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- Contemporânea ao movimento sanitário nos anos 70: luta pela mudança nos modelos de
atenção e gestão nas políticas de saúde, defesa da saúde coletiva, equidade na oferta dos
serviços, protagonismo dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de
gestão e produção de tecnologias de cuidado.
- Desde a sua fundação a ciência psiquiátrica nasceu como reforma. Nas últimas décadas, a
noção de reforma ganha uma inflexão diferente: a crítica ao asilo deixa de visar seu
aperfeiçoamento ou humanização, vindo a incidir sobre os próprios pressupostos da
psiquiatria, a condenação de seus efeitos de normatização e controle. Sua característica
dominante é o repto da cidadania de sujeitos obrigatoriamente tutelados. O desafio paradoxal
da cidadania interditada. Seu objetivo é o questionamento e a elaboração de propostas de
transformação do modelo clássico e do paradigma da psiquiatria. Ilustra um campo
heterogêneo, que abarca a clínica, a política, o social, o cultural e as relações com o
jurídico, e é obra de atores muito diferentes entre si.
- 1978: início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos no
Brasil;
- II Congresso Nacional do MTSM (Bauru, SP), em 1987, adota o lema “Por uma
sociedade sem manicômios” -> I Conferencia Nacional de Saúde Mental (RJ)
- 1987: 1º CAPS no Brasil em SP (Caps Luiz Cerqueira) + intervenção na Casa de
Saúde Anchieta (local de maus-tratos e mortes de pacientes), são implantados NAPS
(Núcleos de Atenção Psicossocial).
- 2001: III Conferência Nacional de Saúde Mental: “Cuidar sim, excluir não”
Intersetorialidade
Eixos temáticos: Políticas Sociais e Políticas de Estado: pactuar
caminhos intersetoriais; Consolidar a Rede de Atenção Psicossocial e
Fortalecer os Movimentos Sociais; Direitos Humanos e Cidadania
como desafio ético e intersetorial
Revisão e repactuação das diretrizes de saúde mental quanto à
desinstitucionalização e fomento da participação dos movimentos
sociais e Conselhos para controle social.
Discussão quanto à definição de imputabilidade penal: exclusão
do conceito de “presunção de periculosidade” da pessoa com
transtorno mental em situação de privação de liberdade e em
presídios (reincidência de menos de 2%)
- Embora existissem 208 CAPS, 93% dos recursos do MS para a saúde mental eram
destinados aos hospitais psiquiátricos. A redução de leitos – altamente positiva –
vinha sendo acompanhada de uma taxa de criação de Caps e Naps
insuficiente quando comparada com as necessidades projetadas.
- Sanção da Lei Paulo Delgado (Lei Federal 10.216): redireciona a assistência em saúde
mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária,
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não
institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios. A lei dispõe
sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona
a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em
serviços de base comunitária.
- Conseqüências da lei: A primeira é a implementação, nas emergências
psiquiátricas, da exigência de notificação ao Ministério Público Estadual das
internações involuntárias, isto é, feitas sem o consentimento do paciente.
Isso representará maior controle sobre a internação, visando a coibir as
internações desnecessárias e abusivas. A segunda diz respeito à regulação
jurídica (civil e penal) da loucura e vai além do que está explicitamente
referido no texto legal. Embora não mencionem especificamente a questão
da capacidade civil, os dois primeiros artigos da lei tratam da defesa dos
direitos do paciente.
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve
assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de
tratamento.
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser
realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal,
e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho
Nacional de Saúde.
Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão
nacional para acompanhar a implementação desta Lei.
- III Conferência Nacional de Saúde Mental (2001): a reforma psiquiátrica ganha maior
sustentação: são criadas linhas de financiamento e novos mecanismos para
fiscalização, gestão e redução programada de leitos psiquiátricos no país - expansão da
rede de atenção diária à saúde mental; “Programa de volta pra casa”- processo de
desinstitucionalização de pessoas longamente internadas ; traçada a política para a
questão do álcool e outras drogas, incorporando a estratégia de redução de danos.
- Processo de desinstitucioalização
- Residências terapêuticas
• Moradia Assistida: é mantida com recursos do(s) próprio(s) paciente(s), que têm
alguma autonomia, e supervisionada pela equipe de seguimento.
- Todos os hospitais com mais de 200 leitos devem reduzir no mínimo, a cada ano, 40
leitos. Os hospitais entre 320 e 440 leitos podem chegar a reduzir 80 leitos ao ano
(mínimo: 40), e os hospitais com mais de 440 leitos podem chegar a reduzir, no
máximo, 120 leitos ao ano. Passam a ser melhor remunerados pelo SUS todos os
hospitais que reduzem leitos e que melhoram a qualidade de atendimento, aferida
pelo PNASH/Psiquiatria.
- Busca garantir que os recursos que deixem de ser utilizados nos hospitais, com a
progressiva redução de leitos, permaneçam no campo das ações de saúde mental e
sejam direcionados para os equipamentos da Reforma Psiquiátrica.
- Rede e Território
- O território é a designação não apenas de uma área geográfica, mas das pessoas,
das instituições, das redes e dos cenários nos quais se dão a vida comunitária.
Trabalhar no território significa assim resgatar todos os saberes e potencialidades
dos recursos da comunidade, construindo coletivamente as soluções, a
multiplicidade de trocas entre as pessoas e os cuidados em saúde mental.
- É função dos CAPS prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando
assim as internações em hospitais psiquiátricos; promover a inserção social das
pessoas com transtornos mentais através de ações intersetoriais; regular a porta
de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de atuação e dar
suporte à atenção à saúde mental na rede básica.
3. Os CAPS III são os serviços de maior porte da rede CAPS. Previstos para dar
cobertura aos municípios com mais de 200.000 habitantes. Com no máximo
cinco leitos, o CAPS III realiza, quando necessário, acolhimento noturno
(internações curtas, de algumas horas a no máximo 7 dias). A equipe mínima
para estes serviços deve contar com 16 profissionais.
- Cada usuário de CAPS deve ter um projeto terapêutico individual, isto é, um conjunto
de atendimentos que respeite a sua particularidade, que personalize o atendimento de
cada pessoa na unidade e fora dela e proponha atividades durante a permanência
diária no serviço, segundo suas necessidades. A depender do projeto terapêutico do
usuário do serviço, o CAPS poderá oferecer, conforme as determinações da Portaria
GM 336/02:
- Tipos de assistência:
Tratamento medicamentoso
Atendimento a grupo de familiares
Atendimento individualizado a famílias
Orientação
Atendimento psicoterápico
Atividades comunitárias
Atividades de suporte social
Oficinas culturais
Visitas domiciliares
Ambulatorial
Assembleias ou Reuniões de Organização do Serviço
Oficinas terapêuticas: expressivas; geradoras de renda; de alfabetização
- Deverá haver uma equipe de apoio matricial em Saúde Mental para no mínimo 6 e no
máximo 9 equipes de PSF
- Assim, por sua proximidade com famílias e comunidades, as equipes da Atenção
Básica se apresentam como um recurso estratégico para o enfrentamento de
importantes problemas de saúde pública, como os agravos vinculados ao uso abusivo
de álcool, drogas e diversas outras formas de sofrimento psíquico. Existe um
componente de sofrimento subjetivo associado a toda e qualquer doença, às
vezes atuando como entrave à adesão a práticas preventivas ou de vida mais
saudáveis. Poderíamos dizer que todo problema de saúde é também – e sempre – de
saúde mental, e que toda saúde mental é também – e sempre – produção de saúde.
Nesse sentido, será sempre importante e necessária a articulação da saúde mental
com a Atenção Básica.
Álcool e Drogas
- A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o uso abusivo de drogas como uma
doença crônica e recorrente. Para esta instituição, o uso de drogas constitui um
problema de saúde pública, que vêm ultrapassando todas as fronteiras sociais,
emocionais, políticas e nacionais, preocupando toda a sociedade.
- Muitos são os fatores que podem motivar o uso de drogas, como: a busca de prazer,
amenizar a ansiedade, tensão, medos e até aliviar dores físicas. Quando a utilização
dessas substâncias se dá de forma abusiva e repetitiva, sem que haja um controle do
consumo, frequentemente instala-se a dependência.
- De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a dependência
química caracteriza-se pela presença de um agrupamento de sintomas cognitivos,
comportamentais e fisiológicos, indicando que o indivíduo continua utilizando uma
substância, apesar de problemas significativos relacionados a ela. Como acrescentam
Kaplan, Sadock e Grebb (2007), o indivíduo dependente prioriza o uso da droga em
detrimento de outras atividades e obrigações.
- O uso do álcool é cultural, sendo permitido em quase todas as sociedades do mundo.
Informações sobre “saber beber com responsabilidade e as conseqüências do uso
inadequado de álcool”, ainda são insuficientes e não contemplam a população de
maior risco para o consumo, que são os adolescentes e os adultos jovens.
- Hoje se sabe que vários fatores são responsáveis pelo aparecimento dessa síndrome,
como os que aqui são citados: características psicológicas, vulnerabilidade genética,
gênero, padrão de consumo e aspectos sociais. - Deve-se entender a dependência
química como sendo uma doença biopsicossocial. Em função disso, os modelos de
tratamento necessitam de tipos de intervenções, que incluam diversas estratégias de
abordagem do problema, considerando elementos biológicos, psicológicos e sociais.
- Além disso, cerca da metade dos clientes que sofrem da síndrome de dependência,
como a de álcool, recaem após curto prazo de desintoxicação, indicando a necessidade
do desenvolvimento de estratégias mais efetivas. Assim, a motivação mostra-se um
fator de relevância em relação à adesão ao tratamento.
- Uma das teorias que mais tem contribuído para a compreensão da motivação para o
tratamento é a do Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento
(Transtheoretical Model of Change), desenvolvido por James Prochaska e
colaboradores nos anos 1970.
- Este modelo considera a prontidão para a mudança como um processo através do
qual o indivíduo transita em quatro estágios bem definidos: Pré-contemplação,
Contemplação, Ação e Manutenção.
Pré-contemplação: O primeiro é um estágio em que não há intenção de mudança,
nem mesmo uma crítica a respeito do conflito envolvendo o comportamento-
problema. É como se o sujeito estivesse usando a negação como mecanismo de
defesa, sendo a existência do problema completamente recusada.
Contemplação: é o estágio em que o indivíduo parece estar se conscientizando de que
existe um problema, no entanto há uma ambivalência quanto à perspectiva de
mudança. Neste estágio, os indivíduos podem pensar sobre as implicações que seu
comportamento-problema traz para si e para os que estão à sua volta, debatendo-se
entre as avaliações positivas do comportamento e o montante de esforços, energias e
perdas que lhe demandará a superação do problema. Contudo, apesar desse
movimento em direção à mudança, os contempladores possuem, como principal
característica, a ambivalência. A ambivalência pode ser entendida como o conflito
existente entre mudar e permanecer no comportamento atual; o conflito básico da
ambivalência - "quero, mas não quero" - possui papel central nos comportamentos de
dependência.
Ação: ocorre quando a pessoa inicia explicitamente a modificação de seu
comportamento-problema, escolhendo uma estratégia para a realização desta
mudança, tomando atitudes com este objetivo. A ação é um período que exige muita
dedicação e energia pessoal e as mudanças realizadas nesse estágio são muito mais
visíveis do que as realizadas durante outros estágios.
Manutenção: é o estágio que constitui o grande desafio no processo de mudança. A
estabilização do comportamento em foco é a marca deste estágio. É necessário um
esforço constante do indivíduo para consolidar os ganhos conquistados nos outros
estágios, principalmente no estágio de ação, além de um esforço contínuo para
prevenir possíveis lapsos e recaídas. A mudança nunca é concretizada com a ação. Sem
um forte compromisso no estágio de manutenção, a pessoa poderá ter recaídas, mais
comumente encontradas nos estágios de pré-contemplação e contemplação.
- Os benefícios ocasionados pela abstinência: tomada de consciência do problema
aditivo, resgate dos vínculos familiares, desenvolvimento de autoestima, afastamento
de ambientes favorecedores da adição e envolvimento em práticas religiosas =>
resultantes do apoio prestado aos dependentes por profissionais, familiares e novos
amigos, como também do seu envolvimento na ajuda a outros dependentes.
- Problemáticas causadas pelo período da abstinência necessitam de um
acompanhamento multiprofissional a fim de possibilitar ao recuperando maior
extensão possível da fase da ausência do uso das drogas. Sintomas: forte sentimento
de angústia, medo da solidão, intensa sensação de abandono e desejo ou
autoflagelação.
- Percebe-se maior freqüência de recuperandos da dependência dessas drogas que
conseguem viver vida normal com a redução de danos do que aqueles que utilizam da
abstinência, a qual tende a reincidir com maior freqüência.
- Nos EUA, 90% dos tratamentos para dependência de drogas psicoativas estão
relacionados aos Alcoólicos Anônimos – modelo de Minesota (abstinência total).
- Estudiosos relatam que o uso da redução de danos estimula os indivíduos a
diminuírem gradualmente as conseqüências prejudiciais do emprego dessas
substâncias e caminharem para a abstinência. Inferência promissora para os resultados
deste trabalho, o que leva a pressupor uma diminuição dos usuários da redução de
danos e um aumento dos abstinentes preservados.
- Deduz-se que a manutenção em grupo de auto-ajuda, enriquecido de mudança de
ambientes e de aquisição de redes saudáveis nas relações interpessoais, após término
do tratamento, é de suma importância para garantir aos recuperandos um período
considerável de abstinência. Em suma, neste período de follow-up, apresentam-se-lhes
condições para que novos projetos de vida consolidem-se, não necessitando, com isso,
de “muletas” de apoio como são as drogas.
- Historicamente, no Brasil o tema do uso do álcool e de outras drogas vem sendo
associado à criminalidade e práticas anti-sociais e à oferta de "tratamentos" inspirados
em modelos de exclusão/separação dos usuários do convívio social tendo como
principal objetivo a ser alcançado a abstinência. As iniciativas governamentais
restringiam-se a poucos serviços ambulatoriais ou hospitalares, em geral vinculados a
programas universitários. Não havia uma política de alcance nacional, no âmbito da
saúde pública.
- É somente em 2002, e em concordância com as recomendações da III Conferência
Nacional de Saúde Mental, que o Ministério da Saúde passa a implementar o
Programa Nacional de Atenção Comunitária Integrada aos Usuários de Álcool e outras
Drogas. => ampliação do acesso ao tratamento, compreensão integral e dinâmica do
problema, a promoção dos direitos e a abordagem de redução de danos.
- O Programa organiza as ações de promoção, prevenção, proteção à saúde e educação
das pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas e estabelece uma rede
estratégica de serviços extra-hospitalares para esta clientela, articulada à rede de
atenção psicossocial e fundada na abordagem de redução de danos. É uma rede em
formação, ainda muito distante das necessidades da demanda, e que busca recuperar
o tempo perdido pela saúde pública no enfrentamento da questão.
- Dois comentários são pertinentes à definição. Primeiro, ela não incentiva nem fecha
os olhos para o uso de drogas, pois reconhece que existem danos e conseqüências
envolvidas. Segundo, a redução de riscos, como definida acima, não rejeita a
abstinência. De fato, algumas pessoas defendem que a maneira mais eficiente de
reduzir os danos é, em primeiro lugar, não usar drogas.
- A redução de danos reconhece cada usuário em suas singularidades, traça com ele
estratégias que estão voltadas não para a abstinência como objetivo a ser alcançado,
mas para a defesa de sua vida. Vemos aqui que o programa oferece-se como um
método (no sentido de methodos, caminho) e, portanto, não excludente de outros.
Mas, vemos também, que o método está vinculado à direção do tratamento e, aqui,
tratar significa aumentar o grau de liberdade, de co-responsabilidade daquele que está
se tratando. Implica, por outro lado, no estabelecimento de vínculo com os
profissionais, que também passam a ser coresponsáveis pelos caminhos a serem
construídos pela vida daquele usuário, pelas muitas vidas que ele se ligam e pelas que
nele se expressam.
- A abordagem se afirma como clínico-política, pois, para que não reste apenas como
“mudança comportamental”, a redução de danos deve se dar como ação no território,
intervindo na construção de redes de suporte social, com clara pretensão de criar
outros movimentos possíveis na cidade, visando avançar em graus de autonomia dos
usuários e seus familiares, de modo a lidar com a hetero e a autoviolência muitas vezes
decorrentes do uso abusivo do álcool e outras drogas, usando recursos que não sejam
repressivos, mas comprometidos com a defesa da vida
- Princípios da redução de danos:
- A estratégia de redução de danos é complementar às estratégias de controle da
demanda e da oferta;
- Seu foco é nas conseqüências e não nos comportamentos em si;
- A estratégia é realista e reconhece que o consumo de álcool não será interrompido
em muitas comunidades, e continuará a criar problemas para indivíduos e
comunidades;
- A estratégia de redução de danos não julga o consumo de álcool e sim a redução dos
problemas advindos dele;
- É uma estratégia pragmática – ela não busca políticas ou estratégias que sejam
inatingíveis ou que criem mais danos que benefícios.
- A estratégia de redução de danos reconhece os direitos humanos individuais – ela
está calcada na aceitação da integridade e responsabilidade individuais.
- O eixo norteador de campanhas pela redução dos problemas provocados pelo álcool
deve ser a estratégia de redução de danos, devendo haver a crítica de estereótipos
relacionados ao uso do álcool, e incentivados pela propaganda de bebidas alcoólicas,
como a associação do uso do álcool com a virilidade, a sensualidade, diversão etc.
- Deve-se utilizar fortes contra-argumentos, no sentido de que são exatamente os
países mais desenvolvidos do ponto de vista democrático que aumentam a cada dia o
controle social sobre o álcool. É necessário privilegiar o interesse da sociedade em
proteger-se dos danos causados pelo álcool, face ao interesse da industria de bebidas,
sendo portanto imperativo um exercício menos tímido e mais eficaz do controle social,
no sentido de implementação das propostas que configurem uma política pública
relativa ao uso de álcool.
DROGAS
Efeitos agudos
Álcool
A intoxicação alcoólica é caracterizada por fala arrastada, marcha instável, movimento
anormal dos olhos (também chamado de nistagmo), falta de coordenação motora,
prejuízo na atenção e na memória, até o coma. Esses efeitos são causados pela
diminuição da atividade cerebral, pelo efeito depressor do álcool.
Na síndrome de abstinência do álcool, o indivíduo pode ter tremores, náuseas,
vômitos, aumento dos batimentos cardíacos, febre, ansiedade, humor depressivo,
irritação, alucinações (o indivíduo ouve vozes, tem visões) e até mesmo crises
convulsivas.
Cocaína e anfetaminas
A intoxicação por cocaína pode produzir aumento dos batimentos cardíacos, aumento
da pressão arterial e batimentos cardíacos anormais, agitação, perda do apetite, mania
de perseguição, alucinações, ansiedade, até infarto do miocárdio, derrames e
convulsões.
Na abstinência de cocaína, podemos encontrar fadiga, dificuldade de concentração,
aumento do apetite, alterações do sono, agitação e depressão.
As anfetaminas apresentam efeitos semelhantes aos da cocaína.
Maconha
A intoxicação por maconha pode levar à ansiedade, angústia, medo de perder o
controle, alucinações, aumento do apetite, vermelhidão nos olhos, boca seca,
aumento dos batimentos cardíacos, queda da temperatura corporal, idéias de
perseguição e alterações na percepção do tempo e do espaço.
Na abstinência de maconha, podem-se observar insônia, irritabilidade, náuseas e
vômitos.
Inalantes
A intoxicação com inalantes pode levar à euforia (alegria excessiva), tonturas, fala
arrastada, dificuldade para coordenar os movimentos e a fala, lentificação, tremores,
visão turva, agressividade. Não há sintomas de abstinência descritos.
Opióides
Na intoxicação pelos opióides, podemos encontrar sonolência, euforia, resposta
reduzida à dor, fala arrastada, perda do apetite, lentificação e redução do impulso
sexual.
Na abstinência de opióides, são comuns tremores, aumento dos batimentos cardíacos,
aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, dor muscular, dor nas articulações,
lacrimejamento, fraqueza, náuseas e vômitos.
Alucinógenos
Os efeitos de intoxicação por alucinógenos são alucinações, mania de perseguição,
agressividade, impulsividade, agitação, aumento da pressão arterial, resposta reduzida
à dor, rigidez muscular, aumento da temperatura corporal, convulsões e insuficiência
renal.
Não há sintomas de abstinência descritos.
Nicotina
Os efeitos da intoxicação por nicotina são dor de cabeça, náuseas e tonturas. Na
abstinência de nicotina, podemos encontrar dificuldade de concentração, sonolência,
irritação, ansiedade, tristeza, aumento do apetite e do peso.
Efeitos crônicos
As drogas têm vários efeitos a longo prazo, podendo ser físicos e/ou psíquicos.
Álcool
O Álcool pode provocar várias anormalidades no aparelho digestivo, como gastrite,
úlcera, hepatite e cirrose hepática, além de pancreatite. Pode atuar também no
coração, levando à insuficiência cardíaca. No Sistema Nervoso, o álcool pode levar a
uma série de patologias, como falhas de memória, demência e problemas
neurológicos, como perturbação da marcha, dor e formigamento nos braços e nas
pernas. O álcool destrói o tecido muscular, destrói a imunidade do organismo e pode
provocar inclusive doenças de pele. Mulheres grávidas que abusam de bebida alcoólica
podem ter problemas na gravidez, como aborto, parto prematuro e malformações
fetais.
O álcool, com o uso crônico, pode induzir vários transtornos mentais, como psicoses
(quadros caracterizados por delírios e alucinações), ansiedade, depressão e problemas
do sono.
Cocaína
O uso crônico de cocaína pode levar à perfuração do septo nasal, hipertensão arterial,
maior risco de arritmias cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, desnutrição e AIDS
(pelo uso de seringas compartilhadas no uso endovenoso). A cocaína também pode
induzir quadros depressivos, ansiosos e psicóticos.
Maconha
A maconha pode provocar, se usada cronicamente, crises de bronquite, redução do
número de espermatozóides, redução das células de defesa do organismo, e a um
quadro crônico de desânimo (a chamada “síndrome amotivacional''). Pode também
levar a quadros ansiosos e psicóticos.
Inalantes
O uso crônico de inalantes pode provocar danos hepáticos, na medula óssea, nos rins e
nos nervos periféricos, confusão mental, quadros demenciais, alucinações e alterações
da marcha.
Opióides
O uso crônico de opióides pode levar a quadros ansiosos, depressivos e a infecções,
inclusive AIDS, pelo compartilhamento de seringas.
Alucinógenos
O uso crônico de alucinógenos pode levar a quadros psicóticos, quadros ansiosos, e a
alterações na percepção do tempo e do espaço.
Nicotina
O uso crônico da nicotina pode provocar várias doenças graves: infarto, derrames,
asma, bronquite e tumores, como por exemplo, o câncer de pulmão. Curiosidade: o
cigarro mata todo ano no Mundo mais indivíduos que todas as outras drogas juntas!
Dessa forma, percebe-se que as drogas podem provocar, além dos problemas sociais e
psicológicos, doenças que pioram a qualidade de vida do usuário.
MACONHA
A maconha é a droga ilícita mais usada mundialmente. O uso da maconha geralmente
é intermitente e limitado: os jovens param por volta dos seus 20 anos e poucos entram
num consumo diário por anos seguidos. A maioria dos usuários não se torna
dependente e uma minoria desenvolve uma síndrome de uso compulsivo semelhante
à dependência de outras drogas.
A intoxicação pela cannabis produz sensação de euforia, leveza dos membros e
geralmente retração social. Prejudica a capacidade de dirigir veículos, bem como de
outras atividades complexas que requerem habilidade; prejudica a memória imediata,
a capacidade de concentração, os reflexos, a capacidade de aprendizado, a
coordenação motora, a percepção de profundidade, a visão periférica, a percepção do
tempo (a pessoa geralmente tem a sensação de lentificação do tempo) e a detecção de
sinais.
Outros sinais de intoxicação podem incluir ansiedade excessiva, desconfiança ou idéias
paranóides em alguns e euforia ou apatia em outros, juízo crítico prejudicado, irritação
conjuntival, aumento de apetite, boca seca e taquicardia. A cannabis às vezes é
consumida com álcool, o que aumenta os efeitos psicomotores.
Há registros de que o uso da cannabis pode precipitar recaídas em casos de
esquizofrenia. Estados de ansiedade e pânico agudos, e estados delirantes foram
também relatados na intoxicação por cannabis; estes geralmente regridem em alguns
dias. Os canabinóides são às vezes usados terapeuticamente para glaucoma e para as
náuseas em tratamentos quimioterápicos do câncer.
COCAÍNA E CRACK
A faixa etária de maior consumo para ambas as substâncias foi igualmente jovem e
masculina, com índice de 1,2% (crack) e 0,5% (merla) para homens entre 25 –34 anos.
Cocaína e Crack: O estudo detectou que o consumo é mais prevalente e freqüente
entre os meninos, que aumenta com o avançar da idade (ambos os sexos).
De modo geral, o usuário de cocaína nas universidades pesquisadas é do sexo
masculino, entre 20 e 24 anos, solteiro, empregado, morando com amigos ou sozinho,
sem credo ou prática religiosa e com diálogo insatisfatório com seus pais,
principalmente com a mãe. Alguns dos fatores de risco para o consumo entre essa
população foram: ter pais e amigos que usam drogas, o uso de drogas antes de entrar
na universidade, trabalhar, baixo rendimento escolar, curso e lugares que frequentam
na universidade e atitude aprovadora quanto ao uso ou experimentação regular de
maconha.
O crack, nas crianças e adolescentes em situação de rua, começou a ser utilizado no
final dos anos 80, especialmente nos estados da região sul e sudeste. A tendência de
aumento foi progressiva, constatada nos levantamentos consecutivos.
O consumo de cocaína e crack tem sido diretamente associado à infecção pelo HIV. Os
comportamentos de risco mais observados nessa população são o número elevado de
parceiros, o sexo sem proteção e a troca de sexo por crack ou por dinheiro para
comprar a substância.
O estudo observou que a vulnerabilidade à infecção pelo HIV estava associada à
pobreza, baixo nível de instrução e uso de drogas, especialmente a cocaína e o crack.
O aparecimento do Crack e a popularização do consumo teve inicio a partir de 1989.
Os mesmos possuíam o seguinte perfil: homens, menores de 30 anos, desempregados,
com baixa escolaridade e poder aquisitivo, provenientes de famílias desestruturadas.
De acordo com o mesmo estudo, os usuários de crack na comunidade, quando
comparados aos usuários de cocaína intranasal, pareciam possuir um padrão mais
grave de consumo, maior envolvimento em atividades ilegais, maior risco de efeitos
adversos ao uso de cocaína, maior envolvimento em prostituição e ter mais chance de
morar ou ter morado na rua. Além disso, têm mais problemas sociais e de saúde do
que os usuários de cocaína intranasal. Nos últimos anos, o usuário de crack passou a
figurar também entre aqueles com maior poder aquisitivo, apesar de ainda ser mais
prevalente na classe baixa.
Habitualmente, o usuário de crack é poliusuário ou tem antecedente de
consumo de outras substâncias. O início do uso se dá com drogas lícitas
(tabaco e álcool), geralmente em idade precoce e de modo pesado.
A maconha costuma ser a primeira droga ilícita. O tipo de progressão é influenciado
pela idade76: entre os menores de trinta anos, observa-se a seqüência descrita
anteriormente. Entre os mais velhos, o consumo de cocaína aspirada e de
medicamentos e cocaína injetável também antecedem o uso de crack. Usuários que
fazem uso tanto de crack, quanto de cocaína intranasal, tendem a iniciar o uso mais
cedo do que aqueles que utilizam apenas uma das apresentações. Geralmente, a
primeira experiência com a substância acontece pela via intranasal, progredindo para
o crack posteriormente.
A busca por tratamento parece ser mais parece ser mais precoce entre os usuários de
crack, em comparação aos de cocaína intranasal.
A dependência de crack é a causa mais prevalente de internação por uso de cocaína.
Os usuários de crack internados apresentam piores índices sociais, se comparados aos
usuários de cocaína inalada. Além disso é mais provável que o dependente de crack já
tenha utilizado outras vias de administração, inclusive a injetável, expondo-o a um
maior risco de infecção pelo HIV e hepatite C.
A depressão e os transtornos ansiosos são as comorbidades psiquiátricas mais
observadas em estudos brasileiros com esses usuários.
Reações adversas de usuários de cocaína: calor e rubor (84%), tremores incontroláveis
(76%) e mal-estar (75%). Convulsões (18%) e desmaios (21%) foram as complicações
agudas mais relatadas pelos participantes.
Entre os dependentes de substâncias psicoativas que buscam tratamento, o usuário de
cocaína e crack é o que possui os maiores índices de abandono.
Evidências apontam como fatores preditivos de abandono, a existência de problemas
legais, baixo nível de habilidades sociais (coping skills), perda dos pais na infância,
diagnóstico de transtorno mental na família e transtorno por dependência de álcool
associado. O usuário de crack parece estar mais propenso ao abandono de tratamento
do que o usuário de cocaína intranasal.
Quanto os fatores de adesão, há relação positiva entre multiplicidade de propostas de
atendimento (farmacoterapia, encaminhamento a grupos de ajuda mútua,
atendimento às mães, atendimento de família, atendimento médico geral) e a melhora
da adesão ao tratamento. Isso reforça a idéia de que os usuários de cocaína e crack
necessitam de abordagens mais intensivas e prolongadas que os dependentes de
outras substâncias. Os serviços especializados para o atendimento a mulheres
parecem ser mais eficazes para o tratamento da dependência de álcool, do que para o
uso de cocaína e crack, possivelmente devido a heterogeneidade do segundo grupo.
Os usuários de cocaína e crack parecem ser especialmente vulneráveis às mortes por
causas externas.
Tendo em vista que o primeiro episódio de consumo acontece durante a adolescência,
os levantamentos epidemiológicos com estudantes são importantes termômetros do
consumo de substâncias psicoativas. Tal fenômeno parece ser mais provável dentro de
contextos marcados pela defasagem escolar, falta às aulas, baixo nível
socioeconômico, relacionamento ruim com os pais e/ou pais permissíveis ao uso, pais
separados, presença de maus tratos, ausência de prática religiosa.
- Tendência linear para o nível socioeconômico: quanto mais baixo, maior a ocorrência
de tabagismo precoce na adolescência, sendo duas vezes maior na classe D e três
vezes maior na classe E, comparadas à classe A. Outros fatores importantes foram as
relações familiares, sendo que viver com o pai biológico foi um fator protetor,
enquanto relações ruins com a mãe aumentaram duas vezes a freqüência do evento.
Violência familiar, consumo de álcool pelo adolescente e tabagismo materno (tanto na
gravidez quanto durante os demais anos) também contribuíram de forma muito
importante.
- O álcool, por sua vez, é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo
admitido e incentivado pela sociedade. Segundo o INCA (2006), a mortalidade e a
limitação da
condição funcional associada ao consumo de bebidas alcoólicas superam aquelas
associadas ao tabagismo.
- O consumo de álcool vem aumentando no mundo todo, sendo que a maior parte
deste aumento vem acontecendo em países em desenvolvimento. Embora o consumo
moderado de determinadas bebidas alcoólicas possa trazer benefícios para a saúde, o
consumo excessivo pode provocar cirrose, pancreatite, acidente cerebrovascular,
demência, polineuropatia, miocardite, desnutrição, hipertensão arterial, infarto e
certos tipos de cânceres, estando também intimamente associado a causas externas
de morbimortalidade, como acidentes de trânsito e violência. Estar trabalhando é
considerado um fator de vulnerabilidade, enquanto o suporte dos pais foi protetor;
diferenças de gênero foram mais marcantes em países em desenvolvimento; renda
alta e a ausência de prática religiosa também foram fatores de vulnerabilidade.
- o tabagismo sofreu uma transição dos países desenvolvidos para aqueles em
desenvolvimento, com projeção de aumento para 2020, quando se espera que, de
cada dez mortes relacionadas ao tabaco, sete ocorram nestes países.
- No caso do alcoolismo, a relação é menos evidente; havendo mesmo associação do
consumo de álcool com maior renda.
- Tanto a educação da população em relação aos efeitos nocivos do tabaco quanto
medidas coercitivas, em relação a preços, proibições de locais para fumo e
publicidade, parecem ter efetividade. No caso dos adolescentes, é importante atuar
ainda mais intensamente em relação aos preços, já que os cigarros no Brasil têm um
dos preços mais baixos do mundo. Autores propõem ações conjuntas entre governo,
entidades educacionais, família e sociedade como um todo. No caso das mulheres,
onde a redução tem sido mais lenta, as estratégias devem levar em conta o apelo
estético, psicológico e “glamoroso” do tabagismo. A preocupação com o
emagrecimento, o efeito ansiolítico e a aura de modernidade já se cristalizaram como
“benefícios” do cigarro para as mulheres.
- Tanto o alcoolismo é facilitador do hábito de fumar quanto o tabagismo favorece o
consumo de álcool.
- O consumo de álcool e drogas ilícitas é maior entre os homens. Já o uso de drogas
prescritas, como os calmantes (benzodiazepínicos) e medicamentos para emagrecer
(anfetaminas e derivados), é mais comum entre as mulheres.
- No entanto, as mulheres possuem menor tolerância ao álcool. Isso significa que doses
menores da substância são capazes de causar intoxicação (embriaguez) com mais
facilidade. Pelo mesmo motivo, as mulheres estão mais vulneráveis às complicações
crônicas do consumo de álcool, tais como doenças do fígado (esteatose ou fígado
gorduroso e cirrose), do aparelho digestivo (gastrites e úlceras), bem como a
dependência da substância. Desse modo, a presença de complicações e a mortalidade
diretamente relacionadas ao álcool são maiores entre as mulheres. Mulheres usuárias
de tabaco tendem a alcançar a menopausa mais precocemente. O uso de outras
drogas aumenta o risco de infecção de pelo HIV em ambos sexos.
Art. 4º O CAPS AD III poderá constituir-se como referência regional, de acordo com
implantação pactuada pela Comissão Intergestores Regional (CIR) respectiva e desde que
previsto no plano de Ação da Região de Saúde ou em instrumento equivalente.
§ 1º O CAPS AD III regional será retaguarda para grupo populacional de 200 a 300 mil
habitantes.
CAPÍTULO II
DO FUNCIONAMENTO
III - ter disponibilidade para acolher casos novos e já vinculados, sem agendamento
prévio e sem qualquer outra barreira de acesso, em todos os dias da semana, inclusive
finais de semana e feriados, das 07 às 19 horas;
VI - regular o acesso aos leitos de acolhimento noturno, com base em critérios clínicos,
em especial desintoxicação, e/ou em critérios psicossociais, como a necessidade de
observação, repouso e proteção, manejo de conflito, dentre outros;
VII - promover inserção proteção e suporte de grupo para seus usuários, no processo
de reabilitação psicossocial;
VIII - organizar o processo de trabalho do serviço com equipe multiprofissional, sob a
ótica da interdisciplinaridade, priorizado espaços coletivos;
XII - promover junto aos usuários e familiares a compreensão das Políticas Públicas,
especialmente dos fundamentos legais da Política Pública de Saúde Mental Álcool e
outras Drogas, e da defesa de seus direitos;
Seção I
Da Atenção Integral ao Usuário
Seção II
Da Equipe Mínima
Art. 7º O CAPS AD III funcionará com equipe mínima para atendimento de cada 40
(quarenta) por turno, na seguinte configuração:
III - 1 (um) enfermeiro com experiência e/ou formação na área de saúde mental;
a) psicólogo;
b) assistente social;
c) enfermeiro;
d) terapeuta ocupacional;
e) pedagogo; e
f) educador físico.
I - 1 enfermeiro
a) psicólogo;
b) assistente social;
c) enfermeiro;
d) terapeuta ocupacional;
e) pedagogo; e
f) educador físico.
Seção III
Da Estrutura Física Mínima
CAPÍTULO III
DA IMPLANTAÇÃO E DA TIPOLOGIA
Art. 9º O CAPS AD III será implantado conforme previsto no Plano de Ação Regional ou
instrumento equivalente, e poderá ser de dois tipos:
Art. 10. O CAPS AD III Novo será implantado na proporção de um para cada grupo
populacional de 200 a 300 mil habitantes.
Art. 11. O CAPS AD III Qualificado será implantado com a observância das seguintes
diretrizes:
I - todos os CAPS Tipo II das capitais dos Estados da federação serão transformados
em CAPS AD III; e
Parágrafo único. O inciso I do caput poderá ser excepcionado nas capitais dos Estados
da Federação cujos gestores de saúde avaliarem não ser necessária a transformação de todos
os CAPS Tipo II para CAPS AD III, caso em que a decisão será formalizada por escrito,
devendo-se demonstrar a existência de efetiva retaguarda de abrigamento 24 horas de
pessoas com necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas.
- Formação de Recursos Humanos
Núcleo de Apoio à Saúde da Família: apoio matricial às equipes de saúde da família (urbanas)
ou equipe de atenção básica (rural); relação horizontal e desburocratizada; comporta duas
dimensões (clínico-assistencial; técnico-pedagógica).
- A Região Sudeste apresenta índices semelhantes ao da Europa enquanto que a Região Norte
tem índice de leitos por mil habitantes comparável com o do Sudeste da Ásia e regiões da
África. Essa situação traz conseqüências como a desassistência em locais com baixo índice de
leitos, a migração de pessoas com transtornos mentais entre os municípios e mesmo entre os
estados, gerando dificuldades para o planejamento da atenção à saúde, a para a formulação e
condução da política de desospitalização.
- Nas visitas aos municípios, pôde-se constatar que o processo de formação de equipes
matriciais ainda se mostra bastante incipiente. A relação dos CAPS com a atenção básica nos
municípios visitados inexiste ou ainda ocorre de forma muito tímida, segundo as entrevistas
realizadas junto aos responsáveis pelos CAPS. Entre as prováveis causas para a falta de
integração estão a dificuldade de interiorização dos profissionais de saúde, especialmente dos
psiquiatras, a falta de adesão ao modelo proposto por parte dos gestores municipais nos
municípios onde há CAPS e a falta de capacitação dos profissionais.
- à exceção dos CAPS I e CAPSi, que podem ter médicos com formação em saúde mental, os
demais centros devem possuir pelo menos um médico psiquiatra em seus quadros, a
disponibilidade desse profissional em número suficiente em todos os estados brasileiros se
mostra fundamental. No entanto, a quantidade de psiquiatras é insuficiente, especialmente
fora do estado de São Paulo.
- os currículos acadêmicos dos cursos de saúde ainda não incorporaram a filosofia por trás da
reforma psiquiátrica e do novo modelo de atendimento aos portadores de transtornos
mentais.
- Projetos terapêuticos dos CAPS: o reduzido número de visitas domiciliares que são realizadas,
em geral apenas em algumas situações, por solicitação dos pacientes ou de seus familiares,
mas não fazem parte de uma atividade sistemática (Figura 2). As principais causas relatadas
pelos CAPS para isso acontecer foram a carência de pessoal, diante da elevada demanda, falta
de veículo para o transporte das equipes e a não remuneração dessas atividades pelo SUS. Os
principais efeitos desse reduzido número de visitas são o distanciamento dos profissionais em
relação às famílias dos pacientes, permanência da estigmatização e dificuldades no processo
de reinserção social.
- a principal causa relatada para o não recebimento do auxílio, desde que resolvido o lugar de
moradia (família ou residência terapêutica), é a ausência de documentos dos pacientes
asilares, como certidão de nascimento e CPF, dificultando o cadastro dos potenciais
beneficiários do programa. Outro obstáculo observado nessa pesquisa é a existência de
pacientes que estavam para completar 2 (dois) anos ou completaram esse tempo mínimo de
internação após a publicação da Lei n.º 10.708, de 31 de julho de 2003, considerado o ponto
de corte para que o beneficiário tenha direito ao auxílio.