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Garlen, Julie C. (2018). Interrogating innocence: “Childhood” as exclusionary social practice. Childhood.
Vol. 26(1) 54–67. Consultado em: Outubro, 11, 2019, em
https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0907568218811484
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Padrões de atividade humana por meio dos quais as ideologias da infância são materializadas. (Garlen, p.56).
segundo os escritores mais conservadores. A repulsão ao conhecimento é uma das ideias presentes
neste estado idealizado de inocência.
Objetivos de estudo
O objetivo do estudo foi questionar a construção do conceito da inocência infantil, e examinar como este
conceito opera como prática social excludente. Paralelamente, ela buscou demonstrar como este mito
social ajuda a manter a supremacia branca, ferindo os direitos humanos de outras crianças.
Metodologia
A revisão de literatura buscou conceituar a expressão “prática social”, privilegiando a leitura de McMillan
(2017), que define a prática social como as atividades humanas habituais, “que modelam a vida cotidiana
dos indivíduos em grupos sociais, incluindo famílias, comunidades e instituições” (p.56), mais que
normas, ritos, costumes ou tradições, são manifestações concretas da ideologia de um grupo.
Como delimitação espaço-temporal, elaborou seu trabalho a partir da análise de Bernstein sobre a
infância nos EUA, no século XIX, desde a escravidão aos direitos civis.
A pesquisa utilizou abordagem qualitativa, baseada numa análise documental, com reflexões sobre os
conceitos de prática social e inocência infantil e os impactos deste último na atualidade, como a
perpetuação da supremacia branca e as influências na cultura e na sociedade, que tem neste conceito,
uma base sólida para operar de modo excludente com os direitos da infância. Por fim, buscou discutir
sobre a necessidade de revisão do conceito para defesa dos direitos das crianças, quanto à educação e
assistência na primeira infância, sejam quais forem suas etnias.
Não houve menção a técnicas de pesquisa em campo.
Conclusões
A ideia de prática social é apresentada de modo pragmático, ou seja, apesar de se reconhecer que há
discursos por trás das práticas, aquilo que efetivamente as pessoas fazem, de modo habitual e familiar a
todo o grupo, pode representar de modo mais claro as ideologias predominantes, mais do que o que as
pessoas dizem sobre elas. Daí a importância formativa destas práticas, pois consolidam valores e os
repassam aos novos membros do grupo, a saber, às crianças. A constituição da concepção de infância
inocente e ignorante foi, portanto, constituído por discursos e práticas que incluíam legislações sobre o
trabalho infantil e seu bem-estar, a escolaridade obrigatória, a censura na TV infantil, a remoção de
crianças nativas de suas casas para "educá-las apropriadamente" e a qualificação de mães negras e
brancas pobres como moralmente incompetentes no cuidado, tudo isso justificado pela retórica da
proteção. Por outro lado, a comercialização da infância, praticada pelas megaempresas de
entretenimento, disputam a agência das crianças como consumidoras, contrariando a ideia da proteção,
contudo, as ameaças à inocência são comumente associadas a sexualização (qualquer exposição a outra
forma de vida sexual que não seja a binária é vista como ofensiva pelos conservadores). A inocência
construída sobre as bases de uma felicidade pautada na ignorância total da realidade a vulnerabilidade
delas aos mesmos perigos tão evitados e dos quais queremos protegê-las. A conclusão da autora é a de
que o conceito de infância seja refeito, no sentido de incluir todas as crianças, assegurando-lhes agência
e dignidade, sem ocultação das injustiças sociais praticadas contra as crianças às quais é negado tanto
o direito à infância quanto a denominação de “inocentes”.