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Fundamentos e Processos
Fundamentos e Processos
Edição revisada
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
__________________________________________________________________________________
C377p
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3044-6
As tecnologias de processo | 73
Tecnologias de processamento de materiais | 73
Tecnologias de processamento de informação | 76
Tecnologias de processamento de consumidores | 77
Referências | 139
* Doutorando e mestre em Administração pela Universidade Nove de Julho (Uninove). MBA em Recursos Humanos pela Universidade de São
Paulo (USP). Graduado em Administração Financeira pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Consultor nas áreas comercial e de logís-
tica. Atuou como gestor de excelência e qualidade em diversas empresas de distribuição e venda de bebidas. Coordenador de cursos de pós-
-gradução lato sensu em Logística das Operações Comerciais e Negócios Internacionais. Professor dos cursos de Marketing, Logística e Recur-
sos Humanos da Unicid, instituição na qual também atua como assessor de Assuntos Comunitários, Culturais e de Extensão.
Produtos manufaturados
À medida que as comunidades foram crescendo, os artesãos foram desenvolvendo novos conhe-
cimentos que possibilitaram aumentar sua produtividade. Contrataram ajudantes, que realizavam os
trabalhos mais pesados e que exigiam menos conhecimentos técnicos. Esses ajudantes eram treinados,
aprendendo com o artesão seu ofício.
Diversos fatos históricos demonstram a evolução dos conhecimentos técnicos e tecnológicos da
humanidade, em sua busca por atender necessidades e que só podem ser realizadas mediante esforços
organizados. No ano de 4000 a.C., os egípcios já reconheciam a necessidade de planejar, organizar e
controlar as atividades de produção. Em 600 a.C., Nabucodonosor, da Babilônia, determinou normas
de controle de produção e incentivos salariais. Na China, em 500 a.C., já se reconhecia a necessidade de
sistemas e padrões. Nessa mesma época, na Grécia, Platão enunciava o princípio da especialização e a
importância do conhecimento especializado do artesão. O Arsenal de Veneza, no século XV, desenvol-
veu e implantou importantes controles, como a contabilidade de custos, a numeração de inventários, a
utilização da linha de montagem e a padronização das partes. Em 1767, na Inglaterra, Sir James Stuart
abordou, em seus estudos, o impacto da automação e a diferenciação entre gerentes e trabalhadores
baseadas nas vantagens da especialização. Uma década depois, Adam Smith descreveu seu princípio
da especialização dos trabalhadores e o conceito de controle. Algumas décadas mais tarde, em 1800,
James Watt e Matheu Boulton descreveram os procedimentos padronizados de operação. Abordaram
também as especificações, os métodos de trabalho e o planejamento da produção.
O processo de produção artesanal evoluiu du-
rante milênios, desde as primeiras técnicas desen-
volvidas pelos homens das cavernas. Porém, esse
tipo de produção sempre esteve centrado na figura
de um artesão, uma pessoa que detinha o conheci-
mento técnico e tecnológico necessário para trans-
formar matérias-primas em produtos acabados.
Todo esse modo de produção sofreu uma
grande mudança com a Revolução Industrial, a par-
tir do século XVIII. Segundo Maximiano (2002), a Re-
volução Industrial tem como origem dois eventos:
o surgimento das fábricas e a invenção das máqui-
nas a vapor. Em substituição ao artesão, um novo e
importante personagem surge no desenvolvimento Tecelão. Vincent van Gogh.
dos produtos: a empresa industrial. A Revolução Industrial, ainda segundo Maximiano, teve impacto
não só sobre o desenvolvimento de produtos, mas também sobre a forma de organização da socieda-
de. O surgimento das fábricas e a substituição do artesão pelo operário especializado causaram o cres-
cimento das cidades, o que levou à necessidade do desenvolvimento da administração pública e o sur-
gimento de sindicatos.
O surgimento das fábricas tem como origem o sistema de fabricação para fora, uma transição
entre o sistema artesanal e o sistema fabril. Grandes capitalistas contratavam famílias de artesãos, e
lhes entregavam matérias-primas e equipamentos necessários para a fabricação das peças. Os artesãos
recebiam por peça produzida. Esse tipo de produção ainda é utilizado, em especial na indústria de rou-
pas, que utiliza o serviço de costureiras que realizam seu trabalho em casa.
Wikipedia.
blemas: o conhecimento das técnicas de fabrica-
ção continua na mão dos artesãos. O proprietário
da matéria-prima e dos equipamentos também
não podia controlar e determinar a produtividade
e, portanto, não conseguia determinar quantas
peças seriam fabricadas em um determinado pe-
ríodo de tempo. Como forma de evitar esses pro-
blemas, alguns comerciantes começaram a reu-
nir os trabalhadores em galpões. Assim, podiam
manter maior controle sobre o trabalho. Surgem
então as primeiras fábricas.
Fábrica no período da Revolução Industrial.
Wikipedia.
Owen. Ao observar que os funcionários de uma fiação que existia em sua cida-
de trabalhavam e viviam em péssimas condições de higiene e moradia, Owen
comprou parte da empresa e implantou uma série de mudanças baseadas nos
ideais da filosofia utópica. As casas nas quais os funcionários residiam foram
reformadas, um armazém foi montado para vender alimentos e outras mer-
cadorias a baixos preços. Owen implantou um rígido controle sobre o uso de
bebidas alcoólicas e fundou a primeira escola maternal instalada na Inglaterra.
A comunidade era gerida pelos próprios funcionários, e vales correspondentes
ao número de horas trabalhadas eram usados como dinheiro. Robert Owen.
Experiências como a de Watt e a de Robert Owen, da Fiação New Lanark, na Escócia, anteciparam
algumas das escolas de administração que foram desenvolvidas no final do século XIX e no século XX.
O controle e a administração da produção com o seu principal autor, Frederick Taylor, um engenheiro
americano que estudou em profundidade os processos de manufatura então adotados pelas indústrias.
Taylor foi o criador e o principal participante do movimento da Administração Científica, que incorpo-
rou conhecimentos e métodos de análise científica ao estudo da administração.
O século XIX marca o início da área do conhecimento que aqui chamaremos de gestão de pro-
dução. Na literatura sobre o tema, encontramos também as expressões gestão de produção e operações,
administração de produção, engenharia de produção e outros. No início, os conceitos eram geralmente
ligados apenas às indústrias, mas ao longo dos séculos XIX e XX a gestão de produção passou a incor-
porar também os aspectos ligados à produção de serviços e às redes de empresas que se relacionam
em uma cadeia de suprimentos.
Para Slack et al. (1996), a gestão de operações é a atividade de gerenciamento de recursos escas-
sos e processos, que produzem e entregam bens e serviços, visando atender necessidades e/ou desejos
de qualidade, tempo e custo de seus clientes. Toda e qualquer organização tem dentro de si uma função
de operações, pois gera algum tipo de valor para seus clientes. Esse valor pode incluir algum composto
de produtos e serviços.
A disciplina de gestão de operações faz parte do currículo da maioria das escolas de Administra-
ção, escolas de Engenharia e carreiras relacionadas. A maioria da literatura sobre o tema aborda tópicos
como estratégia de operações, projeto de produtos e serviços, gestão de capacidade produtiva, loca-
lização e arranjo físico de instalações, gestão de qualidade, gestão de redes de suprimentos, planeja-
mento programação e controle das operações e gestão de estoques. Neste capítulo, vamos conhecer e
discutir alguns fatos marcantes da evolução dessa área de conhecimento.
As empresas passaram a organizar seu processo de produção, desenvolvendo novas plantas pro-
dutivas, práticas e procedimentos para sincronizar fluxos de deslocamento dos materiais e da mão de
obra e supervisionar a força de trabalho.
A Revolução Industrial
Em 1776, na Inglaterra, James Watt começou a produzir motores a vapor, utilizados em fábricas
de artefatos de ferro e aço, dando início à Primeira Revolução Industrial, mudando completamente os
processos industriais. A máquina a vapor permitiu a mecanização das tarefas antes executadas de forma
manual, o que levou a ganhos de escala, ou seja, o aumento da produtividade, e lançou as bases para a
produção em massa. Essas primeiras indústrias, porém, ainda não tinham a capacidade de produzir em
massa produtos mais complexos, compostos de vários componentes, e que exigiam diversas habilida-
des e especializações profissionais para a produção.
A Inglaterra liderou o mundo industrial e tecnoló-
Wikipedia.
gico durante todo o século XVIII, em especial os equipa-
mentos têxteis, as máquinas, as ferramentas e os motores
a vapor. Apesar dessa evolução em termos tecnológicos,
os sistemas de gestão da produção não estavam adap-
tados para o que conhecemos hoje como produção em
massa de produtos complexos. Na sua maioria, os pro-
dutos industrializados eram simples e pouco complexos.
A industrialização de produtos compostos por diversos
componentes (que requeriam especializações profis-
sionais diversas para a produção) ainda era quase que
exclusivamente realizada por pequenos artesãos, em Motor a vapor de Watt.
suas oficinas particulares. Os consumidores buscavam produtos de alta qualidade, personalizados, com
tradição. Dessa forma, até o final do século XVII, a maioria dos produtos era feita por indústrias de pe-
quena escala, mantidas por artesãos e que produziam sob encomenda, com alta qualidade, por meio de
produção e montagem manual. Apesar da alta qualidade, essa forma de produção era pouco eficiente
quanto ao uso de materiais e mão de obra. A produção não era organizada por funções especializadas:
o trabalhador, em geral, produzia o produto inteiro manualmente.
Em 1798, Eli Whitney (inventor da máquina de processar algodão) assinou com o governo dos Es-
tados Unidos a produção de 10 000 mosquetes. Ele decidiu, então, reorganizar e redefinir toda a forma
de produzir as armas. Construiu ferramentas e outros equipamentos e definiu um fluxo integrado de
produção através de sua fábrica de mosquetes. Eli Whitney dividiu o trabalho de construção do mos-
quete em diversos postos de trabalho. Dessa forma, a gestão da produção não deveria mais se preocu-
par em coordenar os esforços individuais de uma série de artesãos, mas sim em definir a atividade a ser
desenvolvida por cada operário. A responsabilidade pela quantidade e qualidade das armas produzidas,
deixou de ser do artesão e passou a ser dos engenheiros que desenvolveram o sistema de manufatura
A experiência de Whitney colocou em prática as ideias de divisão do trabalho desenvolvidas por Adam
Smith em seu livro A Riqueza das Nações: operários trabalhando repetidamente em partes individuais e
não em produtos completos.
Porém, um novo problema surgiu para os fabricantes: os avanços tecnológicos, cada vez mais
frequentes, acabavam por tornar o produto obsoleto. A fabricante de máquinas de costura Singer foi
pioneira no desenvolvimento de uma organização de manufatura flexível o suficiente para assimilar
avanços tecnológicos, enquanto oferecia variedade de produtos a custos baixos e uma qualidade uni-
forme. A única diferença entre uma máquina Singer mais barata de uma mais cara era o acabamento.
Todas as peças ligadas ao funcionamento da máquina eram as mesmas. No final do século XIX, três
quartos das máquinas de costura vendidas no mundo tinham a marca Singer.
Samuel Colt resolveu o problema da obsolescência de outra forma: utilizou a mais moderna tec-
nologia e incentivou melhoramentos contínuos nas tecnologias de produto e processo como forma de
obter vantagens em relação a seus concorrentes. Colt esforçava-se para melhorar a produção, e tam-
bém tinha ideias bastante modernas sobre condições de trabalho em suas fábricas.
As rápidas mudanças levaram as fábricas a desenvolver novos tipos de relacionamento com for-
necedores tanto de matéria-prima quanto de componentes e submontagens, que eram difíceis de se-
rem feitas internamente. Fontes de suprimentos externas permitiam aos fabricantes adquirir peças e
partes de seus produtos de forma muito mais barata e com mais tecnologia. Quanto mais sofisticada
e específica a peça a ser produzida pelos fornecedores, mais especializados eles se tornariam. Dessa
forma, as grandes empresas passaram a ter que se relacionar com um maior número de fornecedores.
Cada um deles, especializado em fabricar uma determinada parte do produto final. Gerenciar esses
relacionamentos passou a ser uma competência necessária àqueles que supervisionavam a produção
das indústrias.
A grande explosão da quantidade de oficinas especializadas em fornecer peças, moldes, ferra-
mentas para as grandes indústrias foi fundamental para o surgimento da primeira geração de fabri-
cantes de automóveis, como: Henry Ford, Durant, Dodge, Studebaker, que na verdade, montavam seus
carros a partir de componentes fornecidos por terceiros.
Texto complementar
sociedades, pelo acúmulo de conhecimento e geração de riqueza, tem apresentado três situações
básicas: tradição, imposição e liberdade econômica. O desenvolvimento econômico, através da tra-
dição, estabeleceu que as atividades deveriam obedecer aos usos e costumes, respeitando rigoro-
samente a divisão de classes.
As grandes obras da Antiguidade, por seu turno, foram construídas por imposição, através de
decretos autoritários que asseguravam a sobrevivência política e econômica das sociedades. E, fi-
nalmente, atendendo à liberdade econômica, foi estabelecido um arranjo no qual o desenvolvi-
mento seria obtido por um sistema de mercado, onde a motivação dos seus agentes se estabelecia
pelo lucro monetário.
As sociedades medievais eram fragmentadas politicamente, dificultando o seu desenvolvi-
mento econômico. Nesse período ainda não havia condições para o estabelecimento consciente de
um sistema de mercado, porque os seus fatores básicos de produção – terra, trabalho e capital – não
eram reconhecidos como tal. A economia, movida pela tradição, não considerava a terra como uma
propriedade vendável, pois esta proporcionava as bases para o prestígio social e o alicerce para a
organização da sociedade. Da mesma forma, não existia um mercado de trabalho estabelecido,
pois seus agentes estavam vinculados aos donos das propriedades no campo ou às corporações de
ofício nas cidades.
O terceiro fator de produção, o capital, existia sob a forma de riqueza privada que, no entanto,
não se dispunha a assumir riscos com novos e agressivos usos, preferindo o conservadorismo segu-
ro, mesmo à custa da ineficiência das técnicas de produção. A partir do século XV, intensifica-se o
comércio marítimo e fluvial entre as cidades europeias que dispunham de vias navegáveis. A pro-
dução de bens transportáveis a granel, tais como madeira, cereais, lã e vinho, favorecia essa prática
e atendia à sua crescente população.
O transporte de mercadorias, principalmente através de vias aquáticas, favoreceu o estabele-
cimento de uma indústria de construção naval e a criação de novos centros de riqueza e comércio
– embrião dos modernos centros logísticos – realimentados através do desenvolvimento de um
sistema creditício e bancário de escala internacional. Esse impulso permitiu que esses novos cen-
tros pudessem financiar as conquistas coloniais transoceânicas, a partir das quais se desenvolveu
o mercantilismo como forma de geração de riquezas das nações europeias, que necessitavam de
investimentos crescentes para manutenção do poderio militar e garantia de continuidade de suas
atividades econômicas.
[...]
A Revolução Industrial é consequência da criação de um ambiente favorável à transformação
econômica, devido ao esgotamento do modelo mercantilista de geração de riqueza e à necessidade
de manutenção da competitividade econômica e militar das nações tem início em fins do século
XVIII, e se estende por todo o século XIX, primeiramente na Inglaterra e, posteriormente, na Europa
continental e nos Estados Unidos.
Seu efeito mais significativo foi o crescente incremento de produtividade dos sistemas eco-
nômicos que dela se beneficiaram. Até o início do século XIX, as transações econômicas ocorriam
entre o proprietário da empresa e fornecedores de matérias-primas, trabalhadores pagos por tarefa
e clientes.
Atividades
1. Quais são os três tipos de fatores necessários para a produção de um bem?
Gabarito
1. Para que os bens sejam produzidos, é necessário organizar e utilizar diversos fatores: recursos na-
turais (terra, metais, elementos químicos etc.), trabalho (mão de obra, conhecimento, tecnologia
etc.) e capital (dinheiro, equipamentos, investimentos etc.).
2. Segundo Maximiano (2002), o que marca o início da Revolução Industrial é a invenção da má-
quina a vapor, e a sua aplicação nas fábricas, em especial na indústria têxtil, com a utilização dos
teares mecânicos.
3. C
1915) era analista em uma empresa de produção de aço. Suas ideias são a
base da gestão de operações do século XX. Muitos dos conceitos descritos e
estudados por Taylor, como peças intercambiáveis, divisão do trabalho, inte-
gração vertical e produção em larga escala, já eram empregados e estudados
desde os séculos anteriores. Taylor foi o primeiro, porém, que sistematizou os
métodos de trabalho. Antes dele, Charles Babbage também estudou a gestão
fabril na primeira metade do século XIX, em seu livro On the Economy of Ma-
chinery and Manufactures. Babbage descreve em detalhes as atividades neces-
sárias para a produção de alfinetes, medindo tempos e calculando recursos
para cada uma das atividades.
Taylor, no início do século XX, realizou uma série de pesquisas e análise
do trabalho, que chamou de estudo de tempos e movimentos. Taylor utili-
zou o método científico, dividindo o trabalho desenvolvido na produção de
Frederick Taylor.
um determinado bem em diversas partes e estudando cada uma delas. Taylor
chamou seu método de Administração Científica: quebrar as tarefas em subtarefas elementares e traba-
lhar intensivamente para tornar cada uma dessas tarefas mais eficientes.
Taylor tirou os conceitos do campo das ideias e implementou seus princípios em diversas fábricas.
Ele inventou e patenteou uma série de produtos, mas ficou conhecido como o pai da Administração
Científica e da Engenharia Industrial. O foco dos estudos de Taylor eram as formas de aumentar a pro-
dutividade em processos produtivos, ou seja, fazer mais produtos com menos recursos. Os princípios
estabelecidos por Taylor, conhecidos como princípios da Administração Científica, contribuíram para
um aumento substancial dos níveis de eficiência da indústria americana do início do século XX.
Vários estudiosos e autores seguiram as ideias de Taylor e trabalharam para aperfeiçoar seus mé-
todos, tais como Gantt, que desenvolveu o gráfico de Gantt, usado para programar atividades no tempo
e demonstrar o resultado dos programas. Até hoje é utilizado como uma poderosa ferramenta de plane-
jamento e avaliação de progresso de projetos.
Outros seguidores do movimento de Administração Científica foram
Harrigton Emerson e Frank Gilbreth. Gilbreth estendeu os estudos de tempo
de Taylor para o que chamou de estudos de movimentos, buscando procedi-
mentos mais eficientes. Utilizou câmeras filmadoras para analisar movimentos
e criou também uma classificação de 18 movimentos humanos básicos.
No início do século XX, a produção de grandes volumes era comum em
diversos setores industriais, como os de cigarros, aço, óleo, e outras. A adapta-
ção de motores de combustão interna a carruagens levou ao surgimento de
uma nova indústria, a que mais influenciou o desenvolvimento das técnicas
Frank Gilbreth. de gestão de operações: o setor automobilístico.
Dentre as diversas indústrias automobilísticas que surgiram nos Estados Unidos no início do sé
culo XX, a mais importante para o estudo da gestão de operações foi a Ford. Henry Ford trabalhou como
aprendiz de mecânico numa oficina de máquinas e motores e numa relojoaria. Foi funcionário também
da Detroit Edison Company, de Thomas A. Edison. Em 1896, montou em sua oficina seu primeiro carro.
Tornou-se então sócio da Detroit Automobile, como o propósito de produzir carros como um bem popu-
lar, não destinado somente aos ricos. A Detroit Automobile foi à falência um ano mais tarde, e Ford con-
tinuou a montar mais alguns carros em sua oficina particular. Montou então a Ford Motor Company.
Em 1903, Ford produziu industrialmente o Modelo A, do qual vendeu 1 708 unidades em ape-
nas um ano. Em 1908, Ford lançou seu novo modelo, o Modelo T. Nesse ano, a indústria automobilís
tica americana produziu apenas 65 000 automóveis. Ford acreditava que seria possível construir um
milhão de automóveis e o Modelo T era o carro desenvolvido para isso.
Ainda na década de 1920, a estatística começou a ser utilizada para mensurar e analisar varia-
ções de processo (controle estatístico de processo). Walter A. Shewart, em seu livro Economic Control
of Quality of Manufactured Products, analisou diferentes processos e concluiu que todos os produtivos
apresentam certo grau de variação. Shewart propôs que as causas dessas variações poderiam ser des-
cobertas e removidas com um programa contínuo de diagnóstico. Os gráficos de controle de Shewart
são largamente utilizados até hoje (ver gráfico 1).
Um dos eventos históricos que mais teve impacto sobre a gestão da produção foi a Segunda
Guerra Mundial. As indústrias direcionaram esforços para apoiar seus países. Áreas como as técnicas de
programação e análise matemática deram origem à pesquisa operacional, ou seja, uma pesquisa focada
em como operar os equipamentos mais que em como projetar o equipamento. A abordagem “científica”
começou a ser utilizada para apoiar a tomada de decisão. A utilização da pesquisa operacional durante
os anos de guerra possibilitou o uso das técnicas de problemas de guerra para problemas industriais e
comerciais.
Após o término da guerra, surgiram diversas empresas de consultoria em gestão, que baseavam
suas técnicas na pesquisa operacional, buscando de forma sistemática formas melhores de operar. En-
quanto os estudos realizados antes da guerra, como o estudo de tempos e movimentos de Taylor, tra-
tavam elementos, pessoas e máquinas como componentes mecânicos de um sistema previsível, a pes-
quisa operacional considerava componentes, como motivação, às análises. Por outro lado, as complexas
operações de guerra mostraram também que conceitos matemáticos e estatísticos poderiam contribuir
para a solução de problemas complexos.
Gráfico 1 – Exemplo de gráfico de controle de Shewart
250 000
(JACOBI; SOUZA; PEREIRA, 2002, p. 52)
Peso (em kg)
200 000
150 000
100 000
50 000
0
1 7 13 19 25 31 37 43 49 55 61 67 73
N.º de observações
A adoção das técnicas de pesquisa operacional nos Estados Unidos não foi tão rápida quanto na
Europa e no Japão. A indústria americana sofreu bem menos que a europeia e a japonesa, que foi em
grande parte destruída pela guerra. Os Estados Unidos tornaram-se grandes fornecedores do mun-
do, que passava por uma escassez de produtos, no pós-guerra. Talvez por isso, os industriais america-
nos não enxergaram a necessidade de adotar novas fórmulas de gestão e de controle. Os industriais
europeus, por outro lado, reconheceram a pesquisa operacional como um novo e valioso instrumen
to de gestão.
O desenvolvimento da lógica de pesquisa operacional no pós-guerra possibilitou o estabeleci-
mento de áreas como planejamento, programação e controle de produção. A logística foi outra área
que se desenvolveu muito, durante a Segunda Guerra Mundial, já que munições, alimentos e outros
suprimentos deviam ser disponibilizados nas várias frentes de batalha, em diversas regiões do mundo,
de forma eficiente.
Em uma guerra, destruir as indústrias dos inimigos é um importante objetivo militar. Ao final da
Segunda Guerra, a capacidade de produção mundial encontrava-se muito reduzida, em especial na
Europa e Japão. Por outro lado, a demanda por produtos, que havia sido contida durante a guerra, ex-
plodiu na década seguinte.
Pouca produção e muita demanda criam um mercado comprador. Nessa situação, praticamente
qualquer produto é vendido, independentemente de sua qualidade, desenho ou preço. Essas condições
levaram a área de gestão de operações a um período de estagnação, em especial nas indústrias ameri-
canas.
No Japão, por outro lado, as indústrias realizavam esforços para a reconstrução da atividade in-
dustrial. O Just in Time, filosofia de produção, desenvolvida na Toyota Motor Co. é considerado um dos
maiores responsáveis pelo milagre industrial japonês, que transformou o país em potência industrial
do mundo.
Apesar de ter sido desenvolvido pela Toyota e se popularizado a partir da
década de 1970, as origens do Just in Time remontam ao final da Segunda Guer-
ra, onde, no final dos anos 1930, Toyoda Kiichiro, então presidente da Toyota,
definiu como meta, alcançar os patamares de produtividade dos americanos em
três anos. Para alcançar essa meta, era necessário multiplicar a produtividade ja
ponesa por oito. Os executivos da Toyota concluíram que precisavam conhecer
os métodos ocidentais de produção.
Então, após um período nos Estados Unidos, executivos da empresa con- Toyoda Kiichiro.
cluíram que se a Toyota fosse capaz de eliminar todo e qualquer desperdício, a produtividade seria
multiplicada por dez. A eliminação dos desperdícios é a base do sistema Toyota de Produção, conhecido
como Just in Time. Uma das formas de diminuir desperdícios desenvolvidas por Ohno foi fazer um fun-
cionário cuidar de várias máquinas e não apenas de uma.
Um dos elementos mais importantes do Just in Time é a lógica “puxada” de fluxos de produção.
No sistema ocidental, os produtos eram feitos independentemente das necessidades de produção dos
próximos passos do fluxo de produção, o que leva à acumulação de estoques nos mais variados pontos
da linha de produção. Ohno considerava que o desperdício representado pelos estoques precisava ser
eliminado. Assim, definiu que um determinado processo ou peça só seria produzido se a próxima etapa
da linha de produção fizesse um pedido (através de um cartão chamado Kanban). Dessa forma, cada
pedido feito pelo processo seguinte “puxa” a produção dos processos anteriores. Assim, a acumulação
de estoques em cada um dos postos de trabalho deixava de existir, diminuindo consideravelmente os
custos de produção. O termo Just in Time significa “apenas no momento certo”, ou seja, as peças e proce-
dimentos só são realizados quando necessário, e somente na quantidade necessária.
Juntamente com o desenvolvimento do sistema Just in Time, o consultor americano W. Edwards
Deming, em 1950, começou a ensinar controle estatístico de qualidade para as empresas japonesas e foi
o responsável por introduzir o controle gerencial no movimento de qualidade japonês.
Os produtos japoneses eram conhecidos pela má qualidade, o que representava um grande em-
pecilho para a competitividade no Ocidente. Deming defendia um esforço de qualificação, por meio
da identificação de fontes primárias para melhoria de processos, eliminação de causas de defeitos, e
treinamento dos trabalhadores. Para ele, a inspeção ao final da linha era ineficiente, pois o problema já
ocorreu e os custos da má qualidade já eram reais. Considerava que o operário é principal responsável
pela qualidade.
Uma das ferramentas desenvolvidas por Deming é o ciclo PDCA, utilizado para a solução de pro-
blemas: Plan (planejar), Do (fazer), Check (checar) e Act (agir), uma ferramenta utilizada em esforços de
melhoria de qualidade até hoje.
Além de Deming, outros consultores, como Juran e Ishikawa foram fundamentais para a implan-
tação dos conceitos de qualidade nas indústrias japonesas. O Just in Time e o movimento de qualidade
foram as bases que permitiram às industrias japonesas atingirem os níveis de competitividade que le-
varam o país ao status de potência econômica.
Na década de 1960, a capacidade de produção mundial encontra-se recuperada. A capacidade
produtiva mundial passou a superar a demanda por produtos, criando um mercado que favorece o
comprador. Este passa a ser mais exigente, já que existem várias ofertas concorrentes entre as quais ele
pode escolher. A competitividade passa a ser novamente importante, o que faz crescer a importância
da gestão de operações.
Uma das primeiras aplicações práticas, dos então recém-desenvolvidos computadores, foi a auto-
matização das listas de materiais componentes dos produtos das indústrias. Isso permitiu uma melhor
gestão da demanda por itens de um determinado suprimento, em termos de o que e quanto produzir e
comprar, de forma a trabalhar com estoques menores.
Essa utilização dos computadores marca o início do desenvolvimento, na área de planejamento,
programação e controle de produção, do MRP (Material Requirements Planning) ou o planejamento das
requisições de material. Até hoje, o MRP é o mais utilizado sistema de planejamento, programação e
controle de produção.
Nesse período, a indústria japonesa passa a liderar mercados de produtos como automóveis,
motocicletas e aparelhos elétricos, com níveis superiores de desempenho tanto em preço quanto em
qualidade. As empresas americanas apostaram fortemente nos sistemas MRP acreditando que haviam
desenvolvido uma resposta à competitividade japonesa.
Outras soluções e sistemas foram adicionados aos sistemas MRP, como o módulo de tratamen-
to de capacidade produtiva – Capacity Requirements Planning (CRP), o módulo SFC (Shop Floor Control
– ou de controle de fabricação) e Purchasing (de controle de compras), transformando o MRP em um
sistema de planejamento e controle de produção. Esse sistema mais completo foi chamado de MRP II,
ou Manufacturing Resource Planning (planejamento de recursos de manufatura).
Durante os anos 1970, a indústria ocidental tentou se reinventar competitivamente, em relação
à indústria japonesa. O Just in Time foi estudado, entendido, e a qualidade passou a ser prioridade. As
operações de serviço também se desenvolveram.
Embora historicamente o foco da gestão de operações tenha sempre sido as operações fabris,
a maioria dos países passou a apresentar mais de 50% de seu produto interno bruto proveniente do
setor de serviços. Fato que levou a uma preocupação com a busca do melhoramento operacional da
produção de serviços.
As operações de serviços, da mesma forma que as operações industriais, precisam se preocupar
com a gestão de fluxos, capacidade produtiva versus demanda, localização de unidades produtivas,
layout1 etc. Por outro lado, apresenta diferenças fundamentais – serviços não podem ser estocados ou
transportados.
1 Localização das máquinas, equipamentos, estações de trabalho, áreas de produção e os padrões de fluxo de materiais e de pessoas que circulam
na fábrica.
Já nos anos 1980, as empresas perceberam que a qualidade passou a ser condição de perma-
nência no mercado, e deixou de ser uma vantagem competitiva. Abordagens como TQM (Total Quality
Management)2 e as certificações como a ISO 90003 marcaram a década. Armand Feigenbaum introduziu
a expressão e o conceito de controle de qualidade total, segundo o qual tanto a gerência como os fun-
cionários ao longo de toda a organização devem estar comprometidos com a obtenção da qualidade.
Uma técnica largamente utilizada adotada pelas empresas japonesas passou a ser adotada também no
Ocidente: o Benchmarking4.
Já o conceito do MRP II passou a ser criticado, pois desconsiderava o fato de que os recursos da
unidade produtiva que gerencia são finitos. O desenvolvimento de programas operacionais que levem
em conta as restrições de capacidade produtiva – como o Tecnologia de Produção Otimizada (Optimi-
zed Production Technology)5 – ganhou visibilidade com livro A Meta de Goldratt e Cox, que se tornou um
best seller nos anos 1980.
Popularizado no livro A Máquina que Mudou o Mundo de Womack, Jones e Roos, o conceito de
lean manufacturing ou lean production (manufatura enxuta), que se refere à indústria automobilística,
nada mais é do que uma adaptação que muito pouco difere da filosofia Just in Time de produção.
Nesse período, o Grupo Volvo desenvolveu um novo modelo de sistema de produção, no qual
pequenos grupos semiautônomos eram responsáveis pela montagem de um veículo completo em po-
sições ergonomicamente corretas, em ciclos de produção que duravam várias horas. Essa experiência
influenciou a forma de organizar a produção, um movimento que ficou conhecido como celularização
(células de produção capazes de executar um produto ou uma semimontagem completa).
No início dos anos 1990, surge um novo conceito de gestão de produção, proveniente da lean
manufacturing : o agile manufacturing (manufatura ágil). O conceito pode ser entendido como a habili-
dade de reagir de forma rápida e eficaz às mudanças dos mercados, desenvolvendo produtos e serviços
projetados especificamente para o cliente. Um conceito ligado à manufatura ágil é a mass customization
(customização em massa), ou seja, a busca pela taxas de eficiência da produção em massa, com níveis
de personalização do produto e do serviço ligados à produção artesanal.
O desenvolvimento da tecnologia de informação e dos computadores possibilitou importantes
avanços na área de apoio, como os sistemas de Supply Chain Management (SCM) que considera não
só os processos internos da empresa, mas toda a “rede de empresas” ligadas a produção de produtos
complexos.
Empresas varejistas, em conjunto com fabricantes, desenvolveram sistemas conhecidos como
Efficient Consumer Response (ECR) – resposta eficiente ao consumidor, em uma tentativa de encurtar o
ciclo de reposição de produtos usando tecnologia de informação e telecomunicações.
Texto complementar
Taylor superstar
(NÓBREGA, 1997)
A Viking Press lançou em maio passado, nos Estados Unidos, um livro que está sendo cotado
para o Prêmio Pulitzer, a maior distinção literária americana: The One Best Way: Frederick Winslow
Taylor and the Enigma of Efficiency, de Robert Kanigel, 656 páginas. Trata-se de uma biografia de Fre-
derick Taylor, o primeiro expert americano em racionalização e eficiência no trabalho. O que haveria
de tão especial com um ideário de administração do início do século?
É que tendo sido o primeiro “manifesto revolucionário” sobre o redesenho de processos de
trabalho visando aumentos radicais de produtividade é, de longe, o mais bem-sucedido de todos
até hoje.
As pressões geradas pelo aumento da competição no mundo globalizado do final do século XX
fizeram com que a busca frenética de aumentos em eficiência passasse a ser a prioridade número
um de todo executivo. No entanto, ao contrário do que dão a entender propostas modernas, supos-
tamente revolucionárias, o tema não é novo: surgiu em 1911 com a promessa de, já naquela época,
alterar para valer as concepções predominantes no mundo do trabalho.
Taylor prometeu e cumpriu. E cumpriu de uma forma e com uma abrangência tais que nin-
guém poderia ter previsto. Taylor publicou suas ideias, em 1911, num livro intitulado The Principles
of Scientific Management. Ele era um homem comum. De família rica, mas não um intelectual espe-
cialmente brilhante. Sua influência na vida do século XX é, porém, comparável à de Henry Ford ou
Thomas Edson. Peter Drucker, o guru supremo do mundo da administração, coloca-o ao lado de
Freud e Darwin em importância, atribuindo às suas ideias um peso decisivo para a derrocada da
proposta marxista. O taylorismo, ganhando vida própria, revelou-se de certa forma uma ideia mais
inteligente que o homem que a formulou.
Jeremy Rifkin, autor de O Fim dos Empregos, diz em Time Wars: “Taylor fez da eficiência o modus
operandi da indústria americana e a virtude central da cultura desse país... Ele teve provavelmente
mais influência que qualquer outro indivíduo sobre a vida pública e privada de homens e mulheres
no século XX”.
Ficou nacionalmente famoso em 1910 quando um grupo poderoso de estradas de ferro solici-
tou licença ao governo federal americano para aumentar os preços das passagens, mas teve o pedi-
do negado. A resposta que ouviram foi: “Vocês podem economizar mais que o que vão ganhar com
o aumento solicitado, se usarem os métodos de um gênio da Filadélfia chamado Frederick Taylor”.
O New York Times abriu manchete em 10 de novembro de 1910: “Estradas de Ferro podem eco-
nomizar $1,000,000 por dia. Scientific management faz isso. Aumento de preços é desnecessário”.
A América entrava em euforia com a descoberta da eficiência. De repente, Taylor e seus méto-
dos estavam em toda parte mas, apesar dos resultados, a polêmica andava sempre junto. O tayloris-
mo sempre foi associado a algo desumano, que não levava em conta as necessidades individuais do
trabalhador, vendo-o apenas como peça de um sistema em que ele não podia interferir. Empresá-
rios o adotavam, mas intelectuais e ideólogos à direita e à esquerda o repudiavam por razões dife-
rentes, identificando demônios opostos na mesma visão. Tampouco no movimento sindical Taylor
encontrou apoio. Seja como for, o fato permanece: o taylorismo é uma ideia central de nossa época,
um dos pilares do poderio americano no século XX.
O pragmatismo das relações econômicas legitimou-o na prática e deixou as discussões mais in-
telectualizadas em segundo plano. A produtividade aumentou, a qualidade de vida do trabalhador
médio – que passou realmente a participar do resultado do que produzia – hoje não tem compara-
ção com os padrões que vigoravam no início do século.
A “alienação” do trabalhador diminuiu, contradizendo o dictum marxista, que acabou caindo
no vazio. Drucker atribui tudo isso explicitamente à influência de Taylor, a quem considera o mais
importante e mais injustiçado intelectual americano deste século.
O taylorismo sempre teve um componente paradoxal. Ninguém proporia, hoje, a aplicação
literal de seus princípios como solução para os impasses do mundo complexo e plural do fim do
século XX. Todos sabemos que temos de superá-lo, só não sabemos o que colocar em seu lugar.
Atividades
1. Quais são os três princípios básicos da Administração Científica?
2. Explique quais inovações Ford introduziu na relação de sua empresa com os funcionários.
Gabarito
1. Atribuir a cada operário a tarefa mais elevada que lhe permitisse suas aptidões; solicitar a cada
operário o máximo de produção que se pudesse esperar de um operário hábil de sua categoria;
que cada operário, produzindo a maior soma de trabalho, tivesse uma remuneração 30% a 50%
superior à média dos trabalhadores de sua classe.
2. Reduziu o período diário de trabalho de nove para oito horas e deu a cada um de seus funcio-
nários uma participação nos lucros da empresa, o que elevou o salário mínimo dos funcionários
para U$5 por dia, mais do que dobrando o salário anterior de U$2,34 por dia.
3. B
Atividades primárias
Porter definiu nove atividades relevantes para a empresa e as separa em funções ou atividades
primárias e de apoio. Entre as atividades que Porter considera como primárias, está a gestão das ope-
rações. A atividade “operações” inclui a produção, ou seja, ela é responsável pela reunião de recursos
necessários para a produção dos bens e/ou serviços que a empresa comercializa.
Todas as organizações possuem algum tipo de função produção, pois toda empresa produz al-
gum tipo de bem ou serviço. Apesar de ser uma das principais funções de uma empresa, a função
produção não é a única. A empresa, como o modelo de Porter nos mostra, é formada por diversas ativi-
dades que se relacionam e apoiam umas às outras. Slack et al. (1996) afirmam que as fronteiras que de-
terminam as responsabilidades de cada uma das funções mudam de empresa para empresa. Podemos
entender o relacionamento entre as diversas funções de duas formas:
::: Forma restrita – as responsabilidades de cada função excluem todas as atividades comparti-
lhadas com as outras funções. De acordo com essa visão, a função produção, por exemplo, não
teria responsabilidade ou envolvimento em atividades como desenvolvimento de produtos,
compras de materiais, escolha das tecnologias adotadas, recrutamento e treinamento de fun-
cionários e outras.
::: Forma ampla – as responsabilidades da função produção se relacionam com as responsabi-
lidades das demais funções. Os gestores de produção devem participar das decisões relativas
ao desenvolvimento de produtos, participar das decisões de compra e busca de fornecedores,
opinar nas decisões sobre as tecnologias adotadas e participar da seleção e preparação dos
funcionários do setor.
Desenvolvimento de
produto/serviço Marketing
Administração
da Produção
Recursos humanos Compras
Contabilidade
e finanças
Engenharia/
Suporte técnico
Desenvolvimento de
produto/serviço Marketing
Administração
da Produção
Recursos humanos Compras
Contabilidade
e finanças
A atividade operação é a responsável por transformar uma série de recursos, sejam eles humanos,
financeiros ou de conhecimento, em produtos ou bens de consumo acabados, que serão vendidos pela
empresa. Aos recursos que são utilizados, damos o nome de inputs, ou entradas. Aos bens e serviços que
se originam do processo de transformação desses inputs, damos o nome de outputs, ou saídas. Vamos
exemplificar esse processo com este livro que você está lendo. Podemos considerar como inputs neces-
sários para a produção deste livro:
PROCESSO DE Bens e
INPUT OUTPUT
TRANSFORMAÇÃO serviços
Instalações
Pessoal
Ambiente
Recursos de
transformação
Existem dois tipos de recursos que são utilizados em um processo de transformação. O primeiro
são os recursos transformados. No caso deste livro, o papel e a tinta são recursos que foram transforma-
dos de seu estado anterior, no qual o papel estava enrolado em bobinas e a tinta estava armazenada
em tambores.
O outro tipo de recurso são os de transformação, ou seja, aqueles que são utilizados para transfor-
mar o papel e a tinta neste livro, como as máquinas de impressão, de corte e de encadernação.
Processo de transformação
Slack et al. (1996) consideram que podemos classificar as operações realizadas pelas empresas em
três tipos diferentes de processamento.
Nas empresas que processam materiais, as propriedades físicas dos inputs são transformadas, ou
seja, os materiais são trabalhados para dar origem a um novo produto. Todos os produtos industriali-
zados que utilizamos foram criados a partir da transformação das matérias-primas, como sua roupa, o
computador, seu celular etc.
Empresas de entrega de encomendas e grandes varejistas também podem ser classificados como
empresas que processam materiais. Apesar de não mudar a forma física dos produtos, eles mudam a
localização desses produtos, distribuindo-os aos consumidores.
Já as empresas que processam informações, não mudam a forma física de seus inputs (dados e
informações), mas os transformam, permitindo que uma nova análise seja feita a partir desses dados.
Contadores, bancos, bibliotecas, sites são exemplos de empresas que processam informações.
As empresas da área de serviço são exemplos de processamento de consumidores. Cabeleireiros
e esteticistas mudam a forma física dos consumidores. Hotéis, pousadas estocam ou acomodam consu-
midores, empresas aéreas e rodoviárias transportam consumidores etc.
A gestão das operações da empresa está intimamente ligada com o tipo de processamento que
ela realiza. Assim, em uma fábrica, a gestão de operações vai se ocupar de definir os processos e fluxos
produtivos, buscando a melhor eficiência produtiva, alta qualidade e baixo custo. Por outro lado, o ges-
tor de operações de um hotel se preocupará com a satisfação do cliente, o nível do serviço prestado, a
eficiência na resolução de reclamações de clientes etc.
são tangíveis, ou seja, podemos tocar nos produtos, compará-los com um outro bem, tomar posse por
meio da compra. Exatamente por serem tangíveis, os bens podem ser estocados. Em geral, eles são
produzidos antes de serem comprados, ou seja, sua produção não é simultânea ao consumo e são esto-
cados em diversos locais: na fábrica, nos centros de distribuição, nos estoques das lojas. Eles precisam
ser transportados, e, dessa forma, podem ser distribuídos por vários mercados diferentes, seja em um
mesmo país ou exportados.
Já as empresas que processam consumidores, em geral, são prestadoras de serviço. O serviço não
é tangível. Não é possível estocar um corte de cabelo, uma massagem ou um atendimento dentário. Isso
acontece porque a produção de um serviço ocorre simultaneamente à prestação do serviço. O cliente,
em geral, precisa estar presente no momento em que o serviço é prestado.
O fato de os serviços não poderem ser estocados gera uma série de dificuldades para o gestor
de operações de uma empresa de serviços. Um hotel fica com quartos vagos no período de baixa tem-
porada, o que aumenta os custos de operação, e acaba não conseguindo atender todas as reservas no
período de alta temporada, o que faz a empresa perder dinheiro e mercado. Um cabeleireiro fica ocioso
durante a semana, mas não consegue atender todos os clientes que o procuram no sábado.
Os bens e serviços podem ser classificados de acordo com sua tangibilidade. Na verdade existem
diversos produtos que apresentam serviços ligados a ele:
::: Bem tangível – consiste principalmente de algo tangível como sal, creme dental etc. Não há
nenhum tipo de serviço associado ao produto.
::: Bem tangível associado a serviços – segundo Teodore Levitt, quanto mais tecnologicamen-
te sofisticado um produto, mais suas vendas dependem da qualidade e disponibilidade de
serviços. Exemplo: carros e computadores.
::: Híbrida – a oferta consiste tanto de bens quanto de serviços. Exemplo: restaurante.
::: Serviço principal associado a bens ou serviços secundários – Exemplo: companhia aérea.
Passageiros compram o serviço de transporte que está associado a bens tangíveis como a co-
mida e bebida do avião, o jornal e revista de bordo etc.
::: Serviço puro – a oferta consiste principalmente em um serviço. Exemplo: psicoterapia e mas-
sagem.
O quadro a seguir ilustra as principais diferenças entre produtos e serviços
Quadro 1 – Diferenças entre produtos e serviços
Produtos Serviços
Características Tangíveis Intangíveis
Estratégia corporativa
Se a estratégia da empresa é se diferenciar pelo preço de seus produtos, a função produção deve
utilizar os recursos para oferecer produtos que sejam mais baratos que os produtos concorrentes, man-
tendo os níveis de qualidade exigidos pelos clientes. Já se a empresa busca se diferenciar de seus con-
correntes pela variedade de produtos oferecidos, o gestor de produção, em conjunto com as demais
funções, deve desenvolver novos processos produtivos e tecnologias que permitam à empresa atingir
seu objetivo.
O gestor de produção pode não ser o único responsável por desenvolver projetos de novos pro-
dutos ou serviços, mas precisa se envolver intimamente nessa atividade. Um projeto, ou seja, a definição
de como deve ser a forma, o aspecto, a composição de um produto ou serviço, é o ponto de partida para
que todas as estruturas da empresa, e em especial a produção, desenvolvam os processos e atividades
necessárias.
Após o projeto de um novo produto ou serviço ser definido, o gestor de produção precisa estabe-
lecer uma estratégia de manufatura ou operações, que deve levar em consideração:
::: Custos – o projeto deve buscar o menor custo de produção possível, o que significa um menor
preço de venda. O preço de venda é um dos principais aspectos que o consumidor final avalia
no momento de decidir a compra.
::: Qualidade – a busca incessante pela qualidade foi o principal diferencial competitivo das em-
presas japonesas. Atualmente, a qualidade deixou de ser um diferenciador de um produto em re-
lação ao outro, e passou a ser um requisito básico para que o produto concorra no mercado. Um
produto sem qualidade nem é considerado pelo consumidor no momento de decidir a compra.
::: Flexibilidade – é a capacidade de adaptar o produto às necessidades do consumidor. O tem-
po de vida útil dos produtos, em especial aqueles ligados à tecnologia da informação, é cada
vez menor. A estratégia de produção deve levar em consideração a necessidade de fazer mu-
danças e adaptações constantes nos produtos, como forma de manter a competitividade da
empresa.
::: Inovação – é a capacidade de investir em tecnologias e se antecipar às necessidades dos
clientes. Empresas inovadoras, como a Apple Computadores, criam tendências e necessidades
como forma de vender seus produtos, criando novos mercados consumidores.
O gestor de operações deve planejar e controlar a produção, para garantir que todas as especifi-
cações determinadas no projeto estejam sendo seguidas. O constante acompanhamento da produção
permite que o gestor possa identificar melhorias e mudanças tanto no processo de produção como no
produto em si. O gestor de produção pode identificar, com ajuda de seus funcionários, melhorias que
diminuam os custos de produção ou melhorem a qualidade dos produtos ou serviços.
Neste capítulo discutimos os conceitos e fundamentos da gestão de produção, as classificações,
recursos e tipos de operações. Esses fundamentos são importantes para que possamos conhecer os
diversos sistemas de produção e discutir o papel estratégico e os objetivos da produção.
Texto complementar
Introdução
Não faltam hoje reportagens em todas as mídias de comunicação denunciando a crise, o aban-
dono e a precariedade do sistema de saúde pública do Brasil. Faltam recursos, medicamentos, os leitos
superlotam em alguns hospitais e os custos por paciente são muito altos (MEDICI; MARQUES, 1995).
Nos Estados Unidos, foi desenvolvido um sistema que proporciona essa definição de produto
e padronização necessária ao MRP. Esse sistema, denominado Diagnostic Related Groups (DRGs) é
uma base de dados onde para cada tipo de tratamento de saúde existe uma lista com os recursos
que serão necessários e suas respectivas quantidades como medicamentos, leitos, exames, utiliza-
ção de equipamentos, tempo de internação, utilização de recursos humanos e outros.
Os DRGs apresentam variações quanto à utilização de recursos de um mesmo tratamento, de-
vido a características individuais de cada paciente. Portanto os sistemas MRP devem ser adaptados
para suportar estas variações.
OPT
Entre os métodos de gestão da produção, o OPT (Optmized Production Technology), criado por
Eli Goldrat em 1979, é um sistema computadorizado, baseado na programação linear e que visa
otimizar sistemas produtivos programando-os a partir de seus recursos críticos ou gargalos do pro-
cesso.
Segundo Corrêa e Gianesi (1992), o OPT já tem sido usado por muitas empresas e tem apresen-
tado resultados satisfatórios. Seu principal objetivo nas indústrias é aprimorar a utilização dos recur-
sos disponíveis mesmo que sejam críticos, consequentemente essa mudança de atitude propiciará
um aumento nos resultados das empresas.
Segundo a lógica do OPT, recursos não gargalos devem ser programados e dimensionados em
relação às operações críticas e essas sim devem ser otimizadas. Na área da saúde isso significa que a
programação dos seus recursos deve ser feita em relação às limitações críticas como, por exemplo,
leitos hospitalares ou pronto atendimento. Segundo Roth e Dierdonck (1991) a aplicação do OPT na
área hospitalar é bastante útil quando utilizada conjuntamente o MRP, afim de combinar a necessi-
dade de materiais com as necessidades e restrições de capacidade.
Kliemann Neto, Antunes Junior e Fensterseifer (1989) também apontam vantagens na utiliza-
ção do OPT com o JIT e MRP, pois esses dois últimos métodos possuem limitações no que se refere
a realizar a programação do sistema levando em conta os recursos críticos. Nesse caso o OPT pode
ser utilizado para tratar operações críticas e minimizar os seus efeitos sobre a estrutura de produção,
principalmente nas situações de variação de demanda, dando maior estabilidade ao MRP e JIT.
Face a necessidade dos hospitais em atender um grande número de pacientes com recursos
limitados como leitos, centros cirúrgicos e capacidade de pronto atendimento (MEDICI; MARQUES,
1995), o OPT é de grande importância para amenizar esses problemas. A aplicação do OPT na ges-
tão hospitalar passa a ser estratégica, devido o seu suporte a melhor dimensionar a utilização dos
recursos críticos como centros cirúrgicos e nas áreas de pronto atendimento [sic].
JIT
O Just in Time (JIT) surgiu na década de 1940 como base principal do Sistema de Produção
Toyota e foi desenvolvido por Taiichi Ohno. O sistema foi aperfeiçoado durante as décadas seguin-
tes até chegar a sua configuração atual. Ohno desenvolveu um sistema baseado no sincronismo
ções relativas a tratamento de paciente, aumento na qualidade dos serviços médicos e ambulato-
riais, histórico do paciente, tratamentos preventivos e, principalmente, em um melhor tratamento
com um menor custo (HAMILTON, 1995). Logo, podemos notar a importância da utilização de um
Sistema de Informação para melhorar a qualidade de tratamento e minimizar os custos.
As informações geradas pelo MRP, OPT e JIT sobre o processo produtivo podem ser utilizadas
também em simulações. A simulação permite construir e analisar vários cenários sem alterar o siste-
ma avaliado poupando tempo e recursos e melhorando, assim, a performance dos administradores
hospitalares no processo de tomada de decisão (SANTOS, 1995).
Conclusão
As atividades hospitalares são bastante diversificadas, complexas e de difícil gerenciamento,
necessitando portanto de métodos de gestão mais apropriados. Pelo estudo que foi realizado, po
demos concluir que os métodos de gestão da produção (MRP, OPT e JIT) podem ser adaptados para a
área de serviços, mais especificamente à área hospitalar. Mas devido à complexidade das atividades
hospitalares, é necessária a utilização das três técnicas em conjunto, aplicando-se o método mais
adequado para cada área. Através do estudo de suas características, concluímos que a utilização
dos métodos de gestão da produção deverão melhorar a qualidade e produtividade dos serviços
da saúde, proporcionando ainda melhor utilização dos recursos, reduzindo os custos. Como fontes
geradoras e gerenciadoras de informação, o MRP, OPT e JIT são importantes ferramentas estratégi-
cas pois melhoram o planejamento e possibilitam maior competitividade através de Sistemas de
Informações.
Atividades
1. Segundo Porter, são atividades primárias em uma organização:
a) infraestrutura da empresa, gerência de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e
aquisição.
b) logística interna, operações, logística externa, marketing & vendas e serviços.
c) compra, venda e produção.
d) estratégia de mercado, estratégia de produção, estratégia de marketing e estratégia de finanças.
2. Explique com suas palavras como Slack et al. (1996) afirmam que as fronteiras que determinam as
responsabilidades de cada uma das funções podem ser entendidas.
Gabarito
1. B
3. A
(PORTER, 1989)
Entrantes potenciais
Ameaça de novos
entrantes
Poder de negociação
Poder de negociação
dos fornecedores Concorrentes
dos compradores
na indústria
Fornecedores Compradores
Rivalidade
Ameaça de produtos
substitutos
Substitutos
Para competir em seu mercado, as empresas adotam, uma ou mais, entre três tipos de estratégia
competitiva:
::: estratégia de liderança em custos;
::: estratégia de diferenciação;
::: estratégia de foco.
Ao utilizar a estratégia de liderança em custos, a empresa busca obter vantagens competitivas
oferecendo produtos e serviços a custos mais baixos do que os concorrentes. Para alcançar custos mais
baixos, em geral a empresa desenvolve produtos padronizados, com poucas opções de mudança, pro-
duzindo-os da forma mais automatizada possível.
Já a estratégia da diferenciação nos produtos e serviços, por outro lado, busca identificar carac-
terísticas que podem ser adicionadas ao produto e que os consumidores desejem, e que justifiquem a
cobrança de preços mais elevados. A construção de uma marca forte e reconhecida pelos consumidores
é um exemplo de estratégia de diferenciação. A introdução constante de inovações tecnológicas ou o
investimento em design é outra forma de buscar a diferenciação, muito utilizada, por exemplo, pelas
indústrias fabricantes de telefones celulares.
Quando decide utilizar o terceiro tipo de estratégia, a de foco, a empresa define um segmento
de mercado mais localizado ou restrito. Empresas de turismo que se especializam em turismo para ido-
sos são um exemplo desse tipo de estratégia.
A estratégia competitiva adotada pela empresa será desdobrada em estratégias funcionais
como as estratégias de marketing, de produção e financeira.
O departamento de produção tem um papel estratégico fundamental em empresas que bus-
quem competir e sobreviver em um mercado cada vez mais globalizado. Ao adotar uma estratégia de
liderança em custos ou diferenciação, a empresa precisa levar em consideração a sua capacidade pro-
dutiva.
Em uma organização, a função manufatura tem o papel de transformar recursos (matérias-pri-
mas, informações etc.) em bens e/ou serviços. Nas últimas décadas cresceu o reconhecimento da fun-
ção produção como uma importante arma de competição. As empresas procuram desenvolver estra
tégias baseadas em suas competências de produção que lhes proporcionem vantagens competitivas
em relação aos seus concorrentes. Três fatores podem explicar essa busca:
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
A produção como fator estratégico | 47
::: A pressão cada vez maior pela busca de competitividade industrial, levando as empresas a um
processo de renovação em sua forma de realizar seus negócios e na sua estrutura organizacional.
::: O desenvolvimento de novas tecnologias de produtos e de processo de fabricação, que influen-
ciam a competitividade da empresa.
::: A conscientização dos demais gestores de outras funções sobre o importante papel da manufa-
tura nos planos estratégicos corporativos.
Slack (1993) afirma que a função produção é estratégica para a empresa pois todos os aspectos
essenciais à competitividade encontram-se no campo de atuação dessa função. Porter (1985) considera
que a empresa deve buscar desenvolver uma vantagem competitiva que a diferencie de seus concor-
rentes e que essa vantagem deve ser dificilmente reproduzível. Corrêa e Gianesi (1992) acreditam que
uma estratégia de manufatura atende a esse requisito, ao contrário de uma estratégia de marketing, por
exemplo, que pode ser facilmente copiada pelos concorrentes.
Gestores que busquem criar vantagens competitivas e aumentar a participação de sua empresa
no mercado, precisam considerar o uso da gestão da produção como um ativo estratégico. O conjunto
de decisões a serem tomadas para construir uma estratégia de produção deve estar em sintonia com a
estratégia corporativa da organização, e com as estratégias das funções marketing, finanças, recursos
humanos e outras.
Manter a superioridade
o
através da vantagem duçã
de produção a pro
d
ce nte
s Apoio externo
Ser claramente melhor o cre
ã
ibuiç
ntr Apoio interno
Co
Estar entre as melhores
Neutralidade
externa
Parar de cometer erros Neutralidade
interna
Qualidade
O primeiro objetivo de desempenho apontado pelo autor é a qualidade. É difícil captar exata-
mente conceitos complexos como esse. A qualidade de um produto ou serviço pode se relacionar com
o projeto, a concepção e a produção de um produto que satisfaça às necessidades do cliente. A qualida-
de também pode ser associada ao valor e à utilidade do produto para o cliente. Garvin (1992) acredita
que a qualidade apresenta oito dimensões ou categorias:
::: Desempenho – refere-se às características operacionais básicas de um produto. Em um carro,
aspectos como a aceleração, a velocidade e o conforto estão ligados ao desempenho. As ca-
racterísticas de desempenho variam de acordo com o produto. O silêncio em um carro rodan-
do é qualidade, portanto é uma característica de desempenho. Já o silêncio em uma lâmpada
não é característica de desempenho.
::: Características – são os aspectos que são adicionados, como “adereços” dos produtos. Uma
companhia aérea que sirva bebidas gratuitas em uma viagem de avião adiciona uma caracte-
rística de qualidade. É difícil separar ou traçar as características básicas do produto (desempe-
nho) das características secundárias.
O design é um aspecto que pode ser tanto de desempenho (o design de um carro pode melhorar
sua aerodinâmica e sua velocidade) quanto uma característica secundária. O exemplo do ventilador
Spirit, produto brasileiro cujo design foi premiado mundialmente, é um exemplo da utilização do design
como uma característica secundária diferenciadora.
<www.designbrasil.org.br/portal/em-
Confiabilidade
Em Gestão da Produção, podemos considerar que o conceito de confiabilidade apresenta duas
vertentes: na primeira, confiabilidade significa realizar as atividades seguindo um cronograma que ga-
ranta que os consumidores receberão seus bens ou serviços na data prometida. Desse ponto de vista, a
confiabilidade está ligada ao cumprimento dos cronogramas do projeto.
A outra visão do conceito de confiabilidade relaciona-se à ocorrência de falhas no produto, ou
seja, é definida então como a probabilidade de o produto operar sem ocorrência de falhas durante certo
período de tempo. Esse ponto de vista está diretamente relacionado com o conceito de confiabilidade
como uma das dimensões da qualidade descritas por Garvin (1992).
Rapidez
Na Gestão da Produção, rapidez está relacionada com o tempo que os consumidores precisam
esperar para receber seus produtos ou serviços, contado desde o momento do pedido até a sua entre-
ga. Slack et al. (1996) acreditam que a rapidez reduz estoques, impactando o custo final do produto,
e também reduz os riscos de eventos inesperados e mudanças de mercado que possam influenciar a
competitividade da empresa.
Flexibilidade
Flexibilidade pode ser definida como a capacidade de alteração da produção para atender a uma
mudança nas necessidades dos clientes. Essa mudança pode estar ligada ao que o produto faz ou como
o produto faz. Representa a capacidade da operação, introduzir no mercado novos itens de forma a
manter a competitividade da empresa no mercado.
A flexibilidade de produto ou serviço representa a habilidade de a empresa lançar novos produ-
tos ou serviços no mercado.
A flexibilidade de composto significa a habilidade de a empresa fornecer ampla variedade de
produtos ou serviços.
A flexibilidade de volume é a habilidade de a operação mudar seu nível de produção ou atividade
de forma rápida e com qualidade.
A flexibilidade de entrega é a habilidade de mudar a programação de entrega para atender a
necessidades urgentes dos consumidores.
Custo
Uma das estratégias competitivas apontadas por Porter (1985) é a liderança em custos. Se a estra-
tégia da empresa é explorar essa vantagem competitiva, a Gestão de Produção necessita produzir bens
e serviços ao menor custo possível, para que possa praticar preços agressivos no mercado, mantendo
seus índices de retorno financeiro.
Analisando em profundidade, podemos observar que os demais objetivos de desempenho (quali-
dade, confiabilidade, rapidez e flexibilidade) estão intimamente ligados à busca pela redução do custo da
organização. A busca pela qualidade total funciona como um redutor de custos, pois menos erros dimi-
nuem o índice de produtos dos refugados, os custos de retrabalhos e desperdícios de matéria-prima.
A busca de níveis de confiabilidade interna também ajuda a organização a diminuir seus custos
de operação.
Um exemplo desse impacto da confiabilidade no custo é a implantação do Kanban em uma in-
dústria. O Kanban é uma ferramenta utilizada no sistema Just in Time, e é um sistema de controle da
produção por meio de cartões de solicitação. A ferramenta proporciona redução nos estoques interme-
diários, otimização do fluxo produtivo e aumento da flexibilidade da linha de produção. Como todas
as peças, materiais e informações fluem conforme planejado, despesas com estoque de mercadorias
Texto complementar
Administração Estratégica para a qualidade em serviços
(RODRIGUES, 2008)
É frequente o desapontamento dos empresários e também dos empregados com os progra-
mas de qualidade. Quase sempre, o fracasso é creditado à forma predatória como esses progra-
mas são adaptados à cultura brasileira, seja pela rapidez com que são implantados, seja pelo lado
superficial dos pacotes de treinamento importados. Mesmo programas bem intencionados têm
fracassado.
No entanto, a gerência superior é a grande responsável por esses descaminhos, posto que a
ela deve ser creditado o poder de decidir sobre o que deve e não deve ser adotado pelas empresas.
Uma decisão dessa natureza não pode ser tomada sem um mínimo de visão, pois as consequências,
geralmente nefastas, acabam por destruir setores e até mesmo organizações prematuramente, re-
forçando a ideia de que há um ciclo de vida nesse processo, isto é, como se empresas fossem seres
vivos e sujeitas aos fenômenos da vida.
espalhando-se pelo mundo empresarial, por força dos muitos stakeholders2, exige uma nova pos-
tura dos profissionais e seus gestores. No caso brasileiro, apesar do crescente volume de empresas
certificadas em qualidade, ISO, ainda não atingimos o padrão desejado quanto aos serviços. Isso
requer mudanças de base. O equivalente a migrar da era industrial dos anos 1930, para a contem-
poraneidade de ver a qualidade praticada como a nova metodologia de trabalho com participação
institucionalizada. Nós não temos, de um modo geral, nem cultura de mudança, nem de qualidade,
basicamente por deficiências de educação, instabilidade econômica, insegurança de emprego e
falta de treinamento, acoplados a sistemas de avaliação de desempenho e planos de carreira. A
persistir esse clima torna-se inviável falar-se em qualidade e competitividade.
As nossas mazelas continuam as mesmas. Porém, no limiar da “idade dos serviços”, esse qua-
dro precisa ser irremediavelmente demovido: “É imprescindível reverter-se essa realidade crítica
quanto aos valores e à motivação dos empregados.”
O papel do ser humano no processo também revela novidades. Em termos de serviços, o con-
teúdo emocional depende de seu provedor. Todo o aspecto tangível de um serviço, portanto pode
ser posto abaixo por atitudes desastrosas das pessoas. A visão da liderança deve pois contemplar
isso. O lado intangível da qualidade em serviços aparece, ou melhor, é claramente percebido pelos
clientes, e se constitui em algo que pode ser perfeitamente agregado.
A indústria dos serviços vem evoluindo nos últimos 10 -15 anos, principalmente após a experiência
do sueco Jan Carlzon ao soerguer a Scandinavian Airlines, ao implantar sua hora da verdade e com isso
mudar o rumo da gestão empresarial, no que tange a aproximar-se do cliente. Seu modelo de adminis-
tração passou a ter muitos seguidores. Seu vizinho e parceiro, o dinamarquês Claus Moller, explica:
Para que uma empresa de serviços sobreviva, é vitalmente importante que ela registre a percepção, pelos recebe-
dores do serviço, da qualidade subjetiva. Estudos mostram que os clientes muitas vezes decidem mudar de fornece-
dores quando estão desapontados com a qualidade subjetiva de um serviço.
viabilizar a qualidade de serviços. O cenário exige e quer qualidade. Gestores contemporâneos sa-
bem. A busca do estado da arte em administração é dever de todos os administradores.
Quanto às pessoas, podemos recorrer às recomendações de Jan Carlzon:
::: toda pessoa precisa saber e sentir que é necessária;
::: todos gostam de ser tratados como indivíduos;
::: dar a alguém a liberdade para assumir responsabilidades libera recursos que de outra ma-
neira permaneceriam ocultos;
::: um indivíduo sem informações não pode assumir responsabilidades; um indivíduo que re-
cebeu informações não pode deixar de assumir responsabilidades.
O planejamento empresarial, a começar pela estratégia, não pode negligenciar esses ensina-
mentos. Evidentemente, eles ainda não constituem uma base científica de dados. Ainda não consti-
tuem ciência, pois esta está sendo feita ao mesmo tempo em que é exercitado o novo estilo de ges-
tão. O fenômeno ocorre quase simultaneamente às múltiplas qualidades exibidas pelos produtos e
divisa um homem melhor a servir-se dos sistemas ao invés de servi-lo.
Atividades
1. Segundo Porter, estratégia competitiva:
I. é o conjunto de planos, políticas, programas e ações, desenvolvidos por uma empresa ou uni-
dade de negócios para ampliar ou manter, de modo sustentável, suas vantagens competitivas
frente aos concorrentes.
II. visa estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a com-
petição industrial.
III. é a logística interna, as operações, a logística externa, marketing e vendas e serviços.
Gabarito
1. D
Já a estratégia da diferenciação nos produtos e serviços, por outro lado, busca identificar carac-
terísticas que podem ser adicionadas ao produto e que os consumidores desejem, e que justifi-
quem a cobrança de preços mais elevados. A construção de uma marca forte e reconhecida pelos
consumidores é um exemplo de estratégia de diferenciação. A introdução constante de inova-
ções tecnológicas ou o investimento em design é outra forma de buscar a diferenciação, muito
utilizada, por exemplo, pelas indústrias fabricantes de telefones celulares.
Quando decide utilizar o terceiro tipo de estratégia, a empresa define um segmento de mercado
mais localizado ou restrito. Empresas de turismo que se especializam em turismo para idosos são
um exemplo desse tipo de estratégia.
Neste curso, adotaremos a definição de Finneston, por ser mais diretamente relacionada com a
Gestão da Produção. Um projeto, a partir desse ponto de vista, apresenta algumas características funda-
mentais. Ele busca satisfazer às necessidades de consumidores, seja por meio de produtos ou serviços,
e inclui o projeto dos processos que serão utilizados para produzir esses bens.
Novos produtos podem surgir de diversas formas. Davis (2001) identifica cinco tipos de novos
produtos:
::: Produtos revolucionários – são resultado de uma grande mudança ou uma ruptura no pa-
drão tecnológico. O CD e, mais recentemente, os tocadores de mp3 são exemplos de produtos
revolucionários, que mudaram totalmente o mercado.
Para desenvolver produtos revolucionários, as empresas precisam fazer grandes investimen-
tos em pesquisa e desenvolvimento. O investimento é compensado pela vantagem competiti-
va que um produto desse tipo traz para a empresa. Tecnologias revolucionárias são, em geral,
protegidas por patentes. Os concorrentes levam um certo tempo para desenvolver tecnolo-
gias semelhantes. Durante esse período, a empresa pioneira consegue manter a liderança do
mercado sem ser incomodada por concorrentes.
::: Produtos evolucionários – diferente dos produtos revolucionários, os produtos evolucioná-
rios apresentam uma melhoria significativa em relação aos produtos atuais. Essa vantagem
pode ser uma diminuição de custos, uma melhoria de desempenho ou um novo design. Gran-
de parte dos lançamentos de novos produtos são evolucionários. A indústria automobilística,
por exemplo, incorpora pequenas melhorias e novas tecnologias em seus modelos a cada ano,
(em especial mudanças de design) e lançam os produtos como novos.
::: Extensão de produtos – são novos produtos que são lançados a partir de uma plataforma
ou base já existente. Uma empresa pode lançar no mercado uma larga variedade de modelos,
tendo como base uma mesma tecnologia.
Novamente, a indústria automobilística é um bom exemplo. Utilizando uma mesma platafor-
ma ou chassi, é comum que as empresas lancem diversos modelos de carro, como sedãs, sta-
tion wagons, caminhonetes e hatch backs.
Em geral, as extensões de produto não apresentam grandes diferenças ou inovações tecnoló-
gicas. A maioria das características que diferencia os diversos produtos da linha são, em geral,
estéticas. Como os investimentos em equipamentos, máquinas e processos de produção já
foram feitos, a empresa pode lançar novos produtos de forma rápida e a baixo custo.
Figura 1 – Exemplos de extensão de produtos: variações do modelo de carro de uma mesma marca.
::: Produtos de pesquisa básica – são resultados do investimento em pesquisa científica básica,
que não foi realizada com o intuito de lançar um novo produto. A indústria farmacêutica é um
bom exemplo de empresa que investe em pesquisa básica e acaba por lançar novos produtos
baseados nas descobertas científicas obtidas.
Um exemplo de produto proveniente de pesquisa básica é o medicamento Viagra. Inicialmen-
te pesquisado como um remédio destinado à melhoria das condições do sistema circulatório
e doenças do coração, os pesquisadores descobriram que ele apresentava um efeito colateral
que acabou por redirecionar as pesquisas e levou ao lançamento de um dos remédios mais
vendidos do mundo atualmente.
::: Produtos de parceria – os investimentos necessários para o lançamento de um novo produto
ou uma nova tecnologia são cada vez maiores. Muitas empresas não possuem o capital finan-
ceiro e intelectual para investir em pesquisas de longo prazo. Por essa razão, muitas empre-
sas buscam parceiros com os quais possam dividir os custos e os benefícios do novo produto.
A parceria pode envolver outras empresas ou institutos de pesquisa ligados a universidades
e outros.
Em mercados como o farmacêutico e o de produtos eletrônicos, é comum que, mesmo empre-
sas concorrentes, invistam em conjunto no desenvolvimento de novas tecnologias que darão
origem a diversos produtos, de ambos os parceiros.
Para a Gestão da Produção, o desenvolvimento de projetos de novos produtos ou serviços, inclui
o desenvolvimento de um projeto dos processos e fluxos de produção necessários para produzi-los.
Na figura 2, podemos conhecer as atividades que compõem um projeto em Gestão de Produção,
segundo Slack et al. (1996):
Triagem
Arranjo físico
Projeto preliminar e fluxo
Avaliação e
melhoramento Tecnologia de Projeto de
processos trabalho
Prototipagem e
projeto final
A geração do conceito
Novos conceitos de produto surgem tanto de fontes externas, como consumidores, concorrentes,
novas tecnologias e pesquisas de mercado, quanto de fontes internas da organização, como sugestões
dos funcionários da linha de produção e de atendimento aos clientes ou do departamento de pesquisa
e desenvolvimento. O conceito de um novo produto visa a uma solução que satisfaça o conjunto dos
requisitos. As qualidades desejadas que produzem valor ao cliente e ao acionista, e que assegurem van-
tagem para a empresa frente aos competidores.
Diversas empresas desenvolvem programas de incentivo, para que os funcionários sugiram no-
vos produtos e serviços que possam atender às necessidades e aos desejos dos clientes.
A Natura, uma das mais criativas e inovadoras indústrias brasileiras, é uma das empresas que in-
centiva a criação de novas ideias e projetos de produtos provenientes das mais variadas fontes.
A figura 3 exemplifica conceitualmente o processo de inovação da Natura, que é chamado de
inovação aberta, pois combina ideias internas e externas:
Ideias
(CHESBROUGH, 2003)
Projetos de
pesquisa
Fronteiras da
empresa
Novo produto
1 Significa “tempestade de ideias”. A ferramenta é usada na geração de ideias para solucionar um determinado problema. É uma reunião de
uma equipe diversa, na qual as ideias lançadas por uma pessoa inspiram outras pessoas e, assim, as ideias melhores são escolhidas para serem
implantadas.
Triagem
A empresa pode ter diversas ideias de novos conceitos de produtos ou serviços. Porém, nem
todas essas ideias serão viáveis ou interessantes. Algumas delas podem gerar bons produtos, mas que
não são economicamente viáveis. Outras podem não ser tecnicamente possíveis de serem fabricadas.
Outras ideias podem não estar ligadas ao mercado já atendido pela empresa e necessitarem de inves-
timentos que a empresa não deseja fazer. Os índices de novos produtos que fracassam são muito altos.
Novos produtos fracassam por muitos motivos:
::: ignorar ou interpretar mal as pesquisas de mercado;
::: superestimar o tamanho do mercado;
::: altos custos de desenvolvimento;
::: apresentarem um projeto insatisfatório;
::: posicionamento incorreto, pelo uso de propaganda ineficaz ou preço errado;
::: apoio insuficiente à distribuição;
::: concorrentes que reagem com rapidez.
Vários fatores aumentam a possibilidade de novos produtos serem bem-sucedidos. Dentre eles,
podemos destacar o desenvolvimento de um produto único e superior, com conceito bem definido de
produto.
Uma avaliação cuidadosa do mercado-alvo, dos requisitos e dos benefícios do produto aumenta
a sinergia do marketing e da tecnologia. A Gestão da Produção deve se preocupar com a qualidade de
execução em todas as etapas, como forma de aumentar a probabilidade de sucesso do novo produto.
A empresa precisa definir um processo de triagem ou seleção das ideias que surgem. Muitas ou-
tras empresas usam o sistema de “portão”, no qual o processo é dividido em etapas. Em cada etapa há
um “portão” ou ponto de controle. Para transpor a etapa do plano de negócio e chegar à de desenvol-
vimento do produto, a alta gerência analisa os critérios em cada portão. Isso ocorre a fim de julgar o
projeto, e tomam uma das quatro decisões possíveis: deixam passar o projeto, cancelam, aguardam ou
reciclam a ideia.
O processo do portão pode ser melhor entendido por meio da figura 4:
SIM SIM
Comercialização NÃO Devemos modificar o NÃO
As vendas do produto atendem às expectativas? produto/programa de MKT
Ao analisar cada ideia, a empresa deve utilizar um conjunto de critérios para tentar responder algu-
mas perguntas: o produto atende a uma necessidade real dos clientes? Oferece um valor superior? Pode
ser anunciado de maneira diferenciada? A empresa tem o know-how2 e o capital necessários para desen-
volver o produto? O novo produto fornecerá o volume de venda, crescimento e o lucro esperados?
O projeto preliminar
O próximo passo no desenvolvimento de um novo produto, após uma ideia ou conceito ter pas-
sado pela triagem, é o desenvolvimento de um projeto preliminar.
Nessa etapa importante, serão materializadas ideias e conceitos em um protótipo do produto,
para que sejam realizadas análises, críticas e o conceito possa evoluir. Nesse momento do projeto, são
discutidas as formas e dimensões do produto, assim como suas funções. São verificadas as partes, pe-
ças, equipamentos e sistemas necessários para a produção, e realizados testes e ensaios funcionais e de
limites operacionais.
Se necessário, são realizadas homologações junto a órgãos de controle e também validações com
grupos teste.
2 Corpo de conhecimentos, técnicos e de outra natureza, necessários para dar a uma empresa acesso, manutenção ou vantagem no seu pró-
prio mercado.
Texto complementar
O QFD auxiliando o projeto de novos
produtos nas organizações em aprendizagem
(FERROLI; FERROLI; FIOD NETO, 2008)
Para Dimancescu e Dwenger (1997), o processo de criação de novos produtos é fator decisivo
para uma empresa, tendo influência direta nas perspectivas futuras desta. Os autores divulgaram re-
cente pesquisa realizada nos Estados Unidos que mostra que na década de 1990, aproximadamente
80% dos novos produtos lançados nos países industrializados foram fracasso de vendas.
A baixa taxa de aceitação dos novos produtos está diretamente relacionada ao novo perfil do
consumidor, descrito segundo Morrinson (1997) como: mais inteligentes, mais ricos, mais exigentes
e com altas expectativas de qualidade, serviço e design, além de desejarem preços baixos.
Para buscar atender a esse “novo” consumidor, as equipes de projeto de produtos dispõem
atualmente de diversas propostas de metodologias e filosofias que objetivam auxiliar os projetistas
nas suas tarefas. Back e Forcelini (1997) enumeram vários métodos como o DFLC (Projeto para o Ci-
clo de Vida do Produto), o DFC (Projeto para Custo), o IPD (Desenvolvimento Integrado do Produto),
o CE (Engenharia Concorrente), o SE (Engenharia Simultânea), e muitos outros.
Uma das metodologias mais bem aceitas para o processo de projeto é o QFD, ou Desdobra-
mento da Função Qualidade, também conhecido como casa da qualidade. A definição do QFD as-
sumida atualmente foi criada em 1972, com aplicações bem-sucedidas nas empresas Mitsubishi e
Toyota, sendo rapidamente difundida no Japão. Convém, no entanto, ressaltar que a corrente da
Toyota (normalmente a utilizada nas indústrias) constitui-se de uma tabela bidimensional denomi-
nada matriz o que/como, não expressando a totalidade do QFD (OHFUJI, 1997).
A simples aplicação do QFD não constitui qualquer garantia de sucesso para o produto, pois isso
somente será possível se a empresa tiver um ambiente propício, que permita que a metodologia seja
aplicada na íntegra. Do contrário, acontecerá com o QFD o mesmo equívoco que já aconteceu com
outras metodologias, ou seja, estar-se-á usando-o como uma simples ferramenta da qualidade.
Para assegurar esse “ambiente propício”, a primeira, e talvez mais importante condição, é o
diálogo entre as pessoas de uma organização. Esse diálogo não se refere simplesmente à equipe
diretamente comprometida com a criação de novos produtos, mas sim envolve toda a estrutura or-
ganizacional. Senge (1990) definiu o diálogo como o elemento básico à aprendizagem em equipe.
Assim, o autor defende que o ambiente propício para a criação de novos produtos está de acordo
com o conceito da organização que aprende (learning organization), e explica: “Um grupo poderia
estar estudando como seria possível melhorar seu processo de desenvolvimento de produtos, mas
sua maneira de realizar o estudo envolve uma profunda reflexão sobre seus próprios pressupostos
e formas de operação nesse sistema. Essa mistura técnica e comportamental está incrustada nas
disciplinas básicas, que vão de profundamente pessoais – domínio pessoal e modelos mentais – a
altamente conceituais – pensamento sistêmico” (SENGE, 1990, p. 25).
[...]
Nos últimos anos, houve proliferação de novas filosofias, ferramentas, metodologias e méto-
dos, além da inclusão de novos fatores que provocaram profundas transformações na tarefa de
projetar. Entre essas, destacaram-se a busca pela Qualidade Total, que introduziu as normas da sé-
rie ISO 9000, e ferramentas como CCQs (Círculos de Controle da Qualidade), PDCA, 5W1H, 5S etc.
(HARRINGTON, HARRINGTON, 1997); a preocupação ambiental, que mostrou a importância dos pro-
dutos ecologicamente corretos, da reciclagem, do aproveitamento dos resíduos e subprodutos etc.
(DONAIRE, 1995); o estudo da adaptação do trabalho ao homem e do reprojeto de ferramentas e
máquinas, visando ao combate à fadiga, a esforços repetitivos e a posturas incorretas, entre outras,
conhecido como ergonomia (IIDA, 1990) e a globalização da economia que causou o surgimento de
novas tecnologias, novos consumidores e novos mercados (MORRINSON, 1997).
Esses fatores alteraram profundamente a maneira de projetar novos produtos. A busca pela
qualidade total promove a integração dos setores, nos quais os projetistas precisam estar atentos
para as necessidades dos clientes (internos, externos e intermediários), além de constantemente
observar as mudanças ambientais e as inovações da concorrência. Assim, a estrutura de uma organi-
zação passa a ser completamente revista. [...] Observam-se três setores básicos de uma organização:
finanças, marketing e produção. Diferente do que ocorria no passado, quando haviam “barreiras”
entre os setores, atualmente estes são obrigados a ter maior inter-relacionamento. Desse modo, o
marketing não pode “vender” ou “divulgar” o que ainda não foi “fabricado” ou “testado”; a produção
não pode mais “virar as costas” às inovações ou a novos produtos e/ou métodos de confecção sim-
plesmente porque a mão de obra está acostumada a fabricar de uma maneira e uma mudança pode
levar à necessidade de treinamentos; as finanças precisam deixar de controlar os custos e passar a
gerenciá-los, sabendo o que realmente custa cada atividade, e assim por diante.
[...]
Conforme comenta Harmon (1993), o mundo está cheio de exemplos de produtos mal proje-
tados. As fábricas estão acostumadas com o grande número de mudanças de engenharia que se
seguem à produção inicial de novos produtos, e também com as alterações da ferramentaria. Já os
consumidores estão acostumados com a decepção, sendo quase normal esperar que os produtos
comecem a se deteriorar, ou apresentar defeitos, logo depois de comprados.
Isso indica que as empresas precisam rever o sistema de projeto de novos produtos, e que a
racionalização da linha de produção, a padronização e as melhorias de desempenho dos compo-
nentes, por si só, já não são mais suficientes. Conclui-se, portanto, que o projeto inicial, na maioria
das vezes, não ficou tão bom como o esperado.
Na tentativa de solucionar esse problema, surgiu o QFD. Segundo Eureka e Eureka (1993), o
QFD é um caminho sistemático que visa a garantir que o desenvolvimento das características e das
especificações de um produto (ou serviço), bem como o desenvolvimento de metodologias, pro-
cessos e controles, sejam orientados pelas necessidades dos clientes. Assim, o QFD busca ouvir o
que dizem os clientes, descobrir exatamente o que eles querem e utilizar um sistema lógico para de-
terminar a melhor forma de satisfazer as necessidades desses clientes com os recursos existentes.
O principal objetivo do QFD é buscar assegurar a qualidade de um produto a partir de sua con-
fecção. Back e Forcelini (1997) explicam que o QFD é eficiente para transladar vontades de clientes
(natureza abstrata) em dados concretos de projeto.
Para Ohfuji (1997), existem atualmente seis importantes equívocos em relação ao QFD que
precisam ser esclarecidos: fazer do QFD uma simples elaboração de uma matriz que relaciona os “o
que” com os “como”; considerar o QFD como uma ferramenta da qualidade; ter dúvidas quanto ao
uso, por acreditar que o QFD demora para ser implantado; separar QFD de TQM (Gestão da Qua-
lidade Total), como se fossem coisas distintas; considerar o QFD simplesmente como um método
para desenvolver novos produtos; e achar que a implantação do QFD resulta na necessidade da
elaboração de numerosas matrizes.
A primeira etapa da construção da casa da qualidade é a determinação das necessidades dos
clientes (NC). Essas são obtidas junto a todos os tipos de consumidores, que podem ser externos, inter-
mediários ou internos. Logo, ao relacionarem-se as necessidades dos clientes, buscam-se não só as es-
peradas pelo cliente final, mas também todas as que possam ser úteis na cadeia produtiva, envolvendo
pelo menos quatro grupos de necessidades: operação (manuseio), transporte, segurança e aparência.
A seguir, busca-se a determinação dos requisitos da qualidade (ou os “como”, como é usual-
mente conhecido), que se constitui basicamente por transformar as necessidades coletadas dire-
tamente dos clientes (geralmente com características abstratas e de difícil mensuração) em lingua-
gem técnica. Nessa etapa, tem-se um número expressivo de necessidades dos clientes e requisitos
da qualidade, sendo que alguns estão mais inter-relacionados com os outros. Através de técnicas
coletivas, como o brainstorming (por exemplo), uma equipe multidisciplinar tenta indicar, de forma
qualitativa, o quanto cada RQ se relaciona com cada NC. Para isso, existem convenções de sinais, que
podem serem obtidos nos livros que tratam do assunto.
Ohfuji (1997) explica que o grande desafio do QFD é a garantia da qualidade. O autor comple-
menta: “No caso da introdução do QFD, é necessário definir o objetivo. Se o objetivo é o desenvol-
vimento de um novo produto, então é necessário compô-lo de tal modo a implementar eficiente-
mente este desenvolvimento. Se, por outro lado, o objetivo é a garantia da qualidade dos produtos
que a empresa oferece, deve-se construí-lo de modo a garantir seguramente as suas qualidades”
(OHFUJI, 1997, p. 2).
A importância da discussão do QFD deve-se principalmente ao dilema do gerenciamento da
melhoria contínua, apontado por Harrington e Harrington (1997) como primordial para que uma
empresa vença no ambiente competitivo do momento.
Segundo os autores citados, existem atualmente centenas de ferramentas da qualidade e pelo
menos cinco diferentes metodologias, todas competindo por recursos financeiros limitados e todas
sendo defendidas, por seus seguidores, como solução ótima. Essas metodologias são a Gestão do
Custo Total, a Gestão da Qualidade Total, a Gestão da Produtividade Total, a Gestão dos Recursos
Total e a Gestão da Tecnologia Total.
Baseado nisso, as empresas podem ser classificadas em vencedoras, sobreviventes e perdedoras,
sendo vencedoras aquelas que conseguem um bom trabalho no sentido de distribuir os recursos
de melhoria entre as cinco abordagens, mudando a ênfase no momento correto. Sobreviventes são
aquelas que adotaram uma das abordagens e fixaram-se a ela dogmaticamente, ignorando as de-
mais. Já as perdedoras ficam deslocando-se aleatoriamente entre uma e outra abordagem, sem ex-
plicar a ninguém que direção estão seguindo.
Defendendo, portanto, uma solução de gerenciamento pleno, como adotado pelas empre-
sas vencedoras, Harrington e Harrington (1997) afirmam que o QFD é a mais compreensiva técnica
desenvolvida até hoje para garantir que as exigências dos clientes sejam definidas e cumpridas.
Para os autores, o QFD constrói um sistema da qualidade “natural” para a organização seguir, cuja
qualidade está embutida no produto. Ou seja, o QFD serve para integrar os diferentes passos de
desenvolvimento de um produto ou serviço em um único processo. [...]
Atividades
1. São conceitos de projetos:
I. Segundo o PMBoK, projeto é um desenho com todos os dados necessários para a construção
de um produto.
II. É o processo conceitual através do qual algumas exigências funcionais de pessoas, individu-
almente ou em massa, são satisfeitas através do uso de um produto ou de um sistema que
deriva da tradução física do conceito.
III. Segundo o PMBoK, projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, ser-
viço ou resultado exclusivo.
2. Explique, com suas palavras, as diferenças entre o conceito de projeto do PMBoK e o conceito de
Finneston.
Gabarito
1. D
3. Ele busca satisfazer às necessidades de consumidores, seja por meio de produtos ou serviços, e
inclui o projeto dos processos que serão utilizados para produzir esses bens.
Istockphoto.
nas quais ocorre a injeção do metal em um molde especial de
aço que tem a forma quase definitiva da roda, em um sistema
chamado de fundição a baixa pressão. Eixos eram torneados um
a um, em tornos mecânicos. Hoje, tornos CNC automatizados
produzem milhares de eixos. Operários furavam as chapas e co-
locavam rebites manualmente. Presentemente, robôs realizam
soldas automáticas em pontos pré-programados.
As inovações em materiais também levam a mudanças
nos processos de fabricação. Os fabricantes de bebidas sempre
utilizaram garrafas de vidro, que precisam ser lavadas, higieni-
zadas, e ter sua integridade verificada. A introdução das em-
balagens Pet mudou todo o processo produtivo desse tipo de
fábrica. Lavadoras e sistemas de verificação tornaram-se inúteis,
enquanto equipamentos necessários para se moldar as garrafas
precisaram ser introduzidos na linha de produção.
As máquinas ferramentas são utilizadas para transformar Robôs em uma linha de produção.
fisicamente um corpo no sentido geométrico (forma), ou no
sentido dimensional (medida). A transformação física busca dar a um elemento uma forma diferente
da inicial. Para que as máquinas ferramentas possam fabricar peças com formas e dimensões precisas, é
necessário realizar um conjunto determinado de movimentos.
O movimento principal nas máquinas ferramentas pode ser dividido em dois tipos: rotativo ou
retilíneo. O movimento principal pode ser realizado tanto pela peça como pela ferramenta. Nos tornos,
o movimento principal é a rotação da peça trabalhada; já nas fresadoras e furadeiras, a ferramenta é que
gira. As máquinas ferramentas podem ser classificadas segundo a sua finalidade ou inter-relacionando
os movimentos principais da ferramenta e da peça a ser trabalhada.
As principais máquinas ferramentas utilizadas na indústria são:
::: Tornos – máquinas ferramentas que permitem transformar uma peça fazendo-a rodar em tor-
no do seu eixo geométrico.
::: Furadeiras – executam furos, abrem roscas etc., com uso de ferramentas cortantes.
::: Fresadoras – executam um trabalho no qual a ferramenta (fresa) gira com movimento unifor-
me, arrancando a apara.
::: Limadores – uma ferramenta monocortante se move com movimento retilíneo alternativo
sobre a superfície plana de um corpo.
::: Plainas mecânicas – executam um trabalho de aplainar com um movimento principal execu-
tado pela peça a trabalhar fixada sobre a mesa.
::: Retificadoras – executam a correção das imperfeições em superfícies tanto de peças de ferro
fundido ou aço quanto de materiais não metálicos.
::: Mandriladoras – são máquinas ferramentas que executam diversas operações, em peças vo-
lumosas.
::: Serrotes mecânicos – permitem o corte de materiais de diferentes dimensões.
Tecnologias de processamento
de informação
As tecnologias de processamento de informação são utili-
zadas tanto em operações industriais como em operações de ser-
viços. Qualquer dispositivo que colete dados, manipule-os, trans-
Sistema flexível de manufatura.
forme-os em informações e distribua essas informações, pode ser
considerado como tecnologia de processamento de informação e envolve tanto as baseadas em com-
putadores quanto as baseadas nas telecomunicações.
A utilização da tecnologia de informação nas empresas começou em funções administrativas, e
migrou para a função produção, com o desenvolvimento das máquinas CNC, robôs e sistemas flexíveis
de manufatura.
Inicialmente, os equipamentos utilizados para o processamento de informações, os computa
dores, eram grandes e centralizavam todas as informações da empresa. Era comum existirem os Centros
de Processamento de Dados (CPD) nas empresas, nos quais ficavam localizados os grandes computado-
res. Todas as atividades de processamento de informações eram centralizadas e realizadas pela equipe
de informática.
O desenvolvimento e o barateamento dos equipamentos permitiram que ocorresse a descentra
lização dessas atividades: seja nas funções administrativas, seja na função produção, os computadores
estão presentes em quase todos os postos de trabalho. Com o auxílio da tecnologia de telecomunica-
ção, estão até mesmo fora da empresa com os vendedores, nos caminhões de entrega, com os fornece-
dores e com os clientes. Eles coletam dados e os transmitem em tempo real para serem analisados auto-
maticamente, permitindo a tomada de decisão.
O Electronic Data Interchange (EDI – Troca Eletrônica de Dados) é uma tecnologia de processa-
mento de informações que utiliza sistemas de telecomunicações entre empresas que se relacionem
comercialmente, substituindo o fluxo de papéis e reduzindo os custos dos processos mercantis. Para
isso, os computadores das empresas precisam estar conectados por sistemas de telecomunicações. O
EDI permite ganhos de competitividade e de produtividade para ambas as empresas.
Já os Sistemas de Informações Gerenciais (SIG) são sistemas de transformação de dados em in-
formações necessárias ao processo decisório da empresa. Os sistemas de informações gerenciais tra-
zem benefícios, como: a redução de custos nas operações, a melhoria no acesso às informações, na
produtividade e na tomada de decisões. Isso porque possibilitam informações mais rápidas e precisas,
reduzindo o grau de centralização de decisões na empresa e melhorando a flexibilidade para enfrentar
acontecimentos não previstos. Exatamente por essas características, os sistemas de informação geren-
cial são muito utilizados pelos gestores de produção em suas atividades de planejamento e controle.
1 Processo utilizado pelas companhias aéreas para confirmar a chegada do passageiro ao aeroporto, reservando seu assento no voo desejado.
2 Via internet.
Ingresso Online.
sumidor são aquelas nas quais o consumidor está em
contato físico com a tecnologia, mas não tem influência
sobre as decisões. Um exemplo bem simples é uma esca-
da rolante. É uma tecnologia que processa consumidores
(leva-os de um andar a outro), com a qual o consumidor
entra em contato físico direto e sobre a qual não há o po-
der de escolha (ele não pode mudar o local da escada).
Aviões, ônibus, máquinas de diálise são outros exemplos
desse tipo de tecnologia.
As tecnologias com interação ativa do consumidor
são aquelas nas quais o consumidor opera os equipamen-
Sistema de reserva de assentos utilizado pela
tos. Um caixa eletrônico de um banco, totens de auto-
empresa Ticket Master.
atendimento automático instalados em lojas, máquinas
Texto complementar
A utilização do EDI (Eletronic Data Interchange) como uma
ferramenta de integração entre os parceiros de negócios
(BITTAR, 2008)
A competição global evidenciou a necessidade do compartilhamento de informações entre os
projetistas do produto, fabricantes e distribuidores. Como resultado, muitas companhias necessi-
tam do fluxo de informação através da cadeia de valores (suprimentos), desde a compra de matéria-
-prima e componentes, P&D, manufatura para distribuição e marketing, e suporte de produtos no
pós-vendas (CASH; KONSYNSK, 1985; CLEMONS; MCFARLAN, 1988; GURBAXANI; WHANG, 1991). O
estabelecimento dos sistemas de informação interorganizacionais (BARRET; KONSYNSKI, 1982) me-
lhoraram a dinâmica dos negócios através do fornecimento oportuno do compartilhamento das
informações. O EDI é uma nomenclatura universal para padronizar “Eletronic Data Interchange”,
conforme a norma ISO 9735. Seus conceitos foram inicialmente desenvolvidos na França, desde
1987, sendo que o número de aplicações vem crescendo rapidamente.
O EDI foi definido pela padronização Francesa (MARCILLET, 1994), EDIFRANCE, como: “trans-
ferência de dados de computador para computador, entre parceiros de negócios (PRESTON, 1988;
HINGE,1988), usando mensagens eletrônicas de dados, estruturados e agrupados, na forma de men-
sagens padrões, dessa forma, favorecendo a diminuição de custos, e aumentando a produtividade
da companhia, melhorando os procedimentos, e reduzindo custos. Essa é uma nova forma de comu-
nicação entre parceiros econômicos, nos quais os documentos em papel não são mais necessários”.
Sendo de vital importância as normalizações, para que as transações via EDI sejam bem-su-
cedidas. Esse assunto é um dos principais problemas da Implantação do EDI ao longo da Cadeia de
Suprimentos, pois as companhias podem adotar padrões diferentes de EDI (MALO, 1996).
Para resolver os problemas de padronizações, muitas empresas utilizam as VANs (Value Added
Network Services). Os dados para uma transmissão via EDI necessitam estar estruturados, tais como:
número do produto, nome do cliente, quantidade etc. Devemos diferenciar o EDI do eletronic mail,
onde os dados devem ser transmitidos de um ad hoc enquiry, contendo forma não reconhecida. O
EDI pode ser visto como um sistema de cooperativa, requerendo a colaboração de pelo menos duas
partes, usualmente com diferentes objetivos de negócios.
Esse sistema de cooperativa pode envolver as corporações e seus fornecedores e clientes; cor-
porações e seus bancos, entre as join ventures de uma companhia, ou entre competidores (PRESTON,
1988). Para muitos, se não para todos os negócios, o EDI é uma etapa inicial radical, ele envolve não
somente um investimento em hardware e software, taxas de network e custos de desenvolvimento,
entretanto, mais significante ainda, é um repensar do relacionamento entre cliente e fornecedor, uma
adaptação nas práticas de trabalho, e uma dramática alteração no ciclo de negócios (PRESTON, 1988).
Na reposição automática de estoques feita através do EDI, por exemplo, são enviados diaria-
mente para o fornecedor os dados do movimento de saída de seus produtos das lojas dos clientes.
O sistema vai controlando os dados do estoque até que, atingido um certo limite predeterminado,
ele próprio ordena a reposição dessa mercadoria automaticamente, enviando já uma nova remessa
de produtos e emitindo as notas fiscais. Dessa forma, elimina-se a necessidade do pedido, podendo
ficar a cargo do próprio fornecedor o controle do estoque do cliente (Tecnologística, set. 96).
O EDI oferece um grande número de vantagens, entre as quais pode-se citar:
::: a economia de tempo, devido ao aumento da velocidade na troca de informações;
::: reduções: de pessoal, de papel, de inventário, do tempo para o ciclo de transações comer-
ciais do lead time (WANG; SEIDMANN, 1995);
::: a qualidade da informação, pois diminui a possibilidade de erros de processamento, du-
rante a troca de informações;
::: permite uma ligação muito próxima com o fornecedor;
::: facilita a coordenação do fluxo de material num ambiente JIT (SRINIVASAN et al., 1994);
::: a confiabilidade e disponibilidade da informação, pois a circulação de informações não
depende do movimento físico de documentos, no qual somente o operador que possui o
documento tem acesso às informações (MARCILLET, 1994; PRESTON, 1988).
O conceito do EDI não é novo, sua origem vem dos Estados Unidos, quando nos anos 1960
vários setores industriais (companhias aéreas, indústria automobilística e saúde) tentaram estabe-
lecer o EDI, mas se comparado com a tecnologia atual, os padrões eram insuficientes e o sistema
de comunicação inflexível. O primeiro caso prático de aplicação do EDI deu-se no LACES (London
Airport Cargo EDP Scheme), sistema para fretes no aeroporto Heathrow em Londres. Introduzido no
início dos anos 1970, esse sistema foi bem-sucedido e convenceu os descrentes de que segurança e
confidenciabilidade não eram mais itens insuperáveis. De fato ficou demonstrado que o EDI oferece
mais do que um método para manuseio de dados de negócios. Entretanto, tão importante quanto
o LACES, muitos fatos foram cruciais para a adoção do EDI (PRESTON, 1988).
O EDI no Brasil
Embora há muito tenha deixado de ser novidade, a prática do EDI encontra-se no Brasil, em
estágios distintos; a indústria automobilística e os bancos já utilizam intensamente; outros come-
çam a adotar, pressionados por seus grandes clientes, e muitos ainda mal sabem do que se trata.
Estes últimos que se cuidem, porque o EDI já é fator eliminatório na hora da escolha de um parceiro
(Tecnologística, set. 96).
As VANS, que prestam serviços no Brasil, são unânimes em afirmar que, se por um lado a pro-
cura pelo EDI vem crescendo em proporções astronômicas no Brasil – principalmente no segmento
mercantil – por outro lado ainda é grande o número de empresas que sequer ouviram falar dele.
Desconhecimento, curiosidade, receio, necessidade. Esses são os ingredientes básicos de quem
opera esse serviço pela primeira vez, não necessariamente nessa ordem.
O EDI é um tipo emergente de padronização de sistemas de informações interorganizacionais
(WANG; SEIDMANN, 1995). A adoção do EDI traz vantagens para os compradores e desvantagens
para outros fornecedores. Como resultado, os compradores dão um preço prêmio aos fornecedores
que adotam EDI, e incrementam seus volumes de vendas e compartilhamento de mercado. Em mui-
tos casos, onde, a adoção do EDI é essencial para o comprador conseguir os benefícios desejados, e
para os fornecedores essa implementação é cara, então, o comprador pode subsidiar o fornecedor
nessa implementação. Enquanto o EDI reduz os custos de transações dos compradores, tem tam-
bém como resultado um aumento dos custos diferenciais.
O rápido desenvolvimento do EDI e o impacto da sua documentação na manufatura mundial
despertaram a importância desses elementos. Deveria um grande comprador tal como o Walmart
(SCHILLER, 1992) mandar que seus fornecedores adotassem o EDI, ou deveria fornecer incentivos
através de subsídios, para encorajar seus fornecedores a adotarem o EDI voluntariamente? Esse
assunto é polêmico e foi evidenciado por Wang e Seidmann (1995).
O estabelecimento do EDI tem grande impacto nas políticas de inventário das empresas e prá-
ticas de manufatura. Kekre e Mukhopadhyay (1990) investigaram o efeito das transações de EDI no
inventário, qualidade dos produtos, e lead time de 65 fornecedores com um dos maiores produtores
de aço dos Estados Unidos. Suas descobertas foram no sentido do grande interesse da capacidade
do EDI para sincronizar a produção e abrandar os impactos negativos do processo de incertezas.
A boa vontade dos fornecedores para a implementação do EDI é relativa, e depende da quan-
tidade e preço comercializados, os custos da implementação do EDI, e o número e a individualidade
dos participantes (WANG; SEIDMANN,1995), segundo Clark (1990), uma indústria descobriu que o
recrutamento para parceiros no comércio eletrônico é geralmente o elemento mais caro na implan-
tação do programa do EDI.
A utilização do EDI entre os parceiros de negócios traz muitas vantagens para todos, mas exis-
tem muitos problemas a serem sanados, para uma implementação completa do EDI, sendo um dos
principais problemas a falta de uma padronização internacional.
Atividades
1. Sobre as tecnologias de processo:
I. Máquinas, equipamentos e dispositivos que ajudam a produção a transformar materiais, infor-
mações e consumidores de forma a agregar valor e atingir os objetivos estratégicos da produ-
ção.
II. Um telefone, computador, torno mecânico etc. são exemplos de tecnologias de processo.
III. São as tecnologias embutidas em um produto. Exemplo: a tecnologia que permite que as câ-
meras tirem fotos e as guardem em formato digital em um cartão de memória.
2. Explique quais são as funções e conhecimentos que o gestor de produção precisa ter para desen-
volver um projeto de processo.
c) Um projeto de processo de produção define como o produto deve ser e todas as suas caracte-
rísticas.
d) O projeto de um produto ou serviço define como a empresa irá produzi-lo.
Gabarito
1. B
2. O projeto de processo é função do gestor de produção. Para desenvolver essa atividade, ele deve
ser capaz de entender como a tecnologia pode melhorar a eficácia da operação e deve se envol-
ver na escolha das tecnologias de produção. É sua função monitorar o desempenho das tecnolo-
gias utilizadas pela empresa e substituí-las sempre que necessário.
3. A
PCP
planejamento de
recursos de
longo prazo
previsão de
demanda
planejamento
longo prazo agregado
da produção
médio prazo
planejamento de planejamento e
materiais controle da
capacidade
planejamento e programação e
controle da sequenciamento
distribuição da produção
Vendas
(MARTINS, 1993, p. 65)
ciclicidade projetada
no futuro
ciclicidade no passado
tendência projetada
tendência no passado no futuro
Mas como prever a demanda de um novo produto? Pode se usar métodos qualitativos, que se
baseiam em opiniões de especialistas, análises de tendências e pesquisas de mercado. Sistemas de pre-
visão de demanda mais avançados, que utilizam computadores e modelos de cálculos, em geral, utili-
zam tanto dados quantitativos quanto qualitativos. Sistemas de previsão devem ser precisos, simples e
flexíveis para se ajustar às mudanças.
A sazonalidade da demanda ocorre, quando os consumidores buscam o produto ou serviço de
forma mais intensa em um determinado período de tempo. Imagine uma fábrica de sorvetes: o consu-
mo de sorvetes é muito maior nos meses de verão que nos meses de inverno. Porém, a empresa precisa
ter capacidade de produção para atender à alta demanda do verão, senão perderá oportunidades de
negócios e abrirá campo para o crescimento dos concorrentes. Nos meses de inverno, grande parte da
capacidade de produção dessa fábrica fica ociosa, pois não há demanda suficiente. Não adianta fabricar
sorvetes que não serão vendidos.
Já a sazonalidade da oferta está ligada à capacidade dos fornecedores. Vamos continuar analisan-
do nossa fábrica de sorvetes. Se um dos sabores produzidos é o de morango, e acontece uma quebra
na safra dos morangos, motivada por alterações climáticas, a empresa terá dificuldades em conseguir a
matéria-prima necessária, e provavelmente, terá que redimensionar seu planejamento de produção.
A sazonalidade é um dos itens que mais influencia o planejamento da capacidade. Alguns pro-
dutos apresentam uma sazonalidade anual, como o sorvete. Alguns produtos apresentam uma sazo-
nalidade semanal. Hotéis e pousadas localizados no litoral apresentam uma alta demanda nos fins de
semana. Durante a semana, é provável que a maioria dos quartos fique vazia. Outros produtos apre-
sentam uma sazonalidade diária. Um restaurante tem uma grande demanda nos horários de almoço e
jantar, e fica ocioso durante o restante do dia. A figura 4 exemplifica a demanda em diferentes tipos de
organização.
200
Quartos vendidos 120
Unidades por mês
150 100
80
100 60
50 40
20
0 0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Istockphoto.
Digital Juice.
200
Toneladas por mês 150
Receita mensal
150
100
100
50 50
0 0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
O gestor de produção deve determinar uma forma de lidar com a sazonalidade que impacta o
planejamento de produção. Para Slack et al. (1996), há três opções para lidar com essas variações.
A primeira delas é simplesmente ignorar a sazonalidade e manter a capacidade de produção de
forma constante durante todo o período. No caso da produção de produtos não perecíveis, essa alter-
nativa até pode ser levada em consideração, pois mantém o nível de empregos e garante baixos custos
de produção, já que poucas alterações são incorporadas no decorrer do período. Porém, cria uma série
de desvantagens, sendo que a principal delas é a criação de grandes estoques, tanto de matérias-primas
quanto, principalmente, de produtos acabados. Sendo que o estoque é um dos principais custos da
empresa. A manutenção de altos estoques pode diminuir a capacidade da empresa de competir no
mercado.
A segunda opção é acompanhar a demanda, ou seja, adequar a capacidade de produção à de-
manda em cada período de tempo. A principal dificuldade de adotar essa política está relacionada à
mão de obra. Os custos trabalhistas de contratar, treinar e desenvolver pessoas nos momentos de pico
para depois dispensá-las nos momentos de baixa demanda são altíssimos. Em geral, esse tipo de políti-
ca só é adotada em operações que processam clientes, como hotéis ou lojas de varejo. É comum que as
lojas contratem pessoas nos períodos de Natal, no qual as vendas explodem, e as demitam no início do
ano. Também pode ser adotada em operações que lidam com produtos perecíveis ou na agropecuária.
É comum que as grandes fazendas contratem pessoas somente no momento da colheita da safra.
A terceira opção, que não envolve somente a Gestão das Operações, mas também as áreas de Mar
keting e Vendas, é a de tentar ajustar a demanda à capacidade. A ferramenta mais utilizada para tentar
gerenciar a demanda é o preço, que pode ser alterado de acordo com a necessidade da empresa como
forma de atrair clientes. Hotéis costumam baixar o preço das diárias na baixa temporada, como forma de
atrair clientes e aproveitar a capacidade instalada. Cinemas fazem promoções nos dias de menor movi-
mento, como a quarta-feira, para aumentar o fluxo de clientes.
Planejamento de Materiais,
Programação e Sequenciamento
da Produção e Controle da Produção e Materiais
Para executar de forma eficiente o plano de produção, evitando paradas desnecessárias ou es-
toques superdimensionados, o gestor deve realizar um levantamento completo e detalhado das ne-
cessidades de materiais, matérias-primas, equipamentos e ferramentas. Esse levantamento, também
chamado de Planejamento de Materiais, é comparado com informações do estoque, possibilitando ao
gestor determinar a quantidade e o momento exato nos quais cada um dos produtos e materiais deve
ser fabricado ou comprado. Como se pode observar, o planejamento de materiais está ligado direta-
mente ao controle de estoques de matérias-primas, produtos em processo e produtos acabados.
Uma das funções da Gestão da Produção é produzir bens com o menor custo possível. Estoques
desnecessários, estejam eles em qualquer ponto do processo produtivo, geram uma série de custos:
representam capital de giro parado, ocupam espaço, precisam ser controlados, transportados e manu-
seados, se estragam e tornam-se obsoletos.
Por isso, um correto Planejamento de Materiais reduz os níveis de estoque, diminui os custos
e contribui para que se atinjam as metas da produção, garantindo um diferencial competitivo para a
empresa.
Os estoques existem porque sempre haverá uma diferença de ritmo entre um processo a ser reali-
zado no fluxo de produção e o processo seguinte. Mesmo operações que utilizem o sistema Just in Time,
que diminui consideravelmente os estoques na cadeia de produção, algum nível de estoque sempre
existe. Segundo Slack et al. (1996) existem pelo menos quatro tipos de estoque.
::: Estoque isolador ou estoque de segurança é feito para que se compense as incertezas quanto
ao fornecimento ou a demanda. Em uma empresa varejista, como uma loja, sempre é necessá-
rio manter um certo nível de estoque de segurança, pois pode haver um consumo inesperado
de um determinado produto, que fuja das médias de demandas calculadas. Na fabricação, as
empresas sempre mantêm um estoque de matérias-primas para evitar que um atraso do for-
necedor prejudique seu plano de produção.
::: O estoque de ciclo ocorre porque nem sempre a empresa pode produzir todos os produtos
ao mesmo tempo. Assim, mesmo que a demanda não apresente sazonalidade, em determina-
dos períodos são fabricados lotes que geram um estoque que será consumido no período en-
tre a fabricação desse lote e do próximo. Uma padaria fabrica pães em fornadas. No momento
em que a fornada é terminada, existe um estoque que será consumido nas próximas horas, até
a fabricação de uma nova fornada.
::: Estoques de antecipação são aqueles que são construídos para atender uma demanda fu-
tura, pois se a empresa deixar para fabricar o produto somente naquele momento pode não
ter capacidade de atender todos os pedidos. Normalmente os estoques de antecipação são
utilizados em produtos que apresentam alta sazonalidade. Se a Lacta ou a Garoto deixarem
para fabricar ovos de chocolate apenas no período da Páscoa, provavelmente não conseguirão
atender a todos os pedidos. Dessa forma, essas empresas começam a fabricar os ovos bem an-
tes do período e constroem grandes estoques que atenderão a demanda no momento certo.
::: Estoques do canal acontecem porque a empresa precisa distribuir seus produtos até o consu-
midor final. Para isso, utiliza centros de distribuição, atacadistas e varejistas, que fazem a ope-
ração logística necessária para distribuir os produtos. Em cada um dos pontos dessa cadeia de
distribuição, serão formados estoques isoladores.
A Programação e Sequenciamento da Produção busca aumentar a utilização dos recursos, reduzir
o estoque em processo e reduzir os atrasos no término dos trabalhos. É através dessa atividade que o
gestor determina o prazo das atividades a serem cumpridas, por meio das ordens de fabricação. Resen-
de (1989) afirma que existem três níveis de programação:
::: nível de planejamento da produção, que define as quantidades de cada tipo de produto que
devem ser fabricados em cada período de tempo;
::: nível de emissão de ordens, que determina os itens que devem ser reabastecidos em cada
data;
::: nível de liberação da produção que determina quando é necessário iniciar a fabricação e quan-
to é preciso trabalhar em cada uma das operações.
Para realizar o Planejamento de Liberação da Produção, o gestor tem que conhecer o tempo de
passagem de cada componente, o tempo de processamento e de montagem de cada operação, os
tempos de movimentação e espera entre cada operação.
Já o Controle da Produção e Materiais é a atividade que acompanha a fabricação e compra dos
itens incluídos no planejamento. Ao desenvolver essa atividade, o gestor recolhe dados ligados à quan-
tidade de horas trabalhadas, de refugos, de material utilizado e as horas gastas. Esses dados permitem
que o gestor, quando necessário, incorpore mudanças e faça reprogramação para ajustar os resultados
obtidos aos objetivos estratégicos da empresa.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
90 | Planejamento e Controle da Produção
Texto complementar
Gestão da Capacidade e da Demanda em Serviços Logísticos
(FIGUEIREDO, 2008)
gestão de capacidade em serviços oferece uma série de “truques” à disposição dos gerentes in-
teressados em ajustar oferta e demanda, ou seja, procurar diminuir o gap existente entre capa-
cidade e demanda naqueles períodos em que a oferta supera a demanda ou naqueles em que a
demanda supera a capacidade.
Trabalhando a Capacidade
O gerente de um serviço tem mais poder para trabalhar a oferta do que a demanda. Afinal, a
oferta fica dimensionada a partir dos recursos da empresa e, obviamente, tais recursos são variáveis
controláveis pela gerência.
Serviços móveis/distribuir a capacidade em locais especiais: a flexibilidade de locação pode
aumentar a utilização das instalações, alocando dinamicamente o fornecimento dos serviços mais
perto da demanda potencial. É útil quando a demanda varia geograficamente por um período de
tempo.
Compartilhamento de Capacidade, inclusive com competidores: quando é necessário investir
em equipamentos caros cuja capacidade é superior à necessidade, pode-se pensar em comparti-
lhar seu uso com outras empresas que passam por situação semelhante. Trata-se de uma prática
comum, por exemplo, entre empresas de aviação que compartilham assentos em determinados
voos, pessoal e equipamentos de terra (escadas, transportadores de bagagens etc.) em aeroportos
em que operam com pequena frequência.
Tecnologia para economizar tempo: pode aumentar significativamente a eficiência das ins-
talações e aumentar a capacidade do sistema. Os códigos de barras e suas múltiplas aplicações
constituem um bom exemplo de economia de tempo em operações de armazenagem. Já nas ope-
rações de transporte, os software de roteirização são um ótimo auxílio na otimização dos tempos de
entrega ao programar eficientemente a coleta e entrega de encomendas.
Pré-processamento de pedidos: a natureza de alguns serviços permite a execução de certas tare-
fas antes que o serviço seja realmente executado. Essas etapas pré-processadas constituem um buffer
para enfrentar as horas de pico. A possibilidade do pré-processamento está altamente correlacionada
com o grau de padronização dos produtos e processos. Muitas empresas de serviço usam o pré-pro-
cessamento da informação para reduzir o tempo de serviço. Exemplos conhecidos são os de restau-
rantes delivery ou companhias de rádio táxi que unicamente com o número do telefone do cliente já
sabem o endereço, o pedido mais comum ou o roteiro que o cliente faz com maior frequência, agili-
zando o atendimento e aumentando a capacidade dessa operação.
Padronizar as operações em determinados períodos, inclusive eliminando certas atividades: se
a capacidade é escassa em alguns períodos, fazer um estudo das atividades que mais consomem ca-
pacidade e verificar oportunidades de padronizá-las. Algumas inclusive podem ser temporariamen-
te eliminadas. Empresas que vendem poucos produtos altamente padronizados têm vantagem por-
que isso aumenta a eficiência de suas instalações de serviço. A padronização permite uma previsão
de demanda mais precisa, minimizando um dos complicadores do gerenciamento da capacidade.
Aumentar o quadro de funcionários e/ou empregar mão de obra em tempo parcial: aumentar
o quadro de funcionários para acomodar o pico de demanda é uma alternativa útil em alguns tipos
de operações de serviços. Muitas empresas contratam mão de obra temporária para enfrentar a alta
demanda nos últimos meses do ano. O ciclo do pico de demanda varia de acordo com o tipo de ne-
gócio que pode corresponder a certas horas do dia, certos dias da semana, certas semanas do mês
ou certos meses do ano. A utilização de mão de obra em tempo parcial pode ser uma opção quan-
do os picos de demanda ocorrem de uma forma previsível e consistente. Nesses casos, a empresa
normalmente mantém uma base de funcionários em tempo integral que opera o sistema durante
as horas de baixa demanda e contrata funcionários para trabalhar em curtos períodos do dia para
atender aos horários de pico.
Empregados multifuncionais: uma vez que um sistema de serviços pode envolver a realização
de atividades que requerem habilidades diferentes e que a demanda por essas atividades pode va-
riar, empregados capazes de executar tarefas diversas podem ser realocados no sistema, permitin-
do que um pico de demanda por uma determinada atividade seja mais facilmente atendido. Além
disso, essa estratégia diminui a monotonia da função e aumenta o conhecimento e o envolvimento
do empregado com o processo. Alguns supermercados, por exemplo, treinam seus repositores de
estoque para trabalhar como caixa. Quando o gerente identifica um aumento nas filas dos caixas,
estes repositores são convocados para atender a demanda nos check outs.
Aumento da participação do cliente: a utilização do próprio cliente na realização de algumas
atividades durante a prestação de serviços pode ser uma maneira de aumentar a capacidade do sis-
tema. A participação do cliente realizando ou facilitando a realização de algumas atividades reduz
tempos, aumentando a capacidade do sistema como um todo. Para isso, o cliente deve ser bem
informado de como executar a tarefa que lhe cabe e deve perceber algum benefício, como descon-
to ou agilização do processo. A operação de recebimento de pedidos, por exemplo, pode ter sua
capacidade aumentada se o próprio cliente já dispor de um formulário com os itens que a empresa
vende, os códigos desses itens etc. Pedidos feitos via internet cumprem esse papel.
Estender ou redistribuir horários de atendimento: para atender a demanda sem expandir a
capacidade física, pode-se ajustar o horário de funcionamento. Alguns serviços têm essa flexibili-
dade e assim conseguem aumentar sua oferta. As entregas noturnas são um bom exemplo, princi-
palmente em determinadas zonas em que no horário normal o trânsito é caótico, há restrições de
estacionamento, há uma série de outros fornecedores fazendo entregas etc.
Oferta de serviços complementares: esse mecanismo, especialmente compatível com serviços
altamente sazonais, permite que dois ou mais serviços sejam oferecidos em diferentes períodos
do ano a fim de se estabelecer uma demanda mais homogênea. Um exemplo seria as empresas de
manutenção de equipamentos de refrigeração, que poderiam consertar ar condicionado no verão
e aquecedores no inverno, quando a demanda diminui.
Serviços feitos para “lotes” de clientes: é uma maneira excelente de aumentar a eficiência e
a flexibilidade quando o serviço pode ser executado simultaneamente para um grupo de clientes.
Algumas empresas de serviço têm a flexibilidade de aumentar o tamanho do “lote” para responder
a aumentos de demanda (economia de escala). A consolidação de cargas é um exemplo que se
enquadra nesse tipo de mecanismo. Entretanto o tempo necessário para a formação do lote pode
significar a perda do cliente que não está disposto a receber o serviço no prazo que convém a em-
presa e não a ele.
Pequenos investimentos para eliminar gargalos: quando um serviço é prestado através de
uma sequência de processos, é preciso conhecer os tempos de execução em cada processo para
identificar o gargalo do sistema. Isso porque a capacidade do sistema fica determinada pelo pro-
cesso mais lento.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Planejamento e Controle da Produção | 95
Conclusão
O gerente interessado em buscar o equilíbrio entre oferta e demanda em seu sistema de pres-
tação de serviços dispõe de um razoável leque de alternativas. Dependendo do serviço, algumas al-
ternativas são mais aplicáveis do que outras. É preciso ter um bom conhecimento sobre a estrutura
dos custos de servir e sobre as reações dos clientes dos diversos segmentos que a empresa atende.
Neste artigo oferecemos alternativas para tentar ajustar a capacidade a demanda.
Atividades
1. Sobre as tecnologias de processo:
I. somente nas indústrias é preciso desenvolver planos para que se alcance os objetivos traçados
pela estratégia adotada.
II. na Gestão da Produção, o processo de organização dos recursos e controle dos planos é co-
nhecido como Planejamento e Controle da Produção (PCP).
III. por meio dos planos, os gestores organizarão os recursos necessários para a ação, sejam eles
humanos, de conhecimento ou físicos. É necessário também controlar a execução desses pla-
nos para a correção de possíveis desvios e também para identificar melhorias que possam ser
implantadas, aumentando a eficiência do sistema.
2. Com base nas definições de Planejamento e Controle da Produção dadas na aula, explique qual a
função do gestor de produção.
Gabarito
1. D
2. Para Zacarelli (1979), é um conjunto de funções que se relacionam e que tem como objetivo co-
mandar o processo de produção, coordenando seus esforços com os demais setores da empresa.
Já Martins (2005) acredita que o principal objetivo do PCP é comandar o processo de produção.
É por meio do planejamento e do controle da produção que informações provenientes dos mais
variados setores (figura 1) são transformados em ordens de produção e de compra. Já para Slack
et al. (1996) o propósito do planejamento e do controle da produção é garantir que a produção
ocorra de forma eficaz e atinja seus objetivos, ou seja, produza produtos e serviços conforme o
que foi planejado.
3. B
produção e buscar ganhos de escala. A alta produtividade é garantida pela produção de uma linha
restrita de produtos, o que incrementa a utilização dos recursos de produção, evitando a ociosidade
desses recursos.
A Administração Científica considera que a constituição de estoques pode ser utilizada para amor-
tecer os diversos fatos não previstos no planejamento do Sistema de Produção, além das mudanças da
demanda que ocorrem por motivos externos à empresa. Como um dos princípios da Administração
Científica é a diluição de custos fixos, os sistemas MRP consideram o cálculo do lote econômico de pro-
dução como forma de diminuir as paradas relacionadas à troca de ferramentas, o que leva a fabricação
de grandes lotes de produção, ocasionando a constituição de grandes estoques de produtos em pro-
cesso, nos diversos pontos da linha de produção.
Nesse tipo de sistema, o planejamento e controle da produção ocorre externamente ao Sistema
de Produção. Esses sistemas planejam, controlam e supervisionam todos os recursos da empresa e são
centralizados em órgãos como a Engenharia de Manutenção. Os trabalhadores e gestores da produção
apenas cumprem ordens. Cada trabalhador realiza apenas as funções ligadas à sua especialidade, e não
tem uma visão sistêmica da organização. A mão de obra é extremamente especializada, e por isso pou-
co flexível e adaptável a trocas de funções. Esse é um pressuposto básico da Administração Científica
que está espelhado nos sistemas MRP.
A escolha de fornecedores segue o princípio de cotações constantes e a escolha do menor custo.
Isso reforça a necessidade de se constituir estoques de segurança, que serão utilizados para absorver
possíveis atrasos nas entregas dos fornecedores. Apesar de serem baseados nos mesmos princípios, o
MRP e o MRP II são sistemas bastante diferentes. Na verdade, o MRP é apenas uma pequena parte do
MRP II, sistema bem mais amplo e que auxilia no gerenciamento de toda a produção.
Os sistemas MRP dividem os itens em estoque em duas categorias: itens de demanda depen-
dente e itens de demanda independente. Os produtos finais são de demanda independente: a quanti-
dade necessária a ser produzida deve ser prevista com base no mercado consumidor. Já os materiais e
peças que compõem esse produto final possuem uma demanda dependente dele, ou seja, podem ser
calculados com base na demanda de produtos finais. Uma lista de materiais, que define a quantidade
de componentes necessários para se produzir um determinado lote do produto final pode então ser
elaborada.
O sistema leva também em consideração os lead times (ou tempos de espera) de obtenção dos
componentes. Dessa forma é possível calcular com precisão as datas que os mesmos serão necessários
na linha de produção e as datas nas quais os pedidos devem ser feitos ao fornecedor, considerando o
lead time de entrega de cada fornecedor.
Para se implantar de forma bem-sucedida o MRP, é necessário que o sistema seja adequado e cus-
tomizado ao fluxo de produção da empresa. Os operários e gestores de produção precisam ser adequa-
damente treinados e a direção da empresa precisa estar comprometida com as mudanças necessárias
para o correto funcionamento do sistema.
Registros Registros
Transações de dos status de Sistema estrutura do
estoques estoques MRP produto
Ordens
de compra
Planejamento
das prioridades
Integridade
das prioridades
Programa das
ordens
planejadas
Controle de
desempenho
Relatório
das exceções
A implantação de um Sistema MRP traz uma série de benefícios para a Gestão da Produção, como
uma redução significativa do custo de estoque já que o sistema evita compra desnecessária de mate-
riais; maior eficiência na emissão de ordens e na programação da produção, pois somente são produ-
zidas as quantidades necessárias de produtos no momento exato; a redução dos custos operacionais e
aumento da eficiência da fábrica.
Para que o sistema traga todos esses benefícios, é importante que os dados de entrada sejam
verificados e validados. Martins (1993) aponta que a entrada de informações erradas leva a emissão
de ordens de fabricação e compra incorretas. O cuidado com a qualidade da informação deve ser uma
preocupação constante do gestor de produção. A figura 2 ilustra o fluxo de informações de entrada e
saída de um Sistema MRP.
Inicialmente, os planejamentos de materiais eram emitidos a cada semana e eram totalmente
replanejados e reemitidos na próxima semana. Não havia a preocupação de realimentar o sistema com
as informações para verificar se os objetivos haviam sido atingidos e se os planos novos eram atingíveis.
Esse tipo de sistema era conhecido como sistema de ciclo fechado.
O fechamento do ciclo de planejamento envolve comparar os planos de produção com os recur-
sos disponíveis. A capacidade de produção é verificada ao longo de todo o processo e revisada caso os
planos propostos não sejam viáveis. Os sistemas MRP utilizam três rotinas de planejamento para realizar
essas comparações:
::: O plano de necessidades de recursos envolve a análise de longo prazo para prever necessida-
des de novas unidades de produção.
::: O plano de capacidade a grosso modo – Rough-Cut Capacity Plans (RCCP), que controlam os
Programas-Mestres de Produção.
::: Os planos de necessidade de capacidade – Capacity Requeriments Plans (CRP), que controlam
e projetam a carga de produção diária. A figura 3 ilustra essas três rotinas.
Plano de
Apesar de todas as vantagens apontadas, o sistema MRP também apresenta algumas desvanta-
gens. Como é um sistema bastante complexo, precisa de uma grande quantidade de dados de entrada,
que devem ser corretamente inseridos e validados; o sistema também não considera a existência de
gargalos de produção, ou seja, alguns pontos do fluxo de produção que não apresentam a mesma ve-
locidade que o restante da linha. Assim, a programação de produção pode não ser compatível com a
capacidade produtiva real.
Gestão da
demanda Registro da
estrutura do
Planejamento produto
Mestre da
Produção
Planejamento
Status
bruto da Sistema MRP
dos
capacidade
estoques
Sistema SFC
Sistema CRP
Finanças
Roteiro
de
fabricação
1 Tempo de reabastecimento, desde a geração de uma necessidade até sua efetiva entrega e disposição ao uso.
Assim como o MRP II, o software OPT também é composto por módulos. No caso do OPT, esses
módulos são:
::: OPT, que realiza a programação dos recursos restritivos;
::: BUILDNET que cria e mantém a base de dados utilizada;
::: SERVE que ordena os pedidos de utilização de recursos e programa os recursos considerados
não gargalos;
::: SPLIT que separa os recursos em gargalos e não gargalos.
O OPT, apesar de implantação cara e alguns problemas de levantamento e manutenção de dados,
é considerado por muitos autores como uma alternativa para os problemas de planejamento e controle
das operações.
Texto complementar
Fatores críticos na implementação de sistemas MRP IIs
(BARBASTEFANO, 2008)
Introdução
MRP II é uma filosofia de gerenciamento que engloba toda a organização, tornando mais efi-
cientes e eficazes seus processos de manufatura e distribuição através da redução de estoques, do
planejamento de suprimentos e da análise de demanda. Ao contrário do que diz o senso comum, o
MRP II é bem mais que um simples pacote computacional, demandando envolvimento e compro-
misso de todos os membros da organização.
Durante a implementação de um sistema MRP II são enfrentadas algumas barreiras às mudan-
ças que essa implementação proporciona. Isso pode determinar o sucesso ou o fracasso do novo
sistema de gerenciamento. Neste trabalho trataremos do gerenciamento das mudanças e dos seus
fatores críticos ao sucesso baseado em experiências verificadas em diversas empresas.
1 Proximidade entre o valor obtido experimentalmente e o valor verdadeiro na medição de uma grandeza física.
Visibilidade da implementação
Fornecer uma visão clara das mudanças que um sistema MRP II significa e divulgar todas as
etapas de implementação aos membros da organização evita que ocorram surpresas e permite o
aparecimento de uma discussão global acerca das mudanças.
Treinamento e educação
Segundo Corrêa, dois dos principais responsáveis pelas implementações de sucesso, o trei
namento e a educação devem atingir “no mínimo 80% de todos os componentes da organização”
(HABECK, 1996) pelo menos na fase inicial de implementação. Os envolvidos não só devem enten-
der a parte do sistema com a qual vão ter contato, mas também a lógica global do sistema para que
compreendam a importância de fatores como: entrada precisa de dados e atualização dos sistemas
em tempo real.
Deve-se criar um ambiente de “reunião de negócios” onde existam agendas, objetivos e re-
gistro dos fatos, auxiliando na criação de times de trabalho autodirigidos. Simulações em sala são
altamente recomendáveis para que os membros da organização possam ter um acesso mais direto
ao sistema antes da sua efetiva implementação.
::: Software: deve permitir facilmente a execução das seguintes tarefas: transferência de da-
dos, atualização e registro das listas de materiais, determinação das paradas para prepa
ração e manutenção de máquinas, e sobretudo permitir a execução de cenários do tipo
what if, comparando diversos programas de produção com base na eficiência, níveis de
estoque e serviço ao cliente.
Conclusão
Neste artigo abrangemos dez fatores críticos mais comuns ao sucesso de implementação de
sistemas MRP II, detalhando suas implicações técnicas e humanas sobre os diversos departamentos
da organização. Muitas variáveis devem ser analisadas de forma integrada, nunca isoladamente, tais
como: complexidade das estruturas e variabilidade dos lead-times envolvidos, o grau de centraliza-
ção da tomada de decisões etc. (CÔRREA, 1993).
Todo o cuidado deve ser dedicado ao processo de implantação de um sistema MRP II, sendo
vários os casos de insucesso em função, basicamente, da falta de atenção suficiente a pontos como
educação, treinamento, empenho organizacional e gerenciamento da implantação.
Atividades
1. Sobre os sistemas de PCP:
I. baseado nos conceitos da Administração Científica de Taylor e Ford, o foco do MRP II é a divi-
são de tarefas, especialização do trabalho e linhas de montagem.
II. o Just in Time (JIT): que tem sua origem na Teoria das Restrições.
III. os sistemas MRP consideram o cálculo do lote econômico de produção como forma de dimi-
nuir as paradas relacionadas à troca de ferramentas.
2. Explique como a função produção auxilia a empresa a atingir a meta de ganhar dinheiro, segun-
do Goldratt.
Gabarito
1. D
2. Goldratt e Cox (1993) afirmam que a meta principal das empresas é ganhar dinheiro. Todos os
sistemas e funções da empresa, incluindo o sistema de produção, contribuem para atingir essa
meta. O sistema de produção atinge seu objetivo atuando sobre três medidas:
::: Ganho: ou seja, a forma como a empresa gera dinheiro através das vendas de seus produtos.
::: Inventário: é o dinheiro investido na compra de matérias-primas envolvidas na produção.
::: Despesa operacional: é o gasto para transformar o inventário em ganho.
3. B
Os custos de produção
Para melhor entender o foco do sistema Just in Time na redução dos custos, é preciso entender de
forma geral como são classificados os custos em uma empresa. A contabilidade de custos (área da con-
tabilidade que lida com o entendimento e gestão dos custos) os divide em duas categorias: os custos
fixos e os variáveis.
Os custos fixos são aqueles ligados à infraestrutura da organização, como edificações, mão de
obra indireta, setores não diretamente envolvidos na atividade de produção, equipamentos e outros.
Os custos variáveis são todos aqueles ligados diretamente à produção da empresa: matéria-pri-
ma, materiais intermediários, mão de obra direta, a energia gasta nos equipamento etc. O resultado da
soma dos custos fixos com os custos variáveis nos dá o custo total.
Muitos custos variáveis podem não ser facilmente identificáveis. Devemos classificar como custos
variáveis financeiros o tempo de espera entre uma atividade e outra de produção, o tempo parado das
máquinas, os estoques, matérias-primas de produtos em processamento e de produtos acabados, o
tempo de transporte das peças de um local para outro. Todos esses tempos podem ser considerados
custos financeiros, pois o dinheiro investido fica parado e deixa de produzir. Outro tipo de desperdício é
o custo das peças que apresentam problemas de qualidade. O custo pela má qualidade é gerado pela
falta de qualidade do processo produtivo. É exatamente nesse tipo de custo que o sistema Just in Time
atua. Busca eliminar os custos financeiros e os de má qualidade.
Pela filosofia do Just in Time, só se considera custo as matérias-primas e atividades realmente
necessárias para transformação que resultará no produto final, embalado e entregue ao cliente, que
geram valor agregado ao produto.
Todas as atividades e materiais que não contribuam para a transformação física do produto são
considerados desperdícios. Mesmo atividades como transportar peças de uma operação para outra,
contar, inspecionar, estocar e, principalmente, retrabalhar peças rejeitadas por falhas na qualidade não
acrescentam nenhum valor agregado à peça. São desperdícios.
Ciclo PDCA
Dois princípios são fundamentais para o sucesso do JIT:
::: A necessidade da interação contínua entre o planejamento e a execução: a principal ferramen-
ta para se colocar na prática essa interação é o ciclo de melhoria, de Shewhart, mais conhecido
como ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act). O PDCA é uma ferramenta simples e poderosa, intro-
duzida no Japão na década de 1950 pelo Dr. Deming. O foco principal do PDCA é o cliente, seja
ele interno ou externo. A figura 1 ilustra o ciclo PDCA:
Educação e
Verificar efeitos
treinamento
Vendas Produção da produção
Executar o
trabalho
Verificar Fazer
::: O desenvolvimento de uma mentalidade de trabalho em equipe: a crença que sustenta esse
princípio é que todas as pessoas têm conhecimentos e podem contribuir para as soluções dos
problemas da empresa. Nesse ponto, o sistema JIT difere totalmente da Administração Cientí-
fica de Taylor, que defende a separação entre planejamento e execução. A valorização do ho-
mem dentro do sistema JIT leva à descentralização da autoridade e ao empowerment, ou seja,
a transferência do poder aos operários, que devem usar seus conhecimentos e sua inteligência
para solucionar os problemas da empresa, o que gera mais comprometimento. A solução dos
problemas deve surgir do trabalho em equipe, formada por pessoas motivadas.
Ferramentas JIT
Algumas das ferramentas são utilizadas para analisar, avaliar e transformar todas as atividades do
processo de produção, buscando eliminar os desperdícios e aumentar a produtividade. Vamos discutir
brevemente cada uma delas.
Redução de setup
O setup é o tempo de preparação das máquinas e equipamentos, para a produção de lotes peque-
nos de forma a atender com mais flexibilidade as exigências do mercado.
T T
A B
FR P
Automação
Utilizada para adquirir vantagem competitiva em custo, em complemento da técnica de produção
celular e operador polivalente, a automação busca eliminar tempos ociosos do operador e aumentar a
eficácia da produção. A automação permite a redução do lead time1 e o aumento da produtividade.
Balanceamento da produção
Está ligado à produção de lotes pequenos, para que a fábrica se torne flexível e possa atender às
mudanças de demanda. Para conseguir implantar o balanceamento da produção e atingir a flexibilida-
de desejada, o sistema JIT precisa utilizar mão de obra polivalente e garantir a autonomia aos supervi-
sores e grupos de trabalho.
Garantia da qualidade
É o coração do sistema JIT. Todas as ferramentas estão estruturadas para garantir a qualidade de
produto e aumentar a confiança do consumidor. A preocupação com a qualidade deve existir desde
o início do projeto de desenvolvimento de novos produtos. A garantia da qualidade no sistema JIT se
baseia na melhoria contínua dos processos por meio da utilização do PDCA, e não na inspeção final do
produto já acabado, como nas manufaturas tayloristas.
O sistema Kanban
O Kanban é uma ferramenta de controle da produção. São utilizados cartões, nos quais o centro
produtivo seguinte determina a fabricação do lote de um centro produtivo imediatamente anterior.
O objetivo do Kanban é minimizar os estoques do material em processo, já que só são produzidos
lotes na quantidade necessária, no momento certo em que esse material será utilizado.
No sistema MRP, baseado na Administração Científica, é conhecido como push system ou sistema
de produção empurrada. O MRP, de posse da quantidade de produtos que devem ser produzidos em um
determinado período, emite ordens de serviço para todos os centros produtivos envolvidos. Cada centro
realiza sua atividade e “empurra” seus produtos em processo para o próximo centro de produção. Caso
esse centro de produção se encontre sobrecarregado ou atrasado em função de algum problema, os
produtos em processo se acumulam, formando um estoque e gerando desperdício financeiro.
No sistema Just in Time, o ritmo da produção é ditado pela linha de montagem final. Assim que
necessita de peças para realizar a montagem final, ela autoriza, por meio do cartão Kanban, os centros
de produção anteriores a fabricar um novo lote de peças. Esse sistema é conhecido como pull system, ou
sistema de produção puxada, pois cada processo puxa a produção do processo anterior. Como as peças
só são produzidas quando há necessidade real, o Kanban evita a formação de estoques intermediários.
O cartão Kanban traz informações como o código, a descrição e a quantidade de peça, o tamanho
do lote a ser produzido, o centro de produção solicitante e o local de armazenagem.
1 Tempo de reabastecimento, desde a geração de uma necessidade até sua efetiva entrega e disposição ao uso.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
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Sistemas de Planejamento e Controle: Just in Time | 117
Produção nivelada
Texto complementar
Estudo de caso sobre o planejamento e controle da produção de uma
empresa no segmento de minério de manganês e ferroligas de manganês
(ALVES, 2008)
Atualmente, analisando a dinâmica e evolução dos sistemas de produção, percebemos que
custo e qualidade se tornaram premissas básicas de quaisquer sistemas produtivos. A busca pela
competitividade e excelência organizacional forçou as empresas a reafirmar fatores antes subju-
gados a repensar sua estrutura produtiva. Atividades de planejamento estratégico e ajustamentos
operacionais tornaram-se fundamentais para ganhos de produtividade e competitividade, e hoje
são diferenciais nas empresas que se posicionam satisfatoriamente no mercado. Assim, a função
produção vem assumindo um papel cada vez mais estratégico na determinação do grau de compe-
titividade das empresas.
Nesse quadro, o processo de Planejamento e Controle da Produção (PCP) passa a cumprir um
papel fundamental nas empresas, à medida que o mesmo tem um forte impacto no desempenho
da função produção.
Estudo de caso
Dados gerais da empresa
O estudo foi realizado numa empresa líder de mercado no segmento de Minério de Manganês
e Ferroligas de Manganês. Essa empresa atua no mercado internacional, com plantas na França e
Noruega, e no mercado nacional, com unidades produtivas implantadas em Minas Gerais, Mato
Grosso do Sul e Bahia, que são responsáveis pela produção interna de 600 mil toneladas de ferro-
ligas de manganês e 3,3 milhões de minério de manganês por ano. Possui aproximadamente 800
colaboradores nas unidades de Minas Gerais e tem como principais clientes pessoas jurídicas, em
geral, empresas nacionais e intenarcionais do setor siderúrgico.
De acordo com dados fornecidos pela indústria, aproximadamente 90% do manganês pro-
duzido no mundo é consumido pela indústria siderúrgica. Ele é utilizado como elemento de liga e
desoxidante moderado. Em aços de baixo carbono, o manganês residual aumenta a sua dureza e re-
sistência. Como elemento de liga, o manganês permite a fabricação dos chamados aços manganês
austeníticos, com elevada dureza superficial. Em aços ferramenta, a presença do manganês melhora
a temperabilidade. Em associação com o enxofre, o manganês é utilizado nos aços de usinagem
fácil. Ele não é reciclável e não possui um substituto econômico.
A sequência e execução das Ordens de Produção (OP) não são definidas pelo PCP. A empresa
trabalha no sistema de produção puxada, onde o sequenciamento das OPs estão subordinadas ao
Gerente de Produção. Este de posse de um Plano de Produção previamente discutido e acordado
entre PCP e Produção libera as ordens. No entanto, o PCP possui formulários e procedimentos para
controlar e acompanhar a produção, no sentido de verificar se o que foi planejado realmente está
sendo executado. Essas informações e apontamentos reais sobre a produção são obtidas através de
preenchimentos de formulários de papel e também por meio de computadores, geralmente ao fim
do dia. Os dados capturados pelos sistemas de informação provêm do próprio setor produtivo, que
muitas vezes dão entrada pelo próprio CIM (Computer Integrated Manufacturing) ou até mesmo pelo
software de ERP da empresa.
Esse acompanhamento do PCP permite detectar rapidamente desvios entre o planejado e o
executado, permitindo assim replanejar a produção e buscar as causas dos desvios. Esse replane
jamento envolve PCP, setores envolvidos diretamente na produção, manutenção e gerência da fá-
brica. No entanto, devido às características do processo e por se tratar de fornos que operam na
capacidade máxima, erros observados entre a produção real e programada são extremamente
prejudiciais, sendo necessário utilizar estoques de segurança ou até mesmo reduzir oferta no mer-
cado. Essas diferenças entre o planejado e o produzido se dão em grande parte por quebras de equi-
pamentos (paradas não previstas) e qualidade da matéria-prima utilizada. Ainda em relação a iden-
tificação das causas dos desvios, caso essas diferenças estejam relacionadas ao setor produtivo, é
convocada reunião com o setor de produção (podendo envolver setor de manutenção e matérias-
-primas) para busca de solução. Em relação ao acompanhamento e controle da produção, são ge-
rados gráficos de produção com horizonte diário, mensal e anual. São usados indicadores de ma-
nutenção, disponibilidade física e utilização da capacidade produtiva. O rendimento do ciclo de
produção é também acompanhado, permitindo ajustar o sistema produtivo e os processos. Esses
dados oferecem completo embasamento ao setor de manutenção, que pode criar seus planos de
manutenção preventiva com maior eficiência.
A qualidade da produção é constantemente avaliada. Todo o sistema é controlado por Contro-
le Estatístico do Processo (CEP). Em relação à gestão de recursos humanos, a organização oferece a
seus funcionários treinamentos de aperfeiçoamento e capacitação de maneira constante. A empre-
sa possui metas específicas de treinamento para cada área da atuação.
Conclusões
A partir do estudo e análise de dados da empresa, pode-se perceber a importância do PCP na
manutenção da excelência competitiva de uma indústria no setor de mineração e siderurgia.
Nesse estudo, identificamos um setor de Planejamento e Controle da Produção coeso e que
realmente reflete as políticas estratégicas de produção adotadas pela organização. O PCP atua no
sistema de produção, interferindo-o de maneira satisfatória e agregando mais valor aos produtos e
processos, o que se torna uma vantagem estratégica o que certamente reflete no posicionamento
competitivo dessa empresa.
Atividades
1. Sobre as tecnologias de processo:
I. a filosofia Just in Time ajuda a empresa a obter vantagem competitiva em custo, otimizando
processos produtivos e o fluxo de produção.
II. o sistema Just in Time surgiu no Japão na década de 1960 e também é conhecido como o
“Sistema Toyota de Produção”.
III. o objetivo do sistema Just in Time é garantir que os materiais, equipamentos e pessoas neces-
sários à execução de cada atividade sejam constantemente ativados, independentemente da
demanda pelos produtos.
Gabarito
1. B
2. Integrar e otimizar o processo de manufatura. Todas as operações e características que não agre-
gam valor ao produto são desnecessárias e devem ser eliminadas. Atividades como inspeção,
retrabalho, estoque e outras funções improdutivas são eliminadas.
Buscar a melhoria contínua – Kaizen. O sistema busca a melhoria constante dos processos, proce-
dimentos e do homem dentro da empresa. São incentivadas a mentalidade de trabalho em gru-
po, a visão compartilhada, descentralização do poder e a revalorização do homem, como forma
de buscar o desenvolvimento do potencial humano e o comprometimento.
Compreender e atender às necessidades dos clientes. De acordo com a visão do sistema Just in
Time, o custo do cliente engloba a aquisição e uso do produto. Por isso, a empresa deve assu-
mir a responsabilidade de reduzir o custo total do cliente. Para isso, a empresa deve envolver os
fornecedores e clientes, pois ambos representam uma extensão do processo de manufatura da
empresa.
3. C
Arranjos físicos
O aumento da competição entre empresas de todo o mundo, o surgimento de novas tecnologias
de produtos e de produção e a entrada de novos concorrentes no mercado causam impacto sobre a for-
ma que empresas utilizam para fabricar seus produtos. O consumidor torna-se mais exigente, buscando
produtos mais customizados, o que aumenta a variedade de produtos que a empresa precisa produzir,
e, por consequência, diminui o tamanho do lote. As novas tecnologias de produtos surgem e se tornam
obsoletas com muita rapidez. Isso leva à redução do tempo de projeto e fabricação do produto. De ou-
tra forma, o produto já pode chegar ao mercado obsoleto.
Para responder a essas mudanças, o sistema de produção deve ser extremamente flexível e efi-
ciente, para produzir com qualidade superior a custo reduzido e com a rapidez desejada pelo consumi-
dor. A cada melhoria ou modificação no produto, fazem-se necessárias melhorias contínuas nos siste-
mas de manufatura.
O planejamento do arranjo físico deve buscar melhorar o fluxo de pessoas ou materiais, buscan-
do reduzir os custos de movimentação. As decisões sobre o arranjo físico do fluxo de produção afetam
a capacidade e a produtividade das operações. Por outro lado, uma mudança ampla no arranjo físico
pode implicar altos investimentos.
Alguns problemas ocorridos na produção podem ser diretamente ligados ao layout físico da fá-
brica. Atrasos na entrega de pedidos, a ocorrência de gargalos de produção, a baixa utilização da capaci-
dade instalada, o excesso de estoque de produtos em processo, espaços subutilizados e outros espaços
altamente ocupados, desconforto dos trabalhadores são exemplos de problemas e dificuldades que
podem ser solucionadas com um eficiente rearranjo físico.
Ao projetar o arranjo físico da produção, o gestor precisa levar em consideração uma série de
fatores, como:
::: integração entre pessoal, máquinas e equipamentos;
::: sequência ou fluxo de operação;
::: capacidade de produção;
::: flexibilização e o uso adequado do espaço.
Os custos de produção podem ser diminuídos de forma considerável se o arranjo físico garantir
a diminuição de espaços ociosos de transportes desnecessários e evitar a formação de estoques inter-
mediários de produtos em processo (gargalos). O layout deve criar boas condições de trabalho para os
operários, tanto ergonômicas1 quanto de segurança, o que pode aumentar a satisfação e o comprome-
timento do funcionário.
Diversos tipos de arranjo físico dos equipamentos e do fluxo de produção podem ser utilizados.
A seguir, vamos discutir os principais deles.
Esse tipo de layout possibilita uma linha variada de produtos, já que cada produto passa pelos
centros de trabalho necessários. Por utilizar equipamentos sem necessidade de projeto específico, esse
tipo de arranjo é mais flexível.
O layout por processo apresenta custos fixos menores, pois possibilita maior flexibilidade e requer
máquinas de custos menores. Mas os custos unitários de matéria-prima e mão de obra são relativamen-
te maiores, pois os produtos se deslocam mais vezes e a mão de obra precisa ser polivalente. Outra des-
vantagem que pode ser apontada é o aumento dos estoques de materiais em processo. Planejamento e
controle da produção se tornam mais complexos, e os volumes de produção são menores.
Layout em linha
No layout em linha, as máquinas são colocadas de acordo com a sequência de operações. As
atividades são executadas em uma sequência sem caminhos alternativos. Esse tipo de layout foi desen-
volvido por Taylor e implantado por Ford na sua indústria. O layout em linha é simples e lógico. O fluxo
dos materiais é direto e, portanto, exige pouco trabalho em processo. O tempo de produção de cada
unidade é baixo, assim como a movimentação de material é menor. Como o trabalho é dividido em pe-
quenas tarefas, esse sistema não exige habilidade dos trabalhadores. O controle da produção também
é mais simplificado.
Esse sistema apresenta algumas desvantagens: a parada de uma máquina por algum problema
causa a interrupção de toda a linha de produção; a ocorrência de gargalos de produção também preju-
dica a produtividade; estações de trabalho mais lentas ditam o ritmo de trabalho de toda a produção.
o investimento em equipamentos é, em geral, mais alto, pois equipamentos específicos precisam ser
utilizados. A figura 1 exemplifica o layout em linha.
Subconjunto
Produto
Equipamentos de
processo
Equipamento de
movimentação
Verticalização X horizontalização
Ao definir seu fluxo de produção, a empresa pode decidir produzir suas matérias-primas e peças
internamente, em um processo chamado verticalização, ou comprá-las de terceiros, em um processo
conhecido como horizontalização.
Na verticalização a empresa produz internamente tudo o que puder. Essa estratégia era mais co-
mum no início do desenvolvimento da industrialização e está intimamente ligada à administração for-
dista. A Ford, no início, produzia o aço, o vidro, os pneus e tentou produzir inclusive a borracha para a fa-
bricação dos seus automóveis, em uma cidade brasileira que foi batizada de Fordlândia, no Amazonas.
A empresa consegue ter maior controle sobre suas políticas, prazos e padrão de qualidade. Pode,
também, redefinir prioridades de fabricação e mantém o domínio sobre tecnologia desenvolvida. Po-
rém, essa estratégia exige grande investimento em instalações e equipamentos e diminui a flexibilidade
para alterações nos processos produtivos. Essa estratégia também é prejudicial no caso de uma queda
de demanda, pois a empresa precisa demitir funcionários e parar processos produtivos. O quadro 1
apresenta algumas vantagens e desvantagens da verticalização.
Já na horizontalização a estratégia é comprar de terceiros o máximo possível dos itens que com-
põem o produto final. É a estratégia mais utilizada atualmente. Um dos setores econômicos que mais
cresce é o de terceirização. A empresa identifica seu negócio principal ou core business e terceiriza os
demais processos.
A horizontalização traz redução de custos e de necessidade de investimentos; aumenta a flexibi-
lidade da empresa para atender às mudanças da demanda de mercado; e traz para dentro da empresa
a tecnologia e o conhecimento dos fornecedores, em geral empresas especializadas em uma determi-
nada tarefa. Exatamente por isso, mais eficientes. A tecnologia dos fornecedores pode ser utilizada no
desenvolvimento de novos produtos. As principais vantagens e desvantagens da horizontalização se
encontram no quadro 2:
Quadro 2 – Vantagens e desvantagens da horizontalização
Conforme vimos na primeira parte deste capítulo, a empresa utiliza diversas ferramentas para
buscar melhorar seus processos de produção. Porém, não basta apenas ter bons processos e um bom
projeto de produto: se as matérias-primas e peças componentes do produto não forem de qualidade, o
produto final também não será. Dessa forma, é fundamental que a empresa tenha bons fornecedores,
que cumpram os requisitos de qualidade e prazo de entrega de forma satisfatória e a preço competitivo.
A empresa pode utilizar três tipos de fontes de fornecimento:
::: Fonte única – um único fornecedor é escolhido em função de seu produto ou matéria-prima
ser exclusivo, seja devido ao produto ser patenteado, seja por especificações técnicas, ou por
localização.
::: Fonte múltipla – são utilizados mais de um fornecedor, que concorrem entre si a cada com-
pra, o que proporciona preços mais acessíveis ou melhores serviços. As principais vantagens
da utilização da fonte múltipla de fornecedores são: a possibilidade de a empresa forçar o
preço para baixo a cada compra, aproveitando-se através da competição; a possibilidade de
mudar de fornecedor, caso ocorram falhas no fornecimento; e o acesso a várias fontes de co-
nhecimento e especialização disponíveis no mercado.
Escolha de fornecedores
Ao decidir pela melhor forma de se relacionar com seus fornecedores, a empresa deve levar em
consideração aspectos como preço e qualidade. Deve considerar também a estrutura física e a capaci-
dade de produção do fornecedor. Alguns fatores que influenciam a escolha dos fornecedores são:
::: Habilidade técnica para produzir ou fornecer o produto desejado. Inclui também a capacidade
do fornecedor auxiliar no desenvolvimento e melhoria do produto final.
::: Capacidade de produção dentro das especificações, de forma consistente e com o menor nú-
mero de defeitos. Programas de controle da qualidade, competência humana, bons sistemas
de planejamento e controle de produção são elementos importantes.
::: Confiabilidade, que envolve não só a competência técnica, mas também a reputação e a soli-
dez financeira.
::: Serviço pós-venda, que inclui um atendimento bem organizado e um estoque de peças so-
bressalentes.
::: Localização, de forma a buscar redução dos tempos de entrega e rapidez na entrega de pro-
dutos em falta.
::: Preços competitivos, não necessariamente o menor, mas o mais competitivo, levando em con-
sideração a capacidade de produção na quantidade, qualidade e prazo exigidos.
Neste capítulo abordamos três diferentes aspectos da Gestão da Produção. Estes três conceitos
– atividades de melhoria da qualidade do produto, arranjos físicos do fluxo produtivo e gestão de forne-
Texto complementar
Ford:
uma fábrica e um carro novos são as armas da montadora
para crescer no Brasil
(VEJA, 2002)
A aposta da Ford para continuar brigando por fatias maiores do mercado brasileiro é um mode-
lo totalmente modificado do conhecido Fiesta. O novo carro, um popular que teve o nome código de
Amazon, nasce junto com a moderna fábrica da montadora na Bahia. Para os 2 300 funcionários que
trabalham na nova unidade de Camaçari, município da Grande Salvador, é uma aposta de progresso
para a região. Para a Ford, a segunda maior fabricante de automóveis do mundo, é uma aposta no
crescimento da filial brasileira. A companhia tem participação de 7% no mercado nacional. Com a no-
va família de produtos que sairá da planta nordestina, ela pretende dobrar sua fatia no bolo até 2004.
“A Ford pode ser ainda muito mais forte no Brasil, por isso decidimos investir tanto”, diz Antonio
Maciel Neto, presidente da empresa no país. Há três anos, ele recebeu a incumbência de conquistar o
consumidor brasileiro e não esconde que esse é o maior desafio de seus 44 anos de vida.
A Ford não foi a única a se propor tal desafio. Toda a indústria automobilística vive a mesma
inquietação. Hoje, para manter ou aumentar a venda de veículos, uma montadora tem de colocar
nas revendedoras o que o consumidor quer: um carro bonito, confortável, durável, prático, ágil e,
principalmente, barato. Isso não é mais segredo para ninguém e vale para modelos de todos os
patamares de preço. A competição tem como objetivo fazer mais com menos. Ela concentra-se no
mercado dos populares, os carros de motor 1.0. Esses modelos são hoje os propulsores da indústria
automotiva brasileira. De cada dez veículos vendidos no Brasil, sete são 1.0. Não é por outra razão
que a Ford investiu 1,2 bilhão de dólares na construção do complexo de Camaçari para fabricar um
carro com esse perfil. Com o tempo, outros modelos se seguirão.
Depois de desfeita a união com a Volkswagen, em 1994, batizada de Autolatina, a Ford não
conseguiu voltar a seu patamar de vendas anterior. Nos anos 1980 tinha quase um quarto do mer-
cado brasileiro. Com o fim do casamento com a montadora alemã, tinha 11% da preferência do con-
sumidor. Durante a parceria, a Ford ignorou uma tendência que se tornaria mania nacional: os car-
ros populares. Enquanto a montadora americana investia em modelos mais caros, a alemã lançava
o Gol 1000, um dos maiores sucessos da indústria brasileira. Em 1995, a Ford lançou o Fiesta 1.0. Dois
anos depois veio o Ka. Os dois juntos têm hoje 5% do mercado de populares.
Uma reação forte não podia mais ser adiada. O investimento pesado em Camaçari tornou-se
imprescindível para atingir o objetivo de crescimento a que a Ford se propôs. Todo mundo está
correndo atrás do mesmo filão. Prova disso é que, entre 1996 e 2001, a indústria automobilística in-
vestiu 20 bilhões de dólares no Brasil. Nos últimos anos várias montadoras desembarcaram no país
e entenderam as limitações de renda da população.
A produtividade deu um salto nos últimos 20 anos. A robotização da indústria já chega a 50%
nas fábricas mais modernas do país. Um operário produz hoje mais de cem automóveis por ano,
contra uma média de 15 na década de 1980. A logística evoluiu a tal ponto que as indústrias de au-
topeças, que antes ficavam concentradas em poucos estados, hoje viajam com as montadoras para
onde elas fixam endereço. Na fábrica de Camaçari, por exemplo, 33 fornecedores acompanharam a
Ford no projeto. Juntos, reduziram o tempo de produção de um carro de uma semana para um dia.
Os consumidores também ganharam com o aumento de produtividade. Além do preço mais baixo,
a qualidade e a durabilidade do veículo cresceram muito. “Nos anos 1980 um carro era projetado
para durar até três anos sem dar problemas maiores ao motorista. Hoje, o prazo de validade subiu
para dez anos”, diz Luc de Ferran, o vice-presidente da Ford no Brasil. O consultor de indústria auto-
mobilística Edgard Viana, da A. T. Kearney, aponta outros avanços excepcionais obtidos entre o fim
da década de 1970 e hoje. Segundo ele, as pastilhas de freio, que precisavam ser trocadas a cada
10 000 quilômetros, atualmente duram quatro vezes mais. Um jogo de pneus, que aguentava
20 000 quilômetros, agora roda mais que o dobro dessa distância.
Os metalúrgicos também viveram mudanças radicais nesse período. A qualificação exigida
para um candidato que quisesse ingressar em uma montadora aumentou. Antes bastava ter o 1.º
grau. Agora o piso acadêmico é o 2.º grau completo. Os benefícios também cresceram a ponto de
os metalúrgicos ficarem com parte do lucro. O número de acidentes de trabalho caiu 95% em 20
anos. A mão de obra feminina, que era nula há duas décadas, já representa quase 20% da força
de trabalho nas montadoras. No caso da Ford da Bahia, elas são 40% do contingente. Os avanços
obviamente custaram vários postos de trabalho. Muitas funções simplesmente desapareceram nas
fábricas. O nível de emprego, porém, perdeu menos do que se costuma acreditar. “Feitas as contas,
a indústria automotiva como um todo não registrou grande alteração do número de funcionários”,
diz Viana. Até as históricas greves dos metalúrgicos cederam lugar a acordos mais flexíveis, como a
redução da jornada de trabalho, que vem impedindo demissões nos últimos anos.
O sistema de fabricação evoluiu de forma acelerada. Na fábrica da Ford em Camaçari todo o
ciclo produtivo dura apenas um dia. A capacidade total é de 250 000 carros por ano, o que permi-
te que a cada 80 segundos um veículo entre no pátio da montadora para ser transportado para o
ponto de venda. O trabalho é sincronizado. Cada segundo conta. Quando um carro entra na linha
de montagem, ainda em forma de esqueleto, os fornecedores são acionados e o pedido de peças
aparece na tela do computador, especificando o volume e a hora de entrega. A divisão interna da
montadora em Camaçari é comparável ao traçado de uma pequena cidade, onde a Ford seria a
avenida principal e os fornecedores, as ruas transversais. À medida que o automóvel entra na linha
de montagem as fornecedoras de autopeças vão simultaneamente recheando a máquina com seus
equipamentos e acabamentos. Todos os funcionários dos 33 fornecedores estão lado a lado e usam
o mesmo uniforme: calça azul-marinho e camisa cáqui, que traz o emblema da bandeira do Brasil
Um carro em 24 horas
A nova fábrica da Ford despejará no pátio um carro a cada 80 segundos. Um veículo leva 24
horas para ser montado individualmente. Veja a seguir a duração de cada etapa:
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
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Melhoramentos da produção | 135
A produção começa com a chegada das bobinas de aço. Elas são cortadas em chapas e seguem
para a estamparia, onde é moldado o esqueleto do carro.
Antonio Milena – Revista Veja.
Na pintura, o carro é lavado, recebe três camadas de tinta à base de água, sem solvente.
Antonio Milena – Revista Veja.
Na linha de montagem, acessórios e acabamentos deixam o veículo com a cara do produto final.
Depois de prontos, os carros passam por testes de qualidade: infiltração, ruído, parte elétrica e
alinhamento.
Atividades
1. Sobre os Círculos de Controle de Qualidade (CCQ):
I. são grupos de funcionários que se dedicam a controlar a qualidade em uma determinada área
de trabalho.
II. os CCQ analisam as causas dos problemas encontrados na produção durante a semana, pro-
põem soluções e avaliam os resultados obtidos com a implantação das soluções propostas.
III. os funcionários que fazem parte dos CCQ são escolhidos pelo gestor, e a participação é impos-
ta pela empresa como condição da manutenção do emprego.
2. Explique por que a empresa deve buscar mais flexibilidade e eficiência para produzir com quali-
dade superior, a custo reduzido e com a rapidez desejada pelo consumidor.
Gabarito
1. B
3. B
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