Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
2
SUMÁRIO
Famílias ....................................................................................................................... 27
críticas ......................................................................................................................... 55
GABARITO 1................................................................................................................ 67
GABARITO 2................................................................................................................ 76
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 77
3
1. CONCEITO DE FAMÍLIA
4
Com base na amplitude das modificações sociais, econômicas, políticas e
culturais, Petzold (1996) propõe um conceito de família definida como “um grupo social
especial, caracterizado por intimidade e por relações intergeracionais” (p.39), conceito
que consegue explorar inúmeras variáveis. Esse autor apresenta a definição
ecopsicológica da família, baseada no modelo bioecológico de Bronfenbrenner (1994,
1999), em que o indivíduo é compreendido dentro de um processo de inter-relações
constantes e bidirecionais com vários sistemas, incluindo a família. Nessa definição,
Petzold (1996) destaca quatro sistemas: macrossistema, exossistema, mesossistema e
microssistema, compostos de catorze variáveis como: casais casados ou não; partilha
ou separação de bens; morar juntos ou separados; dependência ou independência
financeira; com ou sem crianças; filhos biológicos ou adotivos; genitores morando juntos
ou separados; relação heterossexual ou homossexual; cultura igual ou diferente; entre
outras variáveis que, combinadas, oferecem 196 tipos diferentes de família. Isto significa
que o modelo nuclear de família composto por pai, mãe e seus filhos biológicos não é
suficiente para a compreensão da nova realidade familiar que incorpora, também, outras
pessoas ligadas pela afinidade e pela rede de relações.
5
2. FAMÍLIA & FAMÍLIAS: CONFIGURAÇÕES FAMILIARES
NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA.
Nessa perspectiva, Lévi-Strauss (1956, p. 309) coloca que “[...] a família baseada
no casamento monogâmico era considerada instituição digna de louvor e carinho”, fato
esse que ainda permanece em nossa realidade. Podemos até afirmar que existem
diversificados e inovados arranjos familiares, novas formas de se constituírem família
dentro da sociedade, mas percebemos é que permanece ainda a forma de organização
nuclear da família, ou seja, o casamento monogâmico ainda é o que predomina
atualmente.
6
A família, consistindo de uma união mais ou menos duradoura,
socialmente aprovada, entre um homem, uma mulher e seus filhos, constitui
fenômeno universal, presente em todo e qualquer tipo de sociedade.
7
A dificuldade está em compatibilizar a individualidade e a reciprocidade
familiares, pois, ao abrir espaço para tal individualidade, renovam-se as concepções
das relações familiares. O impacto desses desafios influencia o cotidiano dessas
relações.
8
Alice Granato e Juliana De Mari (1999, p. 269) comentam que:
Não podemos negar o fato de que após instituído o divórcio, a lei passou a
permitir quantos divórcios e posteriores novos casamentos o homem e a mulher
desejassem, o que ocasionou transformações profundas no âmbito familiar.
9
Observamos que internamente encontramos alterações importantes nos
padrões familiares. Refletindo com Bilac (1995, p. 35):
Essas novas famílias estão cada vez mais presentes e começam a ter
visibilidade, pois fazem parte do cotidiano das pessoas e não podemos negá-las. Apesar
de fazerem parte do cotidiano das pessoas, não podemos afirmar que são socialmente
aceitas, pois o embate entre a realidade e a ideologia existente não permitiu ainda sua
superação por toda a população.
Contudo, como pontua a jurista Maria Berenice Dias (SOUZA; DIAS, online,
destaque do autor):
10
pode causar confusão entre as famílias com as quais pesquisamos e as nossas próprias
concepções sobre a configuração familiar.
[...] o ponto de partida é o olhar para esse agrupamento humano como um núcleo
em torno do qual as pessoas se unem, primordialmente, por razões afetivas
dentro de um projeto de vida em comum, em que compartilham um quotidiano,
e, no decorrer das trocas intersubjetivas, transmitem tradições, planejam seu
futuro, acolhem-se atendem aos idosos, formam crianças e adolescentes.
11
As mudanças societárias afetam a dinâmica familiar como um todo e
particularmente cada família, conforme sua composição, história e condições
socioeconômicas.
12
Instalam-se no interior das famílias, diversificadas maneiras de vivenciar a
questão de gênero. As atualizações ocorridas podem ter o lado bom e o lado difícil,
onde é necessária a compreensão dessas relações diversificadas. Segundo Souza e
Dias (online):
13
maioria das vezes, amenizar alguns conflitos que podem ocorrer entre mulher e homem.
Sem dúvida, a mulher assume um papel extremamente importante no que diz respeito
à postura masculina, provocando um repensar nessa mesma postura (DALBÉRIO,
2007).
➢ Família unipessoal;
➢ Casal com filhos (nuclear);
➢ Casal sem filhos;
➢ Mãe (Pai) sem cônjuge, dentre outras formas de organização
14
Está correto apenas o contido em:
a) I, II e V.
b) I, III e IV.
c) II, III e V.
d) III, IV e V.
15
a tripla jornada de trabalho pode ocasionar um desgaste à mulher, que não tem o seu
potencial de dona de casa, esposa, mãe e profissional reconhecidos.
16
e problemas. Sob certos aspectos estas são as transformações mais difíceis e
perturbadoras de todas. (GIDDENS apud VITALE, 2002, p.60).
17
As mudanças tecnológicas e os efeitos da globalização influenciam
diferentemente a população de determinadas classes sociais e a maneira que os
‘arranjos domésticos’ são estabelecidos dependerá da maneira pela qual aquela família
sofrerá as mudanças (JOSÉ FILHO, 2007).
c) vem dando espaço a outros arranjos familiares que se diferenciam desse padrão
tradicional.
18
d) permanece vigente ainda que contrarie princípios educativos previstos na legislação
pertinente à infância.
Resposta Correta: Letra c) vem dando espaço a outros arranjos familiares que se
diferenciam desse padrão tradicional.
19
É preciso levar em conta a família vivida e não a idealizada, ou seja, aquela na qual
se observam diversas formas de organização e de ligações e na qual as
estratégias relacionadas à sobrevivência muitas vezes se sobrepõem aos laços
de parentesco.
20
Família é conceito que aparece e desaparece das teorias sociais e humanas, ora
enaltecida, ora demonizada. É acusada como gênese de todos os males,
especialmente da repressão e servidão, ou exaltada como provedora do corpo e
da alma.
21
nenhum homem, por mais “insubstancial” que seja, que viva tão-somente na
cotidianidade, embora esta o absorva preponderantemente.
22
membros e agravando a questão social manifesta no cotidiano dessas
relações.
Existe também, em decorrência de inúmeros fatores, a presença da
violência doméstica que não está dissociada da questão do alcoolismo e da
drogadição. As contradições sociais que vivenciamos trazem um mundo novo
no qual as famílias passam pela escalada da violência urbana, deixando como
consequências o crime, a morte, o tráfico, e outras manifestações que podem
aterrorizar a vida das pessoas. Muitas vezes, os pais não sabem como evitar
que seus filhos adentrem nesse mundo, e buscam a educação dos mesmos
de diversificadas maneiras, e nem sempre obtém resultados positivos. Alguns
fatores podem trazer o retrato da família na atualidade e podemos verificar
que a população, de uma maneira geral, tem envelhecido, as crianças têm sido
evitadas, com o controle de natalidade e as pessoas têm cada vez mais se
divorciado.
É certo que o número de habitantes por domicílios vem diminuindo e, com esse
formato, podemos verificar que o formato familiar também diminuiu. Vale ressaltar que
com relação aos rendimentos mensais familiares per capita no Brasil são: 27,3% de ½
a 01 salário mínimo; 23,3% de 01 a 02 salários mínimos e 16,4% de ¼ a ½ salário
23
mínimo. O Brasil possui, dessa forma, a maioria da sua população concentrada com no
máximo 01 salário mínimo per capita.
As famílias que habitam o território brasileiro são, em sua maioria, famílias que
possuem meios escassos de sobrevivência e buscam no cotidiano da vida familiar,
dividir não somente as emoções dos laços familiares, mas também as angústias que a
própria vida cotidiana lhes apresenta. Podemos recorrer também ao conceito de
Carvalho (2002, p. 93):
24
que a família contemporânea apresente, ela se constitui num canal de iniciação e
aprendizado dos afetos e das relações sociais.
25
uma reflexão aprofundada sobre as questões referentes às políticas de atendimentos a
essas famílias e a ação profissional do assistente social nesse espaço de atuação.
Este desafio de poder buscar reflexões sobre os conceitos de família traz para
nós uma experiência enriquecedora e, ao mesmo tempo, nos cumula de expectativas
para aprofundarmos em determinados temas que não são somente polêmicos, mas
estão presentes no nosso cotidiano.
26
3. METODOLOGIAS NA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL DO
ASSISTENTE SOCIAL NO TRABALHO COM FAMÍLIAS
27
diferentes formas de famílias em diferentes espaços de tempo, em diferentes
lugares, além de percebê-las como diferentes dentro de um mesmo espaço social
e num mesmo espaço de tempo. Esta percepção leva a pensar as famílias sempre
numa perspectiva de mudança, dentro da qual se descarta a ideia dos modelos
cristalizados para se refletir as possibilidades em relação ao futuro”. (MIOTO,
1997, p.128).
Sabe-se que não só para o Serviço Social, mas que em todas as profissões o
tema “FAMÍLIA” não é desconhecido, intervém-se nesta dinâmica a todo instante. Porém
poucos profissionais são preparados para trabalhar as relações familiares e as
mudanças ocorridas na estrutura familiar ao longo da história.
28
A organização familiar atua como ressonância, vítima e reprodutora de
todo esse sistema de cultura o que se reverte nas seguintes demandas:
O trabalho infantil deixa de ser problema e passar a ser solução uma vez que
os pais educam seus filhos com o pensamento de que “criança que não trabalha cresce
vagabundo”, não visualizando a escola de forma necessária para o enfrentamento da
vida, e a criança não é vista com o respectivo direito de estudar, e brincar. As pessoas
vêm se objetos e não sujeitos da história, das políticas, dos projetos e programas
públicos, a mentalidade já estar determinada a pensar assim o que os impede de lutar
para mudar tal situação.
29
discursar. Como um mediador, é importante que o profissional se questione sempre
sobre a sua prática, de que forma ela está sendo efetivada.
30
Conforme TAKASHIMA (1994):
31
contraposição de propostas incongruentes com as necessidades das famílias e
ou que firmam a autonomia delas.
“Um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é desenvolver
sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e
capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano.
Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo. (...) Requer, pois, ir além das
rotinas institucionais e buscar apreender o movimento da realidade para detectar
tendências e possibilidades nela presentes passíveis de serem impulsionadas pelo
profissional” (IAMAMOTO, 2007, p. 20-21).
32
É na própria ação cotidiana dos profissionais que se busca resgatar as
categorias particulares, empíricas que dão movimento à sua intervenção, que antes
parecia descontínuo, dando-lhe uma dimensão histórica.
Ainda hoje as ações dos assistentes sociais, são movidas por lógicas arcaicas e
enraizadas culturalmente, e não pela lógica da racionalidade dada pelo arcabouço
teórico-metodológico da profissão pós-reconceituação. Por isso, o exercício profissional
com famílias ainda é pautado nos padrões de normatividade e estabilidade.
33
Como assinala MIOTO (2004):
“É justamente este desafio que nos conduz a recolocar algumas questões que
acreditamos estarem contribuindo para a perpetuação do conservadorismo nas
intervenções com famílias, numa tentativa de resgatar da própria ação profissional os
elementos necessários para sua reconstrução. Como afirma GUERRA (2000), é
34
necessário resgatar a dimensão emancipatória da instrumentalidade do exercício
profissional, pois é através dela que a profissão poderá superar o seu caráter
eminentemente operativo e manipulatório dado pela condição histórica do surgimento da
profissão. ”
35
Como afirma IAMAMOTO (1998) e NETTO (1996):
36
4. A FAMÍLIA E A PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
37
vigilância da exclusão social na produção, sistematização e divulgação de
indicadores da área de abrangência do CRAS, em conexão com outros territórios.
38
Proteção Social Especial
39
sociofamiliar que visem à reestruturação do grupo familiar e a elaboração de
novas referências morais e afetivas, no sentido de fortalecê-lo para o exercício de
suas funções de proteção básica ao lado de sua auto-organização e conquista de
autonomia. Longe de significar um retorno à visão tradicional, e considerando a família
como uma instituição em transformação, a ética da atenção da proteção especial
pressupõe o respeito à cidadania, o reconhecimento do grupo familiar como referência
afetiva e moral e a reestruturação das redes de reciprocidade social.
40
Os serviços de proteção especial têm estreita interface com o sistema de
garantia de direito exigindo, muitas vezes, uma gestão mais complexa e
compartilhada com o Poder Judiciário, Ministério Público e outros órgãos e ações
do Executivo.
Vale destacar programas que, pactuados e assumidos pelos três entes
federados, surtiram efeitos concretos na sociedade brasileira, como o Programa
de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI e o Programa de Combate à Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes.
41
Proteção Social Especial de Alta Complexidade
42
5. MATRICIALIDADE SOCIOFAMILIAR - SUAS
d) deve ser resguardada, pois dela derivam todos os vícios e também todos os bons
exemplos;
e) necessita de proteção especial, pois sozinha não consegue cumprir sua função.
43
Resposta Correta: Letra a) é o espaço privilegiado e insubstituível de proteção e
socialização primárias.
Família
44
definição (sexualidade, procriação e convivência) já não têm o mesmo grau de
imbricamento que se acreditava outrora. Nesta perspectiva, podemos dizer que
estamos diante de uma família quando encontramos um conjunto de pessoas que
se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos e, ou, de solidariedade. Como
resultado das modificações acima mencionadas, superou-se a referência de
tempo e de lugar para a compreensão do conceito de família.
O reconhecimento da importância da família no contexto da vida social está
explícito no artigo 226, da Constituição Federal do Brasil, quando declara que a:
“família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”, endossando, assim,
o artigo 16, da Declaração dos Direitos Humanos, que traduz a família como sendo
o núcleo natural e fundamental da sociedade, e com direito à proteção da
sociedade e do Estado. No Brasil, tal reconhecimento se reafirma nas legislações
específicas da Assistência Social – Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA,
Estatuto do Idoso e na própria Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, entre outras.
Embora haja o reconhecimento explícito sobre a importância da família na vida
social e, portanto, merecedora da proteção do Estado, tal proteção tem sido cada vez
mais discutida, na medida em que a realidade tem dado sinais cada vez mais evidentes
de processos de penalização e desproteção das famílias brasileiras. Nesse contexto, a
matricialidade sociofamiliar passa a ter papel de destaque no âmbito da Política
Nacional de Assistência Social – PNAS. Esta ênfase está ancorada na premissa de
que a centralidade da família e a superação da focalização, no âmbito da política de
Assistência Social, repousam no pressuposto de que para a família prevenir, proteger,
promover e incluir seus membros é necessário, em primeiro lugar, garantir condições
de sustentabilidade para tal. Nesse sentido, a formulação da política de Assistência
Social é pautada nas necessidades das famílias, seus membros e dos indivíduos.
Essa postulação se orienta pelo reconhecimento da realidade que temos hoje
através de estudos e análises das mais diferentes áreas e tendências. Pesquisas sobre
população e condições de vida nos informam que as transformações ocorridas na
sociedade contemporânea, relacionadas à ordem econômica, à organização do
trabalho, à revolução na área da reprodução humana, à mudança de valores e à
liberalização dos hábitos e dos costumes, bem como ao fortalecimento da lógica
individualista em termos societários, redundaram em mudanças radicais na
organização das famílias. Dentre essas mudanças pode-se observar um
enxugamento dos grupos familiares (famílias menores), uma variedade de
arranjos familiares (monoparentais, reconstituídas), além dos processos de
45
empobrecimento acelerado e da desterritorialização das famílias gerada pelos
movimentos migratórios.
46
socioassistenciais que suportem as tarefas cotidianas de cuidado e que valorizem a
convivência familiar e comunitária.
Além disso, a Assistência Social, enquanto política pública que compõe o tripé
da Seguridade Social, e considerando as características da população atendida por ela,
deve fundamentalmente inserir-se na articulação intersetorial com outras políticas
sociais, particularmente, as públicas de Saúde, Educação, Cultura, Esporte, Emprego,
Habitação, entre outras, para que as ações não sejam fragmentadas e se mantenha o
acesso e a qualidade dos serviços para todas as famílias e indivíduos.
A efetivação da política de Assistência Social, caracterizada pela
complexidade e contraditoriedade que cerca as relações intrafamiliares e as relações
da família com outras esferas da sociedade, especialmente o Estado, colocam desafios
tanto em relação a sua proposição e formulação quanto a sua execução.
47
c) os costumes e hábitos socialmente instituídos, que no tempo presente evidenciam as
configurações que lhe são peculiares.
48
6. CUIDADOS COM A FAMÍLIA E GRUPOS VULNERÁVEIS
Aponta a necessidade não eleger um modelo de família, uma vez que poderá
estereotipar e provocar discriminação com outros grupos familiares (MIOTO, 2000).
49
Quanto ao arcabouço conceitual da PNAS e SUAS, é visível, ao lado da
modernização conceitual, no que diz respeito à concepção, composição e estruturação
das famílias, o conservadorismo nas expectativas em relação às funções da família.
Pode-se, então, afirmar que a política (e o Estado) assume uma posição que
contribui para enfraquecer os estigmas associados à maternidade sem casamento, às
famílias reconstituídas, às vezes, sem vínculos formais, às uniões consensuais, ao
divórcio, assumindo todos esses grupos como unidade familiar e sujeitos à proteção
social da assistência social, desde que dela necessitem.
50
desempenhar o seu papel de sustento, na guarda, na socialização e na educação de
suas crianças, adolescentes, no cuidado de seus idosos e portadores de deficiência.
51
também de ações socioeducativas, que, segundo Mioto (2004b, p.10), “estão
relacionadas àquelas que, através da informação, da reflexão, ou mesmo da relação,
visam provocar mudanças (valores, modo de vida)”.
Sugere-se:
52
habilidades para o cuidado doméstico, para o reforço das responsabilidades familiares,
a partir dos novos conhecimentos adquiridos e da discussão e reflexão do seu cotidiano.
53
subjetividade individual ou do grupo, como forma de libertá-lo da dependência
dos benefícios sociais, de ensiná-lo a “andar com as próprias pernas”, mediante
processos profissionais que fortalecem a autoestima, a capacidade produtiva,
dando-lhe condições de empregabilidade, como se a ausência de trabalho se
devesse apenas a não capacitação ou falta de vontade, de crença nas suas
potencialidades.
A noção de autonomia como a capacidade de cada sujeito dar conta de sua vida,
dos cuidados necessários para que ele caminhe sem a necessidade de benefícios
sociais, de aconselhamento e acompanhamentos pode induzi-lo a buscar saídas nele
mesmo, em suas capacidades, potencialidades, inclusive do reforço de suas
responsabilidades familiares e individuais, e não na luta pelo benefício como um direito,
inclusive, universal, como dever do Estado de prover certo padrão digno de vida a todo
cidadão, cujas condições são reflexos das desigualdades e que afetam as relações
familiares.
54
7. TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS: ELEMENTOS PARA
SUA RECONSTRUÇÃO EM BASES CRÍTICAS
55
O termo unitário família alude a uma forte unidade e homogeneidade, porém
oculta uma realidade marcada por interesses divergentes, modelos hierárquicos,
relações de poder e força, mas também processos de negociação, de cooperação e de
solidariedade.
Trata-se de uma visão ampliada e atual de família, posto que as pessoas que
convivem em uma ligação afetiva duradoura podem ser um homem e uma mulher e
seus filhos biológicos; mas também um casal do mesmo sexo, ou apenas a mulher com
seus filhos legítimos ou adotados, e outra infinidade de arranjos.
56
Segundo Mioto (2004b, p.12), as “condutas, dificuldades e problemas expressos
pelas famílias são interpretados como expressão de conflitos instaurados no contexto
de uma dinâmica familiar [...] profundamente marcada pelas contradições de uma
sociedade em um determinado momento histórico”.
57
Os objetivos do trabalho social com famílias devem ser a autonomia e o
protagonismo, compreendidos na perspectiva de participação social e do
coletivo. Assim, é essencial superar a visão liberal de autonomia, do “ensinar a
pescar”, do “andar com suas próprias pernas” sem que seja garantido como
direito o acesso às condições materiais e subjetivas necessárias para tal.
58
A noção de autonomia das famílias não se deve restringir à busca de
respostas e soluções dos problemas por si mesmas, em especial, mediante recursos
internos; antes, implica o desenvolvimento da capacidade de discernir as mudanças
possíveis de serem realizadas no âmbito dos grupos familiares e de suas redes
daquelas que exigem o engajamento deles, organizados em coletivos, em processos
sociais mais amplos para que ocorram transformações mais gerais e a efetivação de
direitos. Assim, envolve capacidade de opinar, escolher, decidir e agir intencionalmente,
mediante suportes oferecidos, construídas, situações refletidas, informadas, debatidas,
devendo ser esses os objetivos da educação que visa à emancipação.
Apesar das mudanças que o termo terapia tem passado, ainda significa
“tratamento de doença, desordem, defeito etc., por algum tipo de processo curativo ou
que remedie” (PENGUIN apud CAMPOS; REIS, 2009, p. 60); seu uso é, portanto,
inapropriado para a proteção social básica, seja individual ou coletiva.
59
Sem dúvida, o grupo é um espaço de potencialidades, em que se realizam a
escuta, a reflexão, o diálogo e a troca de experiências; um espaço de comunicação e
aprendizagem (Cf. GUIMARÃES; ALMEIDA, 2007, p. 132).
60
Logo, o oposto às recomendações do MDS e as dimensões da noção de
matricialidade sociofamiliar, incapazes de superar a subalternidade histórica dos
usuários da assistência social.
61
acompanhamentos devem buscar a inserção desses sujeitos no circuito do território e
da rede de segurança social e articular o individual e o familiar no contexto social,
levando-os a ultrapassar o imediatismo de suas concepções, mas tendo como princípio
que subjetividades transformadas só provocam mudanças com ações coletivas, com
acesso a serviços, benefícios, ou seja, com condições objetivas.
62
a família contemporânea apresente, ela se constitui num canal de iniciação e
aprendizado dos afetos e das relações sociais.
63
QUESTÕES DE PROVAS – PARTE I
a) I, II e V.
b) I, III e IV.
c) II, III e V.
d) III, IV e V.
64
cultural nas relações familiares estabelecidas no Brasil têm que ser vistas com
certa cautela. De acordo com Fávero (2007), o modelo familiar nuclear, embora
continue detendo a hegemonia, ditando a norma:
c) vem dando espaço a outros arranjos familiares que se diferenciam desse padrão
tradicional.
65
4. 2005/TJSP/VUNESP/Q45. O Serviço Social brasileiro, após a reconceituação,
orientou-se por uma visão transformadora e crítica da realidade, que o levou a
compreender a família:
d) deve ser resguardada, pois dela derivam todos os vícios e também todos os bons
exemplos
e) necessita de proteção especial, pois sozinha não consegue cumprir sua função
66
a) as necessidades e peculiaridades das famílias, entendendo-as como sujeito coletivo.
GABARITO 1
1 B
2 C
3 C
4 B
5 A
6 A
67
PONTOS COMENTADOS- PARTE II
• Segundo José Filho (2007, p.150), a família tem que ser entendida enquanto uma
unidade em movimento, sendo constituída por um grupo de pessoas que,
independentemente de seu tipo de organização e de possuir ou não laços
consanguíneos, busca atender: - às necessidades afetivo-emocionais de seus
integrantes, através do estabelecimento de vínculos afetivos, amor, afeto,
aceitação, sentimento de pertença, solidariedade, apego e outros;- às necessidades
de subsistência-alimentação, proteção (habitação, vestuário, segurança, saúde,
recreação, apoio econômico);- às necessidades de participação social, frequentar
centros recreativos, escolas, igrejas, associações, locais de trabalho,
movimento, clubes (de mães, de futebol e outros).
• No Brasil, pesquisas recentes mostram o grande número de mudanças na
organização e na dinâmica familiar. Qual das características dessas
transformações? Aumento do número de domicílios monoparentais.
• O trabalho social com famílias é uma prática profissional apoiada em saber
científico, que para ser efetiva depende: A PNAS (2004) considera o território fator
determinante para a compreensão das situações de vulnerabilidade e riscos sociais,
enfrentados por indivíduos, famílias, grupos e comunidade. Isto é, reconhece que
não há como compreender os fenômenos societários, em especial aqueles ligados
aos fatores sociais, culturais e econômicos, fora do seu contexto territorial. Destaca-
se como método importante na compreensão da realidade social o método dialético,
que a partir de um processo crítico, visa captar o movimento histórico e suas
inerentes contradições, desvelando a realidade pela constante interação entre o
todo e as partes que a compõe. A dialética possibilita, por meio de uma atitude
reflexiva, apreender a complexidade e a dinamicidade da realidade social na qual os
profissionais do SUAS têm que atuar, exigindo destes uma postura reflexiva e crítica,
bem como um processo de formação continuada. a) de consciência crítica e espírito
pesquisador por parte dos profissionais do CRAS; b) do conhecimento do território
– suas potencialidades, recursos, vulnerabilidades, relações estabelecidas, de modo
a realizar uma ação preventiva e proativa; c) da adoção de abordagens e
procedimentos metodológicos apropriados para o cumprimento dos objetivos do
68
Serviço; d) de estudo e análise permanente dos conceitos fundamentais, tais como:
família e território, nas abordagens sociológica, antropológica, econômica,
psicológica, entre outras, cuja compreensão é essencial para a implementação
qualificada do PAIF; e) do planejamento e análise das ações a serem adotadas no
desenvolvimento do trabalho social com famílias; f) da promoção da participação
dos usuários no planejamento e avaliação das ações do Serviço; g) do
desenvolvimento de uma prática interdisciplinar entre os profissionais que compõem
a equipe de referência do CRAS: assistentes sociais e psicólogos; h) do
conhecimento sobre os ciclos de vida, questões étnicas, raciais, de orientação
sexual, assim como outras questões específicas identificadas no território.
• A questão pede um caráter contraditório que deve ser considerado a respeito
da família. A família, sob a ótica do pluralismo de bem-estar social, vem sendo
considerada pelos mentores das políticas contemporâneas, como um dos recursos
privilegiados na provisão do cuidado e da proteção, contudo, ressalta-se um caráter
contraditório, que deve ser considerado como relevante nesta definição: Analisando
as alternativas, a única que possui traços de uma situação contraditória é: a) É
considerada forte por ser um lócus privilegiado de solidariedade, socialização e na
transmissão de ensinamentos e fraca pois está sujeita a despotismos, rupturas e
violência, dentro da lógica capitalista vigente.
• O trabalho social com famílias, no âmbito da assistência social, demanda sabres
técnicos especializados. O trabalho exigido na operacionalização do trabalho social
com famílias, não mais compreendido como clientelismo, assistencialismo, caridade,
mas como política pública e dever do Estado, é um trabalho especializado, realizado
por técnicos de nível superior, com formação profissional, fundamentado em
conhecimentos teórico-metodológicos, técnico- operativos e ético-políticos, dentre
outros. O trabalho social com famílias é uma prática profissional apoiada em saber
científico.
• As reconfigurações dos espaços públicos, em termos dos direitos sociais
assegurados pelo Estado democrático de um lado e, por outro, dos
constrangimentos provenientes da crise econômica e do mundo do trabalho,
determinaram transformações fundamentais na esfera privada, resignificando as
formas de composição e o papel das famílias. Por reconhecer as fortes pressões
que os processos de exclusão sócio cultural geram sobre as famílias brasileiras,
acentuando suas fragilidades e contradições, faz-se primordial sua centralidade no
âmbito das ações da política de assistência social, como espaço privilegiado e
insubstituível de proteção e socialização primárias, provedora de cuidados aos seus
69
membros, mas que precisa também ser cuidada e protegida. Essa correta
percepção é condizente com a tradução da família na condição de sujeito de direitos,
conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do
Adolescente, a Lei Orgânica de Assistência Social e o Estatuto do Idoso.
• O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) é um trabalho de
caráter continuado que visa a fortalecer a função de proteção das famílias,
prevenindo a ruptura de laços, promovendo o acesso e usufruto de direitos e
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. Dentre os objetivos do PAIF,
destacam-se o fortalecimento da função protetiva da família; a prevenção da ruptura
dos vínculos familiares e comunitários; a promoção de ganhos sociais e materiais
às famílias; a promoção do acesso a benefícios, programas de transferência de
renda e serviços socioassistenciais; e o apoio a famílias que possuem, dentre seus
membros, indivíduos que necessitam de cuidados, por meio da promoção de
espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares. O PAIF tem como
público famílias em situação de vulnerabilidade social. São prioritários no
atendimento os beneficiários que atendem aos critérios de participação de
programas de transferência de renda e benefícios assistenciais e pessoas com
deficiência e/ou pessoas idosas que vivenciam situações de fragilidade. Suas ações
são desenvolvidas por meio do trabalho social com famílias, apreendendo as
origens, os significados atribuídos e as possibilidades de enfrentamento das
situações de vulnerabilidade vivenciadas, contribuindo para sua proteção de forma
integral. O trabalho social do PAIF deve se utilizar também de ações nas áreas
culturais para o cumprimento de seus objetivos, de modo a ampliar o universo
informacional e proporcionar novas vivências às famílias usuárias do serviço. As
ações do PAIF não devem possuir caráter terapêutico.
• Pode-se dizer que discutir orientação e acompanhamento significa discutir o
caráter educativo dessas ações, uma vez que interferem diretamente na
formação de condutas e subjetividades de sujeitos que frequentam o cotidiano
dos diferentes espaços sócio ocupacionais do Serviço Social
(VASCONCELOS, 2000). Nesse contexto, postula-se a orientação e o
acompanhamento como ações de natureza socioeducativa que, como os próprios
nomes indicam, interferem diretamente na vida dos indivíduos, dos grupos e das
famílias. Movimentam-se no terreno contraditório “tanto do processo de reprodução
dos interesses de preservação do capital, quanto das respostas às necessidades de
sobrevivência dos que vivem do trabalho”. São determinadas pelo paradigma
teórico-metodológico e ético-político dos profissionais que as realizam de acordo
70
com determinados projetos de profissão e de sociedade. Qual o conceito de
“família” para a PNAS? A família para a PNAS - Política Nacional de Assistência
Social é o grupo de pessoas que se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos
ou de solidariedade.
71
QUESTÕES DE PROVAS – PARTE II
72
a) do conhecimento do território, suas potencialidades, recursos, vulnerabilidades,
relações estabelecidas, de modo a realizar uma ação preventiva e proativa.
c) É considerada como uma instituição social isolada, que não sofre influências do
modelo de Estado liberal capitalista.
d) Tem como pilar a ótica neotomista que tem como base uma concepção de família
descolada das formas de organização da sociedade.
73
5. FGV/TJ-BA/2015. No âmbito do Serviço de Proteção e Atendimento Integrado à
Família (PAIF), o trabalho social com famílias constitui-se em:
a) um acesso à empregabilidade;
d) deve ser resguardada, pois dela derivam todos os vícios e também todos os bons
exemplos;
e) necessita de proteção especial, pois sozinha não consegue cumprir sua função.
a) I, apenas.
b) II, apenas.
74
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.
d) prática profissional voltada à efetivação dos direitos dos usuários e à qualidade dos
serviços prestados pela instituição
75
d) laços afetivos e ou de solidariedade, dependente do gênero envolvido.
Certo / Errado
GABARITO 2
1 E
2 B
3 A
4 A
5 E
6 A
7 B
8 E
9 C
10 ERRADO
76
BIBLIOGRAFIA
GILBRAN, Vanessa Marques; MELCHIORI, Gibran Faco Lígia Ebner. Conceito de família:
adolescentes de zonas rural e urbana. Acesse: http://bit.ly/2bi5wsB
MIOTO, Regina Célia Tamaso. Trabalho com Famílias: um desafio para os Assistentes Sociais
Revista Virtual Textos & Contextos, nº 3, dez. 2004.
OLIVEIRA, NHD. Recomeçar: família, filhos e desafios. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo:
Cultura Acadêmica, 2009.
OLIVEIRA, Ingrid Anne Soares de Oliveira Trabalho Social com Famílias na Política de
Assistência Social: perspectivas e limites. Acesse: http://bit.ly/2nBusUj
77
78
79