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Baseia-se numa concepção abstrata do homem, indivíduo mutável no tempo e no espaço. A ciência
deve, portanto permitir a definição exacta de um modelo urbano perfeito que convenha a todo grupo
humano.
Desde 1901 o arquiteto Tony Garnier elabora um plano da cidade industrial, onde se encontra quase
tudo o que está na base do urbanismo atual. Os “arquitetos racionalistas “constituem, a partir de 1928
um movimento internacional (CIAM - Congresso Internacional de Arquitetura Moderna). Em 1933
os arquitetos do CIAM elaboram um manifesto doutrinal: “A Carta de Atenas”. Verdadeiro catecismo
do urbanismo progressista, este documento teve muitas ideias de Le Corbousier.
Há uma preocupação desvairada pela higiene, que se concretiza nas exigências de sol e verde.
A Carta de Atenas exige construções altas, afastadas umas das outras, isoladas no verde e na luz. Um
outro teorema do urbanismo progressista é a abolição da rua, denunciada como anacrônica,
barulhenta, perigosa, contrária aos imperativos de luminosidade e higiene. A Carta de Atenas exige
que os imóveis sejam implantados longe dos fluxos de circulação.
O esquema urbano é concebido para o homem-padrão. Em qualquer lugar do mundo. Tanto para as
grandes como para as pequenas cidades. Qualquer que seja o regime político ou o nível de
desenvolvimento econômico. Deste volume de realizações surgem Chandigarh, a partir dos planos
de Le Corbousier e Brasília, com planos de Niemeyer. Encomendados pelos presidentes Neru e
Juscelino, respectivamente, constituem grandiosas manifestações do urbanismo e da estética
progressistas.
Edifícios públicos gigantescos que dominam imensos espaços vazios constituem uma escultura
urbana de inspiração cubista, à base de volumes geométricos simples. Em Brasília os bairros
habitacionais não diferem muito dos conjuntos habitacionais de Singapura, Paris e Moscovo.
A cidade progressista não está ligada à tradição cultural, ela visa ser a expressão da liberdade da
razão a serviço da estética e da eficácia.
Modelo Culturalista
Ao contrário do progressista, ele se volta para o passado. A ideia é que a cidade é reflexo da cultura, que
a cidade e seus habitantes constituem uma unidade orgânica ameaçadas pelas consequências do
desenvolvimento industrial
O espaço do modelo culturalista opõe-se ponto por ponto ao modelo progressista. As cidades
possuem limites precisos e estão circunscritas em cinturões verdes.
O modelo culturalista teve como principais expoentes: Camillo Sitte e Ebenezer Howard. Este
modelo tinha como princípios básicos: a totalidade e a cultura. A totalidade estava explícita na ideia
de que o todo (a cidade) deve prevalecer sobre as partes (o indivíduo), o conceito cultural implica
que a cultura deve prevalecer sobre a noção material da cidade. Numa clara oposição ao modelo
progressista, este modelo apresentava-se como bem mais despolitizado, enfatizando uma abordagem
estética.
O modelo culturalista foi intensamente criticado por seu apego ao historicismo e sua obsessão por
problemas estéticos. No caso das garden-cities, a crítica se faz ao controle exigido na expansão
urbana e sua estrita limitação que seriam incompatíveis com as necessidades do desenvolvimento
econômico.
O Modelo Naturalista
O modelo naturalista de cidade propunha uma volta do homem à natureza rejeitava também o modelo
da cidade industrial, tida como alienadora do indivíduo.
Gradativamente, a partir do séc. XIX, percebe-se o crescente questionamento com relação à visão
antropocêntrica de que a flora e fauna existiam exclusivamente para satisfazer as necessidades do
homem. Desde a Idade Média o mundo europeu era totalmente dependente dos animais. Nessa época,
predominava a visão de que a natureza estava destinada a servir a algum propósito humano, senão
prático, ao menos, estético e moral.
K. Thomas afirma que esse pressuposto foi paulatinamente modificado por uma combinação de
vários processos. O primeiro deles se deve ao desenvolvimento da História Natural, estudo científico
dos animais e vegetação. Iniciou-se então um período decisivo para a ruptura entre as visões popular
e erudita do mundo natural. O segundo aspecto, ligado principalmente à estreita convivência da
sociedade dos Sécs. XVIII e XIX com os animais domésticos, foi a sensível mudança em relação ao
tratamento destes, atribuída a uma ampliação da fronteira com a preocupação moral, do modo de
compreender outras espécies, além da humana. O terceiro aspecto está ligado ao crescimento das
cidades no período da era moderna e à emergência de uma ordem industrial onde os animais estavam
cada vez mais marginais ao processo de industrialização.
Novas fontes de energia passaram a ser usadas, dentre elas o vapor e a força hidráulica, os animais
passaram cada vez mais a serem vistos como animais de estimação. O crescimento urbano e o
aumento da poluição passaram a ameaçar o harmonioso convívio do homem com a natureza. O ideal
em voga passa a ser de que uma cidade bela teria uma aparência rural, o mais próximo possível da
paisagem natural.
É importante mencionar que é a partir de meados do século XIX, quando os meios técnicos de
intervenção na paisagem assumem uma importância nunca antes experimentada, e, com o
aprofundamento da divisão social do trabalho imposta pelo desenvolvimento capitalista, que a
arquitetura da paisagem começa a ser comentada como campo de atividade profissional.
Frank Lloyd Wright critica a cidade industrial e defende o contato com a natureza como a grande
saída para devolver o homem a si mesmo e permitir um harmonioso desenvolvimento da pessoa
como totalidade.
Ele propõe que todas as funções urbanas estejam dispersas e isoladas na natureza sob a forma de
unidades reduzidas. A moradia é individual, não existe o apartamento, mas casas particulares com
espaço suficiente para seus ocupantes desenvolverem atividades agrícolas e se dedicarem aos lazeres
variados. O trabalho (oficinas, escritórios e laboratório) está situado ao lado da moradia integrando
unidades de tamanho reduzido e destinadas ao mínimo de pessoas. Wright imaginou um sistema
acêntrico, composto de elementos pontuais ligados por uma rica rede circulatória.
A dura realidade das cidades do século XX demonstrou a dicotomia entre a razão e paixão existente
nestes três modelos. Eles não foram capazes de trazer soluções à grande maioria dos conflitos
urbanos, posto que ignoravam a força das relações sociais e econômicas na organização do espaço.
A evolução do urbanismo indica tentativas de superar essas limitações incorporando as emergentes
técnicas do planeamento.
Urbanização: Conceptualização
Para Monfré (2009, pag. 70), a urbanização é um “processo de criação ou de
desenvolvimento de organismos urbanos segundo os princípios do urbanismo.”
Numa abordagem primária, a urbanização, pode ser vista como um processo de afastamento das
características rurais de um assentamento humano ou região, para características urbanas. Em
geral, este processo está associado ao desenvolvimento da civilização, da produção industrial e
da tecnologia. Em termos demográficos, o conceito refere-se à redistribuição e fluxo das
populações das zonas rurais para assentamentos urbanos.
O termo também pode designar a acção de dotar uma área com infra-estruturas e equipamentos
urbanos. O Dicionário Aurélio - Século XXI define Urbanização como o "conjunto dos trabalhos
necessários para dotar uma área de infra-estrutura (por exemplo, água, esgotos, electricidade)
e/ou de serviços urbanos (por exemplo, de transporte, de educação, de saúde)".
(Fonseca, 2011:3)
Em Moçambique, de acordo com o Decreto 60/2006 de 26 de Dezembro que regulamenta a Lei de Terras
nas áreas urbanas, o Solo Urbano é definido como: “toda a área compreendida dentro do perímetro dos
municípios, vilas e das povoações legalmente instituídas”.
Para Carvalho (2010), urbanização é o processo mediante o qual uma população se instala e se
multiplica numa área dada, que aos poucos se estrutura como cidade. Também pode ser definida
como o aumento da população urbana frente à população rural e está historicamente ligada à
evolução do capitalismo, principalmente em sua fase industrial.
Fenómeno ao mesmo tempo demográfico e social, a urbanização é uma das mais poderosas
manifestações das relações económicas e do modo de vida vigentes numa comunidade em dado
momento histórico.
Fenômenos como a urbanização e o crescimento demográfico são determinantes na formação das
cidades, que resultam, no entanto, da integração de diversas dimensões – sociais, econômicas,
culturais e psicossociais – em que se desempenham papéis relevantes as condições políticas da
nação.
Para Maniçoba (2006:75), “a definição mais comummente ligada ao termo urbanização refere-se a esta
como sendo o crescimento de números de cidades e o aumento da população urbana”. Souza (1996:5
apud Maniçoba, 2006:75) confirma esta afirmação “segundo a qual a urbanização, considerada em seu
sentido quantitativo, é o aumento do percentual da população vivendo em espaços urbanos, bem como
o crescimento destes”.
Becker (1991:52 apud Maniçoba, 2006:76) “refere-se à urbanização como estratégia do Estado para a
ocupação de um dado território. Segundo esta autora, a relevância da urbanização como instrumento de
ocupação está ligada a três papéis fundamentais exercidos pelos núcleos urbanos: a atracção dos fluxos
migratórios, a organização do mercado de trabalho e controlo social, o que atribui a urbanização um
novo significado”.
Castells (1983:39 apud Maniçoba, 2006:76), em sua análise sobre o fenómeno urbano, destaca que, das
inúmeras definições dadas pelos sociólogos para o termo urbanização, é possível distinguir dois sentidos
distintos: 1) concentração espacial de uma população, a partir de certos limites de dimensão e de
densidade; 2) difusão do sistema de valores, atitudes e comportamentos denominados cultura urbana.
Segundo Sposito (s/d), entender a cidade de hoje, apreender quais processos dão conformação à
complexidade de sua organização e explicam a extensão da urbanização neste século, exige uma volta às
suas origens e a tentativa de reconstruir, ainda que de forma sintética, a sua trajectória.
A urbanização está associada ao processo de industrialização que trouxe população das áreas rurais para
o centro das cidades. Esse processo traduz-se espacialmente por uma concentração da população e das
actividades nos centros das cidades. No sentido social e demográfico, significa a transferência de
populações destas para as primeiras, e deslocamento de contingentes do pequeno ou médio para o
grande urbano, com a incorporação rápida de modos de vida nas urbes por áreas dispersas (Costa,
2010).
Para Gaspar (s/d,:285), “urbanizar implica ainda o acesso a um mínimo de infra-estruturas – vias,
abastecimento de águas, esgotos, energia – e de serviços, que constituirão os requisitos básicos que
permitem identificar o fenómeno em diferentes latitudes e distintos níveis de desenvolvimento
económico e tecnológico”.
Ainda segundo os mesmos autores, “outro aspecto importantíssimo é que a urbanização é sobretudo um
aspecto espacial. Esse processo é resultante de modificações sociais e económicas substanciais que
estão na base do desenvolvimento do próprio capitalismo” (Silva e Macêdo, 2009:3).
O rápido processo de urbanização traz consigo problemas urbanos devido ao crescimento desordenado
das cidades. A falta de planeamento tem como consequência problemas de ordem ambiental e social. O
inchaço populacional, provocado pelo acúmulo de pessoas e a falta de uma infraestrutura adequada
gera transtornos para a população urbana que, devido ao crescimento desordenado, acaba ocupando
locais inadequados para moradia (Jordão Filho e Oliveira, 2013).
Bibliografia
Carvalho, J. C. de (2010). Contribuições do Processo de Urbanização para o Crescimento
Socioeconómico dos Bairros Periféricos: Um Olhar Sobre a Evolução do Bairro Mocinha Magalhães.
Universidade Federal do Acre: Rio Branco (Monografia apresentada como exigência final para
obtenção do grau de bacharel em Economia da Universidade Federal do Acre. )
Costa e Silva, M. T. G. C. da (2012). Os Desafios da Urbanização das Cidades. Rio de Janeiro: UFRJ.
Gaspar, J. (s/d). Cidade e Urbanização no Virar do Milénio. Lisboa: Centro de Estudos Geográficos da
Universidade de Lisboa.