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7 - História
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123 - Física
145 - Biologia
165- Matemática
209 - Linguagens
Da Vinci Vestibulares - Extensivo 2016 4
Da Vinci Vestibulares - Extensivo 2016 5
Conversa
com o estudante
Caro Estudante,
Grande Abraço..
6 Da Vinci Vestibulares
Extensivo 7
História
8 Da Vinci Vestibulares
Figura 2 - A Diáspora Grega.
Período Clássico
PARA SABER MAIS: b) Qual a relação existente entre o universo cultural de Pico
della Mirandola e o de Sófocles e Cícero?
300. Direção de Zack Snyder. Estados Unidos, 2007, 117 min.
HELENA DE TROIA. Direção de Robert Wise. Estados Uni- 4. (FUVEST) Freud, Brecht e Pasolini, entre muitos outros,
do, 2004, 118min. recorreram a ela em seus trabalhos. O primeiro, ao utilizar os
TROIA. Direção de Wolfgang Petersen. Estados Unido, 2004, termos “Complexo de Édipo” e “Complexo de Electra”; o se-
162min. gundo nas “Notas sobre a Adaptação de Antígona”, e o terceiro,
Extensivo 11
a) Identifique a arte grega evocada acima e dê o nome de dois (E) Consolidou-se o monopólio político dos eupátridas, estabe-
de seus autores. lecendo que as altas magistraturas e os cargos da administração
seriam privativos dessa classe.
b) A que se deve sua permanente atualidade?
8. (UFSCar) Há muitas maravilhas, mas nenhuma é tão mara-
vilhosa quanto o homem. (...) Soube aprender sozinho a usar a
5. (FUVEST) “Então Alexandre aproximou-se ainda mais dos fala e o pensamento mais veloz que o vento e as leis que disci-
costumes bárbaros que ele também se esforçou em modificar plinam as cidades, e a proteger-se das nevascas gélidas, duras
mediante a introdução de hábitos gregos, com a idéia de que de suportar a céu aberto... (Sófocles, Antígona, trad.Mário da
essa mistura e essa comunicação recíproca de costumes dos Gama Kury. RJ: Jorge Zahar Editor, 1993, p. 210-211.)
O fragmento acima, apresentação do Coro de Antígona, drama
dois povos... contribuiria mais do que a força para solidificar
trágico de autoria de Sófocles, manifesta uma perspectiva típica
seu poder...” (Plutarco, VIDAS PARALELAS) da época em que os gregos clássicos
(A) enalteciam os deuses como o centro do universo e subme-
a) Quem eram os bárbaros? tiam-se a impérios centralizados.
(B)criaram sistemas filosóficos complexos e opuseram-se à es-
b) No que consistiu a sua política de conquista? cravidão, combatendo-a.
(C) construíram monumentos, considerando a dimensão huma-
na, e dividiram-se em cidades-estados.
(D) proibiram a representação dos deuses do Olimpo e entraram
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES: em guerra contra a cidade de Troia.
E) elaboraram obras de arte monumentais e evitaram as rivali-
6. (UNIFESP) “Nunca temi homens que têm no centro de sua dades e as guerras entre cidades.
cidade um local para reunirem-se e enganarem-se uns aos ou-
tros com juramentos. Com estas palavras, Ciro insultou todos os 9. (UNESP) Dentre os legados dos gregos da Antigüidade Clás-
gregos, pois eles têm suas agorás [praças] onde se reúnem para sica que se mantêm na vida contemporânea, podemos citar:
comprar e vender; os persas ignoram completamente o uso de (A) a concepção de democracia com a participação do voto uni-
agorás e não têm lugar algum com essa finalidade”. (Heródoto, versal.
Histórias, séc. V a.C.) (B) a promoção do espírito de confraternização por intermédio
O texto expressa do esporte e de jogos.
(A) a inferioridade dos persas que, ao contrário dos gregos, não (C) a idealização e a valorização do trabalho manual em todas
conheciam ainda a vida em cidades. suas dimensões.
(B) a desigualdade entre gregos e persas, apesar dos mesmos (D) os valores artísticos como expressão do mundo religioso e
usos que ambos faziam do espaço urbano. cristão.
(C) o caráter grego, fundamentado no uso específico do espaço (E) os planejamentos urbanísticos segundo padrões das cidades-
cívico, construído em oposição aos outros. -acrópoles.
(D) a incapacidade do autor olhar com objetividade os persas e
descrever seus costumes diferentes. 10. Na atualidade, praticamente todos os dirigentes políticos,
(E) a complacência dos persas para com os gregos, decorrente no Brasil e no mundo, dizem-se defensores de padrões demo-
da superioridade de seu poderio econômico e militar. cráticos e de valores republicanos. Na Antigüidade, tais padrões
e valores conheceram o auge, tanto na democracia ateniense,
7. Dentre as reformas propostas por Sólon (594-591 a.C.) en- quanto na república romana, quando predominaram
contramos o regime censitáro. Essa proposta condiciona a parti- (A) a liberdade e o individualismo.
cipação política à renda do cidadão. Há uma importante diferen- (B) o debate e o bem público.
ça entre o regime censitário estabelecido por Sólon e o que se (C) a demagogia e o populismo.
implantou na época da tirania de Pisístrato (561-528 a.C.), que (D) o consenso e o respeito à privacidade.
imprimiu uma nova dinâmica à política ateniense, devido ao rá- (E) a tolerância religiosa e o direito civil.
pido desenvolvimento mercantil, verificado após a criação da
moeda ateniense própria, o dracma. 11. Escreveram peças para teatro, durante o “Século de Péri-
Assinale a alternativa que indica essa mudança. cles” (séc.V a.C.):
(A) Foram colocadas no mesmo plano a renda da terra e a do (A) Homero, Tucídides, Heródoto e Xenofonte
comércio, o que permitiu a participação, nos altos escalões do (B) Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes
governo, dos comerciantes e armadores. (C) Sócrates, Protágoras, Platão e Aristóteles
(B) Criou-se o Conselho dos Quinhentos, o Bulé, que iria con- (D) Eratóstenes, Arquimedes, Euclides e Pitágoras
trabalançar o poder do Areópago, órgão tradicional aristocráti- (E) Píndaro, Alceu, Safo e Hesíodo
co, que se restringiu às suas atribuições religiosas e judiciárias.
(C) Foi restaurada a escravidão por dívidas, favorecendo a de- 12. Na Grécia Clássica, os deuses eram concebidos à imagem
pendência econômica dos pequenos e médios proprietários em e semelhança do homem, postura invertida na Roma Imperial,
relação à aristocracia rural. na qual os cristãos viam o homem feito à imagem e semelhança
(D) A diarquia foi definitivamente implantada, concedendo aos de Deus.
metecos o direito de eleger na Assembléia Popular o seu repre- Relacione a visão religiosa com a estrutura sócio-política
sentante junto ao Areópago. em cada um dos casos acima.
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13. (FUVEST) Na Antigüidade, a Europa mediterrânea e o
Oriente Próximo viram o surgimento e o esfacelamento de di-
versos impérios. Sobre eles pode-se afirmar que
(A) a unidade política acabou depois de algum tempo por se
fazer acompanhar de uma unidade religiosa.
(B) a diversidade racial e cultural enfraquecia-os, apesar da
existência de mecanismos que pretendiam estabelecer uma real
unidade.
(C) os centros políticos coincidiam sempre com os centros eco-
nômicos.
(D) com exceção do Império Romano, todos nasceram de con-
federações de cidades-Estado em constante luta interna.
(E) seus centros dinâmicos localizavam-se nas zonas litorâne-
as, por terem economias essencialmente mercantis.
VOCÊ SABIA: A localização de Roma às margens do rio Ti- EXPANSÃO ROMANA
bre,” o mais caudaloso e regular de toda a Itália central, permitia
o transporte de mercadorias pesadas não só entre Roma e o Por volta de 275 a. C., os romanos já haviam conquis-
mar, mas também para o interior e, quando deixava de ser nave- tado a península Itálica, tornando-se imprescindível a conquista
gável, o seu vale continuava a ser via de comunicação preciosa
de outros territórios fora da Itália.
que penetrava bastante em direção ao norte. (...) o Tibre desem-
penhou um papel essencial na grandeza de Roma, ao permitir
que o jovem Estado tivesse, desde cedo, um ‘pulmão marítimo’,
o que determinou em parte a sua vocação de metrópole colonial
e ao canalizar para ela – e, depois, ao submeter ao seu controle
– as correntes comerciais e étnicas que convergiam dos vales
dos Apeninos e se dirigiam para o sul.” GRIMAL, Pierre. A Civi-
lização Romana. Lisboa: Edições 70, 1988, p. 12-3.
Com o objetivo de superar a crise que se instalou em ♦ Constantino (313 – 337) concedeu liberdade de culto aos
Roma, principalmente com relação aos pequenos proprietários cristãos, fundou Constantinopla que seria, com o tempo, a se-
ou agricultores, alguns setores se mobilizaram em busca de re- gunda capital do Império.
formas. Nesse contexto destacaram-se, por sua ação, dois tribu- ♦ Teodósio (378 – 395) ficou conhecido pela oficialização do
nos da plebe: Tibério e Caio Graco. cristianismo e a divisão do império em duas partes: Império
Os irmãos Graco, como ficaram conhecidos, vendo a Romano do Ocidente (capital Roma) e Império Romano do
situação em que Roma se encontrava propuseram reformas. En- Oriente (capital Constantinopla).
tre elas a distribuição das terras entre os camponeses plebeus Vários foram os fatores que contribuíram para a queda
pondo fim aos grandes latifúndios e a Lei Frumentária, distri- do império romano. O declínio do número de escravos - crise do
buição de trigo a preços baixos. escravismo, queda da produção nos latifúndios, altos impostos,
Os patrícios reagiram contra os irmãos Graco. Tibério crise do comércio, a ruralização e a regionalização da economia,
e seus seguidores forma assassinados e Caio Graco, temendo ter entre outros. Entretanto, não podemos deixar de citar a grande
o mesmo fim de seu irmão ao ser cercado em uma colina próxi- presença de bárbaros no Exército romano.
ma a Roma, ordenou a um escravo que o matasse. Todos esses fatores conjuntamente com as invasões
Após a conhecida Revolta dos Gracos, ocorreu a radi- bárbaras nos séculos IV e V, puseram fim ao Império Romano.
calização política fazendo com que a República romana entras-
se em crise. As disputas entre os cidadãos de Roma pelo poder
aumentou a instabilidade política levando o Senado a eleger
três líderes políticos: Júlio César, Pompeu e Crasso. Eles forma-
ram o I Triunvirato (governo de três pessoas). Com a morte de
Crasso em combate, na Pérsia (54 a.C.) e a derde Pompeu em
49 a.C., Júlio César tornou-se o único governante de Roma até
sua morte em 44 a.C.
Logo estabeleceu-se o II Triunvirato composto por
Marco Antônio, amigo de um dos fortes generais de Júlio Cé-
sarLépido e Otávio. Lutas internas pelo poder levaram Otávio a
declarar guerra a Marco Antônio e seus aliados, o qual derrotou
em 31 a.C.
Otávio tornou-se o senhor de Roma, recebendo vários Figura 6: Povos Pré-Romanos na Península Itálica
títulos, entre eles o de “divino” (Augustus). (Séculos X - VIII a.C.)
Império (27 a.C. – 476 d.C.): PARA SABER MAIS:
Com as conquistas territoriais e o desenvolvimento A queda do Império Romano. Direção de Anthony Mann,Estados
acelerado do modo de produção escravista, Roma alcançou a Unidos,1964,172min.
riqueza e a hegemonia do mundo antigo. Gladiador. Direção de Jean Jacques Annaud,Estados
Primeiro Imperador de Roma, Otávio Augusto (27 Unidos,2000,130min.
a.C. – 14 a.C.) acabou com os conflitos internos, criou a Guarda
Pretoriana, cuja função era proteger o imperador e a capital do SITES PARA PESQUISA
Império, promovia a distribuição de trigo e a organização de es-
petáculos públicos (Pão e Circo), fez magníficas obras públicas Hystoria na WEB – http://hystoria.hpg.ig.com.br
tornando Roma a Cidade Eterna. Mundo Antigo – http://planeta.terra.com.br/arte/mundoantigo/
Durante seu governo, nasceu Jesus Cristo, fundador do História do Mundo - http://www.historiadomundo.com.br/
cristianismo, nova religião que ganhou seguidores em todo o Mini WEB Educação - http://www.miniweb.com.br/ historia/Roma1.
império romano. Com a morte de Otávio Augusto em 14 d.C., html
Roma foi governada pelas dinastias: Júlio-Claudiana até 68
d.C., seguida pela dinastia Flaviana até 96 d.C. e pela dinastia EXERCÍCIOS ESSENCIAIS:
dos Antoninos até o ano de 192. O Alto Império foi marcado por
diversas dinastias a última a governar Roma foi a dos 1. (FUVEST) A(s) questão(ões) seguinte(s) é(são) composta(s)
Severos. por três proposições I, II e III que podem ser falsas ou verda-
Os sucessores de Otávio Augusto não conseguiram deiras. Examine-as identificando as verdadeiras e as falsas e em
manter as estruturas de governo por ele implantadas contribuin- seguida marque a alternativa correta dentre as que se seguem:
do para a gradual desestruturação do império. O descontrole po-
lítico, a imoralidade pessoal e também administrativa fez parte (A) se todas as proposições forem verdadeiras.
dos governos de Tibério, Calígula e Nero. Este último perseguiu (B) se apenas forem verdadeiras as proposições I e II.
os cristãos que não o cultuavam como deus e mandou incendiar (C) se apenas forem verdadeiras as proposições I e III.
Roma. (D) se apenas forem verdadeiras as proposições II e III.
No período caracterizado como Baixo Império alguns (E) se todas as proposições foram falsas.
imperadores tentaram controlar a crise, foram eles:
♦ Diocleciano (284 – 305) promoveu várias reformas com o 1. I. Do século IX ao VII a.C., os assírios organizaram um po-
intuito de conter as crises. deroso exército com cavalaria, carros e máquinas de guerra,
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conquistando um vasto império cuja queda foi acelerada pela (E) a tolerância religiosa e o direito civil.
crueldade com que trataram os povos submetidos.
II. As instituições políticas da Cidade-Estado de Atenas, ao con- 7. (FUVEST) Sobre as invasões dos “bárbaros” na Europa Oci-
trário de sua rival Esparta, não evoluíram no sentido de uma dental, ocorridas entre os séculos III e IX, é correto afirmar que:
democracia. (A) foi uma ocupação militar violenta que, causando destruição
III. Os maiores legados da civilização romana foram o Direito e barbárie, acarretou a ruína das instituições romanas.
(base de todos os atuais), as línguas latinas, a arquitetura, a es- (B) se, por um lado, causaram destruição e morte, por outro
cultura e a pintura. contribuíram, decisivamente, para o nascimento de uma nova
civilização, a da Europa Cristã.
2. Na Grécia Clássica, os deuses eram concebidos à imagem e (C) apesar dos estragos causados, a Europa conseguiu, afinal,
semelhança do homem, postura invertida na Roma Imperial, na conter os bárbaros, derrotando-os militarmente e, sem solução
qual os cristãos viam o homem feito à imagem e semelhança de de continuidade, absorveu e integrou os seus remanescentes.
Deus. Relacione a visão religiosa com a estrutura sócio-política (D) se não fossem elas, o Império Romano não teria desapa-
em cada um dos casos acima. recido, pois, superada a crise do século III, passou a dispor de
uma estrutura sócio-econômica dinâmica e de uma constituição
política centralizada.
3. Indique e comente quatro elementos da antigüidade greco- (E) os Godos foram os povos menos importantes, pois quase
-romana presentes ainda hoje no mundo ocidental. não deixaram marcas de sua presença.
O Feudalismo foi um fenômeno típico da Idade Média Os historiadores franceses, especialistas em Idade Média,
na sociedade Centro-Ocidental da Europa. O Feudalismo repre- preferem classificar a sociedade feudal como uma sociedade composta
sentou a fase de grande autoridade política; econômica; ideoló- exclusivamente por estamentos, ou ordens. Entendemos por sociedade
gica e cultural da Santa Sé. A base de sustentação do Sistema estamental uma forma de organização onde a estratificação social com
Feudal era o trabalho servil. O servo era originado da decadên- camadas mais fechadas do que as classes e mais abertas do que as cas-
cia Romana. Esse trabalhador recebia proteção de seu Senhor e tas, reconhecidas por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra.
retribuía na forma de pagamentos de tributos em produtos ou na Na Idade Média, praticamente inexistia mobilidade social,
forma de prestação dos mais variados serviços. uma vez que a condição social do individuo era determinada pela tra-
Os servos, além de trabalharem no campo tinham a dição, pelos laços de consangüinidades, e pela hereditariedade. Em ou-
obrigação de pagar impostos na forma de produtos agrícolas, tros termos, era praticamente impossível o filho de um servo chegar a
animais, manufatura, tecelagem e/ou prestarem serviços. condição de nobre.
Jacques Le Goff, importante historiador Francês medieva-
Impostos lista, assim classificou a sociedade do medievo: “O Feudalismo é um
sistema de organização econômica, social, cultural e política baseado
♦ Corvéia: Trabalho gratuito realizado de duas a três vezes por nos vínculos de dependência de homem a homem, no qual uma classe
semana, no manso senhorial; na construção e reparação das es- de guerreiros especializados – os senhores -, subordinavam-se uns aos
tradas; pontes, moinhos, na casa senhorial e na construção de outros por uma hierarquia de vínculos de dependência, domina a massa
represas. campesina que explora a terra e lhes fornece com que viver”.
♦ Talha: Par te da produção agrícola que era entregue ao Senhor Já, Georges Duby, outro grande historiador da Idade Média,
feudal. gostava muito da definição dada pelo Bispo Adalberon de Laon, mor-
♦ Banalidade: Pagamento pelo uso dos instrumentos de traba- to em 1031 d.C, acerca do lugar de cada indivíduo naquela socieda-
lho no feudo. de: “Na sociedade alguns rezam, outros guerreiam e outros trabalham
♦ Captação: Imposto pago pela moradia no feudo.
♦ Mão morta: Era o pagamento de uma taxa para a família
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onde todos formam um conjunto inseparável e o trabalho de uns Principais Fatores da Baixa Idade Média
permite o trabalho dos outros dois e cada qual por sua vez presta
apoio aos outros”. I- Expansão das Cruzadas: As cruzadas foram um importante
capitulo da Baixa Idade média, ela representou o choque cul-
Principais Caracteristicas da Sociedade Feudal tural-religioso entre o ocidente e o oriente, ou seja, a Europa
Cristã Católica contra o Oriente Médio islâmico.
♦ Heterogeneidade Social - Nobres, cavaleiros, sacerdotes e II - Novas rotas comerciais.
camponeses. III- Centralização política: formação das monarquias nacionais
♦ Pouca Mobilidade Social - Sociedade estamental. IV-Apogeu e crise do feudalismo:
♦ Patriarcalismo - Desfavorecimento e perseguição as mulhe- O feudalismo acabou devido às melhorias tecnológi-
res (caça as bruxas). cas; surgimento de excedente econômico; revitalização das ati-
♦ Sociedade Teocentrica - Principal foco: a salvação. vidades comerciais e re-surgimento das cidades. O aparecimen-
to da burguesia muda a sociedade e a economia feudal.
Coração Valente. Direção de Mel Gibson, Estados Unidos, 4. (FUVEST-2010) “A instituição das corveias variava de acor-
1995, 177 min. do com os domínios senhoriais, e, no interior de cada um, de
“Peste Negra” - documentário, Estados Unidos, 2005, Produ- acordo com o estatuto jurídico dos camponeses, ou e seus man-
ção: The History Channel, 90 min. sos [parcelas de terra].” Marc Bloch. Os caracteres originais da
O nome da rosa. Direção de Jean-Jacques Annaud. Alemanha, França rural, 1952.
1986, 130 min. Esta frase sobre o feudalismo trata
O poço e o pêndulo. Direção de Stuart Gordon, Estados (A) da vassalagem.
Unidos,1991,103min. (B) do colonato.
El Cid. Direção de A. Mann, Estados Unidos,1961, 184 min. (C) do comitatus.
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10. (UNIFESP-2007) O mosteiro deve ser construído de tal for- 13. Dentre os fatores que possibilitam o reino da França afirmar-
ma que tudo o necessário (a água, o moinho, o jardim e os vários -se como a primeira potência européia no século XIII, podemos
ofícios) exerce-se no interior do mosteiro, de modo que os mon- destacar:
ges não sejam obrigados a correr para todos os lados de fora, (A) O rei da França controla diretamente uma grande e fértil
pois isso não é nada bom para suas almas. (Da Regra elaborada parte dos territórios do reino.
por São Bento, fundador da ordem dos beneditinos, em meados (B) Os reis da França detêm o título imperial e contam com o
do século VI.) O texto revela sustento dos reis da Inglaterra, seus vassalos.
(C) A união incondicional entre a Igreja e os reis franceses per-
(A) o desprezo pelo trabalho, pois o mosteiro contava com os mitiu a reunião de grandes fortunas e extensões de terras férteis,
camponeses para sobreviver e satisfazer as suas necessidades passando a constituir-se um dos primeiros núcleos dos estados
materiais. nacionais.
(B) a indiferença com o trabalho, pois a preocupação da ordem (D) O reino da França é o maior e o mais populoso da uropa.
era com a salvação espiritual e não com os bens terrenos. Os soberanos consolidam as instituições monárquicas e a cen-
(C) a valorização do trabalho, até então historicamente inédita, tralização do poder, exercendo um forte controle sobre a feuda-
visto que os próprios monges deviam prover a sua subsistência. lidade.
(D) a presença, entre os monges, de valores bárbaros germâni-
cos, baseados na ociosidade dos dominantes e no trabalho dos 14. O fenômeno das cruzadas se estende ao longo de dois sécu-
dominados. los de história européia. Desde a conquista de Jerusalém pelos
(E) o fracasso da tentativa dos monges de estabelecer comunida- turcos (séc. XI) até a queda de São João D’Acre, última forta-
des religiosas que, visando a salvação, abandonavam o mundo. leza cristã (séc.XIII) dominada pelos turcos muçulmanos. Das
inúmeras causas da difusão do “espírito da cruzada”, destaca-se:
11. (Mack-2007) Foi nesse terreno de cerca de 3,5 milhões de (A) A necessidade dos abastados nobres europeus de encontrar
km2 e predominantemente desértico que, na primeira quadra do aventura, glória e de obter o principal prêmio: o casamento com
século VII, se constituiu (...) a religião (...), a qual, num espa- uma jovem nobre, bela e rica.
ço de tempo relativamente exíguo, o empolgaria por inteiro, e (B) O cumprimento de uma obrigação religiosa: combater o in-
foi também a partir dele que, na quadra seguinte, os conversos fiel muçulmano era uma ação santa e representava a possibili-
saíram para fazer a sua entrada decisiva no palco da história uni- dade de salvação eterna.
versal, construindo um dos mais poderosos impérios da face da (C) A presença de um profundo zelo religioso, característico da
Terra e ampliando de maneira considerável o número de adeptos medievalidade, acompanhada de motivos econômicos e sociais
da nova fé. Adaptado de Mamede M. Jarouche, Revista Entre da Europa.
Livros, nº 3. (D) A predominância de interesses econômicos das cidades co-
merciais que desejavam expandir suas atividades mercantis.
O texto acima faz menção a uma religião
(A) que abriga a crença na existência de vários deuses, todos 15. (UECE-2007) A “morte” do estado, como era concebida no
eles personificações dos astros (sobretudo o Sol) e de fenôme- mundo antigo, coincide com a afirmação do feudalismo.
nos da natureza (como o raio e o trovão). Isso pode ser explicado, pois:
(B) cuja denominação (Islã) indica um de seus mais importantes (A) A autoridade central delegou cada vez mais o exercício dos
princípios, ou seja, a submissão do fiel à vontade de Alá, “único poderes públicos aos senhores feudais, que se tornaram pratica-
Deus”. mente soberanos em seus feudos.
(C) que possui entre seus dogmas a absoluta intolerância em (B) A figura do soberano se reduz àquela de um fantoche nas
relação a povos de religiões diversas, ineptos para a conversão e mãos da Igreja e dos grandes senhores feudais.
para os quais resta, apenas, o extermínio pela guerra. (C) A nobreza aproveitou-se para conseguir, do poder do sobe-
(D) cujos fiéis devem praticar a antropofagia ritual, considerada rano, concessões cada vez maiores, como a hereditariedade dos
fonte de virilidade e bravura guerreira. feudos.
(E) que suprimiu completamente a crença em profetas (“os (D) O controle das freqüentes insurreições camponesas contra o
anunciadores da vontade de Deus”) e em anjos (“os protetores abuso de poder dos senhores e do mal governo torna-se difícil.
dos homens”).
4-A formação de uma classe de comerciantes com vocação para Leão, Navarra e Aragão, o que proporcionou a implantação de
o comércio de longa distância e ansiosa por descobrir novos um modelo de feudalismo muito particular, ao mesmo tempo
caminhos que os levasse às índias. em que as guerras levavam à formação do poder da monarquia.
5-interesses comuns entre Rei, Igreja Católica e classe burgue- Entre os episódios que marcaram o período, eviden-
sa na busca de novas áreas por conquistar. ciam-se o casamentos dos reis católicos, Fernando de Aragão e
No limite das nossas explicações é de bom alvitre sa- Isabel de Castela e a formação do Reino da Espanha.
lientarmos as principais características gerais das Monarquias Colombo: o grande navegador:
Nacionais européias: O limitado conhecimento marítimo dos espanhóis fez
♦ Exército permanente formado muitas vezes por mercenários. com que eles buscassem inspiração nas experiências de outros
♦ Burocracia permanente e letrada. países europeus, como Por tugal e Itália.
♦ Sistema fiscal nacional. No início da década de 1490, um navegador genovês,
♦ Codificação do direito e os princípios do mercado. Cristovão Colombo, propôs aos reis católicos um plano para
♦ Retomada do Direito Romano como base jurídica das leis. chegar às Índias, apoiado na teoria da esfericidade da terra. As-
♦ Manutenção dos privilégios da classe nobre por meio da con- sim, financiado pela Coroa espanhola, Colombo descobriu em
cessão de cargos públicos e pensões vitalícias. (Renda Feudal 1492, o continente americano.
Centralizada). Em vista das viagens espanholas, estabeleceu-se a
♦ Mercantilismo como modelo econômico ditado pelo Estado competição internacional entre Espanha e Por tugal. A contenda
como gestor dos negócios em função dos interesses da Nobreza. inicialmente foi resolvida pela autoridade religiosa, uma vez
♦ Belicismo como prolongamento da tradição Feudal – con- que se tratava de dois países católicos, com a Igreja representada
quistar para pilhar. na época pelo Papa Alexandre VI. A mediação entre os dois pa-
♦ Inexistência de fronteiras entre o público e o privado. íses foi estabelecida, em 1493, através da Bula Inter Coetera,
♦ Nacionalismo latente, sistema mercantil como marca da resultado que não agradou aos portugueses, uma vez que através
presença da burguesia ascendente. daquela divisão, utilizando como referência 100 milhas a oeste
do Arquipélago de Cabo Verde, determinava que Portugal fica-
ETAPAS DA EXPANSÂO PORTUGUESA ria com a parte Leste e a Espanha,com a parte Oeste. Ou seja,
o continente americano como um todo pertenceria à Espanha
O processo de expansão portuguesa iniciado em 1415 ficando Por tugal apenas com águas do Atlântico. Após vários
com a conquista de Ceuta, ao norte da África, lançou-se à na- desentendimentos, as duas nações entraram num acordo e assi-
vegação do litoral africano. Completou o contorno ocidental em naram, em 1494, o Tratado de Tordesilhas.
1488, quando Bartolomeu Dias dobrou o cabo da Boa Esperan- Para melhor compreensão dos conflitos entre Espanha
ça (antes conhecido como Cabo das Tormentas), no extremo sul e Portugal envolvendo terras descobertas e a descobrir, observe
do continente africano. Esse feito completou-se o mapa da divisão do mundo abaixo.
em 1498, com o estabelecimento, por Vasco da Gama, do novo
caminho para a Índia.
Ao procurar regularizar as viagens para o Extremo
Oriente, seu objetivo maior, usando a rota já definida por Vasco
da Gama, os portugueses acabaram por atravessar o Atlântico
no seu sentido leste-oeste e chegaram ao continente sul-ameri-
cano em 1500.
Na compreensão do “Descobrimento do Brasil, pro-
cesso histórico que preferimos chamar de invasão e conquista
sangrenta, esse fato está relacionado com o processo de reco-
nhecimento, uma vez que desde o ano de 1494, com a assina-
tura do Tratado de Tordesilhas, Por tugal já sabia que possuía
terras naquela parte da América. Para melhor visão, recorremos
à cronologia dos acontecimentos portugueses na expansão.
Navegação Espanhola
A Expansão inglesa, francesa e holandesa dades cometidos pelos europeus, as epidemias como o cólera,
a varíola, o tifo, a sífilis transmitida sexualmente, o sarampo e
Inglaterra, França e Holanda, comparadas com Por tu- outros tipos de doenças também mataram milhares de comu-
gal e Espanha, tiveram uma participação tardia na expansão, e nidades nativas americanas. Além das doenças contagiosas, as
em função do Tratado de Tordesilhas que, de validade inter- mulheres indígenas foram alvo de estupros e se viram obrigadas
nacional, impedia a navegação das outras nações europeias na a conviver maritalmente com conquistadores que praticavam a
região do Atlântico. Aquelas nações recorreram à prática da pi- poligamia abertamente longe dos olhos da igreja Católica ou
rataria do corso. Ainda assim, mesmo que tardiamente, essas contando com a cumplicidade dos jesuítas que aqui chegaram
nações conquistaram algumas possessões como podemos obser- com a missão de “evangelizar”.
var nas descrições abaixo. Como se não bastasse todo tipo de exploração e sub-
missão do povo autóctone, na América espanhola a implantação
♦ Expansão Francesa- Não ocorreu no século XV, e sim no dos tribunais da Inquisição no México, na Colômbia, no Peru
século XVI, em função dos problemas internos, como a Guerra assassinaram em praças públicas milhares de chefes religiosos
dos Cem Anos e as lutas entre o poder centralizador da realeza e indígenas, os xamãs, os quais foram queimados vivos em fo-
a nobreza Feudal. Na década de 1520, o poder central, no gover- gueiras sob a acusação de serem feiticeiros. Em poucos anos
no de Francisco I, liderava a expansão, contestando o Tratado praticamente a maior parte das lideranças religiosas ameríndia
de Tordesilhas e atacando, principalmente a América Portugue havia sido exterminada. Ainda assim, a religião tida como pagã
sa. Lançaram-se os fundamentos de um Império Colonial da dos aborígenes sobreviveu de modo sorrateiro, pois os índios
América do Norte (Canadá e Lousiana). Também foram con- continuaram a praticar os seus cultos sagrados escondidos e ve-
quistados alguns pontos na Índia. nerar os seus ancestrais em locais onde o poder repressor da
♦ Expansão inglesa – Os ingleses também tiveram que esperar igreja Católica não tinha alcance.
o século XVI para iniciar a expansão; Isso devido a duas guerras Nos primeiros séculos a mão-de-obra indígena serviu
que envolveram a Grã-Bretanha: a Guerra dos Cem Anos e a como base de exploração para a execução dos mais variados ti-
Guerra das Duas Rosas. Mas foi no primeiro reinado de Henri- pos de trabalho na extração da riqueza da América. As primeiras
que XVIII que os ingleses começaram a procurar uma passagem áreas a serem exploradas foram as Ilhas do Caribe, a exemplo de
para a Ásia, pelo extremo norte da América. Desse Cuba, onde Cortez fincou o estandarte da conquista.
modo,estabeleceram pontos na costa da Índia. No Reinado de Lá a população autóctone foi rapidamente dizimada e,
Elizabeth I, foi realizada a viagem de circunavegação, sob o como os conquistadores não acharam imediatamente metais pre-
comando de Francis Drake. Devemos destacar, nesse período, a ciosos, partiram então para a conquista do continente, território
pirataria oficializada contra a Espanha, quando as atividades de desconhecido, mas bastante atraente em razão da exuberância
pirataria passaram a contar com o apoio do poder real através da natureza, da riqueza da fauna, da flora e da perspectiva que
da Carta do Corso. Ainda no século XV, os ingleses iniciaram se criava em torno da descoberta das minas de ouro e da prata.
o tráfico de escravos, comércio de seres humanos que tornaria Ao desembarcarem no continente os procedimentos
a Inglaterra uma das maiores potências econômicas do globo. não foram diferentes. Maus-tratos, escravização do aborígene e
Ironicamente, mais tarde, no século XIX, seria a própria a Ingla- assassinatos daqueles que resistiam à dominação espanhola. O
terra a defensora incondicional da abolição do tráfico de cativos constante decréscimo populacional provocado pelos crimes e
africanos. Certamente não foram as razões humanitárias que de- doenças contagiosas, criou as condições para a implantação do
terminaram tal posição. trabalho escravo do africano. A escravização de africanos já não
♦ Expansão holandesa- Apesar de ter conhecido um precoce era nenhuma novidade, pois este já havia sido experimentado
desenvolvimento comercial na Baixa Idade Média e de possuir nas Ilhas de Madeira, açores e no Mediterrâneo. Porém, ago-
grandes cidades com uma burguesia poderosa, a Holanda, po- ra se tratava de uma diáspora sem precedentes, onde milhões
liticamente, pertencia à Espanha. Inicialmente, a participação de africanos foram obrigados a imigrar para outro continente
da Holanda foi indireta, através do financiamento da expansão a fim de serem submetidos a trabalhos exaustivos, os quais en-
marítima portuguesa. À medida que Por tugal declinava do seu curtavam a vida desses seres humanos. A escravidão africana
comércio com a Ásia, passando a se interessar mais pelo Brasil, também faria parte de todo um sistema altamente rentável do
a Holanda assumia a dianteira do comércio asiático, ao mesmo comércio internacional da economia nascente capitalista, a qual
tempo em que assumia grande parte dos lucros com a implan- ligava colônia americana, tráfico de seres humanos e circulação
tação da agroindústria no atual Nordeste brasileiro. Além disso, de mercadorias a nível mundial.
os holandeses foram os grandes pioneiros no tráfico de escravos A principal função da colônia era fornecer as riquezas
de origem africana, abastecendo não só o Brasil, mas também para as nações européias em formação, sobretudo os metais pre-
muitas ilhas do Caribe, onde as plantações de cana e de café ciosos para a cunhagem da moeda. Ademais, com o crescimento
foram desenvolvidas. demográfico, novas áreas de cultivo se faziam necessárias para
alimentar a população que se avolumava nas cidades. A busca
A Conquista da América desesperada pela prata e pelo ouro levou os espanhóis a aden-
trarem cada vez mais no interior do continente americano na
O processo de conquista e colonização do continente busca de jazidas e da lenda do “El Dourado”. Dentre as minas
americano foi um dos mais trágicos episódios da História da mais famosas do período colonial destacou-se a de Potosi, no
humanidade. Calcula-se que somente nos primeiros cem anos Peru. Ali, durante quatro séculos, milhares de vidas humanas de
de contato do homem branco com os ameríndios, aproximada- africanos e indígenas foram consumidas na extração incessante
mente 25 milhões de aborígenes morreram em guerra, por do- de toneladas da prata existente naquele lugar. Para se ter uma
enças ou devido à exploração excessiva do trabalho escravo nas idéia, Potosi se tornou a mais populosa cidade do Novo mundo
minas e nas lavouras. Além dos mais, variados tipos de atroci- em um curto espaço de tempo.
26 Da Vinci Vestibulares
rando-o como “medida comum de todas as coisas”. (D) um ideal de equilíbrio, expresso pela noção de distribuição
(E) romper os limites religiosos impostos pela Igreja às mani- simétrica de volumes e cores na superfície pintada.
festações culturais. (E) a liberdade do artista no momento de realização de seu tra-
balho, exprimindo suas paixões e seus sentimentos mais exal-
3. O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e cien- tados.
tífico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Europa,
provocando transformações na sociedade. Sobre o tema, é cor- EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES:
reto afirmar:
(A) O racionalismo renascentista reforçou o princípio da autori- 6. (FUVEST) Observe o mapa:
dade da ciência teológica e da tradição medieval.
(B) Houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ide-
ais medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo da
concepção teocêntrica de mundo.
(C) Nesse período, reafirmou-se a idéia de homem cidadão, que
terminou por enfraquecer os sentimentos de identidade nacio-
nal e cultural, os quais contribuíram para o fim das monarquias
absolutas.
(D) O humanismo pregou a determinação das ações humanas
pelo divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir
sobre o mundo, transformando-o de acordo com sua vontade e
interesse.
(E) Os estudiosos do período buscaram apoio na observação,
no método experimental e na reflexão racional, valorizando a Explique:
natureza e o ser humano.
a) Por que não estão representados todos os continentes?
4. Em O RENASCIMENTO, Nicolau Sevcenko afirma:
“O comércio sai da crise do século XIV fortalecido. O mesmo
ocorre com a atividade manufatureira, sobretudo aquela ligada b) Quais os conhecimentos necessários na época, final do século
à produção bélica, à construção naval e à produção de roupas e 15, para se confeccionar um mapa com essas características?
tecidos, nas quais tanto a Itália quanto a Flandres se colocaram
à frente das demais. As minas de metais nobres e comuns da 7. (UERJ)
Europa Central também são enormemente ativadas. Por tudo
Isso muitos historiadores costumam tratar o século XV como Mar Português
um período de Revolução Comercial.”
A Revolução Comercial ocorreu graças: Ó mar salgado, quanto do teu sal
(A) às repercussões econômicas das viagens ultramarinas de São lágrimas de Portugal!
descobrimento. Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
(B) ao crescimento populacional europeu, que tomava impera- Quantos filhos em vão rezaram!
tiva a descoberta de novas terras onde a população excedente Quantas noivas ficaram por casar
pudesse ser instalada. Para que fosses nosso, ó mar!
(C) a uma mistura de idealismo religioso e espírito de aventura, Valeu a pena? Tudo vale a pena
em tudo semelhante àquela que levou à formação das cruzadas. Se a alma não é pequena.
(D) aos Atos de Navegação lançados por Oliver Cromwell. Quem quere passar além do Bojador
(E) à auto-suficiência econômica lusitana e à produção de exce- Tem que passar além da dor.
dentes para exportação. Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
5. Leonardo da Vinci foi, além de artista, um dos teóricos de arte (Fernando Pessoa)
do Renascimento italiano. Em seu Tratado de Pintura escreve
que a beleza consiste numa gradação de sombra — “Demasiada O poema de Fernando Pessoa descreve aspectos da expansão
luz é agressiva;demasiada sombra impede-se que se veja” — e, marítima portuguesa no século XV, dando início a um movi-
mais à frente, define a pintura como imitação de “todos os pro- mento que alguns estudiosos consideram um primeiro processo
dutos visíveis da natureza (...) todos banhados pela sombra e de globalização. Identifique duas motivações para a expansão
pela luz.” A partir destes fragmentos do Tratado de Pintura, portuguesa e explique por que essa fase de expansão pode ser
pode-se concluir que a concepção artística do Renascimento considerada um primeiro processo de globalização.
pressupõe
(A) um trabalho desenvolvido pelo artista dentro de ateliês, con- 8. (UFG) Pensando no tema fronteiras, é perceptível o estabele-
siderando que o controle da iluminação se torna fundamental. cimento de uma nova ordenação do espaço, resultante das gran-
(B) uma associação entre estética e luz, entendendo a luz, em des navegações. As novas descobertas redefiniram, no século
uma perspectiva teocêntrica, como a presença de Deus no mun- XVI, a concepção de mundo que se abria ante o desconhecido
do. . Neste sentido, analise a configuração espacial do mundo no
(C) a separação entre o desenho, a representação do movimento, século XVI, destacando as rivalidades e conflitos decorrentes da
os limites da figura e o fundo ou a atmosfera. expansão marítima e comercial.
28 Da Vinci Vestibulares
9. (UFRJ) Leia o texto adiante sobre a expansão comercial e (B) a Espanha, com base no Tratado de Tordesilhas, impedia a
marítima portuguesa e, com base nele, responda às questões a resença portuguesa nas Américas, policiando a costa com expe-
seguir. dições bélicas.
Em 1498, o português Vasco da Gama consegue che- (C) as forças e atenções dos portugueses convergiam para o
gar a Calicute, nas Índias, contornando o Cabo da Boa Esperan- Oriente, onde vitórias militares garantiam relações comerciais
ça. Em seguida, as frotas portuguesas procuraram estabelecer lucrativas.
um maior controle do oceano Índico. À medida que as rotas de (D) os franceses, aliados dos espanhóis, controlavam as tribos
navegação se consolidam, Portugal centraliza o comércio das indígenas ao longo do litoral bem como as feitorias da costa
especiarias alterando o papel a ser desempenhado pelas cidades sul-atlântica.
de Gênova e Veneza. THEODORO, J. “Descobrimentos e Re- (E) a população de Portugal era pouco numerosa, impossibili-
nascimento”. São Paulo: Contexto, 1991. p. 20. tando o recrutamento de funcionários administrativos.
a) Mencione duas razões que explicam o pioneirismo português 14. (UFPI) O período da nossa história conhecido como Pré-
nas navegações e descobrimentos dos -colonizador pode ser caracterizado pelos seguintes pontos:
séculos XV e XVI. I. A descoberta de metais preciosos, particularmente, prata e
diamantes na região amazônica.
b) Estabeleça uma relação entre práticas mercantilistas e a as- II. A montagem de estabelecimentos provisórios, conhecidos
sim chamada expansão comercial e marítima. como feitorias, onde eram feitas trocas comerciais entre os na-
vegantes portugueses e os povos indígenas do Brasil.
10. (UNICAMP) Contestando o Tratado de Tordesilhas, o rei da III. A criação das cidades de São Vicente e Desterro no litoral da
França, Francisco I, declarou em 1540: América Portuguesa.
“Gostaria de ver o testamento de Adão para saber de que forma IV. A utilização da mão-de-obra indígena para a exploração de
este dividira o mundo.” (Citado por Cláudio Vicentino, HISTÓ- madeira, particularmente, do pau-brasil.
RIA GERAL, 1991)
Dentre as afirmativas anteriores estão corretas apenas:
a) O que foi o Tratado de Tordesilhas? (A) I e II
(B) II e III
b) Por que alguns países da Europa, como a França, contesta- (C) II e IV
vam aquele tratado? (D) III e IV
(E) I e IV
11. (UNICAMP) A expansão marítima da Península Ibérica (Es-
panha e Portugal) nas Américas foi orientada por um projeto co- 15. (Pucmg) Sobre o expansionismo ultramarino europeu, entre
lonizador que, além da exploração econômica das terras, tinha os séculos XV-XVII, é correto afirmar que, EXCETO:
por objetivo a imposição de uma cultura européia e cristã. (A) a tomada de Constantinopla pelos turcos e a segunda con-
quista de Ceuta pelos portugueses são os marcos iniciais da ex-
Qual foi o papel da Igreja Católica nesse projeto colonizador? pansão.
(B) os descobrimentos e a colonização das terras do Novo Mun-
do constituíram-se num desdobramento da expansão comercial.
12. (FUVEST) Sobre o Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 (C) o afluxo de metais preciosos das áreas coloniais, principal-
de junho de 1494, pode-se afirmar que objetivava: mente ouro e prata, contribuiu para a superação da crise econô-
(A) demarcar os direitos de exploração dos países ibéricos, ten- mica europeia.
do como elemento propulsor o desenvolvimento da expansão (D) o deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo para
comercial marítima. o Atlântico contribuiu para a ampliação das fronteiras geográ-
(B) estimular a consolidação do reino português, por meio da ficas.
exploração das especiarias africanas e da formação do exército (E) a consolidação dos Estados Nacionais e a absolutização dos
nacional. regimes europeus têm relação também com os efeitos das via-
(C) impor a reserva de mercado metropolitano, por meio da gens ultramarinas.
criação de um sistema de monopólios que atingia todas as ri-
quezas coloniais.
(D) reconhecer a transferência do eixo do comércio mundial do
Mediterrâneo para o Atlântico, depois das expedições de Vasco
da Gama às Índias.
(E) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a exploração
colonial, após a destruição da Invencível Armada de Felipe II,
da Espanha.
MÓDULOS 7 : REFORMA E CONTRARREFORMA lismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos
religiosos. Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a
ANTECEDENTES construção da basílica de São Pedro em Roma, com a venda das
indulgências (venda do perdão).
Desde o renascimento do Sacro Império Romano por No campo político, os reis estavam descontentes com
Otão I em 962, os Papas e os Imperadores envolveram-se numa o papa, pois este interferia muito nos comandos que eram pró-
contínua luta pela supremacia ( A Querela das Investiduras). prios da realeza.
Este conflito resultou geralmente em vitórias para o partido pa- O Cisma do Ocidente (1378-1417) fragilizou gra-
pal, mas criou um amargo antagonismo entre Roma e o Império vemente a autoridade pontifícia e tornou premente a ne-
Germânico, o qual aumentou com o desenvolvimento de um cessidade de reformar a Igreja. O Renascimento e a in-
sentimento nacionalista na Alemanha durante os séculos XIV e venção da imprensa reacenderam as críticas à Igreja: a
XV. O ressentimento contra os impostos do Papa e a submissão corrupção e hipocrisia do clero em geral e, em particular, a ig-
do clero à autoridade distante e estrangeira do Papado manifes- norância e superstição das ordens mendicantes; a ambição dos
tou-se também noutros países da Europa. Papas, cujo poder temporal originava divisões entre os crentes;
No século XIV, o reformador inglês John Wycliff e a teologia das escolas responsável pela deturpação e desuma-
distinguiu-se por traduzir a Bíblia, contestar a autoridade pon- nização da mensagem cristã.. Estas críticas serviram de base
tifícia e censurar o culto dos santos das relíquias. Jan Hus di- a Martinho Lutero e João Calvino para clamarem pela Bíblia,
fundiu aquelas doutrinas na Boémia e pugnou pela criação de mais do que a Igreja como fonte de toda a autoridade religiosa.
uma Igreja nacional. A execução, em 1415, de Hus na fogueira O novo pensamento renascentista também fazia oposi-
acusado de heresia levou diretamente às guerras hussitas, uma ção aos preceitos da Igreja. O homem renascentista começava a
violenta expressão do nacionalismo boémio, suprimido com di- ler mais e formar uma opinião cada vez mais crítica.
ficuldade pelas forças aliadas do Sacro Império Romano e do Trabalhadores urbanos, com mais acesso a livros, co-
Papa. Estas guerras foram precursoras da guerra civil religiosa meçaram a discutir e a pensar sobre as coisas do mundo. Um
na Alemanha na época de Lutero. Em 1516, a concordata entre pensamento baseado na ciência e na busca da verdade através
o rei e o Papa colocou a Igreja francesa substancialmente sob a de experiências e da razão.
autoridade régia. Antigas concordatas com outras monarquias
Intolerância
nacionais prepararam também a autonomização das Igrejas na-
cionais. Em diversos países europeus as minorias religiosas
foram perseguidas e muitas guerras religiosas ocorreram, fru-
Fatores que impulsionaram o movimento reformista tos do radicalismo. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), por
exemplo, colocou católicos e protestantes em guerra por moti-
No início do século XVI, a mudança na ‘mentalidade vos puramente religiosos. Na França, o rei mandou assassinar
das sociedades europeias repercutiu também no campo religio- milhares de calvinistas na chamada Noite de São Bartolomeu.
so. A Igreja, tão onipotente na Europa medieval, foi duramente
criticada. A instituição católica estava em descompasso com as Novas interpretações da bíblia
transformações de seu tempo. Por exemplo, condenava o luxo
excessivo e a usura. Além disso, uma série de questões propria- Com a difusão da imprensa, aumentou o número de
mente religiosas colocavam a Igreja como alvo da crítica da so- exemplares da Bíblia disponíveis aos estudiosos, e um clima
ciedade: a corrupção do alto clero, a ignorância religiosa dos pa- de reflexão crítica e de inquietação espiritual espalhou-se entre
dres comuns e os novos estudos teológicos. As graves críticas a os cristãos europeus. Surgia, assim, uma nova vontade indivi-
Igreja já não permitiam apenas consertar internamente a casa. dual de entender as verdades divinas, sem a intermediação dos
As insatisfações acumulram-se de tal maneira que desencade- padres. Desse novo espírito de interiorização da religião, que
aram um movimento de ruptura na unidade cristã: a Reforma levou ao livre exame das Escrituras, nasceram diferentes inter-
Protestante. Assim, a Reforma foi motivada por um complexo pretações da doutrina cristã. Nesse sentido, podemos citar, por
de causa que ultrapassaram os limites da mera contestação reli- exemplo, uma corrente religiosa que, apoiada na obra de Santo
giosa. Vejamos detalhadamente algumas dessas causas. Agostinho, afirmava que a salvação do homem seria alcançada
somente pela fé. Essas ideias opunham-se à posição oficial da
Motivos Igreja, baseada em Santo Tomás de Aquino, pela qual a salvação
do homem era alcançada pela fé e pelas boas obras.
O processo de reformas religiosas teve início no século
XVI. Podemos destacar como causas dessas reformas : abusos Corrupção do Clero
cometidos pela Igreja Católica e uma mudança na visão de mun-
do, fruto do pensamento renascentista. A Igreja Católica vinha, Analisando o comportamento do clero, diversos cris-
desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos tãos passaram a condenar energicamente os abusos e as cor-
com luxo e preocupações materiais estavam tirando o objetivo rupções. O alto clero de Roma estimulava negócios envolvendo
católico dos trilhos. Muitos elementos do clero estavam desres- religião, como, por exemplo, a simonia (venda de objetos sagra-
peitando as regras religiosas, principalmente o que diz respeito dos) tais como espinhos falsos, que coroaram a fronte de Cristo,
ao celibato. Padres que mal sabiam rezar uma missa e coman- panos que teriam embebido o sangue de seu rosto, objetos pes-
dar os rituais, deixavam a população insatisfeita. A burguesia soais dos santos, etc. Além do comércio de relíquias sagradas, a
comercial, em plena expansão no século XVI, estava cada vez Igreja passou a vender indulgências (o perdão dos pecados).
mais inconformada, pois os clérigos católicos estavam conde-
Mediante certo pagamento destinado a
nando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um capita-
30 Da Vinci Vestibulares
Nova ética religiosa lisamos sua reação aos camponeses da região da Renânia que,
uma vez convertidos, passaram a apoderar-se dos bens da Igre-
A Igreja católica, durante o período usura) e defendia o ja Católica Romana. Lutero apoiou uma violenta repressão aos
preço justo. Essa moral econômica entrava em choque com a camponeses em 1525 dizendo: “A espada deve se abater sobre
ganância da burguesia. Grande número de comerciantes não se estes patifes! Não punir ou castigar, não exercer esta sagrada
sentia à vontade para tirar o lucro máximo nos negócios, pois missão é pecar contra Deus!” Na Dieta de Augsburgo, convo-
temiam ir para o inferno. Os defensores dos grandes lucros eco- cada pelo Imperador Carlos V em 1530, estabeleceram-se as
nômicos necessitavam de uma nova ética religiosa, adequada ao bases fundamentais da nova religião luterana. Ficava abolido
espírito capitalista comercial. Essa necessidade da burguesia o celibato ao clero protestante; proibido o culto a “imagens de
foi atendida, em grande parte, pela ética protestante, que surgiu escultura e a Virgem Maria”; proclamava a Bíblia e sua inter-
com a Reforma. pretação subjetiva do leitor como autoridade, renegando os dog-
mas de Roma, entre outras medidas.
Os intermitentes períodos de guerra civil religio-
Sentimento nascionalista
sa terminaram com a Paz de Augsburgo. Este tratado decidiu
que cada um governadores dos Estados alemães, que forma-
Com o fortalecimento das monarquias nacionais, os
vam cerca de 300 estados, optaria entre o Catolicismo Ro-
reis passaram a encara a Igreja, que tinha sede em Roma e utili-
mano e o Luteranismo e subordinou a opção religiosa à au-
zava o latim, como entidade estrangeira que interferia em seus
toridade do príncipe. O Luteranismo, perfilhado por metade
países. A Igreja, por seu lado, insistia em se apresentar como
da população alemã, receberia finalmente o reconhecimento
instituição universal que unia o mundo cristão. Essa noção de
oficial, mas a antiga unidade religiosa da comunidade cristã da
universalidade, entretanto, perdia força à medida que crescia
Europa ocidental sob a suprema autoridade pontifícia foi des-
o sentimento nacionalista. Cada Estado, com sua língua, seu
truída.
povo e suas tradições, estava mais interessado em afirmar as
diferenças do que as semelhanças em relação a outros Estados.
A Suiça
A Reforma Protestante correspondeu a esses interesses nacio-
nalistas. A doutrina cristã dos reformadores, por exemplo, foi
O movimento reformista na Suíça, contemporâneo da
divulgada na língua nacional de cada país e não tem latim, o
Reforma na Alemanha, foi conduzido pelo pastor suíço Ulrico
idioma oficial da Igreja católica.
Zwínglio, que, em 1518, ficou conhecido pela sua vigorosa de-
núncia à venda das indulgências. Zwínglio considerava a Bíblia
A Alemanha e a reforma luterana
a única fonte da autoridade moral e procurou eliminar tudo o
que existia no sistema do Catolicismo Romano que não derivas-
Tradicionalmente diz-se que a Reforma Protestante foi
se especificamente das Escrituras.
iniciada por Martinho Lutero, monge agostiniano alemão (1483
De Zurique, este movimento alastrou por todo o ter-
– 1546), cujo pensamento sofreu profunda influência de São
ritório suíço, originando um conflito entre 1529-1531. A paz
Paulo de Tarso. Numa Epístola de Paulo aos Romanos encon-
permitiu a escolha religiosa de cada cantão. O Catolicismo
trou a “chave” para consolidar uma idéia nova de salvação: “O
Romano prevaleceu nas províncias montanhosas do país e o
justo viverá pela fé.” E “não são as obras, mas é a fé que conduz
Protestantismo implantou-se nas grandes cidades e nos férteis
à salvação”. Não importa como você aja no mundo. Se a sua fé
vales.
for “do tamanho de uma raiz de mostarda” você está no cami-
Após a geração de Lutero e de Zwínglio, a figura do-
nho da salvação, não importa o que faça. Desprezando olimpi-
minante da Reforma foi Calvino, um teólogo protestante fran-
camente os vários trechos bíblicos que rezam: “o que é a fé sem
cês, que fugiu da perseguição de França e que se instalou na
as obras?”; “A fé sem as obras é morta!” e “Mostra-me a tua fé
nova república independente de Genebra, em 1536. Apesar da
sem as obras que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha
Igreja e do Estado estarem oficialmente separados, cooperavam
fé!” Lutero criou um novo sistema religioso abrindo um cisma
tão estreitamente que Genebra era virtualmente uma teocracia.
com a Igreja Católica Romana.
Para reforçar a disciplina moral, Calvino instituiu uma rígida
Em 1517 afixou na Abadia de Wittenberg suas famosas
inspeção à conduta familiar e organizou um consistório, com-
“95 Teses Contra a Venda de Indulgências”, sendo excomun-
posto por pastores e leigos, com um grande poder compulsivo
gado e correndo o risco de, a exemplo de Jan Hus e Thomas
sobre as comunidades. O vestuário e o comportamento pessoal
Münzer, ser martirizado pela Igreja. A diferença é que estes
dos cidadãos era prescrito ao mínimo pormenor: dançar, jogar
dois, com profunda sinceridade de coração, desejavam voltar ao
às cartas e aos dados e outros divertimentos eram proibidos e a
princípio da fé cristã, em grande medida desvirtuada pela Igreja,
blasfêmia e a linguagem imprópria severamente punidas. De-
mas para tanto aliaram-se aos pobres, aos desvalidos e deser-
baixo deste regime severo, os inconformistas eram perseguidos
dados da sociedade. Já Lutero, espertamente, aliou-se aos prín-
e, por vezes, condenados à morte. Para encorajar a leitura e o
cipes interessados, como se disse, em apoderar-se das terras
entendimento da Bíblia, todos os cidadãos tinham pelo menos
da Igreja... Lutero encontrou terreno fértil à sua pregação nas
uma educação elementar. Em 1559, Calvino fundou a Universi-
regiões em que era interessante aos nobres se apoderarem das
dade de Genebra, famosa pela formação de pastores e professo-
terras da Igreja Católica. Aliando-se aos príncipes, conseguiu
res. Mais do que qualquer outro reformista, Calvino organizou
principalmente o apoio do Imperador do Sacro Império Roma-
o pensamento Protestante num claro e lógico sistema. A difusão
no-Germânico Carlos V, que convocou a “Dieta de Worms” em
das suas obras, a sua influência como educador e a sua gran-
1521. As doutrinas luteranas causaram grande agitação, prin-
de habilidade de organizador da Igreja e do Estado reformistas
cipalmente sua ideia subversiva de confiscar os bens da Igreja.
criaram um movimento de adeptos internacionais e deram às
Sua aliança aos príncipes fica mais clara à medida em que ana-
Igrejas Reformistas, de acordo com o termo como as Igrejas
Extensivo 31
Protestantes eram conhecidas na Suíça, França e Escócia, um Anglicana, que representa um compromisso entre a doutrina
cunho inteiramente calvinista, quer na religião quer na organi- calvinista e a liturgia católica. Pelo Acto de Supremacia, votado
zação. novamente em 1559, Isabel I detinha a autoridade em matéria
eclesiástica.
França
CONTRARREFORMA - A REAÇÃO CATÓLICA CON-
A Reforma na França começou no início do século XVI TRA O AVANÇO PROTESTANTE
através de um grupos de místicos e humanistas que se juntaram
em Meaux, perto de Paris, sob a liderança de Lefèvre d’Étaples.
Tal como Lutero, d’Étaples estudou as Epístolas de S. Paulo e
fez derivar delas a crença na justificação da fé individual, ne-
gando a doutrina da transubstanciação. Em 1523, traduziu para
francês o Novo Testamento. No princípio, os seus textos fo-
ram bem recebidos pela Igreja e pelo Estado, mas, a partir do
momento em que as doutrinas radicais de Lutero começaram
a espalhar-se em França, o trabalho de Lefèvre foi visto como
similar e os seus seguidores foram perseguidos.
Apesar de todos os esforços para evitar a expansão do
Protestantismo em França, os Huguenotes cresceram imenso
e a guerra civil entre 1562-1598 foi generalizada. As mútuas
perseguições entre católicos e Huguenotes originaram episódios
como o massacre de S. Bartolomeu, na noite de 23 para 24 de
Agosto de 1572, durante o qual foram assassinados os protes-
tantes que estavam em Paris, para assistir ao casamento de Hen-
rique IV. A guerra terminou com o Edito de Nantes, em 1598,
que concedeu a liberdade de culto aos Huguenotes. Em 1685,
Luís XIV revogaria este edito, expulsando do país os protes-
tantes.
Figura 11 - Inquisição católica
Inglaterra
Convocando o Concílio de Trento (1545 – 1563), a
Vários pregadores e potentados ingleses estavam an- Igreja Católica estabeleceu um conjunto de medidas defensivas
siosos para aderir também à Reforma e, com isso, confiscar ter- e ofensivas. A fim de impedir a contaminação pelo protestan-
ras da Igreja a exemplo do que havia ocorrido em boa parte da tismo dos países ainda não atingidos, criou um Index Libro-
Europa continental. O rei inglês Henrique VIII (1509 – 1547), rum Prohibitorum (Índice de Livros Proibidos), dentre os quais
contudo, era muito devoto e recebeu uma comenda do papa Cle- encabeçavam as obras de Lutero, Calvino, etc. Reativou o Tri-
mente VII: “Defensor Perpétuo da Fé Católica”. De repente, um bunal da Santa Inquisição, com a finalidade de reprimir here-
coup de foudre (paixão avassaladora) muda os rumos da situ- sias. Criou o catecismo, catequese e os seminários com vistas
ação: casado por interesse com Catarina de Aragão, Henrique a discutir e persuadir os fiéis reconquistando o terreno perdido.
VIII apaixona-se cegamente por Ana Bolena e solicitou ao papa Além disso, receberam incentivo as novas Ordens de prega-
a anulação de seu casamento para que pudesse contrair novas dores apostólicos romanos com vistas a “levar a fé católica ao
núpcias. Diante da resposta do papa “o que Deus uniu o homem “Novo Mundo”. Neste contexto surge a Companhia de Jesus, de
não separará” e da pressão dos príncipes e pregadores ingleses, Inácio de Loyola, subordinada diretamente ao papa e que levava
pelo Ato de Supremacia proclamado pelo rei e votado pelo Par- sua pregação ao continente americano e até à Ásia.
lamento inglês, a Igreja, na Inglaterra, ficava sob total autorida- Jamais houve uma discussão ou um debate sério entre
de do monarca. um papa e qualquer autoridade protestante acerca de temáticas
Inicialmente o anglicanismo manteve todas as caracte- doutrinárias. Todos ficam presos às suas metáforas e interpreta-
rísticas da Igreja Católica Romana, excetuando-se o direito ao ções diferentes dos mesmos textos bíblicos e muito sangue foi
divórcio (de interesse do rei!) e a obediência à infalibilidade do derramado por causa disso.
papa. Com o passar dos anos a Igreja Anglicana agrega muitos A relembrar ainda a coincidência entre o protestantis-
dos valores do Calvinismo, afastando imagens de escultura, fa- mo e o capitalismo e, de outro lado, entre o catolicismo e o
zendo uma leitura singular da Bíblia, etc. Na Inglaterra, a ruptu- tradicionalismo. Os países mais prósperos, do ponto de vista
ra política deu-se primeiro, como resultado da decisão de Hen- burguês, capitalista (ou (“capetalista”, como preferem os pu-
rique VIII para se divorciar da sua primeira esposa, e a mudança ristas) seguem todos majoritariamente a fé protestante em seus
na doutrina religiosa veio depois, nos reinados de Eduardo VI e diversos matizes: EUA, Inglaterra, Suíça, Holanda, Alemanha,
de Isabel I. Após o divórcio com Catarina de Aragão, Henrique Suécia. Por outro lado, aqueles ligados ao catolicismo e à éti-
VIII casou com Ana Bolena, mas, em 1533,o papa excomun- ca do amor ao próximo, que não foram profundamente tocados
gou-o. Em 1534, através do Acto de Supremacia, o Parlamento pelo protestantismo, seguem subdesenvolvidos do ponto de vis-
reconhecia a coroa como chefe da Igreja da Inglaterra e entre ta capetalista – casos dos países Ibéricos e da América Latina,
1536-1539 os mosteiros eram suprimidos e as suas propriedades por exemplo.
anexadas pelo rei e distribuídas pela nobreza adepta da refor- Diante dos movimentos protestantes, a reação inicial e
ma. No reinado de Isabel I (1558-1603), estabelece-se a Igreja imediata da Igreja católica foi punir os rebeldes, na esperança
32 Da Vinci Vestibulares
de que as idéias reformistas não se propagassem e o mundo cris- passou a se encarregar, por exemplo, de organizar uma lista de
tão recuperasse a unidade perdida. Essa tática, entretanto, não livros proibidos aos católicos, o Index librorum prohibitorum.
obteve bons resultados. O movimento protestante avançou pela Uma das primeiras relações de livros proibidos foi publicada
Europa, conquistando crescente número de seguidores. em 1564.
Diante disso, ganhou força um amplo movimento de
Consequências da Reforma Religiosa
moralização do clero e de reorganização das estruturas admi-
nistrativas da Igreja católica, que ficou conhecido como Refor-
Apesar da diversidade das forças revolucionárias do
ma Católica ou Contra-Reforma. Seus principais líderes foram
século XVI, a Reforma teve grandes e consistentes resultados
os papas Paulo III (1534-1549), Paulo IV (1555-1559), Pio V
na Europa ocidental. Em geral, o poder e a riqueza perdidos
(1566-1572) e Xisto V (1585-1590) Um conjunto de medidas
pela nobreza feudal e pela hierarquia da Igreja Católica Romana
forma adotadas pelos líderes da Contra-Reforma, tendo em vis-
foram transferidos para os novos grupos sociais em ascensão e
ta deter o avanço do protestantismo.
para a coroa. Várias regiões da Europa conseguiram a sua inde-
Entre essas medidas, destacam-se a aprovação da or-
pendência política, religiosa e cultural.
dem dos jesuítas, a convocação do Concílio de Trento e o resta-
Mesmo em países como a França e na região da atual
belecimento da Inquisição.
Bélgica, onde o Catolicismo Romano prevaleceu, um novo indi-
vidualismo e nacionalismo foram desenvolvidos na cultura e na
Ordem dos Jesuítas
política. A destruição da autoridade medieval libertou o comércio
e as atividades financeiras das restrições religiosas e promoveu
No ano de 1540, o papa Paulo III aprovou a criação
o capitalismo. Durante a Reforma, as línguas nacionais e a lite-
da ordem dos jesuítas ou Companhia de Jesus, fundada pelo
ratura foram estimuladas através da difusão dos textos religiosos
militar espanhol Inácio de Loyola, em 1534. Inspirando-se na
escritos na língua materna, e não em latim.
estrutura militar, os jesuítas consideravam-se os “soldados da
A educação dos povos foi, também, estimulada pelas
Igreja”, cuja missão era combater a expansão do protestantismo.
novas escolas fundadas por Colet na Inglaterra, Calvino em
O combate deveria ser travado com as armas do espírito, e para
Genebra e pelos príncipes protestantes na Alemanha. A religião
isso Inácio de Loyola escreveu um livro básico, Os Exércitos
deixou de ser monopólio de uma minoria clerical privilegiada e
Espirituais, propondo a conversão das pessoas ao catolicismo,
passou a ser uma expressão mais direta das crenças populares.
mediante técnicas de contemplação. A criação de escolas reli-
Todavia, a intolerância religiosa manteve-se inabalável e as di-
giosas também foi um dos instrumentos da estratégia dos je-
ferentes Igrejas continuaram a perseguir-se mutuamente, pelo
suítas. Outra arma utilizada foi a catequese dos não-cristãos,
menos, durante mais de um século.
com os jesuítas empenhando-se em converter ao catolicismo os
povos dos continentes recém-descobertos. O Objetivo era ex-
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS:
pandir o domínio católico para os demais continentes.
1.(PUCCAMP) Considere os itens abaixo.
Concílio de Trento
I. Combate sistemático aos protestantes.
II. Recuperação de áreas sob influência de protestantismo atra-
No ano de 1545, o papa Paulo III convocou um con-
vés da educação, com a criação de colégios.
cílio (reunião de bispos), cujas primeiras reuniões foram reali-
III. Difusão do catolicismo entre povos não cristãos, por meio
zadas na cidade de Trento, na Itália. Ao final de longos anos de
da catequese.
trabalho, terminados em 1563, o concílio apresentou um con-
IV. Contenção do protestantismo através dos Tribunais da In-
junto de decisões destinadas a garantir a unidade da fé católica
quisição.
e a disciplina eclesiástica.
Eles identificam:
Reagindo às idéias protestantes, o Concílio de Trento
(A) as Ordenações Eclesiásticas de Calvino.
reafirmou diversos pontos da doutrina católica, como por exem-
(B) o Ato de Supremacia de Henrique VIII.
plo:
(C) a Dieta de Angsburgo.
I. a salvação humana: depende da fé e das boas obras humanas.
(D) a Reforma Luterana.
Rejeita-se, portanto a doutrina da predestinação;
(E) a Contrarreforma.
II. a fonte da fé: o dogma religioso tem como fonte a Bíblia
(cabendo à Igreja dar-lhe a interpretação correta) e a tradição
2. (FESP) A Reforma Protestante abalou as estruturas da Igreja
religiosa (conservada e transmitida pela igreja). O papa rea-
Católica. Não foi no entanto, um movimento que teve apenas,
firmava sua posição de sucessor de Pedro, a quem Jesus Cristo
repercussões religiosas. Podemos afirmar que:
confiou a construção de sua Igreja; III. a missa e a presença de
(A) a participação dos camponeses nas manifestações contra a
Cristo: a Igreja reafirmou que n ato da eucaristia ocorria a pre-
Igreja contribuíram para reforçar a liderança de Lutero.
sença de Jesus no Pão e no Vinho. Essa presença real de Cristo
(B) houve um grande interesse da nobreza com a ampliação do
era rejeitada pelos protestantes. O Concílio de Trento determi-
movimento na França e na Espanha.
nou, ainda, a elaboração de um catecismo com os pontos fun-
(C) a Contra-Reforma conseguiu neutralizar as repercussões,
damentais da doutrina católica, a criação de seminários para a
recuperando o antigo prestígio da Igreja.
formação dos sacerdotes e manutenção dos celibatos sacerdotal.
(D) Lutero e Calvino foram as lideranças mais expressivas da
No ano de 1231, a Igreja católica havia criado os tribunais da
Reforma, mas tinham profundas divergências.
Inquisição, que, com o tempo, reduziram suas atividades em
(E) as repercussões da Reforma não conseguiram abalar o pres-
diversos países. Entretanto, com o avanço do protestantismo, a
tígio da Igreja na Península Ibérica.
Igreja reativou, em meados do século XVI, a Inquisição. Esta
Extensivo 33
3. Assinale a opção que completa corretamente as lacunas: que, segundo o provérbio, um bom pagador é senhor de todas as
Admitia também que existiam indícios dessa predestinação. bolsas... A par da sobriedade e do trabalho, nada é mais útil a
Para ele, Deus organizou todas as coisas por determinação de um moço que pretende progredir no mundo que a pontualidade
sua vontade e atribuiu a cada um uma vocação particular, cujo e a retidão em todos os negócios”. Tendo em vista a rigorosa
objetivo era sua glorificação. Assim, o capital, o crédito, os ban- educação religiosa do autor, esses princípios econômicos foram
cos, o grande comércio seriam desejados por Deus e tão dese- usados para exemplificar a ligação entre:
jáveis como o salário de um trabalhador ou o aluguel de uma a) protestantismo e permissão da usura.
propriedade. O pagamento de ______________ seria tão natu- b) anglicanismo e industrialização.
ral quanto o pagamento de uma renda pela utilização de terra. c) ética protestante e capitalismo.
______________ afirmava “O trabalho é o que mais se asse- d) catolicismo e mercantilismo.
melha a Deus... Um homem que não quer trabalhar não deve e) ética puritana e monetarismo.
comer... o pobre é suspeito de preguiça, o que constitui uma
injúria a Deus.” Itaussu A. Mello, Leonel, História Moderna e 7. Durante o reinado de Carlos IX (1560-1574),acirrou-se a luta
Contemporânea, Editora Scipione, 1999; 5ª Edição P. 63. entre católicos e huguenotes (na França os protestantes calvinis-
(A) Capital / Lutero tas). A facção católica, liderada pela família Guise, que tinha o
(B) Lucro / Henrique VIII apoio de Catarina de Médicis, mãe do rei, e a huguenote, dirigi-
(C) Burguesia / Paulo III da pelos Bourbons, colocaram em confronto a nobreza católica
(D) Juros / Calvino defensora dos antigos privilégios feudais e a burguesia mercan-
(E) Crédito / Loyola. til calvinista. Cláudio Vicentino O texto, apresenta parte do ce-
nário das Guerras de Religião em França no século XVI. Dentre
4. A partir do início da Idade Moderna o Protestantismo se ex- os acontecimentos abaixo, pode ser considerado o ponto máxi-
pandiu por toda a Europa. Vários países como a Inglaterra e a mo desse conflito:
Suíça se desligaram da Igreja Católica, que perdeu boa parte de a) o Tratado de Verdun.
seus bens. Numa tentativa de conter a expansão do Protestantis- b) a Noite de São Bartolomeu.
mo, alguns papas tentaram promover uma reformulação moral, c) a Guerra de Reconquista.
política e econômica na Igreja Católica. É nesse contexto que d) a Rebelião Jacquerie.
é realizado o Concílio de Trento, a fundação da Companhia de e) o Massacre de Lyon.
Jesus e o Tribunal da Santa Inquisição.
O texto acima se refere ao processo 8. (MACKENZIE) As transformações religiosas do século XVI,
conhecido como: comumente conhecidas pelo nome de
(A) Reforma Calvinista. Reforma Protestante, representaram no campo espiritual o que
(B) Reforma Protestante. foi o Renascimento no plano cultural; um ajustamento de ideias
(C) contra-Reforma. e valores às transformações sócioeconômicas da Europa. Dentre
(D) Reforma Absolutista seus principais reflexos, destacam-se:
(E) Reforma Luterana. (A) a expansão da educação escolástica e do poder político do
papado devido à
5. O início dos Tempos Modernos foi marcado por inúmeras extrema importância atribuída à Bíblia.
transformações, entre as quais se destaca a Reforma, movimen- (B) o rompimento da unidade cristã, expansão das praticas capi-
to de caráter religioso, responsável pela quebra da unidade do talistas e fortalecimento do poder das monarquias.
cristianismo na Europa Ocidental. (C) a diminuição da intolerância religiosa e fim das guerras pro-
vocadas por pretextos religiosos.
(D) a proibição da venda de indulgências, término do index e
Sobre a Reforma é correto afirmar, EXCETO:
o fim do principio da salvação pela fé e boas obras na Europa.
(A) O Renascimento, criticando os valores medievais, contri-
(E) a criação pela igreja protestante da Companhia de Jesus em
buiu para a eclosão do movimento, pois estimulou o desenvol-
moldes militares para monopolizar o ensino na América do Nor-
vimento do humanismo e da leitura e interpretação dos textos
te.
bíblicos.
(B) O conflito entre a posição da Igreja e os interesses dos co-
09. (PUCMG) No século XVI, época das reformas religiosas na
merciantes, banqueiros e governantes muito contribuiu
Europa, a Igreja Católica:
(C) Lutero defendia, nas suas “95 Teses”, uma ruptura total com
(A) opõe-se vigorosamente às terríveis guerras religiosas.
o cristianismo e a afirmação da salvação pelas boas obras como
(B) torna-se tolerante para atrair as ovelhas desgarradas.
forma de fortalecer os governantes.
(C) revê seus dogmas, adaptando-se aos novos tempos.
(D) Calvino, outro importante reformador, defendia a doutrina
(D) reafirma a Bíblia como fonte única da verdade divina.
da predestinação e limitou os sacramentos ao batismo e à
e) “associa-se” ao projeto colonizador da América ibérica.
comunhão.
10 - (PUCMG) Diante do avanço do protestantismo, o Papa
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES:
Paulo III convoca o XVIII Concílio Ecumênico da Igreja Cató-
lica, reunido em Trento, na Itália, partir de 1545, apresentando
6. (FUVEST) Em 1748, Benjamin Franklin escreveu os seguin-
como resultados, EXCETO:
tes conselhos a jovens homens de negócios: “Lembra-te que o
(A) a) o reconhecimento do batismo e do casamento como úni-
tempo é dinheiro... Lembra-te que o crédito é dinheiro... Lem-
cos sacramentos válidos.
bra-te que o dinheiro é produtivo e se multiplica... Lembra-te
34 Da Vinci Vestibulares
(B) a instituição dos seminários destinados à formação dos clé- como nós, ele está colocado acima de todos nós e chama-nos
rigos. tocando um tambor. Vós que partis são muito numerosos? Nós
(C) o fortalecimento da autoridade pontifical através da infali- somos uma multidão; às vezes cinco mil ou mais. (...) “ (Carlo
bilidade do Papa. Ginsburg. Os andarilhos do bem.) A citação anterior é parte de
(D) a adoção do latim como língua litúrgica oficial da Igreja um interrogatório inquisitorial de 1580, em que o réu era acu-
Católica. sado de heresia, fato que se tornou corriqueiro com o advento
(E) a determinação do celibato clerical e o combate aos movi- da Reforma Protestante, sobre a qual é INCORRETO afirmar:
mentos heréticos. (A) foi um movimento que resultou, dentre outras coisas, das
divisões internas do Catolicismo e da inadequação entre o prin-
11. Em 1517 começa, no Sacro Império Romano-Germânico, o cípio católico do “justo preço” e os princípios que inspiravam a
movimento de reforma liderado por Martinho Lutero, que de- transição para o Capitalismo;
fendia: (B) propagou-se, em sua maioria, no Sacro Império Romano-
(A) a fé como elemento fundamental para a salvação dos indi- -Germânico, Suíça e Inglaterra, regiões caracterizadas ou pela
víduos. fragmentação política ou pela fragilidade da Igreja diante do
(B) o relaxamento dos costumes dos membros da Igreja daquela Estado;
época. (C) pregava a venda de indulgências, a condenação dos lucros
(C) a confissão obrigatória, o jejum e o culto aos santos e már- excessivos, a infalibilidade da Bíblia e a incontestável submis-
tires. são do homem a Deus;
(D) o princípio da predestinação e da busca do lucro por meio (D) pelo seu significativo impacto social, provocou o advento
do trabalho. de um movimento de reação a seus princípios, conhecido como
(E) o reconhecimento do monarca como chefe supremo da Igre- Contra-Reforma.
ja.
15. A Reforma Religiosa do século XVI teve como desdobra-
12. O estudo da Reforma Luterana e Calvinista e fatores mento
econômicos envolvidos permitem afirmar: (A) a consolidação do poder dos príncipes do Império Germâ-
I - Lutero pertencia à ordem dos Agostinianos, preterida na ven- nico.
da de indulgências na Alemanha, dado que os Dominicanos fo- (B) a constituição de mais de uma igreja cristã no ocidente.
ram escolhidos. (C) a divisão da Igreja em ramos: Ortodoxo e Romano.
II - Muitos nobres alemães, em cujas terras o clero católico pos- (D) a subordinação da Igreja Católica ao Estado.
suía extensas propriedades, apoiaram Lutero após este ter reco-
mendado a confiscação de tal patrimônio.
III - Embora a Igreja Católica tivesse restrições aos juros e lu-
cros, estas estavam abrandadas no século XVI, sendo católicos
os poderosos banqueiros “Fuggers”, de Augsburgo.
IV - Quando ocorreu a Revolta dos Camponeses, inspirada em
interpretações próprias da Bíblia, nobres católicos e protestan-
tes uniram-se para defender suas terras.
V - João Calvino ensinou que as pessoas que prosperavam nos
negócios e profissões tinham no sucesso a marca divina da “pre-
destinação”, que eram favorecidas por Deus.
(A) Somente as opções I e IV estão corretas.
(B) Somente as opções II e III estão corretas.
(C) Todas as opções estão corretas.
(D) Somente as opções I, II e IV estão corretas.
(E) Somente as opções I, III e V estão corretas.
14. (UFJF) “(...) - Não se faz outra coisa além de deixar o es-
pírito abandonar o corpo e partir. Quem é que vem vos cha-
mar, Deus, um anjo, um homem ou um demônio? É um homem
Extensivo 35
MÓDULO 8: FORMAÇÃO DOS ESTADOS NA- absolutista, porque o poder estava concentrado nas mãos de
CIONAIS E ABSOLUTISMO. poucos ( reis e ministros) que se aproveitavam das limitações
dos grupos sociais dominantes( a nobreza e a burguesia) para
controlar a política. Além disso, dependia dos impostos arreca-
O ESTADO MODERNO E O MERCANTILISMO dados sobre as atividades comerciais e manufatureiras. Por isso
era necessário o estado ter burgueses em cargos do governo,
A idade moderna inicia-se em 1453, com a tomada incentivar o lucro, a expansão do mercado e a exploração das
de Constantinopla pelos turcos e estende-se até 1789 com o colônias.
início da revolução francesa. No contexto das transformações
que marcaram a transição do feudalismo para o capitalismo, a Crise do século XIV
constituição dos Estados Nacionais estabeleceu-se como uma
importante alternativa para reorganizar as forças produtivas no ♦ Dissolução das relações de servidão
conturbado cenário europeu do século XIV. ♦ Enfraquecimento dos laços de dependência pessoal
A crise do século XIV, na Europa, levou ao progressivo ♦ Revoltas camponesas e urbanas
enfraquecimento do poder dos senhores feudais e, conseqüente- ♦ Contestação do poder universal da Igreja
mente, reforçou a tendência de centralização política e fortaleci-
mento do poder real. Esta crise iniciou o processo de dissolução A formação dos Estados Nacionais, embora ocorren-
das relações de servidão, enfraqueceu os laços de dependência do de forma diversificada nas diversas regiões da Europa, não
pessoal e foi marcada pela eclosão de revoltas camponesas ( implicou a superação do Modo de Produção Feudal. O Estado
ex.: jaqueries na França) e urbanas. Outra tendência observada Moderno, na forma de uma Monarquia Nacional, representa a
foi a contestação ao poder universal da Igreja, que atingiria seu exigência de uma regulamentação jurídica para os conflitos so-
momento máximo com a Reforma Protestante do século XVI. ciais que se desenvolviam. Esse Estado continua sendo a ex-
O século XV marcou uma nova fase do processo his- pressão da hegemonia da nobreza que, através da reorganiza-
tórico da Europa Ocidental. Estruturou-se uma nova ordem ção estatal, reforça sua dominação sobre a massa camponesa. A
sócio-econômica – o capitalismo comercial. Onde a nobreza formação do Estado Nacional teve o apoio da burguesia, pois a
mantinha as “aparências” de poder por causa das suas terras e esta classe interessava o fim dos entraves que as relações servis
títulos. Embora estivessem em dificuldades financeiras, ainda de produção impunham aos seus negócios, assim como a supe-
sim queriam se impor segundo as novas regras da economia. Já ração da crise econômica do século XIV.
a burguesia, mesmo com próspero comércio, não conseguia ser
a classe dominante junto à aristocracia.
Estado Moderno
A idade moderna , na verdade pode ser considerada
como um período de transição, que valorizou o comércio e a
♦ Necessidade de conter os conflitos sociais (Reforçar
capitalização, que serviam de base para o desenvolvimento do
os controle sobre os camponeses)
sistema capitalista. Esse período foi bem diferente da idade mé-
♦ Manutenção do poder da nobreza (Ocupação de Car-
dia. Pode-se dizer que suas características foram bem opostas.
gos Públicos; Privilégios como isenção de impostos)
A idade média foi marcada por:
♦ Bom para as elites comerciais: a formação dos Esta-
♦ regionalismo político- onde os feudos e as comunas tinham
dos Nacionais possibilitou a superação da crise econô-
autonomia política, causando a fragmentação no sistema admi-
mica do século XVI com o Expansionismo Marítimo
nistrativo;
comercial.
♦ o poder da igreja- que enfatizava e colocava a autoridade do
Também foram superados os entraves às atividades
Papa sobre os reinos da época.
mercantis: diminuição do poder dos senhores feudais,
No estado moderno desenvolveu-se a noção da soberania, ou
a unificação das fronteiras e dos aspectos relativos às
seja, a ideia de que o soberano ( governante) tinha o direito de
finanças como moeda e impostos, além dos pesos e me-
consolidar suas decisões perante seus súditos( ou governados)
didas.
que morassem no seu território.
Para isso ocorrer, o estado desenvolveu vários meios
para controlar a política de seu território. Alguns deles foram:
Características gerais dos Estados Modernos:
♦ Burocracia - funcionários que cumpriam ordens do rei e de-
sempenhavam as tarefas de administração pública. Estes cargos ♦ Centralização e unificação administrativa, com a eliminação
eram ocupados pela nobreza palaciana e pela alta burguesia. da autonomia dos poderes locais e das cidades;
♦ Poder militar- incluía toda as forças armadas- marinha, exér- ♦ Formação de uma burocracia, isto é, um grupo de pessoas
cito e polícia- para assegurar a ordem pública na sociedade e o especializadas nos negócios administrativos;
poder do governo. ♦ Formação de um exército nacional permanente, com soldados
♦ União da justiça- a legislação passou a valer em todo o ter- profissionais pagos;
ritório nacional. ♦ Arrecadação de impostos “reais”, necessários para custear as
♦ Sistema tributário - ou seja, sistema de impostos regulares e despesas com o exército e a burocracia;
obrigatórios para manter o governo e a administração pública. ♦ Unificação do sistema de pesos e medidas, destacando-se a
♦ Idioma oficial - um mesmo idioma falado em todo território unificação monetária
do estado, que transmitia as leis, ordens e tradições da nação, ♦ Imposição da justiça real, baseada no direito romano, que se
além de valorizar seus costumes e cultura. sobrepõe à justiça senhorial.
O Estado moderno também é conhecido como estado ♦ Definição das fronteiras e do mercado nacional.
36 Da Vinci Vestibulares
(D) ascensão política do grupo burguês, que passa a gerir o Es- 14. (UFPB) O absolutismo foi o regime político genuíno dos
tado se-gundo seus interesses particulares. tempos modernos. Entre os seus teóricos, destaca-se Thomas
(E) ausência efetiva de instrumento de controle, quer no plano Hobbes, autor de “O Leviatã”. A sua concepção de poder pode
moral ou temporal, sobre o poder do rei. ser assim resumida:
(A) Todas as atividades destinadas ao benefício do Estado são
11.(PUC - PR) - O Absolutismo Real foi consagrado no pla- legítimas, uma vez que os fins justificam os meios.
no teórico por alguns filósofos e pensadores, que o explicaram (B) A política e a moral não se separam, pois o bem do Estado
como necessário e justo. está ligado ao bem do indivíduo.
Numere a coluna II pela coluna I, e depois assinale a alternativa (C) O melhor Estado é o democrático, entendido como um con-
que contém a seqüência correta: trato entre o soberano e seus súditos.
(D) A monarquia hereditária é o melhor governo, pois tem ori-
Coluna I gem divina, é mais natural e se perpetua por si mesma.
( 1 ) Nicolau Maquiavel (E) O poder do Estado soberano é ilimitado, onde a lei, a pro-
( 2 ) Jean Bodin priedade e as doutrinas devem ser rigidamente por ele contro-
( 3 ) Thomas Hobbes ladas.
( 4 ) Jacques Bossuet
15. (UFPEL) Maquiavel aconselhou aos governantes do início
Coluna II da Idade Moderna formas de como manter o poder. “É de notar-
( ) Seis livros da República -se, aqui, que, ao apoderar-se de um Estado, o conquistador
( ) O Leviatã deve determinar as injúrias que precisa levar a efeito, e executá-
( ) Política resultante das Sagradas Escrituras -las todas de uma só vez, para não ter que renová-las dia a dia.
( ) O Príncipe Deste modo, poderá incutir confiança nos homens e conquis-
(A) 2 - 3 - 1 - 4 tar-lhes o apoio, beneficiando-os. Quem age por outra forma,
(B) 4 - 3 - 1 - 2 ou por timidez ou por força de maus conselhos, tem sempre
(C) 3 - 2 - 4 - 1 necessidade de estar com a faca na mão e não poderá nunca
(D) 2 - 3 - 4 - 1 confiar em seus súditos, porque estes, por sua vez, não se po-
(E) 2 - 4 - 1 - 3 dem fiar nele, mercê das suas recentes e contínuas injúrias. As
injúrias devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, to-
12.(PUC - RS) O filósofo inglês Thomas Hobbes, no século mando-se-lhes menos o gosto, ofendam menos. E os benefícios
XVII, defendeu ferrenhamente o poder absoluto dos reis para devem ser realizados pouco a pouco, para que sejam melhor
governar. Seus pressupostos políticos são encontrados na obra saboreados.”(MAQUIAVEL, Nicolau. “O Príncipe”. (Coleção
(A) O príncipe. Os Pensadores) 1º ed. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 44).
(B) Utopia. Suas idéias são características da conjuntura histórica que, na
(C) Leviatã. Europa, favoreceu
(D) Segundo tratado sobre o governo. (A) a Escolástica e as Corporações de Ofício nas cidades.
(E) Do espírito das leis. (B) o Teocentrismo e a fragmentação política do Império Ro-
mano.
13. (UFLA) Apresentamos abaixo, três obras representativas do (C) o Renascimento e a centralização política que levou à for-
absolutismo (coluna 1) e as principais ideias nelas contidas (co- mação dos Estados Nacionais.
luna 2). Numere a coluna 2 de acordo com a coluna 1 e identifi- (D) o Iluminismo e o Liberalismo Econômico.
que a alternativa que apresenta a seqüência CORRETA: (E) o Despotismo Esclarecido e a Revolução Industrial.
COLUNA 1 GABARITO:
1. O Príncipe (1513-16)
2. Leviatã (1651) MÓDULO 1:
3. A República (1576)
1. Epopéia grega, tomada de Troia e as conquistas de Ulisses.
COLUNA 2 2a) A colonização deu-se pela disputa por terras férteis na pe-
( ) Defende a soberania do Estado e o caráter divino do monar- nínsula grega levando-os a colonizar
ca, não havendo limites à autoridade do mesmo; o Norte da África, a Magna Grécia e a entrada do Mar Negro.
( ) Afirma haver a necessidade de um Estado nacional forte, in- 2b) As colônias mantinham intercâmbio cultural e forneciam
dependente da Igreja e encarnado na figura do chefe de alimentos para os peninsulares.
governo; 3a) Os três textos exaltam o gênero humano e sua capacidade
( ) Justifica o surgimento do Estado enquanto um contrato so- criadora. A concepção neles presente é o humanismo.
cial. Sem a existência do Estado, a humanidade viveria em per- 3b) Pico della Mirandola exalta o humanismo renascentista que
manente situação de guerra. foi buscar no passado grecoromano
(A) 2, 1, 3 que reviveram Sófocles e Cícero.
(B) 1, 3, 2 4a) Arte teatral, intensamente influenciada pela mitologia. São
(C) 3, 2, 1 expoentes: Eurípedes, Ésquilo e Sófocles.
(D) 3, 1, 2 4b) Sob enfoque antropocentrista, o teatro aborda todas as vi-
(E) 1, 2, 3 cissitudes humanas. Vícios, paixões, emoções, etc são temas
abordados
Extensivo 39
9a) O pioneirismo português nas Grandes Navegações pode ser ção ultramarina.
explicado pela centralização política precoce de Portugal no 6.A
contexto da Guerra de Reconquista contra os mouros (muçul- 7.D
manos) na Península Ibérica. Além disso, ocorreu a consolida- 8E
ção e o fortalecimento do Estado Nacional com a Revolução de 9.D
Avis (1383-1385) que promoveu uma aproximação entre o rei e 10.B
a burguesia mercantil, condição que assegurava o gerenciamen- 11.D
to da empreitada por parte do Estado e os recursos financeiros 12.C
junto aos burgueses. 13.D
9b) As conquistas decorrentes da Expansão Marítima e Comer- 14.E
cial proporcionaram a possibilidade de aumento dos lucros para 15.C
a burguesia mercantil e o aumento da arrecadação de impostos
pelo Estado, adequando-se assim, à política econômica mercan-
tilista.
10a) O Tratado de Tordesilhas estabeleceu os limites das terras
conquistadas e a serem conquistadas entre Portugal e Espanha.
10b) Os países europeus excluídos dessa partilha, destacando-se
a França, passam a questionar o tratado e a exigir o acesso às
possessões coloniais de Portugal e da Espanha.
11. A Igreja Católica deu suporte para Portugal e Espanha con-
cretizarem suas ambições mercantis e foi grande aliada dos es-
tados europeus em questão no processo de europeização e cris-
tianização que se estabeleceu no Novo Mundo.
12. A
13. C
14. C
15. A
MÓDULOS 6 E 7:
01.E
02.E
03.D
04.C
05.C
06.C
07.B
08.B
09.E
10.A
11.A
12.C
13.A
14.C
15.B
MÓDULO 8:
1. A
2. B
3.C
4.D
5. França, Inglaterra, Espanha e Portugal. França- na produção
e no comércio , além da construção naval. No reinado de Luis
XIV, orientado pelo ministro das finanças, Colbert, desenvol-
veu-se na exportação de artigos de luxo. Inglaterra, teve o in-
centivo na construção naval e na criação de leis que proibiam
o transporte de produtos das metrópoles ou das colônias ingle-
sas, por navios estrangeiros. Incentivou as atividades financei-
ras por criar diversas companhias de comércio. Espanha, com
o enriquecimento devido os metais preciosos de suas colônias.
Destacando-se o ouro. Portugal, na construção naval e explora-
Extensivo 41
Geografia
42 Da Vinci Vestibulares
Módulos 1 e 2: Cartografia mental em comum: o espaço. E este espaço não pode ser con-
siderado sem a relação primordial de sua existência: sociedade-
-natureza. Esta relação, portanto, atribui o caráter degeográfico
ao espaço. Sendo assim, o geógrafo estuda o espaço geográfico
e sua organização, que é o resultado dinâmico e interativo e em
constante transformação de ordens e desordens de diversas di-
mensões, sejam cosmogônica, microfísica ou antropogênica,
incluindo as inúmeras ramificações dessas dimensões.
Ao entender que a organização do espaço geográfico é
o objeto de estudo da Geografia, é necessário considerar na aná-
lise dessa organização a compreensão das múltiplas dimensões
que atuam no processo de produção do espaço. É importante
ressaltar, também, que a sociedade, através das técnicas e in-
tervenções neste espaço, é o elemento que mais transforma o
espaço geográfico, mas não pode ser considerado o único, co-
existindo com uma infinidade de variáveis, o que resulta em
uma complexidade socioespacial. Nenhum dos elementos cons-
tituintes do espaço pode ser analisado de maneira isolada ou de
Figura 1: FONTE: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/ma forma linear.
pas_pdf/brasil_densidade_demografica.pdf Tomaremos como exemplo hipotético uma cidade
qualquer para explicar a organização espacial. Para construir
A Geografia, por muito tempo foi considerada a Ci- uma cidade, é necessário ter, obviamente, uma superfície e so-
ência que descrevia o planeta Terra e sua superfície. Este fato bre ela serão construídas diversas infraestruturas, tais como:
deve-se à atuação do geógrafo e à etimologia da palavra Geo- estradas, redes de distribuição de água, esgoto e energia; edi-
grafia que possui origem grega: o prefixo “Geo” significa Terra ficações para diversas finalidades: habitacionais, comerciais,
e o sufixo “grafia” quer dizer descrição. Desta forma, no início estatais. Toda esta organização visa acomodar as demandas dos
da difusão do conhecimento geográfico o importante era descre- seus habitantes, mas por muitas vezes, tudo isto é concretizado
ver, diferenciar e, se possível, cartografar os locais estudados. sem o devido planejamento. Estas formas estão inseridas em
Esta fase ocorreu por um longo período e sua transfor- uma tipologia de relevo, em um determinado tipo de clima, um
mação se iniciou quando a Geografia, no século XIX, começou substrato geológico com suas diversas características de insta-
a estruturar-se como uma ciência sistematizada, ou seja, quando bilidade ou estabilidade, entre outros fatores a serem conside-
foi empregado a este ramo do conhecimento um conjunto de rados. A depender da função que esta cidade possui (comercial,
métodos e princípios para se obter o que seria o conhecimento turística, administrativa, portuária, universitária, ou outra), ou
geográfico. Este evento ocorreu na Alemanha durante o período de sua economia e de seu papel político, a cidade pode apresen-
de sua unificação, e os principais nomes da ciência Geográfica tar um crescimento espacial maior ou menor em função da com-
dessa fase foram Alexander Von Humboldt, Karl Ritter e Frie- binação destas características. Isto transforma continuamente o
derich Ratzel. espaço geográfico. Porém um evento sísmico (terremoto) ou
Após esse período, os estudiosos em Geografia produ- evento climático extremo como chuvas torrenciais pode alterar
ziram diferentes abordagens sobre o conhecimento geográfico. rapidamente a superfície terrestre, transformando, desta forma,
Durante um considerável tempo, a temática central da produção o espaço geográfico e, consequentemente, a vida das pessoas.
geográfica se deu em torno do objeto de estudo da geografia. Isto mostra que, ao observarmos a organização espacial, inúme-
Para entender qual é o objeto de estudo do saber geográfico, é ros fatores e processos devem ser considerados para um correto
interessante compreender alguns acontecimentos durante a evo- uso e ocupação, a fim de não expor as pessoas ao risco.
lução da produção de seu pensamento:
A Geografia foi concebida como ciência através da for- Breve histórico do pensamento geográfico:
te influência do pensamento cartesiano, que preconiza a dicoto-
mia e a fragmentação do objeto na maior quantidade de partes A Geografia foi sistematizada cientificamente no sé-
possíveis. Por isso surgiu não apenas uma geografia, mas sim culo XIX. Até os dias atuais, a maneira de se pensar e fazer a
“diversas geografias”; ciência geográfica se altera ao longo do tempo. A origem da
Surge, assim, a separação “maior” do conhecimento Geográfi- ciência remonta à Antiguidade Clássica. Os gregos tinham re-
co: gistros, conhecimentos e informações singulares sobre a super-
fície terrestre, mas o saber geográfico é anterior a eles. Embora
♦ Geografia Humana X Geografia Física. Essa dicotomia alguns autores, como Eratóstenes, século II a.C. autor da obra
fez emergir diversos ramos da Geografia que não ‘Geografia’ e Estrabão, dois séculos após, tenham desenvolvido
se articulavam. Na Geografia Humana, existia a Geografia trabalhos nesta área do conhecimento, é Heródoto que é consi-
Agrária, Geografia Urbana, Geografia Econômica, Geografia derado o pai da Geografia.
Política, Geografia Cultural dentre outras. Na Geografia Física, O conhecimento do espaço evoluiu com a civilização
surgiu: a Climatologia, a Geomorfologia, a Biogeografia, den- em função das necessidades da humanidade e as buscas por no-
tre outras. O problema em si desta situação não é a separação, vos territórios. Tais conhecimentos, como as práticas agrícolas,
e, sim, a ausência de considerações de interações nas análises as relações campo-cidade e as relações homem-natureza foram
geográficas, e, por fim, desenvolvidos desde a pré-história à Idade Média e, na Idade
Todas estas geografias tinham um elemento funda- Moderna, se dá na Alemanha a sistematização da geografia
Extensivo 43
A luz do pensamento positivista com Friederich Rat- diálogo sociedade-natureza através da organização do espaço,
zel, Karl Ritter e Alexandre Von Humboldt, durante o período que se torna geográfico. Para auxiliar neste entendimento, é ne-
da unificação da Alemanha, surge a Escola Determinista a qual cessário compreender que tudo que está no espaço está inserido
considera o homem como produto do meio. Opondo-se ao pen- no tempo. Porém é preciso compreender o que é o tempo. O
samento determinista, sob a luz do liberalismo, nasce na França, tempo, ele existe por si só ou foi apenas uma criação arbitrária
com Vidal de la Blache, no final do século XIX, momento de da humanidade para delimitar o acontecimento de algum fenô-
sua expansão e melhor controle do espaço, a Escola Possibilista meno? É necessário recorrer novamente a um exemplo: uma
que tem o Homem no mesmo patamar da natureza. A natureza, árvore, um animal, as pessoas, as coisas que conhecemos, facil-
então, é vista na Geografia Possibilista, como fornecedora de mente identificamos quando estão novos ou velhos. A atribuição
possibilidades para a ação humana e o homem um ser ativo. La destes adjetivos (novo, velho) carrega em si uma noção de tem-
Blache define o conceito de ‘gênero de vida’ o qual foi herda- po e conclui-se que este realmente existe.
do do determinismo, como um acervo de técnicas, hábitos usos Para a Geografia, é necessário compreender este tempo
e costumes os quais permitem modificar o espaço geográfico. que pode ser chamado de linear ou histórico. Entretanto também
Surge a Geografia Regional que alguns autores elegem como existe o tempo cíclico, ou seja, o tempo das coisas que aconte-
uma corrente do pensamento geográfico a qual tem Richard cem e que tornam a acontecer de forma periódica.
Hartshorne como um dos maiores pensadores. Outros geógrafos Como exemplo é possível citar um agricultor que sabe
consideram um ‘tentáculo’ da corrente possibilista vista como quando ocorrerá o período de chuvas, e que este evento ocorre
fase de transição da geografia tradicional para a geografia mo- sazonalmente. Se não chover no período em que o agricultor
derna. A influência da Escola Francesa no Brasil remonta ao está acostumado, algum evento interferiu no tempo cíclico que
início do século XX, mas ganha força a partir da década de 30 ele conhecia. Além dos tempos cíclicos e lineares, os geógrafos
com a institucionalização da Geografia nos cursos superiores e necessitam analisar o caráter do que está no tempo, a isto se
com a criação da Associação de Geógrafos Brasileiros – AGB. denomina temporalidade. Esta necessidade surge ao conceber
A partir de meados da década de 40 (do século XX), que a sociedade não está conectada a um mesmo e irreversível
com o advento da expansão capitalista e suas consequências na tempo. A velocidade das técnicas, da informação, das interven-
organização do espaço e na estrutura da sociedade num contexto ções da sociedade e dos acontecimentos não é comum a todos.
da ciência moderna, surge a Nova Geografia também denomina- Portanto os fenômenos ocorrem espacialmente e temporalmen-
da de Geografia Quantitativa ou Teorética. te, constatando a coexistência do espaço-tempo.
Com base no positivismo lógico, os estudos geográfi-
cos são abordados à luz de modelos de arranjos espaciais com
ANÁLISES ESPACIAIS
uso de técnicas estatísticas e matemáticas. Na análise do espaço
geográfico, desprezam-se as relações sociais e escamoteiam-se
Para estudar o espaço geográfico, é imprescindível re-
as questões políticas com uma postura de ciência ‘neutra’. No
correr a categorias de análises espaciais que possibilitem iden-
Brasil, esta corrente predominou na fase da ditadura militar, es-
tificar a organização espacial e as relações existentes entre a
tando a serviço do Estado. Rebatendo a Geografia Quantitati-
sociedade e a natureza. Estas categorias são utilizadas de forma
va, nasceu a Geografia Crítica intitulada também de Geografia
isoladas ou integradas para compreender um fenômeno geográ-
Marxista, com herança da Geografia Radical cujo berço foi os
fico. Na sequência, temos as categorias de análises utilizadas na
Estados Unidos, nos anos 60, proveniente da situação de contes-
Geografia e suas definições conceituais que permitem a opera-
tação à guerra do Vietnã tem como características a relevância
ção dos estudos geográficos.
social, e a preocupação em ser atuante, ou seja, dá voz às ques-
tões sociais e às lutas de classes com base no pensamento de
♦ Espaço Geográfico: De acordo com Milton Santos (2004),
Karl Marx. No Brasil, A Geografia Crítica surgiu na década de
espaço geográfico é um conjunto indissociável, solidário e con-
70, tendo como um dos expoentes Milton Santos a partir de sua
traditório de sistemas de objetos e sistemas de ações, não consi-
postura política e de uma relevante produção acadêmica. Na
derados isoladamente, mas, no quadro único no qual a história
atualidade, temos diversas tendências que retratam a Geografia
se dá. Esse sistema de objetos (formas) pode ser da natureza ou
Contemporânea como a Humanística, a Idealista e a Ecológica
da sociedade bem como o sistema de ações (intervenções) pode
com trabalhos de renovação do pensamento geográfico. A li-
ser concretizado pela sociedade ou pela natureza. Existe, tam-
nha humanística caracteriza-se por valorizar a experiência do
bém, nas análises geográficas, leitura diferenciada do espaço
indivíduo ou de grupos sociais a partir da percepção e do sentir
geográfico em percebido e vivido. O espaço percebido conside-
destes sobre o território. As relações do indivíduo são anali-
ra as relações conflituais hierárquicas existentes no espaço que
sadas desde seu habitat natural, tanto num contexto local quanto
se refere à produção e à reprodução social. Já o espaço vivido é
global.
o espaço das representações e do simbolismo, que são reprodu-
A partir dele, temos o ‘norte’ para entender porque a
zidos no cotidiano, sendo considerada, desta forma, a soberania
Geografia lança mão de diferentes áreas do conhecimento para
do ser humano no espaço.
estruturar seus conceitos e categorias, e, no olhar de Ab’Saber,
como a ciência geográfica faz a leitura das vivências do homem
e como a sociedade transforma a paisagem de forma dinâmica e
♦ Território: É a apropriação de um espaço. Essa apropriação
em perpétua evolução, carregada de heranças oriundas de pro-
pode ser realizada pelo Estado, ou seja, institucionalizado juri-
cessos multiescalares.
dicamente (ex. Território brasileiro), pode ser apropriado atra-
vés de representações materiais e simbólicas que são chamadas
O ESPAÇO GEOGRÁFICO: ESPACO X TEMPO
de territorialidades (ex.Território Indígena ou Quilombola). As
relações de poder são preponderantes nesta categoria analítica.
O olhar geográfico se caracteriza por compreender o
44 Da Vinci Vestibulares
♦ Paisagem: É toda forma espacial que é apreendida através da reduzida. A Geografia contribui muito na Cartografia, no que
utilização dos sentidos. Então, a paisagem é a forma espacial se refere aos seus conhecimentos sobre o espaço geográfico,
que pode ser apreendida pela visão, audição, tato, olfato. Para tais como: conhecimento sobre a geomorfologia, a
Ab’Saber (2003) a paisagem é sempre uma herança de proces- hidrografia, a organização urbana e populacional, econômica,
sos fisiográficos e biológicos conjugados com a atuação da so- etc. Esses conhecimentos serão abordados mais adiante.
ciedade em um espaço. A representação do espaço geográfico em forma de
mapas é mais antiga do que a própria escrita, como vemos na
figura abaixo, o mapa feito numa placa de barro no ano de 2500
♦ Região: É uma extensão territorial na qual há um conjunto de a.C. Mas o que seria um mapa? Para Raisz (1968), o mapa é
elementos (ambientais, econômicos, socioculturais) que o dis- uma representação do que de melhor se conhece da superfície
tinguem de outra área. Para Moreira (2008) é uma subcategoria terrestre, vista de cima. No estudo e na confecção de um mapa,
do território. devem ser considerados: escala, sistema de projeções, conven-
ções cartográficas (elementos representados por símbolos), le-
genda para explicar o significados dos símbolos e um título para
♦ Lugar: É o espaço do acontecer do cotidiano, da existência. o mapa.
Um lugar é construído através de signos e significados, além
do sentimento de pertencimento e de afeto em um determinado
espaço. Sua extensão pode possuir limites, mas não é uma ca-
racterística fundamental do lugar. Para Moreira (2008), também
é uma subcategoria do território.
TAMANHO DA ESCALA
Escala: 1:10.000
dos meridianos e de outras características geográficas sobre A projeção plana é aquela que mais tem caráter geopo-
uma superfície colocada ao lado do globo são ilustradas na lítico, pois permite a centralização de qualquer país. Observa-
figura abaixo: -se que não existe uma “projeção ideal” e, sim, a projeção que
melhor representa a área a ser cartografada. Portanto cada proje-
ção atenderá a uma determinada necessidade, podendo ser esta
a necessidade de mapear a forma dos objetos, a distância entre
localidades a serem percorridas ou a área específica a ser retra-
tada. Sendo assim, as projeções cartográficas são classificadas
em:
ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO
e da intensidade que os raios solares atingem a Terra, conheci- origem inglesa) adotava esse meridiano. Por razões político-
dos como estações do ano. As estações do ano estão diretamen- -administrativas, a linha do fuso horário não é uma “reta”.
te relacionadas ao desenvolvimento das atividades humanas,
como a agricultura e como a pecuária. Além disso, determinam
os tipos de vegetação e clima de todas as regiões da Terra de
acordo com a época do ano e a localização na Terra. Quando
no hemisfério Norte é inverno, no hemisfério Sul é verão. Da
mesma maneira, quando for primavera em um dos hemisférios,
será outono no outro.
FUSOS HORÁRIOS
GLOSSÁRIO
na América em relação ao de Tordesilhas. 10. “A primavera começa hoje às 13h30min no hemisfério sul.
(E) o Tratado de Madri criou a divisão administrativa da Améri- É quando ocorre o equinócio, momento astronômico em que o
ca Portuguesa em Vice-Reinos Oriental e Ocidental. Sol cruza a linha do Equador. A expectativa do meteorologista
da empresa Climatempo, Alexandre Nascimento, para a nova
Exercícios complementares: estação, é de comportamento climático normal, porque não
ocorreu e nem devem ocorrer, neste ano, os efeitos do El Niño
(UNICAMP) Se a Terra emprega vinte e quatro horas para girar e do fenômeno La Niña”. Adaptado de O Estado de São Paulo
em torno de seu eixo, começa a ocidente do centésimo octo- — 22.09.2004
gésimo meridiano um novo dia, e a oriente temos ainda o dia A partir do momento da ocorrência do equinócio:
anterior. Meia noite de sextafeira, aqui no navio, é meia-noite (A) as noites ficam cada vez mais curtas e os dias mais longos.
de quinta-feira na Ilha. Se da América para a Ásia viajas, perdes (B) as noites e os dias passam a ter a mesma duração.
um dia; se, no sentido contrário viajas, ganhas um dia: eis o mo- (C) os dias ficam cada vez mais curtos e as noites mais longas.
tivo por que o [navio] Daphne percorreu o caminho da Ásia, e (D) as médias térmicas tendem a diminuir, pois é evidenciada
vós, estúpidos, o caminho da América. Tu és agora um dia mais uma maior inclinação dos raios solares.
velho do que eu! Não é engraçado? (Adaptado de Umberto Eco, (E) as médias térmicas tendem a aumentar, pois os raios solares
A Ilha do Dia Anterior. Rio de Janeiro: Record, 1995, p. 260). incidem perpendicularmente quando se dirigem em direção ao
Trópico de Câncer.
a) Por que os marinheiros que viajavam da América para a
Ásia ficaram um dia mais velhos do que aqueles que 11.Localizadas a Oeste de Greenwich, duas cidades,A e B, en-
viajaram no navio Daphne? contram-se, respectivamente, a 105° e 45°. Numa quarta-feira,
um avião saiu de A às 14h30min e chegou a B depois de 5 horas
b) Por que no navio Daphne é meia-noite de sexta-feira e na Ilha de viagem. O horário de chegada em B foi:
é meia noite de quinta-feira? (A) 18h30min da quarta-feira.
(B) 19h30min da quarta-feira.
c) Um avião cargueiro decola da cidade de Rio Branco (AC) às (C) 23h30min da quarta-feira.
21h00 (horário local) do dia 21 de novembro de 2004, com des- (D) 0h30min da quinta-feira.
tino ao aeroporto internacional de Viracopos, Campinas (SP). (E) 2h30min da quinta-feira.
Sabe-se que o vôo terá duração de cinco horas e que a cidade de
Rio Branco (AC) está a dois fusos a oeste do fuso da hora oficial 12. Considerando que a distância real entre duas cidades é de
do Brasil. Qual será o horário e o dia da aterrissagem do avião 120km e que a sua distância gráfica, num mapa, é de 6cm, pode-
no aeroporto internacional de Viracopos? mos afirmar que esse mapa foi projetado na escala:
(A) 1 : 1.200.000 (B) 1 : 2.000.000
7. (VUNESP) Que horas devem marcar os relógios (C) 1 : 12.000.000 (D) 1 : 20.000.000
em Nova York, que fica no quinto fuso a oeste de Greenwich, (E) 1 : 48.000.000
quando em São Paulo, que fica no terceiro fuso, também a oeste,
são doze horas, no horário de verão? 13. Localizadas a Oeste de Greenwich, duas cidades,A e B, en-
(A) Duas horas. contram-se, respectivamente, a 105° e 45°. Numa quarta-feira,
(B) Nove horas. um avião saiu de A às 14h30min e chegou a B depois de 5 horas
(C) Treze horas. de viagem. O horário de chegada em B foi:
(D) Quinze horas. (A) 18h30min da quarta-feira.
(E) Dezenove horas. (B) 19h30min da quarta-feira.
(C) 23h30min da quarta-feira.
8.(MACKENZIE) A última prova da Olimpíada de Atenas, em (D) 0h30min da quinta-feira.
agosto de 2004, a Maratona, iniciou-se às 12 horas (horário de (E) 2h30min da quinta-feira.
Brasília). Sabendo que a diferença entre o horário oficial brasi-
leiro e o de Atenas, considerando o seu horário de verão, é de 6 14. Considerando que a distância real entre duas cidades é de
horas, assinale a alternativa correta. 120km e que a sua distância gráfica, num mapa, é de 6cm, po-
(A) Atenas encontra-se a leste de Brasília e possui 6 horas atra- demos afirmar que esse mapa foi projetado na escala:
sadas em relação à capital brasileira. (A) 1 : 1.200.000 (B) 1 : 2.000.000
(B) Por estar no hemisfério ocidental, toda a Grécia possui ho- (C) 1 : 12.000.000 (D) 1 : 20.000.000
ras atrasadas com relação ao meridiano principal. (E) 1 : 48.000.000
(C) A diferença entre Brasília e Atenas é inferior a 60º.
(D) As duas cidades encontram-se no mesmo hemisfério oci- 15. Sobre um mapa, com escala 1:750.000, um geógrafo demar-
dental e, portanto, a maratona ocorreu no mesmo dia em ambas. ca uma reserva florestal com formato de um quadrado, apre-
e) Em relação ao meridiano de Greenwich, Brasília encontra-se sentando 8cm de lado. A área da reserva florestal medirá, na
3 horas atrasadas, enquanto Atenas está com 3 horas adiantadas. realidade,
(A) 3,6km2 .
9. Uma estrada possui, em linha reta, 13 quilômetros. Ao ser (B) 36 km2
representada em um mapa de escala 1:500.000, qual o tamanho (C) 360 km2
da representação em centímetros? (D) 3.600 km2
(A)65 (B)20,6 (C) 26 (D) 0,26 (E) 2,6 (E) 36.000 km2
52 Da Vinci Vestibulares
tre; quando o resfriamento do magma ocorre muito rápido (sem mente de silicatos aluminosos e tem uma composição global
cristalização dos minerais constituintes) resulta na formação do semelhante à do granito = SIAL) e crosta oceânica (composta
tipo ígnea extrusiva ou vulcânica, sendo o basalto o mais abun- essencialmente de basalto, formada por silicatos magnesianos =
dante deste tipo. SIMA). Quase metade (47%) deste envoltório da Terra é com-
As rochas sedimentares são formadas a partir do ma- posta de oxigênio. A crosta é formada basicamente de óxidos
terial originado da destruição erosiva de qualquer tipo de rocha de silício, alumínio, ferro, cálcio, magnésio, potássio e sódio. A
produzida pela ação dos agentes de intemperismo e pedogênese sílica (óxido de silício) é o principal componente, e o quartzo, o
sobre uma rocha preexistente, após serem transportados pela mineral mais comum nela. (CPRM, 2011).
ação dos ventos, das águas ou pelo gelo do seu ponto de origem Logo abaixo da crosta, está o manto, que é a camada
até o local de deposição e posterior litifcação (compactação) mais espessa da Terra. Ele possui uma espessura de 2.950 qui-
da rocha. Portanto, é necessário que exista uma rocha anterior lômetros e formou-se há 3,8 bilhões de anos. O manto divide-se
para a formação das rochas sedimentares. É nestas rochas que em manto superior e manto inferior. O superior ou astenosfera
se localizam a maioria dos fósseis já encontrados na Terra. São tem, logo abaixo da crosta, uma temperatura relativamente bai-
também economicamente importantes na medida em que po- xa (100 °C), sendo por ele que permite que a crosta terrestre mo-
dem ser utilizados como material construção. vimenta-se; a astenosfera é a responsável pelo equilíbrio isos-
As rochas metamórficas resultam da transformação tático, que leva os blocos da crosta que recebem mais material
de uma rocha preexistente no estado sólido, dando-se a trans- na superfície a afundarem e os que, ao contrário, são erodidos
formação sob novas condições pressão e/ou temperatura sobre a a subirem. No manto inferior, registra-se uma temperatura bem
rocha preexistente. Esta adaptação é que dá origem ao nome da mais alta, variando de 2.200 ºC a 3.500 °C.
rocha. Dependendo do caso, poderá ou não mudar a composição Há, no manto terrestre, alguns pontos mais quentes que
mineralógica da rocha. Os principais tipos de rochas metamór- o restante, chamados de hot spots (pontos quentes). Nesses lo-
ficas existentes na crosta terrestre são o mármore e a ardósia, cais, o material do manto tende sempre a subir e a atravessar
muito utilizados em interiores de casas e edifícios. a crosta. Quando ele consegue isso, forma-se na superfície da
Terra um vulcão. Como a crosta é formada de placas em movi-
mento, esse vulcão, com o tempo, sai de cima do ponto quente
FORMA E ESTRUTURA DA TERRA
e, ao ocorrer nova erupção, forma-se outro vulcão.
Isso pode repetir-se várias vezes, e o resultado é uma
Ao contrário do que muitos pensam e falam, a Ter-
fileira de vulcões, dos quais só o último (e mais jovem) está em
ra não é redonda. Ela é ligeiramente achatada nos seus polos
atividade. No caso de algumas ilhas, estas são formadas a partir
(elipsoidal ou geoide). A partir de medições indiretas, através
a ação dos hot spots. (CPRM, 2011). O núcleo é a mais profun-
do estudo de ondas sísmicas, medida da superfície sabe-se que
da e menos conhecida das camadas que compõem o globo ter-
o planeta possui mais de 6000 km de profundidade, mostrando
restre. Acredita-se que o núcleo terrestre seja formado de duas
que ele é formado por três camadas de composição e proprie-
porções, uma externa, de consistência líquida e outra interna,
dades diferentes, a crosta, o manto e o núcleo. (CPRM, 2011)
sólida e muito densa, composta principalmente de ferro (80%) e
Essas camadas, por sua vez, possuem algumas variações e são,
níquel (por isso, era antigamente chamada de NIFE). O núcleo
por isso, subdivididas em outras, como mostra a figura:
da Terra gira, como todo o planeta, e acreditam os cientistas
que isso gere uma corrente elétrica. Como uma corrente elétrica
gera sempre um campo magnético, estaria aí a explicação para o
magnetismo terrestre, que faz nosso planeta comportar-se como
um gigantesco ímã. Estudos recentes mostram que o núcleo in-
terno gira um pouco mais depressa que o resto do planeta (As-
sista ao filme “Núcleo – Viagem ao centro da Terra).
Figura 16: FONTE: TAMDJIAN & MENDES, 2005 tendo em vista que essas regiões foram cobertas por camadas de
gelo em uma época de clima glacial. Porém esta teoria não con-
Mais tarde, em 1912, o geógrafo e clima tolo- seguiu explicar quais são as forças que movem os continentes.
gista alemão, Alfred Wegener lançou que os continentes No início da década de 1960, foi elaborada a teoria da
foram unidos há cerca de 220 milhões de anos, formando Tectônica de Placas, postulada pelo geólogo americano Harry
um super-continente chamado Pangea, dando início a sua Hess, baseada em estudos de magnetismo do fundo oceânico,
fragmentação em dois continentes (norte e sul) Laurásia e realizados na porção nordeste do Oceano Pacífico, trouxeram
Gondwana, como é visto da figura abaixo: subsídios a favor do conceito da expansão do fundo oceânico,
trazendo o material magmático do manto à superfície, forman-
do uma enorme cadeia de montanhas submarinas, denominadas
Dorsal Meso-Oceânica. Este material magmático, ao atingir a
superfície, se movimentaria lateralmente, deixando uma fenda
na crista da dorsal, porém não continua a crescer porque o es-
paço deixado pelo material que saiu para formar a nova crosta
oceânica é preenchido por novas lavas, que, ao se solidificarem,
formam um novo fundo oceânico. Portanto, a Deriva continen-
tal e a expansão do fundo dos oceanos seriam uma consequência
das correntes de convecção (figura acima), onde os continentes
viajariam como passageiros, fixos em uma placa, como se esti-
vessem em uma esteira rolante (TEIXEIRA, 2000).
Os principais são: orogênese, epirogênese, vulcanis- as de ferro, ouro, manganês, prata, cobre, alumínio, estanho. A
mo e abalos sísmico (terremotos). A orogênese é o conjunto pressão do magma sobre estas estruturas antigas provoca fratu-
de movimentos tectônicos que ocorrem de forma horizontal, e ras ou falhas na litosfera e, posteriormente, o deslocamento ver-
pode ter duas configurações: convergente, quando duas placas tical de grandes blocos, soerguendo e rebaixando a superfície.
se chocam; e divergente, quando duas placas se afastam. A pri- Já as Bacias Sedimentares começaram a se formar apenas na
meira provoca a formação ou o rejuvenescimento de montanhas era Paleozoica, resultando da acumulação de sedimentos prove-
ou cordilheiras, a exemplo da Cordilheira dos Andes (Chile) e nientes do desgaste das rochas; de organismos vegetais ou ani-
do Himalaia (Índia e China) causadas pela deformação com- mais; ou mesmo de camadas de lavas vulcânicas solidificadas. É
pressiva de região mais ou menos extensas de litosfera conti- nestas estruturas que se formam importantes recursos minerais
nental, formando dobramentos e falhas geológicas. A segunda energéticos, como o petróleo e o carvão mineral.
responde pela formação das dorsais (cordilheiras submarinas).
A orogênese se produz sempre em bordas de placas, ESTRUTURA GEOLÓGICA DO BRASIL
ou seja, nas regiões contíguas ao limite entre duas placas litos-
féricas cujos terrenos destacados convergem ou divergem. A realização de estudos direcionados ao conhecimen-
A epirogênese refere-se a um conjunto de processos to geológico é de extrema importância para saber quais são as
que resultam no movimento vertical da crosta terrestre, sem fa- principais jazidas minerais e quantidades que existem no subso-
lhamentos e fraturamentos significativos. Quando este desloca- lo.
mento dá para cima chamamos de soerguimento e, para baixo, Tal informação proporciona o racionamento da extra-
de subsidência. A epirogênese acontece em função de acomoda- ção de determinados minérios (termo utilizado apenas quando
ções isostáticas, ou seja, de equilíbrio entre a costa continental o mineral ou rocha apresentar um importância econômica),
e a astenosfera. Um bom exemplo é a Falha em Salvador (BA) de maneira que não comprometa sua reserva para o futuro. O
que divide a cidade em Cidade Alta e Cidade Baixa. Brasil, por apresentar uma grande extensão territorial, possui
O termo vulcanismo abrange todos os processos e estrutura geológica composta por três tipos distintos: escudos
eventos que permitem e provocam a ascensão de material mag- cristalinos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos.
mático do interior da terra à superfície terrestre, seja em estado Os Escudos Cristalinos ocupam aproximadamen-
gasoso, líquido e sólido (LEINZ, 1987). Os vulcões que conhe- te 36% do território nacional, ocorrendo sua formação na era
cemos, ou não, são formados pelo acúmulo externo de material Précambriana. Ela apresenta composição diferente conforme os
magmático resultantes do levantamento das camadas preexis- terrenos arqueozoicos (32% do território nacional) e proterozói-
tentes por forças interiores. Graças a sua localização geográfica cos (4% do território). No primeiro, é possível encontrar rochas
sobre a Placa Sul-Americana, o Brasil não possui vulcões ativos como o granito, gnaisses, grafita e elevações como a Serra do
em sua área, porém na era Mesozoica, principalmente na região Mar, estendida a 1500 km do litoral do Espírito Santo ao litoral
Sul, ocorreram intensas atividades vulcânicas, dando origem sul de Santa Catarina. Sua formação é a mais antiga, apresen-
aos solos ricos em basalto, conhecidos como terra-roxa. tando pequena riqueza mineral. Já nos terrenos proterozoicos,
Os terremotos são movimentos naturais da crosta ter- há rochas metamórficas que formam jazidas minerais (ferro,
restre que se propagam por meio de vibrações. São registrados níquel, chumbo, ouro, prata, diamantes e manganês). A serra
mais de 1 milhão de abalos sísmicos por ano na Terra. As regi- dos Carajás, no estado do Pará, é um terreno proterozoico, onde
ões que mais sofrem com esses abalos são as localizadas nas localiza-se a maior mina de ferro a céu aberto do mundo, tendo
bordas da placas tectônicas ou zonas tectônicas instáveis. Mais o minério de ferro dessas jazidas o mais puro do mundo.
uma vez o Brasil está isento de abalos sísmicos por localizar-se As Bacias Sedimentares recobrem cerca de 60% do
ao centro da Placa Sul-Americana, porém não está isento de território brasileiro, sendo constituídas de espessas camadas de
sentir as vibrações dos terremotos continentais ocasionados em rochas sedimentares, consequência da intensa deposição de se-
localidades próximas ao seu território, como no Chile, Bolívia e dimentos de origem marinha, glacial e continental nas partes
Peru, por exemplo, assim também como são sentidos em alguns mais baixas do relevo. Nesses terrenos, é possível encontrar pe-
lugares do Brasil os abalos de terremotos oceânicos. tróleo e carvão mineral, além de minerais radioativos (urânio
Nas áreas emersas, a crosta terrestre é formada por três e tório), xisto betuminoso, areia, cascalho e calcário. No Brasil,
tipos de estruturas geológicas, as quais são caracterizadas pelos existem bacias sedimentares de grande extensão (a Amazônica,
tipos de rochas predominantes e o seu processo de formação, e do Parnaíba – chamada também de Meio-Norte -, a do Paraná e
pelo tempo geológico em que surgiram. Essas estruturas geoló- a Central) e de pequena extensão (do Pantanal Mato- Grossense,
gicas são os dobramentos modernos, os maciços antigos (escu- do São Francisco - esta muito antiga -, do Recôncavo Tucano -
dos cristalinos), e as bacias sedimentares. produtora de petróleo - e a Litorânea.
Os Dobramentos Modernos são os trechos da crosta Os terrenos vulcânicos no Brasil são áreas que so-
terrestre de formação recente e, por essa razão, compostos por freram a ação de derramamentos vulcânicos, localizados, prin-
rochas mais flexíveis e maleáveis, situadas relativamente próxi- cipalmente, na Bacia do Paraná (Sul do país). Esse processo
mas às zonas de contato entre placas tectônicas (zonas conver- originou a formação de rochas como o basalto, onde a sua de-
gentes). Devido à pressão de uma placa sobre a outra, esta parte composição é responsável por fertilizar o solo, que no Brasil,
da crosta dobra-se num processo lento e contínuo, dando origem essas áreas são denominadas de “terra roxa”. Durante o fim do
às montanhas. Os Maciços Antigos, também chamados escu- século XIX e o início do século XX, foram plantadas nestes
dos cristalinos, são os terrenos mais antigos da crosta terrestre, domínios, grandes lavouras de café, fazendo com que surgis-
datando das eras Pré-cambrianas e constituídas basicamente por sem várias ferrovias e propiciasse o crescimento de cidades,
rochas magmáticas e metamórficas. como São Paulo, Londrina, Itu, Ribeirão Preto e Campinas.
Nos maciços que se formaram na era Proterozoica Atualmente, além do café, são plantadas outras culturas, como
ocorrem as jazidas de minerais metálicos, como, por exemplo, algodão, cana-de-açúcar e laranja. A Bacia do Paraná não se
56 Da Vinci Vestibulares
destaca somente pela concentração de terraroxa, as também por da União: a Petrobrás. Mas sua instalação só foi concluída em
alocar um imenso depósito de água potável: o Aquífero Guara- 1954, ao herdar do Conselho Nacional de Petróleo duas refina-
ni, um enorme lençol freático que ocupa uma área de 1.200.000 rias, a de Mataripe (BA) e a de Cubatão (SP). Elas passaram a
km², estendendo-se, além do Brasil, por Argentina, Uruguai e ser os primeiros ativos (patrimônio) da empresa. Em 10 de maio
Paraguai. deste ano, a empresa começa a operar, com uma produção de
2.663 barris, equivalente a 1,7% do consumo nacional.
Neste ano, o petróleo e seus derivados já representam
54% do consumo de energia no país. Encontrar petróleo exigiu
da Petrobrás conhecimento e tecnologia, além de ousadia e cria-
tividade. (PETROBRÁS, 2011)
7. A dinâmica interna e a externa da Terra provocam modifi- trália a hegemonia, embora a Vale ainda lidere, isoladamente,
cações no relevo terrestre. São considerados, respectivamente, o comércio do insumo. A mineradora brasileira trabalha agora
agentes modeladores internos (endógenos) e externos (exóge- com um horizonte de cinco anos para que o País recupere o
nos) da Terra: mercado perdido em meio à crise.
(A) Erosão e intemperismo. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,brasil-perde- li-
(B) Águas correntes e vulcanismo. deranca-na-producao-de-minerio-,916731,0.htm
(C) Geleiras e vento.
(D) Vulcanismo e tectonismo. De acordo com a notícia acima, a mineradora brasileira Vale
(E) Tectonismo e intemperismo. é a maior exportadora mundial de minério de ferro. Sobre ela,
responda:
8. No início do século XX, um jovem meteorologista alemão,
Alfred Wegener, levantou uma hipótese que hoje se confirma, a) Onde estão situadas as maiores jazidas da empresa?
qual seja: há 200 milhões de anos, os continentes formavam uma
só massa, a Pangeia, que em grego quer dizer “toda a terra”, ro- b) Como essa produção é escoada para os mercados
deada por um oceano contínuo chamado de “Pantalassa”. Com a externos?
intensificação das pesquisas, também se pode afirmar que, além
dos continentes, toda a litosfera se movimenta, pois se encon- 12. Considerando a formação geológica do Rio Grande do Sul,
tra seccionada em placas, conhecidas como “placas tectônicas”, é INCORRETO afirmar que esse estado apresenta
que flutuam e deslizam sobre a astenosfera, carregando massas
continentais e oceânicas. Muitas teorias foram elaboradas para (A) formações cristalinas.
tentar explicar tais movimentos e, recentemente, descobriu-se (B) derrames e fissuras basálticas.
que a explicação está relacionada: (C) sequência sedimentar antiga.
(D) dobramentos modernos.
(A) ao vulcanismo que movimenta o magma. (E) sedimentação recente.
(B) ao princípio da isostasia (ísos = igual em força + stásis =
parada). 13. (UFMT) Os derrames de lavas basálticas da Formação Serra
(C) ao princípio formador de montanhas conhecido por orogê- Geral representam um dos mais volumosos vulcanismos conti-
nese. nentais do planeta, com uma área superior a 1200000 km2. Em
(D) aos terremotos e vulcanismos, em razão de sua força na certos locais, os derrames sucessivos de lavas possuem centenas
alteração das paisagens. de metros de espessura.
(E) ao movimento das correntes de convecção que ocorrem no
interior do planeta. A paisagem descrita é encontrada
(A) nas ilhas de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
9. Placas tectônicas são gigantescos blocos que compõem a ca- (B) no litoral de Ilhéus, na Bahia.
mada sólida externa do planeta e que estão suspensas pelo mag- (C) as áreas serranas da Mantiqueira, na zona da Mata Mineira.
ma incandescente do interior da Terra. Existem 10 placas tec- (D) nas cataratas do rio Iguaçu, no Paraná.
tônicas na crosta terrestre que provocam dobramentos e falhas. (E) nas encostas litorâneas da Serra do Mar.
São exemplos desses dobramentos e falhas, respectivamente:
(A) terremotos e cordilheiras montanhosas. 14. (UFPA) A Amazônia, até o Terciário Médio, comportava-
(B) cordilheira montanhosas e terremotos. -se como um paleogolfão[1] da fachada pacífica do continente,
(C) terremotos e tsunamis. intercalado entre os terrenos do escudo guianense e o escudo
(D) terremotos e erupções vulcânicas. brasileiro. Era uma espécie de mediterrâneo de “boca larga”,
(E) cordilheiras montanhosas e erupções vulcânicas. voltada para o oeste. Quando se processou o desdobramento e
soerguimento das Cordilheiras Andinas, restou um largo espaço
10. Para a atual proposta de identificação das macro-unidades no centro da Amazônia, exposto à sedimentação fluvio-lacustre
do relevo brasileiro, elaborada por Ross (1989), foram funda- e fluvial extensiva. Aziz Nacib Ab’ Saber (1924-2012) Escritos
mentais os trabalhos de Ab’Saber e os relatórios e mapas produ- Ecológicos – São Paulo:Lazuli Editora, 2006- paginas 130-131.
zidos pelo Projeto Radambrasil. Ross passou a considerar para Adaptado .
o relevo brasileiro, conforme as suas origens, as unidades de
planaltos, depressões e planícies. Adaptação: ROSS, J. L. S. Ge- Glossário: Paleogolfão: ampla reentrância da costa, com grande
ografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2005. abertura, constituindo em amplas baías, constatada em antiga
era geológica.
Quais as unidades do relevo brasileiro que, de acordo com a gê-
nese, segundo Ross, são resultantes de deposição de sedimentos As características atuais do domínio morfoclimático amazônico
recentes de origem marinha, lacustre ou fluvial? têm sua origem na dinâmica dos processos naturais que ocorre-
(A) Planícies. ram no passado, conforme explica o geógrafo Aziz Ab ́Saber.
(B) Depressões. Sobre esses processos mencionados, avalia-se que
(C) Planaltos cristalinos. (A) contribuíram para a formação das planícies e dos tabuleiros.
(D) Planaltos orogenéticos. (B) favoreceram a gênese da bacia sedimentar.
(C) alteraram a direção da drenagem, de leste para oeste.
11. Líder no mercado mundial de minério de ferro até a defla- (D) atenuaram as características do clima regional.
gração da crise financeira de 2008, o Brasil perdeu para a Aus- (E) provocaram a expansão do cerrado sobre a floresta.
Extensivo 59
espaço; e c) por que ocorriam daquela forma. Platô, apresenta pequenas elevações levemente onduladas, for
A Geomorfologia serve de base para a compreensão mando uma espécie de continuação das terras baixas da Planície
das estruturas espaciais, não só em relação à natureza física Amazônica.
dos fenômenos, como em relação à natureza socioeconômica ♦ Região Serrana: situada na porção Norte do Planalto, acom-
dos mesmos. Hoje, sem a utilização de sistemas operacionais, panha de perto as fronteiras do Brasil com as Guianas e com
como os Sistemas de Informações Geográficas (SIG’s), torna-se a Venezuela. Dominada por dois arcos de escarpas (o Maciço
praticamente inviável a elaboração de projetos ambientais entre Oriental e o Maciço Ocidental), separados por uma área depri-
outros. Os planos diretores sejam regionais, urbanos ou rurais, mida e aplainada no noroeste de Roraima. O Maciço Oriental
devem levar em consideração as limitações e as potencialidades é caracterizado por pequenas altitudes que raramente superam
dos recursos naturais relativos aos meios físico, biótico e tam- os 600 m, onde se encontram serras como as de Tumucumaque
bém às condições sócio-econômicas. Dessa forma, a aplicação e Açari, enquanto no Maciço Ocidental encontram-se as maiores
do planejamento se dá à medida que se ocupa ordenadamente o altitudes absolutas do Brasil, destacando-se na serra do Imeri ou
meio físico, buscando adequada proteção ambiental e uso racio- Tapirapecó o pico da Neblina, com 3.014 m de altitude (ponto
nal do solo, norteados para atividades agropastoris, obras civis culminante do país); na fronteira do estado do Amazonas com
e outros (GUERRA & CUNHA, 1994). a Venezuela, o pico 31 de Março, com 2.992 m; e na serra de
Podemos observar que o relevo terrestre é parte impor- Pacaraima o monte Roraima, com 2.727 m.
tante do palco, onde o homem, como ser social, pratica o teatro
da vida. Os grandes projetos para a implantação de usinas hidro
e termoelétricas, rodovias, ferrovias, assentamentos de núcleos
de colonização, expansão urbano, reassentamento rural, entre
outros são atividades que interferem do modo acentuado no
ambiente, quer seja ele natural ou já humanizado. Portanto, se,
por um lado, não se pode coibir a expansão da ocupação dos
espaços, reorganização dos já ocupados e fatalmente a amplia-
ção do uso dos recursos naturais, tendo-se o nível de expansão
econômica e demográfica da atualidade, por outro lado, se é im-
perativo ao homem como ser social expandir-se, tanto demogra-
ficamente como técnica e economicamente, torna-se evidente
que apareçam, nesse processo, os efeitos contrário da natureza
(ROSS , 1996).
O território brasileiro é constituído, basicamente, por
grandes maciços cristalinos (36%) e grandes bacias sedimen-
tares (64%). Aproximadamente 93% do território brasileiro
apresenta altitudes inferiores a 900 m. Em grande parte as estru-
turas geológicas são muito antigas, datando da Era Paleozóica
à Mesozóica, no caso das bacias sedimentares, e da Era Pré-
-Cambriana, caso dos maciços cristalinos.
As bacias sedimentares formam-se pelo acúmulo de
sedimentos em depressão. É um terreno rico em combustíveis
fósseis, como carvão, petróleo, gás natural e xisto betuminoso.
Os maciços são mais antigos e rígidos e se caracterizam pela
presença de rochas cristalinas, como granitos e gnaisses, e são
ricos em riquezas minerais metálicas, como ferro e manganês.
O relevo brasileiro não sofre mais a ação de vulcões e terremo-
tos, agentes internos básicos para a formação de grandes formas
estruturais. Porém, os agentes externos, como chuvas, ventos,
rios, marés, calor e frio, continuam sua obra de esculpir as for-
mas do relevo. Eventualmente, em determinados pontos do ter- Figura 24: FONTE: TAMDJIAN & MENDES, 2005
ritório brasileiro podem-se sentir os reflexos dos tremores de
terra ocorridos em alguns pontos distantes, como no Chile e Planalto Brasileiro: É uma das mais vastas regiões planálticas do
Peru. mundo, estendendo-se do sul da Amazônia ao Rio Grande do Sul e
As unidades do relevo brasileiro são: de Roraima ao litoral Atlântico. É dominado por terrenos cristalinos
amplamente recobertos por sedimentos. Por motivos didáticos e pe-
a) Planaltos: das Guianas e Brasileiro (formado pelo Planalto las diferenças morfológicas que apresenta, pode-se dividi-lo em três
Central, Atlântico e Meridional). subunidades:
♦ Planalto Central: Abrange uma extensa região do Brasil
Planalto das Guianas: Ocupando a porção extremo setentrio- Central, englobando partes do Norte, Nordeste, Sudeste e prin-
nal do país, tem sua maior parte fora do território brasileiro, cipalmente do Centro- Oeste. Apresenta terrenos cristalinos
em terras da Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. antigos fortemente erodidos e amplamente recobertos por se-
Constituído por rochas cristalinas pré-cambrianas, pode ser di- dimentos paleozóicos e mesozóicos. Além de planaltos cristali-
vidido em duas porções: nos, destacam-se as chapadas recobertas por sedimentos, como
♦ Planalto Norte-Amazônico: também chamado de Baixo dos Parecis, entre Roraima e Mato Grosso.
62 Da Vinci Vestibulares
♦ Planalto Atlântico ou Planalto Oriental: Estende-se do largamente no verão. Os pontos mais elevados da planície, que
Nordeste, onde é bastante largo, ao nordeste do Rio Grande do ficam a salvo das cheias, levam o nome de “cordilheiras”, e as
Sul. Pode-se também dividi-lo em duas subunidades distintas: partes mais baixas, “baías” ou “lagos”.
Região das Chapadas no Nordeste: além dos planaltos e ser- Planície Costeira: Estendendo-se por quase todo o litoral bra-
ras cristalinas, como o planalto da Borborema e as serras de Ba- sileiro, do Pará ao Rio Grande do Sul, é uma área de sedimentos
turité, predominam chapadas recobertas por sedimentos, como recentes: terciários e quaternários. Em alguns trechos, princi-
Diamantina na Bahia, e as de Ibiapaba, entre Ceará e Piauí, palmente no Sul e Sudeste, a planície é interrompida pela pro-
Araripe, entre Ceará e Pernambuco, e Apodi, entre Ceará e Rio ximidade do planalto Atlântico, dando origem às falésias; em
Grande do Norte. alguns pontos surgem as baixadas litorâneas, destacando-se a
♦ Região Serrana: predominam as terras altas do Sudeste, baixada Capixaba no Espírito Santo, a baixada Fluminense no
constituídas por serras cristalinas de terrenos pré-cambrianos. Rio de Janeiro, as baixadas Santista e de Iguape em São Paulo,
Destacam-se aí as serras do Mar, da Mantiqueira (Caparaó), na a de Paranaguá no Paraná e a de Laguna em Santa Catarina. É
divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo, onde está localizado na planície Costeira, ainda, que aparecem as praias, as restingas,
o pico da Bandeira com 2.890 m, terceiro ponto mais elevado os tômbolos, as dunas, os manguezais e lagoas costeiras.
do Brasil. É nessa região que se encontram as maiores altitudes Planície Gaúcha ou dos Pampas: Ocupa, esquematicamente,
médias do país, cujo relevo apresenta formas arrendondadas, a metade sul do Rio Grande do Sul, constituída por sedimentos
constituindo o chamado “Mar de Morros” ou “Relevo Mamelo- recentes; apresenta-se plana e suavemente ondulada, recebendo
nar”, resultado da ação do intemperismo ao longo de milhares a denominação de Coxilhas.
de anos.
Planalto Meridional ou Arenito Basáltico: Abrange grande
parte das terras da região Sul, o centro-oeste de São Paulo, o sul
de Minas Gerais e o Triângulo Mineiro, o sul de Goiás e parte
leste do Mato Grosso do Sul, correspondendo às terras drenadas
pela bacia do rio Paraná. Predominam terrenos sedimentares,
assentados sobre o embasamento cristalino, sendo os terrenos
mesozóicos associados a rochas vulcânicas, provenientes do
derrame de lavas ocorrido nessa era. Essas rochas vulcânicas,
em especial o basalto e o diabásio, com o passar do tempo sofre-
ram desagregação pela ação dos agentes erosivos, dando origem
a um dos solos mais férteis do Brasil, a chamada “terra roxa”.
As áreas onde predominam sedimentos paleozóicos e mesozói-
cos (arenitos), associados às rochas vulcânicas, constituem uma
subunidade do planalto Meridional. Outra subunidade é a De-
pressão Periférica, uma estreita faixa de terrenos relativamente
baixos que predominam arenitos, que se estende de São Paulo
a Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul. É no planalto
Meridional que aparece com destaque o relevo de “Cuestas”,
costas (escarpas) sucessivas de leste para oeste.
a) Quais são as principais diferenças entre as rochas sedimenta- (D) apenas III está correta
res e as magmáticas? (E) I, II e III estão corretas
b) Como se forma uma rocha metamórfica? 10. No século XX, muitas dúvidas sobre a estrutura de nosso
planeta começaram a ser explicadas de forma convincente e se-
dutora. Uma das teorias mais importantes que vão nessa direção
c) No Brasil, entre o Jurássico e o Cretáceo, houve o surgimento é a célebre teoria da deriva continental. Verificando que os con-
de vários diques de diabásio com direção NW, além de campos tornos da América do Sul e da África correspondiam, Alfred
de derrames basálticos. A que podemos relacionar o apareci- Wegener, geofísico alemão, admitiu a hipótese de um continen-
mento de tais diques e derrames basálticos? te único (Pangéia), no passado, que teria se dividido em duas
partes, devido ao movimento de deslocamento das massas sóli-
8. (UNICAMP-2006) O mapa abaixo, proposto por Fernando das sobre massas líquidas. Essa hipótese abre caminho para a te-
Flávio Marques de Almeida, apresenta as diferentes unidades oria das placas tectônicas. Assim, juntando-se a teoria da deriva
geomorfológicas do Estado de São Paulo. continental à teoria das placas tectônicas, temos o apoio expli-
cativo para um conjunto de fenômenos de nosso planeta.
Assinale a alternativa incorreta.
(A) A teoria da deriva continental ajuda, em muitos casos, a
explicar as semelhanças e as diferenças de espécies animais e
vegetais distribuídos nos cinco continentes do planeta.
(B) A teoria das placas tectônicas explica a gênese dos dobra-
mentos modernos (Andes, Montanhas Rochosas, Himalaia etc.),
que teriam ocorrido a partir do choque dessas placas.
(C) Apoiado na teoria das placas tectônicas, o entendimento
da dinâmica dos terremotos se torna mais claro, assim como a
identificação das áreas mais afeitas a essas ocorrências.
(D) A divisão do continente único até a configuração atual mo-
dificou a distribuição das superfícies sólidas e líquidas do pla-
neta, resultando em mudanças climáticas ao longo do tempo.
(E) Os processos erosivos que esculpem os relevos, dando-lhes
as formas conhecidas no interior dos continentes, são explica-
dos, fundamentalmente, com base na teoria das placas tectôni-
A partir da observação do mapa: cas.
a) Identifique as unidades geomorfológicas assinaladas pelas 11. (UNICAMP-2010) Uma das definições de desenvolvimento
letras A e B. sustentável é: o desenvolvimento capaz de suprir as necessida-
des da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender
às necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que
b) Caracterize as unidades geomorfológicas da Província Cos- não esgota os recursos para o futuro. (Adaptado de http://www.
teira e das cuestas. wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimen-
to_sustentavel/)
a) O solo é um recurso fundamental para a subsistência da po-
c) Indique o tipo de rocha predominante no Planalto Atlântico. pulação mundial. Que práticas de conservação do solo podem
garantir sua preservação para as gerações futuras?
9. (Mack-2005) “Brasil quer ampliar área marítima” — O Brasil
apresentou na ONU (Organização das Nações Unidas) o levan-
tamento de sua plataforma continental que, se aprovado, dará b) Segundo o INPE, nos últimos meses de novembro, dezembro
direito exclusivo de explorar os recursos sobre o solo e o sub- e janeiro, foram registrados, na Amazônia Legal, 754 km² de
solo marítimo de 900 mil quilômetros quadrados além da Zona desmatamentos por corte raso ou degradação progressiva. In-
Econômica Exclusiva. Folha de São Paulo Considerando o tex- dique o principal objetivo desse desmatamento e as consequên-
to e seus conhecimentos, analise as afirmativas. cias ambientais dessa ação.
I. A Zona Econômica Exclusiva compreende as 200 milhas
náuticas de onde o país tem o direito de explorar os recursos 12. (UNICAMP-2008) No dia 26 de dezembro de 2004, logo
naturais. após o natal, a região indo-asiática, mais particularmente Su-
II. A Plataforma Continental é riquíssima em recursos minerais, matra, foi assolada por um tsunami que atingiu três continentes
como o carvão. O interesse do atual governo é que tenhamos e 12 países. Estimou-se o número de 163 mil mortos apenas na
auto-suficiência nesse recurso. ação direta do tsunami e calculou-se que o número total de mor-
III. A Plataforma Continental coincide com o Mar Territorial, tes tenha chegado a 300 mil, contando as vítimas de epidemias,
ou seja, é a área contígua do território, chegando a 12 milhas como a cólera, o tifo, etc. (Adaptado de Paulo Roberto de Mo-
náuticas. Então: raes, “É possível prever as ondas do horror?”. Mundo em Fúria,
(A) apenas I está correta.. ano 1, n. 1, 2005, p. 22-23).
(B) apenas I e II estão corretas. a) Explique os principais mecanismos que atuam na formação
(C) apenas II e III estão corretas. de um tsunami.
Extensivo 65
66 Da Vinci Vestibulares
MÓDULO 6: ESTUDO DO SOLO Portanto, para ocorrer a pedogênese (ou seja a forma-
ção dos solos), é necessária a existência de uma rocha que so-
A pedologia é um dos ramos científicos responsáveis frerá modificações devido aos processos atuantes. Desta forma,
por estudar e compreender os solos, entendendo-os como um os solos são resultados do intemperismo que atua nas rochas, ou
corpo formado a partir da dinâmica natural ambiental. seja, pela desagregação mecânica ou decomposição química e
Existe, também, outro ramo da ciência que estuda os solos que biológica do material de origem. Nestas condições, os solos se
é a Edafologia. Esta considera o solo apenas na sua característi- constituem de agregados ou partículas formadas por fragmentos
ca de suporte à vida vegetal. Para a ciência Geográfica, é impor- minerais combinados com diversas matérias (óxidos de ferro,
tante compreender os solos através da ótica da Pedologia, pois matéria orgânica, por exemplo).
esta contempla o estudo integrado dos aspectos condicionantes As variáveis que condicionam o processo pedogené-
para a formação dos solos (pedogênese) tais como o clima, o tico de forma interdependente e considerado como fatores de
relevo, as rochas e os organismos vivos. formação do solo são: material de origem, clima, relevo, orga-
nismos vivos e o tempo.
OS SOLOS: Os solos podem ser definidos como a superfície ♦ Material de origem - Pode ser de origem mineral (rochas)
inconsolidada que recobre as rochas e mantém parte do com- ou orgânica. Quando de origem mineral estes são trabalhados
plexo biológico do planeta. Os solos possuem elevada rele- ou retrabalhados para originar os solos. Os de origem orgânica
vância ao sistema ambiental, e em especial à sociedade. São são constituídos pela decomposição de vegetais ou animais e
indispensáveis à reprodução da vida, pois seu estabelecimento ocorrem em áreas menos extensas do que as de origem mineral.
em um determinado local possibilita a fixação dos produtores Um mesmo material de origem pode originar solos diferentes
primários, que através da fotossíntese são capazes de produzir a depender da intensidade e frequência dos agentes intempéri-
sua alimentação e oferecem contribuição fundamental para a cos que pode ser condicionados por outros fatores de formação,
sequência da cadeia trófica. Estes são essenciais ao desenvolvi- como o relevo.
mento das bases elementares produtivas da organização huma- ♦ Clima – As variáveis climáticas mais importantes para ocor-
na: a agricultura. Desta forma, a existência dos solos é condição rência da pedogênese são umidade e temperatura. A umidade
essencial à manutenção da vida na Terra, pois direta ou indire- através da precipitação que dependendo da permeabilidade do
tamente todos os seres vivos dependem de suas características solo e da intensidade e freqüência das chuvas pode propiciar a
lixiviação e o empobrecimento das cartacterísticas minerais do
PEDOGÊNESE: É o processo que ocorre para a formação dos solo. Já a temperatura condiciona a intensidade da atividade mi-
solos. Em um determinado período, o planeta era composto, em crobiana e biológica alemã das reações físicas de desagregação
sua superfície, apenas por rochas oriundas da intensa atividade das rochas.
endógena do planeta. Com esta manifestação espacial, a dinâ- ♦ Relevo – Sua importância está, principalmente, no transporte
mica natural proporcionada pelos agentes intempéricos tornou da água a depender da declividade. Outro fator está associado
possível a formação dos solos. Os processos físicos, químicos com a erosão do relevo que pode alterar também a configuração
e, posteriormente biofísicos, são determinantes para ocorrer a das propriedades do solo.
pedogênese. Estes processos não acontecem isoladamente, mas ♦ Organismos – São um dos responsáveis pela conversão de
simultaneamente. Por exemplo, em clima secos predomina o parte do material de origem mineral em solos. Os líquens que
intemperismo físico, mas também ocorre o intemperismo quí- são microorganismos produzem ácidos que degradam as rochas.
mico. Já nos climas úmidos, acontece o inverso. As raízes das plantas, as minhocas auxiliam nas alterações quí-
No quadro a seguir, é possível observar os agentes do micas do solo.
intemperismo no material de origem dos solos (rochas) e sua ♦ Tempo – Os processos de ocorrência espacial também são
classificação processual na dinâmica pedogenética. Quadro de de ocorrência temporal. Desta forma, entende-se que o tempo
identificação dos eventos intempéricos nos processo formado- determina a intensidade e freqüência dos outros fatores de for-
res de solos. mação do solo. A pedogênese ocorre de forma dinâmica através
da dependência de diversos eventos sendo que, que são depen-
dentes da manifestação temporal de seus acontecimentos.
a água executa seu trabalho de remoção, transporte e deposi- ção foi o avanço da
ção de sedimentos. A erosão causa, quase sempre, uma série de (A) industrialização voltada para o setor de base.
problemas ambientais, em nível local ou até mesmo em grandes (B) economia da borracha no sul da Amazônia.
áreas. GUERRA, A. J. T. Processos erosivos nas encostas. In: (C) fronteira agropecuária que degradou parte do cerrado.
GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia: uma atu- (D) exploração mineral na Chapada dos Guimarães.
alização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, (E) extrativismo na região pantaneira.
2007 (adaptado).
A preservação do solo, principalmente em áreas de encostas, 5. A Floresta Amazônica, com toda a sua imensidão, não vai
pode ser uma solução para evitar catástrofes em função da in- estar aí para sempre. Foi preciso alcançar toda essa taxa de des-
tensidade de fluxo hídrico. A prática humana que segue no ca- matamento de quase 20 mil quilômetros quadrados ao ano, na
minho contrário a essa solução é última década do século XX, para que uma pequena parcela de
(A) a aração. brasileiros se desse conta de que o maior patrimônio natural do
(B) o terraceamento. país está sendo torrado. AB’SABER, A. Amazônia: do discurso
(C) o pousio. à práxis. São Paulo: EdUSP, 1996.
(D) a drenagem. Um processo econômico que tem contribuído na atualidade para
(E) o desmatamento. acelerar o problema ambiental descrito é:
(A) Expansão do Projeto Grande Carajás, com incentivos à che-
3. O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa gada de novas empresas mineradoras.
pelos árabes no século VIII, durante a Idade Média, mas foi (B) Difusão do cultivo da soja com a implantação de monocul-
principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a turas mecanizadas.
sua procura foi aumentando.Nessa época passou a ser importa- (C) Construção da rodovia Transamazônica, com o objetivo de
do do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da interligar a região Norte ao restante do país.
Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente (D) Criação de áreas extrativistas do látex das seringueiras para
caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras. os chamados povos da floresta.
CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681- (E) Ampliação do polo industrial da Zona Franca de Manaus,
1716). São Paulo: Atual, 1996. Considerando o conceito do visando atrair empresas nacionais e estrangeiras.
Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por
Portugal para dar início à colonização brasileira, em virtude de EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES:
no Estado de São Paulo, a mecanização da colheita da cana-de-
-açúcar tem sido induzida também pela legislação ambiental,
que proíbe a realização de queimadas em áreas próximas aos 6. Antes, eram apenas as grandes cidades que se apresentavam
centros urbanos. Na região de Ribeirão Preto, principal polo su- como o império de técnica, objeto de modificações, suspensões,
croalcooleiro do país, a mecanização da colheita já é realizada acréscimos, cada vez mais sofisticadas e carregadas de artifício.
em 516 mil dos 1,3 milhão de hectares cultivados com cana-de- Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural. SANTOS, M.
-açúcar. BALSADI, O. et al. Transformações Tecnológicas e a A Natureza do Espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.
força de trabalho na agricultura brasileira no período de 1990- Considerando a transformação mencionada no texto, uma con-
2000. Revista de economia agrícola. V. 49 (1), 2002. sequência socioespacial que caracteriza o atual mundo rural
O texto aborda duas questões, uma ambiental e outra socioeco- brasileiro é
nômica, que integram o processo de modernização da produção (A) a redução do processo de concentração de terras.
canavieira. Em torno da associação entre elas, uma mudança (B) o aumento do aproveitamento de solos menos férteis.
decorrente desse processo é a (C) a ampliação do isolamento do espaço rural.
(A) perda de nutrientes do solo devido à utilização constante de (D) a estagnação da fronteira agrícola do pais.
máquinas. (E) a diminuição do nível de emprego formal.
(B) eficiência e racionalidade no plantio com maior produtivi-
dade na colheita. 7. A maioria das pessoas daqui era do campo. Vila Maria é hoje
(C) ampliação da oferta de empregos nesse tipo de ambiente exportadora de trabalhadores. Empresários de Primavera do
produtivo. Leste, Estado de Mato Grosso, procuram o bairro de Vila Maria
(D) menor compactação do solo pelo uso de maquinário agrí- para conseguir mão de obra. É gente indo distante daqui 300,
cola de porte. 400 quilômetros para ir trabalhar, para ganhar sete conto por
(E) poluição do ar pelo consumo de combustíveis fósseis pelas dia. (Carlito, 43 anos, maranhense, entrevistado em 22/03/98).
máquinas.) o lucro obtido com o seu comércio ser muito van- Ribeiro, H. S. O migrante e a cidade: dilemas e conflitos. Arara-
tajoso. quara: Wunderlich, 2001 (adaptado).
O texto retrata um fenômeno vivenciado pela agricultura brasi-
4. O Centro-Oeste apresentou-se como extremamente receptivo leira nas últimas décadas do século XX, consequência
aos novos fenômenos da urbanização, já que era praticamen-
te virgem, não possuindo infraestrutura de monta, nem outros (A) dos impactos sociais da modernização da agricultura.
investimentos fixos vindos do passado. Pôde, assim, receber (B) da recomposição dos salários do trabalhador rural.
uma infraestrutura nova, totalmente a serviço de uma economia (C) da exigência de qualificação do trabalhador rural.
moderna. SANTOS, M. A Urbanização Brasileira. São Paulo: (D) da diminuição da importância da agricultura.
EdUSP, 2005 (adaptado). (E) dos processos de desvalorização de áreas rurais.
O texto trata da ocupação de uma parcela do território brasilei-
ro. O processo econômico diretamente associado a essa ocupa- 8. Coube aos Xavante e aos Timbira, povos indígenas do Cer-
Extensivo 69
OLIVEIRA, A. U. A longa marcha do campesinato brasileiro: áreas rurais no Brasil, conclui-se que
movimentos sociais, conflitos e reforma agrária. Revista Estu- (A) imóveis improdutivos são predominantes em relação às
dos Avançados. Vol. 15 n. 43, São Paulo, set./dez. 2001. demais formas de ocupação da terra no âmbito nacional e na
Com base nas informações do mapa acerca dos conflitos pela maioria das regiões.
posse de terra no Brasil, a região (B) o índice de 63,8% de imóveis improdutivos demonstra que
(A) conhecida historicamente como das Missões Jesuíticas é a grande parte do solo brasileiro é de baixa fertilidade, impróprio
de maior violência. para a atividade agrícola.
(B) do Bico do Papagaio apresenta os números mais expressi- (C) o percentual de imóveis improdutivos iguala-se ao de imó-
vos. veis produtivos somados aos minifúndios, o que justifica a exis-
(C) conhecida como oeste baiano tem o maior número de mor- tência de conflitos por terra.
tes. (D) a região Norte apresenta o segundo menor percentual de
(D) do norte do Mato Grosso, área de expansão da agricultura imóveis produtivos, possivelmente em razão da presença de
mecanizada, é a mais violenta do país. densa cobertura florestal, protegida por legislação ambiental.
(E) da Zona da Mata mineira teve o maior registro de mortes. (E) a região Centro-Oeste apresenta o menor percentual de área
ocupada por minifúndios, o que inviabiliza políticas de reforma
13. Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram liber- agrária nesta região.
tados de fazendas onde trabalhavam como se fossem escravos.
O governo criou uma lista em que ficaram expostos os nomes 15. Observe a imagem e responda:
dos fazendeiros flagrados pela fiscalização. No Norte, Nordes-
te e Centro-Oeste, regiões que mais sofrem com a fraqueza do
poder público, o bloqueio dos canais de financiamento agrícola
para tais fazendeiros tem sido a principal arma de combate a
esse problema, mas os governos ainda sofrem com a falta de in-
formações, provocada pelas distâncias e pelo poder intimidador
dos proprietários. Organizações não governamentais e grupos
como a Pastoral da Terra têm agido corajosamente acionando as
autoridades públicas e ministrando aulas sobre direitos sociais
e trabalhistas. “Plano Nacional para Erradicação do Trabalho
Escravo”. Disponível em: http://www.mte.gov.br. Acesso em:
17 mar. 2009 (adaptado).
Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos de defesa
dos direitos humanos tem sido fundamental, porque eles
(A) negociam com os fazendeiros o reajuste dos honorários e a
redução da carga horária de trabalho. O esquema representa um processo de erosão em encosta. Que
(B) defendem os direitos dos consumidores junto aos armazéns prática realizada por um agricultor pode resultar em aceleração
e mercados das fazendas e carvoarias. desse processo?
(C) substituem as autoridades policiais e jurídicas na resolução (A) Plantio direto.
dos conflitos entre patrões e empregados. (B) Associação de culturas.
(D) encaminham denúncias ao Ministério Público e promovem (C) Implantação de curvas de nível.
ações de conscientização dos trabalhadores. (D) Aração do solo, do topo ao vale.
(E) fortalecem a administração pública ao ministrarem aulas aos (E) Terraceamento na propriedade.
seus servidores.
MÓDULOS 7 E 8: HIDROGRAFIA importância no cotidiano das pessoas, pois possui diversas fun-
cionalidades, sejam estas atribuídas pela sociedade ou caracte-
O ramo da ciência geográfica dedicado a estudar as rísticas próprias da água. Dentre os principais usos sociais dos
condições de existência e a disposição da água no planeta é a recursos hídricos, é possível identificar alguns: o abastecimento
hidrografia. A água existente nos diferentes ambientes como os humano (dessedentação humana, limpeza doméstica, limpeza
mares, oceanos, rios, geleiras, atmosfera, lagos dentre outros é de vias públicas); para fins de irrigação; para a pecuária (des-
objeto de estudo da hidrografia. É reconhecida a importância sedentação de animais); para a produção de energia; para utili-
vital deste elemento natural que, através de sua dinâmica, auxi- zação industrial (produção, resfriamento, liberação de rejeitos);
lia na manutenção das condições ambientais do planeta, que não pesca; lazer e navegação.
são estáticas e se transformam continuamente. De acordo com Considerando as características da água, esta auxilia
Guerra (2003), a hidrografia é a parte da Geografia Física que no(a): regulação térmica; produtividade agrícola; transporte
estuda as águas correntes, águas paradas, águas oceânicas e as de pessoas, animais, mercadorias. (por viabilizar que meios de
águas subterrâneas. transporte possam fluir em sua extensão).
A radiação solar é o motor inicial que permite uma tro- Como a água se apresenta nas mais diversas maneiras em am-
ca ininterrupta da água no conjunto da hidrosfera. Esta permuta bientes igualmente diversificados, há uma divisão para o estudo
contínua é conhecida como ciclo da água ou ciclo hidrológico, aprofundado de cada um destes ambientes.
que sinteticamente pode ser definido como o processo no qual
a água, a partir da transferência de energia, muda de estado e 1. OCEANOGRAFIA
se movimenta na atmosfera, superfície, em ambientes subterrâ-
neos, nas plantas, nos animais e na sociedade em seus estados Este ramo da ciência estuda os oceanos. Estes podem
gasoso, líquido ou sólido. ser considerados como imensas porções de água salgada sobre a
Isto significa que a água está inserida em diversos litosfera. Sobre a classificação da água com relação à quantida-
espaços, mas não permanece em repouso, pois ela pode ser de de sais, observe o quadro a seguir:
transportada entre estes ambientes. Os principais processos de
transferência da água no planeta são: evaporação, precipitação e
escoamento.
Figura 27: Oceanos e mares. Os mares executam diversos movimentos que podem
interferir no relevo litorâneo. A erosão marinha remodela cons-
Oceano Atlântico: segundo maior oceano do mundo, tantemente, através do trabalho erosivo, os ambientes costeiros
possui importância econômico-financeira acentuada, pois é a devido à ação das correntes marítimas e dos fluxos de marés.
menor distância entre as grande potencias mundiais (EUA e os O movimento das águas do mar sobre o litoral dos con-
países da Europa). É dividido pela dorsal meso-atlântica que é tinentes e ilhas devido às forças gravitacionais é chamado de
uma cadeia de montanhas submersas. As correntes marítimas maré. O fenômeno do vaivém das águas causado pela ação dos
que perpassam a extensão do oceano no hemisfério norte são: ventos em movimento oscilatórios é chamado de onda. Estas
Norte-Equatoriais, das Canárias e do Golfo; e, no hemisfério podem modelar o relevo de forma lenta ou através de eventos
Sul: corrente do Brasil, de Benguela e a Sul-Equatorial. catastróficos como os tsunamis que são causados por distúrbios
Oceano Pacífico: é o maior oceano e ocupa uma área sísmicos em áreas oceânicas. Quando eles acontecem, promo-
superior ao total das terras emersas do globo. Também é o que vem um acentuado deslocamento de volume de água. Durante a
apresenta as maiores profundidades, sendo a Fossa das Maria- ocorrência deste evento, as ondas podem alcançar mais 160km
nas (11.033m) a mais profunda do planeta. Banha toda a costa de extensão em alto-mar e se propagar a uma velocidade de 800
ocidental do continente americano. Devido a sua extensão, o km/h em direção à costa o que lhe confere um elevado poder de
Oceano Pacífico é o menos influenciado pelas massas de ar con- destruição das zonas litorâneas e também continentais.
tinentais. Para alguns estudiosos, o oceano glacial Antár tico faz
par te deste oceano. 2. ÁGUAS CONTINENTAIS
Oceano Índico: dos principais, é o menor oceano. A
importância econômico-financeira ocorre devido ao escoamen- As águas que ocorrem nas superfícies continentais são
to das embarcações petroleiras, já que o Golfo Pérsico (área de divididas segundo estes principais tipos: lagos, lagoas, rios,
maior extração petrolífera do mundo) está situado neste oceano. aquíferos, geleiras dentre outras. Na sequência, é possível ob-
Possui a média térmica mais elevada quando comparado com servar a diferença de cada uma destas disposições das águas
os outros oceanos. Isto ocorre devido à maior concentração de continentais.
sua extensão na faixa equatorial, determinado também as mais
altas taxas de salinidade dentre os oceanos. É neste oceano que Águas Subterrâneas:
se origina o fenômeno das monções.
Quando ocorre a precipitação, acontecem dois proces-
1.1. RELEVO SUBMARINO sos que propiciam a formação de águas subterrâneas: infiltração
e escoamento sub-superficial. Ao infiltrar-se nos solos e nas ro-
Assim como nas superfícies emersas, o relevo submer- chas permeáveis, a água pode estacionar em aquíferos confina-
so possui diversas formações tais como montanhas, depressões. dos ou continuar a percorrer caminhos, originando os lençóis
De acordo com a profundidade, o relevo submarino está dividi- freáticos. O nível hidrostático ocorre quando a água se con-
do desta maneira: centra em um determinado nível de profundidade onde não está
sujeita à evaporação capilar.
Em alguns países, a água subterrânea é de suma impor-
tância para o abastecimento humano e para os demais fins. Pode
ser disponibilizada através de poços comuns ou artesianos.
O Brasil possui sob seu território parte da maior re-
serva subterrânea de água doce América do Sul, denominado
Aquífero Guarani. Este manancial está situado em local trans-
fronteiriço, pois sua extensão, além do Brasil, abrange partes do
território da Argentina, Uruguai e Paraguai. Desta forma, este
aquífero se tornou uma reserva estratégica e atualmente abaste-
ce 80% das cidades do centro-sul brasileiro.
Há a crença de que os aquíferos são apenas grandes
áreas de concentração contígua de água, porém estas se apre-
sentam compondo e preenchendo os poros de terrenos arenosos
ou de outra natureza. Mesmo possuindo elevada quantidade de
água doce, a maior parte das águas do Guarani é salobra, ou
seja, imprópria para o consumo humano se não tratadas devida-
Extensivo 73
formadas em áreas onde a queda de neve é superior ao degelo. ♦ Pluvial: São dependentes da regularidade e/ou intensidade
Estão distribuídas nas zonas polares e em áreas de elevada al- das precipitações pluviométricas No Brasil e na Bahia predo-
titude. Quando a temperatura se eleva, porções de gelo podem minam
se desgarrar e são direcionadas aos oceanos onde permanecem este tipo de regime. Ex: Rio São Francisco e Rio Paraguaçu.
flutuando, estas poções são denominadas de icebergs. De acordo ♦ Nival: Os rios deste tipo de regime são influenciados pelo
com Guerra (2003), os icebergs são blocos de gelo oriundos dos derretimento da neve das montanhas. Acontecem em áreas de
continentes glaciais (geleiras continentais). Estas massas de elevadas latitude ou altitude. Ex Rio Reno (Europa)
gelo flutuantes são carregadas pelas correntes marinhas e cons- ♦ Misto: Quando o período de cheia e vazante é influenciado
tituem grande perigo à navegação. A parte que fica emersa cor- por mais de um fenômeno seja este pluviométrico ou de derreti-
responde a uma pequena fração, apenas 1/10 do seu total. mento da neve. Ex: Rio Amazonas.
Lagos e Lagoas – são massas de água localizadas no interior
dos continentes. Quando essas massas possuem extensão menor 3.2. TIPOS DE RIOS
do que a dos lagos, estas são chamadas de lagoas. Estas podem
ser temporárias, ocorrendo apenas nos períodos de pluviosidade Os rios podem possuir algumas classificações. Estas
elevada, concentrando parcialmente a água dos processos de es- podem ocorrer de acordo com o tipo de relevo por qual sua água
coamento. Lagos de água salgada também são chamados de ma- escoa ou quanto à forma de escoamento. No quadro a seguir, é
res. Há diversas origens para a formação de lagos que podem ser possível observar esta distinção.
classificados em: vulcânicos, tectônicos, glaciais e represados.
♦ Lagos vulcânicos: são formados em crateras de vulcões ex-
tintos; normalmente apresentam elevada concentração de subs-
tâncias nocivas que impedem sua utilização.
3. ÁGUAS CORRENTES
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS:
A ineficiência da gestão dos recursos hídricos pode ser 2. O texto abaixo se refere à construção da barragem de Sobra-
observada em diversos países do mundo. A contaminação das dinho, no sertão nordestino:
águas correntes, subterrâneas prejudica o bem-estar das socie- “O homem chega e já desfaz a natureza tira gente, põe represa,
dades. Este prejuízo ocorre através das indústrias que liberam diz que tudo vai mudar (...) e passo a passo vai cumprindo a pro-
rejeitos nos rios, esgotos lançados sem o devido tratamento, ir- fecia do beato que dizia que o sertão ia alargar o sertão vai virar
rigação descontrolada. mar (...) Adeus, Remanso, Casa Nova, Santo Sé adeus, Pilão Ar-
Estes usos inadequados podem causar a escassez de cado, vem o rio te engolir debaixo d’água lá se vai a vida inteira
água potável, mas também ocasionam enfermidades. As doen- por cima da cachoeira o gaiola vai subir” (Sá e Guarabira)
ças de veiculação hídrica preocupam cada vez mais a sociedade.
Como exemplos destas doenças são possíveis citar: o Explique a importância dessa barragem para a expansão das ati-
cólera, a febre tifóide, hepatite A e a amebíase, dentre outras. vidades econômicas do Nordeste.
De acordo com Gonçalves (2004), o discurso da escassez de re-
cursos hídricos atualmente é proferido de forma errônea, sobre 3. “A terra atrai irresistivelmente o homem, arrebatando-o na
a ótica malthusiana, ou seja, se a população cresce, a demanda própria correnteza dos rios (..) do Iguaçu ao Tietê, traçando ori-
por água se eleva exponencialmente. E para contrapor está ideia ginalíssima rede hidrográfica (...) Rasgam facilmente aqueles
difundida, ela utiliza dados do Canadá onde, no período com- estratos em traçados uniformes, sem talvegues deprimidos e dão
preendido entre os anos de 1972 e 1991, enquanto a população ao conjunto dos terrenos (...) a feição de largos plainos ondula-
do Canadá cresceu 3% a demanda por água se elevou a 80%. dos, desmedidos”.
Em outros países menos desenvolvidos eco- Adapt. de Euclides da Cunha, Os Sertões.
nomicamente, onde a população também cresceu, a demanda Os termos sublinhados referem-se, respectivamente,
por água não teve uma elevação tão acentuada como no Canadá. (A) aos rios que correm de leste para oeste, devido à localização
Para ele, isto evidencia que os padrões de uso dos recursos hí- dos divisores de água; / à ausência de montanhas dobradas no
dricos praticados por países com padrão de vida estadunidense relevo brasileiro.
ou europeu cresceram bastante. (B) às Sete Quedas, que desapareceram com a construção de
No Brasil, o uso da água é maior na atividade agrícola Itaipu; / às margens largas das planícies sedimentares.
como é possível observar no quadro a seguir: (C) aos rios que correm de leste para oeste, devido à localização
dos divisores de água; / à linha de maior profundidade no leito
fluvial.
(D) às Sete Quedas, que desapareceram com a construção de
Itaipu; / à linha de maior profundidade no leito fluvial
76 Da Vinci Vestibulares
(E) aos rios de planalto que servem tanto para a navegação to de produção, capacitar e educar pessoas, entre outras ações.
como para gerar energia; / à ausência de montanhas dobradas (Adaptado. Ciência Hoje, volume 37, número 217, julho de
no relevo brasileiro. 2005)
Os diferentes pontos de vista sobre o megaprojeto de transpo-
4. Sendo, se diz, que minha terra representa o elevado reserva- sição das águas do Rio São Francisco quando confrontados in-
tório, a caixa-d’água, o coração branco, difluente, multivertente, dicam que
que desprende e deixa, para tantas direções, formadas em cau- (A) as perspectivas de sucesso dependem integralmente do de-
dais, as enormes vias - o São Francisco, o Paranaíba e o Grande senvolvimento tecnológico prévio da região do semi-árido nor-
que fazem o Paraná, o Jequitinhonha, o Doce, os afluentes para destino.
o Paraíba, e ainda, - e que, desde a meninice de seus olhos- (B) o desenvolvimento sustentado da região receptora com a
-d’água, da discrição de brejos e minadouros, e desses monteses implantação do megaprojeto independe de ações, sociais já
riachinhos com subterfúgios, Minas é a doadora plácida. existentes.
Sobre o que, em seu território, ela ajunta de tudo, os extremos, (C) o projeto deve limitar-se às infra-estruturas de transporte
delimita, aproxima, propõe transição, une ou mistura: no clima, de água e evitar induzir ou incentivar a gestão participativa dos
na flora, na fauna, nos costumes, na geografia, lá se dão encon- recursos hídricos.
tro, concordemente, as diferentes partes do Brasil. Seu orbe é (D) o projeto deve ir além do aumento de recursos hídricos e
uma pequena síntese, uma encruzilhada; pois Minas Gerais é remeter a um conjunto de ações para o desenvolvimento das
muitas. São pelo menos, várias Minas. (J.Guimarães Rosa, Ave regiões afetadas.
Palavra) (E) as perspectivas claras de insucesso do megaprojeto inviabi-
a) Por que o autor afirma que Minas Gerais é a “caixa d’água” lizam a sua aplicação, apesar da necessidade hídrica do semi-
e a “doadora plácida”? -árido.
O texto do professor Aziz Ab’Saber refere-se às contradições I Investir em mecanismos de reciclagem da água utilizada nos
sobre o projeto da processos industriais.
(A) utilização dos rios Jacuí e Guaíba na Campanha Gaúcha. II Investir em obras que viabilizem a transposição de águas de
(B) hidrovia Tietê-Paraná, que será importante escoadouro para mananciais adjacentes para os rios poluídos.
o Mercosul. III Implementar obras de saneamento básico e construir esta-
(C) implementação da hidrovia do rio Paraguai, alterando um ções de tratamento de esgotos.
dos maiores ecossistemas do mundo. E adequado o que se propõe
(D) transposição do rio São Francisco para o setor norte do Nor- (A) apenas em I.
deste Seco. (B) apenas em II.
(E) ocupação da área semi-árida do norte de Minas Gerais, onde (C) apenas em I e III.
os rios são a fonte de sobrevivência para a população ribeirinha. (D) apenas em II e III.
(E) em I, II e III.
10. Leia atentamente as afirmativas abaixo que se referem à
situação atual dos recursos hídricos no Brasil, no tocante aos 13. “Porque todos os córregos aqui são misteriosos — somem-
aspectos de distribuição, usos e impactos. -se solo a dentro, de repente, em fendas de calcário, viajando,
I. As regiões Sul, Sudeste e Nordeste respondem pelas maiores ora léguas, nos leitos subterrâneos, e apontando, muito adian-
demandas hídricas para irrigação, produção industrial e consu- te, num arroto ou numa cascata de rasgão....” João Guimarães
mo humano. Rosa, Sagarana, 2001.
II. As bacias Amazônica e Platina têm importante papel ecológi- Neste trecho, o autor
co, econômico e social, destacando-se como fundamentais para
o desenvolvimento do Brasil. (A) utiliza o sentido figurado para descrever como ocorre a
III. No Brasil, a baixa ocupação populacional das bacias hidro- infiltração das águas nos diversos tipos de rochas.
gráficas litorâneas gera, na área costeira, impactos negativos (B) utiliza-se da metáfora “córregos misteriosos” para retratar o
qualitativa e quantitativamente pouco significativos. desconhecimento dos cientistas a respeito dos rios subterrâneos.
Com base nas assertivas é correto afirmar que: (C) relata o turbilhão de águas superficiais, comum em áreas de
(A) apenas I é verdadeira. terrenos cristalinos e chuvas torrenciais.
(B) apenas II é verdadeira. (D) descreve uma situação inexistente de processos fluviais com
(C) apenas I e II são verdadeiras. a intenção de utilizá-la como recurso literário.
(D) apenas I e III são verdadeiras. (E) descreve, em linguagem literária, como é o comportamento
(E) apenas II e III são verdadeiras. de águas subterrâneas e superficiais em rochas calcárias.
11. O rio Tietê desempenhou, ao longo da história da cidade de 14. A proposta do Ministério da Integração Nacional é “Equili-
São Paulo, um papel importante sob vários aspectos. brar as oportunidades para a população residente na região se-
Sobre suas características e história leia as seguintes afirmati- miárida, com água doce [...]. Promover a população de sua área
vas: de influência direta, nos Estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande
do Norte e Pernambuco de fontes hídricas mais seguras para o
I. O rio Tietê nasce em Salesópolis, na Serra do Mar, e segue em 18 | Projeto Medicina – www.projetomedicina.com.br abasteci-
direção ao interior do estado de São Paulo, desaguando no lago mento público e produção de alimentos, especialmente nas vár-
formado pela barragem de Jupiá no rio Paraná. zeas fluviais próximas, ocupadas com a pequena produção agrí-
II. Ao longo do rio Tietê foram construídas muitas barragens cola”. Ministério da Integração Nacional, Site, www.mi.gov.br
para aproveitamento hidrelétrico. A Light construiu sua primei- O fragmento do texto refere-se:
ra usina hidrelétrica no rio, na altura da cidade de Santana do (A) Ao plano de desenvolvimento da SUDENE.
Parnaíba, em 1901. (B) Ao aumento dos perímetros irrigados no Rio São Francisco.
III. Em várias barragens, ao longo do rio Tietê, foram imple- (C) À política implementada pelo MST.
mentados sistemas de eclusas. A hidrovia Tietê- Paraná permite (D) À transposição das águas do Rio São Francisco.
a navegação desde a cidade de Santana do Parnaíba até a barra- (E) Ao plano de ação do INCRA.
gem de Jupiá.
(A) As afirmativas I e III estão corretas. GABARITO:
(B) Nenhuma das afirmativas está correta.
(C) Todas as afirmativas estão corretas. MÓDULOS 1 E 2:
(D) As afirmativas I e II estão corretas.
(E) As afirmativas II e III estão corretas. 1.B/C
2.E
12. A situação atual das bacias hidrográficas de São Paulo tem 3.A
sido alvo de preocupações ambientais: a demanda hídrica e 4.D
maior que a oferta de água e ocorre excesso de poluição indus- 5.C
trial e residencial. Um dos casos mais graves de poluição da 6a.O movimento de rotação da Terra ocorre no sentido Oeste-
água e o da bacia do alto Tiete, onde se localiza a região me- -Leste, o que significa dizer que as horas estão atrasadas a Oeste
tropolitana de São Paulo. Os rios Tiete e Pinheiros estão muito e adiantadas a Leste, tomando-se por referência o fuso inicial
poluídos, o que compromete o uso da água pela população. (GMT). No meio desse fuso,encontra-se o meridiano de Gre-
Avalie se as ações apresentadas abaixo são adequadas para se enwich, que por convenção é o marco zero grau de longitude. O
reduzir a poluição desses rios. meridiano oposto ao de Greenwich, que está a 180º, tornou-se,
78 Da Vinci Vestibulares
por referência o fuso inicial (GMT). No meio desse ções vulcânicas. O Brasil, ao contrário, localiza-se no meio da
fuso,encontra-se o meridiano de Greenwich, que por convenção Placa Sul-americana, zona de relativa estabilidade.
é o marco zero grau de longitude. O meridiano oposto ao de 1b. Os vulcões podem expelir magma bastante ácido, com ele-
Greenwich, que está a 180º, tornou-se, também por convenção, vada percentagem de sílica e com solidificação rápida (pouco
a Linha Internacional de Data (LID). Ao atravessar a LID, no fluida), o que leva à obstrução de suas chaminés e
sentido Oeste, o viajante volta para o dia anterior. No sentido os torna explosivos, como o Krakatoa. Ao contrário, os vulcões
contrário, ele entra no dia seguinte. Assim, os marinheiros que como o Kilauea têm magma básico, com pouca sílica, o que
viajavam da América para a Ásia, atravessando a LID, estavam permite que a lava escorra rapidamente e se espalhe, criando
se deslocando no sentido contrário ao da rotação terrestre, e vulcões mais baixos e menos explosivos.
conseqüentemente eles voltavam ao dia anterior, tendo já vivido 2.D
um dia a mais do que os viajantes do Daphne. 3a. Os terremotos são ocasionados pelo movimento das placas
6b. Pressupõe-se que o navio está ancorado na ilha, mas separa- tectônicas, que geram atritos nas suas zonas de contato, promo-
do dela pela LID. Dessa forma, na ilha é meia-noite da quinta- vendo o acúmulo lento de tensões, que são liberadas rapidamen-
-feira (24h00), e no navio, situado a Leste dela, após a LID, já é te em certos instantes.
zero hora da sexta-feira (na verdade, dizer que é meia-noite da 3b. A escala Richter mede a magnitude do terremoto pela ener-
sexta-feira, como no enunciado, está errado). gia liberada. Já a escala de Mercali classifica a intensidade do
6c. O avião chegara no aeroporto internacional de Viracopos às tremor, conforme os efeitos por ele causados.
4h00 do dia 22 de novembro de 2004. O cálculo a ser feito é o 3c. As placas tectônicas têm bordas convergentes e divergentes.
seguinte: quando o avião sai de Rio Branco (AC), em Viracopos Nos limites convergentes, as placas colidem com a mais densa
(SP) já são 23h00, já que esse aeroporto está dois fusos a Leste sofrendo subducção (afundamento) e a outra se sobrepondo. Já
do Acre. Contando-se 5 horas a partir desse instante, chega-se nos limites divergentes, as placas
ao resultado.Vale destacar que se a banca considerar o horário afastam-se, gerando aberturas que levam à formação de novas
de verão haverá uma hora a mais no horário de Viracopos, ou porções da crosta.
seja, o avião aterrizaria às 5h00. 4.B
7.C 5.D
8.E 6.B
9.E 7a. As rochas sedimentares e as magmáticas diferenciam-se tan-
10.A to pelo processo de formação quanto por suas características
11.C físicas. As rochas Magmáticas formaram-se pela solidificação
12.B do magma no interior da crosta (intrusivas ou ígneas) ou no
13.C exterior (extrusivas ou vulcânicas). Também são denominadas
14.B rochas cristalinas. As rochas sedimentares formaram-se a partir
15.C da compactação e cimentação de sedimentos provenientes de
rochas preexistentes que sofreram ação dos agentes do intem-
MÓDULOS 3 E 4: perismo. São menos resistentes e, dependendo da origem dos
sedimentos que as formaram, originam estratos de diferentes
1.A
colorações ou até mesmo característica combustível.
2.A
7b. As rochas Metamórficas resultam da transformação de ro-
3.C
chas preexistentes. Essas, ao passarem por determinados pro-
4.C
cessos geológicos (responsáveis pelo aumento de pressão e tem-
5.B
peratura dessas rochas, sem que os minerais que as compõem
6.B
atinjam o ponto de fusão), transformam-se em novas rochas,
7.E
com arranjos estruturais diferenciados das originais.
8.E
7c. Entre o período Jurrássico e o Cretáceo ocorreu, devido à
9.B
tectônica de placas, o desmantelamento da Pangea, com a se-
10.A
paração da América do Sul da África e a formação do Oceano
11a.As maiores jazidas da Vale localizam-se na Serra dos Cara-
Atlântico Sul. Esse processo originou inúmeras alterações no
jás, no estado do Pará e no Quadrilátero Ferrífero, no estado de
relevo do atual território brasileiro. Dentre elas destaca-se o
Minas Gerais.
significativo derrame de magma ocorrido na Bacia do Paraná
11b.A exportação de minério de ferro da Vale se dá a partir da
(devido a falhamentos profundos na crosta, decorrentes de mo-
Estrada de Ferro Carajás até o porto de Itaqui (MA), e da Estra-
vimentos epirogenéticos), e a formação de diques de diabásio,
da de Ferro Vitória-Minas até o porto de Tubarão (Vitória-ES).
que correspondem à consolidação do magma dentro das falhas,
12.D
após os derrames.
13.D
8a. Temos a representação do Planalto Ocidental Paulista (A) e
14.B
da Depressão Periférica (B).
8b. A Província Costeira corresponde à planície litorânea e
MÓDULO 5:
ao Vale do Ribeira do Iguape, de formação sedimentar. A
zona das cuestas é uma formação de transição caracteriza-
1a. O sudeste da Ásia localiza-se na região de contato da Placa
da pela presença de importantes costões íngremes, onde se
Indiana com a Placa do Pacífico. O atrito entre essas placas ori-
verifica a sobreposição de camadas areníticas e basálticas.
gina uma zona de alta instabilidade onde
8c. As rochas dominantes no Planalto Atlântico são
ocorrem numerosos e intensos terremotos, maremotos e erup-
Extensivo 79
MÓDULO 6:
1.A
2.E
3.B
4.C
5.B
6.B
7.A
8.A
9.C
10.B
11.C
12.B
13.E
14.A
15.D
MÓDULOS 7 E 8:
1.A
2.A barragem de Sobradinho, além de servir para gerar eletrici-
dade, regularizar a vazão do rio São Francisco, também serve
para suprir projetos de irrigação no sertão nordestino.
3.C
4.Porque em Minas Gerais encontramos o centro dispersor de
80 Da Vinci Vestibulares
Extensivo 81
QUÍMICA
82 Da Vinci Vestibulares
1.3.4. Pressão
1.3.5. Densidade
1.3.3. Temperatura
3.2. Outras
4.1.1. Ponto de Fusão e Ponto de Ebulição Figura 6: Gráfico de aquecimento de uma mistura.
5.2. Quanto ao número de átomos Figura 8: Representação dos sistemas homogêneos e heterogêneos
IMPORTANTE:
Alguns elementos químicos possuem a ca-
pacidade de se apresentarem em formas diferen-
tes, cada uma delas com propriedades químicas
Nas fórmulas das substâncias existem índices, abaixo e e físicas diferentes e específicas, como acontece
à direita do símbolo de cada elemento químico, que informam a com o Oxigênio e o Ozônio, por exemplo, além do
quantidade de átomos dos elementos que entram na composição Carbono, na forma de diamante, grafite e fulereno,
de cada molécula da substância. Dizemos que o índice expressa etc. Este fenômeno se chama alotropia e a figura 9
a atomicidade da substância. mostra alguns exemplos.
Podemos, então, dizer que: o gás oxigênio (O2) é uma
substância simples diatômica, pois cada uma de suas moléculas
é formada por dois átomos iguais de oxigênio. O ozônio (O3)
Extensivo 87
6.1. Decantação
Processo utilizado para separar dois tipos de misturas hetero- Figura 10: Sistema de decantação.
gêneas.
6.2. Centrifugação
a) Líquido e sólido
É uma maneira de acelerar o processo de decantação
Exemplo: areia em água - deixa-se repousar a mistura durante envolvendo sólidos e líquidos, realizada num aparelho denomi-
algum tempo para que se deposite o sólido, e depois se transfere nado centrífuga. Na centrífuga, devido ao movimento de rota-
com cuidado o líquido para outro recipiente. ção, as partículas de maior densidade, por inércia, são arremes-
Esse processo permite fazer uma separação grosseira, sadas para o fundo do tubo.
pois as partículas menores do sólido podem ficar ainda em sus-
pensão
no líquido.
b) Líquido e líquido
6.3. Filtração
Figura 14: Sistema de destilação simples.
É utilizada para separar substâncias presentes em mis-
turas heterogêneas envolvendo sólidos e líquidos ou de gases Na destilação fracionada, são separados líquidos mis-
com partículas sólidas em suspensão. Passa-se a mistura por um cíveis cujas temperaturas de ebulição (TE) não sejam muito
material poroso, como papel de filtro, porcelana etc, que deixa próximas. Durante o aquecimento da mistura, é separado, ini-
passar a fase líquida ou a gasosa e retém as partículas sólidas. cialmente, o líquido de menor TE; depois, o líquido com TE in-
A filtração que envolve mistura de gás e sólido pode ser feita termediária, e assim sucessivamente, até o líquido de maior TE.
mediante o uso de aspirador de pó. À aparelhagem da destilação simples é acoplada uma coluna de
fracionamento. Conhecendo-se a TE de cada líquido, pode-se
saber pela temperatura indicada no termômetro, qual deles está
sendo destilado.
I. manter a água em repouso por um tempo adequado, para a 6. As provas de natação da Olimpíada de Beijing foram reali-
deposição, no fundo do recipiente, do material em suspensão zadas no complexo aquático denominado “Water Cube”. O vo-
mecânica. lume de água de 16.000m3 desse conjunto passa por um duplo
II. remoção das partículas menores, em suspensão, não separá- sistema de filtração e recebe um tratamento de desinfecção, o
veis pelo processo descrito na etapa I. que permite a recuperação quase total da água. Além disso, um
III. evaporação e condensação da água, para diminuição da con- sistema de ventilação permite a eliminação de traços de aromas
centração de sais (no caso de água salobra ou do mar). das superfícies aquáticas.
Neste caso, pode ser necessária a adição de quantidade conve- a) O texto acima relata um processo de separação de misturas.
niente de sais minerais após o processo. Dê o nome desse processo e explique que tipo de mistura ele
Às etapas I, II e III correspondem, respectivamente, os proces- permite separar.
sos de separação denominados
(A) filtração, decantação e dissolução. b) A desinfecção da água é realizada por sete máquinas que
(B) destilação, filtração e decantação. transformam o gás oxigênio puro em ozônio. Cada máquina é
(C) decantação, filtração e dissolução. capaz de produzir cerca de 240 g de ozônio por hora. Conside-
(D) decantação, filtração e destilação. rando-se essas informações, qual a massa de gás oxigênio con-
(E) filtração, destilação e dissolução. sumida por hora no tratamento da água do
complexo?
3. Uma das formas utilizadas na adulteração da gasolina con-
siste em adicionar a este combustível solventes orgânicos que 7. Pode-se imaginar que o ser humano tenha pintado o próprio
formem misturas homogêneas, como o álcool combustível. corpo com cores e formas, procurando imitar os animais multi-
Considere os seguintes coloridos e assim adquirir as suas qualidades: a rapidez da gaze-
sistemas, constituídos por quantidades iguais de: la; a força do tigre; a leveza das aves... A pintura corporal é ain-
1 — gás oxigênio, gás carbônico e gás argônio; da muito usada entre os índios brasileiros. Os desenhos, as cores
2 — água líquida, clorofórmio e sulfato de cálcio; e as suas combinações estão relacionados com solenidades ou
3 — n-heptano, benzeno e gasolina; com atividades a serem realizadas. Para obter um corante ver-
melho, com o que pintam o corpo, os índios brasileiros trituram
todos nas condições normais de temperatura e pressão. sementes de urucum, fervendo esse pó com água. A cor preta é
a) Indique o número de fases dos sistemas 1, 2 e 3 e classifique- obtida da fruta jenipapo ivá. O suco que dela é obtido é quase
-os como sistema homogêneo ou heterogêneo. incolor, mas depois de esfregado no corpo, em contato com
o ar, começa a escurecer até ficar preto.
a) No caso do urucum, como se denomina o processo de obten-
b) Se fosse adicionado querosene ao sistema 3, quantas fases ção do corante usando água?
este apresentaria? Justifique sua resposta.
b) Cite dois motivos que justifiquem o uso de água quente em
4. O magnésio pode ser obtido da água do mar. A etapa inicial lugar de água fria no processo extrativo do corante vermelho.
deste processo envolve o tratamento da água do mar com óxido
de cálcio. Nesta etapa, o magnésio é precipitado na forma de: c) Algum dos processos de pintura corporal, citados no texto,
(A) MgCl2. envolve uma transformação química? Responda sim ou não e
(B) Mg(OH)2. justifique.
(C) MgO.
(D) MgSO4.
(E) Mg metálico
90 Da Vinci Vestibulares
John Dalton é merecidamente considerado o autor do
primeiro modelo atômico “científico”. A princípio o seu concei-
to não é muito diferente do modelo grego, todavia ele se baseou
em fatos experimentais para construí-lo, e enunciou postulados
que se confirmaram úteis para explicar alguns fenômenos natu-
rais amplamente conhecidos, como a conservação da massa (Lei
de Lavoisier), por exemplo. Segundo Dalton os átomos eram (1)
pequenas partículas indestrutíveis, extremamente pequenas e
eram os constituintes de toda espécie de matéria. (2) Os átomos Figura 16: Tubo de raios catódicos
de um dado elemento químico eram idênticos em todas as suas
propriedades, inclusive a massa. (3) Uma substância na verdade
é o resultado da combinação de alguns átomos de dois ou mais
elementos unidos numa proporção definida e (4) numa reação
química o que de fato ocorre é uma redistribuição destes átomos
em proporções diferentes.
Como podemos observar Dalton utiliza nos postulados
3 e 4 a “Lei da Proporção Definida” de Proust e a “Lei da Con-
servação da Massa” de Lavoisier, respectivamente, para nortear
o seu modelo atômico, fato que garante até hoje a utilidade deste
modelo. Não é por acaso que sempre que fazemos um balanço
de massa numa equação química (normalmente para efetuarmos
cálculos estequiométricos) estamos utilizando o modelo atômi-
co de Dalton. Figura 17: Representação do experimento em tubos de raios ca-
tódicos.
92 Da Vinci Vestibulares
A partir de uma dada pressão surgia uma luminosidade Como pudemos perceber, até aqui o modelo atômico
difusa no interior do cilindro de vidro que se transformava em para a estrutura da matéria está diretamente relacionado com
um raio luminoso quando a pressão do gás confinado no reci- o contexto histórico-científico do período em que foi desen-
piente atingia valores ainda menores. Como o raio surgia no volvido. Isto é um fato corriqueiro em ciência, principalmente
pólo negativo (cátodo) e se dirigia ao pólo positivo, a ampola de quando falamos de modelos teóricos. No fim das contas estamos
Crookes ficou conhecida como “tubo de raios catódicos”, sen- tentando descobrir a estrutura de algo que nunca vimos de fato
do ainda hoje empregado em lâmpadas fluorescentes e tubos de e tudo o que nos resta é testar a eficiência do modelo explicando
imagens de televisores convencionais. os fenômenos já observados e prevendo outros que ainda não o
Após uma série de experimentos Thompson percebeu foram.
que os tais raios apresentavam propriedades de partículas eletri- O modelo de Thompson infelizmente não previa os
camente carregadas. Por exemplo, os raios viajavam em linha fenômenos radioativos descobertos acidentalmente por Henri
reta, mas eram desviados por campos elétricos e magnéticos, Becquerel em 1895, nem os resultados do clássico experimento
produziam sombras bem definidas e ao se colocar uma peque- de Ernest Rutherford usando partículas α incidentes sobre uma
na ventoinha no caminho do raio esta se movimentava quando fina lâmina de ouro.
o dispositivo era acionado, sugerindo claramente que além de A Figura 19 mostra o experimento de Rutherford.
apresentar carga elétrica (negativa) os raios deveriam ser forma- Como podemos perceber as partículas α se chocam em movi-
dos por pequenas partículas capazes de transferir energia numa mento retilíneo com a fina Lâmina e são detectadas por um fil-
colisão com um anteparo como a ventoinha. me fluorescente.
Figura 18: Representação do átomo de Thompson Figura 19: Representação do experimento de Rutherford
Obviamente as que passaram em linha reta não haviam Se ficassem parados perto do núcleo eles seriam atra-
encontrado tal obstáculo, e como este grupo era a grande maio- ídos e fatalmente provocariam o colapso do átomo quando se
ria, Rutherford concluiu que o átomo era na verdade um gran- chocassem contra ele. A possibilidade de estarem em movimen-
de espaço vazio, no centro deste espaço se encontrava uma re- to também foi descartada pelas teorias do eletromagnetismo.
gião muito pequena, mas de elevada massa e de carga positiva. Segundo James Klerk Maxwell, se o elétron girasse em
Em 1912, pela primeira vez, Rutherford usou a palavra núcleo torno do núcleo ele seria obrigado a se manter em constante
quando se referiu a esta parte do átomo. aceleração por causa da atração eletrostática, o que provocaria
uma perda contínua de energia potencial fazendo-o descrever
Observações e conclusões de Rutherford uma órbita em espiral na direção do núcleo.
O resultado seria o mesmo da hipótese anterior. Assim
o modelo de Rutherford permaneceu “inacabado” até que um
dos seus alunos propôs uma solução um tanto revolucionária.
Com base no trabalho de Max Planck, que pela primei- 2. ARRANJO GENÉRICO DE PARTÍCULAS SUBATÔ-
ra vez levantou a hipótese que a energia era transferida entre os MICAS
corpos em quantidades discretas, ou pequenos pacotes chama-
dos de quantum (ou no plural, quanta), Bohr desenvolveu um O modelo conhecido como de Rutherford-Bohr não é o
modelo matemático que explicava satisfatoriamente a estrutura mais moderno, mas definiu a estrutura básica do átomo e ainda
eletrônica dos átomos, em outras palavras Bohr começou a res- hoje nos ajuda a explicar com certa simplicidade um sem núme-
ponder à pergunta: “Afinal, onde estão os elétrons dentro do ro de fenômenos e propriedades relacionadas à matéria.
átomo?”. Segundo o modelo até aqui apresentado o átomo se di-
O modelo eletrônico de Bohr consistia em dividir a vide em duas partes: o núcleo e a eletrosfera. Bohr contribuiu
eletrosfera, região do átomo na qual os elétrons estão localiza- definindo inicialmente que a eletrosfera estava dividida em ca-
dos, em camadas. Cada uma destas camadas apresentava uma madas nas quais os elétrons (partícula fundamental de carga elé-
quantidade de energia bem definida. Ao contrário do que pre- trica negativa) descreviam orbitas estáveis ao redor do núcleo.
viam as equações de Maxwell (lembra do gargalo do modelo de Sommerfeld acrescentou depois que estas órbitas deveriam ser
Rutherford?) os elétrons não podiam passear livremente entre as elípticas, fato que motivou a representação clássica do átomo
camadas, uma vez que a quantização da energia não permitia em filmes de ficção científica e histórias em quadrinhos, mas
que elétrons absorvessem ou liberassem qualquer quantidade que não se confirma pelos estudos mais recentes.
de energia. Para entender melhor a diferença entre o que dizia
Maxwell e o que Planck e Bohr acreditavam podemos fazer a
seguinte alegoria: No mundo macroscópico estudado pela física
clássica a energia se desloca em grandes quantidades subindo
ou descendo uma rampa, portanto, qualquer quantidade de ener-
gia pode ser trocada entre os corpos. Já no mundo microscópio
e invisível estudado pela nova física, a física quântica, a energia
se desloca em pequeníssimas quantidades subindo e descendo
uma escada. Como sabemos não é possível estar entre dois de-
graus da escada, ou estamos no degrau de baixo ou no de cima,
nunca entre eles. Para subir precisamos de energia, não qualquer
quantidade, mas exatamente a necessária para chegar ao próxi-
mo degrau. Assim espera-se que dentro de um corpo tão peque-
no quanto um átomo a energia só possa ser transferida em quan-
tidades discretas, os quanta de energia, do latim quantidade.
Para mudar de órbita, ou de camada, o elétron deveria
perder ou ganhar uma quantidade exata de energia, o quantum.
Desta forma ele garantia que o elétron tivesse uma órbita está-
vel. Ao invés de se deslocar em espiral em direção ao núcleo o
elétron permanecia girando na sua órbita por tempo indetermi- Figura 26: Representação clássica do átomo
nado. Quando recebia um quantum de energia ele avançava para
uma camada superior e para voltar à camada original deveria
liberar o mesmo quantum que recebeu. Era justamente neste Já o núcleo foi primeiramente descrito por Rutherford
momento que o átomo emitia luz (atualmente acreditamos que e concentra o próton (partícula fundamental muito pesada e de
esta luz também é emitida em pacotes, ou pequenas partículas carga positiva) e o nêutron (partícula fundamental muito pesada
luminosas chamadas fótons). e de carga elétrica nula), este último descoberto por Chadwick
um pouco depois.
Cada elemento pode ser identificado pelo seu número
de prótons, ou número atômico (Z), uma vez que este determina
a quantidade de elétrons no estado fundamental e conseqüente-
mente as suas propriedades químicas (lembre-se que a matéria
é normalmente neutra e, portanto o número de prótons deve ser
igual ao número de elétrons). Existem átomos de um mesmo
elemento que podem apresentar números de nêutrons diferen-
Figura 25: Emissão e absorção de energia pelo elétron, segundo tes, por exemplo, o hidrogênio tem apenas um próton e nenhum
Bohr nêutron, enquanto o Deutério tem um próton e um nêutron. Eles
devem ser considerados o mesmo elemento, pois têm a mesma
estrutura eletrônica, mas apresentam número de massa diferente
Bohr provou matematicamente que cada transição ele- por causa do peso extra provocado pelo nêutron do Deutério.
trônica estava relacionada com uma das linhas espectrais (a cor Este fenômeno se chama isotopia.
que podia ser vista no espectro atômico) e calculou todas essas A seguir você verá algumas outras informações impor-
linhas para o átomo de hidrogênio determinando as órbitas nas tantes sobre o átomo.
quais o seu único elétron poderia estar, tanto no estado funda-
mental (o estado de mais baixa energia) quanto os diversos es-
tados excitados possíveis.
Extensivo 95
Z = nº de prótons.
2.2. Semelhanças Atômicas
Como os átomos são sistemas eletricamente neutros, o
número de prótons é igual ao de elétrons. A maioria dos elementos químicos é constituída por
uma mistura de isótopos, os quais podem ser encontrados, na
Vejamos alguns exemplos: natureza, em proporção praticamente constante. Isótopos: são
átomos que apresentam o mesmo número atômico (Z), por per-
Cloro (Cl) Z = 17 prótons = 17, elétrons = 17. tencerem ao mesmo elemento químico, mas diferentes números
Sódio (Na) Z = 11 prótons = 11, elétrons = 11. de massa (A).
Número de massa (A): a soma do número de prótons (p) com o Veja abaixo alguns exemplos de isótopos:
número de nêutrons (n) presentes no núcleo de um átomo.
Isótopos mais comuns de alguns elementos
A=p+n
Vejamos abaixo alguns exemplos de radioisótopos utilizados A palavra latina quantum (no plural, quanta) significa
em Medicina. unidade mínima, indivisível e foi utilizada pela primeira vez por
Max Planck no ano de 1900 justamente quando este cientista
alemão propôs uma equação que se ajustava perfeitamente ao
espectro de emissão de um corpo negro. De forma simples po-
demos definir estes objetos como corpos que, quando aquecidos,
emitem luz. Inicialmente a luz é avermelhada, mas à medida
que a temperatura aumenta outras freqüências vão se somando
(no sentido do vermelho para o violeta) até que a luz emitida se
torna branca (a soma de todas as cores visíveis).
Você já deve ter observado isto num carvão em brasa
ou no filamento de uma lâmpada incandescente.
Infelizmente Planck não sabia como explicar os seus
resultados em bases teóricas, afinal, para chegar à sua famosa
Outro isótopo radioativo, o iodo-123, quando injetado equação ele considerou que havia nos objetos certas partículas
no organismo em pequenas quantidades, permite-nos obter ima- que absorviam e emitiam luz e que a energia envolvida neste
gens do cérebro. (Fonte: Usberco e Salvador, 2003). processo devia estar divida em quantidades mínimas, os quanta
de energia.
ESTRUTURA ATÔMICA DA MATÉRIA II A física normalmente admite que suas grandezas po-
dem ser contínuas, ou seja infinitamente divisíveis como o tem-
“Quanta, do latim, plural de quantum, po, ou descontínuas (discretas) como a carga elétrica. Para se ter
Quando quase não há idéia do significado da expressão quantum em física podemos
Quantidade que se medir, dizer que o elétron, por exemplo, é o quantum de eletricidade,
Qualidade que se expressar a unidade fundamental. O problema é que intuitivamente a físi-
Fragmento infinitésimo ca sempre acreditou que a energia era uma grandeza contínua,
Quase que apenas mental que podia ser infinitamente dividida em partes cada vez meno-
Quantum ondulado do mel res. Você mesmo deve pensar assim. O quantum de energia era,
Quantum granulado do sal...” portanto, um mero artifício matemático, forçado na teoria para
(trecho da música Quanta de Gilberto Gil) justificar os resultados.
A teoria começou a ganhar força em 1905, quando por
outros meios, o jovem Albert Einstein chegou à explicação para
1. INTRODUÇÃO (BREVE HISTÓRICO)
o efeito fotoelétrico utilizando o conceito de quantum de ener-
gia. O efeito fotoelétrico nada mais é do que o aparecimento
No final do século XIX três grandes mistérios ainda
de uma corrente elétrica na superfície de um metal polido e no
estavam por ser desvendados pela física: o espectro de emissão
vácuo quando exposto a uma fonte de luz. Einstein concluiu que
de um corpo negro, o efeito fotoelétrico e o espectro atômico
a própria luz era quantizada, dividida em pequenas partículas
de linhas. Maxwell chegou a declarar que antes de chegar o sé-
conhecidas atualmente como fótons.
culo XX estes fenômenos seriam explicados e os físicos teriam
alguns anos de tranqüilidade, sem muito com que se preocupar.
O fato é que a explicação para estes três fenômenos suscitou
uma verdadeira revolução nas ciências físicas. Uma revolução
quântica, por assim dizer.
Mesmo a contragosto do próprio Schrödinger as duas Apesar da palavra orbital ser uma homenagem ao mo-
escolas se fundiram dando origem ao que chamamos hoje de delo de Bohr, é importante observar que as órbitas de Bohr eram
Mecânica Ondulatória ou simplesmente Mecânica Quântica. bidimensionais, como se o elétron fosse um dos planetas giran-
Como você deve ter percebido o modelo mais avança- do ao redor do sol em nosso sistema solar. O orbital atômico, ao
do para o átomo não recebe o nome de nenhum autor em parti- contrário, é uma região tridimensional (o orbital s, por exemplo,
cular, como ocorreram com os anteriores. Isto é fruto da contri- não é um círculo, é uma esfera) na qual o elétron se encontra.
buição exaustiva de diversos cientistas, alguns muito famosos
outros nem tanto, sendo conseqüência do amadurecimentode 2.5. O Spin Eletrônico e a Regra de Pauli
ideias, conceitos e, claro, muita experimentação.
Se este modelo é definitivo não sabemos, mas até agora Além dos números quânticos derivados da equação de
ele tem funcionado bem e foi responsável por muitas inovações Schrödinger mais um número quântico é necessário para deter-
tecnológicas, como lasers, computadores, CDs e outros. O mais minar com o máximo de precisão possível a estrutura eletrônica
interessante é que a qualquer momento uma outra revolução de de um átomo. Este último número quântico surgiu da observa-
pensamentos e teorias pode acontecer, talvez motivada por um ção de linhas espectrais adicionais que surgiam quando o ele-
fenômeno sem importância que até agora ninguém conseguiu mento em estudo era submetido a um campo magnético e foi
explicar, e mudar tudo o que já sabemos sobre o nosso universo. chamado de Spin. Numa interpretação clássica o spin eletrônico
está relacionado à rotação do elétron.
2.4. Os Números Quânticos (n, m e l) Esse número quântico é utilizado para distinguir os
elétrons de um mesmo orbital. A um deles atribui-se arbitra-
Como já fomos informados cada número quântico é a riamente o valor +1/2 e ao outro, o valor –1/2. A representação
representação de uma solução da equação de Schrödinger e re- gráfica dos elétrons num mesmo orbital pode ser feita de duas
vela uma informação preciosa sobre a estrutura eletrônica dos maneiras:
átomos.
N= 1, 2, 3,..., +∞
Para a correta distribuição eletrônica você deve seguir 3. A ordem crescente de energia dos subníveis eletrônicos pode
as linhas em diagonal, como mostra a figura, obedecendo ao ser determinada pela soma do número quântico principal (n) ao
número máximo de elétrons que o orbital suporta indicado no número quântico secundário ou azimutal (l). Se a soma for a
índice superior ao símbolo do subnível. mesma, terá maior energia o mais afastado do núcleo (>n).Co-
Vejamos alguns exemplos de distribuição eletrônica locar em ordem crescente de energia os subníveis eletrônicos:
por ordem crescente de energia com a atribuição dos quatro nú- 4d 4f 5p 6s
meros quânticos ao elétron de maior energia.
4. Quais são os quatro números quânticos do último elétron re-
presentado, seguindo a regra de Hund, ao efetuar a representa-
ção gráfica de 9 elétrons no subnível 4f?
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES:
9. Quando o isótopo do hidrogênio,11H, cede um elétron, resul- número atômico desses metais,
ta numa espécie química constituída unicamente por (A) aumenta a energia de ionização.
(A) um nêutron. (B) diminui o número de oxidação.
(B) um próton. (C) diminui o caráter metálico.
(C) dois elétrons, igual ao He(Z=2). (D) aumenta a afinidade eletrônica.
(D) um próton e um elétron. (E) diminui a eletronegatividade.
(E) um próton, um elétron e um nêutron.
15. O átomo, na visão de Thomson, é constituído de
10. O desenvolvimento científico e (A) níveis e subníveis de energia.
tecnológico possibilitou a identificação de átomos dos (B) cargas positivas e negativas.
elementos químicos naturais e também possibilitou a (C) núcleo e eletrosfera.
síntese de átomos de elementos químicos não encontrados (D) grandes espaços vazios.
na superfície da Terra. (E) orbitais.
Indique, entre as alternativas abaixo, aquela que identifica o
átomo de um determinado elemento químico e o diferencia
de todos os outros.
(A) Massa atômica
(B) Número de elétrons
(C) Número atômico
(D) Número de nêutrons
1. PERIODICIDADE QUÍMICA
outro parâmetro melhor, já que na sua época estes conceitos aceitação do modelo de Bohr pela comunidade cientifica.
ainda não existiam e o núcleo, com seus prótons e nêutrons, se Hoje está claro que o número de prótons define o nú-
quer havia sido proposto. Não é por isto que a genialidade do mero de elétrons que um átomo deve ter no estado fundamental
físico russo deve ser questionada, muito pelo contrário, sem o (considerando que cada elétron negativo compensa a carga de
apoio de uma teoria atômica adequada ele foi capaz de prever um próton positivo mantendo o átomo eletricamente neutro),
com uma precisão admirável as propriedades de elementos que determinando conseqüentemente o número de elétrons que este
ainda não haviam sido descobertos. terá em sua camada de valência e suas propriedades químicas.
1.2.1. Estrutura Eletrônica e Periodicidade Química Tendências do aumento dos raios atômicos dos elementos
Uma vez que conhecemos a estrutura básica da tabela
e algumas das informações que podemos obter dela devemos
investigar com cuidado a relação da estrutura eletrônica da ca-
mada de valência com as propriedades dos elementos químicos.
Como já vimos estruturas semelhantes significam característi-
cas semelhantes, especialmente se estamos falando de elemen-
tos representativos.
A resposta é o valor do raio que você vai encontrar em Esta propriedade é, portanto uma grandeza absoluta,
tabelas de dados, incluindo algumas tabelas periódicas mais so- passível de ser medida experimentalmente. Muitas vezes con
fisticadas. Embora seja uma informação importante (serve como fundimos a EI com a tendência que um átomo tem de perder
parâmetro para um série de outras propriedades), infelizmente elétrons e isto é muito perigoso. Observe que a tendência de per-
este dado não é absoluto, isto é, se o elemento A tem um raio der elétrons é uma característica de apenas alguns elementos,
tabelado de 1,5 Angstrom e o elemento B de 1,0 Angstrom não notadamente os metais, enquanto que a EI é uma propriedade
é garantido que a distância entre eles, quando unidos por uma de todos os elementos químicos. A confusão vem justamente
ligação química, seja de 2,5 Angstrom, as forças de atração en- do fato de que quem tem baixa energia de ionização perde elé-
tre o núcleo e os elétrons de ligação tem papel predominante no trons com facilidade, por razões óbvias. O fato da EI ser baixa
resultado desta equação. significa necessariamente que uma quantidade relativamente
Com base nisto podemos afirmar que inicialmente pequena de energia é suficiente para retirar o elétron deste áto-
duas coisas influenciam no tamanho de um átomo. Uma é a for- mo. A correlação correta, portanto, deve ser elementos de baixa
ça com que o núcleo atrai os elétrons de valência, outra é o nú- EI têm tendência perder elétrons. Para prever a variação desta
mero de camadas que o átomo apresenta. Quanto maior a força propriedade na tabela periódica vamos aplicar um raciocínio se-
de atração do núcleo pelos elétrons mais externos mais estes melhante ao que usamos para o raio atômico. Se a atração do
elétrons se aproximam do próprio núcleo, reduzindo o tamanho núcleo pelo elétron é alta será necessária uma quantidade de
do átomo. Esta força normalmente aumenta à medida que mais energia igualmente alta para fazer este elétron sair da influência
prótons vão sendo acrescidos ao núcleo, desde que o número de do núcleo, logo, no período, a EI aumenta da esquerda para a
camadas permaneça constante. direita, ao contrário da variação do raio atômico.
No período, portanto, quando todos os elementos têm Semelhantemente, na família, a EI aumenta de baixo
o mesmo número de camadas, à medida que o número atômico para cima acompanhando a diminuição do número de camadas,
vai aumentando o raio diminui como conseqüência do aumento isto é, quanto mais próximo do núcleo maior a força de atração
da atração entre núcleo e elétrons de valência. Já na família, o e mais energia será demandada para a ejeção do elétron. Desde
aumento do número atômico vem acompanhado por um aumen- que haja energia suficiente todos os elétrons de um átomo po-
to no número de camadas. Os elétrons das camadas anteriores dem ser “arrancados”, no entanto a segunda EI será maior que a
bloqueiam a atração dos prótons que foram acrescentados ao primeira e assim sucessivamente.
núcleo e fazem a atração deste pelos elétrons mais externos di-
minuir provocando o aumento do raio.
Extensivo 105
1.2.1.3. Afinidade Eletrônica trons (por apresentarem alta AE) e esta por sua vez é marca dos
não-metais.
Ao contrário da EI a Energia de Afinidade Eletrônica No próximo capítulo discutiremos como estas pro-
(AE) é “a energia que um átomo isolado, no estado gasoso pre- priedades influenciam no tipo de ligação química que metais e
cisa liberar para conseguir estabilizar um elétron extra na sua não-metais estão habilitados a realizar e começaremos de fato a
eletrosfera”. compreender o mecanismo que gerencia os processos químicos.
b) Ponto de Fusão (PF) e Ponto de Ebulição (PE): Os pon- Figura 31: Materiais gerados por diferentes tipos de ligação
tos de fusão e ebulição são, respectivamente, as temperaturas (quartzo e aço)
nas quais o elemento passa do estado sólido para o líquido e
do estado líquido para o gasoso. Na família IA (alcalinos) e na Olhe ao seu redor e tente identificar os objetos que es-
família IIA (alcalinos terrosos), IIB, 3A, 4A, os elementos de tão ao seu alcance. Você sabe dizer de que material eles são
maior ponto de fusão (PF) e ponto de ebulição (PE) estão situ- feitos? Talvez plástico, metal e madeira sejam as substâncias
ados na parte superior da tabela. De modo inverso, nas demais mais comuns e fáceis de identificar. O fato é que estamos cerca-
famílias, os elementos com maiores PF e PE estão situados na dos de matéria, de diversos tipos diferentes. Cada tipo de maté-
parte inferior. Nos períodos, de maneira geral, os PF e PE cres- ria é chamado de “substância” e mais recentemente a expressão
cem das extremidades para o centro da tabela. Entre os metais “material” está cada vez mais sendo utilizada para especificar
o tungstênio (W) é o que apresenta o maior PF: 5900°C. Uma um tipo especial de matéria com aplicações tecnológicas e in-
anomalia importante ocorre com o elemento químico carbono dustriais. Por exemplo, já existe uma profissão chamada “en-
(C),um ametal: Ele tem uma propriedade de originar estrutu- genheiro de materiais” e à priori este profissional deve ser res-
ras formadas por um grande número de átomos, o que faz com ponsável pela pesquisa de novas substâncias e de novos usos
que esse elemento apresente elevados pontos de fusão (PF = industriais para os materiais já conhecidos. Para tanto ele preci-
3550°C) sa de sólida formação em química e física, além das competên-
Esquematicamente podemos representar por: cias habituais das engenharias. A chave para compreender esta
“ciência” se encontra no que chamamos de interações químicas.
Tendência do aumento dos pontos de fusão e ebulição dos De fato existe um número limitado de elementos químicos, mas
elementos eles podem se combinar de infinitas formas. O mesmo átomo de
ferro que agora se encontra ligado ao carbono numa chapa de
aço, amanhã pode estar na ferrugem que recobre a própria cha-
pa, só que agora ligado ao oxigênio. Compreender como e por-
que as ligações químicas acontecem pode nos ajudar a explorar
com alguma segurança o universo dos materiais, nos permitindo
estabelecer uma correlação satisfatória entre propriedades peri-
ódicas, interações químicas e propriedades das substâncias.
1.1. Porque Ocorrem as Ligações Químicas?
Parece razoável considerar que a energia é tudo que que só permanecerão ligados os átomos que conseguirem esta-
apresenta capacidade de modificar a matéria, por exemplo, o belecer um equilíbrio entre estes processos (repulsão e atração),
seu corpo gasta energia para digerir os alimentos bem como a alcançando uma distância internuclear que permita que a força
energia acumulada numa pilha pode fazer um carrinho de con- de atração seja superior às forças de repulsão presentes. Esta
trole remoto se mover. A mesma energia é capaz de fazer os elé- distância é o que chamamos de comprimento de ligação e va-
trons de um átomo se moverem entre a camadas da eletrosfera ria de acordo com o tipo e com a força da interação. A energia
ou mesmo para fora e para dentro do próprio átomo como vimos liberada durante o choque deve ser a mesma necessária para
em relação às propriedades periódicas (Energia de Ionização e separar os átomos novamente sendo esta chamada de energia
Afinidade Eletrônica). de ligação.
Outra coisa que podemos afirmar com segurança é que Desde já podemos imaginar que alguns átomos já são
quanto maior a energia acumulada em um corpo maior a pro- estáveis o suficiente para existirem isolados por tempo indeter-
babilidade que este tem de se modificar, se envolver em algum minado. Os gases nobres podem ser a chave para decifrarmos os
processo. Por exemplo, quando as pilhas de um brinquedo se segredos das ligações químicas.
acabam este costuma perder os movimentos e conseqüentemen-
te a sua utilidade para a as crianças. 2. A ESTRUTURA DOS GASES NOBRES E A REGRA DO
Trocando em miúdos, muita energia impulsiona o sis- OCTETO
tema a se transformar, por exemplo, fornecemos calor a uma
panela para cozinhar os alimentos. Por outro lado isto significa No início deste módulo comentamos sobre o que faria
que a falta de energia paralisa estes sistemas, ou melhor, uma um átomo estabelecer uma ligação química. No entanto, saben-
quantidade reduzida de energia, seja ela de que tipo for, faz com do que todos os elementos químicos fazem ligações com exce-
que os corpos fiquem mais estáveis. ção dos gases nobres de modo que seria razoável discutir o que
Nesta linha de raciocínio concluímos que, na maioria impede estes elementos de efetivar tais interações. Esta inversão
das ocasiões, os átomos isolados possuem um excesso de ener- de raciocínio pode nos levar com facilidade a estabelecer regras
gia que precisa ser liberada para que eles fiquem mais estáveis, que nos permitam prever o comportamento de alguns elementos
ou mais “tranqüilos, por assim dizer, e a forma com que esta num processo químico.
energia se dissipa é através do estabelecimento de uma ligação Se observarmos com cuidado a estrutura eletrônica dos
química. gases da família 18 da tabela periódica, poderemos observar
um padrão, todos, com exceção do hélio (He), tem oito elétrons
na camada de valência. Esta primeira resposta norteou uma re-
gra muito útil, apesar de carecer de fundamentação teórica mais
aprofundada, conhecida como regra do octeto. A idéia é sim-
ples, e apesar de falhar em alguns casos se mostra extremamen-
te útil em outros tantos. Basicamente os átomos devem ganhar
e perder elétrons até que possuam oito elétrons na camada de
valência, assim elementos como sódio, com apenas um elétron
de valência, prefere perder este a disputar outros sete.
Com um elétron a menos ele vira um cátion (íon de
carga positiva) monovalente (carga elétrica +1) e pode ser atra-
Figura 32: Forças de atração e repulsão da molécula de H2 ído por qualquer ânion (íon de carga negativa) formando uma
ligação muito forte chamada de ligação iônica por motivos ób-
vios.
A ligação só deve ocorrer obviamente quando os áto- Esta regra, no entanto, não explica como o boro (B)
mos se encontrarem, o que no mundo microscópico obrigatoria- pode ficar satisfeito com apenas seis elétrons de valência, ou
mente significa colisão. Ao se aproximarem a uma determinada porque o enxofre (S) pode precisar de até doze elétrons para se
velocidade os átomos devem sentir a repulsão entre suas ele- estabilizar. É claro que nós precisamos nos voltar novamente
trosferas negativas (iguais se repelem), no entanto esta repulsão aos gases nobres em busca de repostas mais precisas. Com um
não deve ser suficiente para evitar o choque. É natural que as pouco mais de cuidado podemos perceber que os oito elétrons
eletrosferas sejam as primeiras a sentirem o impacto, justamen- dos gases nobres estão preenchendo completamente os subní-
te por estarem na região mais externa dos átomos, isto, todavia veis s e p da camada mais externa. Colocar mais um elétron
não impede que os núcleos se aproximem, considerando que os na eletrosfera de um gás nobre o forçaria a posicioná-lo numa
elétrons possuem pouca massa (praticamente desprezível com a camada vazia, mais externa que a atual.
relação à massa total do átomo) e estão dispostos em uma região Como a carga do núcleo permaneceria a mesma, a
imensa (quase todo o volume do átomo é ocupado pela eletros- atração por este elétron seria extremamente fraca resultando
fera). A baixa densidade desta região faz com que o núcleo de em uma pequena energia de Afinidade Eletrônica. Em outras
um átomo se superponha à eletrosfera do outro, iniciando um palavras por ter os subníveis “s” e “p” completos na camada de
processo de atração que logo será acompanhado por outro tipo valência, os gases nobres não conseguem receber em condições
de repulsão. triviais novos elétrons e também têm dificuldade de perder os
Esta outra repulsão ocorre porque os átomos se apro- que já possuem devido à alta atração que o núcleo exerce so-
ximam além da conta (em alta velocidade não é possível parar bre estes (como visto em propriedades periódicas). Em resumo
imediatamente, é como um carro se dirigindo em alta velocida- os gases nobres não fazem ligações químicas porque não estão
de contra outro) e os núcleos (de carga positiva e extremamente inclinados nem a perder (alta energia de ionização) nem a ga-
densos) passam a se repelir com muita intensidade. Obviamente nhar novos elétrons (baixa afinidade eletrônica), ou seja, eles
108 Da Vinci Vestibulares
possuem uma configuração eletrônica suficientemente estável por pura atração eletrostática dando origem a um composto iô-
para permanecerem por tempo indeterminado exatamente como nico, assim chamado por razões evidentes.
estão, isolados. Todavia dois não-metais não vão chegar tão facilmente
Esta linha de raciocínio se aplica inclusive ao He, que a um acordo quanto à posse do elétron de valência e, graças
tem apenas dois elétrons preenchendo o subnível “s” da sua pri- à forte atração que o núcleo destes elementos exerce sobre os
meira e única camada. Se lembrarmos que no primeiro nível de elétrons mais externos, vão compartilhar os mesmos numa re-
energia (camada) só pode existir o subnível “s” as conclusões gião intermediária internuclear (ou entre os núcleos). Já entre
serão as mesmas e poderemos reescrever a regra do octeto: “os os metais ocorre o oposto. Num pedaço de ferro, por exemplo,
átomos fazem ligações químicas até que alcancem a configura- encontram-se vários átomos com baixa EI e igualmente baixa
ção eletrônica estável de um gás nobre”. AE. Isto significa que eles pretendem se livrar dos elétrons e não
aumentar o número de partículas negativas presas às camadas
3. REPRESENTAÇÃO DE LEWIS mais externas da eletrosfera. Como não existem átomos capazes
de receber estes elétrons eles acabam soltos no meio de cátions
Os elétrons envolvidos em ligações químicas são os de Ferro (Consideramos cátions de ferro porque os átomos li-
elétrons de valência, os localizados no nível incompleto mais beraram os seus elétrons adquirindo carga negativa). Como a
externo de um átomo. O químico americano G. N. Lewis (1875- nuvem eletrônica tem carga negativa os cátions ficam presos
1946) sugeriu uma maneira simples de mostrar os elétrons de a ela, mas não compartilham individualmente nenhum elétron,
Valência dos átomos e seguir o rastro deles durante a formação considera-se que os elétrons formam uma grande nuvem deslo-
da ligação, usando o que conhecemos como símbolos de pontos calizada. Esta é a base da ligação metálica.
de elétrons ou simplesmente símbolos de Lewis. O Símbolo de Em resumo podemos contar três tipos de ligação entre
Lewis para um elemento consiste do símbolo químico do ele- os átomos: iônica, covalente e metálica. Cada uma delas é con-
mento mais um ponto para cada elétron de valência. O enxofre, seqüência de uma combinação de propriedades periódicas, ou
por exemplo, tem a configuração eletrônica [Ne]3s2 3p4; logo, seja, um metal combinado com um não metal (baixa EI e alta
seu símbolo de Lewis mostra seis elétrons de valência: AE) resulta numa ligação iônica, Dois ametais (altas EI e AE)
vão originar uma ligação covalente e quando átomos metálicos
se combinam (baixas EI e AE) o resultado é uma ligação me-
tálica.
Os pontos são colocados nos quatro lados do símbo-
Relação entre propriedades periódicas e tipo de ligação
lo atômico: acima, abaixo e dos lados esquerdo e direito. Cada
lado pode acomodar até dois elétrons. Todos os lados do símbo-
lo são equivalentes; a colocação de dois elétrons em um lado e
um elétron do outro é arbitrária.
4. PROPRIEDADES PERIÓDICAS E LIGAÇÕES QUÍ-
MICAS
Já observamos que determinados grupos de elementos
apresentam propriedades periódicas semelhantes, por exemplo,
alguns manifestam uma tendência a doar elétrons outros, por
5. TIPO DE LIGAÇÃO E PROPRIEDADES DOS COM-
outro lado, apresentam certa facilidade em acomodar elétrons
POSTOS
extras na sua eletrosfera. Da mesma forma que acontece com as
propriedades periódicas (na verdade por causa delas) grupos di-
5.1. A Ligação Iônica
ferentes de elementos químicos tendem a interagir quimicamen-
te de forma diferente, por exemplo, não é comum que um metal
A razão pela qual os átomos ficam estáveis numa li-
faça ligação covalente, da mesma forma um não metal dificil-
gação iônica é a atração entre os íons de cargas opostas. Esta
mente formará compostos ligados por ligação metálica.
atração provoca uma grande liberação de energia (energia po-
Como já informamos isto é uma conseqüência ime-
tencial) e mantém os contra-íons fortemente unidos em um ar-
diata do comportamento periódico das propriedades químicas.
ranjo regular chamado rede ou retículo cristalino.
Duas destas propriedades são de fundamental importância para
compreendermos este fenômeno, a Energia de Ionização (EI) e
a Afinidade Eletrônica (AE). Elementos que possuem baixa EI
cedem elétrons com facilidade. Estes são invariavelmente me-
tais e estão localizados do lado esquerdo da tabela periódica. Já
os elementos do lado oposto, chamados de não-metais apresen-
tam alta AE (com exceção dos G.N.) e conseqüentemente tem
tendência a ganhar elétrons. Combinando estas propriedades
podemos prever que quando um metal interage com um não-
-metal é quase inevitável que o segundo tome o elétron de va-
lência do primeiro de modo que resultarão deste encontro dois
íons de cargas opostas. Como cargas elétricas de sinais opostos
se atraem mutuamente é de se esperar que estes íons se liguem
Figura 33: Representação da formação de uma ligação iônica
Extensivo 109
Ao contrário do que se pensa, nem todos os compostos são ♦ Três pares de elétrons compartilhados = ligação tripla (N2).
formados por moléculas, somente os gerados por ligação covalente.
Isto ocorre porque uma molécula é um conjunto finito e bem definido
de átomos. Se a ligação for iônica os contra-íons vão se atraindo indefi-
nidamente formando um aglomerado de cátions e ânions, que é o cris-
tal iônico. Com átomos unidos por covalência o número de átomos é Figura 39: Fórmulas estruturais do H2, O2 e N2
definido pelo número de ligações que cada partícula elementar é capaz
de fazer, por exemplo, cada átomo de hidrogênio faz apenas uma liga- Em geral, a distância entre os átomos ligados diminui
ção covalente enquanto os de oxigênio podem fazer duas. O resultado é à medida que o número de pares de elétrons compartilhados au-
a molécula de água formada por um átomo de oxigênio ligado simulta- menta.
neamente (em extremidades diferentes) a dois átomos de hidrogênio.
Num copo d’água existe uma infinidade destas moléculas 5.4. Ligações Coordenadas
unidas por forças de interação que trataremos mais adiante por for-
ças intermoleculares, ao contrário um pedaço de giz é composto de Em algumas situações moléculas com pares de elé-
inúmeros cátions cercados por uma quantidade igualmente incontável trons não ligantes, isto é, elétrons que já estavam emparelhados
de ânions, sem distinção de uma unidade fundamental, apenas ligação e por isso não se envolveram em ligações covalentes normais,
iônica para todos os lados. podem doar estes pares para átomos que apresentem orbitais
O número de ligações que um determinado elemento pode atômicos vazios.
fazer é definido pelo número de elétrons desemparelhados que ele pos- Este tipo de ligação é chamada coordenada, ou coor-
sui. Normalmente é fácil de descobrir quantas ligações um átomo pode denativa, e requer que o átomo doador já tenha efetuado todas
fazer observando sua distribuição eletrônica na camada de valência e as ligações covalentes convencionais possíveis. Antigamente
distribuindo estes últimos elétrons nos seus respectivos orbitais atô- estas ligações eram representadas por setas (e eram chamadas
micos (diagrama orbital). Alguns elementos, no entanto, são capazes de ligações dativas), todavia atualmente não é preciso distinguir
de desemparelhar alguns elétrons, num processo chamado hibridização esta ligação das demais (quando se escreve a fórmula estrutural)
(ver Box) e fazer um maior número de ligações do que seria possível uma vez que depois de finalizada ela é na prática indistinguível
nas suas condições originais. de qualquer outra ligação covalente. O exemplo clássico dessa
ligação é o dióxido de enxofre (SO2):
IMPORTANTE:
No ozônio, as possibilidades extremas têm uma liga- (C)causa efeito estufa, gerando aquecimento na superfície ter-
ção dupla e uma simples. A estrutura de ressonância tem duas restre.
ligações idênticas de caráter intermediário, é mais ou menos (D) provoca chuva ácida a partir da formação de óxidos na atmosfera.
como se tivesse uma ligação e meia de cada lado. Claro que
meia ligação não é possível, seria como uma meia ponte e isto 2. O uso de água com altos teores de íons Ca2+, HCO3 - e CO3 2- em
não existe. Admite-se, portanto que os elétrons das ligações cir- caldeiras, nas indústrias, pode gerar incrustações nas tubulações, devi-
culam entre os três núcleos gerando uma ligação de comprimen- do à formação do carbonato de cálcio, CaCO3. A remoção das incrus-
to intermediário entre uma ligação simples e uma ligação dupla. tações é realizada com ácido clorídrico, HCl. Os produtos resultantes
Para representar esta estrutura desenhamos a molécula com as da reação do CaCO3 com o HCl são:
ligações simples e duplas alternando as posições como podemos
ver na Figura 43. (A) CaCl2, CO2 e H2O
(B) CaHCO3, CO2 e H2O
(C) CaC2 e CO2
(D) NaC2, CO2 e H2O
(E) CaO, CO2 e H2O
(A) Os orbitais híbridos sp3 d 2 direcionam-se para os vértices CHCl3(g) + Cl2(g) → CCl4(g) + HCl(g)
de uma pirâmide pentagonal.
B) O ângulo entre os átomos de hidrogênio na molécula do gás a) Ao reagir 11,9 g de CHCl3 em um ambiente contendo gás
sulfídrico é maior que entre os átomos de hidrogênio na molé- cloro em excesso, qual a massa de CCl4(g) e de HCl(g) produ-
cula da água. zida se a reação apresentar 75 % de rendimento?
(C) O CF6 2- tem uma geometria octaédrica com os átomos
de flúor direcionados para os vértices do octaedro. b) Quais os nomes das substâncias CHCl3 e CCl4 segundo a
(D) O paramagnetismo da molécula do oxigênio experimental- IUPAC?
mente comprovado, sinaliza para uma estrutura de Lewis com
elétrons desemparelhados. c) Que tipo de ligação química existe entre os átomos de H
(E) A molécula do oxigênio é diamagnética e não paramagné- e de Cl na molécula de HCl?
tica, de tal forma que a estrutura de Lewis, na qual todos os
elétrons aparecem em pares, está correta. 13. As propriedades exibidas por um certo material podem ser
explicadas pelo tipo de ligação química presente entre suas uni-
7. Apresente as fórmulas eletrônicas e estruturais do trióxido de dades formadoras. Em uma análise laboratorial, um químico
enxofre, do hidróxido de sódio e do perclorato de cálcio. identificou para um certo material as seguintes propriedades:
• Alta temperatura de fusão e ebulição
8. Suponha que um pesquisador tenha descoberto um novo ele- • Boa condutividade elétrica em solução aquosa
mento químico, M, de número atômico 119, estável, a partir • Mau condutor de eletricidade no estado sólido
da sua separação de um sal de carbonato. Após diversos expe- A partir das propriedades exibidas por esse material,
rimentos foi observado que o elemento químico M apresenta- assinale a alternativa que indica o tipo de ligação
va um comportamento químico semelhante aos elementos que predominante no mesmo:
constituem a sua família (grupo). (A) metálica
(B) covalente
a) Escreva a equação balanceada da reação entre o elemento (C) dipolo induzido
M em estado sólido com a água (se ocorrer). (D) iônica
b) O carbonato do elemento M seria solúvel em água? 14. Quase todos os metais da Tabela Periódica podem ser en-
Justifique a sua resposta. contrados em placas de circuito impresso que compõem equipa-
mentos eletroeletrônicos.
9. Na ligação entre átomos dos elementos químicos 15P Sobre os metais dessa tabela é CORRETO afirmar que
31 e Ca, que tem 20 prótons, forma-se o composto de fórmula: (A) formam ligações químicas covalentes com os halogênios.
(A) CaP (B) reagem com ácidos liberando dióxido de carbono.
(B) Ca3P (C) são constituídos por ligações entre íons e elétrons livres.
(C) CaP3 (D) são depositados no anodo de uma cela eletroquímica.
(D) Ca2P3
(E)Ca3P2 15. Apesar da posição contrária de alguns ortodontistas, está
sendo lançada no mercado internacional a “chupeta anticárie”.
10. Em relação à combinação de 1 mol de átomos de fluor (Z = Ela contém flúor, um já consagrado agente anticárie, e xylitol,
9) com 1 mol de átomos de hidrogênio (Z = 1), pode-se afirmar um açúcar que não provoca cárie e estimula a sucção pelo bebê.
que: Considerando que o flúor utilizado para esse fim aparece na
Eletronegatividade: F = 4,0 e H = 2,1 forma de fluoreto de sódio, a ligação química existente entre o
(A) a ligação iônica é predominante. sódio e o flúor é denominada:
(B) formam-se moléculas apolares. (A) iônica
(C) cada átomo de fluor liga-se a dois átomos de hidrogênio. (B) metálica
(D) predomina a ligação covalente polar. (C) dipolo-dipolo
(E) formam-se 2 mols de moléculas. (D) covalente apolar
MÓDULOS 7 E 8: FORÇAS INTERMOLECULARES Até agora discutimos as forças responsáveis pela exis-
E OS ESTADOS FÍSICOS DE AGREGAÇÃO DA MATÉRIA tência das diversas substâncias que conhecemos (compostos iô-
nicos, metálicos e moleculares). Estas forças, porém nem sem-
pre explicam o estado de agregação em que estas substâncias
Desde tempos remotos a humanidade vem tentando
se encontram (sólido, líquido ou gás) e muito menos porque a
identificar os diversos tipos de matéria (substâncias) e classifi-
maioria absoluta delas está normalmente misturada homogene-
cá- las de acordo com a forma com que se apresenta em deter-
amente umas às outras formando um sistema que chamamos de
minadas condições.
“solução”. Outra pergunta ainda não respondida é porque a água
A expressão “estado físico” normalmente está associa-
é líquida nas condições ambientais e porque este líquido é capaz
da a estes modos de manifestação da matéria, mas também pode
de dissolver um número tão grande de substâncias.
ser interpretada como uma descrição das variáveis de estado de
Neste tópico veremos as forças responsáveis por estas
um dado sistema ou corpo, isto é, podemos definir um conjunto
proezas, conhecidas como ligações intermoleculares.
de informações como temperatura, pressão, volume, densidade,
etc. como o estado físico de um sistema da mesma forma que o
1.1. Tipos de Interações Intermoleculares
seu estado de saúde pode ser evidenciado com base em medidas
de temperatura corporal, pressão arterial, freqüência cardíaca, e
♦ Dipolo Induzido – Dipolo Induzido (Dispersão de London)
outras informações disponíveis mediante exames biomédicos.
Essas forças ocorrem em todos os tipos de moléculas, mas são
Por conta disto é mais conveniente que chamemos cada uma
as únicas que acontecem entre as moléculas apolares. Quando
destas formas de apresentação das substâncias de Estados Fí-
essas moléculas estão no estado sólido ou líquido, devido à pro-
sicos de Agregação da Matéria, uma vez que é importante es-
ximidade existente entre elas, ocorre uma deformação momen-
pecificar que estamos falando de uma maneira em particular da
tânea das nuvens eletrônicas, originando pólos - e +. Alguns
matéria se organizar em sua estrutura mais elementar: átomos e
exemplos de substâncias formadas por moléculas apolares que
moléculas. A palavra agregação tem justamente esta conotação
interagem por forças intermoleculares dipolo induzido-dipolo
e pode ser entendida como “a forma com que as partículas (áto-
induzido: H2, CO2, CH4, C2H6, etc.
mos, íons e moléculas) estão organizadas no espaço”.
Pelo menos três destes estados de agregação (sim,
existem outros) merecem um destaque especial, são eles o esta-
do sólido, o estado líquido e o estado gasoso. Estes três podem
ser facilmente identificados no cotidiano e podem ser diferen-
ciados com base em duas propriedades: forma e volume. Como
sabemos os sólidos têm forma e volume definidos, ao contrário
dos gases que mudam de forma e de volume em função do re-
Figura 45: Representação da Formação de Dipolos Induzidos (Dis-
cipiente que os contêm. Os líquidos têm forma variável como
persão de London)
gases, mas mantêm o volume constante como os sólidos, o que
nos faz pensar se este estado de agregação não é uma espécie de
Dipolo – Dipolo (Forças de Van der Waals) Esse tipo de força
transição entre os dois primeiros.
intermolecular é característico de moléculas polares. Veja como
Sob o ponto de vista microscópico esta é a conclusão
exemplo a interação que existe no HCl sólido:
mais óbvia, vejamos: o que de fato define a forma fixa de um
sólido é a força com que as suas partículas estão ligadas, e con-
seqüentemente a distância entre elas. As fortes ligações entre as
unidades que formam o sólido (ou unidades reticulares) deixam
estas partículas tão próximas que mesmo sob a força da gravi-
dade elas não escoam, permanecem juntas quase sem sair do
Figura 46: Representação da Atração Dipolo-Dipolo no HCl
lugar. Se a pressão aumenta muito o sólido não pode “encolher”
porque as partículas já estão na distância mínima possível, se
Esse tipo de interação é semelhante à que ocorre entre os íons
por outro lado a pressão diminui as partículas não podem se
Na+ e Cl– no retículo do NaCl (ligação iônica), porém com in-
afastar por causa da intensa força que as mantêm unidas. Com
tensidade bem menor. Alguns exemplos de substâncias polares
os gases as coisas ocorrem de modo diferente, praticamente não
em que suas moléculas interagem por dipolo-dipolo: HF, SO2,
existem forças efetivas de ligação entre as partículas e, portanto
H2S, etc.
estas se encontram extremamente afastadas umas das outras. A
conseqüência é que o gás sempre ocupa todo o recipiente que
♦ A ligação de hidrogênio
o contém independente da forma e do volume. O que podemos
concluir com relação ao estado líquido é que as forças não são
Formando um grupo à parte aparecem as ligações de
fortes o bastante para impedir que ele escoe, isto é, mude de for-
hidrogênio (ou pontes de hidrogênio como preferem alguns
ma quando se troca o recipiente, mas são efetivas o suficiente
autores). Elas ocorrem sempre que o hidrogênio está ligado
para impedir que as suas unidades elementares se afastem livre-
diretamente a Flúor, Oxigênio ou Nitrogênio. A diferença de
mente quando há alguma variação de pressão. Assim os líquidos
eletronegatividade nestes grupos faz com que a polaridade se
são fluidos como os gases, embora também seja considerado um
torne exageradamente alta gerando uma atração eletrostática
estado condensado (não muda o volume por variação de pres-
muito mais intensa que num dipolo-dipolo convencional. Este
são) como os sólidos.
tipo de ligação, dentre outras coisas, faz com que a água seja
1. FORÇAS INTERMOLECULARES
Extensivo 115
TRANSFORMAÇÃO
Lei de Boyle-Marriote ISOTÉRMICA
(T1 = T2)
Tensão superficial: do
chamamos de pressão de vapor, esta depende exclusivamente
Você já deve ter visto fotos de insetos e lagartos que es- da temperatura e está diretamente associada com a volatilidade
tão “planando” sobre as águas. Isto ocorre por que toda vez que da substância.
a superfície de um líquido é pressionada ela tenta resistir a esta Raciocinemos da seguinte forma, se numa dada tem-
pressão impedindo que a sua superfície seja violada. Acontece peratura o líquido A tem pressão de vapor (Pv) igual a 25 torr,
que na superfície dos líquidos as forças intermoleculares enquanto a do líquido B é 60 torr, estamos dizendo que o líquido
estão concentradas em apenas algumas direções (para os lados B, nas mesmas condições do A, “liberou” um maior número de
e para baixo) moléculas para o estado gasoso. Se o recipiente estivesse aberto
e estas moléculas fossem perdidas para a vizinhança o volume
restante do líquido B seria menor que do líquido A (consideran-
do volumes iniciais iguais).
A pressão de vapor e a volatilidade dependem certa-
mente das forças intermoleculares, quanto maior a intensida-
de da ligação menor a pressão de vapor, o que torna o líquido
menos volátil. Todavia não se pode negligenciar a influência
do peso molecular, moléculas mais pesadas, ao se vaporizarem,
enfrentam maior dificuldade de vencer a força da gravidade que
Figura 48: Tensão superficial dos líquidos as puxa para baixo, assim o óleo mineral, muito usado como
laxante, apesar de apolar é menos volátil que a água.
Uma outra propriedade relacionada à pressão de vapor
Este “desequilíbrio” de forças tem uma conseqüência, é o ponto de ebulição de um líquido. Considerando que a ebuli-
as moléculas da superfície estão mais fortemente ligadas umas ção é na verdade um estado de equilíbrio entre as fases líquida
às outras do que as que estão no volume. e gasosa espera-se que o líquido só encontre este estado (em
recipiente aberto e ao nível do mar) quando a sua pressão de
vapor se igualar à pressão atmosférica (pressão de oposição à
vaporização).
Se uma substância é pouco volátil (baixa pressão de
vapor) precisará de uma temperatura mais alta para entrar em
ebulição, isto porque a pressão de vapor aumentar com a
temperatura, logo se um líquido tem ponto de ebulição normal
(pressão de oposição de 1,0 atm) a 180ºC é porque nesta
temperatura a sua pressão de vapor é exatamente igual a 760
torr ou 1,0 atm.
♦ Capilaridade:
Esta é uma das mais interessantes propriedades dos lí-
Figura 49: Representação vetorial das interações intermoleculares quidos. Você já deve ter percebido que quando se tenta transferir
num líquido um pouco de água de um copo para o outro parte do líquido
acaba escorrendo pelas laterais do copo e molhando tudo ao
E é justamente isto que faz a superfície de qualquer redor. Esta aderência da água em superfícies de vidro também é
líquido oferecer resistência a algum corpo estranho que tenta responsável pela formação do menisco numa proveta (Figuras
penetrá-lo. Obviamente em alguns líquidos, como a água, esta 50 e 51) ou por fazer a água subir por um fino tubo capilar (Fi-
resistência é bem maior, isto se deve mais uma vez à natureza gura 52).
das ligações intermoleculares, quanto mais polar for a molécula
(e a água é muito polar) maior será a intensidade da ligação en-
tre elas e conseguintemente maior a tensão superficial.
Pressão de vapor (volatilidade): Se um líquido estiver
confinado dentro de uma garrafa com espaço “vazio” acima da
superfície algumas de suas moléculas, impelidas pela energia
cinética, evaporam. Se a garrafa está firmemente tampada o
vapor vai se acumular nesta região até um determinado limite.
Este limite surge da dinâmica do processo, isto é, da mesma
forma que algumas moléculas se “soltam” da fase líquida e vi-
ram vapor, outras que já vaporizaram podem se chocar com a Figura 50: Foto de menisco num balão volumétrico
superfície do líquido ficando aprisionadas. Quanto mais molé-
culas estiverem na fase gasosa maior a freqüência com que estes
choques ocorrem e em determinado ponto a velocidade com o
que as moléculas escapam se torna a mesma com as que já esca-
param voltam à fase líquida.
A esta pressão máxima que o vapor de um líquido pode
atingir quando confinado num recipiente hermeticamente fecha-
118 Da Vinci Vestibulares
são aquecidos a viscosidade diminui gradativamente e eles pas- 2.4.1. A Dilatação Anômala da Água
sam a fluir. O exemplo mais conhecido é o vidro.
Quanto às forças de interação os sólidos cristalinos po- Os sólidos e líquidos, em geral, têm seu volume dimi-
dem ser iônicos, covalentes, moleculares ou metálicos. A dife- nuído conforme abaixamos a temperatura. Entretanto existem
rença está, como o critério de classificação sugere, na natureza algumas substâncias que em determinados intervalos de tempe-
da força que une as unidades reticulares. Os sólidos iônicos são ratura, apresentam um comportamento inverso, ou seja, aumen-
formados por íons de cargas opostas, portanto a natureza da li- tam de volume quando sua temperatura diminui. Assim essas
gação é eletrostática. Isto faz com estes sólidos tenham altos substâncias têm o coeficiente de dilatação negativo nesses inter-
pontos de fusão, alto grau de dureza, mas suscetíveis a fraturas. valos. Um exemplo destas substâncias é a água, que apresenta
Os sólidos covalentes são formados por átomos unidos cova- essa anomalia em temperaturas abaixo de 4ºC, isto é, abaixo
lentemente. É como se o cristal fosse uma grande molécula e a desta temperatura o volume da água aumenta com a diminuição
força da interação está justamente no compartilha mento de elé- da temperatura ao contrário dos outros líquidos. A isso chama-
trons. Como conseqüência da forte interação estes sólidos são mos de dilatação anômala da água.
muito duros e apresentam altíssimos pontos de fusão, a exemplo
de diamante, sílica e grafite. 2.4.2. Fluídos Supercríticos
Já os sólidos moleculares são formados por moléculas
unidas pro forças intermoleculares (Van der Waals, dispersão Os fluídos supercríticos são produzidos pelo aqueci-
de London). A força da interação é de natureza eletrostática mento de um gás, acima da sua temperatura e pressão críticas. A
(dipolo-dipolo), mas bem menos intensa que as interações dos temperatura crítica de uma substância é a temperatura acima da
cristais iônicos. Como conseqüência estes sólidos são moles e qual a fase líquida não pode existir independentemente da pres-
de baixo ponto de fusão, alguns inclusive sublimam com fa- são. Acima desta temperatura e sob pressão elevada (acima do
cilidade. Exemplo: gelo, naftalina, gelo seco, etc. Os sólidos ponto crítico, ver diagrama de fases) o gás adquire a densidade
metálicos têm as interações mais peculiares dentre os sólidos próxima de um líquido, embora conserve a fluidez do estado
cristalinos. A rigor suas unidades reticulares são íons positivos gasoso.
mergulhados em um “mar” de elétrons. Isto se deve principal- Sob estas condições o volume molar é o mesmo, quer
mente à fraca interação que os átomos metálicos exercem sobre a forma original tenha sido líquido ou gás. Os fluídos supercríti-
os seus elétrons de valência. Quando confinados num cristal for- cos têm densidades, viscosidades e outras propriedades que são
mado exclusivamente por átomos metálicos estes elétrons são intermediárias entre aquelas da substância no seu estado gasoso
liberados e não têm para onde ir, formando uma nuvem de elé- e no seu estado líquido. O dióxido de carbono é o fluído super-
trons deslocalizados ou simplesmente um “mar” de elétrons li- crítico mais usado devido ás suas baixas temperaturas críticas
vres. A interação se deve à atração eletrostática entre os cátions (31ºC).
deixados pelos elétrons e a nuvem eletrônica, de modo que estes
sólidos apresentam maleabilidade, ductibilidade e excelente ca-
pacidade de condução elétrica e térmica.
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
PRIMEIRA COLUNA
10. Referindo-se às propriedades dos estados físicos da matéria, 14. A naftalina, nome comercial do hidrocarboneto naftaleno, é
é INCORRETO afirmar que utilizada em gavetas e armários para proteger tecidos, papéis e
a) a mudança de estado de um material altera o modo como livros do ataque de traças e outros insetos. Assim como outros
as partículas se organizam e movimentam sem Referindo-se às compostos, a naftalina tem a propriedade de passar do estado
propriedades dos estados físicos da matéria, é INCORRETO sólido para o gasoso sem fundir-se. Esse fenômeno é chamado
afirmar que de:
(A) a mudança de estado de um material altera o modo como (A) liquefação.
as partículas se organizam e movimentam sem modificar sua (B) sublimação.
natureza. (C) combustão.
(B) os sólidos apresentam máxima organização interna e suas (D) ebulição.
partículas efetuam movimentos de vibração em torno de um (E) solidificação.
ponto de equilíbrio.
(C) as partículas se encontram mais distantes umas das outras 15. Uma pessoa comprou um frasco de álcool anidro. Para se
nos líquidos do que nos gases, e as forças de interação entre elas certificar de que o conteúdo do frasco não foi fraudado com a
são desprezíveis. adição de água, basta que ela determine, com exatidão,
(D) as partículas que constituem os gases apresentam entre si
grandes espaços vazios e fracas forças de interação, favorecen- I. a densidade
do sua expansão e compressão. II. o volume
III. a temperatura de ebulição
11. Uma indústria química comprou certa quantidade de plásti- IV. a massa
co de um fabricante, antes de ser usado, colhe-se uma amostra e Dessas afirmações, são corretas SOMENTE
submete-se a mesma a uma série de testes para verificações. Um (A) I e II
desses testes Consiste em colocar uma fração da amostra num (B) I e III
equipamento e aquecê-la até o plástico derreter. A fração sofreu: (C) I e IV
(A) sublimação (D) II e III
(B) solidificação (E) III e IV
(C) ebulição
(D) condensação GABARITO:
(E) fusão
MÓDULOS 1 E 2
12. No texto: “Um escultor recebe um bloco retangular de már-
more e, habilmente, o transforma na estátua de uma celebridade 1. Alternativa: C
do cinema”, podemos identificar matéria, corpo e objeto e, a 2. Alternativa: D
partir daí, definir esses três conceitos. 3. Resposta:
a) Sistema 1: monofásico, homogêneo Toda mistura de gases
I. Matéria (mármore): tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar forma sempre um sistema homogêneo. Sistema 2: trifásico, he-
no espaço. terogêneo O clorofórmio é insolúvel em água, e o sulfato de
II. Corpo (bloco retangular de mármore): porção limitada de cálcio é muito pouco solúvel em água. Sistema 3: monofásico,
matéria que, por sua forma especial, se presta a um determinado homogêneo Todas as substâncias presentes na mistura são hi-
uso. drocarbonetos e, portanto, solúveis (miscíveis) entre si.
III. Objeto (estátua de mármore): porção limitada de matéria. b) Os componentes do querosene também são hidrocarbonetos,
assim a nova mistura seria um sistema monofásico.
Assinale a alternativa correta:
122 Da Vinci Vestibulares
4.B b) M2CO3 seria solúvel em água porque, como regra, os sais de metais
5.D alcalinos são solúveis em água.
6.
a) Filtração. Este processo serve para separar uma 9.E
mistura heterogênea (sólido - líquido ou sólido - gás). 10.D
b) Como a massa se conserva numa reação química, cada 11.D
máquina, produzindo 240 g de ozônio por hora, consome 12.
igual massa de gás oxigênio no mesmo período. Assim, sete a) 11,9 g de CHCl3 correspondem a 0,1 mol, que, ao
máquinas consomem 1680 g de O2 (7 x 240). reagir, produz 0,075 mol de HCl e 0,075 mol de CCl4,
7. considerando-se o rendimento de 75 %. Esses valores
a) Esse processo denomina-se extração. equivalem a, aproximadamente, 2,74 g de HCl, e 11,55 g de
A água aquecida extrai do pó das sementes de urucum a CCl4.
substância responsável pela coloração vermelha. b) CHCl3: triclorometano, e CCl4: tetraclorometano
b) Primeiro: a solubilidade do corante em água quente é c) Ligação covalente polar
maior que em água fria. 13.C
Segundo: o aumento da temperatura aumenta a velocidade 14.A
do processo de extração. 15.A
c) Sim. A reação entre o suco de jenipapo ivá (incolor) e o
ar forma um composto de coloração preta. MÓDULOS 7 E 8
8. B
9. A 1.E
10.D 2.B
11.VFFFF 3.A
12.B 4.02
13.B 5.E
14.D 6.E
15.D 7.C
8.C
MÓDULOS 3 E 4 9.E
10.C
1. 11.E
2. 12.A
3. 13.E
4. 14.B
5.A 15.B
6.E
7.C
8.D
9.B
10.C
11.E
12.B
13.B
14.E
15.B
MÓDULOS 5 E 6
1.D
2.A
3.D
4.FVVFV
5.B
6.D
7.Trióxido de enxofre, SO3: Hidróxido de sódio, NaOH: O hidróxido
de sódio é iônico, apresentando o cátion Na+ e o ânion OH– , que tem
as seguintes fórmulas: Perclorato de cálcio, Ca(ClO4)2: O perclorato
de cálcio é iônico, apresentando o cátion Ca2+ e o ânions ClO4 – , que
tem as seguintes fórmulas: No primeiro e no terceiro casos, poderiam
ser representadas também ligações “dativas”, e vale lembrar que foi
representada uma das possíveis formas canônicas de ressonância.
8. a) M(s) + H2O(l) → M+(aq) + OH–(aq) +2/1 H2(g)
Extensivo 123
física
124 Da Vinci Vestibulares
2. CONDUTORES E ISOLANTES
1. CAMPO ELÉTRICO
6. LEI DE COULOMB
Figura 5: Campos elétricos E gerados por cargas Q
A Lei de Coulomb é usada para determinar o módulo
da força elétrica F (grandeza vetorial) que atua entre duas car- O sentido do campo elétrico de uma carga Q depende do seu
gas elétricas Q e q pontuais (que ocupam um ponto) separadas sinal.
por uma distância d. Se as duas cargas tiverem o mesmo sinal, ♦ Se Q for positivo, então o campo “sai” da carga
então a força será repulsiva. Caso os sinais sejam opostos, será ♦ Se Q for negativo, o campo “entra” na carga
atrativa.
Para simplificar as equações, será usada a letra da vari- A força elétrica em uma carga de prova tem:
ável (F) sem a indicação vetorial (F ) quando se tratar de módu- ♦ a mesma direção e sentido do campo caso a carga seja
lo de uma grandeza vetorial. O módulo da força elétrica é dado positiva
por: ♦ a mesma direção e sentido contrário caso a carga seja
negativa
Note que, segundo essa expressão, o campo elétrico
não depende do valor da carga de prova q. Essa expressão é útil,
portanto, para calcular o campo elétrico em um ponto qualquer
a uma distância d de uma carga qualquer Q, como mostra a figu-
ra abaixo:
A energia elétrica que uma carga q a uma distância d de Onde: VAB = ddp (volt - V); TAB = trabalho da força elétrica
outra carga pontual Q é dada por: (joule - J), dAB= distância entre A e B próxima da carga (metro
– m).
Portanto:
em cada um de seus pontos. Com relação aos condutores em colocado no interior deste condutor estará protegido de qual-
equilíbrio eletrostático, pode-se afirmar que: quer ação elétrica externa. O condutor oco oferece então ao
♦ O excesso de carga elétrica se situa na superfície externa do objeto colocado em seu interior uma blindagem eletrostática.
condutor, Na verdade, essa blindagem ocorrerá mesmo nos casos em que
♦ Se o formato do condutor for irregular, as cargas se distribuem o condutor ainda não estiver em equilíbrio eletrostático, pois,
mais densamente nas regiões pontiagudas. Um condutor que mesmo nessa situação, existe uma tendência das cargas elétricas
possui pontas dificilmente permanece eletrizado, pois o excesso se distribuírem pela superfície do condutor (efeito de pele).
de cargas tem maior facilidade de escapar pelas pontas (poder Uma telametálica envolvendo certaregião do espaço
das pontas). também constitui uma blindagem satisfatória. A blindagem ele-
♦ No interior de um condutor em equilíbrio eletrostático o cam- trostática é utilizada para a proteção de aparelhos elétricos e ele-
po elétrico é nulo (mesmo sob a ação de cargas elétricas exte- trônicos contra efeitos elétricos externos. Aparelhos de medida
riores). mais sensíveis estão acondicionados em caixas metálicas para
♦ Na superfície de um condutor em equilíbrio eletrostático o que as medidas não sofram influências externas. As estruturas
campo elétrico não é nulo. O vetor campo elétrico é perpendi- metálicas de aviões, carros e prédios constituem blindagens ele-
cular à superfície. trostáticas que protegem as pessoas em seu interior das descar-
♦ Todos os pontos de um condutor em equilíbrio eletrostático gas elétricas atmosféricas.
possuem o mesmo potencial elétrico.
♦ A diferença de potencial (tensão) entre dois pontos de um con- 3. RAIOS, RELÂMPAGOS E PARA-RAIOS
dutor em equilíbrio eletrostático é nula.
♦ Essas propriedades são válidas independentemente de o con- As nuvens de tempestade apresentam-se, em geral, ele-
dutor ser oco ou maciço. trizadas. Entre essas nuvens, dentro delas ou entre a nuvem e o
solo estabelecem-se campos elétricos. Quando esses campos se
Suponha um condutor esférico de raio R carregado ele- tornam suficientemente intensos, o ar se ioniza e ocorre uma
tricamente com uma carga elétrica Q (Figura 3.1). A tabela 3.1 descarga elétrica, denominada raio, sob a forma de uma faísca.
apresenta os valores de campo elétrico e potencial elétrico em O raio é formado porcargas elétricas em movimento orientado,
um ponto p em função da sua localização em relação ao centro isto é, uma corrente elétrica.
do condutor esférico. A luz que acompanha o raio, efeito luminoso da cor-
rente elétricanos gases, resulta da ionização do ar, constituindo
o relâmpago. O elevado aquecimento do ar, efeito térmico das
correntes elétricas, causa uma brusca expansão do ar, produzin-
do um estrondo que é o trovão. Os para-raios são dispositivos
que oferecem um caminho mais seguro para as descargas elétri-
cas atmosféricas.
4. PARA-RAIOS DE FRANKLIN:
1. INTRODUÇÃO
Um circuito simples é composto por um gerador co- É o movimento direcionado decargas elétricas em um
nectado a uma resistência. No caso do gerador ser uma bateria, condutor. Em um metal, a corrente elétrica se deve ao movimen-
por exemplo, energia química é transformada em energia elétri- to de elétrons livres. Em uma solução iônica, a corrente elétrica
ca ao provocar uma diferença de potencial elétrico (tensão) en- é devida ao movimento de íons positivos e negativos. Por ra-
tre seus terminais. Se o circuito estiver fechado, cargas elétricas zões históricas, o sentido convencional da corrente elétrica no
se moverão de um polo a outro do gerador, passando pela resis- circuito começa no polo positivo e termina no negativo do ge-
tência, estabelecendo uma corrente elétrica no circuito. A potên- rador (veja o sentido da corrente na Figura4.1). Em um metal,
cia dissipada na resistência corresponde à quantidade de energia os elétrons livres movem-se no sentido contrário ao da corrente
elétrica transformada em calor em cada unidade de tempo. As convencional. A intensidade da corrente elétrica pode ser dada
grandezas tensão (V), corrente (i), resistência (R) e potência (P) por:
são as principais grandezas presentes em um circuito elétrico.
8. 2ª LEI DE OHM
A resistência elétrica corresponde à dificuldade que o A potência dissipada por um elemento de um circuito é
condutor oferece à passagem de corrente. Essa dificuldade se dada por:
deve à transferência de energia do movimento das cargas para
a estrutura molecular do condutor provocando aquecimento e P=V .i
dissipação de energia na forma de calor. A resistência de um
componente do circuito é dada pela razão entre a tensão a que Onde: P = potência dissipada num componente do circuito
ele está submetido e a corrente que o atravessa. (Watt-W) Em uma resistência ocorre a transformação de energia
elétrica em energia térmica. Ataxa de transformação é dada pela
potência dissipada na resistência. Esse fenômeno é chamado
efeito joule.
Onde: R = resistência elétrica (Ohm - Ω) P=V.i ou P=R .i2
Figura 19: Esquema de um circuito indicando o amperímetro e o Figura 21: Exemplo de associação de resistências em paralelo e seu
voltímetro esquema, onde i indica a corrente total, i1 e i2 são as correntes que
seguem para as resistências R1 e R2, respectivamente, e V1 e V2
11. ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE DE RESISTÊNCIAS são as diferenças de potenciais que há entre os terminais de cada
resistência.
Numa associação em série, um componente é ligado
após o outro no mesmo fio, tal que a corrente elétrica percorre Algumas relações importantes são:
o mesmo caminho ao passar por todos. As características de um
circuito com resistências em série são: i=i1+i2e V=RT .i
i1=V1/R1 e P1=(V1²)/R
♦ A corrente é a mesma em todos os pontos do circuito i2=V2/R2 e P2=(V2 ²)/R
♦ A tensão se divide proporcionalmente a cada resistência P=P1+P2e P=V.i
1/RT =1/R1+1/R2 e V=V1=V2
Numa associação em paralelo, cada componente é li-
gado de modo independente do outro e a corrente elétrica se
divide em caminhos diferentes para passar por todos eles. Suas
características são: Figura 22: Circuito formado por uma pilha e uma lâmpada acom-
panhado do seu esquema, onde V é a ddp nos polos da pilha, R é a
♦ Todos os ramos do circuito que estão em paralelo possuem resistência da lâmpada, é o gerador de força eletromotriz e r é a
a mesma tensão. resistência interna da lâmpada.
♦ A corrente se divide para cada resistência de forma inversa- Para entender o funcionamento da pilha, deve-se ima-
mente proporcional ao valor da resistência. ginar que ela tem uma parte que fornece energia às cargas elé-
tricas que irão circular pelo circuito. Essa parte é chamada de
“gerador de força eletromotriz” e está representada pelo símbo-
Extensivo 133
Como Vr=r .i
1. DEFINIÇÃO
Capacitores são dispositivos constituídos por duas superfícies
condutoras (armaduras) separadas por um dielétrico (isolante).
São muito utilizados em circuitos elétricos por sua capacidade Onde: CT = Capacitância equivalente (F)
de acumular carga elétrica quando submetidos a uma determi-
nada tensão (ddp).
Figura 26: Capacitores e seu símbolo No caso de uma associação em paralelo, a capacitância equiva-
lente pode ser dada por: CT = C1 + C2 + C3.
Denomina-se de capacitância a grandeza que mede a quantidade
de carga acumulada em um capacitor para cada unidade de ten- MÓDULOS 7 E 8: QUESTÕES DO VESTIBULAR E
são que ele é submetido: DO ENEM
(E)
04. (FUVEST) Estuda-se como varia a intensidade da corrente 05. (VUNESP) Um resistor de resistência está inserido entre os
que percorre um resistor, cuja resistência é constante e igual a pontos e de um circuito elétrico como mostra a figura:
Ω, em função da tensão aplicada aos seus terminais. O gráfico
que representa o resultado das medidas é:
(A)
(C)
Com base nessas informações, é correto afirmar que a 17. (UERJ) Deseja-se montar um circuito composto de:
(A) resistência equivalente da associação é igual a 9Ω. ♦ Uma bateria V, para automóvel, de 120 V;
(B) intensidade da corrente elétrica total na associação é igual ♦ Duas Lâmpadas incandescentes, iguais, de lanterna, L1 e L2
a 8,0A. , inicialmente testadas e perfeitas, cuja tensão máxima de fun-
(C) potência dissipada no resistor de 3,0Ω é igual a 80,0W. cionamento é 1,5V;
(D) potência total dissipada na associação é igual a 120,0W. Um resistor R de proteção às duas lâmpadas.
(E) corrente que circula no resistor de 6,0Ω é menor que 1,5A. Durante a montagem, um dos fios rompe-se, e o circuito resul-
tante fica da seguinte forma:
14. (UEFS 2010.1) O átomo de hidrogênio tem um próton em
seu núcleo e um elétron em sua órbita. Cada uma dessas partícu-
las possui carga de módulo q=1,6.10-19 C e o elétron tem uma
massa m=9.10-31 kg. Sabendo-se que a constante eletrostática
do meio é igual a 9.109 C2 N.m2 , a órbita do elétron é circu-
lar e que a distância entre as partículas d=9.10-10 m, é correto
afirmar que a velocidade linear do elétron, em 106 m/s, é, apro-
ximadamente, igual a
(A) 0,27
(B) 0,38
(C) 0,49 Afirmação que descreve melhor o estado final das lâmpadas é:
(D) 0,53 (A) Ambas estão acesas
(E) 0,61 (B) Ambas não estão queimadas
(C) L1 está apagada e L2 está acesa
15. No esquema da figura abaixo, temos que R1= 3Ω e (D) L1 está queimada e L2 está apagada
R2=R3=R4=R5=R6=R (em Ω).
18. (UNIRIO)
21. (UEFS) Em uma árvore de Natal, trinta pequenas lâmpadas As figuras acima apresentam dados referentes aos consumos
de resistência elétrica 2,0Ω, cada uma, são associadas, em série. de energia elétrica e de água relativos a cinco máquinas in-
Essas lâmpadas fazem parte da instalação de uma casa, estando dustriais de lavar roupa comercializadas no Brasil. A máquina
associadas, em paralelo, com um chuveiro elétrico de resistên- ideal, quanto a rendimento econômico e ambiental, é aquela que
cia 20,0Ω e um ferro elétrico de resistência de 60,0Ω. gasta, simultaneamente, menos energia e água. Com base nessas
Considerando-se que a ddp, nessa rede domiciliar, é de 120,0V, informações, conclui-se que, no conjunto pesquisado,
é correto afirmar que a (A) quanto mais uma máquina de lavar roupa economiza água,
(A) resistência elétrica da associação das lâmpadas de Natal é mais ela consome energia elétrica.
50,0Ω. (B) a quantidade de energia elétrica consumida por uma máqui-
(B) resistência elétrica correspondente a todos os elementos ci- na de lavar roupa é inversamente proporcional à quantidade de
tados é igual a 15,0Ω. água consumida por ela.
(C) corrente em cada lâmpada da árvore de Natal tem intensi- (C) a máquina I é ideal, de acordo com a definição apresentada.
dade igual a 1,5A. (D) a máquina que menos consome energia elétrica não é a que
(D) potência total dissipada na associação descrita é 1,2kW. consome menos água.
(E) potência dissipada pelo chuveiro elétrico é igual a 7,2kW. (E) a máquina que mais consome energia elétrica não é a que
consome mais água.
22 (UEFS) O gerador elétrico é um dispositivo que fornece
energia às cargas elétricas elementares, para que essas se man- 25. (UESC) Considere que uma lâmpada de filamento, de re-
tenham circulando. Considerando-se um gerador elétrico que sistência elétrica igual a 10,0Ω, é ligada a uma tensão contínua
possui fem = 40,0V e resistência interna r=5,0Ω, é correto afir- de 100,0V. Sabendo-se que 5% da potência elétrica dissipada é
mar que convertida em radiação luminosa, pode-se afirmar que a inten-
(A) a intensidade da corrente elétrica de curto circuito é igual sidade luminosa a 10,0m da lâmpada é igual, em 10-1 W/m2, a
a 10,0A. (A) 0,82 π-1
(B) a leitura de um voltímetro ideal ligado entre os terminais do (B) 1,25 π-1
gerador é igual a 35,0V. (C) 5,60 π-1
(C) a tensão nos seus terminais, quando atravessado por uma (D) 1,05 π-1
corrente elétrica de intensidade i = 2,0A, é U = 20,0V. (E) 2,50 π-1
(D) a intensidade da corrente elétrica que o atravessa é de 5,6A,
quando a tensão em seus terminais é de 12,0V. 26. (UESC)
(E) ele apresenta um rendimento de 45%, quando atravessado
por uma corrente elétrica de intensidade i = 3,0A.
28. (UESC)
típicos de potências para alguns aparelhos elétricos são apre- acendem com o mesmo brilho por apresentarem igual valor de
sentados no quadro seguinte: corrente fluindo nelas, sob as quais devem se posicionar os três
atores?
34. (ENEM) Todo carro possui uma caixa de fusível que são
utilizados para proteção dos circuitos elétricos. Os fusíveis são
constituídos de um material de baixo ponto de fusão, como o
*Eletrodutos são condutos por onde passa a fiação de uma ins- estanho, por exemplo, e se fundem quando percorridos por uma
talação elétrica, com a finalidade de protegê-la. corrente elétrica igual ou maior do que aquela que são capazes
A escolha das lâmpadas é essencial para obtenção de uma boa de suportar. O quadro a seguir mostra uma série de fusíveis e os
iluminação. A potência da lâmpada deverá estar de acordo com valores de corrente por eles suportados.
o tamanho do cômodo a ser iluminado. O quadro a seguir mos-
tra a relação entre as áreas dos cômodos (em m2) e as potências
das lâmpadas (em W), e foi utilizado como referência para o
primeiro pavimento de uma residência.
(A)
Considerando que o modelo de maior potência da versão 220v
da torneira suprema foi indevidamente conectada a uma rede
com tensão nominal de 127V, e que o aparelho está configurado
para trabalhar em sua máxima potência. Qual o valor aproxima-
do da potência ao ligar a torneira?
(A) 1.830W.
(B) 2.800W.
(C) 3.200W.
(D) 4.030W.
(E) 5.500W.
(B)
37. (UFF) Um pequeno motor M conectado a uma bateria deve
ser protegido por um fusível F. A tensão aplicada ao motor deve
ser medida por um Voltímetro V. A figura que melhor ilustra a
ligação correta desses elementos é:
(A)
(C)
(D)
(B)
(C)
(E)
142 Da Vinci Vestibulares
39. A figura abaixo representa, em (I), uma associação de 3 re- (D) 10A
sistores iguais, R, ligados a uma tensão V, percorrida por uma (E) 24A
corrente elétrica Is·. Em (II) estão representados os mesmos re-
sistores numa associação em paralelo, ligada à mesma tensão V, 42. Dois elementos de circuito, um ôhmico e o outro não, têm
percorrida pela corrente ip. suas curvas tensão X corrente mostradas abaixo. Eles são liga-
dos em série com uma bateria ideal, de força eletromotriz igual
a 9,0Volts.
45. O governo federal tem uma série de leis e projetos para pro-
teger o consumidor. Dentro desse contexto, apresente o papel
do selo PROCEL.
(A) Seu papel é indicar ao consumidor a durabilidade de um
aparelho frente as condições adversas de temperatura.
(B) Permitir que o consumidor tenha informações detalhes para
economizar em sua conta de luz.
(C) Promover a livre circulação de produtos importados, facili-
tando o crescimento do comércio.
(D) Informar aos consumidores sobre a presença de substância
tóxicas na composição dos aparelhos.
(E) Indicar o procedimento correto para a reciclagem do apare-
lho quando este parar de funcionar corretamente e for descar-
tado.
GABARITO:
144 Da Vinci Vestibulares
Extensivo 145
biologia
146 Da Vinci Vestibulares
das briófitas apresenta alteração de gerações. Na fase inicial: permitiu que elas se mantivessem eretas e possibilitou o apare-
sexuada – GAMETOFÍTICA- ocorre à formação dos gametas. cimento de espécies com porte arbustivo. A existência de vasos
Esta fase é permanente ou duradora, que é sucedida por uma (xilema e floema) possibilitou também o transpor te mais efi-
fase assexuada – ESPOROFÍTICA- ocorre a formação de espo- ciente de água e sais minerais até as folhas, e de seiva elaborada
ros. Esta é a fase transitória. das folhas para as demais partes da planta.
Nas samambaias, o esporófito apresenta um caule ho-
Ciclo reprodutivo das briófitas rizontal, denominado de rizomas, cujas raízes emergem aos
lados. As folhas geralmente se desenvolvem na ponta dos rizo-
O ciclo reprodutivo das briófitas inicia com duas mas, sendo enroladas quando jovens. A maioria das samambaias
briófitas adultas que apresentam a capacidade de produzir são homosporadas, ou seja, produzem distintos esporângios,
gametas, por isso são chamadas de gametófitos. Existe um ga- geralmente aglomerados e denominados de soros, encontrados
metófito masculino e outro feminino. No ápice do gametófito normalmente na face adaxial das folhas. Os soros muitas vezes
masculino encontra-se o anterídio, uma estrutura durante o seu desenvolvimento são protegidos por uma película
responsável por formar os gametas masculinos, denominados transparente, que a princípio pode ser confundido com um in-
de anterozóides. No momento que o anterídio está maduro ele fecção na planta.
se rompe e libera os anterozóides (haplóides), que são biflage-
lados e se deslocam em meio aquoso na direção do gameta fe- Ciclo reprodutivo das pteridófitas
minino, a oosfera.
No ápice do gametófito feminino encontra-se uma O ciclo reprodutivo das pteridófitas começa com um
estrutura responsável pela formação dos gametas feminino, adulto que apresenta raiz, caule (rizoma) e folha. Essa pteridófi-
que é o arquegônio. Esse arquegônio produz uma substância ta adulta produz esporos por meiose em uma estrutura chamada
química que atrai os anterozóides para a oosfera (que é haplói- de esporângio. Quando os esporângios sofrem a ruptura liberam
de). Esse processo é denominado de Quimiotactismo positivo. os esporos que caem no solo úmido e germinam. Cada esporo
Quando ocorre a fusão do anterozóide com a oosfera, forma- germinado dá origem a uma lâmina verde em forma de folha,
rá uma célula ovo ou ZIGOTO (2n), que dividi-se por mitose que é o PROTALO. O protalo irá formar gametas, por tanto, é
e desenvolve-se o ESPORÓFITO que apresenta em seu ápice denominado de gametófito.
uma cápsula, que por meiose formar os esporos. Na fase inferior do protalo encontra-se o anterídio, que
Quando o esporângio está maduro, rompe o opérculo é a estrutura responsável pela formação do gameta masculino,
e libera os esporos, que caindo no solo úmido germina, forman- o anterozóide. Na região mais acima do anterídio encontra-se
do filamento verde, o PROTONEMA, que se desenvolve dando o arquegônio, que é a estrutura responsável por formar o gameta
origem a um novo gametófito (Figura. 2). feminino, a oosfera.
Quando ocorre a fusão do anterozóide com
a oosfera forma o zigoto (2n), que originará o espo-
rófito, que desenvolve retirando os nutrientes do solo.
Com isso, a medida que o esporófito se desenvolve o
protalo regride progressivamente e desaparece fican-
do apenas um novo esporófito adulto (figura 3).
Observe no ciclo de vida que tanto o gametófito quan-
to o esporófito são fotossintética ativa e podem viver
de forma independente. A água é necessária a fer tili-
zação, pois os gametas são liberados na par te inferior
do gametófito e nadam no solo úmido para os game-
tófitos vizinhos.
PTERIDÓFITAS
A seqüência correta em que essas etapas ocorrem é 9. (UFPE) Considere as seguintes características:
I - presença de tecidos de condução
(A) II, V, IV, I e III. II - nítida alternância de gerações
(B) II, III, I, IV e V. III - ocorrência de meiose espórica
(C) III, II, IV, I e V.
(D) V, III, IV, I e II. Um musgo (briófita) e uma samambaia (pteridófita) apresentam
(E) III, IV, I, II e V. em comum:
Contudo, somente um desses megásporo é funcional; e os Normalmente são fecundadas as oosferas de todos os
outros três mais próximos da micrópila logo degeneram. O arquegônios presentes no megagametófito e dois ou três zigotos
megásporo funcional se divide por sucessivas mitoses ori- começa, a se desenvolver. Na maioria das vezes, ocorre apenas de
ginando o megagametófito, onde se diferenciam os arque- um embrião conseguir completar o desenvolvimento, nutrido pelas
gônios, geralmente em número de dois ou três por óvulo. células do gametófito feminino ao seu redor.
Com a formação do tubo polínico há uma divisão mitóti- O tegumento do óvulo consiste de três camadas celula-
ca da célula generativa, que irá originar a célula estéril e a res, uma das quais endurece e origina a casca da semente. Quando
célula espermatogênica. E, seguida, pouco antes de o tubo esta semente amadurece, o embrião em seu interior já apresenta
polínico atingir o gametófito feminino, a célula espermató- primórdios de raiz, caule e oito folhas embrionárias, denominadas
gena dividi-se por mitose e origina as duas células esper- de cotilédones. Nesse estágio, a semente desprende-se do estróbilo
máticas, completando assim o amadurecimento do game- feminino e cai no solo, onde germinará.
tófito masculino. Com a polinização, o tubo polínico atinge
a oosfera e suas membranas fundem-se. Uma das células
espermáticas degenera, e o núcleo da outra se funde ao nú-
cleo da oosfera.
Figura 5- Ciclo de vida das gimnospermas, tendo com modelo o pinheiro (gênero Pinus)
ANGIOSPERMAS
Os gametófitos reduzidos, assim como nas Gimnosper-
Com a maior diversidade de espécies e maior dis- mas, também se desenvolvem sobre o esporófito, só que agora em
tribuição na vegetação mundial, as Angiospermas (do grego estruturas reprodutivas espe cializadas – as flores. As flores exibem
angion = vaso, e sperma = semente) são caracterizadas pela uma diversidade de formas, tamanhos, texturas. Há ainda as que
presença de flores e fr utos. Ao longo da história evolutiva, estão agrupadas de diversas formas, formando verdadeiros buquês
as Angiospermas são um grupo de plantas com sementes naturais, sendo denominados de inflorescências. O eixo da inflo-
que apresentam características peculiares: flores, frutos rescência, que a conecta com o caule é denominado de pedúnculo,
e característica no seu ciclo de vida que são próprias do enquanto
que os eixos das flores individuais de uma inflorescência
grupo. Acredita-se que as Angiospermas atuais são todas é conhecido como pedicelo. A flor é uma estrutura especializada
descendentes de um ancestral comum, possivelmente um muitas possuem folhas “fér teis” produtoras de esporângios e fo-
antigo integrante das Gimnospermas. lhas “estéries”, que não produzem esporos. Uma flor completa
Há duas grandes, as Monocotiledôneas, com cerca apresenta quatro conjuntos de folhas especializadas, cada um deles
de 90.000 espécies e as Eudicotiledôneas, com pelo menos constituindo um ver ticilo. Os ver ticilos florais são:
200.000 espécies. As monocotiledôneas incluem plantas
como gramas, lírios, íris, orquídeas e palmeiras. Enquanto, Verticilos externos ou Verticilos Internos ou
as eudicotiledôneas são mais diversificadas e incluem apro- protetores reprodutores
ximadamente todas as árvores e arbustos que conhecemos,
exceto pelas coníferas estudadas acima. Cálice - formado por Androceu - formado por
Assim como as Pteridófitas e Gimnospermas, as sépalas. estames.
Angiospermas também possuem o esporófito como fase du-
Corola - formada de Gineceu - formado pela
radoura, a planta em si.
pétalas. fusão de folhas carpelares.
152 Da Vinci Vestibulares
gumento maciço com uma abertura, a micrópila. Cada Megaspo- outras duas chamadas de núcleos polares. ao estigma da flor. O
rângio contém um só megasporócito ou célula-mãe de megáspo- estigma produz substância viscosa que facilitam a aderência do
ro, que sofre meiose, dandoorigem a quatro megásporo. grão de pólen. Quando o grão de pólen é umedecido pelo estig-
O androceu (do grego andros, homem, e oikos, casa) ma começa a “germinar” formando o tubo polínico, que penetra
é o conjunto e folhas férteis formadoras do grão de pólen. Ele no estilete em direção ao ovário, onde está o óvulo. O núcleo da
é formado por unidades denominadas de estames. Cada estame célula vegetativa, do grão de pólen, degenera e a célula geradora
consta de duas partes: Filete – um filamento longo que fixa na sofre divisão mitótica, dando origem a dois núcleos espermá-
base da flor; Antera – uma dilatação na ponta do filete e onde ticos. Estes são os gametas masculinos, e o tubo polínico é o
são produzidos os grãos de pólen. O gineceu é formado pela fu- gametófito masculino maduro.
são de folhas modificadas, chamadas carpelos ou folhas carpela- Quando o tubo polínico atinge o óvulo, um dos núcleos
res. Essa é estrutura que melhor define a flor. Ele apresenta uma espermáticos une-se à oosfera, dando origem ao zigoto diplóide
porção basal dilatada, que corresponde ao ovário (no interior do e outro se funde com os dois núcleos polares, dando origem a
qual está os óvulos) e uma porção alongada chamada de estilete um núcleo triplóide (3n). Essa é uma característica exclusiva das
une o ovário ao estigma, porção apical do gineceu. Angiospermas, a dupla fecundação. O zigoto (2n) dá origem ao
embrião, que dará origem a outro indivíduo diplóide ( esporófi-
to) e o núcleo triplóide dará origem ao endosperma ou albúmen,
que é a reserva nutritiva do embrião.O desenvolvimento do em-
brião, do endosperma e demais partes do óvulo forma a semente.
Este é formado por oito células, sendo que uma delas a oosfera e
Extensivo 153
O crescimento é efetivado pela combinação de divisão na qual os cotilédones são elevados acima do solo (Fig. 9a), e
e expansão celular, sendo os meristemas apicais da raiz e do a hipógea na qual os cotilédones permanecem abaixo do solo
caule responsáveis por essa divisão. As células do meristema (Fig. (9b). No caso o milho o coleóptilo é empurrado até a super
que se mantém em contínua divisão são chamadas de iniciais. fície do solo, onde aparece as primeiras folhas. No decorre da
As células iniciais se dividem de tal forma, que uma das células germinação as reservas nutricionais são digeridas e os produtos
irmãs permanece no meristema como inicial, enquanto a outra realocados para o desenvolvimento e da nova planta, que agora
se torna uma nova célula do corpo ou derivada. Essas células apresenta seus órgãos definidos: raiz, caule e folhas(órgãos ve-
derivadas, por sua vez vão dividir-se próximo aos meristemas getativos) flor, frutos e novas sementes ( órgãos reprodutivos).
antes de ocorre a diferenciação, processo pelo qual as células
que antes eram idênticas tornam-se diferentes, formando assim
os tecidos.
Raiz
As raízes, normalmente, têm como função a fixação As raízes de muitas plantas eudicotiledôneas apresentam es-
e absorção de sais minerais. São órgãos subterrâneos, aclorofi- pecializações que as permite classificá-las em diferentes tipos:
lados, com ramificações, e originados na radícula do embrião. (figura 10)
Não possuem gemas e, portanto não possuem nós e entrenós. ♦ Raízes-escoras (ou raiz suporte) – são raízes que se desen-
Algumas são capazes de armazenar reservas nutritivas (cenou- volvem a partir de certas regiões do caule, e tem como função
ra, nabo, beterraba, rabanete, mandioca, batata-doce etc.). Há aumentar a sustentação da planta em solos pouco firmes. Ex:
dois tipos de sistemas radiculares: sistema axial (ou pivotante), milho
com uma raiz principal, comum a muitas plantas eudicotiledô- ♦ Raízes respiratórias (ou pneumatóforos) – são raízes projeta-
neas (cenoura, alface); e sistema fasciculado, que não possui das para fora do solo e são adaptadas a realização de trocas ga-
raiz principal, formando um emaranhado de raízes, comum nas sosas em ambiente pouco oxigenado, como os dos manguezais.
monocotiledôneas (cebolinha e milho). Na estrutura típica da Ex: espécies do gênero Avicennia (mangue-siriúba ou mangue-
raiz podem-se reconhecidas as seguintes regiões quando se -preto).
olha do ápice para a base: ♦ Raízes aéreas – crescem expostas ao ar e apresentam um re-
Zona meristemática – fica protegida por uma camada de cé- vestimento chamado de velame, que é uma epiderme multies-
lulas, a coifa, que protege a parte mais sensível da raiz onde se tratificada capaz de absorver a umidade do ar. Ex: orquídeas.
dão as divisões celulares. ♦ Raízes sugadoras – apresenta uma estrutura denominada de
Zona de alongamento ou distensão - onde as células recém- haustório, responsável fixação e extração de alimentos (seiva
-divididas aumentam de tamanho e empurram a ponta da raiz elaborada) da planta hospedeira. Ex: cipó-chumbo (Cuscuta
solo adentro. sp.).
Zona de maturação - onde os tecidos da raiz se diferenciam ♦ Raízes tabulares- atingem grande desenvolvimento e apresen-
e onde se localizam os pêlos absorventes. tam o aspecto de tábuas perpendiculares ao solo, dando a planta
Zona de ramificações - A região entre a raiz e o caule é a zona maior estabilidade.
de transição, o colo.
Figura 10. A- Raiz pivotante. B- Raízes adventícias. C- raiz suporte. D- Raízes sugadoras, com os haustórios. E- Raiz tuberosa da espécie
Raphanus sativus. F- Raiz tabular da espécie Ficus rubiginosa. G. H- Raízes respiratórias, também denominadas de pneumatóforos da espécie
Avicena germinans, típica de mangue. Adaptado de Simpson Michael ( livro Plant Sytemtics, 2006)
Caule
trepadores e rastejantes. Os caules subterrâneos são responsá-
O caule é reconhecido como a parte aérea do vegetal e que veis pelo armazenamento de reservas nutritivas para a planta,
sustenta as folhas, flores e fr utos. Tem as funções de trans- especialmente amido, sendo muito utilizado pelo homem na
portar, sustentação, armazenamento de reservas nutritivas e alimentação, por exemplo: emplo: os rizomas, que crescem ge-
de reprodução vegetativa (assexuada). Os caules são cons- ralmente horizontal ao solo, emitindo brotos aéreos foliares e
tituídos por uma região apical ou meristemática, respon- floríferos, assim como raízes, como no caso das bananeiras; os
sável pelo seu desenvolvimento, a região dos nós, onde se tubérculos que caracterizam-se por ser um caule que armazena
desenvolvem as folhas lateralmente, e a região entre os nós, grande quantidade de reserva nutritiva como o amido, tendo
sem folhas, denominadas entrenós. Assim como as raízes, com principal exemplo a batata-inglesa; e por fim os bulbos que
os caules também podem ser classificados em três tipos bá- são formados por um eixo cônico que constitui o prato (caule),
sicos: subterrâneos, aéreos ou aquáticos. Os representantes dotado de gema e rodeado por catafilos,que são folhas reduzi-
mais conhecidos dos caules aéreos são: troncos, estipes, das como exemplo de bulbo temos o alho, onde os “dentes” são
colmos e hastes. Há ainda os caules volúveis, que são re- denominados de bulbilho, e a cebola, sendo a parte comestível
lativamente finos e longos, sendo denominados de volúveis folhas modificadas, denominadas de catafilos suculentos.
Extensivo 155
Folha
7. (Fuvest-SP) O endosperma da semente de angiospermas con- 11. (UFPR) Através da Lei Estadual nº 7957, de 21/11/84, o
tém: Governo do Estado do Paraná declara a gralha-azul ave símbolo
do Paraná. Esta ave, muito festejada pelo folclore paranaense,
(A) Material genético de cada genitor em quantidades iguais. está intimamente ligada ao pinheiro-do-paraná porque realiza:
(B) Somente material genético materno.
(C) Somente material genético paterno. (A) abertura do estróbilo masculino.
(D) Maior quantidade de material genético materno. (B) anemofilia, uma vez que as flores são unissexuadas.
(E) Maior quantidade de material genético paterno. (C) o transporte do fruto, facilitando a disseminação da espécie.
(D) os mecanismos da ornitofilia.
8. Analise as estruturas numeradas na figura a seguir e as propo- (E) disseminação da semente.
sições apresentadas a respeito das mesmas.
12. (UFPA) O pinhão, estrutura comestível produzida por pi-
nheiros da espécie ‘Araucaria angustifolia’, corresponde a que
parte da planta?
Absorção de luz e síntese de ATP Os fótons que saíram do complexo antena excitam os
centros de reação (P680 para o PSII e o P700 para o PSI) e
A captação de luz pelas plantas ocorre devido a presen- ejetam elétrons. O elétron passa, então por uma série de carrea-
ça de uma família de proteínas denominadas de LHCI e LHCII, dores, e eventualmente, reduz o P700 ( para os elétrons vindos
que funcionam como verdadeiras antenas na captação e transfe- do PSII) ou NADP+ (para os elétrons vindos do PSI). Assim,
rência dessa energia aos centros de reações, formados por clo- todos os processos químicos que perfazem as reações luminosas
rofila especiais denominadas de P680 e P700, ou fotossitema II da fotossíntese são realizados por 4 principais complexos pro-
(PSII) e fotossistemaI (PSI) respectivamente. téicos: fotossistema II, o complexo citocromo b6f , fotossistema
O fotossistema I absorve preferencialmente a luz na I e ATPsintase (Figura 12).Esses complexos estão inseridos na
faixa do vermelho com comprimento de onda de 680 nm. En- membrana dos tilacóides para funcionar da seguinte forma:
quanto o fotossistema II absorve a luz na faixa do vermelho- ♦ O fotossistema II oxida a água a O2 no lume do tilacóide e
-distante com o comprimento de onda de 780nm. Na sequência durante esse processo libera também prótons (H+ ).
de pigmentos ( carotenóides, clorofila b e clorofila a) a energia é ♦ O citocromo b6f atua com um ponto de triagem, ejetando os
transferida, sendo que a clorofila em seu estado de menor ener- prótons para o lume e transferindo os elétrons para a plastocia-
gia, absorve os fótons e faz uma transição para o estado mais nina e posteriormente para a PSI
energético ou excitado(figura 11). A distribuição dos elétrons na ♦ O fotossistema I (PSI) reduz o NADP+ a NADPH no estroma
molécula excitada é de certa forma diferente da distribuição da pela ação da ferrodoxina (Fd) e da flavoproteína ferredoxina-
molécula no seu estado base, pois quando excitada a clorofila é -NADP redutuase (FNR).
extremamente instável e rapidamente libera parte da sua ener- A síntese de ATP ocorre pela passagem de prótons
gia para o meio na forma de calor e a outra parte transfere para (H+) através da membrana do tilacóides. Os prótons se deslo-
o centro de reação (PSII ou PSI). Os dois fotossistemas estão cam do estroma para dentro do tilacóide, onde se acumulam.
ligados a cadeia transportadora de elétrons, onde as reações de Com o excesso de H+ no interior dos tilacóides há uma difusão
químicas de oxidação e redução levam ao armazenamento de para o estroma. Essa saída é feita por um “motor molecular” que
energia na forma de ATP e NADPH (Figura 12). é o complexo ATP-sintetase, que girar como a passagem dos
íons H+, levando a produção de ATP.
Figura 12: Transferência e elétrons e prótons na membrana o tilacóide é feita por quatro complexos protéicos. A água é oxidada e os prótons (H+) são libe-
rados no lume pelo PSII. O PSI reduz o NADP+ a NADPH no estroma, por meio da ferredoxina (Fd) e da flavoproteína ferredoxina-NADPredutase (FNR).
Os prótons são também transportados para o lume pelo complexo citocromo b6f e contribuem para o gradiente eletroquímico.Tais prótons necessitam,
então difundir-se até a enzima ATPsintase, onde sua difusão através do gradiente de potencial eletroquímico será utilizada para sintetizar ATP no estroma.A
plastoquinona reduzida(PQH2) e a plastocianina transferem elétrons para o citocromo b6f e para o PSI, respectivamente. As linhas tracejadas representam a
transferência de elétrons e a linha contínua representam o movimento de prótons. Fonte: Taiz e Zeiger (Livro Fisiologia Vegetal, 2004)
160 Da Vinci Vestibulares
Ciclo das pentoses: ciclo de Calvin-Benson císico e Etileno. Eles apresentam efeitos diversos, dependendo
do local onde atuam, do estágio de desenvolvimento do órgão e
A etapa bioquímica da fotossíntese é constituída pelas de sua concentração.
reações enzimáticas de fixação de CO2 e síntese de açúcares
(representados pela sacarose). Essa etapa é movida pelo ATP e Auxinas:
pelo poder redutor gerados durante o processo fotoquímico, na
cadeia transportadora de elétrons, estudada acima. A principal auxina é o ácido indolacético (AIA). Ele é
O ciclo de Calvin-Benson pode ser dividido em três fases: produzido por células meristemáticas a partir do aminoácido
a carboxilativa, a redutiva e a regenerativa. Triptófano nos seguintes locais: Gema apical do caule e da raiz;
♦ 1. Fase carboxilativa – Compreende a reação catalisada pela Folhas jovens; Frutos; Semente em desenvolvimento. O AIA é
enzima Ribulose-1,5-bisfosfato, conhecida como rubisco. Cada sintetizado principalmente na gema apical do caule e transpor-
molécula de CO2 fixada pela rubisco dá origem a duas molécu- tado de modo polar para a raiz, onde promoverá o alongamento
las de 3-fosfoglicerato (3PGA). Cada molécula de 3-fosfoglice- celular e conseqüentemente o crescimento celular. A ação da
rato corresponde a uma volta no ciclo de Calvin! AIA em órgãos vegetais De um modo geral a auxina promove
♦ 2. Fase redutiva – O 3PGA é convertido a gliceraldeído-3- o crescimento por alongamento, sobretudo por aumentar a ca-
-fosfato (3 PGald) através de duas reações que utilizam o ATP e pacida de extensão da parede celular, este crescimento da raiz e
o NADPH produzidos na etapa fotoquímica da fotossíntese. O 3 do caule depende da concentração do hormônio, pois uma con-
PGald é o primeiro carboidrato gerado no ciclo. centração muito elevada inibe o crescimento celular e, portanto,
♦ 3. Fase regenerativa – ocorre a partir da formação do gli- o crescimento dos órgãos.
ceraldeído-3-fosfato (3 PGald). Esse monossacrídeo é rever-
sivelmente convertido em Diidroxiacetona-fosfato (DHAP) Raiz e caule
através da enzima triose-fosfato isomerase. Os dois açúcares
fosfato, contendo três carbonos, são denominados trioses-fosfa- As raízes são geralmente muito mais sensível á ação
to (triose-P). Uma série de reações enzimáticas interconvertem da AIA do que os caules. Isso significa que a concentração de
açúcares-fosfato de três, quatro, cinco seis e sete átomos de AIA exigida pelas raízes é inferior que a concentração de AIA
carbono, e regeneram a molécula receptora primária de CO2, a exigida pelos caules. Por isso, concentrações ótimas para as ra-
ribulose-1,5- bisfosfato. ízes, não provocam o crescimento dos caules, por falta de AIA.
Em contrapartida, concentração ótima de AIA para o caule inibe
fortemente o crescimento das raízes.
Dominância apical
Folhas
Frutos
Figura 13: Ciclo de Calvin operando nas três fases: (1) carboxilação, em que o Neste caso, como ocorre com a folha, o AIA controla
CO2 é covalentemente ligado a um esqueleto de carbono, (2) redução, onde o
a permanência ou queda dos frutos (abscisão). As auxinas quan-
carboidrato é formado com gasto de ATP e dos equivalentes redutores na forma
de NADPH, e (3) regeneração, etapa na qual o aceptor de CO2 ribulose-1,5-bis- do aplicadas artificialmente nos frutos e folhas evitam sua que-
fosfato é reconstituído. Fonte: Taiz e Zeiger (livro de Fisiologia Vegetal, 2004). da.
Os hormônios vegetais são substâncias orgânicas, que São caules cortados dos vegetais os quais plantados
atuam no crescimento e no desenvolvimento das plantas. En- são capazes de originar novas plantas. Quando se aplica auxina
tende-se por crescimento o aumento em volume do vegetal na base de estacas, obtemos um enraizamento muito mais rá-
decorrente das diversas multiplicações celulares, enquanto o pido.
desenvolvimento implica aquisição de novas estruturas que ca-
pacitam o vegetal a desempenhar um conjunto de atividades que Flores
lhe proporcione a sobrevivência e perpetuação. Os principais
fitormônios são as Auxinas, Giberilinas, Citocininas, ácido Abs- A aplicação artificial de auxinas em flores não fecun-
Extensivo 161
CITOCININAS
♦ Em raízes;
♦ Nos embriões em desenvolvimento;
♦ Em Folhas jovens.
O etileno é formado em muitos órgãos dos vegetais su- 2. “Esses primeiros órgãos são conhecidos pelo nome de coti-
periores. Tecidos senescentes e frutos em amadurecimento pro- lédones chamados também de grãos, pevides ou folhas de se-
duzem mais etileno que tecidos jovens ou maduros. O precursor mentes, indicando com esses nomes diferentes formas. Muitas
do etileno in vivo é o aminoácido metionina. O etileno regula vezes esses órgãos têm aparência disforme, como se estivessem
o amadurecimento de frutos e outros processos associados com cheios de uma matéria grosseira e bastante distendidos, tanto na
senescência de flores e folhas, abscissão de flores, frutos, desen- espessura como na largura. Seus recipientes são pouco visíveis
volvimento de pêlos radiculares e o crescimento de plântulas. e não podem ser distinguidos da substância geral. Em muitas
plantas, eles se aproximam da forma das folhas.” À luz da Bio-
Práticas agrícolas decorrentes dos conhecimentos so- logia atual, a interpretação do texto, escrito com base em conhe-
bre a ação do etileno. cimentos do século XVIII, exige a compreensão de que:
01) As reservas nutritivas em sementes de plantas monocoti-
♦ Pulverização do fitormônio durante a colheita; ledôneas estão localizadas caracteristicamente em um único e
♦ Desfolhante; Indutor de floração; bem desenvolvido cotilédone.
♦ Conservação de frutos para longas viagens: vegetais manti- 02) As formações cotiledonares são estruturas anexas, derivadas
dos em ambientes frios e ricos em CO2 têm o seu processo de da flor, não sendo produto do desenvolvimento preliminar do
maturação retardado; tais condições inibem a produção do fi- zigoto.
tormônio. 03) A matéria “grosseira” que está incluída nos cotilédones é
habitualmente uma reserva celulósica que pode ser utilizada na
construção das estruturas de sustentação da planta.
162 Da Vinci Vestibulares
04) A desidratação da semente, preservando a reserva orgânica dução de gametas e considerada transitória devido as limitações
da decomposição bacteriana, condiciona a sua germinação, que reprodutivas presentes nesse grupo vegetal.
é dependente de água, a um ambiente propício ao desenvolvi- (D) O zigoto formado no grupo das fanerógamas este sempre
mento do embrião e da jovem planta. acompanhado de uma estrutura de proteção e dispersão do em-
05) Os cotilédones, no processo de evolução das plantas, se es- brião denominada de fruto.
tabeleceram com diversas funções entre as quais a função eco- (E) A ausência de vasos condutores nas briófitas também e con-
lógica de proporcionar alimento para o homem. siderada como um dos fatores limitantes na adaptação ao am-
biente terrestre devido a pouca eficiência desse grupo na capta-
3. As células vegetais realizam processos bioquímicos para ob- ção e transporte de água em solos onde o lençol freático e mais
tenção de energia essenciais para sua sobrevivência e seu de- profundo.
senvolvimento. De acordo com os conhecimentos acerca desses
processos bioquímicos, é correto afirmar: EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES:
01) A passagem de elétrons através da cadeia transportadora, o
acúmulo de prótons no interior do tilacoide e o conseqüente di- 6. (UFBA- 2007) Com base nas relações entre plantas e animais
recionamento de prótons através da ATP- -sintase possibilitam a — insetos, aves e mamíferos. Justifique a grande expansão das
formação de ATP no processo de fotossíntese. plantas com flores em relação aos demais
02) A respiração celular caracteriza-se pela combinação de mo- grupos vegetais.
léculas de oxigênio e água para produção de glicose.
03) O gás carbônico liberado pelas plantas, ao realizarem fotos- 7. (UESB -2010) Dados parciais do Atlas dos Remanescentes
síntese, é aproveitado em uma das etapas do Ciclo de Krebs, no Florestais da Mata Atlântica revelam que a Mata Atlântica per-
processo de respiração. deu 20857 hectares de sua cobertura vegetal, durante os anos
04) As reações de luz da fotossíntese caracterizam-se pela pro- de 2008 a 2010, o que equivale à metade da área do município
dução de ATP e NADH acoplados à oxidação de H2O a CO2 . de Curitiba (PR). Esses dados foram divulgados em 27 de maio
05) O ciclo das pentoses é responsável pela produção de glicí- pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) durante
dios a partir de CO2 e H2O, durante o processo de respiração evento em comemoração ao dia nacional deste bioma. (MATA
celular em vegetais. ATLÂNTICA..., 2010). Analise as alternativas a seguir, relacio-
nadas à perda da cobertura vegetal da Mata Atlântica e os con-
4. O surgimento da fotossíntese aeróbica é considerado um mar- sequentes danos ambientais ocasionados, identificando-as como
co na história de vida na Terra e isso se deve, principalmente, a: verdadeiras (V) ou falsas (F).
01) Esse processo metabólico ter possibilitado às primeiras cé-
lulas, eucarióticas, a obtenção de alimento e energia diretamente ( ) A Mata Atlântica remanescente sofreu um intenso processo
do ambiente em que se encontravam. de fragmentação que acarreta a redução da composição da flora
02) Possibilidade de conversão de moléculas orgânicas pré- e fauna desse bioma.
-formadas a moléculas de ATP, as quais seriam utilizadas como ( ) A ocupação urbana, apesar de prejudicial ao meio ambiente,
fonte de energia para outras reações metabólicas. teve pequena influência sobre a redução da cobertura vegetal
03) Possibilidade de realização de reações de glicólise anaeró- que compõe a Mata Atlântica.
bica que apresentam rendimento energético superior em relação ( ) A formação de fragmentos florestais leva à recuperação desse
às reações metabólicas até então existentes. bioma, uma vez que influencia a ocorrência de processos natu-
04) Liberação de dióxido de carbono responsável pelo aqueci- rais, tais como sequestro de carbono.
mento gradual da superfície terrestre, o que possibilitou a biodi- ( ) A redução das áreas florestais compromete a reprodução de
versidade hoje existente. espécies vegetais e animais, devido a mudanças que ocorrem na
05) Alteração progressiva da atmosfera terrestre devido à libe- interação entre esses organismos.
ração do gás oxigênio pela ação dos organismos fotossinteti- A alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo,
zantes. éa
01) F V V F
5. “A restrição das briófitas a ambientes úmidos também esta 02) V V F F
ligada ao fato de elas dependerem da água para a reprodução 03) F V F V
sexuada, pois seus gametas masculinos, chamados anterozói- 04) V F F V
des, são flagelados, deslocando-se apenas em meio liquido. Ao 05) V F V F
atingir o gameta feminino, chamado oosfera, forma ao zigoto,
que e imóvel.” (LOPES, 2008. p. 444). 8. (UESC- 2007) Análise da estrutura e fisiologia da folha evi-
Em relação a adaptação dos grupos vegetais ao am- dencia aspectos que contribuem para a sua eficiência fotossinté-
biente terrestre ao longo de sua historia evolutiva, pode-se con- tica, entre os quais se pode reconhecer:
siderar: 01) A folha, realizando a transpiração, proporciona a ascensão
(A) As briófitas, apesar da presença de algumas limitações, da seiva mineral, diminuindo a perda de água pela planta.
desenvolveram densas florestas no ambiente terrestre anterior- 02) A elevada permeabilidade do revestimento epidérmico, con-
mente ao advento do grupo das pteridófitas. trolando o intercâmbio de gases no processo.
(B) A solução desenvolvida pelas pteridófitas para resolver as 03) A localização predominante dos estômatos na superfície su-
limitações, em relação a reprodução sexuada, consistiu no de- perior da epiderme foliar, permitindo maior captação de energia
senvolvimento de estruturas especificas para a fecundação, e proporcionando maior eficiência na fotossíntese.
como, por exemplo, os estróbilos. 04) A utilização, na construção da biomassa, de toda a energia
(C) A etapa do ciclo de vida das briófitas que apresenta a pro- incidente na folha.
Extensivo 163
05) A organização do tecido clorofiliano adaptado a condições forma de proteção contra agressões ambientais
variáveis de luminosidade, estabelecendo, na folha,
uma ampla superfície relativa. 12. (UESC- 2010) A Área de Proteção Ambiental da Lagoa En-
cantada, criada pelo Decreto Estadual N.º 2.217, de 14/07/93,está
9. (UEFS-2010) O modo como ocorreu a evolução dos proces- localizada no Município de Ilhéus. São 11.800 hectares com-
sos sexuados e dos ciclos de vida nas plantas foi de fundamen- postos de Mata Atlântica associada ao cultivo de cacau, além
tal importância para a conquista do ambiente terrestre. Pode-se de manguezais, restingas, pastagens, vilarejos, condomínios de
considerar como um desses fatores evolutivos na formação do praia e cachoeiras. A proteção da área foi proposta pela Prefei-
grupo vegetal: tura de Ilhéus, para ampliar e assegurar a vocação turística da
(A) A alternância de gerações entre uma fase sexuada e uma cidade, permitindo que o visitante possua mais uma alternativa
outra fase assexuada, ao longo do ciclo de vida. de lazer. A rica fauna aquática representada principalmente por
(B) A presença, a partir das pteridófitas, de uma fase esporofíti- peixes, como robalos e carapebas, serve de sustento às comuni-
ca mais desenvolvida e nutricionalmente independente da fase dades ribeirinhas, aliada ao turismo que vem sendo uma nova
gametofítica. opção de renda no local. Os principais conflitos observados na
(C) O advento das flores, frutos e sementes nos indivíduos do APA são a falta de saneamento básico, sem instalações de esgo-
grupo das fanerógamas. tamento sanitário, e as poucas fossas sépticas que existem são
(D) A presença de vasos condutores que condicionou uma me- mal construídas e encontram-se saturadas pelo nível do lençol
lhor adaptação das briófitas aos ambientes com menor disponi- freático. Existem, ainda, casos graves de casas que despejam
bilidade de água. seus dejetos no rio e ainda utilizam essa mesma água para ba-
nho. Observa-se também uma ocupação desordenada do solo
10. Até pouco tempo atrás, geologicamente falando, os humanos por conta dos pequenos aglomerados de casas simples dos pes-
eram caçadorescoletores. Deslocavam-se em busca de alimento, cadores e trabalhadores rurais. (Relatório de Aspectos Sócio-
efetuando longas migrações e enfrentando períodos de escassez. -ambientais. PDITS — Lit. Sul. Prodetur NE II. BNB).
Era certamente penoso, mas sustentável. Há cerca de 10 000
anos, porém, inventamos a agricultura e, com isso, nos seden- Com base no texto e nos critérios de utilização racional dos re-
tarizamos. Passamos a produzir mais comida do que o estrita- cursos do ambiente, a ação que deve ser considerada como a
mente necessário e, com esse novo poder, criamos impérios. mais correta a ser adotada para a preservação da APA da Lagoa
(GUIMARÃES, 2010). Encantada seria:
01) Restringir o impacto causado pela ocupação humana de-
A aplicação dos pesticidas nas lavouras contribui para a produ- sordenada através da implementação de um plano diretor com
ção de alimentos em larga escala, porém tem produzido muitos diagnóstico, zoneamento e plano de ação e metas para a região.
danos ao meio ambiente e aos organismos que os consomem e 02) Limitar as formas de exploração turística da região, já que
manipulam. Com relação aos pesticidas pode-se afirmar: os danos normalmente causados pelo turismo são irremediáveis
01) A degradação lenta no meio ambiente e o acúmulo progres- para a natureza.
sivo de pesticidas organoclorados, como o DDT, ao longo da 03) Transferir a rica fauna aquática presente na lagoa Encantada
cadeia alimentar, torna-os extremamente nocivos aos organis- para regiões onde a proteção à vida animal seja mais rigorosa.
mos vivos. 04) Proibir a utilização da área para obtenção de alimento pela
02) A utilização de luvas, máscaras e outros equipamentos de comunidade nativa ribeirinha, que deverá encontrar novas for-
proteção individual não são capazes de proteger os agriculto- mas de subsistência.
res durante a aplicação de pesticidas na plantação, devido à sua 05) Promover intensamente o avanço da ocupação imobiliária
grande toxicidade. com o incentivo na construção de grandes hotéis, shopping cen-
03) Os pesticidas tendem a se acumular em maiores quantidades ters e industrias relacionadas ao turismo.
nos níveis tróficos mais inferiores das cadeias alimentares.
04) A manipulação e o consumo de pesticidas ocasionam a mor- 13. (UFBA- 2009)
te rápida de seres humanos, não podendo nem mesmo serem
diagnosticados danos à saúde decorrentes de intoxicação.
05) O uso de pesticidas reduz o tamanho de frutas e legumes,
torna-os sem brilho e com pequenas manchas, devido à produ-
ção de danos em menor escala às células vegetais.
matemática
166 Da Vinci Vestibulares
Linguagens
&
Códigos
210 Da Vinci Vestibulares
2. Leia abaixo frases retiradas de um mesmo romance (O evan- a) Aponte, na resposta de Cardoso Pires, as características de
gelho segundo Jesus Cristo) de José Saramago, escritor portu- acentuação e grafa que a identificam como um texto em portu-
guês: guês europeu.
I – “O sol mostra-se num dos cantos superiores do rectângulo, o
que se encontra à esquerda de quem olha [...]” b) Aponte, na mesma resposta, as construções que a caracteri-
II - “[...] Não se sabe quem aqui pôs estes restos e com que fim o zam como um texto em português europeu e dê os prováveis
teria feito, se é apenas um irónico e macabro aviso aos infelizes equivalentes brasileiros dessas construções.
supliciados sobre seu estado futuro [...]”
III – “[...] Este personagem, tão novinho, com o seu cabelo aos c) Sabemos que o Nobel de Literatura foi ganho em 1998 por
cachos e o lábio trémulo, é João [...]” José Saramago. A partir de qual passagem do texto poderíamos
IV – “[...] ao contrário do ladrão do outro lado, que mesmo no desconfiar que, na opinião do entrevistado, não necessariamente
transe fnal, de sofrimento agónico, ainda tem valor [...]” o vencedor é o melhor?
V – “[...] Tal como José de Arimateia, também esconde com o
corpo o pé desta outra árvore [...]” 5. (ENEM) Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga
VI – “[...] aquela vara vertical de luz, anunciadora do dia, que com a carta de Pero Vaz de Caminha:
acabara por imaginar, sem ligar ao absurdo da ideia [...]” “A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
a) Aponte as palavras que, do ponto de vista ortográfico e de A gente vai passear,
acentuação, revelam uma convenção distinta da existente no No chão espeta um caniço,
português brasileiro atual. No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
b) Procure apresentar a hipótese de qual a regra que o sistema Tem goiabas, melancias,
de acentuação do PE parece seguir nas palavras que foram aqui Banana que nem chuchu.
evocadas, através das frases de Saramago, e no que elas diferem Quanto aos bichos, tem-nos muito,
de nosso sistema. De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
3. “Em Portugal [...] o plural de tu não é vós, como querem as Diamantes tem à vontade
gramáticas normativas. O plural de tu é vocês. Pois bem, na Esmeralda é para os trouxas.
hora de usar os possessivos, os portugue-ses usam vosso/vossa, Reforçai, Senhor, a arca,
que, teoricamente, só poderiam ser usados com referência a vós: Cruzados não faltarão,
‘Vocês trouxeram os vossos filhos?’ E num livro editado Vossa perna encanareis,
em Portugal encontrei a seguinte pergunta: ‘Não vos sucede Salvo o devido respeito.
sentirem-se por vezes um pouco indefinidos?’ É a famosa ‘mis- Ficarei muito saudoso
tura de tratamentos’, que causa tanto arrepio e dor de estômago Se for embora daqui”.
nos gramáticos conservadores [...]” (BAGNO, 2003: 31-2) (MENDES, Murilo. Murilo Mendes – poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.)
a) Explique no que consiste a mistura de tratamentos que acon-
tece no PE, segundo o trecho acima. Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, crian-
do um efeito de contraste, como ocorre em:
b) Como seriam as frases apontadas pelo autor, se quiséssemos (A) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais
manter a uniformidade dos pronomes? (B) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca
(C) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso
c) Cite exemplos que revelam que a mistura de pronomes tam- (D) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro
bém ocorre no português brasileiro. E explique no que consiste (E) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade
essa mistura.
Extensivo 213
MÓDULO 02: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA — “Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém
ciente, nem têm o legítimo — o livro que aprende as palavras...
“ Que importa que uns falem mole É gente pra informação torta, por se fingirem de menos igno-
Descansado râncias... Só se o padre, no São Ão, capaz, mas com padres
Que os cariocas arranhem os erres na garganta não me dou: eles logo engambelam... A bem. Agora, se me faz
Que os capixabas escancarem mercê, vosmecê me fale, no pau da peroba, no aperfeiçoado:
As vogais? o que é que é, o que já lhe perguntei?”
Que tem quinhentos réis meridional Se simples. Se digo. Transfoi-se-me. Esses trizes:
Vira tostões do Rio pro Norte? — Famigerado?
Juntos formamos este assombroso Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço:
De misérias e grandezas, o verivérbio.
Brasil, nome de vegetal ...” — Famigerado é inóxio, é “célebre”, “notório”, “notável”...
(Mário de Andrade) — “Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender.
Mais me diga: é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Far-
O poema de Mário de Andrade serve de introdução ao sância? Nome de ofensa?”
nosso próximo assunto, a VARIAÇÃO LINGUÍSTICA . Como — Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de
sabemos, a língua não é um elemento imutável, pelo contrário, outros usos...
passa o tempo todo por alterações. Quando ouvimos na rua uma — “Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em
gíria nova ou lemos uma edição mais antiga de determinada dia-de-semana?”
obra literária, por exemplo, estamos diante do fenômeno da va- — Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece louvor, res-
riação linguística. peito... (João Guimarães Rosa, do conto Famigerado, in Pri-
meiras estórias).
A variação histórica
Variação sociocultural
A variação histórica ocorre ao longo de um determina-
do período de tempo e pode ser identificada ao se compararem Agrupa alguns fatores de diversidade: o nível sócioeconômico
dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual. determinado pelo meio social onde vive o falante; seu grau de
A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas, educação; idade e o sexo. A variação sociocultural não compro-
período em que as duas variantes convivem; porém com o tem- mete a compreensão entre indivíduos, como poderia acontecer
po a nova variante torna-se normal na fala, e finalmente consa- na variação regional; além disso, o uso de certas variantes pode
gra-se pelo uso na modalidade escrita. As mudanças podem ser indicar qual o nível sócio-econômico de uma pessoa.
de grafia ou de significado. Será que você consegue identificar o
poema abaixo? Alguns exemplos:
Media in via
Media in via erat lapis
erat lapis media in via Variação socio-cultural por idade:
erat lapis
media in via erat lapis.
Non ero unquam immemor illius eventus
pervivi tam míhi in retinis defatigatis.
Non ero unquam immemor quod media in via
erat lapis
erat lapis media in via
media in via erat lapis.
(Carlos Drummond de Andrade)
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS:
pra mim, mano. O senhor, que já tá velhinho, não sabe como é
1. Leia o trecho abaixo: difícil hoje em dia agradar a mulherada.
O poeta da roça *******
Sou fio da roça, cantô da mão grossa,
Trabaio na roça, de inverno e de estio. Noel Querido,
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mio. No próximo dia 24 vou oferecer uma ceia para alguns amigos
(...) em minha casa, “en petit comité”. Eu adoraria poder contar com
Não tenho sabença, pois nunca estudei, sua presença. E, se você
Apenas eu sei o meu nome assiná. quiser trazer um presente para a anfitriã, não vou me impor-
Meu pai, coitadinho! Vive sem cobre, tar, pelo contrário, até dou uma sugestão: você já viu a nova
E o fo do pobre não pode estudá. linha de monitores de plasma da Gradiente? É um must! Design
Meu verso rastero, singelo e sem graça, clean, tecnologia de última geração. Ficaria o máximo ao lado
Não entra na praça, no rico salão, da minhas obras modernistas. Apenas um pedido, querido. Por
Meu verso só entra no campo e na roça favor, não entre pela chaminé para não assustar os convidados.
Nas pobre paioça da serra ao sertão. Um beijo.
(...) ________________________________
(Patativa do Assaré. Cante lá que eu canto cá: filosofia seu nome
de um trovador, 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1984. p.20). RSVP: com minha secretária.
Identifique, neste texto, marcas que permitem fazer uma hipóte- A propaganda acima foi idealizada a partir do pressu-
se sobre a origem geográfica e a classe social do poeta. posto de que consumidores diferentes teriam formas específicas
de formular seu pedido ao bom velhinho. Levando em conside-
2. Observe a propaganda veiculada pela Gradiente ração a linguagem utilizada em cada uma das cartas, explicite
por ocasião do Natal: qual a imagem provável que o leitor da propaganda fará do au-
A gradiente vai ajudar você a ganhar o melhor presente tor de cada uma das cartas. Justifique sua resposta com exem-
neste Natal. plos retirados das cartas.
E aí, Papai Noel? Belê?
A parada é a seguinte: eu, _______________(seu nome), tô 3. (FUVEST)
muito a fm, tô a fnzaço mesmo, de ter um Mini System Tita- Você pode dar um rolê de bike, lapidar o estilo a bordo de um
nium da Gradiente no meu quarto, aquele que reproduz MP3 skate, curtir o sol tropical, levar sua gata para surfar. Consi-
com 5.000 watts derando-se a variedade lingüística que se pretendeu reproduzir
de potência, tá ligado? Sabe como é: eu queimo uns CDs MP3, nesta frase, é correto afirmar que a expressão proveniente de
convido a mina pra ouvir um som da hora, a gente troca umas variedade diversa é:
idéias e aí, meu velho, você tá ligado, né? E então? Quebra essa
216 Da Vinci Vestibulares
(A) “dar um rolê de bike” lo, representando idade de 30 a 35 anos, com os seguintes sig-
(B) “lapidar o estilo” naes: altura mediana, côr fula, corpo delgado, rosto comprido
(C) “a bordo de um skate” e um pouco entortado, boca regular e falta de 2 ou 3 dentes da
(D) “curtir o sol tropical” parte de cima, um signal de cada lado das maçans do rosto, ca-
(E) “levar sua gata para surfar” bello cortado rente; a entrada da testa do lado esquerdo é maior
do que a do lado direito, falla manso mostrando humildade.
4. (FUVEST) Sabe lêr e escrever e costuma inculcar-se forro e voluntário da
As aspas marcam o uso de uma palavra ou expressão de varie- pátria.
dade lingüística diversa da que foi usada no restante da frase Levou vestido paletot e calça de casimira preta com pouco uso
em: e uma trouxa de roupa com calças e paletots brancos. Usa tam-
(A) Essa visão desemboca na busca limitada do lucro, na apo- bem bigode e barba rapada. Quem o prender e trouxer em Cam-
logia do empresário privado como o “grande herói” contempo- pinas e pozer na Cadêa receberá de gratifcação 100$000 do sr
râneo. Joaquim Candido Thevenar (Gazeta de Campinas, 17 de julho
(B) Pude ver a obra de Machado de Assis de vários ângulos, sem de 1870).
participar de nenhuma visão “oficialesca”.
(C) Nas recentes discussões sobre os fundamentos da economia Animal Desaparecido
brasileira, o governo deu ênfase ao “equilíbrio fiscal”.
(D) O prêmio Darwin, que “homenageia” mortes estúpidas, foi Na noite de Domingo para Segunda-feira, foi roubado em frente
instituído em 1993. do Chico Pinto um animal com os seguintes signaes ruano, cal-
(E) Em fazendas de Minas e Santa Catarina, quem aprecia o çado dos quatro pés, tem no queixo um osso saliente para fora,
campo pode curtir o frio, ouvindo “causos” à beira da fogueira. andar de trote.
O referido estava arreado com basto, novo, pellego imitação
5. (ENEM) de carneiro, sobrexincha de cadarço verde. Quem der notícias
Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de ter- certas ou entregar ao proprietário, será gratifcado com 50$000.
mos estrangeiros no Brasil] para que palavras como shopping Antonio Victorino da Silva. Jahú, 1º de agosto de 1897. (Correio
center, delivery e drive-through sejam proibidas em nomes de do Jahu, 08 de agosto de 1897).
estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra
o inimigo ianque, que quer fazer área de livre comércio com a)Sem considerar as diferenças de ortografa, identifique no
nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras me- anúncio da Gazeta de Campinas duas expressões que hoje não
didas que serão de extrema importância para a preservação da seriam correntes e, portanto, para serem adequadamente com-
soberania nacional, a saber: preendidas, exigiriam algum tipo de pesquisa histórica ou lin-
•Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer “Tu vai” em güística.
espaços públicos do território nacional;
Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe amo” e retirar b)Explicite pelo menos duas semelhanças no conteúdo dos dois
ou acrescentar o plural em sentenças como “Me vê um chopps anúncios.
e dois pastel”;
•Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a pa- c) Que traço da mentalidade escravocrata pode ser identificado
lavra “borraxaria” e nenhum dono de banca de jornal anunciará pela comparação dos dois anúncios?
“Vende-se cigarros”;
•Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colo- 7. (UFF)
cações pronominais como “casar-meei” ou “ver-se-ão”. (PIZA, SAUDOSA MALOCA (fragmento)
Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de S. Paulo, São Pau- e fumo pro meio da rua
lo, 8/04/2001). apreciá a demolição
que tristeza que eu sentia
No texto acima, o autor: cada tauba que caía me doía no coração
Matogrosso quis gritá mas em cima eu falei
a) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a os home tá com a razão
língua portuguesa deve ser protegida contra deturpações de uso. nóis arranja outro lugar
b) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam deter- só se conformemo quando Joca falou
minados usos regionais e socioculturais da língua. Deus dá o frio conforme o cobertô
c) denuncia o desconhecimento de regras elementares de con- E hoje nóis pega palha nas grama do jardim
cordância verbal e nominal pelo falante brasileiro. E pra esquecê nóis cantemo assim:
d) revela-se preconceituoso em relação a certos registros lin- Saudosa maloca
güísticos ao propor medidas que os controlem. Maloca querida
e) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos apren- Dindindonde nóis passemo
dam a empregar corretamente os pronomes. dias feliz de nossa vida
(Adoniran Barbosa)
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES:
No fragmento acima, observa-se o emprego estilístico de um
6. Escravo Fugido registro de língua que:
Querido José
Escrevo-te estas poucas linhas para recordar o passado entre nós
dois. José desde aquele dia em que me encontrei com você na
praça Tiradentes e depois você não veio mais falar comigo, eu
fquei muito triste mas não deixei de pensar em ti, (…) peço que
venha falar comigo, que daí nós se acertamos, eu quero ser feliz
com você, é triste a gente andar como cigana, jogada de um
canto a outro, estarei morta para teu coração? (…) sou tua na
expressão da verdade. Maria. P. S. Tenho certeza que desculpas
a minha letra, bem sabes que sou quase analfabeta. A mesma.
(Dalton Trevisan)
“A intensidade com que mergulhara naquela narrativa não po- 1) Meninas → Menin (radical) + a (desinência de gênero) + s
deria ser quebrada por uma simples palavra... “Indeléveis” – (desinência de número)
era este o termo que martelava na cabeça de Joana e truncava 2) Amávamos → Am (raiz) + a (vogal temática) + va (desinên-
sua leitura, impedindo que ela entendesse o que seriam as tais cia modo-temporal) + mos (desinência número-pessoal).
“marcas indeléveis do tempo”. O início da palavra permitia-
lhe deduzir que nela havia algum sentido de negação, como Obs. 1: Nos verbos, as ideias de tempo e modo sempre estarão
em “incorreto” ou “incoerente”, enquanto o final da mesma expressas em um mesmo morfema, e as ideias de número e pes-
fazia-lhe supor que se tratava de um adjetivo, que qualificaria soa em outro. No caso dos tempos verbais primitivos (que dão
as marcas, afinal muitos outros adjetivos terminavam do mesmo origem a outros e ainda serão estudados por nós), aparece so-
modo: “formidáveis”, “agradáveis”, “louváveis”. Entretanto, mente desinência número-pessoal, como, por exemplo, o verbo
o centro da palavra parecia-lhe impenetrável... Impenetrável? amar conjugado no presente do indicativo – “amamos”
Sem querer acabara de formar mais um adjetivo que, coinci-
dentemente, tinha início e final exatamente iguais aos da pala- Processos de formação de palavras:
vra que a angustiava.
“Impenetrável”: aquilo que não se pode penetrar... Legal... E DERIVAÇÃO: Processo de formação de palavras a partir do
“indelével”? – continuava sem saber! Cansada de pensar, cor- qual se formam vocábulos simples (apenas um radical), temos
reu até o dicionário, onde descobriu, com um misto de alegria em língua portuguesa seis tipos de derivação:
e indignação, que “indelével” era nada mais, nada menos do
que...?!? Aquilo que não se pode apagar! Descobriu também Prefixal (ou prefixação) – é acrescido um prefixo a um radical.
que a palavra tinha sua origem no latim em “delir”, o mesmo Exemplo: desfazer, inútil.
que apagar. A alegria se dava em virtude de entender o que lera
e a indignação explicava-se por uma simples questão que ela Sufixal (ou sufixação) – é acrescido um sufixo a um radical.
se colocava: por que não “inapagáveis” – marcas inapagáveis Exemplo: carrinho, livraria.
do tempo?, muito mais simples e fácil de entender...” (Clarice
Lispector in: Perto do Coração Selvagem). Prefixal e Sufixal (prefixação e sufixação) – são acrescidos
prefixo e sufixo independentemente ao radical.
Os escritores gostam mesmo de complicar a nossa Exemplo: despoluição ( existe só poluição)
vida! – pensou consigo. Agora sim poderia continuar sua leitura
e rezava para que nenhuma outra palavra inconveniente viesse Parassintética – processo de derivação pelo qual é acrescido
a perturbar-lhe...Após ter lido este texto, podemos pensar em um prefixo e sufixo simultaneamente ao radical. Exemplo: anoi-
como se estrutura a palavra “indelével”: tecer, pernoitar.
IN prefixo que dá ideia de negação. Regressiva - processo de derivação em que são formados subs-
DEL raiz da palavra, que vem de “delir” tantivos abstratos a partir de verbos.
E vogal de ligação Exemplo: Ninguém justificou o atraso. (do verbo atrasar)
VEL sufixo formador de adjetivo que quer dizer “aquilo que é O debate foi longo. (do verbo debater)
possível”.
Imprópria - processo de derivação que consiste na mudança de
Neste sentido, tal palavra seria formada por quatro classe gramatical da palavra sem que sua forma se altere.
morfemas. Toda palavra se estrutura pela junção de morfemas, Exemplo: O jantar estava ótimo. (jantar é verbo, mas aqui tor-
sendo o radical o único morfema obrigatório. nou-se substantivo)
10. (FUVEST)
“Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano resmungou, franziu a
testa, achando a frase extravagante. Aves mataram bois e cabras,
que lembrança! Olhou a mulher, desconfIado, julgou que ela
estivesse tresvariando.”
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
Vocês, que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gen- a chamado geral?
te comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? Lembram (...)
mais longe, quando a vaca leiteira, que não era vaca coisa ne- Ficamos sem saber o que era João
nhuma, era caminhonete-depósito, vinha vender leite na porta e se João existiu
de casa? Lembram mais longe ainda, quando a gente ia comprar de se pegar.
leite no estábulo e tinha aquele cheiro forte de bicho, de bosta e (Carlos Drummond de Andrade, em Correio da Manhã,
de mijo, que a gente achava nojento e só foi achar genial quan- 22/11/1967, publicado em Rosa, J. G. agarana. Rio de Janeiro:
do aprendeu que aquilo tudo era ecológico? Lembra bem mais Nova Fronteira, 2001.)
longe ainda, quando a gente mesmo criava a vaca e pegava nos
peitinhos dela pra tirar o leite dos filhos dela, com muito jeito, a) No título, ‘chamado’ sintetiza dois sentidos com que a pala-
pra ela não nos dar uma cipoada? Mas vocês não lembram de vra aparece no poema. Explique esses dois sentidos, indicando
nada, pô! Vai ver que nem sabem o que é vaca. Nem o que é lei- como estão presentes nas passagens em que ‘chamado’ se en-
te. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de contra.
leite – leite em pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos
e estava escrito que é pausterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem b) Na primeira estrofe do poema, ‘fábula’ é derivada em ‘fabu-
vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o lista’ e ‘fabuloso’. Mostre de que modo a formação morfológica
escambau. e a função sintática das três palavras contribuem para a forma-
ção da imagem de Guimarães Rosa.
a) A palavra “embromatologia” soa como um termo técnico,
mas não é. Diga por que parece e por que não é. 14. Na tira de Angeli, observamos um jogo de associações entre
a frase-título ‘O imundo animal’ e a sequência de imagens.
b) O texto mostra que a moda pode afetar nossos gostos. Em
que passagem?
13. Os versos seguintes fazem parte do poema “Um chamado a) A frase-título ‘O imundo animal’ nos remete a uma outra fra-
João” de Carlos Drummond de Andrade em homenagem póstu- se. Indique-a e explicite as relações de sentido entre as duas
ma a João Guimarães Rosa. frases, fazendo referência ao conjunto da tira.
MÓDULO 1 8.
a) Era a língua portuguesa do século XVI, em Portugal.
1. b) “Fósseis” pode significar o que é muito antigo. Em paleonto-
a) Não se trata de equívoco, mas de variações ou diferenças logia, tem o sentido mais restrito de: vestígios enterrados e que
entre os dialetos do português falados em Portugal e nas cidades revelam uma origem mais primitiva. Os dois sentidos podem ser
brasileiras mencionadas. aplicados à expressão “fósseis” referindo-se às palavras apor-
No caso, as diferenças são lexicais, ou seja, dizem respeito ao tuguesadas, pois, no próprio texto, encontramos: “as palavras
vocabulário empregado e às variações regionais no sentido das estrangeiras aportuguesadas [...] contam a história dos povos”
palavras. de cuja língua se originaram.
b) Não, pois a uniformização ortográfica não afeta as diferenças
lexicais, que dizem respeito ao emprego do vocabulário e ao 9. O pressuposto é o de que a unificação ortográfica garantiria
sentido das palavras. a unidade linguística. Esse pressuposto é inadequado, uma vez
que a língua não é constituída apenas por sua ortografia mas
2. também por aspectos semânticos, sintáticos, morfológicos, fo-
a) rectângulo, irónico, trémulo, agónico, Arimateia, ideia. nológicos e discursivos que implicam a relação histórica do fa-
b) Das quatro palavras proparoxítonas apresentadas, três re- lante com a língua que se territorializa em um dado espaço e
cebem acento agudo, diferentemente do PB, em que recebem tempo.
acento circunfexo: irônico, trêmulo e agônico.
10. A quebra se dá na dificuldade de compreensão semântica de
3. itens lexicais usados no português de Portugal como “bicha”,
a) Trata-se de uma reorganização do sistema pronominal da lín- “bica” (que, no português brasileiro, têm significados diferen-
gua (falada), que mescla vosso(a) (usado, como “manda” a gra- tes) e “peúgas”
mática quando se usa o pronome vós) com vocês (forma de tra- (que não é usado no português do Brasil); explicita-se nessa
tamento que, em PE, é usado como segunda pessoa do plural). quebra uma das várias diferenças entre o português brasileiro
b) “Vocês trouxeram os seus flhos?” e “Não lhes sucede sen- e o europeu.
trem-se por vezes um pouco indefinidos?” Ou: “Não sucede a
vocês sentrem-se por vezes um pouco indefinidos?” MÓDULO 2
c) Em PB, misturamos o pronome de tratamento você com o
pronome oblíquo “te” ou o possessivo “teu/tua”, por exemplo: 1. A linguagem utilizada no poema de Patativa de Assaré nos
“Eu não posso viver sem você. Eu te amo”. Uma explicação permite visualizar uma variedade regional – a “caipira” – espe-
para essa mistura é que, na fala, tanto “tu” (2ª p.) quanto “você” cialmente pela troca de “lh” por “i” (fo, trabaio, paia de mio) e
(3ª p.) referem-se à pessoa com quem se fala. pela queda do “r” quando esta é a consoante fnal de uma palavra
(cantô, assiná, estudá). A linguagem utlizada também permite
4. dizer que o poeta pertence a uma classe econômica socialmente
a) Acentuação: prémio, em PB, recebe acento circunfexo: prê- desfavorecida, já que o próprio autor deixa claro que, em decor-
mio. Ortografa: facto e actual não apresentam a consoante c: rência de sua situação social, não pôde estudar, o que explica
fato e atual, em PB. os vários desvios de sua fala em relação à norma culta, como
b) A estrutura “passei a vida a assinar papeis a pedir um Nobel” ocorre em: chupana (choupana), sabença (sabedoria), rastero
corresponde, em PB, a passei a vida assinando papéis e pedindo (rasteiro).
um Nobel. Além disso, o verbo “beneficiar”, em “beneficiava
todos os escritores portugueses”, em PB, apareceria no futuro 2. O primeiro consumidor é homem, provavelmente um jovem,
do pretérito (beneficiaria). pois não se preocupa com sua forma de expressão e utiliza-se
c) O trecho “o critério actual é o dos mais traduzidos e os mais com freqüência de gírias, como ocorre em: “a parada é a se-
traduzidos são o Saramago e o Lobo guinte”, “tô muito a fm”, “tô afinzaço, tá ligado”, “um som da
Antunes” dá a entender que a quantdade de vendas é o critério hora”, “quebra essa pra mim, mano”. Além disso, é alguém “an-
mais importante para o Prêmio Nobel. tenado” com uma tecnologia de ponta como demonstra o trecho
5. A “eu queimo uns CDs MP3” e paquerador como se evidencia em
6. “é dificil agradar a mulherada”. O segundo consumidor é uma
a) A prática diz respeito ao uso de palavras estrangeiras em ex- mulher, como se pode deduzir pelo uso da palavra “anfitriã”; re-
cesso e a dificuldade em compreender a língua finada, exigente e moderna, como se vê em seu pedido da “nova
materna. linha de monitores de plasma da Gradiente, tecnologia de última
b) O uso de palavras estrangeiras (inglês) reforça essa tese. geração”. Além disso, trata-se de alguém preocupada com sua
forma de expressão e que, além do português, conhece outras
7. línguas “en pett comité”, “É um must! Design clean”, “RSVP
a) Ocorre um paradoxo quando há falta de lógica, contradição. (répondez s’il vous plaît)” e se interessa por artes, como se evi-
O paradoxo, responsável pela graça na fala do garçom, ocorre dencia em “Ficaria o máximo ao lado da minhas obras moder-
porque o rapaz pergunta que língua é aquela na qual falam os nistas”.
clientes (o que revela que ele não reconhece que língua é), mas a 3. B
compreende (já que diz: “eu percebo tudo”). 4. E
b) O garçom lhes perguntou, intrigado, que raio de língua era 5. B
Extensivo 223
6. 10. E
a) “Costuma inculcar-se forro e voluntário da pátria”, “côr 11.
fula”. a) A palavra “embromatologia” denota ser técnico pela termi-
b) Mencionam um desaparecimento; procuram identificar o nologia “logia”, que seria um tipo de ciência. Mas não é porque
desaparecido por suas característcas fsicas e por seus trajes/ no final do texto, o autor utiliza da expressão escambau”, depre-
arreios; oferecem uma recompensa em dinheiro. ciando o termo.
c) Os escravos e os animais eram igualados de alguma forma b) “... e só foi achar genial quando aprendeu que aquilo tudo era
(como objetos de posse, de valor, bens, peças sujeitas a avalia- ecológico?”
ção em dinheiro etc.). c) “... que é pausterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina,
7. A é garantido pela embromatologia...”
8. 12.
a) 1) “Deita e rola”, 2) “está por cima da carne-seca”, a) Cultivar, semear e preservar são verbos que remetem ao uni-
3) “seria um inferno”, 4) “entrar em parafuso” verso da natureza agrícola. A escolha lexical sugere que o ho-
b) 1) Faz o que quer, 2) de quem determina as regras mem aplique o mesmo processo da natureza em sua conduta
do jogo, 3) difcil/ problemátca, 4) entrar em colapso. social.
9. E b) O CULTIVO de amizades, a SEMEADURA de empregos e
10. B a PRESERVAÇÃO da cultura fazem parte da nossa natureza.
13.
MÓDULOS 3 E 4 a) ‘Chamado’, presente no título do poema, encontra-se tam-
bém na segunda estrofe, em ‘um estranho chamado João’, e na
1. I. terceira estrofe, em ‘[acudindo] a chamado geral’. Percebemos,
a) Desbregalização. no título, um trabalho de síntese dos dois sentidos de ‘chama-
b) — De brega, formou-se bregalizar — por derivação sufixal; do’ presentes nessas duas estrofes do poema. Na passagem ‘um
De bregalizar, formou-se desbregalização — por derivação pa- estranho chamado João’, ‘chamado’ significa “denominado”.
rassintética. Não se cobrará, mas cabe explicitar que se trata de um particí-
c) Desbregalização significa o ato de libertar a música sertaneja pio, com função adjetiva, que atribui ao ‘(homem) estranho’ a
da má fama de breguice. qualidade de ser denominado como ‘João’. Deve-se notar nesse
II. trecho que João é um nome próprio muito comum, muito usual,
a) Imorrível. que se presta a exemplificações do tipo “um João qualquer”. Por
b) De morrer, formou-se imorrível pela agregação simultânea isso, tratar ‘João’ como um termo que designa, nomeia, qua-
do prefi xo in (o n cai antes de palavras iniciadas por m) mais lifica o homem, ressalta a singularidade desse específico João
sufixo vel. Trata-se de uma formação or parassíntese. (Guimarães Rosa). Na passagem ‘[acudindo] a chamado geral’,
c) Imortal, nesse trecho, foi usado em sentido não literal de al- ‘chamado’ significa “evocação”, “convocação”, “pedido”.
guém que não deixa de ser lembrado, que tem a memória perpe- Igualmente não se cobrará, mas é importante notar que se trata
tuada, como é o caso dos imortais da Academia. Imorrível, pois de um substantivo, ou melhor, do mesmo particípio, substanti-
se opõe a imortal, tem sentido literal: aquele que não deixa de vado na língua portuguesa. No título, ‘chamado’ pode ser enten-
viver, que não está sujeito à morte biológica. dido na síntese dos sentidos acima descritos: pode-se ler, nesse
enunciado, ora ‘um (homem) chamado João’, isto é, um homem
2. C denominado como João; ora, ainda, ‘uma evocação denominada
3. Dentro desse contexto, não. Interpretado como substantivo, João’, caracterizada como típica de João. Nesta leitura, João é
africano significaria o povo africano (todo o conjunto), e o título quem caracteriza o chamado, sendo assim, João passa a ser uma
não teria coerência com o resto do texto.Por coerência com o qualidade, em função da força de sua obra. Sobretudo a um lei-
desenvolvimento da notícia, só faz sentido interpretar africano tor familiarizado com o estilo de Guimarães Rosa, é lícito de-
como adjetivo, referindo-se ao substantivo pobre (implícito): o senvolver mais profundamente este sentido: em última análise,
pobre brasileiro estuda menos que o (pobre) africano. a formulação permite-nos dizer que João é o próprio chamado.
4. E
5. Processo de composição por aglutinação: Hitler + atrocidade b) Em termos morfológicos, no primeiro verso, ‘fábula’, acres-
= hitlerocidade cido do sufixo –ista, gera ‘fabulista’ (“alguém que escreve fá-
b) Com certeza, além do aspecto da sonoridade, a ideia de bulas”); no segundo verso, acrescido de –oso, gera ‘fabuloso’
monstro esplêndido se deve à fusão de duas palavras carregadas (“imaginoso”, “cheio de fábula”, ou seja, “que tem a qualidade
das conotações de perversidade, pavor, crueldade. de ser incrível”, “extraordinário”). O jogo com a formação mor-
6. E fológica das palavras contribui para a construção da imagem
7. de Guimarães Rosa no poema, visto que sugere uma imitação
a) As palavras Chapelula e Lobush são formadas por aglutina- do estilo do poeta homenageado. Em termos sintáticos, as três
ção. palavras acabam por atribuir uma qualidade ao sujeito, visto que
b) O cartunista faz uma relação entre a charge e a historinha in- funcionam como seu predicativo. Nos versos 2 e 3 da primeira
fantil, passando, assim, a informação de que como Chapeuzinho estrofe, essa função sintática – predicativo do sujeito – se re-
foi iludida pelo lobo, Lula é iludido por Bush. conhece pela percepção da elipse do verbo “era”, presente no
8. primeiro verso. Desse modo, o sentido de ‘fabulista’ designa o
a) Desfiar e fio profissional, destacando a atividade de escritor, ao passo que o
b) As palavras que se opõe: explosão e franzina de ‘fabuloso’ remete, de modo mais geral, a uma característica
9. A pessoal desse escritor, a de ser incrível. Já a construção ‘(era)
224 Da Vinci Vestibulares
15.
a) O espaço institucional é o do âmbito político e/ou do âmbi-
to jurídico. Tanto o pronome de tratamento ‘Vossa Excelência’
quanto a palavra ‘aparte’ permitem essa identificação, pois am-
bas são típicas desses espaços institucionais.
b) Essa segmentação pode resultar em ‘uma parte’ e/ ou em ‘um
à parte’. ‘Um aparte’ significa comentário, acréscimo, interrup-
ção na fala do outro. ‘Uma parte’ significa um pedaço, um bo-
cado, vantagem, propina, mensalão. ‘Um à parte’ significa algo
conseguido ilicitamente ou uma conversa em particular.
c) No quadrinho, a fala de um dos ratos apresentando as expres-
sões ‘Vossa Excelência’ e ‘um aparte’ identifica esses animais
como membros de um espaço institucional político e/ou jurí-
dico. Consensualmente significado como um animal imundo e
repulsivo, a associação entre rato e político leva ao sentido de
‘político corrupto, imoral’. A imagem de um dos ratos junto ao
pedaço de queijo relacionada à expressão ‘aparte’ traz a asso-
ciação com ‘uma parte’, que significa o queijo como algo a ser
dividido, remetendo a favorecimento, propina e ao mensalão. O
conjunto das expressões verbais e das imagens constrói o qua-
dro da crise política brasileira no que se refere especificamente
ao mensalão.
Extensivo 225
Literatura
226 Da Vinci Vestibulares
MÓDULO 1: GÊNEROS LITERÁRIOS fidelidade me trouxesse algum sossego, e que assim eu ficasse
numa situação mais aliviada sem dores ainda maiores. Chegara
Iniciaremos agora nossos estudos de literatura que é até a formar uns leves projetos de empregar todos os esforços
arte que se manifesta pela palavra, seja ela falada ou escrita., de que fosse capaz para me sarar, se viesse a ter a certeza de
falando um pouco sobre os chamados gêneros literários. que me esqueceras de todo. O teu afastamento, alguns rebates
de devoção; o receio de estragar sem remédio a pouca saúde
OS GÊNEROS LITERÁRIOS: que me resta com tantas vigílias e apoquentações; a minguada
esperança no teu regresso, a frieza da tua afeição e dos teus úl-
Há muitas teorias e discussões em torno dos gêneros timos adeuses, a tua partida fundamentada em pretextos fracos,
literários. A palavra gênero, etimologicamente, implica um e mil outras razões boas demais e demasiado simples pareciam
conjunto de seres dotados de características comuns. Assim, de oferecer-me um amparo firme, se dele necessitasse. Só e tendo
maneira simplificada, poderíamos dizer que gênero literário é de batalhar comigo mesma, mal podia desconfiar de todas as
um conjunto de obras dotadas de características comuns. minhas fraquezas, nem adivinhar tudo o que hoje padeço. (Tre-
Desde a Grécia antiga, os gêneros literários foram di- cho de Cartas Portuguesas, Sóror Mariana de Alcoforado)
vididos em três categorias: o lírico, o dramático e o narrativo,
tendo por base as três faculdades da alma humana considera- DRAMÁTICO: quando os “atores, num espaço especial, apre-
das essenciais (fontes de toda mensagem verbal): sensibilida- sentam, por meio de palavras e gestos, um acontecimento”. Re-
de, vontade e inteligência. Daí originaram-se três funções da trata, fundamentalmente, os conflitos humanos.
linguagem, manifestadas em qualquer obra literária: a função
emotiva ou expressiva (pela sensibilidade), a função apelativa
ou conotativa (pela vontade) e a função informativa ou referen-
cial (pela inteligência).
Na prática, entretanto, tal divisão mostra-se discutível,
visto que não encontramos um gênero puro, uma vez que a cria-
ção artística mistura esses três elementos. Críticos modernos,
como Todorov, ensinam que os gêneros literários devem ser es-
tudados indutivamente, a partir das características da obra e não
a partir de nomes classificatórios.
Alguns ainda fazem alusão a um outro gênero literário,
o didático, despido de ficção e não identificado com texto lite-
rário no sentido estrito. Segundo Wolfgang Kayser, “o didático
costuma ser delimitado como gênero especial, que fica fora da O gênero dramático compreende as seguintes modali-
verdadeira literatura”.. dades:
♦ Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de
Vejamos um pouco mais de perto os três gêneros literários provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia
clássicos: era “uma representação duma ação grave, de alguma extensão e
completa, em linguagem figurada, com atores agindo, não nar-
LÍRICO: quando um “eu” nos passa uma emoção, um estado; rando, inspirando dó e terror”.(*)
centra-se no mundo interior do Poeta apresentando forte car-
ga subjetiva. A subjetividade surge, assim, como característica ♦ Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no
marcante do lírico. O Poeta posiciona-se em face dos “mistérios sentimento comum, de riso fácil, em geral criticando os costu-
da vida”. A lírica já foi definida como a expressão da “primeira mes. Sua origem grega está ligada às festas populares, celebran-
pessoa do singular do tempo presente”. do a fecundidade da natureza.(*)
ÉPICO: quando temos uma narrativa de fundo histórico; são os romance histórico, etc.(*)
feitos heróicos e os grandes ideais de um povo o tema das epo-
péias. A palavra “epopéia” vem do grego épos, ‘verso’+ poieô, ♦ Novela: na literatura em língua portuguesa, a principal distin-
‘faço’ e se refere à narrativa em forma de versos, de um fato ção entre novela e romance é quantitativa: vale a extensão ou o
grandioso e maravilhoso que interessa a um povo. É uma poesia número de páginas. Entretanto, podemos perceber característi-
objetiva, impessoal, cuja característica maior é a presença de cas qualitativas: na novela, temos a valorização de um evento,
um narrador falando do passado (os verbos aparecem no preté- um corte mais limitado da vida, a passagem do tempo é mais
rito). O tema é, normalmente, um episódio grandioso e heróico rápida, e o que é mais importante, na novela o narrador assume
da história de um povo. uma maior importância como contador de um fato passado.(*)
”. Osman Lins construiu o romance “Avalovara” (1973) em tor- 03) De qual dos jogos verbais referidos no texto I o texto II se
no desse palíndromo. aproxima? Explique.
Muita gente sabe o que é um caligrama - aqueles textos que
existiam desde a Grécia em que as letras e frases iam desenhan- 04) Explique a exploração dos recursos visuais e sonoros no
do o objeto a que se referiam - um vaso, um ovo, ou então, como texto II e o efeito de sentido que provoca.
num autor moderno tipo Apollinaire, as frases do poema se ins-
crevendo em forma de cavalo ou na perpendicular imitando o TEXTO III
feitio da chuva.
Mas pouca gente sabe o que é um lipograma. Lipo significa ti- FUNÇÃO
rar, aspirar, esconder. Portanto, um lipograma é um texto que (01) Me deixaram sozinho no meio do circo
sofreu a lipoaspiração de uma letra. O autor resolve esconder (02) Ou era apenas um pátio uma janela uma rua uma
essa letra por razões lúdicas*. Já o grego Píndaro havia escrito /esquina
uma ode, sem a letra “s”. Os autores barrocos no século XVII (03) Pequenino mundo sem rumo
também usavam este tipo de ocultação, porque estavam envol- (04) Até que descobri que todos os meus gestos
vidos com o ocultismo, com a cabala e com a numerologia. (05) Pendiam cada um das estrelas por longos fios
Por que estou dizendo essas coisas? /invisíveis
Culpa da Internet. (06) E havia súbitas e lindas aparições como aquela das
Esses jogos verbais que vinham sendo feitos desde as cavernas /longas tranças
agora foram potencializados com a informática. Dizia eu numa (07) E todas imitavam tão bem a vida
entrevista outro dia que estamos vivendo um paradoxo riquíssi- (08) Que por um momento se chegava a esquecer a sua
mo: a mais avançada tecnologia eletrônica está resgatando o uso /cruel inocência de bonecas
lúdico da linguagem e uma das mais arcaicas atividades huma- (09) E eu dizia coisas tão lindas
nas - a poesia. Os poetas, mais que quaisquer outros escritores, (10) E tristes
invadiram a Internet. Se em relação às coisas prosaicas se diz (11) Que não sabia como tinham ido parar na minha boca
que a vingança vem a cavalo, no caso da poesia a vingança veio (12) E o mais triste não era que aquilo fosse apenas um
a cabo, galopando eletronicamente. Por isto que toda vez que /jogo cambiante de reflexos
um jovem iniciante me procura com a angústia de publicar seu (13) Porque afinal um belo pião dançante
livro, aconselho-o logo: “Meu filho, abra uma página sua na (14) Ou zunindo imóvel
Internet para não mais se constranger e se sentir constrangido (15) Vive uma vida mais intensa do que a mão ignorada
diante dos editores e críticos. Estampe seu texto na Internet e /que o arremessou
deixe rolar”. (16) E eu danço tu danças nós dançamos
(ROMANO, Affonso de Sant’Anna. O Globo, 15/09/1999.) (17) Sempre dentro de um círculo implacável de luz
Sem saber quem nos olha atenta ou distraidamente
*charrua: arado, lúdico:que se refere a jogos /do escuro...
(QUINTANA, Mário. Antologia poética.)
(UERJ) O autor avalia as inovações introduzidas pela Internet,
diante das tradições da literatura. 05) (UERJ) No poema de Mário Quintana, a vida é uma encena-
ção num palco ou picadeiro, e o homem um joguete submetido
01) Aponte dois aspectos que, segundo ele, são positivos no uso aos caprichos da sorte. Esta idéia é expressa metaforicamente
da Internet. pelo seguinte trecho:
02) Há muitos séculos, já se exploravam as possibilidades de a) “todos os meus gestos / Pendiam (...) das estrelas por longos
distribuição das palavras no espaço de modo análogo ao que fios invisíveis ” (v. 4 -5)
passou a ocorrer nas telas de computador. Cite dois exemplos do b) “por um momento se chegava a esquecer a sua cruel inocên-
texto que evidenciam a exploração dessas possibilidades. cia de bonecas ” (v. 8)
c) “Vive uma vida mais intensa do que a mão ignorada que o
arremessou ” (v. 15)
TEXTO II d) “E eu danço tu danças nós dançamos ” (v. 16)
e) “Sempre dentro de um círculo implacável de luz” (v.17)
AONDA
a onda anda 06) Procure explicar a resposta dada na questão anterior
aonde anda
a onda? TEXTO IV
a onda ainda
ainda onda POÉTICA
ainda anda 1
aonde? Que é a poesia?
aonde? Uma ilha
a onda a onda Cercada
De palavras
in: BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. Por todos
Os lados.
Extensivo 229
humana nessa época. O TEOCENTRISMO, portan- pois, a língua falada em Portugal é o GALEGO-PORTUGUÊS,
to , é um dos traços essenciais da cultura medieval. uma língua simples e ingênua.
A instituição social que se diz “porta-voz de Deus na Terra” A primeira obra literária portuguesa de que se tem notícia
é a IGREJA CATÓLICA; assim, aquele que deseja servir ple- data de 1189: a cantiga “A RIBEIRINHA”, de autoria de Paio
namente a Deus (não importa a que classe social pertença), Soares de Taveirós, uma cantiga de amor em homenagem a Ma-
deve ficar atento ao que prega a Igreja e seguir fielmente os ria Paes Ribeiro; como os poetas não podiam revelar o nome
seus preceitos: o que é pecado, o que é virtude, como se ca- das suas amadas nas cantigas de amor e como a homenageada
racteriza o verdadeiro cristão, etc... Com tal ideologia, ple- era casada, o autor dessa cantiga se inspirou no sobrenome da
namente aceita por todas as classes sociais, o poder “divino” amada para nomear sua obra.
da Igreja determina o modo de vida, os valores mais impor- É das palavras TROVA e TROVADOR (poeta nobre que faz
tantes, a maneira de ser de toda a sociedade: o CLERO é, trovas) que deriva o nome mais comum que se dá a toda Litera-
por isso, a classe dominante - a mais poderosa economica- tura Portuguesa elaborada na Idade Média: TROVADORISMO.
-política-socialmente falando, dentro da sociedade medieval. As primeiras cantigas ou trovas medievais portuguesas são
Não é à toa que quando nos reportamos à Idade Média, inspiradas nas cantigas que há muito tempo já eram feitas em
as imagens que imediatamente ocupam nossa mente são, Provença, no sul da França; por isso, a Literatura Medieval Por-
além dos castelos: os mosteiros, os religiosos, a Inquisição... tuguesa também é chamada de LITERATURA PROVENÇAL.
A FORMAÇÃO DA NAÇÃO PORTUGUESA:
O século XII é o de luta mais intensa entre cristãos e CANTIGA DA RIBEIRINHA
mouros, que vão cedendo terreno pouco a pouco ante a vigo-
rosa ofensiva dos leoneses. Afonso VI é o rei de Leão e chega No mundo non me sei parelha,
para reforçar a luta contra os mouros o nobre francês Henrique Mentre me for como me vai,
de Borgonha. Tal foi sua contribuição que o rei lhe deu a mão Cá já moiro por vós, e - ai!
da filha - Dona Teresa - em casamento e o governo de um dos Mia senhor branca e vermelha.
seus melhores condados: o de Porto-Cale; pouco tempo depois, Queredes que vos retraia
o Conde Henrique anexa ao seu domínio o condado de Coim- Quando vos eu vi em saia!
bra e tem um herdeiro: o futuro rei Dom Afonso Henriques. Mau dia me levantei,
Em 1114, Henrique de Borgonha morre e sua viúva assu- Que vos enton non vi fea!
me o governo como regente, pois Afonso Henriques tem ape-
nas 3 anos. Ao completar 18 anos, D. Afonso Henriques assu- E, mia senhor, desd’aquel’di, ai!
me o governo e entra em guerra contra os mouros e contra o Me foi a mi mui mal,
então rei de Leão - Afonso VII - sagrando-se sempre vence- E vós, filha de don Paai
dor; aos Condados de Porto Cale e Coimbra é anexado todo Moniz, e bem vos semelha
o reino de Leão: todo esse território forma a nação portugue- D’haver eu por vós guarvaia,
sa, cujo fundador, D. Afonso Henriques, é reconhecido como Pois eu, mia senhor, d’alfaia
seu rei inclusive pelo derrotado e ex-rei de Leão - Afonso VII. Nunca de vós houve nem hei
Como resultado de suas vitórias sobre os mouros que ocupa- Valia d’ua correa.
vam muitas cidades portuguesas, D. Afonso Henriques recebe (Paio Soares)
a alcunha de “o Conquistador”. A expulsão dos mouros tam-
bém torna-se preocupação dos reis portugueses que sucedem D.
Afonso Henriques, como: D. Sancho I, D. Afonso II, D. San- Tradução:
cho II, D. Afonso III , D. Dinis ( o REI-TROVADOR), etc.
No mundo não conheço outro como eu,
III- A LITERATURA MEDIEVAL PORTUGUESA : as enquanto me acontecer como me acontece:
CANTIGAS porque já morro por vós, e ai!,
minha senhora branca e vermelha,
1. Denominações e origem da Literatura Medieval Portu- quereis que vos censure
guesa quando vos eu vi em saia? (em corpo bem feito)
Mau dia me levantei
A Literatura Portuguesa surge no século XII: na Idade que vos então não vi feia!
Média, portanto. Tudo que vimos até aqui a respeito da Idade
Média vale para Portugal: o que ocorre na sociedade, na Arte E, minha senhora, desde então,
e na Literatura portuguesas é exemplo do que ocorre em toda passei muitos maus dias, ai!
a Europa. E vós, filha de D. Paio
As primeiras obras literárias portuguesas são elaboradas em Moniz, parece-vos bem
versos: são poemas. Como ainda não há imprensa nessa época, ter eu de vós uma garvaia? (manto)
os poemas medievais são orais e com acompanhamento musi- Pois eu, minha senhora, de presente
cal, recebendo, por isso, o nome de CANTIGAS ou TROVAS. nunca de vós tive nem tenho
As cantigas são divulgadas nas ruas, nas praças, nas festas, nos nem a mais pequenina coisa.
palácios; para facilitar sua memorização e divulgação, as canti-
gas são elaboradas com versos curtos que não seguem necessa-
riamente as normas da Versificação e que se repetem pelo poe-
ma; além disso, a linguagem das cantiga é extremamente fácil,
232 Da Vinci Vestibulares
Características gerais da Literatura Medieval Portuguesa: correspondido pela amada, já que ela é casada, ou mais rica que
ele, etc, ou seja, existe pelo menos um obstáculo impossível de
ser superado para que o amor entre ambos se concretize;
- diante da impossibilidade de que seu amor seja correspondido
pela amada, o eu-lírico diz se contentar pelo menos em ver a
amada e, caso nem isso seja possível, ele prefere morrer;
- a amada é sempre idealizada, divinizada e cultuada;
- a amada é tratada pelo pronome SENHORA, seu nome não é
revelado;
(Martim Codax)
CANTIGA DE AMOR: o eu-lírico é masculino; o conteúdo
dessas cantigas consiste numa declaração de amor a uma mu-
lher. Nessa declaração:
- o homem revela seu amor platônico, pois tal amor não pode ser
Extensivo 233
SONETO DE SEPARAÇÃO
Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado, Vinícius de Morais
e ando maravilhado De repente do riso fez-se o pranto
de te não ver rebentar; Silencioso e branco como a bruma
pois tapo com esta minha E das bocas unidas fez-se a espuma
boca, a tua boca, Marinha; E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu; De repente da calma fez-se o vento
com as mãos tapo as orelhas, Que dos olhos desfez a última chama
os olhos e as sobrancelhas, E da paixão fez-se o pressentimento
tapo-te ao primeiro sono; E do momento imóvel fez o drama.
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum, De repente, não mais que de repente
com os colhões te tapo o cu. Fez-se de triste o que se fez amante
E não rebentas, Marinha? E de sozinho o que se fez contente
(Afonso Eanes de Coton)
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
Essas cantigas foram reunidas nos chamados CANCIONEI- De repente, não mais que de repente.
ROS, “arquivos” onde são encontradas algumas das cantigas Releia com atenção a última estrofe:
medievais portuguesas (as que foram compiladas e guardadas).
Conhecem-se 3 Cancioneiros de poemas em galego-português: Fez-se de amigo próximo o distante
“CANCIONEIRO DA AJUDA”, “CANCIONEIRO DA BI- Fez-se da vida uma aventura errante
BLIOTECA NACIONAL DE LISBOA” ou “CANCIONEIRO De repente, não mais que de repente.
234 Da Vinci Vestibulares
Tomemos a palavra AMIGO. Todos conhecem o sentido com dica e a delicadeza emocional de sua poesia-música, impondo
que esta forma lingüística é usualmente empregada no falar atu- uma nova concepção do amor e da mulher.
al. Contudo, na Idade Média, como se observa nas cantigas
medievais, a palavra AMIGO significou: a) verdadeiro
b) falso
a) colega
b) companheiro
c) namorado 06) A canção associava o amor-elevação, puro, nobre, inatingí-
d) simpático vel, ao amor dos sentidos, carnal, erótico; a alegria da razão (o
e) acolhedor amor intelectual) à alegria dos sentidos.
Características literárias:
vazia.
questionou qualquer verdade cristã, apresentava uma visão teo- B) O Frade representa o clero decadente e é subjugado por suas
cêntrica e conservadora da sociedade. Na realidade, era contra fraquezas: mulher e esporte; leva a amante e as armas de esgri-
as novidades trazidas pelas mudanças do período que punham ma.
em risco a integridade do povo português, seus autos represen- C) O Diabo, capitão da barca do inferno, é quem apressa o em-
tam uma tentativa de resgate dessa integridade que perdia-se barque dos condenados; é dissimulado e irônico.
través da corrupção, do adultério e da ambição. Por outro lado, D) O Anjo, capitão da barca do céu, é quem elogia a morte pela
Gil Vicente inovou, mesmo escrevendo em redondilhos, não fé; é austero e inflexível.
seguiu a rigidez do teatro clássico vigente até então (unidade E) O Corregedor representa a justiça e luta pela aplicação inte-
de ação, tempo e espaço). Suas representações apresentavam gra e exata das leis; leva papéis e processos.
uma grande variedade temática, povoadas por inúmeros perso-
nagens, amplitude temporal e justaposição de lugares. A ale- 03) (UNICAMP) Leia o diálogo abaixo, de Auto da Barca do
goria, as personagens-tipos e a variedade lingüística também o Inferno:
distinguem de seu tempo. Suas personagens não apresentam DIABO
características particularizadas, ao contrário, são generaliza- Cavaleiros, vós passais
ções, estereótipos, que representam toda categoria profissional e não perguntais onde ir?
ou uma classe social (povoam suas peças as alcoviteiras, os fi- CAVALEIRO
dalgos, os frades, os judeus). Outras vezes, através da abstração, Vós, Satanás, presumis?
as personagens representam idéias ou instituições (a Fama, a Atentai com quem falais!
Igreja, a Lusitânia, Todo-o-Mundo e Ninguém). As persona- OUTRO CAVALEIRO
gens gilvicentinas expressavam-se através de diversos regis- Vós que nos demandais?
tros lingüísticos: arcaísmos, castelhano, saiaguês (falar típico de Siquer conhecê-nos bem.
Saiago, região que faz fronteira com Portugal), latim, português Morremos nas partes d’além,
chulo, coloquial, popular, culto e erudito. e não queirais saber mais.
(Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, em Antologia do Tea-
A produção teatral de Gil Vicente pode ser dividida em tro de Gil Vicente. Org. Cleonice Berardinelli, Rio de Janeiro:
três fases: Nova Fronteira/ Brasília: INL, 1984, p.89.)
- Primeira Fase - marcada pelos traços medievais e pela in-
fluência espanhola de Juan del Encina. São desta fase: O Monó- a) Por que o cavaleiro chama a atenção do Diabo?
logo do Vaqueiro, o Auto Pastoril Castelhano, o Auto dos Reis
Magos, entre outros.
- Segunda Fase - aparecem a sátira dos costumes e a forte críti- b) Onde e como morreram os dois Cavaleiros?
ca social. São desta fase: Quem tem farelos?, O Velho da Horta,
o Auto da Índia e a Exortação da Guerra.
- Terceira Fase - aprofundamento da crítica social através da c) Por que os dois passam pelo Diabo sem se dirigir a ele?
tragicomédia alegórica, da variedade temática e lingüística, é o
período da maturidade expressiva. São desta fase: A Trilogia 04) (PUC) Considerando a peça Auto da Barca do Inferno como
das Barcas, a Farsa de Inês Pereira, o Auto da Lusitânia. um todo, indique a alternativa que melhor se adapta à proposta
do teatro vicentino.
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
A) Preso aos valores cristãos, Gil Vicente tem como objetivo
01) (FUVEST) Indique a afirmação correta sobre o Auto da alcançar a consciência do homem, lembrando-lhe que tem uma
Barca do Inferno, de Gil Vicente: alma para salvar.
A) É intricada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o B) As figuras do Anjo e do Diabo, apesar de alegóricas, não
público com a inesperado de cada situação. estabelecem a divisão maniqueísta do mundo entre o Bem e o
B) O moralismo vicentino localiza os vícios, não nas institui- Mal.
ções, mas nos indivíduos que as fazem viciosas. C) As personagens comparecem nesta peça de Gil Vicente com
C) É complexa a critica aos costumes da época, já que o autor o perfil que apresentavam na terra, porém apenas o Onzeneiro e
primeiro a relativizar a distinção entre Bem e o Mal. o Parvo portam os instrumentos de sua culpa.
D) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares D) Gil Vicente traça um quadro crítico da sociedade portuguesa
mais ridicularizadas e as mais severamente punidas. da época, porém poupa, por questões ideológicas e políticas, a
E) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo re- Igreja e a Nobreza.
ferência a qualquer exemplo de valor positivo. E) Entre as características próprias da dramaturgia de Gil Vi-
02) (FUVEST) Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, cente, destaca-se o fato de ele seguir rigorosamente as normas
Onzeneiro, Parvo, Sapateiro, Frade, Florença, Brígida Vaz, Ju- do teatro clássico.
deu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro Cavaleiros
são personagens do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. 05) (UNIFESP) Para responder à questão, leia os versos seguin-
Analise as informações abaixo e selecione a alternativa incor- tes, da famosa Farsa de Inês Pereira, escrita por Gil Vicente:
reta cujas características não descrevam adequadamente a per-
sonagem. Andar! Pero Marques seja!
A) O Onzeneiro idolatra o dinheiro, é agiota e usurário; de tudo Quero tomar por esposo
que juntara, nada leva para a morte, ou melhor, leva a bolsa quem se tenha por ditoso
238 Da Vinci Vestibulares
de cada vez que me veja. baba,/ boi berrando.../Dança doido,/dá de duro,/dá de dentro, /
Meu desejo eu retempero: dá direito.../ Vai, vem, volta,/ vem na vara, /vai não volta,/ vai
asno que me leve quero, varando... ou 6 versos de 7 sílabasBoi bem bravo, bate baixo, /
não cavalo valentão: bota baba, boi berrando.../Dança doido, dá de duro,/dá de den-
antes lebre que leão, tro, dá direito.../Vai, vem, volta, vem na vara,/ vai não volta,
antes lavrador que Nero. vai varando...
05) a
07)b
08) a) Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...
Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai, vem,
volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...
Redação
240 Da Vinci Vestibulares
PROPOSTA DE REDAÇÃO
TEXTO 2:
Extensivo 243
TEXTO 4
MÓDULO 4: FUNÇÕES DA LINGUAGEM E GÊNE- nossa mensagem (interlocução), definido isto, utilizaremos uma
ROS TEXTUAIS determinada função de linguagem em que um dos elementos
anteriormente vistos sempre fica em evidência, tornando-se o
Como vimos nas aulas anteriores, os gêneros textuais foco da mensagem:
são infinitos e servem como instrumento de comunicação que
tem por objetivo a transmissão de uma mensagem. Para que a Vejamos agora as funções da linguagem:
comunicação se realize com eficácia são necessários alguns ele-
mentos que aparecem no esquema abaixo: Função referencial ou denotativa
a) O LOCUTOR ou EMISSOR é quem emite a mensagem; pode “ Dividir o tempo entre o lazer e os estudos é uma das
ser um indivíduo ou um grupo (firma, organismo de difusão, etc.) recomendações para quem ainda está na maratona de provas.
Célio Tasinafo, professor de cursinho, recomenda que os
b) O INTERLOCUTOR ou RECEPTOR é quem recebe a men- vestibulandos descansem até o Ano-novo, ele afirma que é
sagem; pode ser um indivíduo, um grupo, ou mesmo um animal importante aproveitar as festas de fim de ano com a família
ou uma máquina (computador). Em todos estes casos, a comuni- para relaxar. Já para a psicóloga Rosane Levenfus “não tem
cação só se realiza efetivamente se a recepção da mensagem tiver muita regra, depende do ritmo de cada estudante. Se ele acha
uma incidência observável sobre o comportamento do destinatá- que pode parar totalmente, então para. O que não pode é ficar
rio, ou seja se houver a chamada interlocução (o que não significa em cima do muro”.Disponível em:www.uol.com.br/vestibular;
necessariamente que a mensagem tenha cumprido seu propósito: acesso em 03/01/2011.
é preciso distinguir cuidadosamente recepção de compreensão).
Função emotiva ou expressiva
c) A MENSAGEM é o objeto da comunicação; ela é cons-
tituída pelo conteúdo das informações transmitidas. No caso desta função, há a comunicação dos sentimentos
do emissor, emoções, inquietações e opiniões centradas na
d) O CANAL de comunicação é a via de circulação das men- expressão do próprio “eu”, levando em consideração o seu
sagens. Ele pode ser definido, de maneira geral, pelos meios mundo interior. Para tal, são utilizados verbos e pronomes em
técnicos aos quais o destinador tem acesso, a fim de assegu- 1ª pessoa, muitas vezes acompanhados de sinais de pontuação,
rar o encaminhamento de sua mensagem para o destinatário: como reticências, pontos de exclamação, bem como o uso de
onomatopeias e interjeições.
Função metalinguística
Catar Feijão
2.
Sinal fechado
Função poética
(Chico Buarque)
– Olá! Como vai? Nesta modalidade, a ênfase encontra-se centrada na
– Eu vou indo. E você, tudo bem? elaboração da mensagem. Há um certo cuidado por parte do
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... emissor ao elaborar a mensagem, no intuito de selecionar as pa-
E lavras e recombiná-las de acordo com seu propósito. Encontra-
você? -se permeada nos poemas e, em alguns casos, na prosa e em
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo... anúncios publicitários.
Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,
246 Da Vinci Vestibulares
Além das funções, os gêneros pressupõem também os em contextos informais, íntimos e familiares, que permitem
chamados níveis de linguagem, os quais ajudam a definir a in- maior liberdade de expressão. Esse padrão mais informal tam-
terlocução. bém é encontrado em propagandas, programas de televisão ou
de rádio, etc.
Texto: Aí, Galera Obviamente, dependendo do contexto comunicativo,
você se utilizará desses padrões, na sala de aula, com os ami-
“Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipa- gos, a linguagem coloquial e em situações formais, seminários,
ção. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol palestras, entrevistas de emprego a linguagem culta.
dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não?
-Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. PRODUZINDO COM O PROFESSOR
-Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais espor-
tistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares. (UNICAMP 2014) - VOCÊ E UM GRUPO DE COLEGAS ga-
-Como é ? nharam um concurso que vai financiar a realização de uma ofi-
-Aí, galera. cina cultural na sua escola. Após o desenvolvimento do projeto,
-Quais são as instruções do técnico? você, como membro do grupo, ficou responsável por escrever
-Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção um RELATÓRIO
coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, sobre as atividades realizadas na oficina, INFORMANDO O
aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, conca- QUE FOI FEITO. O relatório será avaliado por uma COMIS-
tenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e SÃO COMPOSTA POR PROFESSORES da escola. A aprova-
extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momen- ção do relatório permitirá que você e seu grupo voltem a con-
tânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada correr ao prêmio no ano seguinte.
do fluxo da ação. O relatório deverá contemplar a apresentação do projeto (públi-
-Ahn? co-alvo, objetivos e justificativa), o relato das atividades desen-
-É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça. volvidas e comentário(s) sobre os impactos das atividades na
-Certo. Você quer dizer mais alguma coisa? comunidade.
-Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo ba-
nal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou Na abertura do concurso, os grupos concorrentes rece-
ligado por razões, inclusive, genéticas? beram o seguinte texto de orientação geral:
-Pode.
-Uma saudação para a minha genitora. As Oficinas Culturais são espaços que procuram ofe-
-Como é? recer aos interessados atividades gratuitas, especialmente as
-Alô, mamãe! de caráter prático, com o objetivo de proporcionar oportuni-
-Estou vendo que você é um, um... dades de aquisição de novos conhecimentos e novas vivências,
-Um jogador que confunde o entrevistador, pois não correspon- de experimentação e de contato com os mais diversos tipos de
de à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com linguagens, técnicas e ideias. As Oficinas Culturais atuam nas
dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação? áreas de artes plásticas, cinema, circo, cultura geral, dança,
-Estereoquê? design, folclore, fotografia, história em quadrinhos, literatura,
-Um chato? meio ambiente, multimídia, música, ópera, rádio, teatro e ví-
-Isso.” deo. O público a ser atingido depende do objetivo de cada ati-
Luís Fernando Veríssimo vidade, podendo variar do iniciante ao profissional. As Oficinas
Culturais visam à formação cultural e não à educação formal
do cidadão.Pretendem mostrar caminhos, sugerir ideias, am-
O texto que acabamos de ler, traz um bom exemplo do pliar o campo de visão. (Adaptado de Oficina Cultural Regional
uso inesperado do nível de linguagem, obviamente numa situ- Sérgio Buarque de Holanda. Disponível em http://www.guia-
ação real de entrevista o jogador se utilizaria do padrão colo- saocarlos.com.br/oficina_cultural/conceito.asp. Acessado em
quial, cotidiano, a fala do dia a dia, os níveis de linguagem pre- 07/10/2013.)
cisam ser muito bem trabalhados dentro dos gêneros propostos,
veremos isso quando estivermos produzindo nossas redações.
(UNICAMP2011) Imagine-se como um jovem que, navegando
Quando pensamos em padrões de linguagem temos os seguin- pelo site da MTV, se depara com o gráfico “Os valores de uma
tes: geração” da pesquisa Dossiê MTV Universo Jovem, e resolve
comentar os dados apresentados, por meio do “fale conosco”
Padrão Formal Culto – é a modalidade de linguagem que deve da emissora. Nesse comentário, você, necessariamente, deverá:
ser utilizada em situações que exigem maior formalidade , sem-
pre tendo em conta o contexto e o interlocutor. Caracterizase a) comparar os três anos pesquisados, indicando dois (2) valo-
pela seleção e combinação das palavras, pela adequação a um res relativamente estáveis e duas (2) mudanças significativas
conjunto de normas, entre elas, a concordância, a regência, a de valores;
pontuação, o emprego correto das palavras quanto ao significa-
do, a organização das orações e dos períodos, as relações entre b) manifestarse no sentido de reconhecerse ou não no perfil re-
termos, orações, períodos e parágrafos. velado pela pesquisa.
MÓDULOS 5 E 6: O TEXTO NARRATIVO cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não
perderá.
Ainda que muitas vezes não nos demos conta, em nos- Eu estava envergonhada diante da bondade de minha
so dia a dia, o tempo todo, estamos em contato com histórias. irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chi-
Quando vemos uma novela ou um filme, lemos um romance cle caíra na boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eter-
ou história em quadrinhos, ouvimos certas canções ou mesmo nidade sobre mim. (Clarice Lispector, A felicidade Clandestina)
escutamos alguém contar como foi seu final de semana. Mas
o que faz um texto narrativo ser interessante, prender a nossa Após ler o texto, você deve ter observado que nele
atenção e nos mostrar que forma um todo? Leiamos com aten- existe uma sequência de fatos que vão sendo costurados uns
ção o exemplo abaixo para comentarmos, depois, e aos poucos, aos outros e que formam o que chamamos de “todo” narrativo.
vermos como se tece uma história: A trama vai sendo construída aos poucos, passo a passo, alinha-
vado nos acontecimentos, entretecido de pequenas partes que
MEDO DA ETERNIDADE convergem para um só núcleo, amparado no tempo e seu fluxo
de continuidade.
Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato Criar uma narrativa é como trabalhar num tear: os fios ficam to-
com a eternidade. dos disponíveis, é preciso usá-los a todos, um a um e na ordem
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chi- certa para desenhar o que antecipadamente se planejou.
cles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia Caso deixemos os fios soltos, os assuntos soltos, corre-
bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o mos o risco dos desenhos do tapete não saírem como o planeja-
dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo do, e a história, pobre dela, sem pé nem cabeça.
dinheiro eu lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã É isso o que, quando você escrever, deve estar pronto
juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola a enfrentar: cuidar para que sua narrativa seja um todo. E nada
me explicou: de ficar pensando que ela tenha que ter, certinhos, começo, meio
- Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca acaba. e fim. Às vezes, uma boa história começa pelo clímax. Não há
Dura a vida inteira. ordem para as três partes se apresentarem, mas há, sem dúvida,
- Como não acaba? – Parei um instante na rua, perplexa. uma preferência pelo tal “começo/meio/fim”;
- Não acaba nunca, e pronto.
- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino Note que no texto que você leu:
de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha
cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Exami- a) existe uma situação inicial que se apresenta: a personagem é
nei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como ou- colocada frente a oportunidade de possuir a eternidade;
tras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira,
para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com b) ela fica espantada ao pensar que aquela bala nunca teria um
aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornan- fim;
do possível o mundo impossível do qual já começara a me dar
conta. Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca. c) quando acaba o doce do chiclete, acaba também o encanto
- E agora que é que eu faço? – Perguntei para não errar no que a menina sentia;
ritual que certamente deveira haver.
- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só d) ela sente-se presa ao fato de tê-lo de carregar para sempre e
depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga tem medo;
a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
Perder a eternidade? Nunca. O adocicado do chicle era bonzi- e) decide ,então, livrar-se do chiclete, mas não pode mostrar
nho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encami- isso à irmã;
nhávamo-nos para a escola.
- Acabou-se o docinho. E agora? f) simula um acidente quando derruba-o;
- Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e g) fica aliviada por não precisar carregar mais o peso da eter-
em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha nidade.
que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me
sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. Perceba: esta história vai para além de si mesma, é
E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de uma metáfora que diz respeito à possibilidade da eternidade e
medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito. como, mesmo ela, pode perder o gosto, fato que o narrador, em
Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. linguagem magicamente bela.
Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedien-
temente, sem parar. Isto parece criatividade, não é?
Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da
escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. Não acredite que alguém se sente diante de uma folha
- Olha só o que me aconteceu! – Disse eu em fingidos espanto em branco ou de uma tela em branco e “faça” nascer a história
e tristeza. – Agora não posso mastigar mais! A bala acabou! do nada. Embora você possa acreditar em “inspiração”, é preci-
- Já lhe disse – repetiu minha irmã – que ela não acaba nunca. so saber que todo texto deve ser planejado: parte a parte, ação a
Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir masti- ação.
gando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na
Extensivo 249
OS ELEMENTOS DA NARRATIVA:
♦ O narrador-onisciente: Narra em 3ª pessoa, às vezes, permite O tempo verbal também é fator determinante dos dis-
certas intromissões narrando em 1ª pessoa. Conhece tudo sobre cursos. O discurso indireto estará sempre no passado em relação
os personagens e sobre o enredo, sabe o que passa no íntimo das ao discurso direto.
personagens, conhece suas emoções e pensamentos. Ele é capaz
de revelar suas vozes interiores, seu fluxo de consciência, em DISCURSO DIRETO - TEMPOS VERBAIS
1ª pessoa. Quando isso acontece o narrador faz uso do discurso
indireto livre. Assim o enredo se torna plenamente conhecido, Presente do indicativo: “Não gosto disso” – diz a menina em
os antecedentes das ações, suas entrelinhas, seus pressupostos, tom zangado.
seu futuro e suas consequências. Pretérito perfeito do indicativo: “Não gostei disso” – disse a
menina em tom zangado.
“- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Futuro do indicativo: “Não gostarei disso” – disse a menina
Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza em tom zangado.
iam admirar-se ouvindo-o falar só E, pensando bem, ele não Imperativo: - Vista o agasalho, meu filho.
era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas
dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba DISCURSO INDIRETO – TEMPOS VERBAIS
e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava
de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos Pretérito imperfeito do indicativo: A menina afirmou que es-
brancos e julgava-se cabra. Olhou em torno, com receio de que, tava zangada.
fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente.
Extensivo 251
MÃOS À OBRA E AO PROJETO DE TEXTO Você pode ter em mente uma história mais ou menos
simples com relação à cronologia e tecê-la diacronicamente:
Sempre é bom saber: nós vamos planejar um texto e é começo, meio e fim. Mas pode também preferir começar pelo
interessante não confundir isso com um simples rascunho. clímax, o ponto mais alto da narrativa e depois, em flash-back
ou digressão, oferecer toda a história. Cuide da linguagem, da
Por que o projeto? coerência entre as partes, isso também é muito importante.
Em primeiro lugar, porque você terá que ter domínio Atente também para o tamanho da narrativa, que na
sobre o que escreve, a fim de que se sinta confortável para dar maioria dos vestibulares não pode ultrapassar 30 linhas, vamos
continuidade à história; em segundo lugar, porque você poderá lá então? Mãos à obra, quem conta um conto, aumenta muitos
ser surpreendido por um fecho que destoa do corpo do texto, pontos na nota final.
uma linha de enredo que se embaraça e... some de repente, dei-
xando um “branco”. PRODUZINDO COM O PROFESSOR:
Tal como um engenheiro que projeta um prédio, um avião, um
aeroporto ou uma máquina, tão diferentes entre si, você também (UNICAMP) Na coletânea abaixo, há elementos para a constru-
pode - e deve! - planejar o que vai escrever. ção de um texto narrativo em que se tematiza o relacionamento
Comecemos então a partir da seguinte proposta: entre duas pessoas, o cruzamento de duas vidas. Sua tarefa será
desenvolver essa narrativa, segundo as Instruções Gerais. A tra-
Abaixo, há elementos para a construção de um texto gédia deste mundo é que ninguém é feliz, não importa se preso
narrativo em que se tematiza o relacionamento entre duas pes- a uma época de sofrimento ou de felicidade. A tragédia deste
soas, o cruzamento de duas vidas. Sua tarefa será; desenvolver mundo é que todos estão sozinhos. Pois uma vida no passado
essa narrativa, segundo as instruções gerais. não pode ser partilhada no presente. (Alan Lightman, Sonhos
de Einstein, 1993)
“(...) Sufoquei numa estrangulação de dó. Constante o que a
Mulher disse: carecia de se lavar e vestir o corpo. Piedade, Cena: um homem, uma mulher
como que ela mesma, embebendo toalha, limpou as faces de
Diadorim. Ela rezava rezas da Bahia. Mandou todo mundo sair. – Uma mulher deitada no sofá, cabelos molhados, segurando a
Eu fiquei. E a mulher abanou brandamente a cabeça, consoante mão de um homem que nunca voltará a ver.
deu um suspiro simples. Ela me mal-entendia. Não me mostrou – Luz do sol, em ângulos abertos, rompendo uma janela no fim
de propósito o corpo e disseDiadorim - nú de tudo. E ela disse: da tarde. (...) Uma imensa árvore caída, raízes esparramadas no
- “A Deus dada. Pobrezinha...” Diadorim era mulher como o ar, casca e ramos ainda verdes.
sol não ascende a água do rio Urucuia, como eu solucei meu – Cabelo ruivo de uma amante, selvagem, traiçoeiro, promissor.
desespero.( João Guimarães Rosa, in: Grande Sertão: Veredas) – Um homem sentado na quietude de seu estúdio, segurando a
fotografia de uma mulher: há dor no olhar dele.
Devagar, passo a passo... – Um rosto estranho no espelho, grisalho nas têmporas.
– As sombras azuis das árvores numa noite de lua cheia. O topo
Para começar a tecer seu jogo, é preciso usar a imaginação. Pe- de uma montanha com um vento forte constante.
gue um papel e escreva o que vai auxiliá-lo a construir a sua
história: Instruções gerais:
1. Quem são as personagens do trecho? – Escolha elementos de apenas uma das cenas apresentadas (A
2. Você dará nome a eles ou vai preferirá metaforizá-los, ne- ou B), para construir: as duas personagens, o cenário, o enredo
gando-lhes uma identidade, ao mesmo tempo em que, por isso e o tempo de sua narrativa.
mesmo, eles passem a simbolizar todos os homens e mulheres – O foco narrativo deverá ser em 3ª pessoa.
na mesma situação? – O desenvolvimento do enredo, a partir da cena escolhida por
3. Qual a história que viveram? Você pode observar que ela pa- você, deverá levar em consideração o trecho de Alan Lightman,
rece forte, intensa, de extrema ligação de afeto entre dois seres. que introduz a coletânea. (Os fragmentos das
Por que não ficaram juntos então? cenas A e B também foram extraídos do livro de Alan Light-
4. Deixe sua imaginação correr solta: que história é essa que man).
poderia ter sido e que não foi?
5. Qual o espaço que ocupam no momento em que nos são mos-
trados? Descreva-os, mas não os detalhe a ponto de perder pará-
grafos inteiros com eles.
6. Qual o tempo que você focalizará? Voltar o tempo a um início
que você não conhece, mas presume, pode ser um bom começo.
Extensivo 253
Inglês
254 Da Vinci Vestibulares
MÓDULO 1: Estratégias de leitura Tal unidade de eu é, para Lacan, um logro. No seminário sobre
o eu na teoria de Freud e na técnica de psicanálise, ao comentar
o diálogo de Menon, Lacan destaca: a clivagem entre o plano
do imaginário ou do intuitivo... e a “função simbólica que não
lhe é absolutamente homogênea, e cuja introdução na realida-
de constitui um forçamento”. No mesmo seminário, numa das
muitas vezes em que retorna à máxima freudiana Wo Es bWar,
soll Ich werden- na qual os pós-freudianos pretenderam ler a
necessidade de o eu deslocar o isso-, Lacan afi rma que o Es,
o isso de Freud, é precisamente o sujeito e que “ali onde isso
estava, lá tem de estar o eu. Fonte: Coutinho (2002).
Em termos de compreensão, já identificaram o inimigo? Trata- O elefante estava dormindo bem em cima da copa da árvore
-se do velho conhecido economês, que é usado, sem cerimônia, bonsai. Estamos tratando aqui de um elefante voador? Para
para dizer que os preços vão subir (a bolha infl acionária), o que essa frase faça sentido, temos de saber que o bonsai é uma
dólar vai ser equiparado à moeda local (a âncora cambial) e isso árvore anã que, mesmo quando adulta, não ultrapassa, normal-
vai ter um impacto na compra e venda de dólares (um impacto mente, a altura de 30 a 40cm.
imensurável no espírito animal da comunidade que lida direta-
mente com a verdinha)! Sem esse conhecimento, poderíamos até mesmo achar
que o texto trata de um elefante voador que foi parar no topo de
TEXTO 2: uma árvore!
Extensivo 255
EXERCÍCIO 1
I.
De Kerry Conran.
I.
IV.
II.
258 Da Vinci Vestibulares
MÓDULO 2: VERBOS MODAIS de verbos auxiliares e, como o nome parece implicar, os modais
introduzem uma certa modalidade ao que é dito ou escrito. Des-
sa forma, com os modais expressam-se não apenas o fato, mas
Você já parou para pensar sobre sua capacidade de se uma avaliação desse fato. Para explicar melhor, vamos conside-
expressar? Veja: por meio da linguagem, o homem “enfrenta” rar uma frase do texto:
a vida; com ela, ele se comunica, expressa seus sentimentos,
defi ne coisas e pensamentos. A capacidade do ser humano de Veja: “Animals MAY learn some form of communication in
se expressar por meio da linguagem é realmente fascinante, não captivity.”
acha?
O Texto abaixo discute essa maravilhosa ferramenta Observe que, nessa frase, may vem acompanhado do verbo le-
humana. Consulte o glossário antes de iniciar a leitura. arn. (Os modais vêm sempre antes de outro verbo, e esses outros
verbos são chamados verbos principais.) Na frase acima, o que
se está sugerindo é que os animais podem (may) aprender al-
guma forma de comunicação quando estão em cativeiro; é uma
probabilidade, e não uma certeza.
d) dar um conselho:
One of the most fascinating aspects of human develo- For safe sex, you should wear condoms. The USA should sign
pment is the ability to learn language. The language faculty is the Kioto´s Protocol. You should turn off your computer when
specific to the human species because no other creature apart you’ re not using it.
from human beings possesses a language organ. All men are
born with the capacity to speak and it is this capacity that makes ATIVIDADES:
human beings different from animals. It might be suggested
that apes and dolphins use some form of language; this may Vamos considerar uma outra frase do texto lido: “…
be a communication system but it does not have the distinctive but no species of animal can spontaneously use a form of a hu-
features of human language. Animals may learn some form of man language.” Aqui, o uso de can indica possibilidade.
communication in captivity but no species of animal can spon- a. Qual é o verbo principal dessa frase?
taneously use a form of human language. Indeed, learning a lan- _____________________________
guage is an amazing feat and it has attracted the attention .
of linguists and psychologists for generations (COOK, 1988). b. Agora traduza a frase:
...mas nenhuma espécie _______________________________
GLOSSÁRIO: ____________
A LÍNGUA DO RICO
Texto .2
HELP!!
Retrieve recuperar
placed (verbo) colocou
toy brinquedo
exposure contato; exposição
MÓDULOS 3E 4: O GRUPO NOMINAL INGLÊS Além de poderem ocorrer no início ou no final da ora-
ção, exprimindo informações sobre o tempo, o modo e o lugar
Nesta aula, iniciaremos uma reflexão sobre dois aspec- de uma ação, os adverbials também podem ser usados imediata-
tos da gramática da língua inglesa que julgamos muito impor- mente antes do verbo.
tantes para a leitura de textos em inglês: a estrutura da frase e o
sintagma nominal. Exemplo:
A estrutura da frase é determinada pela ordem de palavras: não Ana Botafogo dances AT THE MUNICIPAL THEATER ON
usamos as palavras em qualquer ordem em uma frase. Podemos, SUNDAYS (lugar, tempo).
por exemplo, dizer em português “livro está na não biblioteca Pavarotti sings VERY WELL (modo).
o”? Na verdade, uma sequência como essa sequer ocorreria a USUALLY, he eats at a good “churrascaria” (frequência).
um falante nativo do português como uma frase possível. Po- Ou: He USUALLY eats at a good restaurant.
rém, se colocarmos a sentença na ordem correta, teremos: “o
livro não está na biblioteca”. Agora sim! Podemos entender a E por falar em tempo, é interessante observar que, em inglês, os
frase e até, quem sabe, tomar uma providência (procurar o livro nomes dos meses (January, February, March, April, May, June,
em outro lugar, por exemplo!). Por isso, estudar a estrutura da July, August, September, October, November e December) e dos
frase pode nos ajudar muito a compreender bem essa questão. dias da semana (Sunday, Monday, Tuesday, Wednesday, Thurs-
Dentro da estrutura da frase, um dos grupos (ou sintag- day, Friday e Saturday) iniciam-se sempre com letras maiúscu-
mas) mais importantes é o que tem como elemento mais signifi- las.
cativo um nome ou pronome – por isso, chamado “sintagma no-
minal”. O sintagma nominal é importante para a leitura, pois é ATIVIDADES:
ele que desempenha funções típicas de nome na língua (sujeito,
objeto, complemento nominal etc.) e no uso da língua (tópico). 1. Com os grupos de palavras a seguir, forme frases coerentes
Compreender bem esta questão pode auxiliar bastante a enten- em inglês (uma frase para cada grupo):
der textos escritos em inglês.
a. the professor
A ESTRUTURA BÁSICA DA FRASE (PERÍODO) EM IN- at the university
GLÊS works
S V O c. frequently
to the library
Ou então: goes
my friend
Bill Gates likes computers.
S V O
d. the train
Essas frases, que seguem o padrão S-V-O, podem ser at the station
complementadas por informações sobre tempo (Ronaldo plays arrives
football on Sundays), lugar (He plays soccer in Europe), modo at 5:10 p.m.
(He plays football well), freqüência (Guga plays tennis three
times a week).
Essas informações são expressas por palavras ou gru- e. breakfast bars
pos de palavras que, em inglês, chamamos adverbials. Tais pa- she
lavras ou grupos de palavras podem ocorrer no início ou no fi at lunch time
m da frase: Yesterday I visited the university campus. Muitos eats
advérbios em inglês terminam com o sufixo “ly”, equivalente
ao sufixo “mente” em português. Por exemplo: frequently – fre- f. the new drive
quentemente. Logo, now
I am installing
Adjetivo Advérbio
general generally
usual usually
normal normally
certain certainly
Extensivo 261
Na vida real, não usamos a linguagem para fazer so- Entre os grupos de palavras discutidos anteriormente, você deve
mente afirmações como a clássica “the book is on the table”; se deter agora naqueles que constituem o sujeito e o objeto de
também podemos perguntar e negar. Em português, tudo parece frases.
muito simples, não é mesmo?
Para transformarmos uma afirmação em pergunta, bas- Os grupos nominais (noun phrases) em inglês podem afetar bas-
ta mudarmos a entonação da voz. Assim, “Ele gostou do filme” tante a compreensão de textos nessa língua, uma vez que não há
tem a mesma estrutura que a da frase “Ele gostou do filme?”. correspondência com o modo como estes grupos são estrutura-
Em inglês, a estrutura da pergunta é um pouco dife- dos em português. É preciso, então, entender a formação dos
rente da estrutura da afirmação: há que fazer uma inversão nos grupos nominais em inglês.
verbos, no caso do verbo “to be” e nos verbos modais (lembra?).
Esses verbos vão para o início da frase: Vamos pensar nos substantivos mais simples: os nomes pró-
prios:
Should everyone speak English? Maria, Lucas, Pedro, José Vicente...
Is everyone speaking English now? Em vez de dizermos Maria, podemos dizer “ the girl / a girl”,
Can I fi nish my lesson? para nos referirmos à própria Maria (principalmente se não sou-
Must you stop now? bermos que a moça de quem queremos falar se chama Maria).
Com os outros verbos, é necessário acrescentar o auxiliar “do” Podemos especifi car ainda mais a menina, citando algumas de
e “does”, para o tempo presente, e “did”, para o tempo passa- suas qualidades ou atributos:
do. Alguns os chamam verbos “preguiçosos” ou “fraquinhos”, Exemplos:
já que sempre precisam de uma bengala, o auxiliar “do”, para the Brazilian girl
ajudá-los em caso de mudanças. an intelligent girl
a talented girl
Does Robson Caetano run marathons?
No, he doesn’t run marathons. He runs the 400 meters. Pergunta: O que temos aí de diferente em relação ao português?
Did Joaquim Cruz run in the Olympic Games in Sydney? Resposta: Em inglês, a palavra que qualifi ca, isto é, o ADJE-
No, he didn’t participate in the Olympic games that year. TIVO (intelligent,Brazilian, talented) sempre precede o nome,
como em expressões que você deve conhecer bem: heavy metal,
ATIVIDADE hot dog, pop music, light sandwich, ou em outras:
e. buy/ happiness/ money/ cannot. Exemplos: The great English divide (divide: núcleo)
__________________________________________________ The modern-day answer (answer: núcleo)
New luxury apartments (apartments: núcleo)
f. poems/ writes/ Peter/ love/ about.
__________________________________________________ ATIVIDADE
g. two alkaline batteries/ install/ must/ you. 1. Que tal agora traduzir para o português alguns dos grupos
__________________________________________________ nominais listados anteriormente?
h. should/ use/ the Web site/ I/ for technical support? Observe que, ao traduzir para o português, colocamos
__________________________________________________ o substantivo antes do adjetivo, porque é assim que esta estrutu-
ra funciona em nossa língua.
i. the technician/ ink jet printers/ cannot/ fi x. Assim, maximum strength é traduzido como força máxima.
__________________________________________________
262 Da Vinci Vestibulares
Grupos nominais Tradução house shoes = sapatos para andar em casa, chinelos the modern-
American woman -day answer = a resposta moderna the only liquid crystal display
Spanish media = o único aparelho de cristal líquido the great English divide =
Spanish king a grande linha divisória do inglês
watery eyes Agora tente:
colourful tv
strongest combination Tradução
higher intelligence Worldwide customer support
severe allergy information
Three different book titles
Há ainda uma outra peculiaridade do grupo nominal Business reply mail
em inglês: pode-se usar um substantivo para qualificar... um ou- A high defi nition capable
tro substantivo! television
The clearest most colourful TV
Como nos exemplos abaixo:
aerobics instructor
(substantivo)(substantivo)
colour photos
sports academy
Aids Society
chocolate milkshake
chicken sandwich
mountain bike
Disco Club
Por exemplo: