Sei sulla pagina 1di 2

A práctica do lobolo na região sul: ruptura, continuidade e analogias

Em geral, existem duas grandes formas de organização social influenciadas pela linhagem
patrilinear e matrilinear. Os povos do sul de Moçambique são patrilineares e
practicam a cerimónia designada lobolo. Neste sistema, após o matrimónio, a fixação é
patriarcal, isto é, junto da residência do pai do noivo. Assim, o lobolo é uma parte
determinante da estrutura social patrilinear que determina a legitimidade do
estabelecimento de laços de aliança e parentesco.

Originalmente, a festa do casamento propriamente dita divide-se em duas partes: o


pagamento do lobolo, e a chegada da noiva à casa do noivo. O lobolo era pago com bois,
o que se julga ser uma referência simbólica.

Uma vez que o lobolo seja pago integralmente na cerimónia de casamento, a noiva deve
mudar-se imediatamente para a nova casa, visto que sua permanência seria tabu. Se a
esposa morre na casa dos pais, após o pagamento, todo o gado deve ser devolvido, o que
não ocorreria caso isso ocorresse na casa do marido.

Como o casamento é uma transacção entre dois grupos que objectiva a aquisição de uma
mulher para manter e multiplicar o próprio grupo social, se a mulher “falhar” nesse
objectivo é preciso que o marido, ou melhor, seu grupo, volte à posse dos bens
económicos que permitiram o casamento, de tal forma que outra mulher possa ser
encontrada para satisfazer as necessidades reprodutivas do grupo.

A mulher poderia falhar de três formas: ela pode morrer sem deixar filhos; pode
abandonar o marido; pode ser estéril. Em cada uma dessas situações o marido pode seguir
o rebanho e reaver os bois pagos, de modo que possa lobolar outra mulher. A solução
melhor, entretanto, seria que o grupo da esposa oferecesse outra mulher em substituição
àquela que “falhou”.

Depreende-se que o modo mais simples de compreender o lobolo é considera-lo como


um factor capaz de restabelecer o equilíbrio entre os grupos sociais em face, uma vez que,
para o grupo que cede sua mulher a outro, resta um desfalque, ou falta, que é justamente
compensada pelo lobolo, que permite ao grupo “adquirir” outra mulher. Entretanto, o
lobolo não é uma mera compra vulgar da noiva.
A mulher lobolada passa a ser propriedade do grupo do marido. Não só ela, mas os seus
filhos. Dessa forma, o lobolo interessa a toda a família, notadamente não só aos irmãos
da noiva, mas também aos irmãos do noivo, uma vez que a esposa deste é a esposa
presuntiva de todo o grupo masculino, caso o marido morra, a mulher seria herdada em
levirato por um destes.

Actualmente, os procedimentos usados para executar a cerimónia de lobolo


são, consideravelmente, diferentes do século passado. Os ventos da
modernidade permitiram, por exemplo, que o pagamento do noivo, antes
feito por um número considerável de vacas, agora é substituído por valores
monetários que podem variar (em função do estatuto social, grau académico,
etc.) da noiva.

Ademais, observam-se situações em que a noiva sendo órfã de pais, os seus


parentes (distantes ou próximos que possam responder pelo lobolo) tiram
proveito da situação, exigem o cumprimento de tarefas, por vezes, acima da
capacidade do noivo e, ainda, especulam somas avultadas para a realização
da cerimónia.

Em consequência do lobolo, a mulher e inferiorizada ou humilhada devido


ao pagamento alto do lobolo; ela deve se submeter aos caprichos do marido
e da sua nova família.

Potrebbero piacerti anche