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Ideologia e aparato dos corpos

Direitos conquistados e regulação da vida


Antonio Herci Ferreira Júnior
Bacharel em Filosofia (FFLCH | USP).
Mestrando no Interunidades em
Estética e História da Arte. (MAC | USP).

Este ensaio interpreta duas concepções (ou teorias) que Althusser apresenta
principalmente na obra L'unique tradition matérialiste (1993):
1. Materialidade da ideologia;
2. Aparato do corpo.
A partir disso trata-se de esboçar uma crítica de certa interpretação da teoria crítica na
contemporaneidade, invertendo alguns paradigmas epistemológicos:
3. Das possibilidades lógicas para as condições materiais.
4. Da pedagogia para a pragmática.

1. A Materialidade da ideologia

Escreveu Althusser (1993) que a ideologia é material, não porque se possa identifica-la
como objeto no mundo, mas porque podemos sentir sua implacável efetividade na
organização e, principalmente, na normalização material da vida — através de práticas de
regulação dos corpos.
Sua principal característica — da ideologia — é “auto ocultar-se”, isto é, manifestar-se
como implacável, mas ao mesmo tempo imperceptível, no mais das vezes sem aparecer
explicitamente como discurso ideológico.
A ideologia, portanto, não é uma crença cega, ou uma falsa consciência, mas uma forma
de vida entranhada materialmente em todos os níveis e tempos da vida humana.

2. O aparato do corpo

O filosofo nos remete aos Pensamentos de Pascal (1973) e resgata um termo chave para a
sua teoria: os aparatos dos corpos. Partindo da ideia de que somos assujeitados, mas
também sujeitos através das ideologias: o corpo é o aparato que pode romper o cerco da
ideologia ao enfrentar a sua regulação.
A forma de vida é limitada ideologicamente. Contudo a fantasia pode fazer-se ideia do
ilimitado. A ideologia pode dar consequência material para a imaginação, pois interpela e
assujeita historicamente o indivíduo.

3. Das possibilidades lógicas para as condições materiais

E faz isso através de um tipo estrito de ação – a ação ideológica – que mobiliza
materialmente a certeza cuja condição de verdade não está mais no limite do logos original,
pois o extrapolou ao extrapolar sua regulação material. Essa transposição se dá através do
único aparato que pode ser — mesmo assenhorado — senhor da ideologia: o aparato dos
corpos.

1
Isso por uma questão muito e trivialmente simples: ao liberar os corpos já se está a
extrapolar a ideologia de dominação dos corpos. Seu princípio de ação já cumprira tal fim.

4. Da pedagogia para a pragmática

Althusser (1993) afirma que as realidades da luta de classe são representadas por
palavras, que lutam entre si. O debate filosófico por palavras, entretanto, é uma parte do
combate político, não a sua totalidade. O combate apenas por palavras, pode levar ao lugar
de um equívoco: à meta de uma batalha decisiva, porém indecisa.
Entretanto argúi-se efetivamente — como defesa civil dos ocupantes de uma moradia, por
exemplo — um genérico conceito de “utilidade pública” que caminha de acordo com as
reintegrações de posse e da regulação material, neste caso judicial, sobre a vida. Mas não
basta para manter a moradia. Nem basta individualmente a ocupação como ação isolada,
mas como uma reverberação em um fluxo de continuidade atemporal: ideológico, portanto.
O enfrentamento material da ideologia capitalista passa não apenas pelo combate das
ideias que fundamentam — moral ou disciplinarmente — tal sistema. Mas pelo
enfrentamento das regulações e normalizações que exerce.
Não se trata, portanto, de desencadear um processo de ‘iluminação’ ou ‘esclarecimento’
das consciências através de uma pedagogia que aponte para uma ética moralista, mas do
enfrentamento material da regulação do tempo e espaço vital.
Na materialidade da ideologia (i) os direitos definiram-se como virtuais e apresentaram-se
como princípios ou conceitos; (ii) através de uma ideologia onde as regulações são efetivas e
apresentam-se implacavelmente no controle dos corpos.
Para além da luta por direitos, o pensamento althusseriano abre a possibilidade do
enfrentamento ideológico como uma ação — prática e teórica — que interfere e envolve
diretamente o aparato dos corpos na profanação (AGAMBEN 2007) do controle da
mobilidade e temporalidade vitais.

BIBLIOGRAFIA
Textos de Althusser:
ALTHUSSER, Louis. “L'objet du Capital”, in: BALIBAR, Étienne. Lire le Capital II, Cap. VI, VII
e IX. Paris: François Maspero, 1968.
———. L’unique tradition matérialiste (1985). Lignes, n. 8, p. 72–119, 1993.
———. Ideología y aparatos ideológicos de Estado Freud y Lacan. 1a. ed., 5a. reimp.
Buenos Aires: Nueva Visión, 2008.

Outros textos referidos (Bibliografia provisória):


AGAMBEN, Giorgio. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007.
MARX, Karl. O capital: Crítica da Economia Política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2006.
PASCAL, Blaise. Pensamentos. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
SAFATLE, Vladimir. Cinismo e falência da crítica. São Paulo: Boitempo, 2008.

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