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DISCLAIMER

Estes apontamentos não dispensam o estudo dos manuais recomendados pelo


Professor Regente e Assistente.

DIREITO

PROCESSUAL CIVIL

I
PROF. TEIXEIRA DE SOUSA

Faculdade de Direito de Lisboa

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO AO PROCESSO CIVIL

O Direito Processual Civil

§1 : HETEROTUTELA. A ordem jurídica


privada não só deve atribuir direitos

subjectivos, mas também garantir a possibilidade

de o seu titular exercer as faculdades neles

contidas. Subsidiaria e excepcionalmente, o titular

com recurso a

.
poderá exercê-las formas de

autotutela tipificadas na lei [vide art. 336º ss


CC] Todavia, proíbe-se genericamente a
autotutela, salvo impossibilidade de recurso em
tempo útil aos meios coercivos normais, a
heterotutela [art. 1º].

Conclui-se: a garantia jurisdicional dos

direitos subjectivos constitui a forma normal da sua


defesa [cfr. art. 20º-1 CRP].

§2: ACÇÕES. O Direito Processual Civil

parte do princípio de que a todo o direito

subjectivo ou interesse legalmente protegido

corresponde uma acção [art. 2º], assumindo uma


função instrumental em relação a todas essas
situações subjectivas. Constituem, todavia,

excepções a esta correspondência entre direitos e


tutela jurisdicional, as obrigações naturais [art. 402º
CC] e os direitos prescritos [art. 304º-1 CC].

Considerando que a cada direito

corresponde uma acção, podemos, no âmbito das

acções, estabelecer a seguinte distinção:

• Acções declarativas [art.4º-2]: o


tribunal só desenvolve uma actividade que
terminará com a decisão;

incumprimentos posteriores deverão ser resolvidos

num processo com outro objecto

o Aos direitos de monopólio [bens materiais ou


imateriais exclusivos, vg direito de propriedade]

corresponde uma acção de simples apreciação

[art. 4º-2a] – vg declaração de nulidade.

 Positivas: declaração de existência de um


direito/facto

 Negativas: declaração de inexistência de um


direito/facto

[art. 502º-2]

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

o Aos direitos a uma prestação

[pretensões, vg direitos de crédito]


corresponde uma acção de

condenação [art. 4º-2b] – pressupõe


reconhecimento de situação

preexistente; vg indemnização, acção de

reivindicação ou incumprimento.

 Prestação de facto positivo ou


negativo, passado ou futuro [art. 472º-2]

 Entrega da coisa

o Aos direitos potestativos [impõem

sujeições a terceiros, vg direito ao


divórcio] corresponde uma acção

constitutiva [art. 4º-2c] – situação

nova na ordem jurídica; vg acção de

preferência, investigação de

paternidade, anulação de contrato,


anulação de casamento,
declaração de indignidade sucessória ou
acção de despejo.

 Constitutiva proprio sensu


 Modificativa

 Extintiva

• Acções executivas [art. 4º-3]: o tribunal


verifica

meios

e
si,

partes
prestação

do

exigidas

processuais

um
a
o

[coactivos]

prestação

§3:

caracteriza-se

tribunal

constituindo

estruturada.

para
e para o
procedimento,

formal e
O

exemplo:

data

marcá-lo-á

sugerirem
de
formalista

sem
e

ou

se
àÀ
incumprimento

pela

a
faculta ao
obtenção da

pluralidade

encadeados

uma
sequência

apresentação

proferimento

enquanto

encadeamento

pode
do conceito.

ser
nenhum

exame proposta
mais;

outras datas, cabe


da

e
titular

de sucedâneo pecuniário

PROCEDIMENTO.

exemplificado

aluno

se os
pelo
O

de actos

da decisão

um processo

lógico

se

alunos,

ao
do

relacionados

realidade

das

das

dos

pronunciar

professor,

professor
direito

processo
das

unitária

formalidades

posições

no

por outro
partes

chama-se

com recurso
sentido

optar
os

entre
e

das

actos

contra
vg, este
a

lado,

por
uma delas. Embora num outro plano, interessa

relembrar o disposto no art. 1º CPA, relativamente


ao

processuais

razões

do

determinar

realização

Quanto

que
decisão
as

transparente

quando

interesses

próprio],
àà
procedimento

Direito Processual

§4:

fundamentais:

procedimental

e, por outro
processo
A primeira

conflituosidade

consensos

partes

§5:
em
das

que,
a
e

espontânea
segunda

legitimamente

debate

PROCESSO

respeitar

atribuídos

ou enquanto
administrativo.

FORMALIDADES.

pautam-se

em
em
Civil I – Lara Geraldes

obstar

geral,

razões

extinção

das

aceitem

entre

aos
pela

por um
diálogo

lado,

e
permite

questão

última

da

razões

CIVIL.
do
crise

da decisão

o
e

prestação

mais

proferida
As

complexidade

lado, evitar

insuficiente entre
de

em

processo

as partes e o

direitos

pelo

forma
O

direito
em
apontadas,

facilmente

após

processo
@ FDL

formalidades

por
um
as partes
legitimação

enquadramento

a
análise,
particular.

formação

poderão

mediante

falta,

permite

intenso

tribunal.

subjectivos

residual
privado
será

de tutela
e
[âmbito
duas

défice

da

de

até

vg.

uma

civil

aos

de
e
todos

tutelados
os

processual

paradigmático

jurisdicionais

constitucional,

sendo-lhes

regime

na medida

jurisdicional

dotados

parte

meros
§6:

as partes e o
declarativa

contra
testemunhas
direitos

ou

aplicável

específico.

é
em que
pelos
e
exercidos

tribunal.

e os
participantes

no processo

§7:
pendente.

OBJECTO.
qual
É
interesses

[âmbito residual].

Processo

para
[processo
mediante

Civil

os

administrativo

um ramo
regula

tribunais,

de ius imperii [art. 202º CRP].

SUJEITOS.

o autor, enquanto
a
Os

A parte

essa
peritos,

processuais

O
de

supletivamente

o
é
que

demais

órgãos

sujeitos

acção é

por

objecto
o

outro
quando
não

trabalho,

do
e

do
na

de
possam ser
uma outra

processo
processos

direito

exercício da

processuais

que requer a
que o réu

requerida.

lado,
forma

penal,

tributário],

falta

público

função

soberania

acção

será

intervierem

processo
serão

é
de

são

As
a

a
matéria

pronunciar-se,

[forma

apreciação,

das
pela

probatórios,

direito].

pertence-lhes.

um dever

enquanto
[omissão

dever

[excesso

extremos
de
sobre

de

nulidade
de

de

§8:

Independentemente
de

causa

Direito Processual

Segundo

partes,

de

dever

da
a

não
a
sendo

tutela

condenação,

de

o
qual

pedir

necessários

Correlativamente,

cognição segundo

de apreciar

pronúncia,

apreciar

pronúncia,

pronúncia

VALOR

da
o

princípio

delimitação

art.

art.
à
tribunal

constituído

jurisdicional

constituição

[factos,

do

os

factos
da

objecto

constituem

da sentença [art. 668º-1d].

DA

natureza
duas
cabe

factos

660º-2]

não

661º-1].

CAUSA.
é chamado

pelo

ou
essenciais

fundamentação

Civil I – Lara Geraldes

do

ao
pedido

requerida:

execução]

@ FDL

disponibilidade
a

ou
do

processo
tribunal

perspectivas:

apresentados

e enquanto
invocados

Ambos

fundamento

patrimonial
os
ou
toda

da

do

causa
não patrimonial

expresso

recurso.
mediante
a causa

utilidade

dinheiro,

jurídico,

pessoas e
A alçada,
O

competência

processo
com a

tribunal decide

alçadas
em

Conforme

são

Agosto de 2007]:

de 1de Janeiro
comum

critérios

art. 306º-1]
direito

interesses

essa,


as
deve

moeda

alçada

valor

será
de

seguintes
do

ser

do tribunal,

da
legal

económica do pedido [art. 305º-1].

valor da causa

e a
do

gerais

ou

limite

sem recurso para


disposto

1ª Instância: 3.740€

de 2008]
objecto

,
atribuído

releva

[a

especiais

propriedade

materiais,

ou o
e

a
definição

tribunal,

causa

no art.
[conforme
do

um

aferição da

poderá
da

para

quantia

[validade

ou
vg, arts.
valor até
processo,
valor

correspondente

para a

relação da

efeitos

ser
certa

estado

instância superior.

24º

[5.000€
LOFTJ,

reforma
certo,

fixação

forma

do acto

310º-312º]

ao

a
qual
de

aferido

em

das

de

partir
à
a

as

• 2ª Instância: 14.963€ [30.000€ a


partir de 1de Janeiro de 2008]
à
àà
§9: FORMA. Quanto forma, o processo
declarativo pode ser especial ou comum [art.

460º-1]. O processo especial aplica-se aos casos


expressamente designados, vg interdições e
inabilitações, inventário sucessório e divórcio. O

processo comum é aplicável a todos os casos a que


não corresponda processo especial, por exclusão.

A tripartição das formas do processo


comum em forma ordinária, sumária e
sumaríssima, releva para a complexidade da

tramitação processual [art. 462º]. Se o valor da

causa exceder a alçada da Relação [>

14.963€/30.000€], empregar-se-á o processo


ordinário [art. 467º ss]. Empregar-se-á o processo
sumaríssimo [art. 793º ss] se o valor da causa não

exceder a alçada da 1ª instância [< 3.740€/5.000€]

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

de obrigações pecuniárias, indemnização por


dano e entrega de coisas móveis. O processo
sumário [art. 783º ss] será empregue em todos os
outros casos em que o valor da causa não exceda a
alçada da Relação [< 14.963€/30.000€].

Princípios Processuais Civis

§1: PRINCÍPIOS. Os princípios processuais

civis assumem uma função estruturante do Direito

Processual Civil, enquanto princípios orientadores

para os quais foram reconduzidas opções globais

de política legislativa. Enformando o sistema

processual no seu todo, constituem a estrutura


que sustenta e congrega normas dispersas e
que condiciona as soluções técnicas consagradas.

Esses princípios podem ser classificados

em princípios essenciais e instrumentais. Serão

essenciais quando conaturais e indispensáveis ao


Processo Civil, admitindo apenas consagração

absoluta e excepções substanciais pontuais

insusceptíveis de aplicação analógica [ius singulare,

art. 11º CC]; serão instrumentais quando, não

sendo essenciais, procurem a optimização do uso e


dos resultados do processo, admitindo-se
consagração de maior ou de menor amplitude e
regimes especiais e excepcionais susceptíveis de

aplicação analógica [por não constituírem um


ius singulare].

Assim, serão estudados os seguintes

princípios:

• Princípios essenciais:

o Dualidade das partes

o Igualdade das partes [art. 3º-A]

o Contraditório [art. 3º]

o Instrumentalidade
 Efeitos contra legem

 Efeitos praeter legem

o Auto-suficiência do processo
o Legalidade da decisão [art. 158º]

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• Princípios instrumentais:

o Dispositivo [art. 264º]

 Impulso processual

 Disponibilidade do objecto

o Oralidade

 Imediação
É
 Publicidade

o Legalidade do processo

§2: DUALIDADE DE PARTES. O princípio

da dualidade das partes exige uma parte activa [o

autor] e uma parte passiva [o réu],

impossibilitando que uma parte represente a outra


ou que ambas sej am representadas pelo mesmo
mandatário judicial, vg.

§3: IGUALDADE DE PARTES. As partes são

iguais em direitos, deveres, poderes e ónus


[igualdade formal]. Todavia, face a factores

sociais, culturais ou económicos, a todos é

garantido o direito ao patrocínio judiciário

[igualdade material ou substancial], art. 20º CRP e


3º-A: frequentes são, ainda assim, as situações de

desequilíbrio substancial sob o manto de uma


simples igualdade formal.

o próprio regime processual que


preconiza alguns desvios a estes corolários, vg
através da delimitação do âmbito do objecto
do processo, pelo autor, ou através da

atribuição de competência ao tribunal do domicílio

do réu.

Cumpre, nestes termos, ser assegurada

a plena igualdade formal às partes,


relativamente ao exercício de faculdades e ao
uso de meios de defesa, bem como,
simultaneamente, superar factores de

desigualdade substancial através do apoio

judiciário [dispensa de honorários de advogados e do

pagamento de taxas e custas, vg]. Quanto ao juiz,

deve tratar de modo igual situações


no princípio da tutela provisória da aparência,

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

económicas ou sociais da parte beneficiada [vg

no que concerne ao aperfeiçoamento dos

articulados, seja qual for a parte que os subscreva].

§4: CONTRADITÓRIO. Relativamente às


partes entre si, todo o pedido, requerimento,

afirmação ou prova apresentado por uma das

partes pode ser contestado ou impugnado pela


contraparte [art. 3º e 517º-1]. O processo civil é

dialéctico:

Petição inicial --- contestação


Réplica --- tréplica --- [art. 3º-4, em
audiência]
Parece-nos patente a consagração do

brocardo audietur et altera pars, enquanto

consequência da igualdade das partes supra.


Todavia, nem sempre o contraditório pode ser
acautelado: vg restituição provisória da posse [art.

394º] ou providências cautelares [medidas

destinadas a salvaguardar o efeito útil de uma


decisão] podem ser decretadas sem audição da parte

requerida – periculum in mora [art. 385º]. Neste

caso, o contraditório é diferido [art. 388º].

A inobservância deste princípio redunda

em nulidade inominada, conforme disposto no art.


201º-1. Quanto a terceiros, o princípio do

contraditório releva para a inoponibilidade do caso


julgado da decisão proferida entre as partes a
terceiros: a sentença, em princípio, não vincula

terceiros [excepto art. 674º].


§5: INTRUMENTALIDADE. O processo civil

[direito adjectivo] é instrumental perante o direito

substantivo, pelo que não pode alcançar efeitos

que aquele direito material não permite. Importa

distinguir os efeitos contra legem [contrários ao


direito] dos efeitos praeter legem [não proibidos

nem expressamente permitidos por lei]. Os

primeiros relevam para a inadmissibilidade da

desistência do pedido numa acção de alimentos,

vg, por se tratar de um direito irrenunciável [art.

2008º-1 CC e 295º-1]. Os segundos, por seu lado,

relevam para a falta de qualquer base legal na


constituição de obrigações, vg, falta essa que
deve ser tida como irrelevante e expressão da

liberdade contratual das partes.

§6: AUTO-SUFICIÊNCIA. Baseando-se no


princípio da tutela provisória da aparência,

conforme formulado por CASTRO MENDES,

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incompetente tenha competência para apreciar a
sua própria competência, vg [Kompetenz-

Kompetenz].

§7: LEGALIDADE DA DECISÃO. O

julgamento do tribunal fundamenta-se

exclusivamente em critérios legais [normativos ou


não normativos, vg equidade e poderes

discricionários, art. 1410º], e não extralegais.

Constitui corolário deste princípio o dever

de fundamentação das decisões judiciais, sob pena


de nulidade das mesmas [arts. 158º e 668º-1bc].

Outros casos existem, todavia, em que ao tribunal

apenas compete verificar a validade dos actos, vg


homologação da confissão, desistência do pedido ou
transacção entre as partes [art. 300º-3].

§8: DISPOSITIVO. O processo encontra-se


na disponibilidade das partes, na medida em que
respeita predominantemente a interesses

privados que devem ser acautelados mediante

atribuição de faculdades [ónus] às partes.


subprincípios

processual

primeiro

que
andamento

processual

não há

poderá

da

291º].

da

ao

que
objecto

realização

CC].
Este

tribunal],

.
ordenamento,

impertinentes

266º] O

incumbe

A
do

este
oficialidade

do
e
respeita

determinem

inicial

oficiosidade

redundar

instância

segundo

da

este
que
a

por

com
à
princípio

processo,
e

na
cumpre
disponibilidade

a
prática

pendência

subprincípio

[a promoção dos

salvo

ou

às partes
processo
prova
parca
na
dilatórios,

subprincípio,

dos

subprincípio
[art.
subdivide-se

através

sucessivo

[art. 664º],

interrupção

deserção [arts.
apreciar:

do

[arts.

opõe-se

expressão

recusa

o ónus

factos
pelo

467º-2]

alegados

opõe-se
do

da

ónus

ou na
285º,

actos

esse,
de
3º-1

cujo incumprimento

de
o
em
o
objecto.

de actos, pelas partes,

causa
de impulso

tribunal

o
e
e
dois

impulso

264º]

extinção

287º-c

princípio

incumbiria

no

determina

definição

e o ónus
[art.
nosso
actos
[art.

342º

princípio
do

de
O

inquisitório, permitindo ao tribunal a


as

o
da
àà
investigação

instrumentais,

645º],

[conhecimento

tribunal

oficiosamente,

facto

partes

carácter

esclarecimento

princípio

perante
prova
causa
e

conheça

disponibilidade

o
pericial,
o

tribunal [vg nulidade].

de
dos

e o
imediato

litigância dolosa.

Este

da

e a
factos

em casos
princípio

oficioso]

matérias

recaindo

das partes

Prova, pelo juiz: art. 265º.

Direito Processual

§9:

e
ORALIDADE.

de direito

tribunal,

princípio
da

de dúvidas

imediação

tribunal

vg],
produção

e o
relevantes,

,
excepcionais

ou
da

realiza-se

[com
face

comunicação,

implica

obriga

da
facto

sobre

inquiridos

Civil I – Lara Geraldes

A discussão

excepções
princípio
essenciais

[art. 264º-2

oficiosidade

possibilitando

de e

oralmente

às vantagens

do combate

dois

que
prova

da
da

do

a
de

factos
que

@ FDL

imediato

subprincípios:

discussão

decorram

relativas

publicidade
ou

direito

pelo próprio
na

matéria

entre
do

mentira
e

o
à
das audiências, garantia da transparência do

processo e da informação pública, salvo em


situações de salvaguarda da dignidade das partes,
vg.
O incumprimento de ambos redunda em
nulidade processual [art. 201º].

§10: LEGALIDADE DO PROCESSO. A

tramitação do processo e os actos processuais têm

uma forma legalmente prescrita, que se impõe às


partes e ao tribunal [processo rígido].

As Situações Subjectivas Processuais Civis

§1 :PODERES-DEVERES. As faculdades do

tribunal de constituição, modificação e extinção

de situações processuais são poderes-deveres, ou


poderes funcionais, na medida em que o tribunal

não pode deixar de exercê-los face boa

administração da justiça.

Assim, poderes como a exigência da

comparência pessoal das partes ou a obtenção dos


esclarecimentos

verdade

pelo

deveres

uma
desse

norma,
tribunal,

jurisdicional.

prescritas,

tribunal

processuais

exercidos,

princípio

tribunal
§2:

e
das

situação

poder

desfavorável

suprimento

causa.
deveres

embora

Os

não
de
dos

redundam

Direito Processual

ónus
do

da
necessários,

DIREITOS,

partes
correlativas

direitos

constituem
que
poderes

são

na
desvantajosa.

não implica

possa

dispositivo,

pode

falta
da
DEVERES

cominar

para a parte que o

processuais
de
vg,
respeitam

específicos

obrigações

poderes

imposição,

qualquer

na
substituir-se

de exercício
numa

são
O

preteriu.

Civil I – Lara Geraldes


E
ao

poderes-deveres

contraparte.

que,

não
à
constituem

violação de

consequências

medida

às
dos
em
da

ÓNUS.
função

legalmente

não

parte,
os ónus
sendo

exercício

consequência

@ FDL

partes
poderes
que
uma
na
exercício,

Os

do

de

do

o
no
em
O dever

pedidos

articular

veracidade
àà
desdobra-se

substancial]

meramente
456º.

pressupõe
fundamento

processuais

[art.

dando-se
§3:

344º-2

não bastando

unilateral

litigaram

fraude

pagamento
A má

instrumental,
por
LITIGÂNCIA/COOPERAÇÃO DE

de

ilegais

factos

do
e

através

ou
dolosamente

de
litigância

nos

dilatórias

litigância

o
do

facto

CC:

provado].

culpa,
[má

ainda

bilateral,

lei, art. 877º CC

uma
deveres

de

contrários

[má

de

conhecimento

pedido,

alegado
de

de diligências

inversão
não

Requer-se

unilateral,

justifica a
multa,
quando

[vg simulação

e
boa

de

substancial],

do

mesmo que grave, e

665º].

quer
condenação

embora
verdade

requerer

não

instrumental],

da

conhecimento

ou o abuso

inúteis

ónus
o

ambas
dolo

substancial,

a
[art.

e
da
BOA

formular

de

dos

da
[má

diligências

[art.

falta

da

pode
FÉ.

266-A]

não

meios

dilatórias

prova,

art.
519º-2]

de

não

parte,

as partes
processual

da parte

última
ser

ou

quer
ao
possa
conjugar-se com a procedência da causa a favor da

parte litigante de má fé [art. 456º-3], e já não

a primeira, que poderá redundar em


consequências penais [vg falsa declaração]. A má

fé bilateral, por seu lado, implica invalidade do

processo e insusceptibilidade de este produzir

qualquer efeito.

A Instância e as Condições Processuais

§1 :INSTÂNCIA. a que

,
A instância é relação

se estabelece entre as partes e o tribunal durante a


pendência da causa [art. 264º] mantendo-se

desde a propositura da acção ao julgamento,

mesmo que uma parte seja substituída por outra,


o objecto seja alterado ou o processo seja

remetido para outro tribunal. As vicissitudes da

instância podem determinar a sua suspensão,

interrupção, extinção ou renovação. Exige

condições de existência, validade, admissibilidade e


procedência, nos termos infra expostos.

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL


Referem-se

tribunal,

secretaria

de um
recusar
peças
externos
endereçados

partes,
§2:

acompanhados

assinados

implica
A

do processo],

requerimento

um
ou
despacho
o
se

sem

a
àCONDIÇÕES

pendência

exigindo-se,

do

requerimento
tribunal

recebimento

não

exigidos

ao
por
tribunal,

identificação

dos

distribuição

[art.

liminar

de citação [art. 480º].

Se o autor
de
para

[art. 267º].

de

apresentarem

duplicados

[arts. 467º, 314º-3

pendência simples

antes da citação do réu

211º
de

desistir
da

ss]
de

uma

lei

sem
do

e
DE

valor
uma
tal,

152º-3].

da

petição

e o
indeferimento

da
causa
EXISTÊNCIA.

A secretaria

qualquer

[art.
os

da

prescritos
causa
entrada

petição inicial

uma

213º]:

identificação

inicial
causa,

proferimento

instância,
[art.
e

[existência

[art. 267º-2],

ou
num
na
ou
pode

dessas

requisitos

não

das

não

não

do

de

474º]

pondo

termo ao processo, responde por custas [arts.

295º-2 e 451º]. A pendência qualificada da causa,


após a citação do réu, importa efeitos processuais
àà à
à
e materiais. Os primeiros respeitam

estabilidade de elementos subjectivos e objectivos

e inadmissibilidade de propositura de acção

sobre a mesma questão, quer pelo autor, quer pelo

réu, com correlativa excepção de litispendência

[arts. 481º b) c) e 268º]. Por litispendência

entende-se a excepção preconizada pela repetição

da causa, encontrando-se a anterior ainda em curso


e obstando a que o tribunal contradiga ou
reproduza decisão anterior [art. 497º]. Os

segundos, por seu lado, respeitam cessação

da boa fé do possuidor, interrupção da prescrição,

da usucapião e da caducidade [art. 481º a].

§3: CONDIÇÕES DE VALIDADE. As

condições de validade do processo podem decorrer

de actos cuja invalidade afecte todo o processo [vg

ineptidão da petição inicial, art. 193º], ou de

circunstâncias verificadas durante a pendência da

causa, mediante impugnação do caso julgado da

respectiva decisão [vg simulação processual ou


fraude lei em processo ou falta ou nulidade de
citação do réu, arts. 771º e].

§4: CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE. As

condições de admissibilidade equivalem aos


pressupostos processuais: as condições necessárias

para que, no processo declarativo, possa ser


proferida uma decisão sobre o mérito da causa.
Requerem a anterior verificação das

condições de existência do processo e definem as


condições em que uma situação subjectiva

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

especialização do tribunal segundo a matéria em


apreciação, a defesa dos interesses das partes e a
constituição do objecto da acção. Os interesses

em questão podem ser de duas ordens: os


interesses do próprio órgão jurisdicional e os
interesses das partes.

§5: CONDIÇÕES DE PROCEDÊNCIA. As

condições processuais de procedência referem-se a


aspectos dos quais depende a concessão da tutela
jurisdicional requerida pelo autor.

Específicas das acções constitutivas e de

condenação, e já não das acções de simples

apreciação, por serem independentes da existência

ou da constituição da situação subjectiva alegada,

relevam para a accionabilidade da

pretensão, em processo declarativo

[susceptibilidade de o cumprimento dessa pretensão

ser obtido judicialmente].

Exemplo paradigmático da qualificação

da accionabilidade enquanto condição processual

de procedência encontra-se na caducidade dos

direitos potestativos, constituindo condição da

tutela, e não elemento constitutivo do direito.

A excepção em causa não extingue o direito, mas


somente impede o seu exercício, excluindo a sua
accionabilidade.

§6: PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS.

Relativamente aos pressupostos gerais, podemos

distinguir as seguintes modalidades:

• Respeitantes ao tribunal:
o Competência [pressuposto positivo]

• Respeitantes às partes:
o Personalidade judiciária

o Capacidade judiciária [pressuposto positivo]

o Representação judiciária

o Patrocínio judiciário

o Legitimidade processual

o Interesse processual [para TEIXEIRA DE SOUSA,

e não para PAULA

COSTA E SILVA]

Direito Processual Civil I –

• Respeitantes ao objecto:

o Existência do objecto

o Não verificação da

Lara Geraldes @ FDL

excepção da litispendência [pressuposto


negativo, cfr. supra art. 497º], e já não da

excepção de caso julgado [excepção peremptória,

e não pressuposto processual] –

mérito da causa [vg prescrição, nulidade…].

Compete ao autor assegurar o


cumprimento dos pressupostos processuais,

mesmo relativamente àqueles que directamente

não lhe digam respeito [vg representante de réu

incapaz].

§7: EXCEPÇÕES DILATÓRIAS. O não

preenchimento dos pressupostos processuais,

positivos ou negativos, constitui uma excepção

dilatória, circunstância alegada por uma parte ou


conhecida oficiosamente pelo tribunal [art. 495º]

que impede o conhecimento de mérito da causa


[arts. 493º-2 e 494º - exemplificativo]. Binómio

acção/excepção [autor/réu].

A contestação, pelo réu, pode ser feita de

dois modos:

• Indirectamente – por excepção


[art. 487º]

pretende

limitando-se

pronúncia

dilatórias

instância

remessa

podem

mérito

excepções
[ainda

qualquer

competência

aquelas

Quando
Quando

[art. 493º-2].
do

Quanto

negar ou

do

limitar-se

da

que

São

preenchimento

falta,
que

as
a

conduzem

ou,
processo

causa
próprias]

um
àà
Directamente

arguida

mais

dos

do tribunal –

excepções
constam
susceptíveis
discutir

invocar

tribunal.

em

a
[vg
caso
para

eficácia

obstar

ou,

superveniente

excepções
do

de
um
pelo

Por
a

possuindo

excepções

absolvição

de

das

ao
pressupostos

raramente],

pressupostos

dilatórias

disposto

serem

dilatórias
por

isso,

do
impugnação

réu,

pretensão

facto que
as
do

incompetência,

tribunal

mesmas,
conhecimento

dupla

mistas].

no art.
afastadas
este
do

obsta

réu

competente

negativos

pressuposto
eficácia

impugnando

positivos

nominadas

consideram-se
não

autor,

excepções
da

estas
do

[vg

494º.

pelo

em
-

sanáveis [art. 288º-3 e 265º-2].


Direito Processual

processuais

desfavorável

pelo

próprias,

[art. 342º-2

contradigam

positivos

tribunal],

desses

julgar-se
O

tribunal,
não

a prova
CC

Quando,

[vg

factos

§9:
e

réu

cumpre
comporta

obtenção da tutela pretendida.

da prova
§8:

preenchimento

Relativamente
PROVA.

dos

dos

ou
É
factos

às
Civil I – Lara Geraldes

preenchimento

para o autor,
sobre

incumbe

516º].
o

todavia,

impugnem
mérito

que contesta
ao
controvertidos

incompetente].

CONHECIMENTO
ao

autor
uma
tão-só:

ao autor que
da

relevantes,

pressupostos
excepções
réu,

[ou
as

a
dos

e
a

os

realizar

PELO
causa

incumbe

bem

processuais

dilatórias,

já não
@ FDL

pressupostos
consequência

não pronúncia,

e a

como

excepções

competência

deverá o
a
não

o ónus

quando

ao autor

pressupostos
do

prova
o
supra.

tribunal

TRIBUNAL.
Quando os pressupostos processuais e as
respectivas excepções dilatórias são de

conhecimento oficioso, cumpre ao tribunal, no


caso de insuficiência dos factos alegados pelo autor,

conhecer da respectiva excepção e absolver o réu da

instância [arts. 288º-3 e 493º-2].

Faltando algum dos pressupostos


processuais, cumpre ao tribunal a emissão de um
despacho liminar de indeferimento [art. 474º], de

um despacho saneador [art. 510º-1a] e de sentença

final que conheça da excepção em causa. A

declaração genérica, no despacho saneador, sobre

o preenchimento dos pressupostos constitui caso


julgado formal e obsta a que o tribunal se volte a
pronunciar sobre a questão concretamente
apreciada [art. 510º-3]: a absolvição do réu da

instância implica caso julgado formal e


consequente arquivo do processo [questão jurídica

fica pendente], enquanto que a condenação da

causa de pedir implica caso julgado material e não

repetição da acção sobre a mesma causa e entre as


mesmas partes.
à
§10: PRIORIDADE. Se os pressupostos
processuais devessem ser apreciados antes do

julgamento do mérito da causa, esse


julgamento dependeria da averiguação do

preenchimento de todos os pressupostos. Fala-se,

a esse respeito, num pretenso dogma da prioridade

dos pressupostos processuais.

A afirmação supra só fará sentido nos casos


em que o tribunal detecte o pressuposto em falta e
não possa, nesse momento, conhecer do mérito

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

pressuposto se destinar a assegurar


determinados interesses públicos [vg

incompetência absoluta do tribunal].

Todavia, a solução deverá ser outra nos


casos em que se verifique que os elementos do

processo são já suficientes para conhecer do

mérito da causa [vg falta de capacidade judiciária

aliada improcedência da acção] e que o


pressuposto em falta se destine a acautelar

determinados interesses das partes. Não deve o


tribunal

mérito

possa
pressuposto
ser

extinção

submetidos

e são,

termo
tiverem
em
Não

contraparte.

e
abster-se

quando

Actos do Tribunal

processuais
§1:

directamente

ou
são

a um
ACTOS

princípio,

são

Em harmonia

obrigatoriedade

tramitação da
podem
se
favorável

tivesse

efeitos

de
de

princípio

livremente

constituído uma
à
proferir

verifique

parte
sido preenchido.

uma
Actos das Partes

os actos
PROCESSUAIS.

na
jurídicos

situação

receptícios.

ser

com o
dos

causa encontra-se,
submetidos

revogáveis
uma
que
beneficiada

constituição,
que

processual.

de utilidade

situação favorável

princípio

actos
a
decisão

essa

ou
Os

enquanto
economia

condição

da tipicidade

processuais,

assim, legalmente
de

decisão

se o

actos
produzem

modificação

Estão

ou
não

para a

definida.

§2: ACTOS DO TRIBUNAL E DAS


PARTES. Os principais actos do tribunal são as
decisões, que podem consistir em sentenças
ou despachos [art. 156º-1] e que estão

submetidas ao dever de fundamentação.

Os actos das partes podem ser unilaterais

[vg excepção] ou bilaterais [“contratos

processuais], consoante o número de partes


intervenientes, e constitutivos ou postulativos,

consoante a produção de efeitos seja imediata [sem

mediação de uma decisão do tribunal, vg


contestação do réu] ou mediata [vg requerimentos

apresentados, sujeitos a inadmissibilidade ou


admissibilidade e, neste caso, procedência ou
improcedência].

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

§3: VÍCIOS DA VONTADE.

Considera-se irrelevante a parte que


omitiu involuntariamente a prática do acto por falta

ou vício da vontade [vs plano substantivo].

Todavia, a confissão, a desistência e a


transacção, vg, podem ser declaradas nulas ou
anuladas nos termos do art. 301º-1, com remissão
para o
CC].

145º]

o momento
e
antes

estranho

prática

prazo por
do
§4:

contestação].

interrupções

impedimento
Os

à
regime geral dos actos jurídicos

qual

do acto

multa progressiva

processual

permitido

imposto
§5:

ou
ou uma
PRAZOS.

são peremptórios

dilatórios
até

ou

prazos

vontade

Admite-se,

três
ao

por

dias

NULIDADES.

sempre
qual

iniciais

o acto

[art.

[art.

si
da

ou
Os

não

judiciais

todavia,

mediante

[art. 145º-4

sempre
que

formalidade
ou

146º]:

parte
prazos
preclusivos

o acto possa ser


quando

144º],
possa ser

são

evento

pelo mandatário

que
o

é
fixem

que

5].

Verifica-se

praticado
[art. 359º

processuais

quando

praticado

contínuos,
salvo justo

imprevisível

impossibilita

prolongamento

o pagamento

omitido

essencial
uma
judicial.

um acto
de
[art.

fixem

realizado,

o momento

sem

uma

nulidade

um
[vg

do

não

acto
[art. 201º-1].
a
É
Regem-se pelos princípios da essencialidade, do

aproveitamento e da não renovação do acto nulo.

Serão nominadas ou primárias quando

legalmente previstas e, consequentemente, de

conhecimento oficioso. Aquelas que devem ser


arguidas pelas partes: prazo de 10 dias.

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes

@ FDL CAPÍTULO II: COMPETÊNCIA DECLARATIVA

DOS TRIBUNAIS COMUNS

Competência

§1: COMPETÊNCIA. A competência é,

como se disse, um pressuposto processual:

condição necessária para que o tribunal se possa


pronunciar sobre o mérito da causa através de

decisão de procedência ou de improcedência.

aferida em relação ao objecto apresentado

pelo autor, na petição inicial.

Neste âmbito, importa tecer as seguintes

considerações:
• Função jurisdicional: decisão de

casos concretos pelos tribunais através de

critérios normativos e não

normativos.

• Competência: medida de

jurisdição de um tribunal adequada para a


apreciação de um caso concreto.
• Perpetuatio fori : a competência

fixa-se quando a acção se propõe, sendo

irrelevantes quaisquer

modificações de facto ou de direito [art. 22º

LOFTJ].

Razões subjacentes a este princípio:

defesa de interesses do autor, vg réu que


muda de domicílio na pendência da

causa.
• Competência interna: questões
que não apresentam qualquer elemento de

conexão com uma ordem jurídica

estrangeira.

• Competência internacional:

questões que apresentam elementos de conexão


com mais do que uma ordem

jurídica.

o Normas de recepção: não são normas de

competência porque não a atribuem [equivalem às


normas de conflitos no direito – P
substantivo DI

privado]. Trata-se de normas que definem as


condições em que os tribunais de uma ordem

jurídica são competentes para a resolução de uma


questão de competência internacional.

Consequência: os tribunais não podem recusar


essa competência internacional, o que equivaleria

a uma denegação de justiça. Podem servir para


ou a

.
alargar restringir/afastar competência

aferida pelas normas de competência

territorialmente interna [CPC] O ideal,

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @

FDL

condendo, é que exista uma coincidência entre


normas de recepção e normas de competência

interna, embora não tenha que haver qualquer

paralelismo entre ambas. TEIXEIRA DE SOUSA

sublinha a necessidade de harmonização legislativa


neste âmbito: vg o tribunal competente quando a
acção respeite a direitos sobre imóveis ou
responsabilidade civil extracontratual.

 Exemplo: as normas do BRUX-I ou BRUX-II,

infra.

Competência Internacional dos Tribunais

Portugueses

§1 : COMPETÊNCIA INTERNACIONAL. O

Regulamento nº 44/2001, doravante BRUX-I, releva

para a aferição da competência internacional dos

tribunais dos Estados-membros que o adoptaram

[todos excepto a Dinamarca], alcançando-se a


livre circulação das decisões em matéria cível e
comercial. Um outro regulamento irá, nesta
âmbito, ser referido, ainda que mais

superficialmente: Regulamento nº 2201 /2003,

doravante BRUX-II. Qualquer dos Regulamentos

prevalece sobre o direito português ordinário,

maxime sobre o CPC [são leis especiais face ao


CPC].
de

comercial

questões
pessoas

BRUX-II.

efeitos

forma

interno
De

Bruxelas,

ratificação,

apreço [BRUX-I],

Estados-membros.

testamentos,

do

de

As

internacional

quando

colectiva]

e
A

não importando

60º BRUX-I],
relevar

foi

BRUX-I

[art.

relativas

singulares,

natureza
1º-1

para
cuja

substituída

facilitando

da aplicação do BRUX-I

processo
cada

regras

réu

num

da parte [art. 2º-2

Direito Processual
qual

apenas
tenha
ao

as

dos Estados
da
que

aplica-se

BRUX-I],

a
estado

são

independentemente

e
a
aceitação

regimes

quais
pelo

a sua

em

e àà
anterior

Regulamento

com

releva
matéria

excepção

capacidade

matrimoniais

o
jurisdição não releva,

adequadas,

Estado-membro.
espécie

relativas

aplicáveis,

domicílio

4º-1 BRUX-I].
abrangidos

Civil I – Lara Geraldes


[art. 1º-1

de tribunal

segundo

ou
em
sede
Convenção

carecia

aplicação pelos

disposto

o
civil

para
BRUX-I],

competência
ou a
direito

[art. 2º-1 59º

da nacionalidade

@ FDL
,
princípio,

[pessoa
de

em

e
das

das

no
e
Em alternativa ao critério geral do

domicílio, podem os sujeitos ser demandados

noutro tribunal, quando tal resulte de um critério

especial de competência. Neste caso, pode o autor


optar entre o critério geral e o critério especial em
causa [vg arts 5º a 7º BRUX-I].

Critérios especiais:

• Matéria contratual: art. 5º-1 a)


BRUX-I

• Obrigações de alimentos: art. 5º-2


BRUX-I

• Matéria extracontratual: art. 5º-3

BRUX-I

• Pessoas colectivas: art. 5º-5 BRUX-I


• Competência por conexão: art. 6º
BRUX-I

Por outro lado, a competência pode ser


exclusiva de um Estado-membro, em virtude do

disposto no art. 22º BRUX-I, vg em acções que


tenham por objecto direitos reais sobre imóveis.

Quando haja concorrência de vários

tribunais internacionalmente competentes, o autor


pode escolher o tribunal da ordem jurídica que
mais lhe convier para instaurar a acção

[fórum shopping]: as vantagens podem advir do

direito material escolhido ou dos custos

processuais inerentes.

Um caso concreto que determine a


aplicação das regras de competência internacional

não dispensa, ainda assim, a aferição do tribunal

internamente competente, em termos que veremos


infra §2.

Relativamente aos pactos de jurisdição,

remete-se esse estudo para o §3, infra.

§2: ATRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA. A

organização judiciária que ora estudaremos é a


seguinte:

• Tribunais arbitrais

• Tribunais estaduais:

o Judiciais – 1ª instância

o Administrativos e fiscais

o Militares

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL


Os tribunais portugueses são

internacionalmente competentes de acordo com


o disposto nos arts 65º e 65ºA: resolução de litígios

que apresentam conexões com mais do que uma


ordem jurídica, para além da ordem jurídica

portuguesa. Cumpre apreciar de que forma o


disposto no CPC se concilia com convenções
internacionais ou regulamentos comunitários.

Primeiramente, as normas ordinárias cedem

sempre que sejam de aplicar uma dessas

convenções ou regulamentos [art. 65º-1].

Prevalece, naturalmente, o direito comunitário

[maxime BRUX-I, cfr. supra §1]. Por outro lado,

estas normas nada nos dizem relativamente ao


tribunal português competente, na nossa ordem

jurídica, uma vez aferida a competência

internacional dos mesmos. Assim, as normas


supra referidas deverão ser aplicadas

conjuntamente com a LOFTJ.

A atribuição de competência aos


tribunais portugueses através de uma norma de

recepção não implica a negação de idêntica


competência a tribunais de outras jurisdições: as
normas de recepção funcionam unilateralmente,

excepto no caso da aplicação do critério da

coincidência, infra.

Estas normas justificam-se pelo acréscimo

de competência aos tribunais portugueses, para


além daquela que já resultaria dos critérios de

competência internacional.

Do art. 65º podemos concluir pelos

critérios de atribuição de competência seguintes,

segundo a ordem decrescente de aplicação prática

proposta por TEIXEIRA DE SOUSA:

• Critério da coincidência [art.

65º 1b e 65º-A]: simultaneidade entre a


competência atribuída pelas regras
de competência territorial interna [arts

73º ss] e internacional, da lei

interna [arts 65º ss].

o TEIXEIRA DE SOUSA: critério que duplica

inutilmente o modo de aferição da competência

internacional – dupla função, simultânea:

 Elemento de conexão para a determinação


da competência

territorial

 Elemento de conexão para a determinação

da competência

internacional

o Este critério é inútil e o disposto neste art.


Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL
não

pode funcionar como norma de recepção, nos


mesmos moldes que o BRUX-I [TEIXEIRA DE

SOUSA].

o Os tribunais portugueses são

internacionalmente competentes porque


a acção deve ser proposta em território

português, de acordo com as


regras de competência territorial da lei interna

[arts 73º ss].

o Sugere-se uma ideia de desnecessidade das

regras de competência

internacional. Mas ressalve-se que as


regras de competência

internacional que constam da lei interna só


definem a competência
dos tribunais portugueses, não excluindo a
competência do tribunal

de outras ordens jurídicas. Assim, se, para


uma mesma acção,

concluirmos pela competência de vários

Estados, cada um deles

“aceita” a sua própria competência, sem


excluir as dos demais
[relembre-se o critério

Kompetenz-kompetenz, supra mencionado],

devendo o autor escolher o foro que lhe

parece mais adequado

[forum-shopping, diz-se].

o Como compatibilizar com a competência

exclusiva que consta do art.

65ºA? As regras de competência

exclusiva aplicam-se

independentemente de qualquer norma de

recepção, significando isso

que a atribuição de competência aos


tribunais portugueses, neste
âmbito, implica já a negação de idêntica
competência a tribunais

estrangeiros.

 A competência exclusiva desse

art., para efeitos da

competência internacional dos

tribunais portugueses, não

prevalece sobre o BRUX-I, se este

reconhecer competência

aos tribunais de outros Estados. As

normas do art. 65ºA

relevam, todavia, para o não

afastamento das mesmas pelas

partes, mediante pacto de jurisdição,

e para a proibição da

concessão de título executivo

[confirmação da sentença]

pelos tribunais portugueses, nos


termos do art. 1096º c)

[exequatur].

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

O tribunal interno competente, uma vez


aferida a competência internacional dos tribunais

portugueses, é determinado consoante as regras


de competência territorial que constam do art. 73º.

• Critério do domicílio do

demandado [art. 65º-1a]: o domicílio do réu em


Portugal, enfim.

o Salvo se: a acção instaurada for relativa a


direitos reais ou direitos pessoais de gozo [vg

arrendamento] sobre imóveis sitos em país


estrangeiro, mesmo que o demandado tenha

domicílio em Portugal.

o Tratando-se de pessoa colectiva:

considera-se domiciliada em Portugal se se


localizar em território português [sede, sucursal,

filial

ou delegação], art. 65º-2.

o Do art. 85º-1 consta um critério geral de

competência territorial do tribunal do domicílio do

demandado, sempre que outro tribunal não seja

territorialmente competente por força dos

arts anteriores [critério residual face aos critérios

especiais]: vg acção de anulação


de um negócio.

o Conclui-se: o art. 65º-1a) só se aplica

quando, da aplicação de um critério especial dos

arts 73ºss, ficar excluída a competência dos

tribunais portugueses e, ainda assim, o demandado

tiver domicílio em Portugal. O raciocínio a


observar neste âmbito é o seguinte: o
demandado tem domicílio em Portugal; verificar

a aplicação de um critério especial; excluída a


competência dos tribunais portugueses,
recuperar o critério geral do domicílio.

o Este critério geral não chega para atribuir

competência internacional aos tribunais

portugueses, mesmo que o réu tenha domicílio

em Portugal: pode ser invocado se e na medida em


que critérios especiais procedam na conclusão da

competência dos tribunais portugueses.


o Permite aferir a competência interna, para
além da competência internacional dos tribunais

portugueses: o tribunal da comarca do

demandado.

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL


• Critério da causalidade e da

necessidade: aplicáveis na medida em que o réu

não seja domiciliado em Portugal.

o Causalidade [art. 65º-1c]: quando os factos

que servem de causa de pedir forem praticados

em Portugal. PAULO NASCIMENTO conclui que,


aqui, parece exigir-se que o facto praticado

seja positivo,

excluindo-se o incumprimento de um contrato, vg.


o Necessidade [art. 65º-1d]: mesmo que a
competência internacional dos tribunais

portugueses não resulte das alíneas anteriores,

os mesmos consideram-se competentes se tal

for necessário para assegurar a efectividade do

direito invocado [vg conflitos negativos de

competência e impossibilidade prática].

o Em qualquer dos critérios o tribunal interno

competente, aferida a competência internacional

dos tribunais portugueses, é determinado

consoante o disposto no art. 85º-3: lugar do

demandado, domicílio do

autor ou tribunal de Lisboa, por esta ordem.


Em conclusão, devem os factores

atributivos de competência ser analisados,

preferentemente, pela ordem indicada. Todavia,

a competência internacional dos tribunais

portugueses pode resultar de mais do que um deles,

cumulativamente.

§3: PACTO DE JURISDIÇÃO. A

competência internacional dos tribunais

portugueses pode resultar de convenção celebrada

entre as partes. Neste caso, as partes definem

o tribunal internacionalmente competente para o


julgamento de uma acção. Os pactos de

jurisdição encontram-se regulados no BRUX-I [arts

23º e 24º BRUX-I] e no CPC [art. 99º]:

• BRUX-I: como foi referido supra


[cfr. §1 e 2], prevalece sobre o CPC.

o Pelo menos uma das partes tem que ser


domiciliada num Estado-membro da UE e a
competência convencional é exclusiva no silêncio

das partes [art. 23º-1 BRUX-I].

o O pacto de jurisdição tem efeito


derrogatório da competência de

qualquer outro tribunal, segundo TEIXEIRA DE

SOUSA.

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

o Forma: escrita, ou verbal, com confirmação

escrita [art. 23º-1 a)

BRUX-I].

o O pacto de jurisdição é inválido se violar a


competência exclusiva do art. 22º BRUX-I, segundo

o art. 23º-5 BRUX-I: não pode derrogar requisitos

mais exigentes, consagrados como inderrogáveis.

o Quando válido, o pacto atribui competência

exclusiva aos tribunais da ordem jurídica designada

e exclui a competência das restantes ordens

jurídicas: competência exclusiva por extensão.

o Pactos tácitos de jurisdição [art. 24º

BRUX-I]: se o requerido comparecer num


tribunal diverso daquele indicado pelas partes no
pacto de jurisdição, sem arguir excepção dilatória

de incompetência e sem se violar qualquer regra


de competência exclusiva do art. 22º BRUX-I, passa
a ser competente esse tribunal. A comparência
do demandado equipara-se a aceitação tácita do

pacto de jurisdição.
Quando seja proposta acção em tribunal

diverso daquele que resulta das regras de

competência exclusiva do art. 22º BRUX-I, ou


quando as partes acordarem a competência

internacional de um tribunal [pacto de

jurisdição] e o réu não compareça, deve o juiz

declarar oficiosamente a incompetência [art. 25º

e 26º-1BRUX-I]. Diversamente, se o réu

comparecer para arguir a excepção de

incompetência deve o tribunal conhecê-la.

A lei interna [art. 99º] só é aplicável se


o BRUX-I não o for: atribui competência

internacional para conhecer litígios a qualquer

tribunal de uma ordem jurídica com a qual a


relação jurídica controvertida apresente
elementos de conexão. Distingue dois tipos de

pactos:
• Pactos privativos de jurisdição: as
partes privam os tribunais da competência

que lhes é atribuída pela lei.


• Pactos atributivos de jurisdição: as
partes atribuem aos tribunais portugueses

competência, numa situação em


que não seriam competentes. Em caso de

dúvida, ou no silêncio das partes,


a competência presume-se alternativa, ao
contrário do que resulta do BRUX-I

[art. 99º-2 vs art. 23º BRUX-I].

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

O litígio não pode respeitar a direitos

indisponíveis, vg estado das pessoas [art. 99º-3 a],

o pacto não pode recair sobre matérias da

exclusiva competência dos tribunais portugueses


[art. 99º-3 d] e deve ser reduzido a escrito [art.

99º-3 e) 1ª parte], com a ressalva do art. 99º-4.

Competência Interna

§1: COMPETÊNCIA INTERNA. Do art. 17º

LOFTJ resultam os critérios atributivos da

competência, em termos que explicitaremos infra


[matéria,

disposto

não

interna,

competente
instância

cíveis,

da
é

vg.
hierarquia

causa: o art.
critério
O

art. 20º LOFTJ remete


68º,

duas

que
abrogante

causa
devolve

competência

verdadeiros

competência
remissões

TEIXEIRA

apreciaremos,

tribunais
a
no art.
critério

mas

de

enquanto
forma

dentro

de competência

mesmo se

determinador

DE
e

62º-2

17º-1

remissão

nenhum

ambos,

interna.

Regressemos,
território].

do

SOUSA
e
determinativo

tão-só aferidor

dos

da

critério

critérios

interna

de primeira
somente,
processo,
omissa

LOFTJ

para o

pois,
para
comando

que

de
à
tribunais

específica:

diga

CPC

sugere
concluindo

[sublinhe-se

a
instância, tão-só].
de

da espécie

relativamente

enumera-o
competência

a
mencionada

no art.

de
17º LOFTJ,

competência

de tribunal

varas e
primeira

ao

que, no seu art.

se
a

não
LOFTJ.

pelo
extrai,

apreciação

atribuição

competência
que
Destas

interpretação

valor

afere
no

juízos

valor

enquanto
interna,

pelo

da

a
o

dos

da

aqui

dos
§2: CRITÉRIO MATERIAL. Os critérios

materiais de atribuição de competência interna

determinam qual o tribunal onde, em concreto, a


acção deve ser proposta e o recurso deve ser
interposto [art. 66º e 67º]. A primeira apreciação

a fazer é a seguinte, no âmbito dos tribunais

judiciais de primeira instância, de competência

residual [não abordaremos outras ordens de

tribunais, arts 211º-1 CRP, 66º CPC e 18º-1 LOFTJ]:

• Tribunais não civis: tribunais

judiciais com competência definida expressa e


casuisticamente pela LOFTJ para
acções relativas a certas matérias.

o Tribunais de menores, tribunais de trabalho,

etc.
Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

• Tribunal civil: tribunais judiciais

com competência residual, para conhecer

todas as causas que não sejam

especificamente atribuídas pela lei aos


tribunais supra [arts 34º e 67º CPC e
57º LOFTJ].

o Critério de atribuição positiva: matérias de

direito privado em geral

[incluindo o direito comercial].

o Critério de atribuição negativa ou de

competência residual: matérias para as quais não

exista nenhum tribunal competente, apesar de não

terem por objecto uma situação jurídica

fundamentalmente de

direito privado [art. 94º LOFTJ].

o Tribunais de família, tribunais de comércio,

tribunais marítimos, etc.


Nestes termos, permite o critério material

reconduzir a causa, consoante a matéria

controvertida, aos tribunais de primeira instância

de:

• Competência especializada

[art. 78º LOFTJ]: família, menores, trabalho,

comércio, marítimo, etc.


• Competência genérica [art.

77º LOFTJ]: causas não atribuídas a outro tri


bunal.
tribunais

generalidade

[art.

pela

CPC

ss

o

lei,

permitem

competente
[arts 15º-1
§3:

70º],

29º

§4:

Dos quais,

competência

da

das
primeira
às

respectivas
civis

21º LOFTJ]. Cumpre reter

Direito Processual
salvo

face


Dos quais, círculos

A competência
das

Relações

àà
CRITÉRIO

que

55º LOFTJ].

determinar

Distritos

comarcas

hierárquica,

instância,
ora
causas
as causas
ou ao

CRITÉRIO TERRITORIAL.

qual

judiciais:

judiciais:

territorial

no
HIERÁRQUICO.

estudamos

em
que
STJ
primeira
conhecem

sejam atribuídas,

[cfr. arts

o concreto
divisão judicial do território

1º LOFTJ]:

relativamente
articula-se
71º

Os arts 73º
e

tribunal

âmbito dos tribunais

circunscrições geográficas

a seguinte

Civil I – Lara Geraldes


distinção:

@ FDL
com a

área

[art.
Os

instância
a

72º
• Critérios supletivos:

podem ser afastados pelas partes

em pacto de competência [todos os critérios de

competência territorial, salvo

aqueles que constam dos arts 100º-1 e 110º].

• Critérios exclusivos:

não podem ser afastados por


acordo das partes, ou redunda em
incompetência relativa de conhecimento

oficioso [art. 110º-1 a) e c].

rts 73º ss fornecem-nos os seguintes critérios:

• Critérios especiais:

o Acção de anulação [constitutiva] ou


declaração de nulidade [simples

apreciação] de um contrato
o Acção de restituição por cumprimento

de contrato nulo [condenação]

o Acção de investigação de paternidade

o Forum rei sitae [art. 73º]: local da

situação do imóvel, incompetência

relativa de conhecimento oficioso [art. 1

10º].
 Direitos reais ou pessoais de

gozo sobre imóveis [art. 73º-1]:

vg acção de reivindicação [art.1311º CC]

 Móveis matriculados em
circunscrições diferentes: autor pode
optar por qualquer uma delas [art. 73º-2]

 Universalidade de facto ou bens,

móveis e imóveis, ou imóveis

situados em circunscrições diferentes: local da

situação do

imóvel de maior valor [art. 73º-3, 1ª parte]


o Forum destinatae solutionis [art. 74º-1]:

responsabilidade contratual.

 Tribunal do domicílio do

demandado [art. 74º-1]

 Credor pode escolher o foro do

lugar do cumprimento, ou do

lugar onde a obrigação deveria ter sido cumprida


[art. 74º-1,

2ª parte]

 Quando o réu seja uma


pessoa colectiva ou quando réu e
credor tenham domicilio na área metropolitana de

Lisboa ou
do Porto.

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

o Forum delicti comissi [art. 74º-2]:

responsabilidade extracontratual

aquiliana e responsabilidade pelo risco.

 O local do facto [art. 74º-2]

 Quando não seja possível apurar um


só local para o delito [vg

difamação de figura pública na


televisão] o autor pode

escolher o tribunal

o Forum actoris [art. 75º]: divórcio e


separação de bens.

 O domicílio do autor

 Quando seja acção de anulação

do casamento, vg por erro,


aplica-se o critério geral residual

do art. 85º [domicílio do

demandado]
• Critério geral: se o caso
não se subsumir a qualquer dos princípios

especiais supra exemplificados, aplica-se o


critério geral residual do domicílio do

demandado/réu [art. 85º].

§5: CUMULAÇÃO. O que dizer quando, da

competência territorial, se conclua pela cumulação

de demandados ou cumulação de pedidos?

Compreende-se a pertinência da questão:

naturalmente que, havendo vários demandados

ou vários pedidos, o tribunal competente não

seja em princípio o mesmo. Para mais, não faria

qualquer sentido se o autor tivesse que instaurar

uma mesma acção em tribunais diferentes. Cumpre

apreciar:

• Cumulação de demandados:

o Tratando-se de um só réu:
 Pessoa singular: domicílio

[actor sequitur forum rei] ou,


encontrando-se ausente, o tribunal do seu último
domicílio

em Portugal, art. 85º


Direito Processual Pessoa
Civil colectiva:
I – Lara Geraldes @ FDL
• Estado: domicílio do autor [art. 86º-1]

• Pessoa colectiva proprio sensu:


sede, sucursal, filial ou agência [art. 86º-2]

• Pessoa colectiva estrangeira

com sucursal ou
representante em Portugal: tribunal da sede [art.

86º-

2 vs art. 5º-5 BRUX I]

o Havendo pluralidade de réus:

 Domicílio do maior número de

demandados [art. 87º-1]

 Foro da escolha do autor, se todos os


domicílios forem em
igual número
ulação de pedidos:

o Cumulação simples:

 Pedidos independentes: o autor pode

optar pelo tribunal que


seria competente para qualquer dos

pedidos [art. 87º-2, 1ª

parte], salvo se for competente o


tribunal cuja violação da

competência relativa possa ser


apreciada oficiosamente [art.

87º-2, 2ª parte]: vg tribunal que é

competente face a um dos

pedidos, mas não relativamente a


outro pedido – se a
incompetência relativa de um
dos pedidos for de

conhecimento oficioso, a acção deve

ser proposta no tribunal

que seria competente face a esse


pedido.

 Pedidos interdependentes: a
procedência de um pedido

depende da procedência de outro,


vg acção de simples

apreciação de reconhecimento de

propriedade de um imóvel

cumulada com pedido de indemnização


pela sua “ocupação”.

A acção deve ser proposta no


tribunal competente para
conhecer do pedido de cuja

procedência dependam os demais

[art. 87º-3] – aqui, o tribunal da

ormas, no âmbito do processo

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

o Cumulação alternativa: pedidos relativos a


direitos que, pela sua
natureza, são alternativos [art. 468º-1]. O

autor pode escolher

qualquer dos tribunais competentes para


qualquer dos pedidos.

o Cumulação subsidiária: vários pedidos, dos

quais o tribunal só deve

atender uns, se outros não procederem. O

autor pode escolher

qualquer dos tribunais competentes para


qualquer dos pedidos.

o Cumulação objectiva de objectos processuais:


quando vários objectos

se refiram a um mesmo efeito jurídico [vg

acção de responsabilidade

e consequente obrigação de indemnização]. O

tribunal competente

para um dos objectos é-o igualmente para os


restantes [art. 664º-1].

§6: REPARTIÇÃO DA COMPETÊNCIA. A

competência jurisdicional de um tribunal, uma vez


aferida, carece de repartição dentro desse mesmo
tribunal, determinando-se onde deve a acção ser
proposta, concretamente. Eis os critérios a que
podemos recorrer:
• Forma do processo [art. 64º-2

LOFTJ]:

 Tribunais de competência especializada:

em função da

matéria a que respeitem

• Global

• Específica

 Tribunais de competência genérica:


o

LOFTJ]:

cível
residualmente,

Tribunais

processo,

o
competentes
competência

determinadas

civil declarativo

Direito Processual

acções


ou se

de competência

independentemente

Tribunais

para
formas,

que ora

alçada da Relação [processo

[art. 101º LOFTJ]:

competência

residual
Juízos

Juízos
não existirem

assumam
de

julgar

LOFTJ]
específica

Global

Específica

de

processo
para

competência

à
global:

âmbito do

estudamos

Civil I – Lara Geraldes

Varas

de valor
cíveis

superior
[art. 97º-1

pequena

cíveis

[processo
tribunais

nessa comarca

competentes
julgar

da forma

processos que
no

ordinário]

instância

sumaríssimo

[art. 99º LOFTJ]:


de

qualquer

que

específica:

revistam

processo
[art. 96º-1

@ FDL
àà

vimos,

celebrada

de

tribunais

competente,

não
sumário

Acto processual

Matéria,

§7:

um pacto
competência:

competência

ordem jurídica

o Regras
entre


a
território,

responsabilidade
na
de
e

de facto

COMPETÊNCIA

competência
ordinário,

ou

competência

portugueses.

determinam

tenha
ordem

estrangeira

afastar
pode

jurisdição

Pacto de jurisdição: cfr.

Pacto

interna,
de

Aqui,

qualquer

salvo
pelas

contratual,
art.
residualmente]

de direito

CONVENCIONAL.

resultar

as partes em causa, quer se trate


ou

não

interna,
de

competência:

internacional

as
o

conexão

[art. 100º].

partes:
110º-1

responsabilidade
de convenção

um pacto

supra.

partes

num

em
tribunal


caso

com

razão
Como

refere-se
de

dos

que

uma

do

Bens,

civil…
o Regras que não podem ser afastadas: em
razão da matéria,

hierarquia, valor e forma do processo.


o Forma: a forma do contrato controvertido,

no mínimo verbal [art.

100º-2].

A competência convencional obriga tanto


quanto a competência legal [art. 100º-3], pelo que
a violação destas regras gera incompetência em
termos que veremos infra.

Incompetência

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

§1 : INCOMPETÊNCIA JURISDICIONAL.

A incompetência, em processo, será

jurisdicional quando resulte da violação de

regras de competência jurisdicional [qual o


tribunal competente]: internacional, formal,

material, territorial ou convencional. Pode

assumir três formas:

• Incompetência absoluta [art. 101º

ss]: violação de regras de competência


o Material: competência genérica, especializada…

o Internacional: tribunais internacionalmente

incompetentes

o Hierárquica: Relação, 1ª instância…

o Excepção dilatória nominada [art. 494º a], de

conhecimento oficioso em qualquer fase do

processo [art. 102º-1 e 495º]. Implica absolvição do

réu da instância [art. 105º-1], ou o


indeferimento liminar [art. 234º]. Impede o
tribunal de proferir uma decisão de mérito sobre

a causa, ainda que possa haver a repropositura da

acção [não faz caso julgado material]. Quando

arguida antes do despacho saneador, só pode ser


apreciada no momento em que seja proferido [art.

103º].

• Incompetência relativa [art. 108º

ss]: violação de competências relativas

o Valor da causa e forma do processo: vara cível,

juízo cível… [sempre

de conhecimento oficioso, art. 110º-2]

o Divisão judicial do território

o Violação de um pacto de jurisdição ou de pacto


o
arguida

do

casos

tribunal
Excepção

autor.

suscitada

até ao

apreciado

a
do

articulados.

decisão

resultar

@ FDL
pelo

absolvição do réu


494º j) e
art.
pelo

primeiro
réu

Será

Se

competente
noutro
de
possa
kompetenz-kompetenz]

de

495º]:
dilatória

[art. 109º]

110º,

juiz
de

até

despacho

houver

tribunal,

incompetência

violação

Direito Processual

não há

se
nominada

ao

[art.

remessa
.
declarar

da instância

[art. 111º-3].

Preterição de tribunal
de
e
conhecimento

casos
direito

em que só
despacho

subsequente

remessa
111º-3],

que

Se
não pode

anterior

pacto

arbitral

for devolvida
[art.

de

à
de competência

494º

oficioso

poderá

saneador

oficiosa
resposta

fase

para
o processo
reapreciar

[embora
incompetente

a incompetência

privativo

Civil I – Lara Geraldes

oficiosa, mas

[art. 290º,
tão-só
a],

nos
ser
ou
dos

o
é

se

de

competência ao tribunal judicial, este deve
considerar-se competente, sob

pena de conflito negativo de competência

[TEIXEIRA DE SOUSA].

§2: INCOMPETÊNCIA FUNCIONAL. Resulta

da violação de regras que delimitam, dentro dos

tribunais, a competência dos seus diferentes

órgãos para a prática de actos processuais [vg

secretaria e juiz].

Constitui pressuposto legal de cada acto


processual em concreto, sendo que a sua
preterição não determina a absolvição do réu da

instância, mas tão-só a nulidade do acto em causa.

§3: INCOMPETÊNCIA DECISÓRIA. Resulta

do desrespeito, pelo tribunal, dos limites impostos

aos seus poderes de apreciação da matéria de

facto e de direito indispensável ao proferimento da

decisão final [decisão de mérito].

Quando o tribunal ultrapassa a medida da

sua competência decisória, vg por excesso de


pronúncia, a decisão é nula [art. 668º-1d].

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

CAPÍTULO III: AS PARTES PROCESSUAIS

Partes Processuais

§1: NOÇÃO. As partes processuais são os


sujeitos que requerem ou contestam tutela

jurisdicional para uma situação jurídica [partes

principais] ou que auxiliam o autor ou o réu [partes

acessórias, art. 335º-1]. Duas concepções poderão

ser adoptadas neste âmbito:


• Conceito formal de parte: é o
autor quem requer tutela e o réu quem a
contesta.
• Conceito material de parte: é

parte quem tem conexão com o objecto da

causa, ainda que não se encontre


em juízo [vg art. 122º].

A questão não é pacífica: já se entendeu

que parte seria o titular da situação jurídica

controvertida, ou o alegado titular da mesma.


Do exemplo da figura do administrador da falência
conclui-se

embora

em
sem
prol

insistiu

embora,

[vg

termos
causa
qualquer

pressuposto
existe,

condição

relação

quando

objecto

são
O

no

pelo

situação jurídica

pode verificar
que
litigando

de

art.

situações de

substitutos

próprio por

sine

Conclui-se:

qualificativo

da
não

condições de
uma
do preceito,

e a parte
poderiam

ligação

conceito

processual

que

material

da
em nome
situações jurídicas

26º-3

qua non

ou

tenha
este
com o

formal

excepção

processuais,

situação

litigada,

não.

parte;
existir

solucionou

que
próprio,

de

legitimidade.

pressuposto

para

ligação
mas

controvertida

existência
a
qualquer

causa; os pressupostos
parte

do
a
sim
alheias,

objecto da acção.

jurídica

ligação entre

é assegurada

de
ao
pessoas

este

será

ligação
fizessem-no

princípio

litigam

o
em nome
alheia].

objecto

através

não

titularidade

um

uma
plus

processuais

processo, mas
parte
é

pessoa
que,

de partes

problema:

parte, admitindo,
geral

Nos

uma

que se

um
ilegítima

com
não

sim
à
da

do

da

o
requisitos para que possa ser proferida uma
decisão de mérito; pode constituir-se o processo
mesmo que uma das partes seja ilegítima [vg art.

269º].

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

§2: PERSONALIDADE JUDICIÁRIA.

Susceptibilidade de ser parte no processo [art. 5º].

Os critérios atributivos de personalidade são os


seguintes:

• Critério da coincidência [art. 5º-2]:

tem personalidade judiciária quem tiver

personalidade jurídica por força das

regras gerais substantivas [art. 66º CC]

• Critério da diferenciação

patrimonial [art. 6º]: têm personalidade judiciária

patrimónios autónomos como


o Herança jacente, ainda não aceite [art. 2046º

CC]

o Patrimónios autónomos semelhantes, vg doação

a nascituro [art. 952º-

1CC]

o Associações sem personalidade jurídica e


comissões especiais

o Sociedades civis [art. 980º CC]

o Sociedades comerciais antes do registo [para

MENEZES CORDEIRO, por seu lado, têm já

personalidade jurídica porque o registo não tem

efeito constitutivo], art. 5º CSC.


o Condomínios

o Navios

• Critério da afectação do acto [art.

7º]: atribui personalidade judiciária em


função de determinadas entidades

terem praticado o acto


o Sucursais, filiais, delegações ou representações
o Sociedades estrangeiras [recorde-se a
prevalência do BRUX-I]

Consequências da não verificação:

excepção dilatória nominada, de conhecimento

oficioso [art. 494º c e 495º] e insanável,

excepto o disposto no art. 8º. Verificada esta


excepção, e havendo despacho liminar, a petição

inicial deve ser indeferida liminarmente [art.

234ºA-1], dado ser insuprível. Se não houver


despacho liminar, o pressuposto legitimidade

deve ser apreciado no despacho saneador e, na


ausência deste, absolve o réu da instância [arts

493º-2 e 288º-1c].

§3: CAPACIDADE JUDICIÁRIA.

Susceptibilidade de uma parte estar por si, sozinha,

em juízo, sendo juridicamente capaz para tal. Não

é uma excepção dilatória nominada de


Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

capacidade jurídica de exercício nos termos da

lei substantiva [arts. 123º ss CC]. Não há, todavia,

uma total coincidência neste âmbito entre a lei

substantiva e a lei adjectiva [vg aceitação de

doação por incapaz, mas incapacidade de discutir

a sua validade em juízo, art. 951º CC].

O suprimento da incapacidade judiciária

opera pelos meios normais, art. 10º:

• Menores: representação legal, pelos

progenitores, ou tutela, subsidiariamente

[art. 124º CC e 10º-2].

• Interditos: tutela [arts. 10º-1 e


153º-1 CC]

• Inabilitados: curador [art. 10º-1 e


154º CC]

• Curador ad litem: deve ser


nomeado quando o incapaz não tenha

representante ou quando o
mesmo, a existir, esteja impossibilitado de

exercer a representação [art. 11º].

• Sub-representação [art. 1 5º]:

quando os representantes de um incapaz réu

não contestam, deve o MP

representar o incapaz em juízo. A lei quer, deste

modo, acautelar a hipótese de

ter havido negligência dos representantes,

afastando o regime da revelia [art.

483º].

§4: REPRESENTAÇÃO JUDICIÁRIA. As

pessoas colectivas estão sujeitas a


“representação” orgânica [para MENEZES

CORDEIRO, não é uma verdadeira forma de


representação], bem como os incapazes que
careçam de representação em juízo, nos termos
supra §3.
• Pessoas colectivas privadas [art.

21º]: a representação incumbe a quem a lei,

o pacto social ou os estatutos


designarem.

• Pessoas colectivas públicas,

maxime o Estado [art. 20º]: MP

• Incertos [enquanto réus,

entenda-se]: art. 16º-2, MP


• Ausentes e incapazes [art. 17º-2]:

MP

A incapacidade judiciária stricto sensu


verifica-se quando não haja lugar ao
suprimento da incapacidade judiciária pelo

representante legal ou pelo curador [vg menor em


juízo não representado], arts 23º-1. A

consequência é uma excepção dilatória nominada

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL


conhecimento

sanável

representante

termos

da

réu,

irregular,

ou tutor, gera
494º

nos termos
c],

susceptível

Se não

23º-2,

articulados

[revelia

o art.
se

pela

do art. 23º-2,

o autor, o processo
instância,

anteriormente

23º-2, 2ª parte, 493º-2

fica sujeito

[art. 23º-2, 2ª parte

Quando

vg por

de

de

assistir

parte,
do

pelo

operante],

art. 513º. No
mera

caso
485º b) não pode
sendo

à
oficioso

[art. 23º-1].

praticado

a
ao
e
e
regime

15º].

representação

representação

excepção

conhecimento

sanação

autor
réu

art. 485º

de
[arts

intervenção

1ª parte,

extingue-se

que

ratificação

não
fica

b),

se tratar
ser
tudo

fica

288º-1c].

da

dilatória

se
oficioso

nos termos

em
ou

têm

mas antes prova nos termos


de
494º

sem
Se

por
ou
Se não for sanada

e se o
e o
o

revelia

sendo

aplicado,
réu

por

pessoa
o

do
c)

citação

que
efeito

incapaz

sub-representação

exista,

falso

nominada

[art.

repetição do art.

que os

pelo
e

incapaz

mas
495º],

absolvido

fora

[arts.

for

seja

curador

inoperante,

confessados
[art.

495º]

art. 23º-1.

factos

colectiva,

que se
do

nos
for

do
o

e
a irregularidade não for suprida a pessoa
colectiva entra em revelia absoluta [art. 484º-2],

segundo PAULA COSTA E SILVA.

Se, diferentemente, houver falta de

autorização ou de deliberação, nos termos do art.

25º, essa falta redunda em excepção dilatória nos


termos do art. 494º c) que, se não for suprida,

absolve o réu da instância [art. 25º-1, 1ª parte] ou


continua o processo como se o réu tivesse deduzido

oposição [art. 25º-1, 2ª parte].

§5: PATROCÍNIO JUDICIÁRIO.

Representação da parte por um profissional do

foro, vg advogado ou solicitador. Não é, todavia,

uma forma de suprimento da incapacidade proprio

sensu, mas tão-só a confiança do exercício de

faculdades complexas e do cumprimento de ónus


processuais a um profissional com a devida

habilitação técnica. Evita a propositura de acções


sem fundamento e, nas acções pendentes, garante
a defesa dos direitos e interesses das partes

“representadas” em juízo.
• Facultativo [art. 34º]

• Obrigatório [art. 32º]

O mandato judicial designa o conjunto

de poderes concedidos pela parte ao seu


representante forense [arts. 36º e 37º]. A

confissão de factos controvertidos em juízo pelo

mandatário vincula o mandante, nos termos dos

arts. 38º e 567º.

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @ FDL

Quando a parte não constitua

mandatário judicial, numa situação de

patrocínio judicial obrigatório, a excepção é

dilatória nominada [art. 494º h], de conhecimento

oficioso [art. 495º] e pode ser arguida em qualquer

momento pela parte [art. 40º]. Se respeitar ao


lado activo do processo, o réu é absolvido da

instância [art. 40º-2, 494º h), 493º-2 e 288º-1 e]. Se,

diferentemente, respeitar ao lado passivo, a


defesa fica sem efeito [art. 33º-1] e o réu entra
em revelia [arts 484º e 485º].

§6: LEGITIMIDADE. A legitimidade é a


susceptibilidade de ser parte numa acção, aferida

em função da relação dessa parte com o objecto

daquela acção. Não se pretende apurar quem é que


pode estar em juízo, em abstracto, mas tão-só

quem é que pode ser parte numa determinada causa


in concreto.

• Singular:

o Legitimidade directa: reconhecida ao titular ou


a quem tem interesse em discutir com ele a
titularidade do direito. Apreciada em função de

dois elementos:

 Interesse da parte na tutela favorável

[ad causam]: elemento processual [art. 26º-1] –

critério da coincidência entre a titularidade do

direito subjectivo e a titularidade do interesse na


tutela. O interesse na tutela [direito que
deva ser defendido ou acautelado] não deve ser
confundido com o interesse processual ou
interesse em agir [só quando a parte possa retirar

alguma utilidade da tutela jurisdicional

requerida], para TEIXEIRA DE SOUSA.

• art. 26º-1 vs 26º-2: interesse directo em


demandar ou contradizer [relação entre a parte
e o objecto litigioso], no nº 1, vs interesse

em demandar ou contradizer [utilidade

decorrente, para o autor, da procedência da

acção e pelo prejuízo sofrido com o réu com essa

Direito Processual Civil I – Lara Geraldes @

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com título executivo, art. 449º-2 c), parte

legítima segundo o nº 1mas falta-lhe o interesse do

nº2.

 Poder de produção, pela

parte, dos efeitos jurídicos

[elemento material da

legitimidade processual]: elemento

material

o Legitimidade indirecta: concedida a alguém

que se substitui ao titular

do direito [também substituição processual]

 Legal [vg art. 271º]

 Voluntária [vg art. 28ºA]

Plural: cumulação objectiva – pluralidade de partes


principais ou assistência, art. 335º.
o Litisconsórcio: para TEIXEIRA DE

SOUSA, trata-se de uma


legitimidade em segundo grau,
verificável entre sujeitos que,
singularmente, já tinham legitimidade para
ser partes.
 Necessário [art. 28º] – ilegitimidade

dos que estejam em juízo

• Legal [vg arts 28ºA, 419º-1 CC e 496º-2 CC]

• Convencional [negócio jurídico]

o Obrigações divisíveis

o Obrigações indivisíveis [vg art. 535º CC] •

Natural [pela natureza do objecto, art. 28º-2]

 Voluntário [art. 27º] – ausência

não determina ilegitimidade;

regra da coincidência entre a


situação substantiva e adjectiva

• Comum [vg obrigações solidárias, art. 512º CC] •


Conveniente [vg obrigações conjuntas, art. 513º CC]
• Unitário / simples: decisão

proferida é a mesma, ou
não
• Conjunto / subsidiário:

pedido é formulado

conjuntamente, ou não

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• Simples / recíproco [CASTRO

MENDES]: aumento de

partes implica o aumento de oposições na


acção, ou não

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