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ARTES VISUAIS

COMUNICAÇÃO VISUAL
E
DESIGN

Profa. Cíntia Borges Ribeiro


Profa. Marissilva Calderaro Barbato
Profa. Rita de Cássia Bolzan Pion
Comunicação Visual e Design

Apresentação da disciplina

Caros (as) alunos (as),

É com grande satisfação que lhes apresentamos a disciplina de Comunicação Visual e Design, ela
está voltada ao entendimento de como se dá a Comunicação Visual e sua importância através dos estudos
da percepção, sua influência sobre a sociedade e se estende ao Design para que possamos ter condições
de criar uma reflexão crítica sobre o assunto.
O texto vai tratar a comunicação e o design como agentes transformadores do meio social, pelo seu
caráter dinâmico e participativo na construção de visões do mundo.
Praticamente tudo que vemos é comunicação visual; uma ave, uma flor, uma casa, um copo, etc.
Cada imagem tem valor diferente, segundo o contexto em que está inserido, dando-nos informações
diferentes.
O trabalho de um profissional dessa área deve percorrer caminhos muito bem estabelecidos
antecipadamente, para não se ter o risco de acabar gerando uma má comunicação visual. Ele deve ter em
mente para qual púbico irá trabalhar; qual a importância de sua mensagem e como o público vai receber
essa informação.
É, portanto, um trabalho de grande importância para a humanidade.
Percebemos que o campo da comunicação e design vem evoluindo constantemente e isso é
resultado da necessidade que sentimos em nos comunicarmos com o próximo.
Esperamos que ao final deste trabalho, tenha sido adquirido o discernimento necessário para
utilizar a comunicação visual de forma inequívoca.

Sucesso para vocês!!!


Comunicação VisualDisciplina
e Design

Programa da disciplina

Ementa: Objetivos:
Bases para estudo dos elementos da Investigar, no campo da comunicação e do
visualidade e das imagens. Introdução ao design, não só a abordagem teórico-prática, mas
conceito de “projeto” (design) em suas diversas o estudo da cultura na qual se integram, a
vertentes (de produto, visual, moda e interiores), verificação das formas e de seus métodos de
apresentando a evolução da arte em geral, das aquisição e também do meio ambiente onde se
artes aplicadas em particular e desenvolver instauram.
conhecimentos sobre ferramentas, Metodologia:
equipamentos, materiais e acabamentos Disciplina oferecida na modalidade à
utilizados nas diversas áreas do design. A distância (EAD)
disciplina tem caráter de preparação para outras
de especialização na área.

Avaliação:
No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, entretanto, se
caracterizar como a única forma possível e recomendada.
Na avaliação presencial, todos os alunos estão nas mesmas condições, em horário e espaço pré-
determinados.
Diferentemente, a avaliação a distância permite que o aluno realize as atividades avaliativas no seu
tempo, respeitando-se obviamente a necessidade de estabelecimento de prazos.
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e Design

As estratégias de recuperação incluirão:

1) Retomada dos conteúdos abordados nos módulos, quando não satisfatoriamente


dominados pelo aluno.

Bibliografia Básica;

ARNHEIM, R. Arte e Percepção Visual - Uma psicologia da visão criadora. SP: Pioneira, 2000.
CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. SP: Edgard Blücher, 2008.
MUNARI, B. Design e comunicação visual. SP: Martins Fontes, 2011.

Bibliografia Complementar:

BIGAL, S. O Design e o desenho industrial. SP: Anablume, 2008.


CLARO, M. Desenho industrial, arte moderna e autogestão operária. SP: Senac, 2004.
FUENTES, R. A Prática do design gráfico. SP: Rosari, 2009.
MEMÓRIA, F. Design para a internet. RJ: Campus, 2005.
WILLIAMS, R. Design Para Quem não é Designer. SP: Callis, 2009.
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Sumário

Unidade 01 Unidade 11
Introdução à Comunicação Visual 01 Introdução ao Design 41

Unidade 02 Unidade 12
Semiótica - Estudando a Linguagem 05 História do Design 45

Unidade 03 Unidade 13
Estruturas Semióticas da Linguagem 09 Sociedade e Ideologia 49

Unidade 04 Unidade 14
Os Signos 13 Design de Produtos 53

Unidade 05 Unidade 15
A Estrutura da Comunicação 17 Design de Moda 57

Unidade 06 Unidade 16
Percepção Visual - Equilíbrio 21 Design de Ambientes 61

Unidade 07 Unidade 17
Equilíbrio Visual - Peso e Direção 25 Design Conceitual 65

Unidade 08 Unidade 18
Elementos da Visualidade - Ponto e Linha 29 Design de Interfaces 69

Unidade 09 Unidade 19
Elementos da Visualidade - Cor e Textura 33 Design Gráfico 73

Unidade 10 Unidade 20
O Plano Original de Kandinsky 37 Projeto 77
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Unidade 01
Introdução à Comunicação Visual

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Prezado aluno, vamos nessa primeira unidade compreender um pouco da COMUNICAÇÃO
VISUAL e suas várias categorias de expressão, onde a construção de qualquer uma delas implica em
conhecimento e na leitura de elementos visuais. O conhecimento da linguagem visual assume
fundamental importância quando se reconhece que vivemos na “civilização da imagem”.
Refletir criticamente sobre objetos e linguagens gerados por meios tecnológicos e artísticos.
Compreender a materialidade e a visualidade em seus aspectos semióticos e estéticos, educacionais,
históricos, sociológicos, morfológicos e no campo da subjetividade.
ESTUDANDO E REFLETINDO

A Comunicação Visual está ao nosso redor, podemos encará-la como uma habilidade de
sobrevivência que não precisamos aprender, pois está garantida somente pelo fato de enxergarmos. Nós
não precisamos visitar uma galeria de arte ou uma mostra de design
para vivenciar comunicação visual.
Nós usamos a comunicação visual para navegar e entender o mundo
em que vivemos. Signos, logomarcas, ícones, receitas, contas,
panfletos, livros, telefones celulares, tablets, televisores, revistas, etc...,
são exemplos de comunicação visual. Um relógio é um exemplo de
comunicação visual da qual nos tornamos dependentes para viver
todos os dias.
Ela é um campo multidisciplinar que envolve design, ilustração,
belas artes (como desenho e pintura), multimídia e fotografia.
Comunicação Visual, como área de conhecimento, aplica os
fundamentos das artes visuais na solução de “problemas funcionais”
da comunicação. Em outras palavras, pode ser considerada como o
Rótulos - Cíntia Ribeiro (2012)
uso dos conceitos artísticos para veicular ideias e mensagens lápis de cor sobre Canson
específicas. Sabe-se que o homem se comunicou desde sempre e das

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mais variadas maneiras, através da fala, da escrita, receptores.


da expressão corporal, dos sons, dos SINAIS À nossa volta há uma infinidade de
VISUAIS. imagens que comunicam tudo o que nos envolve;
Comunicar é informar, transmitir uma estabelece conosco um diálogo transmitindo-
mensagem. Comunicação Visual é transmitir essa nos uma informação (como o relógio do exemplo
mesma mensagem, mas através da imagem. anterior), mas o impor tante é estarmos
disponíveis para sermos capazes de receber e
entender essa mensagem.

BUSCANDO CONHECIMENTO

No entanto, entre todas essas mensagens


que passam através dos nossos olhos é possível
f a z e r, p e l o m e n o s , d u a s d i s t i n ç õ e s : a
comunicação casual e a intencional.
Como coloca Bruno Munari, comunicação
visual casual é a nuvem que passa no céu, não
Cartaz - Semana de Arte certamente com a intenção de nos advertir de
Moderna (1922) q u e e s t á pa r a c h e g a r u m te m p o r a l . A
comunicação casual pode ser livremente
Comunicação é o meio fundamental de interpretada por quem a recebe, seja ela uma
ligação entre as pessoas. Por exemplo, para mensagem científica ou estética, ou de outro tipo.
conseguirmos saber o que se passa no mundo, Ao contrário, a comunicação intencional
podemos ler jornais, ver televisão, ir ao cinema ou deve ser recebida na totalidade do significado
ligar à Internet. Mas para que haja comunicação e pretendido pela intenção do emissor. É uma série
esta se estabeleça tem de haver sempre um de nuvenzinhas de fumaça que os índios faziam
emissor, o meio de comunicação que é o canal para comunicar, através de um código preciso,
(que leva a mensagem) e um ou vários uma informação precisa.

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Comunicação VisualDisciplina
e Design

Uma desvantagem dos sinais de fumaça um todo. Veja o emprego simples e intenso das
era que o inimigo também podia vê-los. Por essa cores utilizadas. Note ainda a impressão de
razão, não existia um único código para as movimento que temos ao olhar as figuras que
transmissões e cada tribo tinha seu próprio dançam. Repare nos pés e nos braços das figuras:
sistema. O significado da mensagem era pré- cada uma delas parece continuar o movimento
determinado e conhecido somente pelo iniciado pela outra, como numa roda que gira
remetente e pelo destinatário do sinal. Então essa sem interrupções.
Comunicação Intencional também tinha um
código decodificado que só o destinatário
conhecia.
Por sua vez, a comunicação visual
intencional pode ser examinada sob dois
aspectos: o da informação estética e o da
informação prática.
Como informação prática, sem
componente estético entende-se, por exemplo,
um desenho técnico, uma fotografia de
reportagem, o noticiário da TV, um sinal de
trânsito etc. Como informação estética, entende-
se uma mensagem que nos informe, por
exemplo, as linhas harmônicas que compõem
A Dança - Henri Matisse (1909)
uma forma, as construções volumétricas de uma
construção tridimensional, as relações temporais
visíveis de transformação de uma forma em
outra.
Observe no quadro ao lado, como as
figuras humanas, o céu ao fundo e a terra formam

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Comunicação Visual e Design

É necessário que você saiba que existe a comunicação verbal (através da fala e da escrita) e a não
verbal (através dos gestos e das imagens). A linguagem verbal é um dos códigos da comunicação mais
eficaz, mas não tem um caráter universal, pois cada povo tem a sua própria língua. No entanto
determinadas representações gráficas interpretadas e compreendidas de igual forma pelos diferentes
povos, é denominado de SEMIÓTICA, que será estudada melhor na próxima unidade.

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Unidade 02
Semiótica - Estudando a Linguagem

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Entender a linguagem como estrutura e campo de estudo necessário para refletir
criticamente sobre a forma como nos comunicamos de diversos modos, não só de forma verbal.
Desvincular o termo Linguagem do termo Língua e fazer a ligação entre Linguagem e Expressão.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Lúcia Santaella em seu livro “O que é Semiótica” faz uma introdução bem-humorada sobre o tema,
mas que nos serve de como ponto de partida para não incorrer em enganos quanto aos termos que iremos
utilizar bastante nas próximas unidades desta disciplina.
Semi-ótica – ótica pela metade? ou Simiótica – estudo dos símios?

Essas são, via de regra, as primeiras traduções, a nível de brincadeira, que sempre surgem na abordagem da

Semiótica. Aí, a gente tenta ser sério e diz: - “O nome Semiótica vem da raiz grega semeion, que quer dizer

signo. Semiótica é a ciência dos signos.”. Contudo, pensando esclarecer, confundimos mais as coisas, pois

nosso interlocutor, com olhar de surpresa, compreende que está querendo apenas dar um novo nome para a

Astrologia.

Confusão instalada, tentamos desenredar, dizendo: - “Não são os signos do zodíaco, mas signo, linguagem.

A Semiótica é a ciência geral de todas as linguagens.”. Mas, assim, ao invés de melhorar, as coisas só pioram,

pois que, então, o interlocutor, desta vez com olhar de cumplicidade – segredo desvendado -, replica: - “Ah!

Agora compreendi. Não se estuda só o português, mas todas as línguas”.

Nesse momento, nós nos damos conta desse primordial, enorme equívoco que, de saída, já ronda a

Semiótica: a confusão entre língua e linguagem.

(SANTAELLA, Lúcia. O que é Semiótica. 1983, p. 7)

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Comunicação Visual e Design

Assim, podemos entender com esse


trecho da introdução de SANTAELL A que
Semiótica é o estudo da linguagem, e que língua
e linguagem não são, exatamente, a mesma
coisa.

Mas então, o que é LINGUAGEM?

Ao procurar no dicionário você pode se


deparar com o seguinte: “Conjunto de sons
articulados com que o homem manifesta o que
pensa ou sente” (Minidicionário Ruth Rocha). Então podemos colocar como linguagem
tudo o que expressa, informa e/ou comunica.
Certo! Certo? No mesmo dicionário encontramos o
seguinte verbete:
ERRADO!!!
“Expressão: 1. Ato de exprimir. 2. Maneira de
Linguagem é tudo aquilo que comunica. exteriorizar sentimentos, pensamentos, etc...”.
Os animais têm sua própria linguagem e (Minidicionário Ruth Rocha).
não deixa de ser linguagem só porque é um
pássaro cantando para chamar a atenção da Nós nos expressamos de diversas formas,
fêmea e por o fazer por instinto. É linguagem, a palavra é uma dessas formas e pode ser falada
pois comunica a intenção daquele pássaro ou escrita, que já configuram duas formas de
quanto à fêmea. Isso É linguagem. expressão distintas, ainda temos os sons (não a
O verbete do dicionário está correto palavra falada, mas a música e as canções, os
quanto ao desenvolvimento da linguagem ruídos, toques de celular, campainha, entre
humana, mas só a parte do “com que o homem outros). Temos as artes visuais, que expressam o
manifesta o que pensa ou sente”, pois linguagem pensamento do artista com forma e cores. A
não é só som. LIBRAS – Linguagem Brasileira de dança e o teatro que se utilizam de várias
Sinais é um conjunto de gestos que indicam, linguagens reunidas para criar uma forma de
expressam pensamentos e sentimentos, tanto expressão própria, inclusive a linguagem gestual.
quando a linguagem falada.

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Comunicação Visual e Design

BUSCANDO O CONHECIMENTO Porém, a comunicação através da


linguagem só ocorre porque as pessoas
Considerada em sua envolvidas conhecem os códigos daquela
totalidade, a linguagem é
linguagem. Nós, seres humanos, desenvolvemos
multiforme e heteróclita;
cavalgando sobre diferentes a linguagem para nos relacionar, para mostrar
domínios, ao mesmo tempo físico,
para o outro o que pensamos, a linguagem verbal
fisiológico e psíquico, ela pertence
ainda ao domínio individual e ao é a principal forma de expressão e ela está no
domínio social; ela não se deixa
classificar em nenhuma categoria
domínio social. Ela só ocorre dentro de uma
dos fatos humanos, e é por isso sociedade, para se comunicar é necessário que os
que não sabemos como
determinar sua unidade.
códigos, que chamaremos no estudo da
(SAUSSURE, Ferdinand de. Curso semiótica de signos, sejam conhecidos pelo
de lingüística geral. 1966. p. 25)
emissor e pelo receptador dos códigos. No caso
da linguagem verbal esses signos são as palavras,
O pensamento de Saussure coloca a tanto falada como escrita.
linguagem em diferentes domínios, entre eles o Vamos analisar a situação abaixo:
domínio individual e o domínio social. Se você levanta pela manhã e encontra
Isso é importante porque somos seres sobre a mesa singelo bilhete dizendo: "Querido,
sociais, nós vivemos em sociedade e em fui à padaria e volto já...»
sociedade é preciso se comunicar, imagine-se em
sua casa sem qualquer modo de comunicação
com as pessoas que dividem a casa com você. Ou
no seu trabalho, sem conseguir se comunicar.
Sem falar, escrever, fazer mímica ou apontar para
os objetos que precisa, sem conseguir ler a
embalagem para saber se o que há no frasco é
suco ou água sanitária... Seria muito difícil viver
sem comunicação, sem linguagem.

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Comunicação Visual e Design

A emissora da mensagem não colocou a padaria (construção feita de tijolos e cimento no papel). Ela
colocou um conjunto de letras que ordenadas de uma determinada maneira cria uma palavra que significa
a construção de tijolos onde se faz e vende pão.
Se olharmos mais profundamente para a situação, perceberemos ainda outras significações:
No bilhete não foi escrito o que seria comprado, mas cria-se a significação de alimentos, quando no
bilhete se encontra a palavra padaria.
Na próxima unidade veremos mais sobre os signos, mas antes disso, veja os vídeos nos links abaixo
sobre “O que é Linguagem”.

O que é Linguagem O que é Linguagem


parte 1 parte 2

http://www.youtube.com/watch?v=I1Zusz__3e8 http://www.youtube.com/watch?v=4qr3CGs1Upg

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Comunicação Visual e Design

Unidade 03
Estruturas Semióticas da Comunicação

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Estabelecer relações semiológicas corretas entre sinais e mensagens; saber interpretar
signos visuais, com suas especialidades; saber manipular o uso da imagem visual.
Cada signo é uma unidade dividida em duas partes, composta pelo significante (em latim
signans - alguma forma física), e pelo significado (signatum - referente exterior).

ESTUDANDO E REFLETINDO

A semiótica é um saber muito antigo, que estuda os modos como o homem dá significado ao que
o rodeia. É o estudo dos signos, ou seja, as representações das coisas do mundo que estão em nossa
mente. A semiótica ajuda a entender como as pessoas interpretam mensagens, interagem com os
objetos, pensam e se emocionam. Ela serve para analisar as relações entre uma coisa e seu significado.

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Comunicação Visual e Design

Existem mensagens que são apreendidas nossa história em vez de via férrea o ícone
(decodificadas) por certo grupos de pessoas, por representasse um animal. Isto alteraria a
só elas conhecerem o sistema de signos, sinais ou mensagem transmitida pelo código de transito
símbolos que estão organizados para construir rodoviário.
essas mensagens. Esses sistemas de organização O motorista saberia então que o trecho da
são chamados de códigos. As mensagens podem estrada estaria sujeito à passagem de animais,
ser consideradas produtos dos códigos. porque ele conhece o código rodoviário
Imagine se na primeira placa avistada em

Um código é, portanto, um sistema de normas e regras, delimitando o uso dos signos, que são
organizados para que se tornem comuns a um grupo.
Temos como exemplo de códigos os sinais de trânsito.

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Comunicação Visual e Design

Em ”Semiótica e filosofia da linguagem”, o certa maneira, representa algo para alguém. São
pesquisador e escritor italiano Umberto Eco signos: os símbolos, os ícones, os índices.
enumera os diferentes tipos de signos e a forma De acordo com Saussure, o signo possui
como funcionam nos processos de entendimento duas faces:
na semiose. a) o significante: escrita, fala.
O autor desenvolve exaustivamente as b) o significado: a imagem mental que chega até
diferenças entre esses "sintomas" em relação a nós no momento em que percebemos um signo.
seus diferentes níveis de objetividade e em Vamos pensar na palavra “noite”:
relação ao objeto a que se referem, solicitando a) cada uma das letras que formam a palavra, o
um raciocínio mais ou menos complexo a fim de som da palavra (significante).
se alcançar o entendimento ou significado deste b) momento do dia em que a Terra é iluminada
ou daquele signo. pela luz refletida na Lua. (significado)
Assim, a palavra, falada e escrita, é um tipo Quanto à origem, o signo pode ser:
de signo mais objetivo, direto na expressão de a) natural: que existe independente de nossa
sua mensagem, se comparado a uma sinfonia, vontade. Ex.: o trovão, a fumaça, o raio.
por exemplo. No entanto, uma sinfonia, uma b) artificial: que é criado pelo homem, produto
placa que diz "É proibido fumar", uma nódoa de cultural.
sangue em uma camisa, a figura estilizada de Ex.: a escrita, o cinema, a fotografia, etc.
uma mulher na porta de um banheiro, uma tosse, Quanto às formas de representação o
um espirro, uma dor de cabeça, todas essas signo pode ser:
realidades são signos ou combinações de signos a) verbal: é a fala ou escrita, a língua. Ex.:
passíveis de entendimento e mais, passíveis de português, inglês.
diferentes entendimentos em função da b) não verbal: qualquer outra manifestação que
circunstância na qual se dá sua ocorrência. não seja a língua. São exemplos: a dança, a
Signo é tudo o que em certa medida, de pintura, a escultura, a arquitetura, o cinema, etc.

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Comunicação Visual e Design

BUSCANDO CONHECIMENTO você pode usar a palavra laranja. Vamos


entender melhor, com um exemplo:
Vamos explicar melhor o que é signo * Tomei um suco de laranja. (fruta)
/significado/ significante no transcorrer da * Aquele rapaz é o laranja do beltrano. (entra
unidade. como um apelido de fraude).
Abaixo eu tenho a imagem de uma *Sua blusa é laranja. (entra como cor)
laranja; agora vamos à explicação da semiótica Então:
da laranja. O SIGNO é a forma da imagem; aquela que você
tem guardada no subconsciente – uma esfera de
cor alaranjada.
O SIGNIFICADO é a fruta.
O SIGNIFICANTE é a interpretação dada para a
palavra laranja.

Para reforçar o conceito desta unidade e


conhecer um pouco do objeto de estudo da
próxima, assista ao vídeo do link abaixo.

O SIGNO – se eu falar a palavra laranja, você já


imagina a forma dela, a cor e até o sabor. Então
signo é a forma da imagem; aquilo que o objeto
significa.
O SIGNIFICADO - da laranja ela é uma fruta, esse
é o significado.
O SIGNIFICANTE - são as várias maneiras que

http://www.youtube.com/watch?v=I8FcuWGDXso

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Comunicação Visual e Design

Unidade 04
Os signos

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Estabelecer relações semiológicas corretas entre sinais e mensagens; saber interpretar
signos visuais, com suas especialidades; saber manipular o uso da imagem visual. De maneira mais geral,
os signos podem ser divido em arbitrários e motivados, sendo os tipos mais frequentes: ícone, símbolo e
signo arbitrário. É deles que trataremos abaixo

ESTUDANDO E REFLETINDO

Vemos logo abaixo um exemplo de comunicação não verbal e estamos na presença da


comunicação visual.

Animais Policromados - Gruta de Lascaux - França


Período Paleolítico

Na Pré-História, a comunicação visual surge na pintura rupestre e nas estatuetas trabalhadas em


osso, argila ou pedra. Pelo simples fato de desenharem nas cavernas, seus criadores acreditavam que
automaticamente seus desejos seriam realizados: conseguir os animais para comer. Isso já é
representação de signo.

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Comunicação Visual e Design

O universo dos signos abrange as inumeráveis "coisas representativas de outras coisas". Estímulos e
saberes que nos chegam via percepção e que passamos a conhecer e, sobretudo reconhecer, se
relacionam através da memória e dos raciocínios associativos. Sem signos não há um saber consciente de
coisa alguma.
Diante da diversidade de signos, os estudiosos buscam uma forma de agrupá-los em tipos
característicos. Na classificação mais simples e largamente utilizada distinguimos três espécies de signos
aos quais correspondem três diferentes modos de semiose. São signos: os símbolos, os ícones e os índices
(ou indícios).

Os símbolos não apresentam similaridade


com seu objeto - a coisa representada. Não tem
ligação direta tipo causa-consequência. É uma
convenção típica. Seu exemplo clássico: letras,
palavras, são símbolos. Também são símbolos
figuras, objetos, gestos, quando remetem a uma
ideia ou a uma significação que não tem,
necessariamente, qualquer semelhança objetiva
com aquilo que simbolizam, tal como a cruz
simbolizando o Cristo, os dedos em V para dizer
"paz e amor" ou o polegar erguido ou ainda a
bandeira branca, indicando Paz ou as vestes
negras ou brancas indicando luto. Estamos
acostumados com esses significados, mas, não
podemos negar que são meras convenções
consagradas pelo uso em determinadas culturas.

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Comunicação Visual e Design

Já nos ícones não existe distinção entre o


representante e o objeto - o representado. O
ícone representa o que representa, seja como for,
pelo fato de ser como é. Representa por
característica própria que possui, mesmo que seu
objeto não exista. As imagens em geral, são
ícones. A imagem da lixeira, na área de trabalho
do seu computador, representa a lixeira porque é
de fato, a figura de uma lixeira tal como nos é
possível reconhecê-la.

Os índices são indicativos. Representam


algo que não está presente e esta representação
decorre de uma relação de causalidade. Todas as
sugestões são índices. Pegadas na lama: alguém
passou por aqui.
Diz o poeta: "... sua alma subiu ao céu, seu
corpo desceu ao mar...", entende-se, ela morreu
se atirando ao mar (Ismália, de Alphonsus
Guimarães).

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Comunicação Visual e Design

O que gera certa complexidade é que o BUSCANDO CONHECIMENTO


caráter do signo não é uno e nem fixo. Um
mesmo signo pode ser de caráter simbólico, A semiótica é um fenômeno cotidiano e de
icônico e indicial. Com predominância desses ou tão cotidiano, quase ninguém presta atenção no
daquele caráter, os significados mudam, de que há de fantástico nele; e o que há de fantástico
acordo com a situação ou a circunstância de na semiótica é o mesmo que há de fantástico em
ocorrência da semiose. ser humano, ser mais que um animal a fuçar
Dependendo das circunstâncias, por
inconscientemente nas esquinas da natureza.
exemplo, a palavra balança pode assumir Toda a majestade do nosso conhecimento
diferentes significados. É símbolo da justiça; pode cumulativo, evolutivo, progressivo, está baseada
ser indício de local de pesagem de alimentos num nessa capacidade primeira, em nós, humanos,
supermercado; indício outra vez, se a polícia mais desenvolvida do que em qualquer outro ser
encontra certa balança, em casa de certo sobre a Terra, instituir signos, reconhecê-los,
suspeito; pode significar tráfico de drogas; ou compartilhá-los e estabelecer relações entre eles,
pode ser apenas um instrumento que me
deles extrair significados e, em última instância,
informa: tal homem, residente nessa casa é um
conhecimento.
químico.

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Comunicação Visual e Design

Unidade 05
A Estrutura da Comunicação

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Compreender como a comunicação entre indivíduos acontece, o caminho que percorre,
como ela se estrutura e os elementos da comunicação.

ESTUDANDO E REFLETINDO

A Comunicação Visual está ao nosso redor, podemos encará-la como uma habilidade de
sobrevivência que não precisamos aprender, pois está garantida somente pelo fato de enxergarmos.
Nós não precisamos visitar uma galeria de arte ou uma mostra de design para vivenciar comunicação
visual.
Sempre que nos comunicamos estabelecemos uma relação com o outro, seja esse outro uma
pessoa ou um grupo de pessoas. Essa relação só ocorre porque uma série de elementos são chamados à
participar da comunicação, sem eles, não transmitimos mensagem alguma e não somos capazes de nos
comunicar.
Os elementos da comunicação são:

EMISSOR ou Local de origem da mensagem. Podendo ser uma pessoa ou um


DESTINADOR grupo de pessoas.

RECEPTOR ou Para onde a mensagem se destina. Podendo, mais uma vez, se


DESTINATÁRIO uma pessoa ou um grupo de pessoas ou até um animal

CÓDIGO A forma como a mensagem é organizada, são as regras que


organizam e dão sentido aos sinais que são usados para transmitir
essa informação e são de construção social. Essa codificação deve
ser de conhecimento do EMISSOR e do RECEPTOR, são códigos:
a língua, oral ou escrita, gestos, sons etc.

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Comunicação Visual e Design

CANAL DE meio físico ou virtual pelo qual a mensagem é enviada, como


COMUNICAÇÃO exemplo, podemos elencar as ondas sonoras, no caso da fala. O
canal de comunicação é que garante que a mensagem codificada
seja transmitida do emissor para o receptor.

MENSAGEM é o conteúdo a ser codificado e transmitido, a ideia, pensamento,


ordem.

REFERENTE é a situação na qual se encontra o emissor e/ou o receptor da


mensagem. É o contexto no qual determinada mensagem foi
emitida, as circunstâncias espaço-temporal nas quais encontram-
se o destinador e o destinatário da mensagem.

BUSCANDO O CONHECIMENTO

Veja os dois textos a seguir:

Nos dois exemplos de comunicação, língua portuguesa de uma forma mais informal,
podemos perceber que uma pessoa (o emissor) utilizada na internet e SMS; no texto B, a língua
escreveu alguma coisa a outra ou outras (o portuguesa em sua norma culta, bilhetinhos da
destinatário), dando uma informação (a época da vovó). Além disso, o emissor precisou
mensagem). Para isso precisou de papel ou da selecionar um conjunto de vocábulos (ou
tela do computador, transformou o que tinha a desinais) no código que escolheu
dizer em um código, (a língua - no texto A, a

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Comunicação Visual e Design

Imagine um senhor José de 95 anos constitui desse conjunto de elementos acima


recebendo um convite para o cinema da forma citados, sempre que se age na comunicação, toda
como foi transmitido no texto A. vez que alguém comunica alguma coisa para o
Muito provavelmente ele não conheça os outro, esse conjunto de elementos está agindo
códigos de comunicação desta era tecnológica, para assegurar que a troca de informações
termos como vc, pegar e xxx não são familiares e acontece de forma plena. Esquematizando os
podem fazer com que a comunicação não ocorra e l e m e n to s q u e pa r t i c i pa m d o j o g o d a
da forma como esperada. comunicação, é apresentado o diagrama abaixo:
Comunicação é um sistema que se

Au Bal du Molin de La Galette - Toulouse Lautrec (modificada)

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Comunicação Visual e Design

Nem sempre a troca de informações é bem sucedida. Denomina-se ruído aos elementos que
perturbam, dificultam a compreensão pelo destinador, como por exemplo, o barulho ou mesmo uma voz
muito baixa.

Au Bal du Molin de La Galette - Toulouse Lautrec (modificada)

Perceba como a imagem fica difícil de ser negativas, dependendo da composição. A


lida por estar cheia de ruídos visuais, como construção das mensagens deve estar em
manchas causadas pelo tempo e desgaste natural acordância com os estudos de percepção visual
da foto, amassados e a escrita sobre a imagem. para que atinjam o objetivo de forma mais
As mensagens visuais ainda sofrem outras eficiente.
interferências que podem ser positivas ou

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Comunicação Visual e Design

Unidade 06
Percepção Visual - Equilíbrio

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Compreender como a comunicação visual ocorre no indivíduo, a forma como percebemos
as imagens e lemos informações não verbais. Para tanto, verificaremos os elementos da visualidade e
da percepção visual tais como o ponto, a linha, o espaço, a cor e buscaremos entender como eles se
relacionam para comunicar.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Rudolf Arnheim propõe em seu livro “Arte e


Percepção Visual” a análise de um disco preto sobre
um quadrado branco para entendermos as forças
perceptivas ou psicológicas.
Quando olhamos o círculo escuro dentro do
quadrado, percebemos que ele não está no centro
do espaço delimitado pelo quadrado, mas não é
necessário o uso de uma régua para isso,
simplesmente percebemos. Isso porque o
fenômeno de ver não acontece de forma isolada
para cada elemento da composição.
Ao olharmos para o conjunto vemos o
conjunto, não vemos um quadrado branco e depois
o círculo preto.

21
Comunicação Visual e Design

Ao vermos um objeto, somamos “o ver” ao nosso repertório de informações relacionados àquele


objeto ou algo semelhante, por exemplo, os círculos incompletos ao lado criam a sensação da figura de
um triângulo, não que ele esteja representado na imagem, mas lemos na imagem a figura do triângulo.
Ao processarmos mentalmente essa imagem, lemos toda a imagem e nosso cérebro faz, de forma
involuntária, as associações necessárias para o entendimento daquilo que vemos. Essa ação ocorre
sempre que há estimulo visual.
Segundo Rudolf a experiência visual é dinâmica, uma vez que as pessoas não percebem somente
um arranjo de formas, cores e texturas, elas leem as imagens de acordo com a uma tensão dirigida,
Arnheim explica que essas tensões não são algo que o observador acrescente, por vontade ou de forma
intencional, elas são inerentes à imagem tanto quanto são o volume, a forma ou a cor. Assim, tendo
magnitude e direção, essas tensões dirigidas podem ser descritas como forças perceptivas.

Fechamento - da Gestalt
(Fechamento visual da forma)

22
Comunicação Visual e Design

BUSCANDO O CONHECIMENTO tela de seu computador ou uma folha impressa),


com você mesmo, com a sala onde está lendo. E
Voltando ao exemplo do cartão branco ao percebê-lo e relacioná-lo com o todo
com o círculo preto vamos entender melhor as colocamos nele certa tensão, pois relacionamo-lo
forças perceptivas. à estrutura dessas forças perceptivas.
Quando olhamos para um objeto, Elas obedecem a um padrão induzido,
relacionamos esse objeto ao restante da cena, como um campo de força, que encontra posições
assim, quando olhamos para o círculo preto, o cômodas para estabilidade visual, como se o
relacionamos com o quadrado branco, com a círculo preto sobre o cartão branco incomodasse
área branca onde este texto está redigido (seja a por não estar centralizado.

Campos de força visual e áreas de atração

23
Comunicação Visual e Design

Mas a tensão existente no círculo não sofre


influência somente do centro do cartão (para
onde temos vontade de empurrar o círculo), mas
também de suas bordas e de outras estruturas
constitutivas do suporte que estão ocultas.
O conforto visual é estabelecido quando
organizamos os objetos dentro da estrutura
oculta do suporte de forma equilibrada.

Mas o que é equilíbrio em uma obra


pictórica?

Façamos uma analogia com a Física: o


equilíbrio é o momento no qual as forças que
agem sobre um corpo físico se compensam, para
exemplificar podemos pensar em uma corda
sendo puxada por duas pessoas em direções
contrárias esticando-a, o equilíbrio acontece no
momento em que a força que as duas pessoas
fazem para puxar a corda é igual.
Arnheim coloca sobre o equilíbrio que
“como um corpo físico, cada padrão visual finito ...
tem um centro de gravidade”, então é passível de
ser equilibrado e ele ocorre quando todos os
fatores envolvidos na obra exercem a “a mesma
força”. Os fatores que interferem no equilíbrio
são: peso e direção.

24
Comunicação Visual e Design

Unidade 07
Equilíbrio Visual - Peso e Direção

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Prezado aluno, vamos nessa unidade vamos iniciar o estudo sobre o equilíbrio visual, para
isso vamos entender como ocorre o peso e a direção em uma composição pictórica e como estes
elementos influenciam nas imagens que lemos.

ESTUDANDO E REFLETINDO

O estudo do peso está relacionado a alguns elementos encontrados numa obra pictórica, seja um
desenho, uma pintura, uma fotografia, um cartaz publicitário ou mesmo em objetos tridimensionais,
como na estrutura de um prédio ou no design de uma peça mobiliária.

Fotografia de Sebastião Salgado

The Prickly Pair Chair - design de


Valentina Gonzalez Wohlers
Museu de Niterói projetado por Oscar
Monalisa - Leonardo DaVinci
Niemeyer

25
Comunicação Visual e Design

No mundo físico, real e palpável,


chamamos peso a força da gravidade que nos
atrai para baixo e nos mantêm presos ao chão.
Podemos observar uma força de atração
semelhante em obras pictóricas e esculturas,
porém este peso visual é manifestado também
em outras direções.
Para Arnheim

quando se olha um objeto numa pintura, seu

peso parece provocar tensão ao longo do eixo

que o liga aos olhos do observador, e não é fácil

dizer se eles se afastam ou se avançam na

direção da pessoa que os observa. Tudo o que


A posição de maior peso na estrutura de
se pode dizer é que o peso é sempre um efeito
composição está no centro e nas linhas vertical e
dinâmico, mas a tensão não é necessariamente
horizontal. O equilíbrio pode ocorrer
orientada ao longo de uma direção dentro do
posicionando objetos menores ao distanciar do
plano pictórico
centro físico da estrutura construtiva.
ARNHEIM, R. Arte e Percepção

Visual. 2000 (p. 16)


PROFUNDIDADE ESPACIAL: Criar a ideia de
profundidade pode equilibrar a composição uma
vez que o cérebro humano entende que a
O peso pode sofrer influência de alguns paisagem que aparece pequena é, na realidade,
elementos tais como: localização, profundidade grande e está sofrendo o
espacial, tamanho, cor, interesse, isolamento, efeito da perspectiva. A
configuração e conhecimento. regra, então, é: ‘quanto
maior a profundidade
LOCALIZAÇÃO: O posicionamento do objeto alcançada por uma área do
dentro do esquema estrutural pode causar mais campo visual, maior será seu
ou menos peso visual. peso’ (ARNHEIM, R. p. 16)

26
Comunicação Visual e Design

TAMANHO: Se os outros fatores que influenciam Pode-se observar este efeito


nas pinturas abstratas, notadamente
o peso estiverem equilibrados, o objeto que for em algumas obras de Kandinsky, nas
maior na composição será o mais pesado quais círculos ou quadrados
proporcionam acentos fortes notáveis
visualmente. dentro de composições de formatos
menos definidos. A densidade - isto é,
o grau em que a massa se concentra ao
COR: Em relação às cores, as cores mais claras são redor de seu centro - também parece
mais pesadas e as escuras são percebidas por nós produzir peso. [...] A figura tirada do
teste Graves, mostra um círculo
como mais leves. O vermelho, porém, é relativamente pequeno
entendido como mais pesado do que o azul. contrabalançando um retângulo e um
triângulo maiores. Formas
Para exemplificar, veremos o que Arnheim verticalmente orientadas parecem
diz sobre O quarto do artista: ‘A mancha de uma mais pesadas que as oblíquas.
(ARNHEIM, R. p. 17)
colcha vermelho-clara na pintura que Van Gogh
fez de seu quarto Figura retirada do teste
de Graves, apresentada
cria um forte peso no livro de Arnheim
fora de centro’.

INTERESSE CONHECIMENTO: O problema do


INTRÍNSECO: Um conhecimento prévio do observador surge com
detalhe pode ter maior peso dentro da mais importância na arquitetura, pois como
composição por seu assunto ou pela coloca Arnheim, ‘nenhum conhecimento por
complexidade formal parte do observador fará um fardo do algodão
parecer mais leve do que uma massa de chumbo
ISOL AMENTO: Quanto um elemento está de aparência semelhante’.
sozinho no plano pictórico ele tende a apresentar Ve j a o p r o j e t o d e L e C o r b u s i e r
um peso maior, Arnheim coloca como exemplo apresentado aqui
uma lua solitária no céu, seu peso visual devido Saber que a
ao isolamento é muito maior do que se estrutura é suficiente
houvessem estrelas no céu. para sustentar o peso
físico do segundo
CONFIGURAÇÃO: A configuração, ou seja, a andar e a consciência
forma que o objeto apresenta influencia em seu de que a resistência dos materiais foi estudada e
peso visual. analisada não cria uma impressão de menor peso
na parte superior da construção.

27
Comunicação Visual e Design

O historiador de arte Heinrich

Wölfflin mostrou que os quadros

mudam a aparência e perdem o

significado quando se os observa pela

imagem que projetam num espelho

[...] Wölfflin observou que a diagonal


que vai da parte inferior esquerda até a

parte superior direita. [...] Por exemplo,

quando a figura de Sixto, na Madonna

Sistina, de Rafael se move para a direita

pela inversão da pintura, parece tão

pesada que toda a composição parece

perder o equilíbrio.

(ARNHEIM, R. p 25)

28
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Unidade 08
Elementos da Visualidade - Ponto e Linha

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Saber utilizar adequadamente os elementos visuais na elaboração de uma composição
plástica.
Nessa unidade vamos caminhar pelo estudo dos elementos da visualidade e dos
processos técnicos criativos que estão envolvidos na elaboração de objetos e imagens.
Sempre que esboçamos, traçamos ou projetamos algo, o conteúdo visual desta
comunicação é composto por uma série de ELEMENTOS VISUAIS que estudaremos a seguir.

29
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Cruelty

Seurat

30
Comunicação VisualDisciplina
e Design

O elemento visual da linha é usado


principalmente para expressar a justaposição de
dois tons. A linha é muito usada para descrever
essa justaposição, tratando-se, nesse caso, de um
procedimento artificial.
Deixo aqui a sugestão de um vídeo para
que você possa aprofundar seus conhecimentos:
O Romance do ponto e da linha
Cada uma das formas básicas tem
características específicas, e a cada uma se atribui
uma grande quantidade de significados, alguns
por associação, outros por vinculação arbitrária, e
outros, ainda, através de nossas próprias
percepções psicológicas. Ao quadrado se
associam tédio, incômodo, honestidade, retidão,
cuidado e requinte; ao triângulo, ação, conflito,
http://www.youtube.com/watch?v=dHltlp6uC90 tensão; ao círculo, infinitude, calidez e proteção.
A partir de combinações e variações
infinitas dessas três formas básicas, derivamos
todas as formas físicas da natureza e da
imaginação humana.
BUSCANDO O CONHECIMENTO Enquanto a linha descreve a forma, o
ponto, quando ‘esticado’, deixa de ser ponto e
passa a ser superfície, e quando torna-se
superfície também descreve uma forma.
A linha descreve uma FORMA. Existem A forma exata do ponto dependeria de
três formas básicas: o quadrado, o círculo e o estudo matemático de proporções e delimitações
triangulo equilátero. do espaço, sobre isso Kandinsky escreve:.

31
Comunicação Visual e Design

... fato inevitável é limite externo do ponto que pequenos recortes, pode tender a outras
define sua forma exterior. formas, geométricas ou mesmo livres. Pode se
Em pensamento abstrato ou em nossa pontudo e se aproximar do triângulo. Por uma
concepção, o ponto é idealmente pequeno, tendência a uma relativa imobilidade, ele se faz
idealmente redondo. Em suma, é o círculo quadrado. Seus recor tes podem ser
idealmente pequeno. Mas, tanto quanto suas minuciosos ou generosos e se encontrar em
dimensões, seus contornos também são relações múltiplas. Não podemos definir
relativos. Em sua forma real, o ponto pode limites, o domínio dos pontos é ilimitado.
adquirir um número infinito de aparências: à (Kandinsky, W. Ponto e linha sobre o plano. p.
sua forma circular podem acrescentar-se 23. 2005)

Exemplos das formas de pontos


‘Ponto e linha sobre o plano’ KANDINSKY, W. p.24

32
Comunicação Visual e Design

Unidade 09
Elementos da Visualidade - Cor e Textura

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Saber utilizar adequadamente os elementos visuais na elaboração de uma composição
plástica.
Nessa unidade vamos continuar o estudo dos elementos da visualidade e dos processos
técnicos criativos que estão envolvidos na elaboração de objetos e imagens.
Veremos a COR, a TEXTURA e um pouco de PERSPECTIVA

ESTUDANDO E REFLETINDO

A COR é um elemento fundamental na linguagem visual: influencia o nosso comportamento,


transmite mensagens e sensações. No nosso cotidiano, a cor está bastante presente e muitas vezes
ligada a significados simbólicos. Não interferem na ocupação de espaços, mas se expressa em
sensações, como o aconchego, sobriedade ou neutralidade, conforto, entre outros.
Abaixo, segue o círculo cromático, um esquema pelo qual você poderá utilizar para ensinar a
estrutura da cor.

33
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Sugestão de vídeo didático sobre cores


primárias e secundárias para as crianças

http://www.youtube.com/watch?v=JItpE--nk5E&feature=related

O próximo elemento visual de que


falaremos é a TEXTURA; que serve de substituto
para o tato. Na verdade, podemos apreciá-la
tanto pelo tato quanto pela visão, ou ainda pelas
duas. Podemos com a prática produzir qualquer
A maior parte de nossa experiência com a textura que quisermos; é só ter imaginação e
textura é ótica, não tátil. A textura não só é colocar a mão no lápis, pois com o uso dos
falseada de modo bastante convincente nos diferentes tons do grafite podemos obtê-las.
plásticos, nos materiais impressos e nas peles
falsas, mas, também, grande parte das coisas Representações Tonais do Grafite – Luz e Sombra
pintadas, fotografadas ou filmadas que vemos
nos apresenta aparência convincente de uma O volume do objeto se produz com a
textura que ali não se encontra. combinação de Luz com a Sombra.
“TOM” é a quantidade de luz que insere
Varias Formas de Textura: sobre o objeto, deixando-o mais clara ou escura.
É essa luz que permite enxergarmos e
percebermos o volume, espaço, forma, cor,
textura das coisas.

34
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Chamamos de escala tonal as diversas gradações entre o claro e o escuro. Esse recurso é muito
utilizado na técnica da perspectiva, chamada de perspectiva tonal.

Num desenho bidimensional, que possui


apenas largura e comprimento eu consigo dar a
sensação de tridimensionalidade com a utilização
da luz e sombra. Nota-se, portanto, que o volume
do objeto é consequência das sombras que este
produz. Quando os tons
Existem dois tipos de sombras: a própria e caminham de forma sutil,
a projetada. A primeira refere-se à sombra que o numa escala gradativa,
objeto projeta em si mesmo, e a projetada são as temos o chamado
que produzem nas superfícies vizinhas. DEGRADÊ

35
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Entre a luz e a sombra há uma zona de A técnica da perspectiva gráfica foi


transição ou de “meia sombra” que pode variar desenvolvida no período da Renascença, embora
em extensão dependendo da intensidade da luz. ela exista desde a Antiguidade.
Leonardo da Vinci, que pertence a esse
período, criou o chamado “chiaroscuro” (claro-
escuro), também conhecida como “perspectiva
tonal”. Para que a técnica tenha resultado
No exemplo acima, o círculo é um satisfatório, torna-se necessário um
elemento bidimensional e a esfera, devido à luz conhecimento mais profundo do efeito físico da
própria e projetada, passa é ser tridimensional. luz em superfícies, e dos brilhos, da tinta e de sua
matização. O artista representa o objeto sem
BUSCANDO O CONHECIMENTO linhas de contornos; apenas o contraste da figura
Vamos estudar um pouco de perspectiva. com o fundo é que vai determinar o volume. Esse
Ela vem do latim “spec”, que significa visão e volume tridimensional a partir das luzes e brilhos
“perspicere” (ver através de). é que tornam o artista tão especial. Veja agora
No desenho é ela a responsável pelo efeito algumas de suas obras, e tire você mesmo suas
de profundidade que criamos, podendo ser conclusões.
intensificado com os efeitos do claro-escuro. Ela
nos dá o que chamamos de ilusão de ótica. O
artista torna-se um “ilusionista”, pois consegue
simular uma terceira dimensão, num espaço que
tem apenas duas dimensões.
Como regra geral, as linhas de uma
estrada parecem que vão afunilar-se e em algum
ponto do horizonte vão se encontrar. Também,
qualquer forma, quanto mais distante estiver de
nós, menor é seu tamanho.

Davi e Golias - Caravaggio. 1599-600,


110x91 cm. Museo del Prado, Madrid

36
Comunicação Visual e Design

Unidade 10
O ‘Plano Original’ de Kandinsky

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Introduzir os conceitos básicos de plano, ponto e linha baseados nos estudos de Kandinsky,
para tanto, como texto-base será utilizado o livro ‘Ponto e linha sobre o plano’. Compreender o plano
construtivo pictórico e sua relevância para composição e leitura de imagens.

Kandinsky nasceu em Moscou em 1866, teve uma infância rica,


culturalmente. Formou-se advogado, porém, seu maior legado foi como artística e
educador. Teórico da Abstração Lírica, estudou de forma árdua o ponto, a linha, o plano e a
cor. Entre seus estudos mais famosos estão: ‘Do espiritual na arte’ e ‘Ponto e linha e sobre o
plano’. Morreu na França em 1944.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Para Kandinsky, como conceito de Plano Original admitir-se a


P.O.
‘superfície material destinada a suportar o conteúdo da obra’. Essa
área será nomeada de P.O. e o seu modelo é limitado por duas linha
horizontais e duas verticais e o espaço existente dentro destas
O que acontece dentro
quatro linhas é autônomo de seu entorno. De forma mais
deste espaço não depende
abrangente podemos chamar de suporte. do que acontece fora dele!!!!
Voltando um pouco nas teorias de Kandinsky, ele propõe que
os objetos, as cores e as posições causam sensações ao observador.

37
Comunicação Visual e Design

Kandinsky e Klee se referem ao plano de em um contexto gráfico que determina limites


duas maneiras distintas. O Plano, para Kandinsky, lineares para a composição.
é uma área plana ou uma forma com fronteiras Estas determinações torna extremamente
bem delimitadas por duas linhas horizontais, importante a análise de seu comportamento com
dentro de seus conceitos de linha, Kandinsky os outros elementos gráficos da composição.
propóe que A relatividade dos valores de todas as
A linha reta mais simples é a linha
horizontal. Ela corresponde, na formas e a ambigüidade de suas dimensões
concepção humana, à linha ou a podem ser expostos em alguns graus de
superfície, na qual o homem
c o m pa r a ç ã o c o m o u t r a s f o r m a s , e e m
repousa ou se move. A horizontal
é, pois, uma base de apoio fria, comparação com este contexto gráfico finito.
pode continuar em todas as Esse contexto e suas parte lineares (seus
direções. O frio e o plano são as
limites) podem definir o valor isolado de
ressonâncias básicas dessa linha, e
podemos designá-la como a determinada forma, bem como de toda a
forma mais concisa da infinidade produção gráfica que o plano carrega.
das possibilidades de movimentos
Para Klee, por exemplo, o plano não é a
frios.
KANDINSKY. W. Ponto e linha delimitação de uma área pelo acoplamento de
sobre o plano. 2005. p. 50 - 51 dois pares de linhas, Klee
E por duas linhas verticais, às quais, assume o plano como
Kandinsky também atribui valor. uma linha que se move.
Externa e internamento, no oposto O trajeto de uma
da linha horizontal, encontra-se,
movimentação constante
em ângulo reto, a linha vertical, em
que a linha plana é substituída pela de uma linha em posição
altura, logo o frio pelo quente. planar pode ser percebido
Assim, a linha vertical é a forma
como uma s uper fície
mais concisa das infinitas
possibilidades dos movimentos plana. A linha em rotação gera a sensação de uma
quentes. superfície plana circular. Analise o esquema de
KANDINSKY. W. Ponto e linha
formação do plano para Klee.
sobre o plano. 2005. p. 50
Agora analisaremos o Plano Original de
Ele é a superfície gráfica mais basal, o Kandinsky.
plano material da superfície gráfica se torna finito

38
Comunicação Visual e Design

Analisando as sensações que as posições Alto (superior)


podem influir no observador, o P.O. é dividido em
quadrantes A, B, C e D
A B

Esquerda

Direita
A B
C D
Baixo (inferior)

C D A e D estão em máxima oposição dentro


do P. O., nesta distância entre A e D ocorre
O equilíbrio pode ser buscado da mesma TENSÃO DRAMÁTICA.
maneira que vimos nas unidades anteriores.
Alto (superior)

Alto (superior) A B
Esquerda

Direita
A B
Esquerda

Direita

C D
Baixo (inferior)
C D
Baixo (inferior) C e B se encontram em oposição, porém a
tensão criada entre C e B é moderada, pois a
As posições, como vimos, transmitem leitura é ascendente, a esta tensão chamamos:
sensações, assim, analisemos as sensações TENSÃO LÍRICA
produzidas quando adicionamos diagonais ao
plano: Assim, a ocorrência dos elementos dentro
Centro físico do
suporte.
do plano podem ser catalogadas como mostrado
no quadro abaixo
A B Centro sensível do
suporte.
Ponto de maior
equilíbrio visual.

C D

39
Comunicação Visual e Design

BUSCANDO O CONHECIMENTO emocional é o elemento interior. O elemento


externo é caracterizado por propriedades, como
Kandinsky descreve a arte como sendo as notas, ritmo (que podem ter diferentes
constituída de dois elementos criativos: o interno velocidades), o tom (seja maior ou menor,
e o externo. O interno é ‘a emoção da alma do dependendo de como você deseja que o conflito
artista’, o conteúdo de uma obra de arte. Essa musical ocorra), harmonia e dissonância. A
emoção é capaz de produzir uma emoção música pode ser vista como uma analogia à arte
semelhante na alma do observador. O objetivo da abstrata com relativa facilidade.
arte, essencialmente, é conseguir extrair do A dissonância percebida na música pode
artista essa emoção e fazê-lo se conectar ao ser relacionada com cores vivas e agressivas vistas
observador. em algumas obras abstratas. O ritmo ou o tempo
O elemento externo, é externo ao artista, pode ser analisado de forma análoga à qualidade
mas não à obra. das linhas, ou seja, retas ou irregulares...
Sempre que o elemento interior é o
conteúdo do trabalho de arte, o segundo
elemento, o externo, serve como a forma de
realização, ou materialização da forma de uma
obra. O externo é composto pelos elementos
físicos do trabalho de um artista - as linhas, as
cores e os materiais efetivamente utilizados. Na
descrição de Kandinsky de arte, o elemento
interior é o mais importante; sem ele, nenhuma
obra de arte pode existir.
Para exemplificar, usaremos a música, que
se relaciona de forma muito próxima à abstração
pictórica de Kandinsky. Com a música, o
movimento e a estimulação sensorial vivida são Wassily Kandinsky
personalizados para cada ouvinte. As emoções
do ouvinte são as mesmas que as sentida pelo
artista quando ele a criou. Esta comunicação

40
Comunicação Visual e Design

Unidade 11
Introdução ao Design

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Adquirir conhecimentos em design e suas linguagens convergentes; analisar o trabalho do
profissional em design; identificar parâmetros de trabalho

ESTUDANDO E REFLETINDO “Designare”, que assim como no inglês, abrange


os dois âmbitos já mencionados
Falamos tanto de design isso, design A ideia de que, hoje, o design é a junção
aquilo… mas afinal de contas, o que é design das duas ações, a de projetar e a de realizar é a
gráfico? É fazer logos? É saber mexer no mais aceita.
D i f e re n t e m e n t e d e o u t r a s
Photoshop? É ser artista? O que exatamente atividades ditas projetuais [...], como a
esse profissional da área faz? arquitetura e a engenharia, o design
costuma projetar determinados tipos de
Design, como usamos hoje tem sua
artefatos móveis, se bem que as três
origem na língua inglesa e como substantivo é atividades sejam limítrofes e se misturem
usado para a ideia de planejar, designar, ter a às vezes na prática.
[...] a ideia que fazemos
intenção de, que estão no âmbito mais abstrato,
atualmente do artesanato, como um tipo
e também é usado para ações, num âmbito mais de trabalho diferenciado e especial é fruto
concreto como da industrialização, pois essa distinção

e s t r u t u r a r, a r r a n j a r, Do latim - faria pouco ou nenhum sentido antes da


Revolução Industrial. Design, arte e
registrar. Designare:
artesanato têm muito em comum e hoje,
A palavra Design, quando o design já atingiu uma certa

em sua raiz etimológica Designar maturidade, muitos designers começam a


perceber o valor de resgatar antigas
v e m d o l a t i m , Desenhar relações com o fazer manual.
(CARDOSO, R. 2008. p.20)

41
Comunicação Visual e Design

Porém, apesar da aproximação com a


ação de realizar, o que distingui o artesão do
designer, historicamente, é a separação entre
projetar e realizar.
Assim, “design” tanto pode estar num
sentido amplo como pode adquirir sentido
restrito quando se trata de objetos. Ficaremos
com um definição um tanto simplista, mas que
funciona: É um processo de transmissão de uma
ideia ou conceito onde se utiliza comunicação
visual bidimensional ou tridimensional para
apresentar informações de maneira eficaz e
atrativa, ou seja, é qualquer forma de
representação visual. Não importando se o
criador do projeto o executou ou se foi
produzido em uma linha de montagem em larga
escala
Existem algumas divisões recentes
dentro do próprio design, sendo elas:
Design de Produtos;
Design de Moda;
Design de Ambientes;
Design Conceitual;
Design de Interfaces e por fim
Design Gráfico.

42
Comunicação Visual e Design

Esse processo existe desde os tempos da necessidade para necessidade.


pré-história onde eram realizados na própria Se todo esse movimento se harmoniza, o
parede das cavernas. trabalho ganha uma vida própria, e se transforma
Portanto tem que ter uma noção de em uma experiência compartilhada que melhora
todas as áreas para que possa desenvolver bem a vida do mundo e fica mais perto de seu pleno
o seu trabalho. Um designer ignorante é como potencial.
um economista que não sabe contar. O designer é meramente encarregado de
O trabalho desses profissionais é, organizar movimento. Sua tarefa é garantir que
basicamente, resolver problemas. Problemas de este movimento aponte em uma direção que nos
comunicação, de moradia, produtos... leve em direção a um futuro desejável.
É tornar a vida mais fácil As criações são as lentes que nos mostram
as possibilidades. O design é a estrada que nos
O que é a marca de um bom design? leva à realização de sonhos loucos.
Quando começas a conhecer alguma
Ele se move. A história de uma peça de coisa nova, sempre surgem questionamentos,
sucesso começa com a movimentação do seu dentre eles as perguntas mais freqüentes que nos
criador enquanto o projeto está sendo feito, e se inquietam a mente são: Como? e Por que?
amplia pela sua publicação, pelo deslocamento Como surge um novo Design???
do trabalho para fora e ao redor. Em seguida, Como eu faço um novo Design???
continua o trabalho, absorvendo as sensações Essas perguntas, em um novo projeto são
despertadas no público quando vêem, usam, ou irrelevantes, o que fará mesmo a diferença ao
contribuir para o trabalho. pensar um novo projeto é a pergunta:
O projeto ganha valor quando se move de Por que eu farei um novo Design???
mão em mão; contexto para contexto;

43
Comunicação Visual e Design

BUSCANDO O CONHECIMENTO com seu carro, mas o carro estava bem, não
estava com o alarme acionado, ao seguir o som
As pontas de flechas mostradas abaixo são para saber o que estava havendo, percebeu que o
produções dos índios norte-americanos da som se originava na copa da árvore em frente à
região do Missouri. Perceba a quantidade sua casa.
enorme de diferentes cabeças de flechas que eles Ele chegou mais perto para entender o
produziram. porque a árvore estava com o alarme disparado
(o que não é nada comum...). Olhando mais de
perto ele percebeu que o tordo estava imitando
um som, o som do alarme de seu carro.
Frank achou engraçado, a final, pássaros
cantam, e tordos cantam imitando outros
pássaros, mas o tordo não sabe ‘o por quê’
daquele canto, só repete o ‘como’ é cantado.
Aqui está a grande questão da
comunicação visual e do design: Pensar no
COMO não é tão importante quanto pensar no
A maioria das pessoas pode se perguntar: POR QUE.
‘Como eles faziam as flechas?’.
Mas tentando entender de onde vem o
design, vamos nos perguntar aqui ‘Por que tantas
flechas diferentes?’
Frank Chimero relata na introdução de
‘The Shape of Design’ um insight sobre o início
do processo de criação que ele teve ao encontrar
um tordo, pássaro cuja característica é imitar o
canto de outros pássaros.
Chimero conta que ao ouvir o alarme do
carro saiu para ver o que estava acontecendo

44
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Unidade 12
História do Design

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Refletir criticamente sobre a evolução do homem dentro da comunicação através do
design

ESTUDANDO E REFLETINDO Nessa


Vamos abordar agora um pouco sobre a ação de pensar
história do design. Ele tem suas origens na pré- em melhorar
história e percebemos que no decorrer do tempo suas condições,
não houve distinção clara das definições, dentro e l e e s t á
do âmbito gráfico, do que vem a ser propaganda, elaborando
design gráfico e arte refinada, por Design.
compartilharem de muitos elementos em E com o passar do tempo o Homem foi se
comum. aperfeiçoando e melhorando suas ferramentas,
Encontramos também durante a história criando ferramentas para melhorar sua vida e a
da comunicação visual, o homem buscando uma própria produção de artefatos.
forma especial para colocar em prática seu
trabalho, sempre inserido dentro da estética de
seu país e de seu tempo.
Desde de a idade antiga o homem cria
artefatos e os molda às suas necessidade.
Durante a pré-história o ser humano
começa a produção de pequenas comodidades
para sua sobrevivência.
Ele criam armas, potes, roupas e casas.

45
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Durante os séculos 18 e 19 na Europa BUSCANDO O CONHECIMENTO


ocorreu uma série de mudanças nos meios de
produção, essas mudanças ficaram conhecidas O ‘Arts & Crafts’ (em português - Artes e
como Revolução Industrial. Ofícios) foi um movimento internacional de
Ela teve início, mais precisamente, na design que floresceu entre 1860 e 1910,
Inglaterra e teve sua maior expansão na especialmente na segunda metade desse
industrialização do setor têxtil, crescendo 5.000% período, apesar de continuar a sua influência até
entre 1780 e 1850. os anos 1930.
Com a industrialização, o design foi criado Ele foi criado pelo artista e escritor Willian
e adaptado para atender às novas necessidades Morris (1834-1896) durante a década de 1860 e foi
sócio-econômicas de cada época. inspirado pelos escritos de John Ruskin (1819-
1900) e Augustus Pugin (1812-1852), embora o
termo ‘Artes e Ofícios’ tenha sido cunhado até
1887, quando foi usado pela primeira vez por TJ
Cobden-Sanderson em uma reunião preliminar
da exposição da S ociedade de A r tes e
Artesanato.
Foi, em grande parte, uma reação contra o
estado de miséria percebido nas ar tes
decorativas, procurou se aproximar do
artesanato tradicional com formas simples e
Ele surge com a criação de padrões de muitas vezes aplicando estilos medievais,
estamparia para a industria de tecidos românticos ou folclóricos na
Em 1888, é reconhecida a profissão decoração. O movimento
‘designer’, com os trabalhos de ‘Arts & Crafts’, defendeu uma reforma
numa tentativa de fazer trabalhos impressos em econômica e social e foi
móveis e objetos. essencialmente anti-
industrial.

Vídeo-colagem da
história do Design
Willian Morris

http://www.youtube.com/watch?v=VAUQlAR4xZs

46
Comunicação VisualDisciplina
e Design

A visão estética e social do Movimento o medievalismo como estilo da ‘Artes e Ofícios’.


'Arts and Crafts' começou a ser desenvolvido na No início de 1856 Morris se juntou ao
década de 1850 por um grupo de amigos da escritório de arquitetura Oxford, onde conheceu
Universidade de Oxford, que incluía William colega arquiteto Philip Webb e começou a
Morris, Edward Burne-Jones e um grupo de trabalhar com esculturas em pedra e madeira,
amigos Birmingham que ficou conhecido como o bordados e trabalhos em metal, trabalhou
Conjunto de Birmingham. Apesar de nesta fase também com a elaboração de iluminuras em
Morris ser, em grande parte, apolítico, o conjunto manuscritos.
de Birmingham teve experiência em primeira Morris começou a desenhar moveis e
mão com a sociedade industrial, e interiores, mas a
combinou seu amor pela literatura mudança radical de
romântica de Tennyson, Keats e Morris era seu
Shelley, com um forte compromisso envolvimento pessoal na
com a reforma social radical fabricação, bem como na
Por volta 1855 entraram em concepção de seu
contato com os escritos de John produtos.
Ruskin e a arte Pré-Rafaelita e isso Ruskin já havia
criou uma consciência dos argumentado que
contrastes entre a beleza da era pré separar o ato intelectual
A Dama de Shallot - Waterhouse (1888)
industrial e a mediocridade da Movimento Pré-Rafaelita - Temática Mitológica da concepção do ato de
cultura contemporâneo da época da Inglesa criação manual havia
industrialização. s i d o s o c i a l e
'La Mort d'Arthur' de Sir Thomas Malory esteticamente prejudicial. Morris desenvolveu
influenciou de tal forma Morris e Burne-Jones ainda mais essa ideia, insistindo que nenhum
que eles abandonaram a intenção de entrar para trabalho foi realizado em suas oficinas antes de
o seminário e decidiram seguir uma carreira nas ter dominado as técnicas e materiais a si mesmo,
artes visuais, com Burne-Jones tornando-se um e argumentando que 'sem as ocupações dignas e
pintor e Morris, arquiteto. Foi este trabalho de criativas do ser humano, as pessoas tornam-se
Malory, mais do que qualquer outro, que definiria desconectadas da vida'

47
Comunicação VisualDisciplina
e Design

O estilo de Artes e Ofícios começou como formas arrojadas e cores fortes, baseadas em
uma pesquisa para a concepção estética e desenhos medievais. Eles alegaram que acreditar
decoração e uma reação contra os estilos que no propósito moral da arte. Verdade material,
foram desenvolvidos por máquina de produção. estrutura e função também foram defendidos
Os objetos criados pela 'Arts & Crafts' eram pelo estilo de Artes e Ofícios, que em parte, foi
simples na forma, sem decoração desnecessária uma reação contra o estilo de muitos dos itens
ou excessiva. mostrados na Grande Exposição de 1851, com
Tendiam a enfatizar as qualidades dos objetos extremamente ornamentados, artificiais
materiais utilizados, muitas vezes tinham padrões e que ignoravam as qualidades dos materiais
inspirados pela flora e fauna britânicas e usava as utilizados.
tradições vernáculas, ou domésticas, da zona Morris, assim como seus colegas de
rural britânica. Alguns designers instalavam movimento, acreditavam na ornamentação que
oficinas nas áreas rurais para reavivar velhas era proposta pela natureza, que a beleza se
técnicas. encontrava no simples e no fazer manual.
Com influência do Neogótico (1830-1880), Com esse início da história do design,
se interessavam pelo estilo medieval, usando podemos perceber que a intenção, neste
primeiro momento não era, exatamente, o que
vemos hoje atendendo por Design.
Para esses primeiros designers, o que os
diferenciava era, não só criar, mas também
produzir o objeto.
Eles ‘nadavam contra’ a tendência do
momento industrial que produzia em série, com
linhas de produção baseadas em máquinas e com
valor estético pobre e repetitivo.
A intenção de criar uma opção aos
produtos advindos da industria, concebidos e
realizados por uma pessoa é o início do termo
design como usamos hoje.

Papel de Parede com motivo de alcachofra


Para a Morris Co.

48
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Unidade 13
Sociedade e Ideologia

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:

Entender os processos de criação dentro do design com base na sociedade e sua evolução.
Compreender e refletir criticamente sobre as características ideológicas e psicológicas
utilizadas na comunicação visual, mídia e comunicação de massa

ESTUDANDO E REFLETINDO de pessoas. Em outras palavras, estas ideologias


foram desenhadas.
Nesta unidade vamos continuar uma Os exemplos mais óbvios de ideologias
discussão iniciada de forma bastante branda na projetadas são os muitos movimentos artísticos
unidade anterior, a ideologia dentro do design. que surgiram por volta do início do século XX.
Ou será o design dentro da ideologia? Muitos desses movimentos (Surrealismo,
Essa discussão é bastante difícil, pois é Dadaísmo, Futurismo, entre outros) não tinham a
uma questão grande, subjetiva e complexa. intenção apenas de propagar um estilo artístico
Pensando em como abordar o assunto específico, mas muitas vezes, dentro de seus
chegamos a conclusão que há duas possíveis manifestos
abordagens: Ideologia no Design e Design na cuidadosamente
Ideologia. elaborados,
A primeira proposta, ideologia no design, ofereciam uma
nos levaria a explorar a ideia de ideologias como visão muito
entidades projetadas em si mesmas. Esta não é completa sobre o
uma ideia absurda de forma geral, na verdade, a mundo.
maioria das ideologias não evolui de forma
orgânica, elas são projetadas, em um tempo
determinado e por uma quantidade determinada

49
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Unidade 13
Sociedade e Ideologia
Nesse sentido, muitos dos "ismos" que conhecemos hoje, durante uma breve sessão
provenientes dos reinos da literatura, pintura e de 'Ctrl+C – Ctrl+V' que só pode ser visto como
desenho podem ser vistos como ideologias de um ato de design.
pleno direito. Na verdade, é justamente o fato de que
No contexto de ideologias projetadas, muitas ideologias e sistemas de crenças são
Jules Régis Debray (filósofo, jornalista, escritor e totalmente baseados em textos (escrituras,
professor francês, nascido em Paris em 1940) manifestos) que nos mostra a construção de
descreve em 'Socialismo e impressão' o ideologia como design. Assim como os textos só
socialismo: como um movimento fabricado por podem existir em sua forma projetada (gráfica),
impressoras, tipógrafos, publicitários e ideologias existem apenas como entidades
bibliotecários. Em outras palavras, o socialismo designadas (por e para alguém).
não é concebido apenas; é graficamente A segunda proposta também nos mostra
concebido. um caminho interessante, design na ideologia,
Aqui já fica no ar que a mensagem é mesmo porque, a ideia de projeto está
pensada de forma visual também. intimamente ligada à ideologia do 'makeability':
E, para mencionar apenas mais um neologismo da língua inglesa que expressa a
exemplo, não nos ideia de que vivemos em um mundo que pode
esqueçamos de ser, conscientemente, moldado por pessoas e
quantas religiões e reciprocamente, moldar as pessoas. A noção de
sistemas de crenças 'makeability' e o conceito de criação não podem
são projetados ser vistos separados um do outro; não existe
também. Tomemos, qualquer maneira possível que eles possam ser
por exemplo, o separados.
Primeiro Concílio de É lógico que a consciência do fato de que
Nicéia (325 d.C.), em o mundo que nos rodeia pode ser moldado por
que um pequeno pessoas (makeability) levará automaticamente
grupo de líderes para o ato de moldar (criar um design do) o
religiosos compilou e editou a Bíblia para a forma mundo ao nosso redor e vice-versa.

50
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Unidade 13
Seguindo este raciocínio, cada objeto
Sociedade e Ideologia
produto do design e não o design ser um produto
projetado, cada artefato cultural, é uma da ideologia, na visão de Debray o socialismo é
manifestação de ideologia, cada designer é um apresentado quase como a manifestação política
produtor/transmissor de ideologias, gostando ou do design gráfico e o modernismo como a
não. manifestação social do design gráfico. O design
Como já estabelecido, design está não é uma ferramenta para espalhar a ideologia e
intrinsecamente ligado com a ideologia, o sim, o contrário.
período que Debray descreve em 'Socialismo e
impressão' (o nascimento e os primeiros anos do BUSCANDO O CONHECIMENTO
socialismo), a palavra 'design gráfico' ainda era
inexistente. No entanto, quando Debray descreve Usamos o exemplo da ideologia do
a subcultura versátil de impressoras, tipógrafos, socialismo visto pelos olhos Debray por que fica
bibliotecários e editores que acabou por ser o claro no ensaio do filósofo que o socialismo
berço do socialismo, não é difícil ver que o existiu e cresceu graças ao ‘ainda não nomeado’
coração desta 'cadeia de trabalho' ainda não design gráfico.
nomeada é o que mais tarde seria conhecido O que ‘vendeu’ a ideia do socialismo ao
como 'design gráfico'. grande público foram os panfletos e cartazes.
Debray mostra repetidamente as muitas
maneiras em que o socialismo cresceu a partir de
um determinado ecossistema, um ecossistema
composto de impressão e tipografia. Debray
chama este sistema 'grafosfera', e situa essa
esfera no período compreendido 1448-1968,
numa interpretação mais livre de seu texto, a
palavra que chamamos 'grafosfera' poderia
muito bem ser um traduzido como modernismo,
iniciado com Gutenberg e a invenção da
imprensa e que termina com o nascimento do
período pós-moderno.
Na grafosfera de Debray, a ideologia é um

51
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Vale refletir sobre as ideologias pós-


modernas e sua íntima relação com o design e a
comunicação visual.
Todo e qualquer objeto é pensado para
ser vendido, mesmo ideias são pensadas para
serem vendidas, a sociedade na qual vivemos
obedece a um sistema que está pautado no
mercado.
O capitalismo é a base da economia
mundial e dentro dele a dinâmica é ‘fazer
dinheiro’.
O design (principalmente o gráfico) está,
juntamente com a comunicação visual, alinhado
ao sistema e as evoluções nos modos de pensar e
produzir acompanham as necessidades do
mercado.
Cada produto que compramos, cada
propaganda que vemos na tv e na internet ou
mesmo os folheto do supermercado do bairro foi
cuidadosamente pensado, sejam as palavras ou
as imagens (estáticas ou em movimento), para
que nós, consumidores, consumamos mais.

52
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Unidade 14
Design de Produtos

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Conhecer e compreender o que é DESIGN DE PRODUTOS e quais as características de seus
projetos, bem como o funcionamento deste tipo de produção

ESTUDANDO E REFLETINDO entrassem seria muito bem aceito, mas


Esses produtos de que falaremos são apresentar um repelente elétrico não teria tanta
parte do nosso dia-a-dia, dos nossos espaços de funcionalidade (principalmente pela ausência de
vivência e da nossa cultura. Design de produtos é energia elétrica)
a criação de objetos de valor utilitário para as É o trabalho constante dos designers de
pessoas. Os produtos funcionam dentro de produtos que faz com que tenhamos uma vida
sistemas maiores, imagine se ninguém jamais confortável, das coisas mais simples às mais
tivesse pensado em lascar uma pedra para usar complexas, alguém teve que pensar nelas.
como faca e facilitar o abate e a limpeza de um
animal. A função do designer de produto está em O processo de design
constante evolução conforme se entende as O processo de projetar é a transformação
implicações mais amplas de produtos e as de uma ideia, necessidade ou desejo do
relações com os usuários consumidor ou do mercado, de forma geral, em
A invenção destes artefatos ocorre desde um produto que satisfaça essas necessidades.
q u e o H o m e m c o m e ç o u a p e n s a r, o Isso geralmente é realizado por pessoas criativas
desenvolvimento de diferentes produtos e aventureiras que estão dispostos a assumir
respeitava a época e o local onde o 'inventor' alguns riscos, pois nem sempre o produto
estava, durante o século XVI o desenvolvimento 'emplaca'. Às vezes, um engenheiro poderá ser
de uma tela para janelas, para que mosquitos não envolvido em algumas etapas, mas nem sempre.

53
Comunicação VisualDisciplina
e Design

O desenvolvimento de um novo produto BUSCANDO O CONHECIMENTO


pode também exigir o desenvolvimento de um
protótipo para demonstrar que as novas O design é basicamente um exercício de
tecnologias realmente funcionam antes de se resolução de problemas. O projeto de um novo
empregar recursos na produção em grande produto é composto pelas seguintes etapas:
escala.
A visão tradicional do design no processo Ÿ Briefing do Projeto (resumo)
de fabricação é que é um processo seqüencial, o Ÿ Especificações do Produto
resultado de uma fase é passado para a próxima Ÿ Design do conceito
fase. Isso tende a levar a uma certa repetição dos Ÿ Detalhamento do projeto
passos, pois será preciso voltar a um estágio Ÿ Produção e Teste
anterior para corrigir erros. Isso pode tornar os Ÿ Refinamento e Vendas
produtos mais caros, algumas perguntas, dentro
do projeto podem facilitar um pouco as coisas. Briefing (Resumo) - O resumo do projeto é
Fabricação - O produto pode ser feito com os tipicamente uma declaração de intenções, ou
recursos que temos? seja, ‘Vamos projetar e fabricar uma cadeira de
balanço’. Apesar de afirmar o problema, não há
Vendas - Estamos produzindo um produto que informações suficientes com que começar, de
terá clientela? fato, o trabalho.

Estocagem – Podem ser armazenados? Por Especificações do Produto - Esta é,


quanto tempo? possivelmente, a etapa mais importante do
processo de design e ainda uma das menos
Custo - O projeto vai custar muito para ser compreendidas. É importante que, antes de
realizado? produzir uma "solução" haja uma compreensão
verdadeira do problema. Um bom relatório de
Transporte – Conseguimos distribuir o produto especificações é um documento que enumera o
no mercado? problema em detalhes.

Eliminação - Como o produto será descartado


no fim da sua vida?

54
Comunicação VisualDisciplina
e Design

É importante para o trabalho com o cliente material são determinados na fase de concepção
e também para analisar o mercado, para produzir detalhe. No entanto, o grau de detalhe gerado na
uma lista dos requisitos necessários para a fase de design do conceito irá variar de acordo
execução de um produto bem sucedido. O com produto a ser produzido.
designer deve verificar constantemente esse
relatório para garantir que o andamento e Detalhamento do Projeto - Normalmente, os
execução dos projetos estão adequados. designers esboçam as ideias no papel. Anotações
Para tal relatório é preciso pesquisar o e sketchs ajudam a identificar pontos-chave para
problema e analisar os produtos concorrentes e que essas ideias possam ser trabalhadas depois.
todos os pontos importantes e descobertas Serão essas ideias que darão forma ao
devem ser incluídos em nas especificações. projeto, mas ao desenhar os detalhes, anotar as
possíveis qualidades de cada material e imaginar
Design do Conceito - Usando o as medidas é necessário sempre voltar ou
relatório de especificações como relatório de especificações do
base, o designer deve produzir um futuro produto, pois é neste
esboço de uma solução. momento que ele será
Um projeto inicial é um realmente concebido.
esboço dos principais Nesta etapa do processo de
componentes, sua disposição design, o conceito escolhido é
com os detalhes do projeto p ro j e t a d o d e f o r m a m a i s
ficará para uma fase detalhada, com todas as
posterior. Por exemplo, um dimensões e especificações
design de conceito para uma necessárias para fazer o
cadeira pode consistir num projeto especificado em um
desenho que mostre um assento desenho detalhado do
com quatro pernas e o encosto. projeto.
Os detalhes dos Pode ser necessário para a
elementos constituintes da produção de protótipos para
cadeira, tais como o tamanho das pernas, ou o testar ideias nesta fase.

55
Comunicação VisualDisciplina
e Design

Produção e Teste - Uma vez que um número


adequado de conceitos foram gerados, é
necessário escolher o projeto mais adequado
para cumprir os requisitos estabelecidos no
relatório de especificações. A especificação de
design de produto deve ser usada como base
para qualquer decisão a ser feita. O conceito
escolhido será desenvolvido em detalhes.
Para avaliar conceitos criados e decidir
qual atende melhor as especificações, produz-se
um protótipo ou 'matriz de avaliação’

Refinamento e vendas - Feito o protótipo e


testado o produto, nessa etapa verifica-se os
possíveis problemas com o produto, se ele
atendeu a todas as especificações exigidas, faz-se
as correções necessárias e o produto pode ser
fabricado em larga escala e vendido.

56
Comunicação Visual e Design

Unidade 15
Design de Moda

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Perceber a influência do design de moda no mundo moderno e conhecer os processos
criativos e de produção desta vertente do design.

ESTUDANDO E REFLETINDO

O design de moda é uma forma de arte dedicada à criação de roupas e outros


acessórios que, de certa forma, definem nosso estilo de vida. O design de moda
moderno é dividido em duas categorias básicas: alta costura e pronto para vestir (prêt-à-
porter).
As coleções de alta-costura são dedicadas a certos clientes e são roupas feitas
sob medida para atender exatamente esses clientes. A fim de qualificar-se como uma
casa de alta-costura, um designer tem que ser parte da Câmara Sindical de Alta
Costura e mostrar uma nova coleção duas vezes por ano, apresentando um mínimo
de 35 modelos distintos por colação.
Coleções prêt-à-porter são
produzidas em larga escala, seguindo
um tamanho padrão e são,
normalmente, vendidas de forma
impessoal. As coleções prêt-à-porter
também são divididas em duas categorias:
coleções criadas por designer para uma marca
específica e colações para confecção.
Coleções de designers têm uma qualidade maior e
acabamentos melhores, bem como exclusividade de design.

57
Comunicação Visual e Design

Esses designs, Sua casa de


muitas vezes, representam moda tornou-se tão
certa filosofia ou ideologia famoso que as pessoas
e são criados para fazer foram capazes de
uma declaração, são mais anexar um rosto e um
como 'obras de arte' e não nome para projetos
para a venda, para serem quando eles sabiam
usados nas ruas. que estavam na Casa de
Ambas as coleções, prêt-à-porter e alta- Wor th. Este foi o início da
costura, são apresentados nas passarelas tradição de ter um designer de uma casa que, não
internacionais. só cria roupas, mas também representa o símbolo
de uma marca.
Como surgiu o DESIGN DE MODA? Design de moda é uma forma de arte e
para trabalhar como designer é necessário uma
O primeiro designer de moda, que era personalidade artística e criativa. É preciso
mais do que um simples costureiro, foi Charles também ser bom desenhista, sendo capazes de
Frederick Worth (1825 - 1895), expressar as ideias pelos esboços.
no século 19. Antes da Não é necessários ser um ótimo
montagem de seu atelier (uma desenhista, mas habilidade com o traço, noções
casa específica de design de de equilíbrio e de combinação de cores e tons se
moda) em Paris, as roupas eram faz necessário.
feitas por costureiras anônimas Moda não é só roupa, entram nesta
e os modelos eram cópias mais vertente do design: os sapatos, as bolsas e os
simples derivados dos estilos adotados pela acessórios. Um bom entendimento do estilo de
realeza. Worth foi o primeiro estilista a realmente vida dos clientes e as necessidades e exigências
ditar aos seus clientes o que vestir em vez de do público também são necessidades prementes
seguir suas exigências. em design de moda.
A moda é capaz de ditar estilos, mas
outros fatores sociais influenciam diretamente
moda, como a música, uma novela ou filme.

58
Comunicação Visual e Design

BUSCANDO O CONHECIMENTO realizada, Worth transformou o costureiro em um


artista do embelezamento: um designer de
Alta Costura: moda. Enquanto ele criava modelos exclusivos
A alta costura remonta o início do início para suas clientes nobres, ele ficou mais
dos anos de 1700. A costureira e estilista da conhecido por conceber o que o chamamos hoje
Rainha Maria de desfile, ele preparava diversos modelos que
Antonieta, Rose eram apresentados às clientes em manequins
Ber tin, foi a vivas na Casa Worth. Desta maneira ele inovou
responsável por criando uma certa padronização, pois as clientes
inserir a moda e a alta escolhiam o modelo (não precisaria criar um
costura na cultura modelo específico para a cliente) que depois seria
francesa. confeccionado pela Casa.
A liderança da Seguindo Worth, na linha do tempo da
França na moda alta costura podemos citar Callot Soeurs, Poiret,
européia continuou Fortuny, Lanvin, Chanel, Schiaparelli, Dior e
até o século XVIII, quando as influências para o Balenciaga.
mundo da moda eram a música, a arquitetura e a Algumas
moda da corte francesa em Versailles. destas Casa
Como as estradas de ferro e os barcos a a i n d a
vapor facilitavam as viagem, era comum que se existem,
visitasse Paris para comprar roupas e acessórios. s o b o
As costureiras parisienses eram consideradas as comando
melhores, e os produtos ‘originais de Paris’ eram de novos
mais interessantes que as ‘imitações’ feitas pelas designers.
costureiras das outras localidades
O costureiro Charles Worth é amplamente
conhecido como pai da alta costura como ela é
conhecida hoje. Muito embora tenha nascido em
Bourne na Inglaterra, Worth se imortalizou na
industria da moda francesa. Revolucionando a
forma como a costura vinha sendo concebida e

59
Comunicação Visual e Design

Retrato de Yves Saint Laurent e


Nos anos 60 um grupo seu modelo com estampa A história da moda não seria
baseada em Mondrian - Ben Heine
de jovens designers que haviam a mesma depois de 1950,
sido treinados nas Casas quando os adolescentes
renomadas de D ior e passaram a ter algum poder de consumo.
Balenciaga abriram suas Deste período em diante o que ditava o
próprias Casas de Moda, que seria moda eram os gostos adolescentes.
os mais conhecidos são: Elvis Presley, James Dean, Audrey
Y ves S aint L aurent, Hepburn, The Beatles, o movimento Hippie, tudo
Pierre Cardin, André isso modificou a forma como a moda era
Courrèges, Ted Lapidus e Emanuel Ungaro. desenhada e para quem era desenhada.
Os desfiles de Alta Costura modernos não
são criados para a venda, eles são produzidos
como um show, têm como propósito a
publicidade causada por este tipo de evento.

Tempos Modernos:
As décadas de 50 e 60 também
presenciaram uma revolução contra os padrões
de moda estabelecidos. E quem protagonizou
isso? A música e a literatura, assim como no
século XVIII, música, literatura, arquitetura e o Cena do filme musical HAIR
cinema influenciaram as mudanças na moda. Tem como temática os hippies e
a Guerra do Vietnâ

Audrey Hepburn em FannyFace

60
Comunicação Visual e Design

Unidade 16
Design de Ambientes

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Conhecer os qualidades necessárias para ser designer de ambiente e entender os
processos de elaboração e produção de design de ambientes

ESTUDANDO E REFLETINDO

Designers de ambientes são criativos, imaginativos e artísticos, mas também precisam ser
disciplinados, organizados e lógicos. A combinação do conhecimento com um forte senso estético
possibilita ao designer trabalhar com parceiros de projeto e clientes para desenvolver as soluções
necessárias para as pessoas que usam aquele espaço

61
Comunicação Visual e Design

A profissão de design de ambientes é uma cliente a primeira ideia de como vai ficar o
profissão do setor de serviços, e como toda trabalho pronto.
profissão desse ramo, depende da habilidade do Para tanto, é necessário que o designer
designer compreender e realizar o desejo do faça esse desenho, neste momento, o uso da
cliente para ter sucesso. Assim, o profissional perspectiva é indispensável.
precisa ter conhecimentos artísticos e técnicos do
projeto, bom relacionamento inter-pessoal e Desenho em perspectiva.
estratégias de gerenciamento de pessoal,
materiais, tempo disponível e gastos. O desenho de perspectiva é uma técnica
usada para representar imagens tridimensionais
Conhecimentos Artísticos e Técnicos em um plano de imagem bidimensional.
" A perspectiva é para a pintura o que o
freio é para o cavalo, o leme para um navio
O design de ambientes precisa saber [...] Há três aspectos fundamentais na
perspectiva. O primeiro tem a ver com a
como planejar o espaço e criar uma comunicação forma como o tamanho dos objetos
visual e sensível do espaço com o cliente, o parece diminuir de acordo com a distância;
o segundo com a maneira pela qual as
designer precisa conhecer materiais, produtos, cores mudam quanto mais longe elas
estão do observador; a terceira define
formas, cores, texturas, luz e vários outros fatores como os objetos devem ser terminado
para apresentar ao cliente um ambiente que com menos cuidado quanto mais distantes
eles são " (Leonardo da Vinci)
interaja com as necessidades.
A perspectiva foi desenvolvida no século
15 pelos arquitetos, Leon Baptista Alberti (1404-
1472) e Filippo Brunelleschi (1377-1446). Por 500
anos, o desenho em perspectiva permaneceu
como um dos princípios básicos da arte ocidental
até que foi desafiado pelas idéias dos cubistas.
Se você está trabalhando com materiais
convencionais, como lápis e tintas, ou mídia
digital contemporânea, o conhecimento e a
compreensão do desenho em perspectiva
Antes de realizar as modificações, é
continua a ser uma ferramenta essencial para
necessário apresentar o projeto, para isso são
ajudar você a melhorar a sua técnica de desenho.
feitos os croquis, os desenhos que darão ao

62
Comunicação Visual e Design

Há dois elementos principais em desenho tons mais claros e apagados quando se


em perspectiva: distanciam do observador. A combinação das
Perspectiva linear : que trata da duas cria uma ilusão convincente de três
organização de formas no espaço. dimensões em um plano bidimensional.
Perspectiva aérea: que trata dos efeitos Para construir uma perspectiva cônica
atmosféricos sobre tons e cores. simples os elementos compositivos são:
Linha do horizonte: ou nível dos olhos é o
eixo em torno do qual um desenho em
perspectiva é construído.
Quando estamos ao ar livre, usamos o
horizonte como um ponto de referência para
julgar a escala e a distância de objetos em relação
a nós. No desenho em perspectiva, o horizonte
também passa a ser o nível dos olhos do
espectador, no desenho temos a tendência de
usar o termo linha do horizonte, apesar dele estar,
freqüentemente, escondido por muros, prédios,
árvores e montanhas.
Ponto de fuga: é aquele ponto na linha do
horizonte em que as linhas paralelas convergem
Você pode ver como esses dois elementos diminuindo.
trabalham nas ilustrações acima de algumas Conforme os objetos ficam mais distantes
ruínas antigas. A imagem em preto e branco do obser vador, parecem menores e mais
mostra um exemplo da perspectiva linear. Ele agrupados, quando estão longe o suficiente, as
mostra algumas das linhas de construção usado distâncias se tornam cada vez mais pequenas e
para organizar os blocos e colunas para criar uma assim formam um único ponto. Na perspectiva de
ilusão de profundidade e distância. um ponto todas as linhas horizontais seguem
Na segunda imagem está trabalhada a paralelas, enquanto que as linhas que se afastam
renderização de cor e textura da cena. Isto mostra do observador (os lados de caixas, a estrada ou as
os efeitos atmosféricos de Perspectiva Aérea. linhas ferroviárias) todos convergem para o centro
Perceba como as cores são trabalhadas em do imagem.

63
Comunicação Visual e Design

Na perspectiva de dois pontos o objeto é Perspectiva Cônica: A perspectiva cônica


angulado para que os dois lados, esquerdo e faz parte das representações gráficas baseada em
direito, cada um tem seu próprio ponto de fuga. projeções tridimencionais em um plano
Na vida real, a combinação dos dois bidimentsional. É construída com as linhas
pontos ocorre na parte mais baixa de nosso verticais e horizontais de forma paralela e as
campo de visão, ao tentar desenhar de linhas de profundidade sendo direcionadas para
observação direta, possivelmente os pontos de um ponto comum no centro da imagem para a
fuga irão aparecer muito longe do objeto e se perspectiva de um ponto de fuga.
estiverem próximos ao objeto, este irá apresentar A representação construída com dois
alguma distorção. pontos de fuga tem, somente, linhas verticais e
convergentes para os pontos de fuga.
BUSCANDO O CONHECIMENTO Assista ao vídeo para entender melhor a
construção das perspectivas.
Perspectiva Cavaleira: Representação
tridimensional fixa, independente do observador.
É frontal (sempre com uma face para frente) e
com ângulos de 30º, 45° ou 60º, apresentando
outras duas faces além da frontal.
Perspectiva Isométrica: Representação
tridimensional fixa, independente do observador.
É diagonal (sempre com uma aresta para frente) e
com ângulos de 30º, apresentando outras duas https://www.youtube.com/watch?v=15RNlEtXuko

faces laterais além da superior ou inferior.

https://www.youtube.com/watch?v=yDP0Gr5TfJs

64
Comunicação Visual e Design

Unidade 17
Design Conceitual

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Entender o design conceitual e sua função dentro do mercado do design, não somente
como produto mercadológico, mas como forma de protesto e renovação.

ESTUDANDO E REFLETINDO

O design conceitual não tem por finalidade a criação de um objeto para produção em massa e
comercialização. Sua função é questionar as formas de consumo da sociedade em que vivemos.
O texto abaixo explica como ocorre este processo:
O Processo de criação no design conceitual.
Explorando o potencial reflexivo e dialético do projeto
Carlo Franzato - cfranzato@unisinos.br
Designer, doutor em Design pelo Politecnico di Milano.

Professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

Resumo
O artigo propõe uma contribuição para os estudos sobre os processos de criação. Apresenta o design
conceitual, uma abordagem projetual usada pelos designers contemporâneos. Trata-se de um tipo de
produção que explora as possibilidades reflexivas e dialéticas que são intrínsecas ao design,
entendendo o projeto como uma forma de especulação sobre questões que não pertenciam
estritamente à disciplina. A atividade dos designers que trabalham com o design conceitual é
freqüentemente relacionada com a vida cotidiana, observada e reinterpretada. Estas experiências não
são diretamente voltadas ao desenvolvimento de novos produtos para produção em série, mas à
proposta de ideias em debates abertos por meio de conceitos projetuais.

65
Comunicação Visual e Design

O artigo revela que o processo projetual disciplinares, para formular teses a respeito e
do design conceitual se aproxima do processo expô-las publicamente.
artístico, tornando-se possível um paralelo entre Para a realização do estudo, inicialmente
os processos de criação na arte e no design. foram analisadas revistas setoriais, com o
propósito de selecionar os designers, as empresas
Introdução e outras organizações relevantes para o tema
Esse artigo tem como principal objetivo contribuir tratado. Em um segundo momento, passou-se ao
para estudos sobre processo de criação com exame da produção desses designers, dos
reflexões em torno da prática projetual, tratando catálogos das empresas e das iniciativas das
de um tipo de abordagem usada por diversos organizações, com o propósito de coletar
jovens designers contemporâneos, o design exemplos de projetos e estudar os casos mais
conceitual. significativos. Quatro desses exemplos são
O projeto é uma das mais significativas sinteticamente apresentados neste artigo. A
formas de expressão da criatividade (DASGUP- pesquisa conta, também, com a experiência
TA, 1994: 6-9; 15-22). Por isso, os estudos sobre profissional do autor na área em questão.
processos de criação devem necessariamente O trabalho se divide em três seções. A
considerar o design, a arquitetura e a engenharia – primeira tem como objetivo apresentar as pre-
ou seja, as disciplinas que compartilham a “cultura missas do design conceitual. Na sequência, o
de projeto” (FRANZATO, 2010) – como campos de artigo busca enfocar a fenomenologia do design
pesquisa próprios. conceitual, ligada à obser vação e à
No design conceitual, os designers reinterpretação do cotidiano pelo designer. Para
exploram as potencialidades reflexivas e dialéticas finalizar, a terceira seção aborda o uso relexivo e
do processo de criação do design, abrindo espaço dialético do projeto nos processos criativos do
para pensar e discutir os assuntos mais diversos. design conceitual, reposicionando o lugar do
Os designers que escolhem tal abordagem conceito nessa prática, e reposicionando o papel
se expressam por meio de maquetes, artefatos social do design.
únicos, pequenas produções ou auto-produções, Para nosso estudo de design conceitual
ou seja, formas que ficam longe da produção em não será apresentado todo o artigo de Franzato,
série e não cabem em lógicas comerciais. Trata-se porém, alguns excertos do texto são toda a
de profissionais que usam suas competências para conceituação necessária para nosso
tratar de questões que transpõem os limites entendimento deste tipo de design.

66
Comunicação Visual e Design

As premissas do design conceitual Atribuído o significado do produto, este


O design já foi entendido como uma assume sua posição no contexto e se torna uma
atividade que faz a mediação entre os sistemas de referência para estabelecer a nossa própria
produção e de consumo de mercadorias, para posição e também as posições da marca do
projetar a forma dos produtos, ou seja, para produto, de outros produtos e de outras marcas
configurar harmonicamente os fatores técnicos, ou de outros indivíduos. Desta forma
estéticos e simbólicos envolvidos em sua conseguimos valorar a nossa relação com todos
produção e comercialização, além do seu uso e do eles (cf. Celaschi, 2005).
consumo individual e social (MALDONADO, 1999: Design conceitual e cotidiano
14- 15). A valorização da concepção atravessa todo
Em um mercado sofisticado como o atual, o sistema do design, dos maiores centros do setor
denso de atores e saturado de produtos, a aos pequenos escritórios de jovens designers
mediação tornou-se particularmente complexa, contemporâneos. Nas experimentações dos
difícil de realizar, mas ainda indispensável para o últimos está surgindo uma nova abordagem
desenvolvimento das empresas e da sociedade. sobre o projeto, que chamamos de “design
Por isso, a função mediadora do designer tornou- conceitual”.
se extremamente importante. Ele deve considerá- Eles usam o design para refletir sobre os
la uma das suas principais tarefas profissionais e fatos que chamam a sua atenção, normalmente
exercitá-la plenamente (CELASCHI, 2010: 2-3). ligados às experiências cotidianas que vivenciam
Isto afeta sensivelmente a disciplina e as ou às questões que são publicamente debatidas, e
maneiras de compreender os processos de expressam as suas reflexões por meio de
criação. Segundo Krippendorff (1989), design hoje conceitos projetuais. A razão, o significado e o
significa criar o sentido dos produtos, tentando escopo destes conceitos é propor ideias, deixando
prever os significados que lhe serão finalmente outros intentos em um plano meramente
atribuídos nos diversos contextos de destinação, secundário. Segundo Fiona Raby (2007), a
para assim tornar viável a mediação. precedência da ideia sobre qualquer outra
Consequentemente, pode-se afirmar que consideração material é a característica que
o d e s i g n c o n te m p o r â n e o s e c o n c e n t r a distingue esta acepção de conceitos de outras.
primariamente na construção do valor relacional Isto não impede que os conceitos sejam
do produto, e não em seus valores de uso e de desenvolvidos tecnicamente e efetivamente
troca. editados como produtos conceitos [...]

67
Comunicação Visual e Design

Um bom exemplo é o talher “Din-Ink”, Em uma resenha sobre o trabalho deles,


projetado pelo grupo ZO-loft para participar de Renato De Fusco (2008: 19-23) chama a atenção
um importante concurso de design, o “Macef para o surgimento de uma nova poética à qual
Design Award” de 2008 . Na edição deste ano, estariam aderindo mais ou menos
intitulada “Dining in 2015” (Traduzindo: Jantando conscientemente, baseada na observação do
em 2015), os organizadores do concurso cotidiano e mais especificamente dos nossos
comportamentos e das atitudes que tomamos no
dia a dia, dos nossos gestos rituais, do panorama
de objetos que nos circunda e das relações que
cotidianamente tecemos com eles. [...]

O artigo pode ser encontrado e lido em sua forma


integral em:
http://www.academia.edu/2987340/O_Processo_
perguntaram aos designers participantes quais de_criacao_no_design_conceitual._Explorando_o
cenários imaginavam para as refeições do futuro. _potencial_reflexivo_e_dialetico_do_projeto
“Din-Ink” pode ser interpretada como uma
provocação sobre o estilo de vida BUSCANDO O CONHECIMENTO
contemporâneo, que mistura e confunde os
tempos e os lugares das atividades cotidianas. Para clarear um pouco as ideias, assista ao
A nova geração de designers italianos está vídeo de Carlo Franzato sobre design.
se movendo exatamente nesta direção. Esses
profissionais projetam objetos discretos,
normalmente de dimensões reduzidas e pouco
vistosos, mas que escondem, por trás de
características singelas, uma ideia brilhante, um
artifício semântico arguto, uma invenção
engenhosa, uma nota irônica sutil. Estes objetos
podem até não chamar a atenção de um
observador desatento, mas despertam o interesse https://www.youtube.com/watch?v=VtKz4l7T4pY

e até suscitam um sorriso no observador mais


cuidadoso.

68
Comunicação Visual e Design

Unidade 18
Design de Interfaces

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Conhecer o campo de atuação do Design de Interfaces, seus objetos , e finalidades.
Compreender o surgimento deste ramo de design e suas diferentes aplicações, bem como
as ferramentas e processos de criação.

ESTUDANDO E REFLETINDO

Projeto de interface de usuário (UID) ou engenharia de interface de usuário é o design de sites,


computadores, eletroeletrônicos, máquinas, dispositivos de comunicação móveis e software de
aplicativos com o foco na experiência do usuário e interação. O objetivo do design de interface do
usuário é fazer com que a interação do usuário seja a mais simples e eficiente possível, em termos de
cumprimento de metas, o que é, muitas vezes chamado de design centrado no usuário.
Um bom design de interface deve facilitar o cumprimento de tarefas sem chamar atenção
desnecessária para si. O design gráfico pode ser utilizado para apoiar a sua usabilidade , influenciando a
forma como o usuário executa certas interações e melhorar a estética do projeto; estética do projeto
pode aumentar ou diminuir a capacidade dos usuários para utilizar as funções da interface. O processo
de design deve equilibrar funcionalidade técnica e elementos visuais para criar um sistema que não é
apenas operacional, mas também pode ser usado e adaptável à evolução das necessidades do usuário.
Design de interface está envolvido em uma ampla gama de projetos de sistemas de
computadores, para carros, para aviões comerciais; todos esses projetos envolvem muito das mesmas
interações humanas básicas mas também exigem algumas habilidades e conhecimentos. Como
resultado, os designers tendem a se especializar em determinados tipos de projetos e tem
competências centradas em torno de sua experiência, seja de design de software, a pesquisa do usuário,
web design ou desenho industrial.

69
Comunicação Visual e Design

Design de interface focado no usuário No início da década de 80, os


requer um bom entendimento das necessidades microcomputadores pessoais utilizavam um
dos utilizadores. Existem várias fases do processo sistema operacional chamado MS-DOS.
de design de interface, alguns dos quais são mais
necessários do que outros, dependendo do
projeto. Para realização de um bom design são
necessários:
Ÿ Levantamento de requisitos de funcionalidade
- a montagem de uma lista das funcionalidades
exigidas pelo sistema para atingir os objetivos
do projeto e as necessidades potenciais dos
usuários. Este sistema operacional não tinha uma
Ÿ Análise de usuário e tarefas - é a análise dos interface gráfica muito atraente, todas as ações do
potenciais usuários do sistema, estudando usuário da máquina deveriam ser inseridas em
como eles executam as tarefas que a interface forma de comando escrito.
deve dar suporte, e realização de entrevistas O sistema operacional Windows 1.0 tornou
para esclarecer seus objetivos: a interface mais agradável e intuitiva para os
As perguntas típicas envolvem: usuários, o que aumentou a popularidade desses
Ÿ O que o usuário deseja que o sistema faça? equipamentos.
Ÿ Como o sistema se enquadra no ritmo de
trabalho e/ou atividades diárias do usuário?
Ÿ O usuário já está familiarizado com este tipo de
sistema e quais interfaces se semelhantes ele já
utiliza?
Ÿ Que interface intuitiva tem apelo visual para o
usuário

Além dos quesitos citados acima, alguns A nova interface tornou visualmente mais
outros critérios devem ser observados ao criar intuitiva, dando ao usuário mais possibilidades de
uma interface. explorar o sistema.

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Comunicação Visual e Design

BUSCANDO O CONHECIMENTO mais confortável quando ele entende o que a ação


preferencial é.
3 ‘leis’ para design de interface

1. ‘Lei’ de clareza - O usuário vai evitar elementos


de interface sem um significado claro.

Olhe para a tela do Twitter acima. Você


acha que os novos usuários vão saber o que deve
fazer?
Obviamente, eles devem começar a twittar.
Você usa o Gmail? Antes da última No entanto, o botão "Compor novo tweet" no
atualização, o Gmail tinha uma navegação de canto superior direito não é muito claro (voltamos
texto muito clara no topo da página, onde à primeira ‘lei’) e caixa de entrada na barra lateral
podiamos encontrar calendário, movimentação e esquerda praticamente combina com o ambiente.
outros serviços do Google disponíveis com o Do ponto de vista de design, parece que o
clique de um botão. Twitter quer que os usuários procurem alguma
Então, o Google decidiu "simplificar" e coisa ou usem uma das opções no menu de
colocou tudo em um ícone abstrato. O resultado? navegação à esquerda, já que esses elementos de
A maioria das pessoas nunca percebeu o ícone e o interface estão mais visiveis.
Gmail começou a receber uma enxurrada de Os usuários não sabem o que fazer a
pedidos de auxílio dos usuários. seguir, mas a ação preferencial deveria ser óbvia.
As pessoas evitam e muitas vezes ignoram
as coisas que eles não conseguem entender - que 3. ‘Lei’ de contexto - O usuário espera ver os
é a natureza humana básica. controles de interface perto do objeto que ele
quer controlar.
2. ‘Lei’ da ação preferencial - O usuário vai se sentir

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Comunicação Visual e Design

Como você editar seu nome no Facebook?


Você vai para Configurações no canto superior
direito, clica em ‘Configurações da conta’,
encontra ‘Nome’ e clica em ‘Editar’. Como você
faz a mesma coisa no LinkedIn? Você clica no lápis
ao lado do seu nome.
Manter as coisas úteis para os usuários - se
algo pode ser editado, alterado ou controlado,
coloque os controles bem próximo a ela.

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Comunicação Visual e Design

Unidade 19
Design Gráfico

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Conhecer as diversas vertentes de apresentadas no design gráfico e seus processos de
produção.

ESTUDANDO E REFLETINDO alguns dos trabalhos realizados pelo profissional.


Chega a ser seguro dizer que (quase) tudo que
O trabalho de um designer gráfico precisa você vê, é design gráfico.
ser interdisciplinar, ou seja, o profissional que O designer gráfico age como um artista,
trabalha com isso precisa ter uma visão geral, passando sentimento para seus trabalhos e
desde como que é feito o papel até como o capturando a atenção do seu público.
hambúrguer é preparado, por exemplo. Hoje em dia, pelo fácil acesso a programas
Portanto tem que ter uma noção de todas as gráficos, muitas pessoas se acham capacitadas
áreas para que possa desenvolver bem o seu para realizar o trabalho do designer gráfico,
trabalho. Um designer ignorante é como um esquecendo-se de que para isso, tem que ter um
economista que não sabe contar. projeto bem elaborado. Quaisquer imagens ou
O trabalho desse profissional é resolver letras colocadas aleatoriamente não satisfazem a
problemas de comunicação, é informar algo de essa categoria de profissional.
forma inteligível a certo público. Também Estamos falando de uma profissão que
conhecido como A r tes G ráficas mostra estende a sua área de ação aos diversos meios,
visualmente um conceito, uma ideia, através de como a Identidade corporativa (Branding); o
técnicas formais. Design de embalagem (ou Packaging Design);
Marcas, logotipos, símbolos, embalagens, Design editorial; Sinalética (ou Sinalização); e a
livros, jornais, revistas, folders, web sites, Tipografia.
softwares, camisetas, anúncios, entre outros são

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Comunicação Visual e Design

Muitas vezes o termo Branding é mal considerada um ícone cultural. Muitos críticos
entendido, generalizando seu uso para qualquer acreditam que o artista teve a intenção de criticar
coisa, o que acaba, muita vez, virando piada. No e ridicularizar o mercado da arte; outros
entanto, seu trabalho vai além de verificar se o acreditam que era apenas criticar a sociedade de
cliente associa o logotipo ao produto, ele consumo.
desperta também o real interesse do consumidor. Apesar de suas verdadeiras ou falsas intenções, a
Esse termo “marca ou brand” independente da única certeza que temos é que foi muito positiva
opinião dos profissionais em marketing, refere-se para a marca Campbell's em t e r m o s d e
à opinião que os consumidores têm sobre o que a marketing.
marca é. Baseado no que
Portanto, a marca não existe enquanto observamos temos mais uma
não for colocada nas ruas para ser vivenciada e prova, de como uma boa
experimentada pelo consumidor. estratégia de design de
O propósito do branding é fazer com que embalagem pode promover o produto.
o consumidor não tenha dúvida em qual das Hoje em dia, devido à concorrência,
marcas deve escolher. Seu papel é fazer com que algumas empresas em “design de embalagem”
esse consumidor perceba que a marca escolhida abusam da criatividade para atrair atenção do seu
é sua única opção. Ele deve chamar a atenção do público consumidor.
consumidor para a marca, não lhe restando outra
alternativa. Por isso, não basta trabalhar com o
que é diferente, mas tem que ser relevante; ser a
solução. Um bom brand vai garantir o
retorno do investimento na marca.
Vamos agora para o Design de
embalagem (ou Packaging Design). A
imagem que você está vendo é do
ar tista A ndy Warhol, obra esta

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Comunicação Visual e Design

BUSCANDO O CONHECIMENTO Esse movimento modificou


significativamente o design, além da arquitetura e
Vamos abordar agora um pouco sobre a artes plásticas. Investiu no design de moda,
história do design gráfico. Ele tem suas origens na mobiliário, vasos e lamparinas, vidros e estampas,
pré-história, como já pudemos estudar e além da reformulação das tipografias antigas e
percebemos que no decorrer do tempo não ornamentais.
houve distinção clara das definições do que vem A qualidade das impressões só adquiriu
a ser propaganda, design gráfico e arte refinada, significativa melhora, com a chegada da
por compartilharem de muitos elementos em tecnologia. Preciso mencionar aqui o artista
comum, assim como existem elementos comuns Taulouse-Lautrec, pois seus trabalhos em
à arquitetura, engenharia e marketing. cartazes e objetos de decoração abriram
Encontramos também durante a história caminho para o mundo do design moderno.
da comunicação visual, o homem buscando uma Em 1907, outra grande contribuição para o
forma especial para colocar em prática seu design do século XX, foi a inauguração da escola
trabalho, sempre inserido dentro da estética de Bauhaus, sob a direção de Walter Gropius. Seu
seu país e de seu tempo. A industrialização objetivo era treinar artistas para o trabalho ligado
profissionalizou o design à i n d ú s t r i a ,
nos trabalhos da “Arts & utilizando-se de
Crafts”, e abriu caminho modernos materiais.
para o que chamamos de M u i t o s
“A r t e N o v a ” o u “A r t m o v i m e n t o s
Nouveau”, pelo seu grande estéticos deixaram
estilo. marcas no design,
dentre eles, podemos citar o “Futurismo”, por
abolir a tipografia; o “Dadaísmo”, incorporando
em suas obras montagens de imagens; e o
“Neoplasticismo”, com sua arte baseada no
abstracionismo.

75
Comunicação Visual e Design

“Mondrian” é Rego Monteiro, Atilio Correa Lima, Frederico


outro artista que Urlass, entre outros, receberam grande influência
merece destaque, pela da Art Déco.
s u a g r a n d e A escola sucessora da Bauhaus foi a Escola
contribuição nessa área, Superior da Forma de Ulm, que teve rapidamente
tendo suas obras seu fim, por defender uma
reproduzidas em capas ideologia e um
de livros, roupas, entre funcionalismo ao extremo.
outros. Em 1954, cria-se a “Push
O design de Pin Style”, considerado
cartazes e os Agitprop como pós-moderno, pois
(de agitação e propaganda), durante o período trabalhava com elementos
do Realismo- Socialismo adaptou-se em cada diferentes e com projetos
lugar, de acordo com as características da região. originais.
Na Rússia, por exemplo, os cartazes tinham Todo o legado do modernismo é agora
muitas imagens e poucas letras, pois a população rejeitado pela nova corrente pós-moderna. Seu
local, uma grande maioria, era analfabeta. Esse objetivo é popularizar o erudito e tornar o
design, independente do local, enfatizava o intelectual acessível. Sua fonte de inspiração são
poder soviético. Hoje em dia, a representação as referências ao passado, onde, muitas vezes
desse movimento aparece em alguns produtos numa paródia bem-humorada, alteram a cor,
como forma de nostalgia. textura ou o próprio material. Os signos e
Entramos agora no século XX (1925- 1939) metáforas visuais são seu carro chefe.
e encontramos a Art Déco, com seu poder Os pós-modernos tem recebido grandes
decorativo, influenciando o design de interiores, críticas sendo acusados de continuarem com o
o desenho industrial, a moda e artes gráficas. elitismo que tanto desprezam. São acusados
Seus trabalhos eram fortemente inspirados no também de serem manipulados pelas forças
Cubismo, pois além do plástico e de pele de comerciais, uma vez que se afastam da ênfase na
animais, relatava muitas formas geométricas. produção em massa dando atendimento às
No Brasil, Vitor Brecheret, Vicente do necessidades individuais.

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Comunicação Visual e Design

Unidade 20
Projeto

CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE

Objetivos:
Fazer uma análise do que constitui o projeto gráfica.
Avaliar e compreender as etapas do projeto e realização de um trabalho gráfico
ESTUDANDO E REFLETINDO

Todo trabalho gráfico exige um projeto, principalmente quando ele está voltado para o mercado.
A comunicação visual e o design estão intimamente ligados e em algumas situações são
interdependentes, para realizar o design é necessário o conhecimento dos elementos visuais da
comunicação e sempre que um objeto, produto, cartaz, outdoor é concebido, ele o é para uma finalidade
e a transmissão da ideia desse fim ocorre com a análise dos aspectos visuais.
Mesmo que pensemos no design de uma cadeira o designer deverá
se ater na função da mesma, onde ela será utilizada, quem vai comprar a
cadeira... entre outras coisas.
Pensando em um exemplo, não faria sentido se um designer
criasse uma cadeira de escritório, para ser usada em uma empresa de
telemarketing que fosse feita de mogno, pesasse 200 quilos e tivesse o
estofamento forrado de veludo francês, ela não funcionaria bem nesse
ambiente. Em contrapartida, um designer contratado pela rainha da
Inglaterra não poderia apresentar como projeto para o trono uma cadeira
tubular de alumínio com o assento de lona.
Assim, é necessário que o projeto seja pensado não só de acordo
com quem está criando, mas também de acordo com para quem se
está criando. Para não cometer esse tipo de equívoco é necessária a
separação do projeto em algumas etapas.
A primeira etapa, e talvez mais importante, é o BRIEFING, ponto
principal de nossa discussão, mas veremos todas as etapas.

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Comunicação Visual e Design

11 - BRIEFING - Antes de dar início à qualquer é o momento de explorar elementos gráficos


projeto, é importante reunir-se com o cliente para como tipologia, imagens, formas e cores.
discutí-lo. Desta forma pode-se conhecer a Conhecer software próprios de design, ter
necessidade da comunicação e suas intenções, criatividade e conhecimento dos elementos
assim como receber orientações iniciais de cor, visuais e de comunicação podem contribuir para
formato... Quando as ideias estiverem mais um trabalho satisfatório e eficaz.
maduras, entre em contato novamente com o
solicitante. 4 - MANIPULAÇÃO DE IMAGENS - Trabalhar as
fotografias e imagens de um projeto ocupa boa
2 - BRAINSTORMING - Para os projetos em parte do trabalho de um designer gráfico. Para
equipe o uso da técnica do brainstorming é determinados projetos é necessário ressaltar
aconselhável (mesmo para o criador que trabalha alguns detalhes, em outras situações, são
sozinho). O importante nessa etapa é que todas necessárias correções de cor para conseguir
as ideias da equipe sejam consideradas para uma determinado efeito na impressão. As
futura análise. Depois da análise, será selecionada manipulações
a que estiver mais próxima de resolver o criativas como
problema do cliente. manipulação dos
fundos e efeitos
3 - ROUGH e LAYOUT - visuais também são
Faça alguns desenhos antes interessantes.
de iniciar o layout final, o
designer deve procurar a 5) APRESENTAÇÃO FINAL - Após muito
alternativa mais eficaz para trabalho, pesquisa, desenhos e alterações, o
transmitir a mensagem de resultado final é apresentado para a aprovação
uma maneira agradável, do cliente. Tendo uma resposta positiva do
pois mais do que criar o solicitante, entra-se em uma segunda etapa.
layout, ele precisa ser eficaz. N esse momento é necessário saber as
Depois de determinar o plano de ação, é preciso características do trabalho quando impresso e o
usar sua experiência no layout para produzir. Esse sistema com o qual será impresso.

OBS: Clique nos links para maiores informações sobre os termos

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Comunicação Visual e Design

BUSCANDO O CONHECIMENTO prestadores de serviços. O documento serve de


base para uma sólida parceria, uma vez que
O artigo abaixo esclarece o termo briefing posiciona cliente e designer lado a lado em
e indica como montá-lo. termos de comunicação e expectativas. Além
disso pode ser utilizado não somente no início do
O QUE É DESIGN BRIEFING, AFINAL? projeto, mas como guia para fornecedores e
profissionais envolvidos durante todo o
POR ELLEN KISS desenvolvimento do mesmo, desde a aprovação
18/07/2005 das soluções criativas como na mensuração dos
resultados.
O briefing para um projeto de design, seja Este assunto é de tão grande importância
ele design gráfico, físico, design de jóias, moda ou que recentemente ganhou uma publicação
qualquer outra especialidade é muito mais do específica sobre o assunto (Creating the Perfect
que uma solicitação de projeto. Em um mercado Design Brief, Phillips, P.(2004)). Paralelamente, o
onde raramente contrata-se advogados na tema é abordado em um dos mais procurados
intermediação das propostas comerciais, o seminários oferecidos pelo instituto americano,
briefing passa a ter a função de contrato entre as mundialmente reconhecido, Design
duas partes. Tanto a parte contratante (cliente) Management Institute (DMI).
como o contratado (profissional de design) Mas o que é um briefing de design afinal?
devem ter conhecimentos claros das O documento pode significar várias coisas
necessidades do outro e dos objetivos do projeto. incluindo um plano de projeto, um acordo ou um
Na maioria dos casos, o design é a contrato, uma rota, um documento inspirador,
ferramenta utilizada como resolução de um um plano estratégico ou até mesmo um roteiro
problema. Portanto é essencial que o designer para aprovação do projeto.
tenha consciência das questões para as quais está O mais importante não é o formato do
sendo contratado para resolver. Em alguns casos, briefing, mesmo porque não existe um formato
nos quais não existe a prévia identificação por único e correto. O mesmo pode depender de
parte do próprio cliente do problema ou de como fatores variáveis como o tipo de projeto (design
melhor utilizar o design em resposta a este de embalagem, mobiliário, comunicação, etc.) ou
problema, a importância de um bom briefing é da cultura da empresa e do cliente. No entanto,
ainda maior. um briefing deveria:
Um briefing bem preparado auxilia Definir os objetivos do projeto de design e
designers a posicionar-se como parceiros sua relação com a estratégia corporativa (quais
estratégicos do negócio ao invés de simples são os planos estratégicos da empresa, onde ela

79
Comunicação Visual e Design

quer se posicionar, como ela pretende alcançá-os no documento, estudos indicam que um bom
e como este projeto específico pode auxiliar nesta briefing deveria ser escrito em conjunto entre
jornada); designers e clientes de forma que ambos entrem
Apresentar informações sobre em comum acordo em todos os detalhes.
competidores diretos e indiretos; Com base na experiência, pesquisa,
Fornecer respostas às perguntas: Quem, análise de alguns estudos e no seminário do DMI
Como, Quando, Onde e Por quê; disponibilizo abaixo um modelo de briefing de
Questionar sobre custos, cronograma, design, sendo que o mesmo deve ser adaptado
materiais, especificações técnicas quando de acordo com as informações necessárias para
necessário; cada projeto:
Em função do grau de detalhes envolvidos
Histórico e Descrição do Projeto – Descrição do escopo do projeto, necessidades da empresa ao
desenvolvê-lo e objetivos a médio e longo prazos;
Análise do Mercado - Resumo do mercado e da categoria em que está inserida empresa/produto;
Análise do Consumidor - Descrição de todos os consumidores, o mais completa possível, levando em
consideração fatores como cultura, diferenças regionais, idade, classe social, etc;
Empresa e Portfólio de produtos – Apresentação detalhada da estratégia da empresa em relação a suas
marcas e produtos (a empresa possui uma marca institucional assinando todos os produtos ou uma marca
individual para cada linha de produtos? Qual a hierarquia entre as marcas?, etc.);
Objetivos da empresa e estratégia de design – Uma das etapas mais importantes do briefing. Basicamente
esta seção do documento deve traçar um plano de ação, atrelando cada objetivo do negócio a uma
estratégia de design (e não criativa) para atingi-lo.
Escopo do projeto, cronograma e budget – Definição de cada etapa do projeto e seus respectivos budget,
prazos, prioridades, responsáveis e critérios de aprovação. Deve ser inserido também critérios de controle,
avaliação e mensuração dos resultados. Outra importante definição refere-se ao fechamento do projeto, o
qual deve ser estipulado durante nesta seção;
Stakeholders – Relação de todos os stakeholders com envolvimento direto ou indireto que possam ter
algum impacto no projeto;
Gerenciamento dos riscos – Identificação dos possíveis riscos que podem atingir cada etapa do projeto e
criação de planos de contingência;
Informações e questões extras complementares – Todas as informações extras que complementarem o
projeto de alguma forma como resultados de pesquisa, artigos, imagens, referências etc.

O texto pode ser acessado em:

80
POLOS EAD
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Bairro: Pq. Santa Cândida Bairro: São Miguel Paulista
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(19) 3321-8000 (11) 2031-6901
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0800-772-8030
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