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e s p e c i a l

Arembepe

r e v i s t a

ponto
movel
cidade do
saber

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Sumário
GENTE QUE
FAZ 34

LÁ VEM
HISTÓRIA 36

SABERES E 16 DICAS
FAZERES CULTURAIS 38

PAINEL
CRIATIVO 40
MOVIMENTO
ARTÍSTICO 20

AÇÃO
GOVERNAMENTAL 24

AREMBEPE 06
26 ESPAÇO
VERDE

NOSSA
14 SABOR DA TERRA 32 LAZER 34
GENTE

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arembepe
Editorial

Como vivem os moradores de lugares Raimundo Pinheiro. O quarto número da culturais, das belezas naturais e da culinária
tão simples, afastados do burburinho revista, assim como as outras edições, é um desse lugar, conhecido internacionalmente
das grandes cidades, mas que revelam desdobramento do trabalho realizado pelo por abrigar o movimento hippie, no final
influências recebidas de gente de toda parte Ponto Móvel – estrutura disponibilizada a dos anos 60. Até hoje, Arembepe chama
do mundo? Como é perpetuada entre as partir de um caminhão baú adaptado para a atenção pelo peculiar modo de vida
gerações a tradição de se rezar uma trezena? levar cultura, esporte e lazer à população de presente na Aldeia Hippie.
E como conviver com tanta beleza natural Camaçari e seu entorno. A coletânea integra
sem agredir o meio ambiente? as diretrizes da Cidade do Saber, que busca Em outras edições, leia também sobre Barra
também registrar, preservar e divulgar a do Pojuca, Monte Gordo, Barra do Jacuípe,
Esses e outros aspectos são apresentados cultura local. Jauá, Areias, Vila de Abrantes e o povoado de
aqui, nesta série especial de publicações Cordoaria (remanescente quilombola).
da Cidade do Saber – Instituto Professor Neste número, dedicado a Arembepe,
mostramos um pouco das manifestações Convidamos você a viajar nessa história!

Boa leitura!

Esta publicação segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009.

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Distrito de
Monte Gordo
Sejamdos
bem vin

Camaçari
1 Barra do Pojuca

2 Monte Gordo

3
Barra do Jacuípe

Cidade do Saber
Sede Camaçari

4 Arembepe
Cordoaria
8 5 Areias

Distrito de
Abrantes 6 Jauá
7 Vila de Abrantes

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Arembepe: aquilo que nos envolve


Arembepe é, certamente, uma das nas características do modo de viver dos de respeito às diferenças, já que se tornou
localidades mais famosas da orla de moradores. comum a convivência entre pessoas de
Camaçari. Isso porque abrigou inúmeros origens e de “bagagem” cultural distintas.
integrantes e simpatizantes do movimento Há aspectos da cultura indígena (no
hippie, no final dos anos 60, atraindo gente artesanato e nomes de ruas, por exemplo), Há um quê de valorização da simplicidade,
de toda parte do Brasil e do mundo. Por da cultura afrobrasileira (culinária, evidente sem perder o charme. Tal qualidade é
lá passaram celebridades internacionais, na forte tradição de famílias de baianas evidenciada na manutenção das fachadas
como os cantores Mick Jagger (Rolling de acarajé do lugar), da cultura litorânea de algumas residências antigas, antes
Stones) e Janis Joplin, o cineasta Roman (pesca como atividade de subsistência habitadas pelas famílias de pescadores,
Polanski e os atores Jack Nicholson e e como fonte de geração de renda) e da e na opção, dos moradores da Aldeia,
Richard Gere. Também teve gente da terra, contracultura (que gerou o movimento de não aderir, ainda hoje, a recursos da
como Caetano Veloso e Gilberto Gil. hippie e implicou na formação da Aldeia de vida moderna como a luz elétrica e água
Arembepe, a única que resistiu ao longo encanada.
O lugar faz mesmo jus ao significado destes anos, no Brasil).
do nome. A palavra Arembepe traduz Assim, quem visita Arembepe encontra
uma expressão tupi-guarani e quer A antiga vila de pescadores guarda as suas bem mais do que o encantador ambiente
dizer: “aquilo que nos envolve”. Encanta tradições, que “caminham” junto com as natural pode oferecer: histórias e
e envolve pela natureza inspiradora, contribuições da comunidade alternativa personagens interessantes, passado
mas, principalmente, pelo “caldeirão” de (hippies e mochileiros) e também de e presente de muitas trocas culturais,
influências, que lhe confere peculiaridade. veranistas e visitantes, o que a consolida simplicidade nos modos de vida,
São heranças culturais diversas, presentes como espaço da diversidade. O ambiente é depoimentos de amor pelo lugar...

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Diferentes
visuais de
Arembepe

Artesanato
local

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Influências do passado Geo também conta que uma das tradições De vez em quando, ela ia buscar na
mais marcantes e muito conhecida em Aldeia e no Cacimbão (próximo à Rua
A lembrança dos tempos em que Arembepe é a Trezena de Santo Antônio, da Caraúna). “Mas a gente gostava mais
Arembepe ainda era apenas uma vila realizada na primeira quinzena de junho. de ir ao rio da Aldeia porque tomava
está viva na mente de vários moradores, A devoção ao santo é tanta que é passada banho, era mais gostoso”. Para garantir
nativos do lugar. Angélica da Purificação, entre as gerações. Responsável pela trezena, luz em casa, o recurso era o “fifó”. “Quem
conhecida como Geo, resgata o que viveu junto com outras mulheres da comunidade, sabia fazia, quem não sabia comprava na
nos tempos de criança, quando a maioria ela não abre mão da prática e fé tradicional. Feira de São Joaquim”. Dona Doê, como
das casas era de taipa e lá só moravam todos a chamam, veio de uma família
pescadores. “Na Caraúna, todo ano eu rezo a trezena de pescadores. Seu pai e cinco irmãos
de Santo Antônio. Antes era em uma pescavam, o que garantia fartura de
“Não tinha energia, não tinha nada. Minha barraquinha de palha e madeira. Agora a comida em casa.
mãe vivia de botar água de ganho porque gente está na Associação de Moradores”, diz
não tinha água encanada. Ela botava água Geo. Todos colaboram e sempre se oferece Ela complementa as memórias das Obra de arte
pra Arembepe inteira”, diz Geo, que, entre um prato típico do período: mingau, manifestações culturais dos tempos de Servilho,
7 e 8 anos, já carregava água na cabeça, mungunzá. “Na última noite, tem os fogos, do vilarejo, quando a população artista local
junto com os adultos, para abastecer as tem um sonzinho pra animar”, completa. de Arembepe não passava de 500
construções das primeiras casas de bloco. habitantes: “Na época de Reis, vinha um
Dona Francisca Batista de Souza, 90 anos, Terno de Boi do Conde, era uma alegria
Moradora da Rua da Caraúna, Geo já também relembra, com saudosismo, alguns danada! Aqui tinha o Terno da Rosa, que
participou de muitas brincadeiras e lembra: aspectos que marcaram sua vida. São saía cheio de lanternas feitas com papel
“Aqui tinha muito terno pela rua em Dia lembradas até mesmo as dificuldades como de seda colorido. Meu marido também
de Reis, já tinha a Chegança, Boi. A gente a falta de água encanada e de luz. “A gente participou da Chegança, ele era Secretário
tentava dormir cedo, mas era sempre botava uma lata de 18 litros na cabeça pra dos Mouros. Tinha roupa bonita, vermelha
acordado pra cantar e dançar com os buscar água na cacimba, aos poucos, com e uma camisona que ele passava no ferro
ternos”. a cuia”. de carvão”.

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Geo organiza
a trezena de
Santo Antônio

Dona Doê
(à frente) e a
filha Aica

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Marca Feminina Aldeia Hippie era filho do governador de São Paulo.


Outros ainda vêm aqui uma vez por ano,
Arembepe é mesmo um recanto peculiar. Até a década de 60, apenas alguns baianos muitos me ligam”, diz Doê, que já foi ao
Existe até tradição reinventada décadas frequentavam Arembepe nos finais de Rio de Janeiro e São Paulo de avião, “que
depois, como a Chegança capitaneada semana. O lugar só passou a ser mais nunca tinha andado”, a convite dos amigos
por Dona Bete. Manifestação da cultura conhecido quando o cineasta Glauber Rocha hippies.
popular, geralmente encenada só por rodou lá Barravento (seu primeiro longa-
homens, a Chegança ganhou essa versão metragem). A Aldeia Hippie conta com uma
feminina, o que revela um diferencial. Associação de Moradores (Amah), que
De pacata aldeia de pescadores a cenário de mantém até uma escolinha para as
Outra mulher que ficou muito conhecida, filme, Arembepe foi descoberta por gente de crianças. Ivana Mascarenhas Graça, que
também por uma tradição, foi Dona todo o Brasil e de algumas partes do mundo. convive com a comunidade há 23 anos,
Miúda, responsável por um dos mais Apesar de estranhar a chegada de pessoas com conta que algumas coisas mudaram para
saborosos acarajés da região. Uma de suas estilo de vida e “visual” tão diferentes, muitos pior, como o aspecto ambiental, e outras Escola Menino Luz
filhas, Rita Maria de Cássia, conta como moradores foram acolhendo os viajantes que para melhor, como os projetos mantidos atende moradores
o bolinho de feijão ganhou fama fora do se encantavam e acabavam ficando. pela associação. da Aldeia e do
Brasil. “Minha mãe ficou muito conhecida. entorno
Se estivesse viva, estaria vendendo acarajé Dona Doê foi uma das moradoras que mais A Amah existe há mais de 15 anos e tem
há 60 anos”. acolheram os viajantes, com os quais mantém mais de 50 associados. A professora da
contato até hoje. “Muitos deles trocavam escolinha, Ioná Mamona, explica que há
Rita diz que a mãe vendia no condomínio roupas por comida. Na época, usar jeans o projeto Menino Luz. A iniciativa atende
Parque Interlagos, onde há veranistas do ainda era novidade, então minha filha ia para a moradores da Aldeia e do entorno,
Sudeste do Brasil e de fora do país. “Era um a escola com as roupas que eles me davam e para resgatar o lúdico e o belo na vida dos
acarajé famoso, que saía de Arembepe achavam que ela era rica”, conta. alunos. Como consequência do trabalho, os
para o exterior. A tradição foi passando pra beneficiários vêm se destacando também
gente. Todas as filhas sabem fazer acarajé “Entre os que chegaram a Arembepe está na escola formal. Em 2009, a escolinha
e as netas também”, explica Rita. Missival (ainda morador e proprietário da da Aldeia foi vencedora de um edital do
Pousada da Fazenda) e Paulo Montoro, que Governo Federal para Pontinhos de Cultura.

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Pontos de cultura
Além do Pontinho de Cultura da Aldeia Hippie,
Arembepe tem também um Ponto de Cultura: Rita diz que o
a Associação Cultural Abolição Capoeira, que acarajé da mãe
realiza um trabalho de desenvolvimento da ficou famoso fora
cidadania, através de ações culturais. do país

E o que são Pontos de Cultura?


São iniciativas desenvolvidas pela sociedade
civil, que firmam convênio com o Ministério da
Cultura (Minc), através de seleção por editais
públicos. Ficam responsáveis por articular
e impulsionar as ações que já existem nas
comunidades.

Saiba mais: www.cultura.gov.br

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“Bonita por natureza... ” Surf revela talentos Mirim, Marquinho, como é conhecido,
foi um dos dois baianos da equipe
Não é à toa que tanta gente se encanta Os “locais” (surfistas do lugar) não brasileira no Mundial Pro Junior, em
por Arembepe e não quer mais sair de lá. hesitam. Arembepe é, sim, um dos janeiro de 2010, na Austrália.
Na entrada, exuberantes garças brancas melhores picos do surf, no Litoral Norte
e gaviões completam o cenário com o baiano. No Piruí, na Terceira Praia ou nas Além dele, outros “meninos” de
verde dos coqueiros e o azul das águas. proximidades da Aldeia, os jovens ou Arembepe vêm se destacando
Dunas, praias, lagoas e rios formam veteranos surfistas usufruem das boas em competições: Lucas Guilherme
paisagens peculiares. A Praia do Piruí ondas. Vale a diversão ou a prática de (tricampeão Baiano do Circuito
é um dos lugares especiais. Além de hábitos saudáveis em prol da qualidade Universitário de Surf ) e Bruno Mateus
oferecer condições para a prática de surf, de vida. Além disso, a praia também (vencedor de etapas do Circuito Baiano
reúne piscinas naturais, onde crianças e é procurada para os treinamentos Amador), primos de Marquinho, têm
adultos podem praticar mergulho. que antecedem algumas das mais representado a Bahia nas principais
importantes competições do Nordeste competições regionais.
Um poético pôr-do-sol pode ser do Brasil e do mundo.
apreciado sobre as dunas ou nas margens A cada título ou participação nos
do balneário do Rio Capivara, na Aldeia Marco Fernandez, 18 anos, criado e eventos esportivos, a referência e o
Hippie, com encantos preservados há revelado em Arembepe, é uma das estímulo para as novas gerações de
mais de 40 anos. Tomar banho de “água promessas do surf brasileiro. Depois Arembepe são consolidados, o que
doce” na Aldeia está entre os programas de conquistar o título de Campeão promove o surf e fortalece a cultura
prediletos de moradores e visitantes. Brasileiro de Surf Amador, na categoria praiana do lugar.

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NÃO DEIXE DE IR:
Emissário Submarino
Rio Capivara
integra visual da Entre as opções de lazer de Arembepe está uma
Aldeia Hippie visita ao point conhecido como Emissário. Lá, além
de ser ponto de pesca com vara (no píer), há bares
e barracas, com uma variedade de pratos típicos e o
visitante dispõe da água de rio e de mar.
Apesar de estar localizado nas proximidades do Arembepe tem
Emissário Submarino do Centro de Tratamento de revelado nomes
Efluentes Líquidos do Polo Petroquímico (Cetrel), os do surf
resíduos industriais, tratados e diluídos para reduzir
os impactos ambientais, são despejados
a 12 km da praia.
Para saber mais: www.cetrel.com.br

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arembepe Nossa Entrevista:
Gente Dona Joana

“Eu gosto muito de morar aqui


Dona Joana Francisca Souza, 76 anos, é moradora de Coqueiros de Arembepe, zona rural, tudo isso. Meu esposo também pescava,
onde muitos moradores têm no cultivo das hortas e nos pomares a base de sustentação trazia peixe bom pra casa: Olho de Boi,
familiar e geração de renda, além da criação de animais. Vermelho, Alvacora. O Olho de Boi fresco é
muito gostoso! A gente comia peixe fresco
Nesta entrevista à Revista Ponto Móvel Cidade do Saber, ela conta um pouco da sua origem e, quando tinha muito, botava pra secar
e da sua infância. Dona Joana teve 18 filhos e relembra, com saudade, da época em que os no sol, num varal. Eu dava para minhas
ternos animavam os moradores de Arembepe. Tinha festa que entrava pela madrugada e irmãs, assava, fazia moqueca. Eu vendia
era marcada pela fartura de comida e bebida. A antiga moradora conta, ainda, como foi a bolo, fazia carimã e vendia em Arembepe
chegada da primeira televisão no povoado. Confira a entrevista: para moradores e visitantes. Aqui tinha
muita mangaba que a gente mandava um
rapaz vender na Feira de São Joaquim.
Revista Ponto Móvel: Dona Joana, onde coqueiros, mangueiras e outras árvores Naquela época não havia carro, só carro de
a senhora nasceu? que dessem frutas. boi, era muito difícil pra nós irmos até São
Joaquim.
Dona Joana: Eu nasci num lugar chamado Revista Ponto Móvel: Além de plantar
Repouso, que fica perto de Areias. Quando árvores frutíferas, o que mais a senhora Revista Ponto Móvel: Quantos filhos a
eu me casei, vim morar em Coqueiros. e Seu Ademilton faziam para sustentar senhora teve?
Aqui tudo era mato, mas passava uma os filhos? 
estrada que dava acesso a essas terras, Dona Joana: Eu tive 18 filhos, agora eu
que eram todas de irmãos, do meu esposo Dona Joana: Plantávamos mandioca, criei 13. Oito são mulheres. Estão todos
Ademilton e dos irmãos dele. Primeiro fazíamos farinha e beiju. Nós tínhamos por aí, em Camaçari, Lauro de Freitas, mas
eles fizeram roças, depois fizeram as casa de farinha e tudo. Os moradores de a maioria está aqui. A caçula, Avani, ainda
casas. A gente plantou tudo isso aqui com Arembepe vinham aqui e compravam está comigo.

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Revista Ponto Móvel: O que a senhora e quem primeiro comprou televisão em
sua família faziam para se distrair? Coqueiros fomos nós. A casa ficava cheia
de gente que vinha assistir e era uma
Dona Joana: Nós nos divertíamos muito! animação.
Aqui tinha o Terno do Boi. No tempo do
Natal, a gente saia pelas casas e ninguém Revista Ponto Móvel: E hoje em dia, o
dormia. No São João tinha muito samba que a senhora gosta de fazer?
e ‘cumpadi de fogueira’. Um ficava de lá,
outro de cá, aí um pulava para o lado e Dona Joana: Frequento muito a Igreja de
o outro pulava para o outro, aí viravam Nossa Senhora das Candeias. Antigamente,
compadres. Agora só tem essas festas na época da Quaresma, a gente rezava na
organizadas e grandes, tipo a lavagem. igreja até de manhã. Acabou.
Eu já fiz muita festa em minha casa. Eu
rezava Nossa Senhora das Candeias, até Revista Ponto Móvel: A senhora gosta de
hoje eu tenho ela. A gente fazia no mês Coqueiros?
de janeiro, tinha viola e samba dentro
de casa e a festa num barracãozinho que Dona Joana: Eu gosto muito de morar
nós fizemos. Eu matava um porco, fazia aqui. Porque eu tenho minha roça, vendo
uma feijoada, vinha muita gente que as minhas frutas. Sou muito feliz por isso!
brincava a noite inteira. De manhã cedo
a gente oferecia um caçuá de manga e
um caçuá de jaca. Tinha um senhor que
bebia muito, aí os meninos melavam
ele todo de visgo de jaca e colavam as
bandeirinhas nele, depois ele dançava o
Boi. Era um divertimento muito bom. Ah,

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arembepe Saberes
e Fazeres

Salve a Chegança Feminina!


“A história que a gente canta é a história de um navio que veio de Portugal para
o Brasil e no meio do mar encontrou os turcos, onde uma batalha foi travada”.

Elizabete de Souza é filha do pescador Aos 10 anos, Dona Bete foi para Salvador frequentava e começou a ensaiar. “Veio
Antonio Fernandes de Almeida e da dona estudar e trabalhar como babá e lá ficou tudo na minha cabeça: as músicas, as letras,
de casa Elisa Bertolo de Souza. Nascida em quase por sete anos. “Morria de saudades as danças. Anotei e distribui entre o grupo.
Arembepe há 67 anos, brincava de roda, de Arembepe. Quando fiz 16 anos, voltei”. Na parte dos pandeiros, eu não sabia tocar,
como toda criança, mas já gostava de outra Constituiu família, teve três filhos e passou a pedi a Paulo (da Chegança masculina) que
brincadeira, chamada Nego Fugido. levar a sério a brincadeira da infância. viesse nos ensinar”.

Ainda na infância, começou a se interessar Ela conta que por um problema de saúde Isso foi em 2002. O grupo se estruturou,
pelos ternos que sua mãe participava. seu primo, Antonio Santa Rita, responsável adquiriu figurino e instrumentos e não
“O Terno da Revolta era parecido com a pela Chegança (masculina), não pôde parou mais de se apresentar. No princípio,
Chegança, só que a história era entre navios dar continuidade à manifestação. Então, contou com ajuda financeira apenas de
e aviões de guerra”, conta. manter a Chegança tornou-se uma um vereador e de um empresário local.
questão de honra para a mestra. Quando Aos poucos o grupo foi se firmando, e
Dona Bete tinha apenas 9 anos, mas ainda falou ao primo que ia fazer uma versão ganhou reconhecimento. Foi um dos
lembra das quadras cantadas no Terno da feminina, ele disse: “Minha comadre, vencedores do Edital de Manifestações de
Revolta: mulher não faz Chegança, faz samba-de- Cultura Popular da Secretaria de Cultura
roda, Terno de Reis”. do Governo do Estado, em 2009. Hoje, 40
“Tem um avião de guerra (2x), no Brasil mulheres integram a Chegança Feminina. A
a fama espalha (2x). Vencemos todas as A “capitã Bete” ousou e recrutou algumas integrante com mais idade tem 70 anos e a
questões (2x), acabou toda a batalha (2x)”. senhoras do grupo da terceira idade que caçula tem 10.

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Contato para
apresentações:

Mestra Bete
(71) 3624-3382

Chegança
comandada por
mestra Bete

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arembepe Saberes
e Fazeres

Moda hippie para o mundo Contato para


encomendas:

Manu
O estilista Manu nasceu no sertão da Bahia amanheceu, achou que seria impossível sair Ramalho, Elba Ramalho e Fafá de Belém. (71) 8718-1761
(no município de Saúde), mas morou de lá. Dito e certo. Ficou em Arembepe por
em São Paulo, dos 5 aos 20 anos. Das três anos, onde começou a criar peças com Depois Manu viajou para a Bolívia e o Peru.
experiências da grande metrópole, uma o material que coletava na praia. De lá, trouxe influências do artesanato
marcou a sua trajetória: experimentar a indígena amazônico e inca. Em 1975 foi
moda. Frequentou os eventos promovidos “Naquela época a gente tinha que fazer para o Rio de Janeiro e começou a produzir
pela Rhodia, no Ibirapuera, onde pôde alguma coisa pra trocar por comida. peças em couro, que chamaram a atenção
acompanhar grandes desfiles, despertando Comecei a criar roupas em algodão cru de Elke Maravilha. “Fazia as roupas no
o seu gosto pela costura. (sacos de alinhagem), estilizadas com meu corpo, por isso ficavam diferentes. Aí
conchas e fui vendendo”. Isso foi quando começou o burburinho”.
Na capital paulista trabalhou em escritórios Caetano Veloso chegou do exílio de
durante alguns anos, até que se identificou Londres e ia fazer um show na Concha Durante os anos 70 suas criações ilustraram
com a nova onda dos hippies e decidiu Acústica do Teatro Castro Alves. “Ele não publicações nacionais, como Manchete,
viajar pelo país afora. Depois de um tempo tinha roupa para a apresentação. Uma Vogue e Cláudia. Sônia Braga foi uma das
de aventuras, em 1969 voltou para a Bahia, amiga em comum levou uma e depois ele celebridades que posaram com as criações
onde foi convidado para uma festa em acabou comprando outra”. de Manu.
Arembepe. “Já sabia que Mick Jagger e
Janis Joplin haviam estado por aqui, mas Em seguida, Manu recebeu uma Em 1997, voltou para Arembepe. Desde
nunca tinha vindo, porque o acesso era encomenda de Maria Bethânia e viu que então estimula os nativos e visitantes a
difícil, só tinha estrada até Portão”, lembra. o caminho era esse. Sempre que tinha conhecerem as suas peças, promovendo
algum show, lá estava ele com uma sacola desfiles. Manu voltou a produzir só roupas
Manu foi para a festa que teve uma lua de roupas para os artistas. Conquistou em algodão, confeccionando peças
cheia como anfitriã. Ele conta que, quando clientes como Rita Lee, Ney Matogrosso, Zé exclusivas com sua marca.

18
Manu expõe suas
peças no Centro
Comunitário de
Artesanato

Criações de Manu
fizeram sucesso
entre artistas

19
arembepe Movimento
Artístico

Palco da Cidade
Em Arembepe ocorreram duas seletivas e familiares para um dos artistas locais, essas coisas que trazem a cultura do lugar
do Projeto Palco da Cidade, realizado pelo Nelson Souza de Jesus, conhecido como para as pessoas. Geralmente as pessoas
Núcleo de Produção do Teatro Cidade do “Nelson Bala”, que interpretou uma música tendem a dar valor ao que é de fora,
Saber para revelar os talentos artísticos de Djavan. Ele chegou à semifinal. principalmente nos aspectos
de Camaçari. Um dos objetivos é dar culturais. Por isso, o meu objetivo
oportunidade a quem mora mais distante Já na segunda seletiva de Arembepe, no foi mostrar meu trabalho, minha
do centro da cidade e de equipamentos Loteamento Fonte das Águas, dois dos concepção de vida, sempre através
culturais, como a sede da Cidade do Saber. maiores destaques de toda a primeira da música”, revelou.
edição do Palco da Cidade, em 2009,
A primeira seletiva foi na Praça dos concorreram à classificação. Não só Já Josias Mercês dos Santos, integrante
Coqueiros, uma das mais animadas de alcançaram as semifinais, como também do Universo com Verso, grupo que
todo o período em que o Ponto Móvel da participaram da grande final no Teatro conquistou o terceiro lugar do projeto,
Cidade do Saber percorreu oito localidades Cidade do Saber. Foram eles o cantor e contextualiza a ação com as demandas da
para classificar finalistas, num verdadeiro compositor Alex Mikimba e o grupo cênico- localidade que representou. “Nós, artistas,
“festival de talentos”. O Ponto Móvel usa a musical Universo com Verso. precisamos sempre estar com a mão na
estrutura de um caminhão-baú adaptado massa e não ficar só no discurso. Para
para a oferta de serviços relacionados à Para Mikimba, o Palco da Cidade , “além Arembepe, especificamente, isso é muito
cultura e ao esporte, contando, inclusive, de abrir portas para a prata da casa, trouxe importante, porque aqui há muita cultura
com um minipalco. mais arte e cultura para a comunidade”. e precisamos de muito mais investimentos
Para ele essa foi uma grande oportunidade culturais. O Palco da Cidade enriqueceu e
E na Praça dos Coqueiros houve até de mostrar o trabalho. “Eu sempre quis abrilhantou a cultura local”, avaliou.
torcida organizada formada por amigos trabalhar com teatro, com música, com

20
Palco da Cidade
revela talentos
das comunidades
visitadas

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arembepe Quem Conta
um Conto?

Bem vindo ao reduto


da Aldeia Hippie
Posfácio extraído do livro Naquele tempo em Arembepe, de Beto Hoisel.

“Quando e como começou a Aldeia, não se sabe. Possivelmente,


ainda em fins dos anos 60, algum curtidor chegou ao lugar e
resolveu ficar. Fez sua casinha com palhas de coqueiro e ninguém
reclamou. Arrumou ou já tinha uma companheira e foi ficando.
Encontrou algum outro maluco fazendo colares e pulseiras
em Itapuã ou Salvador, onde de vez em quando ia vender seu
artesanato, e, discretamente, espalhou sua descoberta. Foram
aparecendo outros e outras, fazendo suas casinhas e ficando,
sem ninguém protestar. Tudo deserto, nada para encher o saco,
a natureza limpa, a praia, o rio, o pôr-do-sol e o nascer da lua, os
coqueiros dando material de construção e coco à vontade para
qualquer emergência de fome e sede. Arembepe logo ali, para
um apoio imediato. E, principalmente, ninguém. Ninguém para
reclamar dos trajes ou da falta deles, ninguém para fiscalizar os
comportamentos assumidos. Silêncio e paz. O lugar ideal para o
amor, ao som discreto das guitarras, flautas e bongôs. Liberdade.
Li-ber-da-de! Estava fundado o paraíso”.

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Outra
versão...
Por Jasson Winck, poeta, em Material de
Informações Turísticas de Arembepe.  

“A Aldeia Hippie foi criada durante a


década de 60, quando mentes livres da
juventude, influenciadas pelo festival
Woodstock, pela Tropicália e outros
movimentos vieram para Arembepe.
Onde hoje está situada a Aldeia Hippie era
originalmente a Fazenda Caratingui, divisa
com a Fazenda Arembepe. Os vaqueiros
construíram a primeira cabana de palha
para descansar e preparar as refeições.
Após a venda da fazenda, as barracas
permaneceram. Os hippies chegaram
em grupos. Eles ocuparam as cabanas da
aldeia, que começou a crescer.”

23
arembepe Ação
Governamental

Revitalização de Arembepe
Uma nova Arembepe... É possível? de Arembepe foi desenvolvido Aldeia Hippie com quiosques e deck
Sim, em relação ao potencial turístico, pela Secretaria de Desenvolvimento em locais estratégicos, iluminação,
à qualidade de vida dos moradores, Urbano de Camaçari (Sedur), com paisagismo, divisão de passeio
ao aquecimento da economia local e a estimativa de investimentos de ecológico, limpeza e recuperação da
geração de emprego e renda. Mas os aproximadamente R$15 milhões. As vegetação nativa, pórtico de entrada,
elos serão mantidos e evidenciados com intervenções, iniciadas em 2010, têm vestiários do camping e rede de esgoto
a tradição, com a história, com as suas previsão de término em um ano e a interna. Estas serão as principais ações
características culturais. obra está dividida em sete trechos. para valorizar e evidenciar as belezas e
traços culturais do lugar.
Esta é a proposta da Prefeitura Construção do estande de apoio
Municipal de Camaçari para uma de ao turista, o alargamento do Tantas mudanças físicas serão somadas
suas mais famosas localidades, rumo calçadão, nova ciclovia, campo de às contribuições dos moradores, que,
à consolidação como um dos mais futebol revitalizado (com vestiários, com suas habilidades para criar e
importantes destinos turísticos da alambrados e nova iluminação), nova reinventar, reforçarão a posição de
Bahia. quadra poliesportiva, reurbanização Arembepe como lugar único, mágico,
das praças com iluminação cênica, que envolve e acolhe a todos que se
O projeto de revitalização urbanística deck de acesso à praia e barracas. aproximam!

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Arembepe passa
por obras de
requalificação
urbana

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e s p e c i a l

arembepe Espaço
Verde
Rivelino é
Seuexemplo de
responsabilidade
com o meio
natural

Ação Ecológica do
Coqueiro Solidário
Há mais de 13 anos, Rivelino Martins de Eles formaram o que chamam de corredor prol da preservação. Parte para a ação,
Souza preocupa-se com o patrimônio ecológico, plantando 500 mudas do campo contribuindo para equilibrar os impactos
natural de Arembepe. À frente da ONG de futebol à estrada que dá acesso à Aldeia ambientais de toda uma comunidade,
Coqueiro Solidário, junto com o seu sobrinho Hippie. “Além disso, a gente promove todo mesmo ciente de que resultados poderiam
Reginaldo, vem promovendo ações ecológicas ano o Movimento Arrastão Ecológico para ainda ser mais significativos, com o maior
significativas em Arembepe. limpeza de rios, praias e dunas, envolvendo envolvimento de outros cidadãos.
de 200 a 300 pessoas. Já achamos até
“A gente começou no dia 21 de abril de 1997. geladeira dentro do rio!”, conta Rivelino, que Também integrante de outro movimento,
Nossa preocupação era porque aqui, na Praça preocupa-se com a falta de consciência o SOS Rio Capivara, fundado pela
dos Coqueiros, só havia seis coqueiros velhos, das pessoas. “Alguns visitantes vêm união das organizações ambientais
centenários, gigantes. A proposta era fazer um e fazem churrasco no pé das árvores, de Arembepe, Rivelino alerta: “É
reflorestamento de coqueiros na praça, para queimam tudo, deixam lixo”. imprescindível a supervisão das
dar sentido ao nome”, explica. Eles começaram construções erguidas nas áreas próximas
com algumas mudas doadas pelo Sr. Antonio Segundo ele, a Prefeitura de Camaçari, a do Rio Capivara. Chamamos a atenção dos
Santa Rita, um dos fundadores da Chegança. Limpec, a empresa Millenium e a Camaçari órgãos competentes e da comunidade
“Ficamos sabendo que o Thierry, proprietário Ambiental são parceiras do projeto, que e instituições ambientais para coibirem
do Restaurante Mar Aberto, tinha 22 mudas retira toneladas de lixo de Arembepe em ações e estruturas que desequilibram
para doar”. setembro e janeiro. e ameaçam a paisagem natural do Rio.
Afinal, a área é protegida por lei e as
Plantaram 60 coqueiros. Depois não pararam Rivelino é exemplo do compromisso e da infrações contra essa APA constituem
mais, plantaram milhares de mudas, não só de relação positiva que o ser humano precisa crime ambiental regulamentado pela
coqueiros, mas de outras árvores nativas. estabelecer com o meio ambiente em Constituição Federal”.

26
APA RIO CAPIVARA:
A APA Rio Capivara localiza-se no Distrito de
Abrantes, Camaçari. Foi criada pela necessidade de
conservação da área, devido ao potencial turístico e
pela presença de ricos ecossistemas: mangue, dunas,
rio, brejo, restinga, lagoa, mata secundária e praia.
A flora e a fauna são ambientes peculiares e frágeis,
protegidos por leis federais e estaduais.
Os atrativos naturais, aliados à localização com fácil
acesso, são elementos que propiciam a expansão
da ocupação urbana. Na APA, as agressões
mais frequentes referem-se às queimadas, aos
desmatamentos, à extração de areia e a
degradação dos mananciais hídricos.

Fonte: www.cra.ba.gov.br

27
arembepe Espaço
Verde

Arembepe, recanto das tartarugas


O Projeto Tamar foi criado em 1980, para espaço de informação, educação ambiental cultivo de uma horta comunitária, o resgate
preservar as cinco espécies de tartarugas e divulgação do trabalho do projeto, com cultural e a preservação do meio ambiente.
marinhas que ocorrem no Brasil, todas museu interativo, aquário com filhotes, “Estamos tentando fazer um trabalho de
ameaçadas de extinção. Possui 24 bases tanques de reabilitação e espaço de pesquisa. inclusão porque constatamos um número
e atua em nove estados brasileiros na muito grande de crianças expostas ao risco
proteção destes animais, sempre com A bióloga Kellyn Carneiro conta que, desde social, completa Kellyn.
envolvimento comunitário. o principio, o Tamar contou com o apoio
da comunidade. “Fizemos entrevistas com Os monitores do projeto são de Arembepe,
A base de Arembepe tem cobertura de as pessoas para saber da ocorrência das orientam o trabalho na horta e estimulam
área que concentra, aproximadamente, tartarugas . Desde o início, a comunidade é a preservação da cultura (bumba-meu-boi,
30% de todas as desovas do Litoral Norte mobilizada pelo Tamar e hoje a gente tenta samba-de-roda, maculelê e capoeira). Na
baiano. Por temporada, de setembro aprimorar as atividades com a comunidade, escolinha, o trabalho relacionado com a
a março, cerca de 2.200 desovas são através de projetos sociais”. natureza não deixa de ter o seu espaço e
protegidas pelo posto, o que garante as crianças exercitam os cuidados com o
160 mil filhotes, em 47 km de praias nos A linha de atuação social do Tamar meio ambiente e participam de oficinas
municípios de Salvador, Lauro de Freitas e contempla o incentivo às alternativas de reciclagem. Além disso os alunos são
Camaçari. de renda sustentáveis; além do resgate acompanhados por nutricionistas, que
cultural. “Dependendo da base, a gente elaboram um cardápio rico e variado para
Numa área de 5.000 m2, cedida pela tem um foco em determinada atividade. os lanches oferecidos. Nos últimos anos a
Prefeitura de Camaçari, a base de Aqui em Arembepe temos a Escolinha do escolinha vem contando com o patrocínio
Arembepe mantém o Centro de Visitantes, Tamar com 50 alunos, de 6 a 15 anos”, diz. da Unesco, através da chancela Criança
aberto diariamente das 9h às 17h. É um Na escola são trabalhados três objetivos: o Esperança.

28
Projeto Tamar
Seu
protege
tartarugas
marinhas

29
e s p e c i a l

arembepe Espaço
Verde
Contato:

Base Tamar
(71) 3624-1193
(71) 3624-1049

Na equipe que compõe o Projeto Tamar retorno dos animais adultos daqui a mais
em Arembepe estão os tartarugueiros, de duas décadas é um trabalho complexo,
também moradores locais. O tartarugueiro é que envolve a atuação de biólogos,
a pessoa que monitora a praia diariamente, estudantes, dos habitantes das localidades
começando por volta das 4h da manhã. do litoral e a conscientização dos turistas
“Dependendo da área, os ovos são e visitantes. O objetivo maior é amenizar
recolhidos ou deixados no próprio local os impactos e garantir que esse animal
de desova. Em áreas urbanas, como Itapuã pré-histórico torne-se, também, um ser do
e Jauá, essas desovas não permanecem futuro.
nos locais por conta das ameaças da ação
humana. Tem problema de fluxo de pessoas, A base de Arembepe é uma das mais
de iluminação artificial de trânsito”, explica. significativas áreas de reprodução do litoral
baiano. A importância do seu trabalho
Todas as desovas são marcadas por uma está, também, relacionada à preservação
“estaca” de cano, que recebe a identificação das tartarugas cabeçudas e de pente,
“Tamar – ICMBio” e um número que sendo a última uma das mais ameaçadas
possibilita o monitoramento desde o dia de extinção e com ocorrência regular na
do nascimento das tartaruguinhas. Quando região para formar ninhos e desovar.
elas nascem, criam vínculo com o lugar e,
quando as fêmeas completam entre 20 e 25 Para saber mais sobre o Projeto Tamar, as
anos, retornam ao local de nascimento pra tartarugas marinhas e ajudar a protegê-
desovar. las, torna-se imprescindível percorrer
um caminho que reúne aprendizado e
Proteger as áreas de desova das tartarugas, diversão: conhecer o Centro de Visitantes!
garantindo que se mantenham aptas para o
Acesse: www.projetotamar.org.br

30
SeuBase de
Arembepe
garante
monitoramento
das espécies

31
arembepe Sabor
da Terra

Gastronomia à beira mar

Um restaurante com fama internacional e

Receita de muitos outros com forte tradição. Em comum,


culinária elaborada com ingredientes fresquinhos,

mãe para filha


principalmente os pescados, adquiridos assim que
chegam à terra firme.

O Mar Aberto é o estabelecimento mais famoso,


Em Arembepe, muitas famílias mantêm o hábito de passar receitas fruto da dedicação de mais de 20 anos dos seus
de mãe para filhas. Nas décadas passadas, as mulheres - marisqueiras, sócios. Já figurou em diversas revistas especializadas,
quituteiras ou simplesmente mães de família provedoras da como referência em sua categoria na Bahia (pratos
alimentação dos filhos - saíam em busca dos frutos do mar, cheios de típicos do litoral baiano, entre outros), como
nutrientes, ou instalavam seus tabuleiros de baianas de acarajé em a Veja Salvador, Revista Gula e o Guia Quatro
pontos da praça e nas praias. Hoje, receitas, modos de fazer e segredos Rodas. Consagrou o seu serviço entre executivos,
culinários conquistam paladares de veranistas e visitantes, sendo um personalidades e grupos familiares. O ambiente é
atrativo à parte para quem curte os finais de semana em Arembepe. muito agradável, com exposições de obras de arte e
uma decoração que acentua o clima da praia.
Recomenda-se, entre tantos outros, não resistir aos acarajés de Catita,
filha da baiana Delfona, e de Nivalda, filha de Elisa. Elas conquistam, Já entre os restaurantes mais tradicionais estão o
também, pelas belas indumentárias. da Coló, o restaurante O Tubarão e o do Isqueiro.
Todos instalados em algumas das construções mais
Para os que desejam saborear delícias comuns aos hábitos locais, seja antigas de Arembepe, na Praça das Amendoeiras,
a partir de uma receita passada entre gerações, ou através do toque e com uma encantadora vista do mar. Na Aldeia, a
especial dos chefs dos principais restaurantes, seguem algumas dicas. sugestão é o restaurante de Roque, com as deliciosas
moquecas, sanduíches e sucos naturais.

32
Moqueca de Passarinha
Receita de D. Miúda, por Rita Maria de Cássia

Ingredientes: Modo de preparo:


2 tomates cortados em rodelas Em uma panela aqueça 2 colheres
3 cebolas cortadas em rodelas de azeite de dendê e ponha os
1 pimentão cortado em rodelas temperos, reservando um pouco
de coentro e cebolinha. Refogue
1 maço de coentro picado por dois minutos, acrescente uma
meio maço de cebolinha picada parte de leite de coco, junte a
100g de camarão seco passarinha fatiada, o camarão seco
2 dentes de alho picados e cozinhe por 5 minutos,
meia xícara de azeite de dendê colocando o restante do azeite e do
leite de coco. Quando ferver,
2 xícaras de leite de coco grosso
desligue e polvilhe o coentro e a
1kg de passarinha (baço) de cebolinha por cima. Sirva com arroz
boi escaldada com sal e limão e branco.
cortada em fatias

Seu
Dona Rita conta
segredinhos de
família

33
arembepe Gente
que Faz

Alma Mirim: foco na cidadania


Natural de Franco da Rocha (SP), Edgard crianças em regime de creche e aos pais, dos pais e responsáveis pelo público-alvo
Greco Júnior conheceu Arembepe responsáveis e demais membros da família, principal, a criançada.
em 1985 e se apaixonou pelo lugar. oferecendo-lhes cursos de alfabetização
Impulsionado por suas experiências como para adultos e profissionalizantes. “Neste momento estamos lutando, e
voluntário em projetos sociais, resolveu muito, para concluir a obra da cozinha
fazer algo pelas crianças do Loteamento “Neste momento, atendemos a 44 crianças e refeitório, o que permitirá um maior
Fonte das Águas (área com crescimento em regime de alfabetização, divididas em conforto para o preparo e serviço de
acelerado nos últimos anos e que abriga dois turnos, além de atividades transversais alimentação das crianças”. Edgard conta
número significativo de habitantes de que realizamos com as crianças e com a também que está em fase de conclusão
Arembepe). Foi quando criou o projeto comunidade, algumas em parceria com o estabelecimento de uma parceria
Comunidade Alma Mirim, sem quaisquer outras instituições, como as que realizamos com o Comitê para a Democratização
vínculos político-partidários, religiosos ou com o projeto Ponto Móvel da Cidade do da Informática (CDI). Serão oferecidos
de qualquer outra natureza. O objetivo Saber”, explica Edgard. à comunidade, gratuitamente, cursos
é contribuir com a transformação da básicos de informática, além de promover
realidade dos mais jovens, oferecendo O Alma Mirim é mantido por doações de a criação de uma espécie de centro de
instrumentos para a prática plena da pessoas físicas e empresas, que acreditam inclusão digital, que vai oferecer diversos
cidadania. ser possível, com pequenas ações, gerar serviços também gratuitos. “O objetivo
  resultados significativos. O projeto da instituição é atender a 150 crianças,
A Comunidade Alma Mirim de Atenção Comunidade Alma Mirim está em busca de até 6 anos, e criar uma agenda ampla
à Criança é uma instituição privada, de de parcerias com outras entidades para de cursos profissionalizantes para os pais
direito público, sem fins de lucro financeiro, potencializar a sua atuação com a oferta de e moradores do bairro, além, é claro, de
que tem como objetivo atuar junto às cursos que facilitem a inserção no mercado buscar a autossustentação do projeto”,
famílias de Fonte das Águas, atendendo às de trabalho e que aumentem a renda conclui, esperançoso, Edgard.

34
Edgard cuida
da Comunidade
Alma Mirim

Contatos para
doações:
Edgard Greco
Junior
(71) 9967-6104

35
arembepe
Lá vem
História

Tudo começa assim...


Rio Joanes Foi somente em 1938 que o município da capela, sob a orientação do padre
passou a se chamar Camaçari, através Edmundo. Em 2009, foram modificados
Foi assim que nasceu a Aldeia do Divino do decreto 10.724, de 30 de março. O o telhado e a varanda lateral, além da
Espírito Santo, pelos jesuítas João Gonçalves documento legitimava a criação da parte elétrica e hidráulica, com o apoio
e Antônio Rodrigues. Logo depois, foi sede e dos distritos de Vila de Abrantes, da Prefeitura Municipal. Houve também a
instalada a Companhia de Jesus, para Monte Gordo e Dias D’Ávila, este último importante participação da comunidade,
catequização dos índios tupinambás que emancipado em 1985. Hoje, Camaçari principalmente dos devotos. Alguns eventos
viviam na região. também reúne conhecidas localidades, foram realizados para a arrecadação de
como Jauá, Barra do Pojuca, Barra de recursos, como um arrastão beneficente.
Por decreto do Marquês de Pombal, a Jacuípe, Areias e Arembepe, entre outras.
emancipação aconteceu em 28 de setembro A Comunidade São Francisco de Assis
de 1758. O nome do povoado foi alterado Igreja de São Francisco de Arembepe surgiu com o desejo dos
para Vila de Nova Abrantes do Espírito Santo pescadores de construir uma capela. A obra
e o decreto também expulsou os jesuítas Arembepe é uma das mais conhecidas foi finalizada em 20 de fevereiro de 1902,
que viviam na região. Vila de Abrantes foi o localidades do município de Camaçari e, quando ficou determinado que, todo dia
próximo nome da localidade. como as demais, guarda peculiaridades 20 do mês, a comunidade faria três dias em
e histórias. A Igreja de São Francisco de louvor ao padroeiro (ainda sem a procissão,
O distrito de Camaçari foi criado em 1920, Assis, padroeiro de Arembepe, foi fundada que deu origem à Festa de Arembepe e
juntamente com o desmembramento de em 1902, quando o lugar ainda era uma que surgiria quase trinta anos depois). No
Abrantes. Ganhou o nome de Montenegro, pequena vila de pescadores e mantida pela templo também se rezavam 30 dias do
em homenagem ao desembargador renda resultante da produção pesqueira. mês de Maria e a Trezena de Santo Antônio.
Tomaz Garcez Paranhos Montenegro que, Depois, começaram as homenagens a Nossa
com sua influência política, conseguiu A centenária construção passou por Senhora do Parto.
trazer a estrada de ferro para suas terras, reformas estruturais por conta da ação
impulsionando o desenvolvimento regional. do tempo. Em 1992, houve a ampliação Saiba mais: http://arembepeemfoco.blogspot.com

36
Naufrágio em Arembepe. Uma lenda?

Ao navegar na internet, textos dão conta de um naufrágio, no


período colonial, por volta de 1573, na região de Arembepe.
Segundo as fontes acessadas, tratava-se da nau portuguesa Santa
Clara, que fazia parte da carreira das Índias. Na trajetória, passou por
Salvador, com 676 pessoas a bordo, mas naufragou horas depois, nos
recifes de Arembepe.

Conta-se que, como trazia um grande tesouro, que poderia chegar a


U$ 200 milhões, houve uma corrida pelo ouro entre os habitantes de
Salvador. Há quem diga que muitos bens e corpos dos passageiros
ficaram espalhados pela praia, pois somente seis pessoas escaparam.
Era a maior carga de ouro transportada por uma nau a partir das
Índias, que naufragou abaixo da linha do Equador.

Para pesquisar mais sobre o naufrágio e tantas outras histórias,


seguem algumas sugestões de fontes. Cabe a cada leitor mergulhar
nos textos, fazer suas triagens e dar asas à imaginação:

Fontes:
http://www.getwet.com.br
http://www.naufragiosdobrasil.com.br
http://www.naufragios.com.br

37
arembepe Dicas
Culturais

Padroeiro São Francisco de Assis


Acontece na segunda semana de
março a tradicional Lavagem de
pela primeira vez nos anos 30,
quando pescadores resolveram
Dia de Festa no Mar
Arembepe, que homenageia o caminhar em procissão pelas ruas da
padroeiro São Francisco de Assis. A antiga vila, em homenagem a São No dia 2 de fevereiro, às 5h da manhã, o
programação começa na sexta-feira, Francisco de Assis, protetor dos que cortejo sai da casa de Dona Lindú, na Rua das
com a procissão em homenagem tiram o sustento do mar. Amendoeiras, e segue em direção ao mar.
ao santo, e termina segunda-feira, Em terra, a alvorada de fogos anuncia o início
com o Baile dos Coroas. O cortejo Em mais de 70 anos de tradição, das homenagens. Já em alto mar, os barcos
sai por volta das 11h, da Volta do o que era uma simples devoção a formam um grande círculo para que os
Robalo, e vai até a igreja, na Praça das um santo transformou-se em um presentes sejam entregues à “rainha do mar”,
Amendoeiras, em um percurso de grande festival, dividido entre as proporcionando uma visão mística e poética
aproximadamente 2 km. partes religiosa e profana, com para quem fica em terra. A banda de sopro
blocos e atrações nacionais. A também acompanha a procissão marítima.
Participam da caminhada centenas Lavagem de Arembepe, ao mesmo De volta à praia, o sopro continua a animar
de baianas com água de cheiro, tempo em que encerra o ciclo de os participantes, já por volta das 8h. É um
filhos de Gandhi, maculelê, roda de festas populares de Camaçari, abre, ritual muito emocionante, que já se tornou
capoeira, banda de sopro, banda de novamente, o calendário baiano de tradição local e que reúne pessoas de todo o
música, minitrio, personalidades e festividades pré-carnavalescas, as município de Camaçari.
autoridades. O evento foi realizado micaretas. A roda gira, mais uma vez!

38
Festival da Aldeia Hippie
Anos 60 e 70. Aldeia Hippie, de Arembepe ganharam uma maior
Arembepe. Uma bela lua cheia, proporção entre o final da década de 70
realçada pela ausência de energia e início dos anos 80. Esta foi a semente
elétrica. Um violão, talvez mais... Não para o Festival da Aldeia Hippie.
demora muito, alguém aparece com
um chocalho, outro com um pandeiro, Assim, até hoje, todo ano, na primeira
até surge um bongô... E está montada lua cheia do mês de janeiro, os
a percussão. O círculo formado em moradores da aldeia e amigos realizam
torno de uma fogueira reforça o clima a festa. Em 2010 foi realizada a 25ª
de celebração. Festeja-se a natureza e a edição. Apesar da importância, falta
liberdade... patrocínio.

Inspiração e instinto não faltam. Algo No festival, convidados especiais e


remete aos círculos festivos dos povos mais a arte dos próprios habitantes
celtas, quem sabe a mística. Ou aos preenchem a programação de todo
rituais de comemoração dos indígenas. um final de semana. Desfiles de moda,
Afinal, esta é também uma aldeia, mas exposições de artesanato e muita
a sua tribo é o mundo jovem, repleto música (dos mais variados estilos: rock,
de aspirações, resumidas em muita paz reggae, MPB...), aliados à crítica social e
e amor! às mensagens de pacifismo, reforçam
uma identidade, congregam as pessoas
Motivados pelos grandes festivais e embalam corações saudosistas...
que aconteciam mundo a fora, como Imperdível para quem viveu o início
o Woodstock (o mais famoso), e a desta história e para os que ainda têm
partir desta vocação para celebrar e a chance de conhecer e entender um
oportunizar os encontros entre pessoas pouco sobre o movimento!
sintonizadas numa mesma ideologia
ou que simpatizam com o modo Para saber mais:
livre de viver, os eventos sob o luar www.aldeiahippie40anos.blogspot.com/

39
arembepe
Painel
Criativo

Ponto Móvel
O Ponto Móvel da Cidade do Saber ofereceu
uma série de atividades artísticas e esportivas
à comunidade de Arembepe, no período de
novembro de 2009 a fevereiro de 2010. O
resultado do estímulo à produção artística e à
prática esportiva envolveu cerca de 250 pessoas
durante três meses. Foram diversas oficinas,
como de futebol, pintura em tecido, criação
literária, musicalização, brinquedos e a realização
de brincadeiras. O resultado do trabalho pôde
ser verificado no encerramento deste ciclo de
atividades, realizado no Teatro Cidade do Saber,
no dia 22 de março de 2010.

Em breve, o Ponto Móvel voltará a atuar na


localidade... Até logo, Arembepe!

40
Trabalhos
realizados pelos
alunos das
oficinas do Ponto
Móvel

41
arembepe Expediente
Lazer CIDADE DO SABER

Diretora geral: Ana Lúcia Silveira


Diretor de infraestrutura: Utilan Coroa
Diretor do saber: Arnoldo Valente
Diretora do teatro: Osvalda Moura

Caça-palavras
COORDENAÇÃO DO PROJETO

REVISTA PONTO MÓVEL CIDADE DO SABER


Alguns verbetes em Tupi-guarani: Assessoria de Comunicação da Cidade do Saber
(ASCOM)
Responsável: Carolina Dantas
Pesquisa: Bárbara Falcón
Textos: Carolina Dantas e Bárbara Falcón
Fotos Ascom: Daniel Quirino e Clemente Junior
Equipe Ascom: Carolina Dantas, Bárbara Falcón,
Clemente Junior, Daniel Quirino, Elba Coelho e
Tediarlen Silva

REALIZAÇÃO

AG Editora
Diretora executiva: Ana Lúcia Martins
Executiva de projetos: Júlia Spínola
Edição: Ana Cristina Barreto
Fotos: Paulo Macedo
Resposta: Robalo, Pinaúna, Piruí, Xixarro, Caratinguí e Capivara

Revisão: José Egídio

Endereço: Rua Coronel Almerindo Rehem, 82, sala


1207, Ed. Bahia Executive Center, Caminho das Árvores.
CEP 41.820-768 - Salvador-BA Tel: (71) 3014-4999

Projeto gráfico: Metta Comunicação


Editoração: Jean Ribeiro e João Soares
Ilustrações e arte: Jean Ribeiro

Tiragem: 2.000 exemplares - distribuição gratuita

Agradecimentos:
ASCOM - Prefeitura Municipal de Camaçari
Fotos: Carol Garcia

42
e s p e c i a l

Arembepe

Executor do Projeto

Parceiros Cidade do Saber: Mantenedor:

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