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Patologia de Fundações: Estudo de caso de escola construída em solo

expansivo
Foundations Pathology: A case study about a school constructed on expansive soil

Burgos, Ramon Duque Ferraz, (1); Gusmão, Alexandre Duarte (2); Lins, Eduardo José Melo (3),
Bezerra, Raíza Silva (4)
(1) Ramon Duque Ferraz Burgos, Escola Politécnica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco
(2) Professor Drº Alexandre, Departamento de Engenharia Civil, Escola Politécnica de Pernambuco,
Universidade de Pernambuco
(3) Eduardo José Melo Lins, Escola Politécnica de Pernambuco, Universidade de Pernambuco
(4) Raíza Silva Bezerra, Universidade Federal de Pernambuco
rramonduque@gmail.com

Resumo
Conhecendo a origem da manifestação patológica é possível desenvolver um diagnóstico das condições
atuais da obra e com base nele, elaborar um projeto de recuperação/reforço que deixe a edificação outra
vez utilizável. Os conceitos citados acima são aplicados ao estudo de caso objetivado neste artigo, pois ao
decorrer dele, será analisado o aparecimento de diversas patologias na estrutura de uma escola situada no
sertão do estado de Pernambuco. A obra foi construída entre 2007 e 2008 e os primeiros sinais de
degradação apareceram na forma de pequenas fissuras no ano de 2008. Após um período de chuvas em
2009, houve um aumento das manifestações patológicas identificadas. O diagnóstico detalhado das
patologias e do terreno, mostrou que a edificação foi construída em cima de um solo expansivo. Com as
chuvas, o solo expandiu e levantou parte da estrutura que estava em contato. Para eliminar o problema, foi
criado um vazio, de altura pré-estabelecida, entre a interface solo-estrutura que permitisse a movimentação
do material do solo sem afetar a edificação. Esta solução foi dada como definitiva para solucionar o
problema da escola, mas durante os anos que se passaram, fortes chuvas voltaram a acontecer em todo
estado de Pernambuco e há uma preocupação com o estado atual da escola e a efetividade da medida de
reforço adotada. Por esse motivo, no ano de 2018 foi realizada uma nova inspeção na escola. Por fim, o
artigo tende a mostrar a importância da investigação correta em estruturas e, com os resultados obtidos
através das novas inspeções, avaliar se a técnica utilizada tem se mostrado competente ao longo dos anos.
Palavra-Chave: Recuperação de Estruturas, Manifestações Patológicas, Solo Expansivo, Pernambuco

Abstract
Knowing the origin of the pathological manifestation it is possible to develop a diagnosis of the current
conditions of the work and based on it, to elaborate a recovery project that leaves the building again usable.
The concepts mentioned above are applied to the case study objectified in this article, because in the course
of it, will be analyzed the appearance of several pathologies in the structure of a school located in the
countryside of the state of Pernambuco. The building was built between 2007 and 2008 and the first signs of
degradation appeared in the form of small cracks in the year 2008. After a period of rains in 2009, there was
an increase in the identified pathological manifestations. The detailed diagnosis of the pathologies and the
terrain showed that the building was built on top of an expansive soil. With the rains, the soil expanded and
lifted part of the structure that was in contact. In order to eliminate the problem, a void of pre-established
height was created between the soil-structure interface that allowed the soil material to move without
affecting the building. This solution was given as final to solve the problem of the school, but during the years
that have passed, heavy rains have been happening again in every state of Pernambuco and there is a
concern with the current state of the school and the effectiveness of the measure of reinforcement adopted.
For this reason, in the year 2018 a new inspection was carried out at the school. Finally, the article tends to
show the importance of the correct investigation in structures and, with the results obtained through the new
inspections, to evaluate if the technique used has been competent for the problem over the years.
Keywords: Recovery of Structures, Pathological Manifestations, Expansive Soil, Pernambuco
ANAIS DO 61º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2019 – 61CBC2019 1
1 Introdução
A fundação de uma estrutura tem como princípio a transferência dos carregamentos para
o solo. A norma 6122/2010 define dois tipos de fundações, as profundas e as superficiais.
As fundações superficiais são elementos de fundação em que a carga é transmitida ao
terreno, predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação.
Incluem-se neste tipo de fundação as sapatas, os blocos, os radier, as sapatas
associadas, as vigas de fundação e as sapatas corridas. Quando uma fundação não
cumpre sua função de forma correta, problemas na estrutura começarão a aparecer e
sinais, como fissuras e deformações, irão se propagar na edificação.
Milititsky (2015), define que problemas em fundações podem se desenvolver ao longo do
tempo e são influenciados por inúmeros fatores, como aqueles decorrentes do projeto,
que envolvem o conhecimento do solo, passando pelos procedimentos construtivos e por
fim os efeitos de acontecimentos pós-implantação, incluindo sua possível degradação.
Além dos incômodos causados pela necessidade de intervenção numa estrutura para sua
recuperação, um dos fatores mais relevantes a ser observado é o elevado custo para tal
serviço. Quanto mais cedo um problema for identificado, mais fácil e menos custoso será
a sua intervenção. Estudos, como a Lei de “Sitter” (1984, apud Helene, 2003, p. 27) ou Lei
dos Cinco, demonstram que os custos de intervenções para solucionar problemas
evoluem numa progressão geométrica de ordem 5 durante as quatro fases da estrutura.

2 Revisão Bibliográfica

De acordo com Velloso & Lopes (2004), existem elementos necessários para o
desenvolvimento do projeto de fundações como: topografia da área, dados geológico-
geotécnicos, dados da estrutura a ser construída e dados sobre construções vizinhas. Os
autores também abordam que o projeto e execução de fundações requer conhecimentos
de geotecnia e cálculo estrutural. Acontece que as fundações quando carregadas,
solicitarão o terreno, que se deforma, e dessas deformações resultam deslocamentos
verticais (recalques), horizontais e rotações.
Caso algum dos elementos de projeto não seja corretamente analisado, o risco de
surgimento de manifestações patológicas na estrutura é muito alto e pode ser
considerado apenas uma questão de tempo até ela aparecer. Segundo Schwirck (2005)
as patologias são decorrentes das inúmeras incertezas e riscos que podem acontecer na
construção das fundações. O comportamento da fundação pode ser afetado por inúmeros
fatores, iniciando por aqueles decorrentes do projeto propriamente dito, que envolve o
conhecimento do solo, passando pelos procedimentos construtivos e finalizando por
efeitos de acontecimentos pós-implantação e incluindo sua possível degradação.
Bressani (1994), realizou um estudo sobre a origem das manifestações patológicas
desenvolvidas em fundações no Estado do Rio Grande do Sul, e concluiu que 77% dos
casos ocorreram em fundações superficiais, enquanto que em apenas 9% a fundação
afetada era do tipo profunda. O gráfico abaixo mostra a proporção das origens dos
problemas em fundações superficiais, de acordo com o autor, atribuídas a 5 itens:

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Gráfico 1 - Proporção da origem das manifestações patológicas em fundações superficiais

Fonte: Bressani, 1994

Sabendo que o desenvolvimento falho dos projetos de fundações é responsável pela


parte majoritária da origem das manifestações patológicas em fundações, Milititsky (2015)
afirma que dentro do desenvolvimento do projeto, a investigação do subsolo é a causa
mais frequente de problemas. Na medida em que o solo é o meio que vai suportar as
cargas, sua identificação e a caracterização de seu comportamento são essenciais à
solução de qualquer problema. Um programa adequado de investigação do subsolo tem
seu custo e abrangência proporcional ao valor da obra e complexidade do problema,
devendo iniciar pelo que se denomina de estudo de escritório. Nesta etapa, os dados
hidrogeológicos os, pedológicos, geotécnicos, conhecimentos regionais etc. são coletados
e comparados, buscando-se identificar as possíveis condições do local de implantação da
obra. As características específicas de cada problema devem definir a abrangência do
programa preliminar, do complementar, e a eventual necessidade de um programa
especial de ensaios geotécnicos. Assim, por exemplo, os solos de comportamento
especial (colapsíveis e expansivos) podem ter sua ocorrência prevista ainda em fase
preliminar, definindo os ensaios especiais necessários a caracterização de seu
comportamento e sua influência nas fundações.
Milititsky (2015) ainda afirma que a ausência da investigação do subsolo é um caso típico
de obras de pequeno porte, em geral por motivos econômicos, mas também presente em
obras de porte médio, a ausência de investigação de subsolo e pratica inaceitável. A
normatização vigente e o bom senso devem nortear o tipo de programa de investigação, o
número mínimo de furos de sondagem e a profundidade de exploração. Na experiência
pessoal dos autores, também referendada pela estatística francesa (Logeais, 1982), em
mais de 80% dos casos de mau desempenho de fundações de obras pequenas e medias,
a ausência completa de investigação e o motivo da adoção de solução inadequada.
A identificação do material que está presente no solo também é de fundamental
importância para o desenvolvimento do projeto de fundações e estruturas. Solos
especiais, ou também conhecidos como problemáticos, devem ter uma atenção maior,
pois o comportamento deles não é bem determinado e tendem a variar de volume quando
há presença de água. Os dois tipos mais conhecidos são os solos colapsíveis e os solos
expansivos.
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2.1 Solos Problemáticos

2.1.1 Solos colapsíveis

Solos colapsíveis ou subsidientes são estruturalmente instáveis, apresentando mudança


brusca no seu comportamento tensão-deformação quando se aumenta o grau de
saturação, sem mudança do estado de tensões (Mariz, 1993). A magnitude do colapso
apresentado pelo solo depende de alguns fatores como umidade inicial, histórico de
tensões, espessura da camada de solo envolvida, variação de umidade do solo (devido a
infiltração ou elevação do lençol freático) e da sobrecarga imposta (MACHADO, 1998).
Cintra e Aoki (2009) definiram colapso como um fenômeno que ocorre em certos solos
porosos não saturados ao serem inundados, sob carga constante. A inundação é
responsável por anular a sucção matricial existente nos vazios do solo, reduzindo a sua
resistência ao cisalhamento, levando a grandes variações de volume, conhecidas como
recalque por colapso. Como consequência, os recalques podem causar danos de
pequena magnitude, como trincas e rachaduras nas paredes das edificações, ou podem
causar danos de maiores proporções, como a ruína parcial ou total da edificação. A
fissura de recalque por colapso
De maneira geral, as fissuras provocadas por recalque devido a colapso de solos têm
comportamentos similares às fissuras por recalques diferenciais, e Thomaz (1989) define
que elas são tipicamente inclinadas, confundindo-se as vezes com as fissuras provocadas
por deflexão de componentes estruturais. Em relação as primeiras, contudo, apresentam
aberturas geralmente maiores ‘deitando-se” em direção ao ponto onde ocorreu o maior
recalque. Outra característica das fissuras provocadas por recalques é a presença de
esmagamentos localizados, em forma de escamas, dando indícios das tensões de
cisalhamento que as provocaram: além disso, quando os recalques são acentuados,
observa-se nitidamente uma variação na abertura da fissura. As figuras de 1 e 2
representam a padrões típicos de deslocamentos das fundações e do qual se originam as
fissuras, que também se caracterizam de forma típica, em 45º.

Figura 1 e 2 - Como ocorre o recalque por colapso e fissura característica por recalque (Tominaga, 2009)
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2.1.2 Solos Expansivos

Presa (1980) define que solo expansivo é aquele em que a variação volumétrica é muito
elevada, de forma a produzir efeitos prejudiciais, como levantamento das obras
construídas sobre os mesmos. No final da década de setenta nos Estados Unidos eram
gastos cerca de dois bilhões de dólares anuais para solução de problemas ligados à
expansibilidade de solos (Costa Nunes e Craizer ,1978).
Tipicamente se observa que as manifestações patológicas se propagam como fissuras ou
fendas características. Nas edificações, fissuras diagonais embaixo das janelas e acima
das portas, ondulações e rupturas nos pavimentos e fissuras generalizadas longitudinais.
Alguns desses danos também representam sérios problemas de segurança, pois portas e
janelas emperradas podem bloquear a saída em caso de alguma emergência, além da
possibilidade de o movimento de solo romper tubulações de água, gás ou esgoto.
Os solos expansivos ainda são pouco estudados. Ferreira (1994) nos alerta que é difícil
identificar um solo expansivo, pois a expansão não depende unicamente das
propriedades intrínsecas do solo, mas também das condições em que se encontram e das
que são impostas. Sivapullaiah & Sridharan (1987) afirmam que o comportamento do
sistema solo-água é primeiramente controlado pelo tipo e quantidade do argilo-mineral,
seguido pela natureza do fluído no poro.
Segundo Vargas (1989), existem quatro principais áreas de solos expansivos no Brasil,
afirmação que tem sido confirmada por estudos recentes: Litoral do Nordeste, Sertão
nordestino, estados de São Paulo e Paraná, estado do Rio Grande do Sul.
Milititsky (2015), afirma que existem três procedimentos básicos para reduzir ou evitar os
efeitos de solos expansivos sob fundações e estruturas: Isolar a estrutura dos materiais
expansivos, reforçar a estrutura para resistir aos esforços provocados pelas forças de
expansão e eliminar os efeitos de expansibilidade. Embora os três procedimentos possam
ser utilizados individualmente ou em combinação, o isolamento da estrutura tem sido
adotado com maior frequência. Isolar a estrutura dos solos expansivos pode requerer o
uso de materiais deformáveis, como compensados ou isopor, entre o solo e o concreto.
As forças de expansão comprimem estes materiais, não sendo transferidas diretamente a
estrutura. Estes procedimentos podem minimizar os efeitos da expansão, sem, no
entanto, elimina-los, devendo por este motivo ser acompanhados de outras soluções de
engenharia. Recomenda-se o uso de estacas armadas ao longo do fuste, trabalhando a
tração, e a avaliação da rigidez e resistência da superestrutura para absorver os esforços.
Esses cuidados impõem custos expressivos às construções, que nem sempre são visíveis
em obras correntes de pequeno porte (Milititsky, 2015).
Milititsky (2015) ainda afirma a importância de evitar a percolação de agua junto aos
elementos de fundação, de forma a minimizar os efeitos de expansão, e uma exigência.
Recomenda- se o envelopamento das canalizações abaixo ou próximas as estruturas e o
uso de pavimento asfáltico nas áreas de acesso. O asfalto apresenta boa trabalhabilidade
e pode absorver possíveis fissuras provocadas por variações de umidade no subsolo. A
manutenção constante dos pavimentos também é recomendada para evitar a infiltração
de água.

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3 Estudo de Caso
Para a análise das manifestações patológicas causadas por solos expansivos, foi utilizado
um estudo de caso de uma escola localizada no sertão de Pernambuco. Na cidade da
escola, existe um histórico de edificações danificadas (Figuras 3 e 4), a presença de
fissuras indica que existe uma peculiaridade no solo da localidade.

Figuras 3 e 4 – Casas próximas a escola com fissuras (Fonte: Autores)

A escola é composta por 03 blocos (Figura 5) com um único pavimento térreo. A estrutura
é aporticada de concreto armado, e as paredes de vedação são de tijolo cerâmico. A
coberta é uma laje de concreto armado com telha canal. As fundações são estacas de
concreto armado moldadas in loco (tipo “broca”), com diâmetro de 300mm e comprimento
de 3,30m em relação ao nível do piso pronto.
Para efeito desse relatório, os blocos receberam a seguinte terminologia: Bloco 1 -
despensa e cozinha, Bloco 2: laboratório de informática e o Bloco 3: sala da diretoria.

Figura 5 – Esquema dos blocos da Escola (Fonte: Autores)


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As sondagens disponíveis mostram que o terreno é formado inicialmente por uma camada
de aterro de argila siltosa com cerca de 1m de espessura; segue-se um silte arenoso com
pedregulhos, fofo a medianamente compacto, com espessura de 2m; a partir de 3m de
profundidade, aparece uma alteração de rocha. O nível d´água freático não foi encontrado
em nenhuma das sondagens disponibilizadas.
Pelo que se constou na investigação preliminar, existia uma antiga escola no terreno com
muitas patologias. Tendo em vista a magnitude das patologias e a relação custo/benefício
para a sua recuperação, foi tomada a decisão de demolir a escola para a construção de
uma nova edificação. A nova escola foi construída entre 2006 e 2007, e entregue ao
órgão responsável pela sua administração em setembro de 2007. Entre a entrega da obra
e dezembro de 2008 apareceram algumas fissuras que foram recuperadas pela mesma
empresa que a construiu. Entre dezembro de 2008 e março de 2009, após o período
chuvoso na região, foi observado um expressivo agravamento das manifestações
patológicas existentes, que motivou a interdição do bloco da diretoria.

3.1 Primeira inspeção e intervenção

No ano de 2012 foi realizada uma inspeção na escola, o corpo de engenheiros que
inspecionou a escola verificou os seguintes aspectos:

 As manifestações patológicas se concentram nos Blocos 2 e 3. O Bloco 1 não


apresenta sinais de danos;
 Há trincas e rachaduras em quase todas as paredes dos Blocos 2 e 3. Essas
manifestações são mais expressivas nas paredes em que há elementos vazados,
tais como janelas e cobogós (Figura 6);

Figura 6 – Pilar esmagado e fissuras nas paredes (Fonte: Autores)


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 Foi observado que alguns pilares estão esmagados devido ao movimento da
fundação (Figuras 7);
 Foi observado que a grade das portas está distorcida, consequentemente
emperrando a porta (Figura 8);

Figuras 7 e 8 – Pilar esmagado e grade de porta distorcida (Fonte: Autores)

 Diversas casas vizinhas à escola apresentam fissuram similares as que existem na


escola e ao lado da escola existia um terreno baldio descoberto.
 Foi observado que nos blocos 2 e 3 houve o levantamento do piso interno das
salas de aula e também da calçada externa (Figura 9);

Figura 9 – Elevação do nível do piso externo (Fonte: Autores)


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De acordo com o histórico dos eventos e os danos observados, pode-se concluir que as
patologias estão relacionadas a movimentos da fundação. Inicialmente foi suspeitado que
o solo fosse colapsível, porém quando se verificou a condição de esmagamento dos
pilares, ficou claro que o que houve foi o levantamento da estrutura, e não recalque
diferencial. Após a realização de ensaios (Expansão livre, expansão sob pressão e
pressão de expansão) concluiu-se que o solo é expansivo, com os movimentos
provocados pela variação de umidade, e que as manifestações patológicas são advindas
de tal movimentação.
No período de chuvas intensas, há um aumento da umidade, o solo se expande e reage
sobre o fundo das cintas e do piso. Como o esforço de levantamento é maior que o peso
da estrutura, ocorre o levantamento e as manifestações aparecem. Isso também explica a
razão da maior intensidade dos danos nos locais ocorrer nos locais onde há aberturas nas
paredes (janelas e cobogós), já que o peso da estrutura é menor. No período de
estiagem, há uma redução da umidade e o solo se contrai. Para esse movimento a
estrutura apresenta um melhor desempenho, já que a fundação está apoiada sobre
estacas a 3,30 m de profundidade.
Como meio de adaptar a escola ao solo expansivo e permitir a estabilização dos
movimentos da fundação, evitando a ocorrência de manifestações patológicas, foram
executadas as seguintes medidas:

 Criação de um vazio entre o terreno e o piso através da demolição do piso


existente e escavação do terreno até 10cm abaixo do fundo das cintas, com
posterior execução de laje de concreto armado apoiada sobre as cintas existentes.
 Execução de um sistema de drenagem subterrânea através de valas em todo o
contorno do terreno, para evitar a entrada de água subterrânea vinda das áreas
mais altas do entorno do terreno. As valas deverão ser de brita envoltas com
geotêxtil não tecido, com 0,40m de largura, 2,5m de profundidade e declividade
entre 0,5 a 1%;
 Toda a área interna da escola deverá ser impermeabilizada com piso cimentado
e/ou lajotas. Deverá ser feita uma manutenção periódica para evitar infiltração de
águas pluviais;
 Aumentar a seção dos pilares de 20 cm para 35 cm;
 Deverá ser feita uma cuidadosa revisão (e eventual reparo) de todo o sistema de
instalações hidrossanitárias da escola.

3.2 Execução dos reparos e segunda inspeção

Após a análise dos blocos danificados e desenvolvimento dos projetos de reforço, no ano
de 2014 foram realizados os serviços de recuperação e reforço das estruturas, e a escola
finalmente retomou às atividades normais. Após 4 anos, voltou a chover fortemente na
região, chegando a máxima histórica de 309 mm no mês de fevereiro, segundo os dados
da APAC. Dessa forma, foi conduzida uma nova inspeção para verificar às condições da
escola e das soluções propostas anteriormente. A inspeção foi realizada durante o mês
de maio de 2018 sendo feita de forma visual. O roteiro traçado para início da inspeção foi
do bloco 3, seguindo para o bloco 2 e por fim para o bloco 1.
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No bloco 3 foi identificado um levantamento do piso em placas pré-moldadas de concreto
(Figuras 10 e 11) onde era um jardim. Durante a reforma da escola, foi solicitado que essa
área fosse revestida para evitar a infiltração de água e expansão do solo. A medida foi
tomada, porém canteiros de plantas continuam próximos a área e conduzem a água para
o solo expansivo

Figuras 10 e 11 – Piso externo ao bloco 3 com desnível devido a levantamento (Fonte: Autores)

Ainda no bloco 3, as paredes voltadas para a parte externa da escola apresentavam


fissuras inclinadas, com aproximadamente 45º (Figura 12), situadas próximas as janelas e
fissuras horizontais na base de alguns pilares (Figura 13).

Figuras 12 e 13 – Fissuras na parede e pilar do Bloco 3 (Fonte: Autores)

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Na parte do bloco 3 voltada para o bloco 2, também foram evidenciadas fissuras
inclinadas próximas aos cobogós (Figura 14).

Figura 14 – Fissura inclinada entre cobogós e pilar (Fonte: Autores)

Nas paredes do bloco 2, virado para o bloco 3, também foram identificadas fissuras
próximas as janelas, evidenciadas nas figuras 15 e 16.

Figuras 15 e 16 – Fissuras nas paredes do Bloco 2 (Fonte: Autores)

Ainda no bloco 2, foram identificadas fissuras preocupantes nas paredes voltadas para a
quadra de esportes, pois, tais fissuras causaram o desplacamento e até quebra de peças
de cerâmica 10 cm x 10 cm (Figuras 17 e 18). Ainda é possível notar que na Figura 20,
existem uma diferença entre as partes antigas e as recentemente recuperadas, a
coloração do revestimento indica que a parte recuperada está revestida com uma
cerâmica mais clara e rejunte da cor das peças.
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Apesar de em 2012 o bloco 1 não ter apresentado nenhum sinal de danos, durante a nova
inspeção foram identificadas fissuras próximas a vazios (Portas, janela e cobogós) que
trazem preocupação aos usuários.

Figuras 17 e 18 – Fissuras no Bloco 2 com desplacamento e quebra de cerâmicas (Fonte: Autores)

Tais fissuras já causaram o desplacamento e 2 peças cerâmica (Figura 19) próximas a


porta e outras peças já se encontram ocas por traz, evidenciando que não existe mais
uma colagem efetiva das peças no substrato. Um pilar também apresentou uma fissura
horizontal e que segue até a quina inferior de uma janela (Figura 20).

Figuras 19 e 20 – Fissuras no Bloco 2 com desplacamento e quebra de cerâmicas (Fonte: Autores)


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Além da verificação nos blocos, foi possível notar que algumas partes dos muros que
cercam a escola apresentavam fissuram expressivas (Figura 22) que comprometem a
utilização segura e representam risco para os alunos que circulem por essas áreas.
Também foi notado que em alguns pontos recuperados existiam fissuras na interface do
material novo com o antigo (Figura 21).

Figuras 21 e 22 – Fissuras na interface recuperada com a antiga e no muro da escola (Fonte: Autores)

Apesar de recuperada a apenas 3 anos, a escola apresenta sinais preocupantes de


movimentos de fundação, com fissuras em pilares que podem ser pequenos
esmagamentos e fissuras inclinadas próximas a vazios. Além de manifestações
patológicas também estarem se desenvolvendo no único bloco do conjunto que não
sofreu intervenção, o bloco 1.

4 Conclusões e Recomendações
Após a nova inspeção, danos similares aos já ocorridos foram identificados, porém, em
menor intensidade. Apesar dos serviços de reparo e reforço terem sido executados de
forma correta, problemas no sistema de drenagem podem ter permitida a passagem de
água para que a mesma entrasse em contato com o solo e desencadeasse o processo de
expansão, consequentemente levantando a estrutura. Como boa parte da estrutura não
está mais em contato com o solo, apenas as fundações foram levantadas e
consequentemente os pilares. Os pilares também foram reforçado e tiveram sua seção e
peso aumentados, de forma que a força de expansão do solo desenvolva uma resultante
menor (Força resultante = Força de expansão do solo – Peso próprio) e consequente
manifestações patológicas menos expressivas quanto as que aconteceram em 2009.

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Pontos como os jardins e sistemas de drenagem precisam ser revisados e verificados
quanto a possibilidade de estarem servindo de caminho para a penetração de água no
subsolo. Além de ser feita uma revisão do piso em lajotas próximo ao bloco 3, refazendo
se necessário à sua composição e criando um sistema efetivamente estanque quanto a
penetração de água. As fissuras existentes nas paredes devem ser reparadas e fechadas
para não facilitarem a entrada de agentes agressivos no concreto armado, e
desenvolverem uma maior deterioração do sistema.
De certa forma, houve uma redução efetiva na ação dos solos expansivo sob a estrutura,
porém as reações não foram totalmente cessadas. A própria literatura sobre o assunto
afirma que a possibilidade de reduzir a zero a influência do solo expansivo nas estruturas
é bastante remota. Porém, os danos existentes não prejudicam o uso da edificação e não
caracterizam risco aos utilizadores neste momento. Mesmo sem risco grave a saúde da
estrutura e utilizadores, os reparos precisam serem feitos de forma emergencial para
preservar às condições da escola. Também é preciso que os órgãos responsáveis pela
manutenção da escola criem programas de inspeções periódicas visando identificar os
problemas na sua fase inicial, reduzindo o custo e o impacto de uma outra intervenção de
grande porte na escola.

5 Referências

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