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do tr abalho cultur al
* Bacharel, mestre e
doutor em Filosofia pela
pela Faculdade de
Ruy Sardinha Lopes* Filosofia, Letras e
Ciências Humanas
Danielle Edite Fer reira Maciel** (FFLCH) da
Universidade de São
Paulo (USP). Professor e
pesquisador do
Instituto de Arquitetura
e Urbanismo da USP,
Int rodução campus de São Carlos e
do Núcleo de Estudos
Não é de hoje que ouvimos falar na confluência en- das Espacialidades
Contemporâneas
tre economia e cultura, na centralidade econômica (NEC-USP).
dos setores cultural e de entretenimento, também ** Formada em Letras:
Português-Italiano pela
rebatizados de indústrias criativas, e, portanto, da Faculdade de Filosofia,
necessidade de uma economia (política) da cultura Letras e Ciências
Humanas (FFLCH) da
e uma economia criativa, alimentadas, em grande Universidade de São
Paulo (USP). Mestre e
parte pelo impacto das tecnologias digitais de in- Doutoranda do
formação e comunicação nas relações produtivas e Programa de
Pós-Graduação em
sociais contemporâneas. A se considerar o discurso Ciências da
Comunicação
hegemônico somos realmente levados a concluir (PPGCOM) da Escola de
que as trocas e o capital simbólicos são os ingredien- Comunicações e Artes
da Universidade de São
tes essenciais se não de um novo modo de produção Paulo (ECA-USP).
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A moeda social é uma forma de moeda paralela criada e administrada por seus pró-
prios usuários, logo, tem sua emissão originada na esfera privada da economia. Ela
não tem qualquer vínculo obrigatório com a moeda nacional e sua circulação é ba-
seada na confiança mútua entre os usuários, participantes de um grupo circunscrito
por adesão voluntária.
Como bem observa Blanc (2006-b, p. 32), as moedas sociais circulantes locais têm
três motivações principais que as distinguem da organização monetária habitual.
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No começo, por sermos desorganizados, sem contato ainda com a economia soli-
dária, não sabíamos o que era lastro – a gente achava que estava tendo uma ideia
genial, que talvez não existisse em nenhum outro lugar. Por falta de pesquisa mes-
mo da nossa parte, no primeiro momento a gente distribuiu muito mais moedas do
que poderia. Então, no início de 2004, rolou nosso subprime. Tínhamos 150 mil
Cards na rua, e não tínhamos condições de pagar. Tivemos que trazer a iniciativa
privada para perto, e aumentar o número de pessoas. Foi ali que percebemos a im-
portância de trabalhar coletivamente (CAPILÉ apud ARAGÃO; VILUTIS; COHN,
2013)
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O dinheiro fictício é uma forma que adere a um material, o papel moeda, que fun-
ciona como uma mercadoria virtual. O seu ‘valor’ é socialmente válido, mesmo se
não contém qualquer átomo da substancia trabalho. A validade social desse valor,
entretanto, é colocada em questão nos processos inflacionários que se tronaram
endêmicos nas economias capitalistas contemporâneas.
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As pessoas não farão carreira, mas passarão de um projeto a outro, pois o sucesso
em dado projeto lhes possibilitará acesso a outros projetos mais interessantes.
Como cada projeto dá oportunidade de conhecer novas pessoas, há possibilidade
de ser apreciado pelos outros e, assim, poder ser chamado para outro negócio. Cada
projeto, diferente, novo e inovador por definição, apresenta-se como uma oportu-
nidade de aprender e enriquecer competências que se tornam trunfos na busca de
outros contratos. (BOLTANSKI; CHIAPELLO, 2009, p. 125)
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A lei segundo a qual uma massa sempre crescente de meios de produção, graças ao
progresso da produtividade do trabalho social, pode ser colocada em movimento
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Notas
1 “A criação de spin-offs acadêmicos é comumente associada à transferência formal ou infor-
mal de tecnologia ou conhecimento gerados em universidades para as empresas”. (SMILOR
et al., 1990 apud LEMOS, 2008, p. 2) De acordo com Lemos, que estudou as spin-offs acadê-
micas a partir de casos da Unicamp: “Devido à importância crescente do conhecimento
como base para a produção de novos produtos, processos e serviços na economia moderna,
a universidade passa a assumir um papel destacado no processo de inovação, agregando o
desenvolvimento econômico às suas tradicionais missões de ensino e pesquisa, ou seja, o in-
centivo à criação de spin-offs acadêmicos e a formação de empreendedores integraram-se à
realidade das universidades nas últimas décadas, sendo mais freqüentes nas universidades de
países desenvolvidos, e ainda incipientes nas universidades brasileiras.” (ARAÚJO et al.,
2005 apud LEMOS, 2008, p. 3, grifo do autor)
2 Já em 2003, integrou a agenda de pesquisa do Instituto de Tecnologia de Informação (ITI) da
Casa Civil da Presidência da República, tendo continuidade por meio de editais e patrocínios
do Ministério da Cultura (MinC) e Funarte, BNDES, CEF, Banco do Nordeste, CNPq,
Framework Program 7 da União Europeia, Unesco Rio+20, Fapesp – Researcher Links com
British Council, Proac no Estado de São Paulo, assim como, Fundação Volkswagen, AMD
Foundation, Mozilla, Fundação Telefónica, Santander Universidades.
3 “O projeto constitui-se de 20 miniconferências, gravadas em vídeo, cada uma com a duração
de até 7 minutos”, como “contribuição para os debates no âmbito da Conferência das Nações
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Referências
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