iluminava seus formosos olhos. Alec ficou sem respiração.
Viu-a sorrir enquanto seu olhar o enfocava ansioso e fixamente.

LRTHistóricos· 99
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Seu estado a impedia de se levantar. Ainda estava fraca, as


fissuras em suas costelas ainda iriam demorar a cicatrizar e o
ferimento do peito, apenas fechado, a manteria na cama algumas
semanas mais. Mas naquele instante era a mulher mais formosa e
saudável que ele poderia desejar como esposa.

Roslyn sorria e não conseguiu deixar de fazê-lo quando Alec lhe


devolveu o olhar cheio de ternura. Como um guerreiro tão forte e
grande podia ser tão delicado, era algo que escapava de seu
entendimento.
Suas mãos se fecharam sobre um delicado lenço que Yuri lhe
entregara e o retorcia sem compaixão enquanto esperava que a
cerimônia começasse.
Roslyn o observou se aproximar, enquanto três homens e a anciã
ficavam no outro extremo da cama. Aquilo era muito estranho para
ela. Jamais imaginara casar-se com um laird e menos naquelas
circunstâncias. O motivo pelo qual aceitara a proposta sem dúvida era
sua irmã Madeleine. Não somente porque poderia vê-la todos os dias,
como em suas cartas, que recebia há anos, lhe narrava às travessuras
que Alec e Gabriel faziam para virar a fortaleza Kincaid de pernas para
cima. Seu futuro esposo não sabia, mas era como se o conhecesse
desde sempre.
Roslyn se recordou de cada detalhe daquelas histórias. Se ficara
algo daquele jovem no homem que tinha em frente a ela, poderia ser
muito feliz. Não esqueceria os momentos que havia passado junto com
a irmã Frances lendo as cartas de Madeleine já casada com um

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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escocês, que por amor, a sequestrara sem vê-la enquanto ia rumo a


Amberes para encontrar-se com seu irmão Gifré.
Dez anos antes, Roslyn, sentiu solidariedade para com aqueles
diabinhos adolescentes que tiravam do serio Lachlam e tanto
divertiam Madeleine. Desde o momento em que descobrira quem era
seu protetor, sua mente não deixava de evocar aqueles pensamentos
infantis, quando ela tinha apenas onze anos.
Sabia pelo que Madeleine dizia, que Alec havia se convertido em
um grande laird, que era um homem justo e bondoso, ainda que um
pouco temerário para seu gosto, pois sua irmã sempre o tinha
presente em suas orações precisamente pelo conflitivo que eram seus
atos. Ainda que acrescentasse que aqueles traços não eram estranhos
em um highlander, pois eles se caracterizavam por serem bárbaros.
— Uns bárbaros encantadores — sempre acrescentava.
Roslyn percebeu pelo muito que Madeleine dizia amar seu esposo
que aquelas eram só miudezas que seguramente lhe contava para
distrai-la. Assim era como via Alec, um bárbaro encantador, com seus
cabelos longos e escuros, sua estatura de quase dois metros e aquela
ferocidade em seu olhar, ferocidade não dirigida a ela, mas a quem a
ferira. Esse pensamento quase arrancou lágrimas de seus olhos.
Foi nesse instante que soube que ele cuidaria dela melhor que
ninguém.
— Meu senhor — murmurou quando Alec se situou ao seu lado.
Alec pegou sua mão e a apertou.
Pela expressão de seu rosto e seus olhos úmidos, Alec deduziu
que estava assustada.
— Iain, Fergus e Yuri serão nossas testemunhas.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn concordou, mas seu sorriso se congelou ao olhar ao


guerreiro que a observava com intensidade. Sem dúvida era um olhar
muito inquietante para pertencer a um homem sem pecados.
A avó de Alec, que permanecera ao seu lado enquanto se
recuperava, lhe dedicou um amplo sorriso. Sem dúvida se alegrava por
seu neto se casar com ela e o outro homem de longa barba branca
simplesmente assentiu com a cabeça em saudação. Notou que estava
resignado com aquela situação.
Roslyn suspirou, aquele seria seu casamento.
Claro que não seria como no primeiro, suntuoso e cheio de luxos,
mas o importante é que seria quase perfeito, esse era o homem com
quem iria se casar, seu marido.
Observou o guerreiro Alec McAlister, um homem da cabeça aos
pés. Seu tartán cruzado sobre o peito deixava claro como era forte e
magnífico.
Sorriu-lhe voltando o olhar para o pároco que parecia totalmente
desconcertado.
— Há algo errado? — Perguntou Roslyn ao ver sua cara de
absoluto desconcerto.
Ela piscou e o bom homem olhou ao casal como se não soubesse
ao que se prender.
— Não entendo meu senhor.
— Está aqui para nos casar. — Alec recordou-o.
— Casá-los? — Olhou para Roslyn como se não pudesse acreditar
— Com ela, meu senhor?
— Sim, com minha prometida.
O homem balbuciou e Iain sorriu descaradamente.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Mas... mas não é Mairy McGregor — disse com os olhos


arregalados.
— É evidente que não, padre. — Iain continuava se divertindo e
vendo mudar as expressões dos rostos dos presentes.
Roslyn ficou tão desconcertada quanto o pároco. Olhou ao
guerreiro que havia falado e fixou os olhos em Alec que não parecia
muito satisfeito com a situação. Ela também não estava se divertindo
em absoluto. Franziu o cenho e só conseguia pensar em uma coisa,
quem seria Mairy McGregor e por que o sacerdote pensava que Alec se
casaria com ela? Ninguém parecia disposto a lhe explicar e ela tinha
medo de perguntar.
Ficou boquiaberta ao escutar as palavras do sacerdote.
— Mas haverá guerra.
— Guerra? — Murmurou Roslyn horrorizada — Por que haverá
guerra, Alec?
Alec voltou a apertar sua mão para tranquilizá-la e sem nem a
olhar deu a ordem para começar a cerimônia.
Diante do olhar duro de Alec, o sacerdote obedeceu. E o fez ainda
mais depressa quando Iain McAlister avançou um passo ameaçador
para ele para que não fizesse mais perguntas. Sem dúvida aquele
homem do demônio seria capaz de lhe fatiar o pescoço se não se
esmerasse em finalizar corretamente a união.
Em dez minutos o homem acabou um discurso sobre o
sacramento do casamento e da união das almas.
— Se há alguém que tenha um impedimento para que estas duas
almas se unam no sagrado matrimônio, que fale agora ou se cale para
sempre.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ninguém disse nada e o sacerdote continuou com as perguntas


pertinentes.
Roslyn aceitou seu destino e assegurou entregar-se as
responsabilidades de esposa. Por seu lado, Alec aceitou a entrega da
mulher com solenidade.
Um minuto depois o padre dava a última benção.
— Pelo poder que me outorgou a Santa Madre Igreja, eu os
declaro marido e mulher.
Nem chegou a dar sua permissão para beijar a noiva, porque Alec
já estava de joelhos ao seu lado e antes que ela pudesse perceber o
que acontecia, prendeu a boca da jovem entre seus lábios em um beijo
real disposto a declarar sua posse.
Afastando-se Roslyn o olhou intensamente, surpresa pelo beijo
que longe de lhe causar repulsa, tal como esperava, só lhe aquecera o
corpo.
Suspirou com alívio, e esperou sentir o desagrado que
experimentava cada vez que Henry a beijava, mas aquele sentimento
não chegou.
Quando os presentes os felicitaram e o sacerdote pode fugir do
quarto, Alec voltou a olhá-la e desta vez, seus lábios desceram sobre
os de sua esposa, com uma ternura que estava destinada a acalmar
qualquer temor. Ela fechou os olhos e se deixou levar pela agradável
sensação. Uma vez mais se assombrou pela cálida sensação que sentia
no peito, também notou um nó no estômago e um tremor agradável
subindo pela coluna. Se não estivesse tão ocupada beijando seu
marido, teria sorrido. Ser beijada por ele era tão bom quanto seus
abraços. Era inevitável pensar se haveria mais coisas diferentes.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn só fazia estremecer sob seus lábios. Quando ia lhe


contornar o pescoço com seus braços notou que seu esposo se
afastava dela e lhe sorria.
Um intenso calor percorreu seu corpo até parar em seu rosto
deixando-a ruborizada. Ao tocar as bochechas sentiu-as ardentes.
Notou como se a vergonha a esmagasse.
Alec voltou a se levantar e Roslyn admirou de novo quem agora
era seu esposo.
Já estava feito. Havia se casado com o escocês e não haveria
retrocesso. Desgraçadamente logo percebeu que os acontecimentos
que seguiriam aquela ação seriam ainda piores do que ela acreditara
no inicio. Mas agora quase todos pareciam muito satisfeitos, sobre
tudo seu arrogante marido, que sem se conter voltou a beijá-la
fugazmente nos lábios.
Yuri juntou as mãos em sinal de agradecimento, Fergus deu meia
volta e saiu seguindo o sacerdote e Iain simplesmente ergueu as
sobrancelhas, pensando que aquele fora um grande casamento.
Quando Alec afastou novamente os lábios de sua esposa,
percebeu que os haviam deixado sozinhos.
— Alec — a voz de sua esposa atraiu sua atenção. — Há algo que
quero pedir-lhe. Ele assentiu esperando que continuasse.
— Queria pedir proteção para mim a Lachlam, mas também para
alguém mais. Alec não entendeu.
— Alguém mais?
— Quando me encerraram no convento na França não o fizeram
por acaso, minha irmã Frances estava lá. — Ele assentiu se
recordando de toda sua historia. — Receio por ela. Henry seguramente

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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saberá onde se encontra e tentará ameaçá-la para que lhe diga meu
paradeiro.
Alec compreendeu.
— Ia pedir a Lachlam que mandasse alguém buscá-la, não é
certo?
Roslyn assentiu. E Alec pensou que Lachlam o faria, porque
Madeleine também lhe pediria, e era um temível guerreiro, mas
incapaz de negar nada a sua esposa.
Olhou intensamente os profundos olhos da que agora era sua
mulher e pensou que ele tampouco deveria negar nada a um ser como
ela. Era bondosa e a generosidade a envolvia. Talvez ele também
pudesse ser generoso agora que estava ao seu lado.
— Não sofra, Roslyn. Eu proporcionarei a proteção que Lachlam
poderia lhe dar, inclusive mais.
Com aquele olhar animado, os olhos de Roslyn eram como um
imã para Alec. Para onde olhasse acabava sempre contemplando
aquela estranha cor azul.
— Agora eu sou seu esposo, é meu dever proteger você e também
mandarei proteger sua irmã.
— Lachlam lhe daria um lugar onde ficar.
— Sem dúvida o faria, mas eu também posso fazê-lo. Roslyn
enrubesceu.
— Aceita-me com tanta generosidade… e eu tenho tão pouco para
lhe oferecer.
Alec sorriu incrédulo. Acaso não levava em conta o imenso
presente que era uma mulher como ela?
— Mandarei Iain buscar sua irmã Frances.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Iain? — O pânico soou em sua voz. Alec soltou uma


gargalhada.
— Foi o padrinho de nosso casamento e é meu melhor guerreiro.
Seu esposo não poderia estar falando serio. — Não! — Disse
horrorizada.
Alec voltou a rir imensamente divertido pela reação de sua
esposa.
— Dá-lhe medo? — Ela assentiu envergonhada. — Perfeito, para
seus inimigos também. Isso o torna invencível.
— Mas… — ela balançou energicamente a cabeça — não confio
nele.
Rapidamente levou uma mão à boca, fechando-a e abaixando o
olhar, consciente de que talvez houvesse ofendido seu esposo.
— Por que não?
— Porque ninguém com os cabelos tão vermelhos pode ter os
olhos tão negros e continuar sendo um bom homem.
A observação de Roslyn foi engraçada.
— Acredita que os olhos são o espelho da alma? Ela assentiu.
— Meus olhos são negros Roslyn, acredita que sou má pessoa no
fundo de minha alma?
— São marrons. — Sentenciou ela.
— Mas são negros a simples vista.
Ele ergueu as sobrancelhas esperando impaciente o que diria sua
esposa a seguir.
— Sim, mas somente a simples vista, para aqueles que não
sabem olhar bem. No fundo são de uma formosa cor da terra fértil.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec não pode evitar sorrir. Sabia o que sua esposa queria lhe
dizer. Era um ogro na aparência, porque em seu coração sabia que
jamais lhe faria mal por muito que tivesse o cenho franzido.
— Não se preocupe, os olhos de Iain também podem mudar de
cor. Aquele comentário desconcertou Roslyn.
Viu como Alec se virava e se afastava dela. Isso a desconcertou.
Saiu do quarto e ela se surpreendeu ao notar que não queria que
se fosse. Não queria perdê-lo de vista, não tão cedo.
— Esposo — Roslyn o chamou antes que fechasse a porta do
quarto.
Aquela palavra agradou Alec, pondo em seu rosto uma expressão
muito arrogante para que ela também estivesse de acordo.
— Diga-me, esposa.
Ela engoliu a saliva e juntou as mãos sobre seu colo. Tinha que
encontrar um assunto de interesse, e enquanto pensava, Alec achou
que quisesse lhe dizer algo e não se atrevia.
Então Roslyn reuniu coragem para perguntar.
— Quem é Mairy?
Alec se sentiu como se recebesse um jarro de agua fria.
— Ninguém com quem deva se preocupar. — Suspirou e fugiu do
quarto. Não queria pensar naquela mulher e não naquele dia.
Roslyn se desiludiu tanto com sua resposta, quanto não voltar a
beijá-la antes de sair.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 12

Dias depois do casamento, Lachlam se apresentou na fortaleza


McAlister e Roslyn descobriu que estava casada com um homem que
iniciaria uma guerra, precisamente por convertê-la em sua esposa.
De algum modo, o temível laird Kincaid, soube de sua presença
antes de entrar nas terras de Alec. A notícia de seu enlace se
espalhara pelas Highlands como pólvora.
Quando seu cunhado entrou no quarto, aquele que ainda não
compartilhava com seu esposo, seu rosto mostrava uma confusão que
ela jamais teria imaginado ver nele.
Ela lhe dedicou um sorriso radiante enquanto ele lhe
esquadrinhava o rosto incapaz de acreditar que a pequena irmã de
Madeleine estivesse ali.
— Roslyn — Sussurrou com incredulidade.
Ela assentiu. Estava de pé junto à cama, usava um formoso
vestido verde que Alec mandara confeccionar com os melhores tecidos.
Enquanto estendia os braços para que ele a abraçasse, o laird Kincaid
avançou torpemente até chegar ao seu encontro.
— Lachlam.
— Roslyn, — seu altivo cunhado parecia muito confuso, mas isso
não o impediu de abraçá-la depois de averiguar que estavam sozinhos

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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no aposento — não acreditei nas noticias que me chegaram, nem


consegui acreditar em Alec quando me disse que estava aqui.
Os imensos olhos azuis de Lachlam a olhavam com muito
interesse. Afastou-se dela, sem que suas mãos conseguissem lhe soltar
os braços. Examinou-lhe o rosto minuciosamente e se fixou na
bandagem que lhe cobria o peito e estava apenas visível no decote de
seu vestido.
— Quero que me conte tudo — disse com intensidade ao ver em
seu rosto uma leve sombra arroxeada, consequência sem dúvida de
um golpe.
Ela viu como apertava os dentes tentando conter suas emoções,
nisso se parecia ao seu esposo. Seu esposo, pensou, Lachlam já
saberia?
— Já passou tudo — sorriu com ternura e lhe acariciou o rosto.
— Sou eu quem deveria consolá-la — se repreendeu, — ou pelo
menos deveria estar ao seu lado para protegê-la.
Adorava seu cunhado. Conhecia o temível guerreiro desde que se
casara com Madeleine, mesmo que as visitas sempre se parecessem às
desculpas. Coincidindo com o bom tempo e nos momentos que seus
pupilos voltavam aos seus lugares para passar uns meses com sua
família.
— O que mais lhe contou o laird McAlister?
— Pouco. Somente que estava aqui. — entrecerrou os olhos
esperando uma espécie de confissão que não chegou. — Por que
pergunta?
— Por nada. — apressou-se a dizer Roslyn, tirando a importância
do assunto. Lachlam não acreditou nem por um instante.
— O que me oculta? Ela sorriu.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Sempre tão desconfiado.


— E você sempre escorregadia.
O rosto de Lachlam virou uma máscara sem expressão alguma e
Roslyn deixou entrever seu desgosto. Acaso todos os escoceses
conheciam aquele truque para que ela não soubesse em que
pensavam?
Foi uma sorte para Lachlam que Roslyn não pudesse adivinhar
seus pensamentos, sem dúvida não teria gostado. Seu cunhado
somente pensava em assegurar-se que todos aqueles bastardos
estivessem mortos. Iria fazer sua vingança. Somente devia esperar que
Henry mostrasse o nariz na Escócia.

Roslyn lhe tocou suavemente a mão dando a entender que o que


fosse que estivesse pensando já não importava.
— Não abrigue tanto ódio em seu coração, Lachlam.
— Você é muito boa, Roslyn. Sempre foi.
Lachlam queria a pequena Roslyn como se fosse sua própria
irmã.
Em mais de uma ocasião viajara a Escócia junto com seu irmão
Gifré, mas isso fazia muitos anos, antes que Henry pedisse sua mão e
sua família consentisse em um casamento que lhe proporcionaria
tanta dor e sofrimento suficientes para preencher dez vidas.
Pensou nos momentos compartilhados e alegres ou tristes que
Madeleine teria ao saber que sua irmã estava ali. Alegres por tê-la de
volta e triste, para não dizer furiosa, pelo estado em que Alec McAlister
a encontrara.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Sinto se demorei tanto em vir buscá-la. Tinha que resolver


assuntos de vital importância. — Ela assentiu, entendendo todas as
responsabilidades que implicavam ser um laird — Mas agora já estou
aqui. Madeleine ficará muito contente.
Roslyn sorriu diante da possibilidade. Também estava triste por
encontrar-se ali, depois de toda a odisseia da fuga até as terras altas.
— Desejo vê-la mais que nada.
— Logo iremos. — Assegurou Lachlam. — Quero perguntar-lhe
muitas coisas Roslyn, mas me preocupo que não esteja em condições.
— Estou. — Afirmou ela vacilante, pois ainda estava pensando
em suas últimas palavras: Logo iremos, certamente não seria assim.
Esse era agora seu lugar e não sairia, Alec não permitiria e ela… não
queria sair.
— Cuidaram bem de você? Ela assentiu.
— Yuri é uma grande curadora e Alec…
Ela calou ao ver a expressão perspicaz no rosto de Lachlam e não
lhe passou por alto a familiaridade como nomeara ao laird McAlister.
— Alec? — Perguntou seu cunhado esperando que ela lhe desse
detalhes sobre o que acontecia entre eles.
— Quer que o chame assim. — Hesitou diante do olhar
escrutinador com o qual a submetia.
— Bem, é como um filho para mim e você, minha cunhada. Pode
parecer apropriado que tenha certa confiança. Como irmãos —
acrescentou finalmente.
Irmãos? Roslyn deixou escapar uma risada espontânea, piscou
divertida pelo ocorrido. Sem dúvida Alec não a trataria como uma irmã
por muito tempo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Duas coisas ficaram claras, uma: Lachlam ouvira que ela se


encontrava no país, e dois: sabia que Alec McAlister se casara, mas
entendia que não havia relacionado aquelas duas notícias. O pobre
Lachlam nem intuirá que precisamente ela mesma fosse à esposa de
Alec. Seu esposo, não o havia tirado de seu erro naquela manhã
quando chegara à fortaleza McAlister e parecia ter deixado para ela
todo o trabalho de informar ao seu parente sobre o enlace.
Repreendeu-se interiormente e se apressou em tirar o sorriso do rosto.
Não ficava bem rir da ignorância dos outros, ainda mais sabendo que
Lachlam ficaria furioso ao tomar conhecimento do casamento e lhe
tiraria toda vontade de rir.
Lachlam hesitou ao vê-la balançar a cabeça. Era evidente que
sua cunhada tinha algo importante a dizer, mas estava hesitante.
— O que aconteceu? — Lachlam suavizou os olhos para depois
entrecerrá-los.
— Será melhor que nos sentemos.
Ele assentiu, aproximando-se da janela onde estavam dois
bancos de pedra para descansar. Ao ver que Roslyn hesitava em
abordar a conversa, pensou o pior sobre Alec. Se ousara tocá-la, o
esfolaria vivo. Jamais pensou que Alec pudesse se aproveitar de uma
mulher, mas depois que Mairy McGregor assegurara o contrário, já
não estava tão certo.
— Diga-me — exigiu. — Juro que se a tocou, responderá pelas
consequências.
— Não me tocou. — Ainda. Acrescentou para si mesma.
E não mentia. Alec havia se mostrado muito compreensivo e
cortês. Beijara-a, era certo e em várias ocasiões, mas foram beijos
inocentes. Convalescente como estava, respeitara sua condição.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Lachlam não sabia o que pensar. — Então o que aconteceu com


Alec?
— É que… — hesitou, mas afinal pensou que teria que lhe revelar
a verdade cedo ou tarde. Assim, seria melhor lhe dizer de uma vez por
todas —...se Alec quisesse tocar-me, eu não poderia me negar aos seus
desejos.
— O quê? — Lachlam deu um salto, levantando-se do banco.
Olhou-a assombrado e furioso. — Roslyn, será melhor que se explique.
Suspirou, desejando estar em qualquer outra parte. Não queria
manter aquela conversa com Lachlam.
Pensou em Alec, o covarde escorregara para não falar com
Kincaid. Certamente esperava que ela falasse com seu cunhado, e
conseguisse não despertar sua ira desnecessariamente. Ambos sabiam
do mau humor de Lachlam quando lhe davam más noticia.
Roslyn bufou. Alec não era tão valente como gostava de mostrar.
— Roslyn, estou esperando.
— Casei-me com ele.
Roslyn estava preparada para um estalo de raiva, por isso
encolheu os ombros e abaixou a cabeça, mas ao ver que não aconteceu
nenhum som, não entendeu se era bom ou mau sinal.
Lachlam ficou imóvel até que seus olhos se fixaram nas colinas
além das muralhas. A paisagem que se via através e além da janela
parecia acalmá-lo um pouco. Começou a andar pelo quarto como um
animal enjaulado. Tinha os lábios contraídos em uma linha fina, fruto
do controle de certas palavras obscenas que fazia tempo não
pronunciava.
— Ele não me forçou. — apressou-se a dizer para desculpar Alec.
Assim talvez a rinha entre ambos pudesse se suavizar um pouco.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Como não a obrigou... — disse Lachlam, em um sussurro,


enquanto pisava forte nas pedras do chão. — Haverá guerra!
Aquelas palavras fizeram Roslyn se sentir como no dia do
casamento: Aturdida. — Por que sempre falam de guerra? — disse
apertando os punhos sobre suas saias.
— Por que é a única coisa que se pode esperar, menina, agora
que Alec já está casado.
— Não entendo.
E de verdade era isso que não entendia percebeu Lachlam
quando a olhou e viu aquela cara de total confusão.
— Alec estava comprometido com a filha do laird McGregor.
— Oh! — A exclamação sufocada de Roslyn não evitou que se
notasse a decepção em seu rosto. Alec pertencia à outra mulher.
Comprometido…
Mas agora era seu!
Roslyn olhou intensamente para seu cunhado. Não importava
que estivesse comprometido com outra, agora era seu esposo e estava
mais que resolvida a não deixá-lo, e muito menos com Henry rondando
por ali.
— Mas por que o fez?
— Casar-se com você? — Perguntou Lachlam com ar
depreciativo. — Para não casar-se com ela. Aquela mulher é uma
harpia!
Roslyn refletiu sobre aquelas palavras. Percebeu que apertava
suas mãos contra si muito fortemente, sinal que não estava gostando
do que ouvia.
— Mas se essa mulher é tão perversa, me alegro que tenha se
casado comigo. — Ou quer dizer que não se casou com ela?

LRTHistóricos· 115
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— É o mesmo. — Disse com muita convicção.


Lachlam apertou os olhos. Não era o mesmo, havia uma sutil
diferença da qual começava a perceber.
— Assim, devo entender que no fundo está feliz com este
casamento.
— Sabe que sim. É uma forma de livrar-me de Henry.
O nome daquele maldito o fez apertar os punhos. Se alguma vez
pudesse tê-lo em frente…
— Ia a sua procura Lachlam, para seu lugar, para que me
contratasse um casamento. Não é que considere que os homens
McAlister sejam melhores que os Kincaid — apressou-se a dizer para
não ofender seu cunhado, — mas Henry queria confirmar nossos votos
matrimoniais. Imagina? — Levou as mãos ao rosto e o laird Kincaid se
aproximou para consolá-la — Cada vez que penso nisso… Casando-me
impedi que isso pudesse ocorrer.
— Roslyn…
— Estou contente com meu marido. — Disse apaixonadamente,
— É suficientemente forte para me proteger.
Roslyn começou a balbuciar e Lachlam se condoeu dela antes
que começasse a soluçar, mas por sorte ela se controlou, sabia que
Kincaid não tolerava as mulheres choronas.
— Com a minha proteção não precisaria se casar com ninguém
de meu clã.
— Isso eu sei, mas não sei se entendeu que Henry me persegue
para voltar a se casar comigo. — Repetiu como se fosse o dado mais
importante do mundo.
Lachlam teve que assentir, no fundo entendia que aquele
casamento com Alec seria uma barreira a mais no caminho que a

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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separava de Henry. Agora se ele a capturasse, só poderia se casar


novamente com ela, matando Alec e era pouco provável que um
sassunach conseguisse tal façanha.
Lachlam sorriu diante da astúcia de Roslyn, mas também pela de
Alec. Agora seria impossível que o laird McGregor o obrigasse a se
casar com sua filha. Mairy estalaria furiosa ao sabê-lo, se é que já não
sabia. Certamente o mau humor duraria dias ou meses. Lachlam
sentiu uma onda de satisfação diante do fato.
— Diga-me. — Surpreendeu Roslyn estimulada de repente pela
curiosidade — Por que deveria se casar com ela se não a queria?
— Ela alegou que Alec lhe arrebatou a honra jurando que se
casaria com ela.
— Que mentira cruel! — Roslyn estalou.
Surpreendeu a si mesma. Outra vez aquele afã de proteção para
com seu marido. Afinal concluiu que sua explicação era lógica, levava
exatamente ao que ela esperava receber. Lealdade e proteção.
— Por que acredita que não seja verdade? — Perguntou Lachlam,
— Você não acha que seu marido seria capaz de seduzir uma mulher?
Ela o fulminou com o olhar e ele sorriu ao recordar aquele fogo
que tão tenazmente Henry se empenhara em apagar.
— Claro que vejo meu esposo capaz de tomar o que se lhe
oferece, mas também sei que jamais deixaria de cumprir uma
promessa. Se tivesse empenhado sua palavra de se casar com ela, a
teria mantido. Um ato tão vil e sem honra só é digno de um bandido
ou de um assassino e Alec não é nenhuma dessas duas coisas.
— Quer que transmita isso ao laird McGregor?
— Se esse for seu desejo… mas assegure-se que a vaca de sua
filha também o receba. — o tom de Roslyn não era nada amigável.

LRTHistóricos· 117
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Lachlam estalou em gargalhadas.


— Bom Deus, jovem. Espero que Alec saiba o tesouro que ganhou
com este casamento.
Roslyn corou ao ver que a causa de seu assombro e diversão
eram suas loucas palavras. Parecia bastante satisfeito e feliz, pois seu
estouro de fúria era sintoma de que estava se recuperando e que
realmente lhe agradava seu atual esposo.
Pensou se Alec sabia com que guerreira se casara. — Deveria
procurar Alec e felicitá-lo pelo enlace.
Roslyn não se moveu do banco junto à janela, mas o olhou com
perspicácia. — Prometa-me que não irá machucá-lo.
Lachlam assentiu com um sorriso.
— Prometo não machucá-lo, se ele não o fizer primeiro.
Ela suspirou e pensou que era o máximo que conseguiria de seu
cunhado. — Por favor, — pediu mudando de assunto — traga a
Madeleine.
— Claro. — Lachlam se despediu de Roslyn lhe prometendo que
Madeleine viria vê-la logo.
Quando Lachlam saiu do quarto sabia que cumpriria a promessa
de trazer Madeleine para uma visita, mas não estava tão seguro de que
não golpearia Alec.

LRTHistóricos· 118
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 13

Lachlam saiu do aposento e desceu os degraus que levavam ao


grande salão dos McAlister. Viu Alec sentado na cadeira reta que
encabeçava a grande mesa do salão. Decidiu ter uma conversa muito
longa com ele.
Lachlam sorria, não podia estar de melhor humor, tudo e a
surpresa que o fizera duvidar de como seria bom para Roslyn aquele
casamento. Depois de pensar um pouco, disse a si mesmo que seria
bom para ambos, talvez não muito para o clã, devido ao fato de
McGregor estar envolvido, mas o laird, cedo ou tarde entenderia que
Mairy havia mentido.
Seria um bom final se o laird McGregor, para evitar a desonra de
sua filha, a casasse com o primeiro parente que lhe viesse à cabeça.
Talvez com essa ameaça confessasse. Esse seria um justo castigo para
Mairy. Aquela mulher teria que aprender que não era assim que se
casava um homem.
Alec levantou a cabeça ao escutar os passos de Lachlam na
escada.
Esmiuçou seus olhos tentando averiguar o tanto que Roslyn lhe
teria contado. Saberia que já eram parentes? A expressão de Lachlam,
como sempre, não deixava entrever nenhuma emoção, mas isso não
queria dizer que não as sentisse.

LRTHistóricos· 119
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Falou com Roslyn?


— Roslyn? — Disse Lachlam. Ergueu as sobrancelhas como se
estivesse surpreso por tanta familiaridade.
Pensou que se Alec o enganara a respeito de seu casamento, ele
também poderia fazer o mesmo. Ao ver como se preocupava com a
forma de lhe contar que acabara de se casar com sua adorável
cunhada.
— Roslyn parece estar muito melhor, acredito que amanhã a
levarei para casa.
Alec apertou a mandíbula. Só sobre meu cadáver. Sorriu sem
humor, deixando entrever em seu rosto certa desaprovação. Sua
mulher afinal lhe deixara o trabalho sujo, mas acaso poderia culpá-la
por não se enfrentar aquela montanha de músculos e vaidade?
— Vá, Alec. Sabe que não há melhor curandeira que Madeleine.
Sua irmã cuidará muito bem dela. E mais, creio que necessita agora
só do carinho dos seus.
— Ela já tem o carinho dos seus. — Anunciou Alec levantando-se
da cadeira e aproximando-se da lareira. Olhou-o por cima do ombro.
Lachlam sentou-se junto ao fogo. Deixou-se cair como se
estivesse cansado. — Isso já sei. O clã a quer bem desde menina,
quando vinha visitar-nos…
McAlister ficou mais serio, não sabia como conduzir aquela
situação e isso o aborrecia muito.
— Não quero dizer isso. Maldição! — Sem querer fazê-lo deu um
soco contra o beiral da lareira. — O que quero dizer é que Roslyn não
irá a lugar algum. Este é o seu lugar agora e é aqui onde irá ficar.
Lachlam fez uma cara de assombro e Alec voltou a bicar a isca. —
Como é isso?

LRTHistóricos· 120
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Houve um desagradável silêncio para Alec, por outro lado


Lachlam parecia muito divertido diante do dilema de seu amigo.
— Ela agora é minha esposa. — Anunciou quando já não
aguentava mais a pressão.
— Ah, sim? Casou-se com minha cunhada? Sem meu
consentimento e sem o consentimento de seu rei?
Alec engoliu em seco.
Maldição! Não pensara nisso, mas… apertou os punhos e virou-se
para enfrentá-lo. O que fora feito, feito estava e ele não poderia voltar
atrás.
Quando viu a determinação em seu rosto, Lachlam soltou uma
grande gargalhada que o deixou com a boca aberta.
— Já sei! Somente queria fazê-lo sofrer um pouco.
Alec fechou os olhos com alívio. Não sabia se o golpeava ou ria.
Depois de pensar por um segundo decidiu que seria melhor rir,
afinal sabia que ele fora seu protetor e não gostava que lhe mentissem,
ou lhe ocultassem coisas, deveria sentir-se satisfeito por não ter
nenhum osso quebrado a essa altura.
Aguentou o tapa nas costas que Lachlam lhe deu em felicitação.
— Às vezes, continua sendo o menino de antigamente.
Alec deixou passar o comentário e ambos se concentraram em
falar de coisas mais serias. — Alec pensou que isto poderia ser muito
prejudicial, certo?
Ele assentiu. Sabia perfeitamente a que se referia.
— Sim, mas realmente espero que McGregor entre em razão e
acredite que não toquei em sua filha. Mairy assegurou que nenhum
homem o fez. Só inventou essa mentira porque lhe parecia à forma
mais fácil e rápida de se converter em minha esposa.

LRTHistóricos· 121
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Se equivocou. Certamente que o fez.


Lachlam concordou firmemente, que seria uma pena McGregor se
deixar influenciar tanto por Mairy. Alguém que conhecesse Alec
minimamente saberia que era um homem honrado, e jamais tocaria
em uma jovem, enganando-a com uma falsa promessa. Por isso,
diante daquela acusação tão grave, só poderia colocar-se ao lado de
Alec. Não dera apoio a McGregor, mas se arrebentasse uma nova
guerra entre clãs, o daria com certeza a McAlister.
Lachlam olhou para Alec solidário.
— Espero que McGregor entre em razão, filho, mas se não for
assim, conte comigo.
— Agora sim espero que McGregor pense melhor, para o seu bem
— disse com um sorriso bailando em seus lábios.
O poder do clã Kincaid era conhecido de sobra nas Highlands.
Sem dúvida seu inimigo pensaria duas vezes antes de atacá-lo. E mais
ainda quando soubessem que Alec estava casado com sua cunhada.
— Diga-me — disse Lachlam afastando-se um pouco do assunto.
— Casou-se com Roslyn somente para tirar de cima as pressões de
McGregor?
Alec não queria responder aquela pergunta. Não era próprio dele
confessar que se sentia profundamente atraído por uma mulher. Não
revelaria aquela verdade nem a sua própria esposa. Se Alec aprendera
algo era que aqueles sentimentos poderiam deixá-lo muito vulnerável.
— Principalmente por essa razão. — Aventurou-se a dizer.
— Sem estar casado tampouco poderia obrigá-lo, por muito que
quisesse. Eu sei.
— Então, que outra razão haveria para acelerar o casamento?
— Havia outras razões e ponto.

LRTHistóricos· 122
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec suspirou, não gostava de recordar como Roslyn parecia


indefesa durante sua recuperação, sem dizer do dia em que Alec a
encontrara envolvida em um manto de sangue.
Recordou furioso aquela imagem dela, estendida no chão, com o
corpo tiritando e seu manto rasgado. Alec apertou as mandíbulas para
se controlar. Por Deus! Era um milagre que continuasse viva. Nunca
vira alguém tão desprotegido e desvalido. Jurou que faria o que fosse
para mantê-la a salvo e isso ele faria. Desejou ardentemente que
Henry viesse à Escócia para reclamá-la. Que o fizesse! Então poderia
atravessar seu corpo com o frio metal de sua espada.
A voz de Lachlam o trouxe ao presente. — Alec…
— Foi o esposo quem lhe causou os ferimentos.
Kincaid assentiu como se entendesse.
— Ele está nas Highlands?
— Acredita que se estivesse não teria a cabeça separada do
corpo? — Perguntou Alec ofendido.
— Claro.
Ambos permaneceram em silêncio por longo tempo, cada um
pensando em sua vingança. — Assim, voltou de entre os mortos?
— É o que parece.
Alec parecia irritado, juntou as mãos as suas costas para evitar
socar algo com os punhos.
— A última coisa que soube é que ela foi obrigada a regressar a
França e que estava com sua irmã Frances. — Lachlam disse com ar
de impotência. Ele não pudera fazer nada. E quando descobriu qual
era o convento para buscá-la, Frances avisara em sua carta que havia
fugido de lá.
— Roslyn teme por sua irmã. — Anunciou Alec.

LRTHistóricos· 123
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Frances?
Alec assentiu.
— Mandei Iain. Lachlam ficou estupefato.
— Por Deus! Será interessante ver se os dois conseguem chegar
sem despedaçar-se pelo caminho — Alec franziu o cenho e Lachlam se
explicou. — Conhece o caráter de minha mulher?
Alec assentiu. O caráter de sua esposa era conhecido e temido
como endemoniado. — Bem, Madeleine é a carinhosa, Frances a
indomável.
— Não sabe quanto lamento perder o espetáculo quando Iain
tentar convencê-la a atravessar o país em sua companhia.
Alec se esforçou para não rir.
Mais sério Lachlam, pensou em Frances e se sentiu um pouco
mais aliviado ao saber que era Iain quem saíra para buscá-la. Se
existisse um homem capaz de levar a cabo seus propósitos apesar de
todos os obstáculos possíveis, esse seria Iain.
— Cumprirá bem esta missão — disse Alec ao laird Kincaid,
ultimamente pensa muito em seu futuro.
Kincaid coçou o forte queixo. A vida de Iain não tinha sido fácil e
as decisões que deveria tomar referente ao seu futuro tampouco o
eram. Teria que lutar muito duro para recuperar o que lhe pertencia
por direito.
— Agora que o problema de Frances está solucionado, minha
esposa tem uma preocupação a menos, somente resta nos ocuparmos
de Henry e pelo que Roslyn me contou, não duvide que virá buscá-la.
Você acredita?
— Eu o faria — sentenciou Alec.

LRTHistóricos· 124
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Lachlam mergulhou em seus pensamentos. Todos eles levavam a


diversas possibilidades de como consumar uma vingança. Alec pode
perceber a culpabilidade na expressão de seu antigo tutor. Sem dúvida
teria gostado de estar por perto para ajudá-la.
— Não poderia ter feito nada, o bastardo foi buscá-la na abadia e
a obrigou a ir com ele, Roslyn teve que aceitar para proteger a irmã de
ser morta.
— Maldito! — os dentes de Lachlam chiaram.
— Henry pretendia se casar novamente com Roslyn quando ela
fugiu. Então mandou seus homens atrás dela.
— Os três cadáveres — sussurrou Lachlam concentrado. Alec
assentiu em silêncio.
— Ela os matou.
Esmiuçou o rosto de Kincaid com atenção, mas não conseguiu
ver nele nem um ápice de assombro. Lachlam percebeu que Alec o
observava e sorriu.
— Ainda não sabe por que não me surpreendo?
— Não. Deveria ser bem incomum que uma mulher matasse três
homens com uma minúscula adaga e um atirador de pedras.
Lachlam riu com todas suas forças.
— Sim, meu amigo. Deveria me surpreender se uma mulher
fizesse isso, mas na verdade, não me surpreendo que sua esposa
tenha feito isso.
McAlister o olhou como se tivesse mudado de cor. — Não
entendo.
— Pense no que ela passou. Não acredita que depois de todo o
acontecido tenha aprendido a se defender?

LRTHistóricos· 125
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Uma explosão de reconhecimento passou diante de seus olhos. —


E você a ajudou em seu treinamento?
— Não. — Lachlam negou com a cabeça, mas deveria saber que
as mulheres dessa família todas incomuns.
Alec franziu o cenho e Lachlam assentiu.
— É curioso que sendo mulheres que amem a paz sobre todas as
coisas, tenham treinado tão bem para a guerra. Madeleine, Roslyn e
Frances são mulheres excepcionais, Alec.
— Francês? — Pronunciou o nome de sua nova cunhada e,
quando Lachlam assentiu, nem se assombrou. Um longo caminho de
volta esperava por Iain.

LRTHistóricos· 126
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 14

Era noite quando Yuri se sentou junto ao fogo ocupando as mãos


com seu bordado. Sua única intenção era a de fazer companhia à
esposa de Alec, a qual certamente estava intranquila. Roslyn não
conseguia parar de pensar na conversa mantida com Lachlam.
Suspirou recebendo uma olhada compreensiva de Yuri.
— Depois de tudo, Lachlam não aceitou tão mal — disse a Yuri
como se esperasse que alguém lhe recordasse que se casar com Alec
McAlister era algo bom.
A anciã assentiu sorrindo, mas não acrescentou nenhum
comentário.
Roslyn suspirou, afinal, aquele era o menor de seus problemas.
Uma ameaça de guerra pendia sobre o clã. Não ter sabido da
existência de Mairy McGregor quando se casara com Alec, não a fazia
se sentir menos culpada.
Sentiu verdadeira preocupação por seu esposo. E se não voltasse
da batalha? Admitiria que era a sorte de Alec e não a sua o que
verdadeiramente a preocupava. Sorriu ao pensar nos estranhos
sentimentos que pareciam florescer em seu íntimo. Pensou em Alec,
em como a tratava, como se fosse uma flor delicada que não poderia
sobreviver ao inverno. O certo é que apenas a importunava. Mantinha
as distancias e ela não sabia o que pensar daquilo. Estava recuperada,

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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já não convalescia na cama, ainda que passasse todo o dia em seu


dormitório e Alec expressamente a proibira de fazer esforços e sair da
fortaleza.
Apesar de estarem casados há uma semana, Alec não reclamara
seus direitos de marido, nem mesmo mencionava o assunto. Sentiu-se
um pouco decepcionada, porque ainda que temesse o ato em si,
desejava voltar a sentir os lábios de Alec. Tinha consciência que um
sorriso extremamente sonhador iluminava seu rosto. Ninguém jamais
a beijara daquele jeito. Não podia evitar estremecer cada vez que
recordava seus beijos de boa noite, isso a mantinha acordada até a
madrugada.
— Onde fica o dormitório de meu esposo? — Perguntou a Yuri
sem pensar.
Arrependeu-se a seguir por ter mencionado o assunto, por sua
expressão parecia que a anciã havia lido seu pensamento.
— Seu dormitório é este, mas desde que o ocupa, ele dorme com
os soldados ou em outro quarto neste mesmo corredor — Yuri
continuava sorrindo, mas não acrescentou mais nada enquanto dava
outro ponto em seu bordado.
Antes de afastar a vista, aquele sorriso travesso da avó de Alec
lhe provocara um ardor no rosto. Sentiu-se logo muito atrevida
tentando satisfazer sua curiosidade.
— Meu neto quer que se recupere. — Acrescentou Yuri sem olhá-
la.
— Terei um quarto próprio? — Perguntou insegura.
Não sabia se Alec iria preferir compartilhar sua cama ou que
ficasse o mais longe possível dele. Pensou em Henry, que ocupava seu
próprio dormitório, graças a Deus, muito longe do seu.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Não, minha menina. Duvido que Alec queira deixá-la só.


— Oh! — Foi à única coisa que lhe ocorreu dizer.

Um tronco crepitou na lareira e prendeu a atenção de Roslyn nas


chamas.
Yuri sorriu de novo ao ver como ela se sentia perturbada, seu
rosto havia florescido com uma suave cor rosada.
Alec fora muito consciencioso com ela. Ainda que se sentisse um
pouco abandonada porque de dia não o via, podia ouvi-lo treinando no
pátio de armas com os outros soldados McAlister. Yuri se encarregou
de explicar-lhe que Alec era uma pessoa muito ocupada, que sempre
tinha deveres muito importantes para atender e que ela, quando se
encontrasse melhor, também teria suas obrigações. Claro que a anciã
se referia aos trabalhos domésticos, mas o fogo que ardia em seu rosto
não desaparecia.
Todos aqueles detalhes sobre a vida que Alec levava eram
desnecessários. Roslyn já sabia como era a vida de um laird. Kincaid
também tinha muitas obrigações. Ao compará-los, deixou de justificar
Alec, não conseguia evitar se sentir estúpida quando pensava
magoada, que seu cunhado sempre tinha um momento para dedicar a
sua mulher, mas claro, a diferença estava em que Lachlam amava sua
esposa.
Yuri soltou um suspiro e com os dentes cortou o fio de seu
trabalho.
— Minha menina, — disse a anciã levantando-se com dificuldade,
— irei descansar. Amanhã vamos tirar os pontos e a bandagem.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Serio? — a expressão de alegria de Roslyn, também iluminou o


rosto de Yuri.
Notava-se à distância que a senhora dos McAlister era uma doce
mulher, não carente de bons desejos.
Roslyn logo se sentiu angustiada e deixou de sorrir. Quando lhe
tirassem as bandagens voltaria a viver uma vida de casada. Alec
compartilharia seu leito e veria seu corpo cheio de cicatrizes horrendas
causadas por seu esposo anterior. Como Henry as infringira, gostava
de se vangloriar daquilo, mas Alec não gostaria de saber.
— O que ocorre, senhora? — Yuri parou e aproximando-se
pousou uma enrugada mão sobre o ombro da jovem.
— Nada. — Esforçou-se para sorrir, — Pensava que agora terei
outra cicatriz.
Sua mão se ergueu até tocar a bandagem que a ocultava. O
coração de Yuri se apertou diante daquelas palavras.
— Não pode ser mais formosa minha menina, por muitas
cicatrizes que tenha. — Yuri se apressou a por uma mão sobre seu
ombro em sinal de afeto.
Com um ato mecânico levantou-se da cadeira e tirou a bata que
Yuri lhe trouxera com outras luxuosas roupas. Deixou aos pés da
cama antes de se deitar nela com a ajuda de Yuri. As costelas ainda a
incomodavam, mas por sorte as dores do peito e da cabeça haviam
praticamente desaparecido.
Ao ver que a anciã a acompanhava olhando com carinho, se
atreveu a expressar em voz alta o que rondava sua mente.
— As cicatrizes não me entristecem, mas me recordam que
sempre terei de estar alerta. — Disse decidida, engolindo as lágrimas.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Tentou clarear sua mente e virou o rosto para Yuri. — O que me


preocupa é que desagradam aos outros. — Yuri soube logo a quem se
referia.
— Seu marido não se importa e não lhe serão desagradáveis.
— Não?
— Não. — Garantiu-lhe Yuri, — Já as viu. Não tem que estar se
mortificando pensando em como reagirá.
Agora sim que realmente se mortificava.
— Alec as viu? — Perguntou entre alarmada e triste.
— Sim, jovem. Não se preocupe, seu esposo…
— Boa noite — a voz de Alec interrompeu a conversa das duas.
Roslyn não pode evitar pensar se teria escutado parte da
conversa. Por sua expressão não conseguiu saber. Nem o averiguou
pouco depois quando se aproximou para saudá-la, pois seu esposo
não fez nenhum comentário e seu rosto não denunciava o que sua
mente pensava.
— Boa noite, filho. — Yuri lhe piscou um olho e Roslyn se
surpreendeu que a anciã soubesse fazer aquele gesto.
Afetuosamente a mulher apertou o braço de Alec e ele lhe
respondeu ao cumprimento com um doce beijo na cabeça.
— Vá descansar.
Roslyn apreciou o gesto. O temível guerreiro de largas costas e
grossos braços, deixava de ser tão feroz quando se tratava de sua avó.
Então ficaram sozinhos e o coração de Roslyn voltou a bater
aceleradamente sem explicação aparente.
Recordou-se especialmente da noite anterior em que Alec lhe dera
boa noite com um beijo muito mais prolongado do que o habitual.
— Boa noite, minha senhora. — Disse ao aproximar-se.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn olhou uma ruga inexistente sobre a manta McAlister que


a cobria até a cintura. — Meu senhor.
Recostada na cama com a cabeceira às suas costas, Roslyn
acomodou as mantas e cobriu com elas sua camisola e a espessa
bandagem de seus seios. O ferimento continuava sendo incomodo,
mas já estava cicatrizando.
— Como se encontra esta noite?
— Muito bem respondeu ficando tímida de repente.
— O ferimento?
Roslyn se apressou a contar o que Yuri lhe informara, instantes
antes de Alec entrar. — Amanhã me tiram os pontos e a bandagem.
Alec assentiu satisfeito com um leve sorriso no rosto. Como
também era costume se aproximou do leito, mas em lugar de beijá-la
suavemente e sair, desta vez se sentou ao seu lado, com um brilho nos
olhos que ela não soube muito bem ao que se devia.
— Então está curada.
— Sim, meu senhor.
Teve consciência do rubor de seu rosto. Alec também o notou e
sorriu satisfeito diante do seu pudor. Roslyn o viu aproximar-se mais
dela. O rosto se iluminou, convencida, de que agora sim, seu marido
iria beijá-la.
Alec tinha consciência e esta o acusava a gritos que estava se
aproveitando de Roslyn, mas pelas noites, inevitavelmente se via
atraído para seus lábios. Não conseguia resistir sem beijá-la. Seus
passos o levavam ao seu dormitório e depois de poucas palavras unia
a boca a de sua mulher. Obrigava-se a ser breve ainda que sua
frustração o fizesse passar metade da noite acordado.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Recordava daqueles beijos, breves e sem paixão que lhe dava em


sinal de boa noite. Já estava cansado deles. Queria mais, seu corpo
lhe pedia mais. Contudo não esquecia o que ela havia sofrido, e
certamente a última coisa que desejaria seria saciar as exigências de
seu novo marido. Não obstante notou algo nela, naquela noite estava
diferente, o desejo o consumia e o olhar de Roslyn parecia um convite.
Alec colocou uma mão atrás da nuca de Roslyn, para que ela não
se afastasse, e a atraiu para seus lábios. Roslyn entrecerrou os olhos.
Aquele contato era totalmente desnecessário, não tinha intenção
alguma de se negar o prazer de ser beijada por Alec. Era o que
desejava durante todo o dia.
Ela lhe ofereceu sua boca sem protestos. Notou o agradável toque
de sua mão na nuca, os dedos de Alec brincaram com a pele sensível
enquanto ia se aproximando. Suspirou quando os lábios de ambos se
tocaram. Foi um beijo doce e terno, desprovido de toda luxúria. Ao
menos no inicio.
Roslyn notou o sabor de Alec em seus lábios quando eles
voltaram a se precipitar sobre os seus. Desta vez teve tempo de
envolver o pescoço de Alec com seus braços, não queria que se
afastasse logo.
Ao perceber a entrega de sua esposa, ele se apertou mais contra
aquele doce corpo feminino. Sentindo seu embriagador aroma,
aprofundou mais o beijo. Suas mãos lhe percorreram lentamente as
costas. Logo, a boca dele deixou de ser toda terna como fora até aquela
noite.
Alec combatia seu desejo desde que a conhecera, mas agora se
sentia totalmente incapaz de deixá-la, precisava dela. Necessitava
aquele contato, fazia tanto tempo que não tinha com uma mulher.

LRTHistóricos· 133
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Pensou na última vez que se sentira assim com alguém e descartou a


visão de sua primeira esposa no ato. Afastou-se um pouco e respirou
fundo sem se soltar de Roslyn.
— Por que você parou? — Ouviu-a perguntar, e então soube que
estava perdido.
Inclinou-se novamente sobre ela e sua boca se abriu possessiva,
reclamando o que agora era seu.
Pensou que sua esposa tinha sabor de mel e frutas silvestres.
Sua língua abriu caminho até os carnosos lábios de Roslyn, e deles se
desprendeu o que para Alec pareceu um suspiro. Isso o animou ainda
mais. Voltou a mover seus dedos, acariciando a nuca de sua esposa e
atraindo-a mais para si impedindo-a de se afastar.
Sua língua atravessou o umbral e a saboreou como havia feito
até aquele momento.
Roslyn emitiu outro gemido entrecortado, afundou seus dedos
nos cabelos de Alec e abriu mais seus lábios para dar-lhe o que ele
queria. Sua língua puxou para depois retirar-se novamente. Quando
ela imitou o movimento, foi Alec quem grunhiu entre surpreso e
satisfeito.
Roslyn quis sorrir de felicidade, não havia dúvida de que o
agradava.
Aquele roçar de línguas era uma sensação extraordinária que
nunca experimentara. Queria dizê-lo, mas ele se afastara e aquela
promessa se perdeu em sua mente quando, Alec, com aquele mesmo
beijo a fez se esquecer de tudo.
Inclinou-se sobre ela, fazendo com que Roslyn deslizasse sobre a
cama. Suas costas tocaram o colchão e Alec se estendeu ao seu lado
sem parar de beijá-la.

LRTHistóricos· 134
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Roslyn — sussurrou, ainda contra sua boca.


Queria estar seguro que ela também o desejava. Notou como os
braços dela o apertavam fortemente e não precisou de mais estímulo.
Tornou-se muito mais exigente, mas ela não ficava atrás, se
sentia arder por dentro. O martelar de seu coração e as respirações
entrecortadas era a única coisa que podia escutar nesse momento.
Roslyn acreditava que não existiam sons mais eróticos que os ofegos
de Alec. Simplesmente a incendiaram e ela se tornou ousada.
Levantou os quadris para ele e sentiu como apesar das mantas
ele se situava entre suas coxas. Queria-o perto dela. Não fez gesto de
afastar-se quando a mão de Alec se deslizou sob as mantas até agarrar
sua perna direita. Apertou e acariciou suavemente até que a sentiu
ofegar de novo.
— Alec — Roslyn sentiu um calor intenso onde a mão acariciava
sua pele.
Custava-lhe respirar e se sentiu perdida quando Alec afastou
seus lábios de sua boca, mas sorriu ao notar um doce beijo no rosto,
logo outro e outro até que os beijos se perderam por seu pescoço. Ali
se demorou em um beijo intenso e úmido. Acariciou a garganta com a
língua, eriçando-lhe a pele.
Roslyn se sentia tão aturdida e extremamente satisfeita por tudo,
que por pouco o agradeceu. Sentia-se flutuar entre seus braços e se
alegrava por ele ter a respiração tão entrecortada como a dela.
Agarrou-o pelos ombros e o apertou contra seu peito ignorando a
pontada de dor de suas costelas. Ao abraçá-lo dessa maneira percebeu
como ele era forte. Deslizou suas mãos entre seu tartán e apalpou o
musculoso peito de Alec. Era magnífico, parecia feito de aço e pele.

LRTHistóricos· 135
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Conseguiu arrancar-lhe alguns gemidos, enquanto ela usufruía de seu


contato.
Alec voltou a gemer, desta vez mais forte enquanto seus quadris
se mexiam para diante. Sussurrou algo no ouvido dela, algo que
Roslyn não entendeu, tampouco perguntou a que se referia porque sua
língua voltou a distrai-la. Lambeu a orelha e mordeu-a suavemente.
Ela se umedeceu de prazer. Não sabia que um simples gesto pudesse
fazê-la sentir aquilo.
Alec pensou que não poderia estar sobre ela muito tempo mais
sem arrancar-lhe as roupas que impediam que suas peles ficassem em
contato.
Seus lábios eram tão doces e sua pele tão suave que acreditou
não conseguir se separar dela antes de perder o pouco controle que já
pendia por um fio. No entanto se deixou levar mais longe.
O guerreiro deixou de apertar-lhe a perna e subiu a mão, lhe
acariciando o quadril e o ventre e seguindo seu caminho até pousar
sobre um seio, suave e cheio. Roslyn gemeu mais audivelmente do que
pretendia e somente percebeu quando Alec se separou bruscamente
dela.
— Machuquei-a? — Perguntou alarmado por seu grito.
— Não — apressou-se a dizer Roslyn um pouco aturdida.
Interpretou mal o gemido de prazer. Sua mão estava muito perto
do ferimento e não deixou de se preocupar.
Mas o feitiço se quebrara e Alec soube que devia se retirar.
Apressou-se a se incorporar e afastar-se dela. Roslyn não
protestou, mas a desilusão se abateu sobre ela. Sem deixar de olhar
para Alec viu quando ele voltou a se inclinar sobre ela. Beijou-lhe os

LRTHistóricos· 136
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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lábios novamente, mas desta vez o beijo foi tão leve que Roslyn quase
lançou um gemido de protesto.
— Descanse, esposa.
Ela murmurou algo como resposta, em voz tão baixa, que nem
ela mesmo entendeu. Sentia-se abandonada outra vez. Alec se virou e
a grandes passadas cruzou o dormitório para perder-se no mal
iluminado corredor.
Escutou seus passos até se interromperem ao abrir e fechar uma
porta. A porta de seu dormitório, pensou Roslyn. Então ficaria sempre
naquele dormitório? Descobriu-se surpresa diante do desejo que sentia
para tornar a ficar entre os braços de Alec. Será que ele desejaria o
mesmo? Preocupou-se, porque pensava que talvez seus beijos não o
agradassem tanto quanto a ela.
Estalou a língua pelo desgosto.
Como podia parecer tão indiferente? Pensou, decepcionada.
Ela se sentia febril pelo momento compartilhado, sabia que seus
cabelos estavam embaraçados e seu rosto avermelhado, em troca ele…
nada. Nem uma ruga em seu tartán. Pensou que na próxima vez teria
que se esforçar muito mais para provocar em Alec os mesmos
sentimentos que ele fazia surgir nela.

LRTHistóricos· 137
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 15

Alec pensou que Roslyn quisesse enlouquecê-lo.


Tivera que lançar mão de toda sua força de vontade para se
afastar dela. Era tão cálida e doce, lhe respondia tão bem que não via
o momento de levá-la ao seu leito e fazê-la sua esposa em todos os
sentidos. — Ponto. — Disse.
Ela anunciara que se sentia recuperada, que os pontos e a
aparatosa bandagem seriam história na manhã seguinte. Só deveria
esperar um pouco mais.
Alec suspirou incrédulo quando se deitou na solitária cama.
Jamais desejou voltar a se casar, nem se sentir fraco, mas sua nova
esposa o fazia pensar que a decisão tomada fora a melhor de sua vida.
Observava o caráter de Roslyn e satisfeito diria que não era como
Elisabeth. Ela não tinha um amor secreto que fosse aparecer de
improviso e arrebatá-la. Não, ela só tinha um ex-marido cruel e
impiedoso que queria vê-la morta, mas ele a protegeria de qualquer
um que quisesse lhe fazer mal, contra isso sim, poderia lutar.
Sorriu ao visualizar seu rosto, lhe lembrava uma corça
assustada, tão frágil e pequena… com aquela doçura nos olhos. E sua
beleza? Alec não conseguia tirá-la da cabeça. Seus incríveis olhos e
seus cabelos azeviche, o tinham enfeitiçado.

LRTHistóricos· 138
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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As últimas noites tinham sido um tormento, agora que tinha


direitos sobre ela não podia desfazer-se de suas fantasias nem em
sonhos. Pela manhã se levantava com uma ereção completa sem outro
pensamento na cabeça que possui-la, e somente a ela. Quando fora a
última vez que havia desejado uma mulher assim? Nem Elisabeth
havia conseguido monopolizar seus pensamentos daquele modo. Alec
amaldiçoou baixinho. Nenhuma mulher o tinha distraído tanto de seus
afazeres.
É o desejo. Pensou e uma vez satisfeito nada mais o atrapalharia.
Enquanto aquele pensamento rondava sua mente se preparou
para outra noite cheia de sonhos quentes que acabariam em uma
grande frustração.
E realmente, na manhã seguinte, Alec se levantou de mau
humor. Como predissera, a frustração de se deitar sozinho em sua
cama e acordar sozinho, não o deixara descansar. E o pior estava
ainda para vir.
Faltava pouco para que o laird McGregor se apresentasse em sua
casa, em busca de uma resposta ou de uma explicação. No dia
anterior o velho laird tinha enviado um mensageiro. Última
oportunidade, dizia a mensagem de McGregor.
Alec agitou a cabeça diante daquela idiotice, nem que estivesse
louco para desfazer-se de sua esposa e se casar com aquela mentirosa.
De qualquer modo, não eram boas notícias para Alec. Quando o
laird vizinho descobrisse que a resposta que viera procurar não seria
outra coisa que uma evidente negativa, derrubaria até a última pedra
do castelo, mas com o humor que Alec estava não lhe desagradava de
todo à ideia de ter uma boa luta.

LRTHistóricos· 139
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Dirigiu-se ao salão e todo mau pressentimento desapareceu ao


ver quem estava ali sentada tomando o desjejum. Quando aqueles
grandes olhos azuis se fixaram nele, acelerou os passos. Roslyn se
levantou para saudá-lo.
— Bom dia, meu senhor. Descansou bem?
Alec queria esboçar um fraco sorriso para satisfazê-la, mas não o
fez.
— O certo é que não. — Respondeu ainda com a surpresa de
encontrá-la ali — Espero descansar melhor esta noite.
Tinha poucas intenções de dizer-lhe que aquela noite, a última
coisa que esperava, seria recuperar as horas de sono. Não tinha a
mínima intenção de fazê-lo ou de deixá-la dormir. Diante daqueles
pensamentos tão lascivos, Alec se alegrou que Roslyn não pudesse ler
sua mente.
Sua esposa estava formosa com um vestido azul. O decote
acabava em um profundo bico debruado com finas tiras douradas. A
bandagem do peito havia desaparecido, agora seus seios estavam
livres de ataduras e eram tão cheios como os de qualquer deusa celta.
Ela se ruborizou ao perceber o ponto onde se encontrava o olhar
de Alec. — Yuri me tirou a bandagem. A cicatriz está sarando bem.
Alec não fez nenhum comentário a respeito e isso lhe tirou um
pouco da preocupação sobre o assunto de seu ferido corpo.
— Quer me acompanhar?
Roslyn assinalou a mesa com graça, enquanto lhe sorria.
Observou como Alec concordava e se sentava em sua cadeira de costas
altas enquanto ela lhe aproximava uma tigela com mingau de aveia.
Também havia leite e pão doce acabado de fazer pela cozinheira.
Trudis, recordou Roslyn. Pensou que deveria se esforçar para se

LRTHistóricos· 140
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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adaptar da melhor forma possível as Highlands. Segundo sua irmã,


eram pessoas toscas e rudes, mas que aprendiam a apreciar e
inclusive a querer aqueles que mereciam. E ela queria merecer.
Não pode evitar olhar ao que agora era seu esposo, se perguntava
se ele chegaria a apreciá-la, ainda que realmente quisesse lhe
perguntar se seria possível chegar a amá-la. Enrubesceu só com seus
pensamentos. Como podia pensar naquelas coisas?
— Encontra-se bem?
Aquela pergunta feita com tom tão doce fez Roslyn estremecer e
sem querer derramou um pouco de leite sobre a mesa.
— Sim, sim. — Apressou-se a dizer.
Alec a contemplou limpando a bebida com um guardanapo. Suas
mãos delicadas, tremeram levemente. Parecia nervosa e ele queria
saber a causa, mas antes que pudesse fazer algo para averigua-lo, ela
o distraiu.
— Onde está Lachlam? — perguntou Roslyn tentando mostrar
que a presença de Alec não a perturbava tanto. — Disse que voltaria
com Madeleine.
Alec assentiu.
— Estamos esperando-os logo.
Testemunhou de como o rosto de Roslyn se apagava e iluminava
em décimos de segundo. Alec notou que sua mulher jamais poderia
mentir-lhe tal como havia feito Mairy. Roslyn era muito sincera com
seus sentimentos, muito nobre e transparente.
— Sim, suponho que ficará feliz voltar a vê-la.
— Sim, esposo. Muito feliz.

LRTHistóricos· 141
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Sua mulher estava radiante. Por um instante esqueceu todas


suas preocupações, ou pelo menos até que Fergus entrasse pela porta
principal que levava ao pátio de armas.
Roslyn o saudou com um sorriso. Sabia que o ancião se opusera
ao casamento, mas também sabia que podia ganhar seu afeto. Era um
bom homem, que se preocupava muito com seu laird e para que as
coisas saíssem como deviam. Talvez por isso o velho Fergus não a
quisesse para Alec, imaginando todas as desgraças que poderiam
recair sobre o clã se Alec não se casasse com Mairy McGregor.
Quando o ancião desceu o último degrau, se aproximou de Alec e
pousou uma mão sobre seu ombro.
— Acredito que seus problemas acabaram de subir a colina.
Alec soltou um insulto que colheu Roslyn de surpresa.
Ficou olhando-o de cima a baixo. Fosse o que fosse não era algo
bom, pensou.
— O que ocorre, Alec? Perguntou preocupada.
— Nada. — A resposta lacônica lhe dizia que aquilo não era
verdade. — Faça Duncan entrar. — Disse referindo-se ao laird
McGregor.
Quando Fergus se afastou deles e saiu ao exterior Roslyn
esperava uma explicação, mas ela não veio.
— Não tem nada para fazer? — Perguntou suavemente Alec ao
ver que ela terminara o desjejum.
— Não. — Respondeu-lhe em tom de surpresa. — Deseja que me
retire?
Alec hesitou. Realmente não queria perdê-la de vista, mas
tampouco poderia permitir que ficasse contemplando a cena que
aconteceria em breve. E se McGregor trouxe sua filha? Recordou-se

LRTHistóricos· 142
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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que Roslyn não sabia nada sobre as injurias que Mairy havia lançado
a respeito dele, ou talvez sim. Aquele maldito do Lachlam. Quanto lhe
teria contado?
— Sim. Retire-se. — As palavras lhe pareceram chicotadas, mais
bruscas do que ele desejara. — Há assuntos urgentes que devo tratar
com o laird McGregor.
Roslyn apertou os olhos e recordou a conversa que mantivera
com seu cunhado. Afinal terminara o prazo para que seu esposo desse
uma resposta a Duncan McGregor.
Roslyn se levantou majestosamente do banco. — Como desejar,
meu senhor.
Antes de sair Alec a pegou pelo pulso e se ergueu da cadeira para
contemplá-la de perto. Não sabia muito bem o que esperar dele, mas
não esperava o beijo terno que roçou seus lábios.
Não lhe disse nada mais antes de soltá-la e esperar sua partida.
Alec se distraiu olhando o contorno de seus quadris ao subir os
degraus, percebeu que jamais a tinha visto caminhar. Roslyn era uma
mulher formosa, arredondada onde uma mulher deveria ser. Seus
cabelos estavam soltos sobre suas costas e eram tão longos que
chegavam à altura de seus quadris. Alec manteve o olhar fixo por uns
instantes naquele ponto, até que se lembrou que não deveria pensar
naquelas coisas até que o problema com McGregor não se
solucionasse.

Quando Roslyn viu que a atenção de seu marido se enfocava na


porta principal do salão, parou no patamar que levava ao seu quarto.
Ficou olhando do arco que levava ao salão, se ficasse escondida no

LRTHistóricos· 143
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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ângulo adequado poderia escutar toda a conversa sem ser vista. Sentia
desobedecer a Alec, mas não pensava perder um acontecimento tão
importante na vida de ambos.
Depois de alguns minutos pensando no que a seguir aconteceria,
se decidiu por tomar seu papel de esposa no assunto. Se deslizou pelo
corredor até a porta de seu quarto.
Quando minutos depois Roslyn saiu com seu novo vestido,
algumas vozes falando em voz baixa chegaram aos seus ouvidos.
— Tem certeza? — perguntou uma voz feminina soluçando.
Roslyn se aproximou um pouco mais, as vozes não procediam do
corredor, mas da escada em caracol, a qual utilizavam as jovens da
cozinha e de serviço que subia até aos aposentos principais. Roslyn
pode parar perto da escada sem ser vista pelos dois estranhos. Era
uma mulher McAlister e estava junto a um soldado e Roslyn
estranhou porque ele não usava as cores de Alec, mas dos McGregor.
— Meu senhor não aceitará um não por resposta.
Escutaram-se mais soluços, quando a voz voltou a falar um
pouco mais calma, Roslyn a reconheceu de imediato. Era Dora.
— Não poderemos nos casar. — Protegeu-se nos braços do
soldado. Roslyn observou a cena e sentiu uma profunda pena pela
jovem.

Roslyn era o motivo para Alec não poder se casar com Mairy
McGregor e isso a fez sentir-se culpada, pois tinha consciência que seu
casamento havia piorado as relações entre os dois clãs. Suas suspeitas
se confirmaram pelas palavras da própria jovem.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Se o senhor não tivesse se casado com a estrangeira nada


disto teria acontecido. O soldado a consolou o melhor que pode.
— Não chore, encontraremos uma solução.
Roslyn já não podia desfazer o que estava feito, mesmo estando
convencida de que Alec não teria se casado com Mairy de qualquer
forma. Não iria se lamentar e a única coisa que podia fazer, seria
tentar melhorar as coisas.
Aproveitando que o casal não percebera sua presença,
silenciosamente, se dirigiu para o outro extremo do corredor para
descer ao salão. Ali observou a cena que acontecia sob seus pés. O
laird McGregor acabava de chegar.
Os passos de Duncan McGregor retumbaram sobre o piso do
salão. Se bem que Duncan pudesse intimidar qualquer homem por
sua estatura, Alec estava tão furioso que o tratou sem o cuidado que
se impunha a um laird. Levantou-se para ver como se aproximava.
Roslyn deu uma olhada aos soldados McGregor, os cinco estavam
desarmados, e só um colocado atrás do laird segurava sua espada.
Certamente pela primeira vez em sua vida Duncan não confiava em
McAlister.
Fergus desceu as escadas que levavam ao pátio de armas depois
de depositá-las na entrada.
Alec levantou o queixo em sinal de desafio e enfrentou McGregor.
Fergus se colocou ao seu lado.
Quando os soldados se acomodaram, Roslyn divisou uma
pequena figura de cabelos dourados e diminutos olhos azuis
entrecerrados. A mulher mantinha uma expressão desafiante com o
queixo erguido.
Era Mairy.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn se sentiu empalidecer, sem dúvida era uma beleza, com


os cabelos dourados caindo em delicadas ondas sobre seus ombros, e
seus seios muito maiores que os dela.
Parecia uma mulher muito segura de que Alec fosse se casar com
ela, mas se tivesse prestado mais atenção perceberia que Mairy não
estava convencida em absoluto que Alec tivesse capitulado.
Mairy recordou a cena acontecida varias semanas antes. Sentia-
se ofendida por ele, e estava disposta a fazê-lo pagar.
Alec sorriu sem humor, ali estava à causadora de todo aquele
alvoroço. Mairy se achava realmente formosa, e na realidade o era,
mas não tinha as qualidades de esposa que Alec procurava em uma
mulher. Roslyn sim.
Pensou em sua mulher, acima em seu dormitório doce e
obediente, sem se preocupar sobre o que ocorria ali. Talvez tivesse que
lhe explicar depois, sobre tudo o que aconteceria no salão, mas isso
seria depois que McGregor se retirasse. Alec percebeu prontamente
algo que o afastou momentaneamente do assunto. Queria a aprovação
de sua esposa.
Aquela mulher estava influindo muito em sua vida, isso era algo
que em seu dia comprovava não ser bom, não queria voltar a ser um
boneco. Pensou que não lhe informaria nada se tudo saísse bem, e se
as coisas saíssem mal, algumas respostas lacônicas seriam mais que
suficientes.
— E, bem McAlister. — a voz de Duncan era feroz — Não só lhe
dei a semana que me pediu Fergus, mas sim, um mês.
— Só porque esteve calibrando suas forças.
Duncan passou por alto o comentário de Alec e prosseguiu com
suas ameaças.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Seja como for, é tempo suficiente para tomar uma decisão


sensata. Vai se casar com minha filha?
Alec permaneceu em silêncio.
Alec olhou para Fergus por cima do ombro, parecendo que
ninguém tinha se preocupado em lhe informar que aquela não seria
uma opção, porque ele já estava casado.
— Quero uma resposta McAlister.
Mairy se situou ao lado de seu pai com o queixo erguido. Alec
pensou que gostaria de lhe dar um par de açoites no traseiro como a
uma menina, pois era assim que se comportava.
Alec ficou olhando ao laird vizinho. Silenciosamente mais quatro
soldados McAlister entraram no salão, posicionando-se as costas de
Alec. Certamente Fergus não queria que seu senhor estivesse em
desigualdade de condições.
— Vim buscar uma resposta. — Rugiu Duncan diante da
passividade de McAlister.
— Já tem a resposta e acredito que você fez uma caminhada
inútil.
— Como?
Alec podia ver a fúria refletida em seus olhos. Mairy abriu seus
olhos com fingida surpresa. Olhava para Alec com raiva e decepção
mescladas.
— Não pode fazer-me isto! — Gritou perdendo totalmente a
compostura. Algo que estava se tornando habitual nela.
— Sim, posso, e de fato é o que acabo de fazer. — A voz de Alec
denotava um tom tranquilo, até divertido.
McGregor não passou por alto a ofensa. — Maldição! Você se
casará com minha filha.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Posso saber por que deveria fazer semelhante sacrifício?


— Sacrifício? — Mairy estrangulou as palavras. — Casar-se
comigo não seria nenhum sacrifício. — Espetou. — Qualquer homem
gostaria de se casar comigo.
— Basta! — Seu pai a fez se calar enquanto erguia a mão em
sinal de advertência. — Alec, se não se casar com minha filha haverá
guerra.
— Que assim seja.
— Maldição! — Voltou a rugir — Acaso não é um homem de
honra? — Alec passou por alto sua pergunta.
Duncan apertou fortemente as mãos em suas costelas. Tinha o
rosto vermelho pela fúria, não obstante seu sentido comum lhe dizia
que tentara convencer McAlister antes de chegar às armas, porque se
ambos se enfrentassem sairiam muito mal. Um poderia destruir o
outro e ficar com suas terra, e se Alec contasse com os aliados
adequados, o destruído poderia ser McGregor.
— Casar-me com Mairy é totalmente impossível agora.
— Maldito seja McAlister! Depois do que lhe fez, o mínimo que
poderia fazer seria convertê-la em sua esposa.
— E posso saber o que lhe fiz exatamente?
— Não brinque comigo. Você sabe bem. — disse Duncan com um
tom ofendido.
Mairy ficou corada por um instante e podia notar o olhar de seu
pai sobre ela, depois de ter falado.
— Não, não sei. — Alec olhou intensamente para Mairy, tanto era
assim que ela quis se afundar com o ar para escapar dali. — Por que
você não me explica, Mairy? Certamente poderá dizer-me o que foi que
lhe fiz.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Mairy silenciou um impropério.


— Não pensa que irei contá-lo aqui, diante de todos. — Os olhos
pareciam revelar nervosismo e intranquilidade.
Alec fez um gesto com a mão e todos seus soldados se retiraram,
saíram com passos firmes pela porta principal. Os soldados McGregor
olharam para seu laird que também deu uma silenciosa ordem com o
olhar.
— Bem, já estamos sozinhos. Mairy olhou para Fergus.
— Fergus sabe de tudo, é da família.
— Maldito seja McAlister, você sabe perfeitamente o que me fez.
— Mas eu não sei. — Disse uma voz que provinha do alto da
escada. — Posso saber o que lhe fez meu marido? — Perguntou
Roslyn.
Todos a olharam estupefatos.
— Oh Deus misericordioso! — Fergus ficou lívido e teve que se
sentar no banco e se recostar na mesa.
Fergus não foi o único perturbado. Alec não pode deixar de
refletir seu assombro no rosto. Então algo estranho cresceu em seu
íntimo, um desejo cálido e profundo que nascia ao vê-la vestida com
suas cores. O intenso verde do tartán se mesclava com a calidez de
seus olhos e aquele verde lhe fez pensar em deitá-la sobre a grama das
colinas escocesas e possui-la. Amaldiçoou ao notar sua ereção. Aquele
não era o momento.
Tentou limpar a mente daqueles pensamentos e se concentrar no
assunto que tratavam. Roslyn desceu majestosamente a escada até
chegar ao centro do salão onde estavam todos reunidos. Nenhum dos
presentes havia sentando com exceção de Fergus que um pouco

LRTHistóricos· 149
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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recuperado voltou ao lado de Alec. Aquilo deixava claro que Alec queria
encurtar, e com razão, a visita de seus ―amigos‖.
Roslyn se colocou junto a Alec que não se moveu do lugar. Tinha
no rosto aquela expressão intensa da noite anterior e Roslyn se
perguntou se os outros a notariam, mas quando Alec a olhou de cima
a baixo pensou que o desejo em seus olhos não podia passar
despercebido para ninguém. Ela tentou se concentrar em outra coisa
para não ficar corada. Foi então que olhou intensamente para a
mulher ruiva.
Era certamente bela e se ela não tivesse mentido algo
imperdoável para Alec, com certeza ele a teria aceitado e seria a filha
de McGregor quem ocuparia seu lugar como senhora do clã McAlister.
Isso lhe produziu um sentimento de repulsa. Descartou a ideia
imediatamente.
Pegou o braço de Alec em um gesto possessivo e ele não se
afastou nem deu nenhum sinal de desaprovação, assim, se manteve
unida ao seu esposo.
Mairy a olhou com indignação e ao olhar para Duncan McGregor
viu que ele ainda não havia assimilado que Alec já tinha uma esposa.
— Não vai me responder? — Insistiu finalmente olhando para a
mulher quando ninguém se atrevia a falar.
— Mas o que é isto? — Estalou Duncan.
— Nada, simplesmente gostaria de saber qual foi à ação tão
horrível que meu marido fez a sua filha, McGregor.
Naquele preciso instante Alec percebeu que Roslyn sabia muito
mais daquele assunto, muito mais do que ele desejara.
— Maldito Lachlam! — Sussurrou sem que ninguém a ouvisse
exceto ela.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ainda que pudesse ter sido a afiada língua de Yuri que lhe havia
contado sobre aquela embaraçosa situação. Ou inclusive mesmo,
Fergus. Deu-lhe uma olhada e viu a admiração em seus olhos ao ver
Roslyn. Teve que reconhecer que aquela mulher tinha mais coragem
do que ele acreditara no inicio.
Alec percebeu que o estava defendendo diante do laird vizinho.
Isso, junto ao fato de ela se decidir ser sua esposa de coração ao
colocar suas cores o fez admitir que era um orgulho estar casado com
uma mulher assim.
— Não penso voltar a repetir algo que Alec já sabe. — Mairy a
fulminava com o olhar.
— Mas eu não sei — disse Roslyn erguendo as sobrancelhas.
— Não tenho intenção de lhe dizer nada. — Mairy parecia fora de
si, disposta a saltar a qualquer momento sobre ela.
O impacto que lhe causara saber sobre o casamento e que Alec se
casara apenas para não se casar com ela era algo totalmente
inesperado e humilhante.
— Eu acredito que não possa dizer nada, porque não tem nada a
dizer.
Alec não queria que aquilo continuasse, importava-lhe pouco se
McGregor perdia os estribos, mas não poderia suportar ver a decepção
nos olhos de sua esposa quando soubesse a farsa que Mairy havia
inventado para casar-se com ele. Alec refletiu sobre isso, talvez não
fosse decepção o que aparecia nos olhos de Roslyn, isso deixava mais
evidente que ela não deveria estar ali.
— Desejo que responda. — Disse olhando diretamente aos olhos
de sua adversária.
— Ele... abusou de mim e agora não quer se casar comigo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Produziu-se um silêncio.
Alec viu como Duncan apertava os punhos em sinal de
frustração, com certeza não queria escutar a mentira que sua filha
havia lhe contado para pressioná-lo.
Todos observaram Roslyn. Seria impossível não fixar-se em seu
olhar. Sua esposa estava furiosa, ele esperava qualquer coisa, menos
isso, diante das palavras que acabava de ouvir. Não teria se
surpreendido se o aborrecimento fosse dirigido a ele, mas esse não era
o caso.
— Isso é uma vil mentira. — Aquilo lhe demonstrava o quanto
confiava nele. Alec se relaxou, já não lhe importava nada mais do que
saber que sua esposa se mantinha ao seu lado.
Notou como ela cravava as unhas em seu braço
inconscientemente. Não a afastou, pelo contrário e com a mesma
expressão, cobriu a delicada mão com a sua, enquanto olhava como
transcorria a ação.
— Mentira?
— Sim, mentira — Roslyn a olhou como se quisesse estrangulá-
la. — Não foi mais que uma mentira para que Alec aceitasse se casar
com você.
— Não! — Gritou Mairy.
— Sim — disse Roslyn firmemente, — mas não se saiu bem,
porque Alec já está casado comigo. — Colocou grande ênfase na última
palavra, — E não tenho intenção de morrer para que ocupe meu lugar.
Mairy quase lançou um grito diante daquelas palavras. Todos
seus planos viraram um lixo. Já não havia nada a fazer.
— McGregor, me surpreende que tenha acreditado em sua filha
sem nenhuma prova.

LRTHistóricos· 152
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Prova? — Duncan não parecia sair do estupor em que estava


metido. Tinha o gesto envergonhado, porque toda a cena lhe parecia
irreal. Ele viera para casar sua filha e encontrara Alec casado com
uma estrangeira.
— Você se casou para não assumir minha filha?
— Sim.
A sinceridade de Alec não ajudava muito a levar as coisas pelo
bom caminho, pensou Roslyn.
— Maldição! Por que fez isso?
— Já basta! — Roslyn perdeu a paciência.
— Como sua esposa se atreve a falar-nos nesse tom?
Alec não respondeu, simplesmente continuou observando onde
Roslyn queria chegar.
— Como sua filha bem apontou, qualquer homem estaria
desejoso de se casar com ela, não é certo?
Duncan nem se preocupou em concordar.
— Deveria se perguntar por que Alec não se casou com ela.
— Isso é o que faço, e não encontro resposta.
— Pois a resposta é que sua filha mente, e se é capaz de mentir
ao próprio pai em um assunto tão serio, imagine com que facilidade
poderia enganar um esposo.
Alec olhou atentamente a Roslyn, sem que ele lhe dissesse nada,
sua mulher havia deduzido exatamente porque ele havia recusado
semelhante casamento com aquela mulher.
McGregor olhou para Alec para corroborar o que a mulher dizia.
— Já sabe. — Alec se atreveu a dizer. — Passei uma vez por
idiota, duas não.

LRTHistóricos· 153
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn o olhou sem saber muito bem a que estava se referindo.


Fergus assentiu em silencio recordando o inferno do primeiro
casamento. Duncan também parecia ter aceitado o argumento de Alec.
Roslyn em troca, olhou a todos, sabia que seu esposo havia se casado,
mas sua irmã não se aprofundara em detalhes sobre seu primeiro
casamento.
— Mas minha filha insiste no fato, me encontro em um dilema
Alec. Mairy se sentiu ofendida.
— Pai não acredita mais nele que em mim, não é?
Duncan hesitou, mas afinal teve que admitir que sua filha não
era sempre sincera como ele desejava que fosse.
— Deixe-me fazer-lhe uma pergunta. — Disse Roslyn se dirigindo
a Duncan — O que pensa fazer agora que sabe que Alec não pode se
casar com sua filha?
— Haverá guerra.
Outra vez aquelas palavras. Pensou que os escoceses gostavam
muito da arte da guerra. — Como já lhe disse, deveria ter provas,
antes de acusar meu esposo tão seriamente.
— E como demônios quer que as consiga?
Alec lançou um olhar furioso a Duncan. Não iria permitir que
ninguém falasse assim a sua esposa, mas suavemente Roslyn lhe pôs
um braço sobre o ombro consciente que o humor de seu marido estava
piorando.
— Há modos de consegui-las. — Roslyn olhou diretamente a
Mairy que lhe devolveu um olhar cheio de ódio puro. — Suponho que
afirmou ser virgem antes que meu esposo a tocasse?
Mairy não sabia o que a ofendia mais, se a pergunta ou a ênfase
que havia posto na palavra ―esposo‖.

LRTHistóricos· 154
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec a olhou com assombro, o fato de sua mulher lançar palavras


tão cruas há desmistificou um pouco diante de seus olhos. Era uma
mulher valiosa que empregaria qualquer método para proteger aos
seus, e agora entre os seus estava ele. Sentiu-se satisfeito.
— Claro.
— Claro. — Repetiu Roslyn, — Porque se não era, não sei a que
vem tanto barulho.
— E o que é isso? — Disse impaciente Duncan.
— Se meu esposo afirma que não a tocou, — disse olhando
friamente para Mairy, — deveria continuar sendo virgem.
Ela se escandalizou e até pode ver Duncan se ruborizando
levemente.
— Maldição! Roslyn!
Ela não fez caso dos protestos de Alec. — Se sua filha mente,
pode se averiguar.
— Aqui não há mulheres que saibam comprovar isso.
Isso não era certo, ali estava Yuri, mas Alec e Fergus estavam tão
aturdidos pelas palavras dela, que se esqueceram desse pequeno
detalhe.
— Bem, você pode averiguar casando Mairy com outro, de toda
forma o faria para salvar sua honra, não é?
Bruxa manipuladora. Essa era a mulher com a qual se casara. Ao
notar como sua mandíbula se afrouxava, Alec se endireitou e fixou o
olhar em Duncan esperando uma resposta.
Duncan quase se engasgou com a própria saliva, enquanto Mairy
soltava um grito de horror. — Assim teríamos provas — repetiu. Alec
teria pago para que não o fizesse.

LRTHistóricos· 155
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— E o que ganhará saber? — Disse Duncan como se não


entendesse.
— Se seu esposo for o primeiro, é porque Alec não a tocou.
Assinalava o obvio, e apertou os olhos diante da exasperação que
lhe provocava o pouco entendimento do McGregor.
— E se não for?
— Haverá guerra, — As frias palavras de Roslyn pareceram
satisfazer ao McGregor — e o dano em parte será reparado já que
estará casada.
Roslyn conteve a respiração, observando que todos os presentes
também o faziam.
— Você é muito inteligente senhora. — Duncan McGregor
reconheceu.
— Bem? — Ela pressionou.
— Faremos isso.
— Não! — Mairy gritou de horror e desta vez não fingia. Começou
a chorar e a sapatear tão forte que até Roslyn sentiu vergonha.
— Basta! — A voz de Duncan apenas conseguiu aplacar os gritos
de sua filha. — Fará o que eu disser.
— Não! Maldito seja McAlister. E maldita você. Bruxa!
Roslyn retrocedeu diante daquelas palavras. Alec a segurou pela
cintura e seus olhos se fixaram nos de Duncan que assentiu antes de
dar meia volta. Não disse nada mais e saiu ao pátio de armas.
Roslyn suspirou aliviada enquanto se separava de seu esposo.
Não o olhou aos olhos porque sabia que o havia desobedecido.
— Repito-lhe que é muito inteligente, minha senhora. Jamais
teria me ocorrido semelhante plano.
Roslyn assentiu.

LRTHistóricos· 156
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Não vamos comemorar ainda, pode ser que o futuro esposo de


Mairy não seja o primeiro. Alec a contemplou como se a visse pela
primeira vez.
— Eu acredito que foi muito inteligente. Lamento não ter
percebido como você pode chegar a ser útil.
Alec falou olhando-a fixamente. Roslyn estremeceu e engoliu em
seco, não sabia o que Alec queria dizer exatamente.
— Lamento, meu senhor — disse com uma submissão que já não
enganava a ninguém.
— Por quê? — perguntou Fergus antes que Alec o fizesse.
— Por ter desobedecido você e não ficar em meu quarto.
— Lamenta de verdade? — Alec deduziu que não acreditava
naquilo. Quem lhe contou o ocorrido, Roslyn?
— Lachlam.
— Já vejo.
Alec assentiu e como sempre ela não soube se estava aborrecido
ou agradecido por sua intervenção.
— Roslyn, quero perguntar-lhe… Como sabe que ela mente? —
Alec se aproximou dela. Com dois dedos aprisionou seu queixo para
que o olhasse aos olhos.
Roslyn estremeceu, tê-lo tão perto a perturbava. — Eu sei, você…
você jamais faria isso, não é?
— É verdade, mas como você sabe? — Ela piscou.
— Soube quando você me recolheu naquela colina, pela
compaixão que demonstrou e pela honra que há em cada uma de suas
palavras. Eu sei que mente ainda que não possa explicar muito bem
com palavras.

LRTHistóricos· 157
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec deu um sorriso torto que lhe inundou o coração de alívio. —


Agrada-me, esposa. — Respondeu-lhe antes de beijá-la.
Ela tentou se afastar consciente da presença de Fergus, mas foi
inútil recusá-lo. Quando Alec a circulava entre aqueles braços cálidos
e a beijava, ela parecia perder toda consciência. Roslyn se esqueceu de
onde se encontravam e o que os rodeava. Apertou-se contra ele e lhe
rodeou o pescoço com os braços. Devolveu a paixão que ele lhe
entregava.
Fergus limpou a garganta parando Roslyn no momento em que ia
unir sua língua com a de Alec.
Alec sim estava consciente da presença de Fergus, mas não se
importou em absoluto, somente quando notou que seu desejo
aumentava perigosamente se afastou dela.
— Alegra-me — repetiu.
— Sim? — Disse ela com as bochechas avermelhadas.
— Alegro-me que use minhas cores, ainda que não seja
plenamente minha esposa.
Esta vez sim Roslyn entendeu ao que se referia e enrubesceu
completamente.

LRTHistóricos· 158
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 16

Roslyn olhou para Alec encabeçando a longa mesa. Não sabia


qual seria seu lugar até que Fergus muito amavelmente lhe cedeu sua
cadeira para colocar-se a esquerda do laird.
Durante todo o jantar estivera muito nervosa. Alec deve ter
notado, e lhe apertou ternamente a mão por baixo da mesa. Ela o
olhou incrédula posto que seu rosto não revelava o mínimo sinal do
que estava fazendo.
Na longa mesa jantavam os soldados do clã McAlister, observou
seus modos toscos, mas não se surpreendeu, eram exatamente como
havia pensado que deveriam ser. Afinal seus irmãos e primos eram
iguais àqueles soldados quando se tratava de se divertirem.
Entrechocavam seus copos, derramando sobre a mesa e pelo piso,
mais cerveja e vinho do que bebiam.
Yuri ocupava um lugar de preferência na mesa junto a Fergus
que se sentara do outro lado junto a Alec. Sem dúvida o tosco
highlander Iain, mão direita de Alec ocuparia o mesmo lugar ao seu
regresso. Evocou a imagem daquele demônio e estremeceu da cabeça
aos pés. Rezava para que Frances estivesse a salvo, dos franceses e
dele.

LRTHistóricos· 159
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn se distraiu novamente quando um soldado próximo a


salpicou com a bebida, e apressou-se a pedir desculpas diante do
olhar desaprovador de Alec.
Alec voltou a se concentrar nas palavras de Fergus que
comentava as últimas novidades. Ela escutou atenta, encantada pelo
seu pesado acento gaélico, ainda que falasse e entendesse
perfeitamente já que seu avô era um escocês muito tímido e incapaz de
falar outra língua que a própria.
Alec ficou olhando-a até que Roslyn envergonhada pelo desejo
que via em seus olhos abaixou a cabeça. Fergus com uma gargalhada
de entendimento prosseguiu com suas explicações.
Roslyn só fizera pensar no que aconteceria entre ambos naquela
noite. Sabia que Alec tinha toda a intenção de compartilhar seu quarto
com ela, mas ainda não lhe dissera nada a respeito e Yuri tampouco. A
anciã havia tirado a bandagem e os pontos do aparatoso ferimento que
agora se destacava em forma de uma cicatriz vermelha, mas se absteve
de fazer qualquer comentário acerca dos deveres que já poderia levar a
cabo nessa noite. Parecia haver um profundo silencio referente a esse
assunto. Talvez depois de tudo, Alec lhe desse um pouco mais de
tempo.
Alec fixou seu olhar nela. Que Roslyn nem sonhasse em pedir-lhe
um pouco mais de tempo para acostumar-se a ele. Depois da vida que
lhe havia dado seu anterior marido, ela não deveria estar disposta a
compartilhar sua cama. No entanto, não manifestara sua recusa em
deitar-se com ele, e havia respondido ardentemente aos seus beijos.
Roslyn cometeu o erro de levantar os olhos e se encontrou de
novo sendo o centro da atenção do olhar de Alec. Os olhos escuros
dele percorriam seu corpo trespassando-o como uma adaga candente.

LRTHistóricos· 160
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ficou nervosa, as mãos começaram a tremer ao levar um pedaço


de carne à boca. Após um momento tentou mostrar que os olhares de
Alec não a perturbavam, mas quando levou à boca o copo vazio, se
sentiu ridícula.
Sem dúvida Alec percebeu seu nervosismo e se regozijou. Sua
esposa não parecia nada indiferente a sua pessoa.
— Alec — disse Roslyn levantando-se da cadeira, — gostaria de
me retirar.
Sabia que Fergus não acabara suas informações e teria que ficar
um tempo ainda, por muito que quisesse acompanhá-la. Finalmente
assentiu.
— Boa noite.
Ela ficou olhando-o por um momento, deveria beijá-lo para dar-
lhe boa noite? Ou retirar-se a seus aposentos, ou para o quarto de seu
marido para compartilhar seu leito? Sentiu-se cansada diante de
tantas dúvidas e optou por sair sem dizer nada.
O olhar de Alec a seguiu até que ela desapareceu no alto da
escada. — Alec, escute-me — disse Fergus, enquanto Yuri soltava
uma risadinha incontrolável.
— Não podemos deixar de notar como sua mulher o distrai —
disse a mulher mantendo o sorriso.
Alec rejeitou o comentário com um movimento da mão. — O que
dizia, Fergus?
Voltou a concentrar-se na informação de seu amigo.
— Há algo que preferi não citar diante de sua esposa.
O ancião estava muito serio, pensou o laird. Aquilo significava
problemas.
— O esposo de Roslyn enviou mais soldados.

LRTHistóricos· 161
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec estalou o punho sobre a mesa, claro sinal que não pudera
controlar a raiva repentina. Os soldados que comiam se detiveram,
calaram sem esperar a ordem para escutar as últimas novidades e
toda a atenção se centrou no ancião.
— Disse o esposo, Fergus? — Perguntou em um tom
relativamente calmo ainda que o ancião notasse que se sentira
ofendido pelo comentário. — Devo corrigi-lo?
— Não, meu senhor. Já sei que você é o único esposo.
— Sabe o que pretendia dizer. — Acrescentou Yuri para defender
o irmão e para que ele fosse direto ao assunto.
— Diga-me quantos homens enviou desta vez.
— Somente três, como anteriormente.
— Três? — Alec franziu o cenho. — E me diz agora?
— Soube pouco antes do jantar, mas não queria falar diante de
Roslyn. Seria inútil preocupá-la.
Alec assentiu. — Fizeste bem.
— Os soldados atravessaram as terras fronteiriças dos Doon, eles
avisaram aos clãs vizinhos, tal como Kincaid havia ordenado. Esta
tarde chegou à notícia a Gabriel.
Alec seguiu a explicação atento, porque ali havia alguma coisa
estranha.
— Os Doon os surpreenderam acampando em suas terras e
tentaram tirá-los de lá.
Não tinha sentido explicar que tirá-los de suas terras queria dizer
ter uma curta conversa para averiguar suas intenções e depois lutar
para que ganhassem o direito de continuar vivendo.
— Mas não conseguiram afastá-los, certo?

LRTHistóricos· 162
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Exato, esconderam-se nas sombras e deixaram dois soldados


muito feridos. Devo dizer que o laird pediu explicações aos seus
homens e pelo que sabemos, seus soldados narraram toda a
peripécia…
— E chegaram a uma conclusão. — Afirmou Alec.
— Sim, são muito bem treinados com as armas. Não são soldados
ingleses comuns, acredita-se que sejam assassinos pagos.
— Pela distância que nos separa, já deverão estar aqui. Fergus
assentiu.
No rosto de Yuri se desenhava uma acentuada preocupação.
— Alec, — disse a avó sabiamente, — se no dia anterior o marido
de Roslyn soubesse que ela estava com Kincaid, também saberia como
seria difícil enviar um exército para raptá-la. Ainda que, bem sabe
Deus a jovem pensa que o fará.
— Roslyn acredita que Henry mandará um exército?
— Acaso nós todos não acreditamos nisso? — Disse Fergus em
voz rouca.
Alec assentiu, ele sim acreditava, assim como acreditava que
poderiam derrotá-los com muita facilidade.
— O que quero dizer, — prosseguiu Yuri — é que ao descartar vir
com seu exército e pagando os assassinos, sabe que na mínima
oportunidade a levarão.
Aquelas palavras calaram fundo em Alec, que continuou
escutando atentamente. — Então não devemos deixá-la sozinha em
nenhum momento.
Fergus assentiu. — Alec, tem que segurá-la aqui dentro até que
encontremos esses homens.
— Estou de acordo. — a voz de Yuri soou cheia de determinação.

LRTHistóricos· 163
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Para Alec parecia muito desagradável à ideia de que assassinos


ingleses rondassem suas terras, sem dúvidas Lachlam seria da mesma
opinião. O importante seria acabar com eles antes que Roslyn
acreditasse ser uma prisioneira.
— Posso dar a desculpa de sua saúde para retê-la um tempo até
que tudo se esclareça. — Rezou para que fosse pouco tempo. — Não
quero que ela saiba disto.
Tanto Fergus como Yuri concordaram. Nenhum dos dois queria
dar preocupações a sua senhora.
— Quero que a vigiem — Alec levantou o tom de voz e viu como
seus soldados concordaram. — Também quero que se vigie quem entra
e quem sai da fortaleza. E desejo ser informado da presença de
estrangeiros antes que alguém tente matá-los. Corram a voz entre o
povo.
Todos assentiram. O silencio no salão se tornou perturbador
quando Alec subiu as escadas rumo ao piso superior.
Alec sentiu como a cólera lhe percorria o corpo com um fogo
intenso que somente se apagaria com a morte daquele bastardo que
havia ousado tocar em Roselyn.
Como podia o lorde odiar tanto a que fora sua mulher um dia
para sentir tanta vontade de matá-la?

Alheia a tudo, acima, Roslyn andava inquieta pelo aposento.


Olhou a cama na qual dormia desde que chegara às terras McAlister e
não conseguiu evitar pensar se dormiria ali também nessa noite.
Sentou-se aos pés da cama e apertou as mãos incapaz de controlar
seu nervosismo.

LRTHistóricos· 164
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Esteve muito tempo esperando por Alec chegar; o fogo da lareira


crepitava e seus olhos se fecharam enquanto se acomodava da melhor
forma na cadeira em frente à lareira de pedra.
Não tinha intenção de dormir, mas despertou poucos minutos
depois com o pescoço dolorido.
Suspirou pela decepção porque sem dúvida Alec se esquecera
dela. Sem esperanças de vê-lo aparecer se encaminhou para a cama
para se deitar.
A camisola branca que, tão amavelmente, Yuri lhe preparara se
encontrava sobre a pesada colcha. Pegou-a para admirar o fino
bordado. Tirou os sapatos e sentiu as frias pedras sob seus pés. O
vestido caiu ao chão ao tirá-lo pela cabeça e o ar gelou sua pele nua.
Apressou-se a colocar a camisola quando ouviu um ruído atrás de
suas costas. A porta se abriu, e Alec pode observar o corpo nu de sua
esposa à luz escassa do fogo quase apagado.
Roslyn se apressou a cobrir o corpo com a camisola de linho
branco ainda em suas mãos. — Meu senhor — sussurrou ao vê-lo
parado na porta.
Alec não conseguia se mover depois da visão de sua mulher ali de
pé, nua. As cicatrizes que adornavam suas costas não diminuíam sua
beleza. Suas pernas poderiam deixar sem respiração qualquer homem
e de fato era como estava ele. Seu membro se endureceu ao imaginar-
se envolvido por elas.
Obrigando-se a andar, correu o atento olhar pelo corpo de Roslyn
que naturalmente tremia. Por um momento Alec acreditou que fossem
os nervos, até que a pegou pelos ombros e notou que estava gelada.
Roslyn não tremia, tiritava.
— Mulher! — Riu apertando-a entre seus braços.

LRTHistóricos· 165
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn se esqueceu de respirar quando ele a envolveu entre seus


braços. — Tem frio. — Não era uma pergunta.
Ela afirmou com a cabeça esticando mais a camisola contra seu
corpo.
Quando Alec a abraçou mais forte, imerso em seus pensamentos,
ela se viu envolvida no manto cálido que era seu peito. Sentiu-se
serena e tranquila até que sem preâmbulos Alec lhe puxou a camisola
que se interpunha entre ambos. Completamente nua, sentiu-se
vulnerável diante de Alec, inclusive assustada, o gesto brusco lhe
recordou como se sentia exatamente quando Henry a tocava e uma
expressão de horror se desenhou no rosto. Alec não deixou de notar.
Sem deixar de olhá-la aos olhos pegou uma das mantas que cobria a
fofa cama e a envolveu, cobrindo sua nudez.
— Alec eu… — queria dizer-lhe que não fora sua intenção olhar
daquele modo, mas não houve tempo antes que ele começasse a beijá-
la e acariciá-la com uma doçura surpreendente.
O primeiro beijo foi suave e doce. Roslyn ficou sem respiração ao
sentir seus lábios sobre os dela e gemeu quando as mãos percorreram
seu corpo sob a manta. Não conseguiu evitar pendurar-se em seu
pescoço.
Alec lhe rodeou a cintura e enquanto a beijava levantou-a
levemente do piso. Beijou-a com ardor, saboreou até o último canto de
sua boca.
— Alec? — Perguntou decidida a captar sua atenção.
Ele separou seus lábios um instante que jurou seria curto. —
Diga-me — disse voltando a beijá-la profundamente.
Ela gemeu, como noites antes o fizera ao senti-lo tão perto.

LRTHistóricos· 166
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Sem perceber levantou uma perna e envolveu a dele. Agora era


Alec quem não conseguia evitar um estremecimento. Seu membro
inchado doía pela excitação e ainda que se prometera ser terno com
ela, amaldiçoou baixo, porque não acreditava poder manter aquela
promessa por muito tempo.
Alec ajustou suas coxas com as dela e sentiu como Roslyn se
arqueava sob seu contato.
— Alec, está me dando boa noite ou vai ficar?
Diante daquelas palavras ele parou por um momento para
respirar. Olhou-a nos olhos e os viu brumosos pela paixão.
— O que você quer que eu faça, Roslyn?
— O que tinha planejado. — Disse sem preâmbulos.
— Então a levarei para minha cama.
Sua boca ficou seca pela promessa e sem esperar um minuto,
beijou-o com toda a entrega de que foi capaz.
Subiu mais a perna que tinha contra a de Alec e notou como sua
virilidade se apertava calidamente contra sua estreita fenda.
Sorriu feliz contra seus lábios. Dominara seu medo e a situação.
Ele não era Henry, e não lhe faria mal pelo simples prazer de vê-la
sofrer.
— Está bem? — Perguntou olhando-a aos olhos.
— Sim.
Voltou a beijar seu esposo e ele não precisou de mais estímulo
para se decidir a lhe fazer amor. Agarrou-a pelos quadris e a levantou
ainda mais. Roslyn rodeou a cintura dele com suas pernas, notou
como o membro viril se apertava novamente naquele lugar oculto e
deixou escapar um incontrolável gemido de prazer. Estendeu-a de
costas na cama e se apressou a cobri-la com seu corpo.

LRTHistóricos· 167
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Sorriu diante da confusão de seu rosto quando ele se levantou.


Roslyn ficou na expectativa ao ver que Alec começava a retirar as
roupas. Quando finalmente acabou de tirar as botas, ela observou-o
em todo seu esplendor e ficou sem respiração diante de semelhante
visão.
Não vira muitos homens nus. Henry, certamente era atraente,
mas seus atributos desapareciam diante do tamanho de Alec. Aquilo
não deveria ser normal.
— Não vai entrar. — Disse realmente preocupada, enquanto sua
voz falhava.
Alec contemplou as pernas de sua esposa, a única coisa fora da
manta que ela puxara para cima.
Inclinou-se para ela até deitar-se ao seu lado. — Sim o fará.
— Não, você não entende. — Disse ela angustiada, — é muito…
Alec cobriu sua boca para não escutar os protestos.
— Confia em mim?
Diante de tal segurança ela não soube o que pensar e de fato não
pensou em nada quando ele a beijou com a mesma paixão esmagadora
de antes.
Roslyn voltou a se apertar contra ele. Alec enterrou sua língua
naquela suculenta boca fazendo amor com ela, enlouquecendo-a com
seus beijos até que a sentiu arquear-se impaciente por senti-lo mais
intimamente.
As mãos de Alec, até então apoiadas em ambos os lados de seu
corpo, se pousaram sobre seus bem torneados quadris. Com um só
movimento lhe separou as pernas e se acomodou entre elas.

LRTHistóricos· 168
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn permitiu satisfeita, estava muito tonta para notar o que


Alec lhe fazia, a única coisa que sabia era que gostava e que jamais se
sentira assim, tão amada por um homem.
— Erga os joelhos. — pediu-lhe suavemente enquanto sua língua
lambia com beijos suaves seu pescoço. Ela obedeceu e notou como
Alec se aproximava mais.
Alec retirou a manta, deixando-a totalmente nua diante dos seus
olhos.
Longe de ruborizar-se, Roslyn se deleitou com a expressão de
desejo que encontrou nos olhos de Alec. Sentiu-se formosa pelo modo
em que a olhava e o deixou saber. Ele sorriu diante de suas palavras e
foi depositando úmidos beijos ao longo de seu pescoço até chegar ao
vale de seus peitos. Escutou-a gemer quando lambeu cada um de seus
mamilos e a fez gritar ao introduzir um na boca. Sugou-o avidamente
fazendo com que sua esposa se apertasse contra ele.
Roslyn retorceu seus quadris contra seu marido, avivando
inconscientemente o fogo que ele sentia.
Alec não aguentava mais aquele doce tormento, queria estar
dentro dela, fazê-la sua sem preâmbulos. Acomodou-se entre suas
coxas e apertou os dentes disposto a demonstrar um mínimo de
controle.
Não poderia ser tão egoísta em sua primeira vez juntos. Ela
facilitou as coisas. Arqueou os quadris em um movimento tão preciso
que Alec involuntariamente entrou nela e a sentiu úmida e quente e
soube que não conseguiria esperar mais para fazê-la sua.
Roslyn abriu a boca assombrada, enquanto ele empurrava até
ficar completamente dentro dela.
— Disse que entraria.

LRTHistóricos· 169
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Sim. — Ofegou, rodeando-lhe a cintura com suas pernas, — A


partir de hoje prometo acreditar em tudo o que disser.
Roslyn tinha a cabeça jogada para trás com os olhos fechados, e
Alec sabia que ela não tinha consciência do que falava. Teria rido da
situação se não estivesse tão excitado.
Tentou se mover devagar no começo, mas foi inútil. Sua mulher
estava úmida e deliciosamente disposta a satisfazê-lo. Tirou seu
membro dela uma e outra vez e quando percebeu mantinha sobre ela
um ritmo frenético que Roslyn estimulava mexendo-se contra seu
corpo. Todas suas boas intenções se diluíram quando Roslyn se
retorceu exigindo mais.
— Abrace-me forte. — Pediu Alec, enquanto voltava a empurrar
selvagemente.
Roslyn assim o fez. Abraçou-o como se fosse à vida. O ritmo de
Alec a enlouqueceu e a fez subir ao mais alto, por um instante se
sentiu morrer, como se chamas a consumissem por dentro.
Gritou seu nome e marcou-lhe as costas com as unhas. Alec a
olhou aos olhos e viu seu rosto em êxtase. Ao ver Roslyn entregue de
tal modo não aguentou, perdendo totalmente o controle e com uma
profunda investida se derramou em seu interior.
Por uns minutos os dois ficaram em silêncio, como se o que
acabavam de sentir os deixassem sem forças para se mover. Peito
contra peito escutaram seus corações acelerados. Pouco a pouco o
ritmo foi se normalizando e Alec voltou à realidade.
Pensou nela e se apoiou nos cotovelos para Roslyn não ter de
suportar todo seu peso.
— Está bem? — Perguntou com doçura, um pouco preocupado ao
ver lágrimas em seus olhos. — Já sei que não fui…

LRTHistóricos· 170
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Foi maravilhoso — interrompeu-o. Assentiu ao ver sua cara de


incredulidade. — Foi perfeito.
Alec não ficou muito convencido, mas não disse nada, não queria
estragar o momento. Ficou olhando o doce olhar de sua esposa,
consciente que ela não mentia, e que realmente gostara do que
acabavam de compartilhar.
— Pode abraçar-me? — Perguntou Roslyn, timidamente.
Alec não respondeu. Estendeu-se de boca para cima e a arrastou
sobre ele enquanto a apertava contra seu peito e a cobria com as
mantas.
Ela pensou que Deus por fim escutara suas preces e lhe mandara
Alec e nem mesmo o próprio diabo poderia afastá-la de seus braços.

LRTHistóricos· 171
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 17

Na manhã seguinte Roslyn despertou sozinha na cama.


Antes de abrir os olhos apalpou o colchão, procurando o calor
que certamente se desprendia do corpo de Alec, mas ele não estava ali.
A tênue luz se filtrava pelas ranhuras das pranchas de madeira
que tapavam as janelas. Seria bem entrada a manhã? Certamente
havia dormido mais do normal e, portanto o sol já deveria estar alto,
mas necessitava daquele descanso reparador que somente o sono
podia lhe dar.
Roslyn sorriu relembrando. Sim, realmente necessitava de
descanso. Na noite passada com Alec, fizeram amor pela primeira vez,
para horas depois despertar e de novo compartilhar da mesma
experiência. Na segunda vez as preliminares foram deliciosas. Alec
tomara seu tempo para ensinar-lhe coisas que ela jamais soubera que
poderiam fazer. Ruborizou-se ao recordar suas carícias e seus íntimos
beijos.
Chutou a manta até se sentir livre para se levantar. Ninguém
poderia negar que seu aspecto fosse o de uma noiva feliz. Não
conseguia deixar de sorrir.
Quando passou mais de meia hora pensando no atraente rosto de
Alec, achou que já seria o suficiente. Decidida a tirar o esposo da
cabeça abriu as janelas atraída pelo ruído vindo do pátio de armas,

LRTHistóricos· 172
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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depois de dar uma olhada e não conseguindo vislumbrá-lo sentiu-se


decepcionada. Viu Fergus que ao vê-la lhe dedicou um sorriso
acompanhado de uma leve inclinação da cabeça. Roslyn lhe
correspondeu à saudação com a mão.
Virou-se para se vestir. Procurou o tartán que havia ficado no
piso junto aos pés da cama. As cores de seu esposo, suas cores,
pensou com um sorriso nos lábios. Recordou com humor como ficara
satisfeito ao vê-la com o tartán dos McAlister.
Fez a cama com movimentos rápidos e observou o dormitório.
Afinal Alec não a levara ao seu quarto, queria dizer que dormiriam
juntos ou que cada um teria sua própria cama? Procurou não pensar
muito nisso, não queria estragar seu bom humor da manhã pensando
em bobagens.
Não prendeu os cabelos, deixando-os soltos sobre as costas, por
alguma razão, compreendera que Alec gostava assim.
Sorrindo saiu para o salão. Não percebeu que havia alguém na
porta até que se chocou contra ele.
— Bom dia, esposa.
— Bom dia, marido — Riu divertida diante do inesperado choque.
— Ia procurá-lo.
— O sol já está muito alto.
— Sinto — disse desculpando-se. — Não sabia que era tão tarde.
O certo é que estava muito cansada.
Alec a viu ruborizar-se, sem dúvida estaria pensando na noite
que compartilharam. Viu-a tão tentadora que teve de beijá-la. Ela lhe
ofereceu os lábios agradecida pela amostra de afeto, mas ele se afastou
mais rapidamente do que ela tinha desejado.
— Roslyn.

LRTHistóricos· 173
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Sim?
— Temos visita.
No rosto de Alec não se desenhou um sorriso, mas ela deduziu
que a visita o agradava. No entanto não respondeu em seguida, e ficou
pensando quem poderia ser. Franziu o cenho ao não saber.
— É bom ou mau? — Claramente Roslyn tentava saber se laird
McGregor havia regressado.
— Muito bom — tranquilizou-a.
A transformação foi instantânea, os olhos de Roslyn se
iluminaram diante da alegria que lhe causava aquela surpresa. Roslyn
saltou de emoção.
— Então é Madeleine. Alec riu ao vê-la tão contente.
— Sim, sua irmã está aqui.
— Onde? — Perguntou fazendo gesto de encaminhar-se ao salão.
Quando Alec lhe respondeu ela já descia as escadas
precipitadamente. — Madeleine! — Gritou enquanto sua irmã notava
sua presença. Lady Kincaid se levantou da cadeira e correu para
abraçá-la.
O feroz Lachlam as observou com um sorriso nos lábios. Sabia
quanto significava para sua mulher que Roslyn estivesse por perto.
No dia anterior quando laird Kincaid contara a sua esposa, todo o
acontecido com Roslyn, teve de consolá-la durante horas até por fim
conseguir acalmá-la. Saber que sua querida irmã desposara McAlister
não foi uma notícia tão perturbadora como ele acreditava. Madeleine
estava felicíssima.
— Olhe pelo lado bom, Alec já é da família. — Disse
animadamente Madeleine quando ele ficou assombrado por sua
felicidade.

LRTHistóricos· 174
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec tinha sido como irmão mais novo para ela, que deveria
cuidar enquanto não fosse maior o suficiente para ocupar-se de seu
próprio clã. Depois que acabara sua formação, não quis perder o
contato com os jovens, nem com Alec, nem com Gabriel McDonald.
— Roslyn, alegro-me tanto que esteja bem.
— E eu por vê-la.
Lachlam sabia que Madeleine se sentia culpada por ter deixado
sua irmã mais nova sair de casa. Agora essas preocupações pareciam
ter ficado para trás quando viu Roslyn ao seu lado.
Alec apareceu um instante depois no salão. Estava feliz pela cena
do reencontro. Quando McAlister se encontrou com o olhar de seu
amigo se reuniu com ele junto a grande mesa central.
— Acredito que deveríamos deixá-las sozinhas. — Disse Alec. —
Há assuntos para tratarmos. E não são agradáveis.
Lachlam assentiu.
— Suponho que tenha muitas coisas para contar…
Madeleine soltou momentaneamente Roslyn e abraçou Alec sob o
atento olhar de seu esposo.
— Antes, permita-me felicitá-lo por seu casamento — disse
Madeleine com um rosto marcado pela felicidade.
Roslyn lhe dedicou um sorriso radiante, morria de vontade de
contar à irmã o que havia acontecido nos últimos tempos. Algumas
coisas muito ruins, outras muito boas, e as duas relacionadas com os
homens com os quais um dia se casaram com ela.
— Não saiam. — Disse Roslyn, — nós o faremos, faz um dia
esplêndido, e na verdade já estou há muito tempo encerrada. Sairemos
a passear.
Alec a olhou atentamente. Começavam os problemas.

LRTHistóricos· 175
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Poderíamos ir cavalgar. — Disse a Madeleine, — Faz tempo


que não o fazemos juntas.
— Excelente ideia.
— A mim não parece. — Disse Alec interrompendo-as.
— Por que não? — Perguntou Roslyn estranhando.
Alec não queria dizer-lhe que três assassinos andavam soltos,
dando voltas por ali, esperando para atacá-la, assassiná-la ou Deus
sabia o quê.
— Seu ferimento do peito simplesmente acabou de se fechar, não
quero que se arrisque a ter uma recaída.
— Não a terei.
Aquela declaração pareceu bastante estúpida.
— Não acredito que possa escolher ter uma recaída ou não. Faça
o que digo — ordenou Alec em um tom um tanto autoritário.
Roslyn não gostou, ia encará-lo quando Madeleine tentou tirar a
importância do assunto. — Vamos querida, daremos um passeio pela
muralha.
Alec estremeceu só com o pensamento. Se uma flecha a
alcançasse enquanto estivesse caminhando pela muralha…
— Não, melhor ficarem aqui. Não faz um bom dia para passear.
As mulheres que já estavam se encaminhando para a entrada se
detiveram e o olharam estranhando aquilo.
— Está brincando? Há semanas que não faz um dia tão
esplêndido. — Anunciou Madeleine.
— Vai chover — argumentou Alec.
— É Escócia, sempre chove. — Disse as duas últimas palavras
quase gritando.

LRTHistóricos· 176
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Lachlam e Madeleine sorriram. Esforçaram-se muito para que


não saíssem.
— Roslyn, poderia se resfriar.
— Sempre existe esse risco. Quer que me encerre para sempre
entre estes muros?
— Por que não? — Resmungou ele.
— O quê? — Aquela conversa empanou seu bom humor, e disse
que seria impossível discutir com seu esposo, mas tinha de acontecer
tão cedo?
— Não penso ficar enjaulada, se quisesse isso teria ingressado
em um convento. — Fez gestos com as mãos para dar mais ênfase,
talvez assim Alec entendesse.
— Você fica aqui dentro.
— Você está sonhando! — Roslyn furiosa subiu os degraus que
levavam ao exterior.
Alec ia alcançá-la para arrastá-la novamente ao salão, mas antes
de conseguir ela estava fora. Sentiu-se estúpido, queria proteger sua
mulher e aquele sentimento predominava no momento a qualquer
outro, mas ela tinha razão, não poderia mantê-la enjaulada no castelo
McAlister no resto de seus dias.
Voltou sobre seus passos e encarou dois de seus soldados que
estavam arrumando as mesas para o almoço.
— Vão com elas, mas não as deixem perceber.
Os dois guerreiros assentiram e Lachlam franziu o cenho.
— Não está exagerando? — comentou Lachlam soltando uma
gargalhada. Alec suspirou.
— Não se preocupe, o aborrecimento passará.
— Não me importo se passar ou não.

LRTHistóricos· 177
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Dentro de pouco se importará — disse Lachlam.

Alec ainda não entendia bem o significado daquelas palavras.


Lachlam disse que logo o descobriria tal e como ele o descobrira, mas
esse tinha que ser um caminho que ele deveria percorrer sozinho.
— Alec. — Disse ficando serio, e recordando as palavras de seu
amigo. — O que são esses assuntos que queria discutir?
Alec lhe indicou a cadeira junto a ele na mesa. A conversa seria
longa. Ordenou que lhes servissem cerveja e quando a jovem se
retirou, Alec começou a narrar - lhe os últimos acontecimentos.
Quando terminou Lachlam entendia melhor a preocupação de seu
amigo para que sua esposa estivesse por perto.
— Encontrou-os?
— Meus homens os estão procurando, mas sem êxito até agora.
— Isto está se tornando muito estranho. — Lachlam esfregou o
queixo coberto pela barba de poucos dias. — Agora entendo sua
preocupação por Roslyn.
— Acredito que deveria estar aqui dentro.
— Será muito difícil controlá-la Alec. — Lachlam sorriu por
inércia cada vez que a imagem de sua mulher se formava na mente. —
Se Roslyn for como sua irmã acredito que o esperam tempos… muito
interessantes.
— Tudo é questão de disciplina. — Disse Alec recordando as
palavras que o próprio Lachlam pronunciara quando sua indômita
mulher se tornava incontrolável.
— Isso é uma grande mentira, pensei que já lhe dissera.

LRTHistóricos· 178
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Não, não o fizeste e penso que um pouco de disciplina fará


com que minha mulher me obedeça mais que a sua.
— Certamente obedeceriam com disciplina, — Disse Lachlam
com a voz rouca. — Mas ambos sabemos que nos atraem tanto por ser
justamente isso, rebeldes.
Alec acabava de perceber com quem se casara, recordou a cena
com Mairy McGregor e estremeceu, mas o que se sabia era que sua
esposa o atraía por sua valentia. Como sua mulher poderia
permanecer tão inteira depois do que padecera e o perigo que ainda a
estava rondando, era algo que escapava a compreensão de Alec.

Enquanto os lairds continuavam com sua conversa no interior,


Roslyn e Madeleine continuavam percorrendo a muralha do castelo.
— Diga-me Roslyn. Como se encontra?
— Estou bem, me recuperei dos ferimentos, só que agora tenho
algumas cicatrizes a mais. Roslyn sorriu para tirar a importância do
assunto, mas Madeleine empalideceu diante do horror que a
embargava cada vez que se recordava de todo o assunto. Parou junto à
guarita do sentinela e ficou apoiada contra a pedra fria enquanto
contemplava a irmã.
— Madeleine, — disse em um tom suave — você não tem culpa.
— Eu sei. — Disse, mais para se convencer que outra coisa. —
Mas já está aqui sã e salva, não sabe a sorte que sinto ao poder vê-la
novamente.
— Eu também estou contente por estar aqui.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— De verdade? — Não era que Madeleine não acreditasse, mas o


fato de ter se casado com Alec tão precipitadamente a fazia pensar que
possivelmente se arrependera da decisão.
— O casamento foi precipitado, — Confessou Roslyn como se
tivesse lido seu pensamento — mas realmente não me arrependo, Alec
é um bom homem, me faz sentir… — Interrompeu-se corando
intensamente. — Faz-me sentir segura.
Madeleine lhe dedicou um grande sorriso, ela também sentia o
mesmo por Lachlam e se perguntava quanto tempo sua irmã iria
demorar a se apaixonar por seu esposo.
— Com Alec se sentirá sempre segura, o que me preocupa é que
não se sinta feliz.
— Feliz? — Roslyn repetiu a palavra não sem certa nostalgia. —
Não o comprovei, faz tanto tempo que não penso na felicidade por
parecer tão inalcançável.
Madeleine assentiu ao compreendê-la. Havia sofrido o indizível e
agora que estava em relativa paz somente poderia pensar em usufrui-
la sem se preocupar com o amanhã.
— Não vamos ficar tristes. — Disse Roslyn com um sorriso
enquanto se aproximava da irmã e retomavam o passeio pela muralha.
— Está plenamente casada com Alec?
Roslyn soltou uma gargalhada involuntária diante do olhar
malicioso de sua irmã ao perguntar. — Sim — respondeu com outro
sorriso travesso.
Madeleine sentiu um verdadeiro alivio ao ver aquele sorriso
bailando em seus lábios e chegando-lhe aos olhos. Havia pensado que
depois de seu primeiro casamento, as obrigações com seu novo
esposo, fossem isso mesmo, obrigações.

LRTHistóricos· 180
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— E quer contá-lo? — Ela continuou sorrindo, mas não


respondeu. — Vamos Roslyn eu lhe contava tudo.
— Sim. — Roslyn concordou.
Isso era verdade, e cada vez que Madeleine lhe relatava como
estava apaixonada pelo marido ela sentia uma intensa inveja e rezava
para algum dia experimentar o mesmo.
Tinha que admitir que quando Madeleine lhe falava daquelas
carícias maravilhosas que Lachlam lhe proporcionava, se perguntava
se era certo que as carícias de um homem provocavam aquele prazer.
Agora sabia que sim, resolveu feliz que sua irmã não havia exagerado.
Descartou seus pensamentos nas primeiras noites no quarto, tão
terríveis quando se casara pela primeira vez. Tudo era dor e medo,
algo que tinha de suportar porque assim o exigiam. Por sorte para ela
depois das primeiras semanas Henry perdeu o interesse em uma
mulher pouco ativa. Desde então havia se dedicado a suas amantes
ignorando-a por completo até que chegara o turno de castigá-la por
sua desobediência. Pouco sabia Roslyn de prazer e ternura, até a
poucas horas.
— Alec é maravilhoso. — Disse subitamente olhando as negras
nuvens que se aproximavam.
— Acredito que se nota na cara. — Madeleine se alegrou por ela.
— Ninguém nunca me tratou com tanto respeito, tudo isso é novo
para mim, só lamento que meu caráter rebelde por natureza não o faça
se arrepender de ter se casado comigo.
Madeleine notou verdadeira preocupação em suas palavras.
— Diz isso pelo que acaba de acontecer ali dentro? — Disse
apontando para onde estaria o salão. Roslyn assentiu.

LRTHistóricos· 181
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Querida, às vezes nossos esposos têm um afã de proteção


muito grande para nós, mas isso é pelo carinho que nos dedicam.
— Carinho? — Surpreendeu-se perguntando. Madeleine assentiu
com a cabeça.
— Sim. — Sorriu à irmã que permanecia incrédula. — Alec lhe
causara um forte impacto, isso era inegável, como também é fato que
transformará sua vida.
— Para o bem?
— Para o bem.
Rodeando seus delgados ombros Madeleine os apertou para
tranquilizá-la.
— É outra de suas premonições? — Disse Roslyn de repente.
— É.
— Afinal Alec, terá razão e será melhor entrar.
Roslyn ficou em silêncio, sua irmã nunca se equivocava, era o
que muitos chamavam uma mulher com o dom da visão. Isso havia
lhe salvado a vida, mas também a marcara. Agora o tempo havia
passado e tudo ficara esquecido após se casar com Lachlam. Agora era
uma mulher querida e respeitada em seu clã e fora dele, não porque
era a senhora Kincaid, mas por seu caráter bondoso e afável que se
escondia debaixo daquela mascara de gelo que se obrigava a levar.
Madeleine por seu dom nunca se equivocava e sabia que depois
de muitas penalidades Roslyn conseguiria alcançar a felicidade tão
desejada.
Poucos minutos depois entraram no salão e encontraram seus
esposos falando em voz baixa fazendo confidencias.
Lachlam levantou os olhos ao vê-las chegar. — Que tal o passeio?

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Bem, só espero não morrer de pneumonia. — Brincou Roslyn,


com um tom tão insociável que fez Alec bufar.
— Querida tenho que falar com você. — Lachlam se levantou e se
dirigiu para onde estava Madeleine.
— Agora? — Perguntou Madeleine.
Lachlam assentiu. Saíram do salão, sob o atento olhar de Roslyn.
— Roslyn, aproxime-se, a voz de Alec soou muito serena para seu
gosto. Obedeceu com a preocupação de tê-lo zangado.
Alec sentado na cadeira reta, a contemplou até que a atraiu para
si, rodeando-lhe a cintura. Roslyn se sentiu projetada sobre os joelhos
de Alec, mas não protestou diante da proximidade. Uma mão de Alec
estava distraidamente colocada sobre uma de suas coxas.
— Roslyn…
— Eu sei, Alec. — Interrompeu-o.
— O que você sabe? — Perguntou olhando-a intensamente.
— Já sei que só mostrava a sua preocupação por mim, ao
ordenar que ficasse aqui dentro.
Alec escutou-a e era exatamente o que ia dizer, mas ela não se
mostrava arrependida por ter desobedecido e o fez pensar que talvez
precisasse de uma lição.
— Não era isso o que ia dizer.
— Não? — Roslyn se sentiu perdida. — Então o que queria dizer?
— Não volte a desobedecer-me nunca, nem me fale nesse tom
quando não estivermos sozinhos. — Apertou mais a perna para que
ela soubesse que falava serio.
Roslyn sentiu a fúria a invadindo. Madeleine se equivocava, esse
homem possuía a sensibilidade de uma cabra.
— Bem.

LRTHistóricos· 183
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Seu aborrecimento se refletiu em seu rosto. Tentou escapar do


abraço, mas Alec não lhe permitiu.
— Solte-me, já disse o que queria.
— Não, escute. — Alec a abraçou mais forte e lhe acariciou o
rosto para captar sua atenção. — Quando lhe ordenar algo não será
por capricho, Roslyn.
Ela ficou quieta.
— Pode ser que seu anterior marido tente lhe fazer mal, e talvez
em meu afã de protegê-la também posso ferir seus sentimentos.
Ela não respondeu aquelas palavras. Sabia que ele nunca a
maltrataria fisicamente, mesmo que suas ordens fossem só para
protegê-la ainda que ela não quisesse.
— Oh Alec. — Passou os braços pelo pescoço e se afundou em
seu abraço. — Já sei que não quer me fazer mal.
Alec desfrutou daquele abraço. Sabia que tinha coisas mais
importantes que perder o tempo daquela maneira, mas como Lachlam
o avisara, aquela mulher parecia estar disposta a mudar sua vida.
— Roslyn, vai me obedecer? Ela assentiu.
— Henry está por perto, verdade?
— Não pense nele. — Acariciou a longa cabeleira negra e a
abraçou de novo, consciente de alguns olhares curiosos que
despertaram no salão.
— Não tenho medo, Alec. Ele já não pode me fazer mal.
Deixou-se envolver pelos braços de sua esposa e a aconchegou
esperando que assim fosse. — Diga-me, Roslyn eu a machuquei a
noite?
Ao saber ao que se referia sentiu-se acalorada. — Já lhe disse
que não, Alec.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ele não ficou satisfeito com aquelas palavras, o que queria que
lhe contasse era todo o mal que não lhe fizera. Segurou-lhe o queixo
até que ela levantou a vista que dirigia ao seu colo.
— Alec, eu… o deixei satisfeito? — Ela queria saber, pensando
que não seria a única em admitir o que sentia quando se tocavam.
— Isso não importa, vai melhorar.
Aquelas palavras a deixaram com a boca aberta. — O quê? Alec!
— Disse a ponto de chorar.
Em seguida se arrependeu de ter querido zombar dela.
— Oh! Esposa — Grunhiu. — Não leve tão a serio. — Não queria
fazê-la pensar que era desastrosa na cama, porque na realidade não
foi, absolutamente. Foi muito apaixonada, querida.
Ela enrubesceu mais ainda.
— Não pude evitá-lo… eu jamais… — Queria dizer-lhe que ela
jamais experimentara semelhantes coisas com ninguém, mas não era
necessário.
— Eu sei — Alec riu satisfeito e ela se exasperou diante de tanto
alarde de arrogância e pensou que deveria fazer algo a respeito.
— Talvez você possa ser um pouco mais apaixonado na próxima
vez.
Alec não respondeu, pegou-lhe a mão tão de surpresa que ela
escapou entre os dedos e não conseguiu alcançá-la.
— Roslyn — Alec falou em um tom de advertência para que
voltasse a aproximar-se.
— Alec! — a voz de Fergus chegou do outro extremo do salão. —
Temos que falar. — Enquanto Alec se virou Roslyn desapareceu
escada acima.

LRTHistóricos· 185
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 18

— Também pensa que são três? Perguntou Alec juntando as


gemas dos dedos diante do rosto.
— Esses são os indícios que encontramos no pequeno bosque
situado ao sul.
Momentos antes Fergus entrara no salão, com as novas noticias
que chegaram aos seus ouvidos.
Alec pensou detidamente no assunto. Aqueles homens já tinham
chegado às suas terras, e se encontravam ocultos em algum lugar
muito perto do castelo, dispostos a acabar com Roslyn no preciso
instante em que ela pusesse os pés fora da fortaleza. Incendiou-se
preso da ira. Não iria tolerar que aquilo ocorresse enquanto ele
pudesse evitar. Manteria Roslyn a salvo, ainda que isso exigisse torná-
la prisioneira até que o perigo tivesse passado. Desejava intensamente
que Henry viesse reclamá-la com um exército, assim experimentaria o
poder do clã McAlister.
— Vamos caçar! — Disse Alec levantando-se impetuosamente da
cadeira.
— Caçar? — Os olhos de Fergus brilharam, sabia perfeitamente a
que se referia e se entusiasmou diante da ideia de seus velhos ossos
voltarem à ação.
— Prepare os homens.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec percebeu que Lachlam irrompera no salão. Com grandes e


ruidosos passos esteve ao lado dele no instante seguinte.
— Não pude evitar escutar que vai caçar.
— Assim é. — Fergus adiantou antes que Alec pudesse lhe dar
uma explicação. — E eu não penso perder a diversão desta vez.
Fergus deu uma olhada a Alec temendo que ele protestasse, mas
o laird estava muito ocupado submerso em seus próprios
pensamentos.
— Fergus, prepare os homens. — Repetiu desta vez com mais
ênfase. Fergus se apressou a obedecer, saindo ao pátio de armas e
fazendo ressoar sua voz.
— Conte-me. — Disse Lachlam.
— Entraram em minhas terras. — Uivou, como se isso
justificasse seu humor.
— Mas isso não é o pior. – Aventurou-se Kincaid.
— Não. — Alec balançou a cabeça. — O pior é seu objetivo.
Ambos já sabiam qual era: Roslyn.
Graças a Deus ela permanecia alheia a tudo o que ocorria com os
homens de Henry. — Quero que cuide dela enquanto eu estiver fora.
— E perder a diversão? — Lachlam não gostou da ideia. — Que
Fergus fique. Alec o olhou carrancudo.
— Acredita que o velho Fergus pode segurar minha mulher se
quiser escapar para fora da fortaleza?
Lachlam guardou silencio com uma expressão cética em seu
rosto. Finalmente negou com a cabeça.
— Ficará furiosa quando perceber que a proibiu de sair.

LRTHistóricos· 187
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Maldição! — Disse com os olhos cheios de cólera. — Juro que


se esses amaldiçoados se atreverem a tocar um fio de cabelo dela os
torturarei até a morte.
— Não tenho a menor dúvida. — As palavras de Madeleine
surpreenderam os homens.
— Madeleine! — Sussurrou Lachlam aborrecido. — Há quanto
tempo está aí?
— O suficiente.
Lady Kincaid destacava-se formosa, ali plantada na entrada do
salão, com os braços na cintura e esperando uma explicação. Não
parecia muito contente com a informação que acabava de ser revelada.
Sem dúvida ainda a estava assimilando.
— Quando pensava me contar? — Espetou o esposo com um tom
de censura que Lachlam não gostou.
— Não tenho porque lhe dar explicações. — Disse com o cenho
franzido.
Lachlam amaldiçoou baixinho. Claro que cedo ou tarde o teria
contado, mas melhor tarde que cedo.
— Vai me contar o que acontece? — Disse ignorando o
comentário do esposo.
— Há ingleses pela zona. — A voz de Alec soou áspera, sem
nenhum humor.
— E seu objetivo é minha irmã — sussurrou como se acabasse de
entender.
Alec assentiu.
— Quero que me ajude.

LRTHistóricos· 188
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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As palavras de Alec tiraram Madeleine do caos que era sua


mente. Ainda assim guardou silêncio para ver o que lhe propunha seu
cunhado.
— Quero que mantenha Roslyn dentro dos muros. — Alec sabia
que poderia confiar nela para a missão. — São assassinos pagos, não
quero que uma flecha voe sobre a muralha e a mate.
Madeleine abriu desmesuradamente os olhos.
— Por isso aquela reação, quando saímos para passear pela
muralha? — Ele assentiu.
Madeleine não sabia o que dizer. A situação não parecia nada
boa.
Alec, incapaz de ficar sentado um minuto mais, atravessou o
salão até pegar a espada McAlister situada na parede cinza sobre a
lareira.
Madeleine olhou impressionada, era tão grande como um homem
em pé. Alec parecia temível com ela entre as mãos, e admitiu sentir-se
satisfeita por ele, sem dúvida os que tentavam matar Roslyn pagariam
por sua ousadia.
Lachlam também olhou a espada, sabia que Alec somente a
utilizava em ocasiões muito especiais, nas batalhas que realmente lhe
pareciam importantes. E esta sem dúvida era. O que havia de mais
importante que defender a vida de sua mulher? Assentiu satisfeito, era
mais que evidente que Roslyn se convertera em alguém muito
importante na vida de seu amigo.
Madeleine voltou a si quando Alec passou ao seu lado e saiu ao
pátio de armas.
— Não se preocupe. — Sussurrou Lachlam abraçando-a. — Ele
protegerá sua irmã.

LRTHistóricos· 189
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Roslyn está segura aqui, é ele quem me preocupa.


Alec avançou até seus soldados que o esperavam aglomerados no
centro do pátio. Fergus também se encontrava com seus homens,
esperando-o como um a mais.
Os soldados tinham uma expressão seria e de profunda
concentração, sem dúvida o ancião já havia lhes informado acerca de
seus planos e motivos.
O laird McAlister era consciente de que sua senhora ganhara a
confiança dos homens em pouco tempo, até as mulheres mais ariscas
deviam admitir que sua ama tinha bom coração e parecia uma
autêntica escocesa. Todos conheciam sua historia desde o dia em que
Alec a descobrira. A língua de Yuri corria veloz, pensou com um leve
sorriso.
— Já estamos prontos, Alec.
Os soldados montaram seus animais e o laird ordenou abrir a
porta que levava ao exterior e descer a ponte levadiça.
Roslyn com o coração batendo acelerado saiu correndo do
interior do salão, Alec ficou olhando-a enquanto descia as escadas.
— Lachlam me disse que vai caçar — Alec assentiu — Posso
acompanhá-lo?
Apesar de vê-la exposta a luz do dia e em perigo, Alec soltou uma
gargalhada e sua esposa franziu o cenho porque pensou que estava
zombando dela.
Alec desceu do garanhão pardo que montava e se aproximou
dela. — Não, mulher, não pode acompanhar-me.
— Por que não? Sei caçar. — Afirmou com ênfase quando Alec
balançou a cabeça. — É certo. Ele entrelaçou os braços ao redor de
sua cintura e a apertou contra ele. Roslyn se sentiu um pouco

LRTHistóricos· 190
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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embaraçada, consciente que os soldados os olhavam com um sorriso


nos lábios. Para maior sufoco, Alec a beijou tão apaixonadamente que
a deixou sem respiração. Quando Alec deu fim ao beijo ela agradeceu
que ele não a soltasse, pois sem dúvida teria caído de bruços.
Alec viu satisfeito como Roslyn se ruborizava até as orelhas. Sem
dúvida não estava acostumada a demonstrações de afeto em público.
E o certo era que ele tampouco, mas com Roslyn era diferente, como
resistir aos seus encantos quando a tinha por perto.
Alec sorriu e tentou distrai-la com sua pergunta. — E o que sabe
caçar? — O tom lhe dizia que só queria brincar com ela.
— Não sei. — Disse um tanto aturdida pela proximidade dele. —
O que você vai caçar?
Homens!
Alec não lhe respondeu, balançou a cabeça e fechou os olhos em
uma oração silenciosa. Seu corpo era tão cálido que não podia pensar
em outra coisa que beijá-la de novo e foi o que fez. Ela tentou fugir de
sua boca consciente da presença de seus homens, mas Alec a pegou
pelo queixo e a obrigou a submeter-se. Depois do primeiro contato
Roslyn parecia querer afundar-se com ele sem se importar com quem
olhasse e as risadas de fundo que escutava.
Perturbada passou os braços ao redor de seu pescoço e afundou
as mãos em seus cabelos negros. A língua de Alec roçou a boca de
Roslyn. Ela a abriu e esqueceu toda a vergonha e noção de onde
estavam. Por azar Alec não, e se obrigou a exercer algum controle
sobre si mesmo.
Quando se separou de Roslyn sorriu arrogante.
Sua esposa tinha os lábios inchados por seus beijos. Pouco a
pouco voltou a ser consciente do que ocorria no pátio de armas.

LRTHistóricos· 191
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ruborizou-se da cabeça as pontas dos pés. Os soldados estavam


lançando vivas ao seu senhor e ela morta de vergonha escondeu seu
rosto no peito de Alec.
Obrigou-a olhá-lo nos olhos. — Voltarei logo.
— Sim? — Perguntou Roslyn como se ficassem dúvidas. — Antes
que escureça?
Alec abriu a boca para responder-lhe, mas decidiu ser um pouco
mais diplomático. — Se não encontrarmos o que queremos talvez
fiquemos acampados por algumas noites.
Roslyn abriu os grandes olhos. — Muitos dias?
Alec não queria responder por que nem ele sabia a resposta.
— Mas temos convidados.
Ele lhe sorriu. Isso não iria detê-lo.
Voltou a beijá-la para que ela se esquecesse da pergunta e seu
truque parecia dar resultado.
Afastou-se dela e montou o cavalo. Com um movimento de sua
cabeça, Alec chamou a atenção de Lachlam que se situou junto a sua
cunhada, com um braço protetor ao redor dos ombros.
— Alec! — Roslyn gritou como se acabasse de recordar de algo
importante.
Escapou de Lachlam para assombro dele e se situou perto da
montaria de Alec para que ele pudesse escutá-la melhor.
— Dê-me permissão para sair. Faz tempo que não monto a cavalo
e a Madeleine também quer muito.
Alec negou com a cabeça, e o meio sorriso desapareceu do rosto
de Roslyn.

LRTHistóricos· 192
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Não? — Perguntou confusa. — Vai manter-me prisioneira


aqui? — Afastou-se enfurecida do cavalo. — Já estive cativa de um
esposo! Nem pense que vou passar por isso outra vez!
Os olhos de Roslyn ardiam pelas lágrimas contidas. Em troca os
de Alec ardiam de pura raiva. Sem nenhuma advertência a ergueu do
solo e a colocou sobre suas coxas. O cavalo relinchou e se moveu
inquieto diante do brusco movimento do cavaleiro. Alec esporeou o
cavalo até situar-se sob os arcos que levavam aos estábulos, se
assegurou que estivessem suficientemente longe para que os soldados
não os ouvissem.
— Escute-me bem Roslyn porque não tenho intenção de repetir
minhas palavras.
Alec não gritou, contudo Roslyn nunca ouvira algo tão
ameaçador. Faltou-lhe o ar enquanto assentia.
— Jamais torne a comparar-me com seu anterior marido, esse
insulto é algo que não vou consentir. Matei homens por terem me
chamado de coisas mais lisonjeiras.
Roslyn não abrigou nenhuma dúvida de que aquilo era certo.
— Não era minha intenção ofendê-lo, e muito menos compará-lo
a Henry. — Alec assentiu e a expressão feroz foi se apagando pouco a
pouco de seu rosto.
— Eu sei. — Alec não disse mais nada.
— Mas…
Sacudiu-a pegando-a pelos ombros.
— Obedeça-me Roslyn. Aguarde meu regresso dentro destes
muros e pobre de você se desnecessariamente se expuser a perigos.
Ela ficou em silêncio. Seria por precaução que Alec não a deixava
sair? Não teve tempo de perguntar. Alec a depositou no chão e deu

LRTHistóricos· 193
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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meia volta com seu cavalo. Ao emitir um assovio observou como os


soldados saiam em tropel atrás de Alec. Fergus lhe dedicou uma
piscada quando passou ao seu lado, sem dúvida um sinal de que não
deveria se preocupar.
Roslyn ficou sozinha no meio do pátio. Censurou-se por ter
querido comparar Alec com Henry, mas se seu marido desejava privá-
la da liberdade ela não iria consentir.
Sorriu abertamente.
Aborrecia-se porque havia escapado, então faria algo para ganhar
o perdão de Alec. Ainda que também deveria admitir que se seu esposo
a queria dentro da fortaleza era para sua própria segurança. E
satisfeita pensou, que começava a ser alguém importante para ele.

LRTHistóricos· 194
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 19

Uma semana depois Roslyn queria matar Alec.


Tinha abandonado-a em um cárcere! O encerramento a que a
submetera era imperdoável.
Durante os primeiros dias Roslyn tentou satisfazer os desejos de
Alec, queria obedecer e ficar entre aqueles muros até ele regressar,
mas suas boas intenções duraram muito pouco.
Três dias depois, Roslyn, descobriu que ainda que quisesse sair
dali não poderia. Sempre havia alguns olhos postos nela, quando
menos esperava um homem de confiança de Alec, que mais tarde ela
averiguaria se chamar Connor, barrava-lhe os passos.
Roslyn pensou que pudesse com Connor, que afinal não era mais
que um rapaz que fazia o trabalho que nenhum homem adulto, nem
um guerreiro que se prezava faria, isso era seguir sua senhora como
um cachorro pulguento desde que se levantava até quando se deitava.
Inclusive algumas mulheres, incluídas Yuri e Madeleine que se
negavam a ser cúmplices de suas intenções de fuga, pareciam
confabular contra ela para não deixar-lhe nem um instante de
intimidade.
No inicio, ela considerou que semelhante atitude por parte das
pessoas se devia a que a alguns membros do clã não a aceitavam bem,
por que iria ser bem recebida? Era uma estrangeira, mas na verdade

LRTHistóricos· 195
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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não era esse o caso, as pessoas não a odiavam, simplesmente


cumpriam ordens de seu senhor, que a proibira de sair dos muros e
até descer com as outras mulheres ao rio.
Madeleine tivera dificuldade de se adaptar à vida nas Highlands,
e esse era seu consolo, talvez ocorresse o mesmo que a muitas outras
mulheres as quais não estavam acostumadas à vida de um grande clã.
Pensou como seu marido se sentiria decepcionado se ela não fizesse
um esforço para se encaixar em seu novo lugar. Assim se dispôs a
tentar.
E tentou durante uma semana, finalmente chegou à conclusão
que pouco lhe importava o que pensasse um marido cruel, capaz de
abandoná-la daquele modo, e tampouco lhe importava o que
pensariam aquelas pessoas que não faziam mais que vigiá-la para não
escapar do redil. Como se fosse uma vaca!
Roslyn saiu do salão. Fazia um dia esplêndido para cavalgar,
amaldiçoou ao ver-se impotente diante da proibição de Alec. Passeou
por alguns minutos pela muralha e viu alguns olhos cravados nela,
evidentemente não confiavam, pensou aborrecida.
Roslyn se sentia desolada por não ser bem aceita pelos seus
homens, afinal ela era a senhora, a mulher do laird McAlister, mas a
lealdade, bem sabia, era uma coisa que não podia exigir a força.
Passou longo tempo meditando nisso enquanto contemplava os vastos
pastos que abrangiam as terras McAlister. Perdeu a vista no horizonte.
Quando Alec voltaria? O desinteresse devia admitir que era o de
menos. Por muito cruel e incivilizado que fosse seu marido, o
estranhava e estranhava seus beijos e certas necessidades que
somente ele poderia cobrir. Ruborizou-se diante daqueles
pensamentos, mas não se importou, sentia-se abandonada.

LRTHistóricos· 196
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Olhou sob o muro do castelo, as terras que se estendiam no


interior do recinto, abrigavam os membros do clã e de onde estava,
Roslyn podia ver as cabanas, a ferraria e o grande celeiro onde se
armazenavam víveres para os tempos de escassez. Fora dos muros,
tudo era uma longa e ampla pradaria até chegar aos penhascos que
separavam as terras McAlister das Kincaid.
Vislumbrou um grupo de mulheres que iam lavar as roupas no
rio próximo, Yuri estava entre elas, com uma cesta de roupas entre as
mãos. Madeleine se sentia indisposta e nessa manhã a abandonara.
Roslyn desceu os degraus de pedra da muralha até chegar ao
pátio de armas, ali levantou as saias para sair correndo. Queria
alcançá-las, talvez assim lhe permitissem sair de sua reclusão. Só viu
a grande figura que se postou diante dela quando topou contra seu
peito. Connor não iria permitir-lhe que saísse livre.
— Senhora. — Disse franzindo o cenho. — Aonde vai?
Roslyn ficou quieta sobre a ponte levadiça, quando se virou três
soldados McAlister, todos mais altos que um pinheiro, a olharam com
o cenho franzido. Connor até levou as mãos as cadeiras para que ela
notasse que estava aborrecido.
— Queria esticar um pouco as pernas.
— Faça-o aqui dentro. — Disse secamente.
Connor não tinha mais de dezoito anos, mas sua arrogância
quase se igualava a de Alec. Sem dúvida seria um grande laird quando
voltasse ao seu clã, mas até lá, Roslyn estava mais que disposta a
apagar aquele traço característico de sua pessoa. Se tivesse que
suportar a arrogância de alguém, suportaria a de Alec, e a de ninguém
mais. Assim, se dispôs a franzir o cenho e não precisou demonstrar o
tanto que estava irritada. Olhou os outros soldados, nenhum se

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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moveu, só chegaram a assentir diante da exigência de Connor para


que voltasse a entrar.
— Estou segura que Alec não se importará que saia se ficar perto
da muralha.
Se isso não fosse uma mentira, o que seria? Apesar de tudo seu
tom foi mais de tristeza que de raiva. Era muito injusto ser a senhora
do clã e ser tratada como uma prisioneira.
— Senhora, seu marido lhe proibiu taxativamente de sair. — A
voz de Connor chegou aos seus ouvidos com o que parecia certa
surpresa.
Nesse momento ela só conseguiu abaixar a cabeça e suspirar.
— Então, realmente deu ordem para que me tratem como uma
prisioneira. — Não era uma pergunta e nenhum McAlister nem Connor
gostaram de semelhante humor. — Entendo.
Os soldados a olharam com pena. Realmente parecia que a
senhora se importava muito em obter uma relativa liberdade.
— Não se inquiete senhora, será só por um tempo. — Disse o
mais jovem dos soldados McAlister com o que a Roslyn pareceu uma
tentativa de sorriso.
Nem sabiam sorrir!
— Sim, o senhor não quer que lhe aconteça nada de mal. Quando
ele regressar certamente poderá sair com ele.
— E por que poderia acontecer-me algo? — Perguntou com
estranheza. — Não há por que se preocupar, posso perfeitamente
montar a cavalo sem partir o pescoço.
Todos concordaram.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Nós acreditamos senhora, mas não podemos nos arriscar, se


chegar a acontecer algo na ausência do laird, ele nos esmagaria como
moscas.
— Ele não faria isso. — Disse Roslyn levantando o queixo
disposta a defender Alec.
— Claro que faria, é um McAlister. — O soldado que falava
encheu o peito com orgulho.
Roslyn pensou que estava louco, mas decidiu não dizê-lo.
— Você é um de seus bens mais apreciados. — O soldado de
cabelos vermelhos lhe sorriu, Roslyn pensou que tivesse ficado louca,
mas não, o homem falava como um cumprimento!
— Bem? — Perguntou em um sussurro. — Tenho cara de cavalo?
— Não, por Deus. — Os homens a olharam como se estivesse
verde. — Você é uma mulher muito formosa.
— E não sou nenhum bem. — Disse como se não tivesse
escutado o cumprimento. Eles acabaram concordando para não
zangar ainda mais sua senhora.
— Bem. — Connor esfregou as mãos impacientes — Fará o favor
de entrar? Roslyn não recebeu nada bem o pedido de Connor.
Dois dos soldados mais fortes se puseram ao lado dela, quando
ergueu a vista observou Lachlam parando o treinamento que estava
realizando com os homens de Alec. Então Roslyn se deu por vencida,
uma coisa era enfrentar alguém como Connor e outra era enfrentar
Lachlam. Então levantou o queixo para atravessar a ponte levadiça.
Furiosa, queria atirar uma pedra à cabeça de seu marido,
desgraçadamente para ela e por sorte dele, Alec ainda não tinha
intenção de aparecer.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Mas… desejava sua volta. Aquele pensamento a levou a outro,


queria que voltasse para deixá-la sair dali. Ela havia jurado que jamais
voltaria a ficar encerrada e estava faltando a sua promessa. Aquele
pensamento a acompanhou até a hora do jantar.
Passaram-se oito dias desde que Alec saíra. Pensava se ele
estaria bem, o que estaria fazendo, e se pensava nela. Sentiu-se
estúpida. Aquele sentimento que nascia dentro dela não era recíproco.
Então porque se preocupar tanto por ele? Tentou tirá-lo da mente, ele
não a amava nem se importava, seguramente tudo isso de proteção era
para tê-la submetido como todos os homens gostavam.
Bebeu um pouco de cerveja e pegou um pedaço de cordeiro e sem
querer fixou o olhar na cadeira vazia de Alec. Ficou um longo tempo
pensando naquilo que havia prometido não fazer. Quando começou a
brincar com a comida Madeleine chamou sua atenção.
— Por muito que olhe não vai aparecer.
— Eu não quero que apareça. — Disse Roslyn corando quando
sua irmã a pilhou pensando em seu marido.
— Ah, não?
— Não. Sabe que me encerrou aqui entre estes muros? —
Abaixou a voz para que Lachlam, sentado ao seu lado e conversando
com Connor não a ouvisse.
— Deveria agradecer por se preocupar por você.
— Preocupar-se? Por que deveria preocupar-se? — Perguntou. —
O único motivo pelo que deveria preocupar-se é se Henry andasse
solto por aqui e este não é o caso.
Madeleine quase se engasgou ao escutar aquelas palavras. Havia
acertado no ponto, e contudo a possibilidade de haver homens de

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Henry nas terras McAlister era tão irracional para Roslyn que não
aceitara a verdade ainda que sua irmã a revelasse.
— Roslyn, acalme-se, terá suas razões.
— Você permitiria, Madeleine?
Sua irmã não respondeu, em mais de uma ocasião desobedecera
a Lachlam, mas em sua defesa devia admitir que somente o fazia
quando acreditava que ela tinha razão. Deveria admitir também, que
nessas ocasiões saíra-se mal por não obedecê-lo. Assim, não lhe deu o
consolo que ela necessitava.
— Sinto Roslyn, mas aguente mais alguns dias. O que custa?
— Não. — Resmungou. — Amanhã iremos cavalgar, — Assentiu
para por mais ênfase a suas palavras, — como havíamos planejado no
dia em que chegaste. É uma estupidez ter adiado por tanto tempo
somente porque os soldados acreditam que posso quebrar o pescoço.
Como se fosse feita de cristal!
Disse as últimas palavras quase gritando e atraindo a atenção de
Lachlam e Connor. Yuri que também escutara a conversa, pôs ordem
com um comentário engenhoso. Ao mesmo tempo, os homens voltaram
a meter-se em seus assuntos.
Madeleine sabia que não convenceria sua irmã com palavras e
teve que improvisar algo.
— Bom, amanhã sairemos a cavalgar.
Roslyn se acalmou diante daquelas palavras, olhou para Yuri,
não podia dizer que estivesse muito contente com a declaração de
Madeleine, contudo não fez nenhum comentário.
Na manhã seguinte Roslyn estava ansiosa para sair.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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O sol brilhava no alto e ela ficou à janela, com a vista fixa na


distancia, não divisando nem sombra de Alec e não estava disposta a
esperar mais.
Roslyn sorriu satisfeita enquanto se encaminhava aos aposentos
de Madeleine. Tinha estudado até a mudança de turno para que nem
Connor, nem algum soldado McAlister pudessem detê-la.
Lachlam não era um problema. Dentro de uma hora partiria para
controlar suas terras. Somente duas horas de galope separavam suas
terras das outras assim teria que apressar-se antes que seu cunhado
regressasse e não as encontrasse ali.
No entanto toda sua alegria se acabou em um saco rasgado.
Madeleine estava enferma de um repentino mal estomacal e dor de
cabeça.
— Como? — Disse Roslyn incrédula quando Yuri saindo dos
aposentos de sua irmã anunciou que ela estava de cama com fortes
dores.
— Sim, minha menina. Agora mesmo levei-lhe uma infusão que
assentará seu estômago.
Roslyn não sabia o que pensar, tudo se agrupava contra ela.
— Irei vê-la. — Yuri anunciou preocupada.
Com suavidade Roslyn ia bater os nós dos dedos na porta do
quarto, mas parou em frente, porque já estava entreaberta. Escutou
uma risada de mulher, sem dúvida de Madeleine. Roslyn também
sorriu, sua irmã parecia totalmente recuperada.
No entanto o sorriso não durou muito em seu rosto. Sem querer
escutou a conversa que mantinham os dois, algo estranho lhe chamou
a atenção.
— Acredita que sua irmã aceitará essa blasfêmia?

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Por que não? Você acreditou sem esforço.


— Nem por um minuto. — Disse Lachlam soltando uma franca
gargalhada.
— Tem toda intenção de sair, toda esta encenação para retê-la
aqui, imagine a reação de Alec se a encontrar fora.
Roslyn abriu a boca desmesuradamente. Como Madeleine podia
fazer aquilo com ela?
Não conseguia acreditar que Madeleine fosse capaz de tentar
enganá-la de propósito. Colocou as mãos na cintura resolvida a pedir
uma explicação. Ia entrar e soltar tudo na cara, tudo o que pensava,
mas se deteve. Ela também poderia jogar aqueles jogos. A mente de
Roslyn trabalhou com rapidez, até que um malicioso sorriso se
desenhou em seu rosto.
Sem pensar duas vezes entrou no quarto.
— Madeleine? Disseram-me que se encontrava mal. — Disse com
um tom de preocupação que não sentia.
— Assim é. — Apressou-se a dizer a irmã recuperando-se do
susto ao vê-la entrando sem avisar.
Lachlam lhe deu uma olhada e sem dizer nada saiu ao corredor.
Não queria perder aquela representação, mas devia sair dali antes que
suas gargalhadas ensurdecessem as duas mulheres que deixara atrás.
Madeleine, pensou que seu esposo não estivesse de acordo em
fazer todo aquele número para impedir Roslyn de sair da fortaleza.
Sem dúvida ele acreditava que a melhor solução do problema seria
dizer-lhe a verdade. Segundo Lachlam uma mulher tão inteligente
como ela entenderia. Madeleine se negara ao plano, e Alec não o
dissera por que tinha suas razões.
— O que acontece?

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Não sei, encontro-me muito mal.


Madeleine estava metida entre as mantas, usava uma camisola
que chegava até o pescoço, seu tartán estava delicadamente dobrado
sobre a arca aos pés da cama.
— Não a vejo tão enferma.
Sua voz não delatava toda a raiva que sentia. Certamente sua
irmã estava faltando-lhe com a consideração devida. Estaria sofrendo
por ela se tivesse acreditado, por causa de uma brincadeira.
— Estou muito mal, Roslyn. — Fez uma cara de doente para que
Roslyn engolisse sua mentira.
— Quer que mande buscar a Yuri? Tem uns purgantes
fantásticos.
— Não. — Madeleine quase gritou.
— Garanto-lhe que são ótimos, somente um gole basta para
esvaziar o estômago.
Madeleine começava a duvidar que aquele plano fosse acertado.
— Melhor ficar aqui comigo.
— Claro, irmã. — Roslyn pegou-lhe a mão e se sentou ao seu
lado. Realmente sua irmã era muito boa atriz, mas ela seria melhor. O
plano perfeito para dar-lhe uma lição estava ao alcance da mão.
Quando Madeleine acordou Roslyn tinha saído.
Sem querer adormecera aborrecida por ter de ficar na cama. Ao
fechar os olhos Roslyn ainda se encontrava no quarto, fazendo alguns
pontos em seu bordado. Algo que a surpreendera, pois Roslyn odiava
tudo relacionado com as atividades próprias de uma dama.
Madeleine se esticou na cama, não se preocupava com o fato da
irmã não estar ali, sem dúvida Roslyn não sairia para cavalgar sem
ela. Muito provavelmente estaria na cozinha preparando-lhe um caldo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Meu Deus!
Teve um ataque de angústia quando foi pegar seu tartán e ele
havia desaparecido.

Roslyn voltava a ser livre.


Com certeza Madeleine já despertou, pensou com um sorriso
malicioso que mostrava seus dentes brancos como pérolas.
Sem perder tempo, depois que sua irmã adormecera, pegou seu
tartán e abandonou silenciosamente os aposentos. Em seu próprio
dormitório mudou de roupa.
Descer ao salão foi à tarefa mais difícil. Se Lachlam a visse
certamente descobriria todo o engano, pois não podia afastar as mãos
de sua mulher. Realmente teria sido muito embaraçoso, graças a
Deus, o laird não aparecia em nenhum lado, posto que estava
cavalgando rumo a suas terras.
Ao avançar pelo pátio teve bastante cuidado para que os soldados
que passavam ao lado dela não lhe vissem o rosto.
Sem dúvida daria uma boa lição a sua irmã e a todos os soldados
McAlister que a deixaram sair com uma inclinação de cabeça.
No estabulo a esperava seu cavalo, ou melhor dizendo, o cavalo
de Madeleine, que o rapaz de quadras preparou com uma inclinação
de cabeça. Seu cavalo que a acompanhara no longo trajeto desde a
Inglaterra parecia ter o aspecto brioso e sadio de sempre. Bem
alimentado e escovado, seu formoso garanhão, assim como ela estava
curado completamente dos ferimentos. E pensar que o encarregado
das cavalariças pretendera sacrificá-lo. Roslyn balançou a cabeça com
desagrado. Ainda não podia montá-lo, mas logo, pensou, logo o faria.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Quando passou a ponte levadiça quase não acreditou. Voltava a


cavalgar depois de tanto tempo.
Cavalgou por toda a planície com as mãos estendidas para cima e
com o rosto banhado pela radiante luz do sol. A formosa égua de
Madeleine estava muito contente de ser montada por um novo
cavaleiro, certamente não a haviam exercitado como ela estava
acostumada. Roslyn a fez correr ainda mais rapidamente. Ao chegar ao
bosque escolheu um caminho amplo. Olhou os formosos prados as
suas costas e as grandes colinas que deixava para trás. Mais adiante
se fixou nas frondosas árvores que a cercavam.
Entre aquelas belas paragens, Roslyn seguiu adiante alheia ao
perigo que a esperava.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 20

— O quê? — Rugiu Alec. — Deixou-a sair?


— Não, senhor. — O jovem soldado tremia levemente diante dos
gritos de seu senhor.
— Acalme-se Alec — Disse secamente Lachlam.
— Quer que me acalme? Pode-se saber onde estava você
enquanto minha esposa escapava? — Realmente aquelas eram
palavras que Lachlam não queria escutar. Madeleine estava
desesperada ao lado de seu esposo, apertando as mãos com força e
rezando para que Roslyn não sofresse nada. Manteve a cabeça baixa,
ainda não sabia como dizer a Alec que sua esposa lhe roubara o tartán
para escapar passando-se por ela.
O salão permanecia em silencio salvo pelos gritos de Alec.
— Vamos buscá-la — Disse aflita para Fergus.
— Não. — Rugiu. — Eu irei, e quando a encontrar rezará para
não voltar a desobedecer-me.
Madeleine tremeu diante daquelas palavras, o jovem que
conhecera anos atrás acabava de esfumar diante de seus olhos. Todos
os bons modos e o respeito que Alec sentia pelos Kincaid, acabavam de
desaparecer. Horrorizada pensou que se Lachlam se enfrentasse a ele
seguramente o teria despelado. Logo imaginou sua irmã ferida e lhe
revolveu o estômago enquanto os olhos se enchiam de lágrimas.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Encontre-a, Alec.
Quando Alec se voltou para sair, olhou pelo salão e viu afastar-se
suas amplas costas, tensas pela raiva.
— Acredita que lhe fará mal?
— Madeleine! — Lachlam exclamou com incredulidade. Ele
descartou a censura com uma mão.
— Não me refiro a que lhe bata, mas Roslyn sofreu muito, já sabe
que os montanheses tem pouco tato em outros aspectos.
Lachlam sorriu, sabia que sem dúvida sua mulher se referia a
ele.
— Não se preocupe, Alec está enfurecido com ela, não tanto pela
desobediência, mas por colocar-se em perigo. Quando Roslyn perceber
esse fato, então compreenderá como é importante para ele.

— Roslyn!
Ela ouviu uma voz tremendamente familiar quando tirou a
cabeça da água gelada. Virou-se e viu que seu marido a contemplava
do alto de uma rocha.
Sua pose, com as pernas abertas e firmemente apoiadas sobre o
penhasco, era ameaçadora. Estava com uma expressão feroz no rosto
e as mãos descansavam nas cadeiras, sinal que seu humor não era o
melhor.
— Roslyn. — Desta vez não gritou seu nome, mas para ela foi
como se o tivesse feito.
Então adivinhou que era porque a encontrara banhando-se na
laguna. Desobedecera-o, e Alec a pilhara com a mão na massa.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Saia! — Roslyn ergueu as sobrancelhas, mas não se moveu. —


Agora!
Ela fez gesto de obedecê-lo, inclusive assentiu, mas quando
começou a sair da agua percebeu, pelo ar frio que roçava sua pele, que
estava completamente nua. Parou e cobriu os seios com as mãos.
— Saia daí agora! — Alec voltou a gritar.
Roslyn pensou que seu marido se importava bem pouco com o
estado em que ela se encontrava.
— Estou… nua.
Alec pensou que isso era mais que evidente, mas como parecia
que mesmo depois de sua noite de casamento a esposa ainda sentisse
vergonha decidiu virar-se.
— Depressa! — Vociferou de novo.
Depois de alguns segundos quando não escutou o chapiscar da
agua se virou.
As rochas da orla se cravavam nos pés de Roslyn e não conseguia
ser tão rápida como queria. Seu marido se virou antes que ela pudesse
alcançar o tartán dos Kincaid.
Alec ficou com o corpo todo tenso sobre tudo a parte que tinha
sob o ventre. Era como ter uma visão.
Roslyn estava completamente nua, se abraçando, tentando cobrir
os seios que se entreviam brilhantes entre seus braços. Diminutas
gotas de agua lhe salpicavam todo o corpo e resvalavam entre os seios
e sobre o ventre. Alec se sentiu duro de puro desejo quando viu os
cachos entre as pernas. Aturdida pelo escrutínio se abaixou
rapidamente e se envolveu com o tartán de sua irmã.
Antes que pudesse perceber, a tortura de observá-la
completamente nua havia acabado, pelo menos era isso que

LRTHistóricos· 209
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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acreditava. O tartán dos Kincaid cobria parcialmente suas pernas,


seus ombros ainda continuavam nus e seus cabelos longos e
molhados desprendiam pequenas gotas que empapavam a roupa e o
rosto.
Ela o olhou com seus estranhos olhos penetrante e Alec quase
sucumbiu ao desejo de apertá-la contra o peito, a ponto de desfalecer
de alivio. Estava a salvo e parecia tão vulnerável que só tinha vontade
de aconchegá-la e beijá-la como se não fosse mais que uma menina,
de fato sua expressão era a de uma menina pilhada em uma
travessura.
A seguir se afastou, descartando a ideia de voltar a abraçá-la e
beijá-la como sonhava todas as noites que estiveram separados.
Aquela mulher o desobedecera de propósito, e não poderia passar por
alto que ele tinha sido muito explícito quanto a não sair da fortaleza.
Sentiu como a fúria de guerreiro se apoderava novamente dele.
Desceu do penhasco e se apressou a ir para junto da sua mulher.
Caminhou para ela e não parou até que a teve presa pelos braços.
Ela sem dúvida esperava uma bofetada porque apertou os olhos e
afastou o rosto. Alec não sabia como reagir diante daquele gesto. Não
sabia se a beijava e lhe dizia que ele jamais a golpearia ou
simplesmente lhe gritava que se sentia ofendido pelo simples fato de
pensar que ele fosse lhe bater.
— Roslyn, olhe-me.
A ordem foi firme, mas não tão áspera como ela esperava. Seu
esposo lhe falou com relativa calma.
— Alec, sei que está zangado comigo, mas…
— Alegro-me que saiba quais são meus sentimentos, porque sou
consciente que às vezes não os expresso com a suficiente clareza.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Ou não, esposo, sempre é muito expressivo, sobre tudo


quando está zangado. — Alec se sentiu frustrado ao ver como sua
esposa era inocente.
— Diga-me Roslyn. Também expresso bem minhas ordens?
— Você expressa às ordens melhor que qualquer outra coisa.
Após dizer aquilo se arrependeu, mas sem dúvida não poderia
voltar atrás.
Abaixou a cabeça envergonhada e tentou cruzar as pernas e
cobrir melhor seu corpo com o tartán. Alec era consciente de que se
não a cobrisse com alguma roupa, Roslyn logo estaria deitada no chão
de boca para cima.
Foi até sua montaria para pegar um tartán dos McAlister. Sem
nenhuma contemplação arrancou o tartán dos Kincaid do corpo dela.
Roslyn ficou estupefata pela rudeza de Alec, depois admitiu que ele
tinha muitos motivos para não mostrar-se carinhoso com ela.
Alec tentou não fazer caso do desejo que lhe provocava pensar em
sentir sua mulher entre os braços. Com movimentos rudes vestiu-lhe a
camisa interior e um vestido leve de cor verde pálido. Roslyn não
protestou por ele a tratar como uma menina. Depois quando esteve
vestida, Alec lhe colocou o tartán como correspondia.
— Estas são suas cores agora, Roslyn, não volte a esquecer isso,
nunca.
— Não. — Sussurrou hipnotizada pelo forte queixo de Alec.
Recordou como Alec ficara feliz quando a vira usando seu manto,
não era de estranhar que estivesse furioso com ela por ter vestido as
cores de outro clã.
— Não queria usar as cores de Lachlam — disse desculpando-se.
— Era a única forma de sair sem que me vissem.

LRTHistóricos· 211
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Estúpida!
Cobriu a boca com a mão. Tinha feito bem, mas não eram coisas
para recordar ao seu esposo. Só notou ao ver a fúria de Alec se
intensificando. Ela não queria vê-lo assim. Rezou para que ele
percebesse que aquilo que fizera não era tão grave. Sem que ele
pudesse evitar, Roslyn ergueu-se na ponta dos pés e beijou-o nos
lábios.
Muito bem, pensou Roslyn quando Alec apertou os lábios e não
correspondeu ao seu beijo. Agora além de estúpida, era uma maldita
manipuladora.
Alec sabia que ela o beijava para fazê-lo esquecer que merecia um
severo castigo, como também sabia que sua mulher queria aprofundar
o beijo.
Resistiu muito pensando que ali não era o lugar nem o momento.
Os três homens que Henry havia enviado ainda não tinham aparecido
e muito provavelmente se encontrariam ainda em suas terras,
escondidos em alguma parte. Aquele bosque parecia ser um bom
lugar, não podia deixar passar aquele detalhe por alto.
Roslyn sentiu a hesitação do marido quando voltou a beijá-lo.
Alec nem abrira os lábios. Parecia muito zangado.
Com movimentos rudes a agarrou pelo cotovelo e a levou até sua
montaria, mas antes de erguê-la ela o olhou fixamente em súplica.
Alec se amaldiçoou ao notar sua ereção que aumentava só pela visão
de sua esposa.
O bosque estava calmo, somente se escutava o trinar dos
pássaros e os cascos dos cavalos que esperavam seus cavaleiros se
decidirem.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Os homens de Henry não estavam por ali ou ele o saberia, seu


instinto o diria, mas onde demônios se escondiam aqueles malditos?
Roslyn viu como Alec apertava os dentes e fixava seu penetrante
olhar a frente.
— Suba à montaria, cavalgará comigo.
— Alec, não se zangue comigo. — sua voz parecia contraída pela
pena, mas ele não a olhou. — Juro que não tornarei a desobedecê-lo,
só queria sair, estava ficando louca lá dentro.
Bufou. Já sabia que não havia desobedecido somente para
provocá-lo, o fizera sinceramente porque não aguentava estar
encerrada entre quatro paredes, e acaso poderia culpá-la disso depois
de ter sido tratada tão cruelmente por seu primeiro esposo? Ao vê-la
tão pesarosa, Alec só conseguia pensar em perdoá-la. — O que vou
fazer com você?
Então sem mais a beijou.
Abaixou os lábios até a boca de Roslyn e o beijo foi tão
apaixonado como sempre. Sua língua penetrou em sua boca com um
apetite devastador. Só então, Alec teve consciência de quanto a
maltratara.
Roslyn sentiu um nó em seu estômago, sentindo que se estivesse
em pé seus joelhos teriam se dobrado, mas não estava e só podia
abraçar-se a ele para demonstrar-lhe quanto o adorava.
Passou os braços em torno do pescoço e se apertou contra ele até
que seus seios se amassaram contra o torso musculoso e seminu de
Alec. A pele dele era cálida e cheirava a cavalo e suor. Um aroma que
para Roslyn não era nada desagradável.
Alec notou como o desejo crescia em seu interior. Sua ereção era
completa e pensou que seria um bom momento para parar antes de

LRTHistóricos· 213
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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atirá-la ao chão e fazerem amor, demonstrando-lhe todas as ânsias


que havia acumulado durante aquela semana.
— Roslyn. — Sussurrou enquanto lhe beijava o pescoço com
ímpeto. Deslizou sua língua até sua orelha e mordeu-a com suavidade.
Escutou-a ofegar e, sem que pudesse fazer nada, Roslyn lhe
jogou os braços ao pescoço e ergueu as pernas, enroscando-as em sua
cintura. Alec grunhiu ao notar como sua esposa erguia o vestido
enquanto introduzia a língua em sua boca. Avançou dois passos até
ficarem apoiados contra o tronco de uma árvore.
Alec pegou-a pelas nádegas, já não estava disposto a detê-la.
Quando ela agarrou seu membro e o guiou para si, Alec a abraçou
contra seu peito e afundou a cabeça em seu pescoço, não querendo ser
responsável pelo que estava acontecendo. E o que estava acontecendo
era que no meio do bosque com uns assassinos que tentavam matá-la,
sua mulher estava fazendo amor com seu garanhão.
Roslyn moveu os quadris e se deixou cair uma e outra vez,
inserindo-se sem descanso sobre seu membro.
— Alec.
Ele não respondeu, seus embates eram rápidos e profundos e
Alec pensou que não aguentaria muito mais. Voltou a por suas mãos
nas nádegas e apertou enquanto a levantava uma e outra vez para
penetrá-la melhor.
Roslyn se sentia perversa, mas também maravilhosamente
desejada. Voltar a ter seu esposo tão perto, e dentro dela, a fazia
sentir-se poderosa e segura.
Um nó se formou em seu interior, se contraiu involuntariamente
ao notar os primeiros estremecimentos do orgasmo.
— Oh, Alec!

LRTHistóricos· 214
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn o olhou intensamente. Alec mantinha as mandíbulas


apertadas e os olhos cravados nela.
Roslyn notou como se derramava em seu interior quando ao
mesmo tempo apertava os lábios para não gritar, mas gostara, tinha
deixado seu esposo satisfeito e isso a fez sorrir.
Alec não sorriu quando a deixou no solo e as saias do vestido
caíram de novo como se nada tivesse acontecido.
— Vamos!
Subiu-a ao seu cavalo, assegurando-se que o de Madeleine
ficasse preso e os seguisse.
Quando ambos estavam sobre a montaria, o silencio foi
ensurdecedor.
Alec olhou os cabelos negros e sedosos de sua mulher. Estava
muito zangado com ela, e consigo mesmo. Repreendeu-se por ter feito
amor com Roslyn no bosque, fora uma insensatez, um risco
desnecessário, mas também fora inevitável.
Roslyn se apertou contra o peito de Alec e viu como a inteligente
égua de sua irmã os seguia trotando. Aspirou o aroma de Alec,
cheirava a almíscar, como devia cheirar um homem satisfeito.
Sorriu com arrogância e pensou que estava se contagiando de
seu esposo.
— Esposo? — Perguntou inocentemente. — Está zangado
comigo?
— Sim. — O tom duro de Alec a fez dar um salto.
— Por ter desobedecido ou pelo que acaba de acontecer?
Alec demorou tanto a responder que Roslyn acreditou que não
iria fazê-lo.
— Por ambas as coisas.

LRTHistóricos· 215
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Acaso não o deixei satisfeito? — Disse com verdadeira


preocupação na voz. Alec se remexeu inquieto em sua montaria.
— Sim, o fez.
Alec se sentia aliviado por Roslyn não ver sua expressão,
inclusive curvou os lábios para cima com um sorriso cálido.
— Tenho de dizer que ninguém conseguiu seduzir-me como você.
A gargalhada de Roslyn lhe encheu os sentidos de uma doce
calidez. Satisfeita se recostou uma vez mais contra seu torso
musculoso.
Era uma desavergonhada pensou, certamente o que acabava de
fazer mesmo entre esposos era pecado. Não pensou muito na pequena
pontada de remorso, sem dúvida se confessaria e o padre Callum lhe
daria uma boa penitência, mas fosse o que fosse, valera a pena gozar
assim com Alec.
Não percebera quanto lhe agradava. Tudo em Alec lhe agradava,
era tão forte, e bom com ela, ainda que um pouco teimoso. Roslyn
sorriu, era muito rude e teimoso em seus modos, mas jamais lhe faria
mal. Assim o disse, como também havia dito que a protegeria de si
mesma.
Então recordou algo.
— Suas terras são perigosas, marido?
— Minhas terras são seguras.
— Não há malfeitores nem assaltantes nos caminhos?
— Exato. — Alec voltou a apertá-la entre seus braços quando
tomou as rédeas. — Minhas terras são seguras.
— Menos para mim? Murmurou Roslyn o suficientemente alto
para que ele a ouvisse. Tentou ver seu rosto, mas Alec a apertou
contra seu peito.

LRTHistóricos· 216
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Responda-me Alec. — Voltou a sussurrar.


— Responder o quê?
— Porque para mim são perigosas as suas terras?
— Eu não disse isso.
— Contudo não me deixa sair, nem com escolta. Por quê?
Silencio.
— Falaremos disso em casa.
Roslyn sabia que algo andava mal. Pensou que tinha de haver
alguma razão para mantê-la encerrada entre aqueles muros. Pensou
naquilo, varias ideias perturbavam sua mente, mas uma se destacava
sobre as outras, talvez Alec temesse que Henry enviasse mais homens
para matá-la ou sequestrá-la. Ou talvez já os teria enviado?
— Não acredito que os homens de Henry tenham coragem para
atravessar todas as Highlands para chegar até aqui e me procurar nas
terras de Kincaid.
Notou como o corpo de Alec ficou tenso.
Então Roslyn acreditou que seria verdade. Retorceu-se para olhá-
lo aos olhos, mas foi inútil.
— É isso, não é? — Perguntou comovida pela preocupação de
Alec.
— Roslyn cale-se, falaremos em casa. — Repetiu.
Não que Alec não quisesse responder-lhe, mas aquele lugar do
bosque era perigoso, o pequeno claro se situava entre duas grandes
rochas e era ideal para uma emboscada.
Alec se relaxou, só quando restavam alguns metros para sair dali
e avistar os muros do castelo. Não deveria preocupar-se, era
perfeitamente capaz de cuidar da sua mulher.

LRTHistóricos· 217
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Olhou seu rosto e a viu sorrir, mesmo depois de falar-lhe em tom


tão tímido. Ela não tinha medo, confiava em que estando com ele nada
de ruim aconteceria. Pensou que nada lhe agradava mais que ver
aquela devoção nos olhos de Roslyn.
Alec respirou tranquilo, enquanto saiam do espesso bosque para
a planície.
Se olhasse no horizonte poderia vislumbrar seu castelo, situado
em um pequeno montículo do qual podia controlar todas as terras
McAlister, inclusive as situadas além do bosque.
Logo seus sentidos voltaram a ficar em alerta. Afastou
bruscamente o cavalo e Roslyn soltou uma exclamação pela surpresa.
Uma flecha passou silvando perto de seu rosto, causando-lhe um
corte.
— Segure-se Roslyn. — Alec gritou enquanto esporeava o cavalo.
A égua de Madeleine ficou atrás, mas o garanhão de Alec correu
como louco até a fortaleza McAlister.
Ela se alarmou ao ver que o sangue do rosto salpicava seu tartán.
— Alec, meu Deus, está sangrando.
Ele não respondeu, voltou a lançar um grito e Roslyn não sabia
muito bem por quê.
— Alec!
Ergueu a cabeça e olhou sobre seu ombro. Invadiram-na as
náuseas e quase enlouqueceu de preocupação, quase desmaiando de
angustia ao ver que uma segunda flecha estava incrustada sobre o
ombro direito de Alec.
— Alec! — Gritou desesperada.

LRTHistóricos· 218
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ele continuou cavalgando, tentando cobrir Roslyn com seu corpo


e ela o abraçou tentando cobrir as costas de Alec, para que nenhuma
outra flecha o alcançasse.
Ao afastar-se do bosque ela soube que as flechas já não eram um
perigo. Contudo não conseguiu deixar de olhar para as altas copas das
árvores.
Lá, ao longe conseguiu ver a familiar figura de um homem.
Henry.

LRTHistóricos· 219
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 21

— Lachlam! — Gritou Roslyn cheia de angustia ao atravessar o


portão que levava ao pátio de armas.
Connor e os outros soldados, que nesse momento estavam
treinando no lugar, ao perceberem o pânico desenhado na cara de sua
senhora olharam a imponente figura do laird que permanecia esguia e
imóvel no lombo de seu cavalo. Não demoraram a perceber a flecha
atravessando seu ombro.
Connor correu até ficar ao lado da montaria, com a ajuda de dois
soldados, desceram-no com cuidado. Roslyn com as lágrimas correndo
por seu rosto se precipitou atrás deles quando o levaram ao interior da
fortaleza.
Roslyn observou seu esposo quase desmaiando de angústia.
Tanto seu tartán como o de Alec estavam manchados de sangue,
sangue demais, pensou com as lágrimas nublando seus olhos. Alec
desmaiara, certamente não de dor, mas por causa do sangue perdido.
Ao entrar no salão viu Lachlam e Madeleine. Eles arregalaram os
olhos ao ver Alec entrar naquelas condições.
— Meu Deus. — Madeleine levou as mãos ao rosto incapaz de
falar. — O que aconteceu? — Lachlam perguntou furioso.
Ninguém respondeu, mas Roslyn viu os olhos acusadores
dirigindo-se para ela, e só continuou chorando. O grito de Yuri foi

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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ouvido por cima de seu pranto e Fergus se precipitou para segurar sua
irmã.
— Rápido, levem-no ao seu quarto. — Ordenou Yuri, quase sem
fôlego, enquanto subia frenética os degraus de pedra.
Roslyn deixou de chorar e os seguiu com o medo estampado nos
olhos.
Quando os soldados o colocaram na cama, Yuri pediu todo o
necessário para os curativos e ordenou que a deixassem sozinha.
Fergus resmungou até convencê-la que ficaria. Os outros saíram,
exceto Roslyn que se recostou contra a parede olhando atentamente a
fraca respiração de Alec.
Se o perdesse ficaria louca.
— Deixe-me estar ao seu lado. É meu esposo. — Disse finalmente
com os lábios trêmulos. Certa que aquilo justificaria sua presença ali.
Yuri assentiu, não tinha coragem de negar nada em seu estado.
Fergus estava tomado pela raiva.
— Se não tivesse escapado nada disto teria acontecido!
Yuri o olhou querendo lançar uma clara censura, contudo
permaneceu calada voltando a concentrar-se em sua tarefa. Roslyn
sentiu o coração dolorido por um desagradável sentimento de culpa.
Fechou os olhos para não voltar a chorar. Sabia que Fergus tinha
razão e não queria responder a acusação, acreditava merecer todas
aquelas palavras prejudiciais.
Roslyn se ajoelhou ao lado da cama para sussurrar no ouvido de
Alec o quanto sentia.
— Sinto. — Murmurou segurando-lhe a mão.
As desculpas eram dirigidas ao seu marido, contudo, Fergus ao
ver a expressão de sincera angustia nos olhos de sua senhora, se

LRTHistóricos· 221
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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sentiu culpado pela acusação que lhe fizera antes. Afinal ela não sabia
quem estava rondando pela fortaleza, talvez o erro tivesse sido seu por
não adverti-la.
Roslyn contemplou Alec que estava de barriga para baixo, pálido
como cera.
Sabia que Henry era um excelente atirador, claramente queria
matar Alec com sua primeira flecha, e lhe teria acertado no pescoço se
não houvesse manobrado como fez. A segunda provavelmente seria
para ela. Se Alec tivesse caído do cavalo provavelmente ela não estaria
viva. Tremeu só em pensar.
Escutou como Yuri a chamava, sua voz parecia vir de longe como
em um sonho. Lentamente virou a cabeça para ela.
— Se vai ficar, ajude-me. — Ordenou à anciã. Ela assentiu e viu
como lhe estendia uma adaga.
— O que quer que faça com isto?
— Corte-lhe as roupas. — Yuri balançou a cabeça como se as
coisas não estivessem boas para Alec. — Teremos que extrair a flecha.
Ela assentiu. Com cuidado para não tocar na flecha que saía de
suas costas, rasgou as roupas em pedaços. Instantes depois Alec só
mantinha parte de seu tartán que lhe servia como saia. O sangue
marcava pequenos rios sobre suas costas, e Roslyn temeu que
acabasse por sangrar até a morte. Instantes depois sua saia também
estava empapada.
Fergus se apressou a tirar-lhe o resto das roupas e as botas,
depois Yuri o cobriu com um suave lençol de linho. Roslyn observou
toda a cena sem dizer palavra.
— Agora, segure-o — disse a Fergus.

LRTHistóricos· 222
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ele obedeceu. Roslyn que acariciava os cabelos de Alec viu como


ele abriu os olhos quando Yuri lhe extraiu a flecha.
— Alec — Roslyn voltou a soluçar.
Seu esposo permanecera consciente durante todo o tempo,
contudo a dor era muito forte para abrir os olhos e fingir que não doía.
Concentrou-se para não gemer quando a ponta de ferro lhe foi extraída
do corpo.
— Peça que me tragam mais água quente. — Fergus se apressou
a obedecer.
Roslyn limpou o ferimento sob a orientação de Yuri. Alec não
deixava de olhá-la. Sua esposa parecia sinceramente angustiada, isso
o satisfez e também a forma com que ela estendera seus braços por
suas costas quando a flecha se cravara em seu ombro, sem dúvida
com a intenção de protegê-lo. Esse pensamento ficou no fundo de seu
coração e prometeu não esquecê-lo.
— Alec — Roslyn sussurrou junto ao seu ouvido enquanto Yuri
se apressava a trazer mais bandagens. — Meu senhor, perdoe-me.
Alec fechou lentamente os olhos, as forças o abandonavam.
— Oh, Alec eu o amo tanto, não pode me abandonar agora.
Yuri escutou as palavras. Sabia que o laird sobreviveria e estaria
mais que satisfeito em ouvir semelhante confissão.
— Yuri, ele desmaiou. — Disse com urgência, não sabia se era
bom ou ruim.
— Não se preocupe, agora deve descansar. — A forma
tranquilizadora como o disse influiu em Roslyn.
— Não vai morrer, não é? — Perguntou esperançosa. — Yuri se
apressou a negar com a cabeça.
Aquela noite Roslyn passou ao seu lado, velando seu sono.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Yuri se oferecera para cuidar de seu neto, mas ela não quis sair
dali. Deitou-se por alguns instantes aos pés de Alec e abraçou suas
pernas enquanto começava a rezar.
Na manhã seguinte Roslyn despertou na mesma posição que
havia adotado durante parte da noite. Repousara a cabeça sobre as
pernas de Alec enquanto lhe segurava a mão, como se aquele gesto
pudesse lhe dar forças.
Roslyn observou Alec e viu que estava com uma cor melhor.
— Alec.
A doce voz de Roslyn o despertou. Ele abriu os olhos com
preguiça. Quando a viu esboçou um fraco sorriso. Sua esposa era uma
mulher formosa mesmo na primeira hora do dia. Observou-a
atentamente, tinha olheiras de verdadeira preocupação e seus cabelos
embaraçados diziam que aquele peso que sentira sobre as pernas a
noite era ela.
Roslyn se incorporou até sentar-se ao seu lado na cama, passou
a mão pela fronte e verificou que não tinha febre. Graças a Deus o
ferimento não se infectara.
— Alec, Yuri disse que ficará bem.
— Não me diga que estava preocupada por isso?
Sua voz soou incrivelmente clara. Roslyn se surpreendeu por ele
e se alegrou. Estava tão contente que abraçou Alec antes que ele
pudesse protestar.
— Passei tanto medo, Alec. — Sua voz levava a ameaça de voltar
a chorar.
— Deveria confiar mais em seu esposo.
— Confio. — Confessou, como poderia ser de outro modo? — Mas
não posso deixar de me angustiar.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Eu sei.
Alec recordou a expressão de seu rosto antes de cair em um
profundo estado de inconsciência. Também recordou as palavras que
disse antes que isso ocorresse. Eu te amo.
Não fora um sonho, ela o confessara, realmente sua esposa o
amava. Alegrou-se tanto que não perguntou o porque. Meditou quando
sua mente esteve suficientemente clara.
A verdade o golpeou como um martelo. Ele também a amava.
Franziu o cenho diante da surpresa. Ele não poderia amá-la,
prometera a si mesmo não fazê-lo, não queria voltar a ser traído.
Fixou os olhos em Roslyn que lhe retornou o olhar cheia de
preocupação. Não queria e contudo ali estava aquele amor que havia
crescido não sabia como. Talvez apaixonar-se por ela não fosse tão
ruim.
— Ocorre algo? Perguntou Roslyn contrariada por sua reação.
— Nada, só que acabo de perceber uma coisa.
— O quê?
— Já lhe direi.
Logo. Pensou, logo quando tiver a mente clara, e meditar os prós
e os contras de amar uma mulher como aquela.
Passaram alguns minutos em silêncio enquanto ela o abraçava
docemente.
— Alec. — Agarrou-lhe delicadamente a mão e se ajoelhou ao seu
lado até que seus olhos estivessem na mesma altura.
Alec estava deitado de barriga para baixo, a firme bandagem
continuava limpa e as dores pareciam ter diminuído
consideravelmente com as ervas de Yuri.
— Vi quem disparou em você.

LRTHistóricos· 225
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ele não soube exatamente o que responder. Ficou calado, não


tinha motivos para falar ou perguntar, ele também sabia quem era o
causador de seu estado.
— Foi Henry.
— Tem certeza? — Perguntou sem ânimo.
— Absoluta. Jamais esquecerei sua cara e aqueles olhos. —
Roslyn sentiu o corpo de seu esposo enrijecer.
— Não sairei mais, prometo. — Disse olhando-o aos olhos. —
Juro que eu não sabia que andava por perto.
Ali estavam as lágrimas em seus olhos outra vez. Alec se sentiu
cheio de remorsos.
— Mas eu sim. — Aquelas palavras a surpreenderam tanto que
ficou sem fala.
— Você sabia? — Perguntou meio aturdida.
— Sim.
— E não me disse nada.
Sim, Alec era um péssimo esposo e ela uma mulher desobediente,
aqueles defeitos poderiam ter lhes causado a morte. Deveriam ter
aprendido a confiar um no outro, mas Alec temia confiar em alguém,
embora temesse muito mais perdê-la.
— Não queria preocupá-la.
— Maldição! Alec, eu acreditei que você queria me manter presa
aqui.
Roslyn enxugou os olhos com o dorso da mão, aborrecida a ponto
de ficar furiosa e o fulminou com o olhar.
— Não era isso.
— Agora eu sei, esposo.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ela confiara em Alec e contudo ele lhe escondera um fato tão


importante como o de que seu antigo esposo andava por perto
certamente para matá-la e ainda pior, matar Alec.
— Por que me ocultou isso? — Se soubesse que Henry estava
perto não teria saído.
— Com certeza?
Roslyn o olhou. Sabia exatamente a que se referia.
— Não teria saído para clamar pela vingança. — Disse
firmemente.
Sabia que Alec não acreditaria, inclusive para ela era difícil
acreditar em semelhante coisa, porque sem dúvida teria gostado de
cravar-lhe uma flecha entre as sobrancelhas.
— Agora você está aqui, — disse para tranquilizá-lo — e como
uma vez me prometeu, sabia que me protegeria. — Sua voz estava
calma. — Agora tenho você para me defender, não é?
Como Alec não podia acenar com a cabeça se limitou a olhá-la.
— Já não preciso pensar em vingar-me, sozinha.
— Exato.
— Diga-me. — Roslyn se aventurou a mostrar um sorriso no
rosto. — Isso teria matado seu orgulho, certo? Refiro a me vingar
sozinha estando você ao meu lado para matá-lo.
Ele não respondeu. Finalmente depois de meditar decidiu dizer-
lhe a verdade.
— Não teria gostado. Você tem direito de matá-lo e me consta que
pode fazê-lo, mas realmente quero que esse bastardo morra pela
minha espada.
Roslyn não revelou nenhuma emoção por aquelas palavras ainda
que se sentisse tremendamente satisfeita por ter semelhante marido.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Como disse, você é minha, e eu cuido do que é meu.


Ela riu. Alec acreditava que ficaria furiosa, mas não foi assim.
Suas palavras o deixaram sem fala.
— E eu pela primeira vez gosto de pertencer a alguém e a um
lugar.
Roslyn pousou suavemente seus lábios no rosto de Alec. Ele se
virou suavemente e prendeu seus lábios em um beijo tão doce que os
olhos de Roslyn se encheram de lágrimas.
— Não se mexa Alec, poderia abrir o ferimento.
Ele fez o que sua esposa disse, ainda que por seu olhar Roslyn
sabia que quando se recuperasse passaria algum tempo mais na cama
e não precisamente descansando.
— Agora descanse.
Alec não queria descansar, mas continuava tão esgotado que
dormiu com aquele pensamento.

Depois que Alec passara três dias na cama, Roslyn comprovou


que seu esposo não era bom paciente. Ainda que parecesse se
recuperar mais rapidamente do que ela acreditava possível, Roslyn se
sentia frustrada cada vez que o via levantar-se e tentar se vestir.
— Isso não fará você se recuperar mais depressa, a única coisa
que conseguirá será bater a cabeça. Volte para a cama!
Não foram poucas as vezes que Roslyn repetiu aquelas palavras,
mas Alec não obedecia até que Lachlam ou Fergus entrassem e bravos
o deitavam de novo no leito. Mesmo com todos os pequenos percalços,
Roslyn, estava feliz por ele, mas às vezes tinha uma pontada
desagradável no coração cada vez que se recordava da presença de

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Henry. Ele estava ali muito perto, quase tão perto que podia sentir
novamente o medo crescer em seu íntimo.
Lachlam havia revistado o bosque depois do ataque, mas não
encontraram nada, nem um pequeno indicia de que Henry estivesse
por ali. Ela não se surpreendeu por ele, sabia que Henry era
extremamente inteligente, nisso se parecia a Alec, a única diferença
entre ambos era o fato de um ser nobre e de bom coração enquanto o
outro um assassino impiedoso.

Dora saiu da arcada que comunicava a cozinha com o salão e


encontrou Roslyn abstraída com seus pensamentos sentada à grande
mesa que precedia a sala.
— Minha senhora. — Disse ela se aproximando.
— Sim? — Roslyn se sobressaltou ao perceber sua presença. —
Chegaram às verduras para abastecer o castelo.
Roslyn assentiu. Tomara gosto para conduzir a casa, e gostava de
estar informada de todos os desenvolvimentos domésticos que
aconteciam na fortaleza, embora desde que Alec esteve de cama,
Roslyn não prestava muita atenção aos seus deveres, suas horas e
minutos eram para seu esposo.
— Muito bem, isso é tudo? — Perguntou com um sorriso. Dora
negou com a cabeça.
— Trouxeram uma nota para você, uma das mulheres disse que
um rapaz lhe entregou nas portas do castelo.
Roslyn pegou a nota cuidadosamente dobrada, e franziu o cenho.
— Não sabe quem a envia.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Não, minha senhora, tudo é muito misterioso, não acredita?


Roslyn assentiu de novo.
Pegou a nota com mãos tremulas, não sabia o porque daquela
sensação de angustia, mas não podia ser nada bom.
— Pode retirar-se.
Dora saiu, deixando sua senhora com uma sincera preocupação.
Desdobrou a nota e reconheceu a polida caligrafia.

Virá se reunir comigo ou também terei que passar a fogo e espada


as terras de seu marido bárbaro?
Seu amado, Henry.

Roslyn quase gritou de horror.


Salvara sua irmã no convento se entregando de novo a Henry,
deveria fazer o mesmo por sua gente e por Alec? Talvez se renunciasse
a Alec e voltasse a se casar com Henry ele ficasse satisfeito e deixasse
em paz o seu montanhês.
Soube que Henry voltava a ganhar. Deitou-se chorando sobre o
banco do salão. Só restava uma coisa a fazer, salvar todos os que
amava das garras de Henry.

Capítulo 22

LRTHistóricos· 230
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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As sombras do anoitecer a ocultaram enquanto deslizava para


fora da fortaleza. Antes do portão se fechar e a ponte levadiça cortar a
passagem a qualquer amigo ou inimigo, Roslyn, escapou.
Abaixada aos pés da muralha esperou escurecer para que sua
figura fosse quase invisível aos olhos do guardião postado sobre o
parapeito. Deus não parecia ajudá-la com a decisão que tomara,
porque uma lua cheia iluminava todo o vale apesar do cair da noite.
Porém quando ela se ocultou atrás de uma espessa nuvem carregada e
a obscuridade foi mais notória, começou a correr rumo ao bosque.
Não sabia onde encontrar Henry, mas sabia que ele a
encontraria.
Ao entrar no espesso bosque e se ver rodeada pelas altas árvores
que pareciam fantasmas na noite, deteve o passo por medo de se
perder.
Esfregou os braços para afastar o frio que sentia e decidiu
continuar avançando para se esquecer dele. Enquanto penetrava no
bosque seu medo foi aumentando, as lâminas perenes desenhavam
sombras sobre ela quando a lua cheia voltava a aparecer por trás das
nuvens passageiras.
Seus pensamentos vagaram do homem a quem amava estendido
na cama atrás das muralhas do castelo ao homem que odiava, e com
certeza rondava por perto. Que novo castigo Henry inventaria, agora
que ela voltava a ficar a sua mercê? Pensou que logo descobriria.
Continuou avançando, não havia sinais de alguém com vida
naquelas paragens escuras e densas. Olhou as copas das árvores, de
onde Henry saíra na última vez que o avistara, quando atacara Alec
dias atrás.

LRTHistóricos· 231
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Controlou um grito de pânico quando, sem prévio aviso, uns


braços fortes a rodearam pelos ombros e cintura. O odor era
inconfundível e sempre lhe provocavam pânico e nojo do primeiro
marido, quando o sentia.
— Já tenho de novo a minha pequena ingênua. — Disse
puxando-lhe os cabelos até fazê-la gritar. — Não acreditava realmente
que poderia escapar de mim, não é?
— Não. — Sussurrou entre soluços.
Sabia que se não se mostrasse submissa tudo iria piorar.
Quando a arrastou pelos cabelos até chegar aos pés da lagoa e a
derrubou ao chão dolorida, soube que jamais deveria ter abandonado
a segurança de seu lugar, desgraçadamente agora era muito tarde
para escapar.
Alec não poderia correr em seu resgate, ainda estava muito fraco
para isso, e Lachlam, estava de volta à fortaleza Kincaid tentando
organizar seus homens para o esperado ataque de Henry. Mas o que
fora seu esposo não trouxera com ele um exército, não era assim? Fora
uma idiota por acreditar em suas palavras.
— Não há nenhum exército para arrasar estas paragens, certo?
— Minha senhora, — a horrenda gargalhada de Henry a fez
sentir-se novamente insignificante — não trouxe comigo nenhum
exército, mas o certo é que minhas ameaças não são de todo falsas. —
ela ficou calada, escutando-o. — O certo é que tenho um exército na
Escócia que posso utilizar a qualquer momento. Não sabe os amigos
que fiz por estas terras, meu amor.
Henry, levantou Roslyn do chão e amassou seus lábios contra os
dela. Ela nunca sentira mais repugnância e terror, e a qualquer
momento iria desmaiar e talvez fosse o melhor.

LRTHistóricos· 232
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Começou a soluçar de novo. Pensava em Alec, e sofria por ter


saído sem se despedir, sofria simplesmente por ter saído.
Recordou que lhe dissera que o amava, mas ele nem a tinha
ouvido, assim, nem tinha o consolo de que Alec soubesse seus
verdadeiros sentimentos. Agora era muito tarde.
— Roslyn. — Disse com uma mão aprisionando sua nuca. —
Disseram que se casou. — Balançou a cabeça com desgosto.
Roslyn podia vê-lo perfeitamente sob a luz esbranquiçada que se
desprendia da lua. Sua cabeleira ruiva e suas suaves faces não
conseguiam ocultar o demônio que levava em si. Sorriu e uma
perolada fileira de dentes brancos lhe demonstrava com seu sorriso o
quanto usufruía de seu triunfo.
Aqueles olhos verdes, astutos se cravaram nela e a fez estremecer
e tentar recuar.
— Desgraçadamente esse pequeno detalhe me obriga a esquecer
meus bons propósitos de deixar em paz esse bárbaro McAlister que lhe
deu cobertura.
Ela arregalou os olhos.
— Não! — Gritou. — Você disse que se eu saísse o deixaria em
paz.
— Disse isso? — Perguntou inocentemente com um sorriso, —
mas como já lhe disse, o fato de estar casada com ele, muda tudo. Não
deveria ter fugido de mim, vê o que provocou?
Ele a estava distraindo, mas não se deixaria enganar tão
facilmente. — Você já sabia que estava casada quando me enviou
sua nota.

LRTHistóricos· 233
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Sim. — Henry balançou a cabeça com desgosto. — É muito


tola Roslyn. De verdade acreditou que deixaria esse porco vivo depois
de lhe tocar e possui-la?
Henry a apertou mais contra si. Sua mão apertava sua garganta
e retorcia seu braço sem a mínima compaixão.
— Já sabe que não posso fazer isso, nem sei o que fazer com
você. Disse-lhe uma vez que não fugisse de mim. — Balançou a cabeça
com desgosto ao mesmo tempo em que acrescentava — Terei que
inventar algo novo e doloroso para que não lhe ocorra repetir isso.
Roslyn ficou muito quieta, ele a mataria de verdade?
— Vai me matar?
— Não sei. — Disse com toda a calma do mundo.
Empurrou-a sem contemplação e ela voltou a cair ao chão
enquanto ele caminhava dando voltas ao seu redor como se fosse um
caçador a ponto de dar o bote sobre um animal ferido.
— Ainda tenho que pensar, mas vá se esquecendo de seu novo
esposo, amanhã estará morto. Como a estas horas deve estar sua
irmãzinha Frances.
— Não!
O grito de terror encheu o claro do bosque como a gargalhada de
Henry. Quando se levantou para dar o bote sobre ele com os punhos
cerrados, sem contemplação uma bofetada a fez cambalear até cair
novamente sobre a grama.
— Não me culpe, a primeira coisa que pensei foi que tivesse
voltado ao convento. Quem iria pensar que deixaria sua irmãzinha
sozinha para fugir.

LRTHistóricos· 234
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Balançou a cabeça e começou a chorar sem consolo. Tudo fora


culpa sua, fora muito ingênua em pensar que poderia livrar-se de
semelhante monstro.
— Não chore, seu marido amanhã lhe fará companhia.
Ela o fuzilou com o olhar.
— É um bastardo. — Seus olhos cheios de lágrimas cuspiam
fogo. — Não tem exército, e acredite-me é isso o que precisa para
acabar com um homem como ele.
E para sua surpresa ele voltou a sorrir.
— Eu não tenho exército, mas… — Olhou-a com ar triunfante. —
McGregor tem um bem numeroso.
Ela se surpreendeu tanto que se levantou de um salto, sacudiu a
cabeça frenética, enquanto retrocedia para ficar longe dele. Piscou
varias vezes e seu captor não conseguiu resistir sem explicar-lhe com
todos os detalhes seus planos para com os McAlister.
— Sim, meu amor. Como já disse tenho muitos amigos nestas
terras.
— Que mentiras contou aos McGregor para que quisessem se
aliar a você?
Roslyn não viu chegar à bofetada, só quando sentiu a dor em seu
rosto e o sangue escorrendo do lábio inferior percebeu que tinha sido
golpeada.
— Você se tornou muito insolente, esposa.
Ela não disse nada.
— Quer saber meus planos ou não?
Ela assentiu na escuridão, não tinha a menor dúvida que Henry
queria jactar-se com suas proezas, sem dúvida sua vaidade o pusesse
a perder.

LRTHistóricos· 235
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Não disse nada mais que a verdade aos McGregor, disse que
você era minha esposa e que McAlister a afastou de mim. Sabe?
Descobri umas coisas interessantes dos McGregor para usar contra
seu esposo. Amanhã estarão às portas de sua fortaleza clamando
vingança.
— Vingança? — Roslyn perguntou como se não entendesse.
— Parece que teve mais que palavras com a filha de McGregor,
uma mulher muito bela, mais que você se me permite dizer.
— O que lhe fez? — Perguntou assombrada Roslyn.
— Você o que acredita? Seu plano para prender o laird McAlister
era realmente astuto, pena que ainda fosse virgem quando seu pai a
casou com seu primo.
Roslyn já havia entendido o malévolo plano de Henry.
— Mas ela não chegou virgem a cama de seu esposo, certo?
— Não. — Henry sorriu com deleite. — Dei a cadela o que ela
queria, foi um bom trato. Eu a ajudava e seu pai me proporcionava os
homens para atacar os McAlister.
Roslyn não saia de seu assombro, os fatos eram tão precipitados
e assombrosos que ainda duvidava que fossem verdadeiros.
— Quando o laird McGregor viu que realmente ela não era
virgem, acreditou cegamente nas palavras de sua filha. Assim, como
pode ver querida, estão mais que dispostos a deixá-la viúva para que
eu volte a ter plenos direitos sobre você.
— Não! — Gritou ela desesperada.
— Sim — Disse ele puxando-lhe os cabelos, voltará a ser minha é
uma questão de horas para voltarmos a reafirmar nossos votos. E
acredite-me os McGregor lhe farão pagar por ter manchado a honra de
sua filha e ter tirado a esposa de outro homem.

LRTHistóricos· 236
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— O que os McGregor ganham ajudando-o?


— Oh! — Disse em tom infantil e inocente, — só mais homens por
sua causa. — Chegarão logo, meus soldados não são um exército
numeroso como o de McAlister, mas junto aos de McGregor, serão
suficientes para fazer muito estrago ao cachorro do seu laird. — Disse
isto arrastando-a até sua montaria, fazendo-a subir sem cerimonia
sobre o cavalo e o esporeando até fazê-lo galopar para as terras
McGregor.

Quando chegaram ao castelo, Roslyn não sabia quanto tempo


passara sobre a montaria apertada contra Henry, mas lhe pareceu
uma eternidade.
A fortaleza estava bem cercada sob sua ponte levadiça. Henry
rapidamente escapou para o interior. Uma vez no pátio de armas, com
movimentos bruscos fez Roslyn desmontar. Ela viu quando um
McGregor se aproximava para ocupar-se do cavalo de Henry apenas
lhe deu uma olhada quando desapareceu com o animal.
Sentiu quando a mão de Henry se fechou sobre seus braços como
tenazes em brasas e a arrastou ao interior. Olhou ao seu redor,
quando abandonaram o pátio de armas e transpassaram o umbral de
uma enorme porta de madeira e Roslyn se surpreendeu por não entrar
em um salão. Aquilo era um pequeno vestíbulo de forma circular, com
três portas e diante das quais Henry se decidiu a abrir qualquer uma,
de onde saiu à graciosa figura de Mairy.
A filha do laird ficou observando-a com olhos muito abertos, sem
dúvida não esperava recebê-la em sua casa.
— O que ela faz aqui?

LRTHistóricos· 237
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Diria que afinal percebeu a quem pertence.


Fosse o que fosse que Mairy esperava não eram aquelas palavras.
Olhou-a com receio e rancor, supostamente porque ela era o
motivo por Alec não se casar com ela. No entanto Roslyn percebeu que
alguma coisa na atitude de Mairy não se encaixava. Ficou observando
os olhos frios da filha de McGregor, que estava perturbada. Mais que
isso. Em seus olhos havia ciúmes. Ciúmes? Roslyn pensou que
estivesse enlouquecendo.
Olhou como se temesse que a sua volta as portas se abrissem e
aparecesse algum soldado que pudesse reconhecer à senhora
McAlister.
— Não deveria tê-la trazido aqui! — Gritou com os dentes
apertados.
— Cale-se! — Mairy deu um salto pelos maus modos de Henry. —
Como sempre farei o que quiser.
Roslyn ficou em silêncio enquanto contemplava a cena.
— Bem, — Mairy recuperou os modos — meu pai o espera no
salão para resolver os últimos detalhes de amanhã.
Henry assentiu e olhou de lado para Roslyn. — Leve-a aos meus
aposentos.
Mairy ia protestar, mas mudou de opinião.
Quando viu Henry entrar no salão, Mairy a agarrou pelo braço.
Roslyn se deixou arrastar escadas acima. Ao fundo do primeiro
corredor abriu uma porta e acendeu um par de velas. A sala se
iluminou. Era um dormitório ricamente decorado. Não teve dúvidas
que era de Henry pela importância que o laird McGregor lhe dava.
Ouviu a porta se fechando atrás de si e diferente do que havia
suposto no inicio, Mairy ficou com ela no dormitório.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— O que faz aqui? — Perguntou.


Roslyn não sabia muito bem o que responder.
— Foi buscá-la?
— Poderíamos dizer assim.
A resposta não agradou muito a Mairy que começou a andar
nervosa pelo quarto.
— Por quê? — Murmurou para si.
Roslyn não respondeu, e a jovem se aproximou com um ataque
de raiva.
— Ele disse que já não lhe interessava. — Mairy espetou com os
punhos apertados.
— Fala de Henry? — Afinal compreendeu, Mairy estava zangada
porque Henry a levara até ali.
— Não entendo muito bem o que quer dizer. — Mairy fez um
esforço sobre humano para se acalmar.
— Vou trazer água quente para que se lave. — Murmurou. A
seguir escapou pela porta e Roslyn ficou a sós.
Correu para a janela, mas o salto seria muito grande para
sobreviver a ele. Sem dúvida os sentinelas a veriam sair por onde
havia entrado. Aguçou a vista, e viu que tudo seria inútil, a ponte
levadiça estava erguida.
Escutou quando a porta se abriu e não fez caso pensando que
fosse Mairy, mas ao se ver apertada lascivamente pelos braços fortes
soube que Henry voltara. Tratou de resistir, mas ele era muito mais
forte que ela. Acariciou-lhe os seios com urgência e Roslyn se afastou
bruscamente daquele contato indesejado mordendo-lhe a mão.
— Maldita cadela. — Henry a soltou imediatamente e viu as
pequenas marcas dos dentes de Roslyn.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Não teve tempo de fugir, as mãos de Henry voltaram a alcançá-la.


— Venha aqui! — Atirou-a sobre a cama e se pôs sobre ela.
Roslyn gritou desesperada quando sentiu as mãos de Henry
avançando por baixo de sua saia.
— Não! Pare! — Sentiu que ia desmaiar e desejou que assim
fosse.
— Não me diga que não me quer, acaso esse McAlister sabe como
satisfazer uma esposa? Duvido que ele aprecie sua passividade tanto
quanto eu.
Roslyn não parou de resistir enquanto a úmida boca de Henry
traçava seu caminho pelo pescoço dela. Tentou gritar quando a forçava
a separar as coxas com o joelho, mas estava muito aterrorizada.
Escutou-se um ruído metálico e a mão de Henry deixou de
apertar seus seios. Desconcertada sentiu o peso morto sobre seu corpo
e o empurrou.
O que fora seu marido jazia inconsciente sobre a cama. Levantou
a vista e viu Mairy segurando uma bacia.
— O quê? — Perguntou com lágrimas nos olhos e ainda aturdida.
— Vamos, não tem muito tempo.
— Não entendo — O olhar assustado de Roslyn fez Mairy sorrir e
a segurou pelo cotovelo para tirá-la da cama.
— Vista isso. — Disse colocando umas roupas de homem sobre
suas mãos estendidas.
— O que é isto?
— É o único modo de escapar.
Roslyn piscou. Mairy a ajudava a escapar?
— Por acaso não a considerava sua inimiga?
— Mas, por quê? — Atreveu-se a perguntar.

LRTHistóricos· 240
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Bem senhora, — Disse Mairy suspirando — depois de provar


ao inglês, devo dizer-lhe que já pode ficar com McAlister.
Roslyn quase teve seu coração parado ao escutar aquelas
palavras. Estaria ficando louca?
— Vá está livre! — Repetiu apressada. Pegue o cavalo de Henry,
com estas roupas e na escuridão poderá se passar por ele, já dei
ordem para que o encilhem e que desçam a ponte para sua saída.
Roslyn se apressou a tirar o vestido e colocar as roupas que
Mairy lhe preparou.
— Sabe o que está fazendo? — Roslyn ainda pensava nas
palavras que Mairy lhe dissera. — Henry é cruel e impiedoso.
— Pode ser, mas é um amante excelente e não vou permitir que
você o roube. — Roslyn estava fechando o cinto e parou para olhá-la
nos olhos.
— Não permitirei que se vá com você, ou fica comigo ou o mato.
Ele escolhe! — Roslyn se apressou e em segundos estava preparada
para partir.
— Sim sei, não é todo o cavalheiro que deveria ser, mas… —
Mairy hesitou. — Não sei por que estou contando isto… Vá, vá. —
Disse com mais ênfase sacudindo um braço e empurrando-a para a
porta.
Roslyn obedeceu, não tinha mais tempo a perder. Acabou de
enfiar-se naquelas roupas, não muito diferentes das que um dia usara
para escapar da Inglaterra.
Olhou para Henry estendido sobre a cama e rezou para que
aquela fosse à última vez que olhava para sua cara.
Instantes depois saiu do quarto atrás de Mairy. Cruzaram com
dois soldados que não a reconheceram na escassa luz do corredor.

LRTHistóricos· 241
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Mairy se certificou que o vestíbulo estivesse livre, e fez sinais com a


mão para que montasse em seu cavalo.
— Obrigada.
Foi à única coisa que Roslyn conseguiu murmurar antes de
esporear o animal.
Mairy ficou em silêncio olhando-a partir. Tal como ela havia dito,
a ponte levadiça estava abaixada. Partiu a galope e não olhou para
trás. Estava livre de novo.
Mairy se apressou a voltar ao quarto, mas Henry já não estava
estendido na cama. Sentiu quando uns braços fortes a empurraram
sobre a cama.
— Traiu-me puta e isso será a última coisa que fez em sua vida.
Mairy tentou gritar, mas não conseguiu, o aço frio deslizou por
sua garganta antes que ela pudesse fazer algo para evitá-lo. Logo a
escuridão tomou conta de seus olhos e soltou um último alento.
Henry ficou olhando os lençóis brancos absorvendo o sangue de
sua amante. Girou sobre seus calcanhares e desapareceu pela porta
gritando, depois de tirar o punhal do corpo da mulher.
— Que alguém me ajude!
Correu pelo corredor até alcançar as escadas. Ao chegar ao salão
voltou a gritar a plenos pulmões.
— Detenham essa mulher, Lady McAlister matou a filha de
McGregor!

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Capítulo 23

Alec estava frenético. Levantara-se da cama para desgosto de


Yuri que estava em frente à lareira retorcendo as mãos presa da
angústia.
Alec não parava de pensar em sua esposa e como fizera alarde de
sua insensatez. Como podia ter feito algo assim? Repetia uma e outra
vez. Voltou a olhar pela janela. Amanheceria a qualquer momento e há
horas que seus homens a estavam procurando e não saber dela só
fazia encolher seu coração por uma angústia atroz.
Socou o beiral da janela com a mão fechada. Os nós dos dedos
estavam brancos pela pressão e raiva, em troca seu rosto estava
tingido de vermelho. Propusera-se a não amar nenhuma mulher, não
voltar a sofrer, mas Roslyn se metera em seu sangue como um veneno
que agia lento, e agora não podia fazer outra coisa que sentir seu
coração revolvendo-se de dor diante da possibilidade de perdê-la.
Sem dúvida Henry estaria por perto, muito perto e talvez há essa
hora ela já estivesse em suas garras. Lançou um grito, que chamou a
atenção de todos os soldados que estavam congregados no pátio. O
grupo que partira para revistar os arredores estava a ponto de
regressar. Certamente Connor voltaria com boas noticias, ou isso era o
que ele desejava ardentemente.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ele também devia fazer algo, não podia ficar com os braços
cruzados olhando como a noite começava a clarear.
Alec vestiu o tartán sob o olhar horrorizado de Yuri.
— Aonde pensa que vai? — Perguntou com as mãos nos quadris.
— Procurar minha esposa.
— Já a estão procurando, você ainda não está recuperado.
Alec nem quis ouvir as palavras de Yuri, não se importando com
o semblante desafiador do rosto da avó e nem a pontada de dor que
sentiu no ombro ao enrolar o tartán na cintura.
Ergueu-se em toda sua altura para intimidar a avó que obstruía
a saída com sua pequena figura. — Yuri, afaste-se.
Balançou a cabeça, e rezou para que Fergus corresse em sua
ajuda. Ainda que o velho estivesse muito ocupado dando instruções
aos homens do pátio para intuir que teria problemas com seu neto, o
certo foi que se materializou ao seu lado.
Ergueu as sobrancelhas brancas e Yuri soltou um suspiro de
alívio. Os dois não conseguiriam detê-lo à força, mas ao menos teriam
mais possibilidade de dissuadi-lo.
— Ela tem razão, rapaz. — Disse Fergus atravessando a sala. —
Deve recuperar-se, e terá tempo para prendê-lo.
Alec rugiu desesperado. — Afastem-se!
Ninguém fez nada semelhante até que se escutaram gritos e
murmúrios no pátio. Os três correram para a janela para ver o que
estava acontecendo.
— Encontramos. — Connor gritava.
Alec sentiu seu coração se soltar e por fim conseguiu respirar
tranquilo. Sem dúvida o susto o fizera envelhecer dez anos, mas outra
vez Roslyn voltava a salvo para dentro de seus muros.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Escrutinou as sombras para vê-la e amaldiçoou diante da


escuridão que lhe dificultava a visão. — Alec.
A voz de Roslyn chegou da porta. Os três se viraram ao mesmo
tempo para ver a senhora McAlister. Yuri suspirou aliviada.
— Menina nos deixou com a alma em brasas.
Fergus não foi tão compreensivo, grunhiu de forma muito visível
para deixar clara sua raiva. — Que insensata — murmurou entre
dentes.
Roslyn não escutou, tinha os olhos fixos nos furiosos olhos de
seu marido, que a olhava como se quisesse estrangulá-la e Roslyn teve
que reconhecer que não esperava menos.
— Sinto. — Disse com o coração apertado. — Alec devo dizer algo
muito importante.
— Cale-se Roslyn. — Os dentes apertados denotavam que estava
fazendo muito esforço para se controlar.
Tinha os braços esticados aos lados do corpo, o torso nu cruzado
com o tecido suave de seu tartán. Parecia incapaz de afastar seu olhar
daqueles olhos penetrantes. Estava furioso, os nós dos dedos estavam
brancos deixando claro que não tinha intenção de deixar passar
aquele assunto. Alec queria uma explicação e vingança.
Como se voltasse à realidade Roslyn deu um passo para ele. —
Os McGregor atacarão amanhã ao amanhecer.
— O quê? — Perguntou Fergus com a boca aberta. — O que está
dizendo menina? — Alec a olhou de cima a baixo. Seria uma invenção
para se livrar da sua fúria?
— É uma longa história, Fergus.
Ainda falando a Fergus, não conseguia afastar o olhar de Alec
que a observava intensamente, mas sem nenhuma emoção no rosto.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Não havia nenhuma dúvida de que estava se esforçando para não lhe
saltar em cima e sacudi-la, isso era evidente e Roslyn resolveu que não
lhe importava o que seu marido dissesse ou o que pensava.
— Mas… está certa que atacarão amanhã? — Agora quem falava
era Yuri já que Fergus parecia muito concentrado nos preparativos
que deveriam fazer antes que isso acontecesse.
— Completamente. — Respondeu.
— Mas, por quê? — Perguntou Yuri. — Eu acreditava que o
assunto com a filha do laird McGregor estivesse solucionado.
— Não foi assim. — Roslyn respondeu. Avançou para Alec e
parou em frente a ele como se a explicação só fosse para seus ouvidos.
— McGregor virá amanhã para restabelecer sua honra.
— Então… isso quer dizer que sua filha não era…
Fergus não terminou de falar, envergonhado, mas os dois irmãos
olharam para Alec.
— Eu não a toquei. — Rugiu ao ver os olhares desconfiados.
Disse fulminando sua avó e Fergus com o olhar. Depois pousou seus
olhos em Roslyn e a tocou. Suas mãos descansaram sobre seus
ombros e quase lhe escapou um suspiro de alivio. Ela estava ali a
salvo com ele.
— Claro que não. — Roslyn apressou-se a defendê-lo. Sua cálida
voz o devolveu a realidade. — Como já disse, é uma longa historia, e a
contarei depois, antes tenho de falar com Alec.
Todos concordaram, e Alec a olhou como se não esperasse nada
mais que uma explicação.
— Se o exército de McGregor atacar amanhã haverá muitas
coisas a fazer, devo preparar os homens. — Com estas palavras Fergus

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saiu da sala. Yuri foi atrás dele dando uma olhada de animo a Roslyn
enquanto fechava a porta.
Roslyn ficou sozinha com Alec. Suas mãos eram cálidas sobre
seus ombros e por um momento ela acreditou que seu esposo fosse
beijá-la, mas para sua surpresa, Alec se afastou.
Deu-lhe as costas e fechou as pranchas das janelas com tanta
violência que ela se assustou. Seu olhar era tão penetrante que a fez
estremecer.
— Alec.
— Cale-se! — Voltou a gritar tomado pela raiva.
Avançou para o centro da sala onde estavam e suas rudes mãos
se enroscaram em seus cabelos e a atraiu para ele.
— Maldita seja! Como pode me fazer isto?
— Sinto. — Murmurou contra seu peito enquanto derramava as
lágrimas contidas.
Alec estava furioso, percebeu enquanto a beijava. Suas mãos
ainda lhe retorciam os cabelos enquanto seus lábios, duros e
insistentes arrasavam sua boca. Ela o beijou com a mesma
intensidade até que ele se afastou.
— Por que me abandonou? — Murmurou com o rosto enterrado
em seu pescoço.
Roslyn sentiu as lágrimas de seus olhos correndo pelo rosto. A
voz de Alec demonstrava a dor que sentia e ela se sentiu culpada por
aquilo.
— Não Alec, não fiz semelhante coisa.
— Disse-lhe que a protegeria. — A voz cheia de dor e os olhos
fulminantes lhe diziam que não importava o que lhe dissesse, Alec
jamais a perdoaria por tê-lo deixado.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Alec. — Murmurou suplicando seu perdão.


— Não. — Sacudiu-a pelos ombros. — Acaso não acreditou
quando disse que a protegeria?
— Sim, acreditei.
— Então, por quê?
Roslyn queria que não a odiasse, que a abraçasse contra seu
peito e lhe dissesse que tudo estaria bem, mas Alec não o fez. Ficou
olhando-a com os olhos cheios de censura e Roslyn não conseguia
suportar.
— Eu só tentava protegê-lo, Alec. Se lhe acontecesse algo por
minha culpa jamais me perdoaria. Então Alec a apertou contra o peito.
— Jovem estúpida, ainda acredita que pode me proteger?
Roslyn assentiu com a cabeça chocando-se contra o queixo de
Alec. — Eu não queria que sofresse por minha culpa, não queria que
ninguém sofresse.
— Roslyn, escute-me bem. — Disse olhando-a nos olhos. — Agora
pertence a este lugar, os McAlister darão sua vida por você se for
preciso, porque é sua senhora, porque a amam e a respeitam.
Roslyn balançou a cabeça como se não pudesse acreditar. —
Talvez não me queiram como senhora, Alec.
Ele a olhou muito seriamente enquanto emoldurava o rosto de
Roslyn entre suas mãos. — Alguém disse ou fez algo para que possa
pensar assim?
— Não. — Mentiu.
Claro que Dora sofrera por sua culpa e sofreria, ainda que
também devia admitir que havia se comportado muito bem com ela
apesar de ser a causa de não poder se casar com o homem que amava.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Mas havia mais gente que sofreria por sua culpa, as mulheres
que perderiam seus esposos por sua culpa, os homens que cairiam na
manhã seguinte e reprovariam Alec em silêncio por ter de defender
uma estrangeira.
— Não — Repetiu com convicção, se eu não me casasse com você,
agora não teria problemas com os McGregor.
Alec a pilhou desprevenida com um sorriso.
— Roslyn, eu preferiria uma guerra que me casar com aquela
mulher, assim como iniciaria qualquer guerra para casar-me com
você.
Roslyn chorou lágrimas de felicidade, realmente estava feliz de ter
se casado com ela?
Sorriu aliviada quando Alec lhe tirou aquele peso de cima, mas
haveria guerra mesmo renunciando a se casar com Mairy. Roslyn
devia admitir que a filha de McGregor não seria uma mulher digna
para Alec, seria como sua primeira esposa e isso era algo que nem
Roslyn nem Alec desejavam.
— Não quero que se sinta culpada pelo que acontecer amanhã.
São lutas entre clãs vizinhos, sempre houve e sempre haverá.
Ela o olhou como se acabasse de dizer uma abominação. — Vocês
são bárbaros. — Murmurou.
Alec soltou uma gargalhada.
Contemplou a esposa, realmente parecia preocupada pelo que
sucederia ao amanhecer. Acariciou-lhe os cabelos e voltou a beijá-la
docemente nos lábios.
— Diga-me que não me abandonará nunca.
— Não o abandonei. — Protestou.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Não é isso que quero ouvir, querida. — Alec a apertou contra


si.
Roslyn sentiu seu fôlego quente no rosto e os braços protetores a
envolvendo.
— Jamais o abandonarei.
Isso o satisfez, agora seria o momento de satisfazê-la.
Lentamente tentou tirar-lhe as roupas, até perceber que não
estava usando seu tartán.
— O que está usando? — Perguntou com o cenho franzido ao ver
o colete e as calças de couro. — Usa as mesmas roupa de quando a
encontrei. Gosta de se vestir de homem?
— Não — Ela riu. — É uma longa história.
— Desgraçadamente até o amanhecer, antes que os McGregor
ataquem, só teremos tempo para fazer amor ou para que me conte a
historia.
— Alec — Seu tom era o de uma menina ofendida, mas se
apertou contra seu peito. — Teremos tempo para que lhe explique
tudo. — Roslyn tirou o colete e as calças. — Agora…
Alec lhe mostrou com seu corpo todo o amor que sentia por ela. O
ferimento doía, mas não iria perder o prazer de entregar-se a sua
esposa. Quase a perdera e a consciência disso o fez tornar-se faminto
e extremamente possessivo.
Uma hora depois quando Roslyn estava exausta, dormindo
placidamente sobre a cama que minutos antes compartilharam
amorosamente, pensou que nunca havia encontrado algo mais nobre
pelo que lutar.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 24

Alec, sobre seu cavalo esperava impaciente o exército de


McGregor, mas este não parecia ter intenção de chegar pontualmente.
Deixando de lado os conselhos de Yuri e de Roslyn, preferia estar
combatendo antes de permanecer na cama como um inválido.
— Considere que seu esposo morrerá em combate não em uma
cama, mulher. — Alec lhe disse quando ela insistia até se cansar de
fazê-lo desistir de sua louca ideia.
Alec não aceitou e Roslyn o amaldiçoou, gritando até ele
desaparecer pelo corredor que levava aos seus aposentos.
Agora, enquanto Roslyn estava segura na fortaleza, cercada por
três soldados para que não lhe passasse pela cabeça abandonar seus
aposentos, ele se encontrava na colina com seus soldados. Lachlam
chegaria logo. Mandara um mensageiro para que se unisse a diversão
já que havia perdido a busca da noite anterior, o mínimo que podia
fazer por seu amigo era lhe proporcionar um bom combate para liberar
a tensão. Só Deus sabia como o assunto de Roslyn os haviam
preocupado em excesso.
Alec se impacientou pela espera, até que ao longe viram a
aproximação de uma centena de homens sobre suas montarias. Alec
franziu o cenho e divisou em seus rostos as pinturas azuis de guerra,

LRTHistóricos· 251
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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mas algo não era o esperado, surpreso viu que seus tartans não
tinham as cores dos McGregor.
— Gabriel. — Sussurrou para si.
Soltou uma gargalhada tão sonora que retumbou pelos páramos.
Esporeou forte seu cavalo e saiu ao encontro.
— Bem, parece que recebemos ordens, querido amigo. — Disse
Gabriel McDonald se aproximando.
— Ordens? — Alec não entendia.
Gabriel assentiu. Estava com sua longa cabeleira ruiva solta
caindo-lhe pelas costas, a pintura azul da cara lhe dava um aspecto
feroz, muito mais agressivo que sua habitual cara de anjo.
— Explique-se. — Ordenou Alec impaciente.
— Seu irmão está vindo ao resgate.
Alec franziu o cenho, de que demônios estava falando?
— Seu irmão. — Repetiu como se isso esclarecesse tudo. — O
irmão de Roslyn.
Alec compreendeu então que o irmão de sua mulher chegara à
Escócia, supostamente para ajudá-la, mas o que não compreendia era
o que tinha a ver com o clã McDonald com toda aquela confusão.
— Está aqui?
— Está com os McGregor.
— Continuo sem entender! — Alec gritou furioso.
A sela de montar de Alec rangeu quando se mexeu impaciente.
Enquanto na cara de Gabriel se desenhava um sorriso conciliador.
— Gabriel, explique-se ou vou partir seu crânio esta manhã.
McDonald suspirou, sabia que seu amigo falava muito a sério por
isso se apressou a satisfazer sua curiosidade.

LRTHistóricos· 252
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— O irmão de Roslyn, Gifré veio com um pequeno exército.


Segundo nos explicou teve de voltar à França a procura de suas irmãs.
Qual foi sua surpresa quando não encontrou nenhuma.
Alec respirou fundo.
— Qual foi à surpresa do pobre homem ao encontrar as monjas
mortas de preocupação, não porque Roslyn se fora com seu marido.
Mas porque um demônio ruivo de olhos negros com cores em suas
roupas que o sábio ancião reconheceu como sendo McAlister, com três
metros de altura e olhos vermelhos como o fogo a tinha sequestrado
sem mais explicação que alguns grunhidos.
Alec sabia que não devia rir, mas não conseguiu se conter. —
Três metros e olhos vermelhos?
— Não irá rir tanto quando esse gigante lhe puser as mãos em
cima. Desfrutará do lindo com o combate se conseguir que não lhe
parta em dois.
Alec parecia satisfeito, não pela visita do estrangeiro, mas porque
parecia que Iain não tivera problema para encontrar sua cunhada.
— Então o irmão de Roslyn correu para o resgate?
— Contratou vinte mercenários. — Assinalou Gabriel. Inclinando-
se sobre sua montaria para que Alec o escutasse melhor — Há mais.
Gabriel sorriu ao ver a expressão de Alec. — Mais?
Seu amigo assentiu.
— Ao entrar em nossas terras ordenamos que parassem e disse-
nos que se dirigia as terras Kincaid para averiguar o paradeiro de sua
irmã e não pode imaginar minha surpresa ao saber que Lady Kincaid
era sua irmã. Mas o pobre não tem nem ideia que Roslyn está casada e
fora de perigo.
— E você não o tirou do erro?

LRTHistóricos· 253
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Eu? — Disse assinalando o peito. — Eu aprendi a lição, não


devo me meter em seus assuntos.
Alec parecia satisfeito com suas palavras. — Isso é tudo? —
Perguntou o McAlister impaciente.
— Agora está nas terras dos McGregor.
— Por quê? — Alec disse serio.
Gabriel parecia pensar. Devia escolher as palavras.
— Digamos que ele teve mais sorte que nós. — Gabriel coçou a
cabeça contrariada. — O certo é que Gifré se encontrou com Henry.
Alec cuspiu no chão antes de Gabriel continuar.
— Parece ter um dom como o de Iain para o rastreio. Seja como
for, esse bastardo está com os McGregor.
— E Gifré se uniu a Henry contra mim? — Perguntou irritado.
Gabriel soltou uma gargalhada, enquanto Alec franzia o cenho
impaciente.
— Temo querido amigo que se Gifré se encontrar com Henry não
sobrará nada para você esfolar. Está vigiando os movimentos dos
McGregor como quem vigia Henry, por isso estamos aqui, faz umas
duas horas recebemos um mensageiro, nos comunicando que estão
preparando um ataque contra você para libertar Roslyn.
— Libertar Roslyn? Tinha entendido que McGregor vinha clamar
por vingança por não querer me casar com sua filha, não para libertar
minha esposa. — Assinalou as últimas palavras com total desagrado.
— Tem espiões por todos os lados, não é assim? — Alec não
respondeu.
— O irmão de Roslyn disse que se uniria a nós ao amanhecer. Já
deveria estar aqui.
— E assim é.

LRTHistóricos· 254
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec olhou sobre o ombro de Gabriel e este se voltou para ver o


mesmo que seu amigo. Um homem com um uniforme desconhecido
para os escoceses, aparecia sobre a colina, ao seu lado estavam os
vinte mercenários, tal como Gabriel dissera.
— Não parece muito satisfeito. — Murmurou McAlister.
— Sequestraram sua irmã a quem deram uma surra de morte e
tiveram que cruzar meio mundo para vir buscá-la, acredite-me eu
também teria aquele aspecto.
Alec o olhou como se desejasse perfurá-lo.
O melhor seria quando soubesse que todos seus esforços seriam
em vão. Nenhum homem lhe arrebataria Roslyn, nem mesmo seu
irmão.
De repente ouviu um grito as suas costas. Sobre a muralha
estava Roslyn, pletórica ao ver seu irmão que se aproximava da
fortaleza.
— Por todos os diabos. — Resmungou entre dentes.
O portão se abriu e deixou sair um cavaleiro a galope. Quando se
aproximou de Alec entregou-lhe sua mensagem.
— Lady Roslyn solicita sua permissão para sair e receber seu
irmão, senhor. — Alec negou com a cabeça, enquanto Gabriel e alguns
soldados riam. — Foi isso o que realmente disse?
O jovem soldado titubeou, parecia em duvida entre continuar
mentindo ou dizer-lhe uma verdade que seu senhor não iria gostar.
— Palavras exatas senhor?
— Palavras exatas. — Alec o pressionou e o soldado titubeou.
— É que não me atrevo senhor.
Alec abaixou a cabeça enquanto tentava se acalmar. As
gargalhadas de Gabriel não facilitavam sua tarefa.

LRTHistóricos· 255
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Em seu clã todos o temiam e respeitavam, todos menos Roslyn


que certamente o amava, mas tinha uma língua tão afiada como a
ponta de sua espada.
O soldado continuou hesitante.
— Bem senhor, disse que não partisse a cabeça de seu irmão.
— Disse isso? — Alec massageou a fronte.
— Bem, que não iria permitir.
Gabriel voltou a soltar uma forte gargalhada, enquanto Alec
resmungava baixo.
— Certamente sua mulherzinha é um guerreiro feroz e temível.
Alec ignorou suas palavras e zombarias enquanto dava uma
ordem ao jovem soldado. — Que saia, não feche o portão, logo estará
de volta.
O soldado assentiu e instantes depois viu Roslyn cavalgar para
eles. Não se preocupou em parar junto ao seu esposo, mas correu até
chegar junto ao irmão Gifré.
— Maldição! — Alec disse ao vê-la passar ao seu lado, esporeou o
cavalo atrás dela. Viu Roslyn se jogar nos braços de Gifré que soltou
um profundo grito de júbilo e ela começou a chorar nos braços de
Gifré.
— Chora Roslyn? É tão impróprio de você. — A voz de Gifré era
calma, mas tinha um grande sorriso oculto por sua desalinhada
barba.
— Impróprio? — Resmungou Alec baixo. — Tem passado o tempo
berrando desde que chegou.
Roslyn soltou uma exclamação sufocada. — Isso é mentira,
esposo.

LRTHistóricos· 256
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Esposo? — Gifré ficou totalmente imóvel olhando com olhos


bem abertos ao escocês. Alec lhe devolveu o olhar desafiante até que
Roslyn se apressou a chamar sua atenção.
— Não sabe? — Perguntou Roslyn com um sorriso nos lábios
enquanto as lágrimas ainda corriam por seu rosto. — Irmão
apresento-lhe meu esposo Alec McAlister.
Gifré não disse nada, simplesmente contemplou o gigante que
tinha em frente. — Alec este é…
— Já sei Roslyn, falaremos mais tarde sobre isso.
Alec não disse nada mais, se limitou a acenar a cabeça ao recém-
chegado. — Venha aqui esposa.
Roslyn sobre a montaria de seu irmão se apressou a descer e
voltar a montar seu cavalo para ficar junto a Alec.
— Está zangado? — Perguntou quando esteve perto, esforçando-
se para que ninguém a ouvisse.
— Nunca volte a me ignorar para se jogar nos braços de outro
homem.
— Mas é meu irmão. — Disse Roslyn assinalando Gifré.
— Ainda que seja seu irmão.
— Trago boas noticias. — Disse ele cortando a conversa dos
esposos. — Não acredito que Henry volte a aborrecê-la e nem
McGregor ataque esta manhã.
Gifré recuperado da impressão inicial parecia até sorridente.
— Por que não? — Perguntou Roslyn surpresa.
— Aconteceu uma tragédia na casa dos McGregor, devo
acrescentar que o motivo para esse enfrentamento já não existe.
Alec ergueu as sobrancelhas, saberia ele sobre Mairy?
— Mairy. — Disse Roslyn olhando fixamente a Gifré.

LRTHistóricos· 257
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Seu pai já sabe a verdade, que seu esposo não tocou em sua
filha, que foi Henry quem o fez.
— Como? — Alec gritou sem tentar disfarçar seu assombro.
— Afinal, — disse Roslyn — teria sido melhor se tivesse lhe
contado a historia.
Corou ao recordar porque não o fizera. Os dois preferiram fazer
amor antes que de atender a razão.
— Melhor não, — grunhiu Alec. — mas foi mais proveitoso.
Roslyn soltou uma risadinha envergonhada. — Será melhor entrarmos
e poderá contar tudo.
Quando todos entraram no salão e se sentaram diante da longa
mesa, Roslyn se apressou a ir à cozinha para pedir que servissem
algumas cervejas.
Dora saiu com um par de jarras nas mãos. Roslyn, a
acompanhava e a olhava com cara sorridente enquanto servia.
— Agora não haverá guerra entre os McAlister e os McGregor. —
Apressou-se a comentar Roslyn para que a mulher escutasse.
— Assim é. — Alec respondeu.
Estudou o rosto da donzela enquanto ela tentava ocultar o júbilo
que aquelas palavras lhe causavam, mas não conseguiu ocultar suas
lágrimas de felicidade.
— Alegro-me. — Continuou dizendo a senhora. — Assim se um
McGregor quiser se casar com uma McAlister você não verá
inconveniente.
Alec a olhou com o cenho franzido e percebeu que Dora deixara
de respirar. Quando viu que Roslyn olhava a jovem compreendeu tudo.
— Não, não veria inconveniente.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Quando a jovem começou a chorar sonoramente, Alec se sentiu


incomodado. — Vá chorar na cozinha mulher.
Roslyn acreditou que Alec tinha a sensibilidade de um asno, mas
sorriu igualmente. Alec era um homem bom, muito bom.
Envergonhada por ser o centro da atenção, Dora, se apressou a
voltar à cozinha.
— Bem agora vamos ao assunto que nos interessa. — Alec
apressou-se a dizer enquanto tomava um gole de cerveja.
— Henry. — Disse seriamente Roslyn.
Gifré a olhou com sincera preocupação quando tudo ficou em
silêncio. Alec queria pegar-lhe a mão, mas se absteve de fazê-lo na
presença de estranhos. Sua esposa não parecia precisar de consolo,
seus olhos não refletiam pena ou medo, neles ardia uma chama de
fúria controlada.
— Como já disse, não acredito que volte a lhe molestar em algum
tempo.
Alec prestou toda a atenção ao cunhado depois do comentário.
Ele continuou falando pousando seu olhar sobre a irmã.
— Mairy McGregor, está morta.
Roslyn abriu os grandes olhos e não se atreveu a soltar nenhuma
palavra.
— Henry a matou. — Ninguém comentou nada e Gifré continuou
contando tudo o que descobrira. — Henry procurara os McGregor com
uma bolsa repleta de moedas em troca de sua ajuda para livrar-se de
você, McAlister, motivos não lhe faltavam segundo escutei, mas as
coisas mudaram à noite.
Roslyn estremeceu ao perceber que aquela morte tinha a ver com
ela. — Mairy morreu porque me ajudou a escapar.

LRTHistóricos· 259
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec e Gabriel não ocultaram as caras de espanto. Gifré se


limitou a concordar.
— Ela estava apaixonada pelo Henry, não sei como semelhante
coisa pode ocorrer, mas o certo é que Henry tinha toda a intenção de
casar-se novamente comigo e Mairy não conseguia suportar isso,
suponho que me ajudou a escapar e não me matou para não jogar
mais lenha ao fogo nos assuntos dos dois clãs. Quando fugi de lá,
Mairy estava viva.
— Foi quando Henry a matou. — Terminou Gifré. — E tentou
jogar a culpa em você, e talvez, se tivesse sido mais convincente teria
conseguido a ajuda dos McGregor para lutar contra seu marido, mas
não foi assim.
Roslyn sorriu apesar das circunstâncias, Gifré chamara Alec de
marido e lia em seus olhos que aquela escolha o agradava.
— Alguém viu você saindo com Mairy de seus aposentos e
também viu Henry entrar e sair dele. Sua donzela pessoal deu o
alarme e Henry não teve opção a não ser fugir do salão onde minutos
antes havia proclamado que você matara a filha de McGregor,
supostamente por ciúmes.
Reinou o silêncio por alguns instantes.
— Mairy tinha muitos defeitos, mas percebi que não era tão ruim
como pensávamos. — Roslyn engoliu em seco e olhou carinhosamente
para Alec.
— Parece que sua donzela não só revelou que Henry a
assassinara, como também que a jovem era virgem até quando o inglês
compartilhou seu leito, pelo que McAlister ficava absolvido de qualquer
acusação sobre o assunto.

LRTHistóricos· 260
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec arregalou os olhos em sinal de surpresa, para logo apertá-los


com perspicácia. — Insinua que foi Henry?
Roslyn e seu irmão assentiram.
— Vá, vá, foi uma surpresa, não? — Disse Gabriel, espalmando a
mão no ombro de seu amigo. — Agora não tem por que se preocupar
que McGregor lhe corte o pescoço.
— Isso nunca me preocupou.
Roslyn riu diante da expressão feroz de seu esposo.
— Eu sei querido, – Alec se surpreendeu diante do apelido
carinhoso que lhe pusera sua mulher — mas digamos que já não me
preocupará a ideia de estourar uma guerra entre os dois clãs por
minha culpa.
— Você não tinha culpa, Roslyn. — Alec parecia mal humorado.
Gifré se apressou a terminar com o que tinha a dizer antes que
sua irmã e o esposo se dedicassem a se devorar com os olhos.
— Agora todos estão rastreando as terras McGregor em busca
desse bastardo.
— Acredita que fugiu para a Inglaterra?
— Sim. Henry não é estúpido. — Sentenciou Roslyn — São
muitos os escoceses que procuram sua cabeça, apesar do mal que
desejaria infringir-me, asseguro que sua luta vale mais para ele que
qualquer vingança. Vai me deixar em paz. — Suspirou aliviada Roslyn.
Alec não estava tão de acordo com aquela afirmação. Se Roslyn
fosse sua, coisa que era, jamais alguém a afastaria de seu lado e por
isso lhe custava tanto aceitar que o inglês simplesmente tivesse
partido sem seu prêmio.
Alec não via a hora de se desfazer de todos os presentes.
Desgraçadamente isso não ocorreu até muito depois do jantar.

LRTHistóricos· 261
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Gifré não parecia um cunhado tão ruim depois de tudo, ainda


que Alec continuasse achando que falava muito. Gabriel não querendo
abusar da hospitalidade de seu amigo, partiu com os soldados
McDonald para suas terras e Lachlam, que fora avisado sobre a
resolução do problema, enviou um mensageiro para informar que Gifré
tinha permissão para visitar Madeleine.
Tinha sido um dia muito longo, mas também muito feliz.
Roslyn se sentia muito alegre pela chegada do irmão e Alec
compreendeu que teria de esperar seu turno para usufruir de sua
companhia. Passaram toda a tarde e parte do jantar falando sobre os
acontecimentos da Língua d’Oc e sobre tudo do sequestro de sua irmã.

A noite estava fria enquanto passeavam pela muralha. Gifré tinha


um afetuoso braço pousado sobre o ombro de Roslyn enquanto
avançavam sob a luz da lua minguante.
— Não se inquiete. — Roslyn disse-lhe pondo uma cálida mão
sobre a do irmão. — Frances está a salvo aquele demônio — sorriu
diante do apelido que ela mesma utilizara semanas atrás. — Como
disseram as irmãs é o homem de confiança de Alec, e deve estar para
chegar.
Gifré franziu o cenho, mas não discutiu sobre a honestidade do
homem. — Devia ser eu a tirá-la de lá.
— Estava na Terra Santa, muito longe para receber notícias
nossas.
Ele concordou.
— Mas de todo modo deveria tê-las protegido, Meter o fez. — E
morreu por isso.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ambos recordaram do irmão morto, havia tantos que morreram


na cruzada absurda de Inocêncio III que ambos guardaram silêncio
por eles. O vento soprava cortante apesar do verão.
— Eu falhei com você, Roslyn.
Ela se afastou de seu quente abraço para olhá-lo aos olhos. —
Não diga isso.
— Entregaram-na a um homem cruel e impiedoso e eu não
estava lá para protegê-la, e Frances passou sua vida em um convento
a ponto de ter a mesma sorte que você ou pior.
— Mas não aconteceu nada, agora tudo isso fica para trás, aqui
sou feliz e acredite-me se digo que jamais terá que se preocupar por
mim.
Gifré a olhou e um sorriso iluminou sua cara. — Ama-o, verdade?
— Sim.
Foi uma resposta simples, cheia de uma verdade que Gifré
aceitou muito bem. Aquele seria o lugar de sua irmã, assim como o de
Madeleine que estava nas terras Kincaid.
— Muito bem. — Disse satisfeito. — Quanto a Frances… já
veremos o que faremos com a pequena guerreira.
Roslyn soltou uma gargalhada. — Ensinou-me a atirar com a
fenda. Então quem riu foi Gifré.
— E foi muito proveitoso, deixei muitos homens inconscientes.
— Então devo sentir-me orgulhoso de minhas irmãs, talvez eu
possa ensiná-la a atirar com o arco.
— Acredito que para isso estou aqui.
Uma voz profunda que Roslyn reconheceu como a de Alec
interrompeu a conversa, no entanto Gifré não fez o mínimo esforço
para deixar de abraçar sua irmã.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec não tentou separá-los, mas seu tom não deixou lugar a
dúvidas. Não queria nenhum homem perto de sua mulher.
— Roslyn. — Alec a chamou — Dê boa noite e reúna-se comigo.
Roslyn lhe sorriu e se apressou a obedecer.
Antes que pudesse se reunir com ele, Alec desapareceu pela porta
que levava a torre sul. Roslyn beijou seu irmão e lhe deu boa noite
enquanto se precipitava a seguir seu esposo.
Gifré ficou sozinho observando os movimentos furtivos que havia
na noite. Tudo estava em calma e agora que sua irmã estava protegida
e a salvo, poderia ordenar seus pensamentos e sua vida depois dos
horrores que deixara para trás em tão sangrenta cruzada.

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Capítulo 25

Quando Roslyn entrou no dormitório belamente iluminado pelas


velas que se consumiam lentamente sobre o beiral da lareira e perto
da cabeceira da cama. As janelas estavam abertas e uma brisa
balançavam os tapetes das paredes.
Divisou Alec apoiado contra o marco da janela, com o olhar
perdido na escuridão da noite e nem se voltou ao ouvi-la entrar ainda
que soubesse que ela estava ali. Alec notou sua presença antes mesmo
dela se deslizar para o interior do dormitório.
O laird McAlister estava profundamente imerso em seus
pensamentos, todos sobre a bela mulher pela qual se apaixonara e a
qual o abraçava amorosamente pela cintura. Suspirou sem perceber.
Deveria superar seus medos e usufruir da felicidade que Deus lhe
mandava, mas não temia perdê-la, temia seu abandono como nada
mais no mundo.
A recordação de sua primeira esposa deixara de atormentá-lo.
Apaixonara-se por Roslyn, apesar dos obstáculos que se interpunham
entre eles.
Amá-la fora inevitável e também era inevitável temer que ela
resistisse ao impor sua vontade e não deixá-la sair.
Talvez seu orgulho e a promessa de não tornar a se apaixonar
fizessem com que as doces palavras que Roslyn desejava ouvir

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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estivessem presas ainda em seu peito, mas não dizê-las não significava
que não a amasse.
Roslyn permanecia em silencio abraçando sua cintura sem
querer perturbar seus pensamentos, ficou quieta aspirando seu aroma
e escutando as batidas de seu coração.
— Diga-me esposa, está contente?
Aquelas palavras pareciam absurdas para Roslyn. — Claro que
estou contente.
Roslyn o forçou a virar-se para afundar sua cabeça naquele peito
duro e musculoso que tanto a fazia suspirar. Fechou os olhos
usufruindo a paz que seu esposo lhe proporcionava.
— Alec estou com você e nada nos ameaça, pelo menos não no
momento. Como não poderia estar contente?
— O que eu queria perguntar é se está feliz.
Ela piscou diante de suas palavras. Depois sorriu. — Claro que
estou feliz.
Sem avisar ficou nas pontas dos pés e o beijou nos lábios. Ele
não resistiu e se deixou beijar, um beijo terno e carregado de amor.
— Observei a expressão de seu rosto ao ver seu irmão. — Disse
quando a afastou suavemente para lhe falar.
Passou ternamente as mãos entre os fios de seus cabelos. Alec
parou para ver se ela entendia, mas não foi assim, Roslyn o olhou com
os olhos entreabertos.
— Estou muito contente que tenha vindo nos visitar. Sei que o
apreciará com o tempo, Alec, de certo modo os dois são muito
parecidos.
— Não nos parecemos em absoluto. — Alec resmungou como se
tivesse recebido um insulto. Roslyn sorriu. Claro que se pareciam, os

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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dois eram nobres guerreiros, de bom coração e sempre escondendo


seus sentimentos. Isso a fez pensar em algo que estava há muito
tempo rondando por sua cabeça. Quanto Alec ia demorar para
confessar que a queria? Porque a queria, disso não duvidava, mas seu
marido era tão reticente para expressar sentimentos de ternura ou
carinho. Exceto quando me faz amor, pensou Roslyn. Quando fazia
amor ela não tinha nenhuma dúvida que ele a amava. Talvez agora
tivesse que se conformar com isso.
— Em que pensa? — Alec lhe perguntou enquanto apertava o
abraço. Roslyn corou e não respondeu.
— Em nada especial.
Viu como Alec ficou inquieto. Temia que a resposta fosse o que
ele suspeitava, que não estava contente com ele, que desejava ir com
seu irmão e sua família.
— Roslyn, não está querendo ir embora?
Ela piscou e tentou escapar de seu abraço, mas Alec não a
deixou e colocou seu rosto sob o próprio queixo, mantendo-a ali
enquanto Roslyn se esforçava para entender o que estava lhe dizendo.
— Acredita que quero ir com meu irmão, não é assim?
Alec ficou calado enquanto ela tentava se afastar, sem êxito. —
Alec? — Pressionou-o.
— Quer ir, não é?
— Não. — Disse secamente.
Ele estava ainda reticente a soltá-la até que ela entrelaçou seus
braços ao redor de seu pescoço e o obrigou a olhá-la nos olhos.
— Alec este é meu lugar, e meu lugar sempre será onde você
estiver, por que acredita que quero ir com meu irmão?

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec sentiu uma imensa alegria. Sem que ela resistisse voltou a
abraçá-la e a levantou do solo para olhá-la diretamente nos olhos.
— Teve muito tempo para pensar. — Disse engolindo a saliva. —
Perguntava-me se só se casou comigo para ganhar tempo até Gifré
chegar. — Ela não tentou sorrir por muito estúpidas que lhe
parecessem suas palavras. — Sabia que seu irmão viria, estava escrito
em seu rosto quando o viu aos pés da muralha.
Ela assentiu.
— Claro que sabia que viria, mas por mim, viria por Frances.
Gifré esteve perdido muito tempo, lutando em uma guerra na qual não
acreditava, o certo é que perdemos a esperança de tornar a vê-lo, mas
sim Alec, sabíamos que regressaria e viria nos procurar.
Os olhos de Roslyn se encheram de lágrimas.
— Fomos uma família muito unida, e voltaremos a ser apesar da
distância. Pere não está entre nós, mas nós mantemos um laço apesar
da distância e nunca renunciamos a nos reunir de novo.
— Isso quer dizer que terei que tolerar a chegada de estrangeiros
em minhas terras? — Perguntou Alec franzindo o cenho.
— Sim. — um cálido sorriso iluminou o rosto de Roslyn. — Você
gostou deles. Permita-me duvidar.
O sorriso se converteu em risada e Alec a tomou entre seus
braços para levá-la a cama.
— O destino me trouxe aqui. E aqui é onde quero ficar. —
Concluiu deixando claro a Alec que não pensava sair de seu lado.
Só então Alec soltou um prolongado suspiro enquanto a beijava.
Roslyn deduziu que ele sempre mantivera dúvidas sobre se
ansiaria por sua liberdade ou ficaria com ele uma vez recuperada, por

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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outro lado sempre soube que Alec jamais a deixaria ir-se. Isso a
satisfazia, pois era um símbolo do amor que sentia por ela.
Pouco a pouco, pensou Roslyn. Alec tinha que amá-la, só
precisava de tempo. Sofrera muito e de modo inequívoco o temor de
que ela quisesse partir com Gifré provinha do abandono de sua
primeira esposa. Os dois tinham sofrido em seus casamentos e talvez
fosse hora de começar uma nova vida e procurar a felicidade.
— Eu o amo, Alec.
Ele não soube o que dizer, mas não deixou de contemplar seus
belos olhos. — Agrada-me muito que me queira — Disse finalmente.
Pouco a pouco, voltou a pensar, seria só uma questão de tempo
até seu esposo lhe confessar seu amor, agora se conformaria com os
beijos e carícias que quisesse oferecer-lhe.
Alec se posicionou sobre ela enquanto rodava os lábios por seu
pescoço, lhe fez amor muito lentamente, demonstrando-lhe o muito
que a amava.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Capítulo 26

Na manhã seguinte Gifré estava ansioso para percorrer a


distancia que separava as terras McAlister das Kincaid. Roslyn
aproveitara poucos instantes da companhia de seu irmão, mas ele
prometera regressar para uma próxima reunião familiar com suas
irmãs.
— Quero conhecer meus sobrinhos. — Ficara satisfeito com a
ideia.
Gifré estava perto de seu cavalo de guerra no pátio de armas,
pronto para partir.
Alec com os pés firmemente separados observava como sua
esposa se despedia do irmão aos pés da escada. Quando Roslyn se
apressou a abraçar o irmão, notou que Alec soltava um impropério
baixo. Gifré riu.
— Parece que a amarrou muito curto.
— Gosto que seja assim. — Murmurou ao seu ouvido enquanto
Alec vociferava que a soltasse. Gifré soltou uma gargalhada só
equiparável a de Roslyn.
Com o cenho franzido lhe fez um sinal e ela correu para o seu
lado. — Logo faremos uma visita a Lachlam avise-o.

LRTHistóricos· 270
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Os olhos de Roslyn se iluminaram enquanto Gifré assentia


satisfeito. Quando atravessou a ponte levadiça Roslyn não resistiu
abraçar seu esposo.
— Verdade que iremos Alec? — Ele assentiu.
— Dentro de dois dias, não pode culpar-me de querer estar com
você só para mim nesse tempo. — Ela sorriu satisfeita.
Naquela mesma manhã Alec a deixara sozinha para ocupar-se do
treinamento de seus homens enquanto Roslyn se ocupava dos afazeres
da casa.
— Senhora. — Disse Dora entrando no quarto. — Trago os
lençóis limpos que me pediu. — Roslyn assentiu satisfeita. Dez
minutos depois enquanto as duas arrumavam o dormitório à donzela
por fim se atreveu a falar com sua ama.
— Lady McAlister.
— Pode me chamar por Roslyn.
— Isso não seria correto. — Roslyn não perdeu seu sorriso, mas
pelo tom de Dora sabia que não deveria insistir. — Tenho que
agradecer-lhe, não é assim?
— Pelo quê?
— Acredito que você tem algo a ver com o fato do laird permitir
me casar com David.
— Assim é como se chama?
Viu como Dora corava e abaixava a cabeça enquanto voltava a
cobrir o leito com o cobertor e as peles.
— Vamos nos casar dentro de dois meses.
— Estou feliz por você, Dora.
— Ainda não consegui adivinhar como foi que você descobriu
meu compromisso.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn hesitou, não queria admitir que estivera espionando pelos


corredores escuros enquanto ela beijava seu prometido.
— Isso não importa. — Disse finalmente um pouco ruborizada
pela vergonha. — O importante é que possa estar com o homem que
ama.
Dora sorriu emocionada.
— Já sei que às vezes meu marido parece não ter sentimentos,
mas se preocupa pelos seus.
Dora parecia horrorizada. — Eu sei disso senhora!
— Sim Roslyn, Dora já sabe. — Alec entrou no dormitório sem
avisar, e Roslyn se sentiu bastante constrangida.
— Não quis dizer que não tenha sentimentos esposo.
Dora abaixou a cabeça e se precipitou para fora do dormitório
antes que a senhora voltasse a insultar o laird em sua presença.
— Roslyn.
— De verdade não queria ofendê-lo. — Voltou a dizer quando o
viu se aproximando.
— Prepare-se.
— Para que? — Disse sem compreender.
— Vamos sair para cavalgar.
Ela arregalou os olhos, feliz com o que acabava de ouvir de Alec.
— Mas você tinha me proibido.
— Meus homens rastrearam o bosque, não há nenhum perigo,
parece que tinha razão e aquele bastardo se foi.
Ela não pode evitar entristecer-se diante da velada menção de
Henry, mas prometeu a si mesma que isso não amargaria seu dia.
— Então vai me levar para cavalgar? — Ele assentiu.
— Podemos ir à pequena laguna que há perto daqui.

LRTHistóricos· 272
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn sorriu, gostava daquele lugar e não evitou que o coração


se acelerasse quando pensou no que ambos haviam feito ali perto.
— Vamos. — Alec a pegou pelo braço e a puxou ao ver sua
indecisão.
Minutos depois os dois galopavam adentrando-se no bosque.
Roslyn estava feliz, tudo o que ela queria na vida tinha ao alcance da
mão. Afinal o Todo Poderoso se recordara dela. Madeleine estava perto
e Gifré ainda que partisse logo, estava ali, e Frances estava para
chegar e sobre tudo tinha o membro mais importante de sua família,
Alec ao seu lado.
Olhou seu esposo com os cabelos longos dançando diante de seu
rosto pelo galope do cavalo. Parecia satisfeito como ela. Então
percebeu que era feliz. O homem que amava estava ao seu lado e
aquele que tentava fazer-lhe mal deixara de ser uma ameaça e agora
só deveria aproveitar sua felicidade.
Alec a olhou e soube exatamente no que estava pensando, sorriu
de pura arrogância e orgulho masculino.
Ao chegar ao lago Alec ajudou Roslyn a desmontar. Pegou-a pela
cintura e demorou suas mãos ali até muito depois de seus pés tocarem
o chão.
Roslyn se deixou beijar e não protestou quando o esposo lhe tirou
a roupa até deixá-la completamente nua diante dele.
— Roslyn. — Sussurrou enquanto voltava a beijá-la
intensamente.
Ela não deixou as mãos quietas, ao final de um instante Alec
estava tão nu quanto ela. Sem pronunciar uma palavra a pegou nos
braços e a levou até a laguna.

LRTHistóricos· 273
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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O dia estava esplêndido, o sol brilhava no alto, pequenas gotas


sobre seus seios arrancavam brilhantes faíscas douradas.
Roslyn ficou sem fôlego sentindo o corpo de Alec acariciando-a
sob a agua. Não tinha dúvida de que Alec era forte e duro em cada
palmo de pele onde ela pousava a mão para acariciá-lo, mas sobre
todo em um.
Alec conteve o fôlego ao notar como sua esposa estava se
tornando atrevida.
Ele a agarrou pelos ombros e a ergueu até que os olhos de ambos
ficaram a mesma altura. Enquanto com um braço Alec lhe rodeava a
cintura para que ela não escapasse de seu lado, com a outra mão lhe
abriu as pernas e a obrigou a lhe rodear a cintura.
— Alec — suspirou surpresa. — Não me diga que…
Ele assentiu enquanto soltava uma gargalhada, ela era
descarada, sabia exatamente o que ia acontecer, e ele sabia tão bem
quanto ela, que o desejava.
Alec voltou a beijá-la, desta vez o beijo foi devastador, puxou sua
língua até que ela saiu ao encontro com a sua. Roslyn ofegou contra
sua boca e se apertou contra o corpo dele. Entrelaçou mais forte suas
pernas ao redor da cintura de Alec, notando seu membro se
aproximando de sua estreita abertura e gritou de prazer quando se
introduziu profundamente nela.
— Eu te amo, Alec. — Sussurrou contra seu ouvido.
Ele não respondeu, mas naquele momento não lhe importava, era
incapaz de pensar com clareza. Quando Alec voltou a empurrar
profundamente em seu interior ela se retorceu entre seus braços
apertando-se mais e mais. Beijou-lhe o pescoço frenética e segurou-se
em seus ombros para não cair.

LRTHistóricos· 274
A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec acreditava que ela queria enlouquecê-lo. Olhou-a nos olhos,


não viu só a paixão, mas outro sentimento mais profundo que esse.
Atreveu-se a sorrir enquanto seus movimentos ficavam cada vez mais
rápidos e profundos. Ele a amava, era hora de dizer-lhe o que sua tola
esposa não conseguia adivinhar.
Sentiu como ela se retorcia cada vez mais, a agua lambendo seus
corpos e aquela sensação tão erótica era como carícia em sua pele.
Roslyn não se conteve e gritou de prazer quando alcançou o clímax.
Contemplou-a em todo seu esplendor, pequenas gotas de agua
salpicando seus seios enquanto ela se arqueava para trás para que ele
se aprofundasse mais. Alec não resistiu e lançou um grito de puro
prazer enquanto se afundava nela uma última vez.
Os joelhos se dobraram e ambos submergiram na agua. Quando
saíram Roslyn ria ditosa e voltou a balançar-se sobre ele para que a
abraçasse.
Juntos sentiam o bater frenético de seus corações, pouco a pouco
foram se acalmando e a respiração voltou à normalidade.
— Esposa. — Disse beijando-a na fronte — Já lhe disse o muito
que me agrada?
Ela riu, enquanto ainda rodeava a cintura dele com suas pernas.
Entrelaçou seus braços atrás de seu pescoço e lhe beijou a fronte, os
olhos e os lábios.
— Havia mencionado algo.
— Esposa, já lhe disse que jamais estive com alguém como ficou
com você? Roslyn assentiu enquanto ia depositando pequenos beijos
por seu pescoço.
— Esposa. — Ela deu uma risadinha quando lambeu as gotas do
peito de Alec.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Sim? — Perguntou sentindo como ele estava tenso sob seus


lábios.
— Já lhe disse o muito que te amo?
Roslyn se ergueu e sem deixar de abraçá-lo olhou diretamente
aos seus olhos. Ficou muda e muito quieta enquanto seus lábios
tentavam pronunciar algumas palavras.
— Me ama? — Disse finalmente gaguejando. — Ele assentiu.
— Surpreende-se?
— Surpreende-me que o confesse.
— Não sou muito bom revelando sentimentos, Roslyn, mas
jamais duvide do que acabo de dizer.
Ela voltou a beijá-lo e percebeu de que sua felicidade estava
completa.
Continuaram abraçados dentro da agua, até o sol começar a
descer, ocultando-se tranquilamente atrás de umas altas montanhas.
Roslyn protestou quando o frio eriçou sua pele.
— Vamos sair. — Disse Alec.
Quando saíram da agua, Alec a cobriu com seu tartán e esfregou
vigorosamente sua pele para secá-la. Não demorou a lhe passar seu
vestido pela cabeça para afastar qualquer tentação de sua mente.
Roslyn foi a que se demorou. Ajustou o tartán ao corpo de Alec
deixando que umas perfeitas pregas descessem por seu ombro
esquerdo e lhe cobrisse parcialmente o torso. Alec a olhava nos olhos
enquanto o fazia e ela não deixou de suspirar pela felicidade que lhe
provocavam aquelas pequenas coisas cotidianas.
Roslyn se sentiu satisfeita com seu esposo. Alec, não lhe mentira,
havia encontrado tempo para estar com ela. Olhou-o encantada, seu
esposo não era o ogro que aparentava ser, era nobre, justo e capaz de

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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amá-la com uma ternura e delicadeza que não deixava de surpreendê-


la. Sentiu-se feliz e o expressou pondo-se nas pontas dos pés e
beijando-o de novo.
— E isto?
— Por ter encontrado tempo para passear comigo. — Alec lhe
sorriu cautelosamente.
— Isso não significa que volte a acontecer logo, Roslyn.
— Sei como está ocupado e por isso agradeço.
Alec se sentiu culpado, era certo que enquanto tivesse Iain e
Connor, dois homens fortes e leais poderia relaxar, mas dedicar mais
atenção a sua mulher poderia parecer um ato de debilidade. Olhou-a e
viu nela autêntica felicidade. Ela era sua esposa, e a amava, e o
mínimo que poderia fazer seria satisfazê-la e se ela desejasse
compartilhar seu tempo, o compartilharia. Não podia ocultar que
aquela tarde havia usufruído muito mais que se tivesse dirigido o
treinamento de seus homens, estar com ela era como participar de
uma boa batalha, e que homem renunciaria a isso.
— Alec, no que pensa?
— Em como não vou me aborrecer com você, esposa. — Ela
piscou sem saber o que responder.
— Devemos ir. — Alec a olhou nos olhos e viu a decepção nos
olhos de Roslyn.
— Eu sei, suas obrigações.
— E as suas, esposa.
Ela concordou triste. A maravilhosa tarde se acabara. Alec a
pegou de surpresa e voltou a beijá-la. O beijo foi como sempre feroz e
possessivo. Ela não se queixou, lhe agradavam os beijos de Alec, fosse
como fosse.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Ao soltá-la seus joelhos não aguentaram com a firmeza que


deveriam, Alec sorriu com arrogante satisfação. Divertido a golpeou
nas nádegas para que se movesse.
— Depressa, vamos.
Roslyn correu para sua montaria ainda descalça. Pegou seus
suaves sapatos de pele, junto da árvore onde sua égua estava
amarrada e descansando. Alec se virou e amarrou bem a sela ao lombo
de sua montaria. Logo sentiu que algo andava terrivelmente mal.
— Alec. — Sussurrou Roslyn com certo tremor na voz.
Alec ficou paralisado, não precisava se virar para saber quem
encontraria atrás dele, mas de qualquer modo, virou-se. Contemplou
como Henry apertava um punhal afiado contra a garganta de sua
esposa. Roslyn estava tensa entre os braços daquele homem, seus
olhos estavam secos, mas nem por isso tinha menos medo.
Aquela visão quase o derrubou. Conseguiu fazê-lo arder de raiva.
Mataria aquele bastardo ainda que fosse a última coisa que fizesse
naquela vida.
Apressou-se a esconder seus pensamentos atrás de um véu de
serenidade.
Roslyn aterrorizada contemplou o rosto impassível de Alec, mas
já o conhecia muito bem para que pudesse enganá-la. Alec sofria e
ardia de cólera. Henry não teria nenhuma oportunidade se
conseguisse pôr-lhe as mãos em cima.
— Acredito que não nos apresentamos. Sou Henry, o verdadeiro
esposo de Roslyn. — Alec não disse nada e se limitou a olhá-lo
friamente.
— Devo acrescentar que também serei o único.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Alec nem se preocupou em responder, tentando aparentar uma


serenidade que não sentia.
Roslyn fechou os olhos e engoliu em seco presa do pânico ao
notar a lamina contra sua sensível pele do pescoço.
Henry assentiu com ênfase.
— Deu-me muito trabalho encontrar os dois juntos e fora de sua
fortaleza. Devo dizer que sua segurança é impressionante, lamento que
não sejam muito sensatos.
Afastou momentaneamente o olhar de McAlister e o pousou sobre
Roslyn. — Mas você nunca o foi, não é verdade, amor?
Ao ver como o gigante havia avançado um imperceptível passo,
teve que voltar a olhá-lo. Falou a Roslyn com o olhar fixo no guerreiro.
— Você, querida, deveria saber que é impossível fugir de mim,
não? — Fez a pergunta enquanto puxava seus cabelos ainda úmidos.
Henry sorriu com deleite diante da impotência de Alec, que por seu
lado, ardia de fúria e desta vez não a escondeu.
— Mato-o se tocá-la. — Henry o olhou surpreso.
— Não, acredito que não. Sou eu quem tem a arma e com ela vou
matá-los. Primeiro matarei a ele. — Esta vez sim olhou a sua esposa
fugazmente.
As lágrimas surgiram dos olhos de Roslyn e se derramaram por
seu rosto. — Não! — Murmurou.
— Saberá o preço que se paga por trair-me. — Disse quando
apertou o punhal contra a garganta de Roslyn; de sua delicada pele
saiu um pequeno fio de sangue. — Depois matarei você.
Roslyn não gritou, mas se remexeu inquieta contra o torso
asfixiante de Henry. — Basta! — Gritou desesperada.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn se movia frenética. O punhal deixou de apertar-lhe o


pescoço, mas o soco que Henry lhe deu quando a soltou a fez cair de
bruço sobre as pequenas rochas que cobriam a orla.
Com o punhal na mão atacou Alec acreditando-se superior em
forças.
Roslyn sangrava no lábio e as lágrimas a impediram
momentaneamente de ver o que acontecia ao seu redor.
Viu os dois nobres abraçados. Henry já não tinha o punhal, que
estava caído sobre o leito de rochas aos seus pés, no entanto não
parecia necessitá-lo, apertava o pescoço de Alec enquanto ele agarrava
seus pulsos tentando afastar as mãos de seu pescoço. Henry
amaldiçoou em voz alta, assombrado pela força de McAlister.
Um punho voou quando Alec o incrustou no rosto de seu
oponente, no entanto ele não caiu ao solo, voltou a lançar outro golpe,
então Henry foi rápido o suficiente para puxar uma adaga de sua bota.
— Não!
O grito de Roslyn rasgou o ar enquanto via Alec desviar-se. A
afiada lâmina passou ao seu lado e se incrustou em uma árvore
próxima.
— Maldição! — Henry voltou a se precipitar para frente e
derrubou McAlister.
Com os nós dos dedos pálidos, Henry continuava apertando o
pescoço de Alec. Ainda que ele tivesse conseguido afastar-lhe as mãos
do pescoço estava fraco. O ferimento do torso voltou a sangrar
empapando o tartán. O sangue escorria e Alec perdia as forças. As
mãos voltaram a apertar sua garganta até que com um grito de dor,
Henry cambaleou para trás.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Olhou incrédulo a Roslyn atrás de si. A adaga que brandira


momentos antes havia se cravado em seu ombro.
— Maldita puta. — Uivou enquanto extraia a adaga do ombro.
Agarrou Roslyn pelos cabelos. Foi à última coisa que fez antes
que Alec afundasse a própria adaga que levava pendurada ao cinto no
coração de Henry.
Roslyn ficou pálida enquanto o via cair de joelhos ao chão. Viu
Alec extrair sua adaga do peito e a afastou da cena.
Quando voltou a olhar, Henry já não respirava. O sangue brotava
de seu peito tingindo o chão a sua volta de um vermelho forte.
— Alec, está morto. — Roslyn não sabia se ficar aliviada era
pecado, mas não se preocupou muito por isso.
Alec não se preocupou em responder. Cambaleou e se apoiou
contra ela. — Oh, Alec.
Abraçou seu marido e subiram com cuidado sobre a montaria.
Esporeou o cavalo enquanto ela permanecia com o olhar fixo sobre o
vulto inerte.
— Já acabou tudo. — Sentenciou.
— Sim.
A voz de Alec era dura, mas Roslyn sabia que ela não era a causa
desta vez.

Yuri amaldiçoou em tantos idiomas diferentes quanto foi capaz e


Roslyn certamente se surpreendeu por aquilo, mas não fez nenhum
comentário sobre o assunto. A anciã havia cuidado de seu neto
tornando a fechar o ferimento do peito, não sem antes arrancar-lhe
uma careta de dor.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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Roslyn sorriu fracamente enquanto enroscava suas mãos nos


sedosos cabelos de seu esposo. Estavam a sós. As velas iluminavam o
dormitório como faziam sempre, mas algo agora estava diferente.
Quando Alec abriu os olhos e a surpreendeu contemplando-o a
atraiu ao seu lado e a abraçou com cuidado enquanto ela lhe dedicava
um sorriso resplandecente.
— Roslyn?
— Sim?
Alec estava preocupado, havia dado ordens a Connor que
levassem o cadáver a McGregor para que o velho laird observasse que
se havia feito justiça. Desde o entardecer Roslyn permanecera serena e
calada ao seu lado como se tudo o que havia ocorrido ao seu redor não
fosse mais que uma simples miragem. Isso ainda que devesse
tranquilizá-lo, o preocupava.
— Encontra-se bem?
— Por que não estaria? — O sorriso aumentou.
Roslyn se incorporou levemente para olhar nos olhos de Alec que
a segurava comodamente aconchegada entre seus braços apesar de
seu ferimento.
Acariciou seus cabelos e roçou-lhe os lábios com um beijo fugaz.
— Parece muito feliz esposa.
— Estou.
— Por que seu maior temor está morto?
— Morto? Perguntou como se não entendesse.
— Refiro-me a Henry. — Disse ele com o cenho franzido
— Mas Alec, meu maior temor não era Henry.
Ele a olhou com absoluta perplexidade. A mão que acariciava
suas costas se imobilizou enquanto Alec esperava uma explicação.

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A Perfeita Fugitiva — Rowyn Oliver
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— Então…
— Meu maior temor era que me separassem de você. — Alec não
acreditou no que estava escutando, lhe levantou o queixo enquanto ela
continuava falando. — Agora não tenho que temer por isso, verdade?
— Não. — Foi sua simples resposta antes de afundar-se em um
longo e quente beijo.
Passasse o que passasse, Alec McAlister pensou que sua esposa
nunca deixaria de surpreendê-lo.

Fim

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