Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
PENTATEUCO
bi
OS FUNDAMENTOS ÉTICOS E RELIGIOSOS
oi
DE ISRAEL NO ANTIGO TESTAMENTO
Pr
Samuel Suana
a
nd
Ve
($'(16,120e',27(2/Ï*,&2$',67Æ1&,$
©2006, Samuel Suana
Título original:
PENTATEUCO - Os Fundamentos Éticos e Religiosos de Israel no Antigo Testamento
da
Telefax – (12) 3642-5188
www.ibad.com.br
bi
Impresso no Brasil
Coordenação
Reverendo Mark Jonathan Lemos
oi
Todas as citações bíblicas foram extraídas da versão revista e corrigida, salvo indicação ao contrário.
Pr
a
nd
Suana, Samuel
PENTATEUCO - Os Fundamentos Éticos e Religiosos de Israel no Antigo Testamento
Ve
ISBN – 85-60068-00-7
($'(16,120e',27(2/Ï*,&2$',67Æ1&,$
Sobre o livro
Categoria – Religião
Formato – 16 x 23 cm
Mancha – 12,3 x 19,2 cm
da
Tipo e corpo: Garamond
Papel: Offset75/m2
Tiragem: 3 mil exemplares
Equipe de Realização
bi
Produção gráfica: Imprensa da Fé
oi
Supervisão: Mark Jonathan Lemos
Pr
Fotolito: MJ Serviços de composição
Produção editorial
Coordenação
Mark Jonathan Lemos
a
Normatização do Texto
Nadirce Barros dos Santos Gregório
nd
RevisãoTeológica
Emerson de Moura Cavalheiro
Revisão de Português
Silvia Helena Siqueira
Ve
Capa
HeitorGalvãoSouzaBeckman
Todas as imagens publicadas neste livro foram cedidas pela Editora Vida
S IQUEIRA
Sumário
da
bi
oi
Pr
A PRESENTAÇÃO 7
COMO ESTUDAR A DISTÂNCIA 9
INTRODUÇÃO 13
a
5
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
2. O Significado Espiritual das Ofertas ..................................... 151
3. Tempos de Celebração: as Festas de Israel . ............................ 157
4. O Deserto: uma Fonte de Lições . ........................................... 167
bi
5. Uma Geração Diferente .......................................................... 177
C ONCLUSÃO 187
E XERCÍCIOS
oi 189
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 203
Pr
a
nd
Ve
6
Apresentação
da
bi
oi
Pr
Em 15 de Outubro de 1958, começavaN a tomar forma o sonho e
a visão dadPT por Deus aos missionários João Kolenda e sua esposa,
Ruth Doris Lemos. Nesta data, nasceu o IBAD, com o objetivo de
proporcionar aos jovens vocacionados a oportunidade de se preparem
a
sua missão. Hoje, mais de quatro mil ex-alunos trabalham na Seara do
Mestre como pastores, missionários, evangelistas, autores, conferen-
cistas e em outras áreas do serviço cristão. Estes homens e mulheres
Ve
7
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
como toda a coleção teológica, será de grande valor para sua edificação
espiritual e seu embasamento na formação ministerial.
bi
Diretor do IBAD
oi
Pr
a
nd
Ve
8
Como estudar a distância
da
bi
oi
Pr
Caro estudante
Nosso curso a distância foi estruturado com o objetivo de atender
a todos que desejam ter maior entendimento sobre a Bíblia. Para atingir
esse objetivo, tivemos o cuidado de planejar e produzir um material
a
9
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
princípios que serão úteis na sua vida com Deus.
2) Tenha o cuidado de sempre consultar a Bíblia. A leitura bíblica é
primordial e insubstituível. Quanto mais você conhecer a Bíblia pela
leitura diária, mais facilidade terá na compreensão de estudos que lhe
bi
auxiliarão no conhecimento dela.
3) Tenha sempre uma atitude de humildade. Deus revela verdades
oi
importantes àqueles que mantém essa atitude em seus corações.
Além desses cuidados, atente também para a dedicação, a disciplina
e a perseverança, atitudes essenciais para a obtenção de êxito em todas
Pr
atividades. Ao iniciar este curso de Teologia, conscientize-se da impor-
tância da manutenção desses princípios para o sucesso de sua aprendi-
zagem. Concentre-se sempre no que estiver fazendo, pois a vida está
no presente. O passado é a fonte das experiências, e o futuro, um tem-
po que deve ser planejado para que, quando transformado em presen-
a
10
C OMO E STUDAR A D ISTÂNCIA
do das palavras auxilia todo o processo de leitura. Por isso, tenha sem-
pre à mão um dicionário da língua portuguesa e também um dicionário
ou enciclopédia bíblica. É importante que essa consulta ao dicionário
seja feita somente após uma primeira leitura do texto para que você
não corra o risco de fazer uma leitura com interpretação inadequada.
• Leitura de diversos tipos de texto - A diversidade de textos
permite que o leitor não só amplie seus conhecimentos, como também
adquira maior habilidade para leitura. Procure ler outros livros que
da
falem sobre o mesmo assunto.
3- Aplicação Pessoal
• Questões para reflexão - Em todos os capítulos, há questões
bi
com o objetivo de levar o estudante a refletir sobre os temas aborda-
dos, bem como fazer uma aplicação dos mesmos à realidade atual.
oi
• Exercícios - No final de cada livro, o estudante encontrará exercí-
cios relacionados a cada capítulo estudado para a verificação do
conhecimento e fixação do conteúdo.
Pr
a
nd
Ve
11
Ve
nd
a
Pr
oi
bi
da
Introdução
da
bi
oi
Pr
Este livro apresenta as principais temáticas encontradas na Torá – à
qual damos o nome de Pentateuco (cinco rolos ou livros). A Torá, pri-
meira parte da Revelação escrita, considerada por muitos anos a Bíblia
dos hebreus, foi suporte para gerações que serviram ao Senhor em um
a
passado bem distante. Esta parte da Bíblia foi o norte para a nação de
Israel durante toda a sua caminhada antes do nascimento de Jesus.
nd
13
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
começo do terceiro milênio da era cristã. É importante ressaltar que
este livro foi elaborado com ênfase nos pontos mais relevantes desta
parte das Escrituras, pois nosso objetivo maior é que ele sirva de estí-
mulo e base para estudos mais aprofundados.
bi
Para facilitar esse primeiro contato do estudante com o assunto,
dividimos o livro em quatro unidades. Com exceção da terceira unida-
oi
de, todas elas apresentam cinco capítulos. Na primeira unidade, abor-
daremos os começos relatados no livro de Gênesis. Na segunda, trata-
remos da formação do povo de Israel. Na terceira, discutiremos a res-
Pr
peito do espaço sagrado e seus ministros. E na quarta e última unida-
de, abalizaremos o culto e sua repercussão no dia a dia da nação de
Israel.
Esperamos que, ao concluir o estudo deste livro, o estudante dedi-
que tempo examinando a palavra de Deus, pois o Senhor Jesus disse
a
14
UNIDADE I
UM COMEÇO ESPECIAL
da
bi
oi
Pr
Nesta unidade, estudaremos as características gerais do Pentateuco,
a formação e as finalidades deste conjunto de livros tão importante
do Antigo Testamento. Em seguida, discutiremos o livro de Gênesis,
o primeiro livro da Bíblia, e titulado assim pelos tradutores do texto
a
15
Ve
nd
a
Pr
oi
bi
da
CAPÍTULO 1
da
bi
oi
Pr
Neste capítulo, apresentaremos algumas informações gerais sobre o
Pentateuco. Essas informações são importantes porque nos ajudam a
entender um pouco da estrutura deste conjunto de livros, de algumas
das características que lhes são próprias e das articulações de seu con-
a
17
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
Profecia – Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias,
Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu,
Zacarias, Malaquias.
bi
1.2 - Considerações gerais sobre o Pentateuco
A lei, por ser a primeira parte da Revelação escrita e por registrar
fatos dos primórdios, ganhou profunda apreciação do crente hebreu e
oi
por essa razão estabeleceu uma estreita relação com as demais seções
que formam o Antigo Testamento. É nessa primeira parte, também
Pr
denominada Pentateuco, que começamos a perceber as primeiras in-
formações sobre a pessoa de Deus e sua atividade criadora, Gênesis 1,
tema retomado em muitos outros livros do Antigo Testamento.
Neste conjunto de livros, cuja contribuição foi fundamental para
o desenvolvimento das demais escrituras, encontramos relatos sobre
a
18
A B ÍBLIA DOS H EBREUS
da
(Saída) primeiro ano depois da envolve a libertação da
saída do Egito, 1444 escravidão no Egito e
a.C. apresentar os evidentes
atributos de Deus
naquele momento.
bi
Levítico No Sinai, na mesma Santificação Apresentar normas para
(Dos levitas) ocasião do livro do o trabalho sacerdotal dos
Êxodo, 1444 a.C.
oi ministros da Antiga Aliança
(Guia do Pastor no AT)
Números Nas planícies de Moabe Disciplina Contar sobre os
(Censo) já no final das jornadas sucessos e insucessos
no deserto, 1406 a.C. de Israel no deserto e
Pr
sobre a importância do
deserto na experiência
de aprendizagem
Deuteronômio Mesmo contexto do Reflexão Levar a segunda geração a
(2ª Lei) livro de Números, 1406 considerar os erros e acertos
a
19
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
bi
oi
Pr
a
nd
O F ÉRTIL C RESCENTE
Testamento
A sociedade israelita foi formada basicamente a partir de sua visão
religiosa, por isso não é possível separar o que era vida religiosa e o que
não era, uma vez que em todas as dimensões da vida judaica havia um
tom daquilo que era contado ou prescrito na lei. Como ilustração, cita-
mos as comunidades orientais que, apesar de as considerarmos pagãs
por questionarmos os fundamentos de suas religiões, apresentam prin-
cípios religiosos nos diversos procedimentos adotados, tais como: ali-
mentação, modo de vestir e tratamento dos animais. Israel teve melhor
oportunidade em relação a outros povos, pois tinha recebido a Revela-
20
A B ÍBLIA DOS H EBREUS
ção do seu Criador, o Deus que fez o céu e a terra. Era intenção desse
Deus que a comunidade israelita se tornasse um modelo para as de-
mais comunidades no que se refere ao culto, à postura ética, aos com-
promissos sociais, ao modo de estruturar a família, ao jeito de adminis-
trar o dinheiro, à política e ao cuidado com a saúde. Para todas essas
situações e muitas outras, havia uma abundância de orientação, e sem-
pre que Israel atentou para isso a nação foi abençoada.
O culto, exercício da dependência e da obediência ao soberano Se-
da
nhor, ganhou uma atenção especial na Lei para que o povo hebreu, ao
cultuar, assimilasse modos nobres para sua prática de vida. Os símbo-
los e representações utilizados eram levados ao altar com o objetivo de
fazer com que o povo percebesse a presença de Deus cotidianamente e
bi
relacionasse essa presença com as diversas atividades executadas. As-
sim, cada vez que as pessoas levavam ofertas ao altar, tinham a oportu-
oi
nidade de lembrar que o Senhor era o Deus da provisão e da sobrevi-
vência. Essa verdade era evidenciada em todos os trabalhos ocorridos
no Tabernáculo (casa de Deus) através do ministério dos sacerdotes, os
Pr
interlocutores de um povo agradecido, de uma gente que dependia ple-
namente do cuidado do Todo Poderoso.
De acordo com a orientação de Deus registrada na Torá, o povo
deveria ter procedimentos humanos e humanitários. O ideal de socie-
dade justa e igualitária deveria ser perseguido com muita seriedade
a
para que a sociedade não fosse dividida e que não houvesse “bolsões”
de pobreza e miséria. Todos esses cuidados seriam evidências de uma
nd
21
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
Questão para reflexão.
Como tem sido explanado, são encontrados muitos princípios e va-
lores nas histórias e ensinamentos do Pentateuco. Tais princípios e va-
lores foram fundamentais para o desenvolvimento da vida e da fé do
bi
povo de Israel. Podemos aplicar os princípios bíblicos presentes no
Pentateuco aos diferentes aspectos de nossa vida? Exemplifique.
oi
Pr
a
nd
Ve
22
CAPÍTULO 2
O Começo de Tudo
da
bi
oi
Pr
Este capítulo trata de fatos primordiais que envolveram a raça hu-
mana no seu todo, isto é, nos diferentes aspectos apresentados pelas
Escrituras Sagradas, referentes à Criação. Esses fatos vão desde a pre-
paração da “estrutura” pelo Senhor Criador para a chegada da huma-
a
nidade, criação do céu e a Terra (Gn 1.1), até o momento em que se
tornaram visíveis os resultados funestos da desobediência dos primei-
nd
23
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
mineral, sem supormos que, de uma forma maravilhosa e através de
alguém muito poderoso, isso viesse a acontecer.
As informações que temos é que tudo foi acontecendo através do
poder da Palavra de Deus: “Haja luz” (v.3); “Haja expansão” (v.6);
bi
“Ajuntem as águas” (v.9); “produza a terra” (v.11); “Haja luminares”
(v.14); “Produzam as águas” (v.20); “frutificai e multiplicai”, v.22. O
oi
Salmo (33.6,9) revela: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo o
exército deles pelo espírito da sua boca; porque falou e tudo se fez; mandou e logo
tudo apareceu!” O poder divino evidenciou-se na sua palavra de coman-
Pr
do. O universo e toda criatura são frutos da ação poderosa do Senhor
Criador através da Sua Palavra. Também ficou evidente no Ato Criador
de Deus a sua bondade: “E viu Deus que era bom” (v. 10, 12, 18 e 21).
Acerca da criação do ser humano, temos em Gênesis (1.31): “E viu Deus
que tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom”. Tudo isso nos permite
a
24
O C OMEÇO DE T UDO
da
ou seja, algum modelo para referência. Em ambos os casos, Deus é
exaltado, tanto em seu poder, quanto em sua criatividade. A segunda
consideração se refere à luz, tanto no primeiro quanto no quarto dia já
existia luz. Isto significa que a luz existiu antes dos corpos celestes
bi
serem criados. Atualmente, há comentários a respeito de uma “luz cós-
mica” que marcou o começo da criação e que foi indispensável a todo
oi
trabalho de Deus (no hebraico para essa primeira luz, o termo é Or e
para os corpos celestes é Ma-or). Por último, o relato da criação (Gn
1.1-2.25) não faz referência ao universo todo, mas apenas àquilo que
Pr
se relaciona com a vida no planeta. Também não faz parte da descrição
o ambiente angelical ou como esses seres foram criados.
a
nd
Ve
25
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
onada a uma aparência corporal, mas espiritual. João (4.24) revela:
“Deus é espírito e importa que os verdadeiros adoradores o adorem em espírito e
em verdade”. Quando a Bíblia menciona braços, mãos e ouvidos do Se-
nhor, vale-se de um recurso de linguagem para falar do modo de Deus
bi
nos tratar. Esse recurso, na teologia, é chamado de antropomorfismo
(atribuição de características humanas a Deus).
oi
A imagem de Deus na vida do homem está nas qualidades —
espiritualidade, racionalidade e afetividade — que o diferencia dos
animais que vivem norteados por seus instintos. Deus é espiritual, lo-
Pr
go, por sermos à Sua imagem, cultuamos, adoramos e oramos. O Cria-
dor pensa, planeja e exerce sua capacidade de criatividade, ações que
também fazem parte do modo de agir do ser humano. Ser imagem de
Deus é sentir, ter prazer, alegrias, tristezas, é ter emoções. É evidente
que Deus percebe isso em um universo diferente do nosso e que Seus
a
dor ficou comprometida após o pecado, um ato que fez com que o
homem passasse a usar sua criatividade pró-destruição, produzindo,
entre outras coisas, armas e bombas. Porém, apesar de tudo isso, Deus
foi misericordioso e enviou seu próprio filho com o propósito de res-
Ve
26
O C OMEÇO DE T UDO
da
do mundo”. Gênesis traz a seguinte revelação: “vendo a mulher que aquela
árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos e árvore desejável para dar
entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu a seu marido, ele comeu com
ela” (Gn 3.6). No paralelo entre essas duas citações bíblicas, temos a
bi
explicação do comportamento do primeiro casal ao ceder à tentação.
Ao perceber o fruto, sentiram a vontade de comer, foram possuídos
oi
pelo desejo de usufruir, concupiscência da carne; ao olharem e terem
prazer, o desejo de possuir invadiu seus corações, concupiscência dos
olhos; ao pensarem na possibilidade de experimentar, o desejo de se-
Pr
rem iguais a Deus, a soberba da vida.
As conseqXências foram inevitáveis e seus efeitos estão espalhados
por entre todos os povos e dentro de cada ser humano. Deus tinha
dito em Gênesis (2.17) que o homem morreria se num ato de desobe-
diência comesse o fruto da árvore proibida; e isso aconteceu. A mor-
a
27
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
bi
oi
Pr
a
nd
Ve
28
CAPÍTULO 3
Os Juízos Universais
da
bi
oi
Pr
Os juízos divinos sobre a humanidade, os quais estão muito relacio-
nados às ocorrências que marcaram o início da raça humana, levam
muitas pessoas a acreditarem que esses atos divinos foram ações nega-
tivas, punitivas e desagregadoras. Mas, ao contrário do que muitos
a
29
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
primeiro, foi a controvertida questão do casamento entre os filhos de
Deus e as filhas dos homens. O segundo, a proliferação de gigantes,
isto é, pessoas valentes. Há aqueles que afirmam que o livro de Gênesis
(6.1) faz menção de relações sexuais que anjos (filhos de Deus) manti-
bi
veram com as mulheres bonitas da época, filhas dos homens. Essa ar-
gumentação é curiosa, porém desprovida de fundamentos bíblicos, pois
oi
nosso Senhor, quando falava sobre a vida na ressurreição, afirmou que
“nela seremos como os anjos que nem se casam e nem se dão em casamento” (Mt
22.30). Isto significa que os anjos são seres com uma natureza diferen-
Pr
ciada da natureza humana, sem chance de reprodução biológica e pra-
zeres dessa natureza; são seres assexuados. Assim, resta-nos a clássica e
coerente argumentação de que a expressão “filhos de Deus” é uma refe-
rência aos descendentes de Sete, que formavam uma linhagem piedo-
sa, e a expressão “filhas dos homens”, às mulheres descendentes de
a
30
O S J UÍZOS U NIVERSAIS
da
ção; seu arrependimento, que não deve ser entendido como mudança
de idHia, mas sim como entristecimento, estabeleceu uma mudança,
visando à construção de um novo cenário para a humanidade.
bi
3.1.1 - Como ocorreu o Dilúvio
É impossível pensar ou falar sobre Dilúvio sem associá-lo a Noé,
oi
uma figura muito importante para o seu tempo e para a história bíbli-
ca. Esse herói da fé, cujo nome significa descanso, talvez tenha tido,
já por ocasião do seu nascimento, sua indicação profética sobre a
Pr
nova ordem que seria estabelecida a partir da eliminação daqueles
pecadores obstinados.
Em Hebreus (11.7) encontramos o relato sobre algumas qualidades
espirituais desse principal protagonista dessa história: “Pela fé, Noé, di-
vinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo
a
temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual
condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem pela fé”. Esse texto
nd
nos permite perceber que Noé foi um homem que viveu pela fé e que
rendeu sua vontade à vontade do Criador, obedecendo à Sua palavra
de comando. Tinha grande temor a Deus, não medo, mas reverência e
respeito, uma atitude que lhe permitiu ouvir a voz do Senhor com
Ve
31
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
qüenta a largura e a altura de trinta”. O côvado, unidade de medida da
época corresponde a 45 centímetros. Sendo assim, a Arca tinha 135
metros de comprimento, 22,5 metros de largura e 13,5 metros de altu-
ra. Foi por essa razão que tantas espécies puderam ser abrigadas. Essa
bi
embarcação possuía três pavimentos (Gn 6.16) construídos de uma
madeira resistente à água e era calafetada com betume por dentro e por
oi
fora (Gn 6.14). Para Noé executar essa obra foram necessários muitos
anos de trabalho, talvez um século, pois a informação que temos em
Gênesis (5.32) é que seus três filhos já haviam sido gerados, e que Noé,
Pr
ao iniciar a obra, estava com 500 anos. Em Gênesis (7.6), temos a
informação de que quando o dilúvio das águas veio sobre a terra, ele já
estava com 600 anos. Se foi um século, foi um tempo considerável para
aquela geração ouvir a pregação da palavra e se arrepender de sua mal-
dade (ver I Pe 3.20). E quando a arca ficou pronta, o Senhor Deus
a
lençóis freáticos.
O dilúvio aconteceu ao longo de um ano e um mês. A Bíblia registra
que era o ano 600 da vida de Noé, quando as águas começaram a au-
mentar, e o ano 601, quando esse herói da fé retomou a vida fora da
arca. Temos detalhes acerca desses 394 dias, pouco mais de um ano, que
são distribuídos da seguinte forma: 40 dias, inundação de toda a terra e
extinção de todo ser vivente (homens e animais); 150 dias, permanência
das águas sobre a terra (nesse momento o Senhor Deus fechou as “tor-
neiras” das águas); mais 150 dias, diminuição das águas; nos outros 40
dias, houve o envio de um pássaro para verificar a existência de terra; 7
dias depois, o envio de uma pomba e o retorno dessa com uma folha de
32
O S J UÍZOS U NIVERSAIS
oliveira e Noé demorou ainda uma semana para sair da arca. Esse tempo,
no modo hebraico de contar, corresponde a 14 meses. A seguir, apresen-
taremos uma tabela alusiva ao tempo do Dilúvio.
da
41-190 As águas prevalecem sobre a terra Gn 7.24
191 – 340 As águas diminuem Gn 8.3
341 – 380 Os montes são descobertos Gn 8.6
381 – 387 A Terra fica seca Gn 8.10
388 – 394 Última semana na Arca Gn 8.12
bi
Após a execução do juízo, o cenário estava pronto para o recomeço,
mas Noé ainda não sabia o que deveria fazer naquele novo momento.
oi
Na primeira fase, ele havia percebido a maldade de sua geração (Gn
6.8e 9); na segunda, trabalhado na Arca e pregado o “evangelho” (Gn
Pr
6.22), porém, naquele momento, ao sair da Arca (Gn 8.18), precisava
de norte para seus últimos 350 anos. Assim, Noé cultuou a Deus (Gn
8.20), o Senhor dos Pactos, que veio ao seu encontro para ministrar
sua bênção a ele e à sua família (Gn 9.1) e estabelecer normas para a
convivência entre homens e animais, dando especial atenção ao ambi-
a
33
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
3.1.2 - Os resultados do Dilúvio para a humanidade
Como afirmamos anteriormente, o recomeço foi marcado pelo rela-
cionamento especial de Noé com o Senhor Criador, que fez um pacto
bi
com a humanidade e traçou um plano para o repovoamento da Terra.
Nesse plano, o herói da fé deveria formar uma nova linhagem de pie-
oi
dosos, e isso foi possível através de seu filho Sem (Gn 9.26). No pro-
nunciamento de Noé, há afirmações de que seu filho Cam teria maus
descendentes e que os descendentes de Jafé seriam os hospedeiros dos
Pr
Semitas. Fica evidente na palavra de Noé (Gn 9.26-29) que Sem foi o
progenitor da linhagem piedosa, tendo em vista a sua genealogia (re-
gistro dos descendentes) nos conduzir até Abraão (Gn 11.10-31), ho-
mem escolhido por Deus para formar uma nação especial.
O Dilúvio tornou-se modelo da ação divina, tanto no modo de cas-
a
ando a verdade de que o Eterno tem sempre um povo que O ama e que
realiza seus propósitos.
Em Mateus (24.38, 39) está escrito: “assim como foi nos dias anteriores
ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em
que Noé entrou na arca, e não perceberam, até que veio o Dilúvio, e os levou a
todos, assim será a vinda do Filho do Homem”. Estas palavras mostram o
valor profético do Dilúvio. Se esse juízo é figura da salvação, também é
indicador da indiferença espiritual característica da geração que estiver
na terra por ocasião da vinda do Senhor. Aquela geração se apegou às
coisas temporais, tais como: comida, casamento e festas. Coisas legíti-
34
O S J UÍZOS U NIVERSAIS
da
distintos a partir dos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé.
bi
Filho de Noé Texto Bíblico Povos Referentes Localidades
Sem (Semitas) Gn 10.22-31 Elamitas, Assírios, Oriente Médio
Caldeus, Arameus (Ásia), do
oi e Hebreus. Mediterrâneo
ao Índico.
Pr
Cam (Camitas) Gn 10.6-21 Líbia, Egito, África e parte
Etiópia, Canaã e da orla do
Comunidades Árabes. Mediterrâneo.
do Golfo Pérsico.
nd
(Gn 11). Esse novo juízo mostra o cuidado de Deus em levar adiante
seus projetos. Ficou evidente para os sobreviventes do Dilúvio, com
quem o Senhor fizera um pacto, que a humanidade deveria se multipli-
car e povoar a terra. Mas, ao contrário do que deveriam fazer, decidi-
ram ficar juntos e construir um edifício, a Torre de Babel. Vejamos o
que a Bíblia registra sobre esse intento:
“E aconteceu que partindo eles do oriente, acharam um vale na
terra de Sinear, e habitaram ali. E disseram uns aos outros:
Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi lhes o tijolo por
pedra e o betume por cal. E disseram: Eia, edifiquemos nós uma
35
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
Esse texto nos revela que eles não desejavam ser espalhados pela
terra. No tratado que fizeram sempre usaram os verbos na primeira
pessoa do plural: façamos, queimemos (v.3); edifiquemos, façamos,
sejamos (v.4). A resolução era conjunta, porém feria diretamente a ori-
da
entação do Criador quando dissera no pacto, “mas vós frutificai e
multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra e multiplicai-vos nela” (Gn
9.7). Estabelecidos em uma mesma localidade, a missão não seria cum-
prida, pois o planeta não seria povoado. A segunda informação que
bi
esse texto nos traz é a de que a torre funcionaria como “Memorial da
Humanidade”. No projeto deles, a preocupação era “fazer um nome
oi
para não serem espalhados sobre a terra”, um ato não apenas de deso-
bediência, mas também de soberba. A última informação sobre a torre
e que merece nossa atenção é que, com a construção, queriam “tocar os
Pr
céus” (v.4). Tais atitudes talvez tenham sido incitadas por Ninrode,
homem influente da época, acerca de quem a Bíblia diz que foi “o
primeiro grande conquistador do mundo” (Gn 10.8).
Ninrode fundou um reino com oito cidades-estado (Gênesis 10.10-
12), que remonta às primeiras civilizações da Mesopotâmia. Entre es-
a
sas cidades está Babel (local do projeto da torre), cujo nome posterior-
mente veio a ser Babilônia, o berço da astrologia, um procedimento
nd
tar com o seu povo, sempre teve o cuidado de adverti-lo acerca destas
práticas, pois elas roubam o espaço da legítima orientação de Deus (Is
47.13, II Rs 17.16).
36
O S J UÍZOS U NIVERSAIS
da
bi
oi
Pr
para os homens. Em Babel, a humanidade se rebela para construir o
seu próprio projeto e Deus os impede. Em Pentecostes, os crentes se
humilham para a construção do projeto divino e Deus, com Sua pre-
sença, alavanca a missão. Na primeira, língua aparece como castigo,
a
37
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
4- Aparentemente o projeto de construção de uma torre não possui
nada de errado, afinal as pessoas são livres para realizarem o que en-
tendem ser necessário e prazeroso. O que estava errado com a geração
de Babel ao realizar aquele projeto?
bi
oi
Pr
a
nd
Ve
38
CAPÍTULO 4
da
bi
oi
Pr
Os patriarcas, Abraão e Isaque, as primeiras pessoas a serem usadas
por Deus para a formação da importante nação de Israel, deixaram
como maior herança a seus descendentes a espiritualidade e o relacio-
namento com o Deus eterno. Suas histórias de lutas e desafios, de
a
para a humanidade.
39
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
ordenou-lhe que fosse à terra de Canaã. O cumprimento desse propó-
sito ocorreu assim porque, à medida que tinha novas experiências espi-
rituais, avançava um pouco mais, executando os projetos de Yahweh.
Era de fundamental importância que Abraão saísse de Ur dos caldeus e
bi
fosse a Canaã, pois era ali que demonstraria a sua fé e firmaria as raízes
para a formação de seu povo. oi
Pr
a
nd
Ve
40
G ENTE A NTIGA E I MPORTANTE
da
mais alta consideração, chamando-o de amigo (Tiago 2.23). Essa
amizade permitiu a Abraão falar com Deus, ser visitado por Ele, e
ouvir, de primeira mão, planos especiais que o Senhor tinha consigo
e com a sua descendência.
bi
Canaã, na época de Abraão, era habitada por sete nações: heteus,
jebuseus, girgaseus, amorreus, heveus, cananeus e perizeus, povos
oi
pequenos e sem força política, que muitas vezes estavam sob o
controle de povos mais poderosos como os babilônicos e egípcios,
os quais tinham grande interesse naquele território, por esse esta-
Pr
belecer ligação entre os três continentes mais antigos: Ásia, Euro-
pa e África. Dessa forma, em termos geográficos, a Terra de Canaã
tornava-se o centro do mundo conhecido, aspecto muito importan-
te no plano estratégico de Deus, que era o de alcançar e abençoar
todas as etnias da terra. Essa ação abençoadora de Deus implicava
a
41
PENTATEUCO
OS F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
mesquitas muçulmanas, sinagogas judaicas e templos cristãos.
4.1.1 - A fé de Abraão
Abraão, também chamado de “o pai da fé” e o “pai dos
bi
crentes” (Gl 3.7,9 e 29), foi um homem que teve uma vida dedicada a
crer em Deus, a obedecer-Lhe e a relacionar-se com Ele. Essa figura
de vida exemplar enfrentou grandes desafios ao cultuar o Deus certo
oi
em meio aos pagãos e ao acreditar na realização de uma promessa
feita pelo Senhor. Para isso, precisou ter muita fé, coragem e
determinação.
Pr
A chamada feita pelo Senhor Deus (Gn 12) foi o primeiro
grande desafio que esse homem enfrentou, pois, ao ser orientado
pelo Criador, teve de deixar a terra onde vivia, os parentes, as suas
posses e os seus relacionamentos (Gn.12.4,5) para ir a outro
lugar, designado por Deus, e dar início à construção de uma grande
a
"CSBÍP OÍP UFWF OFOIVNB QPTTF EF UFSSB
FYDFUP P DFNJUÏSJP RVF
DPNQSPV QBSB TFQVMUBS 4BSB (O
F POEF UBNCÏN GPSB TFQVMUBEP
"MJ FTUBWB B TFNFOUF EF GÏ
QPJT FSB QSFOÞODJP EB QPTTFTTÍP
EBRVFMBUFSSBRVFPDPSSFSJBNVJUPTBOPTNBJTUBSEF.BTPTEFTBGJPTOÍP
GJDBSBN QPS BRVJ
QPJT "CSBÍP MJEPV DPN P TÏSJP QSPCMFNB EB
TPCSFWJWÐODJB MJEPV DPN GPNF (O
GJDPV
QPS PDBTJÍP EB TFQBSBÎÍP
EFTFVTPCSJOIP-Ø
DPNPTQJPSFTQBTUPT (OF
GPJEFTBGJBEP
QFMPTGJMJTUFVTOBEJTQVUBEBÈHVB (OF
F
TFJTTPOÍPCBTUBTTF
UFWFRVFFOGSFOUBSSFJTJOWBTPSFTRVFUPNBSBNDJEBEFTDBOBOFJBT
MFWBOEP
42
G ENTE A NTIGA E I MPORTANTE
da
contavam com panteões bem compostos e articulados, cujos deuses
brigavam entre si, praticavam atos violentos e imorais na defesa de
seus interesses, e muitos deles promoviam orgias e liberações sexuais.
Também esse último segmento (cananeu) incentivava sacrifícios hu-
bi
manos e a prostituição como expressão de adoração nos templos. Es-
sas sociedades possuíam ídolos, rituais e objetos que caracterizavam
oi
o modo de viver dos seus membros. Tudo girava em torno de uma
religiosidade criada para satisfazer o ego das pessoas, para permitir-
lhes um prazer barato e descompromissado. Foi nesse contexto que a
Pr
fé desse grande homem ganhou forma, pois seguiu o caminho que
não era o da maioria, recebeu uma revelação pessoal do projeto do
Deus Todo Poderoso e esforçou-se para expressar a fé na orientação
que a revelação lhe trouxe. Em diversas partes da Bíblia, encontramos
relatos sobre a construção de altares por Abraão dedicados ao Deus
a
43
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
céus” (Gn 15.5). Com relação à possessão da terra, houve muitas
lutas edisputas decorrentes: da cobiça de Ló (Gn 13); das invasões
dos reisvindos da Mesopotâmia (Gn 14); da força dos filisteus (Gn
21.25) e da destruição das cidades Sodoma e Gomorra, que foram
bi
incendiadaspelo Justo Juiz (Gn 19.24-29).
A fé não teve pressa, pois garantias havia acerca da possessão de
oi
Canaã. Deus havia dito a Abrão em Gênesis (15.13-16) que seus des-
cendentes seriam peregrinos na terra e que 400 anos mais tarde ocu-
pariam permanentemente aquela nesga (tira), que vai desde o Líbano
Pr
até o Egito. Isso aconteceu e é um fato histórico até nossos dias. Por
aproximadamente 100 anos Abraão peregrinou na terra de Canaã (Gn
16.3 e 25.7) e em seus dias nada possuiu, senão o campo onde estava
o sepulcro onde fora sepultado (Gn 23.16 1 e 25.7 e 8). Não
obstante, creu e quem viveu depois viu como a fé de Abraão virou
a
44
G ENTE A NTIGA E I MPORTANTE
da
Assim como Abraão, Isaque enfrentou alguns desafios, que, direta
ou indiretamente, solidificaram sua fé e o levaram para mais perto da
promessa feita a ele por Deus (Gn 21.12 e 26.3-5). O primeiro grande
desafio enfrentado por esse herói foi o “problema Ismael”, que decor-
bi
reu da sugestão de Sara para que Abraão tivesse um filho com Agar,
uma escrava (Gn 16.3). Essa atitude permitida e bastante comum na-
oi
quela sociedade só passou a ser um problema quando Sara se percebeu
grávida (Gn 16.4). Nesse momento, o nascimento de Isaque, seu filho,
passou a ser motivo de escárnio e de zombaria, atitudes que contribu-
Pr
íram para que Abraão despedisse Ismael e sua mãe Agar (Gn 21.9,14 a
21). A existência de Ismael ajudou a construção da identidade de Isaque
como o sucessor legítimo da promessa, pois foi dito pelo próprio Se-
nhor: “Em Isaque será chamada a tua descendência.” (Gn 21.12). Toda essa
história possibilitou ao novo patriarca a percepção do teor do projeto
a
22.2). Essa não era prova apenas para Abraão, mas também para Isaque,
pois este já não era mais uma criança, mas um jovem (Gn 22.5,12). Ele
sabia perfeitamente o que Deus estava propondo ao seu pai e como
isso resultaria em sofrimentos e dificuldades para si. Apesar disso, sub-
meteu-se totalmente a Deus, exercitando-se na mesma fé que seu pai
possuía como fundamento (Hb 11.18-20). O final dessa história mos-
tra a aprovação de Deus a esses fiéis e a substituição de Isaque por um
carneiro, que apareceu como ‘provisão’ para que a promessa fosse con-
cretizada (Gn 22.13 e 14).
O terceiro desafio de Isaque foi seu casamento. Esse lindo episódio
45
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
ocorreu algum tempo depois da morte de Sara, fato que lhe trouxe um
vazio (Gn 24.63). Nesse contexto, o servo principal de Abraão foi ori-
entado a ir até Harã, norte da Mesopotâmia, (hoje 5VSRVJB) para
buscar uma esposa para o jovem patriarca. Cada etapa desse grande
desafiofoi marcada com fé, oração (Gn 24.2-4, 11-14 e 60) e milagres
especiais (Gn 24.15-21). Ao fim dessa etapa, a escolhida, Rebeca,
uma mulher movida pela fé, deslocou-se de sua terra, casou-se com
Isaque, mostrou-se uma esposa querida e se transformou em um
da
importanteelo na história dos hebreus (Gn 24.606).
O quarto e último desafio está relacionado ao seu conflito com os
filisteus (Gn 26). Naquela terra de peregrinações, Gerar, os nativos
dificultavam a estada de Isaque e de sua família, entulhando os poços
bi
que eram fontes de recursos para a sobrevivência desses (Gn 26.15-
22). Diante daquela situação, Isaque teve uma atitude de fé, coragem e
oi
confiança naquele que disse: “Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas
porque eu sou contigo, e abençoar-te-ei e multiplicarei a tua semente por amor de
Abraão, meu servo” (Gn 26.24). Isaque não ressentiu e nem ficou desa-
Pr
nimado, pois outros poços foram abertos, permitindo assim a conti-
nuidade de seus projetos naquela terra.
Diante do que foi exposto, podemos perceber a importância da his-
tória de Isaque, um homem que guardou a fé que recebeu de seu pai
Abraão e prosseguiu na mesma direção da promessa. Suas lutas se cons-
a
46
G ENTE A NTIGA E I MPORTANTE
da
bi
oi
Pr
a
nd
Ve
47
Ve
nd
a
Pr
oi
bi
da
CAPÍTULO 5
Os Continuadores
da Promessa
da
bi
oi
Pr
O sólido projeto estruturado em Abraão e Isaque, que visava a
formação das bases da nação de Israel, ganhou continuidade em Jacó
e José. Nessa continuidade do projeto, assunto deste capítulo, obser-
varemos a importância de Jacó e seu filho José para a solidificação do
a
Abraão e Isaque.
Jacó e seu filho José foram homens que enfrentaram grandes desafi-
os e que, por diversas vezes, foram incompreendidos e até mesmo mal-
tratados. Esses homens vivenciaram momentos que aos olhos huma-
Ve
nos pareciam ser o fim, mas foram corajosos e exercitaram a fé, realida-
de em seus ancestrais. Abordaremos esses indivíduos a partir daquilo
que foi a marca principal em sua experiência de vida; em Jacó olhare-
mos para a sua transformação e em José para sua fidelidade e confiança
no Deus todo poderoso. Jacó e José unem-se aos dois primeiros patriar-
cas, estudados anteriormente, formando o time dos progenitores da
nação de Israel, o povo que foi chamado por Deus para ser “luz para os
gentios”, isto é, para testemunhar de Deus dos Seus feitos e ensinos às
outras nações. Ao pensarmos neles, observaremos como o Senhor diri-
ge a história daqueles que, apesar de seus limites e desafios, contam
49
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
com a graça e o poder de Deus. “Pela fé, Jacó, próximo da morte, abençoou
cada um dos filhos de José e adorou encostado à ponta de seu bordão. Pela fé,
José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem
acerca de seus ossos” (Hb 11.21,22).
da
mistura-se com a de seu pai Isaque e de seu filho José. Apesar de mui-
tos dos fatos e experiências desse patriarca estarem relacionados a sua
vida familiar e a seu relacionamento com seus pais e com seu irmão, há
também uma experiência no exterior onde conheceu suas mulheres e
bi
onde trabalhou para a sustentação de sua família.
A vida desse servo de Deus pode ser olhada em três momentos espe-
oi
ciais: primeiro em Canaã; depois em sua estada em Padã-Harã e, por
fim, em seu retorno a Canaã. O primeiro momento se refere à constru-
ção da base de seu relacionamento familiar; o segundo, à sua experiên-
Pr
cia com o trabalho e formação de sua família; e o terceiro ao momento
do encontro e reconciliação com seu irmão. Podemos perceber em sua
história, um crescente desenvolvimento em sua vida espiritual desde o
momento em que vivia à sombra
da experiência de seus antepassa-
a
50
O S C ONTINUADORES DA P ROMESSA
da
tulo 28, versículo 5, traz informações pertinentes ao seu nascimento,
seu relacionamento com os pais, a disputa pela primogenitura e a bên-
ção recebida. Fatos que culminaram no rompimento com a casa dos
pais e na busca de um novo espaço. Esse rompimento ocorreu princi-
bi
palmente por dois fatores: a importância dada por Yahweh à família e
a preferência filial. oi
A Família, uma das instituições mais sagradas e encantadoras, por
ser um espaço de ação pensado e escolhido pelo Senhor Yahweh para
realizar seu maravilhoso plano, em diversos momentos da história, so-
Pr
freu, sérios ataques e enfrentou grandes desafios. Com a família de Jacó
não foi diferente. Seus pais, Isaque e Rebeca, estavam no lugar certo, na
hora certa, e com uma promessa certa, todavia a arte de construir o lar,
não foi aprendida muito cedo. Cedo sim começaram a aparecer os desa-
fios, e o primeiro foi a presença da preferência filial. Gênesis (25.28) diz-
a
nos que “Isaque amava a Esaú, porque a caça era do seu gosto; mas Rebeca
amava a Jacó”. Esse amor dividido entre filhos não contribuiu em nada
nd
ram a frutificar. Não demorou muito até que surgiu o primeiro grande
conflito, a tomada da Primogenitura. Primogenitura era a condição
estabelecida por direito ao filho primogênito, isto é, o primeiro filho de
sexo masculino nascido na família. A ele eram dados alguns privilégios
e também algumas responsabilidades. Teria ele a maior parte da heran-
ça da família, o direito a uma bênção especial e à autoridade, transferida
pelo pai, dando status e nome. Era também seu dever assistir seus pais
em idade avançada, dando-lhes toda assistência e amor. Gênesis (25.29-
34) registra que Jacó sendo o irmão mais novo (como gêmeo de seu
irmão, nasceu por último) foi oportunista, tomando de seu irmão Esaú
51
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
sua morte, fazendo atribuições especiais ao filho primogênito, invo-
cando uma graça especial, para que esse filho ocupasse um lugar de
distinção no plano de Deus. Muitas vezes ocorriam profecias especiais
que previam bênçãos e prosperidades, falando de um futuro promissor,
bi
quando seus descendentes viriam a construir uma história bonita e
abençoadora. Existia a previsão de uma bênção que Isaque repassaria a
oi
Esaú, mas quem de fato foi abençoado foi Jacó. Novamente o irmão
mais velho é esvaziado de um dos seus direitos. O velho pai estava bem
idoso e, por sensibilidade espiritual, percebeu que sua partida estava
Pr
chegando (Gn 27.1 e 2). Então, chamou Esaú e pediu-lhe que fizesse
um jantar especial para celebrarem a transmissão da bênção (Gn 27.3
e 4). Rebeca escutou a conversa e orientou Jacó a enganar seu pai,
passando-se por Esaú, podendo assim receber aquela impetração espe-
cial, retirando de seu irmão também esse precioso bem espiritual. Jacó
a
foi abençoado em lugar de Esaú, quando Isaque disse: “Assim, pois, te dê
Deus do orvalho dos céus e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de
nd
mosto. Sirvam-te povos, e nações se encurve a ti; sê senhor de teus irmãos, e os
filhos da tua mãe se encurvam a vós. Malditos sejam os que te amaldiçoarem e
benditos sejam os que te abençoarem” (Gn 27.28,29). Essa bênção referia-
se a provisões, incluindo a fertilidade da terra e o sustento para casa;
Ve
52
O S C ONTINUADORES DA P ROMESSA
de meu pai, então matarei a Jacó meu irmão” (Gn 27.41). A inimizade
estava viva e arraigada em Esaú. Rebeca percebeu a situação e orientou
Jacó a viajar para o exterior, indo à 5VSRVJB, a uma região chamada
Padã-"rã, à casa de parentes para safar-se da fúria do irmão lesado e
irado. Esse contexto apresentado é o pano de fundo para uma
história marcada por profundas experiências com Deus. É bom
lembrarmos que a movimentação na história desse indivíduo não foi
BQFOBT resultado deerros cometidos por seus pais, um casal piedoso, o
da
qual possuía a promessa de descendentes e orava acerca dessa pro-
messa, mas a oportunidade de Jacó para ter suas próprias experiências
e caminhar nos propósitos do Senhor. Jacó teve boas oportunidades
para rever seus conceitos e para organizar-se dentro de um programa
bi
espiritual que fora pensado para ele. Percorreu caminhos difíceis,
mas isso lhe ensinou preciosas lições; e aprendeu a importância do
oi
culto, por causa disso, foi um construtor de altares. Essa
espiritualidade permitiu-lhe que se tornasse mais fraterno e humilde e
que tivesse a força do perdão e a constante presença de Deus em sua
Pr
vida. O conhecimento desses fatos nospermite concluir que as crises
são momentos especiais que permitem oamadurecimento do caráter e
o aprofundamento das experiências com o grande Deus.
5.1.2.1 - Betel
O primeiro altar, Betel, cujo significado é casa de Deus, está intima-
mente ligado à fuga da presença do furioso Esaú (Gn 28). O momento
era de lutas internas, temores e expectativas. Jacó saiu em direção à
casa dos parentes de sua mãe (Padã-"rã) e naquela primeira noite,
Deus apareceu a ele através de uma visão. Na visão, havia uma escada
que ligava a terra aos céus e através dela os anjos transitavam (Gn
53
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
28.12,13). Deus, com essa visão, queria mostrar a Jacó que existia um
caminho mais excelente que ele poderia percorrer, o caminho do relaci-
onamento com Yahweh, o Deus que havia chamado Abraão e Isaque e
que desejava relacionar-se também com Jacó. Ao percorrer esse cami-
nho, teria condições suficientes para enfrentar novos desafios e tam-
bém contaria com a garantia de uma cobertura espiritual para sua vida
ao formar sua nova família em Padã-"rã. Na casa de Deus, o patriar-
ca fugitivo ganhou suporte. Estava no relento, mas se sentiu aconche-
da
gado nos braços do Senhor, tendo a percepção de que o céu era o lugar
do trono de Deus e a terra o estrado de seus pés. Jacó viu o interesse
divino por sua vida e ali fez um voto. Um voto que o vinculava a uma
esperança, que o fazia crer em um futuro abençoado. Assim disse: “Se
bi
Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer
e roupa para vestir e em paz tornar a casa de meu pai, Yahweh será o meu
oi
Deus!” (Gn 28.20 e 21). Apesar do histórico religioso, somente naquele
momento é que começou a priorizar os interesses do Eterno Senhor.
Os próximos capítulos de Gênesis (29-31) relatam milagres financeiros
Pr
e estruturação de uma grande família, porém algumas coisas ainda es-
tavam por acontecer.
5.1.2.2 - Peniel
O segundo altar foi Peniel – a face de Deus. Jacó estava retornando
a
54
O S C ONTINUADORES DA P ROMESSA
5.1.2.3 - El-Betel
El-Betel é o último altar (Gn 35.7) Esse terceiro altar retrata uma
espiritualidade mais amadurecida. Os momentos anteriores tratam de
conversão e cura (Betel e Peniel), mas El-Betel, de gratidão. Jacó fez
da
um retrospecto e tributou ao Senhor adoração. Uma adoração não ape-
nas por Suas obras, mas por Sua própria essência. O foco era Deus,
não sua face ou sua casa.
bi
5.2 - José, um homem de fidelidade e obediência.
Em um contexto muito distante de nós, por volta dos anos 1800 aC.,
oi
sobre o solo de Israel e do Egito, ocorreu a linda história de José. O José
que virou filmes e livros; o José que sempre é lembrado em pregações e
estudos, não por erros ou deficiências, mas por seu caráter forjado em
Pr
meio a grandes desafios. Esse homem que tem, no livro de Gênesis (37-
50), 14 capítulos destinados ao relato de sua história, uma parte maior
do que aquela destinada ao registro dos fatos pertinentes aos primórdios
da humanidade, submeteu-se, por causa de um sonho, a grandes prova-
ções. Nessas provas, ao mesmo tempo que sofreu, nutriu a esperança da
a
sua vida é a de que “Deus estava com José” (Gn 39.2 e 23). Foi exatamente
essa presença que deu o tom em toda sua trajetória. José foi um homem
de sonhos realizados. Sonhos que marcaram sua vida e que proporciona-
ram a muitas pessoas momentos de bênçãos e provisões.
Ve
55
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
paulatinamente e dentro de um processo espiritual que tinha por fi-
nalidade moldar esse homem para uma grande obra.
A inimizade dentro da casa de Jacó foi o começo do problema. A
família era numerosa, com 12 filhos e uma filha. José estava entre os
bi
mais novos, porém o procedimento dos mais velhos gerava preocupa-
ção a Jacó (Gn 37.2). Por conta disso Jacó se valia do bom rapaz para
oi
fiscalizar o procedimento dos seus filhos mais velhos. Com isso, fez
grandes atribuições a José, a ponto de dar-lhe uma roupa especial que o
distinguia de seus irmãos Gn 37.3
. Isso aguçou a maldade de
Pr
seus irmãos que começaram a maltratá-lo Gn 37.4
. Além disso,
José contou-lhes dois sonhos que tinha tido. Sonho que falava de uma
possível subordinação de toda a sua família a si (Gn 37.5-11). A
reação foi certa. À medida que ouviam os sonhos, sentimentos
negativos e punitivos começaram a emergir. O texto diz que
a
56
O S C ONTINUADORES DA P ROMESSA
próximas de sua foz. O Egito agora era o novo lar de José. Com certeza
um lar não muito aconchegante, pois ao chegar trazido pelos beduínos,
fora colocado à venda no comércio escravagista. Gn 37.36 nos diz que
“fora vendido a Potifar, um alto funcionário na corte egípcia”. José estava em
pleno processo de humilhação, pois perdera a capa de honra dada por
seu pai, para vestir a roupa de serviçal, trabalhando em casa de gente
estrangeira. Todavia encontramos o seguinte esclarecimento: “E o Se-
nhor estava com José, e foi varão próspero; e estava na casa de seu senhor... José
da
achou graça aos olhos de Potifar e servia-o; e ele pôs sobre a sua casa e entregou
na sua mão tudo que tinha”, Gn 39.2 e 4.
Administrar negócios pessoais
não é tarefa fácil, muito mais com-
bi
plexo é administrar o que é de ou-
trem. Foi essa a habilidade que José
oi
precisou desenvolver nesse novo
desafio. Apesar de acertar no que
fazia (Gn 39.3), correu sérios ris-
Pr
cos. Foi vítima de uma terrível acu-
sação, pois a esposa de Potifar o
acusou de ter atentado ao pudor,
quando de fato o que tinha acon-
tecido fora o esforço de proteger
a
57
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
faz a ponte para trazer José ao centro decisório daquela época. Um
novo capítulo começou na vida desse servo de Deus. A humilhação,
marcada por dependência em Deus, frutificou, dando lugar a reconhe-
cimento e prestígio.
bi
5.2.2 - Reconhecimento e exaltação oi
A segunda fase da vida de José foi marcada por ascensão e destaque.
José saiu daqueles longos anos de lutas e aborrecimentos para uma
posição de reconhecimento e coroação, mas também de trabalho e in-
Pr
fluência. Essa ascensão o permitiu fazer parte da estrutura de coman-
do daquele país (Egito), pois Deus estava criando a ocasião para fazer
crescer os descendentes de Jacó, formando um povo numeroso, para
realizar o plano de ser nação modelo e abençoadora para todos os po-
vos. José foi a pessoa-chave para que isso viesse a acontecer. José teve
a
de crises, o país não viesse à falência. Foi na fase final desse período
que voltou a ver sua família, podendo abraçar seus irmãos e trazer todo
o clã para a terra das provisões. Pôde também construir uma família e
ter filhos, filhos que foram abençoados, tornando-se posteriormente
Ve
58
O S C ONTINUADORES DA P ROMESSA
da
há ninguém tão inteligente e sábio como tu. Tu estarás sobre a mi-
nha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo; somente no
trono eu serei maior que tu. Vês aqui, te tenho posto sobre toda a
terra do Egito. E tirou faraó o anel da sua mão e o pôs na mão de
bi
José, e o fez vestir de roupas de linho fino, e pôs um colar de ouro no
seu pescoço, e o fez subir no segundo carro que tinha, e o aclamaram
oi
todo o povo, e assim foi posto sobre toda a terra do Egito”, Gn
41.3-43.
Pr
José tinha mais que a aprovação popular e oficial, tinha a sabedoria
de Deus para administrar naquele momento. O Deus que estivera con-
sigo nos tempos críticos, também estava presente nesse momento. José
não abriu mão da graça de Deus por conta da força da sedução munda-
na, política e material. Ele nos dá o exemplo de que é possível estar
a
com Deus em todos o momentos de nossa história sem abrir mão das
coisas espirituais.
nd
5.2.2.2 - A reconciliação
Na história de José, temos uma situação semelhante àquela que houve
na história de seu pai Jacó: a necessidade de parar para reconciliar-se
Ve
59
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
irmãos. Fez assim, não para realçar a malignidade que imperou em seus
corações em anos passados. Mas fê-lo porque precisava de reaproximação
e de liberação de perdão àqueles que eram seus pares na formação de
um povo especial. A Bíblia diz que foi um momento de grande como-
ção: “Levantou a sua voz com choro, de maneira que os egípcios o ouviram e até
no palácio chegou aquele som”, Gn 45.2. José viu o seu sonho sendo con-
cretizado, não com arrogância em seu coração, mas na função de
abençoador; cumpria-se ali o significado do seu nome egípcio, Zafenate-
da
PanHia, que é, salvador do mundo. José aproveitou o momento para
dizer-lhes que não existia amargura ou ressentimento, mas que Deus o
tinha conduzido por caminhos difíceis.
“Ele disse: Eu sou José, vosso irmão a quem vendestes para o Egi-
bi
to. Agora pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos
por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da
oi
vida, Deus me enviou diante da vossa face. Porque já houve dois
anos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco anos em que
não haverá lavoura nem colheita. Pelo que Deus me enviou diante
Pr
da vossa face, para conservar vossa sucessão na terra e para guar-
dar-vos em vida por um grande livramento. Assim, não fostes vós
que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de
faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a
terra do Egito”. Gn 45.-8.
a
José mais uma vez nos dá uma preciosa lição. Nos mostra que ser
nd
60
O S C ONTINUADORES DA P ROMESSA
da
bi
oi
Pr
a
nd
Ve
61
Ve
nd
a
Pr
oi
bi
da
UNIDADE II
UM POVO ESPECIAL
da
bi
oi
Pr
Na unidade anterior, ao tratarmos de Abraão, Isaque, Jacó e José,
lembramos que o Todo-Poderoso tinha alguns pensamentos especiais,
os quais se tornariam realidade à medida que o povo fosse crescendo, o
que aconteceu. Nesta unidade, denominada “Um povo especial”, a
a
63
Ve
nd
a
Pr
oi
bi
da
CAPÍTULO 1
da
bi
oi
Pr
A formação histórica de Israel se deu no Egito e esse relato aparece
na Bíblia em Êxodo (1-4). Lá, os descendentes de Abraão estiveram
por 430 anos, quase meio milênio, e ao longo desse tempo, muitas
circunstâncias se somaram à execução do plano que Deus tinha para
a
65
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
que estiveram ali por um século e meio. Essa terra, de muitos recursos
naturais, tinha grandes conflitos pelo fato de ser o elo entre os três
continentes antigos. Por causa do constante trânsito de pessoas, quer
guerreiros, exploradores ou comerciantes, suas cidades eram todas mu-
radas e cada uma tinha um governo autônomo, isto é, um rei-prefeito.
Nessa terra, por onde todos passavam, os hebreus estiveram no momen-
to inicial de sua história e foi acerca dessa terra que Yahweh fez promes-
sas para seu povo. Canaã hospedou por muito tempo os hebreus que
da
vieram, posteriormente, a ser os seus legítimos donos.
bi
oi
Pr
a
nd
Ve
Do outro lado estava o Egito, país que na época era considerado não
só o berço da medicina como também o centro político, financeiro e
cultural mais avançado. Essa sociedade já desenvolvia práticas de
66
N A P ERIFERIA DAS P IRÂMIDES
da
O Egito não tinha apenas
qualidades de destaque, mas
também algumas características
que se transformaram em gran-
bi
des desafios para o povo de
Deus. Naquela época, esse país
oi
politeísta (adorador de muitos
deuses) creditava a alguns deu-
ses a produtividade da terra e a
Pr
capacidade de governo do rei.
O próprio faraó era reverencia-
do como uma divindade. Tudo
isso fazia do Egito um modelo
excessivamente negativo para
a
os hebreus.
Essa situação poderia des-
nd
67
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
1.1.1 - Os Hicsos
O Senhor Deus sempre fez coisas especiais àqueles que o amam, por
isso é chamado de Yahweh-Jireh, o Deus que provê. Yahweh também é o
Deus da Providência, pois possui planejamento especial para conduzir
com sabedoria todo seu projeto. Foi assim que agiu ao permitir que os
da
Hicsos, reis de origem pastoril, procedentes das imediações da Ásia Me-
nor (atual Turquia), entrassem no Egito no século XVIII a.C, afastassem
as lideranças nacionais para a parte mais isolada do país, chamado de
Alto Egito, região ocupada hoje pelo Sudão e Uganda, e estruturassem
bi
uma nova força de comando naquela potência mundial.
José, que chegou ao Egito naquele mesmo período, conheceu o país
oi
em pleno domínio dessa dinastia, a qual valorizava os estrangeiros re-
sidentes no país oferecendo-lhes vários incentivos para que esses se
tornassem seus mais poderosos aliados. Aos hebreus foi oferecida, no
Pr
nordeste do Egito, a terra de Gósen, uma terra fértil, produtiva e de
fácil acesso para outras partes do mundo e para a sede do governo. A
eles também foram estendidos outros favores oficiais que estão
registrados em Gênesis (45.26 2): “Então lhe anunciaram dizendo: José
ainda vive e ele também é regente em toda terra do Egito. E o seu coração
a
espírito de Jacó, seu pai. E disse Jacó: Basta!”. No capítulo 46 desse mesmo
livro, encontramos o relato sobre a recepção feita pelo faraó à família
de José e a sua permissão para que aquele homem tocasse todos os seus
Ve
68
N A P ERIFERIA DAS P IRÂMIDES
da
dinação dos hebreus à condição de escravos, dando-lhes um trabalho
por demais duro. A Bíblia nos informa acerca desse tempo:
“Depois se levantou um novo rei sobre o Egito, que não conhecera
José, o qual disse ao povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito
bi
e mais poderoso do que nós. Eia, usemos sabiamente para com ele,
para que não se multiplique, e aconteça que, vindo a guerra, ele
oi
também se ajunte com nossos inimigos e peleje contra nós, e suba da
terra. E os egípcios puseram sobre eles maiorais de tributos, para os
afligirem com suas cargas. E edificaram a faraó cidades de tesouros,
Pr
Pitom e Ramessés, mas quanto mais os afligiam, tanto mais se
multiplicavam e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam
por causa dos filhos de Israel. E os egípcios faziam servir os filhos de
Israel com dureza; assim, lhes fizeram amargar a vida com dura
servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo, com
a
69
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
$PDWDQoDGRVPHQLQRVUHFpPQDVFLGRVKHEUHXV
Novas estratégias foram pensadas pelos egípcios para diminuir a
força e o crescimento dos hebreus, pois as anteriores não estavam apre-
sentando eficácia. Como nova estratégia, decidiram matar Ps NFOJOPT
recém-nascidPs desse povo. Êxodo (1.15 e 16) revela que o rei do Egito
da
falou às parteiras das hebrHias, Sifrá e Puá: “Quando ajudardes no parto
as hebrFias e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas, se for filha,
então, viva”. A essência dessa tática seria acabar com os homens hebreus,
deixando apenas as mulheres, que, por questão de sobrevivência,
bi
viriam a casar-se com homens egípcios, contribuindo, assim, para a
anulação da identidade do povo hebreu. Essa medida violenta e
oi
desumana também foi frustrada porque Deus colocou no coração
dessas duas parteiras egípcias, que prestavam serviços às hebrHias, a
vontade de preservar a vida daquelas crianças que faziam parte do
Pr
grande projeto do Todo-Poderoso mencionado a Abraão. Esse povo
oprimido veria, depois de 400 anos afligido em uma terra que não
era sua, o opressorjulgado e sairia com grande fazenda (Gn 15.13 e
14). A pressão foi aumentando e 'BSBØPSEFOPVRVFPTNFOJOPTGPTTFN
MBOÎBEPT no rio "MHVOT QPEFNUFSTJEP escondidPs
como foi o caso de
a
70
N A P ERIFERIA DAS P IRÂMIDES
da
Questão para reflexão
A formação de um povo demanda muito esforço e capacidade para
suportar as experiências amargas da vida. O hebreus permaneceram
bi
por 430 anos em uma terra que não era sua, e foram submetidos a
muitos sofrimentos. Argumente como a experiência dos hebreus no
oi
Egito contribuiu para a realização do plano de Deus em sua história.
Pr
a
nd
Ve
71
Ve
nd
a
Pr
oi
bi
da
CAPÍTULO 2
da
bi
oi
Pr
A história de Moisés é uma das mais ricas e interessantes de todo o
Antigo Testamento, pois não apenas retrata o que significou para si
mesmo, mas também para a vida de seu povo, Israel. O livro de Êxodo
dá destaque aos detalhes referentes à sua infância, formação, experiên-
a
acerca de Moisés:
“Pela fé, Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais,
porque viram que era um menino formoso; e não temeram o man-
damento do rei. Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser cha-
Ve
73
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
história mediando os interesses do povo de Israel.
bi
de 40 anos. A primeira etapa está relacionada à opressão egípcia, ao
extermínio dos meninos hebreus e à vida palaciana. A segunda, diz res-
oi
peito ao período vivido por Moisés na terra de Midiã, um território do
lado oriental da península do Sinai. Naquele local, esse hebreu pode
refletir mais sobre sua vida e ter a oportunidade de ser transformado por
Pr
Deus para executar sua grande tarefa. A terceira e última etapa foi marcada
pelo cuidado e atenção que esse herói da fé dedicou ao seu povo.
74
M OISÉS E SUA M ISSÃO
“Nesse tempo, nasceu Moisés, e era mui formoso, e foi criado três
meses em casa de seu pai. E sendo enjeitado, tomou-o a filha de
faraó e o criou como seu filho. E Moisés foi instruído em toda a
ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e obras. E,
quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe ao coração ir
visitar seus irmãos, os filhos de Israel. E vendo maltratado um
deles, o defendeu e vingou o ofendido, matando o egípcio. E ele
cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar
da
a liberdade pela sua mão; mas eles não entenderam. E, no dia
seguinte, pelejando eles, foi por eles visto e quis levá-los à paz,
dizendo: Varões, sois irmãos; porque vos agravais uns aos outros?
E o que ofendia o seu próximo o repeliu, dizendo: Quem constituiu
bi
príncipe e juiz sobre nós? Queres tu matar-me, como ontem ma-
taste o egípcio?” At 7.20-28.
oi
Esse texto sugere algumas verdades a respeito de Moisés. Primeiro,
que Moisés era uma criança fisicamente formosa, um menino prodígio.
Pr
Essa foi a percepção de seus pais e, muito provavelmente, da princesa.
Essa notícia era muito bem-vinda aos hebreus, que ansiavam por liberta-
ção e acreditavam que Moisés pudesse ser a resposta às suas muitas
orações. E para a princesa, ser mãe de um menino prodígio estampava a
oportunidade de aproveitá-lo nos negócios do governo. Segundo, que
a
Moisés, ao ter sido adotado pela filha de faraó, recebeu educação formal
de alto nível e, com certeza, aprendeu muito sobre as leis, pois eviden-
nd
75
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
volveu-se com atividades que lhe permitiram pensar um pouco mais na
vida, nas pessoas e também em Deus. Parece que se desintoxicou da
vida complexa e agitada do império e ganhou a oportunidade de ser
transformado por Deus em um homem com estrutura adequada para a
bi
grande tarefa de abençoar um povo que durante longos anos estava
sendo maltratado. Esse período permitiu também que Moisés não só
tomasse consciência da sua identidade e do sofrimento do seu povo,
oi
como também tivesse as condições necessárias para ser o libertador de
Israel. De acordo com o relato histórico feito por Estevão e registrado
Pr
por Lucas, esse tempo foi de grande importância para Moisés, pois foi
nessa ocasião que recebeu do Senhor a vocação para ser o guia de Isra-
el. Vejamos o que está registrado em Atos (7.30-34):
“E completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor,
no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo de um sarçal.
a
76
M OISÉS E SUA M ISSÃO
da
tenções: “Tira os teus sapatos porque o lugar que estás é terra santa”. Isso
significa que Yahweh tem repulsa ao pecado e à injustiça, e espera que
um povo redimido se incline a Si em reverência sincera.
Essa revelação dada ao Seu servo informava-o acerca de Seu nome
bi
Yahweh que revela Sua natureza. É provável que este nome divino ve-
nha da raiz do verbo ser. Deus é aquele que tem existência própria,
oi
aquele que não é limitado pelo tempo; o passado e o futuro para ele são
a mesma coisa. Ele é para sempre, por isso disse: “Eu Sou o que
Sou”(Ex 3.14). Nesse sentido, suas promessas estão sempre firmes,
Pr
e os seus projetos não desaparecem com o passar dos tempos.
Yahweh é o Eterno. Diante da imponência egípcia e do poderio dos
faraós era necessário que Moisés soubesse que havia um Deus que
estava acima dasestruturas humanas; um Deus que agia, mesmo que
isso contrariasse os projetos pensados pelos governantes humanos.
a
que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus
exatores, porque conheci as suas dores. Porquanto desci para livrá-
lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir àquela terra boa e
larga, a uma terra que mana leite e mel... e agora, eis que o clamor
dos filhos de Israel chegou a mim e também tenho visto a opressão
com que os egípcios os oprimem” Ex 3.7-9.
77
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
bi
oi
Pr
P ASTOR DE OVELHAS EM I SRAEL
78
M OISÉS E SUA M ISSÃO
da
te de tarefa tão árdua, o libertador precisava de provas de que o Senhor
o estava levantando para a penosa missão de ficar frente a frente com o
faraó e de reivindicar a saída de seu povo. Como resposta, Yahweh
permitiu sinais que evidenciavam a autoridade concedida a Moisés. O
bi
primeiro sinal foi a transformação de uma vara em cobra e depois em
vara novamente (Ex. 4.1-4). Após esse momento, Deus disse a Moisés
oi
que aquele sinal era para que cresse que quem estava falando era real-
mente o Deus de seus pais (Ex 4.5). O segundo sinal foi a lepra tempo-
rária, manifestada na mão de Moisés. Esses dois sinais foram o início
Pr
de uma sucessão de intervenções divinas na trajetória desse homem
escolhido por Deus, uma etapa de sua vida que deveria ser vivida no
poder e autoridade divina, pois a libertação de Israel era uma obra
espiritual que aconteceria não por méritos humanos, mas pela ação
sobrenatural de Deus ³Y
a
líder hoje?
79
Ve
nd
a
Pr
oi
bi
da
CAPÍTULO 3
Um “Sete de Setembro”
Diferente
da
bi
oi
Pr
Quase todos os países do mundo possuem alguns referenciais histó-
ricos, isto é, fatos que marcaram sua história, contribuindo para a rea-
lização de importantes conquistas do seu povo. O processo de liberta-
ção e independência de Israel acompanha a mesma lógica, pois estan-
a
81
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não são do Pai, mas do
mundo e o mundo passa e a sua concupiscência, mas quem faz a vontade de
Deus, permanece para sempre”, I Jo 2.16 e 17. Os elementos apresentados
nesse texto faziam parte daquela composição social e religiosa e isso
bi
transformava o Egito em uma fonte de maldição, pois possuía uma
espiritualidade distorcida e sem fundamentos na revelação. Havia um
oi
povo que não conseguia enxergar a vida pela ótica do Criador, pois um
misticismo opressor estava por toda parte, um fato que fazia dos egíp-
cios pessoas cegas para as realidades espirituais. Quando olhamos para
Pr
a nossa realidade, percebemos as semelhanças. Como na sociedade
daquela época, nossa sociedade também parece preferir expressões
religiosas que estão mais adequadas ao modo consumista de ser. É muito
comum vermos pessoas, que, por desejarem respostas rápidas para suas
necessidades, enveredaram pelo misticismo e esoterismo. Mas o Se-
a
nhor Deus propõe algo mais sólido para os nossos corações e por isso
condena essa espiritualidade barata.
nd
82
U M “S ETE DE S ETEMBRO ” D IFERENTE
da
pode muito bem representar o caminhar do cristão logo depois de fa-
zer seu compromisso com o Senhor Jesus. Foi ali, no deserto, que os
israelitas passaram por muitas provações, assim como a igreja enfrenta
lutas e dificuldades em servir a Jesus aqui nesta terra. O apóstolo Paulo
bi
faz comentários a respeito dessa analogia em I Coríntios, afirmando
que aquelas experiências foram figuras, isto é, situações ocorridas com
oi
Israel e que são fontes de ensinamentos para nós hoje, I Co 10.6,11.
83
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
rências alistadas acima informam que era Yahweh quem promovia o en-
durecimento no coração de faraó, outras, que era o próprio faraó o res-
ponsável por tamanha dureza. Alguém tentando explicar essa situação
disse que “o mesmo sol que amolece a cera, endurece o barro”. Yahweh é
esse sol que incide luz sobre todas as pessoas, dependendo da natureza
do coração se terá uma reação positiva ou negativa. Parece que enquanto
Moisés era “cera” que se amolecia com a voz e presença do Senhor, faraó
era “argila” que se endurecia e se tornava insensível ao comando do
da
Todo-Poderoso. Refletindo sobre essa situação, podemos dizer que feli-
zes são as pessoas que se abrem ao tratamento de Yahweh, porque esses
serão alvo de Suas misericórdias, mas aqueles que resistem à Sua pala-
vra, não terão as mesmas oportunidades. Em Provérbios de Salomão é
bi
afirmado que: “a soberba precede a ruína e a altivez de espírito a queda” (16.18)
e concorda com isso as palavras de 5JBHP, “porquanto diz: Deus resiste aos
oi
soberbos, dá porém, graça aos humildes” (Tg 4.6).
por essa razão que foi considerado que “o Egito era uma dádiva do Nilo”.
nd
Ve
84
U M “S ETE DE S ETEMBRO ” D IFERENTE
A segunda praga (Ex 8.1-15) foi a proliferação de rãs por todo o Egi-
to. Em Êxodo (8.3) encontramos: “E o rio criará rãs, que subirão e virão a
tua casa, e ao teu dormitório, e sobre a tua cama e as casas dos teus servos, e so-
bre o teu povo, e aos teus fornos, e as tuas amassadeiras”. Esse texto traz co-
mentários a respeito do desconforto provocado por essa praga. Havia
rãs por toda parte, tanto dentro das casas dos nobres como nas casas
do povo simples. Certamente, aqueles animais estavam trazendo gran-
des dificuldades às pessoas. Com a morte das rãs, a situação agravou
da
por causa do mau cheiro que se espalhou por toda a terra (Ex. 8.14).
A terceira praga foi o surgimento de piolhos a partir do pó da terra
(Ex 8.16-19). A situação se agravou de forma considerável quando a
praga se espalhou por todas as bandas, produzindo coceiras e ferimentos
bi
em homens e em animais e causando desespero à população que já
havia sofrido com a agressão do Nilo e a proliferação das rãs.
oi
A quarta praga permitida por Deus foram as moscas (Ex 8.20-32).
Grandes enxames de moscas apareceram por todo Egito. É bom ressal-
tarmos que houve um ciclo desintegrador através das pragas: sujeira e
Pr
bactérias no rio, conseqXência dos peixes mortos; depois o mau cheiro
provocado pelas rãs; os piolhos e, em seguida, as moscas, que aumenta-
ram a degradação do ambiente com contaminações e odores desagra-
dáveis por toda parte.
A quinta praga foi a peste nos animais (Ex 9.1-7). De acordo com o
a
pestilência, uma epidemia que trouxe a morte para uma boa parte dos
animais dos egípcios.
A sexta praga foi o surgimento de úlceras em homens e animais (Ex
9.8-12). Essa praga, surgida das cinzas espalhadas pelo ar, provocou
Ve
85
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
A décima e última praga foi causada pela morte dos primogênitos
(Ex 11). O desfecho dessas pragas ocorreu com o anúncio da morte dos
primogênitos: “E todo primogênito na terra do Egito morrerá, desde o
primogênito do faraó, que se assenta com ele sobre o seu trono, até o primogênito
bi
da serva que está detrás da mó, e todo primogênito dos animais” (v.5).
86
U M “S ETE DE S ETEMBRO ” D IFERENTE
da
bi
oi
Pr
a
nd
Ve
87
Ve
nd
a
Pr
oi
bi
da
CAPÍTULO 4
Em Direção à Liberdade
da
bi
oi
Pr
O objetivo deste capítulo é explicar como se deu o Êxodo dos hebreus,
isto é, como ocorreu a saída do Egito. O relato bíblico referente a esse
assunto encontra-se no livro do Êxodo do capítulo 12 ao capítulo 15.
Esse bloco de capítulos é iniciado com as orientações de Yahweh ao
a
povo de Israel sobre uma celebração que marcaria sua saída, a Páscoa
(Pesash). Nessa parte da Bíblia, também há detalhes referentes à mor-
nd
governo próprios e de ser uma nação forte e vigorosa. Esse relato bíbli-
co é muito importante porque não só apresenta um momento histórico
fascinante como também contém muitos princípios espirituais que
podem nos ajudar em nosso relacionamento com Deus.
89
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
hFCSFVT, além dos trajes, deveriam portar um cajado. Essa refeição de-
veria ser feita apressadamente e as sobras da carne assada, queimadas
pela manhã (Ex 12.1-11).
Enquanto as famílias participavam dessa refeição, marcada com
bi
obediência, reverência e expectativa, o Senhor, em franca atividade,
percorria o Egito e matava “os primogênitos dos egípcios”, isto é, o
oi
primeiro filho homem de cada família. Êxodo (12.12) revela-nos: “E eu
passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo o primogênito na Terra do
Egito, desde os homens até aos animais e sobre todos os deuses do Egito farei
Pr
juízos. Eu sou o Senhor”. Este episódio converge ao que está registrado
no capítulo anterior acerca das pragas, que Yahweh tinha por objetivo
não só punir os egípcios pela opressão feita aos israelitas, mas também
lhes mostrar que suas divindades eram fracas diante de seu poder e de
sua autoridade. Com a morte dos primogênitos, a nação ficaria total-
a
90
E M D IREÇÃO À L IBERDADE
da
A Páscoa traz em seu bojo a noção de culto. Não foi por mérito
pessoal que tudo aquilo aconteceu, mas por causa da intervenção po-
derosa de Yahweh; fora o Senhor, por causa de seu eterno propósito,
que operara tamanha maravilha. Moisés e Miriã fizeram manifesta-
bi
ções de gratidão e adoração por tão grande benção (Ex. 15). Yahweh
tinha que ser tributado e honrado, pois teve cuidado com seu povo e
oi
cumpriu suas promessas, fazendo acontecer o que tinha dito anterior-
mente (Gn 15.13-16). Centenas de outros textos do Antigo Testamen-
to incluíram a Páscoa em seus registros de celebração e adoração e isso
Pr
determinou a liturgia e a hinologia de Israel. É muito comum vermos
belíssimas composições fazendo referência a esse episódio, entre elas, o
Salmo 78 e o 105.
Na mesma linha de raciocínio, é importante lembrar que essa festa
possuía um aparato litúrgico bem complexo, cheio de detalhes simbóli-
a
91
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
pão sem fermento que acompanhava a refeição principal. Apesar de
haver outros elementos, esses dois eram básicos e a Revelação do Novo
Testamento relaciona-os com a obra do Senhor Jesus e o seu significa-
do espiritual para a vida cristã.
bi
Quando João Batista, o precursor do Senhor Jesus começou seu
ministério e arrebanhou alguns discípulos, ao apresentar Jesus a eles,
oi
referiu-se ao Filho de Deus como o Cordeiro, usando as seguintes pala-
vras: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29 e 36).
Como judeu, João Batista sabia o que estava falando por conhecer os
Pr
rituais do judaísmo, em especial a Páscoa; e por ter a revelação dada
pelo Espírito Santo de que, aquele Jesus, seria crucificado, sacrificado,
como eram os cordeiros na ocasião da festa. Assim como o sangue do
cordeiro pascoal, aplicado nas casas da terra das opressões, o Egito, foi
fundamental para a libertação do povo hebreu, assim também o san-
a
92
E M D IREÇÃO À L IBERDADE
da
java ter uma nação de
adoradores, um povo que
resplandecesse a sua gló-
ria entre as outras nações
bi
através do modo de ser e
de viver. Tal qual o povooi
antigo, a igreja represen-
ta essa comunidade. Uma
comunidade formada a
Pr
partir dos redimidos do
U M JANTAR NO O RIENTE M ÉDIO
Senhor, pessoas que fo-
ram libertas, entre outras
coisas, de vícios, práticas erradas e maus costumes. Essas pessoas, seme-
lhantemente àquelas primeiras, têm a oportunidade de refletir a glória
a
do Senhor. O apóstolo Pedro disse à igreja: “Mas vós sois a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes
nd
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pe 2.9).
Israel só pôde ser nação do Senhor através da Páscoa, ação redentora de
Yahweh, e a igreja só pode ser comunidade dos santos através de Jesus.
O apóstolo Pedro comentou que não éramos povo e que só pode-
Ve
93
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
dadas pelo Senhor ao seu servo Moisés. Nesse período, muitas pala-
vras esclarecedoras vieram diretamente de Yahweh ao povo de Israel,
entre elas, os 10 mandamentos, normativos e vitais (Ex.20). Além des-
se texto, há muitos outros que também são ricos em instrução. E tudo
isso graças ao pacto evidenciado na Páscoa.
O cristão, salvo em Jesus, possui também uma palavra de revelação.
Ele conta com uma palavra dada por Deus que será instrumento de
direção em sua vida. O salmo 1 diz que bem aventurado é o homem
da
que, semelhante à árvore plantada na margem do rio que está sempre
verde por causa da sua proximidade com a água, gasta tempo meditan-
do na revelação do Senhor. O próprio Cristo afirmou: “nem só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor” (Mt 4.4).
bi
Esse relacionamento não foi marcado apenas pela revelação, mas tam-
bém por provisões maravilhosas dadas pelo Senhor a este povo que
oi
estava em seu coração. Em Êxodo 16, temos o maná, a refeição diária
dada graciosamente pelo Eterno. Em Êxodo 17 e Números 20, temos a
água dada por provisão sobrenatural àquele povo. Acerca disso Paulo
Pr
faz as seguintes considerações: “e todos comeram de um mesmo manjar
espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da
pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo”, I Co 10.3,4.
Essas verdades, trazidas para a realidade da vida cristã, constatam o
que a palavra de Deus nos afirma que por sermos povo de Deus e filhos
a
pode ser alegria, realização pessoal; pode ser paz de espírito ou prote-
ção espiritual, pois assim está nas Escrituras Sagradas: “O meu Deus,
segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por
Cristo Jesus” (Fl 4.19). Isso é possível porque somos do Senhor, ele nos
Ve
94
E M D IREÇÃO À L IBERDADE
da
fo, quando todas as aflições terrenas tiverem cessado, então, o povo de
Deus, ovelhas de Seu pasto, entrará no gozo do Senhor.
Por fim, a Páscoa é um constante aviso para que vivamos alegremente
uma vida comunitária cristã. Os israelitas, devido a essa celebração tão
bi
especial se ajuntavam, em uma grande concentração de fé, com crentes
provenientes das diferentes tribos de Israel. Nesse ajuntamento existia
oi
comunhão, alegria e celebração. Existem registros bíblicos que falam so-
bre riso, gritos e danças que refletiam o contentamento da vida comunal.
O apóstolo Paulo procurou trazer este princípio para o viver cristão
Pr
e dá a seguinte recomendação: “Pelo que façamos festa, não com o fermento
velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ásmos da
sinceridade e da verdade” (I Co 5.8). O princípio aqui pode ser traduzido
pela seguinte pergunta: O que nos motiva em nossas celebrações? Por
sermos o povo eleito do Senhor, nosso relacionamento com os irmãos
a
não pode ser marcado por motivações pecaminosas, tais como a sensu-
alidade e a maldade, as relações ou as práticas de levar vantagem sobre
nd
o outro; mas deve ser marcado pela sinceridade e verdade, isto é, trans-
parência e respeito, considerando o irmão superior a nós mesmos, lem-
brando que o irmão também é do Senhor e assim sendo, deve ser hon-
rado por também ter experimentado a salvação em sua vida. A Páscoa
Ve
95
Ve
nd
a
Pr
oi
bi
da
CAPÍTULO 5
da
bi
oi
Pr
Logo após a libertação, o povo de Israel seguiu, de acordo com os
projetos divinos, para Canaã e recebeu as orientações que deveriam
moldar sua vida e história – as leis. Sem elas, o povo ficaria sem dire-
ção, sem condições de fazer o culto verdadeiro, ou ainda, de apresentar
a
uma ética diferenciada das outras gentes que moravam naquelas ime-
diações. Com leis tudo isso seria possível, pois as normas tinham sido
nd
97
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
bi
oi
Pr
R OLO DE I SAÍAS , DATADO DE 100 A C, ENCONTRADO NO M AR M ORTO EM 1947
De acordo com MacLaren, citado por Hoff, a Lei é “um código muito
breve, porém completo, no qual estão entretecidas a moral e a religião, tão livres
a
98
A I MPORTÂNCIA DAS L EIS
Yahweh aos patriarcas. Naquele momento, Israel estava como uma cri-
ança que desconhecia o perigo e suas conseqüências, por isso, enquanto
nação, precisava de orientação, de norma de conduta de acordo com a
vontade do Senhor. Com as leis, Yahweh queria fazer de Israel um povo
especial, e através dele, evidenciar a sua glória para todas as nações (Ex
19.5 e 6). O Senhor disse: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz
e guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar dentre
todos os povos: porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e
da
o povo santo”. Como podemos observar, esse sempre foi o propósito de
Deus para com Israel. Essa nação cumpriria os propósitos do Eterno em
meio a povos que não O conheciam e nem Lhe obedeciam. Esta seria a
oportunidade de Israel praticar a mediação do conhecimento e da reve-
bi
lação que receberam de Deus, ministrando aos outros o conhecimento
que a si fora ministrado, estampando a glória do Senhor e servindo de
oi
referência às nações para o tipo de culto e de vida que deveriam ser
praticados. A lei do Senhor faria de Israel um povo santo, povo consa-
grado ao Senhor, o que Ele de mais sublime possuía na terra.
Pr
Por fim, com a orientação do Sinai, o Senhor queria fazer de Israel
uma nação resistente contra os hábitos dos cananeus. Em Levítico 18,
vemos uma lista de uniões consideradas abomináveis, a maioria delas,
relações sexuais não recomendadas, porque fogem da normalidade hu-
mana. Esse tipo de comportamento era tão abominável ao Senhor que
a
homens dessa terra, antes da vossa entrada e a terra ficou contaminada. Não
procedam daquela forma para que a terra não vos vomite, havendo-a contami-
nado, como vomitou aquela gente”. Durante todo tempo que os cananeus
estiveram na terra, desenvolveram uma cultura pregressa e corrupta,
Ve
99
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
deveria sair do Egito, para que Lhe prestasse culto e O servisse (Ex
5.3). Também vemos escrito em Êxodo (6.6-8) palavras da parte de
Yahweh a Moisés sobre o desejo de libertá-los para que fossem seu
povo e tivessem comunhão consigo. Yahweh desejava ter um relaciona-
bi
mento harmonio-so com Israel. Esse tipo de relacionamento refletiria
no modo de cada pessoa viver e relacionar-se, pois dedicando amor ao
oi
Senhor teriam condições de amar também o seu próximo.
A lei funcionou no sentido de demonstrar o caráter de Deus, em
especial sua justiça e santidade, estabelecendo o critério de um viver
Pr
justo e santo como base para uma conduta digna e correta. A proibição
dos preceitos era, ao mesmo tempo, uma afirmação da verdade sobre a
natureza do Criador e uma desmistificação do poder das divindades
egípcias e cananHias. Era comum entre as religiões da época uma ten-
dência à libertinagem e promiscuidade, inclusive divindades que eram
a
revelar ao seu povo, apresenta-se como Santo, isto é, aquele que não é
maculado com a malícia e a sujeira, mas alguém de onde procede a
pureza e justiça; foi Ele mesmo quem disse: “Santo sereis, porque Eu, o
Senhor vosso Deus, sou Santo” (Lv.11.44,45 e 19.2).
Ve
100
A I MPORTÂNCIA DAS L EIS
da
Por fim, as orientações também tiveram a função de preservar a
sociedade através dos seus mecanismos de recompensas e punições. O
clássico exemplo é a lei de Talião “olho por olho e dente por dente”. Ao
executar o assassino, a mensagem que era ouvida no coletivo social era
bi
a de que matar trazia sérias conseqXências, portanto não valia a pena
matar, era “melhor obedecer do que sacrificar”.
oi
5.4 - As leis em categorias religiosas, sociais e sanitárias
Como comentamos anteriormente, as leis se relacionavam com to-
Pr
das as áreas da vida do povo de Israel. Em dimensão vertical, ao culto
ao Senhor com as normas para os ministros, e as especificações dos
diferentes tipos de ofertas, dias festivos e assuntos afins. Em dimensão
horizontal, à conduta social como o tratamento dos funcionários (es-
cravos); a administração da terra; o relacionamento com os órfãos, as
a
101
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
sobre esse assunto em diversos livros (Ex 20.24-26; 22.29,30; 23.18
e19; Lv 1-7; Nm 15.2-31 e Dt 12.13,14). Relevante também eram as
orientações dadas à categoria sacerdotal, aos ministros da antiga alian-
ça no ofício das coisas sagradas. Essas normas são explicitadas em Êxodo
bi
28 e 29 e Levítico 21 e 22. Ainda há outros textos, porém esses são su-
ficientes para que se perceba que Yahweh esperava que seus ministros
oi
vivessem uma vida santa e exemplar, possuindo autoridade para minis-
trar diante do povo a quem serviam como mediadores e intercessores.
De igual valor eram as orientações sobre o calendário religioso de
Pr
Israel. Existia uma sinalização bem detalhada sobre os dias de adora-
ção e sobre celebrações especiais chamadas “festas” que davam o tom
no estilo de vida israelita. Essa pontuação começava pelo sábado (Ex
20.8-11), passando pelas três festas principais (Páscoa, Pentecostes e
Tabernáculos) (Ex 23. 14-19) e fechava com o Ano Jubileu, um ano
a
102
A I MPORTÂNCIA DAS L EIS
da
tude”. A terra é fonte de recursos para a sustentação da vida e não pode
ser retida por indivíduos ambiciosos, que por sua ganância, privam
parte do povo de seu grande benefício (Ex 23.10,11; Lv 19.9,10; 25.1-
7 e Dt 19.14). Todas essas referências evidenciam princípios éticos e
bi
humanitários; explicitam o cuidado que se deve ter com os menos fa-
vorecidos. Soma-se a esses textos o de Deuteronômio (24.14-22). Nes-
oi
se livro, a nota de destaque é a ação caridosa e benevolente aos órfãos,
viúvas, pobres e estrangeiros. Quem observa esses princípios, planta
sementes preciosas e, com certeza, fará excelente colheita, ajuntando
Pr
para si um tesouro de grande valor como recompensa por ter incluído
o outro na administração de seus bens.
É importante observarmos também o cuidado que Yahweh teve com
a instituição família e o valor que a ela dedicou ao falar da importância
do casamento (Ex 20.14) e do valor da autoridade paterna na forma-
a
ção dos filhos (Ex 20.12). Está vinculada a esse preceito uma excelente
promessa. Levítico (19.3, 29 e 32) aponta os pais como representantes
nd
103
PENTATEUCO
O S F UNDAMENTOS É TICOS E R ELIGIOSOS DE I SRAEL NO A NTIGO T ESTAMENTO
da
parto e no período menstrual. O cuidado com a vida sexual, de acordo
com a norma de Yahweh, era fonte de saúde e vida. Atrela-se a isso o
cuidado com a alimentação. Em Levítico (11), temos uma lista dos
alimentos recomendados e a indicação daquilo que não faria bem ao
bi
organismo humano. No capítulo 7, versículos 22-27, há proibição da
gordura e do sangue. Além desses cuidados para uma vida saudável,
oi
também havia a recomendação para o descanso semanal. Yahweh foi
enfático sobre esse assunto, obrigando a parada das atividades sema-
nais no limiar do sétimo dia da semana. Essa parada era fundamental
Pr
na revitalização das forças e renovação da alegria. Podemos com isso
concluir que Yahweh foi minucioso no cuidado com seu povo. Todos
aqueles que caminharam de acordo com esse padrão, puderam desfru-
tar de uma melhor qualidade de vida como diz o Salmo 119.
a
104
A I MPORTÂNCIA DAS L EIS
manuseies”, (Cl 2.21). Temos duas epístolas que são enfáticas no com-
bate a essa tendência: a epístola aos Romanos e a epístolas aos Gálatas.
Ao escrevê-las, Paulo teve o cuidado de não anular o significado daqui-
lo que foi dado por Yahweh como instrumento de orientação e bênção
ao seu povo. É necessário, para não fazer qualquer análise equivocada,
que percebamos o princípio espiritual existente no âmago do manda-
mento e não a sua forma. Foram palavras do "QØTUPMP 1BVMP: “A
letra mata, o espírito porém vivifica” **$P
da
Questão para reflexão
O cristão atual possui muitas dificuldades em aceitar a recomenda-
ção de regulamentos como dispositivos de promoção de sua fé e
bi
espiritualidade. Mas ao olharmos para as leis dadas por Deus ao Seu
povo, podemos perceber que seus princípios eram espirituais e neces-
oi
sários. Procure argumentar com alguém sobre a atualidade dos princí-
pios encontrados na lei do Senhor.
Pr
a
nd
Ve
105