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expansivo
Foundations Pathology: A case study about a school constructed on expansive soil
Burgos, Ramon Duque Ferraz, (1); Gusmão, Alexandre Duarte (2); Lins, Eduardo José Melo (3),
Bezerra, Raíza Silva (4)
(1) Ramon Duque Ferraz Burgos, Escola Politécnica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco
(2) Professor Drº Alexandre, Departamento de Engenharia Civil, Escola Politécnica de Pernambuco,
Universidade de Pernambuco
(3) Eduardo José Melo Lins, Escola Politécnica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco
(4) Raíza Silva Bezerra, Universidade Federal de Pernambuco
rramonduque@gmail.com
Resumo
Conhecendo a origem da manifestação patológica é possível desenvolver um diagnóstico das condições
atuais da obra e com base nele, elaborar um projeto de recuperação/reforço que deixe a edificação outra
vez utilizável. Os conceitos citados acima são aplicados ao estudo de caso objetivado neste artigo, pois ao
decorrer dele, será analisado o aparecimento de diversas patologias na estrutura de uma escola situada no
sertão do estado de Pernambuco. A obra foi construída entre 2007 e 2008 e os primeiros sinais de
degradação apareceram na forma de pequenas fissuras no ano de 2008. Após um período de chuvas em
2009, houve um aumento das manifestações patológicas identificadas. O diagnóstico detalhado das
patologias e do terreno, mostrou que a edificação foi construída em cima de um solo expansivo. Com as
chuvas, o solo expandiu e levantou parte da estrutura que estava em contato. Para eliminar o problema, foi
criado um vazio, de altura pré-estabelecida, entre a interface solo-estrutura que permitisse a movimentação
do material do solo sem afetar a edificação. Esta solução foi dada como definitiva para solucionar o
problema da escola, mas durante os anos que se passaram, fortes chuvas voltaram a acontecer em todo
estado de Pernambuco e há uma preocupação com o estado atual da escola e a efetividade da medida de
reforço adotada. Por esse motivo, no ano de 2018 foi realizada uma nova inspeção na escola. Por fim, o
artigo tende a mostrar a importância da investigação correta em estruturas e, com os resultados obtidos
através das novas inspeções, avaliar se a técnica utilizada tem se mostrado competente ao longo dos anos.
Palavra-Chave: Recuperação de Estruturas, Manifestações Patológicas, Solo Expansivo, Pernambuco
Abstract
Knowing the origin of the pathological manifestation it is possible to develop a diagnosis of the current
conditions of the work and based on it, to elaborate a recovery project that leaves the building again usable.
The concepts mentioned above are applied to the case study objectified in this article, because in the course
of it, will be analyzed the appearance of several pathologies in the structure of a school located in the
countryside of the state of Pernambuco. The building was built between 2007 and 2008 and the first signs of
degradation appeared in the form of small cracks in the year 2008. After a period of rains in 2009, there was
an increase in the identified pathological manifestations. The detailed diagnosis of the pathologies and the
terrain showed that the building was built on top of an expansive soil. With the rains, the soil expanded and
lifted part of the structure that was in contact. In order to eliminate the problem, a void of pre-established
height was created between the soil-structure interface that allowed the soil material to move without
affecting the building. This solution was given as final to solve the problem of the school, but during the years
that have passed, heavy rains have been happening again in every state of Pernambuco and there is a
concern with the current state of the school and the effectiveness of the measure of reinforcement adopted.
For this reason, in the year 2018 a new inspection was carried out at the school. Finally, the article tends to
show the importance of the correct investigation in structures and, with the results obtained through the new
inspections, to evaluate if the technique used has been competent for the problem over the years.
Keywords: Recovery of Structures, Pathological Manifestations, Expansive Soil, Pernambuco
ANAIS DO 61º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2019 – 61CBC2019 1
1 Introdução
A fundação de uma estrutura tem como princípio a transferência dos carregamentos para
o solo. A norma 6122/2010 define dois tipos de fundações, as profundas e as superficiais.
As fundações superficiais são elementos de fundação em que a carga é transmitida ao
terreno, predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação.
Incluem-se neste tipo de fundação as sapatas, os blocos, os radier, as sapatas
associadas, as vigas de fundação e as sapatas corridas. Quando uma fundação não
cumpre sua função de forma correta, problemas na estrutura começarão a aparecer e
sinais, como fissuras e deformações, irão se propagar na edificação.
Milititsky (2015), define que problemas em fundações podem se desenvolver ao longo do
tempo e são influenciados por inúmeros fatores, como aqueles decorrentes do projeto,
que envolvem o conhecimento do solo, passando pelos procedimentos construtivos e por
fim os efeitos de acontecimentos pós-implantação, incluindo sua possível degradação.
Além dos incômodos causados pela necessidade de intervenção numa estrutura para sua
recuperação, um dos fatores mais relevantes a ser observado é o elevado custo para tal
serviço. Quanto mais cedo um problema for identificado, mais fácil e menos custoso será
a sua intervenção. Estudos, como a Lei de “Sitter” (1984, apud Helene, 2003, p. 27) ou Lei
dos Cinco, demonstram que os custos de intervenções para solucionar problemas
evoluem numa progressão geométrica de ordem 5 durante as quatro fases da estrutura.
2 Revisão Bibliográfica
De acordo com Velloso & Lopes (2004), existem elementos necessários para o
desenvolvimento do projeto de fundações como: topografia da área, dados geológico-
geotécnicos, dados da estrutura a ser construída e dados sobre construções vizinhas. Os
autores também abordam que o projeto e execução de fundações requer conhecimentos
de geotecnia e cálculo estrutural. Acontece que as fundações quando carregadas,
solicitarão o terreno, que se deforma, e dessas deformações resultam deslocamentos
verticais (recalques), horizontais e rotações.
Caso algum dos elementos de projeto não seja corretamente analisado, o risco de
surgimento de manifestações patológicas na estrutura é muito alto e pode ser
considerado apenas uma questão de tempo até ela aparecer. Segundo Schwirck (2005)
as patologias são decorrentes das inúmeras incertezas e riscos que podem acontecer na
construção das fundações. O comportamento da fundação pode ser afetado por inúmeros
fatores, iniciando por aqueles decorrentes do projeto propriamente dito, que envolve o
conhecimento do solo, passando pelos procedimentos construtivos e finalizando por
efeitos de acontecimentos pós-implantação e incluindo sua possível degradação.
Bressani (1994), realizou um estudo sobre a origem das manifestações patológicas
desenvolvidas em fundações no Estado do Rio Grande do Sul, e concluiu que 77% dos
casos ocorreram em fundações superficiais, enquanto que em apenas 9% a fundação
afetada era do tipo profunda. O gráfico abaixo mostra a proporção das origens dos
problemas em fundações superficiais, de acordo com o autor, atribuídas a 5 itens:
Figura 1 e 2 - Como ocorre o recalque por colapso e fissura característica por recalque (Tominaga, 2009)
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2.1.2 Solos Expansivos
Presa (1980) define que solo expansivo é aquele em que a variação volumétrica é muito
elevada, de forma a produzir efeitos prejudiciais, como levantamento das obras
construídas sobre os mesmos. No final da década de setenta nos Estados Unidos eram
gastos cerca de dois bilhões de dólares anuais para solução de problemas ligados à
expansibilidade de solos (Costa Nunes e Craizer ,1978).
Tipicamente se observa que as manifestações patológicas se propagam como fissuras ou
fendas características. Nas edificações, fissuras diagonais embaixo das janelas e acima
das portas, ondulações e rupturas nos pavimentos e fissuras generalizadas longitudinais.
Alguns desses danos também representam sérios problemas de segurança, pois portas e
janelas emperradas podem bloquear a saída em caso de alguma emergência, além da
possibilidade de o movimento de solo romper tubulações de água, gás ou esgoto.
Os solos expansivos ainda são pouco estudados. Ferreira (1994) nos alerta que é difícil
identificar um solo expansivo, pois a expansão não depende unicamente das
propriedades intrínsecas do solo, mas também das condições em que se encontram e das
que são impostas. Sivapullaiah & Sridharan (1987) afirmam que o comportamento do
sistema solo-água é primeiramente controlado pelo tipo e quantidade do argilo-mineral,
seguido pela natureza do fluído no poro.
Segundo Vargas (1989), existem quatro principais áreas de solos expansivos no Brasil,
afirmação que tem sido confirmada por estudos recentes: Litoral do Nordeste, Sertão
nordestino, estados de São Paulo e Paraná, estado do Rio Grande do Sul.
Milititsky (2015), afirma que existem três procedimentos básicos para reduzir ou evitar os
efeitos de solos expansivos sob fundações e estruturas: Isolar a estrutura dos materiais
expansivos, reforçar a estrutura para resistir aos esforços provocados pelas forças de
expansão e eliminar os efeitos de expansibilidade. Embora os três procedimentos possam
ser utilizados individualmente ou em combinação, o isolamento da estrutura tem sido
adotado com maior frequência. Isolar a estrutura dos solos expansivos pode requerer o
uso de materiais deformáveis, como compensados ou isopor, entre o solo e o concreto.
As forças de expansão comprimem estes materiais, não sendo transferidas diretamente a
estrutura. Estes procedimentos podem minimizar os efeitos da expansão, sem, no
entanto, elimina-los, devendo por este motivo ser acompanhados de outras soluções de
engenharia. Recomenda-se o uso de estacas armadas ao longo do fuste, trabalhando a
tração, e a avaliação da rigidez e resistência da superestrutura para absorver os esforços.
Esses cuidados impõem custos expressivos às construções, que nem sempre são visíveis
em obras correntes de pequeno porte (Milititsky, 2015).
Milititsky (2015) ainda afirma a importância de evitar a percolação de agua junto aos
elementos de fundação, de forma a minimizar os efeitos de expansão, e uma exigência.
Recomenda- se o envelopamento das canalizações abaixo ou próximas as estruturas e o
uso de pavimento asfáltico nas áreas de acesso. O asfalto apresenta boa trabalhabilidade
e pode absorver possíveis fissuras provocadas por variações de umidade no subsolo. A
manutenção constante dos pavimentos também é recomendada para evitar a infiltração
de água.
A escola é composta por 03 blocos (Figura 5) com um único pavimento térreo. A estrutura
é aporticada de concreto armado, e as paredes de vedação são de tijolo cerâmico. A
coberta é uma laje de concreto armado com telha canal. As fundações são estacas de
concreto armado moldadas in loco (tipo “broca”), com diâmetro de 300mm e comprimento
de 3,30m em relação ao nível do piso pronto.
Para efeito desse relatório, os blocos receberam a seguinte terminologia: Bloco 1 -
despensa e cozinha, Bloco 2: laboratório de informática e o Bloco 3: sala da diretoria.
No ano de 2012 foi realizada uma inspeção na escola, o corpo de engenheiros que
inspecionou a escola verificou os seguintes aspectos:
Após a análise dos blocos danificados e desenvolvimento dos projetos de reforço, no ano
de 2014 foram realizados os serviços de recuperação e reforço das estruturas, e a escola
finalmente retomou às atividades normais. Após 4 anos, voltou a chover fortemente na
região, chegando a máxima histórica de 309 mm no mês de fevereiro, segundo os dados
da APAC. Dessa forma, foi conduzida uma nova inspeção para verificar às condições da
escola e das soluções propostas anteriormente. A inspeção foi realizada durante o mês
de maio de 2018 sendo feita de forma visual. O roteiro traçado para início da inspeção foi
do bloco 3, seguindo para o bloco 2 e por fim para o bloco 1.
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No bloco 3 foi identificado um levantamento do piso em placas pré-moldadas de concreto
(Figuras 10 e 11) onde era um jardim. Durante a reforma da escola, foi solicitado que essa
área fosse revestida para evitar a infiltração de água e expansão do solo. A medida foi
tomada, porém canteiros de plantas continuam próximos a área e conduzem a água para
o solo expansivo
Figuras 10 e 11 – Piso externo ao bloco 3 com desnível devido a levantamento (Fonte: Autores)
Nas paredes do bloco 2, virado para o bloco 3, também foram identificadas fissuras
próximas as janelas, evidenciadas nas figuras 15 e 16.
Ainda no bloco 2, foram identificadas fissuras preocupantes nas paredes voltadas para a
quadra de esportes, pois, tais fissuras causaram o desplacamento e até quebra de peças
de cerâmica 10 cm x 10 cm (Figuras 17 e 18). Ainda é possível notar que na Figura 20,
existem uma diferença entre as partes antigas e as recentemente recuperadas, a
coloração do revestimento indica que a parte recuperada está revestida com uma
cerâmica mais clara e rejunte da cor das peças.
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Apesar de em 2012 o bloco 1 não ter apresentado nenhum sinal de danos, durante a nova
inspeção foram identificadas fissuras próximas a vazios (Portas, janela e cobogós) que
trazem preocupação aos usuários.
Figuras 21 e 22 – Fissuras na interface recuperada com a antiga e no muro da escola (Fonte: Autores)
4 Conclusões e Recomendações
Após a nova inspeção, danos similares aos já ocorridos foram identificados, porém, em
menor intensidade. Apesar dos serviços de reparo e reforço terem sido executados de
forma correta, problemas no sistema de drenagem podem ter permitida a passagem de
água para que a mesma entrasse em contato com o solo e desencadeasse o processo de
expansão, consequentemente levantando a estrutura. Como boa parte da estrutura não
está mais em contato com o solo, apenas as fundações foram levantadas e
consequentemente os pilares. Os pilares também foram reforçado e tiveram sua seção e
peso aumentados, de forma que a força de expansão do solo desenvolva uma resultante
menor (Força resultante = Força de expansão do solo – Peso próprio) e consequente
manifestações patológicas menos expressivas quanto as que aconteceram em 2009.
5 Referências
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